As 3 cores do amor

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Christian A. Schwarz AS 3 CORES DO AMOR


Se é correta a afirmação de que cada livro tem, na verdade, vários autores (no sentido de pessoas que contribuíram para a formação do texto e do formato), então isto se aplica especialmente ao livro As 3 Cores do Amor. Em primeiro lugar, há os participantes dos meus congressos e seminários, que marcaram praticamente todas as páginas deste livro. Com eles pude testar estes conceitos de forma bem ampla e o seu retorno, positivo e negativo, deixou sua marca neste livro. Nestes eventos aprendi muito mais do que fui capaz de dar – não só para escrever este livro, mas até mesmo para minha própria capacidade de praticar o amor. Obrigado. Em minhas viagens pude conversar constantemente com nossos parceiros nacionais DNI nos cinco continentes sobre os princípios que servem de base para este livro. Destas conversas aprendi mais do poderia ter aprendido em meus estudos acadêmicos, especialmente em termos de distinguir entre os princípios universais do evangelho e as minhas preferências culturalmente condicionadas. As contribuições criativas de nossos parceiros fizeram deste livro um verdadeiro projeto multicultural. Obrigado. Como também em outros livros da série do desenvolvimento natural da igreja, meu amigo e colega Christoph Schalk participou ativamente. Ele e sua equipe assumiram a tarefa da normatização dos materiais de pesquisa. E como sei da grande importância de um teste cientificamente desenvolvido em comparação com alguma “versão caseira”, sou profundamente grato a Christoph Schalk, tanto por seu empenho pessoal como também por sua competência científica. Obrigado. E como tive que preparar a maior parte deste livro em inglês para nossa coprodução internacional, descobri quão dependente sou da ajuda de outras pessoas. Um dos maiores privilégios de meu ministério atual é a cooperação com Jonathan e Kathy Haley. Eram inicialmente meus editores americanos, mas agora tornaram-se as cabeças mais criativas em nossa equipe DNI. Obrigado. E já é quase um ritual terminar a seção de agradecimentos lembrando da esposa, especialmente por que ela abriu mão do cônjuge, que ficou escrevendo por longas horas. É um presente que você seja tão diferente, Brigitte. Constantemente me convencia, motivava e até forçava a gastar mais tempo em meu escritório para trabalhar na liberação deste livro. Você tornou possível que família e ministério, gestão e amizade, negócios e oração se unissem em nossa casa como uma maravilhosa sinfonia. Em sua vida consigo ver todas as três cores do amor de Deus. Obrigado, Brigitte.


Christian A. Schwarz

As 3 Cores do Amor A arte de compartilhar a justiça, a verdade e a graça Tradução: Werner Kroker

RECURSOS PRÁTI COS DO DNI

Curitiba 2012


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Orientações

As 10 características desta série

O que é o DNI?

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xistem muitos bons livros sobre a vida espiritual e a edificação da igreja. Qual é, então, a característica peculiar da série DNI Desenvolvimento Natural da Igreja? O DNI Desenvolvimento Natural da Igreja é um novo ponto de partida sobre o crescimento da igreja cujos fundamentos são descritos nos livros O Desenvolvimento Natural da Igreja, Nós diante da Trindade e A Mudança de Paradigmas na Igreja. Todos os livros desta série são: Deus se revelou como Criador, em Jesus e no Espírito Santo e, portanto, nós podemos encontrá-lo de três maneiras diferentes. As três cores: verde (para a revelação na criação), vermelha (para a revelação da salvação) e azul (para a revelação pessoal) são símbolos centrais em todos os livros da série Desenvolvimento Natural da Igreja. Estes livros mostram as consequências práticas da revelação de Deus na história: Criação, Gólgota e Pentecoste. O DNI se baseia no reconhecimento bíblico de que boas raízes produzem bons frutos. Quando a igreja tem qualidade, ela também crescerá em quantidade. Por esta razão a série Desenvolvimento Natural da Igreja se concentra nas “raízes”. A nossa tarefa não é “fazer” o crescimento da igreja mas “liberar” o potencial de crescimento que Deus já colocou em cada uma delas. Quando este potencial é liberado, o crescimento ocorre “por si só”. Os livros da série Desenvolvimento Natural da Igreja são elaborados de tal forma que podem ser usados por indivíduos, por grupos e por igrejas. Por trás destes livros está a convicção de que a qualidade de uma igreja é determinada pela qualidade de vida individual de cada membro. Todos os materiais e estudos do DNI estão voltados para os aspectos práticos do processo do discipulado que devem nos ajudar a alcançar uma fé madura, forte e emancipada.

O DNI se baseia em pesquisas abrangentes que o Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja realizou em todos os cinco continentes. Até hoje, já participaram destas pesquisas mais de 7000 igrejas em mais de 50 países. O objetivo era descobrir princípios universais de crescimento da igreja, válidos em todos os lugares e independentes de cultura, tradição ou estilo de vida cristã. A série Desenvolvimento Natural da Igreja se baseia nos resultados destes estudos. Mini sté rio s

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Cada livro da série Desenvolvimento Natural da Igreja trata de uma das “Oito Marcas de Qualidade” de igrejas que crescem. Em vez de apresentar um destes elementos como “a chave para o sucesso”, o conceito do Desenvolvimento Natural da Igreja procura integrar cada uma destas qualidades no todo. Descobrindo o seu perfil, cada igreja pode descobrir qual é a “marca de qualidade” que, na sua situação atual, exige mais atenção.

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O que é o DNI?

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O DNI não apresenta um modelo de igreja para ser copiado por outras (“Faça como nós e vocês terão os mesmos resultados”). Pelo contrário, o DNI procura liberar a individualidade, a criatividade e a espontaneidade de cada cristão e de cada igreja. Ele parte do princípio que cada cristão é singular e tem um chamado altamente individual e que o mesmo vale para as igrejas. O objetivo de cada livro da série Desenvolvimento Natural da Igreja é promover o desenvolvimento singular e individual de cada igreja. O DNI é uma rede composta por parceiros distribuídos em mais de 50 países. A maneira como estamos conectados permite um processo de aprendizado global. Em vez de exportar as particularidades de uma cultura para outras, o DNI tem por objetivo coletar os impulsos mais úteis de igrejas dos cinco continentes e fazer com que se tornem internacionalmente frutíferos. A série Desenvolvimento Natural da Igreja é encontrada em diferentes idiomas. Deus é colorido, a natureza é multi-colorida, a vida está repleta de cores portanto, a série o Desenvolvimento Natural da Igreja não poderia comunicar a sua mensagem em preto e branco. Deste modo, todos os livros da série DNI são impressos em quatro cores. E como a série é uma co-produção internacional, impressa simultaneamente em vários idiomas, é possível oferecê-la a um preço inferior ao dos livros em preto e branco, especialmente nos países fora do mundo ocidental. Os livros do DNI são bíblicos mesmo sem serem “estudos bíblicos”. Todos têm a Palavra de Deus como norma. Tudo o que pode ser aprendido de outras culturas - seja das igrejas, como resultado das pesquisas ou da natureza - é avaliado à luz dos princípios bíblicos. Apenas conhecimentos que passam pelo teste bíblico são usados nos nossos livros. Um dos objetivos mais importantes da série é mostrar a importância da Palavra de Deus para a nossa vida diária. O propósito do DNI não é acumular teoria mas levar à aplicação prática dos conhecimentos adquiridos. De acordo com a Bíblia, a verdade é algo que pode e deve ser praticado. Cada capítulo da série Desenvolvimento Natural da Igreja foi escrito de modo a ajudar o leitor a dar passos práticos e concretos. O alvo do caminho é servir melhor a Deus e desenvolver igrejas que sejam sadias, que causem impacto transformador em sua sociedade e sejam contagiantes.

Desenvolvendo Naturalmente a Igreja

Uma abordagem diferente ... para resultados diferentes.


8 As 3 Cores do Amor é um dos oito livros da série Desenvolvimento Natural da Igreja a serem publicados ao longo do tempo. Cada livro dedica-se a uma das oito marcas de qualidade de igrejas que crescem. Introdução das bases do desenvolvimento natural da igreja:

Christian A. Schwarz Desenvolvimento Natural da Igreja O material de trabalho para a teologia e prática do desenvolvimento natural da igreja está disponível em aproximadamente 40 idiomas. Títulos e endereços relacionados de todos os materiais disponíveis em língua estrangeira você encontra na Internet:

www.ncd-international.org

www.dni-brasil.org

As 3 cores do amor

A arte de compartilhar a justiça, a verdade e a graça Título do original: Die 3 Farben Deiner Spiritualität © 2004 por Christian A. Schwarz, NCD Media © 2012 Editora Evangélica Esperança Layout e Gráficos: Christian A. Schwarz Tradução: Werner Kroker Revisão: Josiane Zanon Moreschi Edição: Sandro Bier Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Schwarz, Christian A. As 3 cores do amor : a arte de compartilhar a justiça, a verdade e a graça / Christian A. Schwarz ; [tradutor Werner Kroker] - Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2012. - - (Série recursos práticos do DNI) Título original: Die 3 Farben der Liebe ISBN 978-85-7839-011-2 1. Deus - Amor 2. Doutrina cristã 3. Igreja - Crescimento 4. Novas igrejas - Desenvolvimento 5. Presença de Deus 6. Vida cristã I. Título. II. Série. 09-00720

CDD-262.001

Índice para catálogo sistemático: 1. Amor de Deus : Igreja : Desenvolvimento natural : Cristianismo 262.001

Proibida a reprodução do livro ou parte dele. Por trás de todos os livros da série Desenvolvimento Natural da Igreja há dispendiosos projetos de pesquisa que o Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja desenvolveu nos cinco continentes. Os custos deste desenvolvimento são cobertos exclusivamente com a venda destes livros. Quem divulga os materiais de apoio por meio de fotocópias compromete a continuidade do trabalho de edificação da igreja feito pelo instituto, especialmente em países fora do mundo ocidental.


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As 3 Cores do Amor Introdução: Refletindo o amor de Deus em todas as cores.....................................9 Capítulo 1: O que são as três cores do amor?...............................................11 O anseio por amor............................................................................12 As deficiências do amor em nossas igrejas.........................................14 Conceitos errados sobre o amor.......................................................16 Deus é amor......................................................................................18 Três dimensões do amor de Deus.....................................................20 Deus é luz.........................................................................................23 O que é escuridão?...........................................................................26 Praticar o amor significa refletir a luz de Deus...................................28 A cor verde: justiça...........................................................................30 A cor vermelha: verdade ...................................................................32 A cor azul: graça...............................................................................34 Três modelos de amor cristão...........................................................36 Modelo para justiça: Tiago................................................................37 Modelo para verdade: João...............................................................38 Modelo para graça: Paulo.................................................................39 O que isso significa na prática?.........................................................40 Virtudes primárias e secundárias ......................................................41 Pontos fortes e perigos de diferentes culturas...................................44 Duas perspectivas em conflito..........................................................46 O amor pode ser aprendido..............................................................48 Seu processo pessoal de crescimento...............................................50 Capítulo 2: Como podemos refletir o amor de Deus?.....................................53 O fruto é visível.................................................................................54 Compreendendo o fruto do Espírito.................................................56 1 Coríntios 13 e a “roda espiritual das cores”....................................60 O teste do fruto do Espírito...............................................................62 Como avaliar o teste do fruto do Espírito..........................................67 Em qual cor você terá de se concentrar.............................................69 Qual o significado de cada conceito?................................................70 O fruto da paciência: amor duradouro..............................................71 O fruto da alegria: amor que celebra................................................72 O fruto da paz: amor que reconcilia..................................................73 O fruto da fidelidade: amor confiável................................................74 O fruto da bondade: amor que corrige.............................................75 O fruto da amabilidade: amor afável.................................................76 O fruto do domínio próprio: amor disciplinado................................77 O fruto da mansidão: amor humilde.................................................78 O amor é indivisível..........................................................................79

Sumário


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Sumário

Capítulo 3: Doze exercícios que podem revolucionar sua vida......................................................................81 Exercício nº 1: Abasteça-se do amor de Deus....................................82 Exercício nº 2: Ame a si mesmo.........................................................85 Exercício nº 3: Veja pelos olhos de outros..........................................87 Exercício nº 4: Acabe com a hipocrisia espiritual................................91 Exercício nº 5: Aprenda a confiar.......................................................94 Exercício nº 6: Seja vulnerável...........................................................97 Exercício nº 7: Ouse perdoar............................................................100 Exercício nº 8: Seja transparente......................................................103 Exercício nº 9: Aprenda a ouvir ativamente......................................107 Exercício nº 10: Surpreenda com presentes.....................................110 Exercício nº 11: Use seu humor........................................................112 Exercício nº 12: Façam refeições juntos............................................115 Capítulo 4: Oito exercícios que transformarão sua igreja em um oásis de amor..................................................117 Exercício nº 1: “Exalem seu perfume, senhores!”.............................118 Exercício nº 2: “Apenas pelo prazer de fazer”..................................120 Exercício nº 3: “Proibido tédio”.......................................................123 Exercício nº 4: “Que bom que você está aqui”................................126 Exercício nº 5: “Deixe-me usar seus mocassins”..............................128 Exercício nº 6: “O princípio do oikós”..............................................131 Exercício nº 7: “Quais são seus dons espirituais?”............................134 Exercício nº 8: “Posso orar por você?”.............................................138 Epílogo: O maior poder do mundo..............................................................140 A implantação dos recursos DNI: Materiais para líderes..................................................................143 Recursos práticos do DNI A Série das 3 Cores.....................................................................144


Refletindo o amor de Deus em todas as cores

Refletindo o amor de Deus em todas as cores

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Introdução:

embro-me de uma cena muito cômica, como se fosse ontem. Eu havia sido convidado a apresentar os resultados de nossa pesquisa com mais de 1000 igrejas a um grupo de especialistas em crescimento de igreja. Como eu só tinha vinte minutos para esta apresentação, decidi compartilhar um exemplo que eu julgava ser bastante representativo para todo o projeto de pesquisa. “Está comprovado que em igrejas que crescem”, falei, “ri-se mais do que em igrejas que não crescem. Este é um dos princípios de crescimento da igreja mais facilmente documentado que conheço.” A reação destes especialistas? Pois é, eles... riram. “Muito engraçado, Christian. Ha, ha, ha. Admiramos o seu senso de humor. Mas você não vai querer nos convencer de que você gastou alguns anos de sua vida só para no final nos apresentar his- Dedicar-se a tórias como esta? Revele os fatos mais impactantes de sua praticar mais o amor pesquisa, aqueles pontos que são estrategicamente relevantes.” Eu respondi: “Amigos, estes são os fatos impactantes. não se trata de Estes são exatamente os pontos estrategicamente relevantes, algum hobby cristão, quando se trata de ganhar o mundo para Jesus.” Então o riso parou, sendo substituído por claros sinais de mas da essência do desapontamento. Alguns dos participantes olharam osten- ser cristão. sivamente para seus relógios para que eu avaliasse se isso era uma forma de protesto ou expressão evidente de tédio. Durante o restante da tarde dedicaram-se então às questões que eles achavam decisivas quanto ao crescimento da igreja: métodos de gestão, ferramentas de marketing, técnicas organizacionais, modelos de grandes igrejas. Porque rir é um sinal de saúde Por que eu tinha decidido escolher justamente o “riso” como centro de minha apresentação? No momento em que entendermos que tipo de vida de igreja é necessário para que haja uma atmosfera em que rir faça parte da vida normal, ficará claro porque “rir na igreja” é um bom indicador de saúde da igreja. Em igrejas saudáveis as pessoas podem rir de si mesmas. Elas sabem que foram perdoadas. Elas sabem que foram aceitas. “Salvação” marca toda sua existência, não só o seu intelecto. Nestes grupos a verdadeira alegria é compartilhada, tanto abertamente como em particular. Sim, é divertido ser parte de uma igreja assim. É exatamente esta atmosfera que devemos fomentar, ensinar, divulgar e aprender; é a atmosfera do amor. Esta é a razão por que este livro é uma das oito pedras fundamentais da série do Desenvolvimento Natural da Igreja. Três características deste livro No decorrer do trabalho neste projeto li mais de 200 livros sobre relacionamentos amorosos. Muitos deles são excelentes. Então o que você pode esperar deste livro que os outros não ofereçam? 1. Acredite você ou não, a maioria dos livros cristãos sobre este tema são mais fortemente influenciados por uma perspectiva secular e romântica de amor do que por um conceito bíblico de amor. Já que


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Introdução

o conceito bíblico é imensamente superior a qualquer outra perspectiva de amor que encontrei, coloquei-o no centro deste livro. Como os outros livros desta série, As 3 Cores do Amor baseia-se em uma bússola de três cores, que é também o centro estratégico do desenvolvimento natural da igreja. A teologia trinitária, como a maioria de nós está acostumada a ver, tende a ser irrelevante para nossa vida diária. Por outro lado, a bússola das 3 cores tem se mostrado como uma das mais práticas ferramentas imagináveis para nos ajudar a definir como será nossa segunda, terça, quarta-feira e o resto da semana. Você vai experimentar isto! 2. Uma das mais importantes consequências desta abordagem é que as pessoas não são todas tratadas da mesma forma. Para mim foi muito frustrante ver que muitos livros fazem exatamente isto. De repente todos nós temos que prestar mais atenção em nossos sentimentos... ou aprender como confrontamos as pessoas com a verTem sido muito dade... ou priorizar a justiça social. Que absurdo! Enquanto para alguns de nós é importante concentrar-se em alguma frustrante destas áreas para crescer no amor, outros terão que se condescobrir que centrar em aspectos bem diferentes. Para refletir melhor o amor de Deus teremos que seguir caminhos muito diferenmuitos livros tes, dependendo de nosso ponto de partida pessoal. tratam todos da 3. Como você logo verá, esta versão deste livro nasceu em mesma forma.. meio ao nosso ministério intercultural. Isso deixou marcas pelo caminho. Aprendi que algumas culturas orientais estão, em muitos aspectos, mais próximas do conceito original bíblico de amor do que sociedades ocidentais. Inúmeros mal-entendidos sobre amor resultam do fato de que muitas culturas (especialmente as de herança grega e indo--europeia) se distanciaram das raízes orientais da fé cristã. É bom que cada cultura aprenda de outras. Isso não é globalização? Ou ao menos, não deveria ser assim? Amor – o centro da fé cristã Dedicar-se a praticar mais o amor não se trata de algum hobby cristão, que alguns podem cultivar e outros, não. Trata-se da essência do ser cristão. E também é o centro da edificação da igreja. O motivo para a edificação da igreja é o amor, a mensagem é amor, e é possível comprovar empiricamente que não há melhor método de edificação da igreja do que o amor! Minha oração é que os cristãos e os grupos cristãos que trabalharem com este livro possam ser canais mais abertos para o amor de Deus. Que possam refletir ainda mais todas as cores do amor de Deus. Isto colocará em movimento um processo de crescimento e multiplicação que sem dúvida é muito mais poderoso do que qualquer técnica de marketing deste mundo. Christian A. Schwarz

Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja


Capítulo 1: Fundamentos

O que são as três cores do amor?

Amor. Uma das palavras mais centrais da teologia cristã e ao mesmo tempo, uma das palavras mais vagas deste planeta. Quando usam esta palavra, muitos cristãos relacionam-na mais com uma compreensão secular do que com o conceito bíblico. Às vezes parece que nós, cristãos, ainda nem começamos a compreender este conceito bíblico, quanto mais vivê-lo na prática. Afinal, o que é o conceito bíblico de amor?

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O que são as três cores do amor?

Capítulo 1: Fundamentos

O anseio por amor

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oi em um seminário na Suíça. O dia todo eu havia trabalhado com um grupo altamente motivado sobre questões centrais do desenvolvimento da igreja: Quais são as marcas das igrejas que crescem? Como conseguimos mais colaboradores? O que fazer para que os grupos na igreja se multipliquem? Eu estava falando do que entendo, compartilhando meus conhecimentos com base em gráficos, questionários e estatísticas. “Frequento uma No final da noite uma mulher veio falar comigo. Eu estava organizando a confusão das transparências que igreja conhecida justamente iria usar no dia seguinte. Ela disse: “Não tenho nenhuma e que cresce, mas dúvida de que você tem toda razão em cada um dos pontos mencionados.” Agradeci o elogio. tenho a impressão “Mas”, ela continuou, “tive dificuldades para prestar atenção. de ser a pessoa mais Ouvia como se fosse algo muito distante, como se tudo isso tivesse a ver comigo.” Mais um mecanismo de fuga!, solitária do mundo.” nada pensei. “E por que a senhora acha que nada tem a ver com desenvolvimento da igreja?” Perguntei meio sem interesse. Ela começou a falar. Ela contou-me o quanto ela fora ferida por disputas ocorridas nos últimos anos na igreja. Falou também que seu grupo pequeno quebrou por causa disto, que alguns de seus melhores amigos agora a evitavam, que seu marido, que nunca entendeu esse seu envolvimento com a igreja, a abandonara há quatro meses, que os outros membros da igreja mal tinham tempo para ela, de tão ocupados que estavam na edificação da igreja, que várias vezes se oferecera para envolver-se com alguma tarefa na igreja, mas sempre fora rejeitada: “Cuide de seus problemas familiares primeiro!” era a resposta. “Frequento uma igreja conhecida e que cresce”, disse ela enfim, “mas tenho a impressão de ser a pessoa mais solitária do mundo.” Lágrimas vieram aos seus olhos quando ela disse isto. Uma mudança de paradigma Eu realmente me envergonho de contar o resto da história, mas quem sabe você aprenda alguma coisa com a minha falta de sensibilidade. Com cuidado, eu disse a esta mulher que eu sentia muito pelo que ela estava passando, mas que esta não era minha especialidade. Minha especialidade era desenvolvimento da igreja. Dei-lhe o conselho de buscar um conselheiro para ajudá-la com seus problemas. Ela então foi para casa e eu fui para o meu quarto. Naquela noite não consegui adormecer. O rosto dessa mulher não saía da minha cabeça. Quanto mais eu pensava em nosso encontro, mais me culpava por tê-la mandado embora daquele jeito. É claro: desenvolvimento da igreja é a minha área. Mas o que isso quer dizer? Mais programas? Mais grupos? Mais atividades? Mais realizações? Meu Deus, o futuro das igrejas não pode se basear nisso! Não quero nem saber de programas de crescimento da igreja que não possam levar consolo, apoio e cura para uma mulher solitária e ferida como esta! No dia seguinte esta mulher não veio ao seminário. Nunca mais ouvi falar dela.


O anseio por amor

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Por que falo deste encontro? Porque foi esta mulher que me deu o empurrão para uma mudança de paradigma radical em meu ministério. Creio que nossas igrejas estão cheias de pessoas assim: solitárias, feridas, decepcionadas. Creio até que cada um de nós sofre, talvez não na mesma intensidade, com estes ou sentimentos semelhantes. E só uns poucos têm um grupo de cristãos no qual podem se abrir completamente, experimentando um pouco do poder curador do amor de Deus. O principal problema: falta de amor Em um seminário pedi que os participantes escrevessem em um pedaço de papel o que achavam que eram as principais barreiras para a edificação da igreja. “Briga” estava em um pedaço de papel. “Disputa de poder”, escreveu outro. Outros papéis traziam: “fofocas”, “indiferença”, “sobrecarga”, “tradicionalismo”, “teimosia”, “distanciamento”, “falta de confiança”. Perguntei então aos participantes se todas estas barreiras não poderiam ser resumidas em três palavras: “falta de amor”. Quase todos balançaram suas cabeças concordando. Falta de amor é a doença de nossos dias, mesmo que na Para quê servem os mídia o amor seja o tema predominante. As canções que fazem sucesso, os romances baratos sobre este pretenso melhores programas amor são prova desta neurose social. Poucos temas são tão de crescimento da enfatizados quanto o amor. Mas... • A verdade é que a solidão logo será a pior epidemia em igreja se eles não nossa sociedade. Constatações recentes confirmam que ajudam a criar um um quarto da população sofre de solidão crônica. A solidão é uma das causas mais frequentes para suicídio. Só na ambiente em que Alemanha, mais de 13.000 homens e mulheres cometem pessoas solitárias suicídio por ano, E a cada suicídio realizado corresponencontrem consolo dem oito a dez tentativas de suicídio. • A verdade é que, na Europa, um em cada três casamentos e cura? acaba em divórcio. A maioria das pessoas deseja companhia harmoniosa, mas a cada cinco minutos, um casamento se quebra, somente na Alemanha. • A verdade é que o número de doenças psíquicas na Europa aumentou assustadoramente nos últimos tempos. De cada cinco pacientes que procuram um médico para tratar de suas doenças, um paciente sofre de doença psíquica ou de sintomas psicossomáticos. “Falta de amor”, dizem os terapeutas mais renomados de hoje, é a causa de neuroses sérias e até de psicoses entre adultos. Estas estatísticas, por mais tristes que sejam, não revelam o verdadeiro sofrimento, as feridas, as dores, as lágrimas. Estatísticas não mostram os sentimentos de rejeição e de desespero. Não conseguem expressar, nem de longe, o sofrimento que a necessidade de amor não suprida pode causar. Onde estão as igrejas que podem satisfazer essa fome? Onde estão os cristãos que devem refletir o amor de Deus de tal forma que seu poder curador seja experimentado em nosso mundo?


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O que são as três cores do amor?

Capítulo 1: Fundamentos

As deficiências do amor em nossas igrejas

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arece-me simplista demais fazer caricaturas do amor do mundo secular como acontece, embora não sempre, em algumas pregações. Você já conhece este discurso: “Queridas irmãs e irmãos, vejam como é o amor aí fora neste mundo! A pessoa que não conhece a Deus, presa ao seu mundo de egocentrismo, sempre vai compreender o amor como uma forma de egoísmo, enquanto que os cristãos...” Então vem um lindo quadro, pintado com as mais lindas cores, de como é a vida da igreja de Cristo. Sempre que ouço palavras assim sinto-me muito mal. Não que eu ache errado criticar a compreensão secular de amor vigente neste mundo. Farei isso em quase todo o livro. Quero, contudo, dizer que, Antes de nós, cristãos, criticarmos “o falso conceito de amor do mundo” seria melhor considerarmos o quão amorosas são nossas igrejas.. Obstáculos “cristãos” ao amor Antes de nós, Em outras palavras, não deveríamos discutir só com aquecristãos, criticarmos les que confundem amor com desejo sensual e ainda fazem “o falso conceito comércio disto, mas, sobretudo, com aqueles que... orgulham e tanto falam de amor cristão em seus grupos de amor do mundo” ...se e igrejas, mas não o vivenciam em lugar algum; seria melhor ...domingo após domingo sentam juntos nos cultos sem considerarmos o quão conhecerem nem se interessarem uns pelos outros; amorosas são nossas ...fazem todo o possível em suas igrejas, mas não se importam em levar outras pessoas a ter um relacionamento pessoal igrejas. com Jesus e assim experimentar o amor de Deus; ...até trabalham a todo vapor no evangelismo, mas usam mais o martelo do que o amor de Deus; ...em seu modo de pensar e agir só se ocupam com lutar contra outras expressões de fé e denominações diferentes da sua, com o objetivo, é claro, de “preservar a pureza do Reino de Deus”; ...constroem em torno de suas igrejas barreiras mais difíceis de quebrar que o muro de Berlim; ...sufocam os outros em um ambiente opressivo, ao invés de oferecer-lhes a oportunidade de respirar o ar puro e libertador do amor de Deus. Nem todas as igrejas são amorosas Nos últimos anos tive o privilégio de conhecer centenas de igrejas nos cinco continentes. Muitas delas são exemplos maravilhosos de amor cristão em ação. Não apenas são sensíveis às necessidades de seus membros, mas também se envolvem de forma muito criativa com as necessidades da comunidade ao seu redor. Aprendi muitos dos conceitos deste livro nestas igrejas.


As deficiências do amor em nossas igrejas

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Contudo, também encontrei igrejas nas quais a situação era bem diferente: grupos nos quais os crentes até fazem progresso no conhecimento da Bíblia, mas não em sua capacidade de amar. Seria errado considerar estas igrejas como “exceções à regra”. Infelizmente parece que há muito mais igrejas deste tipo do que as do tipo positivo. Muitas igrejas assim estão literalmente congeladas; quem participa de um de seus cultos corre o risco de pegar um resfriado espiritual. Seu ensino pode até ser “correto”, mas eles espalham uma energia negativa que pode ser sentida até mesmo fisicamente. “Na igreja não se “Proibido tocar” Alguns anos atrás minha esposa e eu fizemos uma parada vê com bons olhos de uma hora na cidade de Colônia, durante nossa viagem quando as pessoas de trem pela Alemanha. Como a Catedral de Colônia estava exatamente em frente à estação de trem, e como eu até se abraçam”, disse um então ainda nunca tinha entrado nela, decidimos visitar e ver a catedral por dentro. Devo confessar que eu tinha certas expectativas espirituais em relação a esta visita. Alguns de meus amigos já tinham me dito: “Christian, no momento em que você entrar na catedral você sentirá a presença de Deus.” Era um lindo e brilhante dia de sol quando Brigitte e eu subimos as escadas do acesso principal. Mal a grande porta maciça se fechou atrás de nós, toda a luz sumiu. A arquitetura majestosa e a atmosfera sem luz deram uma momentânea sensação de medo. Inconscientemente fiz o que a maioria de nós faz em uma situação assim: coloquei meu braço no ombro de Brigitte e andei bem juntinho dela. Ao menos um pouco de calor neste ambiente pouco hospitaleiro! Mal tinha tocado o ombro da Brigitte e um dos monges em ministério na catedral já veio para cima de nós. “Tire seu braço daí imediatamente” vociferou ele, “na igreja não se vê com bons olhos quando as pessoas se abraçam.” Ainda nos pediu uma contribuição para a manutenção do prédio... Brigitte e eu saímos da igreja o mais rápido possível. Os últimos metros foram em ritmo de corrida. Mal a porta tinha se fechado atrás de nós e já havia luz e calor. Músicos de rua cantavam. Pessoas riam. O sol brilhava. Podíamos respirar de novo. Sentimo-nos livres de novo. Tínhamos a clara impressão de estarmos mais próximos de Deus. Um símbolo para muitas igrejas Esta experiência tornou-se para mim um símbolo de inúmeras igrejas. Apesar de todas as coisas boas que se poderia dizer sobre elas – e eu não tenho dúvidas de que haveria muita coisa a ser dita, especialmente a respeito da arquitetura da Catedral de Colônia – elas comunicam para muitas pessoas exatamente o oposto do que deveria ser o amor cristão. Mas a Bíblia não nos diz que a marca pela qual a igreja de Cristo deveria ser conhecida é justamente o amor (Jo 13.35)?


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O que são as três cores do amor?

Capítulo 1: Fundamentos

Conceitos errados sobre o amor

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omo é possível que igrejas estejam tão mal desenvolvidas em sua capacidade de vivenciar o amor, que apresentem exatamente aquelas doenças para as quais deveriam ter a cura? Pode-se comprovar que uma grande parte do cristianismo está marcada por perigosos conceitos errados sobre o amor. A consequência disto é que muitos cristãos acham que seu conceito de amor está totalmente de acordo com o que a Bíblia ensina sobre ele. A verdade é que já nos acostumamos tanto com estes conceitos errados que os lemos na Bíblia. Sempre que vemos a expressão “amor” em um texto da Bíblia, achamos que isso confirma a convicção que já tínhamos sobre o assunto. Para muitos de nós a palavra “amor” está tão fortemente ligada a certas imagens que temos dentro de nós, que estas imagens vêm automaPelo conceito ticamente à mente assim que encontramos a palavra. Não é afirmar que Hollywood tem maior influência sobre romântico secular, exagero nossa compreensão de amor do que o criador dos céus e da o amor é sempre terra, o próprio Deus. amigável, cordial São principalmente estes dois conceitos errados que encontro com frequência nas igrejas cristãs: e sentimental Conceito errado nº 1: “Amor é sempre gracioso” (surgem os filmes Este é o conceito padrão que o amor tem na vida diária. Este de rosas e violinos). conceito errado, transplantado para o âmbito cristão, reduz o amor a uma forma muito restrita de graça. Graça é, sem dúvida, parte inseparável do amor, mas amor não pode ser reduzido somente a graça. Graça é graça e amor é amor – dois conceitos diferentes, e isto por uma boa razão! Tudo o que é característico da graça é abrangido pelo conceito de amor, mas graça não abrange todas as expressões de amor. Para cristãos que seguem um conceito romântico secular de amor, o “amor duro”, como por exemplo confrontar uma pessoa com a verdade, é inaceitável. Amor precisa ser sempre amigável, cordial e sentimental (surgem os filmes de rosas e violinos). O resultado final é uma amabilidade exclusivamente cordial (e muitas vezes temerosamente ineficaz), na qual a essência do amor cristão acaba se esvaindo totalmente a ponto de deixar as pessoas sem condições de combater pecado e engano em suas vidas. Cada cristão sabe que na vida de fé não se trata apenas de ser cordial. Na Bíblia lemos sobre verdade, justiça, medidas duras que às vezes são necessárias para o desenvolvimento pessoal das pessoas. Mas lemos também que Deus é um Deus que ama, e lemos até mesmo que ele é amor. Como estas duas afirmações podem ser conciliadas? A solução mais comum que eu encontrei funciona assim: continuamos a usar a palavra “amor”, mas a relacionamos a outros suaves tons. Então continuamos: “Deus é amor, é verdade, mas também justo.” Ou: “Nós temos que tratar os outros com amor, mas também com verdade.” Não quero criticar as palavras “amor”, “justiça” ou “verdade” nestas frases. O que, do ponto de vista bíblico, precisa ser analisado de forma crítica, é


Conceitos errados sobre o amor

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a palavra “mas”. Ela transmite a ideia de que justiça e verdade são algo oposto a amor – uma compreensão sem qualquer base bíblica. Amor é a essência de Deus, assim como “graça” é parte inseparável do amor. E isso vale também para “verdade” e “justiça”. Pode até haver tensão entre verdade e graça, mas nunca entre verdade e amor. O amor que foge da verdade deixa de ser amor. Esse tipo de compreensão estaria diametralmente oposto à afirmação de Paulo de que o amor se alegra com a verdade (1Co 13.6). Como muitas igrejas Conceito errado nº 2: “Se você realmente me ama, podem produzir precisa ser inimigo de meus inimigos” O segundo conceito errado começa na outra ponta da escala. exatamente as Geralmente aparece em meio a grupos que destacam valores como “verdade” e “justiça”. É completamente normal que doenças que outros crentes tenham opiniões, tradições ou práticas bem deveriam curar? diferentes das nossas. Também é normal (ou, ao menos, inevitável) que vejamos algumas destas pessoas como “opositores”. O que não é aceitável é o seguinte: para demonstrar o meu amor por alguns cristãos, tenho que ser também inimigo de seus inimigos. Ter comunhão com esse tipo de cristão significa fazer parte de suas cruzadas contra outros cristãos! Nosso ministério é estruturado de forma interdenominacional. Isso quer dizer que eu trabalho com igrejas de diferentes denominações e diferentes linhas de espiritualidade. Eu posso dizer, com toda a convicção, que amo, de coração, cada um destes diferentes grupos, e que gostaria de apoiá-los em tudo que me for possível. Contudo, repetidas vezes encontro cristãos no trabalho que me pedem: “Se você realmente quiser ter comunhão conosco, precisa afastar-se publicamente de XYZ.” Por exemplo: tenho alegria em trabalhar com igrejas que se entendem como “carismáticas”, e também com outras que olham para este estilo de espiritualidade com muito ceticismo. E vários de meus amigos carismáticos questionam seriamente o meu amor por eles por eu investir tanto tempo em grupos não carismáticos. Outros não carismáticos têm a impressão de que tomei partido dos carismáticos por trabalhar tanto com estas igrejas. Conclusão: para alguns, sou “herege” por dar a mão a pessoas que eles consideram “hereges”. O lema é sempre o mesmo: “Se você me ama, será inimigo dos meus inimigos.” Esta forma de pensar em categorias de segregação e lutas está tão disseminada entre os cristãos que me parece ser o principal obstáculo à evangelização do mundo. Não estou dizendo que estes grupos não deveriam envolver-se tanto com a verdade. Acima disto gostaria de apontar para o fato de que em seu sistema de crença possivelmente falta o mais importante aspecto do amor de Deus: o poder de transformar inimigos em amigos. Em vários grupos que conheço parece acontecer exatamente o oposto: eles continuam a transformar amigos (potenciais) em inimigos.


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O que são as três cores do amor?

Capítulo 1: Fundamentos

Deus é amor

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a primeira carta de João encontramos uma frase que apresentou algo totalmente novo na história da religião: “Deus é amor” (1Jo 4.8,16). Sentimos isso quando tentamos aplicar esta frase a deuses de religiões não bíblicas: Iemanjá é amor, Zeus, Júpiter, Brahma é amor. Todas estas composições mostram-se totalmente impossíveis. A afirmação de que Deus é amor não é só fundamental para nossa compreensão da natureza de Deus, mas também para nossa compreensão da essência do amor. Esta frase nos diz que amor é muito mais do que uma característica de Deus (“Deus é amoroso”). “Deus é amor” significa que amor é a essência de Deus, a tal ponto que João também pode dizer: “Todo aquele que permanece no amor permanece em Só vamos entender Deus” (1Jo 4.16). o que é amor Características de Deus e natureza de Deus ler superficialmente os versículos citados, muitas pessoas quando olharmos Ao deixam de perceber a grande diferença que há entre um como Deus lidava “Deus amável” e um “Deus que é amor”. A questão é muito do que um mero jogo de palavras e conceitos. Como com pessoas. mais veremos mais adiante, esta diferenciação tem consequências dramáticas, especialmente quando se trata de praticar o amor cristão com atitudes concretas. É marcante que a Bíblia nunca afirme “Deus é justiça”, “Deus é poder”, ou “Deus é sabedoria”, ou ainda “Deus é ira”. A Bíblia fala, sim, da justiça de Deus, de seu poder, de sua sabedoria, e, especialmente no Novo Testamento, de sua ira! Mas, tudo isso são características de Deus, que não podem se confundidas com sua natureza. Deus ama a justiça, ele revela seu poder, ele rege o mundo com sabedoria, ele mostra sua ira. Mas, Deus é amor. Amor é mais do que apenas uma característica de Deus, que se destaca ou retrai alternadamente com outras características. A natureza de Deus é amor. É disso que também parte a sua justiça, seu poder e sua sabedoria. Sim, até sua ira jorra de seu amor, e de nenhuma outra fonte. Como definimos amor? Deus é amor – isto significa que nós só vamos compreender o que é amor se conhecermos Deus, se dermos uma olhada, na Bíblia, em como Deus se relacionava com pessoas. Mas, como já vimos até aqui, a maioria de nós tem o ponto de partida oposto quando se trata de compor sua imagem de Deus. A ordem, na maioria das vezes, é a seguinte: 1. Começamos com nossa própria ideia do que é amor, que na maioria dos casos é uma variante da compreensão secular de amor romântico. 2. Em seguida lemos que Deus é amor. 3. Depois então projetamos nossa ideia de amor romântico sobre Deus. Em outras palavras: nós definimos “Deus” nos termos de nossa compreensão preconcebida de amor. Mas deveríamos fazer exatamente o contrário: definir amor nos termos que a Bíblia nos revela sobre a natureza de Deus.


Deus é amor

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O perigo da projeção Quando seguimos a primeira abordagem, e a maioria de nós tende para esta direção, chegamos a dois conceitos totalmente errados: • Nossa compreensão de amor permanece secular e romântica, já que esta compreensão nunca foi esclarecida de forma crítica através das afirmações bíblicas sobre a natureza de Deus. • Nossa imagem de Deus também é secular e romântica, já que projetamos sobre Deus todas as nossas imagens seculares. No final temos um Deus irreal e uma realidade sem Deus, uma fé alienada do mundo e uma compreensão do mundo sem fé. O filósofo ateu Ludwig Feuerbach, e, seguindo seus passos, também Karl Marx, acusaram os cristãos de projetar no céu suas próprias figuras mundanas e a esse ser criado por eles mesmos chamarem “Deus”. Quando os ateus declararam que este Deus está morto, estavam com toda a razão. Este Deus está morto. Na realidade, ele nunca existiu. Obrigado, Ludwig Feuerbach, obrigado, Karl Marx, vocês ajudaram a nos livrar desta imagem errada de Deus! O Deus da Bíblia Esta é a razão pela qual o primeiro capítulo deste livro é totalmente dedicado à natureza de Deus. Antes de desenvolver exercícios práticos para o crescimento no amor, precisamos ter muita clareza sobre o que de fato entendemos por amor. O padrão de nosso amor por outros é o amor de Deus por nós. Quando estudamos como Deus demonstrou seu amor por O padrão de nosso nós, aprendemos que amor é mais do que dar alguma coisa a alguém. Quando Deus nos ama, ele não só nos dá alguma amor por outros é coisa, ele nos dá a si mesmo. Ainda voltaremos às consequências o amor de Deus por práticas desta diferença quando tratarmos da diferença entre “virtudes primárias” e “virtudes secundárias” (páginas 41-43). nós. O centro da compreensão cristã de amor é que nós nos doamos. Isso de forma alguma é um conceito barato. Ele tem seu preço. Ao mesmo tempo, contudo, é a chave para uma vida plena, desafiadora e feliz. Aqui se aplica bem a afirmação decisiva e paradoxal de Jesus: “Quem acha a sua vida perdê-la-á, e quem perde a sua vida por minha causa achá-la-á” (Mt 10.39). Estou plenamente consciente de que um ou outro leitor deste livro sobre relacionamentos marcados pelo amor achará bem difícil lidar primeiramente com diferentes imagens de Deus. Prometo que ainda chegaremos aos detalhes mais banais e corriqueiros do crescimento no amor (os capítulos 3 e 4 são compostos apenas de exercícios práticos). Minha esperança é que, quando chegarmos a estes capítulos, você ao menos tenha aprendido a valorizar a abordagem teológica sobre a qual estes exercícios se baseiam.


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O que são as três cores do amor?

Capítulo 1: Fundamentos

Três dimensões do amor de Deus

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ê uma olhada no diagrama da página ao lado (página 21). É possível expressar o conceito de amor cristão de duas formas diferentes. Podemos usar somente uma palavra, isto é, “amor” (no centro do diagrama onde, da mesma forma, poderíamos usar A Bíblia, em sua a palavra “Deus”). Ou podemos também usar três palavras, que são: “justiça”, “verdade” e “graça”, cada uma expresterminologia origi- sando uma dimensão diferente do amor. Estes três conceinal, usa frequente- tos não são facilmente separáveis. Quanto mais refletirmos o de Deus em nós, mais os significados destes conceitos mente os conceitos amor se aproximam uns dos outros. justiça, verdade Se estes três conceitos são tão centrais para nossa compreene graça para são da natureza de Deus, então é estranho não lembrarmos algum versículo bíblico que resuma estes três aspectos em descrever Deus. de uma frase. No entanto, qualquer leitor da Bíblia sabe que as Escrituras falam sobre as três dimensões do amor. Mas, se é verdade que o conjunto dos três conceitos (justiça, verdade e graça) é uma chave teológica, não deveríamos encontrar pelo menos alguns versículos bíblicos que se relacionem diretamente com este trio? O problema da tradução Fato é que a Bíblia, em sua terminologia original, constantemente usa os termos justiça, verdade e graça para descrever Os conceitos ’aemunah (verdade), sedaqah (justiça) e haesaed (graça) são muito usados nos Salmos para glorificar a Deus. A maioria de nossas traduções bíblicas usa outros termos (a tabela nos mostra a NVI – Nova Versão Internacional). Salmo 33.4s

Pois a palavra do Senhor é verdadeira, ele é fiel (’aemunah) em tudo o que faz. Ele ama a justiça (sedaqah) e a retidão; a terra está cheia da bondade (haesaed) do Senhor.

Salmo 36.5s

O teu amor (haesaed), Senhor, chega até os céus; a tua fidelidade (’aemunah) até as nuvens. A tua justiça (sedaqah) é firme como as altas montanhas; as tuas decisões como o grande mar.

Salmo 40.10

Não oculto no coração a tua justiça (sedaqah); falo da tua fidelidade e da tua salvação. Não escondo da grande assembleia a tua fidelidade (’aemunah) e a tua verdade (haesaed).

Salmo 88.11s

Será que teu amor (haesaed) é anunciado no túmulo, e a tua fidelidade (’aemunah), no Abismo da Morte? Acaso são conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas, e os teus feitos de justiça (sedaqah), na terra do esquecimento?

Salmo 98.2s

O Senhor anunciou a sua vitória e revelou a sua justiça (sedaqah) às nações. Ele se lembrou de seu amor leal (haesaed) e da sua fidelidade (’aemunah) para com a casa de Israel...

Salmo 119.75s

Sei, Senhor, que as tuas ordenanças são justas (sedaqah), e que por tua fidelidade (’aemunah) me castigaste. Seja o teu amor (haesaed) o meu consolo, conforme a tua promessa ao teu servo.


Três dimensões do amor de Deus

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Deus. A razão pela qual a maioria de nós ainda não está familiarizada com esta terminologia está relacionada com o fato de que estes conceitos foram traduzidos de forma diferente nas muitas versões. Veja, por exemplo, a tabela à esquerda (página 20). Escolhi seis trechos do livro dos Salmos que são representativos para muitos outros trechos. Cada um dos trechos contém uma referência explícita sobre a justiça, a verdade e a graça de Deus. Quando, contudo, analisamos as mais diferentes versões, constatamos que, via de regra, os três conceitos aparecem em algum lugar, mas praticamente nunca no mesmo texto. Por que isso acontece? Paradigma oriental versus paradigma ocidental A resposta está no fato de que no hebraico, que não é só o idioma do Antigo Testamento, mas toda a base de pensamento de Jesus e dos apóstolos, estes conceitos têm um significado que não é fácil de ser traduzido para outras línguas. Em alguns idiomas não é fácil reproduzir o exato “sabor” destas expressões, especialmente naqueles marcados por uma herança grega (por exemplo, os idiomas indo-europeus ou “ocidentais”). Vamos dar uma olhada mais detalhada nestes termos:

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Podemos expressar o conceito com uma única palavra, “amor” (no centro do diagrama), ou podemos usar três termos diferentes: “justiça”, “verdade” e “graça”. Cada um destes três termos expressa uma dimensão diferente de Deus. Quando, porém, lidamos com estes três termos deveríamos compreendê-los a partir de suas raízes hebraicas. Esta compreensão pode ser diferente em nosso próprio idioma.


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O que sĂŁo as trĂŞs cores do amor?


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