4 Viveka 1 no museu 20 Cartaz da 31ª Bienal de São Paulo com ilustração do artista indiano Prabhakar Pachpute
Pesquisa: Zilpa Magalhães
Rua Profª Sebastiana da Silva Minhoto, 375 Tatuapé São Paulo Fone: (11) 2225-1285 www.espacoviveka.com.br www.viveka.com.br
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http://www.bienal.org.br/post.php?i=495
Prabhakar Pachpute  Chandrapur (Maharashtra), �ndia
Dark Clouds of the Future, 2014
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Prabhakar Pachpute Chandrapur (Maharashtra), Índia
A imagem do cartaz da 31ª Bienal de São Paulo, desenhada por Prabhakar Pachpute, é uma frágil estrutura no formato de torre de Babel ou concha, contendo um conjunto de corpos humanos dos quais vemos apenas os pés descalços e partes das pernas. Ela nos faz pensar as relações entre o visível e o invisível, a coletividade e o conflito, o trauma e o sublime, o forte e o fraco, e equaciona a resistência poética da arte face à adversidade do mundo. http://www.bienal.org.br/post.php?i=495
Dark Clouds of the Future, 2014
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Prabhakar Pachpute Chandrapur (Maharashtra), Índia
As obras de Prabhakar Pachpute tratam das vidas dos mineiros de carvão e de suas questões e lutas trabalhistas em geral, e procuram transmitir o trauma sublime e o impacto psicológico de se trabalhar nas entranhas da terra. "Mesmo em seu tempo livre, estes trabalhadores se encontram em um estado de ansiedade permanente e sentem suas vidas desmoronando – consequência de morarem em cima das minas onde trabalham". Outra preocupação demonstrada pela obra do artista é a situação das comunidades agrícolas em torno desta área, já que, cada vez mais, terras são adquiridas Dust Bowl in Our hands, 2013
para mineração e industrialização e os agricultores que nelas viviam encontram-se sem outras opções de subsistência. Recentemente, Pachpute tem explorado novos métodos de desenho, expandindo os limites por meio do uso de lâmpadas e suas sombras. No primeiro semestre de 2014, esteve em residência no Brasil, para a ocasião da 31ª Bienal de São Paulo. A vida dos mineiros de carvão que trabalham no interior do estado de Minas Gerais são o foco principal de seus estudos. por Julia Bolliger Murari http://www.bienal.org.br/post.php?i=495
Back to the farm II, 2013
Back to the farm I, 2013
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Sem dúvida, o uso do carvão como material de desenho é proposital e está associado às atividades dos mineiros de carvão. Entretanto, o suporte não age apenas como uma ponte entre o físico, literal, e o político, mas é também o suporte do pensamento, para alguém que quase foi um mineiro. O trabalho de Pachpute parece viver numa fronteira entre imobilidade e movimento, que põe a concretude dos traços de carvão em confronto com o intangível e o mundo onírico em que se vive “lá longe e embaixo”. As minas de carvão fazem eco à cidade em que ele nasceu, Chandrapur (Maharashtra, Índia), também conhecida como “a cidade do ouro negro”, e aparecem agenciando conflitos pessoais e políticos que se revelam nos títulos do artista, como Canary in a Coalmine [Canário em uma mina de carvão] (2012) – referência aos mineiros que levavam canários para o interior das minas como alerta dos gases tóxicos e The Land Eaters [Os comedores de terra] (2013). Com cada trabalho, Pachpute sonda terreno novo, novas saídas, novos modos de ser coletivo, que ele descobre, frequentemente, na vida intelectual dos próprios mineiros. – MM http://www.bienal.org.br/post.php?i=495
Prabhakar Pachpute Chandrapur (Maharashtra), Índia, 1986
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Olhar para não ver
Bik Van der Pol é um duo de artistas holandeses com sede em Roterdã, que trabalharam coletivamente através da arte e da arquitetura desde 1995. Os artistas Bik Van der Pol organizaram atividades e conversas abertas como parte de seu projeto para a 31ª Bienal. Como um programa educacional de oficinas, palestras e caminhadas, o programa investiga fatos recentes no Brasil e no mundo, baseados em tensões em torno da exploração do espaço urbano e natural. A 31ª Bienal atua como o local para a criação e pesquisa do projeto, implementando o modelo educacional da “escola” como uma forma de teatro mental que pode criar novos horizontes de ação, produção e reflexão. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1389 http://www.bikvanderpol.net/ http://bienal.org.br/post.php?i=1893
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Não-ideias O trabalho da artista é um exercício de sarcasmo sobre a arte e o sistema que a envolve. A crítica, o mercado, a mídia especializada e o próprio artista são afrontados por suas obras com humor corrosivo. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21712/Marta-Neves
Marta Neves Belo Horizonte, MG, 1964
http://nevesmartabr.blogspot.com.br/
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Não-ideias
Todas as sentenças de Marta Neves sugerem um desejo intimo ou uma vontade de mudança de uma condição presente – dos mais comuns aos mais estranhos ou ambiciosos – que são inviabilizados pela falta de ideias dos protagonistas de como alcançá-los. A própria imaginação é dissolvida justamente pela ausência de imaginação. Porém, na narrativa de Marta Neves, a proposição não resolvida, supostamente fracassada, retorna de forma bem-humorada diante da dificuldade de tomar iniciativas na nossa realidade mais ordinária. Esse vazio das não ideias é, curiosamente, a fonte mais preciosa de imaginação das pessoas – o que se vê em certo brilho estranho de seus relatos. Só o descanso das ideias parece poder manter viva a força de tê-las. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1521
Marta Neves Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
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Não-ideias Na rotina acelerada das grandes cidades contemporâneas, parece impossível pensar que a experiência do desencanto – desde o campo mais privado e íntimo até a esfera coletiva e social, marcada pela descrença cada vez mais frequente em nossos sistemas econômico e político – possa gerar algum tipo de produtividade. Em resposta, as Não-ideias se colocam, do mesmo modo que outras ações artísticas de Marta Neves, como parada obrigatória para o reencantamento com o mundo; uma abertura para compartilhar publicamente não-ideias pelas quais, e somente assim, é possível produzir novas formas de imaginar. – LP http://www.31bienal.org.br/pt/post/1521
Marta Neves Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
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no museu 20 Mapa
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1540
Qiu Zhijie
ProvĂncia de Fujian, China, 1969
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Qiu Zhijie
Província de Fujian, China, 1969
Mapa O mapeamento é uma das principais maneiras pelas quais a sociedade ocidental chegou a um acordo com o mundo. Com os mapas, o desconhecido se torna visível e compreensível. No entanto, eles são também usados para assustar potenciais visitantes, como na famosa rubrica “aqui há monstros” nos primeiros mapas europeus do continente americano.
http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/bienal-de-artes-de-sp-2014/
Qiu Zhijie usa essas histórias e técnicas de mapeamento, em conjunto com uma antiga tradição chinesa de mapear lugares imaginários, para construir narrativas inesperadas, cidades fictícias ou estranhos locais utópicos como em seus Mapa da utopia ou Mapa da arte total. Ele teve formação de calígrafo e usa essa habilidade para desenhar seus mapas à mão livre. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1540
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Mapa Para a 31ª Bienal, ele desenhou um mapa em grande escala que funciona como um curioso prólogo para a jornada pela exposição adiante. O mapa se baseia em algumas das ideias curatoriais e artísticas por trás da Bienal, fundidas com as próprias reflexões do artista enquanto estava aqui preparando a imagem. O desenho, traçado diretamente na parede da rampa pequena que sai da área Parque, desaparecerá assim que a exposição for fechada, em 7 de dezembro. Desse modo, a ideia de um mapa como representação permanente de uma paisagem geográfica é rejeitada em favor dos aspectos temporários e subjetivos do mapeamento – aspectos sempre presentes, por mais neutro ou científico que ele se proclame. – CE http://www.31bienal.org.br/pt/post/1540
Qiu Zhijie
Província de Fujian, China, 1969
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Mark Lewis 300m² de vidros
Com estrutura em metal proeminente, a obra de Lewis, que contou com o patrocínio da Guardian, uma das maiores fabricantes de vidros e espelhos do mundo, contém mais de 300 m² de vidros de tamanhos variados que, combinados de maneira extremamente criativa, formam uma instalação que impressiona por suas grandes proporções. “O objetivo é fazer com que os espectadores vivenciem diferentes pontos de vista, levando-os a experiências, sensações e reflexões únicas sobre as imagens que se formam através do vidro”, explica Renato Sivieri, gerente de comunicação da Guardian. Um dos mais renomados artistas visuais do Canadá, Mark Lewis começou sua carreira como fotógrafo, fazendo parte do movimento de fotografia conceitual da Escola de Vancouver, nos anos 80. Muito do seu trabalho foca a tecnologia de película e outros diferentes gêneros de reprodução de imagem em movimento, que marcaram a história do cinema. http://www.guiadovidro.com.br/noticia/guardian-fornece-mais-de-300-metros-quadrado-de-vidros-para-maior-instaalaco-da-bienal-de-sp
Hamilton, Ontário, Canadá, 1958 Vive e trabalha em Londres.
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no museu 20 Invention
Projeto expográfico em colaboração com Mark Wasiuta e Adam Bandler. Diretor de fotografia Martin Testar
A instalação Invention [Invenção] se baseia em uma premissa ficcional simples, ainda que imensamente provocativa: a de que se desenvolveu um mundo paralelo, no qual as tecnologias da imagem em movimento só teriam sido inventadas no início do século 21. Desse ponto de partida, o trabalho de Mark Lewis especula como olharíamos para as imagens se o cinema, a televisão e as plataformas de imagens em movimento não existissem ou estivessem ainda prestes a ser lançados.
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1556
Mark Lewis Hamilton, Ontário, Canadá, 1958 Vive e trabalha em Londres.
https://www.youtube.com/watch?v=JAQ7Fv-VU38
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Projeto expográfico em colaboração com Mark Wasiuta e Adam Bandler. Diretor de fotografia Martin Testar
O resultado é um ambiente no qual não existe mais uma fuga fácil de nosso entorno imediato, o qual se torna, isto sim, objeto para a experiência do olhar. Por meio da manipulação de reflexo e luz, além da simples gravação de imagens e seu deslocamento da realidade, utilizando a recém-criada câmera de vídeo, esse 2014 alternativo oferece um tipo de experiência visual diferente daquele que ocorre na tela e na narrativa fílmica. Poderíamos pensar a respeito de nossos padrões habituais de consumo de imagem e de quais seriam suas limitações ou restrições. Ao sermos confrontados com uma ideia que nunca aconteceu, temos a oportunidade de refletir sobre o que nosso mundo concreto exclui. – CE http://www.31bienal.org.br/pt/post/1556
Mark Lewis Hamilton, Ontário, Canadá, 1958 Vive e trabalha em Londres.
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Cabine Telefônica Aberta
Nilbar Güreş Istambul, Turquia, 1977 vive e trabalha em Viena e Istambul
http://nilbargures.com/
A cidade de Bingöl, no Curdistão turco, onde vive parte da família estendida de Nilbar Güreş, é habitada principalmente pelas minorias curda e alevita, brutalmente discriminadas pelas políticas do governo central. Uma das formas dessa discriminação é negar às pessoas o acesso à infraestrutura mais básica. Depois de várias tentativas de fornecer soluções práticas ao isolamento da cidade terem sido sistematicamente recusadas pelo governo, a artista decidiu registrar em vídeo e fotos as saídas criativas encontradas pelos habitantes. As imagens da série Open Phone Booth [Cabine telefônica aberta] constituem uma espécie de afresco social. Apresentam, por exemplo, a simples prática de subir à área mais alta da aldeia para poder captar melhor os sinais de celular, transformando uma tecnologia contemporânea em uma espécie de instrumento para um exercício quase místico. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1512
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Cabine Telefônica Aberta Ela também registrou situações que, à primeira vista, poderiam parecer comuns e até marginais às preocupações centrais da série. No entanto, essas imagens adicionam informações suplementares e abrem o trabalho a outros significados. Com títulos sutilmente irônicos, Güreş consegue que um simples poste de luz seja visto como uma escultura, um conjunto de baldes de metal, como uma natureza morta, e uma mulher sobre um afloramento rochoso, como uma artista. De modo similar ao que acontece com outros trabalhos dessa artista, aqui as imagens se equilibram na linha entre o cômico e o trágico, entre o real e o absurdo, entre o testemunho do documento e a aparência da encenação. – SGN http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546
Nilbar Güreş Chbanieh, Líbano, 1967 Vive e trabalha em NY
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Nilbar Güreş Chbanieh, Líbano, 1967 Vive e trabalha em NY
Cabine Telefônica Aberta É cômico porque o cotidiano o é, mas é comovente, porque essas narrativas encostam o dedo em feridas abertas, em estereótipos monstruosos, sempre prontos a engolir etnias e gêneros. Open Phone Booth (2007-2011) revisita em vídeo as gambiarras criativas de um povoado lidando com a falta de necessidades básicas como eletricidade em sua região. http://espacohumus.com/nilbar-gures/
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Cartas ao Leitor (1864, 1877, 1915, 1923)
Walid Raad (Ra’ad) Chbanieh, Líbano, 1967 Vive e trabalha em NY
Cartas ao leitor (1864, 1877, 1916, 1923) é parte do projeto artístico em andamento Scratching on Things I Could Disavow [Riscando em coisas que eu poderia repudiar], iniciado em 2007, e que responde ao surgimento recente de grandes e novas infraestruturas para a arte árabe “islâmica” moderna e contemporânea no mundo árabe e em outros países. Os objetos artísticos e histórias apresentados neste projeto surgiram de encontros nesse terreno envolvendo indivíduos, instituições, economias, conceitos e formas.
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546
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Cartas ao Leitor (1864, 1877, 1915, 1923)
Cartas ao leitor propõe algumas amostras de parede préfabricada para um novo Museu de Arte Moderna Árabe em São Paulo – ou Amã, ou Doha, ou Abu Dhabi, ou Beirute, ou Marrakech, ou Hong Kong, ou Nova York. O trabalho é movido pela convicção de que muitos dos chamados objetos de arte moderna árabe carecerão de sombras quando exibidos no novo museu. Em antecipação a essa situação, parece impor-se a necessidade de lidar com alguns elementos, ou parâmetros de exibição (paredes, pisos, tinta, luzes), que contribuem para essa condição de falta de sombra e, por outro lado, de estar atento a suas consequências, propondo antídotos materiais possíveis e/ou lidando com as manifestações alucinatórias (objetivas) resultantes. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546
Walid Raad (Ra’ad) Chbanieh, Líbano, 1967 Vive e trabalha em NY
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Cartas ao Leitor (1864, 1877, 1915, 1923) https://www.youtube.com/watch?v=pZcroB548gc
Como em obras anteriores, o tempo e a história se apresentam aqui de maneira enigmática: na forma de arquivos que abordavam a história, a memória e a recordação com a ajuda de fotografia, filme, design, arquitetura e discurso – mostrando algo semelhante a um futuro do pretérito, a encenação de uma realidade onírica sem um referente, ou pelo menos com um referente obscuro (ou obscurecido). Um futuro do pretérito caracterizado pelo deslizar constante entre narrativa histórica e narrativa ficcional, que ocorre quando a memória é ativada, revelando o quanto elas realmente têm em comum. – WR http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546
Walid Raad (Ra’ad) Chbanieh, Líbano, 1967 Vive e trabalha em Beirute e em NY
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Virginia de Medeiros Feira de Santana, BA, 1973 Vive e trabalha em Salvador
Sergio e Simone http://site.videobrasil.org.br/canalvb/video/1772 825/Virginia_de_Medeiros_18o_Festival
Virgínia relata o processo de criação e gravação de seu vídeo Sérgio e Simone, premiado no 18º Festival. O trabalho nasce de outra obra realizado na Ladeira da Montanha, área degradada de Salvador. Ali, Virgínia encontra a travesti Simone. Desse encontro nasce uma parceria, que resulta em um vídeo sobre a região. Tempos depois, ao procurar a protagonista para obter uma autorização de uso de imagens, a artista se depara com Sérgio, identidade resultada de um processo de mutação: Ao sofrer uma overdose de crack, Simone tem um delírio místico que a faz retornar à sua primeira identidade masculina, tornando-se um pastor evangélico fanático que demoniza o culto do candomblé – do qual participava – e a homossexualidade. A artista explora a ambivalência dessa negação, pois ao contestar sua antiga condição, Sérgio sempre carrega consigo sua identidade anterior, nunca sepultando-a por completo. Por fim, a artista fala do papel da diversidade humana em seu trabalho.
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1400
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Virginia de Medeiros Feira de Santana, BA, 1973 Vive e trabalha em Salvador
Sergio e Simone
Oito anos depois, em 2014, Medeiros retoma o contato com Sergio, que, em breve recaída, se tornou pai de santo e criou seu próprio terreiro de candomblé, no qual assumiu ambas as identidades, Sergio e Simone. O conjunto de imagens documentadas reflete a complexidade desse constante processo de transformação corporal e espiritual sobre a paisagem de uma cidade onde duas religiões conflitam. Sugere ainda a dificuldade de configurar uma outra existência em uma sociedade binarista, ou seja, que por via da discriminação exige que sejamos uma coisa ou outra. – LP
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1400
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Edward Krasinski Ucrânia, 1925 – Polônia, 2004
Krasiński: Spear e outros trabalhos “Explorar o espaço e capturar movimento” Os objetos de Krasinski referem-se à forma, como elas se comportam no espaço. Concentrações mutáveis de energia são criadas em determinados locais, em zonas específicas (site specific), localizando-se além da realidade substancial dessas estruturas, por exemplo, nos pontos de ruptura, o desapego, a continuidade, a proximidade.
Breitwieser, p.62.
http://www.tate.org.uk/art/artworks/krasinski-untitled-t12566/text-summary
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1394
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Edward Krasinski Polônia, 1925-2004
Krasiński: Spear e outros trabalhos Suas fotos são montadas de modo muito pensado, ainda que possam parecer casuais. Elas o mostram como uma figura delicada, irreverente, brincando com uma suposta herança aristocrática numa época da Polônia comunista, em que tais ações não eram politicamente bem recebidas. Todas as fotografias foram tiradas por seu amigo e colaborador Eustachy Kossakowski, que era próximo de toda a cena da vanguarda polonesa da época.
Sem Título, 1965. Haste de metal e madeira, duas partes de 70 7/8 pol. longo (180 cm) Cortesia de Paulina Krasińska e Foksal Gallery Foundation
http://www.bienal.org.br/post.php?i=495
Fotografias de Eustachy Kossakowski
http://ops.thejewishmuseum.org/
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Edward Krasinski Polônia, 1925-2004
Krasinski achava a arte muito séria para ser feita por artistas. Ele então descobriu o infinito dentro de uma linha; não parou-a. Como um cartógrafo foi criando uma assinatura que nunca era limítrofe, expandia-se. Nada escapava e nada queria escapar. Krasinski demarcou de azul paredes de apartamentos, barrigas e costas alheias, as árvores e os retratos antigos. Produziu perspectivas únicas, como se estendesse a todo lugar comum as costas de um oceano móvel de imaginação. Na 31ª Bienal de São Paulo, o fotógrafo Eustachy Kossakowski traz uma seleção de fotografias feitas no
S Titulo, 1975 tape e pintura em hardboard, apoio 699X500X33mm Tate Londres.
apartamento de Krasinski na Polônia, onde ele viveu a maior parte de sua vida e produziu. São fotos de uma displicência bonita e também um relato muito sincero de um dilapidador de objetos e de lugares; naquele santuário, morava Krasinski, sua eterna linha azul e um desejo de transformar o entorno numa narrativa de questionamento. Thiago Rocha Pitta em: http://espacohumus.com/edward-krasinski/
Edward Krasiński's Studio - Avant-Garde Institute, photo courtesy of Foksal Gallery Foundation
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AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)
José Val del Omar Granada, 1904 – Madrid, 1982
José Val del Omar foi uma das figuras mais importantes do cinema vanguardista espanhol. Foi contemporâneo de Federico García Lorca, Luis Cernuda, María Zambrano e outras figuras da Era de Prata da cultura espanhola, interrompida pela Guerra Civil (1936-39), que formou a “Geração de 36”. Durante os anos da República espanhola, trabalhou com as “Misiones Pedagógicas” (missões de ensino), um programa estatal que levava aprendizagens da cultura moderna para as populações rurais ainda dominadas por grandes latifundiários e pela Igreja, na verdade desafiando o monopólio desta última. O projeto "misiones” incluía o uso do cinema como instrumento pedagógico, utilizando-o como forma de promover uma identidade coletiva entre os seus telespectadores. http://www.museoreinasofia.es/en/exhibitions/val-omar-overflow
Vibração de Granada, 1934-1935. Filme 16mm, 21’. Cor: filtro verde. Som: silencioso.
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AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)
José Val del Omar Granada, 1904 – Madrid, 1982
O regime de Franco fomentou um cinema comercial monocultural, como uma consequência natural de seu projeto militarista nacional-católico, inibindo a autoridade dos principais estúdios nacionais e deixando pouco espaço para a experimentação vanguardista. Ao inviabilizar o cinema independente, Val del
Visão Tátil. Colagem sobre papel. http://www.museoreinasofia.es/en/exhibitions/val-omar-overflow
Omar voltou-se para a experimentação tecnológica com lentes, som e iluminação e tecnologia de projeção. Tudo isso como parte de seu projeto místico, projetado para empurrar o espectador do Tríptico em transportes de êxtase, eliminando a distância entre o espectador e o espetáculo. http://cinema-scope.com/columns/columns-dvd-jose-val-del-omars-tripticoelemental-and-and-other-experiments-from-spain-by-matt-losada/
Vista da exposição: VAL DEL OMAR estouro de 2010 http://www.museoreinasofia.es/en/exhibitions/val-omar-overflow
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invenções em tecnologia de áudio
José Val del Omar Granada, 1904 – Madrid, 1982
Enquanto trabalhava com efeitos especiais, nos Estúdios Chamartín (um dos quatro grandes estúdios de cinema na época) e em adiantados programas de rádio, nos anos 40, Val del Omar apresentou várias patentes para invenções em tecnologia de áudio. Uma delas foi o sistema de som Diáfono, seu primeiro passo tecnológico para o espetáculo total do Tríptico, com colocação de fontes, tanto na frente como atrás do espectador, cada uma em uma trilha separada, para produzir o que chamou de um "diálogo dialético" de som. Mas o Diáfono não foi feito para aumentar a verossimilhança sônica, como acontece com a estereofonia, mas para aumentar o poder do aparato cinematográfico, para além da mera representação fiel da realidade. Em 1956, quando Aguaespejo granadino foi apresentado no Festival de Berlim, Val del Omar também aperfeiçoou o que ele chamou Desbordamiento Apanorámico de la Imagen (estouro da Imagem Apanoramica), em que uma projeção simultânea de imagens abstratas, sincronizadas com os ritmos do som do filme , podia ser vista na parte da frente, das paredes laterais e do teto do teatro, criando de fato uma tela côncava, que tomou conta do espectador. Ele então desenvolveu Visión Táctil (Tactile Vision), um sistema de luz pulsante, com a intenção de tatilizar a percepção visual, utilizada para a 2ª parte do Tríptico, Fuego en Castilla. Estas invenções foram projetados para liberar seus filmes do confinamento das bordas da tela plana, um movimento do óptico para o háptico e uma expansão de possibilidades perceptivas além daqueles normalmente disponíveis ao sensório, tanto no cinema quanto fora dele. No Tríptico, o movimento elementar de água, nuvens e luz, em ritmos normalmente invisíveis a olho nu, é feito perceptível através de muitas invenções de Val del Omar, em combinação com imagens paradas, movimento rápido e lento, filtros e espelhos anamórficos. As experiências resultantes variam do êxtase e tormento solenes, para a iluminação.
http://cinema-scope.com/columns/columns-dvd-jose-val-del-omars-triptico-elemental-and-andother-experiments-from-spain-by-matt-losada/
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AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)
José Val del Omar Granada, 1904 – Madrid, 1982
Tríptico ELEMENTAR DE ESPAÑA O Tríptico é uma série de três "elementales,” que Val del Omar propôs como um gênero cinematográfico
Assista em: http://vimeo.com/76810882
distinto do documentário: AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960), e ACARIÑO Galaico (iniciado em 1961 e concluído postumamente em 1995, a partir de filmagens, gravações e anotações de Val del Omar). Parte do Tríptico ganhou prêmios nos festivais de Cannes, Bilbao, e Melbourne, nos anos 50 e início dos anos 60, antes de desaparecer de vista ao longo de décadas. http://www.gartenbergmedia.com/dvd/val-del-omar.html
Aguaespelho granadino, 1955
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AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)
Val del Omar Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
Em busca de unir o homem com o divino, na natureza e com o resto da humanidade, através do cinema. http://www.gartenbergmedia.com/dvd/val-del-omar.html
Aguaespelho granadino e Fogo em Castela são o resultado de uma obsessão técnica, de um delírio gramatical; verdadeiros autos sacramentais compostos como uma partitura musical, em que diversos níveis de significado se sobrepõem em camadas. Nelas se complementam diversas teses místicas e narrações enunciadas por sua organização em pares: a água e o fogo, as estéticas da dança flamenca de Antonio Ruiz e de Vicente Escudero, o andaluz africano e o castelhano europeu, o horizontal e o vertical, o ouvido e o olho, o liso e o estriado, o invisível e o oculto. Fogo em Castela, 1960
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AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)
Val del Omar Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
Aguaespelho granadino / fogo em Castela Val del Omar esteve sempre obcecado por dominar a matéria técnica de seus filmes, e nesse sentido sua mística é fortemente materialista. Afirmava, veementemente, que quem dominasse o formato do negativo, o sistema de som e a lente da câmera seria o verdadeiro amo das imagens, dono do espetáculo de nosso tempo. Em certo sentido, sua obra é uma tentativa de alcançar tal maestria a fim de oferecer uma resposta esquizoide, libertadora e espiritual ao ambiente de repressão e autarquia nacional-católica com o qual foi obrigado a conviver. – PGR Fogo em Castela, 1960 http://www.31bienal.org.br/pt/post/1612
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Arthur Scovino São Gonçalo, RJ. 1980 Vive e trabalha em Salvador, BA.
Casa de Caboclo Nascido na região metropolitana do Rio de Janeiro, RJ, mudou-se para Salvador, BA, em 2008 para estudar na Escola de Belas Artes da UFBA. Desde então, desenvolve suas pesquisas artísticas em torno do ambiente, da cultura e das relações afetivas e sociais na Bahia, sobretudo em Salvador. Trabalha com performance, instalação, fotografia, vídeo e desenho. Investiga estética e pensamento artísticos contemporâneos através de ações performáticas e relacionais. Participou de mostras de performances, exposições individuais e coletivas, e em 2013, recebeu o prêmio do Salão de Artes Visuais da Bahia. Atualmente investiga símbolos do imaginário religioso e da miscigenação brasileira. http://arthurscovino.wordpress.com/
Art Performance realizada por Arthur Scovino, no dia 31 de Maio, 2014 no Mosteiro de São Bento para a 3ª Bienal da Bahia https://www.youtube.com/watch?v=taLF1Dc7gJ8
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Casa de Caboclo Um ambiente em constante mudança que poderia ser tanto um espaço doméstico quanto cerimonial, em que um conjunto de imagens (desenhos, fotos e escritos) e ferramentas (livros, gases e líquidos) é reunido para auxiliar um encontro, que acontecerá dentro desse próprio ambiente.
O caboclo e sua casa funcionam como metáfora para o que o espaço da arte pode ser e fazer e também como uma superação de suas premissas e limitações. Juntos, eles nos permitem perceber que certos objetos, em condições específicas, podem nos afetar, que podemos nos envolver em uma troca significativa com eles e com o espaço que habitam. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1594
Arthur Scovino São Gonçalo, RJ. 1980 Vive e trabalha em Salvador, BA.
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Inferno, 2013
Yael Bartana Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
http://yaelbartana.com/ Trecho do filme: http://mais.uol.com.br/view/1xu2xa5tnz3h/trecho-de-inferno-da-artista-yaelbartana-04020C983572DC895326?types=A&
"Inferno” é uma resposta cinematográfica à construção de uma réplica, em tamanho real, do Templo de Salomão por uma igreja brasileira no bairro do Brás, em São Paulo. O filme retrata a construção (real) do Templo e a sua destruição (ficcional), e tem como base pinturas e fotografias representando o Templo ao longo da sua história. http://www.31bienal.org.br/pt/post/1558
Viveka
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Inferno, 2013 O 1º Templo foi construído por Salomão em Jerusalém e destruído em 584 AC. O 2º Templo, do qual restou o Muro das Lamentações, foi erguido no mesmo local em 64 dC. e destruído também em seguida. Em visita ao canteiro de obras do que seria o 3º Templo de Salomão – desta vez em São Paulo –, Bartana não pôde enxergar outro futuro possível a não ser a repetição profética do passado, isto é, sua destruição. No que chama de uma “pré-encenação”, a artista destaca, entre o esquecimento e a celebração de um passado fantasiado, como a história é escrita e como as religiões são fundadas. O crescimento recente das religiões evangélicas e neopentecostais no Brasil desencadeou manifestações religiosas híbridas, nas quais se mesclam referências ao judaísmo e ao catolicismo, e cada igreja compete para provar sua maior proximidade com uma matriz original. A construção de um templo – como tentativa de voltar a um tempo bíblico – é uma das estratégias da indústria da fé, na luta por capital simbólico. Interessada em registrar os rituais que organizam e orientam as nossas ações cotidianas, Bartana já lançou mão da ficção para criar novos rituais, fundar movimentos políticos e criar narrativas nacionais, sugerindo que a arte pode desenhar possíveis futuros. Em Inferno, é a criação de um passado mítico que anuncia ruínas por vir. – BS http://www.31bienal.org.br/pt/post/1558
Yael Bartana Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
Viveka
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Yael Bartana
Inferno Os filmes, instalações e fotografias de Yael Bartana exploram a imagem de identidade e a política da memória. Seu ponto de partida é a consciência nacional propagada por seu país natal, Israel. Central para o trabalho são os significados implícitos por termos como "pátria", "retorno" e "pertença". Bartana investiga estes através das cerimônias, rituais públicos e desvios sociais que visam reafirmar a identidade coletiva do Estado/Nação. Em seus projetos israelenses, Bartana tratou do impacto da guerra, rituais militares e uma sensação de ameaça à vida de todos os dias. Entre 2006 e 2011, a artista vem trabalhando na Polônia, a criação da trilogia "E a Europa vai ficar surpresa", um projeto sobre a história das relações polaco-judeu e sua influência sobre a identidade polonesa contemporânea. Yael Bartana representou a Polônia na 54ª Exposição Internacional de Arte de Veneza (2011). http://yaelbartana.com/
Kfar Yehezkel, Israel 1970 Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim
Viveka
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Histórias de Aprendizagem https://www.youtube.com/watch?v=xfIwXjQIBXk
A instalação, composta de arquivos da CIA e do regime militar brasileiro impressos em papel transparente e pendurados em linhas diagonais, cria um belo efeito nos corredores da Bienal. Quem observar de perto verá que os documentos têm tarjas pretas – correspondentes aos trechos censurados pelo governo.
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568
Voluspa Jarpa Rancagua, Chile, 1971
Viveka
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Histórias de Aprendizagem A obra de Voluspa Jarpa questiona as representações da história em diversos sistemas da imagem, como nos meios de comunicação ou na arte. Histórias de aprendizagem é uma instalação labiríntica e irregular composta, de um lado, por arquivos da CIA sobre a ditadura brasileira (1964-1985) revelados há alguns anos pelo governo dos Estados Unidos e, de outro, por documentos dos serviços secretos brasileiros produzidos durante os mandatos dos presidentes Getúlio Vargas (1951-1954) e João Goulart (1961-1964). Deste último, ela inclui também registros sobre o exílio no Uruguai e o suposto assassinato na Argentina, em 1976, investigado como parte do plano coordenado entre as ditaduras do Cone Sul conhecido como Operação Condor.
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568
Voluspa Jarpa Rancagua, Chile, 1971
Viveka
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Histórias de Aprendizagem Para Jarpa, é sintomático o fato de que, antes da liberação desses documentos ao acesso público, em todos eles haja trechos que foram riscados. Isso pode ser interpretado como o comportamento histérico que, na psicanálise freudiana, designa a impossibilidade de lidar com o trauma. Para Sigmund Freud, o trauma é um relato arquivado e negado, e o sintoma, um arquivo cifrado. Aos riscos dos documentos originais, a artista soma a estrutura da instalação, que impede que o espectador tenha acesso aos documentos que estão diante dele, podendo apenas vislumbrar os que estão em segundo e terceiro planos. Dessa maneira, experimenta-se uma possibilidade como impossibilidade, o que remete a uma promessa de revelação que, na verdade, se concretiza como repressão. Jarpa realizou várias obras a partir de arquivos sobre o Chile e outros países latino-americanos revelados pelos Estados Unidos. Em todos os casos, analisa o que foi apagado e chama a atenção para a imagem resultante do documento que sofreu intervenção: uma imagem que expressa tanto a construção de visibilidades quanto a potência poética e política dos usos do arquivo, e que cria sombras no presente. – SGN http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568
Voluspa Jarpa Rancagua, Chile, 1971
4 Viveka 1 no museu 20 Pesquisa: Zilpa Magalhães
Rua Profª Sebastiana da Silva Minhoto, 375 Tatuapé São Paulo Fone: (11) 2225-1285 www.espacoviveka.com.br www.viveka.com.br