Yoga Sútra de Patãnjali - Trad. por Carlos Eduardo Barbosa (em PDF)

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(I, 1-9)

Os Yogasutras de Patañjali

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O Capítulo do Samadhi

Sutra I, 2 Vrttis, que chamamos aqui de “meios de expressão”, podem ser descritos como os desdobramentos materiais de citta. Quando estão vinculados ao mundo manifestado, criam a consciência e a ilusão de separatividade, trazendo para a nós a idéia de que observador e objeto observado são entidades distintas. Quando são “recolhidos” levam a consciência à percepção de átman nos objetos observados, o que elimina qualquer possibilidade de separatividade, destruindo desta forma a raiz de todo sofrimento.

Sutra I, 8 Embora a quase totalidade das traduções prefiram entender viparyayas como “engano”, “conhecimento errôneo” ou algo no gênero, preferimos uma abordagem diversa. Nenhuma expressão de citta, considerado este como o aspecto mais elevado da mente humana, poderia representar necessariamente uma prática de erro ou engano, exceto quando manifestado sob condições adversas.

1. Eis os postulados mais elevados do Yoga. 2. O yoga é o recolhimento [niroðha] dos meios de expressão[vqttis] da mente [citta]; 3. Então “aquele que vê” [draßþq, o percebedor] se manifesta em sua natureza mais autêntica; 4. Nesta outra [condição, está] perfeitamente adequado aos meios de expressão [vqttis]. 5. Os meios de expressão formam um conjunto de cinco, tanto na condição perturbada quanto na nãoperturbada. [veja-se o sutra 3 do capítulo 2, que trata das perturbações (kleças)] 6. [Os meios de expressão da mente (citta) são chamados:] evidência [pramáña], inventividade [viparyaya], imaginação [vikalpa], sono [nidrá] e memória [smqti]. 7. As evidências [pramáña] são a percepção direta (física), a inferência (mental) e o testemunho. 8. Inventividade [viparyaya] é um conhecimento derivativo que leva a formas que não são aquela [que originou o conhecimento]. 9. Imaginação [vikalpas] é o resultado do conhecimento adquirido pela palavra, desprovido de existência real. [é interessante notar que a imaginação aqui tem um poder de criação semelhante àquele que lhe atribuíam os alquimistas ocidentais. É o poder do verbo criador, razão pela qual o autor utiliza o termo çabda (palavra), a poderosa força mobilizada pela deusa Sarasvati - conforme narrado no ánugítá.]


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