NOVIDADE
ENTREVISTA
ARTIGO
PARCERIA.ORG 5
DÉBORA ALMEIDA 6
MARGARETH RAGO 12
REVISTA
FÁBRICA DE IMAGENS EDIÇÃO 21 | JULHO - AGOSTO - 2015
14 ESPECIAL
CURTA O GÊNERO 2015 MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS E MOVIMENTOS FEMINISTAS
NOVIDADE
ENTREVISTA
ARTIGO
PARCERIA.ORG 5
DÉBORA ALMEIDA 6
MARGARETH RAGO 12
REVISTA
FÁBRICA DE IMAGENS EDIÇÃO 21 | JULHO - AGOSTO - 2015
14 ESPECIAL
CURTA O GÊNERO 2015 MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS E MOVIMENTOS FEMINISTAS
CONTEÚDO
Capa Lola Green por Thyago Nogueira
4 COM PARTILHA Kelma Nunes
Coordenação Geral
Intolerância Religiosa
Marcos Rocha 5 Coordenação Socioeducativa Christiane Ribeiro Gonçalves Dário Bezerra
NOVIDADE Parceria.org Fiinanciamento Coletivo
Taiane Alves 6 Design e Layout
ENTREVISTA
Thyago Nogueira
Débora Almeida A lenda de Iansã no século XXI
Projeto Gráfico Thyago Nogueira
10 INSTITUCIONAL
Jornalistas Luizete Vicente
Curta O Gênero Itinerâncias pela América Latina
Monique Linhares 12 Edição e Revisão Laís Regina
ARTIGO Margareth Rago Feminismos e Políticas da
Contribuições
Subjetividade
Kelma Nunes 14 Fábrica de Imagens
CAPA
Ações Educativas em Cidadania e Gênero
Curta O Gênero 2015
Rua Odilon Benévolo, 1133 - Maraponga
Múltiplas Perspectivas e
Fortaleza - CE
Movimentos Feministas
2015 +55 85 3495 1887 fabricadeimagens.org.br
19 PERSPECTIVAS Um Novo Caminho:
Versão digital disponível em: issuu.com/frabricadeimagens 2
Políticas Culturais de Gênero
CARTA AO LEITOR
EI! Já percebeu, né? Estamos de visual novo e fresquinho, com bastante ventilação de texto e imagens, como descrevem os designers por aí, e o nosso também! Resolvemos dar uma reformulada na editoração e até na linha editorial, que pretende possibilitar visibilidade e leitura de conteúdo com mais leveza, descontração e diálogo com as interfaces digitais. Criamos novas seções para a revista, incluindo a mudança de nome deste próprio texto que você lê para Carta ao Leitor, ao invés de Editorial, porque na verdade é isso mesmo, palavras endereçadas a você para facilitar e introduzir sua leitura da revista. O Curta o Gênero mais uma vez se supera, atraindo um público maior e plural em uma programação mais extensa de atividades. Não por acaso, ele é sempre capa no nosso Informativo quando o apuramos em toda sua dimensão, além de ser o projeto que mais nos exige uma produção dedicada e cuidadosa. A quarta edição trouxe muitas novidades, agregando mais colaboradores(as) para futuras parcerias com o projeto, como a realização das Itinerâncias do Curta o Gênero no Brasil e em outros países, com apoio da Rede Latino-Americana de Gênero e Cultura, constituída no I Encontro Latino-Americano de Gênero e Cultura. Você pode conferir mais detalhes sobre essas informações em três matérias da revista. Os questionamentos sobre o Feminismo, tema desta edição do COG, ampliam as abordagens dos debates e das performances possíveis, a partir da perspectiva de gênero. Do teatro às mesas do Seminário Gênero, Cultura e Mudança, é fácil extrair diversas temáticas transversais e necessárias para a construção do(s) feminismo(s). Partindo das reverberações do Curta o Gênero, realizamos entrevistas sobre os temas que norteiam o evento. Uma delas foi com Débora Almeida, escritora e atriz carioca que se apresentou no Gênero em Cena, parte da programação do COG especialmente voltada para o teatro. Ela conta sua pesquisa em performance afrobrasileira e teatro negro num bate-papo sobre feminismo, artes cênicas e raça. Outra perspectiva sobre feminismo veio com a professora Margareth Rago, em uma entrevista aprofundada sobre Políticas da Subjetividade, que também foi tema de sua participação na mesa Feminismos brasileiros: trajetórias e devires. De tão densa, transformamos a entrevista em um artigo para não quebrar a linha de raciocínio de suas respostas, tornando a narrativa sobre o assunto mais fluida.
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COM PARTILHA COLUNA
DECIFRA-ME, EIS O DESAFIO INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
N POR KELMA NUNES
COORDENADORA DO GT MULHERES DE AXÉ/ SARAVÁ, DA REDE NACIONAL DE RELIGIÕES AFROB RASILEIRAS E SAÚDE.
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o Brasil, apesar de sua diversidade cultural e étnica, a trajetória de constituição da sociedade está inserida no cenário colonialistaexpansionista do capitalismo mundial mercantilista do século XV, que tinha como matriz ideológica a conquista de terras e a submissão de povos ditos “primitivos”. Um pensamento dominador, segregativo e seletista-excludente vivido no continente europeu. Esse mesmo paradigma invade o continente africano em busca de riquezas e mão de obra qualificada, pois, a despeito do que a historiografia oficial relata, os africanos eram detentores de grandes conhecimentos em agricultura, pecuária, ferro, mineração e medicina de base natural, para citar algumas. E isso foi o que o colonizador foi buscar em África. Esse comércio escravista, ao aportar no Brasil, trouxe milhões de negros e negras que contribuíram de forma direta na formação da sociedade brasileira, sendo um dos legados das etnias africanas a resignificação de suas tradições religiosas a partir da instituição dos Terreiros de Matriz Africana, como o Candomblé. Criados como espaços de resistência, eles continuam como referência do povo negro para as lutas cotidianas pela afirmação identitária e contra as expressões de racismo travestida de intolerância. O Brasil é um país que desde a Constituição de 1891 é um Estado Laico, o que significa que não pode estar atrelado a uma Religião ou privilegiar alguma. A atual Constituição brasileira de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, afirma em seu Artigo 5, Inciso VI: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. A liberdade religiosa é um direito de cidadania e um direito fundamental da humanidade, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário. Mas, apesar dessas garantias, os Terreiros de Matriz Africana são alvo constante de ataques de grupos religiosos fundamentalistas, que, embasados num argumento ínfimo de
que nesses espaços se cultua o demônio, assumem para si a tarefa de “evangelizar” os afro-religiosos ao denunciá-los para a sociedade, o que ocorreu em 21 de janeiro de 2000, quando o Terreiro de Mãe Gilda de Ogum, em Salvador, Bahia, foi invadido e sua imagem usada de forma indevida no jornal Folha Universal, que chamava-a de macumbeira charlatã. Essa história terminou com um infarto fulminante que levou a óbito Mãe Gilda e, posteriormente, a instituição do 21 de janeiro como o dia de combate à intolerância religiosa. Ampliando um pouco o olhar sobre a In-tolerância, podemos visualizar o pensamento de base ocidental, elitista, machista e racista, que tem como tese a classificação binária de raças superiores/ raças inferiores e culturas evoluídas/ culturas primitivas, em que símbolos, rituais e elementos da cultura africana ou afrodescendente são classificados como inferiores/demoníacos/não racionais. De fato, tudo que foge à lógica da racionalidade ocidental acaba na vala comum. A predominância do pensamento eurocêntrico no cenário brasileiro tende a impor uma maneira de sociabilidade, uma maneira de pensar, sentir e agir que leva à segregação de grupos, incentiva o machismo, o sexismo e o apartamento entre sagrado e profano, entre bem e mal no campo religioso. Os Terreiros como espaços da Cosmovisão Africana e de expressões específicas e complexas em sua ritualística, edificados por mulheres, acabam como alvo do olho do furacão, esse olhar punitivo judaico-cristão, afinal é mais fácil punir do que entender, castigar do que abrir-se para a compreensão. Infelizmente muitas comunidades de matriz africana acabam travando uma batalha cotidiana para se afirmarem como Terreiro, pois esse assumir-se vem também com bagagem pronta, ou seja, racismo, machismo, sexismo, preconceito de raça e cor, perseguições, insultos. E o que, de coração, essas comunidades desejam é o respeito como pedra basilar da sociabilidade entre as religiões. Tolerância, não! Respeito à diversidade religiosa, sim!
NOVIDADE
PARCERIA.ORG
POR LUIZETE VICENTE FOTO GRÁ DIAS
FINANCIAMENTO COLETIVO PARA PROMOÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
C
onsiderando o reconhecimento à dignidade, respeito, diversidade, equidade e à liberdade como inerentes aos direitos de todos os seres humanos, a ONG Fábrica de Imagens lança seu novo projeto, o site Parceria.org, que é uma nova plataforma de financiamento coletivo para propostas que promovam ações com foco nos direitos humanos. O site tem como objetivo financiar projetos de pessoas, organizações ou coletivos que desejam arrecadar recursos online para realizar ações que envolvam educação, cultura, comunicação, entre outras áreas. As ações divulgadas no Parceria.org são aquelas que se propõem a fortalecer ideias ou atividades pela afirmação de direitos e pelo combate às diversas formas de opressão, discriminação, preconceito, violências e violação. Podem ser cadastrados projetos que envolvam novas tecnologias de informação, linguagens artísticas, mobilização e
articulação social, bem como nas áreas de informação, fruição, formação, produção ou difusão de bens e ações. A arrecadação dos projetos ocorre em um prazo de até 60 dias e a contribuição pode ser realizada via transação com cartão de crédito. Apoiadores de cada projeto terão como contrapartida a apresentação dos resultados no próprio site, na área do projeto, e as recompensas ficam a critério do/da proponente, pois os projetos não seguirão um padrão de realização ou confecção de produtos. Laís Regina, coordenadora do projeto, afirma que “o desafio começou e precisamos de pessoas e instituições que proponham projetos com temáticas voltadas aos direitos humanos, assim como é necessário que pessoas e empresas ajudem a financiar projetos em que acreditem”. A intenção, segundo ela, é “construir uma rede forte de confiança, solidariedade e propagação de boas ações”.
ACESSE O SITE DO PARCERIA.ORG E SUBMETA SEU PROJETO DE FINANCIAMENTO. É GRÁTIS!
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ENTREVISTA
A LENDA DE IANSÃ NO SÉCULO XXI DÉBORA ALMEIDA ATRIZ INDEPENDENTE, ESCRITORA, CANTORA, BAILARINA, PRODUTORA CULTURAL, PROFESSORA E PESQUISADORA EM ARTES CÊNICAS.
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Débora dedica-se à pesquisa em performance afro-brasileira e teatro negro desde 2001. Participou da primeira edição do Gênero em Cena com a peça “Sete Ventos”, que narra depoimentos de mulheres negras e o mito de Iansã. Como foi receber o convite para participar da primeira edição do Gênero em Cena? ENTREVISTA MONIQUE LINHARES TEXTO LUIZETE VICENTE FOTO THYAGO NOGUEIRA
Eu vi a programação e adorei! E pensei em mandar um artigo para o simpósio ou uma programação artística para o evento. Enviei um e-mail falando sobre o meu trabalho. Logo em seguida, recebo uma ligação da produção do Curta O Gênero pedindo informações sobre a peça e confirmando minha presença. Fiquei super feliz! Como começou sua trajetória no teatro?
afro-brasileira e teatro negro em 2001, na Cia dos Comuns. A companhia foi criada no Rio de Janeiro, em 2001, pelo ator e diretor Hilton Cobra e tem como objetivo propor e pesquisar novas estéticas e estruturas dramatúrgicas a partir da cultura de matriz africana e produzir seminários, oficinas e fóruns de discussão sobre as Artes Cênicas Negras. Lá atuei nas funções de atriz, pesquisadora teatral, colaboradora dramatúrgica e produtora cultural de 2001 a 2010. Foi lá que iniciei meu trabalho na questão negra com o recorte de gênero. A cada espetáculo que fazíamos eu sempre estava pesquisando a situação da mulher negra. Como se inspirou para escrever essa peça? E de que forma essa pesquisa se relaciona com as questões de gênero, feminismo e raça?
Comecei minha pesquisa em performance 7
“O racismo não permite que você exista como pessoa negra. Você tem que alisar o cabelo, tem que afinar o nariz.”
Sete Ventos foi o meu primeiro trabalho solo. Pesquisei, produzi, dirigi e atuei. A peça surgiu dessa vontade de falar sobre a questão da mulher, a questão da raça e a questão do feminismo na visão da mulher negra. Uma mulher negra falando da vida de mulheres negras. Não é o outro falando de mim, não é o outro falando da mulher, mas a própria mulher falando da mulher! O espetáculo não copia esses depoimentos e coloca eles de uma forma crua. Tem toda uma elaboração, pois ele se baseia na fala de várias mulheres que se encontram. Muitas coisas que foram feitas no palco surgiram das falas que eram muito parecidas ou semelhantes nas suas experiências, nos seus desejos e nos seus anseios. E a questão com Iansã surgiu porque entendo esse trabalho como um resgate identitário da mulher negra com sua ancestralidade. E Iansã, pra mim, é a síntese da mulher contemporânea, um Orixá que transita no espaço feminino e no espaço masculino, que vai pra guerra e luta ao lado de Xangô. Fui ligando as histórias dessas mulheres com a mitologia de Iansã. Como seria uma lenda de Iansã no século XXI? Como é a Iansã que vai ao mercado, estuda ou trabalha? Tem uma história que eu sempre gosto de contar que fala sobre a lenda da Iansã que vai pra guerra e deixa o seu filho com Oxú. Ela pede para Oxú cuidar do seu filho enquanto ela vai pra guerra. A mulher contemporânea faz isso. Ela deixa o filho na creche para trabalhar. Você fala desta relação do mito com a realidade. Como ver uma ligação entre sua peça e os dramas cotidianos da mulher negra brasileira? Como elas enfrentam a questão do racismo e do machismo? Não tem como fazer um trabalho com recorte de raça e gênero e não falar sobre o racismo e machismo. Eu venho do Rio de Janeiro, sou brasileira, e no Brasil todos os dias você é lembrado que é negro e que tem de se posicionar quanto a isso, porque todo dia você é abordado racialmente. E quando se é mulher negra, você é abordada por causa da raça e do gênero. Eles querem afirmar o lugar que você deve ocupar e que posturas deve ter. Então, quando você opta por fazer um espetáculo pautando estas duas questões, não tem como deixar de falar sobre estes dramas. Quais narrativas surgem daí? A narrativa da dor é uma. O racismo não permite que você exista como pessoa negra. Você tem que alisar o cabelo, tem que afinar o nariz, entre outras coisas. Retiram sua identidade, cotidianamente, e quando se é mulher negra você pode até existir, mas deve estar dentro de alguns padrões que a sociedade machista e sexista
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impõe. E a peça fala sobre isso! Fala sobre a luta diária da mulher negra, fala sobre o seu empoderamento, fala sobre os seus direitos. E isso ocorre porque o texto não é totalmente fechado. Ele trabalha muito com a performance e tem momentos que a platéia é chamada para falar, e mostra como as pessoas têm dificuldade em falar das características de uma pessoa negra. Não falam que ela (a personagem) é negra, falam que é morena, não falam que seu nariz é largo ou que seu cabelo é crespo. E são sete histórias, sete Iansãs que transitam entre o racismo no olhar de uma criança, no olhar sobre identidade de uma senhora, no olhar sobre o machismo que uma mãe solteira passa, entre outros olhares. Falo das contradições que ocorrem dentro de cada uma delas. Como é a experiência do racismo de dentro pra fora. Não é falar do outro somente, mas falar o que esse outro me causa e como eu lido com isso. Como o corpo negro reage a todas essas contradições. Como o teatro aborda a questão do negro e da mulher? Existem mais demandas para que as pessoas assistam peças que tratem das questões de raça e gênero? Atualmente, a demandas sobre estes assuntos têm sido pautadas. Sei que existe um caminho muito longo para percorrer em relação a essas questões. No entanto, vemos essas temáticas sendo mais abordadas em nichos. Temos uma gama imensa de atores, produtores, diretores, dramaturgos, grupos e artistas negros do norte ao sul do país. Porém, temos a questão da invisibilidade, acredito que por serem temas difíceis de se discutir no Brasil, pois temos o ideário da “democracia racial”, que cria um pensamento de não existência do racismo. Com isso, pensam que não precisa debater no teatro, mesmo sabendo que exite uma separação entre teatro negro e o teatro nacional. Vale lembrar que o teatro é um movimento político, e todo ato é um ato político. E se eximir de uma pauta é também um ato político. A questão negra é sempre vista como menor ou amadora e, no Brasil, o artista negro não é enxergado como um profissional. Temos hoje incentivos nacionais com editais para valorização e fomento da cultura afrobrasileira, mas ainda é muito pouco, pois o investimento liberado para um grupo de teatro negro trabalhar é infinitamente menor que de um grupo não negro. Mas estamos criando alternativas sobre a questão de gênero. Temos redes de atrizes no Brasil e em outros países que tratam no teatro da questão feminista e da questão de raça. Enfim, tem muita gente fazendo!
“Me olhei no espelho e vi minha mãe Iansã, em pé, olhando pra mim. Sete ventos ela mandou na minha direção, sete chamados, e eu recebi.” FOTO JOSÉ DE ANDRADE
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CAPA
CURTA O GÊNERO MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS E MOVIMENTOS FEMINISTAS
TEXTO MONIQUE LINHARES EDIÇÃO LUIZETE VICENTE FOTOS GRÁ DIAS THYAGO NOGUEIRA UBERSON GOMES
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EM 11 DIAS DE PROGRAMAÇÃO E EM TRÊS LOCAIS DA CIDADE, O CURTA O GÊNERO 2015 VEIO PARA DESCOMPLICAR E POTENCIALIZAR ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE FEMINISMOS E GÊNERO.
“Feminismos pra que?” e “Feminismos pra quem?” estampavam muros junto a ilustrações super coloridas em alguns lugares da cidade perto dos dias 7 a 18 de abril. Questões que são um tanto recorrentes e parecem dizer a mesma coisa ou soar até mesmo pedantes, mas que não são. Em sua 4ª edição, o Curta o Gênero (COG) 2015 veio para descomplicar e potencializar algumas perguntas que o feminismo levanta. Foram 11 dias com uma intensa programação, em três diferentes locais de Fortaleza/CE. A proposta de sempre conectar o que tem sido produzido nos campos das artes e da academia obteve sucesso nas edições anteriores, conseguindo atingir um público mais diverso a cada ano. Foram inscritas cerca de 400 pessoas para o IV Seminário Internacional Gênero, Cultura e Mudança, que contou com sete mesas, seis eixos do Simpósio Temático e quatro minicursos, entre os dias 13 e 18 de abril. O Seminário ocupou salas e espaços da Faculdade de Economia, Atuariais, Administração e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará (FEAAC - UFC) e da Casa Amarela Eusélio Oliveira (equipamento da UFC), onde também ocorreu a Mostra Internacional Audiovisual, com exibição de 48 filmes de curta-metragem. 11
CAPA
SEMINÁRIO Em todas as edições, o Seminário dá o tom dos caminhos que o COG percorre, sempre trazendo para o debate um tema relevante no contexto dos estudos de gênero. Em 2015, trouxe o Feminismo como conceito e campo polissêmico e polissemântico, extremamente fértil teórica e politicamente. O objetivo do Seminário não se limitou em eleger apenas uma perspectiva feminista, mas tentou fortalecer a posição de que são esses múltiplos significados e interpretações que conferem ao pensamento feminista toda sua abrangência, seu potencial para a instigação, reflexão e construção de outras lógicas, outras performances, outros pensamentos políticos e outras relações entre pessoas, povos e nações. A escolha do tema é consequência de sementes plantadas ainda no Curta o Gênero 2014. Na ocasião, mesmo voltados para o tema da liberdade e suas interconexões com as questões de gênero, sexualidade, democracia, fundamentalismos e violações de direitos, percebemos que os olhares, avaliações e proposições feministas nestes campos se constituíram como um ponto forte e denso. Daí a decisão de aprofundar o assunto no nosso encontro seguinte. Importante ainda salientar o apoio cultural da Coelce e do Governo do Estado do Ceará e o patrocínio dos Correios e da Petrobras, especialmente, que está no projeto desde a primeira edição do Curta o Gênero.
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GÊNERO EM CENA Em 2015, teve novidades na programação do evento. Uma das iniciativas inclui o retorno da linguagem cênica na mistura de expressões artísticas que o Curta o Gênero agrega, o “Gênero em Cena”. De 07 a 10 de abril, foram quatro espetáculos cênicos gratuitos no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, com uma plateia de aproximadamente 600 pessoas ao longo dos quatro dias. Todas as peças transitaram nos delicados universos das sexualidades, identidades, violências e desigualdades que se constroem a partir do machismo, do racismo e das homolesbotransfobias. A semana de teatro, que antecedeu o seminário, chamou outros públicos, além dos participantes que já acompanham o COG há mais tempo. Sob direção de Jezebel de Carli e produção de Silvero Pereira, o “BR Trans” (CE) traz a cartografia artística e social do “universo Trans” no Brasil, por meio de um paralelo entre a pesquisa e a vivência no dia-a-dia das travestis e transformistas do Nordeste ao Sul do país. O segundo dia trouxe a peça Maieutica (CE), do grupo Parafernália Poética, que questiona o papel da mulher compreendido, social e historicamente, como apêndice do homem. No terceiro dia foi apresentado, pela primeira vez em Fortaleza, o esperáculo Borboletas de Sol de Asas Magoadas (RS), da diretora Evelyn Ligocki, que realiza uma visita ao cotidiano das travestis, na qual pretende desmistificar e romper preconceitos. E para finalizar a semana, a peça Sete Ventos (RJ), da diretora Débora Almeida, que convida a plateia para uma conversa sobre mulheres negras e o mito de Iansã.
EXPERIÊNCIA COG A CRIAÇÃO DE UMA REDE O Curta o Gênero 2015, na sua totalidade, é a expressão da crença que se tem nos feminismos e nos estudos de gênero como ferramentas de mudança. Pode ser a partir de uma roda de conversa, nas mostras audiovisuais, na exposição fotográfica, nas mesas e simpósio temático, nas apresentações cênicas e musicais e nas intervenções urbanas; pode ser também em encontros para discussão sobre gênero e política cultural no Brasil e até na América Latina. Nesta edição, além da realização do III Encontro Nacional Gênero nos Pontos, organizado pelo GT de Gênero da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC), aconteceu o I Encontro Latino-americano Gênero e Cultura a partir de articulações com Pontos de Cultura brasileiros e de alguns países latino-americanos, com forte parceria do Ponto de Cultura Panelladexpressão, de Brasília/DF. O objetivo do encontro era discutir pontos nevrálgicos da cultura relacionada às questões de gênero nesses países, como o machismo, a heteronormatividade e a lesbohomotransfobia, que são aspectos culturais estruturantes significativos no nosso continente e, portanto, devem ser objeto das políticas públicas culturais e investimento financeiro para que se promova a equidade de gênero e a afirmação da diversidade sexual, por meio de ações tanto afirmativas quanto transversais. No encontro, foi criada uma Carta de intenções para guiar a Rede Latino-Americana de Gênero e Cultura, também lançada nele. Além de fortalecer organizações não governamentais e coletivos na América Latina, serão articuladas parcerias e intercâmbios entre entidades, bem como organizações governamentais e outras instituições congêneres, todas em rede para que se desenvolvam ações em Gênero, Sexualidades e Cultura, interseccionadas ou não com as questões de classe, geração, acessibilidade, raças e etnias e outras lutas.
“Eu vim pro Curta O Gênero apresentar um artigo e foi muito importante poder encontrar pessoas que pesquisam no mesmo eixo que eu pesquiso, o que é muito raro, pois geralmente as áreas de gênero e arte estão bastante separadas. Foi incrível trocar experiências e conhecimentos.” Leticia, Artes Plásticas - UDESC
“O Curta o Gênero é muito interessante
porque traz essas pautas. Falar sobre sexualidade e gênero é muito importante para se traçar posturas de resistência e pensar perspectivas de avanço..”
Aglailton, Ciências Sociais - UECE
“É maravilhosa essa iniciativa da Fábrica de Imagens e eu acho que não só os alunos de faculdade deveriam ter acesso a essas discussões, mas alunos de ensino médio, crianças também. E a Fábrica de Imagens faz isso.” Mariana, Aluna de Fotografia do CACTO 13
MAIS
QUEM COLORIU O COG ESSE ANO? Nesta edição 2015 do COG, contamos com a parceria de Domitila Andrade, ilustradora responsável pela produção das peças presentes em nosso evento. Ao avaliar o processo de criação das ilustrações e seu diálogo com os conceitos propostos pela equipe da Fábrica de Imagens, ela diz que foi um novo desafio. “O meu traço, muito habituado a feminilidades, teve de se adaptar ao caráter ambíguo das figuras. O conceito é que cada ser ali, sem distinção de raça, tem a liberdade de transitar entre os gêneros e ser o que bem entender”, afirma. As imagens transitam e brincam com a desconstrução do gênero-corpo e trazem a marca da cor e da ambiguidade. “A parte mais divertida foi a possibilidade de brincar com cores. Às vezes, digo que, antes de ilustradora, sou aquarelista. Cor, para mim, é poesia e foi isso que tentei levar para as ilustrações” , conclui Domitila. 14
PERSPECTIVAS
UM CAMINHO:
POLÍTICAS CULTURAIS DE GÊNERO
POR MONIQUE LINHARES FOTO UBERSON GOMES
O
desejo e a necessidade de se unir para fortalecer um movimento é a demanda mais urgente dos últimos tempos no Brasil e na América Latina. Com essa motivação, nasceu a Rede LatinoAmericana de Gênero e Cultura a partir do I Encontro homônimo que aconteceu durante a quarta edição do Curta o Gênero, em Fortaleza/CE. O movimento questiona a relação entre gênero e cultura, no sentido de romper com aspectos culturais que reforçam práticas como machismo, lesbohomotransfobia e misoginia, fortemente presentes nos países do Cone Sul. A criação da Rede se deu a partir de articulações entre Pontos de Cultura do Brasil, pelo GT (Grupo de Trabalho) de Gênero da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, e instituições e coletivos do Chile, Argentina e Uruguai. O primeiro contato foi com Francylene Martins, coordenadora social do Instituto de Investigação e Difusão das Culturas Negras da Argentina. Fundada em 1986, a entidade desenvolve mostras de artes, mantém um museu com amplo acervo de obras doadas de países
ESTÁ EM CONSTRUÇÃO A REDE LATINO-AMERICANA DE GÊNERO E CULTURA.
caribenhos e africanos e de artistas da Argentina, além de abrigar uma biblioteca com 2.600 títulos sobre linguagem, arte e estética em diversos idiomas. Para Francylene, assim como a participação de outros representantes da América Latina, “a importância do Instituto nessa rede é o processo construtivo, é o movimento de estar com pessoas, colaborar para a produção intelectual da rede e de buscar no futuro novos parceiros, novos debates, mostrar o trabalho da rede coletivamente”. Ela destaca que “foi importante a articulação para que chegássemos até Constanza Moreira (Senadora da República Oriental do Uruguai, pelo partido Frente Amplia), para sua participação no encontro. Articulei também com Juana, do Chile, entre outras pessoas, para conseguir atrair outros Pontos de Cultura. Uma semente está plantada aqui”. Até o momento, são 20 instituições do Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile e Colômbia comprometidas em pôr em prática o que assinaram na Carta do I Encontro Latino-Americano de Gênero e Cultura. 15
INSTITUCIONAL
CURTA O GÊNERO
AMÉRICA LATINA POR LUIZETE VICENTE
DURANTE 20 DIAS, O CURTA O GÊNERO PERCORREU AS CIDADES DE BUENOS AIRES, MONTEVIDÉU E SANTIAGO, CONSTRUINDO PARCERIAS E CRIANDO ESPAÇOS DE DISCUSSÃO.
“Primer Trawün sobre Cultura, Género y sexualidad”, Asociación Indígena do povo Mapuche, Santiago, Chile. 16
O
Curta o Gênero 2015 chega ao fim com uma programação mais ampla e tão intensa quanto nas edições anteriores. O evento contou com apresentações cênicas, mostras audiovisuais, seminário, simpósio temático, lançamento e exposição de livros, feira criativa, exposição, rodas de conversa, encontros, minicursos e apresentações artísticas. Entendendo que essa atividade deixaria muita saudade, a ONG Fábrica de Imagens resolveu organizar sua primeira itinerância fora do Brasil. O objetivo é proporcionar um espaço de discussão e intercâmbio sobre a construção dos estudos e das produções de gênero em parceria com outros países. As itinerâncias, que já fazem parte do calendário do Curta O Gênero, chegam à sua quarta edição alçando vôos mais altos. O evento realizou suas ações no mês de julho com Exposição Constrastes, Mostra Internacional Audiovisual e mesas de debates em espaços culturais, Universidades e associações. Os países escolhidos para esta etapa foram Argentina, Uruguai e Chile. Além das atividades do COG, também são realizadas rodas de conversa para discutir estratégias de ação da Rede Latinoamericana de Gênero e Cultura. A Rede, constituída durante o I Encontro Latinoamericano de Gênero e Cultura, inserida na programação do IV Curta o Gênero 2015, em Fortaleza, conta com a participação de 20 organizações e coletivos de seis países que assinaram sua carta de fundação. Para Marcos Rocha, presidente da ONG Fábrica de Imagens, é necessário criar estratégias para visibilizar a temática de gênero e cultura em parceria com organizações e coletivos de países da América Latina, envolvendo outros agentes identitários e populações historicamente invisibilizadas ou mesmo marginalizadas pelas suas práticas culturais.
Diretores da Fábrica de Imagens em visita a “Casa 21”, em Buenos Aires, Argentina.
“Vivi el género: politicas culturales en el Cono Sur”, em Montevidéu, Uruguai.
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ARTIGO
MARGARETH RAGO
FEMINISMOS E POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE TEXTO MONIQUE LINHARES EDIÇÃO LUIZETE VICENTE
Margareth Rago é Professora Doutora em História pela UNICAMP, foi uma das pioneiras em pesquisas cujas protagonistas eram as mulheres, a começar pela história da prostituição em São Paulo e a formação do grupo de estudos de gênero PAGU, da Unicamp. Hoje ela é uma das coordenadoras da revista digital feminista internacional LABRYS e suas últimas pesquisas têm sido sobre feminismos e políticas da subjetividade, tema que marcou sua participação na mesa “Feminismos brasileiros: trajetórias e devires”, do Curta o Gênero 2015.
O
feminismo no Brasil e na América Latina cresceu muito. Hoje em dia você vê grupos importantíssimos como o SOS Corpo, o Geledés - Instituto da Mulher Negra, a Marcha Mundial de Mulheres, entres outros. Na América Latina, temos o Mujeres Creando, movimento feminista da Bolívia que discute um feminismo indígena, o qual denominam de Feminismo Comunitário. É neste momento que eu entro no debate da política da subjetividade. Quando esses grupos feministas acrescentam o comunitário, eles criam a ideia de que o feminismo não pode ser neoliberal. Penso que nós vivemos um momento de ameaças e retrocessos das conquistas, não só no movimento feminista, mas em outros movimentos, e temos visto projetos de retirada dos direitos sendo aprovados, como a lei da tercerização. Por isso, acredito que investir nas políticas da subjetividade é fundamental, porque nós temos que refletir
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sobre que tipo de feministas queremos. Nós queremos jovens feministas autoritárias, competitivas e arrogantes para as quais não importam “os meios” para atingir “os fins”? É óbvio que não queremos isso. Acho que o Feminismo, enquanto um pensamento crítico da sociedade patriarcal, é crítico do capitalismo, das relações de poder e das formas de dominação, não só sobre as mulheres, mas sobre as crianças e sobre os homens, que também são vítimas, pois também têm que exercer o seu papel masculino. É um mundo em que as formas de controle são muito mais sofisticadas, porque pegam sua subjetividade e ditam o que você deve querer, o que deve ser e como deve se comportar, seja para ter um corpo ideal ou um discurso aprovado pelo Estado, pelo partido ou pela igreja. Existe hoje uma noção absurda de autonomia com o capitalismo dizendo “seja livre”, “seja criativo”, “seja inovador”.
A minha preocupação é perceber estes comportamentos e valores capitalistas dentro do movimento feminista. Se não tivermos um mecanismo de transmissão da herança e da história das lutas feministas, teremos uma lacuna entre as gerações que tende a se aprofundar. Se faz necessária a produção de uma questão ética aplicada ao feminismo para questionarmos sobre o que queremos. Que o aborto sejadescriminalizado ou que as mulheres não sejam estupradas, são pautas importantíssimas. Não existe dúvidas que essas lutas são fundamentais, mas isso não garante que essas pessoas não sejam corruptas, não sejam competitivas, ou mesmo violentas. Como faremos para que todos entendam e pratiquem um feminismo associado à solidariedade e à amizade? E não estou falando em uma amizade apenas entre as mulheres do mesmo grupo. Esse tipo de amizade vem de uma noção burguesa cristã, na qual nos fechamos em copas e o resto do mundo é inimigo. Isto vem se reproduzir nos movimentos sociais mais críticos e de esquerda, que têm dificuldade de abertura para outros grupos e de enfrentar as diferenças. Não é possível que uma pessoa seja contra a homofobia e seja misógina, assim como não é possível que uma mulher seja feminista e seja racista. Temos que pensar em políticas da subjetividade e que modos de subjetivação, enquanto indivíduos, devemos promover e defender, indo contra o modelo neoliberal, individualista e poderoso, que tenta ditar o que devemos ser e fazer. Essa relação do “eu” não é libertadora. Aparentemente pode ser libertadora, mas na prática não é, pois você abre mão do que é, para ser o que o sistema ou o Estado quer que você seja. Eu te dou essa lei ou esse direito, mas em troca definimos seu papel na sociedade. Vamos definir o que é ser prostituta, homossexual e feminista. Temos de lutar contra esses enquadramentos que são feitos a partir de determinadas formas de pensamentos que não nos farovecem. E o feminismo não escapa disso! As conquistas são impressionantes, não é pouca coisa ter uma presidenta mulher e ter uma Secretaria de Políticas para Mulheres no governo federal. Como chegaram “lá em cima”? Chegaram lá porque teve uma base sólida, com o movimento
trabalhando e se organizando. No entanto, o Estado percebeu que as mulheres dão lucro e se apropriou. O neoliberalismo tem interesse, por exemplo, em descriminalizar o aborto, acabar com o estupro e levar a lei Maria da Penha para os municípios porque entenderam que as mulheres estão dando mais lucro que os homens. Elas trabalham mais e administram melhor, ganhando menos. Sabemos que ocorreram mudanças com a criação de políticas, no entanto temos de ter cautela, sem ingenuidade, para preservar um espírito crítico. Daí a importância do movimento feminista e do seu fortalecimento na base. Percebo que uma das maiores mudanças no feminismo nos últimos oito anos é a concepção de um “feminismo jovem”. Acho que a dimensão da arte tem aparecido nos movimentos. Hoje em dia eles são mais lúdicos e joviais, e isso mexe com os valores. Como exemplo, temos o Movimento das Vadias, que ataca em cheio o conservadorismo. Penso que algumas questões estão entrando com mais força no Brasil e a questão da arte feminista é uma delas. No mundo, principalmente nos países desenvolvidos, tem-se um acervo da arte feminista com livros e textos sobre a temática. No Brasil, o campo ainda é muito masculino e machista. No entanto, estamos nos dando conta que tem uma produção expressiva de mulheres artistas, como Rosana Paulino, que é uma artista negra e brasileira com prêmios no exterior. Temos descoberto nas pesquisas um acervo de mulheres que foram compositoras, poetisas e artistas. A arte feminista está ganhando espaço dentro e fora do feminismo e esses movimentos nos forçam a perceber que nós temos passado, e passado é fundamental. Só existimos, temos identidade, se temos um passado, se temos histórias para contar, isso é uma forma de empoderamento. Aprendi muito com as prostitutas e elas sempre diziam que as coloquei na história. Elas falavam que todo mundo tem história. Operário tem história, camponês tem história e estudante tem história, sem história não se tem cidadania. Foi quando eu entendi o meu papel. Essa, com certeza, foi a melhor aula de história que já tive.
“Quando esses grupos feministas acrescentam o comunitário, eles criam a ideia de que o feminismo não pode ser neoliberal.”
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REVISTA FÁBRICA DE IMAGENS - EDIÇÃO 21 - ESPECIAL CURTA O GÊNERO - JULHO- AGOSTO - 2015