Jornal Em Foco - ISCA Faculdades - Edição 61

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Editorial ANO 11 • Edição 61 Novembro/2011 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social (Habilitação em Jornalismo) do Instituto Superior de Ciências Aplicadas (ISCA Faculdades), entidade mantida pela Associação Limeirense de Educação (ALIE). Coord. Comunicação Social: Profª Drª Audre Alberguini Edição e Orientação de textos: Profª Me. Ingrid Gomes MTB 41.336 Editora Assistente: Paloma Barbosa Planejamento Gráfico: Profº Renato Fabregat Reportagem: Alunos do 4º Semestre de Jornalismo Andrey Vinicius Moral Figueiredo Pereira, Bruna Ragazzo Leme, Fernando Aparecido de Carvalho, Horacio Busolin Junior, Isis Renata do Espirito Santo, Matheus Granchi Fonseca, Murillo Andre Veschi dos Santos, Raiza Tronquin, Sara Carolina Pizzol Tognin, Vanessa Martins Marcelino. Telefone: (19) 3404.4700 Endereço: Via Deputado Laércio Corte, 3000 - Chácara Boa Vista da Graminha – CEP: 13482-383 – Limeira - SP www.iscafaculdades.com.br Edição virtual: emfoconaweb.blogspot.com Tiragem: 2.000 exemplares Impressão: Tribuna Piracicabana

Rótulos:

todo mundo tem, todo mundo vai ter Paloma Barbosa

Adaptação é a palavra-chave quando se trata de adolescentes. Nesse momento o mais importante é se identificar com o outro, se encontrar, é por vezes parecer “descolado”. E por meio dessa busca incessante para se adequar os jovens acabam sendo estereotipados e rotulados. Os rótulos são como selos que pretendem qualificar a pessoa de acordo com suas roupas, preferências e atitudes. São errôneos por serem superficiais e preconceituosos, na maioria das vezes, por assemelharem com a ideia da intolerância. O Em Foco 2011 aborda nessa edição especial o tema (rótulos). Tenta desmistificar a ideia de algumas tribos e certos comportamentos, como os cosplayers, esportistas e adeptos do vegetarianismo. Além de abordar a relação da juventude com a internet, como na reportagem que destaca o grupo de poetas que criaram o movimento Pontoação no Facebook. Outra reportagem sobre adolescentes e a web, conta sobre os membros dos clãs de jogos virtuais. A escola e a família são as instituições mais importantes na vida de uma pessoa, consequentemente se tornam alvos de rótulos. A reportagem Nickname: Indesejável aborda os “apelidinhos” malvados e muitas vezes traumatizantes que marcam a vida escolar de muitos, que

em casos mais graves podem ser diagnosticados como bullying. Os pais têm influência na vida de seus filhos, até da escolha profissional, a reportagem Sonhos que podemos ter faz um paralelo entre os filhos que são pressionados a seguir os mesmos passos dos pais e aqueles que inspirados por seus progenitores pretendem ter a mesma profissão. Outro exemplo de influência familiar é a virgindade, por ser um tabu, ainda mais na adolescência, o assunto é abordado com cuidado por cada família. E essa edição traz uma reportagem sobre sexo na adolescência e pontos de vista. Há jovens que inspiram seu estilo em algo já tradicional, como traz a reportagem Adolescentes e as festas do peão sobre os frequentadores menores de 18, dos típicos rodeios da região. A edição rótulos tem como objetivo mostrar que em todas as fases da vida as rotulações são inevitáveis. O próprio ser humano possui uma predisposição de julgar e desenvolver pré-conceitos, porém o mais importante é não deixar que certas aversões ao diferente prejudiquem a vida e o convívio com os demais. Afinal respeitar é necessário, é bom e todo mundo gosta. Tenham uma ótima leitura e até a próxima!


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Rótulos versus Individual

nickname:

Indesejável ;) Como sobreviver aos rótulos da vida escolar? Isis Renata

Dunga, Zangado, Atchim, Feliz, Mestre, Soneca, Dengoso são simples nomes que compõem um conto de fadas, suas funções reais são que seus nomes destacam a qualidade ou defeito de cada personagem da história. Contexto bem parecido com a realidade da história contada atualmente. O jovem tem sido alvo de rótulos, classificações e julgamentos por seus gostos e costumes. Ao entrar em sua vida escolar, o estudante tem contato com diversos gostos e maneiras de agir. “Todo indivíduo quer mostrar seu potencial, seja criança, adolescente ou adulto e isso se trata de deixar visível ou em destaque a sua personalidade”, declara a psicóloga Paula Regina. Nessa vontade de mostrar-se, o estudante tem seu rótulo definido por gostos e dividido em grupos específicos: os nerds, as patricinhas, os bagunceiros e loosers (perdedores). Porém esses rótulos são pequenas partes que fazem um todo de cada aluno. Por vezes, uma menina pode se vestir bem pelo simples fato de gostar de se arrumar, mas isso não significa que ela tenha uma condição financeira abundante como classificam as ‘patricinhas’. “Eu sou muito vaidosa, não tenho roupas de marcas, mas procuro sempre estar arrumada para ir à escola. É um local onde vão reparar e isso conta para uma garota da minha idade”, conta Jaqueline Oliveira Silva, de 15 anos, aluna do Centro de Capacitação Profissional do Adolescentes (CCPA). Os meninos entram na escola com a fama de que bagunça é com eles mesmos. Vitor de Souza Santos, 15 anos, também aluno do CCPA, confessa. “Gostamos sempre de zoar um ao outro, não tem jeito. O mais famoso é o que sempre dá mais apelidos para a galera”.

Ação prejudicial de professores e pais

Adolescente necessita de incentivo durante essa época de “concorrências” de sua vida e, atualmente, as exigências são maiores. É preciso ter um toque único para que ele seja notável em seu período escolar. O apoio de pais e também de professores é essencial para que o aluno tenha a confiança necessária e aposte em sua personalidade e genialidade. Por questão da qualificação de rótulos e separação entre grupos, a ideia da originalidade se esconde e o aluno perde parte de sua identidade querendo ser igual a todo mundo ou aceito pela sociedade: “O jovem não quer parecer diferente, pois isso é ser estranho aos olhos dos outros. Ele quer estar dentro do círculo em que ele vive”, revela Paula. Por esta razão, o aluno guarda todo tipo de palavra, seja ela boa ou ruim, levada até ele com relação aos seus feitos escolares. Aconselha-se que não diga ao aluno palavras como “burro” ou faça piadas de seus trabalhos. Claro que o ambiente escolar é de brincadeiras também, porém existem jovens que podem deixar de gostar de certas coisas por essas razões. “Confesso ser sarcástico, meus alunos me conhecem, sabem que pego no calo de cada um, mas espero ver isso como uma forma de incentivo para o melhor de cada um sempre”, declara o professor de informática do CCPA, Roberto Mosna Júnior. Os pais também têm parcela de culpa em relação aos rótulos de adolescentes, devido à maneira como chamam a atenção, ou como mantêm relacionamento dentro de casa. “As palavras têm grande peso, de fato elas podem causar mais dor que qualquer machucado, por isso o cuidado dos pais na hora do ‘puxão de orelha’”, esclarece a psicóloga.

fessor de informática, de fazer os alunos criarem Os rótulos e grupos escolares tendem a logos e outras coisas e sempre ofereço alguma definir os jovens por determinados pontos, seja a promoção para o mais criativo e o que use semroupa, os gostos, a fala, entre outros. O aluno en- pre daquilo que gosta e que eu veja isso em seu tra na vida escolar e se depara com as famosas pa- trabalho”, enfatiza o professor Mosna. O individual é muito questionado atualnelinhas de grupos, cada qual com sua definição mente, e vale ressaltar que as qualidades indie características. Ele se vê, então, tendo que escoviduais são importantes, por isso a especialista lher em qual lugar se encaixa melhor. Isso deixa claro que muitos dos jovens não afirma que o adolescente não deve deixar de lado o gosto pessoal, mesmo sendo esse gosto descobrem seu talento ou “O jovem não quer diferente do estabelecino que podem se destacar por razão de seguir esses parecer diferente, pois do. “O medo de ser julgado é um dos bloqueios do padrões de divisão escolar. isso é ser estranho aos individual e de mostrar Muitas vezes o adolescente nem mesmo possui tais olhos dos outros. Ele quer seu verdadeiro eu, mas é pontos ou qualidades para estar dentro do círculo em preciso ressaltar ao jovem que temos que gostar o grupo, mas se coloca que ele vive” de nós mesmos e assim dentro dele para não pasoutros também saberão sar pela exclusão social apreciar nosso trabalho”, completa a psicóloga. como consequência. “Você ganha status depenO necessário é saber notar seu diferendendo do grupo ao qual pertence e isso tem grande importância para o jovem, mesmo que cial e querer mostrar o seu melhor durante o ele tenha que esconder alguns gostos pessoais”, período escolar. No final, o jovem levará lições para a vida inteira e, com isso, não irá se arreafirma a especialista em Psicologia. Porém para esses jovens, futuramente pender de talvez ter perdido tempo com rótulos serão exigidos o diferencial, o novo, o individual, desnecessários e, com isso, usar de sua própria pois isso é que dará o ganho de bons empregos individualidade para o melhor de si e dos outros e carreiras. “Tenho a oportunidade, por ser pro- a sua volta.

“Gostamos sempre de zoar um ao outro, não tem jeito. O mais famoso é o que sempre dá mais apelidos para a galera”


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Falar de virgindade na adolescência ainda é tabu?

Raiza Tronquin

Em décadas passadas a virgindade era considerada um rótulo de valorização feminina. A “moça” que se preservava para o marido conquistava respeito perante a sociedade. Por outro lado, aquela que deixava de ser virgem, ainda solteira, era considerada impura, imoral, entre outros rótulos impostos pelos costumes éticos e morais aplicados àquela época. Hoje essa questão é tratada diferente, adolescentes virgens são vistas como “caretas”, “atrasadas”. No entanto, cada família trata esse assunto de um modo, até mesmo baseada em preceitos religiosos. Em um momento em que as pessoas falam tanto em liberdade, o tabu “em ser ou não virgem” ainda existe. O fato é que a maneira de ver esse assunto varia, mas os rótulos permanecem e passam (de maneira atualizada, dependendo da cultura) de geração para geração. Para Eliane Cristina Righetto, 46 anos, a decisão de perder a virgindade foi baseada no próprio medo do desconhecido. Diferente de algumas mulheres que optaram por esperar por um “grande amor”, aos 19 anos ela não se prendia a esses conceitos morais. “Eu

já namorava há um ano e só não me entreguei antes porque tinha medo. Naquela época havia muitos mitos e eu não sabia exatamente o que poderia acontecer comigo. O medo da dor era o que mais me assombrava”, confessa. Ela simplesmente esperava a pessoa certa. “Em casa, não se falava sobre sexo, muito menos qualquer outro tipo de assunto delicado como esse. Na primeira vez que menstruei, fiquei apavorada, não sabia o que significava aquilo. No entanto, minha mãe, muito rígida, dizia que se algum dia eu aparecesse grávida em casa, ela me colocaria para fora”, lembra com humor. As mulheres se sentem, atualmente, mais independentes e o costume antigo de se preservar para depois do casamento é visto como repressão, submissão e até mesmo “brega”. Homens que se consideram mais liberais acreditam que não há motivo para se privar do prazer, uma vez que as mulheres já conquistaram direitos iguais em todos os sentidos. Entretanto há uma tendência de jovens mulheres desejarem preservar a sexualidade, numa ideia de contracorrente à banalização da liberação sexual feminina. Keila Dara Fernandes, 17 anos, namo-

Keila: “Não vivemos em função do sexo”

ra há nove meses e garante que seu maior sonho é casar virgem. “Acredito que a essência de um relacionamento não mora necessariamente no sexo. É possível namorar alguém, alimentando o sonho de construir uma família sem precisar ir para cama antes de oficializar a união. Penso que se o sexo antes do casamento fosse algo normal, não haveria necessidade de existir a famosa luade-mel”, se defende. Nas novelas, seriados e filmes, a mídia vê como um fato natural o sexo na adolescência e estimula a aceitação social da gravidez fora do casamento. Com isso,

há um apelo sexual frequente expondo os adolescentes a situações que exigem uma compreensão que eles ainda não apresentam. “Querem ter maturidade e se portar como adultos, mas não possuem experiência, responsabilidade e desconhecem o real significado de um envolvimento sexual. A conscientização é adquirida na base familiar, mas ainda falta muito discernimento e respeito da sociedade por essa fase tão importante no desenvolvimento do ser humano”, afirma Patrícia Rossetti, psicóloga e psiquiatra infantil. Perder a virgindade cedo já é considerado um fato natural. O que tem preocupado as famílias é a falta de experiência dos jovens envolvidos. “Podemos notar que eles se sentem pressionados a manterem relações sexuais para que possam ser aceitos e considerados atuais. Mas, como sabemos, a exclusão social é um dos maiores problemas que eles enfrentam nessa fase do desenvolvimento, com isso muitos deles acreditam estar muito informados e preparados para esse passo, quando, na verdade, estão sendo manipulados pelo meio que estão”, conclui a psicóloga.


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Cosplay,

uma onda que veio do Japão Andrey Vinicius Moral

Uma nova onda de entretenimento vinda do Japão chegou ao Brasil. O cosplay é uma arte que envolve fantasias e acessórios de personagens de mangás (revistas em quadrinhos japonesas), jogos de videogame e personagem de desenhos. Os amantes dessa arte costumam andar entre eles, formando grupos frequentadores de eventos da área, contudo, o círculo de amizade costuma ficar entre os próprios cosplayers. Há inúmeros eventos no Brasil de cosplay, Animecom, Anime Storm, Anime Friends. Neles ocorrem competições de melhor fantasia, apresentação e roupa mais parecida com a do personagem caracterizado. É preciso entender essa arte como uma forma moderna de diversão e cultura, afirmam os amantes. Segundo o estudante Thiago Issamu Fukumizu, de 19 anos, é preciso ignorar o que a sociedade rotula preconceituosamente sobre os cosplayers. “Existem várias opiniões, há quem é indiferente, há quem apóie e há quem ache ridículo, isso vai do jeito que essas pessoas aceitam coisas diferentes. Eu particularmente não ligo para o que os outros pensam”, esclarece Kukumizu. O estudante fala ainda sobre a localidade dos eventos. “Geralmente eventos relacionados ao tema. Pode ser tanto na cidade quanto fora dela. Em São Paulo tem o bairro da Liberdade que há certos lugares que podem ir vestidos”. Outro estudante, Renan Augusto Soares, de 21 anos, fala sua opinião sobre se a moda do cosplayers é passageira: “Eu sou fã desde criança, acredito que ela diminui quando ficamos mais velhos, mas nunca irei deixar de gostar, é um hobbie”. Para a socióloga Marta Nunes “a sociedade julga o que é diferente e foge dos costumes. É o mundo moderno e o surgimento de novas tribos, algo que não pode ser dito se é ruim ou que faz mal, se é bom ou é certo”. Marta conclui dizendo que “existem diversas tribos, dos rockeiros, pagodeiros, dos que gostam de filmes. O que não pode haver é preconceito. Não podemos julgar e rotular, por exemplo, dizer que todo mundo que gosta disso é culto ou que é excêntrico. É acima de tudo uma arte, pois envolve toda uma cultura e vestimenta”.

Diversão sob controle

Jogos virtuais têm cada vez mais adeptos

E a pergunta que fica é se existe vida fora de Matrix Alexandre Sinotti

Não é nenhuma novidade que as novas tecnologias influenciaram o modo de vida do jovem no século XXI. Métodos de aprendizado, acesso e velocidade da informação foram dinamizados em novas fronteiras. Basta um clique e nada mais, essa é a solução para vários problemas do cotidiano. Além de bate-papos e redes sociais, o que se destaca na rotina dos internautas são os jogos de PC. Soma-se aos jogos o conceito de “geração C”, que classifica como novo público consumidor de cultura e entretenimento, pensa a informação como uma “via de mão dupla”, ou seja, jovens que não querem apenas receber a informação, mas também conceber, criar, colaborar e criticar. O fato é simples, a vida conectada mudou o modo de viver e pensar a vida. Não se escreve da mesma forma, as pessoas se conhecem, se encontram, se casam das maneiras mais distintas nunca antes imaginada, só em ficção. Nesse sentido, os jogos de computador vão além da simples imitação do real. Na fantasia medieval, ficção científica e nos jogos de guerra que vários adolescentes e jovens constroem ou construirão suas tardes, noites e madrugadas em frente à telinha. No terceiro colegial, Luiz Guilherme Remi, de 18 anos, conta como cresceu em

Pirassununga frente a essas tecnologias. “Jogo CS desde que me conheço por gente, mas agora levo mais de boa por causa do vestibular”, conta Remi. O rapaz enfatiza que há alguns anos participava de “clans” voltados ao “Counter Strike (CS)”. O CS é uma variação do jogo “Half Life” que busca a ação através da simulação do armamento de guerra atual. Dividido entre os times do exército e dos terroristas, jovens trocam tiros e facadas até a morte. Uma tragédia? Não, segundo os participantes é só diversão. Também terminando o ensino médio, Matheus Schmidt é outro aficcionado pela febre dos jogos. Entretanto os jogos prediletos dele são “Ragnarok” e “Diablo 2”. São realidades fantásticas em que dragões, demônios, magias e armas medievais se misturam. Tanto em “Raganarok” quanto em “Diablo 2” o objetivo é ficar cada vez mais forte por meio da progressão do nível do personagem, tornando-o, dessa forma, imbatível. “Hoje eu pego mais de leve por causa do vestibular, mas a gente joga ‘Ps3’ ou ‘Xboxlive’ de vez em quando”, garante Schmidt.

Corujão, voando pela Web

Algumas cidades pequenas, às vezes, não oferecem muitas opções de lazer a diversas faixas etárias, como acontece em Pirassununga. Assim, o entretenimento virtual garante novas formas de repensar o

tempo livre. Uma das alternativas criadas foram os chamados “Corujões”. A coruja é uma ave de rapina de hábito noturno, que se alimenta de pequenos mamíferos como roedores e vagam pelas noites com mais frequência ao ver o sol se por. Pois bem, imagine um sábado à noite, em que você se veste, se arruma e vai pronto para a balada. Destino: a lan house, com mais oito amigos. Objetivo: matar, pilhar e destruir! Mas muita calma, tudo isso online. E para quem pensa que a diversão durante a noite só rola de fim de semana se engana. “Os corujões rolam não só de fim de semana, às vezes jogamos para ir direto para escola no outro dia”, é o que garante Luiz Remi. Será que usar o tempo de vida para uma atividade tão fora do ambiente natural é, realmente, legítimo ou seria uma nova roda inventada? O filósofo da USP Andrés Eugui aponta para um novo problema, em que a maquiagem cibernética não encobre os males da crise de identidade do homem atual. Há quem afirme que a técnica não é algo neutro, e há quem afirme o oposto. De qualquer maneira, existe a sensação de que os meios técnicos como, por exemplo, a internet, seja algo natural, o destino que o homem tem que aceitar e que ele mesmo criou.


Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo

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Poetas virtuais

Pelo Facebook, grupo de poetas de Araras cria o movimento Pontoação, uma nova maneira de manifestação da arte

Irineu Curtolo, proprietário do sebo na Rodoviária de Araras, criou o conceito Pontoação em 1999

Horácio Busolin Júnior

ara que um poeta pudesse divulgar seu trabalho no século XX precisava de apoio financeiro, e era necessário publicar suas obras em livros para que todos tivessem acesso. O contato com a palavra e também o contato de artistas com outros artistas se davam por meio de encontros em confeitarias, bares e cafés. Assim aconteceu no Modernismo, movimento artístico organizado em 1922, pelos escritores Mário de Andrade, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, entre outros, que se encontravam e se conheceram na Confeitaria Vienense. No século XXI a evolução da comunicação por meio da internet criou um mundo paralelo. A cultura digital propiciada pela

internet influencia a sociedade aumentando mento dentro da manifestação artística. a capacidade de se relacionar com pessoas Quando Curtulo criou o Pontoação cada vez mais distantes. No começo da dé- sua ideia principal era convergir e integrar cada de 2000 surgiram as redes sociais que a arte. “Minha ideia inicial era que uma obra puderam aproximar pessoas com empatia de arte pudesse ser concluída a partir da cride conteúdo e criar ação de outras pesnichos diferentes e “Minha ideia inicial era soas, promovendo formar grupos dos assim uma intemais variados gos- que uma obra de arte gração entre a obra tos em comum para pudesse ser concluída e seus vários ramos discutir política, como uma pintura cultura, esportes a partir da criação de inspirada em uma e inúmeros outros peça de teatro ou outras pessoas” assuntos. Dentro uma música comdesse novo espaço pletando a ideia de virtual se formou o Grupo Pontoação, que é um poema”, explica. um grupo existente no Facebook, formado O conceito é simbolizado por meio da por poetas ararenses apaixonados por arte e reticência que é colocada no final dos textos literatura. O conceito artístico, que foi criado e poemas escritos pelos componentes do pelo escritor e dono de sebo, Irineu Curtulo, grupo. “A reticência significa um símbolo em 1999, chama-se Pontoação, por misturar fechado, que colocado sobre as últimas paa pontuação da reticência com ação, movi- lavras dos textos, permite que esse texto

seja aberto e concluído por outras pessoas que não só o autor”, definiu o organizador. De acordo com o escritor, que é autor de inúmeras obras, como Orbitas Paralelas I e II, a iniciativa de criar o conceito que migrou para o Facebook no começo de 2011 é exaltar e divulgar somente obras autorais. “Hoje a internet promove integração e permite que você divulgue sua obra e não dependa da indústria editorial que só seleciona livros com poder de venda e que não são necessariamente bons livros”, explica. Desde que foi criado na internet no começo de 2011 o grupo já conta com 150 membros que postam poemas, letras de música, pensamentos e até trechos de livros e contos. Para o professor universitário da área de mídias digitais, Renato Frigo, as mídias digitais estão provocando a quebra de territorialidade, proporcionando que pessoas de localidades distantes compartilhem conteúdos.


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Manifesto PONTOAÇÃO

Para Paulo Felisberto a criação do grupo visa a divulgação de artistas independentes

Como forma de consolidar o bro fundador do grupo e geógrafo, escritor conceito e até de promover a inte- e músico, afirma que o grupo não é essengração dos membros do grupo Pon- cialmente virtual, tanto que o fato de ter toação foi realizado, no Centro Cultural migrado para o Facebook surgiu de converLeny de Oliveira sas entre os membros Para que o Pontoação Zurita, no dia 12 Augusto Meneguin e de julho, o Mani- sobreviva é preciso que Danilo Carandina, que as pessoas se reúnam tiveram a ideia inicial festo Pontoação, que consistiu no de levar o Pontoação como naquele dia, é encontro presenpara a internet. “O preciso conviver entre cial dos membros grupo se organizou, artistas, é preciso ser primeiramente, na do grupo formado no Facebook, artista fazendo arte de vida real, no contato e contou com pessoal e diálogos modo coletivo” performances entre pessoas. Depois musicais, teatrais decidimos pela divulgação por meio do envolvendo a literatura, desenho e a Facebook, e a partir desse ponto tivemos poesia. que organizar o grupo, pois o número de Paulo Felisberto, que é mem- integrantes já ultrapassa os 150. Nesse mo-

Criação

coletiva

O direito à livre criação é pensamento comum entre os membros do grupo. Augusto Meneguin, que também é músico da Banda Veludo Azul, não vê problema em ter sua obra continuada por outra pessoa. “É algo bem curioso, o fato de ver minhas obras completadas, já que acabo visitando a alma de outra pessoa, assim como ela visitou a minha. Estamos fazendo um tipo de sexo por palavras. Ela me lê, escreve em cima. Eu a leio e escrevo de novo. O mais interessante são as orgias. Quando diversas pessoas escrevem no mesmo poema. É possível atingir um grau de surrealidade absurdo, já que cada mente tem uma história bem singular”, observa Meneguin. O músico ainda aponta que a po-

mento tivemos que ajustar as temidas regras para que o grupo, como se faz necessário em qualquer espaço virtual, permanecesse coeso com os ideais do Pontoação e não fosse um espaço para postarem e divulgarem o que bem entendessem sem relação alguma com nossos objetivos”, explica Felisberto. Ainda de acordo com Felisberto, o encontro foi importante para que os membros do grupo discutissem pessoalmente a arte e sua forma essencial. “O encontro, sem dúvida foi muito mais interessante e excitante que a interação virtual, que é muito inspiradora. Vimos pessoas interessadas e envolvidas convergindo em um momento

para fazer arte, discutir arte e viver arte. Para que o Pontoação sobreviva é preciso que as pessoas se reúnam como naquele dia, é preciso conviver entre artistas, é preciso ser artista fazendo arte de modo coletivo, com a maior possibilidade de interações que a criação permitir”, afirmou. A intenção e objetivos discutidos no manifesto é divulgar artistas que possam mostrar sua arte na internet sem vínculos com grandes corporações.

Encontro presencial do Pontoação ocorreu no Centro Cultural em Araras

esia no Brasil é mal remunerada e nem sempre recompensa o trabalho do autor. “Não há motivo para se preocupar com direitos autorais de poesia: ela não vende mesmo. E, quando vende, o autor nunca recebe, porque as editoras não são transparentes ou lucram absurdamente, deixando algumas migalhas para o autor”, completa Meneguin. É claro que o modelo de divulgação da arte pela internet ainda não foi totalmente explorado e adaptado com a finalidade de remuneração. Porém, para o professor Renato Frigo, a internet e os canais digitais promovem maior divul-

gação do artista, que pode Augusto Meneguin, membro do Pontoação e vocalista da banda Veludo Azul criar e fazer o A discussão dos direitos autorais papel de editora. ”O caminho digital é o caminho da não é um assunto que interessa aos memcoletividade. Prova disso é a tendência bros do Pontoação. Afinal, como definiu da auto-publicação. Hoje o artista cria a Paulo Felisberto, “a arte é algo construído obra e lança a mesma nas mídias digitais também pelo autor e por outras pessoas sem precisar de uma editora, galeria ou interessantes e interessadas. Isso é fundaespaço físico para mostrar seu trabalho. mental para a construção e afirmação da Hoje temos milhares de exemplos de importância da arte para o ser humano e novos escritores que lançaram seus livros digitais na internet e estão sobrevivendo principalmente para que os artistas estejam juntos e não segregados. dessa forma”, explica Frigo.


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O apoio da família e, principalmente, a fé em Deus são a principais forças encontradas nesta difícil estrada para o sucesso

Tiago Csehak

O mundo dos esportistas é sempre visto como atrativo. Fama, sucesso, dinheiro e as seguidas oportunidades que surgem para os que conseguem ingressar fazem com que os que observam do lado de fora pensem que tudo é conquistado de maneira fácil e sem fazer muito esforço. A partir disso, começam a surgir os diversos rótulos, que são carregados como verdadeiros estigmas pelos atletas, que nem sempre conseguem uma oportunidade de demonstrar o contrário. E as adversidades ao longo do caminho do esportista? Quase sempre não são mostradas. Ao contrário do que a maioria pensa, a estrada para o sucesso é cercada de dificuldades como a falta de recursos, as falsas promessas e a grande quantidade de pessoas com o mesmo sonho, fato que dificulta ainda mais ao esportista realizar seu reconhecimento profissional. Dois exemplos dessa difícil trajetória são os jogadores de futebol Maicon Souza, de 22 anos, que atua no Portugal e também no Brasil e Jeferson Correia, de 23

Esportistas, as verdades que nem sempre são reveladas

anos, que também passou por clubes de Portugal. Souza e Correia apresentam opiniões diferentes sobre os rótulos sofridos pelos esportistas. Para Maicon Souza os rótulos nem sempre são injustos, mas ele acusa a imprensa de perseguir os atletas na maioria das vezes. “Bom, a diferença é que a imprensa está sempre em cima das pessoas públicas, o que expõe muito mais as suas ‘falhas’, o que não acontece com pessoas comuns. Para Jeferson Correia, os rótulos são injustos. Ele diz que as pessoas só conhecem os jogadores de futebol pelo que veem na televisão. “Muitas pessoas não sabem o que passamos para chegar onde tanto almejamos, não sabem das pessoas ruins que aparecem em nossas vidas”.

lheu por conta própria. “Comecei a treinar com dez anos, então acho que a vontade mesmo foi do meu pai, que incentivou-me a entrar para o esporte. As adversidades fazem parte das carreiras desses dois guerreiros. Maicon explicou que, para ele, o idioma, a falta da família e de sua terra natal são as maiores dificuldades enfrentadas. Jeferson Correia também comentou sobre o momento mais difícil até então na sua curta carreira. “A maior foi ter ido jogar em Portugal e simplesmente ser abandonado num país desconhecido, sem dinheiro, sem nada, com as cozinheiras praticamente dando resto de comida para eu almoçar e jantar”. Correia se apega principalmente em sua fé em Deus, enquanto Souza diz sempre contar com sua família e amigos para seguir em frente.

Principais motivações

Mensagem aos críticos

O motivo de terem escolhido a profissão é basicamente o mesmo para Jeferson e Maicon. A única diferença é que Jeferson Correia começou a treinar por escolha de seu pai, enquanto Maicon Souza esco-

Maicon Souza mais uma vez comenta sobre a imprensa e pede para que os esportistas tenham mais liberdade para trabalhar e viver. “Espero que eu tenha ajudado algumas delas a compreender e julgar

melhor os jogadores de futebol. Não quero que ninguém pense que somos perfeitos, mas sim que somos todos diferentes uns dos outros, e somos pessoas comuns como todo mundo, essa é uma profissão maravilhosa, cada um aproveita como quer. O grande problema é a imprensa que adora publicar os podres e somente os podres. Pensem bem, se a imprensa estivesse na cola de cada pessoa comum, e postasse os podres que cada um faz, já imaginou?” Jeferson Correia conclui que a maioria dos críticos sempre procura destruir a vida dos atletas, e também alerta sobre casos de suborno no mundo do futebol. “Os críticos sempre serão assim. Só sabem olhar o agora, o que acontece de ruim e com isso destroem a vida dos atletas. Por outro lado sempre tem aqueles que buscam a verdade. Hoje o mundo é muito sujo, quem manda é o dinheiro, é muito fácil subornar as pessoas e os esportistas. Perseverem, não desistam, porque o maior e melhor homem do mundo morreu de braços abertos por nós”, diz ele.


Sonhos que podemos ter 9

Bruno se dedica aos estudos para se tornar um grande engenheiro como seu pai

Sara Pizzol Tognin

Jovens sofrem pré-julgamentos pela escolha da carreira

Seria apenas mais uma história comum de adolescentes: a escolha da carreira profissional. Jovens que sofrem com a indecisão sobre qual profissão seguir. Há aqueles que já têm um exemplo bemsucedido dentro de casa e desejam seguilo. Outros que admiram o trabalho dos pais e trilharão o mesmo caminho, porém sem satisfação pessoal. Essa dúvida traz a eles um “sofrimento” maior, o do rótulo. Pessoas os rotulam por seguirem ou não a profissão dos pais, criticam e depreciam seus valores. A sociedade cresceu de uma forma desordenada, padronizando conceitos e costumes. Por que não ser igual ao meu pai? Qual o problema, sendo que gosto desta profissão? Será então que não devo ser o que gosto só porque meu pai também o é? Estas dúvidas giram em torno da mente de muitos adolescentes, em que a polêmica é a essência. Filhos que estudam em escolas particulares e têm pais empresários

bem-sucedidos são rotulados pelo famoso jargão “este é filhinho de papai”: aquele rapaz protegido pelo pai. Para o estudante de Engenharia de Produção, Bruno Cesar Pinto, de 24 anos, não devem existir preconceitos e, sim, valorização da profissão e apoio familiar. “Sempre gostei da Engenharia e meu pai, que também é engenheiro, me apoiou desde o início”. Sem se imaginar em outra profissão, Pinto garante que está na profissão certa e é aquilo que sempre desejou seguir. “No começo vários amigos me julgaram, diziam que eu não tinha determinação e vontade para seguir com meus próprios sonhos. Engano deles. Hoje, que estou no último ano da faculdade, me sinto realizado em vencer mais esta etapa da vida. Não me arrependo da profissão que escolhi”. Ele ainda brincou que não terá dificuldades, pois seu pai já passou por elas e poderá lhe ajudar a vencê-las. Já a estudante do 8º semestre de Ad-

ministração, Mariana Lima, de 21 anos, sofreu com a indecisão de qual profissão seguir quando estava terminando o ensino médio, prestes a encarar o vestibular. Filha única, a pressão de seguir o mesmo caminho e cuidar dos negócios da família era permanente. Seu pai, que é empresário há mais de 20 anos, incentivou a seguir sua profissão, por ser uma área bastante extensa no mercado de trabalho. “Então resolvi entrar no curso de Administração. No começo eu estava um pouco contrariada com o curso, não me sentia realizada. Sofri muito com a indiferença, principalmente por parte dos meus amigos. Muitos me criticavam, falavam que eu tinha que estudar em uma universidade fora do Estado, seguir outro caminho. Há quatro anos, Mariana reconhece que não estava feliz com o rumo que sua vida estava tomando, porém, hoje se sente madura e sem arrependimentos. Ela afirma que desvendou o mistério da Administração. “Ensina como calcular, como planejar, como criar estratégias e lidar com pessoas, além de responsabilidade social e ética”.

Tal pai, tal filho?

Não necessariamente. É o que diz a psicóloga Aline Maria Lazi-

nho. Para ela a fase da adolescência é marcada por transformações intensas, como as do corpo, do pensamento, sentimentos e hábitos. Responsabilidades vão surgindo e dificuldades também. A dúvida sobre qual profissão seguir é normal, mas desde que seja moderada. Os pais não devem obrigar os filhos a seguirem sua profissão, evitando dificuldades ou pensando na possibilidade de emprego garantido. Podem sugerir, pois fazem parte do crescimento as escolhas e as dificuldades. Os filhos nesta fase consideram bastante a opinião de seus responsáveis e quando isso é voltado como desagrado ao jovem, pode causar problemas depois, como a infelicidade e sentimento de incompletude.

“Todo adolescente passa por um período de mudanças naturais e vivenciar essas pressões dentro de casa pode atrapalhar seu processo de desenvolvimento e de autonomia. Muitos jovens ainda não sabem qual profissão seguir, por isso os pais têm de deixar que seus pássaros voem, voem para longe. Temos que ser o que queremos ser. Devemos isso a nós mesmos”, conclui a psicóloga.


10 Fernando Carvalho

Quem nunca gostou de ouvir música? A resposta parece ser comum entre as pessoas, mas se a pergunta for: Quem gosta de ouvir música gospel? Muitas pessoas vão pensar antes de responder. A música gospel

nada mais é que a composição escrita para expressar a crença individual ou a de uma comunidade com respeito à vida cristã.Trata-se de um gênero que surgiu no Sul dos Estados Unidos no final do século XIX. Grande parte do público que absorve esses gêneros musicais relacionados ao evangelho é composta por jovens. Com suas músicas variadas, muitos cantores alcançam sucesso. Nomes consagrados da música gospel, como Oficina G3, Aline Barros, Regis Danese, Fábio de Mello, banda Diante do Trono, Fabiana: “A busca pela palavra de Deus nos leva ao ritmo Gospel”

entre outros, contribuem para “quebrar” essa barreira entre música gospel e secular, além das canções dispararem entre as músicas mais tocadas nas rádios nacionais. Entretanto tem ocorrido, por parte da sociedade, de rotularem jovens adeptos desse som gospel. Fabiana Cristina Alves Bonfim ouve tanto a música convencional como a música gospel. “Gosto de Reginaldo Manzotti e Fábio de Mello, eles trazem uma paz espiritual muito boa”, declara Fabiana. O comportamento de lazer diferente, ou seja, ouvir músicas específicas em “louvor a Deus” pode trazer consequências especí-

ficas a cada grupo ou tribo social. Esses grupos apresentam características semelhantes em sua sociabilidade. “Ao compartilharem os mesmos valores, os indivíduos pertencentes a tal grupo formam sua subjetividade tendo-os como referencial”, conclui o sociólogo Marcos de Lima. As vendas do gênero gospel dispararam nos últimos dez anos com alta em torno de 70%. “São compradores fiéis que buscam a paz interior através das canções”, resume a proprietária da Discolândia, Silvia Nicoletto. O mercado ainda traz renda e satisfação aos envolvidos diretamente com o sucesso dos artistas gospel.

Boom da música gospel evidencia multidões de jovens seguidores

Estúdio MG3: a tendência é aumentar ainda mais a demanda

Renda extra

O músico Everton Lima, guitarrista profissional, gosta mais de tocar gênero gospel e garante que há respaldo financeiro. Entre os estilos que mais surgem é o cantor solo que faz o estilo “pop star”. “Eles se dividiram em cantores individuais para

baratear suas contratações”, diz o produtor musical Enrico Cadorini, do Estúdio MG3. O jornalista e músico gospel, Denis Martins, frisa bem o número crescente de ouvintes não-evangélicos, da música gospel. “O primeiro e principal motivo é a qualidade com que as músicas são feitas.

O pessoal que não é evangélico, católico ou cristão, principalmente os ateus, gostam do som e não das letras, pois elas remetem à salvação em Cristo e, consequentemente, quem não é cristão não dá atenção às letras, somente à qualidade do som”, conclui Martins. Ainda assim, em geral, o seguimento

gospel é formado por pessoas cujo objetivo principal é difundir o evangelho por meio da música, independente do ritmo, como rock, blues, samba, pagode, frevo, rap ou até mesmo o baião. O sucesso quando acontece é consequência do bom trabalho, garantem adeptos e músicos.


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Adolescentes e as festas do peão

Vegetarianismo precoce Bruna Leme

Murillo Veschi

Durante o ano acontecem várias festas do peão. As das cidades de Jaguariúna, Americana, Barretos e Limeira estão entre as melhores do país. É uma festa que contagia multidões, por causa dos shows. Em sua maioria, trazem bandas e cantores do ritmo sertanejo. O estilo que se pode chamar de country, de tradição americana, vem crescendo e, segundo a psicóloga Rita de Cássia, “esse estilo que uns chamam de cowboy outros de peão, vem crescendo bastante no país. Podemos ver até crianças com chapéus, botas, uma cinta, calça mais justa no corpo. Talvez o motivo desse crescimento seja o aparecimento de tantas duplas sertanejas e a festa mesmo, que faz tanto sucesso em todo o Brasil”. Higor Veschi frequenta rodeios desde os dez anos. Ao lembrar do lazer, comenta que já sofreu preconceito. “Vivo festa do peão, quando era criança ia com meus pais e hoje sempre vou a todas as festa quando estou de folga. Sempre fui vestido de cowboy, com bota, chapéu, fivela, calça apertada e camisa. Gosto desse estilo, sou sertanejo, nasci no meio dos bois, não ligo quando alguns me chamam de apelidos relacionados. Em todo lugar vou assim”. Para a jovem Ângela Isaura, de 16 anos, esse tipo de evento tem seu lado positivo e negativo. “Gosto de ir a shows para sair um pouco com minhas amigas, mas tenho muito medo, pois sempre têm brigam e confusões, esse seria

um lado que a organização poderia ter um pouco mais de cuidado”. Ângela também fala sobre as bebidas alcoólicas. “Eu não bebo, então não vou atrás para comprar, mas amigos meus que bebem compraram e, quando não conseguiam, só pediam para um amigo mais velho comprar”. Nesse tipo de festa é comum encontrar jovens entre 15 e 18 anos que entram sozinhos na festa. A psicóloga Rita de Cássia esclarece que não há problema “do menor poder entrar, proibir o menor de ir sozinho à festa não é o caminho, o que temos que analisar é a educação dos pais. A partir do momento que o filho pede para ir a qualquer festa sozinho o que tem que ser feito é uma educação, para que o menor não consuma bebida alcoólica, não pegue coisas de estranhos, enfim, uma série de coisas que tem que partir dos pais”. Sobre o preconceito, a frequentadora da festa Franciele Werneck diz que nunca sofreu nenhum tipo de brincadeira. “Sobre usar esse estilo country, talvez seja porque para as mulheres é um estilo mais comum, pois usamos sempre uma bota e uma outra roupa que combina, e praticamente toda mulher usa uma bota no inverno, então acho que as mulheres não sofrem esse tipo de preconceito e, para ser sincera, hoje em dia nem os homens que são cowboys sofrem alguma brincadeira”. A música sertaneja é uma tradição do país e é muito forte no interior dos estados paulista e goiano.

O vegetarianismo é um hábito antigo que cresce continuamente, em especial entre adolescentes e jovens, seja por filosofia de vida, em prol do meio ambiente, ou mesmo por uma questão estética. Seja por ideologia ou por causa da saúde não há idade para se iniciar uma dieta desse tipo, de acordo com os especialistas. Essa maneira de se alimentar tratase de um regime baseado fundamentalmente em alimentos de origem vegetal. Os vegetarianos excluem da sua dieta carne e seus derivados, como a gelatina feita à base de ossos animais. Os adeptos mais restritos excluem da alimentação todo alimento proveniente de ser vivo. Já os veganos são mais radicais, excluem a dieta à base animal e deixam de adquirir qualquer artefato advindo dessa origem, como alguns cosméticos, roupas, calçados, entre outros. Com pais religiosos, Larissa Blumer, 17 anos, usou como pretexto a quaresma para se tornar vegetariana. “Nunca apreciei muito a ideia de precisar matar algum animal para me alimentar. Assim que notei, após quarenta dias que não senti falta alguma de carne, parei totalmente. Atualmente posso dizer que, além da questão do gosto pessoal, me preocupo com os animais e o meio ambiente. Achava hipocrisia alegar isso no início. Hoje, já é válido”, revela a adolescente. Com Maria Helena,19 anos, foi diferente. A ideia de ser vegetariana começou pouco antes de completar seus 12 anos. Traumatizada em ver sua avó matar galinha, decidiu parar totalmente de comer qualquer tipo de carne animal. “Não como nada de carne nem frango, peixe ou frutos do mar. Só o cheiro me enjoa. Tomo leite e como ovo normal, apenas não como carne. Tento comer soja pelo menos uma vez na semana, procuro me alimentar diariamente de feijão e massas para não ter nenhum problema de saúde”, explica.

No que se refere à saúde, os argumentos do vegetarianismo são muito fortes. Parte das denominadas doenças da civilização, como a diabetes, as doenças cardiovasculares, câncer e problemas intestinais estão diretamente ligadas à alimentação, nomeadamente a dietas ricas em açúcar refinado, gorduras, sal e baixos níveis de fibras. Uma dieta vegetariana diminuiu a ingestão total de gorduras substituindo as gorduras animais por gorduras vegetais. A ingestão de cereais, leguminosas, vegetais e frutos garante a quantidade necessária de fibras e, ao consumir alimentos integrais, consegue evitar que elevados níveis de sal e açúcar contidos em muitos alimentos sejam transformados e refinados. Assim, quando uma pessoa decide se tornar vegetariana, o primeiro passo é procurar ajuda de um nutricionista, para que, futuramente, não apresente deficiências nutricionais, causando sérios problemas de saúde, visto que o produto de origem animal é mais rico em proteína do que o produto vegetal, porém pode ser combinado com outros. “Todos os alimentos vegetais têm nutrientes, mesmo que em níveis menores. Existem muitas formas de compor uma dieta equilibrada. Até mesmo grandes atletas adotam o vegetarianismo. Se o indivíduo se alimentar todos os dias de alimentos como leguminosas, cereais, hortaliças, frutas, gordura insaturada, independentemente de ser vegetariano ou não, ele será uma pessoa saudável, lembrando que a alimentação deve ser feita de pequenas porções e, de preferência, de três em três horas”, explica a nutricionista Fernanda Corte. A opção de comer ou não carne sempre existirá, cabe à pessoa decidir, cuidando obviamente para que se esteja ofertando uma dieta saudável, com todos os nutrientes, para a idade. O correto é deixar que, no futuro, a pessoa decida o que é melhor para ela, para os animais e para o ambiente em que vive.


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Diferença, preconceito e rotulagem:

polêmicas sempre em discussão Rafaela Davolli diz estar cansada de sofrer preconceito por seu estilo alternativo Vanessa Martins

Diferença é algo difícil de lidar e não são todos que a respeitam, bem como nem todos conseguem perceber que o tradicional não é exatamente o conceito de certo, e sim mais um ângulo de se observar. E os que sofrem com essa rejeição do preconceito? Vários jovens que são rotulados preconceituosamente têm medo de seguir seus pensamentos e lemas, porque partem da premissa de que a sociedade não irá aceitar. Rafaela Davolli, 19 anos, afirma que tem medo de se vestir como quer, porque pode ser “massacrada” pelo olhar da sociedade, pela forma como os outros lidam com as diferenças. Rafaela completa que as pessoas costumam se colocar na defensiva e acabam a maltratando com a rejeição. Para a psicóloga Maria Angela Vargas

Bueno a rejeição tem peso na vida do adoles- se as pessoas se integragem mais aos membros cente. Eles temem ser socialmente rejeitados, de diferentes grupos, gerarem interdependência pois suas relações são essenciais para apren- mútua, igualdade de status no contato, e tarefas der lições que lhes permitirão participar da cooperativas, bem como terem contato informal sociedade adulta. os membros do A dor de ser rejeitado por com Portanto, sentioutro grupo, e presum grupo de colegas pode sionarem o poder mento de pertença a um grupo é tão ser “uma questão de vida ou público a aprovar importante ao ser morte” para um adolescente normas sociais que humano que ele promovam a igualpode desajustar-se psicologicamente quando dade, indica a especialista. não consegue sentir-se incluído no grupo. Outro ato preconceituoso acontece “As identificações com um grupo e com uma quando pessoas ofendem outras, devido a identidade grupal são decisivas à formação in- rótulos ligados às características genéticas e dividual, enquanto modelos de liderança e de naturais da pessoa. Essas pessoas rotuladas personalidade desde a infância”. são apontadas pela comunidade como se esMaria Angela afirma que há possibi- colhessem ser distintos, e suas características lidades de redução do preconceito na sociedade físicas fossem o que mais importa e, na ver-

dade, não há diferença nelas. Normalmente o preconceito com pessoas que apresentam geneticamente características que não são da “moda” começa na adolescência. A psicóloga Maria Angela pontua que a influência dos colegas durante a adolescência é expressiva, e costuma exercer poder coercitivo considerável – isto é, os amigos são rápidos para dispensar, desaprovar, provocar e rejeitar o jovem quando normas sociais não são seguidas. A dor de ser rejeitado por um grupo de colegas pode ser “uma questão de vida ou morte” para um adolescente. Quanto maior o poder de referência que o amigo exerce, maior a probabilidade de influência. Portanto, o preconceito causa problemas de sociabilidade, além de ser um ato que diminui e rejeita no outro a possibilidade de ser e se apresentar como quiser.


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