“Voz de Esperança Set/Out 2018”

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SET - OUT / 2018

A ABERTURA À VIDA E À MISSÃO QUE DEUS CONFIA

Director: P.e Mário Martins Chaves Rodrigues Ano XXIII - 6ª Série | Nº 66 | Bimestral 1,00 €

“A vida em missão não é acreditar em “acasos”, mas acreditar que tudo é obra de Deus se abrirmos o nosso coração à Sua vontade”. José Miguel Martins Serrão Págs. 2-3

“LOUCO PELOS OUTROS” “A vida desperta para um novo sentido e para uma renovada esperança quando cada um é capaz de ousar vivê-la «louco pelos outros»”. Manuel Matias Pág. 7

EDITORIAL

A HOSPITALIDADE, SINAL DE ESPERANÇA A missão que Deus nos confia, através do dom da vocação, entranhado no lugar mais íntimo de nós mesmos, como dizia Santo Agostinho, e concretamente no início de um novo ano, requer uma atitude de abertura para acolher e fazer germinar e crescer as sementes de esperança que Deus lança na sua sementeira, provocando continuamente uma resposta generosa e um compromisso pessoal. No contexto de um ano missionário, com a nossa Igreja particular a sublinhar a importância de sermos alegres na esperança e de tecermos comunidades onde todos se sintam acolhidos e motivados para a missão, em qualquer tempo e lugar, queremos acolher a proposta deixada por Pedro (cf. 1 Pe 4, 9) que nos desafia a todos a sermos esperança no caminho de discernimento pessoal na comunidade do Seminário, praticando uma das mais importantes virtudes humanas e cristãs: a hospitalidade. É com este intuito de implementar um ritmo de acolhimento como modo de ser esperança e viver a missão que este número do nosso jornal Voz de Esperança faz ressoar o eco de um novo ano, não deixando de fora as atividades que enriqueceram este tempo de descanso que não se deixou confundir com um tempo de ociosidade vã. Entre elas, destacamos a festa dos padroeiros do Seminário Conciliar, as ordenações sacerdotais, a peregrinação a Santiago de Compostela, o encontro de férias, este ano no arciprestado de Guimarães e Vizela, e a atividade de voluntariado, na Casa de Saúde de S. João de Deus, em Barcelos. Por fim, queremos também registar a nossa gratidão ao Pe. Afonso Sousa que, nos últimos anos, partilhou o seu ministério connosco, numa entrega total à causa do discernimento vocacional como diretor espiritual do Seminário Conciliar e que a Igreja chamou a outra missão. Ao acolhermos este novo ano pastoral e letivo, com alegre e renovada esperança, desejamos a todos uma frutuosa missão.


VISÃO

A ABERTURA À VIDA E À MISSÃO QUE DEUS CONFIA José Miguel Martins Serrão

“Se acreditares” (Jo. 11, 1-44) O evangelista João não é apenas para ser lido como se de uma obra literária se tratasse. Há uma colossal dinâmica profunda de Deus. Uma dinâmica que está presente no caminho que o ser humano percorre na sua busca de Deus. A procura de sentido na vida – o Amor. Quando falamos de Amor tocamos o mais profundo do Mistério Absoluto que é Deus e a condição humana. Neste relato que nos é apresentado, Lázaro está doente. As irmãs, Maria e Marta, dão conhecimento a Jesus. O recado é um pedido, uma oração, um sinal de fé e de esperança no Senhor da Vida. Notai que Jesus diz que “essa doença não é para a morte, mas para a glória de Deus” (Jo. 11, 4). Na verdade, nenhuma doença é para a morte, mas para a vida. Ninguém sofre porque quer, sofre com o sentido de esperar a verdadeira e plena felicidade. Porém, os discípulos de Jesus estavam com medo de ir novamente para a Judeia. O medo muito frequentemente nos mergulha profundamente nas trevas da noite, na medida em que não nos deixa ver o evidente da Vida. Percorremos muitos caminhos quando um só é o caminho – Jesus Cristo. Neste caminho de discípulos do Senhor não há lugar para o medo, porque somos chamados a ser testemunhas da Luz da Vida que é Cristo. “Se alguém caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas se alguém caminha de noite tropeça, porque nele não há luz” (Jo. 11, 9-10). Jesus diz claramente que vai a casa de Lázaro para lhe devolver a vida, mas os discípulos persistem na dúvida, porque “pensaram que Ele falava do sono natural” (Jo. 11, 13). Na verdade ser discípulo do Senhor não é viver enclausurado apenas na morte, mas acreditar no quebrar das cadeias da morte, que é a Vida. Tantos de nós vivemos ainda em Sexta-feira Santa... Por isso, o seguir Jesus é um caminho exigente, mas devemos saber que na Missão a que o Mestre nos chama, Ele faz-

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-se presente e por isso só n’Ele confiamos, sabendo em quem acreditamos, porque tudo podemos n’Aquele que nos conforta, como nos refere o apóstolo São Paulo. O evangelista coloca-nos então diante de um acto de Fé em que coloca na boca de Jesus a afirmação de que Ele é a Ressurreição e a Vida, e deixa-nos a pergunta pelo próprio Jesus: “Acreditas nisto?” (Jo. 11, 26). Nós acreditamos que Jesus é a Ressurreição e a Vida? A resposta chega-nos neste extraordinário acto de Fé através de Marta: “Sim, Senhor. Eu acredito que Tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este Mundo” (Jo. 11, 27). A Fé é sempre um acto de confiança envolto no Mistério Absoluto que é Deus. A vida em missão não é acreditar em “acasos”, mas acreditar que tudo é obra de Deus se abrirmos o nosso coração à Sua vontade. Jesus manda chamar Maria que chorava na desolação pela perda da vida do irmão. Maria estava desolada, sem saber para onde caminhar e cai aos pés de Jesus (Jo. 11, 28-32). Quantos de nós, em muitas situações não experienciamos esta desolação de Maria e acabamos sempre por cair aos pés do Nosso Mestre e Senhor? Mas Jesus, não desiste de nós, e tal como Maria, sempre nos chama e devemos estar sempre dispostos e prontos a responder como seus discípulos. A verdade é que sem Ele nada podemos fazer. Na vida cristã, não façamos nada sem a presença de Jesus, ou seja, acreditando no poder da oração, para que seja Ele a proceder por nós. Mas, notai que o evangelista nos relata que Jesus chora e comove-se com todo aquele cenário (Jo. 11, 35). Jesus chora. Chorar é acto muito humano. A verdade é que temos um preconceito muito negativo do “chorar”. Chorar e rir regula as nossas emoções e por isso não é negativo chorar, bem pelo contrário. Chorar faz falta. Jesus chora porque sendo Deus é homem como nós, e chora connosco também. “Senhor, já cheira mal” (Jo. 11, 39), disse Marta para Jesus. Também nós muito frequentemente cheiramos mal, diante dos nossos desvios de Deus, quando retira-

mos os nossos olhos dos olhos de Deus, porém Jesus insiste “se acreditares” (Jo. 11, 40). E é por este acreditar que Jesus devolve a vida ao seu amigo Lázaro. Jesus não faz milagres em busca de espetáculos. Jesus realiza milagres para dizer que a Fé salva, que a Fé é Vida, é Esperança e a maior delas todas: a Fé é Amor. Nós somos hoje chamados a tomar nas nossas mãos a Vida que Jesus nos dá, com todas as suas contrariedades e alegrias, mas contemplando a alegria de podermos ter na nossa vida um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo e nos pede para que estejamos vigilantes à Sua voz, porque a resposta não está nas luzes exteriores, mas na Luz que brota do interior e irradia as nossas trevas de uma vez para sempre. Basta-te a minha graça! Saibamos abrir-nos à vida em Deus, confiando na missão que Ele tem para nós.

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ARTE

SINAIS DE ESPERANÇA (6) A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO Luís da Silva Pereira

Jan Lievens é um notável pintor holandês que nasceu em Leiden, em 1607, e faleceu em Amsterdão, em 1674. Grande amigo de Rembrandt, com ele até partilhou um estúdio, de 1626 a 1631. Não é por isso de estranhar que alguns dos seus quadros tenham sido, durante muito tempo, atribuídos ao autor da “Ronde Nocturna”, devido por certo a certas semelhanças estilísticas. Pintou temas religiosos, mitológicos, cenas de género, paisagens, alegorias. Durante a sua permanência em Antuérpia dedicou-se à pintura de excelentes retratos, certamente influenciado pelo grande retratista Van Dyck. Nota-se também no seu estilo uma influência evidente dos caravaggistas, pelos tons escuros e dramáticos de algumas das suas obras, entre as quais a que vamos analisar. O quadro representa a ressurreição de Lázaro e terá sido pintado entre 1630 e 1635. O texto inspirador é o do evangelista S. João, cap. 11, 1-44. Obviamente, o lugar central é ocupado pela figura de Jesus Cristo, reconhecida imediatamente por um leve nimbo à volta da cabeça e por ter as mãos unidas e os olhos levantados para o céu, significando que pede ao Pai que mostre a sua glória para que os homens acreditem. Repare-se que está numa posição superior à do túmulo e afastado das outras personagens, mostrando que 4

só Ele e ó Senhor da vida e da morte. A cor das vestes é uma cor escura, condizente com o ambiente sombrio e dramático e até mesmo tétrico do túmulo escavado. Esse é um dos elementos que mostram a evidente influência de Caravaggio. Desloquemos a nossa atenção para as figuras, meio diluídas na sombra, que se juntam do nosso lado direito. Atrás deles vê-se, ao fundo, uma luz avermelhada, muito ténue, certamente da entrada do túmulo. Uma delas é uma figura feminina, especialmente iluminada e à frente dos outros. Será, por certo, uma das irmãs de Lázaro, por cuja influência Cristo decide chamar o amigo de novo à vida. Tem a boca entreaberta de espanto e os dedos das mãos entrelaçados de comoção. As duas figuras masculinas poderão representar, uma delas, S. Pedro, e a outra, um dos amigos de Lázaro ou algum dos judeus que presenciaram o milagre. Um dos elementos que dão alguma luz ao quadro é o grande lençol branco que um empregado puxa do túmulo, deixando Lázaro descoberto. Como que desvenda o que a morte fez daquele corpo. Aparentemente, é um gesto que contradiz a narrativa evangélica: Cristo manda que retirem as faixas em que o morto estava envolvido. Aquilo que o criado puxa não são ligaduras, mas um grande lençol que envolvia o defunto. O mesmo aconteceu com Cristo, cujo corpo foi

envolvido por uma síndone ou lençol. O que há de mais original no quadro, em nosso entender, é a maneira como o pintor nos sugere o momento da ressurreição. Ao contrário da maior parte dos pintores que pintam a figura inteira de Lázaro, de pé, ou ainda envolta em faixas ou já despojado delas, aqui o momento em que a vida volta a tomar posse do corpo, que já cheirava mal, é-nos dado apenas por duas mãos que saem do túmulo, direitas, completamente verticais, como se quisessem ardentemente tocar a luz do sol. A propósito, convém dizer que a obra de arte, para ser expressiva e eficaz, não precisa de mostrar tudo com realismo, por vezes incómodo e chocante, como agora está na moda. À arte basta-lhe sugerir. Frequentemente, dizendo menos, diz muito mais. Nós somos suficientemente inteligentes para percebermos o que não se vê ou o que não se diz. Curiosamente, num quadro de Caravaggio sobre o mesmo tema, vemos Cristo a fazer um gesto com a mão muito semelhante ao gesto de Adão na pintura da criação do homem de Miguel Ângelo. Lázaro reage levantando para Cristo uma só mão. Todo o resto do corpo está ainda flácido, morto. Caravaggio quis dizer-nos que a ressurreição de Lázaro é uma espécie de nova criação e que quem acredita em Cristo espera, ainda que morra, a vida para além da morte.


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SEMINÁRIO MENOR

UM TEMPO DE REPOUSO… PARA O (RE)ENCONTRO ENCONTRO DE FÉRIAS DO SEMINÁRIO MENOR Luís Casanova, 10º ano

Entre os dias 9 e 13 de julho decorreu em Guimarães o encontro de férias do Seminário de Nossa Senhora da Conceição de Braga, onde participaram os seminaristas, os seus sacerdotes formadores e diretores espirituais, possibilitando a todos um tempo de repouso e partilha que procurou favorecer o (re)encontro com Deus e com os outros. Assim sendo, no dia seguinte à chegada a Guimarães, os seminaristas e a equipa formadora realizaram uma caminhada até ao Santuário de Nossa Senhora da Lapinha. Neste santuário o grupo viveu um momento de oração, através da recitação do terço. Depois disso, a caminhada prosseguiu até ao Santuário de São Bento das Pêras, que reconforta e encanta com a paisagem que se pode contemplar a partir do seu magnífico miradouro. De salientar que este dia de caminhada, que exigiu um particular esforço físico, procurou despertar para as dificuldades dos caminhos da nossa vida e para a importância de sempre as superarmos unidos a Cristo Jesus. Por sua vez, ao final do dia foi realizado um jogo de bowling, um momento de verdadeira descontração participado por todos, com o objetivo de fortalecer os laços de amizade entre os seminaristas e a equipa formadora. Com a semana já a meio, no dia 11, realizou-se um tempo de recole6

ção orientado pelos diretores espirituais, de modo a avaliar também a evolução conseguida e o caminho interior percorrido por cada um ao longo de todo o ano. A tarde desse mesmo dia foi de diversão e convívio, na piscina, sendo que a noite foi duplamente animada, primeiro por um churrasco preparado pelos seminaristas e depois por uma sessão de karaoke, onde estes e os seus formadores mostraram as suas aptidões para o canto quer de músicas portuguesas quer estrangeiras. A manhã do dia seguinte presenteou o grupo com uma surpresa, na medida em que tiveram o privilégio de falar, através da internet, com a miss Itália de 2012, Giusy Buscemi, que partilhou como Deus a ajudou

no seu caminho para conseguir realizar o seu sonho e alcançar a felicidade desejada. A noite deste dia ficou marcada por uma visita ao centro histórico de Guimarães, onde todos tiveram a possibilidade de ficar a conhecer mais sobre este lugar. Já no último dia do encontro, o grupo visitou o Paço dos Duques e o Castelo de Guimarães, terminando depois com um almoço convívio. Em jeito de conclusão, importa referir que, no final deste encontro, a alegria e a boa disposição eram comuns a todos, na medida em que os momentos vividos e partilhados permitiram o (re)encontro desejado e sedimentaram a união entre todos aqueles que compõem a comunidade do Seminário.


SEMINÁRIO MENOR

“LOUCO PELOS OUTROS” Manuel Matias, 11º ano

Os alunos do 11º ano do Seminário de Nossa Senhora da Conceição tiveram um tempo de férias repleto de atividades e experiências, com destaque para uma semana de voluntariado na Casa de Saúde São João de Deus, em que cada um foi desafiado a viver «louco pelos outros». Deste modo, logo após o encontro de férias que envolveu toda a comunidade do Seminário, os alunos do 11° ano pparticiparam num encontro com o seu futuro diretor espiritual, o P.e Álvaro Balsas, com o grande objetivo de ajudar a estreitar laços entre estes seminaristas e o sacerdote em causa. O encontro teve lugar em Santo Tirso, sendo que na parte da manhã o grupo participou num pequeno momento de oração individual no Colégio das Caldinhas, instituição de ensino da Companhia de Jesus, seguindo-se depois a celebração da eucaristia. Depois do almoço foi-lhes apresentada a casa. Seguiu-se uma visita ao mosteiro de São Bento, terminando o encontro com um passeio pelo centro da cidade. Mais tarde, já no dia 8 de agosto, o futuro 12° ano foi convidado a participar na atividade “Agosto em Lazer”, na Casa de Saúde de São João de Deus, em Barcelos. Esta atividade, que se prolongou até ao dia 15, procurou desafiar cada participante a ser «louco pelos outros». No primeiro dia foi apresentada a casa a todos os vo-

luntários, para que quem já a conhecia pudesse rever os utentes e quem chegava de novo pudesse perceber como a mesma funciona. De seguida, foi tempo de conhecer a unidade na qual se realizaria o voluntariado, assim como aqueles com quem seria feito, terminando com um momento de oração que se viria a repetir na rotina diária. Ao longo da semana, os seminaristas voluntários ajudaram os utentes nas suas atividades diárias, assim como nas refeições, sobretudo aqueles que revelavam maiores dificuldades, participando também com eles na celebração da missa. As tardes foram sempre preenchidas com alguma atividade, umas vezes com os utentes e outras somente com o grupo de voluntariado. No caso das primeiras, os voluntários procuravam fazer companhia aos utentes, uma vez

que muitos deles se sentem abandonados, levando-os a apanhar sol, sobretudo os mais idosos, pois passam muito tempo dentro das unidades. O dia encerrava sempre com uma oração como forma de rever os momentos vividos e avaliar o que se aprendera. Nesta semana de voluntariado foram também dedicados dois dias a uma reflexão acerca de como achamos que os outros nos veem e como nós nos vemos interiormente, após a visualização do filme “Big Fish”. No final desta experiência, após um breve encontro com os voluntários e as suas famílias, “todos levavam no coração uma perceção bem diferente daquela casa, certos de que a vida desperta para um novo sentido e para uma renovada esperança quando cada um é capaz de ousar vivê-la «louco pelos outros»”.

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SEMINÁRIO MAIOR

SEMINÁRIO CONCILIAR ASSINALA A SOLENIDADE DOS SEUS PADROEIROS Equipa de Comunicação Faz Sentido

No dia 29 de junho celebra-se a solenidade de São Pedro e São Paulo, apóstolos e padroeiros do Seminário Conciliar de Braga. Neste dia, a família Seminário juntou os seminaristas (do Seminário Maior e Menor), colaboradores, formadores, e, com a presença do Sr. Arcebispo Primaz, celebraram a eucaristia, em que 5 diáconos fizeram o seu juramento de fidelidade, com vista ao sacerdócio. O dia ficou assim marcado pelo convívio e alegria por aqueles que tiveram a coragem de dar o seu “sim” a Deus. O dia de São Pedro passou a celebrar-se a 29 de junho a partir do século III ou IV, bem como o dia de São Paulo. Historiadores justificam a criação da referência aos dois santos para ocupar o lugar de uma antiga celebração pagã que comemorava no mesmo dia a festa de Rómulo e Remo, considerados os pais da cidade de Roma. A festa é uma das mais antigas do ano litúrgico, bem mais antiga que a própria festa do Natal. Em Roma, a tradição mandava celebrar neste dia três missas: a primeira na Basílica de São Pedro, a segunda em São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos tiveram de ser escondidas por algum tempo, para escapar às profanações. Os mais crentes atribuem 29 de junho como o dia em que a transladação dos restos mortais de Pedro e Paulo 8

foi feita para São Sebastião, devido à perseguição do imperador romano Valeriano, em 257. Simão, filho de Jonas e irmão de André, foi o primeiro entre os discípulos a confessar que Jesus era Cristo, Filho de Deus vivo, por quem foi chamado Pedro. Paulo, o apóstolo dos gentios, pregou Cristo crucificado aos Judeus e aos Gregos. Ambos, na fé e no amor de Jesus Cristo, anunciaram o Evangelho na cidade de Roma e morreram mártires no tempo do imperador Nero: Pedro, segundo a tradição, foi crucificado de cabeça para baixo e sepultado no Vaticano, junto à Via Triunfal; Paulo morreu ao fio da espada e foi sepultado junto à Via Ostiense. O triunfo dos dois apóstolos é celebrado neste dia com igual honra e veneração em todo o orbe da terra.

São Pedro ficou conhecido como “Príncipe dos Apóstolos” e foi também o primeiro Papa da Igreja Católica. Mas, antes de tudo isso, Pedro nasceu Simão, na Galileia. É no Evangelho de São Lucas que se encontra relatado o momento em que o pescador Simão decide seguir Jesus Cristo. A noite dos pescadores tinha rendido pouco peixe. Jesus, que se encontrava a pregar no Mar da Galileia, entrou no barco de Simão e disse-lhe: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para a pesca”. Simão e os outros pescadores, entre os quais os futuros apóstolos André, Tiago e João, voltaram a lançar as redes e, desta vez, quase não tiveram mãos a medir. O episódio, ficou conhecido como “Pesca Milagrosa”.


SEMINARISTAS EM PEREGRINAÇÃO A SANTIAGO DE COMPOSTELA Seminaristas do 5º ano

Uma peregrinação carateriza-se por ser um tempo de redescoberta interior da fé que nos anima. Neste sentido, uma peregrinação tem uma dimensão de interioridade espiritual bem apurada, mesmo quando é feita em grupo. Os seminaristas do 5º ano do Seminário Conciliar de Braga, que abarca seminaristas das dioceses de Braga e Viana do Castelo, percorreram, entre os dias 4 e 12 de julho, as etapas do Caminho de Santiago entre Braga e Santiago de Compostela. Para os seminaristas Ângelo Machado, José Miguel Neto, João Castro, Francisco Remi, Paulo Alves e Pedro Sousa esta caminhada foi um tempo de discernimento vocacional que estimula a confiar, mais do que nunca, na Providência Divina. Só com um forte sentido de confiança em Deus é possível ultrapassar as dificuldades do caminho, o que se pode transpor para a totalidade da nossa vida. As Escrituras mostram-nos em inúmeros exemplos a necessidade de percorrer um caminho para podermos chegar a Deus. Após a morte de Cristo, Jerusalém tornou-se um local de peregrinação por excelência, mas os locais que os apóstolos percorreram, segundo a Tradição, também. No caso de Compostela, a fundação da cidade e a origem das peregrinações à mesma estão ligadas à alegada descoberta dos restos mortais do apóstolo S. Tiago (filho de

Zebedeu), ocorrida no século IX, que deu uma importância religiosa crescente ao local. A partir dessa altura, a cidade desenvolveu-se graças à popularidade crescente como destino de peregrinação e, a partir do século XVI, também à criação da universidade. Na atualidade, a cidade deve também parte da sua importância ao estatuto de capital da Galiza. A peregrinação a Santiago impulsionou o desenvolvimento de uma rede de caminhos a que se associou a construção de infra-estruturas básicas: hospitais, albergues, hospedarias. Durante a Idade Média, o Caminho de Santiago gerou grande diversidade de atividades e intercâmbio. Nas localidades por onde passava, os mercados eram famosos, autênticos palcos de troca entre produtos locais e de outras terras. Porém, com as Guerras Religiosas o Caminho quase caiu no esquecimento. Foi no último quartel do século passado que se redescobriu o Caminho de Santiago.

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SEMINÁRIO MAIOR

ORDENAÇÕES PRESBITERAIS DA ARQUIDIOCESE DE BRAGA Pedro Antunes, 4º ano

No passado dia 15 de julho, D. Jorge Ortiga presidiu, na cripta do Santuário do Sameiro, à missa de ordenação de 5 sacerdotes da Arquidiocese de Braga. Qual será a importância para a nossa Arquidiocese e para o Povo de Deus em receber estes novos ministros ordenados? Para responder a esta questão podemos recorrer às palavras do Papa Francisco por ocasião da Semana Santa de 2013. Para o Papa Francisco, o bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo: “Nota-se quando o povo é ungido com óleo da alegria; por exemplo, quando sai da Missa com o rosto de quem recebeu uma boa notícia. O nosso povo gosta do Evangelho quando é pregado com unção, quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como 10

o óleo de Aarão até às bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, ‘as periferias’ onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé”. Ser sacerdote é estar nesta relação com Deus e com o seu povo, pois assim a graça passa através dele para ser mediador entre Deus e os homens. Esta graça, todavia, precisa ser reavivada, para intuir o desejo do povo de ser ungido e experimentar o seu poder e a sua eficácia redentora: “Nas ‘periferias’ onde não falta sofrimento, há sangue derramado, há cegueira que quer ver, há prisioneiros de tantos patrões maus”. E conclui: “Amados fiéis, permanecei unidos aos vossos sacerdotes com o afeto e a oração, para que sejam sempre Pastores segundo o coração de Deus. Amados sacerdotes,

Deus Pai renove em nós o Espírito de Santidade com que fomos ungidos, o renove no nosso coração de tal modo que a unção chegue a todos, mesmo nas ‘periferias’ onde o nosso povo fiel mais a aguarda e aprecia”. Neste sentido, as palavras da homilia do Sr. Arcebispo enchem-se de significado. D. Jorge Ortiga relembrou a teologia paulina que nos realça como herdeiros de Cristo: “É profundo o modo como Paulo apresenta e desenvolve os traços da nossa identidade eclesial: “Em Cristo fomos constituídos herdeiros […] para sermos um hino de louvor da Sua glória”. É Cristo quem nos congrega em assembleia, nos abre aos mistérios da salvação, nos faz abraçar a fé e nos envia a anunciar o tempo da graça”. Peçamos, por isso, a Deus para continuar a enviar trabalhadores para a Sua messe (Lc 10, 2).


PASTORAL UNIVERSITÁRIA

VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO Beatriz Campos, Educação Básica, Universidade do Minho

“A melhor maneira de ser feliz é a contribuir para a felicidade dos outros”. Baden Powell Quando entramos na Universidade é quando o rumo da nossa vida começa a estar mais nítido e com maior clareza. Começamos a saber para onde vamos e como vamos. No entanto, para sentirmos que esse rumo é o correto, sabemos que é necessário muito trabalho. Quando entramos na universidade, não é esperado menos do que muito trabalho. No entanto, acho que a nossa passagem pela vida académica não deve ser feita apenas concentrada nos livros, nas aulas e no estudo. Sou escuteira desde os 6 anos. A frase que citei anteriormente é do fundador do escutismo e já a ouvi inúmeras vezes. Devido a esta minha ligação, esteve sempre ativa na minha vida esta vontade de ajudar os outros e de contribuir para um mundo melhor. Foi talvez através desta frase que percebi o que era preciso para que a minha vida académica não fosse tão “quadrada”, tão fechada. Senti que me faltava completá-la, fazendo algo em prol dos outros. Concluí em junho o primeiro ano da licenciatura em Educação Básica e simultaneamente conclui também um ano de voluntariado no Projeto “Mais Horizonte”. Este projeto, desenvolvido pela Pastoral Universitária de Braga, consiste em ajudar adolescentes que

apresentam algumas dificuldades a nível escolar a ganhar gosto e entusiasmo pelo estudo e a propor-lhes estratégias escolares e pessoais para que consigam ter sucesso escolar e atingir os seus objetivos, tudo isto com a dádiva de um pouco do nosso tempo a acompanhá-los no estudo e consequentemente nas suas vidas pessoais. Já participei em vários projetos de voluntariado ao longo da minha

po à minha vida escolar e talvez houve semanas em que devesse pensar mais em mim. Mas, na verdade, pensar mais em mim implicaria pensar menos nos outros, e provavelmente, essa até poderia ser a semana em que precisavam mais de mim. Por isso desafio os universitários a terem a coragem de ir além do que é esperado de um estudante universitário. Desafio a que invistam numa

vida, mas, na verdade, o que me exigiu maior entrega foi este, e apesar de todo o tempo que despendi, nunca senti que esse fosse tempo perdido. Muito pelo contrário, sentia que estava a investir tempo na vida do outro e na sua felicidade. Cada tarde que passava com aqueles adolescentes sentia que ficava cada vez mais rica, tanto ao nível pessoal, social, como académico. No entanto, há alturas do ano que são mais complicadas. Por vezes senti que devia estar a dedicar aquele tem-

nova forma de estar na vida e se dediquem também um pouco a olhar à volta e a ajudar o mundo onde ele mais precisa. Desta forma sentir-se-ão mais cheios, porque a gratidão e a felicidade dos outros é o que vos vai fazer efetivamente mais felizes. Serão tão mais felizes, quanto mais contribuírem para a felicidade dos outros. “Amar o povo é fácil. Difícil é amar o próximo”. Henry Ford 11


PASTORAL DE JOVENS

PASTORAL JUVENIL EM MISSÃO Departamento Arquidiocesano de Pastoral Juvenil

Mais um Ano Pastoral começa com muito atividade para o Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens (DAPJ) e com muito para ajudar os jovens no seu crescimento. A nossa Missão, dentro das várias diocesanas, é ajudar cada equipa Arciprestal, cada Movimento, cada Jovem a crescer e a caminhar com Jesus Cristo.

Cada atividade ao longo do ano, de harmonia com o plano pastoral diocesano, tem sempre como génese Jesus Cristo e é com todos os agentes atrás enunciados que contamos para trabalharmos a Sua mensagem. Assim durante o próximo ano teremos os seguintes momentos:

Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem, ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.

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Que o Senhor vos conceda o Seu amor e Graça.

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2019 DIA DO eiro – n a j e 5 d OR – JMJ ANIMAD aneiro j e d 7 22 a 2 ANAMÁ) 2019 (P APJ rço – C a m JOVEM e d 16 ÁTIMA F – o i ANO a DIOCES 4 e 5 m A I D – nho 8 de ju NTUDE E DA JUV APJ lho – C 6 de ju TAIZÉ – osto g a 2 1 2 a Propriedade do Seminário de Nossa Senhora da Conceição

Rua de S. Domingos, 94 B 4710 - 435 Braga Telf: 253 202 820 | Fax: 253 202 821 www.fazsentido.pt seminariomenor@fazsentido.pt vozdeesperanca@fazsentido.pt

Os momentos de formação para jovens animadores serão, com a maior brevidade possível, anunciados no site do DAPJ: http://www.arquidiocese-braga.pt/pastoraljovens/.

N.º de Registo: 1152 88 Depósito Legal N.º 40196/91 Tiragem: 4000 Exemplares


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