Revista 2º Período 2018/2019

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Tec. Auxiliar de

Tec. Auxiliar de

Prótese

Saúde

Tec. Eletrónica Automação e Computadores

Manuel Rodriguez Suárez

Pontes Edição: 18 – Junho

para o mundo de trabalho… Disciplina: Português

Revista Realizada por: 3º TAS 3º TAP 2º TEAC e 2º TAP

Ano Letivo: 2018/2019 Professora: Isabel Maciel

A Primavera, não é uma simples estação de flores, é muito mais, é um colorido da alma


O Bailado PsĂ­quico ( Parte I)

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- Aceitas dançar comigo? – pergunta ele ainda tímido depois de ter consumido dois shots diretos de tequila para ver se desinibia. A história para ele não começa aqui, mas muito antes de a abordar fisicamente, uma multidão de projeções e fantasias atravessam a sua cabeça. Ainda longe do contacto direto, o seu corpo responde a múltiplas alterações de calor e êxtase, o coração começa a palpitar e as pequenas gotículas de suor aparecerem sorrateiramente pela ponta da testa. Quantas vezes ele já tinha visto aquela mulher, mas o corpo voltava sempre a levar a melhor sobre ele e sobre todos aqueles projetos, que ali ficavam pendentes na sua cabeça de cada vez que a via. Quantas vezes também, ele imaginou e preparou a sua abordagem aquela bela e contagiante jovem? Na mente daquele rapaz essa abordagem era mesmo processada como se tratasse de um projeto de arquitetura ou de engenharia, onde vários planos eram rasurados e depois da exaustão e da incapacidade, abatido, lá esmagava mais uma vez o plano pronto a enviá-lo para o caixote das frustrações. Repetia o processo uma vez... Repetia duas vezes... Três vezes... Quantas fosse necessário, porque por vezes chega a fantasia, por vezes chega a imaginação para nos alegrar a alma, aclarar a mente e, momentaneamente, dar um pequeno vislumbre do Eros ao paladar. Contudo algo parecia ter mudado naquele dia, ou melhor, naquela noite... Seria a noite em si?! Na verdade, a noite é sedutora, é pecaminosa, é sábia e irresistível como o perfume de uma mulher. O povo ancestral, que de resto tanto sabe, declama sofregamente que a noite é boa conselheira... Portanto, seria realmente a noite a sua boa conselheira nesse dia? Mais uma vez ele estava trocado, sem ainda estar sequer tocado, porque bastava o momento “antes de a conhecer” para o afetar profundamente. Ele estava inconsciente de todos os botões que ela apertava na sua alma sem sequer os pressionar. Perdido na sua aparente agitação e alienado nos seus pensamentos, uma simples troca de olhares foi capaz de modificar, mais uma vez, a sua temperatura corporal. Repentinamente, tal como um flash, um rasgo gélido subiu pela sua coluna, bloqueando instantaneamente os seus movimentos. Naquele momento ele soube que a bela donzela tinha também toque profundo de medusa. Pobre coitado...

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Não bastava o cúpido ter feito das suas, já ele tinha percebido que o Eros tinha revelado a sua preferência e, por infortúnio das coisas da vida, não estaria do seu lado. No fundo é assim que o Eros nos domina, estando ausente de nós, estando lá fora a antecipar todos os nossos movimentos. O mais caricato é que, apesar de tudo, o jovem era inteligente, mas pouco maduro, sabia das coisas conceptuais, mas muito pouco das coisas da vida. Na abstração da vida Ele podia ser um ótimo concorrente, mas no jogo concreto da realidade era um mero peão subjugado à decisão das grandes peças. Ela noticiou o que estava a acontecer com aquele pobre homem e pareceu dessensibilizar com um sorriso ternurento. Seria gozo? Ou seria a profunda delicadeza da jovem? A verdade é que não funcionou favoravelmente para ele, pois só o tornou idiota a quadruplicar, devido à figura que ele (re)apresentava, pelo que ele próprio sentia, pelo que ele pensava que ela tinha descoberto e, por último, pelo que ela já sabia há muito tempo. A mulher é assim... Não sabemos bem o porquê. De facto, não sei se a questão é tão complexa como a própria mulher em si. De qualquer forma, Deus, a biologia, o desígnio, a sociedade ou aquilo que o que o leitor lhe quiser chamar, favoreceu a consciência emocional na mulher. Por isso ela é precocemente mais madura do que o homem. O Eros beneficia a mulher, porque prematuramente Ela acarinha-o, apaixonando-se desde logo pelos seus romances e maravilhosos contos de fadas, vivendo essas mesmas histórias exaustivamente e representando o próprio Eros nas suas fantasias pueris. É ele que catalisa o seu desenvolvimento como símbolo feminino, ampliando a sua sensibilidade nas relações humanas, ampliando assim a empatia como, inclusivamente, o próprio poder maquiavélico, se a Mulher assim o desejar. Então ela finalmente responde: — Agora não posso, desculpa. Estou ocupada. – Parecendo desprezar completamente a investida do jovem, retomando prontamente a leitura do seu livro e desviando completamente o olhar, para que o rapaz não fosse capaz de responder. Esta é uma ótima técnica, porque os homens costumam ser muito diretos e pouco periféricos. Entendem na relação o que esse pequeno feixe, que focalizaram, disponibiliza imediatamente. Os Homens definem objetivos muito concretos e esbarram quando não atingem o seu êxito, enquanto a mulher dá prioridade à exploração não sendo normalmente dominada pela impulsividade.

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Totalmente aniquilado pela reação da jovem, cabisbaixo e até castrado, diria eu, um turbilhão de emoções assaltava-o em sentido crescendo na orquestra anímica do jovem quando de repente... — Calma. Já vais embora?! – Surpreendeu a jovem com um suave toque no ombro do rapaz – Só queria ver se era capaz de atrapalhar-te mais um pouquinho. Não me leves a mal pelo meu humor ácido. — Cre... cr... Credo! CLARO! Es ess... Está tudo bem... - atrapalhou-se definitivamente o jovem sentindo verdadeiramente o processo de pigmentação a tingir a sua cara de vermelho vivo. O sucedido provocou um sorriso inocente na jovem que também ela foi surpreendida na sua própria ratoeira desviando o olhar para o chão e trincando suavemente o lábio inferior. Provavelmente, um dos elementos que desperta mais o interesse numa mulher é o mistério, não só porque a anseia em território desconhecido, mas porque perde o controlo sobre o esquema. Na verdade, quantas vezes a mulher sonha em perder o controlo que lhe foi tiranicamente concedido. Se para o homem a paixão que nutre pela mulher é inconscientemente uma experiência imediata sobre forças ultra-humanas que se expressam pelo símbolo da deidade, para a mulher o homem é uma amalgama entre o sonho das suas fantasias e as micro representações dos homens com quem se cruzou na realidade. A mulher será, portanto, tanto permeada pelo sonho, como esterilizada pela sua incrível memória emocional. Ali, naquele momento, dois puros inocentes/inconscientes (ela mais consciente do que ele) foram tocados definitivamente pelo Eros. Ele ativamente pela flecha e ela passivamente pela recetividade prudente. Levaram um tempo a iniciar a dança naquele barco rumo a destino incógnito até que lá cruzaram os dedos. Fisicamente só quando tocamos as coisas é que deixamos as nossas impressões digitais, mas no cruzamento daquelas duas almas eles sabiam no seu íntimo, que era a sua identidade que estava a ser marcada uma na outra. O momento era propício e a paixão florescia. Dizem os loucos que quem não percebeu este bailado ou ainda não viveu, ou ainda continua inconsciente. Dr. João Vedor

Continua...

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O Bailado Psíquico (Parte II) As almas tocaram-se antes dos próprios dedos se entrelaçarem. Os ritmos saíam tortos e os corpos nervosos Tardavam para rimarem. Porém, se a dança é prosa ela também é poesia, não termina no sentido libidinoso como se perde no reino da fantasia. Eles sabiam isso e ninguém os ensinara Por isso pausaram por um momento. Crivaram os olhos um no outro, deixando a orquestra para o sentimento, que inconscientemente até ali os guiara. Essa força motriz já ninguém parava, apesar de rodeados por escárnio. Todo o mundo ria Todo o mundo gozava... Mas ninguém realmente reparava, que naquele bailado desajeitado, eles estavam verdadeiramente sintonizados. Enquanto todo o mundo ouvia o mesmo, eles oscilavam noutra frequência, no meio daquele fidalgo sarau onde valia tudo, menos descurar a aparência. Caluniados de loucos, insanos e ignóbeis, mas unidos por aquele estranho som, Eles bailaram até o corpo e a alma harmonizarem também no mesmo tom. Caricato é o que os loucos alcançam, por não viverem na frequência do consensus gentium. Talvez o alcancem também, por se perderem livremente para lá do reino da consciência. Continua…

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Dr. João Vedor


“Não é o voarmos sobre os lugares que marca a memória. É o quanto esses lugares continuarão voando dentro de nós." *Mia Couto*

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Deixa as coisas acontecerem

Hoje eu decidi que vou dar um descanso para o meu coração e deixar os acontecimentos fluírem e as coisas acontecerem como tiverem que acontecer. Talvez seja o momento de não esconder tanto as minhas emoções, permitir que elas nasçam espontaneamente sem medos e sem censura. Acredito que preciso me dar a opção de não forçar as coisas e não continuar nadando contra a corrente. Muitas vezes procurei experiências que não eram boas para mim, e ao invés de tentar me livrar delas, desejei que elas fossem como eu queria. Então, me esqueci dos efeitos negativos e tentei me adaptar para encaixar o que não se encaixa, e isto causou-me muito sofrimento. Deixe a vida chegar, com as portas entreabertas, com os pés firmes no chão e sem correntes. As prisões nunca foram boas, principalmente aquelas invisíveis que nós mesmos nos colocamos e em seguida esquecemos onde guardamos as chaves. Adeus às proibições, ao medo, a pressão, a frieza, ao pânico e ao controle excessivo das situações. Deixe as coisas acontecerem. Que chegue quem tem que chegar, que se vá quem tem que ir, que doa o que tem que doer… que passe o que tem que passar. -Mário Benedetti 8


Os efeitos secundários de forçar uma situação Na maioria das vezes em que eu acho que tenho as minhas emoções sob controle estou completamente enganada. Interajo com elas com tanto cuidado que acabo forçando as situações e perdendo o controle. Reprimir, esconder, negar ou disfarçar o que sentimos ao invés de demonstrar o sentimento não nos permite ouvir e conhecer melhor a nós mesmos.

Eu percebi que em algumas situações eu queria parar ou acelerar o tempo, sair correndo para depois me arrepender, negar a sinceridade enquanto a procurava lá fora… E tenho consciência das oportunidades perdidas que poderiam ter me ajudado a ser muito mais feliz. Forçar as coisas sempre nos leva a um estado de desconforto e insatisfação camuflada que se transforma em energia negativa. Pagamos um preço muito alto por isso, esse desconforto nos leva a um desgaste físico e mental: os sentimentos bloqueados sempre encontram uma saída, mesmo que seja através de uma doença. A chave é deixar as coisas acontecerem naturalmente Agora eu percebo que quando nós nos libertamos do desejo de que as coisas aconteçam da forma como desejamos e não como devem acontecer, tudo começa a se acomodar. Dessa forma, os acontecimentos começam a fluir, crescer e encaixar naturalmente. 9


Não tenho mais do que um punhado de beijos, e um exército de carícias sem uma razão para o invadir, mas eu vi cidades inteiras naufragarem por sorrisos muito menos bonitos do que o seu. Então vamos continuar, embaralhe novamente porque vamos continuar jogando. -Pablo BenaventeÉ necessário esperar, com a ajuda do tempo, para não tomar decisões precipitadas diante do inesperado e desfrutar das situações. Não se preocupe com o que ainda não aconteceu e deixe que o futuro aconteça harmoniosamente, sem tentar mudar os acontecimentos.

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Como agir? A primeira coisa é levar em conta que “deixar fluir” ou “deixar crescer” não é equivalente a não se esforçar ou não fazer nada, mas é estar consciente de que existem muitas coisas que não podemos controlar. A vida muda constantemente e de forma imprevisível, arrastando com ela os nossos planos, os projetos, e inclusive nós mesmos. Temos de pensar que tudo é temporário e até mesmo o tempo precisa da nossa atenção: a pressa, as obsessões e as exigências que temos com ele podem voltar-se contra nós mesmos. Precisamos ter paciência para que o que tem que acontecer aconteça. “A felicidade está nas coisas que você não planeja, naquelas que você não vê chegar”. -Série Grey’s AnatomyIn A Mente é maravilhosa

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Eu nunca… Fui imensamente feliz no dia que dei descanso ao meu coração. Lembro-me como se fosse hoje o alívio que ele sentiu, acho que ele deu um suspiro tão grande que ainda parece que ecoa por aí. Se há órgão que se formou para ser livre foi ele, perdoem-me todos os outros. Sabem aquelas pessoas que tem sempre um sorriso no rosto, que acham que controlam tudo, com a mania que são imensamente fortes, que só vêm o lado bom da coisa, pessoas que relembram o passado e a pupila ainda brilha, pessoas que a primeira frase que tinham na ponta da língua era “Eu, Eu nunca”, sim essas mesmas pessoas, um dia, nas suas vidas já sufocaram o seu pobre coração. Ah, eu nunca o tanas... Eu sempre, eu tudo, eu mais que todos os outros. No fundo não sei como ele sobreviveu aquilo que lhe fiz, nasceu para vencer. Foram uns longos anos, a achar que sabia o que era melhor para ele. A impor as piores das regras, a prendêlo aos piores amores, e que amores. Num certo momento da minha vida quis controlar tudo, e isso é o maior erro que podemos fazer. A vida é a cada minuto incerta, louco de quem achar o contrário. Louca, fui eu também que acreditei, que os acontecimentos podem ser escritos e planeados à nossa vontade. Acreditem, histórias que foram assim traçadas são muito provavelmente as piores que se contam por aí, porque as mais doces e belas foram certamente as mais imprevisíveis. Eu sei disso, soube-o a partir do momento que me libertei das amarras que construi à volta do meu próprio coração, e aí, a vida presenteou-me com as melhores vivências, os melhores contos de fadas. Felizes daqueles que tem um coração limpo, leve e livre. Técnico Auxiliar Protésico Sónia Fernandes Ano letivo 2009/ 2012

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Deixa fluir As coisas acontecerem é um momento difícil, pois a pressa corre como o vento, ela passa e ninguém repara, queremos sentir e saímos magoados, é difícil decifrar o cronómetro da negação, ou talvez da aceitação. A primeira fase passa pelo conhecer, o saber, o descodificar o interior da pessoa, alarmar os sentidos e sentimentos sobre possíveis ataques de carinho ou bombas de raiva, ódio, tudo isto, baseado na especulação. As seguintes fases passam pela confiança ou pelo abandono, pela troca de palavras, ou pela troca de costas viradas, pelo barulho intenso, ou pelo silêncio mudo. Disseram-me em tempos, deixa as coisas andar, mas, o travão não travou, o acelerador acelerou e o que aconteceu? Foi o acidente de uma vida, o despedaçar de cada membro do corpo, mas acima de tudo, veio a lição de que quando te dizem, não é a gozar ou a brincar. Dizer para as coisas acontecerem é o mais fácil, e o mais difícil, aplica-se no amor, no preparar de um prato, na espera daquele dia especial, mas diretamente ao sentimento, deixa as coisas acontecerem……

3º Ano Técnico Auxiliar Saúde Alexandre Cancujo

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Aconteça o que acontecer… Nascemos independente da nossa vontade, e tudo o que temos em concreto é a perda. Porém, a vida é um encanto, e nós deixamo-nos encantar. É tudo tão belo que não entendemos o quão rápido é a nossa passagem pela terra, pois cada passo é contado, cada hora é marcada. O facto, é que aprendemos amar de maneira incondicional o

que nunca

amamos em vida, aprendemos que o nosso bem maior não é o material, e entendemos que a partir de hoje é um novo começo. Retirei deste texto a cronometragem da nossa vida, ela é rápida e nos deixa desejos e sonhos em caminhos obscuros que nunca mais serão vividos, e nem mesmo planejados. Por isso... aconteça o que acontecer, apenas viva!

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Valdes

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A celeridade na vida… Há quem acredite em destino, outros acreditam que a vida é aquilo que fazemos dela. Há até quem pense que consegue controlar o dia do amanhã. Eu, muito sinceramente, creio que a minha vida é aquilo que eu faço dela, juntamente com aquilo que Deus tem escrito para mim. Todos nós vimos cá com uma missão, cada qual tem um dom, por vezes escondido, no entanto, ninguém anda cá simplesmente por andar. Assim sendo, não convém vivermos à deriva no mundo, sem objetivos nem sabendo quem somos e o queremos vir a ser. Contudo, também não é bom que tenhamos todo o controle da situação, e vivamos em constante sobressalto a planear e definir minuciosamente o dia do amanhã. De que adianta planear cada mês, cada semana, cada dia, cada hora da nossa vida, se num segundo tudo muda? Devemos sim, ter metas, sonhos e objetivos que desejamos alcançar. Contudo, também temos de permitir que cada coisa aconteça na circunstância que tem de acontecer. Caso contrário, começamos a atropelar e baralhar tudo, deixamos que os impulsos comandem a nossa vida, e acabamos dececionados e desgastados. De nada adianta demasiado controlo, ou demasiada liberdade. Para tudo na vida, deve haver um meio-termo, uma meia medida que nos permita ser felizes e fazer também os outros felizes. A vida precisa ser vivida e levada menos a sério. Tentemos eliminar tudo aquilo que é um excesso, e comecemos a aproveitar o doce sabor da vida, calma e tranquila. Mas, atenção… não se consegue ver o arco-íris, sem antes passarmos pela tempestade. Há que aprender que tudo acontece quando tem de acontecer. Não adianta cometer atos insensatos nem imaturos. 15


Há que viver, deixar que os outros vivam também, colocarmo-nos em primeiro lugar, amarmo-nos a nós mesmos. Afinal, a vida passa célere e bem agitada. Vivamos o hoje e deixemos o amanhã, para amanhã afinal de contas, num segundo tudo muda.

Não nos prendamos então ao passado, pois o que foi, já lá vai. O que foi bom deixou boas lembranças, o que foi mau, marcou e ensinou. Mas, toda esta multiplicidade, deixa ensinamentos, e torna-nos melhores pessoas. Na verdade, a felicidade não está nas coisas a que nos amarramos com unhas e dentes, nem naquelas que planeamos, mas sim, naquelas que nós não vemos chegar, vêm devagarinho, e iluminam o nosso coração…

Técnico Auxiliar de Saúde Inês Gomes Ano letivo 2015/ 2018

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Carta de um soldado Olá Princesa, Amanhã vai ser um dia complicado aqui, há movimentações a leste e o inimigo deve estar próximo. Temos muitas baixas no nosso batalhão e eu sou um dos poucos soldados com forças suficientes para pegar numa arma. Mas a pátria estará sempre em primeiro e a minha vida vem depois… se houver lugar. Mas a minha arma agora é apenas um bocado de madeira e grafite com que disparo palavras de amor, na esperança de te atingir o coração e deixar-te a morrer de saudades minhas. Sabes amor, não te amava menos quando me zangava contigo e te desejava, sem querer, o pior do mundo. Não te amava menos quando acordavas com aquela cara de sono e um mau humor que afugentava meio mundo. Não te amava menos quando passavas o dia despenteada e com aquele pijama em que cabiam duas de ti. Não, nunca te amei menos em nenhum desses momentos e sabê-lo é a prova de que realmente te amei. Só sabia amar-te mais, mais e mais, sabes que nunca fui inteligente como tu, deram-me uma arma para a mão em vez de um livro, mas amar-te cada vez mais é tudo o que eu preciso de saber. O teu olhar, o teu toque, o teu abraço, o teu beijo, foram as melhores batalhas que conquistei, e se algum dia venci uma guerra, essa guerra foi o teu amor. Desculpa não estar aí ao teu lado, desculpa não poder levar-te o pequeno-almoço à cama naqueles dias de preguiça, desculpa não estar aí para apagar a luz do quarto quando está muito frio fora dos lençóis. Desculpa não estar aí para te contar aquelas piadas sem graça mas que te faziam sempre rir. Desculpa não estar aí para te amar de perto. Pareço um parvo a falar, não é? Deixa-me ser parvo desta vez, só desta vez, deixa-me parecer uma criança a escrever uma carta de amor com aquelas frases simples, que na sua inocência e ingenuidade transmitem tanto carinho. Tu sabes que eu nunca fui muito bom com as palavras, gostava muito de saber escrever bem tudo o que sinto, já que as palavras são a única forma de te amar daqui.

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Queria cometer uma loucura contigo, sabes? E que tal vivermos juntos para sempre? Parece-me uma boa loucura já que amar-te foi a forma mais saudável que encontrei de ser louco. O amor é sempre uma boa desculpa para cometer loucuras. Sim, chama-me doido, chama-me parvo, chama-me infantil, chama-me louco, acho que o amor tem de tudo isso um pouco. E é amor, que mais poderia ser? E é tão grande que o universo ao lado dele ficaria envergonhado. Tão grande que precisaríamos de uma outra pessoa para o transportar, uma daquelas bem pequenininhas de pegar no colo. Tu sabes que eu gostava muito de ter um filho, pelo menos um, mas teríamos todos aqueles que quisesses, e não te preocupes com as estrias que isso pode causar, prometo que eu iria gostar, pois seriam a lembrança das novas vidas que criamos. Desculpa a minha parvoíce, mas sou um parvo sincero. Amo-te tanto e o tanto que te amo parece tão pouco. Estou a chorar princesa, estou a chorar porque tenho uma má notícia para te dar. Se estás a ler esta carta é sinal de que eu não poderei mais apagar-te a luz do quarto nas noites frias, levar-te o pequeno-almoço à cama ou dar-te um filho que tanto queria. Mas não fiques triste, estava a cumprir o meu dever. Posso já não estar cá mais, mas lembra-te que tu foste a melhor oportunidade de viver que a vida me deu. Não chores princesa. Um texto de Raul Minh’alma

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Os contratos com a vida Nunca perdi ninguém, não sei o que é a perda e o vazio que esta traz. Desconheço o perfeito vazio que algo ou alguém pode deixar em nós. O túmulo de palavras que muitas vezes nunca foram ditas, ou tão pouco conjugadas. A tristeza confortante que nos deixa alguém que já partiu, e refiro confortante porque acredito que quando se perde nas estrelas encontram-se os astros. Perdemos para ganhar, e aceitar este desafio é o jogo que a vida nos dá. A persistência é o árbitro que nos testa a cada desvio no caminho, para nos fazer cometer loucuras. Separamos segundos valiosos por momentos com paz e segurança. Atulhamo-nos de memórias que em momentos de fraqueza pretendemos vasculhar. Remexemos de novo em contratos já assinados pela vida, sabendo que jamais serão alterados.

E, no final, continuamos no caminho, com a certeza que nada volta, mesmo depois de tantas voltas dadas.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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A minha missiva Meu amor, Continuarei a escrever-te enquanto houver vida em mim. Lembro-me como se fosse hoje do dia em que partiste. O sorriso no rosto o coração apertado e o orgulho que quase não cabia debaixo dessa farda, já era linda, mas a ti (ironicamente) ficava-te a matar. Ias em nome e por amor à pátria. Quase que era tão grande como o amor que sentias por mim, mas não. Se pudesse descrevê-lo, para nós ele seria a própria pátria e tu sabes o valor que uma pátria tem. Foste, e contigo todos os sonhos que nos atrevemos a idealizar, eles ainda cá estão... mas tu não. E agora? Aprender a sonhar sem ti foi talvez a batalha mais difícil, pior do que aquelas que viveste por aí, atrevo-me a dizer. Não dói no corpo, mas dói na alma e se dói… Não sei o que é disparar uma arma em plena batalha, mas sei o que é receber uma bala direta no coração, veio em forma de carta e tinha o teu nome no remetente, quando os meus olhos começaram a percorrer aquelas linhas com a tua letra trémula, o gatilho disparou. Antes não soubesse ler, talvez para mim ainda estivesses aqui. Foram os minutos mais longos da minha vida sabes! Com a tua ausência aprendi que a definição de tempo não é igual na felicidade e na dor. Ainda existia tanto por dizer, tanto por fazer, tanto para amar, isso se fosse possível amar-te ainda mais, se estivesses aqui, ia ensinar-te uma coisa que a nossa adolescência não permitiu. Não é possível sonhar sozinho. Estou a chorar meu amor, às vezes ainda o faço com saudades tuas. Vou dizer só mais uma vez para que fique escrito aquilo que te digo quando em gracejo me perco ao te lembrar, amo-te, assim com essa farda que (ironicamente) te fica a matar! Técnico Auxiliar Protésico Sónia Fernandes Ano letivo 2009/ 2012

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Uma carta cheia de saudade Olá, minha estrela da guarda, que brilhas todos os segundos, minutos, horas e dias da minha vida no meu coração, pois não consigo esquecer esta tua partida que me aperta o coração e me sufoca. Sabes que adoraria ter-te aqui, para caminhares comigo em todos os nossos sonhos e promessas que ficaram pendentes com a tua perda. Não sei quando vou ultrapassar esta tua partida, ou se chegarei mesmo a ultrapassá-la, pois todos os momentos que passamos juntos, estão cada vez mais presentes na minha memória. Tenho tantas saudades tuas, que nem sei dizer-te o quão tão grandes elas são. Quem me dera ter-te visto, beijado e abraçado uma última vez… Queria dizer-te muitas coisas, mas o sufoco que tenho dentro de mim não me deixa. Amo-te muito.

3º Ano Técnico Auxiliar Saúde Patrícia Soares

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A vida e o seu carrossel! A vida é sem dúvida, um ciclo,um carrossel ou um tornado. Existem coisas lindas na vida! Aquele sítio que desejamos ir de férias, aquele casaco de pele na montra daquela loja, aquele livro que nos transbordou emoções reais, ou aquele casamento que nos suscitou esperança eterna. Aqueles convívios em família e amigos que alegraram aquele dia, os passeios a ver o mar que não tinha fim, ou o bater da chuva no vidro do nosso quarto. A satisfação de ver o por do sol, ou acordar na praia a ver o nascer do sol. Sentir o avião a descolar, ou a vontade enorme já de voltar. Há sensações que só vivendo é que nos suscitam lembranças e o “quero voltar”. A vida é tão bela... Milhares de pessoas, neste momento, estão a trabalhar ou nem a trabalhar, uns, a pedir mais um dia e outros a querer acabar com ela. Não sabemos o que nos espera, e, por vezes, não sabemos o que oferecemos. Outros milhares, estão a saudar recordações em lagos de tristeza. Contudo, há quem fique, e dê uma oportunidade à vida, aos sentimentos, aos momentos, à alegria de viver e agradecer por mais um dia! E isso, é realmente importante. Valorizar o que temos enquanto temos. Definir prioridades e sabê-las usar no tempo certo. Aproveitar mesmo as grandes batalhas porque são essas que ficam e permanecem connosco. O ser humano é mesmo assim, valoriza nas horas erradas, ou nos últimos segundos, mesmo sendo contraditório, e ter a vida toda para pertencer à vida das outras pessoas, e estabilizar na memória de quem nós queremos. Sendo tão egoísta ao ponto de ser egocêntrico e estar no meio do materialismo sem elevar as grandes emoções. E aí, nós refletimos se é assim tão importante a nossa presença cá, se nós podemos mudar os dias, moldarmo-nos às pessoas e sermos verdadeiramente felizes. Pensando... eu não sei o que é ser verdadeiramente feliz, mas, chego à conclusão, que são os sentimentos que nos fazem bem.

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Não é a pessoa em si, mas o que ela provoca em nós. “Gosto de ti”, “adoro-te como pessoa”, “obrigada”, é isto que nos marca, as palavras que nos enchem, invadem a “máquina” que nos mantém vivos. Mas, tentar não escapar isso, é tão difícil. É aquele ciclo que há pouco falava. O estar bem e o estar mal. Fazer o bem, ou fazer o mal. É agradecer a quem

diz

aquelas

palavras

consecutivamente, e que fica ao nosso lado, até que a morte nos separe. Agarrar a mão, o braço, sei lá... o coração, e acolhê-lo. Distinguir quem fica, e porque quer mesmo continuar! E se quer continuar, é porque quer mesmo ficar. E se quer, só teremos de retribuir, um dia, voltaremos a falar de memórias intensas e apaixonantes. Viver agora e não pensar no amanhã! Dedicar esta vida a quem gostamos, e a quem gosta de nós. Saborear o bom de viver, e experienciar, os maravilhosos sentimentos com que a vida nos presenteia!

Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Teixeira Ano letivo: 2015/2018

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A tua partida! Eis, mais um belo texto que nos fala de amor, e do modo de amar mesmo a distância. Talvez a vida nem sempre seja justa para com todos, e enquanto uns têm o privilégio de viver o seu amor em paz e sossego, outros, são afastados pelas situações da vida, sejam elas económicas ou para defender a nossa pátria. Este texto interpela-nos acerca desta segunda situação. Situação essa pela qual muitos dos nossos avós e bisavós passaram aquando o tempo das

guerras. A pátria falava mais alto, e para trás ficavam mulheres,

filhos, família, amigos, ou seja, tudo. O objetivo era comum a todos, defender o país e voltar com vida para casa. Nem todos tiverem essa sorte, muitos deles ficaram perdidos em combate, muitos dos quais nem hipótese tiveram de se despedir dos seus entes queridos. Famílias eram desfeitas e vidas eram perdidas, mas, era isso ou nada. E, quem cá ficava ainda que com sofrimento, acabava por compreender que o que tinha de ser, tinha muita força. Este soldado disserta a sua partida de uma forma incomum. Ele opta por falar à sua amada tudo aquilo que gostaria de vir a ter em comum com ela, no entanto, acaba por lhe proferir que nada mais daquilo será possível uma vez que em combate ele acabou por partir. Tendo no fim um ato de filantropia pedindo lhe que não chore por ele e que no fundo seja feliz. Ela foi a sua maior loucura, e a mais bela forma de viver a vida sendo feliz Técnico Auxiliar de Saúde Inês Gomes Ano letivo 2015/ 2018

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Talvez! "Talvez eu venha a envelhecer rápido demais. Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena. Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer de minha vida. Mas farei com que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei. Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais. Mas jamais irei me considerar um derrotado. Talvez,em algum instante, eu sofra uma terrível queda. Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão. Talvez,um dia,o sol deixe de brilhar. Mas então irei me banhar na chuva. Talvez um dia eu sofra alguma injustiça. Mas jamais irei assumir o papel de vítima. Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos. Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderão em minha direção. Talvez , numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas. Mas não terei vergonha por esse gesto. Talvez eu seja enganado inúmeras vezes. Mas não deixarei de acreditar que, em algum lugar, alguém merece a minha confiança. Talvez,com o tempo,eu perceba que cometi grandes erros.

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Mas não desistirei de continuar trilhando meu caminho. Talvez,com o decorrer dos anos,eu perca grandes amizades. Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos. Talvez algumas pessoas queiram o meu mal. Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar. Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritmo de uma música. Mas então, farei com que a música siga o compasso dos meus passos. Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris. Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração. Talvez,hoje,eu me sinta fraco. Mas,amanhã,irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente. Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias. Mas terei a consciência de que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma. Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música. Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo. Talvez a vontade de abandonar tudo torne-se a minha companheira. Mas,ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo. Talvez eu não tenha motivo para grandes comemorações. Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas. Talvez eu não seja exatamente quem gostaria de ser. Mas passarei a admirar quem sou. Porque,no final, saberei que, mesmo com incontáveis dúvidas, eu sou capaz de construir uma vida melhor.

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E se ainda não me convenci disso, é porque,como diz aquele ditado: “AINDA NÃO CHEGUEI AO FIM” No final , não haverá nenhum “talvez” e sim a certeza... ...de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia”. Aristóteles Onásis

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A oração dos sábios Enquanto lia este texto, não estava bem ciente do que pensar, do que escrever. Assim que ia a meio, reparei que sempre havia um “mas”. Vi que o autor sempre encontrava uma maneira de dar a volta de uma forma mais positiva. Existem situações no nosso caminho em que parecemos estar num impasse, em que parece impossível suportar, ou debater o sofrimento… Não é possível que no fundo do nosso peito o nosso coração não tenha mais lágrimas para chorar, o momento em que sentimos o gosto amargo do silêncio na nossa boca… Mas, sempre é tempo de ouvir a voz do vento, numa canção que fala muito mais de amor. Em que olhamos à volta, e não estamos sós no mundo. Todos temos pais, filhos, amigos, ou até colegas e todos percorremos o mesmo caminho. E apesar das incontáveis dúvidas, todos continuamos aqui, caminhando à nossa maneira, o melhor que conseguimos. Anoitecer e chegar ao nosso lar, e ter alguém que queira saber como nós estamos, que tenha sede de nos amar, que queira amanhecer connosco e por muito ou pouco tempo, não existe maior bênção. Enquanto trilhamos este carreirinho, é sempre melhor de mão dada, é possível saltar de estrela em estrela e alcançar o sol, e é possível mergulhar na imensidão do mar sem se perder. Ao invés de fugir, correr em direção, em vez de virar as costas, abraçar. Nunca estamos sozinhos, até porque Deus é justo, e sempre haverá alguém com uma mão estendida para nós, da mesma maneira que nós devemos estender a mão a quem precise dela. Susana Leite Técnico Auxiliar Protésico Ano letivo 2013/ 2016

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Simplesmente, talvez! Talvez… a vida é feita de tantos talvez!!

Talvez o segredo para a felicidade seja dançar, mesmo com as pernas a doer, talvez seja cantar mesmo com a voz rouca. Talvez o segredo para uma boa vida esteja em amar sem medida, mesmo com o coração em ferida.

Talvez o segredo para as boas coisas esteja em receber abraços com retorno, talvez o segredo para a felicidade esteja escondido nas pessoas ou nos nossos próprios caminhos, pelos quais passamos, muitas vezes de olhos fechados. Talvez todas as quedas e obstáculos pelos quais tivemos de ultrapassar, mesmo não esquecendo, mas talvez ainda bem!!

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Anita Fernandes

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Reticências do presente…

Refletirmos demasiado no que temos e até onde podemos chegar, sem pensar no que deveria poder mudar hoje, para ser melhor amanhã. Viver o hoje é ser eu mesma, e isso, é das coisas mais bonitas que se leva. Reconhecer que por vezes devíamos ser melhores, mudar aquele pormenor que tanto nos incomodou, ou refletir menos nas escolhas que fizemos. Tentar modificar os detalhes negativos, ou melhorálos, porque às vezes eles nem são prejudiciais, e são esses que nos caraterizam como pessoas. As que mesmo no “talvez”, elas ficam, com certeza da sua escolha. No entanto, são as reticências que não deixam em baixo, e nos destroem. Mas são essas que nos consomem boas oportunidades, ultrapassando as tempestades. Por isso, a força de vontade e a permanência nos objetivos, faz-nos ir longe. Lutando e batalhando os obstáculos e, sem dúvida, nunca desistir. Nada será impossível até quereres e acreditar que tudo é possível. Arriscar e converter as montanhas em planícies, mesmo fracos e sem vontade de caminhar. O importante é corrigir os detalhes e viver, viver não para envelhecer, para não deixar para trás os momentos que nos podem deixar tão felizes, aqueles que se nos lembrarmos nem fotos temos, mas sim memórias. Memórias para a vida. Sentir que valeu a pena e que mais não podia ter feito. Viajar, falar com pessoas que nos enchem a alma, ter atitudes maravilhosas, reconhecer os traços e encantar a vida. É para isso que estamos cá, viver, viver e viver! E viver não significa muito tempo, significa uma oportunidade com várias escolhas, uma vida!

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Quando dás por ela, já passou! e agora? Vive até à última palavra. Exige de ti o que ninguém pode fazer. A determinação de segurar o mundo e partilhá-lo. Pensar que estamos a envelhecer e não a usufruir da maturidade jovem é destruição. Ativamente, vais preencher a tua narrativa, e quando parares de escrevê-la nem um ponto final terás. Porquê? Porque tu nem tiveste tempo para o colocar! Não podemos deixar que morra esta vontade eterna de permanecer! Somos mais que uma força, sendo nós!

Bárbara Teixeira Técnico Auxiliar Protésico Ano letivo: 2015/2018

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Choro rios para encher mares… Talvez eu tenha começado a escrever este texto sem saber porque talvez começar. Talvez não tenha explicações para muitos dos meus talvez. Talvez a única maneira de viver seja apenas esta!

Por isso abraço cada oportunidade que a vida me dá num abraço sufocante. Vivo um dia de cada vez como se fosse o último. Choro rios para encher mares. Rio como um louco em intervalos de lucidez. Passo por todas as estações para mais tarde florir. E no final, apercebo-me que o sentido da vida é apenas um… Aquele que tu lhe quiseres dar.

A vida dá-te as ferramentas para te destruíres, tu decides se as usas ou não. És tu quem lapida a caminhada.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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Quando tudo parecia acabado Conheceu-se a Liberdade Já não há censura na escrita E pode-se falar à vontade A Pide torturava De Salazar ninguém falava Toda a gente se controlava Pois era ele quem governava

À escola poucos iam Muitos tinham de trabalhar No campo o milho a sachar Não podendo por isso estudar

Os filhos eram muitos E andavam imundos A comida escasseava E a miséria abundava

Só no padre confiavam Para se irem confessar As misérias contavam Para ele as perdoar

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Ai de quem andasse destapada! Quando na rua andava Era logo mal falada

E já lá vão 45 anos O dia da revolução A alegria e os cravos Marcaram esta nação!

Helena Arantes

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e Samuel Sá- 2º TAP


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O dom de saber esperar…

A frase faz-me lembrar que nem tudo depende da nossa vontade. A nossa força por mais que seja a maior do mundo, por vezes, não consegue ser o suficiente para alcançar as nossas vontades. Porém,

permanecer

a

cabecear

armazenado com esse foco, pois se não é agora, algum dia será. Saber esperar e refletir que não se torna impossível com positivistas, se não é cá, é no noutro lado do mundo. Mesmo não conseguindo, a vida é feita de sonhos e mantendo-nos assim, só dá asas para realmente conseguir o nosso lugar. Somos ativos e não morremos! O barco é nosso, e chega onde nós queremos.

Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Teixeira Ano letivo: 2015/2018

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Pau que verga, não parte… Aqui está uma sentença pela qual tento guiar o meu caminho pela vida, que até agora parecia passar devagar, mas dias há que corre muito rápido.

Nenhum desafio é impossível de superar, não para mim, não para ninguém. O meu coração tem fé, e transforma todos os meus medos em fé. O meu corpo inspira esperanças, expira impasses, vivo de foco, de determinação, sou como um pau que pode até vergar, mas não parte. Como refere o provérbio africano: “árvore que verga, o vento não quebra”.

Anseio, aspiro, almejo… Projeto, intento, exijo de mim, mais de mim a cada minuto a cada dia. Fico dissolvida em água.

Espero sempre dos outros, o mesmo que espero de mim, por isso fico desapontada, revoltada. Gostaria que todos tivessem esperança de que serão o que querem, como querem. Que aquela pequena criança que eram, nunca morresse dentro deles. Por isso, deixo um conselho que me foi dado pelos meus pais. Nem todos os dias são maus, e quando são, dormimos. Quando passar a noite, já será outro dia. Existindo fé e determinação, o resto são apenas detalhes que havemos de resolver…

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo” -É viver de sonhos, é ansiar, acreditar que nas voltas da vida, havemos de encontrar, nem sempre o que queremos e muitas vezes o que precisamos. Nada perdemos a não ser o que já não é nosso, seremos tudo o que somos.

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E se não for hoje, amanhã. Se não for amanhã, noutro lugar. E o que fomos ontem? Guardamos no coração se tivermos de guardar, largamos na estrada se for para nos prejudicar, ou trazemos no bolso para nos ajudar.

A vida só tem encanto enquanto passa e colhemos dela como se esta fosse macieira carregada. Acima referi que ela já passou devagar, enquanto eu ainda aprendia a gatinhar com ela. Agora ela corre, e eu vou correr com ela. No futuro, tenciono andar de braço dado, amparando-me nela enquanto a mesma me permitir.

Susana Leite Técnico Auxiliar Protésico Ano letivo 2013/ 2016

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Arte poĂŠtica da psicoterapia

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O analista interpreta as palavras, que o analisando pinta acerca da sua vida. Idílica, maravilhosa, sombria, crua, A psicoterapia é arte que aventa a alma nua. A relação terapêutica inicia fogosa com pressas; sem vagares, em ritmos libidinosos, expectativa que deixa ansiosa a relação que se funda nos preliminares. A aurora esmorece e dá lugar a uma nova faceta... A escuridão sucede e a podridão atormenta. Os fortes vacilarão no lugar onde os fracos podem vacilar, a terapia por vezes choca nos paradoxos onde somente a mente artista pode enxergar. Ultrapassada a paixão, a aurora, a queda e a sombra instaurada Da morte surge a ressurreição, d'onde a provação existencial ganha uma perspectiva renovada. Na terapia a alma não encontra a felicidade, mas entende que não é somente a própria Capaz de gerar sentido. Então?! Alimentando-se da arte a alma pode saciar a sua fome. Talvez encontre até, a possibilidade de caminhos, que a transformem.

Dr. João Vedor

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Dia da Mãe Sem ti não era nada

Já dizia o velho ditado. Mãe há só uma a minha e mais nenhuma E por ela sinto-me acarinhado.

Deste vida ao meu ser E orgulho eu tenho de teu filho ser És uma das flores mais lindas do meu jardim És a única de todas as flores, mais especial para mim.

Não tens barba nem bigode Mas tens uma paciência enorme de pagode Ainda me lembro de em tempos te ouvir dizer O meu filho só come e dorme

Por vezes poderia custar-te Mas sempre me conseguiste criar Nunca irás ter um filho como eu Que para sempre te irá amar E ao teu lado caminhar

Eduardo e Francisco 3ºde TAP

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Mater… Tu que me carregaste no teu ventre durante 9 meses, tu que ficaste ligada a mim desde o primeiro momento, tu que me amaste no primeiro suspiro, tu que deste à luz de mim mas a minha luz és tu, tu que me alimentaste, tu que levaste pontapés meus, e ainda assim me ajudaste a dar os primeiros passos, tu que me ensinaste todos os valores que tenho hoje, tu que me tornaste no ser humano que sou, tu que me mostraste as coisas mais belas e monstruosas do mundo, tu que me repreendes quando erro e me elogias quando acerto. Tu és o meu pilar e o meu porto seguro. As tuas palavras são os meu guia e as tuas pisadas são quem me faz continuar a caminhada a cada dia que passa. É de ti que preciso desde há 20 anos atrás. És o singular com mais força que conheço. Os teus braços serão para sempre a minha "casa". Obrigada por continuares sempre aqui e ainda hoje me amparares todas as quedas. AMO-TE com todos os sentimentos do mundo à mistura!

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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Ser Mãe… Olá mãe, Aparentemente, hoje é o teu dia e é difícil saber o que dizer, pois sabes o meu sentimento por ti. Muitas vezes eu digo coisas que não devia dizer, coisas que te magoam, coisas que sei que te vão dilacerar. Sei que no fundo quando estou contigo, nota-se aquela pequena gota no canto do olho. Quando te perguntam se já tens os teus filhos contigo, pois a resposta é não. Sei que te sentes culpada por tudo o que tivemos de passar, as noites em que chamamos pelo teu nome, mas estavas a quilómetros de distância. Sei que não ouvias, mas acredito que sentias como ninguém sente por ti, aquela dor de ter os filhos a sofrer, mas não sabias como ajudar. E, sentido- te tu impotente, decides fazer o impensável, tentaste matar-te não uma vez, mas sim duas vezes. Posso dizer-te mãe que foi difícil para mim crescer sem ti todos os dias, saber que chegava a casa e não estás lá. Essa ferida ficará sempre cá, nunca sara, mas vai cicatrizando. Por isso, mãe, peço-te hoje é o teu dia e todos os dias da minha vida são teus, mas vive, não te prendas ao que te faz mal. Mãe é o melhor nome que te podia chamar e ter, orgulho-me de dizer que és a minha mãe, e eu quando disser que não, tu sabes que sim. Mãe feliz dia! e obrigado por nunca desistires de mim e de nós!

3º Ano Técnico Auxiliar Saúde Alexandre Cancujo

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Minha mãe querida Como tu não há igual És a minha alegria Quando estou a passar mal

Estás sempre ao meu lado Mesmo quando dizes ”não” Sei que até gostas de mim Quando me dás um sermão

Sempre me deste tudo Sem nenhuma exceção Só não me dás o mundo Porque não cabe na tua mão

Ao teu lado estou segura Nunca me largaste a mão Na cozinha e na costura És a minha inspiração

És o meu porto seguro Num dia de tempestade E quando está escuro Iluminas com beldade

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Mãe só temos uma E não precisa ser de sangue Basta fazer aquele papel importante E será a todo sempre, uma mãe brilhante.

Helena Arantes

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e

Samuel Sá- 2ºTAP


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Ser ou não ser Não importa a quantidade de pessoas que gostem de mim, do jeito que sou ou não. Os que me amam já são os suficientes para fazer o meu mundo girar, para a vida ganhar algum sentido e minha alma transbordar.

Não usarei artifícios mirabolantes para conquistar alguém, muito menos fingirei que estou bem para evitar discussões, pois somente os verdadeiros ou a verdade trazem sentimentos sólidos. Permita-se ser você mesmo, pois cada ser humano transborda características que não serão indiferentes para o próximo, um jeito de ser que nem o mesmo sabe explicar, porque é esse jeito que nos encanta e fascina, e pelo mesmo jeito que nos torna insubstituível.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Valdes

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O comboio da vida Algum tempo atrás, li um livro que comparava a vida com uma viagem de comboio. Uma leitura extremamente interessante, quando é bem interpretada… A vida não é mais do que uma viagem de comboio: Repleto de embarques e desembarques, salpicado por acidentes, surpresas agradáveis em algumas estações e profundas tristezas noutras. Ao nascer, subimos para o comboio e encontramo-nos com algumas pessoas que acreditamos que estarão sempre connosco nesta viagem: os nossos PAIS. Lamentavelmente, a verdade é outra. Eles sairão em alguma estação, deixando-nos órfãos do seu carinho, amizade e da sua companhia insubstituível. Apesar disto, nada impede que entrem outras pessoas que serão muito especiais para nós. Chegam os nossos irmãos, amigos e esses maravilhosos amores. De entre as pessoas que apanham este comboio, também haverá quem o faça como um simples passeio. Outros, só encontrarão tristeza nessa viagem… E outros também, que circulando pelo comboio, estarão sempre prontos para ajudar quem precisa. Muitos, quando descem do comboio, deixam uma permanente saudade… Outros passam tão despercebidos que nem reparamos que desocuparam o lugar. Às vezes, é curioso constatar que alguns passageiros, que nos são muito queridos, se instalam noutras carruagens, diferentes da nossa. Assim, temos de fazer o trajeto separados deles. Mas, nada nos impede que, durante a viagem, percorramos a nossa carruagem com alguma dificuldade e cheguemos até eles… Mas, lamentavelmente, já não nos poderemos sentar ao seu lado, pois estará outra pessoa a ocupar o lugar.

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Não importa. A viagem faz-se deste modo: cheio de desafios, sonhos, fantasias, esperas e despedidas… mas nunca de retornos. Então, façamos esta viagem da melhor maneira possível… Tratemos de nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando em cada um, o melhor deles. Recordemos sempre que em algum ponto do trajeto, eles poderão hesitar ou vacilar e, provavelmente, vamos precisar de os entender… Como nós também vacilamos muitas vezes, sempre haverá alguém que nos compreenda. No fim, o grande mistério é que nunca saberemos em que estação vamos sair, nem, muito menos, onde sairão os nossos companheiros, nem sequer, aquele que está sentado ao nosso lado. Fico a pensar se, quando sair do comboio, sentirei nostalgia… Acredito que sim. Separar-me de alguns amigos com quem fiz a viagem, será doloroso. Deixar que os meus filhos sigam sozinhos, será muito triste. Mas agarro-me à esperança que, em algum momento, chegarei à estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram. O que me fará feliz, será pensar que colaborei para que a sua bagagem crescesse e se tornasse valiosa. Meu amigo, façamos com que a nossa estadia neste comboio seja tranquila e que tenha valido a pena. Esforcemo-nos para que, quando chegue o momento de desembarcar, o nosso lugar vazio deixe saudades e umas lindas recordações para todos os que continuam a viagem.

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Para ti, que és parte do meu comboio, desejo-te uma …Viagem Feliz ...

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A minha travessia

Disseram-me uma vez que a felicidade era o melhor que podíamos sentir, eu acreditando nessa história, mergulhei no sono profundo, onde parecia tudo muito feliz. Mas, existem canetas que escrevem os textos da vida, que arrebentam e criam manchas, nódoas, e por muito que me digam para ser feliz, é impossível… Aquelas manchas corroem cada momento que passa, cada segundo, cada gota de chuva que eu toco, essas matam-nas sem piedade, matam as emoções, como se fossem simplesmente insetos na parede. Não digo que estou indefeso, e que sou uma vítima, não sou uma vítima com certeza, mas a vontade de querer ser feliz desapareceu, pelo facto de não saber como apagar memórias, apagar os rascunhos do meu livro, e saber que ao ser publicado eles não estão lá.

É uma realidade inversa quando me perguntam se estou bem, pois eu digo que sim, mas na realidade, existe o poço de tristeza, onde sou afogado por ondas enormes de sangue, de lágrimas interiores, onde acho que não existo. Corrompe-se então o resto da minha vida, dizem que eu sou sentimental, chato, afetuoso, que necessito de muita atenção, acredito que sim, pois passei pelo que passei, e para os olhos extravagantes não parece nada… mas para mim, foi tudo. A minha alma já não sente pois, os enormes amassos e vincas que a marcaram, criam assim as muralhas que me impedem de ser quem eu acho que sou.

3º Ano Técnico Auxiliar Saúde Alexandre Cancujo

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Carta de Einstein à filha Quando propus a teoria da relatividade, muito poucos me entenderam e o que vou agora revelar a você, para que transmita à humanidade, também chocará o mundo, com sua incompreensão e preconceitos.

Peço ainda que aguarde todo o tempo necessário — anos, décadas, até que a sociedade tenha avançado o suficiente para aceitar o que explicarei em seguida para você.

Há uma força extremamente poderosa para a qual a ciência até agora não encontrou uma explicação formal. É uma força que inclui e governa todas as outras, existindo por trás de qualquer fenômeno que opere no universo e que ainda não foi identificada por nós.

Esta força universal é o AMOR. Quando os cientistas estavam procurando uma teoria unificada do Universo esqueceram a mais invisível e poderosa de todas as forças. O Amor é Luz, dado que ilumina aquele que dá e o que recebe. O Amor é gravidade, porque faz com que as pessoas se sintam atraídas umas pelas outras. O Amor é potência, pois multiplica (potência) o melhor que temos, permitindo assim que a humanidade não se extinga em seu egoísmo cego. O Amor revela e desvela. Por amor, vivemos e morremos. O Amor é Deus e Deus é Amor. Esta força tudo explica e dá SENTIDO à vida. Esta é a variável que temos ignorado por muito tempo, talvez porque o amor provoca medo, sendo o único poder no universo que o homem ainda não aprendeu a dirigir a seu favor.

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Para dar visibilidade ao amor, eu fiz uma substituição simples na minha equação mais famosa. Se em vez de E = mc², aceitarmos que a energia para curar o mundo pode ser obtido através do amor multiplicado pela velocidade da luz ao quadrado (energia de cura = amor x velocidade da luz ²), chegaremos à conclusão de que o amor é a força mais poderosa que existe, porque não tem limites. Após o fracasso da humanidade no uso e controle das outras forças do universo, que se voltaram contra nós, é urgente que nos alimentemos de outro tipo de energia. Se queremos que a nossa espécie sobreviva, se quisermos encontrar sentido na vida, se queremos salvar o mundo e todos os seres sensíveis que nele habitam, o amor é a única e a resposta última. Talvez ainda não estejamos preparados para fabricar uma bomba de amor, uma criação suficientemente poderosa para destruir todo o ódio, egoísmo e ganância que assolam o planeta. No entanto, cada indivíduo carrega dentro de si um pequeno, mas poderoso gerador de amor, cuja energia aguarda para ser libertada. Quando aprendemos a dar e receber esta energia universal, Lieserl querida, provaremos que o amor tudo vence, tudo transcende e tudo pode, porque o amor é a quintessência da vida. Lamento profundamente não ter sido capaz de expressar mais cedo o que vai dentro do meu coração, que toda a minha vida tem batido silenciosamente por você. Talvez seja tarde demais para pedir desculpa, mas como o tempo é relativo, preciso dizer que te amo e que a graças a você, obtive a última resposta.

Seu pai, Albert Einstein

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Força Universal O amor é a força universal, e só chega ao fim quando temos de pedir ou implorar por ele. Amor não se mendiga, o amor dá-se em qualquer tipo de cenário ou circunstância. Amor é quando sentimos que somos responsáveis por fazer o outro sorrir. O amor não é exagerado ou imprudente, não é inveja ou orgulho, raiva ou ódio. O amor é sacrifício, perseverança, paciência e compreensão e são pouco os que tal ato praticam, a estes, o amor consome-os. Acredito que o amor é muito mais do que a mente humana possa imaginar ou pensar. Dizem que o amor é um sentimento louco, e sem ensaios. Mesmo experienciando-o, o mesmo é indescritível. Cada vivência é única, singular, inigualável e insaciável. Depois de o encontrarmos não queremos que ele se dissipe, e ganhe asas para fora do casulo!

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Valdes

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Carta para o meu pai! Querido Pai,

Hoje perguntaram-me o que era o amor, e logo de imediato lembrei-me de ti, pois sei, com todas as certezas deste mundo, que foste a pessoa que mais me amou. Foste a pessoa que me ensinou o verdadeiro significado da palavra amar, porém, também me ensinaste o significado da palavra saudade...

Hoje foi mais um dia triste, mais um dia sem ti.

Os dias, os meses e os anos vão-se passando, e a cada dia que passa ficas mais longe de mim, cada dia que passa eu magoo-me e perco-me cada vez mais. Cada dia que passa eu tento esquecer a falta que me fazes, eu tento, mas não consigo.

Sinto que és a minha ferida aberta, e sei que não vai passar com o tempo, porque infelizmente o tempo não cura coisa nenhuma. Todavia, sei que o amor é a única forma que encontrei para te manter vivo, o amor é uma força universal que liga todas as pessoas, e por mais longe que estejas de mim, existirá sempre esta união.

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Nesta carta, só queria dizer-te que tenho muitos obrigados para te dizer, muitos mais beijos para te dar, e muitos mais amo-te para te demonstrar... e se eu soubesse que aquela vez iria ser a última vez, ter-te-ia abraçado mais forte... Sinto falta da pessoa que ficava feliz quando eu estava feliz, que era capaz de comemorar as minhas vitórias sem ficar com inveja, que ficava horas a aturar-me sem se queixar, que fazia de tudo para me ver sorrir. E logo eu, que nunca fui de sentir pouco...ou sinto muito, ou então não sinto. Estejas onde estiveres espero que saibas que sou eternamente grata por seres o melhor pai que eu poderia ter tido, e por me teres ensinado a valorizar o amor.

Com beijinhos da menina do papá, Carina Oliveira

3º Ano Técnico Auxiliar de Saúde Carina Oliveira

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O combustível que nos move… Somos geradores de nós mesmos e o que mais nos move é o amor, seja ele qual for. Ao longo da vida vamos amar cada coisa, cada momento e cada amor. Não existe amor mais e menos, só existem diferentes formas de amar. Só quem ama tem a capacidade de demonstrar amor.

Esta palavra é tao forte quanto ao sentimento que carrega.” Antes de amar o próximo crie uma relação de amor com você mesmo, só assim será feliz.”

Digo que amo porque amo tudo que faço, e só ambiciono ser feliz. Os meus geradores estarão para sempre ligados em busca do amor, pois é o mesmo que me motiva a amar a vida.

Em suma, esta busca inconstante pelo sentimento mais nobre e mais simples, surge na sua mais pura essência, quando não é procurado. Simplesmente almeje!

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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O que se esconde por trás da sua bagunça…

Dizem que vários dos grandes génios foram verdadeiros mestres da bagunça. O escritório de Einstein, ou de Mark Twain, entre outros, era um autêntico ninho de aranhas. Objetos por todos os lados, papéis revirados, lixo acumulado… Enfim, uma verdadeira zona. No entanto, ser desorganizado não converte ninguém em génio. Assim como ser excessivamente organizado também não torna alguém uma pessoa melhor. Os extremos nunca são bons no que toca à realidade humana. “A desordem almoça com a abundância, janta com a pobreza, ceia com a miséria, vai dormir com a morte.” -Benjamin FranklinNo mundo atual, o tempo passou a ser uma coisa escassa. Já não é possível limpar os pisos até deixá-los como um espelho, nem manter os quatro cantos da casa brilhando. Ter alguém para realizar as tarefas domésticas é um luxo ao qual poucos podem se dar, e dedicar tempo ao cuidado da casa não é nada fácil atualmente.

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No entanto, isso não quer dizer que tudo tenha de estar às avessas. É possível manter um espaço basicamente arrumado, nem a necessidade de investir muito tempo nisso. É tudo questão de se organizar e adotar alguns hábitos. Mas por que algumas pessoas não conseguem isso? O que há por trás de sua bagunça compulsiva?

O significado da bagunça

Em geral, a bagunça nos espaços que habitamos é sinal de desordem no nosso mundo interior. Permanecer saturado de objetos significa estar saturado de ideias e projetos sem resolver. A bagunça envia uma mensagem de confusão interna, falta de estruturação e falta de definições. Além disso, estudiosos do Feng Shui e de práticas semelhantes asseguram que a bagunça tem diferentes significados dependendo do lugar onde se acumula. É isso o que indicam a respeito: A bagunça ou os objetos amontoados em áreas que estão na entrada de uma casa significa um medo profundo de se relacionar com outras pessoas.

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A bagunça ou os objetos amontoados na cozinha ou nos espaços onde se prepara alimentos significa fragilidade emocional e ressentimento. A bagunça ou os objetos amontoados nos armários significa dificuldade para analisar e controlar os sentimentos e as emoções. A bagunça ou os objetos amontoados debaixo dos móveis indica que a pessoa é muito dependente da opinião dos outros e dá muita importância às aparências. A bagunça ou os objetos amontoados atrás das portas é uma expressão do medo de ser rejeitado pelos outros e da convicção de se sentir vigiado. A bagunça ou os objetos amontoados no escritório ou no local de trabalho significa medo, frustração e necessidade de controle sobre as situações.

A bagunça ou os objetos amontoados na garagem implica medo de coisas novas e falta de habilidade para se atualizar. A bagunça ou os objetos amontoados nos corredores significa medo de se expressar, de dizer diretamente o que deseja. A bagunça ou os objetos amontoados na sala significa medo de ser rejeitado pela sociedade. A bagunça ou os objetos amontoados na sala de jantar tem a ver com o fato de se sentir controlado pela família e inseguro. A bagunça ou os objetos amontoados por toda a casa significa que temos raiva reprimida e que nos sentimos apáticos e desinteressados em relação à vida. 61


As vantagens de superar a bagunça Não é necessário que o nosso espaço esteja “um brinco”. De facto, preocupar-se demais com a bagunça subtrai energia que poderíamos investir em coisas mais importantes, além de nos deixar exigentes, abatidos e neuróticos. O importante é poder habitar espaços que sejam agradáveis e fáceis de lidar. Não é razoável estar toda hora procurando por coisas que somem no meio da bagunça, nem ficar deprimido só de olhar o estado do nosso local de trabalho ou nossa casa. Uma das primeiras causas da bagunça é que talvez você não tenha classificado bem os objetos e, por isso mesmo, há muitas coisas que não têm um lugar definido de onde deveriam estar. É importante analisar quais são os tipos de objetos que temos em casa ou no escritório, formar categorias ou grupos de objetos e definir onde se deve guardar cada grupo. Os artigos de escritório devem ter o seu lugar, assim como os medicamentos, os papéis, os livros, os cadernos, os guarda-chuvas, etc. É possível que você tenha de definir dois ou três lugares para guardar uma mesma categoria de objetos, caso sejam muitos. O passo seguinte é trabalhar a sua mente para se preparar para dar espaço a coisas novas. Enquanto você guardar objetos dos quais já não precisa, ou conservar as coisas simplesmente por conservá-las, será impossível avançar. É necessário se desfazer de tudo aquilo que já não é necessário. O que você não usou no ano anterior deve ser doado ou descartado. Convença a si mesmo de que limpar o seu lar também é limpar a sua mente, purificar o ambiente, limpar a sua vida. Decida passar para um novo nível e desfaça-se de objetos que compõem um ambiente em que não há espaço para nada novo. In A mente é maravilhosa 62


Sou a bagunça na qual se encontra qualquer coisa A bagunça dos espaços em que habitamos, muitas vezes define a bagunça da nossa mente. Nem sempre é fácil organizar as ideias e colocar tudo preto no branco. Mas, de que adianta ter tudo organizado se não passar disso mesmo, uma mera e pura organização tabelada pela sociedade. A bagunça, a dita desordem dos espaços nem sempre é algo que se possa classificar como mau. O que para uns é desordem, para outros não o é, pois é assim que eles se organizam e sabem exatamente onde está o que desejam, e como as coisas naqueles locais têm a sua própria criatividade e inspiração para criar algo novo, e por vezes até melhor do que até então. Óbvio que quando essa bagunça se torna um caus, em que já ninguém se consegue mover no meio daquele espaço, quando é algo extremo, aí sim é mau, pois todos os exageros de certa maneira prejudicam a convivência em sociedade, e para com a própria pessoa, uma vez que todos temos e devemos saber lidar connosco e com os que nos rodeiam. Em tudo na vida deve haver um meio-termo, pois tudo o que é oito ou oitenta de uma forma ou de outra acaba por prejudicar ou esconder algo que nos incomoda, ou que temos vergonha de transmitir. Todo o excesso de organizar torna-se algo compulsivo, as pessoas tornam-se maníacas e quando algo está fora do sítio começam a entrar em pânico, e não se conseguem controlar enquanto não colocarem no devido sítio, aquilo que foi desorganizado. Por outro lado, além de existir a bagunça dos objetos que nos são necessários, também existe a bagunça e o acumular de objetos que nos são perfeitamente desnecessários. Criemos então a nossa ordem no meio da confusão, tenhamos apenas aquilo que seja necessário para a nossa felicidade. E assim, talvez consigamos ser pessoas felizes, proativas e criativas. Às vezes é necessário desacelerar, respirar e organizar a bagunça que existe em nós, em nossos pensamentos e sentimentos…. encontrar o equilíbrio, sendo que a paz deve fazer sempre parte do no plano de vida, pois só assim conseguiremos viver em plenitude.

Técnico Auxiliar de Saúde Inês Gomes Ano letivo 2015/ 2018

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Não é tão simples viver a vida. Às vezes, ela contém capítulos imprevisíveis e inevitáveis. Todo ser humano passa por turbulências em sua vida. A alguns falta o pão na mesa; a outros, a alegria na alma. Uns lutam para sobreviver. Outros são ricos e abastados, mas mendigam o pão da tranquilidade e da felicidade. Por isso há miseráveis que moram em palácios e ricos que moram em casebres. A vida é belíssima, mas não é tão simples vivê-la. Às vezes, ela se parece com um imenso jardim. De repente, a paisagem muda e ela se apresenta árida como um deserto ou íngreme como as montanhas. Independentemente dos penhascos que temos de escalar, cada ser humano possui uma força incrível. E muitos desconhecem que a possuem... - Augusto Cury

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O melhor de nós! E

aqui

me

encontro

nos

meus

profundos

pensamentos…

Esta dor que estou a sentir agora, é forte, eu sei, aperta, rasga, queima, machuca-me, parece que nunca vai passar. Pode não ser ainda “hoje” que tudo se vai resolver, mas, no meu pensamento quero acreditar que irá valer a pena, quando tentamos com todo o nosso coração e damos o nosso melhor tudo faz sentido.

Sempre haverá um bom motivo para sorrir, mesmo num dia ruim!

Não precisamos saber quem somos a todo o momento, só precisamos de fazer o que for preciso para não perder o equilíbrio. Todos nós perdemos em algum momento, mas a vida vai ajudar-te a superar os medos.

“Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fossemos de ferro”

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Anita Fernandes

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O nosso constante desafio! Viver Viver é um desafio diário. A vida não nos dá tréguas, não importa qual seja o momento que estejamos a passar. O mundo não vai parar, e esperar que nós recuperemos das quedas da vida. Entre tantos problemas e dificuldades, que surgem no decorrer das nossas vidas, deparamo-nos com duas opções: deixar que tudo isso seja absorvido de forma negativa, ou ultrapassar os obstáculos, mesmo com muito esforço e coragem. Independentemente da forma como olhamos para a situação, quer seja positiva ou negativa, apesar de ser muito difícil nós temos de as ultrapassar de certa forma. Não podemos deixar que os pensamentos negativos nos controlem, devemos encarar cada obstáculo de cabeça erguida, pois a vida são muitos altos e baixos, e cabe-nos a nós saber andar nesta montanha russa e perder o medo, ou desistir, ou continuar a enfrentar as coisas como elas são. Enfrentar os problemas é a única forma de os solucionar. Devemos ver a realidade como ela é, procurar a felicidade mesmo que para isso seja preciso lutar arduamente. Viver é uma aventura, sendo que devemos ter amor à vida, não devemos gastar o nosso tempo com más energias. Cabe-nos a nós, aprimorar o lugar onde queremos permanecer com aqueles que “aprisionam” o nosso coração.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Rute Silva

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Protagonistas da nossa história Fomos os seres humanos concebidos para estar hoje aqui! Cada

um

de

nós

possuí

capacidades únicas, mas também, cada qual as usa como melhor entende. Todos temos forças, mas

muitas

das

vezes

não

sabemos como as utilizar…

Somos pessoas indecifráveis que nem a ciência nos consegue descrever. Vivemos num planeta mistério, todos os dias andamos na luta do desconhecido. Vamos adquirindo conhecimentos que nos acompanham ao longo da vida, somos os protagonistas da nossa própria história, e decidimos como interpretar esse papel. A cada dia que passa só depende de ti ser melhor, e fazer desenrolar o fim da tua própria história. Não aceitem ser marinheiros quando podem ser mares. Que esta história chamada “vida” conspire sempre a nosso favor, porque assim é cada episódio da vida.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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As minhas lembranças… A vida é um livro que nasce sem capa e sem conteúdo, mas com o passar do tempo, a mais bela lapiseira escreve a melhor história. É claro que o seu conteúdo possui amor, ação, animação e drama. Mas quem é que não vive uma história com altos e baixos? A vida é uma história e o individuo é o escritor, e se o escritor só escreve aquilo que lhe vai na alma, porque é que o individuo vivente, escreve o que lhe vai na mente e no coração? Interessante é que nunca antes me tinha perguntado, mas há uma pequena diferença, é que o escritor escreve para vender e ser conhecido, e o individuo escreve a sua historia para deixar as mais puras lembranças e a sua melhor marca enquanto pessoa que é! Existem indivíduos, que gostam de mostrar os seus luxos e bens materiais, em detrimento da sua humildade, amor próprio, e também amor ao próximo. O individuo que gosta de evidenciar-se, apenas quer reputação, e não a apreciação de um ser honesto e sereno, que vive para ajudar, gostando de dar sem receber. Contudo, para ser feliz, e ter um livro de verdade, é necessário ser um escritor humilde, sem vergonha de mostrar quem realmente é, pois, com mérito próprio tudo se consegue.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Francisco Martins

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De mãos dadas com a vida

Dou o melhor de mim no trilho da vida, percorro este longo caminho com a certeza de ter feito tudo aquilo que estava ao meu alcance. Cometo falhas e erros como todos os seres humanos, mas sei que foram as mesmas que me fizeram estar aqui! Dispo a minha alma quando chego ao topo de cada montanha, disfruto cada momento que está me dá oportunidade de saborear, e não me canso de ir à descoberta. Continuo a andar de mãos dadas comigo mesma, carregando no coração a certeza que um dia chegarei mais longe, mesmo depois de tanto suor escorrido e tantos invernos passados, no fim vou encontrar um miradouro que me mostre todo o horizonte. A vista de cima sabe tão bem, mas melhor ainda quando não nos esquecemos de cada passo de sacrifício dado e de onde partirmos, pois foi isso que nos fez ir. Se não for aqui, noutro lugar que ainda não sei, nada perdi mas num tudo me tornei. Afinal a vida é isto, ir em busca, de querer ser melhor e fazer mais a cada dia.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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A flor da transparência A sistemática da vida funciona deste modo: não é somente ladrão, aquele que rouba pouco ou muito, é aquele que simplesmente rouba. Fomos introduzindo no mundo tão selvagem e caótico, a ponto de dizer que roubar pouco é culpa, e roubar muito é grandeza.

Devemos apenas lutar, com garras e forças, por algo que pretendemos e entendermos que tudo que adquirimos a longo prazo, nos é prazeroso, porque foi conquistado com esforço, aqueles que adquirem porque simplesmente lhes foram concebidos, o seu interior não se alegra, nem com muito se sentem realizados.

O caminho seguro é a honestidade, clareza e a verdade, porque lá no fundo tudo o que plantamos colhemos e de tudo que colhemos, deste mesmo fruto comeremos.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Valdes

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Ser criança é ser único

Com as suas brincadeiras

Ser criança é amar

Deixam todos encantados

A qualquer pessoa que consiga

À macaca e às escondidas

Um sorriso lhe deixar

Ficam todas extasiadas

Sejamos grandes ou pequenos

Depois irão crescer

Temos uma dentro de nós

Para o futuro brilhar

Queremos todos ser crianças

Um emprego vão arranjar

Nos momentos que estamos sós

E uma família criar

Ser criança é uma animação

As lembranças que depois ficam

Brincar no parque é a diversão

Servem para relembrar

São felizes com pouco

Os bons momentos de fantasia

Até o pai ficar louco

Onde só se via magia!

Helena Arantes

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e

Samuel Sá- 2ºTAP


Mudei porque amadureci... mudei porque passei por tantas e tão diversas experiências, que consegui aprender com meus próprios erros... mudei porque me dececionei com amigos... mudei porque me dececionei com amores... mudei porque conheci pessoas tão especiais que fui capaz de me inspirar por elas e me espelhar nelas para me tornar uma pessoa diferente... ...talvez uma pessoa melhor. O tempo passou, eu mudei e nem tudo, nem todos, me acompanharam. Mas valeu a pena!

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Amadureci… Amadureci e mudei, mudei, porque quando se quer muda-se…mudei porque a vida assim o proporcionou. Não foi um plano de vida, foi simplesmente viver a vida em pleno, com encontros e desencontros, que a vida causou em mim. Se há uns tempos atrás, não sabia explicar os projetos que a vida me tinha colocado, hoje, olho para trás e vejo que foi para isto, simplesmente crescer, crescer enquanto pessoa e amadurecer. Ainda não amadureci o suficiente, mas, fruta madura demais é fruta podre! Há tempo para tudo, e tal como acontece com os frutos na época da sua eclosão, segue-se o crescimento, e em seguida o seu amadurecimento. O mesmo se passa connosco enquanto seres humanos. O tempo tem passado, e eu tenho crescido, mas, nem todos me acompanharam, pois, acredito que que alguns tenham caído com a meteorologia da vida… Penso que poucos souberam vestir o agasalho nas geadas, e absorver a vitamina D no sol, quando ele ousou espreitar… no entanto, tem valido a pena aguardar pela visualização de um novo arco- íris… oh se tem!

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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É necessário evitar a servidão aos folgados, aos aproveitadores, a quem não sai do lugar por si só, a quem foge a qualquer tipo de responsabilidade, pois sabe que alguém sempre fará por ele. Marcel Camargo

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A ociosidade… Esta sentença parece ter saído da boca de um conselheiro para mim… “É preciso evitar a servidão aos folgados…” Quando um trabalho necessita ser feito, a tarefa é dada a alguém que por sua vez não tem consciência ou será deveras despreocupado com o seu trabalho e não a elabora. A minha consciência pesa na vez da dele não sei por que razão. A meu ver, se foi pedido para ser feito, é porque é necessário fazer, porque aos meus olhos não pode ficar por fazer. Na minha cabeça lateja a preocupação das consequências, caso não o faça… não deveria ser assim? Acabo então, como refere a frase, tornando-me numa escrava dos folgados de livre vontade. E eles, sempre sabem que vou fazer por eles, não aprendem, fogem de toda a responsabilidade e o fardo acaba por ficar pesado para carregar a pouco e pouco… Ao longo do tempo, aqueles que são como eu, entendem-me, e aí, vamos ficando com mais e mais que fazer, passa a ser obrigação nossa, passa a ser responsabilidade nossa. Quando o saco fica cheio, já não nos conseguimos ver livres do peso, já não conseguimos repartir os grãos por outro, pois todos os que estão à nossa volta já se habituaram a viver com a nossa servidão. Quem tem de

fugir somos nós, dar uma folga a nós próprios sem medo das

consequências, dizer não à nossa cabeça, mesmo que esta implore o contrário... Acabaremos a servir o mundo sendo assim. Neste ciclo sem fim que é a vida, da mesma maneira que é compartilhado o pão e o amor, também o são as tarefas e os deveres de cada um. Isto é também uma lição de vida, aprender a deixar de carregar o fardo às costas. De tentar agradar todos. De deixar todos orgulhosos, de deixar de querer ver o sorriso na cara de todos custe o que custar. É uma lição de vida, que modéstia à parte, eu ainda tenho de aprender.

Susana Leite Técnico Auxiliar Protésico Ano letivo 2013/ 2016

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A temperatura da inveja… Tenho um certo medo daquilo que as pessoas são capazes de fazer, de dizer, o simples olhar, atormenta-me. Há dias que não há total confiança, dias vazios... aqueles dias que estavam cheios, cheios de verdade, de certezas e, mais que tudo isso, de bondade. Revolta-me ver isso, ver como as pessoas mudam, do amanhecer... ao pordo-sol. Como são capazes de destruir uma ligação ou apoderar-se dela? É incrível! Mudanças inexplicáveis, eu não era capaz! Capaz de desvalorizar alguém ou destruir a confiança de uma pessoa para obter um troféu, seja ele qual for. Sabe bem fazer o bem. Deveras interessante, passar na rua e ignorar e tu perguntas a ti mesmo, será tão necessário este desprezo? Entrar no mesmo espaço e roubar-te o ambiente. Saber que te faz mal e continua a ultrapassar todos esses limites. Sentir-te longe e colocar-te no paraíso sozinha. Embora, todas essas que nos querem mal e ainda nos colocam mais, existem as que nos querem mal e se fazem passar por nossas amigas, amigas de “longa data” ou as que “conheceste ontem”. Não sei se fico à espera que elas desapareçam, ou se eu tome a atitude de as abandonar. Será que precisam tanto de mim que ultrapassam o obstáculo da mentira? Precisam de se assegurar a si mesmas sem a minha autorização? Segurar numa escada insegura para conseguir o topo? Porque às vezes nem tomam conta da qualidade da escada e vão subindo até que ela caia e se estabilizem na vida com ela deitada, e sem obstáculos a percorrer! É falta de compreensão minha ou falta de segurança dos outros?

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A inveja sobe, mas ninguém será como eu.

Todos somos diferentes, com essências diferentes, vidas diferentes que nos vão guiando e construir o castelo com pedras que trouxemos pelo caminho adiante.

Regra número um: saber o lugar que ocupamos. Regra número dois: saber o lugar que queremos ocupar e regra número três: saber o lugar que poderemos ocupar com mérito próprio.

Ninguém se sentirá mais feliz do que tu! Palavras certas, atitudes verdadeiras e escolhas pensadas, caminhando para o futuro comigo mesma!

Técnico Auxiliar Protésico Bárbara Teixeira Ano letivo: 2015/2018

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A serventia… Há muitas formas de servir alguém e deixar que isso nos torne escravos da nossa própria serventia. Eu fui escrava do amor que sentia por ti. Nunca me havia permitido colocar nesse nível que, para ser mais baixo precisava ficar abaixo do nível do mar. E aí estive eu, prestes a afogar-me. Tudo se moldou à tua volta. Todo o meu amor próprio passou para ti. Tinhas o teu, e tinhas o meu. Servi-te da forma mais pura que alguém te poderia servir. Tirei toda a minha felicidade para fazer dela a tua. Perdi-me para te poderes encontrar. Tudo se resumia a ti. Servi-te. Servi-te tão bem que nunca te faltou um único dia de amor. Tinhas sempre tudo a contas e horas. O ar que deixei de respirar, o amor próprio que deixei de sentir, o calor que só tu passaste a sentir, o sorriso que passou a ser só teu. Tirei tudo, dei-te tudo. Mergulhei tão profundamente em ti que não percebi que eras raso. Obrigaste-me a fazer com que voltasse a poder respirar, a andar, a levantar, a amar. A servir-me, a mim e apenas. Porque se for para ser serva, que seja das minhas próprias emoções. Pelo menos se mergulhar, sempre saberei que sou bem mais profunda.

Técnico Auxiliar Protésico Vânia Macedo Ano letivo 2009/ 2011

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Penso muitas vezes na vida. Nas vidas. Sei, sempre soube, que temos de fazer pela vida, sei, sempre soube, que as coisas que queremos não nos caem no colo só porque sim, mas também sei, sempre soube, que há pessoas a quem a vida recusa colo. E há pessoas a quem a vida ampara as quedas, se as houver. Pessoas que caminham num chão sem pedras soltas e sem buracos. Pessoas que dizem que são as pessoas que complicam a vida, quando não conhecem senão problemas almofadados e pequenos contratempos revestidos a veludo. É certo que há pessoas que complicam a vida, mas também há pessoas com vidas muito complicadas. Muito difíceis. Pessoas com os pés e o coração em ferida. Pessoas com trabalhos duros e que não suavizam a angústia. É muito fácil falar de barriga cheia de quem a traz vazia. É muito fácil dizer que a vida depende das escolhas quando se pode escolher o hotel das férias. É. Se a sorte pode dar trabalho, parece que o trabalho não chega para ter sorte.

Lado.a.lado

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Cogitar… Penso na vida, nas vidas. Reflito sobre as mesmas e sei que todas são diversas... Uns são ricos sem amor, outras pobres carregados apenas com a riqueza do amor.

A sorte que cada um possui, não lhes bateu à porta nem tão pouco foi deixada na caixa do correio. Temos de sair e correr atrás, ir em busca do que comanda a vida, os sonhos. Não desistir nem baixar os braços. Dos nossos esforços vem a sorte e a riqueza, só isso nos torna seres enriquecedores.

Temos de fazer pela vida pois não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho, às vezes custa para a alcançar, achamos que está no sim de cada meta, mas encontra-se no virar de cada curva.

Sejamos eternos atletas de sonhos, enfrentemos longas caminhadas de altos e baixos de otimismo no rosto e a sorte sempre chega. Assim é a verdadeira maneira de viver.

3º Ano Técnico Auxiliar Protésico Inês Pereira

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A arte na literatura

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Menino Simão Menino rebelde e com falta de educação Após se apaixonar, houve grande transformação Toda a gente perguntava, quem era aquele Simão.

Teresa, o grande amor de Simão Contrariava seu pai, por esta paixão E deste, levou muito Sermão Mas seguiu sempre, o seu coração.

Mariana sentia grande amor por Simão E na relação deste com Teresa, apoiava sem hesitação E, apesar da angústia que por dentro sentia Por Simão, ela morreria.

Tadeu de Albuquerque por causa da sua rivalidade Não queria que com Simão, Teresa criasse intimidade E, preferia até mesmo que esta morresse Do que a sua relação com Simão prevalecesse.

Domingos Botelho, homem de respeito Por Simão sentiu desrespeito E se o seu pai não o ameaçasse Deixava que na prisão Simão ficasse.

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Baltasar Coutinho com Teresa queria casar Esta convicção era tão grande, que não se importava de matar Mas quando chegou a hora de Simão defrontar O seu rival não conseguiu derrotar.

2º Ano T. E. A. C. Rúben Ribeiro (Desenhos)

2º Ano T. E. A. C. Lucas Rocha (Poesia)

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E.E.E.P visita Santiago de Compostela e ilha da Toxa

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Estamos todos ansiosos A viagem está a chegar É no dia dezanove Que nós vamos passear.

Logo pela manhã Chegamos todos à escola Uns de mochilas grandes E outros, só de sacola.

Pelo caminho A fome começou a chegar Era melhor fazer uma pausa Para as energias recarregar.

A ilha da Toxa vimos Lanchamos todos entre amigos Tirámos fotos à beira-mar E a capela das conchas fomos apreciar.

Com as horas a passar Tivemos de nos despachar Vimos a Catedral Como igreja não há igual.

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O tempo não estava bom Mas mesmo assim nos divertimos Tiramos muitas fotos Para depois mostrar aos amigos.

Tivemos de regressar A viagem estava a acabar Mas ainda sobrou tempo Para uns rissóis e panados saborear.

A Braga regressámos E à Europeia chegamos Apesar de cansados De corações exaltados.

Já nos vamos despedindo Porque as férias vão chegar As saudades vão surgindo Mas havemos de aguentar!

Helena Arantes

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e

Samuel Sá- 2ºTAP


À descoberta do Stock No dia 12 de setembro de 2016, foi inaugurado pela coordenadora Lígia Loureiro, o Hospital dos Aflitos. Alguns meses depois, notou-se que haveria uma sala que supostamente não teria chave. Por detrás daquela porta preta não se escutava barulho, não transpunha nenhum odor, nenhum vento, nem nenhum chiar … apenas, e só apenas, o silêncio. Com o passar do tempo, surgiram várias entradas hospitalares de indivíduos desconhecidos, que por mera coincidência, passaram todos pelas mãos do cirurgião D. Manuel Rodríguez Suárez. Este senhor, tinha o poder de transformar cada um de nós, constituindo assim o bem, e o melhor de cada pessoa. Posteriormente, começaram a reencaminhar os utentes para a área em que melhor se enquadravam, como foi o caso da utente Ana Sousa, que admitia sofrer de alucinações quando tentava desvendar as ideias dos seus alunos. O utente Norberto Martins, suportava a Bipolaridade, pois ora estava a brincar, ora falava bem a sério. Estava ao seu lado, a utente Sónia Sousa, que tolerava as Insónias, visto que ficava acordada até tarde, a fim de conseguir realizar todos os seus trabalhos. No quarto ao lado, encontra-se a utente Laura Vieira, transpunha a Perturbação de Ansiedade, pois vivia extremamente alvoroçada com as aulas que tinha para dar. No mesmo quarto, depara-se com a utente Sílvia Ferreira que sofria de Stress, pelo facto de querer fazer tudo ao mesmo tempo. Este serviço era enorme, sendo assim possível colocar mais indivíduos, já que havia unidades de vago, e assim foi. A utente Paula Machado entrou para este serviço, padecendo da perturbação de Obsessivo-Compulsivo, onde a obsessão ocorre por causa da forma como trabalha, é compulsiva devido à sua organização rigorosa. Deram entrada posteriormente na obstetrícia e na neonatologia, mais duas pacientes. 97


Sendo assim, a utente Sara Pereira foi uma das primeiras a entrar neste serviço pela manhã, dando então à luz o seu filho. A utente Carolina Barbosa, que estava com uma infeção designada por Sepse Neonatal, pois os profissionais de saúde consideravam que ela já fazia parte da mobília do serviço. Entretanto, cada caso é um caso e alguns utentes tiveram que desviar o seu caminho, pois estes necessitavam de outro tipo de cuidados, tais como fisioterapia. Deu entrada um utente com o nome de Pedro Duarte. Devido a uma Deslocação do Músculo foi encaminhado para realizar a fisioterapia. Foi também o caso da utente Isabel Maciel, que “infelizmente” lhe sobreveio uma Lesão do Esforço Repetitivo (LER), devido ao facto de ter grande interesse pela escrita e pela leitura, no entanto, como a mesma afirmava inúmeras vezes” ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE, QUE ATÉ QUE FURA.” Como é bem notável, o hospital acarreta vários serviços, e um dos serviços com maiores entradas, aconteceu nas urgências. Sobreveio a utente Marília Correia, pois esta, bastantes vezes sofria de gripe, pois era já seu costume, andar com os lenços de papel na mão, durante todo o inverno. Então, na sala de espera das urgências encontrava-se o utente José Peixoto, que tentava resistir às otites, pelo simples facto de escutar sempre as histórias dos seus alunos. Numa cadeira mais à frente, depara-se a utente Vanda Dores, pois sofria de Hiperatividade, devido à sua euforia. Mais tarde, por volta das 21:00h deu entrada um utente com o nome Sérgio Silva, não parava de se queixar das suas cordas vocais, foi sujeito a exames e diagnosticou-se Pólipos Vocais, devido ao facto de explicar a matéria bem alto, aos seus queridos alunos. Surge um caso um pouco parecido ,mas nunca antes diagnosticado, com uma utente chamada Ana Silva que padecia de Atrofia na Língua, devido à alternância linguística, ou seja falava português, e passado alguns segundos, ouvia-se a falar em inglês. 98


E por fim, a última utente que deu entrada neste serviço, chama-se Daniela Oliveira, estava abatida por ter uma infeção urinária. Na área da nutrição deu entrada a utente Helena Pereira, e a utente Susana Martins. Foilhes diagnosticada uma má nutrição, devido à quantidade de trabalho que efetuavam, saltavam refeições importantes. Com esta quantidade de utentes, a coordenadora Lígia Loureiro, teve que tomar medidas, para que o Hospital dos Aflitos não ficasse sem stock. Assim sendo, a coordenadora, ordenou que abrissem a tal misteriosa porta preta, pois só ela sabia onde estava a chave. No seu interior encontrou uma enorme panóplia de materiais hospitalares, nunca antes vistos. Para surpresa total de todos, a coordenadora atribui à direção pedagógica que dispusessem o tal stock misterioso, já que todos os materiais iriam ser utilizados, para assim haver uma melhor organização. Neste stock encontrava-se então: Papéis da alta hospitalar O Alexandre Os utentes esperavam tanto por este acontecimento(alta) que parecia nunca mais chegar. Termómetro A Beatriz Tanto possui uma temperatura normal, como elevada, fervendo assim em pouca água.

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Algodão O Bruno Este é simples e não engana, nem se deixa enganar, deixando assim passar o seu lado mais divertido.

Resguardo A Carina Embrulha, embrulha mas chega a haver alturas em que desembrulha, mostrando assim a sua sinceridade total.

Caixa de primeiros socorros A Catarina É bastante vezes socorrida nos seus piores momentos.

Máquina de raio x A Daniela Bastante observadora, chegando mesmo a ver o interior das pessoas.

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Linha de sutura A Débora P. Bastante sentimental, sendo um tipo de material frágil.

Otoscópio A Débora S. Esta é capaz de captar tudo ao seu redor, e não deixa escapar nada.

Fralda A Joana Utensílio que consegue suportar imensas coisas, até que um dia a fralda começa a pesar, e transborda

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Aquapack A Micaela É impossível perder algum momento para deixar de borbulhar.

Penso rápido A Patrícia Os pensos são muito necessários para qualquer ferida, e por isso está pronta para ajudar toda a gente.

Luva A Sara Este equipamento de proteção individual passa despercebido, mas, por vezes escolhe dar uma chapada de luva branca.

Máquina de Ventilação O Simão Esta máquina existe para que a pessoa continue a viver, se por ventura se desligar, morre

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Posto isto, algum tempo se passou, e a ocasião de cada utente voltar para as suas casas chegou! Foi uma longa estadia, muitos tratamentos intervencionados, mas com a interajuda mútua, todos ficaram ilesos. Receberam os melhores tratamentos, e levam consigo as melhores recordações deste hospital. E como diz o Principezinho” Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

3º Ano- Curso Técnico Auxiliar de Saúde

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A ilustração colorida No início da nossa viagem em setembro de 2016, vários lápis se juntaram para dar vida a uma nova caixa. Cada lápis era oriundo de um destino diferente, mas todos com o mesmo objetivo, colorir um novo livro. Na chegada ao destino (Escola Europeia de Ensino Profissional) todos os lápis se juntaram ,no entanto, um lápis tinha já iniciado a sua coloração.

O Azul (Francisco) que já tinha começado a sua ilustração, foi quem fez nascer esta história, sempre observador e amoroso, nunca deixou de ser quem é.

O Amarelo (Eduardo) brincando neste livro da vida, veio trazer brilho a esta etapa... Muito brincalhão e insatisfeito, tinha dias de maior destaque, e outros nem por isso. Mas, como todos os desenhos também este tem o seu lado negro e é aqui que se encontram as cores.

Laranja (Rute) explosiva e frontal faz com que este livro fique mais colorido, dando um certo salpico de agitação.

Vermelho (Bárbara) que é temperamental e como todas as outras cores, uns dias está mais escura e outros está mais clara. A ambição nunca a deixa só.

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Verde (Inês) encontra-se nesta junção de cores, pois é resmungona e tende a ser líder, a esperança nunca a abandona.

Cinzento (Maria) como todos os 365 dias do ano, também ela possui uma diversidade de dias cinzentos e dias coloridos. É por vezes intolerante, mas boa ouvinte.

Bordeaux (Anita) tal como está cor garrida, assim é esta donzela, destemida sem medos das conjunções desta obra de arte. Concordamos em dizer que estas cores foram as que mais criaram impacto neste livro tão colorido, mas todas as cores foram importantes tal como o...

Salmão (Daniela) apesar de se encontrar neutra, é amiga do seu amigo.

Rosa (Renata) assim como esta cor dócil e amorosa, assim é ela, boa e ingénua. Florindo os campos na altura da flor.

Branco (Mariana) adapta-se a qualquer ambiente gostando mais de ficar onde encontrar a sua paz. Ressentida por vezes, mas extrovertida.

Dourado (Sérgio) A inteligência caracteriza-o, no entanto, a preguiça aguda também… Habita no seu casulo, e só sai da caixa quando puxam por ele...

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Esta junção de qualidades e defeitos, originou esta divertida ilustração. Todos diferentes, mas todos coloriram na mesma direção, dando origem a esta belíssima ilustração por sinal... Mas, sem sombra de dúvidas, a mesma só foi possível graças à professora Isabel Maciel, pois foi a ilustradora que deu vida a este desenho... Ensinou-nos a sorrir para a vida, a colorir a mesma sem hesitação, fez-nos perceber que cada atitude (marca), que temos de nos responsabilizar por aquilo que fazemos, e sobretudo, ensinou-nos a conjugar o verbo respeitar no singular e no plural. Concordamos em dizer o desenho de TAP3 apesar de altos e baixos riscos e rabiscos só se deu por concluído pela existência de cada lápis, a vida juntou-nos aleatoriamente e aleatoriamente a vida nos separou. Cada um segue agora o seu destino não esquecendo os outros apeadeiros que nos deram guarida, partimos felizes, realizados, e com a sensação de missão cumprida.

3º Ano- Curso Técnico Auxiliar Protésico

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A mendicidade e o Amor! Parecer-vos-á pouco provável a analogia mendicidade/amor. Indubitavelmente, todos nós almejamos ser amados e amar, de forma incondicional. Desde a nossa mais pueril idade, somos imbuídos pelas histórias principescas, cujos protagonistas, casaram e viveram felizes para sempre! Será esta a nossa busca incessante, enquanto habitantes terrenos? Estar-nos-emos a transformar em mendigos, no que concerne o sentimento mais nobre, e mais procurado à face da terra? Hodiernamente, paira no ar, uma hecatombe sentimental, relativamente aos afetos. Pleiteia-se um sorriso, pedincha-se um abraço, disputa-se uma aceitação, e até mesmo uma opinião. Não seria mais gracioso, válido e legítimo que nos aceitássemos sem filtros, e cultivássemos a flor da transparência nos afetos? Há uma necessidade soberba em sermos aceites, amados pelo próximo, de forma a que o mundo nos valide como “amigos”, e nos dê a sua bênção.

Como poderemos nós almejar ser amados pelos demais, se negligenciamos o nosso próprio amor? Por que nos metamorfoseamos em prol do outro, e olvidamos a nossa própria validação?

A vida traz-nos uma enormidade de coisas boas, no entanto, também nos presenteia com algumas sequelas. Urge então que aprendamos a conviver com elas, e as visualizemos olhos nos olhos, com a maior valentia e ousadia. Sejamos gratos à vida, ao dom da mesma, e não percamos tempo com lamúrias.

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Não sejamos especialistas em carpir as nossas lamentações, a fim que os outros se compadeçam de nós. Estamos tão preocupados com o que queremos, que nos esquecemos de agradecer o que já temos. Afinal, como afirmava Machado de Assis, “As feridas da alma, são curadas com atenção, carinho e paz.” Estas feridas podem ser curadas com os ingredientes mais singelos e mais gratuitos à face da terra .Se exercitarmos os músculos do rosto, e sorrirmos para a vida, talvez ela nos devolva esse mesmo sorriso. Se adicionarmos afetos e gestos de carinho inesperados, talvez consigamos colorir um pouco a nossa vida. Afinal, o sentido da vida encontra-se no mercado onde não se usa dinheiro. No meu deambular pela vida, tenho percecionado que a pobreza de sentimentos, seja a maior de todas elas. Na verdade, de que serve a nossa riqueza monetária, se a carência habita no espírito? E daqui o que resulta? Resulta que tentamos camuflar a nossa verdadeira essência, em detrimento da luxúria, silenciamos as emoções, e entulhamo-nos de superficialidades… O meu palmilhar emocional, sussurra-me que estou grata à vida, grata aos que me amam de verdade, grata por conseguir verbalizar de forma natural o que me vai na alma. Grata por ter uns pais que me tratam como a menina dos seus olhos. Grata pelas conversas, por conseguirmos ler nas entrelinhas da vida, grata por colorirmos a nossa vida com palavras e afetos. Grata por ter a meu lado o grande amor da minha vida! Grata por conseguir ver um arco-íris, mesmo naqueles dias nublados em que o sol teima e envergonha-se da sua luminosidade! Grata por acreditar que as tempestades nos fortalecem, estremecem a nossa alma, e que a nossa nudez emocional é a mais importante de todas elas. Afinal, crucial é mesmo, passar pela vida do outro, tocá-lo com leveza, de forma que ninguém veja, mas apenas sinta. Que o agasalho do vosso coração, seja uma constante na vossa vida!

A Professora Isabel Maciel

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