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Ledo e ingênuo orgulho
Recente descoberta de ocultas nascentes constatou que o Amazonas não é somente o maior rio do mundo em volume d'água, porém também em extensão e número de afluentes figura nessa primazia mundial, outrora atribuída ao Nilo do Egito, contrariando, portanto, antiga lição de nossa geografia escolar.
Embora elevada a essa categoria, a velha e majestosa caudal, a serpentear pela maior e mais densa floresta tropical do planeta, tem servido até hoje de principal motivo de nossas parolagens acerca da suposta riqueza natural do Brasil, por conta de sua diversidade ecológica e notórias dimensões continentais.
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No cenário internacional, por outro lado, a hiléia amazônica continua sendo considerada zona remanescente de uma flora e uma fauna singulares, a despeito de totalmente desaproveitada por seus donos, do ponto de vista utilitário e sócio econômico, enfim, uma região extremamente rica em cuja posse, de fato, ainda não se investira o povo brasileiro.
Certamente a opulência em potencial desse vasto quadrante do território nacional, conquistado a oeste do meridiano de Tordesilhas, pela habilidosa diplomacia colonial, junto aos vizinhos sul-americanos, guarda infinitas preciosidades acima de qualquer cálculo estimativo, mesmo em trilhões de dólares. Sabe-se, apenas, da exuberância ali predominante nos reinos vegetal, mineral e animal, das imensuráveis reservas terapêuticas, de animais e espécies ainda não classificados, do ouro, petróleo e metais nobres recobertos pelas porções ainda incólumes da mata e de todo um cabedal da natureza, sem par, no seu mais esplendoroso espetáculo.
Apesar do descontrolado desmatamento e da lancinante degradação ambiental, principalmente pelo braço estrangeiro, na exploração mercantil da matéria prima, exportada, sobretudo, por multinacionais da farmacologia, todos sabem que a selva imensa ainda pode nos livrar do cataclísmico aquecimento global. Mas, em séculos, toda essa devoluta Canaã dos novos tempos, em absolutamente nada contribuiu para melhorar a vida do brasileiro ou mitigar a pobreza, a fome, a miséria e a bradante desigualdade social em nosso País, senão, pelo menos, para inflar um peito patriótico de ledo e ingênuo orgulho, exatamente aquele dos encantos do futebol canarinho e do nosso carnaval das escolas de samba.