ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 66 de 158
Revista Brasileira de
Quiropraxia Brazilian Journal of Chiropractic Apoio:
REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF CHIROPRACTIC Volume V - Número 2 – Julho a Dezembro 2014 ÍNDICE – CONTENT 1. EDITORIAL E INSTRUÇÕES AOS AUTORES
2.
REVISÃO E ATUALIZAÇÃO
3.
Neurodynamics of spinal segmental dysfunctions in clinical practice Vinícius Tieppo Francio Proloterapia
76
82
89
Carlos Braghini Jr 4.
5.
ARTIGOS ORIGINAIS
Inserção da Quiropraxia no Sistema Único de Saúde Insertion of Chiropractic in Health System Liana A. Linhares, Marta C. Saraiva, Carlos P.B. de Almeida Alterações no limiar de dor em atletas universitários tratados por meio da Técnica ART® Changes in pain threshold in college athletes treated by the ART ®Technique Stephanie Carolina R. Steigleider, Tiago Augusto Zago
96
105
6.
A influência do ajuste quiroprático na qualidade de vida em paraplégicos The influence of the chiropractic adjustment in the quality of life in paraplegic 115 Marina Spadari Lusa, Tiago Augusto Zago
7
Expectativas profissionais de acadêmicos de quiropraxia no Brasil Professional chiropractic academic expectations in Brazil 126 Inajara Maciel dos Santos, Márcia A.B. de Alexandre
8.
Correlação entre desigualdade funcional do comprimento de membros inferiores e simetria pélvica Correlation between functional inequality of the length of the lower limbs and pelvic symmetry Germana Borghetti, Danilo Messa da Silva
137
EDITORIAL
Este periódico é pioneiro na área de Quiropraxia no Brasil e como canal de comunicação cientifica tem a função de disseminar estudos de caráter educacional teórico e prático na área. Buscando maior segurança e excelência na qualidade de suas publicações, os gestores editoriais, optaram por preservar seus arquivos eletrônicos utilizando o Digital Object Identifier (DOI). O DOI foi desenvolvido pela Associação de Publicadores Americanos (AAP), representa um sistema de identificação numérico para conteúdo digital, como livros, artigos eletrônicos e documentos em geral. Também auxilia a localização e o acesso de materiais na web, facilitando a autenticação de documentos. No Brasil a utilização deste sistema é recente e é adotado pela plataforma lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). A adoção do sistema facilitará a divulgação do conteúdo publicado dando maior visibilidade e credibilidade à revista. É uma nova conquista para a nascente quiropraxia no País. Sabedores que o conteúdo documental torna-se patrimônio marcante para a história, esperamos assim contribuir para preservação da memória social e cultural de nossa profissão.
Corpo Editorial
REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF CHIROPRACTIC Corpo Editorial
Editor científico Djalma José Fagundes
Editores assistentes Ana Paula Albuquerque Facchinato Campos Evergisto Souto Maior Lopes
Jornalista científico Anna Carolina Negrini Fagundes Martino
Consultor da língua inglesa Ricardo Fujikawa
Conselho nacional de consultores (Brasil) Eduardo S. Botelho Bracher Fernando Redondo Aline Pereira Labate Fernandes
Conselho internacional de consultores David Chapman Smith Reed Phillips Fábio Dal Bello
Assessoria e Gerência Executiva Mara Célia Paiva
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AGRADECIMENTOS
A Revista Brasileira de Quiropraxia publica trabalhos científicos e culturais de interesse aos profissionais da área ósteomioarticular. A qualidade das informações neles expressas é avaliada de forma sistemática por colegas experientes. Todo trabalho de investigação submetido à revista é enviado a especialistas encarregados de revê-los de forma detalhada, visando obter avaliações abalizadas sobre a qualidade técnica do texto. Outros colegas também disponibilizam seu tempo para elaborar revisão ortográfica e formatação dos textos. Em reconhecimento à espontânea colaboração desses especialistas, bem como a conduta ética demonstrada nesse processo, expressamos aqui o nosso agradecimento. Revisão científica Aline de Almeida Ferreira Camila de Carvalho Benedicto Carlos Podalirio B. de Almeida Cley Jonir Foster Jardeweski Daniel Facchini Katherine Palmina Cassemiro Colomba Marcos Vinícius Zirbes Mariana Wentz Faoro Vivian Roca Vinícius Tieppo Francio
Revisão ortográfica da língua Inglesa Rodrigo Alves da Cunha
Formatação de texto Elisangela Zancanário
Doações: Daisy Renosto
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INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Apresentação A Revista Brasileira de Quiropraxia (Brazilian Journal of Chiropractic) é uma entidade aberta de comunicação e divulgação de atividades científicas e profissionais na área de Quiropraxia. Ela recebe colaboração em suas diversas seções, após avaliação de pelo menos dois de seus membros do Conselho de Consultores e que irão julgar a relevância, formatação e pertinência da comunicação. Os autores e coautores devem ter participação efetiva na elaboração do trabalho publicado, seja no seu planejamento, seja na execução e interpretação. O autor principal é o responsável pela lisura e consistência das informações do artigo. Os indivíduos que prestaram apenas colaboração técnica devem ser designados na secção de agradecimentos. O original do artigo ou comunicação deve ser acompanhado de uma carta ao editor-chefe apresentando o título do trabalho, autores e respectivos graus acadêmicos, instituição de origem e motivo da submissão. Deve acompanhar uma carta de cessão dos direitos autorais e compromisso de exclusividade de publicação segundo o modelo: Cessão de Direitos Os autores abaixo assinados estão de acordo com a transferência dos direitos autorais (Ato de Direitos Autorais /1976) do artigo intitulado: ........................................................................
à
Revista
Brasileira
de
Quiropraxia. Por outro lado, garante ser o artigo original, não estar em avaliação por outro periódico, não ser total ou parcialmente publicado anteriormente e não ter conflito de interesses com terceiros. O artigo foi lido e cada um dos autores confirma sua contribuição e está de acordo com as disposições legais que regem a publicação. Cidade, data Nome legível e assinatura de todos os autores. Submissão de artigos ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 79 de 152
Os originais podem ser submetidos para a apreciação da revista por via eletrônica
(e-mail)
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CD-ROM
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preferencialmente em inglês e ser produzidos em editor de texto compatível com Windows Word, em Times New Roman ou Arial, tamanho 12, margens superior e inferior de 2,5 cm e laterais 3,0 cm. Os parágrafos devem ser separados por espaço duplo, não ultrapassando 12 (doze páginas incluindo referências, figuras, tabelas e anexos). Estudos de casos não devem ultrapassar 6 (seis) páginas digitadas em sua extensão total, incluindo referências, figuras, tabelas e anexos. Os artigos e comunicações enviadas serão analisados pelo editor-chefe; sendo pertinentes e tendo respeitado as normas de formatação da Revista eles serão encaminhados ao Conselho Consultivo da revista para avaliação do mérito científico da publicação. Os originais poderão ser devolvidos para correções e adaptações de acordo com a análise dos consultores ou podem ser recusados. A Revista reserva o direito eventual de recusa sem a obrigação de justificativa. Os artigos originais recusados serão devolvidos aos autores. Figuras, Tabelas e Quadros As figuras e tabelas devem ser enviadas em arquivos separados. As imagens devem ser designadas como “Figuras”, numeradas em algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto e enviadas em arquivo JPG ou TIF com alta resolução. As tabelas devem ser numeradas em algarismos romanos de acordo com a ordem em que aparecem no texto. Quadros deve ser numerado em algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto. Formato do Artigo Os originais devem conter um arquivo separado com a página de título (title page) onde deve constar: - o título do artigo (máximo de 80 caracteres) - nome completo dos autores - afiliação e mais alto grau acadêmico - instituição de origem do trabalho - título abreviado (running title) máximo de quarenta caracteres ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 80 de 152
- fontes de financiamento - conflito de interesses - endereço completo do autor correspondente (endereço, telefone, fax e email). Formato das Referências As referências devem ser numeradas em algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto, no qual devem ser identificadas com o mesmo número no formato sobrescrito. Os autores devem apresentar as referências seguindo as normas básicas de Vancouver com Sobrenome, Prenome do(s) autor(es). Título do artigo. Título do Periódico. Ano; Volume (número); páginas inicial-final. Exemplos de formatação: Artigo: Santos C, Baccili A, Braga P V, Saad I A B, Ribeiro G O A, Conti B M P, Oberg T D. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo - Revista Paulista Pediatria. 2009; 27(1): 74-80. Monografia (Livros, Manuais, Folhetos, Dicionários, Guias): Wyatt, L, Handbook of clinical Chiropractic care, 2ª edição. United States: Jones and Bartlett Pusblishers, 2005. Resumo: Ostertag C. Advances on stereotactic irradiation of brain tumors. In: Anais do 3° Simpósio International de Dor; São Paulo: 1997,p. 77 (abstr.). Artigo em formato eletrônico: International Committee of Medical Journal Editors: Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals. Disponível
em
URL:
http://www.acponline.org/journals/annals/01jan97/unifreg.htm. Acessado em 15 de maio 2010. Resumo (abstract) Em arquivo separado deve ser enviado um resumo estruturado (objetivos, métodos, resultados e conclusões) com no máximo 250 palavras. Deverá ter uma versão em português e outra em inglês. Unitermos (keywords) ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 81 de 152
Ao final do resumo devem constar pelo menos cinco palavras - chaves de acordo com a normatização dos Descritores em Ciências da Saúde da BIREME (Biblioteca Regional de Medicina). Texto Devem
constar
de
Introdução,
Objetivos,
Métodos,
Resultados,
Discussão, Conclusão, Agradecimentos e Referências. Comissão de ética Os artigos devem trazer o número do protocolo da aprovação do Comitê de Ética da Instituição de origem e declaração do preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Contato Revista Brasileira de Quiropraxia/Brazilian Journal of Chiropractic Secretaria Geral: Rua Columbus, 82 - Vila Leopoldina. CEP 05304-010, São Paulo, SP, Brasil. E-mail:
rbquiro@gmail.com
-
Tel.:
+55(11)3641-7819
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REVISÃO E ATUALIZAÇÃO
Neurodynamic of spinal segmental dysfunctions in clinical practice A neurodinâmica disfunção espinhal na prática clínica Author: Dr. Vinícius Tieppo Francio* *Vinicius Tieppo Francio, MS, DC. Chiropractic Physician & Researcher Oklahoma Sports Science & Orthopedics Community Hospital SW Oklahoma e-mail: drviniciusfrancio@gmail.com
The principles, art and science behind the chiropractic profession have always been and will continually be a topic of discussion within the chiropractic and other health care disciplines. The theoretical process, mechanisms, clinical applications and effects behind segmental spinal dysfunctions, or segmental artrokinesiopathologies of the spine, traditionally and historically defined as “Vertebral Subluxation Complex (VSC)”, are considered extremely multifarious, and requires a greater understanding of the intricacy of the neuro-musculoskeletal spinal system. Each portion of this process is complex and interconnected, expressing the biological response of the body in relationship to a structural dis-relation, brought by stressors from the external or internal environment, or by a combination of both. The traditional term ‘subluxation’ has its ambiguous definition with other professions and, does not clearly define the current functional and structural dis-relation in question.
Rather, currently
definitions describe it as a disturbance of normal functional movement within spinal segments, better expressed as spinal motion unit dysfunctions, or spinal fixations, or even more so as, ‘spinal articular kinetic aberration’ – stated as disturbances of spinal kinematics with reflective significant effect in the neural and mechanical function. The general effects of spinal kinematics dysfunctions results in alterations within the adjacent structures of the neuromusculoskeletal systems, therefore the purpose of this short commentary is to describe contemporary clinical applications of this theoretical process, in clinical practice. ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 83 de 152
In reference to the skin, subcutaneous tissues and associated musculature, alterations can vary from a thin, glossy texture to a thick, rough, discolored patch, resembling a callus formation. Clinically in the past, infrared thermography has been utilized to determine its specific locations, as indicated by vascular changes in the dermatome. Usually, palpatory findings may range from a “slimy” feeling to a “skin-slip” granular feel. The surrounding musculature demonstrates natural resiliency, to a contracted ‘cord-like’ or ‘stringy’ band according to its chronicity. Subjectively, the most convincing evidence for the patient is the acute ‘sore-spot’ and the tenderness experienced upon posteriorto-anterior palpation of spinal segments with mutual translation. The process of ongoing spinal kinematic dysfunction is complex and comprehensive within the neuromusculoskeletal arrangement. Any stressor from external or internal environment can disturb the receptor endings in the joint capsules, ligaments, intervertebral discs, musculo-tendinous junctions, etc. Such dis-relation evokes an abnormal flow of afferent impulses into the reciprocal neurological bed, which is no longer equivalent to the opposite side, as it would be in a physiological homeostatic balance. The excessive persistent stimulation alters the function within the respective neuronal pool and those adjacent to the main structure, for a variable distance. Such sensorial neurological disruption, succeed in making synaptic connections with the motor pool in the anterior gray horn, through either collateral branches, or intercommunicated neurons, therefore motor response to an aberrant sensorial stimulus is perpetuated. Clinically, the most noticeable muscular contraction putatively associated with spinal kinematic dysfunctions is to be found within segmental spinal muscles, such as the rotators, stabilizers and the deep layer of multifidus. Due to the intermingling and intricacy of the fiber arrangements, those fibers supplied by the same neuronal bed may experience a degree of hyper tonicity, although not readily detected by spinal palpation. However, in addition to the time factor, there may be evident changes in muscle texture on the long postvertebral chain, such as paraspinal groups, as fibrosis develops. Minimal ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 84 de 152
loss of active range of motion is one of the first appreciable alterations of major muscles fibrosis and, focal non-specific myalgia without evoked contraction on elevated compressive stress may be an earlier indication of a smaller muscle groups involvement. Nevertheless, the musculature supplied by the anterior primary ramus of the associated nerve trunk does not escape from alterations in tone either. Those muscles, whose action is antagonist to the prime movers, are inhibited by a decrease in tonus of the respective myofibrils due to a decrease in nerve supply from the aberrant neuronal pool. Afferent impulses will also involve the lateral horn cells for the control of the vascular tone of the corresponding musculature, experiencing hyperactivity and an increase in arterial blood supply. The vascular bed undergo dilation, upon a decrease of adequate neuronal flow to their tunica intima, strongly evoking a central state of preganglionic sympathetic inhibition of the lateral horn. The hypothalamus may play a role with the cerebral motor cortex and the sub-collicular area stimulating the postganglionic sympathetic fibers to these vessels by the secretion of acetylcholine, resulting in vasodilation. Therefore, the vascularity of the corresponding area of spinal kinematic dysfunction is greatly decreased, as may be detectable by thermocouple heat measuring instruments, commonly used in clinical practice. Associated with the vascular activity, the sudoriferous glands are activated by stimulation of other preganglionic sympathetic fibers of the lateral gray horn, which in turn, activate postganglionic fibers via the posterior primary ramus at the corresponding level of segmental dysfunction. This enhanced activity of sudoriferous gland may be clinically perceived by sensitive instruments measuring skin resistance, or by trained hands of the manual medicine providers. Noxious afferent impulses may arise form any of the contributory elements injured by chemical stressors or mechanical trauma, which may be the causative factor in the process of the spinal dysfunctions. Such impulses take precedent over the proprioceptive impulses and result in the cascade effect of muscular ‘splinting’, a natural response of the musculoskeletal system to ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - PĂĄgina 85 de 152
prevent further damage to the area of the injured joint, thereby preventing further motion that might aggravate the injured tissues, and release more chemical mediators of an inflammatory and painful response – such as histamine-like, and bradykinin-like factors. In general, these chemicals cause a greatly increase in capillary permeability, permitting extravasation of blood plasma in to interstitial space, with protein and fibrinogen-like substances. This interaction promotes coagulation and in conjunction with necrosin-like chemicals, may generate a ‘brawny-edema’ appearance surrounding the joint and damaging more cells. This swelling can produce pressure upon receptor nerve endings in the area, perpetuating the flow of centripetal noxious impulses to the neuronal pool at the spinal cord, in a vicious-cycle arrangement to the similar neuronal pathways arc or to higher neural center. Incontestably enough, the mechanisms from which vertebral kinematic dysfunctions may disturb physiological functions are quite unique and comprehensive, as the distinctiveness of the neuromusculoskeletal system. Researchers are far from the absolute true regarding this concept, but progress has been made through the past hundred years, and evidence-based care has been validating these new models. As any other field of study, chiropractic shouldn’t be stationary to new discoveries. Evolution and growth of a profession is a process, and incorporating new ideas is a part of this development. It is important to focus major efforts to overcome current difficulties and barriers within, and out of our profession. In addition, it is fundamental to integrate this contemporary model within the application of our traditional principles, science, and art – without losing our professional identity, for the benefit of the chiropractic profession, and future generations.
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REVISÃO E ATUALIZAÇÃO
Proloterapia Autor: Carlos Braghini Jr. Médico e Quiropraxista. Autor dos livros “A História das Artes Médicas – da pré-história à idade moderna”, “O Que é Quiropraxia – um guia para todos aqueles que se tratam com terapias manuais” e “Ecologia Celular – o papel da alimentação e do meio ambiente no envelhecimento e na longevidade”. Palestrante e consultor empresarial sobre Controle da Dor, Reequilíbrio Metabólico e Reeducação Alimentar. Filiado ao TSNMA – Texas State Naturopathic Medical Association. Membro da Brasil Academy of Anti-Anging & Regenerative Medicine (BARM). E-mail: carlos.braghini@gmail.com
O conceito de criar uma lesão para estimular a recuperação de lesões remonta a tempos antigos. Agulhas aquecidas eram introduzidas nos ombros de gladiadores romanos. A própria acupuntura pode ser considerada uma forma de proloterapia, mesmo que outros mecanismos estejam envolvidos e não façam parte deste artigo. A proloterapia como conhecemos hoje tem sua origem na década de 1930, usada do tratamento da frouxidão ligamentar . Entretanto, foi George S. Hackett, cirurgião norte-americano, na década de 1950, quem começou a usar soluções irritantes com o propósito de recuperar articulações e hérnias discais.
George S. Hackett
Hackett se gradou pela Cornell Medical School, em 1916 e era frequentemente chamado pelas companhias de seguro devido a suas avaliações certeiras, incluindo diagnóstico e prognóstico. Em 1939 chegou à conclusão de que o relaxamento dos ligamentos articulares era responsável por inúmeros casos de incapacitação por dor lombar. Ele cunhou o termo relaxamento ligamentar que descreveu como uma condição onde a força das ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 90 de 152
fibras ligamentares estaria comprometida, não protegendo o ligamento como deveria durante um alongamento. Ele usou o mesmo raciocínio com os tendões e cunhou o termo relaxamento tendinoso. Decidiu, então, injetar uma solução proliferativa na tentativa de fortalecer as fibras pela produção de tecido fibroso. O sucesso terapêutico fez com que ele estendesse o procedimento para outras áreas da coluna vertebral e articulações. Ele nomeou a técnica proloterapia (prolotherapy), que significa terapia proliferativa. Os detalhes de sua técnica podem ser encontradas em seu livro, Ligament and Tendon Relaxation Treatment by ProlotherapyI Ele usou a proloterapia em seus pacientes e conduziu vários trabalhos experimentais, publicando muitos de seus estudos. Um deles, em particular, acompanhou 206 pacientes com cefaleia pós-traumática, onde 79% obtiveram alívio completo e 89% encontraram algum tipo de diminuição das dores com a proloterapia. Outro envolveu 1857 pacientes com dor lombar, nos quais identificou que 1583 evidenciavam algum tipo de frouxidão ligamentar na articulação sacrilíaca; nestes, houve resposta clínica em 90% dos atendidos pela proloterapia, com melhora persistente após 14 anos do término do tratamento, quando foi feito um estudo de acompanhamento. Estes dados foram publicados no Journal of the American Medical Association, em 1957. É perturbador constatar que um trabalho tão extenso mostrando que 82% dos pacientes com dor lombar crônica foram curados com uma técnica não cirúrgica onde uma simples injeção foi feita no consultório não ter recebido muita atenção. Exceto por um homem, Gustav A. Hemwall.
Gustav A. Hemwall
Hemwall se encontrou com o Dr. Hackett num encontro na American Medical Association, em 1957. Ele estava fascinado com os resultados apresentados por ele e passou a observá-lo em seu consultório até se tornar experiente na técnica. Hackett morreu aos 81 anos, em 1969 e foi Hemwall que
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ensinou a maior parte dos médicos as técnicas da proloterapia, até sua morte em 1998, aos 90 anos. A técnica mais utilizada atualmente recebe o nome destes dois pioneiros: Hackett-Hemwall, como uma justa homenagem a ambos. Graças a eles, sabemos hoje que a proloterapia pode eliminar a dor crônica em todas as articulações do corpo, não apenas a coluna vertebral. Também é uma técnica que pode ser feita com segurança no próprio consultório sem requerer qualquer tipo de sedação. Há ainda a vantagem adicional de poder ser feita em várias partes do corpo ao mesmo tempo. E o tempo mostrou que uma simples solução glicosada (dextrose) funciona como um excelente proliferante, tornando-a uma técnica biológica, ou seja, que não utiliza substâncias estranhas ao organismo.
A importância da proloterapia na prática clínica
Certamente, a proloterapia é uma importante ferramenta para tratar tecidos conjuntivos danificados (ligamentos, tendões, cartilagens, meniscos, labrum, fáscias etc.). Entretanto, é provável que a importância da proloterapia seja ter trazido à visão médica a importância da saúde de estruturas que os quiropraxistas dão a devida atenção desde que se formaram no final do século XIX. A proloterapia trata das estruturas lesionadas e não recuperadas, uma vez que nossos mecanismos de reparação são limitados em alguns tecidos, principalmente nos tecidos conjuntivos. Quando ocorre uma lesão, ocorre uma sinalização eletroquímica que ativa e atrai os fibroblastos para a produção de colágeno e outras substâncias . Uma vez ativados, os fibroblastos produzem novas fibras colágenas por cerca de 40 dias. Estudos realizados em diversas revistas demonstram casos de recuperação com técnicas de proloterapia, um estudo de 2014 demonstrou recuperação em casos de fascite plantar (KIM) e outro estudo também da mesma época com resultados na recuperação de síndrome do isquiofemoral (KIM et Al). ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 92 de 152
Isso significa que leva pelo menos seis semanas para recuperar um tendão ou ligamento lesionado em sua totalidade. Isso considerando que o tecido seja mantido em repouso para não produzir lesão adicional. A dor advinda da lesão é apenas a sinalização neurológica, numa tentativa desesperada do corpo para avisar ao indivíduo: não faça este movimento! A dor é a indicação clara de que seu corpo sabe que uma estrutura está danificada. Ela é também um indicativo que houve a criação de uma resposta inflamatória, fundamental para completar as etapas subsequentes da reparação. A dor pode aparecer aos pequenos movimentos (pequenos alongamentos) ou em repouso (ponto-gatilho). Algumas vezes a dor é intensa ou pode vir acompanhada de uma linguagem figurativa, mostrando que a percepção dolorosa não envolve somente nocicepção. A dor pode ser localizada ou recrutar uma área maior, como o pescoço ou a região lombar. E pode envolver todo um segmento, um dermátomo, um miótomo... Ou pode ser percebida à distância, como na dor referida. Se atuarmos com competência e sabedoria, recuperamos os tecidos e os pacientes passam a se movimentar como antes. Entretanto, se a lesão for motivada por um movimento anômalo constante, a recuperação total pode nunca aparecer. Os ligamentos não conseguem mais fazer seu trabalho (segurar a articulação em seu lugar) e passam a ser estirados além do limite fisiológico. Os ossos acabam se movimentando com uma amplitude maior do que o originalmente previsto, recebendo um impacto que acaba por estimular a produção de osteoblastos por corrente piezoelétrica. Novas células ósseas são produzidas e aparecem os esporões ou osteófitos, inicialmente, podendo chegar à osteoartrite ou osteoartrose, até terminar na fusão óssea nos estágios avançados. O Journal of the Japanese Orthopaedic Association conseguiram bons resultados em uma pesquisa relacionada a osteoartrite do primeiro metacarpo (Jahangiri,2014).
Um estudo de Rabago publicado em 2013
demonstrou resultados positivos para dor, amplitude de movimento com proloterapia se comparado a exercícios em casa.
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Se estes fenômenos acontecerem na coluna vertebral, a frouxidão ligamentar acaba por permitir que uma vértebra se movimente excessivamente em relação à outra, sobrecarregando os discos intervertebrais que, uma vez fragilizados, começam a se degradar, desidratar ou romper. O problema acaba por envolver o tecido muscular, com espasmos protetores, principalmente nas regiões posteriores (como pescoço e lombar, por exemplo). Se a musculatura envolvida localizar-se na região cervical alta, pode interferir nos primeiros nervos segmentares e até mesmo no sistema nervoso autônomo. Nesse momento, aparecem as cefaleias persistentes, visão borrada, zumbidos, sinusites e outros sintomas. A proloterapia e a quiropraxia Várias condições musculoesqueléticas respondem bem ao tratamento conservador: fisioterapia, bloqueios nervosos, osteopatia, quiropraxia..., sozinhas ou em combinação. O monitoramento ao longo do tratamento é que vai assegurar que a condição está se resolvendo. Entretanto, em várias situações, a dor se torna crônica exatamente pela lassidão ligamentar. Sem o devido cuidado, ajustes quiropráticos de alta velocidade (thrust) podem agravar o problema, causando síndromes dolorosas pelo excesso de manipulação. Reconhecemos estes pacientes quando o ajustamos e, apesar de uma melhora fugaz (1 a 3 dias), o quadro doloroso retorna a despeito da continuidade do tratamento. Nestes casos, a proloterapia pode ser a opção mais adequada, pois fortalece os ligamentos envolvidos produzindo a estabilidade articular necessária. Os músculos adjacentes não precisam mais manter seu espasmo e a amplitude de movimento é restaurada. Isto não significa que o tratamento quiroprático não tenha seu papel na recuperação do paciente durante a proloterapia. Ajustes nas articulações restringidas e o uso de técnicas sutis nos tecidos moles comprometidos podem ajudar. O uso do Activator é alternativo ao impulso. Técnicas de massoterapia visando o relaxamento dos tecidos moles e a liberação de pontos-gatilho também podem ajudar. Até mesmo o uso de equipamentos de terapia física, ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 94 de 152
como
ultrassom
e
estimulação
elétrica,
que
atuam
no
aumento
a
vascularização local, pode auxiliar no processo de recuperação.
Como funciona a proloterapia A proloterapia provoca uma reação inflamatória temporária no local da aplicação. Quando injetamos a solução de dextrose (açúcar) a reação corporal é semelhante à corrente de injúria descrita no início do artigo. Quando isso ocorre, sinais eletroquímicos são liberados atraindo e ativando os fibroblastos. O aumento da proliferação tecidual vem junto com o aumento da produção de novas fibras colágenas. De maneira ainda pouco compreendida, em vez de apenas ocorrer a produção de tecido cicatricial, as células produzem novo tecido, idêntico ao lesionado, mesmo quando examinado à luz do microscópio eletrônico. O pico de produção de colágeno ocorre entre duas e quatro semanas, mas o ciclo de cura se completa por volta de sexta semana. Dependendo do quanto de tecido é necessário recuperar mais aplicações são necessárias até que a estrutura previamente lesionada recupere sua capacidade de absorver cargas e sua força de tensão.
Proloterapia, PRP (Plasma Rico em Plaquetas) e células tronco
Nas aplicações de proloterapia podemos utilizar outras substâncias que induzam à produção de fatores de crescimento teciduais. A obtenção do PRP através na centrifugação do sangue do paciente e a coleta de células tronco por técnicas ambulatoriais de coleta de medula óssea aumentam a capacidade de regeneração tecidual e a resposta clínica. Em resumo
A maior causa de dor crônica e degeneração das cartilagens é a instabilidade articular. E isso precisa ser tratado pela proloterapia.
ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 95 de 152
A maioria das estruturas cronicamente dolorosas envolve lesão ligamentar. E esta precisa ser adequadamente tratada para restaurar a estabilidade articular.
A frouxidão ligamentar deve ser estimulada intensamente para induzir proliferação suficiente para produzir efeito clínico.
A maioria das tendinopatia (por exemplo, tendinose do supraespinhoso) é causada por frouxidão ligamentar que produz\ instabilidade articular. Para tratar a maior parte das tendinopatia, a instabilidade articular subjacente precisa ser tratada.
É melhor tratar todos ou a maioria dos ligamentos de uma articulação instável se as estruturas circundantes também são dolorosas.
Muitas injeções são necessárias para produzir reação curativa suficiente para restaurar a função articular normal.
Múltiplas articulações e estruturas são tratadas em cada sessão.
As articulações facetárias, presentes na coluna vertebral, podem ser seguramente tratadas, sejam elas na porção lombar, torácica ou cervical.
Diferentes tipos de solução podem ser usados na busca da reação mais ampla possível para recuperar a estrutura lesionada.
As aplicações são feitas a cada 4 a 6 semanas para permitir tempo suficiente para a produção de novo colágeno. Normalmente a melhora ocorre após 4 a 8 aplicações, mas casos mais graves necessitam de 10 a 15 aplicações.
Os pacientes podem até experimentar alívio depois da primeira aplicação, mas a maioria nota melhora depois de 3-4 aplicações. Consideramos uma taxa adequada de sucesso 50-70% de melhora na dor.
O reinício das atividades após as aplicações deve ser cuidadoso, seguindo a tolerância de cada paciente. As primeiras 24h merecem um descanso, voltando a fazer caminhadas leves após quatro dias. Exercícios físicos estão liberados após uma semana na maior parte dos ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 96 de 152
casos. As outras modalidades terapêuticas não precisam ser interrompidas; quiropraxia, acupuntura, massagem, fisioterapia, dentre outros, auxiliam no processo curativo.
Na proloterapia não são usados medicamentos analgésicos, antiinflamatórios ou corticoides, pois bloqueiam a resposta curativa.
A proloterapia tem ganhado prestígio no mundo do controle da dor por uma característica especial: FUNCIONA!
1
Banks A. A rationale for prolotherapy. Journal of Orthopaedic Medicine. 1991;13(3):54–59 1
http://www.hacketthemwall.org/Prolo_textbook_%26_DVD_sales.html
1
O nome original da técnica descrita por Hackett era fibroproliferative herapy.
REFERÊNCIAS Rabago D, Patterson J.J,Mundt M, Kijowski R., Grettie J, Segal N.A, Zgierska A. Dextrose prolotherapy for knee osteoarthritis: a randomized controlled trial. Annals of Family Medicine 2013, May-Jun;11(3):229-37. Kim W.J, Shin H.Y, Koo GH, Park HG, Há YC, Park YH. Ultrasound-Guided Prolotherapy with Polydeoxyribonucleotide Sodium in Ischiofemoral Impingement Syndrome. Pain Practice: The official journal of World Institute of Pain. 2014, April. Solmaz I, Deniz S, Cifci O.T. Treatment of advanced stage gonarthrosis with prolotherapy: case report. Anesthesiology and pain medicine 2013. eCollection 2014. Dec 16;4(1):e9171. Rabago D, Patterson JJ, Mundt M, Zgierska A, Fortney L, Grettie J, Kijowski R. Dextrose and morrhuate sodium injections (prolotherapy) for knee osteoarthritis: a prospective open-label trial. Journal of Alternative and Complementeray Medicinie. 2014 May;20(5):383-91. Epub 2014 Mar 17. Zhou H, Hu K, Ding Y. Modified dextrose prolotherapy for recurrent temporomandibular joint dislocation. The British Journal of oral & maxillofacial surgery. 2014 Jan; 52(1):63-6. Epub 2013 Sep 21. Kim E., Lee J.H. Autologous platelet-rich plasma versus dextrose prolotherapy for the treatment of chronic recalcitrant plantar fasciitis. PM & R : The journal of injury, function and rehabilitation. 2014 Feb;6(2):152-8. Epub 2013 Jul 19. Jahangiri A, Moghaddam FR, Najafi S. Hypertonic dextrose versus corticosteroid local injection for the treatment of osteoarthritis in the first carpometacarpal joint: a double-blind randomized clinical trial. Journal of orthopaedic science: official journal of Japanese Orthopaedic Association. 2014 Sep;19(5):737-43. Epub 2014 Aug 27.
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ARTIGO ORIGINAL
Inserção da Quiropraxia no Sistema Único de Saúde Insertion of Chiropractic in Health System
Liana de Andrade LinharesI, Marta Casagrande SaraivaII, Carlos Podalirio Borges de AlmeidaIII I. Quiropraxista BC. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Feevale. Rio Grande do Sul. Brasil. II. Docente na Universidade Feevale e Mestra em Enfermagem (UFSC). III. Docente no Depto de Biologia e Farmácia, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Mestre e Doutorando em Ciências Pneumológicas (UFRGS). E-mail do autor correspondente: carlosalmeida1410@hotmail.com. ABSTRACT OBJECTIVES: To show Chiropractic for the users of the public Health System and the secretary of Health-office of a city and to investigate the possibility of including Chiropractic in the SUS (Brazilian Health System), specifically to the population of the city of Osorio-RS. METHODS: Quantitative, exploratory and descriptive study carried out was accomplished among senior users of the Family Health Strategy Caravagio, located in the city of Osorio / RS, and the County Health-office secretary. Data were collected from a questionnaire prepared by the researchers, after a presentation about the chiropractic’s concepts. RESULTS: The sample consisted of 47 individuals, which 41 women, representatives of their families. The mean age of the total sample was 50 years old. Among women, the mean age was 50.41 and 47.17 years for men. The youngest individual was 21 years old and the oldest 77, both female genders. The interest to receive Chiropractic care by the SUS among women was 97.6% and among men were unanimity. The Secretary of Health showed up interested in including the chiropractic care as an alternative in the municipal service. CONCLUSION: Given the favorable opinions of the Department of Health and the WHO that the services offered by SUS are insufficient to meet all the needs of the citizens, it is undeniable and beneficial integrating Chiropractic in the new complementary and integrative practices, to the health promotion policy nationwide. KEYWORDS: Chiropractic, health assistance, therapeutic practices, unified health system.
RESUMO OBJETIVO: Apresentar a Quiropraxia aos usuários do Sistema Único de Saúde e ao secretário de saúde de um município e investigar a viabilidade da inserção da Quiropraxia no SUS, especificamente para a população do município de Osório-RS. MÉTODOS: Estudo observacional descritivo quantitativo e exploratório realizado entre idosos usuários da Estratégia de Saúde da Família Caravágio, localizada no município de Osório/RS e o Secretário de Saúde municipal. Os dados foram coletados a partir de um questionário elaborado pelos pesquisadores, após uma apresentação sobre os conceitos de Quiropraxia. RESULTADOS: A amostra contou com 47 indivíduos, dos quais, 41 mulheres, representantes de suas famílias. A média de idade da amostra total foi de 50 anos. Entre as mulheres a
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mesma foi 50,41 e entre os homens 47,17 anos. O representante mais jovem tinha 21 e o mais velho 77, ambos do gênero feminino. O interesse em receber os cuidados quiropráticos pelo SUS entre as mulheres foi de 97,6% e entre os homens houve unanimidade. O secretário Municipal de Saúde mostrou-se interessado em adotar a terapia Quiroprática como mais uma alternativa no serviço municipal. CONCLUSÃO: Tendo em vista os pareceres favoráveis da Secretaria da Saúde e da OMS que os serviços oferecidos pelo SUS são insuficientes para suprir todas as necessidades dos cidadãos, é inegável e benéfica a inserção da Quiropraxia nas novas práticas integrativas e complementares, à política de promoção à saúde em todo território nacional. PALAVRAS-CHAVES: Quiropraxia, atenção à saúde, práticas terapêuticas, saúde pública, sistema único de saúde.
INTRODUÇÃO O Sistema Único de Saúde
serviços
ações3.
e
Segundo
o
(SUS) tem como seus principais
Ministério da Saúde, com o objetivo
objetivos a promoção, prevenção e
de alterar o modelo assistencial
assistência
tradicional
à
saúde.
Garante
com
comportamento
assistência integral e gratuita para a
passivo das unidades básicas de
população, por meio de ações de
saúde, foi criado no ano de 1994, o
responsabilidade
municípios
Programa de Saúde da Família
organizadas principalmente pelas
(PSF). Este prioriza o trabalho com
Unidades Básicas de Saúde (UBS)
a comunidade promovendo a saúde
e Equipes de Saúde da Família
e prevenção de doenças, valendo-
dos
1
(ESF) . A assistência integral está
se de equipes multiprofissionais que
associada
da
garantem assistência às famílias,
medicina e constitui-se de atitudes
com atendimento humanizado e
adequadas dos profissionais que a
resolutivo dos problemas de saúde
praticam de não reduzir o ser
mais frequentes4.
à
integralidade
humano a um sistema biológico2. A
Constituição
Brasileira
No intuito de estabelecer políticas que integram a atenção à
garante que a saúde é um direito de
saúde
da
população
todos e dever do Estado, e compete
reconhecendo
ao SUS garantir redução do risco de
diferentes terapias complementares,
doenças e agravos, pelo acesso
o Ministério da Saúde implantou em
universal e igualitário aos seus
2006 a Política Nacional de Práticas
a
efetividade
e de
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Integrativas
e
Complementares
médico em Medicina Complementar
(PNPIC). Esta política incentiva a
e Alternativa, sendo que em 90%
pesquisa
modelos
dos casos esse atendimento não é
terapêuticos, buscando um contato
realizado pelo Sistema Nacional de
mais humanizado nas práticas de
Saúde10. Na China e Índia estas
saúde,
práticas fazem parte da atenção
de
novos
permitindo
vistas
antes
que
como
terapias
alternativas,
primária à saúde11.
agora sejam utilizadas de modo integrativo
e
complementar
nas
UBS5.
No Canadá, cerca de 70% da população
faz
terapia
uso
de
alguma
complementar
Internacionalmente,
as
alternativas
e
somente no ano de 2007, quatro em
contrapondo-se
cada dez adulto utilizou-se de algum
ao modelo da medicina alopática,
tipo de Medicina Complementar e
vêm se ampliando e conquistando
Alternativa13,14.
cada vez mais, adeptos de todas as
desenvolvimentos não dispõem de
classes sociais, por focar-se na
dados
saúde integral6. A literatura sobre o
embora
tema
continente
população e os serviços públicos
africano 90% da população da
utilizem de forma significativa as
Etiópia
médica
práticas medicinas complementares
dentro da visão integralista para
para suprir a necessidades de
suprir suas necessidades de saúde.
saúde de seus usuários7,11,14-17.
práticas
complementares,
relata
que
busca
no
atenção
alternativa
e
11-13
. Nos Estados Unidos,
Os
países
firmados
sobre
haja
indícios
o
em
tema,
que
a
Em Benin e Ruanda 70% e 60% em
No ano de 2008 o Ministério
Uganda7. Na Europa o percentual
da Saúde declarou que existiam no
de
país
adeptos
Complementar
da e
Medicina Alternativa
mais
de
realizando e
800
municípios
algumas
práticas
complementares14,
representa 31% na Bélgica e 75%
integrativas
na França. Na Austrália são 48%7-9.
porém acrescentou que a situação
No Reino Unido, um em cada dez
da saúde no país ainda não atingiu
adultos consulta anualmente um
as metas idealizadas pelo SUS,
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visto que os serviços oferecidos
de desordens mecânicas do sistema
ainda
as
musculoesquelético17. Os objetivos
necessidades dos cidadãos e, por
da prática quiroprática são similares
consequência,
de
com os propostos pelos planos de
perfil
saúde do governo, visam a saúde e
não
suprem
todas
necessita
profissionais
com
o
generalista16. A
partir
profissionais apresentado, ciência
informação da com fica
quiroprática
carência o claro pode
de perfil
que
a
trazer
ao
indivíduo,
promovendo melhora na qualidade de vida e prevenção em saúde18-19. Baseados
nas
premissas
expostas, objetivou-se investigar a
benefícios à saúde da população se
viabilidade
da
inserção
da
integrada ao SUS. A Quiropraxia é
Quiropraxia
uma profissão na área de cuidado
especificamente para a população
em saúde que visa diagnóstico,
do município de Osório-RS.
no
SUS,
promoção, prevenção e tratamento MÉTODOS Pesquisa
observacional
saúde da cidade de Osório. As
descritiva, quantitativa, de caráter
informações
exploratório
delineamento
mantidas em sigilo e os dados
transversal. A mesma foi analisada
foram utilizados somente para fins
pelo Comitê de Ética em Pesquisa
acadêmicos.
da Universidade Feevale e após
Critérios de inclusão e exclusão
e
recebidas
foram
aprovação recebeu o número de protocolo 4.00.03.11.2056.
Foi realizada a pesquisa com indivíduos acima de 18 anos, de
Amostra Realizou-se um estudo com
ambos os gêneros, que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
47 representantes familiares de um
Esclarecido
afirmando
universo de 293 famílias. Foram
aceitavam participar do estudo.
entrevistados dois grupos distintos:
Procedimentos
que
a população usuária do Sistema Único de Saúde e o secretário de ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 101 de 152
formas
Foram
elaboradas
de
apresentação:
duas ao
Secretário de Saúde foi realizada
esclarecimento
que
se
fizesse
necessário. Dados Estatísticos
palestra informativa, na Secretaria Os dados desta pesquisa
de Saúde municipal, discorrendo sobre os conceitos básicos de Quiropraxia,
benefícios
da
implantação da mesma no Serviço Único
de
Saúde
e
principais
empregos da terapia. Os demais se apresentaram na Unidade Básica de Saúde para uma entrevista com a pesquisadora
que
distribuiu
um
folheto explicativo sobre a prática quiroprática,
expôs
os
procedimentos da pesquisa e se disponibilizou a prestar qualquer
foram transcritos, para uma planilha do software Microsoft Office Excel 2007 e a estatística utilizada foi a descritiva. Para a associação das variáveis nominais dicotômicas foi utilizado o Teste Qui-quadrado e coeficiente
de
considerado
Pearson,
sendo
estatisticamente
significativo p<0,05. Ao término da coleta,
os
dados
foram
apresentados em forma de tabelas e
apresentados
à
comunidade
acadêmica. RESULTADOS A amostra contou com 47 indivíduos, sendo 41 mulheres, representantes de suas famílias, e que fazem parte da Estratégia de Saúde da Família do bairro Caravágio, no município de Osório.A média de idade da amostra total foi de 50 anos. Entre as mulheres a mesma foi 50,41 e entre os homens 47,17 anos. O representante mais jovem tinha 21 e o mais velho 77, ambos do gênero feminino. O interesse em receber os cuidados quiropráticos pelo SUS entre as mulheres foi de 97,6% e entre os homens houve unanimidade (Tabela 1). O secretário Municipal de Saúde mostrou-se interessado em adotar a terapia Quiroprática como mais uma opção no serviço municipal.
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Tabela 1. Gênero dos usuários e interesse pela Inserção da Quiropraxia no Serviço de Saúde Municipal. Gênero n 6
Masculino % 12,72%
Feminino n % 41 87,28%
n 47
39 2
45 2
Total % 100%
Interesse na inserção da Quiropraxia
Sim Não
6 0
100% 0%
97,6% 2,4%
95,74% 4,26%
DISCUSSÃO
A entrevista com o secretário
respectivamente21,22. É possível que
saúde
o
a diferença ora apresentada se
preenchimento do questionário com
justifique pelo fato de, no dia da
os usuários da UBS no município de
coleta, a população presente na
Osório
unidade
de
municipal
tiveram
a
e
intenção
de
de
saúde
investigar a viabilidade da inserção
essencialmente
da Quiropraxia nos serviços de
participantes do grupo de Estratégia
saúde desta população.
de Saúde da Família, voltado a
Dos 47 entrevistados 87,2% eram mulheres, o que confirma a
suprir
as
de
fosse idosos,
necessidades
da
população geriátrica.
afirmação do Ministério da Saúde,
O interesse em receber os
que diz que as mulheres buscam
cuidados quiropráticos pelo SUS
diagnóstico
entre as mulheres foi de 97,6% e
precoce
mais
frequentemente que os homens20. A
entre
média de idade total encontrada foi
unanimidade (Tabela 1). Não houve
de 50%, o que difere dos achados
significância estatística entre os
de 2010 e 2011, em que se traçou o
fatores gênero e demonstração de
perfil dos usuários de quiropraxia
interesse na inserção da quiropraxia
em unidades básicas de saúde
no SUS, pelo fato de apenas um
(UBS) no Rio Grande do Sul, em
indivíduo
que a média de idade apresentada
negativamente.
foi
de
46,04
e
44
os
homens
ter
houve
respondido
anos,
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Quanto
ao
interesse
do
serviços de práticas integrativas e
Secretário Municipal de Saúde o
complementares
mesmo fez o seguinte comentário:
Nacional de Estabelecimentos de
“Entendo que a diversidade de
Saúde
atividades na área da saúde pode
3.565, ou seja, 7,06 vezes. Entre as
ser alternativas que complementem
práticas cadastradas destacam-se:
umas às outras, beneficiando os
o serviço de Práticas Corporais,
pacientes nas diversas formas de
Medicina
atendimento
Acupuntura e
existentes”.
Na
no
aumentou
Cadastro
de
505
Tradicional
para
Chinesa,
Homeopatia23.
As
palestra apresentada ao mesmo,
práticas corporais são as mais
demonstraram-se
comuns
com
trabalhos
no
serviço
público
científicos os benefícios que a
brasileiro, o que difere de estudos
prática apresentou em outras UBS:
realizados em países da América
como a diminuição do uso de
Latina24,25. A utilização da prática
medicamento após tratamento para
faz parte das estratégicas para a
algias vertebrais21 e aumento da
promoção da saúde, e é justificada
amplitude de movimento na coluna
por estudos internacionais26.
cervical22,
evidenciando
que
o
A
inclusão
ocupações,
nos serviços de saúde pública,
Quiropraxia entre 2009 e 2010 na
apresentam benefícios ao Estado,
Classificação
diminuindo
com
Ocupações (CBO) possibilitou a
e
expansão de seus procedimentos
cirurgias, e à população é mais uma
no SUS após a permissão do seu
opção de tratamento não invasivo
exercício
quando
fisioterapeutas e outros profissionais
internações,
custos
medicamentos
comparado
ao
médico
convencional18.
da
Durante o levantamento nas bases
de
dados
eletrônicas
as
novas
exercício da Quiropraxia se incluiu
os
entre
de
quais,
Brasileira
por
saúde27.
a
de
enfermeiros,
Na
opinião
de
importantes órgãos mundiais avaliar a oferta das práticas integrativas e
observou-se que entre os anos de
complementares
no
SUS
pode
2007 e 2011, o cadastramento de
contribuir com as estratégias que a
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OMS tem desenvolvido para a expansão
das
Medicinas
Tendo em vista os pareceres
e
favoráveis da Secretaria da Saúde e
países
da OMS que os serviços oferecidos
Tradicional/Complementar Alternativa membros
em
seus
CONCLUSÃO
7,11,28
.
pelo SUS são insuficientes para
O ponto forte desta pesquisa
suprir todas as necessidades dos
foi à receptividade encontrada junto
cidadãos, é inegável e benéfica a
aos funcionários e usuários da unidade
de
saúde
durante
o
inserção da Quiropraxia nas novas práticas
integrativas
preenchimento do questionário e na
complementares
fase de coleta de dados. O ponto
promoção
fraco foi a escassez de tempo para
território nacional.
da
à
política
saúde
em
e de todo
levantamento da amostra. REFERENCIAS: 1. Vasconcelos CM, Pasche DF. O Sistema Único de Saúde. In Campos GWS. et al. Tratado de Saúde Coletiva. 2 ed. São Paulo, SP:Hucitec; 2009. 2. Mattos RA. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: Pinheiro R, Mattos RA, organizadores. Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ, IMS, ABRASCO; 2001. 3. Kasper E. O ensino de saúde pública prepara adequadamente o profissional as saúde? 2006. 119p. [Tese de doutorado em Ciências Pneumológicas], Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre-RS;2006. 4. Weber CAT. Programa de Saúde da Família: educação e controle da população. Porto Alegre, RS:AGE;2006. 5. Brasil. Diário Oficial da União. Portaria n° 902 de 10 de abril de 2006 – seção 1 n° 71, quarta-feira, 12 de abril de 2006, página 9. Brasília: Imprensa Nacional, 2006.
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ARTIGO ORIGINAL Alterações no limiar de dor em atletas universitários tratados por meio da Técnica ART®
Changes in pain threshold in college athletes treated by the ART ®Technique Stephanie Carolina R. SteigleiderI Tiago Augusto ZagoII I. Quiropraxista. Instituto de Ciências da Saúde FEEVALE-Novo HamburgoRS. Brasil. II. Quiropraxista e docente na FEEVALE. E-mail do autor correspondente: stephaniesteigleder@gmail.com ABSTRACT ®
OBJECTIVES: To evaluate the changes in pain threshold through the technique ART in college athletes, as well as compare the pain threshold before and after treatment. METHODS: The population of this study was comprised of college athlete’s collective teams of both sexes, aged between 18 and 28 years, participants of Sport Rehabilitation Project. Data collection was conducted in three attendances with an interval of one week. At each visit, was measure with ® the algometer, the pressure pain threshold pre and post application of the technique ART , in the main miofascial pain complaint in athlete, where was applied the Borg Scale as well. RESULTS: The results indicate that 80% of the sample has an increase in pressure pain threshold compared to the pre-and post-treatment (p<0,05), and may require at least three intervention in order to obtain a response in fruitful compared to the same (p<0,05). The data of this study also suggest that 30% of the sample had no pain after treatment, while 90% had a decreased level of pain (p<0,01). CONCLUSION: The ART®technique proved to be consistently effective in the pain reduction after three interventions. The algometer instruments and BERG scale proved easy to use in the assessment of pain threshold. Its use has allowed an objective and quantitative evaluation of the pain. KEYWORDS: Chiropractic adjustments, pain threshold, musculoskeletal pain.
RESUMO OBJETIVOS: Avaliar as alterações no limiar de dor em atletas universitários tratados por meio ® da técnica ART e compará-la no pré e pós-tratamento. MÉTODOS: A população do presente estudo foi composta por atletas universitários de equipes coletivas, de ambos os gêneros, com idade entre 18 e 28 anos, participantes do Projeto Reabilitação Desportiva. A coleta de dados foi realizada em três atendimentos, com intervalo de uma semana. Em cada consulta, foi ® mensurado com o algômetro, o limiar de dor à pressão, pré e pós-aplicação da técnica ART , na queixa álgica miofascial principal do atleta, onde também foi aplicada a Escala de Borg. RESULTADOS: Os resultados obtidos indicam que 80% da amostra teve um aumento do limiar de dor à pressão quando se comparou os momentos pré e pós-tratamento sendo necessárias pelo menos três intervenções para que se obtenha uma resposta profícua em relação ao mesmo (p<0,05). Os dados deste trabalho demonstraram ainda, que 30% da amostra apresentaram-se sem dor após o tratamento, sendo que 90% obteve diminuição no nível de ® dor (p<0,01). CONCLUSÕES: A técnica ART mostrou-se eficaz na redução consistente do quadro álgico após três intervenções em uma população esportista variada. Os instrumentos
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algômetro e a escala de Berg se mostraram de fácil utilização na avaliação do limiar de dor. Sua utilização permitiu uma avaliação objetiva e quantitativa da dor em atletas. PALAVRAS-CHAVES: ajustamento quiroprático, limiar da dor, dor musculoesquelética.
INTRODUÇÃO A
saúde do
deve ser como a
atleta não
reabilitação e, ainda, à abreviação
apenas
da carreira esportiva. As lesões que
doença
afetam com maior frequência os
conceituada ausência
ou lesão, mas ser
de vista
como
a
atletas são as musculoesqueléticas
totalidade no potencial do atleta,
e de tecidos moles5-8. Estes danos,
tanto
além
nos
seus
de
afetarem
seu
aspectos biológicos, psicossociais e
condicionamento, interferem no seu
emocionais como em todas as suas
estado
atividades, o que inclue o seu
reabilitação
desempenho atlético1. Os atletas,
atividades esportivas. Assim, para
de qualquer modalidade esportiva,
atingir bons níveis de rendimento é
estão sujeitos a sofrer inúmeras e
necessário que o esportista esteja
variadas lesões físicas em razão da
em
prática
esportiva,
durante
o
que
ocorrem
treinamento
ou
emocional,
boa
e
no
na
sua
retorno
às
condição
física
e
5
psicológica .
até
A dor é um sintoma comum
mesmo em competições. Impacto,
na
colisões
intensidade pode impedir a plena
em
treinamento física,
assim
estresse,
alta
velocidade,
excessivo como
e
fadiga
fatores
podem
de
ocasionar
prática
esportiva,
participação
do
sua
esportista
na atividade profissional e pessoal promovendo
um
impacto
desequilíbrios musculoesqueléticos
significativo na qualidade de vida3,9.
que
Pelo fato da dor ser um sintoma
propiciam
lesões
nessa
população específica2-4. Estes desempenho
danos do
subjetivo e individual é fundamental afetam
esportista,
o em
que sua quantificação se baseie em critérios
rígidos
alguns casos podem até mesmo
minimizem
os
levar ao afastamento da atividade, a
mensuração10,11.
para
que
erros
se de
um longo e delicado processo de ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 109 de 152
Esta pesquisa utilizou dois
atleta retornar rapidamente às suas
instrumentos para aferir o nível de
atividades normais20.
dor dos atletas: o primeiro é um
Dentro
do
contexto
instrumento de pressão validado,
apresentado, este trabalho buscou
denominado algômetro de pressão,
avaliar as alterações no limiar de
cuja técnica mensura a fisiologia do
dor das queixas álgicas miofasciais
sistema nociceptivo, o qual permite
em atletas universitários tratados
o estudo da integridade desse
pela técnica ART®.
sistema em indivíduos normais ou
MÉTODOS
portadores de diferentes síndromes Estudo quantitativo analítico
álgicas12-16 e a escala de Borg que consiste em uma tabela numérica em que o usuário sinaliza com um “X” o nível de dor atual com notas
Atualmente, uma das áreas mais
Quiropraxia
crescem é
a
dentro
desportiva.
pré-experimental,
adotado por conveniência. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e obteve o protocolo
que variam de um a 1017,18.
que
transversal
da A
inclusão do quiropraxista em uma equipe esportiva tem sido abordada como benéfica na prevenção de
de
aprovação
número
4.00.03.11.2099. Os sujeitos foram informados sobre o teor da pesquisa e
assinaram
o
Termo
de
Consentimento Livre e Esclarecido. Amostra
lesões, redução de algias e na
A população deste estudo foi
melhora dos componentes físicos
composta por 10 atletas de equipes
relacionados com
em
coletivas da Universidade Federal
esportistas de competição e de
em Novo Hamburgo-RS, de ambos
19
elite .
Uma
das
a
saúde
técnicas
de
tratamento é a técnica de liberação ativa Active Release Technique ®
(ART ).
Este
28
anos,
jogadores
de
futsal,
voleibol, handebol, basquetebol ou
mostra-se
futebol de campo. A pesquisa foi
eficaz e rápido no tratamento de
realizada no próprio campus da
lesões,
universidade.
o
método
®
os gêneros, com idade entre 18 e
que
possibilita
ao
ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 110 de 152
Critérios de inclusão e exclusão
Escala Borg para quantificar a dor
Foram incluídos na amostra
miofascial. Posteriormente, aplicou-
atletas de ambos os gêneros, com
se a pressão do algômetro no ponto
idade
da
entre
participante
18
e
28
anos
do
Projeto
queixa
e
anotado
o
valor
de
encontrado do limiar de dor à
Reabilitação
Desportiva
da
pressão (LDP). Na sequência, foi
Universidade
Federal
que
aplicada a técnica de liberação
apresentavam quadro álgico de dor musculoesquelética
aguda
ou
miofascial ativa ART® no local da queixa, sendo a mesma anotada na
crônica. Foram excluídos aqueles
folha
que
Prosseguindo, foram quantificadas
faziam
uso
medicamentosa iniciaram
de
terapia
atendimento.
e
novamente as algias por meio da
condutas
Escala de Borg, sendo também
analgésica
demais
de
terapêuticas, incluindo fisioterapia,
reverificado
crioterapia e massoterapia; assim
registrado.
como aqueles que estiveram com
No
o
LDP
segundo
e
o
valor
atendimento,
dor há menos de quinze dias e que
após uma semana de intervalo, e no
participaram de competição até 48
terceiro atendimento, também com
horas antes da coleta.
uma semana de intervalo e após duas semanas a partir da primeira
Procedimentos
aplicação,
foi
realizada
uma
No primeiro atendimento foi
avaliação de rotina do atleta. Foram
realizada avaliação quiroprática do
também aplicadas a Escala de Borg
participante por meio da ficha de
e a pressão do algômetro no
atendimento
do
mesmo ponto de dor da queixa
projeto, composta por dados de
álgica miofascial principal do atleta
identificação pessoal e da queixa
antes e após a utilização da técnica
álgica
ART®, da mesma forma como no
padronizada
principal,
ortopédica,
listagem
avaliação das
primeiro atendimento.
subluxações e avaliação de lesões
Os três atendimentos para a
de tecidos moles. A seguir, foi
coleta de dados da pesquisa, nos
solicitado
o
preenchimento da ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 111 de 152
quais os procedimentos e a ordem
17.0, a partir do teste T de Student,
dos
sofreram
para verificar se ocorreu alguma
alterações, tiveram intervalo de uma
mudança significativa nos valores
semana, portanto a pesquisa teve
do limiar de dor à pressão entre o
duração total de três semanas.
pré e pós-tratamento. O valor de 5%
Todos
(p<0,05) foi adotado como limite
mesmos
os
anotados
não
valores foram
obtidos
e
posteriormente
comparados.
para
rejeição
da
hipótese
de
nulidade.
Estatística Os dados da pesquisa foram analisados
pelo
software
SPSS
RESULTADOS
®
Gráfico 1: Valor do LDP antes e após a primeira aplicação da técnica ART .
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®
Gráfico 2: Valor do LDP antes e após a segunda aplicação da técnica ART .
®
Gráfico 3: Valor do LDP antes e após a terceira aplicação da técnica ART .
®
Gráfico 4: Comparação do LDP pré e pós-tratamento com a técnica ART .
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Gráfico 5: Intensidade da dor pré e pós-tratamento, conforme a Escala de Borg.
DISCUSSÃO Durante o levantamento do referencial bancos
teórico
de
realizado
dados
apenas o sujeito número seis não
em
obteve aumento no limiar de dor à
eletrônicos
pressão. Esse dado demonstra que
internacionais,
identificou-se
um
o aumento do limiar de dor pode
baixo
na
de
favorecer o desempenho do atleta22.
artigos científicos que correlacionem
Em contrapartida, observou-se que
à
o indivíduo quatro encontrava-se
número
atuação
do
literatura,
quiropraxista
na
população de esportistas. No
primeiro
com o LDP mais elevado que o
atendimento,
padrão, esse número pode indicar
utilizou-se o algômetro no local da
maior
queixa álgica antes e após a
esportiva, pois se considera que a
aplicação da técnica ART® para
convivência com a dor amplia o
mensurar o limiar de dor à pressão
limiar de sua tolerância, expondo o
(gráfico 1). Na ocasião a amostra
atleta a situações de risco3,22.
apresentou um LDP menor que 3 kg/cm²,
o
No
segundo
à
lesão
atendimento,
indica
condição
repetiram-se os procedimentos do
Observou-se
também,
primeiro atendimento por meio do
que após a aplicação de ART®,
algômetro. Os valores do limiar de
21
anormal .
que
suscetibilidade
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dor à pressão obtida antes e após a
um
segunda aplicação da técnica ART®
normal21.
(gráfico 2) demonstra que, antes da
número dez foi o que mais destoou
aplicação da técnica, três sujeitos
da amostra, mantendo-se com o
apresentavam um LDP menor que 3
LDP mais elevado que o padrão. Tal
kg/cm², o que mantém a indicação
achado
de que os mesmos apresentam uma
particularidade da percepção da dor
condição anormal21. Observou-se
e sugere a possibilidade de maior
também que os indivíduos número
suscetibilidade à lesão esportiva,
quatro e dez mantiveram-se com o
podendo expor, assim, o atleta a
LDP mais elevado que o padrão.
situações de risco3,22.
Além disso, verificou-se que, após a
número sete não obteve aumento
aplicação de ART®, todos obtiveram
do limiar de dor à pressão o que
um aumento do limiar de dor à
configura uma resposta satisfatória,
pressão.
importante
como a remissão de dor miofascial
indica que, o tratamento aplicado foi
que evita uma interferência na
eficiente na prevenção de lesões
capacidade
durante as atividades e aumentou a
possibilita que o mesmo possa
capacidade de concentração dos
atingir bons níveis de rendimento3,9.
Este
dado
atletas, resultado que favorece a correlação
da
dor
como
limiar
de
dor
Identificou-se
está
Na
considerado atleta
associado
global
do
comparação
atendimentos
o
O
à
atleta
atleta
entre
realizados,
e
os em
interferência em todas as atividades
relação ao quesito limiar de dor à
do atleta assim como no estado
pressão após as três aplicações da
emocional 6,11.
técnica ART® (gráfico 4) percebeu-
No foram
terceiro
adotados
atendimento os
mesmos
se que antes da primeira aplicação da
técnica,
seis
atletas
procedimentos anteriores. Detectou-
apresentavam um LDP inferior a 3
se que dois sujeitos apresentavam
kg/cm² e após as três intervenções,
um LDP menor que três kg/cm²
o índice do LDP se elevou para oito
(gráfico 3). Este resultado aponta
dos dez participantes da amostra
que os demais atletas apresentaram
(80%). Estes dados demonstram
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que
grande
parte
da
amostra
Quando se utilizou a Escala
alcançou uma condição considerada
de Borg (gráfico 4) para mensurar o
normal quanto ao limiar de dor à
limiar de dor, pode se observar que
pressão, o que corrobora com a
dos dez atletas avaliados, três
afirmação que, o ART
®
fornece
(30%)
atribuíram
nota
zero,
um meio eficaz e rápido de tratar as
ausência de dor, para a queixa
lesões e permite ao atleta um rápido
principal após a última aplicação da
retorno as
técnica
suas
atividades
normais20.
Este
retorno
é
considerado satisfatório, pois se
Ressalta-se que o indivíduo número
ART®.
quatro
obteve
pequena
sabe que a prática esportiva eleva o risco de lesões, tanto durante o
redução na comparação com a
treinamento
primeira coleta, mas manteve o
competições, sendo que estas, além
limiar de dor à pressão elevado, e
de causarem dor, podem limitar as
apenas
não
atividades e os treinos e impedem a
apresentou resultados satisfatórios,
obtenção do rendimento máximo4,23.
abaixo do valor padrão do LDP.
Em resumo: 90% da amostra obteve
Ambos os resultados condizem com
diminuição do nível de dor (p<0,01),
a afirmação de que existe grande
apenas o indivíduo número três
variação no limiar de dor das
apresentou elevação na nota, este
pessoas, o que mantém a dor como
dado pode estar relacionado à
uma experiência individual, com
sensibilização que a técnica de
o
indivíduo
cinco
10
características próprias pessoais . Notou-se,
ainda,
que
quanto
em
liberação miofascial gera no local
os
logo após a aplicação. O tratamento
indivíduos quatro e dez foram os
com esta técnica pode gerar um
que mais destoaram da amostra,
desconforto durante a quebra das
mantendo-se com o LDP mais
adesões, embora desapareça após
elevado que o padrão. Uma das
o
possíveis explicações para este
imediatamente20.
achado é a convivência com a dor,
comparação, foi verificado também
a qual pode ampliar o seu limiar3,22.
que
tratamento
o
indivíduo
quase
que Nesta
número
sete
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manteve um nível de dor mais elevado que os demais, tanto no pré como
no
pós-tratamento.
Tal
resultado pode estar relacionado à quantidade e qualidade do esforço físico realizado pelos atletas, A pesquisa indica que a convivência com a dor amplia o limiar de tolerância, o que eleva o risco de lesões
3,22
.
CONCLUSÕES A técnica ART® mostrou-se eficaz na redução consistente do quadro
álgico
após
três
intervenções em uma população esportista variada. Os instrumentos algômetro e a escala de Berg se revelaram de fácil utilização na estimativa do limiar
de
dor.
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ARTIGO ORIGINAL A influência do ajuste quiroprático na qualidade de vida em paraplégicos The influence of the chiropractic adjustment in the quality of life in paraplegic Marina Spadari LusaI, Tiago Augusto ZagoII I. Quiropraxista. Centro Universitário FEEVALE-Novo Hamburgo. RS. Brasil II. Quiropraxista. Especialista e docente na Universidade FEEVALE. E-mail do autor correspondente: nina.sl@ibest.com.br
ABSTRACT OBJECTIVES: To evaluate the impact of the chiropractic care on quality of life in paraplegic. METHODS: Research pre-trial basis, composed of six individuals, male, aged 30 to 55 which have part of an institution of spinal cord injured in Rio Grande do Sul. Participants filled in questionnaire of the QoL, the WHOQOL-BREF and received four sessions of chiropractic, lasting 30 minutes once a week. At the end of the treatment was reapplied the questionnaire. RESULTS: The pre and post-treatment between the domains was: physical domain: (Z =-1,51, p=0.13) and(Z =-1.51, p>0.05); psychological domain: (Z =-0.44, p = 0.65)or (Z=-0.44, p>0.05)social:(Z =-1.99, p = 0.046)or (Z= -1, 99,p <0.05); environment:(Z =-0.81, p =0.414) or (Z=-0.81, p> 0.05). The social domain achieved a statistically significant increase (p <0.05) when compared to others. CONCLUSIONS: Although there is a divergence in the domain that most affect the QOL of patients with spinal cord injury is no denying the negative impact that this condition produces in its sufferers. The proposed chiropractic treatment was effective in improving QOL, especially in the social field, in the population studied herein. KEYWORDS: Pain, spinal cord injury, paraplegia, quality of life, questionnaires.
RESUMO OBJETIVOS: Avaliar o impacto do tratamento quiroprático na qualidade de vida em paraplégicos. MÉTODOS: Pesquisa de caráter pré-experimental, composta por seis indivíduos, do gênero masculino, com idades compreendidas entre 30 e 55 anos que fazem parte de uma instituição de lesionados medulares no Rio Grande do Sul. Os participantes preencheram o questionário de QV, WHOQOL-bref e receberam quatro sessões de quiropraxia, com duração de 30 minutos, uma vez por semana. Ao final do tratamento, foi reaplicado o questionário. RESULTADOS: A comparação pré e pós-terapêutica entre os domínios foi: domínio físico: (Z = -1,51, p = 0,13) ou (Z = -1,51, p > 0,05); domínio psicológico: (Z = -0,44, p = 0,65) ou (Z = -0,44, p > 0,05); domínio social: (Z = -1,99, p = 0,046) ou (Z = 1,99, p < 0,05); domínio ambiental: (Z = -0,81, p = 0,414) ou (Z = -0,81, p > 0,05). O domínio social obteve um aumento estatisticamente significativo (p < 0,05) quando comparado aos demais. CONCLUSÕES: Embora haja divergência nos domínios que mais afetam a QV dos portadores de lesão medular é inegável o impacto negativo que esta condição produz em seus portadores. O tratamento quiroprático proposto mostrou-se eficaz na melhora de QV, especialmente no domínio social, na população estudada.
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PALAVRAS-CHAVE: Dor, lesão medular, paraplegia, qualidade de vida, questionários.
INTRODUÇÃO A
paraplegia
consequência
da
é
agressão
a na
por
armas
de
fogo,
acidentes
automobilísticos, de aviação, de
medula espinhal originando danos
trabalho,
neurológicos com perda parcial ou
esportiva4,7. O nível da lesão e a
total dos movimentos voluntários e
gravidade determinam o grau de
da
comprometimento: motor, sensitivo,
sensibilidade
nos
membros
quedas
ou
prática
superiores e inferiores1,2. Esta lesão
controle
impede a transmissão, modificação
funcionamento dos órgãos internos,
e coordenação motora sensorial,
circulação sanguínea e controle da
comprometendo
temperatura4.
o
controle
autônomo dos órgãos do corpo humano3.
A
lesão
medular
de
esfíncteres,
O processo de reabilitação e
a
estabilização
do
quadro
traumática (LMT) é responsável por
neurológico dependem diretamente
80% das lesões medulares, atinge
da colaboração do doente8. As
cerca
algias
de
20
a
indivíduos/milhão/ano,
40 afeta
nesses
classificadas
indivíduos em
três
são tipos:
principalmente jovens do gênero
musculoesquelética, neuropática e
masculino, no auge da idade, com
visceral. A musculoesquelética é a
baixo grau de escolaridade, e têm
mais frequente e atinge 59% dos
se tornado, nos últimos anos, a
acometidos,
principal causa de paraplegia ou
maior quando a lesão ocorre na
tetraplegia2,4,5 .
região torácica. A dor neuropática
No
Brasil
o
índice
sua
intensidade
é
de
representa 41%, é mais intensa em
portadores desta lesão é elevado.
lesões no nível de L1 e S4 ou S5.
Estima-se que a incidência anual
Por último, a dor visceral, mais rara,
seja de aproximadamente 6.000
atinge 5% das pessoas com lesão
novos casos5,6.
medular. Em relação aos tipos de
Relatos na literatura apontam que a (LMT) é causada, geralmente,
dor
as
mais
neurológica
relatadas descrita
são:
a
como
ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 120 de 152
“queimante”
59,9%
e
a
estudada, optou-se pela aplicação
musculoesquelética como “dolorida”
do questionário de (QV) World
54,4%8.
Health Organization Quality of Life
Estima-se que a dor seja a terceira
maior
Instrument
Bref
(WHOQOL-bref),
dificuldade
por se tratar de um instrumento
encontrada pelos indivíduos nesta
validado, em português, capaz de
condição,
avaliar a percepção da condição e o
sendo
seguida
pela
incapacidade motora e a disfunção
tratamento oferecido ao doente14.
sexual. Entre os tetraplégicos a
Segundo
a
Organização
incidência de dor na região do
Mundial de Saúde a Quiropraxia lida
pescoço,
membros
com a patogênese, terapêutica e
superiores representam 24,5% e
profilaxia dos distúrbios funcionais,
nos
ombros
e
11,2%9.
paraplégicos
paraplegia
causa
sequelas
A que
alterações mecânicas, síndromes de
dor
e
outros
efeitos
alteram a rotina e o estilo de vida do
musculoesqueléticos relacionados à
seu portador e de seus familiares,
estática e dinâmica do sistema
tornando difícil o retorno do mesmo
locomotor, relacionados a todas as
ao convívio social10,11.
articulações axiais, apendiculares e
As últimas décadas foram marcadas
crescente
destes distúrbios o quiropraxista se
interesse na avaliação da qualidade
utiliza de manobras manuais que
de
às
removem as interferências entre a
condições crônicas de saúde . O
comunicação do Sistema Nervoso e
conceito
os
vida
por
(QV)
um
craniofaciais15,16. Para a correção
relacionada 12
de
QV
é
complexo,
demais
sistemas
abrangente e está associado às
promovendo
dimensões biológica, psicológica,
homeostase16,17.
social, cultural e ambiental12,13. Para
avaliar
o
o
corporais,
retorno
à
Com esta pesquisa objetivou-
impacto
se avaliar o impacto do tratamento
causado pela paraplegia e suas
quiroprático na qualidade de vida
consequências na população ora
em paraplégicos.
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MÉTODOS Pesquisa pré-experimental,
às consultas nos dias e horários
seus participantes fizeram parte do
previamente agendados.
grupo controle e análise, com teste
Critérios de exclusão
e reteste após tratamento. Foram excluídos aqueles que
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e obteve o protocolo de aprovação número
4.00.03.11.2033.
participantes sobre
o
foram
teor
assinaram
informados
da
o
Os
pesquisa Termo
e de
Consentimento Livre e Esclarecido
se recusaram assinar o TCLE; os que
traumatismo
raquimedular
com
completa
incompleta;
e
tetraplegia que
apresentavam restrição ao método de
aplicação
quiroprático
do
tratamento
e
que
não
compareceram às consultas nos
(TCLE).
dias Amostra
indivíduos,
masculino,
e
horários
previamente
agendados.
A amostra foi composta por seis
apresentavam
do
com
Procedimentos
gênero idades
compreendidas entre 30 e 55 anos que fazem parte de uma instituição de lesionados medulares no Rio
Num
universo
de
15
indivíduos nove foram excluídos (60%). Estes foram avaliados em ambiente isolado, utilizando uma ficha específica contendo dados
Grande do Sul.
pessoais e informações referentes Critérios de inclusão
ao estado de saúde atual. Em
Foram incluídos indivíduos portadores raquimedular
de
traumatismo
com
paraplegia
seguida, foi aplicado o questionário de QV, WHOQOL-bref. Após esses procedimentos,
mesmos
completa e incompleta; que não
receberam
apresentavam restrição ao método
quiropraxia, com duração de 30
de
minutos, uma vez por semana. Ao
aplicação
do
tratamento
quatro
os
sessões
de
quiroprático e que compareceram ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 122 de 152
final do tratamento, foi reaplicado o
Os valores numéricos foram
questionário.
comparados pré e pós-tratamento,
Estatística
pelo
teste
de
comparações, Os resultados obtidos foram codificados, revisados e digitados em banco de dados construído no programa Pacote Estatístico para as Ciências
Sociais
–
Statistical
Package for Social Science (SPSS) 18.0
for
Windows
microcomputador
como
Wilcoxon.
consideraram-se
significativas
probabilidades
Nas
associadas
as aos
testes menores que 0,05, ou seja, que possuem, no máximo, 5% de chance de rejeitar a hipótese de igualdade de média verdadeira.
em IBM-PC
compatível. RESULTADOS
5 4 3 2 1 0
Indivíduo II Pós Indivíduo III Pré Indivíduo III Pós Indivíduo IV Pré Indivíduo IV Pós Indivíduo V Pré Indivíduo V Pós Indivíduo VI Pré Indivíduo VI Pós
Individuo I Pré Indivíduo I Pós Indivíduo II Pré
apoio familiares e amigos vida sexual
Gráfico 1 - Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio social.
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5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0
energia para o dia a dia capacidade para o trabalho mobilidade de locomoção satisfação com o sono
Gráfico 2 – Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio físico.
5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0
aceitam aparência física
Individuo I Pré Indivíduo I Pós Indivíduo II Pré Indivíduo II Pós Indivíduo III Pré Indivíduo III Pós Indivíduo IV Pré Indivíduo IV Pós Indivíduo V Pré Indivíduo V Pós Indivíduo VI Pré Indivíduo VI Pós
capacidade de concentração
Gráfico 3 - Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio psicológico.
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recursos financeiros
locais para lazer e recreação
Individuo I Pré Indivíduo I Pós Indivíduo II Pré Indivíduo II Pós Indivíduo III… Indivíduo III… Indivíduo IV… Indivíduo IV… Indivíduo V Pré Indivíduo V Pós Indivíduo VI… Indivíduo VI…
5 4 3 2 1 0
novas informações meio de transporte
Gráfico 4 - Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio ambiental.
Tabela 1 – Comparação dos domínios físico, psicológico, social e ambiental pré e póstratamento quiroprático utilizando o Teste Wilcoxon. Nº paciente
Média
Desvio
Mínimo
Máximo
Domínios Físico Pré
6
13,417
1,8005
10,0
15,0
Psicológico Pré Social Pré Ambiental Pré Físico Pós Psicológico Pós
6 6 6 6 6
15,867 18,00000006 12,833 14,167 15,600
2,9683 2,022099921 1,5055 2,1602 3,9759
12,0 14,666667 11,5 10,5 9,6
20,0 20,000000 15,5 17,0 20,0
Social Pós Ambiental Pós
6 6
15,55555550 12,500
2,621845265 0,9487
10,666667 11,5
18,666666 13,5
Tabela 2 – Média dos domínios físico, psicológico, social e ambiental pré e pós-tratamento pelo Teste Wilcoxon.
Wilcoxon Signed Ranks Test Físico pós e pré A -1,5511
Z Asymp. Sig (2 - tailed)
0,131
Psicológico pós e pré b
-0,447
0,655
Social pós e pré b -1,992 0,046
Ambiental pós e pré -0,816
b
0,414
*Estatística significativa no domínio social quando comparado pré e pós-tratamento quiroprático (Z = -1,99, p < 0,05, Teste de Wilcoxon).
a. Baseado em ranks negativo b. Baseado em ranks positivo
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DISCUSSÃO
Durante o levantamento do
Ainda no domínio social os
referencial teórico observou-se uma
participantes
lacuna em pesquisas científicas
revelaram que recebem o apoio de
relacionando a QV e lesão medular.
familiares e amigos e não possuem
No
é
insatisfação com a vida sexual.
considerada importante visto que a
Esses dados concordam em parte
mesma facilita o retorno do paciente
com os achados de 2008 em que os
à sua vida familiar e social18.
participantes
entanto,
resultados
esta
do
avaliação
presente
Os estudo
recebem
da
atual
pesquisa
relataram
apoio
familiar
que e
dos
evidenciaram que o domínio ligado
amigos, no entanto, apresentam
ao meio social obteve o melhor
problemas com a vida sexual15.
escore de avaliação pré e pós-
Com
tratamento (gráfico 1). Um estudo
analisados,
de 1997 menciona que a ausência
participantes
de
produz
domínio físico, energia suficiente
imobilização nos membros afetados,
para realizar as atividades do dia a
gerando mudanças na composição
dia e o sono preservado (gráfico 2).
corporal, como o conteúdo mineral
No
ósseo, massa muscular esquelética,
insatisfeitos com a capacidade para
água, e por consequência aumenta
o
o nível de gordura corpórea19. Os
mobilidade de locomoção, o que
principais objetivos da atividade
corrobora em parte com um estudo
física são: desenvolver a aptidão
de 2008 em que os portadores de
física, reabilitar funções orgânicas,
LMT possuíam energia suficiente
desenvolver habilidades motoras
para realizar as atividades do dia a
e promover gasto energético. A
dia, o sono se mantinha preservado,
conquista
estavam insatisfeitos com o trabalho
atividade
física
dessas
impacta
habilidades
positivamente 20
autoestima .
a
e
base neste
aspectos
estudo,
os
demonstravam,
no
entanto,
trabalho,
nos
mas
apresentavam
mostraram-se
mantinha
redução
boa
na
15
mobilidade . ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 126 de 152
No domínio psicológico, os
os domínios ambiental e físico
participantes relataram que aceitam
apresentaram valores menores em
aparência física atual, consideram
relação aos demais15,24. No estudo
que suas vidas têm sentido para si e
atual o domínio ligado às relações
para
entanto,
sociais foi o único que apresentou
relataram que possuem dificuldade
escore estatisticamente significante
para se concentrar (Gráfico 3).
(tabelas 1 e 2).
o
próximo.
No
domínio
No
ambiental
os
Para
fomentar
as
participantes relataram escassez de
divergências, em 2002 no Canadá,
recursos financeiros, de locais para
um estudo concluiu que a idade,
lazer e recreação, dificuldade no
emprego,
acesso aos meios de transporte e
qualidade de vida são os principais
falta de informações primordiais
fatores que interferem na inserção
para seu dia a dia (Gráfico 4), o que
social desta população25. Em 2004
concorda com dados apresentados
nos Estados Unidos, uma pesquisa
em 200815.
realizada com descendentes afro-
A literatura relata divergência
hospitalização
e
americanos portadores de lesão
nos domínios que mais afetam a
medular,
QV, de acordo com o instrumento
condições
empregado
qualidade desta população eram a
e
a
amostra
estudada21,22. Em 2004 um estudo demonstrou
que
os
fatores
vida
demonstrou
sexual,
mais
o
que
as
afetadas
na
emprego
e
os
26
recursos financeiros .
ambientais comprometem de forma
Entre
importante a qualidade de vida das
encontradas
pessoas23. Já em relatos de 2005 e
desta pesquisa cita-se a escassez
2006,
de trabalhos relacionando QV e lesão
as
relações
prevaleceram21,22.
sociais
Utilizando
o
as no
dificuldades desenvolvimento
medular e o acesso a esta população
Questionário WHOQOL-bref
para
acompanhar
o
retorno
encontraram-se dois estudos em
mesmos à vida familiar e social.
dos
que os domínios psicológico e social alcançaram as maiores médias, e ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 127 de 152
CONCLUSÕES
melhora de QV, especialmente, no
Embora haja divergência nos
domínio
social,
na
população
domínios que mais afetam a QV dos
estudada. No entanto, sugerem-se
portadores de lesão medular é
estudos mais aprofundados com
inegável o impacto negativo que
amostras e período de tratamento
esta condição produz em seus
maiores para melhor avaliação de
portadores.
resultados.
O tratamento quiroprático proposto
mostrou-se
eficaz
na
CONFLITOS
DE
INTERESSES:
Não há.
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ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 129 de 152
ARTIGO ORIGINAL
Expectativas profissionais de acadêmicos de quiropraxia no Brasil Professional chiropractic academic expectations in Brazil Inajara Maciel dos SantosI, Márcia A.B. de AlexandreII I. Quiropraxista. Universidade FEEVALE-Novo Hamburgo.RS.Brasil II. Educador Físico. Ma. e docente na Universidade FEEVALE E-mail do autor correspondente:inajaramaciel@yahoo.com.br ABSTRACT OBJECTIVES: To identify the expectations of the Brazilian scholars chiropractic regarding their future job prospects facing the current labor market in Brazil. METHODS: The research involved the participation of 170 students from the FEEVALE University who answered a questionnaire with multiple choices. RESULTS: It was identified that 69% of the students are women, 61% are aged 20 to 25 years old and 3% are over 40 years old. Upon graduating 38% wish to open their own clinic, 19% want to associate with another clinical health care and 30% have not decided yet. As a major concern currently 42% plan to do a good divulgation dissemination of its work and 21% are concerned to deciding which city to practice medicine. CONCLUSIONS: Chiropractic academics need to develop their capacity to plan, to manage the selected career and become autonomous, able to attend in specialized practices attend their preparation looking for the labor market. We suggest an adequacy adaptation on the part of the curriculum of the undergraduate course in order to provide subsidies for the construction of academic knowledge in their choices of his professional practice, mainly at the approaches of pediatric, geriatric, and obstetric care. KEYWORDS: Labor market, career, professional expectations, academic profile, chiropractic. RESUMO OBJETIVOS: Identificar as expectativas de acadêmicos brasileiros em quiropraxia com relação a sua inserção profissional futura frente ao mercado de trabalho. MÉTODOS: Participaram da pesquisa 170 acadêmicos da Universidade FEEVALE que responderam um questionário com questões de múltipla escolha. RESULTADOS: Identificou-se que 69% dos acadêmicos são mulheres, 61% estão na faixa etária dos 20 aos 25 anos de idade e 3% acima dos 40 anos. Ao se formar 38% desejam abrir sua clínica própria, 19% associar-se com clínico de outra área da saúde e 30% ainda não se decidiram. Como maior preocupação atualmente 42% pensa em fazer uma boa divulgação do seu trabalho e 21% preocupa-se na decisão de qual cidade clinicar. CONCLUSÕES: Os acadêmicos do curso de quiropraxia desta faculdade necessitam desenvolver capacidade de planejamento, para gerenciar a carreira escolhida e tornarem-se profissionais autônomos, aptos a atender em clínicas especializadas visando sua preparação ao mercado de trabalho. Sugere-se uma adequação na grade curricular deste curso no sentido de fornecer subsídios aos acadêmicos visando a construção de seu conhecimento nas escolhas de sua prática profissional, principalmente nas abordagens do atendimento pediátrico, geriátrico e obstétrico.
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PALAVRAS-CHAVES: Mercado de trabalho, carreira, expectativas profissionais, perfil acadêmico, quiropraxia.
INTRODUÇÃO A literatura que discute a
fazendo parte do processo do seu
configuração atual das carreiras
amadurecimento.
destaca
transformação
permanece como o status de uma
substantiva em sua estrutura e
pessoa para o resto da vida. Não
reflete
basta
uma
sobre
as
mudanças
no
A
somente
fase
a
adulta
escolha
da
mercado de trabalho com a carreira
profissão, após esta bem definida, a
como
especialidade dentro do universo no
trajetória
individual,
profissional
fundada
em
diversas
mercado
de
trabalho
é
fator
experiências de trabalho e não mais
imprescindível para diferenciar o
como
bom profissional do mediano4.
sinônimo
de
trajetória
profissional ascendente em uma
A escolha de uma especialidade
única organização. Os indivíduos
caracteriza-se
passam a serem os responsáveis
dinâmico,
pela gestão de suas carreiras,
tentam ajustar os seus valores, as
construídas não mais com base em
suas necessidades, capacidades,
cargos lineares oferecidos por uma
as expectativas e necessidades dos
mesma
organização,
outros e por fim as características
trânsito
entre
organizações,
mas
pelo
diferentes
movimento
das
por
onde
opções
este
acreditam
motivado tanto pela procura de
próprios5.
um
os
de
processo
acadêmicos
carreira,
adaptarem-se
a
Dentro
pela diminuição de oportunidades
Organização
periódicas
(OMS) afirma que a Quiropraxia é
ascensão
nas
organizações contemporâneas1,2. A
preparação
profissão
com
Saúde
sinais
de
atividade ocupacional e para a vida
mercado
trabalho,
conjugal
componentes
Brasil, quanto no exterior. Embora o
essenciais da vida do adulto jovem,
curso seja recente no país, cresce a
de
um
da
e
os
a
Mundial
a
crescimento
são
para
uma
contexto
si
novos desafios profissionais quanto
de
deste
que
excelente tanto
no
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procura desses profissionais por
assinaram
empresas e clubes esportivos6.
Consentimento Livre e Esclarecido.
A Universidade ora estudada
o
Termo
de
Amostra
oferece a oportunidade de eventos
Numa
população
de
223
de extensão que contribui para
acadêmicos matriculados no curso
fomentar
de
a
acadêmico,
curiosidade
pois
neste
do
espaço
podem ser vivenciadas diferentes experiências sentido
e
da
movimentos
no
produção
do
FEEVALE
academia com os saberes sociais na direção do enfrentamento dos
da
170
Universidade
(76%) aceitaram
participar da pesquisa. Critérios de Inclusão Ser acadêmico do curso de
conhecimento, aqui reconhecidos como a articulação dos saberes da
quiropraxia
Quiropraxia
ministrado
faculdade
e
adequadamente
nesta
responder o
questionário
proposto para coleta de dados.
problemas da sociedade7. O presente estudo se propõe
Procedimentos
a identificar as expectativas de
Foi
acadêmicos
estruturado
brasileiros
de
elaborado
um
com
questionário
perguntas
de
quiropraxia com relação a sua
múltipla escolha e apenas uma
inserção profissional futura frente ao
alternativa a ser assinalada de cada
mercado de trabalho.
questão.
MÉTODOS
composto com dados pessoais e
O
questionário
foi
expectativas profissionais. Pesquisa cientifica
de
iniciação
exploratória,
descritiva
Estatística
quantitativa. O projeto foi submetido
Os dados foram processados para
ao Comitê de Ética e obteve o
análise e construção de gráficos
parecer favorável número 66805.
comparativos e demonstrativos em
Os participantes foram informados
planilhas de Excel.
sobre
o
teor
da
pesquisa
e
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RESULTADOS O questionário sobre as expectativas profissionais se propôs a avaliar o nível de preparação dos pesquisados para o mercado de trabalho brasileiro. Dentre os 170 acadêmicos, 27 estão cursando o primeiro ano e 28 estão no último ano, em fase de estágio, doravante chamados iniciantes e estagiários, respectivamente. Tabela 1 – Expectativas profissionais – interesse extracurricular Atividades extracurriculares
Total Pesquisado
Iniciantes
Estagiários
n.
%
n.
%
n.
%
Seminário Congresso Cursos Qual?
44 8 10
26% 5% 6%
5 0 0
19% 0% 0%
3 2 2
11% 7% 7%
As três alternativas Só não participei de congresso
44 30
26% 18%
0 0
0% 0%
13 7
46% 25%
Não me interesso por estas atividades
0
0%
0
0%
0
0%
Não participei de nenhuma
34 170
20% 100%
22 27
81% 100%
1 28
4% 100%
Tabela 2 – Expectativas profissionais – onde clinicar Objetivo profissional
Total Pesquisado
Iniciantes
Ficar em sua cidade ou região
n. 44
% 26%
n. 6
% 22%
n. 10
% 36%
24 28 6 68 170
14% 16% 4% 40% 100%
2 2 0 17 27
7% 7% 0% 63% 100%
5 6 1 6 28
18% 21% 4% 21% 100%
Ficar no Rio Grande do Sul Ir para outro estado brasileiro Ir para outro país Ainda não me decidi
Estagiários
Tabela 3 – Expectativas profissionais – área de preferência
Área que prefere atuar
Total Pesquisado
Iniciantes
Esportiva Geriatria Pediatria Obstetrícia Pesquisa laboratorial Saúde do trabalhador Somente na clínica geral Ainda não me decidi
n. 32 11 17 3 2 18 20 67 170
n. 4 3 3 0 0 1 2 14 27
% 19% 6% 10% 2% 1% 11% 12% 39% 100%
Estagiários % 15% 11% 11% 0% 0% 4% 7% 52% 100%
n. 5 2 0 1 1 6 3 10 28
% 18% 7% 0% 4% 4% 21% 11% 36% 100%
Tabela 4 – Expectativas profissionais – com quem clinicar
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Preferência profissional
Total Pesquisado
Iniciantes
Abrir clínica própria
n. 65
% 38%
n. 10
% 37%
n. 13
% 46%
4
2%
0
0%
0
0%
9
5%
1
4%
5
18%
4 5
2% 3%
0 2
0% 7%
2 0
7% 0%
32
19%
1
4%
4
14%
51 170
30% 100%
13 27
48% 100%
4 28
14% 100%
Compartilhar clínica com colega quiropraxista Trabalhar em clínica de quiropraxia já existente Trabalhar dentro de empresa Trabalhar em UBS, hospitais, creches e/ou asilos Clinicar junto com clínico de outra área da saúde Ainda não me decidi
Estagiários
Tabela 5 – Expectativas profissionais – interesse em continuar estudando Pós Graduação, Mestrado e/ou Doutorado
Total Pesquisado
Iniciantes
Estagiários
Sim Não Não sei
n. 157 2 11
% 92% 1% 6%
n. 24 0 3
% 89% 0% 11%
n. 25 1 2
% 89% 4% 7%
170
100 %
27
100 %
28
100 %
Tabela 6 – Expectativas profissionais – objetivo profissional Objetivo após colação de grau
Fazer pesquisa e estudos científicos Clinicar em quiropraxia Clinicar e dar aulas para o ensino superior Não clinicar em quiropraxia Ainda não me decidi
Total Pesquisado
Iniciantes
Estagiários
n.
%
n.
%
n.
%
13 86 52 1 18
8% 51% 31% 1% 11%
1 11 10 0 5
4% 41% 37% 0% 19%
3 16 7 0 2
11% 57% 25% 0% 7%
170
100%
27
100%
28
100%
Tabela 7 – Expectativas profissionais – maior preocupação Atualmente MAIOR preocupação
Total Pesquisado
Iniciantes
Estagiários
n.
%
n.
%
n.
%
Dinheiro para montar minha clínica
24
14%
3
11%
1
4%
Em fazer uma boa divulgação do meu trabalho Em que área de atuação preferir clinicar
72
42%
12
44%
14
50%
19
11%
5
19%
2
7%
Com que profissional associar-me para clinicar Em que cidade clinicar. Outra:
6
4%
0
0%
1
4%
35 14 170
21% 8% 100%
4 3 27
15% 11% 100%
8 2 28
29% 7% 100%
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Tabela 8 – Expectativas profissionais – outras preocupações Outra
Total Pesquisado
Iniciantes
Aprender a ser um bom profissional Na continuação dos estudos (mestrado) Em que país clinicar. Regulamentação da profissão Nenhuma preocupação
n. 5 1 1 3 4 14
n. 0 0 0 0 3 3
% 36% 7% 7% 21% 29% 100%
Estagiários % 0% 0% 0% 0% 100% 100%
n. 1 0 1 0 0 2
% 50% 0% 50% 0% 0% 100%
DISCUSSÃO Há duas décadas, obter o
Sobre
o
interesse
diploma proveniente da conclusão
participar
de um curso superior era um fato
extracurriculares
que trazia tanto prestígio que podia
conhecimento 81% dos iniciantes
ser
não
considerado
a
certeza
do
de
em
tiveram
atividades
para
reciclar
oportunidade
o
de
sucesso. Com o passar dos anos a
participar de algum evento e dos
graduação se tornou essencial na
estagiários 46% participaram de
busca pelo sucesso, tornando-se
seminário,
apenas o ponto de partida, no qual
(Tabela
ainda necessita-se de muito estudo
extracurriculares
para
para
uma
determinada
especialização7.
congresso 1).
a
cursos
As
atividades
são
importantes
formação
principalmente
e
como
profissional, fonte
de
Para aprender uma profissão,
contato do aluno com o mundo do
a universidade é uma ferramenta
trabalho e as possibilidades de
eficiente em seu papel na formação
inserção em sua área2. Boa parte
de profissionais já que a mesma é
dos alunos que não participam de
atribuída à competência necessária
atividades
para
o
apresenta uma percepção distorcida
seus
do mercado, sem conseguir se
acadêmicos para o mercado de
identificar com um perfil consistente
trabalho fornecendo subsídios para
de características e oportunidades
a
relativas à sua área de trabalho. Os
gerar
conhecimento,
e
transmitir
capacitando
concretização
de
expectativas profissionais3,8.
suas
extracurriculares
acadêmicos mais envolvidos em
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atividades no curso podem estar
segunda opção recorrente, com
mais
19%
próximos
da
realidade
dos
pesquisados,
foi
profissional, inclusive no sentido de
especialização
conseguirem
as
15% iniciantes e 18% estagiários. O
e
profissional quiropraxista está apto
dificuldades
identificar de
inserção
desempenho6,9,10.
esportiva,
na
sendo
a atuar em diversos segmentos na
No parâmetro onde clinicar
área da saúde focando seu trabalho
40% estão indecisos. Destes, 63%
para
são iniciantes e 21% estagiários
determinadas
(tabela 2). A certeza de clinicar em
escolher o público alvo em que vai
sua cidade de origem ou em cidade
clinicar,
de sua região representa 36% dos
especialização6.
estagiários e 22% dos iniciantes.
atender
pacientes
com
características
porém
implica
e
em
Muitos consultores e autores,
Cabe aos indivíduos envolvidos a
bem-sucedidos,
responsabilidade pela gestão de
negócios e carreira dizem que
suas carreiras, pois não estão mais
estamos
sendo construídas com base em
multiespecialistas.
cargos lineares oferecidos por uma
entender de muitos assuntos e a
mesma organização como ocorria
única maneira de dominá-los é por
há alguns anos, mas pelo trânsito
meio do estudo e aprendizado
entre
organizações,
contínuos. Devemos ficar alertas
movimento este motivado tanto pela
sobre os conhecimentos/áreas que
procura
todo o profissional deve dominar,
diferentes
de
novos
desafios
profissionais quanto pela redução
profissional
nas
organizações atuais1.
vivendo
livros
a
de
era
dos
Precisamos
independente da sua profissão7.
das oportunidades periódicas de crescimento
de
No
parâmetro
com
quem
clinicar: abrir clínica própria é a escolha
de
38%
do
total
A opção área que prefere
pesquisado, sendo 46% estagiários
atuar 39% responderam ainda não
e 37% iniciantes. Destes, 30% ainda
decidi, destes, 52% são iniciantes e
não se decidiram com quem clinicar,
36% são estagiários (Tabela 3). A
entre
os
iniciantes
48%
estão
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indecisos (Tabela 4). Após colação
Entre as preferências profissionais
de grau o profissional poderá atuar
clinicar em quiropraxia representa
em clínica própria ou associada a
51% do total pesquisado, sendo
outros profissionais. Para tanto é
41% dos iniciantes e 57% dos
necessário
das
estagiários. Clinicar e dar aulas para
condições humanas, materiais e
o ensino superior é a segunda
financeiras6.
opção dos pesquisados com 31%,
cabe
uma
ao
analise
No mercado atual
indivíduo
gerenciar
a
própria carreira. Os jovens ainda
sendo
para
profissional,
a
pois,
ascensão em
iniciantes
e
25%
estagiários (tabela 6).
poderão se frustrar com o tempo demandado
37%
Há espaço no mercado de trabalho para todos com formação
seu
em curso superior, mas apenas
imaginário, a expectativa é não só
para aqueles que investem em sua
de fazer carreira, mas também de
qualificação
e
progressão ágil1.
diferencial
em
A formação acadêmica é de instrução
básica
e
ocorre
alcançam
um
relação
à
concorrência7,11.
a
A
divulgação
do
trabalho
necessidade do estudo continuado.
quiroprático é a maior preocupação
A intensão de continuar os estudos
para 42% do total pesquisado,
é da grande maioria, 92% com 89%
sendo 44% dos iniciantes e 50%
dos iniciantes e mesmo valor dos
dos estagiários. Na segunda opção
estagiários (Tabela 5). É necessário
mais apontada, 19% dos iniciantes
estar
se
se preocupam em que área de
atualizando e investindo na carreira
atuação clinicar, enquanto que 29%
escolhida. Estamos vivendo a era
dos estagiários preocupam-se em
da informação, da velocidade e da
que cidade clinicar (Tabela 7). A
orientação para resultados7.
transição do ambiente universitário
sempre
O
curso
estudando,
de
Quiropraxia,
para o do trabalho é um processo
como qualquer curso de graduação,
dinâmico que pode trazer incerteza
expande um leque de opções ao
e
acadêmico após colação de grau.
estudantes, mesmo nas áreas nas
insegurança
para
muitos
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quais a demanda por profissionais
de
ainda é razoavelmente alta e o
esportivos9.
mercado
é
percebido
saúde,
como
favorável8.
empresas
Entre
as
e
clubes
dificuldades
encontradas para elaboração desta
Dos
14
acadêmicos
que
pesquisa
destaca-se
que
a
listaram outras preocupações além
bibliografia atual aborda toda uma
das
na
investigação técnica acerca do que
pesquisa, 36% preocupa-se em ser
é e o que faz a Quiropraxia, mas
um bom profissional e 29% alega
pouco ou nada se sabe com relação
não
ao profissional que a torna real e
alternativas
ter
citadas
preocupação
alguma
atualmente (Tabela 8). Como a elaboração
de
um
efetiva.
projeto
O ponto forte da pesquisa foi
profissional exige que o indivíduo
a receptividade dos acadêmicos no
perceba-se capaz de desempenhar-
pronto
se bem nas atividades profissionais
questionário.
o jovem que decide sua profissão
CONCLUSÕES
preenchimento
do
deve acreditar-se capaz, isto é, crer na
auto
eficácia.
Este
pressupõe que o jovem deva ter um senso de competência e segurança para o exercício profissional ao fim
oferecida
prática aos
quiropraxia
supervisionada acadêmicos
proporciona
Quiropraxia que participaram desta pesquisa necessitam desenvolver sua capacidade de planejamento, para gerenciar a carreira escolhida
do curso universitário10. A
Os acadêmicos do curso de
fato
de uma
vivência na prática profissional, a
e
à
comunidade.
As
atividades de estágio são realizadas na Clínica-Escola ou em instituições parceiras, como: unidades básicas
profissionais
autônomos, aptos a atender em clínicas especializadas visando sua preparação ao mercado de trabalho. Sugere-se uma adequação
partir do atendimento quiroprático prestado
tornarem-se
na grade curricular neste curso de graduação no sentido de fornecer subsídios aos acadêmicos para a construção de seu conhecimento nas
escolhas
de
sua
prática
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profissional, abordagens
principalmente do
nas
atendimento
CONFLITOS DE INTERESSES: Não há.
pediátrico, geriátrico e obstétrico. REFERÊNCIAS 1. Cavazotte FSCN, Lemos AHC, Mila DA. Novas gerações no mercado de trabalho: expectativas renovadas ou antigos ideais? Caderno EBAPEBR, Rio de Janeiro, mar. 2012;cv. 10, nº 1, artigo 9;162-180. 2. Glaser SL, Bardagi MP. Habilidades sociais, auto eficácia e decisão de carreira em universitários em no final de curso. Boletim Academia Paulista de Psicologia,2011; 31(80); 148-165. 3. Zainaghi G, Goulart CP,Bremer CF. Estágio Integrado Universidade-Empresa: Uma Proposta De Formação Profissional. Escola de Engenharia de São Carlos– EESC/USP, Departamento de Engenharia de Produção Mecânica. São Paulo – SP, 2000. 4. Sanches MAC. Escolha, Motivos e Expectativas de Acadêmicos de Psicologia quanto à profissão: Uma Perspectiva Psicoeducacional. [dissertação de mestrado]. Universidade Federal de Londrina, 1999. 5. Mendes AS. Os Estudantes de Medicina: Expectativas Na Escolha Da Especialidade. [tese de mestrado]. Instituto Universitário de Lisboa, 2010.
6. Diretrizes da OMS, sobre a formação básica e a segurança em quiropraxia. Organização Mundial de Saúde. Novo Hamburgo: FEEVALE. 2006. 7. Battisti J.O mercado de trabalho está mudando - fique atento! [Internet] Acesso em 07/10/2012. Disponível em: http://www.juliobattisti.com.br/artigos/carreir a/mercado.asp. Acesso em 07/10/2012. 8. Bardagi MP, Hutz CS. Satisfação de vida, comprometimento com a carreira e exploração vocacional em estudantes universitários. Arquivos Brasileiros de Psicologia,2010; 62(1);159-170. 9. PPC – Projeto Pedagógico do Curso De Quiropraxia, Currículo 2010-2. Novo Hamburgo-RS. FEEVALE. 2010. 10.Teixeira MAP, Gomes WB. Estou me formando... e agora?: Reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 5(1), 47-62. Porto Alegre/RS, 2004. 11. Oliveira LB. Percepções e estratégias de inserção no trabalho de universitários de Administração. Revista Brasileira de Orientação Profissional. Jan-jun. 2011;12(1); 83-95.
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ARTIGO ORIGINAL Correlação entre desigualdade funcional do comprimento de membros inferiores e simetria pélvica Correlation between functional inequality of the length of the lower limbs and pelvic symmetry
Germana BorghettiI, Danilo Messa da SilvaII I. Quiropraxista BC. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade FEEVALENovo Hamburgo.RS.Brasil II. Quiropraxista BC. MS e docente na FEEVALE. E-mail do autor correspondente: germanaborghetti@hotmail.com ABSTRACT OBJECTIVES: To correlate the length inequality of lower limbs, also known as anisomelia on prone position to pelvic rotation on the same position, as well as to correlate the pelvic rotation on prone position with pelvic rotation on upright position in two different groups, being the first compound by individuals with functional anisomelia and the second by individuals with anisomelia structural. METHODS: Descriptive, quantitative and cross-sectional research. The pelvic rotation degree was calculated in degrees using photogrammetry in prone and standing positions, and anisomelia was calculated in millimeters with the Chiroslide, instrument developed to quantify the lower limbs length inequality on the prone position in the prone position. The data was compared by the Pearson's coefficient. The value of 5% (p<0.05) was adopted as limit to rejection of the null hypothesis. Using the Pearson linear correlation was observed whether a relationship exists between anisomelia and pelvic torsion in prone and the relationship of pelvic torsion found in each position. RESULTS: The group with functional anisomelia (n=54).The result of structural anisomelia group showed low coefficient of the straight correlation and no results shown statistically relevant. The group with structural anisomelia (n=14) allowed that was perform a comparison of the test results between the two groups. Was noticed that the correlation between the length inequality of lower limbs and the pelvic rotation became inverse and the result kept low and without statistical significance. Regarding to the alteration of the pelvic torsion of the position to another, it was noticed that the group with structural anisomelia achieve an average straight correlation indicating that the articulation suffers lower alteration with the position change. Given that tests like the Prone Knee Flexion Test and the Long Sitting that evaluate of the length of lower limbs are often used in the clinical practice. It was not possible to reach a definitive conclusion, since the results were not statistically significant. It should be noted that the analysis considered only positioning and not joint restriction, also were not differentiated symptomatic individuals. CONCLUSIONS: Given that tests that assess the leg length difference are often used in clinical practice, as a support in the diagnosis of the sacroiliac joint, further studies are needed to obtain reliable results, which show the reliability of the relationship between anisomelia and pelvic torsion. KEYWORDS: Leg-length inequality, chiropract, pelvis, lower limb asymmetry.
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RESUMO OBJETIVOS: Correlacionar a desigualdade de comprimento dos membros inferiores, também conhecida como anisomelia, em prono e rotação pélvica na mesma posição, bem como correlacionar a rotação pélvica em prono com a rotação pélvica em ortostatismo em dois grupos diferentes, sendo um composto por indivíduos com anisomelia funcional e outro por indivíduos com anisomelia estrutural. MÉTODOS: O método caracterizou-se como pesquisa descritiva quantitativa de corte transversal. A rotação pélvica foi calculada em graus pela fotogrametria nas posições prono e ortostática e a anisomelia em milímetros com o Chiroslide, instrumento desenvolvido para quantificar a desigualdade do comprimento das pernas na posição prono. Os dados foram comparados pelo coeficiente de Pearson. O valor de 5% (p<0,05) foi adotado como limite para rejeição da hipótese de nulidade. RESULTADOS: O grupo com anisomelia funcional (n=54) apresentou baixo coeficiente de correlação direta e nenhum resultado se mostrou estatisticamente significativo. O grupo com anisomelia estrutural (n=14) permitiu que fosse realizada uma comparação dos resultados do teste entre os dois grupos. Percebeu-se que a correlação entre a diferença de comprimento dos membros inferiores e a rotação pélvica se tornou inversa e o resultado continuou baixo e sem significância estatística. No que se refere à alteração da torção pélvica de uma posição para outra, percebeu-se que o grupo com anisomelia estrutural obteve uma média correlação direta, indicando que a articulação sofre menor alteração com a mudança de posição. CONCLUSÕES: Tendo em vista que testes como os Prone Knee Flexion Test e o Long Sitting que avaliam a diferença de comprimento dos membros inferiores são frequentemente utilizados na prática clínica, como auxiliares no diagnóstico de alterações na articulação sacroilíaca, são necessários estudos mais específicos para obtenção de resultados confiáveis, que demonstrem a fidedignidade da relação existente entre anisomelia e torção pélvica. PALAVRAS-CHAVE: Pelve, membros inferiores, assimetria, desigualdade no comprimento das pernas.
INTRODUÇÃO A
diferença,
real
ou
comprimento
dos
estruturas1,2.
encontrada
comprimento
aparente,
no
membros
inferiores,
frequentemente
durante
no
posicionamento A
de
outras
diferença dos
no
membros
análise
inferiores pode levar a alterações
clínica é também conhecida como
significativas de coluna, pelve e
anisomelia.
extremidades
Ela
pode
ser
inferiores,
classificada como estrutural, quando
modificando a função biomecânica
a desigualdade se deve a uma
das estruturas, podendo causar dor,
alteração anatômica, congênita ou
desgastes articulares precoces, que
como
dão origem a diversas doenças3.
funcional,
que
é
uma
compensação devido a alterações ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 141 de 152
Há
uma variedade de
A verificação quiroprática
técnicas de
dos membros inferiores, envolve a
medição para anisomelia
determinação do “comprimento das
disponíveis para os profissionais da
pernas" aparente ou,
2
área da saúde , destas, três tipos
mais precisamente,
de análise são mais utilizadas:
da posição relativa das pernas em
exames
um
radiográficos,
meios
paciente
determinação
em
supino ou
ortopédicos e a checagem visual da
prono, pela observação cuidadosa
diferença
da localização dos
de
comprimento
dos
pés2,7,8.
Os
membros inferiores. Para escolher
testes mais utilizados para verificar
qual o método a ser adotado, é
a existência de anisomelia funcional
necessário saber se o tipo de
pelos Quiropraxistas é o Prone
anisomelia
Knee Flexion Test e o Long Sitting
que
se
procura
é
estrutural ou funcional1,2,4.
que
Há consenso de que os métodos
mais
determinar
uma
estrutural exames
confiáveis
são
os
identificar
uma
diferença funcional no comprimento
para
dos membros inferiores, resultante
anisomelia
de uma disfunção pélvica causada
que
imagem5.
de
permitem
utilizam o
Quando a perna do lado que se
mesmo seja indesejado, o clínico
apresentava mais curta torna-se
dispõe
maior,
de
outros
Caso
por torção ou rotação do ílio.
métodos
de
o
teste
sugere
uma
avaliação, como o Sinal de Allis, a
posterioridade do ílio desse mesmo
medição métrica da espinha ilíaca
lado. E quando a perna permanece
anterossuperior até a porção medial
ou torna-se ainda mais curta, uma
do
anterioridade
maléolo
da
tíbia
escanometria.
No
entanto,
mesmos
são
validados
não
e
a
sugerida9.
A
os
diferença estimada visualmente em
e
torno de 2,54 cm é um indicativo
demonstram pouca confiabilidade,
para o teste ser positivo10.
não distinguindo uma anisomelia estrutural de uma funcional2,4,6.
é
Como ferramenta de apoio a Chiroslide - Leg Length Analyzer, é
útil
para
quantificar
a
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desigualdade do comprimento das
universidade localizada no Vale dos
pernas, porém não classifica o tipo
Sinos.
de
MÉTODOS
anisomelia
(anatômica
ou
funcional) e até o momento, não se O
tem conhecimento de tentativas de comparar seus resultados com outro
Em busca de dados clínicos e mais
confiantes
o
quiropraxista ainda recorre a testes ortopédicos e a fotogrametria que realiza uma avaliação quantitativa das assimetrias posturais, realizada a partir de fotografias, capaz de medir
ângulos
e
medidas
lineares11,12. Este é um método não invasivo, com fácil aplicação clínica, baixo custo do sistema de foto
estudo
estruturou-se como uma pesquisa descritiva
método de medição4.
científicos
presente
quantitativa
transversal.
de
corte
Após aprovação
do
projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa, o mesmo obteve o protocolo n° 4.00.03.11.2020. Os sujeitos foram informados sobre o teor da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados ocorreu
na
Clínica
Escola
da
universidade. Amostra A população do estudo foi
interpretação de imagens de alta precisão e reprodutibilidade dos
composta
resultados13.
estudantes do estabelecimento de
O
presente
trabalho
se
ensino
por
onde
pacientes
foi
realizada
e
a
propôs a verificar a existência de
pesquisa. A amostra foi composta
correlação
por 71 indivíduos voluntários entre
entre
a
diferença dos
19 e 56 anos e foi selecionada por
membros inferiores com a simetria
conveniência. Pacientes e alunos
pélvica, bem como a angulação
que se dispuseram a participar da
pélvica
e
pesquisa, participaram de entrevista
ortostática, em pacientes e alunos
e avaliação física realizada pela
da
pesquisadora.
funcional
do
nas
clínica
comprimento
posições
escola
prono
de
uma
Critérios de inclusão ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 143 de 152
Foram indivíduos
incluídos que
os
apresentavam algum dos itens do
apresentaram
critério de exclusão. Para o registro
encurtamento em um dos membros
fotográfico,
os
inferiores.
permaneceram
Critérios de exclusão
posição
descalços,
ortostática
posicionados Foram que
excluídos
apresentaram
fratura
de
escoliose
histórico
membros lombar
malignidades
aqueles de
inferiores,
e/ou
torácica,
pélvicas,
bursite
trocantérica e/ou sacral, alterações posturais patológicas, cirurgia de membros
inferiores,
indivíduos que apresentarem joelho varo ou valgo, pé plano unilateral e indivíduos
classificados
como
obesos segundo o índice de massa corpórea (IMC) superior a 31,1.
convite
e
o
estudo
foi
pessoalmente
constituiu
de
foram
um
local
distância-padrão
de
3,0m
da
máquina fotográfica, que estava posicionada no tripé a uma altura de 1,07m. Para manter estas distâncias fixas foram realizadas marcações no chão com fita reflexiva 3M. Primeiramente fixados
esferas
seguintes
de
pontos
foram isopor
nos
anatômicos:
Espinhas Ilíacas Ântero-superiores (EIAS) e Espinhas Ilíacas Pósterosuperiores (EIPS). O indivíduo foi
posição de repouso, com os pés
O
universidade.
e
posicionado no local definido, em
Procedimentos
sobre
em
na
previamente marcado, com uma
alterações
congênitas de membros inferiores,
participantes
no A
explanação
encostados um no outro. Foi obtida
realizado
uma imagem do mesmo no plano
campus
avaliação
análise
de
da física
sagital direito e outra no plano sagital esquerdo. Após
peso
realização
análises
índice de massa corporal (IMC),
indivíduo se posicionou em prono
testes
na
e
avaliação
mesa
ortostatismo,
das
corporal e altura para o cálculo de
ortopédicos
em
a
quiroprática.
A
postural antes das mensurações, a
pesquisadora
fim
esferas de isopor nas EIPS e
de
identificar
aqueles
que
fixou
o
novamente
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etiquetas autoadesivas brancas no
pélvica
trocânter maior de cada fêmur.
esquerdo
Fotografias foram capturadas do
significaram rotação pélvica anterior
lado esquerdo e direito da mesa
maior à direita14. A diferença de
quiroprática, com a máquina a uma
comprimento
distância
inferiores
de
0,94m,
conforme
orientação do software.
anterior e
maior
valores
dos foi
no
lado
negativos
membros
calculada
em
milímetros com o Chiroslide. Para
O participante se manteve
análise, valores negativos foram
na posição prono e foi realizado o
adotados para perna encurtada à
Prone Knee flexion test, com auxílio
esquerda
do Chiroslide em uma mesa portátil
positivos foram adotados para perna
para mensurar a anisomelia em
encurtada à direita.
milímetros na posição I e II. Os
Estatística
enquanto
valores
ângulos de rotação pélvica foram De acordo com a natureza
calculados pela fotogrametria, com a utilização do software AutoCAD e das fotografias capturadas em cada posição.
O
ângulo
na
posição
ortostática foi formado por uma linha da EIPS e EIAS e uma linha paralela ao solo. O ângulo da
das
variáveis
os
dados
foram
comparados pela correlação linear de Pearson.
O valor de 5%
(p<0,05) foi adotado como limite para
rejeição
da
hipótese
de
nulidade.
posição prono foi formado por uma linha da EIPS até o trocânter maior do fêmur e uma linha perpendicular ao solo. As
angulações
pélvicas
foram calculadas subtraindo-se o ângulo encontrado no ílio esquerdo pelo ângulo encontrado no ílio direito. positivos
Dessa
forma,
significaram
valores rotação
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RESULTADOS Participaram deste trabalho 71 indivíduos, dos quais 17 foram excluídos, três deles devido à IMC acima de 31,1 e 14 devido à anisomelia estrutural. Assim obteve-se um número amostral de 54 indivíduos. Tabela 1 – cruzamento dos achados da diferença de comprimento dos membros inferiores e rotação pélvica em indivíduos com anisomelia funcional. Perna curta direita 31,5 % (n=17) 44,6% (n=24) 1,8 % (n=1)
Ílio posterior direito Ílio posterior esquerdo Ílio sem rotação
Perna curta esquerda 5,5% (n=3) 14,8 % (n=8) 1,8% (n=1)
Tabela 2 - cruzamento dos achados da diferença de comprimento dos membros inferiores e rotação pélvica em indivíduos com anisomelia estrutural.
Ílio posterior direito Ílio posterior esquerdo Ílio sem rotação
Perna curta direita 35,7% (n=5) 21,4% (n=3) 14,3% (n=2)
Perna curta esquerda 14,3% (n=2) 14,3% (n=2) 0% (n=0)
Torção Pélvica X Anisomelia Ilio prono X perna
Linear (Ilio prono X perna) 8
6
Diferença Perna
4 2 0 -15
-10
-5
-2 0
5
10
-4 -6 -8 Diferença Ilio prono
Gráfico 1 – Relação entre a diferença de rotação pélvica em prono e a diferença de comprimento dos membros inferiores em pessoas com anisomelia estrutural.
Torção Pélvica em prono X Torção Pélvica em ortostatismo
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Ilio prono X Ilio Ortostatico 6 Diferenca Ilio ortostatico
4 2 0 -15
-10
-5
-2 0
5
10
-4 -6 -8 Diferenca Ilio prono
Gráfico 2 – Relação entre diferença da rotação pélvica em ortostatismo e diferença da rotação pélvica em prono em indivíduos com anisomelia estrutural.
DISCUSSÃO
Pelo
fato
da
anisomelia
anisomelia estrutural em 20,6% da
estar associada a uma variedade de
amostra.
alterações,
encontrados em 2000 em que a
como
Dados
diferentes
escoliose espinhal compensatória,
anisomelia
inclinação
90% dos pacientes com diferença
pélvica e sacral,
mudanças nos
tecidos
moles,
no
funcional
dos
comprimento
representou
dos
membros
15
hipomobilidade ligamentar e doença
inferiores . Em contrapartida um
articular
estudo
degenerativa,
pesquisadores
voltaram
alguns sua
atenção para estudar o fenômeno1,7.
de
2009
demonstrou
anisomelia estrutural em 50% de uma
população
assintomática8.
Weber-
Alguns autores afirmam que um dos
as
principais problemas em relacionar
discrepâncias no comprimento dos
anisomelia com rotação pélvica,
membros inferiores com o paciente
é que tudo depende se a diferença
em posição ortostática, no presente
do
estudo, indicou a presença de uma
percebido é puramente
A Barstow,
manobra que
de avalia
comprimento
das
pernas
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funcional ou de natureza anatômica. Para
nível de
presente
Nenhum
indivíduo
comparação,
no
apresentou
ausência
formou-se
um
anisomelia,
dados
estudo
total
de
semelhantes
subgrupo para os indivíduos que
foram apresentados em 2005 que
apresentavam
afirmam que pequenas diferenças
anisomelia
estrutural4,16.
no
A amostra de anisomelia funcional
foi
composta
por
54
comprimento
dos
membros
inferiores são encontradas em torno de 90% da população3,16.
indivíduos entre 19 e 53 anos de
Diferentemente
da
idade, gerando uma média de 25,77
anisomelia, oito indivíduos (14,81%
anos (± 7,04).
A maioria era do
, se mostraram sem torção pélvica
gênero feminino, compondo 61,12%
em pelo menos uma das posições,
da amostra. A altura média foi
dois
170,18mm
torção pélvica tanto na posição
68,37kg
(±10,23)
(±12,84).
e
peso
de
prono como na ortostática. Para a
comprimento
diferença de rotação entre os ílios
encontrada nos membros inferiores
do lado esquerdo e direito na
pelo Prone Knee Flexion Test na
posição prono, a média resultou em
posição
ao
-1,95 graus (+5,11), e para a
indivíduo em prono com os joelhos
posição ortostática a média foi de -
estendidos, foi de 2,26mm (±3,76) e
1,46 graus (+3,61). No que se refere
na posição 2, com os joelhos
ao posicionamento da pelve, 59,2%
flexionados, foi de 0,56mm (±3,54).
da amostra apresentou um ílio
A maioria dos indivíduos (77,8%)
rotado
apresentou um encurtamento do
esquerdo,
membro
Estes
concorda com um estudo de 2003,
achados concordam com o estudo
que encontrou o ílio direito rotado
no qual o membro inferior esquerdo
anteriormente
se
vezes17.
de
1,
que
se
média
ausência
da
diferença
A
o
apresentaram
refere
inferior direito.
apresentava
mais longo
na
maioria das vezes17.
posteriormente o
que
na
no
lado
novamente
maioria
das
O Prone Knee Flexion Test sugere
que
o
lado
da
perna
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encurtada corresponde ao lado em
percebe-se
que
rotado
concentração dos pontos nos dois
Embora
quadrantes superiores, porém não
o
ílio
está
posteriormente2. estatisticamente achados
irrelevantes,
neste
trabalho
os
foram
há
uma
que
há
distribuição
homogênea
dos
maior
linear
ou
dados.
O
contrários ao que é sugerido pelo
coeficiente encontrado foi de 0,127,
teste, uma vez que a maioria dos
sendo uma fraca correlação direta e
indivíduos teve o membro inferior
não significativa (Gráfico 1).
direito encurtado e o ílio esquerdo
Alguns autores mencionam
rotado posteriormente. O estudo de
que
2003
resultado
comprimento de membros inferiores
que
seja
apresentou
parecido,
um
concluindo
o
embora
bem
a
análise
realizada,
de
não
é
lado da perna curta estava
considerado um método confiável e
associado com rotação anterior do
preciso,
ílio ipsilateral, a uma taxa de 73%17.
medidas menores que 6 mm4.
Quando
Não houve uma distribuição
consideração a segunda parte do
linear ou homogênea dos pontos
teste, com os joelhos flexionados,
referentes
46,3% da amostra, segue-se o
(Gráfico 2) obteve um coeficiente
pressuposto pelo teste, ou seja,
de 0,16, o que indica uma fraca
perna curta na posição 1 que fica
correlação direta entre as rotações
longa na posição 2 apresenta um
pélvicas
ílio posterior do mesmo lado. Já
posição,
uma perna curta na posição 1 que
significância
continua curta ou igual na posição 2
autores comentam que pode haver
apresenta
influência
ílio
leva
para
em
um
se
especialmente
anterior
no
mesmo lado. Na comprimento
às
duas
encontradas não
dos
entre membros
cada
apresentando Alguns
muscular
Argumentam ortostática,
em
estatística.
posicionamento correlação
variáveis
da que
a
no
na
pelve. posição
musculatura
está
inferiores e rotação pélvica em
ativada, contraindo músculos como
indivíduos com anisomelia funcional
o quadrado lombar e a banda
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íliotibial, que se inserem nos ílios e
encurtamento do membro inferior
consequentemente podem alterar
direito, correspondendo a 71,43%
sua posição. Já em prono, esta
da amostra, o que concorda com
musculatura
a
um estudo de 2005 que afirma que
influencia na pelve e fazendo com
o membro inferior direito costuma
que sua posição se altere16,18
ser anatomicamente mais curto20.
relaxa, perdendo
Na
literatura
a
A diferença da rotação do
documentação sobre a incidência
ílio esquerdo para o direito teve uma
de assimetria dos ossos pélvicos
média de -0,14 graus (+4,62) na
não possui forte teor de validade
posição prono e -2 graus (+2,77) na
científica. Testes de posição e
posição ortostática20. Apesar da
simetria pélvica, além de serem
média estatística apresentar valores
limitados, são comprometidos pelas
negativos,
variações de formatos ósseos e
rotação anterior do ílio à direita,
alterações que ocorrem durante a
68,28% dos indivíduos apresentou
fusão natural17,19.
uma rotação do ílio posterior à
A amostra de
que
sugerem
uma
anisomelia estrutural foi composta
direita.
por 14 indivíduos entre 19 e 56
consideração o Prone Knee Flexion
anos, com idade média de 25,78
Test, a maioria da amostra teve a
anos (+9,1). A maioria era do
perna encurtada à direita e rotação
gênero feminino, correspondendo a
do ílio posterior à esquerda, o que
64,28% da amostra. A altura média
vai de encontro ao pressuposto pelo
foi de 169,43mm (+8,43) e o peso
teste. Já analisando a mudança de
médio foi 64,78kg (+9,85).
comprimento da posição 1 para a
A média da diferença de comprimento
encontrada
nos
membros inferiores na posição 1 do Prone Knee Flexion Test foi de
Levando-se
posição
2,
apenas
em
14,28%
da
amostra apresentou concordância com o teste. Entre
as
trabalho
de 0,07mm (+2,16). A maioria dos
realizada foi apenas estruturalista,
indivíduos
obtendo a posição do ílio, sem
um
que
a
do
1,71mm (+4,78) e na posição 2 foi
apresentou
cita-se
limitações
análise
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avaliar restrições de movimento
Existe a possibilidade das limitações
articular.
a
terem influenciado nos resultados
avaliação da articulação sacroilíaca
ou de realmente não haver relação
não consiste em apenas de uma
entre
forma de análise, mas sim um
necessários
conjunto, que inclui testes posturais,
aprofundados para comprovar a
teste de dor provocada, palpação
fidedignidade
estática e dinâmica da articulação.
utilizam este tipo de análise como
Na amostra estudada, não foram
forma de diagnóstico.
Na
prática
clínica,
as
duas
variáveis. estudos
dos
testes
São mais
que
feitos outros testes para constatar a presença de uma torção pélvica.
CONFLITOS
Por ser a amostra formada
DE
INTERESSES:
Não há.
por pacientes de uma Clínica Escola de quiropraxia, bem como alunos do
REFERÊNCIAS
curso em questão, é muito provável que
alguns
indivíduos
não
apresentassem torção pélvica por serem
ajustados
regularmente.
Outra questão não avaliada foi a presença ou ausência de sintomas, uma vez que a literatura sobre torção
pélvica
demonstra
mais
frequentemente pacientes com dor lombar e sintomatologia associada a articulação sacroilíaca21. CONCLUSÃO Neste
trabalho,
não
foi
possível chegar a uma conclusão definitiva no que se refere à relação da torção pélvica com a anisomelia, seja ela funcional ou estrutural.
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