foto: Laura Thomaz
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Vou de
carro Carro, já parou para pensar em como seria o mundo sem esse tipo de transporte, e como pode ter se tornado algo tão crucial na vida em sociedade? O jornal Em Foco aborda esse tema e busca no passado a história dos veículos, como se tornaram o que são hoje e também fala dos amantes do que hoje pode parecer antigo mas que de fato representa a alma dos carros modernos. Adquire-se o carro, dívidas começam a chegar e junto com elas o anseio de “tunar” (ajustar, vem de tunning, personalizar o carro) ou simplesmente equiparar o veículo de forma mais confortável e moderna, o que pode se tornar quase um vício. Muitas pessoas esquecem o verdadeiro sentido do automóvel e acabam se endividando e perdendo a noção de que o veículo é apenas um meio de locomoção. Mas o que acontece? Será que no futuro vamos ser tomados por aquilo que inventamos? O mundo está preparado para comportar o número de carros que é diariamente crescente? Então, o que fazer, há meios de se mudar o que parece imutável? Os transportes coletivos são um meio de diminuir a grande circulação de carros nas ruas, porém além de dever ser um meio de transporte de qualidade, o preço também tem que
ANO 12 • Edição 63 JUNHO/2012 Jornal EmFoco é uma publicação dos alunos do curso de Jornalismo do ISCA Faculdades de Limeira, nas disciplinas Jornal Laboratorial e Produção Gráfica. Coord. Comunicação Social: Profº Renato Fabregat Edição e Orientação de textos: Profª Drª. Ingrid Gomes MTB 41.336 Editores Assistentes: Matheus Granchi Fonseca, Rafaela Silva. Planejamento Gráfico: Agência Experimental do Curso de Comunicação Social, ISCA Faculdades.
Telefone: (19) 3404.4700 Endereço: Via Deputado Laércio Corte, 3000 - Chácara Boa Vista da Graminha – CEP: 13482-383 – Limeira - SP www.iscafaculdades.com.br
ser acessível a todos, e nesse sentido fica a questão: será que é isso que acontece? Entre esses e outros questionamentos o Em Foco preparou uma série de matérias especiais e espera que você leitor moto-rista ou futuro motorista pare e repense sobre a importância e a responsabilidade de se ter um carro. Rótulos, orientação sexual, opção alimentar são outros temas que o jornal aborda nessa edição, então vire a página e prepare-se para adquirir conhecimento por meio de uma leitura jornalística leve e descontraída. Depois da Lei de acesso à informação o assunto “denúncia” se tornou mais popular, a sociedade civil organizada já é maioria na luta contra a impunidade administrativa em vários setores sociais. Aprofunde no tema por meio da leitura da reportagem: Com a boca no trambone. Conheçam também o perfil do Professor Dr. Adolpho Françoso Queiroz, que além de assessor político em Brasília, desempenhou cargos no INTERCOM e fundou o POLITICOM, e atualmente leciona em Universidade e é apaixonado pelo profissionalismo no jornalismo político. Abraço, equipe Em Foco! foto: Laura Thomaz
Exposição de carros antigos, praça Toledo de Barros - Limeira
Reportagem: Alunos do 5º Semestre de Jornalismo Ana Paula Coletta, Érika Sharlach, Luana Rafaela Ribeiro, Matheus Granchi Fonseca, Rafaela Silva.
Rafaela Silva
3 foto: Rita Braga
Comportamento
Moda ou hábito
para melhorar a estética? Ana Paula Coletta
A mãe chama para jantar e você dispara: “Carne? Não como mais carne, a partir de hoje sou vegetariano”, essa é uma das frases presentes na hora do jantar em diversas famílias. Optar por ser vegetariano precisa de afirmação da pessoa, pois não é nada fácil passar por uma deliciosa picanha. Alguns adolescentes passam a ser vegetarianos em razão de diversos fatores, uns para emagrecer, outros porque está na moda, e outros ainda pensam na vida dos animais. E afinal optar pelo vegetarianismo é sinônimo de cuidado com a saúde? De acordo com a nutricionista Magali Rogge Mugnaini “nem tudo que é bom para uns é bom para outros”. A especialista
explica que ser saudável depende do organismo da pessoa. Às vezes o adolescente substitui tanto os alimentos que acabam engordando devido a tanto carboidrato ingerido, outros se tornam mais magros, mas cada organismo reage de uma maneira, “com consciência as pessoas devem ter oportunidade de experimentar outras opções” pontua Magali. A nutricionista recomenda que é importante procurar orientação de um profissional, e destaca para não confiar muito em “site”, e que em qualquer situação deve-se ter responsabilidade com a saúde. Para quem quer seguir esse caminho a dica dela é que vá aos poucos tirando primeiro a carne vermelha, dando um tempo para o corpo
se acostumar, e não esquecer de fazer exames de sangue para avaliar concentração de ferro, vitamina B12 e proteínas no sangue. A estudante Amanda Aguiar passou a ser vegetariana com 13 anos, hoje com 17 anos não pensa em parar, ela se acostumou com os alimentos e o que ajudou foi sua determinação. Passou a ser vegetariana quando assistiu a um vídeo em que mostrava o que era feito com os animais minutos antes de morrer, após esse fato ela passou a ser vegetariana convicta. Como estava em fase de crescimento decidiu procurar um médico para que não houvesse problemas no desenvolvimento do seu corpo. Como Amanda não come nenhum tipo de carne, optou
Luana Rafaela Ribeiro
Rótulos se aproximam mais de apelidos como “nerds”, “gordinho”, “baladeiro”, “tripa seca” e alguns outros nomes, já as tribos são agrupamentos de pessoas com as mesmas ideias e princípios, muitas tribos se encontram quando se identificam com um grupo. Segundo a psicóloga Hellen Cristina Santos, especialista em saúde mental pela Escola Paulista de Medicina/Universidade de São Paulo - EPM/UNIFESP, a adolescência pode ser uma etapa complicada por representar um período de novas descobertas a respeito de si próprio e da vida, a medida que os adolescentes vão descobrindo novos interesses, que são diferentes de quando eram crianças e hoje não servem mais, eles procuram se agrupar àqueles que têm gostos parecidos com os seus. “Essa segregação dos jovens em diferentes tribos acaba influenciando a maneira como eles se vestem, se comportam, o ambiente que frequentam, as músicas que escutam”, explica a psicóloga. “No caso dos adolescentes, eles se agrupam em tribos pela necessidade de serem aceitos e compartilhar com os outros os mesmos interesses. Eles precisam de autoafirmação social, e enfrentar o mundo em grupo fica mais fácil do que fazer isso sozinho” complementa a especialista. O universitário Luis Felipe Pileggi, 19 anos, cursa administração
Rótulos e tribos urbanas:
diferença que agrupa!
por ser ovo–lacto–vegetariano (não consome nenhum tipo de carne, mas inclui ovos e leite e derivados, como queijo, iogurte etc.) em sua alimentação. Esta é a forma mais “popular” de vegetarianismo, e a médica informou que enquanto ela comia queijos, ovos e derivados, isso não afetaria em nada sua desenvoltura. Logo quando começou, os amigos faziam piadinhas, mais ela sempre levou na esportiva e retrucava com alguma outra questão. Amanda tem uma vida normal, como qualquer outra pessoa. Quanto a ser vegetariana ela finaliza que a opção alimentar não a atrapalha em nada, muito menos em ir com os amigos ao Mc Donalds, afinal ela adora Milk Shake.
no ISCA Faculdades e comenta que já sofreu com a “rotulação”, e afirma que “Já fui ‘Emo’ a alguns anos atrás e não era bem um estilo mais sim um gênero musical”. Falou também que se influenciou pelos amigos e pela música. “Bom o estilo eu abandonei por causa, das contradições que as pessoas diziam e pelo modismo (modinha) que estava estragando o estilo com ideias contraditórias. Mas o gosto musical tenho até hoje, apesar de muitas bandas não tocarem mais”, explica Pileggi. “Rotular uma pessoa é o mesmo que excluí-la por não possuir as características esperadas por determinado grupo social”. Para a psicologia rotular pessoas é o mesmo que julgar, apontando no outro alguma característica que o discriminará de forma vexatória do restante do grupo. “Os rótulos podem ser perigosos porque prejudicam a auto-estima da pessoa”, completa Hellen. Umas das características que definem uma tribo urbana é basicamente a música, que acaba influenciando no modo de vestir, falar, e agir desses grupos. “Eles se inspiram muitas vezes em bandas e cantores, a música faz parte desse ritual de identificação adolescente, seja ele ocasionado pelo estilo musical, cantor ou pela letra da música”, conclui Hellen.
Entrevista
Conhecendo Adolpho Queiroz...
foto : Ingrid Gomes
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O jornalista que se formou em Publicidade, trabalhou como assessor político e transformou-se em professor querido e pesquisador renomado Rafaela Silva
Sábado, nove e meia da manhã, o sol está ainda escondido no céu de Piracicaba, deve ter perdido a hora ou resolveu ficar mais um pouquinho na cama. E lá vamos nós, eu e minha professora, para uma entrevista um tanto “acadêmica”, se podemos assim dizer. Chegando ao prédio, duas senhoras nos acolhem na recepção, e depois dos “bons dias”, pegamos o elevador para nos dirigirmos ao apartamento do nosso entrevistado, e quem diria, encontramos mais uma senhorinha, muito simpática por sinal, com quem batemos um bato rápido. Chegando ao segundo andar, percebemos que nosso destino está bem a nossa frente, a porta do apartamento fica de frente com a saída do elevador, e um senhor nos aguarda. Uma casa pequena, típica de apartamento, porém muito aconchegante, a decoração chama atenção, os móveis rústicos, a louça, os quadros, as tolhas que dão um toque muito charmoso para o lar, as cores verde e marrom que se misturam em toda a sala, tudo é muito bonito. Adolpho Carlos Françoso de Queiroz nos recebe na casa de sua mãe, em Piracicaba, a entrevista acontece na sala mesmo, junto com os vários retratos de Adolpho que a mãe dele mantém no espaço. Com o roteiro e gravadores em mãos inicio a entrevista.
Carreira profissional
Atualmente Adolpho Queiroz é professor de publicidade e propaganda na Universidade Presbiteriana Mackenzie. No início a praia maior dele era jornalismo político. Ele começou a trabalhar com jornalismo ainda na adolescência. Com 15 anos já trabalhava em um jornal de Piracicaba, trabalhou pelo Diário, pelo Jornal de Piracicaba, e também teve uma passagem pelo rádio, trabalhando na rádio Fusora e na rádio Educadora, ambas de Piracicaba. E foi assim que resolveu fazer o curso profissionalizante de comunicação na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), que na época oferecia o curso de graduação em Comunicação Social, que por ser abrangente, dava a oportunidade para o formando trabalhar nas áreas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. “Não me lembro a denominação exata do curso na época”, afirma Queiroz, tentando buscar algo na memória. Em 1977 a Universidade suspendeu essa habilitação polivalente, e mesmo trabalhando
desde jovem em jornalismo decidiu seguir carreira em Publicidade e Propaganda, sua paixão. Já formado em Publicidade e com gosto pela política, acabou se aproximando do meio político de Piracicaba, se tornado assessor do prefeito e, depois deputado, João Hermann. Já em Brasília, teve a oportunidade de conhecer o processo político da época e de acompanhar de perto tudo o que acontecia no Planalto Central, “Fui privilegiado porque acompanhei o período das ‘Diretas já’, que foi muito marcante para a história do País. Convivia diariamente com o grupo que simulou o movimento” relembra. Queiroz ainda descreve que Hermann era aliado a um grupo de jovens políticos, que assim como o deputado, estavam em seu primeiro mandato, Dante de Oliveira, que sobrescreveu a proposta das Diretas, Domingos Leonelli, Arthur Virgílio Neto, Marcos Santini, um grupo que fez história em Brasília, e que no qual Queiroz acompanhava tudo de perto. “Eu ficava sempre na retaguarda não só do Santini, do João, mas de todos porque eles levaram pra Brasília pessoas que eram de lá, e o Hermann levou uma pessoa de confiança, aqui de Piracicaba, então eu participava das reuniões do grupo e de todas as articulações”, afirma. Um fato histórico e curioso que Adolpho Queiroz relata, é o dia em que transmitiu via telefone tudo o que acontecia no plenário durante a votação das “Diretas já”, “vejam onde nós estávamos em 1984”, argumenta. Na época todos os gabinetes de deputado continham um alto falante que transmitia o som do plenário, assim Adolpho, em parceria com Elias Boa Ventura, professor da Unimep, e a assessora de imprensa da universidade, Beatriz Vicentini, montaram um esquema para que tudo o que acontecesse fosse transmitido do plenário até a sala do deputado pelo alto falante fosse também passado via linha telefônica para a universidade de Piracicaba. “Gastamos uma fortuna de telefone aquele dia”, lembra. Os professores ficaram na sala da reitoria e nos pátios ouvindo a reprodução de tudo o que acontecia em Brasília. Queria ter feito algo relacionado ao meio político, mas como não tinha um professor que orientasse sobre o assunto, e também como a linha de pesquisa da faculdade não abordava temas de seu
interesse, Adolpho resolveu fazer seu mestrado sobre jornalismo de televisão, trabalho que acabou se tornando seu primeiro livro TV de papel. A imprensa como instrumento de legitimação da televisão, lançado em 1992. No livro o professor aborda como os jornais brasileiros cobriam a televisão naquele período, qual o tipo de noticiário, de programação, e para produzir o trabalho recolheu mais de 2 mil matérias de diversos jornais brasileiros que trabalhavam essa questão. Sua vida acadêmica começou incisivamente quando finalizou o mestrado e retornou para Piracicaba, já não estava mais ligado tanto ao meio político como antes, foi quando recebeu um convite do Prof. Rui Ramos, que era coordenador do curso de comunicação da Unimep, e estava precisando de um mestre para o curso de mídia, as aulas eram aos sábados a tarde, mas não foi empecilho para Adolpho que acabou gostando, e se envolvendo com a área. Em dois anos como docente, se tornou chefe de departamento, coordenador de curso, e em quatro anos já era diretor do Centro de Ciências Humanas da Universidade, “Fiz uma carreira muito rápida na Unimep”, se orgulha Adolpho. Adolpho Queiroz ficou por três anos na presidência da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), que esse ano completa 35 anos. E no ano inaugural de seu mandato realizou o primeiro congresso regional de comunicação, o Expocom. Nesse congresso foram reproduzidos pela primeira vez os textos dos pesquisadores da época, “Nós fizemos as capas de cartolina com uma ‘abinha’ cortada, onde eram lidos os nomes dos papers, xerocamos e vendemos os papers dos GTs (grupos de pesquisa) de Jornalismo e Publicidade e Propaganda”, afirma o professor, em contraposição ao que acontece atualmente, já que tudo relacionado ao congresso regional e nacional está disponível no site e impressos com designer moderno. E mesmo depois de sair da presidência, Adolpho nunca mais deixou de participar da Intercom, são quase vinte anos de trabalho para o congresso que atualmente tem três prédios próprios, o novo centro cultural foi inaugurado dia 22 de junho desse ano, além do nível de organização dos eventos que é impecável. “A Intercom se relaciona com pesquisadores e profissionais de países do
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fotos : Ingrid Gomes
mundo todo, como os colóquios binacionais, e com isso apresenta aos pesquisadores brasileiros a possibilidade de interagir”, argumenta Adolpho em relação ao relacionamento com os profissionais de outros países, e ainda acredita que o Brasil avançou muito em relação ao tema, e a Intercom tem papel fundamental no crescimento da produção científica, da consciência sobre a aérea, e especialmente na qualificação dos professores brasileiros e dos estudantes para os desafios profissionais e acadêmicos do campo. O professor Adolpho Queiroz também se tornou um pesquisador científico muito prestigiado, não só na área de comunicação como também em temas correlatos à mídia. Tendo em vista sua carreira como docente, colaborou com a formação de vários profissionais, que é mais uma motivação na realização dos seus estudos. “Quando vemos uma dissertação de mestrado concluída, uma tese de doutorado concluída, um material publicado, e tudo isso repercute, é sinal que estamos produzindo coisas legais e interessantes que estão tendo eco na comunidade acadêmica”, confirma Adolpho se referindo ao grupo de alunos que construiu na pós-graduação stricto sensu na Universidade Metodista de São Paulo, que se localiza em São Bernardo do Campo, e que se tornou referência em estudos direcionados para a área de marketing político e propaganda ideológica, grupo que fundou uma sociedade científica, a Politicom.
Receita: estudo, muito estudo!
Em relação à qualidade dos novos profissionais da comunicação que estão se formando, Adolpho, acredita que o nível tanto dos jornalistas, como dos publicitários melhorou. A possibilidade de um investimento maior na área, os trabalhos de iniciação científica, a chance de ganhar uma bolsa no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), ajuda na formação desses profissionais. Atualmente, não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, existem programas de doutorado e mestrado, de ótima qualidade, que abrem espaço para a continuidade da carreira dos estudantes que saem da graduação. Pois, uma pessoa que termina a graduação, faz uma especialização, um mestrado, um doutorado, e em seguida um pós-doutorado, evidentemente se torna um profissional muito mais qualificado para o mercado de trabalho.
Politicom, um projeto promissor
A Sociedade Brasileira dos Profissionais e Pesquisadores de Comunicação e Marketing, POLITICOM, é um trabalho que rendeu e rende até hoje bons frutos para a carreira do professor Adolpho Queiroz, e não só para ele, mas para todos os profissionais envolvidos nas pesquisas direcionadas ao processo de comunicação do marketing político. Em 2002 era apenas um seminário promovido pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), porém com o passar do tempo se tornou um congresso respeitado e reconhecido mundialmente pelos profissionais e pesquisadores da área. “Os dois primeiros foram seminários internos que fizemos na Metodista, e com isso fui reunindo antigos alunos que já haviam trabalhado comigo, assim pelo menos uma vez por ano, nos encontrávamos e realizávamos o congresso”, lembra o professor Adolpho Queiroz, responsável pela organização do evento na época. Adolpho ainda conta que somente após o terceiro seminário, realizado em agosto de 2004 no Isca Faculdades, em Limeira, é que o simpósio começou a ganhar um novo formato, “iniciamos discussões com os Grupos de Trabalhos (GTs), e em 2008 em Itu, fundamos a POLITICOM, que foi
constituída como uma sociedade científica. Já são dez anos de congresso, com participação de pessoas do país todo, além da presença e contribuição dos pesquisadores estrangeiros que vem prestigiar o evento”. O congresso que ficou na presidência de um ex-orientando de Adolpho, o professor Roberto Gondo Macedo, antigamente era realizado só em São Paulo, e agora começa a visitar outros estados do Brasil, o próximo POLITICOM será em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná. Adolpho se mostra muito satisfeito com as diretrizes que o congresso caminha. “Com isso, a gente começa a espraiar as ideias da POLITICOM para o Brasil todo, espero assim, que daqui a alguns anos, o congresso tenha densidade, e maior destaque”, afirma. Uma das coisas que deixa Adolpho muito feliz, e fica evidente em nossa conversa, é que com todo o projeto do congresso os seus ex-orientandos continuam, de certa forma, colaborando com a publicação da revista semestral, de livros, e-books, “Todo ano o número de trabalhos cresce, então a POLITICOM se tornou um subproduto desse grande projeto que eu fiz de marketing político, e espero que ele continue dando frutos e entusiasmando outras pessoas para trabalharem nessa área”.
Marketing Político
Para Adolpho o marketing político é uma área que ainda não tem o reconhecimento público devido, há pessoal capacitado para desenvolver projetos interessantes para o estudo, mas o cliente – candidato e/ou partido político – ainda não reconhece a importân-
cia desse tipo de trabalho para a evolução da campanha eleitoral. O marqueteiro acredita que atualmente não há possibilidade de fazer uma campanha eleitoral sem televisão, sem rádio, sem jornal, sem internet, ou tantas outras formas de comunicação, em contraponto os partidos estão inseridos ainda numa cultura que não valoriza o trabalho do marketing político, “Isso é uma tarefa que pode mudar ao longo do tempo, a chegada da internet obriga os partidos a fazerem uma comunicação mais ágil, rápida, e barata”, acredita. Em analogia Adolpho explica como funciona o marketing político comparando-o com um guarda chuva, “Em baixo desse guarda chuva existem várias vertentes, o marketing eleitoral, a propaganda política, e a propaganda ideológica”, nessa linha de pensamento o marketing político é um projeto de médio a longo prazo. “O Lula pra ganhar duas eleições, perdeu três, então não é porque se perde uma eleição que se está deixando de construir essa imagem mais duradoura”, exemplifica. Em contraposição, o marketing eleitoral é uma atividade intensa desenvolvida nos meses de julho, agosto, setembro, até a votação de outubro e eventualmente no segundo turno da eleição, são, aproximadamente, cinco meses de trabalho intensificado de pesquisas, fotografia, jingle – mensagem musicada – para a campanha, e muitos outros meios para alavancar a campanha. O professor também afirma que mesmo com as diferenças de curto e longo prazo, todas as campanhas eleitorais para serem bem sucedidas devem ter um bom planejamento, “Hoje em dia não dá mais para trabalhar com improviso, e com amadorismo”, adverte. O candidato que não estiver bem amparado com as ferramentas que o marketing político dispõe – pesquisas de opinião, jingle eleitoral adequado, bons textos, boa produção de áudio e vídeo, agilidade na internet – vai ter mais dificuldade para ganhar uma eleição, principalmente em cidades de porte médio e grande, em que a utilização das mídias é essencial. O trabalho para a promoção do candidato por meio das mídias é muito importante, todas as pessoas, de classes baixas e altas tem que ser atingidas de alguma forma. Então o operário que vai trabalhar de ônibus ou de metrô escutando seu rádio de pilha provavelmente vai ouvir os programas eleitorais, o público que gosta mais de ler jornais e revista, com poder aquisitivo maior, vai se informar com outras características, a grande massa de eleitores que acompanha as notícias pela televisão vai ver a trajetória do candidato, as entrevistas e propagandas em horários distintos ao longo do dia, e as novas gerações que acompanham tudo pela internet, que vão ter o interesse ou não de conhecer os candidatos eleitorais da campanha. “A somatória dessas forças é que oferece a possibilidade de conversar com os eleitores”, acredita Adolpho. O marqueteiro também afirma que no contexto de uma eleição existem vários públicos e várias eleições, o bairro pobre, por exemplo, não tem asfalto, não tem iluminação a noite, o esgoto corre no meio da rua, há falta de creche, de serviço médico, precisa de quase tudo, já o bairro rico, que tem água, esgoto, agência bancária, supermercado, padaria, açougue, o que eles precisam do poder público? Assim, os discursos realizados pelos políticos têm que ter linguagem específica para cada veículo, ou seja, para determinado tipo de eleitor e cabe ao profissional que está encarregado de planejar e administrar a campanha saber de que maneira cada veículo vai ser utilizado para conquistar a confiança do eleitor em prol de seu cliente.
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Carro, carrinho, carrão De objeto de luxo para instrumento essencial na vida em sociedade
o vínculo histórico do automóvel com o processo de urbanização Rafaela Silva
Automóvel, um meio de transporte do qual a sociedade não consegue viver sem. Pra qualquer lugar que se vá, a maioria se “dirige” de carro. Mas como seria a vida sem o automóvel, só indo e vindo de bicicleta ou até mesmo a pé? Essa é uma pergunta intrigante, pois ninguém consegue se imaginar sem o carro de hoje, moderno, com vários dispositivos de conforto e segurança, e principalmente rápido, a cada dia os carros estão se tornando mais velozes e sofisticados. As inovações automobilísticas só agradam e auxiliam a vida dos motoristas que diariamente utilizam o carro para trabalhar, viajar, passear, ou até mesmo para dar aquele pulinho ali ou aqui, o que muitos não sabem é como o carro surgiu e quem foram os idealizadores desse projeto que revolucionou o mundo. Várias personalidades são citadas na história da evolução do carro, entre elas estão Jean Joseph Étiènne Lenoir (1822-1900) que construiu o primeiro motor de combustão interno, Nikolaus August Otto (1832–1891) criador do primeiro motor a funcionar com ciclo de 4 tempos, conhecido como Ciclo de Otto (motor a gasolina), Gottlieb Daimler (1834-1900) que marcou história em 1886 com o desenvolvimento do primeiro veículo de quatro rodas, Karl Benz (1844-1929) fundador da Benz & Cia., uma das principais empresas automobilísticas do mercado, criou e lançou o Benz Patent-Motorwagen, considerado por muitos o primeiro carro movido a motor, e Henry Ford (1863-1947), figura importante no meio automobilístico, fundador da Ford Motor Company, e idealizador da produção em série de veículos a baixo custo. Criado com objetivo de transportar pessoas ao destino escolhido, o automóvel se tornou fator fundamental na vida de qualquer um. Atualmente há diferentes tipos de carros que se adaptam a diferentes tipos de perfis sociais, mas com tantas opções de veículos modernos e “adaptáveis”, há quem goste de “relíquias automobilísticas”, pessoas que adquirem carros antigos, ou para modificar e dar um novo estilo para o carro, ou para mantê-lo original. E muitos desses admiradores do automobilismo antigo se encontram em clubes e eventos relacionados para se divertirem e também para exporem seus carros ao público.
Revolucionária e socialmente mutável
Tiago Songa Simões Ferreira, 34 anos, que além de ser jornalista, editor chefe do Jornal Tribuna de Ribeirão Preto, do Jornal “O Pistão”, do Caderno “Carro +”, os dois últimos especializados em automóvel, coordenador do site carlendario.com, que contém o Calendário Nacional de eventos de carros antigos, também é organizador de vários eventos relacionados ao tema. O rapaz que tem a vida entrelaçada com o meio automotivo revela que sua relação com o antigomodelismo começou em 1997 quando comprou seu primeiro carro antigo, uma Ford F-100. “Em 2002 fui eleito presidente do Clube do Automóvel antigo de Franca e, em 2004, fui convidado para assumir a diretoria da FBVA, Federação Brasileira de Veículos Antigos, cargo que ocupo até hoje”. Ferreira ressalta como a invenção do carro é importante e revolucionária para a sociedade, exemplificando que sem o automóvel não haveria estrada, e sem a estrada, por exemplo, não existiriam tantos estudantes viajando para se graduarem em outras cidades, e com a falta de estudantes, provavelmente não se encontraria tantas instituições espalhadas por todos os cantos do país, pois como construir faculdades no interior sem ao certo saber da capacidade regional acadêmica que esse lugar possui, e como os pesquisadores iriam viajar para esse lugar? “É claro que poderia ficar horas dando exemplos do impacto social do automóvel, o objeto andante que permitiu ao homem conhecer o que existe do outro lado da montanha”, conclui o jornalista. Em combinação com as novas tecnologias que vão sendo descobertas, a indústria automobilística está relacionada culturalmente como estado social em que a sociedade se encontra. Ferreira relembra que no período pós-guerra
os Estados Unidos vendiam o “American Way of life” com imagens de soluções tecnológicas de vários produtos de consumo, inclusive de automóveis. Assim com o país vitorioso com a Guerra, a sociedade alegre e trabalhando, e o consumo em alta, nasceram carros com vidros elétricos, ar condicionado, direção hidráulica, motores super potentes que chegavam a medir mais de 5 metros, como o Cadillac de 1955. Em contraponto com a Europa, principalmente na Itália e na Alemanha, países que na que época estavam arrasados pela Guerra, a população não tinha dinheiro para comprar grandes carros e nem para pagar gasolina. Com isso, nasceu um fenômeno alemão, o Fusca, que é até hoje, barato, econômico e simples de consertar. Na Itália, seguindo a mesma linha, surgem as motos Scooter e os micro-carros como a BMW-Isetta de 1955.
O antigo que conquista
“Entendo que um carro foi feito para levar e trazer pessoas, então procuro manter os veículos em plena situação de uso”, explica Portuga Tavares, 33 anos, jornalista do setor automotivo, um apaixonado pelo chamado antigo automobilismo, que possui vários carros antigos como um Galaxie Landau (1981), comprado quando tinha 17 anos, um Corcel GT (1975), um Corcel II (1982), modelo standard raríssimo atualmente, e um Galaxie 500 (1972). Tavares não se considera um colecionador, mas sim, um usuário de carros antigos, em um período de cinco anos teve em média 20 carros antigos, acredita que para a maioria das pessoas ter um veículo antigo não é comum, pois o sonho comum da população é conquistar o carro 0Km, ou trocar o veículo por outro mais novo, e fugindo da regra procura se deslocar para os lugares com o veículo que gosta e que sempre gostou, um automóvel com personalidade, que reflete uma determinada época, fugindo do convencional carro 1.0 de cor
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prata, que normalmente se esconde da imensidão do trânsito, “Meus carros fazem o que qualquer outro automóvel faz, com a facilidade de poder conduzí-lo e ter pleno domínio sobre a máquina ao invés de obedecer um monte de computadores que definem por mim como proceder com o veículo”. Muitos adquirem o carro antigo e o modificam, “envenenam” o motor, fazem o chamado “tuning”, porém há quem goste de deixá-lo original, do jeito que foi lançado, de mantê-lo como item de coleção, ou de ficar passeando com ele por todo o canto. Tavares acredita que a melhor maneira de se preservar um automóvel é usando-o, “Carro foi feito para andar, se for para ter um carro parado em casa e nunca usar prefiro tirar uma foto do veículo e pendurar na parede, pois assim consigo olhar para o automóvel e ele ocupará menos espaço”, declara. E para aqueles que não compram carros antigos, entretanto gostam de admirar o denominado velho, basta visitar os inúmeros eventos que são produzidos por todo o país que têm com objetivo de reunir as pessoas que gostam do tema, mostrar aos leigos um pouco da história do automóvel, trocar informações entre colecionadores, e principalmente, fazer com que as pessoas saiam um pouco da vida “computadorizada” e se divirtam com a família em algum lugar diferente. Frequentador assíduo dos eventos “antigoautomobilisticos”, Tavares relata como é se integrar nesses encontros, “Em meados dos anos 90 eu comecei a frequentar, nem carro eu tinha, muito menos carteira de habilitação, ia de ônibus ou de carona, fui fazendo amigos, e por ser um garoto sem pai colecionador, tive a sorte de ser adotado pelos donos de carros antigos que iam regularmente aos eventos, fiz muitas amizades, hoje vou aos encontros mais pelas amizades que fiz do que pelos carros, a melhor coisa que se ganha ao participar são os amigos que a gente faz todos os dias”.
Um clube de relíquias Na Praça Toledo Barros, em Limeira, aos segundos domingos do mês, pessoas se encontram para admirar o velho e reviver o passado por meio dos automóveis. O evento é organizado pelo Clube de Carros Antigos de Limeira e é um encontro aberto onde a entrada além de franca permite ao ar-livre o público ver os carros e admirar as relíquias. “Geralmente participam cerca de 50 carros”, afirma César Guimarães, 58 anos, diretor de eventos do Clube. Segundo Guimarães, o Clube de Limeira, considerado o mais antigo do interior de São Paulo, foi fundado em 23 de abril de 1983 por um grupo que contava com mais de 40 “loucos e apaixonados” por carros antigos.
Atualmente, são 118 associados e um acervo filiado de cerca de 400 peças que variam entre carros, caminhões, pick-ups, motos, Hots e Streets Roads. Um item interessante do acervo é um caminhão Ford F-600 de 1963 doado pela prefeitura de Limeira que fazia parte da frota do corpo de bombeiros da cidade. “Quando o assunto é carro antigo, as coleções de Limeira são sempre lembradas, já tivemos coleções de nossos associados mostradas nos programas das redes Globo, Band e Record”, revela orgulhoso o diretor de eventos do Clube, e afirma que diversas vezes são consultados por redes de TVs que estão solicitando carros para comporem cenários de programas.
foto: Laura Thomaz
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Várias relíquias automobilístiscas são expostas na praça Toledo de Barros, em Limeira
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Crônica
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HOMO MOBILIS
Precariedade no transporte público colabora com o crescimento desenfreado de automóveis Luana Rafaela Ribeiro
Várias relíquias automobilístiscas são expostas na praça Toledo de Barros, em Limeira Matheus Fonseca
E então, no princípio, era a roda. E a roda estava com o Homem, e a roda era o Homem. E todas as coisas foram feitas por ela, e sem ela nada do que foi feito se fez. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Mas a roda não se deu por satisfeita, e passou a girar a própria história humana. A criança nasce e imediatamente ganha um carro de bebê (com motorista particular). À medida que cresce, o veículo vai se incrementando: ferro, plástico, madeira e rolimãs, até o ponto máximo da carreira de motorista (pelo menos nesse estágio): a carteira de habilitação, símbolo que pontua o ritual de transição da fase “a pé” para a fase “motorizada”. Agora, o bebê cresceu, e tem de fato o super-trunfo na mão: as chaves que abrirão muitas portas. O universo automobilístico sempre permeou as artes: música, filmes, desenhos animados e demais referências da cultura de massa. Seja um Fuscão Preto, uma Brasília amarela, um Calhambeque que faz “bi-bi” ou um carro vermelho a descer a Augusta a 120 Km/h, o carro é reverenciado como um ícone do cotidiano. Na televisão, Speed Racer sucedia James Dean e
incorporava o jovem destemido e sem medo. A “Super-Máquina” foi sonho de consumo de uma geração inteira, e os Transformers faziam com que os fusquinhas agregassem infinitas possibilidades. Já na telona, galãs pilotavam seus carrões, invariavelmente, muito bem acompanhados de lindas mulheres. Davam a partida e disparavam, velozes e furiosos, rumo à glória como atesta a famosa baiana: “amar a pé, amor, é lenha!”. O carro atingia, finalmente, a tudo e a todos. Mas ainda era pouco para a roda. Ah, o velho “possante”! Consolidava-se cada vez mais nas indústrias tecnológica e cultural e, assim como coração de mãe, sempre cabia mais um em seu interior. Cresceu e se multiplicou. Embalou sonhos apaixonados, concebeu milhares de vidas em seu banco traseiro (ah, se meu fusca falasse!). Não parou por aí: evoluiu, ingressou na economia, gerou impostos, ganhou vida própria. Estabeleceu um Estado paralelo no qual deixou de ser uma ferramenta a serviço do Homem para se tornar um fim em si próprio. E, quando finalmente houver mais carros do que usuários, talvez as três grandes perguntas sejam, enfim, elucidadas: sou um condutor, vim com meu carro e vou para minha garagem.
Alguém um dia já imaginou a cidade dos sonhos: sem trânsito, com transporte coletivo de qualidade e com preço maleável ao orçamento mensal, e num fim de tarde a paisagem de um horizonte limpo sem aquele ar parado, escuro que sinaliza marcas da poluição urbana. Em contraposição a esse sonho tem-se visto muito trânsito, inclusive em cidade menores, como Limeira, Rio Claro, Leme, Americana, Araras e Piracicaba. Pessoas reclamam das péssimas condições do transporte coletivo e do perigo das vias urbanas para uso de bicicletas, em razão das cidades não apresentarem lei de incentivo ao uso de transporte não motorizado. Sobre a atual realidade do trânsito limeirense o diretor de transportes, Luis Augusto Lopes Xavier, afirma que há uma crise no transporte em Limeira. Existe para o diretor insuficiência de coletivos para atender a todos os 70 mil limeirenses, que usam diariamente o serviço. Há também para Xavier falta de incentivo para outros meios de transportes e pontua a constatação do trânsito de veículos motorizados em ascendência. Xavier declarou que se a cada novo condutor fosse comprar um carro, Limeira teria dois veículos para cada família, hoje a cidade apresenta 180 mil veículos cadastrados na CIRETRAN, o que resulta a soma de um carro para cada dois limeirenses.
Xavier também explica que a secretaria está verificando melhorias na parte de transporte coletivo, como “treinamento de motoristas e cobradores, aumento da frota e reformulação das linhas”. E acrescenta que em reunião com a empresa de transporte coletivo privado conseguiram mais vinte carros, e que almejam chegar no ideal, para a cidade, que seria 200 veículos. A opção de se locomover nas cidades por bicicletas é uma saída. Em Limeira Sebastião de Barros utiliza a bicicleta para chegar a tempo ao trabalho, assim segundo ele economiza tempo e dinheiro. Barros explica que “se eu fosse de ônibus teria que pegar duas conduções, além de não ter nenhum conforto, então no fim fico feliz de ir de ‘magrela’, acordo um pouco mais tarde e ainda faço exercício como meu médico pediu”. Assim como Barros há outras pessoas mudando ou querendo mudar o meio de transporte, mas ainda a estrutura urbana inapta ao uso de bicicletas acaba inibindo seus futuros adeptos. A visibilidade de usuários de bicicletas como vítimas de trânsito, também colaboram para as gestões públicas lentas nessa área. Xavier descreve que as únicas ciclovias realizadas em Limeira são em partes dos anéis viários, que foram reformados e duplicados. E finaliza afirmando que não há nenhum projeto de aprimoramento para o uso de meios de transporte alternativos na cidade.
Veículos motorizados em Limeira:
Dados fornecidos pela Secretaria de Transporte de Limeira
9 foto: Rafaela Silva
Ter um carro sai caro
?
E quando do carro saem outros gastos ainda mais caros? Érika Scharlach
No final do mês é Fabio Belloto, 32 anos, que vai parar para refletir nas contas e nas despesas, às vezes, nem ele consegue acreditar em quanto dinheiro gastou em tão pouco tempo. “Eu já cheguei a gastar muito mais por mês, cerca de 10 mil reais só em som e acessórios, hoje com casa e família pra cuidar gasto bem menos”, revela Belloto. Uma arrumadinha aqui, uma mãozinha de tinta ali, bateria nova para o som, potência, autofalantes, e na hora de somar os gastos os números assustam, podem chegar a 5 mil reais por mês, o equivalente a metade do seu salário atual, e o que isso significa? Dívidas. Diversos fatores históricos, sociais e econômicos fizeram com que o carro deixasse de ser apenas um veículo para se tornar um símbolo da sociedade atual, ganhar selo e valor simbólico, de poder e de status. Esses valores são vistos nas ruas e avenidas da sociedade moderna, a superlotação de automóveis. Belloto é um entre milhões de brasileiros que destina boa parte de sua renda mensal para custear o automóvel e seus acessórios. As taxas de juros por vezes convidativas, prazos acessíveis para pagamentos, fluxo abundante de recursos para financiamentos, bem como o maior poder de compra dos consumidores, estimularam a venda de veículos levando o consumidor a arriscar um empréstimo, foi o
caso de José Benedito Pereira Hamberman Or- os juros do financiamento se acumularam e no tega, 48 anos, que financiou um carro em três final das contas o carro dos sonhos se tornou um anos com o valor mensal de 300 reais. Segundo pesadelo. Ortega teve que devolver o carro para Ortega as taxas de emo banco e até hoje não se Em 1997 o preço da préstimo pareciam ser livrou das dívidas. “Quando passagem do coletivo convidativas. Pareciam fui demitido foi um choque, em Araras era R$ 0,70 a partir dai comecei a remas não eram, quando começou a atrasar o centavos, hoje a Prefeitura pensar sobre os gastos, mas pagamento das parce- reajustou cerca de 138% daí já não tinha mais jeito”, las após uma demis- acima do índice do custo de lamenta. são inesperada de seu vida dos ararenses, devido O alto número de vetrabalho a situação a inflação, custando em ículos circulando nas ruas começou a complicar, requer medidas rápidas e média três reais. foto: Rafaela Silva
As oficinas especializadas ficam lotadas de carros. Um dos serviços mais procurados é a automação dos vidros elétricos
estratégias sobre a real necessidade do uso e compra do automóvel. A melhora no transporte coletivo e maior investimento em meios alternativos de locomoção podem ser uma saída para solucionar o caos.
Alternativas ao automóvel
Nem é preciso dizer que o transporte coletivo é um problema que exige atenção dos governantes. Na cidade de Araras, interior de São Paulo, o número de circulares ainda é reduzido para a demanda de passageiros, ou seja, falta transporte para a população, o que pode atrapalhar muitas vezes a ida para o trabalho. Com todos esses problemas o transporte é relativamente caro, tendo em vista o atraso constante do ônibus nos pontos de parada, a qualidade dos veículos, e a falta de conforto. O aposentado Luiz Zorzo, morador há 50 anos do município de Araras, reclama da falta de agilidade dos transportes públicos. Na rodoviária, por exemplo, não passa ônibus circular. Antigamente Zorzo levava duas horas para chegar ao trabalho. Hoje, com 78 anos, ele revela que precisa de comodidade e conforto, pois muitas vezes nem o assento preferencial é concedido. Resolveu não optar pelo transporte público e comprou um carro. “Ah hoje é muito caro né? No meu tempo era barato esses ônibus! Hoje eu tenho meu carro, é antigo mas dá pra andar”, conta Zorzo.
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Com a boca no trombone
foto : sxc.hu
Reportagem
Ferramentas digitais e acesso rápido à informação facilitam – e aumentam – o número de denúncias no País Matheus Fonseca
Impera no senso comum a noção de que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. De modo a reclamar seus direitos, o indivíduo lesado enquanto consumidor procurava a Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) e fazia sua denúncia. Mas o processo de redemocratização do país gerou um fenômeno social que extrapolou meras questões econômicas ou queixas sobre um serviço mal prestado. Agora, qualquer pessoa, ao sentir-se atingida também em sua cidadania, busca auxílio em órgãos como o Ministério Público, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e serviços especializados. Além disso, as ferramentas tecnológicas como as redes sociais e fóruns de discussão se apresentam muito mais do que apenas “válvulas de escape” e desabafo. Frente a quaisquer cerceamentos dos direitos e garantias fundamentais, a sociedade civil organizada pode, através dos meios eletrônicos, expor seu descontentamento, abraçar uma causa e acionar os meios legais.
Cultura da denúncia
Crimes, violência, relações trabalhistas, questões ambientais, drogas, abuso sexual, racismo, homofobia, e até mesmo corrupção:
praticamente todos os segmentos contam com um canal próprio para questionamentos e denúncias. Seja pelo telefone (através dos disque-denúncia), preenchimento de formulários via internet ou até pessoalmente, o cidadão está mais ciente de que pode, sim, fazer a diferença. Para se ter uma ideia, o Disque 100 – serviço disponibilizado pela Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal – registrou, no módulo Criança e Adolescente, um aumento de 71% das denúncias de violação de direitos humanos contra menores em relação ao mesmo período do ano passado. Oito em cada dez vítimas são meninas. Já em balanço divulgado pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania (SJDC) de São Paulo apontou um aumento da média mensal de denúncias sobre racismo no Estado. Segundo o levantamento, em 2011 foram 90 registros (média de 7,5 por mês) e, no primeiro semestre deste ano, a Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena já recebeu 34 encaminhamentos, uma média de 11,3 por mês. O Instituto São Paulo Contra a Violência - Organização da Sociedade Civil de interesse público - traz, ainda, mais dados interessantes.
No ranking dos assuntos mais denunciados do Estado, por meio de seu disque-denúncia 181, as três primeiras posições são ocupadas por: tráfico de drogas, jogos de azar e maus tratos contra a criança.
Por que e como denunciar
“A onda de denúncias verificada pelos órgãos competentes para recebê-las é resultado não só do maior acesso à informação, mas também da indignação frente aos escândalos na política nacional”, afirma Jocileide Montenegro Rodrigues, Diretora da Coordenadoria de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos do Ministério Público do Trabalho – Região Campinas. Servidora responsável pelo recebimento de todas as denúncias, Jocileide acredita que o papel do MP enquanto defensor dos direitos e garantias fundamentais nunca esteve tão evidente, justamente pelo fato do órgão atuar onde o poder público é falho. “Penso que o amplo acesso a mídia faz com que as pessoas tenham uma consciência maior de seus direitos, o que as levam a procurar ajuda em órgãos nunca antes imaginados”, opina a Diretora. Ela ainda cita que, em certas situações, o denunciante, mesmo não envolvido diretamente ou sendo parte
interessada no assunto, expõe o fato por revolta. “Muitos casos chegam ao nosso conhecimento por meio de terceiros, sindicatos, amigos, etc”, analisa. “As pessoas devem procurar sim os seus direitos, pois o sigilo deferido garante que as empresas investigadas jamais saibam de onde veio a denúncia”, conclui a servidora. Para Fausto Kozo Kosaka, Procurador da República em Piracicaba, a garantia do anonimato pode dar margem a denúncias infundadas, especulações ou mesmo “má-fé”. “Essas possibilidades existem, por isso as representações anônimas geralmente são analisadas com maior cautela, notadamente quando desacompanhadas de qualquer elemento de prova. Quando é possível vislumbrar verossimilhança na representação anônima normalmente são realizadas verificações preliminares para confirmar a consistência das informações, e somente se houver uma confirmação mínima é iniciada uma investigação”, explica o Procurador. Ele orienta que a representação pode ser feita pessoalmente, inclusive oralmente, cujas declarações serão reduzidas a termo, por escrito, protocolada na própria repartição, encaminhada pelo correio ou entregue por qualquer outra forma;
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Crimes Cibernéticos
Além dos tradicionais “Disque-denúncias”, há uma corrente especializada em crimes praticados pela Internet. Portais como o Universo On-Line (UOL), Terra e entidades como as ONGs Defende e SaferNet possuem estruturas especializadas em atuar contra os chamados “crimes virtuais”. Por meio de formulários, o internauta pode oferecer denúncia sobre calúnia e difamação, pornografia infantil, pedofilia, direitos autorais, falsidade ideológica, dentre outros temas. Assessora de Imprensa da SaferNet Brasil, Donminique Azevedo informa que a associação disponibiliza, na íntegra, todos os dados e indicadores disponíveis no site. “Como descrito em nossa página, temos por ideal uma Internet ética e responsável, que permita às crianças, jovens e adultos criarem, desenvolverem e ampliarem relações sociais, conhecimentos e exercerem a plena cidadania com segurança e tranquilidade”, explica Donminique. A assessora cita que a SaferNet atua, inclusive, em
A Lei nº 12.527, popularizada como Lei de Acesso à Informação, é mais uma arma na luta pela transparência na administração pública. Com o intuito de regulamentar o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas, seus dispositivos são aplicáveis aos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Com essa iniciativa, a publicação da Lei almeja a uma maior participação popular e o controle social das ações governamentais,
parceria com atores da Sociedade Civil, do Governo Federal, do Ministério Público Federal, do Congresso Nacional e das Autoridades Policiais. “Temos uma área própria para estudantes e profissionais do jornalismo, a fim de que nossos indicadores auxiliem em pesquisas e quadros comparativos”, ilustra Donminique. “Prezamos pela transparência”, deixa claro a assessora.
Silêncio? Jamais! Para Thais Helena Cabral Kourrouski, advogada da 12° subseção da OAB, em Ribeirão Preto, é fundamental que a população se informe sobre qual o órgão competente para cada tipo de denúncia. Seja uma rua esburacada, um aterro sanitário irregular ou até a malversação de dinheiro público. “A apuração é mais rápida e eficaz. Recorrer diretamente à Prefeitura, Secretarias, Polícia, Ministério Público, OAB e demais entidades, sempre de acordo com a natureza de cada queixa, ajuda muito no andamento do processo”, garante a advogada. “E, claro, sem
o sentimento de culpa ou medo. As pessoas devem ter em mente que estão ajudando não somente a si próprias, mas ao sistema judiciário do Brasil”, afirma. Tal opinião é compartilhada pelo procurador Kosaka, ao verificar que muitas denúncias deixam de ser recebidas por medo de retaliação, demissão ou até ameaças de morte. “O MP também pode adotar medidas com vistas a prevenir eventuais violações de direitos do denunciante, e, em casos extremos como ameaças de morte, adotar providências para assegurar a sua integridade física”, elucida. E exalta a ação da sociedade ao representar situações violadoras de direitos coletivos (lesões ao meio ambiente, ao patrimônio público/improbidade, ao patrimônio histórico-cultural e ao erário). “Aí sim o denunciante, sem qualquer interesse pessoal, exerce sua cidadania ativa motivado pelo civismo. Em tempos de luta pela total transparência, isso fortalece a democracia”, enaltece o Procurador da República.
LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO COMPLETA DOIS MESES
foto : sxc.hu
pela internet, através de link específico (“digi-denúncia”) disponível no site da Procuradoria da República no Estado de São Paulo. “É importante que a representação descreva fatos certos e delimitados no tempo e no espaço, indique eventuais responsáveis ou envolvidos e esteja acompanhada de elementos, ainda que indiciários, de provas, ou a indicação onde estas poderão ser obtidas”, esclarece Kosaka. E faz coro com Jocileide Montenegro Rodrigues quanto à atuação do MP: “Um passo importante seria uma maior divulgação das atividades (investigações, ações ajuizadas, termos de ajustamento de conduta celebrados etc) realizadas pelo MP, para que a população saiba o que tem sido feito em seu benefício e quais as áreas em que já estão sendo adotadas providências. As associações e outras formas de organização da população são importantes canais de informação ao MP de violações a direitos difusos e coletivos, e esta comunicação deve ser permanentemente aprimorada”, finaliza o Procurador.
além do acesso da sociedade às informações públicas, permitindo uma melhoria na gestão pública. Qualquer pessoa pode solicitar dados a respeito de qualquer órgão da administração pública, sem a necessidade de qualquer tipo de justificativa. No entanto, mesmo após mais de um mês de sua regulamentação (ocorrida em 17 de maio), muitos órgãos públicos ainda não se adequaram às exigências da Lei. Um dos alvos de reclamações, por par-
te dos internautas, são os chamados “Portais da Transparência” das contas públicas. Os usuários alegam dificuldades em pesquisar cargos e salários dos servidores, assim como outras informações. Apesar das dificuldades na implantação, o Ministro-Chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage Sobrinho, disse que o balanço do primeiro mês da nova legislação é muito positivo. “Não se poderia esperar performance melhor para este início de implementação de uma Lei que se propõe
a mudar uma cultura de 500 anos de opacidade, de não transparência”, afirmou. Ainda para Hage Sobrinho, a experiência de países que já têm leis dessa espécie há décadas, como Estados Unidos, Canadá e México, mostra que alguns pontos controvertidos só se resolvem com o tempo e a vivência na aplicação da lei. “O aperfeiçoamento é gradual, inclusive na qualidade das respostas”, finaliza o Ministro-Chefe da CGU.
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Artigo Matheus Fonseca
A DIFÍCIL ARTE DE
IR E VIR
O Brasil começou muito bem 2012, pelo menos no que diz respeito à sua frota veicular. Dados referentes a Janeiro, de acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), apontam mais de 70 milhões de veículos, sendo 40 milhões enquadrados na categoria “automóvel”. Somam-se a tal vespeiro de carros cerca de 500 mil ônibus, 2,3 milhões de caminhões, 15 milhões de motocicletas. Números que impressionam e comprovam o crescimento exponencial da frota do país na última década. O reflexo é o caos instaurado no sistema de mobilidade urbana, culminando em um transporte coletivo sem infraestrutura, ineficiente, sucateado e carente de políticas públicas. Isso sem citar prejuízos ao erário: cerca de 15 do PIB nacional é perdido somente nos engarrafamentos. Eliminando-se o fator “máquina”, o que sobra é uma nação onde, apesar da Carta-Magna garantir o direito de ir e vir, a mobilidade humana tornou-se condicionada a questões culturais e econômicas.
Muito além do asfalto
Ainda em Janeiro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) atesta: Em cidades com mais de 100 mil habitantes, 61% da população considera que não consegue ser atendida pelo transporte público quando necessitam. Descontando as alegações óbvias (e infelizmente verdadeiras) sobre as implicações ambientais, o desconforto, atrasos no itinerário, precariedade dos veículos e valor das tarifas, a problemática da mobilidade urbana vai além do “deslocar-
-se”. Não se trata apenas de planejamento de tráfego, urbanismo e gestão. O símbolo do automóvel como nocivo à sustentabilidade humana, assim como as próprias diretrizes de se viver em uma sociedade de massa são objeto de estudo de especialistas de diferentes áreas do conhecimento. Saem a Engenharia Civil e a Arquitetura; entra a Sociologia.
“Carrocentrismo”: Cultura, ou “falta de”?
Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (edição de 14-12-2011), Ricardo Abramovay defende que a distância entre as prioridades que norteiam os setores público e privado não poderia ser maior (e pior). Professor titular do Departamento de Economia da FEA, do Instituto de Relações Internacionais da USP, além de pesquisador do CNPq e da FAPESP, Abramovay argumenta que o crescimento econômico fundamentado na produção contínua de automóveis (e na esperança que se abram avenidas cada vez mais largas para dar-lhes fluidez) é incompatível com uma economia sustentável. Afirma o autor: “Não se trata de suprimir o automóvel individual, e sim de estimular a massificação de seu uso partilhado”. No entanto, como incentivar a coletivização do transporte urbano em uma sociedade erguida sob a égide do “Carrocentrismo”? Quais os modos para uma eficaz educação em termos de mobilidade, educação essa inerente ao conceito de cidadania? O texto de Abramovay questiona o “objeto-carro” en-
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Cultura do “Carrocentrismo” é incompatível com sustentabilidade
quanto responsável, em boa parte, pelo uso privado do espaço público. E o especialista propõe a reflexão: “O planejamento urbano acaba sendo norteado pela monocultura carrocentrista. Ampliar os espaços de circulação dos automóveis individuais é enxugar gelo, como já perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidades contemporâneas”. De fato, os carros em si não são populares. Popular é ter um carro.
Mudança de mentalidade
“A bicicleta, assim como o carro, é um transporte individual. É preciso ter uma mudança de mentalidade, um incentivo para que as pessoas que usam o automóvel passassem a usar a bicicleta. Quanto mais bicicletas nas ruas, menor o número de carros”. A constatação de João Cucci Neto, professor do curso de Engenharia de Tráfego e Transporte Urbano da Universidade Mackenzie, expõe as dificuldades em se romper os paradigmas da cultura do “Carrocentrismo. O especialista, oriundo das Exatas, sabe perfeitamente que o automóvel talvez seja a expressão mais bem acabada de valores como sucesso, poder e dinheiro. Ao sugerir uma solução (lúdica) para o “caos urbano” e constatar a urgência na forma de pensar a mobilidade, Cucci nos presenteia com curiosa situação: ao lançar mão de um meio individual (a bicicleta), os cidadãos beneficiariam o coletivo. Ganhamos todos. Trata-se de apenas mais um dos meios adequados para o mesmo fim: a convivência salutar em sociedade.