● Editorial
Hora de pensar no futuro da profissão
A
no de eleição, quando estão em jogo tantos interesses, precisamos levar em conta o futuro do nosso País. Portanto, devemos refletir bastante no momento de escolher nossos representantes no Executivo e no Legislativo. Os parlamentares da atual Legislatura ainda não se pronunciaram efetivamente quanto ao projeto de lei em análise no Senado Federal transformando as atividades de engenheiros, agrônomos e arquitetos, que atuam no serviço público, em carreiras típicas de Estado. O projeto tramita desde 2013 e após sua aprovação na Câmara aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. É muito importante para o desenvolvimento do Brasil ter essas categorias presentes na estrutura dos órgãos do Governo. O Sistema Confea/Crea e Mútua defende a carreira de estado para engenheiros e agrônomos a fim de aumentar o reconhecimento dos profissionais e trazer mais segurança para sociedade. Essas atividades quando, realizadas por profissionais ocupantes de cargo efetivo no serviço público federal, estadual e municipal, são consideradas atividades essenciais e exclusivas de Estado. As carreiras típicas de Estado foram previstas na Emenda Constitucional 19/1998, que promoveu a reforma administrativa no serviço público. Inicialmente, a classificação se restringiu a servidores das áreas jurídicas, de auditoria e de gestão governamental. O PLC 13/2013 pretende alterar a norma que regula as profissões de engenheiro, arquiteto e agrônomo (Lei 5.194/1966) para também enquadrá-las como carreira de Estado. Boa leitura! Celso Ternes Leal Engenheiro eletricista Presidente da ACE
● Índice Entrevista
Diretoria Executiva 2013 - 2015
O engenheiro agrônomo Wilfredo Brillinger foi homenageado este ano por seus pares na comemoração dos 80 anos de fundação da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) com o troféu Engenheiro do Ano 2013. Página 5
Matéria de Capa Efeitos da atividade sobre o meio ambiente podem ser atenuados com mudança de postura por parte de empresários e profissionais do segmento
Presidente Eng. Eletricista Celso Ternes Leal Vice-Presidente Eng. Eletricista Maria Elsa Nunes Diretor Financeiro Geógrafo Adão dos Santos Diretor Financeiro Adjunto Eng. Civil José Wilson Alexandre Diretor Social Eng. Civil José Tadeu da Cunha Diretor Social Adjunto Eng. Civil Gustavo A. Mesones Carmona Diretor de Atividades Culturais Eng. Civil Elídio Yocikazu Sinzato Diretor de Ativ. Culturais Adjunto Eng. Mecânico Álvaro José Silveira Beiro Diretor Administrativo Eng. Civil Bernardo Jacinto Damiani Tasso Diretor Administrativo Adjunto Eng. Civil Luiz Henrique Pellegrini Diretor de Patrimônio Eng. Eletricista Gilberto Martins Vaz Diretor de Patrimônio Adjunto Eng. de Prod. Civil José Mário Medeiros Diretor de Atividades Técnicas Eng. Eletricista Paulo César da Silveira Diretor de Ativ. Técnicas Adjunto Eng. Civil Roberto de Oliveira Diretor de Esportes Eng. Mecânico Ilmar Heine Agacy Diretor de Esportes Adjunto Eng. Eletricista Fernando Hidalgo Molina Diretor de Relações Profissionais Eng. Civil Rinaldo Manoel da Silveira Diretor Relações Profissionais Adjunto Eng. Eletricista Felipe Cassias Pereira Diretor de Meio Ambiente Eng. Sanitarista Nelson Bittencourt Diretor de Meio Ambiente Adjunto Eng. Sanitarista Vinicius Ternero Ragghianti Conselho Diretor Eng. Sanitarista Paulo José Aragão Eng. Civil e de Seg. do Trabalho Carlos Alberto Kita Xavier Eng. Agrônomo Wilfredo Brillinger Eng. Civil Nelson Caldeira Júnior Eng. Civil Álvaro Luz Filho Eng. Civil Gelásio Gomes Eng. Civil Almir José Machado Eng. Civil Odilon Fernandes Roman Eng. Civil Guilherme Leoni da Silva Eng. Mecânico Carlos Bastos Abraham
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Social e Memórias
Conselho Fiscal Eng. Civil Flávio Henrique Rabe Eng. Mecânico Wilson César Floriani Júnior Eng. Civil Carlos Koyti Nakazima Eng. Civil Laércio Domingos Tabalipa Eng. Eletricista Vilson Luiz Coelho Eng. Eletricista Aurélio Furtado Ramos Eng. Químico Alexandre Bach Trevisan Assessor da Diretoria Eng. Eletricista Ivan Rezende Coelho
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AINDA NESTA EDIÇÃO: • Artigos.............................................................................................15 • ACE em ação................................................................................ 35 • ACE 80 anos.................................................................................. 38 • Engenheiro de Carreira: Hamilton Schaefer............................ 43 • Resgate Histórico: Celso Ramos Filho ...................................... 45 • Canal do Acadêmico....................................................................47 • Prêmio ACE ...................................................................................52 Endereço ACE: Capitão Euclides de Castro, 360 - Coqueiros - SC - CEP 88080-010 Fone: (48) 3248.3500 - E-mails: ace@ace-sc.com.br ou revistadaace@gmail.com 4 • Revista da ACE • Agosto de 2014
Revista da ACE
Edição e Comercialização
BSC – Bureau de Negócios Editor Responsável Marcelo Kampff (48) 8801-1107 marcelo@bscnegocios.ppg.br Reportagens Evandro Baron Fotos Rangel Amandio e Divulgação Comercial Henrique Knippel Tiragem da Revista 4.000 exemplares Conselho Editorial Marcelo Kampff, Evandro Baron, Celso Leal, Maria Elsa Nunes, Roberto de Oliveira, Elídio Sinzato e Ivan Coelho As opiniões em artigos ou matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião da revista, do seu editor ou diretores da ACE. A publicação se reserva o direito de, por motivos de espaço ou clareza, resumir cartas, artigos, entrevistas e crônicas.
● Entrevista
“Escolas de engenharia continuam como sempre, longe das empresas” Wilfredo Brillinger, presidente da Prosul, diz que responsáveis pela formação do profissional continuam de costas para o mercado
O
engenheiro agrônomo Wilfredo Brillinger foi homenageado este ano por seus pares na comemoração dos 80 anos de fundação da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) com o troféu Engenheiro do Ano 2013. Catarinense de Turvo, no Sul do Estado, ele veio nos anos 70 para Florianópolis e na década seguinte criou a PROSUL– Projetos, Supervisão e Planejamento Ltda, uma empresa especializada na prestação de serviços de engenharia consultiva, que há 25 anos tinha cerca de 40 empregados e hoje conta com um corpo técnico em torno de mil profissionais. Com perfil empreendedor, ele multiplicou em várias vezes o tamanho da empresa neste período, o engenheiro lamenta a distância entre as escolas onde é ensinada a profissão e as empresas do setor. Segundo ele, todos acabam perdendo com esta postura: os alunos, as empresas e o País. Confira a seguir a conversa com o empresário: Como um engenheiro agrônomo conseguiu desenvolver uma empresa de projetos em área bem distinta de formação original?
Em 1976 saí da Escola Técnica Industrial como técnico em Agrimensura e Estradas e tive toda uma formação tecnológica ali. Minhas origens são alemã e italiana, minha mãe é Cirimbelli e mais por dela é que tinha esta questão de empreendedorismo, pois meu avô materno teve negócios na região. É muito difícil você conseguir formar o sujeito em termos de liderança, por exemplo. E a capacidade de empreender, de empresariar, também é um dom que vem com a pessoa. As nossas escolas de engenharia formam o pessoal para ele ser técnico, somente isso. Em temas relacionados ao marketing, aos assuntos comerciais, essenciais a qualquer empreendimento, o aluno sai dali sem essa formação. É por isso que você pega o pessoal da Engenharia - e há algumas dezenas de milhares em Santa Catarina - e tão poucos viram empreendedores. A grande maioria tem perfil técnico e isso também se reflete na representação política. Hoje em dia pouquíssimos engenheiros são deputados estaduais ou federais. As escolas de engenharia não preparam os profissionais neste
sentido. Estudei na UFSC e as disciplinas eram unicamente técnicas, ou seja, nem mesmo em temas como gestão de equipes nos eram passadas orientações. O profissional da área precisa ter uma qualificação, pois comanda pessoas, lidera equipes de técnicos. E nem essa formação ele recebe. E essa realidade ainda não sofreu alterações. Meu filho se formou em engenharia há cinco anos e dei uma olhada no currículo. Nada havia mudado. Por outro lado, as universidades costumam rejeitar a ida das empresas até elas em busca de soluções para seus problemas... Exatamente. Eu procurei abrir a Prosul para todas as faculdades daqui, UFSC, Unisul, Univali e não aconteceu nada. É incrível, mas não sei se é porque o corpo docente, a maioria dos professores que estão lá, teve pouquíssima experiência. Muitos professores tem o perfil do sujeito que se formou, fez mestrado, fez pós-graduação e depois começou a dar aulas. E a realidade aqui é completamente diferente. Eu não sei se é isso, mas o fato é que nós mantemos Agosto de 2014 • Revista da ACE • 5
● Entrevista contato com as universidades, temos convênios com a UFSC, com a Unisul. Nós vamos lá nas escolas e buscamos os alunos porque a universidade não vem até nós. E para os estudantes seria importante que nós fossemos lá mostrar o que é um projeto de engenharia, o que é um EIA/Rima e como é que se faz. Ou seja, nós temos um potencial enorme que não é aproveitado pelas escolas de engenharia do país e o comportamento é idêntico entre as universidades públicas e privadas, sem distinção, o que é lamentável. A distância entre as universidades e as empresas é prejudicial. Eu entendo que as universidades tem que desenvolver tecnologias, estudar e produzir o saber, e nós temos que aplicar o conhecimento, mas existe uma distância muito grande.
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E onde é que uma empresa como a sua vai buscar as soluções para os seus problemas? A gente vai buscar o conhecimento no mercado, fora do Estado e até no exterior. Nós temos escritórios hoje no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília, no Espírito Santo. Buscamos tecnologia em centros privados porque a nossa relação com as universidades é muito pequena, quase inexistente. Eu lamento isso, porque se houvesse essa interação os estagiários que eu busco eles teriam uma formação bem melhor, porque eles chegam hoje completamente crus aqui. Arrisco dizer hoje que um estudante de engenharia que deixe para fazer apenas o estágio obrigatório no final do curso não vai ser um bom profis-
sional. Logo que iniciar as disciplinas profissionais o graduando já tem que botar a cara no mercado senão vai se dar mal. A gente busca isso, porque precisamos formar profissionais pois o tempo passa e os mais antigos vão se aposentando e você necessita de novos quadros. Constantemente estamos em busca de pessoas. O perfil da nossa equipe é de um quadro relativamente novo, ou seja, 80% de nossos engenheiros estão na faixa de dez anos de formados. Aqueles acima de 20 anos de experiência representam apenas 20% de nossos profissionais. É importante essa renovação porque também produz conhecimento, pois acabamos provocando uma interação entre estas equipes dentro da empresa e surgem novas tecnologias fruto dessa expe-
riência. Como fazemos engenharia consultiva, planejamos, projetamos e depois fiscalizamos e gerenciamos aquilo que a gente projetou. Muitas vezes constatamos que aquela solução projetada para a obra não foi a mais adequada, não foi a melhor. E isso gera conhecimento que te dá condições de evoluir muito mais. E a situação do país, o senhor defende uma reforma política? Acredito que eleição de dois em dois anos é um desgaste para todo mundo, para a sociedade, para os empresários e para a própria classe política. Ninguém aguenta mais esta situação e, na minha opinião, deveríamos unificar as eleições, de presidente a vereador. Acabar com a reeleição e ampliar o mandato para seis anos, pois do jeito que está aí é impossível pensar em planejamento, principalmente no Poder Executivo. Tanto o presidente, quanto o governador e o prefeito têm um horizonte limitado em quatro anos, nada de planejamento a longo prazo e que ultrapasse seu período. O que é diferente da Europa, pois lá na Alemanha o planejamento é feito pela sociedade como um todo, independente de quem ganhar a eleição. Ou seja, há um corpo de técnicos que pensa o planejamento sem estar atrelado a governos. Seria como estar determinado expressamente que a BR-101, de Florianópolis a Curitiba, deverá estar quadruplicada em 2025, e o sistema de abastecimento de água em Florianópolis em 2020 estará com sua capacidade aumentada em tantas vezes. E isso independente do governo que vier a assumir o poder e do partido do governante. Ou seja,
não muda e é respeitado. As coisas tem continuidade e ganham sequência e no Brasil não existe nada disso e precisamos avançar nesse sentido. Alguns economistas destacam que a média de investimentos em infraestrutura em relação ao PIB está há muitos orçamentos anuais em torno de 1% enquanto que este valor deveria ser muito maior. O senhor poderia fazer uma avaliação da situação das infraestruturas (viárias—especialmente transportes, saneamento—água, esgoto, por exemplo) e o impacto negativo da falta de investimento do poder público no setor? É evidente que o grande gargalo desse nosso país é a infraestrutura. Nós temos um território com essa extensão toda, com vários países dentro de um país. São Paulo, por exemplo, é um país dentro do país e enfrentamos grandes dificuldades nas questões ligadas à infraestrutura. Porque falta tudo, portos, rodovias, saneamento e acho que perdemos uma grande oportunidade que foi a Copa do Mundo, que o maior legado que poderia deixar era o das obras de infraestrutura, que a Fifa costuma dizer que você faz em cinco anos durante uma Copa o que levaria 50 anos para investir e no nosso país, infelizmente por falta de planejamento e de projetos, isso não aconteceu. E não foi por falta de recursos, foi por falta de planejamento. O que ficou pronto foram as arenas e muito pouco dos aeroportos, ou seja, nenhum deles ficou completo. No Rio de Janeiro deveria ter sido feita a despoluição da Baía da Guanabara. Nós assinamos contrato há um mês para a obra do metrô de Fortaleza, vamos
Foto: Luiz Henrique
fazer a gestão ambiental e também na parte de projetos. Essa obra era para estar pronta antes da Copa do Mundo e é agora que está iniciando. Aqui no Brasil você não tem tempo para projetar e nem para planejar. Esse tempo não lhe é dado. O governante vai lá em Brasília e consegue um recurso para uma obra e só que ele esquece que para executar ele tem que ter um projeto e então se faz no afogadilho e aí começa a obra e surgem os primeiros problemas, ele não fez as desapropriações que eram necessárias, surgem os problemas com o meio ambiente, pois os estudos ambientais – se foram feitos - são preliminares e aí para a obra, se arrasta e por aí vai. O projeto foi mal feito, e vem aditivo de obra e os órgãos reguladores verificam que a obra está superestimada e tudo isso porque tem um projeto mal feito e que resulta na paralisação das obras. Nos países europeus não acontece nada disso. Se a obra tem prazo de um ano em um ano ela está pronta e não tem problema algum. Todos os problemas possíveis foram resolvidos. O senhor poderia indicar alternativas de investimento misto (público -privado) para tornar o crescimento do país mais sustentado, ao mesmo tempo em que melhorariam em muito as Abril de 2014 • Revista da ACE • 7
● Entrevista questões da saúde pública, segurança e amenizaria a crise de mobilidade? A própria questão política do País hoje dificulta estas parcerias. A nossa democracia é muito jovem e as possibilidades de alteração no grupo político que comanda os rumos do país causa insegurança nos investidores e inibe a concretização de negócios desta natureza. E tanto faz que sejam parcerias público privadas ou através do regime de concessão, um dos entraves é a insegurança jurídica que existe no Brasil, como as concessões de rodovias no Paraná em que a mudança de governador reduziu a menos da metade o valor dos pedágios que já haviam sido contratados na gestão anterior. E não precisamos ir longe, aqui em Florianópolis até hoje não se resolveu a questão do pedá-
gio da SC-401. O Brasil tem muitas oportunidade hoje de investimento, mas então o empresariado pensa muito antes de escolher com que parceiro vai fazer seus investimentos, buscando muitas vezes tocar o negócio de uma forma que não dependa do poder público. E a complexidade da legislação ambiental no País, o senhor acha que é um problema? Eu defendo há muito tempo que se façam obras sustentáveis e nós enxergamos lá atrás a importância do meio ambiente e é por isso que temos hoje uma equipe muito qualificada na área ambiental, e atualmente nas maiores obras do país em andamento a Prosul está envolvida na questão ambiental. Quando se
começou a normatizar o tema, regulamentando a legislação relativa ao meio ambiente, ninguém levou muito a sério e não havia muita discussão, e quem acabava redigindo os textos legais eram aqueles ambientalistas mais radicais e a coisa foi avançando e acabaram virando lei. Há uma certa dose de exagero nas regras, mas é preciso reconhecer de que não era possível continuar como era antes, quando o crescimento desordenado estava tornando o mundo insustentável. Acho que não podemos ser nem tanto ao céu nem tanto à terra. Nós evoluímos, mas precisamos avançar muito ainda para chegar a um ponto de equilíbrio.
● Matéria de Capa
Construção civil: compromisso com o futuro exige mudanças Efeitos da atividade sobre o meio ambiente podem ser atenuados com mudança de postura por parte de empresários e profissionais do segmento
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● Matéria de Capa
N
ão existe construção sustentável. A única forma de não causar impacto algum ao meio ambiente é através da construção de uma oca de milho, feita com paus e coberta de palha. Para o engenheiro e professor da UFSC Roberto de Oliveira, ao invés de usar a expressão construção sustentável – termo que considera equivocado – é preferível falar em melhorias visando a sustentabilidade, ou seja, defende uma mudança de postura para que se possa atenuar os efeitos ambientais das construções e garantir um futuro mais sustentável para a humanidade. Ao plantar o equivalente em árvores para compensar os materiais utilizados na construção civil e que causaram fumaça e consumo de energia para serem produzidos, considera que os impactos provocados começam a ser mitigados: “O que melhora a sustentabilidade”. Para o biólogo Emerilson Emerin, da Ambiens Consultoria Ambiental, a palavra mágica chama-se eficiência. Ele considera-se um entusiasta da Engenharia e ressalta que a partir da década de 70 começou a surgir a preocupação entre os profissionais do setor com o melhor aproveita-
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Emerim: economia de recursos
mento dos recursos naturais. Segundo ele, ninguém vai salvar o planeta usando menos roupa. “Vamos salvar com novas tecnologias e carros consumindo menos combustível. O princípio da sustentabilidade está ligado à economia dos recursos naturais. Hoje um prédio sustentável vende porque o condomínio é barato, já que ele gasta menos água”, opina. Segundo ele, houve uma evolução importante nos últimos anos com o surgimento de certificações através de selos de sustentabilidade para prédios e veículos, com ênfase em baixo consumo. Emerin destaca que antes era muito mais caro investir em produtos ecologicamente corretos, que possuem um valor agrega-
do mais elevado. “No entanto essa realidade vem mudando com este tipo de equipamento ficando mais comum”, observa ele ao citar as válvulas de descarga de água com duplo acionamento, que permitem economia aos proprietários dos imóveis. Ele considera que um projeto com viés ambientalmente correto implique em um valor entre 10 e 11% superior aos demais, mas acredita que os empresários do setor estejam aos poucos mudando de perspectiva em relação ao assunto, deixando de encará-lo como despesa e passando a vislumbrá-lo como investimento. “O que precisa sofrer alteração é a lógica da legislação ambiental no País, que possui uma linha proibitiva e punitiva muito acentuada. A norma deveria ser orientativa e propositiva e esse é um desafio de mudança”, defende o biólogo. Há 15 anos no mercado, a empresa de Emerin nasceu no meio da construção civil e hoje dedica 70% de suas atividades a projetos nessa área. Os 30% restantes são divididos em serviços para obras nas áreas de energia (20%) e de infraestrutura (10%), nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro.
Planejamento urbano
O
engenheiro e professor Roberto de Oliveira defende a solução conjunta para a melhoria dos níveis de sustentabilidade nos ambientes construídos. A urbanização crescente, por práticas urbanas condenáveis, causa muito mais degradação ao meio ambiente, de acordo com o professor, que também é diretor da Associação Catarinense de Engenheiros. Para ele, o conjunto causa muito mais impacto do que a soma de cada uma das edificações isoladas. Nesse sentido, Oliveira advoga a tese de uma visão urbanística do conjunto das economias que possa ser inserido no Plano Diretor dos municípios, como uma forma de assegurar índices mais elevados de sustentabilidade. Em pesquisa elaborada em 1994, ele calculou em 130 habitantes por hectare a densidade populacional considerada sustentável, com prédios de quatro andares e usada como referência por outros pesquisadores internacionais. Oliveira aponta que o conceito de aglomerados urbanos sustentáveis contempla o uso misto em densidade média, como utilizado no condomínio Pedra Branca, no município de Palhoça. “Não quero fazer propaganda, mas eles utilizam essa perspectiva, que é a receita da sus-
tentabilidade”, observa o professor. Segundo ele, a área central de Florianópolis possui uma densidade populacional de 600 habitantes por hectare, o que não significa padrões insustentáveis. “Isso é a metade da densidade de Hong Kong, que em alguns lugares tem mais de mil habitantes por hectare e mesmo assim é considerada uma das cidades mais sustentáveis do mundo”, diz. O professor explica que densidades menores garantem níveis sustentáveis mais acentuados, mas é o conjunto do planejamento urbano que pode assegurar esta condição. “Shoppings centers e grandes supermercados com raio de busca de clientes com mais de 30 quilômetros trazem um padrão insustentável, e o Brasil está na contramão dos demais países”, alerta ele. O engenheiro está preocupado com os critérios que estão sendo incluídos no novo Plano Diretor de Florianópolis, principalmente quanto aos problemas relacionados à mobilidade urbana. De acordo com Roberto de Oliveira é impossível resolver da noite para o dia uma política equivocada de transporte público com mais de 40 anos. “Em que a péssima qualidade e eficiência do transporte das pessoas pobres, que moram
muito longe dos seus locais de trabalho, provocou um desequilíbrio e a favelização de algumas áreas, como a favela do Siri, no Norte da Ilha”. No entanto, recomenda que sejam adotadas soluções que invertam a tendência insustentável do modelo, através da valorização equilibrada do tripé da sustentabilidade: social, ambiental e econômico. Para haver padrão sustentável de crescimento, diz que é preciso seguir a densidade de 80 habitantes por hectare, como forma de evitar o desequilíbrio nos três aspectos. A região da Lagoa, por exemplo, terá média de 20 a 30 habitantes na mesma área. “Sob pena do transporte ficar cada vez mais caro, hoje o modelo se preocupa com os dois primeiros aspectos”, avalia.
Oliveira: visão urbanística do conjunto
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● Matéria de Capa
Sustentabilidade no ambiente construído é o foco
F
ilho do engenheiro Olavo Fontana Arantes, um dos ícones da profissão no Estado e responsável por dezenas de obras públicas e privadas ao longo dos anos, o engenheiro Olavo Kucker Arantes atua há cerca de dez anos junto ao Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis como diretor na área ambiental. Há quatro anos deixou a atividade de construção e incorporação e ingressou no mercado consultivo. “Hoje estou somente com a DUX Arquitetura e Engenharia Bioclimática, com minha esposa e um outro sócio fazendo mais consultoria”, conta. Um dos clientes dele é a catarinense Softplan, que constrói o prédio de sua nova sede no Sapiens Parque, no norte da Ilha, com um investimento de R$ 60 milhões, que seria R$ 5 milhões menor se não tivesse preocupações com o conceito de green building. Com a economia prevista de R$ 850 mil a R$ 1 milhão anuais em energia elétrica, a estimativa é que o investimento se pague em quatros anos. Prevista para ser inaugurada em março do ano que vem a obra tem 27 mil m² distribuídos em
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cinco pavimentos. A empresa de Arantes assessora a Softplan no processo da Etiqueta do Procel, de eficiência energética. Segundo ele, trata-se de um projeto corporativo com uma série de estratégias mais sofisticadas, de frente para o lago existente dentro do Sapiens. “Os donos estão satisfeitos, pois os valores economizados com a instalação de vários equipamentos foram muito bons depois que adotamos várias estratégias. Estão sendo instaladas máquinas de ar condicionado menores que as originalmente imaginadas para o empreendimento. E com o mesmo conforto interno”, disse. Confira a conversa com o engenheiro: Como podemos conciliar sustentabilidade no ambiente construído em uma cidade como Florianópolis, onde mais da metade do território é área de preservação permanente? Primeiro temos que ter em mente que a ocupação do território deve ser feita de maneira consciente. Isto é, temos que ver qual a taxa de uso do solo está sendo realmente utiliza-
da e sabermos que temos que manter um equilíbrio de área verde pelo número de habitantes. E o que é uma taxa de uso do solo em níveis sustentáveis? Quanto à ocupação ao redor da Lagoa da Conceição, por exemplo, temos que analisar as edificações pelo tempo em que foram construídas. Mas mesmo assim temos que adequar essas edificações para que não gerem maior impacto. As edificações devem ter as estratégias de edificações verdes. Por exemplo, essas edificações devem conter águas pluviais para reuso, baixo consumo energético e materiais não poluentes. Os organismos mundiais falam de ter mais ou menos 20 m² por habitante, mas na verdade não sei de onde eles tiram esse número. Construções verticais podem ser solução para a Ilha? A verticalização é boa somente em poucas áreas como para adensar as centralidades de um conglomerado para obter serviços e urbanização com um escala suficiente para que a economia seja saudável para seus habitantes.
Em alguns pontos poderemos ter algum tipo de edificações mais verticais. Entenda como vertical algo que vai de três, quatro andares a sete e oito, eventualmente dez. São lugares que devem ter um contexto de centralidade para obter uma massa suficiente para que os serviços a serem oferecidos se tornem viáveis economicamente. Nas edificações na Ilha, é possível quantificar os projetos que carregam um caráter sustentável em seus projetos? Sejamos honestos, pouquíssimas edificações estão com esse objetivo. Custa muito para o empreendedor/incorporador investir em projetos sustentáveis? Depende muito do nível que se quer chegar de uma edificação. Somos partidários de que as edificações devam aplicar estratégias mais passivas bioclimaticamente falando. Esse procedimento é bem mais barato do que se adotarmos estratégia ativas que consomem mais energia e são mais caras, pois são sempre automatizadas. O valor atual do CUB é de R$ 1.408 o m² e sabemos que materiais e mão de obra são as principais variáveis a influenciar o custo final de um imóvel, além é claro, da oferta e da procura... Podemos estimar o impacto de um projeto sustentável em cima desse valor? Difícil, pois o CUB é feito de uma lista de materiais que está na composição de serviços adotados por uma norma. Futuramente deveríamos adotar essas estratégias como corriqueiras e daí passar a utilizá-las como norma. Com isso os valores seriam englobados nos custos do CUB. O terreno não está na composição de custos do CUB assim como uma série de
serviços e equipamentos. Veja bem, esses elementos não estão no CUB, mas sim, eles influenciam os custos dos edifícios no mercado imobiliário. E quanto ao conceito de Engenharia Bioclimática, poderias explicá-lo melhor? São feitos estudos para que as edificações sejam mais adequadas ao clima onde ela será construída. Essa adequação gera um menor consumo energético e com materiais mais adequados também. Essas estratégias são diretamente respondidas em um desenho correto da arquitetura. O Brasil possui oito zonas bioclimáticas e para cada uma delas existe uma série de estratégias a serem adotadas para um melhor desempenho da edificação em estudo. São estratégias de ventilação, sombreamento e insolação. Também são levadas em conta as propriedades dos materiais aplicados. Em Santa Catarina temos basicamente as zonas 1, 2 e 3. A zona 1 é a zona mais fria, como a Serra, e a 3 é mais quente onde está Florianópolis. A informalidade provoca a degradação ambiental por ausência de projetos e consciência ecológica, realidade agravada pela pequena parcela do setor formal investindo em projetos ambientalmente corretos. A degradação da natureza, provocada por esse cenário, continua sendo um desafio a ser enfrentado? Pode-se dizer que sim. Temos uma alta taxa de construção informal de edificações que não fazem parte do setor organizado. Essas edificações não tem nenhum compromisso com um bom produto e muito menos com o ambiente ao seu redor. Quanto à taxa de preocupação ambiental, ela tem aumentado nos projetos formais do setor. Mas ainda são insuficientes
Arantes: edificações verdes
para o número do que está sendo executado. O setor está mais ligado, mas fazendo ainda não o suficiente. O que destacarias nas atividades desenvolvidas nos últimos anos? Um dos trabalhos que mais me satisfez pessoalmente foi uma consultoria para a cidade de Santo Antônio dos Lopes, no Maranhão. Foi um trabalho para EBX, do Eike Batista, com um levantamento de estratégias que englobava uma comunidade que vive da cultura de subsistência do Babaçu. Foram projetadas edificações utilizando elementos da cultura local e aplicando estratégias bioclimáticas. E também um estudo nesta cidade para que houvesse a possibilidade de receber os novos moradores que viriam para o polo de geração de energia que estava sendo montado neste local. Esse estudo era base para um grande Plano Diretor do município. Um estudo que definia um setor de expansão da cidade e mais escolas, postos de saúde, hotéis, zonas de comércio e tudo que uma pequena ciada necessita. E, claro, toda a infraestrutura com rede de água, esgoto e energia e vias para bicicletas e automóveis. O seu desenvolvimento é que foi interessante, pois o empresário entrou em dificuldades e o projeto não chegou ser implantado. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 13
● Matéria de Capa
O tamanho da construção em SC*
E
m 2013 a indústria da Construção Civil catarinense contratou mais 4.593 trabalhadores, representando um acréscimo de 4,28% no contingente de mão de obra do início de janeiro ao final de dezembro. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego/ CAGED. Os números de 2012 registravam a existência de 13.442 estabelecimentos atuando na construção civil em Santa Catarina, empregando
um contingente de 106.402 trabalhadores de acordo com as informações apuradas pelo CAGED. A participação da indústria da Construção Civil no PIB de Santa Catarina é de 5,7%, conforme os dados de 2011 divulgados pelo IBGE, representatividade que deve ter crescido nos últimos anos diante do bom desempenho do setor estimulado pela expansão da renda, do crédito imo-
biliário e dos programas habitacionais. O chamado Construbusiness, como é conhecida a cadeia produtiva do setor da construção, está organizado em cinco segmentos: 1) materiais de construção; 2) bens de capital para a construção (equipamentos, ferramentas, etc.); 3) edificações; 4) construção pesada; e 5) serviços diversos (imobiliárias, condomínios, serviços técnicos, etc.).
Atividade:
Empresas1
Trabalhadores2
9.499
74.951
Construção de rodovias e ferrovias e obras de arte especiais. Obras de urbanização - ruas, praças e calçadas.
489
8.071
Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações.
104
4.174
Demolição e preparação de canteiros de obras. Perfurações e sondagens. Obras de terraplenagem e serviços de preparação do terreno não especificados.
649
4.381
Instalações elétricas. Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação, refrigeração e outras não especificadas. Serviços especializados para construção não especificados anteriormente.
2.701
14.825
Total
13.442
106.402
Incorporação de empreendimentos imobiliários e construção de edifícios. Obras de acabamento, fundações e obras de engenharia civil não especificadas.
Empresas por microrregião Florianópolis
2.244
Itajaí
1.901
Joinville
1.618
Blumenau
1.505
Chapecó
1.300
Total
8.568
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*Dados de 2012 e 2013 compilados pela Federação das Indústrias – Fiesc. Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS 2012 - CNAE 2.0. ¹ Estabelecimentos que realizaram alguma movimentação de pessoal durante o ano (admitiram ou demitiram) = Rais Positiva. ² Inclui apenas os trabalhadores do quadro das indústrias, pois as contratações via empreiteiras são registradas em serviços.
● Artigo
Por Janara Benvenutti
Bióloga pela Universidade do Vale do Itajaí; Especialista em Gerenciamento de Águas e Efluentes pela Faculdade de Tecnologia Senai Blumenau; Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Regional de Blumenau; gerente da empresa RIOVIVO Ambiental Ltda.
Resíduo na agricultura
Estudo dos efeitos ambientais e do desenvolvimento vegetal devido a incorporação de lodo têxtil no solo
RESUMO
A disposição final dos resíduos do processo de tratamento de efluentes, por ser onerosa tanto para as empresas quanto para o meio ambiente tem motivado inúmeros estudos envolvendo sua aplicação agrícola. As pesquisas sobre a aplicação do lodo na agricultura estão voltadas para a avaliação do desempenho agronômico, comprovando efetivamente o aumento da produtividade das culturas em função do fornecimento de nutrientes. Entretanto, ainda é pouco conhecido o potencial de degradação do solo, da água e das plantas por metais pesados. Este trabalho tem por objetivo avaliar o impacto no solo ocasionado pela incorporação de lodo residual proveniente do tratamento de efluentes da indústria têxtil, obtido por estabilização biológica do lodo e fitorremediação do solo com mudas de eucalipto. Foi construído um lisímetro de concreto e preenchido com solo retirado de uma pastagem nativa, sendo misturado com lodo proveniente da indústria têxtil, na proporção solo:lodo de 9:1(v/v). Observa-se que os teores de alumínio, chumbo e ferro que se encontravam acima dos valores limites permitidos pela NBR 10004/2004 sofreram um decréscimo ao longo do experimento, sendo que o chumbo passou a um teor dentro do limite aceitável. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 15
● Artigo
Por Janara Benvenutti
INTRODUÇÃO
A degradação de solos e águas naturais tem sido um dos grandes problemas da sociedade moderna. O setor têxtil apresenta um destaque especial, devido ao seu enorme parque industrial instalado gerar volumes elevados de efluentes, os quais, quando não corretamente tratados, podem causar sérios problemas à qualidade ambiental e à saúde humana. Durante o processo de tratamento dos efluentes, uma quantidade considerável de resíduos sólidos é formada, e um destino adequado a este resíduo se faz necessário. Por possuir grandes quantidades de matéria orgânica, pode ser utilizado para fins agrícolas. Entretanto, torna-se necessário a avaliação quanto à presença de substâncias que possam causar danos saúde pública e ambiental (Araújo, 2004). Com o surgimento de técnicas como a biorremediação e a fitorremediação estes problemas de disposição do lodo podem ser minimizados consideravelmente. A fitorremediação apresenta grande potencial em relação a métodos físico-químicos, oferecendo menor impacto ambiental e custo de implementação (Salt et al., 1998. Singh et al., 2003). O princípio da fitorremediação se baseia nos mecanismos de tolerância à acumulação de metais existentes nas plantas, de forma a manter as funções celulares mesmo na presença de altas concentrações de metais (Cohbet e Goldsbrough, 2002). De acordo com Mulgrew e Williams (2000) estudos comprovaram que espécies vegetais vêm sendo utilizadas como bioindicadores e bioacumuladores de vários poluentes, retirando do ar, solo e água muitos deles, diminuindo assim seus índices no meio ambiente. Esta taxa de diminuição irá depender de fatores como clima, natureza dos poluentes e características dos vegetais. Segundo Bettiol (2000) e Silva et al. (2003) as pesquisas sobre a aplicação do lodo na agricultura estão voltadas mais para a avaliação do desempenho agronômico, comprovando efetivamente o aumento da produtividade das culturas em função do fornecimento de nutrientes. Entretanto, ainda é pouco conhecido o potencial de degradação do solo, da água e das plantas por metais pesados. Desta forma, faz-se necessária a determinação do impacto resultante das interações químicas, físicas e biológicas do sistema solo-lodo. O presente trabalho buscou avaliar o impacto no solo ocasionado pela incorporação de lodo residual proveniente do tratamento de efluentes da indústria têxtil, obtido por estabilização biológica do lodo e fitorremediação do solo com mudas de Eucalipto.
MATERIAIS E MÉTODOS
Com a finalidade de avaliar o impacto no solo ocasionado pela incorporação de lodo residual proveniente do tratamento de efluentes da indústria têxtil, obtido por estabilização biológica do lodo e fitorremediação do solo com mudas de eucalipto, foi construído um lisímetro de concreto com as seguintes dimensões: 4 metros de comprimento por 4 metros de largura e 1 metro de profundidade e um tubo de drenagem na parte inferior para coleta do líquido lixiviado. Estas coletas foram realizadas quinzenalmente. O lisímetro foi preenchido com solo retirado de uma pastagem nativa da região previamente misturado com lodo proveniente de um sistema de tratamento de águas residuárias de indústrias têxteis, na proporção solo: lodo de 9:1(v/v). As características químicas do substrato utilizado no lisímetro para o plantio das mudas antes da incorporação do lodo (amostra identificada como controle) foi realizada no início do experimento e após a incorporação de lodo (amostra identificada como solo + lodo) foram determinadas três vezes. A primeira foi realizada ainda no mês de setembro, a segunda no mês de dezembro e a última quando encerrou-se o experimento. Foram plantadas mudas de eucalipto com cerca de 25 cm de altura, aptas a irem para o campo. O espaçamento utilizado foi de 1 m entre as linhas e 0,5 m entre plantas da mesma linha, sendo plantadas no total de 15 mudas da espécie E. grandis. As covas possuíam as seguintes dimensões: 20 x 20 cm e 20 a 30 cm de profundidade. O material retirado da cova foi separado, em seguida colocaram-se os adubos no fundo da mesma, 16 • Revista da ACE • Agosto de 2014
cobriu-se com parte do solo separado anteriormente e colocou-se a muda, preenchendo a cova com o restante do solo separado. Foram realizadas adubações segundo a necessidade verificada através de análises químicas do solo realizadas pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP. Como prática corretiva, foi realizada a calagem, utilizando 1,6 kg de calcário calcítico distribuído nas 15 covas do lisímetro. Para a adubação de plantio, foi utilizado 48 g de uréia e 32 g de KCl, que foram distribuídos nas 15 covas. O lisímetro foi coberto de forma que permitisse a entrada de luminosidade, porém, foi controlada a quantidade de água, que foi fornecida segundo os dados pluviométricos da região. Para o monitoramento do sistema, foram realizadas as seguintes análises: - Análises químicas do substrato: de acordo com as metodologias descritas por Raij, Andrade, Cantarella e Quaggio (2001). Os parâmetros avaliados foram: pH (acidez ativa) Método: CaCl2 0,01 mol.l-1.; H+Al (acidez potencial); Alumínio trocável - Método: pH SMP.; Matéria orgânica - Método: Colorimétrico.; Fósforo, Potássio, Cálcio e Magnésio - Método: Resina trocadora de íons.; S-SO42- (Enxofre) - Método: Turbidimetria (BaCl2 em pó).; Fe, Mn, Cu e Zn- Método: DTPA (Absorção Atômica).; Boro: BaCl2.2H2O - Método: microondas. - Análises de material orgânico: estas análises seguiram o método do ataque do ácido nitroperclórico, descrito em Kiehl, (1985). - Análises Microbiológicas: Respirometria: liberação de CO2. Biomassa microbiana: A determinação da biomassa de carbono no lodo foi realizada usando-se o método de fumigação e extração de amostras de lodo (Vance et al., 1987). Contagem de bactérias e fungos no lodo: A contagem de bactérias e fungos no lodo foi determinada pelo Número Mais Provável (NMP) de microrganismos do solo. - Análise Foliar: Foram realizadas avaliações qualitativa e quantitativa das substâncias lixiviadas e solubilizadas no sistema solo-lodo; Avaliação qualitativa e quantitativa dos metais retidos no tecido vegetal; Avaliação do desenvolvimento das plantas neste sistema; e avaliação da atividade microbiológica no sistema solo-lodo
RESULTADOS
Nos cinco meses de experimentação foram aplicados 830,70 mm de precipitação, que foi distribuída conforme medida na estação pluviométrica situada nas proximidades. Foi gerado lixiviado nos dois primeiros dias, nos demais, o sistema não produziu escoamento em profundidade. Na caracterização do substrato para o ensaio de lixiviação todos os parâmetros apresentaram valores dentro dos considerados limites pela NBR 10004/2004. No ensaio de solubilizado, alguns elementos como o alumínio, o chumbo e o ferro apresentaram teores acima dos limites estabelecidos pela NBR 10004/2004, mesmo antes da incorporação do lodo. No momento desta incorporação, os teores de alumínio e chumbo aumentaram, porém o de Ferro permaneceu constante, neste período. No decorrer do período, o teor de chumbo diminuiu e atingiu o limite permitido pela NBR 10004, porém o alumínio e o ferro se comportaram de maneira oposta, sendo que o alumínio diminuiu com o passar do tempo enquanto que o ferro aumentou. Ao final dos 5 meses, o alumínio apresentou um pequeno aumento e o ferro uma sensível queda em seus teores. Alguns elementos sofreram um incremento em seus teores ao longo do período analisado, como é o caso do sódio e fenol, porém outros elementos apresentaram um comportamento oposto, ou seja, um decréscimo de seu teor. São exemplos destes elementos: bário, arsênio, prata, selênio, cádmio e cloretos. O comportamento do nitrato e do sulfato que no momento da incorporação do lodo tiveram seus teores aumentados, posteriormente decrescidos e novamente aumentando do final do experimento. O mercúrio foi o elemento que apresentou um comportamento diferenciado dos demais Agosto de 2014 • Revista da ACE • 17
● Artigo
Por Janara Benvenutti
já que se manteve estável no momento da incorporação de lodo, posteriormente aumentou e depois voltou ao mesmo nível. No decorrer do experimento, houve uma alteração nas características químicas como aumento do pH, do teor de matéria orgânica e dos teores de elemento como o fósforo, enxofre, potássio, cálcio e magnésio, resultando em aumento da capacidade de troca de cátions do solo. Este aumento do teor de matéria orgânica é benéfico visto que melhora a estrutura do solo, a infiltração e retenção de água, a quantidade de cátions disponíveis para as plantas (CTC) e conseqüentemente a produtividade deste mesmo solo. Nas características físicas, ele se apresentou menos compactado e com maior porosidade, já que os blocos formados com a secagem do lodo se desfizeram. A porcentagem de resíduo mineral total aumentou no decorrer do período, conseqüentemente a porcentagem do resíduo insolúvel e do solúvel também aumentaram. Um comportamento semelhante foi observado para as análises feitas em base seca, ou seja, a 110°C. O mesmo ocorreu com a relação C/N tanto para carbono total, como para carbono orgânico nas amostras a 65 e 110°C. Ao final do experimento esta relação estava superior ao valor encontrado no início do mesmo. Os teores de matéria orgânica total, compostável e resistente à compostagem, variaram de forma semelhante ao longo do experimento tanto nas amostras úmidas e secas. No momento em que foi incorporado o lodo houve um incremento em todos os teores de matéria orgânica, sendo que estes apresentaram uma queda no decorrer do experimento, mas se mantiveram superiores ao solo natural, ou seja, sem lodo incorporado. O mesmo comportamento foi observado em relação ao teor de carbono orgânico e de carbono total (mineral + orgânico) nas amostras a 65°C e 110°C, ambos se mostraram superiores aos valores no início do experimento no solo sem a incorporação de lodo. As variações ocorridas nos teores dos minerais das amostras analisadas, com exceção do nitrogênio, todos os demais minerais analisados apresentaram teores superiores ao solo antes da incorporação do lodo. Os teores de alumínio no tecido vegetal da planta em relação aos do solo se comportaram de maneira complementar, ou seja, se o teor de alumínio estava com concentração baixo no solo, na planta ele se apresentou mais alto e vice-versa. Os demais elementos apresentaram variações ao longo do período. Segundo Malavolta, citado por Gonçalves (2005), estas variações encontram-se dentro da faixa ideal para os teores de nitrogênio, fósforo, enxofre, ferro e manganês. No tecido vegetal, os teores de zinco e cobre apresentaram valores elevados em relação aos ideais, ao contrário do boro, cálcio, potássio e magnésio que apresentaram valores inferiores, o que caracterizam uma deficiência dos mesmos na planta. Segundo Basso (2003), esta deficiência de cálcio, magnésio e potássio pode ser explicada pelo fato de o alumínio interferir no metabolismo da planta, diminuindo a respiração celular e alterando o transporte e uso destes elementos e de água nas plantas. Além disso, pH inferior à 5,5 também interfere na absorção de cálcio, magnésio e fósforo além de poder proporcionar uma toxidez de alumínio e manganês. Outra explicação encontrada para a deficiência de cálcio nos eucaliptos é o fato de o alumínio e o cálcio competirem pelo mesmo sítio do carregador ativo no processo de absorção, ocorrendo a inibição competitiva entre eles. Em relação às características microbiológicas do solo, o número de fungos e bactérias diminuiu ao ser incorporado lodo no solo. Provavelmente este material num primeiro momento se mostrou tóxico a estes microrganismos, fazendo com que ocorresse uma seleção dos mais resistentes. Ainda pode-se perceber uma possível situação de stress seja pela toxicidade do lodo ou por uma competição entre os microrganismos já existentes no solo e àqueles existentes no lodo pelo aumento da liberação de CO2 ao longo dos 8 dias de análise no momento da incorporação do mesmo. Com o passar do tempo estes microrganismos se desenvolveram e voltaram a aumentar no solo, o que mostra a tentativa deste solo de se atingir um novo equilíbrio após a entrada de um elemento estranho no sistema. Isto fica evidenciado não somente pelo aumento do número de fungos e 18 • Revista da ACE • Agosto de 2014
bactérias, mas como o da biomassa microbiana no solo, ou seja, o aumento de carbono orgânico por grama de solo. Pode-se observar também um fato curioso, de que em certos momentos, mesmo o solo possuindo um menor número de microrganismos ele liberou menos do que em momentos que possuía mais microrganismos presentes, isso pode ser um dos motivos que explica o aumento do teor de carbono orgânico no solo, ou seja, houve uma incorporação de carbono na forma orgânica e não uma liberação de carbono na forma de CO2.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos permitem concluir que os teores de alumínio, chumbo e ferro que se encontravam acima dos valores limites permitidos pela NBR 10004/2004 sofreram um decréscimo ao longo do experimento, sendo que o chumbo passou a um teor dentro do limite aceitável. Isso indica a alta capacidade do eucalipto de se desenvolver em solos ricos em alumínio, sendo um bom fitorremediador deste elemento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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● Artigo
Por Roberto de Oliveira
Professor, PhD. em Engenharia Civil. Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, UFSC. Diretor Adjunto de Atividades Técnicas da ACE.
Projeto para sustentabilidade Orientação do projeto como estratégia de melhoria da sustentabilidade para edificações INTRODUÇÃO
Até a presente data, projetistas e construtores trabalham para entregar edificações dando pouca ou nenhuma ênfase nas consequências para a fase de uso e manutenção. Atualmente se vive dentro de uma busca por sustentabilidade nas edificações sem, no entanto, propor modos eficazes de se atingir este objetivo. Com isto, muitas iniciativas ocorrem após o empreendimento já ter se iniciado fisicamente; outras desconhecem perfeitamente o que vem a ser este termo, nem como onde deve ser a fase deste empreendimento que se deve atuar com maior ênfase. Infelizmente, a fase onde se deve dar mais atenção ao desempenho da edificação é a do projeto, igualmente muito negligenciada no meio técnico. A edificação—como um produto—vivencia atualmente o início de uma nova era para a humanidade devido a crescente escassez de recursos naturais, especialmente os não renováveis; portanto, necessita uma nova visão para seus negócios e utilização. No entanto, o progresso e as medidas neste sentido no âmbito do projeto e produção de edificações além de virem sendo muito lentas no setor, muitas definições imprecisas se difundem. Especialmente na questão do projeto, ao fazer um paralelismo com a manufatura, de onde vem a cópia que resultam em melhorias para o setor da construção, percebese que neste aspecto, muito pouco se evoluiu no setor. Agora a questão ambiental tomou a agenda e respostas consistentes e operacionais tem que ser efetivadas. Desde a década de 1970 que a manufatura vem aperfeiçoando a maneira de lançar e ter sucesso nos seus produtos. A construção, no entanto, teve seu desenvolvimento barrado pela falta de ampliar sua visão visando torná-la periférica até a década de 1990. Por outro lado, somente pela analogia com esta área de conhecimento, resguardadas as devidas diferenças, que houve e agora continua a existir um franco progresso no setor da construção, especialmente pela evolução da gestão de seus processos. Mas o progresso na área da manufatura se deu pela atenção e estudo do projeto. Era um risco para a empresa industrial na manufatura lançar-se ao mercado sem saber se seu produto funcionava. A evolução seguinte inverteu a posição do produza versus funciona com intuito de diminuir riscos de mercado. Somente com o tratamento concentrado no projeto é que, finalmente, na década de 1990 se pôde antever a excelência do produto (é o ótimo?) para depois prototipizá-lo só então produzilo com um mínimo de riscos. Esta atitude ainda não ocorreu na construção. Edificações convencionais são geradas principalmente por atitudes inconsequentes quanto ao uso e manutenção, prevalência do custo inicial, muita desconsideração ao desempenho no uso, desconhecimento de impactos ambientais quanto a recursos (materiais), e muita desconsideração, em suma, do seu ciclo de vida. Porém, com o fim da “onda” da qualidade e o aporte da necessidade de cuidados ambientais, observase alguma preocupação quanto ao uso e manutenção; ainda, como “pensamento” na sustentabilidade, enfatizou a economia de água e energia, mas sente-se pouca consideração de impactos ambientais quanto ao uso de materiais cuja produção impacta de forma intensa o ambiente (cimento, aço, alumínio, por exemplo). Está-se presenciando o início de uma era para o setor baseada na “Análise do Ciclo de Vida” (ACV).
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Conceituando projeto
É necessário um ajuste entre a técnica e a natureza humana para que se desempenhe a contento um projeto. A atividade projetual vem da interseção do trabalho, tecnologia, pessoas e informação. Mais recentemente, definiu-se projeto como um sistema de informações que organiza—pela centralização—o contato das mais diversas especialidades de atores envolvidos no empreendimento. É uma definição elaborada a partir do aporte dos conceitos de engenharia simultânea ou concorrente, mas que as definições anteriores deixavam em aberto à confusão gerencial decorrente da possibilidade da concorrência (de informações) ficasse fora de um controle centralizado, bem como desconsiderar-se a necessidade do projeto ser sim uma centralidade de informações e não uma simples graficação. (Oliveira, 2007) Com todas estas definições, pode-se partir de uma abrangência para qualidade do projeto que tem três dimensões distintas, porém entrelaçadas que a definem e norteiam sua busca que são a graficação, indicação da construtibilidade e, satisfação dos usuários, não necessariamente nesta ordem. Entenda-se como usuário, não apenas o final, mas o de todo seu processo e no empreendimento, em toda vida deste. E, a partir desta definição, pode-se chegar a uma mais completa que se oriente ao desempenho de um produto pela agregação de valor: maneira de juntar materiais, mão de obra num ambiente de modo a obter o máximo de agregação de valor, deste autor. Hoje em dia, um dos valores mais significativos é o da sustentabilidade. A partir desta conceituação de qualidade fica a pergunta: o que poderia ser associado tecnicamente a valor de um projeto com relação à edificação? A idéia que se pretende passar significaria uma associação a desempenhos que a edificação possa ter. O bom desempenho pode ser agregado aos diversos valores da edificação e estes são, segundo Handler (1970): econômico, técnico, humano, ambiental, simbólico. Meira e Oliveira (1998) acrescentaram o social e funcional. O econômico é o mais conhecido de todos, pois trata de custos e valores pecuniários diretos; o mesmo se pode dizer do técnico, que se refere prioritariamente à segurança ou estabilidade da edificação; a questão do humano se deve às reações fisiológicas das pessoas dentro da edificação; o ambiental se trata da relação entre o usuário e o exterior quanto ao meio em que se insere a edificação; já o simbólico, se refere a “leitura” que o usuário faz do aspecto externo da edificação, ligando-se ao um sentido de inclusão e também de referência. A estes desempenhos foi acrescido o social, isto é, aquele desempenho que tem a ver com o grau de sociabilização que o usuário da edificação desenvolve com os seus co-habitantes e também com seus vizinhos; e o funcional, que avalia atualmente a relação dos espaços interiores (portas, janelas, especialmente) com seu mobiliário ou equipamento.
Tendências e rumos observados no movimento ambiental
Recentes pesquisas e diretivas internacionais indicam com maior ênfase que a busca da prevenção é mais eficaz que a trilogia de Konrad Ott (2003), filósofo alemão interessado em ética ambiental, e do tripé da sustentabilidade concêntrico preconizado pela UNC, melhorado para uma interseção das grandezas envolvidas. A Figura 1 mostra estes rumos (indicados pelas setas grandes) que caracterizam mais favoravelmente a atitudes de prevenção que é realmente a questão de se projetar postada na prioridade máxima. Está além dos convencionais e batidos conceitos 3Rs (Reduce, Reuse, Recycle), bem como coloca em penúltimo lugar a questão da recuperação (economia) da energia. Com isto resta melhorar a visualização do projeto como um processo a ser bem gerenciado para atingir a requerida qualidade indicando claramente que é a prevenção de gastos e custos, atribuindo desempenhos. Em outras palavras, o reuso ou reciclagem de materiais, bem como a economia de energia e a redução de resíduos são requisitos de menor eficácia, nesta ordem, que a prevenção e minimização destes. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 21
● Artigo
Por Roberto de Oliveira
Figura 1: Rumos do movimento ambiental. Fontes: Ott. K (2003); UCN (2006); WFD (2008). Isto só pode ser atingido com um projeto de qualidade, conforme descrição já provida acima baseada em agregação de valor ao usuário. O relacionamento do projeto com as demais fases pode ser analisado para aclarar mais ainda este entendimento
Figura 2: Interferência do projeto nas demais fases do empreendimento. Fonte: MELHADO (2011). 22 • Revista da ACE • Agosto de 2014
O projeto tem uma enorme influência nas fases subsequentes, especialmente com a Construção, mais Operação, Manutenção e Descarte. A Figura 2 mostra a influência em custos do projeto e possibilidade de interferir nas demais fases do empreendimento. Além de influência notável em custos (pode-se dizer também nos desempenhos) nas fases posteriores, destaca-se a também considerável possibilidade de interferir nestes dois fatores. Outra consideração acerca deste relacionamento está na inclusão da manutenção na pauta projetual. Na Lei de Sitter—relativa a custos de reparo em diferentes fases do empreendimento— (neste caso, pouco usada nas Obras de Arte em rodovias) demonstra-se que quando negligenciada a manutenção na época do projeto, o custo de reparação cresce 125 vezes ou seja, os custos seguem uma progressão geométrica de custos durante as fases subseqüentes de razão 5.
Figura 3: Custo para correção de falhas ou Lei de Sitter. Fonte: MELHADO (2011). A Figura 3 mostra bem a “escalada” de custos quando não se prevê a manutenção já na fase de Projeto. Em geral, ou culturalmente no Brasil, se faz a “Manutenção depois da obra entregue, quando os defeitos se agravam, custando até 125 vezes mais do que se fosse previsto um plano de manutenção na fase de projeto.
Figura 4: percentuais de custos por fase do empreendimento
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● Artigo
Por Roberto de Oliveira
Todos os trabalhos acima corroboram o que Ceotto (2008) divulga na Figura 4. Nesta figura estão os valores aproximados percentuais dos custos de cada etapa convencional de um empreendimento. Trata-se de uma visão de Análise do Ciclo de Vida (ACV) de uma edificação onde os custos de uso e manutenção superam em muito os tão enfatizados custos iniciais (projeto e construção). A idéia do custo global de uma edificação considerando seu ciclo de vida surge claramente. O projeto e concepção custa menos de um por cento, enquanto que a manutenção vai a oitenta por cento. A pergunta no ar fica: como fazer com que haja redução dos custos globais? Trata-se de investir em projeto e sua gestão, afirma o autor da figura acima, bem como se evidenciam que melhorias do desempenho da edificação orientadas para fase de uso e manutenção variam de 1 a 8% do custo global da construção, mas podem significar redução de 30% do consumo de energia, redução de 40% do consumo de água e 30% de redução nos custos condominiais.
Conclusões
Em vista do exposto acima, evidencia-se que o projeto é a fase muito menos dispendiosa do empreendimento, tem a maior participação em origem de falhas no empreendimento, tem o máximo impacto nas demais fases do ciclo de vida da edificação e a correção de falhas em projetos é mais de cento e vinte cinco vezes menos custosa que na fase do uso, chega-se a conclusão bem simples. Trata-se do “investimento” crucial à qualidade do processo do empreendimento, bem como orientar corretamente os rumos do desempenho da edificação no sentido da melhoria da respectiva sustentabilidade. Em poucas palavras, a melhoria da sustentabilidade passa necessariamente pela qualidade do projeto e deve centrar-se na grande economia de recursos de maior interferência na natureza que são água e energia, já que os demais impactos são praticamente inevitáveis.
Referências
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● Artigo
Por Adão dos Santos
Geógrafo e Mestre em Relações Internacionais para o Mercosul. Presidente da ACECON - Associação Catarinense de Engenharia Consultiva e vice presidente do Sinaenco - Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva - seção SC
Regularização fundiária através do Programa Lar Legal busca afirmação da cidadania
O processo de industrialização vivenciado na história da humanidade teve consequências sociais e econômicas que fizeram com que as cidades crescessem e expandissem seu território. O aumento das taxas de natalidade, o êxodo rural e a busca de melhores condições de emprego e bem estar foram responsáveis por um inchaço dos centros urbanos. Como fruto deste desenvolvimento, surgiram grandes problemas a serem administrados pelos gestores públicos, que se viram às voltas com deficiências de infraestrutura básica, saneamento, energia, transporte, saúde, lazer, educação e especialmente unidades habitacionais. A incapacidade de se lidar com o crescimento desordenado resultou em um déficit de acesso democratizado à terra urbanizada por parte dos cidadãos que dela necessitavam, e a partir deste cenário, assentamentos irregulares ocuparam áreas vagas, áreas de preservação permanente e áreas de risco. Por outro lado, o crescimento desordenado não foi o único culpado da falta de acesso democratizado à terra urbanizada no Brasil. No caso dos loteamentos irregulares e clandestinos, especialmente esses últimos, também pode ser citada a especulação imobiliária, além da grilagem de terras públicas. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 25
● Artigo
Por Adão dos Santos
Foto: Antônio Cruz/EBC
Caos urbano: crescimento das cidades expõe falta de planejamento
O direito à moradia já é previsto desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, datada de 1948, que conclama nações e seus dirigentes a apresentarem alternativas para o atendimento a esta necessidade. Em nosso país os efeitos desta situação tiveram acentuação a partir de meados dos anos 40, com o governo Vargas e o nascente processo de industrialização, e posteriormente durante o crescimento das metrópoles durante as décadas de 70 e 80. Hoje, a situação de informalidade da propriedade urbana atinge a maioria das cidades brasileiras. O poder público não atende de maneira igual a seus cidadãos, e como reflexo, grande parte da população urbana é discriminada por critérios sociais, culturais, étnicos, de gênero e idade. Especialmente a população carente é impedida de exercer plenamente seu direito à cidadania, pois não possuir a escritura de sua propriedade gera um constante estado de insegurança.
Foto: Antônio Cruz/EBC
Favelização: processo de urbanização brasileiro está longe de ser equilibrado 26 • Revista da ACE • Agosto de 2014
Para a implantação de qualquer loteamento o empreendedor deve seguir a Lei federal nº 6.766/79, bem como as determinações de cada município sobre o assunto, que deve aprovar o projeto para posterior registro no Cartório de Registro de Imóveis. Assim, a implantação de um loteamento deve respeitar tamanhos mínimos de lotes, recuos e destinar adequadamente áreas verdes, entre outros elementos. Se o loteamento não for implantado de maneira a respeitar o projeto existente, trata-se de um loteamento irregular. Por sua vez, em caso de haver venda de lotes sem qualquer aprovação de projeto, denomina-se um loteamento clandestino. Grande parte dos cidadãos em situação vulnerável acaba adquirindo lotes nessas condições, visto se tratarem de terrenos mais baratos, mesmo que não os proporcionem o direito pleno. A Lei Federal nº 11.977/2009 define regularização fundiária como o “conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de assentamentos irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Neste sentido, a regularização fundiária é uma ferramenta que visa transformar a perspectiva dos beneficiários atendidos e auxiliar o gestor público a organizar seu território, visto que após o trâmite, as ocupações que antes eram irregulares passam a figurar no cadastro dos municípios, que também podem passar a incrementar sua arrecadação e oferecer, em contrapartida, os serviços que porventura não tiverem sido disponibilizados até então a estas comunidades. Consequentemente, o senso de envolvimento com sua propriedade aumenta o zelo da população pelos seus bens, já que passam a ter a segurança jurídica e motivam-se a investir em melhorias e conforto, resultando em mais foco em trabalho e renda. Outras vantagens da regularização fundiária e do consequente registro da matrícula deste imóvel em cartório é o acesso ao mercado formal de crédito, visto que há linhas de financiamento específicas para construção e melhoria das habitações, além da possibilidade de inclusão no Programa Minha Casa, Minha Vida. Também se torna possível a penhora do bem, sua comercialização e transferência aos herdeiros.
INICIATIVA DO PODER PÚBLICO
Lar Legal é o nome atribuído à Resolução 8/2014 do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Esta ferramenta foi concebida para apresentar uma possibilidade de regularização fundiária de assentamentos informais via judicial nos casos onde não há mais possibilidade de regularização de modo administrativo. No Estado de Santa Catarina, esta resolução é o fio condutor do Programa de Expansão Estadual para Regularização Fundiária, que tem por unidade gestora a Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Habitação. Existe também um termo de cooperação institucional firmado entre Governo do Estado de Santa Catarina, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o Ministério Público Estadual e a Assembleia Legislativa. As prefeituras municipais, por sua vez, podem aderir ao programa e contar com os serviços de empresas credenciadas por edital pelo Governo do Estado. A regularização através desta ferramenta pode se dar em áreas urbanas de titularidade pública ou privada. Em caso de área pública, todavia, a regularização do imóvel deve ser precedida de lei autorizativa. Cada município detecta quais são suas áreas irregulares que necessitam de atenção, e juntamente com os técnicos da empresa credenciada se dá a pesquisa documental e jurídica no intuito de se conhecer o histórico daquela ocupação. Somente áreas consolidadas podem ser regularizadas pelo Programa, de acordo com o disposto na Lei nº 11.977 de 2009: “Art. 47. Para efeitos da regularização fundiária de assentamentos urbanos, consideram-se: II – área urbana consolidada: parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare e malha viária implantada e que tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados: Agosto de 2014 • Revista da ACE • 27
● Artigo
Por Adão dos Santos
a) drenagem de águas pluviais urbanas; b) esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; d) distribuição de energia elétrica; ou e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos.”
Foto: divulgação
Lar Legal: direito à propriedade
Após a identificação das áreas consolidadas sujeitas à aplicação do Plano Estadual, são executadas as seguintes tarefas: • Levantamento topográfico e confecção da planta e memorial descritivo da área • Reunião comunitária, identificação e cadastramento dos beneficiários • Montagem do processo e ajuizamento das ações em cada comarca • Acompanhamento da ação judicial até a sentença. A planta produzida pela empresa credenciada deve conter: a) descrição da área consolidada com fixação de zonas e os confrontantes, sua qualificação completa juntamente com o respectivo cônjuge; b) indicação precisa de cada lote com confrontações, localização, área, logradouro, número da designação cadastral, nome do ocupante e dos confrontantes; c) indicação das vias, enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e serviços públicos. d) indicação das áreas públicas que passarão ao domínio público Também é necessário que seja anexada uma declaração do órgão municipal competente atestando de que não se trata de área de risco ou de APP. Os adquirentes beneficiários da Justiça Gratuita não pagarão custas e emolumentos no Cartório de Registro de Imóveis, nem a averbação de suas casas, desde que seja o primeiro registro em favor destes. O público alvo, preferencialmente, são as famílias em situação de vulnerabilidade social inseridas no Cadastro Único (CADÚnico) do Governo Federal. No entanto, o fator renda não é impeditivo para que outras famílias participem do programa. Em suma, o objetivo é estimular a regularização em prol da prevenção de situações de risco e do uso equilibrado do espaço urbano, além da redução das desigualdades sociais, da promoção da justiça e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. 28 • Revista da ACE • Agosto de 2014
● Artigo
Por Rafael Fernandes Teixeira da Silva
Eng. de Produção Civil e Eng. de Materiais; Especialização em Direito Ambiental e Urbanismo; Engenheiro concursado do Estado de Santa Catarina; Coordenador do GT-BIM.
Modelagem da informação da construção – BIM BIM é a sigla em inglês para Modelagem da Informação da Construção. Vários conceitos foram dados para definir BIM, mas ao mergulhar na história; na ideia; nas ferramentas que se apropriaram do conceito; em estudos de casos do uso por empresas, cidades e países; e especialmente em buscar conhecer gente como Luiz Augusto Contier, Leonardo Manzione, Sergio Scheer, Chuck Eastman, Paul Teicholz, Rafael Sacks entre tantos outros, é possível perceber, ao mesmo tempo, que nada mudou, e que estamos numa revolução. Nada mudou porque não deixamos de pensar (idealizar), conceber, viabilizar, projetar, construir, usar, manter e renovar objetos (casas, rodovias, portos, cidades por exemplo). E a revolução está na possibilidade de acessar informações no local (x,y,z) em que elas foram definidas ou identificadas. A modelagem da informação da construção é mais que um modelo 3D parametrizado, é também um banco de dados de informação com coordenação (x,y,z). Tal revolução é compreendida na observação da Figura 1, que trata dos níveis de maturidade do BIM, mas também das mudanças nas quais a área de projetos já passou e vai passar.
Figura 1 – Níveis de Maturidade do BIM. Fonte: A report for the Government Construction Client Group - Building Information Modelling (BIM) Working Party - Strategy Paper, march 2011. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 29
● Artigo
Por Rafael Fernandes Teixeira da Silva
Imaginar que informações de relevo, solo, vegetação, hidrografia, plano diretor, cadastro e patrimônio, por exemplo, podem estar no mesmo banco de dados espacial (3D), inúmeras oportunidades se abrem para o desenvolvimento de novos trabalhos, os quais não serão possíveis sem a presença de equipes multidisciplinares. No entanto é importante frisar que o conceito de BIM não é recente. As indústrias química e automobilística já trabalham dessa forma há muito tempo, a primeira porque precisa simular sistemas e a segunda por questões de competitividade precisa ser assertiva na gestão do tempo e de matérias. Por se tratar de um conceito, a BIM para a área da arquitetura, engenharia e construção civil – AEC – possibilita também simular o desenvolvimento de um bairro, de uma cidade; o comportamento de uma edificação frente a questões climáticas, de segurança, energética e de consumo de materiais; ou seja, permite simular o ciclo de vida da benfeitoria (Figura 2), seus impactos, interferências e ganhos sociais. Com a BIM as fases de projeto passam a ter a devida importância, pois possibilita uma análise mais acurada da viabilidade econômica, urbanística, ambiental e social, no curto, médio e longo prazo, ou seja, da sustentabilidade da benfeitoria. Além das possibilidades de simulação, e dos reflexos na execução, por permitir a minimização de conflitos e problemas, a BIM também permite a gestão de operação e manutenção de forma mais eficiente e ágil. Uma vez que as informações do “As Built” tenham sido lançadas e estejam corretas; a troca de uma válvula, a compra de lâmpadas, a pintura de uma parede, a localização de bens (computador, mesa etc), ou seja, a gestão e a manutenção da benfeitoria passam a ser mais eficiente, pois o simples cruzamento de curva ABC com o tempo de vida útil de materiais e equipamentos permitirá compor um fluxo financeiro mais realista e útil para o gestor dessa benfeitoria.
Figura 2 – Ciclo de vida de uma obra com a Modelagem da Informação da Construção BIM. Fonte: http://www.bahianegocios.com.br 30 • Revista da ACE • Agosto de 2014
Atualmente quem mais está fazendo uso ou se valendo do conceito BIM é a iniciativa privada, especialmente pela minimização de riscos e a maximização da gestão e lucro. Mas países como Noruega, Finlândia e Cingapura, e cidades como New York, Barcelona e Londres também o fazem. E nesses locais por ser o poder público quem está conduzindo o processo de transformação, a taxa de aplicação ou uso do BIM é maior. No Brasil empresas e instituições como a Sinco Engenharia, a Gafisa, Petrobrás, o Departamento de Obras Militares do Exército – DOM-Eb e a Prefeitura de São José dos Pinhais, como exemplos, estão fazendo uso da BIM. Em Florianópolis, Santa Catarina, ocorreu no dia 13 de março o I Seminário Estadual de BIM - Uma Nova Forma de Fazer Engenharia e Arquitetura, evento organizado pelo Comitê de Acompanhamento e Controle de Obras Públicas e Serviços de Engenharia, ligado à Secretaria de Estado do Planejamento. Nesse dia, Santa Catarina foi o primeiro Estado brasileiro a publicar dois editais para a contratação de projeto a ser desenvolvido em BIM. No momento sabia-se que o desafio era grande, mas o aprendizado também. Hoje pelas experiências já acumuladas com esses dois editais, tem-se certeza que se está no caminho certo, mas melhorias precisam ser feitas e novos desafios precisam ser enfrentados, como em relação à avaliação de empresas com conhecimento em BIM e na comprovação desse conhecimento. Diante desses e de outros desafios, a Secretaria de Estado do Planejamento, através do Comitê de Acompanhamento e Controle de Obras Públicas e Serviços de Engenharia, institui por portaria o Grupo de Trabalho encarregado pelos estudos e pela implantação da BIM – GT-BIM, no âmbito do poder Executivo Estadual. Entre os desafios está a criação de padrões e regras que permitam uma maior segurança nos contratos de projetos em BIM entre contratada e contratante. Nesse sentido tem-se utilizado como referências os guias da BCA de Cingapura e da DDC de New York. Conteúdos de publicações das organizações Building Smart, American Institute of Architects – AIA, e fórum BIM, além do entendimento de normas como a ISO 16739: 2013, que representa um padrão internacional aberto para dados de BIM que são trocados e compartilhados entre aplicativos de software utilizados pelos diversos integrantes de um projeto de edifícios ou gestão de instalações. Bem como da ASTM E1557, que estabelece a classificação dos elementos de uma construção. Na busca por esses padrões estão sendo construídas parcerias por meio de termos de cooperação técnica com os grandes desenvolvedores de softwares com base no Brasil, como a Autodesk, a Bentley, a Nemetschek e a Trimble. O objetivo é que cada desenvolvedor construa o seu “template” com base nas regras e padrões aprovados no GTBIM, bem como possam dar continuidade na disseminação do conceito e das ferramentas BIM em Santa Catarina. Como ocorrido no 1º Encontro Técnico de Soluções em BIM no final do primeiro semestre deste ano, e provavelmente com a realização do 2º Encontro na primeira semana de novembro também de 2014. Mais informações sobre BIM podem ser buscadas nos sites listados abaixo: BIMFORUM. BIM Forum. Disponível em: <https://bimforum.org/>. Acesso em: 10 ago. 2014. BUILDINGSMART. Building Smart. 2008. Disponível em: <http://www.buildingsmart.org/>. Acesso em: 10 ago. 2014. CORENET E-INFORMATION SYSTEM. CORENET e-Information System. 2014. Disponível em: <http://www.corenet.gov.sg/>. Acesso em: 10 ago. 2014.
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● Artigo
Por Rafael Fernandes Teixeira da Silva
ESTADOS UNIDOS. New York City. Department Of Design And Construction. Department of Design and Construction. Disponível em: <http://www.nyc.gov/html/ddc/html/pubs/publications. shtml>. Acesso em: 10 ago. 2014. NATIONAL INSTITUTE OF BUILDING SCIENCES. The National BIM Standard-United States. Disponível em: <http://www.nationalbimstandard.org/>. Acesso em: 10 ago. 2014. THE AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTS. The American Institute of Architects. 2014. Disponível em: <http://www.aia.org/>. Acesso em: 10 ago. 2014. BUILDING SMART FINLAND. Building Smart Finland. 2012. Disponível em: <http://www. en.buildingsmart.kotisivukone.com/3>. Acesso em: 10 ago. 2014.
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● ACE em Ação
A
Aniversário da Ponte
conclusão das obras da Ponte Hercílio Luz foi tema de debate na manhã do aniversário da ponte, dia 13 de maio. O encontro aconteceu na Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) para comemorar os 88 anos do maior cartão postal de Florianópolis. Inaugurada em treze de maio de 1926, pelo engenheiro Hercílio Luz,
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então Governador do Estado de Santa Catarina, a Ponte de Ferro, como era chamada na época, tornou-se a primeira ligação terrestre do continente com a ilha-capital. Iniciada em novembro de 1922, foi considerada na época, uma das obras mais ousadas do mundo. Com o peso de 5 mil toneladas, mais de 74 metros de altura e 821 metros de comprimento, a Ponte
Hercílio Luz consolidou Florianópolis como a capital de Santa Catarina. Dentre as autoridades que prestigiaram o evento estavam o deputado Joares Ponticelli, presidente em exercício da Assembleia Legislativa; Celso Leal, presidente da Associação Catarinense de Engenheiros; deputado Valmir Comin e deputado Reno Caramori.
“O importante será estabilizar a estrutura da ponte para afastar o risco de colapso da estrutura. Após esta etapa acreditamos ser possível concluir a reforma”, avaliou Celso T. Leal.
Engenheiros verificam in loco atraso nas obras de restauração da Hercílio Luz
O
presidente da Associação Catarinense de Engenheiros – ACE e os participantes do debate sobre a Ponte Hercílio Luz concluíram que as obras de recuperação não estarão prontas no fim do ano, como pretendia o Governo do Estado. Na manhã do dia 13 de maio, em conjunto com entidades como a Associação Catarinense de Imprensa – ACI, eles fizeram uma visita ao canteiro de obras de restauração da ponte, onde foram recebidos pelos técnicos responsáveis. Os engenheiros que acompanharam a visita ao canteiro de obras constataram que foram realizados cerca de 31% da obra até aquele momento. O mais importante no momento é garantir a "ponte segura", e para isso deve ser montada a estrutura de suporte do vão central, conforme destaca o presidente Celso T. Leal. Segundo ele, faltam ainda adquirir materiais especiais, aços especiais que necessitam entrar em produção e que num mercado saturado de pedidos torna difícil a previsão de atendimento. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 35
● ACE em Ação
Convênio com a Prefeitura reforça o licenciamento ACE formaliza Termo de Cooperação Técnica em caráter temporário, visando a análise e aprovação de projetos de construção no município
A
reunião no CREA-SC contou com a presença do superintendente do IPUF, Dalmo Vieira Filho e diretores das entidades de classe que, por intermédio da ACE, também integram o convênio: ACEST, IBAPE, ABES, ABENC, ACESA, IAB e ACECON. A Prefeitura informou que havia cerca de 800 projetos acumulados aguardando análise técnica. A proposta visa à prestação de serviços técnicos por profissionais das entidades para suprir a demanda existente na área de aprovação de projetos em Florianópolis, com base nas diretrizes do novo plano diretor. Pelo documento seriam disponibilizados 20 engenheiros civis e 20 arquitetos para formação de um cadastro de Reserva Técnica, que serão capacitados pelo município para as atividades. A administração municipal informou ainda que será realizado um concurso público para abertura de vagas na área da engenharia a partir do segundo semestre deste ano para suprir o déficit de profissionais nesta área. Também serão investidos cerca de R$ 340 milhões na ca-
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pital em 2014 em obras de infraestrutura com recursos dos governos federal, estadual e municipal. No final de julho o presidente da ACE, Celso Leal, fez o primeiro repasse dos recursos aos profissionais contratados no âmbito do Termo de Cooperação Técnica firmado com a Prefeitura de Florianópolis e a ACE, para análise de projetos junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano – SMDU e o Instituto de Plane-
jamento Urbano da Capital (IPUF). Os profissionais selecionados pela ACE estão atuando como um reforço diante da defasagem do número de técnicos disponíveis para análise dos pedidos de licença e de consulta prévia na Capital. Entre as tarefas está a emissão de pareceres em consultas de viabilidade técnica e projetos de edificações residenciais e comerciais, para a construção de edificações uni e multifamiliares, comerciais e serviços.
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● ACE 80 anos
ACE promove concurso fotográfico cultural sobre a engenharia
A
Associação Catarinense de Engenheiros realizou o Concurso Fotográfico Cultural com o tema “A presença da engenharia na sociedade”, mais uma atividade da programação dos 80 anos da entidade. O concurso teve o objetivo de ampliar a compreensão sobre a engenharia e sua aplicabilidade na sociedade. Algumas fotos inscritas fizeram parte do livro comemorativo do aniversário de 80 anos da entidade. As melhores imagens integraram também uma exposição fotográfica durante os eventos de comemoração. A comissão julgadora foi formada por Vilson Luiz Coelho (presidente), João Pedro Assumpção Bastos, Sidney Kair, Antonio Rubilar Ferreira Leão, Sergio Luiz da Silva, Maria Elsa Nunes e Cláudia Renata de Oliveira.
1º lugar
Jadna Ester T. Marcon com “Produção de álcool a partir do arroz” ficou com a terceira colocação
Mauro Goulart com “Lar é onde o coração está” e “Caminhos históricos”, respectivamente 1º e 2 º lugar, com ele a vice presidente Maria Elsa
Acervo digital
2º lugar
N
o lançamento do concurso, a escritora Christina Baumgarten fez a entrega oficial da digitalização de todo o arquivo fotográfico da ACE, juntamente com uma apresentação do trabalho desenvolvido. Foram digitalizadas 12.175 fotos, com 250 horas de trabalho, digitalização e organização dos arquivos em 369 pastas nomeadas e organizadas na linha do tempo, totalizando 12.6Gb (gigabytes) de memória digital. O material será disponibilizado no site da ACE para visita do público e durante a solenidade de aniversário da entidade, em maio, foi entregue oficialmente uma cópia do arquivo digital ao CREA/SC, também apoiador do projeto.
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3º lugar
Ponte Hercílio Luz: exposição gratuita na sede da ACE
E
m maio a sede da ACE foi palco durante uma semana de uma exposição de fotos históricas e de equipamentos utilizados na construção e manutenção da Ponte Hercílio Luz. O período de três anos e seis meses da construção da ponte, entre 14 de novembro de 1922 e 13 de maio de 1926, teve seu registro exibido em dezenas de fotos. Uma das imagens mais interessantes da exposição mostra o então governador Hercílio Luz em visita ao canteiro de obras da ancoragem, no lado continental.
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● ACE 80 anos
Homenagem da Câmara de Vereadores
A
Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) recebeu homenagem em 19 de maio na Câmara de Vereadores de Florianópolis pelos 80 anos de sua fundação. Recebeu a honraria o presidente da entidade e conselheiro do CREA -SC, Eng. Eletric. Celso Ternes Leal. A proposição foi apresentada pelo vereador Celso Sandrini.
Assembleia Legislativa presta homenagem à ACE
E
m sessão especial proposta pelo deputado Reno Caramori, a Assembleia Legislativa prestou homenagem aos 80 anos da ACE no dia 10 de julho. Na oportunidade também foram homenageados 16 ex-presidentes da Associação, além do reconhecimento a entidades parceiras como o CREA, Mútua e o Sindicato dos Engenheiros (Senge-SC). A sessão contou ainda com o lançamento do livro “Tempo de Construir - Visões e Contribuições da Associação Catarinense de Engenheiros - 80 Anos de História”, de autoria de Christina Baumgarten. Com 216 páginas, a obra faz parte de um projeto, ao qual se soma a criação de um museu virtual para o resgate da história da ACE, como destacou o atual presidente, Celso Leal: “Nos motivamos a documentar e resgatar fatos que contribuíram para que a ACE se transformasse numa instituição de excelência em prol do fortalecimento da classe".
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Ex-presidentes da ACE homenageados pelo Legislativo Estadual • Celso Ramos Filho, engenheiro civil, presidente de 1957 a 1958; • Hamilton Nazareno Ramos Schaefer, engenheiro eletricista, presidente entre 1970 e 1974; • Mario Luiz Menel da Cunha, engenheiro eletricista, presidente entre 1977 e 1978; • Nelson José Althof, engenheiro civil, presidente entre 1978 e 1979; • Carlos Alberto Ganzo Fernandez, engenheiro eletricista, presidente entre 1979 e 1981; • Otávio Ferrari Filho, engenheiro mecânico, presidente entre 1981 e 1983; • Aníbal Borin, engenheiro civil, presidente de 1983 a 1986; • Francisco Duarte de Oliveira, engenheiro eletricista, presidente de 1986 a 1987; • Rubens da Silva Felipe, engenheiro eletricista, presidente de 1987 a 1989; • Dauzelei Benetton Pereira, geólogo, presidente de 1989 a 1993; • Claude Pasteur de Andrade Faria, engenheiro eletricista, presidente de 1993 a 1995; • Celso Francisco Ramos Fonseca, engenheiro civil, presidente de 1995 a 1999; • Valmir Antunes da Silva, engenheiro civil, presidente de 1999 a 2003 e de 2005 a 2007; • Nelson Bittencourt, engenheiro sanitarista, presidente de 2003 a 2005; • Abelardo Pereira Filho, engenheiro civil, presidente de 2007 a 2011; • Celso Ternes Leal, engenheiro eletricista, presidente em gestão desde 2011.
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● Destaque Profissional
“Um mestre. É isso que as pessoas precisam ter a humildade de buscar” A recomendação é do ex-presidente da ACE, Hamilton Schaefer, que já foi professor, vicereitor da UFSC, líder comunitário e prega o diálogo como forma de crescimento pessoal
O
engenheiro eletricista Hamilton Nazareno Ramos Schaefer foi homenageado em maio desse ano pela Associação Catarinense de Engenheiros com o troféu Engenheiro de Carreira 2013 durante as comemorações dos 80 anos da entidade. Às vésperas de completar 76 anos, ele faz aniversário em 25 de dezembro, o engenheiro observa que embora vivamos em uma sociedade conectada, as pessoas pouco escutam umas as outras no dia a dia. “Os aparelhos estão conectados em rede, mas as pessoas não”, diz ele ao destacar que a falta de diálogo prejudica o aprimoramento pessoal e profissional dos estudantes de engenharia. Segundo ele, a reforma universitária introduzida no país no final dos anos 60 foi uma das causadoras da atual crise no ensino superior, pois na época em que começou a ensinar na faculdade, o profissional com experiência no mercado de trabalho era valorizado. Naquela época, não havia a divisão do ano em semestres e os alunos de engenharia iniciavam e acabavam o ano letivo com o mesmo professor de uma determinada disciplina. “Isso permitia o aprofundamento da relação de aprendizado, fazendo com que o aluno tivesse um mestre para ensiná-lo”, diz Hamilton Scheafer, reforçando que hoje em dia as pessoas não têm humildade de pedir orientação para quem sabe fazer as coisas. O caso de amor com a engenharia começou desde pequeno, pois conta que gostava de estudar física nas aulas do Colégio Catarinense e nos anos do Instituto Estadual de Educação. Na sessão da Assembleia Legislativa em homenagem aos 80 anos da ACE, ele foi
abordado por um dos convidados que lhe fez o seguinte relato: “Hoje eu sou professor porque fui seu aluno”. Para o engenheiro, às vezes um comentário sobre a vida profissional pode contribuir muito mais para a formação das pessoas do que a explicação de um teorema, “e o professor tem esta responsabilidade”. Em sua ótica, o sucesso de um profissional de engenharia não dependerá apenas dos conhecimentos do sujeito, “mas pelo que ele faz com o que sabe e com os recursos que dispõe”. Hamilton Scheafer destaca que o exercício da profissão sempre será testado pelos valores pessoais do profissional. “São em entidades como a ACE que se aprende e se transmitem os valores que dignificam o profissional e que engrandecem a Engenharia”, observa. Ele se formou na década de 60 em Porto Alegre e apesar de aposentado há vários anos, continua exercendo a profissão com o mesmo entusiasmo do princípio e conta que recentemente fez uma perícia no sistema de iluminação do estádio Orlando Scarpelli, do Figueirense. Morador do bairro Coqueiros desde 1969, morando na mesma casa, como ressalta, ele se envolve nas questões comunitárias desta área continental da Capital, como a luta que resultou na implantação do Parque de Coqueiros, em área de marinha cedida pelo Governo do Estado para a Prefeitura e depois para a Sociedade Amigos do Bairro de Coqueiros. O parque foi criado oficialmente pelo alvará de permissão de uso e teve o início das obras em 8 de abril de 1999, concluídas oito anos depois. Ele começou a vida profissional com escritório de projetos de instalações elétricas e lecionando na UFSC. Como acadê-
mico, além de professor, também participou com destaque na administração da Universidade Federal chegando a ser vice-reitor. Por outro lado, ajudou a fundar a APUFSC, a associação dos professores da instituição de ensino, que contrapunha o poder exagerado da administração superior sobre os professores, estes sem representação sindical, como hoje está consolidada. Ele teve também destacada atuação no associativismo profissional, pois foi também presidente da ACE. Hamilton Schaefer foi um dos oradores na recente homenagem da Assembleia Legislativa aos 80 anos da ACE. Para ele, a sessão especial marcou o encontro de duas facetas de fundamental importância para Santa Catarina, a política e a engenharia: “Cada uma delas carrega uma história inestimável, um passado, uma cultura, uma identidade e um destino. A engenharia como a arte de colocar a ciência e a tecnologia a serviço do homem e a política como a arte de conciliar os interesses humanos visando o bem comum”. No discurso ele evidenciou a contribuição efetiva da engenharia com o desenvolvimento do Estado, construindo estradas e pontes, edificações, implantando parques industriais, fazendo a gestão dos recursos naturais, retificando rios, contenção de cheias, construção de barragens e de usinas para a geração de energia, implantação de linhas de transmissão e nas áreas de planejamento e pesquisa. “Os engenheiros saberão resgatar o planejamento como atuação continuada, para que ele volte a ser a arte de antecipar as necessidades e propor soluções antes de se tornarem problemas”, ressalta. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 43
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● Resgate Histórico
Celso Ramos Filho: engenheiro com história
ascido em 16 de dezembro de 1924 N em Lages, no Planalto Serrano, o engenheiro completa 90 anos no final do ano. Engenheiro civil, fundou e é o primeiro presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA)-SC. Segundo dos seis filhos do exgovernador Celso Ramos e Edith Gama Ramos, ele é neto do ex-governador Vidal Ramos e Tereza Fiuza Ramos, bisneto de Vidal Ramos Sênior e Júlia Baptista Ramos. Celso é casado com Maria Júlia Medeiros Ramos, professora diplomada em São Paulo, em Geografia e História e filha do Dr. João José de Cupertino Medeiros e Eponina Orige Medeiros. O casal Celso e Júlia tem cinco filhos: Celso Ramos Neto, engenheiro, casado com Ana Maria Maia Ramos; Luiz Gonzaga Medeiros Ramos, engenheiro, casado com Rosanna Barcia Ramos; Clisse Medeiros Ramos, engenheira, casada com Georges Perret; Marcelo Medeiros Ramos, advogado, casado com Vanda Cabral Ramos e Márcio Medeiros Ramos, administrador de empresas, casado com a médica Suse Maris Machado Ramos. Em sua vida profissional, durante muitos anos exerceu a engenharia, só interrompendo quando resolveu dedicar-se à política, acompanhando seu pai nas campanhas para Senador e Governador (eleito). Foi criador e titular da firma de engenharia ENARCO, na época a maior do estado, responsável pela construção da ala nova da Maternidade Carlos Corrêa, da Igreja Irmão Joaquim, a maternidade-hospital de Tijucas, o Hospital Naval em Florianópolis, a resi-
dência do Comando do 5º Distrito Naval, em Florianópolis, o conjunto de 100 casas populares em Laguna e Itajaí, além de centenas de residências e prédios no estado. Foi, por quatro anos, secretário de Viação e Obras Públicas (idealizou e iniciou a construção da Avenida Beira -Mar Norte, na Capital). Exerceu a presidência do Conselho Rodoviário e do Conselho do Daes (hoje Casan) e do Deos (Saneamento). Foi membro do Conselho do PLAMEG, do Besc e da Comissão Interestadual dos rios Paraná e Uruguai. Como secretário da Viação, construiu a ligação entre São Bento do Sul e Corupá (a rodovia leva o seu nome) aproximando a região do Alto Rio Negro ao porto de São Francisco do Sul. Como deputado à Assembleia de Santa Catarina, foi criador e presidente da Comissão de Ciências e Tecnologia. Foi também presidente da Comissão de Finanças e relator por quatro anos do Orçamento e das Contas do Estado de Santa Catarina. Foi o inspirador da criação do Ministério de Ciência e Tecnologia, ao ver aprovada sua tese no Congresso da UPI (União Parlamentar Interestadual). Autor, também, de indicação para que fosse criado um Ministério para a Amazônia. Foi a primeira voz que se levantou a favor da Área Metropolitana da Grande Florianópolis, em 1967. Autor, ainda, de vários projetos, entre eles, a criação do “Prêmio Jerônimo Coelho” e da Lei nº 4.147 de 2 de maio de 1968, que criou em Santa Catarina a “Semana da Ciência e Tecnologia”, comemorada, anualmente nas escolas de nosso Estado. Autor de um “Regimento Interno Padrão” para as Assembleias Legislativas do Brasil, aprovado no Congresso da UPI de Petrópolis, onde foi aplaudido de pé pelos deputados brasileiros presentes. Engenheiro do extinto IPASE e presidente da Comissão pró criação de uma Escola de Engenharia em Florianópolis, objetivo concretizado com a fundação
da Escola de Engenharia Mecânica. Fez parte da Comissão pró criação do SENGE (Sindicato dos Engenheiros) e presidente da ACE (Associação Catarinense de Engenheiros), além de criador (em 1958) do CREA de Santa Catarina e seu primeiro presidente, reeleito por unanimidade em cinco oportunidades ao longo de 15 anos. Eleito, por dez anos seguidos, secretário do Congresso Brasileiro de presidentes de CREA's (Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). Vida pública e atividades sociais - Em São Bento do Sul há um Colégio Estadual com seu nome. Professor efetivo, por 22 anos, da Escola Técnica Federal de SC. Presidente do Clube Náutico Riachuelo (4 vezes campeão) e do Avaí Futebol Clube e membro do Conselho Deliberativo de vários clubes sociais da capital. Foi eleito duas vezes deputado estadual, a segunda, como o segundo mais votado. É aposentado como Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Possui vários trabalhos, comendas e medalhas, uma delas de “Mérito por serviços prestados à Engenharia Nacional” (Lei 5195 de 24/12/1966), entregue em sessão solene do CONFEA, pelo presidente Juscelino Kubitschek. É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e recebeu em 23 de março de 1997, da Câmara Municipal, o título de “Cidadão Honorário de Florianópolis”, em reconhecimento por relevantes serviços prestados ao município. Foi deputado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina na 6ª legislatura (1967 — 1971) e na 7ª legislatura (1971 — 1975). Foi também, entre os anos de 1954 a 1957, presidente executivo do Avaí Futebol Clube. Foi presidente do Clube Náutico Riachuelo- Florianópolis. Entre suas publicações estão a obra Coxilha Rica, Genealogia da Família Ramos. Florianópolis: Insular, 2002. Jóias do Pensamento Humano e Cândido de Oliveira Ramos – Biografia. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 45
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● Canal do Acadêmico
À esquerda, o atual presidente da empresa Marco Aurélio Bittencourt; ao lado do ex-coordenador do curso, Lauro Cesar Nicolazzi; da ex-presidente Marina Brant e do Eng. Civil Roberto de Oliveira
Membros da i9 CONSULTORIA desenvolvem variados projetos em Engenharia Mecânica dentro da UFSC
A
empresa júnior do curso completa 19 anos em setembro e já realizou mais de 70 projetos com preços abaixo da média do mercado. Contando com o trabalho dos seus membros, alunos de Engenharia Mecânica da UFSC, aliados à estrutura da empresa e ao conhecimento e experiência dos professores do departamento que orientam os projetos, a i9 CONSULTORIA busca prestar consultorias em projetos de Engenharia Mecânica para pequenos e médios empresários que precisam de soluções técnicas para otimizar sua produção. Porém, a empresa também já prestou serviços para grandes
companhias como a Ferrovia Teresa Cristina e a Petrobrás. Contando em seu portfólio com projetos desde um mecanismo de revelação para uma máquina fotográfica até uma pista de skate geradora de ondas, a empresa forma uma equipe de graduandos de diversas fases capazes de tornarem realidade as ideias de seus clientes, sejam elas um produto inédito no mercado, uma redução de custo ou um aumento na produtividade. “Nosso objetivo é oferecer um projeto de qualidade a um preço mais justo, fortalecendo o mercado e gerando conhecimento para os membros” explica Guilherme Larroyd, Diretor de Marketing da i9.
Além do foco nas consultorias técnicas, outro objetivo é a capacitação dos membros. A i9 faz parte do Movimento Empresa Júnior (MEJ), que surgiu em 1967 na França, com o intuito de fazer os alunos colocarem em prática técnicas e conceitos lecionados em sala de aula. Neste ambiente empresarial eles têm a oportunidade de ter experiências profissionais, trabalhar em equipe e desenvolver diversas habilidades, além de todos os treinamentos fornecidos com a arrecadação proveniente dos projetos, sendo formados como engenheiros diferenciados para o mercado. O site é www.i9.ufsc.br e o telefone (48) 3721-7537. Agosto de 2014 • Revista da ACE • 47
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● Social e Memórias
Mães na ACE O tradicional Almoço de Confraternização do Dia das Mães na Associação Catarinense de Engenheiros – ACE foi realizado no dia 11 de maio, com a presença da diretoria da ACE, associados e seus familiares.
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7 º Costelão CredCrea Aconteceu dia 17 de maio, na Devassa On Stage, em Florianópolis, a 7 ª edição do Costelão CredCrea marcando os 10 anos da CredCrea e reunindo cerca de mil pessoas que se divertiram com música e as atrações especialmente programadas pelos organizadores.
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● Prêmio ACE 2014
Valorizando Empresas e Profissionais
Engenheiro do Ano 2013 Wilfredo Brillinger – Presidente da Prosul
Engenheiro do Ano 2013 - Carreira Profissional Hamilton Nazareno Ramos Schaefer
Entidades do ano 2013 - CREA-SC – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de SC
Diretoria da Associação Catarinense de Engenheiros
Entidades do ano 2013 - CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. Civil – Edenilson Cardoso
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. Eletricista – Gilberto Vieira Filho
Entidades do ano 2013 - MÚTUA-SC - Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA
Entidades do Ano 2013 - CREDCREA-SC – Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais do CREA
Empresa do Ano - Engenharia Consultiva Prosul - Projetos Supervisão e Planejamento Ltda
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. Florestal – Gabriel Goedert Pauli
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. de Controle e Automação – Guilherme C. Angeloni
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. de Segurança do Trabalho – José Spricigo
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. Sanitarista – Carlos Henrique Barbato do Amaral
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Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. Mecânico – Álvaro José Silveira Beiro
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. Agrimensor – Rogério de Oliveira Knabben
Profissional do Ano 2013 - Categoria Eng. de Operação – Mecânica, Refrigeração e Ar Condicionado – Alberto Ascoli Gomes
Empresa do ano - Categoria Grandes Obras - SulCatarinense
Profissional do Ano 2013 - Categoria Geógrafo – Adão dos Santos
Profissional do Ano 2013 - Categoria Téc. em Agrimensura – Clóvis Daniel Schappo
Placa Destaque 2013 – Universidade Pública: Universidade Federal de Santa Catarina
Empresa do ano – Sondagem e Estaqueamento Perfuratec Fundações Ltda
Empresa do ano - Engenharia Consultiva Sotepa - Sociedade Técnica de Estudos, Projetos e Assessoria Ltda
Empresa do ano - Engenharia Consultiva Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda
Empresa do ano – Sondagem e Estaqueamento. Brasecol Engenharia e Fundações SA
Empresa do ano - Projetos e Construção Civil Viviane Quint Dorta do Amaral ME
Empresa do ano - Projetos e Construção Civil RK&S Engenharia de Estruturas Ltda EPP
Empresa do ano – Energia Quantum Engenharia Elétrica Ltda
Empresa do ano – Energia Quark Engenharia Ltda ME
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