POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS
Uma mesma história narrada por três personagens:
XANGÔ, OXUM E OBÁ TEXTOS E ILUSTRAÇÕES DOS ALUNOS DO 4º ANO – A, B e VESPERTINO
DEZEMBRO/2013
APRESENTAÇÃO Durante o segundo semestre estudamos sobre a história, a geografia e a cultura do Recôncavo Baiano, abordamos temas relacionados às nossas origens: a colonização portuguesa, a escravidão e as influências da cultura africana na formação do povo brasileiro. Elegemos algumas lendas dos orixás, para conhecermos as características linguísticas deste gênero no trabalho com Língua Portuguesa. Dessa forma, utilizamos a trilogia do escritor Reginaldo Prandi – Ifá, O Adivinho; Xangô O Trovão; Oxumarê, O Arco-Íris. Depois de muita leitura, muita conversa e construções de roteiros de textos, fizemos a proposta às crianças de mudarem o foco narrativo delas, ou seja, o texto originalmente narrado pelo autor, seria agora narrado por uma das personagens. Escolhemos a história “Por que o rei castigou suas três esposas” e, em dupla, os alunos a reescreveram com um outro olhar. Desse modo, surgiram então as histórias narradas por Oxum, Obá e Xangô. Verifiquem agora o resultado desse trabalho e desfrutem da criatividade das histórias reescritas por nossas crianças. Com carinho,
Nara Magalhães – Professora do 4º ano A Geny Tapioca – Professora do 4º ano B Satie Ogasawara – Professora do 4º ano vespertino Dezembro/2013
PORQUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ ALUNOS DO 4º ANO A
1. ANNA LUISA PINTO BENDOCCHI ALVES 2. BRUNA MOTTA TOMICH 3. CAMILA MARTINS MACHADO 4. CLARA COUTINHO DE AMORIM 5. GABRIEL FROÉS BURNHAM DE QUEIROZ 6. HENRIQUE ANUNCIAÇÃO VELLOSO SILVA 7. HENRIQUE CAIRES SILVA HUPSEL DE OLIVEIRA 8. JOÃO ALVIM BINDILATTI 9. JOÃO VITOR SOUZA LIMA PAMPONET SANTANA 10. JÚLIA VALOIS BARBOSA DE DEUS 11. MARIANA BORGES DE MELO MOTTA 12. PAULO BEHRENS SOUZA 13. PEDRO RODRIGUES QUEIROZ 14. RENATA OLIVEIRA PINHEIRO 15. SOFIA DENOVARO SOARES 16. VINÍCIUS NOCERA ALMEIDA 17. VÍTOR ROCHA LEANDRO
PROFESSORA: NARA MAGALHÃES ESTAGIÁRIA: JULIANA PEREIRA
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ ANNA LUISA PINTO BENDOCCHI ALVES VINÍCIUS NOCERA ALMEIDA
Na coleção de histórias que um dia Ifá, o Adivinho, reuniu, há muitas que falam de quatro personagens interessantes: eu, Obá, Iansã e Oxum que éramos casadas com Xangô. Naquele tempo, nas terras Iorubás, era normal um homem se casar com três mulheres. Nós cooperávamos entre si ajudando Xangô (o nosso marido) sem ciúmes e brigas, se é verdade que isso fosse possível: três mulheres convivendo sem ciúmes e sem brigas. De fato havia disputa entre eu, Obá, e Oxum pelo amor de Xangô, porque como era a esposa mais velha do rei, o meu principal encargo era cuidar da sua comida, de sua roupa, de suas armas e de outras coisas pessoais do rei. Oxum, a Bela, mais nova esposa do rei era muito linda e Xangô a tinha como a preferida. Desde que casara
com
Oxum,
ele
se
esquecera de mim. Um dia, na cozinha, eu e Oxum conversávamos enquanto estava
preparando
o
prato
predileto do rei: quiabos cortados
em rodela fina e cozidos no azeite dendê com camarões secos, servidos com purê de inhame e vinho branco, Oxum falou sobre a comida: - O cheiro está ótimo minha irmã, Xangô adorará tua comida. E eu respondi sem esconder a tristeza: - Cozinho o que o rei mais adora, mas ele não liga para mim. Oxum, a Bela, que era egoísta, não esperou outra chance para me afastar do rei e fingiu ser minha amiga: - Minha irmã, por que você não bota algo seu na comida de Xangô? Eu curiosa perguntei: - Dê um exemplo, o quê? Oxum, a Bela, não se fez de boba: - Que tal por um pedaço da sua orelha na comida do rei? Não há nada melhor. Foi o que sugeriu Oxum, retirando-se da cozinha. Então não tive dúvida cortei minha orelha e a fritei com quiabo, afinal, Oxum devia saber os segredos do rei. Quando Xangô, o Trovão, chegou, me procurou: - O que temos para comer Obá? - Aquilo que você mais adora e adorará mais, meu marido. – Respondi. O rei que adorava comida sentou-se e começou a comer, quando viu a orelha na sopa teve nojo e vomitou toda comida. Eu pedi desculpa e contei tudo ao rei. Me achei uma tola e irresponsável. O rei não perdoou, deu uma boa surra em nós. Em Oxum, pelo mau caráter, em mim pela burrice e castigou Iansã que não tinha feito nada. - Que fique a lição! – Disse Xangô, o justo.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ HENRIQUE ANUNCIAÇÃO VELLOSO SILVA JÚLIA VALOIS BARBOSA DE DEUS
Na coleção número dois, que Ifá, o Adivinho, reuniu, muitas delas falam sobre quatro personagens muito interessantes: meu marido Xangô, o Trovão; eu, Obá, a Prestimosa e minhas duas irmãs: Oxum, Iansã. Você deve está confuso porque Xangô tem três esposas, mas naquele tempo, dos negros Iorubás, era normal um homem casar com mais de uma mulher. A gente cooperava entre si, ajudando nosso marido sem ciúmes e sem competição, pelo menos por enquanto era assim. Se é que isto seja possível: nós, três mulheres, vivendo sem conflito, sem brigas. Na verdade existia grande disputa entre eu e Oxum pelo amor de Xangô. Eu, Obá, a Prestimosa, sou a esposa mais velha do rei e o meu principal trabalho é cuidar da sua comida, cuidar das suas roupas, armas e outras coisas pessoais. Oxum, a Bela, a esposa mais nova, era por quem o rei tinha maior predileção. Desde que se casou com Oxum, esqueceu-se de mim. Xangô
estava
completamente
enfeitiçado por Oxum e eu sentia muito ciúmes e me achava rejeitada. Um dia, na cozinha, nós duas
estávamos conversando enquanto eu estava preparando o prato preferido do meu marido: quiabos cortados em rodelas finas e cozidos no azeite dendê com camarões secos, servidos com purê de inhame e vinho branco. Oxum, a Bela, comentou sobre a minha comida: - O cheiro esta ótimo, minha irmã. O rei vai amar a sua comida. Respondi sem esconder minha mágoa: - Cozinho o que o rei mais gosta, mas a mim ele não dá mais atenção. Oxum, que não queria dividir Xangô comigo e Iansã, não esperou nem um segundo e logo tentou me afastar de Xangô e disse se fazendo de amiga, confidente e cúmplice: - Ora, ora, minha irmã mais velha! Você não é a cozinheira do nosso marido? Ponha alguma coisa sua na comida dele! Eu, a Prestimosa, curiosa e interessada, perguntei: - O quê, por exemplo? Oxum, a Bela, não se fez de vítima e disse: - Que tal por uma orelha sua na comida do rei? E completou com certa malícia nos lábios: - Feitiço melhor não há! Foi o que Oxum me aconselhou a fazer se retirando da cozinha. Eu não tive dúvida, cortei a orelha e a fritei com quiabos. Afinal, Oxum, a Bela, deveria saber o que falava, imaginei. Devia conhecer todos os desejos secretos de Xangô, o Trovão, que não escondia sua paixão por ela. Quando Xangô chegou em casa logo me procurou: - O que temos para comer hoje, minha primeira esposa? - Aquilo de que você mais gosta e que mais ainda gostará meu marido. – Eu, a Prestimosa, respondi.
Xangô, que gostava muito de comer, foi rápido para mesa onde havia uma fumegante gamela com quiabos, enfiando a mão na gamela começou a comer com felicidade. Mas quando viu a orelha na comida, vomitou tudo. Eu, Obá, chorei e pedi clemência. Contei tudo ao enraivecido rei Xangô. Como me enganei tão fácil por Oxum, a Bela? Como fora tola, ingênua e irresponsável. O rei não quis saber de desculpas. Deu uma surra em mim e em Oxum. Em Oxum pelo mau caráter e em mim pela burrice. Aproveitou e castigou Iansã, a outra esposa, que não tinha feito nada, mas que também levou uma surra. -Que fique como lição! – Justificou Xangô, o justo.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ PEDRO RODRIGUES QUEIROZ HENRIQUE CAIRES SILVA HUPSEL DE OLIVEIRA
Oi! Eu, Obá, irei contar uma das histórias que Ifá, o Adivinho, reuniu. São quatro personagens muito interessantes Xangô, o Trovão, e suas três esposas: Oxum, a Bela, Iansã e eu, Obá, a Prestimosa. Com isto vocês devem estar imaginando porque Xangô, o Trovão, tem três esposas... Mas era comum naquela época um homem se casar com mais de uma mulher. Nós cooperávamos
entre
si,
ajudando
Xangô
sem
briga
e
sem
ciúmes. Eu nunca achei que fosse possível e estava certa. Logo vão entender,
mas
esperem um pouco. De
fato
havia
grande disputa entre mim, Obá, e Oxum pelo amor de Xangô. Eu, a Prestimosa, sou a esposa mais velha e me encarrego da comida de Xangô, das suas armas e de outras coisas pessoais. Oxum, a Bela, era mais nova e muito linda e o rei tinha predileção por ela. Infelizmente desde que o rei se casara com Oxum, esquecera de mim. Meu esposo estava enfeitiçado por ela e eu sentia muito inveja dela ao ser rejeitada.
Um dia, na cozinha, enquanto eu preparava o prato preferido do meu esposo: quiabos cortados em rodelas finas, cozidos no azeite de dendê com camarões, servidos com purê de inhame e vinho branco - Oxum a Bela, comentou sobre a comida: - O cheiro está muito bom, minha irmã. O rei vai amar a sua comida. E respondi sem esconder minha tristeza: - Eu faço o que o rei gosta, fui sua primeira esposa e mesmo assim ele me despreza. Oxum, sem querer dividir o amor do marido comigo e com Iansã não se fez de boba, aproveitou a oportunidade para me afastar dele e disse se fazendo de amiga: - Ora, minha irmã mais velha, já que você é cozinheira do rei bote algo seu na comida dele. Eu estava muito curiosa e interessada, por isso perguntei: - O quê, por exemplo? A Bela não se fez de tola: - Que tal sua orelha? E completou com certa malícia nos lábios: - Feitiço melhor não há! Foi esse o conselho que ela me deu, saindo da cozinha. Então, não tive dúvida. Fui tola e cortei minha orelha e a fritei com os quiabos. Afinal, Oxum que era a mais amada pelo rei deveria saber o que falava, imaginei. Devia saber todos os seus segredos. Quando Xangô, o Trovão, chegou em casa, foi logo me procurar: - O que temos para comer hoje, primeira esposa? - Aquilo que você mais gosta e mais gostará meu marido. – Respondi.
Meu marido, que tinha fama de guloso, se adiantou para a mesa onde uma fumegante gamela de quiabos foi servida. Enfiou a mão na comida e começou a comer com prazer, mas quando viu a orelha mergulhada na sopa a vomitou toda. Eu, Obá, pedi desculpas e contei tudo ao rei, que no momento estava furioso. Ele só dizia: - Como se deixou enganar por Oxum, a Bela? Como você foi tola, ingênua e irresponsável! O rei não quis mais saber de desculpas. Deu uma bela surra em mim, pela burrice, em Oxum, pelo seu mau caráter e em Iansã para servir de lição.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ CAMILA MARTINS MACHADO JOÃO ALVIM BINDILATTI
Na coleção de histórias que um dia Ifá, o Adivinho, reuniu, há muitas que falam de quatro personagens muito interessantes: Xangô e suas três esposas: eu, Obá, Iansã e Oxum. Claro! Naquele tempo nas terras dos negros Iorubás era normal um homem se casar com mais de uma mulher. Nós cooperávamos entre si, ajudando nosso marido, sem ciúmes e brigas, se é possível que isso seja verdade: três mulheres convivendo sem ciúmes e sem conflitos. De fato havia disputas entre eu e Oxum pelo amor de Xangô, o Trovão. Eu, a Prestimosa, era a esposa mais velha do rei e meu principal encargo era cuidar da comida de Xangô, de sua roupa, de suas armas e de outras coisas pessoais. Oxum, a Bela, mais nova esposa do rei, era muito linda e Xangô
tinha
por
ela
grande
predileção. Desde que casara com Oxum, a Bela, esquecera de mim, a Prestimosa, estando completamente enfeitiçado por Oxum, e eu sentia ciúmes e me achava rejeitada. Um dia, na cozinha, eu e Oxum conversávamos enquanto eu preparava a comida preferida do rei: quiabos cortados em rodelas finas e cozidos no
azeite dendê com camarões secos, servidos com purê de inhame e vinho branco. Oxum, a Bela, comentou sobre a comida de Xangô: - O cheiro está supimpa, minha irmã. O rei vai adorar sua comida. E eu, a Prestimosa, respondi sem esconder mágoa: - Cozinho o que o rei mais gosta, mas a mim ele não dá atenção. Oxum, a Bela, que não queria dividir o marido com suas outras esposas, não esperou por outra oportunidade para afastar o marido ainda mais da rival. Disse, fazendo ares de amiga, confidente e cúmplice: - Ora, ora minha irmã mais velha, você não é cozinheira do rei? Ponha alguma coisa especial de seu na comida dele. Curiosa e interessada, perguntei: - O quê, por exemplo? Oxum, a Bela, não se fez de rogada: - Que tal por uma orelha sua na comida do rei? E completou com certa malícia nos lábios: - Feitiço melhor não há! Foi o que aconselhou Oxum, retirando-se da cozinha. Eu não tive dúvida, cortei minha orelha e a fritei com quiabo, afinal Oxum devia saber muito bem
o
que
dizia,
imaginei. Devia conhecer os segredos de Xangô, o Trovão,
que
não
escondia seu amor por ela.
Quando Xangô, o rei que punha fogo pela boca, chegou em casa, foi logo a minha procura: - O que temos para comer hoje, minha primeira esposa? - Aquilo que você mais adora e adorará mais ainda, meu marido. – Respondi. O rei, que tinha fama de guloso, precipitou-se a mesa onde uma fumegante gamela de quiabos lhe foi servida. Xangô enfiou a mão na gamela e começou a comer com alegria, quando viu a orelha na sopa teve nojo e vomitou toda comida. Eu, a Prestimosa, chorei e pedi clemência e contei tudo ao enraivecido rei Xangô. Como me deixara enganar tão bobamente por Oxum, a Bela. Como fora tola, ingênua e irresponsável. Mas o rei não quis saber de desculpas. Deu uma boa surra em nós três: em Oxum pelo mau caráter e mim pela burrice. Aproveitou e castigou Iansã, a outra esposa, que não tinha nada a ver com a história, mas que acabou também levando a surra. - Que fique como lição! – Justificou Xangô, o justo.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ GABRIEL FROÉS BURNHAM DE QUEIROZ MARIANA BORGES DE MELO MOTTA
Na coleção de histórias de Ifá, o Adivinho, existem quatro personagens bastante conhecidos pelos nomes: Xangô, o Trovão; Oxum, a Bela, que o enrolava em uma atmosfera de amor e carinho; Iansã, a Corajosa, que ia com ele a guerra e eu - Obá, a Prestimosa, que cuido de sua comida, suas roupas e armas. Sim, naquele tempo os homens podiam ter mais de uma esposa. Mas como três mulheres vivendo juntas sem ciúmes, sem conflito e sem briga, é possível? Nós cooperávamos entre si, mas realmente Oxum, a Bela, não queria dividir o marido comigo e Iansã. Desde que casara com Oxum, a Bela, Xangô praticamente se esquecera de mim, a Prestimosa. Xangô estava completamente enfeitiçado por Oxum e eu, Obá, sentia-me rejeitada por Xangô. Um
dia,
na
cozinha,
enquanto eu preparava a comida favorita do rei Xangô: quiabos cortados em rodelas finas, fritos no azeite dendê com camarões secos e purê de inhame, Oxum, a Bela chegou e disse: - O cheiro está supimpa minha irmã! O rei vai amar sua comida. - Cozinho o que o rei mais adora, só que para mim ele não dá mais atenção. – Respondi.
Oxum, a Bela, viu a oportunidade, e então disse: - Que tal colocar uma coisa especial na comida do rei? - O quê, por exemplo? - Que tal sua orelha? Eu, tola, aceitei o conselho e cortei minha orelha, em seguida a fritei com os quiabos achando que Oxum tinha razão. Xangô chegou faminto, me procurou e disse: - O que temos para comer hoje, minha primeira esposa? - O prato que você mais gosta e ainda gostará muito mais meu marido. Respondi. Eu coloquei a gamela na mesa e Xangô, o Trovão, muito guloso, começou a comer até que achou a orelha na sopa e vomitou tudo. Implorei ao rei clemência, pedi perdão, mas nada adiantou, ele não quis saber de desculpas. Xangô enraivecido castigou a nós três com uma bela surra. Oxum pelo seu mau caráter, a mim, pela minha burrice, aproveitou e castigou Iansã também que nada tinha a ver com a história, mas que também levou uma surra. - Que fique como lição! – Disse Xangô, o justo.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ PAULO BEHRENS SOUZA RENATA OLIVEIRA PINHEIRO
Bom dia! Eu sou Obá, a Prestimosa, e nessa coleção que Ifá, o Adivinho, reuniu, há muito dizem por aí que tem personagens muito famosos: o rei Xangô e suas três esposas: eu – Obá - Iansã e Oxum. Sim, naquela época, nas terras dos negros Iorubás, era costume um homem casar com mais de uma mulher. Elas marido
ajudavam entre
si,
o sem
competição, sem conflito e sem ciúmes. Mas de fato havia um grande conflito entre eu e Oxum pelo amor de Xangô. Eu, Obá, a Prestimosa, que era a esposa mais velha do rei tinha como principal cargo cuidar da comida do meu marido, Xangô, o Trovão, de seus pertences e outras coisas. Oxum, a Bela, era a esposa mais nova por quem Xangô tinha maior predileção. Desde que se casou com Oxum praticamente se esqueceu de mim. Um dia, na cozinha, enquanto eu preparava o prato favorito de Xangô quiabos cortados em rodela fina e cozidos no azeite dendê com camarões secos, servidos com purê de inhame e vinho branco - Oxum chegou e falou sobre a comida: - O gosto está ótimo minha irmã. O rei vai amar a comida.
E eu respondi sem esconder mágoa: - Cozinho o que o rei mais gosta, mas a mim ele não dá mais atenção. Oxum, que não queria dividir o marido com as outras esposas, não esperou outra hora para afastar ainda mais o marido da rival. Me disse fazendo ares de amiga, confidente e cúmplice: - Ora, ora, minha irmã mais velha! Você não é a cozinheira do rei? Ponha alguma coisa especial de seu na comida dele! - O quê, por exemplo? - Eu, a Prestimosa, curiosa e interessada perguntei. Oxum, a Bela, não se fez de rogada: - Que tal por uma orelha sua na comida do rei? - Como assim? E completou com certa malícia nos lábios: - Feitiço melhor não há! Foi o que Oxum falou se retirando da cozinha. Então, não tive dúvida, cortei a orelha e a fritei com quiabos. Afinal, Oxum, a Bela, deveria saber muito bem o que dizia, imaginei. Devia conhecer todos os desejos secretos do rei que não escondia seu amor por ela. Quando Xangô, o Trovão, chegou em casa foi logo a minha procura: - O que temos hoje para comer minha primeira esposa? Respondi logo: - Aquilo de que você mais gosta e que mais ainda gostará meu marido. O rei, que tinha fama de guloso, precipitou-se para mesa onde uma fumegante gamela com quiabos lhe foi servido. Com grande alegria enfiou a mão na gamela e começou a comer, mas quando deu com a orelha mergulhada na sopa teve nojo e vomitou toda comida.
Eu, Obá, chorei e pedi clemência e contei tudo ao enraivecido rei Xangô. Como me fora deixar enganar tão bobamente por Oxum, a Bela? Como fora tola, ingênua e irresponsável. O rei não quis saber de desculpas. Deu uma surra nas esposas: em mim pela burrice, em Oxum, pelo mau caráter e aproveitou castigou Iansã, a outra esposa que nada tinha a ver com a história. Mas que acabou levando a surra. - Que fique como lição! – Justificou Xangô, o justo.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ CLARA COUTINHO DE AMORIM SOFIA DENOVARO SOARES
Oi, eu sou Obá! Na coleção número dois, que Ifá, o Adivinho reuniu, muitas delas falam sobre quatro personagens muito interessantes: eu, Obá, a Prestimosa, Oxum, a Bela e Iansã. Éramos esposas de Xangô. É verdade, naquele tempo, na terra dos negros Iorubás, era costume um homem se casar com mais de uma mulher. Cooperávamos
entre
nós,
ajudando nosso marido sem ciúmes e sem briga, se é verdade que isso é possível: três mulheres convivendo sem ciúmes, sem brigas e sem conflitos. De fato havia grande disputa entre eu, Obá, e Oxum pelo amor de Xangô. Eu, Obá, a Prestimosa, que era a esposa mais velha do rei, cuidava da comida de Xangô, o Trovão, das suas roupas, armas e outras coisas pessoais. Oxum, a Bela, era a esposa mais nova, por quem Xangô tinha maior predileção. Desde que se casou com Oxum praticamente se esquecerá de mim, estando completamente enfeitiçado por Oxum e seu sentia muito ciúmes e me achava rejeitada.
Um dia, na cozinha, eu e Oxum conversávamos enquanto preparava o prato preferido do meu marido: quiabos cortados em rodelas finas e cozidos no azeite dendê com camarões secos, servidos com purê de inhame e vinho branco. Oxum, a Bela, comentou sobre a comida: - O cheiro está supimpa, minha irmã, o rei vai gostar de tua comida! E eu, Obá, a Prestimosa, respondi sem esconder a mágoa: - Cozinho o que o rei mais gosta, mas a mim ele não dá mais atenção. - Ora, ora, minha irmã mais velha. Você não é a cozinheira do rei? Ponha alguma coisa especial de seu na comida dele! Curiosa e interessada perguntei: - O quê, por exemplo? Oxum não se fez de rogada: - Que tal por uma orelha sua na comida do rei? E completou com certa malícia nos lábios: - Feitiço melhor não há! Foi o que Oxum falou se retirando da cozinha. Então, não tive dúvida, cortei a orelha e a fritei com quiabos. Afinal Oxum, a Bela, deveria saber muito bem o que dizia, imaginei. Devia conhecer todos os desejos secretos de Xangô, o Trovão, que não escondia o amor por ela. Quando Xangô, o rei que punha fogo pela boca, chegou em casa foi logo me procurando: - O que temos hoje para comer, minha primeira esposa? - Aquilo de que você mais gosta e que mais ainda gostará meu marido. – Eu, a Prestimosa, respondi. O rei, que tinha fama de guloso, precipitou-se para mesa onde uma fumegante gamela com quiabos lhe foi servida. Enfiou a mão na gamela e
começou a comer com alegria. Mas quando deu com a orelha mergulhada na sopa teve nojo e vomitou toda comida. Eu, Obá, chorei e pedi clemência e contei tudo a Xangô que ficou enraivecido. Como me fora deixar enganar tão bobamente por Oxum, a Bela? Como fora tola, ingênua e irresponsável. O rei não quis saber de desculpas. Deu uma surra em nós: em mim pela burrice, em Oxum pelo mau caráter e aproveitou e castigou Iansã, a outra esposa que nada tinha a ver com a história. Mas que acabou levando uma surra também. - Que fique como lição! – Justificou Xangô, o justo.
POR QUE O REI XANGÔ CASTIGOU SUAS TRÊS ESPOSAS A HISTÓRIA CONTADA POR OBÁ BRUNA MOTTA TOMICH JOÃO VITOR SOUZA LIMA PAMPONET SANTANA VÍTOR ROCHA LEANDRO
Na coleção número dois que Ifá, o Adivinho, reuniu, muitas delas falam sobre quatro personagens muito interessantes: o rei Xangô e suas três esposas: eu – Obá - Iansã e Oxum. Sim, naquele tempo nas terras Iorubás, era costume um homem se casar com mais de uma mulher. Imaginem três mulheres convivendo sem ciúmes, sem brigas e sem conflitos. Mas, de fato, havia grande disputa entre eu e Oxum pelo amor de Xangô. Eu, Obá, a Prestimosa, que era a esposa mais velha do rei Xangô, cuidava da comida de Xangô, o Trovão, das suas roupas e coisas pessoais. Mas sentia muito ciúmes de Oxum, a Bela. Ela era a esposa mais nova, muito linda e Xangô tinha por ela uma grande predileção. Desde que ele se casou com Oxum praticamente se esquecera de mim e de Iansã, estando completamente enfeitiçado por ela. Eu, Obá, me sentia rejeitada. Um dia, na cozinha, estava fazendo o prato preferido do Xangô: quiabos cortados em rodela fina e cozidos
no
azeite
dendê
com
camarões secos, servidos com purê de inhame e vinho branco - e Oxum, a Bela, comentou sobre a comida: - O cheiro está bom, minha irmã. O rei vai adorar sua comida. Respondi sem esconder a mágoa: - Eu cozinho o que o rei mais gosta, mas a mim ele não dá mais atenção.
Oxum que não queria dividir o marido com as outras esposas, não esperou por outra oportunidade para afastar ainda mais o marido de mim. Disse fingindo ser amiga, confidente e cúmplice: - Ora, ora, minha irmã mais velha. Você não é a cozinheira do rei? Bote alguma coisa especial na comida dele! Eu, Obá, curiosa e interessada perguntei: - O quê, por exemplo? Oxum não se fez de rogada: - Que tal por uma orelha sua na comida do rei? E completou com certa malícia nos lábios: - Feitiço melhor não há! Foi o que Oxum aconselhou retirando-se da cozinha. Eu não tive dúvida, cortei a minha orelha e a fritei com quiabos. Afinal, Oxum, a Bela, deveria saber muito bem o que dizia, imaginei. Devia conhecer todos os segredos de Xangô, o Trovão, que não escondia o seu amor por ela. Quando Xangô chegou em casa foi a minha procura: - O que temos para comer hoje, minha primeira esposa? - Aquilo de que você mais gosta e que mais ainda gostará meu marido. – Respondi. O rei, que tinha fama de guloso, precipitou-se para mesa onde uma fumegante gamela com quiabos lhe foi servida. Xangô enfiou a mão na gamela e começou a comer com alegria, mas quando deu com a orelha mergulhada na sopa teve nojo e vomitou toda comida.
Eu, a Prestimosa, chorei, pedi clemência e contei tudo que havia acontecido ao enraivecido rei Xangô. Como me deixara enganar tão bobamente por Oxum, a Bela? Como fui tola, ingênua e irresponsável! O rei não quis saber de desculpas. Deu uma surra em mim e nas outras esposas. Em mim, pela burrice, em Oxum, pelo mau caráter. Aproveitou e castigou também sua outra esposa que não tinha nada a ver com a história, mas que acabou levando a surra. - Que fique como lição! – Justificou Xangô, o justo.