SET - OUT / 2015
CMAB E ANO MISSIONÁRIO!
Director: P.e Avelino Marques Amorim Ano XX - 5ª Série | Nº 48 | Bimestral 1,00 €
“O CMAB promove e coordena a formação, animação e cooperação missionária de todos os cristãos”
POSTAL INTEIRO DO CTT “Levar aos quatro cantos do mundo a alegria e responsabilidade de uma memória agradecida ao Seminário” Pedro Martins p. 6
Sara Poças p. 2-3
EDITORIAL
COMO O PAI Novo ano, e de novo na esteira da proposta arquidiocesana, encontramos no evangelho segundo São João a referência bíblica da programação anual dos nossos Seminários. Como o Pai Me enviou, Eu vos envio a vós. Porque a vocação é resposta humana, mas à iniciativa primeira de Deus; e a missão não depende tanto do enviado, mas d’Aquele que envia. O propósito é assumir o anúncio do Evangelho como missão primordial da Igreja, e o fruto esperado é encontrar no discipulado missionário a raiz da nossa identidade cristã. Na partilha da vida quotidiana dos Seminários, pretendemos substancializar este dinamismo próprio da Igreja em Braga. E, mais concretamente, procuraremos outras perspectivas de abordagem nas rubricas Visão e Arte. Em Visão, encontraremos a partilha do sentido e do testemunho missionário sempre na primeira pessoa; e em Arte, a abertura a novas perspectivas através das mais diferentes expressões artísticas. Este ano vivemos a experiência inicial do tempo propedêutico, como preparação mais aprofundada em todas as dimensões da formação para os candidatos ao Seminário Maior. E continuamos com as iniciativas de celebração dos 90 anos de vida do Seminário de Nossa Senhora da Conceição, que tem procurado assumir a história e o futuro desta instituição, reconhecendo o seu contributo à sociedade e à Igreja. Contudo, o mais importante permanece a missão que em comunidade de Seminário somos convidados permanentemente a construir: como o Pai, viver a entrega à humanidade, tornando presente o Filho como dom.
VISÃO
O CENTRO MISSIONÁRIO ARQU DE BRAGA (CMAB) E O ANO M Sara Poças
Estamos a iniciar o Ano Pastoral na Arquidiocese de Braga, que este ano será dedicado à Fé Anunciada e por isso será um Ano Missionário. Aproveitamos, assim, para dar a conhecer o Centro Missionário Arquidiocesano de Braga (CMAB) e o trabalho que tem vindo a realizar. O CMAB foi criado em 2011, sob a orientação do então Bispo Auxiliar de Braga, D. António Couto, no seguimento da Carta Pastoral apresentada pela Conferência Episcopal Portuguesa: «Como Eu vos fiz, fazei vós também» - Para um rosto missionário da Igreja em Portugal (CEP, 20101). Este documento propõe a criação de Centros Missionários Diocesanos e de Grupos Missionários Paroquiais, considerando-os como “laboratórios missionários, células paroquiais de evangelização” (CEP, 2010). O CMAB é assim o organismo da Igreja de Braga que promove e coordena a formação, animação e cooperação missionária de todos os cristãos. Colabora com as Obras Missionárias Pontifícias (OMP), bem como com outras instituições de âmbito missionário. Foram definidos como objetivos gerais para o CMAB: organizar e concretizar a animação e a cooperação missionárias na diocese; trabalhar em consonância com as OMP e os Centros de animação missionária dos Institutos Missionários; velar pela boa implantação das OMP no espaço diocesano; interagir com os outros organismos pastorais da diocese para imprimir uma dinâmica missionária na diocese; assegurar o relacionamento entre a comunidade local e os seus missionários. Na prática, o CMAB tem realizado a dinamização do Outubro Missionário, escolhendo para tal um arciprestado
1 Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) (2010). Carta Pastoral: «Como Eu vos fiz, fazei vós também» Para um rosto missionário da Igreja em Portugal. Lisboa: CEP.
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UIDIOCESANO MISSIONÁRIO todos os anos; a divulgação e disseminação dos materiais da Infância Missionária; a organização de um encontro anual dos voluntários missionários da Arquidiocese de Braga, com ligação aos grupos missionários paroquiais; a promoção de encontros missionários com seminaristas; a orientação de cursos de missiologia (que começará este ano) e a coordenação do Projeto de Cooperação Missionária entre as Dioceses de Braga e Pemba (Moçambique), com o assumir da paróquia 552 da Arquidiocese de Braga em Pemba, através do envio de uma comunidade constituída por um sacerdote e dois a quatro leigos, que ficará responsável pela dinamização missionária de uma Missão Católica em Pemba. A cooperação missionária entre a Arquidiocese de Braga e a Diocese de Pemba tem a sua origem na presença dos padres Jorge Vilaça e João Torres na Diocese de Pemba enquanto sacerdotes Fidei Donum, entre 2003 e 2005. Mais tarde, no lançamento oficial do Outubro Missionário de 2012, o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, manifestou publicamente o seu sonho de irmanar missionariamente uma paróquia extraterritorial. Afirmou nesse dia que “faz parte do meu pensamento e, por isso, seria normal e ficaria contente que isso acontecesse”. Nesse sentido, o CMAB lançou um grupo de trabalho dedicado a esta cooperação missionária. Depois de algum tempo de reflexão, o assunto foi exposto no Conselho Pastoral Arquidiocesano e no Conselho Presbiteral tendo obtido pareceres absolutamente unânimes (AB & DP, 20142). Em outubro de 2014, aquando da visita do bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa à Arquidiocese de Braga,
2 Arquidiocese de Braga & Diocese de Pemba (AB & DP) (2014). Acordo de Cooperação Missionária entre as Dioceses de Braga e Pemba. Braga: AB.
foi assinado o Acordo de cooperação missionária entre as dioceses de Braga e Pemba, pelos bispos das duas dioceses, ficando assim firmada esta cooperação. Mais tarde, em março deste ano, uma equipa ligada ao CMAB realizou uma missão de diagnóstico à Diocese de Pemba, em Moçambique. Visitamos as várias infraestruturas da Diocese, como a Rádio Sem Fronteiras, o polo de Pemba da Universidade Católica de Moçambique, o colégio diocesano, o Seminário Menor de Montepuez e várias missões católicas, do norte ao sul da diocese. Lembro na Missão Católica de Nangololo, ali bem perto de Mueda, onde a irmã Ângela, natural desta zona e conhecedora da cultura maconde, nos mostrou as instalações que tinham sido construídas pelos militares portugueses, agora salas de catequese e com a sua voz calma e serena nos contou as histórias “daquele tempo”. Foi também um reviver do passado, com muitas infraestruturas antigas e cheias de história. Com base nesta missão, foi elaborada uma proposta de projeto, cujas principais atividades são: assumir a 552.ª paróquia da Arquidiocese de Braga na Diocese de Pemba, trabalhando as áreas da pastoral, educação e saúde, dinamizar intercâmbios de sacerdotes, seminaristas, consagradas e leigos entre a Arquidiocese de Braga e a Diocese de Pemba; facilitar parcerias entre as duas dioceses, a nível de movimentos da Igreja e da Sociedade Civil; angariar recursos materiais para a Diocese de Pemba, como livros, fardas de escuteiros, entre outros; e divulgar o projeto de cooperação missionária entre as Dioceses para esta importante partilha de experiências. Pretende-se envolver toda a Arquidiocese de Braga para que haja um verdadeiro “aprofundamento de laços de comunhão” e uma sensibilização das comunidades para as diferentes formas de ser e viver em Igreja!
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ARTE
ENVIO I Luís da Silva Pereira
Para iniciar este novo ciclo, submetidos ao tema “como o Pai me enviou, assim eu vos envio a vós”, escolhi uma obra de Rafael (Raffaello Sanzio), expoente máximo, juntamente com Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo, do Renascimento. Nasceu em Urbino, em 1483 e morreu em Roma, em 1520. Recebeu influências de Pietro Perugino, com 4
quem aprendeu a técnica da pintura a fresco, mas sobretudo de Leonardo da Vinci, de quem recebeu as técnicas do claro-escuro e do sfumato (modo de delinear as formas por meio de um sombreado levemente esbatido). De Miguel Ângelo retirou, sobretudo, o gosto pela perfeição anatómica. A pintura que reproduzimos é um dos 10 grandes cartões (3,5x 5m),
pintados a têmpera (pigmentos coloridos dissolvidos em água e gema ou clara de ovo), encomendados, em 1515, pelo Papa Leão X, para servirem de modelo a outras tantas tapeçarias destinadas à Capela Sistina, tecidas, depois, em Bruxelas, por Peter van Aelst. A pintura ilustra o milagre dos peixes narrado por S. Lucas (5, 1-11), na
sequência do qual Cristo diz a Simão Pedro: “de futuro, serás pescador de homens”. Rafael capta o momento em que S. Pedro, aos pés de Cristo, exclama: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”. Repare-se na força expressiva do seu gesto, de joelhos, mãos postas e braços estendidos para Cristo, bem como na sua expressão facial de deslumbramento. O outro apóstolo, de pé, de braços abertos e mãos espalmadas, parece
que vai também ajoelhar. Podemos deduzir que é Santo André, pelo que diz S. Mateus (4,18): “(Cristo) viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar”. Rafael foi particularmente bom e inovador na capacidade de exprimir as emoções e os estados de alma das personagens. Repare-se ainda na musculatura dos braços e das pernas, técnica que Rafael aprendeu com Miguel Ângelo. Os músculos
vigorosos, as barbas e cabelos hirsutos, recordam que os apóstolos eram homens rudes. As três personagens que estão no outro barco são os companheiros de pescaria a quem os apóstolos pediram ajuda: “As redes estavam a romper-se e eles fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar”(Lucas 5, 6-7). Se fossem apóstolos, Rafael tê-los-ia pintado com nimbos à volta da cabeça. A abundância de peixe é dada não só pela barca a transbordar e pela força com que os outros pescadores puxam as redes, ainda dentro da água, mas também por um outro pormenor profundamente realista: a presença de três grandes aves em terra, duas delas com o bico aberto, e outras, mais ao longe, ainda a voar. Rafael era um pintor realista. Além destes pormenores, veja-se como ele pintou o reflexo dos pescadores na água. E não esqueceu a multidão que, pouco antes, se comprimia para ouvir as palavras de Cristo. Na tapeçaria, tecida com fios de lã, seda e ouro, todas as figuras se encontram em posição simétrica à pintura. Isso deveu-se ao facto de ser tecida em baixo liço, isto é, em tear horizontal. Sabendo que o resultado seria esse, Rafael, quase de certeza, pintou Cristo do nosso lado esquerdo, para que, na tapeçaria, ficasse do lado direito, o lugar de honra. 5
SEMINÁRIO MENOR
O TEMPO DE PARAGEM Diogo Azevedo, 12º Ano
Foi no final de mais um ano que a família do Seminário Menor se reencontrou em tempo de férias, com o objetivo principal de avaliar o ano que passou, preparar o ano seguinte, e conhecermos a nossa diocese. Neste ano o nosso encontro realizou-se no arciprestado de Celorico de Basto. Fomos acolhidos pelo padre Francisco Medeiros e sua comunidade paroquial de Moreira do Castelo entre os dias 13 a 19 de Julho. A diversão e as tarefas da casa onde ficamos alojados permitiram que se criassem situações de muita animação. A paisagem natural, propícia para uns passeios e para umas reflexões no âmbito educativo proporcionou momentos de oração envoltos pelos sons bastante agradáveis do meio ambiente. Um encontro de férias onde foi possível praticarmos desporto coletivo após os momentos 6
de diversão numa piscina de um cidadão daquela aldeia, onde reinou a alegria. Também houve lugar durante este período de tempo para nos abstermos das coisas mais supérfluas e reunirmo-nos com os diretores espirituais e fazermos uma última recoleção na qual avaliamos todas as reflexões efetuadas ao longo do ano de discernimento vocacional com o lema “ Fazei tudo o que Ele vos disser…”. Depois da revisão espiritual, com o Pe. Granja para os mais velhos e o Pe. Manuel Batista para os mais novos, tivemos uma tarde mais descontraída ao visitar a bela cidade de Amarante, onde conhecemos o mosteiro de São Gonçalo de Amarante e sua longa história de vida. Por fim, chegou o encontro com a Ir. Fabrizia Raguzo que lançou a pro-
posta de duas atividades interessantes e algo inovadoras. A primeira consistia na elaboração de um mural de momentos reais vividos ao longo do ano que os seminaristas escolheram para de alguma maneira representarem o ano que estava a terminar. A segunda atividade consistia na apresentação dos momentos que mais se identificaram ao longo do ano no que se destacam “O encontro do 12ºAno” e o “ACAV III”. Este encontro de férias serviu para que os elos que unem a corrente que é a comunidade se tornassem mais fortes e também permitiu que nós os jovens em discernimento estivéssemos juntos neste tempo de mais descanso e aproveitamento do ócio que a natureza oferece, porque todos juntos crescemos no bem, com corações generosos e abnegados na alegria de ser filhos de Deus.
POSTAL INTEIRO DOS CTT CELEBRA OS 90 ANOS DE VIDA DO SEMINÁRIO Pedro Martins, 9º Ano
No passado dia 16 de setembro, quarta-feira, pelas 17:00 horas, no Auditório Vita, realizou-se o lançamento de um postal inteiro dos CTT, na celebração dos noventa anos do Seminário de Nossa Senhora da Conceição. A cerimónia contou com a presença do diretor do Seminário de Nossa Senhora da Conceição, Cónego Avelino Amorim; o Arcebispo Primaz de Braga, Dom Jorge Ortiga; o presidente da Associação dos Antigos Alunos, Manuel Domingos; o diretor de filatelia dos CTT, Raul Moreira; Dom Francisco Senra Coelho; o diretor da Universidade Católica de Braga, João Duque; e o diretor do Instituto do Desporto e Juventude. O diretor do Seminário sublinhou que este evento, mais que oportunidade para o filatelismo, procurava levar aos quatro cantos do mundo a alegria e responsabilidade de uma memória agradecida ao Seminário. Nestes tempos a comunicação postal ainda tem o seu espaço, com a vantagem de não se perder do horizonte da história, pelo registo material que proporciona. O Postal inteiro e o selo “invocam a longa e bela história desta casa, a centralidade da dimensão espiritual e da oração, e ainda a mão maternal da Imaculada que nos acompanha continuamente”, acrescentou. Esta comemoração veio reconhecer e fazer memória do grande
contributo para a Igreja e para a sociedade, através da formação de 8500 jovens que por aqui passaram, cresceram e estruturaram as suas vidas. Sendo que, dos 8500 jovens que por aqui passaram 1500 se tor-
tância e, por isso, devem a esta casa a qualidade do ensino, os princípios e os valores para a sua vida. Raúl Moreira, diretor de filatelia dos CTT agradeceu à Arquidiocese de Braga com a entrega de duas lem-
naram presbíteros, 18 bispos e 3 cardeais e muitos outros cargos profissionais na vida social do país. Na cerimónia, Dom Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga defendeu que “importa fazer memória de gratidão” ao Seminário de Nossa Senhora da Conceição, pelo facto dos jovens que por aqui passaram desempenharem tarefas, tanto a nível eclesial como a nível social da máxima impor-
branças com muito simbolismo: um livro dos anos 50: “A Corte Arquiepiscopal de Braga e os seus Correios Mor” e um quadro com os postais inteiros e selos sobre instituições arquidiocesanas, de entre as quais: os 500 anos de Frei Bartolomeu dos Mártires, os 500 anos da Misericórdia, a Sé de Braga na rota das Catedrais e recentemente Seminário de Nossa Senhora da Conceição. 7
SEMINÁRIO MAIOR
MAIS DO QUE VIAJANTES, PEREGRINOS Vítor Emanuel Sá
O escritor de viagens Bruce Chatwin, que escreveu muito sobre o espírito da viagem, confessa na sua obra Anatomia da Errância que a pergunta-chave da qual devemos partir é a seguinte: «Por que é que os homens se deslocam em vez de ficarem quietos?» Esta pergunta reconduz-nos, como veremos, ao centro do mistério do próprio homem. A Fé é uma viagem e leva-nos a ela. Abraão é um viajante. Moisés descobre a sua vocação e missão como mandato de itinerância. Muitos dos profetas de Israel, de Elias a Jonas, viveram como exilados e banidos. Jesus não tinha onde reclinar a 8
cabeça (Lc 9,58), habitando e dando sentido a um trânsito permanente. Os seus discípulos são enviados em Missão pelas quatro partidas da terra (Mt 28,18-20): «Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”.» Jesus indica-lhes com toda a precisão qual deve ser a sua missão. Não é propriamente «ensinar doutrina», não é só «anunciar o Ressuscitado».
Sem dúvida, os discípulos de Cristo deverão cuidar de diversos aspetos: «dar testemunho do Ressuscitado», «proclamar o evangelho», «implantar comunidades»... mas tudo estará finalmente orientado para um objetivo: «fazer discípulos» de Jesus. Esta é a nossa missão: fazer «seguidores» de Jesus que conheçam a sua mensagem, sintonizem com o seu projeto, aprendam a viver como ele e reproduzam hoje a sua presença no mundo. Atividades tão fundamentais como o batismo, compromisso de adesão a Jesus, e o ensinamento de «tudo o que ele mandou» são caminhos para aprender a ser seus discípulos. Jesus promete-lhes a sua presença e ajuda constante. Não estarão sós e desamparados. Mesmo que sejam poucos. Mesmo que sejam só dois ou três.
PASSEIO DAS FAMÍLIAS 2015 Vítor Gonçalves
No dia 13 de Setembro de 2015, realizou-se o tradicional passeio-convívio das famílias dos seminários, com o qual se deu início ao novo ano lectivo de 2015/2016. Após um período de férias repousante e fortalecedor, demos início às nossas actividades de seminário num ambiente familiar e fraterno que alguns de nós já reconhecem, mas que outros começam a descobrir apenas neste novo ano. Este é o caso daqueles que se tornaram parte desta família neste novo ano lectivo e que surgem como exploradores que não caminham sozinhos e trazem a bússola do coração orientada para Deus. Pelas 9h45 partimos de Braga para Famalicão, mais especificamente para Lemenhe, tendo feito no autocarro uma pequena oração da manhã. Deve salientar-se que apesar de as condições climatéricas não estarem nessa altura favoráveis, o nosso interior permaneceu caloroso e radiante. A viagem não sendo longa, rapidamente chegámos ao local e celebrámos a eucaristia em comunidade de seminário e com a comunidade de Lemenhe. Após a eucaristia, partimos para o Centro Pastoral de Famalicão, onde as famílias almoçaram, conviveram e partilharam entre si outros bons momentos de outras épocas que permanecem. Este convívio é especialmente salutar para as famílias e para os no-
vos membros que puderam desde já criar novas relações. Depois do almoço, foi possível circular no exterior, aproveitando os raios de sol que surgiam para visitar o parque da Devesa de Famalicão, para tomar café num estabelecimento circundante ou até mesmo jogar um pouco, como habitual entre nós. Pelas 17h00, houve possibilidade da atuação do grupo de cantares que animou as pessoas presentes com cantares populares. Em seguida, tomou da palavra o Sr. Reitor do seminário conciliar, Pe. Vítor Novais, que deu uma palavra de boas vindas a todos e em especial aos novos membros, que pediu que se apresen-
tassem à comunidade com os seus pais para que conhecêssemos o seu nome e as suas origens. Terminadas as apresentações, o seminário ofereceu um lanche-jantar que pudemos desfrutar em comunidade, não fosse a mesa também um excelente local de partilha. Posteriormente, já restabelecidas as forças, partimos para o seminário confiantes para o novo ano que se seguirá, que será certamente repleto de outros tantos momentos, mas também de trabalho, esperando seguir a vontade de Deus que nos chama e junta a cada um neste caminho para um fim que nos impele a todos. 9
SEMINÁRIO MAIOR
UMA MELODIA FECUNDA! Rui Filipe Marques Araújo
Nos passados dias 14 a 19 de Setembro, a comunidade do Seminário Conciliar de Braga viveu o seu retiro anual. Este é sempre um tempo de grande crescimento espiritual, onde de uma forma mais pessoal e silenciosa cada um é desafiado a reflectir sobre alguns temas. No princípio foi como que oferecida uma mochila vazia, em que deveríamos construir um kit com tudo aquilo que é necessário para trilhar um caminho vocacional. Desta forma, para iniciar a elaboração deste kit foi-nos proposto reflectir sobre o silêncio. É verdade que a azáfama do dia-a-dia não deixa que o silêncio tome conta da nossa voz, dos nossos ouvidos e do nosso coração, temos sempre ruídos que preenchem e camuflam as nossas horas e minutos. O silêncio traz-nos muitos pensamentos, pessoas, desejos, sofrimentos, que por vezes são difíceis de discernir, contudo é no silêncio que grandes decisões são tomadas, que escutamos e dialogamos com Deus e que cumprirmos a sua vontade. Mas este ingrediente não bastaria, por isso adicionámos-lhe a solidão. A vida também é feita de monólogos acompanhados por uma bela melodia solitária, que nos transportam para o tão almejado diálogo com Deus, onde tenho oportunidade de me apresentar tal como sou. De facto, a solidão é um lugar 10
fecundo, uma nascente que conduz todos os nossos sentidos ao grande oceano, que é Cristo. Todavia, se a solidão se demarca neste kit de caminhante não nos podíamos esquecer da comunidade. Sem deixarmos de respeitar o espaço de cada um, a vida em comunidade deve ser para nós uma escola do serviço do Senhor. Na verdade, cada um deve procurar receber do outro aquilo que não tem, ao mesmo tempo deve aprender do outro tudo aquilo que o outro lhe tem para ensinar. Até pode parecer que os outros não têm nada para nos dar e ensinar, mas se pensarmos bem chegamos à conclusão que isso não é verdade. A comunidade é, portanto, lugar fecundo, pois ensina o mandamento do amor recíproco. Porém, na preparação deste kit surge uma questão: -O que procuras? Pode parecer, à primeira vista, uma pergunta fácil e até um pouco
absurda, mas tentando responder damos conta que é difícil a sua resposta. No último dia, outros dois ingredientes se juntaram ao quite. Na linha da famosa regra de São Bento, «Ora et Labora», vimos que devemos trabalhar não somente por trabalhar, mas no sentido de poder dar o meu contributo para tornar o mundo e a sociedade melhores, fazendo disto uma constante oração. Se devemos cultivar o amor pelo trabalho, também o devemos fazer no que diz respeito à Lectio divina, isto é, à leitura da palavra de Deus. A leitura é importante e o amor por ela é fecundo. Construído o kit, podemos continuar a caminhar na expectativa de que é no silêncio da solidão que devemos procurar amar a Deus e na comunhão amar o próximo, elevando tudo o que fazemos e somos a uma constante oração, espelhada na Palavra de Deus.
PASTORAL UNIVERSITÁRIA
PROJETO DE VOLUNTARIADO DE CABO VERDE PARA O MUNDO Torcato Meira, Aluno Medicina (6º ano)
Não sei ao certo por onde começar… na realidade, não me apercebo concretamente como tudo surgiu. Tão depressa e inexplicavelmente me associei a este projeto, tão repentinamente me encontrava em viagem e inacreditavelmente já pisava e cheirava aquela terra. Tentando encontrar esse “início”, este grupo missionário foi constituído por elementos que constroem a sua formação em diferentes áreas: psicologia, enfermagem, medicina, ciências sociais, educação e economia. Crescia já há muito, em cada um, o sonho surpreendentemente comum de tornar o mundo um lugar melhor! Achávamos que podíamos fazer a diferença e este “Projeto Sementes” era a derradeira oportunidade de o fazer, movidos pela mesma Fé em Deus. Procurámos sempre que este projeto fosse um projeto de ajuda mútua, de construção comum, visando uma sociedade mais fraterna, mais justa e naturalmente mais equitativa. “Não atuar segundo a razão é contrário à natureza de Deus.” (Papa Bento XVI) Desta forma, unindo esforços e aproveitando a formação de cada um, desenvolvemos projetos essencialmente em três nobres áreas: promoção da saúde, educação e emprego jovem. “A missão empenha todos, tudo e sempre.” (Papa Bento XVI) Trabalhámos então com as comunidades locais para a melhoria das suas condições de vida, em que cada um
pôs quanto é no mínimo que fazia, propondo-se a amar o próximo como a nós mesmos, visando “semear” um futuro mais promissor. Efetivamente, quando comparamos com o nosso país de origem, as diferenças respeitantes a condições higiénicas, tecnológicas e de infraestruturas são notórias. Um desconforto. Contudo, isso era apenas uma fugaz imagem. Contundentemente, este novo mundo abria-se, revelando uma terra repleta de olhares sinceros e fraternos, corações abertos que repetidamente se desdobraram numa incrível hospitalidade. A cada dia percebíamos o que é verdadeiramente a simpatia, companheirismo, disponibilidade, amizade e muito mais. Era, no fundo, a real alegria, a que importava, a que dava dignidade e que só se construía com o outro. Um conforto (o “verdadeiro”)! É neste ponto que muitos dos nossos passos na vida parecem não ter significado. Descontroladamente, como quem é levado por uma forte maré, acostumávamo-nos a seguir o que dita a sociedade (a dita desenvolvida!), num rumo palpável mas sem
sentido. Um conforto (o “falso”)! Aqui percebo que talvez este mundo seja apenas um versátil e mero cenário. O que importa existe aqui e em todo lado; de facto, aqui e em todo lado podemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Foi uma surpresa, tudo isto é Mistério, uma autêntica Missão. Talvez a vida seja ela mesmo uma Missão: da mesma forma, não conseguimos explicar o seu início, mas podemos (e diria, talvez, “devemos”) vivê-la assim intensamente, com os mesmos princípios cristãos e para o outro, num constante “encontro” sem fim. Obrigado a todos os que apoiaram o “Projeto Sementes 2015”! Foi um sucesso, não duvidemos. Foi uma vivência inesquecível, que inevitavelmente agitou a minha vida. Foi como sair de uma máquina de lavar de ideias, de sentido. Foi tão incrível que às vezes parece que não aconteceu. Mas não termina aqui. A saudade tenta a cada dia apoderar-se de mim mas é hora de seguir caminho, sempre com Cristo e de coração ainda mais cheio! 11
PASTORAL DE JOVENS
DEPARTAMENTO ARQUIDIOCESANO DA PASTORAL DE JOVENS – DAPJ
CALENDARIZAÇÃO ANO PASTORAL 2015/2016
Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem, ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.
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DATA
ATIVIDADE
25 E 26 DE SETEMBRO 2015
JORNADAS NACIONAIS DE PASTORAL JUVENIL - FÁTIMA
3 DE OUTUBRO 2015
CAPJ
7 DE NOVEMBRO 2015
XVII FÓRUM ECUMÉNICO JOVEM – CASTELO BRANCO
28 DE NOVEMBRO 2015
DIA ARQUIDIOCESANO DO ANIMADOR JUVENIL
26 DE JANEIRO 2016
CAPJ
12 DE ABRIL 2016
CAPJ
4 DE JUNHO 2016
DIA ARQUIDIOCESANO DA JUVENTUDE – PÓVOA DE VARZIM/VILA DO CONDE
7 E 8 DE MAIO 2016
FÁTIMA JOVEM
30 DE MAIO A 5 DE JUNHO 2016
CRUZ PEREGRINA DAS JMJ NA ARQUIDIOCESE DE BRAGA
2 DE JULHO 2016
CAPJ
26 A 31 DE JULHO 2016
JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE - CRACÓVIA
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