Voz de Esperança Nov/Dez 2014

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NOV - DEZ / 2014

A CHEIA DE GRAÇA “Cheia de Graça” é o mais belo título de Maria, este é o nome que o próprio Deus lhe deu

Director: P.e Avelino Marques Amorim Ano XX - 5ª Série | Nº 43 | Bimestral 1,00 €

Pe. Hermenegildo Faria p. 2-3

UM DOMINGO DIFERENTE O que se pretende é que sejam pessoas de amanhã, mais justas e mais viradas para o próximo Fátima e Manuel Silva p. 7

EDITORIAL

ALEGRA-TE! SEMANA DOS SEMINÁRIOS

9 A 16 DE NOVEMBRO 2014 SERVIDORES

DA ALEGRIA DO EVANGELHO

A saudação do anjo Gabriel, embora pronunciada em tempo de Anunciação, é fundamento bíblico para o dogma da Imaculada Conceição. Alegra-te, Cheia de Graça. Aquela Graça que te cobrirá com a sua sombra é a mesma Graça que, querendo construir habitação entre nós, prepara em Maria uma digna moradora para Seu Filho. Dom do excesso e excelso amor de Deus, concedido por antecipação à Imaculada, não é nem privilégio exclusivo nem evasão da humanidade. A Graça derramada em Maria, desde a sua concepção, é também gratuitamente espargida sobre cada um de nós, por Seu Filho muito amado. Graça que não retira dos limites do espaço nem das debilidades da história, antes convida ao transcendente e ao desejo de Deus, ordenando os passos da vida na comunhão com Deus e com os irmãos, e na liberdade perante as coisas e o mundo. A Semana dos Seminários, que estamos prestes a viver, propõe-nos o Seminário como tempo da Graça de Deus, lugar onde é possível: primeiro, fazer a experiência da alegria que nos vem de sabermos o quanto somos amados por Deus; para, depois, assumirmos o compromisso de sermos Servidores da alegria do Evangelho, preparando o encontro e a morada de Cristo em cada pessoa e em cada ambiente. Maria, a Cheia de Graça é, para todo o crente, transparência da incomparável predilecção do amor de Deus, a todos oferecido. E, para o presbítero, ícone da alegria que é gerar Cristo em quantos lhe são confiados.


VISÃO

A CHEIA DE GRAÇA Pe. Hermenegildo Faria

A Solenidade da Imaculada Conceição é uma das celebrações marianas mais belas e populares. Maria não somente não cometeu pecado algum, mas foi também preservada da herança comum a todo o género humano: o pecado original. Este privilégio foi confiado a Maria em vista da missão que Deus lhe confiou: a de ser a mãe do Redentor. O fundamento bíblico deste dogma está nas palavras que o Arcanjo Gabriel dirige à jovem de Nazaré. “Avé, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28) “Cheia de graça” é o mais belo título de Maria, este é o nome que o próprio Deus lhe deu para indicar que, desde toda a eternidade, ela é a bem-amada, a eleita do Senhor para acolher o “amor incarnado de Deus” (Deus Caritas est, nº 12). A palavra “imaculada” refere quase automaticamente à ideia de “sem-mancha”, “sem-nódoa”. O pecado é assim compreendido como algo que nos suja, nos mancha. O pecado original seria uma espécie de “nódoa” que os nossos pais nos transmitiram desde a nossa conceção. O Batismo seria assim o sacramento da “lavagem” que a água significaria de forma eminente. Todavia, se nós preferimos a linguagem da Graça, a Imaculada Conceição pode ser aprofundada não tanto do ponto de vista da mácula mas antes da plenitude. Maria é a Imaculada Conceição porque é a Cheia de Graça. Isso permite que nos afastemos da analogia da mancha para procurarmos outras analogias.

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Imaginemos que o pecado seria como que uma brecha em nós pela qual a Graça de Deus se escapava, como um tanque que verte. Maria, desde a sua conceção, é o vaso imaculado que permaneceu sempre cheio da Graça de Deus. Por isso, ela pode cantar: “Porque olhou para a humildade da sua serva…” (Lc 1, 48). A humildade é a virtude pela qual nós, esvaziados de nós mesmos, deixamos que a Graça de Deus nos encha. O rico, que é despedido de mãos vazias, é aquele que se incha e se enche de si próprio, atitude que são Paulo apelida de “kauquesis”, que podemos traduzir por jactância. Maria, mesmo sendo a Cheia de Graça, é a sedenta e a faminta a quem Deus enche de bens (Lc 1, 53). Maria é a pobre de si própria e a cheia da Graça de Deus. A palavra “graça” remete principalmente para dois sentidos: um que dá o substantivo “graciosidade” ou beleza interior; outro que tem a ver com aquilo que não tem preço: é de graça. Em Maria, tudo é recebido e dado de graça. Ela põe assim em prática as palavras de seu filho quando diz: “Recebeste de graça, dai de graça” (Mt 10, 8). Este é o maior testemunho que a “Cheia de Graça” pode dar ao homem de hoje. O nosso mundo mercantiliza tudo. Tudo é objeto de transação, de cotação, de preço. Duas tendências, opondo-se aparentemente, marcam o mundo político e social dos tempos modernos. Uma tende a consagrar o modelo capitalista de mercado com a sua lei suprema da oferta

e da procura; outra, através das chamadas lutas societais, alarga o campo do mercado, destruindo a família e a maternidade que são os lugares por excelência da gratuidade: alugam-se barrigas, compram-se filhos, tabelam-se pensões de alimentos, calculam-se partilhas de divórcio, patrocina-se o congelamento de ovócitos para que a mulher adie e comprometa a sua realização pessoal pela maternidade. A direita liberal de mercado, associada à esquerda societal destruidora das instituições tradicionais do exercício da gratuidade, fazem advir a “Besta selvagem do capitalismo” profetizada e temida por Hegel. A Maria, a “Imaculada”, a “Cheia de graça”, peçamos a graça de redescobrir a gratuidade, o preço das coisas sem preço, porque, “Se alguém desse toda a riqueza de sua casa para comprar o amor, seria ainda tratado com desprezo.” (Ct 8, 7) O fim dos tempos será o triunfo, não da sociedade libertina de mercado, mas sim da comunhão na gratuidade, como o anuncia o profeta Isaías: “Atenção! Todos vós que tendes sede, vinde beber desta água. Mesmo os que não tendes dinheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é de graça. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta? E o vosso salário naquilo que não pode saciar-vos? Se me escutardes, havereis de comer do melhor, e saborear pratos deliciosos.” (Is 55, 1-2) Por isso, no fim, o Coração Imaculado de Maria triunfará.

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ARTE

IMACULADA CONCEIÇÃO (II) Luís da Silva Pereira

Este quadro de Zurbarán concilia dois tipos iconográficos da Imaculada Conceição: um em voga desde finais do séc. XV e que perdura ainda no séc. XVI, representando vários símbolos marianos; outro que se estabeleceu a partir de Murillo, e que já prescinde deles. Francisco de Zurbarán nasceu perto de Badajoz, em 1598 e faleceu em Madrid, em 1664. É considerado, com Velásquez e Ribera, um dos maiores pintores espanhóis do Século de Ouro. Há quem lhe chame o Caravaggio espanhol pelos contrastes do claro-escuro, pela rudeza e simplicidade dos tipos humanos, pelo realismo e misticismo das personagens que pinta. O quadro a óleo que apresentamos encontra-se no Museu do Prado. A Imaculada ostenta as características mais frequentes: de pé, rosto juvenilíssimo, mãos postas, cabeça inclinada, em sinal de humildade, olhando para a terra, cabelos longos e soltos. Os pés cobertos pela túnica, não branca, mas cor-de-rosa, convencionalmente a cor feminina, poisam sobre o crescente lunar virado para baixo. O

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dragão que eles costumam pisar, não se encontra representado. O manto azul desenha-se ligeiramente ovalado, quebrando a verticalidade da Virgem. O nimbo, cercado por cabeças de anjos que se diluem na luz, mostra dez estrelas. Costumam ser doze, mas supomos que as outras duas se escondem por detrás da cabeça. Este atributo é tirado do Apocalipse (cap. 12, 1): “Depois apareceu no céu um grande sinal: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”. As nuvens douradas entreabremse para mostrar símbolos da Imaculada, formando, com outros dispersos pela paisagem, uma espécie de ladainha pictórica. Do nosso lado direito, de cima para baixo, podemos ver: 1. uma escada, símbolo que alude à escada de Jacob (Génesis 28, 12), significando que, através de Nossa Senhora, Deus desce à terra e os homens sobem ao céu; 2. um espelho, lembrando as palavras do Livro da Sabedoria (7, 26): “ela é o espelho sem mancha da actividade de Deus”; 3. a estrela da manhã, símbolo tirado do Eclesiásti-

co (50, 6): “Como estrela da manhã brilha no meio das nuvens”. Do lado esquerdo e também de cima para baixo: 1. uma porta, lembrando a “porta do céu”, que surge no Génesis (28,17): “Aqui é a porta do céu”; 2. o templo de ouro ou casa de Deus. Recorda a descrição do tabernáculo no Livro do Êxodo (cap. 25); por fim, a estrela do mar que orienta o navegante, símbolo tirado da antífona “Ave maris stella”. Nos elementos da paisagem, ao fundo do quadro, encontramos ainda: 1. a nau que evoca a mulher virtuosa, no Livro dos Provérbios (30, 14): “É semelhante ao navio do mercador que traz os víveres de longe”; 2. a palmeira de Engadi (Eclesiástico 24, 18); 3. a cidade de Deus, (salmo 86, 3): “Gloriosas coisas apregoam de ti, ó cidade de Deus”; e ainda podemos vislumbrar, na cidade, o que será a Torre de David ou a Torre de Marfim, títulos marianos da ladainha. Como toda a arte sacra, a pintura tem uma evidente função didáctica e mantém sempre uma relação fundamentadora com o texto bíblico, que Northrop Frye chamou o Grande Código.


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SEMINÁRIO MENOR

À DESCOBERTA … Diogo Azevedo, 11º ano

Foi nos dias 20 e 21 de Setembro que a comunidade de Seminário Menor realizou um fim-de-semana diferente nos belos concelhos de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto. Mais que um tempo de momentos lúdicos, animação e convívio, foi ocasião para programarmos juntos este novo ano, como oportunidade de fortalecemos a amizade e favorecermos a integração dos novos elementos. Acantonamos no centro paroquial de Rio Douro - Cabeceiras de Basto, onde fomos recebidos de coração aberto. A partir daí preenchemos aqueles dois dias, com celebrações eucarísticas em diversas paróquias para a angariação de fundos para as obras de restauro do Seminário Menor, houve momentos também de reflexão sobre o novo ano, e ainda também, e porque o tempo o permitiu, um jogo de futebol no complexo desportivo de Alvite, e o recuperar de energias numa refeição partilhada pela família de um seminarista. Por fim, terminamos o dia com uma dinâmica sob o lema pastoral dos Seminários para este ano “Fazei tudo o que Ele vos disser…”. O centro do domingo foi a Eucaristia nas diferentes comunidades paroquiais de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto, que nos expressaram a sua alegria e gratidão pela nossa presença. Nelas, a Equipa 6

Formadora exortou os jovens à descoberta da própria vocação, pois com Deus não perdemos nada, antes ganhamos tudo, já que Ele é caminho a seguir, luz que vale a pena acender, vida que merece ser agarrada, Amor que vale a pena amar. Ficou ainda o apelo a rezar pelas vocações, e aos agentes pastorais que não deixassem de as propor aos jovens que lhes estão confiados, pois a vida consagrada é um projeto de vida com sentido de felicidade. Insistiram que não devemos ter medo de despertar a vocação a algum jovem que manifesta alegria em servir a Igreja, ou até o gosto de colaborar com a paróquia. As comunidades necessitam de pas-

tores, e essa é a tarefa de todos, pois um rebanho sem o pastor não é um rebanho feliz, pois não tem quem lhe sirva o alimento da Palavra de Deus. Foram dois dias cheios de vida, de alegria, de conhecimento e de graça, pois há pessoas que rezam pelos seminários e que gostam de colaborar com eles, para que nada lhes falte, e foi isso o que as paroquias de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto, com todo o carinho, afeto e simplicidade nos testemunharam. Como diz a música “ Deus é amor”, assim como seguir Jesus é amar a felicidade, é amar a vida e é a caminhar nesta dádiva autêntica de amar a Cristo que damos sentido à vida.


UM DOMINGO DIFERENTE Maria de Fátima e Manuel Silva

Domingo, dia 19 de novembro, se não fosse o dia do encontro das famílias no seminário menor, onde está um dos nossos filhos, e iria ser um domingo igual a tantos outros. Chegamos ao seminário pelas 9.45h, e a celebração iria começar às 10.00h; entramos no átrio onde já estavam diversos pais que esperavam pelo início da celebração. É curioso os olhares que se cruzam dos que chegam com os que já se encontram. Olhares que tentam fazer um exercício de conhecimento, mas como ainda somos novos nestas andanças, acabamos por ficar pelo sorriso na cara e o bom dia. No entanto estes encontros são para isso mesmo, para nos conhecermos, confraternizar e quebrar essa barreira.

Terminada a celebração tivemos um tempinho para beber um café e de seguida iniciou-se um encontro informal porém muito formativo que nós, damos graças a Deus, de estarmos dispostos a ouvir e partilhar vivências de vida para que possamos juntos ultrapassar dificuldades. Dessas partilhas destacamos os temas: a falta de diálogo entre o casal na resolução de problemas” tabu “que ao longo do tempo vão asfixiando a vivência matrimonial, e a maneira como terceiros interferem no nosso relacionamento, quer eles sejam os pais, sogros, irmãos etc. Bem como a educação dos nossos filhos, relativamente a estes. Estivemos a refletir que estando nós inseridos numa sociedade extremamente consumista não é a dar-

lhes tudo que eles nos pedem que os vamos fazer melhores cidadãos pelo contrário estaremos é a fazê-los crescer mais virados para si mesmos, e o que se pretende é que sejam pessoas de amanhã, mais justas e mais viradas para o próximo. E isto é de uma grandeza extraordinária. É de salientar, e agradecer a todos, que promovem este tipo de iniciativas, pois são estas partilhas que nos fazem crescer, não só como pessoas mas também como cristãos responsáveis pelo amadurecimento da nossa fé. Destacamos ainda a promessa da continuidade destes encontros que de certeza vão ser riquíssimos nos conteúdos, para que possamos de facto dar testemunho disso mesmo. 7


SEMINÁRIO MAIOR

A FAMÍLIA EM CONVÍVIO José Miguel Neto, 2.º ano de Teologia

Mais um ano lectivo começou nos Seminários Arquidiocesanos de Braga, e como habitualmente esse início foi marcado pelo já tradicional Passeio das Famílias. Assim, no passado dia 14 de Setembro, as Equipas Formadoras, os Seminaristas e as respectivas famílias rumaram até terras da Diocese de Viana do Castelo, mais concretamente até S. Romão do Neiva, para alguns momentos de convívio ao longo do dia. Apesar da instabilidade atmosférica no início da manhã, a boa disposição era reinante entre todos, pois é sempre agradável ter uma oportunidade para estar em família aproveitando também para estreitar

os laços com os membros da família Seminário, sendo também um atrativo, a possibilidade de conhecer novos locais das Dioceses de Braga ou de Viana do Castelo. Após a viagem até S. Romão do Neiva, com uma pequena paragem em Barcelos para pequeno-almoço, reunimo-nos na Igreja do Mosteiro de S. Romão do Neiva. Este mosteiro beneditino teve a sua construção nos séc. X-XI, sendo que no decurso dos séculos seguintes sofreu várias obras de reconstrução, datando a atual construção do séc. XVII1. Aí celebramos a Eucaristia, aproveitando para louvar a Deus de várias formas, uma delas contemplando

a bela arte usada para a construção desta bonita igreja, sobretudo os retábulos de talha maneirista2. De seguida, utilizando as excelentes condições dos espaços circundantes à Ermida de Nossa Senhora, situada no Monte Castro, junto à igreja do Mosteiro de S. Romão, demos início ao convívio, onde também o clima foi nosso amigo presenteando-nos com a presença do sol, levando para longe a chuva que, com muita abundância, tinha caído durante a viagem. Este passeio, bem como outros momentos de convívio que se repetem ao longo do ano, servem para o estreitar de relações entre seminaristas e entre famílias, pois o Passeio das Famílias serve também como apresentação e integração dos novos seminaristas e respetivas famílias na comunidade Seminário. Após momentos de conversa, de jogo de cartas e também de degustação de alguns petiscos, deu-se o regresso a Braga, retemperados e animados para iniciar as lides de mais um ano letivo, que como usualmente se avizinha intenso.

1 Fonte: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/ patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/ geral/view/156220 (consultado em 01/10/14). 2 Fonte: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/ patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/ geral/view/156220 (consultado em 01/10/14).

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MAIS UM ANO, MAIS UM PASSO Tiago Varanda, 3º Ano Teologia

No fim-de-semana de 27 e 28 de Setembro, a comunidade do Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo realizou o seu encontro anual de programação para o ano lectivo de 20142015. O encontro realizou-se no Seminário dos Missionários de S. João Baptista, em Gouveia, cidade situada entre os píncaros da belíssima Cordilheira Central, urbe muito acolhedora que manifestou abertamente esta qualidade das suas gentes na forma amável como os seminaristas e seus formadores foram recebidos. Iniciaram-se os trabalhos no dia 27 de manhã, desdobrando-se em dois momentos principais, onde, depois de um plenário introdutório

em cada um desses momentos, os seminaristas se dividiram em vários grupos para reflectir sobre alguns aspectos importantes da vida da comunidade, nomeadamente no que respeita aos âmbitos da formação intelectual e da formação espiritual. Após o almoço, a visita às principais lagoas e ao cume da Serra da Estrela proporcionou momentos salutares de convívio que muito favoreceu o enriquecimento e a consolidação das relações fraternas da comunidade do Seminário bracarense. À noite do mesmo dia, houve ainda tempo para a visita ao Museu da Miniatura Automóvel, em Gouveia, onde se encontra uma vasta colecção de exempla-

res em miniatura dos automóveis das mais variadas marcas e das diversas personalidades que têm marcado os séculos XX e XXI. No dia 28, de manhã, foram apresentadas em plenário, pelo porta-voz de cada grupo, as reflexões efectuadas pelos seus membros no dia anterior. Perspectivou-se, em seguida, o ano lectivo que a comunidade tem pela frente, saindo-se em seguida para a visita ao museu de pintura Abel Manta, tendo como principal acervo a obra do pintor referido, filho da terra, mas exibindo também obras de outros importantes pintores do panorama artístico nacional. Após o almoço, marcado pelo agradável ambiente fomentado não só pela boa qualidade gastronómica, mas também pelo jovial convívio entre a comunidade do Seminário maior de Braga e a comunidade dos missionários que tão bem acolheram os bracarenses, partiu-se para a viagem de regresso à antiga cidade de Augusto, não sem antes se parar um pouco nas rústicas e históricas localidades de Folgosinho e de Linhares da Beira, onde se subiu aos respectivos castelos e se teve a oportunidade de contemplar as belíssimas serranias coroadas de verdes píncaros que envolvem aquelas aldeias. Assim se perspectivou um ano lectivo que constitui mais um passo na nossa peregrinação. 9


SEMINÁRIO MAIOR

DIA DA ACTIVIDADE MISSIONÁRIA Pedro Antunes, 1º Ano Teologia

Realizou-se no passado dia 9 de Outubro, o terceiro Dia da Actividade Missionária, no Seminário Conciliar São Pedro e São Paulo. Neste dia, o Seminário foi visitado por algumas ordens religiosas edificadas na Arqui-

A conferência teve como objetivo apresentar um pouco do que é, do que foi e qual a importância das missões religiosas, tendo em conta a exortação que Jesus fez aos seus apóstolos: «Ide, pois, fazei discípu-

diocese de Braga, que desenvolvem actividades missionárias um pouco por todo o mundo. Este encontro começou com a celebração da Eucaristia, seguido de jantar convívio e de uma pequena conferência sobre a actividade missionária.

los de todos os povos, Baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo.» (Mt 28, 19). Esta é uma tarefa árdua, dadas as desigualdades sociais e a pobreza absoluta que afeta alguns países. Neste ponto, o orador de serviço foi o Padre Eduar-

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do Martins que, na partilha da sua(s) experiência(s), realçou o quão difícil e moroso é levar Jesus sacramentado a alguns locais do mundo, por vezes, quase inacessíveis. Por sua vez, Marta Oliveira partilhou a sua experiência missionária na GuinéBissau, na qual o seu grupo missionário procurou anunciar a Boa-Nova de Jesus e apoiar a comunidade noutras áreas, como por exemplo na saúde. Alguns dos aspectos que marcaram esta experiência, para além das graves dificuldades económicas e sociais da região, foram a recepção que a comunidade local fez aos missionários, as relações fortes de afinidade e amor que se criaram com a comunidade, apesar desta experiência durar cerca de um mês, e a predisposição para aprender mais sobre Jesus. No fim do encontro foi lançado o desafio aos seminaristas do Seminário Conciliar para se abrirem à possibilidade de uma experiência missionária. Este encontro foi para mim especial, porque para além de ser o primeiro, tive a possibilidade de conhecer com pormenor, uma outra forma de ser um anunciador de Cristo. Enquanto seminaristas em discernimento vocacional, este encontro permitiu refletir sobre uma das questões levantadas no retiro espiritual: “a que clamores eu gostaria de responder?” Foi portanto um passo muito marcante nesta caminhada vocacional.


PASTORAL UNIVERSITÁRIA

VOLUNTARIADO Sandra Pereira

Numa inovadora iniciativa a Pastoral Universitária de Braga continua este ano a abrir caminho e a despertar os jovens universitários para o voluntariado. Com esta iniciativa pretende-se mostrar que o voluntariado se pode assumir como uma das forças de transformação social, como meio de participação cívica dos cidadãos, como um espaço onde a sociedade dá voz aos seus anseios e expressa a sua vontade de mudança em prol dos mais desfavorecidos e desprotegidos socialmente.

O voluntário doa o seu tempo, mas sobretudo a sua pessoa em toda a sua complexidade (capacidades, sentimentos e experiência) a uma causa, a um ideal. A Pastoral Universitária propõe este ano 4 projetos: o projeto Mais Proximidade que colabora com a junta de freguesia de Maximinos, Sé e Cividade e visa o acompanhamento social de idosos que vivem em contexto de solidão ou isolamento, através de visitas ao domicilio, apoio no desenvolvimento de tarefas e troca de experiências e

saberes. Os voluntários e os beneficiários podem, assim partilhar experiências e fomentar o convívio inter-geracional e o desenvolvimento de comportamentos sociais e humanos; o projeto Mais Horizonte que é desenvolvido no Instituto Juvenil de Maria Imaculada no apoio ao estudo e orientação escolar das jovens, mas também através de sessões de motivação, visitas a locais de interesse e realização de atividades lúdicas e culturais que possibilitem a aquisição de novas competências e conhecimentos; o Projeto Homem que pretende acompanhar os utentes desta instituição através da dinamização de atividades de caráter lúdico e cultural para promoção de partilha de experiências e saberes, bem como ações de sensibilização para a saúde, prevenção e segurança e o projeto na Casa de Saúde do Bom Jesus que promove atividades de leitura e/ou artes, dinamização e utilização de meios informáticos e partilha de histórias de vida para as senhoras portadoras de doença mental. Cada um dos projetos é desenvolvido e orientado por um coordenador que terá a seu cargo o grupo de voluntários e procurará agilizar as atividades entre estes e as entidades. A Pastoral Universitária procura assim a reafirmação da pessoa cristã ao proporcionar o encontro com Cristo na comunidade e no outro. 11


PASTORAL DE JOVENS

FORMAÇÃO DE ANIMADORES: UM CAMINHO DE QUALIDADE NA PASTORAL DE JOVENS Uma das mais fortes apostas do Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens de Braga tem sido a Formação de Animadores de grupos de jovens. Porquê Formação para Animadores? Ao longo dos anos de trabalho com grupos de jovens fomo-nos apercebendo das várias necessidades que estes levantavam, tanto no que diz respeito à falta de itinerários práticos de orientação para o funcionamento dos grupos, como da falta de formação e de competências para animar um grupo de jovens. A vontade de trabalhar e de agarrar o projeto de Jesus Cristo é imensa, mas existe falta de estrutura e preparação de muitos dos jovens para levar a bom porto a tarefa de animar outros jovens. Por isso, acreditamos que a Formação de Animadores é um passo fundamental na qualidade do anúncio que queremos fazer para e com os jovens. As Bases para a Pastoral Juvenil indicam-nos que os agentes e responsáveis da Pastoral Juvenil devem ser “testemunhos de fé”, ter “sentido comunitário”, “capacidade de diálogo” e “competências necessárias”. Sem animadores maduros na Fé, que tenham oportunidade de se preparar, crescer e formar, não conseguiremos levar os jovens pelo caminho exigente de santidade que Cristo nos propõe. Porque um itinerário de fé credível precisa de animadores motivados e preparados, a Formação de Animadores tem o objetivo de dotar os animadores de conteúdos e competências, organizadas em 3 etapas: 1. Curso para assimilar ideias relativas aos conteúdos da fé; 2. Curso para promover competências específicas para orientar um grupo, apoiando-se num itinerário estruturado e testado; 3. Curso para autonomizar o animador na utilização dos seus conhecimentos na Pastoral Juvenil. Num mundo com uma realidade complexa, de progressão tecnológica ultrarrápida, de fortes pressões para a realização individual e um crescimento económico feroz, o serviço de anunciar o Evangelho aos jovens e de os transformar em discípulos comprometidos com Cristo é uma tarefa árdua, que necessita de uma preparação sólida e capaz de animar e apaixonar os jovens para o serviço dessa missão.

Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem, ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.

Agradecemos os donativos que alguns assinantes nos fazem chegar. Não sendo de pagamento obrigatório, o Jornal só é viável com as vossas ajudas de custo! As ofertas deste bimestre totalizam 200,00 €. Podem enviar o vosso donativo para o endereço abaixo descrito, ou directamente para o NIB: 0007 0602 00472310008 15. Que o Senhor vos conceda o Seu amor e Graça.

INSCREVE-TE!

– endereço: dapjovens@gmail.com – início da formação: 22 de novembro, no Seminário Menor Propriedade do Seminário de Nossa Senhora da Conceição

Rua de S. Domingos, 94 B 4710 - 435 Braga Telf: 253 202 820 | Fax: 253 202 821 www.diocese-braga.pt/seminariomenor www.fazsentido.com.pt seminariomenor@diocese-braga.pt vozdeesperanca@diocese-braga.pt N.º de Registo: 1152 88 Depósito Legal N.º 40196/91 Tiragem: 4000 Exemplares


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