“Nas prisões de todo o mundo, a epidemia pelo VIH apresenta um grande desafio. A prevalência pelo VIH nas prisões é de longe mais alta do que na comunidade em geral e as prisões um local de alto risco para a transmissão pelo VIH.”
Num estudo realizado pelo King’s College em 2008 intitulado “World Prison Population List”, existiam mais de 10 milhões de pessoas detidas em centros de detenção por todo o mundo, e mais de metade estão em prisão preventiva. Considerando a grande rotatividade da população prisional, mais de 30 milhões de pessoas são presos anualmente.
As taxas de infeção pelo VIH, tuberculose e hepatite C e B entre os reclusos são, na maioria dos países, significativamente mais elevadas do que as da população em geral. A infeção pelo VIH, a hepatite, a tuberculose (TB) e as infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) são ameaças significativas à saúde dos presos, dos guardas prisionais e dos seus familiares. Surtos de infeção pelo VIH ocorreram numa série de sistemas prisionais, o que demonstra a rapidez com que o VIH se pode espalhar na prisão, a menos que se tomem medidas efetivas para prevenir a transmissão.
Estas infeções são importantes desafios não só para os serviços prisionais como para as autoridades de saúde pública e respetivos governos. Entre os presos, o ônus da infeção pelo VIH, hepatites virais, tuberculose (TB) e infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) é alto, devido a comportamentos de risco, antes e durante o encarceramento. Comportamentos de risco podem incluir coerção sexual, a continuação e/ou o início do uso de drogas injetáveis, práticas médicas inseguras, e, no caso da tuberculose, fatores ambientais como a fraca ventilação e a superlotação.
Os grupos mais vulneráveis ao VIH são aqueles que apresentam mais risco de serem detidos. As condições sociais e económicas assim como as violações aos direitos humanos aumentam a vulnerabilidade ao VIH e, também, aumentam a vulnerabilidade à prisão. Como resultado, as populações com as maiores taxas de infeção pelo VIH estão desproporcionalmente representados dentro das prisões. Por exemplo, em países onde a prevalência do uso de drogas injetáveis é elevado na comunidade, a prevalência de utilizadores de drogas injetáveis em prisões será alta. Sempre que mais pessoas contraírem a infeção antes de detidos, os riscos de se ser infetado nas prisões continuarão a ser importantes.
Políticas eficazes para prevenir infeções de VIH e hepatite dentro das prisões são muitas vezes dificultadas pela negação da existência dos fatores que contribuem para a sua propagação, tais como a disponibilidade de drogas