Macedo, D Le Développement du mouvement sensible dans l'entraînement du danseur contemporain à travers la Pédagogie
Perceptive du Mouvement Orientadores: Claude Amey e Jean-Marie Pradier 2007 76 pág Dissertação (mestrado) - Maîtrise des Arts du Spectacle, Mention Études Théâtrales, U.F.R. Arts, Esthétique et Philosophy, Université de Paris VIII, Paris, França, 2007
BRASÍLIA-DF, AGOSTO DE 2016 E r i k a M o t t a C a r d o s o
TRADUÇÃO
O DESENVOLVIMENTO DO MOVIMENTO SENSÍVEL NA FORMAÇÃO EM DANÇA
POR MEIO DA PEDAGOGIA PERCEPTIVA DO MOVIMENTO
1. Apresentação
1.2 Apresentação do tema de pesquisa
Depois de uma descrição subjetiva do que acredito ser minha profunda motivação de pesquisa, podemos adentrar mais precisamente no tema desta dissertação de mestrado e, metodologicamente, começaremos conhecendo seus elementos-chave.
A Pedagogia Perceptiva do Movimento (PPM) é um programa de DESS dirigido por Danis Bois e Maria Leitão na Universidade Moderna de Lisboa em 2002 e que marca o início dos meus estudos nesta linha de trabalho. Ela tem como objetivo aproximar o mundo da terapia e o mundo da arte, em particular o da dança. Desta forma, ela pretende reeducar o movimento equilibrando sua função motora e sensorial nos gestos das pessoas utilizando um método que desenvolve a percepção da interioridade do corpo, bem como a relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.
Ela oferece um sólido conhecimento da anatomia, fisiologia e princípios naturais e invariáveis, comuns a todos os seres humanos, que fundamentam o movimento. Ela também explora estudos sobre percepções subjetivas investigando certos aspectos de campos tão variados quanto a neurociência, filosofia – com predileção pela corrente dos fenomenólogos –, a pedagogia e a psicologia.
Podemos dizer que sua grande originalidade é a de se interessar pelo que chamamos de “movimento interno” ou “pré-movimento”. Trata-se de uma percepção de um movimento extremamente lento que o sujeito pode perceber dentro do interior silencioso do próprio corpo ou de outros através do contato manual. É uma organização interna e invisível do movimento que se expressa diante do desencadeamento de todos os gestos e expressões visíveis.
Ainda teríamos que definir a noção de “movimento sensível”. Podemos afirmar agora que o movimento sensível se distingue do movimento “objetivo”, que é apenas deslocamento no espaço, e tampouco é um movimento idealizado pelo pensamento. Para Danis Bois, “na identidade do movimento realizado e do movimento vivido, do perceber e do percebido, a essência cinética é revelada, o ser do imediato, experiência de pura imanência”. Para ele, o estudo do movimento revela “(...) a existência de uma subjetividade imanente, ou seja, que independe da relação que a pessoa estabelece com seu movimento, mas que pertence ao próprio princípio da vida incorporado no corpo”. É, portanto, um movimento que toca o ser e que traz em si um sentido imanente que nasce dentro de uma corporeidade sensível. Na PPM, Danis Bois destaca a importância do corpo: “O corpo é a pessoa”, é de fato uma parte essencial do ser humano.
Nesse contexto, o ângulo de reflexão que usaremos para falar sobre o dançarino é o do sujeito que se busca através do movimento. O dançarino habita seu corpo sensível que é, antes de tudo, um corpo em movimento e um corpo vivo, seja um corpo que se expressa com sua forma física, mas também com todo o seu conteúdo. Nesta situação dinâmica, deve haver uma correlação entre o gesto e a experiência vivida, ou seja, entre o gesto e o conteúdo das diferentes dimensões do ser humano.
Podemos entender o “trabalho do bailarino” como um suporte para o desenvolvimento individual ? Há espaço para um movimento em direção ao que representa para nós sua essência ou seu bastidor, ou seja, não um conteúdo, mas um conjunto de mecanismos, uma subjetividade, uma “relação” ?
Se existe uma relação entre percepção, pensamento e ação que nós situamos no coração do que pode se chamar de “movimento sensível”, como articular essa relação na vida prática do bailarino ? E, finalmente, podemos entender o lugar do movimento sensível no trabalho do bailarino contemporâneo ? (...)