Voz de Esperança Mar/Abr 2019

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MAR - ABR / 2019

DO ENVIO À ESCUTA DO OUTRO, PARA ACOLHER E AMAR!

Director: P.e Mário Martins Chaves Rodrigues Ano XXIV - 6ª Série | Nº 69 | Bimestral 1,00 €

“Ter a capacidade de escuta, de descobrir o que as pessoas sentem, o que habita o seu coração, o que pensam, o que as alegra e o que as faz sofrer, é missão de todo o batizado”. Deolinda Marques Págs. 2-3

A CONSCIÊNCIA É A BASE DO DISCERNIMENTO “Os jovens, de facto, querem ser ‘ouvidos, reconhecidos e acompanhados’ e querem que a sua voz seja ‘considerada interessante e útil no campo social e eclesial’”. Célio Mota Pág. 11

EDITORIAL

A ESPERANÇA CRESCE DO AFETO Se tivéssemos de explicar o modo como Jesus afetava a vida de quantos com Ele se cruzavam, seria algo do género: escuta com atenção e age por compaixão. Em pleno e constante contacto com Deus, Cristo escuta-O sempre atentamente. É dessa intimidade que nasce a Esperança que irradia para toda a gente. Reparemos que, muitas vezes e de muitos modos, o caminho do Verbo de Deus era fruto da soma de outros caminhos, que tinham um aspeto comum: a fragilidade de vida. Nesta ótica, se ser cristão significa viver à imagem de Cristo, todos devemos olhar para a fragilidade com duas palavras: a gratidão e a compaixão. A primeira atitude significa agradecer, isto é, escutar os sinais e tomar consciência da gratuidade dos dons de Deus e dos outros na nossa vida. A segunda concretiza-se num “sofrer com”, num modo de ser que nos mantém visceralmente unidos ao coração frágil e indigente do outro. Na realidade, quando nos aproximamos dos mais débeis, sentimos que a Esperança, efetivamente, cresce do afeto, sobretudo para com os mais necessitados, a quem queremos acolher e amar. Assim, neste número do nosso jornal, queremos continuar a ser Esperança, através do olhar simples sobre o modo como o ser cristão não só afeta o outro, mas também nos faz sentir afetados pela alegria de presença da Esperança de Deus em nós. Nunca devemos, por isso, esquecer, mormente neste tempo quaresmal, que a maior alegria que damos, a quem nos damos, é descobrirem que têm algo para nos dar. É nesta troca de “dares”, na fidelidade evangélica, que nos apercebemos da presença da Esperança e de uma nova consciência missionária. Deste modo, e como fazemos eco nas atividades reportadas nesta edição, compreendemos que, tal como “aprendemos a perdoar no amor com que somos amados” (D. Tolentino Mendonça), também amar a fragilidade é um processo permanente e denso de aprendizagem e partilha da Esperança recebida.


VISÃO

DO ENVIO À ESCUTA DO OUT PARA ACOLHER E AMAR! Deolinda Marques

“Levanta-te e vai” (Actos 8, 26). É a partir desta exortação dos Actos dos Apóstolos que somos encorajados a dar um novo impulso à evangelização, porque há vidas sedentas de um toque de compaixão, que esperam ansiosamente as nossas obras de misericórdia. Ora, neste Ano Pastoral, somos, precisamente, desafiados a viver “Todos, tudo e sempre em Missão”, procurando ser sinais de verdadeira esperança no coração do mundo e na vida de todos os irmãos. Na verdade, uma Igreja que não se levanta, que não está a caminho, esmorece e adoece. Nesta linha de pensamento, D. José Tolentino Mendonça refere que “a nossa vida se não for de serviço é como o pão que fica dentro de um saco, ganha bolor e estraga-se”. Estas palavras são um imperativo urgente de evangelização! Somos convidados a sair - “Prepara-te e vai”! Não se diz: “Fica sentado, tranquilo, na comodidade da tua casa”. A Igreja, para ser sempre fiel ao Senhor, deve estar de pé e a caminho, ao encontro dos outros. Há gente que é menosprezada, esquecida, posta de parte, de quem nos precisamos de aproximar e, simplesmente, dizer: “Levanta-te e vai”! Temos de viver a missão com paixão e numa lógica de recomeço permanente e incessante. É Jesus que nos envia, cabendo-nos partir, conduzidos por Ele, com uma alegria que jamais se pode apagar ou conter! O segundo convite presente nesta leitura reconhece-se e descortina-se nesta ordem que Filipe recebe do Espírito do Senhor: “Aproxima-te desse carro” (Actos 8, 29). Segundo narra a leitura dos Actos dos Apóstolos, naquele carro havia um eunuco etíope, que foi a Jerusalém para adorar a Deus e que, enquanto viajava, lia o profeta Isaías, tentando compreender as Escrituras e rogou a Filipe para o acompanhar. Filipe aproximou-se do etíope e escutou-o, procurando acolher e dar resposta às suas inquietações. De facto, “todos os homens, todas as mulheres têm uma inquieta-

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ção no coração, boa ou ruim, mas há uma inquietação”, tal como referiu o Papa Francisco, num comentário a este texto bíblico. Por isso, se o primeiro passo é levantarmo-nos e irmos ao encontro daqueles que mais precisam, o segundo passo é escutá-los, ter tempo para os ouvir com os cuidados e a atenção merecidos. Todos nós, cristãos, somos convidados a ir ao encontro de todos, sobretudo dos mais frágeis, dos marginalizados, dos esquecidos e dos excluídos pela sociedade. Ter a capacidade de escuta, de descobrir o que as pessoas sentem, o que habita o seu coração, o que pensam, o que as alegra e o que as faz sofrer, é missão de todo o batizado. Como cristãos, temos o dever de escutar, para acompanhar e amparar, ajudando a que cada inquietação se transforme em penhor de conversão e de vida nova. Nesta passagem, é o próprio etíope que, vendo Filipe aproximar-se, lhe pergunta de quem falava o profeta Isaías. Filipe, começando a pregar, responde-lhe. Depois de ouvir a “catequese” de Filipe, o funcionário etíope acabou pedindo o baptismo. Isto só foi possível porque Filipe se aproximou e escutou. Foi o fazer-se próximo, o experimentar a compaixão com aquele que sofre, a empatia com o sentimento e a dúvida do outro, a escuta atenta das suas palavras e inquietações, que abriu esta via para a evangelização, proporcionando a conversão deste coração que, se antes experimentava o sofrimento do abandono, repousa agora, aconchegado e feliz, nos braços ternos do amor de Deus. Deste modo, nós somos convidados, particularmente nos momentos mais duros, a revelar aos outros a alegria do Evangelho. Cada um de nós tem de assumir e compreender a sua vida não como sua propriedade exclusiva, mas também como pertença daqueles que lhe são confiados, daqueles a quem se é chamado a anunciar a Esperança que é o próprio Senhor Jesus. Por isso, temos

de ser expressão do Evangelho que anunciamos, dando-lhe vida com a nossa própria vida. A missão não é um trabalho, é uma vivência, um serviço, a imagem mais bela do amor. Assim, na medida em que nos deixamos envolver e enviar pelo amor de Deus, somos profetas e, se somos profetas, temos que ser anunciadores de boas notícias na vida dos outros. O Evangelho não se impõe. O Evangelho é, apenas e só, amor expresso na sua dimensão mais sublime e mais perfeita. O seu anúncio pede-nos a audácia de sermos missionários, enviados a viver com o outro e para o outro, de sermos os primeiros, sem vergonha, a ir ao encontro dos irmãos, sobretudo dos mais frágeis, e falar-lhes deste Deus que é amor e que a todos quer ver felizes, como seus filhos, no abraço da comunhão fraterna. Deste modo, ser missionário é praticar a caridade de Deus, começando na nossa família, vizinhos, colegas de trabalho e nas nossas comunidades paroquiais. Somos chamados a fazer e a ser comunidade. No fundo, e tal como nos desafia o plano pastoral da nossa Arquidiocese de Braga, somos chamados a “ser esperança” e a “tecer comunidades acolhedoras e missionárias”.

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ARTE

BAPTISMO DO EUNUCO Luís da Silva Pereira

O episódio a que se refere a pintura que vamos comentar encontra-se narrado nos Actos dos Apóstolos, capítulo 8, 26-40. Aí se conta que um anjo ordenou ao apóstolo Filipe que fosse ter com um etíope que descia da cidade de Jerusalém, aonde fora como peregrino. Era um eunuco que superintendia sobre todos os tesouros da rainha Candace, da Etiópia, antiga Núbia. Sentado na sua carruagem, lia aquele conhecido passo do profeta Isaías: “Como ovelha foi levado ao matadouro e como cordeiro mudo ante aquele que o tosquia não abriu a boca…”. O apóstolo Filipe aproximou-se e perguntou-lhe se compreendia o que estava a ler. Ele respondeu com outra pergunta: “Como poderei entender se ninguém me explicar?”. Então a partir deste texto, o apóstolo anunciou ao eunuco o Evangelho de Jesus Cristo. Mais adiante, chegaram a um lugar onde havia água, tendo o eunuco manifestado vontade de se baptizar. Então Filipe baptizou-o. Quando subiam da água, o Espírito Santo arrebatou o apóstolo, e o eunuco seguiu o seu caminho cheio de alegria. É esta cena que está representada no quadro de Gerrit Claesz Bleker que brevemente comentaremos. Gerrit Bleker é um pintor flamengo que nasceu em Haarlem, em 1592, e aí faleceu em 1656. Não é artista de

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primeiro plano na história da pintura, mas, ainda assim, é estimado pelas suas pinturas de belas paisagens, de temas históricos e bíblicos. E é um dos muito poucos que abordam este tema do baptismo do eunuco. Foi membro da Guilda de S. Lucas, uma espécie de sindicato de pintores. As guildas eram associações de artistas que visavam a defesa dos seus associados. Recorde-se que o evangelista S. Lucas era, e ainda hoje é, além de padroeiro dos médicos, o padroeiro dos pintores por, segundo a tradição, ter pintado Nossa Senhora. O quadro foi executado entre 1630-35. É um óleo sobre tábua de carvalho. Bem no espaço central da pintura, reconhecemos facilmente as duas personagens mais importantes da história. O apóstolo Filipe identifica-se não só pelas longas barbas que lhe dão um aspecto venerando, mas principalmente pelo gesto de derramar a água baptismal sobre a cabeça do eunuco, que também identificamos facilmente pelo tom escuro da pele e do cabelo. O pintor representa-o de joelhos, em sinal de respeito e de adoração ao Senhor Jesus Cristo, cuja graça acaba de receber. Perto deste grupo central, do lado esquerdo, dois criados seguram na espada e na roupa do eunuco. Alguns outros elementos que com-

põem o quadro seguem a narrativa dos Actos. Por exemplo, o carro onde o eunuco viajava. Podemos ver a sua grande roda, bem como o condutor que segura ainda as rédeas de um dos cavalos. Embora o texto dos Actos não fale dele, é verosímil que o guarda do tesouro da rainha tivesse um cocheiro ao seu serviço. Vários outros elementos da pintura ajudam a compor a verosimilhança: o grande guarda-sol em cima do carro; a figura a cavalo, que seria o chefe da comitiva, como parece indicar a vara que empunha na mão esquerda; um archeiro e um guarda com a espada na bainha, que fariam parte da sua guarda pessoal. E não é de estranhar a presença de dois cães, que são sinais de luxo. Se bem repararmos, todas estas personagens dirigem o olhar para o local onde se está a realizar o baptismo. Esse é que é o acontecimento importante: a entrada na comunidade cristã de quem professava a religião judaica, como se depreende da sua peregrinação a Jerusalém. O pintor não descuidou outro pormenor importante. Como diz o texto, o alto funcionário descia de Jerusalém para Gaza. Ora, as muralhas que se observam na parte superior do quadro, assim como um templo identificado pelas colunas, aludem, por certo, às muralhas e ao templo de Jerusalém.


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SEMINÁRIO MENOR

A VOCAÇÃO SACERDOTAL EM LIGAÇÃO CONTÍNUA Manuel Matias, 12º ano

Como já vendo sendo tradição, o Seminário Menor de Braga promoveu um encontro com os párocos dos seus seminaristas, procurando assegurar a estes últimos um melhor acompanhamento no seu percurso vocacional e estabelecendo uma mais próxima e contínua ligação entre aqueles que são já sacerdotes e aqueles que questionam sê-lo e procuram realizar o seu discernimento vocacional. Assim sendo, no dia 23 de janeiro, os párocos estiveram presentes neste encontro que se iniciou logo pela manhã. Como já referido, esta iniciativa versava, principalmente, uma melhor integração dos párocos na vida dos seminaristas. Por isso, grande parte da manhã foi preenchida por um tempo de diálogo, no qual os sacerdotes da equipa formadora do Seminário falaram aos párocos acerca de cada jovem. De igual modo, também os próprios párocos partilharam pareceres relativos à presença e à participação

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de cada seminarista, na vida da sua respetiva comunidade paroquial. Após esta partilha, seguiu-se o almoço. Neste momento, foi possível reunir todos os seminaristas e os sacerdotes convidados, num tempo de maior descontração e convívio, que proporcionou uma teia de conversas ricas e animadas. Assim, enquanto uns aproveitaram para continuar a conversa da manhã com a equipa formadora, outros aproveitaram para falar ou com o seu respetivo seminarista ou com outros. Desta forma, este foi um almoço que permitiu não só um aprofundar das relações seminarista-pároco, para alguns, como também se revelou uma oportunidade para estes jovens conhecerem outros sacerdotes e aquilo que os seus colegas seminaristas fazem nas suas terras e como as procuram servir. Concluído este encontro, tanto os sacerdotes presentes como os seminaristas avaliaram-no de forma bastante positiva. Isto porque, permitiu aos pá-

rocos conhecer melhor a realidade em que vivem os seus paroquianos seminaristas, assim como acompanhar de forma próxima e amiga a sua evolução e crescimento na comunidade do Seminário. Além disso, o reencontro e o diálogo proporcionados permitiram a cada sacerdote partilhar com os seminaristas um pouco da vida da sua paróquia, sem esquecer a referência à vocação sacerdotal, isto é, à missão do pároco, enquanto pastor de uma determinada comunidade. Neste entrelaçar de partilhas descontraídas, mas também produtivas, cada seminarista pôde obter uma visão mais clara daquilo que é a vida sacerdotal e a vida na sua própria paróquia, na perspetiva do pároco, estabelecendo-se, desta forma, uma ligação mais direta, forte e contínua entre aqueles que vivem já a vocação ao sacerdócio, os párocos, e aqueles que fazem atualmente o seu processo de discernimento vocacional, os jovens seminaristas.


SEMINÁRIO MENOR

DO INCOMPLETO À PLENITUDE, NUM TEMPO DE RECOLEÇÃO ESPIRITUAL Gabriel Silva, 10º ano

No passado dia 23 de fevereiro, os seminaristas do Seminário Menor de Braga tiveram o apanágio de participar em mais um encontro de recoleção espiritual. Como habitualmente, os seminaristas estavam divididos em dois grupos: 12º e 11º anos com a presença e orientação do Sr. Pe. Eduardo Miranda, diretor espiritual do referido Seminário, e 10º, 9º e 8º anos sob a condução do Sr. Pe. Adelino Domingues, também diretor espiritual da mesma instituição. O grupo dos mais novos refletiu sobre o texto do livro dos Atos dos Apóstolos 8,26-40 que se refere a um eunuco, homem que na altura se mutilou a ele próprio, devido ao seu desejo de arranjar trabalho junto da realeza. Embora fosse incompleto do ponto de vista físico, procurava a comunhão com Deus através da leitura das Escrituras. No entanto, também aqui se sentia o peso da incompletude, pois faltava-lhe a verdadeira

compreensão da Palavra de Deus. Por isso, e segundo relata a passagem, enquanto o eunuco passava, o Espírito Santo falou a Filipe para se pôr a caminho. Filipe e o eunuco cruzaram-se e o primeiro escutou este último a ler uma passagem do Livro de Isaías e então perguntou-lhe: “Compreendes, verdadeiramente, o que estás a ler?”. O eunuco convidou-o a entrar, escutou Filipe e, depois de compreender a Escritura na

sua verdadeira amplitude e profundidade, pediu para ser batizado, para que sempre pudesse compreender e acreditar, verdadeiramente, no que lia. Após a recoleção espiritual, os seminaristas voltaram para o Seminário, sentindo-se também eles mais completos e plenificados, fortalecidos pela alegria da busca da compreensão da Palavra que o Senhor dirige ao coração de cada um.

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SEMINÁRIO MAIOR

ENCONTRO DE REIS DAS COMUNIDADES DOS SEMINÁRIOS Bruno Pinto, Ano Propedêutico

No passado dia seis de janeiro, dia em que a Igreja celebrou a Epifania do Senhor, a tríplice manifestação do nosso grande Deus e Senhor, Jesus Cristo, os Seminários Arquidiocesanos de Braga, ainda envolvidos na alegria inebriante do nascimento de Jesus, realizaram o seu Encontro de Reis, com toda a comunidade, isto é, formadores, seminaristas e seus familiares, fazendo-se entrelaçar o canto, a poesia, a oração e o convívio. O encontro iniciou com a declamação de um inspirador poema de Alberto Caeiro, relativo ao menino nascido, para nós, da Virgem Mãe, pela voz do seminarista Rafael Cepa. Porque também na pequenez reside o vero sentido do Natal, seguiu-se a belíssima e dinâmica atuação do Coro dos Pequenos Cantores de Esposende, na Igreja de S. Paulo, merecedora de grandes e longos aplausos de profunda admiração e contentamento por parte de todo o público. Após a referida atuação, usou da palavra D. Nuno Almeida, Bispo auxiliar de Braga, que manifestou o seu enorme agrado perante todos os presentes: «Pequenos cantores em estatura, mas grandes na sua arte e nas suas vozes tão sublimes», afirmou. Seguiu-se, com uma igreja repleta, a Eucaristia, na qual se celebrou a Solenidade da Epifania do Senhor, presidida por D. Luiz Lisboa, Bispo da Diocese de Pemba, o qual na sua homilia afirmou e sublinhou o fac8

to de “Deus se manifestar, de uma periferia para o mundo inteiro, procurando acolher e chamar todos os povos, mesmo que diferentes nas formas de se exprimirem ou de agirem”, tecendo ainda um veemente apelo à comunhão fraterna entre os membros da Igreja, pois só assim se torna possível fazer caminho e seguir a estrela referida no Evangelho. No final da Eucaristia, o Grupo de Cantares do Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo apresentou algumas das canções do tradicional “cantar de reis” que, ao longo do fim de semana, haviam sido levadas a várias comunidades paroquiais do arciprestado de Monção. O término do dia ficou marcado pelo já habitual jantar, promovendo um animado e são convívio entre todos os membros da comunidade.


INSTITUIÇÃO NO MINISTÉRIO DE ACÓLITO Paulo Pereira, 5º ano

No passado dia 27 de janeiro, a comunidade do Seminário Conciliar de Braga teve a Instituição no Ministério de Acólito de três seminaristas da Arquidiocese de Braga: Jorge Miguel Ferreira Rodrigues, da Paróquia de S. João Batista de Nogueira, Arciprestado de Braga; Paulo António Marques Pereira, da Paróquia de Sta. Marinha de Covide, Arciprestado de Terras de Bouro; e Pedro Joaquim Antunes, da Paróquia de Sta. Maria de Bouro, Arciprestado de Amares. Este foi um dia duplamente alegre, porque, para além desta Instituição, a Igreja Portuguesa recebeu a feliz notícia de que Portugal seria o próximo destino das Jornadas Mundiais da Juventude, a realizar em 2022. Assim, foi um dia que se revestiu também de uma singular importância por todas estas graças recebidas.

Sobre os ministérios, a Carta Apostólica Ministeria Quaedam diz-nos que «a Igreja instituiu, já em tempos antiquíssimos, alguns ministérios, com o fim de render a Deus o devido culto e de prestar serviços ao povo de Deus, segundo as suas necessidades. Por meio desses ministérios eram confiadas aos fiéis funções da sagrada liturgia e da caridade, que eles haviam de exercer de maneira adequada às diversas circunstâncias. A colação destes encargos fazia-se, muitas vezes, com um rito peculiar, em virtude do qual o fiel, mediante uma bênção implorada de Deus, ficava constituído numa classe ou grau determinado, para desempenhar algum ofício eclesiástico». Na homilia, D. Jorge Ortiga, presidente da celebração, manifestou a

sua alegria pelas Jornadas Mundiais da Juventude se realizarem em Portugal, alertando para o facto de essa ser uma grande responsabilidade. Dirigindo-se aos seminaristas que se preparavam para receber o ministério, desafiou os acólitos a viverem o seu ministério, não apenas à volta do altar, mas também a que o procurem viver na comunidade, estando disponíveis para o serviço, nas mais diversas situações e exigências que vão surgindo. A celebração teve como lema o conselho de Jesus aos discípulos: “Aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja servo de todos” (Mc. 10, 44). O acólito é chamado ao serviço do altar; portanto, se quer ser grande, deve procurar crescer no serviço e na disponibilidade, para uma vivência mais profunda do seu ministério, à semelhança do Evangelho. Neste sentido, enquanto «destinado de modo particular para o serviço do altar, o Acólito há de procurar conhecer o que diz respeito ao culto divino e compreender o seu significado íntimo e espiritual, de modo que, em cada dia, se ofereça a si próprio totalmente a Deus e, por sua atitude grave e respeitosa, seja para todos exemplo no templo sagrado, amando sinceramente o corpo místico de Cristo ou povo de Deus, sobretudo os fracos e os doentes» (Ministeria Quaedam VI). 9


SEMINÁRIO MAIOR

RETIRO DE PREPARAÇÃO PARA O DIACONADO José Neto, João Carlos e Pedro Sousa, 6º ano

«Ora et labora». Este é o lema que rege a vida dos filhos de São Bento, e no Mosteiro de Singeverga, em Roriz, não é diferente. Em certa medida, foi também esse o lema que orientou os seminaristas do sexto ano, durante o retiro de preparação para a ordenação diaconal. A semana de 3 a 9 de fevereiro, passada em Singeverga, foi uma semana de oração e de labor reflexivo a partir das propostas do orientador deste retiro, frei Luís de Oliveira, OFM. Num ambiente de silêncio orante cada vez mais progressivo, fomos convidados a partir da nossa história pessoal, como bagagem que levamos connosco, e que nos marca indelevelmente, e à qual não podemos deixar de acrescentar as histórias daqueles que connosco fazem caminho quotidiano. Com esta base, fomos então refletindo sobre os diversos desafios que somos chamados a enfrentar no futuro, no desempenho do nosso ministério, enquanto diáconos. Para bem servirmos a Cristo, presente em cada um dos rostos com que nos cruzamos diariamente, somos chamados a uma vida em que Ele é o centro, e, por isso, a autenticidade e a humildade são caraterísticas fundamentais a cultivar. Todavia, sem caridade essas caraterísticas tornam-se vazias. Somos também chamados à obediência incondicional. Mas esta 10

obediência não deve ser entendida como mero cumprimento de ordens, mas como uma comunhão de vontades, em que se procura harmonizar a nossa vontade com a do outro, procurando a indiferença espiritual, isto é, pôr a vontade do outro em primeiro lugar, e sobretudo a vontade de um Outro, que é sempre nosso guia e mestre. A passagem dos dias foi marcada pela partilha de experiências, medos e expetativas. Mas também se deram momentos de profundo silêncio, propício para escutar os apelos d’Aquele que continuamente nos chama a uma vida mais plena.

Por último, foram-nos apontados alguns critérios que devem reger a nossa vida futura enquanto servidores do Evangelho. Assim, a verdade, a necessidade e a bondade devem marcar todo o nosso pensar, dizer e agir, de modo a que através de nós possa transparecer o Senhor de toda a messe. A beleza das paisagens, o silêncio da casa de retiros e a hospitalidade beneditina proporcionaram o clima ideal para que estes dias fossem fecundos, o que permitiu um regresso revigorado a Braga, e desvela indícios para um frutuoso ministério enquanto diáconos ao serviço da Igreja.


PASTORAL UNIVERSITÁRIA

A CONSCIÊNCIA É A BASE DO DISCERNIMENTO Célio Mota, Curso de Administração Pública, Universidade do Minho

“A consciência é a base do discernimento”, esta é uma das conclusões da última tertúlia realizada no Centro Pastoral Universitário (CPU), no âmbito do Ciclo de Tertúlias, que teve início em novembro. Tratam-se de encontros dirigidos aos estudantes universitários que procuram no CPU alguma orientação. São vários os convidados que, até ao fim do ano letivo, irão apresentar caminhos de formação dos jovens universitários na construção e partilha daquilo que são os valores cristãos. Na verdade, enquanto jovem universitário, tenho consciência de que se quisermos fazer algo de bom neste mundo, precisamos de algumas bases para nos mantermos sólidos na nossa fé. O Papa Francisco apelou aos jovens, na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, para que fossemos os protagonistas da mudança, dizendo “por favor, não deixem para outros o ser protagonistas da mudança! Vocês são aqueles que têm o futuro! Através de vocês, entra o futuro no mundo.”

Os temas das tertúlias têm procurado ir ao encontro de temáticas que mexem com os jovens. Na primeira sessão, que ocorreu no dia 19 de novembro, fomos levados a refletir sobre o Voluntariado: Egoísmo ou Altruísmo, com a ajuda do Pe. José Pedro Azevedo, diretor da Pastoral Universitária do Porto. Todas as sessões procuraram um caminho de reflexão que ligasse os jovens à Igreja, mas também uma ligação da Igreja aos jovens. Na tertúlia de dezembro, fomos orientados para refletir sobre as Perguntas que os jovens fazem à Igreja, com a partilha da vivência cristã de três jovens adultas que estão comprometidas na ação pastoral da Igreja. Em janeiro, debateu-se sobre O que a Igreja pede aos jovens, com a orientação e partilha de D. Nuno Almeida, Bispo auxiliar na Arquidiocese de Braga. Os jovens, de facto, querem ser “ouvidos, reconhecidos e acompanhados” e querem que a sua voz seja “conside-

rada interessante e útil no campo social e eclesial”. A última sessão, que ocorreu a 11 de fevereiro, teve como foco o tema Consciências bem formadas para agir, orientada pelo professor Carlos Morais, docente na Universidade Católica Portuguesa. Foi com uma das suas frases que comecei a escrever este artigo e penso que talvez seja a ideia central que ficou e que levou os participantes ao aprofundamento daquilo que nos é tão familiar e, ao mesmo tempo, tão misterioso, a nossa consciência, mas principalmente, a nossa consciência cristã. Estes encontros têm sido um espaço de paragem, de reflexão e crescimento não só como pessoas, mas também como jovens cristãos, que procuram fazer deste mundo um lugar em que vale a pena viver. Novos encontros terão lugar nos próximos meses. Um excelente ciclo de tertúlias, uma oportunidade para encontrarmos respostas e fortalecermos a nossa vivência cristã.

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PASTORAL DE JOVENS

A VIVÊNCIA DA JMJ NO PANAMÁ 2019 Departamento Arquidiocesano de Pastoral Juvenil

A Jornada Mundial da Juventude no Panamá (JMJ) celebrou de forma intensa a grande festa da fé dos jovens de todo o mundo. O povo panamenho, conhecido pela sua alegria e simpatia, em particular, a comunidade da paróquia de Nossa Senhora de Lourdes e as famílias que acolheram o grupo de peregrinos da arquidiocese de Braga, deram um verdadeiro testemunho da alegria da fé em Jesus Cristo. O início da semana das jornadas foi marcado pela chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima a esta comunidade, que, tal como nós, peregrinou a este país, fazendo-nos recordar o amor com o qual Maria disse sim a Deus, numa verdadeira atitude de serviço - “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Depois de ter percorrido as ruas da cidade, permaneceu no parque Omar, local onde decorreu o festival da juventude, com espaços direcionados para a vivência espiritual, vocacional e cultural. Numa calorosa receção feita pelos jovens, no Campo de Santa Maria La Antigua, na faixa costeira da cidade do Panamá, o Papa dá início aos atos centrais das jor-

nadas, com a cerimónia de acolhimento. Nesta cerimónia, o Papa Francisco lança o desafio de fazermos destas jornadas um tempo de encontro para que sejamos “construtores de pontes” e que vivamos “um sonho comum, um sonho chamado Jesus”. Já no Campo S. João Paulo II, e depois da peregrinação a este local, onde decorreu a vigília, no sábado, e a missa de envio, no domingo, o Papa convidou os jovens a serem sinal da força e da esperança de Deus, no seio das suas vidas, famílias e comunidades. O culminar deste encontro foi celebrado com o anúncio de Portugal como país anfitrião da próxima JMJ, no verão de 2022. Foi com enorme alegria que acolhemos e festejamos esta boa nova. A JMJ é uma experiência inesquecível que nos inspira a sermos mais e melhores. Atravessar o oceano e encontrar milhares de jovens dos cinco continentes, que têm o mesmo propósito de fazer a bela experiência de encontro com Jesus, é algo renovador. A variedade cultural, a densidade das atividades propostas e a beleza das palavras proferidas pelo Santo Padre exponenciaram a riqueza desta jornada.

Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem, ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.

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