Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 154

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

n Meio Ambiente

48 • Inovar-Auto em busca da meta n Conveniência

52 • Feira de conveniência: cada vez melhor n Responsabilidade Social

56 • Feijoada solidária n Entrevista

12 • Magda Chambriard, diretora-geral da ANP 38 • Sobreviventes da revenda n Mercado

20 • Diesel em debate 24 • Veículo elétrico ainda é um desafio no Brasil 28 • GNV continua em baixa 31 • Monitoramento a passos lentos n Na Prática

34 • Como lidar com perdas?

61 • Evolução dos

60 • Perguntas e Respostas 66 • Crônica

4OPINIÃO

4SEÇÕES

58 • Atuação Sindical

Preços do Etanol

11 • Paulo Miranda Soares

62 • Comparativo das

19 • Adão Oliveira

63 • Formação

43 • Jurídico Felipe Klein Goidanich

4TABELAS

04 • Virou Notícia

Margens e Preços dos Combustíveis de Preços

64 • Formação

de Custos do S10

65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

DE OLHO NA ECONOMIA Agência Petrobras

8% Foi o aumento nas vendas de veículos usados em agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em oito meses, foram vendidos 8,7 milhões de veículos usados, conforme os dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

11,3% Foi a queda na comercialização de veículos novos em agosto ante igual período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses até agosto, foram comercializados 2,16 milhões de carros novos no país, de acordo com a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea).

14,8% Foi o aumento do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de setembro em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar da melhora, para 85,6% dos empresários do varejo, a economia piorou no mês passado.

4,1% Foi o resultado da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de setembro ante agosto deste ano. Segundo a CNC, o dado representa a maior elevação mensal do indicador desde 2010 e indica que a percepção da crise vem lentamente perdendo força. Em comparação a setembro do ano passado, o índice registrou queda de 9,6%.

4 • Combustíveis & Conveniência

Mudança na política de preços Pedro Parente, presidente da Petrobras, disse que está analisando uma nova metodologia para a formação dos preços da gasolina e do diesel no país. Segundo ele, embora não exista uma decisão formalizada sobre o tema, a nova política deverá permitir a flutuação de preços de acordo com a cotação internacional do petróleo. Hoje, os preços dos combustíveis no mercado internacional estão até 40% mais baratos em relação aos praticados no Brasil. De acordo com o economista Roberto Luis Troster, a adoção da nova política, quando ocorrer, será bem-vinda. A medida seria benéfica, já que os preços dos combustíveis se refletem em toda a economia, e podem trazer implicações adversas para o crescimento do país. “O anúncio de precificar de acordo com os custos faz sentido. É razoável esperar uma redução de preços, desde que os preços do petróleo continuem baixos no mercado internacional e a Petrobras consiga reestruturar melhor seu endividamento”, afirmou. Troster destacou que a mudança de preços no Brasil não deve ser drástica. “Não devemos esperar uma queda grande nos preços, mas sim um equilíbrio entre os mercados interno e externo. Muitos aspectos precisam ser levados em consideração, como, por exemplo, a competitividade de outros segmentos de mercado, como o etanol e a bioenergia”, destacou.


Ping-Pong

Petrobras anuncia desinvestimentos O plano de negócios da Petrobras para os próximos cinco anos (20172021) foi anunciado em 20 de setembro e contempla a redução da dívida e grandes cortes em aportes e recursos. A empresa deverá sair integralmente das atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), produção de fertilizantes e das participações em petroquímica.

Venda de ativos A estatal também anunciou uma ampliação da venda de ativos. O foco maior deve ser a busca de parceiros para diversas áreas, como foi o caso do Campo de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, no qual a Petrobras vendeu 66% de sua participação à petroleira norueguesa Statoil. A companhia também já se desfez da Gaspetro (que rendeu cerca de US$ 540 milhões) e de ativos no Chile e Argentina (US$ 464 milhões e US$ 892 milhões, respectivamente).

Vinicius Rapozo de Carvalho

Deputado federal e autor do Projeto de Lei 2.782/15 sobre a aceitação de cheques pelo comércio

De onde surgiu a ideia de elaboração do Projeto de Lei 2.782? A ideia deste projeto de lei surgiu pelas reclamações e mensagens que recebemos em nosso site. Os consumidores, ao chegarem a determinados estabelecimentos que aceitam o pagamento com cheque, deparam-se com exigências absurdas. Segundo o projeto, as condições para a aceitação de cheque não podem ser discriminatórias e não se pode tratar o consumidor de forma diferenciada. Apesar do sensível declínio, ano após ano, com o avanço do uso dos cartões, o pagamento com cheque nunca saiu de moda.

O que o seu projeto de lei agrega ao Código de Defesa do Consumidor, uma vez que este já protege o consumidor que tem o cheque recusado? O projeto vem somar-se ao Código de Defesa do Consumidor, no que diz respeito ao artigo 39, que fala sobre as práticas abusivas por parte dos fornecedores de produtos ou serviços. Por esse motivo, criamos o projeto para regular a aceitação do cheque. Sendo assim, aqueles que quiserem aceitá-lo como meio de pagamento deverão observar a norma específica para isso.

Qual é a orientação do projeto para o comerciante que não quiser receber o cheque? Ele é obrigado a aceitar este tipo de pagamento?

A Petrobras também conta com os recursos da venda da Nova Transportadora Sudeste, negociação aprovada por aproximadamente US$ 5,2 bilhões, e também da Liquigás (US$ 560 milhões), da Nova Transportadora do Nordeste (US$ 700 milhões) e de unidades petroquímicas (em torno de US$ 5 bilhões).

O comerciante deverá afixar em local de fácil visualização a seguinte infor-

BR na berlinda

corrente à qual o título de crédito está vinculado.

Para os próximos dois anos, o plano de desinvestimentos deverá incluir a venda da BR Distribuidora (que pode atingir US$ 3 bilhões), da fatia na Braskem (estimada em US$ 2,5 bilhões), de usinas térmicas (US$ 4 bilhões) e de campos de petróleo (US$ 1 bilhão).

mação: ‘Não recebemos cheque ou não aceitamos cheque’. Do contrário, se não houver a informação clara, precisa e ostensiva, esse comerciante tacitamente estará obrigado a receber cheque. De acordo com o Art. 2º do projeto, o estabelecimento comercial poderá recusá-lo quando o nome do emitente do cheque figurar em cadastro de serviço de proteção ao crédito, ou se o consumidor não for o próprio emitente do cheque e titular da conta

Existe alguma previsão para o término da votação do PL? Atualmente, o projeto encontra-se em tramitação final na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), da Câmara dos Deputados, mas, infelizmente, não podemos precisar o tempo que levará para que seja votado em ambas casas (Câmara e Senado). Só depois seguirá para sanção presidencial. Combustíveis & Conveniência • 5


44 VIROU NOTÍCIA Divulgação Unica

São Paulo: sem fiscalização Desde julho, e até o fechamento desta edição, os postos de São Paulo não estão mais sendo fiscalizados pela Secretaria da Fazenda (Sefaz) estadual. Os agentes fiscais alegam falta de segurança nas ações de coleta e conseguiram liminar na Justiça para suspender a fiscalização. Por meio de nota, o Sindicato dos Agentes Fiscais de Renda do Estado de São Paulo (Sinafresp) informou que “a ação foi impetrada com base nas péssimas condições de trabalho que o governo do estado impõe para que os fiscais de rendas realizem tal operação, em contato direto com material inflamável, sem equipamentos e recipientes de segurança adequados, além de realizarem o transporte em carros particulares, o que é proibido pela legislação”.

“De olho na bomba” Com a paralisação dos agentes, a operação “De olho na bomba”, que realizava em média 180 ações de fiscalização mensais nos postos de combustíveis de São Paulo, ficou comprometida. A ANP e o Procon estadual continuam com suas ações de fiscalização, mas, sem a Sefaz, a inscrição estadual dos agentes irregulares não pode ser cassada.

Sonegação no etanol Por outro lado, a Secretaria da Fazenda paulista está apertando o cerco às distribuidoras de etanol hidratado que não recolhem ICMS corretamente. Quatro empresas (Aspen, Gran Petro, Petromais e Petrozara), que somam juntas uma dívida de ICMS de quase R$ 550 milhões e são alvo de autos de infração, estão na mira do órgão, mas continuam operando por meio de liminares. De 6 • Combustíveis & Conveniência

acordo com dados do Fisco paulista, o ICMS declarado por elas é bem menor do que o devido e o débito total pode ser significativamente maior, se os autos de infração forem convertidos em dívida.

Barrigas de aluguel Dos 17,6 bilhões de litros de etanol hidratado comercializados no ano passado, 9,5 bilhões de litros foram vendidos em São Paulo. Não por acaso, o estado paulista responde por 40% da comercialização de etanol. O ICMS do etanol hidratado, de 12% no estado, deveria ser pago pela distribuidora antes de chegar ao posto. No entanto, isso nem sempre acontece, e a empresa vende o produto por valores inferiores aos de mercado, criando uma vantagem competitiva. Este tipo de irregularidade é frequentemente cometido pelas empresas chamadas “barrigas de aluguel”, ou seja, distribuidoras de fachada que não recolhem os impostos devidos.

ANP e o setor sucroenergético Em 15 de setembro, a ANP reuniu os principais agentes da cadeia de etanol para ouvir as reivindicações e sugestões dos representantes do segmento e avaliar a necessidade de alterações na Resolução 67/2011, que regulamenta a comercialização e formação de estoques do produto. Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que participou do encontro, disse que alguns produtores são prejudicados pela forma como a resolução estabelece os estoques. Segundo ele, as discussões continuam e uma nova reunião deve ser marcada.


ANP fiscaliza No primeiro semestre deste ano, a ANP realizou 9.709 ações de fiscalização, o que representa um aumento de 29,5% em relação ao mesmo período de 2015, quando foram realizadas 7.495 ações, conforme Boletim de Fiscalização do Abastecimento, divulgado em setembro. De acordo com a publicação, o maior número de ações de fiscalização ocorreu nos segmentos de combustíveis automotivos e GLP (gás de cozinha), sendo 6.422 ações em revendedores de combustíveis, 2.502 em revendedores de GLP, 321 em distribuidores de combustíveis e 127 em distribuidores de GLP. Também foram fiscalizados agentes de todos os segmentos regulados pela ANP, como transportador-revendedor-retalhista (TRR), Pontos de Abastecimento (PAs), revendedor e distribuidor de combustíveis de aviação, produtor de etanol etc.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Triste história “Quase 12 mil funcionários da Petrobras se inscreveram no Plano de Demissão Voluntária (PDV)”. A ser verídica a notícia veiculada, é a todos os títulos surpreendente e absurda. Mais de 20% de um quadro de técnicos devidamente capacitados e concursados, afinal, salvo melhor juízo, não existe outra forma de ser contratado. Aqueles que conviveram com o corpo técnico da Petrobras certamente concordariam de que se tratava de um seleto grupo de excelentes profissionais. Foram os responsáveis pelos feitos que orgulharam a nação ao longo da história. O

Principais irregularidades

que teria causado esse desastre anunciado? Qual a

As cinco principais motivações de autuações foram: não cumprir notificação da ANP; não atender às normas de segurança; não prestar informações ao consumidor; equipamento ausente ou em desacordo com a legislação; e comercializar ou armazenar produto não conforme com a especificação.

motivação deste êxodo?

Combustíveis Em relação aos combustíveis, a gasolina registrou o maior número de não conformidades, com 95,2% dos casos relacionados ao percentual de etanol fora das especificações.

Profissionais sérios, capacitados e, principalmente, ciosos de sua responsabilidade para com o povo brasileiro, principal acionista. Compromissados com o interesse maior do país. Isso por definição é o que se deve esperar dos empregados da Petrobras. Certamente, o quadro de funcionários inclui pessoas de todos os sexos, credos, cores e ideologias políticas. Os grandes feitos da companhia, em qualquer período histórico, não aconteceram

Atenção revendedor! Foi publicada a Portaria 1.109/2016, que traz uma série de mudanças sobre a exposição ocupacional ao benzeno em postos revendedores. Os prazos para implementar as adequações são variados. A próxima edição da revista trará uma reportagem completa. Confira a íntegra da Portaria no site da Fecombustíveis/Canal da Revenda: www.fecombustiveis.org.br

por ideologia corporativa de direita, de centro ou de esquerda. Aconteceram porque a companhia se mantinha direcionada a sua função precípua. Os desvios de finalidade, verificados nos últimos anos, destruíram a empresa. A corrupção atingiu duramente as finanças corporativas e, agora, são noticiados também, os fundos de pensão dos trabalhadores. Para a tristeza de todos os brasileiros constata-se mais uma situação deletéria da grandeza nacional. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

Conveniência em destaque A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 59 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisbôa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Marciano Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot com imagem da iStock Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

Ainda há muita estrada pela frente para o setor de conveniência no Brasil chegar ao patamar dos Estados Unidos ou de mercados mais maduros. No mês passado, participei da 5ª Expo Coveniências em Caxias do Sul. A feira não é muito extensa, mas a cada ano que se realiza, ela evolui, tanto em número de expositores, como de público e também de diversificação de produtos e equipamentos direcionados ao setor. O que mais chamou a atenção foram os alimentos e bebidas direcionados a públicos mais exigentes. Na área de food service, os alimentos sem glúten e sem lactose foram expostos pela primeira vez na feira. O revendedor brasileiro tem em suas mãos um segmento que bem explorado pode ajudá-lo a superar os momentos vulneráveis como o que estamos vivendo. A gestão da loja de conveniência é mais complexa, mas uma hora a recompensa vem. Como disse um dos palestrantes, quem fizer diferente, pode se destacar, porque fazer igual não tem segredo. Neste mês, muitos revendedores estarão na NACS Show. Quem for pode trazer muitas ideias e se surpreender com o vasto mundo da conveniência e o potencial deste mercado. Com ou sem conveniência, os revendedores brasileiros andam um tanto desmotivados com o seu negócio. Muitos resolveram passar o posto adiante porque não conseguem arcar com os custos e obrigações; outros dizem que a concorrência desleal aumentou muito, minando o negócio de quem trabalha honestamente. Mesmo com os solavancos da crise, o fato é que o setor de combustíveis ainda está em melhor situação do que outros da economia. Enquanto o consumo de combustíveis acumula 4% de perdas em relação ao ano passado, o setor automotivo recuou mais de 20%. Confira a situação real dos empresários da revenda na reportagem de capa, redigida por Rosemeire Guidoni. Estamos lançando nesta edição, uma nova seção na revista, Responsabilidade Social. Vamos escrever uma série de reportagens sobre ações de responsabilidade social ou de trabalhos assistenciais apoiados pela revenda. A primeira matéria aborda o envolvimento do Recap (sindicato da revenda de Campinas) com o Lar Pequeno Paraíso. A cada edição da revista, pretendemos contar uma iniciativa, mas para isso, precisamos de sua colaboração. Quem tiver interesse em transformar a sua experiência em reportagem, basta enviar um e-mail para: combustiveiseconveniencia@fecombustiveis.org.br Também trazemos as coberturas dos eventos, como o Simea 2016, em Meio Ambiente; do Salão Latino-americano de Veículos Elétricos e do 13º Fórum de Tecnologia de Motores Diesel. Não deixe de ler a matéria Na Prática sobre as perdas da revenda e o que fazer para lidar com elas (Adriana Cardoso). Outro destaque é a última entrevista de Magda Chambriard, às vésperas de deixar o cargo de diretora-geral da ANP. Boa leitura! Mônica Serrano Editora



44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac

MARANHÃO Sindicombustíveis - MA

RIO DE JANEIRO Sindestado

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis

MATO GROSSO Sindipetróleo

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb

Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br

Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br

SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis

MATO GROSSO DO SUL Sinpetro

RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN

Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br

Orlando Pereira dos Santos Av. Jeronimo de Albuquerque, 25 Ed. Pátio Jardins, 5º andar / sl. 518 e 520 Calhau – São Luís-MA Fone: (98) 98749-1700 / 98453-7975/ 98433-5941 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br

ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br

AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br

BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br

CEARÁ Sindipostos - CE Antonio Machado Neto Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br

DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF Daniel Benquerer Costa SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br

ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br

GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br

10 • Combustíveis & Conveniência

Edemir Jardim Neto Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br

MINAS GERAIS Minaspetro

Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br

PARÁ Sindicombustíveis - PA

Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br

PARAÍBA Sindipetro - PB

Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax: (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br

RIO GRANDE DO SUL Sulpetro

Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br

RONDÔNIA Sindipetro - RO

Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br

Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br

PARANÁ Sindicombustíveis - PR

RORAIMA Sindipostos - RR

Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE

Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco, 15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

PIAUÍ Sindipetro - PI

Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

Abel Salvador Mesquita Junior Av. Major Williams, 436 - sala 01- São Pedro Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-9368 sindipostos.rr@hotmail.com

SANTA CATARINA Sindipetro - SC

Reinaldo Francisco Geraldi Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb

Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br

Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br

SÃO PAULO – CAMPINAS Recap

Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br

SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br

SERGIPE Sindpese

Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br

SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas

Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br

TOCANTINS Sindiposto - TO

Wilber Silvano de Sousa Filho Quadra 303 Sul Av. LO 09 lote 21 salas 4 e 5 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br

TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br

Entidade associada ABRAGÁS (GLP)

José Luiz Rocha Fone: (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Em busca de solução Para nós, da reHá meses, a expansão do Programa Jogue Limpo tem preocupado a revenda. Este programa venda, a responsaé de extrema importância para todos os envolvidos bilidade pela coleta na cadeia de lubrificantes, por preservar o meio das embalagens é dos ambiente. Para relembrar, em 2012, o Ministério fabricantes, e não dos do Meio Ambiente implementou o Acordo Setorial postos. Temos a exata para implantação do sistema de logística reversa noção do nosso papel de embalagens plásticas de óleos lubrificantes, em relação à preservacom as assinaturas dos representantes da cadeia ção do meio ambiente, assinamos um acordo de comercialização de lubrificantes. Desde então, setorial com responsabilidade compartilhada, a gestão da coleta das embalagens usadas é de assumimos destinar corretamente as embalagens responsabilidade do Instituto Jogue Limpo, criado usadas em nossos estabelecimentos, mas não pelas empresas representadas pelo Sindicom. nos cabe assumir tamanha responsabilidade De lá para cá, o programa se expandiu com a inclusão das embalagens de terceiros. para 15 estados brasileiros. Hoje, a coleta das Para o posto é muito arriscado receber embalagens de lubrificantes é os resíduos de outros estafeita da seguinte maneira: os belecimentos. E se houver Para nós, da revenda, a frascos usados são recolhidos responsabilidade pela coleta das contaminação? Não sabemos nos postos e levados pelos que tipo de resíduo podem embalagens é dos fabricantes, e caminhões do instituto para colocar no PEV. O Ministério não dos postos. Temos a exata as centrais de recebimento e, noção do nosso papel em relação do Meio Ambiente e outros neste local, as embalagens são à preservação do meio ambiente, órgãos ambientais podem lavadas, prensadas e enviadas entender que somos responassinamos um acordo setorial com sáveis pela contaminação. Se para reciclagem. responsabilidade compartilhada, eu passar a receber resíduos As divergências começaram assumimos destinar corretamente de terceiros, automaticamena surgir com as discussões para as embalagens usadas em expandir o programa para as te, serei responsabilizado. nossos estabelecimentos, mas regiões Norte e Centro-Oeste, Nem teria como provar que não nos cabe assumir tamanha Maranhão e Piauí. Nestes loeste ou aquele resíduo não cais, a proposta da entidade responsabilidade com a inclusão de pertence ao posto, já que o é que o programa adquira um compartimento é um só. embalagens de terceiros novo formato, com a criação Cada um tem que fazer a de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), que sua parte e a nossa é entregar as embalagens seriam instalados nos estabelecimentos, como usadas para o instituto. postos e supermercados. Ao invés do caminhão Somos um setor altamente fiscalizado, temos do programa passar nos locais para recolher que nos adaptar a uma série de regras. Os emos frascos, os estabelecimentos levariam as presários estão traumatizados com tantas normas embalagens até os PEVs fixos. Os PEVs são e adequações. Uma de nossas sugestões é que contâineres que vão receber as embalagens o próprio município seja um dos voluntários para dos estabelecimentos próximos, como oficinas, instalar os PEVs. trocas de óleo e concessionárias. Podemos encontrar outras saídas e estamos Após a implementação deste novo formato buscando alternativas para que o Jogue Limpo nas regiões não atingidas pelo programa, a ideia se expanda e a revenda cumpra a sua parte no é expandir o mesmo modelo (PEVs) para todos acordo. Queremos encontrar uma solução viável os estados onde o Jogue Limpo está em atividade para todos para que possamos, juntos, respeitar há anos. Ou seja, as regiões Norte e Centro-Oeste o meio ambiente, sem causar prejuízo a nenhum seriam projetos-piloto para implementar um sistema agente da cadeia. completamente diferente do modelo original. Combustíveis & Conveniência • 11


44 Magda Chambriard 4 diretora-geral da ANP

Fotos: Marcus Almeida/Somafoto

Pelo melhor, sempre

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Por Mônica Serrano A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, está na contagem regressiva para deixar o cargo. Em 5 de novembro, ela entra em período de quarentena e deixará o cargo ao qual foi nomeada em março de 2012. Sua gestão é marcada por ser mais próxima aos agentes econômicos e implementar sistemas para promover a transparência e agilidade nos processos demandados pelos revendedores, facilitando a interlocução com a agência. “Temos um sistema chamado push, que permite ao empresário visualizar seu processo pela internet e, mais do que isso, receber um e-mail informando o progresso do processo. Ele pode ver o documento escaneado com a correspondência enviada, ou que irá receber da Superintêndência”, disse a diretora-geral. Algumas regulamentações importantes para a revenda foram implementadas em sua administração, como a da Medida Reparadora de Conduta, a atualização do marco regulatório da revenda de combustíveis (41/2013), a obrigatoriedade de coleta da amostra-testemunha pela distribuidora (modalidade FOB) e de lacres numerados (44/2013). Sua atuação mais enfática, neste ano, foi o alerta sobre a necessidade de investimento em infraestrutura, uma vez que, mais cedo ou mais tarde, o país vai voltar a crescer e com o aumento da demanda por combustíveis, precisará de refinarias e de melhorias nos portos para suprir o aumento da importação. Confira os principais trechos da entrevista, concedida com exclusividade à revista Combustíveis & Conveniência, na sede da ANP, no Rio de Janeiro.

Os analistas dizem que quando as importações chegam na ordem de 15% do total de consumo no país, deve-se fazer alguma coisa. Isso é um direcionamento para se refletir sobre este tema Combustíveis & Conveniência: Qual é o balanço que a senhora faz do período de gestão à frente da ANP? Magda Chambriard: Tenho uma diretriz de vida: o dia seguinte tem que ser melhor que o anterior. O presente tem que ser melhor que o passado e o futuro tem que superar o presente. Foi o que eu busquei fazer, em termos de implementação de melhorias, salto de qualidade e inserção de tecnologia. Quando eu cheguei à ANP, a Agência tinha 14 anos de existência, era relativamente nova, o que nos levou a buscar melhorias e espero que o próximo diretor-geral faça a mesma coisa. Em termos de regulação no mundo, o que a gente tem de moderno é colocar o consumidor no centro das discussões. Uma agência que atende ao consumidor, mas, ao mesmo tempo, se preocupa com o fomento de investimentos e com aquele empresário que precisa ser bem-sucedido para que o setor também progrida. As nossas ações passaram por aí. Fizemos muita coisa no sentido de agilizar e dar transparência para os processos. Imagina que o agente de outro estado tinha que protocolizar um documento na Agência e voltava para casa. A partir daí, ele não sabia se o processo tinha andado ou não, se tinha extraviado, se havia alguma pendência. Imagina o transtorno que é, por exemplo, para a revenda, em que os agentes econômicos em todos

os municípios brasileiros precisam ter suas respostas. Quando isso não acontecia, tínhamos o CRC para responder essas demandas, lá atrás o número só crescia. Hoje são 15 mil atendimentos por mês. A coisa era muito lenta, então, tratamos com muita transparência, e as respostas para os agentes passaram a ser enviadas de forma mais automatizada. Logo de cara, fizemos isso. Agora, temos um sistema chamado push, que permite ao empresário visualizar seu processo pela internet e, mais do que isso, receber um e-mail informando o progresso do processo. Ele pode ver o documento escaneado com a correspondência enviada, ou que irá receber da Superintendência. Isso evita que ele tenha que esperar x dias. Com este sistema, ele vai visualizar as respostas da ANP sobre seu respectivo processo. Nós começamos isso pela revenda de combustíveis. Isso é algo de grande valia em benefício do agente econômico. C&C: Como ocorreu a proximidade com o setor de downstream? MG: Na essência da definição de uma agencia reguladora, a gente enxerga dois papéis muito amplos: um é atuar no equilíbrio de forças entre os agentes e o outro é atuar em direção do saneamento da simetria de informações para a sociedade. O que eu percebi, até então, é que a revenda não tinha sido plenamente contemplada no equilíbrio de forças. Então,nós trabalhamos muito Combustíveis & Conveniência • 13


44 Magda Chambriard 4 diretora-geral da ANP nessa questão de acolhimento da revenda. Quando o agente econômico queria saber do trâmite do seu processo pensei ‘vamos participar dos eventos do setor’. Participamos dos congressos e ficamos disponíveis para o atendimento, de forma que surgiram as chamadas “banquinhas “da ANP (posto de atendimento). Além da revenda de combustíveis líquidos, fizemos isso com o TRR e o GLP porque são dezenas, milhares de agentes econômicos que, muitas vezes, não sabem direito como se relacionar com a ANP. Ao participar dos eventos, a ANP tentava se mostrar acessível, pois não somos agentes públicos intocáveis, não estamos escondidos atrás de uma mesa. Somos agentes públicos disponíveis ao mercado regulado, que conversa e atende às necessidades e demandas do setor.

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C&C: Das regulamentações/ iniciativas que foram implementadas em sua gestão, quais seriam as mais relevantes? MC: Gosto muito da do lacre e da amostra-testemunha. Tínhamos penalizações dos agentes econômicos por roubo de carga, que acabavam estourando na revenda e não tinha como saber se o caminhão-tanque tinha feito um pit stop no meio do caminho, para a carga ser roubada, sendo substituída por combustíveis não conformes. A Resolução do lacre e da amostra-testemunha veio em benefício desse agente econômico e do saneamento de uma dificuldade que o mercado estava enfrentando. O roubo de carga era uma realidade. Nas ações das forças-tarefa da ANP, em parceria com a polícia, a prática de colocar lacres em cargas roubadas já tinha se tornado corriqueira. Isso prejudicava a sociedade, o consumidor e também o agente econômico que nada tinha cometido. Também nos agradou muito os manuais de fiscalização para combustíveis líquidos, distribuidoras e TRRs, todos ancorados em suas resoluções. Fizemos também uma distinção de penalidades que incidem em penalidades menores que podem ser saneadas sem que isso cause o desconforto da possibilidade da segunda reincidência. Entendemos que a regulação era alguma coisa para tornar o mercado sadio, competitivo, fazer atuar dentro das boas práticas e que o agente fiscalizador não é um inimigo, mas sim um amigo. Também destaco a atuação das forças-tarefa. A gente entende que o país tem um combustível de boa qualidade, mas a fraude migra para outras questões e

quando ocorre essa migração, quem paga por essa fraude é o consumidor e o bom empresário, é ele quem perde quando alguém não cumpre as regras. Eu digo que a nossa responsabilidade tem que ser dobrada, triplicada em relação ao bom empresário é por ele que a gente tem que atuar para evitar desvio. Criamos ainda as regras em relação aos estoques operacionais, o que muito nos orgulhou, pois trouxeram uma certa tranquilidade ao mercado. C&C: Qual a sua análise sobre a crise que o setor está vivenciando atualmente? Podemos esperar a retomada de consumo de combustíveis e a volta de crescimento do Brasil? MC: O país é hoje o 4º maior consumidor automotivo do mundo, o que é um mercado gigantesco. Quando o Brasil vinha crescendo, a demanda por combustíveis era maior do que o PIB, de forma que acreditamos na retomada de crescimento do país e do mercado. A gente precisa é concentrar esforços para que o país volte a crescer. Nós acreditamos que, se o país crescer 10 anos seguidos em ritmo moderado, vamos precisar de muito combustível. Se esse combustível vier só de importação, há necessidade de implementar melhorias na infraestrutura portuária e de distribuição de combustíveis. C&C: Considerando a projeção da ANP sobre o aumento da demanda de combustíveis no futuro, qual seria o caminho mais viável: ampliar a importação ou aumentar o número de refinarias? MC: Temos que pensar no caminho do meio. Os analistas dizem que quando as importações


chegam a 15% do total de consumo no país, deve-se fazer alguma coisa. Isso é um direcionamento para se refletir sobre este tema. No Brasil, de janeiro até agosto vendemos 17,761 milhões metros cúbicos de gasolina, sem anidro, e importamos 11,4% do total consumido. No caso do diesel, vendemos no mercado 29,169 milhões de metros cúbicos e a importação pelo distribuidor foi de 17,2%. Só não importamos mais porque a crise nos pegou e o etanol hidratado aumentou sua participação no consumo. Então, está na hora de pensar em infraestrutura, estamos próximos de 15%. Em termos dessa regra simples de mercado, estamos batendo na trave. Está na hora de pensar em infraestrutura. Seja o combustível refinado no Brasil seja importado, o importante é que ele chegue no consumidor final. C&C: De que forma a ANP tem alertado os agentes sobre essa questão? MC: A gente tem falado muito sobre a necessidade de investimentos em infraestrutura, o diretor Aurélio Amaral também tem contribuído com a divulgação. Temos participado de eventos com a própria revenda, em diversos seminários e estamos procurando passar a mensagem de que precisamos de infraestrutura, principalmente de armazenamento. Eu diria o seguinte: a construção de infraestrutura está na ordem do dia do debate nacional, vamos ter que ser capazes de dizer para o investidor que investir no Brasil é bom e vantajoso. C&C: Neste momento de crise, não seria mais difícil convencer investidores? MC: A crise econômica e a instabilidade política são dois ele-

A cabotagem é uma situação de fato difícil porque ela vai ter que ser assumida por outros agentes. O que posso dizer é que existe um movimento nessa direção, a ANP está acompanhando e vem discutindo junto aos agentes econômicos e à Petrobras mentos que atrapalham um pouco os investimentos. Porém, a história nos mostra que, nos últimos 40 anos, a indústria de petróleo só cresce. Sou uma pessoa otimista. Temos que ser hábeis para ultrapassar este momento e gerar conforto para quem quiser investir colocar a mão no bolso. Oportunidades de negócios não faltam, o Brasil é grande demais e há diferentes nichos de mercado. Em termos de infraestrutura de distribuição, de transporte, a gente mapeou os fluxos logísticos do país. Sempre que temos oportunidade, divulgamos em eventos e para grupos de investidores. Mostrar as necessidades de investimentos da cadeia não é mais tarefa do diretor-geral, e passam pela óbvia necessidade de expansão de infraestrutura. C&C: Qual avaliação que a senhora faz das mudanças que estão por vir, com o distanciamento da Petrobras em relação à logística dos combustíveis? MG: Acredito que para tudo na vida que precisa de infraestrutura, a gente precisa de um tempo de transição. É preciso entender uma real dificuldade

e trabalhar no sentido de viabilizar a transição. Nós temos feito reuniões na ANP sobre esse tema, a Petrobras está sensível, de forma que deve-se chegar a um bom termo, só que não será no mesmo patamar do anterior. C&C: Se a Petrobras se responsabilizar somente pela produção até a porta da refinaria e da refinaria em diante, cada distribuidora teria que arcar com a logística até a ponta final da cadeia? Isso já está acontecendo? MG: A cabotagem é uma situação de fato difícil porque ela vai ter que ser assumida por outros agentes. O que posso dizer é que existe um movimento nessa direção, a ANP está acompanhando e vem discutindo junto aos agentes econômicos e à Petrobras. Acreditamos que haverá um esforço de transição. C&C: Com esta mudança, qual pode ser o impacto para a revenda? Poderia ocorrer aumento de custos dos combustíveis? MG: A Petrobras paga pela cabotagem, de que forma ela oneraria o consumidor final só Combustíveis & Conveniência • 15


44 Magda Chambriard 4 diretora-geral da ANP se a cabotagem contratada por outros agentes fosse mais cara do que a Petrobras. Se for contratada um a um é mais complicada. Um possibilidade seria a cabotagem ser feita em pool, em grupo. O fato é que o mercado vai ter que encontrar as respostas a partir do reposicionamento da Petrobras. Para um mercado competitivo é até bom, pois beneficiam aqueles agentes que forem os mais eficientes. C&C: Pensando no equilíbrio de mercado e no bem do consumidor, qual a sua análise sobre uma possível concentração de mercado em relação à venda da BR ou da Liquigás para agentes do mesmo setor? Haveria como a ANP intervir de alguma forma? MC: O que a gente faz algumas vezes é ajudar o Cade a instruir processo quando o assunto é muito específico, fornecendo informações, explicando regras. A obrigação direta não é nossa. C&C: Uma das demandas recorrentes da revenda sempre foi tentar diferenciar dolo/ fraudes dos combustíveis de uma não conformidade sem a real intenção de prejudicar o consumidor. Na sua opinião, haveria umaalternativa de diferenciar essas situações, sem afrouxar a lei das penalidades, nem criar brechas para os empresários de índole duvidosa e, ao mesmo tempo, não punir tão duramente o empresário que age corretamente e houve pequena desconformidade? MC: Tem algumas coisas que acontecem, a gente deixou de ter fraude por metanol, mas dali a pouco aparece outro tipo de fraude. A maioria dos agentes não burla, mas a prática da fiscalização mostra que não dá para relaxar. Por causa do mau agente, se ele agir, 16 • Combustíveis & Conveniência

vai ter mais lucro e vai prejudicar o trabalho do bom agente. Ao longo desses cinco anos, fizemos muito esforço para mexer na lei das penalidades, mas foi em vão. Nós temos situações extremamente ruins quando a gente multa os agentes. A nossa obrigação legal que é de aplicar a penalidade mínima de R$ 50 mil. Para um agente econômico de GLP uma multa neste montante pode ser o mesmo que jogá-lo na clandestinidade. No fundo, a gente combate a clandestinidade, mas não pode aplicar uma multa menor do que R$ 50 mil. Outro exemplo, é um derramamento de petróleo, com vítimas fatais, eu só posso aplicar uma penalidade de R$ 2 milhões ao agente. Se ele pagar à vista, essa multa cai para R$ 1,4 milhão, o que não faz sentido. Essa é uma discussão que vai transcender meu mandato, mas acho que a sociedade tem que continuar atenta. Eu não posso nem ter uma lei que contribua para jogar os pequenos agentes na clandestinidade e não posso ter uma lei que não seja coercitiva. O ideal seria ter um mercado que não precisasse ser penalizado.

C&C: Quais são seus planos após deixar a ANP? MC: A partir do dia 5 de novembro estarei em quarentena e depois tenho que voltar para a indústria porque quero continuar trabalhando. A única coisa que me preocupa é que eu saindo ficam só três diretores, e se alguém tiver um problema de saúde, por exemplo, o quórum tem que ser sempre total e as opiniões têm que ser unânimes. Esse número (três diretores) é bastante desconfortável e obriga que a atenção seja mais rápida para suprir a vaga. C&C: A senhora gostaria de transmitir alguma mensagem para os revendedores? MC: Primeiro, quero agradecer a proximidade e a tolerância e, segundo, independente de quem estiver no cargo, dizer que a ANP é uma agência muito estruturada. Os empresários devem procurar a ANP e seus representantes. Não enxerguem a agência como um quadro burocrático de funcionários públicos. A ANP tem bons profissionais, que se importam com o mercado e vão continuar aqui. Não esmoreçam no contato com o agente regulador, estamos aqui do mesmo jeito. n


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Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de setembro de 2016:

15 – Participação da Fecombustíveis na 5ª Expo Conveniências em Caxias do Sul/RS; 16 – Reunião extraordinária do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, realizada em Caxias do Sul/RS; 22 – Participação de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, em reunião na Confederação Nacional de Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro/RJ; 21 – Participação da Fecombustíveis no Seminário “Troca de Informações no Segmento de Petróleo, Gás e Biocombustíveis”, realizado pelo Confaz, em Natal/RN; 23 – Participação de Paulo Miranda Soares em reunião no Bradesco BBI Research, sobre o mercado de combustíveis no Brasil, no Rio de Janeiro/RJ; 27 – Participação da Fecombustíveis em reunião com equipe do Programa Jogue Limpo, para tratar do Acordo Setorial da Logística Reversa de Lubrificantes, na sede da Fecombustíveis, no Rio de Janeiro/RJ; 27 – Participação da Fecombustíveis em reunião com a Superintendência de Fiscalização do Abastecimento da ANP, para tratar de assuntos de interesse da revenda de combustíveis, no Rio de Janeiro/RJ; 28 – Participação Paulo Miranda Soares na 8ª Conferência de Commodities do Itaú BBA, em São Paulo/SP.

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OPINIÃO 44 Adão Oliveira 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

A hora é de reconstruir e recuperar e que se altera a cada O Brasil precisa se regenerar. Após o segunano. É inadmissível do processo de impeachment de um presidente que ainda no país, uma da República e a situação de gravidade de uma casta de privilegiados crise que mescla o político, o econômico e atinge obtenha aposentadorias diretamente o tecido ético e moral da sociedade, milionárias e em plena a tarefa é inadiável e fundamental. Por onde quer idade de produtividade, e milhões recebam beque se vá neste país, a crise se mostra incisiva e demolidora. Incisiva pelo seu caráter vertical e nefícios indevidos e fraudulentos. dramático. Demolidora porque devastou empregos, No que tange à área trabalhista, igualmente sepultou sonhos e destruiu a esperança de milhões é necessária uma total reestruturação. Nunca é de brasileiros e brasileiras. demais lembrar que a lei trabalhista brasileira reMas não podemos de forma alguma fraquejar. monta à década dos anos 40 do século passado, O brasileiro já mostrou que é de fé, que acredita e que foi irresponsavelmente coroada com direitos em si e no Brasil e sempre soube sobreviver a insuportáveis pela economia na chamada Constisituações semelhantes. De um lado, temos uma tuição Cidadã de 1988. A reforma sindical também realidade pouco desejável, é inadiável. Impossível que de outro, temos a motivação, o sindicalismo brasileiro Reformas da previdência social, a perseverança e o sentisobreviva totalmente amtrabalhista e sindical são essenciais mento de superação que parado pelo Estado, seja para redefinir novas formas de cada um de nós alimenta do ponto de vista político, adaptação a um ambiente mundial em seu íntimo. A esperança com o atrelamento do sindiferente e que se altera a cada ano. sempre foi um sentimento dicalismo a legendas espeÉ inadmissível que ainda no país, que se renovou no coração cíficas; seja da nutrição de de cada brasileiro e nos seus caixas por generosas uma casta de privilegiados obtenha fez sair de crises anteriotransferências de dinheiro aposentadorias milionárias e em público de uso duvidoso e res. O Brasil da superação plena idade de produtividade, e precisa despertar de novo milhões recebam benefícios indevidos fora dos seus propósitos. E o Estado brasileiro e se impor àquele país da e fraudulentos precisa ser redimensionado; indolência, da desfaçatez e nem mínimo, nem máximo. da irresponsabilidade com Impossível que alguns segmentos continuem os objetivos inerentes ao setor público. empunhando bandeiras atávicas em relação ao Para isso, é fundamental que a sociedade Estado nacional que não pode tudo, nem deve tenha discernimento de que algumas ações são fazer tudo num mundo globalizado em que se necessárias para servir como alavancas no sentido busca eficiência e produtividade como formas de reverter o quadro dramático que vivemos. Antes de ganhos gerais para a sociedade. O Estado de tudo, no entanto, a sociedade brasileira terá de brasileiro é paquidérmico, insensato e altamente ser implacável com os políticos de todas as instânirresponsável no trato do dinheiro público. Vejacias, no sentido de cobrar ética no desempenho de suas funções. O nível de corrupção endêmica -se a situação alcançada pela saúde, educação e que o Brasil acabou por alcançar se torna um segurança, que são totalmente ineficientes para fator impeditivo para qualquer retomada de um atender às necessidades mínimas da população. desenvolvimento econômico com justiça social. Agora é a hora de repensarmos o Brasil sem Reformas da previdência social, trabalhista e sectarismo, sem partidarismo, mas com o único sindical são essenciais para redefinir novas formas intuito de melhorar as condições de vida de todos de adaptação a um ambiente mundial diferente os cidadãos brasileiros. Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO Em relação ao aumento do teor do biodiesel no diesel, a indústria automotiva se preocupa com a diluição de óleo no motor, a estabilidade à oxidação e a compatibilidade dos materiais do sistema de combustível

Claudio Ferreira

Diesel em debate Aumento do percentual de biodiesel, qualidade do diesel, controle de fraudes associadas ao Arla 32 e a discussão sobre a introdução de uma nova fase no programa de controle de emissões foram os temas que nortearam o 13º Fórum de Tecnologia de Motores Diesel, promovido pela SAE Brasil Por Rosemeire Guidoni Apesar do momento de retração da economia, que afeta as vendas de veículos e também as de combustíveis, a cadeia automotiva que atua no segmento de motores diesel se reuniu para debater a necessidade de investimentos em novas tecnologias e as perspectivas para este mercado. “É importante termos uma visão de longo prazo, seja para os motores, para a especificação do 20 • Combustíveis & Conveniência

combustível ou para os sistemas de tratamento”, afirmou o engenheiro Gilberto Leal, membro da Comissão Organizadora do 13º Fórum de Tecnologia de Motores Diesel, realizado nos dias 23 e 24 de agosto, em Curitiba (PR). Promovido pela SAE Brasil, uma associação que reúne engenheiros da mobilidade, o evento contou com a participação de 260 pessoas e promoveu 18 palestras de interesse comum na indústria automotiva, off-highway (área

que engloba máquinas agrícolas, de mineração e uso marítimo), e de geradores. “Debatemos a experiência dos nossos clientes finais a partir de vários pontos de vista, e promovemos reflexões sobre o futuro das tecnologias que serão desenvolvidas para atender as demandas específicas da América Latina”, destacou o engenheiro Luciano Portela, gerente do Fórum. Durante o evento, um dos temas mais discutidos foi a in-


trodução de uma nova fase do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve).“A perspectiva de chegada de uma nova fase, P8 ou Euro 6, foi abordada em praticamente todos os debates e em diversos momentos, tendo em vista o aprendizado com o Proconve P7. A indústria já discute e se prepara para novos desenvolvimentos, mas uma das grandes questões é justamente o momento atual, já que a capacidade de investimento do setor está reduzida, e temos também de lidar com as limitações de infraestrutura e a atual crise econômica”, explicou Portela. O tema é polêmico. Enquanto, para alguns representantes do mercado automotivo, a introdução de uma nova fase representa a possibilidade de rever problemas da fase atual (P7), para outros, ainda é prematuro pensar em novos investimentos. “Quando a fase P7 foi introduzida, em 2012, a indústria automotiva enfrentou um movimento de pré-compra em 2011, com grande queda nas vendas em 2012. O Arla 32 também entrou no mercado, trazendo consigo uma série de problemas. Ainda é cedo para termos uma nova mudança, pois do P7 para o P8 a complexidade dobra, e o consumidor terá de fazer investimentos bem maiores para adquirir veículos que demandam mais tecnologia”, observou Leal. Para o especialista, antes de definir uma data para a nova fase, é primordial corrigir os problemas da fase atual, como as irregularidades envolvendo o Arla 32.

do Sul), Rússia, Índia e China já adotaram a fase Euro 6. O México, embora não faça parte do grupo e seja considerado um país em desenvolvimento, também já introduziu esta nova fase. “Nós não temos nada previsto, ficaremos obsoletos”, disse, explicando que, na verdade, a introdução não deve ser imediata, mas existe a necessidade de uma definição de data para que a indústria e toda a cadeia envolvida na comercialização de equipamentos e combustíveis possa se adequar. “Vários problemas podem ser melhor resolvidos com uma nova fase. No Euro 6, o sistema de autodiagnós-

Ives Castro

Parte dos agentes de mercado considera necessário resolver os problemas da fase P7 referentes às fraudes e o mau uso do Arla 32, antes de iniciar uma nova etapa do Proconve

Mas há uma linha de pensamento que considera que a próxima fase será necessária para resolver os problemas da P7. Elcio Farah, presidente da Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (Afeevas), defende que o mercado deve começar a pensar na mudança. “As montadoras, o mercado de combustíveis e as empresas de autopeças precisam de tempo para se preparar, então, é fundamental que o mercado já defina datas e critérios para a nova fase”, argumentou. Segundo ele, do grupo de países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África

Combustíveis & Conveniência • 21


44 MERCADO tico do veículo (OBD) é mais complexo, e apresenta maior dificuldade de burla. Além disso, até a fase Euro 5/P7 as emissões são testadas em dinamômetro, em laboratório. Os veículos se comportam de maneira distinta, o que significa que precisam ser testados rodando em condições de tráfego, na rua”, acrescentou. “A discussão sobre o tema é necessária desde já, como acontece de fato, mas, certamente, a crise econômica afeta a definição da data de introdução”, ponderou Portela. Entretanto, vale lembrar que a Europa definiu a transição do Euro 5 para o Euro 6 em 2008, auge da crise econômica mundial. Mas a mudança só aconteceu, de fato, em 2013, e o mercado teve cinco anos para se preparar e se adequar.

Elevação do teor de biodiesel Outro debate importante durante o Fórum foi acerca da elevação do teor de biodiesel adicionado ao diesel. Os testes de desempenho do produto nos motores estão sendo realizados pelas montadoras e já existe um cronograma para a elevação. O assunto foi abordado em diversas palestras e as conclusões, de maneira geral, não são contrárias à elevação do teor atual. No entanto, a indústria automotiva considera que é muito importante dar ênfase à verificação necessária durante o desenvolvimento, aliada à regulamentação apropriada. Isso porque existe uma preocupação em relação aos desafios como a diluição de óleo no motor, a estabilidade à oxidação e a 22 • Combustíveis & Conveniência

compatibilidade dos materiais do sistema de combustível. “Hoje, sou favorável ao biodiesel. Mas sou contra esta falta de visão de longo prazo”, resumiu Leal. Segundo o engenheiro, além de não existir data para uma nova fase no programa de controle de emissões, ainda existem várias questões que a indústria automotiva precisa definir antes da elevação do teor. “Estamos discutindo o B15 até 2019. Isso é complexo, não podemos fazer esta mudança sem planejamento. Precisamos de mais pesquisas, pois o biodiesel pode afetar o sistema de escape dos veículos, altera o uso de lubrificantes e tudo demanda adaptações”, explicou. Leal também citou legislações locais, que acabam interferindo na introdução segura do programa. “A cidade de São Paulo, por exemplo, tem uma legislação que estabelece que, a partir de 2018, os ônibus urbanos não poderão mais utilizar combustíveis fósseis. Mas será que teremos B100 ou alternativas renováveis para suprir a demanda disso, sem planejamento?”, questionou. Além do debate sobre o teor de biodiesel, outro tema discutido foi a possibilidade de redução de enxofre do diesel. “A redução do teor de enxofre é, sem dúvida, um fator limitante na introdução de novas fases de regulamentações de emissões. O que se espera é que haja um planejamento de longo prazo, coordenado entre indústria e governo, para que as condições necessárias, principalmente do combustível, estejam disponíveis no momento da introdução de uma nova etapa na regulamentação de emissões”, disse Portela.

13º Fórum de Tecnologia de Motores Diesel, promovido pela SAE Brasil, estimulou debates sobre a qualidade do combustível, elevação do teor de biodiesel e a perspectiva de uma nova fase do Proconve

Irregularidades Um dos principais entraves da fase P7 é o uso (ou melhor dizendo, mau uso) do Arla 32. O produto, utilizado no sistema de pós-tratamento de gases, é alvo de diversas fraudes, que incluem a instalação de chip para burlar o OBD, utilização de água ou outras misturas aquosas de ureia no lugar do Arla, ou simplesmente a não utilização de nenhum produto. A fraude, que surgiu já no início da introdução do produto no mercado, sempre foi motivada por um suposto benefício econômico. Como o preço do produto perante o diesel era considerado alto por motoristas e mesmo transportadores, muitos agentes enxergavam


Levi Pereira

vantagens na irregularidade. Mas os fabricantes alertam que a vantagem é momentânea, pois as fraudes levam à redução de potência do veículo e outros problemas nos componentes, como oxidação de peças. Além disso, não utilizar o sistema de pós-tratamento de forma adequada é considerado crime ambiental, sujeito a penalidades e até mesmo prisão. Isso sem contar a perda de garantia do veículo. Hoje, o problema está parcialmente controlado, mas, segundo estatísticas da Afeevas, existe ainda uma discrepância de 43% no uso do Arla, comparado com a quantidade de S10 comercializada no país. Apesar de o dado não ser exato, porque muitos veículos que

demandam o uso obrigatório de S10 não utilizam o combustível, e outros que não necessitam do diesel com redução de enxofre utilizam, a estatística mostra que o mercado do Arla é de pouco mais de metade do que deveria ser. “Houve uma melhora neste índice, seja em função da fiscalização ou mesmo por causa dos preços. Com a venda de Arla a granel, o preço caiu e a vantagem econômica não é mais tão grande”, disse Farah. Segundo ele, considerando o preço do produto em dólar, o valor praticado no Brasil atualmente é inferior ao da Europa. “No entanto, na Europa o preço do diesel é mais elevado, então, o impacto lá é menor do que aqui”, completou.

De acordo com Farah, a fase P7 não tem os benefícios ambientais previstos em função das fraudes envolvendo o Arla. “Sem o sistema de pós-tratamento, as emissões ficam próximas à fase P3 ou mesmo P2”, afirmou. Para controlar o problema, o Ibama trabalha em conjunto com a polícia nas fiscalizações em rodovias. Alguns testes podem ser realizados no ato da fiscalização, mas existem ainda dificuldades. Por exemplo, em situações em que o motorista é alertado sobre a fiscalização e desliga o chip que engana o OBD. As montadoras têm um sistema de leitura de dados do veículo capaz de detectar isso, mas o problema é que cada empresa tem um código, e a polícia não dispõe de equipamentos para detectar a irregularidade em toda a frota. “Já elaboramos a especificação de um equipamento universal, capaz de fazer a leitura de veículos de todas as marcas. Em breve, a polícia deverá fazer licitação para aquisição. Além disso, mais agentes estão sendo treinados para detectar as fraudes, e as operações devem acontecer com maior frequência, em vários estados”, afirmou Farah. “A questão da burla ao Arla e meios de controle foi extensivamente discutida no Fórum, tanto no ponto de vista do cliente, quanto das montadoras, dos fabricantes de componentes de sistema de pós-tratamento e também do órgão controlador. O debate foi muito interessante e chamou a atenção dos participantes da indústria, com a realidade de campo que vivemos e os altos índices de burla ao Arla 32”, disse Portela. n Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO 12º Salão Latino Americano de Veículos Elétricos foi realizado de 1 a 3 de setembro, em São Paulo

Fotos: Isabella Sih/Texto Final

Veículo elétrico ainda é um desafio no Brasil Apesar dos inegáveis benefícios ambientais e da tecnologia já desenvolvida para a mobilidade elétrica, no Brasil ainda existem muitas barreiras a serem superadas como o alto custo dos veículos e a ausência de infraestrutura de recarga Por Rosemeire Guidoni Embora em muitos países os veículos elétricos já tenham ganhado as ruas, a verdade é que a mobilidade elétrica ainda representa uma parcela muito pequena na frota mundial. De acordo com Ricardo Guggisberg, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), na média internacional apenas 5% dos veículos são elétricos. No Japão se encontra o maior mercado: 11% da frota de veículos do país é movida à eletricidade. Nos Estados 24 • Combustíveis & Conveniência

Unidos, esta parcela é de 4%. No Brasil, de acordo com Guggisberg, a frota é composta por 99% de veículos tradicionais. “Já existem incentivos à mobilidade elétrica, que não são suficientes. E o atual momento econômico não nos permite pleitear mais incentivos ao governo. As montadoras não estão investindo porque não há mercado”, disse ele, durante a abertura do 12º Salão Latino Americano de Veículos Elétricos, realizado em São Paulo, entre os dias 1 e 3 de setembro.

Durante o fórum realizado paralelamente à exposição (veja box), especialistas em energia e representantes da indústria automotiva discutiram as barreiras que impedem o avanço da mobilidade elétrica: alto custo dos veículos, autonomia, infraestrutura de recarga e a própria regulamentação da recarga, com definições sobre tarifas e formas de cobrança. “Nós dominamos a tecnologia para uma matriz sustentável, mas faltam investimentos. Temos pela frente grandes desafios para popularizar as tecnologias


elétricas”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Edson Orikassa. Em sua avaliação, o Salão do Veículo Elétrico é uma iniciativa interessante para popularizar a tecnologia, mas o alto custo dos veículos não contribui para isso. Iniciativas como as existentes em São Paulo, que isenta os elétricos do rodízio municipal e reduz o IPVA, são interessantes, mas não suficientes para convencer os consumidores. “Precisaríamos produzir mais com menos custos”, destacou Orikassa. Também presente à cerimônia de abertura do evento, o secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, falou sobre os problemas de mobilidade na capital paulista, que também afetam vários centros urbanos do país: excesso de veículos, trânsito, poluição, falta de vagas

de estacionamento, entre outros. “O carro, como existe hoje, não tem mais futuro, não temos espaço. Os ônibus também estão sobrecarregados. Precisamos pensar nas futuras gerações e promover o desenvolvimento sustentável”, afirmou, mencionando que a capital paulista pretende lançar em breve um sistema de carros compartilhados (car sharing). De acordo com o secretário, a prefeitura planeja abrir uma licitação para empresas interessadas em explorar o serviço, mas ainda não há detalhes definidos, nem em relação ao modelo de veículo (que pode até mesmo ser híbrido), nem quanto ao sistema de pagamento. Apesar da divulgação da proposta, com a proximidade de eleições municipais e a possibilidade de mudança no cenário político, não é possível saber se o projeto terá continuidade.

Desenvolvimento do mercado Na avaliação de especialistas em mobilidade elétrica, além de incentivos econômicos, a grande dificuldade para o desenvolvimento do setor é a falta de definição da infraestrutura para recarga. Luiz Rolim, pesquisador da Diretoria de Suporte à Decisão e Aplicações do CPqD, considera que existem vários atrativos aos veículos elétricos, como menor custo do quilômetro rodado e de manutenção, o aspecto ambiental, já que existe uma redução nas emissões de gases de efeito estufa e de outros poluentes, e a conveniência da recarga residencial. “Porém, a autonomia dos elétricos tende a ser menor do que a dos veículos tradicionais a combustão. Esta limitação pode gerar insegurança no usuário e, por

Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), na média internacional apenas 5% dos veículos são elétricos

Combustíveis & Conveniência • 25


44 MERCADO isso, é importante que sejam desenvolvidas alternativas públicas de recarga”, observou. Segundo ele, existem diferentes modelos de cobrança pelo uso de energia pública, que ainda dependem de regulamentação. “Fizemos estudos de avaliação dos impactos econômicos em parceria com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), considerando dois momentos do desenvolvimento do mercado. Um inicial, de criação do mercado, e um mais maduro, com frota maior, que dependerá de eletropostos”, contou. Na opinião do especialista, os eletropostos serão uma possibilidade de agregar valor a outros serviços, como estacionamentos, hospedagem e postos de serviços. Para tanto, precisam ser definidas as formas de cobrança pela recarga, que poderão ser baseadas em tempo, mensalidade, consumo de quilowatts-hora, ou mesmo cortesia. “Mesmo em mercados mais desenvolvidos, políticas públicas têm sido empregadas para expandir a oferta de pontos de recarga rápidos e semirrápidos, complementando e estimulando a atuação de empresas privadas, e o mercado brasileiro não deverá fugir a esta regra”, afirmou Rolim. Para Nelson Fonseca Leite, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), a mobilidade elétrica representa uma oportunidade para as distribuidoras ganharem mercado. “Acreditamos que o ideal seria estabelecer tarifas diferenciadas para os veículos elétricos, mas, para isso, são necessários medidores inteligentes, que permitam estabelecer tarifas diferentes de 26 • Combustíveis & Conveniência

Durante o fórum, especialistas em energia e representantes da indústria automotiva discutiram as barreiras que impedem a mobilidade elétrica

acordo com o horário, carga, entre outros. O medidor inteligente permite, inclusive, que o veículo elétrico seja um agente de mercado, que pode comprar e vender energia”, explicou. Além disso, segundo ele, outras questões precisam ser definidas. Se as distribuidoras assumirem este mercado, é possível que todos os consumidores, até os que não possuem veículos elétricos, paguem pela energia consumida pelos veículos. Já se o mercado for operado por outros players, é possível separar a cobrança e a energia para recarga será custeada só por quem utiliza veículos elétricos. “É importante definir um marco regulatório para este mercado”, concluiu.

Ruptura de padrões Para Jean-Paul Prates, do Centro de Estratégias em

Recursos Naturais e Energia (Cerne), os veículos elétricos são “disruptivos”. “Atualmente, a quantidade de veículos parados em estacionamentos, garagens ou mesmo no trânsito é muito grande. Em um futuro próximo, os consumidores vão comprar mobilidade, e não mais veículos. Isso será 80% ou 90% mais econômico”, afirmou, mencionando que as mudanças devem passar pela introdução de veículos autônomos e compartilhados. “Por que pagar por um carro que ficará mais de 90% do tempo estacionado?”, questionou. Para o mercado automotivo e de combustíveis, esta perspectiva é sombria. De acordo com Prates, se passarmos a ter um carro próprio a cada cinco usuários de mobilidade automotiva, o país precisará de


Elétricos em exposição

80% menos veículos do que a frota atual. “Esta mudança de paradigmas afetará toda a indústria automotiva e cadeias de serviços a ela ligadas, como combustíveis, manutenção, seguros, entre outros. Haverá grande resistência, o que pode retardar a mudança, mas ela acontecerá”, afirmou. “Por isso, as empresas precisam se preparar para o novo mercado, isso é prioritário”. Guilherme Wehb Syrkis, assessor do Ministro de Estado de Minas e Energia, lembrou do compromisso brasileiro feito no acordo de Paris, em dezembro de 2015, de chegar a 23% de energias renováveis. “Precisamos aumentar o uso de renováveis e o veículo elétrico se insere neste contexto. Há vários assuntos sendo discutidos

Durante o 12º Salão do Veículo Elétrico, os consumidores puderam conhecer a tecnologia de perto, utilizando veículos como bicicletas, patinetes e scooters elétricos, na chamada VHE Experience, um test drive para as categorias de veículos leves e levíssimos. “Foi uma oportunidade para o visitante experimentar um veículo elétrico e perceber na prática os seus benefícios, como zero emissão, baixo ruído e desempenho”, disse Ricardo Guggisberg, diretor do evento e presidente da ABVE. Além disso, grandes empresas automotivas apresentaram seus modelos, ao lado de fabricantes de ônibus e empresas de distribuição de energia. Entre elas, BMW, CPFL Energia, Eletra, Toyota, Lexus e a chinesa BYD. A montadora BYD trouxe para o salão o seu modelo BYD e6, com motor elétrico de 121 cv e 45,8 kgfm, dotado de baterias de fosfato de ferro de 64 kWh e autonomia de 300 km. Com preço estimado em R$ 200 mil, o veículo deverá ser utilizado por empresas públicas e privadas, além de taxistas, locadoras e serviços de compartilhamento (car sharing). Outro destaque do evento foi a parceria entre a encarroçadora Marcopolo, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Mercedes-Benz, Eletra e WEG, que trouxe um ônibus elétrico movido a energia solar, com autonomia de até 200 quilômetros. O salão também foi palco do lançamento oficial do Projeto Mobilidade Urbana Verde (MUV), que prevê o incentivo a todas as formas de mobilidade de baixo impacto ao meio ambiente, desde baixa emissão de poluentes até ruído. Isso inclui desde o ato de caminhar até os demais meios de transporte híbridos e elétricos, como caminhões, ônibus, veículos de transporte de carga e de pessoas, bicicletas, scooters, motocicletas, triciclos, e as suas modalidades de uso: táxi, carona, veículo compartilhado. O objetivo do projeto, segundo a ABVE, é criar demanda e trabalhar a oferta de soluções em políticas públicas de mobilidade.

no MME, como geração distribuída, questões tributárias, mudanças nas edificações públicas e também o papel do comercializador varejista de energia”, disse. Natália Mendes, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), destacou que o Plano Decenal de Energia, de 2012, fez um amplo estudo sobre a

perspectiva de implantação de energia elétrica e híbrida na frota. “A participação dos veículos elétricos ainda é mínima. E o consumidor brasileiro não está disposto a pagar mais por um veículo amigo do ambiente. É necessário aumentar a competitividade do veículo elétrico e reduzir o preço das baterias”, destacou. n Combustíveis & Conveniência • 27


44 MERCADO Paulo Pereira

Levantamento da Abegás aponta que o GNV é 50% mais econômico do que o etanol em 14 estados brasileiros

Apesar de competitivo, GNV continua em baixa Na comparação com a gasolina e principalmente com o etanol, o GNV é vantajoso em boa parte do Brasil. No entanto, seu consumo permanece em queda e a frota convertida ainda não alcançou 2 milhões de veículos em um universo de mais de 50,5 milhões de automóveis em circulação no país Por Rosemeire Guidoni Com a alta de preços do etanol e da gasolina, o gás natural veicular (GNV) vem se mantendo com valores vantajosos para o consumidor em boa parte do país. De acordo com dados de um estudo realizado na segunda quinzena de agosto pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), de 16 estados pesquisados (veja box), 14 registraram uma economia igual ou superior 28 • Combustíveis & Conveniência

a 50% do GNV ante o etanol. O maior grau de economia do GNV, na comparação com o biocombustível, foi registrado no Rio de Janeiro, com 62%. Outros três estados em que o GNV é bastante competitivo em relação ao etanol são Espírito Santo, Pernambuco e Santa Catarina - todos com 60% de vantagem. Na comparação com a gasolina, em seis estados, o GNV tem competitividade na casa dos 50%. O maior índice é mais uma vez no Rio de Janeiro, onde o consumidor

consegue 58% de economia. Em Pernambuco, a vantagem é de 54% e em São Paulo, de 53%. “O GNV permanece uma alternativa muito competitiva, não só para táxis e frotas, mas também para motoristas particulares que rodam mais”, destacou Augusto Salomon, presidente executivo da Abegás. Porém, apesar destes índices, as vendas de gás natural nos postos continuam em baixa. “O GNV, de fato, é vantajoso economicamente, mas o que perce-


foram registradas quase 5 mil conversões no país, uma elevação de 31,2% na comparação com o mês de junho e mais do que o dobro ante julho de 2015. A frota total de veículos convertidos, estimada pelo IBP, é de 1,8 milhão de veículos, o que representa uma pequena gota em um oceano de mais de 50,5 milhões de automóveis registrados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Quase metade (49,5%) desta frota convertida está no Rio de Janeiro, seguida por São Paulo (21,8%). Em vários estados, a participação de veículos convertidos é inferior a 2% da frota. Rio e São Paulo também lideram em número de postos de GNV, com, respectivamente, 563 e 313 estabelecimentos. Nos demais estados, a quantidade de postos é bem menor, indicando o baixo interesse do revendedor em investir no segmento. Além do alto custo de instalação, a operação também é mais cara, em função da maior necessidade de energia Paulo Pereira

bemos é que os consumidores não estão mais instalando o kit de conversão nos veículos novos. Pelo contrário, estão retirando o kit dos antigos, pois o custo de manutenção é elevado. Nos últimos anos, temos percebido uma queda de 10% a 15% nas vendas do combustível”, disse o revendedor Nodimar Viezzer, de Caxias do Sul (RS), estado onde a vantagem do gás natural ante o etanol é de 55% e ante a gasolina 43%. A opinião de Viezzer é a mesma de um empresário que possui um posto de GNV em Salvador (BA), mas preferiu não se identificar. “Apesar da vantagem econômica, muitos motoristas estão deixando de instalar o kit de conversão ou mesmo retirando-o, pois o consumidor acredita que as modificações depreciam o valor do veículo. Além disso, a necessidade das revisões é um desestímulo”, afirmou o revendedor. No entanto, segundo ele, as vendas do combustível permanecem estáveis em seu posto. “Em minha região, alguns postos desistiram de trabalhar com o GNV. Eu mantenho o produto porque a instalação é antiga e já está paga. Mas se fosse para fazer isso hoje, certamente não valeria a pena”, completou.

elétrica. E com uma quantidade tão pequena da frota adaptada ao gás natural, o investimento se torna inviável. Em todo o país, segundo dados do IBP, existem 1.611 postos de GNV.

Economia é o maior incentivo Apesar do atual desinteresse do consumidor pelo GNV, o aspecto econômico pode mudar este cenário. “Hoje, inegavelmente, existe uma enorme vantagem econômica no uso do GNV e, além disso, alguns estados oferecem incentivos extras, como, por exemplo, o desconto no IPVA. Estes fatores podem acabar pesando para o consumidor, ainda mais em um momento de retração na economia”, destacou Gustavo Sobral, diretor de GNV da Fecombustíveis. Segundo ele, apesar da resistência inicial do consumidor, a economia no bolso faz muita diferença. “É sabido que o consumidor tem o dispêndio com a conversão, o incômodo da alteração das características

Apesar da vantagem econômica do GNV, a percepção da revenda de combustíveis é de que as vendas não aumentaram e muitos consumidores estão desinstalando os kits de conversão

Frota ainda é pequena Apesar de a revenda não ter notado nenhum aumento da demanda pelo gás natural, o volume de conversões de veículos aumentou em 2016, segundo estatísticas do Comitê do GNV do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Embora o pico das conversões tenha ficado no passado, em julho deste ano Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO originais do carro e, com isso, a obrigatoriedade das vistorias anuais em organismos de inspeção credenciados ao Inmetro/Denatran. Porém, em contrapartida, existem as vantagens econômicas e os reconhecidos benefícios ambientais. O jogo desses fatores resulta num certo delay time na cabeça do consumidor, ou seja, é como se ele precisasse vencer uma certa inércia para converter seu carro, mas acaba percebendo que a economia é grande, e as conversões reagem, como está acontecendo agora”, explicou. n Em julho deste ano, foram registradas quase 5 mil conversões no país, uma elevação de 31,2% na comparação com junho e mais do que o dobro ante julho de 2015

Estudo mostra vantagem do GNV Na segunda quinzena de agosto, a Abegás fez um comparativo da economia do GNV ante a gasolina e o etanol em 16 estados brasileiros. Para tanto, a entidade considerou como referência o Fiat Siena, veículo que traz em seu manual de fábrica o consumo médio com os três combustíveis. Com um metro cúbico de GNV é possível percorrer em média 13,2 km, enquanto com um litro de gasolina o carro anda 10,7 km, e com um litro de etanol apenas 7,5 km. A estimativa de economia mensal é medida com base em veículos que rodam 2.500 km por mês, usando o GNV em substituição à gasolina e ao etanol. Para comparar os preços, a Abegás utilizou a média de preços apurados pela ANP nos postos de combustíveis em cada estado na terceira semana do mês de agosto. A comparação concluiu que no Sudeste o uso de GNV é mais vantajoso. O Rio de Janeiro é o estado em que o GNV apresenta os mais elevados índices de competitividade do Brasil, com 62% de economia na comparação aos demais combustíveis líquidos. Lá, o custo para rodar 100 quilômetros com GNV é de apenas R$ 15, enquanto com a gasolina chega a R$ 36 e com o etanol salta para R$ 41. Para quem usa GNV no Rio e roda 2.500 quilômetros em 30 dias, essa economia é de R$ 524 (ante o custo com gasolina) e de R$ 637 (em relação ao etanol). Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o custo para rodar 100 quilômetros com GNV é de apenas R$ 15. O desembolso para percorrer essa distância com gasolina é de R$ 32 e com o etanol, de R$ 31. Para os motoristas que abastecem em São Paulo, rodar 2.500 quilômetros com GNV representa uma economia mensal de R$ 381 ante a gasolina e de R$ 424 ante o etanol. Confira a seguir os detalhes do levantamento da Abegás:

Stock

Custo por km rodado (em R$) com cada combustível, considerando preços da 3ª semana de agosto/2016

30 • Combustíveis & Conveniência

Competitividade

Estado

GNV

Gasolina

Etanol

GNV x gasolina

GNV x etanol

Rio de Janeiro

0,15

0,36

0,41

-58%

-62%

Pernambuco

0,16

0,34

0,39

-54%

-60%

Espírito Santo

0,17

0,35

0,42

-52%

-60%

Santa Catarina

0,16

0,33

0,40

-51%

-60%

Alagoas

0,18

0,35

0,43

-49%

-58%

Sergipe

0,18

0,33

0,41

-46%

-57%

Paraíba

0,18

0,34

0,40

-48%

-56%

Rio Grande do Norte

0,19

0,35

0,43

-46%

-55%

Rio Grande do Sul

0,20

0,36

0,45

-43%

-55%

Ceará

0,20

0,37

0,43

-47%

-54%

Bahia

0,18

0,36

0,40

-49%

-53%

Minas Gerais

0,17

0,34

0,34

-51%

-51%

São Paulo

0,15

0,32

0,31

-53%

-50%

Mato Grosso do Sul

0,18

0,32

0,36

-44%

-50%

Mato Grosso

0,20

0,35

0,33

-43%

-40%

Paraná

0,20

0,33

0,33

-39%

-39%


MERCADO 33

Monitoramento a passos lentos Programa da ANP que monitora a qualidade dos combustíveis nos postos do país está em diferentes etapas. Enquanto algumas licitações foram concluídas, outras estão em processo inicial ou nem começaram Por Adriana Cardoso Há mais de um ano, o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) da ANP ficou prejudicado pelo fim dos contratos com os laboratórios responsáveis pelas análises de combustíveis. A maioria dos convênios terminou em junho de 2015 e somente em novembro o órgão regulador abriu novas concorrências. Por lei, os contratos são de um ano e podem ser renovados por mais cinco. Com isso, 17 estados ficaram sem o monitoramento da qualidade dos combustíveis. Com menos recursos em caixa este ano (a agência tem metade do orçamento que tinha

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso, Piauí, Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia, por falta de cumprimento dos requisitos exigidos, novos editais serão abertos. Segundo a assessoria de imprensa da ANP, alguns estados serão atendidos pelo mesmo laboratório. É o caso de

Shutterstock

Das 23 instituições que analisavam os combustíveis, em janeiro de 2015, apenas sete estavam operando em agosto de 2016

no ano passado, devido a cortes proporcionados pelo Ministério do Planejamento), o órgão regulador teve que fazer ajustes no processo. Alguns laboratórios, por exemplo, atenderão mais que um estado. No entanto, o órgão regulador nega que a falta de recursos tenha afetado o pagamento de laboratórios. As licitações estão em diferentes níveis. Atualmente, encontram-se em fase final no Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo (exceto capital e litoral), Mato Grosso do Sul,

Combustíveis & Conveniência • 31


44 MERCADO

Mudança técnica Na esteira das licitações abertas, uma mudança técnica foi inserida nas análises dos combustíveis. Foi modificada a forma de avaliar o quesito aspecto, de modo a contemplar análises complementares para caracterização de não conformidade. De acordo com a assessoria de imprensa da ANP, a mudança pretende atender à reivindicação do setor, que questionava a subjetividade da análise visual desse item. “Com as publicações das resoluções sobre a especificação dos produtos (Resolução ANP nº 45/2014 para o biodiesel, Resolução ANP nº 19/2015 para etanol e Resolução ANP nº 50/2013 para o óleo diesel), foram incluídos ensaios adicionais para a confirmação das não conformidades referentes a 32 • Combustíveis & Conveniência

Agência Petrobras

Pará e Amapá; Rio Grande do Norte e Paraíba; Pernambuco, Alagoas e Sergipe; Espírito Santo e Rio de Janeiro; Paraná e Santa Catarina; Distrito Federal e Tocantins; Mato Grosso do Sul e parte do estado de São Paulo. De acordo com a Agência, o fato de ter um mesmo laboratório cobrindo mais que um estado não afeta a credibilidade dos resultados do PMQC, porque o que determina o alcance do monitoramento é a coleta de combustíveis em todos os municípios que possuam postos revendedores. Por força do contrato, a instituição contratada tem que visitar todos os municípios dos estados, garantindo o monitoramento completo da região. Ao final das licitações, a previsão é de que sejam contratados de 15 a 16 laboratórios, além do Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas (CPT - laboratório da ANP).

Programa de Monitoramento de Qualidade da ANP não retomou as atividades como antes e, em alguns casos, o mesmo laboratório atenderá dois estados

Estados com monitoramento de qualidade n n n n n n n n n n

Amapá Bahia Ceará Distrito Federal Goiás Pará Paraíba Rio Grande do Norte São Paulo (capital e municípios próximos) Tocantins

Fonte: ANP

aspecto, devido ao caráter pouco específico e, em certa medida, subjetivo, adotado até então”, explicou em nota. Assim, as amostras devem passar pelos ensaios adicionais para que se confirme e se configure uma não conformidade por aspecto. Destaca-se que essa mudança se aplica aos novos contratos.

Histórico Instituído no fim de 1998, o PMQC foi criado para monitorar a qualidade dos combustíveis comercializados nos postos do país e os resultados servem de base para direcionar as ações fiscalização da ANP. Em janeiro de 2015, quando o programa estava em plena


Impactos das não conformidades Em relação às especificações exigidas pela ANP, Ferri aconselhou os proprietários

Rogério Capela

atividade, 23 instituições analisaram 17 mil amostras de combustíveis coletadas em, aproximadamente, 97% dos postos revendedores do país. Já em agosto deste ano, sete laboratórios em atividade (o número de laboratórios flutua conforme contratos são encerrados e novas licitações são feitas) analisaram 3.909 amostras, das quais 81 apontaram não conformidades (2,1%). De acordo com a agência reguladora, apesar da redução da atividade do programa de monitoramento, as ações de fiscalização nos postos não foram afetadas. “As coletas feitas pelos fiscais da ANP podem resultar em autuações, interdições e processos administrativos. Essa atividade não foi interrompida em nenhum momento.” “O trabalho da ANP é muito importante. Quanto mais fiscalização, melhor é a qualidade do produto. Quando não havia, o mercado era mais corrompido, nocivo à qualidade (dos combustíveis)”, disse Heber Ferri, gerente do laboratório Vulcano.

O revendedor deve manter como rotina a coleta da amostra-testemunha, pois é sua ferramenta de defesa em caso de não conformidade

de postos a não “baixarem a guarda” quanto à segurança e qualidade dos produtos, pois os problemas podem ser ocasionados por atitudes involuntárias, como pequenas falhas de manuseio dos produtos. “A pequena não conformidade é tão nociva para o dono do posto quanto um grande problema”, alertou. De fato, a recomendação é se precaver das autuações e o único meio do revendedor se resguardar para se defender, caso haja desconformidade, é

Instituições em atividade: n Centro de Pesquisas e Análises Tecnologicas (DF e TO) n Instituto Brasileiro de Tecnologia e Regulação (BA) n Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (São Paulo capital e municípios próximos) n Universidade Federal do Ceará (CE) n Universidade Federal de Goiás (GO) n Universidade Federal do Pará (PA e AP) n Universidade Federal do Rio Grande do Norte (RN e PB) Fonte: ANP

por meio da coleta da amostra-testemunha na modalidade CIF (quando o revendedor recebe o caminhão-tanque da distribuidora que descarrega a carga em seu posto) ou da solicitação à distribuidora da amostra-testemunha na modalidade FOB (quando o revendedor envia o seu caminhão-tanque para fazer o carregamento na base da companhia). Algumas especificações de qualidade, como teor de biodiesel, de enxofre, octanagem e ponto de fulgor, não são identificadas nos testes de qualidade realizados nos postos, sendo apuradas somente em análises laboratoriais. Por isso, é importante reforçar a coleta da amostra-testemunha, que será a única ferramenta de defesa. A não coleta da amostra-testemunha pelo revendedor pode trazer graves prejuízos. Além do empresário arcar com pesadas multas, se houver reincidência, o registro do posto pode ser revogado. n Combustíveis & Conveniência • 33


44 NA PRÁTICA

Como lidar com perdas? Furtos, falta de controle do estoque, assaltos e golpes virtuais são alguns dos principais motivos que fazem os postos de combustíveis acumularem prejuízos. Porém, com prevenção é possível minimizar os danos Por Adriana Cardoso

Pixabay

Um dos principais problemas enfrentados pela revenda de combustíveis são as perdas. Do posto à loja de conveniência, podem ocorrer pequenos prejuízos, que se tornam invisíveis no dia a dia, mas que somados ao longo do tempo podem afetar o caixa da empresa, ou até mesmo grandes danos, provocados por problemas maiores, como assaltos à mão armada. As perdas aparecem como um dos principais problemas enfrentados pelo setor de varejo alimentício brasileiro, do

34 • Combustíveis & Conveniência

qual fazem parte as lojas de conveniência, e são geralmente ocasionadas por furtos praticados pelos próprios colaboradores e clientes, que se beneficiam muitas vezes do layout do espaço, da disposição inadequada das gôndolas e da falta de segurança no local. Há também questões administrativas, como falhas na gestão do estoque e de verificação da data de validade dos produtos, o que vale também para produtos menos perecíveis, como óleos lubrificantes. A simples degustação de comida por parte da equipe também pode ampliá-las.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revela que, em 2015, o setor supermercadista registrou um índice de 2,26% de perdas de produtos, um prejuízo de mais de R$ 6 bilhões causado por furtos ou falhas de gestão. Esse porcentual corresponde às grandes redes. Em estabelecimentos de pequeno porte, como lojas de conveniência, o volume pode ultrapassar a 4%, conforme dados do setor. Conforme a pesquisa, realizada pela Abras em parceria com o Programa de Administração


Paulo Pereira

do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA), entre os artigos mais furtados estão doces em geral (25%), bebidas alcoólicas e bebidas em geral (22%), carnes (14%), perfumaria e desodorantes (9% cada), laticínios (6%), lâminas de barbear (6%), chip de celular (5%) e brinquedos (4%). “Numa empresa pequena, as condições são menos favoráveis, pois não há estruturas organizacionais de uma empresa grande, como o trabalho permanente de avaliação de estoques. Muitas vezes, também não conta com outros recursos, como câmeras e disposição adequada das gôndolas. São condições que impulsionam perdas”, explicou Claudio Felisoni, presidente do Provar e responsável pela pesquisa. Já Frederico Amorim, sócio-diretor da Cardinalis Consultoria, aponta, com base em sua experiência no atendimento a clientes, que 10% das perdas são ocasionadas por furtos cometidos por clientes; 25% por fornecedores; e 65% pelos próprios colaboradores. Segundo Amorim, a maior parte dos prejuízos também não retrata somente furtos de funcionários. “Podem ser fruto de desorganização, inaptidão, negligência, desconhecimento ou mesmo por não seguirem as regras operacionais da empresa”. Por essa razão, uma das dicas para se ter sucesso é compreender a importância da gestão de estoques e prevenção de perdas, pois, do contrário, os resultados mensais ficam comprometidos e o negócio pode ir por água abaixo. “No segmento de supermercados, o lucro líquido

Instalação de câmeras e avisos sobre o ambiente monitorado podem inibir furtos ou assaltos no posto e na loja de conveniência

médio é abaixo de 2% do faturamento mensal, enquanto as perdas somam 2,26%. Ou seja, perde-se mais do que se lucra, e nas lojas de conveniência o cenário tende a ser o mesmo”, pontuou. “O varejista custa a perceber este enorme furo porque analisa somente o DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício), e este não mostra as perdas de estoque.”

Funcionários Não é incomum que o descontrole do estoque e do fluxo de vendas do posto, especialmente na loja de conveniência, facilite a ação de funcionários. Foi o que aconteceu com a revendedora Letícia (ela pediu para não ter o sobrenome divulgado), sócia de uma revenda no Rio Grande do Sul. “Eles davam baixa do item no cupom fiscal e pegavam o dinheiro”, disse. Os principais alvos do

roubo eram cigarros, cerveja e bebidas energéticas, produtos caros e com alta rotatividade. Em fevereiro deste ano, ela contratou uma empresa para rastrear as ações. No cruzamento de dados com as imagens das câmeras, identificou os colaboradores que estavam furtando, o que ocasionou a demissão de quatro funcionários. Letícia estima que os prejuízos foram em torno de R$ 7 mil mensais. A partir do controle mensal, as perdas foram reduzidas pela metade. Ela também adotou outras estratégias para tornar o posto, que funciona 24 horas, mais seguro, como contratar seguranças, colocar espelhos e trancar a porta da loja quando há muita gente, para controlar o fluxo de pessoas. Claudio Felisoni, do Provar/FIA, sugere que o aspecto mais importante e básico para Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA proprietário) vai ter problemas mais sérios”, enfatizou. O consultor de postos de combustíveis, lubrificantes e lojas de conveniência, Marcelo Borja, recomenda controle e prevenção para minimizar as perdas. Ele indica a realização

Roubos e golpes Os postos de combustíveis são alvos constantes de assaltos ou toda a sorte de golpes e, na maioria dos casos, prevenir é o melhor remédio. Normalmente, quando se trata de assalto à mão armada, o alvo é o dinheiro que está com os frentistas ou no caixa da loja de conveniência. Além de instalar câmeras ou contratar seguranças, deixar pouco dinheiro disponível é a melhor solução. “O revendedor deve definir um valor limite para deixar com os frentistas, como uns R$ 200. A partir desse valor, eles devem fazer a ‘sangria’ (guardar no cofre ou levar ao banco)”, orientou Amorim, da Cardinalis. No caso de os assaltantes levarem produtos, o consultor recomenda que o revendedor faça o inventário o quanto antes para quantificar o prejuízo. Isso ajuda, por exemplo, na hora de receber o seguro.“De outra forma (sem o inventário), os furtos continuam, pois os aproveitadores podem usar a ocasião para levar outros produtos”, alertou.

Prevenções simples Por meio do cruzamento dos dados com base no inventário, o revendedor Henrique Nonemacher, do Rio Grande do Sul, conseguiu fazer um levantamento das perdas de quatro postos por furtos e outro por vendas mal feitas. “Quando não tínhamos esse controle (do inventário), as perdas chegavam a 12%. Conseguimos baixar para 1,5%”, contou. Uma solução simples o ajudou a reduzir os furtos de cerveja. “Os clientes tomavam cerveja (é possível beber dentro da loja) e jogavam algumas das embalagens dentro da lata de lixo. Quando iam pagar, levavam menos do que tinham tomado. Então, tiramos os lixos próximos dos clientes”. O revendedor comentou que, por falta de controle de estoque/inventário, alguns funcionários vendiam lubrificantes mais caros, lançando notas como se tivessem vendido os mais baratos, e ficavam com a diferença do preço. “Agora, com o controle, ficou mais difícil fazer isso”, afirmou. 36 • Combustíveis & Conveniência

de inventários de produtos, como cigarros e bebidas, nos três turnos do dia. Ele também recomenda manter fechado o acesso ao estoque, permitindo somente o acesso de pessoas de confiança; instalar câmeras e ter uma área reservada para receber produtos, para evitar golpes com entrega de menos produtos do que constam na nota fiscal. “Confira tudo. Mostre para o seu time que você tem controle sobre o negócio. A ocasião e o caráter de alguns funcionários podem contribuir para roubos internos”, frisou. Os furtos cometidos pela própria equipe, segundo Amorim, devem ser combatidos justamente pela manutenção de um ambiente de controle. “A realização perene de inventários já ajuda a inibir qualquer possibilidade de má-fé, principalmente quando o revendedor estabelece uma política de objetivos e metas para as perdas”, afirmou. Para Claudio Felisoni, não há soluções mágicas. “Compras de oportunidade ou não programadas acabam alavancando possibilidades de prejuízo, então, devem ser evitadas. Além do treinamento de funcionários, o Divulgação

corrigir essas questões administrativas é o treinamento de pessoal. “O comprometimento dos funcionários é essencial. Com uma política de recursos humanos inadequada, funcionários mal treinados e desestimulados, com certeza (o


uso da tecnologia, como câmeras e softwares de controle de estoque, ajuda muito. Pode-se também melhorar a disposição das gôndolas e do layout da loja, e fazer uso de prateleiras com chaves, como fazem os supermercados que trancam produtos, como barbeadores, que são caros e fáceis de levar”, sugeriu. Amorim indica a colocação de espelhos nos cantos mortos e zonas remotas da loja à vista dos funcionários. “A contratação de seguranças pode ser a solução para postos que tenham picos de movimento ou os que sofram com efeitos da sazonalidade, como os das regiões de veraneio”, diz.

O que colocar no inventário Quando se trata de inventário, tudo deve ser documentado. “De forma geral, o revendedor já inventaria o combustível. Ou seja, pela obrigação do controle do Livro de Movimentação de Combustíveis, ele controla entrada e saída, monitorando as possíveis perdas. Porém, alguns revendedores, em geral, não mantêm o mesmo controle dos

produtos da loja de conveniência e da unidade de troca de óleo. Além, é claro, dos demais itens vendidos na pista, como palhetas, aditivos, estopas etc.”, explicou Amorim. Em suma: todos os itens vendidos precisam constar no documento para melhor controle. O consultor enfatiza que o descontrole nos estoques é o que mais traz prejuízos aos revendedores. “Mais até do que assaltos ou golpes virtuais”. De acordo com Amorim, todos os produtos, sem exceção, têm data de validade, e por essa razão um controle mais efetivo pode ajudar o revendedor na hora de vender primeiro aqueles com vencimento mais próximo. Esse quesito, no entanto, é mais relevante aos produtos da loja de conveniência. Os itens da pista e da troca de óleo estão sujeitos a outros fatores que provocam perdas. Por exemplo, quebras causadas por danos ou avarias nas embalagens podem acontecer por erro de empilhamento máximo, ou embalagens que ficam expostas muito tempo ao sol e o rótulo desbota. “O consumidor não quer comprar um produto com aparência de ‘velho’, mesmo que o líquido no interior esteja bom”, recomendou. Os lubrificantes são classificados, dentre outros quesitos, por seu nível de aditivação (classificação API). “Com o passar dos anos, os manuais técnicos dos veículos mais novos vão exigindo lubrificantes mais modernos, com maior nível de aditivação. Se o produto tem

Disposição das gôndolas e o controle do estoque diário por meio de inventário ajudam a minimizar as perdas da revenda

Crimes virtuais Os revendedores também são vítimas de golpes virtuais, como, por exemplo, casos de vírus enviados por e-mail, que podem roubar senhas e documentos. Amorim disse que em agosto, um de seus clientes teve o sistema do posto invadido por um hacker, que congelou as telas do computador travando todos os sistemas, e exigiu um “resgate” em bitcoins (moeda virtual), equivalente a R$ 10 mil. “O revendedor não cedeu. Recorreu ao suporte do sistema e reinstalou todo o programa. O custo foi alto, pois perdeu todo o banco de dados de suas lojas (cinco unidades) e todos os produtos tiveram que ser recadastrados novamente, além de outros inconvenientes”, contou. Por isso, é importante instalar um bom antivírus, orientar os funcionários que tenham acesso ao computador a não abrirem qualquer e-mail ou inserir chips e pen drives e, especialmente, não acessar redes sociais. Se ainda assim ocorrer algum golpe, mesmo com todos os cuidados, devese registrar um boletim de ocorrência.

um giro muito baixo, não é raro encontrar lubrificantes ‘antigos’, ou seja, pouco indicados para os atuais modelos de veículos. Isso também tira o potencial de venda dos produtos”, reforçou. n Combustíveis & Conveniência • 37


44 REPORTAGEM DE CAPA

Sobreviventes da revenda O cenário de retração da economia trouxe vários reflexos indesejáveis para o segmento de revenda, como, por exemplo, a redução da demanda por combustíveis e o aumento da inadimplência por parte dos consumidores. Não bastassem tais problemas, o aumento da burocracia, o encarecimento da mão de obra e questões concorrenciais têm levado muitos empresários a repensarem a viabilidade do negócio Por Rosemeire Guidoni De acordo com a ANP, o volume total de combustíveis vendidos no Brasil no acumulado do ano até agosto caiu 4,4% na comparação com o mesmo período de 2015. O principal motivo foi a queda de 4,7% no consumo de diesel, combustível 38 • Combustíveis & Conveniência

mais comercializado no país. Os demais produtos tiveram resultados opostos. Enquanto as vendas de etanol caíram 14% e as da gasolina aumentaram 2,6% no mesmo período. No mês de agosto, último dado disponível até o fechamento desta edição, a queda no consumo de combustíveis foi de 1,9% em relação a

agosto de 2015. Mais uma vez, o diesel foi um dos principais responsáveis pelo resultado negativo, com redução de 2,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. O único destaque positivo em agosto ficou para a gasolina C, que teve crescimento de 7,5% ante igual período de 2015. Já o etanol sofreu queda


ANTT

Postos de rodovia foram mais impactados pela crise, com a queda nas vendas de diesel

vertiginosa de 14% na mesma base de comparação. Os índices negativos se repetem nos postos de combustíveis, especialmente nos de rodovia, mais comprometidos com a queda nas vendas de diesel. Mas com um agravante: como a margem dos postos, via de regra, é baixa, a lucrativida-

de destas empresas se baseia principalmente no volume comercializado. Com a queda dos volumes, a rentabilidade fica comprometida, embora os custos fixos permaneçam os mesmos. Ou seja, mesmo vendendo menos, o posto continua com suas despesas fixas (estas, aliás, cada vez

mais elevadas), como mão de obra, aluguel, energia elétrica, impostos e outras tarifas públicas, por exemplo. Outro reflexo do cenário atual é a elevação da inadimplência, que afeta especialmente os postos de rodovia, os quais mantêm contratos com empresas transportadoras para pagamento periódico, o chamado fiado. Já em boa parte das áreas urbanas do país, o problema maior é o aumento da concorrência desleal e prejuízo de toda a revenda local. Diante deste quadro, não é raro encontrar empresários tradicionais do setor com a intenção de vender ou passar adiante o empreendimento. Mas aí esbarram em outra questão: não há compradores. Ou até existem, mas não estão dispostos a pagar o valor que o vendedor considera justo. “Isso é outro reflexo do momento econômico do país”, explicou Jorge Gameiro, da M. Gameiro Imóveis, uma corretora especializada no segmento de postos de combustíveis, com sede no Rio de Janeiro. “Até recentemente, a especulação imobiliária valorizava muito os terrenos onde os postos estavam instalados, o que levou muitas revendas a serem substituídas por empreendimentos imobiliários. Porém, a situação não se sustentou e a crise econômica acentuou esta desvalorização. Hoje, o interesse pelos terrenos é muito menor. Mas ainda existem oportunidades de passar o negócio adiante. O problema é o próprio valor do posto, que hoje está desvalorizado”, acrescentou. Segundo Gameiro, a queda nos volumes comercializados afeta Combustíveis & Conveniência • 39


44 REPORTAGEM DE CAPA Claudio Ferreira

Comercialização de combustíveis no Brasil, no acumulado do ano até agosto, caiu 4,4% na comparação com o mesmo período de 2015

diretamente o preço. “Há postos que relatam queda nas vendas da ordem de 20% a 30%. Para um empreendimento que comercializava, por exemplo, 300 mil litros, uma queda de 20% no volume representa 60 mil litros. Obviamente, o valor do negócio ficou menor, mas, muitas vezes, quem quer vender o posto não enxerga isso”, afirmou. Esta depreciação não ocorre apenas nas grandes metrópoles. “Alguns revendedores, insatisfeitos com o resultado da operação x investimento, estão optando por sair do negócio. A dificuldade é o valor pedido pelos vendedores, devido ao seu alto investimento e ao cenário econômico negativo. Os revendedores que não conseguem vender, em alguns casos, estão optando por alugar o posto”, disse José P. B. Neto, presidente em exercício do Sindipostos-RR. 40 • Combustíveis & Conveniência

Além deste aspecto, quem compra o posto pode ficar sujeito a levar junto com o negócio todo o passivo ambiental e trabalhista. Embora existam maneiras de se precaver quanto a isso (veja box), não há dúvidas de que o comprador vai preferir adquirir um empreendimento novo, recém-construído, sem nenhum tipo de passivo. E passar adiante um posto com todo seu histórico e passivo, em algumas localidades, é um verdadeiro risco. “Muitos postos passaram para as mãos de agentes irregulares, que colocam o negócio em nome de terceiros, e atuam de forma desleal, praticando fraudes diversas, como bomba baixa, adulteração e sonegação. Isso acaba levando a uma situação de concorrência predatória, que prejudica todo o setor”, afirmou um empresário paulista,

que preferiu não se identificar, já que o tema é delicado e a revenda teme represálias. Em Salvador (BA), o cenário não é diferente. Outro empresário, que também optou por não divulgar seu nome, relatou que com a concorrência predatória, suas vendas de etanol e gasolina caíram cerca de 20%. “Para continuar operando em uma região de guerra de preços, tivemos de cortar custos, reduzir despesas e até o quadro de funcionários”, contou. O problema acontece nas mais diversas cidades. No centro de Campo Grande (MS), de acordo com informações do sindicato de revenda local, já foram fechados cerca de 20 postos, devido à crise econômica e concorrência desleal. “Os proprietários não conseguem vender o estabelecimento, ficam paralisados. Na região existe


sido estabelecimentos fechados tanto em função da crise, quanto em decorrência de ações da fiscalização, ou ainda por qualquer outra razão. No mesmo período, 1.202 novas revendas foram autorizadas pelo órgão regulador.

Depuração da rede Além da crise econômica, outro fenômeno pode afetar a rede de postos no Brasil. “A rentabilidade dos postos se baseia em volumes de vendas. Quanto maior o número de postos, maior a tendência de alguns fecharem, por questões econômicas. Temos postos demais no Brasil”, explicou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Segundo ele, é natural que a rede passe por um processo de depuração, pois os postos que têm baixo volume de vendas não conseguirão sobreviver no mercado. “Já enfrentamos um momento assim no passado, após a abertura do setor, quando houve grande crescimento de irregularidades. Hoje, estamos tendo uma nova onda, com as importações crescendo por parte de algumas distribuidoras, além do crescimento de casos de

sonegação e adulteração. Para o posto com baixa galonagem, ficará cada vez mais difícil competir”, ponderou. Na avaliação de Pires, outra tendência crescente é o embandeiramento dos postos independentes. “As distribuidoras querem ampliar suas redes, e uma das alternativas é embandeirar os postos bandeira branca”, afirmou. Pires também considera que as redes maiores têm mais chances de permanecer

Pixabay

uma concorrência totalmente predatória, inclusive com ação do Ministério Público, que está investigando possível pratica de dumping”, destacou Edson Lazaroto, gerente executivo do Sinpetro-MS. Em São Paulo, maior estado produtor de etanol, um dos grandes problemas é a compra do biocombustível sem impostos, por meio da ação de distribuidoras irregulares. Isso afeta não apenas a concorrência do etanol, mas também as vendas de gasolina (já que o consumidor que possui um veículo flex vai optar pelo produto com maior vantagem econômica) e o setor de GNV. Embora a Secretaria da Fazenda do estado de São Paulo esteja apertando o cerco aos agentes irregulares, o problema ainda está longe de ser resolvido. Apenas a título de ilustração, quatro distribuidoras com atuação no estado (Aspen, Gran Petro, Petromais e Petrozara) estão sendo investigadas pela Secretaria da Fazenda, e somam, juntas, dívida ativa relativa ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de quase R$ 550 milhões. Mas a guerra de preços não é culpa apenas dos agentes irregulares. As próprias distribuidoras de combustíveis, muitas vezes, levam a esta situação, praticando preços distintos dentro de sua própria rede. Embora a prática não seja nova, é mais um agravante à atual situação do setor. Conforme informações da ANP, do início do ano até o final de agosto, 822 postos foram fechados no Brasil. No entanto, é importante destacar que a agência não sabe informar a razão do fechamento. Ou seja, podem ter

Combustíveis & Conveniência • 41


44 REPORTAGEM DE CAPA no mercado do que empresários com um ou dois postos revendedores de menor porte. “A crise em nosso setor vem desde a liberação dos preços. Desde esta época, está ocorrendo uma transferência da rentabilidade do lucro de comercialização dos combustíveis, no varejo, para a distribuição, no atacado. Isso sem contar o uso dos preços dos combustíveis para conter a inflação”, afirmou o empresário José Alberto Miranda Cravo Roxo, conselheiro da Combustíveis & Conveniência. Segundo ele, a crise é agravada pela elevação dos custos operacionais. “Hoje, os postos são obrigados a ter estrutura de média/ grande empresa, com receita de microempresa. Não acredito que, com uma eventual redução da rede, o segmento voltará a ser rentável apenas pela elevação de volumes. A venda média permanecerá baixa e como reflexo teremos no país alguns locais sem postos de combustíveis, e outros com grande concentração de empresas”, completou. Para Cravo Roxo, a situação da revenda está complicada. “Infelizmente, não existe concorrência em um setor com três distribuidoras que detêm mais de dois terços do mercado”, ponderou. Já na opinião do empresário Sérgio Cavalieri, do Grupo Asamar, que dentre outros negócios é responsável pela operação da Ale, esta depuração, de certa forma, já aconteceu. “Quem conseguiu permanecer no mercado até agora é um sobrevivente”, destacou. Para o empresário, o setor de revenda se mostrou resistente à crise econômica e demais problemas que afetam o segmento. “Já houve uma depuração razoável da rede. O excesso de burocracia, a fiscalização e a concorrência deses42 • Combustíveis & Conveniência

timulam as pessoas a empreender no Brasil. Quem percebeu a crise e conseguiu enxugar custos, tem mais chances de permanecer no mercado”, disse.

Setor foi um dos que menos perdeu Apesar de todo este panorama negativo, o setor de revenda de combustíveis foi um dos menos afetado pela crise. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), outros segmentos apresentaram queda muito mais intensa do que o comércio de combustíveis. Em julho (data analisada pela pesquisa), o destaque negativo foi o ramo de vestuário e acessórios, que acusou queda de 5,8% em relação ao mês anterior – o pior resultado deste segmento nessa base comparativa desde dezembro de 2014 (-6,8%). Segundo análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a despeito da evolução mais favorável dos preços, em ambos os casos, a tendência de alta no custo do crédito – com nove recordes de taxas de juros nos últimos 12 meses – impossibilita qualquer recuperação no curto prazo. O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, registrou retração de 0,5% em relação ao mês anterior para o volume de vendas. Já as vendas de combustíveis e lubrificantes, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram queda de 0,3%, conforme a pesquisa do IBGE. As demais atividades com recuo

no volume de vendas registraram taxas negativas acima da média nacional: tecidos, vestuário e calçados (-5,8%); livros, jornais, revistas e papelaria (-1,2%); móveis e eletrodomésticos (-1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%). Por outro lado, o setor de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação teve alta de 5,9%, assim como artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%). Em resumo, embora o setor de combustíveis não tenha apresentado crescimento, a queda foi menor do que em outras atividades econômicas. Cavalieri, do Grupo Asamar, também tem a mesma percepção dos números. O


Compra de etanol sem impostos, por meio de distribuidoras irregulares, afeta não apenas a concorrência do biocombustível, mas também as vendas de gasolina e de GNV no estado de São Paulo

Unica/ Niels Andreas

Grupo, que atua nas áreas de incorporação e construção, construções metálicas, tecnologia da informática (datacenters) e patrimonial (hotéis, flats e locação de galpões de logística), além de combustíveis, sofreu impactos diferentes da crise, em cada uma de suas áreas de atuação. “Os segmentos menos afetados foram o de combustíveis e o de TI”, afirmou. “Os demais setores estão enfrentando uma crise muito forte. Há três anos a atividade industrial vem caindo”, observou.

Fundo do poço Na análise de Cavalieri, a economia chegou ao fundo do poço. “Acredito que o pior tenha ficado para trás, o consumo deve

retornar aos poucos este cenário deve melhorar”, afirmou. Em relação ao mercado de combustíveis, o empresário considera que a revenda deve se sentir um setor privilegiado. “Apesar da redução do consumo, os combustíveis são essenciais. O país não tem opções de transporte de massa, como ferrovias e hidrovias, e nos centros urbanos, via de regra, o transporte público ainda carece de melhorias. O consumo de combustíveis deve permanecer como item importante ainda por muito tempo”, frisou. Cavalieri lembrou, no entanto, que cada caso é um caso. “Existem situações em que pode ser melhor vender o posto e investir em outras áreas, ou mesmo operar postos

em outras regiões com menor concorrência, por exemplo. Isso é uma análise que cada empresário tem de fazer. Mas é importante lembrar que o setor de combustíveis é considerado um comércio de primeira necessidade. Talvez o melhor agora seja agregar serviços, enxugar despesas, ter maior controle de caixa. Vender, apenas se conseguir um preço fantástico. E lembrar que entrar em outro setor neste momento de crise será muito difícil”, ressaltou.

Na estrada, inadimplência e PAs são grandes vilões Na rodovia, os principais efeitos da crise são a queda no volume de diesel comercializado e o aumento da inadimplência Combustíveis & Conveniência • 43


44 REPORTAGEM DE CAPA

Lidando com os passivos Embora o momento não seja o mais adequado para a venda do posto, visto que o negócio está desvalorizado, quem quer entrar no mercado ou ampliar sua rede pode encontrar negócios interessantes. No entanto, é importante ficar atento à existência de passivos, tanto ambientais, quanto contábeis, tributários ou trabalhistas. “Além de checar toda a documentação do empreendimento, que inclui pagamentos de impostos e eventuais multas, documentos trabalhistas e contábeis, o potencial comprador deve verificar a área ambiental”, alertou Jorge Gameiro. “Hoje, um laudo ambiental, quando o posto já tem as perfurações para tratamento do solo, custa em torno de R$ 10 mil. É um investimento essencial para garantir que não surgirão problemas maiores no futuro. Se houver algum tipo de contaminação, isso já pode ser descontado ou negociado no momento de compra do posto”, orientou. Além disso, Gameiro recomenda que o comprador contrate assessoria jurídica especializada, que estabeleça em contrato as obrigações e direitos de cada parte. “O contrato deve prever, por exemplo, que eventuais problemas não detectados no momento da formalização do negócio, mas comprovadamente originados no passado, sejam de responsabilidade do vendedor”, afirmou. “Risco sempre existe, mas há meios de se precaver em relação aos problemas que, eventualmente, possam surgir”, disse. Na outra ponta, quem quer vender também precisa ter o mesmo cuidado, para que, no futuro, os problemas não sejam atribuídos à sua gestão. Além deste aspecto e da atual desvalorização do negócio, a opção de vender não é simples: atualmente existe grande burocracia em relação aos documentos obrigatórios, e não são raros os postos atuando sem a licença de operação expedida pelo órgão ambiental, sem o alvará da prefeitura ou sem o auto de vistoria do corpo de bombeiros (AVCB). Sem tais documentos em mãos, a negociação pode não ir adiante e frustrar ainda mais o empresário que deseja sair do negócio. De acordo com a ANP, na compra de instalações onde já funcionou, no mesmo endereço, um posto revendedor, é necessário, além dos documentos obrigatórios para o pedido de autorização, enviar também uma cópia autenticada do documento que comprove o encerramento das atividades do antecessor. Os documentos são: requerimento de revogação da autorização, assinado por um dos sócios da empresa, com firma reconhecida, ou por representante legal com fotocópia autenticada da procuração; alteração contratual indicando a mudança de atividade, endereço ou extinção da empresa (no caso de filiais); distrato social. Quando a empresa requerente assume o ativo e o passivo (incorporação, sucessão) da empresa antecessora, os documentos podem ser: CNPJ inapto, cancelado ou com atividade principal alterada; Inscrição Estadual, contemplando o encerramento de atividade ou baixa de ofício; ou declaração de encerramento de atividade, expedida pela prefeitura ou baixa de ofício. 44 • Combustíveis & Conveniência

por parte dos clientes. “Há diversos casos de revendedores com problemas decorrentes da falta de critério na concessão de crédito aos consumidores. A crise econômica afetou também o setor de transporte, e isso levou ao aumento da inadimplência. O revendedor deve avaliar melhor e buscar garantias antes da concessão de crédito”, orientou Giancarlo Pasa, diretor da Fecombustíveis. A retração da economia também trouxe o aumento da concorrência com os pontos de abastecimento (PAs). De acordo com Pasa, estas empresas estão internalizando grande parte do volume que antes era dos postos de rodovia. “Muitas distribuidoras menores estão importando combustíveis com preços mais competitivos, e vendendo estes produtos para os PAs. Com isso, tornou-se muito mais vantajoso para estas empresas abastecer a própria frota, o que reduziu o volume que antes era comercializado pelos postos de estrada”, afirmou. Segundo o diretor, enquanto as grandes distribuidoras importam produtos e não repassam esta vantagem aos postos, as menores conseguem vender aos PAs por valores mais competitivos, desequilibrando a concorrência. Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas, também lembrou o papel dos cartões como um dos agravantes das dificuldades econômicas dos postos. “Os cartões de crédito e suas versões para o setor de transportes são os grandes sócios dos postos. Há casos em que o posto tem prejuízo, mas o segmento de cartões tem lucro sempre”, afirmou. “Além disso, as distribuidoras não dão prazo para os postos, mas estes se sentem pressionados a dar prazo para as transportadoras. Com a crise, a


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inadimplência leva muitos postos à quebra ou às situações de grande dificuldade”, completou. Porém, na avaliação de Pasa, apesar das altas taxas, os cartões ainda representam uma segurança ao revendedor. “Em algum momento estas taxas terão de ser discutidas com as operadoras e revistas. Mas hoje, com tantos problemas decorrentes da concessão de crédito e inadimplência, o cartão se tornou uma alternativa, já que temos garantia do recebimento. O que o revendedor precisa é saber precificar. As taxas fazem parte do custo de operação do negócio”, orientou. Apesar de, em tese, os resultados de postos voltados ao atendimento de viajantes (consumidores de gasolina e diesel) estarem mais equilibrados,

A importação de combustíveis por distribuidoras menores tem refletido em aumento da concorrência dos Pontos de Abastecimento (PAs) com os postos

na prática, a situação também se mostra difícil. Afinal, com a retração econômica, as viagens são menos frequentes, o que impacta o consumo de gasolina e etanol. Para minimizar os efeitos da crise, Pasa recomenda disciplinar o uso das instalações do

posto, privilegiando os clientes que ali abastecem. Além disso, é importante lembrar que o posto pode (e deve) vender serviços, como o uso de instalações sanitárias ou estacionamento, e investir também na oferta de alimentação. n

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Transparência e Tecnologia a Serviço do Mundo Combustíveis & Conveniência • 45


OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich4 Goidanich 4Consultor Consultorjurídico Jurídicoda daFecombustíveis Fecombustíveis

Da contribuição assistencial obrigatória categoria profissional, Os sindicatos patronais e de empregados, não se confundindo quando estabelecem as negociações coletivas com aquela versada para celebração de Convenção Coletiva de na primeira parte do Trabalho (CCT), estão representando toda a inciso IV do artigo 8o categoria e não somente seus sindicalizados. As vantagens e as obrigações consignadas na CCT da Carta da República. beneficiam todos. (RE 189.960-3, Rel. Min. Marco Aurélio, STF, Portanto, nada mais justo do que constar nas 2a T., decisão unânime, DJU 10.08.2001, Ata convenções coletivas de trabalho uma cláusula no 22/2001)”. estipulando o pagamento de contribuição assisDo voto do ministro relator, transcreve-se o seguinte trecho: tencial ou negocial para empregados e empre“É legítima a cobrança de contribuição assisgadores, independentemente de sua condição de associado ou não ao sindicato com o qual a tencial imposta aos empregados indistintamente em convenção esteja sendo negociada. Isso porque a favor do sindicato, prevista em convenção coletiva contribuição tem a finalidade de custear as despede trabalho, estando os não sindicalizados comsas decorrentes do desempenho das funções do pelidos a satisfazer a mencionada obrigação (...) sindicato de representação Descabe confundir fie negociação coletiva. liação, sempre a depender Convém destacar que o órgão Ressalte-se que a contrida manifestação de vontade máximo da justiça deste país do prestador dos serviços buição assistencial é obrigajá decidiu que a contribuição ou da pessoa jurídica de tória para todos os membros assistencial é obrigatória também direito privado que integre da categoria e pode ser para aquelas empresas que não a categoria econômica, com estipulada em convenção o fenômeno da integração coletiva, conforme dispõe são sócias do sindicato, mas estão automática no âmbito da o artigo 513, alíneas “b” e abrangidas pela representação categoria (...)” “e”, e o artigo 613, inciso sindical do mesmo É sabido que no Tribunal VII da CLT, além do artigo Superior do Trabalho (TST) 8° incisos I, III, IV e VI da o entendimento predominante é em sentido oposto, Constituição Federal. consoante o precedente normativo 119 da Seção Nesse sentido, convém destacar que o órgão de Dissídios Coletivos do TST. máximo da justiça deste país já decidiu que a Porém, o entendimento do STF foi recentemente contribuição assistencial é obrigatória também referendado pelo Pleno do Tribunal Regional do para aquelas empresas que não são sócias do Trabalho da 4ª Região (RS), que aprovou a edição sindicato, mas estão abrangidas pela represenda Súmula nº 86, com a seguinte redação: tação sindical do mesmo. O Supremo Tribunal “Contribuição assistencial. Descontos. Não Federal firmou posição pela obrigatoriedade do filiado. A contribuição assistencial prevista em pagamento da contribuição assistencial, prevista acordo, convenção coletiva ou sentença normativa é em convenção coletiva, para todos os membros da devida por todos os integrantes da categoria, sejam categoria. Observe-se a ementa do acórdão que eles associados ou não do sindicato respectivo.” tratou do tema: Assim, considerando que a contribuição as“Contribuição - Convenção Coletiva. A contribuição prevista em convenção coletiva, fruto do sistencial não tem natureza tributária, é suficiente disposto no artigo 513, alínea e, da Constituição que esteja prevista em convenção coletiva para se Federal, é devida por todos os integrantes da tornar obrigatória para toda a categoria.

46 • Combustíveis & Conveniência


44 AGENDA

OUTUBRO NACS Show Data: 18 a 21 Local: Atlanta (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com Encontro dos Revendedores do Centro-Oeste Data: 25 e 26 Local: Cuiabá (MT) Realização: Sindipetróleo Informações: (65) 3621-6623

NOVEMBRO Encontro de Revendedores da Região Sudeste Data: 23 e 24 Local: Campinas (SP) Realização: Recap, Resan, Sindilub e demais sindicatos da Região Sudeste Informações: (19) 3284-2450 Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria. comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.


44 MEIO AMBIENTE

João Luiz de Oliveira

Edson Orikassa, presidente da AEA, durante a cerimônia de abertura do 24º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva

Inovar-Auto em busca da meta 24º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva apresentou como centro das discussões o presente e o futuro do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores. A indústria automotiva deverá comprovar, até outubro de 2017, se atingiu as metas estabelecidas pelo programa. O desafio será acompanhar as tendências internacionais, que seguem regras mais rígidas de redução de emissões poluentes veiculares

Por Adriana Cardoso Faz quatro anos que o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto) foi instituído no Brasil. Nesse período, a indústria automobilística brasileira investiu em melhorias para, em troca de incentivos fiscais, produzir 48 • Combustíveis & Conveniência

veículos mais modernos, seguros e, principalmente, com mais eficiência energética para atender ao apelo ambiental de redução nas emissões de gases poluentes. Há um consenso entre as pontas da cadeia de que o programa ajudou a calcar as bases para a formação e o crescimento da indústria nacional. Os investimentos geraram empregos, novas fábricas e

surgiram laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, dando origem a tecnologias revolucionárias. O desafio, agora, será olhar para o futuro do programa, buscando ferramentas para que o Brasil possa competir com outros mercados regidos por regras e metas mais rígidas para comercializar veículos com menos impacto ao meio ambiente.


poderão emitir 95 gramas de CO2 por quilômetro rodado), as regras do Inovar-Auto contemplam esse preceito. A eficiência energética é o carro-chefe do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), lançado em 2008 pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). As montadoras que voluntariamente aceitam participar do programa têm seus modelos avaliados e os menos poluidores ganham o selo Conpet (Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural), ou selo verde.

O que vem por aí A eficiência energética melhorou graças ao avanço tecnológico de veículos. Conceitos como downsizing (redução do tamanho), com motores

mais leves e mais potentes; pneus com melhor resistência ao rolamento; emprego de materiais verdes mais leves; câmbio com relações longas de marcha; e o sistema start & stop, que desliga o motor de forma instantânea quando o carro está parado por alguns segundos, são algumas das tecnologias desenvolvidas ou aperfeiçoadas que melhoram o consumo de combustíveis. Estes, por sua vez, também melhoraram em qualidade para se adequar aos novos motores. Conforme dados do setor automobilístico, de outubro de 2012 a dezembro de 2017, deverão ser investidos R$ 85 bilhões no setor, dos quais R$ 15 bilhões somente para a área de engenharia. No painel “Relevância do Inovar-Auto para o país”, a diretora do Departamento das

João Luiz de Oliveira

O Inovar-Auto foi o fio condutor do 24º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), que trouxe como tema “Eficiência Energética e Gases de Efeito Estufa: Impactos da Evolução da Tecnologia Automotiva”. O evento reuniu os principais agentes da cadeia automotiva, nos dias 5 e 6 de setembro, em São Paulo. Até outubro do ano que vem (a atual etapa do programa termina em dezembro de 2017), as empresas habilitadas no Inovar-Auto deverão comprovar se conseguiram cumprir a meta estabelecida como compromisso obrigatório, que é aumentar em 12,08% (no mínimo) a eficiência energética dos veículos em relação àqueles produzidos no país em 2011. As indústrias que não cumprirem o previsto serão penalizadas. Também estão estabelecidas pelo programa metas adicionais, conhecidas como desafio, entre 15,46% e 18,84%. As empresas que as cumprirem obtêm, em contrapartida, redução de 1 ponto percentual e de 2 pontos percentuais, respectivamente, no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Quanto mais eficiente for um automóvel nesse quesito, menos combustível é consumido e, consequentemente, menos gás carbônico (CO2) é emitido na atmosfera, um dos principais gases causadores do efeito estufa. Embora o Brasil ainda não tenha normas que regulamentem as emissões de CO2, como acontece na Europa (em 2014, o Parlamento europeu aprovou regras rígidas. Até 2020, os carros produzidos naquela região só

Auditório do Simpósio ficou lotado com os principais agentes do setor automotivo, que acompanharam painéis sobre o impacto da tecnologia em relação à eficiência energética e às emissões de gases de efeito estufa

Combustíveis & Conveniência • 49


44 MEIO AMBIENTE

João Luiz de Oliveira

Indústrias de Equipamentos de Transporte da Secretaria de Desenvolvimento de Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Margarete Gandini, disse que o Inovar-Auto serviu para unir os elos da cadeia produtiva do país e colocar o Brasil em linha com o que já vinha sendo feito pelo resto do mundo. “Havia um abismo tecnológico no país que não existe mais.” De acordo Margarete, a meta mínima será alcançada, tendo em vista que algumas empresas já buscam até mesmo as metas-desafio. Se alcançada, a meta-base corresponde menos de 21,2 milhões de toneladas de CO 2 emitidas no período 2014-2021, o que “supera o compromisso do Brasil com eficiência energética no Acordo de Copenhague (2009), de redução de 15 milhões de toneladas (de gás carbônico), além da economia de 12 bilhões de litros de gasolina C no período”. Porém, Margarete salientou que essas são apenas projeções e

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os resultados efetivos só sairão em outubro do próximo ano. Agora, o ministério vem discutindo com os representantes da cadeia o próximo ciclo do Inovar-Auto e a incorporação do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que existe há 30 anos para monitorar os principais gases poluentes, não está descartada. “Ao falarmos de eficiência energética, necessariamente precisaremos falar de Proconve. Temos duas preocupações nessa discussão: como não ampliar o gap entre os principais mercados e o Brasil e também obtermos produtos para nossos mercados de destino, que são a América Latina e a África essencialmente. Mas o Proconve tem que fazer parte das discussões, sem dúvida, principalmente com o ritmo de adoção dessas legislações”, observou.

Tendências internacionais Se o Brasil quer mesmo voltar a brigar com força no mercado global, deve ficar de olho nas tendências futuras, que

Margarete Gandini, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, destacou o desenvolvimento tecnológico da indústria automotiva após o Inovar-Auto

passarão pelo endurecimento das regras de emissões. Rodrigo Custodio, diretor da consultoria alemã Roland Berger, disse no painel “Eficiência energética e redução das emissões: uma visão econômica”, que já há projeções, para 2050, de redução de 80% nas emissões em países da Europa e no Japão. “Esse é o ambiente competitivo no qual estamos inseridos. Esses países já estão traçando seus rumos e nós também devemos traçar o nosso”, frisou. A Holanda, segundo ele, já estabeleceu que, até 2025, quer acabar com veículos movidos por combustíveis fósseis. A Noruega, um grande exportador de petróleo, com uma economia altamente dependente desse insumo, já tem 20% de veículos elétricos em sua frota total, e a meta é chegar aos 100% nos próximos anos. Londres iniciará um projeto a partir de outubro com o Uber, serviço de transporte alternativo. Serão colocados em circulação 50 veículos elétricos no centro da cidade. A Roland Berger também prospecta aumento da eficiência dos motores de combustão elétrica, veículos elétricos/ híbridos, materiais cada vez mais leves para reduzir o peso do veículo, com mais eficiência aerodinâmica. “Até 2020, o aumento da eficiência dos motores de combustão interna vai continuar a ser prioridade e solução-chave para atingir as metas. A partir daí, alguns países e regiões começam a ter requerimentos tão elevados que é mais eficaz você começar a montar a frota de outros tipos de veículos, como


elétricos, que ganharão enorme importância a partir de 2025”, antecipou o diretor. Dan Ioschpe, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), tem expectativa de que o novo ciclo da indústria automotiva promova um início de recuperação no próximo ano, bem como espera que haja maior integração aos padrões internacionais. “Que possamos participar de forma decisiva do mercado doméstico, mas também do mercado mundial, que é 20 vezes maior que o nosso”.

Balanço geral Antonio Megale, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), comentou que o Inovar-Auto trouxe um extraordinário desenvolvimento na questão da eficiência energética e para a indústria como um todo, mas que é preciso ir além. “Pulamos das 57 fábricas que tínhamos, no começo de 2012, para 67, com aumento da capacidade produtiva para 5 milhões (de veículos), mas precisamos olhar para o futuro. Queremos competir globalmente”, cobrou. O presidente da AEA, Edson Orikassa, também destacou os avanços trazidos pelo programa, mas pontuou que são necessárias correções. “A crítica que faço é que (o programa) poderia ter sido mais abrangente. Ficou muito focado na indústria de automóvel e faltou a parte dos fornecedores de peças. Também ficou muito focado na questão da eficiência energética e poderia ter avançado mais na parte de segurança. Para os fabricantes de pneus, por exemplo, a segurança está em primeiro lugar”, disse. n

Menos poluente O etanol também foi alvo de discussões em relação à próxima etapa do Inovar-Auto, como alternativa de combustível mais limpo. A eficiência energética, de acordo com Ricardo Abreu, diretor de P&D da Mahle, deve levar em conta a questão da sustentabilidade como um todo, com uma política que também contemple outras peças fundamentais dessa engrenagem, como a “disponibilidade de combustíveis, vias e tráfegos diferenciadas e transportes de uma maneira geral. Vamos inserir novas tecnologias que necessitam de novos insumos e, para que isso aconteça, é necessária articulação muito grande dessas três áreas”, disse. Em sua análise, as legislações internacionais levam em conta o CO2 emitido “do tanque à roda”, sem abordar a questão da produção do combustível como um todo. “Se queremos falar de grama de CO2 por km temos que falar de todo o ciclo do combustível. Emissões do tanque à roda não consideram toda a emissão de CO2 em todas as etapas da fabricação e do transporte para disponibilização de combustível”, pontuou. É nesse espaço que o etanol obtém vantagens. O executivo observou que o biocombustível tem como vantagem ser um produto mais sustentável em seu processo de fabricação até chegar ao tanque. “Não é que ele (etanol) não emita nada, mas é que o combustível sustentável tem a característica de sequestrar o carbono emitido pelo escapamento quando é feita a fotossíntese para crescimento da nova biomassa que vai fechar esse ciclo”, defendeu. Estudos indicam que, em todo seu processo de produção e consumo, o etanol emite até 70% menos CO2 do que a gasolina pura.

Qualidade do etanol No quesito qualidade, Edson Orikassa, da AEA, defendeu implementar a redução da quantidade de água no etanol, o que proporcionaria melhora na eficiência e reduziria o risco de problemas de corrosão no veículo. Segundo Orikassa, a mudança propiciaria um incremento de até 75% na eficiência energética do etanol em relação à gasolina, atualmente na casa dos 70%. “Do ponto de vista da engenharia, a redução de água (no etanol) é tecnicamente viável. Temos discutido com produtores de cana-de-açúcar essa possibilidade, e eles não colocaram nenhum empecilho”, disse. A mudança, segundo ele, não implicaria nenhuma alteração na tecnologia do veículo, pelo contrário, até beneficiaria. Combustíveis & Conveniência • 51


44 CONVENIÊNCIA

Feira de conveniência atraiu público diversificado, que degustou vários tipos de produtos, desde pão de queijo a vinhos

Feira de conveniência: cada vez melhor Expo Conveniências chega à 5ª edição e se firma como um dos eventos de destaque do segmento da revenda, atraindo público de diversos locais do país para Caxias do Sul Por Mônica Serrano Quanto mais o tempo passa, mais aumenta a importância e o desenvolvimento do setor de conveniência nos postos de combustíveis. O mercado nacional ainda tem muito a evoluir, principalmente em treinamento e gestão, mas, aos poucos, o segmento se profissionaliza, aprimora conhecimentos e implementa novas iniciativas para diversificação de negócios. Foi nesse ambiente de boas perspectivas, informações atualizadas e aprimoramento que se realizou a 5ª Expo Conveniências, em 52 • Combustíveis & Conveniência

17 de setembro, no Samuara Hotel, em Caxias do Sul (RS). Com iniciativa do Sindipetro Serra Gaúcha, a Expo Conveniências começou tímida em 2011. Na época, a feira de exposições contava com apenas cinco expositores e 250 pessoas. De lá para cá, a evolução foi significativa e melhora a cada ano. Nesta edição, a Expo Conveniências reuniu 28 expositores e 850 visitantes, num espaço de aproximadamente 1.000m2. “É importante destacar o grau de maturidade e crescimento do evento, que se tornou referência nesse nicho de mercado. Prova disso é que, apesar do momento

econômico e das incertezas do cenário político, os empresários do setor não deixaram de investir”, disse Luiz Henrique Martiningui, anfitrião do evento e presidente do Sindipetro Serra Gaúcha, durante a cerimônia de abertura. Martiningui destacou que mesmo que o faturamento tenha evoluído em um cenário de crise - R$ 6,8 bilhões em 2015, o que representa crescimento de 11,5% em relação a 2014, segundo dados do Anuário do Sindicom - o empresário precisa se atualizar constantemente. “Os índices positivos do segmento não deixam margem para descuido, temos que continuar


Fotos: Ismael Viezzer

trabalhando e investindo forte neste canal. A participação do mercado de conveniência ainda é pequena no Brasil, conforme dados do Sindicom, apenas 19% dos postos contam com lojas de conveniência, percentual muito distante de países como EUA e Argentina, que variam entre 75% e 90%. Portanto, há uma excelente oportunidade de negócios para rentabilizar melhor aquele espaço disponível mal aproveitado dentro do posto. No sentido mais amplo da palavra conveniência, a ideia é oferecer dentro da nossa estrutura tudo o que possa trazer maior comodidade aos consumidores, através da ampliação de negócios”, destacou. Neste ano, além de promover a Expo Conveniências, o Sindipetro firmou parceria com a Universidade Caxias do Sul para lançar um curso de gestão de postos de combustíveis, com carga horária de 84 horas, cujo conteúdo vai abordar gestão financeira, gestão de lojas de conveniência, comportamento e fidelização de clientes.

Para finalizar seu discurso, Martiningui disse aos revendedores para considerarem a conveniência como potencial de negócios. “Pensem com carinho no mercado denominado conveniência, aproveitando melhor o fluxo de pessoas, criando novas oportunidades, pois este segmento, talvez, possa ser o único ponto de equilíbrio de nossas empresas, que têm sofrido com a redução dos volumes de combustíveis comercializados, além do impacto de altos custos operacionais.” Com as mudanças de comportamento do consumidor e o dinamismo do mercado, Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, comentou que é importante rever os conceitos diariamente, principalmente com os filhos ou sucessores, que podem mostrar uma nova visão. “Às vezes, você acha que está ensinando e são eles quem nos dão várias lições no dia a dia”, mencionou ao contar que a administração da filha em um de seus postos está mudando a maneira de gerir a loja de conveniência. Entre os artigos vendidos,

ela passou a exibir um mostruário de sandálias Havaianas, item que dificilmente seria considerado como produto de loja de conveniência se estivesse sob seu comando. Paulo Miranda contou que foi o primeiro revendedor a abrir uma loja am/pm em Minas Gerais, por insistência da distribuidora, numa região de periferia e que não havia a menor sustentação para se ter este estabelecimento. “Hoje, você percebe que tem que tomar muito cuidado com o local em que está localizado. É uma questão de planejamento estratégico para montar uma loja. Nos locais adequados, não se pode deixar de pensar na conveniência. O Brasil tem um longo caminho a percorrer, o país tem uma renda per capita baixa, além da questão da cultura. Mas conheço lojas que faturam bem e é preciso rever os conceitos, estar com o radar ligado e fazer um planejamento estratégico se o seu ponto permite uma loja de conveniência.” Combustíveis & Conveniência • 53


44 CONVENIÊNCIA Também discursou, em nome da ANP, Mario Laporte, coordenador do escritório da agência reguladora em Porto Alegre, como representante da diretora-geral, Magda Chambriard. Mario apresentou a agência reguladora, sua atuação pelo país e relatou como se processam as ações de fiscalização junto à revenda. “Fazemos ações conjuntas ou forças-tarefas, que são ações de fiscalização com dois, três ou quatro órgãos presentes. Reconheço que o impacto causado por uma força-tarefa ao chegar num posto é muito grande. Mas se eu me colocasse na posição de revenda, preferiria que as fiscalizações fossem feitas todas de uma vez, porque imagino cada órgão entrando no posto de vocês a cada momento. A gente tem noção do que causa a fiscalização, precisa deslocar um funcionário, parar a rotina,

Marcelo Borja: “Se você contratou errado, não há treinamento que resolva” 54 • Combustíveis & Conveniência

mas não há outra forma de ser feito porque é um computo legal”, disse. A ANP possui convênios com os mais diferentes órgãos, como o Corpo de Bombeiros, Ministério Público, Secretarias de Fazenda, Procons etc.

Como aproveitar a conveniência A primeira palestra abordou o mercado de conveniência por Marcelo Borja, consultor e diretor da Borja T&C, que realiza consultoria e treinamentos para postos de combustíveis. Ele abordou como o setor de conveniência, mesmo em meio à crise, pode encontrar soluções para continuar vendendo. “Tem que oferecer produto de qualidade e ter um bom atendimento. Se você fizer o que os outros fazem, será igual aos outros. A solução é oferecer produtos saudáveis, criar algo diferente e passar a ser especial”, comentou. Borja transitou por vários assuntos que são espinhosos para a revenda, como, por exemplo, manter na equipe aquele funcionário que não tem interesse pelo trabalho, não é comprometido, falta com frequência e não gosta do que faz. “São quase 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil. Antigamente, não havia opção, mas hoje, me desculpem, não dá para manter um funcionário que não gosta de atender pessoas. Tem que fazer recrutamento e seleção. Se você contratar errado, não há treinamento que resolva. Você tem que ter o funcionário certo, no lugar certo, fazendo o que é certo.” A gestão da loja e o atendimento também foram enfatizados por Borja. Ele elencou alguns

Luiz Henrique Martiningui, presidente do Sindipetro Serra Gaúcha, durante discurso de abertura da Expo Conveniências

itens que afastam o cliente da loja, como a falta de atenção quando o consumidor entra no local e a falta de iniciativa do atendente para vender. “Também tem que tomar cuidado com a percepção de desconfiança, isso acontece mais em supermercado, mas seria pegar um produto na gôndola e passar no caixa e ser registrado outro preço”, comentou. Ele também apontou que não basta fazer o cliente entrar na loja para garantir uma venda ou conquistá-lo . “Fazer o cliente descer do carro e enfrentar uma fila na loja na hora de pagar, não dá. O que faz um cliente ir para uma loja é praticidade e rapidez. Loja que quer vender mais tem que ter um segundo ou terceiro caixas”, comentou. Borja também mostrou os aspectos que atraem os clientes para a conveniência. Além de oferecer produtos de qualidade, ter um bom atendimento e ter variedade de produtos, pois é essencial evitar a falta


de produtos nas gôndolas; ser um local confortável, com mesas e cadeiras, proporcionar um ambiente agradável para relaxar e ter banheiro limpo. Outros aspectos importantes são iluminação e segurança. “O cliente quer entrar num local seguro e bem iluminado. A economia do LED foi também para a loja de conveniência.” A segunda palestra, ministrada pelo professor Daltro, mostrou a importância da utilização dos dados de pesquisa para elaborar estratégias de comercialização e de fidelização do cliente. O professor apresentou os resultados de uma pesquisa encomendada pelo Sindipetro ao Instituto de Pesquisa Amostra. A pesquisa foi aplicada exclusivamente em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria e Gramado, no período de 14 a 18 de março deste ano, e contou com a participação de 400 pessoas. Segundo o levantamento, cerca de 36% dos entrevistados vão ao posto para abastecer uma vez por semana e 42% abastecem duas vezes por semana. “Este dado é bem peculiar para mostrar quantas vezes este cliente está estacionando seu carro na pista e como você vai atrair este cliente da pista para entrar na loja de conveniência. Se ele vai ao posto duas vezes por semana, quais são as minhas estratégias para fidelizar este cliente?”, questionou. Daltro também divulgou que os clientes querem atendentes educados na loja e na pista. O item cordialidade foi citado por 31% dos entrevistados. “Um sorriso não custa nada, temos que focar no atendimento”, disse o palestrante.

Muitas oportunidades foram expressas nos resultados da pesquisa. Pelos dados divulgados, 51% dos entrevistados entram na loja de conveniência e 49% só abastecem no posto, mas não descem do carro. E o palestrante questionou: “por que esta outra metade não está indo? Você, como gerente ou proprietário, precisa descobrir. A pesquisa alerta que é a hora de atuar na gestão”, disse. Entre os itens mais importantes no posto foram citados: disponibilidade de serviços para o carro no posto, com 40,8%; loja de conveniência, com 34,9%; limpeza, 34,1% e pagamento com máquinas de crédito e débito, 33,2%. “Limpeza no posto não é qualidade, é obrigação. A loja de conveniência começa a aparecer na pesquisa neste ano, e mostrar, oferecer os produtos da loja ao cliente, não tem custo nenhum, você só precisa gerenciar pessoas”, disse.

A pesquisa também mostrou dados de frequência em diferentes turnos do dia. Por exemplo, o consumo da noite diminuiu enquanto o da manhã aumentou 52%. Ou seja, segundo o palestrante, surge aí uma oportunidade de oferecer café da manhã na loja de conveniência e de aproveitar este cliente que passa neste período. “É interessante prestar atenção em todos os dados, no comportamento das pessoas, sua preferências, como lugar limpo e cordialidade são determinantes para as pessoas escolherem seu posto”, comentou o professor. Segundo o levantamento, os produtos mais consumidos na loja são refrigerantes (58%), sanduíches (50%), cigarros (25%), doces e guloseimas (22,5%). Ou seja, são itens que não podem faltar na loja de conveniência. Para encerrar o evento foi apresentada a palestra motivacional com Clóvis de Barros Filho, sobre “A vida que vale a pena ser vivida”. n

Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, chamou a atenção do público para rever os conceitos constantemente

Combustíveis & Conveniência • 55


44 RESPONSABILIDADE SOCIAL

Lar Pequeno Paraíso tem como proposta ministrar aulas de educação básica, juntamente com atividades lúdicas que auxiliam o desenvolvimento das crianças

Feijoada solidária Mônica Serrano Um almoço de domingo pode reunir mais do que famílias, amigos e boa música. É possível juntar neste conjunto parceiros e solidariedade. Foi nesse clima de descontração que aconteceu a feijoada do Lar Pequeno Paraíso, uma iniciativa de Emílio Martins, vice-presidente do Recap e atual presidente da entidade, em 28 de agosto, em Campinas (SP). Há aproximadamente 11 anos, é realizada a tradicional feijoada, que tem como principal motivação arrecadar recursos para complementar o orçamento da entidade sem fins lucrativos. O Lar Pequeno Paraíso é uma creche gratuita que oferece educação infantil e atende às necessidades das famílias de comunidades carentes do entorno do bairro Jardim Guarani, em Campinas. 56 • Combustíveis & Conveniência

O Recap participa da iniciativa oferecendo apoio para a organização da feijoada, com equipe de funcionários e estrutura de telefone, e-mail e envio de convites. Os recursos da feijoada vêm de parceiros, de empresas do setor da distribuição, companhias privadas e da revenda local. Do total arrecadado, 20% vão para a confecção da feijoada e os demais 80% dos recursos são destinados à manutenção da creche. A entidade também recebe recursos da Prefeitura de Campinas. A história do Recap se mescla com a do Lar Pequeno Paraíso, quando, há 14 anos, a diretoria do Sindicato percebeu a necessidade de se envolver com um trabalho assistencial. Na época, Emílio Martins era presidente do Recap e a entidade era conduzida por Júlia de Jesus da Silva. “Hoje,

a motivação principal do Recap ficou para trás, o que realmente importa é a obra. As pessoas que conhecem o Lar sabem do vínculo pessoal que cresceu com o passar do tempo”, disse. De fato, ao conhecer o Lar Pequeno Paraíso, Emílio participou como voluntário, entre outras pessoas, para auxiliar a gestão da entidade, que estava enfrentando uma série de problemas por desvio de doações e o não pagamento de impostos, e acabou se tornando presidente, cargo no qual permanece até hoje. “A primeira coisa que ganhei foi uma ação no Ministério da Justiça, por conta das pendências do Lar. Passei um ano pagando contas e organizando a casa. Com a nova diretoria, fomos evoluindo buscamos recursos e parceiros para oferecer uma


Fotos: Mônica Serrano

infraestrutura adequada às crianças”, relembrou. Atualmente, a situação está completamente diferente. O Lar obteve um certificado denominado Utilidade Pública Federal, um título concedido pelo Ministério da Justiça para as Organizações Não Governamentais (ONGs) em reconhecimento à relevância social pelas atividades desenvolvidas. “Temos uma parceria com a Prefeitura de Campinas, nos adequamos ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o que é uma missão dificílima. Temos uma equipe de funcionários dedicados e comprometidos e uma diretoria altamente envolvida com o trabalho social”, comentou. O Lar Pequeno Paraíso atende 120 crianças, de 2 a 6 anos, das 7:30 às 17:00 horas, oferece cinco refeições diárias, com cardápio elaborado por nutricionista; e conta

Tradicional feijoada promovida pelo Lar Pequeno Paraíso conta com o apoio do Recap há 11 anos

com 19 funcionários. A entidade tem como proposta ministrar aulas de educação básica, juntamente com atividades lúdicas que auxiliam o desenvolvimento das crianças. A estrutura física possui área de lazer ao ar livre, com brinquedos, horta e plantas; e uma biblioteca. “Procuramos oferecer um ambiente agradável e descontraído para minimizar o lado estressante da realidade em que vivem. Também estimulamos o envolvimento dos pais com a criança. Eles podem levar os livros da biblioteca para casa para ler histórias para os filhos”, comentou Martins.

O Lar Pequeno Paraíso também recebe doações de alimentos, livros e demais utensílios e está sempre de portas abertas para quem quiser auxiliar com o trabalho voluntário. Os postos ou sindicatos que tiverem iniciativas sociais ou ambientais e quiserem divulgar suas ações podem enviar um e-mail para: combustiveiseconveniência@ fecombustiveis.org.br n Combustíveis & Conveniência • 57


44 ATUAÇÃO SINDICAL São Paulo

Assessoria contábil Pensando em auxiliar os Divulgação/Resan

associados sobre assuntos fiscais, o Sindicombustíveis Resan, de Santos (SP), acaba de firmar uma parceria com a Plumas Assessoria Contábil. O objetivo é oferecer um atendimento presencial e gratuito no próprio sindicato para esclarecer todas as dúvidas referentes a SPED Fiscal, ICMS, manifestação do destinatário e regime

A cada 15 dias, Daniela de Paula, gerente comercial da Plumas Contábil, esclarece dúvidas contábeis e fiscais para os filiados ao Resan

de tributação mais adequado para o negócio, entre outros temas contábeis.

Atendimento

datas do atendimento, ligue a

A cada 15 dias, das 10 às

secretaria: (13) 3229-3535.

17 horas, os associados do Re-

Associados de fora de Santos,

san podem ir ao sindicato para

ou que estejam com com-

esclarecer dúvidas contábeis

promisso já agendado no dia

e fiscais. Segundo Daniela,

do atendimento da Plumas,

as principais questões estão

também podem esclarecer

relacionadas ao SPED, CF-e

suas dúvidas por telefone.

cumpridas e, nem sempre, o

SAT; lucro real ou presumido;

Neste caso, segundo Daniela,

revendedor está atualizado”,

legislação societária (Portaria CAT

basta ligar para o sindicato

comenta Daniela de Paula,

02/2011); e-Social e Cadastro

e aguardar a disponibilidade

gerente comercial da Plumas

Técnico Federal no Ibama.

para a conversa.

“Infelizmente, o segmento da revenda de combustíveis é um dos mais fiscalizados do país e possui legislações específicas. Com isso, há diversas obrigações fiscais a serem

Contábil e responsável pelos

Para participar do atendi-

“Com o atendimento, pude

mento presencial é necessário

tirar várias dúvidas sobre o

Segundo Daniela, é co-

imprimir a ficha disponibilizada

Sped Fiscal, e também sobre

mum que os empresários

no site do Resan - http://www.

a obrigatoriedade do SAT. Foi

procurem a entidade sindical

resan.com.br/assessoria -, anotar

muito esclarecedor, adorei e

para esclarecer dúvidas. “Há

as dúvidas e encaminhar ao

recomendo a todos. Com essas

diversos detalhes que só uma

sindicato no e-mail secretaria@

dicas vou poder trabalhar me-

empresa especializada no

resan.com.br. A confirmação da

lhor”, comenta Silmara Martins

segmento pode esclarecer.

consulta com horário marcado

do Carmo, secretária do Auto

Queremos suprir essa carência

só será feita após o recebimen-

Posto Leãovip. (Bruna Rossifini

de informações”.

to da ficha. Para conferir as

e Christiane Lourenço)

plantões no sindicato.

58 • Combustíveis & Conveniência


Minas Gerais

Minaspetro recebe candidatos Nos meses de agosto e se-

dessem apresentar as maiores

empregos diretos e indiretos

tembro, o Minaspetro promoveu,

dificuldades da revenda quando

para a população.

em sua sede, encontros entre

há a necessidade do trabalho

a revenda de combustíveis de

da Prefeitura Municipal de

Belo Horizonte e Contagem e

Belo Horizonte e Contagem,

É importante ressaltar,

os candidatos à prefeitura das

sobretudo, no momento de

ainda, que, por razões legais,

respectivas cidades. Rodri-

conseguir licenças e docu-

conforme descrito na Lei Eleitoral

go Pacheco (PMDB) e Délio

mentações necessárias para

nº 9.504/97, Art. 24, cap.

Malheiros (PSD) estiveram no

atuar no mercado.

IV: “É vedado, a partido e

Lei Eleitoral

Sindicato para uma conversa

Os candidatos deixaram

aberta com os empresários da

claro que o poder público

capital, enquanto o candidato à

não pode tratar a iniciativa

reeleição em Contagem, Carlin

privada como inimiga, e que

Moura (PCdoB) se reuniu com

os setores produtivos da

os empresários da cidade.

economia sempre devem ser

de publicidade de qualquer

Os encontros foram reali-

parceiros, ressaltando que a

espécie, procedente de

zados para que os donos de

revenda é um segmento que

entidade de classe ou sindical’.

postos de combustíveis pu-

gera riquezas, proporcionando

(Stenyo Fonseca)

candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio

Rondônia

Seminário para empresários e contadores O Sindipetro, em parceria com a Fecomércio, Federação das Indústrias

de Rondônia - Guajará-Mirim, Ariquemes, Cacoal e Vilhena.

de Rondônia (Fiero), Sebrae, governo do

Rafael Alexandre de Figueiredo Gomes,

estado de Rondônia, Sescap e Conselho

presidente do Sindipetro, ressaltou a impor-

Regional de Contabilidade do Estado de

tância do seminário, que abordou assuntos

Rondônia, realizou o II Seminário de Ca-

de interesse dos empresários e do segmento

pacitação para Empresários e Profissionais

contábil, como gestão fiscal e direito trabalhista.

de Contabilidade, em quatro municípios

(Eduardo Valente)

Combustíveis & Conveniência • 59


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS As empresas do país ganharam um pouco mais de tempo para se adequarem ao eSocial. A última data estabelecia que a obrigatoriedade do eSocial deveria entrar em setembro de 2016, mas devido às questões referentes ao calendário, foi adiada para 2018. Para envio dos dados referentes à Saúde e Segurança do Trabalhador o prazo ficou mais ampliado. Confira abaixo as principais mudanças. O governo adiou o prazo de obrigatoriedade do eSocial para 2018. Qual é o novo cronograma? O Comitê Diretivo do eSocial, através da Resolução n° 002/2016, alterou os prazos de início de obrigatoriedade de transmissão das informações por meio do eSocial. O novo cronograma estabelece que para o empregador com faturamento acima de R$ 78 milhões, no ano de 2016, o prazo é a partir de 1º de janeiro de 2018. Nesta categoria, as informações referentes à Saúde e Segurança do Trabalhador (SST) devem ser enviadas a partir de julho de 2018. Os demais empregadores, abaixo de R$ 78 milhões, devem enviar as informações via eSocial a partir de 1º de julho de 2018, e as informações relativas à SST a partir de janeiro de 2019. Quais seriam os motivos que justificam mais um adiamento? O calendário de testes sofreu atraso e inviabilizou a operação em setembro deste ano. O eSocial não cria nenhuma nova obrigação fiscal. Pelo contrário, a medida do governo federal vem para reduzir a burocracia imposta às empresas brasileiras e, consequentemente, melhorar o ambiente de negócios do país. Quais são as principais dificuldades que a revenda e outras empresas estão tendo para se enquadrarem ao eSocial? Podemos afirmar que a adaptação às exigências será trabalhosa para quem não se antecipar às atualizações, mas isso deve se concentrar num primeiro momento, pelas informações que terão que ser inseridas no sistema. Conforme o Ato Declaratório todas as empresas deverão enviar o histórico dos empregados, em alguns casos, diariamente. Por exemplo: admissão, demissão, afastamento, aviso prévio, férias, ações judiciais 60 • Combustíveis & Conveniência

LIVRO 33

trabalhistas, imposto de renda retido na fonte, retenções de contribuições previdenciárias, informações sobre FGTS. No total, as empresas terão de enviar à Receita Federal 44 tipos de informações por empregado.

Livro: Foco - A atenção e seu papel fundamental para o sucesso Autor: Daniel Goleman

O eSocial vai facilitar a vida do revendedor? Por quê? O lado positivo é que o sistema vai substituir o envio de pelo menos nove obrigações que hoje são feitas mensal e anualmente. Ao simplificar o cumprimento das obrigações, fazendo isso de modo centralizado e mais racional como o eSocial exige, as companhias podem conseguir reduzir seus custos, pois evita-se a redundância de informações e cria-se um melhor controle e qualidade das informações prestadas. Já para o governo, há ganhos quanto à agilidade no processamento dos dados e melhor eficiência e controle de arrecadações. Quais são os cuidados que o revendedor deve ter ao operar o sistema para evitar informações inconsistentes? O empresário dever ter cuidado com as inconsistências nas informações. É fundamental ter um serviço especializado ou profissionais preparados para essa enorme exigência, caso contrário, há risco de acarretar penalidades, já que a maioria não tem dimensão dos impactos financeiros que poderão sofrer. Exemplo disso são os casos de férias, algumas empresas marcam as férias dos colaboradores sem os 30 dias de antecedência exigidos por lei e com o eSocial estarão sujeitas a multas. Também o Ministério do Trabalho e Emprego tem fiscalizado com bastante rigor a manutenção da cota mínima exigida legalmente para deficientes e aprendizes, além da correta aplicação da lei do estágio. Informações fornecidas por Luiz Rinaldo, diretor da Plumas Contábil

Editora: Objetiva Não basta ter articulação para os negócios e inteligência, é preciso ter foco para alcançar seus objetivos. Este é o mote da obra FOCO, de Daniel Goleman, o mesmo autor do best seller Inteligência Emocional. O escritor defende que precisamos aprender a aprimorar nosso foco se quisermos prosperar no mundo em que vivemos. Aqueles que alcançam rendimento máximo (seja nos estudos, nos negócios, nos esportes ou nas artes) são os que prestam atenção no que é mais importante para o seu desempenho. Segundo o autor, ter foco é o que diferencia um especialista de um amador, um profissional de sucesso do funcionário mediano.


TABELAS 33

em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

15/08/2016 - 19/08/2016

1,736

1,732

15/08/2016 - 19/08/2016

1,557

1,412

22/08/2016 - 26/08/2016

1,725

1,706

22/08/2016 - 26/08/2016

1,547

1,401

29/08/2016 - 02/09/2016

1,712

1,711

29/08/2016 - 02/09/2016

1,561

1,402

05/09/2016 - 09/09/2016

1,736

1,745

05/09/2016 - 09/09/2016

1,603

1,427

12/09/2016 - 16/09/2016

1,767

1,765

12/09/2016 - 16/09/2016

1,621

1,462

Agosto de 2015

1,341

1,327

Agosto de 2015

1,174

1,048

Agosto de 2016

1,723

1,728

Agosto de 2016

1,561

1,413

Variação 15/08/2016 16/09/2016

1,8%

1,9%

Variação 15/08/2016 4,1% ETANOL ANIDRO 16/09/2016

3,5%

Variação Agosto/2015 Agosto/2016

28,5%

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Centro-Sul)

Em R$/L 2,2

Variação Agosto/2015 São Paulo Agosto/2016

2,1

30,3%

33,0%

2,0

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos Nota 2: Os dados da Região Nordeste não foram divulgados em decorrência da insuficiência de informações para o período em questão.

34,8%

1,9

Goiás Fonte: CEPEA/Esalq Nota: 1,8 Preços sem impostos 1,7 1,6 1,5 1,4

jlul/16

ago/16

jlul/16

ago/16

jun/16

mai/16

abr/16

mar/16

fev/16

jan/16

dez/15

nov/15

set/15

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) ETANOL ANIDRO

Em R$/L

out/15

1,2

ago/15

1,3

ETANOL HIDRATADO

Em R$/L

2,2

2,1

2,1 2,0

São Paulo

1,9

1,9

Goiás

1,7

São Paulo Goiás

1,8 1,5

1,7 1,6

1,3

1,5 1,4

1,1

jun/16

mai/16

abr/16

mar/16

fev/16

jan/16

dez/15

nov/15

out/15

set/15

ago/16

jlul/16

jun/16

mai/16

abr/16

fev/16

mar/16

jan/16

dez/15

nov/15

out/15

set/15

0,9 ago/15

1,2

ago/15

1,3

ETANOL HIDRATADO

Em R$/L 2,1 1,9

São Paulo Goiás

1,7 1,5

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L - Agosto 2016

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

3,003

3,177

0,174

5,5%

3,177

3,674

0,497

13,5%

Sem bandeira

3,003

3,221

0,218

6,8%

3,221

3,648

0,427

11,7%

Com bandeira

3,003

3,211

0,208

6,5%

3,211

3,626

0,415

11,4%

Sem bandeira

3,003

3,169

0,166

5,2%

3,169

3,607

0,438

12,1%

Com bandeira

3,003

3,183

0,180

5,7%

3,183

3,621

0,438

12,1%

Sem bandeira

3,003

3,182

0,179

5,6%

3,182

3,548

0,366

10,3%

Com bandeira

3,003

3,142

0,139

4,4%

3,142

3,540

0,398

11,2%

3,003

3,054

0,051

1,7%

3,054

3,562

0,508

14,3%

Com bandeira

3,003

3,186

0,183

5,7%

3,186

3,636

0,450

12,4%

Sem bandeira

3,003

3,089

0,086

2,8%

3,089

3,572

0,483

13,5%

3,003

3,167

0,164

5,2%

3,167

3,623

0,456

12,6%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S500 BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,483

2,643

0,160

6,1%

2,643

3,030

0,387

12,8%

Sem bandeira

2,483

2,546

0,063

2,5%

2,546

2,999

0,453

15,1%

Com bandeira

2,483

2,668

0,185

6,9%

2,668

3,053

0,385

12,6%

Sem bandeira

2,483

2,664

0,181

6,8%

2,664

2,899

0,235

8,1%

Com bandeira

2,483

2,678

0,195

7,3%

2,678

3,001

0,323

10,8%

Sem bandeira

2,483

2,651

0,168

6,3%

2,651

2,987

0,336

11,2%

Com bandeira

2,483

2,766

0,283

10,2%

2,766

3,062

0,296

9,7%

2,483

2,553

0,070

2,7%

2,553

2,899

0,346

11,9%

Com bandeira

2,483

2,669

0,186

7,0%

2,669

3,021

0,352

11,7%

Sem bandeira

2,483

2,570

0,087

3,4%

2,570

2,913

0,343

11,8%

2,483

2,640

0,157

5,9%

2,640

2,990

0,350

11,7%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S10 BR Ipiranga

Revenda

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)3

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,583

2,765

0,182

6,6%

2,765

3,168

0,403

12,7%

Sem bandeira

2,583

2,767

0,184

6,6%

2,767

3,141

0,374

11,9%

Com bandeira

2,583

2,781

0,198

7,1%

2,781

3,155

0,374

11,9%

Sem bandeira

2,583

2,793

0,210

7,5%

2,793

3,118

0,325

10,4%

Com bandeira

2,583

2,799

0,216

7,7%

2,799

3,172

0,373

11,8%

Sem bandeira

2,583

2,771

0,188

6,8%

2,771

3,093

0,322

10,4%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,583

2,729

0,146

5,3%

2,729

3,064

0,335

10,9%

2,583

2,589

0,006

0,2%

2,589

2,955

0,366

12,4%

Com bandeira

2,583

2,780

0,197

7,1%

2,780

3,162

0,382

12,1%

Sem bandeira

2,583

2,638

0,055

2,1%

2,638

2,998

0,360

12,0%

2,583

2,761

0,178

6,4%

2,761

3,140

0,379

12,1%

Raízen

Resumo Brasil

Resumo Brasil

A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do diesel S10 não abrangem o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 12/2016 e 13/2016. (3) Com inclusão do custo do frete de entrega do produto.

62 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Ato Cotepe nº 17 de 08/09/2016 - DOU de 09/09/2016 - Vigência a partir de 16 de Setembro de 2016

Gasolina

UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

UF

73% Gasolina A

27% Etanol Anidro (1)

Diesel S500

(2)

1,233 0,570 0,073 1,127 0,551 0,073 1,143 0,564 0,073 1,147 0,563 0,073 1,099 0,557 0,073 1,147 0,557 0,073 1,151 0,477 0,073 1,217 0,485 0,073 1,150 0,474 0,073 1,097 0,561 0,073 1,185 0,496 0,073 1,165 0,480 0,073 1,151 0,477 0,073 1,139 0,559 0,073 1,123 0,553 0,073 1,097 0,553 0,073 1,114 0,559 0,073 1,136 0,478 0,073 1,119 0,477 0,073 1,086 0,553 0,073 1,177 0,568 0,073 1,168 0,571 0,073 1,102 0,501 0,073 1,162 0,482 0,073 1,168 0,553 0,073 1,129 0,474 0,073 1,145 0,477 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

93% Diesel

7% Biocombustível (5)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

73% CIDE

93% CIDE (2)

1,760 0,193 0,047 1,579 0,194 0,047 1,646 0,193 0,047 1,639 0,193 0,047 1,553 0,194 0,047 1,609 0,194 0,047 1,704 0,181 0,047 1,683 0,187 0,047 1,706 0,181 0,047 1,599 0,194 0,047 1,751 0,181 0,047 1,693 0,181 0,047 1,644 0,187 0,047 1,619 0,193 0,047 1,584 0,194 0,047 1,578 0,194 0,047 1,620 0,194 0,047 1,649 0,173 0,047 1,620 0,187 0,047 1,525 0,194 0,047 1,689 0,193 0,047 1,677 0,193 0,047 1,564 0,173 0,047 1,682 0,173 0,047 1,631 0,194 0,047 1,647 0,187 0,047 1,660 0,193 0,047 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279

93% PIS/ COFINS (2) 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231

Carga ICMS 1,024 1,099 0,967 0,925 1,064 1,111 0,999 0,982 1,135 0,976 0,959 0,885 1,133 1,112 1,113 1,094 0,994 1,061 1,244 1,110 1,005 0,983 1,158 0,888 1,054 0,864 1,135 3,013

Carga ICMS 0,606 0,515 0,566 0,900 0,537 0,532 0,470 0,359 0,451 0,555 0,566 0,550 0,461 0,557 0,549 0,543 0,542 0,344 0,400 0,558 0,561 0,554 0,354 0,354 0,541 0,348 0,533 2,541

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

3,178 3,129 3,026 2,986 3,072 3,167 2,979 3,035 3,111 2,986 2,991 2,881 3,112 3,161 3,141 3,096 3,018 3,027 3,192 3,101 3,102 3,073 3,112 2,883 3,127 2,819 3,109

25% 29% 25% 25% 28% 29% 28% 27% 30% 27% 25% 25% 29% 28% 29% 29% 27% 29% 32% 29% 26% 25% 30% 25% 29% 25% 29%

4,098 3,791 3,869 3,699 3,800 3,830 3,568 3,637 3,784 3,614 3,837 3,540 3,906 3,972 3,838 3,771 3,682 3,660 3,889 3,829 3,865 3,930 3,860 3,550 3,636 3,455 3,915

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,836 2,565 2,682 3,009 2,561 2,612 2,633 2,506 2,615 2,625 2,775 2,701 2,569 2,645 2,603 2,591 2,633 2,443 2,484 2,553 2,720 2,701 2,368 2,485 2,642 2,460 2,662

17% 17% 18% 25% 17% 17% 15% 12% 15% 18% 17% 17% 15% 17% 18% 18% 17% 12% 13% 18% 17% 17% 12% 12% 18% 12% 18%

3,562 3,030 3,146 3,600 3,160 3,130 3,134 2,991 3,003 3,086 3,328 3,237 3,071 3,274 3,048 3,017 3,190 2,870 3,079 3,101 3,299 3,260 2,950 2,950 3,003 2,898 2,960

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

Formação de Preços UF

93% Diesel

7% Biocombustível

em R$/L

93% CIDE (2)

Diesel S10

(5)

93% PIS/ COFINS (2)

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

AM

1,713

0,193

0,047

0,231

0,581

2,764

18%

3,230

BA

1,638

0,194

0,047

0,231

0,571

2,680

17%

3,360

CE

1,677

0,194

0,047

0,231

0,539

2,686

17%

3,170

ES

1,728

0,187

0,047

0,231

0,359

2,552

12%

2,991

GO

1,795

0,181

0,047

0,231

0,478

2,731

15%

3,186

MA

1,655

0,194

0,047

0,231

0,574

2,700

18%

3,188

MG

1,687

0,187

0,047

0,231

0,476

2,628

15%

3,177

PA

1,670

0,193

0,047

0,231

0,569

2,708

17%

3,345

PE

1,605

0,194

0,047

0,231

0,548

2,623

18%

3,043

PR

1,701

0,173

0,047

0,231

0,354

2,505

12%

2,950

RJ

1,689

0,187

0,047

0,231

0,421

2,574

13%

3,239

RS

1,654

0,173

0,047

0,231

0,374

2,478

12%

3,117

SC

1,734

0,173

0,047

0,231

0,366

2,550

12%

3,050

SP

1,737

0,187

0,047

0,231

0,367

2,569

12%

3,062

CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

2,597

(4)

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no primeiro semestre de 2016. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.

PREÇOS MÉDIOS DOS LEILÕES DE BIODIESEL

Norte

em R$/L

Nordeste

Jul-Ago/2016: ND Set-Out/2016: 2,600

Jul-Ago/2016: 2,696 Set-Out/2016: 2,611

Centro-Oeste

Jul-Ago/2016: 2,391 Set-Out/2016: 2,433 Sudeste

Jul-Ago/2016: 2,464 Set-Out/2016: 2,519

Brasil

Jul-Ago/2016: 2,407 Set-Out/2016: 2,399

Sul

Jul-Ago/2016: 2,372 Set-Out/2016: 2,313 Fonte: ANP

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel S10 Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel S500 Etanol

BR 3,371 2,707 2,715

Manaus (AM) Gasolina Diesel S500 Etanol

Cuiabá (MT)

3,279 2,620 N/D

Raízen 3,388 3,390 2,775 2,775 2,883 2,883

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,130 2,817 2,964

3,505 3,020 3,185

Sabba 3,370 3,467 2,890 2,980 2,968 2,981

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,118 2,833 2,448

3,471 2,830 2,967

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,297 2,785 2,769

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,215 2,654 2,174

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,255 2,714 2,588

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,080 2,580 2,500

Gasolina Diesel S500 Etanol

Raízen 3,188 3,270 2,741 2,741 2,851 2,953

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,190 2,838 2,830

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,057 2,567 2,350

BR 3,295 3,235 N/D

3,417 2,980 3,103

Atem's 3,200 3,250 2,800 2,805 N/D N/D

Equador 3,070 3,450 2,735 2,850 2,728 2,838 BR

3,250 2,826 2,715

3,330 2,920 2,715

Gasolina Diesel S500 Etanol

2,937 2,892 2,088

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,262 2,749 2,138

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,126 2,580 2,136

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,149 2,811 2,784

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,282 2,670 2,914

Atem's 3,280 3,280 2,910 2,915 2,697 2,697

Equador 3,142 3,400 2,780 2,900 N/D N/D

3,455 2,990 2,880

3,242 2,827 2,876

Raízen 3,328 2,827 3,073 IPP

3,300 2,830 3,179

3,360 2,908 3,179

Sabba 3,365 3,483 2,917 3,007 2,520 2,910

3,422 2,980 2,495

3,180 2,960 2,070

Raízen 3,230 3,280 2,865 3,030 2,030 2,100

3,120 2,962 2,000

3,116 3,055 2,380

Taurus 2,942 3,090 2,841 2,973 2,226 2,395

2,963 2,931 2,094

3,072 2,997 2,300

3,318 2,752 2,230

3,272 2,750 2,142

3,310 2,768 2,176

3,239 2,739 2,109

Raízen 3,400 2,762 2,276

3,240 2,650 2,262

3,060 2,450 2,095

3,279 2,707 2,370

3,139 2,550 1,963

Raízen 3,294 2,671 2,249

3,174 2,811 2,784

3,035 2,692 2,491

3,107 2,692 2,543

3,100 2,772 2,665

Raízen 3,120 2,814 2,669

3,485 2,736 3,143

3,278 2,616 2,813

3,627 2,660 2,999

3,308 2,582 2,812

Raízen 3,390 2,643 3,003

IPP

BR

IPP

IPP

BR

IPP

3,349 3,065 2,160 IPP

BR

BR

Porto Alegre (RS)

3,351 2,935 3,173

N/D N/D N/D

3,580 3,111 2,910

BR

Florianópolis (SC)

N/D N/D N/D

IPP

IPP

Idaza

Campo Grande (MS)

3,295 3,245 N/D

3,203 2,832 2,784

BR

3,323 2,949 2,316

N/D

3,375 3,339 N/D BR

3,274 2,825 2,905

3,070 2,950 1,980

Curitiba (PR)

Maior

Maior

Menor

IPP 3,454 2,972 3,148

3,349 3,288 N/D

Gasolina Diesel S500 Etanol

Goiânia (GO)

3,278 2,620 N/D

IPP

Rio Branco (AC) Gasolina Diesel S500 Etanol

3,399 2,733 2,838

3,260 2,810 2,976

Porto Velho (RO) Gasolina Diesel S500 Etanol

Menor

Maior Total

BR

Boa Vista (RR) Gasolina Diesel S500 Etanol

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel S500 Etanol

Maior

em R$/L - Agosto 2016

BR

Teresina (PI)

IPP

Recife (PE)

Maceió (AL)

Menor

Sabba 3,041 3,110 2,819 2,907 2,753 2,800

3,210 2,933 2,613

3,103 2,783 N/D

3,511 2,927 2,897

3,246 2,891 2,797

3,420 2,903 2,694

3,339 2,753 2,635

3,298 2,831 2,763

Raízen 3,231 3,293 2,754 2,825 2,638 2,707

3,181 2,659 2,674

3,393 2,788 2,771

Raízen 3,108 3,246 2,598 2,926 2,537 2,786

3,199 2,684 2,662

BR

BR 3,127 2,871 3,004

3,119 2,783 N/D

3,218 2,913 2,599

Raízen 3,248 2,938 2,629

3,428 2,919 2,855

3,328 2,879 2,787

Raízen 3,504 2,917 2,916

3,339 2,753 2,635

Satélite 3,342 3,361 2,786 2,792 N/D N/D

IPP

IPP

BR

IPP

Alesat 3,280 2,663 2,694 BR

IPP

3,315 2,776 2,772 BR

3,371 2,797 3,061

3,199 2,672 2,828

3,254 2,882 2,917

Raízen 3,114 3,303 2,833 2,908 2,453 2,854

3,020 2,640 2,555

3,020 2,640 2,555

3,096 2,590 2,470

3,040 2,613 2,296

3,302 2,750 2,911

3,080 2,609 2,369

Raízen 3,273 2,785 2,649

Gasolina Diesel S500 Etanol

Atlântica 3,174 3,197 2,604 2,627 N/D N/D

3,194 2,644 2,912

3,234 2,657 2,912

3,224 2,651 2,764

Raízen 3,279 2,751 3,074

Gasolina Diesel S500 Etanol

Raízen 3,276 3,578 2,614 2,860 2,493 2,866

3,260 2,691 2,661

3,608 2,837 3,023

3,359 2,577 2,433

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,186 2,711 2,069

3,374 2,711 2,503

Raízen 3,112 3,318 2,672 2,736 2,028 2,429

3,220 2,639 2,123

3,414 2,780 2,343

Gasolina Diesel S500 Etanol

2,867 2,400 1,880

3,173 2,637 2,278

2,813 2,474 1,840

3,142 2,667 2,183

2,738 2,550 1,888

Raízen 3,117 2,682 2,116

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,143 2,823 2,295

3,418 2,841 2,680

Raízen 3,119 3,211 2,740 2,822 2,417 2,660

3,050 2,686 2,410

Aracaju (SE)

Salvador (BA)

Vitória (ES)

BR

Total

Belo Horizonte (MG)

BR

São Paulo (SP)

IPP

BR

BR

IPP

BR

3,303 2,765 2,933 Total

BR

Rio de Janeiro (RJ)

Brasília (DF)

3,192 2,632 2,926

Maior

3,047 2,822 2,670

IPP

BR

João Pessoa (PB)

Maior

3,187 2,906 3,102 BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

Menor

BR 3,591 2,760 3,002 IPP

IPP

3,219 2,858 2,656 Fonte: ANP

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 4 Antônio Goidanich

Vamos para a cancha A primavera começa a dar seus primeiros sinais, com as flores coloridas de azaleias e ipês. O cinza dos dias é quebrado pelo vermelho vivo ou o amarelo brilhante. A chuva ainda atrapalha o tênis ao ar livre. Mas a temperatura está amena. Os velhos olham para as canchas úmidas de forma esperançosa. - Se ventar um pouco na próxima meia hora vai dar para jogar. - Tomara. Oxalá. Queira Deus. Já estou mofado de tanto ficar parado. O companheiro persigna-se e cruza os dedos das duas mãos, médio sobre o indicador. Os demais sorriem e concordam. - Já não aguento mais ficar na frente da televisão. Esse inverno foi isto. Jogos Olímpicos. Jogos Olímpicos.

66 • Combustíveis & Conveniência

- Acho que acabou. Ou melhor, vou declarar acabado o assunto. - Isto mesmo. Sem discussões, sem hipocrisias, sem histerismos, sem notícias plantadas. Fim da linha. Desligo a televisão. - Mas ainda tem recursos ao STF. - Outra palavra ou sigla que não suporto mais. - Acho que com razão. Mas sempre vai ter. O adequado seria que se começasse a julgar quem deve ser julgado. Prender quem deve ser preso. E o resto a trabalhar. Incrivelmente, não gera nenhuma discussão. O que seria de estranhar em outros tempos. Mas, atualmente, todos parecem ocupados com seus celulares e não escutam uns aos outros. Um dos parceiros levanta os olhos do celular, que dedilhava incansavelmente, e diz surpreso: - Abriu o sol, vamos para a cancha.




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