FAROL DO FORTE
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Atividade Física Tudo o que você queria saber sobre Qualidade de Vida e Promoção da Saúde em diversos aspectos.
Farol do Forte Editora www.faroldoforte.com.br - F: (11) 3013.2083
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Alexandre Vieira
Atividade Física Tudo o que você queria saber sobre Qualidade de Vida e Promoção da Saúde em diversos aspectos
São Paulo - 1ª Edição - 2009
Ficha Catalográfica Catalogação padrão AACR - Anglo-American Cataloguing Rules
Vieira, Alexandre Arante Ubilla Atividade física e saúde: tudo o que você queria saber sobre qualidade de vida e promoção da saúde em diversos aspectos. / Alexandre Arante Ubilla Vieira. -- São Paulo: Farol do Forte, 2009. 192 p. : 21 cm. 1. Educação Física. 2. Atividade Física. I. Título.
Ficha catalográfica elaborada por Isabel Cristina Hipólito.
Imagens da capa: Sanja Gjenero, Rawku5s, Chamanit-s, Przemyslaw Szczepanski, Adam Ciesielski, Herman Brinkman (Stock Xchange) Imagem da contracapa: Jef Bettens(Stock Xchange)
Dedicatória À Deus, por me dar o dom da vida e a vocação de ser professor, aos meus pais, pelo carinho de uma vida e incentivo aos estudos, à minha esposa Marcela, pelo amor, paciência e incentivo a cada projeto e à meu filho e ídolo Breno, que me mostra a cada dia o prazer pela vida.
Agradecimentos A Deus, por me dar o dom da vida e a vocação de ser professor e assim me guiar até o presente momento com saúde física, mental e espiritual. À Farol do Forte Editora, em especial a Rodolfo Nakamura, por acreditar nesta obra como objeto de conhecimento.
Prefácio Ao ser convidada para escrever o prefácio de Atividade Física – tudo o que você queria saber sobre Qualidade de Vida e Promoção da Saúde em seus diversos aspectos, senti-me duplamente feliz e honrada. Em primeiro lugar, pela amizade pessoal que há muitos anos me une ao autor do livro, por quem tenho grande admiração e respeito. Em segundo, por ter a oportunidade de atestar a qualidade da obra, que certamente trará grande contribuição à área. Muito se discute na literatura atualmente sobre os benefícios da prática regular de atividades físicas para a manutenção da saúde positiva. O cultivo de bons hábitos de estilo de vida é cada vez mais reconhecido como passível de proporcionar maior longevidade e melhor qualidade de vida para os indivíduos. Ainda assim, poucos são aqueles
que demonstram aderência a programas sistemáticos de atividades físicas e esportivas, reforçando as estatísticas assustadoras de prevalência de sedentarismo entre nossa população. Aliado a estes fatores, o avanço tecnológico nos traz confortos que, embora por um lado facilitem nossa vida, por outro nos estimulam ainda mais ao ócio e à passividade motora. Neste contexto, a obra ora apresentada chega como uma rica fonte de informações atuais a cerca da problemática relacionada à atividade física, qualidade de vida e promoção da saúde e certamente será de grande valor para profissionais de Educação Física, Esporte e de outras áreas da saúde. Ao longo de seus capítulos, são focados temas relevantes, com uma linguagem acessível, direta e de fácil leitura. Entre os assuntos abordados, são discutidos pontos de grande interesse não apenas de profissionais, mas também da população em geral que busca informações de qualidade sobre os benefícios e recomendações da prática de atividades físicas e esportivas voltadas à promoção da saúde e da qualidade de vida. Além dos aspectos conceituais, são abordados tópicos relacionados a algumas modalidades de exercícios físicos, bem como orientações específicas para indivíduos que apresentem condições especiais de saúde. Por fim, também são apresentadas questões relacionadas à nutrição e aos riscos do consumo de drogas e esteróides anabólicos. Enfim, convido a todos a apreciarem, assim como eu, os conhecimentos aqui transmitidos pelo professor Alexandre. Não tenho dúvida em afirmar que será uma experiência agradável e altamente informativa para todos os interessados. Boa leitura!
Profa. Dra. Márcia Greguol Docente Adjunta do Centro de Educação Física e Esporte Universidade Estadual de Londrina
Apresentação A proposta desta obra está ligada diretamente à Educação e ao esporte, assim como suas vertentes, destinando aos profissionais da área da Educação Física e Esporte, dentre outros, inclusos professores e alunos que atuam ou queiram conhecer as atividades físicas de uma maneira diferenciada, sendo os objetivos dos capítulos ligados ao bem estar físico e mental. Apesar de ser uma área ampla e com várias citações bibliográficas, os capítulos propostos surgem como uma amostra da importância e necessidade física à todos, ressaltando a boa qualificação de um profissional da área de educação física, exigindo de si mesmo respeito e considerações competentes ao seu exercício profissional.
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Índice 1 - Introdução...................................................................................17 2 - Por que fazer exercício? .............................................................19 2.1 - Efeitos antropométricos e neuromusculares:....................20 2.2 - Efeitos metabólicos: .........................................................21 2.3 - Efeitos psicológicos:.........................................................21 2.4 - A popularidade da atividade física ...................................24 2.5 - Qualidade de vida .............................................................28 3 - O ponto de vista do esportista no cotidiano................................31 3.1 - O lazer e o prazer no esporte ............................................31 3.2 - O lazer no esporte.............................................................34 4 - A hidroginástica ............................................................................37
4.1 - Tudo começou... ...............................................................37 4.2 - A Ginástica dentro d água ................................................38 4.3 - A prática da atividade aquática .............................................39 4.4 - As termas terapêuticas......................................................41 4.4.1 - Temperatura .....................................................47 4.4.2 - Pressão..............................................................47 4.4.3 - Flutuação..........................................................47 4.4.4 - Resistência........................................................48 4.4.5 Massagem ..........................................................48 4.5 - Vantagens da hidroginástica.............................................48 5 - Atividade física e os esportes educacionais................................50 6 - Cansaço e fadiga na atividade física...........................................54 6.1 - Lei do esgotamento...........................................................55 6.2 - Sedentarismo ....................................................................58 7 - Atividade física: corretiva e excessiva .......................................65 7.1 - Ferimentos: a atividade física pode ajudar. ......................66 7.2 - Como funciona na piscina ................................................66 7.3 - O problema da atividade física excessiva.........................67
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7.4 - Sintomas e sinais causados pelo excesso ......................... 68 8 - Aspectos fisiológicos na atividade física ................................... 74 8.1 - Quanto tempo? ................................................................. 74 8.2 - Classificação do exercício físico...................................... 75 8.3 - Vantagens Fisiológicas da Atividade Física .................... 75 8.4 - Benefícios ao corpo.......................................................... 77 8.5 - Influência sobre o aparelho respiratório........................... 78 8.6 - Reflexos de orientação do corpo...................................... 82 8.7 - Tipos de força e sua aplicabilidade .................................. 83 9 - Atividade física e alimentação ................................................... 85 9.1 - O treinamento e a alimentação......................................... 86 9.2 - O momento correto da alimentação ................................. 96 9.3 - Os componentes essenciais ............................................ 100 9.4 - Controlando seu peso..................................................... 101 10 -Sistema nervoso, nutrição e atividade física ............................ 103 10.1 - Nutrição e desenvolvimento .......................................... 105 10.2 - Desnutrição e o fator de comportamento ....................... 107 10.3 - Vitamina C e a prevenção do câncer.............................. 125 11 -Atividade física e a 3a. Idade ................................................... 127 11.1 - O que é o idoso?............................................................. 127 11.2 - Benefícios que a atividade física pode trazer para o idoso............................................................................... 131 11.3 - A arte de viver na terceira idade .................................... 131 11.3.1 - O contato com o passado – lembranças......... 134 11.3.2 - O esquecimento de nomes próprios............... 135 11.3.3 - Tranqüilidade do pensamento........................ 136 11.4 - Dieta e exercício e lazer................................................. 137 11.5 - Como treinar a resistência.............................................. 139 11.6 - A prática da natação na terceira idade ........................... 139 11.7 - Fatores de risco .............................................................. 140 11.7.1 - Hipertensão.................................................... 140 11.7.2 - Obesidade ...................................................... 141 11.7.3 - Problemas emocionais ................................... 141 11.8 - Saúde na 3ª. Idade .......................................................... 149 12 -A droga no esporte................................................................... 152 12.1 - Classificação .................................................................. 155 12.2 - Efeitos dos esteróides anabólicos no sistema nervoso........................................................................... 160
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12.3 - Esteróides anabólicos no esporte....................................160 12.3.1 - Fique longe das drogas...................................162 12.4 - Aspectos legais do consumo...........................................167 12.5 - Complicações orgânicas do consumo de drogas ............169 12.6 - Tipos de drogas...............................................................172 12.6.1 - OS OPIÁCEOS ..............................................172 12.6.2 - ÊXTASE (ecstase) .........................................173 12.6.3 - HAXIXE ........................................................173 12.6.4 - LSD ................................................................174 12.6.5 - MACONHA (cannabis sativa) .......................174 12.6.6 - COGUMELO .................................................175 12.7 - Luta antidopagem ...........................................................175 13 -Conclusão .................................................................................181 14 -Bibliografia...............................................................................182
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Introdução
As atividades físicas podem nos proporcionar enormes benefícios. A maioria de seus problemas são resultados da ausência de uma visão de longo prazo, ainda mais quando se encontram num mundo concorrido e cada vez mais complicado de conviver. Contudo, nunca é tarde para se começar a prática de determinadas atividades, mas é necessário que seja bem conduzida, evitando erros que possam colocar em risco a integridade do individuo, incluindo sua saúde física e mental. Neste livro, a preocupação está em como realizar uma atividade física, colocando como principal fator a necessidade de um profissional da área da saúde. Mas para que fazer exercícios? Esta é a pergunta que muitos fazem no dia-a-dia. Será somente por alguma melhora de fatores físicos? Quem sabe um fator psicológico não colabore na melhora e desenvolvimento das situações cotidianas de uma pessoa. A importância da atividade física, dentre elas a aquática, é de essencial debate para aquelas pessoas que não podem e/ou são restritas a
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realizar atividades terrestres, assim ressaltando que a prática de exercícios pode eliminar o cansaço, a fadiga e o estresse do ser humano. É impossível falarmos em atividade física deixando de lado a alimentação. Para muitos, a atividade física é a principal causa de emagrecimento, bem estar físico e mental. Porém a alimentação muitas vezes é deixada de lado, o que é preocupante em muitas situações, que veremos ao longo deste volume. A terceira idade é outra questão a qual temos e devemos ressaltar colocando assim a importância da atividade física como profilaxia de inúmeros problemas agravantes da velhice. Anima-nos a firme esperança de que, se os professores, estudiosos e pesquisadores procederem de acordo com a opinião aqui formulada, poderá surgir novos e preciosos ensinamentos aplicáveis à saúde, alimentação e bem estar, em decorrência à própria educação moral e física. Associado o poder da atividade física, você obterá conhecimentos suficientes para permitir a prevenção de certos malefícios a sua saúde, tais como o tabaco, álcool, drogas, balanceamento nutricional adequado, a ingestão desordenada de vitaminas, os exercícios incorretos causando cansaço e fadiga e mesmo os excessos da atividade física. É importante levar as pessoas à “consciência” do ato da realização de atividades físicas e esportivas, e assim proporcionar ao corpo humano saúde e vitalidade na tentativa de dias melhores! Boa leitura!
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Por que fazer exercício? (Benefícios e a qualidade de vida)
Atualmente, você é bombardeado com artigos de jornais e revistas na qual falam de dietas, condicionamento físico e outros além dos programas de áudio e vídeo. Se você não agüenta mais ouví-los, acalme-se! O preparo físico está na moda, aperfeiçoar tanto quanto a saúde são hábitos que você pode desenvolver. O condicionamento físico adquiriu uma “forma e imagem” a todos. Torne-se parte deste programa! Sabemos que o único meio de prevenir os males da inatividade é permanecer ativo. Não durante um mês, mas durante toda a vida. Descobrimos que a saúde é, na maioria das vezes, um fator que podemos controlar e que podemos prevenir o surgimento de algumas doenças. Quando nascemos, recebemos um corpo saudável e temos o dever de cuidar e zelar por este que é nosso abrigo. Se você se importa só com idéias do tipo “exercício é só pra doente”, esqueça. Fique sabendo que a atividade física tem muito a lhe oferecer. “Boa saúde”, não por estar doente, mas sim por livrar-se de
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algumas doenças (como infarto, câncer, doenças cardíacas e pulmonares) e de acidentes, ou, antes disso, ferimentos. Na ausência de exercícios físicos diários, nossos corpos tornam-se depósitos de tensões acumuladas e, sem canais naturais de saída para essas tensões, nossos músculos tornam-se fracos e tensos. O ideal é praticar atividade física durante toda vida, mas independentemente disto, podemos recuperar uma existência mais saudável e gratificante em qualquer idade. Todo exercício atua de forma a exercitar a musculatura do corpo inteiro. Hoje em dia, é muito comum ver pessoas correndo, seja por necessidade de exercícios ou para mudar seu ritmo de vida. Os principais efeitos benéficos da atividade física e do exercício descritos na literatura1 são:
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Efeitos antropométricos e neuromusculares: Diminuição da gordura corporal; incremento da massa muscular; incremento da força muscular; incremento da densidade óssea; fortalecimento do tecido conetivo; incremento da flexibilidade.
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Fonte: Extraído do artigo – “Vida ativa para o novo milênio”, Victor K. R. Matsudo Revista Oxidologia set/out: 18-24, 1999 - Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul
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2.2 -
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Efeitos metabólicos: Aumento do volume sistólico; diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo; aumento da potência aeróbica (VO2 máx.) 10-30%; aumento da ventilação pulmonar; diminuição da pressão arterial; melhora do perfil lipídico; melhora a sensibilidade a insulina.
2.3 -
Efeitos psicológicos: Melhora do auto-conceito; melhora da auto-estima; melhora da imagem corporal; diminuição do stress e da ansiedade; melhora da tensão muscular e da insônia; diminuição do consumo de medicamentos; melhora das funções cognitivas e da socialização.
Com estes efeitos gerais do exercício tem-se demonstrado os benefícios no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidade cardíaca, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, artrite, dor crônica e desordens mentais ou psicológicas. Benefícios da atividade física: Na aparência: Melhora o visual; Melhora a postura; Os músculos ficam mais eficientes e com melhor tônus; Combate o excesso de peso e o acúmulo de gordura.
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No trabalho: Aumenta a produtividade; Reduz a propensão às doenças; Melhora o índice de freqüência no trabalho; Combate o estresse e a indisposição; Melhora a capacidade para esforços físicos. No dia a dia: Aumenta a disposição para as tarefas cotidianas; O coração trabalha de forma mais segura e eficiente; Aumenta o fôlego; Melhora a elasticidade e flexibilidade do corpo; Melhora a auto-estima; O praticante se alimenta e dorme melhor; Vive-se melhor e com mais qualidade. Na saúde: Aumenta a qualidade e a expectativa de vida; Melhora o sistema imunológico; Previne e reduz os efeitos de doenças como: Cardiopatias; Estresse; Obesidade; Osteoporose; Hipertensão arterial; Deficiências respiratórias; Problemas circulatórios; Diabetes; As alterações das taxas de colesterol (lipídicas).
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Porém, a quantidade de pessoas que não praticam nenhum tipo de atividade física é muito grande, fazendo com que o sedentarismo seja visto atualmente como um problema mundial de saúde pública. Vários são os fatores que levam à inatividade, dentre eles a falta de informação sobre a importância do exercício físico. De acordo com artigo, publicado em janeiro/fevereiro de 2004 nos Cadernos de Saúde Pública, foi aplicado um questionário a 3.182 pessoas, buscando identificar seu conhecimento sobre os benefícios do exercício físico, os prejuízos do sedentarismo, as limitações e finalidades do exercício físico e, ainda, avaliar a percepção delas sobre o assunto. Os pesquisadores observaram que a grande maioria da população reconhece a importância do exercício físico. Porém menos de 20% considera-o como sendo indispensável nos processos de crescimento e envelhecimento saudáveis. Eles constataram também que homens e mulheres apresentam percepções diferentes sobre o assunto. Além disso, a equipe verificou que mais da metade da população reconheceu que realizar exercício físico por trinta minutos, três vezes por semana, é o mínimo necessário para que os benefícios sobre a saúde possam ser percebidos e que a caminhada é um excelente exercício para o emagrecimento. No entanto, são poucos os que se exercitam. Em relação aos benefícios da atividade física, os entrevistados citaram a resolução de problemas mais ligados a aspectos emocionais, como estresse, depressão, ansiedade e insônia. Os problemas circulatórios também foram citados, mas com menor freqüência. “Talvez essa noção deva-se ao fato que independente de diagnósticos médicos e exames laboratoriais, mesmo pessoas desinformadas conseguem perceber alterações positivas no seu bem-estar advindas do exercício físico”, explicam os pesquisadores. Os meios de obtenção de informações sobre o assunto mais citados foram os meios de comunicação, o médico e os parentes ou amigos.
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Entretanto, mais de um quinto dos entrevistados afirmou nunca ter recebido este tipo de informação. Além disso, muitos ainda vinculam a possibilidade de realizar exercício físico a características como pouca idade e saúde perfeita: “mais de um terço da população ainda considera que fatores como osteoporose, problemas cardíacos e ser idoso são barreiras que impedem a prática de exercícios físicos”.
2.4 -
A popularidade da atividade física
A tecnologia e o progresso trouxeram facilidades, isso é inquestionável. Mas também incrementaram as doenças silenciosas formando uma epidemia que se estabelece sem maiores sintomas em suas primeiras fases e vão gradativamente se desenvolvendo ao longo dos anos, identificadas como doenças crônicas degenerativas, que tem sua origem em uma série de fatores como a predisposição genética, influência do meio externo e hábitos de vida e, nesse último item, destaco o grau de atividade física praticado. Mas apesar dessa fórmula milagrosa que é a atividade física, estar presente em quase todos os meios de comunicação, cada vez mais a população apresenta problemas relacionados com a falta de exercícios. A desculpa mais freqüente é a falta de tempo ou falta de condições para prática que é agravada pela economia de movimentos em nossa rotina, como as comodidades do controle remoto, telefone celular, elevadores e escadas rolantes sem falar nas horas diárias dedicadas a televisão ou ao computador. Infelizmente parece ser um fenômeno de dimensões mundiais, pois uma das doenças associadas à falta de exercícios, a obesidade, tem prevalência em quase todo planeta. Falta de Tempo é a desculpa para os que têm falta de método. Com o avanço dessas epidemias silenciosas até o conceito de saúde teve de ser revisto e as instituições de saúde pública governamental
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ressaltam a importância dos conceitos como promoção e prevenção na saúde com um destaque em hábitos mais saudáveis ao logo de toda vida. Essas iniciativas foram divididas em duas frentes, uma de âmbito macro, com o destaque em papel de políticas públicas (combate a poluição, preocupação com o meio ambiente), e outra com a necessidade do compromisso pessoal com a manutenção da própria saúde. Para ressaltar o papel da atividade física basta comparar uma pessoa de sessenta anos ativa fisicamente com um inativo de mesma idade. Quando comparados à diferença em termos de índices fisiológicos são consideráveis as marcas, mas o que reflete em termos de qualidade de vida é que o ativo provavelmente terá maior mobilidade, autonomia e manutenção de valências físicas como força muscular, flexibilidade e capacidade aeróbia, tão importante em sua vida diária. A prática esportiva está envolvendo rapidamente todas as camadas sociais. Sem haver o mensurável, não existe a integração do homem ao esporte. Em função do lazer, lhe é oferecida a canalização de desenvolvimento auto-didático, livrando-se da fadiga mental e intelectual. Diante da prática de esportes violentos, de manifestações esportivas diversificadas, da ganância de obter resultados e recordes a qualquer custo, Larousse definiu: “Pratica metódica dos exercícios físicos com vistas a aumentar a força, a destreza e a beleza do corpo” Dentre os esportes, a capacidade de absorção física e mental permanece completa ao desejo de progressão no meio social esportivo é simplesmente progressista, sendo que freqüentes profissionais da saúde receberem laudo médico de futuros participantes nessa modalidade para fins de correções na saúde, além de outros que sadios, preferem uma ou outra atividade física como fonte energética para completar sua vitalidade à educação de seu espírito. O bom profissional de educação física é um organizador de movimentos físicos que com extrema harmonia transporta aos seus
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discípulos trabalho assíduo e compensador, onde revigora todo o corpo. Quando ela é bem orientada tem pouca ou remota necessidade de procurar idéias alhures. A prática esportiva é fenômeno de movimentos que aconselho a participação de jovens e adultos. Nesse sentido, a criação de locais públicos destinados ao exercício físico, juntamente com programas locais de divulgação sobre atividade física, pode ser uma ferramenta efetiva no combate ao sedentarismo, principalmente se focalizar esforços no aconselhamento médico a toda população e em ações no âmbito escolar para o incentivo e esclarecimento sobre este tema. O importante é sempre fazer o que se gosta, andar ou correr, qualquer exercício é bom, ainda mais quando combinado a uma alimentação nutritiva. Principalmente para quem quer perder peso, um bom exercício aeróbio e refeições balanceadas são necessários para tal mérito. Alguns segredos para praticar atividade física e sentir-se cada vez melhor e mais motivado: 1. Conhecer os benefícios dos exercícios físicos: nós somos mais motivados a fazer coisas que serão benéficas para nós. Quanto mais nós nos beneficiamos, mais nós ficamos entusiasmados. 2. Crie sua lista pessoal de razões: deixe um pedaço de papel e uma caneta próximos a você por alguns dias. Anote cada motivo que lembre o seu querer em ficar saudável, com um bom preparo físico e perder peso através de exercícios consistentes. 3. Exercite-se com um amigo: Segundo as estatísticas, pessoas que fazem exercícios com amigos são mais bem sucedidas em se exercitar consistentemente. Você pode deixar cada um responsável. Saber que alguém espera por você para se
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exercitarem juntos pode ser uma grande motivação para você aparecer e concluir seu exercício! 4. O exercício deve ser a primeira coisa pela manhã, todas as manhãs: se você está levando a sério essa história de se exercitar, então aja com seriedade sobre o assunto. Nossos corpos foram feitos para serem ativos em uma base diária e quando nós estamos ativos, todos os tipos de coisas maravilhosas acontecem. Nós conseguimos até saúde e boa forma! As pessoas que se exercitam de seis a sete dias na semana, sendo o exercício a primeira coisa que elas fazem pela manhã, são mais bem sucedidas em se exercitar consistentemente, do que aquelas que o fazem dois ou três dias por semana. Não precisa ser um treinamento gigantesco todos os dias. Vá lá fora e ande 30 minutos – é o suficiente. 5. Treine para uma caminhada local de 5 km ou 10 km ou corrida na sua região. Isso pode ser uma grande motivação para o exercício numa base regular. Eu tenho visto muitas pessoas se transformarem de “viciados em televisão” em “magros”. Quer dizer, máquinas de exercício, porque elas decidiram entrar e treinar para uma competição como esta. 6. Anote seus recordes: Anote seu tempo de exercício (em minutos) a cada dia. Anote o total de corrida para o mês e o ano. Calcule sua média de tempo de exercício por dia. Use algum grande objetivo. 7. Faça com que seu exercício seja o mais agradável possível. Por exemplo, se você caminha, pode querer começar com uma boa música. Se você se exercita dentro de casa, pode ver TV enquanto faz exercício. Por outro lado, pode justamente preferir paz e tranqüilidade. Faça o que for para tornar o exercício mais agradável. Vai ser muito mais provável que você se exercite consistentemente se gostar disso.
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8. Use tênis apropriado para o exercício que está fazendo. Ferimentos afetam seriamente sua motivação para os exercícios. A maioria das pessoas, especialmente aquelas que caminham e correm, usam seus tênis por muito tempo. Tênis gastos causam maior propensão a ferimentos.
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Qualidade de vida
Há cerca de vinte e sete anos, um jovem americano, Kenneth Cooper, provocou polêmica entre a classe médica ao recomendar corridas radicais para prevenir os males da vida sedentária (problemas cardíacos, obesidade, entre outros) que, já naquela época, atingiam um grande número de pessoas em todo o mundo. Recentemente em São Paulo, ao falar para um grupo de executivos da Accor Brasil, Cooper disse ter conseguido, naquela época, uma visão de futuro e sabia que a saúde preventiva mudaria a medicina. "Hoje, quando alguém fala que vai fazer exercício, diz: vou fazer Cooper, diz orgulhoso, ao constatar que a prática do jogging assumiu seu próprio nome. Cooper entende ter trazido para a medicina o conceito de exercício que dá saúde e alegria às pessoas. "Hoje uma das preocupações das empresas é a garantia da saúde. Já se pensa mais em prevenção", diz o médico. Ele conseguiu, ao longo desses anos, a conscientização dos clientes que procuram o Instituto de Pesquisas Kenneth Cooper, em Dallas, Texas, de que devem estar atentos, o tempo todo, à qualidade de vida. Atualmente com sessenta e sete anos, ele deixa claro, entretanto, que sua idade biológica é de um homem de quarenta e nove anos, Cooper administra a clínica, escreve livros e percorre o mundo fazendo palestras para divulgar os benefícios que a atividade física pode proporcionar à saúde. "A saúde e longevidade das pessoas é mais
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responsabilidade de vocês do que dos seus médicos e governantes", assegurou. Para ele, o futuro não está na medicina curativa, mas na preventiva. "Não se continua competitivo no mercado hoje se não se voltar para a prevenção que diminui, nas empresas, o absenteísmo e aumenta a produtividade", adverte. Outra vantagem do programa de treinamento físico, segundo ele, é a diminuição da rotatividade. Em sua clínica, Cooper popularizou o teste de esteira (de esforço), indispensável para dosar o ritmo dos exercícios. Outra precaução é identificar o peso ideal para cada um e a partir daí seguir para uma análise profunda e completa de sua dieta alimentar. Os clientes são estimulados a procurar a clínica e voltar periodicamente para mostrar o progresso ou a falta dele. Aí vão aprendendo a seguir os cuidados que são fundamentais, como não fumar e perder peso. O médico entende que, na maioria das vezes, as pessoas "não tem seguro saúde, mas seguro doença". Isto torna necessário o acompanhamento constante das condições físicas de cada indivíduo, como forma de atacar as doenças antes destas se manifestarem. A medicina preventiva e de reabilitação provou, segundo Cooper, que é mais barato para a empresa e funcionário prevenir do que cuidar da doença. Assim, para os seus pacientes, os exames periódicos de esteira são indispensáveis. "O coração é muito esperto em disfarçar suas doenças, por isso o sintoma mais comum é a morte", advertiu. E citou como exemplo a recente morte súbita do deputado Luiz Eduardo Magalhães: "Ele não morreu porque estava se exercitando, mas pelo seu estilo de vida nos últimos dez anos", comentou. O bom senso é indispensável, segundo Cooper, para quem quer fazer exercício, evitando os extremos do calor. O ideal é se exercitar durante a manhã ou no final da tarde. E alertou para o fato de que, no Brasil, cerca de 300 mil pessoas morrem por ano em decorrência de problemas cardíacos, número que, segundo ele, vem caindo nos Estados
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Unidos – um terço disso, em conseqüência dos avanços da tecnologia e da medicina e os outros dois terços por mudanças no estilo de vida das pessoas. Entretanto, seja qual for o exercício escolhido: ginástica, jogging, ciclismo ou a caminhada, o importante, segundo Cooper, é manter a regularidade. Isto porque tentar compensar em um dia o que não se fez em uma semana pode trazer mais prejuízos do que benefícios à saúde. E, para quem vive à procura da fórmula da eterna juventude o conselho do médico para retardar o processo de envelhecimento é bem simples; evitar o tabagismo, o sedentarismo, controlar o peso e tentar administrar bem as situações de stress.
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O ponto de vista do esportista no cotidiano
O lazer e o prazer no esporte
A presença do esporte em nossas vidas é um fenômeno social que transporta o homem neste século a priorizar as realizações saudáveis visando o seu bem estar físico e psíquico. No decorrer do século XXI enormes mudanças ocorrerão no comportamento humano. Não tenho a visão futurista de Julio Verne, mas, a sabedoria limitada de um ser pensante. Diante disso, afirmo que a infância e juventude atual terão uma vida esportiva das mais benéficas jamais vista. O ser humano, na sua preocupação com o corpo, tem de estar alerta para o fato de que saúde e longevidade devem vir acompanhadas de qualidade de vida, tanto no presente como no futuro. A atividade física é uma aliada imprescindível para alcançar uma boa forma física e sua prática deve ser desenvolvida de uma forma prazerosa e contínua ao longo de toda a vida. A preocupação de promover e manter a saúde devem ser ressaltados para a população mundial, que, cada vez mais, necessita, em sua rotina diária, da prática de exercícios físicos regulares para combater os efeitos nocivos da vida sedentária. Em breve, os centros esportivos irão dispor de aparelhos tecnológicos sofisticados e a saúde do Brasileiro será uma das melhores do universo. Até porque, já na copa do mundo de futebol de 1970,
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atletas brasileiros foram considerados os mais completos em matéria de saúde da competição. Certas empresas adotam a atividade física diária obrigatória para seus funcionários (Ginástica Laboral). Tal procedimento é benéfico para ambas as partes. Para o empregador, a produção “per capita” é superior a de um individuo sedentário. Já para o empregado, tem a oportunidade de desenvolver alguma atividade física dentro de suas funções na empresa, sem sacrificar outro horário dedicado à sua vida pessoal. Já com relação aos idosos, para muitos a atividade esportiva aquática ou de solo passam despercebidas. Jamais devemos mencionar que a velhice é sinônima de anonimato. O coração do idoso não deve estar somente lubrificado pelo carinho dos netos, mas por carinhos esportivos. A natação, hidroginástica e ginástica são considerados esportes completos. A privação da visão durante o exercício de relaxamento (fora do meio liquido) é um tônico rejuvenescente em potencial, a atividade diária significa anos a mais na vida cronológica. “Cada um de nós põe em comum sobre pessoa e toda a sua autoridade, sob o supremo comando da vontade geral, e recebemos em conjunto cada membro como parte indivisível de todo”. Agora, uma questão: no decorrer deste, os não praticantes de esportes diários irão refletir e tomar consciência de um feito de civilização grandiosamente visível com a prática esportiva, ou preferem omitir-se? Os doutrinados e catequizados nos moldes de qualquer atividade física, seja no meio líquido ou não, irão deparar com conceitos para enriquecer suas sabedorias atléticas que, apesar de pensarem que são heróis, são apenas lendários que não conhecem a cátedra pratica e teórica dos movimentos físicos corpóreos. No cotidiano temos que ter uma modificação do instinto pela prática de esportes, temos que trabalhar em coletividade. Embora o individualismo, ou a sobrevivência dos mais espertos, seja uma lei da
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natureza, objetivamente jamais o homem deveria viver para si só. O trabalho em grupo e com métodos humildes, mas objetivos, é de valor terapêutico e psicológico ideal para todas as faixas etárias. O esporte terrestre ou aquático é uma necessidade profunda de um impulso instintivo do ser humano, a prática individual ou em coletividade é a sobrevivência da prática harmoniosa, são dádivas dos Deuses. Os exercícios não requerem métodos violentos, porque a necessidade da prática esportiva onde o ser humano é um objeto prazerosamente utilizado para poderosos socos, pontapés e outros artifícios, é por mim classificada de arte vocacional de espírito de guerra. Mas, a fama leva a esse delírio do capitalismo selvagem. O esporte no meio líquido tem seus campeões que conciliam fama e sobrevivência numa sociedade sem brutalidade, portanto, a vida de um atleta, profissional ou amador, é algo esplendoroso; O esporte de ordem genérica não precisa de homens para contestar ou destruir com métodos humilhantes. Compararei esportivamente os adolescentes que conservam níveis sadios em seu seio familiar com aqueles que simpatizam pela má formação. O primeiro se enquadrará num mundo social a produzir glorias para si e sua família e será o orgulho da nação. O segundo cairá no universo da delinqüência subirá nos degraus da ilegalidade até o ato delituoso caracterizado. A atividade física atua na melhoria da auto-estima; do auto conceito; da imagem corporal; das funções cognitivas e de socialização; na diminuição do estresse e da ansiedade; e na diminuição do consumo de medicamentos. GUEDES & GUEDES (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática
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da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde. Para a melhor compreensão deste modelo definem as variáveis que o compõem: •
•
•
3.2 -
Atividade Física é definida, segundo CASPERSEN (1985) como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. Saúde, de acordo com BOUCHARD (1990), é definida como uma condição humana com dimensões física, social e psicológica. A saúde positiva estaria associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos desafios do cotidiano e a saúde negativa associaria-se à morbidade e, no extremo, à mortalidade. Para a Aptidão física, adotam a definição de BOUCHARD et al.(1990): “um estado dinâmico de energia e vitalidade que permita a cada um, funcionando no pico de sua capacidade intelectual, realizar as tarefas do cotidiano, ocupar ativamente as horas de lazer, enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, sentir uma alegria de viver e evitar o aparecimento das disfunções hipocinéticas”.
O lazer no esporte
Tenho observado fatos calamitosos, por exemplo, quando se manifesta um fator social. Deparamos então com a falta do lazer que, associado a qualquer atividade esportiva, terá uma inteiração. Aqui mencionarei a atividade física como um todo. O desequilíbrio social no estado agravante eleva-se o individuo a desconhecer os benefícios exercitantes e tranqüilizantes que o exercício
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físico oferece. Existem pessoas desinteressadas na prática de esportes, e, para elas, deixo de forma cristalina que o exercício não requer esforços físicos violentos, que ocorrem por questão essencialmente relacionados com a competição. O individuo tende à fascinação da violência. Por outro lado, muitos desejam a prática de esporte que aparece na mídia televisada. Entrada viril sem bola, socos e nocaute, são alguns exemplos de uma contaminação cada vez mais generalizada. Aos jovens que estão iniciando qualquer modalidade esportiva, imploro o raciocínio vital a contento lógico gratificante sobre seu futuro, caso queira ser ídolo regional, nacional ou além continentes. Reflitam... em esporte que exija docilidade, não deslize em situações de instabilidade vertiginosa com triste sintoma de agonia profunda. Mas alegro-me ao ver os sorridentes praticantes de corrida, nado, e outras atividades físicas e esportivas, porque ao usufruí-los o tônico vitalizador não é apenas paliativo, mas uma realidade para a saúde física e psíquica, tornando o seu lazer preenchido por motivações cada vez mais inovadoras. A maioria dos males é fruto de nossa própria obra, e seriam quase todos evitados se conservássemos as maneiras simples, uniformes e solitárias de viver, que nos foi prescrita pela natureza. A palavra lazer tem como etimologia a origem em “licere”, que significa “ser permitido”. É um conceito de labuta diária onde os genitores e filhos procuram praticar algo em suas horas de folga. Mas, o que praticar? Como profissionais de educação física, devemos ressaltar: “Preencha o tempo disponível em qualquer atividade física”, mas sempre respeitando a escolha humana e procurando uma situação agradável, pois a imposição é sufocante e anti-social. Um indivíduo, independente de sua classe social, deve ter liberdade de expressão invigiável, porque ele é um conjunto de ocupações onde o ser dedica-se à atividade mesmo tendo vários níveis
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de percepções culturais, seja, para distrair-se, ter atividade voluntária ou ampliar sua cultura desportiva, e tudo isso após as realizações no trabalho, no lar, e demais ramificações que comprometam seus elementos sociais privilegiados. O exercício físico está envolvendo rapidamente todas as camadas sociais. É uma terapia para qualquer fase cronológica da vida humana. Não existe ciência sem haver o mensurável, a integração do homem ao esporte em função do lazer oferece-lhe canalização de desenvolvimento auto-didático. Por isso, é importante aconselhar a livrarem-se da fadiga mental e intelectual. Depois de haver provado que a desigualdade é apenas sensível no estado natural e que a sua influência é quase nula, resta-me demonstrar a sua origem e os seus progressos nos sucessivos desenvolvimentos do espírito humano. Aos jovens e idosos, conclui-se que a prática da atividade física contribui para o prolongamento da existência através de uma boa saúde física e mental, proporcionando novas perspectivas de vida humana.
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A hidroginástica (Histórias e Aspectos)
4.1 -
Tudo começou...
Antes de Cristo, o médico Hipócrates tomava banho de contraste, onde os gregos faziam caminhadas na água para fins recreativos e curativos. Embora a água, na Idade Moderna, continuasse a ser considerada como um elemento bastante suspeito, a que eram atribuídos poderes nocivos, no século XVIII ganhou aspectos de luxo e passou também a ser utilizado como exercício terapêutico. Na década de 40, do século XVIII, os aristocratas mandaram construir casas de banho luxuosas nos seus palácios e residências urbanas, algumas vezes complementadas com fontes e plantas exóticas. Apesar da maior parte dos banhos de imersão se rodearem ainda de medidas preventivas (purga anterior ao banho, descanso e uma refeição posterior), a sai prática tornou-se cada vez mais freqüente. Em 1751 a Encyclopédie descrevia até a tina de banho como um objeto semelhante, na sua forma, às banheiras do nosso tempo. Feitas de cobre ou de ripas de madeira, deixaram de ser redondas para serem oblongas: 4,5 pés de comprimento por dois pés de largura. Era, no
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entanto, a sua localização e a temperatura da água que determinavam tanto o objetivo do banho como os seus efeitos sobre o corpo. Os banhos quentes em casas particulares eram um luxo, um acontecimento voluptuoso praticado por mulheres (ou homens indolentes), funcionando muitas vezes como preparação para um encontro amoroso. Por outro lado, os banhos quentes podiam ser de natureza termal. Em 1761 foi construído um estabelecimento de banhos nas margens do Sena para pessoas de grandes recursos (um banho custava o equivalente ao salário semanal de um artesão), para que se pudessem curar em local perto de suas casas, uma vez que eram conhecidas as virtudes da água do rio.
4.2 -
A Ginástica dentro d água
Dentro da água, nosso peso fica reduzido em 10% do real. Com isso os movimentos tornam-se mais fáceis, seguros e harmoniosos. A sustentação do corpo pela água diminui os riscos de lesões, no caso articulações, musculatura e coluna ficam livres de impactos. As sensações de cansaço, dores musculares e outros tão comuns em trabalhos físicos não aquáticos são bastante reduzidos pelo efeito massageador da água. Segundo Aristóteles, a água é a substância original da qual são formadas todas as outras. Acreditava e afirmava que a terra descansa sobre a água. Nos dias atuais, a primeira causa a considerar é a “educação”, a qual pode ser dividida em duas etapas: a música e a ginástica. A música significa tudo o que está dentro da “província das musas”, um significado tão amplo como o que chamamos de cultura. Ginástica relaciona-se com o ensino e a capacidade física, na qual deve ser considerada como tema de um assunto.
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Segundo Ruth Sova2, a melhor maneira de utilizar a Hidroginástica seria com a música, compondo entre 110 e 160 batidas por minuto (BPM), sendo que muitas gravadoras e produtoras desenvolvem músicas destinadas aos profissionais da linha aquática.
4.3 -
A prática da atividade aquática
A determinação da conduta de um indivíduo que encontrou na hidroginástica algo racional no conceito virtual em sua vida, os atletas que em atividades gratificantes dentro d água, tem mérito. Nada nos é vedado, o homem sedentário tem seu espaço na prática da hidro. Por incrível que pareça, a fraqueza humana apodera-se de pessoas sem força otimista. A virtude encontra-se reservada dentro de nós. A ordem, a moderação e a constância, tudo está ao alcance do ser pensante, inclusive o menos capaz. Os sábios dizem que para julgar honestamente um homem é essencial examinar o seu trabalho nos universos social, esportivo, profissional ou outras tarefas que lhe afetam. O ser humano tem fabulosa capacidade de escolha e decisão. Jamais devemos temer ou evitar alguma coisa. A virtude está contida dos princípios básicos de nossa sabedoria e, por incrível que pareça, ao exercitá-la, acontece que são produzidos efeitos benéficos para o nosso corpo, mesmo quando o nosso superego, por vezes, diz, “não faça isso”. Sem sacrificar a vida física, a hidroginástica é uma virtude que todos devem praticá-la com tal perseverança de forma que venha integrar-se com a nossa natureza. Nosso pensamento reflete infinitas coordenações, por isso é importante conviver harmoniosamente consigo mesmo. A prática esportiva não está sendo gerada, pois, desde o nascimento do ser o
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Hidroginástica na Terceira Idade, São Paulo. Editora Manole, 1998
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exercício já era praticado, involuntariamente ou não. Ora, se a prática é tão antiga, por que não se está usufruindo essa virtude de livre arbítrio que nos é outorgado? No meio esportivo temos que realizar movimentos naturais. Portanto, o esporte que utiliza movimentos não-naturais torna-se sem sentido de expressão dentro do contexto humano. Por outro lado, hidroginástica não é um esporte violento, e, tão pouco, requer esforços físicos anormais. O praticante tem uma inteligência que deseja coisas agradáveis. A antipatia, ódio e tristeza universais não são sentimentos que causam identidade com os simpatizantes das aulas de hidroginástica. Esta atividade, inclusive, foi divulgada oficialmente ao universo do “fitness”, em junho de 1990, em San Diego, Califórnia, USA. Ao longo do tempo, também recebeu alguns outros nomes: Absyss Biss, Aquaeróbica, Aquabench, Hidrostep, Hidrorobics, hidrojazz entre muitos. O movimento no meio líquido, a propriedade do objeto corporal é representada por uma relação quantitativa geométrica, homogênea e reversível. Obedece a lei da inércia, e, portanto, poderá manter-se definitivamente sob controle do praticante. O respeito pelo limite físico é a essência daqueles que procuram uma dinâmica no conceito de auto conservar-se na existência. Nos Estados Unidos da América, a Associação Cristã de Moços (ACM) desenvolve programas de ginástica aquática para grupos de terceira idade. Depois de chegar a SPAs (locais de emagrecimento), hotéis, clubes e as academias, a hidroginástica vai conquistando ainda mais espaço. A hidroginástica pode ser aplicada em piscina aquecida (27 a 31 graus) ou não, e deve ter profundidade suficiente para que os alunos trabalhem com a água na altura do peito. É importante que profissional interessado na aplicação da Hidroginástica estude as propriedades físicas da água, que é a principal aliada do nosso trabalho.
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Um bom trabalho na hidroginástica é que o grupo de alunos deve ser o mais homogêneo possível, dividido por idade e nível técnico. A água opõe resistência em todas as direções, exigindo trabalho da musculatura agonista e antagonista3. Os deslocamentos na água afetam bastante o equilíbrio e também a dinâmica da aula. Os exercícios aeróbicos são feitos por meio de saltos, saltitamentos e deslocamentos em suas variações. Na hidroginástica, a parte aeróbica, deve ter no mínimo vinte minutos. Um indivíduo em pé, na água, sofre maior pressão nos pés e menor no tórax, o que beneficia a circulação sanguínea e intensifica o trabalho da musculatura respiratória. É a chamada pressão hidrostática, que também ajuda na percepção corporal, facilitando a postura. A água é quatro vezes mais resistente que o ar, exigindo maior esforço para a realização dos exercícios para trabalhar força, aumenta a amplitude do movimento e ao mesmo tempo em que diminui a velocidade. Por isso, para trabalhar a resistência, diminuímos a amplitude a aumentamos a velocidade. Na hidroginástica, até as pessoas com pouca habilidade esportiva e coordenação, ficam à vontade, melhorando sua autoconfiança.
4.4 -
As termas terapêuticas
Após seu exercício, o jovem podia mergulhar num tanque ao ar livre (piscina), realizados, nas cidades, em espaços abertos, freqüentemente ligados aos banhos públicos exatamente como, mais
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Motor ou Agonistas - o termo agonista pode referir-se ao responsável por uma ação, como a contração muscular, que resulta num movimento. Antagonista - tem efeito contrário do agonista, freia o movimento no retorno a posição inicial
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remotamente, os jovens romanos, que se exercitavam no Campus Martius, e nadavam no rio Tibre. Geralmente, iam à companhia de um escravo, no caso em que fosse bastante rico, e este se encarregava de levar o frasco de óleo para pele, o estrígil4 e a toalha, bem como de fazer a unção do corpo de seu amo. A pessoa se despia e caminhava pela sala, cuja temperatura era controlada (tepidarium), rumo ao banho quente (caldarium) ou para a câmara de transpiração (laconicum), onde a untação de óleo e a operação com estrígil faziam o papel do sabão de hoje; ia-se então, para o banho frio (frigidarium), retornando após o tepidarium e a sala de vestir, onde se poderia receber uma segunda dose ligeira de óleo, que serviria como preventivo a um possível resfriado quando saíssem para a rua. Os grandes banhos imperiais em Roma continham galerias de arte de estatuária, recreação, salas de leitura, possuindo todos os acessórios sociais descobertos nos séculos XVIII e início do XIX em banhos. As mulheres se banhavam em recintos separados, freqüentemente contíguos aos masculinos, de forma que se poderia utilizar o mesmo aquecedor para esquentar ambos os banhos e, às vezes, banhavam-se elas no recinto dos homens, em horários femininos diferentes dos masculinos. O banho rústico, por várias vezes foram proibidos pelos imperadores, como Adriano e Alexandre Severo. A hora era anunciada, aos gritos, por escravos; e, ao término da nona hora (no meio da tarde), era tempo do jantar (cena), a refeição mais substanciosa do dia. Por felicidade, o povo romano podia dar melhor emprego ao seu tempo livre. Nas termas que os Césares edificaram, encontravam os Romanos uma recreação em toda a força da palavra.
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Espécie de almofaça, com que se esfregava o corpo, especialmente no banho.
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O nome de Termas é grego. Mas a realidade correspondente, na qual pela primeira vez se associa a palestra em que os corpos se adestram, com os banhos em que se purificam, é especificamente romana: é um dos mais belos presentes oferecidos pelo regime imperial não somente à arte, que se enriqueceu para sempre com esses monumentos, cujos restos arruinados nos empolgam ainda pela sua amplidão, proporções, e economia racional, mas à própria civilização, que se serviram à sua maneira. Com eles a higiene foi posta na ordem do dia da Urbe5 e ao alcance das massas; e, no cenário de sonho em que se instalaram, os exercícios e cuidados corporais tornaram-se um prazer apreciado por todos e um repouso acessível aos mais humildes. Essas termas, com efeito, não eram apenas balneários onde se achavam reunidos, graças aos arranjos mais engenhosos, as mais diversas formas de banho (a transpiração a seco e o banho propriamente dito, o banho frio e o banho quente, as piscinas e as banheiras). Incluíram também jardins e passeios, estágios e salões de repouso, salas de ginástica, salas de massagem e até bibliotecas e verdadeiros museus. Tudo isto dentro de um enorme quadrilátero em que, na face exterior, se abriam arcadas, onde de juntava gente e onde se instalavam inumeráveis lojas muito concorridas. Ofereciam aos Romanos como que um resumo das benesses que fazem a vida bela e feliz. É impossível que, depois dos seus exercícios e do seu banho, do bem-estar corporal e da lassidão que então sentiam os Romanos não se tenham deixado penetrar docemente pela beleza de que estavam 5
A Urbe apresenta-se como o local das reuniões entre cidadãos, ou seja, era o santuário religioso e político dessas associações. Para os antigos a Urbe não se formava lentamente ao longo tempo, a partir do aumento do numero de homens e de construções. A Urbe pode ser construída rapidamente, mas antes as cidades deveriam ser erguidas, então logo fundava-se a Urbe como santuário.
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rodeados, e que no meio destas maravilhas mais de um entre eles não tenha sido visitado pelo Espírito e tocado pela graça da Arte. Todas as atividades humanas durante o período que se convencionou denominar pré-histórico dependiam do movimento, do ato físico. Ao analisar a cultura primitiva em qualquer das suas dimensões (econômica, política ou social), vemos, tão logo, a importância das atividades físicas para os nossos irmãos das cavernas. A hidroginástica já era praticada há muito tempo por árabes, romanos gregos e outros povos antigos. Eram denominados de “banhos terapêuticos”. Os diversos povos tinham tradições culturais distintas entre si, mas tinha uma só preocupação o banho para manter a saúde perfeita. O povo romano como outros tinham preocupações para manter a saúde física e mental, todas essas manifestações nas águas é a hidroginástica que praticamos hoje em academias. No século XVII, na Inglaterra, foram construídas piscinas compridas com águas pelos joelhos, colocando pedras no fundo. Nessas piscinas, eram feitas caminhadas terapêuticas. Agora que já vimos o contexto histórico em que a hidroginástica surgiu, inclusive percebendo que é uma prática antiga e que tem muitos benefícios, vamos indicar alguns conselhos relacionados à atividade e que são adequadas à prática atual: •
POSTURA; pressionar os calcanhares para o fundo da piscina, fazendo com que o pé trabalhe e evitando sobrecarga na panturrilha.
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NUTRIÇÃO; uma boa nutrição é essencial em qualquer esporte, deve-se enfatizar uma “dieta balanceada”.
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CLORO; irritações na pele e olhos podem acontecer. O ideal é tomar banho logo após a aula.
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CABELOS; para proteger o cabelo, use a touca. Participar de um programa de ginástica aquática com cabelo molhado pode ser desagradável.
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PELE; o cloro resseca, o sol queima, caso a piscina seja descoberta, é necessário cuidar-se, usando protetor solar. Caso seja coberta, não é preciso preocupação com a proteção, mas deve-se respeitar o tempo na água.
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HIPOGLICEMIAS; (baixa quantidade de açúcar no sangue) se o atleta alimenta-se adequadamente, isto não irá mudar a forma saudável.
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HIPOTERMIAS; significa “perder calor”. Dependendo da carga do exercício e da temperatura da água, recomenda-se que, após a aula, o atleta fique longe do vento, para não causar um choque térmico, ou ainda mudar constantemente de um lugar para outro, com alterações de temperatura.
•
ENJÔOS; este é um problema “raro” entre os alunos, caso ocorra, a melhor maneira procurar relaxar-se e, em seguida, procurar um médico.
O certo é que a água está em nosso corpo, na nossa vida e ocupa a maior parte de nosso planeta. Dentre outras inúmeras características do meio líquido, não menos importante seria sua relação com a Educação Física e a Fisioterapia, haja vista a vasta quantidade de atividades que podem ser realizadas em tal ambiente líquido. Para retratar melhor, perceba a existência da hidroginástica, do pólo aquático, da hidroterapia, da natação, entre outros. As atividades aquáticas vêm evoluindo de maneira satisfatória de acordo com as exigências da sociedade e do próprio ser humano, sendo uma das modalidades esportivas mais praticadas em academias, clubes, haja vista a quantidade de pessoas que adoram se exercitar em meio líquido.
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São inúmeros os benefícios das atividades aquáticas, em diferentes faixas-etárias e respeitando melhoria em diversos níveis, sendo: •
No que concerne ao aspecto físico, estão na possibilidade de realizar movimentos sem causar impacto às articulações e tendões, na estimulação de toda a musculatura e manutenção do tônus muscular, nos efeitos benéficos sobre o sistema respiratório e cardiovascular, na recuperação de enfermidades, entre outros.
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Em relação ao aspecto psicológico, estão na tendência à elevação da auto-estima, no alívio dos níveis de stress, na maior disposição para enfrentar as atividades cotidianas, entre outros.
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No que tange ao aspecto social, é perceptível como há novas possibilidades de favorecimento das relações interpessoais e conseqüente aumento dos laços de amizade, interesse em compartilhar experiências e ideais, entre outros.
Tanto é verdade o discutido acima, que a orientação dada por diversos médicos, educadores físicos e fisioterapeutas é para que seus clientes optem pelos benefícios das atividades aquáticas como alternativa ao processo de recuperação de determinada enfermidade ou mesmo como forma de precaução aos diversos males. Mesmo que o indivíduo não goste de nadar ou não saiba, ainda assim, dá para praticar a hidroginástica, pois a maior profundidade que a ser encarada será até os ombros. O rosto vai ficar borrifado, mas não se afoga porque não se mergulha a cabeça na água. Outro fator que agrada na hidroginástica é que o suor e alta temperatura do corpo não são percebidos. Na ginástica convencional, em dias mais quentes, o calor acaba sendo um fator de desânimo.
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A hidroginástica pode ser praticada por homens, mulheres, jovens e idosos que buscam se exercitar, pessoas ocupadas e que tem pouco tempo para fazer exercícios, atletas em treinamento, gestantes, pessoas que estão se recuperando de alguma lesão, magros, obesos, pessoas com algum tipo de deficiência e aqueles que querem outra opção para os seus programas normais de exercícios.
4.4.1 - Temperatura Uma das características mais óbvias da água é a sua temperatura. A faixa entre 25º C e 29º C (se a temperatura for muito baixa pode ocorrer a hipotermia - pela queda de temperatura, se for alta pode causar moleza) é confortável para a hidroginástica, mas se for usada como hidroterapia e com fins terapêuticos, a temperatura pode ser outra. A exposição à água na temperatura adequada para a hidroginástica aumenta as qualidades elásticas dos nossos músculos, ajudando a ampliar a nossa faixa de movimento, prevenindo danos aos músculos devido ao relaxamento que a água oferece.
4.4.2 - Pressão A contribuição básica da pressão da água é que ela estimula a circulação e faz o aparelho respiratório trabalhar mais. Estes efeitos aumentam a sobrecarga do corpo, melhorando a resistência muscular.
4.4.3 - Flutuação Pessoas com excesso de peso ou com problemas específicos que dificultam o movimento em terra, descobrem que a flutuação permite que estas pessoas possam se exercitar com facilidade, pois um corpo imerso num fluído é sustentado por uma força igual ao peso do fluído deslocado pelo corpo. É por isso que se flutua na água. A flutuação também evita o impacto nas articulações.
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4.4.4 - Resistência A água oferece uma resistência ao movimento, produzindo um efeito de sobrecarga, como se estivesse trabalhando com pesos. Esta resistência é notada deslocando o braço com a palma da mão aberta pela água.
4.4.5 - Massagem Este é um benefício agradável que a hidroginástica pode oferecer através da resistência e pressão da água sobre as partes do corpo. Além do efeito suavizante sobre os músculos, a massagem oferecida pela água ajuda a aumentar a circulação periférica do sangue e alivia as tensões. Deste modo, o corpo relaxa. No caso dos hipertensos, a piscina aquecida colabora sensivelmente para a estabilização da pressão arterial e evita que a pessoa fique dolorida depois.
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Vantagens da hidroginástica
A hidroginástica é uma atividade divertida, onde há uma grande interação durante a aula com outras pessoas. Até aqueles que são mais envergonhados acabam se soltando e eliminando a inibição. Através desta atividade, pode-se melhorar a capacidade aeróbia, a resistência cardio respiratória, a resistência e a força muscular, a flexibilidade e o bem estar geral, além de queimar muitas calorias - em média 400 calorias em uma hora. A água também serve como meio para uma grande variedade de exercícios de reabilitação, onde as atividades são adaptadas às necessidades individuais, pois as qualidades terapêuticas da água podem ajudar e muito no processo de cura. Mas é sempre importante fazer uma avaliação física antes de iniciar as atividades.
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Pode-se fazer a hidroginástica três vezes por semana, caminhadas mais três vezes na semana, em dias alternados a hidro, e muito alongamento antes e depois dos exercícios, obtendo-se excelentes resultados em termos de eficiência no condicionamento físico.
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Atividade física e os esportes educacionais A importância da atividade física e do esporte como meio de educação
O esporte como instrumento de educação. Esta tem sido um dos argumentos de temática racional mais utilizado para justificar sua importância. Ao mesmo tempo, ele, o esporte, tem sido uma proposta apresentada pelas academias de elite Essas entidades o tem aproveitado para treinar o caráter, autodisciplina, tolerância à dor, ao desconforto e ao perigo. Os objetivos propostos e defendidos com mais freqüência como razões para se incluir os esportes na educação, seja ela pública ou particular, têm sido a saúde e aptidão - e especialmente a aptidão ao crescimento e o desenvolvimento precoce dos jovens. Os responsáveis pelas academias têm que estar amparados legalmente pelo “saber” de educação física. Nota-se que, em certas instituições, utiliza-se a “notoriedade” em primeiro plano ao passo que o indivíduo que procura estímulos vitais para o seu corpo são preocupações secundárias.
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Os filósofos e os líderes da educação, em todas as épocas, têm defendido o folguedo e os esportes para a educação das crianças em idade escolar primária. Sócrates, Aristóteles, Quintiliano, Comênio, John Locke e até mesmo John Dewey, achavam que o folguedo físico era essencial à educação6. No começo do século XX, nos Estados Unidos, Thomas D. Wood, Clark W, Hetherington e outros lideraram uma vigorosa revolta contra os programas artificiais e mecânicos de exercícios como o conteúdo da educação física para crianças e jovens. Eles achavam que força, postura, resistência e aspectos saudáveis dos exercícios de aptidão deviam ser subprodutos de exercícios praticados por serem naturais, espontâneos e agradáveis. Eles queriam que o programa de educação física fosse o folguedo vigoroso da infância. O uso dos esportes como uma forma de recreação, descanso do trabalho e terapia mental também tem sido um dos seus objetivos freqüentes. Outros resultados cujo instrumento responsável era, segundo se supunha, o esporte, eram a integração e solidariedade de grupo, uma forma de contato e conhecimento social entre os sexos, uma forma de expressão estética. Etimologicamente, a palavra “estética” vem do grego “aisthesis” com o significado de “faculdade de sentir”, “compreensão pelos sentidos”, “percepção totalizante”, da graça e da beleza, um meio de preservar a aptidão numa sociedade onde o homem tem cada vez mais lazer, um escoadouro inofensivo, mas necessário, para a agressão, um substituto para os vícios e para os impulsos socialmente prejudiciais das pessoas comuns e uma fonte de prestigio social. As academias oferecem equipamentos e profissionais, dentro de suas limitações. Dessa maneira temos muitas de “elite” e outras restritas apenas ao condicionamento vital à saúde. O acompanhamento médico
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Folguedo é um importante instrumento para a construção da personalidade.
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periódico é obrigatório aos filiados nas academias, e o professor deverá ter em seu poder laudo médico de seus alunos para controle e avaliação física obrigatória. O fato de procurar uma academia não é uma questão de luxo. O ser humano tem necessidade das habilidades e da prática de esportes em sua sociedade e do seu grupo como meio de participação social, desenvolvimento físico, mental e compreensão humana. Embora a sociedade faça alguma distinção em tipos e vigor de esportes para os dois sexos, as finalidades são as mesmas. O esporte sido mais empregado como atividades para vida familiar e para participação compartilhada com os filhos, fenômeno que parece fomentar o desenvolvimento infantil, a integração familiar e a felicidade. Cada vez mais os esportes vêm revolucionando as escolas do país. A preocupação no ensino vem crescendo e uma maneira de incentivo aos nossos alunos é buscar o desenvolvimento nos esportes. Por isso, a importância do esporte na educação. A prática esportiva como instrumento educacional visa o desenvolvimento integral das crianças, jovens e adolescentes, capacita o sujeito a lidar com suas necessidades, desejos e expectativas, bem como, com as necessidades, expectativas e desejos dos outros, de forma que o mesmo possa desenvolver as competências técnicas, sociais e comunicativas, essenciais para o seu processo de desenvolvimento individual e social. O esporte, como instrumento pedagógico, precisa se integrar às finalidades gerais da educação, de desenvolvimento das individualidades, de formação para a cidadania e de orientação para a prática social. O campo pedagógico do esporte é um campo aberto para a exploração de novos sentidos/significados, ou seja, permite que sejam explorados pela ação dos educandos envolvidos nas diferentes situações.
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Além de ampliar o campo experimental do indivíduo, cria obrigações, estimula a personalidade intelectual e física e oferece chances reais de integração social. Em meio a estas descobertas do esporte, o que vem revolucionando hoje em dia as escolas é o chamado “Esporte Radical”. A adrenalina, a emoção e o prazer de se exercitar nesta aventura fazem com que o aluno alcance diferentes maneiras de aprender um movimento e de se integrar ao meio social. Ensinar a prática de esportes radicais é preparar o aluno para executar determinadas habilidades por meio da descoberta do prazer de se exercitar. Tudo isso sempre envolvendo segurança, bons profissionais e educadores por perto. Quando a criança ou adolescente está em contato com a adrenalina, natureza e aventura, este é o modo de desenvolver outras habilidades e, nesta hora, fica evidente o potencial de cada um. Por intermédio destas aulas, é possível adequar as disciplinas dadas em sala de aula, mostrando e fazendo com que a criança se desenvolva melhor. Os esportes influem positivamente na saúde das crianças e jovens e exercem importante papel formativo e socializante.
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Cansaço e fadiga na atividade física O sedentarismo e seus sintomas
Estudos feitos por fisioterapeutas americanos e europeus definem a fadiga como um excesso de ácido lático na região muscular. Isto porque o tecido muscular torna-se letárgico em meio ácido. Dentre os sintomas característicos de cansaço, são eles: •
Menor desempenho de um esforço determinado através de reservas adicionais; • Coordenação motora retardada e insegura; • Aumento no tempo de reação; • Freqüência cardíaca elevada; • Pressão arterial elevada. Diversos autores distinguem dois tipos de fadiga: uma chamada de “fadiga local” e outra “fadiga central”. a. FADIGA LOCAL: São relacionados por meio de uma questão muscular, em conseqüência da elevação de temperatura, redução de ATP (fonte energética), aumento dos íons H+ e outros fatores.
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b. FADIGA CENTRAL: É caracterizada pelo sistema nervoso. Segundo MURRAY and KARPOVICH7, o sistema nervoso é o primeiro que se cansa, pois, quando um exercício não tem motivação, cria uma fadiga maior do que em outro mais pesado, porém mais atraente.
6.1 -
Lei do esgotamento
O esgotamento do nosso corpo não cresce na proporção direta do trabalho efetivo, e não podemos dizer que para trabalhos duas ou três vezes maiores que um trabalho tomado por unidade a nossa fadiga seja dupla ou tripla. O nosso corpo não pode ser comparado a uma locomotiva que queima uma quantidade certa de carvão por cada quilogrâmetro de trabalho. No ser humano, quando o corpo está fatigado, uma fraca quantidade de trabalho produz efeitos desastrosos. É preciso procurar a causa do fato do músculo não consumir nas primeiras contrações as mesmas substâncias de quando está fatigada. Da mesma forma, no jejum, é consumido, no primeiro dia, materiais que são totalmente diferentes dos que se busca aos nossos tecidos nos últimos dias de inanição. O organismo é mais experimentado por um trabalho quando ele está já fatigado, precisamente porque o músculo que, na sua atividade normal, já tinha dispensado a energia ordinariamente disponível, se encontra obrigado, para produzir um novo trabalho, a fazer apelo às forças que ele tinha em reserva, e o próprio sistema nervoso deve, nestas condições, entrar em jogo mais ativamente. E quando este último se
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MURRAY, James A., KARPOVICH, Peter. Weight Training in Athletics. New Jersey. Editora Prentice-Hall. 1956
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esgota, fatalmente o músculo esgotado não pode se contrair de outra maneira senão frouxamente. Quando levantamos um peso, é preciso ter em conta dois fatores susceptíveis de se fatigarem. Um, de origem central, puramente nervoso, é à vontade. O outro, periférico, é o trabalho químico que se transforma em trabalho mecânico na fibra muscular. Leopold Kronecker, um famoso professor na Alemanha, mostrou que é a excitação que se fadiga essencialmente, e pode-se demonstrar com o ergógrafo que esta lei é tão verdadeira no homem como em uma rã. Estudando as diferentes manifestações da fadiga, dois fenômenos, sobretudo, chamam a nossa atenção. O primeiro é a diminuição da força muscular. O segundo é a sensação interna de fadiga. Temos, portanto, um fato físico que podemos medir e comparar, e um fato psíquico que escapa as nossas mensurações. Segundo o filósofo e professor belgo Joseph Delboeuf8, que estudou o conjunto das sensações escreve: “A intensidade da sensação não depende unicamente da intensidade da causa excitante, mas também da massa da sensibilidade ou da força que os órgãos interessados possuem neste momento”. Existem duas condições fisiológicas que nos tornam insensíveis à fadiga: o hábito e a diminuição da excitabilidade que vai aumentando gradualmente com o esgotamento. Em outras palavras, a lassidão. Delboeuf complementa, dizendo que a fórmula de esgotamento é rebelde à experimentação. Existem, na verdade, numerosos fatores que vem complicar este estudo. Mas uma análise permite, no entanto, por algumas normas. O operário que persiste em trabalhar quando está fatigado não produz senão um fraco efeito útil, à custa do seu organismo, e é preciso, 8
DELBOEUF, Joseph, Etude Critique de La loi psychophysique de fechner. França. Editora Harmattan. 2008
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neste caso, espaçar os períodos de repouso para conseguir restaurar as forças. Basta lembrar–se do esforço nervoso com que, após uma marcha fatigante, para que se levante os pés. Se estudarmos a história deste último século, veremos que os povos são dominados por uma preocupação constante - tornar mais útil o trabalho do cérebro e dos braços. A sociedade moderna dedica-se a multiplicar os motores e os instrumentos para aumentar e tornar mais fecundo o trabalho dos músculos e da inteligência. O desenvolvimento prodigioso da indústria e das máquinas atinge uma intensidade extrema, e a lei do esgotamento deve necessariamente fixar um limite a ganância do lucro. Sucede com a máquina o que se produziu com a escrita. No princípio, os livros tinham por fim a ajudar a memória e, como efeito, registrou-se belas descobertas. Com eles, a lenda, os contos e a história já não tinham necessidade de ser transmitidos com um dispêndio real de memória, de viva voz de pais a filhos. Mas o fim foi ultrapassado e hoje a escrita e o livro, longe de ser um instrumento de repouso para a memória, são umas das mais poderosas causas da fadiga da inteligência, um instrumento de tortura para o cérebro humano. Os baixos-relevos de Tebas mostram que fracas mudanças três mil anos trouxeram à vida do trabalhador. Os instrumentos utilizados no tempo dos faraós, tais como os martelos, as serras, as picaretas e os teares, são bem pouco diferentes dos empregados pelos operários no começo do nosso século. Hoje, nenhuma comparação é possível. A aplicação do vapor criou uma época nova na historia da humanidade. É comum notarmos que pessoas que já se exercitam há certo tempo, sintam menos preguiça que aquelas que começaram há pouco. De fato, isso acontece. A pessoa que pratica alguma atividade física há certo tempo, tem menos preguiça que uma pessoa sedentária, pois já tem o hábito. O costume de se exercitar já foi criado. Inclusive, não só o
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costume físico como também o mental. Já o sedentário não tem disciplina e com isso, fica mais propício aos sintomas da preguiça.
6.2 -
Sedentarismo
Atualmente tornou-se muito difícil ser uma pessoa ativa, mas não impossível. As alternativas para a prática das atividades físicas muitas vezes passam por despercebido ao alcance dos cidadãos. Sugerem-se, então, algumas atividades, para que aumente o gasto calórico semanal simplesmente reagindo aos confortos da vida moderna. Subir dois ou três andares de escada ao chegar em casa ou no trabalho, dispensar o interfone e o controle remoto, estacionar o automóvel intencionalmente num local mais distante, dispensar a escada rolante no shopping-center, são algumas alternativas que podem compor uma mudança de hábitos. Para iniciar a prática da atividade física, esta deve proporcionar em primeiro lugar prazer ao praticante. Já a liberação plena para a prática das atividades físicas, particularmente as atividades competitivas e de maior intensidade, deve partir do médico. No caso de indivíduos portadores de hipertensão, diabetes, coronariopatias, doenças vasculares e outras, tanto a liberação quanto a prescrição dos exercícios devem partir do clínico, para o tratamento adequado. Caso ocorra algum tipo de desconforto durante ou após a atividade física ou exercício físico, o mesmo deverá ser avaliado por um profissional da especialidade. Com a prática de um programa de atividade física planejado por um professor de Educação Física é possível alcançar a redução do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares; a redução da obesidade; a ocorrência de diabetes mellitus, de hipertensão arterial; a redução da
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ocorrência de dislepdemias e do Stress; aumento da massa muscular e da força muscular, entre outras. Portanto, fica evidenciado que a inatividade física (sedentarismo) está associada ao aparecimento de enfermidades prejudicando toda uma população, então não cabe mais ficar sentado em um sofá esperando a doença chegar, sendo que existem inúmeros meios para que se possam mudar alguns hábitos. A inatividade física é reconhecidamente um dos importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares (DCV). O estilo de vida sedentário, assim como o tabagismo, a hipertensão arterial e a dislipidemia compõem os fatores de risco, passíveis de serem modificados, para um conjunto de doenças crônico-degenerativas consideradas o principal problema de saúde dos tempos atuais. A idéia da relação entre atividade física e saúde não é recente. Já era mencionada na cultura Chinesa, no Ayur-veddic da Índia e nos textos gregos e romanos. Entretanto, somente nos últimos trinta ou quarenta anos, por meio de estudos experimentais e clínicos com melhor abordagem epidemiológica, pôde-se confirmar que o baixo nível de atividade física é um fator importante no desenvolvimento de doenças degenerativas, como o diabetes mellitus não insulino dependente, hipertensão, doença coronariana e osteoporose. Altos índices de morte provenientes de todas as causas são notados em grupos de pessoas sedentárias, que também tendem a demonstrar maior prevalência de certos tipos de câncer, como os de cólon e de mama. Inversamente, atividade física pode reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e poderia ser um fator chave para aumentar a longevidade. Algumas descobertas recentes têm demonstrado que estes benefícios podem ser também sentidos entre os indivíduos inicialmente sedentários ou incapacitados que se tornaram mais ativos. Estudos indicam uma influência positiva da atividade física no controle do peso
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corporal e melhora da distribuição da gordura corporal. Os benefícios surgem quando há oportunidade de se manter uma vida independente e reduzindo o risco de quedas entre os idosos; ao melhorar o estado de humor; ao aliviar os sintomas de depressão e ansiedade; e ao elevar-se os padrões de saúde relacionados à qualidade devida. Empresas que adotaram programas de atividade física no local de trabalho para seus funcionários mostraram uma redução na ausência ao trabalho, redução nos custos médicos, aumento na produção e melhoria em seus lucros. Evidências científicas têm reforçado que um estilo de vida ativo na fase escolar pode trazer vários benefícios, entre os quais podemos citar o melhor rendimento acadêmico, o aumento na freqüência às aulas, a diminuição de comportamentos inadequados, a melhora do relacionamento com os pais, o aumento da responsabilidade, bem como melhora no nível de aptidão física geral A incapacidade de locomoção e do pleno exercício de funções básicas ao final da vida pode provocar o isolamento do idoso. O cotidiano torna-se cansativo, já que tarefas simples exigem grande esforço e força de vontade por parte do paciente. O fisioterapeuta Allan M. Jette9, professor da Universidade de Boston, estudou formas de prevenir ou reduzir o impacto das incapacidades funcionais no cotidiano do idoso. “Inicialmente este tema não chamava a atenção, já que, para a maioria, não havia prevenção para as chamadas doenças da velhice”, disse o pesquisador. Segundo Jette, o primeiro passo para que o assunto fosse tratado com a atenção que merece foi um parecer da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estabeleceu termos técnicos relativos ao conceito de incapacidade - antes visto como algo subjetivo - criando padronização e
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KEYSOR J, Jette A. Have we oversold the benefits of late-life exercise? Boston. Journal of Gerontology: Medical Sciences, 2001.
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unidade entre os pesquisadores da área. “Segundo a classificação da OMS, limitação é a dificuldade para exercer tarefas, enquanto a restrição de participação se configura como problema no envolvimento das pessoas no meio social. Neste contexto, fazer com que o idoso se levante da cadeira execute tarefas em casa é bem mais simples do que inseri-lo novamente em seu ambiente cotidiano”, afirmou. Como política pública, a prevenção da incapacidade no fim da vida se torna prioridade à medida que o indivíduo deixa de participar ativamente da sociedade. A atividade física é o principal mecanismo, atualmente, para evitar doenças e complicações na velhice. “Hoje pregamos o envelhecimento ativo, mas precisamos criar estratégias de prevenção capazes de causar impacto na população”, disse o fisioterapeuta. Para ele, a falta de exercícios físicos ao longo da vida contribui para uma vida sedentária na velhice. Nos Estados Unidos, o sedentarismo é considerado uma epidemia, já que a grande maioria da população não possui uma rotina que inclua atividades físicas. “Temo que outros países sejam atacados por esse mal. Em muitos, o grande número de lojas de fast-food me assusta. Mas o próprio desenvolvimento das grandes cidades não contribui para uma cultura de valorização de uma vida saudável”, ressalta o fisioterapeuta. Em um estudo para analisar o impacto dos exercícios na qualidade de vida e saúde dos idosos com osteoartrite no joelho, ele constatou que, dentre os 215 idosos pesquisados, a grande maioria respondeu positivamente à atividade física, com diminuição da dor e melhora na função motora. O medo da queda é um dos pontos mais questionados pelos idosos nas pesquisas realizadas por Jette. “Muitos temem a atividade física devido ao receio de cair e machucar-se. Para que este comportamento mude é preciso esforço da comunidade médica. Este tema deve ser encarado como questão de saúde pública. Prevenir complicações na velhice é muito mais simples e menos dispendioso do que tratar e manter idosos incapazes”, concluiu.
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Consideração de importância é a de que os benefícios do exercício são comuns a todos os tipos de atividade física, esportiva ou laboral, desde que os esforços não sejam excessivos em relação à condição física da pessoa. O exercício é uma forma de sobrecarga para o organismo. Sobrecargas bem dosadas estimulam adaptações de aprimoramento funcional de todos os órgãos envolvidos. Mas, quando excessivas, produzem lesões ou deterioração da função. O sedentarismo caracterizase por uma ausência de sobrecargas para todo o sistema neuro-músculoesquelético e metabólico, levando ao enfraquecimento progressivo de estruturas com funções biomecânicas, e à alterações funcionais que estatisticamente se correlacionam com maior incidência ou gravidade de doenças. Com base em estudos epidemiológicos e fisiopatológicos, formouse o consenso de que os exercícios estimulam a saúde em diversos aspectos: 1. Alívio de tensões emocionais: a atividade física é reconhecida como uma forma eficiente de aliviar o stress emocional, diminuindo assim um importante fator de risco para diversas doenças crônicas. 2. Melhora da composição sanguínea: os exercícios em geral tendem a normalizar os níveis de glicose, gorduras e diversas outras substâncias no sangue, que podem estar alterados e trazer riscos aos portadores. 3. Redução da pressão arterial: pessoas ativas fisicamente tendem a ter níveis pressóricos mais baixos, e os exercícios em geral auxiliam a diminuir a pressão arterial dos hipertensos. 4. Estímulo ao emagrecimento: qualquer tipo de exercício estimula a redução da gordura corporal, diminuindo assim a possibilidade da pessoa desenvolver doenças como a aterosclerose, o diabetes e outras.
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5. Aumento da densidade óssea: o sedentarismo leva à uma diminuição progressiva da resistência óssea, aumentando o risco de fraturas, e os exercícios físicos constituem recurso de alta relevância para evitar e reverter essa situação. 6. Aumento da massa muscular: a atividade física habitual leva a um aumento do volume e força dos músculos, protegendo as articulações e favorecendo a aptidão física. 7. Desenvolvimento da aptidão física: os exercícios aumentam a capacidade das pessoas realizarem esforços, permitindo assim maior autonomia motora, condição conhecida como boa qualidade de vida. Um dos aspectos que não pode ser esquecido, em função de sua importância para a vida em sociedade, é a deterioração da forma do corpo conseqüente ao sedentarismo. A falta de exercícios leva à diminuição progressiva da massa muscular e à tendência do acúmulo de gordura. Tendo os músculos consistência firme e formas arredondadas, sua função é modeladora, tanto no homem quanto na mulher. O tecido adiposo, de consistência flácida e sem forma definida, é o elemento deformante do corpo. Algumas atividades esportivas exigem um grau mínimo de aptidão física, abaixo da qual não é possível a sua prática. Quando uma pessoa pretende dedicar-se a alguma modalidade de esporte para a qual não está preparada, deve iniciar um programa de condicionamento físico para melhorar seus níveis de aptidão. Independentemente do tipo de atividade, aspecto de alta relevância é adequar o grau de esforço do exercício à condição física atual da pessoa. Qualquer tipo de exercício pode ser graduado nas suas características de realização, podendo então ser classificado como suave, moderado ou exaustivo, de acordo com o nível de sobrecargas impostas ao organismo. Evidentemente as pessoas sem condicionamento devem iniciar as atividades com exercícios suaves.
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Frequentemente alguns profissionais utilizam o termo “aeróbico” e “anaeróbico” para fazer referência a exercícios suaves ou pesados, o que caracteriza uso incorreto destas palavras e erro de grafia, pois o correto é aeróbio e anaeróbio. Tanto as atividades aeróbias quanto as anaeróbias podem ser suaves, moderadas ou exaustivas. Escolhido o tipo de exercício com base na preferência e na condição física da pessoa, uma adequada orientação técnica é fundamental. Nos clubes e academias professores e técnicos poderão oferecer a orientação adequada em cada modalidade esportiva. Para as pessoas que preferirem os exercícios domésticos, é importante seguir as orientações dos equipamentos utilizados, geralmente fornecidos por meio de folhetos ou vídeos. Qualquer dúvida deverá ser esclarecida com profissionais de educação física, muitos dos quais estão se dedicando à função de treinadores particulares.
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Atividade física: corretiva e excessiva Os limites da prática do exercício
A atividade física corretiva desempenha um papel importantíssimo em diversas áreas. Os exercícios corretivos servem para melhorar e desenvolver problemas musculares (no caso de acidentes), trabalhar a função respiratória e corrigir defeitos do esqueleto (na maioria dos casos a coluna vertebral é a mais atingida). Principalmente no meio aquático, a variedades de exercícios corretivos são surpreendentes. Dependendo da necessidade de cada pessoa, os exercícios devem ser adaptados, facilitando o movimento, sem sacrifícios. Atualmente, experiências realizadas nos permitem dizer que sobre o estado físico do indivíduo, dentre os exercícios considera-se principalmente: •
Maior elevação da pressão de oxigênio;
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Maior elevação da pressão arterial;
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A freqüência cardíaca volta ao estado normal em pouco tempo e outros fatores.
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Ferimentos: a atividade física pode ajudar.
Quando alguém se machuca, a primeira alternativa é, sem dúvida, procurar os exercícios. Não deixe a dor e o desconforto tomarem conta da situação. A atividade aquática, além das qualidades terapêuticas da água em ajudálo no processo de cura, automaticamente melhora sua condição física. Muitos atletas fazem um programa de atividade física, principalmente no meio aquático, pois muitas vezes acabam ultrapassando o seu limite, e então, as dores nas articulações, tendões, a tensão muscular, problemas de articulação (principalmente) em jogadores de futebol e volleyball e tendões machucados acabam aparecendo. Primeiramente, não devemos praticar a atividade física corretiva como uma solução reabilitadora, mas sim, como um complemento de uma prática esportiva. Ela deve ser feita sempre com aconselhamento e acompanhamento médico.
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Como funciona na piscina •
Pressão da água: ela atua em todas as partes do corpo, sempre com harmonia e resistência. Então você é obrigado a aumentar sua atividade, principalmente os aparelhos circulatórios e respiratórios.
•
Temperatura: a temperatura ambiental é um fator importantíssimo no processo de reabilitação. No caso de uma piscina com água aquecida, o fluxo de sangue aumenta e os vasos sangüíneos tendem a dilatar, no caso da água fria, os vasos sanguíneos contraem-se e diminuem os fluxos de sangue.
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Relaxamento ou flutuação: o peso do seu corpo na água se reduz a uma media de 90%. É como houvesse a mesma sensação que um astronauta pousando na lua sentisse. Por isso, permite, aos adeptos, movimentos sem sacrifícios, mas com facilidade.
O problema da atividade física excessiva
Vários problemas de saúde e diversas alterações fisiológicas (cardiológicas, ósseas, musculares, imunológicas, hormonais...) podem aparecer em seu dia a dia em decorrência de ultrapassar os limites do próprio corpo e do bom senso. Isso geralmente é motivado pelos seguintes procedimentos: 1. Excesso de volume (quantidade e tipo de exercícios, séries, repetições, distâncias e duração); 2. Freqüência (número de treinamentos na semana); 3. Intensidade (cargas, velocidade utilizadas durante os exercícios); 4. Soma de trabalhos ou treinos (natação + musculação + corrida), sem se preocupar com a recuperação do organismo; 5. Personalidade do praticante (perfeccionista, competitiva...) A freqüência de treinamento bem como a soma das atividades devem respeitar a individualidade biológica. Fatores como a genética, nível de aptidão física, sexo, idade, estilo de vida, intensidade (volume) freqüência de treinamento, dieta, tempo de repouso, são critérios que deve e precisam ser observados.
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Sintomas e sinais causados pelo excesso
Em sua rotina diária a. Alterações na qualidade do sono (sono inquieto) ou insônia (falta de sono à noite, sonolência durante o dia); b. Alterações no sistema digestivo com perda do apetite; c. Sensação constante de cansaço (Fadiga). Na aparência a. Perda de peso; b. Olheiras, palidez; c. Tendência à sudação, com sudoreses noturnas e mãos úmidas. Nos sistemas Osteo-articulares a. Alterações no sistema ósseo com a predisposição ao desenvolvimento de osteopenia e osteoporose; b. Fraturas por desgaste (repetidas) maior facilidade para o aparecimento de pequenas lesões localizadas; c. Maior predisposição de desgaste nas articulações. No Comportamento a. Apatia geral; b. Estresse físico e mental; c. Problemas psicológicos: excitação, depressão, irritabilidade, ansiedade e nervosismo; d. Perda de interesse pelo exercício, pela academia ou pelo esporte; e. Diminuição da libido sexual. Na Performance e alterações fisiológicas a. b. c. d.
Piora no rendimento durante o treinamento; Aumento do metabolismo basal; Temperatura corporal ligeiramente elevada; Aumento da freqüência cardíaca em repouso;
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e. Aumento da freqüência cardíaca que atingia num determinado exercício; f. Aumento de tempo de recuperação da freqüência cardíaca; g. Pressão arterial atípica com leve aumento em repouso; h. Aumento do lactato sangüíneo para um mesmo esforço; i. No caso das mulheres - amenorréia: ausência de menstruação (diminuição dos hormônios progesterona e estrógeno). Observação - Nenhum destes indicadores são "obrigatórios" para que seja diagnosticado a síndrome de overtraining existem pequenos indicadores que conjugados podem indicar o possível problema a fim de evitar o pior. A prevenção e a suspensão do treinamento são de fundamental importância, pois cada organismo pode responder e apresentar sintomas próprios. Dicas de como evitar esse problema: •
O profissional - Deve-se procurar sempre um profissional especializado na elaboração e orientação de seu programa de atividade física. Um bom planejamento deve levar em consideração em sua divisão atividade física, alimentação e descanso dentro de sua individualidade biológica e de seus objetivos;
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A alimentação - Deve-se ter cuidado com a alimentação, dietas hipocalóricas não são indicadas para praticantes sistemáticos de exercícios físicos e procure a orientação de um profissional de nutrição para fazer uma alimentação balanceada com todos os nutrientes básicos e faça exames periódicos para identificar possíveis deficiências nutricionais ou alterações fisiológicas como anemia;
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•
O sono - Recomenda-se atenção ao sono quanto a sua duração e qualidade. Procure dormir pelo menos oito horas por noite ou outra sugestão fazer uma sesta depois do almoço;
•
O descanso - A necessidade de descanso ou pausa entre as seções de treino é fundamental para a recuperação e para gerar as adaptações fisiológicas positivas para os músculos e para a mente. É indicada uma pausa de pelo menos 24 horas. (Quanto mais for à intensidade do treino maior a pausa ou descanso e sua importância.)
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As atividades - É recomendável praticar atividades e modalidades que tenham afinidade com sua personalidade e se exercite de forma prazerosa e saudável. Não faça do exercício uma tortura com hora e local marcado;
•
A freqüência e a duração – É necessário cuidado com a freqüência semanal de treino. Não se recomenda exercitar-se mais cinco vezes por semana e deve-se especial atenção quanto a duração de cada treino que, em linhas gerais, não deve durar mais de 1h30 min.
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A progressão - Gradualmente aumentar a quantidade e depois a qualidade do treino;
•
O desgaste – Evita-se o treino de grupos musculares ou partes especificas do corpo com muita evidência. A variação de segmentos, exercícios e modalidades pode ser um ponto positivo nesse quesito;
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Os limites – Respeitam-se os limites fisiológicos, interpretando as suas sensações. Não se ignora os avisos vindos do corpo. Monitora-se parâmetros como a freqüência cardíaca, a pressão arterial, a temperatura corporal. Uma indicação é usar um diário para apontar
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dados importantes como freqüência cardíaca pela manhã, peso, padrão de sono e outros. O transtorno emocional atinge cerca de um milhão dos nove milhões de americanos que freqüentam academias. Ainda não há dados sobre outros países. No Brasil, recentemente o assunto foi abordado pela mídia, inclusive com um texto publicado pelo escritor João Ubaldo Ribeiro, que afirma jamais ser passível de ser vítima da vigorexia. Ele diz que não tem a menor preocupação em se tornar forte a todo custo. Geralmente, embora sejam musculosos, os portadores desses transtornos passam horas na academia malhando e mesmo assim se consideram fracos, magros e até esqueléticos. Por estes motivos, acabam recorrendo à prática excessiva de exercícios e fórmulas para acelerar o fortalecimento. Muitas vezes, usam produtos como esteróides anabolizantes e suplementos alimentares. A vigorexia, ou a dependência de exercícios físicos, faz com que a vítima exija cada vez mais do próprio corpo, sem se importar com os efeitos colaterais. Em caso de problemas alimentares como anorexia e bulimia, os portadores de transtorno dismórfico corporal direcionam suas obsessões para os músculos. Eles sofrem distorção da própria imagem, perdem a noção do próprio corpo e por mais que estejam musculosos, jamais atingem um nível de satisfação.
Sintomas: 1. Disciplina excessiva para prática de atividades físicas com fim de obter resultados rápidos; 2. Passar a maior parte do tempo disponível em academias levantando pesos e exercitando os músculos; 3. Auto-imposição de metas cada vez mais exigentes e inalcançáveis, muitas vezes; 4. Pesar-se várias vezes ao dia e se olhar constantemente no espelho;
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5. Comparação obsessiva com outros colegas da academia; 6. Irritabilidade e ansiedade nos dias em que está impossibilitado de malhar; 7. Apresenta sintomas depressivos caso perceba ou suponha ter perdido peso ou massa muscular; 8. Adoção de dietas basicamente de carboidratos e proteínas; 9. Consumo de suplementos à base de albumina (clara de ovo) e drogas esteróides anabolizantes; 10. A pessoa com esse distúrbio limita as atividades sociais e os estudos e passa a maior parte do tempo na academia; 11. Ingestão exagerada alimentos - até mais 4.500 calorias por dia (uma pessoa adulta normal deve ingerir até 2.500 calorias) a fim de ganhar massa muscular mais rápido. O excesso de atividade física pode provocar também problemas hormonais e as mesmas lesões para os atletas esporádicos. Entre as lesões estão: •
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Luxação: É a separação ou deslocamento das partes ósseas numa superfície articular ou perda completa da superfície de contato entre os ossos de uma articulação. O ombro é o campeão das luxações; Tendinite: Resposta inflamatória a um micro-trauma de um tendão. Esse mal é mais comum em atletas que fazem esforço físico repetitivo, como os tenistas, que apresentam inflamação do tendão do antebraço. Mas os atletas esporádicos também apresentam tendinites; Contusão: É uma escoriação e geralmente decorre de pancadas e batidas. Quanto menos resistentes forem os músculos, maior é a contusão;
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Entorse: Lesão articular que ocorre quando o movimento numa articulação excede a amplitude normal do movimento, ocorrendo um deslocamento súbito da articulação. O mais comum são entorses no tornozelo e no joelho; Distensão muscular: Nome comum para uma ruptura de fibras musculares ou do tecido fibroso do músculo, geralmente causado por um esforço muito grande ou por estresse muscular. Também chamado de estiramento muscular; Ruptura de tendão ou ligamento: O joelho é o campeão deste tipo de lesão. Músculos fortes protegem mais os ossos, ligamentos e tendões; Fratura: Os ossos de pessoas sadias se tornam mais densos e fortes quando submetidos à pressão constante, por isso, pessoas ativas que fazem exercícios com regularidade, tem menos probabilidade de fraturas. Tanto os atletas de fim de semana, quanto os atletas profissionais, podem apresentar fraturas por estresse.
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Aspectos fisiológicos na atividade física Classificações e benefícios
O corpo, como uma intrincada oficina química, está sempre em atividade. Muito do que acontece nessa oficina envolve a repetição de eventos cíclicos, necessários ao bem-estar e à sobrevivência. Atualmente, sabe-se muito sobre as bases biológicas do comportamento necessário à vida, como a respiração, o sono, a procriação e a excreção.
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Quanto tempo?
O tempo exigido para cada exercício é muito importante, sendo baseado em casos de pulsação, assim controlando o batimento cardíaco. O tempo necessário para cada exercício repetitivo segue a seguinte conformidade: • • •
Exercício de grande intensidade = tempo curto; Exercício de media intensidade = tempo médio; Exercício de baixa intensidade = tempo longo.
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Classificação do exercício físico10 Denominação
Características
Pela via metabólica predominante Anaeróbio alático
Grande intensidade e curtíssima duração
Anaeróbio lático
Grande intensidade e curta duração
Aeróbio
Baixa ou média intensidade e longa duração Pelo ritmo
Fixo ou constante Variável ou intermitente
Sem alternância de ritmo ao longo do tempo Com alternância de ritmo ao longo do tempo
Pela intensidade relativa Baixa ou leve Média ou moderada
Repouso até 30% do Vo² m,ax. ( Borg < 10) Entre 30% do Vo² e o limiar anaeróbio (Borg 10 a 13) Acima do limiar anaeróbio (Borg 14)
Alta ou pesada Pela mecânica muscular Estático Dinâmico
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Não ocorre movimento e o trabalho é zero Há movimento e trabalho positivo ou negativo
Vantagens Fisiológicas da Atividade Física
* Com a atividade física há um aumento da: Circulação colateral; Tamanho dos vasos (luz ); 10
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia - I Consenso de Reabilitação Cardíaca
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Eficiência cardíaca; Retorno venoso; Conteúdo de oxigênio no sangue; Massa de eritrócitos e volume sangüíneo; Capacidade fibrinolítica; Melhora a função tireoídeana; Produção de HGH (hormônio do crescimento); Tolerância ao estresse. * Com a atividade física há uma diminuição da: Intolerância à glicose; Níveis de lipídios; Obesidade; Pressão arterial sistêmica; Freqüência cardíaca; Arritmia; Ação neuro-hormonal exagerada; Estresse psíquico; Depressão isquêmica; Produção crônica de catecolaminas; Manifestação clínica para o mesmo esforço. O treino atua sobre o coração exatamente do mesmo modo que sobre a circulação periférica. Em repouso, produz-se uma baixa da pressão sangüínea sistólica e uma pequena elevação da pressão sangüínea diastólica, do que resulta uma redução da amplitude da pressão sangüínea. Através da prática regular da natação, mantém-se durante muito tempo a elasticidade dos vasos, de modo que quase não se verifica a elevação da pressão sangüínea e os tão discutidos sintomas de desgaste. A natação é um exercício físico que treina o coração e a circulação, mantendo durante muito tempo a sua elasticidade e juventude e permitindo-lhes conservar-se em boa forma.
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Os bons resultados conseguidos sobre a elasticidade do nosso sistema de vasos que constituem um importante fator no retardar do envelhecimento humano.
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Benefícios ao corpo
Movimento e intensidade sempre se atraem. Entre outros fatores, podemos citar itens tais como, força, flexibilidade, velocidade, agilidade, resistência, potência e outros fatores que fazem parte da coordenação muscular. De acordo com a intensidade do exercício, a coordenação muscular torna-se maior, tendo-se também maior reserva de oxigênio é a seguinte: para identificar a coordenação muscular é necessário observar: •
Coordenação muscular = menos gasto de oxigênio;
•
Maior reserva orgânica;
•
Melhor desempenho.
Quem não gostaria de praticar exercícios varias vezes sem cansar? É difícil, mas acalme-se! Através de um grande esforço de uma atividade física, durante certo tempo, consegue-se a “resistência”. Resistência não é nada mais que a capacidade do individuo adquirir esforços, sempre num objetivo de qualidade e quantidade. Existem dois tipos de resistências: •
Orgânica;
•
Muscular localizada.
“A resistência orgânica” é adquirida através de percursos longos, como natação, corrida e outros, ou até mesmo com repetições de exercícios, considerada uma qualidade que permite ao organismo resistir a um esforço muscular relativamente gerado em condições anaeróbicas.
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“A resistência muscular localizada” é a capacidade do músculo de exercer tensão durante período de tempo, que pode ser constante ou variável, tentando manter o movimento por tempo prolongado.
8.5 -
Influência sobre o aparelho respiratório
No que diz respeito à absorção de oxigênio e à expulsão de anidrido carbônico, a natação exige um grande esforço da respiração. No inicio de um exercício desportivo torna-se necessário certo período de adaptação no qual o oxigênio inspirado não está em equilíbrio com o oxigênio consumido. Durante este período, o organismo tem que receber a energia necessária de processos fornecedores de energia, que decorrem sem entrada de oxigênio e que constituem as chamadas combustões anaeróbias. Após o exercício, o déficit de oxigênio dá lugar, durante vários minutos, a um débito de oxigênio, em virtude de uma absorção de oxigênio mais elevada do que a que se verifica durante o estado de repouso. Deste modo, o débito de oxigênio é sempre quantitativamente superior ao seu déficit. Num treino de natação conduzido regularmente, pode observar-se, como conseqüência do treino, um incremento da absorção máxima de oxigênio, o que é conseguido através de um aumento da capacidade vital (volume de ar que entra para os pulmões com a inspiração mais profunda), do volume cardíaco por minuto e de uma adaptação da circulação. Para uma melhor adaptação da circulação a um esforço mais elevado contribuem ainda o aumento da capacidade de difusão do O2, o aumento da hemoglobina, um melhor aproveitamento do oxigênio, a elevação da tolerância relativamente ao débito de oxigênio uma melhor irrigação sangüínea da região muscular envolvida no exercício através
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de um aumento da capitalização, etc. Deste modo, na prática da natação, deve atender-se particularmente à técnica da respiração. Muitas vezes, o nadador atinge precocemente o limite das suas forças, o que só é de imputar a uma técnica respiratória deficiente. No caso do nadador não conseguir expirar dentro de água, utilizando apenas o período de tempo relativamente curto em que tem a boca acima da superfície para inspirar e expirar, verifica-se uma compressão dentro da caixa torácica e, conseqüentemente, uma limitação de seu desempenho provocada pela técnica respiratória mal conduzida. Ao monitor, treinador ou professor cabe igualmente a responsabilidade de insistirem neste importante aspecto, quando ensinam a técnica natatória. A respiração corretamente praticada durante a natação é também muitas vezes utilizada na profilaxia e terapia de doença do aparelho respiratório, assim como do coração e do sistema circulatório. Como treino, consegue-se uma melhor capitalização, isto é, uma melhor irrigação sanguínea da musculatura. Isto se verifica em conseqüência de uma melhor impregnação dos músculos com sangue circulando nos vasos capilares, e, ao mesmo tempo, um aumento da secção transversal dos músculos. Todavia, o nadador não desenvolve apenas a sua força através do treino aquático, mas completa-a também como treinos em terra (por exemplo, ginástica, levantamento de pesos, etc). É importante o desenvolvimento da resistência, enquanto que o da força máxima só pode ser considerado como fundamento da primeira. A combinação favorável dos treinos da força dinâmicos e isométricos assume neste aspecto uma importância muito particular. Da mesma forma, o homem não existe como agrupamento de partes. O homem somente existe quando duas partes, ossos, músculos,
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olhos, espírito, coração, emoções, cérebro, funcionando em relação umas com as outras.
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estão
integrados,
Pode-se, figurativamente, dizer-se que o ser humano começa ai. A psicologia, a biologia, a sociologia e a filosofia confirmam que o organismo vivo, a própria célula viva, começou num estado integrado. Esse organismo pode se desintegrar mais tarde como resultado da influência de tensões. Mas a integração é fundamental. A integração é o estado inicial. O desenvolvimento do indivíduo se dá a partir desse estado integrado buscando – se dentro desse contexto à preservação dessa integração. “Entendo que a Educação Física deve ocupar-se do corpo e seus movimentos voltados para a ampliação constante das possibilidades concretas dos seres humanos ajudando-os assim na sua realização mais plena e autêntica”. Como também será extremamente difícil alcançar este propósito se separarmos os aspectos físicos, mental, espiritual e emocional do homem e se não os percebemos dentro de sua unidade e totalidade. Acredito que, somente de uma maneira integral, o corpo poderá constituir num objeto especifico da Educação Física enquanto uma ciência do movimento. Um treino acompanhado de estímulos eficazes contribui para a formação do chamado coração de desportista e para uma economia da circulação. Uma vez que a natação exige um grande dispêndio de energia ao organismo, daí resulta também uma elevada sobrecarga para a circulação. O consumo de oxigênio é mais elevado na natação do que nas outras modalidades desportivas. Todavia, entre os nadadores e os praticantes de outros desportos de resistência, tais como corredores de fundo, remadores ou ciclistas, não existem diferenças significativas no que diz respeito aos valores da circulação.
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No entanto, manifestam-se diferenças evidentes na capitalização muscular, no consumo de oxigênio e na diferença de oxigênio artériovenosa dos grupos de músculos treinados pela natação. Uma vez que esta modalidade deve ser considerada como um desporto de resistência, desenvolve-se, através de um treino regular, um coração de desportista característico, com o fortalecimento da musculatura (hipertrofia) auricular e ventricular, bem como um aumento do volume do coração (dilatação). Deste modo, por meio de um trabalho econômico de diminuição do volume, o homem tem a possibilidade de aumentar mais o volume que constitui um fator determinante do rendimento neste desporto, do que através de um aumento não econômico da freqüência. Para os nadadores, o professor e pesquisador Reindell 11 encontrou valores de dilatação cardíaca de cerca de 900 ml que, em relação com o peso do corpo, dão para o quociente volume cardíaco (ml). Para efetuar uma eficiente distribuição de sangue durante o exercício, complexos mecanismos reflexos devem controlar o tamanho das diversas artérias. Isto é feito mediante o relaxamento das cintas musculares localizadas na parede do vaso. Quando se corre, anda, ou se faz um exercício semelhante a estes, as artérias das pernas se dilatam, enquanto as artérias que abastecem os órgãos abdominais e os braços se constringem. Este ajustamento é variável. A redistribuição da percentagem de potencia cardíaca muda gradualmente quando muda o nível de atividade física. Considerando-se o vasto número de artérias que são afetadas, a perfeita integração desses ajustamentos em base continua é uma da maravilhas da natureza.
11
REINDEL, JF. Development of morphologic, hemodynamic, and biochemical changes in lungs of rats given monocrotaline pyrrole. Michigan. Ed. Toxicol Appl Pharmacol, 1990
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8.6 -
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Reflexos de orientação do corpo
Uma das funções motoras mais importantes do tronco cerebral é o controle do equilíbrio corpóreo e orientação no espaço. A importância desta função pode ser avaliada se considerarmos a simples construção mecânica do homem e de inúmeros outros animais: uma massa de grande diâmetro sustentada acima do chão por um número variável de pilares de pequeno diâmetro. O elevado centro de gravidade resultante exige que os pilares de sustentação estejam sempre posicionados adequadamente de modo a evitar que a massa caia. A situação torna-se ainda mais complicada pelo fato de que estes mesmos pilares de sustentação devem também servir à função de locomoção. Se tal sistema tiver que operar adequadamente, comparável a algum instrumento semelhante a um computador, deve-se estar ciente da posição de cada uma das partes mecânicas e, simultaneamente, determinar a posição relativa de cada uma das partes, umas com as outras e com o solo abaixo. O tronco cerebral funciona como uma importante parte deste computador neural, ajudando a manter a estabilidade mecânica através dos reflexos de orientação do corpo. Os reflexos de orientação do corpo foram categorizados de diversos modos, porém a classificação mais simples é a que os divide de acordo com sua fonte aferente periférica. Deste modo, temos três grupos de reflexos de orientação: aqueles originados nos receptores do labirinto, localizados no ouvido interno; nos receptores visuais; e nos proprioceptores somáticos (e, provavelmente também nos exteroceptores) das porções proximais dos membros e das partes axiais do corpo, principalmente aqueles da musculatura do pescoço. Impulsos sensoriais provenientes de todas estas estruturas iniciam diversos reflexos de equilíbrio e endireitamento, bem como respostas reflexas à aceleração linear e angular.
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8.7 -
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Tipos de força e sua aplicabilidade
Podemos classificar a força mediante a maneira como é empregada ou aferida: •
Força relativa do limite = é o intermédio entre a “forçalimite” e a “força-inicial” em porcentagens;
•
Força muscular = é uma força empregada para se desenvolvida através de uma tensão muscular voluntária máxima e dinâmica;
•
Força relativa = corresponde entre a força máxima e o peso corpóreo;
•
Força básica = identifica-se com a “força máxima”, é uma força empregada durante uma tensão voluntária estática máxima da musculatura;
•
Força dinâmica = é uma força muscular desenvolvida através de um determinado movimento;
•
Força de treinamento = é correspondente a “força máxima”, existente em relação ao tempo;
•
Força isométrica máxima = é uma força desenvolvida durante uma tensão muscular voluntária máxima;
•
Força substancial: Força empregada através de uma tensão muscular voluntária estática semelhante à força básica e máxima;
•
Força absoluta = para haver o emprego da força muscular absoluta, é necessário o indivíduo obter uma situação de fadiga, stress, doping e outros;
•
Por centímetro quadrado de seção onde transversa do músculo = é empregada durante uma solicitação
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voluntária ou involuntária máxima estática, em relação transversal do músculo. O percurso do sangue no organismo é causado pelo bombeamento rítmico do coração, na qual é chamado de circulação sanguínea. Com o aumento da “intensidade” na atividade física, a circulação sanguínea tende a acelerar o ritmo. Existem dois tipos de circulação: •
•
Circulação Maior ou Grande Circulação/ Circulação de Harvey; A aorta, ponto de início da grande circulação, parte do ventrículo esquerdo. Forma um grande arco, que se dirige para trás e para a esquerda (aorta), segue verticalmente para baixo, seguindo a coluna vertebral, atravessa depois o diafragma e penetra na cavidade abdominal. Ao fim do seu trajeto, a aorta se divide nas duas artérias ilíacas, que vão aos membros inferiores. Circulação Menor ou Pequena Circulação/ Circulação de Servet: A artéria pulmonar parte do ventrículo direito e se bifurca logo em artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda, que vão aos respectivos pulmões. Uma vez dentro dos pulmões, ambas se dividem em tantos ramos quantos são os lobos pulmonares; depois uma posterior subdivisão ao nível dos lóbulos pulmonares, estes se resolvem na rede pulmonar.
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Atividade física e alimentação Controle de peso e dietas
A alimentação é a potência capaz de produzir um efeito. Para desenvolvermos a resistência muscular, o músculo deve estar dependente a uma carga demasiada com movimentos por todo o seu corpo. Algumas pessoas usam o método tradicional, como levantar pesos, mas sempre num programa muito bem planejado. O efeito de massagem da água impedirá o desgaste constante dos músculos, ao longo de todo o programa. Para a prática de atividade física, recomenda-se estar em jejum por uma hora ou mais, antes de exercitar-se. É relativamente simples fazer um plano alimentar que supra necessidades nutricionais, mas existem grandes diferenças individuais para o consumo de energia, dentre elas, destacam-se a idade, sexo, tamanho, peso e outros fatores. Para uma dieta adequada composta de nutrientes essenciais relaciona-se água, vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e hidratos de carbono.
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Seguem algumas dicas: •
Os hidratos de carbono são os açúcares que proporcionam energia ao corpo;
•
As gorduras provem de manteigas e óleos utilizados no preparo de alimentos. Estas são difíceis de ingerir;
•
No caso das proteínas, que são constituídas de aminoácidos, as necessidades do corpo quanto a elas variam de acordo com o crescimento;
•
Os minerais exercem uma função muito importante no desenvolvimento muscular e consumo de oxigênio. Dentre os minerais, destacam-se: sódio, cálcio, fósforo, magnésio, potássio e ferro;
•
Sódio no organismo ele é importantíssimo para a contração muscular, favorecendo a regularização do equilíbrio e ácido básico;
Existe uma preocupação muito grande em relação à alimentação do atleta. Pensa-se que, através dessa ou daquela dieta, pode se conseguir desenvolver a potência e a resistência do atleta. Não há provas de que uma determinada dieta suplementar possa melhorar consideravelmente o nível do desempenho de um atleta, principalmente se este já dispõe de um dia equilibrado e bem determinado.
9.1 -
O treinamento e a alimentação
De acordo com o programa de treinamento, o praticante de exercícios pode precisar aumentar quantitativamente sua dieta para equilibrar um maior dispêndio de energia. É claro que se falta algum elemento nutritivo essencial à dieta, o nadador atuará melhor se tal deficiência for corrigida.
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É ilusório pensar que se pode substituir adequadamente qualquer substância e elementos nutritivos por vitaminas e outros suplementos dietéticos. Este sistema sempre é inferior a uma dieta bem equilibrada, além de mais caro. Há grandes diferenças individuais no consumo de energia, relacionadas com o sexo, idade, tamanho (altura e massa corpórea) e, no caso dos nadadores, a quantidade de natação e outras atividades relacionadas que se possa fazer. Também há diferenças individuais entre como se usam certos nutrientes. Algumas pessoas funcionam bem com pequenas quantidades de nutrientes, enquanto outras necessitam de maiores quantidades para satisfazer as necessidades do seu corpo. Entretanto, é fácil ver como é virtualmente impossível estabelecer rigidamente a quantidade de alimentos que um nadador deve consumir. Por outro lado, é relativamente simples fazer um plano alimentar que assegure as necessidades nutricionais adequadas. Jean Bogert, em seu livro Nutrition and Physical Fitness,12 relaciona cinco fatores que predispõem uma pessoa contra a alteração de seus hábitos nutritivos: 1. Ignorância e preconceitos; 2. Costumes raciais; 3. Manias e falsa propaganda; 4. Condescendência; 5. Pobreza (o pobre dificilmente poderá arcar financeiramente por uma dieta rica em vitaminas).
12
BOGET, L. Jean. BRIGS, George M. CALLOWAY, Doris Howes. Nutrition and Physical Fitness. USA. Editora Brooks/Cole Pub Co. 1979
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Uma dieta adequada, com elementos nutritivos essenciais, é composta por seis tipos de nutrientes: 1. 2. 3. 4. 5. 6.
Hidratos de carbono; Gorduras; Proteínas; Minerais; Vitaminas; Água.
Os hidratos de carbono são os açúcares e féculas e proporcionam, rapidamente, energia ao corpo. Seus derivados podem ser convertidos em gorduras. A quantidade de calorias que deve ser ingerida diariamente varia de acordo com o tipo de trabalho que o individuo realiza, bem como os fatores já citados anteriormente que são o sexo, idade e constituição orgânica. As atividades que exigem grande esforço físico provocam intensa queima de reserva energética, tornando necessária a ingestão de maior quantidade de substâncias que contenham calorias. Em termos médios, calcula-se que um homem adulto necessite de 2.500 a 3.000 calorias por dia. O glicogênio, que é uma forma de hidrato de carbono, é usado pelo corpo como combustível das contrações musculares. A maior parte das gorduras ingeridas por nadadores provem dos óleos e manteigas usados no preparo de alimentos fritos, das gorduras animais das carnes e do azeite das saladas. As gorduras são fontes concentradas de energia, relativamente difíceis de ingerir. No corpo podem se converter em hidratos de carbono. Os antigos gregos sabiam das coisas. Eles prezavam tanto o aipo, erva à qual atribuíam propriedades rejuvenescedoras, que o concediam também como prêmio a seus campeões (o aipo é, de fato, extremamente rico em sais minerais).
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Já nos tempos modernos tornou-se habitual ver atletas se empurrando durante os treinamentos com ovos crus ou cerveja preta, em busca de nutrientes para melhorar suas marcas. A mania começou Estados Unidos e, aqui no Brasil, popularizou as “vitaminas”, em que se misturam ovos crus, cápsulas de proteínas e glicose, tudo batido no liquidificador. Enquanto isso, os atletas europeus iam buscar suas energias em sanduíches de gordura de ganso e barras de chocolate. Hoje em dia há uma ampla reformulação nos conceitos da nutrição esportiva, com a derrubada de crenças até pouco tempo eram tidas como definitivas. A mudança, no fundo, constitui uma reação salutar aos exageros iniciados nos anos 60, quando a tecnologia passou a despejar no mercado uma série de produtos que prometiam melhoras espetaculares do desempenho. Por mais tentadoras que fossem as promessas de se produzir “atletas de laboratório”, o saldo mostrou-se negativo: com base em hipótese sem comprovação científica, muitas carreiras esportivas foram arruinadas. Felizmente, a nutrição esportiva oferece cada vez menos espaço para promessas mirabolantes. Por mais óbvio que pareça, nunca é demais repetir que nenhum alimento ou produto químico é capaz de fazer um atleta correr mais depressa, dar um saque mais forte ou marcar mais gols durante uma partida. Desde as maratonas da Grécia antiga, a fórmula para produzir um campeão continua a mesma: disciplina, muito treino, alimentação balanceada e talento. Os nutrientes e os estímulos motores e sensoriais são responsáveis pelo desenvolvimento anatômico e funcional dessas áreas. A
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mielinização13 das fibras nervosas é de suma importância para a integridade funcional. As deficiências nutricionais e de estímulos, sobretudo na face precoce do desenvolvimento, pode determinar alterações graves e talvez irreversíveis. A deficiência da utilização da estidina e de outros aminoácidos, as alterações do metabolismo dos ácidos graxos poli–insaturados, do colesterol e dos fosfolipídios podem alterar e retardar o desenvolvimento da linguagem. Como a linguagem é, desde os tempos primitivos até os dias atuais, de muita importância para a aprendizagem, deve haver cuidados especiais com relação ao efeito do “stress” nutricional na época critica do seu desenvolvimento. A respeito da inteligência, que é um processo muito complexo e de fundamental importância para a adaptação do homem ao meio e para o seu triunfo, dizem alguns psicológicos que ela possui dois componentes: •
A capacidade de conseguir e de acumular experiências;
•
A forma de aplicação útil das experiências adquiridas e retidas na memória. Para Szekely14, as experiências nos têm levado a conclusões gerais, indicando que no fundo da alma a inteligência e a vida afetiva têm raízes comuns, que só se bifurcam mais tarde ao penetrar nas camadas superiores do espírito.
Dentro deste critério, pode-se afirmar que um fator químico e uma depressão emocional prejudicam a manifestação da inteligência. De fato, é comum encontrar indivíduos com excelente capacidade mental, porém com reduzida capacidade de adaptação, com dificuldades para conseguir triunfos, em face das inibições. 13 14
Formação da bainha mielínica à volta das fibras nervosas.
Székely, L. C. Béla. Diccionario Enciclopedico de la Psique. Argentina. Editorial Claridad. 1958
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Essas diversificações na manifestação da atividade mental e no conceito da inteligência dificultam a interpretação dos testes para a avaliação do quociente intelectual (QI). Felizmente, a atividade mental, as manifestações do pensamento, a memória, a inteligência e a consciência, de fundamental importância para a aprendizagem, dependem das suas manifestações e outros fatores difíceis de avaliar, como os de ordem psicológica. O sistema endócrino é também de fundamental importância no comportamento e na constituição emocional. As deficiências endócrinas podem, direta ou indiretamente, bloquear a atividade mental. Pelo exposto, para se considerar a aprendizagem deve-se levar em conta a integridade anatômica de todas as partes do sistema nervoso. A deficiência da mielinização, de fibras nervosas, seja nos feixes nervosos ascendentes, seja nas fibras de associação, perturba o mecanismo de comunicação e tem como resultado imediato, a diminuição da atividade. O fator nutricional é de primordial importância na morfologia e no complexo mecanismo funcional do sistema nervoso. Admite-se que os neurônios nutriam-se quase que exclusivamente de glicose, porque esse nutriente penetra muito facilmente no corpo da célula e atravessa sem dificuldades os capilares dos vasos sanguíneos encefálicos. A deficiência de glicose, realmente, é uma das principais causas da alteração de atividade nervosa. É a substância energética para o neurônio. A hipoglicemia altera bastante o comportamento do individuo, tornando-o irritável, provoca insônia, sensação de fadiga, etc. a hipoglicemia acentuada, quer seja resultante do hiperinsulismo, quer do uso de doses elevadas de insulina provoca crises compulsivas, torna o indivíduo impetuoso, levando-o muitas vezes a provocar acidentes, ou confere-lhe tendência à agressividade. A hipoglicemia, na criança, a torna negativista, agressiva ao mesmo tempo em que pode diminuir sua capacidade de agressividade. É
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popularmente sabido que, o açúcar serve para combater a insônia ou para acalmar os nervos. Isto tem fundamento hepático e para a atividade muscular. É o sistema nervoso o mais vulnerável e o que responde mais sensivelmente à deficiência da glicose. Há uma correlação entre o metabolismo dos hidratos de carbono e a atividade nervosa ou mental. Tornando-se como base o conceito, geralmente aceito de que saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social, encontram-se fundamentos para se afirmar a estreita correlação existente entre a nutrição e a saúde publica. A saúde física e a saúde mental dependem essencialmente do estado nutricional. Um homem desnutrido e faminto constitui um problema social sob vários aspectos. Bastante conhecida é a relação entre nutrição imunidade, morbidade e mortalidade. Os portadores de desnutrição têm uma maior pré-disposição às doenças infecciosas, as quais apresentam uma evolução mais rápida e assume maior gravidade do que indivíduos normais. A mortalidade pelo sarampo, por exemplo, é insignificante dentre as populações bem nutridas, mas seus coeficientes são bastante elevados entre as desnutridas. São também evidentes as relações entre parasitose intestinal e desnutrição, e bem conhecidas as anemias causadas pelas deficiências nutricionais. O bócio endêmico; por sua vez, é uma expressão da carência de iodo e de fenilalanina. A arteriosclerose precoce – coronária ou cerebral é uma grande ceifadora de vidas, mesmo nos países industrializados, e tem como suas principais causas o supérfluo de gorduras e o excesso de calorias. É também um problema de saúde pública. O maior interesse demonstrado pelo estudo da neurologia no diagnóstico de desnutrição resultou da observação das alterações do sistema nervoso central de crianças portadoras de kwashiorkor e marasmo.
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"Kwashiorkor" é um nome originado de uma dos dialetos de Gana, país africano, e significa "aquele que foi colocado de lado" indicando o aumento dos casos em que a criança mais velha foi desmamada (do peito materno) precocemente assim que seu mais novo irmão nasceu. Como sintomas da kwashiorkor, incluem-se: * abdome distendido, bojudo; * descoloração dos cabelos tornando-os avermelhados; * pele despigmentada. Marasmo é a desnutrição proteico-calórica do tipo seco, ou seja, é uma desnutrição por falta de calorias e proteínas em um paciente muito magro e desidratado. Esta condição é resultado da fome por escassez de alimentos. Em seu tratamento deve-se prover uma dieta com proteínas de alto valor biológico e calorias adequadas para que aproveite o nitrogênio presente na proteína. O marasmo ocorre quando a pessoa não se alimenta, durante muito tempo, em quantidade suficiente de nenhum tipo de nutriente necessário ao perfeito funcionamento do corpo humano. A falta de alimentos ricos em carboidratos, proteínas, lipídios, sais minerais e vitaminas provocam vários malefícios à saúde. A pessoa não cresce, fica muito magra, com freqüência adquire outras doenças, fica com a pele ressecada e descamante, tem os músculos reduzidos e está sempre com fome. A doença tem esse nome devido ao fato de o doente não possuir disposição para realizar suas atividades. Este fato fez com que a nutrição, que já ocupava uma posição de destaque no domínio da saúde pública, passasse a ser encarada em outro campo: o do desenvolvimento intelectual e do comportamento e, por conseqüente, da educação. A má nutrição protéica e a calórico-protéica, bem como as carências vitamínicas, constituem um dos problemas mais sérios da atualidade, sobretudo dos países em desenvolvimento e nos
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subdesenvolvidos. De um modo geral, são os grupos mais vulneráveis da população os que pagam maiores tributos à deficiência de nutriente. Nos estudos realizados na Guatemala, sobre o número de óbitos ocorridos em quatro grupos de população rural, no período de dois anos, trinta e oito eram os casos típicos de kwashiorkor e dois de marasmo. Estudos comparativos entre as taxas de mortalidade dos paises latinoamericanos e dos Estados Unidos demonstram que nos primeiros ocorrem anualmente, cerca de 999.000 óbitos de crianças com menos de cinco anos de idade e que estes óbitos seriam de apenas 258 mil se nessas regiões os coeficientes de mortalidade fossem os mesmos dos Estados Unidos. Os resultados destes trabalhos proporcionaram um maior interesse pelas condições de vida desse grupo etário, especialmente nas regiões de menor poder aquisitivo, enfatizando a relação entre nutrição e desenvolvimento funcional do encéfalo. Segundo GRAVIOTO15, surpreende que não se tenha prestado a devida atenção ao desenvolvimento psicobiológico da criança, embora desde as primeiras descrições da desnutrição calórica-protéica tenha sido observado alterações da conduta como sintomas iniciais, com prevalência durante toda a doença, e que a recuperação da conduta normal poderia ser considerada um dos melhores indicadores para o prognóstico. Somos de opinião que isto resultou, em grande parte, da escassez de conhecimentos sobre nutrição e metabolismo do sistema nervoso central. Nas páginas precedentes, vimos os critérios segundo os quais é necessário uniformizar-se para estabelecer a necessidade diária de nutrientes calóricos e não-calóricos. Esta necessidade diária deve ser satisfeita com adequada ingestão de alimentos naturais e preparada, os quais constituem a ração alimentar diária.
15
Gravioto, J. Comunicação Pessoal. Caderno de Saúde Pública.
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Esta ração, naturalmente, deve ser repartida ao menos em três refeições, cuja composição e valor poderão, ao menos dentro de certos limites, não se afastar dos hábitos individuais, mas deverão também obedecer a algumas normas genéricas de higiene e levar em conta exigências específicas da modalidade esportiva praticada. Podem-se considerar como normas genéricas de higiene alimentar: •
Regularidade do horário das refeições;
•
A tranqüilidade do ambiente;
•
A cuidadosa mastigação;
•
A origem dos alimentos;
•
A perfeita preparação culinária destes;
•
O apetite e a fácil digestão que eles possam proporcionar;
•
A variabilidade dos cardápios;
•
O respeito (quanto possível) das atitudes nos refeitórios.
Não se surpreendam, entretanto, pelo fato de que, mesmo tratandose de coisas óbvias para o bom senso comum, prescrições elementares são comumente transgredidas. Em relação ao horário das refeições, a escolha ideal seria de se estabelecer, de uma vez por todas, a maneira compatível com o horário de desenvolvimento dos treinamentos e das competições. E, naturalmente, os treinamentos deverão efetuar-se na mesma hora em que será realizada a competição. Sabemos que isso não é possível para determinadas modalidades esportivas, porém, deve-se procurar ao máximo essa coincidência.
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9.2 -
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O momento correto da alimentação
A necessidade de mudar-se, de um dia para o outro, o ritmo de atividade com as refeições (e, conseqüentemente, o da digestão e da absorção) pode causar distúrbios digestivos. Um segundo ponto merece algum comentário: é aquele da variedade do cardápio. Consideramos inúteis certos técnicos insistirem em proporcionar aos seus atletas os mesmos alimentos, preparados da mesma maneira, em todas as refeições, todos os dias, por semanas e meses. Além de psicologicamente exagerada e fisiologicamente errada (pois é a variedade dos estímulos que pode manter um bom apetite e uma fácil digestão dos alimentos), esta prática pode se mostrar completamente inútil. Existem sempre numerosas possibilidades de trocas de um alimento por outro de igual valor nutritivo de igual digestibilidade e de melhor sabor. Entre as normas específicas, geralmente é citada a “lei das três horas”, no sentido de que a refeição que precede o treinamento ou a competição deve ser ingerida dentro daquele prazo, antes do início da atividade esportiva. Em caso contrário, a digestão poderá ser perturbada, com a conseqüente sensação de peso epigástrico, náuseas, vômito, dores abdominais, dificuldade respiratória, e, contemporaneamente, o esforço muscular torna-se dificultado pela hiperemia da região esplâncnica16. Esta norma, porém, na prática, apresenta tantas exceções que perde o seu valor de “lei”. Antes de qualquer coisa, uma refeição pode “abandonar” o estômago em três horas ou mesmo num tempo menor ou maior, em função dos alimentos ingeridos. Para uma mesma refeição existem
16
Hiperemia: aumento da quantidade de sangue circulante num determinado local, ocasionado pelo aumento do número de vasos sanguíneos funcionais. Esplâncnica: relativo às vísceras. nervo esplâncnico. Cavidades esplâncnicas, o crânio, o tórax, o abdome.
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numerosas variações individuais da digestão gástrica. Em outras palavras, os mesmos alimentos que compõem uma refeição podem ser digeridos no estômago (falando-se sempre de digestão no sentido de esvaziamento gástrico) e passar para o duodeno em tempos variáveis, de indivíduo para indivíduo. Além disso, a mesma refeição que o mesmo indivíduo digere habitualmente num determinado número de horas, nos dias de repouso ou de treinamento, poderá, no dia da competição, sofrer um retardo digestivo pela tensão nervosa e emocional pré-competicional. Do que vimos, se deduz o princípio absoluto de que não existe uma “regra geral absoluta’. É necessário, ao contrário, proceder por tentativas: o médico e o técnico devem fazer uma experiência direta com cada atleta sob as suas responsabilidades, avaliando atentamente as respostas cinestésicas a cada tentativa. Somente assim poderão ministrar, na hora certa. Contrariamente ao que se acreditava há 15 anos, a absorção da água, glicose e eletrólitos no intestino se verificam também durante o trabalho mais intenso, tanto quanto durante o repouso. Mesmo durante o esforço, o esvaziamento gástrico é condicionado pela concentração dos solutos no solvente, isto é, da osmolaridade 17 da solução administrada. Portanto, não se devem administrar soluções com concentrações de glicose superiores a 5-10 por cento para não se produzir um excessivo enchimento gástrico. A melhor norma é aquela de administra-se 100300 ml de solução glicosada de tal concentração, a cada 10-15 minutos, em temperatura ambiente e aromatizada de acordo com o gosto do atleta, até uma quantidade horária de 1.000-1.500ml, com 50-60g de glicose ou mistura de diferentes açucares.
17
Osmolaridade é a concentração de solutos não dissociáveis tais como: glicose, em 1litro de água.
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Outro caso particular é aquele de algumas modalidades esportivas caracterizadas por esforços de breve duração, porém repetidos em intervalos variáveis, muitas vezes com um empenho total de muitas horas. Valem como exemplos algumas provas (salto em altura, salto com vara, etc.), as provas eliminatórias do ciclismo de pista, a ginástica artística, os torneios de esgrima, as lutas etc. Nestes casos, a necessidade calórica total pode mesmo não ser elevada, mas, devido à longa duração do esforço esportivo e o forçado distanciamento das refeições principais, aconselha-se uma moderada ingestão fracionada de água e glicídios (às vezes, também de cloreto de sódio) sob várias formas. Dado o caráter geral deste assunto, não é possível descer particularmente a exemplos relativos a cada modalidade esportiva e aos seus específicos treinamentos e competições. Os problemas inerentes a cada situação e as variações individuais deverão ser examinados isoladamente, primeiro sob um plano geral, e, depois, sob aquele estritamente individual, para cada atleta. Sobre eles, voltaremos mais adiante. O objetivo fundamental do atleta é o de obter o máximo rendimento físico durante a atividade esportiva e o de manter um ótimo estado de eficiência física nos períodos de repouso. É extremamente importante, sobe esse aspecto, que o atleta cuide com o máximo escrúpulo da própria alimentação, de maneira a manter o ótimo em relação à massa ativa (sistema muscular de preferência)/ massa inativa (tecido adiposo), ou mesmo, e com igual significado, a relação massa magra/ massa total. Finalmente, o atleta deve manter o seu peso fisiológico. A taxa do colesterol total é medida pela soma do LDL (lipoproteínas de baixa densidade, conhecido como mau colesterol) e do HDL (lipoproteínas de alta densidade ou bom colesterol). Agora, atenção: mesmo que o seu colesterol esteja num nível considerado ótimo (abaixo de 200mg por decilitro de sangue), os níveis altos de LDL e baixos de HDL aumentam o risco da aterosclerose – entupimento das
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artérias provocado pelo acúmulo de placas de gordura (ateromas), que leva a infartos e derrame. Para saber se você está fora do grupo de risco, divida a taxa de colesterol total pela de HDL. O coeficiente deve ser menor do que 4,5. Já foi referido que o esforço que a atividade física exige do organismo requer a mobilização de uma grande quantidade de energia. Nesta medida, o sistema metabólico tem de trabalhar com uma enorme economia de modo a poder satisfazer as exigências postas pelo esforço. Terá de ser garantida a absorção de uma quantidade suficiente de calorias, sob a forma de substâncias alimentares. Neste processo, a composição dos alimentos é decisiva para a capacidade de resistência. Assim, pode demonstrar-se, na prática, que uma pessoa submetida a treino e com uma alimentação á base de hidratos de carbono pode manter-se em atividade duas a três vezes mais tempo do que outra cuja alimentação seja a base de gorduras. As necessidades calóricas dos nadadores são muito elevadas. Por exemplo, para um nadador de resistência elevam-se a 6000 Kcal diários. Deve sublinhar-se o fato de, quando se verifica uma redução na intensidade do treino, ter-se que diminuir a absorção de calorias, a fim de evitar um aumento de peso excessivo do praticante. Pode utilizar-se o controle de peso para seguir de perto a relação entre o esforço exigido pelo treino e o metabolismo. Neste processo, intervém um equilíbrio que mostra uma constante oscilação diária em torno de um determinado valor do peso. Quando este valor médio sobe, deverá limitar-se o consumo de calorias. No caso de se verificar uma descida, há que aumentar este consumo. Verifica-se, neste último caso, que isso se deve, na maior parte das vezes, a uma perturbação de outras funções do organismo, sendo aconselhável que se consulte um médico de medicina desportiva.
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Em ambos os casos, verificam-se uma deterioração da capacidade do atleta. Assim o controle do peso constitui um dado valioso para o professor ou o treinador, permitindo-lhes avaliar o equilíbrio de alimentação e do regime seguidos pelos seus alunos. Os grandes ciclos do carbono, do nitrogênio e da água constituem as bases da vida. Perturbá-los significa a doença e interrompê-los significa a morte. As sociedades subdesenvolvidas têm uma alimentação predominantemente energética, á base de hidratos de carbono (raízes, tubérculos, cereais, leguminosas, açucares) e uma base protéica em leguminosas, feijão, soja, amendoim, com reduzida ingestão de proteínas de origem animal. Entretanto, isto não é imperativo dos trópicos, e sim, conseqüência da pobreza. Os grupos das classes sociais mais elevadas alimentam-se bastante com produtos de origem animal. A mandioca é uma poderosa fonte energética e de fibras. Também o inhame e a batata-doce são importantes fontes energéticas. Em termos de genética moderna, porém, considerando-se a possibilidade de mutação por interferência do fator nutricional, é admissível a ocorrência deste processo de adaptação biológica. Ainda não possuímos os dados necessários para uma afirmação categórica neste campo. É um tema fascinante e promissor que poderá esclarecer e mesmo justificar a resistência física e a capacidade observada em grupos humanos de pequena estatura, magros e vivendo em áreas de desnutrição crônica.
9.3 -
Os componentes essenciais
Importante: Os componentes de resistência, flexibilidade, enrijecimento e relaxamento são essenciais para o desenvolvimento físico, aptidão e aperfeiçoamento dos contornos do corpo.
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Uma coisa é certa: os seres humanos necessitam de atividade. Autoridades em saúde acrescentam que o exercício é essencial para a saúde. A movimentação pode ajudar o indivíduo a resistir à degeneração das doenças do meio e da vida, particularmente aquelas do coração e vasos sanguíneos, e pode também ajudar o controle do peso do corpo.
9.4 -
Controlando seu peso
Este é um tipo de programa de resistência progressiva que usa exercícios dinâmicos de força e resistência (contrações musculares) para tonificar e condicionar grupos específicos de músculos do corpo. Muitas mulheres têm sido derrotadas em suas tentativas de lançarse em um programa de controle do peso por acharem que poderiam adquirir grandes e salientes músculos. Isto é decididamente irreal. Um bom planejamento do programa de controle do peso pode ter um firme resultado, com músculos formados e maior aumento da força, sem um aumento da massa muscular. Mas isto, também, pode ser obtido se você desejar. Alguns estudos investigaram os efeitos do controle do peso comparando-os com os efeitos de outros tipos de atividade física realizados por um mesmo período de tempo. A maioria dos estudos mostrou uma significante mudança na força muscular e nos contornos ganhos pelo corpo através do programa de controle de peso do que através de outros métodos. A chave para o efetivo controle do peso está no balanço da absorção da energia (comida) e no gasto da energia (atividades). A dieta e atividade física podem ter vantagem ou desvantagem para o atleta no desenvolvimento de uma imagem positiva do corpo. Tudo depende sobre como se está ou não agindo para balancear as energias. Alguns motivos levam as pessoas a ficarem com excesso de peso. Um dos fatores mais óbvios é a pouca atividade física e/ou muita
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comida. Outro é a falta de informação das calorias nos alimentos. Muitas pessoas não sabem o valor calórico dos diversos alimentos. Esta é uma das razões mais comuns que leva a pessoa a aumentar o seu peso.
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10 - Sistema nervoso, nutrição e atividade física Fatores de comportamento
A linguagem é básica para aprendizagem. Pode ser natural ou primitiva e faz-se através da mímica, de gestos e de manifestações sonoras, ou convencional, através da mímica, da palavra e da escrita. A linguagem, no homem, é convencional. A criança ao nascer não tem linguagem definida e se comunica através de ruídos, do grito, do choro e de expressões faciais. A primeira fase é a associação de objetos com palavras, por meio das sensações visuais, auditivas e tácteis. As palavras fixam-se na memória. Na segunda etapa, a criança associa as palavras e começa a formar as frases e a expressá–las. Isto requer associações entre as áreas auditivas, visuais e motoras do córtex cerebral. Todas as áreas corticais comunicam-se entre si. Os nutrientes e os estímulos motores e sensoriais são responsáveis pelo desenvolvimento anatômico e funcional dessas áreas. Por isso, a mielinização das fibras nervosas é de suma importância para a integridade funcional. As deficiências nutricionais e de estímulos, sobretudo na fase precoce do desenvolvimento, podem determinar alterações graves e
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talvez irreversíveis. A deficiência da utilização da histidina e de outros aminoácidos, as alterações do metabolismo dos ácidos graxos poliinsaturados, do colesterol e dos fosfolipídios podem alterar e retardar o desenvolvimento da linguagem. Como a linguagem é, desde os tempos primitivos até os dias atuais, de muita importância para a aprendizagem, deve haver cuidados especiais com relação ao efeito do “stress” nutricional na época crítica do seu desenvolvimento. A respeito da inteligência, que é um processo intelectual muito complexo e de fundamental importância para a adaptação do homem ao meio e para o seu triunfo, dizem alguns psicólogos que ela possui dois componentes: 1. a capacidade de conseguir e de acumular experiências; 2. a forma de aplicação útil das experiências adquiridas e retidas na memória. Para Szekely 18, nossas experiências nos têm levado a conclusões gerais, indicando que no fundo da alma a inteligência e a vida afetiva têm raízes comuns, que só se bifurcam mais tarde ao penetrar nas camadas superiores do espírito. Dentro deste critério, pode-se afirmar que um fator anímico e uma depressão emocional prejudicam a manifestação da inteligência. De fato, é comum encontrar indivíduos com excelente capacidade mental, porém com reduzida capacidade de adaptação, com dificuldades para conseguir triunfos, em face das inibições. Finalmente, na atividade mental, as manifestações do pensamento, a memória, a inteligência e a consciência, são de fundamental importância
18
Székely, L. C. Béla. Diccionario Enciclopedico de la Psique. Argentina. Editorial Claridad.1958
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para a aprendizagem, e dependem, nas suas manifestações, de outros fatores difíceis de avaliar, como os de ordem psicológica. O sistema endócrino é também de fundamental importância no comportamento e na constituição emocional. As deficiências endócrinas podem, direta ou indiretamente, bloquear a atividade mental. Pelo exposto, para se considerar a aprendizagem, deve-se levar em conta a integridade anatômica e funcional de todas as partes do sistema nervoso. A deficiência de mielinização, de fibras nervosas, seja nos feixes nervosos ascendentes, seja nas fibras de associação, perturba o mecanismo de comunicação e tem como resultado imediato, a diminuição da atividade. O fator nutricional é de primordial importância na morfologia e no complexo mecanismo funcional do sistema nervoso. Admita-se que os neurônios nutriam-se quase que exclusivamente de glicose, porque esse nutriente penetra muito facilmente no corpo da célula e atravessa sem dificuldade os capilares dos vasos sanguíneos encefálicos. A deficiência de glicose, realmente, é uma das principais causas da alteração da atividade nervosa. É a substância energética para o neurônio. A hipoglicemia altera bastante o comportamento do individuo, tornando-o irritável, provoca insônia, sensação de fadiga, etc. A hipoglicemia acentuada, quer seja resultante do hiperinsulinismo, quer do uso de doses elevadas de insulina, provoca crises convulsivas, torna o indivíduo impetuoso, levando-o, muitas vezes, a provocar acidentes, ou confere-lhe tendência à agressividade.
10.1 - Nutrição e desenvolvimento Tomando-se como base o conceito de que saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social, encontram-se fundamentos para se afirmar a estreita correlação existente entre a nutrição e a saúde pública.
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A saúde física e a saúde mental dependem essencialmente do estado nutricional. Um homem desnutrido e faminto constitui um problema social sob vários aspectos. Bastante conhecida é a relação entre nutrição, imunidade, morbidade e mortalidade. Os portadores de desnutrição têm uma maior predisposição às doenças infecciosas, as quais apresentam uma evolução mais rápida e assumem maior gravidade do que nos indivíduos normais. A mortalidade pelo sarampo, por exemplo, é insignificante entre as populações bem nutridas, mas seus coeficientes são bastante elevados entre as desnutridas. São também evidentes as relações entre parasitose intestinal e desnutrição e bem conhecidas as anemias causadas pelas deficiências nutricionais. O bócio endêmico, por sua vez, é uma expressão da carência de iodo e de fenilalanina. A arteriosclerose precoce – coronária ou cerebral – é uma grande ceifadora de vidas nos países industrializados e tem como duas de suas principais causas o consumo supérfluo de gorduras e o excesso de calorias. Atualmente, considera-se que são também um problema de saúde publica. O maior interesse demonstrado pelo estudo da Neurologia aplicado ao diagnóstico da desnutrição resultou da observação das alterações do sistema nervoso central de crianças portadoras de kwashiorkor e marasmo. Este fato fez com que a nutrição, que já ocupava uma posição de destaque no domínio da saúde publica, passasse a ser encarada em outro campo – o desenvolvimento intelectual e do comportamento e, por conseguinte, da educação. Dos 319.000 óbitos de crianças entre um a quatro anos de idade, 219.000 constituem excesso, pois mais de 90% da mortalidade desse grupo etário poderia ser evitada.
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Diversas outras investigações também ressaltam os elevados índices de mortalidade no grupo etário de um a quatro anos. Os resultados desses trabalhos proporcionaram um maior interesse pelas condições de vida desse grupo etário, especialmente nas regiões de menor poder aquisitivo, enfatizando a relação entre nutrição e desenvolvimento funcional do encéfalo. Com o decorrer do tempo e depois do aparecimento de vários trabalhos experimentais, o assunto “nutrição e desenvolvimento do encéfalo” passaram a despertar enorme interesse nos grandes centros culturais e científicos do mundo. A finalidade dessas considerações preliminares foi a de proporcionar alguns esclarecimentos sobre a estrutura e o mecanismo funcional do órgão responsável pela aprendizagem. Se seu arranjo anatômico é defeituoso e o seu desenvolvimento é incompleto sobrevém, fatalmente, a redução da capacidade de aprendizagem.
10.2 - Desnutrição e o fator de comportamento Na espécie humana, os estudos são muito mais complexos, pois outros fatores interferem no desenvolvimento do encéfalo, no quociente intelectual e no comportamento. A velocidade de crescimento do encéfalo humano durante a gestação representa um dos mais rápidos e extensos processos que ocorrem na vida intra-uterina, persistindo depois do nascimento, bem adiante da velocidade de crescimento apresentada pelo resto do corpo. Aproximadamente 90% da massa encefálica final já esta formada numa criança de 4 anos de idade. Com o aumento de tamanho, ocorre também uma evolução complexa e continua da anatomia, bioquímica e fisiologia de encéfalo.
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SCRIMSHAW19 afirma que o encéfalo de uma criança de três anos de idade já apresenta 80% do seu peso adulto. O encéfalo humano, à época do nascimento, apresenta uma média de crescimento de 1 a 2mg por minuto. O autor menciona que o desenvolvimento de uma criança nos três primeiros anos de vida corresponde ao desenvolvimento apresentado pelo porco, nas 4 primeiras semanas de vida. Os registros eletroencefalográficos têm revelado modificação da forma, freqüência e amplitude das ondas, mesmo nos casos moderados de desnutrição e nos indivíduos normais até a manutenção. Os exames neurológicos de recém-nascidos, em certos países em desenvolvimento, revelam que as atitudes superiores ao nível de atividade eram iguais as dos recém-nascidos europeus e norteamericanos. Entretanto, a atividade física dessas crianças declina até alcançar um nível inferior a 10 ou 25%. Se esse declínio refletia retardamento, conclui-se que elas tornaram retardadas mentais traduzindo uma inferioridade de 50 a 75%. LESLIE LINSLEY, referindo-se aos efeitos da má nutrição sobre a aprendizagem, cita a reunião realizada em Washington, na qual se afirmou que a maior complicação para se delinear os campos desse estudo é a interferência dos fatores psicológicos, que podem ter os mesmos efeitos que os exercidos pela nutrição sobre o aprendizado e o comportamento, bem como sobre o desenvolvimento anatômico e químico do encéfalo. Autores afirmam que enquanto as alterações bioquímicas e morfológicas que ocorrem na pele, nos pelos, no trato alimentar, nos ossos, nos músculos e, especialmente, no fígado, eram merecedoras da maior atenção por parte dos estudiosos, as alterações mentais eram relativamente relegadas.
19
LINSLEY, Leslie. SCRIMSHAW. New York. Editora Hawthorn Books. 1976
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Segundo WINICK & NOBLE20, os resultados dos estudos levantam algumas questões a respeito do encéfalo humano. A análise seriada do teor de ácido nucléico e de proteínas no encéfalo de fetos e de crianças que morreram subitamente, por acidente e envenenamento, revelou que as velocidades das divisões celulares (aumento do teor de DNA) começam lentamente próximas ao nascimento, mas continuam até os cinco ou seis meses após o mesmo. Assim, o período crítico para o encéfalo humano vai do nascimento até os seis meses de idade. O autor menciona a influência de outros fatores, além do nutricional, no controle da divisão celular, como os hormônios da hipófise anterior. Na ausência do hormônio hipofisário, a divisão celular não aumenta, mesmo que haja uma maior ingestão de calorias. É possível que a má nutrição retarde a divisão celular, reduzindo a secreção do hormônio ou diminuindo sua receptividade. Os encéfalos de crianças mal nutridas no primeiro ano de vida contem menor número de células do que os das crianças normais. Entretanto, as que faleceram de kwashiorkor, mas que foram bem nutridas no primeiro ano de vida, não apresentou redução do número de células. Em contraste, a relação DNA/RNA/ proteína (tamanho da célula) é reduzida. WINICK e ROSSO21 mencionam que o crescimento celular em várias regiões do encéfalo humano é bem diferente do observado no encéfalo do rato. Assim, a velocidade de divisão celular no encéfalo humano é muito maior do que em outras regiões e, tanto no cérebro como no cerebelo, a velocidade de divisão celular é aproximadamente a
20
WINICK M. & NOBLE A. Quantitative changes in DNA, RNA, and protein during prenatal and postnatal growth in the rat. New York. Department of Pediatrics. Cornell University Medical College. 1965
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WINICK M, ROSSO P, WATERLOW J. Cellular growth of cerebrum, cerebellum, and brain stem in normal and marasmic children. Recife. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 2002
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mesma e para quase simultaneamente em ambos. Partindo-se da premissa de que a má nutrição retarda a divisão celular mais acentuadamente nas áreas em que é mais ativa, deve-se esperar que o cérebro humano seja mais afetado pela má nutrição do que em um rato, por exemplo. Finalmente, os autores concluem que, no homem, o cérebro é uma área onde a proliferação celular é profundamente reduzida pela má nutrição. Também a haste do encéfalo é uma área muito comprometida pela diminuição da divisão celular no cérebro humano. São bem conhecidos os trabalhos realizados por STOCH e SMYTHE22, na África do Sul. Foi feito um estudo longitudinal, com dois grupos de crianças, cada um deles composto de 18 crianças negras de 10 meses a dois anos de idade, e três, entre dois e três anos. A diferença entre os dois grupos residia do estado nutricional. O grupo mais bem nutrido era constituído por crianças que passavam o dia todo em creches, recebendo alimentação adequada e suplementação vitamínica. As crianças mal nutridas eram examinadas inicialmente com a idade de um ano e subseqüentemente com intervalos de seis a doze meses. O grupo mais bem nutrido pertencia às famílias de nível educacional ligeiramente superior. Os resultados das médias antropométricas e dos testes de inteligência revelaram que, em todas as idades, as crianças do grupo mal nutrido apresentavam circunferência craniana, altura, peso e QI inferiores aos dos grupos bem nutridos. Os eletro encefalogramas também revelaram alterações no primeiro grupo. Em Bogor, na Indonésia, foram observadas 107 crianças de 6 a 12 anos de idade, sendo utilizados os testes de inteligência e eletro
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STOCH M.B, SMYTHE P.M. Does undernutrition during infancy inhibit brain growth and subsequent intellectual development? Recife. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 2002
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encefalograma. O estado nutricional dessas crianças foi observado através de um estudo prévio, realizado no período pré-escolar. Os valores mais baixos foram constatados em crianças que tinham sofrido de desnutrição e que demonstraram sinais clínicos de deficiência de vitamina A dos dois aos quatro anos de idade. Os melhores resultados foram observados em crianças que não tinham sido diagnosticadas como portadoras de má nutrição. MONCKEBERG23 estudou, no Chile, o desenvolvimento psicomotor de pré-escolares pertencentes a três condições econômicas, constatando desenvolvimento psicomotor retardado, principalmente nos grupos em que prevalecia a desnutrição e um baixo nível econômicosocial e cultural. A fim de separar os diferentes fatores que contribuem para esse retardamento, o autor estudou 150 pré-escolares pertencentes a classes de baixo nível econômico-social, levando em consideração o nível educacional dos pais, a qualidade da dieta consumida, as condições sanitárias do ambiente, a idade em que se instalou a desnutrição, o quociente intelectual dos pais, etc. Os resultados demonstraram que a desnutrição afetava o crescimento e que a circunferência craniana apresentava-se abaixo do normal. Segundo o autor, o sistema nervoso central sofre alterações devido à desnutrição severa instalada nos primeiros meses de vida, havendo ainda uma redução no tamanho do encéfalo. Estas alterações parecem definitivas, pois a observação dessas crianças até os sete anos de idade mostra um significativo retardamento físico e psicomotor.
23
MONCKEBERG, Fernando Barros. Factores emocionales, crecimiento, metabolismo e inmunidad / Emotional factors and child development, metabolism and immunity. Santiago. Revista Médica Del Chile. 1993
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Um grupo de 14 crianças portadoras de desnutrição severa foi observado, por longo período, no Chile, tendo sido demonstrado que a média de QI destas crianças, determinado pelo método de BINET24, era de 62; nenhum caso era superior a 76. As informações obtidas permitem afirmar que apenas 20% das crianças chilenas que iniciam o curso primário o concluem. MONCKEBERG25 idealizou um aparelho de transiluminação, o qual possui uma lanterna de 1.000 Volts para observar os efeitos da desnutrição em crianças. No marasmo, a transiluminação era intensamente positiva, sendo, em muitos casos, todo o crânio iluminado. O autor interpreta o fato como uma deficiência do tamanho do encéfalo em relação ao do crânio. O espaço criado é preenchido pelo fluido, responsável pela iluminação intensa. A composição do líquido extraído por punção é semelhante ao do fluido espinhal. Numa reunião promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Educação, a Ciência e a Cultura, da qual participam eminentes cientistas, foi mencionado que a população de numerosos países, devido à subalimentação e a má nutrição, ligada, sobretudo, à falta de proteínas, de um lado, e à carência de estímulos intelectuais, de outro, devido à ausência ou insuficiência de escolaridade e de formação profissional, tem uma vida mental retardada.
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Alfred Binet (8 de julho de 1857, Nice - 28 de outubro de 1911, Paris) foi um pedagogo e psicólogo francês. Ele ficou conhecido por sua contribuição à psicometria, a saber, foi o inventor do primeiro teste de inteligência, a base dos atuais testes de QI.
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MONCKEBERG, Fernando Barros. Factores emocionales, crecimiento, metabolismo e inmunidad / Emotional factors and child development, metabolism and immunity. Santiago. Revista Médica Del Chile. 1993
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MURRAY, PROUGH & COURSIN26 afirma que os dados obtidos por diversos pesquisadores em todo o mundo são, virtualmente, os mesmos e indicam uma íntima relação estatística entre o funcionamento deficiente do sistema nervoso central e os sintomas físicos da má nutrição, no que se refere à estatura, ao peso, à circunferência craniana, etc. Estudos realizados na Argélia, Itália, Ceilão e Uganda, em crianças com kwashiorkor, constataram a ocorrência de traçados anormais no eletroencefalograma, em um grande numero de casos. A maioria dessas crianças parecia melhorar com o tratamento, sugerindo que os traçados anormais podem ser devidos, pelos menos em parte, às alterações bioquímicas transitórias, mais do que a distúrbios permanentes do encéfalo. Referindo-se à desnutrição calórico-protéica, ressalta 27 GRAVIOTO que os pacientes portadores de desnutrição severa não apresentavam a curiosidade peculiar da criança sadia, sendo a apatia a sua característica mais comum. Classifica-se em três categorias de apatia: 1. Primordialmente fisiológica; 2. De nível comunitário; 3. Característica da cultura regional. Afirma ainda GRAVIOTO que na deficiência calórico-protéica a apatia é do tipo misto e que é importante a influência materna sobre o desenvolvimento intelectual da criança.
26
MURRAY, M.J. PROUGH, Donald S. PEARL, Ronald G. COURSIN, Douglas B. Critical Care Medicine. Philadelphia. Editora Lippincott Williams and Wilkins. 2002 27
Gravioto, J. Comunicação Pessoal. Caderno de Saúde Pública.
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Finalmente, o autor faz referências a três métodos que tem sido utilizado para estabelecer a relação entre as carências nutricionais e o funcionamento do sistema nervoso central: a eletro encefalografia clínica, a resposta a provas psicológicas e a avaliação das funções do cérebro. Como conceituar a diferença entre a fome e má nutrição? Podemos dizer que esta última como um estado em que um indivíduo é deficiente em um ou mais nutrientes, produzindo sintomas e condições específicas ou atraso no desenvolvimento físico. O encéfalo pode ser prejudicado pela ação de vários fatores, atuando durante o período de desenvolvimento mais rápido, o qual, no homem, vai dos cinco meses antes até os dez meses após o nascimento. No fim do primeiro ano, o encéfalo tem aproximadamente 70% do seu peso adulto. O aumento do número de células e o aumento do tamanho de cada célula são responsáveis pelo crescimento do encéfalo. POLLITT28, baseado em trabalhos realizados nos países subdesenvolvidos em crianças hospitalizadas e portadoras de desnutrição calórico-protéica grave, mas em período de recuperação, sugere que o kwashiorkor não estava necessariamente associado a uma alteração intelectual permanente, pelo menos se a criança tinha mais de 12 meses de idade quando a condição aparecia. Por outro lado, as crianças portadoras de marasmo apresentam maior dano intelectual, possivelmente porque o encéfalo cresce mais rapidamente nos primeiros meses de vida, quando se instala o marasmo. De acordo com estudo realizado nos Estados Unidos, pesquisadores demonstraram que a renda per capita de uma família indígena, composta de cinco pessoas, é inferior a R$ 2.000,00. Há evidência de carências 28
POLLITT, E. Effects of nutritional supplementation on the behavioral development of infants and children. New York. Textbook of Pediatric Nutrition. 1981
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alimentares entre os Apaches e os Navajos. Como é do conhecimento geral, uma renda per capita baixa determina o subconsumo e condições higiênicas desfavoráveis. MONCKEBERG29 observou que apenas 6% das mães de crianças com deficiência intelectual tinham um QI superior a 99 e 77% inferior a 75. Quanto mais baixo o QI materno, mais baixo é o da criança. Por isso, conclui que não só a desnutrição produz deficiência intelectual. Elliott, Leverton, Sanjack, Turner & Hopkins30 afirmam que os fatores sugerem que a má nutrição faz diminuir a divisão ou multiplicação das células no encéfalo e que as crianças mal nutridas apresentam menor circunferência craniana e uma reduzida encefálica. Segundo os autores, até bem pouco tempo, o encéfalo era considerado estático não sofrendo modificação no desenvolvimento total, a maior parte do qual se processa na infância. Esta crença fundamentava-se na idéia de que as células nervosas não se regeneravam e que a criança tinha, ao nascer, todos os neurônios completos. A bainha de mielina também era considerada mais ou menos estática. Entretanto, sabe-se agora que ela é especialmente vulnerável ao “stress” da desnutrição. Em suma, sabe-se que a desnutrição afeta a estrutura do sistema nervoso central, sendo a época critica para tal influência próxima dos três anos de idade, embora menos acentuada. Os autores acima se referem ao aumento do teor de DNA no encéfalo, no fim da gestação e até os 5 ou 6 meses de vida. Sabe-se que o teor de DNA está relacionado ao número de células. Assim, a
29
MONCKEBERG, Fernando Barros. Factores emocionales, crecimiento, metabolismo e inmunidad / Emotional factors and child development, metabolism and immunity. Santiago. Revista Médica Del Chile. 1993 30
ELLIOTT, S.A. LEVERTON TJ, SANJACK M, TURNER H, COWMEADOW P, HOPKINS J. Promoting mental health after childbirth : A controlled trial of postnatal depression. USA. Editora Br J Clin Psychol. 2000
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desnutrição grave pode trazer deficiências mentais irreversíveis quando incide no período de crescimento rápido do encéfalo. Afirma que durante muitos anos houve controvérsias quanto aos efeitos da má nutrição materna sobre o produto da concepção. Entretanto, estudos feitos após a grande guerra, na Holanda e em outras partes do mundo, durante os períodos de fome extrema, demonstraram que as crianças nascidas apresentavam, ao nascimento, 240 gramas a menos de peso do que as nascidas no período pré-guerra. É claro que a repercussão atinge também o encéfalo. GRAVIOTO menciona que, ao ingressarem no hospital, os pacientes portadores de desnutrição grave apresentam ondas polirítmicas, mono-rítmicas ou mono-sinusoidais. A freqüência diminui consideravelmente e a amplitude é muito reduzida; os valores encontrados são de 30 a 50 mV (microvolts), ao invés de 150 a 200V. O autor cita Spaite, Criss, Valenzuela & Meislin31, o qual utilizando o hidrato de cloral como sedativo observou ausência do ritmo rápido que normalmente apresenta a criança sadia sob a influencia do sedativo. Com um tratamento eficaz, o eletroencefalograma tendia a tornar-se igual ao das crianças sadias, quando a desnutrida estava em franca recuperação. Esta recuperação é alcançada por volta de 40 a 50 dias. NELSON e DEAN32 observaram 47 casos de portadores de kwashiorkor. Os autores observaram atividade elétrica anormal, originando-se nas áreas temporais ou pós-temporais ou, em uma criança, na região parietal.
31
SPAITE DW, CRISS EA, VALENZUELA TD, MEISLIN HW. Pre-hospital advanced life support for major trauma: critical need for clinical trials. Tucson. American College of Emergency Physicians. Published by Elsevier Inc. 1998 32
NELSON, G. K. DEAN, R. F. A. The electroencephalogram in African children: effects of kwashiorkor and a note on the newborn. Uganda. Journal List Bull World Health Organ. 1959
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Admitem que tais perturbações possam indicar mais do que uma reação ao estado generalizado de super-hidratação intracelular, bem como extracelular, que é provavelmente uma característica comum da síndrome e sua origem usual no lobo a reagir mais facilmente do que as outras regiões do encéfalo. Engel, Wiebe & French33 observou, sistematicamente, alterações do eletroencefalograma, em 25 crianças com kwashiorkor, a maior parte das quais se recuperou após a administração de uma dieta de elevado teor protéico e de vitaminas. Entretanto, a recuperação não foi total em duas crianças com kwashiorkor e com deficiência de vitaminas. O autor admite que o encéfalo seja permanentemente alterado pela desnutrição. CHAMPAKAN34 e colaboradores estudaram 19 crianças recuperadas de kwashiorkor e as compararam com crianças desnutridas. Observaram nítida deficiência de inteligência no grupo experimental, sobretudo na idade de oito a nove anos, tendendo a diminuir esta diferença na criança de 10 a 11 anos. Os testes intersensoriais revelaram resultados inferiores no grupo experimental, mas crianças de menos idade. MARCONDES35 observou 15 crianças portadoras de desnutrição grave, hospitalizadas, e chegaram às seguintes conclusões: 1. 13 pacientes apresentaram alterações bioquímicas típicas de ma nutrição protéica com recuperação total já no segundo estudo em 11 casos, nos quais foi possível o seguimento. 2. Em 11 pacientes a recuperação nutricional foi excelente. 33
ENGEL, J. Jr. WIEBE S, FRENCH J. Practice parameter: temporal lobe and localized neocortical resections for epilepsy. Los Angeles. Reed Neurological Research Center, Department of Neurology. 2003
34
CHAMPAKAN, S. SRINKATIA, S. GOPALAN, G. Kwashiorkor and mental development. India. American Journal of Clinical Nutrition 1968.
35
MARCONDES, Eduardo. Desnutrição. Minas Gerais. Editora Sarvier.1976
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Dentre 13 pacientes com seguimento completo, somente 2 apresentaram uma recuperação neuropsicomotora satisfatória, avaliada pelo teste de Gesell ou Terman-Merril. Nos demais casos, foi possível reconhecer “déficit” mental por ocasião do terceiro estudo, mais acentuado nos setores da linguagem e pessoal-social. 3. O exame neurológico revelou sinais de sofrimento cerebral difuso em 85,7% dos pacientes e comprometimento periférico em 28,5%. 4. O estudo pneumoencefalográfico comprovou a existência, no primeiro estudo, de sinais de atrofia cortical ou subcortical em 14 dos 15 pacientes. Em 10 pacientes com segmento completo, houve normalização do pneumoencefalograma em 7 casos e melhora em 3 casos. Incapaz de produzir todos os nutrientes necessários ao seu funcionamento, o corpo humano necessita, regularmente, das vitaminas naturais, sintéticas ou orgânicas, de acordo com suas deficiências. Apesar de ser a natureza a fonte mais perfeita e indicada para a extração das vitaminas, muitas vezes o homem a torna inútil, neste aspecto. As verduras, como espinafre, por exemplo, devem ser cozidos em pouca água e com a panela fechada. Caso contrário, toda a vitamina ali existente se perderá. O mesmo acontece com as frutas, quando transportadas para lugares distantes e expostas ao sol por muito tempo. Por isso muitas vezes temos que recorrer âs vitaminas sintéticas. Elas vão substituir as naturais na ação de nutrir o nosso organismo. A proteína é constituída pelos aminoácidos e o corpo precisa de cerca de 25 deles, dos quais 8 não podem ser sintetizados e devem ser obtidos de alimentos especiais. As necessidades do corpo quanto às proteínas variam com a proporção do crescimento e o total de produção de energia. Uma porção razoável de proteínas é de 10 a 12% do total da dieta das pessoas submetidas a treinamento e de 12 a 17% no caso dos
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que se sujeitam a um programa de preparação desgastante. Isto significa que uma porção média de carne acrescentada de ovos, leite e outros alimentos protéicos são adequados mesmo para um atleta. É inútil o costume de acrescentar complementos protéicos à dieta, apesar dos conselhos em contrário. Para o atleta, os minerais mais importantes são aqueles que exercem uma forte influência na ação muscular e consumo de oxigênio. São eles o sódio, cálcio, fósforo, magnésio, potássio e ferro. Os minerais precisam ser obtidos através da dieta porque o corpo não tem meio de produzi-los. Uma vez absorvidos, eles precisam ser combinados a uma quantidade suficiente de vitamina C, caso contrário, não serão depositados nos ossos, que é o lugar onde deveriam agir. Esses minerais conhecidos como eletrólitos são especialmente importantes ao atleta porque tem um papel chave na prevenção de cãibras e cansaço. Todos os eletrólitos, com exceção do sódio são perdidos em grandes quantidades quando você executa exercícios físicos. A seguir, temos uma relação de minerais e importantes informações relacionadas a cada uma delas: •
O sódio é sempre encontrado em combinação com alguma outra substância, como o cloro, no sal de cozinha. No organismo ele é necessário para a contração muscular, ajudando também a regulação do equilíbrio hídrico e ácido básico. Sua deficiência é suprimida pela satisfação da necessidade de sal.
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O cálcio reforça os ossos e os dentes e ajuda na coagulação do sangue. O cálcio ajuda a regular a atividade muscular e nervosa. As ricas fontes de cálcio só se encontram nos produtos lácteos – o próprio leite, o queijo, a manteiga, etc. – as verduras de folhas, como o brócolis e os legumes, contem cálcio. O magnésio atua junto com o cálcio.
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O fósforo é encontrado abundantemente em todos os alimentos protéicos, como no peixe, carne, aves, ovos e queijo, bem como no pão de farinha de milho, nos cereais, legumes e nozes. O fósforo é um agente de oxidação dos três tipos de substâncias alimentícias produtoras de energia e integra a rígida estrutura dos ossos e dos dentes.
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O potássio desempenha papel importante na concentração muscular e na transmissão do impulso nervoso. É encontrado nas células, cujo equilíbrio ácido-básico ele regula, bem como o conteúdo hídrico. O potássio é encontrado no leite, nas frutas secas, semente de trigo, suco de tomate, feijão, melão, laranja etc.
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O magnésio tem um efeito importante no funcionamento do coração, protegendo suas células de possíveis danos quando o abastecimento do oxigênio é reduzido. Previne a formação de colesterol e tende a manter o equilíbrio cálciofósforo.
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O ferro é um componente da hemoglobina dos glóbulos vermelhos do sangue. A hemoglobina transporta o oxigênio às células dos músculos e retira delas o dióxido de carbono. O ferro é encontrado nas vísceras, especialmente no fígado, nas folhas de verduras, legumes e frutas, como a banana e no feijão. É raro encontrar-se carência de ferro em indivíduos que consomem os alimentos acima citados. Pesquisa realizada na Universidade de Indiana com nadadores, aumentando-se a dosagem de ferro através de complementos dietéticos à base de ferro, durante uma fase de treinamento intensivo, não demonstrou nenhum resultado exceto nos casos em que o atleta era portador de algum tipo de anemia.
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As vitaminas são essenciais para o desenvolvimento normal e conservação da saúde. Sua carência ou presença determina que o corpo funcione adequadamente. Contudo, é aconselhável que as pessoas supram suas necessidades vitamínicas através de uma dieta compensada e equilibrada, comendo vegetais em que elas se desenvolvem pela ação da luz solar ou comendo carne de animais alimentados com esses vegetais.
É um grave erro tentar compensar déficits alimentares com suplementos dietéticos. Cada uma das vitaminas tem sua função determinada no organismo humano. O importante é que cada uma delas seja bem dosada, pois tanto sua falta como seu excesso são nocivos ao organismo. Algumas delas, quando em excesso, são eliminadas, mas outras não, e isso pode trazer graves conseqüências. É errôneo pensar que o atleta, para ter um bom desempenho, precisa saturar seu organismo de vitaminas. Assim como a natureza, o organismo humano também vive em equilíbrio. •
A vitamina A é necessária ao desenvolvimento dos ossos e dentes previne a cegueira noturna, ajuda a manter as membranas das mucosas da boca, nariz, garganta e sistema respiratório e digestivo em perfeito estado, é indispensável para a saúde da pele. A vitamina A é encontrada na manteiga, no leite, na gema de ovo, nos óleos de peixe, na cenoura, na abóbora, no milho e nas folhas verdes dos vegetais.
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A vitamina B1 quando deficiente causa exaustão física fácil, desconforto digestivo e dor nos músculos, principalmente. São encontradas no leite, hortaliças, cereais, frutas, na gema do ovo e na carne.
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A vitamina B2 contribui para a produção de energia. É necessária à saúde da pele, dos nervos e dos olhos. Tem sua
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fonte no fígado, leite, ovos, folhas verdes, queijo, vísceras e legumes. FUNÇÃO: contribui para a saúde da pele, nervos e olhos.
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A vitamina B6, segundo o Dr. NEWBOLD36 é uma das vitaminas mais importantes, especialmente para as pessoas em dieta de alto teor de proteínas, porque a B6 esta envolvida no metabolismo da proteína, figurando ainda no metabolismo dos carboidratos, de modo que qualquer atleta em dieta especial deve dar atenção especial à vitamina B6. Encontra-se em fígado, cereal e carnes. FUNÇÃO: ajuda o corpo a utilizar os aminoácidos e influir no metabolismo acido – graxo.
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A vitamina B12 está relacionada com o funcionamento normal dos tecidos nervosos e com o metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras. Esta vitamina é importante principalmente para os atletas que treinam em altas altitudes. Suas melhores fontes são o fígado, os rins, as carnes musculares frescas e o leite.
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A vitamina C favorece o bom estado dos dentes e gengivas, ossos, tecidos conjuntivos e músculos. Contribui para a defesa contra o contágio de enfermidades, especialmente as respiratórias, e tem vinculação íntima com a função das glândulas supra-renais. As necessidades diárias de um adulto são de cerca de 75mg; a das meninas com mais de 12 anos são de 80mg e a dos rapazes, de 100mg. Esta vitamina, provavelmente, é uma das mais importantes para o atleta em rigoroso programa de treinamento. É considerada pelos russos como a vitamina da tensão. Todas as pesquisas
Dr. Douglas R. Newbold. Médico Familiar que presta services em Salt Lake City. Utah. U.S.A.
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parecem indicar que durante os períodos de tensão dos programas há uma crescente necessidade de vitamina C. Esta vitamina não se acumula no corpo: os excessos são eliminados pela urina. As necessidades dessa vitamina podem ser supridas com um copo comum (um quarto de litro) de suco de laranja fresca. Suas melhores fontes estão nas frutas e nos vegetais crus, especialmente as frutas cítricas, o melão, a folhas verdes, brócolis e couve-flor. O cozimento ou enlatamento destes alimentos destrói grande parte de sua riqueza em vitamina C. •
A Vitamina D é necessária para a absorção do cálcio, sendo assim essencial à formação dos ossos e dentes.
A importância profilática e terapêutica das vitaminas está contida no próprio nome, sendo que “vita” significa vida. Elas são compostos orgânicos encontrados nos alimentos em pequenas concentrações, e não são sintetizados pelo organismo humano. Sua ausência ou absorção ineficiente provoca doenças de carência especifica. Bastante difícil é determinar a atividade vitamínica dos alimentos. As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) não se perdem com facilidade nos métodos habituais de cozimento. Já as vitaminas hidrossolúveis (C e as do complexo B) são dissolvidas sem dificuldade na água quente. Sendo assim, uma parte das vitaminas é destruída pelo calor. Existe interesse em se conhecer as vitaminas mais solicitadas e consumidas pelo esforço físico ou quais as vitaminas capazes de aumentar a capacidade de trabalho. Sabemos que os níveis sanguíneos aumentam durante o esforço físico, mas os estudos ainda não são conclusivos com relação à complementação desta vitamina após as atividades. Os carboidratos são os açúcares simples (monossacarídeos) e complexos (polissacarídeos). São armazenados nos músculos e no fígado como glicogênio e são encontrados no sangue na forma de
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glicose sangüínea. O glicogênio e a glicose são duas formas de combustível alimentar. As gorduras são encontradas no corpo como triglicerídios, fosfolipídios e colesterol. Os triglicerídios são armazenados nos músculos esqueléticos e nas células adiposas, e são formados por glicerol e ácidos graxos livres (AGL). Estes constituem a forma de combustível alimentar. Quando os átomos de carbono dos AGL estão quimicamente saturados com átomos de hidrogênio são denominados ácidos graxos saturados. Quando isso não ocorre são denominados ácidos graxos não saturados. O consumo de grandes quantidades de gorduras saturadas deve ser desencorajado. As proteínas não são usadas, normalmente, como combustível alimentar. Constituem de agregados de aminoácidos e representam os blocos formadores de tecidos. Existem 21 aminoácidos diferentes no corpo, 10 dos quais recebem a designação de aminoácidos essenciais. Estes não podem ser sintetizados pelo corpo; portanto, sua única fonte é através da dieta. Ao contrário da crença popular, a demanda protéica durante o exercício intenso e o treinamento não aumentam muito em adultos. As vitaminas fazem parte essencial de enzimas e coenzimas que são vitais para o metabolismo de gorduras e carboidratos. O armazenamento muscular de glicogênio pode ser grandemente aumentado através de vários procedimentos dietéticos e/ou de exercícios. Os maiores depósitos de glicogênio podem ser obtidos primeiro exaurindo os músculos de seu glicogênio através do exercício e a seguir consumindo uma refeição pobre em carboidratos (isto é, rica em gorduras e proteínas) por vários dias. Isso é então seguido por consumo de refeições ricas em carboidratos por mais dois ou três dias. Entretanto, sobrecarregar os músculos com glicogênio pode resultar numa sensação de peso ou rigidez nos músculos. Conseqüentemente, essa prática não é aconselhável para os velocistas nem para os atletas que participam em provas de curta duração (trinta minutos ou menos).
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Os outros possíveis efeitos colaterais incluem mioglobinúria (mioglobina na urina), dor torácica e alterações eletrocardiográficas. É comum as pessoas imaginarem que quanto mais exercícios melhor. Contudo, para a atividade física também prevalece o dito de que a qualidade vale mais do que a quantidade. Os praticantes de aeróbica, que desejam simplesmente manter a forma, conquistar bem-estar e saúde não têm necessidade maior do que três sessões de uma hora por semana. O exercício chega a contribuir também para a regulação do ritmo menstrual e só deve ser abandonado temporariamente quando durante o ciclo, ou o período pré-menstrual, a mulher apresentar sintomas e sinais incapacitantes como mal-estar, dor de cabeça e vômitos. Outra idéia bastante popular é a de que a atividade física faz com que o indivíduo cresça, o que não se justifica já que a altura das pessoas é decorrência de seu código genético. Mesmo o simples fato de beber água durante o exercício também é acompanhado de mitos. O certo é hidratar-se antes, no transcorrer e após o esporte. O durante é o momento mais importante, pois o consumo de água contribui para a adaptação mais rápida do corpo à temperatura e resistiu ao organismo a quantidade ideal de liquido ao mesmo tempo em que ela é perdida. Essa água deve ser bebida aos goles e nunca de uma só vez. Ideal é que não esteja “estupidamente” gelada. O melhor é bebê-la fresca, ou não muito resfriada.
10.3 - Vitamina C e a prevenção do câncer Em estudos feitos nas pessoas que comeram frutas e vegetais ao invés de alimentos suplementares, a vitamina C (no alimento) tem sugerido para inibir o câncer de estômago e de esôfago. Uma importante ação da vitamina C é bloquear a conversão do nitrato (encontrado na carne defumada, como bacon, o presunto, o pernil
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e o cachorro-quente) para nitrosaminas, um potente cancerígeno (promotor do câncer). Por exemplo, quando se come bacon, é recomendável também beber suco de laranja. Se há pernil para jantar, é indicado consumir metade de um pimentão verde ou um tomate em uma salada. O importante é que, como o corpo não armazena vitamina C, deve-se consumir uma fonte desta todo dia. Alguns estudos têm sido feitos quando a pacientes em um estágio avançado de câncer foram dados suplementos de vitamina C. Os resultados foram conflitantes, com alguns pacientes melhorando, enquanto outros não. De um modo geral, não existe evidência suficiente para indicar que a vitamina C seja ministrada roteiramente aos pacientes com câncer terminal, com o objetivo de melhorar ou mesmo proporcionar a cura desta grave enfermidade.
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11 - Atividade física e a 3a. Idade Aspectos psicológicos e benefícios
11.1 - O que é o idoso? Analisando os aspectos culturais pode se verificar que todo ser vivo tem certo número de anos como limite de sua existência, e que varia de acordo com a espécie. No homem, a expectativa da vida varia conforme as épocas e os países. A concentração torna-se mais difícil, a imaginação menos inventiva, as associações de idéias e as locuções mais lentas. Em alguns casos, a memória do passado distante conserva-se fiel, porém os fatos recentes são esquecidos com maior facilidade. Devido sua relativa debilidade física, o homem teve de explorar ao máximo as possibilidades de seu corpo e desenvolver sua força, agilidade e resistência. Em questão sobre a terceira idade no mundo da caminhada cronológica, a atividade física, tanto no meio líquido ou fora deste permite recuperar o equilíbrio corporal e mental: o sentido do esforço, o respeito aos regulamentos, o entendimento com os
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companheiros e o aprendizado para a vida em comunidade, tão importante quanto à grandeza física. Na maioria dos casos, os idosos tendem às posturas pessimistas. Em linhas gerais, pode-se dizer que a conversa interior deles é 95% negativa, por isso, o cérebro tende a registrar mais o que não querem do que o que desejam. É necessário fazê-los conscientizarem-se e pensarem profundamente para superarem suas dificuldades. Se o idoso pensar positivamente, o seu hemisfério cerebral entrará em ação, em conjunto: o direito (responsável pelo seu inconsciente) e o esquerdo (responsável pelo seu consciente) farão trabalhar em seus pontos fortes, assim o resto, automaticamente, se fortalecerá. Os indivíduos de terceira idade necessitam melhorar sua autoestima, relaxando, aceitando suas falhas e as das pessoas que o rodeiam, sabendo lidar com as qualidades e potencialidades que ainda possui. Badem Power37 recomendava a seus escoteiros, sorrir para espantar a tristeza; entre Badem Power e os escoteiros há semelhanças, sendo o sorriso uma descontração sem limite para ambas as partes, mantendo o bom humor independente da idade humana, pois estaremos oferecendolhes estímulos positivos e recebendo respostas recíprocas. Vale lembrar que “exceto da eletricidade e do magnetismo, semelhante atrai semelhante”. “Valorizar o ser humano, para sentir-se útil”, o modo de viver excita-me à curiosidade sobre a preocupação em viver feliz de modo fascinante, porque se estou em paz com a vida, automaticamente as pessoas tem sua recíproca e, aqui destaco, o quanto os idosos são importantes para o meu desempenho profissional. No homem, a
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Foi como um herói dos adultos e das crianças que, em 1901, ele regressou da África do Sul à Inglaterra, para ser cumulado de honrarias e para descobrir, surpreso, que sua popularidade pessoal dera popularidade ao livro que escrevera para militares - "Aids to Scouting" - "Ajudas à exploração militar". O livro estava sendo usado como um compendio nas escolas masculinas.
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expectativa de vida varia conforme as épocas e os países. Nos países industrializados, é de cerca de 80 anos e nos países em desenvolvimento não chega a atingir 70 anos . Em algumas regiões, onde a seleção natural faz sentir de um modo mais direito. Nas sociedades contemporâneas, a publicidade valoriza um modelo juvenil, onde o velho é pouco menos que um estranho. Para ajudar os idosos, alguns países criaram “clubes e universidades para terceira idade”, onde se reúnem para realizar algum tipo de atividade, sobretudo cultural, que mantenha seu interesse pela vida. Mesmo assim, muitos terminam seus dias em asilos, onde, apesar de receberem cuidados materiais, não dispõem dos necessários apoios morais e familiares. No Brasil não encontrei registro de clubes e universidades específicos para idosos, mas atividades em universidades denominados “cursos para terceira idade” ao nível de graduação, pós-graduação, especialização e extracurriculares, sendo a fatia maior para a idade adolescente e a menor consumida pelos nossos amáveis idosos. Infelizmente, em alguns lugares a terceira idade é discriminada por certos grupos docentes e discentes dessas universidades, parecendo que a velhice jamais será alcançada por estes indivíduos. Na atividade física, para que haja um rendimento excelente é bom formar grupos de terceira idade. Sem dúvida a discriminação desaparecerá, pois, ao nível de exercícios aeróbios e anaeróbios a juventude não combinará com idosos, os movimentos e reflexos são diferentes. Segundo Vicente Bonachelas38, na maioria das pessoas, a velhice provoca uma diminuição da atividade física. Com o passar dos anos, as sensações e percepções perdem vagarosamente a acuidade e as emoções
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Bonachellas, Vicente. Manual Básico de Hidroginástica. Rio de Janeiro. Ed. Sprint. 1999
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se tornam menos intensas. Em uma pesquisa realizada para a Fundação Norte-Americana para o Bem-Estar da Velhice em 1968, o Dr. H.A de Vries submeteu um grupo de septuagenários a um programa de exercícios com a duração de um ano. Ao final do treinamento os indivíduos apresentam os reflexos corporais de homens trinta anos mais moços. A seguir, alguns aspectos físicos relacionados à terceira idade: 1. Desgaste do organismo; 2. O corpo encolhe (a altura se reduz alguns centímetros); 3. As artérias endurecem; 4. A respiração torna-se mais curta; 5. Os músculos perdem parte da flexibilidade; 6. Diminui a acuidade da visão e da audição; 7. Os dentes caem; 8. Os cabelos embranquecem e caem; 9. A pele torna-se frágil e enrugada e em alguns lugares aparecem pequenas manchas pardas.
Na maioria das vezes, o ser humana não aceita de maneira tranqüila a velhice, mesmo sabendo que se trata de uma etapa inevitável da vida, que a diferença das coisas do idoso está em seu valor. Os objetos têm preço, o velho, a dignidade. As pessoas vivem na maioridade, as coisas vivem na minoridade. Na realidade atual, a melhor maneira de levar em consideração o ser humano é “respeitar que o indivíduo possa reviver suas qualidades emocionais e profissionais, onde ele consiga alcançar uma longevidade maior com qualidade”.
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11.2 - Benefícios para o idoso Para o idoso, o simples conhecimento de que ainda é capaz de aprender novas habilidades reforça seu orgulho próprio e ajuda a negar os sentimentos de inutilidade intrínsecos em seu papel de velho na sociedade. Ainda reforçam idéias de que o ancião não deve aprender algum tipo de tarefa direcionada à atividade física, pois o exercício lhe traria dores reumáticas, gripes e outros males. Isto não é verdade. A atividade física atua sobre o organismo de uma maneira estável, melhorando o desempenho muscular e cárdio-respiratório. A prática esportiva pode ser considerada como uma atividade recreativa que pode preencher o tempo livre de idosos com uma proposta de lazer, como um meio de integrar á sociedades pessoas da mesma idade, estimulando renovações anteriores. Os benefícios de ordem profilática, terapêutica, fisioterápica e estética que a atividade física pode trazer ao idoso são inúmeros: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
Dilatação dos vasos sanguíneos; Abertura de novos capilares; Aumento de taxa de hemoglobina; Melhora a elasticidade do tórax; Fortalece as funções cardíacas, pulmonares e digestivas; Desenvolve força muscular; Coordenação motora; Ritmo respiratório; Resistência orgânica; Relaxamento dos músculos da coluna vertebral.
11.3 - A arte de viver na terceira idade A atividade física ativa do idoso proporciona uma qualidade de vida com melhor relacionamento sócio/esportivo tendo vital importância, classifico-os como “Jovens invejáveis da terceira idade”, no decorrer irá
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conscientizar-se daqueles que realizam obras fantásticas em nosso universo. Os idosos têm necessidade de se sentirem úteis, de ocuparem o tempo livre deles com atividades interessantes para o bem estar físico e mental. Uma vida afetiva favorece boa adaptação à fase da velhice. Estudos revelam que muitos chegam a relacionar os estados de depressão na terceira etapa da vida à inatividade. As atividades como ginástica recreativa, natação, hidroginástica, pintura, ioga, passeios, entre outros, são caminhos adequados para uma vida mais longa, saudável e equilibrada e menos problemática. Abandonar a vida sedentária é dar um novo impulso â vida. A aposentadoria compulsória de professores e pesquisadores aos 70 anos, que encerram as atividades, deveria ser revista. Afinal, muitos estão explorando novas ciências para o bem da humanidade. Pesquisas revelam que até o ano 2025 os idosos serão 34 milhões no Brasil o que representará 15% da população. A idade é ubiqüidade, se não tivermos uma ampla visão sobre o assunto, será vista meramente como uma inconstante simples, tendo uma razão suscetível e quantitativa sobre uma plataforma cronológica. A história conclusiva, assim, não existe. O que existe é um nível interpretativo factual. A memória é função psíquica e fisiológica que se reporta à identidade e à autoconsciência do individuo de terceira idade. Órgão e sistemas fracassados são secundariamente a queda da alta evolução e diferenciação na rede de comunicação. Isto é a alta evolução e diferenciação das características da complexa rede que as torna vulneráveis no agudo rompimento que induzem para a idade. Qualquer lado que olhemos o mundo em que vivemos, contemplamos uma sucessão constante de florescer e de mudar-se, do nascer e do morrer, na juventude e na velhice, que se seguem com as estações do ano, sempre no mesmo ritmo e da mesma maneira. Com a
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mesma certeza de que após a primavera seguirá o verão, sucede a madureza da juventude. “Passa com os homens a mesma que com as estações; Qual é a mais bonita?; cada uma em si mesma é a mais bela, e nada e menos aborrecida no mundo o mudar das estações”. Encontramos no idoso a consciência do futuro e com ela o sentimento na vida em todas as diversas formas possíveis. Podemos ver tranqüilo e cheio de esperança. Em que situação se encontram os anos respectivos uns em relação aos outros, ao confrontar os jovens e os idosos atuais? Que formas tomam, hoje, o conflito das gerações? A resposta a estas perguntas é quase impossível para os contemporâneos e aos que faltam à devida perspectiva. Os que falam de certa duração normal da vida estabelecem-na pouco além. Tais idéias seriam admissíveis se existisse algum privilégio capaz de colocá-los fora do alcance dos acidentes, tão numerosos, a que estamos todos expostos e que podem interromper essa duração com que nos acenam. E é pura fantasia imaginar que podemos morrer de esgotamento em virtude de uma extrema velhice, e assim fixar a duração da vida, pois esse gênero de morte é o mais raro de todos. A isso chamamos morte natural, como se fosse contrária a natureza um homem quebrar a cabeça numa queda, afogar-se em algum naufrágio, morrer de peste ou de pleurisia. É como se na vida comum não esbarrássemos a todo instante com esses acidentes. Pelo próprio fato de termos escapado de morrer em tantas ocasiões fatais, devemos reconhecer que uma sorte tão extraordinária, que nos mantém vivos a despeito da regra comum, não se há de prolongar demasiado. É um erro da lei da fatalidade imaginar que um homem não é capaz de gerir seus bens antes dos vinte e cinco anos e que só então pode orientar sua vida como bem entende. Opiniões ressaltam que aos vinte anos nosso espírito já se desenvolveu completamente. Já é o que será necessário para o resto da
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vida e mostra o de que é capaz. O espírito que, até essa idade, não deu demonstração evidente de sua fortaleza, nunca o dará mais tarde. As qualidades e virtudes de nossa natureza já revelaram então, o que tem de vigoroso. É possível que o saber e a experiência cresçam com os anos em quem emprega bem seu tempo. Mas a vivacidade, a rapidez, a firmeza de ânimo e as demais partes físicas ou morais, integrantes de nós mesmos, as mais importantes e essenciais se desgastam e se atrofiam: “quando o corpo se abate ao peso dos anos, e as molas da máquina estão usadas, oblitera-se a inteligência, obscurece-se o espírito, delira a língua”.39 Ora é o corpo que primeiro cede diante da velhice, outras vezes, a alma. Muitos já viram alguém cuja mente fraquejou antes do estômago e das pernas, um mal tanto mais perigoso quanto o não perceber da vítima. É o que me leva a considerar desajustadas as nossas leis, nossos paradigmas. Não porque nos deixam trabalhar até uma idade demasiado avançada, mas por não nos permitirem parar suficientemente cedo. Parece-me que, dado o enfraquecimento que nos pode atingir e os numerosos caminhos com que deparamos naturalmente no decurso de uma vida comum, não deveriam dar tanta importância ao ano de nosso nascimento, nem nos deixar tanto tempo entregues à ociosidade ou presos ao aprendizado.
11.3.1 - O contato com o passado – lembranças O esquecimento é provavelmente o sintoma mais óbvio. O que acontece fica mais claro quando tentamos fazer algo que aprendemos quando crianças – dobraduras de papel em forma de chapéu, ou a seqüência de posições no jogo de barbante. Quando falhamos, dizemos “isso não volta mais”. Essa é uma afirmação nitidamente precisa, pois as
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Lucrécio, citado por Montaigne em Os Pensadores, no ensaio DA IDADE, p.154.
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conseqüências necessárias aos jogos com o papel e o barbante simplesmente não voltam mais. No mesmo sentido, as palavras não voltam quando tentamos relembrar um poema, nem as notas musicais ao tentarmos tocar algo de memória, num instrumento musical.
11.3.2 - O esquecimento de nomes próprios Nomes próprios são especialmente fáceis de serem esquecidos, e é especialmente óbvio que sejam esquecidos. Para que a recuperação de um nome próprio se torne mais provável, podem-se rever todas as coisas de que consegue se lembrar sobre a pessoa ou coisa a que ele se refere. Então, percorrer lenta e deliberadamente o alfabeto, e tentar pronunciar o nome. Às vezes haverá surpresas relacionadas com a rapidez com que foi lembrada. Em outras, pode-se sentir atormentado por chegar tão perto do alvo e não conseguir, mas na manhã seguinte, surpresa, o nome pipoca entre os pensamentos inesperadamente e sem esforço. Certamente pode ser exíguo o tempo de percorrer o alfabeto ao se fazer uma apresentação, e nessas ocasiões será preciso outras estratégias. Os sistemas mnemônicos oferecem maneiras adicionais de se recuperar nomes da memória, mas só são vantajosos se o indivíduo souber, por antecipação, de quais itens pretenderá se lembrar. Não conseguir lembrar um nome em uma apresentação é embaraçoso, e o embaraço é parte do problema. É, por exemplo, a dificuldade dos gagos, que tendem a gaguejar mais, em função das conseqüências punitivas que experimentaram no passado, ao se comportarem dessa maneira. Esquecer um nome ao fazer uma apresentação, simplesmente porque há medo de esquecê-lo. Ficar com medo causa ainda mais problemas, como por exemplo, se o apresentador evitar olhar para as demais pessoas no recinto. Esquecer-se do que ia dizer é um caso especial. Durante uma conversa, se espera educadamente até alguém terminar de falar, e então percebe que seu perspicaz argumento se esvaneceu. A situação é
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especialmente embaraçosa se todos perceberem que alguém ia dizer algo, e não disse. Uma solução é ficar repetindo o argumento para si mesmo. Outra é apelar para o privilégio de ser mais experiente e interromper o interlocutor. Uma terceira, ainda, é anotar (parecerá que a anotação é sobre o que o outro está dizendo), o que, certamente chamará a atenção dos demais,
11.3.3 - Tranqüilidade do pensamento A velhice é bastante parecida com o cansaço, exceto por não se poder reduzí-la, seja relaxando ou tirando férias. A velhice acrescida de fadiga é particularmente perturbadora, mas metade dessa fadiga pode ser evitada. O tipo de fadiga causador de perturbação é chamado mental, talvez porque tenha pouco em comum com a fadiga que se segue ao trabalho físico. Podemos estar totalmente descansados em termos físicos, mas ainda nos sentimos cansados do que estamos fazendo – com freqüência a ponto de nos sentirmos até “doentes de pensar nisso”. Quando fatigados, falamos coisas erradas. As mais evidentes são as palavras erradas que pipocam em nossa mente apenas por rimarem com as palavras corretas, ou por se parecerem com elas de alguma outra maneira. Coisas erradas também incluem clichês, sentenças mal construídas, plágios e a pomposidade das “tiradas literárias”. Elas florescem quando estamos cansados, e presumivelmente só podemos evitá-las, evitando a fadiga. Posto que muita gente chega fatigada à velhice, é da maior necessidade que se tomam precauções especiais. Nós nos recuperamos da fadiga quando nos envolvemos em atividades de lazer, mas a amplitude dessa recuperação depende do que fizermos. Estaremos menos aptos a pensar com clareza se despendermos nosso tempo livre em passatempos cansativos. Os gregos usavam uma boa palavra – eutrapelia - para descrever a utilização produtiva do lazer. Se a resolução dos problemas é levado a sério, deve-se escolher cuidadosamente o que irá fazer quando não se estiver resolvendo-os. Talvez sejam apreciados os quebra-cabeças complicados, xadrez ou
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outros jogos intelectuais. Podem ser apreciados, mas eles levam à fadiga. Deve-se desistir deles e relaxar seus padrões, lendo histórias de detetives, ou assistindo alguns programas de TV que não se valorizava por serem considerados idiotas ou de pouca utilidade. Descobre-se, neste momento, a exata função deste tipo de entretenimento.
11.4 - Dieta e exercício e lazer Dieta apropriada e exercício contribuem para uma vida longa e saudável, e, por conseguinte, mais agradável. Médicos e nutricionistas são quem melhor podem orientar em relação ao que deve comer e à quantidade de exercícios que deve fazer. Mas, infelizmente, saber o que precisa ser feito não significa necessariamente que será feito. Fazer um registro pode ajudar. Deve-se estabelecer metas, e, dia após dia, ir preenchendo os quadrinhos de um calendário, conforme os progressos em direção a elas. Deve-se descobrir um lugar onde se goste de andar ou se arranje outro motivo pessoal para sair a passeio. Os idosos têm mais tempo para se dedicar às coisas, mas em geral acham difícil encontrar coisas para fazer. Matar o tempo merece pouca consideração. Thoreau’40 afirmou que não podemos matar o tempo sem estarmos injuriando a eternidade e, seja isso verdadeiro ou não, certamente não o fazemos sem encurtar o tempo que nos sobra para viver bem à vida. Precisamos encontrar formas de preencher o tempo. Por certo, muitas coisas dependem de nossas finanças. Por vezes, a tranqüilidade é considerada como um estado em que os velhos vivem recolhidos a si mesmo, por exemplo, entregues às suas memórias. Eles certamente têm mais lembranças a reviver do que os jovens, e mais tempo para tanto, mas gostar ou não gostar delas depende de seu conteúdo. Uma velhice devotada ao remorso ou ao
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THOREAU, H. David. Caminhando. Rio de Janeiro. Ed. José Olympio. 2006
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arrependimento não é agradável. Como reconheceu Leigh Hunt41, vale à pena lembrar episódios felizes. Quanto mais velhos, mais envaidecemos quando nos dizem que parecemos jovens. Aos catorze anos provavelmente gostamos de aparentar dezesseis, e aos dezesseis, dezoito, mas já no inicio da casa dos vinte, as coisas mudam de figura. Aos vinte e cinco anos não nos orgulhamos por aparentar trinta, nem aos sessenta queremos aparentar setenta. Não importa quão bem o último ato tenha sido reescrito, ninguém desempenha o papel de velho com bravatas. Portanto, deve-se satisfazer com uma atuação adequada. Num roteiro que funcionam bem, vive-se relativamente livre de aborrecimentos, tendo chances de fazer várias das coisas que se aprecia e menos razões para se fazer o que não se gosta. O senso de humor dará conta de alguns aborrecimentos remanescentes. Seria mais fácil conseguir boa parte disso, se houvesse tido uma preparação quando se é jovem. Tal preparo teria sido mais provável, se tivessem olhado para a velhice que se prenunciava no futuro, não como algo a ser temido, nem como um problema a ser resolvido, mas uma experiência a ser vivida e apreciada. A sociedade atual, com uma tecnologia altamente desenvolvida, prejudica a manutenção das atividades físicas naturais. Se quisermos saúde, devemos desenvolver uma filosofia de vida voltada para as atividades físicas. Elas devem fazer parte do nosso dia-adia. É necessário esforço para manter o corpo saudável e em boa forma. A prática dos exercícios deve ser contínua e bem orientada e encarada como um bem às nossas vidas, nunca como um castigo. O resultado deste esforço, uma vida saudável, será, certamente, compensador.
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HUNT, Leigh. Selected Writings. India. Ed. Carcanet Press LTDA. 2003
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Para realizar um movimento, o músculo necessita ser alimentado com oxigênio e nutrientes, o que é feito através do trabalho do coração, pulmões e vasos sanguíneos. Esses mesmos órgãos eliminam as impurezas das células musculares. Quanto mais ativa for à pessoa, maior será sua capacidade cardiorrespiratória. A isto chamamos de capacidade aeróbia.
11.5 - Como treinar a resistência Existem muitas formas de se desenvolver a resistência física: andar, correr, nadar, dançar e outros. Antes de iniciarmos qualquer atividade física convém cuidar de alguns aspectos: a. Fazer um exame médico; b. Começar as atividades devagar e aumentar aos poucos sua intensidade, de acordo com um profissional da área de educação física; c. Não praticar exercícios de estômago cheio; d. Procurar um ritmo próprio nas atividades, tanto no esforço máximo como no mínimo; e. Trabalhar com regularidade mantendo o controle da pulsação.
11.6 - A prática da natação na terceira idade A natação é um ótimo exercício porque atua em todos os músculos, aumenta a resistência física e trabalha os pulmões e o coração. Dentro da água o corpo fica leve e as articulações se movem com mais facilidade. Os músculos podem se distender sem sofrer problemas. É bom que a piscina tenha o aquecimento necessário à temperatura do meio ambiente. Quando há muita gente ocupando a piscina ao mesmo tempo, é preciso evitar encontros e batidas com outros nadadores.
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Antes de iniciar a nadar em seu estilo preferido (ou mais de um estilo) convém aquecer o corpo, fazendo alguns exercícios dentro d’água: a. Caminhar de uma borda à outra da piscina elevando o joelho; b. Caminhar de uma borda à outra elevando o joelho e tocando o pé com as mãos; c. Em pé, de frente para a borda da piscina, onde se firma com as mãos, pés juntos no fundo. Girar os quadris para um lado e para outro; d. Em pé com a água na altura do peito, um braço à frente e outro atrás. Andar para frente movimentando os braços (como se estivesse nadando); e. De costas para a borda da piscina, firmando os braços abertos na mesma. Girar uma perna e depois a outra. Afastar e aproximar as pernas.
11.7 - Fatores de risco Pesquisas no campo médico indicam vários fatores de risco que estão associados aos problemas de arteriosclerose. Entre eles, os mais responsáveis pelos problemas do coração ou mesmo morte prematura são: • • • • • •
Hipertensão; Alto nível de colesterol e gorduras; Fumo; Obesidade; Problemas emocionais; Sedentarismo.
11.7.1 - Hipertensão A pressão sangüínea é dada em dois números. O número maior, chamado pressão sistólica, é a pressão do sangue no momento em que é ejetado para fora do coração. O número menor marca a pressão
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diastólica, que é a pressão de descanso, quando o coração se encontra relaxado entre duas batidas. Uma pressão sangüínea de doze por oito é considerada excelente. Ela pode, no entanto, sofrer variações subindo ou descendo. São muitas as causas que levam a esta situação. Se a pressão se mantém alta mesmo quando a pessoa está em repouso e permanece alta por muito dias, dizse que há ocorrência de hipertensão ou pressão alta. Tratamentos médicos e exercícios físicos tem se mostrado na maioria das vezes eficientes no combate à hipertensão.
11.7.2 - Obesidade A relação entre problemas cardíacos e a obesidade mostra claramente a inconveniência do excesso de peso para a saúde. A obesidade pode trazer sérias conseqüências. Está intimamente ligada aos problemas cardiovasculares, respiratórios, renais, articulares, intestinais, digestivos e mesmo emocionais. Além disso, a obesidade diminui a resistência física aumentando a carga a ser suportada pela estrutura óssea. O excesso de peso é um mal à saúde e deve ser evitado e combatido.
11.7.3 - Problemas emocionais A vida atual tem se tornado estressante, forçando as pessoas a viverem cada vez mais rápido. Impera o senso de urgência. Cada vez se quer realizar mais em menos tempo. A hostilidade tomou seu lugar no relacionamento humano. O trânsito está cada dia mais agitado. Acabouse a calma das boas caminhadas nas calçadas. Já não existe muito tempo para visitas e um bom bate-papo. Isto tudo pode causar problemas emocionais que levarão a um aumento dos níveis de colesterol e outros problemas cardíacos.
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O sedentarismo é um dos males das cidades. A vida moderna nos prende em salas, em escritórios, sentados, a maior parte do dia. Quando em casa, a televisão nos mantém ainda sentados por horas. Começar a praticar exercícios físicos violentos logo após a aposentadoria é uma excelente maneira de se parar num hospital. Quem passou a vida sentada (o) atrás de uma escrivaninha não se pode, de repente, se atirar na prática de exercícios fortes. É necessário, primeiro, um exame médico para analisar o estado físico. Depois, deve-se procurar a orientação de professores de educação física para o desenvolvimento gradual das atividades. Uma vez em forma, deve-se integrar as atividades à vida diária. A forma mais natural e eficiente de fazê-lo é andar. Andar faz bem ao corpo e ao espírito. Assim estaremos conservando o vigor físico combatendo, na medida do possível, a perda da força muscular natural na velhice. A população de idosos é que a mais cresce no Brasil, com a expectativa de vida chegando á média nacional de 66 anos. Se na Paraíba, vive-se em média 47 anos, no Rio de Janeiro esse número salta para 70. Em 1991, o Brasil tinha 11 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Segundo as projeções, no ano de 2020 eles serão 30 milhões. A idade em que uma pessoa passa a ser considerada idosa ainda é motivo de polêmica entre os especialistas e demógrafos. A questão não se resume apenas ao fator cronológico, mas ao grau de independência que a pessoa tem para viver seu dia-a-dia, sem depender de terceiros. Essa, pelo menos, é a opinião da coordenadora do centro, a profa. Alice Dernil. Segundo ela, uma considerável parcela da população idosa goza de boa saúde, tanto física como mental, vivendo assim sem depender dos outros. De acordo com a coordenadora, a partir da meia idade tanto o homem como a mulher costuma não mais se olhar no espelho. Deixam
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de notar as alterações físicas trazidas pelos anos, às vezes prenunciadoras de doenças, e acabam perdendo a auto-estima. Para a geriatra Andréa Prates, também da Faculdade de Saúde Publica da USP, é difícil para qualquer pessoa adaptar-se ao envelhecimento. Ela cita a atriz sueca Greta Garbo que, ao perceber que envelhecia, enclausurou-se em casa e nunca mais freqüentou o mundo artístico. Numerosas concepções antagônicas servem para obscurecer as informações dos estudos da perspectiva temporal e entrar nas possibilidades de generalização. LEROUX e col. (1979) procurou medir à extensão da perspectiva futura em função da idade e colocou sua proposta sob dois aspectos: o estudo da perspectiva temporal futura nas motivações; a extensão da perspectiva temporal futura no adulto e na velhice. Sob essas grandes linhas ele usou uma amostra de 549 sujeitos, de ambos os sexos, entre 18 a 93 anos. No primeiro momento os sujeitos são convidados a completar uma série de 40 frases, onde as palavras indutoras são formuladas na primeira pessoa e dizem respeito ao próprio sujeito, indicando uma orientação vaga sobre o futuro ou o que acontecerá. Por exemplo: “Eu desejo... Eu me preparo para... Eu gostaria...” essas induções variam em níveis de intensidade, de atividades e de realidade, mas evitam níveis que exercem sobre o sujeito um efeito diretivo sobre os períodos temporais precisos. Essa perspectiva temporal futura insere-se nas motivações individuais de conteúdo dinâmico e decorre da concepção, que encara o futuro não como um espaço temporal, mas uma propriedade formal de lugar, em analogia com a espacial, onde o indivíduo, utilizando as lições do seu passado-aprendizagem e memória-projeção, no momento presente, os objetos de sua ação, procedendo a uma elaboração cognitiva em termos de meios e modos, manipula as representações simbólicas do real. O futuro é, então, concreto, com conteúdo material, fonte de análise e de orientação dinâmica. O futuro distante também se presta a delimitações objetivas. Assim, ele é dividido em grandes fases
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correspondentes à vida biológica, social e profissional: o período de estudos e da juventude, a idade adulta compreendendo a entrada da vida profissional, a vida madura, a velhice e o período da morte. Cada sociedade divide o curso da vida em unidades socialmente significativas, transformando a cronologia e o tempo biológico, em tempo social. Os indivíduos internalizam tais tempos sociais, definidos e estereotipados em comportamentos característicos. A maior parte dos conteúdos motivacionais se encontra localizada dentro destas categorias, na opinião de Leroux. As interrogações sobre os idosos de hoje passam para os de ontem e alguns pesquisadores procuram informações na História, para desvendarem a situação da velhice no passado. FINLEY (1969) colheu subsídios através do tempo e dos povos numa busca do posicionamento social e do tratamento dado aos idosos. Na Grécia e Roma antigas não se cogitava sobre problemas sociais da mulher, do escravo, do empregado, do desempregado e do idoso. As leis só protegiam os militares a até parece que os generais não tinham idade, ou não se pensava em limitá-las. Péricles foi general até sua morte, mais ou menos as 66 anos de idade. Atualmente, o aumento da velhice é uma constância que se torna um problema social nas sociedades ocidentais. Não se possui ponto de comparação com a antiguidade, todas as tentativas de cálculos se mostraram ineficazes. Sabe-se que a mortalidade infantil no passado era muito mais elevada que hoje, e que a esperança de vida era bem mais baixa. A criação da terceira idade como uma categoria particular de vida, contém em si uma marginalização: é uma extrema organização moderna de colocar a vida em três fases dedicadas à formação, ao trabalho e ao repouso.
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Ao ler que uma pessoa pertencente à terceira idade deve-se indagar se isto é uma denominação genérica para todos os idosos, ou, se está correndo uma distinção entre terceira e quarta idades, para VELLAS and Col. (1999) a terceira idade começa com a cessação da vida ativa, seja qual for à idade que isso aconteça. Caracteriza-se pela liberdade de utilização do tempo que se dispõe; com a perda dessa liberdade entra-se na quarta idade. O envelhecer não é uma perda total. Ainda se pode construir. A primeira universidade da terceira idade foi fundada em Toulose (França), em 1973. Uma década mais tarde surgem projetos idênticos na Inglaterra. O objetivo é desenvolver a dignidade daquela geração que esta mostrando como indivíduos vigorosos podem caminhar para o declínio físico e mental na quarta idade. Se esta chega, a solidariedade dos companheiros pode oferecer um substituto para os cuidados familiares. Os clubes da terceira idade têm uma grande aceitação e suas estruturas permitem a passagem de cultura e ao mesmo tempo exercem um papel educador. Mantém a terceira idade ativa. As camadas mais populares são as que mais os freqüentam. Isto é positivo, porque sendo pessoas mais pobres, os mais ameaçados pela morte social, encontram um ambiente melhor que o próprio lar. Estes clubes trazem alguns aspectos conflitantes para os franceses: difundem-se novos modelos de comportamentos como atividades lícitas – jogar cartas, ver TV – em que o homem é apenas um consumidor; já algumas outras atividades são proibidas: por exemplo, eles não podem falar sobre política. Surge então a questão: o idoso é apenas um consumidor? Diante do sucesso de tais clubes, criaram-se outros tipos de associações de responsabilidade da municipalidade, uma espécie de prestação de contas oficiais de como os munícipes idosos são tratados, através de novas formas de solidariedade. Com sua experiência pessoal, GUILLERMARD (1992) enfatiza: “qualquer que seja a política da velhice, vale a pena tê-la”.
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Também o Japão criou o Cube dos Anciãos (Born, 1986), uma atitude muito desenvolvida, com cerca de 100 núcleos e 100 mil associados acima de 70 anos de idade. Os considerados idosos-líderes recebem treinamentos profissionais que lhes permitem atuar junto a estes clubes, dentro de uma educação permanente. Ainda parece ser uma questão crucial, colocar a velhice como sendo um estado isolado dentro de uma divisão cultural. À velhice não é um modelo de máquina com um processo degenerativo uniforme, cronologicamente determinado, que se aproxima perigosamente de um fim. O envelhecimento é um processo complexo, altamente individualizado, em que as modificações da pessoa idosa e o significado pessoal das situações influem, poderosamente, em seu comportamento, da mesma forma que em outras etapas da vida. A sociedade atual, com uma tecnologia altamente desenvolvida, prejudica a manutenção das atividades físicas naturais. O automóvel e o ônibus substituem as caminhadas. O elevador poupa subir escadas. A televisão e o trabalho em atividades terciárias nos mantém sentados por horas seguidas. Se quisermos saúde, devemos desenvolver uma filosofia de vida voltada para as atividades físicas. Elas devem fazer parte do nosso dia-adia. É necessário esforço para manter o corpo saudável e em boa forma. A prática dos exercícios deve ser contínua e bem orientada e encarada como um bem às nossas vidas, nunca como um castigo. O resultado deste esforço, uma vida saudável, será, certamente, compensador. Nossos afazeres diários em uma sociedade tecnicamente desenvolvida não nos dão o suficiente trabalho físico para estimular o uso pleno do coração, pulmões e músculos. Só se consegue vigor físico com a prática de exercícios e o vigor físico está intimamente ligado à saúde. Para que as funções de nosso corpo se mantenham normais é necessário que as células sejam alimentadas com oxigênio e nutrientes
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enquanto expulsam do corpo as impurezas. Para tanto é preciso que o coração, os pulmões funcionem bem. O sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos) mantém o sangue circulando pelo corpo enquanto o sistema respiratório (pulmões e passagens de ar) alimenta e purifica o sangue. A dependência de funcionamento dos dois sistemas faz com que costumemos nos referir a eles como SISTEMA CARDIO-RESPIRATÓRIO. O corpo humano foi feito para o movimento, não para o descanso Seu sistema cardiocirculatório, seu metabolismo, ossos, articulações e músculos estão fisicamente adaptados a realizar diariamente atividades variadas, em qualquer idade. Antigamente pensava-se que, quando aparecessem os males da idade, era melhor a pessoa ficar acomodada em casa, movimentando-se pouco. Esta atitude traz uma perda de vitalidade perante a vida. O idoso deve mais é movimentar-se, estimular seus reflexos, enfrentar a vida de peito aberto procurando sua participação dentro da sociedade. Nada de acomodar-se num canto qualquer da casa curtindo suas angústias. É preciso reagir, lutar pelo seu lugar no mundo que o cerca. Caminhar, correr, jogar, exercitar-se de maneiras diferentes são atitudes positivas que o conservam um ser humano entre seres humanos. Acontece que o desenvolvimento técnico de nossa sociedade nos acostumou a uma vida sem esforços. Para manter boa saúde, para se viver intensamente é necessário uma vida ativa mantendo nosso corpo em movimento. O colesterol é uma substância produzida pelo fígado e é essencial na formação da estrutura das células e de vários hormônios. No entanto, quando em excesso, o colesterol pode se acumular nos vasos sanguíneos, bloqueando-os. Uma vez em forma, devem integrar as atividades à vida diária. A forma mais natural e eficiente de fazê-lo é nadar, andar, fazer alguma atividade física. Andar faz bem ao corpo e ao espírito. Assim estaremos conservando o vigor
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físico combatendo, na medida do possível, a perda de força muscular natural na velhice. Reporto aqui o carisma para pessoas da terceira idade. O índice participativo da “boa idade” na atividade física a cada dia aumenta. Consciente de que essa prática proporcionará atualização cultural, psicológica, fisiológica e acima de tudo colocando seu corpo em movimento, as pessoas idosas se permitem a perspectiva da educação esportiva continuada através dos esportes que possibilitará a autoidentificação cultural e/ou ocupacional, visando o resgate e a sua própria valorização na comunidade. Existem velhinhos (permita-me referir-me a eles desta maneira carinhosa) com potenciais exuberantes. No entanto, estão à mercê do isolamento graças a um sistema arcaico e falido em que sobrevivemos. Emprego, casamento, paternidade e maternidade são, usualmente, acontecimentos do começo da idade adulta. Nos 30 ou 40 anos seguintes também ocorrem mudanças relacionadas com a idade, mas, em sua maioria, numa base aleatória. A repetida paternidade (maternidade), separação, divórcio, morte prematura de um cônjuge, uma radical mudança de emprego – tudo isto apresenta desafios para algumas pessoas, mas nenhum para outras. Entretanto, no final da idade adulta, as condições começam de novo a mudar sistematicamente. Quando os filhos crescem e saem de casa e quando a aposentadoria é imposta, os papéis de pai e trabalhadores são abandonados. A saúde declina. Os amigos e conhecidos começam a se afastar ou mesmo falecer, e não são facilmente substituídos, uma vez que há menos pessoas da mesma idade para encontros, a mobilidade é mais limitada e os jovens parecem relutantes em envolver-se com gente idosa. A perda gradual de capacidades pode-se tornar subitamente muito visível, a medida que o envelhecimento é desorientado, bizarro ou infantil. A idade cronológica per se não é suficiente para produzir todas essas dificuldades. Enquanto estas linhas são escritas, há um criado de hotel em São Francisco que ainda está em seu emprego aos 102 anos de
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idade. Temos de reconhecer que o seu envelhecimento biológico foi generoso com ele, pois as pessoas têm um controle muito limitado sobre a perda de suas capacidades. Mas existem certos recursos psicológicos em que as pessoas se apóiam para ajustar-se à velhice. Como os estragos causados pelo tempo pioram com a idade, parece razoável esperar que o moral decline com o envelhecimento. Entretanto, a pesquisa sugeriu que as coisas não são assim tão simples. Quanto às mulheres, houve um declínio muito gradual do moral com a idade, mas algumas, bastante idosas, apresentaram morais muitos elevados. Diversões tais como cuidar da casa, afazeres domésticos, algumas horas de trabalho fora de casa, os netos, etc., puderam levar essas mulheres até as sétimas e oitavas décadas de vida. Quanto aos homens, a relação entre idade e moral não era linear. Comparados com homens no grupo dos 60 aos 64 anos, os do grupo de 65-69 anos mostraram um moral inferior. Mas registrou-se um aumento do moral no grupo etário 70-74. Os autores acreditam que, para os homens, 65 anos é um ponto crítico, pois é a idade em que são forçados a aposentar-se. Mais tarde, porém, eles podem desenvolver novos interesses e recursos, que melhoram suas perspectivas.
11.8 - Saúde na 3ª. Idade Uma das características desanimadoras do envelhecimento é o declínio da saúde. A saúde frágil leva a sentimentos de futilidade e desespero. Uma pessoa idosa, comentando a morte de um irmão, disseme: “Ele deixou de ouvir há uns dez anos, de ver há cinco e a sua mente extinguiu-se há dois anos pelo menos. O que aconteceu ontem rematou meramente o caso”.
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Lembremo-nos do seguinte com relação ao Brasil: que depois dos sessenta e cinco e até já aos setenta, Ruy Barbosa foi o mesmo Ruy vulcanicamente insurreto42 da mocidade; que Deodoro da Fonseca tornou-se revolucionário na velhice; que o mesmo sucedera já a Diogo Antonio Feijó; que, na velhice, tornou-se insurreto o a vida toda homem caracterizado pelo “grave senso da ordem”, dos mineiros, Artur Bernardes; que já quase velho é que Graça Aranha foi um dos “modernistas” mais vibrantes na renovação que em 1922 se operou nas letras e nas artes brasileiras; que o mesmo sucedeu a Paulo Prado, depois de ter sucedido a Antonio Prado. Que velho foi tão atual no seu saber que quando moço o sábio sempre lúcido João Ribeiro. O que registro, sem entrar no mérito das atitudes revolucionárias assumidas na velhice por tais indivíduos, é que vários deles, quando moços, eram chamados conservadores. Apenas para destacar correlações mais freqüentes do que de ordinário se supõe, entre atitudes assim revolucionárias e idades, tempos, períodos na vida dos indivíduos, tidos por períodos invariavelmente caracterizados por atitudes inerentes ou conservadores. Por incapacidades como que biológicas para a ação arriscada ou para o esforço acompanhado de perigo ou para a iniciativa por vezes vizinha do rompante heróico: negação, portanto, do gosto exagerado pelo conforto, além de físico, que se atribui aos indivíduos de idade avançada, aos quais tanto se liga o gosto pela rede ou pela cadeira de balanço. De acordo com muitos estudiosos e pesquisadores, um ingrediente fundamental para o envelhecimento saudável é a atividade física regular. De todos os grupos etários, as pessoas idosas são as mais beneficiadas pela atividade. Em geral o exercício físico pode melhorar a capacidade cárdio respiratória e neuro muscular em todas as idades. 42
Insurreto: Que se pôs em estado de insurreição: renderam-se os insurretos. Rebelde, revoltoso.
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Em se tratando de prescrição de atividade física para idosos, devese cercar de cuidados especiais e o acompanhamento deve ser feito de maneira integral. A atividade regular e sistemática aumenta ou mantém a aptidão física da população idosa e tem o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, consequentemente, diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre essa população. O resgate do prazer, da auto-estima e da capacidade de realizar algo passa a ser fundamental. Qualquer atividade será boa para o idoso, se respeitarmos seu estado físico, oferecendo uma mínima autonomia e como conseqüência uma reativação do seu papel na sociedade. O bom exercício não é aquele que impõe movimentos forçados no ritmo, intensidade e duração. O bom exercício é aquele em que se desenvolve a consciência do próprio limite de esforço e movimento. O que se destaca como objetivo principal da atividade física na terceira idade é o retardamento do processo inevitável do envelhecimento, através da manutenção de um estado suficientemente saudável, senão perfeitamente equilibrado, que possibilite a normalização da vida do idoso e afaste os fatores de comuns na terceira idade.
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12 - A droga no esporte Efeitos e complicações
Os assuntos relacionados a “drogas” angustiam os pais, preocupam os educadores, interpelam as autoridades e fascinam os jovens. Muitas vozes se levantam para condenar o seu uso, para exigir medidas repressivas mais enérgicas, para estabelecer programas preventivos. Mas o consumo de drogas continua a alastrar-se pelo mundo, a alastrarse pelo Brasil. De fato, não é possível estipular, de antemão, a partir de quando, a partir de que limiar o uso de drogas se torna patológico. Nós todos usamos drogas, a começar pelos medicamentos, pelo fumo e pelo álcool. Se estas drogas são legais, elas o são apenas dentro de uma determinada civilização, no caso, a nossa. A “legalidade”, pois, não é algo evidente em si, mas foi estipulado em função de certos interesses, muito mais econômicos do que morais. Fumar é um comportamento complexo alimentado por processos bioquímicos, fisiopatológicos, atitudinais e congnitivos, associados geralmente a reflexos condicionais adquiridos por influências e/ou pressões sociais. A essa complexidade, que dificulta o estabelecimento
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de tipos de fumantes, somam-se critérios muito elásticos para definir a condição de tabagista. Seria supérfluo acentuar o efeito da massificação da propaganda de cigarros, sobretudo na televisão e nos filmes comerciais. O cigarro exaltado pelos fabricantes pode servir para fins muito específicos. Há aquela marca que ajuda a volta do filho pródigo, outra que facilita atrair a bela da mansão, a que ajuda a conquistar a namorada alheia, aquela com a qual se leva vantagem, erigindo a esperteza em atrativo para as mulheres, portanto, muitos anúncios são imorais, essas mensagens até pueris, visam especialmente atrair os adolescentes, para não dizer as crianças. Os chamados cigarros fracos continuam com os irritantes bronquiais não retidos pelos filtros, razões pela qual continuam produzindo bronquite e efisema. Veja-se ainda que os fabricantes, para compensarem as exigências da nicotino-dependência, aumentam a quantidade de tabaco alongando os cigarros para 100 mm e, por enquanto, até 120 mm. O praticante da atividade física seja em qualquer modalidade não deve associar tabaco/esportes à sua imagem. Um suposto atleta viciado em cigarro estará com os seus pulmões repletos de carbono, nicotina, alcatrão, totalizando em mais de mil toxinas de onde infiltrarão pelo sangue, bombeando do coração e que seguem pelo corpo. No momento que esse atleta solicitar oxigênio de seu pulmão para a prática de exercícios terá uma resposta negativa, a oxigenação estará insuficiente. “Smoking can eat your lungs alive!” (Fumar pode comer seus pulmões vivos!). A delimitação da patologia toxicômaca não se resolve, portanto, recorrendo à distinção entre drogas legais e drogas ilegais. Em ambos os casos pode-se chegar à tríade que caracteriza esta patologia tão ameaçadora, a saber, dependência, loucura e morte. Na evolução recente do uso indevido de drogas, chamam ainda a atenção os consumos crescentes de medicamentos, incentivando pelos meios de
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comunicações e pela indústria dos psicofármacos. Trata-se de substâncias perfeitamente legais. Somente as anfetaminas são proibidas, mas que criam dependências (“iatrogencias”) tão intensas e até mais freqüentes que o abuso de “drogas duras”. Barbitúricos, tranqüilizantes, soníferos e outros produtos de parafernália psicoquímica moderna exercem hoje uma alarmante atração sobre a população, até de baixa renda, o que levanta a questão do grave problema ético da responsabilidade dos profissionais da área, tanto da classe médica quanto dos pesquisadores de laboratório. E por entrar no mérito laboratorial, o ANABOLIZANTE HUMANO OU SINTÉTICO foi criado apenas para corrigir insuficiência hormonal e não para ser utilizado como forma do “belo físico”. Por vaidade, o ser humano, principalmente o masculino, deseja ter um corpo musculoso, ser alvo de atenções. Mas jamais deve extrapolar sua vitalidade utilizando o anabolizante humano ou sintético sem consultar um profissional endocrinologista para avaliar sua idade óssea, sua debilidade física, entre outros. Se por iniciativa própria queira induzir por via oral ou cutânea para formar massa muscular estará entrando em um universo catastrófico de complicações com sua saúde. Principalmente quando estiver em terceira idade, os órgãos genitais são atingidos de forma irrecuperável. O leigo interessado em adquirir físico exuberante através do comércio das drogas anabólicas industrializadas estará exposto a uma agressão à identidade. Os efeitos desastrosos sobre o equilíbrio físico e moral são assustadores. O relacionamento social e antropológico é reservado ao estado ridículo de um ser sem perspectiva de vida desobedecendo à lei natural da natureza.
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12.1 - Classificação A classificação das drogas em determinados grupos é predominantemente didática e dependem de seus efeitos, a dose utilizada, a via de administração, etc. Vamos começar descrevendo as drogas mais conhecidas, atualmente: ÓPIO – O ópio (“suco” em grego) é obtido a partir do suco espesso recolhido por incisão da cápsula verde da papoula (papaver sommiferum), planta que é especialmente cultivada nos países asiáticos: Ásia Menor, Índia, China e Irã. O dependente, ao ser privado da droga, tem tremores, suores, angústia, diarréia, vômitos, cãibras e cólicas. MORFINA – A morfina foi descoberta em 1806 por um químico do exército de Napoleão, de nome Seguin. É um dos mais potentes analgésicos e é o principal constituinte do ópio. Provoca sonolência, incapacidade de concentração, diminuição da atividade física, apatia, diminuição da acuidade visual. Com o uso pode-se desenvolver tolerância e dependência (física e psíquica). CODEÍNA – A codeína é outra das substâncias obtidas do ópio. Sua utilização principal em medicina é como antitussígeno, especialmente indicado para as tosses irritativas sem expectoração (tosse seca). HEROÍNA – A heroína é obtida a partir da morfina, sendo cerca de três a cinco vezes mais potentes do que ela. Foi sintetizada em 1874 e inicialmente era utilizada como produto de substituição da morfina. Doses excessivas podem induzir um estado comatoso, com conseqüências imprevisíveis. PETIDINA (MEPERIDINA) – É uma droga sintética. Tem ação semelhante à da morfina. Pode levar ao aparecimento de dependência e tolerância. METADONA – Foi sintetizada por químicos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. A tolerância desenvolveu-se com menor
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intensidade do que à morfina. Pode levar ao desenvolvimento de dependência. HIPNÓTICOS – Drogas que deprimem o S.N.C. (Sistema Nervoso Central), os barbitúricos são os mais destacados no que se refere à toxicomania e induzem ao sono. Caso não ocorra, pode haver euforia ou disforia e irritabilidade. ÁLCOOL – Depressor do S.N.C., promove em pequenas doses euforia e desinibições. As causas do alcoolismo têm preocupado médicos, psicólogos, sociólogos, bioquímicos, moralistas, filósofos e teólogos. A motivação para ingerir álcool pode estar radicada em fatores de ordem biológica, psicológica ou social. Condições preexistentes de personalidade, tais como baixo nível intelectual, traços neuróticos ou psicóticos, epileptóides ou depressivos, favorecem o estabelecimento de uma dependência mais precoce em ralação ao tóxico e, a nosso ver, evolução mais grave e rápida da doença relacionada – o alcoolismo. As funções secretoras e motoras do tubo digestivo são muito influenciadas pelas características dos diversos tipos de bebidas, principalmente o teor alcoólico das mesmas. As secreções gástricas e salivares são estimuladas pelo álcool por via psíquica, sobretudo quando o indivíduo já tem o hábito de “tomar uns tragos” antes e/ou após as refeições. Sobre os rins é bem conhecida a ação diurética do álcool: no caso das cervejas, além disso, o álcool exerce ação sobre os túbulos renais diminuindo a reabsorção de água, o que se deve, por sua vez, à inibição da produção de HAD (hormônio antidiurético) da hipófise. No aparelho respiratório as pequenas quantidades de álcool podem estimular seu ritmo de forma leve, transitória, pelo fato de aumentar o fornecimento de energia calórica ao organismo. Quando a alcoolemia se encontra em torno de 300 até 400 mg% surgem graves complicações respiratórias, assim como da função central cardio motora, com arritmias graves e paradas respiratórias.
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No tocante ao sangue e tecido hematopoético, grandes partes dos bebedores crônicos são anêmicos, pelas seguintes razões: •
Deficiência em fatores de maturação celular;
•
Pobreza em ferro e substâncias hemopoese como a piridoxina;
•
Perdas sangüíneas por varizes esofagianas (hematemese), enterorragias, melena, e outros;
•
Hepatite com diminuição dos fatores de coagulação e aumento da fragilidade capilar;
•
Infecções crônicas que afetam a medula óssea;
•
Excesso de lípedes no sangue atuando sobre as hemácias favorecendo a sua destruição (Síndrome de Zieve);
•
No aparelho reprodutor, ocorrem em longo prazo, intoxicações crônicas, onde o individuo mostra impotência sexual, a qual depende da convergência de três fatores:
suplementares
de
• prejuízo de reflexo medular de que depende a ereção, resultante da polineurite das fibras nervosas envolvidas nesse reflexo; além disso, a ação do álcool sobre as terminações nervosas neurovegetativas dos vasos (artérias e veias), participantes do mecanismo de ereção através de corpos cavernosos; • redução da produção de andrógenos pela ação direta do álcool sobre os testículos; • deterioração que o paciente sofre no plano ético. Em relação ao Sistema Muscular Esquelético, por se tratar de uma fonte de energia, o álcool, em pequenas quantidades, pode aumentar a quantidade total de trabalho realizado. Contribui também para isso pequena vaso-dilatação muscular, como aportes sangüíneos e
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conseqüentes aumentos de oxigenação. Sobre a contratilidade muscular, propriamente dita, nada se pode dizer de definitivo. Glândulas de Secreção Interna supõe-se que o álcool possa induzir à inibição do catabolismo dos aldeídos, resultantes do metabolismo da serotonina e noradrenalina (supra-renal), tóxicos do Sistema Nervoso Central. O S.N.C. é o tecido nervoso mais atingido pela ação destrutiva do álcool, devido à grande afinidade existente entre ambos. Após a ingestão de bebidas alcoólicas a absorção se realiza rapidamente e a alcoolemia e atingem, em pouco tempo, níveis suficientes para que o indivíduo apresente os sintomas e sinais da intoxicação aguda. Acredita-se que ao fim de duas a seis horas, a taxa de impregnação alcoólica do Sistema Nervoso Central seja muito próxima da encontrada no sangue. Contribui muito para isto o neurotropismo do álcool e a copiosa irrigação sangüínea do Sistema Nervoso. ANFETAMINAS – As anfetaminas acabam com o sono e o apetite. Por não dormirem, os usuários ficam num estado de excitação constante. Essa droga provoca instabilidade motora, sudorese, irritações na pele, vertigens, dores de cabeça, e às vezes, aceleração cardíaca e hipertensão arterial. COCAÍNA – A cultura da planta de coca (Erythoxylon coca) está difundida desde os tempos mais remotos. A cocaína é um pó branco e seus efeitos consistem na sensação de grande força muscular, alerta, euforia, alucinações visuais, auditivas e tácteis (sensação de insetos e ponta de agulhas), idéias de perseguição, perda de apetite, emagrecimento, insônia. A cocaína produz intensa dependência psíquica e tolerância. LSD – (dietilamida de ácido lisérgico) é um derivado semi-sintético de uma substância (ergometria) encontrada em fungo que cresce no centeio (o chamado esporão de centeio). Foi um químico suíço chamado Albert Hofmann (1981), quem primeiro observou os efeitos do LSD-25. O número 25 indica que ele é o vigésimo quinto produto de uma série de transformações químicas da molécula básica do esporão do centeio. Os
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consumidores têm maiores riscos nas “viagens más” (bad trip) quando ocorre reação de pânico e perda de identidade, que podem levar ao suicídio. MESCALINA – a mescalina é o principal principio ativo do cactus peyote, cactáceo das regiões áridas do sul dos EUA e do México. As visões provocadas facilitam o êxtase no decorrer das cerimônias religiosas. PSILOCIBINA – É o agente responsável pela ação alucinógena de alguns cogumelos mexicanos. Os efeitos dessas três últimas drogas (LSD, MESCALINA e PSILOCIBINA) incluem euforia, distorção na percepção do tempo, espaço, forma e cores, alucinações visuais, algumas vezes bastante elaboradas e do tipo onírico (como sonhos), idéias de perseguição ou de grandeza. Muitos dos prejuízos somáticos decorrentes do abuso crônico de drogas estão ligados às ações no organismo que às condições de seu uso. Por outro lado, a intensidade da relação com a droga e o conseqüentemente afrouxamento das relações sociais leva o toxicômano a adotar condutas que acarretam sofrimento para seu corpo. É que o prazer (ou alívio do sofrimento psíquico), obtido com a droga, torna-se mais importante que as mais elementares exigências do organismo para sua sobrevivência. Assim é que uma pessoa dependente de drogas anorexígena que vai fazer com que sinta menos fome e se preocupe menos ainda em alimentar-se. O próprio estilo de vida de um dependente, preso às vicissitudes que a busca de droga lhe impõem já exige uma preocupação menor com hábitos de saúde. Os quadros de abstinência são complicações agudas de um uso crônico e excessivo de drogas, e psicoses podem sobrevir tanto à intoxicação aguda quanto à suspensão repentina do uso exagerado. Desnutrição, acidentes e doenças fazem parte das complicações secundárias às condições do uso de drogas, de uma forma geral.
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12.2 - Efeitos dos esteróides anabólicos no sistema nervoso Investigações apresentadas sobre os esteróides têm efeitos significativos no desenvolvimento e funções do sistema nervoso. Muitos anos atrás, andrógenos eram apresentados em desempenho direto no cérebro. Estes autores sugeriram que durante o inicio do desenvolvimento do homem, anabolizantes direcionam a organização neurológica envolvida no comportamento humano, considerando que durante o uso de anabolizantes direcionam diferentes modos do comportamento. Informações de estudos com animais indicam que ambos direcionam estruturas neurológicas que são indicadas, ou fechando associações com sensoriais e ventriculares suspendendo os órgãos do hipotálamo. Mahan and Stump43 também relataram que andrógenos seletivos estimulam neurônios do sistema motor e circuitos associados com agressões. Demonstraram quantitativamente a correlação psicológica dos efeitos no comportamento. Isto inclui um aumento da inteligência e vivacidade mental, elevação do humor e disposição, melhora memorial e concentração, além de reduções da sensação de fadiga. Tudo pode ser em parte, relatado pelos efeitos dos anabolizantes – andrógenos – esteróides - no sistema nervoso central.
12.3 - Esteróides anabólicos no esporte Quem não quer um corpo bonito ou uma melhor performance?
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MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause - Alimentos, Nutrição e dietoterapia. 9. ed. São Paulo: Roca, 1998
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Aumento da massa e força muscular, ser notado em vários lugares quando passa, chamar a atenção em lugares públicos, aumentar a auto confiança, a auto estima...enfim, muitos querem isso! Na atualidade, a predisposição a um corpo bonito e saudável está na concepção da maioria da população. Afinal, a imagem há muito tempo...é tudo!! Alguns realizam seus sonhos de um corpo bonito com muito sacrifício, como horas na academia, um trabalho personalizado eficaz, dietas e regimes nutricionais, porém com saúde! Outros, podem até realizar o mesmo método do exemplo acima, porém com o uso de esteróides anabólicos. O uso do anabolizantes em excesso além de ser prejudicial a saúde, desperta nos homens os hormônios femininos, e vice versa, levando à afinação da voz, em casos masculinos e engrossamento dela nas mulheres, o crescimento do peito e dificultando o crescimento de pelos, como barba, bigode e atrapalhando no desenvolvimento sexual. De acordo com a “Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional”, os medicamentos determinados como “doping” são:
1.
Medicamento anestésico e analgésico: Heroína; Morfina; Metadona;
2.
Destromoramida; Dipipanon; Petaidin.
Substâncias que atuam e estimulam o sistema nervosocentral (S.N.C.): Aminfenazol; Bemegrid;
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Leptazol; Niketamida; Estricnina.
3.
Substância de desenvolvimento muscular: Anabólicos.
4.
Amino-simpaticomimeticos: Efedrina; Metilefedrina; Metoxfenamina.
Para um melhor resultado, como para um relaxamento momentâneo. Muitas confederações esportivas de vários paises têm organizado campanhas contra o álcool. Muitos atletas procuram intensificar seu desempenho físico com métodos antinaturais. São estes métodos definidos por “doping”, na qual é aplicação ou até ingestão de substâncias não fisiológicas ou fisiológicas em quantidades anormais.
12.3.1 - Fique longe das drogas O fato de que muitos atletas de alto nível usam drogas não quer dizer que elas sejam necessárias. A pressão da competição faz com que muitos atletas usem drogas porque supõem que seus adversários estejam usando. Esta é a razão pela qual o exame antidoping é considerado um auxílio para os atletas e não um obstáculo. Quando os exames forem realmente eficientes nenhum atleta será forçado a usar drogas pelos seus adversários. Alguns técnicos e atletas preconizam o treinamento com drogas, geralmente esteróides anabolizantes, mas isto não é correto. Primeiro porque não é necessário, segundo porque apenas os médicos podem receitar medicamentos, e terceiro porque existem sérios riscos de saúde para quem usa drogas por longo tempo.
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Imaginar que as drogas serão usadas por pouco tempo é uma ilusão igual a fumar pensando que será possível parar quando for desejado. Geralmente o atleta que usa drogas não consegue mais parar porque não sabe o que fazer para manter a sua condição física somente com treinamento e alimentação. As drogas não modificam o potencial genético das pessoas, mas tornaram-se populares porque garantem a adequada recuperação do organismo e conseqüente crescimento muscular na situação de treinamento excessivo. Pelo fato de o treinamento excessivo ser muito comum, porque as pessoas entendem que quanto mais treinarem melhores serão os resultados, pode-se compreender o motivo das drogas ganharem adeptos. Não aceite conselhos de pessoas sem a devida capacitação técnica. O conhecimento das pessoas não pode ser medido pelo tamanho do braço e nem diplomas universitários. Especulações vicejam entre técnicos pouco afeitos à boa leitura e que não freqüentam cursos de atualização porque acham que já sabem tudo. Mas o mesmo ocorre com muitos professores de nível universitário sem experiência prática e sem visão histórica do culturismo, pois tudo o que sabemos ser eficiente hoje, em treinamento e alimentação, são frutos de erros e acertos de atletas e técnicos do passado. O atleta deve preocupar-se em não colocar seus objetivos e sua saúde em mãos despreparadas ou irresponsáveis. As substâncias naturais ou sintéticas que modificam hábitos e comportamento humano, (ausência parcial ou total de reflexos, sonhos psicodélicos, instabilidade de equilíbrio psíquico, físico e moral, entre outras), denomina-se droga. Deveria ser também assim classificadas as drogas rotuladas “sociais”, ou seja, cigarro, álcool, cachimbo, charutos, mas, por uma questão de ética capitalista, fluem livremente aos olhares inocentes de crianças e adolescentes. Sob o mérito “doping”, infelizmente certos atletas absorvem produtos estimulantes quando seu corpo irá realizar exagerado esforço físico e mental, observe que aqui não se trata de ganhar massa muscular
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(anabólicos). É uma prática que, por incrível que pareça, vem do próprio amigo inseparável que denominado “eu”. Tratando-se de situações ocasionais, a prática dessa atitude (doping) não costuma entrar na toxicomania. De qualquer maneira, jamais é recomendada a qualquer esportista a utilização de método desleal, com ou sem saúde, uma vez que lhe trará graves complicações no sistema nervoso e suas ramificações, mesmo que esporadicamente. Em olimpíadas, muitas medalhas foram retiradas de seus ganhadores pelo uso de drogas. Entre muitos exemplos, temos o caso do nadador norte-americano Rick Demont, em 1972, nado livre – 400 metros, devido à ingestão de um remédio contra asma, considerado como droga, como é o caso da codeína que é utilizado como expectorante nas tosses secas. Na atividade física, é importante salientar, “respeite seus limites físicos”, saliento que, ao praticar esportes, estará recuperando o equilíbrio corporal e mental; o sentido do esforço, o respeito aos regulamentos humanos e materiais são tão importantes quanto à proeza física. Talvez muitos atletas não estavam sob controle medico satisfatório, porque em caso de treinamento de nível olímpico, estão submetidos às regras especificas: tipo e duração dos exercícios são calculados em função dos músculos que devem estar desenvolvidos para as técnicas afins. Tocar às drogas pode levar a farmacodependência, mas, mesmo no caso das drogas mais duras, como a heroína, a cocaína ou as anfetaminas, depende da pessoa se, sim ou não, entra na escala da dependência, do isolamento, da autodestruição. A periculosidade do produto em si é relativa; considerando tão somente a toxicidade da substância, corre-se o riso de se esquecer dos outros fatores de equação da dependência: em primeiro lugar a pessoa, sua maior ou menor fragilidade e os seus conflitos, inscritos em sua historicidade; em segundo lugar, o contexto sócio-cultural.
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Na evolução recente do uso indevido de drogas, chama ainda a atenção o consumo crescente de medicamentos, incentivado pelos meios de comunicação e pela indústria dos psicofármacos. Trata-se de substâncias perfeitamente legais – somente as anfetaminas são proibidas, mas que criam dependências (“iatrogenicas”) tão intensas e até mais freqüentes que o abuso de “drogas duras”. Barbitúricos, tranqüilizantes, soníferos e outros produtos da parafernália psicoquímica moderna exercem hoje uma alarmante atração sobre a população, até de baixa renda, o que levanta a questão do grave problema ético da responsabilidade dos profissionais da área, tanto da classe médica quanto dos pesquisadores de laboratório e das autoridades. Estas, com freqüência, parecem carecer de vontade ou de coragem para enfrentar os poderes da psicofarmacologia moderna. Neste espírito e com este intuito foi criado o “Centro de Orientação sobre Drogas e Atendimento a Toxicômanos”, o CORDATO, vinculado ao Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. O Centro iniciou suas atividades em março de 1986 e funciona segundo os princípios básicos do voluntariado, do anonimato e da gratuidade. Ele se destina a oferecer assistência e orientação a pessoas confrontadas com problemas de tóxicos (familiares de consumidores, educadores, médicos, psicólogos, assistentes sociais, servidores da justiça...), bem como a realizar atendimento ambulatorial a consumidores de drogas e toxicômanos, podendo futuramente estender-se para unidades de internação, de comunidade terapêutica, de hospital-dia e/ou centros de pós-tratamento. Além das atividades clínicas, o CORDATO desenvolve, através de sua equipe psicopedagógica, um amplo programa preventivo, mediante cursos, assessoramento e supervisão em escolas, centros de saúde e hospitais, centros de desenvolvimento social e instituições que lidam com menores de idade. Igualmente, a equipe atende a solicitações de associações e entidades, públicas ou privadas, proferindo palestras sobre os diversos aspectos de drogas, dentro de um enfoque compreensivo e preventivo.
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Há ainda que se observar as diferenças culturais presentes em diversas comunidades. Enquanto uma sociedade considera as drogas um mal a ser eliminado, outra as toma como um bem, um meio privilegiado de expressão de sensibilidade e sabedoria; enquanto certas drogas representam um problema nacional ou internacional, para as sociedades indígenas, por exemplo, elas constituem “uma das maravilhas que a cultura inventou”. Percebemos ainda que o grau de aceitação das drogas muda muito de uma cultura para outra e, dentro de uma mesma cultura, tal aceitação se altera, com o tempo. O álcool aceito na maior parte das sociedades ocidentais. É categoricamente condenado e proibido nas culturas mulçumanas, Já a maconha, proibida em geral no Ocidente, é tolerada em alguns países árabes, enquanto forma de expressão cultural comunitária. Recorrer às drogas ainda nos permite um terceiro sentido, o da busca de prazer, que obviamente predomina na toxicomania moderna. Com uma particular violência, o desejo da obtenção imediata de um prazer intenso está presente, sendo este último solitário, muito mais restrito ao próprio corpo, sem expressões culturais, cujos investimentos outros acabam se tornando limitados, quando não inexistentes. A procura de prazer no consumo moderno se impõe como um fim em si, evidenciando não mais um caráter social construtivo, pois já não é o caso apenas de uma recusa social, mas muito mais de um sentir-se incapaz de se situar tanto a nível individual quanto social. Nos anos 70, apesar de, inicialmente, o fenômeno ser caracterizados por cabelos compridos, roupas estranhas, misticismo, música “barulhenta”, drogas e certo tipo de crítica anárquica e selvagem, tais manifestações significavam muito mais do que estes traços superficiais indicam.. Para os “hippies”, a recusa radical dos valores e pensamentos da sociedade e cultura dominantes almejava ganhar um espaço diferente, fora do modelo social vigente.
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12.4 - Aspectos legais do consumo O problema de drogas não é exclusivo de nosso século, e a história da humanidade nos fornece registro de substâncias entorpecentes desde os primórdios da civilização. Mas é incontestável que no século XX as drogas constituíram-se em um problema psicossocial devido à disseminação incontrolável de seu consumo, o que faz com que toda sociedade mundial reflita hoje sobre este problema, na procura de soluções que, se não o eliminam, pelo menos amenizam seus efeitos. Muito antes de sua eclosão em termos tão assustadores como no presente, as autoridades brasileiras já se debruçavam sobre o perigo das drogas, antes mesmo da Segunda Guerra Mundial. Este esforço iniciouse com a elaboração de alguns documentos que pretendiam oferecer meios de combate ao trafico e ao uso indevido de substâncias entorpecentes. Parece-nos, então, que a repressão ao uso de drogas não se baseava em dados científicos, pois não esta fundamentada de forma consistente, mas baseava-se em pressupostos muito mais ideológicos. Neste ponto, nós nos deparamos com um aspecto que tem levantado muita polêmica junto às autoridades brasileiras e à população em geral, isto é, a descriminalização do uso de drogas. O termo peca por certa impropriedade terminológica, uma vez que, na opinião dos juristas, o uso de entorpecentes não constitui crime, face à legislação em vigor. Mas sem querer entrar muito na questão semântica, cabe esclarecer o que se pretende com a descriminalização. Nos séculos XIX e XX, o advento da economia capitalista provocou grandes transformações sociais que repercutiram nos padrões de comportamento e conseqüentemente levaram as mudanças na estrutura familiar. Embora algumas dessas mudanças tenham sido grandemente renovadoras, outras provocaram o progressivo isolamento da célula familiar, fatos que, aliados a uma ideologia de consumo, indutora de uma busca de prazer instantâneo e imediato, contribuíram para o
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surgimento de conflitos e desajustes, entre os quais apontamos o uso abusivo de drogas. Diante do problema das drogas, nos deparamos com a extrema perplexidade dos pais e educadores e com o pedido de soluções mágicas e imediatas formulado por eles, em decorrência do profundo despreparo e desconhecimento dessa questão. Diante de uma problemática de tal complexidade, é quase impossível traçar uma linha de conduta, ou indicar uma regra geral a ser seguida, pois temos que levar em conta a mentalidade dos pais e educadores e dos jovens que se pretendem orientar. Podemos, no entanto, assinalar algumas regras de bom senso e sugerir algumas reflexões. De qualquer maneira, o fundamental é que o dialogo entre pais e filhos sejam mantidos, pois é através deste diálogo que se procurará fazer uma avaliação sobre o que se passa com o jovem, qual o lugar ocupado pela droga na sua vida, de forma que os pais possam compreender a significação do comportamento do filho, sem superestimar ou negligenciar a importância do problema. Essa avaliação é importante porque muitas vezes criamos um problema onde ele não existe, debitando ao uso de drogas qualquer conduta dos adolescentes que seja considerada extravagante ou diferente, conduta que, embora assuste aos pais, compreende comportamentos e reações normais durante o período da adolescência, quando não são, quase sempre, verdadeiros pedidos de ajuda. Muitos pais fazem diariamente advertências aos filhos quanto ao uso de droga, de forma dramática e até mesmo aterrorizante, ensejando uma atmosfera de suspeita e provocando, além de temor, curiosidade e fascínio pela droga. Essa reação de mistificação do uso de droga pode decorrer também do fato de que existe um clima alarmista criado pelos meios de comunicação, os quais investem à droga de uma aura de mistério e fantasia, tanto para os jovens quanto para os adultos.
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O usuário ou dependente de drogas quase sempre vive conflitos intensos em seu ambiente familiar. O adolescente toxicômano rejeita o sistema de valores dos pais, sem, entretanto lograr romper o vínculo de dependência com eles mantido. Em geral separa-se dos pais em uma idade mais avançada que a média, o que detona uma imaturidade e dificuldade de assumir uma atitude de autonomia e independência. Em alguns casos, há um rompimento brusco com a família, embora quase sempre o jovem recorra a sua ajuda em momentos de dificuldade. Essa ruptura raramente é definitiva e clara, tanto para o jovem quanto para os pais, observando-se geralmente uma relação de intensa ambivalência.
12.5 - Complicações orgânicas do consumo de drogas A relação do homem com a droga (psicotrópica, especialmente), traz conseqüências em várias áreas de sua vida. Essa relação, suas causas e resultados devem ser analisados de diversos pontos de vista, para não corrermos o risco de sermos preconceituosos ou simplistas. A abordagem médica está centrada na preocupação com a estrutura e o funcionamento do organismo humano e com os fatores que os atingem, perturbando-os ou mantendo e restituindo o seu equilíbrio e readaptando sua função às condições mínimas requeridas para a vida. Sabemos que, no que respeita à problemática da toxicomania, esta abordagem é insuficiente, pois exclui os fatores psicológicos e sociais que obviamente interferem nela. Inegavelmente, porém, a administração de substâncias estranhas ao organismo, como, aliás, a sua exposição a estímulos provenientes do exterior, resulta sempre em modificações somáticas, não importando agora sua qualidade negativa ou positiva. A preocupação com conseqüências somáticas do abuso de drogas deve sempre ser relacionada com as condições deste abuso. Não se trata de um objeto inanimado recebendo passivamente estímulos externos, mas de um ser humano recorrendo a substâncias que primeiramente
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modificam o seu psiquismo, e este uso será feito num determinado ambiente e sob certas circunstâncias. Podemos, desde já, lançar mão de um exemplo bastante simples: se um usuário de cocaína aplicar uma injeção intravenosa com instrumentos sujos e água comum, sem a devida higiene, poderá contrair infecções locais e/ou generalizadas. Naturalmente isto não se dará, se ele observar certas normas de assepsia. Quando os pais descobrem ou são informados do uso de drogas que filho, assumem atitudes das mais diversas. Com essa crise instalada, a família fica em desequilíbrio e o equilíbrio precisa, na cabeça dos pais, ser reconquistado a todo o custo. Por isso, às vezes, os pais assumem atitudes dramáticas como, por exemplo, a internação psiquiátrica involuntária. Forçam o filho drogadicto, às vezes, com auxilio da polícia, a se internar num hospital. Muitas vezes, trata-se até de um adolescente que vem tendo apenas alguns contatos com drogas, nem sendo um dependente. Tal solução devolve, durante o período de internação, uma falsa harmonia à família, embora tal hospitalização seja traumatizante e de efeito inverso na conduta do filho. Geralmente, após o período de internação, as relações entre os pais e esse filho pioram ainda mais e o ex-internado, além de estigmatizado, passa a ter um comportamento regressivo, isto é, aumenta o incentivo ao uso de drogas. Ocasionalmente, o jovem hospitalizado nessa condição consegue ficar um período depois da internação sem as drogas. Mas essa postura pode estar mais relacionada com o medo de voltar a ser internado do que por mudanças interiores e amadurecimento. A droga é um exemplo perfeito porque representa o risco, a ilegalidade, a desilusão e a autodestruição. Mas tudo é aceito e procurado porque ela estabelece a transgressão. A transgressão terrível da lei da sociedade e da lei do Pai, a transgressão que constitui um jogo com a morte, que é busca de prazer, mas dentro da ambigüidade permanente da dor e da destruição. E esta transgressão deve ser
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imediata, com a necessidade imperiosa da experiência aqui e agora. Parece que o importante é compreender que não se pode ter, de forma alguma, uma concepção maniqueísta dos efeitos dos produtos utilizados pelas gerações jovens. Existem efeitos nocivos e eles são dramaticamente majoritários. Existem efeitos benéficos e estes são extraordinários, quer no setor do prazer, quer no setor do belo. Seria inútil negar que toda uma corrente da farmacoquímica se orientará para o desenvolvimento dos efeitos benéficos e para a anulação dos efeitos nocivos. Muitas vezes hesitantes e inábeis, as gerações jovens procuram um sistema de referência que as ajude a viver, a sobreviver, mesmo que isso custe à destruição de nossas civilizações. Nós, que sabemos que elas são perfeitas, mas que também sabemos o preço que dezenas de gerações tiveram de pagar para chegar a “consumir” de forma corriqueira, devemos, custe o que custar, iniciar o diálogo para que este fato da civilização não seja apenas destrutivo. Entende-se, tradicionalmente, por toxicomania, como uma forma de comportamento que, recorrendo a meios artificiais, “os tóxicos” ou “as drogas”, visa tanto à negação dos sofrimentos como à busca de prazeres. Trata-se, pois, de uma situação psico afetiva estruturando-se para encontrar um estado almejado que deve funcionar como euforizante das satisfações que o indivíduo não encontra na vida cotidiana. Poucos irão falar dos morfinômanos, uma toxicomania quase mundana ou médica. Classicamente, como dizia “Ball”, entrava-se na morfinomania pela “porta da dor”. Mas esta questão clássica também deve ser revista. Os consumidores jovens que reviram os dicionários médicos assinalam sistematicamente os produtos à base de morfina. É conhecida a imagem do morfinômano que se pica em qualquer lugar onde esteja. As doses utilizadas vão de 30 cg a 1,50cg. Atualmente, a maior parte dos morfinômanos está passando para a heroína.
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O primeiro período de iniciação é descrito como uma autêntica “lua de mel”, em que predominam a volúpia intelectual e física, verdadeiros estados de euforia, psíquico e sinestésico (a seguir, será apenas “a trégua do desejo”). Esta volúpia é acrescida de um desenvolvimento da imaginação e do imaginário. Há também um real enriquecimento da personalidade, mas nesse ponto também os efeitos benéficos diminuem, tornam-se raros e reduzidos. Para tornar a encontrá-los, para acalmar “a carência”, as injeções tornam-se cada vez mais freqüentes, as doses aumentam.
12.6 - Tipos de drogas 12.6.1 - OS OPIÁCEOS O principal é o ópio. Trata-se do suco espesso recolhido por incisão da cápsula ainda verde da papoula, o “papaver sommiferum album”. É essencialmente cultivado nos paises asiáticos: Ásia Menor, Índia, China Irã. A China conheceu o ópio por volta do século VIII, mas durante muito tempo só era empregado para fins terapêuticos. O hábito de fumálo só teria começado no início do século XVII, no final da dinastia Ming. Na Europa, a difusão foi feita por meio de medicamentos a partir do século XV. A primeira nação a ser contaminada em massa foi a Inglaterra, devido às suas relações com a Índia. Conta-se que, no começo do século XIX, as pílulas de ópio eram vendidas abertamente, e em profusão, em Londres, essencialmente para uma clientela de operários. Thomas de Quincey foi o apologista lírico do ópio. Do ponto de vista farmacológico, distinguem-se o ópio bruto, o mais procurado, e o ópio preparado, ou chandoo, pronto para o consumo. A morfina-base (base negra ou morfina bruta) também faz
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parte do tráfico de entorpecentes. Existe também o ópio em pó. O dross, resíduo de ópio depois de fumado, continua muito rico em morfina e é igualmente utilizado. 12.6.2 - ÊXTASE (ecstase) Formas de apresentação: drágeas (comprimidos coloridos). Púrpuro-azulado forte significa Ecstasy; laranja, presença de anfetamina, o speed; as cores violeta e verde sugerem que a pílula contém cocaína e heroína, respectivamente. Formas de consumo: oral. Efeitos: transe dançante, bem-estar, sensação de flutuar, perda da timidez, sede constante, moderador de apetite. Riscos e prejuízos: dependência física e psíquica. Depois de engolida, a droga passa pelo estômago e chega à corrente sangüínea. O sangue conduz o ecstasy até as células do cérebro, os neurônios. Na ligação entre as células nervosas, há fendas. Ali a droga aumenta a concentração dos neurotransmissores serotonina, ligada às sensações amorosas, e dopamina que alivia a dor. Os prejuízos dessa droga variam. Nesse caso, o metabolismo acelerado eleva a temperatura corpórea para 42 graus e cozinha as células. Desregula o sistema antidiurético que evita perda de líquido pelo organismo. Quando se fala em ecstasy, o próprio nome e o apelido – droga do amor – remetem imediatamente a algum suposto poder afrodisíaco. Isto é uma falácia, na opinião dos médicos e usuários, “o ecstasy é como álcool: aumenta o desejo, mas prejudica o desempenho. No homem, diminui em 50% a capacidade de ereção”. Conseqüências da overdose: delírio, coma e morte. 12.6.3 - HAXIXE Forma de apresentação: pasta compacta prensada. Forma de consumo: fumado
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Efeitos: alucinações, ilusões de ótica e de percepção, falsa sensação de euforia. Riscos e prejuízos: não causa dependência física, mas o hábito induz à dependência psíquica. Não produz tolerância. Leva à perda de coordenação motora, provocando palpitação, entorpecimento, diminuição da saliva e tendência à psicose, (sobretudo a de perseguição). Em médio prazo pode haver diminuição das funções sexuais e crise de motivação. Conseqüência da overdose: a overdose traz sério risco de vida ao individuo. O instinto de sobrevivência e reflexo é alterado e, ao se expor às situações perigosas (dirigir um automóvel, nadar, estar em lugares altos, etc.), pode-se ter sua vida comprometida.
12.6.4 - LSD Formas de apresentação: comprimidos, cubos, ampolas e pastilhas. Forma de consumo: oral. Efeitos: mudança na percepção do tempo e do espaço. O consumidor enxerga o mundo matizado por inúmeras cores. Há modificações na dimensão e na posição dos corpos em relação ao meio ambiente. Além disso, o usuário apresenta delírios e alucinações. Riscos e prejuízos: pode produzir dependência psíquica, bem como a tolerância, hipertensão arterial, dilatação das pupilas, aceleração do pulso, náuseas, vômitos, mal – estar e dores generalizadas, indisposição, dor de cabeça intensa, aumento de temperatura e fraqueza muscular. Conseqüências da overdose: coma e morte.
12.6.5 - MACONHA (cannabis sativa) Forma de apresentação: folhas ressecadas.
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Formas de consumo: a mais comum é usada como fumo na forma de cigarros. No entanto pode ser comida, mascada, aspirada (nesse caso as folhas são transformadas em pó), ou engolidas como pastilhas. Efeitos: euforia, alucinações, perda da noção de espaço e tempo, despreocupação, entorpecimento gradativo e, finalmente, relaxamento. Riscos e prejuízos: dependência psíquica. O uso prolongado pode levar a tolerância, taquicardia, alterações da pressão sangüínea, diminuição da saliva, modificação da temperatura. Alteração na eliminação da urina, modificações no apetite e glicemia (alteração da taxa de glicose). Prejudica o desempenho sexual, o funcionamento do sistema respiratório, o metabolismo celular e o cérebro. Conseqüência da overdose: não existem dados cientificamente comprovados a respeito da superdosagem.
12.6.6 - COGUMELO Forma de apresentação: chá. Forma de consumo: oral. Efeitos: alucinações e perda do sentido da realidade. Riscos e prejuízos: pode causar dependência psíquica. Não determina a tolerância. Existem poucos dados sobre o cogumelo, por esse motivo não se podem afirmar quais riscos à saúde apresenta. Conseqüência da overdose: prolonga as “viagens” e pode produzir seqüelas emocionais graves.
12.7 - Luta antidopagem A luta antidopagem esboçou-se inicialmente em muitos países, para depois se definir, com todas as características de uma verdadeira campanha saneadora, somente em alguns, representados principalmente
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pela Itália, Bélgica, França, Áustria etc. Em outros, como no Brasil, por exemplo, ficou durante muitos anos apenas no terreno das conjeturas e das palavras, através dos primeiros estudos e pesquisas realizados, dos trabalhos publicados ou apresentados em congressos nacionais e internacionais, e também no encaminhamento de documentação e assessoramento especializado a autoridades esportivas nacionais, com o objetivo de se oficializar a luta antidopagem brasileira. Esse fato, por incrível que pareça só se concretizou 10 anos mais tarde, apesar de todo o esforço despendido pela Medicina Esportiva Brasileira em torno do assunto. Com a finalidade de formarmos uma idéia de conjunto do tema, seria oportuno fazermos um rápido retrospecto dos fatos passados, que, em ultima análise, constituem a história moderna da dopagem (Ricci e Venerando, 1979). O primeiro controle antidopagem com base científica, salvo melhor juízo, foi realizado em 1910, no Jóquei Clube da Áustria, pelo químico russo Bukovski, através da pesquisa de alcalóides na saliva de cavalos “puros-sangues”. Como esse técnico russo se negou a divulgar seu método de análises, Frankel desenvolveu um método próprio e, entre 1910 e 1911, realizou mais de 218 analises com saliva daqueles animais. Posteriormente, Kaufmann, em Paris, e outros técnicos e médicos utilizaram-se do método de Frankel para realizarem controles antidopagem nos hipódromos, diminuindo dessa maneira a incidência da dopagem entre os cavalos “puros-sangues”. Em verdade, o homem, através dos tempos, sempre procurou substâncias que lhe proporcionassem melhores condições de vida, de trabalho, bem-estar e satisfações pessoais. Assim foi no Oriente com o uso de muitas substâncias ou misturas, como o haxixe, certos alcalóides ou kisturas deles, com a machuang, planta cujo efeito estimulante era muito usado no tempo do imperador chinês Shen-Nung (2737 a.C.) etc.; com a coca, na América, muito usada pelos indígenas dos Andes como estimulação ao trabalho; com substâncias contendo arsênico, muito usadas no Tirol com a mesma finalidade de coca (De ROSE, 1974);
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com a mandrágora ou jingsang e outras plantas sagradas na Idade Média, época em que dominava a alquimia e quando a magia e a terapêutica tinham muito em comum; com a maconha, o ácido lisérgico e outras “bolinhas” na época atual. A dopagem, ou seja, o uso de agentes capazes de modificar os resultados de competições esportivas, assim chamada de drogaggio, ergogenia medicamentosa, melassa nera ou bombe chimiche, pelos italianos, topette, dynamite ou dopage, pelos franceses, ergogenia, cathine, pelos abissínios, não é um problema novo, pois sua origem é remota às épocas da história esportiva. Na Grécia antiga, o problema da dopagem foi verificado já nos primeiros jogos olímpicos. Os corredores de fundo ingeriam uma “decocção de plantas” antes das provas, com o fito de evitarem o aparecimento de um “baço grande e duro” durante as disputas. Phylostrate, que, por volta de 200 a.C. c, escreveu sobre Educação Física, afirmava: “o maior obstáculo à velocidade e à força numa corrida é um baço congestionado, duro e doloroso”. Além da beberagem de plantas, os atletas submetiam-se a ablações de vísceras, como o baço (esplenectomia), cauterizações a ferro em brasa etc., daí terem sugerido, já naquele tempo, uma regulamentação olímpica para coibir entre os atletas os abusos na utilização de drogas e/ ou de práticas mutilantes com o objetivo único de melhorar artificialmente suas condições físicas. Realmente, o vocábulo doping encerra em si próprio a noção de um valor negativo no esporte e, portanto, pela sua natureza antiesportiva e desleal, implicam em ato reprovável, sendo antagônico dos elementares princípios de sã esportividade. Todavia, além de ser contra a boa formação moral do individuo, o doping é também altamente maléfico à saúde do atleta, pondo em risco sua vida. Na luta contra esse verdadeiro “mal do esporte”, lançada no setor internacional há muitos anos, pelos médicos especializados em Medicina Esportiva, distinguimos perfeitamente duas fases: a primeira
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se refere aos estudos e pesquisas em base cientificas sobre o assunto; a segunda corresponde à aplicação, na prática, dos conhecimentos adquiridos anteriormente e diz respeito ao controle e a repressão da dopagem nas atividades esportivas. Entre essas duas fases, entretanto, existe um lapso de tempo considerável, por terem sido tratadas em ocasiões diferentes. Em outras palavras, o assunto é o seguinte: quando os médicos que estudaram esse problema puderam afirmar o que era o doping e quais os meios de que dispunham para controlá-lo e reprimí-lo, ficaram surpresos e desapontados por não poderem aplicar de imediato os seus conhecimentos, pois nada e ninguém poderiam obrigar os atletas a se submeterem a controles e repressões de qualquer natureza. Faltava, como se pode obviamente concluir, uma regulamentação esportiva sobre o assunto que tornasse obrigatória a aplicação de medidas saneadoras de controle e repressão junto às competições esportivas. Essa situação só foi resolvida bem mais tarde, quando as autoridades esportivas internacionais, a quem cabiam toda a força de tal decisão, entenderam que o assunto deveria ser assim resolvido, em benefício da moralidade esportiva e da suade do atleta. Após essa conscientização, essa verdadeira tomada de posição frente ao problema, impôs-se desde logo a solução de uma tarefa de primordial importância, isto é, conceituação de dopagem, sem a qual nenhuma outra medida teria razão de ser. Conceituação esta que deveria abranger todos os aspectos do palpitante problema e tornar possível a aplicação das preconizadas medidas saneadoras, tomando como base à adoção de regras legais com força executiva, através do seu controle e repressão. Surgiram muitas definições de dopagem (Schonholzer, Demole, Knoll, Prokop etc.) e, dentre as muitas que conhecemos, desde a primeira, de SCHONHOLZER (1980), até as mais recentes, todas procurando enfeixar a possibilidade de se modificar o comportamento normal do atleta na competição, pudemos constatar que careciam de
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complementações que permitissem a generalização do conceito a que se propunha chegar. Apesar disso, o uso da dopagem se intensificou por falta de controle e repressão nas competições esportivas, acompanhando essa verdadeira “mania medicamentosa”, tão em voga atualmente em variadas circunstâncias. O uso indiscriminado de certas substâncias pelo povo, como os anfetamínicos, e o que é mais grave. Sem prescrição médica, tem assumido proporções alarmantes, aumentando consideravelmente o número de toxicômanos e delinqüentes. O fato tem despertado a atenção dos responsáveis pela Saúde Pública em muitos países, principalmente naqueles onde o fenômeno já repercute nocivamente no meio social. Entre os atletas, notamos que essa tendência ao abuso de drogas e medicamentos, acompanhado, aliás, dos excessos da vida moderna, chega a configurar exemplos de condicionamento. Eles se dopam por ignorância e cremos mesmo que, na maioria das vezes, nem sabem que estão sendo joguetes nas mãos dos que os “orientam” no setor esportivo. Além do mais, cumpre assinalar também que várias pesquisas realizadas com a dopagem experimental através da anfetamina (considerada a mais potente droga dopadora), primeiramente nos Estados Unidos da América e mais recentemente na Itália, levaram à conclusão de que ela “não aumenta o rendimento do trabalho físico executado”, muito embora ocasione sensíveis modificações de alguns parâmetros funcionais, representados principalmente pela freqüência cardíaca, pelo consumo de oxigênio, pela eliminação do gás carbônico etc. A prática em uso atualmente de se alterar de maneira artificial o resultado das disputas esportivas através de vários recursos ou agentes, dopagem, tem sido objeto de grande preocupação e estudo aprofundado e sistemático para vários especialistas e organizações médico-esportivas internacionais. A dopagem é um procedimento posto em prática pelo próprio atleta ou através da orientação de dirigentes ou técnicos esportivos e ate de médicos, com o intuito de diminuir a fadiga, abreviando o tempo da
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restauração psíquica. Os agentes empregados para tal fim, geralmente substâncias químicas, visam aumentar a resistência aos esforços físicos, pela excitação do sistema nervoso central, provocando sensação de euforia e bem-estar, postergando o aparecimento do cansaço muscular, mascarando assim a nocividade do trabalho excessivo. Podem, então, manifestar-se alterações demasiadamente intensas da atividade cardíaca, hipertensão sangüínea, obnubilação da consciência, náusea, vômito etc., capazes de provocar quadros clínicos imprevisíveis, conduzindo a distúrbios graves, que, às vezes, culminam com a morte. Existem muitos casos de morte por dopagem, alguns dos quais registrados na literatura médica especializada, como, por exemplo, os seguintes: •
Em 1886, durante a prova de ciclismo dos 600 km, faleceu o ciclista inglês Linton, por ter ingerido bebidas estimulantes durante uma das etapas do percurso, para aumentar a resistência à fadiga;
•
Dick Howard, terceiro colocado na prova dos 400m rasos dos jogos olímpicos de Roma, faleceu em conseqüência de dose excessiva de heroína;
•
No boxe, primeiro Billy Bello, em 1963, depois Jupp Elze, que também morreram em conseqüência de doses excessivas de heroína;
•
Prokop cita o caso de um ciclista de 25 anos que morreu após ter ingerido o conteúdo de uma garrafa térmica em que havia café, oito pílulas de fenilisopropilamina e 15 de anfetamina.
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13 - Conclusão
Espelhando-me na prática vivenciada na atividade física, procurei levar ao leitor conhecimentos e valores da atividade física, em muitas práticas esportivas várias abordagens de temas associativos, procurei mencionar para que fossem adquiridos estudos, produções, avaliações redirecionadas e mudanças posturais. Portanto, analisamos aspectos culturais dentro da sociedade na qual para algumas pessoas, o simples conhecimento de que ainda é capaz de aprender novas habilidades, reforça seu orgulho próprio e ajuda a negar o sentimento de inutilidade dentro de si. A visão positiva da atividade física nos faz navegar dentro dos objetivos do limite de cada individuo. Na realidade atual, a melhor maneira de levar em consideração o ser humano, é “respeitar” que cada um possa reviver suas qualidades emocionais e profissionais, onde ele consiga alcançar uma longevidade maior e com qualidade.
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Aspectos Legais O Autor e a Editora acreditam que todas as informações aqui apresentadas estão corretas e podem ser utilizadas para qualquer fim legal. No entanto, não existe qualquer garantia, seja implícita ou explícita, de que o uso de tais informações conduzirá ao resultado desejado. Os nomes de sites, empresas e marcas porventura mencionados foram utilizados apenas para ilustrar os exemplos, não tendo nenhum vínculo com o livro, não garantindo a sua existência, nem divulgação. TODOS OS NOMES REGISTRADOS, MARCAS REGISTRADAS OU DIREITOS DE USO CITADOS NESTE LIVRO PERTENCEM AOS SEUS RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS.
O AUTOR
ATIVIDADE FÍSICA A obra "Atividade física - tudo o que você queria saber sobre Qualidade de vida e promoção da saúde em diversos aspectos" é destinado aos profissionais de educação física, fisioterapia, nutrição, entre outros, que atuam no mercado profissional ou querem conhecer sobre as diversas características da atividade física. Este livro vem contribuir sobre diversos assuntos na área da saúde, levando conhecimento, informações e visibilidade sobre a Atividade Física à população. Acreditando nestes princípios, são vários capítulos destinados à Qualidade de Vida, Promoção da Saúde e bem estar físico e mental.
LIVRO TEXTO para os cursos de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição e Gestão Esportiva.
Prof. Alexandre Arante Ubilla Vieira • Nascido em São Paulo, Capital. • Professor Pós Graduado em Bases Fisiológicas e Metodológicas do Treinamento Desportivo pela UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo • Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela UNISA – Universidade de Santo Amaro/S.P. e Aluno Especial pela USP – Universidade de São Paulo • Docente no curso de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela UNIBAN – Universidade Bandeirante do Brasil • Possui experiência na área de Educação Física e no Ensino Superior na área de Educação e Educação Física, com ênfase em Filosofia, Sociologia e História; Educação física Adaptada e Atividade Física para Saúde. • Possui trabalhos, orientações acadêmicas e publicações nacionais direcionadas aos temas Educação e Educação Física. • Possui diversos artigos publicados em revistas, jornais e sites da Internet.
FAROL DO FORTE ISBN 978-85-61679-04-0