EmFoco - ISCA Faculdades - Edição 65 - Outubro 2012

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relacionamentos Ano 12 - Edição 65 Outubro de 2012

P. 04 e 05

Novos papéis na família abrem outros espaços de construções culturais de amizade.

P. 06 e 07

Psicóloga reforça a importância dos vínculos de amizade para o convívio em sociedade.

Meu cãozinho é mais que amigo, é saúde emocional. P. 03

P. 09

Respeito e confiança? Valores permanecem na atualidade como características de um bom relacionamento.

Contexto das amizades nas escolas, respeito já! P. 8

Crônica: Última sessão cinema. P. 10


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2 OUTUBRO DE 2012

Jéssica Geniseli

Os tipos de relacionamento Ano 12 - Edição 65 - Outubro de 2012

relacionamento s Jornal EmFoco é uma publicação dos alunos do curso de Jornalismo do ISCA Faculdades de Limeira, nas disciplinas Jornal Laboratorial e Produção Gráfica. Coord. Comunicação Social: Profº. Renato Fabregat comunicacaosocial@iscafaculdades.com.br Edição e Orientação de textos: Profª. Drª. Ingrid Gomes MTB 41.336 Planejamento Gráfico: Prof º. Renato Fabregat Reportagens: Andrea Ignatti | Jéssica Geniseli | Letícia Benetton | Luane Tenório | Matheus Fonseca | Marianne Aroca | Natália Campos. Foto capa: Alunos dos 1º e 3º semestres de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do ISCA Faculdades.

Telefone: (19) 3404.4700 Endereço: Via Deputado Laércio Corte, 3000 - Chácara Boa Vista da Graminha – CEP: 13482-383 – Limeira - SP www.iscafaculdades.com.br

Os filmes “O casamento do meu melhor amigo”, “A escola de Rock”, “Em boa companhia” e “Sempre a seu lado”; e as músicas “Pais e Filhos” e “Canção da América” são bons exemplos que enfocam os diversos tipos de relacionamento que uma pessoa pode ter durante a vida. Os alunos do 4º semestre de jornalismo do ISCA Faculdades trabalharam, nesta edição do Jornal Laboratório “EmFoco”, esse assunto tão presente na sociedade. O que você caro leitor vai acompanhar nesta edição são matérias sobre amizade entre homens e mulheres, existem pessoas que acreditam numa relação honesta de amizade entre os sexos opostos, por outro lado há os que acham impossível a existência sem outros interesses. De longa data ou pela internet, uma relação de companheirismo e respeito. A amizade como fonte de enriquecimento pessoal e

amadurecimento coletivo. Relacionamento entre pais e filhos, quando falamos neste tipo de relacionamento lembramo-nos da velha discussão sobre “qual a melhor maneira de educar os filhos?”. É ser firme e ver seu filho frustrado ou ser liberal e correr o risco de perder as “rédeas da situação”? O ambiente influencia na educação? Perguntas como essas serão respondidas e poderão ajudar pais e filhos a melhorarem seu relacionamento. O seu animalzinho de casa pode não ser apenas uma simples companhia, a medicina descobriu que eles também podem trazer benéficos para a saúde humana, por meio da chamada Pet Terapia. E o relacionamento professor e aluno, a convivência escolar, especialistas explicam a existência de conflitos entre alunos e professores, e em contrapartida propõem estratégias para superar dificuldades.


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Marianne Aroca

Meu bichinho, meu remédio er um bicho de estimação pode não ser apenas uma questão de lazer ou de companhia. A medicina descobriu que eles também podem ser benéficos para a saúde humana, por meio da chamada Pet Terapia, ou Terapia Assistida por Animais. A Pet Terapia é um método que foi primeiramente desenvolvida em São Carlos, interior de São Paulo. No estudo, a pessoa com algum problema de saúde tem o contato direto com os animais para fins terapêuticos. Questões relacionadas à autoestima e à qualidade de vida podem contar com este método no tratamento. Segundo os estudiosos do método da Pet Terapia deficiências mentais e físicas, autismo, esquizofrenia, síndrome de Down, ansiedade, síndrome do pânico, estresse, alergias, baixa autoestima e depressão são exemplos de males que podem ser melhor tratados com a utilização da Pet Terapia. Além disso, doenças como, hipertensão, paralisias, inclusive a cerebral, artrite, câncer, alzheimer, derrame e doenças cardíacas também têm o tratamento complementado com o método. Estudos do American Journal of Cardiology mostram que as pessoas, ao interagirem com animais, constantemente, tendem a apresentar níveis controlados de estresse e de pressão arterial, além de estarem menos propensas a desenvolver problemas cardíacos. Em termos psicológicos, os cães e gatos, por meio de sua pureza e espontaneidade instintiva, resgatam a criança interior da pessoa e aumentam a sua capacidade de amar. De acordo com o pesquisador da aérea e estudante de medicina veterinária Paulo Navarri, qualquer cão pode participar da Terapia Assistida por Animais, independente de raça, tamanho ou sexo. “Aconselha-se o uso de fêmeas por serem mais calmas, mas o que vale na terapia é a índole e o temperamento do animal. Geralmente, as raças mais utilizadas são Labrador Retri-

Marianne Aroca

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Novos estudos ligam a Pet terapia com melhoras físicas e psicológicas nos humanos

Os bichinhos de estimação já não são mais somente companhia, agora eles também são bons para a saúde vier, Golden Retrivier, Collie, BorderCollie, Mini Collie e Beagle, mas nada impede que os cachorros sem raça definida atuem também, desde que seguidas as devidas orientações”. Pesquisas feitas pelo Centro de Pesquisas Waltham (EUA) mostraram que pessoas que têm animais de estimação possuem pressão arterial e níveis de colesterol mais baixos do que as que não têm. Os estudos também identificaram que um animal de estimação pode proporcionar uma melhor recuperação após ataques cardíacos, reduzindo as chances de morte em 3%. Navarri explica que uma possível razão para isso é que acariciar um animal de estimação faz com que o cérebro produza endorfina, também conhecida como o “hormônio da felicidade”, que proporciona bem estar. Este “sentir-se bem” pode reduzir o ritmo cardíaco de uma pessoa. “Na maioria das vezes a relação entre um animal e um paciente é positiva e a melhora no quadro das pessoas é alta. Mas é aconselhável que antes de introduzir um bichinho a um paciente seja feita uma avaliação para constatar se o paciente está apto a se aproximar do animal”, explica o pesquisador. Informações que a médica veterinária Anabelle Pellegrini também acredita. “É uma relação de amor, muito carinho, sem

preconceitos e sem esperar nada em troca, uma verdadeira doação de ambas as partes. A pessoa dá carinho ao animal e ele retribui”, explica. Para Navarri, não se pode dizer ao certo qual é a colaboração dos animais para a recuperação das pessoas. “Acredito que seja a troca de energias entre ambas as partes. Normalmente aos nos aproximarmos de algum animal sentimos uma energia boa. Quem possui animais e sente afeição por eles, sabe do que estou falando”, diz. Anabelle complementa dizendo que é essa troca harmoniosa de energia que proporciona uma melhora no quadro dos pacientes, pois quando as pessoas estão bem, felizes ou até mesmo tranquilos, o sistema imunológico atua de maneira mais eficiente. “A alegria que os animais transmitem aos humanos faz com que seu organismo libere ‘hormônios do bem’, como a serotonina, que geram bem estar e, consequentemente, melhora da imunidade”. Isso ocorreu com Laís dos Santos, 7 anos, que é autista. Sua irmã, Pâmela dos Santos, buscou informações sobre a Pet Terapia e incentivou a mãe a adotar o tratamento com Laís. “Sempre me preocupei em ajudá-la de alguma forma”, diz Pâmela. A estudante de pedagogia insistiu com a mãe, Márcia Aparecida Barbosa dos Santos, para adotar também um animal de estimação.

“Minha mãe concordou com a terapia, mas não com o animal em casa. Como minha mãe não gosta muito de cachorro cheguei de surpresa com o primeiro gatinho, o Luquinha. A Laís simplesmente amou. Agora, já são dois, sendo o último muito especial, o Nino. Ele perdeu a patinha e agora anda somente com três patas. Ela ama seus animais, faz carinho, chama pelo nome, brinca. Percebemos que eles fazem muito bem a ela. E com a Pet Terapia ela melhora a cada dia e não vive mais somente em seu ‘mundinho’”, explica Pâmela. Para a psicóloga Laiza Jardim, os animais podem ajudar no desenvolvimento da criança. Na Pet Terapia se estabelece uma relação entre homem e animal; geralmente é utilizada em casos de patologias que são consideradas crônicas, sem reversão, e pode-se notar que há resultados que acarretam não só numa evolução no quadro patológico, mas na evolução no sentido de melhoria. “Alguns resultados como melhora de autestima, crescimento no sistema imunológico do paciente, uma comunicação maior com o social, um aumento na autoconfiança, significantes mudanças quando se trata de questões motoras, cognitivas, sensoriais atuando também como um facilitador no processo de aprendizagem do paciente, onde ele passa a demonstrar sentimentos e motivação. Desta forma, a família sempre está em acompanhamento da evolução do paciente, onde também é uma força motivadora de grande significação”, complementa Laiza. A psicóloga aconselha a quem não tem, adotar um animal de estimação e com isso ganhar o carinho e companhia. Para isso, nada melhor que o Centro de Controle Zoonoses (CCZ), onde existem em média 150 animais alojados, entre cães e gatos esperando um lar. Às vezes um animal sem raça definida, e mesmo adulto, pode ser um companheiro tão bom quanto um filhotinho de raça.


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Especialista aponta novas construções culturais que colaboram no processo dos relacionamentos familiares

Será que a relação entre pais e filhos continua delicada?

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e uns anos para cá, a relação entre pais e filhos mudou, e para melhor. Até pouco tempo atrás o diálogo entre gerações era muito mais difícil. Educação significava rigidez. Assuntos como a sexualidade, por exemplo, passavam longe da mesa de jantar. Ao analisar o contexto histórico, percebe-se que a estrutura familiar se desloca junto a cultura da sociedade. No Brasil colonial as famílias eram numerosas e centradas na figura paterna, as crianças não tinham lugar ou valor social, então os pais, principalmente o pai, era a autoridade determinante. Mas esse tipo de relação foi se alterando e pode ser vista com clareza na Idade Média, em que vão surgindo modificações sociais, por conta da revolução industrial e da formação capitalista, chegando ao modelo atual. A antiga família estruturada com pais e filhos acabou sofrendo transformações culturais e em alguns casos resumida aos retratos de paredes. Atualmente é muito

comum encontrar recasamentos, lares chefiados por mulheres, filhos de outros casamentos. Ou seja, a concepção de família mudou. Mas, com toda essa mudança, qual é a melhor conduta dos pais em relacionar-se com seus filhos? Qual a melhor maneira de educar? Endurecer o jogo, como no passado, e com isso ressuscitar alguns conflitos de gerações? Ou assumir uma postura liberal e correr o risco de perder as rédeas da situação? A resposta é mais simples do que parece. De acordo com a psicóloga e psicanalista, Conceição Tomazini, os pais devem fazer papel de pais e precisam censurar quando for necessário, não ceder e aguentar firme as provocações. “A relação entre pais e filhos são complexas, mas um ponto que julgo importante é a culpa dos pais pela ausência, onde, na intenção de dar uma melhor qualidade de vida material, por não conseguirem estar juntos com os filhos, não tendo tempo para participar de suas vidas”, diz ela.

Conceição complementa que muitos dos pais acabam “terceirizando” a educação dos filhos, pagando babás para educá-los. “No contexto da globalização, as famílias estão perdidas em meio aos acontecimentos, tanto sociais como econômicos, acabando assim, terceirizando a educação dos filhos, sem se preocupar com os resultados, como na interferência de valores e ética”, analisa ela. Ao olhar um pouco para trás, percebe-se que a partir da década de 60 e da revolução sexual, teve-se início uma transformação nos costumes e valores válidos na sociedade. Entre tantos outros conceitos questionados, os modos de educação mais repressores foram postos em cheque, e começou a se erguer a bandeira da educação mais liberada para prevenir os “traumas” que uma educação muito repressora poderia causar na vida emocional dos filhos. Ainda, enfatizando a importância da influência do ambiente na formação de um indivíduo, a questão

Banco de imagens

Letícia Benet ton

da educação dos filhos tem merecido um maior cuidado por parte de educadores, psicólogos e estudiosos de várias áreas. Muitas são as novas teorias que surgem sobre o que fazer, como proceder, tudo na tentativa de orientar os pais nessa difícil tarefa. Mas, e o bom relacionamento? “É comum ouvirmos que pais e mães precisam ser amigos de seus filhos, mas, antes de qualquer outra coisa, por amor as crianças, os pais têm o dever de educá-los, de colocar limites, estabelecer proibições”, afirma a psicóloga e psicanalista, Conceição. A psicóloga e psicanalista complementa que “a criança e o jovem precisam de orientação adequada e segura, além de alguém que apenas os ouça e os aconselhe como um amigo faria. Precisam, sim, de alguém que funcione como um porto seguro para recorrer, quando surgem os problemas e não sabem o que fazer, mas precisam que esse porto seguro seja suficientemente firme e forte para orientá-los


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Banco de imagens

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De acordo com Conceição, há alguns casos em que o comportamento dos adolescentes se torna tão difícil que os pais sentem que não conseguem lidar com os filhos. “Conversar com alguém que não seja da família pode ajudar, no caso um profissional especializado é quem poderá resolver o problema, será ele quem dará as orientações sobre a maneira de lidar melhor com os filhos adolescentes”, explica a psicóloga e psicanalista.

quando não souberem como proceder, para repreendê-los quando estiverem errados e para ensiná-los a respeitar a si mesmos, e aos outros, preparando-os para a vida em comunidade”, explica a especialista. Outro ponto apresentado é a separação dos pais. Para Conceição, quando há separação dos pais o foco deve ficar em como ocorre o processo. “O entendimento entre os pais, mesmo se há divergências entre o casal, dará aos filhos a segurança e tranquilidade para vencerem juntos, o momento”, diz ela. Assim, a partir de divórcios, também nascem duas outras famílias mono parentais (chefiada por apenas uma pessoa). De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada ano, 200 mil crianças veem seus pais se separar nas regiões metropolitanas do Brasil.

Como é o caso de R.B.Z., 40 anos. R. foi casada há mais de 15 anos e está separada há 4 anos. “Tenho meus filhos como minha base e sempre procuro educá-los da melhor forma. Converso, explico o certo e o errado. Deixo claro para eles o porquê da ausência do pai em nosso dia-a-dia. Meu ex- marido não ajuda na educação deles e também não paga pensão. O pensamento dele com as crianças é outro. É raro quando ele vem buscá-los para passear ou até mesmo passar um dia com eles, na maioria das vezes sou mãe e pai ao mesmo tempo”, relata ela. C.M.C.A., de 51 anos, explica que também é mãe e pai muitas vezes. “Eu não trabalho fora, sou do lar. Há anos faço papel de mãe e pai em casa, já que meu marido se encontra ausente por conta do trabalho, de onde provém nosso sustento financeiro. Apesar da ausência do pai, por mais

difícil que seja, consigo ‘segurar as pontas’ por aqui”, conta ela. C. explica que mora em Limeira com seus três filhos, enquanto o pai, C.G.A., 48 anos, mora em São Paulo há 5 anos. “Ele atualmente trabalha em uma empresa no mercado de construção pesada no Brasil e no exterior, em que desenvolve projetos nos segmentos de construção”. ”De mês em mês, meu marido vem nos visitar aqui em Limeira. E posso dizer que é bom meu relacionamento com meus filhos, seguro a barra no que for preciso, converso com eles, os apoio sempre quando necessário. Eles são minha vida, faço tudo para vê-los sorrir. Afinal, que mãe não faria isso?”, conta C. sorrindo. Quanto ao relacionamento do pai com os filhos, a mãe explica que sempre que possível conversa sobre a educação deles por telefone com esposo. E sobre a relação direta dos filhos com o pai: “hoje o telefone

facilita isso”, finaliza ela. Uma das filhas de C., N.C.A, 23 anos, conta que sua relação com a mãe não é tão aberta como gostaria que fosse. “Não é tudo que conto para ela, minhas particularidades tenho vergonha de contar, mas, quando preciso de uma palavra amiga, corro conversar com ela. Quando brigamos, briguigas bobas, logo fazemos as pazes”, explica a jovem. Portando, para educar um filho não há fórmula ou manual que se possa seguir, pois cada família é única em sua natureza. Todos precisam ser respeitados. Uma coisa é certa, e precisa ser lembrada: educar é preciso; é dizer não e contrariar a vontade do filho, quando necessário, é importante para o próprio bem dele no futuro, ainda que isso, na maioria das vezes, custe muito caro aos corações dos pais e mães, afirma a especialista Conceição.


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6 OUTUBRO DE 2012

Arquivo pessoal

Amizade: um companheiris

Arquivo pessoal

D e l o n ga da t a o u v ir t ua l o imp o r t a nt e é t er um a mi z a de é f o nt e de enr i q ue c im ent o

Trabalhos feitos com os alunos e a psicóloga Gislaine Licatta que séries como “Friends”, “Jack colar e atuando na prevenção de práticas e Jill” e “Sex and the city”; e os não amigáveis”. Neste projeto há o envolfilmes “Thelma e Louise”, “O ca- vimento dos profissionais e das salas de samento do meu melhor amigo”, aula. São executadas diversas atividades, “Conta comigo” e as sequências de “Se como: dinâmicas, vídeo, confecção coletibeber não case” e “American Pie” tem em va de trabalhos relacionados ao tema amicomum? A resposta é a amizade. São per- zade, exposição entre outros. sonagens diferentes, com personalidades Amizades de longa data são provas de que diferentes, mas cada um respeita a dife- as diferenças não são empecilhos para rença do outro. Isso é amizade, respeitar uma relação saudável e faz da nossa vida o outro na sua diferença. uma experiência melhor. A amizade está presente em na vida desde Vinte e seis anos é o tempo que dura a sempre. Da infância, passando pela ado- amizade de Silmara Priminini, coordenalescência e chegando a idade adulta. Com dora pedagógica e Rogiane Corte, agente o passar do tempo começa-se a selecionar administrativo. Para elas a amizade é esmelhor as amizades e a criar um vínculo sencial e duradoura, pois há cumplicidade mais forte, um vínculo de respeito, com- e sinceridade. A amizade das duas fez com panheirismo e confiança. Para a psicóloga que Silmara convidasse Rogiane para ser Gislaine Licatta a amizade traz benefícios madrinha de casamento. “O marido da Sil para a vida em sociedade. “É uma expe- faz parte dessa amizade, hoje é um amigo riência de fundamental importância, de e compadre” afirma Rogiane. aprendizado de um para com o outro e que Amizades assim têm muitas histórias para influencia no desenvolvimento humano ao contar, Silmara relatou um acontecimento longo da vida, trazendo amadurecimento e engraçado que ficou marcado: “Nós esenriquecimento pessoal.” távamos na praia, nossas amigas saíram A psicóloga desenvolve na Escola Muni- com uns mocinhos, e ficamos sozinhas cipal de Ensino Fundamental “Amália Ma- em um barzinho, quando começou uma lheiro Moreira”, em Cordeirópolis, o projeto super briga que veio em nossa direção, “Campanha: Sou a favor da Amizade” que nos perdemos. Então comecei a procurar a está em vigor desde 2010 e promove a Rogiane e de repente vejo a bonita enfiada conscientização, reflexão e fortalecimento com uma galera dentro do porta-malas de dos valores humanos acerca das relações uma caravan”. Rogiane afirma que Silmara estabelecidas dentro do ambiente escolar. a confundiu com outra pessoa, e as duas “O objetivo deste Projeto é promover uma riem muito do desfecho. ação coletiva, reforçando as relações de O segredo da amizade de mais de 20 anos amizade estabelecidas no ambiente es- de Deize Bettin Carron, assessora parla-

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Silmara e Rogiane: Vinte e seis anos de amizade e cumplicidade

Arquivo pessoal

mentar e Ariena Geniseli, assistente social é caracterizado pelo meio termo. Deize é mais extrovertida e a Ariena é menos. “Sempre levei em consideração os palpites de Ariena pra enxergar a situação de outra forma” declara Deize. A assessora é casada e tem três filhos, sendo que sua primeira gravidez foi na adolescência “Ariena sempre esteve presente na minha vida”. Ariena declara que as amigas passaram “essa fase descobrindo outras formas de vida como o casamento e o nascimento dos filhos”. Essa amizade também tem histórias engraçadas, Ariena conta uma em que o aparelho odontológico da Deize sumiu. “Tínhamos por volta dos 17 anos, Deize usava aparelho móvel nos dentes e um sábado à noite, Deize me pediu para guardar o aparelho no bolso da jaqueta. Curtimos a noite e quando eu estava indo embora vi que só havia uma parte do aparelho no bolso, fiquei desesperada!” afirma Ariena. Elas fizeram o caminho a pé para ver se achavam, mas foi em vão, o aparelho nunca foi encontrado.


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a relação de mo e respeito

Jéssica Geniseli

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

g o. Psic ól o ga a f ir m a q ue um a c o n st r uç ão de s s o a l e a m adur e c im ent o c o l et i vo

Trabalhos feitos com os alunos e a psicóloga Gislaine Licatta

As amigas com personalidades diferentes Deize e Ariena Vanessa e Geana: amizade conquistada em outro país

Existem amigos de longa data, amigos de festa, amigos próximos, amigos que estão longe, amigos que se vêem sempre, amigos que não se vêem mais, mas são todos amigos que fazem a alegria estar presente em suas vidas. A amizade também pode surgir quando menos você espera. É o caso de Geana Cazali da Silva, de Casa Branca – SP e, Vanessa Araujo Leite, de Dourados – MS, que se conheceram em um trote da “Universidad Del Pacifico” no Paraguai, onde cursam medicina. Elas fizeram amizade por meio de uma amiga em comum e, desde então, cultivam essa amizade. “Hoje somos inseparáveis... mas foi uma amizade cativada pelo tempo” diz Geana. “Me identifiquei muito com ela. (...) Nunca achei que encontraria uma amizade grande, e tenho certeza que vai ser pra sempre” completa Vanessa. Pelo fato de serem estrangeiras as amigas contam que sofrem preconceito por não falarem a língua, mas com a ajuda de outros

brasileiros conseguem passar por essa dificuldade. “Fazer novos amigos paraguaios é bem difícil, não se misturam, mas com os brasileiros foi fácil, mesmo por que sempre temos que estar nos ajudando pela dificuldade de estar sozinhos aqui” declara Geana. A língua é o empecilho maior para fazer amizades segundo Vanessa “Os paraguaios têm um certo receio de pessoas que não falam a língua deles, tornando muito difícil a adaptação. Eles não fazem questão alguma de se comunicar em ou fazer amizades”. Mesmo passando por dificuldades na adaptação em outro país essas amigas sabem que podem contar uma com a outra.

Amizade Virtual

Sabe-se que depois da chegada da internet e com o boom dos sites de relacionamentos ficou mais fácil fazer amizades. Você cria uma conta no Facebook, Twitter, MSN e começa a tentar realizar outras amizades é o caso do estudante Eduardo Pazotto e de Joyce Paulino, estudante de Engenharia Mecatrônica, eles usam as redes sociais e jogos online para fazer amizades. Joyce conta que as amizades começam por terem gostos em comum. “Às vezes as pessoas que eu não conheço acabam me adicionando por verem no meu perfil que temos algo em comum (gosto musical, jogos...). Quando essas pessoas fazem uma apresentação educada e satisfatória acabo adicionando”. Os estudantes relatam que já conheceram pessoas com quem conversavam pela internet e que continuam tendo contato apesar da falta de tempo. “Já encontrei com pes-

soas pessoalmente pouco tempo depois de conhecer via internet e também até anos depois, devido minha rotina de estudos acaba ficando raro” diz Joyce. Eduardo conta que com suas amizades acontece a mesma coisa “Não nos falamos com tanta frequência, às vezes pela falta de tempo”. Para a psicóloga Gislaine Licatta as amizades feitas por meio da internet requerem precaução. “Desde que o seu uso ocorra de forma e cautelosa (quanto à exposição, ao conhecimento entre os envolvidos, tempo de uso, entre outros aspectos), ela pode ser uma boa mediadora de amizades”. É como faz Joyce Paulino “O cuidado que eu tenho é sempre buscar referências em redes sociais, para checar se a pessoa é realmente quem diz ser. Além disso, evito marcar encontros, dar endereço físico, número de telefone e esse tipo de informações”. O estudante Eduardo Pazotto também procura saber quem sãos os amigos da pessoa, e recomenda: “Tente conhecer pessoas próximas a esse amigo(a) para saber se é verdade, acho que é a coisa mais correta a se fazer”. Joyce ainda alerta: “Qualquer sinal de interesse exagerado por parte da pessoa com quem conversa, corte completamente o contato”. Não importa quantos amigos as pessoas têm o importante é saber que podem contar com eles. Ter sua companhia em momentos felizes e tristes. Poder relembrar no futuro que tiveram momentos importantes compartilhados com pessoas que realmente consideram.


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Convivência escolar:

construindo um relacionamento saudável entre pais, alunos e professores

Arquivo pessoal

interação social é foco de aten- mília assume esse papel principal, sendo ção em razão da convivência em responsável por oferecer cuidado, protesociedade, principalmente de- ção, sustento, bem como a educação ética pois de alguns casos emblemáti- e moral. cos aqui no Brasil de violência nas escolas No campo educacional, a escola é uma e confronto físico entre alunos, e alunos e pequena representação de mundo e tudo professores. que acontece fora desse espaço, certaQuando o assunto vincula-se à educação, mente irá refletir depois em seu interior. retoma-se a valorizaPara entender a ção do ser humano escola como um e suas interações no meio de relacionacoletivo. Atualmente mento tem-se que pergunta-se: por que observar primeiro há conflitos no âmbito aqueles que são escolar e fora dele? O os objetivos de que define a qualidasua existência: os de de vida escolar? E alunos. Segundo quais seriam as dicas a psicóloga Roseli de como construir uma Coelho Radaic, os relação saudável entre alunos são reprealunos, professores e sentantes do munescola? Especialistas do. “Se o mundo explicam a existência estiver violento, de conflitos, e em conas atitudes dos A professora Fabiola Deiusti Custódio. trapartida propõem alunos serão vioestratégias para superar dificuldades. lentas. Se a família estiver desestruturada, O significado do termo relacionamento é a eles também estarão desestruturados. Ou capacidade de relacionar-se, conviver ou seja, os alunos são indivíduos altamente comunicar-se com os outros; ligação de estressados”, diz a especialista. amizade afetiva e profissional, condicio- Portanto, a escola se torna um campo nada por uma série de atitudes recíprocas. de batalha, em virtude de distúrbios de Para compreender o processo de relacio- comportamento aliados à falta de interesnamento é preciso entender, primeiramen- se dos pais na educação dos filhos e no te, que as pessoas são seres individuais e seu futuro. Mas, diferentemente disso, a que isso se dá ao fato de viverem diferen- realidade de Adrielle Ribeiro, de 17 anos, tes experiências, por isso que as visões por exemplo, é positiva. Ela enfatiza que na forma cognitiva e emocional levam a seu convívio com professores e colegas diferentes atitudes. de classe é positivo. “Às vezes acontece alguma discussão ou outra com algum Família e escola Há poucos anos atrás, a escola possuía professor, mas com a maioria deles, meu um status de valorização em termos de relacionamento é saudável, assim como os instituição acadêmica e a família a enca- meus colegas de classe também”, conta a rava confiante em seus atos e orientações adolescente. oferecidas aos alunos. Hoje, devido aos Para Maria Cristina da Silva, mãe de novos métodos pedagógicos adotados Adrielle, uma das maiores dificuldades enpela escola e pelo processo cultural, a fa- contradas em se tratando de estudos, é a

falta de interesse da filha. “Algumas vezes há falta de interesse, de não querer ir à escola, de não querer estudar”.

O papel do professor

fessor é ouvido para avaliar se tal decisão é viável. “A progressão continuada veio resolver alguns problemas e criou outros. Há falta de diálogo também entre o governo e a escola”, aponta Fabiola.

Do outro lado Marilda Lipp, em seu livro Resolução de conflitos “Stress do professor”, o educador tem uma função importante em relação aos alunos, É possível perceber que a sala de aula pois seu contato é direto. Por exemplo, precisa ser encarada como um espaço de auxilia na solução de problemas, é amigo, humanização, em que o respeito mútuo confidente, substituto da mãe ou do pai, deve prevalecer para o desenvolvimenum transmissor de informações e confron- to humano. O diálogo é fundamental na Educação, pois gera ideias, crescimento ta diariamente o stress dos alunos. O professor é a peça-chave da equipe es- e possibilidades. O vínculo com o aluno é colar, mas sofre com uma pressão interna construído dia a dia, quando ele percebe para cumprir todas essas exigências, as que o professor é uma referência. burocracias do cargo, carga horária pesa- Para Luís Antônio Vieira, filósofo, profesda, desvalorização da profissão e o regi- sor e vice-diretor de uma escola estadual em Limeira, é possível tirar proveito de me de progresso continuado. Marilda Lipp ainda ressalta que os pro- conflitos. “Crises na escola ou fora dela fessores tendem a desenvolver o stress são sempre oportunidades para refletir ocupacional, que se constitui de experiên- sobre valores, mudança de foco, senso de cias individuais desagradáveis associados justiça, ética e autoconhecimento”. a sentimentos de hostilidade, ansiedade Para os professores, é preciso prepará-los para o manejo do stress e frustração. Portanem sala de aula, direcioto, neste ambiente há nada à complexa realidaprofessores e alunos de dos desafios que este estressados. Esse é o trabalho oferece e prograresultado de uma clasmar estratégias e métose de aula: ambos desdos saudáveis para lidar motivados. com o stress do trabalho Para Fabiola Deiusti e valorização da vida pesCustódio, professora soal. Já para os alunos, a do Ensino Médio de escola deve envolvê-los Filosofia em duas esem atividades esportivas, colas situadas em Rio artísticas, promovendo Claro, interior de São Professor Luis António Vieira Paulo, não existe aluno problema. “O que atitudes mais adequadas entre eles e a existem são problemas e eu não tenho comunidade, assim como atividades para medo deles. Acho que eles estão aí e fa- os pais e familiares, com a intenção de inzem parte de qualquer profissão”, diz a tegração e conhecimento interno. Quando pensado como um todo, essas e professora. Disputas internas, autoritarismo, incom- outras medidas podem reduzir conflitos a petência são resultados de uma política partir do envolvimento de pais, alunos e hierarquizada. O governo toma decisões à professores em discussões permanentes Educação, estruturando a forma de traba- sobre o assunto, promovendo assim uma lho do professor. No entanto, nenhum pro- saudável convivência escolar. Arquivo pessoal

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Natália Campos


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Luane Tenório

Respeito e confiança ainda são marcas principais dos relacionamentos com os outros

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Luane Tenório

Arquivo pessoal

xistem amigos que são bem próximos de nós, têm to”, brincou Tetzner. interesse, começamos a gostar um do outro, aí decidimos aqueles que são mais, tímidos, os loucos, que toO relacionamento precisa ser cultivado. Há exemplos namorar”, relata Radaic. Ele conta que eles só se vêem pam pular de pára-quedas, só pra satisfazer a de amigos de idades diferentes, o mais novo e o mais velho. aos fins de semana, mas à distância não os inibe de ter um nossa vontade, têm os nervosos, entre tantos ou- Sabe-se que o mais velho costuma ter mais experiência do relacionamento saudável e respeitoso, para ele a distância tros tipos de amigos, mas por trás de um verdadeiro ami- que o mais novo, mas o que não deixa de ser diferente em traz a saudade, e assim procuram valorizar o tempo de nago há o respeito, como base principal para qualquer laço troca de vivência para o mais velho, que sempre aprende e moro, “procuro dizer que a distância se assemelha a uma afetivo, seja ele familiar, profissional ou outros. De acordo compartilha com o mais novo. O aposentado, de 65, Rubens faca de dois gumes; há o inconveniente de ficarmos longe com a psicóloga e arte terapeuta, Josiane Sanches, os Aparecido Rodrigues, é amigo do jovem de 22 anos, Samuel um do outro, vendo somente aos fins de semana, porém relacionamentos nos dias de hoje, estão se esfriando por Hernane de Souza. Eles possuem um bom relacionamento ape- quando nos aproximamos há muito mais profundidade”, causa da falta de amor entre as pessoas. “O egoísmo e sar da diferença de idades. “Aprendo muito com o Samuel”, dis- declarou Radaic. Natália afirma que existe um respeito a violência tem tomado conta das pessoas, hoje é cada se o aposentado. Para Rodrigues, respeito entre eles parte do mútuo entre eles, “acredito que o respeito é um dos pilares um cuidando de si próprio, acredito que o amor, a índole conhecimento de entender a linguagem do outro, “o Samuel me para um bom relacionamento”, disse a jovem. e o caráter que ainda existe é o que mantém os relaciona- faz despertar curiosidades sobre a vida, um bom relacionamenHoje, nessa esfera tecnológica, com mulheres indepenmentos vivos”, declarou Josiane. to a gente não esquece”, concluiu. Já para o jovem, a confiança dentes e homens de negócios, os casais ainda esperam viver aquela paixão de Existem pessoas que cinema ou fazer parte acreditam numa relação do tradicional “viveram honesta de amizade enfelizes para sempre”. tre os sexos opostos, Mas essa não é uma por outro lado há os missão fácil quando se que acham impossível a trata de sentimentos, existência de um relaciopessoas e personalinamento entre homem dades diferentes. Mane mulher sem outros ter um relacionamento interesses. Os jovens saudável requer outras Jéssica Daniela da Silva, condutas além de amar 21 e Alex Tetzner, 24, se o/a companheiro/a. conheceram há 6 anos, O casal, Jefferson e através de uma amiga em Josiane explica sobre o respeito nos relacionamentos “Um bom relacionamento a gente nunca esquece”, disse o aposentado Fernanda Billato, se cocomum, “Débora, (amiga Rodrigues nheceram na van que em comum), me apresentou o Alex, e de imediato, ficamos amigos, me relaciono parte de entender e respeitar a opinião do mais velho, “o de mais os levava à faculdade, Jefferson estava no último ano de muito bem com ele, apesar dele já ser casado, ele é como idade sempre entende mais da vida do que eu”. De acordo com Administração, e Fernanda, no primeiro ano de Serviço se fosse meu irmão mais velho”, relata Jéssica. Ela conta Souza, todos os relacionamentos partem do respeito, e da con- Social. Assim, de forma engraçada e surpreendente, coque sempre houve o respeito entre eles, “ele me entende, fiança, “um bom relacionamento a gente guarda pra vida toda”, meçaram as trocas de olhares, a amizade e não demorou muito pra surgir um namoro, que durou cinco anos. Há e eu sempre procuro entende-lo, sem o respeito é impos- finalizou o jovem. Construir um relacionamento duradouro e saudável requer dois anos estão casados, sem filhos e vivem, de forma sível haver amizade”, conclui Jéssica. Segundo a psicóloga, todo relacionamento é um jogo esforço e paciência do casal. De fato, existem inúmeros obs- feliz, sempre buscando a felicidade um do outro. “Somos de interesses, “nos aproximamos de alguém pensando táculos no percurso, porém, uma perspectiva positiva sobre a um casal muito feliz, mas não existe ser humano idêntico ao outro e por isso torna-se necessário a compreensão em que a pessoa tem a nos oferecer, e vice e versa, mas relação é o primeiro passo para que dê certo. existe amizade que ultrapassa essas barreiras através O namoro ocorre na convivência, para um possível relaciona- e o respeito. Administramos muito bem os conflitos que do companheirismo e do amor que os liga”, relatou Jo- mento mais íntimo, o que pode inclusive levar ao casamento. por sinal são poucos”, disse o administrador de empresiane. Para Alex Tetzner, amizade com uma pessoa do Natália Campos, e Allan Radaic, estão juntos há 2 anos, se sas. Para ele, o respeito é a base para a manutenção e o sexo oposto, possibilita entender, respeitar as diversas conheceram pela internet, por meio de uma amiga em comum. desenvolvimento de qualquer relacionamento. De acordo opiniões, e entender também o universo feminino, “admiro Natália é de Limeira, já Allan é de Mogi Mirim. Porém à distân- com Fernanda, o respeito se constrói a cada dia, dane respeito muito a Jéssica, minha amiga para todas as ho- cia não os impediu de construírem uma amizade, e daí surgiu do espaço para falar, expressar sentimentos, opiniões e ras, até a convidei para ser minha madrinha de casamen- o namoro, “sempre fomos muito amigos, começou a surgir o também o saber ouvir.


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10 OUTUBRO DE 2012

Quem saiu do Cine Jossandra naquela noite, em 1996, não imaginava a carga profética do letreiro The End ao final de “Show Girls”. Sim, o filme de Paul Verhoven – de qualidade discutível, aliás – marcou a última exibição da sala que viria a encerrar suas atividades no dia seguinte. O centro pirassununguense perdia então uma de suas maiores referências, com o local cedendo espaço para as novas instalações da Rádio Difusora. Mais tarde ainda abrigaria a Igreja Universal. Pois é. Somente após quinze anos percebo a falta que a cultura de um cinema “à moda antiga” fez (e ainda faz) à minha geração! E não é que achei algumas horas para conversar sobre cinema com meus pais? Vamos lá: Eu não tinha mais do que quatro ou cinco anos. Mas lembro-me perfeitamente da impressão que a sala escura suscitou. A tela de projeção era, sem dúvida, a maior coisa que já tinha visto. Um misto de noticiário e documentário sobre o espaço, alternando com grandes jogadas do “Canal 100” preparavam o terreno para “Os Vagabundos Trapalhões” – o primeiro filme que degustei no Jossandra. Em seguida vieram “Os 101 Dálmatas”, vários outros filmes da trupe de Renato Aragão, “Uma Cilada para Roger Rabbit” e tantos outros (bons) filmes. Seo Moacyr frisa: - De repente você, o Ricardo e o Fernandão não queriam mais que a gente levasse. Há! Isso mesmo, pai. Nos arrumávamos com roupinhas bonitas, alguns cruzeiros no bolso e seguíamos a pé para a praça central. Pipoca! Bala! Uma verdadeira odisséia que reunia parentes, amigos e qualquer um que esbarrasse na porta de entrada. E o tempo parava...só retomando ao acender das luzes, com a porta de cortininha devolvendo a criançada a uma realidade que não parecia lá muito distante daquela que tinham acabado de vivenciar. Minhas memórias parecem inocentes e até mesmo sem-graça quando comparadas às histórias e relatos daqueles que, efetivamente, souberam quão ricos foram nossos “cinemões”. A saber: meus pais sempre relembram com saudosismo mais do que justificável a época onde ir ao cinema constituía não só a única opção de lazer, mas um verdadeiro ritual da adolescência. Querem ver? Década de 1960. Aos domingos, após praticarem o footing pela praça – garotas andando em círculos, com os meninos passeando no sentido contrário –, os jovens convergiam para um dos três (isso mesmo, três!) cinemas da cidade. Lá, o “flerte” rolava solto pelos corredores da sala de exibição, enquanto grandes produções hollywoodianas e nacionais desfilavam pelo écran. Os “lanterninhas”, cuidadosamente, patrulhavam as sessões, preocupados com assentos vagos e uma ou outra mão boba. Dona Zilda, mãe de memória privilegiada, insiste na qualidade dos cartazes e chamarizes: – Já na segunda-feira a gente saía da aula pra olhar os cartazes. Coisa mais bonita...Eu não perdia uma matinê. Nem a sessão de quarta, que era a “sessão das moças”. – Como assim, mãe? – Moça não pagava. Certo, Dona Zilda. Que mais? – Sábado e domingo lotava. As filas pra comprar entrada davam a volta no quarteirão, principalmente se fosse filme brasileiro. – Não diga! – E o pessoal se arrumava. Ah, era uma exposição de trajes e roupas muito observada por quem estava fora do cinema, esperando pra entrar. E passava

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A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA

Matheus Fonseca

cada “fita”, puxa vida...às vezes, a gente nem sabia o que estava passando. Nem importava. (nesse momento meu pai interrompe a conversa) – “O Manto Sagrado. “Os Dez Mandamentos”. Filmes bíblicos. Séries também passavam. Um capítulo por final de semana. Mas a meninada ria mesmo com os Oscarito, Grande Otelo, Mazzaropi, Costinha. E os musicais! Emilinha Borba, Orlando Silva, Nora Nei...Tinha as chanchadas... – Bem-Hur! Eu era apaixonada pelo Charlton Heston! – Já sabemos, mãe! – Puxa vida, que tempo bom... Concordo, Dona Zilda. E faço coro com aqueles que não se conformam com o fato de Pirassununga não ter cinema. Uma mísera sala, que seja. Até o clássico Cine Alvorada, em Leme, fechou suas portas. Enorme, o recinto! Deveriam caber pelo menos 800 pessoas, fácil, fácil. Outras cidades do interior como Araras e São Carlos também não contam mais com os grandes e estilosos cinemas – invariavelmente localizados no centro. Agora, os centros comerciais e shopings agregam as grandes redes distribuidoras e exibidoras da outrora chamada “sétima arte”: assistir a um filme é indissociável de uma visita às lojas e grandes magazines. Mudança de hábitos culturais? Desinteresse? Ou simplesmente tornou-se caro demais a manutenção de um “cinemão”, como diriam os “de antigamente”? É, no interior não tem mais cinema. Há quem prefira alugar e assistir em casa. Respeito. Mas nada, nada se compara à experiência de estar no escurinho da sala de projeção, com ou sem drops de anis. Pois o próprio ato de se arrumar, sair de casa e ir se divertir com um bom filme já conta, já soma, já vale. Sinto que não é a alta dos ingressos nem mesmo os “avanços tecnológicos audiovisuais” que acabaram com os cinemas clássicos, aqueles mesmo, das praças das Matrizes. O que mudou foi o conceito de lazer, a percepção lúdica do entretenimento. Consigo perfeitamente imaginar um diálogo típico da época: – Que tem pra fazer hoje? – Nada. Só ir ao cinema. Meu Deus. Talvez “Show Girls não fosse tão ruim assim...


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12 OUTUBRO DE 2012

Andrea Ignat ti

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver. Simplesmente, disse eu?

Mas como é difícil!” Mário Quintana

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O poeta estava certo? Viver junto parece ser uma necessidade latente. Sequer nascemos sozinhos. Em circunstâncias normais, os nossos próximos passos serão todos acompanhados — ou seguidos — por alguém. O pai segura o braço para ajudar a manter as pequenas pernas firmes no chão e começar a caminhar. Ou a se erguer, simplesmente, depois de uma queda. A professora segura a mão junto com o lápis para firmar o abecedário no caderno. Quando as dificuldades de caminhar e escrever são assim superadas, parece fácil esquecer de quão fundamental foi a convivência naqueles momentos. Mais tarde, bem mais tarde, será mais natural entender que um abraço por uma conquista ou como consolo por um fracasso faz parte da convivência, do conviver, da vida. Mas a vida não é passiva. Ao menos, não deve ser. Conviver, muito menos. Conviver é ação, reação, interação. E não é isso que diz o poeta? Que viver é conviver? Os relacionamentos do dia-a-dia — sejam familiares, pessoais, profissionais — não são postos de lado aos olhos do poeta. Não é tão somente a vida como organismo vivo e respirando, cientificamente falando. Mas a vida-romance, a vida-profissão, a vida-amizade, a vida minha dependendo da vida de mais alguém. Até os desconhecidos tornam-se conhecidos e daí a necessidade da convivência — e a habilidade para isso. O Prof. Dr. Claudio Cohen, em um de seus livros, considera que “nunca somos totalmente incompetentes, tampouco nunca nos tornamos competentes em tudo”. E justamente a busca pelo fortalecimento de um objetivo comum gerado nas relações profissionais nos leva a um certo nível de dependência para complementar conhecimentos e habilidades, como também reforça Carlos Haroldo Piancastelli em seu artigo “O Trabalho Em Equipe”. Cientificamente, existem técnicas e métodos de trabalho para que a convivência produza frutos, e frutos bons. Mas convenhamos: o poeta fala de algo bem mais complexo do que isso. De uma ciência que passa de ciência exata, e até da ciência humana, e vira arte. Talvez como uma pintura, uma escultura, uma música. O olhar nos olhos, o desvio de olhar, o aperto de mãos, o virar de costas, o aceno de adeus, o correr para o abraço, o aprender a dizer “não”, o aprender a aceitar o não, o amar, o desamor, o ódio, a tolerância. Conviver é viver agindo, reagindo, interagindo, superando. Umas vezes, a gente consegue agir bem, reagir bem, interagir bem, superar. Noutras, a gente age mal, reage mal, não sabe como interagir, não supera. Uns dizem que a vida começa aos 40 anos. Outros repetem o ditado: “vivendo e aprendendo”. Desde que nascemos, a regra é: viver. Mesmo que cercado de ciências, a beleza da poesia e a força do sorriso se harmonizam e tornam — como dizem — a convivência mais fácil. Viver é uma arte. Não uma ciência. Nascer talvez faça parte da ciência. Ainda assim, é o início da arte. O poeta estava certo.


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