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CÂNCER DE PELE E A IMPORTẪNCIA DA PROTEÇÃO SOLAR Maria Telma Bezerra de Lima¹, Maria Goreti Vasconcelos² ¹ Aluna de pós-graduação em Estética e Cosmética da FAMESP ² Coordenadora do Curso de Pós - graduação em Estética da FAMESP e Orientadora do trabalho
RESUMO Esta é uma pesquisa bibliográfica e tem como objetivo abordar, conscientizar e incentivar os cuidados com a pele. Enfatizaremos o câncer e apresentaremos sua patologia, etiologia, tratamento e prevenção. A pele é o maior órgão do corpo humano e tem entre diversas funções a termorregulação para proteção contra as agressões do meio ambiente. A radiação ultravioleta (UV) vem atingindo a atmosfera cada vez com maior intensidade graças à diminuição da camada de ozônio. A exposição solar comedida até as 10h e após as 16h é benéfica ao ser humano atuando na síntese de vitamina D necessária ao organismo. A exposição excessiva causa mutação nas células tais como o fotoenvelhecimento, e o câncer de pele denominados carcinomas e melanomas. Cuidados devem ser tomados e a prevenção primária requer não se expor excessivamente ao sol, observar a presença de novas manchas ou a mudança de alguma já existente. Estudos deixam claro a importância da proteção contra as radiações que são prejudiciais ao ser humano.
A radiação ultravioleta A – UVA – nos alcança mesmo na sombra e
atravessa vidros causando o fotoenvelhecimento e câncer de pele, a radiação ultravioleta B – UVB – ocorre quando nos expomos diretamente ao sol sem a proteção adequada, causa fotoenvelhecimento, queimaduras e o câncer de pele. A prevenção envolve alguns cuidados a serem tomados que certificam a eficiência contra essa patologia como: fotoprotetores orgânicos e inorgânicos que já tiveram sua eficácia comprovada como também o uso de chapéus, óculos de sol e roupas apropriadas. Os tratamentos serão indicados conforme análise de cada caso podendo ser cirúrgicos ou tópicos. Advertimos quanto à importância do cuidado com a pele e como profissional esteticista o dever de compartilhar informações sobre um tema que necessita maior atenção e conscientização para alertar a população em geral sobre a prevenção do câncer de pele, que vem aumentando no mundo. Palavras-chave: Câncer. Pele. Proteção solar.
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ABSTRACT This is a bibliographic research and has the objective to approach, raise awareness and encourage the skin care. We emphasize cancer and present its pathology, etiology, treatment and prevention. The skin is the largest organ in the body and has, among other functions, thermoregulation and protection against the aggressions of the environment. Ultraviolet (UV) radiation is reaching the atmosphere with increasing intensity due to the depletion of the ozone layer. Cautious exposure to sunlight before 10 am and after 16 pm is beneficial to human, being essential to the synthesis of vitamin D, necessary to the body. The excessive exposition to the sun causes mutation in the cells such as skin aging and cancer, called carcinomas and melanomas. Care should be taken and primary prevention method requires avoiding excessive exposition to the sun, looking for new spots or change in pre-existing ones. Studies make clear the importance of protection against radiations that are harmful to humans. Ultraviolet radiation A – UVA – reaches us even in the shade and crosses glasses, causes skin aging and cancer, and ultraviolet radiation B – UVB – affects us when we are exposed directly to the sun without adequate protection, causing the same problems. Prevention involves some care to be taken, certified as effective against this pathology: organic and inorganic sunscreens that had already proven its effectiveness as well as the use of hats, sunglasses and appropriate clothing. The treatments will be listed as analysis of each case can be surgical or topics. We warn about the importance of skin care and as a beautician professional we have a duty to share information on a topic that needs more attention and awareness to alert the general public on the prevention of skin cancer, which is increasing worldwide. Keywords: Cancer. Skin. Solar protection.
INTRODUÇÃO Muito tem se falado sobre o uso do protetor solar e a prevenção do câncer de pele. Qualquer pessoa está sob o risco de adquirir e desenvolver algum tipo de câncer. A ocorrência aumenta com a idade e o maior tempo de exposição solar sem proteção. Atualmente, dados mostram o câncer de pele como a doença mais comum no
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mundo entre os povos especialmente de pele clara, sendo o tipo não melanoma o mais frequentemente encontrado. O câncer de pele não melanoma (CPNM) corresponde a 90% dos cânceres de pele, e sua incidência tem aumentado na população. É, portanto, uma neoplasia com bom prognóstico, e altas taxas de cura se tratado de forma adequada. Ė uma doença causada principalmente por fatores externos e não obrigatoriamente passada de geração em geração sendo possível evitá-la enfocando uma grande importância à prevenção (ZINK, 2014). Segundo Batista et al, 2013, a
pele humana tem papel importante na
proteção do corpo e na regulação da temperatura corporal, na sensibilidade e na absorção de substâncias. Por ser exposta diariamente a agressões externas e internas, sendo também uma barreira física a agentes externos como a radiação ultravioleta (UV). Essa exposição tem efeitos terapêuticos e benéficos como à produção de vitamina D, mas pode prejudicar a pele, causando eritema, queimaduras, hiperpigmentação cutânea, fotoenvelhecimento, fotossensibilidade e neoplasias cutâneas. Batista et al (2013) afirmam ainda que em média, os primeiros 18 anos de idade respondem por 25% do total de exposição solar de um indivíduo. A exposição solar nessa etapa da vida é mais frequente e intensa, sendo responsável por 50 a 80% dos danos decorrentes da exposição acumulada à radiação UV. É importante evitar a exposição solar prolongada e proteger-se adequadamente do sol, utilizando barreiras físicas e filtro solar a partir dos seis meses de idade. RADIAÇẪO ULTRAVIOLETA A radiação eletromagnética emitida pelo sol apresenta um largo espectro de comprimentos de onda (λ) e constitui uma fonte de energia natural que possui um vasto potencial de utilização em função de sua acessibilidade e abundância. Pode ser dividida em duas grandes regiões com base na capacidade de ionização atômica: radiação ionizante e radiação não ionizante. A radiação ionizante pode ser subdividida em raios X e raios gama (altamente prejudiciais aos organismos), que não penetram na atmosfera terrestre. O espectro de radiação solar não ionizante que chega a Terra é formado pelas radiações ultravioleta (UV), visível (λ entre 400 a 800 nm) e infravermelha (λ acima de 800nm). A radiação UV é a responsável pela ocorrência das reações fotoquímicas que além de estimularem a produção de
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melanina, resultando no bronzeamento da pele, podem causar desde inflamações e queimaduras até mutações gênicas e disfunções no comportamento celular. Dessa forma, essa radiação é tida como um agente carcinogênico em seres humanos (LOPES; CRUZ; BATISTA; 2012). Radiação UVC: é completamente absorvida pelo O2 e O3 estratosférico e, portanto, não atinge a superfície terrestre. Quando proveniente de fontes artificiais é utilizada na esterilização de água e materiais cirúrgicos (LIMA, 2013). Radiação UVB: fortemente absorvida pelo O3 estratosférico. Ė prejudicial à saúde humana, podendo causar queimaduras, e em longo prazo, câncer de pele, (LIMA, 2013). Radiação UVA: sofre pouca absorção pelo O3 estratosférico. Ė importante para sintetizar a vitamina D no organismo, o excesso de exposição pode causar queimaduras e fotoenvelhecimento (LIMA, 2013). FISIOPATOLOGIA As células cancerosas diferem das normais, das quais se originaram de duas formas principais:
Os tumores benignos assemelham-se ao tecido do qual eles se originaram, crescendo lentamente e permanecendo localizados. Um lipoma, por exemplo, é um tumor benigno de tecido gorduroso que surge em baixo da pele. Os tumores benignos não são cânceres, mas devem ser removidos se porventura afetarem um órgão importante, tal como o cérebro (PRADO, 2014).
Os tumores malignos, por outro lado, não se parecem em nada com seu tecido de origem. Uma célula epitelial pulmonar plana e especializada, por exemplo, ao transformar-se em uma célula de câncer
maligno
torna-se
arredondada.
As
células
malignas
frequentemente apresentam estruturas irregulares, como núcleo de tamanho e forma variáveis. Muitas dessas células expressam o gene para telomerase, enzima que tem como função adicionar sequências específicas e repetitivas de DNA à extremidade dos cromossomos onde se encontra o telômero e, desta maneira, não encurtam as
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extremidades de seus cromossomos após cada replicação do DNA, podendo gerar o tumor (PRADO, 2014). As neoplasias malignas da pele podem ser divididas basicamente em dois grupos: melanoma e não melanoma– este composto, principalmente, pelos carcinomas basocelular e espinocelular (BARDINI et al., 2012). O melanoma pode ocorrer em qualquer lugar da pele, e como os cânceres basocelulares e espinocelulares, geralmente curável na fase inicial. Porém, com alto risco de metástase se o diagnóstico for tardio.O carcinoma basocelular geralmente tende a ser de crescimento lento e é muito raro que ocorra metástase (BARDINI et al., 2012). O carcinoma espinocelular frequentemente é mais agressivo do que o carcinoma basocelular, sendo mais propenso a metástases (BARDINI et al., 2012). Autores acrescentam que o carcinoma basocelular (CBC) é um tumor maligno originado de células que não possuem queratina, proteína que protege o organismo contra agressões externas na camada basal da epiderme. É a neoplasia mais comum em humanos e sua origem é multifatorial, apesar de grande parte das lesões estarem relacionadas aos distúrbios com maior sensibilidade à exposição excessiva à
radiação
ultravioleta.
O
CBC
pode
ser
classificado
clinicamente
e
histopatologicamente em nodular ou nódulo ulcerado, superficial, esclerodermiforme, cístico, metaplásico, adenóide, ceratótico, infundibular, infiltrativo, micronodular e pigmentado (BARDINI et al., 2012 ). O CBC atinge a cabeça e o pescoço, em ambos os sexos; no entanto, devido ao aumento da sua incidência, outras áreas do corpo, como braços e tronco, também têm sido mais acometidos. Dados americanos mostram uma incidência de 70 a 80% dos casos desse carcinoma na cabeça (mais frequentemente na face) e 25% no tronco (BARDINI et al., 2012). . O CBC é a neoplasia mais comum da região periocular e sua incidência continua a aumentar 10% ao ano. O tratamento padrão-ouro é a exerese cirúrgica da lesão, porém a terapia fotodinâmica surge como uma opção terapêutica para o tratamento clínico (CARNEIRO et al., 2012).
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Uma forma de identificar um melanoma é através da classificação ABCDE, que definem os sinais de alerta para a doença:
Assimetria: uma metade é diferente da outra metade.
Borda: borda irregular, ondulada ou mal definidos.
Cor: varia de uma zona a outra, tons de marrom, preto, às vezes
branco, vermelho ou azul.
Diâmetro: melanomas são geralmente maiores de 6mm ( do
tamanho de uma borracha de lápis).
Evolução: uma mancha ou lesão, a pele que é diferente do resto
ou alterações no tamanho, forma ou cor (AMERICAN ACADEMY DERMATOLOGY, 2013). ETIOLOGIA A exposição aos raios UV pode gerar câncer de pele ao lesar a célula, inativar enzimas, induzir mutações e, em doses elevadas, causar morte celular (MOREIRA, 2013). Pigmentos denominados melanina são sintetizados pelos melanócitos e armazenados em vesículas conhecidas como melanossomos, localizadas dentro dos queratinócitos. Estudos histológicos revelam uma sequência de mudanças nestas células que compõem o epitélio estratificado, depois da exposição solar. Exposições repetidas à radiação UV causam um aumento na quantidade de melanina como resposta adaptativa para proteger a pele de uma nova exposição solar causando o bronzeamento (MOREIRA, 2013). Autores referem que os principais fatores responsáveis pelo aumento da ocorrência do câncer de pele não melanoma (CPNM) seriam o crescimento do buraco na camada de ozônio, o crescimento das práticas de atividades recreativas ao ar livre e mais indivíduos com episódios de queimaduras solares intermitentes na pele. Em 1991, foi realizada uma estimativa prevendo que em 2050, devido a uma redução de 10% da camada de ozônio, haverá cerca de 12milhões de novos casos de câncer de pele só nos EUA, com a morte de 200.000 pessoas. Dessa forma,
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espera-se que cada 1% de redução na camada de ozônio corresponda a um aumento de 2,7% na incidência do CPNM. A partir dessa teoria, percebe-se que apenas uma pequena mudança na camada de ozônio pode provocar um grande impacto na incidência do câncer de pele. Portanto, o monitoramento da tendência de aumento nos dados de câncer, a identificação dos fatores de risco e a modificação desses fatores são medidas que certamente causarão impacto nos seus dados epidemiológicos. (ZINK, 2014). No Brasil, o CPNM se configura como no restante do mundo, sendo o grupo de neoplasias mais incidente em ambos os sexos. Também é bastante provável que exista um déficit no registro devido ao subdiagnóstico e subnotificação e portanto o próprio Instituto Nacional do Câncer recomenda que as estimativas das taxas de incidência e dos números esperados de casos novos em relação a esse tipo de câncer sejam consideradas como mínima (ZINK, 2014). O Brasil também é um país predominantemente de clima tropical, com 92% do seu vasto território localizado entre a linha do Equador e o trópico de Capricórnio. Ainda é banhado pelo Oceano Atlântico, com uma extensão de praias que chega a mais de sete mil quilômetros, e possui uma das mais ricas redes hidrográficas do mundo (ZINK, 2014). Esses são alguns dos fatores que fazem desse país um lugar propício para o recebimento durante todo o ano de grandes quantidades de radiação solar e para o desenvolvimento
de
atividades
socioeconômicas
relacionadas
direta
ou
indiretamente à exposição solar, como a pesca, a agricultura e até mesmo o lazer (ZINK, 2014). Não é por acaso que os cuidados com a pele têm emergido como tema de debates e pesquisas em diversos campos do conhecimento. A pele é o maior órgão do corpo humano e fornece a primeira barreira contra os fatores ambientais que fisicamente e/ou quimicamente possam causar alterações ou danos na função corporal. Além disso, é através dela que se pode perceber de forma visível a ação do tempo, pois com o passar dos anos a pele torna-se enrugada, frouxa, seca e irregularmente pigmentada (KREIBICH, 2013). O nosso organismo através de sua estrutura tegumentar desenvolve uma
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série de mecanismos capazes de enfrentar os danos induzidos pelo sol. A pele, graças a sua complexidade é capaz de desenvolver múltiplas funções empenhadas no sustento e manutenção do correto estado de saúde (PERROTA, 2013). Os mecanismos de proteção do organismo das radiações UV consistem principalmente no engrossamento do estrato córneo.
Para limitar os danos
fotoinduzidos, os fatores endógenos podem ser integrados com sistemas de proteção externa como os produtos cosméticos destinados a proteção solar (PERROTA, 2013). TRATAMENTO Os carcinomas basocelulares e de células escamosas, se tratados nos estágios iniciais, são curados em quase todos os casos através de cirurgia ou tratamento de natureza local. A cirurgia é geralmente o tratamento eleito para estes tumores. Em alguns casos, uma incisão com anestesia local, que é muito semelhante a uma biópsia de pele simples, é suficiente para remover completamente o carcinoma de células escamosas. Este tumor, que envolve as camadas mais superficiais da epiderme, pode ser tratado com curetagem e eletro-extração, o cancro é raspado com um instrumento especial, em seguida, a área é tratada com uma agulha elétrica que destrói as células cancerosas que permanecem (AIRC, 2013). A crioterapia é usada principalmente em tumores numa fase inicial. Queimase as células cancerosas com o frio, mediante a aplicação de nitrogênio líquido sobre o tumor (AIRC, 2013). As drogas quimioterapêuticas tumorais, tais como fluorouracilo, sob a forma de creme ou pomada, ou fármacos que estimulam o sistema imunitário contra o tumor como, por exemplo, o imiquimod utilizado particularmente em tumores em fases muito precoces (AIRC, 2013). Radioterapia e quimioterapia sistêmica não são usadas com muita freqüência, em carcinomas de pele, enquanto a quimioterapia é útil em casos em que o câncer atingiu os nódulos linfáticos (AIRC, 2013). Tumores localizados em áreas nobres e de importância estética maior, como
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cabeça e pescoço, necessitam de uma análise cuidadosa, que deve buscar a retirada de todo o tecido tumoral com margens adequadas e, ao mesmo tempo, um mínimo de tecido possível. Esses tumores são tratados com excisão e a maioria pode ser fechada primariamente com a confecção de retalho local (KIYAN et al, 2012). A terapia fotodinâmica consiste em aplicar sobre o tumor um medicamento líquido que, em algumas horas, se acumula nas células cancerosas, tornando-os sensíveis a certos tipos de luz. Neste ponto, bate-se com uma luz na área afetada específica, assim destruindo as células tumorais (AIRC, 2013). A terapia fotodinâmica com cloridrato de aminolevulinato de metila já foi amplamente investigada em estudos clínicos dermatológicos. Todos os estudos realçaram a segurança e os resultados funcionais e cosméticos e reportaram uma taxa de hipopigmentação transitória da pele na região tratada (CARNEIRO et al, 2012). A terapia fotodinâmica é uma opção terapêutica válida para o tratamento ambulatorial do carcinoma basocelular nodular, porém estudos maiores devem ser realizados para mensurar os efeitos colaterais sobre o olho, além de avaliar recidivas principalmente nos padrões mistos (CARNEIRO et al., 2012). PREVENÇẪO A prevenção do câncer de pele, inclusive os melanomas, inclui ações de prevenção primária, por meio de proteção contra luz solar, que são efetivas e de baixo custo. O auto-exame também contribui para o diagnóstico precoce. Ao surgimento de manchas/sinais novos ou mudança em alguns, o indivíduo deve procurar o dermatologista. A prevenção primária inclui orientação quanto à associação entre o sol e câncer de pele, aplicação de protetor solar, utilização de roupas apropriadas, uso de chapéus e óculos de sol, permanecer na sombra, limitar o tempo de exposição ao sol e evitar fontes artificiais de radiação ultravioleta como bronzeamento artificial. A prevenção secundária inclui rastreamento e diagnóstico precoce em combinação com o aconselhamento para que se ponham em prática as atitudes relacionadas com a prevenção (BARDINI et al., 2012).
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Além da ação direta dos raios solares na pele, existe também a ação exercida pela difusão e reflexão. O cuidado em se proteger com chapéu ou guarda-sol não protege a pele contra a ação difundida ou refletida dos raios. A radiação ultravioleta também atravessa vidros e é importante proteger-se, conhecendo os mecanismos de ação e formulação dos filtros solares é possível verificar sua eficácia. (CABRAL et al, 2013). Filtros solares físicos e químicos Filtros solares físicos ou inorgânicos são aqueles que funcionam como barreira. Os principais representantes dessa classe de produto são o dióxido de titânio e o óxido de zinco. Estas substâncias possuem baixo potencial alergênico, podendo ser especialmente importante para formulações de produtos infantis, para uso diário e para indivíduos com peles sensíveis. Filtros solares químicos absorvem 95% da radiação UV nos comprimentos de onda de 290 a 320nm. Esse é o espectro UV, conhecido como a variação da queimadura solar desde que esses comprimentos de onda de energia de luz produzem eritema de pele e enrugamento. Os filtros químicos são classificados em: ácido para-aminobenzóico (PABA) e derivados; salicilatos; benzimidazóis; derivados do benzilideno cânfora e benzofenas (CABRAL; PEREIRA; PARTATA, 2013). A eficácia dos fotoprotetores está relacionada com a sua capacidade de absorção da radiação que é proporcional a sua concentração, intervalo de absorção e comprimento de onda, bem como a quantidade aplicada do cosmético pelo indivíduo, com a sua reaplicação num intervalo de tempo de 2 horas, sua espalhabilidade e pH compatível com o da pele e o seu valor de FPS (fator de proteção solar). Esse valor de FPS deve ser compatível com o fototipo de pele. Os fototipos I – Sempre queima e nunca bronzeia, Fototipo II - Queima facilmente e bronzeia minimamente, Fototipo III – Geralmente queima, bronzeia com dificuldade, Fototipo IV – Às vezes queima levemente, se bronzeia moderadamente e Fototipo V – Raramente se queima, se bronzeia facilmente (SANTOS et al, 2013). Muito recentemente, em 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), atualizou a classificação do protetor solar como sendo “qualquer preparação cosmética destinada a entrar em contato com a pele e lábios, com a finalidade exclusiva ou principal de protegê-la contra a radiação UVB e UVA,
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absorvendo, dispersando ou refletindo a radiação (NASCIMENTO et al., 2013). Roupas e acessórios são itens acessíveis e eficazes para a defesa contra os efeitos nocivos da radiação UV, em geral tecidos fabricados com fibras mais rígidas, espessos e mais escuros, protegem melhor a pele. Muitos pesquisadores têm estudado vários parâmetros de tecidos que influenciam na transmissão da radiação UV tais como a composição das fibras, construção do tecido, torção do fio, espessura, peso, umidade ou índice de umidade, alongamento, tratamento químico, aditivos e coloração (MIASHITA et al., 2014). Os danos fotoinduzidos podem ser classificados como agudos, descritos como manifestações visíveis facilmente identificáveis a uma excessiva exposição solar que gera hiperemia e queimadura, causados pelas radiações UVB e danos crônicos, causados pelas radiações UVA que levam à alteração de alguns mecanismos moleculares capazes de dar origem a fenômenos complexos que ocorrem com o tempo como o fotoenvelhecimento cutâneo, a fotocarciogeneses e a fotoimunosupressão (PERROTA, 2013). A pesquisa continua na procura dos fatores que causam e favorecem a origem do carcinoma basocelular e escamocelular e os produtos para reduzir o risco de contrair a doença. Apesar de ainda não ter sido encontrado como prevenir completamente o câncer de pele não-melanoma, existem medidas a serem adotadas para reduzir esse risco. Ė aconselhável a consulta ao médico sobre as preocupações do risco pessoal de desenvolvimento desse tipo de câncer. Alguns dos riscos a serem evitados são:
Reduzir a exposição aos raios UV, em particular limitando a exposição ao sol, o que é importante para as pessoas de todas as idades e é particularmente importante para as pessoas expostas a outros fatores de risco do carcinoma basocelular e escamocelular. Os danos provocados pelo sol se acumulam com o tempo, por isso é importante adotar medidas de redução contra a exposição solar, evitando as queimaduras e ajudando a prevenir o câncer da pele.
Limitar ou evitar a exposição ao sol entre as 10 e às 16hs e evitar expor-se distraidamente.
Vestir roupas que protejam do sol, entre elas um chapéu que faça
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sombra no rosto, no pescoço e nas orelhas. Roupas em tecidos com marca UPF (fator de proteção UV) podem fornecer uma melhor proteção, óculos de sol antiUV são também recomendados.
Utilizar uma proteção solar de longa duração durante o ano todo contra os raios UVA e UVB e com um fator de proteção solar (FPS) pelo menos 30, reaplicar pelo menos uma pequena quantidade por todo o corpo a cada duas horas ou a cada hora após excessiva sudorese e após o banho de mar ou piscina.
Examinar a pele regularmente seja com a ajuda de exames ou do médico.
Evitar o uso de lâmpadas bronzeadoras, câmaras para bronzear.
Limitar a exposição ao sol pode reduzir a produção da vitamina D no organismo. Algumas pesquisas sugerem que uma prévia exposição à luz solar (menos de 15 minutos ao dia) podem ser suficientes para produzir uma quantidade adequada de vitamina D. As pessoas que se expõem pouco ao sol deveriam consultar o médico sobre como incluir boas fontes de vitamina D à dieta. Os níveis de vitamina D também podem ser controlados pelo médico através de um simples exame de sangue (CIMURRO, 2014). METODOLOGIA Esta pesquisa é de natureza bibliográfica realizada em meio eletrônico e, segundo (NEVES, JANKOSKI, SCHNAIDER, 2013), pesquisa bibliográfica é o levantamento de um determinado tema, processado em bases de dados nacionais e internacionais que contêm artigos de revistas, livros, teses e outros documentos. CONSIDERAÇÕES A beleza da pele é um dos principais atributos da aparência física e nem sempre reflete a verdadeira idade. A maioria das pessoas se expõem ao sol de maneira intensa e excessiva, sem nenhum tipo de proteção, na expectativa de obter um tom bronzeado na pele. Essa prática , no entanto, acarreta sérios danos à pele e pode levar a conseqüências bastante graves, culminando no aparecimento do câncer de pele. Ao longo dessa pesquisa observamos a necessidade de maior empenho dos
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profissionais da saúde para a divulgação e conscientização da importância da prevenção do câncer de pele visto que, estudos comprovam o aumento do número de casos não só no Brasil mais em todo o mundo. Apesar de não ser a realidade do Brasil, pesquisas mostram que em outros países existe uma prática permissiva entre mães ao acompanhar suas filhas adolescentes à prática do bronzeamento artificial. Segundo essa pesquisa tem havido muito poucos estudos publicados, baseados nas orientações aos pais sobre a prevenção do câncer de pele e os riscos do bronzeamento artificial (BAKER, 2013). A importância da prevenção reúne todos os cuidados primários desde aos limites ao banho de sol ao uso do protetor solar, utilizando chapéus, óculos de sol, roupas adequadas e comparecer ao médico dermatologista se houver lesão suspeita ou alguma que sofreu alteração. O profissional da estética atua diretamente em contato com a pele do seu cliente, dispondo de conhecimento teórico e técnico que permitirá a detecção precoce do surgimento ou existência de alguma mancha suspeita na pele. A parceria médico e esteticista é interessante para os dois profissionais e propicia mais segurança para o cliente que por sua vez estará disponível e seguro aos procedimentos necessários e que deseja realizar visando sua saúde e bem estar.
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