Laminação brilho
duras, espadas, capacetes, cotas de malha, cavalos a seus cavaleiros para que eles pudessem combater em nome delas nos torneios? Bem, Eugène, as coisas que estou lhe oferecendo são as armas da época, as ferramentas necessárias a quem quer ser algo.
Em 1834 Balzac escrevia a sua futura esposa: “Uma coisa que você não espera é O pai Goriot, uma obra-prima. A pintura de um sentimento tão grande que nada o esgota, nem os atritos, nem as feridas, nem as injustiças, um homem que é pai como um santo, um mártir e um cristão.”
HONORÉ DE BALZAC
Nesse “esgoto moral de Paris”, como apontaram os críticos de Balzac, o ingênuo Rastignac precisa passar por diversas tentações, corrupção e até um assassinato. Balzac, precursor do romance moderno e do realismo, não pretende apenas “fazer poesia”, mas conceber um contraponto à Divina comédia de Dante, na qual busca desvendar a existência humana e a sociologia das cidades.
Em outros tempos as damas não davam arma-
BALZAC
O PAI GORIOT
e na conquista de suas ambições, que se apresentam com uma crueza quase imoral – ao menos para os padrões da época.
Tradução de Marina Appenzeller
O PAI GORIOT
Aqui os personagens são criaturas de grande complexidade que vão acabar por formar a base de sustentação de toda a Comédia humana. Com este romance, Balzac inaugura o procedimento do “retorno de personagens”, que fará ressurgir diversos nomes em outras obras como figuras centrais ou secundárias (é o caso, por exemplo, de Vautrin, que, em Ilusões perdidas, tem um papel fundamental na ruína de Lucien de Rubempré).
Prefácio de Philippe Berthier Inclui histórico do texto e cronologia do autor
de Balzac nasceu em Tours, em 1799. Começa a trabalhar em livrarias e gráficas, o que lhe permite ingressar nos meios literário e político. Admirável retratista dos costumes, organiza sua obra sob o rótulo geral de A comédia humana, marco do realismo na literatura do século XIX. Escreve 90 romances, 30 contos, 5 peças teatrais. Falece em 1850, em Paris.
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O cerne do romance se encontra, então, tanto nos dramas pessoais quanto no jogo das relações humanas, nas disputas pelo poder
ISBN 978-85-7448-036-7
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Além do personagem-título descrito por Balzac, deparamo-nos neste romance com um universo que abarca desde o submundo do crime até os toucadores das damas da alta sociedade. O verdadeiro protagonista, no entanto, é Eugène de Rastignac, jovem estudante provinciano almejando sucesso na sociedade que acaba de descobrir.
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Honoré
de
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O pai Goriot
Tradução
Marina Appenzeller Apresentação
Phillipe Berthier
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Título original: Le Père Goriot © 2002 Editora Estação Liberdade Ltda., para esta tradução © 1996 Flammarion S.A., para “O festim das aranhas” e “Vida e obra de Balzac”.
Revisão Composição Ilustração e projeto gráfico de capa Editores
Marise Leal, Valéria Jacintho, Joana Canêdo Marcelo Higuchi / Estação Liberdade Natanael Longo de Oliveira Angel Bojadsen e Edilberto F. Verza
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Balzac, Honoré de, 1779‑1850. O pai Goriot / Honoré de Balzac ; tradução de Marina Appenzeller ; apresentação de Philippe Berthier. — São Paulo : Estação Liberdade, 2002. Título original: Le Père Goriot. ISBN 978‑85‑7448‑036‑7 1. Realismo na literatura 2. Romance francês ‑ Século 19 I. Berthier, Philippe. II. Título. 01‑0182
CDD‑843.7
Todos os direitos reservados à Editora Estação Liberdade Ltda. Rua Dona Elisa, 116 | 01155‑030 | São Paulo‑SP Tel.: (11) 3661 2881 | Fax: (11) 3825 4239 www.estacaoliberdade.com.br
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SUMÁRIO
O
festim das aranhas
Prefácio de Philippe Berthier 9
O pai Goriot 31
Uma pensão familiar, 29 A apresentação à sociedade, 107 Engana‑Morte, 169 A morte do pai, 223
História
do texto
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Vida
e obra de
Balzac
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O
festim das aranhas por Philippe Berthier * Para Gérard Bejjani
Amor é dar a alguém que não quer aquilo que não se tem. Lacan
Pai e mártir, mártir porque pai, Goriot brilha no firmamento das figuras míticas como a encarnação da dedicação superlativa, do despojamento absoluto. Esse ser puramente oblativo, que morre pela ingratidão daqueles (no caso, daquelas) a quem tudo deu, é explicitamente apresentado por Balzac como um Cristo cujo amor inesgotável não apenas não foi reconhecido, como também lhe valeu hostilidade, abandono e a mais amarga das agonias. Como o Outro, chegou à (alta) sociedade, et suae eum non receperunt.** Essa leitura edificante, que bastaria para ga‑ rantir o sucesso do romance junto aos corações sensíveis e às almas piedosas, apaixonadas pelo sublime até (e sobretudo) em seus fracassos, quase não resiste, contudo, a um exame sem complacência. Não se trata de se opor sistematicamente à inter‑ * Philippe Berthier é doutor em Literatura e Civilização Francesas, professor na Sorbonne Nouvelle (Paris III) e um dos mais conceituados especialistas da obra de Balzac. As traduções do latim deste prefácio são de Antonio da Silveira Mendonça. ** Em latim: E elas não o acolheram. Uma distorção da passagem do evan‑ gelho “et sui eum non receperunt”. 9
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pretação tradicional, nem de atacar essa vaca sagrada da Pater‑ nidade sacrificial pelo prazer de se singularizar, pretendendo, por exemplo, que o anti-Grandet parisiense ama na realidade menos suas filhas do que o avarento de Saumur ama a sua (cau‑ sa que, no entanto, seria bem possível pleitear), mas destacar nuanças, estar atento a sinais muitas vezes negligenciados, recu‑ sar um maniqueísmo cômodo e insípido demais. O pai Goriot é uma obra implacável que, inclusive em sua personagem epônima, não deixa subsistir quase nada das ilusões às quais uma visão “positiva” e “idealista” do mundo gostaria de se agarrar, empe‑ nhada que está em preservar uma ilhota de valor(es) em um oceano de falta de sentido. Isso decerto tranquilizaria, mas Balzac não lança mão desses emplastros lenificantes. Ele desata as feridas morais e sociais, faz com que sejam engolidas cruas. Quem é Goriot? Um homem cuja fortuna parece ser de origem no mínimo pouco escrupulosa: enriqueceu vendendo sua farinha num período de miséria durante a Revolução, em condições que é fácil imaginar. Por esse lado não tem como dar aulas de virtude. Na vida particular, tudo ocorreu em torno da morte de uma esposa bem-amada. Os acontecimentos ulteriores comprovam com todos os detalhes que o luto não transcorreu de maneira normal. Brusca‑ mente órfão de uma mulher à qual dedicava um amor sem limites, transfere para as filhas todo o potencial afetivo que investira em uma vida conjugal idólatra, e só haveria nessa transferência algo de muito compreensível e natural se ela não se operasse com uma intensidade apavorante, “irracional”, e com todo o ardor cego de uma descarga pulsional, que se explica caso se considere que, mi‑ mando suas filhas até a loucura (e desta vez a expressão recupera todo o seu sentido), Goriot não cessa de negar o desaparecimento de sua metade, ressuscitando-a a cada dia. Portanto, é menos por elas mesmas do que por sua falecida mãe, e definitivamente por seu pai inconsolável, que Delphine e Anastasie são objeto de cui‑ dados tão extravagantes: amor de substituição que aumenta pela ausência daquela que era sua verdadeira destinatária. Esse amor ser propriamente desatinado é confirmado por muitos sintomas, que os pensionistas da casa Vauquer testemunham à sua maneira 10
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(literalmente errônea, mas profundamente clarividente), quando as visitas femininas discretas ao macarroneiro fazem com que des‑ confiem de alguma intriga galante: Goriot é suspeito de pecados senis, atribuem-lhe amantes que não tem — e no entanto tem: as pretensas “raparigas” que o arruínam são suas filhas, devoradoras de diamantes e que cobram como as outras. Seu comportamento não é de genitor, mas de amante, está carregado de um desejo que, pela filiação, visa outra coisa e exige dela o que ela não pode dar. Rastignac não consegue evitar o ciúme diante das criancices amorosas de Goriot, de seus acessos de senilidade erótica, e essa reação está plena de uma verdade oculta: o delírio de generosidade desse pai, talvez, no fundo, seja apenas (ou: talvez também seja) a compensação transposta de uma partilha sexual que se tornou impossível e que no entanto é buscada. Com tudo o que o amor induz de possessividade ávida: se quer empurrar Delphine para os braços de Eugène, é para conservá-la, para poder morar perto dela. Balzac enuncia isso sob a forma de axiomas dos mais nítidos e sem qualquer exceção: o que chamamos pomposamente “os abismos do coração humano” (e a Paternidade é, de fato, um dos mais vertiginosos) recobre na realidade apenas os movimentos do interesse pessoal, cálculos feitos em proveito de nossos prazeres. Todas as paixões caminham para sua satisfa‑ ção. No sobrelanço de entusiasmo de que Delphine é objeto entre Goriot e Rastignac, é ingenuidade acreditar que a paixão do pai teria a superioridade do desinteresse. Tratando-o de “velho egoís ta”, a senhora Vauquer acerta mais no alvo do que ela própria crê. Toda dedicação é paradoxalmente dedicação a si, ao princípio que nos faz viver; colocado fora de nós, volta sempre em nossa direção. Ostensivamente centrífugo, intrinsecamente centrípeto, esse homem entregue aos outros não cessa de falar de si: minhas filhas são minhas, fui eu quem as fiz, se ainda fossem pequenas, eu faria delas o que bem entendesse. Essa vítima entusiasta do dever paterno lembra imperiosamente seus direitos, indigna-se ao vê-los ignorados. Em vez de dar a fundo perdido, por nada, conta com ser ressarcido; seu fetichismo (tudo o que tocou suas filhas é de imediato sacralizado), seu masoquismo (que volúpia 11
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ser pisoteado por Elas!) são confessados como garantias de um reembolso que, apesar da aparência, é exigido com inflexibilidade. A ferocidade com a qual ele ameaça qualquer pessoa que fizer mal a seus tesouros (está pronto a matar, guilhotinar, queimar em fogo lento, estraçalhar, devorar...) diz muito a respeito da violência de seu instinto de sobrevivência predatório e ogresco. Esse dedicado 1 pelicano é um vampiro. A educação aberrante que dispensou a essas senhoritas cujos fundamentos errados reconhecerá tarde demais e cuja base peda‑ gógica, se ousarmos dizer, consiste simplesmente em nada lhes recusar, só pode preparar sua própria eliminação. Concordará em seu leito de morte que, sendo pai demais, não foi pai de maneira alguma: pronto a se “aviltar” por Nasie e Fifine, entregue à “corrup ção” de uma facilidade irresponsável, demitiu-se, renunciou a qualquer autoridade e por aí mesmo privou suas filhas da instância firme, da referência sólida de que qualquer personalidade jovem precisa para poder constituir-se de maneira saudável. Ele próprio desregrado, esse maníaco que, sob sua abnegação, camufla um imperialismo jamais saciado, só consegue evidentemente desregrar suas filhas, que herdam não apenas seu dinheiro, mas sobretudo sua natureza carniceira e perversa: segundo ele próprio confessa, elas o “degolaram”. Porém, o parricídio do qual elas se tornam culpadas foi de certa forma programado pelo próprio assassinado. Tudo ocorre como se Goriot tivesse organizado seu assassinato, armado seus carrascos, por inconsciência, falha fundamental, in‑ capacidade de endossar sem equívoco a sua condição na ordem familiar. Misturando tudo de imediato no cadastro claro que deveria designar o lugar de cada um e seu papel na economia do desejo (e simplesmente na economia...), esse grande canibal da afeição é ele próprio rapidamente canibalizado. Ao abraçar Delphine, só pode machucá-la; ao chorar seu pai, esta só pode pensar: estarei feia no baile. Se, como constatará por fim, suas filhas foram seu “vício”, estas são boas caçadoras de nascença e, a um amor escan‑ dalosamente mal compreendido, só poderiam mesmo responder 1. Cf. o artigo de Nicole Mozet, Le Magazine littéraire, julho-agosto de 1989. 12
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por uma indiferença escandalosa. Nessa perspectiva, é demasiado fácil incriminar os genros, bodes expiatórios bem designados, que não teriam nada de mais urgente a fazer do que afastar de seus pais, depois de depená-los, as moças que desposam. Delphine e Anastasie censuram Goriot por tê-las casado mal. Evidentemente é injusto: elas têm os maridos que merecem, e que satisfazem os gostos que seu pai adulou amorosamente. Quando Balzac nos explica que Goriot, por sentimento e ignorância, revolta-se contra as leis sociais, quer menos desagravá-lo de sua responsabilidade (esmagadora) do que sublinhar o que qualquer grande energia libidinal tem de anárquico; e é bem nesse ponto que, apesar de tudo o que os separa, Goriot tem uma ligação subterrânea com Vautrin: por suas filhas, assaltaria um banco, arriscaria a prisão, porque, como ele, é um “homem de paixões”. Quanto à comparação recorrente com Deus, ela não deveria enganar ninguém. Identificando-se completamente com ele, com aqueleque Bianchon qualifica com ironia como o “Pai eterno”, mas que é sobretudo um pai abusivo, preocupado em ocupar todo o terreno e em tornar-se indispensável (ou seja, odioso) pela própria profusãode suas dádivas, esquece que o amor divino é em geral um amor discreto, cheio de tato e de paciência e, acima de tudo, respeita a autonomia daqueles a quem se propõe. O amor de Goriot, opressorpor seu excesso e sempre próximo da chantagem (Veja o quanto a amo! Ame-me da mesma maneira ou você é um monstro), é mais ou menos o contrário. Se foi “um deus” para suas filhas, não foi um deus liberador. As exclamações comoventes que visam a se autoerigir como Doador insuperável (“O coração, tudo está nele!”) ocultam principalmente o mau uso de uma abundância afetiva mal regulada e mal orientada. Deve-se mesmo lamentar Goriot? Com certeza é penoso ser considerado por suas filhas como uma mancha que macula seus salões, mas ele tem tudo para ser essa mancha. Longe de traírem seu papai, Delphine e Anastasie permanecem perfeitamente fiéis a seu exemplo, a suas lições: se ele próprio se degradou diante delas e por elas, como elas poderiam devolver-lhe a dignidade? Não é bonito, de fato, Anastasie achar a mão do pai malcheirosa (a mesma que assinará o endosso que a salva); mas cada um com suas pai‑ 13
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xões. Nasie arruína-se pelo senhor de Trailles. Goriot arruína-se por Nasie. Suplício, certamente. Saciação poderosa também. Imaginando fazer o Pai humilhado morrer em uma derradeira ilusão — “Meus anjos!”, exclama, agarrando as cabeças de Eugène e de Bianchon, que confunde com as de suas filhas que teriam voltado à sua cabe‑ ceira —, Balzac parece lhe conceder menos uma graça suprema do que apresentar até o final, e com a nota de grotesco pela qual são sempre acompanhadas as verdadeiras tragédias, uma perturbação radical e catastrófica.
Não se perturbar, mas visar de imediato o alvo sem desviar da trajetória (que conduz de um solar arruinado das Charentes ao centro do triângulo de ouro do faubourg Saint-Germain), é a ambição de Rastignac, que, apesar de seus “cueiros ainda maculados de virtude” (como diz Vautrin) e de suas delicadezas de debutante — rapida‑ mente amadurecido —, está de fato decidido, e desde o começo, a “espremer a sociedade”. Ele também se alimenta dos outros: a famí‑ lia, lá longe, transpira sangue para dar todas as chances ao frangote brilhante no qual apostou tudo. Com esses sacrifícios distantes, tão pobres, tão úteis (pelo menos no início), e sobretudo tão tocantes, Balzac consegue uma profundidade de ressonância que faz vibrar, até nos alicerces da província profunda, os ecos da luta em Paris do aprendiz arrivista. Este, sem muitas crises de consciência, só tem pressa de uma coisa: livrar-se de sua virgindade moral (muito mais incômoda do que a física) para também entrar na dança, participar do jogo principal, reclamar sua parte do butim. Mãe e irmãs, tão afetuosas, tão puras, privam-se do supérfluo e quase do necessário para permitir que seu jovem pirata aborde as casas opulentas, faça tráfico de mulheres, pesque a fortuna nas ondas tumultuosas da capital. Deve-se emprestar a essas metáforas flibusteiras sua causti‑ cidade, seu cinismo. É de bom tom sublinhar com certa comoção a vulnerabilidade de Eugène, suas belas lágrimas de jovem. Mas são os últimos farrapos de uma máscara-pretexto que ele arde para arrancar. 14
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Como é talentoso, não precisará de muito tempo para aprender a decifrar e a falar “o Paris” (afinal, Paris é uma língua), para dominá-lo com soberania, a fim de torná-lo ao mesmo tempo o alvo e o instrumento de sua vontade de poder. O inocente sabe manobrar admiravelmente. Apesar de rejeitar com horror (ou algo semelhante) as máximas e os ardis de Vautrin, ele não deixa de aspirar-lhes a essência. Embora recuse o assassinato, é por pouco, e ele não é nem um pouco cuidadoso na escolha de meios sem dúvida menos expeditivos, mas que no fundo não são muito melhores. Como todo apaixonado criado por Balzac, é essencialmente jesuítico e sempre pronto a acomodar-se com a sua consciência. O pai Goriot é evi‑ dentemente um Bildungsroman — possivelmene um dos maiores existentes —, e não há dúvida de que a unidade da obra, muitas vezes questionada, reside nisto: nas “iniciações sucessivas” de um jovem à vida, e à vida contemporânea. Mas, em vez do espetáculo comovente de uma crisálida que se torna borboleta, assistimos, como em um filme de terror, à metamorfose maléfica de um monstro que nasce: o querubim tem dentes longos (cada vez mais longos), a cada minuto crescem-lhe garras e presas. Esse ser intacto, cheio de bons sentimentos, revela-se pertencer à raça dos louva-a-deus: não dá nenhuma trégua. Nós o vemos, após algumas hesitações, lançando-se sobre Delphine de Nucingen, “colocando as rédeas” em seu animal. Nenhum amor há no que a princípio é apenas cálculo; como no bilhar, reflete-se sobre a maneira de jogar: governar aquela mu‑ lher é governar seu marido, é ter acesso privilegiado a um dos melhores cofres da praça, é “traçar a banca” — como diz d’Ajuda 2 com crueza — entenda-se, traçando a banqueira. Essa “paixão de encomenda”, nascida não de um arrebatamento qualquer, mas da análise mais matter of fact da situação no terreno, certamente encontrará meios de se disfarçar sob autojustificações nobres e risíveis(ele a ama porque ela ama seu pai!), mas os véus desses cortinados por demais transparentes não conseguiriam dissimular a obscenidade da troca: assim como Nucingen permite que sua 2. Se alguém se revoltar com essa vulgaridade verbal, que pense na vulga‑ ridade bem pior, porque moral, das disputas dissimuladas sob o brilho mundano. 15
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mulherse deite com Eugène desde que possa continuar usando sua fortuna para especular arruinando os pobres; Eugène, por seu lado, paga a Delphine proporcionando-lhe satisfações sexuais que ela ignora e o salvo-conduto mágico que lhe abrirá as por‑ tas encantadas do maior dos santuários (o palacete Beauséant); Delphine, por sua vez, retribui a Eugène com seu corpo e seu dinheiro; Vautrin o predissera: com seu ar de virgem amedrontada, acabaria ele também por ser sustentado como um banal gigolô. Tráfico em todos os gêneros. Se algo que procede do coração desperta em Eugène, será somente após a posse, na revelação erótica compartilhada. Mas nada irá salvá-lo da tristeza profunda que experimenta ao sentir-se comprado por Delphine, que lhe fornece as “armas da época”: os corsários substituíram os valentes cavaleiros. Ele ama “egoisticamente”, diz-nos Balzac. O advérbio, contudo, é redundante. Da forma como vai o mundo, é possível amar de outra maneira? Menos feminino do que Lucien de Rubempré (com quem Vau‑ trin, em Ilusões perdidas e Esplendores e misérias das cortesãs, tentará obter sucesso no que fracassou com Eugène), Rastignac é no entanto, tanto quanto ele, facilmente seduzido pelas blandícias da “vida exorbitante” que vai descobrindo aos poucos; ele se abre ao luxo, diz Balzac, como a tamareira às fecundantes poeiras da primavera... A dramaturgia da tentação age com toda a plenitude, mas, apesar de alguns episódios inspirados nos antigos (até se acreditar perseguido pelas Erínias em pleno jardim de Luxemburgo), ele cairá do lado para o qual se inclina desde o começo, presa por fim consenciente da grande Lei do Desejo, que, aos olhos de Balzac, move o motor universal a pleno vapor. Libido agitat molem*: epígrafe possível de A comédia humana. O apólogo do mandarim da China retoma mais uma vez a reflexão cara ao romancista sobre a energética passional, ao mesmo tempo poder e dispêndio, remate ontológico e sacrifício mortal: “Um desejo é um fato inteiramente realizado em nossa vontade antes de ser realizado exteriormente” (Louis Lambert). A cada instante, para chegar à sua concretização, * O prazer remove montanhas. 16
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o desejo destruído e a vida, o mundo, nada mais são do que o emaranhamento infinito desses lances homicidas. Só é possível ser matando e matando-se. No trivium de onde partem os caminhos da Obediência, da Luta e da Revolta, Eugène não hesita por muito tempo. Desce à arena, e não se voltará para o túmulo de Goriot. A partir de então senhor de seus recursos, o novo aventureiro lança-se na única batalha válida hoje: a da dominação em um sistema inteiramente fundamentado no dinheiro. Começar seu confronto com a Socie‑ dade (a maiúscula é de Balzac, e cai bem nesta Hidra da mitologia do século XIX) com... um jantar na casa da mulher de um financis‑ ta de procedimentos duvidosos, graças a quem sonha apoderar-se de milhões, e cuja filha desposará treze anos mais tarde, arrefecidos os ardores físicos, diz muito sobre o estado deteriorado dos valores (não os da Bolsa). Ad augusta per angusta *, está bem. Mas o que existe ainda de augusto nos anos 1820? Muitasvezes qualificou-se o desafio final de “grandioso”. Poderíamos antes nos perguntar se “grandioso moderno” não seria um oxímoro, e dos mais explosivos.
Se o grandioso existe, não deve ser procurado entre os que só se propõem a acertar o passo com a manada, a ir jantar como todo mundo (e é o que, à sua maneira, sob a bravata, ambiciona Eugène: tirar partido da máquina, aceitando seu funcionamento). Também Vautrin quer aproveitar a natureza, ou melhor, a desnatureza das coisas no mundo tal como ele caminha, mas porque a recusa, com todo o seu “rancor contra o estado social”; e talvez a única grandeza possível, que o próprio Eugène acabará por reconhecer, está no “não” selvagem oposto à impostura institucional. Vautrin tem uma conta a acertar. Já é um herói de Genet, coroado da auréola negra da homossexualidade e da prisão, um irrecuperável que, sob sua aparência de bonomia de “Hércules farsante”, esconde abismos de * Através de situações difíceis se chega às alturas. 17
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ressentimento. Em sua rejeição sarcástica à falsa moral vigente, sua violência revela uma exigência ética insatisfeita que, não tomando partido da desordem estabelecida, optou por ridicularizá-la a partir de seu próprio interior. Por uma ironia enorme, acabará chefe de polícia; logo ele, o extraviado absoluto. Vangloriando-se de ser discípulo de Rousseau, protesta contra as “profundas decepções do contrato social”; sua revolta é refletida, teorizada: ergue-se sozinho contra o sistema — se é que comandar uma confraria clandestina de dez mil companheiros, dispersos pelo corpo social como tantos vírus sorrateiramente ocupados em destruí-lo, e prontos para tudo por ele, é ser sozinho. Exército secreto de excluídos e de rebeldes, em guerra contra a injustiça das leis. Ninguém é mais moralista do que o amoral Vautrin, que zomba da relatividade dos critérios que absolvem ou condenam segundo que alguém tenha carro ou se enlameie, desnudando falsas apa‑ rências e álibis, descascando até os ossos, denunciando a gangrena que pretende dar aulas de saúde. No final das contas, e explicando tudo, puxa as cordas do baile das marionetes, a ultima ratio no que se resume o Sentido universal e fora do quê não há salvação: a moeda de ouro, que se ergue acima do mundo como a nova hóstia, estende seus raios de Santo Sacramento dos tempos pós-Revolução. No entanto, Guizot ainda não lançou sua palavra de ordem, e todos já se precipitam para participar do festim de Baltazar. Mas nenhuma Mão invisível traça mais condenações proféticas nas paredes. Vautrin não anatematiza em nome da escatologia. Não vagueia por Nínive predizendo que será destruída. Depois de avaliar a mentira e o cinis‑ mo universais, decide combatê-los em seu próprio campo com uma mentira e um cinismo ainda mais destruidores. Se alguém quiser ser o senhor das marionetes, é preciso entrar a fundo na barraca, não se contentar com as ninharias da porta, com um voyeurismo comedido através dos buracos. Vautrin abarca de imediato o conjunto do espetáculo, abraça todos os seus mecanismos ocultos, ergue-se até a estatura de regente integral da Vida em sua realidade concre‑ ta, e não nas imagens humanistas que dela se dá para mascarar os pesos e as polias que a movem por trás das telas pintadas do cenário. Em suma, Vautrin compreendeu. Como compreendeu, deseja 18
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ensinar. Sua pederastia também é uma pedagogia na melhor tradição antiga. Tendo encontrado um kaloskagathos na pessoa de Eugène, trata de desacanhá-lo em todos os sentidos do termo: colocá-lo em sua cama, é claro, mas também e talvez sobretudo, confiar-lhe a decifração do enigma (Vautrin é comparado todo o tempo com a Esfinge), desvelar-lhe a regra do jogo, compartilhar com ele sua visão de um mundo completamente desiludido, fazê-lo crescer, acostumá-lo a ser adulto. Seu grande sermão sob as tílias (suas Beatitudes) é um fragmento de antologia onde se lê, infernalmente invertido, um roteiro deliberadamente antievangélico, explicita‑ mente anticrístico:Jacques Collin (cujas iniciais não são inocentes e que também será traído) faz-se “pescador de homens” — “pesca” literalmente Rastignac —, entrega as chaves do único reino daqui de baixo a esse novo Pedro e novo Tomás do qual pega a mão para colocá-la ele próprio em seu flanco ursino; faz-se pregador de uma Boa Nova de tons tanto mais satânicos quanto pretende adequar-se aos decretos de uma Providência absurda, que mata a torto e a direito, e faz o caos triunfar. Como tudo é falsificado, como só se recompensa a habilidade de se desenlamear, como a essência jaz por inteiro na aparência, como não há princípios ou regras, mas apenas acontecimentos e circunstâncias, só resta agir em consequência disso, observar as malhas pelas quais é preciso se esgueirar através da rede de um código desarranjado, com os valentões capazes como ele de se colocar acima das frágeis cate‑ gorias do bem e do mal, tal como as define o catecismo mesquinho e interessado que se inculca no rebanho do qual se compõe a esmagadora maioria da espécie. E sem ser tolo a ponto de crer no que quer que seja: Talleyrand, modelo confesso, desprezou o suficiente a humanidade para cuspir-lhe tantos juramentos quanto ela lhe pedia. A força de Vautrin deve-se também ao fato de ele não declamar, não vituperar, não subir pelas paredes para estigmatizar decadência e podridão. Ele registra: é assim, sempre foi assim e jamais será de outra forma. Em uma linguagem menos robusta e mais econômica, a senhora de Beauséant não explicara outra coisa a Eugène. O bairro nobre e o submundo estão de acordo: o homem não pode ser mudado. Por‑ 19
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tanto, ação. Tendo alcançado esse terraço (“vivo em uma esfera mais elevada que a de outros homens”; a senhora de Beauséant também dissera: “o mundo é um lamaçal, tentemos permanecer nas altu‑ ras”) de onde se avistam as agitações brownianas cujas motivações descobriu com perfeição, Vautrin, o mascarado, o desmascarador, pode entregar-se a um riso superior, mudo, frio, poder-se-ia dizer branco, nietzschiano, já que é de fato o do homem que esmagaria como percevejos os atarracados (“o século é frouxo”), para quem tudo é transparente (“conhecido! conhecido!”), e que se iguala a Deus. “Sou tudo”, declara com a mais enérgica das simplicidades. Após proceder a uma análise impiedosa do real, ter passado pelo raio X, ter escaneado sem fraqueza, Vautrin, esse “teórico feroz”, chegou ao credo anárquico por meio do qual Balzac proporciona à doutrina de Cain desenvolvida por Byron e Maturin uma aplicação social, um alcance político devastadores e desconhecidos antes dele. Quer que Eugène venha até ele seguindo sua razão, e não por necessidade, para juntar-se à fratria tebana daqueles que, sobre os escombros dos valores, sagraram a si mesmos reis, e afirmam ape‑ nas a primazia e a autenticidadeúnica do Eu soberano. Faustiano, é claro, o pacto que lhe propõe: ele e seus amigos irão extenuar-se para agradar a essa criança mimada, a seu “Benjamin”, a rede será inteiramente mobilizada para “reduzir a civilização a ambrosia”. A condição, o ainda cândido Eliacin só irá adivinhá-la em uma alusão venenosa da Michonneau, que, como antiga profissional do sexo, sabe que jamais se tem nada sem nada. Mas o homossexualismo de Vautrin, sintoma transgressor e provocador, é claro, vale sobretudo pelo ideal que manifesta em alguém cuja principal preocupação pa‑ rece ser, ao contrário, a de acabar com as inconsistências idealistas. O próprio Vautrin diz: como Gobseck, mas por outros caminhos, ele é um poeta sem escrita. Poético, seu sonho negro e sulista de existência patriarcal longe das especulações do Velho Mundo. Poé tico sobretudo, seu fantasma lancinante de casal viril inspirado em Otway (o condenado leu bastante...), que lhe arranca sotaques de uma ternura insuspeita, um lirismo da oferenda da qual o pai Goriot não tem o apanágio. Esse touro tem delicadezas femininas, esse vulcão, a graciosidade de uma flor quando se trata de sentimentos, 20
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pois só vive “pelos sentimentos”. Aliás, não é “por sentimento” que assumiu para si o crime de um outro — um “belo rapaz a quem amava muito” — e purgou pena em seu lugar? Dedicação digna de um Plutarco sodomita que, até no amor que não ousa dizer seu nome, testemunha uma vocação para o sublime. Que esses tesouros de ágape também sejam, constitutivamente, dominações de eros é evidente, e é nesse claro-escuro movente que se presta à interrogação toda a complexidade de um personagem impossível de encerrar nas fórmulas unívocas e que é iluminado por luzes contrastadas. O que faz de Vautrin uma instância demoníaca, não é tanto sua sexualidade “anormal” (abordada aliás por Balzac com uma meritó‑ ria ausência de preconceitos), mas seu discurso da Tentação (aceite o assassinato de Taillefer filho e desposará Victorine milionária), a pressão que ele exerce sobre uma alma na qual cresce o deserto, mas que preserva ainda um oásis de frescor e debate-se entre a violência de seus apetites desencadeados por Paris e as reticências de seus escrúpulos de criança provinciana. Eterna coreografia do arcanjo luciferiano, fascinação da imemorial Serpente, por cujo espólio esse homem “eminentemente magnético” se responsabilizou. “O senhor seria uma bela presa para o diabo”: isso é designar a si mesmo, com o que cabe de zombaria, a fim de sugerir que o diabo não é tão terrível, que no fundo é um bom diabo... Mas também é um convite a se debruçar sobre esses “vastos sentimentos concentrados a que os tolos chamam vícios”. Vicioso, Vautrin? Nem mais nem menos que o exemplar Goriot, modelo de virtude, e, no entanto, apaixonado por suas filhas com a demência com a qual são creditadas normalmente as paixões proibidas. Todo juízo moral maniqueísta é invalidado diante desse “gênio infernal”, cuja epifania, em plena pensão familiar “para ambos os sexos e outros”, explode bruscamente como uma borrasca de horror sagrado e que, na modernidade desenvolvida e progressista, faz ressoar o grito arcaico do recalcado: a nação selva‑ gem dos condenados à prisão, o povo brutal e submisso arrastando suas correntes, guardado na penitenciária, mas que, como proclama orgulhosamente seu porta-voz, tem menos infâmia nas costas que as “pessoas honestas” no coração. Os bárbaros estão entre nós. 21
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duras, espadas, capacetes, cotas de malha, cavalos a seus cavaleiros para que eles pudessem combater em nome delas nos torneios? Bem, Eugène, as coisas que estou lhe oferecendo são as armas da época, as ferramentas necessárias a quem quer ser algo.
Em 1834 Balzac escrevia a sua futura esposa: “Uma coisa que você não espera é O pai Goriot, uma obra-prima. A pintura de um sentimento tão grande que nada o esgota, nem os atritos, nem as feridas, nem as injustiças, um homem que é pai como um santo, um mártir e um cristão.”
HONORÉ DE BALZAC
Nesse “esgoto moral de Paris”, como apontaram os críticos de Balzac, o ingênuo Rastignac precisa passar por diversas tentações, corrupção e até um assassinato. Balzac, precursor do romance moderno e do realismo, não pretende apenas “fazer poesia”, mas conceber um contraponto à Divina comédia de Dante, na qual busca desvendar a existência humana e a sociologia das cidades.
Em outros tempos as damas não davam arma-
BALZAC
O PAI GORIOT
e na conquista de suas ambições, que se apresentam com uma crueza quase imoral – ao menos para os padrões da época.
Tradução de Marina Appenzeller
O PAI GORIOT
Aqui os personagens são criaturas de grande complexidade que vão acabar por formar a base de sustentação de toda a Comédia humana. Com este romance, Balzac inaugura o procedimento do “retorno de personagens”, que fará ressurgir diversos nomes em outras obras como figuras centrais ou secundárias (é o caso, por exemplo, de Vautrin, que, em Ilusões perdidas, tem um papel fundamental na ruína de Lucien de Rubempré).
Prefácio de Philippe Berthier Inclui histórico do texto e cronologia do autor
de Balzac nasceu em Tours, em 1799. Começa a trabalhar em livrarias e gráficas, o que lhe permite ingressar nos meios literário e político. Admirável retratista dos costumes, organiza sua obra sob o rótulo geral de A comédia humana, marco do realismo na literatura do século XIX. Escreve 90 romances, 30 contos, 5 peças teatrais. Falece em 1850, em Paris.
Honoré
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O cerne do romance se encontra, então, tanto nos dramas pessoais quanto no jogo das relações humanas, nas disputas pelo poder
ISBN 978-85-7448-036-7
9 788574
Além do personagem-título descrito por Balzac, deparamo-nos neste romance com um universo que abarca desde o submundo do crime até os toucadores das damas da alta sociedade. O verdadeiro protagonista, no entanto, é Eugène de Rastignac, jovem estudante provinciano almejando sucesso na sociedade que acaba de descobrir.
480367
Lombo=15mm
2ª edição 2012
estacaoliberdade.com.br
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14/08/2012 11:43:40