Ju 662

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Campinas, 4 a 31 de julho de 2016 - ANO XXX - Nº 662 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Jornal daUnicamp

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MALA DIRETA POSTAL BÁSICA

Fotos: Lucas de Godoy /A Sirene

MARIANA

Desterro e conflito 5 a9

Reportagem de Adriana Menezes, Bruno Andrade, Renan Possari e Tássia Biazon, alunos do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), revela que, passados quase oito meses do rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, a dor, os conflitos e a indefinição sobre o futuro marcam a rotina dos moradores do município mineiro de Mariana. O material jornalístico será transformado em livro no âmbito de projeto coordenado pela professora Graça Caldas.

Na sequência, “seu” João do Queijo, Ana Clara, Jadir Arantes, Valdemira Arantes e Maria das Graças Arantes, moradores do subdistrito de Borba, atingido pelo rompimento da barragem do Fundão: maior desastre ambiental da história do país

JU MIGRA PARA PLATAFORMA ON-LINE

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Biossensores detectam leishmaniose visceral

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Arquiteta inventaria edificações dos Jardins

Reservatório de hélio é descoberto na África Os estragos da ação humana na Amazônia’ Carvão e lenha poluem residências de chineses

TELESCÓPIO

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TELESCÓPIO

CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br

Água em Ceres? Ceres, um planeta-anão localizado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, pode ter lagos ou mares sob a superfície. Artigo publicado na Nature mostra que os misteriosos “pontos brilhantes” localizados em crateras do pequeno planeta são compostos de carbonato de sódio e outros materiais originados no interior do astro, em processos que envolveram água no estado líquido. “Propomos que esses materiais são o resíduo sólido da cristalização de líquidos salobros e de sólidos modificados pela água e arrastados”, diz o artigo, de autoria de pesquisadores da Itália, França, EUA e Alemanha. “A fonte de calor pode ter sido transiente”, gerada pela energia do impacto que formou a cratera, ponderam os pesquisadores, mas sem descartar a possibilidade de o planeta-anão ter temperaturas internas altas o suficiente para manter o material salobro em estado líquido permanente. “Nesse caso, fluidos podem existir nas profundezas de Ceres, hoje em dia”. Outro artigo sobre Ceres, este publicado em Nature Geoscience, mostra que as crateras do astro são profundas demais para que o planeta-anão possa ter uma camada espessa de gelo sob a superfície – pois, nesse caso, fluxos de gelo derretido, após os impactos, teriam apagado ou preenchido uma proporção maior das depressões. A viscosidade do subsolo, calculam os autores, dos Estados Unidos e da Alemanha, é pelo menos mil vezes maior que a do gelo de água pura. O conteúdo máximo de gelo na camada subterrânea não poderia ser maior que 40%, em tais condições. “No entanto, diversas crateras anormalmente rasas são consistentes” com a presença de bolsões locais mais ricos em água ou gelo. Ambos os artigos se baseiam em dados da sonda Dawn, da Nasa, lançada em 2007.

Hélio na África Um grande reservatório de gás hélio foi descoberto na Tanzânia, informaram pesquisadores do Reino Unido e da Noruega no fim do mês passado, durante a Goldschmidt Conference, um evento internacional de geologia realizado no Japão. O gás é importante em pesquisas científicas e também para aplicações tecnológicas avançadas, como máquinas de ressonância magnética. O hélio, segundo elemento mais leve da tabela periódica, atrás apenas do hidrogênio, é abundante no cosmo e em planetas gasosos com Urano e Netuno, mas na Terra

é considerado um recurso raro e escasso: sua pequena massa faz com que escape facilmente da gravidade terrestre e se perca no espaço. Ao contrário do hidrogênio, que reage com outros elementos, incorporando-se a moléculas mais pesadas que não conseguem deixar a Terra, o hélio é um gás nobre, muito pouco reativo. Por conta da raridade e importância do gás, os Estados Unidos mantêm uma Reserva Federal de Hélio, que atualmente contém 0,7 bilhão de metros cúbicos. Estima-se que a fonte na Tanzânia contenha pelo menos 1,5 bilhão de metros cúbicos. Os autores da descoberta aplicaram técnicas derivadas da prospecção de petróleo na busca pelo hélio, e acreditam seus métodos poderão revelar mais novas fontes do gás, reduzindo a escassez global.

Ozônio na Antártida Artigo publicado na revista Science aponta que uma progressiva recuperação da camada de ozônio sobre a Antártida vem ocorrendo desde 2000, tornando-se mais evidente, a cada ano, no início da primavera. Com a abolição dos produtos químicos que destroem o ozônio na alta atmosfera pelo Protocolo de Montreal, que entrou em efeito em 1989, a comunidade científica passou a aguardar a recuperação da camada, que protege a superfície terrestre do excesso de radiação solar ultravioleta. No entanto, embora alguma estabilização da camada já tenha sido verificada, sinais de efetiva recuperação têm sido mais difíceis de confirmar. Em seu estudo, a equipe de Susan Solomon, do MIT, usando dados de balões lançados a partir do polo sul e da base antártica japonesa de Syowa, além de simulações, constata ganhos na altura da coluna de ozônio, mudanças no perfil vertical de concentração do gás e redução na área do chamado “buraco de ozônio” sobre a Antártida. O grupo atribui a extensão recorde atingida pelo buraco, em 2015, à contribuição de erupções vulcânicas que, desde 2005, vêm confundindo os sinais de recuperação.

Marte – passou por um teste crucial no fim de junho, entrando em ignição por dois minutos numa base do deserto de Utah. Esse motor fará parte do Sistema de Lançamento Espacial (SLS, na sigla em inglês), o mais potente foguete criado pela Nasa desde o fim da era dos veículos Saturno, que levaram astronautas à Lua. O primeiro teste de um SLS completo, incluindo uma versão ainda não-tripulada da cápsula Órion, projetada para transportar seres humanos, deve ocorrer em 2018.

Perturbações amazônicas O desmatamento costuma ser apontado como o principal responsável pela perda de biodiversidade na Amazônia, mas a perturbação que os seres humanos causam na floresta, mesmo sem derrubá-la – por exemplo, por meio do corte seletivo de árvores, do parcelamento de áreas, de incêndios florestais – pode ser tão danosa para a ecologia quanto a remoção pura e simples da mata, afirma artigo publicado na revista Nature. O trabalho, realizado no Estado do Pará e que envolveu cientistas de diversos países, com forte presença de pesquisadores brasileiros, mostrou que estimativas de impacto na biodiversidade que levam em conta apenas o desmate, sem considerar as perturbações, podem subestimar os efeitos negativos em mais de 90%. Em artigo de análise publicado na mesma edição da Nature, o pesquisador britânico David P. Edwards, da Universidade Sheffield, afirma que “os resultados sublinham a necessidade de uma mudança de passo na conservação florestal, com muito maior ênfase na saúde da floresta preservada”. Ele pondera que leis como o Código Florestal Brasileiro, que estabelecem metas de preservação da cobertura florestal sem determinar padrões de qualidade para a floresta restante, são insuficientes.

Um foguete de combustível sólido desenvolvido para auxiliar o lançamento da nova geração de naves tripuladas da Nasa – cujo objetivo final é levar astronautas a

Insetos agricultores Os mais antigos sinais do plantio de alimentos no planeta Terra são jardins de fungos cultivados por cupins africanos há 25 milhões de anos, diz artigo publicado no periódico PLoS ONE. Certas espécies de cupins e formigas coletam pedaços de plantas não para comê-los, mas para “adubar” plantações de fungo mantidas em câmaras subterrâneas. Estimativas baseadas no DNA dos insetos sugeriam que o comportamento teria tido início há cerca de 30 milhões de anos, mas ainda não haviam sido encontrados vestígios físicos que corroborassem esse resultado. A descoberta de jardins de fungos fossilizados na Tanzânia, descrita na PLoS, ajuda a confirmar a hipótese: uma revisão das estimativas genéticas, à luz dos novos fósseis, sugere que a agricultura, entre os cupins, teve origem 31 milhões de anos atrás. Os autores do trabalho, de instituições da África, Europa, América e Austrália, lembram que a adoção da agricultura pelos cupins permitiu que os insetos – e os fungos de que se alimentam – se espalhassem por novos ambientes, numa dinâmica semelhante à que liga a dispersão de populações humanas à de seus produtos agrícolas.

Dicas sobre estatísticas Poluição doméstica na China

Motor para Marte passa em teste

dióxido de enxofre e fuligem, com impacto não apenas sobre o meio ambiente mas, também, na saúde humana. “O governo impôs restrições a grandes fontes de poluição, como carros e usinas termelétricas”, escrevem os autores, de instituições chinesas e americanas, ponderando que a redução nas emissões residenciais, negligenciadas, também traria benefícios significativos.

O uso de carvão, lenha e outras formas de biomassa na cozinha e no aquecimento de ambientes é um fator importante para a poluição do ar na China, diz artigo publicado no periódico PNAS. O carvão, principalmente, é uma fonte considerável de Foto: Reprodução/Nasa TV

Publicado no periódico PLoS Computational Biology, o artigo “Ten Simple Rules for Effective Statistical Practice” (“Dez Regras Simples para o Uso Eficiente da Estatística”) oferece uma série de sugestões para a aplicação mais adequada das técnicas estatísticas da inferência científica. Os autores, de instituições dos Estados Unidos e Canadá, propõem que pesquisadores das mais diversas áreas tratem a estatística como uma ciência em si, e não como uma mera caixa de ferramentas a ser acessada mecanicamente para produzir resultados publicáveis. A primeira regra, “métodos estatísticos devem permitir que os dados respondam a questões científicas”, vem acompanhada do seguinte exemplo: em vez de, diante de uma tabela de dados sobre expressão gênica, perguntar “qual teste estatístico devo usar?”, o pesquisador deveria manter o foco na questão “onde estão os genes diferentes?” e, a partir daí, buscar modos, estatísticos ou não, de encontrar uma resposta. Entre as demais regras estão: “o sinal sempre vem com ruído”; “planeje com muita antecedência”; “preocupe-se muito com a qualidade dos dados”; “reveja seus pressupostos”. O artigo completo pode ser acessado em http://dx.doi.org/10.1371/journal. pcbi.1004961

Motor de combustível sólido para viagem a Marte passa por teste nos Estados Unidos

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador-Geral Alvaro Penteado Crósta Pró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon Atvars Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo Meyer Pró-reitora de Pesquisa Gláucia Maria Pastore Pró-reitora de Pós-Graduação Rachel Meneguello Pró-reitor de Graduação Luís Alberto Magna Chefe de Gabinete Paulo Cesar Montagner

Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju e-mail leitorju@reitoria.unicamp.br. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos Reportagem Carlos Orsi, Carmo Gallo Netto, Isabel Gardenal, Luiz Sugimoto, Manuel Alves Filho, Patrícia Lauretti e Silvio Anunciação Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Luis Paulo Silva Editoração André da Silva Vieira Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Gabriela Villen, Valerio Freire Paiva e Eliane Fonseca Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon Impressão Triunfal Gráfica e Editora: (018) 3322-5775 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3383-2918. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju


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Jornal da Unicamp migra para a plataforma digital

Reprodução

Prestes a completar 30 anos, o JU passará a ser publicado exclusivamente na versão on-line a partir de 1º de agosto Foto: Antoninho Perri

DA REDAÇÃO

restes a completar 30 anos de atividades, o Jornal da Unicamp, cuja primeira edição data de setembro de 1986, passará a ser publicado exclusivamente na versão on-line a partir de 1° de agosto. A mudança acompanha tendência mundial da imprensa de conferir mais agilidade à divulgação das notícias e de atingir novos públicos, sem as limitações impostas pela plataforma papel. Um aspecto que não sofrerá alteração é o compromisso do JU de tornar pública, com qualidade e precisão, a produção científica da Universidade. A publicação do jornal unicamente em plataforma digital foi decidida no contexto da criação, pelas instâncias colegiadas da Unicamp, da Secretaria de Comunicação (Secom) da Unicamp, em fase de implantação, e da reformulação do Portal da Unicamp, igualmente em elaboração. A principal missão da Secom será formular uma nova política de comunicação para a Universidade, com vistas ao estreitamento do diálogo entre instituição e a sociedade. Nesse sentido, uma das atribuições da Secom será promover a integração das mídias operadas pela Unicamp, conferindo assim maior eficiência e amplitude ao trabalho de divulgação das atividades nas áreas de ensino, pesquisa e relações com a sociedade. Já o novo Portal da Unicamp, previsto para entrar no ar em outubro, apresentará layout atualizado, será responsivo, contará com novas funcionalidades e oferecerá melhor navegabilidade aos usuários. O trabalho de reformulação do Portal está sendo conduzido desde o último mês de maio por profissionais da Assessoria de Comunicação e Imprensa (Ascom). De acordo com o coordenador da Ascom, jornalista Clayton Levy, a publicação do JU exclusivamente na versão on-line obedecerá a duas etapas. Na primeira, o jornal será mantido com o atual modelo, que é uma variante digital da versão impressa. “A segunda fase ocorrerá assim que o novo Portal da Unicamp entrar no ar. O Jornal da Unicamp virá totalmente repaginado e passará a contar com domínio próprio. A ideia é explorarmos ao máximo as possibilidades oferecidas pela plataforma digital, como a inclusão de mais fotos, infográficos e ilustrações, de modo a tornar as reportagens ainda mais informativas e atraentes”, adianta Levy. O coordenador da Ascom observa que a migração do papel para o digital tem sido uma tendência adotada por diversas publicações mundo afora, entre elas Jornal do Brasil (Brasil), The Independent (Reino Unido) e El País (Espanha), para ficar em somente três exemplos. Em todos os casos, os projetos de transição seguiram a premissa de valorização e dinamização do conteúdo, com o propósito de alcançar públicos significativamente maiores. “O JU circulava semanalmente com 6 mil exemplares. A sua versão digital não será limitada pela tiragem. O jornal poderá ser acessado por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, a partir do notebook, tablet ou celular”, pontua Levy. O uso da tecnologia digital conferirá, ainda, maior agilidade ao jornal, como assinala o coordenador da Ascom. Anteriormente, o JU tinha periodicidade semanal. Na segunda etapa de seu novo modelo, a ser implantada em outubro, as notícias e reportagens serão atualizadas diariamente. Isso permitirá que a Unicamp leve informações “quentes” à sociedade sobre suas atividades, a pesquisa em particular. Ao longo dos últimos 30 anos, o Jornal da Unicamp se consolidou como um veículo institucional de divulgação científica de elevada credibilidade, tanto junto à comunidade especializada, quanto ao público mais amplo. O reitor da Unicamp, professor José Tadeu Jorge, considera que, depois de três décadas sendo referência na divulgação de notícias relacionadas às atividades da Universidade, notadamente a produção do conhecimento novo, o JU ingressa num novo patamar de atuação, mais atualizado e mais compatível com as exigências dos leitores. “Apresentar as notícias sobre a Unicamp em mídia digital representa um avanço. Com a mudança, a Uni-

O reitor José Tadeu Jorge: “Com a mudança, a Unicamp acompanha uma tendência mundial, sem abrir mão da qualidade e do compromisso com a divulgação da ciência” Reprodução

Reprodução da primeira edição do ‘JU’, publicada em setembro de 1986: veículo é referência em divulgação científica no Brasil

camp acompanha uma tendência mundial, sem abrir mão da qualidade e do compromisso com a divulgação da ciência. Ao contrário, essa tarefa poderá ser feita de maneira muito mais completa, profunda e ágil, o que certamente levará mais pessoas a conhecerem nosso trabalho e nossos resultados”. Graças à confiabilidade adquirida, o JU se transformou em um “disparador de notícias” para a mídia em geral, numa expressão cunhada pelo jornalista e escritor Eustáquio Gomes, profissional que implantou a Ascom e que foi o editor responsável pelo jornal por 13 anos. A constatação de Gomes veio do fato de as redações de rádios, jornais, revistas, TVs e sites do Brasil e do exterior entrarem em contato com a Ascom logo após receberem a edição do Jornal da Unicamp, interessadas em repercutir as suas reportagens, que versam sobre temas relacionados às diferentes áreas do conhecimento. Tais características, conforme o coordenador da Ascom, serão mantidas na publicação digital, observadas obviamente as especificidades deste meio. “A plataforma a ser utilizada é importante, mas mais importante é a maneira como a informação é trabalhada. Nosso compromisso é utilizar os recursos oferecidos pelo ambiente eletrônico para qualificar ainda mais a divulgação da produção científica da Universidade”, reforça Levy. “A linha editorial, marca registrada da publicação, assim como a prospecção de temas, que contempla pesquisas de todas as áreas da Universidade, serão mantidas. No campo das pautas, sobretudo a partir de outubro, quando o novo formato será implantado, teremos ganhos significativos. Poderemos abordar e repercutir, diariamente, temas candentes e que mereçam abordagens analíticas, outra marca do Jornal da Unicamp”, afirma Álvaro Kassab, editor responsável pelo JU há 14 anos. Levantamento realizado pela Boxnet, empresa especializada em gestão da informação, revela que no período de 11 de novembro de 2015 a 20 de junho de 2016 foram veiculadas nas mídias classificadas como tradicionais (impresso, rádio, TV, web) 21.023 matérias jornalísticas sobre a Unicamp, sendo o JU uma das fontes deflagradoras do interesse dos veículos de comunicação em repercutir temas relativos às atividades da Universidade.

Eustáquio Gomes concebeu publicação A criação do Jornal da Unicamp foi liderada pelo jornalista e escritor Eustáquio Gomes, então coordenador da Assessoria de Comunicação e Imprensa (Ascom) da Universidade. A primeira edição, de periodicidade mensal, circulou em setembro de 1986. Antes do Jornal da Unicamp, a instituição contou com duas publicações, respectivamente os boletins Unicamp Notícias e A Semana, este último incorporado pelo JU. Gomes tinha um apreço especial pelo JU. Durante muitos anos, participou das reuniões de pauta e ofereceu sugestões e considerações sobre temas a serem transformados em reportagens. O jornalista tinha profundo conhecimento institucional, principalmente acerca de docentes e suas linhas de pesquisa. Embora gostasse de variados assuntos, tinha especial predileção pelas matérias na área das Ciências Humanas. Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à Universidade, Gomes recebeu, em dezembro de 2012, o título de servidor emérito da Unicamp, em cerimônia presidida pelo então reitor Fernando Costa, na residência do homenageado, que convalescia de um acidente vascular cerebral. O jornalista faleceu em 31 de janeiro de 2014, enquanto dormia. Gomes nasceu no povoado de Campo Alegre, no oeste de Minas Gerais, em 1952. Filho de lavradores, contou com a ajuda de amigos para

Foto: Antonio Scarpinetti

O jornalista e escritor Eustáquio Gomes, idealizador da Assessoria de Comunicação e Imprensa e do ‘Jornal da Unicamp’

realizar seus primeiros estudos, inicialmente na cidade de Luz (MG) e depois em Assis (SP). Posteriormente, bacharelou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Mais tarde, tornou-se mestre em Letras pela Unicamp. Sua dissertação teve como tema os modernistas de província. Como jornalista, trabalhou em jornais do interior, principalmente nos diários de Campinas. Atuou, ainda, nas áreas de comunicação das empresas Bosch do Brasil e White Martins. Como colaborador regular do campineiro Correio Popular, publicou cerca de 800 crônicas, além de reportagens especiais, entrevistas culturais e outros textos.

Capas de edições do ‘Jornal da Unicamp’ ao longo da história da publicação, que passará a ser diária a partir de outubro


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Pesquisador desenvolve biossensores para o diagnóstico da leishmaniose visceral LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br

esultados obtidos em tese de doutorado defendida no Instituto de Química (IQ) oferecem uma contribuição significativa para diagnóstico e programas de controle da leishmaniose visceral (LV), a forma mais grave da doença provocada pelo protozoário Leishmania, e responsável por índice elevado de óbitos. O autor da tese, Dênio Emanuel Pires Souto, desenvolveu biossensores para detecção de anticorpos específicos da LV que permitem análises mais rápidas, sensíveis e seletivas em comparação às análises obtidas em ensaios empregados em rotinas clínicas – e, melhor, que podem ser estendidos para outras doenças, como a de Chagas. O estudo foi orientado pelo professor Lauro Tatsuo Kubota, no seu Laboratório de Eletroquímica, Eletroanálitica e Desenvolvimento de Sensores. “O foco do trabalho em nosso laboratório consiste no desenvolvimento de biossensores voltados para as doenças negligenciadas, sendo estas assim chamadas porque acometem as populações mais carentes e não recebem a atenção devida de órgãos governamentais e indústrias de medicamentos”, afirma Dênio Souto. “Acho um bom momento para divulgarmos a importância de métodos alternativos para diagnóstico da leishmaniose visceral, visto que em 2015 tivemos um Nobel de Fisiologia e Medicina relacionado a doenças negligenciadas [para o irlandês William Campbell e o japonês Satoshi Omura, que criaram novas terapias para verminoses, e para a chinesa Youyou Tu, por uma nova terapia contra a malária]. Espero que governos e empresas invistam mais nesta área.” O autor da tese recorreu a técnicas que ele vem estudando desde o seu mestrado e que são bastante dominadas pelo grupo do professor Kubota, a ressonância de plasmóns de superfície (SPR na sigla em inglês) e a microbalança de cristal de quartzo (QCM), para o desenvolvimento de biossensores como novas ferramentas de diagnóstico da LV. “Publicamos um primeiro trabalho demonstrando que é possível detectar a leishmaniose visceral com a técnica de SPR, a qual apresentou vantagens em relação aos testes normalmente empregados em laboratórios clínicos, como maior sensibilidade e especificidade e menor tempo de análise. Estas observações nos encorajaram a investir em estudos nessa área, tornando-se o tema central de minha tese de doutorado”. Dênio Souto explica que as formas da leishmaniose variam conforme as espécies do parasita (Leishmania) e manifestações clínicas da doença: além da LV, as leishmanioses também são divididas em sua forma tegumentar (LT), que leva a complicações cutâneas, e a mucocutânea (LMC), que atinge as mucosas. “O indivíduo infectado possui o parasita na corrente sanguínea, o que induz uma resposta imunológica. Os ensaios mais utilizados em análises de rotinas clínicas são o Elisa (imunoadsorvente) e a reação de imunofluorescência indireta (IFI), que detectam os anticorpos específicos da LV no soro de pacientes. Em geral, os laboratórios clínicos demoram na entrega do diagnóstico e utilizam grande variação das metodologias.”

Dispositivo usado nos experimentos: biossensores detectam anticorpos específicos da LV

Mais rápidos e sensíveis Segundo o pesquisador, mais de 90% das infecções da leishmaniose visceral estão concentradas na Índia, Brasil, Bangladesh, Nepal e Sudão (nesta ordem), mas estudos mostram um aumento de casos em todo o mundo e a expectativa de que as mudanças climáticas venham a causar impacto significativo na Europa. “Existem sintomas característicos da LV, como febre alta, dor de cabeça, anemia, e outros mais específicos que são os inchaços do fígado (hepatomegalia) e do baço (esplenomegalia). Em áreas endêmicas, os exames são feitos periodicamente em praticamente toda a população, principalmente porque há os pacientes assintomáticos. Uma vez acometido pela LV e havendo comprometimento das vísceras, o paciente que não é tratado corretamente pode ir a óbito em pouco tempo.”

KITS DE DIAGNÓSTICO Além do desenvolvimento dos biossensores de SPR e QCM, Souto utilizou estes dispositivos em estudos cinéticos para demonstrar, em termos quantitativos, a elevada afinidade de ligação de novas proteínas

recombinantes do protozoário Leishmania infantum frente a anticorpos da LV. “Se o foco inicial era comparar a nossa técnica com os métodos convencionais, fomos observando que o fenômeno da ressonância de plásmons de superfície auxiliou na compreensão das interações entre os antígenos e anticorpos específicos da LV: como ocorre a interação, qual a afinidade de ligação, como ocorre a infecção.” O autor da pesquisa conta que o foco passou a ser a compreensão do sistema em nível molecular, investigando novas proteínas. “Temos constatado através de nossa metodologia e mesmo em ensaios convencionais como o Elisa, que o tipo de proteína (antígeno) interfere diretamente na confiabilidade dos resultados. Ainda no Brasil, se utiliza alguns extratos brutos do protozoário causador da doença para detectar os anticorpos. Com o avanço da tecnologia de DNA recombinante, tem-se verificado que as proteínas recombinantes deste protozoário oferecem melhor especificidade, diminuindo significativamente as reações cruzadas com outras doenças. Por exemplo: um indivíduo infectado com leishmaniose pode

A LV na literatura De acordo com a literatura, o número de casos de leishmaniose está intimamente relacionado à situação econômica da região. A leishmaniose visceral (LV), também conhecida como “calazar”, é a forma mais grave, em que parasitas de Leishmania saem do local de inoculação e proliferam no fígado, baço e medula óssea, resultando em imunossupressão do hospedeiro. Esta capacidade de penetração do parasita em órgãos vitais do sistema fisiológico humano resulta em elevado índice de mortalidade em indivíduos infectados que não têm acesso a tratamento adequado.

Os sintomas típicos da LV são: febre, perda de peso, esplenomegalia, hepatomegalia, linfadenopatia e anemia. O agente etiológico mais encontrado nas Américas e no norte da África é a espécie Leishmania infantum, também conhecida como Leishmania chagasi. Nas Américas, o agente etiológico da LV mais comumente encontrado é a espécie Leishmania infantum, sendo a principal via de transmissão desse protozoário através da picada de insetos do gênero Lutzomyia, o “mosquito palha” ou “birigui”. A LV é considerada uma zoonose nas Américas, uma vez que os cães ou outros canídeos são os principais hospedeiros do parasita.

Publicação Tese: “Estudo da imobilização de antígenos de Leishmania infantum sobre plataformas organizadas empregando SPR e QCM para detecção de anticorpos específicos da Leishmaniose Visceral” Autor: Dênio Emanuel Pires Souto Orientador: Lauro Tatsuo Kubota Unidade: Instituto de Química (IQ) O autor da tese, Dênio Emanuel Pires Souto: foco nas doenças tidas como negligenciadas

responder para doença de Chagas, falsos positivos e falsos negativos são muito comuns nessas doenças.” Para avaliar novas proteínas, Dênio Souto firmou uma colaboração com um grupo de pesquisa da UFMG, coordenado pela professora Helida de Andrade. Em sua tese de doutorado, a pesquisadora Angélica Faria realizou um estudo proteômico em que proteínas inéditas foram sintetizadas. “Eles nos forneceram algumas proteínas, avaliamos como reagiam com os anticorpos e conseguimos comprovar uma alta afinidade de ligação com os anticorpos da LV por meio de estudos cinéticos. Este resultado em nível molecular, somado aos resultados do grupo da UFMG, constituíram importantes provas da viabilidade do emprego destas proteínas no diagnóstico. Hoje em dia existem kits de diagnóstico com essas proteínas para detecção da doença.”

O DESAFIO NO PÓS-DOC

O pesquisador impôs junto às atividades de seu pós-doutoramento o desafio de desenvolver um equipamento de SPR portátil, com o objetivo de levar as metodologias desenvolvidas para diagnóstico da LV a áreas endêmicas. “Nas pesquisas realizadas até o momento recorremos a equipamentos de porte, comerciais, complicados de se utilizar em campo. Um dispositivo miniaturizado é desejável porque a realidade, hoje, é que as pessoas precisam se deslocar até o laboratório para realizar o teste, que é feito através de soro ou do sangue. Acredito que é possível em um futuro muito próximo construir um dispositivo tendo fibras ópticas como nanossensores e realizar o ensaio in vivo, com resultado imediato.” Neste sentido, o autor da tese já iniciou conversações com o grupo do professor Hugo Figueroa, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, que já trabalha com dispositivos similares e estão construindo um voltado à SPR. “Como somos da química analítica, temos limitações para construir os componentes eletrônicos do dispositivo. Paralelamente, queremos manter a colaboração com o pessoal da UFMG, que tem desenvolvido vacinas contra leishmaniose visceral, inclusive com patentes e testes preliminares no sistema público de saúde. Também devo passar um período na Argentina, com pesquisadores do Centro de Innovación Tecnológica Empresarial y Social (Cites), interessados em testar nossas metodologias em dispositivos portáteis que eles construíram.” Dênio Souto considera importante ampliar a rede de cooperação para aprimorar o diagnóstico da LV, principalmente pela preocupação com os casos assintomáticos da doença. “Há muitos estudos buscando descobrir o porquê da doença e estamos contribuindo com uma parte fundamental, em nível molecular. Vale salientar que os biossensores construídos, embora desenvolvidos inicialmente para LV, podem ser aplicados para diversas doenças. Em outra pesquisa do nosso grupo, focamos na doença de Chagas, inclusive validando o estudo através de ensaios com dezenas de amostras de soros de pacientes positivos (para inúmeras doenças) e negativos. Existe um espectro amplo de aplicações desses (bio)sensores.”


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Entre sonhos soterrados,

DOR, IMPASSE E ESTAGNAÇÃO Foto: Thiago Barcelos

ADRIANA MENEZES BRUNO ANDRADE RENAN POSSARI TÁSSIA BIAZON Especial para o JU

ara além da morte de 19 pessoas e dos impactos ambientais e econômicos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), a dinâmica social do município e das comunidades atingidas sofreu drásticas e profundas alterações. Os rastros da tragédia do dia 5 de novembro de 2015 extrapolaram o percurso da lama que derrubou casas e apagou comunidades do mapa. Com o derramamento de milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério pertencentes à mineradora Samarco – que invadiram o Rio Doce e seguiram até o Oceano Atlântico – também foram soterrados sonhos, apagadas memórias, ameaçadas a economia e o orçamento municipal e, definitivamente, transformadas para sempre as vidas de pessoas direta ou indiretamente atingidas. A tragédia trouxe um elemento novo à cidade que nasceu da exploração do minério: afinal, a mineração é boa ou ruim para Mariana? A questão continua sem resposta. Transferidos das áreas onde hoje predomina a lama, os moradores dos distritos e subdistritos afetados vivem na cidade de Mariana. São cerca de 300 famílias, grande parte dos subdistritos Paracatu de Baixo e Bento Rodrigues, o segundo com mais de 200 casas completamente destruídas. O mercado imobiliário da cidade de 58 mil habitantes reagiu com a alta dos preços dos imóveis disponíveis. Muitos apartamentos e casas que estavam vazios foram alugados pela Samarco e ocupados pelas vítimas. A partir daí começaram a surgir rumores que sugeriam que os atingidos estavam se aproveitando de sua situação para extorquir a mineradora. Isso gerou um conflito entre os moradores de Mariana e os dos subdistritos, levando muitos destes a serem hostilizados, principalmente nas escolas. A situação que só pode ser vista de perto não foi descrita pela grande imprensa nestes oito meses. As atividades da Samarco permanecem suspensas e boa parte da cidade pede

Escombros de escola no subdistrito de Bento Rodrigues, localidade mais atingida pelo rompimento da barragem

que ela volte a operar para que o comércio aqueça novamente, os hotéis retomem a taxa de ocupação e os empregos de quase 3 mil funcionários sejam garantidos (diretos e indiretos). “O núcleo central, que é aqui na cidade de Mariana, é muito dissociado dos distritos. E, para entender Mariana, para entender a lógica da cidade e como a mineração penetra na dinâmica social, tem que entender a relação com os distritos; e a relação do governo, das instituições públicas com os distritos também. Tem um certo ‘abandono’ na relação com os distritos. E eles são fundamentais”, avalia Frederico Tavares, professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). A riqueza mineral da cidade de Mariana está toda nos nove distritos pertencentes à cidade. Segundo o prefeito Duarte Eustáquio Gonçalves Junior (PPS), 89% da arrecadação do município vem da empresa Samarco, con-

trolada pela Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. O turismo tem pouca participação na arrecadação, apesar do valor histórico da cidade, que permanece intacto - o derramamento de rejeitos não atingiu a área urbana de Mariana.

PERDAS IMATERIAIS Embora praticamente todas as pessoas que viviam nas comunidades atingidas tenham sido reassentadas em Mariana, a insatisfação com as novas moradias é nítida. Alocadas em bairros diferentes e distantes entre si, como Barro Preto, Chácara, Colina, São Gonçalo e Vila Maquiné, muitas dessas pessoas foram separadas de seus familiares e amigos, com quem tinham frequente contato. “Eles estão hoje amparados tecnicamente. Mas se você vai nas casas, é a mesma cor do armário, mesma televisão; nenhuma foto, nenhum quadro, nenhuma lembrança. É

Volta da Samarco divide a população Foto: Tássia Biazon

Foto: Tássia Biazon

Foto: Thiago Barcelos

A professora Silvany Diniz: “Tenho alunos tomando antidepressivo”

Simpatizantes da Samarco na passeata promovida 15 dias após a tragédia: mineradoras movem a economia de Mariana

O comerciante Antonio Paulo Goulart: “A população quer Justiça”

A crise econômica causada pela tragédia escancarou questões locais que vão muito além do comércio estagnado e da bolha imobiliária. A prática da mineração e a própria Samarco estão ligadas à população marianense a ponto de uma parcela das pessoas se identificar mais com a mineradora do que com os distritos atingidos. Apenas 15 dias após o rompimento ocorreu uma passeata, organizada por funcionários e simpatizantes da Samarco, pedindo o não fechamento da empresa. Parte dos habitantes de Mariana possui laços tão estreitos com a mineradora que chegam a culpar as vítimas pela demora da volta da empresa. Sem suas casas, os moradores dos distritos atingidos foram alocados em Mariana e muitas vezes são alvos de críticas e perseguição. Uma dualidade cruel em uma cidade que é conhecida por sua hospitalidade. Silvany Diniz, professora de História na escola municipal de Bento Rodrigues e Paracatu de

Baixo - ambos subdistritos afetados pela lama - continua lecionando aos alunos atingidos, agora em uma escola instalada em Mariana. Ela fala que as vítimas estão enfrentando grandes dificuldades de adaptação. Segundo ela, eles se sentem muito sozinhos. As crianças, que costumavam se reunir após as aulas para brincar na pracinha da comunidade – às vezes até o anoitecer –, agora vão direto da escola para casa. “O índice de bebida entre os jovens aumentou”, relata a professora, que também testemunha o aumento da depressão. “Tenho alunos tomando antidepressivo.” Antonio Paulo Goulart, proprietário do Café Chantilly Confeitaria, localizado no centro histórico de Mariana, diz que é favorável à volta das atividades da empresa na cidade. “Além de estarmos vivendo uma crise econômica no País, há uma crise isolada aqui. Economicamente, a cidade inteira sentiu”, diz Goulart, que é também a favor de penalidade sobre os responsáveis. “A maior parte da população quer Justiça. A empresa deve pagar pelo que aconteceu, ela tem

responsabilidade sobre isso, mas a cidade vai sofrer muito se ela sair. Precisamos ter uma fiscalização maior do governo”, defende. O empresário já demitiu funcionários por causa da queda no movimento da doceria. “A Samarco é um mal necessário”, conclui Goulart, que também vê na situação um bom momento para a cidade se reinventar e buscar diversificar a economia. “Acho que havia uma certa consciência de que a mineração um dia chegaria ao fim, mas não desta forma impactante e trágica.” A advogada Ana Cristina Maia, titular do cartório de Registro de Imóveis de Mariana, é também favorável à volta das atividades da Samarco. Apesar de ser ativa no coletivo #UmMinutoDeSirene, criado pela sociedade civil para manter viva a memória da tragédia, ela defende a retomada. “Se a empresa não voltar a operar, a gente vai ter uma nova tragédia.”

uma casa que parece uma loja. Eles perderam tudo. Eles nem gostavam de vir passear em Mariana. Tinham as atividades tanto culturais, quanto festivas e de lazer lá [em Bento Rodrigues]: andar a cavalo, ir para a cachoeira, ficar no Bar da Sandra, fazer festinha na casa de amigos... Eles gostavam de ficar lá”, afirma a professora Silvany Diniz, que desde 2002 dava aula na escola de Bento Rodrigues. Não havia pobreza na comunidade. As casas, embora simples, eram aconchegantes, cercadas de árvores e flores. As crianças tinham seus próprios cavalos e gostavam de passear, brincar na pracinha e no campo de futebol. “São pessoas batalhadoras, do campo. Muitos não morreram porque estavam aqui, trabalhando”, conta Juçara Brittes, professora do curso de Jornalismo da UFOP, que convive com os atingidos. “Há várias realidades sobrepostas nos distritos e em Mariana.” Também não tem sido fácil para os idosos de Bento Rodrigues se adaptarem à vida em Mariana. Muitos não conseguem se habituar ao barulho e à movimentação da cidade; outros vivem isolados, longe de seus antigos vizinhos e amigos, sem espaço para cultivar hortas ou realizar quaisquer atividades costumeiras do tempo em que viviam na comunidade. “Tem uma senhora que está no terceiro andar. Ela nunca mais desceu. Ela tem 90 anos e agora não quer mais sair de casa, está deprimida”, conta a professora Juçara Brittes. “Vivemos um conflito muito grave. Eu também sou uma atingida da barragem, porque todo o povo brasileiro foi”, protesta a professora. Segundo o professor Frederico Tavares, há inúmeras pessoas com traumas psicológicos na cidade. Um caso de suicídio na cidade de Barra Longa, onde metade das casas ficou soterrada pela lama, foi registrado neste período. Dentro da universidade, as opiniões também são conflituosas. Há posturas mais críticas e outras mais alinhadas com a empresa Samarco, responsável pela barragem de Fundão. Muitos professores e pesquisadores prestam serviço ao setor com consultorias técnicas nas áreas de engenharia, controle de qualidade e segurança. “É também uma característica da cidade, um certo medo. No começo muita gente não queria nem falar. A cidade entrou em conflito e ainda está sob os efeitos da tragédia”, diz Tavares. Fora do ambiente universitário ou das comunidades atingidas, também há pontos de vista diferentes. De acordo com Tavares, muitos moradores se mudaram da cidade. “Fica no imaginário o risco de acontecer novamente com uma chuva muito forte. É uma visão assustadora.” Quem chega a Mariana e pergunta nos hotéis sobre a tragédia e suas consequências vai ouvir reclamações sobre os “privilégios” que hoje têm os moradores dos distritos e subdistritos atingidos. “Muitos tinham uma TV velha, agora têm TV de Led”, diz uma recepcionista de hotel que não quis se identificar. Continua na página 6


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‘A LAMA veio arrebentando tudo’ Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

(Continuação da página 5) orador de Paracatu de Baixo, subdistrito de Mariana parcialmente destruído pela lama de rejeitos da barragem de Fundão, o produtor rural Corgésius Mol Peixoto perdeu sua casa e tudo que tinha dentro dela, inclusive documentos, álbuns de família e muitas lembranças. “Minha mulher chora até hoje pelas fotos de formatura dos filhos e por tudo que se foi.” Peixoto mostra sua casa soterrada pela lama, localizada na margem do rio Gualaxo do Norte, afluente do Rio Doce que passa ao lado de Paracatu. Ele nasceu e cresceu no subdistrito onde teve três filhos e morava com sua esposa, professora da escola municipal. Agora a família está provisoriamente em imóvel alugado pela Samarco em Mariana, mas Peixoto todos os dias sai da cidade e vai até Paracatu de Baixo cuidar dos animais - gado leiteiro que mantém em sua propriedade não alcançada pela lama. Ele lembra que estava em sua casa no dia 5 de novembro, quando seu irmão ligou para avisar sobre o rompimento da barragem. “Eram mais ou menos três e meia da tarde. Ele disse que ficou sabendo do rompimento, mas só avisou para ficar atento. Não achei que viria forte. Minha mulher já pegou a bolsa com documentos e saiu com minha filha. Depois apareceu um helicóptero avisando que tínhamos de sair em cinco minutos. Não deu tempo de eu voltar pra casa. Perdi todos os meus documentos. Um filho já morava em Mariana, não estava em casa”, lembra Peixoto. “No dia, teve muito voluntário para nos levar para Mariana. Eu fui para a casa de um irmão e depois para um hotel. Mas foi quase todo mundo para o ginásio.” De acordo com o produtor, ele e sua mulher já tinham a vida planejada. Faltava pouco para ela se aposentar na escola, onde ainda trabalha, agora instalada na cidade. “Recomeçar a vida, a esta altura, não é fácil.” Os filhos estão criados, diz Peixoto, mas ele tem a sensação de que precisa começar do zero. “Vou sentir saudade de Paracatu. Sou nascido e criado aqui, ao lado de primos, vizinhos. Estão falando que vão tentar colocar todo mundo igual aqui. Dentro do possível, eles [Samarco] estão dando assistência. Dão alimento para os animais.” Peixoto fala que ouvia comentários sobre o risco do rompimento de uma barragem, mas ele sequer sabia da existência de Fundão. “Eu sabia de outra barragem com mais perigo, não desta.”

À ESPERA DE

UMA SOLUÇÃO

“Estou esperando”, disse “seu” Paschoal, morador de Paracatu de Baixo. Todos os dias ele sai de Mariana, onde está instalada toda a família composta por 12 pessoas, e vai até o subdistrito cuidar de suas galinhas e porcos. Em respostas curtas, mas precisas, ele fala que gostaria de ter todos de volta a Paracatu de Baixo. “Era bom demais morar aqui.” Nascido no distrito de Pedras, “seu” Paschoal vivia há 40 anos em Paracatu de Baixo. Aos 69 anos, ainda trabalha em sua propriedade rural. Quando lembra do dia da tragédia, fala do helicóptero que chegou para avisar e depois da condução que foi resgatar os moradores. “A lama veio arrebentando tudo. Não vi chegar. Não alcançou minha casa nem os animais, mas a casa rachou em dois lugares. A Defesa Civil tirou todos depois daquele dia. Mas eu fugi do hotel e voltei para cá.” Segundo “seu” Paschoal, a lama deve fazer mal às pessoas porque “os pés de árvore já matou (sic) tudo”. Antes da tragédia, já havia escutado falarem que podia acontecer o rompimento da barragem, mas ninguém imaginava que atingiria a comunidade. Continua na página 7

Foto: Adriana Menezes

À esquerda, casa destruída no subdistrito de Bento Rodrigues; à direita, a marca da lama na igreja de Paracatu de Baixo, outra comunidade afetada pela tragédia Fotos: Adriana Menezes

O Dia D O agricultor “seu” Paschoal, que voltou para Paracatu: “A lama não alcançou minha casa nem os animais, mas a casa rachou em dois lugares”

O produtor rural Corgésius Mol Peixoto: “Minha mulher chora até hoje pelas fotos de formatura dos filhos e por tudo que se foi”

Uma reportagem multidisciplinar Com a missão de escrever sobre como vive hoje a população de Mariana (MG) após o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro que ocorreu em 2015, quatro estudantes da Unicamp resolveram fazer uma reportagem in loco. O grupo multidisciplinar formado pela jornalista Adriana Menezes, o secretário-executivo Bruno Andrade, o publicitário Renan Possari e a bióloga Tássia Biazon saiu de Campinas na noite chuvosa do dia 1º de junho e retornou ainda debaixo de chuva na madrugada do dia 5 de junho. Após três dias na cidade mineira, cada um trouxe na bagagem muitas histórias e a vivência de uma aventura marcada pelo testemunho vivo dos efeitos do maior desastre ambiental do Brasil. A equipe realizou mais de 20 entrevistas em Mariana. A motivação para a viagem teve início com a atividade proposta pela professora Graça Caldas, do programa de pós-graduação e mestrado do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, que lançou aos mais de 30 alunos da sala o desafio de produzirem um eBook sobre a tragédia de Mariana. Toda a turma abraçou a ideia e deu início à produção do conteúdo, que vai resultar no livro digital com lançamento previsto para o fim do ano. Os diversos desdobramentos da tragédia serão contemplados na obra coletiva. “O que mais me impressionou foi a maneira que se deram as relações entre marianenses e moradores dos distritos atingidos após o rompimento da barragem. O conflito social causado mostra ainda mais o quanto a cultura da mineração está entranhada na população da região”,

disse Renan sobre o conflito local e a realidade nunca descrita na grande mídia. Os alunos também presenciaram movimentos da sociedade civil preocupada em apoiar os atingidos. “Gostei de ver o trabalho que tem sido desenvolvido pelos coletivos locais e a UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Apesar do preconceito que os atingidos têm sofrido na cidade, tem muita gente empenhada em ajudá-los”, constata Bruno. O grupo presenciou uma parcela dos problemas ambientais causados pelo desastre e constatou que o pedido por uma legislação que trata das questões de mineração com mais rigidez é unânime entre atingidos, marianenses e autoridades. “A viagem proporcionou uma percepção mais ampla da tragédia. Ao andar pela beira do rio Gualaxo do Norte, percebi o quanto a destruição ambiental não é quantificável. O que entristece é que o assunto não está mais nas capas dos jornais, mas o caos permanece, e se propaga de diversas formas”, considera Tássia. Ao apurar a história, independentemente das formações de cada um, há um mesmo script final: o rompimento da barragem de Fundão, com os rejeitos percorrendo centenas de quilômetros até chegar ao Oceano Atlântico, é um crime que não pode ser esquecido. Para Adriana, o mais impactante foi encarar de perto o descaso do poder público em relação à exploração das riquezas nacionais. “A maneira como o minério é explorado é a mesma desde o Império. A indiferença com que as autoridades tratam nossos recursos naturais me causa indignação. Não há fiscalização, não há controle, e o poder econômico determina quase todas as coisas.” Foto: Tássia Biazon

Da esq. para a dir., Adriana Menezes, Bruno Andrade, Renan Possari e Tássia Biazon, às margens do Gualaxo do Norte, afluente do Rio Doce: reportagens fundamentarão livro

Dia 5 de novembro de 2015. Brasil. Minas Gerais. Mariana. Mineradora Samarco. Às 15h ocorre o rompimento da barragem de Fundão. Cerca de 32 milhões de metros cúbicos de rejeito são lançados no meio ambiente, atingindo diversas comunidades, causando impactos ambientais, sociais, econômicos, até hoje incalculáveis. A lama soterrou casas, matou crianças e adultos, animais de estimação e criação, devastou a fauna e a flora da região, contaminou a água e afetou a bacia hidrográfica do Rio Doce, até chegar ao Oceano Atlântico, impactando regiões estuarinas, costeiras e marinhas. A primeira comunidade atingida foi Bento Rodrigues, localizada a apenas 5 km do Complexo Minerador Germano-Alegria. Com 318 anos, o subdistrito tinha pouco mais de 600 pessoas. Em menos de 10 minutos a lama atingiria todas as famílias. Não houve tempo de salvar praticamente nada. Desabrigados, os moradores foram aos poucos resgatados e levados para o ginásio poliesportivo Arena Mariana, na área urbana da cidade, que não foi atingida pelos rejeitos. A advogada Ana Cristina Maia, titular do cartório de Registro de Imóveis de Mariana, também traz na memória o fatídico dia. Ela presidia uma reunião do Conselho de Patrimônio da cidade e estava com o celular desligado. Por volta de 17h, todos na reunião começaram a receber mensagens e alguém interrompeu para informar que uma barragem da Samarco havia se rompido. “Havia filhos, sobrinhos e amigos desaparecidos, teve gente que já se levantou da mesa chorando. Mas ninguém sabia ao certo o que havia acontecido.” Ana tentou falar com uma amiga professora e não conseguiu. Também ficou desesperada. Viu na TV que Bento Rodrigues estava completamente coberta. “Saí de casa e fui para o ginásio. Fiquei até 1h30 da manhã ajudando, com voluntários e a Defesa Civil.” Devido à falta de medidas de segurança e procedimentos em caso de acidentes, a informação sobre o rompimento da barragem aconteceu no boca a boca, porque a sirene (que deveria existir) não tocou. Após a tragédia, a pergunta foi lançada: “Quem foi sua sirene?” Da angústia coletiva e da vontade de fazer alguma coisa para ajudar, surgiu o coletivo #UmMinutoDeSirene, criado pela sociedade civil para manter viva a memória da tragédia. Todo dia 5 o coletivo promove ações em área pública da cidade (leia texto na página 7).


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Na SIRENE, o chamado coletivo Foto: Lucas de Godoy/A Sirene

(Continuação da página 6) o dia em que a barragem de Fundão se rompeu, em 5 de novembro de 2015, não tocou a sirene que supostamente existia para avisar os moradores dos distritos caso ocorresse o rompimento de alguma barragem da empresa Samarco. Para que a tragédia não caia no esquecimento, um grupo formado pela sociedade civil local se organizou e fundou o coletivo #UmMinutoDeSirene, que tem como objetivo lutar pelo direito à comunicação e à preservação da memória das comunidades que sofreram com a tragédia. Todo dia 5 de cada mês, o coletivo toca a sirene e promove um ato público em Mariana. No dia 5 de junho, organizaram uma feira com os produtores rurais atingidos pela lama nos subdistritos, na qual foram vendidos produtos como queijo, geleia de pimenta biquinho, doces típicos mineiros e outras iguarias. Neste dia também foi lido em praça pública um manifesto escrito pelos moradores. O rompimento da barragem para esta parcela da população vai muito além das consequências físicas, ambientais e econômicas. Ele afetou o sentimento de pertencimento de quem morava nos subdistritos e perdeu suas casas, sua rotina, seu estilo de vida e sua memória. O coletivo #UmMinutoDeSirene também criou o jornal A Sirene, elaborado pelos próprios atingidos, com apoio de professores e estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Arquidiocese de Mariana. “A tragédia disparou um gatilho em cada um de nós. Para mim foi o gatilho de voltar para Mariana e criar o jornal A Sirene, cujo objetivo é defender os direitos que estão sendo violados, inclusive o da comunicação. Decidimos que deveríamos lutar por tudo isso”, diz o jornalista Gustavo Nolasco, um dos integrantes e fundador do coletivo #UmMinutoDeSirene e do jornal A Sirene. A família de Nolasco é da região de Ouro Preto e Mariana. Em 2015 ele morava em Belo Horizonte, mas após o rompimento da barragem voltou para Mariana. A ideia de dar voz às vítimas com o jornal A Sirene também foi uma reação à falta de informações a respeito da tragédia e da situação dos distritos e subdistritos. “Teve repórter da Globo que chegou aqui e disse que só queria ouvir pessoas que falassem mal da Samarco. Os moradores colocaram pra fora. Ouço gente tanto de um lado quanto de outro.” Segundo Nolasco, a população local ficou muito incomodada com a cobertura da grande mídia – nacional e internacional -, que invadiu a cidade após a tragédia. A assessora de imprensa da prefeitura de Mariana, Kíria Ribeiro, lembra que meia hora depois do

Integrantes do coletivo #UmMinutoDeSirene durante ato público na região central de Mariana: pela preservação da memória

rompimento da barragem começou a receber ligações da imprensa do Brasil e do mundo. “Ali eu já pude sentir o que estava por vir.” Ela só conseguiu sair da redação depois das 20h30 e, de lá, foi para o ginásio onde estavam sendo acolhidos os moradores atingidos. Logo começaram a chegar os jornalistas. Os primeiros foram os de Belo Horizonte, do jornal O Estado de Minas. “Somente à noite soubemos que não existia mais Bento Rodrigues. A solidariedade foi imediata.”

VOZ AOS ATINGIDOS

Lançado em 2016, o jornal A Sirene subverte a hierarquia de vozes. Escrito em primeira pessoa, a voz do atingido é a única existente. Os jornalistas colaboradores conversam com as vítimas do desastre, transcrevem exatamente o que foi dito e o texto passa por aprovação do entrevistado. “A visibilidade é muito importante. A gente sentiu que nem tudo que queríamos aparecia [na grande mídia], tudo era muito filtrado. Eles aproveitavam muito dos momentos de sensibilidade, quando alguém estava chorando para fazer fotos, ao mesmo tempo os atingidos não conseguiam fazer queixa da empresa”, diz Juçara Brittes, professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e integrante do coletivo #UmMinutoDeSirene. As estudantes de Jornalismo da UFOP Marília Mesquita e Silmara Filgueira participam da produção do jornal A Sirene desde a primeira edição. “Ficamos sensibilizadas com a causa.” Elas auxiliam nas entrevistas e às vezes ajudam também a escrever os tex-

tos, mas quem de fato faz o jornal são os atingidos pela lama nos subdistritos e distritos de Mariana. O jornal começa agora uma nova fase. “Ele passa por uma reforma editorial e deve ser mais informativo, deixa de ser somente na primeira pessoa. Mas não existe matéria sem a participação de um atingido”, explica Marília. “Surgiu deles e para eles. Agora há uma releitura, para chegar mais à população”, disse Silmara. O desafio agora é aumentar a circulação. O projeto foi iniciado pela Arquidiocese de Mariana, que financiava a impressão, em parceria com a empresa Nitroimagem, que realizava o trabalho de produção. A ideia surgiu quando ainda estavam todos sob o impacto da tragédia. Depois a própria comunidade quis dar continuidade ao jornal. A Arquidiocese buscou recursos e conseguiu manter uma edição mensal de A Sirene nestes últimos meses. “Não imaginávamos que A Sirene ganharia esta proporção. É um jornal que está sendo construído”, diz Marília. Desde o início, a estudante Silmara faz a diagramação, enquanto Marília auxilia nas reportagens. Mas elas não são as únicas. Há participação de diversos estudantes da UFOP. A vivência com os atingidos lhes permite conhecer inúmeras histórias e situações que nem sempre chegam ao público. “Tem gente que não consegue falar sem chorar. Outros falam tranquilamente. Não tem como não ser assim. Eles perderam suas casas, suas lembranças de infância”, conta Marília. A repórter descreve como os moradores de Bento Rodrigues falam de suas vidas antes da tragédia. “Os relatos que eu tenho deles é que viviam muito bem. Teve um que

perdeu R$ 60 mil porque guardava em casa. Financeiramente, eles não viviam mal. Uma moradora tinha horta em casa e agora, em apartamento alugado pela Samarco, tenta manter uma pequena horta.” Segundo as conversas entre as vítimas de Bento Rodrigues, conta Marília, todos sabiam que poderia ocorrer um acidente um dia, mas nunca nestas dimensões. Não havia real noção. Eles faziam caminhadas até a barragem, tinham a imagem de uma coisa gigantesca em cima deles, “mas ninguém estava preparado para tudo isso; nem as equipes de apoio.” Para Silmara, a imprensa de modo geral foi muito superficial na cobertura de Mariana, “com recortes não aprofundados”. Marília também acredita que ainda há coisas que precisam ser faladas que não aparecem na grande imprensa. Ela cita o surto de alergias que está ocorrendo em Barra Longa, cidade mineira onde a lama da barragem também passou. “E continua lá. Continua passando lama no rio.” São casos de alergia respiratória, ocular e micose. “Dizem que é bactéria. Enquanto a Samarco continua dizendo que a lama não é tóxica.” Nos dias seguintes à tragédia, helicópteros sobrevoavam o local, telefones não paravam de tocar, era uma movimentação de diversas emissoras, entre elas a BBC, National Geographic e Globo. “Hoje em dia, quase não se vê mais ninguém”, diz o estudante Thiago Barcelos, aluno do curso de jornalismo da UFOP. “O bacana é que ainda tem gente que não se esqueceu e procura fazer um produto jornalístico de qualidade e que pode fazer a diferença, por isso eu fico feliz em ajudar pessoas que aparecem aqui assim como você e seus amigos”, declara. O estudante conta que aproximadamente duas semanas depois da tragédia realizou uma cobertura fotográfica em Bento Rodrigues. Ele lembra que não havia nenhum morador por lá, era apenas a destruição que a lama provocou. “A princípio foi um choque, um verdadeiro cenário de filme de terror, era difícil acreditar que tinha uma cidade debaixo daquela lama toda”, lembra. Quem visita os locais mais atingidos tem a sensação de ter parado no tempo. Paracatu do Baixo, subdistrito devastado, tem marcas nítidas. A escola está repleta de lama, a igreja interditada, as casas em ruínas. Em meio a tanta destruição, um ou outro morador anda pelas ruas, acreditando que sua vida ainda voltará ao normal. O coletivo #UmMinutoDeSirene também escreveu um manifesto que foi lido em praça pública no dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, quando o rompimento completou sete meses. Continua na página 8 Fotos: Lucas de Godoy/A Sirene

Equipe e etapas de produção do jornal “A Sirene”, da reunião de pauta ao produto final: reportagens priorizam vítimas da tragédia


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O DESASTRE (sempre)

está em curso

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Bento Rodrigues depois do rompimento da barragem: rejeitos de minério continuam escoando

Foto: Lucas de Godoy/A Sirene

(Continuação da página 7) maior desastre ambiental do País trouxe à tona diversas outras ameaças ao meio ambiente existentes no Brasil, entre as quais a falta de fiscalização das barragens de mineração, a prática irregular da atividade mineradora ao longo dos rios, - que dentre uma série de impactos, polui os cursos d’água com metais pesados - e, finalmente, a ausência de políticas públicas de segurança. A lama de rejeitos da barragem de Fundão deixou rastros de destruição em áreas de preservação permanente, alterou os cursos d’água dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce, causou a mortandade de organismos aquáticos, devastou fauna e flora, interferiu até em ecossistemas marinhos, e ainda deixa incertezas de até quando haverá seus reflexos na natureza. Até hoje, os milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que restaram na região do rompimento continuam escoando, para além da grande quantidade de lama que está nas margens e afluentes da bacia do Rio Doce, que com as chuvas é transportada aos cursos d’água. Ou seja, o desastre ambiental não cessou. A Samarco construiu diques de contenção, mas eles já estão com suas capacidades de armazenamento esgotadas. Agora, há uma corrida contra o tempo para conter esses rejeitos antes do início da estação chuvosa, que começa no final de setembro. O professor André Cordeiro Alves dos Santos, do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Humanas e Biológicas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), analisa: “Com certeza, se tivesse ocorrido em outro local, sem tanta ocupação e sem as mortes que provocou, acho que não seria nem notícia”, afirma, enfatizando que já ocorreram fatos desta natureza mesmo nas regiões Sudeste e Norte do país. “Este não é

Moradores resgatam criação no subdistrito de Pedras: falta de legislação agrava impactos ambientais

o primeiro caso de rompimento de barragem de rejeito de mineração no Brasil, nem o primeiro com perdas humanas, mas os outros são praticamente desconhecidos.” Santos acredita que as questões ambientais não são tratadas porque elas são complexas e com efeito de longo prazo. “É necessário uma discussão mais profunda e com conceitos mais detalhados, que a mídia, de modo geral no Brasil, não consegue nem tem interesse em fazer.”

OS IMPACTOS DA MINERAÇÃO

Independentemente de ocorrer um desastre proporcional ao rompimento de uma barragem, a mineração em si já causa diversos impactos ambientais. “Toda e qualquer atividade humana causa impacto ambiental”, afirma o docente Ricardo Perobelli Borba, do Departamento de Geologia e Recursos Naturais da Unicamp. “As transformações ambientais promovidas pela mineração estão relacionadas aos

grandes volumes de rochas, solos e água que precisam ser mobilizados em suas operações. Nas minerações superficiais, frequentemente, há a alteração da paisagem, a construção de barragens e a disposição de rejeitos. Ao transformar o seu entorno, a mineração também acaba afetando a biota local, os rios e a atmosfera em diferentes graus, a depender do tipo de minério que está sendo lavrado”, explica. Borba lembra que a mineração só existe em razão das demandas de matérias-primas da nossa sociedade e seu modo de vida, e enfatiza: “A mineração é uma atividade essencial para o Brasil”. Mas lembra que muitos problemas podem ser evitados se a legislação existente for cumprida à risca, além de sempre haver oportunidades de aprimoramento das normas e legislações vigentes.

SEM LEGISLAÇÃO E

TRATAMENTO DE ESGOTO

O município de Mariana, com mais de três séculos e desde seu início amplamente explo-

Moradores escolhem o novo Bento Rodrigues Em 7 de maio, os representantes das 226 famílias que viviam em Bento Rodrigues foram às urnas para escolher o local onde a comunidade seria reconstruída. Com 92% dos votos, Lavoura foi o local escolhido para receber o novo Bento Rodrigues. Localizada na rota da Estrada Real, a cerca de 8 quilômetros de Mariana, Lavoura parece atender às principais exigências dos atingidos, sobretudo no que diz respeito à proximidade do antigo subdistrito: 9 quilômetros. Com uma área de 350 hectares,

boa oferta hídrica e solo de qualidade para o plantio e criação de animais, o terreno apresenta também facilidade de acesso ao transporte público. Além de Bento Rodrigues, outras duas comunidades serão reconstruídas em locais a serem definidos pelas famílias desabrigadas – Paracatu de Baixo, subdistrito de Mariana, e Gesteira, subdistrito de Barra Longa. Segundo informações da página oficial da empresa, a votação para escolha do local de Paracatu acontecerá no início de julho. Para Gesteira, a votação aconteceu no dia 25 de ju-

nho e o terreno escolhido foi “Macacos”, com 95% dos votos. A Samarco anunciou no dia 20 de junho que também atuará na recuperação de espaços rurais atingidos pelo rompimento da barragem. Segundo a empresa, 278 propriedades estão sendo assistidas pelo Programa de Retomada de Atividades Agropecuárias, previsto no acordo homologado em maio. O objetivo é oferecer condições para que as propriedades afetadas voltem a produzir como antes da tragédia.

rado pela mineração, não tem sequer uma legislação ambiental própria que contemple a atividade. O prefeito Duarte Eustáquio Gonçalves Júnior (PPS) afirma: “A mineração na cidade é regida pela lei federal”. Questionado sobre a necessidade de a cidade apresentar sua própria legislação, afirma que seria uma garantia maior, mas lembra: “Hoje nós teríamos que fazer um concurso para buscar mão de obra técnica para fiscalizar. Em nosso quadro, não temos alguém que pudesse fiscalizar isso. ” A cidade também não possui tratamento de água, recurso muito utilizado pela mineradora Samarco para extração do minério de ferro na cidade. O prefeito reconhece que a tragédia colocou em evidência outros problemas já existentes. “Se não tivesse havido mortes, essa tragédia seria extremamente importante para a reconstrução da história de todas as cidades afetadas e todas as histórias das mineradoras. Porque, a partir de agora, vamos pensar a mineração de uma forma diferente. Acredito que só vai poder minerar a seco, sem uso de água”, analisa. Sobre os impactos ambientais, há controvérsias, por exemplo, sobre a toxicidade da lama e o fato de haver altas concentrações de metais pesados em organismos aquáticos depois da tragédia. De acordo com a Samarco, o rejeito é composto basicamente de água, partículas de óxidos de ferro e sílica (ou quartzo), proveniente do processo de beneficiamento do minério de ferro, reiterando que o rejeito não é tóxico, nem traz riscos à saúde, sendo classificado como inerte e não perigoso pela norma brasileira NBR 10.004. O professor André Cordeiro Alves dos Santos integra o Grupo Independente de Avaliação do Impacto Ambiental (GIAIA), coletivo científico-cidadão que executa uma análise colaborativa dos impactos ambientais resultantes do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão. Ele e outros componentes do grupo realizaram expedições em diversos pontos percorridos pela lama, desde Mariana até o Oceano Atlântico. Dentre os estudos realizados, as análises da água mostraram altas concentrações de metais como o arsênio e o manganês. O laudo técnico preliminar do Ibama, publicado em novembro do ano passado, já mostrava que mesmo que os estudos e laudos indiquem que a presença de metais não esteja vinculada diretamente à lama de rejeito da barragem de Fundão - pois além dos garimpos de ouro na região, há atividades de pecuária e agricultura de subsistência, além da presença de atividades de dragagem no rio -, “há de se considerar que a força do volume de rejeito lançado quando do rompimento da barragem provavelmente revolveu e colocou em suspensão os sedimentos de fundo dos cursos d’água afetados, que pelo histórico de uso e relatos na literatura já continham metais pesados”. O relatório diz ainda que possivelmente este revolvimento tornou tais substâncias biodisponíveis na coluna d’água ou na lama ao longo do trajeto alcançado, “sendo a empresa Samarco responsável pelo ocorrido e pela consequente recuperação da área.” Sobre os riscos de rompimento das outras barragens que restam no complexo, as barragens de Germano e Santarém, a Samarco afirma que suas estruturas se encontram estáveis, sendo monitoradas 24 horas por dia, em tempo real, por meio de radares, câmeras, scanners, drones, medidores de nível d’água, inspeções diárias realizadas pela equipe técnica da empresa, entre outros.

A SAMARCO

Controlada pela brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton Brasil Ltda., a Samarco atua na produção de pelotas de minério de ferro para a indústria siderúrgica, com unidades nos municípios de Mariana (MG) e Anchieta (ES). Responsável pelo maior desastre ambiental do país, que causou a morte de 19 pessoas (uma ainda não encontrada), a empresa divide opiniões na cidade de Mariana, que é quase totalmente dependente da atividade mineradora, responsável por mais de 80% da arrecadação municipal e por mais de 2 mil empregos diretos. Um acordo estabelecido no dia 2 de março entre a Samarco, suas acionistas, Vale e BHP Billiton, e os governos Federal e dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, homologado no dia 5 de maio pela Justiça, prevê uma série de ações concentradas em dois eixos: socioambiental e socioeconômico. Além das ações compensatórias, com disponibilização de recursos financeiros para obras emergenciais nos municípios afetados, pagamento de multas, ressarcimentos e indenizações aos desabrigados, a mineradora ficou responsável pela reconstrução dos distritos atingidos pela lama, com prazo para a entrega das obras até 2019. Continua na página 9


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Da COMOÇÃO ao esquecimento Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

(Continuação da página 8) s desastres devem ser enfrentados sob uma perspectiva social porque são construídos socialmente, diz o sociólogo e demógrafo Roberto do Carmo, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Estudos de População (Nepo). No caso de Mariana, diz o professor, não é diferente. No livro que lançou em março deste ano, “Segurança humana no contexto dos desastres”, pela editora Rima (organizado em conjunto com a pesquisadora Norma Valencio), Carmo fala destes enfrentamentos em situações de desastre. Também no início deste ano, o sociólogo publicou artigo sobre Mariana na revista jurídica Consulex, em edição especial sobre a tragédia ambiental. Para o sociólogo, todas as atividades econômicas desse tipo (extração mineral) implicam em perigos e riscos. “O importante é que a sociedade conheça esses perigos e riscos e possa ter condições de optar pela sua implementação ou não”, diz Carmo. Para ele, o forte poder econômico envolvido e a descontinuidade das ações do poder público dificultam a situação de Mariana. “Em termos conceituais, precisamos avançar da ‘sociedade do risco’ para a ‘segurança humana’”. Veja a seguir a entrevista: Jornal da Unicamp – Na sua avaliação, como a sociedade tem respondido aos desastres ambientais? Como tem sido no caso específico de Mariana? Roberto do Carmo – Há um certo padrão em casos como este. Em um primeiro momento, logo após o acidente, acontece a comoção, e as manifestações exaltadas de agentes sociais. É o momento do clamor por ações incisivas, de proposição de ações punitivas de grande intensidade, com grande impacto midiático. O segundo momento é o de avaliação da real extensão dos problemas e de suas decorrências. Em geral se percebe nesse momento que o desastre tem implicações muito mais complexas do que o inicialmente avaliado. É o momento em que se identificam as eventuais responsabilidades legais, e se iniciam os procedimentos legais. O terceiro momento é o da “acomodação”. Os procedimentos legais foram instaurados, e se iniciam os trâmites que podem levar anos até serem concluídos. As vítimas do desastre resolvem a sua situação básica (em termos físicos e emocionais) da melhor maneira que podem, muitas vezes com pouca ajuda. A opinião pública se desmobiliza aos poucos. O quarto momento é o do “esquecimento”. O desastre perde espaço no noticiário, por conta de outros desastres que eventualmente ocorrem. A opinião pública se desmobiliza. Apenas os afetados continuam atentos aos desdobramentos das ações judiciais. A responsabilização e as reparações dificilmente são suficientes ou adequadas tendo em vista a extensão das perdas. Em geral, não são feitas avaliações sobre como evitar situações semelhantes. Mariana segue, com quase nenhuma diferença, esse padrão. JU – De acordo com artigo que publicou na revista jurídica Consulex, em janeiro deste ano, o desastre de Mariana foi classificado como “de muito grande porte”, compreendido entre aqueles “não suportáveis e superáveis pelas comunidades afetadas”. Para superar, continua o artigo, é necessária a ação coordenada dos governos municipal, estadual e federal, em alguns casos da ajuda internacional. O senhor acha que isso pode funcionar no caso de Mariana? Roberto do Carmo - A extensão dos impactos causados exige uma ação coordenada. Mas esta ação está efetivamente sendo possível? Este ano teremos eleições municipais. E um dos grandes problemas que enfrentamos, em qualquer âmbito da administração pública, é a descontinuidade das ações. Seria importante que os órgãos pudessem ter uma ação continuada, além de coordenada. A grande dificuldade em Mariana é o poder econômico envolvido. JU – O que seria, na prática, “superar” o desastre, e o que seria “não suportar”’? Roberto do Carmo – Poderíamos pensar em termos dos efeitos. Alguns dos efeitos

Escombros no subdistrito de Bento Rodrigues: para o sociólogo Roberto do Carmo, é preciso avançar da “sociedade do risco” para a “segurança humana”

da lama podem ser “superados”, que são os efeitos menores, nos locais mais distantes do evento. Os “não suportáveis” são, por exemplo, os resultados sobre o conjunto das residências da povoação que foi destruída, ou seja, dificilmente serão “superados”, seja em termos materiais, seja em termos sociais (as perdas de vidas humanas, que são as principais perdas nesse desastre). JU – Quando fala sobre construção social do desastre em seu artigo refere-se à responsabilidade da sociedade sobre o desastre, devido ao conhecimento prévio do risco de rompimento da barragem? Roberto do Carmo – A construção social do desastre deriva de uma avaliação equivocada entre os ganhos, principalmente econômicos, das atividades realizadas, e os perigos e custos sociais e ambientais dessas atividades. Na medida em que não se reconhecem adequadamente os perigos e os custos, os agentes

Foto: Antonio Scarpinetti

Roberto do Carmo, professor do IFCH: “A construção social do desastre deriva de uma avaliação equivocada entre os ganhos, principalmente econômicos, das atividades realizadas, e os perigos e custos sociais e ambientais dessas atividades”

sociais consideram de maneira privilegiada os ganhos econômicos (principalmente em termos de geração de lucros, mas também em arrecadação de impostos, em geração de empregos). Ou seja, esse desbalanceamento entre essas avaliações é que se configura como a construção social do desastre. A questão não é necessariamente se a mineração é “boa ou ruim”. O fato é que todas as atividades econômicas desse tipo implicam em perigos e riscos. O importante é que a sociedade conheça esses perigos e riscos e possa ter condições de optar pela sua implementação ou não. E no caso da implementação, sob que condições efetivas, a fim de prevenir os perigos e riscos da forma mais eficiente possível. Conhecer os perigos e riscos das atividades, e estar preparada para enfrentar as situações críticas fazem parte de um novo contexto para o qual precisamos caminhar. Em termos conceituais, precisamos avançar da “sociedade do risco” para a “segurança humana”.

Uma relação de dependência Apesar de ainda não ter uma legislação ambiental municipal já elaborada, a prefeitura de Mariana já concedeu a licença de conformidade à Samarco, documento que autoriza a volta das operações da empresa. A efetiva retomada, no entanto, só ocorre depois que os governos estadual e federal, por meio de seus órgãos ambientais, liberarem essa permissão. Segundo o prefeito Duarte Eustáquio Gonçalves Júnior (PPS), a interrupção das atividades da Samarco deixou a economia do município fragmentada. “É crucial que se busque a diversificação econômica, já que 89% dos valores arrecadados são provenientes da mineração, atividade que vem sendo realizada há mais de 300 anos no município, desde o ciclo do ouro, e que dificilmente deixará de existir.” O prefeito reconhece que a diversificação econômica não acontecerá em curto ou médio prazo. “É algo que precisa ser feito, sim, mas que acontecerá de forma lenta.” Duarte Júnior reconhece as falhas do município, evidenciadas pela tragédia, e diz que são todos responsáveis – a Samarco e os governos federal, estadual e municipal. Para medidas de emergência pós tragédia, foi constituído pelo governo federal, juntamente com os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, e as três empresas envolvidas – Samarco, Vale e BHP Billiton –, um fundo de aproximadamente R$ 20 bilhões (valor que pode chegar a R$ 28 bilhões), que atende não apenas o município de Mariana, mas todas as cidades atingidas ao longo do Rio Doce até o Oceano Atlântico. Na opinião do prefeito, apesar de necessário, o fundo não resolve o problema urgente da falta de arrecadação da cidade com a paralisação das atividades da Samarco. Os serviços essenciais da cidade só poderão ser mantidos pelas reservas em caixa do município até setembro. Sem autonomia para utilizar os recursos do fun-

Foto: Adriana Menezes

Duarte Eustáquio Gonçalves Júnior, prefeito de Mariana: “É crucial que se busque a diversificação econômica”

do criado pelos governos e empresas, o município não tem a quem recorrer. Na primeira semana de junho, o prefeito conseguiu uma audiência com o presidente interino Michel Temer. “De efetivo, até agora nada”, disse o prefeito sobre a reunião em Brasília. Ele tem por enquanto a garantia de que poderá contar com R$ 77 milhões (do fundo de R$ 20 bilhões) para investir, em dez anos, na diversificação econômica da cidade. O acordo diz que os municípios que dependem da mineração terão direito a um valor específico para esse fim. Entre as cidades atingidas pela lama da Samarco, ele diz que Mariana é a única que depende da mineração. Duarte também pediu ao presidente interino que intercedesse pela volta da Samarco às operações, visto que a empresa teve sua licença para funcionamento suspensa pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), órgãos fiscalizadores do Governo Federal e do estado de Minas Gerais, respectivamente. O dinheiro do fundo deverá ajudar a recuperar as nascentes, assim como o Rio Doce e o Gualaxo do Norte (seu afluente), diz Duarte Júnior. “Não adianta

falar que antes da tragédia alguém fazia algo pelo Ribeirão do Carmo, Rio Doce, Gualaxo do Norte, porque não fazia. Minha cidade, por exemplo, joga esgoto na água todo dia. Todo dia a gente matava o rio. Mesmo que o Rio Doce estivesse na CTI, a Samarco acabou de desligar o aparelho”, completa o prefeito. Não só Mariana, mas também Ouro Preto e outras cidades da região despejam diariamente seu esgoto no rio. Com os recursos disponíveis, cerca de 40 cidades no curso do Rio Doce até o Espírito Santo terão sistema de tratamento de esgoto, incluindo Ouro Preto. Duarte Júnior reivindica ainda uma mudança no valor da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) repassada ao município pela Samarco. Apesar de toda a exploração das riquezas minerais da cidade, apenas 1,6% da arrecadação líquida da mineradora vai para Mariana. Entretanto, segundo o prefeito, há uma medida provisória tramitando na Câmara dos Deputados para que esse valor seja revisto, aumentando para 4% do valor total bruto arrecadado pela mineradora. De acordo com o prefeito, já se discute um local seguro para os rejeitos, caso a mineradora volte a operar – a mina Alegria. Trata-se de uma grande abertura no solo, o que dispensa a construção de barragens. O prefeito fala que a reconstrução do principal subdistrito atingido pela tragédia - Bento Rodrigues - será uma referência nacional em sustentabilidade. Para tanto, as construções contarão com placas solares fotovoltaicas e calhas com sistema de captação de água pluvial; o calçamento será feito com blocos intertravados, evitando assim a impermeabilização do solo. “As pessoas vão passar num local onde aconteceu a maior tragédia do país, mas depois será um local reconstruído de uma forma totalmente autossustentável”, projeta.


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Painel da semana 

Painel da semana  Ciência & Arte no Inverno - A Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da Unicamp, em parceria com a Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Campinas, organiza a segunda edição do Programa Ciência & Arte no Inverno (CAFin). O evento, marcado para ocorrer de 6 a 22 de julho, trará ao campus universitário, 110 estudantes do Ensino Fundamental da Rede Municipal. A abertura oficial ocorre às 9 horas, no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Na Universidade, eles desenvolverão oficinas de pesquisa, em diversas unidades, sob a orientação de docentes, monitores e colaboradores. O objetivo do Ciência & Arte no Inverno é possibilitar o contato dos alunos com a vida acadêmica e com os profissionais que compõem o ambiente universitário, bem como estimular a vocação para a pesquisa científica e artística, envolvendo-os com os atuais desafios da Ciência e da Arte. O Programa é apoiado pelo Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e Extensão (Faepex). Mais detalhes podem ser obtidos pelo e-mail ciencianoinverno@reitoria.unicamp.br ou telefones 19-3521-2973/ 4614.  Aprendizagem autorregulada e motivação - Seminário internacional ocorre de 6 a 8 de julho, na Unicamp. Intitulado Desafios e aplicações no contexto educativo, a programação completa pode ser consultada no link https://www.fe.unicamp.br/aprendizagem-autorregulada/paginas/programacao.html. Outras informações pelo e-mail aprendizagemautorregulada2016@gmail.com.  Escolas de inverno do IFGW - As Escolas de Inverno do Instituto “Gleb Wataghin” (IFGW) da Unicamp acontecem de 18 a 29 de julho. Para a edição de 2016 serão oferecidos três cursos: “Tecnologia quântica”, “Interações da radiação com a matéria” e “Magnetismo: pesquisa de fronteira e novas aplicações”. Eles são abertos à participação de alunos de graduação e de pós-graduação (de qualquer instituição) em final de curso. O coordenador-geral do evento é o professor Eduardo Granado Monteiro da Silva, da Coordenadoria de Pós-graduação do IFGW. Mais informações no link http://sites.ifi. unicamp.br/escolasdeinverno/  Workshop em Microfluídica - Evento será realizado de 20 a 22 de julho de 2016, no Centro de Convenções da Unicamp. Jovens pesquisadores e estudantes de Ensino Superior podem enviar trabalhos para serem apresentados durante o evento. O envio dos resumos para a seleção se encerra no dia 10 de julho. Saiba como participar acessando o link http://pages.cnpem.br/workshopmicrofluidica  Seminário Nacional do CMU - Com o tema “Memória e acervos documentais. O Arquivo como espaço produtor de conhecimento”, o VIII Seminário Nacional do Centro de Memória (CMU) da Unicamp acontece de 26 a 28 de julho, no Centro de Convenções, com conferências, mesas-redondas, diversas oficinas, além de treze grupos de trabalho com diferentes recortes temáticos, abertos a pesquisadores de todo o país. O tema escolhido privilegia as relações entre memória e arquivo, buscando aprofundar a compreensão das funções, usos e potencialidades que essa aproximação permite. O encontro tem como público-alvo profissionais, pesquisadores e estudantes envolvidos com arquivos e acervos documentais, memória, história e temas correlatos. A programação completa pode ser acessada na página eletrônica www.cmu.unicamp.br/viiiseminario. Mais informações: telefone 19-3521-5243 ou e-mail seminariocmu2016@ gmail.com  Tempo de debate - Próximo encontro ocorre no dia 26 de julho, às 12h30, no auditório do Nepo/Nepp. Os principais pontos que orientam os encontros científicos do Tempo de Debate são a interlocução de diferentes linhas de pesquisa que atuam no Nepo, a interação entre os pesquisadores e a socialização do conhecimento através de discussões de temas e pesquisas desenvolvidos por pósgraduandos (as), pesquisadores (as) e docentes. A organização é da professora Maísa Faleiros da Cunha. Mas informações: telefone 19-3521-5898 ou e-mail pesquisa@nepo.unicamp.br  Cerimônias do PIBIC-EM - A Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), organiza no dia 29 de julho, às 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp, a cerimônia de encerramento da 9ª turma e a de recepção da 10ª turma dos alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Ensino Médio (PIBIB-EM). A finalidade do Programa é atrair jovens talentos do ensino médio da rede pública de Campinas e região, para o desenvolvimento de atividades de iniciação científica, sob a orientação de professores e pesquisadores da Unicamp.  Isenção da taxa do Vestibular - A Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) da Unicamp divulga, dia 29 de julho, a lista dos contemplados com a isenção da taxa de inscrição. Leia mais http://www.comvest.unicamp.br/vest2017/isencao/inscricao.html  Saberes universitários - O Conselho Editorial da Revista Saberes Universitários recebe, até 30 de julho, trabalhos de profissionais vinculados a Universidades brasileiras e do exterior para a sua segunda edição. Ela será publicada em setembro deste ano. A publicação aceita colaborações em português, inglês e espanhol para todas as seções: Artigos, Revisões, Comunicações, Debates, Relatos de Experiência e Resenhas. Os textos serão avaliados por membros do Conselho Editorial e pareceristas. Leia mais no link http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/saberes

Teses da semana  Artes: “O salão Arte Pará: processos de construção e legitimação de uma agenda cultural” (mestrado). Candidato: Toky Popytek Coelho. Orientador: professor Mauricius Martins Farina. Dia 11 de julho de 2016, às 14h30, no IA. “Medusa ao Reverso: ‘Corpando’ Mitos” (doutorado). Candidata: Kamilla Mesquita Oliveira. Orientadora: professora Marilia Vieira Siares. Dia 26 de julho de 2016, às 13h30, na sala AC04 do IA. “Front(eiras) dramatúrgicas entre o documental e o imaginário” (doutorado). Candidata: Erika Carolina Cunha Rizza de Oliveira. Orientadora: professora Veronica Fabrini Machado de Almeida. Dia 29 de julho de 2016, às 18h30, na sala de defesa de teses do IA.  Ciências Médicas: “Estudo epidemiológico do trauma raquimedular em Goiânia/GO” (doutorado). Candidata: Rafaela Júlia Batista Veronezi. Orientador: professor Yvens Barbosa Fernandes. Dia 15 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro da Pós-graduação da FCM. “Fatores determinantes do percentual de densidade mamográfica em mulheres com insuficiência ovariana prematura” (mestrado). Candidata: Flávia Rocha Torelli. Orientadora: professora Cristina Laguna Benetti-Pinto. Dia 20 de julho de 2016, às 14 horas, no anfiteatro da CPG da FCM. “Efeitos do excesso de glicocorticóides pré-natal sobre o remodelamento fisiológico da ilhota pancreática materna mediado pela UPR” (mestrado). Candidato: Dailson Nogueira de Souza. Orientadora: professora Silvana Auxiliadora Bordin da Silva. Dia 21 de julho de 2016, às 14 horas, no anfiteatro do departamento de farmacologia da FCM. “A ação do TNF-Alfa na glândula pineal de roedores está envolvida na redução na produção de melatonina na obesidade” (doutorado). Candidata: Carolina Solon da Silva. Orientador: professor Gabriel Forato Anhê. Dia 27 de julho de 2016, 9h30, no anfiteatro da CPG.

Teses da semana 

“Análise funcional de microRNAs e Fatores de Transcrição durante a diferenciação eritroide in vitro de pacientes com talassemia beta intermediária” (doutorado). Candidata: Regiane Aparecida Ferreira. Orientador: professor Fernando Ferreira Costa. Dia 29 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro do Hemocentro. “Tradução, adaptação cultural e validação do Quick Screen Clinical Falls Risk Assessment para a aplicação em idosos brasileiros” (doutorado). Candidata: Roberta Bolzani de Miranda Dias. Orientadora: professora Monica Rodrigues Perracini. Dia 29 de julho de 2016, às 14 horas, na sala amarela da FCM. “O consumo de frutose restrito a fase clara do ciclo e suas implicações para a ativação da AMPK hipotalâmica, a produção de melatonina e o metabolismo glicídico” (doutorado). Candidata: Juliana de Almeida Faria. Orientador: professor Gabriel Forato Anhê. Dia 29 de julho de 2016, às 14 horas, no anfiteatro do Departamento de Farmacologia da FCM.  Computação: “Design e desenvolvimento de sistema de interação tangível e estudo de caso com crianças autistas” (mestrado). Candidato: Kim Pontes Braga. Orientadora: professora Maria Cecília Calani Baranauskas. Dia 7 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório do IC. “Processamento de eventos complexos como serviço em ambientes multi-nuvem” (doutorado). Candidato: Wilson Akio Higashino. Orientador: professor Luiz Fernando Bittencourt. Dia 13 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório do IC. “Algoritmos heurísticos e exatos para o problema do ciclo dominante” (mestrado). Candidato: Lucas Porto Maziero. Orientador: professor Fábio Luiz Usberti. Dia 15 de julho de 2016, às 14 horas, np auditório do IC. “Métodos de reconstrução filogenética” (doutorado). Candidato: João Paulo Pereira Zanetti. Orientador: professor João Meidanis. Dia 18 de julho de 2016, às 14 hora, na sala 53 do prédio IC02 do IC. “Heurísticas para minimização de custos em um P2P-Cloud CDN” (mestrado). Candidato: Elias de Oliveira Granja Junior. Orientador: professor Luiz Fernando Bittencourt. Dia 18 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório do IC. “Análise de vídeo sensível” (doutorado). Candidato: Daniel Henriques Moreira. Orientador: professor Anderson de Rezende Rocha. Dia 19 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório do prédio IC2 do IC.  Economia: “O papel da Cooperação Sul-Sul na construção da Solidariedade Sindical Global – o caso de Gana” (mestrado). Candidato: John Doe. Orientador: professor Hugo Miguel Oliveira Rodrigues Dias. Dia 4 de julho de 2016, às 14h30, na sala 23 do IE. “Pobreza e desigualdade em Botswana: uma assessoria da trajetória do crescimento inclusivo para desenvolvimento sustentável” (mestrado). Candidato: Thatayaone Kesebonye. Orientador: professor Amilton José Moretto. Dia 13 de julho de 2016, às 9 horas, na sala 23 do pavilhão de Pós-graduação do IE. “Estado e desenvolvimento: a indústria de semicondutores no Brasil” (mestrado). Candidata: Flávia Filippin. Orientador: professor André Martins Biancarelli. Dia 28 de julho de 2016, às 14 horas, na sala 23 do pavilhão de Pós-graduação do IE.  Educação Física: “Iniciação ao para-badminton: proposta de atividades baseada no programa de ensino “shuttle time”” (doutorado). Candidata: Aline Miranda Strapasson. Orientador: professor Edison Duarte. Dia 7 de julho de 2016, às 9 horas, no auditório da FEF.  Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo: “Contribuição aos estudos regulatórios para inserção de sistemas de geração de energia elétrica compostos por fontes hidráulicas reversíveis, solares e eólicas no Brasil” (mestrado). Candidato: Vinícius de Carvalho Neiva Pinheiro. Orientador: professor Alberto Luiz Francato. Dia 4 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de defesa de teses 2 do prédio de aulas da FEC. “Degradação da doxiciclina por processos oxidativos avançados” (mestrado). Candidata: Mylena Spina Cruz. Orientador: professor José Roberto Guimarães. Dia 8 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de defesa de teses 2 do prédio de aulas da FEC. “Remoção biológica de nitrogênio em leitos alagados contruídos enriquecidos (Constructed wetlands) com bactérias Anammox” (mestrado). Candidato: Raúl Lima Coasaca. Orientador: professor Adriano Luiz Tonetti. Dia 11 de julho de 2016, às 14 horas, na ala de defesa de teses 2 do prédio de aulas da FEC. “Recirculação de efluente visando a desnitrificação em sistemas combinados anaeróbio-aeróbio para tratamento de esgoto sanitário” (mestrado). Candidata: Mariana Lima Adario. Orientador: professor Edson Aparecido Abdul Nour. Dia 12 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de defesa de teses 2 do prédio de aulas da FEC. “Método para implementação de bim e custeio-meta em habitação de interesse social” (doutorado). Candidato: Marcelo de Morais. Orientadora: professora Regina Coeli Ruschel. Dia 27 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de defesa de teses 3 do prédio de aulas da FEC. “Sustentabilidade ambiental e serviços ecossistêmicos: uma estratégia para avaliar zonas amortecimento de paisagens protegidas – o caso da Reserva Florestal do Morro Grande/SP” (doutorado). Candidata: Sueli Aparecida Thomaziello. Orientadora: professora Rozely Ferreira dos Santos. Dia 27 de julho de 2016, às 10 horas, na sala de defesa de teses 2 do prédio de aulas da FEC.  Engenharia de Alimentos: “Produção de micropartículas de alginato tendo como cobertura gelatina e colágeno com diferentes graus de hidrólise” (mestrado). Candidata: Joelma Correa Beraldo. Orientador: professor Carlos Raimundo Ferreira Grosso. Dia 5 de julho de 2016, às 10 horas, no anfiteatro do Depan da FEA. “Avaliação e caracterização dos compostos bioativos da atemóia (Annona Cherimola Mill x Annona Squamosa I.)” (doutorado). Candidata: Maria Rosa de Moraes. Orientadora: professora Helena Teixeira Godoy. Dia 8 de julho de 2016, às 9 horas, no auditório do Departamento de Ciência de Alimentos da FEA. “Processamento da polpa de Tucumã-do-amazonas (Astrocaryum aculeatum) em conserva e avaliação da estabilidade durante o armazenamento” (doutorado). Candidato: Alisson dos Reis Canto. Orientador: professor Marcelo Alexandre Prado. Dia 28 de julho de 2016, às 9 horas, no auditório do DCA da FEA.  Engenharia Elétrica e de Computação: “Caracterização e montagem de um sensor de ressonância de plasmon de superfície(spr)” (mestrado). Candidata: Laila Fabi Moreira. Orientador: professor Lucas Heitzmann Gabrielli. Dia 8 de julho de 2016, às 10 horas, na sala de seminário da FEEC. “Diagnóstico de falhas para sistemas a eventos discretos: isolamento de componentes usando a álgebra max-plus” (mestrado). Candidato: Gabriel Coutinho Natucci. Orientador: professor Rafael Santos Mendes. Dia 8 de julho de 2016, às 14 horas, na sala de videoconferência da FEEC. “Estudo da propagação de feixes não difrativos tipo Frozen Waves através de meios dielétricos estratificados” (mestrado). Candidata: Grazielle de Araujo Lourenço Rodrigues. Orientador: professor Michel Zamboni-Rached. Dia 11 de julho de 2016, às 14 horas, na FEEC. “Estudo de técnicas de análise e tecnologias para o desenvolvimento de medidores inteligentes de energia residenciais” (doutorado). Candidato: Wesley Angelino de Souza. Orientador: professor Luiz Carlos Pereira da Silva. Dia 11 de julho de 2016, às 14 horas, na sala da CPG da FEEC. “Modelagem de um motor de indução hexafásico assimétrico e a redução de seus harmônicos de corrente por um controlador PBSNN” (doutorado). Candidato: Paulo Sergio Dainez. Orientador: professor Edson Bim. Dia 12 de julho de 2016, às 9 horas, na sala PE11 do prédio da CPG da FEEC.

Eventos futuros 

“Fabricação de protótipos de FinFETs usando métodos alternativos” (mestrado). Candidata: Alessandra Leonhardt. Orientador: professor Leanndro Tiago Manera. Dia 12 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de videoconferência da FEEC. “Estudos dos impactos da contribuição de geradores fotovoltaicos na proteção de sobrecorrente dos sistemas de distribuição de energia elétrica” (mestrado). Candidato: Dirceu José Ferreira. Orientador: professor Fernanda Caseño Trindade Arioli. Dia 12 de julho de 2016, às 10 horas, na sala PE12 da FEEC. “Controle amostrado ótimo de sistemas lineares com saltos markovianos através de realimentação de estados” (doutorado). Candidata: Gabriela Werner Gabriel. Orientador: professor José Cláudio Geromel. Dia 14 de julho de 2016, às 9 horas, na FEEC. “Transformador de potencial óptico para alta tensão com sensor a FBG e cerâmicas PZT, e sistema de interrogação independente de variações térmicas com atuadores piezoelétricos multicamadas” (doutorado). Candidato: Alex Dante. Orientador: professor Elnatan Chagas Ferreira. Dia 15 de julho de 2016, às 10 horas, na auditório de defesa de teses da FEEC. “Método analítico para descrição de ondas localizadas obstruídas e obtenção do Spot de Poisson-Arago” (mestrado). Candidato: Juliano Carvalho Bento. Orientador: professor Michel Zamboni-Rached. Dia 15 de julho de 2016, às 14 horas, na sala da CPG da FEEC. “Controle de sistemas não lineares usando aprendizado por reforço e programação dinâmica aproximada e máquinas kernel” (doutorado). Candidato: Hugo Tanzarella Teixeira. Orientador: professor Celso Pascoli Bottura. Dia 28 de julho de 2016, às 14 horas, na FEEC. “Aproximações para somas de envoltórias alpha-mu, eta-mu e kappa-mu via casamento de assíntotas” (mestrado). Candidato: Victor G. de Carvalho Feitosa Perim. Orientador: professor José Cândido Silveira Santos Filho. Dia 29 de julho de 2016, às 9 horas, na sala LE09 da FEEC. “Alocação otimizada de indicadores de falta em redes de distribuição de energia elétrica considerando a presença de geradores distribuídos” (mestrado). Candidato: Rodrigo Ferreira Gonçalves Sau. Orientador: professor Madson Cortes de Almeida. Dia 29 de julho de 2016, às 14 horas, na sala da CPG da FEEC.  Engenharia Química: “Adsorção de hidrocarbonetos BTX por argila organofílica em sistema dinâmico de leito fixo” (mestrado). Candidata: Leticia Franzo de Lima. Orientadora: professora Melissa Gurgel Carlos da Silva. Dia 4 de julho de 2016, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Redes IPNs de Phema-Pla para aplicação em engenharia tecidual” (Tese de doutorado). Candidata: Marcele Fonseca Passos. Orientador: professor Rubens Maciel Filho. Dia 7 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Equilíbrio líquido-líquido em sistemas modelos formados por óleo de semente de girassol + ácidos carboxílicos de cadeia curta + etanol anidro a 25 ºC” (mestrado). Candidata: Camila Prade May. Orientadora: professora Roberta Ceriani. Dia 11 de julho de 2016, às 9 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “CFD aplicado a hidroconversão de frações pesadas de petróleo” (doutorado). Candidato: Renato Soccol Júnior. Orientador: professor Milton Mori. Dia 15 de julho de 2016, às 10 horas, na sala 7 do bloco E da FEQ. “Análise da decomposição térmica de palha de cana-de-açúcar em atmosferas inerte e oxidante mediante métodos termoanalíticos” (doutorado). Candidato: Yesid Javier Rueda Ordóñez. Orientadora: professora Katia Tannous. Dia 19 de julho de 2016, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Análise cinética da decomposição térmica da semente do guaraná (Paullinia Cupana) em atmosfera oxidante” (mestrado). Candidata: Fernanda Cristina Rezende Lopes. Orientadora: professora Katia Tannous. Dia 20 de julho de 2016, às 10 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Otimização do processo de eletrodeposição e caracterização físicoquímica das ligas metálicas de Fe-W, Ni-W e Co-W” (mestrado). Candidata: Mariana Borges Porto. Orientador: professor Ambrosio Florencio de Almeida Neto. Dia 22 de julho de 2016, às 14 horas, na sala de defesa de tese do bloco D da FEQ. “Separação de ácido propanóico por perstração, obtido por via fermentativa, em processo contínuo” (mestrado). Candidata: Taciani dos Santos Bella de Jesus. Orientador: professor José Roberto Nunhez. Dia 28 de julho de 2016, às 9h30, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ.  Física: “Síntese e caracterização estrutural de nanofios de GaP” (mestrado). Candidato: Bruno César da Silva. Orientador: professor Luiz Fernando Zagonel. Dia 4 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório da Pós-graduação do IFGW. “Estudo de propriedades dinâmicas e termodinâmicas de líquidos formadores de vidros metálicos através de simulações computacionais” (mestrado). Candidato: René Alberto Alvarez Donado. Orientador: professor Alex Antonelli. Dia 7 de julho de 2016, às 14 horas, na sala de seminários do DFMC do IFGW. “Espectroscopia óptica de difusão multiespectral para aplicações biomédicas” (mestrado). Candidato: Andrés Fabián Quiroga Soto. Orientador: professor Rickson Coelho Mesquita. Dia 8 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório da Pós-graduação do IFGW. “Estudo das características elétricas do biossensor do tipo FET baseado em InP” (mestrado). Candidata: Aldeliane Maria da Silva. Orientadora: professora Mônica Alonso Cotta. Dia 12 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório da Pós-graduação do IFGW.  Geociências: “Montealtosuchus arrudacamposi, crocodyliformes, peirosauridae do cretáceo superior da Bacia Bauru: aspectos morfofuncionais” (doutorado). Candidata: Sandra Aparecida Simionato Tavares. Orientadora: professora Frésia Soledad Ricardi Torres Branco. Dia 4 de julho de 2016, às 14 horas, no auditório do IG.  Odontologia: “Fatores associados à mortalidade materna em Campinas/SP, entre 2000 e 2015” (mestrado profissional). Candidata: Isabella Mantovani Gomes Dias de Oliveira. Orientadora: professora Elaine Pereira da Silva Tagliaferro. Dia 4 de julho de 2016, às 14 horas, na sala da Congregação da FOP. “Mortes evitáveis associadas à hipertensão arterial sistêmica e à diabetes mellitus em Campinas - SP” (mestrado profissional). Candidata: Juliana Nativio. Orientadora: professora Rosana de Fátima Possobon. Dia 7 de julho de 2016, às 14 horas, na sala da Congregação da FOP. “O impacto da doença periodontal na qualidade de vida dos adultos brasileiros” (mestrado profissional). Candidata: Beatriz Azeredo Pacheco Bartalotti. Orientadora: professora Maria da Luz Rosario de Sousa. Dia 8 de julho de 2016, às 8h30, no anfiteatro 4 da FOP. “Análise ecológica das taxas de mortalidade materna, neonatal e pós-neonatal no estado de São Paulo no ano de 2013” (mestrado profissional). Candidato: Alexandre Bergo Guerra. Orientador: professor Antonio Carlos Pereira. Dia 8 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro 3 da FOP. “Avaliação do sistema fotoiniciador e agentes redutores quanto a eficiência de cura e estabilidade de cor de resinas compostas experimentais fotoativadas por leds com diferentes comprimentos de onda” (doutorado). Candidata: Dayane Carvalho Ramos Salles de Oliveira. Orientador: professor Mário Alexandre Coelho Sinhoreti. Dia 11 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro 1 da FOP. “Exposição ocupacional a material biológico potencialmente infectante em ambiente de ensino medicina, enfermagem e odontologia” (mestrado). Candidato: Leonardo Amaral dos Reis. Orientador: pro-

Destaque do Portal 

fessor Jacks Jorge Junior. Dia 20 de julho de 2016, às 14 horas, no anfiteatro 1 da FOP. “Aplicação do international Caries Detection and assessment system e International Caries classification and management system (ICCMS): Efeitos sobre a prática profissional em auditoria e assistência odontológica” (mestrado profissional). Candidato: Stephen Kunihiro. Orientadora: professora Dagmar de Paula Queluz. Dia 21 de julho de 2016, às 14 horas, na Congregação da FOP. “Estudo multicêntrico brasileiro sobre a associação entre polimorfismos nos genes Crispdl2 e Jarid2 e fissuras orais não-sindrômicas” (doutorado). Candidata: Ana Camila Pereira Messetti. Orientador: professor Ricardo Della Coletta. Dia 22 de julho de 2016, às 13h30, no anfiteatro 1 da FOP. “Estudo multicêntrico brasileiro sobre a associação entre polimorfismos nos genes Crispdl2 e Jarid2 e fissuras orais não-sindrômicas” (doutorado). Candidata: Ana Camila Pereira Messetti. Orientador: professor Ricardo Della Coletta. Dia 22 de julho de 2016, às 13h30, no anfiteatro 1 da FOP. “Percepções dos portadores de doenças crônicas sobre o acesso aos cuidados em saúde na atenção primária: uma análise qualitativa” (mestrado profissional). Candidata: Priscila Nicoletti Neves Camargo. Orientadora: professora Marília Jesus Batista. Dia 22 de julho de 2016, às 14 horas, no anfiteatro 3 da FOP. “Análise fotoelástica das tensões em prótese parcial fixa promovidas por diferentes conexões e alinhamento de implantes” (doutorado). Candidata: Bianca Piccolotto Tonella. Orientador: professor Rafael Leonardo Xediek Consani. Dia 25 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro 1 da FOP. “Senso de coerência em diabéticos tipo 2 com e sem insulina: associação com variáveis sociodemográficas e clínicas” (mestrado profissional). Candidata: Ana Maria Saraiva Delgado. Orientadora: professora Maria Paula Maciel Rando Meirelles. Dia 25 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro 3 da FOP. “Gestão do trabalho: Percepções de profissionais no contexto de saúde da família” (mestrado profissional). Candidata: Rafaela Mossarelli Penedo. Orientadora: professora Dagmar de Paula Queluz. Dia 27 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro 4 da FOP. “O Programa Remédio para Alma e suas repercussões na vida dos participantes” (mestrado profissional). Candidata: Mariângela Di Donato Catandi. Orientadora: professora Rosana de Fátima Possobon. Dia 27 de julho de 2016, às 9 horas, no anfiteatro 3 da FOP. “Impacto do uso do bisfosfonato intravenoso no cemento e ligamento periodontal de pacientes com câncer” (mestrado). Candidata: Mariana de Pauli Paglioni. Orientador: professor Mario Fernando de Goes. Dia 27 de julho de 2016, às 13h30, na sala de computadores da FOP. “Cárie dentária em crianças indígenas do Xingu: associações com variáveis sociodemográficas e de aleitamento materno” (mestrado profissional). Candidata: Alana Cristina Guisilini. Orientadora: professora Karine Laura Cortellazzi Mendes. Dia 27 de julho de 2016, às 14 horas, no anfiteatro 3 da FOP. “Análise da expressão de COX-2, P-AKT e TGFB-1 em melanomas cutâneos primários e metastáticos e da citotoxicidade de trans-desidrocrotonina em células de melanoma” (mestrado). Candidato: Ciro Dantas Soares. Orientador: professor Jacks Jorge Junior. Dia 29 de julho de 2016, às 8h30, no anfiteatro 1 da FOP.  Química: “Metabolômica por LC-ESI-QTOF-MS em plasma de camundongos NOD/SCID sob tratamento quimioterápico: potenciais biomarcadores de leucemia” (mestrado). Candidato: Gustavo Henrique Bueno Duarte. Orientador: professor Marcos Nogueira Eberlin. Dia 7 de julho de 2016, às 15 horas, no miniauditório do IQ. “Desenvolvimento de métodos analíticos utilizando espectroscopia Raman intensificada pela superfície e quimioterapia” (doutorado). Candidato: Carlos Diego Lima de Albuqerque. Orientador: professor Ronei Jesus Poppi. Dia 14 de julho de 2016, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Células solares híbridas baseadas em perovskitas” (mestrado). Candidato: Rodrigo Szostak. Orientadora: professora Ana Flávia Nogueira. Dia 15 de julho de 2016, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Polieletrólitos lamelares sólidos e em gel para aplicação em células solares de corante” (doutorado). Candidato: Marcos Antonio Santana Andrade Junior. Orientadora: professora Heloise de Oliveira Pastore. Dia 18 de julho de 2016, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Triagem de monoamina oxidase e transaminase em fungos isolados da pele humana” (mestrado). Candidato: Jonas Henrique Costa. Orientadora: professora Anita Jocelyne Marsaioli. Dia 22 de julho de 2016, às 10 horas, no miniauditório do IQ. “Separação de misturas aplicando a metodologia 19F MAD (MatrixAssisted Dosy)” (mestrado). Candidato: Victor Ulian Antunes. Orientador: professor Cláudio Francisco Tormena. Dia 27 de julho de 2016, às 14 horas, na sala IQ17 do IQ. “Desenvolvimento de novos inibidores da enzima cruzaína de T. cruzi, alvo terapêutico validado para a doença de Chagas” (mestrado). Candidato: Rafael Augusto Alves Ferreira. Orientador: professor Luiz Carlos Dias. Dia 22 de julho de 2016, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Estudo das propriedades do azul da Prússia obtido através do complexo [Fe(CN)5(mpz)]2-” (mestrado). Candidato: Marcio Cristiano Monteiro. Orientador: professor Juliano Alves Bonacin. Dia 26 de julho de 2016, às 10 horas, na sala IQ17 do IQ. “Interações eletrônicas na preferência conformacional em anéis de seis membros” (mestrado). Candidato: Guilherme Vasconcelos Borghi. Orientador: professor Cláudio Francisco Tormena. Dia 26 de julho de 2016, às 14 horas, na sala IQ14 do IQ. “Análise de documentos questionados por espectroscopia Raman de imagem e análise de componentes independentes” (mestrado). Candidato: Carlos Alberto Teixeira. Orientador: professor Ronei Jesus Poppi. Dia 28 de julho de 2016, às 9 horas, na sala IQ14 do IQ. “Estudo calorimétrico da interação entre surfatantes iônicos e nanocristais de celulose (CNC) puros e modificados” (doutorado). Candidato: Cesar Brinatti Antonio. Orientador: professor Watson Loh. Dia 28 de julho de 2016, às 14 horas, na saça IQ17 do IQ. “Aplicação de técnicas de RMN para analise de degradação do fármaco Ezetimibe” (mestrado). Candidata: Amanda Ferreira da Silva. Orientador: professor Cláudio Francisco Tormena. Dia 28 de julho de 2016, às 14 horas, na sala IQ14 do IQ. “Detecção e quantificação de adulterantes em leite em pó e derivados utilizando espectroscopia de imagem raman e quimiometria” (mestrado). Candidata: Marina De Géa Neves. Orientador: professor Ronei Jesus Poppi. Dia 29 de julho de 2016, às 9 horas, na sala IQ17 do IQ. “Detecção colorimétrica de antocianinas em dispositivo microfluídico a base de papel” (mestrado). Candidata: Priscilla Souza Ferreira. Orientadora: professora Adriana Vitorino Rossi. Dia 29 de julho de 2016, às 9 horas, na sala IQ14 do IQ. “Nanoestruturas híbridas de Au-FexOy aplicadas na oxidação de co: estudo do efeito do tamanho e morfologia no desempenho catalítico” (doutorado). Candidato: Luelc Souza da Costa. Orientadora: professora Daniela Zanchet. Dia 19 de julho de 2016, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Fotofísica e eletroluminescência em diodos emissores de luz branca com camadas fotoemissivas externas” (mestrado). Candidato: Diego de Azevedo. Orientadora: professora Teresa Dib Zambon Atvars. Dia 29 de julho de 2016, às 14 horas, no miniauditório do IQ.


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Barreiras intransponíveis Dissertação mostra como é difícil a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho Fotos: Antoninho Perri

ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br

s pessoas com deficiência ainda lidam com muitos entraves para adentrar o mundo corporativo. A Lei de Cotas, instituída no país em 1991, é uma conquista que os tem ajudado nessa inserção, mas na prática há um longo caminho a ser percorrido para que elas alcancem mais efetivamente os seus direitos. Essa lei estabelece que todas as empresas com mais de 100 funcionários devam destinar de 2% a 5% dos postos de trabalho a pessoas com deficiência, mas muitas não cumprem com seu dever e têm que pagar multas por isso. As barreiras atitudinais (preconceitos), arquitetônicas (obstáculos no ambiente de trabalho) e de acessibilidade estão entre os principais obstáculos vividos por essas pessoas no setor empresarial, conforme estudo de mestrado da Faculdade de Educação Física (FEF). Esses aspectos mereceram especial atenção nessa investigação. Foram entrevistadas dez pessoas com deficiência, sendo cinco com deficiência visual, quatro com deficiência física/motora e uma com deficiência auditiva, para abordarem o assunto. Mas, diferentemente do que se observa no mercado, esse estudo de caso, que avaliou o dia a dia numa instituição educacional de Campinas, mostrou que essa instituição oferece qualidade de vida aos seus funcionários. A autora da pesquisa, a enfermeira Maiza Claudia Vilela Hipólito, constatou que a instituição avaliada dá respaldo a eles, tem se preocupado com sua adaptação e tem investido no seu acolhimento. Além disso, Maiza apontou que as barreiras atitudinais em geral vêm do ambiente externo, sobretudo num primeiro contato com a pessoa com deficiência no ambiente de trabalho. Mas, em seguida, a sensação de incapacidade é dissipada com o atendimento qualificado, rompendo com esse preconceito. Em relação às barreiras arquitetônicas, os entrevistados narraram que a qualidade de vida na instituição pesquisada está relacionada em grande parte à harmonia entre gestores e colegas, que é a definição de qualidade de vida no trabalho. Apenas um depoente mencionou obstáculo. Os demais narraram que, para sua deficiência, não há barreiras. Maiza contou que estudou o tema especialmente porque tem duas tias com deficiência visual, que sempre encontraram muita dificuldade para ingressar no mercado de trabalho. Essa foi a deixa para fazer uma especialização em enfermagem do trabalho e para investigar as pessoas com deficiência em projeto desenvolvido na FEF, que é referência nessa linha e em qualidade de vida.

LEI

A qualidade de vida no trabalho das pessoas com deficiência, com foco nas barreiras atitudinais, arquitetônicas e acessibilidade, está prevista na Lei de Cotas (a lei 8.213/1991). Há uma ampla discussão na literatura acerca dessa lei, que existe há 25 anos no Brasil. De acordo com o art. 3º da lei 13.146/2015, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. Essa lei, no entender da enfermeira, requer adequações, pois duas décadas se passaram e se debate muito hoje a questão da inclusão. “Na verdade, as empresas não querem pagar multa. Então contratam por exemplo pessoas com síndrome de Down e as colocam nas portas de suas empresas para darem ‘bom dia’. Essa não é a inclusão que estamos buscando”, lamentou. Em sua opinião, a inclusão consiste em contratar essa pessoa e, ao verificar sua qualificação, extrair o seu melhor potencial. Incluir significa torná-las participantes da vida social, econômica e política, sublinhou. Na literatura, ao explorar suas atitudes, opiniões e crenças, cria-se um im-

No Brasil, o censo do IBGE apontou, em 2010, que 24% da população brasileira tinha algum tipo de deficiência e só 0,7% estava trabalhando. “É pouco. Está aquém do esperado”, salientou a mestranda.

INVESTIGAÇÕES

pacto construtivo sobre elas, suas famílias ou em locais onde tendem a residir, a trabalhar ou a ser educadas. Um aspecto recorrente no ambiente corporativo é a qualificação. “Mas boa parte dela é adquirida no dia a dia do trabalho. Também é dever da empresa qualificar seu profissional. A maioria dos empregadores diz que não tem essa mão de obra, embora não invista nisso e nem na destituição de barreiras”, explanou. Quando a deficiência é visual, o empregador deve fazer adaptações gerais no prédio e também para a pessoa. É preciso trocar o piso comum por um tátil. Há que se considerar ainda que não se pode adaptar os mesmos itens para pessoas com necessidades diferentes, atentou Maiza. Um dos pontos fortes da instituição avaliada é que ela possui um grupo de inclusão. Quando contrata pessoas com deficiência, observa quais são suas deficiências, avaliando algumas necessidades para que o contratado se sinta bem-recebido e consiga exercer seu trabalho de modo mais qualificado. A direção também organiza palestras e cursos com os funcionários da empresa, “pois não adianta só as pessoas com deficiência se adaptarem, se ainda enfrentam barreiras atitudinais e carregam estigmas de que são incapazes e de que deveriam ser institucionalizadas. Com a superação desses obstáculos, as pessoas conseguem ocupar novos postos de trabalho e se sentirem cidadãs: com direitos e deveres”, expôs.

MODELO

Dentre as cinco pessoas com deficiência visual que trabalham nessa instituição, algumas atuam no setor de Patrimônio, outras são docentes bem-qualificadas, inclusive cur-

sando doutorado na Unicamp. Mesmo assim, muitos empregadores têm medo de contratálas e de que elas não estejam aptas a exercer suas funções a contento, ressaltou Maiza. No fundo, sugeriu ela, muitos empregadores não sabem lidar com o profissional com deficiência porque esse tema não é tratado pelas escolas e nem pela sociedade. Tal obstáculo acaba se refletindo no cotidiano do mundo do trabalho. Uma deficiente visual cega, que é recepcionista nessa instituição, relatou que as pessoas têm receio de se comunicar com ela. “Muitos conversam primeiramente com a pessoa ao lado. Depois falam comigo, e acabam achando o máximo o que faço”, afirmou ela. Para a pesquisadora, é preciso ensinar como agir com essa pessoa e aprender como auxiliá-la. Maiza revelou que, nessa instituição, os gestores procuram diversificar os locais em que as pessoas com deficiência trabalham. As quatro pessoas com deficiência física/ motora, informou, trabalham na secretaria e na biblioteca. A deficiente auditiva também trabalha na secretaria. Havia ainda mais quatro pessoas com deficiência intelectual que não foram incluídas na amostra porque na legislação as pessoas com esse tipo de deficiência precisam de acompanhante para participar da entrevista. Mas muitos trabalham. A mestranda perguntou aos entrevistados o que achavam da Lei de Cotas? A maioria achava satisfatória, contudo impositiva. Gostaria que o empregador contratasse sem obrigatoriedade. Também reconheceu que, depois da lei, foi mais fácil o ingresso no mercado de trabalho. Mas muitos não conhecem a Lei de Cotas e não sabem para o que ela serve.

No doutorado, a pesquisadora e o professor Gustavo Luis Gutierrez, seu orientador, pretendem manter o foco nas pessoas com deficiência e na qualidade de vida. “Faltam pesquisas sobre a percepção da pessoa com deficiência. Esse foi o diferencial do nosso trabalho. Em geral, na literatura, os trabalhos tratam da visão dos empregadores. Mostramos a visão das pessoas com deficiência.” O estudo de Maiza aconteceu em 2015, ano em que aquela empresa recebeu da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) um prêmio de melhor empresa do Estado de São Paulo na inclusão da pessoa com deficiência no trabalho. Em Campinas, essa instituição está acima da porcentagem de pessoas com deficiência exigida pela lei. Antes de Maiza começar as entrevistas no trabalho de campo, procurou validar seu instrumento: um questionário semiestruturado desenvolvido pelo seu orientador e pelo professor da FEF Paulo Ferreira Araújo. Então conversou com quatro pessoas com deficiência e uma delas trabalha com inserção de pessoas com deficiência. A entrevistada explicou que a prefeitura tinha colocado um ônibus para levar essas pessoas ao trabalho. Com o tempo, o transporte não foi mantido, por não se conseguir organizar a iniciativa. “Isso atrapalha muito para quem não têm outra opção de transporte adaptado. Às vezes, têm que pegar até três ônibus.” Também as ruas e calçadas são bastante esburacadas. Com isso, o deficiente visual, mesmo com ajuda de guia, pode tropeçar e cair. “Minhas tias não saem de casa por isso e acabam se restringindo muito. As barreiras são para todos os tipos de deficiência. Creio que faltam políticas públicas no município para melhorar a mobilidade”, assinalou. Maiza acredita portanto que este estudo pode contribuir para novas reflexões acerca da qualidade de vida no trabalho de pessoas com deficiência, incluindo acesso, barreiras atitudinais e arquitetônicas, além de despertar a atenção para pesquisas sobre a percepção dessas pessoas.

Publicação Dissertação: “Sentidos atribuídos por pessoas com deficiência em relação à qualidade de vida no trabalho” Autora: Maiza Claudia Vilela Hipólito Orientador: Gustavo Luis Gutierrez Unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)

A enfermeira Maiza Claudia Vilela Hipólito, autora da pesquisa: “Faltam pesquisas sobre a percepção da pessoa com deficiência”


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Inventário inédito SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br

rojetados no início do século 20, os bairros nobres dos Jardins, localizados na zona oeste da cidade de São Paulo, foram tombados no final da década de 1980 como patrimônio da capital paulista. Apesar do reconhecimento e proteção, não houve, naquela época, como parte do processo de tombamento, uma consideração sobre a importância histórica da arquitetura das construções edificadas na região. Na opinião da pesquisadora da Unicamp Maria Ester de Araújo Lopes, funcionária desde os anos de 1990 do Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo, levou-se em conta como parâmetro para o tombamento naquela época apenas o valor ambiental, como o paisagismo e o traçado dos bairros. Na compreensão da pesquisadora, foram desconsiderados, principalmente, os inventários arquitetônicos específicos das edificações daquele período. A partir desta constatação, a arquiteta, formada pela Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu um extenso estudo que identificou nas quadras dos Jardins, muitas vezes cercadas por grandes muros, exemplares com relevantes características do patrimônio arquitetônico, alguns completamente desconhecidos por não terem sido sequer ordenados em listagens. O traçado estudado, denominado pela arquiteta como “bairros-Jardins”, compreende seis bairros: Jardim América, Jardim Europa, Jardim Paulista, Jardim Paulistano, Vila Primavera e Vila Paulista. “A busca de referências histórico-arquitetônicas pode contribuir para o restabelecimento do perfil da área como patrimônio cultural, não mais apenas como patrimônio ambiental nos moldes propostos no tombamento dos anos de 1980”, justifica a estudiosa, autora de dissertação de mestrado sobre o tema. O trabalho foi defendido recentemente junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade (Pós-ATC) da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp. Maria Ester Lopes foi orientada pela docente Regina Andrade Tirello, que atua no Departamento de Arquitetura e Construção da Unidade. O estudo desenvolvido por ela insere-se no âmbito da linha de pesquisa “Metodologia e Teoria do Projeto e da Cidade: Fundamentos da Arquitetura e Preservação do Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico”. “Apoiada nos acervos documentais consultados para a minha pesquisa, pude identificar e reunir projetos de arquitetos que tiveram papel importante na configuração da arquitetura moderna paulista. Alguns desses projetos, inclusive, são inéditos”, revela a estudiosa. “Espero que, com a divulgação dos documentos que antes da minha pesquisa se encontravam dispersos, possa haver maior reconhecimento e preservação do patrimônio urbanístico da cidade de São Paulo. Além disso, o meu trabalho permitirá que outros campos de estudos sejam abertos, sobretudo na área da história da arquitetura”, ressaltou. Maria Ester Lopes investigou e identificou contribuições relevantes de quatro arquitetos para os bairros dos Jardins: Alfredo Ernesto Becker, Eduardo Kneese de Mello, Olavo Franco Caiuby e Francisco Beck. Além desses, também foram localizadas intervenções de Gregory Warchavchik, de Rino Levi e de Richard Barry Parker, sendo este último o responsável pelo projeto do loteamento do Jardim América, quando era funcionário da Companhia City.

“Cheguei num número bastante amplo de projetos envolvendo os arquitetos pesquisados. No total foram localizadas 118 obras dos quatros arquitetos, sendo 26 de Alfredo Ernesto Becker, 41 de Eduardo Kneese de Mello, 28 de Francisco Beck e 23 de Olavo Franco Caiuby. Nós poderíamos sugerir pelo menos uma obra de cada um desses arquitetos para uma análise de eventual tombamento por serem representativas desse período em que os bairros dos Jardins foram projetados”, detalha a arquiteta, ressaltando que um eventual tombamento dependeria de outros estudos e análises.

ESTILOS DIVERSOS A autora da pesquisa assinala que há uma mescla de estilos arquitetônicos da época nos projetos identificados, que variam do bangalô romântico a construções protomodernas. De acordo com Maria Ester Lopes foi possível identificar, basicamente, quatro estilos arquitetônicos: o neocolonial, em suas duas versões distintas, como o luso-brasileiro e o mission style; um estilo denominado por ela como “normando”, baseado num método construtivo de proveniência europeia; o protomodernismo, em que novas concepções construtivas estão associadas à Semana de Arte Moderna de 1922; e, por fim, o moderno, com alguns projetos de Gregori Warchavchik e de Eduardo Kneese de Mello. “As edificações dos Jardins atestam, em sua grande maioria, a especificidade e unicidade de bairros que foram ocupados por uma elite advinda do auge da economia cafeeira e substituída pela elite industrial. O estilo das edificações também evidencia o momento de grande expansão urbana que conferiu à cidade a envergadura de grande metrópole”, situa a arquiteta.

feitura do Município de São Paulo (Arquivo Municipal do Piqueri) e Acervo de Pastas de Vendas e Obras da Companhia City, que possui extenso acervo de projetos dos bairros loteados pela empresa.” Neste ponto, a pesquisadora da Unicamp aponta a dificuldade de acesso aos arquivos e a falta de informações bibliográficas específicas sobre os arquitetos selecionados na pesquisa. “Eu vejo, neste sentido, uma necessidade da ampliação do acesso aos arquivos públicos de pesquisa”, defende. Ainda sobre a carência de informações e pesquisas, Maria Ester Lopes prevê que a seleção dos quatro projetistas deve expandir o conhecimento da produção arquitetônica para além dos chamados arquitetos “notáveis”.

O CONCEITO DOS JARDINS A estudiosa da FEC explica que no início do século 20 ocorreram grandes mudanças na configuração urbana da cidade de São Paulo, sobretudo com o impulso da economia cafeeira e da industrialização. Houve, assim, um aumento populacional da cidade, impulsionando a expansão urbana e a busca pela inovação dos padrões urbanos de até então.

É neste contexto que surge, segundo ela, na década de 1910, o conceito vinculado ao “bairros-Jardins”. A concepção, que privilegiava a introdução de áreas verdes e parcelamento do solo em lotes de grandes dimensões, foi proposta pela Companhia City (City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited), empresa inglesa sediada em Londres. A Companhia, que contava com um sistema de financiamento próprio, se tornou proprietária de áreas significativas do território paulistano, objetivando a diversificação de investimentos, informa Maria Ester Lopes. “À época do tombamento de 1980, priorizou-se a preservação do primeiro loteamento nos moldes de bairros-Jardins, o mais antigo da Companhia City conhecido como ‘Jardim América’, associado a outros três loteamentos vizinhos compostos pelos ‘Jardim Europa’, ‘Jardim Paulista’ e ‘Jardim Paulistano’. Estes bairros integram a zona da cidade conhecida como Jardins e para os quais foram propostos parâmetros de preservação para o traçado urbano, os limites dos lotes e a vegetação. Portanto, eles foram o objeto do meu estudo, com enfoque especial para o Jardim América.”

Maria Ester de Araújo Lopes, autora da dissertação: “Pude identificar e reunir projetos de arquitetos que tiveram papel importante na configuração da arquitetura moderna paulista”

FONTES DOCUMENTAIS A autora do trabalho informa que o desenvolvimento da dissertação de mestrado se apoiou em avaliação crítica de bibliografia específica e em arquivos documentais públicos e privados disponíveis. Maria Ester Lopes esclarece que as edificações objeto do estudo são propriedades privadas, inacessíveis ao público. “Baseei-me em bibliografia sobre a arquitetura do bairro Jardim América, que é um dos bairros que compõem os Jardins e dos bairros circunvizinhos, tendo como parâmetro inicial a incidência de tombamento ambiental. Também fiz pesquisas intensas, sobretudo em dois arquivos: Arquivo Geral da Pre-

Fotos: Divulg

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Publicação Dissertação: “Conhecer os bairrosJardins paulistanos confinados nos arquivos: o caso do Jardim América” Autora: Maria Ester de Araújo Lopes Orientadora: Regina Andrade Tirello Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)

Alguns das construções pesquisadas, em projetos de: 1) Francisco Beck; 2) Olavo Franco Caiuby; 3) Richard Barry Parker; e 4) Gregory Warchavchik


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