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Pedagogia científica: a descoberta da criança 1. A pedagogia científica
Textos Selecionados
Produzimos esta antologia de textos de Montessori a partir de duas obras que consideramos as mais importantes no conjunto de seus escritos, ou seja, os estudos que abordam, detalhadamente, os princípios e propostas de sua pedagogia. Trata-se de Pedagogia científica*: a descoberta da criança e de A criança. A escolha dos trechos e sua distribuição em eixos temáticos tiveram a intenção de rastrear, nesses dois livros, os trechos em que a autora explicita mais claramente suas posições pedagógicas, de forma que a antologia possa trazer, para quem a ler, uma percepção mais detalhada de suas opções metodológicas. Os eixos temáticos encontrados, nem todos eles presentes nas duas obras, são os seguintes: 1) A pedagogia científica; 2) Antecedentes do método; 3) A descoberta da infância; 4) O ambiente da escola; 5) Liberdade e disciplina; 6) A saúde da criança; 7) A livre escolha; 8) O desenvolvimento dos sentidos da criança; 9) Os exercícios e as lições; 10) O educador; 11) A observação da criança; 12) A linguagem, a escrita e a leitura 13) O desenvolvimento da criança.
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MONTESSORI, M. Pedagogia científica: a descoberta da criança. Tradução de Aury Azélio Brunetti. São Paulo: Flamboyant, 1965.
Os trechos selecionados e a sua distribuição em eixos temáticos tiveram a intenção de rastrear, nesses dois livros, fragmentos em que a autora explicita mais claramente suas posições pedagógicas, de forma que a antologia mostre ao leitor, de modo mais detalhado, as opções metodológicas da autora.
1. A pedagogia científica*
1.1 Não pretendemos apresentar um tratado de pedagogia científica; estas notas não têm outra finalidade senão a de expor os resultados de uma experiência que abriu, aos novos métodos, uma via prática. Esses métodos presumem dotar a pedagogia de uma utilização mais ampla das experiências científicas sem, contudo, afastá-la dos princípios especulativos que lhe constituem as bases naturais. A psicologia fisiológica – ou experimental – que, de Weber e Feschner a Wundt e Binet, erigiu-se em nova ciência, parecia destinada a esclarecê-la, como anteriormente a fisiologia esclarecera a pedagogia científica. E a antropologia morfológica, aplicada à observação física dos escolares, surgia como outro ponto cardeal da nova pedagogia. No início do século, na Itália, escolas de pedagogia científica prepararam educadores sob orientação de médicos, obtendo grande êxito e, pode-se assim dizer, a adesão de todos os educadores do país. Assim é que, antes da penetração dos novos métodos na Alemanha e na França, já as escolas italianas de antropologia interessavam-se pela observação metódica das crianças durante os sucessivos períodos de crescimento e pelas medidas tomadas com instrumentos de precisão. Sergi, desde 1880, difundia o princípio de que toda uma renovação dos métodos educacionais se imporia em consequência de observações cientificamente dirigidas. Então, já escrevia: “impõe-se uma medida urgente: a renovação dos métodos de educação e de instrução. Lutar por essa causa é lutar pela regeneração do homem” (p. 9). 1.2 [Sergi dizia que] “para a elaboração de métodos naturais, visando o nosso escopo, são-nos necessárias numerosas observações exatas e racionais dos homens e, sobretudo, das crianças; é aqui que devemos situar as bases da educação e da cultura [...] Tomar as medidas da cabeça, da