FACULDADE MÉTODO DE SÃO PAULO- FAMESP MBA GESTÃO EM SAÚDE E CONTROLE DE INFECÇÃO
LUCÉLIA RABELO SILVA
REVISÃO INTEGRATIVA DAS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA HIGIENE ORAL PARA PACIENTES COM DÉFICIT DE AUTOCUIDADO
RIO DE JANEIRO 2013
LUCÉLIA RABELO SILVA
REVISÃO INTEGRATIVA DAS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA HIGIENE ORAL PARA PACIENTES COM DÉFICIT DE AUTOCUIDADO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Método de São Paulo- FAMESP, como parte dos requisitos parciais para conclusão do curso MBA Gestão em Saúde e Controle de Infecção.
Orientadora: Profª Ms Andréia Jorge Costa
RIO DE JANEIRO 2013
Silva, Lucélia Rabelo S581r
Revisão integrativa das intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado [manuscrito] Lucélia Rabelo Silva 30f.,enc. Orientador: Andréia Jorge Costa Monografia: Faculdade Método de São Paulo Bibliografia: f. 26 - 28 1.
Enfermagem 2. Higiene bucal 3. Autocuidado I. Título CDU: (043.2)
Dedicatória
Dedico esse árduo trabalho a uma pessoa incrível, inteligente, esforçada e persistente: a MIM mesma. Afinal, depois de tudo que passei eu mereço.
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas na vida, principalmente por ter conhecido pessoas e lugares interessantes, mas também por ter vivido fases difíceis, que foram matérias-primas de aprendizado. Não posso deixar de agradecer em especial minha irmã que sempre me deu forças e me ajudou nas horas mais difíceis e aos meus pais, sem os quais não estaria aqui, e por terem me fornecido condições para me tonar a profissional que sou.
"Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la." (Cícero)
RESUMO
SILVA, L. R. Revisão integrativa das intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado. 31f. Trabalho de Conclusão de Curso – MBA Gestão em Saúde e Controle de Infecção/Faculdade Método de São Paulo–FAMESP, Rio de JaneiroRJ, 2013.
A higiene oral ajuda a manter o estado saudável da boca, dentes, gengivas e lábios. Portanto, o cuidado oral deficiente, juntamente com a condição física geral do cliente afeta diretamente na sua recuperação. A higiene oral é de responsabilidade da equipe de enfermagem, sendo assim profissionais comprometidos com a qualidade na assistência que anseiam em promover um atendimento integral. Este trabalho teve como objeto de estudo as intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado. Os objetivos do estudo foram identificar as contribuições disponíveis na literatura sobre as intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado e analisar a relação do tema estudado com as ações de enfermagem. A metodologia utilizada para o estudo foi a pesquisa bibliográfica do tipo revisão integrativa. A revisão foi desenvolvida em cinco etapas: seleção das questões temáticas, estabelecimento dos critérios para a seleção da amostra, representação das características da pesquisa original, análise dos dados, interpretação dos resultados e apresentação da revisão; e os artigos foram obtidos através de base de dados da BIREME acessando a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Os resultados apontaram para a importância da assistência de enfermagem aos pacientes com déficit de autocuidado, principalmente no que diz respeito à higiene oral. Constatou-se que apesar de grande parte dos profissionais possuírem informação para a aplicação de protocolos sobre higiene oral ainda há uma escassez considerável sobre o conhecimento e conscientização da atuação da enfermagem. A partir dos resultados encontrados vale afirmar a necessidade de elaboração de protocolos e de um serviço de Educação Permanente em enfermagem nos serviços de saúde, a fim de proporcionar qualidade das ações e cuidados de enfermagem.
Palavras-chaves: enfermagem; higiene bucal e autocuidado.
ABSTRACT
SILVA, L. R. Integrative review of nursing interventions to patients in oral hygiene self-care deficit. 31f. Working End of Course - MBA Health Management and Infection Control / Faculty Method-FAMESP S達o Paulo, Rio de Janeiro, RJ, 2013.
Oral hygiene helps maintain the healthy state of the mouth, teeth, gums and lips. Therefore, poor oral care along with the client's general physical condition directly affects his recovery. Oral hygiene is the responsibility of the nursing staff, so professionals committed to the quality of care they crave in promoting holistic treatment. This work was the subject of study in the nursing interventions for patients with oral hygiene self-care deficit. The study objectives were to identify the contributions from the literature on nursing interventions for patients on oral hygiene self-care deficit and analyze the relationship of the subject studied with nursing actions. The methodology used for the study was the literature of the type integrative review. The review was done in five steps: selection of thematic issues, establishment of criteria for the selection of the sample, representing the characteristics of the original research, data analysis, interpretation and presentation of the results of the review, and the articles were obtained through base BIREME accessing data from the Virtual Health Library (VHL). The results point to the importance of nursing care to patients with self-care deficit, especially with regard to oral hygiene. It was found that although most of the professionals possess information on implementing protocols on oral hygiene there is still a considerable lack of knowledge and awareness of nursing activities. From the results worth stating the need to develop protocols and a service of Continuing Education in Nursing in health services, in order to provide quality nursing care and actions.
Keywords: nursing, dental hygiene and self-care.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------- 09 2- REVISÃO DE LITERATURA ------------------------------------------------------ 11 2.1-Higiene Oral ------------------------------------------------------------------------- 11 2.2-Sistema de Classificação de Pacientes ------------------------------------------- 12 2.3-Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem -------------------------------------- 14 2.4-A Teoria de Déficit de Autocuidado ---------------------------------------------- 15 3- METODOLOGIA ---------------------------------------------------------------------- 16 3.1-Identificação do tema: questões norteadoras ------------------------------------ 16 3.2-Busca na literatura: seleção da amostra ------------------------------------------ 17 3.3-Categorização dos estudos: avaliação dos dados ------------------------------- 17 3.4-Avaliação dos estudos incluídos na Revisão Integrativa: análise e interpretação dos dados ------------------------------------------------- 17 3.5-Interpretação dos resultados e apresentação da revisão ------------------------- 18 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO ------------------------------------------------------ 22 4.1-Práticas de enfermagem na promoção da saúde bucal em pacientes com déficit de autocuidado --------------------------------------------- 22 4.2- Conhecimento, percepção e realização dos cuidados em saúde bucal prestados a pacientes internados ------------------------------------ 24 5- CONSIDERAÇÃOS FINAIS ----------------------------------------------------------- 25 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------ 26 7- ANEXOS ANEXO 1- Instrumento de classificação de pacientes de Fugulin et al., modificado conforme sugestão das enfermeiras do HU-USP. São Paulo, 2002 ------------------------------------------------------------- 29 8- APÊNDICE APÊNDICE I- Instrumento para coleta de dados dos artigos da revisão integrativa da literatura -------------------------------------------------------- 30
1- INTRODUÇÃO:
Durante as práticas assistenciais vivenciadas no decorrer do treinamento em serviço, e até mesmo durante o período da graduação e dos estágios realizados percebi a importância da assistência de enfermagem na higiene oral em pacientes com déficit de autocuidado. Observei grande parte dos profissionais negligenciando as ações voltadas para a higiene oral de pacientes internados ou até mesmo o desconhecimento sobre as práticas e principais danos que a sua falta pode causar. Através dessas experiências surgiu a necessidade de ampliar o conhecimento e a discussão sobre as práticas de enfermagem frente à higiene oral. É importante que haja a reflexão dos profissionais de saúde sobre a necessidade constante em estabelecer metas e planos assistenciais voltados para pacientes que dependem de cuidados assistenciais. A higiene oral é de responsabilidade da equipe de enfermagem, sendo assim, são profissionais comprometidos com a qualidade na assistência e que buscam promover um atendimento integral, minimizando os riscos de complicações e o tempo de hospitalização dos pacientes. Para Brito, Leal e Vargas (2007) as complicações decorrentes da falta ou inadequação do procedimento de higiene oral podem aumentar o tempo de permanência hospitalar em 6,8 a 30 dias. Segundo Almeida et al (2006) há vários anos encontra-se na literatura suspeita da associação entre algumas patologias sistêmicas e cavidade oral. Egípcios, hebraicos, gregos e romanos já relacionavam a saúde da boca com o bem-estar geral dos indivíduos. A higiene oral ajuda a manter o estado saudável da boca, dentes, gengivas e lábios. Portanto, o cuidado oral deficiente, juntamente com a condição física geral do cliente afeta diretamente na sua recuperação. O paciente internado geralmente apresenta higiene oral insatisfatória, podendo a região orofaríngea ser colonizada por microrganismos patogênicos, especialmente por patógenos respiratórios. É necessária a aquisição e manutenção da saúde oral, visando o tratamento global dos pacientes, a prevenção de doenças e maior humanização dos pacientes internados. A atuação interdisciplinar no atendimento a estes indivíduos é definida visando à obtenção de uma melhor qualidade de vida prevenindo ou minimizando patologias orais presentes. A realização da higiene oral é de muita importância para a condição sistêmica de saúde de pacientes hospitalizados, pela relação que existe entre infecções bucais e doenças
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sistêmicas. Por isso, há necessidade de melhores orientações sobre cuidados específicos, e implementação de protocolos de avaliação de saúde bucal. Diante do exposto torna-se fundamental que a equipe de enfermagem promova atenção especial no que diz respeito à higiene oral, de forma técnico- científica e humanizada, através de educação permanente e socialização das informações. Sendo assim, o presente trabalho teve por objeto as intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado. As questões norteadoras da pesquisa foram: Quais as intervenções de enfermagem adotadas para a realização da higiene oral em pacientes com déficit de autocuidado disponíveis nos periódicos científicos? As intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado disponíveis nos periódicos científicos estão contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento da assistência de enfermagem? Os objetivos do trabalho foram identificar as contribuições disponíveis na literatura sobre intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado e analisar a relação do tema estudado com as intervenções de enfermagem através de uma revisão integrativa. É notória a escassez desse assunto, porém observa-se a relevância do tema quando pensa/reflete a respeito da assistência ao paciente para melhor à qualidade de vida. O desenvolvimento desse trabalho possibilitou uma importante reflexão sobre a importância da contribuição para a integralidade da assistência a estes pacientes, contribui para a mudança das práticas institucionais e pessoais, promove uma sistematização do cuidado para os profissionais de enfermagem, propôs medidas preventivas contribuindo para a redução de morbidades e complicações relacionadas à falta de higiene oral, além de identificar as falhas de conhecimento na área, propondo novas investigações. A união de todas essas contribuições permite nada mais que qualidade de vida e bem-estar para todos os envolvidos.
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2- REVISÃO DE LITERATURA:
2.1- Higiene Oral
Definição: Consiste na limpeza dos dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios. Com a finalidade de: promover conforto ao paciente, evitar halitose, prevenir cárie dentária, conservar a boca livre de resíduos alimentares (POTTER et al, 2002). A rotina diária das pessoas torna-se alterada com o processo de internação hospitalar, pois nesse ambiente estes indivíduos sofrem a mudança de hábitos rotineiros como alimentação, higiene, repouso, entre outras. Com isso, os profissionais de saúde possuem desafios de garantir o cuidado diariamente desses pacientes que possuem o autocuidado prejudicado. Diante dos cuidados prestados pelos profissionais destaca-se a responsabilidade de manter a saúde bucal através de hábitos adequados de higiene durante todo o período de internação, visando à atenção integral. Consequentemente, os hábitos de higiene bucal podem ser afetados, prejudicando a saúde geral do organismo, pois se considera que essas práticas desempenham importante papel na prevenção das doenças bucais. Com isso, Graner et al (2005) destaca que: De todos os sítios do corpo humano a cavidade bucal é aquela que apresenta os maiores níveis e diversidade de microrganismos. As características anátomo-fisiológicas da boca são responsáveis por esta diversidade, uma vez que a boca apresenta diferentes tipos de tecidos e estruturas que variam quanto à tensão de oxigênio, disponibilidade de nutrientes, temperatura e exposição aos fatores imunológicos do hospedeiro. O dorso da língua funciona como um reservatório de diversos microrganismos, os quais vão posteriormente ocupar outros nichos nas superfícies dentárias supra e subgengivais. Muitos microrganismos Gram-negativos e Gram-positivos encontrados em altas proporções no dorso da língua podem ser patogênicos ao colonizar a placa dental supra e subgengival.
A avaliação oral meticulosa e as intervenções individualizadas são necessárias para os clientes que são incapazes de atingir a saúde oral.
O sucesso das medidas de higiene oral é determinado pelo volume de saliva, placa dentária e flora oral. As medidas deficitárias de higiene oral resultam em volume de saliva diminuído, placa dentária aumentada e flora oral alterada. A saliva é um componente essencial dos mecanismos da defesa
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imune oral. A produção reduzida de saliva resulta em ressecamento da boca e, de modo mais importante, promove a placa dentária. As alterações da flora microbiana oral aumentam o risco do cliente para o cuidado de saúde de infecções associadas, por causa da colonização de patógenos na orofaringe (MUNRO,2006).
A importância da higiene oral para o bem-estar, a prevenção de doenças sistêmicas e a melhor recuperação do paciente hospitalizado não é algo bem difundido no Brasil. Higiene oral em unidade hospitalar é considerada um procedimento básico, indispensável de enfermagem cujo objetivo é manter a cavidade do pacientes saudável. Tais procedimentos são necessários para: obter e manter limpeza; prevenir infecções / estomatites; manter a mucosa oral úmida; promover conforto ao paciente (BERRY, 2006). Segundo Teng et al (2002) a cavidade oral, no que diz respeito às doenças periodontais e a certas desordens sistêmicas, tem um importante papel em infecções adquiridas em hospitais e enfermarias, especialmente infecções do trato respiratório. Ela representa o primeiro portal de entrada para microrganismos patogênicos que causam infecções sistêmicas, sendo a pneumonia uma delas. Estudos como estes demonstram a necessidade de maiores cuidados por parte da equipe que assiste o doente, com medidas de intervenções clínicas e ambientais que beneficiam os pacientes no período da hospitalização. A saúde bucal é parte integrante dessas medidas e inseparável da saúde geral do indivíduo, e por isso deve ser considerada como um fator importante na recuperação dos pacientes hospitalizados.
2.2- Sistema de Classificação de Pacientes (SCP)
O Sistema de Classificação de Pacientes (SCP) é definido como um sistema que permite a identificação e classificação de pacientes em grupos de cuidados, ou categorias, e a quantificação dessas categorias como medida dos esforços de enfermagem requeridos (GIOVANNETTI,1979). O SCP pode ser entendido, ainda, como uma forma de determinar o grau de dependência de um paciente em relação à equipe de enfermagem, objetivando estabelecer o tempo despendido no cuidado direto e indireto, bem como o qualitativo de pessoal, para atender às necessidades biopsicossociais e espirituais do paciente (GAIDZINSKI,1994).
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Segundo Willians (1992) o SCP é um sistema de identificação e contribuição para o cuidado individualizado de enfermagem para grupos de pacientes com necessidades específicas, assegurando maior efetividade e produtividade do pessoal de enfermagem. Considerado como instrumento essencial na prática gerencial de enfermagem, o SCP proporciona, ainda, informações para o processo de tomada de decisão quanto à alocação de recursos humanos, à monitorização da produtividade e aos custos da assistência de enfermagem, bem como para a organização dos serviços e planejamento da assistência de enfermagem (RODRIGUES, 1992). O conhecimento do perfil assistencial dos pacientes é outro fator que pode subsidiar o planejamento e a implementação de programas assistenciais que melhor atendam às necessidades dessa clientela, auxiliando na distribuição diária e na capacitação dos recursos humanos de enfermagem para o atendimento de cada grupo de pacientes. Segundo Fugulin (1994, pag. 63) para caracterizar os pacientes assistidos os pontos da classificação foram distribuídos em categorias, correspondentes aos tipos de cuidados: “1 - CUIDADOS INTENSIVOS: pacientes graves e recuperáveis, com risco iminente de vida, sujeitos à instabilidade de funções vitais, que requeiram assistência de enfermagem e médica permanente e especializada; 2 - CUIDADOS SEMI-INTENSIVOS: pacientes recuperáveis, sem risco iminente de vida, sujeitos à instabilidade de funções vitais que requeiram assistência de enfermagem e médica permanente e especializada; 3 - ALTA DEPENDÊNCIA: pacientes crônicos que requeiram avaliações médicas e de enfermagem, estável sob o ponto de vista clínico, porém, com total dependência das ações de enfermagem quanto ao atendimento das necessidades humanas básicas; 4 - CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS: pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico e de enfermagem que requeiram avaliações médicas e de enfermagem, com parcial dependência de enfermagem para o atendimento das necessidades humanas básicas; 5 – CUIDADO MÍNIMO: pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico e de enfermagem que requeiram avaliações médicas e de enfermagem, mas fisicamente autosuficientes quanto ao atendimento das necessidades humanas básicas”. O instrumento de classificação de pacientes desenvolvido por Fugulin et al e modificado conforme sugestão das enfermeiras do HU-USP ficou representado como demonstrado no Anexo 1.
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2.3- Teoria do autocuidado de Dorothea Orem
Para OREM (1980), o autocuidado é a prática de atividades que o indivíduo inicia e executa em seu próprio benefício, na manutenção da vida, da saúde e do bem estar. Tem como propósito, as ações, que, seguindo um modelo, contribui de maneira específica, na integridade, nas funções e no desenvolvimento humano. Esses propósitos são expressos através de ações denominadas requisitos de autocuidado. Com o objetivo de manter a saúde e um completo bem-estar do corpo, mente e espírito Orem apresenta três requisitos (ou exigências) para o autocuidado: universais, de desenvolvimento e de desvio da saúde. Universais – relacionados com os processos essenciais à saúde e à vitalidade, tendo em vista a manutenção do bem-estar e saúde, tais como a necessidade de oxigénio, alimentação, hidratação, eliminação, repouso e interação social, comuns a todos os seres humanos nas diversas fases do ciclo vital e de vida cotidiana. De desenvolvimento – são aquelas que se encontram ligadas às modificações nas diferentes fases da vida e adaptações sociais. Ajuda o indivíduo a viver, a amadurecer, a prevenir doenças ou suas complicações e a adaptar-se a novos papéis sociais. De desvio da saúde – é exigido em circunstâncias que se desviam do “normal”, como em caso de lesões ou doenças. Diniz (2006) refere que “aparecem como medidas terapêuticas necessárias para o diagnóstico e tratamento dos indivíduos com problemas de saúde ou com incapacidades físicas e psíquicas, que afetam o corpo como um todo”. Dessa forma, POLIT & HUNGLER (1995), afirmam que a capacidade que o indivíduo tem para cuidar de si mesmo, é chamada de intervenção de autocuidado, e a capacidade de cuidar dos outros é chamada de intervenção de cuidados dependentes. Sendo assim, no modelo de Orem, a meta é ajudar as pessoas a satisfazerem suas próprias exigências terapêuticas de autocuidado.
2.4- A teoria de déficit de autocuidado
A Teoria do Déficit de Autocuidado é considerada por Orem como o núcleo da teoria geral de Enfermagem. Foster e Janssens (1993) citados por Torres (1999) referem que a Enfermagem passa a ser uma exigência a partir das necessidades de um adulto, quando o 14
mesmo se acha incapacitado ou limitado para o seu autocuidado contínuo e eficaz e que os cuidados de Enfermagem podem ser prestados quando
[...] as habilidades para cuidar sejam menores do que as exigidas para satisfazer uma exigência conhecida de autocuidado [...] ou habilidades de autocuidados ou de cuidados dependentes excedam ou igualem às exigidas para satisfazer a demanda atual de autocuidado, embora uma relação futura de deficiência possa ser prevista devido as diminuições previsíveis de habilidades de cuidado” (Foster e Janssens, 1993,citados por Torres, 1999).
Orem identificou cinco métodos de ajuda, segundo os autores anteriormente citados: 1) agir ou fazer para o outro; 2) guiar o outro; 3) apoiar o outro (física ou psicologicamente); 4) proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a tornar-se capaz de satisfazer demandas futuras ou atuais de ação; e 5) ensinar o outro. O enfermeiro pode ajudar o indivíduo, utilizando-se de qualquer um ou de todos os métodos supracitados a orientá-lo em seu autocuidado garantindo uma continuidade de seu cuidado após a alta hospitalar.
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3- METODOLOGIA:
Este estudo constituiu-se por uma pesquisa bibliográfica desenvolvida através do método da revisão integrativa. Almeida (1992) define revisão bibliográfica como levantamento, seleção e fichamento de documentos, tendo por objetivos acompanhar a evolução de um assunto, atualizar conhecimentos e conhecer as contribuições teóricas culturais e científicas que tenham sido publicadas sobre o tema. Uma revisão integrativa é um método específico, que resume o passado da literatura empírica ou teórica, para fornecer uma compreensão mais abrangente de um fenômeno particular (BROOME, 2006). Ela objetiva traçar uma análise sobre o conhecimento já construído em pesquisas anteriores sobre um determinado tema e também possibilita a síntese de vários estudos já publicados, permitindo a geração de novos conhecimentos, pautados nos resultados apresentados pelas pesquisas anteriores (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; BENEFIELD, 2003; POLIT; BECK, 2006). Este método foi desenvolvido de acordo com os propósitos da Prática Baseada em Evidências (PBE), que é uma abordagem de solução de problema para a tomada de decisão que incorpora a busca da melhor e mais recente evidência, competência clínica do profissional e os valores e preferências do paciente dentro do contexto do cuidado (MELNYK, 2003). Para a elaboração dessa revisão utilizei as seguintes etapas que serão descritas posteriormente: seleção das questões temáticas, estabelecimento dos critérios para a seleção da amostra, representação das características da pesquisa original, análise dos dados, interpretação dos resultados e apresentação da revisão.
3.1- Identificação do tema
Foi definida primeiramente a higiene oral como tema para a realização desse trabalho, ressaltando a importância que ela exerce na prática assistencial de enfermagem. Após essa abordagem que envolve a definição do problema, foi realizada uma busca e avaliação crítica das evidências científicas disponíveis e posteriormente avaliado os resultados. Porém, para a elaboração da revisão ainda foram abordadas as seguintes questões norteadoras: Quais as intervenções de enfermagem adotadas para a realização da higiene oral em pacientes com déficit de autocuidado? As intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com
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déficit de autocuidado disponíveis nos periódicos científicos estão contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento da assistência de enfermagem? Essas perguntas serviram de subsídios para nortear a pesquisa bibliográfica.
3.2- Busca na literatura: seleção da amostra
A coleta para a elaboração da pesquisa foi realizada em julho de 2012 e foi utilizada como base de dados a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), com acesso através da Bireme. A busca foi orientada pelas palavras-chaves “enfermagem”, “higiene bucal” e “autocuidado” em “todos os índices” e “todas as fontes”, buscando com isso o maior número de artigos que contemplassem o tema de interesse. Os artigos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: artigos disponíveis em idioma português, publicados no período de cinco anos com o intervalo entre 2005 a 2010. Como critério de exclusão optou-se por não utilizar textos incompletos, publicados em outro idioma que não o português. Primeiramente realizou-se uma busca na base de dados, utilizando os três descritores simultaneamente e não foi encontrado nenhum artigo. Em seguida foi realizada uma nova pesquisa com os descritores enfermagem e higiene bucal foi encontrado 161 artigos, dos quais apenas 46 encontravam-se em textos completos e 14 em idioma português e verificou-se que 4 destes contemplavam o objetivo do estudo. Em seguida foram utilizados os descritores enfermagem e autocuidado, foram encontrados 3.570 artigos, e apenas 713 em textos completos e 376 em idioma português, mas nenhum artigo foi utilizado devido à ampla variedade de temas e nenhum relacionado com o objetivo proposto. Após foi realizada uma pesquisa com os descritores higiene bucal e autocuidado, foram identificados 249 artigos, com apenas 62 em textos completos 15 em idioma português, 01 artigo foi selecionado, mas o mesmo já havia sido escolhido na primeira busca, por essa razão foram mantidos os mesmos 04 artigos selecionados anteriormente. Através dos três descritores, bem como dos critérios de inclusão e exclusão, obteve-se 04 artigos (Quadro 1 ).
3.3- Categorização dos estudos: avaliação dos dados
Para a coleta e análise dos dados dos artigos incluídos na revisão integrativa, foi utilizado um instrumento de coleta de dados. Os artigos foram categorizados em relação ao 17
objetivo, metodologia, resultados ou conclusões. Em relação à identificação do artigo foi considerado o título, os descritores, o ano de publicação, a referência e os autores (Apêndice I). Posteriormente os dados foram analisados e discutidos para uma reflexão crítica diante das informações encontradas.
3.4- Avaliação dos estudos incluídos na Revisão Integrativa: análise e interpretação dos dados
Ao término da coleta os dados foram analisados e concluiu-se que os artigos selecionados atendiam o objetivo deste estudo e que permitiam responder as questões propostas. Foram identificados artigos relatando estudo de caso exploratório e outros descrevendo resultados de pesquisa sobre as intervenções de enfermagem na higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado. A análise e síntese dos dados extraídos dos artigos foram realizadas de forma descritiva, reunindo o conhecimento produzido sobre o tema investigado na revisão proposta, possibilitando obter informações específicas de cada artigo, além disso, avaliar a qualidade das evidências dos estudos. Foram respeitados os preceitos éticos referentes às citações e referências dos estudos utilizados, como previsto na Lei n 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que trata dos Direitos Autorais (BRASIL, 1998).
3.5- Interpretação dos resultados e apresentação da revisão
No levantamento realizado na BVS foram encontrados vinte e cinco artigos, destes após análise e leitura prévia foram selecionados quatro artigos excluindo-se aqueles que não preenchiam os critérios de elegibilidade. Os artigos analisados foram apresentados detalhadamente no quadro a seguir:
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Quadro 1- Identificação dos artigos da análise
N º 01 Título: Práticas de enfermagem na promoção de saúde bucal no hospital do município de Dianópolis-TO. Autor: Juliana Lemos Schneid Leonardo Pimentel Berzoini Oviromar Flores Jorge Alberto Portillo Cordon Ano de publicação: 2007 Referência: Com. Ciências Saúde. 2007;18(4):297-306. Descritores e/ou Palavras-chave: saúde bucal; enfermagem; protocolo. Objetivo: Analisar as práticas de promoção de saúde bucal em uma unidade hospitalar de média complexidade localizada em Dianopolis – TO. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso exploratório, onde foram realizadas entrevistas in loco com a equipe através de questionário semiestruturado com o objetivo de identificar a rotina de atendimento aos pacientes, e, se existia algum protocolo de higiene bucal para os pacientes internos. Resultados: Observou-se que a equipe de enfermagem realiza alguns procedimentos de higienização bucal quando esta julga necessária, entretanto esta pratica ocorre de maneira não sistematizada e sem material adequado.
Nº 02 Título: Cuidados com a saúde bucal de pacientes hospitalizados: conhecimento e práticas dos auxiliares de enfermagem. Autor: Andréa Moreira Bernini Faiçal Arthur Eumann Mesas 19
Ano de publicação: 2008 Referência: Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 10, n. 1, p. 01-06, dez. 2008. Descritores e/ou Palavras-chave: Auxiliares de Enfermagem; Hospitalização; Cuidados Básicos de Enfermagem; Higiene bucal; Saúde bucal.
Objetivo: Verificar em auxiliares de enfermagem do Hospital Universitário do Norte do Paraná, Londrina, Paraná, o conhecimento e as práticas relacionadas aos cuidados com a saúde bucal dos pacientes hospitalizados. Metodologia: Estudo descritivo, no Hospital Universitário - HU, no município de Londrina, Paraná, com dados coletados no período de setembro a outubro de 2006. Resultados: Os resultados mostram a necessidade de melhores orientações sobre cuidados específicos nos cursos preparatórios, e implementação de protocolos de avaliação de saúde bucal no hospital.
Nº 03 Título: Higiene oral em pacientes no estado de síndrome do déficit no autocuidado. Autor: Leonardo Francisco Silva de Brito Mara Ambrosina de Oliveira Vargas Sandra Maria Cezar Leal Ano de publicação: 2007
Referência: Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(3):359-67. Descritores e/ou Palavras-chave: Higiene bucal; Cuidados de enfermagem; Unidades de terapia intensiva; Autocuidado.
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Objetivo: Registrar como é operacionalizado o cuidado com a higiene oral; identificar situações cotidianas na unidade de terapia intensiva que interferem na promoção da higiene oral. Metodologia: Trata-se de investigação qualitativa, descritiva e exploratória. A população foi constituída de enfermeiros das unidades de terapia intensiva adulto. Resultados: Conclui-se que há dificuldades no entendimento das consequências que a não promoção da higiene oral pode acarretar na evolução clínica dos pacientes no estado de síndrome do déficit no autocuidado. Observou-se que os fatores burocráticos ainda interferem na prestação de uma assistência mais integralizada. É premente que a própria enfermagem redimensione o seu fazer-saber abordando criticamente o cuidado com a higiene corporal.
Nº 04 Título: Análise de percepções e ações de cuidados bucais realizados por equipes de enfermagem em unidades de tratamento intensivo. Autor: Rodolfo José Gomes de Araújo Layla Cristine Gomes de Oliveira; Leila Maués Oliveira Hann Adriano Maia Corrêa Liliane Helena Vilar Carvalho Nair Carolina Ferreira Alvares Ano de publicação: 2009
Referência: Rev. bras. ter. intensiva vol.21 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2009.
Descritores e/ou Palavras-chave: Equipe de assistência ao paciente; Higiene bucal/enfermagem; Unidades de terapia intensiva.
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Objetivo: Avaliar as percepções e ações da equipe de enfermagem, quanto aos cuidados de saúde bucal prestados aos pacientes internados em unidades de tratamento intensivo durante o processo de higienização bucal diário ao qual têm sido submetidos. Metodologia: Pesquisa com abordagem estatística de análise de dados, envolvendo como população alvo profissionais de enfermagem que atuavam em UTI’s de hospitais públicos e particulares localizados na cidade de Belém - PA, durante o período de junho a novembro de 2007.
Resultados: A pesquisa desenvolvida neste trabalho retornou com resultados, os quais sugerem que os cuidados de higiene bucal realizados nos pacientes hospitalizados em unidades de terapia intensiva são escassos e inadequados, sendo necessárias modificações nos cuidados dispensados atualmente, especialmente no ambiente nosocômial da equipe de atenção ao paciente.
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao analisar os artigos selecionados, obtiveram-se algumas observações como as práticas de higiene oral já realizada pela equipe de enfermagem e quais os conhecimentos que esses profissionais possuem, para melhor sintetizar e classificar a temática, evidenciando duas categorias: práticas de enfermagem na promoção da saúde bucal em pacientes com déficit de autocuidado; e conhecimento, percepção e realização dos cuidados em saúde bucal prestados a pacientes internados.
4.1- Práticas de enfermagem na promoção da saúde bucal em pacientes com déficit de autocuidado
A cavidade bucal sendo parte integrante do corpo humano deve receber igual atenção na elaboração do planejamento de enfermagem visando a atenção integral. A promoção da higiene oral é a temática analisada nesta pesquisa, por ser considerado fator de grande relevância na assistência ao paciente com déficit no autocuidado- estado em que o paciente apresenta prejuízo na função motora e cognitiva. 22
Os estudos pesquisados destacaram como métodos entrevistas semi – estruturadas com as equipes de enfermagem com o objetivo de identificar a rotina de atendimento aos pacientes e registrar como é operacionalizado o cuidado com a higiene oral. As pesquisas foram desenvolvidas em hospitais de médio e grande porte, a população foi constituída por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Como resultados encontrados destacam-se que metade dos estudos relaciona o desconhecimento de qualquer tipo de norma ou protocolo de higiene e outra metade o compromisso e aplicabilidade de rotinas de cuidados orais. Dentre as falhas apontadas pelos profissionais destaca-se a carência na informação e na capacitação da equipe, ainda que seja uma constante a relação entre promoção/prevenção/higienização. Neste sentido, destaca-se o importante papel de Educação Permanente no quadro funcional do corpo de enfermagem nas instituições hospitalares. Para CECCIM et al (2005) a ‘educação permanente em saúde’ precisa ser entendida, ao mesmo tempo, como uma ‘prática de ensino-aprendizagem’ e como uma ‘política de educação na saúde’. Ela se parece com muitas vertentes brasileiras da educação popular em saúde e compartilha muitos de seus conceitos, mas enquanto a educação popular tem em vista a cidadania, a educação permanente tem em vista o trabalho. Nas fontes bibliográficas pesquisadas, tanto enfermeiros como técnicos e auxiliares de enfermagem entrevistados declarou realizar higiene bucal com material improvisado nos pacientes, o que dificulta a padronização dos procedimentos. Além disso, a disponibilidade de tempo para atribuições e questões burocráticas são fatores importantes que interferem na prestação de cuidados aos pacientes com necessidades de cuidados integrais. Porém o profissional de enfermagem deverá ter em mente que este assume um compromisso com o cliente a ser assistido. E a qualidade do cuidado prestado será diretamente proporcional a forma em que o cliente é cuidado pelo profissional de saúde, sobretudo em seu aspecto holístico e necessidades a serem supridas. E, dentre os diversos Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s), os sujeitos entrevistados descrevem a operacionalização da higiene oral de forma eficaz. Nessa categoria, é ressaltado que a questão da rotina é algo que se faz presente, conforme a descrição dos enfermeiros. Com o propósito de tornar as partes envolvidas no cuidado, ao menos um pouco mais sensibilizadas, surge uma tentativa de conduzir os profissionais, inseridos neste contexto, a tornarem-se comprometidos com a importância da higiene e saúde bucal de pacientes condicionados à UTI (BRITO et al., 2007) . 23
É importante enfatizar que, na UTI ou em outros setores fechados de cuidados à clientes críticos, a carga de tarefas é intensificada, devido ao estado de complexidade em que se encontra o paciente, destacando assim a priorização de outros cuidados. Porém, foi possível perceber que os profissionais não estão embasados cientificamente ou de acordo com pesquisas na Biblioteca Virtual de Saúde ainda não possuem suficiente conhecimento acerca do assunto abordado na pesquisa, não correlacionam o cuidado com a higiene bucal para além das possíveis complicações na própria cavidade oral. Ou seja, não associam a não realização da higiene oral com as complicações sistêmicas, por exemplo, a pneumonia nosocomial, a endocardite e, ainda, a septicemia. Segundo Magalhães et al (1997) o que irá garantir a eficácia de uma boa higiene oral em pacientes dependentes será a conscientização, a estimulação e o treinamento contínuo daqueles que estiverem diretamente envolvidos com os mesmos. Assim, neste contexto de valorização de um dos inúmeros cuidados de enfermagem desenvolvidos nos pacientes no estado de síndrome do déficit no autocuidado, os principais objetivos do enfermeiro e sua equipe devem ser promover saúde e prevenir infecções, em qualquer circunstância.
4.2- Conhecimento, percepção e realização dos cuidados em saúde bucal prestados a pacientes internados
Considerando o planejamento da assistência de enfermagem em pacientes com déficit no autocuidado, percebe-se que há na equipe de enfermagem uma deficiência do cumprimento das etapas no procedimento de higiene oral acarretando prejuízos ao paciente. Desta forma, observa-se o distanciamento entre preconizações teóricas e realidade. De acordo com a regulamentação do exercício de enfermagem do COFEN a higiene bucal é uma atribuição da equipe de enfermagem, é dela a responsabilidade de garantir o cuidado diário de higiene, inclusive a higiene bucal. Os estudos analisados nessa categoria adotaram como método a utilização de entrevistas orientadas por questionários, levantando assim informações sobre o conhecimento e práticas de cuidados com a saúde bucal pelas equipes de enfermagem. Foi possível perceber através desse estudo que as equipes de enfermagem não recebem informações suficientes sobre os cuidados de higiene oral para o pacientes que possuem déficit de autocuidado e ainda desconhecem recursos que poderiam ser utilizados para manutenção da higiene oral.
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Contudo, após a análise dos estudos selecionados é evidente que os profissionais enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem possuem o conhecimento e reconhecem que é sua função a manutenção da higiene oral de pacientes que necessitam de cuidados integrais. Apesar da constante realização de cursos de atualização e reciclagem para os integrantes das equipes de enfermagem, observa-se que há uma necessidade em relação às informações sobre cuidados específicos com a higiene oral e implementação de protocolos de procedimentos e avaliação da higiene oral. Essas são medidas sugeridas como tentativas de solucionar as dificuldades apresentadas na manutenção da saúde bucal e no tratamento das doenças bucais, que afetam a saúde geral dos pacientes hospitalizados. Diante do exposto é necessário que a equipe de enfermagem promova uma atenção especial à higiene oral, voltada ao conhecimento técnico-científica e atitude humanizada, através de educação permanente e socialização das informações.
5- CONSIDERAÇÃOES FINAIS:
De acordo com os resultados obtidos, concluí que a equipe de enfermagem é de extrema importância nas intervenções de higiene oral para pacientes com déficit de autocuidado. Dessa forma, a enfermagem por estar mais intimamente ligada ao cuidado do ser humano durante as vinte e quatro horas no momento de sua internação hospitalar, deve desenvolver intervenções e realizar estudos sobre estratégias de prevenção de problemas da saúde bucal e com isso aperfeiçoar o atendimento aos pacientes que necessitam de acompanhamento constante. Na atuação de atenção Primária e Secundária à saúde do homem, a enfermagem também está comprometida com a área educativa e preventiva de agravos à saúde. No ensino e pesquisa a enfermagem em sua cientificidade e produção acadêmica, revela conhecimentos e práticas aos profissionais, corpo docente e discente sobre ações essenciais a serem desenvolvidas pelos profissionais em seu campo de atuação. O presente estudo abordou a visão holística da assistência de enfermagem em pacientes com déficit no autocuidado, focando a higiene oral como parte da rotina de trabalho da equipe de enfermagem. Berrinelli et al (2003) dizem que o cuidado à vida não pode estar
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desvinculado e descontextualizado, pois somente será possível exercê-lo se compreendermos o ser humano em sua totalidade, nas suas diferenças, no pluralismo e na diversidade. A pesquisa mostrou que apesar de muitos profissionais de enfermagem reconhecer a sua função mediante as intervenções de higiene oral, muitos ainda necessita de informações envolvidas com esse cuidado, e ainda, há a necessidade de futuros estudos focando as práticas assistenciais e elaboração de protocolos, além de uma avaliação criteriosa sobre essa atuação. É preciso ter claro que a conscientização e preparo por parte dos profissionais envolvidos será primordial para um atendimento humanizado e integral caminhando para a prestação de um serviço reconhecido e de qualidade.
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ANEXO 1
Instrumento de classifica巽達o de pacientes de Fugulin et al., modificado conforme sugest達o das enfermeiras do HU-USP. S達o Paulo,2002
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APÊNDICE I
Instrumento para coleta de dados dos artigos da revisão integrativa da literatura
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Descritores e/ou Palavras-chave:
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