Revista ACE de Ciência e Tecnologia - 141

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Dia do

ENGENHEIRO Na condição de representante de mais de 1,2 milhão de profissionais registrados no Sistema Confea/Crea e Mútua, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) homenageia todos os responsáveis pela inovação tecnológica que assegura o desenvolvimento do Brasil, profissionais que levam a excelência da engenharia brasileira a promover o bem-estar social e humano também em outros continentes. Engenheiras e engenheiros, parabéns pelo seu dia!


● Editorial

Hora de recarregar as baterias para 2015

O

dia 21 de dezembro marca a entrada da temporada mais quente do ano, com o início do verão, uma época de férias na qual o sol mostra todo seu potencial, para o bem e para o mal. No dia 11 é a vez de celebrar o Dia do Engenheiro, profissional responsável por tantos projetos e obras importantes para a sociedade contemporânea. Nesta edição da Revista da ACE de Ciência e Tecnologia estamos publicando uma reportagem sobre o aproveitamento da energia solar como fonte energética alternativa e que começa a avançar em Santa Catarina, com a entrada em funcionamento da primeira usina do gênero na América Latina. São vários os passos dados nesse sentido e o profissional da engenharia tem dado grandes contribuições para o avanço na área. Este 2014 marcou os 80 anos da nossa ACE e uma série de eventos e homenagens foram realizadas para registrar o pioneirismo da entidade no Sistema. A todos aqueles que deram sua parcela de contribuição para o sucesso dessa trajetória externo aqui os meus mais sinceros agradecimentos. Consolidamos iniciativas importantes para o desenvolvimento da Engenharia em nosso País, como os seminários nacionais de Redes Subterrâneas de Energia (segunda

edição em agosto) e o de Modernas Técnicas Rodoviárias (oitava edição em novembro), com as presenças de centenas de profissionais do Brasil inteiro. Ao longo do ano, nossa entidade esteve atenta e vigilante aos problemas ligados à infraestrutura e que dizem respeito aos profissionais da engenharia. Diante do risco de colapso da quase centenária estrutura da ponte Hercílio Luz, ameaçada com a paralisação das obras de recuperação, montamos rapidamente uma Força Tarefa. Profissionais gabaritados se juntaram voluntariamente e elaboramos um estudo como contribuição, a título de sugestão, para a sustentação emergencial do vão central da ponte antes do reinício da obra de reforma completa do cartão postal da cidade de Florianópolis, patrimônio de todos os catarinenses. Por fim, desejo a todos um final de ano repleto de alegrias no seio de suas famílias e que 2015 seja farto de conquistas e sucessos. Boa leitura!

Celso Ternes Leal Engenheiro eletricista Presidente da ACE


● Índice Entrevista

Diretoria Executiva 2013 - 2015

Após vitória que garantiu seu segundo mandato à frente do CREA-SC, engenheiro Carlos Alberto Kita Xavier diz ter várias metas a implementar, como a aproximação com cerca de meia centena de escolas de engenharia em SC, que jogam quatro mil novos profissionais por ano no mercado. Página 7 Divulgação

Matéria de Capa

Plínio Bordin /Divulgação/Tractebel

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Santa Catarina é famosa por suas belezas naturais, destino de milhões em busca de suas praias no verão. Pois o astro rei está colocando o Estado na vanguarda da geração de energia de fontes alternativas. Entre outras iniciativas, SC entrou no mapa da energia solar do Brasil com o início das operações da Usina Fotovoltaica Cidade Azul, em Tubarão, no Sul catarinense.

Presidente Eng. Eletricista Celso Ternes Leal Vice-Presidente Eng. Eletricista Maria Elsa Nunes Diretor Financeiro Geógrafo Adão dos Santos Diretor Financeiro Adjunto Eng. Civil José Wilson Alexandre Diretor Social Eng. Civil José Tadeu da Cunha Diretor Social Adjunto Eng. Civil Gustavo A. Mesones Carmona Diretor de Atividades Culturais Eng. Civil Elídio Yocikazu Sinzato Diretor de Ativ. Culturais Adjunto Eng. Mecânico Álvaro José Silveira Beiro Diretor Administrativo Eng. Civil Bernardo Jacinto Damiani Tasso Diretor Administrativo Adjunto Eng. Civil Luiz Henrique Pellegrini Diretor de Patrimônio Eng. Eletricista Gilberto Martins Vaz Diretor de Patrimônio Adjunto Eng. de Prod. Civil José Mário Medeiros Diretor de Atividades Técnicas Eng. Eletricista Paulo César da Silveira Diretor de Ativ. Técnicas Adjunto Eng. Civil Roberto de Oliveira Diretor de Esportes Eng. Mecânico Ilmar Heine Agacy Diretor de Esportes Adjunto Eng. Eletricista Fernando Hidalgo Molina Diretor de Relações Profissionais Eng. Civil Rinaldo Manoel da Silveira Diretor Relações Profissionais Adjunto Eng. Eletricista Felipe Cassias Pereira Diretor de Meio Ambiente Eng. Sanitarista Nelson Bittencourt Diretor de Meio Ambiente Adjunto Eng. Sanitarista Vinicius Ternero Ragghianti Conselho Diretor Eng. Sanitarista Paulo José Aragão Eng. Civil e de Seg. do Trabalho Carlos Alberto Kita Xavier Eng. Agrônomo Wilfredo Brillinger Eng. Civil Nelson Caldeira Júnior Eng. Civil Álvaro Luz Filho Eng. Civil Gelásio Gomes Eng. Civil Almir José Machado Eng. Civil Odilon Fernandes Roman Eng. Civil Guilherme Leoni da Silva Eng. Mecânico Carlos Bastos Abraham Conselho Fiscal Eng. Civil Flávio Henrique Rabe Eng. Mecânico Wilson César Floriani Júnior Eng. Civil Carlos Koyti Nakazima Eng. Civil Laércio Domingos Tabalipa Eng. Eletricista Vilson Luiz Coelho Eng. Eletricista Aurélio Furtado Ramos Eng. Químico Alexandre Bach Trevisan

ACE em Ação

Assessor da Diretoria Eng. Eletricista Ivan Rezende Coelho

Revista da ACE

Edição e Comercialização

Rangel Amandio/Divulgação/ACE

Página 38

AINDA NESTA EDIÇÃO: • Artigos.............................................................................................17 • Panorama.......................................................................................47 • Destaque Profissional: Carlos Nakazima...................................52 • Canal do Acadêmico................................................................... 53 • Resgate Histórico: Raul Valentim............................................... 54 Endereço ACE: Capitão Euclides de Castro, 360 - Coqueiros - SC - CEP 88080-010 Fone: (48) 3248.3500 - E-mails: ace@ace-sc.com.br ou revistadaace@gmail.com 4 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

BSC – Bureau de Negócios Editor Responsável Marcelo Kampff (48) 8434-0644 marcelo@bscnegocios.ppg.br Reportagens Evandro Baron com Assessorias de Imprensa Fotos Plínio Bordin (Foto capa) Rangel Amandio e Divulgação Tiragem da Revista 4.000 exemplares Conselho Editorial Marcelo Kampff, Evandro Baron, Celso Leal, Maria Elsa Nunes, Roberto de Oliveira, Elídio Sinzato e Ivan Coelho As opiniões em artigos ou matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião da revista, do seu editor ou diretores da ACE. A publicação se reserva o direito de, por motivos de espaço ou clareza, resumir cartas, artigos, entrevistas e crônicas.


● Cartas

Escreva para a ACE ou encaminhe mensagem para o e-mail revistadaace@gmail.com

Caro Presidente, Gostaria primeiramente de agradecer a oportunidade de poder ministrar o treinamento na ACE. As instalações da entidade são muito boas e propiciam aos instrutores e alunos excelentes condições. O resultado do curso também mostra o prestígio da entidade. Apesar de uma divulgação em cima da hora, recebemos participantes inclusive de outro estado, assim como de outras cidades do estado. Acredito até que a maioria dos participantes não eram da capital. Os resultados da avaliação do curso para cada item assim como para o curso em geral que apresentou os seguintes resultados: Média Geral: 9,07, onde 66% avaliaram o curso como excelente (entre 9 e 10); 19% avaliaram como bom (entre 7 e 8) e apenas 3% avaliaram como regular, nos quais percebeu-se a irritação pelo trânsito, reclamaram inclusive que deveríamos avisar sobre o caos do trânsito. 13% não opinaram. Atenciosamente, Vilson Luiz Coelho, Dr. Eng. Engenheiro Eletricista CREA-SC 010.932-1

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gratificante ver que uma revista tão importante para os profissionais do setor da construção civil chegou até a 140ª edição. Tenho certeza que muitas outras edições da ACE Ciência & Tecnologia estão por vir, sempre trazendo conteúdo inovador e proporcionando prazerosa leitura. Aproveito o espaço para ressaltar a parceria entre o Sinduscon e a ACE, pois a união das entidades torna o segmento mais forte. Atenciosamente,

ecebi com muita satisfação a edição nº 140 da Revista ACE Ciência e Tecnologia, que abordou de maneira concisa o tema da mobilidade urbana, tão importante para a região da Grande Florianópolis e para o estado como um todo. Esta edição esclarece e propõe alternativas para um problema que interfere diretamente e intensamente no dia a dia de todos nós, além de destacar o evento em parceria da ACESA e da ACE na seção ACE em Ação. Gostaria, enquanto presidente da ACESA – Associação Catarinense de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais, de parabenizar ao Presidente Engº Celso Leal e toda sua equipe pelo grandioso trabalho que a ACE tem feito na elaboração da Revista ACE Ciência e Tecnologia, bem como agradecer ao apoio e parceira que conseguimos firmar entre a ACE e a ACESA, que muito tem contribuído para as entidades, seus associados e a sociedade catarinense. Parabéns pelos trabalhos e vamos em frente! Um forte abraço

Helio Bairros Presidente Sinduscon

Henrique da Cunha Sant’Ana Presidente ACESA

É

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revista da ACE de Ciência e Tecnologia edição 140, ao debater a crise na infraestrutura dos transportes e imobilidade da Grande Florianópolis, torna-se um importante indutor informativo para a sociedade. Mesmo voltada a especialistas e profissionais da classe da engenharia, a Associação Catarinense dos Engenheiros - ACE vem munindo a sociedade em geral com importantes informações através de sua publicação, principalmente com referência à infraestrutura e mobilidade, aliás, assim como a ACE, a Associação dos Usuários das Rodovias do Estado de SC, AURESC, vem se propondo a avançar nas discussões e promover a necessária articulação entre os atores envolvidos no processo, pois é da vontade política e na ação do Poder Público, que serão determinantes para a resolução destes enormes problemas. Mas o papel da sociedade civil organizada é primordial, para que os administradores públicos não escolham estratégias, projetos ou engenharias outras que não tenham consonância com os anseios da comunidade que será atingida. Parabéns pela publicação! Atenciosamente. Sérgio Pöpper Presidente da AURESC


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● Entrevista

Aproximação com as escolas de engenharia é prioridade, diz presidente reeleito do CREA-SC

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eeleito para um segundo mandato à frente do CREA-SC, o Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, Carlos Alberto Kita Xavier venceu as eleições com 2.954 votos, o equivalente a quase 80% dos votos válidos na eleição realizada no último dia 19 de novembro em todo o Estado. A chapa liderada pelo engenheiro Kita assume em dezembro para o biênio 2014-2016 e o profissional tem várias metas para implementar junto ao Conselho Regional da categoria, como a aproximação com cerca de meia centena de escolas de engenharia em atividade no Estado, responsáveis pela colocação de quatro mil novos profissionais por ano no mercado. No mesmo dia da votação no Estado foram eleitos, para a presidência do Confea, o Engenheiro Civil José Tadeu da Silva, que recebeu 70,78% dos votos válidos dos profissionais catarinenses, equivalentes a 2.559 votos. Para a Diretoria Geral da Mútua foi reeleito o Engenheiro Agrônomo Luiz Carlos Coelho, com 2.320 votos, enquanto o Engenheiro Mecânico Júlio Cesar Bertoldo foi eleito Diretor Administrativo da Mútua, recebendo um total de 719 votos. Nessa entrevista, o presidente reeleito comenta os resultados da última

eleição, o apoio da classe e seus planos para o novo biênio que está iniciando. Confira a seguir a íntegra da entrevista: Qual o seu objetivo ao se candidatar à reeleição ao cargo de presidente do CREA-SC? Queremos dar continuidade às ações iniciadas e avançar em outros aspectos, sobretudo na valorização e qualificação dos profissionais e na fiscalização do exercício profissional que é a nossa principal função. Na primeira gestão, transformamos o Conselho numa instituição de excelência implantando o Programa ISO 9001 e o Projeto de Sustentabilidade. Ampliamos os investimentos no Programa CREAjr visando à formação de novas lideranças e a aproximação com as instituições de ensino. Iniciamos a informatização dos processos nas câmaras e implantamos a votação eletrônica no plenário. Defendemos a criação de uma legislação específica para a manutenção predial contribuindo no aperfeiçoamento das Normas de Segurança Contra Incêndio no estado. Criamos o GT Empresarial visando estreitar as relações com as empresas da área tecnológica. Lançamos a Cartilha de Acessibilidade e o Manual do Síndico com objetivo de orientar os profissionais e a sociedade

sobre estas questões. A fiscalização de obras públicas, a ocupação de cargos técnicos por profissionais habilitados e o cumprimento do salário mínimo profissional foram outras ações importantes. Implantamos melhorias na gestão financeira, mesmo com a redução das taxas de ARTs e com a saída dos arquitetos, reduzimos a inadimplência e a análise orçamentária e a aplicação dos recursos garantindo superávit. A gestão que ora finda teve muitas realizações. O que vai fazer agora no novo mandato? Vamos modernizar os serviços e continuar o combate ao exercício ilegal da profissão, além de fortalecer as entidades de classe, consolidar o relacionamento com o setor empresarial, aprimorar as práticas de sustentabilidade e manter uma gestão ética, eficaz e transparente. Uma das prioridades será o investimento nas campanhas institucionais de valorização profissional, mostrando à sociedade a importância da engenharia, dos profissionais e da ART – Anotação de Responsabilidade Técnica. Vamos aprimorar o Programa de Educação Continuada com apoio financeiro à cursos e eventos pelas entidades de classe e promover ações voltadas ao Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 7


● Entrevista meio ambiente como a diminuição do consumo de recursos naturais, além do apoio e representação nos eventos técnicos na área de saneamento. Vamos conduzir esta gestão com ética e transparência por meio da divulgação de balancetes administrativos. Qual a avaliação que o senhor faz sobre a campanha eleitoral e quanto à receptividade da classe ao seu nome? Os resultados nas urnas falam por si e apresentam a receptividade da classe profissional ao meu nome. Conquistamos 79% dos votos válidos comprovando a importância do trabalho desenvolvido durante a primeira gestão. Se candidatar é uma incógnita, você pode vencer ou não. Se reeleger é um desafio e também uma satisfação ainda maior. Simboliza o reconhecimento e a aprovação de um trabalho como gestor. Considero a participação dos profissionais no processo eleitoral abaixo das expectativas. Em Santa Catarina, dos 36 mil profissionais aptos a votar apenas 3.900 votaram, cerca de 11% do universo de eleitores. Ainda assim, o estado teve o maior índice de participação. Nos demais estados a média foi de pouco mais de 4%. Considero também lastimável o processo ainda ser feito com votação presencial. Vamos trabalhar para que as próximas eleições sejam via Internet em todo o território nacional. E quanto à aproximação do CREA -SC com o mundo acadêmico, o que pode ser feito? O ex-reitor da UFSC, Álvaro Prata, iniciou esse processo. O senhor pretende mantê-lo? Essa aproximação com as instituições de ensino representa um processo contínuo e é uma das nossas prioridades. Temos ótimas instituições de ensino no estado e também 8 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

cursos de referência nas diferentes áreas da engenharia. Santa Catarina tem em torno de 50 escolas de engenharia, com mais de 20 mil estudantes. São cerca de 4 mil formandos ao ano. O investimento no Programa Creajr tem sido uma das nossas metas buscando essa aproximação com o universo acadêmico. Aumentamos o número de membros cadastrados de 1.026 para 5.611, implantamos quatro novas coordenações regionais totalizando 15 e criamos duas novas coordenações de expansão. O programa conta atualmente com 125 membros dirigentes, 44 cursos e 20 instituições de ensino cadastradas. Cada uma das regionais desenvolve ações importantes de aproximação, levando o Conselho para dentro das universidades e trazendo os acadêmicos para dentro do CREA-SC.

Como é a relação do conselho com os profisssionais e com a sociedade? O CREA-SC tem ótima representatividade perante os profissionais, empresas e sociedade. Tem uma das marcas mais lembradas pelo mercado. Estamos realizando constantemente campanhas de valorização profissional conscientizando sobre a importância de se contratar profissionais habilitados. A última abordou sobre a ART, documento que atesta a responsabilidade técnica profissional sobre as obras, projetos e serviços prestados. Essa responsabilidade vai além da assinatura de um documento e do pagamento da taxa para viabilizá-lo. É a garantia de o serviço estar sendo realizado por um profissional especializado e não por leigos, sendo indispensável para a segurança e qualidade de vida da sociedade.

A estrutura do CREA-SC atende às necessidades da classe profissional e da sociedade catarinense? O CREA-SC reúne a maior comunidade profissional do estado entre engenheiros, agrônomos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, tecnólogos, técnicos industriais e agrícolas com mais de 56 mil profissionais registrados e cerca de 13,5 mil empresas. Possui uma estrutura descentralizada com 23 inspetorias, 7 escritórios e 3 postos de atendimento, além de 262 funcionários, 30 diretores regionais e 83 conselheiros representantes das entidades de classe e instituições de ensino do setor tecnológico. Conta ainda com a Mútua Caixa de Assistência dos Profissionais, uma sociedade civil sem fins lucrativos que tem o objetivo de oferecer a seus associados planos de benefícios sociais, previdenciários e assistenciais. Com certeza, o CREA-SC atende a demanda da classe profissional e da sociedade.

De que forma o senhor pretende conduzir o novo mandato no sentido de fortalecer os laços entre as diversas entidades que representam o sistema CONFEA/CREA? A relação com as entidades de classe é um fator primordial uma vez que representam a base do sistema Confea/ Crea. No último ano, investimos e repassamos mais de R$ 1 milhão às entidades para realização de eventos de capacitação e qualificação profissional por meio do Programa de Educação Continuada (PEC), parcerias e recursos de ARTs. Aumentamos o percentual de repasse às entidades de 10% para 14% na primeira gestão e queremos chegar aos 16% até o final de 2015. São recursos importantes para que às mesmas possam desenvolver ações em suas regiões beneficiando profissionais, estudantes e sociedade. Além disso, defendemos constantemente juntos aos sindicatos de cada categoria, o cumprimento do salário mínimo profissional, bem como


a ocupação de cargos da área técnica nas prefeituras e órgãos governamentais, por profissionais habilitados. Dia 11 de dezembro é o dia do profissional da engenharia. O senhor acredita que existam motivos para comemorar a data? Acho que temos muito a comemorar. O profissional da engenharia está cada vez mais valorizado pela sociedade e pelo mercado. Praticamente todos os elementos que formam o ambiente de uma cidade estão vinculados ao trabalho dos profissionais do CREA: construções, sistema viário, saneamento, iluminação, transporte, produção e distribuição de alimentos, entre outros. Acredito que a engenharia estará novamente no topo em 2015 entre as profissões estratégicas para o crescimento das empresas e da economia do país e do mundo. A segmentação da profissão sempre existiu

ao longo da história tendo em vista o modelo de desenvolvimento da ciência, da educação e, sobretudo, da economia, que valoriza cada vez mais o profissional especializado. Trata-se de um ciclo onde as novas descobertas científicas impulsionam o desenvolvimento tecnológico, gerando novas demandas por profissionais e novos campos de atuação. Temos várias áreas da engenharia despontando no mercado. Podemos citar a engenharia de petróleo, mobilidade espacial, robótica, nanotecnologia, entre outras. Qual a mensagem que o senhor, como membro da Associação Catarinense de Engenheiros, deixaria aos colegas de classe e aos futuros profissionais da engenharia? Como membro da ACE, gostaria de ressaltar a importância da participação e engajamento nas ações e iniciativas das entidades de classe. As entidades

desempenham papel fundamental no processo de fortalecimento e valorização profissional, criando oportunidades de atuação, representação social e política na sociedade. A atuação classista não é uma dádiva ou um dever, é uma escolha individual e uma atitude profissional. Acho importante a atualização constante para o aperfeiçoamento profissional visando acompanhar as inovações e tendências do mercado. A engenharia é uma área bastante abrangente e está inserida nos mais diferentes campos de atuação profissional. E nós, como representantes do Conselho, temos como desafio mostrar aos órgãos públicos municipais e estaduais e à sociedade a importância de se contratar profissionais registrados para a realização de todos estes serviços, bem como conscientizar os profissionais para que trabalhem sempre pelo desenvolvimento sustentável no meio urbano e rural.


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● Matéria de Capa

Santa Catarina aposta no potencial do astro rei para gerar energia Maior usina solar do Brasil acaba de entrar em operação comercial em Tubarão, no Sul do Estado, com capacidade para atender mais de duas mil residências

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anta Catarina se destaca no mapa da energia solar do Brasil com o início da operação comercial, no último dia 9 de agosto da Usina Fotovoltaica Cidade Azul, de propriedade da Tractebel Energia, localizada em Tubarão, no Sul catarinense. Trata-se da maior planta solar fotovoltaica em funcionamento no Brasil, com uma área total de 10 hectares, capacidade instalada de 3MWp (pico de incidência do Sol) e composta por 19.424 painéis. O nome Cidade Azul, referência à forma como Tubarão é conhecida, foi dado pela população, em votação feita através da internet. Concebida como uma Usina Experimental para fins de pesquisa, desenvolvimento e capacitação técnica, objetivo do projeto P&D Estratégico

nº 013/2011 da ANEEL, no qual a Tractebel Energia é a proponente, a Usina Solar Fotovoltaica é resultado do investimento de aproximadamente R$ 30 milhões, dos R$ 56,3 milhões deste P&D. Conectada à rede de 13,8 kV da Celesc, a energia produzida tem capacidade para abastecer cerca de 2,5 mil residências. De acordo com o gerente do projeto, engenheiro Maury Garret da Silva, analisar a tecnologia que se adapta melhor às condições climáticas do País é muito importante, pois o desempenho dos painéis varia conforme temperatura e umidade. “Na Usina, muitos equipamentos foram avaliados e testados antes de entrar em operação comercial, entre eles três tecnologias de painéis fotovoltaicos e cinco modelos de inverso-

res”, explica o engenheiro. Maury explica que cada uma das três tecnologias de painéis fotovoltaicos (silício policristalino, silício amorfo microcristalino e CIGS) utilizadas tem 1 MWp de capacidade instalada. A silício policristalino é a mais consolidada mundialmente, contemplando cerca de 80% do mercado de energia solar, mas apresenta maiores perdas com o aumento da temperatura ambiente. Já o silício amorfo microcristalino, tecnologia de filme fino, é a que possui menores perdas com o aumento da temperatura. Por fim, a CIGS, é um filme fino que apresenta perdas intermediárias devido à temperatura entre as duas tecnologias. Montada próximo ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, ao lado da BR 101, o local foi estrategicamente selecionado pois recupera uma área de antigos depósitos de cinzas, provenientes da queima do carvão mineral das Termelétricas, contará com a sinergia de atividades dos nossos profissionais de Operação, Manutenção e Engenharia, além de estar muito próxima das equipes de Pesquisa da UFSC e da sede da Tractebel Energia em Florianópolis. Do início da montagem até a operação comercial foram nove meses, com mais de 150 profissionais envolvidos diretamente nos estudos, projeto e implantação da Usina Solar Fotovoltaica. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 11


● Matéria de Capa

Empresa diversifica fontes de energia para fortalecer expertise

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m dos objetivos do Projeto Geração Solar Fotovoltaica é conhecer o comportamento desta fonte na matriz elétrica, os custos envolvidos e o desempenho dos equipamentos implantados. “Acreditamos na energia solar como parte de um mix diversificado de energia e, hoje, é uma das que mais cresce no mundo. No Brasil, por exemplo, deve ser largamente aplicada nos próximos anos, e isso nos leva a conhecer bem essa tecnologia e sair na frente”, observa o presidente da Tractebel Energia, Manoel Zaroni Torres. O projeto é resultado de uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), além de 11 empresas cooperadas do setor elétrico, que formaram o P&D Fotovoltaico. O objetivo é avaliar principal-

mente o potencial de geração solar no Brasil e a sua complementaridade com outras fontes de energia. O investimento total é de R$ 56,3 milhões, sendo R$ 35,3 milhões aportados pela Tractebel Energia, R$ 15,3 milhões pelas empresas cooperadas e R$ 5,7 milhões em contrapartidas. Pesquisa & Desenvolvimento Além da Usina Cidade Azul, o Projeto P&D ANEEL PE-0403-0027/2011, associado à Chamada de P&D Estratégico nº 013/2011, permitiu a construção de oito Módulos de Avaliação (MA) localizados em regiões com diferentes condições climáticas do Brasil. Cada módulo, com capacidade instalada total de 66,52kW, é composto por sete tecnologias fotovoltaicas e uma estação solarimétrica. Desses

módulos, quatro estão localizados em Usinas da Tractebel Energia: no Parque Ambiental Tractebel, ao lado do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda e nas Usinas de Itá, Ponte de Pedra e Jirau. Os outros 4 módulos serão de propriedade da Endesa.

Zaroni: largar na frente Plínio Bordin/Divulgação/Tractebel

Vista aérea da Usina Fotovoltaica Cidade Azul, Tubarão - SC

Empresas parceiras que formaram o P&D Fotovoltaico: Empresa Proponente: Tractebel Energia S.A.

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Entidade Executora: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Empresas Cooperadas: Campos Novos Energia S.A; Centrais Elétricas Cachoeira Dourada; Central Geradora Termelétrica Fortaleza S.A.; Companhia Energética Rio das Antas; Companhia Paulista de Força e Luz; Companhia Piratininga de Força e Luz; Copel Geração S.A.; Energética Barra Grande S.A.; Foz do Chapecó Energia S.A.; Light Serviços de Eletricidade S.A.; Rio Grande Energia S.A.


Geração de energia solar para a Celesc vira programa de P&D

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stá localizada na área de estacionamento do prédio da Administração Central da Celesc a primeira central de geração de energia da Celesc enquadrada no conceito de microgeração. A iniciativa faz parte de um projeto do Programa de Pesquisa & Desenvolvimento, realizado com a empresa Ivalortec, que tem o objetivo de avaliar o impacto da geração fotovoltaica no sistema elétrico. A central de geração de energia possui 80 painéis de 245 W, totalizando uma potência instalada de 19,6 kW pico, com potencial de geração de energia equivalente ao consumo de nove residências. O objetivo da instalação no estacionamento é aproximar da Empresa os conceitos de mini e microgeração de energia (respectivamente, até 1000 kW e 100 kW), que tendem a se popularizar em todo o País nos próximos anos. Junto à instalação há ainda

Assessoria de ComunicaçãoDivulgação/Celesc

Celesc: operários preparam o pátio para receber os painéis fotovoltaicos

um bicicletário, com tomadas para a alimentação de bicicletas elétricas. “A ANEEL publicou a Resolução 482, definindo os conceitos de micro e minigeração e do sistema de compensação de energia elétrica, e passou a permitir este tipo de instalação desde dezembro de 2012.

Embora atualmente tenhamos no Estado de Santa Catarina apenas 22 microgeradores em operação, estas instalações tendem a se tornar massivas nos próximos anos, e a Celesc quer manter atenção permanente sobre este processo” explica Pablo Cupani, gerente do projeto.


● Matéria de Capa

Seminário aborda o tema da micro e minigeração distribuída

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Celesc promove evento para trazer cultura da geração solar para dentro da empresa

onforme o engenheiro eletricista Pablo Cupani, 32 anos, assistente da Diretoria de Distribuição da Celesc, o custo dos equipamentos ainda é uma barreira para a expansão destes sistemas, e o retorno financeiro para o consumidor torna o negócio pouco atrativo. No entanto, o cenário tende a mudar nos próximos anos, e estas instalações se tornarão cada vez mais populares. Segundo ele, atualmente há 22 microgeradores em operação na área de concessão da Celesc, 80% destes com capacidade instalada inferior à potência de um chuveiro elétrico, tendo assim pouco impacto no sistema elétrico. De acordo com Pablo Cupani, a energia gerada em um mês por estes 22 microgeradores é o equivalente ao consumo médio mensal de 97 consumidores residenciais. Ele explicou que o objetivo da colocação dos painéis é de trazer informação para dentro da empresa. Cupani foi o coordenador da normativa interna para atender as determinações da Aneel. O incentivo aos consumidores que desejarem aderir é via programa de eficiência energética, que está com chamada pública aberta até o dia 19 de dezembro. O microgerador da Celesc, após etapa de testes, está operando com 80 placas solares de 245 watts (W) cada, totalizando 19,6 quilowatts (kW) no pico da potên-

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cia instalada, o que é suficiente para a geração de energia mensal equivalente ao consumo de aproximadamente 10 residências. Além disso, o sistema dispõe de tomadas individuais para o carregamento de baterias de bicicletas com energia solar – disponível para os empregados da Celesc. Durante o seminário, Cupani traçou um panorama geral do segmento e da Resolução ANEEL 482/2012. O país mais avançado na implantação da geração fotovoltaica é Alemanha, que possui cerca de 25.000 megawatts (MW) de potência instalada. O Brasil ainda deverá evoluir nos próximos anos, já que tem cerca de 16 MW de fonte solar em operação. O seminário interno na Celesc serviu para nivelar os técnicos da empresa sobre as ações na área de geração de energia solar. Conforme o assistente da Diretoria, o negócio da microgeração proporciona muito interesse, mas ainda não é representativo no Brasil como em outras partes do mundo. Este cenário, no entanto, tende a mudar com as mudanças regulatórias introduzidas pela ANEEL, que incentivaram estas fontes de energia. Nesse sentido, o workshop “Micro e Minigeração de Energia Elétrica: Impactos da Resolução ANEEL 482/2012 na Celesc” informou sobre as normas da ANEEL e

as internas sobre o tema, pois a distribuidora precisa estar apta a atender estas novas demandas de seus clientes. Houve ainda a apresentação da normativa Celesc e dos procedimentos internos sobre microgeração, com explicações das regras e os limites de potência nas conexões, bem como a maneira pela qual a energia gerada será abatida da unidade consumidora. Também foram apresentadas as mudanças a serem observadas pela Celesc relativas ao padrão de entrada e aos tipos de medidores a serem implantados nestas instalações, já que os mesmos passarão a ser bidirecionais, registrando tanto o fluxo consumido quanto o exportado pelo consumidor à rede. Foram tratadas as demais questões comerciais com representantes das áreas de Faturamento e de Clientes Corporativos, com explicações sobre o sistema de compensação de energia, e a situação contratual destes consumidores/geradores. Durante a tarde os participantes do workshop foram conhecer o sistema fotovoltaico instalado no estacionamento da Administração Central. Os empregados puderam conhecer de perto os aspectos técnicos inerentes à microgeração – como o padrão de entrada com o DPS, o medidor bidirecional de energia elétrica e o inversor de potência.


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Projeto incentiva geração solar a partir de telhados

esde outubro cinco cidades, quatro na Bahia e uma no Espírito Santo, são as novas integrantes do projeto 50 Telhados, desenvolvido pelo Instituto Ideal, sediado em Florianópolis, com o objetivo de divulgar a geração distribuída a partir da fonte fotovoltaica. A Bahia reforça a liderança em número de cidades que aderiram ao projeto, com 11 comprometidas a instalar telhados solares, como informa a assessoria do Instituto Ideal, organização privada sem fins lucrativos que atua na promoção de energias renováveis e de políticas de integração energética na América Latina. O presidente do Instituto Ideal é o engenheiro e ex-deputado federal Mauro Passos. O projeto 50 telhados foi criado em 2013 pela empresa mineira Econova e em novembro daquele ano passou a ser conduzido pelo Instituto Ideal. A intenção dos coordenadores do projeto era atingir pelo menos 20 participantes, o que totalizaria mil telhados solares até 2015. Eles acreditam que a

meta deve ser superada, pois até outubro, 33 cidades já faziam parte do projeto. Florianópolis e Campo Grande (MS) estão próximas de alcançar a meta de ter 100 kWp instalados. De acordo com os dados dos coordenadores do projeto, ambas já têm pouco mais de 78 kWp conectados à rede elétrica no âmbito da iniciativa. Conforme as informações do Instituto, as novas participantes do estado baiano são Barreiras, Itaberaba, Luís Eduardo Magalhães e Porto Seguro, que deverão instalar pelo menos 50 sistemas fotovoltaicos (ou 100 kWp de potência total) nos próximos dois anos. A busca por clientes para atingir essa meta ficará a cargo da empresa Enersol. Uma das constatações é que as pessoas ainda confundem a fotovoltaica com o aquecimento solar e o desejo dos integrantes do projeto é ajudar na divulgação da energia solar fotovoltaica, pois acreditam que a meta do 50 Telhados é o ponto de partida para fazer da geração fotovoltaica no Brasil uma opção real de geração de energia elétrica.

Florianópolis também conta com iniciativa

Para participar Qualquer empresa de engenharia e instalação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica pode participar como empresa executora. Basta atender a alguns critérios para conseguir a aprovação do Ideal. Instituições públicas e prefeituras também podem contribuir, reforçando o apoio ao projeto em seus canais de comunicação, por exemplo. Consumidores que desejarem participar podem procurar as empresas cadastradas no site do 50 telhados. Mais sobre o 50 Telhados em www.americadosol.org/50telhados.

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● Matéria de Capa

SC pode ter política oficial de incentivo em 2015

À

partir de 2015 Santa Catarina poderá contar com uma Política Estadual de Incentivo ao Aproveitamento da Energia Solar e Eólica. O primeiro passo para isso é a sanção governamental do Projeto de Lei 174.0, de 2013, de autoria da deputada Angela Albino (PCdoB), aprovado por unanimidade no Plenário da Assembleia Legislativa no início de dezembro. A proposição tem como objetivo estimular os investimentos e a implantação dos sistemas de energia solar e eólica como forma de diminuir impactos no meio ambiente e diversificar a matriz energética do estado.

16 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

A autora do projeto participou de uma missão à Feira de Cantão, na China, onde ouviu de um representante de uma empresa alemã que fazia promoção da energia solar um dado muito significativo para o Brasil, conforme revelou aos jornalistas: "Segundo eles, o ponto do Brasil com o menor potencial para a energia solar é melhor que o melhor ponto para essa mesma modalidade energética na Alemanha". Na justificativa do projeto, a deputada destaca dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, apontando que o litoral norte catarinense apresenta irradiação solar global

cerca de quatro vezes superior ao apresentado na Alemanha, país considerado líder mundial no aproveitamento da energia solar. De acordo com a parlamentar, o território catarinense é rico em oportunidades para geração da chamada energia limpa e isso precisa ser incentivado pelos poderes. Da mesma forma, ela argumenta que o estado apresenta potencial para implementação de dezenas de Parques Eólicos. Estima-se que só a região sudoeste apresenta uma capacidade de produção anual de aproximadamente 3.700 Gigawatt -hora a partir do vento.


● Artigo

Por Sérgio Roberto Maes

Gerente do Departamento de Operação da Produção da Tractebel Energia S.A com experiência na área de Engenharia Mecânica, operação de Usinas Térmicas, Hidráulicas e outras fontes não convencionais. Atua na área de Operação de usinas, nos níveis de pré-operação, pós operação e tempo real. Responsável também pelo Programa Anual de Pesquisa e Desenvolvimento da Tractebel, que estabelece os projetos de P&D a serem desenvolvidos no âmbito do programa de pesquisa e desenvolvimento da ANEEL.

Inovação e Pesquisa de Resultados em Santa Catarina Com investimento superior a R$ 120 milhões, a Tractebel Energia transforma uma antiga área de depósito de cinzas do Complexo Termelétrico de Jorge Lacerda, no sul do estado, num grande parque tecnológico para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e renováveis para a geração de energia elétrica, de origem solar e eólica. Ao lado das sete unidades termelétricas que utilizam o carvão mineral do sul de Santa Catarina, já está em operação comercial, a maior usina solar fotovoltaica do Brasil com 3,0 MWp de potência instalada. Até final de 2014, deve entrar em operação, neste mesmo local, o primeiro aerogerador fabricado no Brasil de 2,1 MW, que dará respaldo técnico para um segundo protótipo, já desenvolvido integralmente pela WEG, com 3,3 MW de potência, que entrará em operação em 2016. Ambos os projetos são desenvolvidos dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Tractebel Energia, maior geradora privada de energia elétrica do Brasil sediada em Florianópolis – SC. A Tractebel Energia é uma das empresas do setor elétrico nacional que mais cresce e hoje é a que tem o maior valor de mercado dentre as empresas de capital aberto do setor. Seu parque gerador conta com o portfólio mais diversificado entre todas as empresas, com 8.814 MW de capacidade instalada em operação e 112,2 MW atualmente em construção. No seu Programa de Pesquisa e Desenvolvimento são aplicados anualmente cerca de R$ 40 milhões, sendo 40% em projetos de P&D gerenciados diretamente pela empresa, 40% depositados no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT da FINEP e outros 20% depositados no MME para custeio da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, responsável pelo planejamento do Setor Elétrico. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 17


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Por Sérgio Roberto Maes

Os Projetos de P&D

O Projeto Solar Fotovoltaico de Pesquisa e Desenvolvimento é inédito no Brasil e tem como objetivo a Implantação de uma usina solar fotovoltaica (FV) de 3MWp e mais oito Módulos de Avaliação do desempenho técnico e econômico de sete diferentes tecnologias de geração solar fotovoltaica em oito diferentes condições climáticas do território brasileiro.

Painéis Fotovoltaicos da Usina com Usina Térmica de J. Lacerda ao fundo.

Este projeto de P&D atende a Chamada nº 013/2011 de Projeto Estratégico: “Arranjos técnicos e comerciais para inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”; publicada pela ANEEL em 2011, dentro do seu Programa de Pesquisa e Desenvolvimento. Ele terá uma duração de 36 meses e seu custo total é de R$ 56,3 milhões. A Tractebel Energia juntamente com outras 12 empresas brasileiras do Setor Elétrico, desenvolve este projeto, que teve início em 14/08/2012 e já está praticamente com todas as instalações de geração fotovoltaica, concluídas. A Usina de 3 MWp de propriedade exclusiva da Tractebel Energia, foi energizada pela primeira vez em 31/03/2014 e a sua entrada em operação comercial ocorreu em 09/08/2014. O projeto proporciona a cooperação internacional com instituições de renome no uso da energia FV, cuja experiência será adaptada na proposição de normas técnicas e alterações necessárias na regulação e legislação do setor, visando otimizar a inserção FV na matriz elétrica nacional. Os resultados revelarão, em detalhe, os custos da geração FV e o horizonte de viabilidade econômica. Dada a intermitência do recurso solar, a validação do modelo de previsão de geração FV em desenvolvimento na UFSC, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE, Fraunhofer Institute for Solar Energy Systems (Alemanha) e Solar Energy Research Institute of Singapore (Cingapura), será estratégica quando a energia FV aumentar a sua penetração e fizer parte do planejamento do setor elétrico nacional, fato que está muito próximo de acontecer, se considerarmos o último leilão de energia de reserva promovido pelo Governo Federal.

Originalidade

O projeto é original no sentido de propor, através dos oito Módulos de Avaliação, a investigação do desempenho técnico e econômico da geração de sete distintas tecnologias FV em oito localidades com diferentes condições climáticas. Em cada Módulo de Avaliação será instalada uma Estação Solarimétrica Completa que coletará dados de campo destas oito localidades. Estes dados possibilitarão uma maior precisão na confecção do Atlas Solarimétrico Brasileiro que atualmente é elaborado apenas com informações de satélite. 18 • Revista da ACE • Dezembro de 2014


Síntese do Projeto

Adicionalmente, através da instalação de uma usina FV de porte comercial (3 MWp), o projeto é original ao avaliar o desempenho técnico e econômico de até 3 tecnologias FV consolidadas, distribuídas em vários subsistemas com distintas configurações elétricas. Os subsistemas utilizarão diferentes topologias de inversores, diferentes carregamentos (relação potência do arranjo FV x potência do inversor), porte do inversor (inversor central x inversores tipo string inverter) e nível de tensão CC na entrada do inversor. As configurações elétricas são propostas com base na experiência da executora que atua há 14 anos na área da geração distribuída com sistemas fotovoltaicos conectados à rede e de especialistas de reconhecida atuação internacional no tema. O projeto é também original ao apresentar como contrapartida para a comunidade científica, tecnológica e empresarial brasileira o Centro Multiusuário de Capacitação e Aplicações da Energia Solar Fotovoltaica, em construção na UFSC com recursos já desembolsados pelo MCT, visando o desenvolvimento das aplicações e o treinamento e capacitação de RH nesta área no Brasil. Por fim, a proposta é também original ao integrar ao projeto o desenvolvimento técnicas de previsão de curto prazo da geração fotovoltaica, que é uma pesquisa inédita no Brasil e assumirá importância estratégica nos projetos na medida em que a geração fotovoltaica se consolidar na matriz elétrica brasileira.

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Por Sérgio Roberto Maes

Três tecnologias / Uma usina: Si Amorfo, Si Policristalino e CIGS

O Princípio da Geração Fotovoltaica

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Aplicabilidade

O Brasil se destaca pelo grande potencial solar e os piores locais no Brasil estão no nível dos melhores locais da Alemanha, país com a maior geração solar no mundo atualmente. Veja o mapa abaixo, extraído do mapa solarimétrico da ANEEL.

Relevância

Ao mesmo tempo em que os custos da geração convencional vêm aumentando ano a ano, o custo da geração FV vem consistentemente caindo (50% nos últimos 5 anos), seguindo uma curva de aprendizado que projeta sua viabilidade econômica para o curto prazo. O conhecimento detalhado das peculiaridades relacionadas à geração FV e da previsão de curto prazo desta geração, são de grande relevância para que o desempenho da tecnologia possa ser otimizado e seus benefícios técnicos e econômicos maximizados. O projeto irá gerar resultados de relevância estratégica e de grande interesse econômico, científico e tecnológico, tanto para a empresa proponente e sua parceira executora, como para todo o setor elétrico brasileiro. A diversificação da matriz elétrica e o aumento da oferta de energia por fonte renovável são também aspectos de grande relevância. Por fim, é também de relevância estratégica o treinamento e capacitação de RH nesta fonte de geração, que o Brasil ainda pouco utiliza a despeito do enorme potencial disponível.

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Por Sérgio Roberto Maes

O Projeto Eólico

O segundo projeto de P&D do Programa da Tractebel Energia, de grande relevância em execução neste mesmo site, tem como objetivo o desenvolvimento de um aerogerador de fabricação nacional. O projeto atende a Chamada Pública nº 17/2013 – Projeto Estratégico: “Desenvolvimento de Tecnologia Nacional de Geração Eólica”, publicado pela ANEEL em abril de 2013. Neste projeto duas grandes empresas de Santa Catarina - Tractebel Energia e WEG se unem para o desafio de impulsionar a indústria nacional, num mercado até então exclusivo de empresas estrangeiras. O projeto visa o desenvolvimento de dois novos modelos de aerogerador de grande porte, levando em conta as demandas específicas dos parques eólicos brasileiros (características do vento, intempéries, requerimentos de qualidade de energia, necessidade de conteúdo nacional, entre outros) e as tendências tecnológicas do mercado (aerogeradores sem caixa de engrenagens, com conversor de potência plena e gerador de ímãs permanentes). Ao se levar em conta essas premissas na fase de projeto, os produtos desenvolvidos terão fácil inserção no mercado brasileiro de aerogeradores de grande porte, atualmente um dos mais pujantes em todo o mundo. O primeiro protótipo – um aerogerador de 2,1 MW, já está totalmente fabricado e em fase de montagem no local. Foi produzido na WEG, mas sob licença da Northern Power System. O outro protótipo já será o resultado final do projeto – um aerogerador desenvolvido pela WEG com 3,3 MW de potência nominal. Segundo o Relatório 2012 do Mercado Global de Energia Eólica, produzido pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), só no ano de 2012 foram investidos no Brasil cerca de US$ 3,5 bilhões em energia eólica, levando o país a alcançar a marca de 2,5 GW de potência instalada. A meta definida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para o ano de 2021, apresentada no Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2021 é de que o país alcance a marca de 16 GW de capacidade instalada em energia eólica, suprindo quase 10% do consumo de energia elétrica do país. Isso representa um potencial de pelo menos 1,5 GW anuais, dos quais cerca de 15% poderá ser atendida pelos modelos de aerogerador desenvolvidos no âmbito deste projeto de Pesquisa e Desenvolvimento.

Nascele do aerogerador de 2.1 MW

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Características Técnicas do Aerogerador

• Velocidade de vento de início: 3,0 m/s. • Velocidade de vento de corte: 20,0 m/s. • Potências nominais: 1 x 2,10MW e 1 x 3,30MW. • Corrente nominal: 37A, válida para 2,10MW e fator de potência 0.95. • O valor da THD informado pela NPS é de 2.25% em potência nominal e fator de potência unitário, e a máxima componente individual é de 1.13%, a 780Hz - para o de 2,10WM. • Sistema de Transmissão: não tem - acionamento direto. • Gerador: Síncrono de imãs permanentes. • Conversor de potência plena. • Temperatura de operação: -10oC a 40oC. • Faixa de temperatura de sobrevivência: -20oC a 55oC. • Ruído (conforme IEC61400-11): < 104,0 dB (A) a 8 m/s - tolerância ± 2dB (A); preliminar. • Classe de vento: S (Vméd+9m/s; Ve50= 52,5 m/s; Turbulência classe B.

Estator do Aerogerador 2,1 MW

Os aerogeradores gerarão energia elétrica na tensão de 34,5 kV ±10%, mas estarão conectados à rede elétrica numa tensão de 69 kV , frequência nominal de 60 Hz ±5% e fator de potência de + 0,95. Os aerogeradores serão capazes de suportar afundamentos de tensões (Low Voltage Ride Through, LVRT) conforme Submódulo 3.6 dos Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema (ONS).

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Por Sérgio Roberto Maes

Criação de empregos, fábricas, supplay chain e ganhos na economia local

Com a inserção no mercado dos dois modelos de aerogeradores desenvolvidos neste projeto, a expectativa é de que sejam criados cerca de 200 empregos diretos em Santa Catarina, na fábrica de naceles e centro de desenvolvimento de aerogeradores, localizados em Jaraguá do Sul, e no parque eólico em Capivari de Baixo. Por volta de 300 empregos deverão ser criados em fabricantes localizados em outros estados, onde serão fabricados outros componentes dos aerogeradores, tais como as torres e as pás. Por fim, somente durante os primeiros cinco anos de comercialização dos produtos desenvolvidos, cerca de 1000 empregos diretos e indiretos deverão ser gerados no país, ligados à instalação e manutenção dos parques eólicos. Desenvolvimento indireto de subfornecedores de produtos de tecnologias inovadoras e estímulo a produção nacional, como imãs permanentes, controladores, medição de vento, posicionadores, etc. Um valor equivalente a 77% de cada aerogerador será fabricado pelas empresas catarinenses WEG e Cassol (fabricação de torres de concreto). Todo o desenvolvimento de tecnologia será realizado dentro do estado de Santa Catarina. Muitas empresas fabricantes de componentes para o mercado eólico que ainda não atuam no país deverão se instalar próximo a essas duas empresas.

Pás do aerogerador de 2,1 MW

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Por Tomaz Nelson Beck

Engenheiro eletricista, graduado pela Universidade Católica de Pelotas/RS e Pós Graduado pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Iniciou sua carreira profissional na Eletrosul nos anos 80. Atualmente cedido ao DNIT. Atuou no setor elétrico privado, onde construiu parte do seu portfólio profissional.

Infraestrutura Sustentável: Pontes e Túneis Solares Fotovoltaicos Introdução

Muito se ouve falar em sustentabilidade ambiental, mas quando lemos que novos estudos mostram que a manutenção dos territórios indígenas da Amazônia é fundamental na estabilidade de ecossistemas, o tema ganha uma importância ainda mais abrangente no equilíbrio climático global. Esse alerta foi reforçado por uma pesquisa divulgada durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Lima, conforme O Globo. Se o ritmo de destruição continuar, pelos dados do Centro Canadense de Modelagem e Análise Climática, há uma previsão, para 2050, de redução de 20% a 30% das chuvas na Amazônia brasileira. O aumento de 7,8% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil em 2013, ante 2012, também foi citado. Segundo o coordenador de políticas públicas do Greenpeace no Brasil a necessidade de geração térmica, decorrente da geração insuficiente das hidrelétricas para atender à demanda do país, colaborou para isso. Outro fato importante trata do governo da Índia que está em uma corrida por carvão que poderá acelerar uma mudança climática irreversível no mundo e tornar as cidades do país ainda mais inabitáveis. Segundo o suplemento New York Times, na Folha de São Paulo, os planos indianos podem representar o maior obstáculo para um pacto climático global que deve ser negociado em Paris em 2015. A Índia se comprometeu a construir mais usinas solares, mas também prometeu dobrar o uso de carvão até 2019. A esperança, segundo o jornal, se encontra perto do vilarejo de Neemuch, onde está a maior usina de energia solar da Ásia, com 323 hectares. Depois destas preocupantes constatações somos convocados a fazer uma reflexão sobre este assunto. Será que estamos fazendo a nossa parte? “Não pergunte o que seu país pode fazer por Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 25


● Artigo

Por Tomaz Nelson Beck

você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”. John F. Kennedy Este artigo tem como objetivo chamar a atenção para a importância da implantação de projetos com tecnologias alinhadas a sustentabilidade ambiental na geração de energia elétrica para o seu próprio consumo, a partir de fontes alternativas, renováveis, provenientes de recursos naturais como o sol e o vento, menos poluentes e que produzam pouca degradação ambiental, agregando valores ainda maiores às obras de artes especiais construídas pelo DNIT.

Geração de Energia Elétrica através de Fontes Eólica e Solar Fotovoltaica

A luz do que foi dito anteriormente a Superintendência Regional do DNIT em Santa Catarina está elaborando um estudo de viabilidade técnica e econômica de projeto para geração de energia elétrica, a partir de fontes eólica e solar fotovoltaica para o suprimento das unidades consumidoras “Ponte Anita Garibaldi e Túnel do Morro do Formigão”, localizados nos municípios de Laguna e Tubarão em Santa Catarina.

Este estudo leva em consideração o projeto elétrico convencional da Ponte Anita Garibaldi, que prevê a instalação de duas subestações, localizadas nas cabeceiras norte e sul da ponte, com capacidade de transformação suficiente para atender a demanda da unidade consumidora. A potência do gerador solar fotovoltaico em (kWp) será dimensionada com base na carga instalada em (kW) calculada através do somatório da potência das lâmpadas do sistema de ilumi26 • Revista da ACE • Dezembro de 2014


nação funcional e arquitetural da ponte e da demanda provável da instalação. Projetado para o acesso de minigeração distribuída ao sistema de distribuição de energia elétrica da Celesc, estabelecido pela Resolução Normativa n° 482, de 17 de abril de 2012 – ANEEL, e assim aderir ao sistema de compensação de energia elétrica. O mesmo critério técnico está sendo utilizado para o Túnel do Morro do Formigão, observadas as características técnicas de cada instalação.

Emissão de gases de efeito estufa

A relação entre a geração de energia elétrica em kWh e a emissão de dióxido de carbono na atmosfera com a queima de combustível fóssil, utilizado nas fontes de energias térmicas convencionais é de que para gerar 1 kWh são lançados na atmosfera 0,649135 Kg de dióxido de carbono (CO2) chamado gases de efeito estufa que têm potencializado esse fenómeno natural, causando um aumento da temperatura global “fenômeno denominado mudança climática”. A relação entre a geração de energia elétrica em kWh e a quantidade de árvores poupadas é de que para gerar 1 kWh são derrubadas 0,0865044 árvores. Ponte Anita Garibaldi • Geração de energia solar fotovoltaica (estimada) = 43.200 kWh/mês • Com este sistema deixa-se de emitir 336 Toneladas de CO2 por ano. • A quantidade de árvores poupadas é de 44.850 árvores. Túnel do Morro do Formigão • Geração de energia solar fotovoltaica (estimada) = 117.551kWh/mês • Com este sistema deixa-se de emitir 915 Toneladas de CO2 por ano. • A quantidade de árvores poupadas é de 122.000 árvores.

Viabilidade técnica e econômica de projeto

Para que este projeto tenha viabilidade técnica e econômica deverá atender as condições estabelecidas no Art. 2° da Resolução Normativa N° 482, de 17 de Abril de 2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, para isto deverá ter centrais geradoras de energia elétrica com base em energia solar e/ou eólica. Projetos independentes, ou seja, uma central para a Ponte Anita Garibaldi e outra para o Túnel do Morro do Formigão. No caso da Ponte Anita Garibaldi com potência instalada de 150 kW, conectada na rede de distribuição por meio da instalação de unidade consumidora (denominada de Acessante), atende as condições estabelecidas na regulamentação de minigeração distribuída da ANEEL. Sistema no qual a energia ativa gerada por unidade consumidora distribuída compense o consumo de energia elétrica ativa. Na prática a energia elétrica ativa gerada pela central solar fotovoltaica é medida pelo sistema de medição, com medidor de energia elétrica ativa em (kWh), bidirecional, e injetada na rede de distribuição em Média Tensão da CELESC durante o dia, e a noite, esta energia ou parte dela é consumida pelo sistema de iluminação da ponte, num período de 12 horas diárias. Se ao final do ciclo de medição a energia gerada for superior à energia consumida, o consumo a ser faturado, referente à energia elétrica ativa, é a diferença entre a energia consumida e a injetada, por posto horário, quando for o caso, devendo à distribuidora (denominada de Acessada) utilizar o excedente que não tenha sido compensado no ciclo de faturamento corrente para abater o consumo medido em meses subsequentes. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 27


● Artigo

Por Tomaz Nelson Beck

Caso a energia ativa injetada em um determinado posto horário seja superior à energia ativa consumida, a diferença deverá ser utilizada, preferencialmente, para compensação em outros postos horários dentro do mesmo ciclo de faturamento, devendo, ainda, ser observada a relação entre os valores das tarifas de energia, se houver. No caso do Túnel do Morro do Formigão com potência instalada de 300 kW conectada na rede de distribuição por meio da instalação de unidade consumidora, também atende as condições estabelecidas na regulamentação de minigeração distribuída da ANEEL. Sistema no qual a energia ativa gerada por unidade consumidora distribuída compense o consumo de energia elétrica ativa. Na prática a energia elétrica ativa gerada pela central solar fotovoltaica é medida pelo sistema de medição com medidor de energia elétrica ativa em (kWh), bidirecional, e injetada na rede de distribuição em Média Tensão da CELESC durante o dia, e está energia ou parte dela é consumida pelo sistema elétrico do Túnel do Morro do Formigão num período de 24 horas diárias. Se neste caso a energia ativa injetada for menor que a energia ativa consumida, a diferença poderá ser compensada, por exemplo, pelo excedente gerado pelo posto horário da ponte Anita Garibaldi, dentro do mesmo ciclo de faturamento, devendo, ainda, ser observada a relação entre os valores das tarifas de energia, se houver. Dessa forma, a rede é utilizada como se fosse uma bateria, acumulando energia em um período (quando a geração for superior à carga) e descarregando em outro (quando a carga for maior que a geração), com benefícios para o consumidor, a distribuidora e também o meio ambiente, por tratar-se do uso de fontes eficientes de energia elétrica.

Conclusão

O Atlas Fotovoltaico do Brasil, preparado a partir do Atlas Solarimétrico do Brasil e de dados de desempenho de sistemas fotovoltaicos em operação, permite que se estime a performance de uma instalação solar fotovoltaica em qualquer ponto do país. Este atlas se constitui em valiosa ferramenta de projeto no planejamento energético nacional, em um futuro quiçá próximo em que esta elegante fonte de energia poderá vir a compor a matriz energética nacional a custos competitivos, advindos de sua aplicação em larga escala. Este cenário somente irá se concretizar com a introdução de programas de incentivo, como os praticados na Alemanha e Japão, entre outros países, onde a incidência de radiação solar é muito menor do que no Brasil, mas que têm tido a visão de estimular esta tecnologia em busca de sua viabilidade econômica. A promoção de um programa nacional de incentivo aos edifícios solares fotovoltaicos [Oliveira, 2001; Rüther, 2001], aproveitando a experiência das melhores práticas adotadas por países que já vêm promovendo esta fonte de geração, podem promover as economias de escala necessárias para que o potencial de redução de custos desta tecnologia [Ovshinsky, 1994; Green, 2003] seja atingido. Esta redução de custos traz benefícios adicionais aos programas de universalização do acesso à energia elétrica, uma vez que as escalas envolvidas nos edifícios solares fotovoltaicos justificam a instalação de plantas de produção de módulos no Brasil. O aproveitamento da energia eólica tem tido um aumento exponencial, principalmente na Europa, mas o segmento de aerogeradores domésticos ou mini aerogeradores não tem acompanhado esse ritmo, isso se deve ao fato de a energia eólica só se tornar rentável em certas circunstâncias. No entanto, para quem reúna as condições necessárias ou queira apenas contribuir para um mundo mais ecológico, existe um leque de equipamentos (aerogeradores) capaz de suprir as necessidades energéticas de qualquer casa ou empresa, desde mini aerogeradores de 100 watts passando por os mais usuais 1kW (1000 watts) até vários Megawatts. 28 • Revista da ACE • Dezembro de 2014


Potencial da Energia Solar Fotovoltaica no Brasil

O potencial da energia solar fotovoltaica no Brasil é muitas vezes superior ao consumo total de energia elétrica do país. Para exemplificar este potencial, a comparação com a usina hidrelétrica de Itaipu, que contribui com aproximadamente 25% da energia elétrica consumida no país, é bastante ilustrativa. Cobrindo-se o lago de Itaipu com módulos solares fotovoltaicos de filmes finos comercialmente disponíveis, seria possível gerar o dobro da energia gerada por Itaipu, ou o equivalente a 50% da eletricidade consumida no Brasil. Uma comparação com a geração eólica demonstra também o grande potencial da geração fotovoltaica no Brasil. Somente a instalação fotovoltaica hipotética no lago de Itaipu do exemplo anterior corresponderia a aproximadamente 60% do potencial de geração eólica de todo o Brasil. Fonte: Edifícios solares fotovoltaicos - Ricardo Rüther, Florianópolis: LABSOLAR, 2004.

Geração de energia elétrica através de fonte eólica

Com relação à energia eólica, deve-se observar com muita atenção o local da instalação, pois esta fonte depende de ventos fortes, constantes e com pouca turbulência, condições não são encontradas em qualquer local. Em zona urbana ou com muitas árvores, por exemplo, a energia eólica não é recomendada. Além disso, os geradores eólicos precisam de maior manutenção, pois possuem partes móveis que se desgastam mais rapidamente. No entanto, de frente para o mar ou no alto de colinas, esta fonte tem grande potencial de utilização.

Considerações finais

Enquanto discute-se quem deve pagar a conta de energia elétrica, e que esta celeuma se resolva, o DNIT estuda uma solução alternativa de projeto de engenharia (turn Key) que resolva de forma definitiva esta questão, podendo usar este projeto como piloto e replicar esta solução para outras unidades consumidoras. O mais urgente disso tudo é a redução nas emissões de gás carbônico, talvez por isso mais importante que a busca pela certificação de um selo verde sejam práticas efetivas de gestão sustentáveis. O DNIT está comprometido com o seu papel social em ajudar o Brasil a descarbonizar a sua matriz energética.

Referências bibliográficas:

Norma Técnica – MPN-DP-01/N-006/2013 - Eletrobras Manual de Procedimentos – I- 432. 0004/2014 – Celesc Distribuição S.A. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição. Atlas Solarimétrico do Brasil – 2000 Atlas do Potencial Eólico Brasileiro - 2001 Livro Edifícios Solares Fotovoltaicos - 2004 - Ricardo Rüther NBR 16149/2013 – Sistemas fotovoltaicos (FV) NBR 5410/2004 – Instalações elétricas de baixa tensão Instrução Normativa Nᵒ 01, de 19 de janeiro de 2010 Resolução Normativa Nᵒ 0482, de 17 de abril de 2013 Resolução Normativa N° 517, de 11 de dezembro de 2012

Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 29


● Artigo

Por Mauricio Vivan Guarnieri

Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi integrante no Grupo de Pesquisa Fotovoltaica UFSC onde realizou o trabalho de conclusão de curso. Com quatro anos de experiência no setor de energia fotovoltaica, atualmente coordena a equipe de engenharia na empresa Araxá Solar, em Florianópolis (SC) e cursa mestrado em Sistemas Fotovoltaicos com orientação do Prof. Ricardo Ruther(PhD), no departamento de Engenharia Civil-UFSC. É especialista em Soluções Fotovoltaicas para Geração Distribuída e Centralizadas, tendo gerenciado inúmeros projetos na área. E-mail de contato: mvguarnieri@gmail.com

Desempenho Econômico e Energético de Sistemas Fotovoltaicos em Fachadas de Diferentes Regiões do Brasil 1. Sistemas fotovoltaicos conectados à rede

Hoje, nos países desenvolvidos, a geração solar fotovoltaica é a modalidade que apresenta a maior taxa de crescimento entre todas as tecnologias de geração de eletricidade. De 2000 a 2011 cresceu a uma taxa média de 43% ao ano. Em abril de 2012 a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) publicou a resolução normativa nº 482/2012, que regularizou a micro e minigeração distribuída no Brasil. A geração fotovoltaica integrada à edificação é especialmente beneficiada com essa novidade. Sem ocupar área adicional, com reduzidas perdas por transmissão e contribuindo para o conforto térmico da edificação essa modalidade rapidamente se disseminará pelas residências e comércios no Brasil, atendendo o atual anseio por construções sustentáveis e uso de fontes renováveis de energia. O incremento contínuo de restrições ambientais de outras fontes, como hidroelétricas, térmicas a gás e carvão e nucleares, é um fator que contribuirá para o estabelecimento da energia solar como fonte de eletricidade, a qual se posiciona como a próxima grande alternativa do setor elétrico brasileiro. 30 • Revista da ACE • Dezembro de 2014


Em qualquer instalação solar fotovoltaica o módulo fotovoltaico é a célula básica do sistema gerador. A irradiação típica média de uma localidade, 4,5 kWh/m², por exemplo, indica indiretamente quantas horas equivalentes com irradiância de 1kW/m² (1000W/m²) houve no dia, ou quantas horas um módulo teve sua potência pico convertida em energia. Os Sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) são constituídos basicamente por: painel FV e inversor (responsável pela conversão da energia gerada pelos módulos fotovoltaicos para o padrão da rede elétrica pública). Não são utilizados elementos de armazenamento de energia elétrica. Em resumo, a rede elétrica da concessionária é vista como o elemento armazenador, pois toda a energia gerada é colocada em paralelo com a energia da rede. As principais vantagens desse tipo de sistema são: a alta produtividade (toda a energia gerada pelos módulos é utilizada) e a ausência do banco de baterias (um elemento frágil no sistema fotovoltaico isolado devido à baixa vida útil em relação a dos módulos FV e dos inversores). (URBANETZ JUNIOR, 2010).

2. Sistemas solares fotovoltaicos integrados à edificação

Conhecidos como BIPV’s (Building integrated photovoltaics), esses sistemas fotovoltaicos integrados ao envelope da construção podem também substituir tradicionais elementos construtivos, como por exemplo, o telhado ou uma fachada. Os BIPV’s tem uma grande vantagem se comparados com sistemas não integrados, pois não há necessidade de ocupação de novas áreas e pode haver benefício econômico com a substituição de uma parte da construção. Existem várias categorias nessa integração, e as principais opções de integração são em telhado inclinados, coberturas e fachadas. Podem atuar como dispositivos de sombreamento e também formar elementos semitransparentes para passagem de luz.

Figura 2.1 – Exemplo de módulos solares substituindo a cobertura

Nos sistemas integrados no telhado, os módulos apoiam-se na base do telhado e substituem a cobertura convencional do mesmo. O gerador tem uma dupla função: a de gerar energia elétrica e a de proteger o edifício contra os elementos climáticos. Na Figura 2.1 é observa-se um exemplo perfeito de integração, com os módulos substituindo a cobertura e apresentando inclinação adequada para um melhor desempenho. Os chamados filmes fotovoltaicos são leves e flexíveis, proporcionam uma fácil instalação e são ideais quando há restrições de peso nos telhados. Os módulos são feitos de película fina de células para manter a flexibilidade e a eficiência em termos de temperaturas elevadas, adequados para utilização em soluções não ventiladas. (JELLE, 2012). A Figura 2.3 ilustra uma aplicação em um telhado residencial. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 31


● Artigo

Por Mauricio Vivan Guarnieri

As telhas fotovoltaicas são normalmente desenhadas para apresentar aparência e função igual às telhas tradicionais. Alguns formatos remetem às clássicas telhas cerâmicas como é mostrado na Figura 2.2 e Figura 2.3.

Figura 2.2 - Aplicação de filme flexível em telhado Fonte: SolarWatt

Figura 2.3 – Outra modalidade de telhas FV - Fonte: Tegalit

As coberturas de vidro são usadas nas áreas de construção que devem receber iluminação natural. Os mesmos materiais e armações das fachadas de vidro podem ser usados, no entanto, é necessário tomar medidas estruturais especiais devido às elevadas cargas térmicas e mecânicas a que a estrutura está sujeita. (DGS, 2008)

Figura 2.6 - Cobertura externa com aplicação de módulos semitransparentes.

Neste contexto, os módulos deverão ser compostos por placas de vidro duplo de segurança laminado. Os módulos fotovoltaicos vidro-vidro apresentam atraente aparência e podem naturalmente substituir o vidro em alguns locais no edifício. Na troca de um material nobre e esteticamente importante, a justificativa financeira é facilmente embasada, sem se perder o conceito visual e inovador. Na Figura 2.6 é possível observar um exemplo de integração de módulos semitransparentes a cobertura. Na integração em fachadas, os módulos substituem o revestimento externo e tomam as suas funções. Os módulos podem cobrir apenas algumas faixas da fachada ou áreas inteiras. O gerador cumpre três funções: produção de energia elétrica, envolvente externa (proteção climática, isolamento térmico, etc.) e instrumento de marketing. Enquanto face frontal da construção, a fachada constitui a primeira impressão do edifício. Por este fato, é prestada uma especial atenção à sua aparência externa, novos estilos e tecnologias podem trazer um conceito inovador ao empreendimento. Neste contexto, os módulos fotovoltaicos podem enriquecer o repertório de soluções arquitetônicas, quando tratados como elementos 32 • Revista da ACE • Dezembro de 2014


de construção. Nos edifícios modernos, as fachadas de vidro proporcionam uma ligação para o mundo exterior. As inovadoras células solares podem ser integradas nos painéis de vidro utilizados, transformando-os assim em dispositivos solares.

Figura 2.7 – Edifício WestendGate com a maior fachada BIPV em Frankfurt

Em termos comparativos, a radiação incidente e logo a produção de energia nas fachadas são inferiores àquelas com orientação ideal. No entanto essa opção oferece outras vantagens. Se forem substituídos os elementos caros das fachadas, como é o caso das placas de pedra, aço inoxidável ou vidro, por elementos fotovoltaicos, resultam custos evitados que tornam o sistema fotovoltaico muito interessante sob o ponto de vista econômico. Também não se negligencia o prestígio acrescido que os elementos fotovoltaicos oferecem ao edifício. A Figura 2.7 mostra um exemplo de aplicação de sistemas fotovoltaicos em fachadas, neste caso de um edifício em Frankfurt na Alemanha, sendo a maior instalação da cidade.

3. Estudo de desempenho de Fachadas Fotovoltaicas

Para avaliar essa alternativa foi realizada a simulação do funcionamento de sistemas fotovoltaicos instalados na fachada de um edifício, ou seja, com a inclinação de 90 graus em relação ao plano horizontal. Foi avaliado o desempenho do sistema, levando-se em consideração a interferência da latitude (coordenada geográfica do local de aplicação), orientação da fachada (N, NE/ NO ou L/O) e por fim avaliada o desempenho financeiro desta opção feita à substituição parcial do vidro em fachadas envidraçadas. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 33


● Artigo

Por Mauricio Vivan Guarnieri

3.1. Dados de entrada

Para o estudo foram elencadas três localidade no Brasil: Florianópolis, Brasília e Belém. Essas cidades apresentam latitudes de 27˚, 15˚ e 3˚ sul respectivamente, abrangendo três condições distintas, com variações significativas de irradiação e inclinação solar. Além das condições atmosféricas (nebulosidade, umidade relativa do ar etc..), a irradiação solar depende da latitude local e da posição no tempo (hora do dia e dia do ano). Isso se deve à inclinação do eixo imaginário em torno do qual a Terra gira diariamente (movimento de rotação) e à trajetória elíptica que a Terra descreve ao redor do Sol (translação ou revolução) (BRASIL, 2011). Tabela 3.1 – Irradiação diária nas localidades do estudo (kWh/m²). 90˚ Orientação

Inclinação

Cidade (Latitude)

-

N

NE/NO

E/L

Florianópolis (27˚)

4,47

3,00

2,97

2,74

Brasília (15,8˚)

4,92

3,24

3,17

2,92

Belém (1,5˚)

5,05

2,72

2,86

2,97

Percebe-se que a irradiação global horizontal (plano com inclinação de 0˚) é naturalmente maior em baixas latitudes. Esta lógica não se repete, no entanto, quando analisamos a energia disponível no plano de 90˚. Os números para Florianópolis, neste caso, superaram os valores de Belém, que se localiza próximo à linha do equador. Até mesmo as fachadas leste ou oeste apresentaram valores aceitáveis, chegando a superar a irradiação com orientação norte na cidade de Belém. Na Tabela 3.2 logo abaixo foi colocado o valor de área em m² que um arranjo de 1 kW ocuparia para cada uma destas tecnologias. Foi também apresentado uma faixa de investimento por kW instalado praticado no mercado, entre R$ 7.000 e R$ 10.000. Esse valor então foi transformado para R$/m². Tabela 3.2 – Valores do kW e m² instalado para 3 tecnologias FV distintas Tecnologia

A

B

C

Área ocupada (m²)

6,7

11,1

15,4

R$/ kWp instalado

R$/ m² instalado

7.000

1.045

8.000

1.194

9.000

1.343

10.000

1.493

7.000

631

8.000

721

9.000

811

10.000

901

7.000

455

8.000

519

9.000

584

10.000

649

* Valor considerando a substituição do envelope de vidro em uma fachada ao custo de R$ 600,00 o m².

34 • Revista da ACE • Dezembro de 2014


3.2. Resultados e Considerações

De modo a traçar cenários comparativos e realizar a análise das variáveis citadas, simulou-se a instalação de 10 m² em substituição a capa tradicional de vidro em uma fachada. A seguir na Figura 3.1 é ilustrado o comportamento da geração média entre as tecnologias A, B e C para cada região estudada, fazendo a variação da orientação da fachada entre N, NE/NO e E/O.

Figura 3.1 – Comportamento da geração em relação a orientação

A geração nas regiões de Florianópolis e Brasília apresentou um comportamento típico, com os valores decrescendo no sentido que a orientação se afasta do norte geográfico. A região de Belém, mesmo apresentado a maior irradiação entre as três cidades, quando se analisa o desempenho de um sistema fotovoltaico aplicado à fachada norte (considerada a melhor orientação para o hemisfério sul), alcançou-se o pior desempenho entre as três localidades. Se a fachada em questão estiver orientada para o leste ou oeste o cenário muda. Após os cenários de geração solar terem sido elucidados, seguiu-se para a análise comparativa financeira entre as tecnologias e regiões. O destaque nesta etapa é relacionado à tecnologia C. Este tipo de módulo fotovoltaico em projetos de geração de grande escala não é normalmente utilizado por apresentar uma eficiência menor que os demais, ou seja, em uma mesma área ele produz menos energia que as outras tecnologias. Consequentemente o valor do kWh gerado é maior. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 35


● Artigo

Por Mauricio Vivan Guarnieri

Os valores de retorno financeiro entre as cidades se manteve bem próximo, não apresentando uma variação muito significativa. As variáveis mais importantes verificadas foram o valor por kW instalado e o tipo de tecnologia, percebe-se claramente a tendência de o payback diminuir com um menor valor do kWp instalado e utilizando-se tecnologias menos eficientes. As aplicações de sistemas fotovoltaicos são múltiplas, os custos evitados com os materiais de construção numa fachada convencional ou numa cobertura, por exemplo, podem ser deduzidos viabilizando uma gama grande de projetos. Os valores hoje praticados no mercado fotovoltaico brasileiro são ainda influenciados pelo cenário externo, a queda dos preços, no entanto, vem se acentuando a cada ano. A partir do momento que a aplicação se tornar mais conhecida e aceita na indústria da construção brasileira, o potencial de redução de custos é enorme. Além disso, existem outros benefícios e sinergias como a economia de energia na iluminação e no aquecimento pelo uso de vidros semitransparentes, e os aspectos qualitativos como a estética, o caráter inovador e a imagem ecológica da tecnologia solar. O potencial de integração de tecnologias fotovoltaicas na edificação é imensurável, o Brasil começa a trilhar um caminho sem volta neste sentido. Substituindo materiais, gerando a própria energia, evitando perdas e contribuindo para sustentabilidade energética e da construção do país, pode-se dar um passo importante e avançar nessa tecnologia que a cada dia derruba mais barreiras em direção à sustentabilidade.

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www.sotepa.com.br Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 37


● ACE em Ação

Engenheiros discutem modernas técnicas para construção de rodovias

Foto: Rangel Amândio

Engenheiros catarinenses e de todo o Brasil, juntamente com o CREA/SC, o DEINFRA e o DNIT, trocam experiências sobre as mais modernas técnicas empregadas nas obras rodoviárias no Brasil e no mundo

F

oi um sucesso a oitava edição do seminário nacional de modernas técnicas rodoviárias, promovido pela Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) e que reuniu mais de 400 profissionais durante três dias na sede da entidade em Florianópolis. Somados aos participantes das sete edições anteriores, cerca de quatro mil participantes puderam discutir os avanços da engenharia rodoviária, em um espaço próprio para a troca de informações, conhecimentos, debates e apresentação das mais modernas técnicas e produtos do Setor Rodoviário. Realizado a cada dois anos, o evento surgiu em 1998, quando estava em andamento a obra de duplicação da BR-101 e o país havia anos

38 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

não convivia com obras rodoviárias de vulto, o que mantinha estagnado o intercâmbio de conhecimento dos profissionais da área de construção de rodovias. O coordenador geral do evento, engenheiro Almir José Machado, destacou que o evento surgiu naquela época fruto da necessidade dos profissionais e também em função dos elevados investimentos na obra de duplicação, estimados em um bilhão de dólares, e revitalizando a atividade do setor em Santa Catarina com um uma obra de vulto e tecnologia nova. Para o presidente da ACE, engenheiro Celso Ternes Leal, o propósito da 8ª edição do Seminário Nacional Modernas Técnicas Rodoviárias foi atingido. “O foco do nosso even-

to é a modernidade, as tendências e os avanços tecnológicos do setor, apresentando o que há de novo em termos de técnicas, produtos e equipamentos”, avalia Celso Leal. O seminário contou com palestras técnicas, mesas redondas, além de seção técnica e feira de negócios. Além disso, foi demonstrada a eficiência da Área de Escape implantada pela concessionária na Serra do Mar, a Versatilidade da Pavimentação em Concreto, a Nanotecnologia Aplicada às Misturas Asfálticas e os Avanços Tecnológicos em Equipamentos para Pavimentação de Rodovias. Durante o seminário, o DNIT compartilhou as práticas inovadoras que vem implementando nas obras como a duplicação da BR-


280 em Santa Catarina no aspecto de atender as normas dos órgãos ambientais. A engenheira Isabela Souza, uma das responsáveis pelo projeto, apresentou as soluções ecológicas como a construção de passa-fauna, pequenos túneis que permitem aos animais atravessarem as pistas sem correrem os riscos de atropelamento. “Vamos minimizar os impactos e, quando isso não for possível, aí vamos compensar. É assim que funciona. Não somos nós que dizemos a importância dos animais, mas os órgãos licenciadores”, disse. No terceiro dia de palestras o presidente do DEINFRA, engenheiro Paulo Meller, fez apresentação e participou de debate sobre a importância do planejamento e viabilização financeira para a construção de rodovias. Moder- 1 AGENCIA WEB SERVICOS - ANUNCIO 21x13cm.pdf nos sistemas construtivos foram

apresentados e discutidos durante as palestras, como por exemplo, as Colunas Encamisadas com Geotextil, a tecnologia Bolsacreto, as Defensas Certificadas, o uso de Tubos PEAD de Grandes Diâmetros, a tecnologia Macsoil, e uma alternativa ao Concreto Projetado na Estabilização de Taludes. Mereceu destaque, também, o lançamento do Programa Setorial da Qualidade de Geotêxteis Nãotecidos. A engenheira Vera Hachich, da Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos, falou sobre o PSQGNT e a importância dos programas setoriais no combate à baixa qualidade de insumos. “O artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor é a base jurídica para combater a não conformidade sistemática dos insumos”, destacou ela. 04/12/14 14:53 O chefe de Serviços de Engenha-

ria do DNIT no Rio Grande do Norte, engenheiro Eduardo Moreira, esteve pela primeira vez em Santa Catarina e ficou contente com a experiência. Disse ter visitado algumas obras rodoviárias e a participação no seminário foi produtiva com a troca de conhecimentos e soluções encontradas pelos profissionais. Aos 38 anos e há sete anos atuando no órgão federal de infraestrutura de transportes, ele esteve na região de Brusque, Gaspar e Itajaí e diz ter visto bons exemplos de soluções nas obras, que podem representar redução de custos nos projetos que supervisiona em seu Estado de origem. Ele também elogiou a qualidade da grade de palestras, bem como o grande número de profissionais presentes. Entre os inscritos havia engenheiros e técnicos de 17 estados do País, de acordo com os organizadores.

Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 39


● ACE em Ação

Palestra de abertura aborda possibilidades de investimento em infraestrutura rodoviária

O

palestrante da abertura do evento foi o engenheiro civil e empresário José Alberto Pereira Ribeiro, presidente da Aneor (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias) desde 1992 e qye também está à frente da Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas desde 1983. Lembrando de sua ligação com Santa Catarina, ele falou sobre a infraestrutura rodoviária e as perspectivas de inves-

40 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

timentos para o setor. Ele destacou que o modal rodoviário brasileiro é responsável por 60% do transporte hoje no país, e que o auge dos investimentos no setor foi em 2010, com um orçamento de R$ 17 bilhões. Ele observou que meta governamental é de reduzir esta participação para 45% num período entre 15 e 20 anos. Ribeiro apresentou os cenários do setor, como o retrocesso verificado com perda de fontes de recei-

tas, como a Cide-combustíveis, que foi zerada em 2012 e que até o ano anterior registrou uma arrecadação de R$ 77 bilhões para o financiamento de obras rodoviárias no País. A Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias é uma entidade que representa as empresas de construção do setor de infraestrutura de transportes. Fundada 1988, tem como objetivo defender os interesses do segmento perante os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, às entidades não governamentais, aos governos e organismos internacionais. A entidade entende que o resultado desse trabalho deve reverter em geração de programas públicos, projetos e obras capazes de contribuir com a melhoria da qualidade de vida e com o desenvolvimento autossustentável do Brasil. Com sede em Brasília, a Aneor tem a missão de congregar as empresas construtoras de obras pesadas, com foco em rodovias, e representá-las por meio de ações técnicas, em defesa dos interesses comuns à sociedade brasileira e ao setor. Com a representatividade de uma associação que congrega 330 empresas, atua de forma a agregar valor ao processo de desenvolvimento socioeconômico do país, por meio de ações propositivas em momentos estratégicos para o segmento. Isso ocorre especialmente nas tomadas de decisão político-institucionais da área de infraestrutura de transportes, com o intuito de viabilizar canais permanentes de geração de oportunidades às associadas.


Fotos: Rangel Amândio/Divulgação ACE

Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 41


● ACE em Ação

Feira de novidades e ponto de encontro dos profissionais

O

s estandes da feira de produtos e serviços reuniram durante todos os três dias do evento os profissionais para um bate papo em torno de um café ou mesmo um chopinho após as palestras no happy hour do evento, havia novidades, como a empresa Bolsacreto, que estreiou nesta edição e ficou muito satisfeita com os resultados de sua participação. O carro chefe da empresa é uma bolsa de concreto que pode ser aplicada no controle da erosão de solos tanto na orla marítima quanto fluvial. O presidente da empresa, engenheiro Clodoaldo Go-

42 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

mes, observou que apenas 10% da comunidade técnica conhecia o produto desenvolvido pela empresa desde 1981 em São Paulo. Segundo ele, o Bolsacreto foi apresentado durante a grade de palestras e desconhecido da maioria provocou curiosidade nos profisionais, gerando muitas visitas ao seu espaço na feira. No estande da Prosul, o engenheiro civil Leonardo Roberto de Sousa, há três anos na empresa destacou a importância estratégica de participar do evento, como uma oportunidade de conversar sobre os cerca de 20 projetos em elaboração

para a área rodoviária tocados pelos engenheiros da companhia. “Tratase de um evento de relacionamento com as empresas e profissionais, com caráter institucional”, disse Leonardo, que cuida dos orçamentos dos projetos desenvolvidos pelos técnicos da empresa. A Maccaferri trabalha com três linhas de produtos, fabricando gabiões e estruturas de contenção, fibras para reforço de concreto e geossintéticos, todas apresentadas em seu estande na feira. O engenheiro civil Giancarlo Domingues, há dez anos na empresa era um dos respon-


Fotos: Rangel Amândio/Divulgação ACE

sáveis pelo estante da multinacional italiana na feira. Formado pela UFSC, ele considera o evento promovido pela ACE como um momento ímpar para os profissionais da área. “O seminário reúne os projetistas de obras rodoviárias e os órgãos públicos que são os donos das obras. Ou seja, ele não tem caráter acadêmico, é muito prático e não é um evento voltado para a venda, mas tem foco institucional, ou seja, uma ótima oportunidade para relacionamento”, destaca Giancarlo, ao observar que é a quarta vez seguida que a empresa comparece na feira e no seminário. Fundada em 1879, nas proximidades de Bologna, na Itália, a Maccaferri tem 40 anos de Brasil e emprega 60 engenheiros no Brasil, que atuam em sua estrutura técnico comercial ajudando seus clientes na escolha das soluções de engenharia. Para a região sul do País ela conta com sete profissionais. A Tecgeofísica atraiu em seu estande a curiosidade dos técnicos em busca de soluções tecnológicas com a utilização da Sondagem Geofísica Elétrica aliada a um completo sistema de informações. A diretora da empresa, Deisy Schulz Xavier, destacava a experiência da empresa, que desde 1993 já executou mais de mil trabalhos Pesquisa e investigação geofísica para determinação das estruturas geológicas e seu potencial para obras de engenharia civil. Ela destacou que um investidor em parques eólicos, por exemplo, não descarta o uso do serviço, muito mais seguro e detalhado que o convencional. Colocar um aerogerador de custo elevado em um terreno sem capacidade de suportar o peso pode representar um prejuízo incalculável, ressaltou ela. A Geobrugg, empresa suíça centenária e que desde 2006 oferece

soluções em geotecnia para obras da construção civil também esteve marcando presença na feira. O engenheiro civil Bruno Denardin da Rosa, que atua no escritório da empresa em Porto Alegre, apresentava aos participantes a tecnologia da empresa na contenção de taludes com a utilização de malhas de aço de alta resistência, como alternativa ao concreto projetado e outas soluções convencionais. A segurança da malha suporta rochas de 25 toneladas, como destacou Olga de Oliveira, gerente da empresa. Participantes desde a sexta edição do seminário, os engenheiros João Antônio Vieira e Luiz Antonio Pereira, responsáveis pelo estande da Armco/Staco, fabricante de defensas metálicas de aço certificadas, consideram importante a oportunidade de contato com vários profissionais que projetam e executam as principais obras rodoviárias do Brasil.

O foco da empresa no evento são os produtos voltados à segurança viária. A empresa tem sede em Midlletown, no estado norte-americano de Ohio, e desde 1913 está no Brasil, onde chegou com a importação de aço para construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré. Entre os produtos oferecidos pela Armco estão as defensas que atendem a normativa europeia e brasileira, certificada para suportar o impacto de um ônibus de passageiros com 13 toneladas a 70 km/h num ângulo de 20°, ou mesmo um automóvel de 900 quilos a 100 km/h na mesma angulação. “Estamos dando nossa contribuição para o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes, do DNIT, que pretende em 20 anos reduzir pela metade o número de mortes no trânsito”, destacou Pereira. No País, morrem em média 40 mil pessoas por ano vítimas de acidentes com veículos. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 43


● ACE em Ação

Participantes visitam a obra da ponte estaiada de Laguna, no Sul do Estado

U

m ônibus lotado de participantes do evento se deslocou a Laguna, na BR-101, no Sul do Estado, para conhecer de perto o canteiro de obras da Ponte Estaiada Anita Garibaldi, em processo de conclusão pelo consórcio liderado pela construtora Camargo Corrêa. Durante parte da manhã e um período da tarde, o grupo ouviu dos técnicos do consórcio as informações sobre o gerenciamento da obra e dos processos dentro do canteiro de obras onde foram fabricadas as peças gigantescas de concreto, algumas com peso superior a 50 toneladas, e que eram içadas e levadas uma a uma através de balsas para a montagem. O grupo pode fazer perguntas e visitar o canteiro, onde estavam as últimas aduelas a serem levadas para completar o vão central da ponte de quase três quilômetros e que chegou a contar com 1,8 mil pessoas trabalhando em três turnos num investimento avaliado em R$ 597 milhões.

44 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

As aduelas formam a base das pistas da rodovia e são colocadas uma por uma formando o que os engenheiros chamam de tabuleiro, com previsão de estar pronto até o final do ano. Iniciada em 2012, a obra tem prazo final contratado para 15 de maio de 2015, mas o consórcio acredita que possa concluir antes do previsto. A engenheira civil Keyla Shinohara, doutoranda na UFSC e graduada desde 2009, voltou contente da visita à gigantesca obra. “É um serviço que avança com uma rapidez

surpreendente por se tratar de uma obra pública”, observou ela, participante pela primeira vez do evento promovido pela ACE. Na opinião de Shinohara , é preciso entender que às vezes não é a empresa que tem a culpa pelo atraso no cronograma de obras. Ela conta que desenvolve seu projeto de pesquisa junto ao Labtrans, o laboratório de transportes e logística no CTC da Ufsc e que o foco de sua pesquisa é o pavimento modificado, como a manta asfáltica com polímero de EVA.


Fotos: Evandro Baron/Divulgação ACE

Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 45


● ACE em Ação

Fotos: Fábio Queiroz/Divulgação/Agência AL

ACE participa de seminário sobre papel da gestão pública na política de resíduos

N

a primeira segunda-feira de novembro, marcando a abertura da Semana Lixo Zero 2014, a Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) participou de um seminário com foco na conscientização sobre práticas sustentáveis e que evitem desperdício. Realizado por iniciativa da Associação Catarinense de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais (Acesa), o seminário contou com o apoio da ACE e a mesa de abertura teve a participação do engenheiro eletricista Celso Leal, presidente da entidade. O evento foi realizado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, abordando a importância da gestão pública na implantação do conceito de lixo zero. O encontro serviu para expor trabalhos realizados por diferentes entidades públicas catarinenses na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). "Santa

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Catarina é referência em gestão de ção para agosto de 2016. "O prazo resíduos sólidos. Foi o primeiro esta- era julho deste ano. Consideramos do a atingir um número elevado de a prorrogação um equívoco", reserradicação de lixões. Hoje pratica- saltou Sant'Ana. Em Florianópolis, o mente todos os municípios destinam seminário foi realizado pelo Instituseus resíduos para aterros sanitários. to Lixo Zero, pela Associação CatariÉ um quadro favorável, muito dife- nense de Engenheiros Sanitaristas e rente de outros estados brasileiros", Ambientais (Acesa), pela Associação disse o presidente da Associação Ca- Brasileira de Engenharia Sanitária tarinense de Engenheiros Sanitaris- (Abes/SC) e pela Associação Cataritas e Ambientais (Acesa), Henrique nense de Engenheiros (ACE). da Cunha Sant'Ana. Ele criticou a Medida Provisória 651/2014, definindo agosto de 2018 como novo prazo para que os municípios acabem com os lixões e os substituam por aterros sanitários. A presidente Dilma Rousseff vetou a emenda, restituindo a prorroga- Henrique da Cunha Sant'Ana, presidente ACESA


● Panorama

Suporte técnico aos conselheiros vem das comissões do CREA-SC

D

urante a primeira reunião plenária do próximo ano, prevista para o dia 22 de janeiro, serão escolhidos os membros para a composição das 11 comissões especiais e permanentes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina para o exercício de 2015. Na mesma data será empossado o engenheiro Carlos Alberto Kita Xavier para o seu segundo mandato como presidente do Conselho. As indicações dos conselheiros são feitas pelos coordenadores das câmaras especializadas. Atualmente o CREA-SC possui nove comissões permanentes e duas especiais, mas o plenário pode instituir outras, de modo a atender às suas necessidades, sendo vedada a participação de conselheiros suplentes. A Comissão Permanente é o órgão deliberativo da estrutura de suporte com a finalidade de auxiliar o plenário no desenvolvimento de atividades contínuas relacionadas a temas específicos de caráter legal, técnico ou administrativo. São elas: Acessibilidade, Educação e Atribuição Profissional, Ética, Legislação Profissional, Orçamento, Renovação do Terço, Tomada de Contas, e do Meio Ambiente. Já a Comissão Especial tem por finalidade auxiliar os órgãos da estrutura básica no desenvolvimento de atividades temporárias relacionadas com temas específicos, também de caráter

legal, técnico ou administrativo. Entre elas estão: Comissão do Mérito, Comissão de Valorização Profissional e Salário Mínimo Profissional.

Comissão permanente de convênios

A Comissão Permanente de Convênios tem como objetivo avaliar e recomendar ou não à Diretoria as propostas de entidades de classe ou instituições que desejem firmar convênios com o CREA-SC para a participação em programas como o de Educação Continuada, por exemplo. O engenheiro eletricista Celso Ternes Leal é o atual coordenador, tendo como adjunto o engenheiro mecânico Júlio Cesar Silveira. Os demais integrantes da comissão são: Carlos Koyti Nakazima (engenheiro civil), Sílvio João Correa Júnior (engenheiro civil); Alfredo Lang Scultetus (engenheiro civil), Reginaldo Rocha Filho (engenheiro florestal), Evandro Martins (engenheiro agrônomo), Fernando Driessen (engenheiro agrônomo), Roberto Mathias Susin (engenheiro eletricista) e Roosevelt Pereira Fontanela (engenheiro mecânico e de segurança no trabalho).

Comissões permanentes A Comissão Permanente é o órgão deliberativo da estrutura de suporte que tem por finalidade auxiliar o plenário do Crea no desenvolvimento de atividades contínuas relacionadas

a um tema específico de caráter legal, técnico ou administrativo. Ela é definida na primeira sessão plenária ordinária do ano. A comissão permanente é composta por três ou cinco conselheiros regionais, eleitos pelo plenário do Crea e igual número de suplentes escolhidos entre os conselheiros regionais titulares, de modo a representar os grupos profissionais da Engenharia e da Agronomia, sendo permitida uma única reeleição. O plenário pode instituir outras comissões permanentes, de modo a atender às suas necessidades. A comissão poderá convidar outros profissionais da área de educação e ensino para participar de suas reuniões, sempre que julgar conveniente, mesmo que não sejam integrantes do sistema Confea/Crea.

Comissão de Acessibilidade Tem como objetivo dar suporte técnico ao Conselho sobre o tema da acessibilidade, voltada à legislação e direcionada aos profissionais da área e representantes do poder público. A Cartilha de Acessibilidade do CREA-SC foi elaborada pela Comissão com a coordenação das engenheiras Daysi Nass dos Santos e Sandra Ascari e da assessora técnica, engenheira Marilia Domingues Correa e representa atualmente um dos documentos mais completos sobre este tema já impresso. A atual Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 47


● Panorama coordenadora é engenheira civil Daysi Nass dos Santos e o adjunto é o engenheiro eletricista e de segurança no trabalho Ivo Gilmar Petri. Os demais são: Edson José Guenther (engenheiro civil), Reginaldo Rocha Filho (engenheiro florestal), Carlos Alberto Bortoluzzi (engenheiro civil), Victório Antônio Bolfe (engenheiro civil), José Augusto da Matta Guedes (engenheiro eletricista), Dimas Eliezer de Souza e Oliveira (engenheiro agrônomo) e Sandra Aparecida Ascari (engenheira mecânica).

Comissão de Educação e Atribuição Profissional A Comissão de Educação e Atribuições Profissionais, formada por um conselheiro regional representante de cada câmara especializada, eleito pelo plenário, tem por finalidades propor medidas e ações ao Conselho referentes às grades curriculares, procedimentos e critérios para o registro de cursos e de instituições de ensino, para a criação de cursos, assim como aquelas relacionadas à qualidade de ensino, entre outros assuntos ligados à educação e ao ensino. Bem como promover o intercâmbio entre o Crea e as instituições de ensino médio e superior registradas no Conselho, visando à troca de informações, divulgação da legislação profissional aos alunos e professores do sistema Confea/Crea, além de promover atividades técnicas e culturais conjuntas. A atual coordenadora é a engenheira civil Silvia Santos e a engenheira agrônoma 48 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

Analú Mantovani atua como adjunta. Os demais integrantes são: Fernanda Maria Vanhoni (engenheira sanitarista ambiental e de segurança no trabalho), Dagoberto Stein de Quadros (engenheiro florestal), Rodrigo del Olmo Sato (geólogo), Raimundo Nonato Gonçalves Robert (engenheiro eletricista), Carlos Alberto dos Santos (tecnólogo eletromecânico) e Rogério Gomes Araújo (engenheiro químico).

Comissão de Ética A Comissão de Ética Profissional tem por finalidade a apreciação das infrações ao Código de Ética das profissões abrangidas pelo sistema Confea/Creas. Dentre as competências, cabe à Comissão instruir processo de infração ao Código de Ética Profissional, ouvindo testemunhas e partes, e realizando diligências necessárias para apurar os fatos; emitir relatório fundamentado a ser encaminhado à câmara especializada competente para apreciação, o qual deve fazer parte do respectivo processo. A atual coordenadora é a engenheira agrônoma Rosicler Maria Vanti enquanto o adjunto é o engenheiro civil Paulo Roberto de Oliveira. Os demais membros são: Eduardo Medeiros Piazera (engenheiro agrônomo), João Paulo Schmalz Junior (engenheiro de construção e montagem), Miguel Barbosa de Souza (engenheiro eletricista), Sebastião Adenir Branco (engenheiro agrimensor), Luiz Abner de Holanda Bezerra (engenheiro civil), Alexandre Bach Trevisan (engenheiro químico) e Gilberto Ferretti (engenheiro florestal).

Comissão de Legislação Profissional Tem como objetivo dar apoio às Câmaras Especializadas nos assuntos relacionados à legislação profissional em geral. O atual coordenador é o engenheiro agrônomo Gilson José Marcinichen Gallotti. Os demais membros são Emerson Siqueira (engenheiro civil), Evandro Martins (engenheiro agrônomo), Raimundo Nonato Gonçalves Robert (engenheiro eletricista), Vanildo Rodrigues (engenheiro agrimensor), Rogério Gomes Araújo (engenheiro químico), Roosevelt Pereira Fontanela (engenheiro mecânico e de segurança no trabalho), Sandra Aparecida Ascari (engenheira mecânica) e Gilberto Ferretti (engenheiro florestal).

Comissão de Orçamento A Comissão de Orçamento tem por finalidade apreciar a proposta orçamentária anual e outros assuntos de caráter econômico e financeiro do Crea. Compete à Comissão apreciar e deliberar sobre a proposta orçamentária anual a ser encaminhada ao plenário do Crea-SC e, em seguida, ao Confea para homologação; acompanhar mensalmente a execução orçamentária, tanto da receita como da despesa, indicando eventuais correções e encaminhando-a ao plenário para apreciação; apreciar e deliberar sobre a necessidade de alteração ou suplementação de verbas durante a execução orçamentária, tendo presente o comportamento da receita; apreciar e emitir relatório sobre outros assun-


tos de cunho financeiro e econômico. O atual coordenador da comissão é o engenheiro civil Carlos Koyti Nakazima, enquanto o adjunto é o engenheiro agrônomo Alvorí José Cantú. Os outros integrantes são: Bernardo Tasso (engenheiro civil), Arcelino Mendonça da Cunha (engenheiro agrimensor), Luiz Carlos Ferraro (engenheiro metalúrgico), Dimas Eliezer De Souza E Oliveira (engenheiro agrimensor), Roosevelt Pereira Fontanela (engenheiro mecânico e de segurança no trabalho), Rogério Gomes Araújo (engenheiro químico), Celso Ternes Leal (engenheiro eletricista) e Marcos dos Santos Weiss (engenheiro florestal).

Comissão de Renovação do Terço A Comissão de Renovação do Terço tem por finalidade elaborar a proposta de renovação do terço da composição do plenário do Crea. Entre as competências da Comissão está a de revisar os registros das instituições de ensino superior e das entidades de classe; requerer das instituições de ensino e das entidades de classe providências para a regularização de seus registros, quando necessário; estabelecer procedimentos para a manifestação expressa de opção dos profissionais associados a mais de uma entidade de classe para fins de representação; verificar o número de profissionais registrados e em dia com suas obrigações perante o sistema Confea/Creas; analisar a proporcionalidade entre as áreas profissionais e propor a composição do plenário e das câmaras especializadas;

elaborar relatório com a proposta de renovação do terço do plenário do Crea, obedecendo às normas e aos prazos estabelecidos pelo Confea. O atual coordenador é o engenheiro civil Emerson Siqueira, tendo como adjunto o engenheiro químico Marco Pollo Cunha. Os demais membros são: Gilson José Marcinichen Gallotti (engenheiro agrônomo), Reginaldo Rocha Filho (engenheiro florestal), Helio Rohden (engenheiro eletricista), Valdir Silveira Ávila (engenheiro agrônomo), Ascânio Pruner (engenheiro industrial mecânico), Fernanda Maria Vanhoni (engenheira sanitarista ambiental e de segurança no trabalho) e Vanildo Rodrigues (engenheiro agrimensor).

Comissão de Tomada de Contas A Comissão de Tomada de Contas tem por finalidade apreciar e se manifestar sobre os assuntos de ordem econômica e financeira do Crea. Compete à Comissão apreciar a prestação de contas a ser encaminhada ao plenário do Crea e, em seguida, ao Confea para homologação; apreciar a situação econômica e financeira do Crea, consubstanciada nos balancetes mensais; solicitar ao presidente todos os elementos de que necessitar para a completa e perfeita execução de suas atribuições; apreciar e emitir relatório sobre outros assuntos de cunho financeiro e econômico. O atual coordenador é o engenheiro agrônomo Fernando Driessen, tendo como adjunto o engenheiro civil Alfredo Lang Scultetus. Os demais membros são: Sílvia San-

tos (engenheira civil), Nahor Cardozo Júnior (engenheiro eletricista), Arcelino Mendonça da Cunha (engenheiro agrimensor), Dagoberto Stein de Quadros (engenheiro florestal), Luiz Carlos Ferraro (engenheiro metalúrgico), Marco Pollo Cunha (engenheiro químico), Roosevelt Pereira Fontanela (engenheiro mecânico e de segurança no trabalho) e Alvori José Cantú (engenheiro agrônomo).

Comissão do Meio Ambiente A Comissão de Meio Ambiente tem por finalidades a proposição de medidas ao Conselho referentes à obediência à legislação vigente com relação ao meio ambiente; promover o intercâmbio entre o Crea e órgãos responsáveis pela regulamentação dos dispositivos relativos ao meio ambiente, visando à troca de informações, divulgação da legislação existente aos profissionais, instituições de ensino e aos estudantes dos cursos de nível superior e médio, bem como promover atividades técnicas conjuntas. O coordenador atualmente é o geólogo Rodrigo del Olmo Sato e o adjunto é o engenheiro agrônomo Celso Zarpellon. Os outros integrantes são: Eduardo Aragão (engenheiro civil), Alexandre Bach Trevisan (engenheiro químico), Roberto Krieger (engenheiro eletricista), Júlio Cesar Silveira (engenheiro mecânico), Fernanda Maria Vanhoni (engenheira sanitarista ambiental e de segurança no trabalho) e Dagoberto Stein de Quadros (engenheiro florestal). Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 49


● Panorama Comissões especiais A comissão especial tem por finalidade auxiliar os órgãos da estrutura básica no desenvolvimento de atividades temporárias relacionadas a um tema específico de caráter legal, técnico ou administrativo. Conselheiros suplentes são proibidos de participar de Comissões Especiais. As comissões especiais são instituídas pelo plenário do Crea, que definirá o número de seus membros. Os trabalhos da comissão especial são conduzidos por um coordenador e por um coordenador adjunto. O coordenador e o coordenador adjunto da comissão especial são escolhidos pelos membros da comissão em sua primeira reunião de trabalho do ano, após sua eleição pelo plenário.

Comissão de Valorização Profissional e Salário Mínimo Profissional A Comissão tem por objetivo subsidiar o conselho nas ações em defesa dos profissionais, como a campanha institucional realizada anualmente visando ressaltar a importância da responsabilidade técnica profissional no que diz respeito aos principais serviços prestados à sociedade, valo-

50 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

rizando a engenharia e as profissões da área tecnológica catarinense. Em 2014 a campanha institucional teve como slogan: “Exija responsabilidade, contrate um profissional do CREA”, e ressaltou a importância da prestação de serviços técnicos por profissionais habilitados. Entre as principais propostas estão o cumprimento do salário mínimo profissional estipulado em 8,5 salários mínimos pela Lei 4.950A/66 e a ocupação de cargos e funções públicas que exijam conhecimentos técnicos especializados por profissionais habilitados. Atualmente, a comissão é coordenada pelo engenheiro Agrônomo Ivan Tadeu Baldissera e pelo engenheiro civil Sady Zago (adjunto). Os outros membros são: Miguel Angelo da Silva Mello (engenheiro civil), Jorge Dotti Cesa (engenheiro agrônomo), Marco Antonio Polli (engenheiro mecânico), Rogério de Castro Dornelles (engenheiro de operação - fabricação mecânica), Rovan Schroeder (engenheiro eletricista), Antônio Donner Pirajá Martins (engenheiro eletricista), Eduardo Soldatelli (engenheiro eletricista e de segurança no trabalho) e Ricardo Manente Milanez (engenheiro agrimensor).

Comissão do Mérito A Comissão do Mérito tem por finalidade analisar as indicações de nomes de profissionais, de instituições de ensino, de entidades de classe e de pessoas físicas ou jurídicas que, por relevantes serviços prestados ao sistema Confea/Crea no âmbito da jurisdição do Conselho Regional, façam jus à homenagem de acordo com procedimentos estabelecidos em ato normativo homologado pelo Confea, ou por ato específico do plenário do Crea, quando se referir a medalha ou certificado de serviços meritórios prestados para o desenvolvimento do estado e do Crea. O atual coordenador é o engenheiro civil João de Oliveira e o engenheiro florestal Marcos dos Santos Weiss é o adjunto. Os demais membros são Cláudio Roberto Franco (engenheiro agrônomo), José Augusto da Matta Guedes (engenheiro eletricista), Ricardo Milanez (engenheiro agrimensor), Marco Pollo Cunha (engenheiro químico), Sérgio Luiz Zanella (engenheiro de operação - fabricação mecânica) e Roosevelt Pereira Fontanela (engenheiro mecânico e de segurança no trabalho).


Sinduscon da Grande Florianópolis comemora 34 anos de atuação

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o dia 20 de novembro de 1980, o engenheiro Olavo Fontana Arantes, então presidente da Associação Profissional da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis, recebeu a carta sindical que modificava a situação da entidade para Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis (Sinduscon). Com uma sala cedida no edifício Hércules, no Centro de Florianópolis, a diretoria da época já atuava em prol dos associados. Segundo Arantes, tudo começou com seis empresas que se uniram para formar a associação. “Unimo-nos para discutir o desenvolvimento do mercado local e quais os empreendi-

mentos que seriam lançados, contudo tínhamos uma atribuição muito restrita. O Sinduscon surgiu da necessidade de ter um órgão para representar os empresários”, diz. Entre os eventos de destaque desenvolvidos nesses 34 anos, o Salão do Imóvel é o carro chefe. Hoje, a feira tem como objetivo apresentar ao público todo o ciclo da casa própria, desde o terreno, imóvel, construção e decoração. José Joaquim de Souza foi o presidente do Sinduscon que, contando com o auxílio da diretoria de 1993, criou o Salão do Imóvel. José Joaquim de Souza afirma que não tinha ciência da dimensão que o evento iria tomar. “Na época, o setor da construção civil começava a ganhar mais espaço. Precisávamos movimentar o mercado, então criamos o Salão do Imóvel. É um orgulho ver o quanto o evento cresceu e saber que eu e aquela diretoria participamos diretamente deste processo”, relata o ex-presidente. A atual gestão liderada por He-

lio Bairros, presidente do Sinduscon desde 2006, têm atuado em prol do associado, além de desenvolver programas voltados à saúde do trabalhador da construção civil. Seminários, palestras e debates técnicos também foram desenvolvidos para atualizar os empresários e profissionais que atuam no segmento formal. Helio Bairros acredita que um dos principais objetivos da atual diretoria era a construção da sede própria. “Esse foi o sonho idealizado por todos aqueles que presidiram o Sinduscon e nossa diretoria pode concretizá-lo”, alegou. O presidente ressaltou a importância dos associados nestes 34 anos. “Hoje, temos mais de 250 empresas associadas, que acreditam no nosso trabalho e sabem a importância da união do setor formal. Nosso maior objetivo é fazer jus a confiança que essas construtoras depositam no Sinduscon”, destaca.

Engenheiros celebram 41 anos de formatura com jantar dançante

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m comemoração às mais de quatro décadas de formatura, os colegas da turma de Engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC promoveu um jantar dançante na sede da ACE no último dia 29 de novembro. Graduados em 1973, os integrantes do grupo reuniram os formados das turmas de Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica. O evento foi organizado pelo engenheiro Álvaro Luz. Dentre os membros da Diretoria presentes no jantar estavam o Eng. Celso Ternes Leal (presidente); a engenheira Maria Elsa Nunes (vice-presidente); o engenheiro José Wilson Alexandre (diretor financeiro adjunto); o engenheiro Elídio Yocikazu Sinzato (diretor de atividades culturais); o engenheiro Álvaro José Silveira Beiro (diretor de atividades culturais adjunto); o engenheiro Ilmar Heine Agacy (diretor de esportes); o engenheiro Bernardo Jacinto Damiani Tasso (diretor administrativo); o engenheiro Roberto de Oliveira (diretor de atividades técnicas adjunto); o engenheiro Carlos Bastos Abraham (conselheiro); o engenheiro Álvaro Luz Filho (conselheiro); o engenheiro Carlos Koyti Nakazima (conselheiro fiscal); o engenheiro Ivan Rezende Coelho (assessor da diretoria) e o engenheiro Abelardo Pereira Filho (ex-presidente). Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 51


● Destaque Profissional

Engenheiro preocupado com falta de habilidade da nova safra de profissionais Carlos Nakazima lamenta perfil dos recém formados na profissão, que considera inaptos na gestão de obras

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rádio de mesa Philco Transglobe, de ondas curtas, dos tempos em que acompanhava os jogos do time do coração, o Grêmio Maringá, no campeonato paranaense, continua funcionando sem chiados no escritório da empresa no centro da Capital. Empresário na Construção Civil, o engenheiro Carlos Nakazima dispara contra a má qualidade das faculdades e diz que os alunos de hoje “só se preocupam com normas e com seus direitos e na prática nós não temos o engenheiro de formação. O absurdo chega ao ponto de o MEC permitir a existência de cursos de engenharia à distância”. Nakazima diz que é impossível um sujeito aprender a fazer medições topográficas por ensino à distância. Tocando 30 obras simultaneamente, ele se diz preocupado com o perfil dos recém egressos das escolas de engenharia. “São bonecos que não sabem tocar uma obra. Não tem nenhum daquele que fica lá no campo, o verdadeiro gestor de uma obra de engenharia”, lamenta. Membro há vários anos da Câmara de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC), ele diz ter vergonha do ensino atualmente. “Estamos lutando muito para mudar essa realidade, inclusive com o apoio do Conselho Federal”, reforça. Segundo ele, os bons profissionais são disputados avidamente pelas grandes empresas, que pagam bons

52 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

salários para os engenheiros que se destacam pela capacidade. “Não seria justo generalizar, pois existem bons profissionais e boas escolas de engenharia. Aquelas que são reconhecidas pelo MEC e tem seus laboratórios enfrentam dificuldades para formar seus alunos, imagine esses cursos à distância”, pondera Nakazima. Para ele, o maior problema atual da engenharia é o ensino, porque mercado de trabalho existe para ser atendido. De acordo com o empresário, a falta de preparo dos profissionais vem provocando distorções no mercado de trabalho, como mestres de obra e carpinteiros experientes ganhando salários mais elevados do que engenheiros que se sujeitam a empregos com pagamento muito inferior ao piso salarial de 8,5 salários mínimos. “O que a gente vê é o caso de muitos desses jovens engenheiros pedirem demissão porque acabam passando vergonha diante da fal-

Nakazima: preocupação com os novos

ta de conhecimento no canteiro de obras”, observa. Carlos Koyti Nakazima é formado em Engenharia Civil pela UFSC em 1978, natural de Maringá, no Paraná, de onde saiu aos 18 anos para estudar na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro. Formado em 1968, após dois anos na academia e outros quatro na carreira, resolveu abandonar os quartéis como capitão R-2, indo para a reserva sem remuneração e deixando a farda em 1972. Ele fez o vestibular na UFSC e reingressou na faculdade de engenharia, que havia iniciado em Curitiba e abandonara para entrar no Exército. A maior frustração de Nakazima com a caserna era a ausência de autonomia, embora ressalte que foi uma boa experiência em sua vida e ele acredite que todos deveriam passar por algo parecido. “Na vida militar sempre tem alguém mandando em você, que nunca é dono do próprio nariz”, conta. Sansei, terceira geração de imigrantes japoneses no Brasil, Nakazima é filho de pai nascido no Brasil e conta que quando era garoto pensava em três opções profissionais: ser piloto de automóveis de corrida, engenheiro ou seguir a carreira militar. Desistiu da primeira por não ser filhinho de papai. Ele conta que o pai era agricultor no Oeste do Paraná e sempre valorizou o estudo dos filhos. Nakazima tem três irmãos engenheiros e uma irmã formada em Geografia.


● Canal do Acadêmico

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Gerenciamento de projetos

s membros da C2E – Empresa Júnior de Consultoria em Engenharia Elétrica, em parceria com o EPEC – Escritório Piloto de Engenharia Civil, ambos da UFSC, participaram de um treinamento sobre Gerenciamento de Projetos. A análise dos projetos foi ministrada por Dimitri Campana, graduado em Sistemas de Informação, certificado em Gerenciamento de Projetos pelo PMI – Project Management Institute e especialista em Gestão de Projetos pela University of La Verne/CA-USA. O treinamento, que teve duração de oito horas, ocorreu no dia 22 de

novembro, abordou o PMBOK e permitiu que os participantes colocassem em prática as teorias abordadas através de atividades interativas e dinâmicas, simulando projetos de consultorias realizadas pelas EJs. O guia

PMBOK, Project Management Body of Knowledge, é um conjunto de práticas na gestão de projetos organizado pelo instituto PMI e é considerado a base do conhecimento sobre gestão de projetos por profissionais da área. Treinamento com interatividade: gestão de projetos

Aniversariante

N Carreira: intercâmbio de experiências em coaching

O

s integrantes da Autojun – Empresa Júnior de Engenharia de Controle e Automação – da UFSC participaram de um momento de Coaching com Leo Duarte, da empresa Carreira dos Sonhos. Nele foram apresentadas quatro ferramentas de coaching de carreira personalizada para os futuros engenheiros. Leo Duarte já participou de uma roda de experiência no FEJESC Weekend – evento gratuito que reúne todos os empresários juniores do estado – e frequentemente ministra treinamentos na área para as empresas júniores, sendo um grande entusiasta do movimento. A experiência aconteceu na quarta-feira, dia 12 de novembro.

o dia 25 de novembro a EJEP completou 23 anos em sua história. Fundada em 1991, a Empresa Júnior de Engenharia de Produção vem crescendo a cada dia, formando pessoas diferenciadas, trabalhando com paixão e garantindo resultados aos clientes que buscam atendimento às suas necessidades. Além de tudo, a EJEP proporciona um espaço para que os alunos possam trabalhar com pessoas de pensamento inovador e empreendedor. Formando mais que colegas, mas formando uma família, unida, resiliente e apaixonada, como definem-os.

Nova bebida

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oi com muito sucesso que mais um projeto acabou finalizado na segunda quinzena de novembro pela CONAQ – Empresa Júnior de

Engenharia Química e de Alimentos, formado por estudantes do CTC da UFSC. Com o objetivo de formular uma bebida inovadora no mercado, o projeto Iced Coffee foi coordenado pela gerente de projetos Evelin de Azevedo e pelo assessor administrativo Pedro Ernesto. A dedicação de toda a equipe envolvida garantiu a conclusão do projeto, que contou com o trabalho da consultora Nicole Soares e a orientação da professora Débora e do professor Haiko. O site da EJ na Web é www.conaq.com.br. Dezembro de 2014 • Revista da ACE • 53


● Resgate Histórico

Nem penso em parar, diz engenheiro que virou mestre

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Professor catarinense Raul Valentim, um empreendedor no meio educacional do ensino de engenharia

ormado em Engenharia em Porto Alegre, e natural de São José, o catarinense Raul Valentim da Silva tem uma energia de dar inveja a muito jovenzinho por aí. Aos 75 anos, e aposentado desde 1992, ele preside a Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC) e o Conselho de Segurança Comunitária da Bacia do Itacorubi, em Florianópolis, e participa de forma voluntária de várias outras entidades. “Sou feliz vivendo as novidades do século XXI, de ter acesso a tanta informação pela internet”, reforça o engenheiro, que prefere ser chamado de professor. Ele participa também do Conselho de Representantes dos Professores da Universidade Federal de Santa Catarina e sua secretária na FEESC o ajuda a conciliar a agenda diária de compromissos, que tem participação decisiva também da esposa Ana Maria Coraci. Como na época não havia curso de Engenharia em Florianópolis, e a maioria dos futuros engenheiros da Capital catarinense optava por estudar em Curitiba ou na Capital gaúcha, Valentim escolheu a segunda em função da proximidade com os pais, que então moravam em Tubarão, no Sul do Estado. Passou no vestibular em 1958 na primeira tentativa, graças, segundo ele, ao ensino secundário que recebeu no colégio Santo Antônio, de Blumenau. Formou-se em Engenharia Elétrica e Mecânica no início dos anos 60, graças à sistemática universitária da época, em que um ano a mais na graduação permitia formação ampliada. “Sempre tive familiaridade com os números, então tomei a decisão de estudar engenharia”, diz, revelando que seu primeiro emprego foi na Usina Jorge Lacerda I, em Tubarão, onde teve um choque ao participar da implantação

54 • Revista da ACE • Dezembro de 2014

da parte elétrica da usina pela Sotelca, empresa antecessora da Eletrosul. Não, não foi um choque elétrico. Foi um contato com a realidade profissional de então: “Lá fiquei sabendo que a parte civil tinha sido projetada na Itália, e a parte mecânica sido projetada na Alemanha e montada por alemães. E aí fiquei chateado, pois quando cheguei descobri que a parte elétrica tinha sido projetada por suíços... e eu ficava lá ajudando eles a fazerem a montagem”, conta. Muito mais do que fazer engenharia, diz que sua experiência no primeiro emprego o levava a tomar conta de empregados, verificar a compra de materiais e outras tarefas menos nobres. “Fiquei frustrado porque havia me preparado por seis anos para fazer engenharia e cheguei aqui e aconteceu isso. Fiquei por lá por um ano e isso foi uma das coisas que me levaram a ser professor”, afirma. Valentim foi um dos professores responsáveis pela criação da Engenharia de Produção em SC, praticamente no Sul do Brasil. Considerado uma das lideranças que teve a visão da Engenharia de Produção, achou importante o desenvolvimento desta formação acadêmica e criou as estruturas necessárias para a viabilização da carreira. Conta que a Engenharia Industrial que antes estava ligada ao Departamento de Engenharia de Mecânica da UFSC deu origem ao Departamento de Engenharia de Produção e aos Programas de Graduação e Pós-graduação em Engenharia de Produção. “Trata-se de uma engenharia que trata dos materiais, da gestão técnica da execução da obra em si”, observa ele. Professor da UFSC desde 1965, Valentim foi além da sala de aula, participando ativamente da área administrativa dos cursos de engenharia. Ajudou a criar o

Valentim: engenharia de produção

curso de mestrado em engenharia de produção, foi o primeiro coordenador do curso de mestrado e atuou como chefe de departamento. Valentim conta que a universidade brasileira e o ensino de engenharia sofreram grandes alterações desde 1965, quando começou no magistério superior. “Eu tinha um professor, chamado Ivo Wolff, que foi diretor da escola de engenharia e depois reitor da UFRGS, que nos alertava já na primeira aula: vocês cuidem que vocês não são técnicos de nível superior, vocês são engenheiros. Mas o que se ensinava lá eram técnicas de nível superior, era uma engenharia muito mais executiva muito menos voltada para projetos e gestão”, lembra. Para Valentim, o maior desafio nos dias de hoje é conseguir transmitir o conhecimento gerado pelas universidades para os alunos e a sociedade. Na visão do mestre, o conhecimento é obra sem festa da cumeeira, ou seja, é um processo sem fim. Por isso que ele não pensa em parar, pelo menos por enquanto.




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