Condicoes didaticas para aprendizagem da leitura e escrita da crianca dos 6 aos 8 anos segundo a con

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CONDIÇÕES DIDÁTICAS PARA APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA DA CRIANÇA DOS 6 AOS 8 ANOS SEGUNDO A CONCEPÇÃO SOCIOCONSTRUTIVISTA

Marcia Pereira dos Santos1, Maria Isabel de Carvalho Andrade2 1

Aluna do sexto semestre do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo. 2 Especiaista (Psicopedagogia Institucional, Bacharel em Música, professora do Curso de Licenciatura em Pedagogia (Famesp), Formadora de Professores Alfabetizadores SEE)

RESUMO Considerando as mudanças que ocorreram na educação nos últimos anos, o artigo discute alguns dos principais avanços da educação no que se refere à alfabetização, tendo como conceito principal a teoria construtivista de Emília Ferreiro, que está presente no Brasil desde 1980. Percebe-se que há necessidades de transformação da escola, dos professores, da maneira de ensinar, pois o conceito de alfabetizar mudou, mas a escola pouco acompanhou esse avanço. Pensando nisso foi elaborado o seguinte questionamento sobre quais são as condições didáticas necessárias para que as crianças aprendam. Apontam-se diversos fatores que podem mudar as concepções dos profissionais da educação e ampliar os seus conhecimentos. Defende- se a concepção construtivista como a mais coerente para alfabetizar a criança atual, pois promove a reflexão sobre o objeto de estudo possibilitando à criança a interiorização do conceito com mais facilidade e o aluno é ativo no processo de ensino-aprendizagem. Este estudo apresenta uma pesquisa de campo que foi realizada tendo o auxílio de professores da Rede Pública Estadual de Ensino, com a coleta de dados realizados por meio de perguntas diretas com questionário de perguntas abertas e fechadas. Com os dados obtidos ficou claro que muitos professores já entenderam a proposta de alfabetização sociocontrutivista, mas ainda são necessários mais investimentos na formação de professores e na organização do espaço escolar.

Palavras-chave: Socioconstrutivismo. Metodologia. Alfabetização.

ABSTRACT Considering the changes that have occurred in education in recent years, the article discusses some of the major advances in education which refers to literacy, having as main concept the constructivist theory of Emilia Ferreiro, which is present in Brazil since 1980. It is noticed that there are school transformation needs, of the way of teaching and of the teacher as well, because the concept of literacy has changed, but


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the school followed this advance slightly. Thinking about that, it was put together the following questioning on what is necessary in order that the children learn. They point to several factors that can change the conceptions of education professionals and expand their knowledge. It defends the constructivist conception as the most coherent to alphabetize the current child because it promotes reflection on the subject of study, allowing the child to internalize the concept more easily and the student is active in the teaching-learning process. This study presents the field research that was achieved with the help of teachers of the Public State School System, with data collection conducted through direct questionnaire of open and closed questions. With the collected data it was clear that many teachers have understood the proposal of socioconstructivist literacy, but we still need more investment in teacher training and in the organization of school space.

Keywords: Socioconstructivism. Methodology. Literacy.

INTRODUÇÃO

O objetivo desse artigo é promover a reflexão sobre quais são as condições didáticas necessárias para a aprendizagem de alunos de seis a oito anos, de acordo com a concepção socioconstrutivista. Ao serem feitas mudanças nas concepções de leitura e escrita, os professores por sua vez ficaram resistentes às mudanças, ou por medo ou por falta de conhecimento. Os professores da Rede Pública de Ensino realizaram diversos cursos disponibilizados pelo Governo para ampliar a sua formação docente, como o PROFA (Programa de formação de professores alfabetizadores, o Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa e também os ATPCs (Aulas de trabalho pedagógico coletivo), como formação continuada espaço de tempo voltado para os professores complementarem a sua formação. Ainda há muito o que fazer e refletir sobre a nova concepção do que é alfabetizar e o que é estar alfabetizado. Trataremos aqui sobre o que significa alfabetizar e estar alfabetizado de acordo com o modelo sócio construtivista e o que se espera da aprendizagem hoje. Que escola temos e que escola queremos, ou seja, a função social da escola , por fim, quais são as condições didáticas favoráveis à aprendizagem dos alunos nessa perspectiva. Concluindo esse artigo desenvolvemos uma pesquisa quantitativa e qualitativa para demonstrar quais são as condições didáticas que favoreceram a aprendizagem das crianças dos seis aos oito anos no Ensino Fundamental dos Anos Iniciais.


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Processo de alfabetização (modelo tradicional)

O que é alfabetizar? Conceito de alfabetização socioconstrutivista De acordo com Ferreiro (1990) nos últimos 50 anos o conceito de alfabetização mudou, o que antes se pensava ser apenas codificação e decodificação de palavras que se realizava memorizando sons e letras, muitas vezes sem sentido algum somente com valor fonético para que as crianças colocassem em prática apenas algumas de suas habilidades linguísticas, essa ideia predominou por muitos anos. Pensava-se no método: Qual seria o método mais eficaz para ensinar? De que forma sistemática pode-se ensinar para obter melhores resultados? Criou-se um modelo de ensino que denominamos modelo tradicional, nesse modelo a escrita era mera representação da linguagem oral, era apenas o ensino e aprendizagem do código escrito, entendia-se também que havia um momento exato para começar a alfabetizar a criança, momento esse em que o aluno apresentava algumas habilidades tais como: boa lateralidade, bom desenvolvimento de seu equilíbrio emocional, boa discriminação visual e auditiva, boa articulação das palavras, bom cociente intelectual, enfim, se a criança tivesse um bom desenvolvimento de seus sentidos, não teria problemas ou dificuldades para aprender a ler e escrever (LEITE, 2008): Em nosso meio, durante décadas, tais concepções foram muito influentes, direcionado a pré- escola para o desenvolvimento de tais pré-requisitos, ficando a alfabetização propriamente dita para ser desenvolvida a partir da primeira série (p. 23).

Mas como afirma Ferreiro (1990) “Por outro lado, surge inevitavelmente a pergunta do que é que há de especificamente ligado à lecto-escrita, nessa extensa lista de fatores.” Com isso surgiram críticas ao modelo tradicional de ensino, pois para a criança ler e escrever ela usa outras habilidades, põe em jogo outros conhecimentos. No modelo tradicional foram elaborados métodos que são os sintéticos e os analíticos, os sintéticos partem dos elementos menores que as palavras que são as letras, ou seja, partem do menor ao maior. Os analíticos partem da palavra ou unidades maiores, ou seja, partem do maior ao menor, por exemplo: Se o professor


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fosse ensinar os seus alunos no método sintético, ele trabalharia da seguinte forma, com uma sequencia determinada: primeiro ensinava a decorar o alfabeto, depois conhecer as famílias silábicas, só depois começava- se a escrever e ler pequenas palavras e frases. Se o professor fosse ensinar no método analítico ele partiria de uma palavra ou frase e iria estudando suas/ - da parte para o todo. Agindo dessa forma, percebeu- se que grande parte das crianças em período de alfabetização não aprendiam, apenas decoravam a grafia das palavras sem sequer entender o seu significado, de acordo com Ferreiro e Teberosky (1990): A lecto-escrita tem ocupado lugar de destaque na preocupação dos educadores. Porém, apesar da variedade de métodos ensaiados para se ensinar a ler, existe um grande número de crianças que não aprende. Juntamente com o cálculo elementar, a lecto-escrita se constitui num dos objetivos da instituição básica, a sua aprendizagem, condição de sucesso ou fracasso escolar (p.15).

Depois de pesquisas relacionadas com o processo de aquisição da leitura e escrita aconteceram, mudanças radicais na maneira de se pensar sobre a alfabetização e como alfabetizar, Ferreiro (1990) baseou-se na teoria de psicogenética de Piaget, segundo ela a criança já pensa na construção da escrita antes mesmo de ir para a escola e o professor não pode ignorar esses fatos. Ferreiro questiona (1990, p.25): “Podemos continuar atuando como se a criança nada soubesse a respeito da sua própria língua?” Claro que não, pois a criança tem todo um conhecimento de mundo, de vivências e práticas sociais que fazem parte de seu processo de aprendizagem que estão interligados. Durante a infância a criança elabora hipóteses de escrita, de acordo com Kaufman, (1998): No marco da teoria psicogenética e da psicolinguística contemporânea, Emília Ferreiro e Teberosky iniciam suas pesquisas sobre o processo de construção infantil do sistema de escrita, a hipótese de que as crianças, antes de ler e escrever convencionalmente, criam hipóteses originais acerca deste sistema de representação (p.23).

Ferreiro (2009) considera que o processo de conceitualização da criança sobre a escrita passa pela construção de sucessivas formas de diferenciação. As crianças passam por diferentes níveis de hipóteses como o pré-silábico passa para a hipótese silábica sem ou com valor sonoro convencional, silábico – alfabético para finalmente construir o nível alfabético, mesmo com erros ortográficos.


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Na hipótese pré-silábica a criança pode ou não se preocupar em quantidade de letras ou símbolos; sabe diferenciar texto escrito de desenhos; faz leitura global, ou seja, faz a leitura passando o dedo por todo o texto. Na hipótese silábica sem valor sonoro a criança escreve uma letra para cada som da sílaba, mas sem valor fonético, a letra não tem relação com o som, a leitura é feita apontando cada letra, já na hipótese silábica com valor sonoro, a criança também escreve uma letra para cada som, só que nessa fase ela já se preocupa em escrever uma letra que tenha relação com o som da palavra. Na hipótese silábica alfabética é a fase que a criança começa a acrescentar mais letras, ora escreve duas letras para cada sílaba, ora escreve uma letra, é a fase em que pessoas que desconhecem as hipóteses dizem estar “comendo letras”, mas na verdade ela está atribuindo letras, na hipótese alfabética a criança já escreve convencionalmente, mas não domina a escrita ortográfica (SÃO PAULO, 2014). As crianças passam por essa série de hipóteses que se ampliam e se aprimoram de acordo com o meio e o contato com o objeto de estudo que é a escrita. Como afirma Ferreiro (2001, p. 18): Do ponto de vista construtivo, a escrita infantil segue uma linha de evolução surpreendentemente regular, através de diversos meios culturais, diversas situações educativas e diversas línguas.

No processo de aquisição da língua escrita acontecem alguns erros que Ferreiro (1990, p. 23) denomina “erros construtivos, respostas que se separam das respostas corretas, mas que, longe de impedir alcançar estas últimas, pareceriam permitir os acertos posteriores.” Erros esses que não podem ser considerados totalmente "erros", pois segundo Hoffman (1992, p.66): As respostas das crianças, dos jovens, oferecem imensas possibilidades de análise em termos de perspectivas diferenciadas e ou contraditórias às dos adultos sobre fenômenos que estão sendo estudados [...].

De acordo com Hoffman, (1992, p.66), "Certo dia a sua filha definiu a palavra "desmatamento" em um texto "copiado" sobre Ecologia, como des - matar, tornar vivo novamente [...]”. Observando esse acontecimento não se pode dizer que ela está totalmente incorreta, pois ela utilizou de certa coerência se a relacionarmos com as palavras


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que se iniciam com "des" no sentido de tirar, de desfazer, (Hoffmann, 1992). Como não sabia o significado dessa palavra ela pôs em jogo tudo o que sabia sobre a tal, essa atitude no aluno não pode ser descartada pelos professores, eles não podem simplesmente dizer: "está errado" e falar o significado correto, substituindo a resposta incorreta pela correta como no ensino tradicional, pois esse "erro construtivo" faz parte da construção do conhecimento dos alunos, ele possibilita a reflexão sobre o objeto de estudo dos educandos. O professor por sua vez precisa ter uma atitude diferenciada frente a esses erros, pois eles fazem parte do processo de ensino e aprendizagem, como diz Hoffmann (1992, p.67): A postura do professor frente às alternativas de solução construídas pelo aluno deveria estar necessariamente comprometida com tal concepção de erro "construtivo". O que significa considerar que o conhecimento produzido pelo educando, num dado momento de sua experiência de vida, é um conhecimento em processo de superação.

Processo esse que não pode ser ignorado pelo professor, pois é de suma importância no aprendizado do aluno, é o momento que o aluno constrói o seu conhecimento. A visão sobre a criança, como ela é, como pensa, como age e constrói o seu conhecimento mudou, antes se acreditava numa criança inteiramente passiva, que apenas recebia o conhecimento do meio, do adulto à sua volta, como afirma Ferreiro (1990, p. 22): Nossa atual visão do processo é radicalmente diferente: no lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala à sua volta, e que, tratando de compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas antecipações e cria a sua própria gramática (que não é simples cópia deformada do modelo adulto, mas sim criação original) [...].

Ultimamente com o avanço da tecnologia, as mudanças culturais, a conquista da democracia, a clientela da escola também mudou por ser mais ativa e ter acesso a informações mais rápidas, com isso surge a necessidade de se criar novas propostas pedagógicas e que a escola avance em suas estratégias de ensino, sendo uma proposta mais reflexiva, em que o aluno participe do processo de aprendizagem como sujeito ativo.

A função social da escola


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“Numa sociedade grafocêntrica como a nossa” como diz Leite (2008, p.31) a leitura e a escrita são instrumentos de inserção social e desenvolvimento da cidadania, a função social da escola é alfabetizar de maneira significativa, partindo dos conhecimentos prévios do aluno, buscando formar competentes leitores e produtores de textos. Para isso é necessário o uso de textos reais, utilizar diversos gêneros textuais nos seus diferentes usos sociais, textos que são utilizados no cotidiano dos alunos, tais como: Receitas, bilhetes, listas, textos literários entre outros. Entende-se a importância da criança saber o porquê deve saber ler e escrever como afirma Amaral: Num processo de alfabetização desenvolvido sob um perspectiva crítica, torna-se necessário que as crianças reflitam sobre o que é e para que serve ler e escrever, a fim de que percebam a alfabetização como mais uma forma de expressão e ação pessoal, construída social e historicamente (2008, p.87).

Numa visão social da escola é necessário que a criança não somente aprenda a ler e escrever de forma significativa para ela, mas que também aprenda a fazer uso da leitura e escrita de maneira que possa se expressar e exercer sua cidadania. Para isso o professor pode e deve propor atividades reflexivas e que não tenham um fim em si mesmo, como afirma Amaral: O professor deve ter o cuidado de não propor a leitura e a escrita com o fim em si mesmas, mas como forma de expressão subjetiva de comunicação e interação, na qual, portanto, existe a necessidade de um interlocutor real (ausente ou presente) (2008, p. 88).

É também função da escola formar o aluno crítico, ativo no processo de ensino e aprendizagem, para isso é necessário que o professor promova atividades que possibilitam o diálogo e a reflexão sobre assuntos da realidade. De acordo com Leite: Assim, a construção do processo de alfabetização escolar, numa perspectiva crítica, como aqui delineado, implica não só a existência de relações dialógicas saudáveis em sala de aula, mas, principalmente, a escolha de conteúdos que possibilitem a problematização da realidade (2008, p.28).


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É também função da escola aproximar - se da melhor maneira possível da realidade dos alunos, se inteirarem do cotidiano dos tais, tornando os alunos leitores e escritores competentes, como diz no Guia de Planejamento e Orientações Didáticas (SÃO PAULO, 2012, p.19): [...] Enfim, trata - se de propor que a versão de leitura e de escrita presente na escola seja a mais próxima possível da versão social e que, assim, nossos alunos sejam verdadeiros leitores e escritores.

Com essa proposta de se aproximar da realidade dos alunos, o aprendizado torna-se significativo, atraindo mais a atenção dos tais, resultando na facilidade da aprendizagem da leitura e escrita. Condições didáticas Partindo das pesquisas desses autores, surge o seguinte questionamento: “Como ensinar às crianças de acordo com a proposta da concepção construtivista?” Entende-se que a proposta do construtivismo não tem uma forma fechada de trabalhar, modelo a seguir, e para que as crianças sejam alfabetizadas são necessárias experiências em sala, de leitura e escrita, como diz Kaufman (1998); “sabemos que as crianças aprendem a caminhar, caminhando e a falar, falando. Pensamos, também que, aprendam a escrever, escrevendo e a ler, lendo” (p. 22). É necessário também que o professor motive seu aluno a pensar sobre o sistema de escrita, pois, para que haja a reflexão e construção das hipóteses de escrita é preciso que a criança veja, sinta a necessidade de assimilar ou reestruturar um esquema já existente, como afirma Kaufman, (1998): De fato, todos nós modificamos nossos esquemas quando os que possuímos não nos são mais úteis. Essas trocas demandam notáveis esforços: é um trabalho árduo, e, em algumas ocasiões, penoso. Por que vou enfrentá-lo se não sinto necessidade? E este “sentir a necessidade” surge dos conflitos ocasionados pelas contradições ou insuficiência de meus instrumentos intelectuais (p. 19).

Partindo desse pressuposto percebe-se a importância dessa motivação dos alunos, sem a qual ele poderá sentir-se estabilizado e não procurará avançar na sua hipótese de escrita. Avaliação processual – Sondagem


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A avaliação de acordo com a concepção socioconstrutivista é feita de uma forma diferente e com objetivos distintos da proposta do modelo tradicional de ensino, pois, a avaliação na visão construtivista é processual, ou seja, ela avalia o aluno visando a sua evolução, o seu processo de aprendizagem individual, pois como diz Hoffmann (1992, p.20), Não é tarefa simplória. A avaliação, na perspectiva de construção do conhecimento, parte de duas premissas básicas: confiança na possibilidade dos educandos construírem suas próprias verdades e valorização de suas manifestações e interesses.

Na proposta de construção do conhecimento o aluno é o foco, é o centro da aprendizagem, por isso o professor precisa acreditar em suas habilidades e promover uma avaliação mais formativa e diagnóstica, com o objetivo central de mediar a sua aprendizagem. Ela é denominada de “Sondagem”, pois sonda, investiga o que o aluno sabe, serve para orientar prática pedagógica do professor e é feita durante todo o ano, pode ser a cada um ou dois meses, e é de suma importância no processo de aprendizagem. Não é feita para classificar o aluno, mas é feita para nortear o papel do professor, como diz Hoffmann (1992, p. 21), A avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo (como hoje é concebida) para se transformar na busca incessante de compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento [...].

A sondagem também "é um dos recursos de que você dispõe para conhecer as hipóteses que os alunos ainda não alfabetizados possuem sobre a escrita alfabética e o sistema de escrita de uma forma geral."[...] (SÃO PAULO, 2012, p. 24). Então, a sondagem é a escrita de uma lista de palavras ditadas pelo professor, em que a criança será orientada a escrever da melhor maneira possível, colocando em jogo tudo o que ele sabe. “As palavras da lista não podem ser escolhidas de qualquer maneira, ou ser qualquer uma”, de acordo com o Guia de Planejamento e Orientações Didáticas do Programa Ler e escrever (SÃO PAULO, 2012, p. 25). As palavras devem fazer parte do cotidiano dos alunos; não devem ser palavras memorizadas; ter uma variação da quantidade de letras, sendo palavras polissílaba, trissílaba, dissílaba e monossílaba garantindo o mesmo campo semântico.


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Depois da realização da sondagem com os alunos, pode ser feito um portfólio contendo todas as escritas dos alunos, que servirá como instrumento para verificar as aprendizagens dos alunos, da classe, e para o professor ter uma visão geral da turma e sua evolução, repensar sobre sua prática e planejar novas estratégias, como diz Hoffmann, “Avaliação é movimento, é ação e reflexão” (1992, p.61).

Boas situações de aprendizagem Garantir boas situações de aprendizagem é condição importante para a alfabetização.

Como

afirma

o

Programa

de

Formação

de

Professores

Alfabetizadores (PROFA) (BRASIL, 2001). As atividades que são consideradas boas situações de aprendizagem são as que promovem um desafio para o aluno resolver, desafio esse que seja possível de se chegar a uma conclusão, e que possibilite ao aluno pensar, buscar informações tentando achar a melhor resposta possível, interagindo com o meio (ambiente alfabetizador) com os colegas, e o professor agindo como mediador desse processo. Enfatiza também que: 1- Os alunos precisam pôr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo em torno do qual o professor organizou a tarefa. 2- Os alunos têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõem a produzir. 3- O conteúdo trabalhado mantém as suas características de objeto sociocultural real — por isso, no caso da alfabetização, a proposta é o uso de textos, e não de sílabas ou palavras soltas. 4- A organização da tarefa garante a máxima circulação de informação possível entre os alunos por isso as situações propostas devem prever o intercâmbio, interação entre eles (BRASIL, 2001).

Modalidades organizativas O tempo didático deve ser separado com conteúdos e objetivos pré-definidos para se alcançar metas na aprendizagem como diz Lerner (2002, p.87): O tempo é – todos nós, professores, sabemos muito bem - um fator de peso na instituição escolar: sempre é escasso em relação à quantidade de


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conteúdo fixados no programa, nunca é suficiente para comunicar às crianças tudo que desejaríamos ensinar em cada ano escolar .

Pensando assim, Lerner (2002) propôs a organização de diferentes modalidades organizativas, que são: Atividades permanentes ou habituais: São atividades que acontecem todos os dias, como por exemplo, a leitura em voz alta feita pelo professor, ou programadas semanalmente, ou ainda quinzenalmente. Atividades Ocasionais: Ocorrem de maneira não planejada pelo professor, por exemplo: Acontece algo que todos estão comentando e os alunos demonstram interesse em saber sobre o assunto, ou até mesmo algum aluno pede que seja feita a leitura de um texto que acha ser interessante para a turma, o professor não pode ignorar esses fatos, mesmo que o assunto não tenha nenhuma relação com as atividades propostas. Como afirma Lerner (2002, p. 90): Nesses casos, não teria sentido nem renunciar a ler os textos em questão porque não têm relação com o que está fazendo, nem "inventar" uma relação inexistente; se a sua leitura permite trabalhar sobre algum conteúdo significativo, a organização de uma situação independente estará justificada.

Projetos: São atividades que tem um tema, por exemplo: cantigas populares ou receitas, entre outros. São feitas por etapas, em sequência, mas que necessariamente precisa ter um produto final, que pode ser um livro, cartaz, folheto, feito pelos alunos. (LERNER, 2002). Habitualmente são utilizados como assuntos de projetos tais temas como: Animais do Pantanal, cantigas populares, entre outros. (SÃO PAULO, 2002). Sequência didática: São trabalhadas de forma sequenciada, podem durar entre dias e semanas, a princípio o professor pode trabalhar a leitura de diferentes textos de um mesmo gênero, de um mesmo autor ou tema (LERNER, 2002). Habitualmente são utilizados como assuntos de sequências tais temas como: Reescrita de contos, parlendas, entre outros. Separando assim o tempo pedagógico, de acordo com Lerner (2002, p. 87): Cumprir, pelo menos, com duas condições: manejar com flexibilidade a duração das situações didáticas e tornar possível a retomada dos próprios conteúdos em diferentes oportunidades e a partir de perspectivas diversas [...].


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Esta divisão das modalidades facilita o trabalho pedagógico do professor, pois além de manter uma organização didática ela proporciona a revisão dos mesmos conteúdos, só que utilizando outros temas. Rotina semanal de leitura e escrita A organização de uma Rotina Pedagógica segue a fundamentação teórica de Délia Lerner expressa nos Guias de Planejamento e Orientações Didáticas – do Programa Ler e Escrever: “Organizar uma rotina semanal de leitura e escrita é fundamental para orientar o planejamento e o cotidiano da sala de aula.[...]” São Paulo (Estado) (2012, p. 27). A rotina é importante para organização do tempo, os materiais que serão utilizados pelo professor e os alunos e também é importante para os alunos se situarem sobre o que vai acontecer, o que eles vão fazer tornando a rotina também uma condição didática. De acordo com o Guia de Planejamento e orientações didáticas – 1° Ano (SÃO PAULO, 2014, p. 31): Nas classes dos anos iniciais do ensino fundamental, é importante que a rotina semanal contemple atividades que favoreçam a aprendizagem de diferentes conteúdos: aqueles que contribuem para o avanço no conhecimento dos alunos sobre a linguagem escrita voltadas à reflexão sobre o sistema de escrita.

Pensando nessas condições didáticas de ensino o guia traz uma sugestão de rotina semanal para o 1° semestre de aula que contempla as atividades permanentes que devem ocorrer na sala de aula, essa visualização facilitará a organização do trabalho do professor. Tabela 01. Rotina pedagógica - 1º ano. SEGUNDA

TERÇA

QUARTA

QUINTA

SEXTA

Leitura pelo professor Atividades diversificadas/ cantos

Leitura pelo professor Projeto: Brincadeiras tradicionais

Leitura pelo professor Atividades diversificadas/ cantos

Leitura pelo professor Projeto: Brincadeiras tradicionais

Leitura pelo professor Atividades diversificadas/ cantos

Leitura pelo aluno (listas, textos, que sabem de cor). Intervalo/Recreio

Intervalo/Recreio

Intervalo/Recreio

Intervalo/Recreio

Intervalo/Recreio

Escrita do aluno: listas, títulos e outros textos.

Atividades de escrita ou leitura de nomes (próprios e dos colegas)

Produção de texto por meio do ditado ao professor (bilhetes, legendas, contos)

Atividades de escrita ou leitura de nomes (próprios e dos colegas)

Fonte: Guia de Planejamento Orientações Didáticas: Professor Alfabetizador- 1º Ano (2014, p.32).


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Na tabela acima se pode observar a presença de atividades de leitura e reflexão do sistema de escrita que aparecem com maior frequência, pois são necessárias no processo de alfabetização. Os espaços em branco são reservados para outras disciplinas, como: matemática, arte, educação física e outras. Combinados / organização da sala No ambiente escolar os alunos precisam saber conviver com outras crianças que são diferentes, pensam diferentes delas, enfim precisam conviver em uma sala de aula composta por um grupo heterogêneo, para que eles tenham essa vivência e ela seja boa é necessário que o professor estabeleça algumas regras de convivência ou combinados com os alunos para que eles saibam o que fazer em sala que não prejudique o seu colega, ou a sua turma, ora sabemos que um aluno que conversa o tempo todo e não faz as suas atividades desestrutura toda a turma e prejudica o bom andamento da aprendizagem coletiva, mas como chamar a atenção desse ou desses alunos que não têm disciplina em sala de aula, que não convivem bem com a turma? Como fazer isso sem ser um professor autoritário? Está aí a importância de se estabelecer o diálogo em sala de aula, a comunicação é essencial no ambiente escolar, pois o homem é um ser social, como diz Bordenave : “ A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social” (2006, p.19) De acordo com a concepção socioconstrutivista o professor deixa de ser o centro das atenções e o transmissor do conhecimento e passa a ser mediador, ele não tem mais aquela postura autoritária com os alunos, mas nem por isso ele pode permitir a desorganização da turma e a indisciplina, pois a organização da classe também é uma condição didática extremamente importante! Freire (2005) afirma a importância da educação dialógica, ele faz o seguinte questionamento: “Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela?” (2005, p.93). Por isso a postura do professor mediador deve ser dialógica e ele precisa saber ouvir os alunos que têm contribuições importantes para a organização da sala. Para isso pensou- se na elaboração de combinados, combinados esses que não serão impostos pelo professor, mas que serão pensados e elaborados pelos alunos, eles ditarão para o professor e este escreverá em cartaz que deixará


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exposto na sala de aula para que sejam lembrados sempre que necessário. Essa discussão será feita na roda de conversa.

Situações Didáticas que a rotina deve contemplar Leitura em voz alta pelo professor A leitura em voz alta realizada pelo professor deve ser feita todos os dias, devem ser escolhidos textos de diversos gêneros e de amplo repertório de palavras, para que ampliem o conhecimento de textos dos alunos, e também para que eles possam ter acesso às diversas práticas de leitura, serve também como momento de apreciar a leitura, tomar gosto, prazer pelo ato de ler e também aprender a ouvir com atenção, fazer comentários sobre o texto lido, o professor como modelo de leitor ensina também comportamento leitor (SÃO PAULO, 2012). O ambiente pode ser diversificado, tanto pode ser na sala de aula, como pode ser no pátio da escola, debaixo de uma árvore, num jardim, ou até mesmo na biblioteca, enfim a ideia é que o professor procure às vezes mudar de espaço, pois é um diferencial na prática pedagógica, mas se o professor não tiver acesso a esses espaços, ele pode preparar um espaço especial em sua sala, com almofadas, tapetes, tornando um ambiente confortável para a apreciação dos leitores. O modo como o professor faz a leitura também se torna um diferencial, a sua entonação de voz, a preparação antecipada da leitura começando pela escolha dos livros, o seu interesse pela leitura escolhida (SÃO PAULO, 2014).

Situações de reflexão do sistema de escrita Todos os dias o professor deve trabalhar com atividades que possibilitam a reflexão sobre o sistema de escrita, como: a escrita e leitura do aluno de parlenda, cantiga, escrita de listas, entre outros. Essa atividade é feita diariamente, o professor pode dividir a turma em duplas com hipóteses proximais e fazer a intervenções necessárias. A condição didática para essa atividade é que o professor garanta que todos conheçam as cantigas e as parlendas. O planejamento dessas atividades deve considerar o objetivo que será: compreender o sistema de escrita, o desafio proposto para cada agrupamento. Agrupamento esse organizado utilizando as escritas das crianças nas sondagens e


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em outros registros do professor. O mapa de sondagem possibilita ao professor ter uma visão geral da classe, nesse mapa vai conter a hipótese de escrita de cada aluno e a quantidade de alunos na mesma hipótese, por exemplo: 10 alunos silábicos com valor; 9 silábicos alfabéticos, e assim por diante, esse mapa facilitará a divisão das duplas. Depois de o professor ter feito a sondagem ele já conhece seus alunos e a hipótese em que estão, ele pode dividir a sua classe em duplas, duplas essas que são denominadas "proximais", ou seja, os alunos devem estar com o colega que está mais próximo de sua hipótese, por exemplo : aluno na hipótese pré - silábica com aluno na hipótese silábica sem valor sonoro; aluno na hipótese silábica sem valor sonoro , com aluno silábico com valor sonoro; aluno com a hipótese silábica com valor sonoro, com aluno silábico alfabético; aluno na hipótese silábico alfabético com aluno alfabético; os alunos podem estar em dupla com o aluno da hipótese aproximada ou com aluno na mesma hipótese que a sua, o que não pode é os alunos serem colocados em dupla com um aluno com hipótese muito diferente de sua hipótese, como pré silábico com alfabético (SÃO PAULO, 2012).

Ambiente alfabetizador - Recurso didático que auxilia no trabalho pedagógico Sabemos, hoje, que crianças que têm um contato maior com a leitura e escrita na primeira infância chegam à escola com diversos saberes que facilitam sua aprendizagem. Porém também existem aqueles alunos que chegam à escola sem contato com as práticas sociais de leitura e escrita. Assim é importante que se organize na sala de aula um ambiente alfabetizador, pois ele proporciona a interação do aluno com o meio e a autonomia da criança em buscar as informações que necessita. De acordo com Oliveira (2012, p. 60): [...] a relação entre os processos de desenvolvimento e de aprendizado é central no pensamento de Vygotsky: a trajetória do desenvolvimento humano se dá “de fora para dentro”, por meio da internalização de processos interpsicológicos.[...]

Com isso entende-se a necessidade de um ambiente favorável à aprendizagem do sujeito, e já que estamos falando em alfabetização, existe a


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importância de se criar um ambiente agradável e que proporciona à aprendizagem dos alunos. No ambiente alfabetizador pode-se encontrar diversos materiais que possibilitam a leitura e escrita, tais como: o alfabeto em cima da lousa e até mesmo na carteira de cada aluno se for possível, cantinho da leitura com diversos livros contendo vários gêneros, listas de nomes dos alunos em ordem alfabética, parlendas, cantigas penduradas em murais, que servirão para os alunos refletirem sobre o sistema de escrita e consultarem durante atividades propostas pelo professor. É necessário o professor saber que uma das condições didáticas mais importantes é o ambiente alfabetizador, pois como diz Silva (2010, p. 19), O papel do professor é realizar um trabalho que privilegie o exercício da curiosidade, da imaginação; uma prática que dê espaço para as emoções, propiciando um ambiente pleno para o desenvolvimento da capacidade dos alunos [...].

Fazendo isso o professor tornará suas aulas mais atrativas, prazerosas e os alunos terão uma participação ativa no processo de aprendizagem, entende-se que o ambiente educativo proporciona também o lúdico que facilitará o despertar do interesse e concentração dos alunos. Rodas de conversa/Roda de leitura A roda de conversa com os

alunos é muito importante para o

desenvolvimento na linguagem verbal, pois é na roda que o aluno aprende a expressar suas ideias, opiniões e sentir- se parte do grupo como sujeito ativo, resultando num bom desempenho na linguagem escrita, já que nessa atividade os alunos põem em jogo suas habilidades linguísticas, como diz em Orientações Curriculares: Uma das formas mais sofisticadas de comunicação oral é a roda de conversa, situação em que os sujeitos colocam em jogo muitas competências linguísticas – descrever, explicar, relatar, argumentar, etc.. – articuladamente. Aprender a se colocar diante de um público pressupõe viver situações coletivas instigantes e provocativas, tais como ocorre nas rodas de conversa (SÃO PAULO, 2007, p.81).


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O professor pode também realizar rodas de leitura, nas rodas de leitura a conversa pode ser sobre os livros que as crianças leram, o que acharam, se gostaram ou não, se eles indicam esses livros para os colegas lerem, o professor também pode mostrar livros que os alunos nunca viram, autores desconhecidos pela turma para ser discutido na roda de leitura.

Projetos e sequências didáticas Os Projetos e sequências didáticas são modalidades organizativas que organizam o planejamento do professor e dão sentido às aprendizagens dos alunos. Os Projetos de leitura e escrita atendem ao propósito didático de ensinar um determinado gênero. São organizados em várias etapas que devem “perseguir” o produto final que é o que dá visibilidade ao trabalho realizado pelo professor e às aprendizagens dos alunos naquele determinado gênero. Ao longo do projeto as crianças participarão de muitas situações de leitura e escrita nunca esquecendo que essa aprendizagem tem ligação direta com sua função social. Não se aprende a ler e escrever para a escola, mas para uso na vida. As sequências didáticas atendem à necessidade de organizar um objeto de conhecimento em atividades que se encadeiam e como no projeto buscam garantir um foco como, por exemplo, sequência didática de reescrita, sequência didática para estudar ortografia entre outros. Tanto os Projetos, quanto as sequências didáticas devem ser incluídos na rotina semanal duas vezes por semana. Refletindo sobre todas essas questões que permeiam a sala de aula formulamos uma pesquisa para analisar como todos esses conhecimentos entram na sala de aula.

Pesquisa de Campo

Objetivos da pesquisa  Saber se os professores conhecem as condições didáticas para alfabetizar as crianças de acordo com a concepção socioconstrutivista.


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 Perceber o que os professores entendem por ambiente alfabetizador e sua importância no processo de aprendizagem.  Averiguar se os combinados com a turma facilitam a organização da sala de aula.  Verificar quais atividades propostas no guia de planejamento e orientações didáticas do professor alfabetizador são trabalhadas em sala e qual a frequência que são desenvolvidas tais atividades.

Metodologia

Após a participação do projeto bolsa alfabetização surgiu o seguinte questionamento: Quais as condições didáticas para que as crianças aprendam? O que fazer para que os alunos avancem nas suas hipóteses de escrita, de acordo com a concepção socioconstrutivista? Antes de participar do projeto conhecia-se apenas o modelo tradicional de ensino e surgiu a curiosidade de conhecer mais sobre alfabetização construtivista. Com base nesses questionamentos, foi feita a pesquisa em que foi utilizado um questionário com 4 perguntas, sendo 2 com respostas abertas e 2 com respostas fechadas sobre as condições didáticas para a alfabetização. Na entrega dos questionários, todos os professores aceitaram responder as perguntas, mas houve demora na entrega das respostas.

Sujeitos Para a realização dessa pesquisa foram escolhidos nove (9) professores que trabalham no período de alfabetização (1º e 2°ano), todos da Rede Pública de Ensino Estadual. Os nomes originais dos entrevistados foram substituídos por números para preservar o anonimato.

Tabela 01. Sujeitos e informações dos entrevistados


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SUJEITOS

IDADE

FORMAÇÃO

TEMPO DE FORMAÇÃO 15 anos

TEMPO DE ATUAÇÃO 9 anos: biologia/ 3 meses: Pedagogia 22 anos: magistério

1

42 anos

Licenciatura em Biologia/ Pedagogia

2

41 anos

22 anos

3

33 anos

Magistério/ Matemática e Pedagogia Pedagogia

4

40 anos

Pedagogia

11 anos

10 anos

5

43 anos

Pedagogia

7 anos

7 anos

6

39 anos

Pedagogia

9 anos

5 anos

7

49 anos

21 anos

20 anos

8

53 anos

6 anos

5 anos

9

34 anos

Licenciatura em Física/ Pedagogia Pedagogia/ Pós:Educação Inclusiva Pedagogia/ Pós: Psicopedagogia

5 anos

5 anos

6 anos

TIPO DE ESCOLA Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual Púbilca Estadual

Fonte: autoria própria.

Apresentação e discussão dos dados

1) Para

alfabetizar

os

alunos

na

perspectiva

socioconstrutivista

são

necessárias algumas condições didáticas. Para você, quais são as mais importantes? Essa pergunta foi elaborada para saber se os professores atuantes na alfabetização conhecem as condições didáticas para se alfabetizar crianças, sabem as diferenças entre condição didática e recurso didático. De acordo com as respostas, de 7 entrevistadas, as condições didáticas para a alfabetização são leituras de diversos gêneros, possibilitar a pesquisa dos alunos no que diz respeito à escrita, favorecer a aprendizagem com ambiente alfabetizador e tornar os alunos leitores e escritores competentes. A entrevistada 4 escreve: “Dentre as utilidades em sala de aula, valorizo bastante a leitura, seja de pequenos textos de memória, legenda como a realizada pelo professor”. Já a entrevistada 3 escreve: “Alfabeto móvel, letras móveis, gibis, figuras na sequencia do alfabeto”. Comparando estes dados com o que fora apresentado na fundamentação teórica, Kaufman (1998), diz que as crianças aprendem a escrever, escrevendo e a ler lendo, por isso, possibilitar atividades de leitura e escrita são condições didáticas imprescindíveis no processo de alfabetização.


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2) Como você considera o ambiente alfabetizador e qual a sua importância na prática pedagógica? Foi elaborada a seguinte questão com o intuito de analisar o que os professores pensam sobre o ambiente alfabetizador e qual a sua importância na sala de aula. Das 9 entrevistadas, 8 dizem que o ambiente alfabetizador deve ser acolhedor, deve conter vários materiais expostos, com acesso fácil ao aluno, sujeito à modificações de acordo com as atividades desenvolvidas e também deve ter cantos de leitura, calendários, cartazes com parlendas e etc. Já a entrevistada 4 escreve: “Muito importante. Mas não basta apenas colar cartazes bonitos. Todo o material exposto deve ser útil para o apoio do aluno. Também não é necessário uma infinidade de objetos pendurados. Acredito que o ambiente deve ser agradável”. Para Silva (2010) o papel do professor é estimular a imaginação, a curiosidade propiciando um ambiente pleno para o desenvolvimento da capacidade dos alunos. Todos esses aspectos encontramos no ambiente alfabetizador bem elaborado, pensando nas necessidades cognitivas e afetivas dos alunos.

3) De acordo com a concepção socioconstrutivista o professor passa a ser o mediador

da

aprendizagem.

Entende-se

que

nesta

perspectiva

de

aprendizagem, os combinados com a turma facilitam a disciplina e organização da classe. Os combinados funcionam na sua turma? Sim ( )

Não ( )

Essa pergunta com resposta fechada teve como objetivo saber se os combinados com a turma funcionavam, aconteciam nas turmas das professoras entrevistadas, durante todo o período de participação do projeto bolsa alfabetização ouvia-se as professoras dizerem que combinados não funcionavam, não dava certo e queria saber se eram positivos em outras turmas, pois acredito na comunicação, no diálogo como resolução dos problemas em sala. Das 9 entrevistadas 7 responderam que sim, apenas a entrevistada 8 respondeu que não e a entrevistada 5 disse que sim algumas vezes. Para Freire (2005) existe a importância da educação dialógica, do professor saber dialogar e receber a contribuição dos outros, que nesse caso são os alunos, nessa perspectiva de ensino é necessário que o professor tenha essa sensibilidade de ouvir seus alunos e torná-los participantes ativos na aprendizagem.


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4) Assinale a (as) alternativa (as) que indicam as atividades que você trabalha e qual frequência ( uma vez por semana, quinzenalmente, etc. ) Essa questão também tem resposta fechada e foi elaborada uma tabela contendo as atividades sendo elas (Projetos, leitura do aluno mesmo sem saber ler, sequência didática, roda de conversa/leitura, leitura em voz alta pelo professor e reflexão do sistema de escrita) para elas assinalarem e a frequência com a qual trabalhavam tais atividades, essa questão teve como objetivo saber qual a frequência que elas trabalham, se estão de acordo com as orientações didáticas do programa ler e escrever. Das nove (9) entrevistadas, cinco (5) responderam que trabalham duas vezes por semana com projetos, duas (2) responderam que trabalham uma vez por semana e duas (2) responderam que trabalham quinzenalmente. Na atividade de leitura pelo aluno mesmo sem saber ler, das nove (9) entrevistadas, sete (7) responderam que trabalham duas vezes por semana, uma respondeu que trabalha uma vez por semana e uma respondeu que trabalha quinzenalmente. Já na atividade de sequência didática cinco (5) professoras responderam que utilizam essa atividade duas vezes por semana, quatro (4) assinalaram uma vez por semana. Na atividade de roda de conversa seis (6) professoras responderam que trabalham essa atividade uma vez por semana e três responderam que trabalham duas vezes por semana, na atividade da leitura em voz alta pelo professor sete (7) professoras assinalaram que trabalham essa atividade diariamente e uma (1) respondeu uma vez por semana e uma (1) respondeu duas vezes por semana. E por fim, na atividade de reflexão do sistema de escrita sete (7) professoras assinalaram que trabalham essa atividade diariamente, e uma (1) respondeu uma vez por semana e uma (1) respondeu duas vezes por semana. De acordo com as orientações didáticas (SÃO PAULO, 2012) projetos didáticos e sequências didáticas e roda de conversa/leitura devem ser trabalhados no mínimo duas vezes por semana, leitura do professor e atividades de reflexão do sistema de escrita devem ser feitas diariamente, pois são de extrema importância no processo de alfabetização.


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CONSIDERAÇÕES

Com a realização dessa pesquisa, pode-se melhor compreender o que se pensa sobre alfabetização e as condições didáticas para que aconteça de maneira favorável, e que visão os professores possuem sobre ela, visto que ainda é motivo de debate e discordâncias no que diz respeito à alfabetização socioconstrutivista a qual é proposta no programa Ler e escrever. Ainda tem muitos professores que não entenderam a proposta e pensam tradicionalmente, mas acredito que a escola já avançou muito e com certeza continuará avançando. A alfabetização socioconstrutivista sugere um trabalho onde a prática pedagógica deve propor atividades ligadas à realidade, ao contexto histórico do aluno, que promova a reflexão, tornando-o sujeito crítico e reflexivo, leitor e escritor competente, ou seja, a proposta é alfabetizar mergulhada em contexto letrado. Sabe-se que para cada atividade existe uma condição didática específica, sem qual a atividade feita não terá êxito, por exemplo: pedir para um aluno escrever uma cantiga sendo que ele nunca a ouviu, essa atividade não terá resultados, pois a condição para a tal é que todos conheçam esta cantiga de memória, para então pôr em jogo tudo que sabem. Este trabalho visou conhecer as condições didáticas necessárias para as atividades mais trabalhadas em sala. Espera-se que cada educador tenha consciência da importância de seu papel enquanto mediador do conhecimento, pois ainda que a proposta aponte o aluno como o foco, o professor não deixou de ter sua importância no processo de ensino e aprendizagem, pois é ele que planeja e promove as práticas educativas mais próximas da realidade de seus alunos propondo uma aprendizagem significativa. O educador além de ser consciente de sua importância em sala de aula deve estar sempre aberto a novas propostas e tentar pô-las em prática, deve ser flexivo, pois no seu dia a dia, lida com crianças diferentes em suas particularidades, mas dentro de sua prática pedagógica e por meio de suas atitudes poderá respeitar cada aluno dentro de suas particularidades, limitações e até mesmo dentro de seu tempo para aprender tal conteúdo, pois cada aluno tem um tempo próprio para que alcance os objetivos escolares, e o seu maior desafio é trabalhar com uma classe heterogênea.


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Referências

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TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. 3 ed. Porto

alegre: Arte Médica, 1990. FERREIEO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 24 ed. São Paulo: Cortez, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. HOFFMANN, Jussara. Avaliação, Mito & Desafio: Uma perspectiva construtivista. 4 ed. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1992. KAUFMAN, Ana Maria et al. Alfabetização de crianças: construção e intercâmbioexperiências pedagógicas na educação infantil e no ensino fundamental. 7 ed. Porto Alegre: Arte Médica, 1998. LEITE, Sergio Antônio da Silva. In: ______ (org.). Alfabetização e letramento: contribuições para as práticas pedagógicas. Alexandra da Silva Molina et al. 4 ed. Campinas: Komed, 2008. LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. OLIVEIRA, Marta Kohl de. In: CASTORINA, José Antonio et al. Piaget – Vygotsky: Novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 2012. SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de orientação técnica. Orientações Curriculares: expectativas de aprendizagem e orientações didáticas para Educação Infantil. São Paulo: SME; DOT, 2007. SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Ler e Escrever: guia de planejamento e orientações didáticas; professor alfabetizador – 1º ano. São Paulo: FDE, 2014. 360 p.


24

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ler e Escrever: guia de planejamento e orientações didáticas; professor alfabetizador - 2º ano. 6 ed. São Paulo: FDE, 2012. 176 p. (v. 01). SILVA, Roselana Rodrigues da. Sala de aula improvisada: novo espaço, novas aprendizagens.

2010.

Disponível

<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/35735>. Acessado em: 25 ago. 2014.

em:


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