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EM FOCO

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Rir é tão importante e essencial à vida que até já se celebra o Dia Internacional do Riso, a 18 de janeiro, começa por referir Sabrina Tacconi, risoterapeuta há mais de duas décadas. «Atualmente, estamos imersos em muita informação. Funcionamos muito com o raciocínio e com a lógica, ou seja, o hemisfério esquerdo do cérebro. Quando rimos, ativamos o hemisfério direito do cérebro, que se relaciona com a nossa parte mais criativa, mais instintiva, intuitiva e relaxada. Dessa forma conseguimos criar na pessoa uma espécie de libertação emocional. A pessoa acaba por encontrar novamente o equilíbrio, entre outros benefícios para a saúde», esclarece. Porém, a terapeuta do riso frisa que, para que o riso seja realmente saudável, deverá ser «“connosco próprios e com os outros” e não “de nós próprios ou dos outros”. Quando rimos dos outros magoamo-nos a nós e ao outro ser humano. Quando rimos com os outros seres humanos criamos pontes de amizade e de cumplicidade».

Somam-Se BeNefÍCioS

Rir é, então, uma ferramenta para, naturalmente, reduzir o stress, ajudar a superar alguns obstáculos da vida e, em suma, viver melhor. Sabrina Tacconi explica que a risoterapia é uma técnica que poderá ser usada para dar resposta à simples necessidade de equilíbrio ou compensação em determinadas fases da vida, ou como complemento ao tratamento de doenças como a depressão. «Os exercícios realizados numa sessão de risoterapia têm por objetivo o relaxamento muscular e a libertação de serotonina, um antidepressivo natural, porque a sua ação regula o humor, o sono, o apetite, a frequência cardíaca, a temperatura do corpo, a sensibilidade e as funções intelectuais», elucida a terapeuta do riso. Outro benefício é a libertação de endorfina, hormona associada à sensação de bem-estar. «Altos níveis de endorfina são sinónimo de melhor memória, maior resistência física, fortalecimento do sistema imunitário, bloqueio de lesões dos vasos sanguíneos, efeito paliativo contra a dor e maior satisfação sexual», salienta Sabrina Tacconi, acrescentando: «Rir fortalece o sistema imunológico e cardiovascular, limpa o sistema respiratório, é um método anti-stress e dá energia às pessoas, relaxando-as profundamente.»

YoGa do riSo

Criado em 1995 na Índia, pelo médico de família Madan Kataria e a esposa Madhuri Kataria, o Yoga do Riso «é a combinação de riso incondicional, através de exercícios de riso com as respirações profundas (pranayamas). No Yoga do Riso rimos sem qualquer recurso a anedotas», explica Filipa Pereira, recentemente nomeada Embaixadora do Yoga do Riso em Portugal. Partindo do riso induzido, o objetivo é chegar ao riso natural, pelo que os especialistas na área recomendam que se comece por “forçar” o riso e se pratique o riso constante, durante 10 a 15 minutos por dia. «À medida que crescemos, vamos esquecendo a importância de rir no dia a dia e quais os benefícios que este traz para nós e para quem nos rodeia. Muitos de nós sempre ouviram ‘muito riso, pouco siso’ e sempre que nos riamos na escola, rapidamente, questionavam: ‘Por que te estás a rir?’. Crescemos com o ‘estigma’ de que rir era uma coisa menos boa porque, de certa forma, associávamos a algum tipo de gozo ou sátira», comenta Filipa Pereira, que refere os vários estudos que comprovam o efeito intenso que o riso tem no corpo e na mente.

doutoreS PalhaçoS

Embora a Operação Nariz Vermelho (ONV) «não pratique “risoterapia pura e dura”», os responsáveis salientam que a missão «é precisamente levar alegria, risos e sorrisos às crianças hospitalizadas, através da visita de palhaços profissionais». Carlota Mascarenhas, Diretora de Comunicação e Angariação de Fundos da ONV, refere que os 25 Doutores Palhaços têm formação específica no meio hospitalar e trabalham em estreita colaboração com os profissionais de saúde, realizando visitas semanais em 17 hospitais, em Lisboa, Cascais, Sintra, Amadora, Almada, Barreiro, Porto, Coimbra e Braga, alegrando, anualmente, mais de 47 mil crianças hospitalizadas. Este ano, «pela primeira vez, a ONV viu-se confrontada com a necessidade de adaptar a sua missão às condicionantes da pandemia da covid-19». Os Doutores Palhaços interromperam as visitas presenciais e foi lançada a TV ONV, «com 2 vídeos diários dirigidos a todas as crianças hospitalizadas», disponíveis no canal YouTube da organização, bem como nas redes sociais. «Esta solução permite que, facilmente, as crianças em todos os hospitais possam assistir duas vezes por dia aos vídeos dos Doutores Palhaços», frisa Carlota Mascarenhas, que explica que as visitas aos serviços pediátricos são feitas por dois Doutores Palhaços. «Estas interações incluem momentos de comédia, música, dança, representação, improviso e colaboração com as próprias crianças, cujas reações são sempre o leme que conduz estes momentos. O importante é sempre colocar o ‘poder’ nas mãos da criança; ela é que é o centro de tudo e tem de se sentir confortável com o que está a acontecer à sua volta».

DESCOBRIR O SORRISO DAS CRIANÇAS

Aqui, o objetivo é sempre fazer rir a criança ou adolescente com quem o Doutor Palhaço está a interagir. «Distraí-la da realidade em que se encontra, hospitalizada, longe de casa e da família, longe de tudo o que lhe é habitual e confortável», refere a responsável da ONV, frisando: «Trata-se, assim, de um momento de humanização dos cuidados pediátricos, no qual o Doutor Palhaço ajuda a resgatar não só o lado saudável da criança ou adolescente e a sua vontade (e direito) de brincar, mas também resgata a ‘criança’ que vive em cada um dos adultos que a acompanham neste processo».

Atualmente, são várias as áreas terapêuticas que recomendam o riso como um complemento para a melhoria do bem estar físico, pessoal e emocional, havendo atualmente médicos de várias áreas, «desde psicólogos a especialistas da área da Saúde Mental, passando por recomendação após diagnóstico de doença oncológica ou até quando se pretende engravidar», explica Sabrina Tacconi, que recomenda que, «mesmo em época de covid-19, devemos continuar a rir e a sorrir atrás da máscara».

doSe diÁria de PouCo SiSo

Quanto mais nos rirmos ao longo do dia, melhor! Recomendado para qualquer pessoa há, no entanto, situações em que a prática é contraindicada, pois envolve algum esforço físico e um aumento da pressão intra-abdominal. Sendo o riso «como a nossa impressão digital, é único e pessoal, cada pessoa tem a sua forma peculiar de rir e não existe riso melhor ou pior», Filipa Pereira refere que este se cultiva de variadíssimas formas. Podemos começar por «rir, todos os dias, logo de manhã, porque ainda não se foi influenciado por fatores externos. Pode rir, deitado na cama, em frente ao espelho ou no duche, enquanto se toma banho. O importante é praticar todos os dias 10 a 15 minutos de riso contínuo, até porque quanto mais rirmos connosco e de nós próprios mais felizes nos sentimos», frisa Sabrina Tacconi. E você, já tomou a sua dose diária de riso?

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