Ludicidade na educacao infantil como forma de aprendizagem

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A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO FORMA DE APRENDIZAGEM

Cláudia Rozani Farias1, Tatiana Batista1, Márcia Regina Vital2. ¹ Alunas do curso de Licenciada em Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP). 2

Professora Doutora (Universidade de São Paulo), do curso de Licenciatura em Pedagogia, da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP).

RESUMO O artigo faz uma reflexão sobre o valor do lúdico por meio dos jogos e brincadeiras no processo de ensino aprendizagem na Educação Infantil. Sabe-se que os jogos, brinquedos e brincadeiras são inerentes ao universo infantil, assim como o educar através do lúdico pode auxiliar na construção do conhecimento e no desenvolvimento da criança na educação infantil. Teve por metodologia a pesquisa bibliográfica e de campo. A pesquisa bibliográfica deu-se por meio de consulta a autores que já possuem discussões nesta área, bem como a registros documentais, artigos científicos dentre outros. A pesquisa de campo utilizou-se de técnica de observação com abordagem qualitativa, a partir da aplicação de questionários constituídos de perguntas subjetivas a três docentes, com formação superior em pedagogia, de uma escola de Educação Infantil da rede privada, situada na Zona Sul da cidade de São Paulo, dos quais os dados obtidos foram analisados. Constatou-se que os profissionais que fizeram parte desta pesquisa possuem uma compreensão sobre a importância do lúdico na educação infantil. Palavras-chave: Educação Infantil. Ludicidade. Aprendizagem.

ABSTRACT The article is a reflection on the value of the playful through the fun and games in the teaching process learning in early childhood education. It is known that the games and toys are inherent in the infant universe, as well as educate through playful can assist in the construction of knowledge and the development of the child in early childhood education. Had for the bibliographical research methodology and field. The bibliographical research came about by querying the authors who already have discussions in this area, as well as documentary records, scientific articles among others. Field research used observation technique with a qualitative approach from the application of questionnaires consisting of subjective questions to three teachers, with higher training in pedagogy, from a school of early childhood education of the private school, located in the southern part of the city of São Paulo, of which the data obtained were analyzed. It was found that the professionals who took part in this research have an understanding about the importance of playfulness in early childhood education. Keywords: Early childhood education. Playfulness. Learning.


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INTRODUÇÃO

Hoje, muito se fala em educar na diversidade, só que para isso ocorrer implica criar uma escola para todos, adotando um modelo de currículo amplo e reflexivo o suficiente para facilitar a aprendizagem das crianças. Atualmente, a tendência das escolas brasileiras é trabalhar com um currículo mais aberto, onde a equipe docente tenha mais autonomia para preparar um cidadão crítico e participativo. Na Educação Infantil o cuidar e o educar dividem-se e muitas instituições, principalmente privadas, adotam uma metodologia de ensino que prepara a criança (no sentido de tornar apto) para o Ensino Fundamental, o que funciona como diferencial de mercado. Essa qualificação é caracterizada pela alfabetização, que se torna caráter classificatório para as crianças ao ingressarem em escolas de Ensino Fundamental que atuam na mesma linha. Atualmente, com as novas legislações o caráter de alfabetização da Educação Infantil foi abolido e dado ênfase ao lúdico, mas as raízes que fundamentaram o trabalho pedagógico por tantos anos podem ainda estar fortemente presentes. Partindo dessas reflexões surge o questionamento: os jogos lúdicos são observados pelos educadores e instituições de ensino de educação infantil em sua importância para cada fase do desenvolvimento da criança? A partir deste questionamento o objetivo deste artigo visa refletir como o educar através do lúdico pode auxiliar na construção do conhecimento e no desenvolvimento da criança na educação infantil. Esse trabalho é de grande importância pela vigente preocupação com uma Educação que entenda a criança como um ser, respeitando suas diferentes fases de desenvolvimento e procurando promover espaços no qual ela possa experimentar diversas maneiras de conhecer oferecendo-lhe possibilidades de construir uma consciência mais ampla do mundo e de si, entendendo e respeitando a si mesmo e ao outro e desenvolvendo-se em ambientes de interação. Para refletir sobre essa questão este artigo divide-se em quatro partes, a saber: primeiro uma abordagem sobre as concepções da infância ao longo da história; a segunda sobre o papel da Escola de Educação Infantil; terceira aborda o


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tema em si “Ludicidade na Educação Infantil”; a quarta e última parte apresenta e define a metodologia da pesquisa de campo, a forma que se deu a coleta de dados, traçando conexões com o referencial teórico. Por fim seguem as considerações que não tem como pretensão apontar verdades absolutas, mas relatar o estudo de um caso que pode ser útil para suscitar novas pesquisas.

A infância através dos tempos

A imagem da criança e a concepção da infância foram sendo modificadas ao longo dos séculos até chegar aos moldes atuais. Na Idade Média, a criança era caracterizada apenas pela questão física, sem uma idade definida, como descrito por Le Grand Propriétaire de toutes choses. A primeira idade é a infância que planta os dentes, e essa idade começa quando a criança nasce e dura até os sete anos, e nessa idade aquilo que nasce é chamado de enfant (criança), que quer dizer não-falante, pois nessa idade a pessoa não pode falar bem nem tomar perfeitamente as palavras, pois ainda não tem seus dentes bem ordenados nem firmes (...) (ARIÈS, 1978, p.6).

O mesmo autor relata que nesta época a criança era vista como um ser em miniatura, assim que pudesse realizar algumas tarefas, esta era inserida no mundo adulto, sem nenhuma preocupação em relação à sua formação enquanto um ser específico, sendo exposta a todo tipo de experiência. As pesquisas também revelam que o indice de natalidade era alto na Idade Média e em contrapartida a falta de saneamento básico, cuidados com a saúde e respeito ao desenvolvimento da criança trazia também um alto indice de mortalidade (ARIÈS, 1978). Ariès (1978) relata que até o século XVII, a socialização da criança e a transmissão de valores e de conhecimentos não eram transmitidos pelas famílias. A criança era afastada desde cedo de seus pais e passava a conviver com outros adultos, ajudando-os em suas tarefas. A partir daí, não se distinguia mais desses, passando dessa fase direto para a vida adulta. Assim a infância não tinha uma longa duração, pois, a criança era obrigada a assumir responsabilidades de


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adultos, passando as etapas de seu desenvolvimento. Até suas vestimentas eram iguais a dos adultos. A partir do século XVII, época que ocorreram grandes transformações sociais como as reformas religiosas católicas e protestantes, é que aparecem os primeiros sentimentos em relação à criança, que começa a ser vestida com trajes próprios à sua idade sendo assim até nos dias de hoje. A religião trouxe um novo sentimento para as famílias que começam a valorizar a criança, a vê-la com afetividade e a pensar e a valorizar a sua educação. Segundo Ariès (1978), a aprendizagem das crianças, que antes se dava na convivência delas com os adultos em suas tarefas cotidianas, passou a ser na escola. O trabalho com fins educativos foi substituído pela escola, que passou a ser responsável pelo processo de formação. As crianças foram então separadas dos adultos e mantidas em escolas até estarem “prontas” para a vida em sociedade, mediante uma preocupação moral com a formação delas assumida pela igreja, em uma educação de caráter repressor e compensatório.

Kramer define este momento da história da infancia como: Nesse momento, o sentimento de infância corresponde a duas atitudes contraditórias: uma considera a criança ingênua, inocente e graciosa e é traduzida pela paparicação dos adultos, e a outra surge simultaneamente à primeira, mas se contrapõe à ela, tornando a criança um ser imperfeito e incompleto, que necessita da “moralização” e da educação feita pelo adulto (2003, p.18).

Para Kramer (2003, p. 18) “não é a família que é nova, mas, sim o sentimento de família que surge nos séculos XVI e XVII, inseparável do sentimento de infância.” Segundo a autora, a vida familiar passa a ser mais privada e esta assume o papel que antes era destinado à comunidade. A autora também ressalta que esse sentimento de infância e de família representa um padrão burguês, que se transformou em universal.


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[...] a ideia de infância [...] aparece com a sociedade capitalista, urbanoindustrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da criança na comunidade. se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito de infância é pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade ( 2003, p. 19).

Nesta época também surgem as preocupações com a higiene e saúde da criança, diminuindo os índices de mortalidade infantil. Porém beneficiando apenas as crianças da burguesia, deixando de atender as do povo. Com o passar do tempo, entre os séculos XIX e XX, morosamente a educação passa a atender as novas demandas da sociedade e os principios da razão e torná-las adultos cristãos. Segundo Loureiro: (...) nesse período começa a existir uma preocupação em conhecer a mentalidade das crianças a fim de adaptar os métodos de educação a elas, facilitando o processo de aprendizagem. Surge uma ênfase na imagem da criança como um anjo, “testemunho da inocência batismal” e, por isso, próximo de Cristo (2005, p.36 ).

Nos dias de hoje, a concepção sobre a infância da criança é tida como um sujeito de direitos, situado historicamente e necessita ter as suas necessidades físicas, cognitivas, psicológicas, emocionais e sociais supridas, caracterizando um atendimento integral e integrado da criança, gerando

mudanças na Educação

Infantil que tem como foco um público de 0 a 6 anos, com atendimento mais específico, exigindo políticas públicas e metodologias que atendam suas necessidades educativas (LOUREIRO, 2005). Mediante o exposto vê-se a necessidade de buscar na bibliografia o papel da Educação Infantil.nos dias atuais.

O papel da Educação Infantil

Hoje, a Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, e as inúmeras discussões e estudos feitos sobre esta fase da educação e do desenvolvimento infantil apontam para a premissa de que os primeiros anos do


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desenvolvimento infantil é que embasarão a vida do adulto. É nessa fase que a criança começa a desenvolver suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas, estéticas e éticas, de relacionamento interpessoal e de inserção social. No Brasil com a criação da LDB (1998) a educação passa a fazer parte do cotidiano da criança e não mais tida como apenas o dever de cuidar e sim como um direito de aprender e permanecer na escola. Aprovado em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei n o. 8.069/90), trouxe muitos avanços em relação à qualidade e ao tipo de tratamento que deve ser dado à infância e à adolescência, assegurando que todas as crianças e adolescentes têm direitos e deveres, os quais devem ser cumpridos e respeitados por força de lei. Por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também fica estabelecida a política de atendimento para todas as crianças do Brasil, e não somente às crianças carentes ou infratoras. O Estatuto prevê a criação, em cada município do país, de um Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Infância e da Adolescência, com o objetivo de definir a política municipal de atendimento e fiscalizar as entidades que a executam. (BRASIL, 1990) Para viabilizar o cumprimento do ECA (1990) foram criados os Conselhos Tutelares, que são os órgãos responsáveis pelo atendimento dos casos em que ocorra a violação dos direitos da criança e do adolescente. O Conselho Tutelar tem o poder de aplicar medidas e requisitar serviços públicos, como falta de vagas em creches e escolas infantis, entre outros, para que o poder público cumpra seu dever. Ainda para fazer cumprir o que determina a lei, o Ministério Público, como entidade pública autônoma, pode ser acionado para defender o cidadão, o regime democrático e os interesses sociais. Ele faz a lei acontecer, a partir da figura do seu representante maior: o Promotor da Infância e da Juventude. Ele deve acompanhar todos os procedimentos que envolvam risco para a criança e o adolescente, por exemplo: destituição de o pátrio poder, tutela, adoções, etc. O Ministério Público também acompanha as orientações dadas pelos governos, para o encaminhamento de crianças em situação de risco, e avalia o atendimento oferecido tanto nessas questões como nos problemas relativos à área de educação. Desse modo, sua função é garantir todos esses direitos na sociedade,


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colaborando de maneira eficaz para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas instituições de Educação Infantil. Reafirmando essas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/96), estabelece de forma incisiva o vínculo entre o atendimento às crianças de zero a seis anos e a Educação. Aparecem, ao longo do texto, diversas referências específicas à Educação Infantil. É tratada na Seção II, do capítulo II (Da Educação Básica), nos seguintes termos:

Art. 29: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré – escolas para crianças de quatro a seis anos de idade. Art. 31 Na educação infantil a avaliação faz – se – á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. (BRASIL, 1996).

Acompanhando a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de assessorar as escolas, publicou em 1997 referenciais para um ensino de qualidade da educação básica, os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) não têm caráter obrigatório e servem de orientação às escolas públicas e particulares, assessorando a competência profissional, contribuindo para a elaboração de currículos de melhor nível, mais ajustados à realidade do ensino (BRASIL, 1997). Em 1998, o Ministério da Educação e Cultura publicou o documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil que propõem critérios curriculares para o aprendizado em creche e pré-escola, indicam as capacidades a serem desenvolvidas pelas crianças: de ordem física, cognitiva, ética, estética, afetiva, de relação interpessoal, de inserção social e fornecem os eixos de ação. Nesses diferentes eixos está especificado o conhecimento de si e do outro, o brincar, o movimento, a língua oral e escrita, a matemática, as artes visuais, a música e o conhecimento do mundo, ressaltando a construção da cidadania, entendendo a infância como um mundo de possibilidades, que devidamente


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amparado, é capaz de oferecer vivências que proporcionam a formação integral da criança numa sociedade que está em constante transformação. Segundo Piaget (1982), o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de percepções e informações (empirismo). Resulta das ações e interações do sujeito com o ambiente onde vive. Todo o conhecimento é uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, através de interações do sujeito com os objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou cultural. Para Barros(1997) é durante os primeiros anos de vida, que a criança constrói estruturas básicas de pensamento, iniciam-se os mecanismos de interação com o ambiente e com a sociedade e adquire-se a noção da própria identidade. Através do processo ensino-aprendizagem, a criança atribui um sentido à realidade que a cerca. A potencialidade de cada ser humano, quando canalizada através de aprendizagens significativas, permite conhecer, utilizar, interpretar e aperfeiçoar a realidade.

Portanto,

o

trabalho

do

educador

especializado

tem

de

ser

eminentemente ativo, objetivando estimular experiências e fazendo uso de recursos necessários para que aconteça o amadurecimento nos respectivos níveis educativos. Na educação infantil a criança começa a ter a sua primeira visão de mundo, suas primeiras descobertas, é lá que ela pegará o gosto do aprendizado, e se entenderá como parte integrante da sociedade. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) as novas funções para essa etapa de escolarização devem estar associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento que consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma. Portanto a instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação.


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Para alcançar as metas propostas por esses documentos citados acima os sistemas de educação buscaram novas concepções, métodos e teorias e técnicas, destacando a importância da ludicidade nesta fase da escolarização.

A Ludicidade na Educação Infantil

Sabe-se que os jogos e brincadeiras estão presentes no cotidiano de todos os povos desde a antiguidade. São ações que fazem bem a saúde física, mental, intelectual e emocional. Segundo Almeida, o lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”. Se fosse definido de fato a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo. 1 O lúdico possibilita às crianças aprenderem relacionar-se com outros, promove maior desenvolvimento cognitivo, motor, social e afetivo (PIAGET, 1997). Através da brincadeira a mesma experimenta, descobre, inventa, adquirem habilidades, além de estimular a criatividade, autoconfiança, curiosidade, autonomia, desenvolve a linguagem oral e a do pensamento, a concentração, além de gerar a construção de novos conhecimentos. A vida corrida da atualidade, a falta de espaços nas moradias e o perigo das ruas, os vídeo games, computadores e outros brinquedos eletrônicos tornam as brincadeiras das crianças mais limitadas, dificultando o desenvolvimento da criatividade e da imaginação da criança. O jogo é uma das etapas mais importante das atividades da infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o

1

ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível em: http://www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso em 15 de

out. de 2014.


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mundo. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como elementos bastantes enriquecedores para promover a aprendizagem. De acordo com Campos é através dos jogos e brincadeiras, que o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. Os professores precisam estar cientes de que a brincadeira é necessária e que traz enormes benefícios. 2 Segundo Piaget (1998) o brincar, implica uma dimensão evolutiva com as crianças

de

diferentes

idades,

apresentando

características

específicas,

apresentando formas diferenciadas de brincar. Para Rousseau (1968), as crianças têm maneira de ver, sentir e pensar que lhe são próprias e só aprendem através da conquista ativa, ou seja, quando elas participam de um processo que corresponde à sua alegria natural. No Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Brasil, 1998), nota-se grande preocupação em sensibilizar os educadores para a importância do brincar tanto em situações formais quanto informais. Eles definem a brincadeira como a linguagem infantil que vincula o simbólico a realidade imediata da criança. Em relação às práticas pedagógicas apresenta que: [...]. A capacidade de se conduzir e tomar decisões, por si próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas. Conceber uma educação em direção à autonomia significa considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em questões situadas no plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano das ideias e dos valores (BRASIL, 1998, p.14).

Para Vygotsky (1991):

2

CAMPOS,

Maria

Célia

Rabello

Malta.

A

importância

do

jogo

no

processo

http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=39. Acesso em 19 out. 2014.

de

aprendizagem.

Disponível

em:


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O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar, relacionando seus desejos a um "eu" fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tomar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (p.114).

Luckesi (2007) alerta, no entanto, para o fato de que a ludicidade não deve ser confundida com divertimento. Em sua visão, a atividade lúdica é um “fazer” humano mais amplo, que se relaciona não apenas à presença das brincadeiras ou jogos, mas também a uma atitude verdadeira do sujeito envolvido na ação. Nos primeiros anos de vida, a criança ao brincar “desenvolve a inteligência, aprendendo progressivamente” a representar simbolicamente sua realidade. Deixa em parte o egocentrismo que a impede de ver o outro diferente dela, aprende a conviver de forma dinâmica, criativa e prazerosa.3 De acordo com Ronca (1989): O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora sequencias lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência (1998, p.27). (...) O lúdico torna-se válido para todas as séries, porque é comum pensar na brincadeira, no jogo e na fantasia, como atividades relacionadas apenas infância. Na realidade, embora predominante neste período, não se restringe somente ao mundo infantil (p.99).

Mediante o exposto é possível verificar que o lúdico está relacionado a tudo o que possa nos dar alegria e prazer, desenvolvendo a criatividade, a imaginação e a curiosidade, desempenhando um papel fundamental na aprendizagem e no processo de socialização das crianças, desafiando- as a buscar solução para problemas com renovada motivação. Pesquisa de campo Metodologia

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VALDIRLENE de Jesus Lopes Fernandes. Disponivel em http://www.eduvalesl.edu.br/site/edicao/edicao-104.pdf. Acesso em 19 out. 2014.


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O presente artigo foi divido em duas etapas: na primeira utilizou-se da revisão bibliográfica que se deu por meio de consulta a autores que já possuem uma discussão neste campo bem como a registros documentais, artigos científicos entre outros. Na segunda realizou-se a pesquisa de campo por meio de um questionário do tipo qualitativo. Os questionários foram aplicados a três professores atuantes da rede particular de ensino de forma aleatória.

Objetivo:

Verificar qual a concepção dos professores atuantes na Educação Infantil a respeito da maneira pela qual as atividades lúdicas desenvolvidas podem contribuir para uma aprendizagem significativa.

Análise da pesquisa de Campo

A pesquisa de Campo foi aplicada por meio de questionário e foram entregues às professoras individualmente, onde cada uma assinou o termo de responsabilidade e respondeu a pesquisa de acordo com seus conhecimentos e vivência sobre a ludicidade como forma de aprendizagem. No início do questionário foram elaboradas questões para identificar o perfil dos professores participantes da pesquisa, sua formação e há quanto tempo atuam na educação infantil. Na segunda parte foram analisadas as respostas dadas pelos professores no qual afirmam que o lúdico influencia de fato na aprendizagem da Educação Infantil. Sem o lúdico é difícil prender a atenção das crianças e levá-las ao mundo de conhecimentos. Defendem que a prática do lúdico como atividade pedagógica realmente é eficaz e proporciona grandes progressos, pois as crianças são motivadas e atraídas a aprender. A análise dos dados não teve a preocupação em quantificar dados e muito menos a pretensão de criar generalizações, o que não significa que os resultados não possam ser aplicados a outras realidades. É importante mencionar que


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retratamos a realidade em suas múltiplas dimensões, buscando sempre considerar o máximo de fatores possíveis. A pesquisa realizou-se em uma Instituição de Educação Infantil, da rede privada, localizada, na Zona Sul, da cidade de São Paulo, que atua há quarenta e quatro anos e atende crianças de um ano a cinco anos de idade. Durante muitos anos esta escola trabalhou com enfoque tradicional e a partir de 2011 passou a observar e seguir as orientações do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) passando o trabalho pedagógico com enfoque em projetos que partem de atividades lúdicas, pois segundo a Coordenadora Pedagógica da Escola “O desenvolvimento da criança é influenciado pelo brinquedo. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, dependendo das motivações e tendências internas, sendo o aspecto principal da consciência a união da motivação e percepção, em que a percepção é um aspecto, integrado de uma reação motora”. Assim, refletindo a bibliografia pesquisada e analisando a coleta de dados, a pesquisa de campo mostrou que estas crianças apresentam mudanças e avanços cognitivos, sociais e psicológicos nos trabalhos desenvolvidos neste ano sob o enfoque do lúdico.

Apresentação e discussão de dados:

Os dados foram coletados por meio de questionário, conforme abaixo:

Tabela 01. Dados Sujeitos da Pesquisa. Sujeitos Idade Formação Tempo de atuação Atuação na Ed. Infantil A 35 Pedagogia 20 anos 9 anos B 49 Pedagogia 13 anos 13 anos C 28 Pedagogia 6 anos 5 anos Fonte: Autoria Própria

O questionário abaixo foi elaborado e aplicado à cinco professoras da rede particular de ensino, onde escolhemos somente três. Todas têm experiência e formação acadêmica em Pedagogia e Pós em Educação Infantil. As questões


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foram analisadas e interpretadas uma a uma e os nomes originais das entrevistadas foram preservados a fim de garantir o anonimato.

1- Em sua opinião o que é Ludicidade? Esta questão foi elaborada com o intuito de saber se os professores de fato tem conhecimento do que é ludicidade. Observou-se que todas as professoras possuem conhecimento prévio sobre ludicidade, mas com pontos de vista diferentes. Para a professora A, ludicidade não se restringe a simples jogos e a brincadeiras é preciso que esses momentos proporcionem prazer e interação dos envolvidos para que haja a construção do conhecimento. Para a professora B e C a ludicidade é transformar o aprendizado em brincadeira trabalhando a individualidade de cada criança. Percebe-se que as professoras embora trabalhem a ludicidade de formas diferentes o foco está no aprendizado da criança.

2- Para você, qual a importância do lúdico para o processo ensino aprendizagem? Esta questão tem como foco definir a importância que o lúdico tem no processo de ensino e aprendizagem. Para as professoras A, B e C o lúdico enriquece e auxilia o pedagógico na apresentação dos conteúdos, levando a criança a ter satisfação em aprender, auxiliando também no amadurecimento do cognitivo. Observamos que para todas as professoras o lúdico é uma ferramenta de extrema importância para o desenvolvimento pleno da criança como um todo.

3-

A gestão dessa

escola incentiva

a

ludicidade como forma

de

aprendizagem? De que forma? Esta questão tem por finalidade saber se a gestão escolar incentiva à utilização do lúdico como forma de aprendizagem e de que forma é realizada. As educadoras A, B e C questionadas sabem da importância de trabalhar o lúdico assim como a gestão escolar, embora essa não forneça os recursos necessários para que os docentes façam de forma satisfatória.


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Concluímos que mesmo com poucos recursos as educadoras aplicam atividades lúdicas em suas aulas e gostam de utilizar o lúdico para proporcionar aulas diferentes e divertidas ,com foco no aprendizado da criança.

4- Em quais contextos você utiliza o lúdico? Esta questão tem por objetivo saber quais os contextos que o lúdico é utilizado pensando na aprendizagem. As docentes A, B e C entrevistadas afirmam utilizar o lúdico em suas aulas, para a apresentação de novos conteúdos e atividades interdisciplinares. Possibilitando assim uma aprendizagem significativa, por meio de jogos, brincadeiras, brinquedos e espaços lúdicos. Notamos que as educadoras concordam em unaminidade que trabalhar com o lúdico em diferentes contextos é fundamental para uma aprendizagem com significado e qualidade.

5- Seu olhar sobre o lúdico tem foco na aprendizagem ou apenas no brincar por brincar? Esta questão tem como fundamento saber se o docente tem o lúdico como foco de aprendizagem ou apenas no brincar. Para as professoras A e B o lúdico tem seu objetivo somente no aprendizado como forma de auxiliar o desenvolvimento da parte pedagógica da criança. Contudo a professora C, frisa que o lúdico tem que ter momentos livres onde a criança brinque à vontade sem que tenha um objetivo de aprendizado relacionado à brincadeira. Concluímos que, em sua grande maioria, o lúdico é utilizado da forma de aprendizagem e algumas vezes no brincar por brincar. Despertando assim o interesse da criança em relação aos conteúdos escolares, contribuindo para seu desenvolvimento pleno. Nesta etapa da pesquisa ficou claro que o educador deva ter maior conhecimento e consciência de seu trabalho, levando em conta os detalhes concernentes ao processo. Consciente de seu papel no processo, o educador pode realizar um trabalho através de ações pedagógicas com enfoque na ludicidade


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dentro das diversas áreas do conhecimento, em forma de propostas de jogos, sequências didáticas e projetos que permitam à criança pensar e dialogar com seu cotidiano e com o mundo.

CONSIDERAÇÕES

Embora com o passar dos anos tenha diminuído o espaço físico e o tempo destinado ao jogo, provocado pelo aparecimento de brinquedos cada vez mais sofisticados e pela influência da tecnologia, o lúdico através dos jogos e brincadeiras ainda está presente no cotidiano dos seres humanos, principalmente das crianças, desempenhando um papel importante na aprendizagem. Por isso deve ser lembrado no planejamento da rotina escolar De acordo com os autores estudados e a pesquisa de campo pode se constatar que a aplicação de atividades lúdicas como metodologia é capaz de gerar aprendizagens e vem ganhando cada vez mais adeptos no meio educacional. A pesquisa revelou que quando há intenção pedagógica sobre o lúdico o professor da educação infantil tem uma importante função a exercer organizando a sala de aula de maneira apropriada, planejando suas atividades de acordo com a idade e interesses das crianças de modo a produzir um efeito positivo na aprendizagem, proporcionando possibilidades e ocasiões para que as crianças brinquem e, ao mesmo tempo, aprendam dentro de uma situação planejada e equilibrada. Nossa pesquisa de campo defende que o lúdico na vida da criança se faz fundamental, pois quando ela brinca explora e manuseia tudo o que está à sua volta. Por meio do embasamento teórico utilizado e da pesquisa de campo pode-se constatar que a ludicidade é uma ferramenta de trabalho muito proveitosa para o educador, pois através dela o professor pode introduzir os conteúdos de forma diferenciada e bastante ativa, tornando as aulas prazerosas e significativas. Sabe se que a aprendizagem só acontece pela transformação e pelo processo de busca do conhecimento que parte da criança. Partindo da hipótese de que a rotina escolar elaborada sempre focando o lúdico apresenta-se de forma diferenciada e que as relações construídas entre os agentes escolares também se


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dão de outras formas, através das entrevistas realizadas com as professoras, pode se verificar que o papel do professor durante o processo didático-pedagógico é provocar participação coletiva e desafiar a criança a buscar soluções. Para que ocorra a aprendizagem se faz necessário que haja vontade de aprender, e estimulo por parte da criança. Para que isso aconteça utilizamos o jogo para despertar na criança um espírito de companheirismo, cooperação e autonomia. Por meio do jogo a criança interage de forma coletiva, apresenta seu ponto de vista, discorda, apresenta suas soluções, e é motivada a ter pensamento crítico e participativo apresentando maior desembaraço na elaboração do próprio aprendizado, mostrando mais interesse e prazer ao universo do conhecimento, pois, os desafios propostos em sala de aula e a contextualização dos conteúdos através das brincadeiras e da realidade vivida no cotidiano estimulam a criança a batalhar por sua própria aprendizagem, e isso é importante, porque rompe com a questão da criança ouvinte e receptora de informações pelo qual está presente na educação tradicional. Segundo os autores estudados foi possível constatar que o jogo tem sido utilizado como um instrumento técnico no processo de diagnóstico e de intervenção no meio educacional por permitir e reconhecer a realidade da criança, favorecendo a construção do raciocínio, avaliar e desenvolver conhecimentos diversos. Pensando neste contexto é que as atividades lúdicas ganham espaço como ferramenta capaz de gerar aprendizagens. Hoje, a maioria dos educadores concorda e compreende que o lúdico é o vínculo que une a vontade e o prazer da criança durante o processo de ensino aprendizagem. As atividades lúdicas desenvolvidas na pré-escola contribuem para uma aprendizagem significativa, uma vez que desenvolve os sentidos, levam ao domínio de habilidades, despertam a imaginação, estimulam a cooperação e a compreensão sobre regras e limites. Contudo, como em qualquer outra atividade, os educadores sabem da importância de se planejar e avaliar também as atividades lúdicas. Essa

concepção

ressalta

o

valor

da

perspectiva

construtiva

da

aprendizagem e redefine o papel do professor, este por sua vez não é mais o


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detentor do conhecimento e sim um mediador que leva a criança a tomar consciência das necessidades postas pelo social na construção dos seus conhecimentos com base no que já sabe, enfim o papel do novo professor é de usar a perspectiva de como se dá a aprendizagem, para utiliza lá como ferramenta ideal à aplicação dos conteúdos escolares. Acreditamos que a divulgação de mais artigos, relatos de casos e experiências vividas nas escolas de educação infantil, que consideram o lúdico como parceiro e o utilizam amplamente para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, seria de grande valor para professores iniciantes.

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Ministério

de

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Secretaria

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