JANEIRO - FEVEREIRO/ 2022
SEMINÁRIO CONCILIAR: OS EDIFÍCIOS PASSAM, A CRUZ PERMANECE
Diretor: Pe. Mário Martins Chaves Rodrigues Ano XXIV - 6ª Série | Nº 86 | Bimestral 1,00 €
“Onde está a cruz? (…) Não se via. Ah! Está ali por detrás dos andaimes! Eis o sinal que logo ocorreu: a Igreja continua, como na catedral de Trento e sempre, em obras. Todavia, a cruz permanece!” Cón. Joaquim Félix Pág. 2
VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO: UM COMPROMISSO QUE TRANSFORMA O NOSSO OLHAR “Os universitários acabam por encontrar um verdadeiro caminho de conquistas, de crescimento pessoal, espiritual e social, de companheirismo, de felicidade e de amor ao abraçarem o voluntariado.” Cláudia Ramalho Ferreira Pág. 11
EDITORIAL
SEMINÁRIO:
UMA CASA EDIFICADA POR DEUS “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” [Sl 127 (126) 1] – Este é o canto do salmista que deve ecoar nos nossos corações ao percorrermos cada página desta nova edição do Voz de Esperança, em que continuamos a destacar a celebração dos 450 anos da existência do Seminário Conciliar de Braga, debruçando-nos, desta feita, sobre os edifícios que ao longo do tempo foram servindo de sede para esta instituição. A festa do Natal, que recentemente celebrámos, o início de um novo ano, assim como a recente nomeação de D. José Cordeiro como novo Arcebispo de Braga, lembram-nos que Jesus pode e quer nascer em cada dia em cada um dos nossos gestos de amor, pode e quer habitar entre nós, numa Igreja que procura ser cada vez mais sinodal, em cada uma das casas que permitimos que Ele edifique, como acontece com as nossas comunidades e com os nossos Seminários, pois estes, e como refere a secção Visão, têm como grande missão “ajudar a uma melhor descoberta da vocação”, promovendo “o seu progressivo cultivo e discernimento”. Na verdade, se “um espaço tem sentido quando é carregado de presenças”, a primeira, central e constante presença no Seminário, como em toda a Igreja, tem de ser a de Cristo, para que o trabalho de todos não seja em vão. Por isso, o Seminário é “uma obra inacabada”, sempre dependente do contributo e da entrega de cada um e de toda a Arquidiocese. Porém, porque é casa do Senhor Jesus, de portas abertas para acolher e para enviar, independentemente do espaço físico que a acolhe, “a cruz permanece por trás do toldo dos tempos”! Sob esta certeza, e como as atividades aqui relatadas também o atestam, o Seminário é casa edificada por Deus, onde a cruz é trave mestra, que salva, ampara e sustenta; casa onde se formam aqueles que, configurados com Cristo, se preparam para o sacerdócio, para, por meio do serviço, da proximidade e da compaixão, conduzir outros para Deus, fazendo multiplicar os gestos que nascem do amor!
VISÃO
SEMINÁRIO CONCILIAR: OS EDIFÍCIOS PASSAM, A CRUZ PERMANECE Cón. Joaquim Félix
Para trás ficaram Merano e Bolzano. Colinas e colinas de macieiras alinhavam, pelo centro, rápido e verde, o itinerário. Mais de dezoito mil hectares. Abraçados por vinhedos, lembravam versos de um cântico de cânticos. E começámos a associá-las a um rito de aproximação. Miguel Neto abria as ruas. Pedro ajustava as lentes escuras a precaver-se da luz. João Carlos, que meditava na incerteza dos calções, acolitava o Pe. Juvenal. Ao lado, os jogadores do Torino demoravam-se nas fachadas. E, nas pedras, viam fintas e trabalho de grupo. Onde está a cruz?, perguntam os diáconos. Não se via. Ah! Está ali por detrás dos andaimes! Eis o sinal que logo ocorreu: a Igreja continua, como na catedral de Trento e sempre, em obras. Todavia, a cruz permanece! Diante dessa cruz, no dia 15 de julho de 1563, os padres conciliares decidiram, pelo decreto Cum Adolescentium Aetas, que as dioceses deveriam construir Seminários para a formação inicial dos clérigos. São Bartolomeu dos Mártires, que se distinguira nas sessões conciliares pela crítica profética, a favor da reforma da Igreja em sintonia com o Evangelho de Jesus, logo se empenhou a edificar um Seminário em Braga. Não foi tarefa fácil. Mas, vencidas as resistências, o Seminário Conciliar de S. Pedro começou a construir-se em 1571. Ainda inacabado, recebeu os primeiros alunos em 1572. Situava-se no Campo da Vinha. O edifício é identificável nos mapas antigos de Braga, no de 1594, conhecido por ‘Mapa de Gerog Braun’, e no ‘Mapa da Cidade de Braga Primas’, desenhado por André Soares, provavelmente em 1756. Desse edifício pode ver-se, em ilustrações antigas, a fachada principal. Encimava a porta principal uma epigrafia com a menção do fundador, Bartolomeu dos Mártires, do decreto tridentino para a criação dos Seminários, e a data de 1572, ano do início da sua atividade. Tal inscrição distribui-se em duas lápides. Neste momento, encontram-se apeadas no jardim do antigo paço episcopal. Em 1881, por iniciativa de D. João Crisóstomo de Amorim Pessoa, o Seminário transferiu-se para o Colégio de S. Paulo. E passa a denominar-se Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo. Do primeiro edifício, mais tarde demolido, transitam peças para a nova sede, entre outras, a porta, que é integrada na fachada do Colégio. Desloca-se assim a portaria para o Campo de Santiago. Instaurada a República e a ‘Lei da Separação’, o edifício do 2
Seminário é convertido em quartel para o Regimento de Infantaria, 29. Depois de passar por diversas casas, constrói-se um novo edifício, na rua de Santa Margarida, aberto em 1934. Mais tarde, em 1948, os militares saíram do edifício do Campo de Santiago, do qual se fez o ‘auto de cessação’ e transmissão do património para a Diocese. Nessa altura, subdivide-se a comunidade do Seminário: os alunos de teologia continuam no edifício de Santa Margarida, os de filosofia passam para ‘Santiago’. Em 1975, foi necessário dar apoio aos portugueses que voltaram das ‘colónias’ ultramarinas. Em gesto de genuína hospitalidade, a Diocese disponibiliza o Seminário de Santiago. Para libertar a casa, reintegram-se os alunos no Seminário de Santa Margaria. Os ‘retornados’ permanecem no Seminário até 1985. À sua saída, o edifício encontrava-se em más condições de habitabilidade. Depois de maturada ponderação, pareceu melhor fazer obras e adequar o edifício para a toda a comunidade do Seminário Conciliar. Os primeiros alunos transferem-se para as renovadas instalações, em 1995, inauguradas a 17 de dezembro por D. Eurico Dias Nogueira. No ano seguinte, fazem o mesmo os demais. A igreja de S. Paulo, também em avançado estado de degradação, seria reabilitada no ano 2000. E, em 2011, constrói-se a capela Árvore da Vida, premiada pelo ArchDaily com o prémio para melhor arquitetura religiosa. Enfim, o Seminário Conciliar é uma obra inacabada. A cruz, porém, permanece por trás do toldo dos tempos.
PALAVRA AOS REITORES 1. Que relação lhe parece ter existido e ainda existirá hoje entre os bracarenses e o Seminário? Como é que a sociedade civil vê o Seminário? Cón. António Macedo: Falando das suas origens, os bracarenses começaram por sentir a realidade do Seminário como um centro de irradiação para a sociedade civil. Entre outros meios, existiu entre nós uma associação diocesana com o nome O.V.S. (Obras das Vocações e Seminários), que chegou a ter uma publicação no Diário do Minho para informação e mentalização de todos os interessados. 2. Muito mais que uma escola, o Seminário é uma casa. Que passos lhe parecem ter sido mais determinantes nesta evolução registada ao longo do tempo? Mons. António Moreno: Ao longo do tempo parece ter existido mais diálogo de formadores-seminaristas e maior compreensão na aceitação de um saudável regulamento interno que todos se comprometem cumprir. Os formadores estão mais atentos aos possíveis e por vezes graves problemas com que os jovens se debatem. Essa compreensão fomenta o ambiente familiar que todos no Seminário deverão sentir. 3. Como é que cada cristão batizado se pode sentir diretamente implicado com a vida dos nossos Seminários? Cón. António Sepúlveda: Só um conhecimento mais aprofundado da vida do Seminário e das suas caraterísticas e possibilidades ajudarão um cristão a sentir-se mais implicado com a vida dos nossos Seminários, ou seja, com toda a dinâmica eclesial, a começar com a sua própria vida e as opções que é chamado a fazer. 4. De que forma o Seminário pode ser casa onde se vive a Caridade e onde as feridas de cada um e até de toda a Diocese podem e devem ser cuidadas?
Cón. Manuel Tinoco: As vocações nascem no seio das comunidades. Toda e qualquer vocação necessita de terreno onde possa florescer. Os Seminários são para ajudar a uma melhor descoberta da vocação e para o seu progressivo cultivo e discernimento. Ao falar do Seminário, falamos de algo que constitui o âmago da vida da Igreja, sendo, por isso, chamado coração da diocese. 5. Que importância considera que têm as Capelas dos nossos Seminários, recentemente renovadas, no diálogo entre o humano e o divino, em casas que são habitadas por jovens? Cón. José Paulo Abreu: Os jovens são ousados, gostam da inovação, procuram novos traços. Edifícios sem cheiro a mofo podem entusiasmá-los. Terão sempre, essas construções, como é o caso das que se mencionam, que inspirar quietude, contemplação, união com o transcendente. Pela via da beleza, abre-se uma autoestrada para o Deus Belo. 6. Se tivesse que escolher um lugar da casa, do Seminário, que seja aquele que considera mais importante para a vida da comunidade, qual escolheria e porque razões? Cón. Vítor Novais: Na transversalidade da vida comunitária, procuramos não permanecer presos aos espaços, mas viver abertos à surpresa e ao dinamismo do Reino. Eu diria que a nossa missão é alargar os espaços e os corações de cada seminarista, que implica flexibilidade, criatividade e abertura às novas ideias e descobertas. Algumas fortalezas e seguranças pessoais caem quando os ‘espaços interiores’, iluminados pela força do Espírito, começam a romper as paredes e encarnam em ‘espaços exteriores’, marcados pela beleza e encantamento: espaço celebrativo, desportivo, de convivência. Um espaço tem sentido quando é carregado de presenças. 3
ARTE
GESTOS DE AMOR Luís da Silva Pereira
Neste novo ano pastoral, e continuando o triénio dedicado à virtude da caridade, somos lembrados de que onde há amor nascem gestos. Não poderia haver melhor maneira de recordar esta máxima do que aproveitar alguma obra de arte que celebre o nascimento de Cristo. Que maior gesto de amor do que a encarnação do filho de Deus? Que maior gesto de amor poderia Deus dar-nos do que o seu próprio Filho? Nele deu-nos tudo o que poderia dar. Deu-se todo. O quadro que escolhemos para comentar é de um pintor flamengo chamado Geertgen tot Sint Jan. Não é dos mais conhecidos, mas julgamos que merecia maior atenção da crítica. Trata-se de um pintor que fascina pela simplicidade, pela harmonia das paisagens, pela maneira como sabe enquadrar perfeitamente as personagens no espaço, pela ternura com que pinta as personagens, pela sensibilidade à luz. Pouco sabemos da sua vida. Terá nascido em Leiden, entre 1460-65, e faleceu em Haarlem, em 1495. Em 1480 fixou-se no mosteiro dos irmãos de São João, em Haarlem, para cuja igreja pintou um importante retábulo. Daí o nome de Geertgen tot Sint Jans, que quer dizer “pequeno Gerardo de São João”. A sua pintura, predominante-
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mente de temas religiosos, carateriza-se por uma grande simplicidade. Devia ser uma personalidade muito sensível às crianças, dada a ternura com que as pinta. Desenha-lhes rostos ovais, cheios de ingenuidade e de inocência. A pintura que podemos observar representa a cena do nascimento de Jesus, durante a noite. É muito interessante a maneira como o artista consegue dar-nos o ambiente noturno. A tonalidade acastanhada, que mal deixa divisar S. José, atrás de Nossa Senhora, e a vaca, com o focinho quase encostado à manjedoura, bem como os pastores e as ovelhas, ao fundo, no monte, parece escurecer ainda mais pelo contraste com a luz do Menino. É um modo muito original de iluminar o quadro. Geralmente, os pintores optam por colocar a cena num espaço bem iluminado, ao ar livre, perto de uma porta ou janela, ou recorrem a uma candeia empunhada por S. José ou suspensa do teto da gruta. Aqui a fonte de luz é o próprio Menino. Proporciona não apenas uma solução técnica, mas transmite uma mensagem teológica. O pintor recorda as palavras de S. João no prólogo do evangelho, referindo-se ao Verbo: “Nele estava a Vida, e a Vida era a luz dos homens. A Luz resplandece nas trevas, mas as trevas
não a admitiram”. Para a imaginação humana, a luz significa vida, beleza, conhecimento. Reparemos no olhar deslumbrado dos cinco anjos de aspeto infantil, de mãos postas, significando oração e adoração. Um deles, abre os braços em sinal de espanto. Reparemos no rosto belamente delicado e espiritual de Nossa Senhora, a testa alta e ampla, os olhos comovidos, as mãos inclinadas para o filho, como se tivesse acabado de o colocar na manjedoura ou fosse pegar nele. O seu véu branco reflete fortemente a luz, contribuindo para iluminar a cena. Ao fundo, adivinham-se os pastores recebendo a mensagem do anjo que também irradia luz, mas muito menos do que aqueles que se encontram ao pé do Menino. Está mais longe. Provavelmente, esta iconografia foi influenciada pelas visões de Santa Brígida, famosa mística sueca dos finais da Idade Média (1303-1373). Numa das suas visões viu o Menino irradiando luz: “A Virgem ajoelhou-se. E enquanto assim estava orando, eu vi o Menino em seu ventre a mover-se. E de repente, ela deu à luz seu filho, que irradiava tão inefável luz e esplendor que o sol não era comparável a ele; nem a vela que S. José ali havia colocado dava qualquer luz”.
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SEMINÁRIO MENOR
COLUNAS QUE NOS SUSTENTAM ENCONTRO DE PRÉ-SEMINÁRIO Diogo Fernandes, 9º Ano
No dia 11 de dezembro, sábado, teve lugar o último encontro de Pré-Seminário antes das férias de Natal. Prosseguindo com a nossa dinâmica de construção, sempre sob o lema “Seminário: uma Casa ConVida”, este encontro incidiu sobre a importância das colunas que suportam e sustentam um edifício. Deste modo, uma das atividades realizadas, procurando promover o “quebra-gelo”, consistiu na escolha de uma coluna, por parte de cada um, procurando relacioná-la consigo mesmo. De-
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pois de algumas reflexões e partilhas, seguiu-se uma pausa pra o lanche. O grupo foi de seguida encaminhado para o nosso “estaleiro de obras”, no qual fomos desafiados a preparar o texto das preces e do ato penitencial para a Eucaristia que, mais tarde, teria lugar na Capela da Casa Sacerdotal. De destacar que na celebração um pré-seminarista tocou uma peça, Mignardise, que ajudou a enriquecer ainda mais este momento. Seguiu-se o almoço onde todos se puderam deliciar, não
apenas com os alimemtos partilhados, mas também com os agradáveis momentos de confraternização e convívio que esta ocasião sempre proporciona. A tarde começou com os trabalhos no “estaleiro”, com a construção das colunas, de acordo com o tema deste encontro, o que nos permitiu avançar na concretização do nosso projeto de edificação. Segui-se um tempo dedicado ao futebol, tendo o encontro terminado com o habitual momento do lanche.
SEMINÁRIO MENOR
A GRAÇA DA COMUNHÃO
ENCONTRO DE NATAL DO 12º ANO Gonçalo Alves , 12º Ano
No término do ano 2021, desafiador, construtivo e de entrega, reuniram-se, de 21 a 23 de dezembro, os seminaristas mais velhos do Seminário Menor de Braga, juntamente com os membros da equipa formadora, num momento único de partilha, comunhão e diálogo. Devido à pandemia Covid-19, grande parte deste encontro acabou por se realizar em locais não muito distantes de Braga e do próprio Seminário. No entanto, essa condicionante não afetou o bom desempenho e dinamização desta iniciativa. O encontro dividiu-se em três fases, sempre em lugares diferentes. Numa primeira fase, realizada no primeiro dia, logo após a conferência do Pe. Rui Santiago, Provincial Espiri-
tano, que teve lugar no contexto do Encontro de Natal do Clero da Arquidiocese, os seminaristas dirigiram-se à cidade do Porto para dialogarem e conviverem um pouco com este mesmo sacerdote, que partilhou com o grupo o seu testemunho e experiência de vida no sentido de melhor reconhecermos a importância de cada vocação. Já o segundo dia iniciou com a celebração da Eucaristia na capela Cheia de Graça, no Seminário Menor. De seguida, realizou-se uma longa viagem até Pitões das Júnias, no município de Montalegre, onde observamos a rusticidade e beleza do local. Este dia foi marcado pelos momentos de diálogo entre os seminaristas e a equipa formadora que possibili-
taram uma avaliação do percurso de discernimento que cada um tem vido a fazer e também do primeiro trimestre do presente ano letivo, contando também com momentos de convívio e descontração! No dia 23, realizou-se, então, a terceira e última fase deste encontro, que se iniciou com a celebração do Ofício de Laudes em comunidade. Este último dia foi dedicado a uma visita ao Arciprestado de V. N. de Famalicão e a uma comunidade de sacerdotes, a qual deu o seu testemunho de vivência em comunidade, onde é necessário lidar e conciliar diferentes experiências e vidas diversas. Esta partilha reforçou a nossa motivação para, no futuro, procurarmos também viver sempre em comunidade.
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SEMINÁRIO MAIOR
ABERTURA SOLENE DOS SEMINÁRIOS Nuno Silva, 1º Ano
A 7 de novembro, cumpriu-se a tradicional abertura solene dos Seminários, reunindo a comunidade do Seminário Maior e do Seminário Menor, estando esta iniciativa inserida no fim de semana em que terminou a Semana de Oração pelos Seminários. Esta atividade acontece com o intuito de assinalar, de um modo mais solene, a abertura das aulas, iniciando-se mais um ano na vida dos Seminários. Tratando-se de um início, contudo, não podemos encará-lo como sendo mais um como tantos outros, pois cada ano apresenta uma proposta explícita sobre o projeto que todos devemos assumir e abraçar. Esta celebração contou com as intervenções do Sr. Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, do Sr. Reitor do Seminário Conciliar, o Cón. Vítor
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Novais, do Sr. Diretor do Seminário Menor, o Cón. Mário Martins, e da Dra. Lígia Pereira. Para dar início a esta cerimónia, contamos com a presença do coro do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo que nos presenteou, como não poderia deixar de ser, com o hino do Seminário e com mais duas canções de cariz tradicional. Intercalado com este momento cultural, ouvimos as palavras proferidas pelo eminente Cón. Vítor Novais numa intervenção intitulada “Conciliar o Seminário: um acutilante desafio”. Posteriormente, a Dra. Lígia Pereira apresentou-nos uma reflexão intitulada “Pastores de hoje à semelhança do Frei Bartolomeu dos Mártires”, pela temática “Ardei e Iluminai”, envolvendo com as suas sábias palavras todos os que atentamente
as captavam. Advertiu ainda para a importância da oração, bem como para o cuidado a ter, principalmente nas homilias, com as palavras escolhidas, dado que é um espaço apropriado para animar o povo de Deus no crescimento e alimento da fé. Por fim, mas não menos importante, fomos carinhosamente aconchegados com o saber do pastor diocesano, D. Jorge Ortiga, que, uma vez mais, nos falou da importância da oração no nosso caminho espiritual, através da qual nos tornamos mais fortalecidos e capazes de ultrapassar as nossas dificuldades. Esta abertura solene dos Seminários culminou com a celebrada da Eucaristia, presidida pelo Sr. Arcebispo e concelebrada pelos reverendíssimos sacerdotes que compõem as equipas formadoras dos Seminários.
SEMINÁRIO MAIOR
FESTA DAS FAMÍLIAS Carlos Abreu, 5º Ano
No passado dia 08 de dezembro, os Seminários Arquidiocesanos celebraram a solenidade de Nossa Senhora da Conceição. O dia começou com a celebração da Eucaristia na Capela Imaculada, no Seminário Menor, presidida pelo Bispo Auxiliar, Dom Nuno Almeida, que deu início à sua homilia com uma saudação: “Sob o olhar amoroso e sob o manto materno da Senhora da Conceição, vivemos este feliz encontro de famílias, ou seja, da comunidade alargado dos nossos Seminários. É um dia especial no nosso caminho de Advento, em que brilha a estrela de Maria Imaculada Conceição, sinal seguro de esperança e alegria para todos.” O prelado salientou ainda que esta solenidade nos mostra a origem do bem e do mal, ou seja, da nossa condição vulnerável ao pecado. Lembrou aos presentes que, tal como Maria, devem mostrar-se disponíveis, saber dizer o “Sim”, vencer os seus medos e os seus “nins”. O Bispo Auxiliar terminou a sua
homilia com uma mensagem do Papa Francisco: “Peçamos a Nossa Senhora uma graça: que ela nos liberte da ideia enganosa de que o Evangelho é uma coisa e a vida é outra; que ela nos ilumine com entusiasmo ao ideal de santidade”. Após um almoço em família, fomos presenteados com uma excelente tarde cultural, cujo discurso de abertura foi feito por D. Jorge Ortiga. Durante a tarde, seguiram-se várias atividades preparadas, com empenho e carinho, pelos seminaristas de ambos os Seminários. Pelo palco do Auditório Vita foram passando os seminaristas, revelando os seus talentos em diversas áreas: assistimos a um jogral, representado pelo Propedêutico e 1.º ano; a peças tocadas ao piano; à atuação dos coros dos Seminário Menor e Maior: à habitual apresentação da peça de teatro de São João Bosco, que se revela sempre uma agradável surpresa; terminando com a atuação do Grupo de Cantares.
Destaque para duas revelações: uma peça tocada na harpa, executada por um seminarista do Seminário Menor, e uma bela reflexão feita pelo seminarista Jaimito, do Seminário Conciliar, a partir da leitura de um poema de Jorge de Sena. O quebra-gelo, momento de criatividade e de boa disposição, ficou à responsabilidade do Propedêutico e do 1º ano do Seminário Maior. O discurso de encerramento foi proferido pelo Reitor do Seminário Conciliar, o Cón. Vítor Novais, onde agradeceu a todos pelo bom momento de convívio proporcionado, demonstrando também alegria por ter sido possível realizar este encontro das famílias, uma vez que no ano passado não o foi, devido ao contexto pandémico que vivemos. Este dia terminou com um lanche convívio das famílias e seminaristas de ambos os Seminários, ficando o deseje de que no próximo ano se volte a realizar.
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SEMINÁRIO MAIOR
COMPROMETIDOS E CONFIGURADOS COM CRISTO RECOLEÇÃO DE ADVENTO João Pedro Santos, 5º Ano
“O compromisso com um mundo ferido”. Este foi o tema com que o Pe. Bruno Nobre, sj desafiou o grupo de seminaristas dos 4º e 5º anos, na Recoleção de Advento, que ocorreu nos dias 10, 11 e 12 de dezembro no Centro Espírito Santo e Missão, na freguesia da Silva, em Barcelos. Ao longo destes três dias, o orientador da Recoleção baseou-se nos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loiola, a fim de despertar o grupo para a necessidade da oração pessoal. Ao principiarmos, assistimos a uma primeira parte do documentário HUMAN, que chamou à atenção dos presentes para uma certa sensibilidade relativamente às lutas que os seres humanos travam para serem aceites na sua sociedade ou até mesmo para sobreviverem. No sábado, dia 11, os participan-
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tes receberam pontos que estimulavam a oração pessoal, a partir de uma passagem bíblica e uns pequenos tópicos de reflexão aos quais cada um dos seminaristas foi convidado a responder (como linhas orientadoras para uma análise da sua vida à luz da Palavra de Deus). O objetivo pretendido com tal dinâmica centrava-se no discernimento que cada um tinha de realizar para que, a partir do seu íntimo, pudesse encontrar respostas sobre o olhar, a confiança ou até mesmo a disponibilidade, que através do silêncio estes momentos proporcionam. No último ponto da tarde, a interpelação englobava a leitura espiritual. Foi-nos facultado o quarto capítulo do livro “A arte de viver em Deus” de Timothy Radcliffe, pelo qual nos foi sugerido pensar que Deus está disposto a ser presença
nas nossas dores e penas. Ao culminar do dia, a proposta foi a de visualizar-se o primeiro episódio da primeira temporada da série The Chosen, que é baseada na vida de Jesus de Nazaré. Já no domingo de manhã, o Pe. Bruno propôs-nos o tema “acolher a vontade de Deus com docilidade”, que tinha como ponto de partida o texto de Lc 1, 26-38 sobre o relato da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. E foi a partir deste excerto que o sacerdote nos questionou sobre o que é que nos provoca medo e o que é que Deus nos está a pedir. Em suma, o objetivo geral desta Recoleção dos seminaristas dos 4º e 5º anos era o de cada um entender em que ponto se encontra no seu processo de Configuração que a nova Ratio Fundamentalis Institucionis Sacerdotalis propõe.
PASTORAL UNIVERSITÁRIA
VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO: UM COMPROMISSO QUE TRANSFORMA O NOSSO OLHAR Cláudia Ramalho Ferreira, Mestrado em Formação, Trabalho e Recursos Humanos
Nascemos, crescemos e, num instante, estamos prestes a ingressar no Ensino Superior. É um misto de sentimentos que perpassam este momento das nossas vidas. Por um lado, preocupações, medos e angústias, enchem o nosso espírito. É uma nova e importante etapa da vida de qualquer jovem, que, por vezes, é vivenciada longe daqueles que mais amamos, da nossa família, dos nossos amigos. Por outro lado, alegria e entusiasmo, por aquilo que ainda é desconhecido, mas que, de tanto ouvirmos falar, nos é de certa forma familiar. Deparamo-nos rapidamente com a vida académica, mas também com a consciência de que esta não se resume apenas a aulas, palestras e formações que se circunscrevem às quatro paredes da universidade. Existem tantas outras atividades em que nos podemos integrar e enriquecer. As Associações Académicas e grupos culturais (Rancho Folclórico, Tunas…) são exemplo disso. Mas ainda mais desafiante é o Voluntariado Universitário. Mais do que nunca, é fundamental que um jovem, nos dias de hoje, procure enriquecer a sua formação académica e pessoal com dimensões que o possa ajudar a tornar-se melhor preparado para o mercado de trabalho e, de um modo particular, para intervir na sociedade de forma construtiva e, para isso, importa dotar-se, ao longo desse cami-
nho, de competências e saberes que provenham de variadas experiências de enriquecimento social, humano e académico, nas quais o voluntariado se integra e faz verdadeiramente a diferença. Mobilizados por estas motivações, os universitários acabam por encontrar um verdadeiro caminho de conquistas, de crescimento pessoal, espiritual e social, de companheirismo, de felicidade e de amor ao abraçarem o voluntariado. Além disso, é certamente um caminho de reencontros. Reencontro consigo mesmo, com o outro, com Deus… Há tanto por fazer e por melhorar, e nós, enquanto estudantes, temos o privilégio de poder fazer mais, fazer melhor. Comprometermo-nos é algo que tendemos a não fazer, talvez por egoísmo, por indiferença, por receio de falharmos,…. No entanto, é crucial que reflitamos e nos proponhamos a abraçar esta tão nobre causa por inteiro. Comprometermo-nos a questionar a vida e a procurar respostas, a ser mais pacientes e a saber ouvir. No fundo, a
ser missão no dia a dia. A Pastoral Universitária de Braga tem colocado a sua atenção nesta vertente da formação dos jovens, propondo variadas ações de voluntariado e estimulando-nos a sermos audazes nas nossas escolhas. Foi neste espírito que recebeu, no Centro Pastoral Universitário, no passado dia 6 de dezembro, Mark Mekelburg, da Operação Nariz Vermelho, e Armando Osório, da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, para celebrar o Dia Internacional do Voluntariado e partilhar com os muitos jovens presentes experiências concretas de serviço ao outro, de amor ao próximo. O compromisso exige a pessoa por inteiro. Exige estar. Exige ser. Uma dimensão de entrega que podemos relembrar nas palavras do grande poeta Fernando Pessoa, através do seu heterónimo Ricardo Reis: Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes.
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PASTORAL DE JOVENS
CAMINHOS DA MISSÃO E PARA A MISSÃO Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens
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Que o Senhor vos conceda o Seu amor e Graça.
O ano Pastoral tem avançado cheio de altos e baixos. A pandemia vai marcando o modelo das nossas atividades e caminho pastoral, mas não o ritmo nem o entusiasmo que vamos partilhando. Este ano conseguimos, sem comprometer a segurança sanitária, levar a cabo o Dia Arquidiocesano da Juventude no modelo presencial. Optamos por um dia mais voltado e desenvolvido ao ar livre e, sem que a chuva ameaçasse estragar a festa, este dia, celebrado no arciprestado da Póvoa de Lanhoso, foi marcado por animadas, mas também profundas, caminhadas. Sob a tónica “onde há amor, nascem gestos”, este foi um dia em que a oração e a música se uniram à ação pastoral, procurando promover o encontro com Cristo, tal como a juventude arquidiocesana tem vindo a desenvolver. O tema das Jornadas Mundiais da Juventude foi também estando presente e as trocas de ideias foram fluindo. Porém, este não foi um dia de “organização para as JMJ’23”. Este foi, antes, um dia para aprender de Ma-
ria a arte de um sim em que o amor é traduzido em ações concretas – a fé professada não existe dissociada daquilo que fazemos e somos no nosso quotidiano. Nesta certeza, tanto as caminhadas, como depois, através da animação promovida pela Banda da Paróquia, tudo levou a manter a juventude conectada com a fé vivida. Uma conexão que se prolongou pelas partilhas e pela oração ao longo de todo dia e que veio a culminar no envio em missão: uma missão que se desenvolve e realiza sob a exigência do amor – um amor que vence barreiras e vai para além do comodismo e da apatia. Este dia arquidiocesano manifestou a força jovem da nossa Arquidiocese: estes não são os jovens de amanhã – são os jovens de hoje! Não são os cristãos que, um dia, irão transformar o mundo – mas os cristãos que, no hoje, transfiguram, com amor e fé, a realidade em que estão inseridos.
Propriedade do Seminário de Nossa Senhora da Conceição
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