PERSPECTIVA
Sumário
Reportagem 6 Latitude do Olhar – Expedição Amazónica
# 13 | Julho 2008
Opinião 26 Padre José Maia 32 Isabel do Carmo 34 Ten. Coronel Brandão Ferreira Protecção Civil 28 Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil
fala das grandes prioridades para este Verão Regiões
8 500 anos do Funchal Santa Maria navega na Madeira Três dias do melhor Jazz que há no Mundo
Mafra 56 O Real Convento de Mafra – Uma cidade real 62 Veolia Água: Águas de Mafra 64 Ponte da Barca: No coração do Alto-Minho 66 Matosinhos: Valorização do concelho ao nível turístico-recreativo Férias de Sonho 72 Douro Palace Resort & Spa 73 Bem-vindo aos Hotéis Pestana no Algarve Vitivinicultura 80 Melhor Vinho Tinto do Mundo 82 Vinho Tinto Fosco 2006 premiado em Londres 84 Croft Pink vence o “Quality Drink Awards”
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Quem é Quem nas Sondagens em Portugal
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Rumo aos Festivais de Verão
Cultura 71 Festival dos Carviçais 86 21: Talismã de Nuno Gomes 90 Ao Vivo 36 O Adejar da Mariposa – Uma poalha dourada em dias de sol 38 Moçambique: Uma terra de oportunidades 42 Portugueses aderem à Iniciativa Novas Oportunidades 44 Inovar e credibilizar a formação profissional 46 ISCAP: Uma Nova Atitude no Ensino 48 British Council comemora 70 anos em Portugal 50 Inteligência Emocional e Robótica na Educação 52 Novas Tecnologias permitem ganhos de eficiência 54 Antecipar a evolução do mercado de comunicações 75 Melhor Informação Online sobre Saúde e Medicamentos 76 Vida Sénior: Glamour e Requinte depois dos 65 anos 78 Saúde Ocular: Melhorar a visão de quem usa óculos 85 EcoMania: Educação Ambiental palmo a palmo
Propriedade: Escala de Ideias – Edições e Publicações, Lda - R. D. João I, 109, RC - 4450-164 Matosinhos NIF 507 996 429 Tel. 229 399 120 Fax. 229 399 128 Site. www.escaladeideias.pt E-mail. geral@escaladeideias.pt Directora-Geral: Alice Sousa - asousa@revistaperspectiva.info Director Editorial: Pedro Laranjeira - pedro@laranjeira.com Redacção: Alexandra Carvalho Vieira - avieira@revistaperspectiva.info Colaboraram neste número: Jorge Castro, Luís António Patraquim, Pedro Mota Opinião: Isabel do Carmo, José Maia, Ten. Cor. Brandão Ferreira Director de Marketing e Projectos Especiais: Luís Ribeiro - lribeiro@revistaperspectiva.info Design e Produção Gráfica: Teresa Bento - tbento@revistaperspectiva.info Banco de Imagens: Stockxpert, SXC Webmaster: Pedro Abreu - webmaster@revistaperspectiva.info Edição: Alexandra Carvalho Vieira Contactos: Redacção 229 399 120 redaccao@revistaperspectiva.info Departamento Comercial: 229 399 120 - publicidade@revistaperspectiva.info Tiragem: 70 000 exemplares Periodicidade: Mensal Distribuição: Gratuita, com o jornal “Público” Impressão: COBRHI – Arvato Madrid Depósito Legal: 257120/07 Internet: www.revistaperspectiva.info Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusive comerciais.
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PERSPECTIVA
NOTÍCIAS Grupo Sousacamp inaugura terceira fábrica O Grupo Sousacamp inaugurou recentemente a primeira fase da terceira fábrica de produção agrícola de cogumelos, em Paredes. Um investimento de 9 milhões de euros que inclui 36 salas de produção de cogumelos, a que se juntarão, numa 2ª fase e após mais 11 milhões de euros de investimento, outras 36 salas. Aos 120 postos de trabalhado criados na 1ª fase da fábrica de Paredes juntar-se-ão mais 140 na 2ª fase. Está previsto que esta unidade produza cerca de 4000 toneladas de cogumelos por ano. Até 2012 o Grupo, segundo anunciou a empresa, vai investir 150 milhões de euros na área produtiva, de expedição e logística e criar 1.285 postos de trabalho. Na cerimónia de inauguração estiveram presentes o presidente do Grupo, o ministro da Agricultura e Pescas e o presidente da Câmara Municipal de Paredes.
Edifício da Universidade de Aveiro representado na EXPO Zaragoza Ao lado de emblemáticos edifícios projectados pelos mais reconhecidos arquitectos nacionais, o Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro, da autoria do arquitecto Joaquim Oliveira, é uma das 21 obras representativas da arquitectura portuguesa que integra a exposição subordinada ao tema «21 Projectos do Século XXI, Reflexos da Arquitectura Portuguesa na década actual», patente no pavilhão de Portugal da Expo Zaragoza. A imagem fotográfica, o desenho do edifício e a breve descrição que o acompanha pode ser apreciado no Pavilhão de Portugal da Exposição Internacional de Saragoça, até 14 de Setembro, pelos mais de seis milhões de visitantes aguardados pela organização.
Aeroporto de Munique é o melhor aeroporto da Europa O Aeroporto de Munique foi considerado pela quarta vez consecutiva o melhor aeroporto da Europa no World Airport Awards, o segundo Best Transit Airport do mundo e o terceiro lugar na categoria Best Airport Dining. Inaugurado a 29 de Junho de 2003, o Terminal 2 é também famoso pelas suas lojas, mais de 100, e restaurantes onde se pode passar o tempo até à da partida do seu voo.
Executivo de Famalicão investe no concelho A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão vai transferir para diversas Juntas de Freguesia do concelho um pacote de subsídios no valor total de 600 mil euros. Os apoios, que foram aprovados por unanimidade pelo executivo municipal, destinam-se essencialmente a obras de recuperação e pavimentação da rede viária municipal, mas também à reabilitação e arranjo de equipamentos das freguesias.
Autarquia de Portalegre lança Programa para Idosos A Câmara Municipal de Portalegre tem em curso o Programa de Conforto Habitacional para Pessoas Idosas (PCHPI). Um programa que resulta de um protocolo entre a autarquia e a Segurança Social que visa melhorar as condições básicas de habitabilidade e mobilidade das pessoas idosas, evitando ao mesmo tempo a institucionalização dos lares de terceira idade, proporcionando o conforto e o apoio domiciliário dentro das próprias casas. 4
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REPORTAGEM
A Latitude do Olhar Expedição Amazónica Estamos na Amazónia, passam grupos de araras enchendo o céu de cor. Há um reflexo no rio, é um índio remando a sua canoa, que passa manejando a pagaia num recorte estilizado. Texto: Pedro Mota Os barcos típicos do Amazonas cruzam-se, preguiçosamente, transportando cargas e gentes. Os navios de passageiros levam fiadas de redes de dormir em alta densidade e isto nos vários convés abertos. O entrançado das ramagens nas margens que bordejamos, parece empurrar os humanos de volta ao rio. Aparecem vários botos a saltar alegremente perto do barco. Este simpático golfinho de água doce, com o seu focinho pontudo, em forma de bico, é extremamente curioso, parecendo estar sempre a meter o seu longo “nariz” onde não é chamado. A luz que ceva a floresta, não consegue chegar ao solo, filtrada pelas árvores copadas que formam um palio emaranhado de um verde denso. Nas pernadas altas das árvores esgueiram-se sombras fugidias de macacos e aves que povoam a mata com guinchos estridentes e chamamentos. Em baixo, a floresta está encharcada, exsudando humidade do seu rendilhado de Igarapés e Igapós. Vultos furtivos tentam passar despercebidos para não serem caçados, outros deslizam pelas sombras montando emboscadas aos mais incautos. 6
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Deparámos com o insólito a cada passo: enormes aranhas caranguejeiras (as maiores chegam aos quatro quilos) correndo pelo chão a amoitar-se nas tocas em algum buraco de um tronco podre, saguins minúsculos do tamanho de um dedo, o pirarucú que é o maior peixe de água doce do mundo (chegando aos três metros), o focinhudo quelónio terrestre que dá pelo nome de jabuti, as medonhas anacondas, o patusco peixe-boi, as capivaras…Enfim, a Amazónia é o paroxismo da diversidade. Na nossa rota, tivemos contacto com diversas tribos amazónicas. O saco está a encher-se de histórias fantásticas, mas às vezes é na realidade que se encontram os factos mais inverosímeis. Aprendendo com o Pajé da tribo Macuxi várias técnicas de medicina natural, deparou-se-nos, certo dia, um golpe de machado. O corte era fundo, um verdadeiro “lanho” feio a precisar de ser suturado. Avisado o curandeiro, ele dá instruções rápidas para ser feita uma fogueira. Entretanto, o Pajé, munido de um graveto, vai escarafunchar num formigueiro próximo. As grandes formigas-soldado, de enormes tenazes, saem em defesa do seu territó-
rio, são então apanhadas por mão hábil e trazidas para perto do lume, onde são irritadas na chama da fogueira, ficando a bater as tenazes, desesperadas. Os bordos da ferida são unidos de forma à formiga “agrafar” o corte com as suas mandíbulas. Aí o Pajé arranca o corpo, ficando a cabeça como um ponto de sutura. Esta técnica não infecta as feridas, pois as pinças da formiga estão cheias de ácido fórmico que é desinfectante, por outro lado, não é necessário tirar os “pontos”, pois o material orgânico esfarela-se ao tempo da cicatrização.
REPORTAGEM Visitámos diversos grupos indígenas, abraçando os vários estados que compõem a bacia do Amazonas. Algumas tribos ainda levam na floresta as suas vidas nuas, pois os nativos andam mais enfeitados do que propriamente vestidos, como se fora verdade uma utopia dum mundo inocente e novo. Ainda é com o olhar alteado pela magia natural que regem o seu dia-a-dia. Os grupos étnicos que mantêm um andar compassado em sintonia com a sua natureza silvestre são, principalmente, os: Yanomami, Pirahães, Zo’é e Kayapós e as tribos do alto Xingú. Estamos agora a sobrevoar o “mar” verde da floresta, num pequeno Cessna bimotor. Destino, o forte Príncipe da Beira no estado de Roraima, na fronteira Brasil – Bolívia. Este forte perdido no meio da selva Amazónica é impressionante, não pelo seu aspecto que é bastante representativo da antiga arquitectura militar portuguesa, mas sim pelo facto daquelas pedras terem vindo todas de Portugal, como lastro das caravelas e terem subido os rios até chegarem a este fim do mundo. Deveras insólito! Há uma história gravada nas masmorras do forte, que procurei saber e vasculhar nos arquivos. Encontrei, por acaso, esta inscrição numa cela subterrânea da pesada construção militar: “Trinta e dois anéis de ferro, ligam-me a esta bola pesada, mas devo amá-la, pois é âncora que me liga à vida, senão o meu espírito cansado já teria ascendido ao Céu, pois de Inferno já tenho aqui a minha conta” Mensagem desesperada, gravada na húmida parede da masmorra…Quem
seria?...O que teria acontecido?... Como uma manta de retalhos, obtive pedaços de informação entre os guardas do forte Príncipe da Beira, outros pedaços de relatos fragmentados, esfiapados, a partir dos habitantes da vila próxima. Consegui coligir uma história consistente das lendas que ouvi, mas estou seguro que alguns pedaços foram inventados pelas minhas fontes e outros serão talvez fusão com contos tradicionais da região. Mesmo assim, aqui vai: Ele teria sido pequeno fidalgo da corte portuguesa com ideias libertárias e abolicionistas, antes do tempo delas, foi mandado por El Rei, arejar a cabeça no degredo. Talvez numa vertente “pedagógica” o local para onde o enviaram era território de índios cortadores de cabeças. Alguém que, naquele tempo, acreditasse em ideais de igual-
dade e fraternidade entre os povos e que não advogasse a superioridade implícita no homem ocidental tinha, seguramente, perdido a cabeça. Ao menos que esse refractário à boa ordem estabelecida fosse coerente e além de perder a cabeça em sentido figurado, também a perdesse de facto. Essa tribo de hábitos inusitados, parecia ter como passatempo colectar as cabeças de viajantes desavisados, encolhendo-as segundo receita tradicional até esta ficar reduzida ao tamanho de uma laranja. O mais bizarro era que a cabeça mantinha ao longo do processo as feições do fornecedor da cabeça, sendo imediato o reconhecimento da sua fisionomia. Pudemos constatar a veracidade da afirmação com o testemunho (póstumo) de um infeliz missionário franciscano e da sua reduzida cabeça tonsurada.
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REPORTAGEM
» Comandante Miguel Gomes, cinco séculos depois de Colombo
» Nau Santa Maria
Mais de 500 anos depois O Santa Maria navega A nau em que Cristóvão Colombo descobriu o Novo Mundo está viva e navega em pleno Século XXI. Depois de três horas a bordo, entre marujos medievais, aves exóticas, baús e cordame, apetrechos náuticos e recordações antigas, ganha-se um respeito novo por esse feito grandioso que foram os Descobrimentos. Texto: Pedro Laranjeira
Ilha da Madeira, varanda de um quarto sobre o mar, águas transparentes e um azul profundo onde o céu e o oceano discutem a derradeira beleza de um paraíso em que vivemos mas tanto nos escapa. A tarde vai a meio, o calor abraça de conforto morno um prazer descoberto de estar vivo e deixar o olhar perder-se 8
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no mesmo horizonte que fascinou os nossos antepassados ao ponto de os lançar na primeira grande aventura da humanidade. …e de repente… o inesperado! Pestaneja-se duas vezes, foca-se e desfoca-se o olhar… e confirma-se a surpresa do que a vista afirma: ali mesmo em frente, a cruzar as águas
calmas da pérola do atlântico, vai o Santa Maria, a nau quinhentista que Cristóvão Colombo comandou à frente do Niña e do Pinta quando, em 1492 descobriu o Novo Mundo! Nunca mais falo do Entroncamento. Fenómeno, sim, é a Madeira, toda ela! Depois de nos invadir os sentidos com a beleza gritante de um paraíso onde se fala português, só faltava mesmo ligar cinco séculos de tradições inegavelmente lusitanas, e fazer renascer a nau do Almirante na terra descoberta pelo seu avô. Terá sido por João Gonçalves Zarco ali ter aportado em 1419, pai que era de Isabel mãe de Colombo, segundo indiciam as mais recentes descobertas, que Cristóvão foi viver para o Arquipélago, na Ilha de Porto Santo, onde está preservada a casa que habitou com a esposa, Filipa Moniz de Perestrelo, filha do Capitão Donatário da Ilha. Mas o Santa Maria, esse ficou-se pelo Novo Mundo, nunca regressou. O navegador voltou com o Niña e o Pinta, curiosamente rumo a Portugal, onde passou uma semana entre Açores, Lisboa e Faro, antes de aportar a Castela com a boa nova da descoberta. E agora, como que por magia, o navio que comandou a frota da grande aventura está nas águas da Madeira. Trata-se de uma réplica exacta até ao mais ínfimo pormenor, construída com base em todos os testemunhos e documentos que o descrevem e concretizou o sonho de um holandês também apaixonado pela Ilha. Rob Wijntje juntou-se a oito madeirenses em Câmara de Lobos e começou a construir, em Julho de 1997, a nau com que Cristó-
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vão Colombo se tinha feito ao mar 505 anos antes. Doze meses depois a tarefa estava concluída e tinha renascido o Santa Maria, 200 toneladas de madeira maciça, 22 metros e três mastros, o mais alto com 16 metros. Logo nesse ano, encontrou destino e rumou a Lisboa, onde esteve na Expo 98. Ali ancorou durante 25 dias e recebeu a bordo, nesse período, 97.016 visitantes - quase quatro mil pessoas por dia. De regresso à Madeira, navega 51 das 52 semanas do ano. Pára apenas sete dias para manutenção e reparos e só não levanta amarras se estiver mau tempo, o que, numa Ilha em que é Verão o ano todo, dispensa comentários. Ocasionalmente, é requisitada por empresas cinematográficas para filmagens históricas, como foi já o caso do Canal Discovery, ou para visitas escolares e iniciativas culturais. Por norma, organiza duas excursões diárias de três horas ao longo da costa sul da ilha, que proporcionam um ângulo abrangente das belezas da Madeira e muitas vezes a partilha das águas calmas com famílias de golfinhos amigáveis e até mesmo um cachalote ocasional. Mas voltando à varanda do meu quarto… após o choque inicial da surpresa, saí para as mil e uma perguntas que me fervilhavam a curiosidade e foi assim que aprendi tudo isto. Mas faltava o melhor! Oh sim, claro! No dia seguinte fui ao porto do Funchal e lá estava ela, imponente, autêntica, a caravela do Almirante, a réplica renascida do Santa Maria de Colombo.
Fui a bordo. A nau preparava-se para partir com meia centena de passageiros de uma miríade de nacionalidades. O Capitão recebeu-me com grande entusiasmo e mimou-me com histórias infindáveis de aventuras e recordações. 516 anos depois de Cristóvão Colombo, é agora o Comandante Miguel Gomes o capitão da nau. Quatro marujos, trajados como os mareantes do século XV, completam a tripulação. Levantaram-se amarras e fizemo-nos ao mar. Pouco se percebiam os acrescentos modernos de pilotagem. Construído tão fielmente quanto possível para imitar a nau perdida, só o colorido das roupas dos passageiros nos fazia perceber que não estávamos na Idade Média. Para além de três pequenos instrumentos bem disfarçados junto à roda do leme, apenas uma diferença separava as duas realidades a cinco séculos de distância: o antigo porão de mantimentos, onde agora, completamente escondido do olhar, ronronava um motor diesel. Mas as velas lá estavam, enroladas neste passeio, mas outras vezes desfraldadas a exibir as cruzes de Colombo, com extremidades em ângulos de 45 graus, como a História obriga a recordar. Mostraram-me o barco todo, do convés à proa, das arrecadações ao porão, do cesto da gávea à cabine do almirante, onde fui convidado a deixar uma memória no livro de bordo, escrita com uma pena de arara. E elas lá estavam também, dois passarões de cores feéricas com uma permanente disponibilidade para se deixarem fotografar sobre o ombro dos passageiros e para dizer “olá” em várias línguas. A completar os habitantes permanentes da nau, um cachorro que detesta máquinas fotográficas e a quem todos, muito apropriadamente, chamam… Colombo. Depois de mais de uma hora de viagem ao largo da costa, o Comandante Miguel Gomes ancorou numa baía de águas transparentes, frente a Câmara de Lobos, um recanto de paraíso arrancado aos trópicos. Informou toda a gente que ficaríamos 20 ou 30 minutos por ali e quem quisesse podia ir nadar um pouco. A minha frustração por não ter fato de banho tornou-se tão visível que
o marujo Camacho (já nos conhecíamos todos) veio ter comigo e disse “Não seja por isso, tome lá as minhas calças!” - e ofereceu-me os calções de tripulante-Colombo, uma peça medieval tipo balão em pano de pinho grosso, amarrada à cinta com uma fita e aos joelhos com um cordão. Não foi tarde nem foi cedo: subi à amurada do convés (não sem antes o Comandante me ter tirado uma fotografia naqueles preparos) e mergulhei numa água com reflexos de Índico. Quase perdi os calções, mas não notei diferença nenhuma de temperatura. O mar estava a 20 graus, parecia um banho de imersão lá em casa! Assim ficamos durante um bom bocado e, de volta à nau, não me deixaram vestir, disseram que tinha de beber na pele toda a doçura do clima da Madeira. Bom conselho, foi uma viagem inesquecível. Dela, guardo uma recordação forte, superior a todas as demais e que só ali se percebe: a dado momento, subi ao castelo da popa, o piso mais alto da parte de trás e fiquei a olhar para a nau que então se me desenhou como a “casca-de-noz” que de facto é nos seus curtos 22 metros, ali a navegar num mar parado de águas tranquilas, enquanto me apercebia da imensa coragem que foi necessária aos homens que num barco igual se fizeram ao Atlântico há quinhentos anos, arrostando com ondas de 12 e 15 metros, rumo ao desconhecido, numa época em que a marinhagem era inculta e se acreditava que no mar havia monstros!... Que grande feito foram os Descobrimentos! » Colombo, o cachorro-mascote da nau
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GRANDE REPORTAGEM
Três dias do melhor
nas comemorações Angelina, Didier Lockwood, Phil Woods, Jean-Jacques Milteau, Rosa Passos, Chucho Valdés, o "ensemble-revelação" New Generation, vozes como Michael Robinson, Ron Smith e Mayra Caridad Valdés, empurrados para além dos seus próprios planos por um público avidamente participante encheram o Verão eterno das noites madeirenses com o encanto de momentos inesquecíveis.
O Festival Mágico Foi desde o primeiro minuto, lançada ao cair da noite pelo encanto de Angelina, que começou a desenhar-se a sensação de que estava a acontecer algo que a definição de "concerto" não chegava para definir. A meio da segunda noite era já tema corrente de conversa que se devia mudar o nome do Festival… não devia ser "Funchal Jazz Festival" mas sim, indiscutivelmente, "Funchal Jazz Magic", porque estavam a viver-se momentos de pura magia, inesperados, absorventes, apaixonantes! O próprio presidente da Câmara do Funchal, numa entrevista que me deu quando terminou o evento, concordou que este tipo de reacção fazia todo o sentido - e Miguel Albuquerque sabia bem do que falava, porque esteve ao longo dos três dias sempre sentado na primeira fila, com uma expressão que não deixava dúvidas quanto ao prazer que tudo aquilo lhe ia proporcionando. Angelina Filha da terra, madeirense nascida entre músicos, Angelina Vieira dos Santos rumou ao Porto onde se fez médica, especializou-se em neuro-radiologia em Almada, frequentou a Escola de Jazz do Barreiro e editou "Jazz Feelings" em disco, faz três anos. É uma voz doce, que envolve, acaricia e entrega ao ritmo, talvez o melhor que se possa aconselhar a quem nunca se interessou particularmente por esta expressão do folclore humano, para um primeiro olhar revelador. É um passaporte, a ponte entre gostar-se de música e entender-se o que o mundo chama "jazz". Foi como que a timoneira a conduzir o barco porto afora e a enquadrarnos suavemente no mar de encanto que faria os próximos dias. Com ela se esvaiu a luz do entar-
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» Angelina Vieira
decer e chegou a noite na abertura do festival onde começavam a nascer magias, sem que ninguém desse pelo lento escurecer, presos ao palco e à voz, aos improvisos de João Maurílio e Artur Freitas, aquele um pianista cúmplice já de muitas musicalidades, este um virtuoso de sons que transcendem culturas e dão um toque de intemporalidade ao momento. Pedro Pinto pontuou o suporte baixo do percurso e Jorge Moniz ritmou os caminhos e as nuances. Muito bonito. Como ouvi alguém dizer lá para o fundo do recinto, "para uma médica do Porto, esta madeirense tem alma!" Didier Lockwood Quem não se tenha passeado ainda com profundidade pelos sons do jazz, associa o género a saxofones e trompetes, baixos, pianos e tipos vários de baterias, vozes com ou sem palavras, umas cristalinas outras roucas… mas fica-se por aí. Surge-lhe então, com mal disfarçada surpresa, uma pergunta ingénua: violino, harmónica?... isso é normal no Jazz?... Pois é! A verdade é que tudo cabe
GRANDE REPORTAGEM
Jazz que há no mundo
dos 500 anos do Funchal no Jazz. Tudo! O Jazz é uma forma de comunicação que transmite "feelings" (como o disco de Angelina) da alma de quem cria para os sentidos de quem assiste. Ligação directa. O violino de Didier Lockwood ensinou os segredos dessa lição desde as primeiras notas. Lição que aprendeu ao longo de três décadas, mais de 3.000 concertos, trinta e tal álbuns e as emoções de culturas do mundo inteiro transmutadas para as sonoridades que oferece. Imaginem um violino a explodir num mundo em que as regras da física não têm linhas rectas mas tudo se desenha em curvas, de tal modo que a explosão como que nos "implode" já bem dentro dos sentidos e nos faz esquecer que estamos a respirar, nos absorve, nos possui e nos levita sem peso numa entrega que se mistura ao fluxo que a música cria. Duas mil pessoas estavam assim, naqueles jardins da Quinta Magnólia, e ainda era só o primeiro dia. Lockwood levou com ele um grupo extraordinário de jovens a que chamou "New Generation", que me fizeram lembrar as teorias de consciência colectiva das sociedades mais avançadas de insectos… perdoem a comparação, mas foi o que pensei, perante aquele entrosar instantâneo, perfeito, com que todos tocavam como se hou© Rui Camacho
» Didier Lockwood
vesse apenas um instrumento. Era Thomas Encho, ao piano e também no violino, outro Encho no trompete, este David, Zacharie Abraham no contrabaixo e Nicolas Charlier em bateria: não consegui encontrar uma solução de continuidade, os sons eram diferentes, mas nasciam juntos e pareciam sair de um super-jazzofone que não foi inventado mas ali me ofereceu um dos melhores momentos musicais da minha vida. Phil Woods Não admira que um músico com quatro Grammies e companheiros como Quincy Jones e Benny Goodman tenha granjeado aos 50 anos de carreira a aura de um dos melhores saxofonistas de todos os tempos. O que admira, isso sim, é que mesmo quem já o ouviu e lhe conhece a música consiga ainda encontrar-lhe algo de novo, tudo de novo, mais titilante que a recordação. Abriu a segunda noite na Magnólia, rodeado pelos amigos que o têm acompanhado em experiências de re-descoberta, sempre inspiradas no evoluir dos momentos com que se entrecruzam. Jesse Davies contrapôs com saxofone alto, Ben Aronov esteve ao piano e Jesper Lundgaard no baixo. Os sons passearam-se de instrumento a instrumento, desafiados por uns, motivados
© Rui Camacho
Texto: Pedro Laranjeira
» Phil Woods
por outros, ligados pelo sax de Philip, em solos e improvisos que recomeçavam apoteoses quando se pensavam que iam concluir, desdobrando a música em momentos a fluir como cascata sem fim. Um dos grandes acontecimentos da noite foi um solo electrizante de Douglas Sides na bateria, que levantou espectadores deslumbrados. Parecia impossível, depois da magia nascida na véspera, que algo pudesse ainda superar a emoção do que tinha já acontecido, e a verdade é que… superava e não superava! É impossível achar-se que um momento é melhor que outro, porque são todos tão completos e cheios em si próprios, que acaba por se perceber que não podem comparar-se. São grandes, são supremos… mas, acima de tudo, são diferentes! Jean-Jacques Milteau Foi neste clima que chegou mais uma surpresa: um contador de histórias francês, homem de sete ofícios, que tem carregado pelo mundo a bagagem JULHO 2008
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© Rui Camacho
GRANDE REPORTAGEM público na actuação, agora mais ainda do que o tinham feito antes. A comunicabilidade de Michael Robinson e Ron Smith é algo de invulgar em palco. São virtuosos na voz, mas parecem ter dotes telepáticos no modo como enquadram a assistência no que se vive no palco. Fizeram do grande recinto da Magnólia um espaço global participado por todos. Foi um momento transcendente! O extenso pontilhado de cadeiras brancas que enchiam o recinto, por meia dúzia das quais passeara o corpo na véspera, não tinham hoje um espaço vago, estavam todas vestidas de amantes de música, numa ocasião em que já não restavam dúvidas que fazia todo o sentido mudar o nome do Festival, porque não se estava a assistir a um concerto, estavam a viver-se momentos de pura magia!
mais leve que o jazz conhece: uma harmónica. Com ela corporizou sons que encontramos em Aznavour ou Yves Montand, com ela coloriu auroras no Círculo Polar Ártico e nos lagos da Suíça, com ela partilhou o berço multi-cultural de todas as raízes cubanas, com ela tornou-se louvado por aqueles a quem corre música nas veias. Cidadão polivalente de um mundo de contrastes, Milteau tem feito de tudo, desde publicidade a trabalho humanitário. Nos jardins da pérola do atlântico, insinuou-se tranquilamente nos sentidos despertos de mais de duas mil pessoas e transportou-as a voos de que não quiseram acordar, mesmo depois de terminada a actuação e toda a gente ter saído do palco. Ao fim de pouco mais de um minuto, chegou claramente aos bastidões do sexteto a posição de uma audiência que entretanto não perdera um espectador sequer… e Jean-Jacques Milteau teve que se fazer ao palco de novo, sentar Eric Lafont na bateria e desafiar Giles Michel e Manu Galvin a voltar a passear as mãos pelos braços do baixo e da viola, enquanto dois extraordinários vocalistas regressavam para envolver o 12
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» Rosa Passos © Rui Camacho
» Jean-Jacques Milteau
Rosa Passos O terceiro dia trouxe a nossa língua de volta ao centro das coisas. Lançados neste rio de emoções por uma madeirense, eis-nos agora perante a baiana que tem re-inventado a bossa nova vezes e vezes, sem fronteiras à vista. Chamam a Rosa Passos "o João Gilberto de saias" e um crítico americano caracterizou-a como a mistura somada de Elis Regina e Ella Fitzgerald. Pianista aos 5 anos, é exímia no violão e compõe as suas próprias inspirações. Tem actuado pelo mundo inteiro, por vezes com parceiros como Ivan Lins, Chico Buarque e Chucho Valdés. Aqui, foi enquadrada por
Fábio Torres no piano, Paulo Paulelli no baixo acústico e Celso de Almeida na bateria. Era um dos grandes momentos esperados do Festival e, como já não admirava ninguém, ultrapassou as expectativas. De resto, o que tem sucedido sempre a Rosa Passos em todo o mundo. Ouvi-la faz-nos decidir a posição face ao velho slogan… porque "não é (definitivamente) a canção: é o cantor!" Eu sei que não podem separar-se, mas "a canção" por Rosa não é a mesma canção por outro, nem sequer é a mesma por ela própria anteontem, portanto, se me permitem, repito: "é o cantor!" - porque, por muito que a paisagem seja arte da natureza, na tela do artista "é outra coisa"… "Gostas de Jazz?..." Foi nessa noite que o meu telemóvel vibrou e tentei descrever para dois mil quilómetros o que se estava a passar ali. Dessa conversa, recordo o pormenor suscitado por uma pergunta… "Mas ouve lá, tu gostas de Jazz?"... Nada mais definitivo e concerto que a resposta que me "saiu" sem mesmo medir as palavras: "Escuta, esquece se gostas ou não de jazz, ou se algum dia te interessou. Se chegares aqui, ao fim de dez minutos estás tão completamente fascinada como se tivesses acabado de te apaixonar!" Chucho Valdés E foi assim que se entrou na última
© Rui Camacho
GRANDE REPORTAGEM
» Chucho Valdés
recta, com uma das mais desejadas presenças no Festival: o cubano Jesus mundialmente conhecido por "Chucho" e aclamado em todos os continentes. Fazer-lhe um breve retrato ocuparia mais espaço que todo este artigo, portanto direi apenas que começou a tocar piano aos 3, aos 14 já integrava uma orquestra, aos 15 tinha um grupo seu e aos 22 gravou o primeiro disco. Arranjou tempo para frequentar o Conservatório e formar-se na Universidade das Artes de Havana. Saltou para a fama internacional na Polónia, com 29 anos, recebeu 5 Grammies, colecciona elogios de figuras como Dave Brubeck, Paquito Rivera, Arturo Sandoval, Roy Hargrove e mais uns milhares que é impossível citar, tem doutoramentos "Honoris Causa" em Universidades de Cuba ao Canadá e incontáveis chaves de cidades por onde passou. Recebeu o mais alto prémio das artes cubanas, actuou em Carnegie Hall, no Lincoln Center e no Hollywood Bowl, para citar um ou dois por cento dos palcos que já pisou em mais de 50 países e aproxima-se das seis dezenas de discos gravados. É considerado um dos melhores pianistas do mundo Passeia-se pelas raízes do jazz, da música clássica e de melodias de baile, a que acrescenta os primórdios tradicionais da sua terra e de gentes perdidas no tempo, em improvisos que emudecem e absorvem num convite à participação que contagiou a assistência em fim de festa. Nessa noite, mais de três mil pessoas enchiam o recinto da Quinta Magnólia, não havia um ponto branco de cadeira vazia, filas ao longo do recinto 14
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e grupos compactados ao fundo mal deixavam espaço para relvados cheios de gente que ia ondulando posições ao ritmo de Chucho. Lázaro Alarcón no baixo e Juan Carlos Rojas na bateria fizeram a moldura para uma percussão poucas vezes ouvida entre nós, com que Yaroldi Abreu criou uma onda de vibrações que possuiu o espaço e as pessoas. Uma vocalista que se chame Mayra Caridad Valdés teria de provar as teorias da genética… e fê-lo. Irmã do virtuoso, deve viver-lhe a música desde a infância, mas ao ouvi-la percebe-se que tem de ser recíproco. Foi uma actuação inacreditável, é daquelas coisas que não podem ser descritas, só mesmo tendo estado lá. Actuou, saiu e pouco depois disse que o palco a chamava e lá foi de novo para o centro das coisas. Termino com uma explicação que fala por si: se o programa se tivesse cumprido, acabava tudo às onze e meia… mas duas horas depois ainda estávamos lá todos, a viver o eclodir de três dias de magia, prisioneiros do momento, suspensos no tempo, arrebatados !
História De grande acontecimento a um dos mais importantes eventos musicais do panorama nacional, foi um salto de qualidade que o Festival concretizou ao longo de nove edições consecutivas, desde 2000. Dizem os organizadores que "a roda da História não pára", portanto para o ano cumpre-se a década. Digo eu que Miguel Albuquerque, o presidente funchalense que conheci durante o evento, tem um dedo de responsabilidade na coisa, dado que lhe percebi uma forte inclinação para apoio à cultura na autarquia e acho que deve ser, pessoalmente, um amante de música, a julgar pelas apostas que já concretizou no Funchal e me garantiu que vão continuar… para não falar na maneira como o vi assistir a tudo. Numa breve consulta ao painel de nomes que fizeram as oito edições anteriores, somados aos desta, o Funchal Jazz "Magic" 2009 promete. Vai completar-se uma década de ouro! A Organização Finalmente, uma palavra para os organizadores: com 36 anos de experiência de eventos musicais, a "Discantus Sociedade Portuguesa de Música" não deixou nada ao acaso. É desnecessário apontar o que esteve bem feito, porque foi tudo. Repito apenas, porque acho de realçar, a frase com que me despedi de Miguel Albuquerque: "Sr. Presidente, vai decerto perdoar-me ter escrito anteontem na página internet da minha revista, sobre a organização do Festival, que uma empresa portuense não precisou de colher dos madeirenses lições de simpatia e hospitalidade!" Para o ano há mais.
MADEIRA
FUNCHAL 500 Anos de História entrevista com Miguel Albuquerque presidente da Câmara do Funchal
Texto: Pedro Laranjeira
A Madeira e a Lua. Uma exuberante de beleza, humana e acessível. A outra, árida, deserta e distante. Que têm em comum?... Um significado histórico: A Lua foi o primeiro destino dos exploradores humanos fora do planeta, a Madeira foi o primeiro destino dos exploradores europeus fora do continente. Foi a primeiro lugar colonizado no dealbar das Descobertas. Ali chegou João Gonçalves Zarco, que tudo indica ter sido avô de Cristóvão Colombo, em 1419, depois de ter descoberto Porto Santo um ano antes. Aportou a um pequeno ilhéu que viria chamar-se Diogo e onde seria construída a primeira residência fora da Europa, que ainda existe, o Forte de S. José, também conhecido como Forte da Pontinha, lugar perpetuado na História por outro facto, este mais bizarro: foi ali que se executou a última pena de morte em território português, durante a ocupação inglesa, quando o exército do General Beresford lá enforcou um dos seus soldados. Desse sítio nasceu o Funchal, que viria a tornar-se um dos mais importantes entrepostos das rotas marítimas dos europeus. Dali partiram produtos, culturas e hábitos mercantis para destinos como as Canárias, Açores, Cabo Verde e Brasil. Em Agosto de 1508 ganhou foro de cidade, há 500 anos, que agora se comemoram com uma panóplia infindável de eventos que colocam a pérola do Atlântico nos olhares do mundo. Foi num desses eventos que encontrei o presidente da autarquia, Miguel Albuquerque, a quem perguntei quais os momentos altos das comemorações… Miguel Albuquerque - Momento alto
foi a presença do Presidente da República que veio expressamente a uma sessão solene dos 500 anos, em Abril. Muitos foram os eventos culturais que temos tido, grande parte ligados às 16
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escolas. Penso que é muito importante a participação da população jovem. Temos um programa que vai culminar com os "Tall Ships" aqui no Funchal, em Outubro, muitos eventos desportivos e também culturais - tivemos cá há pouco o Gilberto Gil, num concerto, tem corrido muito bem. Pedro Laranjeira - O seu comentário ao Festival de Jazz… MA - Acho que o Festival tem resul-
tado, esta é a 9ª edição, tem uma grande afluência de público,penso mesmo que é Festival em Portugal com mais público neste momento. Temos tentado também que crie raízes e desenvolva o Jazz na Madeira. Tivemos uma escola a funcionar aqui e no Funchal, temos uma a funcionar na Academia das Artes e temos já músicos destacados na cena jazzística nacional, como é o caso da Joana Machado e da Angelina. O Jazz é uma música de matriz popular, ao contrário do que muitas vezes se diz e está demonstrado pela adesão do público que é uma música popular. O que é fundamental é diversificar a oferta, ou seja, não termos um jazz muito hermético. O nosso programa foi muito diversificado, com música latina, anglo-saxónica e diversas tendências do jazz. ivemos aqui, por exemplo, o Chano Dominguez, há uns anos atrás, que como sabe já é um pianista de primeira classe no jazz internacional, e que naquela altura anda era desconhecido.
PL - Mas a aposta do Funchal na música não é só Jazz, aliás disso é exemplo o Conservatório… MA - Temos educação
musical nas escolas, que está a dar excelentes resultados, é um trabalho feito a médio e longo prazo: formação e criação de gosto musical, como também nas artes em geral. É uma aposta na cultura, mas não na falsa cultura… PL - O que é que isso quer dizer?... MA - Estes eventos culturais estão liga-
dos à formação. O desenvolvimento das pessoas não passa apenas por adquirir bens materiais. Passa pela educação, pela formação cultural, e isso é um trabalho que não é imediatista nem pode ser feito de improviso, mas que tem de ser feito a médio e longo prazo. É isso que tentamos fazer. PL - Toda esta festa que tem estado a acontecer vai esgotar-se com as comemorações dos 500 anos? MA - Não, todos os anos temos um
leque diversificado de oferta cultural e penso que vai continuar a correr muito bem. PP - Por último, faça-me um retrato do futuro da sua cidade … MA - A minha ideia é que o Funchal se
afirme como uma cidade cosmopolita e ao mesmo tempo ofereça qualidade de vida a quem nos visita e a quem vive cá!
SONDAGENS
Sondagens e estudos de opinião
Empresas são credenciadas pela ERC É comum vermos na primeira página de um jornal, em letras garrafais, os resultados de sondagens ou inquéritos de opinião. Em Portugal as empresas cujos estudos reflectem actos eleitorais ou referendários, e que se destinam a ser publicados ou difundidos em órgãos de comunicação social, têm de estar credenciadas pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Segundo a Comissão Nacional de Eleições, uma sondagem é “um estudo científico destinado a auscultar as opiniões e atitudes dos cidadãos sobre questões políticas, sociais e outras, recolhendo a respectiva informação junto de um conjunto de indivíduos representativo do universo populacional que se pretende abarcar”. No país existem 19 empresas de sondagens credenciadas pela ERC que estão autorizadas para difundir ou publicar os resultados dos estudos relativos a actos eleitorais e referendários. As mesmas regem-se por um regime legal que estabelece as regras que devem ser observadas na elaboração das sondagens e impõe aos órgãos de comunicação social o dever de respeitarem o significado dos seus resultados, não emitindo comentários ou afirmações que não tenham suporte material nos estudos de opinião que divulgam. Ora aproximamo-nos de um ano que Rui Oliveira e Costa considera ser “de ouro para as sondagens”, uma vez que se realizam no país três actos eleitorais: europeias, legislativas e autárquicas. Por este facto convidámos alguns responsáveis por empresas de sondagens e estudos de opinião, credenciadas pela ERC, para nos darem o seu feedback sobre se se pode ou não construir um candidato com base em estudos de opinião, sobre alguns estudos que tenham resultado em experiências enriquecedoras e sobre quais as expectativas para a 2009.
Empresas de Sondagens credenciadas pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) - Aximage - Comunicação e Imagem, Lda. - Consulmark - Gabinete Consultor de Marketing, Lda. - Data Crítica - Estudos de Opinião e Mercado, Lda. - Domp - Desenvolvimento Organizacional Marketing, S.A. - Eurequipa - Opinião, Marketing e Consultadoria, Lda. - Euroexpansão - Análises de Mercado e Sondagens, S.A. - Eurosondagem - Estudos de Opinião, S.A. - Euroteste - Marketing e Opinião S.A. - G.TRIPLO, Estudos e Sondagens de Opinião, Lda. - Gemeo - Gabinete de Estudos de Mercado e Opinião do IPAM, Lda. - Ipom - Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado, Lda. - Intercampus - Recolha, Tratamento e Distribuição de Informação, Lda. - Marktest - Marketing, Organização, Formação, Lda. - Motivação - Estudos Psico-Sociológicos, Lda. - NETSONDA, Consultadoria, Sondagens e Estudos de Mercado, Lda - NORMA-AÇORES - Sociedade de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento Regional, S.A. - Novadir - Estudos de Mercado e Consultadoria de Marketing, Lda. - Pitagórica - Investigação e estudos de Mercado, S.A. - Universidade Católica Portuguesa – CESOP Fonte: ERC (Dados referentes a 26 de Junho de 2008)
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“Um estudo é uma fotografia” Rui Oliveira e Costa já realizou centenas de sondagens. Desde cedo que é um apaixonado por estudos eleitorais. Actualmente, em paralelo com a actividade na Eurosondagem – Estudos de Opinião S.A., é professor de Ciência Política na Universidade Lusófona onde concluiu a sua tese académica com “uma proposta de lei eleitoral para a Assembleia da República com a criação de círculos uninominais, algo que se ocorresse me iria transtornar bastante a vida”, confessa. Em entrevista conta as mudanças a que assistiu na área das sondagens nos últimos anos, da previsibilidade do país, do “ano de ouro para as sondagens” e da reentrée em Setembro da Eurosondagem Empresas.
ocorrer e dá maus resultados, tanto do ponto de vista ético como operacional. As perguntas têm de ser claras, objectivas. Depois é preciso trabalhar os dados e esta é a fase em que cada responsável técnico tem os seus segredos para os trabalhar.
O que é uma sondagem?
Do ponto de vista político um estudo de opinião/sondagem tenta recolher do universo, que tem de estar fixado previamente uma amostra. Depois existem vários métodos para a recolha da informação, os mais usados são a entrevista pessoal e a telefónica. Ambas têm vantagens e desvantagens. De algum modo um estudo é uma fotografia, o mais aproximada possível, a cores, com a profundidade do que é aquele universo, naquele momento, face às questões que são colocadas. A partir daqui há decisões que devem ser tomadas por quem de direito. Quais são as principais dificuldades que podem surgir quando se faz uma sondagem?
Em primeiro lugar a definição da amostra que é o segredo de um estudo de opinião. Se temos eleições legislativas em Portugal com mais de 8 milhões de inscritos nos cadernos, mas depois votam perto de 6 e fazemos uma amostra de 1000 a dificuldade é a amostra. É um elemento decisivo e a parte fundamental do estudo. Depois as questões têm de estar tecnicamente bem elaboradas, não devem ter enviesamento (não devem indiciar / apontar uma resposta) porque isso é batota, não deve 18
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“Sistema partidário nacional pouco mudou e oscila entre 4 e 5 partidos.” A que mudanças assistiu nos últimos anos?
A principal evolução foi, em geral, um cada vez melhor resultado dos estudos de opinião face aos resultados. Aliás, por exemplo repare que há meia dúzia de anos, em noite eleitoral, o argumento dos políticos era de que as sondagens eram apenas projecções. Em eleições mais recentes, nomeadamente nas legislativas e europeias, já ninguém falava dessa forma. Mas o certo é que já falam das projecções como se de resultados se tratassem. Até acho um pouco exagerado. No fundo, isto reflecte que os actores políticos quando olham para as previsões já as encaram como resultados porque sabem que duas ou três horas depois, dentro dos intervalos que são dados, o resultado está lá. Creio que os estudos de opinião em Portugal se foram aprimorando pela sua qualidade, eficiência e que, neste momento, do ponto de vista de União Europeia é dos casos mais conseguidos.
» Rui Oliveira e Costa, Eurosondagens
Porque é que Portugal é dos casos mais conseguidos?
A dimensão do país, a sua previsibilidade. É mais difícil fazer em França, uma vez que a lei eleitoral é diferente da nossa, tem círculos uninominais e sistema maioritário. Portugal tem círculos ao nível do distrito e o mesmo sistema eleitoral desde a Constituinte. O sistema partidário também pouco mudou e oscila entre 4 e 5 partidos: 4 fundadores (PS; PSD; CDU e PCP), e o quinto partido tem oscilado, primeiro o MDP, depois o PRD e agora o Bloco de Esquerda. Portanto o sistema partidário é relativamente estável e o sistema eleitoral é o mesmo. Nas últimas eleições Portalegre perdeu um deputado e a região autónoma ganhou um. Nas eleições anteriores Évora perdeu 1 e Braga ganhou 1. Portanto existe pouca oscilação num Parlamento com 230 deputados. Tudo isto leva a uma estabilidade de quem trabalha com o histórico, uma vez que este é decisivo para a amostra. Ainda recentemente em Espanha houve uma diferença entre as sondagens e os resultados?
Em Espanha as três televisões espanho-
SONDAGENS las abriram com a maioria absoluta do PSOE. Falharam. Alguma coisa correu mal. Com certeza que os meus colegas espanhóis já estudaram isso. Pode ter havido um voto do PP mais ao fim da tarde ou silencioso. Houve de certeza um conjunto de circunstâncias que levaram a esta situação. Outro caso foi o das eleições autárquicas na cidade do Porto...
Sim, nas eleições autárquicas na cidade do Porto quando se candidataram Rui Rio e Fernando Gomes à presidência da autarquia. Nenhuma sondagem em Portugal dava a vitória a Rui Rio, mas foi o que aconteceu. Por isso digo que um estudo é uma fotografia que reflecte o momento, e pode ter alterações. Deve-se governar seja a que nível for, uma cidade ou um país, com base em sondagens?
Grande parte das campanhas eleitorais hoje são realizadas com base em estudos de opinião, os partidos gastam alguns milhares de euros porque estes estudos podem levar a que tenham mais votos. Vamos supor que sou candidato a uma autarquia e julgo que o principal problema é o emprego, mas afinal não é, é a segurança. Há autarquias no Alentejo onde o emprego é pleno ao contrário do que se pensa. As sondagens são, por isso, um instrumento fundamental que devem dizer aquilo que as populações gostariam que se fizesse. O político deve fazer aquilo que considera ser de interesse geral. Em nenhum país do mundo se faz uma sondagem a perguntar se as pessoas querem mais ou menos impostos. Conhecer a opinião dos eleitores tem vantagens. Com base na informação o decisor deve agir, conforme entenda e interprete o interesse geral. Com certeza que são um instrumento técnico, como o é uma análise macroeconómica. É uma ferramenta.
“2009 é o ano de ouro para as sondagens porque se realizam as eleições europeias, legislativas e autárquicas.” Quais são os grandes desafios que
o sector das sondagens enfrenta?
A diminuição de lares com telefones de rede fixa já levanta, e se se avolumar no futuro, levantará mais dificuldades no momento das sondagens. Entretanto virão as listas de telemóvel, mas não será o mesmo. O telefone da rede fixa tem a vantagem de se saber em que localidade a pessoa está, enquanto que no caso do telemóvel já não é assim. O ideal era que todas as pessoas tivessem telefone da rede fixa porque nos facilitaria a vida, mas isso não será possível. Outro desafio é a mudança de lar das pessoas. Lisboa tem, segundo dados do INE e do STAPE, cada vez mais eleitores do que população, o que é uma impossibilidade. Isto passa-se porque os cadernos eleitorais estão desactualizados, no mínimo devem ter mais meio milhão de pessoas. Aliás, há estudos feitos por entidades credíveis que apontam para a existência de uma abstenção técnica de perto de 8 por cento. Isto levanta algumas dificuldades. Se os cadernos fossem mais rigorosos, seria mais fácil. Todos os países têm abstenção técnica?
Todos os países têm abstenção técnica, só que na generalidade dos países da Europa o valor é de 3 a 4 por cento e em Portugal é o dobro. De vez em quando faz-se uma tentativa para melhorar, mas ainda não é suficiente. Isto dificulta a vida, nuns casos mais do que noutros. Tirando isto, os portugueses respondem com naturalidade às sondagens e normalmente colaboram. A tecnologia é uma aliada quando se está a fazer um estudo de opinião?
Ao nível da rapidez é fundamental. No caso das sondagens à boca da urna a recolha é feita pessoa a pessoa, exactamente como se faz oficialmente. A tecnologia ajuda mais do ponto de vista do tempo. Na construção da amostra na Eurosondagem não trabalhamos com meios tecnológicos. A amostra é definida por mim, como responsável técnico. Com base no passado e no presente selecciono 50, 60 ou 70 freguesias que têm de ser representativas do todo nacional. As mesmas têm de estar dentro da normalidade, não pode ter acontecido nada de extraordiná-
rio que perturbe o comportamento dos seus eleitores. Como caracteriza o sector?
Do ponto de vista das sondagens a concorrência é leal. Não me lembro de nenhum problema com concorrentes. Cada um terá uma ideia sobre o trabalho dos outros, o que é legítimo e normal. A regulação que existe também me parece adequada e suficiente. No último grande debate promovido pela Entidade Reguladora da Comunicação Social estavam diversos deputados e saiu de lá a ideia de que era necessário haver uma nova lei. Pode haver, por vezes, uma questão menos explicada num determinado órgão de comunicação social do ponto de vista da ficha técnica, mas nestes casos a ERC pode com um simples telefonema chamar a atenção e a lacuna corrige-se. Um dos casos mais recentes tinha a ver com a não inclusão da taxa de não resposta que até é um dado importante porque pode reflectir algum alheamento. Não é preciso mudar a lei, uma vez que tudo isto pode passar por uma boa articulação. Como perspectiva a Eurosondagem daqui a 10 anos?
Não prevejo gandes alterações. Somos uma média e não uma grande empresa. Na rentrée em Setembro vamos apostar na Eurosondagem Empresas, para a ajuda na tomada de decisões através de estudos quantitativos e qualitativos. Estamos a desenvolvê-la e é esta a nossa perspectiva de crescimento. Porque no resto estamos praticamente em pleno. Do ponto de vista político temos uma pool com a SIC, o Expresso e a Rádio Renascença. Temos uma pool na área desportiva com a SPORTV, a TSF, o Diário de Notícias e O Jogo. Não temos como objectivo ser uma grande empresa, mas sim consolidarmo-nos como uma média empresa. Small is beautiful... Como antevê o próximo ano?
É sempre um ano de ouro para estudos de opinião porque se realizam as eleições europeias, legislativas e autárquicas. No caso das autárquicas, são 308 municípios, mais de mil candidatos e normalmente desenvolvemos estudos para mais de 100 candidatos. JULHO 2008
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“A palavra sondagem é, já de si, algo redutora” Todos os dias nos jornais é dado a conhecer o resultado de sondagens que reflectem a opinião do eleitorado sobre determinado político ou assunto. Estas sondagens são tornadas públicas, mas existem outro tipo de estudos que são desenvolvidos para que os partidos ou candidatos tenham a percepção do que o eleitorado sente. Na política existe uma grande descrição relativamente a todo o trabalho que é desenvolvido a montante de uma campanha eleitoral. Por trás de um discurso ou de uma atitude de um candidato está todo um trabalho que passa pela realização de estudos que traduzem, se bem conduzidos, a opinião e a tendência do eleitorado. Alexandre Picoto, administrador de uma empresa que realiza estudos de opinião e de mercado, considera: “a palavra sondagem é, já de si, algo redutora”, uma vez que pressupõe uma análise apenas quantitativa: “existe um universo, uma amostra e depois é feita a recolha de informação, seja pelo telefone, ou entrevista » Alexandre Picoto, Pitagórica
pessoal, seguindo-se a extrapolação para o Universo”. O administrador da Pitagórica defende que se deve ir mais além, ou seja, fazer também “investigação qualitativa que não pode ser apelidada de sondagem, mas que permite, muitas vezes, perceber porque é que determinada pessoa quando faz um discurso é melhor recebida do que outra pessoa que faça exactamente o mesmo discurso”. A esta ideia está associada a resposta aos porquês: “Quais os posicionamentos, quais as formas, utilização das cores, adequação da linguagem, etc., etc.”. Alexandre Picoto responde: “Por norma a investigação que procura descobrir estas respostas é desenvolvida por psicólogos que moderam reuniões de grupo e das quais é feita a análise de conteúdos”, salvaguardando que “não é a resposta directa do entrevistado que nos interessa, mas sim o que o induziu a dá-la”, ou seja, o que nos interessa é “perceber que imagem é que se tem de determinado candidato”. Só percebendo o porquê é que se conseguem definir recomendações e apontar o caminho que permita desmontar alguns ruídos que possam existir. Importância dos estudos de mercado numa campanha eleitoral A campanha eleitoral tem várias fases que devem ser desenvolvidas de acordo com o facto de se estar na oposição ou no poder. “Se estivermos a um mês das eleições a área de intervenção dos estudos só serve exclusi-
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vamente para acertar detalhes nos discursos e nem em todos os eleitorados isso funciona”, reconhece Alexandre Picoto. Actualmente e dado estarmos a sensivelmente 1 ano e 4 meses das eleições autárquicas já “começa a haver em vários concelhos do país alguma preocupação que é tão maior se se estiver na oposição”. Na sua opinião “quem está no poder precisa de menos tempo para se preparar porque, por norma, hoje já é comum ir avaliando alguns indicadores de imagem, mas quem está na oposição precisa de um tempo muito superior para poder fazer o planeamento de campanha”. No entender do administrador da Pitagórica “a primeira fase da campanha, admitindo que já existe um candidato, inicia-se com um momento de avaliação e diagnóstico do que é que se passa no concelho, se existem pontos fracos”. No que diz respeito à intervenção, “se o partido estiver na oposição é fundamental que comece um ano antes a fazer o primeiro diagnóstico para que depois possa definir a estratégia da campanha”. A este nível “já assisti a casos em que não se percebe como determinados candidatos perdem eleições para outros”. Alexandre Picoto esclarece: “Muitas vezes acontece que um determinado decisor político acha que um vereador ou presidente de junta de freguesia está a falhar e isso não acontece. O que pode estar a acontecer é não estar a ser comunicado ao eleitorado aquilo que está a ser feito realmente”. Para percepcionar o que se passa, a
SONDAGENS
Pitagórica
equipa técnica da Pitagórica desenvolveu indicadores de satisfação que permitem monitorizar o que determinado eleitorado sente e também definir matrizes que geram informação e que permitem identificar rapidamente os clusters de actividade de intervenção da Câmara que devem ou não ser trabalhados: seja do ponto de vista da imagem de cada um dos candidatos, como são reconhecidos pelo eleitorado, indicadores de notoriedade, credibilidade, a que valores são associados, entre muitos outros. No caso de os candidatos estarem no terreno, é feita uma primeira avaliação da imagem que o eleitorado tem dos candidatos. Posteriormente esta informação é descodificada, para que depois as agências de comunicação possam trabalhar os dados da melhor forma.
“Os estudos de opinião são uma agenda na comunicação com o eleitorado.” Desenhar um candidato à semelhança do que se faz com um produto Alexandre Picoto é peremptório na resposta à questão de ser possível desenhar um político à semelhança do que se faz com um produto: “Possível é, desejável não”. Aliás, de acordo com a sua experiência considera que “hoje em dia, a classe política começa a querer fugir a isto”, tem agenda pró-
pria e tem como objectivo perceber como é que conseguem passar a sua mensagem a toda a gente. “Sendo certo que no passado havia uma classe política que estava disponível para dizer aquilo que os estudos de opinião registavam do eleitorado, hoje é curioso que todos eles se esforçam para que o eleitorado perceba o que eles querem dizer. Ou seja, começa a haver uma fuga ao 'cliché' de que vamos dizer aquilo que as pessoas querem ouvir”. Este é hoje grande parte do trabalho que não pode ser feito de forma tradicional, ou seja, através do recurso a sondagens de opinião tradicional. Por isso, os estudos qualitativos são cada vez mais importantes para testar o tipo de intervenção. Isto funciona quer com vídeos previamente gravados, quer com o depoimento de vários opinion makers para perceber como é que o eleitorado reage à base do argumento e depois à forma e estilo.
“Um candidato tem muitas coisas para dizer e, provavelmente, tem opinião sobre tudo, mas o que é que o eleitorado quer ouvir? Esta é a real importância da sondagem”.
A Pitagórica Investigação e Estudos de Mercado, S.A., nasce da extinção do Centro de Sondagens da Universidade Moderna, em Dezembro de 2000. É uma empresa reconhecida pela Entidade Regu-ladora da Comunicação Social (ERC) e especializada em estudos had-oc, estudos desenhados propositadamente para responder a cada projecto. “Em Portugal gasta-se muito dinheiro em estudos que nem sempre respondem ao solicitado” e, por isso, Alexandre Picoto defende como metodologia: “para cada problema deve ser feito um estudo diferenciado”. O administrador da empresa recorda um estudo que fez quando ainda estava no Centro de Sondagens da Moderna. Nessa altura foi feita a primeira sondagem para Timor-leste, ainda antes do referendo, em parceria com a revista V e com o patrocínio da Marconi. Uma sondagem que implicou a consulta de uma lista telefónica, de onde se teve de expurgar todos os nomes que não eram timorenses para reduzir os riscos, fazer o questionário em tétum, dar formação aos entrevistadores. Alexandre Picoto confessa que “foi um projecto muito interessante”. Depois disso “fizemos um projecto muito giro com a comunidade imigrante em Portugal sobre as transferências internacionais de dinheiro onde os CTT enquanto agentes Wester Union quiseram aprofundar o conhecimento do mercado. Mais tarde, “avaliámos os mercados de Moçambique e Angola, mas são mercados mais difíceis e é aqui que surge a oportunidade de, de facto, fazer o primeiro trabalho em território internacional, ou seja, em Cabo Verde. Hoje a Pitagórica é uma empresa cuja “actividade se centra em 90 por cento na área de estudos de mercado porque é onde existe maior negócio e, em segundo lugar, porque são clientes que, do ponto de vista de maturidade, lideram por completo o mercado”. O maior cliente é a SONAE, na área da distribuição os centros comerciais da SONAE SIERRA, no passado a SONAE COM agora a TMN, entre muitos outros de referência como a Macdonalds, a Tellepizza. Na área financeira a Pitagórica trabalha com o BES, com o BANIF e com a Tranquilidade. Aliás a avaliação rebranding do BANIF foi feita pela BRANDIA, mas o estudo de toda a evolução da imagem foi desenvolvido pela Pitagórica.
A conquista do eleitorado flutuante “Hoje trabalha-se para o impulso e no JULHO 2008
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SONDAGENS
Últimas eleições autárquicas no concelho de Oeiras Teresa Azambujo, Isaltino Morais e outros candidatos. Teresa Azambujo apostou toda a sua estratégia na sua honestidade em detrimento da honestidade do candidato independente, Isaltino Morais. Alexandre Picoto considera que esta aposta derivou de erro de análise, uma vez que “o problema que diagnosticámos foi que o eleitorado não estava preocupado com a honestidade do candidato, mas sim queixoso e não apreciou o abandono da autarquia e portanto esta era a questão”. Assim, “se a estratégia de Teresa Azambujo tivesse posto o enfoque no abandono do lugar por parte de Isaltino Morais e no facto de o mesmo agora querer regressar, estou convencido que Teresa Azambujo teria ganho”. O administrador da Pitagórica realça que “a importância do estudo tem a ver com isto”, dado “que só sabendo qual é o ruído que é sentido pelo eleitorado por determinado candidato é que é possível definir uma estratégia que permite passar a mensagem correcta”. “E isto não é querer alterar”, alerta pois “um candidato gostaria de falar com todos os eleitores e esclarecer as suas dúvidas, mas como não o pode fazer o candidato tem de perceber qual é a pergunta que o eleitorado tem para lhe fazer”. No caso de Oeiras, “sentimos na recta final que Isaltino Morais deveria apresentar o seu projecto para Oeiras, como uma mola impulsionadora quer da área metropolitana quer do país e que tinha algo para acrescentar e concluir no seu projecto”. Após esta explicação, “verificámos que o número de indecisos diminuiu consideravelmente e que deram a vitória a Isaltino Morais”. O curioso, refere Alexandre Picoto, é que “4 semanas antes provavelmente o resultado teria sido diferente, mas na recta final conseguiu-se perceber que ainda havia algo para responder, daí a importância de mais do que dizer o que o eleitorado quer ouvir é perceber quais são as dúvidas que o eleitorado tem e responder a essas dúvidas”.
mercado político é igual”. Existem eleitorados muito fixos e outros flutuantes, onde o ruído é cada vez maior. “A certeza é de que o eleitorado flutuante tem de ser conquistado porque pode decidir eleições”, esclarece e “sabemos que o eleitorado flutuante deixa-se condicionar por muitas coisas, nomeadamente pela dinâmica de vitória.” A abstenção depende se se tratam de eleições autárquicas ou legislativas, mas resulta da brutalidade do combate político, ou seja, quanto maior for o combate político maior é a
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descrença do eleitorado. Existe outra realidade que tem vindo a ser estudada e que tem a ver com a abstenção junto dos jovens. “Na minha opinião o afastamento dos jovens em relação à política deve-se ao facto de durante a sua vida até aos 18 anos se premiar um afastamento dos partidos junto da sociedade, da família e especialmente na escola”. “A tecnologia nesta área é fundamental” Para Alexandre Picoto hoje o preço é
uma variável e não a variável, visto que a rapidez da resposta em tempo útil é o mais valioso. Ciente da importância desta premissa, está a ser feito um grande investimento em PDAs para os entrevistadores com o objectivo de permitir que a informação recolhida seja mais rapidamente enviada para quem a vai analisar. “Este sistema vai permitir acompanhar a cada momento o que está a acontecer no país”, realça. A única coisa que ficará por informatizar é o voto em urna porque é o método que continua a permitir uma maior fiabilidade na recolha das intenções de voto. Novas regras no sector das sondagens O administrador da Pitagórica é apologista de que deve existir “uma credibilização das regras de funcionamento das empresas de sondagens”. Aliás, “acho que a actual ERC está a fazer um trabalho no sentido de encontrar ferramentas para que cada estudo que seja publicado seja cada vez mais rigoroso, ainda assim há incumprimentos”, conclui. Cabo Verde: Uma experiência recente A equipa técnica da Pitagórica esteve recentemente envolvida nas eleições que se realizaram em Cabo Verde, nomeadamente na campanha desenvolvida pelo partido MpD. Alexandre Picoto confessa ter sido um projecto arriscado tendo em conta o timing em que foi feito porque “tivemos menos de um mês para preparar tudo, de forma a permitir gerar informação suficiente para que a equipa do candidato pudesse alterar algumas estratégias de campanha”. Isso foi especialmente reconhecido na Praia, em Santa Catarina e em alguns concelhos onde havia um empate técnico, mas onde o MpD acabou por vencer. Ao contrário de anos anteriores, a grande disputa em alguns concelhos potenciou o voto, contribuindo para uma reduzida taxa de abstenção. No decorrer da campanha, “fizemos o nosso trabalho e eles fizeram o deles, ou seja, aceitaram as nossas recomendações”. Este trabalho foi feito em parceria com outra empresa portuguesa, a Cunha Vaz, que tratou da parte da assessoria de comunicação.
SONDAGENS
“Em Portugal o political engineering começa a dar os primeiros passos” A informação é um factor diferenciador que pode ser decisivo para ganhar ou perder eleições, mas António Monteiro, da Domp, salvaguarda que é “possível adequar de alguma forma as opiniões e características dos actores políticos às necessidades e desejos percebidos na população, a manipulação que é possível é balizada por alguns limites”. O que é que diferencia uma sondagem de um estudo de mercado?
Apesar de no modelo de trabalho do marketing politico, nomeadamente nos modelos mais radicais se entender que o produto politico pode ser definido nos mesmos termos que os produtos comerciais, a figura de estudo de mercado surge normalmente associada ao marketing comercial e a de sondagem ao estudo de variáveis politicas com vista à generalização de resultados para a população ou segmentos da população medidos. Deste modo, a principal diferença entre as figuras de sondagem e estudo de mercado é que o segundo poderá não ter necessariamente em vista generalizar os resultados obtidos para a população não tendo, portanto, que recorrer a métodos amostrais aleatórios, podendo mesmo recorrer-se a métodos de análise qualitativa, se tal for relevante. Apesar disto, quando o estudo de mercado tem por vista a generalização, então recorrerá a métodos amostrais próprios das sondagens para tal propósito. Da mesma forma, determinados estudos políticos que não tenham como objectivo a generalização, mas tão-somente a exploração de determinados aspectos considerados relevantes, poderão recorrer a métodos que não os de sondagem para o efeito. Qual a importância das empresas de estudos de opinião no decorrer de uma campanha eleitoral, por exemplo?
A importância prende-se não apenas com o acesso à informação por parte das estruturas candidatas, mas também com o potencial de divulgação de informação resultante de estudos que, de alguma forma, podem mobilizar a população quanto ao sentido de voto e a eficácia percebida no seu voto. Relativamente ao primeiro ponto faz parte das premissas de base do framework do marketing político que é vantajoso conhecer as posições das populações e qual a importância percebida em determinados temas pelos diferentes segmentos populacionais. Isto permite não apenas adequar a posição das estruturas mas encetar em acções de agenda setting no sentido de transformar determinados temas considerados forças do partido ou candidato como relevantes e salientes no processo de tomada de decisão no momento do voto. É necessário ter em conta que o processo de decisão eleitoral, como todos os processos de decisão complexa, é realizado 24
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» Equipa técnica da DOMP
tendo em conta um conjunto de informação limitado e não toda a informação disponível, socorrendo-se a um conjunto de heurísticas que, realizando de alguma forma um bypass ao processo que seria de esperar caso o decisor fosse “racional”, resultam em decisões sub-óptimas accionadas por elementos motivadores que é necessário conhecer e, dentro de alguns limites, possível manipular (embora este tipo de fenómeno não se verifique linearmente para todos os segmentos da população).
“...a eficácia percebida do voto é um dos elementos decisores na tomada de decisão voto/abstenção.” Relativamente ao segundo ponto, a divulgação estratégica de informação a sua importância prende-se com dois pontos fundamentais: por um lado a questão de que é muitas vezes a norma social percebida o principal elemento no momento de decisão eleitoral e que, muitas vezes, os agentes decisores agem com base na posição que percebem em determinados grupos de referência e, por outro lado, porque a eficácia percebida do voto é um dos elementos decisores na tomada de decisão voto/abstenção. Neste sentido a proximidade percebida entre os partidos ou candidatos de eleição e outros rivais e a possibilidade de o voto fazer a diferença poderá mobilizar parte determinados segmentos da população, que normalmente se absteriam, a ir votar.
SONDAGENS A informação é, assim, um factor diferenciador que pode ser decisivo para ganhar ou perder eleições?
Se bem que seja possível adequar de alguma forma as opiniões e características dos actores políticos às necessidades e desejos percebidos na população, a manipulação que é possível é balizada por alguns limites. Em primeiro lugar, e apesar de cada vez mais se demonstrar que o carisma percebido é a faceta mais importante do político, suplantando, para alguns elementos da população a identificação politica, há determinadas características que não constituem parâmetros livres. Assim, a identificação partidária impõe determinados limites ao escopo de posições que é permitido a um político adoptar num determinado tema. A história do político impõe outro dos limites à manipulação que é possível realizar. Sendo a consistência na posição e a honestidade percebida factores que podem influenciar mais o sentido de voto do que a posição no sentido downesiano relativamente aos diversos temas, é necessário ter em conta as posições passadas e a possibilidade de se corresponder à posição assumida em determinados temas, sob pena de penalização futura. Mas é possível desenhar um político à semelhança dos estudos de opinião? Isto acontece em Portugal?
Conhecendo quais os factores considerados relevantes para determinados segmentos da população e quais as características que esses segmentos (e note-se que a segmentação poderá ser definida em função de inúmeras variáveis, não só demográficas, mas psicográficas ou de sofisticação e motivação politica) valorizam num líder politico é possível adequar a imagem e perfil dos candidato para se obter o maior ajuste possível à imagem pretendida. Deve ter-se ainda em conta que, como referido no ponto anterior, o processo de decisão política, como todo o processo de decisão é um julgamento complexo realizado num contexto de informação limitada, sendo portanto baseado em heurísticas. Isto facilita o processo de adequação da imagem do político, no sentido em que este não deve ser exaustiva, mas incidir apenas nos pontos considerados relevantes como motivadores do processo de avaliação e tomada de decisão. Em Portugal parece que o political egineering começa a dar os primeiros passos, apesar de ser uma realidade estabelecida no resto da Europa e particularmente nos EUA. Cada vez mais os políticos, mesmo a nível local, preocupam-se em conhecer qual a posição da população em relação a determinados assuntos e à sua imagem e adequar-se a ela. A aliança entre a inovação, o rigor científico e a tecnologia deve ser privilegiada?
É óbvio que a aliança entre a inovação, o rigor científico e a tecnologia deve ser privilegiada. No capítulo das sondagens o desenvolvimento científico permite, por exemplo o acesso a melhores métodos de estimação, o conhecimento de preditores relevantes, o desenho de melhores metodologias de tratamento de dados. A investigação académica e o sector privado devem andar de mãos dadas no sentido de os modelos e referenciais teóricos do primeiro serem importados pelo segundo e as necessidades do segundo agirem como elementos impulsionadores do primeiro.
Sondagens
O lobbie da maioria Os lobbies representam interesses específicos de minorias que operam por forma a dar conhecimento das suas necessidades e preocupações aos representantes do poder. Por António Monteiro, DOMP
A legitimidade deste tipo de actuação é inegável e até construtiva, pois não nos esqueçamos que a decisão mais acertada é aquela que na sua génese conteve mais dados, os quais originaram a informação necessária ao processo de tomada de decisão. Porém, a soma da informação fornecida por todos os possíveis lobbies não é igual à vontade da maioria da população, pelo que existe a necessidade de se auscultar também a opinião da maioria. Se esta recolha da opinião da maioria for efectuada de forma sistemática, utilizando a tecnologia social das sondagens, muitos dos problemas actuais de ruptura entre a classe política e a população deixariam de existir. Este tipo de actuação permite um contínuo ajustamento de toda e qualquer governação às necessidades da população. Consequentemente, quando estas não podem ser satisfeitas, obriga à informação dos motivos que impossibilitam essa satisfação.
Esta comunicação entre o poder e a população é essencial numa sociedade que se quer moderna e dinâmica. No mundo empresarial este conceito é empregue há muito pelas empresas de sucesso na análise, avaliação de planos de acção e no cálculos dos riscos inerentes às suas decisões. Fazem-no, auscultando os seus públicos internos e externos (fornecedores e clientes) e tendo em conta o ambiente global em que estão inseridas. Em termos públicos existe uma razão adicional para a utilização deste tipo de filosofia de gestão: a maioria é simultaneamente o financiador (pelos impostos que paga) e o público grande a satisfazer. Termino, transcrevendo uma frase de um livro de uma conceituada e bem conhecida marca de automóveis, que sintetiza a filosofia que espero comece a ser encarada sem preconceitos pela classe política que se quer ao serviço das populações e que foi eleita para as servir: "Para conceber um automóvel eficiente que garanta qualidade, segurança, conforto e prazer de conduzir, é necessário um conhecimento profundo do público, da sociedade, da tecnologia e da forma como estes factores interagem entre si". Espero, com este texto, ter contribuído para que os responsáveis políticos que ainda não o fazem, comecem a utilizar o instrumento (Sondagens de Opinião) que lhes permita, a todo o momento e em todas as suas decisões, ter em conta a expressão da vontade do povo que governam e não apenas as necessidades dos lobbies. JULHO 2008
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PERSPECTIVA
OPINIÃO
Credibilidade É o que está a dar! De acordo com o dicionário, “credibilidade é o que faz com que alguém mereça ser acreditado”. Assim entendida, esta palavra incorpora um conceito muito sério e responsabilizador para quem se quiser dar ao respeito, invocando-o como princípio e inspiração da acção política, como vem sendo o caso de há uns tempos a esta parte! Mas para que os políticos, designadamente, os líderes partidários com ambições a formar governos, reclamem o direito de “merecerem ser acreditados” impõe-se, em meu modesto entender, que as promessas eleitorais com que cada Partido se compromete a transformar em Programa de Governo, se for eleito, tenham de ser acompanhadas de parecer sobre as conclusões a que uma Auditoria conjunta prévia do Tribunal Constitucional, o Banco de Portugal e o Tribunal de Contas, informando se tais promessas eleitorais merecem ou não CREDIBILIDADE e se há efectivas condições para, em caso de vitória eleitoral, serem cumpridas! Aparentemente, dá a impressão de que a CREDIBILIDADE está a ser bem cotada na Bolsa da opinião pública. Mas só com o anúncio, mesmo que muitas vezes repetido com o ar mais solene do mundo, não vamos lá! É que, como diz o povo: “gato escaldado de água fria tem medo” ! Às vezes entram-nos pela casa dentro, através das televisões, cenas de algumas sessões parlamentares que nos fazem suspeitar da respeitabilidade de quem se quer dar ao respeito, os senhores deputados. Exemplos? Falar de assuntos e problemas sérios de forma leviana, acompanhando debates sobre tais problemas de risos e comentários jocosos para as bancadas do lado! Mais: vi, com estes olhinhos que a terra há-de comer, deputados da bancada que apoia o governo a bater estrondosas palmas a anúncios de governantes que iriam ter repercussões dolorosas em milhares de famílias, tais como o anúncio de medidas geradoras de desemprego, de encerramento de unidades de saúde, de escolas!
» Padre José Maia
Caramba! Como diria o diácono Remédios “não havia necessidade…”. Por “disciplina de voto” a gente entende que estejam do lado do governo (todos fazem isso!). Mas, por favor…poupem-nos a imagens que retiram credibilidade à seriedade das medidas que aprovarem, abstendo-se de acompanhar com risos e gargalhadas despropositadas que vão, muitas vezes, fazer chorar aqueles que vão sentir na pele os efeitos de algumas das políticas governamentais!
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PROTECÇÃO CIVIL
“A protecção civil é uma missão de todos, com todos e para todos” É desta forma que Arnaldo Cruz, Major General presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), entende a Protecção Civil. Numa grande entrevista revela as prioridades da Autoridade e esclarece que a área da Protecção civil não se limita aos incêndios florestais: “a sua acção estende-se a todos os domínios que envolvam o socorro, a busca, o salvamento, o planeamento e a intervenção por qualquer meio em todas as situações de acidentes graves e catástrofes”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
A protecção civil é uma questão central para o desenvolvimento económico e social do País e para as populações. Porquê?
Os desafios que hoje se colocam à Protecção Civil em Portugal não são diferentes dos que se colocam aos restantes Estados da União Europeia, determinando, cada vez mais, a adopção de soluções concertadas planeadas ao nível comunitário e mundial. As alterações climáticas, com possibilidade de ocorrência de catástrofes, as consequências da competição para o controlo das fontes/formas de energia, a globalização e interdependência dos riscos e ameaças e os efeitos da conflitualidade social, inerentes aos níveis de pobreza e falta de qualificações, impõem condutas e soluções co-partilhadas de todos os agentes, organizações e Estados. Prevenir os riscos e ameaças, proteger os eventuais alvos, reagir oportunamente em situações de
acidente grave e catástrofe, recuperar as condições de normalidade após a ocorrência de sinistros, são objectivos cada vez mais presentes e exigidos pelos nossos concidadãos.
» Arnaldo Cruz, Major General presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC)
Em Portugal, a estrutura da protecção civil aos diversos níveis - nacional, regional e local - tem condições para dar uma resposta eficaz, global e integrada?
Os três últimos anos foram determinantes na definição das políticas de protecção civil em Portugal. As reformulações das estruturas e paradigmas da protecção civil, ao nível político e administrativo, foram fundamentais no acompanhamento de uma sociedade mais exigente. Foram dados passos decisivos na afirmação/consolidação de um sistema de protecção civil, mais eficaz e actual, com a revisão da Lei de Bases de Protecção Civil, a criação da Autoridade Nacional de Protecção Civil, a implementação do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro, a reforma dos regimes jurídicos das Associações Humanitárias de Bombeiros e dos Corpos de Bombeiros. É inegável que o XVII Governo Constitucional fez a necessária reforma legislativa no âmbito da protecção civil, criando também condições no sentido da melhor coordenação, competência e prontidão da resposta. Há quem considere que a Autoridade Nacional de Protecção Civil
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PROTECÇÃO CIVIL
(como já acontecia antes com o SNB e com o SNBPC) tem vindo a ser sistematicamente centrada nos fogos florestais, com a decorrente desvalorização das demais componentes. Concorda?
A área da Protecção civil não se limita aos incêndios florestais – dimensão que ganhou maior visibilidade mediática, a sua acção estende-se a todos os domínios que envolvam o socorro, a busca, o salvamento, o planeamento e a intervenção por qualquer meio em todas as situações de acidentes graves e catástrofes. É para essa missão abrangente que a ANPC e a sua estrutura procura estar quotidianamente preparada e não apenas para o combate aos incêndios florestais.
“Num inquérito realizado à avaliação da Campanha 'Portugal sem Fogos depende de Todos' de 2007, cerca de 45% dos entrevistados atribuíram aos cidadãos a responsabilidade pela prevenção dos incêndios florestais.” Por exemplo, a costa portuguesa está dotada de meios e equipamentos de prevenção e combate a acidentes e catástrofes no mar, de que resultem risco para o ambiente, poluição marítima e para
a segurança de pessoas e bens?
A costa portuguesa está protegida por vários mecanismos e sistemas de segurança tendo em vista a salvaguarda da vida humana, da propriedade e do ambiente. Esses mecanismos pertencem a diversas tutelas nomeadamente ao Ministério da Defesa, da Administração Interna e dos Transportes e Comunicações, entre outros, que se articulam entre si no âmbito do Sistema de Autoridade Marítima. Para a Busca e Salvamento Marítimo está implantada uma organização permanente para o socorro em acidentes marítimos sob coordenação do Maritime Rescue Coordination Center de Lisboa, da Marinha e para o socorro na orla costeira funciona o serviço de busca e salvamento da Marinha/Autoridade Marítima com uma grande participação dos corpos de bombeiros localizados ao longo da costa com o apoio da Autoridade Nacional da Protecção Civil. Centrando-nos mais no combate aos incêndios, este ano foi anunciado o maior número de meios de sempre. Considera que estão tomadas todas as medidas para que não se viva o flagelo de outrora?
Devo salientar que foram tomadas medidas com vista à execução dos seguintes objectivos: redução do número de vítimas/acidentados, quer na população a proteger, quer no efectivo que integra o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais; manutenção da dimi-
nuição da área ardida, nos limites pré-estabelecidos no Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios; diminuição do número de ignições, através do desenvolvimento da campanha pública de informação e sensibilização, envolvendo o Estado, os cidadãos e as empresas, de forma a reduzir os comportamentos de risco. Impõe-se, assim, manter no melhor nível o desempenho operacional do Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais, potenciando a eficácia da 1ª intervenção/ataque inicial, terrestre ou aéreo ou helitransportado e pré-posicionado de forma adequada e oportuna os meios, assim como a monitorização permanente de todo o sistema instalado. Qual a importância de dividir a prevenção em fases?
Importa esclarecer desde já que as medidas preventivas estruturais no âmbito da Direcção-Geral de Recursos Florestais têm especificidade e desenvolvimento próprios. Mesmo assim devo salientar que a Directiva Operacional Nacional para a defesa da Floresta contra Incêndios é uma plataforma estratégica, aplicada a todo o território nacional, capaz de responder com eficácia às necessidades dos cidadãos definindo estruturas de Direcção, Comando e Controlo e assegurando a coordenação institucional e a articulação e intervenção das diversas organizações envolvidas. Permitirá a elaboração de Planos de Operações Distritais e Municipais, Planos JULHO 2008
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das Áreas protegidos e referencial a todas as directivas dos diferentes agentes.
da Campanha “Portugal sem Fogos depende de Todos” de 2007, cerca de 45% dos entrevistados atribuíram aos cidadãos a responsabilidade pela prevenção dos incêndios florestais
Outra questão relevante diz respeito à importância que é dada ao cidadão, uma vez que é dele que depende a adopção de comportamentos – antes, durante e após as emergências – que lhe permitam minimizar alguns dos efeitos destrutivos dos acidentes graves e das catástrofes. O que é que tem sido feito nesta área?
Por outro lado, é também importante envolver as organizações. Qual tem sido o papel da ANPC no âmbito do Movimento ECO?
Acreditamos que a posição das pessoas relativamente à Protecção Civil está diferente. Por um lado, é mais participativa e mais conhecedora, por outro, é mais exigente e oportuna. Para este salto qualitativo de intervenção e cidadania contribuíram as boas práticas das autoridades de protecção civil e o escrutínio dos órgãos de comunicação social, mas, principalmente, a intervenção adequada, coordenada e eficaz dos agentes de protecção civil, nomeadamente, os bombeiros portugueses, que são a emanação mais próxima e concreta das nossas comunidades e valores. A população já tem consciência de que é, por natureza, o principal agente de protecção civil. Tal tem passado pela adopção de condutas individuais mais preventivas, amigas da protecção das pessoas, da segurança do património e da defesa do ambiente, e pela contribuição activa e voluntariosa em operações de socorro e ajuda humanitária. Contudo, esta nova atitude tem de continuar a ser incentivada e acarinhada e todo o empenho será sempre inestimável. Um exemplo claro e objectivo deste facto é a percepção que os cidadãos têm sobre o seu papel e responsabilidade crescente em matéria de incêndios florestais, sendo que, em inquérito realizado à avaliação 30
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O Movimento ECO – Empresas Contra os Fogos é um importante movimento da sociedade civil – ímpar no panorama internacional, corporizando uma parceria entre dezenas de empresas, o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, no âmbito da prevenção dos incêndios florestais, que todos os anos tão dramaticamente atingem o nosso país. É a prova do que estava a afirmar na resposta à questão anterior. A tomada de consciência de que todos somos protecção civil, enquanto indivíduos ou organizações face ao risco que a todos, sem excepção, pode atingir. A ANPC, enquanto organismo do MAI, está envolvida no ECO como catalisador do processo de adesão das empresas que, no âmbito das suas políticas de responsabilidade social, disponibilizam apoios e suportes de comunicação potenciando assim a disseminação aos cidadãos de mensagens de prevenção de comportamentos negligentes ou de risco, causadores da grande maioria dos incêndios. Em seu entender, quais devem ser as grandes linhas base para uma cultura de prevenção e de segurança?
Para o estabelecimento de uma cultura de prevenção e segurança, será importante ter uma visão integrada do ciclo da catástrofe. É importante perceber que os acidentes graves e as catástrofes estão cada vez mais relacionados com factores humanos, relacionados
com a urbanização, a industrialização e o ordenamento do território. Por outro lado, é importante assumir que tal cultura terá de ser assumida por todos, quer pela Administração, quer pelo cidadão, cumprindo o lema de que a protecção civil é uma missão de todos, com todos e para todos. As grandes linhas base a adoptar por parte da administração serão as de garantir uma análise permanente dos riscos e vulnerabilidades e de assegurar um eficaz planeamento das soluções de emergência, para que se obtenha uma resposta operacional mais eficiente e eficaz. Por outro lado, não poderemos esquecer que o cidadão terá aqui a responsabilidade cívica de se informar (e ser informado) sobre os riscos com os quais convive diariamente e de conhecer as medidas de autoprotecção a adoptar antes, durante e depois de uma emergência. Esta visão de esforço partilhado e integrado, está já a ser estimulado logo nos programas curriculares do ensino básico, permitindo o efectivo desenvolvimento dessa cultura de prevenção e segurança. Estamos a promover um projecto junto das comunidades escolares – o Clube de Protecção Civil, com que esperamos corresponder quer a essa necessidade de promover espaços colectivos dotados de segurança, quer o conhecimento dos riscos, seus efeitos e correspondentes comportamentos de autoprotecção.
A informação é um factor de competitividade
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PERSPECTIVA
OPINIÃO
O Serviço Nacional de Saúde em 26 pontos » Portugal é um dos poucos países no mundo que possui um Serviço Nacional de Saúde (SNS) universal. Qualquer cidadão tem acesso a qualquer serviço, independentemente da sua situação de trabalho e independentemente dos seus descontos. » O SNS vive do orçamento geral do Estado e portanto do bolo proveniente dos impostos e outros rendimentos do Estado. » As pessoas mais abastadas contribuem para o orçamento da saúde através do pagamento dos impostos. » Dois milhões de portugueses não pagam impostos por estarem abaixo do nível de taxação. No entanto beneficiam do SNS tal como quaisquer outros. É o princípio da solidariedade, uma característica da cultura europeia. » Aquilo que as pessoas descontam para a Segurança Social não tem a ver com o SNS. Tem a ver com a reforma e o subsídio de doença ou desemprego. » O SNS deve ser suficiente a nível de todo o acompanhamento de diagnósticos e terapêuticas. » Em Portugal não há uma classe rica suficiente para alimentar os serviços privados. Isso passa-se em países com outra escala, mas não no nosso. » Por esse motivo, em Portugal, os serviços privados só sobrevivem se o Estado for cliente. Por exemplo, se não houver resposta para a hemodiálise ou radioterapia no Estado, este tem que enviar os seus doentes para o privado.
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» Isabel do Carmo
» É óbvio que o Estado fica a perder o lucro que está a dar a essa instituição privada. » Logo, o SNS tem que se equipar de modo a não dar lucros a terceiros. É o esforço que está a ser feito nos grandes hospitais do país, como o Santa Maria em Lisboa e o de São João no Porto. » Os serviços públicos de Saúde têm também que se agilizar de modo a terem boa gestão e rentabilidade. No entanto, o ser humano tem que estar sempre acima dos números. A lógica do serviço público não é o lucro, ao contrário dos privados, apesar da necessidade de boa gestão. » No caso público a boa gestão tem de levar ao re-investimento para melhorias. » A acessibilidade e a hotelaria são qualidades. Mas não têm nada a ver com segurança e capacidade técnica e científica. » Uma boa parte da comunicação social faz campanha continuada contra o SNS. As companhias de seguros e os serviços privados beneficiam dessa campanha. Há problemas que advêm de facturas de longo prazo. Durante 20 anos não houve investimento nos Centros de Saúde, nem a nível dos médicos, nem dos enfermeiros, nem dos administrativos. » Os cuidados de saúde primários, baseados na rede de Centros de Saúde, é a chave para a resolução da acessibilidade e da descompressão do trabalho hospitalar. A sua re-estruturaçao requer recursos financeiros e humanos. Os recursos humanos são actualmente de disponibilidade limitada. » Só recentemente foram aumentadas as vagas para especialistas de Medicina Geral e Familiar. Daqui a 5 a 6 anos teremos mais especialistas. » A estes especialistas têm que ser dadas melhores condições e prespectivas de carreira. » Na Unidade Setentrional A de Lisboa – Hospitais de Santa Maria/Pulido Valente e 6 centros de saúde da área (Alvalade, Benfica, Loures, Lumiar, Odivelas e Pontinha) criou-se uma articulação e comunicação que resolveu o problema de quase todas as listas de espera e há atendimento para todos os doentes prioritários. O exemplo não pode ser ignorado. » Na mesma unidade foram abertos postos de colheita em todos os centros, para as análises serem feitas no HSM. Beneficiam todos. O Hospital poupa e reinveste. O exemplo não pode ser ignorado. » As mudanças na sociedade conduzem a problemas reais que todos temos que encarar. Em 20 anos passaram para o
PERSPECTIVA
OPINIÃO
dobro o número de falecimentos de idosos nos hospitais. É uma mudança cultural, que constitui um novo dado a ter em conta. » As doenças de abundância e usura crescem exponencialmente: obesidade, diabetes, problemas de ortopedia e articulares, cataratas, varizes. É um problema de todos, com o qual temos que contar. Sobre isto deverá haver uma discussão pública. » O número de médicos em Portugal parece suficiente. No entanto, tem que ser tido em conta que só os médicos com menos de 50 anos fazem serviço de urgência à noite e, em princípio, devem ser especialistas. Nestas circunstâncias (menos de 50 anos e especialistas) não há o número suficiente para cobrir as grandes cidades e o país. O ano passado e neste ano foram abertas mais vagas nas Faculdades de Medicina. Teremos mais médicos nestas condições daqui a 10 a 11 anos. Até lá, temos que encontrar soluções, que não serão as ideais.
» Não adianta pensar em medidas avulso e ligeiras para problemas desta gravidade. Ninguém se quer queixar de uma dor de barriga em ucraniano... » A falta de médicos nos Centros de Saúde, a falta de estomatologistas nos Centros de Saúde, a falta de jovens especialistas, são facturas de longo prazo. A falta de memória em política acaba por ser uma grave questão ética, porque se fazem julgamentos em cima da hora e não se constroem soluções a longo prazo. Perante este quadro de sucessivas amnésias, qual é o político que lhe apetece pensar em termos de futuro? » Em cada Centro de Saúde, em cada hospital, os profissionais e os utentes têm que encontrar soluções e praticá-las. » Os problemas são suficientemente importantes para não poderem ser tratados em estilo de “estados de alma”, como se estivéssemos perante a inevitabilidade do insucesso. » Às vezes parece-me que não percebemos o bem que ainda temos e não lutamos por ele, embarcando na canção da desgraça.
PERSPECTIVA
OPINIÃO
A caminho de mais uma vergonha político-militar
» Ten. Cor. Brandão Ferreira (com vergonha na cara)
São conhecidas as sequelas que as rupturas sociais e políticas acarretam e deixam, por anos a fio, na memória, na carne e no espírito dos povos e dos países que as sofrem. São conhecidos ainda – pois isso tem a ver com a natureza humana - os oportunismos e contorcionismos de carácter que têm lugar numa maioria muito significativa de cidadãos, que a toda a pressa se tentam adaptar e “sobreviver” no novo “status quo” criado, cujos responsáveis, a primeira coisa que fazem é tentar legitimar-se. Entre nós, a sabedoria popular crismou há muito, estes pecos de carácter como os “adesivos”. É por tudo isto (e não só) que a História passa a ser escrita ou reescrita, pelos vencedores, e se torna quase impossível passar a olhar para a realidade dos factos com equilíbrio e verdade. É o caso de Portugal, mais de uma trintena de anos, após o processo alquimista que fez nascer cravos em canos de espingardas. Ultimamente apareceu mais um caso patético de um pobre de espírito mais que de corpo, ex-oficial do quadro permanente, que agora quer ser reintegrado na Força Aérea. Este filho de uma Pátria que já por várias vezes perdeu o Norte, cursou a Academia Militar e era capitão piloto aviador, quando decidiu desertar, em 1972, fugindo para a Venezuela. Depois de uma vida desgraçada entre chagas sociais várias, regressa a Portugal e requer a reintegração na FA, alegando ser opositor ao regime deposto e por “não querer recrutar mais pessoas para a ditadura”. Alega ainda ter labutado numa organiza34
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ção obscura, o MDLPC, sita na longínqua terra de Simão Bolívar, e que patrioticamente se dedicava a combater a odiosa cáfila de fascistas que espezinhava os portugueses. Mais prosaicamente as coisas passaram-se assim: o dito cujo, terminado o tirocínio na Base Aérea nº 1, em Sintra, em 1966, foi escolhido para ficar na esquadra 102, como instrutor de voo em T-37, situação de privilégio, dado excluir uma mobilização nos próximos anos, para uma frente de combate africana.
O nosso homem era o que se toma por “bom vivant”, frequentador conhecido de discotecas e lugares de diversão nocturna entre Lisboa e Cascais. Existem fortes suspeitas de ser consumidor de estupefacientes e não poucas vezes teve que ser resguardado para não ser castigado por não se encontrar em condições físicas para executar as suas exigentes funções. Aproximando-se a data previsível para ir finalmente frequentar um curso operacional que o habilitasse a cumprir uma comissão de serviço em teatro de guerra, obrigação que
ele voluntariamente tomara quando se alistou e jurara cumprir, tremeu de coragem e abalou que se fazia tarde. Não é de excluir, também, que problemas com as más companhias de que se rodeou tivessem influenciado a sua decisão. Mas talvez ele as possa dilucidar melhor. E ei-lo de volta, qual Fénix renascida, sendo também de estranhar a data tardia em que o fez, dado que as suas supostas convicções revolucionárias e oposicionistas o deviam ter impulsionado a regressar à sua terra logo após a data “libertadora”. Os órgãos do Estado têm, até à data, resistido a cometer mais uma indignidade, mas não estamos seguros que o não façam. Recentemente – vá-se lá saber porquê – o Sr. Cor. Vasco Lourenço, presidente aparentemente vitalício da Associação 25 de Abril, convenceu o actual Chefe de Estado Maior da FA a permitir a este indivíduo, que deveria ter sido preso e julgado em Tribunal Militar mal pôs o pé no país, a ser observado no Hospital da FA, dado o seu debilitado estado de saúde. E não querem saber que foi mesmo ?! (dia 29/4). Então os militares actuais – com os seus deveres e direitos em dia, note-se, estão meses à espera de uma consulta e vêm o sistema de saúde à família militar a ser destruído, estando até um coronel na reforma a ser objecto de um processo disciplinar por, justamente, ter escrito um artigo a denunciar a vergonha existente, e agora vem um figurão destes, pela mão de outro,
PERSPECTIVA
OPINIÃO que supostamente representa uma Associação que fez uma “revolução” para devolver a liberdade, a justiça e todas essas coisas bonitas que enchem o ouvido a quem ainda tem paciência para isso, e entra directamente para exames médicos, sem ir para a bicha e marcar consulta? Será isto um corolário da Democracia que o Sr. Cor. Vasco Lourenço se gaba de ter ajudado a implantar? Vamos, por absurdo, admitir que as alegações que o meu ex-camarada de armas era de facto um opositor ao regime de Salazar e que não queria sic “recrutar jovens para a ditadura”, como alega na tal entrevista, e por esse facto “alguém” o incorpora novamente na FA. Fica desde já assumido, que requererei que seja julgado e demitido de militar do quadro permanente. É que as duas situações não são passíveis de conviverem. Permito-me um conselho: não apareça mais na fotografia mostrando
insígnias militares que o senhor não soube honrar. Deixe-se de greves de fome e vá trabalhar. E se já não tiver forças para isso
(pelos vistos nunca teve muita), não aborreça mais a FA e vá bater à porta da Santa Casa da Misericórdia. Já chega de bandalheira!
João José Brandão Ferreira, 55 anos, Tenente-Coronel Piloto Aviador, Mestre em Estratégia, piloto de caça, instrutor de voo, Comandante de Linha Aérea, acumulou experiência ao longo de uma vasta carreira como oficial do Estado Maior da Força Aérea, Direcção Geral de Política de Defesa Nacional, assuntos internacionais, logística e planeamento estratégico. Foi Comandante da Base Aérea de Beja e Adido de Defesa na Guiné-Bissau, Senegal e Guiné-Conakri. Possui o Curso Geral de Guerra Aérea e é membro da Sociedade Histórica para a Independência de Portugal, Sociedade de Geografia, Amigos de Olivença, Liga dos Combatentes, Associação da Força Aérea Portuguesa, Comissão Científica da História Militar e colaborador da Revista Militar. Publicou mais de 500 artigos, fez meia centena de Conferências e é autor dos livros "Evolução do Conceito Ultramarino Português", "Da Conquista de Ceuta à Conferência de Berlim", "Da Conferência de Berlim à Descolonização", "As Forças Armadas e a sua inserção na Sociedade" e "À Frente do Tempo". Homem temido, de opiniões fortes e cronista de grande prestígio, é Cavaleiro da Ordem Militar de S. Miguel da Ala.
PERSPECTIVA
CRÓNICA O Adejar da Mariposa
A cantar é que a gente se entende
» Jorge Castro
Porque o tempo tem sido de comemorações dei por mim a apreciar essa infinita vitalidade que nos surge, em cada recanto da vida, em freguesias, em colectividades, em bibliotecas, lugares onde a palavra cultura se reveste de contornos concretos e, assim sendo, palpáveis e recheados de pessoas reais que, por artes de abnegação, altruísmo ou pela mera noção de que se está vivo enriquecem, com o seu labor, o fluir dos dias. Correndo o inevitável risco de não dar especial relevo a este ou àqueles, cuja sábia opinião dos meus improváveis leitores assuma como incomensuravelmente mais excelsos do que o nomeado e que a minha débil selecção teve a veleidade de eleger para estas poucas linhas, eu avanço: o Coro de Santo Amaro de Oeiras. Ouvi-os, pois, recentemente. No Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras. Coro que se desdobra em Coro Infantil, Grupo Maismúsica e o Coro, propriamente dito, como recolho no panfleto editado pela autarquia. Coro amador, nascido em 1962 e tendo, como alma mater (ou pater, se preferirem) o maestro César Batalha, mantém, sem desalentos aparentes, para cima de quarenta anos de actividade, através de um muito nítido e transparente amor à camisola, que deslumbra. A reter: quarenta anos, num tempo tão dado a pseudo-sucessos que mal duram quarenta minutos… Já pensaram? Entre ensaios e actuações, comungarem largas dezenas de pessoas desse labor constante, da disponibilidade pessoal pelo prazer de se cantar mas, muito principalmente, para darem de si aos outros, para partilharem essa fruição por todos quantos os ouvem. Quando nos arreceamos por tão em baixo andar a quota nacio36
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nal nas artes de cidadania, eu tenho cá para mim que este é o tipo de obra a destacar! E será, também, um belo exemplo de outros caminhos trilhados a favor da res publica, até pelo grande número de gente nova que incorpora. De reportório eclético, ouvi-lhes Carl Orff, Haendel, Verdi ou Bach, a par de arranjos e orquestrações de César Batalha para temas como Foi Deus, Canção de Lisboa ou tantos temas a que a simplicidade no arrumo das ideias achou por bem chamar populares ou tradicionais. Acreditem-me quando digo que ninguém me encomendou o sermão e que, do elenco do coro, conheço apenas um bom amigo, por convite do qual, aliás, assisti a este recente concerto, que me suscitou o apontamento. Acreditem-me, ainda, quando vos asseguro que a minha admiração não se sustenta em profundos conhecimentos musicais, nem tão pouco irão por ser eu algum adepto fanático de música coral. Nem me movem favorecimentos outros, de mais ou menos obscuros ou inconfessados desígnios. Não, senhor! Apenas esse embevecimento claro de assistir ao desempenho dos meus semelhantes, em artes de partilha, enriquecendo esse mosaico que formamos. E, depois, lembrarmo-nos, sequencialmente, da miríade de grupos corais com que Por-
» Maestro César Batalha, ilustração da autoria de Serrão de Faria, para o jornal Voz da Minha Terra, de Mação, edição de 25 de Maio de 2008, amavelmente cedida por João Pequito.
tugal conta, debatendo-se, na esmagadora maioria, segundo julgo saber, com carências de quase tudo e, ainda assim, lutando, perseverando e sobrevivendo. La Fontaine perturbou saberes e promoveu preconceitos com a historinha batida da cigarra e da formiga. A laboriosa indústria do cantar o contradiz. Quem nos garantirá se o conto não teria um diverso desenvolvimento apenas se houvesse, na terra dele, algum grupo coral ou se o próprio, além de contar histórias, cantasse …
MOÇAMBIQUE
Moçambique
Um país de oportunidades
Em Portugal vivem seis mil moçambicanos. São oriundos de um país ímpar em termos de belezas naturais. Ao longo de mais de três mil quilómetros de costa desenvolve-se uma extensa área de praias, grande parte delas ainda por explorar. Texto: Alexandra Carvalho Vieira Em conversa Miguel Caíma, embaixador da República de Moçambique em Portugal, fala das dificuldades que os moçambicanos vivem em Portugal e lança grandes desafios para o futuro, nomeadamente ao nível das relações bilaterais entre os dois países. “Há um potencial empresarial português a arrecadar para o meu país”, por isso “constitui uma das prioridades da Embaixada a atracção de investimentos portugueses para o mercado moçambicano”. Como caracteriza as relações bilaterais entre Portugal e Moçambique, tanto em termos políticos como económicos?
As relações bilaterais entre Moçambique e Portugal são excelentes e são caracterizadas por muita amizade entre os dois Países e Povos. A recente visita do Presidente da República Portuguesa a Moçambique foi um dos pontos máximos de manifestação dessa amizade. No aspecto económico também há boas relações. Como é sabido há grandes investimentos portugue38
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ses em Moçambique em vários sectores e há anúncio de grande aumento de investimentos nestes sectores e em outros, consequência da confiança dos empresários portugueses no mercado moçambicano. A propósito da confiança, gostaria de aproveitar esta oportunidade para convidar os investidores portugueses que ainda não estão a olhar para Moçambique como um mercado seguro para aproveitar as grandes oportunidades que, neste momento, o meu país oferece para investimentos e negócios. Aliás, tudo isto se tem repercutido na assinatura de diversos protocolos de cooperação. Quais, em seu entender, são os mais importantes?
É verdade, têm sido assinados vários protocolos em diversas áreas. Considero todos importantes, porque cada um deles traz os seus benefícios e contribui para o desenvolvimento dos dois países e das nossas relações. Actualmente, quantos moçambica-
nos residem em Portugal? Quais são as principais dificuldades sentidas e quais as respostas que têm sido dadas pela Embaixada?
Actualmente, residem legalmente em Portugal cerca de 6.000 moçambicanos. Os problemas que estes moçambicanos vivem em Portugal são de carácter comuns, iguais aos enfrentados pelos demais imigrantes em Portugal, realçando-se em particular a falta de instalações para o funcionamento das associações que congregam moçambicanas para a sua auto-integração na sociedade portuguesa. Não podemos deixar de frisar que o problema mais gritante que os moçambicanos se confrontam em Portugal é o desemprego. A 25 de Junho de 2008 celebraram-se os 33 anos de independência de Moçambique, mas só em 1992, com a Assinatura do Tratado de Paz, se deu a consolidação da democracia, que permitiu a alternância de poder. Actualmente, como é a vida em Moçambique?
“...o empresário português mais atento está a descobrir aos poucos as vantagens de investir no mercado de Moçambique.”
» Miguel Caíma, embaixador da República de Moçambique em Portugal
MOÇAMBIQUE comida, ao vestuário, às condições de habitação mais condignas com uma saúde mais segura. Quais são as suas grandes prioridades como Embaixador de Moçambique em Portugal?
© Ruth Matchabe
O nosso processo democrático multipartidário vem desde 1990 quando entra em vigor a Constituição que introduz os processos eleitorais com a participação de vários partidos. A assinatura do Acordo de Paz, como o próprio nome diz, veio consagrar a Paz em Moçambique e, consequentemente, criar condições para maior exercício democrático com pluralismo de ideias. Este exercício veio consolidar cada vez mais a democracia conquistada através do processo de libertação do país. A paz e o exercício da democracia pluralista, bem como a realização de politicas económicas viradas para a redução da pobreza no nosso país, fazem de Moçambique um país recomendável para quem quer investir nele, pois trata-se de um mercado estável que está a crescer a uma taxa média anual de sete por cento do BIP (Bureau de Informação Pública). Quero-lhe confessar que o crescimento do cenário da nossa economia já começa a reflectir na vida da população: há cada vez mais crianças que frequentam o ensino básico; o índice da mortalidade infantil já começa a baixar. Contudo reconhecemos que ainda temos muito que trabalhar para trazer cada vez mais um maior número de famílias moçambicanas ao acesso a
As minhas grandes prioridades passam por estreitar e alargar cada vez mais as históricas relações de amizade e cooperação entre Moçambique e Portugal, por um lado, e trabalhar com a comunidade moçambicana residente em Portugal para a sua harmoniosa integração na sociedade portuguesa, por outro. Estou satisfeito com os progressos que temos estado a realizar neste contexto. Portugal é um país com bons níveis tecnológicos e empresarias que se coadunam com a nossa realidade e programas de desenvolvimento. Há um potencial empresarial português a arrecadar para o meu país. Precisamos de mais investimentos nacionais e estrangeiros. Por isso mesmo, constitui uma das prioridades da Embaixada a atracção de investimentos portugueses para o mercado moçambicano. É uma tarefa difícil se atendermos que a tendência de internacionalização das empresas portuguesas contradiz a nossa vontade. Mas estamos certos de que o empresário português mais atento está a descobrir aos poucos as vantagens de investir no mercado de Moçambique.
“A nossa meta é a de atingirmos em 2025 mais de quatro milhões de turistas por ano.” Moçambique é um país rico em belezas naturais que o tornam único: tem a 3ª maior baía do Mundo, a reserva natural de Bazares, o parque de Gorongoza… Há uma preocupação em preservar estes espaços? De que forma?
Na verdade, Moçambique tem um potencial de turismo invejável. É o país
com recursos costeiros mais atraentes da África Austral. Ao longo da sua extensa costa, de cerca de 3.000 km, a maioria ainda por explorar, desenvolve-se desde o turismo de praia e sol, em praias limpas com mar azulado e de águas quentes durante todo o ano -, de lazer e aventura, de pesca desportiva e a vela no alto mar, de desportos aquáticos e até de mergulho para contemplação de variadas e riquíssimas espécies marinhas, algumas das quais raras no mundo como é o caso dos dugongos. Desenvolvemos um conceito que consiste na combinação do turismo de praia ou do mar com o de floresta, das montanhas e de caça, completados com uma riqueza secular do belo turismo cultural. As políticas do sector do Turismo são claras quanto aos procedimentos nas áreas de conservação, tanto dos espaços físicos como das espécies florestais e de fauna. Há, por exemplo, preocupação na manutenção dos parques e de cotadas de caça onde se desenvolvem programas de repovoamento animal, como é o caso de elefantes, búfalos, leopardos., etc. Qual o volume de turistas por ano e qual o potencial de crescimento nesta área?
O número de turistas em Moçambique tem vindo a aumentar de forma exponencial. Nos últimos cinco anos, passamos de um pouco mais de 700 mil turistas para perto de um milhão e meio de turistas em 2007. A nossa meta é a de atingirmos em 2025 mais de quatro milhões de turistas por ano. Portugal é uma das principais fontes do mercado de turistas em Moçambique. Que tipo de iniciativas são desenvolvidas em Portugal para potenciar o Turismo em Moçambique?
A Embaixada tem desenvolvido acções de divulgação das potencialidades e das oportunidades de investimento e negócios junto dos potenciais investidores. Nos vários seminários e outros encontros que temos realizado com simpática participação quer de associações empresariais e culturais, bem como das Câmaras Municipais divulgamos para o público português os belíssimos locais turísticos, quer para investimento, quer para estadia e lazer dos turistas portugueses. JULHO 2008
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NOTÍCIA
Portugueses rumo a Pequim Numa cerimónia realizada no Museu do Oriente, em Lisboa, foi apresentada oficialmente a missão portuguesa que vai participar na 29ª edição dos Jogos Olímpicos de Verão. Atletas que no coração levam a esperança de obterem bons resultados e ouvirem o hino nacional de um dos lugares do pódio. Entre 8 e 24 de Agosto, a cidade de Pequim, na China, vai ser o palco onde se vão realizar 302 provas de 28 modalidades que distribuirão medalhas, 165 são masculinas, 127 femininas e dez mistas. No sector feminino há mais duas provas relativamente a Atenas-2004, o que se traduz na participação de mais 130 atletas. Mas há outras novidades que constam do programa olímpico para 2008: Atletismo: 3000 metros obstáculos femininos; Ciclismo: BMX masculino e feminino; Esgrima: Florete por equipas masculino e feminino; Natação: 10 kms águas abertas, masculino e feminino; no Ténis de Mesa, as provas de pares foram substituídas por provas por equipas. A comitiva portuguesa é composta por mais de 70 atletas que vão participar em provas tão díspares como atletismo, badmington, canoagem, ciclismo, equestre, esgrima, judo, natação, remo, taekwondo, ténis de mesa, tiro, tiro com arco, tiro com armas de caça, trampolins, triatlo e vela. Em declarações à imprensa Vicente de Moura, presidente do Comité Olímpico Português, referiu que esta “comitiva é a melhor de sempre”, uma vez que “em 2004, ganhámos três e havia quatro atletas medalháveis. Agora, temos 11 atletas medalháveis, que estão no topo dos rankings mundiais". ACV
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Curiosidades » O Estádio Nacional de Pequim também é chamado de "Ninho de Pássaro" » Vão estar representadas 205 nações nos Jogos Olímpicos de Verão de 2008 » 10500 é o número aproximado de atletas que vai participar
Mascote dos Jogos Olímpicos Os cinco Fuwa - Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying, e Nini - foram apresentados como as mascotes dos jogos Olímpicos de 2008 pela Sociedade Nacional dos Estudos da Literatura Clássica Chinesa. São compostos por cinco membros que incorporam peixe, panda-gigante, fogo, chiru e andorinhas. No fundo, correspondem aos cinco elementos da filosofia chinesa: Água, metal, Fogo, Madeira, e Terra, mas nenhum deles representa metal e céu como um elemento. Cada Fuwa possui como cor primária uma das cinco cores da Bandeira olímpica.
NOVAS OPORTUNIDADES
Portugueses aderem à Iniciativa
Novas Oportunidades Um milhão de activos em Portugal. Esta é a meta da Iniciativa Novas Oportunidades. Num momento em que faltam sensivelmente dois anos para atingir este objectivo conversámos com Maria do Carmo Gomes, da Agência Nacional para a Qualificação, I.P., que faz o balanço da implementação do programa Novas Oportunidades e na importância do Catálogo Nacional de Qualificações “enquanto instrumento único de referência para a formação e para o reconhecimento, validação e certificação de competências”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
Como está a decorrer a implementação do programa Novas Oportunidades?
Em primeiro lugar, importa dizer que a Iniciativa Novas Oportunidades é um programa de acção no âmbito das políticas de educação e formação de jovens e adultos, orientado por dois princípios fundamentais: o 12º ano de escolaridade como patamar mínimo de qualificação e a dupla certificação (escolar e profissional). Para a sua concretização houve a necessidade de desenvolver alguns instrumentos já existentes há alguns anos, a par com a concepção de novos. Senão vejamos: para os adultos, o alargamento da rede de Centros Novas Oportunidades e consequentemente a maior abertura de acesso ao dispositivo de reconhecimento, validação e certificação de competências; para os jovens, a expansão da oferta de modalidades de conclusão do ensino secundário profissionalizantes; e para os sistemas de educação-formação a disponibilização de um Catálogo Nacional de Qualificações são alguns dos exemplos mais ilustrativos de como se tem vindo a intervir neste campo, no contexto da Iniciativa Novas Oportunidades. Que balanço faz?
O balanço que se pode fazer sobre a Iniciativa Novas Oportunidades é extremamente positivo do ponto de vista da adesão dos portugueses que com mais de 18 anos não tinham atingido uma qualificação de nível secundário ou profissional. Esta mobilização face 42
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» Maria do Carmo Gomes, da Agência Nacional para a Qualificação, I.P.
bilização do Catálogo Nacional de Qualificações (em permanente actualização) enquanto instrumento único de referência para a formação e para o reconhecimento, validação e certificação de competências (escolares e profissionais), no crescente aumento do número de cursos profissionais e outras modalidades de dupla certificação para os jovens que frequentam o ensino secundário, entre muitos outros. Em 2010, graças à Iniciativa Novas Oportunidades, terão sido abrangidos 1 milhão de activos em Portugal?
a um programa de educação-formação de adultos não tem paralelo na história do país. Há, contudo, que aguardar para compreender quais os efeitos, os impactos, as dinâmicas de desenvolvimento pessoal, social, económico e cultural que a Iniciativa Novas Oportunidades pode trazer para os que agora nela estão envolvidos, e para o país em geral. Alguns resultados concretos traduzem-se na regulamentação de um Sistema Nacional de Qualificações, na concepção de um referencial de competências-chave para o nível secundário, no alargamento da rede nacional de Centros Novas Oportunidades – já são 457 centros a funcionar em Portugal Continental e Região Autónoma da Madeira -, na disponi-
Inevitavelmente, um programa de acção tem de ter metas a alcançar e objectivos a concretizar. Ora, a Iniciativa Novas Oportunidades neste contexto não seria uma excepção, ainda para mais quando estamos a tratar de investimentos públicos. O que se anunciou foram algumas metas estratégicas que devem ser tomadas como referente para a acção de todas as entidades envolvidas nos sistemas de educação e formação de adultos. Os resultados só em 2010 se saberão quais foram. O ritmo que as entidades que promovem as modalidades de educação e formação de adultos conseguiram atingir até ao momento permitem-nos estar confiantes face aos resultados que se poderão alcançar com esta Iniciativa. Convém talvez clarificar que um milhão de activos abrangidos até 2010 compreende todas as modalidades de educação-for-
NOVAS OPORTUNIDADES
mação de adultos, ou seja, os Cursos de Educação e Formação de Adultos, os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (desenvolvidos pelas equipas dos Centros Novas Oportunidades, como uma das possibilidades de qualificação para o público que aí se inscreve), as recém-criadas formações modulares certificadas no âmbito do Catálogo Nacional de Qualificações, bem como outras possibilidades de conclusão do secundário que foram regulamentadas para casos muito específicos, como por exemplo as pessoas a quem só faltam muito poucas disciplinas para concluir o ensino secundário (Decreto-Lei nº 357/2007). Actualmente existem mais de 450 centros Novas Oportunidades no país. O número de centros satisfaz as necessidades?
Neste momento, e depois de um forte alargamento da rede estamos convictos que temos uma rede de Centros de proximidade, com uma distribuição geográfica bastante densa e que corresponde às necessidades do público a quem se destinam. A rede nacional de centros Novas Oportunidades pode ser consultada no sítio da Iniciativa Novas Oportunidades na internet, em http://www.novasoportunidades.gov.pt. A ideia é termos uma rede de ‘malha fina’ próxima de quem dela necessita e que garanta a diversidade institucional. Por isso é que os Centros Novas Oportunidades são promovidos por entidades públicas e privadas (escolas públicas, centros de formação profissional do IEFP, I.P., associações empresariais, autarquias, empresas, instituições de ensino superior, associações de desenvolvimento local e regional são alguns exemplos de entidades promotoras). A matriz da intervenção no campo da educação e formação de adultos continua presente na Iniciativa Novas Oportu-
nidades, com o desafio de conseguir alargar a base de recrutamento dos adultos e dos agentes envolvidos.
“É talvez um dos sistemas de educaçãoformação mais controlados no nosso país.” Como é garantida a credibilidade do sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências?
O sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências assenta em princípios metodológicos estabilizados desde há quase uma década. Neste momento com todas as transformações e evoluções que tem incorporado, como por exemplo, o desenvolvimento de processos de RVCC de nível secundário ou de competências profissionais, é um sistema ainda mais robusto, garantindo as margens de inovação necessárias a uma modalidade de educação-formação com fortíssima relação com as aprendizagens não-formais e informais. Neste sentido, o que se tem vindo a fazer é a montagem de sistemas de controlo, avaliação e monitorização diversos e complementares. Há um sistema de acompanhamento e monitorização por parte da Agência Nacional para a Qualificação, I.P. (entidade com a atribuição de gerir e coordenar a rede de Centros Novas Oportunidades e o sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências, com dupla tutela dos Ministérios do Trabalho e Solidariedade Social e da Educação) que sistematicamente acompanha e avalia, em conjunto com as estruturas regionais do Ministério da Educação e do Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. o funcionamento e os resultados atingidos
pelos Centros Novas Oportunidades. Existe, em simultâneo, uma equipa da Universidade Católica Portuguesa coordenada pelo Professor Roberto Carneiro encarregue de desenvolver o sistema de avaliação externa da Iniciativa Novas Oportunidades. Há também um conjunto de procedimentos de rotina suportados em dados de monitorização que permitem a intervenção sempre que necessário em casos particulares. É talvez um dos sistemas de educação-formação mais controlados no nosso país. Qual a importância de existir um Catálogo Nacional de Qualificações, com 229 qualificações profissionais definidas que abrangem 37 áreas de educação e formação?
O Catálogo é, como já referi, um instrumento fundamental para todas as intervenções que se estão a concretizar no âmbito da educação e formação de adultos, enquanto referente único nacional para a formação e para o dispositivo de RVCC. A certificação modularizada e a flexibilidade e complementaridade dos percursos garantida pela articulação entre as diferentes modalidades (ex: processos RVCC e cursos EFA) são alguns dos trunfos de que a Iniciativa Novas Oportunidades se reveste suportados pela existência de um Catálogo Nacional de Qualificações Quais os grandes desafios que se colocam no futuro?
O mais imediato: consolidar os mecanismos de intervenção. O mais interessante e renovador: garantir um processo de transformação social e económica, das pessoas e do país, através da intervenção num aspecto estrutural do desenvolvimento das sociedades e do crescimento económico – a qualificação das pessoas.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Gondomar
Inovar e credibilizar a formação profissional Saber estar é um dos princípios mais incutidos ao longo da formação ministrada na ActualGest. Um centro de formação de Gondomar que, este ano, tem o CEF de Prática Desportiva de Futebol que dá equivalência ao 9º ano. Apesar dos muitos jovens interessados, apenas 20 vão frequentar este curso. Composto por formação em sala e no terreno, o Curso de Prática Desportiva de Futebol decorre ao longo de 2180 horas de formação divididas em 4 componentes: Sócio-Cultural, Científica, Tecnológica e Prática. Antenor Areal, director deste Centro, confessa que a composição do curso deriva de um estudo realizado junto dos clubes, dos jovens e a certeza de que existem boas perspectivas ao nível de saídas profissionais. As expectativas são elevadas e, se tudo correr dentro do previsto, o director espera que se possa avançar em breve com o 3º nível. Pioneira nesta área de formação, desde a fundação da ActualGest que Antenor Areal prima pelos princípios do rigor e da credibilidade da formação. Em seu entender quem está nesta área deve ser sério e zelar pelos interesses dos formandos, acompanhando-os, orientando-os e incutindo-lhes responsabilidade. Por este motivo cultiva uma relação de proximidade com todos os formandos, “é importante conhecê-los pelo nome”. Por outro lado, Antenor Areal considera primordial que exista uma inter-
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ligação muito forte entre o centro de formação e a sociedade, por isso a ActualGest está presente na Comissão Social da Junta de Freguesia de Gondomar e no Observatório de Educação e Formação, da Câmara Municipal de Gondomar. Tem também protocolos com o ISEP, no âmbito do curso de electricidade e electrónica, e com a Universidade Fernando Pessoa, no curso de Serviços Pessoais à Comunidade e uma parceria com o Centro Novas Oportunidades da Escola Profissional de Gondomar. Existe ainda um protocolo de colaboração com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens A ActualGest dispõe de 14 salas de formação, entre laboratórios de informática, de electricidade e cozinha. A curto prazo as instalações do Centro terão disponíveis quadros interactivos em todas as salas. Um sinal dos tempos que Antenor Areal considera essencial uma vez que este investimento potencia uma melhor formação. As suas expectativas são que o Centro continue a desenvolver o seu papel e cresça aproximadamente 40 por cento na formação intra-empresas.
Formação Financiada: - Educação e Formação de Jovens (Prática Desportiva de Futebol, Instalação e Operação de Sistemas Informáticos, Electricidade de Instalações e Cozinha); - Educação e Formação de Adultos (Cozinha, Produção Agrícola, Técnicas de Acção Educativa, Desenho e Projecto da Construção Civil, Técnicas de Mesa/Bar, Técnicas de Informação e Animação, Técnicas Administrativas e Técnicas Comerciais); - Aprendizagem (Técnico de Elec-trónica, Técnico de Electricidade, Técnicas Aplicadas aos Serviços Pessoais e à Comunidade); - Formação Modular já aprovada.
Fomação Não Financiada: - Formação Inicial de Formadores; - Formação Contínua de Forma-dores; - Certificação CAP para Técnico Instalador de Sistemas Solares Técnicos; - Técnico Superior de Segurança e Higiene no Trabalho; - Formação Modular à Medida das Empresas; - Workshops sobre temas diversos.
ENSINO SUPERIOR
ISCAP
Uma Nova Atitude no Ensino O Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), como instituição de ensino ligada essencialmente às ciências empresariais, tem como preocupação a criação de um forte relacionamento com a sua comunidade escolar e o meio envolvente. Por Susana Pinto, gabinete de comunicação e R. P. - ISCAP O ISCAP acredita que o seu crescimento só poderá realizar-se através da criação de sinergias com empresas, autarquias e outras instituições de ensino nacionais e internacionais. A política do actual Conselho Directivo do ISCAP assenta em três pilares: ensino/formação, investigação e prestação de serviços à comunidade. Em termos de oferta educativa, o ISCAP ministra cursos de licenciatura, mestrado, pós-graduação e especialização. As suas modernas instalações incluem uma vasta biblioteca, auditórios e centros de informática, multimédia de línguas e marketing. Estes centros e o projecto de simulação empresarial constituem uma maisvalia no processo de ensino/aprendizagem, pois oferecem um ambiente tecnologicamente avançado, onde se valoriza a vertente prática e profissionalizante. Num mercado cada vez mais global, o ISCAP tem vindo a desenvolver uma estratégia de internacionalização. O Gabinete de Relações Internacionais efectuou parcerias com a Disney World de Orlando (EUA), a AIESEC e o programa de Life Long Learning – ERASMUS e Leonardo da Vinci, de modo a proporcionar aos seus estudantes uma experiência profissionalizante muito enriquecedora. O número de estudantes a participar no programa ERASMUS tem vindo a aumentar significativamente, com cerca de 30 estudantes do ISCAP em mobilidade no presente ano lectivo e mais de 40 estudantes estrangeiros a frequentarem os nossos cursos, que incluem unidades curriculares leccionadas em Inglês. Em termos de internacionalização, o ISCAP pertence a redes internacionais, nomeadamente à 46
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rede SPACE (Rede Europeia de Instituições do Ensino Superior). Com o objectivo de dar a conhecer as suas actividades de ensino e investigação, o ISCAP organiza, ao longo do ano lectivo, um conjunto de acções internas e externas orientadas a alunos e professores de escolas secundárias e profissionais.
Os estudantes do ISCAP organizam, demonstrando grande dinamismo e espírito de iniciativa, um conjunto de actividades ao longo do ano lectivo que projectam a imagem de qualidade do Instituto junto da comunidade envolvente. Tendo em conta a sua privilegiada localização, próximo de zonas industriais de grande relevância (Porto, Matosinhos e Maia), o ISCAP tem vindo a desenvolver contactos e parcerias com empresas aqui situadas. Para além da realização de protocolos de estágios curriculares e profissionais, o ISCAP está a criar um Centro de Formação e um Centro de Prestação de Serviços que têm como público-alvo empresas e instituições públicas, entre outros, com o objectivo de responder de forma mais eficiente e continuada às necessidades do tecido empresarial, alargando assim a nossa oferta educativa e de serviços. Consideramos que esta estreita relação com o meio envolvente é um elemento enriquecedor da nossa comuni-
dade escolar, que deste modo se adapta às novas realidades, através de novas metodologias e, principalmente, através da adopção de uma nova atitude no ensino. No momento actual, qualquer instituição de ensino superior tem como uma das suas prioridades a captação de novos estudantes. Contudo, para que qualquer instituição seja credível, terá de ter, igualmente, como prioridade a responsabilidade de criar mecanismos que fomentem e facilitem a colocação dos seus graduados no mercado de trabalho. O ISCAP tem consciência desta realidade e, por isso, considera fundamental a ligação estreita e profícua com o tecido empresarial envolvente e com todo o tipo de instituições públicas e privadas, orientando toda a sua política com vista a atingir esse objectivo. O ISCAP tem como visão os seguintes elementos: inovação, experiência e responsabilidade social, continuando a assumir-se como uma instituição de referência no ensino superior.
British Council » Instalações do B. C. em Lisboa
comemora 70 anos em Portugal
Com mais de 110 delegações espalhadas pelo Mundo, o British Council está a comemorar os 70 anos de presença em Portugal. Em conversa com Duncan Lambe, o novo director do British Council, Norte e Centro, Portugal, ficamos a conhecer melhor uma instituição que é o maior organizador de exames britânicos e que dá a aproximadamente 56 milhões de pessoas de todo o Mundo uma perspectiva do Reino Unido. O novo director considera ser importante “que trabalhemos em conjunto para construirmos a próxima geração na Europa”, por isso “damos-lhe a oportunidade de contribuir para este diálogo da política internacional e dos negócios, esta experiência de conhecer pessoas, valores e identidades”. O British Council comemora 70 anos de existência em Portugal (19382008). Durante este período o país mudou consideravelmente, por exemplo passou de uma ditadura para uma democracia, .... E no British Council, quais foram as principais mudanças?
A origem do British Council remonta a 1934. Por decreto real e parlamentar, a Grã-Bretanha fundava em Londres o British Committee for Relations with other Countries, designação que adoptou até 1936, quando passou a ser conhecido apenas por British Council. Portugal foi uma das primeiras delegações a abrir fora do Reino Unido em 1938. Durante 70 anos o British Council manteve uma presença constante em Lisboa e em Coimbra; no Porto, porém, durante 20 anos foi gerido pela Associação Luso-Britânica. O British Council orgulha-se de estar a trabalhar em Portugal e com os portugueses há 70 anos sem parar. Partilhámos os altos e baixos 48
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de um período de tempo extraordinário. Para nós é importante continuarmos a ser relevantes e úteis aos Jovens; por isso não somos complacentes e continuaremos a tentar construir laços ainda mais fortes. O nosso objectivo é que trabalhemos em conjunto para construirmos a próxima geração na Europa. Actualmente, estamos concentrados em particular em 3 áreas de programas: diálogo intercultural, a economia criativa e do conhecimento e a segurança ambiental. Desenvolvemos projectos específicos subsidiados pelo governo Britânico. O ensino da língua Inglesa sempre foi uma constante no nosso trabalho, mas também demos grandes contribuições no campo do diálogo criativo e cultural, eventos e parcerias – com uma ênfase especial na longa relação com a Fundação Calouste Gulbenkian – para citar apenas uma entre muitas que cultivámos e apoiámos. Trabalhamos também em estreita colaboração com o Goethe Institute e os outros membros da ‘EUNIC’, a Associação Europeia das Organizações Culturais (www.eunic-portugal. eu/). Há duas áreas que se desenvolveram muito após a Revolução de Abril: a nossa cooperação com os professores e os exames. A escala e o âmbito destas áreas cresceram consideravelmente. Trabalhamos em estreita colaboração com a APPI e o Ministério da Educa-
ção na formação de professores e somos o maior organizador de exames britânicos, exames que vão desde aqueles para os mais jovens até aos graus universitários, incluindo a série principal dos exames da Univerdidade de Cambridge (www.cambridgeesol.org/). Esta instituição de ensino da língua inglesa tem delegações em mais de 100 países. Existe alguma diferença entre a forma de ensinar em Portugal em relação a outros países?
No essencial a forma de ensinar do British Council em Portugal ou nos outros países é a mesma. Porém cada delegação do British Council espalhada por 110 países é de algum modo diferente para responder às necessidades particulares e prioritárias de cada lugar. Nalguns países, por exemplo, temos um grande departamento de exames e nenhum centro de ensino, enquanto em Portugal somos mais reconhecidos pelo nosso trabalho no ensino. Portanto há diferenças, mas a nossa missão básica e os nossos objetivos são os mesmos em todos estes países. O British Council é conhecido pelo ensino da língua inglesa a adultos e a crianças. Qual a metodologia utilizada?
Acreditamos que o ensino deve ser
centrado no Aluno e deve ajudar os Alunos a desenvolver estratégias que resultem tanto dentro da sala de aula como fora. Sabemos que os Alunos têm objectivos, perspectivas do Mundo, estilos de aprendizagem e experiências diferentes e que a motivação é fundamental para o sucesso na aprendizagem. Procuramos criar uma atmosfera de aprendizagem agradável na qual os Alunos desenvolvem as suas capacidades linguísticas, cognitivas e de estudo de modo a permitir-lhes usar a língua Inglesa numa variedade de situações tão vasta quanto possível. Ao mesmo tempo trabalhamos para fornecer aos Alunos oportunidades para descobrir aspectos da cultura anglófona e alargar-lhes as oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Existe uma preocupação ao nível da formação dos professores?
Em todos os nossos centros de ensino pretendemos providenciar o melhor ensino possível da lingua Inglesa. Este não é um desafio menor e para o atingirmos temos de ter os melhores professores. Estamos constantemente a recolher a opinião dos nossos Alunos e dos pais dos mais Jovens. Os resultados destes inquéritos são sempre úteis, fornecem respostas muito positivas e também nos dão sugestões para melhorarmos. Em resultado dum destes recentes inquéritos alterámos totalmente a nossa área de atendimento na nossa Delegação do Breiner no Porto, de modo a torná-la mais acolhedora. Apoiamos o desenvolvimento dos nossos Professores providenciando subsídios para atingirem qualificações mais elevadas como DELTA, cursos especializados no ensino de Inglês para Jovens e subsidiando Mestrados. Tudo isto a somar a um programa de formação interno muito dinâmico. Como é possível ensinar de uma forma eficaz utilizando como método o ensino a distância?
Pelas opiniões dos nossos Alunos nos inquéritos já mencionados, é óbvio que eles valorizam o ensino presencial mais que qualquer outro método. O British Council não deixou contudo de produzir uma gama inovadora e altamente eficaz de recursos “em linha” tanto para Alunos como para Professores de Inglês. Estes incluem uma ilha na “Second Life”,
ligações para podcasts, jogos interactivos para Crianças, Guias para ajudar os Pais no apoio da aprendizagem dos seus filhos, bem como uma vasta gama de outros materiais para melhorar o seu Inglês. Estes sítios podem ser encontrados através das seguintes ligações: http:// www.britishcouncil.org/learnenglish; http://www.teachingenglish.org.uk/. Para quem está a aprender inglês, é importante visitar o país nativo?
É sempre útil visitar o Reino Unido para ajudar a melhorar o Inglês: Poder apreciar a cultura britânica além de visitar lugares fantásticos e ter uma maior oportunidade de falar mais o Inglês no dia-a-dia. Organizamos anualmente um curso de Verão no Reino Unido a partir da nossa Delegação do Porto; o British Council é também o organismo que inspecciona e faz a Acreditação de escolas de línguas no Reino Unido. Pode ver mais em: http://www.educationuk. org/pls/hot_bc/page_pls_all_homepage onde também pode ter a sorte de ganhar um portátil! De que forma é promovida a inovação no British Council?
Nós inovamos de muitas maneiras. Os nossos sítios na Internet para ensinar ou aprender Inglês são exemplos excelentes de como estamos na vanguarda usando novos métodos para alcançar milhões de aprendentes, Professores e Pais por todo o Mundo. Nas nossas Delegações como por exemplo no Breiner no Porto, as salas de aulas estão todas equipadas com projectores digitais e ligados à nossa rede informática e quase metade das salas está equipada com quadros interactivos. Os nossos Professores são encorajados a inovarem na sala de aula e os nossos projectos exigem originalidade de ideias e abordagens para conquistar audiências. Qual a importância da realização de Convénios como o assinado entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia e o British Council?
Os nossos parceiros são todos importantes para nós. Prezamos muito as relações que estabelecemos com todas as instituições com quem nos cruzamos. Estas variam de acordo com o que nos rodeia bem como com os nossos objectivos e prioridades, porém relações de
» a anterior Directora do B.C. Coimbra e o novo Director do B.C. Norte e Centro de Portugal
benefícios mútuos são primordiais para o nosso trabalho. O Protocolo assinado com a Fundação para a Ciência e Tecnologia é apenas um bom exemplo entre muitos acordos assinados ao longo dos anos e que nos têm permitido trabalhar em parceria com instituições locais. Um outro exemplo de acordo importante é o das Acções Integradas Luso-Britânicas – “Programa Tratado de Windsor”, assinado em 1986 com o Ministério da Educação e presentemente dirigido pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e pelo Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos. Este é um programa sob o qual milhares de investigadores académicos portugueses e britânicos têm vindo a trabalhar em projectos de investigação conjunta há mais de 20 anos. Alguns números que dão uma perspectiva global do British Council no Mundo: » Emprega 1.750 professores que ensinam mais de um milhão de horas de Inglês a 325.000 alunos. » Administra mais de um milhão de Exames Britânicos: académicos ou profissionais. » Colabora globalmente em 1.720 eventos culturais. » Ajuda anualmente 15.000 Jovens nalguma actividade internacional. » Em 35 Seminários de profissionais fornece anualmente oportunidades de interligação a cerca de mil pessoas. » E dá a mais de 56 milhões de pessoas de todo o Mundo uma perspectiva do Reino Unido
E em Portugal:
Número de Alunos: 8.550 Delegações: 6 Valor médio de um curso de Inglês: 340 € por um período de 30 horas Exames: 11000 neste ano escolar; destes, 1000 foram de IELTS
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NOVAS TECNOLOGIAS
Inteligência Emocional e Robótica na Educação A utilização de robots em contextos educativos remonta às experiências da equipa de Seymour Papert, nos anos 60, no MIT. Papert inaugurou uma linha de pensamento e acção em relação às tecnologias na educação que preconiza estratégias centradas na aprendizagem e não na tecnologia. Por Secundino Correia, director de Inovação Cnotinfor, Lda.
A tecnologia deve contribuir para a capacitação (empowerment) dos professores e dos alunos, que devem controlar a tecnologia e não ser controlados por ela. Para tal a tecnologia na escola precisa ser móvel, discreta (quase invisível) e estar permanentemente acessível. Alunos e professores devem preferencialmente ser autores e não consumidores, utilizando a tecnologia como mais uma ferramenta ao serviço de uma aprendizagem enriquecida. Segundo Dave Catlin e Blamires (2007) os robots podem ser uma tecnologia de grande utilidade em contextos educativos desde que obedeçam a uma série de princípios e possuam certas características, entre outras: inteligência, corpo, capacidade de interacção e relevância para o currículo. A inteligência de um robot educacional consiste na capacidade de assumir comportamentos adequados para um desempenho inteligente em activi-
dades educativas diversificadas. Estes comportamentos podem e devem ser controlados e modificados pelos professores e alunos, de modo a melhor se ajustarem aos objectivos de aprendizagem. Corpo significa capacidade de interagir fisicamente; significa que eu posso tocar, sentir e envolver-me (inclusive emocionalmente) no mesmo espaço e no mesmo tempo. A interacção é uma das bases da aprendizagem. O ser humano é naturalmente um aprendiz activo. A interacção com robots estimula uma variedade de canais (visual, auditivo, cinestésico) e promove a emergência de sistemas semióticos que estimulam e tornam a aprendizagem mais produtiva e significativa. Para tal é importante que os robots estejam contextualizados em cenários de aprendizagem integrados no currículo escolar normal, dispondo os professores de metodologias e estratégias diversificadas.
» Evolução dos robots educativos comercializados pela Cnoti: Tartaruga Valiant dos anos 80, Roamer dos anos 90 até 2008 e Roamer 2, a lançar em Setembro de 2008
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Estas e outras questões estão a ser investigadas pelo projecto europeu LIREC (LIving with Robots and intEractive Companions), liderado pela Queen Mary University of London, no qual participam dez parceiros, sendo dois de Portugal: a CNOTINFOR e o INESC-ID. O principal objectivo do projecto é estudar a forma como o ser humano pode estabelecer relações de longo prazo com robots e companheiros virtuais e as implicações que isso pode ter no seu desenho, construção e usabilidade. O projecto LIREC vai desenvolver uma nova geração da tecnologia dos companheiros virtuais, dotando-os de inteligência emocional e social, características fundamentais para que se estabeleçam relações de longa duração, quer em mundos virtuais, quer em cenários reais. O projecto levará a cabo as primeiras experiências a nível mundial sobre a forma como reagimos perante um “companheiro”, quando ele migra de um ecrã de computador para um telemóvel ou de um PDA para um corpo robotizado. O Professor Peter McOwan, do Departamento de Ciências da Computação da Queen Mary University explica assim o projecto: “Estamos interessados na forma como as pessoas desenvolvem relações duradouras com criaturas artificias em contextos do dia a dia. Talvez não venhamos a conseguir para já um robot que levante a mesa e lave os pratos; esperamos, no entanto, poder contribuir para desenvolver essa futura tecnolo-
» Crianças a programar o robot Roamer. gia amigável, começando a prever e a desenhar a forma que assumirão as futuras máquinas inteligentes e o modo como iremos interagir com elas.” A Cnotinfor irá desenvolver experiências em escolas e famílias, onde crianças e adultos irão estabelecer relações duradouras com robots e com companheiros virtuais, no sentido de avaliar o impacto que, quer uns, quer outros poderão ter na aprendizagem quando dotados de inteligência social. O nosso interesse é desenvolver produtos em que a interacção com as tecnologias emergentes provoque aprendizagens significativas. O desafio não é criar robots ou agentes virtuais mais inteligentes, mas descobrir que características deverão possuir para que as nossas crianças sejam mais inteligentes; ou seja, desenvolvam as suas inteligências múltiplas e tenham uma intervenção compreensiva e activa no mundo cada vez mais complexo em que vivemos. Outro campo em que o projecto LIREC pode ter resultados importantes é no apoio a cidadãos com capacidades diferentes, ajudando-os a superar as suas deficiências e ampliando as suas capacidades. A mesma tecnologia poderá ainda ser utilizada no apoio à decisão quando vamos às compras virtualmente ou quando precisamos de ajuda para gerir os nossos recursos financeiros. O projecto envolve um co-financiamento do 7º Programa Quadro da União Europeia no valor de 8,2 milhões de Euros, tendo iniciado em meados de Abril e desenvolvendo-se até finais de 2012. CNOTINFOR A Cnotinfor, fundada em 1988, é uma empresa de inovação focada na área da Aprendizagem Enriquecida pela Tecnologia, procurando estar na vanguarda do desenvolvimento de competências cognitivas básicas e da aprendizagem interactiva.
Queen Mary, University of London A Queen Mary, University of London é uma das principais instituições de ensino superior no Reino Unido, focada na investigação, com cerca de 13000 alunos de licenciatura e pós-graduação, oriundos de mais de 100 países.
EMPREENDEDORISMO
Novas Tecnologias permitem
ganhos de eficiência Escolher a tecnologia que mais se adequa ao negócio, é sempre uma decisão complexa a tomar. Mike W. Jones, vice-presidente de Marketing da OutSystems, considera que “um dos principais problemas da abordagem tradicional de desenvolvimento de software é precisamente a distância que existe entre o IT e o negócio”. Por isso defende que “o envolvimento dos utilizadores de negócio é um princípio basilar da metodologia ágil que seguimos, aceitando e fomentando o seu feedback como parte de um processo orgânico na entrega novas aplicações”. O universo de empresas que actuam no desenvolvimento de software é elevado, mas existem diversos factores que podem influenciar a escolha de um em detrimento de todos os outros. Na sua opinião que factores devem pesar nesta decisão?
A escolha de tecnologia é sempre uma decisão complexa e que, naturalmente depende dos objectivos de cada empresa. De um modo geral, o tempo de entrega da aplicação e o seu custo têm sido, os factores de decisão mais importantes. À medida que as indústrias se vão tornando mais competitivas e as empresas sentem uma maior pressão para acompanhar o ritmo do mercado, os departamentos de TI em todo o mundo procuram soluções que respondam mais depressa e com maior eficácia de custos. As aplicações têm que estar nas mãos dos utilizadores em espaços de tempo cada vez mais curtos e, tão importante como isso, têm que ser facilmente adaptáveis a novas necessidades de negócio. Esta possibilidade de alterar as aplicações é muito importante porque, quando as alterações demoram muito tempo e/ou custam muito dinheiro, as aplicações vão perdendo o seu valor de negócio. Quando isto acontece, perde-se o investimento feito anteriormente e mais importante, 52
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a empresa perde posição no mercado e receitas para a concorrência. Foi com base nestas premissas que foi desenvolvida a OutSystems “all in one” Agile Platform? Quais são as suas principais particularidades?
Quando a “bolha rebentou” as empresas precisavam mais do que nunca, de uma abordagem pragmática ao desenvolvimento e gestão das suas aplicações de negócio. Muitas delas tinham investido tempo e dinheiro em projectos que nunca chegaram ao fim ou que tinham resultado em aplicações de pouco valor acrescentado para o negócio. Estas empresas necessitavam de garantir que os seus investimentos em software se traduziriam em aplicações com elevado valor de negócio, entregues dentro dos prazos e dos orçamentos definidos. E foi com estes conceitos em mente que a OutSystems foi criada, em 2001 e lançou a plataforma. As aplicações teriam que ser entregues rapidamente e teriam que ser extremamente fáceis de adaptar. A vantagem da OutSystems assenta na nossa capacidade de criar e gerir aplicações de negócio web utilizando uma combinação de software, processos e serviços que rompe com a abordagem tradicional.
» Mike W. Jones, vice-presidente de Marketing da OutSystems
Isto permite-nos entregar aplicações à medida das necessidades específicas de cada empresa com um custo menor e com um risco muito mais reduzido. Cada vez mais assistimos a decisões de clientes que abandonam os planos iniciais de comprar soluções “packaged” para nos escolherem como parceiros para implementar aplicações à medida que realmente acrescentam valor ao seu negócio e têm um custo total de operação mais reduzido. Quais são as mais-valias para quem implementa?
As empresas que escolhem a OutSystems All-in-One Agile Platform beneficiam de várias vantagens. Em primeiro lugar, ganham a capacidade de entregar rapidamente aplicações que conduzem a novos e muitas vezes inovadores processos de negócio, ganhando competitividade no mercado em que operam. Em segundo lugar, a plataforma permite potenciar os investimentos realizados anteriormente, criando uma arquitectura orientada a serviços de forma eficaz que, resulta numa redução de custos e em ganhos de eficiência nos projectos seguintes. Por último, os nossos clientes beneficiam do envolvimento permanente do negócio em todo o processo de criação e entrega da solu-
EMPREENDEDORISMO ção, o que assegura o alinhamento do negócio com o IT, resulta em elevados níveis de adopção por parte dos utilizadores finais e minimiza a necessidade de treino. Porque é que é dada grande relevância ao envolvimento dos utilizadores finais, durante todo o processo de criação das aplicações?
O envolvimento dos utilizadores em todas as fazes do projecto é um princípio fundamental da Metodologia Ágil. Quando uma empresa decide investir tempo e dinheiro numa nova aplicação é porque existem necessidades específicas. Ninguém melhor que os utilizadores de negócio poderá saber que necessidades são essas. Um dos principais problemas da abordagem tradicional de desenvolvimento de software é precisamente a distância que existe entre o IT e o negócio. O envolvimento dos utilizadores de negócio é um princípio basilar da metodologia ágil que seguimos, aceitando e fomentando o seu feedback como parte de um processo orgânico na entrega de novas aplicações. Outra questão que me parece pertinente diz respeito a possíveis alterações que seja necessário introduzir no sistema. É possível alterar algumas funcionalidades sem grande dificuldade e num curto espaço de tempo?
Exactamente. Esta é uma das grandes vantagens da OutSystems Agile platform. A combinação dos elevados níveis de produtividade da plataforma com a Metodologia Ágil faz com que alterar uma aplicação seja uma decisão positiva e natural, que lhe vai acrescentar valor de negócio. Manter o IT alinhado com o negócio é e continuará a ser o grande desafio dos departamentos de sistemas, já que a necessidade de alterar e adaptar aplicações vai continuar a aumentar com a competitividade dos mercados, a diminuição dos ciclos de vida dos produtos, as alterações legislativas, entre outros factores. Quanto mais dinâmica for uma empresa, mais necessita de IT ágil e flexível. Na sua opinião, o que é que faz com que tantos projectos informáticos demorem muito mais tempo do que
estava previsto e acabem por custar mais do que estava planeado?
A metodologia usada nesses projectos já não é adequada. Na tradicional metodologia “cascata” ou waterfall, o âmbito do projecto é definido e fechado antes de se iniciar o desenvolvimento. Os utilizadores só são chamados a ver uma demonstração numa fase já muito adiantada do projecto, quando as alterações que eventualmente sejam necessárias já são difíceis de implementar e custam demasiado tempo e dinheiro. O resultado final é tipicamente uma aplicação que apenas resolve parte do problema, por duas razões muito simples – os requisitos não estavam cem por cento definidos, o que aliás é praticamente impossível de conseguir, e o projecto demora tanto tempo que, quando é entregue aos utilizadores, o negócio já evoluiu e a aplicação não reflecte essa evolução.
“Quanto mais dinâmica for uma empresa, mais necessita de IT ágil e flexível.” Qual é o impacto que estas “derrapagens” de orçamento e tempo podem ter numa empresa?
Quando um projecto “derrapa” utilizando uma abordagem tradicional, os impactos na empresa são vários. O primeiro e mais importante é o facto de a empresa não poder beneficiar do valor de negócio que essa aplicação traria, originando processos de negócio sem o automatismo e a “performance” desejáveis. Depois, o departamento de IT perde credibilidade em termos de capacidade de entrega de valor de negócio. Por último, quando a aplicação é entregue e falha em alguns aspectos fundamentais para o negócio, a credibilidade do IT e mais uma vez abalada. Actualmente qual é a dimensão da OutSystems? O processo de internacionalização foi fácil?
Temos neste momento mais de 100 clientes, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. A internacionalização foi um objectivo desde o primeiro dia – aliás, se olharmos para os primeiros três clientes, apenas um era português,
os outros dois são de Espanha e da Holanda. A nossa proposta de valor faz sentido no mercado global, já que os problemas que resolvemos são também eles globais. Naturalmente a internacionalização não foi um processo fácil, sobretudo no início. Embora a nossa oferta faça sentido no mercado global, as empresas são muito cautelosas no momento de seleccionar tecnologia, o que dificulta a entrada de uma nova empresa e o seu posicionamento face aos “gigantes” da indústria. Os testemunhos dos nossos clientes são fundamentais para conseguirmos demonstrar o nosso valor. Divulgar os casos de sucesso que temos tido em Portugal tem-nos permitido adquirir novos clientes no Norte da Europa e nos Estados Unidos. Em termos de recursos humanos, quantos colaboradores e quais as suas valências?
Temos cerca de 100 colaboradores no total – Portugal, Estados Unidos e Holanda – a maioria dos quais são engenheiros informáticos. Creio que, para além da qualidade académica e profissional da equipa da OutSystems, o empenho das pessoas para com os clientes, a empresa e a inovação, são a base do nosso sucesso. A empresa mudou recentemente de imagem. A que se deve esta mudança? Quais os princípios que estiverem na sua génese?
Nos últimos dois anos a OutSystems tem crescido de forma muito significativa, o que nos levou a olhar para a marca de uma forma global. O novo logotipo e esquema de cores está alinhado com a nova mensagem, que vem ajudar a posicionar a OutSystems como marca global. Paralelamente a esta nova imagem, lançámos a OutSystems Network e o novo Partner Program. A nova oferta fornece aos nossos parceiros um canal privilegiado e automatizado de interacção connosco e uma forma de tirar o máximo partido das nossas soluções. O objectivo é também permitir que, os próprios parceiros desempenhem um papel determinante na dinâmica do desenvolvimento de aplicações, através da disponibilização das suas próprias soluções e conteúdos ao mercado. JULHO 2008
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SOLUÇÕES EMPRESARIAIS
Antecipar a evolução do mercado de comunicação Há pouco tempo existia a tradição de quando se ia para fora enviava-se um postal ou uma carta. Hoje os tempos são outros e com o avanço das novas tecnologias até as facturas podem ser enviadas por correio eléctrónico: maior rapidez e poupança considerável de papel. Carla Cruz, directora de Marketing dos CTT, faz o balanço da implementação do serviço ViaCTT e fala do seu papel no futuro do negócio postal.
Há precisamente 2 anos, os CTT decidiram lançar a ViaCTT, serviço que auto-designaram “Correio do Futuro”. Quais as expectativas geradas com a ViaCTT e qual o seu papel no futuro do próprio negócio postal?
A actividade postal encontra-se em rápida mutação. A liberalização do tráfego acima dos 50 gr. (em 1 de Janeiro de 2006) e o efeito de substituição das comunicações electrónicas, resultaram no lançamento da ViaCTT, novo serviço público de caixa postal electrónica. Esta foi claramente uma forte aposta da empresa, visando garantir a sustentabilidade da empresa a longo prazo. No essencial houve a percepção da empresa em defender o seu próprio
“Tal como no correio tradicional os custos são suportados pelos expedidores de Correio”. negócio tradicional - onde os CTT assumem uma posição de forte liderança no mercado – inovando e antecipando a evolução natural do mercado de comunicação entre empresas e entre as empresas e os cidadãos. Na prática em que consiste a ViaCTT?
A ViaCTT é a uma caixa postal electrónica. Qualquer cidadão ou empresa pode optar por receber, organizar e arquivar em formato digital a correspondência enviada pelas empresas expedidoras de correio. Os CTT,
à semelhança do negócio tradicional de correio, são intermediários entre as grandes empresas expedidoras de correio e os respectivos clientes e apenas os CTT podem colocar correspondência na ViaCTT. É sempre o remetente que opta em qual o formato - físico ou digital - pretende receber a sua correspondência. Cada titular activa gratuitamente a sua caixa individual, através da Internet (www. viactt.pt) ou em qualquer Estação de Correios. O serviço está acessível, através da Internet, em qualquer parte do mundo, mediante introdução do código do utilizador e de uma password. Foram implementados os mais modernos meios de segurança electrónica, para garantir o acesso, o tratamento e a conservação dos documentos. Que tipo de correspondência pode o cidadão receber através deste serviço?
Os CTT são intermediários entre o remetente e o destinatário, tal como se passa na distribuição de correio 54
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SOLUÇÕES EMPRESARIAIS
físico. São colocados nas caixas postais electrónicas os documentos que as entidades aderentes disponibilizarem através da ViaCTT. O leque de entidades aderentes tem vindo a crescer a um bom ritmo, sendo remetentes de correio digital grandes empresas como EDP, EPAL, PT, Vodafone, Optimus, ZON TVCabo, Finibanco, Gascan, Barclays, Câmara Municipal do Funchal, Sporting Clube de Portugal, entre outras. A adesão destas empresas resulta na percepção de que o envio electrónico de documentos representa menores custos e a entrega é feita de forma mais rápida, possibilitando uma maior eficácia comunicacional.
E do lado dos destinatários: quais as vantagens para quem opte por receber o seu correio digitalmente através da ViaCTT?
respondência e a sua procura, consulta e acessibilidade em qualquer lugar e a qualquer hora.
Qualquer cidadão poderá, através da ViaCTT, receber facturas electrónicas, extractos bancários e outros documentos num único local. A adesão e utilização da ViaCTT não tem qualquer custo para os destinatários. Tal como no correio tradicional os custos são suportados pelos expedidores de Correio. Também de forma gratuita, foi desenvolvida a funcionalidade de pagamentos e seu agendamento, através da plataforma da ViaCTT. Relativamente ao correio físico, a ViaCTT facilita o arquivo organizado da cor-
Quem pretender ter uma caixa postal electrónica, o que deverá fazer?
De forma a garantir a segurança e confidencialidade dos documentos enviados, o processo de adesão exige a identificação do utilizador, no momento da adesão. Conforme a conveniência de cada um, a adesão poderá ser feita em www.viactt.pt ou presencialmente numa Estação dos Correios ou junto duma equipa e Activação Via CTT. Depois basta subscrever as entidades das quais pretende receber o seu correio em formato digital. Sendo a ViaCTT um projecto inovador, em que os CTT procuram antecipar necessidades do próprio mercado, qual tem sido a aceitação ao serviço?
De facto assim é. Por isso foi essencial garantir na fase inicial da ViaCTT a adesão de entidades expedidoras âncora, com imagem fortemente relacionada com a inovação, e que decidiram apostar na ViaCTT como canal de comunicação com os seus clientes. A resposta dos portugueses - que já nos habituaram a aderirem rapidamente às novas tecnologias – tem sido excelente e podemos dizer que as dificuldades iniciais foram ultrapassadas com sucesso. Até ao final de 2007, a ViaCTT já tinha atingido as 100 mil adesões ao serviço, número que facilita agora a entrada de novas entidades expedidoras. Até ao final de 2008, temos previstas uma série de acções de marketing, visando aproximar a ViaCTT dos portugueses. Ao nível das entidades expedidoras também contamos ter novidades para breve.
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MAFRA
O Real Convento de Mafra
Uma Cidade Real Verdadeira Cidade Real, símbolo do poder absoluto de D. João V, o Palácio de Mafra integra um Paço, uma Basílica, um Convento com respectiva cerca e uma Tapada destinada ao recreio da Família Real. Por Maria Margarida Montenegro Decorria o ano de 1711 e o Rei D. João V, casado havia já três anos com D. Maria Ana de Áustria, não possuía ainda descendência que assegurasse a continuação da dinastia. Segundo a tradição, um encontro entre o arrábido Frei António de S. José e o Capelão-Mor D. Nuno da Cunha veio alterar a situação. Rogou este prelado a Frei António que intercedesse junto a Deus por Sua Majestade, para que tivesse sucessão, ao que este respondeu: “Prometa El-rei
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a deus construir um convento na Vila de Mafra, que logo Deus lhe dará sucessão”. A 4 de Dezembro de 1711 nasce a Infanta D. Maria Bárbara e 6 anos depois, a 17 de Novembro de 1717 lançou o rei a primeira pedra, abençoada pelo Patriarca de Lisboa Ocidental perante toda a Corte, numa cerimónia solene que custou ao erário régio a quantia de 200.000 cruzados. Tal magnificência só foi possível devido à produção aurífera do Brasil, que trouxe para o reino grandes quantidades daquele metal precioso, permitindo ao monarca por em prática uma política de reforço da autoridade régia, tanto interna como externa. O projecto inicial de um convento destinado a treze frades foi sendo sucessivamente alargando para quarenta, oitenta e finalmente uma comunidade de trezentos religiosos, palácio real e residência para o patriarca. A 22 de Outubro de 1730, data do 41º aniversário de Sua Majestade, será realizada a cerimónia da sagração da Basílica. A cerimónia foi presidida por Frei João de S. José do Prado, propositadamente enviado por D. João V a Roma para aí aprender o cerimonial, que não só ensinou como mais tarde
escreveu, dando origem em 1752, ao Cerimonial Moderno da Província da Arrábida. A construção do Real Convento de Mafra, principal obra da centúria de setecentos, serviu simultaneamente como a primeira escola de Belas Artes no país, pois aqui funcionou desde o reinado de D. João V uma Aula do Risco que o monarca instituiu para que “houvessem no seu reino homens peritos na arte da arquitectura e os não fossem mendigar às nações estrangeiras.”. Em Mafra se formaram não só arquitectos, mas uma mão de obra altamente especializada, que mais tarde virá a ser utilizada na reconstrução de Lisboa em 1755. Para o Real Convento D. João V encomendou uma colecção de pintura religiosa que se conta entre as mais significati-
MAFRA
vas do séc. XVIII, de que se destacam obras dos pintores italianos Masucci, Giaquinto, Trevisani ou Battoni e de portugueses bolseiros em Roma como Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes.
A estatuária da Basílica, encomenda a grandes mestres italianos como Lironi, Monaldi, Bracci, Maini, Corsini, Rusconi e Ludovisi, constitui a mais significativa colecção de escultura barroca existente em Portugal.
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A colecção de paramentos ricamente bordados é também de encomenda real em Itália e em França. Na Flandres, encomendou ainda dois carrilhões com 92 sinos, que constituem o maior conjunto histórico do mundo. Este monumento possui uma das mais importantes bibliotecas portuguesas com cerca de 40.000 obras, verdadeira síntese do saber enciclopédico do século XVIII. Muitos destes volumes foram encadernados nas oficinas que funcionavam junto à Casa da Livraria, projectada por Manuel Caetano de Sousa em estilo rocaille, por encomenda dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Durante o seu reinado de D. José I pretendeu dar continuidade ao mecenato artístico de seu Pai com a criação da Escola de Escultura de Mafra, dirigida pelo mestre italiano Alessandro Giusti, que vai tentar solucionar a ausência do ensino desta arte no Reino. Aqui trabalhou Machado de Castro, admitido como ajudante desde 1756. Deste período datam os retábulos em mármore da Basílica que vão ocupar o primitivo lugar das pinturas existentes nos altares. Nunca tendo servido de residência permanente, o Palácio de Mafra era frequentemente visitado pela corte que vinha para a Tapada caçar javalis, gamos, veados, perdizes e faisões. No entanto, foi habitado durante o ano de 1807 por D. João VI antes da partida da Corte para Brasil em conse-
quência das Invasões Francesas. Com este rei teve início um programa decorativo de que são exemplo as pinturas murais de algumas salas, como a Sala do Trono, da Guarda, de Diana, de Cyrillo Wolkmar Machado, Domingos Sequeira, Bernardo Oliveira Góis e Vieira Lusitano. Também neste período, foram encomendados a Joaquim Peres de Fontanes e António Xavier Machado Cerveira seis novos órgãos para a Basílica em substituição dos aqui já existente, e que constituem conjunto único em todo o mundo. Regressada a Portugal, a Corte retomou o hábito das visitas a Mafra para celebrar algumas festas religiosas ou passar parte do Verão caçando na Tapada. Foi deste Palácio que o último Rei de Portugal, D. Manuel II, partiu para o exílio a 5 de Outubro de 1910, depois de proclamada a República. A não perder Mafra Cidade Real – maior monumento português que integra Paço Real, Basílica, Convento e Tapada. Biblioteca – uma das mais importantes bibliotecas europeias do séc. XVIII, 36 000 volumes , ainda organizada à época. Enfermaria – um dos poucos hospitais do séc. XVIII ainda in situ. Colecção de Escultura – de encomenda Real a mestres italianos, integra a estatuária da Basílica e constitui a mais importante colecção de escultura barroca em Portugal. Carrilhões - maior e mais importante conjunto histórico do mundo com 46 sinos na torre sul e 44 na torre norte. Telf. 261 817550 Fax: 261 811 947 pnmafra@gmail.com
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MAFRA
Veolia Água
Águas de Mafra Criada em 1991, a Compagnie Générale des Eaux Portugal - Consultadoria e Engenharia, S.A. é detida maioritariamente pela Veolia Water, beneficiando de 150 anos de experiência na gestão do ciclo da água. Operando actualmente a nível nacional sob a marca Veolia Água, a empresa propõe aos seus clientes municipais e industriais uma gama completa de serviços associados à gestão e distribuição de água para consumo humano e à recolha, tratamento e rejeição de águas residuais e de efluentes. Presente no concelho desde 1995 Em 1994, a Câmara Municipal de Mafra (CMM), ao abrigo do decretolei de delimitação dos sectores, foi o primeiro município português a lançar um concurso público para concessão dos serviços de abastecimento de água. A Compagnie Générale des Eaux (Portugal), S.A., empresa seleccionada no concurso público, assinou a 15 de Dezembro de 1994 o contrato de concessão por 25 anos e deu início à actividade no concelho de Mafra a 1 de Março de 1995. No âmbito do referido contrato a Veolia Água – Águas de Mafra tem como missão assegurar a captação, tratamento e distribuição de água aos seus clientes em quantidade e qualidade, sendo responsável pela gestão e operação do sistema, controlo da qualidade da água, manutenção das infraestruturas e equipamentos, e desen-
volvimento conjunto com a CMM do Plano de Investimentos necessários para garantir a sustentabilidade do serviço. Este compromisso implica a realização de um investimento contínuo da empresa na formação dos seus recursos humanos e na implementação de tecnologias e equipamentos fundamentais na procura de uma gestão de excelência, dos quais são exemplo os Sistemas de Telegestão e de Informação Geográfica, a modelação de redes e o controlo de perdas. Tal permitiu que a Veolia Água – Águas de Mafra seja hoje referenciada como um caso de sucesso no controlo de perdas. Os resultados são bem visíveis quando comparamos os 72% de rendimento da rede em 1995 com os 82% de 2007, valores estes bem distintos da média nacional de 60%. Esta é uma das áreas em que se vê reflectida a preocupação ambiental e económica que a Veolia Água – Águas de Mafra tem no desenvolvimento da sua actividade. A relação com o cliente A Veolia Água – Águas de Mafra privilegia uma relação de proximidade com os seus clientes procurando antecipar e responder às suas necessidades. Nesse sentido a Águas de Mafra implementou no seu sistema de gestão a norma ISO 9001:2000, pela qual é certificada, no âmbito da qual monitoriza continuamente, através de inquéritos, o grau de satisfação dos clientes e promove as acções de melhoria identificadas. Adicionalmente, procurando ir de encontro às expectativas dos seus clientes, a Veolia Água – Águas de Mafra definiu internamente metas concretas para a realização dos compromis-
sos assumidos com os clientes. Como exemplo disso, actualmente a instalação e ligação de um contador é realizada no prazo máximo de 1 dia útil após a solicitação. Durante o segundo semestre de 2008 a Veolia Água – Águas de Mafra vai mudar de instalações, o que permitirá ainda a melhoria da qualidade do atendimento presencial e telefónico aos clientes. Águas de Mafra uma empresa de prestação de serviço público sempre perto dos seus clientes. Mais informação disponível www.veoliaagua.com.pt Veolia Água
REGIÕES
Ponte da Barca
No coração do Alto-Minho Ponte da Barca é um concelho com características rurais, marcado pela interioridade. Características intrínsecas a um município que tem mais de metade do território inserido no Parque Nacional da Peneda-Gerês e possui algumas das mais antigas e importantes centrais hidroeléctricas do país: as barragens do Lindoso (a maior do país) e de Touvedo. Melhorar as acessibilidades, combater o desemprego e promover o turismo no concelho são as grandes apostas de António Vassalo Abreu, presidente da Câmara Municipal Ponte da Barca, que em entrevista realça também que a proximidade de Espanha “é sempre uma mais-valia porque alarga os nossos horizontes, criando maiores potencialidades de investimento e, consequentemente, desenvolvimento”. O que é que o executivo tem feito para obter uma maior coesão social na região em que está inserido o concelho?
Entendemos desde a primeira hora que a questão das acessibilidades era de primordial importância para o concelho, daí que tivéssemos tomado como primeira medida o acesso rápido à cidade de Braga. É o nosso principal centro de atracção, assim como Espanha. Neste sentido, tentamos sensibilizar a tutela e temos já aberto o concurso para o Estudo Estratégico Ambiental de
“Estamos a apostar no turismo de aldeia e rural.” ligação a Braga e do IC 28 a Espanha. A par disso, e porque somos um concelho com características de interioridade, com uma grande parte da população envelhecida, tomamos providências no sentido de colmatar as carências existentes. Neste momento, estão em fase de construção no concelho de Ponte da Barca, três Lares, sendo um deles privado, um Centro de Dia e uma Creche, para além de uma Unidade de Cuidados Continuados. Temos, ainda, em funcionamento nas diversas freguesias, uma Unidade Móvel de Saúde, lançámos o Cartão Vida e as “Oficinas do Lazer”, especialmente direccionadas para as necessidades da população mais idosa. Temos, na acção social, um trabalho de que nos podemos orgulhar. Quais são as principais necessidades dos habitantes de Ponte da
» António Vassalo Abreu, presidente
Barca?
Além das necessidades básicas a que urge dar cumprimento, preocupa-nos a criação de emprego fixo. O que é que o executivo tem feito para colmatar estas situações?
Aprovamos um Plano de Desenvolvimento Estratégico que nos direcciona no sentido de um maior investimento na área do turismo. Estamos na primeira linha das novas tecnologias e da eficiência energética. Assim, penso que estamos a criar condições potenciadoras de atracção de investimento. Está, também, na primeira linha, atingir outras metas relacionadas com as necessidades básicas, como saneamento básico e abastecimento de água que queremos até 100% no concelho até 2013. A promoção turística é a principal
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REGIÕES fonte de riqueza e o maior factor de desenvolvimento sócio–económico de Ponte da Barca?
O nosso plano de desenvolvimento estratégico aponta precisamente nesse sentido. Tanto que temos mais de metade do nosso território inserido no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Ponte da Barca conta, de resto, com algumas das mais antigas e importantes centrais hidroeléctricas do país – as barragens do Lindoso (a maior do país) e de Touvedo. Vai ser criado, inclusive, na albufeira de Touvedo, um Centro de Remo, como pólo de dimensão internacional de desportos náuticos. Ao
nível das portas do Parque, esta a ser levado a cabo um projecto, em Lindoso, que visa a divulgação e promoção do vasto e riquíssimo património natural, cultural e paisagístico do PNPG. Esta infra-estrutura contempla uma intervenção no Castelo e uma nova construção de raíz, que ficarão ligadas entre si por um trilho entre os espigueiros. Nestes dois módulos ficarão instalados, entre outros, um auditório, um centro de interpretação, um centro de exposição e vendas. Estamos a apostar no turismo de aldeia e rural. Toda a área do PNPG merece especial atenção, e é aí que espero que nasça muito do desenvolvimento na área do turismo.
Também a nossa gastronomia ocupa um lugar de destaque na promoção do nosso concelho, que dinamizamos das mais variadas formas, de entre as quais, os “Domingos Gastronómicos” que constituem uma mais-valia para a afirmação do concelho, quer como destino de “mesa farta” quer como destino turístico, com inúmeros focos de interesse a visitar. A proximidade de Espanha é uma mais-valia?
É sempre uma mais-valia porque alarga os nossos horizontes, criando maiores potencialidades de investimento e, consequentemente, desenvolvimento.
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PRAIAS
Matosinhos
Valorização do concelho ao nível turístico-recreativo Pedras do Corgo, Quebrada, Marreco e Cabo do Mundo são as praias de Matosinhos que, este ano, exibem a Bandeira Azul. Mais duas praias do que em 2007. Uma situação que segundo Joana Felício, vereadora do pelouro do Ambiente da Câmara Municipal de Matosinhos, “começa a ser um reflexo de todo o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo dos 12 quilómetros de frente mar do concelho”. “A qualidade da água das praias de Matosinhos é boa”. Quem o garante é Joana Felício que desde que assumiu o pelouro do Ambiente, há três anos, trouxe uma nova visão sobre o que deveria ser a requalificação da orla costeira do concelho. “Matosinhos tinha e tem praias agradáveis, era preciso torná-las mais aprazíveis”, confessa.
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Questionada sobre o facto da Praia da Memória ter perdido a bandeira azul que tinha sido atribuída em 2007, a vereadora responde: “as análises foram recolhidas em dias de temporal, facto que não conseguimos refutar, mas que influenciou a atribuição da bandeira. De qualquer forma, posteriormente pedimos a um laboratório independente acreditado para fazer
» Joana Felício, vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Matosinhos
a mesma análise e concluímos que a água está dentro dos padrões aceitáveis”. No concelho de Matosinhos existem 18 praias ao longo de 12 quilómetros que, até há alguns anos, apesar de muito frequentadas, não dispunham de infra-estruturas de apoio em bom estado. Hoje, a realidade é diferente. Quem visita o concelho sente que a orla costeira está num processo de reconversão. Um dos projectos mais notórios e também mais demorado (aproximadamente 12 meses), da autoria do arquitecto Siza Vieira, está quase terminado: a Avenida da Boa Nova. A requalificação de toda a orla costeira de Matosinhos envolveu a demolição de barracas e de bares que não se pautavam pelas regras estipuladas pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POC), o arranjo e conservação de áreas dunares, a construção de parques de estacionamento, de planos de praia, de um projecto de comunicação que contempla a construção do
PRAIAS
"Circuito Pedonal Atlântico" (um passadiço que vai ter elementos de comunicação ligados à vertente ambiental), a inserção de sinaléctica uniforme informativa e direccional específica. No total, segundo Joana Felício, “estão em curso obras que perfazem um investimento de cerca de 100 mil euros (78,7 mil financiados pelo Quadro Estratégico de Referência Nacional – QREN)” e o deadline é o “Verão de 2009”. Outra grande prioridade da vereadora é a limpeza das linhas de água. “Apenas 15 por cento do concelho não está ainda coberto por uma rede de saneamento, mas pensamos em breve chegar aos 100 por cento”. De qualquer forma, a autarquia está a desenvolver um projecto de integração paisagística e de recuperação ambiental das linhas de água. “Um trabalho ambicioso, que tem pouca visibilidade, mas que acreditamos que é essencial para que os nossos filhos um dia possam voltar a usar estas águas”, confessa. “A nível da nossa maior linha de água que é o Rio Leça, é um trabalho que esperamos que seja acompanhado por todos os municípios que estão ligados ao Rio e que têm ligação através dos seus efluentes, uma vez que é um trabalho inglório limparmos o rio na foz e ele não ser limpo a jusante”. Por outro lado e para que as pessoas se aproximem das linhas de água e ajudem à sua preser-
vação, está em construção o Parque da Paz, uma grande área verde que vai estar ligado a outro parque através de um corredor verde. Um parque temático que visa convidar as pessoas a ir para perto do rio e que, para este efeito, vai reunir um conjunto de equipamentos quer ligados à infância, quer para os mais idosos. “Isto faz com que as pessoas estejam mais atentas a quem não cumpre as regras ambientais e polui”, por outro lado Joana Felício está convencida que “se criarmos espaços bonitos as espaços aderem e aproximam-se”. Tratamento de resíduos sólidos e eficiência energética Joana Felício revela que “a menina dos meus olhos é voltar os olhos para o mar e não esquecer os rios, ribeiras, linhas de águas são as minhas primeiras prioridades e também do presidente da Câmara Municipal”. No entanto, a autarca está também empenhada noutros dois projectos: a recolha dos resíduos sólidos e a implementação de medidas de eficiência energética no edifício da Câmara Municipal. Ciente de que não existe um modelo de recolha de resíduos universal, Joana Felício abraçou o desafio de por em prática um novo plano estratégico de resíduos sólidos, concebido durante este mandato. Para o efeito foi realizado um estudo
sobre os comportamentos dos munícipes e os tipos de recolha mais adequados à tipologia das habitações. Na sua opinião “a colocação em prática deste plano é uma prioridade”. Actualmente, o INEGI, a pedido da autarca, está também a realizar uma auditoria energética aos edifícios do município. O objectivo é que “pelo menos no edifício da Câmara Municipal se consiga gerir a energia de uma forma mais eficiente”, acrescentando que “estamos num espaço magnífico do ponto de vista arquitectónico, mas é um espaço que tem 20 anos e apesar do arquitecto Alcino Soutinho ter uma visão muito avançada, o edifício ainda não foi concebido tendo em atenção determinadas coisas que hoje em dia já são obrigatórias”.
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FESTIVAIS
Rumo aos Festivais de Verão É no Verão que milhares de jovens trocam a praia pelas tendas e rumam aos labirínticos parques de campismo improvisados para noites mal dormidas e duches de água fria. Tudo em nome do “espírito” dos Festivais de Verão, oportunidade única para ver e ouvir os ídolos da pop e fazer novos amigos. Este ano as romarias já começaram e de norte a sul do país ultimam-se detalhes para os festivais mais mediáticos: Sudoeste, Paredes de Coura, e Super Bock Surf Fest. Texto: Luís António Patraquim
Já não se concebe a época estival em terras lusas sem os Festivais de Verão. Alternativas não faltam. Portugal transformou-se nos últimos anos no país dos festivais. A oferta é muita e cobre quase todos os estilos. Difícil é escolher. Com o Festival do Ermal e de Vilar de Mouros em “descanso”, a norte, o Paredes de Coura trás a Portugal os Sex Pistols, Primal Scream e Thievery Corporation, com os preços dos ingessos a variar entre os 40 e os 70 euros. Já no Festival do Sudoeste, os 75 euros, preço do passe para os quatro dias, permitem ver artistas como Franz
Ferdinand, Chemical Brothers, Goldfrapp, Tindersticks e Björk. Em Trás-os-Montes o Carviçais Rock regressa, anunciando para 2 e 3 de Agosto Rádio Macau, Trabalhadores do Comércio ou X-Wife. O Super Bock Surf Fest terá lugar na Praia do Tonel (Sagres) nos dias 14 e 15 de Agosto. No dia 14, a grande atracção são os britânicos Massive Attack. Os “pais” do Trihop regressam a Portugal com álbum novo na bagagem que, apesar de ainda estar no segredo dos deuses, terá o seu desvendamento na ponta mais ocidental da Europa. No segundo dia, dia 15, o destaque vai para Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, o projecto musi-
cal do premiado realizador sérvio responsável por pérolas cinematográficas como Gato Preto, Gato Branco ou Underground. Estas e outras bandas podem ser vistas por 40 euros. O 9.º Festival Intercéltico de Sendim relança, de 1 a 3 de Agosto, o folk tradicional e as gaitas-de-foles, com Shooglenifty (Escócia) ou Voanerges (Ucrânia), missa celta, taberna típica, passeios de burros e muita dança de roda. Para amantes do delta do Mississipi, os jardins e auditórios da Fundação Gulbenkian têm de 1 a 9 de Agosto o Jazz em Agosto, principal iniciativa lusa no ramo, com Satoko Fujii MinYoh Ensemble ou Fritz Hauser.
6 a 10 de Agosto Festival do Sudoeste, na Zambujeira do Mar 6 de Agosto: Tiefschwarz + Full Metal Funk + Pan Sorbe + Tiago Santos 7 de Agosto: Björk + Dub Incorporation + Tinariwen + Clã + Roy Paci & Aretuska + Balkan Beat Box + Sam Sparro + Jose James + Bambule + Souls of Fire + Dub Inc + David Rodigan + La Fura Dels Baus + Stereo Addiction + Gui Borato + Zé Pedro Moura + Hugo Santana 8 de Agosto: The Chemical Brothers + Goldfrapp + Tindersticks + The Dynamics + Yael Naim + Camané + Rita Redshoes + The Most Wanted + Al Borosie + Bennie Man + Zion Train Sound System + La Fura Dels Baus + Rui Vargas + Sue Ellen + Magazino + Mary B 9 de Agosto: Nitin Sawhney + David Fonseca + Vanessa da Mata +Make Model + Melee + Tiago Bettencourt + Deolinda + Chaparro + Ziggi + Ritchie Spice + NoJokeSound + Along Side Bigbadaboom + La Fura Dels Baus + Kitten + Hedman + Moulinex & Xinobi 10 de Agosto: Franz Ferdinand + Fanfarlo + Junior Boys + Cut Copy + Xutos & Pontapés & Orquestra de Metais do Hot Club + Jorge Palma + The Vicious Five + Tara Perdida + Led On (The Led Zeppelin Attitude Band) + Jah Vai + Luciano + Alpha Blondy + Pow Pow Movement + La Fura Dels Baus + Dezperados + Booka Shade + João Maria + Zé Belo. www.musicanocoracao.pt/festivais/fest_sudoeste.html
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FESTIVAIS
11 a 18 de Agosto Maior festival alternativo do Mundo Para quem gosta de juntar artes plásticas e ecologia, o Boom Festival, que regressa de 11 a 18 de Agosto em Idanha-a-Nova no modo auto-sustentável e anticomercial, cruza som alternativo, escultura, galerias de vídeo arte, land art ou graffiti e conferências sobre ciência alternativa, antropologia e espiritualidade. Há alguns meses que dezenas de pessoas estão a preparar o Boom Festival que se rege por princípios ecológicos. Inclui artes performativas, eventos de música, multimédia, pintura, bioconstrução, teatro, cinema, conferências, workshops, instalações, etc.. Todo um conjunto de actividades que fazem deste um evento multidisciplinar singular. O Boom distingue-se por ser um dos festivais mais interculturais do mundo. Às suas edições acorrem pessoas de todo o planeta – em 2006 estiveram 20 mil pessoas de 80 nacionalidades diferentes – que convivem e trocam experiências num ambiente intercultural. www.boomfestival.org
2 de Agosto Elite / Fura Beach Party A Positiva Eventos e a New Way I Elite Club apresentam a 3ª edição do Elite / Fura Beach Party na Praia do Furadouro, em Ovar. O cartaz aposta na diversidade de estilos para atrair e cativar diferentes públicos. O DJ/Produtor italiano Outwork, a jamaicana Dawn Penn (rainha do Reggae da Jamaica que obteve a consagração a nível mundial com o seu hit “(No, No, No) You Don't Love Me" em 1994), Julie Marghilano (house melódico contaminado por electro, progressivo e minimal-tech, e dependendo da sua inspiração, improvisa com o violino), Miguel Rendiero e RR Project são os artistas confirmados para actuação no palco principal. A área reggae receberá as actuações dos portugueses Atitude Soundsystem, Cutroots e Selecta Sensimillia.
Dawn Penn é a incontestável Rainha do Reggae da Jamaica. Ela obteve a consagração a nível mundial com o seu hit “(No, No, No) You Don’t Love Me” em 1994. Foi no verão desse ano que atingiu o topo das tabelas nos Estados Unidos, Europa e na ilha onde nasceu. Apenas algumas pessoas sabiam que este tema já havia sido editado pelo menos há duas décadas. Desde finais dos anos 60 que Dawn Penn tem trabalhado com alguns dos mais prestigiados produtores e compositores jamaicanos. Ela assegurou êxitos nacionais ao lado de Johnny Nash e gravou vários singles para as labels Prince Buster, Jackpot e outras que entretanto consolidaram a sua fama no panorama musical jamaicano palavra-chave, sem dúvida. www.elitefurabeachparty.com
14 de Agosto Algarve Beach Party A Praia da Batata, em Lagos, é o palco da 4ª edição do Algarve Beach Party. O evento oferece três zonas distintas a funcionar simultaneamente, às habituais áreas Principal e Reggae, junta-se este ano a área Antena3/Partyzone. Entre outras presenças já confirmadas vão estar Rui Vargas, uma das maiores referências do deejaying nacional, Tocadisco, Samim, Peter Hook, DJ the Fox, DJ Nuno Miguel, Junior Reid e Jula Jah Soundsystem. www.algarvebeachparty.com
AO VIVO Rock à borla em Carviçais
Poderoso cartaz
com os melhores de Portugal O Festival de Carviçais está de volta e com algumas das melhores propostas do rock que se faz em Portugal. Um cartaz poderoso, agendado para 2 e 3 de Agosto, e completamente gratuito! A aldeia do concelho de Torre de Moncorvo regressa assim ao roteiro dos melhores festivais de Verão, o que acontece desde 1996. Seis bandas nacionais e duas locais completam o programa: Rádio Macau, Blind Zero, Slimmy e Duff actuam no sábado, a partir do fim da tarde; no dia seguinte, entram em palco Blasted Mechanism, X-Wife, Trabalhadores do Comércio e Myula. Há que contar ainda com os dj’s Frittus Potatoes Suicide e Pasta, com vibração marcada madrugada fora. O festival transmontano, agora em formato bianual assumido e na sua 11ª edição, quer ser, segundo a organização (que conta com o apoio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo), uma alternativa à massificação que caracteriza os festivais de Verão em Portugal. E o regresso ao centro da aldeia – os concertos realizar-se-ão no campo de futebol – é uma das prerrogativas para isso mesmo. Os Rádio Macau surgirão em Carviçais como cabeças-de-cartaz e ainda sob efeito do seu novo álbum: “08”. Porém, o alinhamento a apresentar pela banda deverá conter alguns clássicos que sobrevivem desde os anos 80. Mas o festival começa com “gente da casa”: os Duff, de Torre de Moncorvo, que se apresentarão com “roupagens” de ska, reggae, funk e rock. Segue-se Slimmy, que está em plena digressão ‘The Sex and Love Tour’, trazendo para a estrada não só as músicas do tão aclamado álbum de estreia Beatsound Loverboy como temas inéditos. E para o “Dia 1” ainda haverá Blind Zero, provavelmente um dos momentos mais aguardados dessa noite. A banda do Porto transformou-se numa das formações mais coerentes e de
maior qualidade em Portugal. Premiados com o primeiro Best Portuguese Act, atribuído pela MTV em 2003, os Blind Zero editaram no ano passado o primeiro álbum acústico ao vivo, Time Machine (Machine Undone 1994-2007), onde fizeram a revisão da carreira, mas desligados da corrente. Para este ano, a banda está a preparar o regresso aos originais com o esperado sucessor The Night Before and a New Day.
O segundo dia do festival começará com outra banda de Trás-os-Montes: os Myula mostram-nos uma sonoridade muito própria, com todas as influências e good-vibes da boa música. Seguem-se os Trabalhadores do Comércio, ainda liderados pelo carismático Sérgio Castro e com o vincado sotaque do Porto. Também com estatuto de veteranos no Carviçais’2008,
recuperarão todos os temas que fizeram história quando editaram o famoso “Lima 5”. Desde que, em finais de 2005, Júlio Isidro os convidou para o concerto comemorativo dos 25 anos de “Febre de Sábado de manhã”, seguiu-se uma inesperada actividade, que levou os Trabalhadores do Comércio a recomeçar a gravar, editando o single promocional com os temas “Febras de Sábado à Noite” e “Cordàbida”. Sobem ao palco, a seguir, os X-Wife. Depois de uma estreia marcante com “Feeding the Machine” e da confirmação de todo o seu potencial com “Side Effects”, os X-Wife poderão revelar algo daquele que se prevê ser um dos melhores registos de 2008: “Are You Ready For The Blackout”, cujo lançamento está previsto para Setembro. Por fim, os Blasted Mechanism, cenicamente extravagantes, musicalmente criativos e em palco de uma competência extraordinária. Auto-definem-se como um projecto artístico de música tocada por seres de outro mundo. Sobressaem-se do panorama musical pela sua imagem forte e por um som caracterizado pela fusão de músicas do mundo, incorporando elementos tradicionais de vários países do mundo, como por exemplo, na música “We” do álbum Sound in Light, onde é possível ouvir guitarra portuguesa tocada por António Chainho, com música rock electrónica. São conhecidos também por inventarem e construírem alguns dos instrumentos que utilizam como a Kalachakra a qual vai buscar alguma inspiração à cultura oriental. JULHO 2008
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FÉRIAS DE SONHO
Douro Palace Hotel Resort & Spa
Um espaço de requinte
No dia 15 de Julho foi inaugurado o espantoso Douro Palace Hotel Resort & Spa, um hotel de quatro estrelas situado em Baião, no Vale do Douro. Um espaço que combina o cariz tradicional com o modernismo arquitectónico em 60 quartos com vista para o Douro. Este é o primeiro empreendimento da JASE Lda., uma empresa que se dedica à construção e exploração turística, sendo objectivo da empresa construir mais três unidades hoteleiras junto do Douro. A inauguração oficial contou com a presença do presidente da Câmara de Baião e do presidente do Turismo de Portugal que congratulou os empresários que tiveram a coragem e a criati72
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vidade de delinear um projecto desta envergadura numa zona tão carenciada como esta. Luís Patrão, presidente do Turismo de Portugal, incitou os empresários a promoverem a região, para com isso, atraírem mais turistas para o Concelho. Também realçou que Portugal é um dos principais destinos turísticos do mundo, tendo mais turistas por ano do que habitantes, e reflectindo-se sobre esta matéria denota-se que Portugal não é uniforme, visto que as 3 principais regiões de turismo, Lisboa,
Algarve e Madeira “têm 86 por cento do total de dormidas de estrangeiros” o que demonstra que o país tem muita margem ainda para crescer. O autarca de Baião, José Luís Carneiro, adiantou que no início de 2009, será apresentado o projecto do segundo hotel de cinco estrelas a construir pelos mesmos investidores do Douro Palace, na Pala, junto ao rio Douro, uma unidade hoteleira tipo "resort & spa". A localização do terceiro hotel ainda está por escolher mas o administrador Joaquim Ribeiro
FÉRIAS DE SONHO
Douro Palace: De frente para o rio
admite que possa situar-se entre Baião e a Régua. O presidente da Câmara de Baião expressou ainda que este investimento coloca Baião ao nível europeu no que respeita à qualidade, e demonstrou que tem um potencial imenso no sector do turismo devido a um conjunto de variáveis: a riqueza paisagística, os elementos naturais, a exposição solar e a sua proximidade com o Porto. Outra das vantagens que enumerou foi o facto de se poder chegar a esta região pela via rodoviária, ferroviária e a fluvial que chegará em breve. Joaquim Ribeiro quer que este projecto valorize o Douro, sendo reconhecido como “um local com qualidade de serviço e com reco-
nhecimento de todos.” Classificando o Douro Palace como um hotel voltado para o "turismo da natureza, da saúde e do lazer", pretende diversificar a oferta e estabelecer parcerias com entidades de desportos radicais e associações com fins culturais, como é o caso da Fundação Eça de Queirós, na Quinta de Tormes, que fica a 5 Km dali. O administrador do Douro Palace aproveitou a cerimónia para anunciar a escolha deste hotel para o lançamento mundial de um novo modelo automóvel da Renault, entre 17 de Agosto e 12 de Setembro. A convite da marca francesa hospedar-se-ão mais de 200 jornalistas de diversas nacionalidades .
O Douro Palace está inserido numa propriedade com 10 hectares, sendo 2 hectares de vinha e 4 de floresta protegida. A unidade conta com 60 quartos, todos com varanda e uma deslumbrante vista para o Rio Douro, um restaurante para 80 pessoas, 3 bares, Centro Hípico, parque infantil e piscinas exteriores. Conta ainda com outros serviços de excelência como o Douro Palace Spa, incluindo jacuzzi, sauna, piscinas de tratamentos e relaxamento, e uma oferta vasta de tratamentos estéticos e corporais. Apresenta também salas de congressos e eventos até 200 pessoas e ancoradouro para embarcações de grandes dimensões.
Localização O Douro Palace Hotel Resort & Spa situa-se a 70 kms do Porto e conta com a via rápida até Baião a cerca de 12 kms da unidade. Além disso, fica situado a 200 mts da estação ferroviária de Caldas de Aregos e vai contar com um cais para barcos até 80 mts a 250 mts. Estas condições permitem de facto um acesso rápido, confortável e variado à unidade hoteleira.
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FÉRIAS DE SONHO Sol, Praia e Água Quente
Bem-vindo aos Hotéis Pestana no Algarve Nada como chegar a um hotel e ter o sol, o mar, a praia, a piscina, o golfe, o ténis, boa música e animação à sua espera. Prepare-se então pois pode encontrar tudo isto e muito mais nos hotéis Pestana do Algarve. A única dificuldade que vai ter será escolher qual o hotel que melhor responde às suas necessidades. Em cima da praia e do mar, o Pestana Alvor Praia é conhecido pela sua excelente localização, a magnífica praia dos Três Irmãos, com enquadramento único de formações rochosas e de areia dourada com condições ideais para prática de desportos náuticos. A praia está literalmente a seus pés. Poderá ainda usufruir de piscina exterior em cima da praia, de um lindíssimo jardim com vista para a baía, de wellness center e de 7 campos de ténis. O Pestana Delfim, localizado muito perto do Pestana Alvor Praia, oferece espectaculares vistas panorâmicas sobre o mar e a praia. É o local de férias ideal para quem procura uns
dias calmos e repousantes no Algarve, ou para quem pretende usufruir, na companhia da família, de um extenso programa de actividades de lazer e desporto. E se quiser aperfeiçoar o seu swing, nada melhor do que aproveitar os fins de tarde no Driving Range do hotel. Mas este Verão as melhores estrelas não são as do mar … mas sim o Pestana Dom João II - O hotel foi alvo de profundas remodelações, com o objectivo de o posicionar como uma unidade de quatro estrelas superior, tornando-o numa das melhores unidades desta categoria do Algarve. A remodelação foi feita tendo em conta o melhoramento qualitativo, não esquecendo a estética arquitectónica do edifício. Os quartos, a recepção, o lobby, os restaurantes, bares e zonas públicas foram completamente remodelados, criando um ambiente de conforto e modernidade. Um novo espaço para crianças fazem deste hotel a escolha ideal para quem quer gozar as Férias Grandes em Família. O Pestana Dom João II tem agora uma novíssima piscina interior e um spa, com diversos tratamentos de beleza e relaxamento. Pestana Hotels & Resorts
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SAÚDE
Melhor Informação Online Sobre Saúde e Medicamentos O crescente desenvolvimento das tecnologias coloca diariamente à prova a capacidade de resposta por parte dos vários sectores na nossa sociedade. Fazendo uso das ferramentas desta era digital, o FARMACIA.COM.PT abraçou o desafio de contribuir para a educação e promoção da Saúde, disponibilizando informação actualizada diariamente sobre doenças e terapêuticas. Por Rui Borges, responsável pelo Portal
Fornecer aos pacientes informação correcta e precisa acerca da sua saúde, da sua condição médica e da disponibilidade dos tratamentos é, hoje em dia, uma ferramenta essencial para uma sociedade esclarecida e consciente. Recorrendo às novas tecnologias de informação e tendo por princípios a credibilidade, a isenção e o rigor, o nosso objectivo passa por contribuir para a educação e promoção da Saúde, dando aos doentes capacidade para entenderem melhor as suas condições. O acesso a informação válida deixa os pacientes mais aptos para tomarem decisões relativamente à gestão da sua doença em articulação com os profissionais de saúde, permite-lhes perceber melhor o tratamento e a forma como os medicamentos devem ser tomados. Para além disso, informar os pacientes é também contribuir para a utilização racional das terapias disponíveis, consciencializar acerca dos riscos e benefícios dos medicamentos prescritos e frisar a importância de estar atento a efeitos secundários que possam surgir.
Sempre de olhos postos na inovação no âmbito do universo farmacêutico, um dos próximos objectivos para futuro do FARMACIA.COM. PT é alargar a área de negócio para a venda de medicamentos e todo o tipo de produtos comercializados habitualmente nas farmácias, permitindonos estreitar ainda mais os laços que já conseguimos criar com os milhares de visitantes que diariamente visitam o portal.
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VIDA SÉNIOR
Glamour e requinte depois dos 65 anos A pensar nas pessoas com mais de 65 anos, fisicamente activas, está a ser construída a primeira unidade da cadeia de residências Camélia, Hotel Senior & Homes a inaugurar em Março de 2009, na cidade de Guimarães. Integrado num espaço paisagístico agradável, ao qual deve o nome Quinta das Camélias, o Camélia, Hotel Senior & Homes de Guimarães é o primeiro edifício do país todo construído em cobre e vidro. Um pro-
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jecto ambicioso desenvolvido pelo gabinete de arquitectos com escritório em Nova Iorque, o naaa – arquitectos associados, que privilegia sobretudo a luz natural. A sumptuosidade do edifício pode vivenciar-se através das
imagens 3D já disponíveis. “Todos os espaços foram pensados ao pormenor para disponibilizar momentos agradáveis”, refere Afonso Themudo, director do Camélia, Hotel Senior & Homes. Uma das particularidades é o facto dos quartos poderem ser decorados por quem os vai habitar. “É importante que as pessoas possam trazer as suas memórias e recordações para este espaço, por isso desde que não haja uma alteração de contrução, soalho ou outro, o hóspede poderá mobilar o seu alojamento da forma que considerar mais adequada”, esclarece. Dentro do jardim do Camélia, Hotel & Homes, situa-se a Casa da Quinta, que vai permitie que os familiares dos hóspedes possam pernoitar em ocasiões especiais. O Camélia, Hotel Senior & Homes que vai nascer em Guimarães benefi-
VIDA SÉNIOR cia ainda de um protocolo com o Hospital Privado de Guimarães que contempla o internamento, pelo tempo necessário, de qualquer dos seus hóspedes que venha a necessitar de cuidados hospitalares continuados. A formação do pessoal é uma área muito importante e por isso existem duas consultoras de áreas distintas encarregues desta missão.”É importante assegurar que as pessoas que trabalham nestas unidades sejam profissionais, discretas e humanas.” Afonso Themudo confessa que já existem muitas pessoas interessadas, apesar do valor de admissão se situar nos 90 mil euros em alojamento duplo e de 98 mil euros em alojamento individual. Em caso de morte ou desistência, a taxa de admissão pode ser recuperada de acordo com as circunstâncias e condições constantes do contrato. De realçar que a divulgação está a ser feita também além fronteiras, nomeadamente em Inglaterra. Novos projectos previstos para todo o país O processo de expansão está já numa fase avançada. Em Braga vai nascer ainda este ano uma unidade um pouco mais pequena, mas com igual glamour e requinte, seguir-se-á Viana do Castelo em 2011, Coimbra, Leiria, Lisboa, e também a região do Algarve receberá uma unidade da residências Camélia, Hotel Senior & Homes. No Algarve o conceito será um pouco diferente, segundo adiantou Afonso
» Afonso Themudo, director do Camélia, Hotel Senior & Homes
Themudo, dado estar prevista a construção de pequenas moradias que vão dispor de serviços idênticos aos disponibilizados em Guimarães.
Camélia, Hotel Senior & Homes
São 50 suites individuais e 17 duplas. O Camélia, Hotel Senior & Homes vai ter um restaurante, salas de estar, salas de leitura, oratório, de Tv, salas de Jogos, piscina e ginásio, que dispõem de todas as condições de conforto e segurança. Vai ter também animação cultural e recreativa dentro e fora do hotel.
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SAÚDE OCULAR
Melhorar a visão de quem usa óculos A SHAMIR PORTUGAL, é um laboratório de lentes oftálmicas Certificado pela SGS, que acabou de ser ampliado para 10.000m2 e foi completamente robotizado. Está equipado com a melhor tecnologia disponível na indústria da óptica, para laboratórios de lentes oftálmicas. Tem ao seu serviço em Portugal, uma equipa de mais de 200 pessoas, com formação e know how, preparadas para oferecer às ópticas em Portugal e no estrangeiro, o melhor em lentes oftálmicas e serviços agregados. Quem é a Shamir? Um líder na I&D para a indústria óptica. É uma multinacional, especialista em lentes progressivas, que pesquisa, desenvolve e produz lentes oftálmicas, é uma das principais empresas do mundo, criadora de lentes progressivas e tecnologias inovadoras para a óptica. A nossa tecnologia permite-nos pesquisar, conceber, fabricar e comercializar lentes oftálmicas que respondem aos desafios da vida moderna. Utilizamos mesmo as nossas capacidades tecnológicas e humanas para projectar designs de lentes para outros fabricantes de lentes oftálmicas, sob royalties e contratos de prestação de serviços. A geometria das nossas lentes As nossas lentes diferenciam-se dos nossos concorrentes essencialmente pela concepção única das nossas geo78
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metrias. A nossa estratégia consiste em focalizarmo- nos em categorias de produtos de elevado valor, que trazem benefícios para a vida das pessoas. A indústria óptica e diversas fontes de pesquisa já reconheceram a superioridade da concepção e da qualidade de diversas das nossas lentes. A Shamir Portugal é uma empresa certificada pela norma internacional NP EN ISO 9001:2000. Empresa com preocupações ao nível da responsabilidade social. Empresa amiga do ambiente, membro da Sociedade Ponto Verde.
Especialista em lentes oftálmicas unifocais e progressivas personalizadas
As nossas lentes progressivas Shamir, são individualizadas e produzidas em função dos dados do paciente (MPD, ângulo Pantoscópico e Panorâmico e distância Vertex). A lente Shamir Autograph Free Frame™, disponível em breve no mercado, é uma verdadeira inovação em lentes oftálmicas personalizadas, tem a particularidade de corrigir a visão prescrita em função da visão perceptível e de adaptações do canal de progressão à armação seleccionada (altura de montagem a partir dos 11 mm). Esta inovação concede total liberdade ao portador para escolher qualquer armação, de qualquer tamanho, pois através das tecnologias – FreeFrame Technology™ - e As-Worn Technology™ - exclusivas da Shamir Optical Industry, é possível optimizar com detalhe todas as áreas da visão da Shamir Autograph FreeFrame™, proporcionando ao portador uma óptima correcção visual, até agora impossível de obter. É a persona-
lização ao mais alto nível – uma lente única, produzida com um conjunto de dados pessoais, únicos e exclusivos de cada portador, como se fosse uma impressão digital. A Shamir Autograph FreeFrame™, estará disponível em todas as matérias ópticas orgâncias, a partir do final de Setembro, em todo o país e apenas em ópticas. Aproveitando o konw how e toda a investigação na tecnologia de personalização a Shamir estendeu a tecnologia da personalização ao segmento de utilizadores de unifocais, que são míopes, hipermetropes e astigmáticos e lançou muito recentemente uma lente unifocal de performance e acuidade visual singular, a lente Shamir Smart™.
Visão Perfeita, Visual Perfeito Baseada na tecnologia - Shamir’s Direct lens Technology™ a Shamir Smart™ é a perfeição numa lente unifocal personalizada, pois oferece propriedades ópticas excelentes, combinadas com alta cosmética. Esta nova linha de lentes tem um design asférico, que é personalizado na superficie interna e é optimizado
em todas as potências e para qualquer armação, assim obtemos uma lentes completamente livres de distorções periféricas, proporcionando ao portador uma excelente acuidade visual em toda a superfície da lente. A optimização da Shamir Smart, devido à compensação asférica em todos os seus meridianos e ainda a utilização de um prisma vertical para balanceamento de espessuras, permite-nos obter uma lente mais plana e mais fina. Podemos mesmo dizer, que a Shamir Smart é a lente mais plana do mercado. Acrescentamos assim, um lto valor estético à melhor solução visual que pode obter em lentes unifocais. As lentes Shamir Smart™ são entregues com um Certificado de Origem, onde consta o nome do portador, o nome da óptica onde aquiriu as lentes, o nº do pedido de laboratório, e a sua graduação das lentes. Juntamente com as marcas a laser, o Certificado comprova a autenticidade do produto. A Shamir Smart™ tem ainda a marcação a laser das iniciais de cada portador, já está disponível em todas as matérias ópticas, tratamentos e cores e pode ser pedida sob receita em qualquer óptica do país. Ainda dentro da gama de lentes personalizadas, a Shamir responde a uma necessidade tanto de moda, como de performance desportiva – lentes especiais de alta curvatura para os óculos de sol curvos. A visão desempenha um papel fundamental quando se trata de performance desportiva e assume uma importância incontornável quando se fala de condução ou pilotagem de um veículo, desde a bicicleta ao automóvel, e até num barco ou avião. Os óculos de sol mais aconselhados e também mais utilizados no meio desportivo são de alta curvatura, ou seja, são curvos, a armação é ergonómica, ajustando-se ao
rosto de forma a proporcionar mais conforto e de forma a agarrar-se mais à cara. Quanto às lentes, para corrigir a visão num óculo curvo as lentes oftálmicas tradicionais, mesmo produzidas com a correcta graduação, que foi prescrita ao portador, apresentam sempre aberrações laterais, devido à sua curvatura, alterando a visão periférica do portador. Quando o material orgânico das lentes se dobra, para encaixar num óculo deste tipo – curvo – a matéria ganha um cilindro induzido extra, que irá provocar astigmatismo não desejado na lente e como consequência, toda a visão periférica das lentes é afectada. Isto acontece até em lentes neutras, sem graduação, quando não têm qualidade óptica e são adquiridas em locais onde os cuidados com a visão não são uma prioridade. A lente Shamir Attitude™, nasceu fruto de uma pesquisa guiada por esta necessidade do portador, que precisa de uma óptima correcção e protecção dos olhos, mesmo em óculos mais curvos, desportivos ou apenas resultantes da moda. O Departamento de Investigação e Desenvolvimento (R&D) da empresa Shamir – empresa especialista mundial em criação de designs de lentes progressivas – desenvolveu um software especial – Eye Point Technology™ para criar a Shamir Attitude™ - uma lente de design inovador, personalizada em função dos dados de cada pessoa, que vão para além da prescrição. A Shamir Attitude™, elimina o astigmatismo induzido pela curvatura da lente, proporcionando ao portador uma visão totalmente livre, uma visão sem limites.
As lentes oftálmicas ideais para graduar óculos de sol A lente personalizada Shamir Attitude™existe na versão unifocal e progressiva está disponível exclusivamente em lojas de Óptica e é fornecida com Certificado de Qualidade, que juntamente com as marcas a laser na lente prova a sua autenticidade. JULHO 2008
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SAÚDE OCULAR
VITIVINICULTURA
Melhor Vinho Tinto do
A Casa Ermelinda Freitas. De imediato pode não identificar, mas o certo é que os vinhos produzidos por esta empresa já venceram 22 medalhas de Ouro e 25 de Prata. Um dos mais recentes troféus foi alcançado em Paris, no Concurso Vinallies Internacionales, e foi atribuído ao “Syrah” como melhor vinho tinto do Mundo. Leonor Freitas, administradora desta Casa, fala das distinções de que os vinhos da Quinta têm sido alvo, do facto da Adega ser um local reconhecido no Enoturismo da Costa Azul e do contínuo melhoramento do Centro de vinificação. A família Freitas produz vinhos em Fernando Pó, zona privilegiada da região de Palmela, há quatro gerações. Como nasceu e como se tem desenvolvido até aos dias de hoje a Casa Ermelinda Freitas?
A Casa Ermelinda Freitas é uma empresa familiar que possui 130 ha de vinha em Fernando Pó, uma das zonas privilegiadas do concelho de Palmela. Desde as primeiras gerações que se aposta na qualidade das vinhas e na transformação da uva em vinho, tendo este sido inicialmente, vendido a granel e sem marca própria. Foi, então, com a minha gestão, na quarta geração, que se deu uma grande mudança e se criou marca própria. De há 10 anos a esta data 80
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foram surgindo vinhos, sempre com a filosofia de fornecer aos nossos consumidores excelentes produtos a preços imbatíveis, como são exemplo os vinhos “Terras do Pó” ou Dona Ermelinda “ entre outros. É de salientar que em todo o trabalho realizado nesta casa coloca-se sempre, não só, grande profissionalismo, como também grande afectividade, aliando sempre a evolução enológica às novas tendências de mercado e o “know-how” de Jaime Quendera, enólogo dos nossos vinhos. A sua Adega é um local reconhecido no Enoturismo da Costa Azul. O investimento para fazer da Casa Ermelinda Freitas um local erudito no circuito das Rotas dos Vinhos,
é compensador?
Na Casa Ermelinda Freitas há todo o envolvimento necessário para o enoturismo, temos um circuito de visita com guia, sala de provas, loja, e ainda condições para convenções de empresas ou casamentos e outras festas. O saber receber e a capacidade de transmitir os conhecimentos que se foram acumulando através das várias gerações, articulando com a modernidade que eu tento introduzir na empresa é uma constante. Sempre tive presente o culto da vinha e do vinho numa linguagem pedagógica adaptada a cada grupo que visita a minha Casa. Aqui ainda podem encontrar uma vinha pedagógica, onde crianças, jovens e adultos podem observar e aprender sobre as diferentes castas que faze-
VITIVINICULTURA
Mundo
mos aqui. O enoturismo é, assim, um grande meio para fazer a divulgação dos nossos produtos, aumentando os conhecimentos do consumidor sobre os mesmos, fornecendo-lhe uma visão enquadrada da sua grande riqueza, de forma a quando o consumidor os encontra no mercado sabe reconhecer o seu valor. Julgo ser esta a grande mais-valia e compensação que retiro do Enoturismo. A qualidade e a inovação tecnológica são dois pilares da actuação da Casa Ermelinda Freitas que a projectam além fronteiras?
A Casa Ermelinda Freitas tem feito vários investimentos nas vinhas, na adega e na Equipa Técnica, tendo sempre como grande objectivo a Qualidade. A responsabilidade enológica e a inovação estão a cargo do prestigiado enólogo Jaime Quendera, pessoa que muito bem conhece o sector tanto a nível nacional como internacional. Eu tento sempre aliar o seu conhecimento à qualidade da matéria-prima e tecnologia que
possuo, que juntamente com a dinâmica da minha empresa tem resultado num grande sucesso. O mais recente prémio que ganhou com o vinho “Syrah”, como o melhor vinho tinto do mundo, escolhido entre mais de 3000 vinhos provenientes de 36 países, foi o mais significativo em termos de impacto? Visto que já tem ganho outros prémios ao longo dos tempos. O que é que faz do “Syrah”, o melhor vinho tinto do mundo?
O melhor vinho tinto, premiado no Concurso Vinallies Internationales 2008 em Paris, foi, sem dúvida o melhor prémio que a Casa Ermelinda Freitas ganhou até hoje, embora tenhamos vários vinhos premiados, prefazendo um total de 22 Medalhas de Ouro e 25 Medalhas de Prata. O que tornou o Syrah o “Melhor Vinho do Concurso” feito muito difícil de alcançar, foi um conjunto de factores extraordinários que o ano de 2005 trouxe. Lembro que foi o ano da grande seca,
Mais-valia para o turismo e para a economia do concelho de Palmela.
que praticamente não choveu e houve muito sol, isto aliado ao facto de esta região possuir um “terroir” único originando uvas excepcionais, que juntamente com a qualidade da equipa enológica e um pouco de sorte resultou em tão grande distinção. Em termos de futuro, quais são as suas grandes prioridades e ambições?
Em termos de futuro a nossa grande prioridade é produzir cada vez mais e melhores vinhos tendo sempre como principal objectivo servir, com qualidade, o consumidor. Para atingir este objectivo terei de continuar a reestruturar as vinhas introduzindo novas castas, contínuo melhoramento do Centro de vinificação apostando também, na formação contínua da equipa. Em suma, “conseguir” uma Casa dinâmica, moderna que dignifique o sector, quer a nível Nacional como Internacional. Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, Lda. Fernando Pó CCI 2501 2965-621 Águas de Moura Telf.: +351 265 988 000 Site.: www.casaermelinda.com
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Croft Pink vence o “Quality Drink Awards” Croft Pink sagra-se entre os cinco melhores do prestigiado “Drinks Business Awards”. A mais recente aposta da Croft volta a dar provas da sua enorme qualidade, tendo sido distinguida pelo seu carácter inovador, vence o Quality Drink Awards e posiciona-se no selecto Top 5 do Drinks Business Awards, na categoria “Best Design and Packing”. As novidades foram recebidas com muita satisfação por Adrian Bridge, director-geral da Croft, que considera ser o reconhecimento do enorme potencial deste produto e a confirmação de que é possível continuar a inovar no sector do vinho do Porto. “Tratando-se dos mais conceituados concursos internacionais que premeiam a inovação, o design e a excelência, não poderíamos deixar de ficar muito satisfeitos com os resultados. O investimento feito no Croft Pink para que este estilo de Porto seja inovador, quer pela sua cor atractiva, apresentação contemporânea, garrafa estilizada e pelas características do
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Caves Croft: Rua Barão de Forrester, 412 Vila Nova de Gaia Tel. +351 22 374 28 00 Fax. +351 22 374 28 93 Turismo.Croft@Croft.pt GPS: 41° 08’ 06’’ N-08° 36’ 55’’ W
próprio vinho – fresco e muito aromático, está a ser reconhecido e conta com grande aceitação por parte dos consumidores. Estamos a conquistar a preferência de novos públicos que vêm no Pink uma óptima e refrescante alternativa para os meses mais quentes. O sector do vinho do Porto carece de modernidade e não temos dúvidas que o Pink é um excelente ponto de partida ”, refere. O Croft Pink foi lançado no primeiro trimestre de 2008 e marca já presença em 11 mercados (Portugal, Reino Unido, Canadá, USA, Holanda, Dinamarca, Suiça, França, Alemanha, Itália e Malta), estando previsto até ao final de 2008 a sua introdução em outros países. Com características inovadoras, uma apelativa cor rosé e um delicioso sabor frutado, este novo conceito de vinho do Porto foi criado para atrair um consumidor mais jovem, um público feminino e todos aque-
les que valorizam uma nova experiência no mundo do vinho do Porto. Um produto versátil, pensado para as ocasiões informais e que promete revolucionar os dias quentes de Verão. As Caves Croft estão abertas até às 20 horas, durante todos os dias dos meses de Julho e Agosto. Venha deliciar-se no nosso terraço, ao sabor de um sedutor PORTO PINK.
VITIVINICULTURA
Vinho Tinto Fosco 2006 premiado em Londres Silver Best Class foi o prémio com que foi distinguido o Vinho Tinto Fosco, no IWSC 2008 em Londres. A Herdade do Arrepiado Velho, em Sousel, no Alentejo, foi no ano 2000 adquirida pela Família Antunes. Desde ai iniciou-se um projecto ambicioso de tornar o vinho Arrepiado Velho numa mais-valia e referência do Alentejo. A propriedade estende-se por 33 hectares de vinha onde pontificam as castas Touriga Nacional e Syrah. Os vinhos desta Herdade, Fosco Tinto e Rosé, ambos de castas Touriga Nacional e Syrah, são elaborados pelo enólogo António Maçanita e já premiados no Wine Master Challenge 2008, no Challenge du Vin e no Concurso de Vinhos Engarrafados 2008. Pontuado com 17,5 na revista Wine Passion e considerado Boa Compra 2007 na Blue Wine, neste momento este vinho é comercializado no El Corte Inglês, nas salas Ogivais de prova da Viniportugal, na Loja Essência do Vinho no Palácio da Bolsa, no restaurante Góshò Porto Palacio, Hotel Sheraton - Restaurante Porto Novo, Restaurante Virgula, Restaurante Café In, Nectar Wine, restaurante Cadeia Quinhentista em Estremoz, Restaurante Canela em Londres, entre outros. O Vinho Tinto Fosco já foi premiado este ano mais 3 vezes: Medalha de Prata no Wine Master Challengeb 2008, Medalha de Prata no Challenge Internacional du Vin 2008 – França, Medalha de Prata no Concurso de Vinhos Engarrafados.
AMBIENTE
EcoMania
Educação ambiental palmo a palmo A protecção do ambiente é essencial para a qualidade de vida das gerações actuais e futuras. O desafio consiste em combinar essa protecção com um crescimento económico contínuo, de modo sustentável a longo prazo. Entende-se por desenvolvimento sustentável aquele que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Ou seja, possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico, de realização humana e cultural, fazendo, simultaneamente, um uso razoável e racional dos recursos naturais. A preocupação de contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade deveria partir naturalmente de cada um de nós mas, muitas vezes, talvez por falta de informação, essa iniciativa não é levada adiante. Porque o ambiente é umas das principais temáticas que deve ser abordada junto de todas as faixas etárias, surgem empresas como a EcoMania. A EcoMania tem noção de que o desenvolvimento sustentável não irá surgir sem que se façam opções claras nesse sentido, e que para o alcançar é necessário ter uma visão de futuro, pla-
near, decidir e actuar segundo princípios e objectivos específicos. A EcoMania confia ser através da educação não formal, com a realização de actividades dinâmicas e interactivas, a melhor forma de sensibilizar para questões ambientais. O jogo é um elemento de aprendizagem e desenvolvimento, de adaptação social, de libertação pessoal e conservação da própria cultura. Ao encerrar uma série de valores, nomeadamente recreativos, pedagógicos, culturais, entre outros, o jogo tem diversos campos de aplicação: o ensino, a recreação, o desporto e a dinâmica de grupo. Esta empresa, com apenas dois anos de existência, conta já com a sensibilização directa, através da dinamização das suas actividades, de mais de oito mil crianças, jovens e adultos. É com grande orgulho que a EcoMania afirma que não se deixa vencer pelas barreiras geográficas nem olha a idades no momento de transmitir os
conceitos tão necessários que contribuem para o desenvolvimento da consciência ambiental da população. A EcoMania tem uma equipa especializada pronta a responder com responsabilidade às necessidades e exigências dos clientes de forma personalizada. Existe uma grande complementaridade entre os elementos que constituem esta equipa, por forma a que a EcoMania esteja sempre pronta a actuar e direccionar os serviços a prestar. Esta complementaridade entre os elementos justifica a capacidade técnica da empresa para responder a cada um dos seus clientes. A equipa da EcoMania está a par dos complexos problemas ambientais, abraça a causa da natureza, trabalha com entusiasmo e apresenta soluções estruturadas. Para mais informações visite o site da empresa: www.ecomania.pt . EcoMania
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CULTURA
: talismã de
Nuno Gomes Capitão da selecção. Entre os dez jogadores lusos mais internacionais. Melhor marcador do campeonato e da selecção nacional em actividade. E com mais de 200 golos marcados em competições oficiais. São aspectos comuns a Nuno Gomes, abordados na biografia do jogador, recentemente lançada pela Ideias&Rumos. Texto: Marta Costa
Na capa, apenas o título “Nuno Gomes” e a fotografia do jogador com o equipamento da selecção nacional, sob o número 21 recortado. As cores de Portugal marcam a obra, lançada a propósito do Euro 2008. Durante o Europeu, marcou na partida em que acreditava fazê-lo. Ainda que tenha sido a última do conjunto orientado por Luís Felipe Scolari. Foi exactamente frente à Alemanha, que afastou Portugal da prova ao vencer por 2-3. Estávamos nos quartos-de-final. Antes da partida para o Euro, o jornalista Rémulo Jónatas recolheu as imagens e as declarações de Nuno Gomes. Autor de obras como “História dos Campeonatos do Mundo de Futebol” e “Amo-te Portugal”, escolheu o pontade-lança para esta primeira biografia, pela “carreira muito bonita” que deixa o jogador orgulhoso. E que espera ser também motivo de orgulho para os portugueses. Afinal, veste as cores “de todos nós”, sublinha o autor.
Por onde passou, marcou golos e ajudou a conquistar títulos. E é uma carreira que vai para além da selecção nacional. O início está num sonho, que começou a concretizar há cerca de 20 anos. Cinco anos 86
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depois, Nuno Gomes chega ao futebol profissional. “Sempre tive o sonho de ser jogador de futebol e, ao fim destes anos todos, estou contente com o que alcancei neste caminho”, conta o próprio. As portas abriram-se na equipa dos Armazéns do Marão e, daí, o salto para o Amarante FC. Mas porque “sou exigente comigo, ao ponto de achar sempre que posso fazer mais”, que posso fazer melhor”, acrescenta, foi progredindo. Nesse percurso contam-se, por isso, as passagens pelo Boavista e pelo Benfica, sem esquecer os italianos da Fiorentina. Por onde passou, marcou golos e ajudou a conquistar títulos. A estes triunfos somam-se as presenças na selecção nacional, em diversos escalões. E “não há nada mais gratificante na carreira de um jogador profissional do que o dia em que veste o equipamento com as cores do seu país”, confessa Nuno Gomes. Foi exactamente a representar Portugal que apontou um dos golos mais marcantes da carreira, contra a Espanha, no Euro'2004. Mas não só de competições se faz esta biografia. Mostra ainda fotografias do arquivo pessoal de Nuno Gomes, com imagens da infância vivida em Amarante, com os pais e o irmão Tiago, uma ajuda “fundamental” para Rémulo Jónatas concretizar este trabalho. As restantes foram cedi-
das pelo jornal “O Jogo” (a maioria), pelo fotógrafo da selecção, Francisco Paraíso, e pelo fotógrafo italiano Frederico de Luca. E porque o percurso não se faz apenas de boas recordações, Nuno Gomes guarda na memória a derrota com a Grécia, no Euro'2004. Mas como “o pior momento” da carreira, elege a morte de Miklos Fehér, ou “Miki” como lhe prefere chamar. O número 21 na capa deste “Nuno Gomes” marca a história do jogador. E o futebolista faz questão de escrever o seu nome na história. “Fazendo os meus golos, contribuindo, deixando a minha marca”, afirma no livro, confessando-se “realizado”. E garantindo que continua a viver o futebol com “paixão”. Uma paixão descrita, e ilustrada, ao longo desta biografia do jogador português.
CULTURA Texto: Luís António Patraquim
LIVROS Estudo
A conspiração fóssil
Romance “O Homem Lento” é o fotógrafo Paul Raymond, um homem de 60 anos que sofre um acidente de bicicleta e o transforma fisicamente, fazendo-o equacionar toda a vida. Ele, que se habituara à solidão, fica dependente de terceiros e condenado a conviver de perto com outras existências, mais concretamente, com uma enfermeira, imigrante croata, cuja função é cuidar de Raymond. Nesta obra do Nobel sul-africano da Literatura, J. M. Coetzee, é magistralmente lançada uma reflexão sobre o envelhecimento, as suas limitações e possibilidades, à volta de uma fase da vida em que tudo é questionado.
“A Última Crise do Petróleo – O Manual de Sobrevivência para a Extinção Iminente do Homem do Petróleo” é o segredo que se esconde por detrás das crises no Iraque e no Irão, o motivo por que a nossa conta do gás e o preço dos combustíveis não pára de aumentar, a base das negociatas secretas entre George W. Bush e Tony Blair, o gatilho do mais que provável colapso económico. O novo livro do jornalista britânico, que já investigou temas como o escândalo da Enron ou a tomada de reféns no teatro de Moscovo, traz um olhar preocupante sobre o mercado petrolífero mundial. David Strahan avisa que a produção de crude está a chegar a um pico e que, o mais tardar no final da próxima década, haverá um colapso com consequências mais graves para a economia mundial que o terrorismo. David Strahan explica como chegámos a este ponto crítico, como o silêncio dos Governos, das companhias petrolíferas e dos ambientalistas
» A produção de petróleo encontra-se em queda em 60 países.
representa uma conspiração para nos manter às escuras, qual o seu significado em termos de política energética e o que podemos fazer para nos protegermos, e às nossas famílias, dos ataques da última crise do petróleo.
Biografia
A génese do aventureiro Viagens No gelo do monte Ararat, um objecto misterioso feito pela mão do homem foi fotografado a partir de satélites. Amostras desse pedaço de madeira descoberto em 1955 remontariam à época do Dilúvio. Serão os destroços da arca de Noé? Com a ajuda de relatos das religiões monoteístas, de testemunhos e de outros documentos históricos, o jornalista Édouard Cortès subiu o monte à procura da resposta. 88
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O Verão convida à viagem e o livro de Pierre Carlier, professor de História da Grécia na Universidade de ParisX-Nanterre desafia o leitor a encetar a sua própria “epopeia” pelas águas do mar Egeu, não fosse esta obra uma reconstituição da génese dos poemas homéricos - Ilíada e Odisseia. Em moldes próprios, os poemas homéricos são testemunhos históricos, ainda que se possa duvidar dos acontecimentos narrados: é inútil procurar a oliveira de Ítaca à sombra da
qual Ulisses conversou com Atena, porém, a familiaridade do herói e da deusa dá ao leitor uma indicação preciosa sobre as mentalidades. Uma obra indispensável para todos aqueles que querem conhecer ou aprofundar conhecimentos sobre a forma de pensar o mundo na Grécia Antiga.
AO VIVO Texto: Luís António Patraquim
Fusão Depois da passagem pelo palco do Rock in Rio, os Orishas regressam aos discos com “Cosita Buena”. Mantendo as raízes cubanas, que o grupo faz questão de não perder, os temas que passam nas suas letras são agora mais universais indo para lá das suas memórias de acontecimentos passados em Cuba para focarem muitos aspectos da vida deste trio e das experiências das suas viagens pelo mundo. O novo disco foi gravado em Espanha e é inteiramente composto e produzido pelos três elementos: Roldan, Ruzzo e Yotuel. Musicalmente, “Cosita Buena” mistura vários ritmos desde o Hip Hop, Funk e Cha-Cha-Cha.
Pop Se há um grupo que gera consenso em relação à sua genialidade são os Sigur Rós. Depois do sucesso com “Takk”, que chegou mesmo a disco de Ouro em Portugal, os Sigur Rós lançaram no passado ano um brilhante documentário sobre a sua Tour na Islândia e ainda a acompanhar um Cd Duplo Agora, passados praticamente três anos lançam um disco de originais que é mais uma vez uma surpresa e uma experiência sonora absolutamente notável. “'Með suð i eyrum við spilum endalust' (“with a buzz in our ear we play endlessly”) vai encantar os muitos milhares de fãs dos Sigur Rós em Portugal com a magia desta extraordinária banda