A formacao inicial do aluno pesquisador de graduacao em pedagogia no contexto do programa bolsa alfa

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ANA PAULA VASCONCELOS RIBEIRO CARMINDA AZERÊDO RIBAS ROSE MEIRE DE FREITAS ALCANTARA SUELI BATISTA PIRES DE SOUZA

A FORMAÇÃO INICIAL DO ALUNO PESQUISADOR DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA NO CONTEXTO DO PROGRAMA BOLSA ALFABETIZAÇÃO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Método de São Paulo como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientador: Profa. Maria Isabel de Carvalho Andrade.

São Paulo 2014


DEDICATÓRIA

Dedicamos esse Trabalho às Orientadoras do Curso de Formação do Programa Bolsa Alfabetização da Instituição Faculdade Método de São Paulo (FAMESP): MARIA ISABEL DE CARVALHO ANDRADE e THELMA VASCONCELLOS pela dedicação, carinho e competência que durante as aulas do Curso de Formação do Programa, nos orientaram em relação ao conteúdo pedagógico e a conduta que deve ter o Aluno Pesquisador na escola pública, bem como, pelo Amor e Seriedade como veem a Educação.


AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os professores da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP) que contribuíram para a nossa formação acadêmica, a todos que contribuíram para a nossa pesquisa (Gestores, Coordenadores, Professores, Alunos Pesquisadores, não Pesquisadores) e Familiares.


RESUMO

O presente trabalho pretende demonstrar a importância da Formação Docente do Aluno Pesquisador por meio do Programa Bolsa Formação Escola Pública e Universidade, o qual desde o início de sua implantação em 2007 e, vinculado ao Programa LER e ESCREVER tem obtido ótimos resultados em prol da aprendizagem de leitura e escrita no contexto da Educação Fundamental do Ciclo I, em que o Aluno Pesquisador por sua participação na escola pública tem a oportunidade de conceber uma Formação Inicial mais consciente, consistente e competente pela vivência antecipada na observação e atuação da prática pedagógica junto ao Professor Regente em sala de aula, cuja Investigação Didática é um dos recursos em que se fundamenta a Concepção de Aprendizagem - Sócio Construtivista, tendo sua culminância na Pesquisa de Campo, na qual é apresentado um diagnóstico sobre o Programa Bolsa Alfabetização e a concretização de seus objetivos.

Palavras-chave: Aluno Pesquisador. Programa Bolsa Alfabetização. Investigação Didática. Concepção de Aprendizagem.


ABSTRACT

This paperwork intends to show the importance of the Researcher Student Formation as a teacher throughout the Brazilian program “Public School and University Scholarship Formation”. Since its implementation in 2007, linked to the program “Read and Write”, it has received great results on behalf of the reading and writing apprenticeship in the first cycle of basic education context. The Researcher Student, by its participation in a public school, has had the opportunity to conceive a more conscious, consistent and competent initial formation. This was through the experience observing and acting in the pedagogical practice with the regent teacher in the class, whose Didactic Investigation is one of the resources in which the Apprenticeship Conception has its foundation - Social Constructivist. It culminates on Field Research, in which a diagnosis is presented about the program “Literacy Grant”, and its objectives.

Keywords: Researcher Student. Literacy Grant Program. Didactic Investigation. Apprenticeship Conception.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................

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CAPÍTULO I - PROGRAMA BOLSA ALFABETIZAÇÃO...................................

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1.1 Legislação que regulamenta o Programa Bolsa Alfabetização....................

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1.2 O papel do Aluno Pesquisador.....................................................................

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1.3 A Investigação Didática e a Formação Inicial do Aluno Pesquisador............

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CAPÍTULO II - A FORMAÇÃO INICIAL DO ALUNO PESQUISADOR..............

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2.1 A trajetória das Concepções de Ensino e Aprendizagem- um estudo para a Formação Inicial do Aluno Pesquisador

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2.2 O aluno-pesquisador e a concepção do Programa Ler e Escrever...............

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CAPÍTULO III - PESQUISA DE CAMPO............................................................

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3.1 Objetivo........................................................................................................

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3.2 Metodologia..................................................................................................

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3.3 Sujeitos........................................................................................................

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3.4 Aplicação do questionário para Coordenação/Gestão.................................

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3.5 Aplicação do questionário para o Professor Regente.................................

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3.6 Aplicação do questionário para o Aluno Pesquisador..................................

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3.7 Aplicação do questionário para o Aluno não Pesquisador..........................

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CONSIDERAÇÕES.............................................................................................

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REFERÊNCIAS...................................................................................................

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ANEXOS.............................................................................................................

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o propósito de demonstrar que o contexto da Educação Fundamental do Ciclo I, pode e deve ser transformado por meio do Programa Bolsa Alfabetização, no qual o Aluno Pesquisador é peça fundamental para que a sua formação docente se faça de maneira mais consciente e competente, auxiliando as crianças na construção de uma aprendizagem mais significativa. Apresenta-se em três capítulos sendo que: O primeiro capítulo discorre brevemente sobre a situação da formação docente que não se encontra em parâmetros satisfatórios para a ação educativa do contexto escolar tendo como consequência a aprendizagem precária dos alunos, mencionando também a Legislação que deu origem ao Programa Bolsa Alfabetização configurando-se assim um cenário crítico-reflexivo, no qual prevê uma mudança do contexto escolar no Ensino Fundamental I. O Poder Público representado pelo Governador José Serra, instituiu por meio de Decreto, as Resoluções para consolidar as leis e o Regulamento que estabelece as ações, direitos e deveres de todos os envolvidos no Programa Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização com o objetivo de sanar tanto quanto possível, os problemas que envolvem a qualificação profissional do docente, bem como, a melhoria da aprendizagem significativa pelo aluno. O segundo capítulo, aborda a Formação Inicial do Aluno Pesquisador, traçando uma trajetória das Concepções de Ensino e Aprendizagem no contexto da Concepção Sócio Construtivista em que o Aluno Pesquisador deve transitar, participando de maneira responsável e consciente, para que a sua Formação Inicial se faça de maneira plena e coerente com o que se espera de uma atuação Docente Competente nas habilidades Técnica, Conceitual e Humana, para contribuir com a formação do aluno crítico e reflexivo que formará o cidadão consciente de si e do outro. No terceiro capítulo, são apresentados os resultados da Pesquisa de Campo em que foram utilizados quatro questionários com perguntas diferentes para cada grupo, visando ter um diagnóstico sobre o Programa Bolsa Alfabetização, a atuação do Aluno Pesquisador na escola e o quanto o Programa tem contribuído com a melhoria da aprendizagem da leitura e escrita da criança.


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CAPÍTULO I

PROGRAMA BOLSA ALFABETIZAÇÃO As escolas públicas necessitam de uma transformação que somente acontecerá a partir de uma mudança de ações criando um novo ambiente de trabalho. Esses processos de mudança da educação básica e a valorização da docência estão vinculados a essa nova realidade de escola. Assim, as ações que deverão ser realizadas dizem respeito à formação de educadores hábeis e competentes para atuarem na escola e, de políticas públicas educacionais, desencadeando uma aprendizagem significativa e consequentemente a valorização da educação básica de qualidade. Bernadete Gatti pondera que: Esse movimento depende, em grande parte, de uma nova mentalidade dos gestores educacionais, um novo tipo de formação inicial e continuada para a docência da educação básica e de um movimento de ressignificação do trabalho docente (2013, p. 156).

Nesse sentido, o movimento de ressignificação do trabalho docente, deve perpassar pela responsabilidade de todos os envolvidos, ou seja, a responsabilidade deve ser compartilhada entre as políticas públicas representadas na escola pelo corpo docente de gestão, mas, também pelas instituições de “ensino superior” que, no decorrer das décadas tem se proliferado, dando margem à formação de profissionais de qualificação inferior, inadequada e insuficiente. A constatação pungente sobre essa realidade traz a necessidade urgente de se repensar sobre as condições de Graduação dos profissionais da Educação que, para atuarem como educadores, pedagogos e professores precisam levar na bagagem intelectual e humana, uma base sólida e consistente dos conhecimentos científicos e formas de atuação para que assim, possam enfrentar os constantes desafios do trabalho docente que exige cada vez mais uma formação inicial qualitativa em termos de teoria e uma prática pedagógica consciente e competente, dando vazão para a formação continuada (GATTI, 2013, p. 206).


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1.1 Legislação que regulamenta o Programa Bolsa Alfabetização

Em face da realidade educacional de até então, medidas políticas são aprovadas e colocadas em prática a fim de se encontrar soluções para melhorar a qualidade da aprendizagem pelo aluno como, por exemplo, o SARESP. Em 2005, a análise dos resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP - confirmou que havia urgência em solucionar as dificuldades apresentadas pelos alunos do Ciclo I com relação às competências de ler e escrever, bem como promover a recuperação da aprendizagem de leitura e escrita dos alunos de todas as séries do Ciclo I do Ensino Fundamental e a necessidade de se investir na efetiva melhoria da qualidade de ensino nos anos iniciais da escolaridade. De outro lado, há também a preocupação com a qualificação profissional do docente, visando uma ótima formação inicial e a continuidade dessa formação para garantir que os alunos do ensino fundamental do ciclo I, consigam alcançar uma maior e melhor proficiência nos anos subsequentes. Assim, com este objetivo, o Governador do Estado de São Paulo, José Serra, instituiu o Programa Bolsa Formação Escola Pública e Universidade pelo Decreto nº 51.627, de 1º de março de 2007, em virtude da complexa realidade educacional, visando o pleno desenvolvimento profissional dos docentes e consequentemente a proficiência dos discentes (SÃO PAULO, 2007). O Programa tem como prerrogativa, a promoção do desenvolvimento de estudos, visando à melhoria do desempenho do sistema educacional estadual, bem como, impulsionar o intercâmbio de informações e assistência técnica mútua com instituições públicas e privadas, responsáveis pela formação de docentes, considerando que a aproximação das instituições com a Secretaria de Educação, pode constituir campo de construção de teorias, pesquisas e contribuições, objetivando dar um salto de qualidade na educação pública estadual, assim, decreta que: Artigo 1º - Fica instituído o Programa "Bolsa Formação - Escola Pública e Universidade", destinado a alunos dos cursos de graduação de instituições de ensino superior que, sob a supervisão de professores universitários, atuarão nas classes e no horário de aula da rede estadual de ensino ou em projetos de recuperação e apoio à aprendizagem.


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Artigo 2º -parágrafo III - permitir que os educadores da rede pública estadual, em colaboração com os alunos/pesquisadores das instituições de ensino superior, desenvolvam ações que contribuam para a melhoria da qualidade de ensino. (SÃO PAULO, 2007).

Por meio do Decreto 51.627, de 1º de março de 2007, a Secretaria de Estado da Educação, organiza a expansão do Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização, por intermédio da resolução SE - 83, de 4-12-2007, incluindo em caráter de colaboração, a participação e vivência de alunos das Instituições de Ensino Superior na prática pedagógica de sala de aula, junto aos professores da rede pública estadual. Para tanto, a Secretaria de Estado da Educação faz entrar em vigor a Resolução 86, de 19/12/2007 instituindo para o ano de 2008 o Programa Ler e Escrever nas escolas estaduais de Ciclo I da Região Metropolitana da Grande São Paulo - COGSP (Coordenadoria de Ensino da Grande São Paulo), considerando que: Devido ao bom resultado, o Programa “Ler e Escrever”, estende-se para as Escolas Estaduais de Ensino Fundamental do Interior, de acordo com a Resolução SE 96, de 23-12-2008, sob a responsabilidade da Coordenadoria de Ensino do Interior, promovendo sua implantação a partir do ano de 2009. Os Municípios do estado de São Paulo verificando o sucesso do Programa nas escolas estaduais solicitam ao Senhor Governador a expansão do Programa em forma de Convênio para seus municípios. Assim sendo, o Secretário da Educação, por intermédio da Resolução SE nº 66/2009, propõe aos Municípios a sua implantação em forma de celebração de Convênio Estado/Município, tendo por objetivo o desenvolvimento de ações educacionais nas escolas das redes públicas municipais e a universalização do ensino de qualidade, no Estado de São Paulo, sendo executado de forma descentralizada. Os Municípios então receberam os materiais e a possibilidade da formação de seus professores e Coordenadores levando em conta a importância da troca de experiências com vista aos bons resultados alcançados nas escolas da rede estadual de ensino. Sobre o disposto no Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização que dá providências correlatas com base no Decreto 51.627, de 1º de março de 2007, sob a Resolução SE nº 74, de 24-11-2011, o Programa Bolsa


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Alfabetização tem se revelado em processo eficiente de uma experiência singular de conhecer a realidade do contexto escolar, bem como a de relacionar a teoria acadêmica com a prática pedagógica, pois de acordo com os institutos de pesquisa e avaliação, os alunos que chegam ao final do 2º ano do Ciclo I do Ensino Fundamental, já alfabetizados, desenvolvem a capacidade de alcançar um maior êxito nos demais ciclos. Essa ação por parte dos Alunos pesquisadores em sala de aula junto aos professores da 1.ª série, hoje, 2.º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, cooperou e coopera para o desenvolvimento da aprendizagem na alfabetização desses alunos. Dessa forma, quando os alunos se alfabetizam plenamente possibilita a continuidade da aprendizagem da leitura e da escrita com maior êxito nos anos posteriores.

1.2 O papel do Aluno Pesquisador

O Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização, estabelece um Regulamento, publicado anualmente, pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, que deve servir de norteador para o desenvolvimento do Programa estabelecendo regras para efetivação dos papéis de todos os envolvidos: Instituição de Ensino Superior, Secretaria de Estado da Educação, Diretores e Coordenadores das

Unidades

Escolares,

Professores

Regentes

e

Alunos

Pesquisadores,

aprimorando os preceitos e normas para a execução das atribuições vinculadas ao Programa Bolsa Alfabetização (SEE, 2014). Dentre essas atribuições, é fator preponderante o papel do Aluno Pesquisador em manter-se comprometido com o objetivo do Programa, recebendo as orientações de seu professor orientador na Instituição de Ensino Superior, que ocorre por meio de encontros semanais e, um encontro mensal onde são realizados estudos mais aprofundados em relação à Investigação Didática em sala de aula, articulando posteriormente essas orientações com o Professor Regente, de maneira que se efetive o objetivo da alfabetização. As atividades pedagógicas serão então registradas pelo Aluno Pesquisador em seu diário de bordo, (ferramenta imprescindível) para apresentar e discutir com


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Professor Orientador, as estratégias de aprendizagem de forma a contribuir com a aquisição do conhecimento pelos alunos no contexto da alfabetização. Esses registros transformam-se num projeto de pesquisa (modalidade de investigação didática) que sob o acompanhamento do professor orientador do IES, dará parâmetros para estabelecer

um estudo temático de alguns aspectos da

alfabetização. De acordo com o Plano de Execução aprovado pela Secretaria da Educação e FDE, é esperado que o Aluno Pesquisador obtenha orientação adequada de sua IES para desenvolver ações que permitam cumprir os objetivos de sua Pesquisa Formativa de Investigação Didática. 1. Desenvolver sua pesquisa formativa de investigação didática ao longo do ano, seguindo as orientações de professor orientador e articulando-se com o professor regente; 2. Desenvolver, em conjunto com o professor regente da sala, intervenções pedagógicas com os alunos que não avançam ou que avançam pouco em suas aprendizagens; 4. Sistematizar as condições e as orientações didáticas de algumas das situações didáticas nucleares no ciclo I: a. Leitura feita pelo professor b. Produção oral com destino escrito c. Cópia e ditado (ressignificação da cópia) d. Leitura feita pelo aluno e. Escrita feita pelo aluno (SÃO PAULO, 2014).

A Pesquisa de Investigação Didática é de suma importância para a Formação Docente que, enquanto Aluno Pesquisador, tem o privilégio da vivência pedagógica antecipada por meio de experiências concretas quanto à realização de pequenas indagações, delimitação de problemas didáticos, formulação de hipóteses, análise de informações pertinentes a determinado problema. É fundamental ao Aluno Pesquisador, o conhecimento do Regimento Escolar da Escola Pública para onde foi encaminhado, conhecer a Proposta Pedagógica e também o Planejamento Anual do Professor Regente, para que possa atuar e auxiliar na elaboração do diagnóstico pedagógico quanto às hipóteses de escrita. Assim, comprometido com o objetivo do Programa, torna-se cônscio de sua responsabilidade, desenvolvendo naturalmente a Pesquisa de Formação Didática, que o conduzirá a uma Formação Docente permanente e de qualidade superior. O Programa Bolsa Alfabetização, vinculado ao Ler e Escrever, e em parceria com as Instituições de Ensino Superior, mantém apoio ao importante movimento de


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reflexão sobre a formação inicial de professores, promovendo assim, mudanças conceituais e práticas em face à complexa realidade de sala de aula, organizando e recriando diferentes práticas sociais de leitura e escrita, cujos propósitos são determinantes na maneira de ler assim como também são determinantes nas características do texto a ser produzido e a intenção de quem escreve, pois estar alfabetizado é saber usar com autonomia os recursos da própria linguagem, por meio da leitura e escrita nos diferentes gêneros. A escola e o professor são os principais responsáveis por inserir os alunos no universo da cultura escrita para compartilhar suas diferentes práticas. Sabe-se que os alunos pensam sobre a escrita e desenvolvem complexas hipóteses para explicar as regularidades do sistema, surgindo assim situações de leitura e escrita, na qual são desenvolvidas oportunidades para a construção de conhecimentos da língua, tornando-a significativa por intermédio da prática vivencial que a rotina proporciona ao longo de todo o 1º ciclo. Para que a alfabetização seja bem sucedida, é necessário que a rotina de leitura e escrita, desenvolva projetos e sequências didáticas permitindo ao aluno refletir sobre as funções da língua, bem como, as especificidades da linguagem escrita, considerando a concepção de aprendizagem construtivista na qual o aluno é sujeito de sua própria aprendizagem, levando-o a elaborar ideias e hipóteses próprias chegando à compreensão da escrita alfabética. O Aluno Pesquisador atuando junto ao professor regente tem a oportunidade de observar e analisar com base teórica as ações didáticas fazendo a transposição entre a teoria e a prática.

1.3 A Investigação Didática e a Formação Inicial do Aluno Pesquisador

O principal objetivo da Pesquisa Didática é desnaturalizar e problematizar os conteúdos e as práticas, para que o futuro professor tenha experiências de produção do conhecimento, permitindo compreender seu modo de produção e olhá-lo como provisório e não como um saber acabado e imutável. Dessa maneira, as crianças terão oportunidade de conhecer resultados relevantes por meio da leitura e discussão dos temas propostos (SÃO PAULO, 2007).


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Os Alunos Pesquisadores têm alguns temas para Investigação: Leitura em voz alta feita pelo professor, Escrita do aluno, Leitura do aluno, Produção oral com destino escrito, Ressignificação da cópia e do ditado. Para que os conteúdos sejam observáveis na sala de aula é necessário definir o foco e, que se aprofunde o conhecimento de cada um dos temas. Assim, para que realmente se constitua em Investigação, é imprescindível que se grave ou filme um trecho de uma aula para realizar-se a transcrição constituindo-o como registro. As fontes de dados serão constituídas pela observação e registro das ações didáticas em sala de aula: as situações de ensino, e o planejamento da atividade. A análise dos dados abrange a diversidade de situações num mesmo tema, a distância entre o antecipado e o sucedido para se chegar a uma conclusão. Registramos a seguir uma Investigação Didática de Aluno-Pesquisador da Faculdade Método de São Paulo em Escola Estadual de São Paulo (os nomes citados são fictícios). A reescrita das crianças foi feita a partir dos contos de fadas, por ser uma fonte segura de inserir a criança no universo literário. Embora esta linguagem não seja simples, mas o fascínio dos temas leva a criança a enfrentar os desafios para compreendê-los, ampliando o conhecimento das diferentes estruturas de frases e enriquecendo o vocabulário. O estudo é baseado em pesquisa apresentada em forma de observação em sala de aula na E.E. da Vila Aurora, com 28 alunos do 2º. Ano D, do Ensino Fundamental, com o objetivo de avaliar o desempenho das crianças no trabalho de reescrita.

Reescrita da História: Os três porquinhos Registro e observação em sala de aula. Professora: Vou ler uma história para vocês várias vezes e vocês deverão prestar bastante atenção, pois hoje faremos uma atividade de reescrita. Vocês terão que escrever com a letra bem bonita e do jeitinho que eu vou ler, porque essa atividade será entregue para a coordenadora. (Ela leu, pausadamente, uma vez a história) Professora: Agora vou ler novamente e quando chegar a parte que vocês terão que contar eu aviso. (leu novamente e quando chegou a parte final...), a partir daqui


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vocês prestem bastante atenção na história para saberem o que vão escrever. (Terminada a leitura), a prô vai ler novamente para vocês, do começo ao fim. (Terminada a terceira leitura completa). Agora vou ler somente o final, a partir de onde vocês vão reescrever. Professora: Vamos ver se vocês lembram a história... o que o lobo fez? Vários alunos: Entrou na chaminé Professora: Antes disso o que ele fez? Alguns alunos: Olhou a chaminé Professora: Isso, primeiro ele olha e imagina que pode entrar por ali. E depois... Alguns alunos: Ele sobe no telhado e entra pela chaminé. Professora: Enquanto isso acontece, o que está acontecendo dentro da casa do porquinho? Alunos: (Desencontrados) O porquinho que era muito inteligente colocou um caldeirão de água fervendo pro lobo cair. Professora: Sim, isso mesmo, e ai? Alunos: (Desencontrados) Daí ele entra pela chaminé e cai no caldeirão e deu um salto e foi parar na floresta. Professora: Ele quem? Alunos: O lobo. Professora: Sim, vocês não podem deixar de falar quem são os personagens e tudo que aconteceu nos mínimos detalhes. E aí? Alunos: Na floresta não se ouviu mais falar do lobo e os três porquinhos viveram felizes para sempre. Professora: Muito bem, agora vou ler mais umas três vezes o final da história para vocês guardarem bem os detalhes. Prestem atenção. (Contou mais três vezes, pausadamente e novamente com a interferência da professora os alunos recontaram oralmente nos mesmos termos citado acima). Segue abaixo algumas reescritas:

Yhago Ele viu ajamineematrou na jam ine e osporquinhoserão esperto e tolo cou uma jará de água cuzinhand o e deu um pulo que foi para La


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no meio da floresta que nuca mais ou viu falar no lobomau e osporqui nhos viverem felís para cenprí.

João Vitor O lobo poque e xamidagoquete para Meio da faleta e o lobo não apaleceu Fe li A paracere.

Júlia O lobo olhou a chaminé e sabia que ia entrar por ali ai ele sobe o telhado e entra pela chaminé como o porquinho pois um caldeirão com água fervendo e quando o lobo entra pela chaminé vai parar no caldeirão com água fervendo ai ele deu um salto gigante e foi parar no meio da floresta e nunca mais ninguém ouviu falar nele e ai os porquinhos viram felizes para sempre.

REVISÃO REESCRITA Referência: Reescrita de Memória “Os Três Porquinhos” Professora: Há alguns dias, vocês fizeram uma reescrita do final de uma história, lembram que história? Alunos: Sim, Os três porquinhos. Professora: ... Têm que se preocupar com a sequência da história. Não posso começar e terminar sem parar, e a pontuação, e o parágrafo, também precisamos nos preocupar com isso. Agora eu vou ler primeiro o texto original completo. (e leu). E agora vou ler o texto sorteado. O lobo olhou a chaminé e sabia que ia entrar por ali ai ele sobe o telhado e entra pela chaminé como o porquinho pois um caldeirão com água fervendo e quando o lobo entra pela chaminé vai parar no caldeirão com água fervendo ai ele deu um salto gigante e foi parar no meio da floresta e nunca mais ninguém ouviu falar nele e ai os porquinhos viram felizes para sempre. Professora: E aí, o que vocês perceberam? Mathias: Que não dá pra entender Maurício: Que não é viram é viveram


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Karina: Que a Sra está lendo rápido demais. Professora: E por que eu estou lendo rápido? Bianca: Porque é muito grande. Gustavo: Porque é uma história. (Pensaram muito e emudeceram sem mais ideias) Professora: Quando a prô põe um texto qualquer, o texto é apresentado assim dessa maneira? Guilherme Valério: Não, porque tem parágrafo. Professora: Sim, quando contamos uma história, nós contamos tudo ao mesmo tempo, sem respirar (e falou várias frases rapidamente para que eles percebessem). Não, nós falamos devagar... A pontuação vai acontecer quando eu concluir uma ideia, um pedaço do pensamento.

REESCRITA História: Branca de Neve Registro e observação em sala de aula análise. Professora: Lembram que vocês fizeram uma reescrita da história dos Três Porquinhos? Alunos: Sim! Professora: Então, hoje nos vamos fazer outra história. A Branca de Neve. Alunos: Eba!, Oh!, Ah não!, Que legal!, etc... Professora: Então eu vou ler primeiro a história toda e vocês prestem muita atenção... Agora, juntos, nós vamos recontar a história e eu vou escrevendo na lousa os tópicos mais importantes pra vocês não esquecerem na hora que estiverem recontando. Vamos lá, a partir de onde eu falei. O que aconteceu? Maioria dos alunos: A rainha fez uma poção mágica. Professora: Isso mesmo. Então vou escrever assim: Rainha faz poção mágica Foram contando trechos por trechos, alguns esqueciam de alguns detalhes, outros lembravam e a professora foi norteando e montando os tópicos. 

Rainha fez poção mágica

A bruxa vai até a cabana onde está Branca de Neve


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Branca de Neve come a maça envenenada

Anões são alertados pelos animais da floresta

A bruxa morre

Colocam o corpo num caixão de cristal e levam para floresta

O príncipe se apaixona pela princesa

O caixão cai

Branca de Neve se apaixona pelo príncipe

Segue abaixo algumas reescritas:

Julia A rainha faz poção mágica e pois a poção dentro de uma maçã. Ela se transforma numa velinha mal trapilha. No dia seguinte os anões saíram para trabalhar e Branca de Neve ficou sozinha. A bruxa aproveita que os anões estão fora para ir até a cabana dos anões. Como ela era gentil ofereceu um copo de água para a bruxa e ela ofereceu a maçã envenenada. Quando ela da uma mordida na maça e caiu desmaiada. Os animais da floresta viram tudo e resolveram alertar os sete anões. A bruxa resolveu fugir da fuga a bruxa caiu e morreu. Chegando lá os anões viram Branca de Neve jogada pelo chão. Os anões colocaram o corpo dela num caixão de cristal para o meio da floresta e ficam dia e noite vigiando ela com esperança que ela acorde um dia. Num dia o principe do reino vizinho no mesmo instante que ele vê ela ele se apaixona por ela o principe pede pros anões se podia levar ela para o castelo dele. Quando os anões vão levantar o caixão o caixão cai e faz a maça que está na garganta sai pela boca. Quando a moça acordou ela se apaixonou por ele e Branca de Neve se despediu dos anões e eles se casam e viveram felizes para sepre.

Yhago A rainha faz porção mágica e colocou demdro da maça envenenada a bruxa checa cabana da Branca de neve da um copo de água e bruxa da a maça envenenada.


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O principe se apaxona pela princesa dise para o sete anõesquerião que leve a princesa para o castelo que dise que cuida da princesa. Quado levanta cai o caixão caiu e saiu a maça e quando a Branca de neve a corda e vê o principe e a Branca de neve se a paixonou pelo o principe que levarão a princesa e viverão feliz para sempre.

João Vitor Rainha faz uma poção magica se transforma bruxa taoforma e velhinha e na cabana sete anões. Branca de neve um copo de agoae e a bruxa deu Branca de neve come a maça fenenada e demaiu e foi ate pero o salimai e sete anões fai corei e opecipe da um beijo e a Brnca de neve vai e fica aposonada e cazaro e fiverofeviparacipe.

Análise:

A observação de um conteúdo como a produção textual (reescrita de conto) contribui para aprender mais sobre as condições didáticas que precisam ser garantidas para que as crianças possam produzir um bom texto. Essas condições vão desde a leitura em voz alta pelo professor, leitura do aluno do gênero em questão, planejamento da escrita, reescrita coletiva para passar à produção e revisão em dupla. Com todo esse movimento metodológico, o professor favorece o preparo do aluno para a produção individual, sempre considerando o contexto de produção. Assim, consideramos que a Aluna Pesquisadora Priscilla Rodrigues dos Santos mostrou-se comprometida com o objetivo do Programa Bolsa Alfabetização, registrando as ações didáticas desenvolvidas pela professora e os momentos de aprendizagem dos alunos para posteriormente em articulação com seu professor orientador na IES, discutir sobre o registro em sala de aula, o que possibilitou a elaboração desta Investigação Didática, fato que, enriqueceu ainda mais a sua trajetória profissional.


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CAPÍTULO II

A FORMAÇÃO INICIAL DO ALUNO PESQUISADOR 2.1 A trajetória das Concepções de Ensino e Aprendizagem- um estudo para a Formação Inicial do Aluno Pesquisador

No modelo tradicional de educação, o maior objetivo era o domínio do código que reconhece a alfabetização como um conjunto de habilidades técnicas de decodificação dos símbolos na qual a aprendizagem se dá pela memorização de modelos fornecidos; sob essa ótica, o aluno deve aprender a representar os fonemas em grafemas, (escrever) e grafemas em fonemas (ler), em que a relação ensino/aprendizagem ocorre de maneira vertical, ou seja, o professor detém o conhecimento. A essa relação, Paulo Freire deu o nome de “educação bancária”, cuja contextualização está desvinculada de seu uso social (AMARAL, 2005). A alfabetização bem como o ato de alfabetizar são conceitos socialmente construídos, porém, ao longo do tempo, vêm se modificando, dando lugar a novas investigações sobre a questão do que é alfabetizar, com suas consequências em dimensão individual e social (AMARAL, 2005). A proposta da escola de hoje, tem como objetivo formar alunos leitores e escritores, capazes de construir textos, habilitando-os a utilizar a linguagem oral e escrita de diversos gêneros no contexto social, indo além da alfabetização (decodificar e codificar), constituindo assim, o conceito de alfabetização mergulhada em contexto letrado. Assim, a escola atual que pretende a formação do bom leitor deve planejar e delinear o seu projeto de alfabetização, cujos objetivos se postos em prática, assumem o caráter político-institucional em substituição ao caráter teóricopedagógico, fato que organizará de maneira efetiva o funcionamento da instituição para a efetiva compreensão e consolidação da proposta sócio construtivista no uso consciente da leitura e da escrita (AMARAL, 2005). As concepções de Alfabetização e Letramento, nem sempre caminham juntas, embora seja esperado e desejado, podendo haver indivíduos alfabetizados, mas pobres em letramento, ou ainda, indivíduos que não dominam o código, mas


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que podem ter acesso às práticas da escrita por meio de terceiros ao escrever ou ler para ele. Numa sociedade centrada na escrita como a nossa, dificilmente o indivíduo será considerado iletrado, porque os níveis de letramento estão relacionados com a identificação da escrita e suas consequências de um determinado grupo social, assim, é possível identificar no letramento as dimensões individuais e sociais presentes na leitura e escrita, bem como as práticas socais do grupo onde está inserido. A alfabetização desenvolvida com o foco do letramento traz ao professor, a possibilidade de avanços teórico-pedagógicos no que diz respeito a outras áreas do conhecimento, como a Linguística, a Psicologia e áreas afins que auxiliam o processo, contribuindo com as diversas áreas do conhecimento e em consonância com as modernas concepções sobre a escrita, dando sentido a leitura e a escrita. Com relação à Linguística e áreas afins para o processo de alfabetização escolar, depreendemos algumas contribuições: 

Melhor compreensão da relação entre linguagem escrita e linguagem oral, superando a velha concepção de que a escrita é mera representação da fala;

Maior clareza com relação aos aspectos típicos da fala e os da escrita, ou seja, não falamos como escrevemos e vice-versa;

Melhor compreensão do caráter histórico e social da linguagem escrita e oral, diferenciando os aspectos estruturais básicos que garantem a unidade destas;

Nova interpretação do fenômeno das variações linguísticas, auxiliando o entendimento de que as variações linguísticas são um processo normal em todos os países;

Revolução do conceito de texto arcaico, em favor de uma concepção mais democrática, em que um texto se forma entre a relação de quem escreve e de quem lê;

Novo entendimento do conceito de leitura, entendido agora como ato de compreensão e significado ao texto;


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Melhor compreensão sobre as condições de leitura e produção de texto, demonstrando a importância das práticas reflexivas sobre a língua, visando o desenvolvimento e aprimoramento dos usos sociais.

A Psicologia mantém-se no contexto das contribuições à medida que produz conhecimento importante sobre o indivíduo. Portanto, a evolução das teorias pedagógicas, levam em consideração as diretrizes ideológicas, orientando e iluminando a construção das práticas pedagógicas e, nesse sentido, duas delas têm colaborado mais efetivamente com as novas concepções de escrita; a concepção sócio construtivista representada pelas contribuições de Emília Ferreiro e a teoria sócio histórica, representada pelos trabalhos de Vygotsky e Luria. A concepção sócio construtivista tem ajudado o professor num melhor entendimento sobre o processo de elaboração conceitual que a criança constrói desde os primeiros rabiscos até as hipóteses da escrita alfabética, no qual surge o conflito cognitivo, desencadeando mecanismos para a construção de hipóteses mais bem elaboradas. O professor como facilitador desse processo, sabe que a contínua elaboração da construção de hipóteses pelo aluno sobre a escrita e o seu desempenho, deve ser visto como elemento fundamental para a reorganização da intervenção pedagógica. Segundo estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, a contribuição da concepção construtivista é a reformulação do conceito de erro e consequentemente a revisão do papel da avaliação educacional. No tocante a teoria sócio histórica, a contribuição diz respeito ao processo da criança em atribuir significado à grafia. Nesse sentido, os estudos dessa corrente, defendem seu caráter simbólico que a partir do gesto, passando pelo desenho e pela brincadeira, até a escrita formal, cuja apropriação deverá ocorrer na escola, sendo que a mediação será entre o aluno e a escrita, cabendo ao professor o papel fundamental no processo de internalização da escrita pelo aluno.

Segundo Oliveira:


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Uma diferença bastante significativa entre concepção de Ferreiro e a de Vygotsky e Luria sobre a alfabetização diz respeito ao próprio foco de atenção de uma dessas teorias: enquanto a teoria de Ferreiro está centrada na natureza interna da escrita enquanto sistema, a de Vygotsky e Luria centra-se nas funções desse sistema para seus usuários. Com base em seu foco teórico, a investigação de Emília Ferreiro refere-se, assim, ao processo pelo qual a criança adquire o domínio do sistema de escrita, de sua natureza, articulação interna e regras de funcionamento. Já o trabalho de Vygotsky e Luria volta-se para a investigação a de como a criança apreende as funções da escrita e de como desenvolve a necessidade de utiliza-la com instrumento psicológico. (2012, p.65)

De maneira sucinta, tanto a concepção sócio construtivista quanto a teoria sócio histórica, tem sido muito importante para a reinterpretação do papel do aluno no processo de apropriação da escrita e a valorização deste pelo professor, como elemento ativo da aprendizagem. Em termos de metodologia, a nova compreensão sobre a alfabetização, assume dimensões diferentes do modelo tradicional. A nova dimensão apresenta como base, a construção do conhecimento significativo por meio da leitura e escrita, lançando bases político ideológicas para constituir uma docência consciente e competente que produza práticas pedagógicas coerentes com objetivo de uma aprendizagem real para o aluno sendo que, a Linguística e a Psicologia são fontes fundamentais para um melhor entendimento das novas práticas pedagógicas. Segundo Leite (2005), essa proposta exige que haja um trabalho coletivo por parte de professores e coordenadores pedagógicos, no desenvolvimento, na troca de experiências e aprofundamento de análise das práticas desenvolvidas, para que o diálogo mantenha a relação da ação-reflexão, para organizar e concretizar o seu Projeto de Alfabetização de acordo com as diretrizes necessárias sob dois aspectos: a) O trabalho dos professores relacionados com a área da Língua Portuguesa deve ser planejado e desenvolvido a partir das diretrizes teórico-pedagógicas comuns, assegurando a meta de formar bons leitores e produtores de textos. Para tanto, é preciso que seja priorizado o texto, tomando-o como ponto de partida e de chegada para desenvolver um projeto moderno na área da Língua Portuguesa como também as atividades que corroboram a reflexão sobre a língua, iniciando-se desde a pré-escola até a última série. b) Criar condições concretas no funcionamento da instituição para que os professores exercitem o processo de ação-reflexão continuamente e


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coletivamente, o que contribuirá efetivamente para que sua prática se realize numa relação dinâmica e dialética entre teoria e prática, gerando a força propulsora de todo o processo, condição absolutamente necessária ao desenvolvimento de um ótimo Projeto de Alfabetização em qualquer escola.

Dentre os desafios que a Escola Democrática enfrenta, um dos maiores é a superação das estruturas tradicionais e organizacionais do gestor e do corpo docente que se mantém isolado e individualista, caracterizando assim, a escola tradicional. A proposta da escola democrática tem por base, o trabalho docente coletivo que planeja e reflete sobre a ação pedagógica, porém, não é facilmente implantada, tendo em vista a dimensão político-institucional muito complexa. No entanto, o processo de democracia interna na instituição vai rompendo as barreiras à medida que o grupo docente tenha mais poder de decisão no que se refere aos aspectos pedagógicos, com o avanço da construção de propostas pedagógicas adequadas à nova proposta e contexto da escola transformadora (LEITE, 2005). O processo de alfabetização escolar, bem como todo o trabalho educacional, deixa claro que o comprometimento profundo com a ação educativa numa perspectiva democrática possibilita a todos os alunos as condições para se apropriarem do conhecimento básico necessário para o exercício da cidadania de forma plena, crítica e consciente, na qual a alfabetização escolar é uma condição necessária, mas não suficiente. Assim, o desafio da escola com relação à alfabetização transformadora, envolve naturalmente o letramento, que deve ocorrer concomitantemente com a decodificação do código. Dessa forma, o aluno poderá desenvolver a sua competência leitora individual e interagir nas práticas sociais de maneira mais consciente de si e do outro. Entretanto, há que se levar em consideração que o letramento pode provocar duas concepções diferentes: Uma é considerada ”progressista-liberal”, caracterizando-se como um conjunto de habilidades e conhecimentos que dão condições ao sujeito participar de atividades de leitura e escrita, facilitando o progresso social e individual de acordo a corresponder com as demandas do sistema social de produção capitalista (alfabetismo funcional).


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O alfabetismo funcional é descrito por Freire como uma “consciência ingênua”, na qual a interpretação dos problemas é avaliada com conclusões frívolas e explicações ilusórias. Essa consciência considera o passado como uma realidade permanente e imutável, por essa razão torna-se incapaz para o diálogo, pois acredita que não conhece tudo, fundamentando-se apenas na polêmica (LEITE, 2005). A outra concepção considerada “radical-revolucionária” avalia o letramento numa perspectiva político-ideológica, associando-o ao processo de transformação social por meio do diálogo, no qual o letramento se caracteriza como um conjunto de práticas dirigidas pela reflexão de ‘o que’, ‘como’, ‘quando’ e ‘por que’ ensinar a ler e escrever, definindo-o de acordo com os usos que cada sociedade faz das práticas de leitura e escrita, dada a sua importância de possibilitar a conscientização e transformação das “relações e práticas sociais consideradas indesejáveis e injustas”. Nesse sentido, o processo de alfabetização transformadora por meio do exercício da leitura e escrita, tem a responsabilidade de atuar como agente transformador do homem social, ativo e consciente da sua própria história. A consciência crítica é definida pela profunda análise dos problemas, na qual reconhece sua limitação quanto aos meios de resolução, admitindo a realidade como em constante mudança e mantendo-se receptivo ao novo e ao velho à medida que os considera válido, apresentando nuances como a racionalidade, a inquietude, e a indagação; qualidades que a fazem amar o diálogo; averiguando, testando e revisando-a porque reconhece que sua consciência constituída na prática social da qual participa, deve estar sempre num constante refletir, sobre o caráter temporal dos fatos e a complexidade que possa existir entre eles. Segundo Magda Soares: ...a criança alfabetiza-se, constrói seu conhecimento do sistema alfabético e ortográfico da língua escrita, em situações de letramento, isto é, no contexto de e por meio de interação com material escrito real, e não artificialmente construído, e de sua participação em práticas sociais de leitura e de escrita; por outro lado, a criança desenvolve habilidades e comportamentos de uso competente da língua escrita nas práticas sociais que a envolvem no contexto do, por meio do e em dependência do processo de aquisição do sistema alfabético e ortográfico da escrita. (2004, p.100)

Com base nessa reflexão surgem novos questionamentos como:


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Quais seriam as características desse processo, cujo objetivo deve emancipar os sujeitos? Quais seriam as características do processo de alfabetização que colaborem na formação do cidadão crítico? Nesse

processo

de

alfabetização

escolar,

o

professor

precisa

necessariamente atuar como agente mediador, reconhecendo que a educação é o processo que pode garantir que o aluno se torne um cidadão crítico, capaz de vivenciar a sua experiência individual e social com autonomia e responsabilidade, assegurando a sua liberdade de escolha e que pode ao longo de sua formação acadêmica, atuar também como agente de transformação de uma sociedade mais democrática e igualitária de maneira que os valores Éticos permeiem suas ações e de outros indivíduos. Assim, a pedagogia crítica tem a intenção de levar os alunos a lidar com os conflitos e as tensões da alfabetização significativa, habilitando-os a enfrentar os desafios de maneira eficiente. É a educação crítica e reflexiva que contribuirá para que o aluno supere as falsas concepções ideológicas e perceba o caráter histórico e mutável das relações sociais, reconhecendo-se como sujeito na construção de si mesmo e da realidade, bem como participar da transformação das relações sociais que julgue necessárias. Para que o intento esteja cada vez mais próximo da realidade da pedagogia crítica, o professor deve ter claro em sua consciência que necessita estar constantemente envolvido com a pesquisa, não só dos conteúdos sistematizados, como também em relação às teorias pedagógicas que contribuem para fundamentar a sua prática, conduzindo-o ao constante exercício da Ação – Reflexão – Ação, levando-o a rever alguns mitos sobre o processo de alfabetização que interferem na sua prática pedagógica. Nesse sentido, estabelecer uma relação de confiança e respeito pelo conhecimento de mundo que a criança traz, bem como pela variedade linguística e cultural do grupo social ao qual a criança pertence, é fundamental para refletir sobre a variedade linguística, sobre o poder instituído da norma culta e o quanto o poder da norma padrão influencia o poder econômico do grupo social que a utiliza, portanto os alunos precisam ter consciência desses fatos para que possam utilizar o dialeto padrão de forma adequada, sem necessidade de desvalorizar a linguagem de outros grupos.


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A necessidade de refletir sobre esta questão, traz o diálogo como uma excelente estratégia de trabalho a ser usada em sala de aula, tendo, por exemplo, a roda de conversa que, mediada pela ação do professor com as crianças, promove o aprofundamento das relações interpessoais, a qual possibilita a vivência e a troca de conhecimento das situações conflitantes que compõe as relações sociais, esta ferramenta é imprescindível para a reflexão, transformando conhecimento em ensino/aprendizagem. Esta condição faz com que o professor atue também como aprendiz, pois sabe que o conhecimento é como algo em permanente movimento histórico, propiciando aos alunos oportunidades de atuarem como sujeitos no próprio processo de construção do conhecimento e do autoconhecimento, criando-se então as condições para formação do cidadão crítico e reflexivo. Essas considerações nortearão as práticas do professor, pois sabe que o aluno é sujeito ativo no seu processo de aquisição e uso da leitura e escrita, com todo o envolvimento que essa concepção possa trazer, (identidade humana e cultural) ficando claro que a escrita é uma construção humana, social e histórica e, consequentemente com função social, portanto, a leitura e a escrita devem ser valorizadas como instrumento para ampliar a possibilidade do conhecimento e da ação do homem ativo e transformador da sua realidade. Assim, o aluno participante da construção da língua escrita em seu processo de alfabetização transformadora, passa a desenvolver a ação da reflexão sobre o que é, e para que serve

ler e escrever, repercutindo dessa maneira, para as

situações do seu cotidiano o uso da linguagem em sua função social nas mais variadas formas de comunicação como: um interlocutor ausente, registro dos conhecimentos adquiridos, suporte da memória, busca de informações, etc. O texto é um dos eixos da alfabetização crítica, na qual a leitura e a produção se dão pela prática discursiva em que o aluno desenvolve a percepção sobre o conteúdo do tipo de texto, identificando o tipo de interlocutor que está tratando, presente ou ausente, para assim criar e elaborar a produção de diferentes gêneros com diferentes intenções de comunicação; entre eles estão: carta, bilhete, diário, poesia, ofício, etc. Freire (1985) esclarece a questão quando diz que [ ] a investigação [temática] se fará tão mais pedagógica quanto mais crítica e, tão mais crítica quanto [...] se fixe na compreensão da totalidade. Assim é que, no processo


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de busca temática significativa, já deve estar presente a preocupação pela problematização dos próprios temas. Por suas vinculações com os outros. Por seu envolvimento histórico-cultural (FREIRE, 1985 apud LEITE, 2005, p. 89).

O professor tem que refletir sobre os temas, pois devem fazer parte do cotidiano do aluno ou também sugeridos por eles, haja vista a necessidade do constante desenvolvimento do senso crítico, à medida que se envolvem nas situações conflitantes do dia a dia. As situações conflitantes possibilitam o questionamento das contradições geradas pelos preconceitos linguísticos, sociais e culturais, os quais determinam as relações de poder. Ainda sobre a temática dos textos produzidos pelos alunos, deve haver a proposta do professor da troca de textos entre as crianças a fim de que os questionamentos surgidos possam leva-los à reflexão sobre o tipo de estrutura do texto, se há coerência de conteúdo de acordo com o interlocutor destinado, bem como a gramática e a ortografia, que promoverá o uso consciente do código linguístico. Essa atividade permitirá a reelaboração dos textos em decorrência da reflexão, constituindo assim condição fundamental para uma real interlocução. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS), (BRASIL, 2001), “as situações didáticas devem, principalmente nos primeiros ciclos, centrarse na atividade epilinguística, na reflexão sobre a língua em situações de produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e aprimorar o controle sobre a própria produção linguística” (p. 39).

Entre os vários aspectos do processo da alfabetização crítica, está a avaliação, cujo objetivo é o diagnóstico do estado de aprendizagem do aluno, seu avanço e o seu crescimento. Para tanto, o professor envolvido com esse procedimento, estabelece junto com seu aluno momentos dialéticos, ou seja, é estabelecido o diálogo de mediação e consultoria para que o aluno se aperceba do estágio em que se encontra e em relação à perspectiva a ser atingida. Entretanto, o professor dever ser cuidadoso de que a avaliação não seja estática, classificando o aluno num padrão pré-determinado, como se fazia no modelo tradicional. É importante salientar que a avaliação defendida na nova concepção, é uma atividade processual e constante, que deverá ser utilizada para orientar o professor; pela participação ativa do aluno pela análise de suas produções escritas e orais,


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bem como de atitudes e estratégias de que faz uso, permitindo assim, uma intervenção com o objetivo de melhor adequá-la a cada aluno ou a situação de ensino. Luckesi (2000) conclui que: Avaliar a aprendizagem escolar implica estar disponível para acolher os educandos no estado em que estejam, para, a partir daí poder auxilia-los em sua trajetória de vida [...] atos de avaliar que, por si, implicam em diagnosticar e negociar permanentemente o melhor caminho para o desenvolvimento, o melhor caminho para vida. (apud LEITE, 2005, p. 92).

Dentre as dificuldades que o processo da alfabetização crítica apresenta, está à organização curricular que tem se pautado no modelo tradicional, cujo currículo centrado nas disciplinas, expressa um saber fragmentado, estagnado e que nada tem a ver com as realidades vivenciadas fora da escola. O livro didático tem relativamente contribuído para a ideia de transmitir o conteúdo pronto a ser trabalhado na sala de aula, relacionando-o com a visão histórica, conformista e desvinculado do cotidiano. Pensando nessa alfabetização crítica, a Concepção que embasa o Programa Ler e Escrever utiliza a metodologia de resolução de problemas e propõe a aprendizagem da Língua Portuguesa garantindo os aspectos da aprendizagem do sistema de Escrita e da linguagem que se escreve.

2.2. O aluno-pesquisador e a concepção do Programa Ler e Escrever

O maior objetivo da escola é possibilitar aos alunos tornarem-se leitores e escritores competentes, promovendo assim a escola inclusiva, cuja aprendizagem significativa permitirá a formação da criança crítica-reflexiva, que vê sentido em aprender por meios de diferentes práticas de linguagem. A criança interage com a professora e a turma nas diversas atividades pedagógicas como: práticas sociais de leitura e escrita, apreciação de variados gêneros e a produção de textos, habilitandoos a vivenciarem as situações sociais pela cultura escrita. Assim, é necessário que os conteúdos elencados pelo professor, possam criar condições em garantir a conquista de aprendizagem da leitura e escrita pelos


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alunos, sabendo que a língua é um sistema discursivo que se organiza no uso e para o uso escrito e falado, adquire um contexto de aprendizagem muito especifico como: conhecimento do alfabeto, forma gráfica das letras, seus nomes e seus valores sonoros. Dessa forma, o professor planejará uma diversidade de situações em que o aluno possa focar seus esforços, ora no sistema de escrita, ora na linguagem que se usa para escrever. Segundo o Guia de Orientações do Livro Ler e Escrever do 1º ano, a rotina semanal é importante para favorecer a aprendizagem de diferentes conteúdos, contribuindo para o avanço sobre a linguagem escrita e sua reflexão, como sugere algumas atividades permanentes: Atividades envolvendo nomes dos alunos: nessas atividades os alunos serão desafiados a ler e a escrever seus nomes ou dos colegas da classe. Saber reconhecer os nomes é importante, pois tais palavras servirão como modelo para apoiar a escrita de outras palavras. Atividades envolvendo a escrita de próprio punho pelos alunos (escrita de listas, títulos, legendas e outros textos previamente combinado ou pequenos textos que se sabem de cor): propor atividades em que os alunos escrevam de acordo com suas hipóteses de escrita é fundamental para que possam refletir sobre o sistema alfabético. Pela troca de informações com os colegas e contando com intervenções do professor, tais propostas favorecem os avanços na compreensão desse sistema. (SÂO PAULO, 2014, p.33)

Em relação ao brincar, o professor deve utilizar brincadeiras com o objetivo de aprendizagem aproveitando-se da espontaneidade da criança que cria por conta própria enredos e papéis sociais de acordo com o seu cotidiano, e não apenas o brincar por brincar. Sabendo que as crianças são seres íntegros, as propostas pedagógicas devem ser organizadas com a intenção de promover a interação com as diversas áreas do conhecimento e dos diversos aspectos da vida cidadã, contribuindo para o seu desenvolvimento e ingresso no mundo da leitura e escrita. A concepção de aprendizagem sócio-construtivista, que embasa o Programa, está apoiada em documentos que orientam a rede pública de ensino estadual de São Paulo, em especial o Programa Ler e Escrever, considerando que o conhecimento é produto de atividade mental por parte de quem aprende que consegue então organizar e integrar informações e novos conhecimentos aos já assimilados.


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Neste sentido, essa nova compreensão permite a resolução de problemas, porque entende o esforço do aluno em realizar a tarefa proposta, promovendo a interrelação do aluno com o conteúdo e a intervenção didática do professor. O professor tem um papel primordial na mediação das aprendizagens, trazendo desafios que desenvolva na criança a autoconfiança de suas capacidades, adquirindo assim, vínculos que tenham uma relação positiva com seus pares e com os adultos. Nesse sentido, a inclusão das famílias é fundamental nas ações educativas, despertando o respeito à diversidade étnica e cultural dos diferentes grupos sociais. Segundo o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil): A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mais também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (BRASIL, 1998, 21p).

A criança que ingressa no 1º ano, já traz uma bagagem de conhecimentos que foram construídos a partir de suas vivências cotidianas, na qual os vínculos afetivos contribuirão para ampliar suas habilidades sociais nas atividades em grupo. Nesta fase, a capacidade simbólica está bem atuante por meio de situações diversas como: linguagem, imaginação, imitação e brincadeiras, trazendo um repertório conceitual para mediar a sua realidade com a do grupo social, estabelecendo relações com a sua subjetividade e a compreensão do mundo visível. Quando o educador se apercebe desse modo próprio da criança pensar o mundo, fará o planejamento de atividades significativas proporcionando assim, uma produção rica e original. Esses novos desafios confirmam a importância da reflexão sobre a prática pedagógica do professor, bem como, a sua metodologia: observando, registando, planejando e avaliando com toda a equipe escolar, visando à qualidade educativa dos alunos. É esperado que ao término do 1º e 2º ano, o aluno seja capaz de participar de situações de intercâmbio oral e escrita nas várias modalidades que contemplam


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essas atividades no cotidiano escolar. (roda de conversa, reconto de histórias, reescrita de textos e apreciação de vários tipos de gêneros literários). Essas atividades colaboram para que o aluno planeje a sua fala adequando-a aos diferentes diálogos que o ambiente escolar propicia, desenvolvendo habilidades leitoras e identificando as características de cada gênero e compreensão do funcionamento alfabético e do sistema de escrita, ainda que haja falhas no valor sonoro convencional. Para que as expectativas de aprendizagem se realizem com sucesso, é fundamental a intervenção e a mediação do professor, apoiando o seu aluno para alcançar a proficiência da leitura e escrita, utilizando-se da avaliação num processo formativo e contínuo, de acordo com a Concepção do Ler e Escrever. A sondagem é um recurso utilizado para conhecer as hipóteses dos alunos, na qual, tem a oportunidade de refletir sobre o que se escrevem. É um instrumento usado para o planejamento, pois permite verificar os avanços da turma, além de fornecer informações valiosas para cada atividade de leitura e escrita, definindo as parcerias de trabalho entre os alunos. Visto que a sondagem é uma atividade de escrita feita no inicio do ano para saber o que o aluno já sabe, com base em uma produção espontânea pelo aluno de uma lista de palavras do mesmo grupo semântico e uma frase, sem o apoio de outras fontes, sendo seguida da leitura da criança e é por meio da leitura que se observa a relação entre aquilo que ele escreveu e lê em voz alta. Essa proposta sugere que seja feita sondagens avaliativas no decorrer do ano, (em Fevereiro, Abril, Junho, Setembro e Novembro) sendo possível analisar o processo de alfabetização dos alunos. É um processo dinâmico que deve ser acompanhado com a observação da evolução das hipóteses, utilizando-se de alguns critérios a seguir: As palavras devem fazer parte do vocabulário cotidiano dos alunos, mesmo que eles ainda não tenham tido a oportunidade de refletir sobre a representação escrita dessas palavras. Mas não devem ser palavras cuja escrita tenham memorizado. A lista deve contemplar palavras que variam na quantidade de letras, abrangendo palavras monossílabas, dissílabas, etc. O ditado deve ser iniciado pela palavra polissílaba, depois pela trissílaba, em seguida pela dissílaba e, por ultimo, a monossílaba. Esse cuidado deve ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do numero mínimo de letras, poderão recusar-se a escrever se tiverem de começar pela palavra monossílaba.


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Apos o ditado da lista, dite uma frase que envolva pelo menos uma das palavras da lista, para poder observar se os alunos voltam a escrever essa palavra de forma semelhante, ou seja, se a escrita dessa palavra permanece estável mesmo no contexto de uma frase. Por isso, sugerimos que seja organizada uma lista com o mesmo campo semântico. (SÂO PAULO, 2014, p. 27)

Com essa realidade, o aluno pesquisador tem o privilégio de acompanhar e observar a aprendizagem dos alunos nesse novo modelo de ensino, assim como, apoiar o professor regente nas ações de diagnóstico e executar com a permissão do professor regente algumas dessas ações. Essa vivência em sala de aula pode e deve trazer a oportunidade de relacionar o teórico ao prático, a observação da aprendizagem das crianças, o resultado dessa aprendizagem em cada concepção de ensino e, finalmente, considerar um momento privilegiado de formação inicial docente para atuar em sala de aula não apenas executando tarefas, mas, sendo um futuro docente competente e reflexivo.


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CAPÍTULO III PESQUISA DE CAMPO

3.1 Objetivo

Essa pesquisa tem por objetivo verificar por meio de resultados a importância do Aluno Pesquisador no contexto escolar.

3.2 Metodologia

Para a pesquisa de campo foram utilizados quatro (04) questionários quantitativos/qualitativos, sendo aplicados para cinco (05) coordenadores, cinco (05) professores regentes, cinco (05) alunos pesquisadores e cinco (05) alunos não pesquisadores em diferentes Escolas Públicas da Rede Estatual de Ensino Fundamental I, situadas na Zona Sul da cidade de São Paulo. Foram selecionados coordenadores/gestores com experiência profissional entre dois (02) a onze (11) anos, com formação em Pedagogia, Psicologia e Matemática. Os professores regentes selecionados possuem experiência profissional entre quatro (4) a vinte e oito (28) anos, todos com graduação em Pedagogia, sendo que um (1) professor tem pós-graduação em Psicopedagogia e um (1) em Artes Visuais, cujos nomes apresentados na tabela são fictícios. Esses docentes foram escolhidos por atuarem com Aluno Pesquisador em sala de aula mantendo um intercâmbio de colaboração mútua em favor da aprendizagem dos alunos. Este trabalho conjunto enriquece a formação docente do futuro pedagogo.

3.3 Sujeitos

Foram selecionados cinco (05) Coordenadores/gestores (Tabela 01), cinco (05) Professores Regentes (Tabela 02), cinco (05) Alunos Pesquisadores e cinco (05) Alunos não Pesquisadores.


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Tabela 01. Coordenadores/Gestores.

Nome

Formação Acadêmica

Tempo de Atividades

Aparecida

Magistério/Pedagogia

6 anos

Raquel

Pedagogia/Psicologia

11 anos

Luiza

Magistério/Pedagogia

02 anos

Roberto

Matemática

08 anos

Verônica

Pedagogia

10 anos

Fonte: autoria própria.

Tabela 02. Professores Regentes.

Nome

Formação Acadêmica

Tempo de Atividade

Amanda

Pedagogia

19 anos

Bruno

Pedagogia

04 anos

Marta

Pedagogia/Artes Visuais

22 anos

Nancy

Pedagogia/Psicopedagogia

22 anos

Paula

Pedagogia

28 anos

Fonte: autoria própria.

3.4 Aplicação do questionário para Coordenação/Gestão.

Para quatro (4) coordenadores pedagógicos e um (1) gestor escolar foi aplicado um questionário com quatro perguntas, com o objetivo de verificar o conhecimento do Programa Bolsa alfabetização em relação à atuação do Aluno Pesquisador contribuindo com o processo de aprendizagem das crianças. A primeira pergunta tem por objetivo, saber das coordenadoras e gestora entrevistadas como foi receber o aluno pesquisador na sua escola: Quando da implantação do Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade nas escolas


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estaduais, os gestores, coordenadores e professores, ficaram um tanto quanto confusos com a “novidade”. Qual foi a sua percepção naquele momento? Foi observado que duas coordenadoras pedagógicas, em princípio, tiveram uma visão negativa, em relação à presença do Aluno Pesquisador na sala de aula, porém, três delas relataram que o Projeto veio a contribuir não só com a professora regente na ação pedagógica, mas também antecipar a prática pedagógica para um melhor desempenho profissional. A segunda pergunta tem como objetivo, verificar a opinião das coordenadoras e da gestora sobre o desempenho do Programa: No decorrer dos sete anos da implantação, o Projeto tornou-se o Programa Bolsa Alfabetização e, devido ao seu êxito, foi expandido para atender também as escolas da rede municipal e do interior. Qual é o seu parecer sobre o Programa? Observou-se a importância do Programa para a Formação Inicial e a capacitação profissional do professor. A terceira pergunta tem como objetivo, perceber a importância do papel do Aluno Pesquisador para evolução da aprendizagem das crianças na leitura e escrita: De acordo com o Decreto 51.627, instituído pelo então Governador José Serra e o Programa Bolsa Alfabetização que está vinculado ao Programa Ler e Escrever, o aluno pesquisador é peça fundamental para que o cenário da Educação Fundamental do Ciclo I, (particularmente 2º ano e as salas de PIC) alcance uma melhor qualidade na alfabetização dos alunos. Como a senhora vê a presença do aluno pesquisador na escola? As respostas observadas foram positivas, pois a parceria entre Professor Regente e Aluno Pesquisador contribui para o desenvolvimento da proficiência leitora e escritora da criança. A quarta pergunta tem como objetivo, fomentar os resultados positivos dessa experiência na alfabetização das crianças e na formação inicial do professor: O intuito do Programa Bolsa Alfabetização é a Formação Docente Inicial antecipando ao futuro pedagogo uma visão mais clara do contexto escolar da sala de aula, bem como, simultaneamente a alfabetização dos alunos com mais dificuldades, despertando-os para o prazer da leitura e da escrita. A senhora acredita nos resultados positivos dessa experiência? Justifique. As respostas obtidas foram todas positivas, em relação à formação do Aluno Pesquisador, pois essa experiência servirá de bagagem para enriquecer a prática pedagógica no contexto escolar, garantindo que sua Formação Docente seja exercida com Habilidade e Competência.


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De acordo com os resultados obtidos constataram-se que todos os entrevistados acreditam que o Programa Bolsa Alfabetização é importante na formação e capacitação do profissional, contribuindo na ação e prática pedagógica, assim garantindo habilidade e competência no contexto escolar.

3.5 Aplicação do questionário para o Professor Regente.

Para os professores regentes foi aplicado um questionário com cinco perguntas, com o objetivo de analisar se todos eles conhecem o Programa Bolsa Alfabetização que dispõe o aluno pesquisador, a investigação didática e a relação da teoria e prática, bem como, a atuação em conjunto proporcionando um rico conhecimento para todos ao envolvidos. A primeira pergunta tem como objetivo saber se o professor regente conhece o Programa Bolsa Alfabetização e qual a sua visão em relação ao programa: O senhor (a) conhece o Programa Bolsa Alfabetização? Qual é a sua visão em relação ao Programa? Foi observado que três (03) professores demonstraram conhecer o Programa Bolsa Alfabetização no que tange a melhoria da Formação Inicial do futuro professor e ao mesmo tempo reconhecem a evolução da aprendizagem dos alunos. Entretanto, dois (02) professores tiveram opinião de que é um auxilio socioeconômico, ou seja, só faz pedagogia quem tem pouco poder aquisitivo. A segunda pergunta tem a intenção de averiguar se o professor regente conhece o objetivo do Programa: O senhor (a) tem conhecimento do objetivo do Programa Bolsa Alfabetização ao dispor o Aluno Pesquisador na sala de aula? Comente. Foi observado que todos os professores conhecem o objetivo do Programa Bolsa Alfabetização, confirmando a importância do Programa tanto para a aprendizagem dos alunos quanto à formação do futuro professor. A terceira pergunta, tem como objetivo avaliar a relação profissional entre o professor regente e aluno pesquisador: O senhor (a) tem Aluno Pesquisador na sua sala de aula? Como é a sua relação profissional com ele? Foi obtido um resultado positivo em relação às respostas de cada um dos professores regentes, relatando que a relação profissional teve uma troca de experiências e conhecimentos significativos. (renovação de ideias, relação teoria-prática).


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A quarta pergunta, tem como objetivo saber do professor, se o aluno pesquisador contribui com o processo de alfabetização dos alunos, O aluno pesquisador tem contribuído com o processo de alfabetização dos seus alunos? Dê sua opinião. Ao se analisar as respostas, os resultados obtidos ponderam que o aluno pesquisador tem contribuído com ações e intervenções junto ao professor regente facilitando a aprendizagem dos alunos. A quinta pergunta, tem como objetivo verificar se o professor regente conhece a Investigação Didática e em que ela contribui para a formação inicial do professo: O senhor (a) conhece a Investigação Didática? Em que ela contribui para a formação inicial do professor? Dentre as respostas obtidas, quatro delas foram satisfatórias e uma relata que não conhece o termo “Investigação Didática”. De acordo com os resultados obtidos nesse questionário, observa-se que os entrevistados conhecem o objetivo do Programa em relação à importância da Formação Inicial do professor, a inter-relação professor/aluno pesquisador, utilizando o recurso da Investigação Didática na dinâmica do processo de alfabetização das crianças. Entretanto, na primeira pergunta, dois entrevistados responderam que o Programa facilita a formação em massa dos professores e que contribui com a condição socioeconômica do Aluno Pesquisador facilitando assim o seu ingresso na Instituição de Ensino Superior. Em relação à quinta pergunta, um dos professores relata não conhecer a Investigação Didática.

3.6 Aplicação do questionário para o Aluno Pesquisador.

Para esta pesquisa foi elaborado um questionário com oito questões para alunos pesquisadores da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP), tendo por objetivo comprovar a importância do Programa Bolsa Alfabetização na formação inicial do aluno pesquisador. A primeira pergunta pretende saber qual a real motivação que levou a aluno pesquisador a participar do Programa Bolsa Alfabetização: O que te motivou a ser aluna Pesquisadora? As respostas analisadas revelaram que as alunas não conheciam o Programa. No entanto, a oportunidade ao ingresso para a Graduação em Pedagogia e a antecipação da vivência pedagógica em sala de aula foi o motivo determinante para sua formação docente.


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A segunda pergunta tem por objetivo saber o que o aluno pesquisador acredita ser importante em suas ações: Quais ações do aluno pesquisador você acredita ser de extrema importância? A análise demonstrou que as entrevistadas conhecem as suas ações e deveres. A terceira pergunta tem a finalidade de saber se tem ou teve preparação para entrar na sala de aula: Você é ou foi preparada para entrar na sala de aula, ou seja, na Instituição de Ensino Escolar (IEE)? Justifique. Observou-se que todas tiveram uma preparação inicial para capacitar-se. A quarta pergunta tem como objetivo saber se o aluno pesquisador participa das atividades em sala de aula: Você participa das atividades regularmente em sala de aula? Três (03) respostas analisadas confirmam a participação, enquanto que, duas respostas relatam a não participação das atividades. A quinta pergunta pretende saber qual foi a sensação de entrar na sala de aula pela primeira vez e como se sente agora: Como você se sentiu quando entrou na sala de aula pela primeira vez? E agora como se sente? De acordo com as respostas analisadas, todas relataram uma sensação de insegurança, medo e nervosismo, mas atualmente se sentem mais seguras e confiantes com suas ações em relação às crianças e a professora. A sexta pergunta tem a intenção de saber a opinião do aluno pesquisador em relação à importância de sua ação na alfabetização das crianças: Você considera sua ação importante na alfabetização das crianças? Por quê? Ao analisar, quatro (04) respostas foram positivas, enquanto que apenas uma (01) foi negativa, pois a professora não abre espaço para sua contribuição. A sétima pergunta tem como finalidade saber qual a contribuição do aluno pesquisador no Programa para a formação docente: Qual a contribuição da sua atuação no Programa Bolsa Alfabetização para a sua formação docente? Analisando as respostas fica evidente que as entrevistadas veem na sua ação um meio de construir um novo aprendizado, bem como, uma formação docente mais consciente e competente. A oitava pergunta quer saber em que medida o Programa contribui para a formação docente inicial: Em que medida a Programa Bolsa Alfabetização contribui, ou contribuiu para sua formação docente inicial? As respostas analisadas confirmam que o Programa tem uma contribuição real para uma


40

formação docente inicial de qualidade superior. Entretanto, uma entrevistada relata que contribuiu na questão financeira. Os

resultados

analisados

foram

positivos,

embora

alguns

alunos

pesquisadores não conhecessem os objetivos do Programa. Entretanto, com o decorrer do tempo perceberam a importância para sua formação inicial, bem como suas ações junto ao professor regente na observação e participação da prática pedagógica, fato esse que, fortalecerá o seu desempenho profissional.

3.7 Aplicação do questionário para o Aluno não Pesquisador.

Para essa pesquisa foi elaborado um questionário de nove (9) perguntas para alunos não pesquisadores da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP), tendo como objetivo comparar a experiência do aluno pesquisador e não pesquisador. A primeira pergunta tem por objetivo saber o que o levou a fazer Graduação em Pedagogia: O que levou você a fazer Graduação em Pedagogia? As respostas analisadas revelam que dois entrevistados pretendem fazer a diferença, enquanto que três estão relacionados com a profissão. A segunda pergunta tem por objetivo saber do aluno não pesquisador se apenas a Graduação é suficiente para a formação profissional: Você acredita que a Graduação seja suficiente para a sua formação profissional? Justifique. Todas as respostas analisadas relatam que não é suficiente apenas a Graduação, pois é necessário uma formação contínua. A terceira pergunta pretende saber se o aluno não pesquisador está preparado para o exercício da prática pedagógica: Você se considera preparado para o exercício da prática pedagógica? Comente. Ao se analisar as respostas quatro relatam que não estão preparadas, enquanto uma afirma que está preparada, pois possui formação em Magistério. A quarta pergunta quer saber se o aluno pesquisador tem outra preparação em relação a sua formação docente: Você tem outra formação fora da Instituição de Ensino superior em relação a sua formação docente? Analisando as respostas, quatro entrevistados afirmam não terem outra formação em relação a formação docente. Entretanto, uma tem a formação em Magistério. A quinta pergunta tem como finalidade saber se o aluno não pesquisador conhece o trabalho do aluno pesquisador na escola: Você tem conhecimento da


41

atuação do aluno pesquisador na escola? Em analise às respostas três conhecem a atuação por meio dos alunos pesquisadores, dois afirmam conhecer por terem atuado. A sexta pergunta objetiva saber do aluno não pesquisador como ele avalia a experiência do aluno pesquisador no contexto do Programa Bolsa Alfabetização: O Programa Bolsa Alfabetização tem como objetivo maior a formação inicial do futuro profissional antecipando a experiência pedagógica da sala de aula junto ao professor regente e auxiliando os alunos no seu processo de alfabetização. Como você avalia essa experiência. As respostas avaliadas foram todas positivas, pois reconhecem a importância do Programa para a formação inicial. A sétima pergunta tem por objetivo saber do aluno não pesquisador se ele considera suficiente o estágio obrigatório para atuar na sua prática profissional: Você considera suficiente o estágio obrigatório de Licenciatura em Pedagogia para a sua atuação nas escolas e salas de aula, bem como, a relação teoriaprática? Analisando as respostas apenas um acredita que o estágio obrigatório seja suficiente para a sua formação. A oitava pergunta pretende saber o que o aluno não pesquisador considera importante para a sua formação inicial: Na sua concepção de formação docente, o que considera necessário/importante para a sua formação inicial? Ao se analisar as respostas, quatro relatam que a teoria acadêmica é necessária, enquanto uma acredita ser importante a realidade escolar para a formação inicial. A nona pergunta que saber do aluno não pesquisador o que ele mudaria na Grade Curricular na Licenciatura em Pedagogia em relação à formação do professor: Segundo pesquisa de Bernadete Gatti, observou-se um desequilíbrio na relação prática-teoria o que leva a pensar numa formação de caráter mais abstrato e pouco integrado ao contexto concreto na qual o profissionalprofessor vai atuar. O que você mudaria na Grade Curricular haja uma defasagem no curso de Licenciatura em relação à formação do professor? As respostas analisadas revelam que uma aprofundaria nas disciplinas de alfabetização e educação infantil, outra acredita que precisaria fazer um estudo mais detalhado da necessidade

de

mudança.

Enquanto,

três

acreditam

ser

necessário

um

aprofundamento da atuação na prática pedagógica de acordo com a realidade. De acordo com os resultados dessa pesquisa, verificou-se que o aluno não pesquisador em Pedagogia deseja a formação docente, porém reconhece que a


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Graduação não é suficiente para sua formação, pois admite que necessita vivenciar a prática pedagógica da realidade escolar de uma maneira mais concreta, para poder relacioná-la com a teoria acadêmica.


43

CONSIDERAÇÕES Esse trabalho nos deu a oportunidade de uma aproximação maior com um tipo de trabalho científico (TCC), o qual favoreceu seguir uma linha de raciocínio crítico e refletivo, em que o nosso embasamento se deu em textos científicos buscando manter uma autenticidade do que foi estudado, ampliando assim, o nosso desenvolvimento intelectual, fato esse que, possibilitará prosseguir em estudos mais aprofundados e contínuos no contexto da Educação Escolar, deixando-nos muito satisfeitas com a elaboração e realização do que nos propusemos a escrever. Desde o início do curso de formação em 2012, promovido pela Instituição de Ensino Superior (FAMESP), tivemos a certeza que nosso trabalho de conclusão de curso teria como tema a “Formação Docente do Aluno Pesquisador”, pois, acreditamos muito nos objetivos do Programa Bolsa Alfabetização e, assim começamos a pesquisar sobre a Legislação, porém, percebemos que havia necessidade de dar um suporte real para embasar esse trabalho com um pouco mais de informações sobre a Concepção de Aprendizagem – Sócio Construtivista e a contribuição das experiências, por meio dos relatos do Aluno Pesquisador que observa e participa da dinâmica da prática pedagógica em sala de aula na escola pública. No transcorrer da pesquisa, concluímos que gestores, coordenadores e professores têm uma visão positiva em relação à proposta do Programa Bolsa Alfabetização para a formação do futuro docente e para avançar na aprendizagem das crianças. No tocante ao aluno pesquisador os resultados foram positivos, pois constatam que a prática pedagógica antecipada é requisito fundamental para que sua formação inicial seja mais consistente com a realidade escolar. Entretanto, observamos também que alguns Alunos Pesquisadores não estão plenamente comprometidos com os objetivos do Programa por não haver uma consciência de que a sua participação na Escola Pública e no Curso de Formação do Programa promovido pela Instituição de Ensino Superior, é fundamental para que a sua Formação Inicial seja de qualidade superior para atuar com habilidade e competência. Apesar da realidade verificada devemos acreditar no sucesso do Programa Bolsa Alfabetização, no que diz respeito à Formação Docente e Discente que forma o cidadão crítico, reflexivo e agente transformador de si e da sociedade.


44

Em relação ao Aluno não Pesquisador, percebe-se que ele vê o Aluno Pesquisador como um indivíduo privilegiado por ter uma bagagem da prática pedagógica ao ser formar, e nesse sentido, deduzimos que há uma grande vantagem desse aluno que atua no contexto do Programa Bolsa Alfabetização que, por ter a vivência antecipada da prática pedagógica em sala de aula, realiza uma Formação Inicial mais concreta. Compreendemos também que haveria maior oportunidade de formação para os alunos pesquisadores se o Curso de Formação na IES fosse ampliado, para melhor atender e concretizar o intuito de uma Educação mais significativa, na qual o futuro docente e os alunos do ensino fundamental sejam beneficiados no presente. Consideramos assim, essa ação do Programa Bolsa Alfabetização, de extrema importância para a transformação do contexto escolar, (gestores, coordenadores, professores e alunos) construindo uma educação significativa, democrática e participativa.


45

REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Língua Portuguesa. Ensino Fundamental. 3 ed. Brasília. MEC/SEF, 2001. 39p. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretária de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 21p. v1. FREIRE apud LEITE, Sergio A. Silva. Alfabetização e Letramento: Contribuições para as práticas pedagógicas. 3 ed. Campinas. SP: Komedi, 2005. 89p. (Coleção ALLE). GARCIA, Walter E. (org.). Bernadete A. Gatti: Educadora e Pesquisadora. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2011. 206p. (Coleção Perfis da Educação; 4). GATTI, Bernadete, A.(org.). O Trabalho Docente: Avaliação, Valorização, Controvérsias. Campinas, SP: Autores Associados, 2013. 156p. (Coleção Formação de Professores). LEITE, S.A.S. (org.), Molina, A.S. et al. Alfabetização e Letramento: Contribuições para as práticas pedagógicas. 3 ed. Campinas, SP: Komedi, 2005. LEITE, S.A.S. (org.). Alfabetização e Letramento In: AMARAL, Cíntia W. do; et al. Alfabetizar para que? Uma perspectiva crítica para o processo de alfabetização. 3 ed. Campinas, SP: Komedi, 2005. LUCKESI apud LEITE, Sergio A. Silva. Alfabetização e Letramento: Contribuições para as práticas pedagógicas. 3 ed. Campinas, SP: Komedi, 2005. 92p. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Pensar a Educação In: Castorina, José A; et al. PiagetVygotsky: Novas contribuições para o debate. 6 ed. São Paulo: Ática, 2012. 65p.


46

SÃO PAULO. Decreto nº 51.627, de 1º de Março de 2007: Institui o Programa “Bolsa

Formação

-

Escola

Pública

e

Universidade”.

Disponível

em

<

www.lereescrever.fde.sp.gov.br/>. Acessado em: 10 out. 2013.

SEE. Regulamento 2014: Capítulo I – Atribuições do Aluno Pesquisador. Disponível em <http://lereescrever.fde.sp.gov.br/>. Acessado em: 23 out. 2013. SEE. Resolução SE 86, de 19/12/2007: Institui o Programa “Ler e Escrever” no Ciclo I – COGSP. Disponível em < educandonaacao.blogspot.com/.../legislacaoprograma-ler-e-escrever.ht> Acessado em: 04 jun. 2014. SEE.

Resolução

SE

96,

de

23-12-2008:

Estende o Programa “Ler e Escrever” para as Escolas Estaduais de Ensino Fundamental

do

Interior.

Disponível

em

<

deadamantina.edunet.sp.gov.br/legislacao/res_SE_96_2008.htm>. Acessado em: 16 nov. 2013. SEE.

Resolução

SE

66/2009:

Estado/Município.

institui

o

Programa

de

Integração

Disponível

em

<www.profdomingos.com.br/estadual_resolucao_se_66_2009.html>. Acessado em: 11 out. 2013. SEE. Resolução SE nº 74, de 24-11-2011: Dispõe sobre o Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização e dá providências correlatas. Disponível em <http://lereescrever.fde.sp.gov.br>. Acessado em: 23 out. 2013. SEE. Resolução SE - 83, de 4-12-2007: Dispõe sobre a expansão do Projeto Bolsa Escola

Pública

e

Universidade

na

Alfabetização.

Disponível

em

<

siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/83_07.HTM?Time=12/26/...>.Acessado em: 10 out. 2013. SEE. Secretaria da educação. Ler e Escrever: Guia de planejamento e orientações didáticas. 4 ed. São Paulo: FDE, 2014. SEE. Secretaria da educação. Ler e Escrever: Guia de planejamento e orientações didáticas. 4 ed. São Paulo: FDE, 2014. 27p.


47

SEE. Secretaria da educação. Ler e Escrever: Guia de planejamento e orientações didáticas. 4 ed. São Paulo: FDE, 2014. 33p. SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: Caminhos e Descaminhos. Revista Pedagógica, São Paulo, p.100, fev. 2004. Artigo publicado pela revista Pátio – Revista Pedagógica de 29 de fevereiro de 2004, pela Artmed Editora. Disponível em <www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/.../01d16t07.p...> Acessado em 19 jul.2014.


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ANEXO 01 Questionário – Gestor/Coordenador

Formação Acadêmica: Tempo de Trabalho: 1ª Quando da implantação do Projeto Bolsa Escola Pública e Universidade nas escolas estaduais, os gestores, coordenadores e professores, ficaram um tanto quanto confusos com a “novidade”; Qual foi a sua percepção naquele momento?

2ª No decorrer dos sete anos da implantação, o Projeto tornou-se Programa Bolsa Alfabetização e, devido ao seu êxito, foi expandido para atender também as escolas da rede municipal e do interior; Qual é o seu parecer sobre o Programa?

3ª De acordo com o Decreto 51.627, instituído pelo então Governador José Serra e o Programa Bolsa Alfabetização que está vinculado ao Programa Ler e Escrever, o Aluno Pesquisador é peça fundamental para que o cenário da Educação Fundamental do Ciclo I, (particularmente 2º ano e as salas de Pic) alcance uma melhor qualidade na alfabetização dos alunos. Como a senhora vê a presença do Aluno Pesquisador na escola?

4ª O intuito do Programa Bolsa Alfabetização, é a Formação Docente Inicial antecipando ao futuro pedagogo uma visão mais clara do contexto escolar da sala de aula, bem como simultaneamente a alfabetização dos alunos com mais dificuldades, despertando-os para o prazer da leitura e da escrita. acredita nos resultados positivos dessa experiência? Justifique

A senhora


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ANEXO 02 Questionário - Professor Regente

Formação Acadêmica: Tempo de Trabalho:

1ª A senhora conhece o Programa Bolsa Alfabetização? Qual é a sua visão em relação ao Programa?

2ª A senhora tem conhecimento do objetivo do Programa Bolsa Alfabetização ao dispor o Aluno Pesquisador na sala de aula? Comente.

3ª A senhora tem Aluno Pesquisador na sua sala de aula? Como é a sua relação profissional com ele?

4ª O Aluno Pesquisador tem contribuído com o processo de alfabetização dos seus alunos? Dê sua opinião.

5ª A senhora conhece a Investigação Didática? Em que ela contribui para a formação inicial do professor?


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ANEXO 03 Questionário – Aluno Pesquisador

1 – O que te motivou a ser aluna pesquisadora?

2 – Quais ações do aluno pesquisador você acredita ser de extrema importância?

3 – Você é ou foi preparada (o) para entrar na sala de aula, ou seja, na Instituição de Ensino Escolar (IEE)? Justifique.

4 – Você participa das atividades regulamente em sala de aula?

5 – Como você se sentiu quando entrou na sala de aula pela primeira vez? E agora como se sente?

6– Você considera sua ação importante na alfabetização das crianças? Por quê?

7 – Qual a contribuição da sua atuação no Programa Bolsa Alfabetização para a sua formação docente?

8 – Em que medida o Programa Bolsa Alfabetização contribui, ou contribuiu para sua formação docente inicial?


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ANEXO 04 Questionário - Aluno não Pesquisador?

1 – O que levou você a fazer Graduação em Pedagogia? 2 – Você acredita que a graduação seja suficiente para a sua formação profissional? Justifique. 3 – Você se considera preparada para o exercício da prática pedagógica? Comente. 4 – Você tem outra preparação fora da Instituição de Ensino Superior, em relação a sua formação docente? 5 – Você tem conhecimento da atuação do aluno pesquisador na escola? 6 – O Programa Bolsa Alfabetização tem como objetivo maior a formação inicial do futuro profissional, antecipando a experiência pedagógica da sala de aula junto ao professor regente e auxiliando os alunos no seu processo de alfabetização. Como você avalia essa experiência? 7–Você considera suficiente o estágio obrigatório de Licenciatura em Pedagogia para a sua atuação nas escolas e salas de aula, bem como, a relação Teoria – prática?

8-Na sua concepção de formação docente, o que considera necessário/importante para sua formação inicial? 9 – Segundo pesquisa de Bernadete Gatti, observou-se um desequilíbrio na relação prática-teoria o que leva a pensar numa formação de carácter mais abstrato e pouco integrado ao contexto concreto onde o profissional-professor vai atuar. O que você mudaria na Grade Curricular para que não haja uma defasagem no Curso de Licenciatura em relação à formação do professor?


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