Revista Eletrônica de Farmácia

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Planejamento e Operacionalização de uma empresa farmacêutica Planning and Operacional of Pharmaceutical Company Cristiane de Brito Nunes da Silva11; Ana Lucia de Almeida Côrtes; Luis Augusto Côrtes; Luciane Ramalho e Maria de Fátima da Costa2. Resumo: Este artigo apresenta um resumo dos resultados de um projeto de tutoria desenvolvido pelos alunos do curso de farmácia da FARMPLAC tomando-se como base uma empresa farmacêutica já estabelecida como amostra, avaliando-se o planejamento organizacional e a qualidade da prestação de serviço, bem como, o valor do cliente, baseado na Administração de Marketing de Porter, Safári de Estratégia de Henry Mintzberg, entre outros. O objetivo do artigo é apresentar de forma resumida as conclusões mais importantes da pesquisa, com intuito de implementar estratégias organizacionais em empresas farmacêuticas.

Abstract: This article is to show an abridgement about the result of a project developed by the students of the druggist course at the FARMPLAC university basis in a pharmaceutical company, evaluating the organizational planning and the service quality, the customer worth according to the Marketing Management of Porte, Strategy Safari of Henry Mintzberg, etc. The objective of article is to show summary form this conclusion the most important research, with purpose practices organizational strategy a pharmaceutical company. Palavras-chave: Planejamento organizacional, qualidade, concorrência. Key words: Organizational plan, quality, competition. INTRODUÇAO No mercado há necessidade de se conhecerem os concorrentes, os consumidores, os clientes e o meio ambiente organizacional, para que o resultado de uma empresa seja satisfatório.

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Trabalho realizado na tutoria da Faculdade de Farmácia do Planalto Central-FARMPLAC. 1Professora Tutora; 2 Alunos tutorandos do 2o. semestre de Farmácia


A reavaliação da organização tendo como base mudanças organizacionais e como se aprende mudando, desenvolvido por Susan & Allan Mohrman. Esta analise ajuda a entender como a empresa funciona como melhorar a qualidade quais as estratégias competitivas e como o valorar os clientes e funcionários. As empresas procuram adaptar-se com sucesso a seu ambiente, através da análise das ameaças e oportunidades. Quanto mais instável e complexo o ambiente, maior a necessidade do enfoque sistêmico e do planejamento estratégico. O que interessa é mostrar e analisar as prováveis situações diárias que poderão vir a interferir no bom desempenho das atividades empresariais, sugerir soluções de possíveis problemas e estudar técnicas que visam vencer a concorrência com êxito, mantendo-se em posição de destaque. Como aponta Kotler (1998), com a criação da satisfação do consumidor através de qualidade, serviço e valor, onde o consumidor maximiza valor e criando uma expectativa e agindo sobre ela, as empresas fortes desenvolveram capacidades tecnológicas para administrar os processos - núcleos de negócios: administração de estoque, ciclo pedidorecebimento e serviços aos consumidores. Administrar estes processos significa criar uma rede de marketing. As empresas atuais para permanecerem solventes e rentáveis têm que implementar programas de administração da qualidade total, que é a chave para criação de valor e satisfação do consumidor. O objetivo do artigo é apresentar de forma resumida as conclusões mais importantes da pesquisa feita pelos alunos da FARMPLAC, com intuito de implementar estratégias organizacionais em empresas farmacêuticas.

Instrumento de Pesquisa e Amostra O principal instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário aplicado em uma empresa farmacêutica, onde se pesquisou 135 clientes assíduos e não assíduos à empresa, a qual buscava-se conhecer melhor o funcionamento de uma empresa que comercializa produtos farmacêuticos e perfumaria em geral, bem como situações administrativas que envolvem a qualidade e os aspectos de planejamento estratégico de problemas que possam vir a acontecer e quais as possíveis soluções. A analise estatística foi um levantamento das respostas dadas de forma anônima e qualitativa usando ótimo, bom, regular, ruim, sim ou não. Os recursos de computação do


Excel ajudaram na analise dos percentuais de aceitação e o que mais incomodava aos clientes.

Análise dos resultados Uma má localização e o atendimento desleixado pode levar uma empresa ao fracasso, a falta de visão estratégica e de comprometimento de todos os elementos da organização, pode ser crucial para qualquer empresa seja ela de produtos ou serviços. Os resultados apresentados na figura 1 mostram que independente da faixa etária o atendimento no balcão e a facilidade de acesso de uma empresa são os pontos mais relevantes, seguidos de aparência do atendente e a concorrência. Os problemas organizacionais são tangíveis quando se verifica que os preços e condições de pagamento têm um percentual elevado, fazendo com que a empresa crie algumas estratégias, tais como: convênio com funcionários públicos municipais polícia militar local e algumas empresas de transporte rodoviário, proporcionando descontos para idosos e deficientes, a qual se verifica são os maiores usuários proporcionalmente do serviço. Verificou-se também que os problemas internos trazem uma reavaliação da estratégia da empresa, o primeiro deles é a obrigatoriedade exigida pelo Conselho Regional de Farmácia que é um farmacêutico em período integral na farmácia que onera o custo da mesma e para os clientes isto não é o ponto principal, o segundo ponto é a reciclagem para os funcionários e proprietários também, o terceiro ponto é a questão da hierarquia funcional. À medida que se tem um farmacêutico em horário integral na farmácia reduz a compra de remédio sem receituário e que por mais que onere é importante para empresa e para o cliente mesmo que ele ache que não. Os outros problemas foram resolvidos com estratégias de marketing entre elas foi disponibilizado aos funcionários curso de relações humanas e profissionalizantes, bem como palestras ministradas pelo Conselho Regional de Farmácia e pelos fornecedores de medicamentos e artigos de perfumaria. Os funcionários passaram a participar ativamente de reuniões periódicas em que eles são participantes ativos dando suas opiniões e fazendo críticas que se tornam enriquecedoras, observou-se que o relacionamento entre funcionários - administração e funcionários – clientes tornou-se cada vez melhor, quando foi eliminado hierarquia vertical transformando-a em uma rede de comunicação a empresa


passou a fluir com maior naturalidade e aumentou a vontade de vestir à “camisa da empresa”, esse espírito corporativista trouxe bons resultados Uma ameaça externa que preocupa bastante qualquer empresa é a presença da concorrência, o que a empresa fez para não perder a fatia do mercado foi manter a mais completa linha de medicamentos e perfumaria possível entre todos o concorrentes e com os preços imbatíveis, fazendo com que a empresa ficasse sempre em evidência, o atendimento especializado feito aos clientes, além da publicidade na forma de: imã de geladeira, calendário, cartões, adesivos personalizados afixados nos medicamentos, propaganda volantes em rádio e tv entre outras, atraia cada vez mais clientes novos e fidelisar os antigos. Para continuar com a fatia do mercado já conquistada houve uma necessidade evidente de investimento nas instalações físicas e em marketing, oferecendo crédito ao consumidor, investindo em serviços prestados, principalmente o telegrama que é o forte da empresa. Figura 1 – Desempenho de uma empresa farmacêutica Desempenho de uma empresa farmacéutica Concorrência/ Presença do farmacéutico Aparência do atendente Preços e condições de pagamento Serviço de entrega Horário de funcionamento Facilidade de acesso Instalações G. de conhecimento do atendente Atendimento por telefone Atendimento no balcão 0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

clientes respondentes Otimo

Bom

Regular

Ruim

Não opinou

Não usa

Conclusão Na pesquisa, procurou-se, dentro do que foi proposto na tutoria, investigar o desempenho da empresa farmacêutica, como planejamento e operacionalização da mesma, para fins de melhoria na qualidade do serviço prestado ao cliente, bem como, vencer os


concorrentes mantendo qualidade, preço e valor. Embora a amostra tenha sido pequena, as conclusões foram satisfatórias, levando os administradores a reavaliar as estratégias e o planejamento da empresa, no sentido de melhorar cada vez mais o atendimento ao cliente, fazendo com que eles se tornem fieis e conquistando novos clientes. Um dos pontos mais difíceis de se vencer é a questão do farmacêutico permanente na empresa, que parece um custo elevado, mas conclui-se que este custo se torna irrisório quando o cliente se sente seguro ao ver o profissional, e mesmo porque se reduz a compra de remédios sem receituário. As estratégias tomadas surgiram efeitos positivos, à medida que os clientes reconheceram tanto as mudanças físicas, como a mudança de comportamento dos funcionários no trato com o cliente, no entendimento dos produtos ali distribuídos. Internamente essas mudanças também foram visíveis, quando se vê o funcionário comprometido com a idéia da empresa e a satisfação com eles se apresentam para trabalhar.

Referências Bibliográficas: CSILLAG, João M. Gerenciando o valor do cliente. Atlas. São Paulo. 1995. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo Atlas.. 1998. MINTZBERG, Henry. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre Bookman.. 2000. PALADINI, Edson P. Gestão da qualidade. São Paulo Atlas.. 2000. RAE. Revista de administração de empresas. São Paulo: outubro e dezembro, 1999. STEPHEN P.Robbins. O Processo administrativo. São Paulo Atlas.. 1990.


MODELAMENTO MATEMÁTICO APLICADO ÀS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E À FARMACOLOGIA A study about applied mathematical models at the biological and pharmacological areas Nélvio Dal Cortivo1; Maurilio Geraldo Borges2; Patrícia Kellen de Souza2; Poliana dos Reis Damião2 Resumo - O modelamento matemático aplicado às ciências biológicas e à farmacologia é desenvolvido com os seguintes objetivos: melhor qualificar os dados coletados ou observados em laboratório; melhor representar o desenvolvimento de um fenômeno patológico, tirando conclusões mais precisas do objeto em estudo; e representar graficamente de forma clara os resultados obtidos. Palavras - chave - modelamento matemático, ciências biológicas, farmacologia Summary – The mathematical model, when applied at biological and pharmacological areas, is developed whith the following objectives: better qualify the colected or observed data at the laboratory; better represent the developing of a pathological phenomenon, drawing more accurate conclusions about the studied object; and represent graphically and clearly the obtained results. Keywords - mathematical model, biological sciences, pharmacological

INTRODUÇÃO Este trabalho aborda o tema “Modelamento Matemático Aplicado às Ciências Biológicas e à Farmacologia”. O assunto é de grande importância em virtude do rápido desenvolvimento dos métodos matemáticos aplicados, em que os biocentistas vêm inserindo nos seus trabalhos de pesquisas, com a cooperação dos físicos, químicos e engenheiros. Pode-se citar a matemática aplicada na quantificação de dados e informações coletados de cobaias em laboratórios, tais como: (a) impulsos elétricos neurológicos relacionados com determinados tipos de comportamentos de animais; (b) número de células afetadas por determinados tipos de doenças, bem como seu aumento ou redução; (c) crescimento de uma população de bactérias em função do tempo, para determinar os efeitos decorrentes desse crescimento no meio em que estão se

desenvolvendo; (d) ou então para prever a evolução de uma epidemia, que vem crescendo ao longo dos anos no mundo, através de uma equação matemática. MODELO MATEMÁTICO A prática das Ciências Exatas, aplicada aos estudos de Ciências Biológicas, está crescendo de uma forma progressiva e como uma importante ferramenta para os estudos empíricos. Essa aplicação é definida como “modelamento matemático”. O modelo matemático tem como objetivo estudar um fenômeno realístico ligado tanto às Ciências Biológicas como às Ciências Humanas, utilizando cálculos matemáticos. Para se formular um modelo matemático é preciso primeiramente identificar as variáveis dependentes e independentes, e definir as hipóteses inerentes ao objeto em estudo. No caso de um experimento em que não


haja uma lei física, os dados das hipóteses deverão ser coletados e examinados na forma de tabela, para posteriormente serem definidos padrões. Através das definições, físicas ou matemáticas, ou das tabelas, pode-se obter gráficos que ilustram a evolução do fenômeno em estudo. A partir dos gráficos, ainda é possível, em muitos casos, a obtenção de equações matemáticas através das técnicas de regressão. Em seguida, faz-se a análise do modelo matemático, a fim de se extrair Problema do mundo real

conclusões, as quais serão interpretadas e das quais extrair-se-ão explicações ou predições. Se essas predições não estiverem de acordo com a realidade, o modelo matemático deve ser modificado. Um modelo matemático nunca é preciso quando aplicado a uma determinada situação física; ele apenas simplifica a realidade para permitir cálculos matemáticos e fazer conclusões. A figura 1 mostra o ciclo de um modelamento matemático.

FORMULAR

TESTAR

Conclusões matemáticas

Modelo matemático

RESOLVER

ITERPRETAR

Predições sobre o mundo real

Figura 1 – Ciclo para a formulação do modelo matemático Em geral, os biocentistas não estão habituados aos procedimentos para a formulação de um modelo matemático, pois não são preparados para isso, e então encontram dificuldades em formular um enunciado matemático adequado para aplicar ao seu estudo. Entretanto, os biocentistas devem ter um conhecimento amplo, mas não profundo, de matemática, para poder compreender as ferramentas e a linguagem técnica matemática. MODELOS MATEMÁTICOS GRÁFICOS O modelamento matemático pode ser representado graficamente. Pode-se citar como exemplo a idéia de Thomas

Malthus (1777-1835), que afirma que a taxa pela qual uma população cresce é diretamente proporcional ao seu tamanho. Para o modelo de Thomas Malthus foram atribuídos como fatores atuantes na população apenas as taxas de mortalidade e de natalidade, ambas constantes (o que não acontece na realidade), e o crescimento populacional sem limites; fatores que tornaram o modelo matemático mais simples. O modelo Malthusiano originou uma fórmula algébrica para o estudo e o gráfico adquirido foi uma curva exponencial (Fig. 2).


1200000

População

1000000 800000 600000 400000 200000 0 0

2

4

6

8

10

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Tempo

Figura 2 – Curva exponencial representando o crescimento de uma população pelo método matemático Malthusiano Outro exemplo que pode ser representado graficamente é a disseminação do vírus da imunodeficiência adquirida (AIDS), que continua em ritmo alarmante. A figura 3 mostra a disseminação do vírus da AIDS na América Latina, no período de 1980 a 2000.

ciências da saúde, com o objetivo de preparar os futuros pesquisadores e cientistas aos manuseios dos procedimentos matemáticos adequados. Entretanto, em geral não há a necessidade de que os biocientistas se aprofundem no estudo da matemática; não se intenciona desvirtuar o estudante de biologia e disciplinas afins de sua atividade principal para treiná-lo como um matemático competente. O interesse é preparar este estudante para comunicar-se com sucesso com um matemático para o caso da necessidade de análises matemáticas. REFERÊNCIAS Stewart, J., Cálculo, Vol I, 4 ed., Ed. Pioneira, São Paulo, 2001. 2. Batschelet, E., Introdução à Matemática para Biocientistas, Vol I, Pioneira, São Paulo, 1987. 1.

2005

Endereço para correspondência: Prof. Walter Paulo Filho Faculdade de Farmácia do Planalto Central/União Educacional do Planalto Central- UNIPLAC SIGA Área Especial no 02 – Setor Leste – Gama – DF - 72460-000 – Tel.: (0xx61)556-5495 Email: uniplac@uniplac.br Site: http://www.uniplac.br

2000 1995 1990 1985 1980 360000

Figura 3 – Disseminação da AIDS na América Latina, no período de 1980 a 2000 CONCLUSÃO O modelo matemático é de grande importância nas Ciências Biológicas e na Farmacologia, para a quantificação, qualificação, observação e predição de fenômenos, tais como doenças, comportamentos, etc. Faz-se necessário o estudo do modelamento matemático nas escolas de


Análise bibliográfica de artigos sobre alquimia* Bibliographical analysis of articles on the alchemy Browdo Marins Barbosa1; Ana Lúcia Côrtes de Almeida²; Leonardo Aguiar²; Luciane Ramalho²; Luis Augusto de Almeida Côrtes²; Maria de Fátima da Costa²;

RESUMO – A utilização do método tutorial para complementação de aprendizagem em tópicos normalmente não estudados no ensino superior. Pesquisou-se na Internet artigos relacionados a alquimia e ao curso de Farmácia. PALAVRAS-CHAVE – alquimia, pedra filosofal, ciências ocultas, iatroquímica.

SUMMARY - the use of the tutorial method for learning complementation in topics usually not studied in the higher education. It was researched in Internet articles about alchemy and about Pharmacy course. KEYWORDS - alchemy, stone philosophical, occult sciences, old medical chemistry.

INTRODUÇÃO: Alquimia é um assunto que sempre chama atenção daqueles que lidam com ciências naturais. A alquimia começou a desenvolver-se por volta do século III a.C, em Alexandria, centro de convergência cultural da época. A alquimia deve sua existência a união de três correntes: filosofia grega, misticismo oriental e tecnologia egípcia. Embora ela nunca tenha alcançado seu objetivo, - a pedra filosofal, capaz de transformar qualquer metal em ouro -, obteve grandes sucessos na metalurgia, na produção de papiros e aparelhagem de laboratório. O objetivo deste trabalho é através de pesquisa bibliográfica, fazer um paralelo entre a pré ciência da alquimia e a ciência moderna, apresentando fatos que mostrem a alquimia não como algo místico, destinado só a iniciados ou a bruxos e feiticeiros, mas

apresentá-la como um ponto de partida para a Química, Biologia, a Física e a Farmácia, dentre algumas ciências modernas que podemos citar. A alquimia é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com a ajuda da natureza. No sentido restrito do termo, a alquimia, sendo uma técnica, é, por isso, uma arte prática. Como tal, ela dá início a um conjunto de teorias relativas à constituição da matéria, à formação de substâncias inanimadas e vivas, etc. Foi usado para este trabalho o método tutorial, que se baseia no acompanhamento de um grupo pequeno de estudantes, por um tutor orientando-os quanto à maneira de trabalhar.

DESENVOLVIMENTO Este trabalho teve início em abril de 2002, como uma das atividades previstas no

* Trabalho realizado na faculdade de farmácia da UNIPLAC – Gama - DF 1 Prof. Mestre de Química Geral e Inorgânica – Farmplac/Uniplac; ²Estudante da Farmplac/Uniplac

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curso de Farmácia desta instituição. Sob orientação do tutor, o grupo de cinco alunos, iniciantes no curso, decidiu trabalhar o tema: “Alquimia (ciências ou Misticismo?)”, um tema rico em indagações e fatos sobre o que é ciência e a sua origem. O grupo de alunos fez um levantamento bibliográfico extenso, abrangendo sites da Internet, livros, revistas especializadas, buscando o máximo de informações sobre o tema. A partir daí, foi possível relatar os seguintes tópicos. A alquimia começou a desenvolver-se por volta do século III a.C, em Alexandria, centro de convergência cultural da época. A Europa só entrou em contato com a alquimia em decorrência das invasões árabes, no século VIII e a partir da Espanha. A sua difusão se consolida quando nobres e religiosos, principalmente os Beneditinos, regressaram das cruzadas. Os árabes invasores fundaram universidades e ricas bibliotecas, que foram destruídas pela fúria das guerras ou pelo trabalho meticuloso da Inquisição Católica e, entre os séculos VIII e XIII, lançaram as bases teóricas da alquimia. Nesta pesquisa ficou claro que a alquimia é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com a ajuda da natureza. A alquimia se desenvolveu a partir do conhecimento prático existente e, fortemente influenciada por idéias místicas, procurou explicar, de forma racional, como acontecem as transformações da matéria. Os alquimistas ficaram famosos pela busca da pedra filosofal e do elixir da longa da longa vida. Essas substâncias conseguiriam feitos notáveis, como a transformação de metais em ouro ou a imortalidade. Apesar desses sonhos inatingíveis – nenhum desses idealistas conseguiu a pedra ou o elixir –, os alquimistas foram muito mais importantes do que se imagina ou do que se fantasia. Graças às descobertas, muitas substâncias passaram a ser conhecidas, e procedimentos químicos artesanais foram aperfeiçoados. Como o próprio Hahnemann (fundador da homeopatia) comprovou, as coisas que são de alguma maneira semelhantes na natureza de suas vibrações características têm afinidade entre si. Isto é conhecido como o “Princípio das Correspondências ou Concordâncias”. A

alquimia é, antes de tudo, um sistema de autotransformação. O caminho é ao tempo espiritual e material. Existem duas vias para o pesquisador: a via úmida e a via seca (ou do sábio e do filósofo). Aquela é mais rápida do que esta; no entanto, é muito mais arriscada. A alquimia se desenvolveu em paralelo a duas atividades, bem antigas e de importância capital para a civilização: – a metalurgia e prática médica. Da metalurgia ficou o trabalho com metais, que acabou resultando na própria busca da “Pedra Filosofal” no reino mineral. A prática médico-alquímica tem em Paracelsus (1493-1541) seu baluarte. Ele propõe a busca da panacéia (outro nome para a Pedra Filosofal), com o fim exclusivo de curar e aliviar as dores humanas. A Química, para adquirir o status de ciência, precisou se mecanizar. Era isso ou se conformar com o estigma de feitiçaria e superstição. Foi com os trabalhos de Lavoisier (1743 – 1794) e de Robert Boyle (1627 – 1691) que a Química se mecanizou e assentou seus fundamentos de ciência. Uma época muito importante do desenvolvimento da alquimia se desenrolou entre 1400 e 1600. Foi o período em que seus adeptos passaram a se preocupar com a cura das doenças por meio das substâncias químicas. Nasceu assim a iatroquímica, a precursora distante da moderna química médica. O principal nome deste período foi Paracelsus (1490 – 1541), que se preocupou com o progresso da Medicina, embora algumas de suas práticas fossem contaminadas pelo misticismo da época, o que implicou muitas observações e avaliações erradas. O trabalho de Paracelsus tem muitos aspectos positivos, como a introdução das tinturas, isto é extratos alcoólicos, sendo pioneiro no uso de remédios a base de ópio e de substâncias inorgânicas, como mercúrio, ferro, enxofre, chumbo, arsênio e sulfato de cobre. Várias dessas substâncias, devidamente formuladas, fazem parte do receituário médico de hoje. No século XIX, a ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia que tudo só tinha explicação por meio da Ciência. 2


Como se o que não fosse científico não correspondesse à verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em função de suas idéias sobre as coisas do mundo, o século XIX, em contrapartida, serviu como referência de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas. O objetivo básico da atividade científica não é o de descobrir verdades ou ser uma compreensão plena da realidade, mas sim o de fornecer um conhecimento que, ao menos provisoriamente, facilite a interação do homem com o mundo, permitindo previsões confiáveis sobre eventos futuros e indicando mecanismos de controle para que se possa intervir favoravelmente sobre os mesmos. CONCLUSÕES:

3. CHRISPINO, A. O que é química? Coleção primeiros passos. São Paulo, SP. Ed. Brasiliense, 1989. 4. GLEISER, M. A dança do universo. São Paulo, SP. Ed. Companhia das letras, 2001. 5. MAAR, H. M. Pequena história da química. Florianópolis, SC. Editora Papa-Livro, 1999 6. MACHADO, J. O que é alquimia? Coleção primeiros passos. São Paulo, SP. Ed. Brasiliense, 1991. 7. PARACELSO. A chave da alquimia. Biblioteca Planeta. Editora três. 8. VANNIN, J. A. Alquimistas e Químicos. São Paulo, Editora Moderna,1997.

Sites da Internet: www.google.com.br www.ulbranel.com.br

Este trabalho proporcionou aos estudantes e ao tutor conhecimento de modo não tradicional (aulas regulares) a respeito de algo sobre a alquimia e a evolução das ciências; pesquisou-se sua origem, evolução e desdobramentos como a iatroquímica. O trabalho foi transcrito em forma de monografia e apresentado à comunidade acadêmica da Uniplac, durante a 1ª semana científica da Faculdade de Farmácia Farmplac/Uniplac, evento aberto a todos os interessados. Foram ainda estudados tópicos que demonstram a maneira racional de agir de um cientista, a qual difere da maneira manual de um alquimista, e percebeu-se, ao final, que nos últimos tempos da alquimia, esta já estava voltada a algo mais prático e bem menos místico, que foi a pesquisa da cura de doenças e da melhoria da saúde da população da época, feito este que tem em Paracelsus seu maior representante.

REFERÊNCIAS: 1. BOVET, D. Vitórias da química. Brasília, DF. Editora Universidade de Brasília, 1993. 2. CHASSOT, A. A Ciência através dos tempos.São Paulo, Editora Moderna, 1999. 3


Análise bibliográfica de artigos relacionados ao Botox®* Bibliographical analysis through Internet of papers related to Botox® Browdo Marins Barbosa1; Luana Sousa Andrade²; Lucimeire A. Santos Pinheiro²; Maria Aparecida Dos Santos²; Maria Luciana Dias De Sousa²; Maria Do Socorro Lira Noronha²; Marycivany Lacerda da Silva Soares² & Michel Ângelo Silva Alencar²

RESUMO – A utilização do método tutorial para complementação de aprendizagem em tópicos normalmente não estudados no ensino superior. Pesquisou-se na Internet os usos do BOTOX® em tratamentos estéticos e não estéticos. PALAVRAS-CHAVE – Toxina botulinica, tratamento de distonias, rejuvenescimento facial.

SUMMARY - The use of the tutorial method for complementation of learning in topics normally not studied in superior education. Was searched in the Internet uses of the BOTOX® in esthetic and not esthetic treatments. KEYWORDS - botulinum toxin, treatment of distonies, face rejuvenating.

INTRODUÇÃO O Botox®, nome do produto feito à base da toxina botulínica tipo “A”, é um derivado da bactéria causadora do botulismo, doença desencadeada por alimentos mal conservados. Tem sido usado como um agente estético, que atenua as marcas de expressão na região superior da face. Este trabalho teve como objetivo pesquisar, via Internet, artigos que descrevem o Botox® agindo como agente estético e também para tratamento não estético. Tal técnica possibilita a alunos iniciantes do curso superior aprenderem como fazer um levantamento bibliográfico, reunir artigos de relevância para o tema escolhido, selecionar aqueles mais importantes e, a partir daí,

produzir uma monografia que sintetize os principais aspectos levantados sobre o tema. Foi usado para esse trabalho o método tutorial, que se baseia no acompanhamento de um grupo pequeno de estudantes, por um tutor que os orienta quanto à maneira de trabalhar. DESENVOLVIMENTO O método tutorial, empregado em várias universidades européias, principalmente em Cambridge, na Inglaterra, consiste em reunir um grupo pequeno de estudantes entre 5 e 10, orientados por tutor, um professor de renomada experiência. O grupo é reunido duas vezes por semana. Em uma das reuniões o tutor está presente e orienta a rotina de trabalho do grupo, como também discute-se sobre tópicos já

* Trabalho realizado na faculdade de farmácia da UNIPLAC – Gama - DF 1 Prof. Mestre de Química geral e Inorgânica – Farmplac/Uniplac; ²Estudante da Farmplac/Uniplac

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pesquisados pelos estudantes. No outro encontro, os estudantes reúnem-se sem a presença do tutor e pesquisam novos tópicos e/ou discutem entre si temas propostos no encontro com o professor tutor. Esse método possibilita o exercício da autonomia no estudo e aprendizagem de novos temas pelo estudante, sem a necessidade de uma aula formal. Estratégia que torna o estudo muito mais agradável, nas palavras dos estudantes. O tema Botox® chama a atenção, principalmente por prometer atenuar rugas e marcas de expressão na face, conseqüentemente, despertando a vaidade das pessoas. Nesse trabalho foram pesquisados, principalmente via Internet, artigos que relatam usos do Botox®; conheceu-se a origem da toxina, obtida a partir da bactéria clostridium botulinum, que surge em alimentos enlatados mal conservados e leva à doença denominada botulismo. A partir da reunião dos artigos pelo grupo tutoriado, foi feita a sua seleção e classificação, decidindo se discutir os seguintes aspectos: ! Origem da toxina; ! Mecanismo de ação e aplicação; ! Usos em estética; ! Usos não estéticos; ! Alternativas similares ao Botox®. Durante dois meses, aproximadamente, foram discutidos artigos obtidos na Internet em sites de domínio público, que tratavam dos aspectos acima mencionados e ao final foi escrita uma monografia que sintetiza os principais assuntos. A monografia faz parte da avaliação do grupo de alunos. Após levantamento bibliográfico, seleção de artigos, discussão no grupo sobre os aspectos escolhidos acima, foi possível chegar as seguintes conclusões: O Botox® tem sua principal aplicação na estética facial, agindo como paralisante da musculatura responsável pelo surgimento de rugas e marcas de expressão. A droga age entre os nervos e os músculos, impedindo a liberação da acetilcolina, substância responsável pelas

contrações musculares. Uma vez paralisada, a pele não fica franzida, mesmo que a pessoa se esforce para que isso aconteça. O que ainda previne novas rugas. Ao contrário do que muita gente pensa, o produto, bem aplicado, não leva à perda de movimentação do rosto, apenas da capacidade de contração muscular no local. O Botox® não é um produto de preenchimento como o colágeno. Portanto, a técnica não corrige depressões, como as que o tempo forma nas laterais dos lábios. O resultado dura de quatro a oito meses, dependendo do tipo de musculatura de cada pessoa e da quantidade de contrações que realiza. Na maioria das vezes, a reaplicação é feita após seis meses. Bom para as partes superiores do rosto, ou seja, pés-de-galinha, testa e região entre os olhos. Na parte de baixo, ele pode tirar a expressão e bloquear os movimentos essenciais do rosto. Foi constatado que a Toxina Botulínica tipo A começou a ser usada como um agente terapêutico no tratamento de doenças humanas no final dos anos 60, através da colaboração de Alan B. Scott, MD, da fundação de pesquisa dos olhos Smith – Kettlewell e Edward J. Schantz, PHD, diretor de microbiologia e toxicologia na Universidade de Wisconsin. Nessa ocasião, a toxina Botulínica tipo A foi considerada não como um agente de doenças e males humanos, mas como um poderoso agente terapêutico no tratamento de sintomas de desordens neurológicas. Em 1989, os direitos de uma forma de Toxina Botulínica tipo A, atualmente comercializada sob a marca Botox® , foram adquiridos pela Allergan Inc. Em dezembro daquele mesmo ano, o Botox® foi aprovado para uso em estrabismo e blefaroespasmo associado à distonia em pacientes de 12 anos de idade ou mais velhos. Devido à colaboração dos Drs. Scott e Schantz, e o pioneirismo da Allergan, o Botox® foi incluído no arsenal de drogas usadas no tratamento destas condições. Descobriu-se também que alguns pacientes sofrem de um efeito vacina em relação à toxina, e para tanto, estão sendo 2


desenvolvidos outros tipos. O Botox® é a toxina tipo A existindo ainda os sorotipos A, B, C1, D, E, F, G, cada sorotipo tem propriedades e ações diferentes. Não há dois tipos iguais. A ligação entre dores de cabeça e o Botox® começou a aparecer em 1992, quando um médico da Califórnia reparou que os seus pacientes diziam estar tendo menos dores de cabeça depois de terem começado o tratamento cosmético. Botox® é um agente terapêutico de relaxamento muscular que atua nas terminações neuromotoras (nervos que levam mensagens aos músculos). Está em uma classe de drogas chamadas neurotoxinas. Quando da terapia com neurotoxinas é importante entender como o produto funciona, o histórico de seu uso em pacientes, seu estudo protéico e efeitos colaterais. Em um outro conceito, podemos dizer que Botox® é um novo agente terapêutico derivado da bactéria clostridium botulinum, também conhecido como a toxina Botulínica tipo A. A marca Botox® é produzida em laboratório e prescrita em dosagens terapêuticas extremamente pequenas. Entre os artigos pesquisados alguns citavam o uso de uma substância alternativa ao Botox®, o DIMETILAMINOETANOL – DMAE: estimulante cerebral natural encontrado em abundância em anchovas e sardinhas. Promete combater rugas e flacidez sem dor, mas provoca polêmica. É uma nova substância de nome complicado, mas com resultados surpreendentes contra flacidez e rugas, promete balançar o reinado do Botox®, produto que virou febre entre os que desejam uma aparência jovem de forma rápida. Foi apresentado na Academia Americana de Dermatologia, e desde então vem merecendo a atenção dos dermatologistas em todo o mundo. De acordo com os estudos feitos até agora, teria grande eficácia contra flacidez ao redor dos olhos e pescoço a exemplo do Botox®, mas com a grande vantagem de ser usado em forma de creme e em casa, já que o Botox®, só pode ser aplicado pelo especialista em consultório.

Segundo o dermatologista Walter Guerra Peixe, o preferido pelas atrizes globais ao conhecer o DMAE em um congresso americano, gostou do que viu e por isso começou a indicar cremes manipulados com a nova substância. A substância é antiga conhecida da medicina encontrada naturalmente na sardinha e no salmão. O DMAE era usado via oral para melhorar a memória, mas usado no pescoço o composto provoca um enrijecimento da musculatura . O resultado seria menor flacidez e pele mais esticada, diminuindo as rugas, é um mecanismo semelhante ao do Botox®. Há somente um creme industrializado feito a partir do composto, ele é fabricado pele Jonhson & Jonhson®, mas não é comercializado no Brasil. O que os dermatologistas estão fazendo é incluir o DMAE na fórmula de loções manipuladas. Mas seu uso ainda divide as opiniões dos dermatologistas, como o médico mineiro Jackson Machado Pinto, que conheceu o produto, mas prefere ter cautela. Já a médica paulista Denise Steiner acredita que o DMAE é mais uma arma contra o envelhecimento, mas questiona uma ação mais profunda de um creme que não contém nenhuma substância forte na sua composição que chegue a ultrapassar a derme, a epiderme , o tecido gorduroso e chegue ao músculo e faça ainda alguma contratura. O DMAE pode ser usado em todo o rosto e ao redor dos olhos, nas pálpebras superiores e inferiores. Possui um efeito Lifting que dura 3-4 horas e um efeito acumulado com uso seqüencial. Deve ser aplicado 1 ou 2 vezes ao dia. O produto já é utilizado em consultórios. Diminui o aspecto ressecado e envelhecido da pele. O DMAE, ao ser administrado via oral, passa pelo trânsito gastrointestinal sem sofrer grandes alterações, penetra a barreira hematoencefálica e aumenta os níveis de colina, e conseqüentemente, aumenta a síntese acetilcolina diretamente a nível cerebral, é, portanto, um precursor indireto da acetilcolina. Também irá estimular a síntese da acetilcolina na junção neuromuscular, melhorando a sua contração e assim proporcionando uma melhora na flacidez. 3


Além disso, esse produto é um potencial antioxidante (OH hidroxila), retardando o envelhecimento. O DMAE é usado em síndrome da fadiga crônica, distúrbios de comportamento associados à hiperhabilidade, problemas de aprendizado (diminuição da compreensão e/ou concentração), dificuldade de leitura ou fala, demência, melhora da contração muscular, antioxidante e outros. O DMAE tem sua ação aumentada com a suplementação concomitante de vitamina B5, colina, lectina de soja, lfenilanina, l-tirosina e l-acetilcomitina. É um estimulante cerebral. CONCLUSÕES Este trabalho proporcionou aos estudantes e ao tutor conhecerem de maneira não tradicional (aulas regulares) a toxina botulinica tipo A, Botox®; pesquisou-se sua origem, usos estéticos e não estéticos e uma alternativa de tratamento o DMAE. O estudo foi transcrito em forma de monografia e apresentado à comunidade acadêmica da Uniplac, dentro de um ciclo de apresentações, montado a partir do trabalho de outros grupos de tutoria da faculdade de farmácia Farmplac/Uniplac. REFERÊNCIAS SILVEIRA B; Dicionário da Língua Portuguesa, editora Lisa F/A. São Paulo-SP,

1992. Sites da Internet: www.google.com.br www.alergan.com www.wplastia.com.br www.naturale.med.br www.uol.com.br/folha www.dermanet.com.br www.JHTOMAZ.hpg.ig.com.br/saude/10

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ESTERÓIDES ANABOLIZANTES: EFEITOS ANABÓLICOS E ANDRÓGENOS ANABOLIC STEROIDS: ANABOLIC AND ANDROGENIC EFFECTS Nabiha Haddad Simões Machado1 ; Maria do Socorro2; Naiane Marinho2; Nayara Vieira Pinheiro2; Paulo Roberto R. da Silva2 ; Rafael Farias de Melo2; Rogério Lima Lacerda2; Rubens Vieira Guimarães2 & Veruza de L. Leme2. RESUMO – Esteróides anabolizantes são derivados sintéticos do hormônio testosterona. Esta pesquisa literária objetivou relacionar os principais efeitos anabólicos e andrógenos, decorrentes do uso destas substâncias no organismo humano. PALAVRAS-CHAVE – Esteróides, Anabolizantes, Efeitos. SUMMARY – Anabolic steroids are synthetic derivatives of the testosterone hormone. This literary research had the objetive to relate the main anabolic and androgenic effects in the human body, resulting from the use of these substances. KEYWORDS – Steroids, Anabolics, Effects.

INTRODUÇÃO Os esteróides constituem um grande grupo de substâncias que apresentam uma estrutura básica comum, conhecida por estrutura do gonano ou 1,2ciclopentanoperidrofenantreno. Este núcleo é formado por 6 átomos de carbono (fenantreno) ligados a um anel com 5 átomos de carbono (ciclopentano). O colesterol constitui a principal fonte precursora dos esteróides hormonais, cuja biossíntese ocorre no interior de células típicas, na presença ativa de enzimas, principalmente através de reações de hidroxilação. Os principais produtores de hormônios esteróides são: glândula supra-renal, testículo, ovário e placenta. (1,6,9,11) São chamadas anabolizantes, as substâncias que favorecem o anabolismo, ou seja, a construção de moléculas complexas que podem ser utilizadas quer como alimento de reserva quer como matéria viva. Os principais anabolizantes são os hormônios esteróides classificados como androgênicos. Os esteróides anabólicos comercializados são derivados sintéticos do androgênio testosterona.


anabólicos e andrógenos dos esteróides anabolizantes. 1 2

Profª Especialista de Anatomia Humana, Fisiologia Humana e Tutora da FARMPLAC; Acadêmico(a) da FARMPLAC.

DESENVOLVIMENTO As ações farmacológicas dos androgênios são conseqüência de suas ações fisiológicas. Três efeitos decorrem de suas aplicações: ação virilizante, ação antiestrogênica e ação anabólica. Nem sempre é possível isolar estes resultados, sobretudo as ações virilizante e anabólica. (6,9,11) O efeito anabólico corresponde à propriedade da testosterona de promover um aumento da massa muscular, através da hipertrofia de fibras musculares, devido ao aumento da síntese protéica intracelular. Os esteróides sintéticos conseguiram potencializar este efeito, promovendo aumento da força de contratilidade e do volume da célula muscular, através dos seguintes mecanismos: incremento da armazenagem de fósforo creatina (CP); balanço nitrogenado positivo;

maior

retenção

de

glicogênio,

favorecimento

da

captação

de

aminoácidos; bloqueio do cortisol.(4,7,8) Já o efeito andrógeno da testosterona, ocasiona o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas e a maturação dos órgãos reprodutores masculinos (crescimento do pênis e do escroto; aparecimento de pêlos púbicos, axilares e de barba; crescimento da laringe e espessamento das cordas vocais, resultando numa voz de timbre baixo; maior ativação das glândulas sebáceas e espessamento da pele; alterações psicológicas e comportamentais). Os protótipos dos esteróides anabólicos visam minimizar, ou erradicar, tais efeitos, a fim de obter moléculas que apresentem um efeito anabólico superior ao da testosterona e um mínimo de efeitos andrógenos.(3,5,8) Clinicamente, os androgênios são indicados em algumas terapêuticas de: hipogonadismo e castração; tumores mamários; osteoporose; controle de menopausa

e

andropausa.

Entretanto,

são

justamente

as

propriedades

andrógenas dos esteróides anabólicos que resultam em efeitos colaterais e contra-indicações. Dependendo da proporção entre droga utilizada, tempo e


(2,3,5,7,8) A carga andrógena elevada pode provocar, durante o ciclo de uso da droga, algumas conseqüências, como: -

Paralisação

da

produção

de

espermatozóides

com

conseqüente

infertilidade, ou esterilidade transitória; -

Ginecomastia, decorrente da aromatização (transformação do anel A da estrutura básica ciclopentanoperidrofenantreno do andrógeno, num anel aromático), geradora de reações feminilizantes.

-

Aparecimento de acne e espinhas;

-

Alopecia androgênica;

-

Masculinização na mulher, manifestada por hirsutismo, amenorréia, aumento do clitóris, atrofia das mamas e do útero, recuo da linha de implantação capilar, alteração da voz;

-

Distúrbios cardiovasculares, como hipertensão arterial, infarto, trombose;

-

Propensão à hipertrofia e câncer de próstata;

-

Indução ao câncer das gônadas;

-

Elevação dos níveis de colesterol;

-

Náusea e vômito;

-

Irritabilidade;

-

Perda de concentração;

-

Insônia. (2,7,8)

A queda do esteróide anabólico, imediatamente após uma interrupção abrupta do mesmo, pode gerar efeitos colaterais como: impotência sexual, hipogonadismo, aumento de características sexuais secundárias femininas, depressão. Outros efeitos não relacionados com o caráter andrógeno dos anabolizantes também são observados, destacando-se: hepatotoxicidade, lesão renal e dependência psicológica. Alguns dos distúrbios relacionados são reversíveis e, muitos são de manifestação tardia, o que contribui para uma forte tendência abusiva ao uso dos anabolizantes, pelo fato do usuário nem sempre perceber de imediato o prejuízo para sua saúde. (2,3,10)


CONCLUSÃO Os esteróides anabolizantes são responsáveis por uma série de efeitos orgânicos, que podem ser agrupados em anabólicos e androgênicos. Os efeitos anabólicos promovem o aumento da massa e da força muscular; enquanto os efeitos androgênicos ocasionam o desenvolvimento de características virilizantes. A carga androgênica também é responsável pela maior parte dos efeitos colaterais gerados por essas substâncias. Dependendo da proporção entre droga utilizada, tempo e quantidade, os riscos do uso de um esteróide podem ser maiores ou menores, reversíveis ou irreversíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11.

Berne, R. M. & LEVY, M. N. Fisiologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 1034p. Cocolo, A. C. Usuário desconhece efeitos colaterais de anabolizantes. Jornal da Paulista – Pesquisa, ano 15, n. 168, jun. 2002. Disponível em: <http://www.unifesp.br> Acessado em: out. 2002. Cotran, R. S., Kumar, V. & Robbins, S. L. Patología Estrutural e Funcional Robbins. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 1277p. Gentil, P. Anabolizante. Disponível em: <http://www.antidoping.hpg.ig.com.br> Guyton, A. C. & Hall, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 1014p. Katzung, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 6 ed. Rio de Janeiro: Aplicada, 1998. Lima, F. F. T. Esteróides Anabolizantes. Centro de Estudos e Pesquisas da Psicologia do Esporte. Disponível em: <http://www.ceppe.com.br> Muniz, M., Afonso, R. & Costa, V. R. Anabolizantes: bombas-relógio nos músculos. Ciência Hoje, RJ, 22(131), set. 1997. Disponível em: http://www.dietanet.hpg.ig.com.br> Rangh, P., Dale, M. M. & Pitter, J. M. Farmacologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. Tortora, G. J. & Grabowski, S. R. Principios de Anatomia e Fisiología. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.1047. Zanini, O. Farmacologia Aplicada. 5 ed. São Paulo: Atheneu, 1994. 739p.

__________________ Endereço para correspondência: Profª Nabiha H. S. Machado Faculdade de Farmácia do Planalto Central / União Educacional do Planalto Central Campus II – Gama – DF SIGA – Área Especial nº 2 – Setor Leste – CEP 72460-000 E-mail: bihahsm@ig.com.br


Atuação dos Neurotransmissores na Depressão How the neurotransmitters act in the depression

Rosângela Vieira de Andrade1; Aderbal Ferreira da Silva2; Frederico Neiva Moreira2; Helisbetânia Paulo Souza Santos2; Heloiza Ferreira Dantas2; Iramiz Fereira de Almeida2; Leandra de Paula Brito Lobo2 & Mirian Argolo Nascimento2

RESUMO – Neurotransmissores são substâncias produzidas pelos neurônios . Essas substâncias são liberadas quando o axônio de um neurônio pré-sináptico é excitado. Estas substâncias, então viajam pela sinapse até a célula alvo, inibindo-a ou excitando-a. A disfunção na quantidade produzida e utilizada de neurotransmissores está intimamente ligada a depressão. PALAVRAS – CHAVE – Neurotransmissores, neurônios, sinapses e depressão.

SUMMARY -Neurotransmitters are substances produced by the neurons. These substances are liberated when the axon of a presynaptic neuron is excited. Then, these substances travel trough the synapse to the objective-cell, inhibiting it or exciting it. The dysfunction in the produced and used amount of the neurotransmitters is intimately linked to the depression. KEYWORDS - Neurotransmitters, neurons, synapses and depression.

INTRODUÇÃO O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, é responsável pela maioria das funções do controle do organismo [2]. 1As principais células que compõem todo este sistema, conta-se aos bilhões e recebem o nome de neurônios. Do corpo de cada neurônio saem prolongamentos que são chamados dendritos, que são vários, e o axônio. Esses prolongamentos funcionam como 1

Pesquisadora , 2 Alunos do curso de Farmácia da UNIPLAC.

se fossem fios que levam os impulsos nervosos captados pela visão, olfato, audição, tato e pelo paladar. Dessa forma o neurônio ao receber um determinado impulso pode transmitir um estímulo exitatório ou inibitório a outro neurônio localizado à distância [2,3]. Essa comunicação de neurônio a neurônio, não ocorre na base de 1/1, pelo contrário, muitas vezes um único neurônio pode enviar impulsos nervosos a muitos outros, por meio de ramificações finais e de seu axônio. Portanto, o cérebro humano vive constantemente uma fantástica ciranda de impulsos nervosos em todas as direções, um mecanismo da impressionante


complexidade que tem como resultado o pensamento, a ação, locomoção, manifestação de alegria ou de preocupação [2,4,5]. Os impulsos nervosos para passarem de um neurônio para outro, através do axônio, devem vencer um espaço existente entre eles, o qual é denominado de Fenda Sináptica. Esta função de passar e receber o estímulo, recebe o nome de Sinapse. Para que os impulsos nervosos possam vencer esse espaço, o primeiro neurônio, através dos impulsos que chegam a sua terminação, liberam substâncias químicas que estimulam ou inibem o neurônio seguinte. Essas sustâncias químicas, sintetizadas e liberadas pelos neurônios, recebem o nome de neurotransmissores. Os quais têm um papel fundamental no nosso sistema nervoso [2,3]. MECANISMO DE AÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES Os neurotransmissores são armazenados em vesículas neuronais. Uma vez que ocorre a liberação, estas vesículas decaem na fenda sináptica, reagindo diretamente com os receptores situados nas membranas do neurônio seguinte. Parte do neurotransmissor pode ser reaproveitada pelo próprio neurônio que a liberou, ou pode ser rearmazenada novamente em vesículas neuronais recém sintetizadas. Para que haja o rearmazenamento, deve haver a recepção do neurotransmissor liberado pelo próprio neurônio. É possível ainda que outra parte do neurotransmissor seja metabolizada ou destruída por enzimas, e seus produtos eliminados no organismo. Os neurônios precisam ter sempre a disposição esses neurôtransmissores para serem sintetizados a qualquer momento. Assim sempre que um neurotransmissor é

liberado, ocorre a síntese e o armazenamento de novas moléculas de neurotransmissor bem como novas vesículas neuronais para substituir as que foram utilizadas. Quando é sintetizado e não utilizado, o neurotransmissor necessita ficar armazenado a espera de um momento preciso para ser liberado. PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES Acetilcolina A acetilcolina estimula o impulso a ser transmitido. Está envolvida na transmissão de impulsos de células nervosas, de músculos cardíacos à algumas glândulas, e de células motoras para os músculos do esqueleto. É o neurotransmissor encontrado em maior quantidade no corpo: estômago, baço, bexiga, fígado, glândulas sudoríparas, vasos sanguíneos e coração são apenas alguns órgãos que este neurotransmissor controla. A acetilcolina ajuda no controle do tônus muscular, no aprendizado, e nas emoções. Também controla a liberação do hormônio da pituitária, a qual está envolvida no aprendizado e na regulação da produção de urina. A síntese de acetilcolina pelo organismo é vital, pelo seu papel relativo aos movimentos e à memória - baixos níveis de acetilcolina contribuem para falta de concentração e esquecimento. O corpo sintetiza acetilcolina a partir dos nutrientes colina, lecitina, e DMAE, e vitamina C, B1, B5, e B6, e minerais zinco e cálcio. Também é performance sexual,

relacionada controlando

à a


pressão sanguínea e batimento cardíaco durante a relação sexual [1,2,3].

aumentar o prazer se estiver em grande quantidade no lóbulo frontal [2].

Endorfina

Noradrenalina

Atua como calmante natural: alivia a sensação de dor. Em um machucado, receptores na pele produzem sinais elétricos que vão da coluna espinhal ao cérebro. O cérebro então avalia a dor, que será negociada pelas endorfinas enviadas para ligação com receptores dos neurônios. A quantidade de endorfina liberada é relacionada à quantidade de dopamina. Em alguns casos, dependendo das concentrações de cada uma, a dor pode ser substituída pela sensação de prazer.

Conhecida também como norepinefrina, é definida por algumas bibliografias como o hormônio precursor da adrenalina - com efeito estimulante na lipolase, o faz com que aumentante o nível de algumas gorduras no sangue - e por outras como o neurotransmissor que eleva a pressão sanguínea através da vasoconstrição periférica generalizada. A noradrenalina também é usada no sistema que nos faz ficar alertas, e ter uma boa memória. O desequílibrio entre ela e outras substâncias pode causar diversas doenças [2,3].

A endorfina é responsável pelo sentimento de euforia, êxtase. A feniletalimina - substância química, ingrediente natural do chocolate - atua no sistema límbico assim como a endorfina. Daí a explicação para o fato do chocolate deixar as pessoas felizes [2]. Dopamina È um inibidor e, dependendo do local onde atua, apresenta diferentes funções. Com por exemplo, a dopamina no gânglio basal (no interior do cérebro) é essencial para execução de movimentos suaves e controlados - a falta de dopamina é a causa da doença de Parkinson, a qual faz a pessoa perder a habilidade de controlar seus movimentos. A dopamina se move até o lóbulo frontal regulando o grande número de informações que vem de outras partes do cérebro. Portanto, comprometer as quantias do neurotransmisor pode resultar em pensamentos incoerentes, como na esquizofrenia. Também é responsável pelo sentimento de euforia, assim como a endorfina. É capaz de acalmar a dor e

Serotonina A serotonina, também conhecida como 5-hydroxytryptamine (5HT), é o hormônio e o neurotransmissor envolvido principalmente na excitação de órgãos e constrição de vasos sanguíneos. Nos mamíferos, a serotonina é produzida em células especializadas as enterochromafinas. Esta substância também é encontrada nas paredes sanguíneas, e localizada no hipotálamo e parte central do cérebro. Algumas funções da serotonina incluem o estímulo dos batimentos cardíacos, o início do sono e a luta contra a depressão (as drogas que tratam de depressão preocupam-se em elevar os níveis de serotonina no cérebro). A serotonina também regula a luz durante o nosso sono, visto que é a precursora do hormônio melatonina (regulador do nosso relógio natural) [2]. Os neurônios especializados na recepção da serotonina estão localizados na maioria dos órgãos; esses órgãos são


estimulados a realizarem suas funções quando moléculas de serotonina ocupam os receptores. O excesso na produção de serotonina, que ocorre durante a síndrome carcinóide (tumor nas células de chromafina), resulta no enrubescimento da pele, variações na pressão sanguínea, cólica e diarréiam[2,5]. NEUTROTRANSMISSORES E A DEPRESSÃO Os seres humanos se entristecem ou se alegram com facilidade, em decorrência de acontecimentos da vida. Essa experiência, de flutuações diárias em nosso afeto, é universal e normal. Em algumas pessoas, no entanto, estas flutuações se tornam excessivas em termos de intensidade e/ou duração, passando a interferir de forma significativa em seu cotidiano. Nesses casos, encontramo-nos diante de um transtorno afetivo. Por outro lado, quando uma pessoa sofre uma perda significativa, como a morte de um filho ou do esposo, a separação de um cônjuge, a perda do emprego, ou é acometida por uma doença grave, a tristeza pode ser muito intensa e prolongada, caracterizando um quadro de depressão mental [1,5]. A depressão é um problema de saúde pública. Embora não se tenha um cálculo exato, estima-se que cerca de 30% da população mundial sofra de depressão. Quimicamente, a depressão é causada por um defeito nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios como a serotonina e endorfina, que dão a sensação de conforto, prazer e bem estar. Quando existe algum problema nesses neurotransmissores, a pessoa começa a

apresentar sintomas como desânimo, tristeza, autoflagelamento, perda do interesse sexual, falta de energia para atividades simples [2]. Na depressão acontece uma diminuição na quantidade de neurotramismissores liberados, mas a bomba de recaptação e a enzima continuam trabalhando normalmente. Então um neurônio receptor captura menos neurotransmissores e o sistema nervoso funciona com menos neurotransmissores do que normalmente seria preciso. Para o tratamento da depressão são rotineiramente usados antidepressivos, que têm por objetivo inibir a recaptação dos neurotransmissores e manter um nível elevado dos mesmos na fenda sináptica. Havendo isso todo o humor se reestrutura e logo o doente se sente melhor [1,2,3]. REFERÊNCIAS 1. DePaulo, J. R., Hortiz, L. A. Understanding Depression; Jonh Wiley & Sons. 2000. 2. Guyton, A. C.; Hall, J. E.; Tratado de Fisiologia Médica. Ed.9º. Guanabara. 1997. 3. Johwson, L.R. Fundamento de Fisiologia Médica . Ed. Guanabara 2000. 4. Mckhann, G. M.; Albert, M. Cérebro Jovem. O guia completo para saúde física e emocional. Alegro. 2002. 5. Young, P. A.; Young P. H. Bases da Neuroanotomia Clínica. Ed. Guanabara. 1997. Endereço para correspondência: Prof. Walter Paulo Filho Faculdade de Farmácia do Planalto Central/União Educacional do Planalto Central –UNIPLAC SIGA. Área Especial nº 02 – Setor Leste. Gama-DF-72460-000


Vacinas: Novos Desafios Farmacêuticos Vaccines: New Pharmaceutical Challenges Rosângela Vieira de Andrade1; Ana Lúcia Saliba Santos Avelans2; Cecília Mangini Correa2; Cláudia Mariano de Melo2; Jane Moraes de Paiva Defina2; Maurílio Geraldo Borges2 & Poliana dos Reis Danião2

RESUMO - Vacinação (do latim vacca ) representa a melhor e mais conhecida aplicação dos princípios imunológicos para a saúde do homem. As vacinas de uso corrente são constituídas ou por microrganismos inteiros (inativados), ou mortos ou ainda por subunidades dos microrganismos. Cada uma delas apresentando vantagem e desvantagens. PALAVRAS – CHAVE – Vacinação , imunidadade e microrganismos.

SUMMARY - Vaccination (of the latin vacca) represents the best and more known application of the immunological beginnings for the man's health. The vaccines of the current use are constituted either for whole (inactivated) and died microorganisms or for subunits of microorganisms. Each one of them presenting advantage and disadvantages. KEYWORDS - Vaccination, immunity and microorganisms.

INTRODUÇÃO

O nascimento da imunologia como uma ciência pode ser datada a partir da vacinação bem sucedida contra a varíola, feita por Edward Jenner, em 1796.1 A importância da vacinação profilática contra doenças infecciosas é mais bem ilustrada pelo fato de que os programas mundiais de vacinação induziram a uma completa, ou quase completa, erradiação de muitas destas doenças em muitos países. O exemplo mais impressionante é o da varíola [1]. O desenvolvimento de 1

Pesquisar, 2 Alunos do curso de Farmácia da UNIPLAC.

vacinas eficazes contra vírus, bactérias e parasitas persiste como um importante alvo dos imunologistas de todo o mundo. O objetivo de toda a vacinação é induzir imunidade específica que evite a invasão bacteriana, que elimine os micróbios já penetrados nos hospedeiros e que neutralize as toxinas microbianas. Uma vez que a vacinação eficaz como uma medida de saúde pública exige uma imunidade de longa duração, a capacidade das vacinas para estimular os linfócitos T e B de memória constitui uma importante consideração ativa na erradicação das doenças infecciosas é dependendo de numerosas fatores. Por


exemplo, as infecções que são limitadas aos hospedeiros humanos e sejam causadas por fracos agentes infecciosos, cujos antígenos são relativamente invariantes, têm maior probabilidade de serem controladas pela vacinação. Por outro lado, a variação antigênica, a existência de reservatórios animais ou ambientais de infecção e a alta infectividade dos micróbios tornam menos provável que a vacinação isoladamente possa erradicar uma doença infecciosa em particular [1,5]. PRINCÍPIOS E EFEITOS DA VACINAÇÃO Atualmente sabemos que as inoculações de Jenner funcionaram porque o vírus da varíola bovina, que não é um patógeno grave, está intimamente relacionado ao vírus da varíola. A inoculação, feita por raspagem da pele, provocava uma resposta imune primária nos receptores, levando à formação de anticorpo e de células de memória. Mais tarde, quando o receptor encontrava o vírus da varíola, as células de memória eram estimuladas, produzindo uma resposta imune secundária rápida e intensa. Esta resposta mimetiza aquela obtida na recuperação da doença. A vacina da varíola bovina foi logo substituída por uma vacina contendo o vírus da vacínia. Apesar de se conhecer muito pouco sobre a origem desse importante vírus ele também confere imunidade contra o vírus da varíola. Trata-se, provavelmente, de um híbrido que surgiu há muito tempo de uma mistura acidental do vírus da varíola bovina com o da varíola. O desenvolvimento de vacinas baseadas no modelo da vacina da varíola bovina é apenas um exemplo das importantes aplicações da imunologia [5].

Muitas doenças transmissíveis podem ser controladas por métodos comportamentais e ambientais. Por exemplo, medidas sanitárias adequadas podem impedir a disseminação da cólera, e o uso de preservativos pode diminuir a disseminação das doenças sexualmente transmissíveis. As enfermidades bacterianas podem ser tratadas com antibióticos, caso falhem as medidas de prevenção. As doenças virais, contudo, uma vez contraídas, não são facilmente tratáveis. Por isso, a vacinação é freqüentemente o único método exeqüível de controle da doença viral. O controle da doença não requer, necessariamente, que todos sejam imunizados contra ela. Se a maioria da população estiver imunizada, indivíduos suscetíveis em quantidade suficiente para sustentar a disseminação de uma epidemia [1,5]. A experiência tem mostrado que as vacinas contra patógenos bacterianos entéricos, como os causadores da cólera ou do tifo, não são eficientes ou tão duradouras quando aquelas contra doenças virais, como o sarampo e varíola. Têm sido produzidas vacinas eficientes contra bactérias e contra vírus, mas vacinas úteis contra clamídias, fungos e protozoários ou parasitas helmínticos ainda não estão sendo utilizadas em seres humanos. Contudo, os pesquisadores têm trabalhado no desenvolvimento de vacinas contra várias doenças [4]. TIPOS DE VACINAS E SUAS CARACTERÍSTICAS Atualmente existem vários tipos básicos de vacinas. Algumas das mais novas tiram proveito do conhecimento e da tecnologia desenvolvidos nos anos recentes. As vacinas atenuadas com o agente inteiro usam microrganismos


vivos atenuados (enfraquecidos). As vacinas vivas mimetizam melhor uma infecção real. A imunidade vitalícia, especialmente com vírus, é freqüentemente alcançada sem reforços e, não raro, com uma eficácia de 95%. Essa eficácia de longa duração ocorre, provavelmente, devido à proliferação dos vírus atenuados dentro do corpo, aumentando a dose original e agindo com uma série de imunização secundária (reforços) [1,5]. Exemplos de vacinas atenuadas são a vacina Sabin (contra poliomielite) e as usadas contra sarampo, caxumba e rubéola. A vacina contra o bacilo da tuberculose, amplamente utilizada, e algumas das vacinas tifóides administrada oralmente, recentemente introduzidas, contêm bactérias atenuadas. Os micróbios atenuados são geralmente derivados de mutações acumuladas durante o cultivo de longa duração. Um dos perigos dessas vacinas é que os micróbios vivos podem sofrer mutação revertendo para uma forma virulenta. As vacinas atenuadas não são recomendadas para pessoas cujo sistema esteja comprometido, devendo ser substituídas pelas vacinas inativadas, quando disponíveis [3,4]. As vacinas inativadas com o agente inteiro usam micróbios mortos com formalina ou fenol. As vacinas com vírus inativadas utilizadas em seres humanos incluem as vacinas contra a raiva, gripe e poliomielite. Entre as vacinas inativadas bacterianas estão a vacina contra pneumonia pneumocócica e a cólera [3]. Os toxóides, toxinas inativadas, são vacinas dirigidas contra as toxinas produzidas por um patógeno. Os toxóides do tétano e da difteria têm participado, por longo tempo, da série-padrão de inoculação infantil. É necessária uma série de injeções para se obter imunidade

completa, seguida de reforço a cada 10 anos. As vacinas de subunidades usam somente os fragmentos antigênicos de um microrganismo que melhor estimulam uma resposta imune. As vacinas de subunidades produzidas por técnicas de engenharia genética, onde outros micróbios são programados para produzir a fração antigênica desejada, são chamadas de vacinas recombinantes. Por exemplo, a vacina contra o vírus da hepatite B consiste de um fragmento da proteína do envelope viral produzida por uma levedura modificada geneticamente [2]. As vacinas de subunidades são inerentemente mais seguras porque não podem-se reproduzir no receptor. Elas também contêm pouco ou nenhum material estranho e por isso tendem a produzir menos efeitos adversos. De modo semelhante, é possível separar as frações de uma célula bacteriana rompida, isolando as frações antigênicas desejadas [1,6,]. A vacina de ácido nucléico, ou vacina de DNA, é um dos mais novos e mais promissores tipos de vacinas, apesar de não ter ainda resultado em nenhuma vacina para seres humanos. Experimentos com animais mostram que a injeção intramuscular de plasmídeos contendo DNA “nu” resulta na produção da proteína modificada por esse DNA. Essas proteínas permanecem no organismo receptor e desencadeiam uma resposta imune. A segurança desse tipo de vacina é incerta, mas estão sendo consideradas muitas aplicações, especialmente contra câncer e vírus que possuem altas taxas de mutação (como influenza e HIV) [2]. DESENVOLVIMENTO DE VACINAS


Uma vacina eficiente é o método mais desejável de controle de doenças. Ela impede que o indivíduo seja acometido de determinada doença além de ser, geralmente, o meio mais econômico. Isso é especialmente importante nos países em desenvolvimento. A vacina ideal seria ingerida ao invés de injetada. Daria, também imunidade por toda a vida em uma única dose, permaneceria estável sem refrigeração além de ser economicamente viável. Um sonho, no momento, longe de ser realizado. Embora o interesse no desenvolvimento de vacinas tenha diminuído com a introdução dos antibióticos, recentemente tem se intensificado. Historicamente, o desenvolvimento de vacina exigia o crescimento do patógeno em grandes quantidades. As primeiras vacinas virais bem-sucedidas foram desenvolvidas através do cultivo em animais. O vírus da vacínia para a vacina da varíola crescia na barriga raspada de bezerro. O vírus da raiva, usando por Pasteur há 100 anos atrás, crescia no sistema nervoso central de coellhos. A introdução de vacinas contra a poliomielite, sarampo, caxumba e muitas outras doenças cujos vírus só crescem no organismo humano tiveram que esperar pelo desenvolvimento das técnicas de cultivo celular. Cultivos celulares originários de seres humanos ou, mais freqüentemente, de animais como macacos que são mais intimamente relacionados aos humanos, permitiram a produção dessas vacinas em larga escala. As vacinas recombinantes e as de DNA não necessitam de células vivas ou animais hospedeiros para o crescimento do micróbio. Isso evita o principal problema de determinados vírus, como o

da hepatite B que não crescem em cultivo celular. NOVOS DESAFIOS: Nos últimos vinte anos, tem ocorrido notáveis transformação e avanços nas técnicas para formulação de vacinas, como: ! Uso de bactérias não-alteradas para produzir o antígeno desejado (Hepatite B). ! Uso de peptídeos sintéticos em resposta ao rápido avanço da clonagem de DNA (câncer). ! Uso de um vetor, normalmente viral para conduzir os genes codificantes dos antígenos necessários para dentro da célula (Herpes simples). ! Injeção de DNA na forma de plasmídeos em células receptoras, normalmente musculares. REFERÊNCIAS 1. Brown, F.; Dougan, G.; Hoey, E. M.; Martin, S. J.; Rima, B. K., Trudgett, A.Vaccine Design. Chichest: John Wiley & Sons; 1993. 2. Donnelly, J. J., ulmer, J. B.; Shiver, M. A.; Liu, M.A. DNA vaccines. Annual Review of Immunology 15: 617-647, 1997. 3. Kaufmam, S. H. E. Immunity to intracellular bactéria. Annual Review of Immunology 9:745772,1991. 4. Marrack, P.; Kappler, J. W. Subversion of the immunity system by pathogens. Cell 76: 323-332,1994. 5. Roit, I.; Brostoff, J.; Male, D., Imunologia. 5ª Ed. Editora Manole LTDA. 1999. 6. ZinKernagel, R. M.; Immunology taught by viruses. Science 271: 173-178, 1996. Endereço para correspondência: Prof. Walter Paulo Filho Faculdade de Farmácia do Planalto Central/União Educacional do Planalto Central –UNIPLAC SIGA. Área Especial nº 02 – Setor Leste. Gama-DF-72460-000


HISTÓRIA DA FARMÁCIA SOB A ÓTICA ANATÔMICA PHARMACY HISTORY UNDER ANATOMIC VIEW Ita de Oliveira e Silva1; Nabiha Haddad Simões Machado2; Geraldo Magela de A.Cortes3; Leonardo Patryc3; Luiz Carlos dos Santos3; Luiz do Couto Júnior3 & Marcos Fabiano B. Magalhães3.

RESUMO – Poucos termos possuem história tão longa como a palavra anatomia. Coincidentemente, longa também é a história da Farmácia, datada de mais de 30 anos atrás. Vários foram os precursores e os estudiosos que uniram os conhecimentos anatômicos e farmacêuticos: Galeno, Homero, Hipócrates de Cos, Teofrasto, Dioscorides, Rhazes, Avicena e Paracelso. Resgatando a figura do médico farmacêutico da Antiguidade, o perfil do novo profissional generalista necessita do conhecimento anatômico como base de sua formação. PALAVRAS-CHAVE – Anatomia, Farmácia, História.

SUMMARY – Few terms have such long history as the word anatomy.Coincidently Pharmacy history is long as Anatomy history is, dated more than 30 years old. Many were the precursors and studious that united the pharmaceutical and anatomic knowledge: Galeno, Homero, Hipócrates de Cos, Teofrasto, Dioscorides, Rhazes, Avicena e Paracelso. Rescuing antiquity’s figure of pharmacist physician, the profile of new generalist professionals requires anatomic knowledge as base of his academic formation. KEYWORDS – Anatomy, Pharmacy, History.

INTRODUÇÃO Poucos termos possuem história tão longa como a palavra anatomia. O termo grego anatomé, aplicado à Ciência Anatomia há 2300 anos atrás, significa cortar em pedaços, dissecar – método que tornou possível o estudo dos organismos vivos (1,2). Tendo sido um dos mais antigos objetos da curiosidade humana, esta Ciência desenvolveu-se em um dos mais amplos setores do conhecimento. Sendo assim seu conceito expandiu-se de forma a promover o estudo macro e microscópico da constituição e do desenvolvimento dos seres organizados (2,3). O objetivo deste trabalho é reconhecer, historicamente, a importância da Anatomia Humana para a formação do profissional farmacêutico.


DESENVOLVIMENTO FARMÁCIA NA PRÉ-HISTÓRIA Desde o começo do recente passado da humanidade, a Farmácia tem sido parte do dia a dia da vida humana. Escavações datadas de mais de 30 mil anos atrás, registram que pessoas do período pré-histórico colhiam plantas com propósitos medicinais. Os conhecimentos de cura foram adquiridos através de tentativas de erro e acerto e as doenças eram sempre atribuídas a fenômenos sobrenaturais (6). Quando os povos sedentários chegaram nos vales férteis adjacentes aos rios Nilo, Tigre e Eufrates, mudanças ocorreram gradualmente, influenciando os aspectos de cura. Enquanto estes povos foram ganhando o controle sobre a natureza através da agricultura, a crença de que doenças eram associadas a deuses e fenômenos sobrenaturais, ia desaparecendo. O maior avanço neste campo do conhecimento ocorreu quando o homem passou a ter tempo de observar seu próprio corpo e de comparar sua estrutura e funcionamento com os de outros animais. Algumas técnicas de dissecação e conservação do corpo além do uso racional de drogas surgiram aí. Estas evidências são encontradas nos registros de grandes civilizações como a Mesopotâmica e a Egípcia. Uma maior análise destes dados revela uma gradual separação entre a cura empírica, baseada em experiências, e a cura puramente espiritual (4,6).

GALENO E A EVOLUÇÃO DOS CONHECIMENTOS ANATÔMICOS As raízes das ciências médicas, no Ocidente, remetem à Grécia Antiga, onde se identifica a interação entre várias áreas do conhecimento, dentre elas a Medicina, a Farmácia e a Filosofia. Nesta época ainda existia um conceito confuso entre droga e pharmakon (fármaco). A tradição racional dentro das ciências médicas gregas, evidenciada em Homero (800 a.C.), foi refinada por Hipócrates de Cos (425 a.C.), que desenvolveu uma explicação racional para as doenças. Outros nomes se destacam nesta intersecção de conhecimentos como Teofrasto, Galeno e Dioscorides (4,5,7). Dentre estes homens, cujos nomes são conhecidos nas áreas da Farmácia


foram utilizados no mundo Ocidental por 1.500 anos. Galeno aprofundou-se no saber anatômico adquirindo prestígio e autoridade. A dissecação do corpo humano era considerada ilegal, por isso, utilizava porcos e macacos-de-Gibraltar em suas demonstrações de anatomia e fisiologia. A primeira coisa que recomendava aos médicos era o profundo conhecimento da Anatomia, seguido da Filosofia. Combatia as doenças por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas das enfermidades, sendo, portanto, precursor da alopatia. Descreveu detalhadamente: os ossos do crânio, o sistema muscular, a importância da medula espinhal para os movimentos, as válvulas do coração e o sistema nevoso simpático. Galeno contribuiu para a ciência médica e farmacêutica mais do que qualquer outro homem, pois seu nome ainda é associado à classe de farmacêuticos que produzem medicamentos por métodos mecânicos aplicados diretamente a ingredientes vegetais e animais, os Galênicos; e sua filosofia médica ainda persiste e constitui a base filosófica da medicina atual (5,7).

A SEPARAÇÃO DA FARMÁCIA E DA MEDICINA Na Idade Média, durante o florescimento da civilização Islâmica, surge a Farmácia. Enquanto no Ocidente, a terapia racional utilizando drogas declinou devido à influência da Igreja, que pregava a relação íntima entre sina e doença, os conhecimentos médicos e farmacêuticos continuavam a se desenvolver na cultura Islâmica nos nomes de Rhazes (860-932 d.C.) e Avicena (980-1063 d.C.). Com a sofisticação da medicina oriental, a necessidade de se preparar substâncias mais elaboradas e a influência árabe nos países europeus, farmácias públicas começaram aparecer no Século XI. Contudo, foi somente em 1240, na Sicília e no sul da Itália que a Farmácia separou-se da Medicina. Frederick II de Hohenstaufen, Imperador da Alemanha bem como Rei da Sicília, viveu conectado entre os mundos Ocidental e Oriental. Em seu palácio em Palermo ele apresentou decreto

separando

completamente

as

responsabilidades

do

profissional

farmacêutico daquelas do médico, regulamentando ainda esta nova prática


REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA A Renascença iluminou também novos conceitos para doença e drogas. No entanto, mesmo com a regulamentação da prática farmacêutica, a intersecção dos conhecimentos médicos, farmacêuticos e filosóficos permanecia na formação do profissional de saúde. Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, o Paracelso (1493-1541 d.C.) é um exemplo disto. Estudou Química na Universidade da Basiléia, mas se doutorou em Medicina na Itália. Opunha-se à Medicina escolástica e às teses de Galeno e Avicena, achava que a Medicina e a Farmácia deveriam se basear em leis físicas e químicas, utilizando-se da observação e da experiência. Sua teoria médica era uma estranha mistura de ciência com o sobrenatural, sendo considerado o Pai da Homeopatia, pois seus remédios obedeciam ao princípio "igual por igual" (5). No século XVI, a Química ocupou uma posição de vanguarda no ensino das ciências farmacêuticas, permanecendo assim até o início do século XIX, quando emergiu como uma outra profissão. Durante este mesmo período, a Farmácia deu sua maior contribuição para a Ciência, bem como se tornou firmemente estabelecida como uma profissão no continente europeu. Este foi o pontapé inicial para

que

as

disciplinas

científicas

da

Farmácia

se

tornassem

mais

profissionalizantes em colégios, com o subseqüente declínio da "Ciência da venda de medicamentos" (5). Mesmo com a inclusão de outras áreas do conhecimento no ensino das ciências farmacêuticas, como a Química, a Anatomia permaneceu como disciplina básica na formação deste profissional. Isto ficou evidente quando, em l868, o Dr. Albert B. Prescott lançou o curso de Farmácia na Universidade de Michigan, despertando a atenção da crítica ao abandonar o currículo tradicional de aprendizagem. Inseriu mudanças nesta proposta curricular incluindo as ciências básicas e programas que exigiam atenção e tempo integral dos estudantes, como a Farmácia Laboratorial. Devido a estes avanços, o curso de Michigan foi pioneiro e o Dr. Prescott teve a satisfação de ver suas inovações revolucionárias adotadas por várias Faculdades de Farmácia (4,5).


CONCLUSÃO FARMÁCIA HOJE E AMANHÃ A Farmácia, que possui uma das bagagens históricas mais antigas da humanidade, assim como a Medicina, tem resistido a várias mudanças e se adaptado às novas situações, alterando antigos hábitos. Quando o profissional de hoje atende a uma prescrição médica, ele presta um serviço resultante do trabalho de muitos farmacêuticos em todos os ramos da profissão - Educação, Pesquisa, Desenvolvimento, Produção e Distribuição. Com a perspectiva de ampliação do campo de trabalho do farmacêutico, aumentando sua responsabilidade em relação à saúde do paciente, torna-se necessária uma formação acadêmica ainda mais abrangente, o que de forma alguma exclui o ensino de Anatomia. O perfil deste novo profissional generalista resgata a figura do médico-farmacêutico da Antiguidade, para o qual o conhecimento anatômico constituía a base de sua formação e saber.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Basmajian, J V. Anatomia de Grant. 10 ed. São Paulo: Manole, 1993. 683p. 2. D’Angelo, J G ; Fattini, C A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2000. 363p. 3. Gardner, W D; Osburn, W A. Anatomia do Corpo Humano. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 1980. 571p. 4. Martin, E. W. Remington’s Pharmaceutical Sciences. Pensilvânia: MackPublishing, 1965. 5. History of Pharmacy in College of Pharmacy Home. Disponível em: <http://www. pharmacy.wsu.edu> Acesso em: Abr. 2002. 6. Pharmacy: A look back at the past and a vision for the future. Disponível em: <Http://www.psa.org.au> Acesso em: Abr. 2002. 7. História da Farmácia. Disponível em: <Http://www.ufba.br/~euvelozo/historia.htm> Acesso em: Abr. 2002. __________________ Endereços para correspondência: Profª Ita de Oliveira e Silva Faculdade de Farmácia do Planalto Central / União Educacional do Planalto Central Campus II – Gama – DF SIGA – Área Especial nº 2 – Setor Leste – CEP 72460-000 E-mail: itabio@pop.com.br Profª Nabiha H. S. Machado Faculdade de Farmácia do Planalto Central / União Educacional do Planalto Central Campus II – Gama – DF SIGA – Área Especial nº 2 – Setor Leste – CEP 72460-000 E-mail: bihahsm@ig.com.br


1 O Conhecimento e a Utilização do Sistema Internacional de Unidades (SI) na Atividade Farmacêutica The knowledge and utilization of Internactional Unity System (SI) in the pharmaceutical activity

Leonardo Caetano1, Maria Fernanda1, Raimundo Nonato de Moraes1, Rayanna G. T. de Faria1, Renata R. Milhomem1, Sérgio Ricardo da Silva1, Tatiane R. de Lima1, Robério Marcos Alcântara2 1. Acadêmicos da Faculdade de Farmácia do Planalto Central 2. Tutor da Faculdade de Farmácia do Planalto Central

RESUMO – As grandezas e as unidades de medidas internacionais fazem parte de toda ciência. Desta forma, as medidas de temperatura, volume e pressão e suas conversões serão avaliadas na atividade farmacêutica. PALAVRAS-CHAVE –Medidas, constantes físicas, temperatura volume, pressão arterial SUMMARY – The greatness and the units of international measures are part of all science. This way, the temperature measures, volume and pressure and their conversions will be evaluated in the pharmaceutical activity. KEYWORDS- Blood press, temperature,volume, physical constants, measurement INTRODUÇÃO

Química é à base da vida e pode ser definida como o estudo da composição, estrutura e propriedades das substâncias, e das transformações que elas sofrem. A química também trata das substâncias, a matéria das quais as coisas são feitas. Já bioquímicos, estudam as substâncias encontradas nos seres vivos, enquanto os químicos clínicos realizam testes para analisar as amostras retiradas de pacientes em hospitais e clínicas. A clínica é parte da ciência, ela está intimamente relacionada com os outros ramos da ciência moderna, e assim, a ciência química mantêm uma posição chave entre as outras ciências básicas. Portanto, para formação do farmacêutico as medidas desempenham um importante papel na


2 expressão de dosagens de medicamentos, resultados clínicos laboratoriais, temperatura de pacientes e muitos outros aspectos dos cuidados médicos. As medidas são baseadas nos sistemas de unidades. Estas unidades são os padrões dimensionais assumidos. O resultado de uma medida e expresso em termos de um número e uma unidade. Nas ciências físicas existem diferentes unidades para as grandezas (comprimento, massa, tempo e temperatura). No sistema Internacional de Unidades (SI) adota as seguintes unidades para as grandezas relacionadas na tabela 1. Tabela 1. Grandezas e unidades do Sistema Internacional (SI) Grandeza

Unidade

Símbolo

metro

m

massa

quilograma

kg

tempo

segundo

s

Kelvin

K

Comprimento

temperatura

DESENVOLVIMENTO Comprimento É uma medida da distância entre dois pontos. Nós usamos comprimento para expressar a extensão da matéria. A unidade básica de comprimento é o metro, e seu símbolo é o m. Em relação às unidades inglesas, 1 metro (m) ligeiramente maior do que 3 pés ou 1 jarda (unidade de medida de comprimento usada nos EUA e no Reino Unido. Equivale a 0,914m). Num trabalho científico, distâncias muito pequenas devem freqüentemente ser medidas. Unidades menores do que o metro é, portanto úteis. Uma destas unidades, o centímetro, simbolizado por cm, é 1/100 (0,01) do metro, uma vez que centi significa 100 vezes menor. Há 100 centímetros num metro, (100cm = 1 m). Para distâncias ainda menores, usamos o milímetro. Assim como um miligrama é 1000 vezes menor do que um grama, um milímetro, simbolizado mm, é 1 000vezes menor do que um metro. Uma vez que o milímetro é dez vezes menor do que o centímetro, há 10 milímetros em um centímetro: 10 mm= 1cm.

Volume A matéria ocupa espaço. Volume é uma medida da extensão do espaço ocupado. O metro cúbico é a unidade SI de volume. Uma Vez que o metro cúbico é um volume tão grande para medidas químicas, unidades menores de volume são necessárias. O litro é a unidade mais comumente usada.


3 Podemos descrever seu volume em termos de uma caixa cujo comprimento, altura e largura são 1 decímetro cada (0.1 metro). O volume será então 1dm x 1 dm x 1dm, ou 1 dm3, isto é, 1 decímetro cúbico. Este volume é chamado litro, e seu símbolo é L. Um litro é um pouco mais do que um “quart” (qt) do sistema inglês. Por exemplo, 1 mililitro de líquido preenche cerca de um quinto de uma colher de chá, e uma xícara de café tem um volume de cerca de 200mL. As relações que acabamos de descrever podem ser representadas assim: 1L = 1000 cm3.

Temperatura É uma medida de quanto alguma coisa quente ou fria.Os valores de temperatura são determinados por meio de um termômetro. Um típico termômetro de laboratório consiste de um tubo fino de vidro parcialmente cheio com mercúrio, um aumento de temperatura no fundo do tubo faz o mercúrio expandir e a temperatura subir. Os termômetros são calibrados de modo que as alturas da coluna de mercúrio correspondem a certas temperaturas. A escala de temperatura é gravada no vidro. Três diferentes escalas são comumente utilizadas para descrever temperatura: Fahrenheit, Celsius, Kelvin. A escala Celsius é a escala centígrado e os pontos de referência de congelação e ebulição da água nos permitem comparar os tamanhos dos graus de temperatura nas três escalas. Na escala Kelvin, a água ferve a 3730 e congela a 2730. Na escala Celsius, a água ferve a 1000 C e congela a 00 C. Na escala Fahrenheit, a água ferve a 2120 e congela a 320. Note que há 100 graus entre os pontos de ebulição e congelamento nas escalas Kelvin e Celsius. Em contraste note que há 1800 entre estes pontos na escala Fahrenheit. Você pode então ver que o tamanho de um grau é o mesmo nas escalas Celsius e Kelvin, e que um grau nestas escalas é maior do que um grau na escala Fahrenheit. Cada grau na escala Celsius e Kelvin é 180/ 1000 = 1,8 vezes em que grau na escala Fahrenheit. A febre é parte do mecanismo de defesa do corpo. Em resposta à infecção por bactérias, as células brancas do sangue liberam uma substância química que age no cérebro para produzir febre. A temperatura corporal mais alta ajuda a distribuir as bactérias invasoras. No estado febril a temperatura corporal, que raramente excede 106 0F (41,10C) nos seres humanos. No caso da hipertemia é uma temperatura corporal bem aumentada, acima de 1050F (410C), que pode resultar de um ataque térmico. Temperaturas extremamente altas, particularmente acima de 11 00F (430C), podem ser fatais. Na hipotermia é uma temperatura corporal anormalmente baixa. Ela pode ser causada por exposições prolongadas ao frio, perda severa de sangue, ou hipotiresidismo. Embora a hipotermia possa também ser fatal, são artificialmente induzidas para diminuir as necessidades de oxigênio durante certas intervenções cirúrgicas. Para converter Fahrenheit em Celsius, subtrai 32 graus, multiplica por 5 e divida por 9.


4 A escala Kelvin é a única que chama de zero a baixa temperatura possível, nada pode ser mais frio do que 0K. Esta temperatura é chamada de zero absoluto.Por esta razão, a escala mais baixa possível é zero nesta escala Kelvin nunca pode ser negativa. Graus na escala kelvin são representados sem o sobrescrito símbolo para grau e a palavra Kelvin substitui agora o antigo termo” graus Kelvin”. Esta escala é usada no SI e é aquela que é usada para cálculos químicos.

Pressão A unidade física conhecida como pressão hidrostática é definida como a força compressiva média atuando na superfície de um meio qualquer. Líquidos ou suspensões, como o sangue, são estados da matéria não compressível a forças normalmente encontradas em sistemas fisiológicos. A força (F) aplicada na superfície (A) de um determinado volume é transmitida integralmente por toda a extensão desse volume, de tal maneira que a força por unidade de área ( F / A = pressão) é a mesma em cada ponto do material. Da mesma forma que a força é transmitida integralmente para cada ponto no interior do líquido, também é para cada ponto na superfície interna do recipiente que o contém. A pressão em qualquer ponto no interior de um determinado volume de líquido é uma quantidade escalar. Portanto, p é representada por magnitudes (número ) mas sem direção. Se o volume de liquido é submetido a ação da gravidade, a pressão no interior do mesmo passa a depender da posição no plano vertical. O aparelho circulatório nos mamíferos constituí-se, em sentido geral, em um sistema de tubos fechados, eu em nenhum ponto permite que seu conteúdo, o sangue, escape para banhar diretamente as células. O sistema de canais por onde o sangue circula tem particularidades estruturais distintas nos diferentes segmentos. Estes segmentos são adequados à pressão, ao volume de sangue conduzido, ou seja, fluxo sanguíneo, e outras particularidades da corrente sanguínea que os percorre. Assim se distinguem as artérias, capilares e veias. O princípio físico básico que faz o sangue circular é a diferença do nível de pressão, entre os diversos setores do sistema circulatório. A medida de pressão arterial se faz com o esfgmomanômetro, que consiste de uma manga inflável que é presa à parte superior do braço. Um aparelho especial para medida de pressão (manômetro) é ligado a ela. O profissional de saúde coloca o aparelho e apalpa o pulso e vagarosamente, bombeia o ar para o interior da manga, até que a pulsação não seja mais sentida. O desaparecimento da pulsação acontece porque a manga inflada comprime a artéria umeral, achatando-a: o sangue não consegue passar para alcançar o pulso. Neste ponto, o edidor do aparelho registra a pressão sistólica, que o homem se situa em média entre 10 e 16 cm de mercúrio. A medida da pressão diastólica é um pouco mais complicada. No momento em que se mediu a pressão sistólíca, comprimindo-se ao máximo a manga em torno do braço, o médico afrouxa ligeiramente a válvula, que permite o escapamento de ar. O ar sai, então, muito vagarosamente. Enquanto isso está acontecendo, o médico está agradando ouvir sons através de um estetoscópio colocado na parte da frente do cotovelo. A medida que a manga


5

vai se alargando, ele ouve uma série de sons que depois pára. Este é o momento da diástole, que varia entre 6 e 10 cm de mercúrio.

Conclusão: Este trabalho tutorial permitiu aos alunos conhecer as grandezas do sistema internacional de unidades, e como estão relacionados com o cotidiano da atividade farmacêutica.

BIBLIOGRAFIA 1.

UCKO, D. A. Química Para as Ciências da Saúde. Uma Introdução à Química Geral, Orgânica e

Biológica. 3ª ed. Ed. Manole Ltda., São Paulo S. P. , 1998. 2.

BRANDY, G.E & HUMISTON, J.E. Química Geral. 2ª ed. Ed. Livros Técnicos e Científicos, v. 1 e 2, Rio de Janeiro RJ, 2000.

3. Atkins, P. Princípios de Química, Questionando o Cotidiano e o Meio Ambiente, Ed. Bookman, Porto Alegre, 2001. 4.

SACKHEIM, G. I. & LEHMAN, D. D. Química e Bioquímica para Ciências Biomédicas. 8ª ed.

Ed. Manole Ltda, São Paulo, 2001.


1 A Importância Biológica da Quiralidade em Fármacos The importance of the estereochemistry activity in drugs The Antônio Juscelino1, Débora Rosa Moreira1, Diogo Carvalho Lima1, José Luiz Campos1, Lindojonson Mario Filho1, Robério Marcos Alcântara2 1. Acadêmicos da Faculdade de Farmácia do Planalto Central 2. Tutor da Faculdade de Farmácia do Planalto Central

RESUMO – A identificação de fármacos com atividades biológicas, tais como, anorexígenos, epiléticos,

analgésicos,

ansiolíticos

foram

estudado

quanto:

a

fórmula

estrutural,

estereoquímica, princípio ativo e contra indicações. PALAVRAS-CHAVE – Fármacos, estereoquímica SUMMARY –Identification of drugs with biological activities were studied as for the structural formula, estereochemistry, active beginning and against indications. KEYWORDS- Drugs, estereochemistry INTRODUÇÃO A maioria das moléculas que constituem as plantas e animais são quirais, e geralmente apenas uma forma da molécula quiral em uma dada espécie. Todos, exceto um dos 20 aminoácidos que constituem as proteínas naturalmente são quirais, e todos são classificados como levogiros. A origem das propriedades biológicas relacionadas à quiralidade é freqüentemente comparada especificidade de nossas mãos com suas respectivas luvas; a especificidade para uma molécula (como uma mão) em um sítio de recepção quiral (uma luva) é favorecida apenas em uma direção. Se tanto a molécula ou o sítio de recepção biológico tem lateralidade errada, a resposta fisiológica natural (ou seja, impulso neural, catálise da reação) não irá ocorrer. Um diagrama mostrando como nas um aminoácido em um par de enantiômeros pode interagir em uma direção ótima com um ligante hipotético (ou seja, em uma enzima) é mostrado na Figura 1. Devido ao estereocentro tetraédrico do aminoácido, ligação de três pontos pode ocorrer com alinhamento apropriado para apenas um dos dois enantiômeros.


2

Figura 1. Apenas um dos dois aminoácidos enantioméricos mostrados pode atingir três pontos de ligação com o sítio de hipotético (ou seja, em uma enzima).

Moléculas quirais podem apresentar suas lateralidades diferentes de muitas maneiras, incluindo a maneira que afetam os seres humanos. Uma forma enantiomérica de um composto chamado limome é responsável principalmente pelo odor das laranjas, e o outro enantiômero pelo odor dos limões, Figura 2.

Figura 2. Fórmula estrutural do limoneno (óleo de limão) A atividade de medicamentos contendo estereocentros pode da mesma forma variar entre enantiômeros, às vezes com sérias ou mesmo trágicas conseqüências. Durante muitos anos antes de 1963 o medicamento talidomida, Figura 3, foi usado para aliviar náusea matinal em mulheres grávidas. Em 1963 foi descoberto que a talidomida era a causa de terríveis defeitos congênitos em muitas crianças nascidas após o uso do medicamento.

O H N O

O

N H

O


3

Figura 3. Fórmula estrutural da Talidomida Mais tarde, começaram a aparecer evidências indicando que enquanto um dos enantiômeros da talidomida (a molécula dextrogira) tinha o efeito intencional de curar a náusea matinal, o outro enantiômero, que também estava presente no medicamento (em uma quantidade igual), podia ser a causa dos defeitos congênitos. A evidência em relação aos efeitos dos dois enantiômeros é complicada pelo fato de que, sob condições fisiológicas, os dois enantiômeros se interconvertem. Atualmente, entretanto, a talidomida está aprovada sob regulamentos altamente severos para o tratamento de uma complicação séria associada à hanseníase. Seu potencial para uso contra outras condições incluindo AIDS, câncer de cérebro e artrites reumatóides também está sob investigação. Os principais objetivos do presente trabalho sob orientação tutorial foram (i) pesquisar sobre fármacos com atividades biológicas, tais como, anorexígenos, epiléticos, analgésicos e ansiolíticos que apresentem substâncias com quiralidade, bem como, (ii) as composições, as estruturas químicas, princípios ativo, contra indicações e atuações das drogas.

DESENVOLVIMENTO 1. ANOREXÍGENOS E OBSIDADE O tratamento da obesidade e complexo e deve abranger restrição calórica, exercícios físicos e orientação psicológica para estabelecer novos e permanentes hábitos alimentares. Os anorexígenos, além de suprimirem o apetite, são estimulantes do sistema nervoso central, além da suspensão do apetite provocam uma síndrome anfetaminica caracterizada por euforia, diminuição do cansaço, maior capacidade intelectual, maior iniciativa e atividade motora. Essas drogas, após algumas semanas de uso podem criar tolerância e dependência psíquica, inclusive a do tipo tolerância cruzada. Devido a essas propriedades, os anoretícos são medicamentos controlados por lei. Quando se interrompe o uso prolongando dos anoretícos, surgem períodos de fadiga e depressão mental. O efeito supressor do apetite pelas drogas desaparece quando se suspende a medicação e, além disso não se observa o efeito anorexígeno em todas as pacientes. Clinicamente não há provas de que haja um anorexígeno superior aos congêneres. As reações adversas representam o exagero das ações farmacológicas, especialmente aquelas do espectro simpaticomimetico desses medicamentos, como, por exemplo, nervosismo, inquietação, tremores, insônia, taquicardia, hipertensão, midríase e pertubações gastrointestinais. Os anorexigenos não devem ser indicados para hipertensos, hipertiroidianos e pessoas sensíveis aos adrenérgicos, tampouco para indivíduos de personalidade susceptível ao abuso de drogas.


4 Os supressores ou moderadores do apetite podem ser classificados em duas grandes classes: anfetamínicos e não-anfetamínicos.

ANFEPRAMONA Fórmula molecular: (C9H13N)

Fórmula Estrutural

CH3

Classificação da cadeia: Mista, insaturada, aromática. Número de Carbono: sp3 = 3, sp2 = 6, Tipo de Ligação:

= 3,

= 22

CH2CHNH2

Nome Comercial = Dualid anfetamina Similar à anfetamina, Produz estímulos do SNC, Elevação da pressão arterial, Produz efeito de tolerância (vicia o organismo) O mecanismo de ação anorexígeno é desconhecido e não se sabe se trata somente de suspensão da fome ou se estão envolvidos outros efeitos sobre o SNC ou metabólicas. A anfepromona e seus metabólitos podem atravessar a barreira hematoencefálica. Indicações: Peso excessivo patológico. Obesidade exógena, em combinação com uma dieta adequada (restrição calórica) por um período curto (somente umas semanas). Superdosagem: Observam-se tremores, respiração rápida, confusão, alucinações, estados de pânico seguidos de fadiga e depressão. Podem ocorrer arritmias, hipertensão, náuseas, vômitos e diarréia. Reações adversas: Convulsões (epiléticas), psicoses, ansiedade, euforia, depressão mudança na libido e perda de cabelo. Precauções: Administrar com precauções em pacientes com doenças cardiovasculares e em epiléticos. Não utilizar em gestantes. INTERAÇÕES: ÁLCOOL A ANFEPROMONA INTERFERE COM A AÇÃO DOS FÁRMACOS ANTIHIPERTENSIVOS. 2. DROGAS EPILÉTICAS Drogas Epiléticas são usadas em crises generalizadas de epilepsias. Drogas Sedativas Hipnóticas - o principal uso terapêutico é produzir sedação com alivio concomitante da ansiedade, ou seja, encorajar o sono Farmacologia Básica 1- Sedativo (Ansio1ítico — reduzir a ansiedade e exercer efeito calmante, com pouco ou nenhum efeito motor ou mental.


5 2.- Droga Hipnótica — produzir sonolência e encorajar o início e a manutenção de um estado de sono que se assemelhe o mais possível ao estado natural do sono. Efeito Hipnótico - envolve uma depressão mais profunda do sistema nervoso central que a sedação.

ESTADO ATUAL DO DESENVOLVIMENTO DROGAS EPILÉTICAS Devido as grandes variedades das crises, n se pode ser tratada apenas por uma droga, pode haver mais de um mecanismo responsável pelas diversas crises convulsivas, e drogas úteis em um tipo de crise, podem por vezes agravar outros tipos. Existem 3 substâncias utilizadas para diversas crises de epilepsias: FENITOÍNA, CARBAMAZEPINA, ÁCIDO VALPRÓICO

FENITOÍNA Fórmula Molecular: (C15H12N2O)

Fórmula Estrutural

Classificação da cadeia: Cíclica, heterocíclica, insaturada, aromática.

O

Número de Carbono: sp3 = 1, sp2 = 14.Tipo de Ligação:

= 8

= 35.

NH NH O fenitoína

A mais antiga droga antiepiléptica não sedativa, introduzida em 1938, após uma avaliação sistemática de compostos como fenobarbital que altera crises convulsivas induzidas eletricamente em animais de laboratório. EFEITOS

ADVERSOS

Incluem

ataxia,

nistagmo,

prejuízos

cognitivos,

reações

de

hipersensibilidade, variando desde rash cutâneo até a síndrome de Stevens-Johnson.

ANALGÉSICOS

Nos animais homeotérmicos, a constância da temperatura corporal é mantida por um mecanismo delicado entre a produção e a perda de calor. O sistema de termorregulação compreende elementos termorreceptores, centros termorreguladores e efetuadores. O centro termorregulador no hipotálamo posterior regula o ponto fixo no qual a temperatura corporal é mantida. Ao receber as informações aferentes, este centro coordena as respostas dos efetuadores. A perda de calor da pele é regulada através do controle da atividade vasomotora e sudorese e a produção de calor pode ser


6 aumentada por contrações musculares produzida pelo calafrio. A febre ocorre quando há um distúrbio ao termostato hipotalâmico, elevando o ponto fixo da temperatura corporal.

Conceito e Atuação Os analgésicos são drogas que atuam sobre a termorregulação provocando queda da temperatura febril; são também capazes de aliviar a dor inflamatória, além de apresentarem na sua maioria, atividade antiflamatória. Os principais analgésicos e antitérmicos em uso atual são de origem sintética e podem ser agrupados em derivados do ácido salicílico, derivados do para-aminofenol e derivados da pirazolona. Acredita-se que a principal ação dos analgésicos é a inibição da cicloxigenase, a enzima responsável pela biossíntese de prostanglandinas como descrita por Vane. A produção posterior prostanóides exige a síntese de nova enzima. Isto significa que o efeito da droga continua após a própria droga ter sido a aparentemente retirado do tecido. Efeito Analgésico Quando empregados como analgésicos estas drogas são efetivas contra dores de intensidade baixa a moderada particularmente aquelas associadas à inflamação. Não leva a dependência, não produzem hipnose nem alteram outra percepção sensorial que não a dor. A atividade analgésica dos salicilatos é diferente da apresentada pelos hinoanalgésicos de ação central com morfina, a diferença parece decorrer do fato de que salicilatos exercem seu efeito principal por prevenir um estado sensibilização de receptores nervosos para a dor. Os salicilatos portanto, são eficazes principalmente contra certos tipos de dor — aquelas nos quais as prostanglandinas amplificam os mecanismos de dor básico. Efeitos Colaterais (Gastrintestinais) Os efeitos comuns são náuseas, dispepsia, vômito, podendo ocorrer irritação da mucosa gástrica com ulceração e pequenas áreas hemorrágicas. (Função plaquetária) A aspirina causa nítido prolongamento do tempo de sangramento. Este efeito é provavelmente resultante da acetilação da cicloxigenase plaquetária e conseqüente redução da formação de tromboxana. (Efeitos respiratórios) Os efeitos dos salicilatos na respiração são de grande importância porque contribuem para graves distúrbios do equilíbrio ácido-base que caracterizam a intoxicação por esses grupos de fármacos. Doses terapêuticas plenas de salicilatos induzem o aumento do consumo de oxigênio e da produção de CO2. Contra Indicações:


7 (Salicilatos na gravidez) Os salicilatos atravessam rapidamente a placenta. Entretanto, não existem evidência de que doses terapêuticas moderadas de salicilatos causem danos ao feto humano. Contudo, a aspirina inibe a adesão e agregação plaquetária, conseqüentemente o consumo de aspirina no final da gravidez aumenta o risco de hemorragia pré ou pós-parto. (Síndrome de Reyer) Uma considerável causa de evidencias implicam o uso de salicilatos como fator importante na lesão hepática grave e encefalopatia observada na síndrome de Reye. O emprego de salicilato em crianças com catapora ou influenza é contra-indicado. (Hipersensibilidade) A hipersensibilidade também causa resposta indesejadas para salicilatos, que se manifesta sob formas variadas, desde simples urticárias até situações mais graves, caracterizada por reações anafiláticas. Derivados do para-aminofenol

ACETANILIDA

Fórmula Molecular (C8H9NO) Número de Carbono: sp3 = 1, sp2 = 7.Tipo de Ligação:

Fórmula Estrutural = 4

O

= 10.

NH

O primeiro representante deste grupo a ser utilizado como analgésico foi a acetanilida.

Quanto classificação das cadeias carbônicas a acetanilida se caracteriza por uma cadeia fechada, aromática, insaturada e homcíclica. Possuem efeito analgésico que não diferem da aspirina, possui apenas fraca atividade antiinflamatória.

ANSIOLÍTICOS Os ansiolíticos são fármacos utilizados no combate aos sintomas causados pela ansiedade. Esta disfunção do sistema nervoso central é mal característico do final do Século XX. Parece, em sua grande


8 parte, ser causado pelo próprio homem. No afã de construir uma estrutura social que lhe pareça adequada, ele não percebe que esta o está destruindo física e mentalmente. Atualmente, os transtornos mentais em prevalência situam-se no mesmo nível das doenças cardiovasculares, incluindo a hipertensão. Destes transtornos, a ansiedade é o problema mais freqüente visto em atendimento médico primário e na população de modo geral. A incidência é maior na população mais jovem, atingida em sua vida pessoal e profissional. Muitas vezes, não identificando o problema, o paciente não procura a ajuda especializada, podendo ter agravado o quadro clínico. Na realidade, o termo ansiedade engloba uma série de quadros clínicos diversos, que apresentam prognósticos diferentes e terapêutica específica. Destaque antes da instituição de qualquer tipo de tratamento, é importante que seja feita identificação cuidadosa dos principais

grupos de

sintomas que o paciente apresentas, para o estabelecimento do diagnóstico. Em alguns casos é mais importante o tratamento psicológico que o terapêutico CLASSIFICAÇÃO DOS FARMACOS - Benzodiazepínicos; - Agonistas do receptor 5HT¹a da serotonina; - Barbitúricos - Antagonistas Beta- Andrenergicos BENZODIAZEPÍNICOS Em 1957, enquanto trabalhava para a empresa Roche, Rudal descobriu o efeito tranqüilizante do oxidoclorodiazepam, que Sternbach, na empresa, já tinha sintetizado em 1955. Estas descobertas foram seguidas pela síntese de um grande número de substâncias similares , dos quais as mais comuns são o Diazepam (Valium) , o Flunitrazepam (Rophynol), o Oxazepam (Serenal) e o Lorazepam (Temesta). Estas substâncias afectam os receptores gaba, mas ao contrário dos barbitúricos, que tem efeito primariamente ao nível do tronco cerebral, elas afectam o núcleo subcortical. Isto implica que elas têm uma função tranqüilizante apenas com pequena influência nas funções cognitivas e nível de consciência. A funcionalidade primária destas substânciais não é propriamente sedativa, mas elas reduzem a força dos estímulos sensoriais recebidos : o efeito é que o mundo que nos rodeia aparenta ficar mais tranqüilo. A sua área de prescrição é assim, fundamentalmente como ansiolítico . Uma característica especial do Valium é o seu efeito relaxante sobre os músculos. As Benzodiazepinas tem uma toxidade muito baixa: tentativas de cometer suicídio com elas estão sujeitas a falhar, a na ser que seja combinada com outras substâncias ( álcool).


9

DIAZEPAN Princípio ativo: diazepam, benzodiazepinas Fórmula molecular: (C16H13ClN2O)

Fórmula estrutural

CH3 Classificação da cadeia: Mista, insaturada, aromática. 3

2

Número de Carbono: sp = 2, sp = 14, Tipo de Ligação:

= 8

O N C CH2 C N

= 22.

Indicações: ansiedade, distúrbios psicossomáticos, miorrelaxante e anticonvulsivante. Podem auxiliar no tratamento da depressão suave, sedação prévia a intervenções ( endoscopias, biopsias, fraturas) , estados de agitação motora. Composição:

Diazepam 5m e 10 mg ( comprimidos) Diazepam 10mg /2 ml ( injetável).

Contra – indicações: miastenia grave, glaucoma, insuficiência pulmonar aguda, depressão respiratória, insuficiência hepática renal, a relação risco benefício deverá ser avaliada em pacientes com antecedentes de crises convulsivas, hipoalbuminemia, psicose.

Conclusão: Esta pesquisa bibliográfica permitiu aos alunos do método tutorial, conhecer as fórmulas estruturais, fórmula molecular e o estereocentro de diversas drogas comercial com atividade biológica.

BIBLIOGRAFIA 1.

ARTHUR C. GUYTON, et al, Tratado de Fisiologia Médica. 9ª edição. Guanabara Koogan. 1997.

2.

AMES B WYNGAARDEN, & LLOYD H. SMITH, JR., Tratado de Medicina Interna. 18ª edição. Editor Guanabara. 1990.


10 3.

PENILDON SILVA, Farmacologia. 5ª edição. Guanabara Koogan. 1997.

4.

BERTRAN G. KATZUNG, Farmacologia Básica e Clínica. 2ª. Edição. Editora Afiliada. 2000.

5.

GOODMAN & GILMAN, As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 9ª Edição. 1996.


1

UM ESTUDO SOBRE A ENGENHARIA GENÉTICA A study about the genetic engineering

Nélvio Dal Cortivo1; Ana Celis Soares Cavalcante2; Herivelton Rodrigo S. Pimentel2; José Aurélio de O. Cardoso2; Kely Rezende de Oliveira2; Maurício Luiz da Silva2; Vicente Ferreira da Silva2; Wagner Meireles Júnior2; Wenceslau Bonifácio Gomes2 Resumo – A genética é o estudo da hereditariedade e esta é controlada por um grande número de genes, que são pequenas partículas físicas encontradas em todos os organismos vivos. A engenharia genética, por sua vez, permite que cientistas usem os organismos vivos como matéria prima para mudar ou corrigir as formas de vida já existentes e criar novas. As novas formas de vida são os organismos geneticamente modificados. A correção de organismos vivos é feita com a técnica da terapia gênica, que consiste em substituir uma parte defeituosa do DNA, tornando-a apta para a produção de proteínas na suas formas corretas e em quantiades adequadas. A genética envolve também o estudo de comportamentos e de doenças dos seres vivos, que podem ser, respectivamente, alterados ou causados por anomalias cromossômicas. Palavras - chave – engenharia genética, organismos geneticamente modificados, terapia gênica

Summary – The genetics is the study of the heredity and this is controled by a huge number of genes, which are small physics particles found in all alive organisms. The genetic engineering, furthermore, allows cientists use the alive organisms for change or correct the shapes of life that already exist or for criate new ones. The new shapes of life are the genetically modified organisms. The correction os the alive organisms is done by genetic therapy technique, which consists on changing of a defective part of the DNA, becoming it ready for the production of the correct proteins in apropriate quantities. The genetics also involves studies about behavior and diseases of the alive organisms, which can be, respectively, changed or causad by cromossomical anomalies. Keywords – genetic engineering, genetically modified organisms, genetic therapy

INTRODUÇÃO A genética é o estudo da hereditariedade e esta é controlada por um grande número de genes, que são pequenas partículas físicas encontradas em todos os organismos vivos. A engenharia genética, por sua vez, permite que cientistas usem os organismos vivos como matéria prima para mudar as formas de vida já existentes e criar novas. As novas formas de vida são organismos geneticamente modificados como as plantas e os animais transgênicos. A correção dos organismos vivos é feita com a técnica da terapia 1

gênica, que consiste em substituir uma parte defeituosa do DNA, tornando-a apta para a produção de proteínas nas suas formas corretas e em quantidades adequadas. A genética envolve também o estudo do comportamento dos seres vivos, que é resultado do estado patológico ou não dos genes. O comportamento dos seres vivos pode ser alterado por aberrações cromossômicas, que afetam, por exemplo, a inteligência e a personalidade ou causam a dislexia, a gagueira, as desordens afetivas, as esquizofrenias, o homossexualismo, o alcoolismo, a psicopatia, a criminalidade,

Pesquisador, 2 Alunos da faculadade de farmácia da Uniplac


a doença de Alzheimer, as psiconeuroses, as grandes psicoses, e até mesmo síndromes como a de Down e a de Turner, entre outras. Contudo, em se tratando de novas formas de vida e de correção de aberrações cromossômicas, não se pode deixar de lado a ética. A ética tem um papel limitador das estrapolações científicas humanas, que intensionam, por exemplo, a clonagem da própria espécie, para fins de desenvolvimento de “uma raça selecionada”. Entretanto, são benefícios para a humanidade a terapia gênica para a cura de doenças e correção de aberrações cromossômicas, o desenvolvimento de órgãos vitais para efetivação de transplantes e salvamento de vidas humanas, a seleção de animais para o abate, a seleção de plantas ornamentais para a decoração de ambientes e a seleção de plantas medicinais para a cura de doenças. HISTÓRIA DA GENÉTICA Muitos cientistas contribuíram para o desenvolvimento da genética desde o final do século XIIV até os dias de hoje; o início ocorreu em 1675 com Leeliwenhoeck descobrindo os espermatozóides no sêmen humano. De 1675 até 2000, ano em que o projeto genoma concluiu o sequenciamento completo do cromossomo 21, ocorreram, entre outros, os seguintes passos: (1865) o monge austríaco Gregor Mendel demonstra as leis da herança genética, a partir de ervilhas; (1901) o cientista De Vries informa pela primeira vez sobre a ocorrência de mutações; (1969) cientistas da escola de medicina de Harvard isolam o primeiro gene do DNA responsável pelo metabolismo do açúcar; (1973) pesquisasdores norte-americanos produzem a primeira bactéria geneticamente modificada (com a

introdução de um gene de vaca em seu DNA); (1977) cientistas americanos introduzem pela primeira vez material genético de células humanas em bactérias; (1978) nasce na Grã-Bretanha o primeiro bebê de proveta, fruto de fertilização “in vitro”; (1985) a técnica de identificação pelo DNA é usada pela primeira vez na cidade de Gana em uma investigação policial; (1993) pesquisadores da Universidade de George Washington clonam embriões humanos e os encubam por alguns dias, provocando protestos de inúmeros setores; (1995) uma empresa norte americana anucia a conclusão do primeiro sequenciamento genético completo de um ser vivo, a bactéria Haemophilus, causadora de pneumonia e meningite; (1995) começam a ser produzidas nos Estados Unidos as primeiras plantas transgênicas – tomate, soja, milho, algodão; (1997) pesquisadores escoceses apresentam a ovelha Dolly, o primeiro mamífero produzido por clonagem de uma célula adulta; (2000) cientistas brasileiros concluem o sequenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa, responsável por uma praga agrícola; (2000) cientistas britânicos e norte americanos anunciam o sequenciamento de 97% do genoma humano. PLANTAS E ANIMAIS TRANSGÊNICOS Organismos geneticamente modificados, ou simplesmente transgênicos, tratam de seres vivos cuja estrutura genética – parte da célula onde está armazenado o código de vida – foi alterada para a inserção de genes de outro organismo, de modo a atribuir ao receptor características não programadas pela natureza.


Como exemplos de plantas transgênicas podem ser citadas as plantas que produzem toxinas que antes só eram encontradas em determinadas bactérias ou os grãos acrescidos de vitaminas e sais minerais que sua espécie anteriormente não possuía. De uma maneira geral, mais de 50% das espécies de plantas transgênicas, até o presente momento, foram transformadas com genes que conferem resistência a herbicidas, a vírus e a insetos. Em outros 30% dos casos, o objetivo da transformação genética foi um aumento da qualidade dos produtos ou obtenção de conhecimentos básicos nas áreas de biologia molecular de plantas ou das interações entre patógenos e plantas. Entre as espécies geneticamente manipuladas, se encontram aquelas que são mais importantes na alimentação humana e animal, podendo ser citadas: milho, batata, tomate, soja, feijão e algodão. Além destas espécies também já foram transformadas melancias, couves, cenouras, arroz, trigo, girassóis, maçãs, amendoins, entre outras. As principais técnicas para alterar o genoma de um animal são pela injeção do DNA em um dos pronúcleos de um óvulo fecundado ou pela reitrodução, em blastócitos, de células embrionárias alteradas geneticamente onde um gene alvo é especificamente modificado. Como exemplos de animais transgênicos podem ser citados: a ovelha Dolly (primeira clonagem animal), a bezerra Vitória (primeira clonagem animal no Brasil), os camundongos (cobaias de laboratório), os porcos “light” (menos gordura por quilo de carne), entre outros. Diante do vasto campo de atuação da biotecnologia transgênica, a sociedade pode ter ganhos expressivos, como é caso da indústria dos alimentos ou farmacêuticos, mas é necessário que se

tenha um limite na aplicação da transgenia, no sentido de não serem desenvolvidas aberrações animais e vegetais, como objetivos de vantagens econômicas. GENÉTICA DO COMPORTAMENTO O comportamento do homem é provavelmente sua característica fenótipa mais importante, mas pouco se sabe de sua base genética. Grande parte da genética do comportamento humano lida com características comportamentais normais, como a inteligência, para as quais a abordagem tem sido principalmente quantitativa, dando-se ênfase a estimativas da herdabilidade em vez da identificação de fatores segregantes. Uma área de interesse crescente diz respeito a características comportamentais que se desviam nitidamente da média, como o retardo mental, resultante de genes mutantes e aberrações cromossômicas, em que há melhor oportunidade para identificar genes específicos e seus efeitos bioquímicos. Diversos genes patológicos têm efeitos mais ou menos específicos sobre o comportamento, e caracterizam defeitos bioquímicos que podem ser detectados em estudos científicos. As aberrações cromossômicas têm efeitos sobre o comportamento. As crianças com síndrome de Down, por exemplo, tendem a ser mais alegres do que outras crianças de QI comparável. Por outro lado, as crianças com síndrome de Turner obtêm um escore alto em teste de QI, mas parecem ter um déficit na organização perceptiva. Na dislexia, defeito comum e específico na leitura e escrita, não há debilitação comparável de outras funções intelectuais. Alguns estudos estabelecem


os critérios para a dislexia em habilidades de leitura dois graus abaixo da expectativa para a idade e uma capacidade de leitura abaixo de 80% do nível em matemática. A gagueria é outra característica comum do comportamento de etiologia complexa; é familiar, mas não há um consenso se ela resulta de fatores genéticos ou culturais. Existem também as psiconeuroses, que são tão comuns que poderiam ser consideradas normais, porém, sua base genética é muito complexa. Os poucos estudos genéticos disponíveis concordam que as psiconeuroses são familiares, isto é, se o probando tem um estado de ansiedade, por exemplo, a maioria dos parentes afetados também o tem, e há uma correspondência semelhante de histeria e neurose obcessiva. Ainda dentro doa assunto aberrações cromossômicas pode ser incluído o mal de Alzheimer. As características clínicas e patológicas diagnosticadas desta doença ocorrem mais comumente como casos esporádicos; entretanto, a forma familiar pode representar até 40% dos pacientes. Dentro da categoria familiar, a maioria dos casos é considerada multifatorial, mas um importante subgrupo de talvez 6 a 10% dos casos do mal de Alzheimer é autossômico dominante. No desvio comportamental do homossexualismo, estudos em gêmeos sugerem que a hereditariedade desempenha importante papel com relação aos homens se tornarem homossexuais, mas estudos familiares mostram ampla variação de psicopatologia nas famílias de probandos homossexuais, o que levanta a questão de este comportamento ser secundário ou não. Já para o alcoolismo, estudos mostram uma tendência familiar. Gêmeos monozigotos têm uma concordância de 55% de ambos serem alcoólatras e

gêmeos dizigotos têm uma concordância de 28%. Em estudos familiares de psicopatia e criminalidade, a maioria das crianças com comportamento anti-social provém de lares desfeitos, portanto, é impossível concluir por esses estudos quanto do comportamento nessas crianças é transmitido biologicamente ou é adquirido culturalmente. Ainda dentro do tema comportamental, a personalidade, segundo Eysenk, pode ser classificada entre duas dimensões relativamente independentes: graus de neurose ou instabilidade de um lado e extroversãointroversão do outro. Os extrovertidos instáveis são mais propensos a tornar-se neuróticos. Diversos estudos em gêmeos mostraram estimativas da herdabilidade mais altas para essas dimenões, tanto em avaliações por questionários como em análises laboratoriais. Estudos de famílias também exibem correlações significativas entre parentes próximos e parece haver pouca dúvida de que a hereditariedade é importante na determinação de diferenças individuais de personalidade. A compreensão completa da relação entre a alteração bioquímica determinada geneticamente e a resposta comportamental ainda está muito distante, mas os rápidos avanços alcançados na neurobioquímica irão certamente esclarecer melhor este fenômeno. CONCLUSÃO A genética é controlada por pequenas partículas físicas, encontradas em todos os organismos vivos, chamadas de genes, os quais são transmitidos dos genitores para a sua prole durante o processo reprodutivo. Os seres vivos, portadores das informações genéticas, diferem com relação a expressão de muitas características, o que é resultado dos


cruzamentos genéticos precedentes. Estes, por sua vez, podem influenciar inclusive no comportamento humano, causando, entre outras patologias, aberrações cromossômicas e desvio de personalidade. Os organismos transgênicos são seres vivos cuja estrutura genética – parte da célula onde está armazenado o código da vida – foi alterada pela inserção de genes de outro organismo, de modo a atribuir ao receptor características não programadas pela natureza. Entre as espécies geneticamente manipuladas se encontram aquelas que são as mais importantes na alimentação humana e animal, que são o milho, a batata, o tomate, a soja, o feijão, o algodão e o porco “light”, entre outras. Mas também existem aquelas manipuladas em laboratório, como a ovelha Dolly, a bezerra Vitória e os camundongos. Um dos mais excitantes campos da ciência biológica é a genética, no entanto, há cientistas direcionando suas pesquisas para a clonagem de seres humanos. É neste ponto que a ética deve exercer o papel de delimitar e preservar os direitos humanos, para que não ocorra nenhum tipo de estrapolamento científico que traga como consequência aberrações genéticas, as quais não ocorreriam na ordem natural do desenvolvimento dos seres vivos. REFERÊNCIAS Freitas, V. J. F., Figueiredo, J. R., Gonçalves, P. B. D., Biotécnicas Aplicadas à Reprodução, Ed. Varela Ltda, São Paulo, 2001. 2. Thomoson, M. W., Roderick, P., Willard, H. T., Genética Médica, Ed. Guanabara, 5 ed., Rio de Janeiro, 1993. 3. Mendoza, C., Dotto Bau, C., Zamora, F. R., Revista Gelileu, agosto 2002. 1.

4. Millstone E., Brunner E., Mayer, S., Beyond Substancial Equivalence, Revista Nature, outubro 1999. 5. Altieri, M. A., Os mitos da Biotecnologia Agrícola: Algumas questões éticas, Impactos ambientais da engenharia genética, Greenpeace, 2000.

Endereço para correspondência: Prof. Walter Paulo Filho Faculdade de Farmácia do Planalto Central/União Educacional do Planalto Central- UNIPLAC SIGA Área Especial no 02 – Setor Leste – Gama – DF - 72460-000 – Tel.: (0xx61)556-5495 Email: uniplac@uniplac.br Site: http://www.uniplac.br


O mal-estar na contemporaneidade: hipovitaminose, obesidade e anorexia** The malaise in the contemporaneousness: hipovitaminoses, obesity and anorexia. Rogério Gimenes Giugliano1; Claudia Mariano, Jane Paiva e Ana Lúcia Saliba2; Nara Kohlsdorf3 Resumo – A modernização ocorrida no Ocidente nos últimos dois séculos acarretaram mudanças no cotidiano das pessoas cujas conseqüências se estendem a problemas físicoorgânicos tais como a hipovitaminose, a obesidade e a anorexia. Este trabalho aponta o desenvolvimento destas patologias relacionando-as a hábitos adquiridos. Palavras-chave – Vida moderna; hipovitaminose; obesidade; anorexia. Abstract – The modern life brought some changes in the quotidian which consequences include physical-organic problems like the hipovitaminose, obesity and anorexia. This study focuses these pathologies and relates them to the quotidian habits. Keywords – Modern life; hipovitaminoses; obesity; anorexia. INTRODUÇÃO A modernização, nome dado ao processo de trânsito da tradição para a Modernidade, tem como principais características a urbanização, industrialização e orientação para o lucro individual. Surge, portanto, juntamente com a passagem da Sociedade Feudal para a Sociedade Moderna Capitalista, ocasionando transformações profundas na sociedade, tais como o rápido crescimento urbano, o desenvolvimento dos sistemas de comunicação de massa, a explosão demográfica e uma vida acelerada, calcada no imediatismo, no lucro máximo e na busca pelo prazer. Esta dinâmica acarreta vários problemas, inclusive de ordem físico-orgânica, relacionados às práticas alimentares assimiladas pelo cidadão da grande cidade. Este trabalho é resultado de pesquisa teórica e conversas com nutricionistas, e visa traçar um panorama de três distúrbios relacionados à alimentação e, portanto, à vida corrida que se leva hoje em dia. São eles a hipovitaminose, que vai da falta total de alimentação até uma alimentação deficiente de nutrientes como vitaminas e minerais; a obesidade, caracterizada por um excesso de tecido gorduroso; e a anorexia, responsável por um peso corporal abaixo dos níveis esperados ela sua estatura. É importante salientar que todas estas doenças relacionam-se a outras enfermidades, tais como a hipertensão, câncer, doenças cardiovasculares e osteoporose. *

Trabalho tutorial desenvolvido no 2º semestre de 2002 – FARMPLAC/UNIPLAC. Prof. de Ciências Sociais da UNIPLAC. 2 Alunos da FARMPLAC/UNIPLAC 3 Doutoranda em Sociologia – FFLCH/USP. 1


HIPOVITAMINOSE As vitaminas formam um grupo de 14 compostos orgânicos essenciais para a manutenção da saúde, pois participam da regulação do metabolismo e facilitam o processo de transferência energética e a síntese dos tecidos orgânicos. Apesar de um estudo sistemático destes compostos datar apenas do século XX, a boa alimentação é usada como prevenção de doenças desde há muito tempo. As seis vitaminas mais importantes são A, K, B e C, pois a falta delas resulta em graves avitaminoses como o raquitismo, a pelagra, a esterilidade, entre outras. Por outro lado, a ingestão excessiva destes compostos também resulta em danos para a saúde. A vitamina A pode ser encontrada na gema do ovo, na manteiga, na carne de fígado e peixe e na cenoura, e é fundamental para a visão. A vitamina B (subdividida em B1, B2 e B3) pode ser encontrada em folhas, carnes, ovos, fígado, leite, feijão, carne de porco, levedo de cerveja e cereais integrais, e sua ausência pode causar ruptura da mucosa da boca, dos lábios, da língua e das bochechas, perda do apetite, fadiga muscular, nervosismo, inércia e falta de energia. A vitamina C, encontrada em frutas cítricas, tomate, vegetais de folhas e pimentão, previne a insônia e o nervosismo, o sangramento das gengivas, dores nas juntas e escaberto. A vitamina D é encontrada em óleo de fígado de bacalhau e sua carência ocasiona problemas nos dentes, ossos fracos, artrite e raquitismo. A vitamina E é encontrada em óleo de gérmen de trigo, em carnes magras, laticínios, alface e óleo de amendoim, e sua ausência ocasiona esterilidade do macho e aborto do feto. Por último, a vitamina K, encontrada em vegetais verdes, tomates e castanha previne hemorragias. Cada indivíduo tem uma necessidade diferente no que se refere às vitaminas, que se dá em função da idade, clima e atividade, além do estresse a que é submetido. Além disso, a hipovitaminose pode ser causada por uma deficiência de absorção do organismo advinda de problemas genéticos ou de algum quadro patológico. A desnutrição passa a ser um problema social quando um em cada sete indivíduos, ou seja, 840 milhões de pessoas no mundo todo apresentam o quadro. Este, por sua vez, não se relaciona apenas à pobreza econômica que impede que as pessoas se alimentem de forma adequada, mas à correria do dia-a-dia e à atitude imediatista que obriga grande parte da população a comer fast foods muitas vezes sem higiene. Disto resulta o surgimento de doenças modernas tais como o estresse fisiológico (falta de vitamina B), processos infecciosos (falta de vitamina C), mau humor, desânimo e irritabilidade (falta de vitamina D6) e outras. É curioso notar que a sociedade atual, caracterizada por um imenso progresso tecno-científico e pela informação, ainda apresenta problemas de saúde relacionados à falta de vitaminas. Por um lado, presenciamos a reprodução humana tecnicamente assistida; por outro, a esterilidade ocasionada pela hipovitaminose. Além dos problemas já apontados (pobreza e uma vida corrida), a necessidade moderna de se realizar, de buscar o novo leva as pessoas a experimentarem as novidades vendidas pelo mercado, sem se preocupar com mal que estas podem trazer. Enfim, vários problemas de saúde podem ser resolvidos facilmente se as autoridades lutarem pelo direito a uma alimentação saudável, conferido a todas as pessoas, mas também se cada um se conscientizar da necessidade de valorizar uma boa alimentação.


OBESIDADE

A obesidade também é uma conseqüência direta da vida moderna, e termina gerando graves problemas sociais, relacionados à saúde pública e a um processo discriminatório (nos Estados Unidos, obesos ganham proporcionalmente menos e têm menos oportunidades de promoção). O crescimento da obesidade, especialmente nos países desenvolvidos, leva à classificação desta como uma epidemia global Estudos epidemológicos em populações latino-americanas relataram que à medida que a miséria é erradicada, a obesidade cresce assustadoramente. A cultura ocidental, cujas conseqüências são a má alimentação, o sedentarismo e o stress, resulta em um aumento de peso generalizado que se choca com o narcisismo característico desta sociedade. A indústria do consumo impõe a ingestão de fast foods e bebidas alcoolicas ao mesmo tempo em que vende shakes e produtos milagrosos de emagrecimento. Este descompasso aumenta o stress e o nervosismo, facilitando um círculo vicioso nada saudável. Não se pode ignorar, entretanto, que a obesidade depende de uma predisposição genética, mas os hábitos desenvolvem ou não tal tendência. Sempre existiram pessoas obesas, mas o fato deste número ter aumentado em 60% no século XX indica que práticas culturais interferem no desenvolvimento das doenças. Disto resulta que os casos de diabetes tipo II, de doenças cardiovasculares, de câncer de cólon e de pressão alta também aumentaram nas últimas décadas, tornando-se um problema econômico mundial, em função do alto custo do tratamento destas. Além disso, para uma sociedade moldada pela máxima “tempo é dinheiro”, a diminuição da produtividade causada pelas faltas dos trabalhadores doentes preocupa não apenas os empresários e industriais como o próprio governo. Vale lembrar, entretanto, que há nuances de obesidade, e que nem toda pessoa acima do peso apresenta a patologia aqui descrita. Há sete tipos de obesidade catalogadas: a de longa data, ocasionada pela hiperalimentação precoce e por predisposição genética; a da puberdade, por alterações hormonais; a da gravidez, por fenômenos psíquicos ou orgânicos; a por interrupção dos exercícios; a secundária a drogas; a da abstinência do cigarro; e a endócrina É importante, mais uma vez, mudar os hábitos alimentares e cotidianos, para possibilitar uma vida mais saudável e prevenir doenças. Assim, alimentação balanceada, condicionamento físico e saúde psíquica formam a base para uma vida saudável.


ANOREXIA A anorexia é um distúrbio alimentar ocasionado por fatores biológicos (alterações hormonais ou genéticas), psicológicos (distúrbios) ou ambientais (socioculturais). Os portadores desta patologia têm a impressão de estarem sempre acima do peso, mesmo já apresentado estado de inanição. As mulheres são as principais vítimas do distúrbio, principalmente as adolescentes que, influenciadas pelo narcisismo veiculado pela mídia, ignoram a importância de uma alimentação balanceada. Os principais sintomas da anorexia são: perda muscular, pele seca, cabelo fino, seco e quebradiço, descamação das unhas, desidratação, distúrbio do sono, ausência de menstruação, perda de desejo sexual, enjôos, desmaios e constipação. Os anoréxicos desenvolvem um comportamento peculiar: colocam pouca comida no prato e demoram a comer, evitam situações sociais que envolvam comida, praticam esportes exageradamente, pesam-se e olham-se muito no espelho e conhecem todas as dietas existentes. O índice de mortalidade relacionada à anorexia é alarmante: de 6 a 8 % dos anorexicos não conseguem reverter sua situação. O tratamento envolve orientação terapêutica e nutricional, e tem como objetivo o ganho de peso. O maior problema é convencer o anorexico de que ele está doente e precisa de tratamento. Este distúrbio ocorre predominantemente em sociedades industrializadas e desenvolvidas, onde o narcisismo e a indústria da moda predominam no ditame das regras. Todos os grupos sociais (família, escola e até mesmo a Igreja) adotam estas regras, influenciando o indivíduo desde o seu nascimento. As classes sociais mais elevadas são as principais atingidas pela indústria estética e, conseqüentemente, pela anorexia. Não relaciona-se, portanto, à falta de informação ou à escassez de dinheiro para consumir alimentos necessários à boa alimentação, mas a uma cultura narcisista e superficial que não se preocupa com a qualidade de vida.

BIBLIOGRAFIA Entrevista com o Dr. Marcos Célio Carvalho Defina. International Journey of eating disorders. Yahoo Notícias, 2002. ROMALDI, João Hamilton: Revista Obesidade e Dislipidemia. SCHLOSSER, Eric.: País do Fast Food. São Paulo: Ed. Ática, 2001. UCHÔA, João: Só é gordo quem quer. Rio de Janeiro, 1986.

www.abeso.com.br www.ministeriodasaude. American câncer society


ATUALIDADES EM HIPERTENSÃO ARTERIAL Arterial Hypertension at the Present Time 1

Patrícia Prado Monteiro , #Patrícia kellen ; Luiz Carlos ; Luiz do Couto ; Tatiane Rosa

RESUMO – A Hipertensão arterial, constitui um dos fatores de risco mais importantes na cardiopatia coronariana e nos acidentes vasculares cerebrais, havendo ainda uma estimativa que nos próximos 20 anos haja uma continuidade na liderança de mortalidade para o mundo ocidental das doenças cardiovasculares e isquêmicas. PALAVRA-CHAVE – Hipertensão arterial

SUMMARY – At the present time arterial hypertension is one of the most important risk factors in arteriosclerosis, still having an estimate that in the next 20 years there will be a continuity in the mortality leadership for the western world of the cardiovascular disease.

KEYWORD – Arterial hypertension

INTRODUÇÃO A elevação da pressão arterial, que representa um problema de saúde comum com conseqüências generalizadas, quase sempre permanece assintomática até uma fase tardia de sua evolução. A pressão não diagnosticada traz complicações como transtornos da visão, doenças do coração, acidentes vasculares cerebrais, hipertrofia cardíaca com insuficiência cardíaca, dissecção da aorta e insuficiência renal. Os efeitos prejudiciais da pressão arterial aumentam continuamente à medida que a pressão sobe. E suas complicações são também responsáveis por alta freqüência de internações. A prevalência da hipertensão varia de acordo com a idade, sexo e raça de uma população. Diferenças sócio-econômicas associadas, hábitos nutricionais e estilos de vida também contribuem para a variação da pressão, além dos fatores genéticos. Como a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, isto é, que envolve orientações voltadas para vários objetivos, seu tratamento poderá requerer o apoio de outros profissionais de saúde, além do médico. Objetivos variados exigem diferentes abordagens, e a formação de uma equipe multiprofissional. Essa abordagem multiprofissional é útil no tratamento ambulatorial, ampliando o sucesso do tratamento antihipertensivo e do controle dos demais fatores de risco cardiovascular. O trabalho da equipe multiprofissional poderá dar aos pacientes e à comunidade motivação suficiente para vencer o desafio de adotar atitudes que tornem as ações anti-hipertensivas permanentes. DESENVOLVIMENTO A equipe multiprofissional deve ser constituída por: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e agentes comunitários de saúde. Todos que determina a existência dessa equipe deverá ter uma mesma linha de raciocínio e aprendizado, isto é, cuidar e orientar os pacientes hipertensos.

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Apesar da definição do papel exercido dos diferentes profissionais, ocorrerá momentos em que as funções se misturarão, daí será necessário que tenha uma uniformidade de linguagem, evitando que determinados princípios profissionais específicos dificultam o processo educativo do paciente.

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Participação do médico: !Consulta médica ( avaliação clínico-laboratorial); !Responsabilidade pelas consultas terapêuticas; !Avaliação anual do paciente estabilizado com sua pressão arterial;

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Participação do enfermeiro : !Avaliar sobre os fatores de rico e hábitos de vida; !Orientação sobre a doença, o uso de medicamentos e seus efeitos colaterais; !Avaliação de sintomas; !Orientações sobre hábitos de vida pessoais e familiares; !Acompanhamento do tratamento dos pacientes com a pressa arterial sobre controle;

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Participação do nutricionista: !Anamnese alimentar, avaliando freqüência, quantidade e qualidade de alimentos, intolerâncias e alergias alimentares; !Avaliação de dados antropométricos, bioquímicos e identificação de estados nutricionais; !Prescrição e orientação específica da dieta, considerando aspectos culturais e sócioeconômicos; !Realização de “oficinas” que possibilitem a preparações alimentares; !Avaliação da interação de alimentos com medicamentos; !Educação nutricional individual e em grupo;

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Participação do psicólogo: !Avaliação e tratamento de aspectos emocionais que interfiram na qualidade de vida do paciente; !Assessoria a outros profissionais, para esclarecer a melhor abordagem do paciente; !Implementação de treino de controle do estresse, com a finaliddae de reduzir a influência do estresse emocional na reatividade cardiovascular dos pacientes; Participação de fisioterapeutas: !Programação e supervisão das atividades físicas dos pacientes; !Programação e execução de projetos de atividade física para prevenção da hipertensão arterial na comunidade; Participação do farmacêutico: !Participação em plenárias para a seleção de medicamentos; !Promoção do gerenciamento do estoque, do armazenamento correto e dispensação de medicamentos; !Aumento da assistência farmacêutica em farmácias; !Orientação sobre o uso do medicamento, modo de ação, efeitos adversos e interações medicamentosas; !Campanhas educativas; !Alertar sobre a auto-medicação; Como vimos, profissionais de várias áreas da saúde podem organizar-se com a finalidade de formarem grupos ao combate da hipertensão.

CONCLUSÃO As associações educativas e terapêuticas em saúde devem ser desenvolvidas com grupos de pacientes, seus familiares e a comunidade, sendo adicionais às atividades individuais. A equipe deve usar todo os recursos possíveis para orientar, educar e motivar o paciente hipertenso, no intuito de minimizar os principais fatores de risco cardiovasculares e isquêmicos.

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Os recursos disponíveis vão desde o contato individual até veiculações de massa , como rádio, televisão, panfletos, palestras, vídeos e campanhas educativas. Nesse tipo de atividade, o paciente se identifica com outros indivíduos com problemas semelhantes, aprendendo a expressar seus medos e expectativas, além disso, essa prática proporciona a reaproximação de vários profissionais da saúde permitindo que formem grupos fortes ao combate de doenças crônicas, no caso a hipertensão. BIBLIOGRAFIA Sociedade Brasileira de Hipertensão – SBH Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC Sociedade Brasileira de Nefrologia – SBN www.medline.com.br

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FARMÁCIA EAUTO–MEDICAÇÃO AUTO – MEDICATION AND DRUGSTORE 1

Patrícia Prado Monteiro ;#Analise Ferraz ; Alan Feitosa ; Iraliz Ribeiro ; Karina Maria ; Michele Candido ; Claudia ; Rosimeire ; Severino ; Walder

RESUMO – A auto – medicação apresenta -se com um significado abrangente e inevitável , num país como o Brasil , em que o subdesenvolvimento sócio , cultural e econômico está presente. PALAVRA–CHAVE - Automedicação.

SUMMARY - The self medication has a large importance in a country like Brazil, where the economic, social and cultural sub development is present.

KEYWORDS - self medication.

INTRODUÇÃO

OBJETIVO

No Brasil, o uso inadequado de medicamentos é freqüente . Vários fatores isolados ou associados contribuem para a auto-medicação, como : a baixa renda da população, consultas médica raras, prescrições excessivas, propagandas e marketing de indústrias farmacêuticas, presença do farmacêutico dispensável, visto que, o medicamento já vem com a bula explicando o modo de usar, as interações medicamentosas e efeitos colaterais. Todos esses fatores favoreceram à ausência do farmacêutico no seu local de trabalho, permitindo que proprietários de farmácias e empresários da indústria farmacêutica implantasse o fenômeno denominado de “medicalização da sociedade “ . Nesse contexto, os alunos da Faculdade de Farmácia do Planalto Central ( FARMPLAC ) buscou uma metodologia de trabalho em que pudesse acompanhar as principais causas da auto-medicação , em farmácias do Distrito Federal .

O trabalho realizado tem por objetivo, avaliar o impacto, benefícios e riscos da auto-medicação sobre a saúde da população do Distrito Federal. MATERIAL E MÉTODO

Foram selecionadas, nove farmácias do Distrito Federal, uma para cada aluno orientado, no período de setembro a novembro de 2002, para participar do programa de auto-medicação . Cada aluno orientado permaneceu por meio período ( 4 horas ) em cada farmácia selecionada, em um final de semana de cada mês . A sistemática utilizada para a avaliação corresponde a uma seqüência de informações a respeito do cliente e do medicamento procurado. Todos os dados dos clientes entrevistados foram documentados na “ficha de auto-medicação “. Cada ficha inclui as seguintes perguntas :

*Trabalho realizado na Faculdade de Farmácia do Planalto Central. 1 Professor tutorial;# estudantes da FARMPLAC

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! O cliente apresenta receituário médico? ! Quem indicou o medicamento? ! Para que serve o medicamento? ! Como se faz o uso do medicamento ( posologia )? ! Quais os principais efeitos adversos do medicamento ? ! Por que não procurou o médico? / Por que não procurou o médico para uma nova avaliação clínica ( no caso de doenças crônicas )? ! Sempre faz uso de medicamentos sem receituário? Os dados pessoais consistiam em : ! Nome do cliente ; ! Idade do cliente ; ! Nome do medicamento que procura . A forma de comunicação estabelecida com os clientes, quando da intervenção do aluno orientado, foi a ficha de auto-medicação, que constitui o documento escrito ao orientador tutor contendo os problemas identificados. RESULTADOS

No período de setembro a novembro de 2002, foram avaliados 90 clientes, sendo na maioria mulheres . A média de visitas por pessoa foi de 10 clientes por aluno orientado . A faixa de idade dos clientes variou de 30 a 60 anos de idade . Uma média de 90% dos entrevistados fizeram uso de medicamentos sem a receita médica , além disso , foram ignoradas a posologia, as interações medicamentosas e alimentares, os possíveis efeitos colaterais aos medicamentos e não

preocupava com uma assistência farmacêutica . A maioria dos clientes fizeram o uso do medicamento através da indicação por outros ou por meio da veiculação de propagandas no rádio e televisão , ou por decisão própria, comprovando a automedicação. Observou-se também que os clientes tinham dificuldade de acesso a médicos por questões financeiras, além disso, reclamações de postos de saúde lotados com deficiência em atender a demanda de pacientes, proporcionaram as consultas por “balconistas“ de farmácias, com a finalidade, de resolver às pressas o seu incômodo. Doenças crônicas como a hipertensão arterial, asma, sinusite, diabetes foram baseadas em prescrições anteriores, sem a preocupação de fazer novos diagnósticos clínicos e nova avaliação médica. Observou-se ainda a medicação em crianças com menos de 10 anos de idade feita pelas mães, mostrando a falta de conhecimento sobre o produto e os seus riscos à saúde . DISCUSSÃO

A auto-medicação é vista como um fenômeno de auto-cuidado com a saúde, mas até que ponto essa preocupação com a saúde não está sendo maléfica ao organismo ou extrapolando o perfil do prognóstico e diagnóstico clínico ? Existe uma relação de fármacos que são considerados livres para a venda ( Silva e Freitas,2002 ) , isto é , o público pode adquirir livremente sem prescrição médica . Segundo Paulo & Zanini ( 1988 ) , o consumo de medicamentos livres para a venda e os interesses sócio-econômico favorecem a prática da auto-medicação . No Brasil , a auto-medicação tem-se destacado em decorrência da crise no setor

*Trabalho realizado na Faculdade de Farmácia do Planalto Central. 1 Professor tutorial;# estudantes da FARMPLAC

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da saúde, a dificuldade de acesso ao médico, o empobrecimento da população, a falta de assistência farmacêutica nas farmácias, a veiculação crescente de propagandas e marketing de indústrias farmacêuticas que aproveitam a oportunidade oferecida por todos esses fatores acima. Apesar do governo considerar a auto-medicação uma prática favorável, isto é, o consumidor também responsabiliza com uma parte de seus gastos com a saúde (Blenkinsopp & Bradley, 1996), contraditoriamente a auto-medicação também aumenta o risco das interações medicamentosas, as quais podem reduzir o efeito terapêutico ou aumentar a toxicidade do medicamento , levando a problemas graves à saúde e o aumento dos gastos do sistema de saúde , pois o paciente acaba retornando ao sistema de saúde ( Silva & Freitas , 2002 ) . Nessa discussão , aflorou a questão da necessidade de revisão do processo de formação dos profissionais farmacêuticos que podem atuar, no intuito de resgatar a prática farmacêutica retomando o seu instrumento de trabalho , o medicamento , a relação entre farmacêutico – paciente – prescritor , com a finalidade de minimizar a auto-medicação ( Freitas et al , 2002 ) . CONCLUSÃO

A análise do trabalho realizado permite-nos concluir que há necessidade de uma aproximação por parte de profissionais da área da saúde, proprietários de farmácias, governantes e empresários da indústria farmacêutica, com a finalidade, de minimizar a venda de medicamentos sem a receita médica. Além disso, é necessário que promova seminários junto com a população, a fim de educá-la para o uso racional dos medicamentos.

O sucesso dessa nova prática depende, entre outras coisas: 1) presença do farmacêutico no seu local de trabalho para promover uma assistência `a população do local, 2) qualidade da relação dos profissionais da saúde, 3) da qualidade da comunicação e informação quando da intervenção farmacêutica. BIBLIOGRAFIA

ROSSINHOLI,P.S.;CORRER,J.C.;. Resultados iniciais do acompanhamento farmacoterapêutico: a experiência da farmácia Usimed Curitiba-PR. Rev. Farmácia Brasileira. AnoIII – n033, p.8184, 2002. FREITAS,O.;MENDES,M.J.I.;SIL VA,S.V.M. O medicamento, a automedicação e a farmácia. Rev. Farmácia Brasileira. AnoIII – n031, p.64-66, 2002. BLENKINSOPP,A&BRADLEY,C;. Patients ,society, and the increase in self medication. British Medical Journal,312: 629-632, 1996. GUAZZI,M.D.;CAMPONDONICO ,J.&CELEST,F.Anthypertensive efficacy of angiotensin enzyme inhibition and aspirin counteraction. Clinical Pharmacology Therapeutic , 63: 79-86, 1998. PAULO,L.G.&ZANINI,A.C. Automedicação no Brasil. Ver. Associação Médica Brasileira,34: 69-75, 1988. ALMEIDA,L.M.;COUTINHO,E.S. F.;PEPE,V.L.E.. Consumo de psicofármacos em uma região administrativa do Rio de Janeiro: A Ilha do Governador. Cadernos de Saúde Pública,10(1):5-16, 1994. CHRISTOPHER,L.&CROOKS,J. Consumo excessive de drogas. A Saúde do Mundo, OMS, 16-21, 1974. HERXHEIMER,A.&BRITTEN,N. Formulary for sel care. Brtish Journal of General Practice, 44:339-340, 1994.

*Trabalho realizado na Faculdade de Farmácia do Planalto Central. 1 Professor tutorial;# estudantes da FARMPLAC

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LEFÉVERE,F. A oferta e a procura de saúde imediata através do medicamento a proposta de um campo de pesquisa. Revista Saúde Pública,21:64-67, 1987. MANT,A. Pharmaceutical health promotion: a new concept in therapeutics (Editorial). Social Science and Medicine,39:305-306, 1994. MANT,A.;WHICKER,S.&KNOK, Y.S. Over the counter self-medication. Drugs Agin,2:257-261, 1992. WWW.GOOGLE.COM.BR WWW.MEDLINE.COM.BR WWW.ALTAVISTA.COM.BR.

*Trabalho realizado na Faculdade de Farmácia do Planalto Central. 1 Professor tutorial;# estudantes da FARMPLAC

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Epidemiologia da dengue no Brasil e no Distrito Federal e suas principais formas de diagnóstico. Dengue and Laboratorial diagnostic in Brazil 1

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Mirian Cândida da Costa ; Antônio Juscelino Filho ; Débora Moreira ; José Luiz Lima ; Lindojonson Filho2

RESUMO A dengue dengue é é uma uma importante importante arbovirose arbovirose que que acomete acomete o o homem homem e e constitui constitui um um grave grave RESUMO – –A problema de saúde pública no Brasil. Em 1997 e 1998 observou um crescimento expressivo de problema de saúde pública no Brasil. Em 1997 e 1998 observou um crescimento expressivo de casos na região sudeste e centro-oeste. No Distrito Federal em 2000 e 2001 houve um casos na região sudeste e centro-oeste. No Distrito Federal em 2000 e 2001 houve um ascendente número número de de casos casos de de dengue dengue com com letalidade letalidade baixa. baixa. As As formas formas mais mais utilizadas utilizadas para para ascendente realização do diagnóstico laboratorial são isolamento do vírus e testes sorológicos. realização do diagnóstico laboratorial são isolamento do vírus e testes sorológicos.

do Dengue Dengue e e Diagnóstico Diagnóstico laboratorial. PALAVRAS-CHAVE PALAVRAS-CHAVE – Epidemiologia do laboratorial. – Epidemiologia

SUMMARY – Dengue is an important arbovirosis that occurs in humans, and it is a serious public health problem in Brazil. An expressive increase of dengue was observed on the south and Middle West in 1997 and 1998. The number of cases of dengue raised In Brasilia on 2000 and 2001 with low lethality. The most used laboratorial diagnostics realized was isolate the virus and serologic testes. Key Work: Dengue and Laboratorial diagnostic


INTRODUÇÃO

O

dengue é considerado uns do mais importantes agravos de saúde pública do mundo na atualidade (Garcia et al.; 1996). A doença é causada pelo Dengue vírus, membro do gênero Flavivirus, Família Flaviviridade. Este gênero abrange sessenta vírus, vinte e um dos quais já foram descritos como sendo patogênico para o homem . Imunologicamente, o vírus dengue compreende quatro sorotipos: DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4. Em um estudo realizado na Nicarágrua foi comprovada a capacidade do sorotipo DEN-3 produzir epidemias de dengue hemorrágico quando associado a um grande número de pessoas suscetíveis e altas densidades do vetor, situação compartilhada pela maioria dos países do continente americano (Guzmán et al., 1996) O vírus do dengue é transmitido pelo mosquito do gênero Aedes aegypti, sendo que a fêmea deste pode se contaminar e transmitir o vírus através da picada. Após ser contaminado pelo vírus, ela estará apta a transmiti-lo depois de oito a doze dias de incubação intrínseca. A transmissibilidade do homem para o vetor ocorre enquanto houver presença de vírus no sangue do homem, (período de viremia), sendo que este período começa antes do aparecimento da febre e vai até o sexto dia de doença. Uma vez contaminado, o indivíduo pode desenvolver dois tipos de dengue: Dengue Clássica e a Dengue Hemorrágica. A dengue Clássica se inicia de maneira súbita com febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores nas costas e às vezes pode aparecer exantemas. A febre dura cerca de cinco dias com melhora progressiva dos sintomas em aproximadamente dez dias. A dengue Hemorrágica é uma forma grave da doença, no início os sintomas são iguais ao dengue clássica, mas após algum tempo os pacientes iniciam um processo de sangramento e choque circulatório.

Este último caso pode levar a letalidade (Figueiredo, 1999). Este trabalho tem como objetivo demonstrar o perfil epidemiológico de casos de dengue no Brasil e no Distrito Federal nos últimos anos e, principalmente, evidenciar os casos de letalidade que assolaram a população. Além disto, serão explanadas algumas técnicas utilizadas para realização de diagnóstico laboratorial. DESENVOLVIMENTO O trabalho foi desenvolvido em duas partes distintas: Epidemiologia e Diagnóstico Laboratorial. EPIDEMIOLOGIA No Brasil há referências de epidemias em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982 em Boa Vista – Roraima, causada pelos sorotipos 1 e 4, A partir de 1986 foram registradas epidemias em diversos estados. A mais importante ocorreu no Rio Janeiro onde, pelo inquérito sorológico realizado, estima-se que pelo menos 1 milhão de pessoas foram afetadas pelo sorotipo DEN 1, nos anos de 1986/1987. Outros estados (Ceará, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – 1986/1993) (Prata et al., 1997). Em 1997 a 1998, nas regiões de Centro-Oeste e Sudeste, foi observado um crescimento expressivo de casos, como foi demonstrado na figura 1.


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Em análise dos últimos sete anos, comparou –se número de casos observado com número de óbitos e observou a porcentagem da letalidade anual. Em 1997, foram observados cerca de cinqüenta casos, um índice inferior ao ano anterior, porém apresentou 09 óbitos, o que significou uma taxa de letalidade em torno do 20%, a maior observada durante os sete anos analisados. Em 2001 e 2002 o número de casos de dengue foi ascendente, no entanto a taxa de letalidade foi uma das menores, com menos de 5% nos anos referidos inicialmente. Tais dados podem ser observados na Fig. 2.

O diagnóstico laboratorial específico tem capital importância nas áreas sem transmissão e com presença do vetor, nas áreas com transmissão estabelecida, mas com poucos casos (Nogueira, 1990). A confirmação laboratorial pode ser feita por isolamento do vírus, testes sorológicos, detecção de genoma e antígenos virais.

ISOLAMENTO DO VÍRUS Diagnostico responsável pelo isolamento do vírus na amostra do paciente, é eficiente para confirmação da patogenia e fornece o sorotipo do Dengue vírus (Rocco, et al., 2001) Esta técnica realiza a observação do efeito citopatogênico em células C6/C36 e em seguida os vírus utilizados são identificados usando anticorpos monoclonais em testes de imunofluorescência indireta (Tesh, 1979). A amostra deve ser coletada de 1 a 6 dias após o início dos sintomas e o tempo de realização é em torno de 25 dias. TESTES SOROLÓGICOS

Fig. 2: Letalidade de Febre Hemorrágica de Dengue no Brasil nos últimos 7 anos

agosto de 2002. TABELA I Casos positivos (CP) e óbitos por Dengue no Distrito Federal de 1997 a 2002

ANO 1997 1998 1999 2000 2001 2002

CP 05 83 38 28 613 848

ÓBITOS 03

Esta técnica está voltada para dosagem de anticorpos, sendo dois tipos comuns de sorologia: inibição de hemaglutinação e o ensaio imunoenzimático (MAC-ELISA). Esta No Distrito Federal fo ultima é mais utilizado devido a sua praticidade e rapidez, e consiste em pesquisar a presença de anticorpos IgM na amostra de pacientes. Esta técnica deve ser realizada em casos com início dos sintomas acima de 7 dias e o tempo de realização é em torno de algumas horas (Kuno et al., 1987).

CONCLUSÕES A transcendência de um agravo à saúde é mensurada pela gravidade e pelo


valor social que representa à sociedade, ou seja, pelo impacto atual ou potencial e suas repercussões no desenvolvimento sócio-econômico (Prata et al., 1997). Pelo exposto trabalho, verificou-se que existe uma dificuldade na forma de enfretamento do dengue no país, ou seja, a erradicação do Aedes aegypti e todos os esforços neste sentido ainda não foram totalmente bem sucedidos. A propagação do Dengue vírus é muito facilitada pela velocidade e grande fluxo dos tráfegos aéreo e terrestre, rapidamente o vírus pode ser transportado de uma cidade a outra, de um país ao outro e até de um continente ao outro, no sangue de indivíduos na fase virêmica (Tauil, 2001). Existem grandes possibilidades de apresentação epidemiológica das epidemias de dengue hemorrágico, uma vez que o Brasil tem a maior concentração de indivíduos susceptíveis no mundo, sob risco de epidemia de dengue hemorrágico (Prata et al., 1997). Este problema poderia se concretizar casos haja uma alta circulação do sorotipo 1 e 2, aliadas à possibilidade da introdução veemente dos sorotipos 3 e 4. È necessário que o problema da Dengue, na forma de circulação sorotipos e a proliferação do vetor seja observado cuidadosamente, pois em casos de epidemias poderemos causar repercussões economias e sociais desastrosas, em virtude da necessidade de capacitação de recursos financeiros e humanos, adequação da rede de serviços de saúde e aumento na taxa de letalidade. REFERÊNCIAS

1. Figueiredo, LTM. Patogenia das infecções pelo vírus do dengue. Medicina, Ribeirão Preto, 32:15-20, 1999. 2. Garcia, B.B.; Dantés, H.G.; Ramirez, E.A.; Montesano, R.; Martinez. A.L.V; Bernal, S.I.; Ayala, G.M.; Matus, C.R.; Flisser, A. & Conyer, R.T. Potencial risk for dengue hemorragic fever: The isolation of serotype Dengue 3 in México. 1996. 3. Guzmán, M.G.; Vasquez, S.; Martinez, E.; Alvarez, M.; Rodriguez, R.; Kouri, G.; Reyes, J. & Acevedo, F. Dengue en Nicarágua, 1994: reintroduction do sorotipo 3 em lãs Américas. Bol. Oficina Sanitária Panamericana. 121(2), 1996. 4. Kuno, G., Gómez, I., Gubler, D.J. Detecting artificial antidengue IgM immene complexes using an enzymelinked immunosorbennt assay. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 36(1): 153-159, 1987. 5. Nogueira, R.M.R. Isolation of dengue vírus type 2 in Rio de Janeiro. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 85(2): 253-256, 1990. 6. Prata, A. Condutas Terapêuticas e de suporte no paciente com dengue hemorrágico. Iesus. 2: 87-101, 1997. 7. Rocco, M.I.; Kavakama, B.B. & Santos, C.L.S. First isolation of Dengue 3 in Brasil from a imported case. Revista do Instituto de Medicina Tropical e São Paulo. 43(1):55-57, 2001. 8. Tauil, P.L. Urbanization and Dengue Ecology. Cad. Saúde Pública. 17(Suppl): 16, 2001 9. Tesh, R.B. A method for the isolation and identification of dengue viruses using mosquito cell cultures. American Jounal of Tropical Medicine and Hygiene. 28(6): 1053-1059,1979.


DOENÇAS PARASITÁRIAS Parasithology Ilness Mirian Cândida da Costa1; Adonai Patrick2; Alexsandro Rubin2; André Santos Oliveira2; Cairo Pangaro2; Cíntia Moitinho2; Diogo Mendonça2;Fábio Vieira2; Fernando José, Peter Wilson 2 RESUMO – As doenças parasitárias são responsáveis por considerável morbidade e motalidade em todo o mundo, e freqüentemente estão presentes com sinais e sintomas não específicos. Abordaremos algumas patologias causadas por protozoários e helmintos. PALAVRAS-CHAVE – PATOLOGIAS, PROTOZOÁRIOS E HELMINTOS.

INTRODUÇÃO

o

parasitismo é uma relação direta e estreita entre dois organismos geralmente bem determinados: o hospedeiro e o parasita, que levam a produção de doenças parasitárias (2). As doenças parasitárias são responsáveis por considerável morbidade e motalidade em todo o mundo, e freqüentemente estão presentes com sinais e sintomas não específicos (2). A maioria das doenças parasitárias não pode ser diagnosticada apenas pelo exame médico, a investigação laboratorial torna-se necessária para definir se o paciente está ou não infectado com parasita e, se estiver, qual é a espécie do mesmo. Os protozoários são unicelulares com a estrutura muito simples ou complexos, com organelas que executam processos vitais com semelhança ao funcionamento dos seres multicelulares. Dois estágios de diagnóstico são

reconhecidos: o estágio vegetativo ou trofozoíta e o estágio de cisto inativo (9). Os helmintos são vermes filiformes que apresentam um dos mais bemsucedidos planos de organização funcional e simetria bilateral. Destaca-se dois grandes filos deste grupo: os Platelmintos ou vermes achatados e os Nematelmintos ou vermes cilíndricos. Cerca de 50 espécies já foram consideradas como parasitas do homem, das quais uma dúzia destaca-se por compreender importantes agentes causadores de doenças (4). Este trabalho tem como objetivo a explanação de doenças causadas por protozoários e helmintos, esclarecendo os quadros clínicos e formas de diagnóstico. Tais informações serão de grande valia em grupos de trabalhos comunitários voltados para a parasitologia clínica. DESENVOLVIMENTO De acordo com interesse epidemiológico serão abordadas as seguintes patologias: Leishimaniose: causados por protozoários do gênero Leishamania é adquirido pelo


homem através de um vetor do gênero Lutzomya. O inseto retira os protozoário, na forma amastigotas, ao picar um hospedeiro vertebrado, esta forma evolui para promastigota no intestino anterior do inseto. As promatigotas são inoculadas no hospedeiro vertebrado durante o hematofagismo, indo parasitar os macrófagos e se transformando em amatigotas. Há um período de incubação no homem, sendo de duração variável e em seguida surgem as lesões cutâneas iniciais (2). Há várias formas de diagnóstico, no entanto, eles baseiam-se na evidenciação do parasita e em provas imunológicas como é o caso da Reação de Montenegro (3). Malária: é uma doença parasitária, sistêmica, produzida por protozoários do gênero Plasmodium, que no Brasil é causada por três espécies diferentes: P. malariae, P. vivax, P. falciparum (6). Todas as espécies são disseminadas através de vetores invertebrados do gênero Anopheles, por uma fêmea anofelina infectante, que se alimenta ao anoitecer ou nas primeiras horas da noite e ingerem o juntamente com o sangue humano o palsmódios em forma de gametócitos. Os aspectos clínicos observados são febre alta acompanhada de calafrios, suores e cefaléia, que ocorrem em padrões cíclicos, a depender da espécie do parasita infectante. A confirmação do diagnóstico se faz mediante a demonstração dos parasitas da malária em amostras de sangue examinadas ao microscópio (1). ASCARÍDÍASE: causada pelo nematóide Ascaris lumbricóides, estes vermes são morfologicamente diferente, apresentando sexos separados, o macho pode ser facilmente identificado devido a sua extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral (2). A fêmea é capaz de liberar cerca de 200.000 ovos dia nas fezes, tais ovos são responsáveis pela transmissão, uma vez ingeridos com alimentos contaminados. Os pacientes geralmente apresentam irritação na parede do intestino podendo até mesmo chegar a obstrução, apêndice cecal, subnutrição, urticárias e edema. O

diagnóstico laboratorial está focado no exame de fezes e encontro de ovos característicos (7). Teníase: esta doença é provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata no intestino delgado do homem. O homem é o único hospedeiro definitivo da forma adulta dos dois tipos de Taenia, sendo que a T. solium é adquirida através da ingesta de carne de porco e a T. saginata é adquirida ingestão de carne de boi. O modo de transmissão consiste na contaminação do meio ambiente com ovos eliminados nas fezes, em seguida o suíno ou o bovino se contaminam ao ingerirem os ovos, o ovo eclode e inicia-se a cisticercose (7). Ao alimenta-se com carne suína ou bovina, mal cozida, contendo cisticercos, o homem adquire a teníase. Pode ocorrer a transmissão humana, que é feita pela contaminação através das mãos, da água e de alimentos contaminados com os ovos. A teníase pode causar retardamento no crescimento e no desenvolvimento de crianças, dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência e diarréia. Em alguns casos pode-se ocorrer a intervenção cirúrgica devido ao tamanho do verme e de sua penetração em estrutura do aparelho digestivo. A confirmação laboratorial da Teníase está voltada para o exame parasitológico de fezes, além disso pode-se observar presença de proglótides nas fezes(8). DISCUSSÃO Atualmente o Brasil é um dos campeões das doenças decorrentes da falta de saneamento básico, apresentando números alarmantes (2). O quadro de parasitismo causado por protozoários e helmintos é um dos mais graves problemas de saúde no mundo. Tal problema afeta principalmente as populações de baixa renda, que vivem em condições precárias de saneamento básico e higiene, além disso as crianças com idade escolar representam a maioria dos afetados, com graves conseqüências


ao seu crescimento e desenvolvimento físico e mental (5) Atualmente, estima-se que exista 3 milhões de pacientes com helmintíases no mundo (5) e segundo a Organização Mundial da Saúde estima que 800 a 950 milhões de indivíduos são portadores de Àscaris, 700 a 900 por Ancilostomas e 500 milhões por Trichueris, 200 milhões de pessoas são infestados por Giárdia e 500 milhões por Entamoeba hystolytica. Os brasileiros cultivam frações alarmantes destes índices estatísticos (2). Diante destes números alarmantes, faz-se necessárias medidas drásticas, no entanto, por tratar-se de doenças com características endêmicas e que atingem principalmente regiões pobres, torna-se difícil estabelecer medidas de profilaxia e controle. Para evitar epidemias e formação de áreas endêmicas deve-se tomar medidas em relação ao homem, tais medidas consiste em identificar e tratar os casos, oferecer melhores condições de vida e educação sanitária visando à melhoria da saúde coletiva. Esta medida deve vir acoplada com estrangulamento de reservatórios e em caso de doenças transmitidas por vetores, deve-se identificar os focos e combate-lo. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA F.J.L. Diagnóstico 1. Antunano, microscópico de los parasitos de la Malária em ia Sangue. Diagnóstico de Malária. OPAS, 512,1998. 2. Aquino, A.R.C.e Seide, R.F. Métodos em rotina em Parasitologia. XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ANÁLISES CLÍNICAS, 2000. 3. Arruda, E., FARHAT, C.K. Leishmaniose visceral. Infectologia Pediátrica. Atheneu:492-496, 1994. 4. Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 4a edição: Editora Roca, 1990. 5. Bergold, A.M., Korolkovas, A. Antihelmínteicos benzimidazólicos. Revista de Farmácia Bioquímica da Universidade de São Paulo.; 28:79113,1992.

6. Boulos, M. Clínica de la infeccion Malarica. OPAS, 512, 1988. 7. Levi, G.C. Parasitoses Intestinais. Revista Brasileira de Medicina, 49: 85-94, 1992. 8. Moura, H.F., Fernades, A. Helmintiases Intestinais. Jornal Brasileiro de Medicina.; 62:27-39, 1992. 9. Storer, T.I. e Irwin, T. Zoologia Geral. 6a edição: Editora Nacional, 1991.


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