FALOLOGIA
por Bruno Novardvorski
Arte da Putaria e/ou Putaria da Arte Sempre que caminho pelas exposições artísticas, uma das minhas práticas é observar as reações das pessoas. Observar o que vejo e ouço, como por exemplo, quando alguém associa, mesmo que na brincadeira, algum trabalho artístico de “putaria”. Tomo para mim a sentença discursiva e passo a refletir o que determina as métricas para tal elaboração? O que tem nessas obras de arte que permitem tais sentenças? A nudez que mostra pau, buceta ou cu? Beijos, mamadas, chupadas, metidas ou dedadas? Cuspe, mijo, vômito ou merda? Ou seria exatamente o oposto, o que é escondido, é o que de fato, provoca a putaria na imaginação? Que trabalhos artísticos lhe vêm em mente, quanto você lê estas linhas? Apresento três casos para nos auxiliar na reflexão sobre as relações entre esses temas: 88
Primeiro caso: Certa vez estava em uma exposição coletiva, ou seja, vários artistas reunidos por um projeto curatorial que se propunha a problematizar, nas artes visuais, as dissidências de gênero. Composto por três salas brancas e uma sala escura, a exposição estava cirurgicamente ocupando os espaços. Entre todas as obras de arte ali presente, uma se destacou no meu olhar. Se trata de uma pintura de aproximadamente 200x200cm, lindíssima. Composta por um fundo vermelho comunista, a enorme tela tinha no centro dois paus desenhados e ao redor flores diversas, como uma guirlanda. As cores das flores se destacam por conta do fundo. Por fim, a obra é composta por quatro palavras, judeu - come - goza - dorme, distribuída próximo às quatros bordas da tela. Assim que vi esse obra, na segunda sala da exposição, sentei no chão e fiquei observando. Quando meu transe foi interrompido pela frase “essa putaria não é arte”. Pronto, minha primeira questão foi pensar que aquela obra de arte foi