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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa
n Meio Ambiente
46 • Geração distribuída alia economia e sustentabilidade
n Conveniência
50 • NACS: alimentação saudável e tecnologia são as tendências
n Revenda em Ação
56 • Cuiabá centraliza as atenções n Entrevista
12 • Luiz Augusto Barroso e José Mauro Coelho, da EPE
38 • Tema polêmico: exposição ao benzeno n Mercado
18 • Petrobras muda sua política de preços 24 • À espera do futuro 27 • Lubrificantes: novos combustíveis demandam novas tecnologias 30 • Novos rumos
n Na Prática
34 • Documentação em ordem
45 • Perguntas e Respostas 66 • Crônica
4OPINIÃO
4SEÇÕES
59 • Atuação Sindical
61 • Evolução dos
33 • Maria Aparecida Siuffo Schneider
37 • Jurídico Felipe Klein Goidanich 55 • José Camargo Hernandes
Preços do Etanol
62 • Comparativo das
4TABELAS
04 • Virou Notícia
17 • Paulo Miranda Soares
Margens e Preços dos Combustíveis
63 • Formação
de Preços
64 • Formação
de Custos do S10
65 • Preços das
Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3
44 VIROU NOTÍCIA
Sem Arla DE OLHO NA ECONOMIA
US$ 38 bilhões Foi o superávit da balança comercial brasileira (exportações menos importações) no acumulado do ano até 23 de outubro, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio exterior e Serviços (MDIC). As exportações somaram US$ 149,2 bilhões e as importações, US$ 111,2 bilhões. Considerando o mês de outubro até o dia 23, foi registrado superávit de US$ 1,87 bilhão.
20% Foi a queda nas vendas de veículos, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no Brasil em setembro ante igual período de 2015, totalizando 159,9 mil unidades, de acordo com a Federação
Segundo mapeamento da Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (Afeevas), o consumo de Arla-32 está 42% menor que o necessário para a frota em circulação de veículos com tecnologia SCR (sistema de pós-tratamento de gases). Em comparação ao último levantamento, o déficit de consumo apresentou leve redução. Para Elcio Farah, diretor da entidade, a situação ainda é preocupante, uma vez que cada caminhão que não utiliza Arla 32 em seu sistema ou compra produto fora das especificações, aumenta em 4,5 vezes as emissões de óxidos de nitrogênio na atmosfera.
Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No acumulado do ano, as vendas atingiram 1,5 milhão, um recuo de 22,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
3,5% É a projeção de recuo para o varejo neste ano pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), resultando na segunda queda consecutiva nas vendas do comércio, uma vez que no ano passado a redução foi de 2,1% em relação a 2014. O Natal mais contido deve desacelerar a contratação de funcionários temporários neste final de ano, que deverá absorver 135 mil trabalhadores, o que representa o mesmo nível de 2012.
58,2% Foi o resultado da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de setembro, realizada pela CNC, o que representa queda em relação a igual período do ano passado, quando o índice atingiu 63,5%. As famílias com contas ou dívidas atrasaram, em média, 63,2 dias em setembro de 2016.
4 • Combustíveis & Conveniência
Combate às irregularidades Para combater as fraudes e burlas relacionadas ao Arla, principais responsáveis por esse déficit, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) têm realizado operações de fiscalização nas rodovias do país. “Temos atuado em diversas frentes para combater as fraudes em relação ao Arla 32. O trabalho realizado pela PRF e Ibama é de fundamental importância para que os veículos operem em conformidade com o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Além disso, é preciso que sejam implementadas políticas de inspeção sistemática e periódica dos veículos em circulação em todo país”, explicou Farah.
Ping-Pong
São Paulo aperta o cerco às irregularidades
Gustavo Fonseca
Consultor jurídico tributário da Fecombustíveis
Desde o final de setembro, as secretarias de estado da Fazenda, Justiça e Defesa da Cidadania e da Segurança Pública de São Paulo, juntamente ao Ipem-SP, ANP, Fundação Procon e Ministério Público reforçaram as operações de fiscalização em postos de combustíveis. As ações de fiscalização têm encontrado diversas irregularidades nos estabelecimentos. De acordo com o secretário da Justiça, Márcio Elias Rosa, as fiscalizações nunca deixaram de acontecer: “desde o início das operações da força tarefa no estado, mais de 118 mil bombas fiscalizadas e mais de 1,2 mil inscrições estaduais foram canceladas”, afirmou. No entanto, diante do aumento das denúncias de irregularidades, a força-tarefa reforçou as operações. De acordo com a ANP, no período de 17 a 21 de outubro, 99 postos nos municípios de São Paulo, Osasco e Santos foram fiscalizados, resultando em interdições em 12 estabelecimentos, por problemas como falta de autorização de funcionamento, gasolina e/ou etanol fora das especificações e rompimento de lacres. Também foram realizadas 47 autuações por motivos diversos, como: não funcionar no horário mínimo, falta de atualização cadastral, falta de Registro de Análise da Qualidade (RAQ), falta de equipamentos de teste, infidelidade à bandeira, entre outros.
Quais são as alterações do projeto de lei do Supersimples? O projeto aprovado pelo Senado Federal altera três pontos principais: a) A elevação do limite para enquadramento da empresa de pequeno porte, que passa de R$ 3,6 milhões anuais, para R$ 4,8 milhões com uma ressalva: as empresas cujo faturamento for superior ao limite de R$ 3,6 milhões pagarão o ICMS ou ISSQN (venda de mercadorias ou prestação de serviços, respectivamente) à parte (fora, portanto, do regime do Simples); b) Redução do número de faixas de faturamento com a consequente redução de faixas de alíquotas (as alíquotas do Simples aumentavam por faixas de faturamento anual, até o limite de R$ 3,6 milhões; a intenção, aqui, seria de simplificar o cálculo dos tributos (a meu ver, trata-se de erro, por que vai aumentar a carga tributária de algumas empresas, que se utilizavam de faixas de alíquotas intermediárias – temos que aguardar, contudo, para ver a redação final); c) Criação de um novo parcelamento para empresas devedoras do Simples Nacional, contemplando prazo de 120 meses para a quitação dos respectivos débitos. Há muitos postos que se enquadram no faturamento limite do Supersimples? Qual seria o benefício para estes postos com a mudança? Há algum aspecto negativo a ser mencionado? Não tenho dados para afirmar a quantidade de postos. Não é muito comum a opção pelo Simples Nacional por parte dos revendedores por três razões: os postos não pagam PIS e Cofins sobre combustíveis, portanto esta opção não traria benefícios em relação à estes dois tributos; o ICMS sobre os combustíveis é recolhido por substituição tributária, o que também retira a vantagem da opção; por fim, não é comum aos postos a existência de folhas de salário muito altas, o que significa dizer que o valor que eles pagam a título de contribuição previdenciária (INSS) é muito baixo. Com esta mudança, qual seria o impacto em relação ao pagamento da TCFA, do Ibama, pelos postos? O principal impacto dar-se-á para as empresas que possuem faturamento entre R$ 3,6 milhões e o novo limite de R$ 4,8 milhões; isto porque, atualmente, estas empresas suportam a cobrança TCFA como empresas de médio porte (cuja taxa está fixada em, aproximadamente, R$ 1.150 trimestrais), e a alteração fará com sejam reclassificadas, passando para o pequeno porte (cuja taxa é cobrada em, aproximadamente, R$ 500,00 trimestrais). Qual foi a alteração deste projeto votado em relação ao refinanciamento de débitos? Hoje, é possível parcelar as dívidas relativas ao Simples em até 60 meses e, com o novo prazo, as parcelas ficarão um pouco mais suaves (120 meses). Só que parcelamentos tão alongados são muito perigosos, em especial por conta da atualização das parcelas que é feita pela variação da taxa Selic (se a lei não prever de forma diferente). Isto é, se uma empresa parcelar a sua dívida em 10 anos, a conta dos juros poderá ser muito alta e até inviabilizar o respectivo pagamento.
Divulgação
Ao ser encaminhado para sanção presidencial, pode haver veto? Esta lei importará numa redução na arrecadação federal e, no atual cenário, os riscos de que sejam vetadas as alterações, em especial, que versam sobre aumento do limite para a opção e o próprio parcelamento, são muito reais. Combustíveis & Conveniência • 5
44 VIROU NOTÍCIA
Missão cumprida ANP/Marcus Almeida
Em 1º de novembro foi realizada a cerimônia de final do mandato de Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, no Rio de Janeiro. “Posso afirmar com certeza que foram anos de muito trabalho e muita dedicação. Deixo a ANP extremamente otimista com o setor, com a certeza de que sua diretoria está preparada para continuar a cumprir com o seu programa institucional, contribuindo para o crescimento do Brasil”, disse. Magda Chambriard encerrou seu mandato em 6 de novembro, fechando um ciclo de 14 anos de atuação na agência reguladora. Ingressou na ANP em 2002, como assessora de diretoria na área de exploração e produção de petróleo. Em 2005, assumiu a Superintendência de Exploração (SEP). A partir de 2006, acumulou o cargo na SEP com o de titular da Superintendência de Definição de Blocos (SDB). Em 2008, após sabatina e aprovação pelo Senado Federal, tornou-se diretora da Agência. Em março de 2012 foi nomeada diretora-geral da ANP. No discurso de encerramento, Magda fez uma retrospectiva dos principais momentos de gestão à frente da ANP. Foram muitas ações e desafios enfrentados ao longo de quatro anos, período que teve no diálogo uma das principais ferramentas para lidar com diferentes circunstâncias dos 120 mil agentes econômicos regulados. Uma das principais marcas de sua gestão foi o combate às fraudes de combustíveis, com des6 • Combustíveis & Conveniência
taque às parcerias com diferentes órgãos para implementar as forças-tarefas, fortalecendo as ações de fiscalização. “Nesse período, passamos a fiscalizar, usando vetores de inteligência para planejar as fiscalizações, e iniciamos um programa bem-sucedido de força-tarefa. Nesse modelo, exercitamos um diálogo e entendimento com Inmetro, Polícia Rodoviária Federal, Procon e Secretaria de Fazenda, todos trabalhando juntos em prol de um mercado sadio”, disse. Segundo Magda, foi em prol dessa mesma fiscalização que foi estabelecida a resolução da amostra-testemunha e o do lacre sequencial dos compartimentos dos combustíveis dos caminhões-tanque. Esta resolução passou a determinar a obrigatoriedade de coleta da amostra-testemunha na modalidade FOB pelas distribuidoras e visa rastrear a origem da não conformidade dos combustíveis líquidos. A fim de contribuir para a retirada da coleta nas bases de distribuição, os servidores da ANP elaboraram um novo equipamento, o amostrador de combustíveis, que foi mencionado durante o discurso da diretora. Para garantir a segurança do abastecimento, que estava em risco em 2012, Magda citou a criação do grupo de estudos de fluxos logísticos, que traçou uma radiografia dos principais gargalos logísticos de abastecimento do país, que juntamente com as projeções de consumo, mostra com clareza a necessidade de investimento para garantir o suprimento dos combustíveis no futuro. Na área de upstream, Magda elencou as principais rodadas de licitações, que impulsionaram a indústria de exploração e produção de petróleo e gás natural, com destaque à primeira que licitou os blocos de pré-sal. Na sequência, destacou a licitação das áreas de exploração de gás natural, em 2013. “Tivemos como resultado da 12ª Rodada a exploração no estado do Maranhão, que hoje está produzindo cerca de 10% do total da produção de gás nacional. Isso é um sucesso”, enfatizou. Magda finalizou o discurso com um tom otimista para o setor de combustíveis.”Acredito, sinceramente, que hoje o Brasil esteja se reposicionando, começando a ser visto como um país promissor para investidores”, comentou.
Provetas: mais seis meses de prazo Os revendedores ganharam mais seis meses de prazo para fazerem a substituição das provetas de 100 ml utilizadas para os testes de teor de etanol anidro na gasolina, conforme estabelece a Portaria Inmetro 528/2014. O prazo anterior expirava em dezembro de 2016, e foi estendido para junho de 2017. A Fecombustíveis solicitou ao Inmetro aumento do prazo devido à falta de opções de fornecedores no mercado e o encarecimento expressivo do produto. Até o dia 27 de setembro, havia apenas uma empresa homologada pelo Inmetro, a Laborglas, para produzir e vender as novas provetas 100 ml. Nesse sentido, com um único modelo proveniente de um só fabricante, o produto apresentava um valor excessivo, sem alternativas de concorrentes para os revendedores. Quando consultada pela reportagem, a empresa cobrava em torno de R$ 450,00, fora o frete, por proveta, enquanto que o preço do modelo antigo tem um custo em torno de R$ 60,00. Gilmar de Barros, diretor da Laborglas, justifica a elevação de preço devido ao grau de dificuldade de produção dentro do padrão exigido. “De cada três provetas produzidas, somente uma passa pelo controle de qualidade, ou seja, as outras duas não são aproveitadas”, disse.
PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich
Hora do recomeço Um ciclo parece estar fechando. Passamos pelo impeachment e pelas eleições. O quadro está bem mais desanuviado. Os vários participantes, partidos políticos, imprensa e outros interesses tentaram, durante muito tempo, manter a névoa. Manter a dúvida e o temor de convulsão social, de levante popular. Tudo para encontrar um caminho de escape, uma rota de fuga. O interesse inconfessável é que alguns ainda querem escapar das consequências. Mas, após impeachment e eleições, o quadro é nítido. Temos que voltar a viver. Aprender com os erros cometidos e voltar a desenvolver. Aprender a governar sem desvios, administrar sem propina. Falar e publicar a verdade e ter compromisso com a seriedade e a coisa pública. Entretanto, a última coisa que deve ser feita é dar tudo por finalizado. Perdoar os malfeitos e livrar os
Inmetro
culpados. Esquecer tudo.
Segundo o Chefe da Divisão de Articulação e Regulamentação Técnica Metrológica do Inmetro, Marcelo Castilho de Freitas, não existe rigor para a produção das provetas desde que atendam às especificações estabelecidas pela ANP.
Começar a reconstrução? Sim, começar a recons-
Ele destacou que o Inmetro não controla ou atua no processo de controle de qualidade do fabricante/ importador, mas no controle metrológico legal dos instrumentos de medição apresentados pelo fabricante/ importador ou disponíveis no mercado/campo. O controle de qualidade dos produtos é de responsabilidade do fabricante/importador. Freitas informou que, além da Laborglas, a RSL Científica também foi homologada em outubro. Com o aumento da competitividade, o setor da revenda espera que os preços fiquem mais em conta.
trução. Do ponto que se encontra. Mas sem perdão ou espúrio. Os processos contra a corrupção devem seguir. Sem punição, não há reabilitação. O processo fica incompleto. Que os valores possam ser recuperados e ser buscados. Quem for condenado, deve pagar sua pena. Depois de cumprirem suas penas, todos estarão aptos a voltar a candidatar-se ao poder. Empresas pagarão por seus erros, e credores voltarão a atuar. Se Deus quiser, a Petrobras será reabilitada. Combustíveis & Conveniência • 7
CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano
NACS Show: vale a pena passar pela experiência
A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 59 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisbôa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Marciano Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br), Adriana Cardoso e Juliana Pimenta (julianapimenta@ fecombustiveis.org.br) Capa: Alexandre Bersot com imagem da iStock Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br
8 • Combustíveis & Conveniência
Apesar de os empresários da revenda estarem um pouco desmotivados com o negócio, não devemos entregar os pontos. Assisti uma palestra na NACS Show 2016 que quebrou o mito de que o cliente é o mais importante em um empreendimento. Quem é a pessoa mais importante na realidade é você, revendedor. Quem levanta cedo todos os dias, que administra e acompanha todos os movimentos da empresa, seja com funcionários, fornecedores ou solucionando as questões burocráticas é você. E para comandar o seu negócio, seja ele pequeno ou grande, tem que haver um sentido, um propósito que vai além de ganhar dinheiro. E este objetivo é o que lhe dá ânimo para superar as adversidades do dia a dia. Nosso trabalho tem que ter um sentido de vida, e isso ajuda a motivar o funcionário, a vê-lo como líder. É importante valorizar, treinar, disciplinar e tratar bem quem está ao seu lado no dia a dia da empresa. Enxergar o valor de cada um em seu negócio, independente da função. A consequência dessa cadeia de trabalho árduo, profissionalismo, tratamento humano e propósito de vida retorna na forma de clientes satisfeitos e fidelizados. Este é apenas um exemplo do que o revendedor pode trazer na bagagem quando visita a NACS Show, mesmo com as diferenças entre os mercados da revenda brasileiro e norte-americano. Ao participar da NACS Show 2016, o revendedor pôde encontrar um mundo de novas ideias, muitas das quais podem ser adaptadas ao nosso mercado, conhece as tendências mundiais, se depara com novos produtos e ainda pode compartilhar experiências com outros revendedores de outros países. Quem nunca participou da NACS, vale a pena conhecer porque é uma experiência enriquecedora. Para quem não foi, confira a cobertura dos melhores momentos da NACS Show 2016, na seção Conveniência. Nesta edição, trazemos duas matérias de peso, bastante relevantes para a revenda nacional. São elas: o destaque da capa, a nova Portaria 1.109/2016, que determina aos postos novos procedimentos de prevenção à saúde do trabalhador (Mônica Serrano) e a mudança da política de preços da Petrobras, da seção Mercado, escrita por Rosemeire Guidoni. Na seção Na Prática, a repórter Adriana Cardoso mostra como a revenda pode melhorar a organização dos documentos no posto, o que ajuda a evitar perdas desnecessárias em tempos de crise. Também trazemos as coberturas de eventos importantes que aconteceram em outubro. A 16ª Conferência Internacional Datagro, o Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluídos, o 5º Encontro de Revendedores do Centro-Oeste, finalizando com a Rio Oil & Gas, que marcou a estreia de Juliana Pimenta em nossa equipe de jornalismo. A Entrevista do mês contou com a participação de Luiz Barroso e José Mauro Coelho, presidente e superintendente adjunto da EPE, respectivamente. Boa leitura! Mônica Serrano Editora
44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac
MARANHÃO Sindicombustíveis - MA
RIO DE JANEIRO Sindestado
SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis
MATO GROSSO Sindipetróleo
RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb
Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br
Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br
SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis
MATO GROSSO DO SUL Sinpetro
RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN
Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br
Orlando Pereira dos Santos Av. Jeronimo de Albuquerque, 25 Ed. Pátio Jardins, 5º andar / sl. 518 e 520 Calhau – São Luís-MA Fone: (98) 98749-1700 / 98453-7975/ 98433-5941 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br
ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br
AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br
BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br
CEARÁ Sindipostos - CE Antonio Machado Neto Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br
DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF Daniel Benquerer Costa SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br
ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br
GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br
Edemir Jardim Neto Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br
MINAS GERAIS Minaspetro
Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br
PARÁ Sindicombustíveis - PA
Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br
PARAÍBA Sindipetro - PB
Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br
Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax: (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br
RIO GRANDE DO SUL Sulpetro
Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br
RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br
RONDÔNIA Sindipetro - RO
Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br
Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br
PARANÁ Sindicombustíveis - PR
RORAIMA Sindipostos - RR
Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br
PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE
Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco, 15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br
PIAUÍ Sindipetro - PI
Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br
Abel Salvador Mesquita Junior Av. Major Williams, 436 - sala 01- São Pedro Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-9368 sindipostosrr@hotmail.com
SANTA CATARINA Sindipetro - SC
Reinaldo Francisco Geraldi Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br
SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb
Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br
Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br
Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br
SÃO PAULO – CAMPINAS Recap
Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br
SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br
SERGIPE Sindpese
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Combustíveis & Conveniência • 9
44 Luiz Augusto Barroso e José Mauro Coelho
Combustíveis líquidos vão liderar mercado
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Fotos: Claudio Ferreira
Da esq. para dir.: José Mauro Coelho, superintendente adjunto, e José Augusto Barroso, presidente da EPE
Por Rosemeire Guidoni A frota nacional, nos próximos dez anos, deve permanecer constituída, principalmente, por veículos movidos a gasolina e etanol, no caso dos leves, e a diesel para os pesados. Embora os híbridos e elétricos despontem como uma tendência importante, especialmente do ponto de vista ambiental, o alto investimento para aquisição dos veículos deve permanecer sendo uma barreira à sua expansão. Já a projeção para o GNV é de queda na participação na matriz veicular, de 2,3% em 2015 para 1,5% em 2025. Estas são as principais projeções para o mercado de combustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão público vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Entre outros aspectos, os estudos detalham os possíveis cenários para o etanol, a perspectiva de elevação da participação do biodiesel na matriz e até os impactos das atuais dificuldades logísticas enfrentadas pelo país. “As análises da EPE indicam que haverá necessidade de volumes ainda consideráveis de importação e cabotagem de derivados, o que significa que o país deve ter atenção redobrada quanto à infraestrutura logística, visando a garantia do abastecimento em todo o território nacional. Será necessário dar especial atenção à eficiência operacional nos processos logísticos”, afirmou Luiz Augusto Barroso, presidente da EPE, que assumiu o comando da empresa em julho deste ano. A entrevista foi concedida com exclusividade por Barroso, juntamente com José Mauro Coelho, superintendente adjunto de Petróleo da empresa. Eles traçam um panorama positivo
De acordo com os estudos elaborados pela EPE para o horizonte 2025, a matriz energética veicular brasileira se caracterizará pelo uso de combustíveis líquidos para o mercado de combustíveis, mais aberto, com diversidade de agentes, passado o período de transição com o reposicionamento da Petrobras. Confira a seguir os principais trechos da entrevista. Combustíveis & Conveniência: Quais as tendências para a matriz energética veicular brasileira? Luiz Barroso: Nos próximos dez anos, a frota nacional permanecerá constituída essencialmente de veículos com motores a combustão interna Ciclo Otto (veículos leves, majoritariamente ) e Ciclo Diesel (veículos pesados). Embora haja um movimento global para a adoção de novas tecnologias veiculares (híbrida ou elétrica), o licenciamento e sua participação na frota ainda serão pequenos no curto prazo, em função do preço desses veículos (que restringe a velocidade de disseminação da tecnologia) e da necessidade de superação de barreiras relativas à infraestrutura de abastecimento (aspectos regulatórios e investimentos para adaptação da infraestrutura). Note-se que, até setembro de 2016, haviam sido licenciados no país apenas 3,2 mil veículos híbridos e elétricos, em uma frota total de cerca de 40 milhões de unidades. O fato é que uma transição energética (incluindo a mudança da tecnologia de propulsão veicular de combustão interna para híbrida e/ou elétrica), é um processo usualmente lento, como revela a história da indústria de energia. De acordo com os
estudos elaborados pela EPE para o horizonte 2025, a matriz energética veicular brasileira se caracterizará pelo uso de combustíveis líquidos. O diesel continuará sendo o combustível com maior participação, saltando de 45,3% em 2015, para 47,9% em 2025. Proporcionalmente, o biodiesel também aumentou sua participação, passando de 3,2% para 5,5%. A gasolina A registrou queda de participação de 29,8% em 2015 para 22,9% em 10 anos. Em contrapartida, o etanol anidro subiu de 7,5% para 8,5%, assim como o hidratado, que passa de 12,3% para 13,7%. O GNV, no entanto, cai de 2,3% para 1,5%. Haverá aumento da participação dos biocombustíveis (etanol anidro, etanol hidratado e biodiesel), que evolui de 23% em 2015 para, aproximadamente, 28% em 2025. Esta projeção não leva em consideração a possibilidade de aumento do teor de etanol anidro na formulação da gasolina C, mas o aumento efetivo do percentual na mistura foi considerado. C&C: A EPE recentemente divulgou um levantamento sobre oportunidades e ameaças ao abastecimento de veículos do Ciclo Otto. Quais as conclusões deste estudo? José Mauro Coelho: O estudo “Cenários de Oferta de Etanol e Demanda do Ciclo Otto”, realizado em setembro de 2016, apresenta três cenários de oferta de etanol e seus desdobramentos para a demanda do Ciclo Otto e sobre Combustíveis & Conveniência • 11
44 Luiz Augusto Barroso e José Mauro Coelho o balanço nacional de gasolina A. Estes cenários diferenciam-se basicamente quanto à intensidade dos incentivos governamentais e dos esforços direcionados pelo setor sucroenergético, com vistas à melhoria dos fatores de produção (tais como, a renovação do canavial, tratos culturais adequados, manejo agrícola e aprimoramento dos métodos de plantio e colheita mecanizada), os quais definirão a competitividade do etanol hidratado frente à gasolina C e os níveis de crescimento da oferta de etanol. A principal constatação do estudo é de que as importações de gasolina A apenas serão necessárias se as políticas de incentivo ao etanol se revelarem insuficientes e os produtores não implementarem as melhores práticas agrícolas e de inovação tecnológica. Tal associação de fatores resultaria em um cenário mais negativo, de crescimento baixo da oferta de etanol, pois, neste caso, seriam reduzidos tanto os ganhos de produtividade agrícola quanto o número de unidades de produção. Mesmo neste cenário, se considerarmos o volume histórico já produzido (31 bilhões de litros, em 2014), as importações de gasolina A ocorreriam apenas em 2025 e seriam da ordem de 500 milhões de litros. Nos demais cenários considerados (crescimento médio e alto da oferta de etanol), não haveria importação de gasolina A nos próximos dez anos. C&C: O estudo foi realizado antes da divulgação da mudança na política de preços da Petrobras. Esta mudança não poderá interferir diretamente no desempenho do setor de etanol? JMC: De fato, estas projeções para o etanol estão balizadas por premissas e condicionantes identificadas por ocasião de sua 12 • Combustíveis & Conveniência
publicação, em setembro de 2016. No caso de uma mudança estrutural e drástica do cenário de preços de gasolina, com forte queda de seu preço no mercado internacional, poderá haver impacto. No entanto, ainda não existem evidências suficientes que motivem a revisão destas projeções da EPE. C&C: A falta de investimentos no setor de etanol, em função da crise que afetou o segmento, pode comprometer o desempenho do combustível nos próximos anos? LB: Os cenários identificados pelo estudo da EPE se diferenciam de acordo com as premissas adotadas. Mesmo assim, todos os cenários elaborados projetam o crescimento da oferta deste biocombustível em taxas anuais que variam de 2,4% a 4,2%. O cenário de crescimento médio de oferta de etanol considera a continuidade das políticas públicas já existentes de incentivo, que incluem a obrigatoriedade de adição do etanol anidro à gasolina automotiva e uma série de instrumentos econômicos, como a disponibilização de linhas de financiamento para o setor e as isenções ou diferenciações tributárias entre os combustíveis. Alterações na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), no PIS/Cofins e no preço de realização da gasolina, assim como modificações do ICMS incidente sobre o etanol e a gasolina em alguns estados, poderão resultar em uma relação de preços entre os combustíveis mais favorável ao etanol. A aplicação diferenciada da Cide para a gasolina e o etanol é um dos principais incentivos à cadeia do biocombustível. Este cenário de crescimento médio também considera que o setor
realizará ações voltadas à redução de custos, como a renovação do canavial e manejo agrícola, e tratos culturais adequados à cultura da cana-de-açúcar. A inserção de novas variedades de cana contribui fortemente para esta redução, pois proporciona uma maior produtividade (tonelada de cana/ hectare) e maior rendimento (kg ATR/tonelada de cana), bem como reduz as perdas e a quantidade de impurezas no processo de colheita. Da mesma forma, a inserção de novas tecnologias agrícolas e industriais também colabora para a redução dos custos. Com isso, estima-se que as margens do setor serão maiores que as atuais, e que haverá uma retomada parcial dos investimentos em novas unidades a partir de 2020. O desempenho do etanol nos próximos anos somente será afetado se o cenário de crescimento baixo se concretizar. É importante ressaltar que, mesmo nestas condições adversas, a oferta de etanol crescerá 1,4% ao ano, atingindo cerca de 35 bilhões de litros em 2025, 4,5 bilhões de litros acima do valor registrado em 2015. C&C: E qual é a perspectiva para a gasolina? JMC: A EPE estima um crescimento de 0,9% ao ano da demanda global de combustíveis para a frota total de veículos leves do Ciclo Otto, em função da perspectiva do setor automotivo nos próximos anos. Este acréscimo de demanda para o Ciclo Otto representará um volume adicional que será suprido preferencialmente pelo etanol. Para o cenário de crescimento médio de oferta de etanol, projeta-se que, em 2025, a demanda de gasolina A atingirá 29 bilhões
de litros (decréscimo de 0,5% ao ano) e a de etanol carburante alcançará 39 bilhões de litros (crescimento de 2,7% ao ano). A participação na matriz veicular do Ciclo Otto para esses dois combustíveis é função do preço do etanol hidratado em relação ao da gasolina C, considerando a participação majoritária da tecnologia na frota nacional (aproximadamente 70% em 2025). A nova política de preços para o diesel e para a gasolina da Petrobras, anunciada em 14 de outubro, resultou na redução do preço da gasolina A na refinaria em 3,2%. Importante notar que, dado que a gasolina C contém 27% de etanol anidro, o aumento significativo de preço desse biocombustível, observado nas últimas semanas, pode facilmente anular o impacto da redução de preço da gasolina A, na gasolina C comercializada nos postos revendedores. Ainda que, no curto prazo, a nova política de preços possa ter algum impacto negativo sobre a competitividade do etanol hidratado frente à gasolina C, no médio e longo prazos, após a recuperação do preço internacional do petróleo, deverá haver aumento na competitividade do etanol hidratado. Além disso, haverá mais clareza sobre a política de preços da Petrobras, que seguirá a paridade de importação da gasolina A, conforme anunciado. Esse fator é essencial para um ambiente de negócios mais favorável a investimentos no setor sucroenergético. Precisamos ainda lembrar que o ganho de espaço do etanol na matriz veicular estará diretamente relacionado à sua competitividade frente à gasolina. Para isso, é
fundamental que o setor sucroenergético direcione esforços com vistas à melhoria dos fatores de produção, tais como renovação do canavial, tratos culturais adequados, manejo agrícola e aprimoramento dos métodos de plantio e colheita mecanizada. C&C: Existe uma perspectiva de recuperação de preços do petróleo no mercado internacional? Qual a razão da recuperação, uma eventual redução na produção?
JMC: O mercado internacional de petróleo encontra-se atualmente sobreofertado por diversas razões, tais como: aspectos relacionados à geopolítica do Oriente Médio, descobertas de óleo e gás não convencionais nos EUA, substituição de derivados de petróleo e ganhos de eficiência energética, entre outros fatores. No entanto, é característica da indústria do petróleo oscilar entre conjunturas de sobreoferta e de escassez. Neste sentido, os
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44 Luiz Augusto Barroso e José Mauro Coelho estudos da EPE apontam para o crescimento gradual do preço do petróleo no próximo decênio, atingindo, no final do período (2025), o valor de aproximadamente US$ 80.00/bbl.
veículos Ciclo Otto atingirá cerca de 62 milhões de m³ de gasolina equivalente em 2025. Porém, em função da mudança na política de preços, esta projeção pode apresentar mudanças.
C&C: Quais as projeções em relação à demanda por combustíveis nos veículos Ciclo Otto? JMC: No cenário de crescimento médio da oferta de etanol hidratado, estimamos que a demanda por combustíveis nos
C&C: O GNV hoje está competitivo em boa parte do país. Esta competitividade em relação ao etanol e à gasolina deve se manter? A EPE detectou alguma perspectiva de crescimento para o gás natural?
JMC: A competitividade do GNV em relação ao etanol e à gasolina depende de diversos aspectos. Conjunturalmente, de fato, os preços do GNV estão mais competitivos do que os preços da gasolina C e do etanol hidratado, o que tem incentivado conversões em todo o país desde outubro de 2015 (coincide com o reajuste no preço da gasolina). Em 2016, por exemplo, o mercado de GNV em São Paulo apresentou um crescimento da ordem de 113% (1º semestre de 2016 em comparação com o 1º semestre de 2015). Grande parte das conversões para o GNV pode ser explicada pela queda do poder aquisitivo da população, que busca ajuste nos gastos em tempos de crise econômica. O custo da conversão de carros para o GNV e a redução de espaço de porta-malas definem um nicho de mercado para este combustível, concentrado em frotas urbanas com rodagem relativamente elevada. A EPE estima que haverá um pequeno crescimento do consumo de GNV ao longo dos próximos dez anos (de 1,76 bilhão de m3 em 2015 para 1,83 bilhão de m3 em 2025). Entretanto, haverá uma queda de sua participação na matriz veicular brasileira, de 2,3% em 2015 para 1,5% em 2025. C&C: Quais os cenários projetados pela EPE em relação à introdução de veículos elétricos e híbridos no Brasil? LB: Nos cenários projetados pela EPE, a penetração de novas tecnologias veiculares no Brasil será modesta, tendo em vista o preço dos híbridos e elétricos comercializados no país e o perfil e renda do consumidor brasileiro. Estima-se que o licenciamento
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destas tecnologias atingirá cerca de 2% do total de vendas no final de 2025, quando a frota brasileira destes veículos alcançará cerca de 260 mil unidades, aproximadamente 0,6% da frota total. C&C: E em relação ao diesel? LB: Os estudos da EPE estimam que a demanda por óleo diesel deve evoluir a uma taxa média de, aproximadamente, 2,4% ao ano, no período 20152025. Ressalta-se que, nesse caso, o país será importador de diesel durante todo o período, embora o nível de dependência externa seja reduzido de 12% em 2015, para 11% em 2025, com importação de óleo diesel. A necessidade de volumes ainda consideráveis de importação e cabotagem de derivados exige atenção em relação à infraestrutura logística do país, visando a garantia do abastecimento em todo o território nacional. Ressalta-se que, com a perspectiva de baixo nível de investimento em logística de derivados e máxima utilização das capacidades de alguns dutos e terminais, será necessário dar especial atenção à eficiência operacional nos processos logísticos, de fundamental importância para o pleno atendimento do mercado de combustíveis no país. C&C: E em relação à liberação do uso do diesel em veículos leves? LB: Considera-se que, no cenário atual, não haverá permissão para a comercialização de automóveis a diesel no Brasil. Se houvesse a liberação, no curto e médio prazos, o efeito sobre a demanda não seria significativo. Mesmo no longo prazo, haveria perspectivas consideráveis de ocorrer um leapfroging [salto
de tecnologia], com os veículos a diesel no Brasil disputando espaço com os veículos híbridos e elétricos nas estratégias de mercado das montadoras e nas decisões de compra dos consumidores. C&C: Qual a projeção para o biodiesel? O biocombustível terá aumento de participação na matriz energética veicular? JMC: Com base na previsão de demanda de diesel feita pela EPE e considerando-se os percentuais obrigatórios de adição de biodiesel, temos uma previsão de consumo de 7,5 bilhões de litros em 2025. Em 2019, com o B10, serão necessários 6,1 bilhões de litros, dos quais 4,7 bilhões serão destinados ao transporte rodoviário. Nossa estimativa é de que o biodiesel terá aumento de participação na matriz energética veicular no período decenal, passando de 3,2% em 2015 para 5,5% em 2025. C&C: Em sua avaliação, o mercado brasileiro está preparado para a elevação do teor de biodiesel adicionado ao diesel? JMC: Para o cenário de mistura obrigatória de 10% de biodiesel ao diesel a partir de 2019, o mercado brasileiro encontra-se preparado. A alta produção, os ganhos de produtividade agrícola e industrial da cadeia da soja (o principal insumo para o biodiesel), além da utilização de
outros insumos, como a gordura animal e o óleo de algodão, deverão garantir o abastecimento de matéria-prima em nível nacional e o eventual estabelecimento de novas políticas localizadas. A capacidade instalada em 2015, de 7,3 bilhões de litros, já é suficiente para o atendimento da demanda obrigatória até 2024. Após esse ano, será necessário incrementar a capacidade instalada em apenas 0,2 bilhão de litros para atender a demanda prevista de 7,5 bilhões de litros em 2025. C&C: Mais do que utilizar um ou outro combustível, hoje sabemos que o que precisamos são matrizes energéticas multi combustíveis, cada um deles adequado prioritariamente ao seu tipo de uso, suas emissões e seus custos de produção e logísticos. Quando teremos, de fato, uma política séria de longo prazo no Brasil? LB: O Brasil possui uma característica fantástica, que é um portfólio de soluções para o setor energético, incluindo os combustíveis. Uma política séria, de longo prazo, considerando as características do Brasil e construída com base em forte comunicação com todos os agentes será buscada no horizonte deste governo, que é curto. Mesmo que não consigamos construí-la totalmente, queremos discutir e, ao menos, elencar princípios e objetivos concretos que ela deve buscar.n Combustíveis & Conveniência • 15
Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de outubro de 2016:
04 - Participação de Paulo Miranda Soares e Walter Tanus Freitas, respectivamente, presidente e vice-presidente da Fecombustíveis, em reunião com Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia, para tratar de assuntos de interesse da revenda, em Brasília/DF; 14 - Paulo Miranda Soares e Emílio Martins, respectivamente, presidente e diretor da Fecombustíveis, e Álvaro Faria, presidente do SindTRR, participaram de reunião com Claudio Mastella, gerente-executivo de Logística da Diretoria de Refino e Gás Natural da Petrobras, e Guilherme França, gerente-executivo de Marketing e Comercialização da Petrobras, para tratar de assuntos de interesse da revenda, no Rio de Janeiro/RJ;
18 - Envio de sugestões da Fecombustíveis para a Consulta Pública ANP nº 17/2016, que visa tornar públicos os procedimentos para a reversão das medidas cautelares, aplicadas pela agência reguladora e por órgãos conveniados, para contribuir com subsídios à redação final;
18 a 21 - Participação da Fecombustíveis na NACS Show 2016, em Atlanta/ Estados Unidos;
19 - Participação da Fecombustíveis na reunião do Grupo de Trabalho Técnico Meio Ambiente (GTT-MA ) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em Brasília/DF;
25 - Reunião Extraordinária do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, realizada em Cuiabá/MT;
25 e 26 - Participação da Fecombustíveis no 5o Encontro dos Revendedores do Centro-Oeste, em Cuiabá/MT;
27 - Participação da Fecombustíveis em reunião da ABNT para revisão da Norma ABNT NBR 15594-1:2008 - Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis - Parte 1: operação de posto revendedor veicular de combustíveis líquidos, em São Paulo/SP.
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OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis
Momentos difíceis Desde que o governo liberou os preços dos combustíveis e ocorreu a abertura do mercado, passamos a conviver com novos agentes que tinham a clara intenção de prejudicar o consumidor. Na época, houve uma avalanche de fraudes e adulteração, uma vez que surgiram 400 novas distribuidoras de combustíveis, e clamamos ao governo para que houvesse maior controle do setor com a criação de leis mais severas para que fôssemos mais fiscalizados, para separar o joio do trigo, a fim de atuarmos num mercado mais sadio. Felizmente fomos atendidos. A questão é que hoje temos regras em excesso por conta de um sistema altamente burocrático. A fiscalização é tanta que é necessário ter um funcionário para atender aos fiscais da fazenda, ANP, Procon, Ministério Público, Corpo de Bombeiros, órgãos ambientais, Ipem e Ministério do Trabalho e Emprego, só para citar alguns. E as novas regras não param de surgir e, com elas, arcamos com novos custos e mais adequações no posto. E para piorar veio a crise, que acentuou ainda mais a dificuldade financeira dos postos. Nos últimos quatro anos, nossos custos operacionais dobraram. Muitos revendedores estão desistindo do negócio, mas este movimento não é percebido pela sociedade porque posto não fecha, muda de dono. Diferentes motivos têm causado desalento em nosso setor. Um dos mais recentes foi a declaração do presidente da Petrobras à imprensa, que contribuiu para disseminar a falta de entendimento da população. O que impediu a queda de preços da gasolina (desde o dia 14/10) foi o custo do etanol anidro, que está entrando no período de entressafra, e os usineiros aproveitaram o momento para fazer mais reajustes, conforme pode ser comprovado nos dados oficiais do índice Cepea/Esalq. Ou seja, por causa dos usineiros que aumentaram o preço do etanol anidro, apanhamos por todos os lados. A comercialização dos combustíveis é feita das refinarias para as distribuidoras e das distribuidoras para os postos. A gasolina e o diesel comercializados pela Petrobras ainda não estão prontos para serem vendidos ao consumidor. Após saírem das refinarias, eles vão para os tanques das distribuidoras onde são adicionados à gasolina 27% de etanol anidro; e ao diesel 7% de biodiesel. Depois disso, o combustível é transportado para diversos locais do país, por caminhões ou navios. Soma-se então ao custo final: os biocombustíveis adicionados à mistura, fretes e impostos. Assim, o preço final dos combustíveis até a bomba embute outras despesas que são repassadas pelas distribuidoras (vendedor), e nunca vai ser o mesmo das refinarias da Petrobras. Além disso, os preços são livres.
Outro assunto que tem me preocupado é a nova Portaria 1.109, que altera a NR-9, do Ministério de Trabalho e Emprego. Esta nova regra prevê a adoção de diversos procedimentos pelo posto, que visam proteger a saúde do trabalhador com possibilidade de exposição ao benzeno. Esta substância, presente na composição da gasolina, é nociva ao ser humano, embora o Brasil tenha um dos menores índices do mundo, 0,5%. Não se trata de desconsiderar a saúde de um colaborador. Nem de fugir da responsabilidade de empresário para com sua equipe laboral. Nossa questão é com relação aos exageros das regras que caminham na contramão da evolução. Em outros países, o benzeno tem tratamento diferente do Brasil. Lá existe um limite de tolerância e aqui não, qualquer exposição por menor que seja é considerada altamente prejudicial. Há muitos outros setores que lidam com benzeno, em que os funcionários estão muito mais expostos a esta substância do que nos postos. Claro que vamos cumprir os procedimentos, zelar pela saúde de nosso funcionário, mas na análise global, a legislação brasileira não evoluiu e não temos dados científicos que comprovem a necessidade de alguns procedimentos. Sabemos que o governo PT teve uma grande influência no fortalecimento dos sindicatos laborais, inclusive, foram eles que fizeram pressão para abrir um grupo de trabalho para postos de combustíveis. E este governo não fez uma gestão eficiente. Na Subcomissão de Postos de Combustíveis, que teve a Fecombustíveis como representante dos revendedores, fomos voto vencido na comissão tripartite que contava com governo e sindicatos dos trabalhadores. Eram dois contra um. Quando pensamos no contexto da crise e dos empresários desmotivados, não sabemos até que ponto eles vão aguentar. Vamos ter que trocar nosso parque de bombas, lavar a roupa do funcionário, oferecer mais um módulo de treinamento, mudar a EPI do posto. Esta foi a gota d’água que transbordou do copo. Já está havendo uma pressão pela implantação do self service. Ouço, há anos, que a única solução para reduzir os custos operacionais seria com o self service, inclusive, geraria redução do preço dos combustíveis na bomba. Minha postura é zelar pela manutenção do emprego, geramos 500 mil empregos diretos, mas o horizonte que se anuncia é de chuvas e trovoadas se a pressão pelo self service for mais forte. Combustíveis & Conveniência • 17
44 MERCADO
Petrobras muda sua política de preços Em outubro, a Petrobras anunciou uma pequena redução nos preços da gasolina (3,2%) e do diesel (2,7%). Mas, mais do que baixar os preços, a medida foi importante por sinalizar para todo o mercado que a partir de agora a empresa deverá ser mais transparente em relação à formação de preços, mantendo certa lógica e garantindo maior previsibilidade Por Rosemeire Guidoni Em 14 de outubro, a Petrobras divulgou a redução de preços da gasolina (3,2%) e do diesel (2,7%) na refinaria (veja box). O anúncio não chegou a surpreender o mercado, já que o presidente da empresa, Pedro Parente, havia divulgado em setembro a intenção de seguir os preços internacionais. Como os preços no Brasil estavam bastante elevados na comparação
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acredita que o mais relevante do anúncio feito pela Petrobras nem é a redução de preços propriamente dita – embora a última vez que a empresa reduziu os preços tenha sido em 2009 -, mas o fato de que esta mudança sinaliza mais transparência para o mercado. “A medida demonstra para investidores, para a cadeia de comercialização e até para os consumidores que a Petrobras está adotando uma política
Agência Petrobras
Petrobras reduz os preços da gasolina e do diesel nas refinarias, mas a redução foi pouco significativa em relação ao mercado internacional, já que a defasagem estava na casa de 24% no caso do diesel, e 13% na gasolina
com os praticados no mercado internacional, a queda não foi significativa. Segundo cálculos de analistas de mercado (que podem variar dependendo da metodologia utilizada), a defasagem de preços estava, até a semana anterior ao anúncio da redução, na casa de 24% no caso do diesel, e 13% na gasolina. Estes índices foram informados pelo analista da Planner Corretora, Luiz Francisco Caetano, que
mais clara de preços. Isso é muito importante para todo o mercado”, afirmou. De fato, a redução de preços foi muito pequena e quando o combustível sai das refinarias para as distribuidoras também sofre impacto do preço dos biocombustíveis. No caso da gasolina, a alta do etanol anidro, misturado na proporção de 27% à gasolina A, anulou a queda de preços para a revenda e para o consumidor final. A queda não contribuiu nem mesmo para aliviar o preço do frete, e, com isso, os produtos que dependem do diesel para serem transportados também não tiveram valores reduzidos. Conforme a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), o preço do frete praticado no país está bastante defasado e, por este motivo, a queda do diesel não foi repassada. Na análise do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), caso a redução de preços de gasolina e diesel nas refinarias da Petrobras fosse repassada integralmente ao consumidor via mercado de combustíveis, o efeito imediato seria uma redução de 0,1% no IPCA e um efeito indireto de alívio na inflação via cadeia produtiva. De qualquer maneira, mesmo que a redução de preços não represente um alívio para a inflação, a decisão de acompanhar a paridade com o petróleo foi bem vista pelo mercado. Aliás, a Lei do Petróleo, de 1997, já previa que os preços dos combustíveis no Brasil deveriam seguir alguma política de paridade com o mercado internacional. “Desde lá, na prática, os vários governantes têm seguido esta proposição legal com muita flexibilidade”, afirmou Edmilson
Moutinho dos Santos, professor do Instituto de Energia e Eletrotécnica (IEE) e pesquisador do Centro de pesquisas e inovação em Gás, ambos da Universidade de São Paulo (USP). “Em outras palavras, temos buscado seguir a paridade internacional como um caminho de longo prazo. Ou seja, esta mudança atual tem um viés de longo prazo”, analisou.
Recuperação das perdas Na interpretação de Moutinho, os preços praticados pela Petrobras têm “mais ou menos” se acertado à paridade internacional. Isso porque até recentemente, quando o petróleo no mercado externo estava mais caro, a Petrobras manteve os preços equilibrados, o que contribuiu para aumentar suas perdas. Depois, quando os preços externos começaram a cair, a empresa manteve internamente o mesmo patamar anterior, na tentativa de recuperar as perdas acumuladas. “Podemos criticar essa política do passado e elogiar a nova decisão, mais transparente, e que busca a paridade internacional de forma mais rápida”, disse. “Porém, há de se testar a nova política ao longo dos anos e sob as intempéries que a economia brasileira ainda viverá. Com um olhar puramente imediatista, acredito que o momento não era muito favorável para tal mudança. A Petrobras continua requerendo urgentes capitalizações. Os cenários dos preços internacionais do petróleo continuam incertos e com algum viés de baixa. Além disso, dentro daquela lógica de equilíbrio de longo prazo, e considerando todos os problemas decorrentes das irregularidades cometidas
pela empresa nos últimos anos , acredito que ainda deveríamos - e poderíamos facilmente - conviver com mais uns dois ou três anos com preços domésticos de combustíveis acima dos preços internacionais”, opinou. Mas, na avaliação de Adriano Pires, diretor do Cbie, a redução de preços anunciada não representa prejuízo para a Petrobras. “Segundo a nova política de preços anunciada pela companhia, os valores nunca ficarão abaixo da paridade internacional. Portanto, os ganhos apenas poderão ser reduzidos”, frisou. Ou seja, segundo o especialista os ganhos obtidos serão influenciados por variáveis como o nível de preços internacionais e a taxa de câmbio. “Considerando dados do cálculo de defasagem, apurados em 11 de outubro, antes do reajuste feito pela Petrobras, o preço da gasolina nas refinarias nacionais estava 15,9% acima do preço no Golfo do México. Na mesma data, o preço do óleo diesel nas refinarias nacionais estava 28,2% acima do preço no Golfo do México”, afirmou. “Assim, aplicando a redução anunciada pela Petrobras, de 2,7% no preço de refinaria do diesel (média Brasil) e de 3,2% na gasolina (média Brasil), sobre os dados do dia 11 de outubro de 2016, temos que: o preço da gasolina nas refinarias nacionais ficaria 12,2% acima do preço no Golfo do México e o preço do óleo diesel nas refinarias nacionais ficaria 24,7% superior”, completou. A nova política prevê também avaliações para a revisão de preços pelo menos uma vez por mês. Ou seja, no mínimo uma vez por mês a Petrobras Combustíveis & Conveniência • 19
44 MERCADO deverá anunciar se os preços de refinaria permanecem no mesmo patamar, se haverá redução ou elevação.
Preços internacionais podem subir Na opinião de Pires, para que o atual ajuste de preços possibilitasse a manutenção ou ampliação dos ganhos, o ideal seria que a Petrobras esperasse a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), marcada para este mês, uma vez que uma alta do preço do barril de petróleo para patamares mais próximos de US$ 60 podem obrigar a companhia a ter que anunciar um reajuste para cima nos preços da gasolina e do
diesel. “Há algumas semanas o barril de petróleo tem subido, e a principal explicação é a expectativa em relação à reunião da Opep. Se houver um consenso sobre redução de produção e o barril chegar a US$ 55, dependendo do câmbio, a Petrobras pode ser obrigada a aumentar os preços da gasolina e do diesel”, disse. Porém, por enquanto não há nada definido e não há como prever o comportamento dos preços internacionais. Para o professor Moutinho, não existem condições favoráveis para uma repentina recuperação dos preços internacionais. “Ainda há grandes ofertas que não encontram suas demandas. Recuperações, ainda que parciais, induzem automaticamente a aumentos
Redução não chegou às bombas Depois do anúncio da redução de preços nas refinarias, não faltaram notícias na grande imprensa sobre os motivos dos preços não terem caído proporcionalmente nas bombas. A imprensa, as entidades de defesa do consumidor e a população desconhecem o funcionamento da cadeia de combustíveis, e por isso culpam os proprietários de postos pelo não repasse da queda. A Fecombustíveis inclusive se pronunciou a respeito, explicando que as distribuidoras não repassaram a redução aos postos, já que o custo final, tanto da gasolina quanto do diesel, não tiveram alteração. O etanol anidro, misturado à gasolina na proporção de 27%, vem passando por um momento de alta. Desde 13 de maio, auge da safra, até a data da mudança de preços da gasolina na refinaria, o reajuste do biocombustível foi de 33%, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Cepea/Esalq). Já no caso do diesel, que responde por 7% do diesel B, a explicação é que no último leilão de biodiesel promovido pela ANP, as distribuidoras adquiriram o biocombustível por um preço 19% mais caro em relação ao leilão anterior. De qualquer maneira, vale frisar que a queda nos preços foi para as refinarias e não para as distribuidoras e a compra dos combustíveis pelos postos inclui também impostos, fretes e custos do etanol e do biodiesel. Destaca-se que, desde a liberação dos preços dos combustíveis pelo governo federal, o mercado é livre e o setor preza pela livre concorrência. 20 • Combustíveis & Conveniência
de oferta e novas pressões de baixa”, ponderou. Em sua análise, é possível voltar a pensar com cenários de longo prazo regados com menos incertezas. “No entanto, no mundo do petróleo, mudanças repentinas e surpreendentes são sempre possíveis”, lembrou.
Desdobramentos Além do fato de a medida garantir maior transparência e uma certa previsibilidade em relação à formação de preços dos combustíveis, a mudança traz outros desdobramentos ao mercado. Uma das questões que mais preocupam a revenda é relativa aos estoques. Isso porque, como é de conhecimento de todo o mercado, as margens do setor são bastante baixas, e uma eventual redução de preços, quando os tanques estão cheios, pode representar uma perda importante. “Claro que nos momentos de mudança, alguns ganham e outros podem perder na gestão de estoques. Todo o setor ficará mais atento se a nova política de preços for realista e implantada de fato. Outros instrumentos de gestão deverão ser adotados e os agentes terão de conhecer com mais profundidade as relações internacionais que podem afetar seu business e sua equação de negócios”, alertou Moutinho. Em sua avaliação, um novo equilíbrio será atingido com agentes mais fortes, e outros que poderão desaparecer. “Muitos países adotam paridade internacional e passaram por transições, sem ameaças à distribuição de combustíveis. Mas todos precisarão encarar o negócio de forma mais profissional. Eventuais instabilidades da transição serão
passageiras. Por outro lado, seguir a paridade internacional mais de perto, e sem nenhum colchão amortecedor da Petrobras e do governo, quer dizer aprender a conviver com mais volatilidades e instabilidades de curto prazo”, disse. Outra situação que pode mudar no cenário interno é a importação de combustíveis. Não é de hoje que muitas distribuidoras estão recorrendo às importações como forma de conseguir melhores preços. Com a queda dos preços internos, pode ser que estas operações deixem de ser tão interessantes e a Petrobras passe a ampliar os volumes comercializados. Mas isso dependerá muito do comportamento dos preços internacionais.
Retorno da Cide Ao mesmo tempo em que a Petrobras anuncia uma nova política de preços, já há debates sobre um eventual aumento da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide). A contribuição, que passou a existir em janeiro de 2002, quando os preços dos combustíveis foram liberados ao longo de toda a cadeia do setor petrolífero, tinha um piso zero e um teto, cujo valor variava em função do combustível, sendo cobrada na refinaria. Além de beneficiar a União, estados e municípios com seus recursos, a Cide funciona como imposto ambiental, quando aplicada na gasolina e no diesel. Quando foi criada, a ideia seria uma Cide alta quando o barril de petróleo estivesse elevado e uma
mais baixa quando o preço do barril caísse. “O problema é que os preços dos combustíveis, na prática, não funcionaram de forma livre, mas sim com intervenção do governo, sobretudo, a partir de 2011. Essa política intervencionista, com fins políticos e de controle da inflação, levou a um uso totalmente errado da Cide”, destacou Adriano Pires. Segundo ele, isso ocorreu principalmente a partir de 2011, quando a Cide incidente na gasolina foi reduzida na tentativa de aumentar o caixa da Petrobras, pelo fato do petróleo estar caro e pela decisão do governo de não repassar ao consumidor os altos preços do petróleo. “Em 2012, ao zerar a Cide da gasolina, o governo não evitou a quebra
Agência Petrobras
A nova política da Petrobras prevê também avaliações para a revisão de preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional pelo menos uma vez por mês
Combustíveis & Conveniência • 21
44 MERCADO
Venda da BR x concentração do setor
Agência Petrobras
Com a nova reestruturação da Petrobras, vários cortes de ativos estão previstos. Nesse movimento, a estatal iniciou a venda da BR Distribuidora. A intenção é comercializar 51% do capital votante da subsidiária em um processo de controle compartilhado. Cerca de 90 empresas já receberam o prospecto de venda da distribuidora, mas até a data de fechamento desta edição não havia nenhum nome oficialmente anunciado. A transação pode render US$ 3 bilhões à Petrobras. Para o mercado de combustíveis, a grande preocupação é em relação ao risco de aumentar ainda mais a concentração. Hoje, praticamente todo o setor de distribuição no país está nas mãos de três grandes empresas – BR, Grupo Ultra/ Ipiranga, e Raízen. Se um destes grupos (Ultra ou Raízen) se interessar pela BR, o mercado ficará ainda mais concentrado. “Se a questão de concentração de mercado é vista como uma agenda séria pelo governo federal, há muitas soluções alternativas possíveis, como, por exemplo, fatiar a BR Distribuidora em dois ou três blocos para privatizações parciais. A Petrobras pode permanecer sócia minoritária em cada bloco (ou nem isso seria necessário) e poderíamos ver a entrada de dois ou três agentes com 15% ou 10% de market share. Ou pode-se introduzir barreiras que impeçam uma inicial aquisição pela Raízen e Ipiranga”, comentou Edmilson Moutinho dos Santos, professor do IEE/USP.
A queda de preços nas refinarias não se refletiu nos custos das distribuidoras para os postos, que embutem também os preços do etanol anidro e do biodiesel no produto final
22 • Combustíveis & Conveniência
da Petrobras, e levou o setor de etanol à maior crise da sua história”, acrescentou. Desde maio de 2015, a Cide incidente sobre o preço da gasolina, é de R$ 0,10 por litro e sobre o diesel é de R$ 0,05 por litro. Para Pires, a forma a mais apropriada de uso da Cide nos combustíveis seria utilizá-la como uma variável ambiental. “O governo deveria adotar uma política pública em relação aos preços dos combustíveis fósseis, principalmente gasolina, dando um sinal de preço que incorpore a variável ambiental. Caso contrário, estaremos eliminando a participação do etanol hidratado da matriz de combustíveis no Brasil e as consequências serão inúmeras. Podemos destacar duas: a primeira é que não iremos atender as metas ambientais a que nos comprometemos na COP-21, de Paris; a segunda
e, certamente, a principal, é que estaremos jogando fora tecnologia, geração de empregos e a possibilidade do Brasil se transformar na grande plataforma mundial de produção de etanol, agora, com a chegada do etanol 2G”, afirmou. O setor sucroenergético defende um aumento da Cide para R$ 0,60 o litro da gasolina como forma de aumentar a competitividade do etanol desde o ano passado. Com a volta da cobrança PIS/Cofins, em 1º de janeiro de 2017 sobre o etanol, o setor sucroenergético se mobilizou junto ao governo no sentido de solicitar aumento da tributação sobre a gasolina, mantendo o etanol isento de pagar o tributo. Ou seja, a cobrança de R$ 0,12 o litro de etanol hidratado do PIS/Cofins passaria a ser sobre a gasolina. n
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À espera do futuro Setor sucroenergético busca regras mais claras e definição do governo sobre o papel do etanol hidratado na matriz energética brasileira, a fim de trazer mais competitividade ao biocombustível em relação à gasolina e previsibilidade para novos investimentos Por Adriana Cardoso A recuperação do preço do açúcar no mercado internacional, este ano, trouxe novo ânimo ao setor sucroenergético brasileiro, que espera reduzir seu alto endividamento. Por outro lado, a indústria busca no novo governo um entendimento sobre suas principais demandas em relação ao etanol hidratado, na tentativa de trazer competitividade ao biocombustível frente à gasolina, aumentando sua participação na matriz energética brasileira. O segmento defende que etanol é o combustível do futuro, podendo ajudar o Brasil a cumprir as metas de redução de emissões
assinadas no Acordo de Paris (COP 21), ratificadas este ano. “Estamos vivendo um novo momento no Brasil e esse é um setor muito importante para a economia brasileira. Mas ainda não existem regras muito claras para a questão da competitividade”, disse Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, durante a 16ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, realizada nos dias 17 e 18 de outubro em São Paulo. Com o tema “Um novo mundo à frente”, o evento teve como objetivo mostrar que o etanol é o combustível do futuro, e para comprovar isso trouxe um veículo elétrico, desenvolvido
Fotos: Jorge Metne
Palestrantes da 16ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, realizada nos dias 17 e 18 de outubro, discutem a falta de previsibilidade do setor para atrair investimentos
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pela japonesa Nissan, movido a célula de combustível de etanol (leia box). O desafio, porém, é criar mecanismos que viabilizem esse papel de destaque. Para Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e um dos palestrantes do evento, seria o momento do governo olhar para a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) como ferramenta de incentivo ao setor. “Me impressiona a visão míope que os governos têm em relação à Cide desde que ela foi implementada. Os governos a veem exclusivamente como um imposto e a inflação
que ela possa gerar. Mas a Cide não é um tributo comum, é um encargo ambiental, que dá competitividade ao etanol hidratado”, observou. Na visão de Pires, tanto a Petrobras quanto o setor sucroenergético foram prejudicados no processo quando o governo zerou o imposto. “O Brasil tornou-se um grande importador de gasolina, matando um setor que gera empregos”, criticou. Uma das grandes reivindicações do segmento é a volta da Cide aos patamares iniciais (2001), que era de R$ 0,60 por litro de gasolina. Para ser competitivo, o hidratado precisa ter paridade de 70% frente à gasolina. Outra fonte de preocupação da cadeia é que, a partir de 1º de janeiro, volta cobrança de R$ 0,12 de PIS/Cofins por litro de etanol hidratado. A previsão é de que a isenção, instituída em 2013 pelo governo Dilma Rousseff com validade até 31 de dezembro deste ano, gere uma renúncia fiscal de mais de R$ 5 bilhões no período. “Temos de combater o preconceito de que nosso setor vai atrás de subsídio. O nosso setor é um dos mais atingidos por carga tributária. A bebida mais tributada que existe é a cachaça; na cesta básica, o açúcar; nos produtos de limpeza, o álcool gel. O combustível nem precisa falar. Quando discutimos a questão da Cide ou PIS/Cofins temos que abordar esse outro lado também”, disse André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético.
Outros entraves Este ano, com o déficit de açúcar no mercado internacional que gerou uma oferta menor que a demanda, o preço da
Aurélio Amaral, diretor da ANP, disse que o etanol só avançou quando teve saltos tecnológicos de produção, aumento de produtividade e preço competitivo
commodity subiu e, com isso, a safra deve ser mais destinada ao açúcar, conforme dados da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica). Como este é um setor que enfrenta uma série de dificuldades, principalmente pelas oscilações climáticas, a cadeia quer previsibilidade para lidar com os altos e baixos. Entretanto, há uma série de obstáculos que dependem de decisões governamentais para serem superados. Na Conferência de Paris, realizada no ano passado, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 43% até 2030, e o biocombustível pode ajudar o país a cumprir o acordo, pois em toda a cadeia de produção emite muito menos CO2 do que a gasolina. Ademais, o crescimento do país mais o da população, deve gerar um déficit no Ciclo Otto daqui a alguns anos e o hidratado poderia ajudar o país a suprir essa demanda. Dados da ANP apontam que o gargalo será de 410 mil barris/dia de gasolina equivalente em 2030 se nada for feito. “O país tem um déficit (na produção de gasolina) e uma
vocação para o etanol. Somos o segundo maior produtor de etanol do mundo”, disse Aurélio Amaral, diretor da ANP. Segundo Amaral, a logística dos combustíveis também influencia na questão da competitividade do etanol. “O etanol segue a mesma logística de distribuição que a gasolina. Ele só é competitivo onde está próximo do consumo. A produção e o consumo são muito concentrados (em determinadas regiões)”, pontuou. Amaral lembrou que o biocombustível só avançou quando teve saltos tecnológicos de produção, aumento de produtividade e preço competitivo, sendo necessário criar um cenário que a indústria possa voltar a investir. Paulo Pedrosa, ministro interino de Minas e Energia, disse que o etanol já está inserido na agenda do governo para a cadeia energética.“O setor precisa ser reposicionado, mas, para isso, é preciso criar um ambiente de confiança para os investidores. A linha geral do ministério (no novo governo) é a de não intervenção. O intervencionismo não funcionou. Queremos promover um modelo eficiente e competitivo”, salientou. Combustíveis & Conveniência • 25
44 MERCADO Papel Dados da Datagro apontam que a produção de etanol no país já passou de 2 mil para 7 mil litros por hectare, podendo chegar, daqui a alguns anos, a 12 mil litros por hectare. “O açúcar continua crescendo 2% ao ano no mundo e o etanol, apesar da queda do preço do petróleo, nos últimos anos teve uma demanda no mundo crescendo mais de 5,2%. A diversificação tem sido a estratégia desse setor, iniciando primeiro com o açúcar, depois com o etanol, e agora com a bioeletricidade”, assegurou Nastari, que ainda destacou o papel do etanol de segunda geração (2G) nesse processo. Embora haja disponibilidade do novo governo em ouvir o setor, os representantes da produção consideram que falta mais comprometimento formal.“Onde está o cronograma daqui até 2030? Quais são os próximos passos para sabermos até que ponto estamos inseridos? Porque é esse tipo de previsibilidade
Plinio Nastari, presidente da Datagro:“ainda não existem regras muito claras para a questão da competitividade”
que vai poder atrair ou não investimentos. Os investidores precisam saber que temos competitividade”, cobrou Rocha, do Fórum Nacional. Elizabeth Farina, presidente da Unica, visitou todos os ministérios ligados à indústria sucroenergética para mostrar a agenda do setor. “Ainda existe muito investimento sendo feito (pelo setor). Temos uma agenda de longo prazo na qual a gente insiste sobre previsibilidade, estabilidade de regras, ambiente institucional favorável para o setor associado à questão ambiental e aos
Nissan cria carro movido a célula de etanol A 16ª Conferência da Datagro trouxe um protótipo da Nissan movido a célula de etanol, que se beneficia de toda a infraestrutura já existente no país. Há somente duas unidades do tipo no mundo: a trazida ao evento e outra no Japão. A tecnologia Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), conhecida como Célula de Combustível e-Bio, funciona por energia elétrica originada pelo biocombustível. O protótipo é abastecido 100% com etanol para carregar uma bateria de 24 kWh, permitindo uma autonomia de mais de 600 quilômetros. Haruhito Mori, diretor do centro de pesquisas da Nissan em Tóquio, disse que o veículo é “amigo do meio ambiente” por suas emissões de carbono neutro, além de silencioso, seguro e confortável para dirigir. A expectativa é de que o veículo chegue ao mercado em 2020. 26 • Combustíveis & Conveniência
compromissos brasileiros com a COP 21.” O compromisso com o meio ambiente na agenda do setor é um dos focos da entidade, cuja participação está confirmada na Conferência do Clima de Marrakesh (COP 22), que acontece de 7 a 18 de novembro, no Marrocos. O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Júnior, mostrou a importância dos 40 anos de existência do Proálcool para a indústria automotiva, propiciando que o país fosse o protagonista no desenvolvimento de tecnologias, como os veículos flex. Mesmo que o futuro da indústria automotiva esteja mais na eletricidade, ele disse que o etanol já está inserido nesse cenário, com a tecnologia de célula de combustível. Por isso, ele cobrou que a nova política industrial do governo contemple todo o setor. “Quando falo da política industrial para o setor energético me refiro ao setor como um todo porque os veículos elétricos dependem de abastecimento de energia elétrica ou da célula de combustível. E sabemos que as hidrelétricas são boas, mas vimos o que acontece quando não chove.” n
MERCADO 33
Lubrificantes: novos combustíveis demandam novas tecnologias Fotos: João Oliveira
Fundamentais para melhorar a eficiência energética dos veículos, uma das principais exigências do Inovar-Auto, os lubrificantes têm grandes desafios pela frente, como a melhoria de performance e a adequação aos combustíveis renováveis
Roberta Teixeira, Maurício Lavoratti, Paul Basar e Sérgio Viscardi discutiram os efeitos do biodiesel nos lubrificantes
Por Rosemeire Guidoni A demanda global de lubrificantes é estimada em 39,4 milhões de toneladas (conforme dados relativos ao ano de 2015), sendo que 56% deste total destina-se ao mercado automotivo. Com o desenvolvimento de novos motores e as exigências de aumento de eficiência energética dos veículos, especialmente em função do Inovar-auto, a indústria de lubrificantes tem uma série de desafios pela frente,
que vão desde a produção de óleos básicos mais nobres, até a questão da compatibilidade com os biocombustíveis. Estes temas, que envolvem o futuro da indústria de lubrificantes, nortearam os debates ocorridos durante o IX Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluídos, realizado pela Associação dos Engenheiros Automotivos (AEA) no dia 18 de outubro, em São Paulo (SP). O desenvolvimento de técnicas que permitam maior eficiência
energética é uma das principais necessidades da indústria de lubrificantes. Segundo especialistas, o uso de produtos das novas classes de viscosidade possibilita a redução de 1% a 2% no consumo de lubrificantes. “As novas normas API CK-4 e FA-4, previstas para entrarem no mercado norte-americano em dezembro deste ano, vão garantir maior durabilidade e desempenho do veículo, além de estabelecerem um novo padrão para a indústria de lubrificantes Combustíveis & Conveniência • 27
44 MERCADO e para as montadoras”, afirmou Marcus Vercelino, representante da Comissão Técnica de Lubrificantes e Fluídos da AEA. Tais normas atendem ao novo regime de emissões dos Estados Unidos, previsto para entrar em vigor em janeiro de 2017. Segundo Vercelino, a redução da viscosidade do lubrificante reduz perdas por atrito nos componentes e resulta em alterações na motorização dos veículos, como redução da rotação, motores menores e com menor volume de óleo, novos sistemas de combustão e injeção de combustível, e possibilidade de aumento da temperatura de trabalho do lubrificante (até 118ºC). A qualidade dos óleos básicos também foi alvo de debates. Na avaliação do gerente Industrial da Cosan, André Pires, um lubrificante com bom desempenho exige um óleo básico mais robusto. “Para garantirmos as especificações mínimas das atuais demandas de motores, as formulações com viscosidade mais baixa necessitam de básicos mais nobres. Além disso, as regulamentações ambientais e classificações trazem limites mais rígidos, exigindo óleos mais robustos”, afirmou. Jorge Manes, gerente de Contatos da Infineum, acrescentou que o lubrificante de baixa viscosidade precisa usar óleo básico adequado e aditivos capazes de assegurar a economia de combustível e a durabilidade do motor.
O desafio dos motores diesel A performance dos lubrificantes em motores diesel é uma grande preocupação da indústria, em função do uso de biocombustíveis, especialmente 28 • Combustíveis & Conveniência
Edson Orikassa, presidente da AEA, durante abertura do IX Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluídos
do biodiesel. Isso porque a alta temperatura de evaporação do biodiesel causa o seu acúmulo no lubrificante, levando a problemas no desempenho dos motores. “Não temos como lutar contra a introdução de combustíveis renováveis no mercado. Por isso, precisamos oferecer soluções de lubrificantes para veículos que utilizam estes biocombustíveis”, disse Maurício Lavoratti, gerente de Desenvolvimento de Produto da Bosch. Segundo ele, problemas ocorrem não apenas com o diesel B (com adição de biodiesel), mas também nas situações de uso de etanol em ciclo diesel ou mesmo diesel de cana-de-açúcar. “A eficiência dos lubrificantes é nossa grande preocupação”, afirmou. Lavoratti destacou que existem vários agravantes que trazem mais preocupação à indústria de lubrificantes. “A frota brasileira é predominantemente antiga, e os veículos mais modernos estão enfrentando grandes problemas com o grau elevadíssimo de fraudes do Arla 32. Isso tudo afeta o desempenho do motor. A introdução de uma nova fase, a Euro 6, pode mexer com o
mercado na próxima década e trazer maior discussão sobre aditivos e fluídos”, destacou. Paul Basar, gerente regional de Negócios da Lubrizol Corporation, explicou que o biodiesel pode acarretar danos ao óleo lubrificante, reduzindo sua efetividade e causando problemas aos motores. “Como o Brasil é um dos países que tem liderado o segmento de biocombustíveis, a indústria de lubrificantes precisa estar preparada. O biodiesel impõe desafios à formulação de lubrificantes de alto desempenho para motores do ciclo diesel”, afirmou. Basar destacou que o fluxo de óleo no motor deve ser contínuo, e se for interrompido pode haver impactos negativos ao motor, como formação de depósitos, além de o óleo se tornar mais espesso, dificultando ainda mais sua circulação e trazendo limitações ao motor. “É como o fluxo sanguíneo, não pode ser interrompido sem causar danos à pessoa”, comparou. Roberta Teixeira, gerente técnica da Ipiranga, acrescentou que o aumento do teor de biodiesel no diesel traz para a
indústria de lubrificantes algumas preocupações. “O biodiesel não evapora, o que acaba levando a um acúmulo da substância no lubrificante. Se acontece este acúmulo, podem ocorrer depósitos, oxidação, problemas na partida a frio, entre outras dificuldades”, afirmou. Durante sua apresentação, a gerente da Ipiranga mostrou os resultados de um estudo feito em 2010, com ônibus urbanos que circulavam no Rio de Janeiro, com motores Euro 3, fabricados em 2008 e 2009, e o uso de B20. Os testes apontaram a ocorrência de alguns problemas, como redução na viscosidade, alteração no ponto de fulgor, baixo teor de fuligem, baixa diluição por diesel e alta diluição por biodiesel. “A alta temperatura de evaporação do biodiesel causa o seu acúmulo no lubrificante, o que prejudica a performance do produto durante o uso. Isso significa que o aumento do teor de biodiesel no diesel é um desafio cada vez maior para a indústria de lubrificantes brasileira. Para manter a performance em campo, a introdução de lubrificantes de maior desempenho é primordial”, ressaltou, mencionando que os problemas tendem a ser ainda maiores na frota mais antiga. “Nossa frota pesada é de mais de 2 milhões de veículos, sendo que cerca de 73% ainda são Euro 2 ou Euro 3”, disse. Sérgio Viscardi, membro da comissão organizadora do Simpósio de Lubrificantes e moderador do painel, destacou que o biodiesel é um ponto crítico para a indústria. “Precisamos ficar atentos à contaminação e promover testes para oferecer ao mercado produtos mais robustos”, finalizou. n
Aditivos para lubrificantes Durante o evento, Sérgio Rebelo, diretor da Factor Kline, destacou que até 2019 o mercado de aditivos para lubrificantes deve crescer 1,6% ao ano, impulsionado pelo forte crescimento em regiões como Ásia-Pacífico, África, Oriente Médio e parte da América do Sul. Segundo relatório divulgado pela empresa, a taxa de crescimento dos aditivos para lubrificantes deverá ser maior do que a taxa de crescimento dos lubrificantes acabados, e poderá variar significativamente de acordo com a classe de funcionalidade dos aditivos. “A maior demanda por lubrificantes de longa duração, que promovem economia do combustível e limpeza do motor, gera um aumento na utilização de dispersantes, antioxidantes e modificadores de fricção. Já o uso mais frequente de óleos de motor multiviscosos impulsiona o uso de aditivos capazes de melhorar o índice de viscosidade. Por outro lado, devido a problemas de compatibilidade com dispositivos de controle de emissões, o uso de detergentes e aditivos antidesgaste é atenuado”, explicou.
Frota Circulante no Brasil
Fonte: Anfavea/Sindipeças
Combustíveis & Conveniência • 29
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Novos rumos Agência Ponto/Divulgação IBP
Marcelo Hipólito, da Lubrizol, Marcio Neves, da Ipiranga, e José Pedro Lins, da Consultoria FIXCS, debateram o futuro dos postos
Durante a Rio Oil & Gas, representantes da cadeia de combustíveis debateram as mudanças da Petrobras, com a redução de suas atividades, o impacto na logística de abastecimento e o futuro dos postos de combustíveis
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Por Juliana Pimenta Um dos eventos mais aguardados do setor de downstream, a Rio Oil & Gas 2016, manteve todas as atenções voltadas para o momento de mudanças que envolve a Petrobras e, consequentemente, toda a cadeia, que passará a se reestruturar com o distanciamento da principal empresa brasileira do setor de seus diferentes ramos de negócios. 30 • Combustíveis & Conveniência
A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente da República Michel Temer, do Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, do novo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Décio Oddone, e do presidente da Petrobras, Pedro Parente. A cadeia como um todo foi discutida nos diversos painéis apresentados ao longo de quatro dias de evento, de 24 a 27 de setembro, no Rio de Janeiro.
A programação também apresentou debates que envolvem o setor de downstream, como a mudança na logística dos combustíveis e o futuro dos postos de serviços. “Hoje, de cada quatro pessoas que vão aos postos, duas vão sem carros ou motos, ou seja, vão a pé”, disse Thomaz Lucchini Coutinho, diretor da Rede de Postos da Petrobras Distribuidora, que abriu a Sessão Especial Postos de Serviços
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na Era da Sustentabilidade. Lucchini trouxe este dado para comprovar sua hipótese de que, atualmente, os postos de combustíveis são, principalmente, postos de serviços, e não se restringem somente à venda de combustíveis. Marcio Neves, gerente de Divisão de Planejamento de Varejo da Ipiranga, ilustrou as múltiplas possibilidades de venda e oferta de serviços nos postos de combustíveis e disse que profissionais bem treinados e serviços complementares como o de limpeza, padaria, farmácia e disponibilização de rede wi-fi agregam valor à marca.
Além disso, ele destacou que os postos ecoeficientes, com instalação de sistemas de reúso de água e geração de energia elétrica limpa, contribuem para melhorar a imagem da rede. Essa ideia reflete uma pesquisa feita pela Midas Marketing em 2011, em que 84,9% das pessoas disseram preferir utilizar postos que valorizem ações voltadas para o meio ambiente. Já Marcelo Hipólito, diretor comercial da Lubrizol, elencou cinco principais mudanças que levaram os postos de combustíveis à categoria de postos de serviços, como qualidade do combustível, consumidor mais esclarecido, veículos
com hardwares e necessidades diferentes, novas legislações e regulações e queda na venda de automóveis. Esses fatores, segundo ele, contribuíram para um novo cenário que prescindia que o posto se adaptasse com serviços e abordagens diferenciadas, para agregar esses novos combustíveis, consumidores, veículos e regulamentos. No entanto, essas mudanças estruturais podem ser caras, o que causa resistência para serem implementadas pelos empresários do setor. Nesses casos, o custo dos serviços de postos “conscientes” acaba ficando, na maioria das vezes,
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Logística do abastecimento Já o painel sobre Infraestrutura no Abastecimento de Derivados começou com um esclarecimento de Cláudio Mastella, gerente-executivo de Logística da Petrobras, a respeito do posicionamento da empresa após a divulgação dos desinvestimentos no Plano de Negócios 2017-2021. “A posição da Petrobras é de minimização de investimentos em infraestrutura para os próximos anos”, começou, “mas acho que o discurso da Petrobras não está sendo tão claro quanto deveria ser”. Com as novas metas, o setor de downstream - o que inclui a logística - não vai ser priorizado pela companhia. O gerente-executivo comentou que a Petrobras vem sendo a principal e “quase única” supridora do mercado brasileiro de derivados de petróleo, mas os custos com suprimentos e a defasagem de 32 • Combustíveis & Conveniência
Agência Ponto/Divulgação IBP
superior ao dos postos tradicionais para os consumidores. Aproveitando o mote, José Pedro Lins, especialista em competitividade sustentável, disse que atualmente não há como um posto atingir bons resultados financeiros sem se preocupar com esse conjunto de medidas que constituem a “competitividade sustentável”. Para isso, é essencial, segundo ele, que o posto reconheça o novo cenário e invista nessa adequação. “Você não pode olhar para o posto de gasolina como olhava antigamente e esperar que ele se encaixe de maneira diferente”, acrescentou.
Claudio Mastella, gerenteexecutivo de Logística da Petrobras, disse a companhia vai manter participação no setor de abastecimento
preço nos últimos anos gerou um desestímulo para investimentos. “Há alguns anos, a Petrobras vem sinalizando uma divisão de responsabilidades e custos da cadeia com os demais atores do setor, por meio de ajustes graduais em modelos de contratação com as distribuidoras”, acrescentou. De acordo com Mastella, a Petrobras pretende diminuir sua participação no mercado, deixando o status de “supridor compulsório” para se tornar uma melhor alternativa no setor de abastecimento no futuro. “A presença da Petrobras pressupõe um mercado competitivo. E, nesse mercado, a Petrobras espera ser também um ator competitivo. Nossa participação vai ser ativa como qualquer ator. Não vai ser tão grande como no passado, mas mais compacta e eficiente”, concluiu. Com as mudanças no sistema de logística, Antonio Rubens, presidente da Transpetro, afirmou que a empresa quer buscar novas oportunidades alinhadas ao plano de negócios da Petrobras. Rubens comentou
que o Brasil deve continuar dependente das importações de combustíveis, por conta da baixo crescimento da capacidade de refino da companhia, mas que há infraestrutura suficiente. “Temos perspectiva de atendimento ao mercado com a atual infraestrutura até 2021. Isso é possível com a otimização dos modais existentes”, acrescentou. Rubens ainda comentou que a Transpetro tem se preocupado com a redução de custos. Para Leonardo Gadotti Filho, presidente do Conselho Consultivo do Sindicom, o novo momento vai trazer uma nova competição ao mercado de logística primária, mas há uma grande preocupação com a transição em si, com rupturas que possam acontecer durante esse período. Na opinião de Sergio Bandeira de Mello, presi dente do Sindigás, o capital privado não será suficiente para preencher a lacuna de oportunidade criada pela Petrobras, o que causa preocupação com o abastecimento, principalmente à ANP. n
OPINIÃO 44 Maria Aparecida Siuffo Schneider 4 Vice-presidente da daFecombustíveis Fecombustíveis
Suportável ou insuportável?
A recente Portaria Nº 1.109, emanada do -la ao movimento das Ministério do Trabalho e Emprego, aprova em seu nuvens, sempre em anexo diretrizes ampliadas referentes à Exposição permanente mutação. Ocupacional ao Benzeno em Postos RevendedoEstamos chegando ao limite do insuportável para enfrentar essas res de Combustíveis, tema constante da Norma eternas alterações. Existem normas impossíveis Regulamentadora Nº 9, aprovada pela Portaria Nº de serem cumpridas por aqueles companheiros 3214, de 8 de junho de 1978. operadores de postos, construídos há mais de 50 Antes de prosseguir, é bom que o leitor seja anos, cujas áreas não comportam nem vestiários, logo informado que, em nosso país, a gasolina nem refeitórios. Como estes postos poderão cumostenta um dos menores percentuais mundiais de benzeno em sua estrutura, apresentando qualidade prir, por exemplo, o item 10 do anexo, que trata de semelhante a que é comercializada nos Estados ambientes de trabalho? O texto obriga que os postos Unidos, Canadá e Europa. devem dispor de área excluVo l t a n d o à n o r m a siva para armazenamento Estamos chegando ao limite do insu- de amostras-testemunhas, em questão, a mesma portável para enfrentar essas eternas coletadas da gasolina, já se apoia em requisitos alterações. Existem normas impossí- que contém o componente mínimos de segurança e saúde no trabalho para as veis de serem cumpridas por aqueles benzeno. Essa área deve atividades com exposição companheiros operadores de postos, ser dotada de ventilação ocupacional ao benzeno construídos há mais de 50 anos, cujas e temperatura adequadas em postos revendedores áreas não comportam nem vestiários, e afastada de outras áreas de combustíveis, e assim de trabalho, dos locais de nem refeitórios impõe uma série de exirefeições e do vestiário. Mais uma vez, o legislador gências a serem cumpridas desconsidera a existência de estabelecimentos pelos empreendedores do segmento e também de menor porte e que nem por isso perdem sua por seus empregados. importância como revendedores respeitados Dentre os muitos procedimentos operacionais dentro da categoria e do mercado varejista de a serem cumpridos, vários dos quais já são objeto combustíveis. Acaba-se de cumprir uma norma rotineiro da atividade, a norma obriga ao fornecie logo surge outra, igualmente obrigatória. Até mento de uniforme (e calçados) adequados para quando vamos suportar? minimizar riscos, providência constante em todas Tome-se como exemplo a NR-20. A norma as convenções coletivas de trabalho há décadas. exige que todos os funcionários estejam a ela habiEntretanto, surge agora uma nova exigência relativa à higienização dos uniformes que deverá litados como condição para trabalharem em postos ser feita com frequência mínima semanal, sob revendedores. É público e notório que a atividade responsabilidade do empresário revendedor. Ora, de frentista apresenta alta rotatividade laboral. até que ponto poderemos suportar essa nova Então, como compatibilizar o empregado exigência? Lavar uniformes no próprio posto? Em contratado ainda em regime de experiência (legallavanderias especializadas? Onde se fará? Até que mente permitido), com o cumprimento da NR-20, ponto o revendedor suportará essa obrigação? Vejaque exige habilitação prévia, antes de firmado o contrato de trabalho? -se o absurdo de colocar nas costas do revendedor Por tudo isso, em nosso país, criam-se leis tal exigência. cujo precário cumprimento acaba por favorecer Aliás, a legislação geral abrangente à revenda seu natural esquecimento. tornou-se tão dinâmica que podemos comparáCombustíveis & Conveniência • 33
44 NA PRÁTICA
Documentação
em ordem
Manter os documentos da revenda devidamente organizados e guardados ajuda a evitar dores de cabeça futuras. Especialistas dão dicas de como o processo deve ser feito Por Adriana Cardoso Imagine o seguinte cenário: fiscais chegam ao posto e nem revendedor, nem funcionários conseguem encontrar todos os documentos necessários para a vistoria. Ou então, um ex-funcionário entrou com uma ação trabalhista e toda a documentação necessária simplesmente desapareceu. Mais simples ainda: um produto foi entregue errado e a nota fiscal foi parar não se sabe onde. Somente quando tudo isso acontece é que nos damos conta da importância da organização da documentação. Esse tipo de desorganização não só traz prejuízos financeiros, como também afeta a produtividade. Organizar não é fácil. Dá bastante trabalho. Mas vale muito mais dispender um tempo com a ordem dos compromissos pagos do que ser cobrado pelas contas ou impostos quitados, ou ainda ter problemas com o Fisco. No que se refere aos órgãos fazendários, Luiz Rinaldo, sócio-diretor da Plumas Contábil, faz um alerta. “Existe uma desorganização nos documentos e informações (das revendas) que muitas vezes acaba causando problemas na hora de enviar ao Fisco. Normalmente, 34 • Combustíveis & Conveniência
a obrigação de arquivar essas informações e documentos é responsabilidade de funcionários que não estão preparados para a função, por falta de conhecimento técnico para gerar os arquivos digitais exigidos pelo Fisco, como o Sped Fiscal. A rotatividade de funcionários na função também é um problema. Quando o colaborador começa a ter noção de como alimentar esses dados corretamente, acaba se desligando da empresa”, explicou. De modo geral, o revendedor, seja ele mesmo ou um colaborador (ou preferencialmente mais de uma pessoa), deve estar bem treinado e informado sobre todo o processo que envolve a organização e emissão de documentos. Dependendo do tamanho do negócio, a revenda pode contar com ajuda especializada para uma orientação sobre como o processo deve ser feito. Mas é fundamental que dentro do posto haja um responsável e, na ausência deste, outra pessoa deve ser devidamente orientada sobre onde estão ou onde devem ser arquivados os documentos. Cristina Redis, consultora de administração do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), indica
Não importa de que forma o revendedor guarda os documentos e comprovantes de pagamento, seja em arquivos virtuais ou papel, a organização é essencial para minimizar prejuízos e elevar a eficiência da empresa
como primeiro passo elaborar uma lista com todos os documentos gerados pela operação, como notas fiscais, documentos de funcionários, boletos, contas a pagar. “Um contador pode ajudar com os documentos fiscais e contábeis, pois há legislações específicas determinando o tempo e a forma de guardá-los”, comentou. Feita a lista, deve-se definir o local (uma estante, arquivo, uma sala), o modo de organizar (datas, temas, clientes ou como quiser) e quem ficará responsável. A organização de documentos, diz a consultora, deve seguir os mesmos pilares que permeiam o funcionamento de uma empresa, que são: processo – funciona bem estruturado; pessoas – definidas e treinadas para aquela função; tecnologia e recursos. Não seguir esses pilares implica correr o risco de gerar um passivo para o negócio. “A desorganização resulta em prejuízos. Pode-se, por exemplo, perder prazos de pagamentos de boletos de dívidas, deixar de
cumprir compromissos trabalhistas, não emitir notas fiscais e não ter o documento para comprovar que foram cumpridos os compromissos. Tudo isso pode também gerar problemas”, alertou.
Método O armazenamento de documentos pode ser feito de duas maneiras: arquivos em papel ou digitais, como numa nuvem (Google Drive, OneDrive). “Se optar pelo método digital, não se esqueça de fazer o backup do computador”, alertou a consultora. Os sócios do escritório L&A Contábil, Luiz Carlos Duzzi e André Luis Ferreira Lima, comentam que o método deve ficar a critério da empresa, de modo que facilite a rotina de todos os colaboradores. No caso de pastas, eles recomendam as classificadoras de A a Z, ou caixas de arquivo morto, pastas suspensas, ou uma mescla das duas, respeitando-se o “critério de datas ou meses de competência (incluindo o prazo de descarte), além do tipo de documento”, se de empresas, ou das esferas federal, estadual e municipal. Para exemplificar, eles mostram como tratam dos documentos de seus clientes. “Mensalmente, fazemos os lançamentos, relacionamos e arquivamos (os documentos) em caixas que, posteriormente, são enviadas à empresa. Temos o cuidado de manter um relatório com a relação de documentos e o número das caixas onde estão. Assim, caso necessite localizá-los, fica mais prático e rápido”, recomendaram.
Resistência à tecnologia O revendedor Evandro Fascina, sócio-proprietário dos Postos Fascina, do Rio Grande do Sul,
ainda não se rendeu totalmente à tecnologia. “A gente organiza da maneira mais arcaica possível, em muitas caixas, e, como somos quatro pessoas no escritório, nem sempre a gente encontra os documentos necessários”, contou. Mesmo com um pouco de desordem, ele disse que nunca teve um problema muito sério e prefere esse método porque não encontrou outro mais fácil. No entanto, documentos mais importantes, como contratos, são arquivados numa nuvem, onde ele e os outros dois sócios podem ter acesso fácil.
Digitalização Ainda que o papel continue permeando a organização das empresas, Rinaldo, da Plumas Contábil, acredita que a digitalização de documentos deve ser o caminho do futuro. “Na verdade, o Fisco quer abolir a guarda de documentos em papel, tanto que há exigências de arquivos digitais (como a nota eletrônica)”, pontuou. Rinaldo acredita que os arquivos digitais, bem como CDs e pendrives, podem trazer mais segurança às informações que estão no papel. Além do backup do equipamento, ele reforça a necessidade de instalação de antivírus no equipamento, cujo manuseio deve seguir o roteiro indicado por experts em segurança digital: não usar redes sociais nos computadores destinados à guarda de documentos nem abrir e-mails suspeitos. Independentemente do método escolhido, o prazo de guarda dos documentos deve ser respeitado. De modo geral, Rinaldo destaca que os das esferas estadual e federal devem
obedecer ao critério de prescrição de cinco anos. Mas há casos de documentos trabalhistas, como depósitos e documentos relacionados ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que devem ser guardados por 30 anos.
Encerrar as atividades Os sócios do L&A relatam que no encerramento da empresa, obrigatoriamente, deve constar no Distrato Social (instrumento quando os sócios decidem por mútuo acordo desfazer a sociedade) o sócio responsável pela guarda dos documentos. O prazo de descarte dos documentos também deve respeitar, neste caso, a validade de cada um deles, seja contábil, fiscal ou trabalhista. Em relação à venda do ponto comercial, Rinaldo informa que os vendedores podem fazer uma cópia digitalizada dos documentos como forma de precaução. Isso porque o vendedor responde solidariamente, pelo prazo de cinco anos, por ações e cobranças, o que pode gerar complicações se nenhuma das partes envolvidas tiver a documentação. Porém, hoje, a maior parte da documentação é digital. Nas questões de obrigações fiscais e outros, a segurança dos sócios retirantes e adquirentes fica estabelecida no contrato particular de compra e venda, caso haja futuramente alguma cobrança. No que se refere a tributos e contribuições, pode-se obter certidões negativas. “Entretanto, às vezes, não se tem segurança nisso, pois sempre há ressalvas nessas certidões destacando que ‘até essa data’ não há dívidas, mas se porventura vier a existir futuramente, a empresa deverá liquidá-las”, disse Rinaldo. Combustíveis & Conveniência • 35
44 NA PRÁTICA
Tempo para guardar os documentos Trabalhistas 5 anos • Acordo de compensação de horas* • Acordo de prorrogação de horas* • Adiantamento salarial (comprovante) • Aviso-prévio (comunicado) • Carta com pedido de demissão* • Controle de ponto* • Folha de pagamento* • Recibo de entrega de vale-transporte • Recibo de pagamento de férias* • Recibo de pagamento de salário* • Recibo de pagamento de 13º salário * • Recibo de pagamento de abono pecuniário* • Recibo de entrega, relatório impresso ou cópia dos arquivos da RAIS • Seguro-desemprego (comunicação de dispensa e requerimento de seguro-desemprego) *Não há fundamentação legal, trata-se de entendimento 20 anos • Atestado de saúde ocupacional (ASO) – 20 anos, no mínimo, após desligamento do trabalhador • Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) • Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) – histórico técnico de desempenho 30 anos • Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – depósitos e documentos relacionados • Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) • Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS (GRRF) Previdenciários 5 anos • Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) • Comprovante de entrega da Guia de Previdência Social (GPS) ao sindicato representa-
tivo da categoria profissional mais numerosa entre empregados • Comprovante de pagamento de benefícios reembolsados pelo INSS • Documentos relativos à retenção dos 11% sobre nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços • Documentos que comprovem a isenção da contribuição previdenciária • Folha de pagamento (fins exclusivamente previdenciários) • Guia da Previdência Social (GPS) • Lançamentos contábeis de fatos geradores de contribuições previdenciárias Tributários 5 anos • Comprovante de rendimentos pagos ou creditados e de retenção na fonte • Contratos de seguros de bens (documentos originais) • Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) • Declaração Especial de Informações (DIF) sobre bebidas, cigarros e papel imune • Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) • Livros obrigatórios de escrituração fiscal e comercial • Declaração de Ajuste Anual – IR pessoa física e comprovantes de deduções e outros valores • Declaração de Imposto de Renda (DIRF) • Declaração de informações econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) • Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – Simples Nacional 10 anos • Comprovantes da escrituração (notas fiscais e recibos) • Livro razão • Livros pertinentes a ações judiciais ou administrativas
Fonte: Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacom)
36 • Combustíveis & Conveniência
OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich4 Consultor jurídico da Fecombustíveis
Distribuidoras x revendedores: acabou a antiga parceria “Art. 489 - Nulo é Nos últimos 20 anos, desde o fim do tabelao contrato de compra e mento do preço da gasolina e do álcool (atualmente venda, quando se deixa denominado etanol) o mercado de revenda de ao arbítrio exclusivo de combustíveis mudou significativamente. uma das partes a fixação Aquela antiga relação de parceria entre as do preço.” grandes distribuidoras (que hoje não passam de Nesse contexto amplamente desfavorável três) e os revendedores vinculados a sua marca aos postos vinculados por contratos com cláusula comercial, com envolvimento mais pessoal no de exclusividade, as distribuidoras têm agido de atendimento às reivindicações, foi se esvaindo modo a maximizar seus lucros, aparentemente com o tempo. sem se importar com a condição anticompetitiva O setor de distribuição de combustíveis foi se que acabam impondo aos seus “parceiros” que concentrando cada vez mais em poucas distriostentam sua marca comercial, acentuando um buidoras que dominam o mercado, mesmo que clima hostil entre os contratantes. pequenas distribuidoras tenham ocupado parte Realmente estamos passando por um momento do setor atacadista. difícil para os revendedores embandeirados, soAo mesmo tempo em que os preços dos combustíveis ao consumidor bretudo, para aqueles que Ao mesmo tempo em que os dispararam com o aumento têm apenas um posto ou preços dos combustíveis ao do custo dos produtos, dos que operam postos através consumidor dispararam com o tributos incidentes e das desde contrato de locação ou aumento do custo dos produtos, sublocação diretamente com pesas de operação dos postos, dos tributos incidentes e das a distribuidora. as distribuidoras passaram a despesas de operação dos postos, Por outro lado, reaumentar seu percentual de lucro, progressivamente, em vendedores que possuem as distribuidoras passaram a detrimento da revenda, que rede de postos têm obtido aumentar seu percentual de lucro, tem que competir por preço condições privilegiadas de progressivamente, em detrimento em um mercado altamente preço na comparação com da revenda, que tem que competir concorrencial. revendedores que não têm por preço em um mercado Hoje em dia, é cada poder de barganha junto ao altamente concorrencial vez mais comum ouvir distribuidor, o que inclusive revendedores insatisfeitos caracterizaria infração à com a distribuidora com a qual mantém contrato de ordem econômica, conforme artigo 36, inciso fornecimento de combustíveis com exclusividade, X, da Lei 12.529/2011. especialmente quando comparados os preços de Desse modo, o revendedor, discriminado com compra dos combustíveis com os postos indepenpreços diferenciados, deve notificar formalmente a distribuidora para que a mesma interrompa a prática dentes (postos bandeira branca). abusiva, como forma de salvaguardar seus direitos. E o que se tem visto é que essa elevação das Finalmente, por mais difícil que seja à distrimargens brutas das distribuidoras decorre da condição privilegiada garantida por seus contratos buidora ceder, ainda assim, o revendedor deve de adesão, os quais não trazem nenhuma garantia exigir, por ocasião da celebração do contrato com aos revendedores quanto aos preços que serão a distribuidora, alguma garantia contratual quanto praticados. Não é demais lembrar que o Código aos preços que serão praticados durante a execução Civil assim dispõe: do contrato para não se arrepender depois.
Combustíveis & Conveniência • 37
44 REPORTAGEM DE CAPA
Tema polêmico: exposição ao
benzeno Os postos de combustíveis de todo o país têm novas obrigações com relação à saúde do frentista devido à possibilidade de exposição ao benzeno, substância presente na gasolina. Sistema de sucção de vapores, curso de capacitação sobre os riscos do benzeno no ambiente de trabalho, hemograma a cada seis meses e lavagem do uniforme do frentista são algumas das regras Por Mônica Serrano
38 • Combustíveis & Conveniência
As novas regras para postos de combustíveis estabelecidas pela Portaria 1.109, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), publicada em 22 de setembro no Diário Oficial da União, atualizam a NR-9 e estabelecem novos procedimentos para prevenção à saúde dos trabalhadores com possibilidade de exposição ao benzeno em postos de combustíveis. O tema é polêmico entre os empresários da revenda, e demandou cinco anos de discussões na Subcomissão de Postos Revendedores de Combustíveis com as três categorias envolvidas: governo, empresários e trabalhadores. O benzeno, presente na composição da gasolina, é considerado nocivo à saúde e cancerígeno. A principal motivação das discussões são os vapores contendo benzeno que são expelidos no ar. Tais vapores estão presentes nos tanques de gasolina dos postos e dos veículos, e podem ser inalados pelos frentistas. A indicação é que as novas bombas, que serão
obrigatórias pelo Inmetro, venham com o sistema de recuperação de vapores instalado. Criada em 2011, a Subcomissão de Postos Revendedores foi instituída pela Portaria 252 da Secretaria de Inspeção do Trabalho, e atuou como um grupo de trabalho segmentado dentro da Comissão Nacional Permanente do Benzeno para estabelecer medidas de prevenção à saúde do trabalhador exposto à substância. O limite máximo de teor de benzeno permitido na composição da gasolina nacional é de 1%, conforme especificação da Resolução 40/2013 da ANP. Porém, a gasolina A tem saído da refinaria com menos de 1%, e após a adição de etanol anidro este percentual tem caído em torno de 0,5%. Segundo estudo publicado na Revista Química Nova, realizado pela Universidade Federal do Piauí em parceria com a Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, em 50 amostras coletadas
em postos de combustíveis, a concentração de benzeno ficou, em média, em 0,4%. “Este percentual não significa que o trabalhador está exposto, significa que ele tem possibilidade de exposição em função de ter a presença do agente carcinogênico. Nesse caso, há a necessidade de implementar ações de controle para minimizar a possibilidade de exposição. Ter benzeno na gasolina não significa, necessariamente, que existe exposição ocupacional. Quando há exposição ocupacional, eu deixo de falar em percentual e passo a falar de limite de tolerância, que é uma unidade menor”, explicou João Ferreira, que acompanhou as discussões como assessor técnico da Subcomissão de Postos de Combustíveis da bancada patronal. Importante explicar que há dois conceitos distintos. A composição presente na gasolina se mede em percentual, e o volume de benzeno que chega às vias respiratórias do trabalhador é
tratado em partes por milhão (PPM). Para esclarecer melhor o tema, a questão remonta ao Acordo Nacional do Benzeno, publicado em 1995, legislação nacional, que instituiu um padrão de referência do benzeno, com base nas regras da Alemanha. Na época, as normas alemãs adotaram o Valor de Referência Tecnológica (VRT), que se refere à concentração média de benzeno no ar considerada praticável do ponto de vista técnico, para uma jornada de trabalho de 8 horas. Neste parâmetro (VRT), adotou-se como praticável 1 ppm para quase toda indústria, exceto para a indústria siderúrgica nacional, cujo valor é maior, de 2,5 ppm. “Nesse padrão, o entendimento é que qualquer exposição é capaz e pode levar a uma alteração de saúde, porque não se conhece ao pé da letra qual é o mecanismo de ação do benzeno no organismo. A interpretação é de que a mínima exposição à substância, indepen-
dente da quantidade, tem risco. Porém, existem mecanismos no organismo que impedem que a célula deformada evolua para o câncer, porque senão não haveria vida no mundo, já que existe benzeno em todos os lugares”, disse o técnico. Ao ingressar na Comunidade Europeia, a Alemanha mudou as suas regras em relação ao benzeno e ao VRT, e passou a adotar dois tipos de limites: tolerável (0,06 ppm) e aceitável (0,6 ppm). A mudança reflete uma evolução no sentido de considerar um patamar de exposição ao benzeno, saindo do qualitativo (uma única exposição oferece risco) para o quantitativo (quando se estabelece um limite). Os Estados Unidos também atualizaram as suas regras, enquanto que o Brasil continua com as normas vigentes desde Combustíveis & Conveniência • 39
44 REPORTAGEM DE CAPA de 1995 e segue na contramão do mundo. Com o padrão nacional adotado e a falta de comprovação para dimensionar a exposição ao benzeno pelos frentistas, foi difícil chegar em um consenso entre empresários, representados pela Fecombustíveis e Sindicom, governo e trabalhadores, que resultou na série de regras da Portaria 1.109/2016. “O acordo feito foi o melhor possível. O que se fez foi uma receita de bolo, para que o empresariado siga pelo menos o básico, essa foi a ideia, e não fazer uma legislação pesada. A responsabilidade sobre a saúde do trabalhador é uma realidade, uma vez que existem medidas mínimas de controle para garantir que o funcionário não venha a adoecer”, comentou Ferreira. Klaiston D’Miranda, consultor jurídico da área trabalhista da Fecombustíveis, acompanhou as discussões na Subcomissão ao longo desses anos, e esclarece que a maioria das exigências da nova portaria já estava presente nas diversas NRs do MTE. A Portaria 1.109 apenas compilou as diversas normas em um único documento. Inclusive, a lavagem do uniforme, que passa
a ser de responsabilidade do empresário, um dos assuntos polêmicos entre os revendedores, já era uma obrigação do empregador. Para Ferreira, a Portaria compila as normas de forma mais clara para a revenda, uma vez que os revendedores de vários estados estavam sofrendo ações de fiscalização pelo Ministério do Trabalho, que exigia obrigações que ainda não tinham sido delineadas, antes da publicação do documento. “O MTE organizou uma Portaria para facilitar a aplicação e o acompanhamento das normas, fazendo com que os auditores fiscais do trabalho, e outros que exercem função semelhante, não pudessem mais extrapolar as suas atribuições, fazendo exigências que não sejam aplicáveis”, comentou. Hoje, os donos de postos revendedores de combustíveis não possuem dados de avaliação acerca da exposição ocupacional dos seus empregados, dificultando muito a defesa desses proprietários caso algum trabalhador venha a ter alguma alteração de saúde que possa ser associada ao benzeno. Assim, a exigência do hemograma semestral representa uma segurança não apenas ao
Tratamento do benzeno em postos no exterior Para evitar a inalação de vapores e a contaminação do benzeno no meio ambiente, nos Estados Unidos os carros já vêm com instalação de sistemas que evitam que os vapores sejam expelidos. As bombas de combustíveis também vêm com dispositivos que não emitem os vapores na atmosfera. Neste país, o teor de benzeno na gasolina é de 1%. A Alemanha inseriu filtros nos veículos e alguns países utilizam bombas de combustíveis com dutos de sucção dos vapores e outra saída para o combustível. Como a maioria dos países da Europa e os Estados Unidos utilizam o sistema self service, e todos seguem o modelo quantitativo, o consumidor comum pode fazer seu próprio abastecimento, pois é menos exposto às ações do benzeno, já que a frequência de abastecimento varia de uma a três vezes por semana, diferente do frentista, que abastece, em média, de 50 carros ou mais por dia. 40 • Combustíveis & Conveniência
trabalhador, mas também ao empregador. A falta de trabalhos científicos também pode levar ao exagero. Conforme artigo científico “A exposição ocupacional ao benzeno no transporte de combustíveis”, elaborado pelo higienista Marcos Domingos Silva, no Brasil, “a exposição ao benzeno é tratada de forma amadora, às vezes, com exacerbamento por parte dos agentes públicos que buscam intimidar as empresas que lidam com essa substância”. Segundo Silva, falta no Brasil um grupo técnico para tratar cientificamente das questões relacionadas aos limites de exposição ocupacional, como ocorre na Europa pelo SCOEL (Scentific Commitee on Occupational Exposure Limits).
Alterações de saúde Praticamente não há dados científicos no país que comprovem com eficácia que a exposição do frentista ao benzeno, por muitos anos, possa causar doenças como câncer de medula, mal de maior gravidade que pode ser atribuído a esta situação. Inclusive, antigamente, por desconhecimento, era muito comum os trabalhadores lavarem as mãos com gasolina. Uma pesquisa científica realizada pelo Laboratório de Toxicologia (Latox) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com o Departamento de Química do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), realizada no ano passado, mostrou que pesquisadores identificaram danos às proteínas, aos lipídios e ao DNA de trabalhadores de postos de gasolina no estado. A pesquisa
Polêmica na revenda Mesmo envolvida desde o início das discussões na Subcomissão de Postos de Combustíveis, a Fecombustíveis, assim como a maioria dos empresários da revenda, ficou insatisfeita com a Portaria. Não se trata de fugir das responsabilidades de empregadores, muito menos de não dar atenção à saúde humana, mas a questão que sobressalta preocupação é o aumento dos custos no negócio, além de ser mais uma regra a ser cumprida, num momento em que o segmento passa por dificuldades. O setor é de longe o mais fiscalizado no país. No ano passado, houve a adequação ao licenciamento ambiental e o laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros, cujo prazo venceu em 20 de outubro de 2015. A crise tem refletido em perdas nas vendas, os impostos aumentaram, e as despesas com mão de obra dobraram. Para completar, neste final de ano, são mais obrigações a cumprir com a definição da Portaria. Isso faz com que muitos empresários fiquem desmotivados com o negócio e não são poucos os que chegam a cogitar a liberação do self service. “Tenho ouvido os revendedores pelo Brasil afora e, para muitos, está difícil sobreviver neste setor. Vamos ter que trocar o parque de bombas, instalar uma máquina de lavar para higienizar os uniformes dos funcionários, os pequenos empresários já estão perdendo o fôlego. A nossa preocupação não é somente com os empresários, mas com os empregos. Sempre defendi o full service, o Brasil é o único país no mundo que proíbe o self service, mas os empresários não aguentam mais. Há uma pressão, não é de hoje, pela volta do self service, e meu temor é de que este movimento ganhe força e, mesmo contra a minha vontade, pode ser que a lei seja revogada”, disse Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis.
detectou que a exposição também pode afetar a imunidade do corpo humano, e intoxicação com sintomas leves. A Fecombustíveis realizou uma rápida pesquisa junto às empresas parceiras de medicina do trabalho dos Sindicatos Filiados para levantar o número de casos graves que afetaram os frentistas nos últimos anos. Até o fechamento desta edição, em 20 estados consultados, não houve nenhum relato de caso de leucemia. Porém, se um frentista apresentar alguma alteração de saúde, a associação de que foi ocasionada pelo benzeno será imediata. Nesse sentido, em eventual ação na justiça, o proprietário de posto não tem como se defender da afirmação de que o problema foi decorrente da atividade laboral. Por isso, o acompanhamento da saúde do funcionário com exames perió-
dicos deve fazer parte da rotina do posto, auxiliando a identificar uma alteração precocemente e também contribuindo para o esclarecimento dos casos de reclamações judiciais, já que os exames são documentos comprobatórios em caso de defesa. Quando se trata de saúde, as pessoas possuem características distintas. Umas são mais sensíveis, outras menos quando expostas a produtos químicos. Daí a necessidade de se fazer o monitoramento com os exames de sangue, que é uma das exigências da Portaria, a cada seis meses. “No caso dos hemogramas, já estavam previstos na NR-7 e têm que ser organizados em série histórica. Todo e qualquer problema que aparecer no sangue do trabalhador deve ser acompanhado e pode servir de defesa em reclamação na Justiça”, disse Fabio Medeiros, sócio-diretor da Machado e Associados.
De acordo com o médico José Eduardo Dias Cardoso, sócio-diretor da Labormed Saúde Ocupacional, a possível exposição ao benzeno por trabalhadores de postos revendedores, mesmo que seja em concentrações menores, é de forma persistente ao longo dos anos. “Não é o percentual que é acumulativo, mas, sim a exposição que é duradoura. O trabalhador está exposto por toda a jornada de trabalho durante toda a sua vida laboral. O mesmo raciocínio vale para o cigarro, por exemplo. A diferença é que a exposição à fumaça do cigarro não é de responsabilidade do empregador, mas do fumante”, disse. De acordo com o médico, nem toda alteração no hemograma mostra alterações na composição do sangue que, na maioria das vezes, são discretas, temporárias e reversíveis. Não são necessariamente doenças relacionadas ao benzeno. São apenas modificações no número e distribuição das células que compõem o sangue. “Há uma série de viroses, doenças crônicas, medicamentos e condições fisiológicas que produzem alterações semelhantes aos efeitos do benzeno. O desafio será identificar a causa de tais alterações e o quando devem ser consideradas como uma doença hematológica possivelmente causada pelo benzeno”, esclareceu. Portanto, para investigar de forma aprofundada as causas das alterações, o médico do trabalho vai necessitar da participação do sistema de saúde, público ou privado, com especialistas, realização de exames mais complexos e determinação do diagnóstico definitivo. Combustíveis & Conveniência • 41
44 REPORTAGEM DE CAPA
Regras que estao em vigor • Os trabalhadores que exerçam suas atividades com risco de exposição ocupacional ao benzeno devem realizar, com frequência mínima semestral, hemograma completo com contagem de plaquetas e reticulócitos. Os resultados dos hemogramas devem ser organizados sob a forma de séries históricas, de fácil compreensão, com vistas a facilitar a detecção precoce de alterações hematológicas. Ao final do contrato de trabalho, a série histórica dos hemogramas deve ser entregue ao trabalhador; • Os postos devem exigir das empresas contratadas para prestação de serviços de manutenção técnica a apresentação dos procedimentos operacionais, que informem os riscos da exposição ao benzeno e as medidas de prevenção necessárias; • Nas situações em que a medição de tanques tiver que ser realizada com régua, é obrigatória a utilização dos EPIs; • É proibido utilizar flanela, estopa e tecidos similares para a contenção de respingos e extravasamentos; • Para a limpeza de superfícies contaminadas com combustíveis líquidos contendo benzeno, será admitido apenas o uso de tolhas de papel absorvente, desde que o trabalhador esteja utilizando luvas impermeáveis apropriadas;
• Os testes de combustíveis líquidos contendo benzeno devem ser realizados em local ventilado e afastado das outras áreas de trabalho, do local de tomada de refeições e de vestiários; • As análises em ambientes fechados devem ser realizadas sob sistema de exaustão localizada ou em capela com exaustão; • Os postos devem dispor de área exclusiva para armazenamento de amostras coletadas de combustíveis líquidos contendo benzeno, dotada de ventilação e temperatura adequadas, e afastada de outras áreas de trabalho, dos locais de tomada de refeições e de vestiários; • Os postos devem manter sinalização, em local visível, na altura das bombas de abastecimento de combustíveis líquidos contendo benzeno, indicando os riscos dessa substância, nas dimensões de 20 x 14 cm com a informação: “A GASOLINA CONTÉM BENZENO, SUBSTÂNCIA CANCERÍGENA. RISCO À SAÚDE”. • A higienização dos uniformes será feita pelo empregador com frequência mínima semanal. Neste caso, o empregador pode contratar os serviços de lavanderia ou comprar uma máquina de lavar e instalar no posto para lavagem dos uniformes dos funcionários.
Atenção: No uso de EPI, a máscara é de face inteira, com filtro para vapores orgânicos e fator de proteção não inferior a 100, assim como equipamentos de proteção para a pele. Veja abaixo quando é preciso usar o EPI: Os trabalhadores que fazem conferência de gasolina no caminhão-tanque; coletam amostra-testemunha com amostrador específico; fazem medição volumétrica de tanque subterrâneo com régua; descarregamento de combustíveis para tanques subterrâneos; desconexão dos mangotes e retirada do conteúdo residual; análises físico-químicas para o controle de qualidade dos produtos comercializados; limpeza de válvulas, bombas e seus compartimentos de contenção de vazamentos; esgotamento e limpeza de caixas separadoras; limpeza de caixas de passagem e canaletas; aferição de bombas de abastecimento; manutenção operacional de bombas; manutenção e reforma do sistema de abastecimento subterrâneo de combustível. Não precisa usar EPI: abastecimento de combustíveis e em recipientes certificados; e estacionamento do caminhão, aterramento e conexão via mangotes aos tanques subterrâneos não se exige o uso de EPI.
42 • Combustíveis & Conveniência
Prazos
6 a 15 anos Recuperação de vapores Entre as principais medidas de prevenção, a nova legislação prevê que as bombas de gasolina tenham um novo equipamento, o sistema de recuperação de vapores, que extrai os vapores de gasolina presentes no tanque do veículo e veículo. Sem este equipamento, os vapores são expelidos para o meio ambiente. O prazo para fazer a adaptação varia de 6 a 15 anos, começando pelas bombas fabricadas antes de 2004. Ocorre que o Inmetro também foi envolvido nas discussões da Subcomissão, porque está prestes a divulgar o novo regulamento técnico metrológico (RTM), que tem por objetivo inserir novos modelos de bombas, com tecnologias mais seguras contra as fraudes volumétricas, chamadas Ano de fabricação da de “bombas baixas”. bomba de combustível Por solicitação da Subcomissão e para evi- Até 2019 tar duas ações (novas Anterior a 2016 bombas e instalação de sistemas de recupera- Anterior a 2014 ção de vapores) para Anterior a 2011 atender ao Inmetro e Anterior a 2007 ao MTE, ficou alinhado que as novas bom- Anterior a 2004 bas de gasolina já virão com os sistemas de recuperação de vapores e os prazos serão os mesmos do RTM. Em resumo, todo o parque de bombas do país será substituído gradativamente. “As discussões para definição dos prazos para troca do parque de bombas medidoras demoraram quatro meses e levaram em consideração as propostas do setor”, disse Marcelo Castilho Freitas, chefe da Diretoria de Metrologia Legal do Inmetro (Dimel).
Confira os prazos: Prazo para instalação do sistema de recuperação de vapor após a publicação da presente portaria 180 meses 144 meses 132 meses 120 meses 96 meses 72 meses
Combustíveis & Conveniência • 43
44 REPORTAGEM DE CAPA
6 meses Os novos postos que entrarem em operação a partir de março de 2017 já devem ter sistema de medição eletrônica.
1 ano • Os postos de combustíveis devem adequar os contratos de prestação de serviços vigentes às disposições da norma. • Os postos devem possuir procedimentos operacionais, com o objetivo de informar sobre os riscos da exposição ao benzeno e as medidas de prevenção necessárias. Confira as atividades: www.fecombustiveis.org.br • Todas as bombas de abastecimento de gasolina (comum, premium e aditivada) contendo benzeno devem estar equipadas com bicos automáticos.
2 anos Os trabalhadores que exerçam suas atividades com risco de exposição ocupacional ao benzeno devem receber capacitação com carga horária mínima de 4 horas. Todos os empregados devem ter conhecimento do risco a que estão expostos e devem participar de um curso de capacitação. As empresas ou consultores que fazem treinamento da NR-20 vão criar mais um módulo para atender à exigência.
3 anos 1 ano e 6 meses Os postos devem adotar medidas para garantir a qualidade do ar, como sistemas de climatização, em seus ambientes internos anexos às áreas de abastecimentos, de descarregamento e de respiros de tanques de combustíveis líquidos contendo benzeno, como escritórios, lojas de conveniência e outros.
Os postos novos, aprovados e construídos após três anos da Portaria, devem adquirir bombas de gasolina com sistema de recuperação de vapores.
7 anos Os postos em operação e que já possuem tanques de armazenamento com viabilidade técnica para instalação de sistemas de medição eletrônica devem instalar o sistema eletrônico de medição de estoque.
Acesse a Portaria 1.109 completa em: www.fecombustiveis.org.br/Revendedor/Portarias Ministério do Trabalho 44 • Combustíveis & Conveniência
44 44 PERGUNTAS PERGUNTAS E RESPOSTAS E RESPOSTAS As ações trabalhistas classificadas como assédio moral se tornaram comuns na Justiça do Trabalho. É necessário que o empresário acompanhe e monitore o comportamento da sua equipe para averiguar se há alguma situação constrangedora relacionada a determinado funcionário. O próprio gestor também deve avaliar as suas atitudes com relação ao tratamento dos empregados a fim de promover um ambiente de trabalho saudável e evitar reclamações judiciais. Omissão do chefe e apelidos pejorativos também podem gerar uma ação trabalhista por assédio moral. Tire suas dúvidas: O que classifica um comportamento de assédio moral? O assédio é um comportamento habitual, uma ofensa que se tornou rotineira. O funcionário se sentiu psicologicamente afetado, foi desqualificado e se sentiu prejudicado. Quando a prática passa a ser normal, todos os dias e coloca a pessoa numa situação constrangedora, que ofende a sua dignidade, sobretudo, se for um superior hierárquico, temos aí o assédio moral. A principal característica é uma constância do comportamento que vira rotina e acaba o colocando o funcionário numa situação psicológica ruim. Você poderia citar alguns exemplos? Vamos supor que o empregado chegou atrasado e é obrigado a vestir uma fantasia específica. Esse tipo de constrangimento faz o funcionário se sentir moralmente abalado. Na jurisprudência esta situação já ocorreu. Outro exemplo é o empregado ser colocado de escanteio, vai minando a quantidade de trabalho do funcionário. Ele se sente diminuído porque não tem o que fazer no dia a dia. São diversas situações que abalam o psicológico no ambiente de trabalho. Que tipo de situação atípica é considerada assédio moral? Pode ocorrer uma alegação de assédio moral por omissão do empregador. Seria a situação que a equipe como um todo constrange um determinado empregado e o superior não faz nada para mudar isso. Os colegas causam o impacto psicológico, podendo refletir em afastamento do trabalhador e o chefe assiste a tudo e não toma nenhuma
atitude, não corrige aquela situação. Embora não seja ele o assediador, é omisso, podendo gerar uma ação de assédio moral. Tem aumentado a quantidade de reclamações na Justiça por assédio moral? As ações trabalhistas aumentaram bastante e viraram o que a gente tem chamado de a indústria do assédio moral. Há um padrão nessas queixas que é um recorta e cola da ação, ou seja, são todas muito parecidas. Não quero diminuir o problema, mas as ações trabalhistas aumentaram porque se tornaram banalizadas na linha ‘se eu pedir, eu ganho’. Colocar apelido no funcionário pode gerar uma ação de assédio moral? Hoje em dia sim. Quem vai se sentir assediado é quem recebe o apelido. A gente não consegue saber com certeza o que vai afetar ou não uma pessoa. Os pejorativos, que causam impacto no empregado, não devem ser usados. Para evitar esse tipo de situação, o empregador tem que investir em treinamentos, conversar com os funcionários para melhorar o relacionamento a fim de mitigar o risco de assédio. Isso é bastante importante. No caso de assédio por um dos colegas de trabalho, o empregador tem que tomar as medidas cabíveis, como advertência e até demissão, se for o caso, para coibir a prática. Qual é o valor da indenização por assédio moral? Quando falamos em danos psicológicos fica difícil mensurar a extensão, não existe uma tabela. Tudo depende do caso, se gerou ou não uma doença. É levado em consideração se o empregador foi omisso, se foi tomada alguma providência. Não há um mínimo e máximo. A reparação é feita na exata medida do dano que foi causado. Além disso, há o cuidado de não gerar enriquecimento ilícito. Informações fornecidas por Fabio Medeiros, sócio da área Trabalhista e Tributação do Trabalho da Machado e Associados
LIVRO 33 Livro: Gigantes da Estratégia Autor: David B. Yoffie e Michael A. Cusumano Editora: Best Business Às vezes uma orientação faz toda a diferença na hora de gerir um negócio. E, se esses conselhos viessem de profissionais consagrados no mundo dos negócios? Esse é o foco do livro Gigantes da Estratégia, de David B. Yoffie e Michael A. Cusumano, que apresenta os recursos aplicados por Steve Jobs, Andy Grove e Bill Gates na gestão das gigantes Apple, Intel e Microsoft, respectivamente. Os líderes dessas empresas apostaram alto para que elas chegassem atualmente ao patamar das melhores do mundo da informática e da telecomunicação. A obra examina esses três verdadeiros gênios em conjunto pela primeira vez – dos sucessos aos fracassos – revelando as estratégias e práticas das quais foram pioneiros ao construir suas organizações.
44 MEIO AMBIENTE
Geração distribuída alia economia e sustentabilidade Já pensou em gerar sua própria energia elétrica, a partir de energia solar? O consumidor/gerador ainda pode fornecer o excedente para a rede de distribuição. Embora o investimento ainda seja elevado, a tecnologia vem se tornando mais viável com a popularização dos sistemas de captação e também com a isenção de impostos em alguns estados Por Rosemeire Guidoni Qualquer consumidor de energia elétrica pode instalar placas para captação de energia solar e interligar o seu sistema à rede pública. A prática, denominada microgeração ou minigeração distribuída (veja box) é permitida pela Resolução Normativa 486/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2015, esta norma foi complementada pela Resolução 687, que ainda prevê, entre outras coisas, um sistema de compensação de energia elétrica. Ou seja, o excedente produzido pode ser fornecido à rede, e gera créditos para o consumidor. Assim, quando não houver insolação suficiente para suprir a demanda de energia do consumidor, este utiliza a energia fornecida pela rede, e tem um desconto proporcional em sua conta. O empresário Daniel Sega, do Auto Posto Primeiro de Agosto, de Piracicaba (SP), foi um dos pioneiros no segmento de revenda de combustíveis a instalar um sistema de captação de energia solar, que começou a funcionar em setembro do ano passado. Na época, segundo ele, a conta de energia elétrica do estabelecimento girava em torno de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, e o sistema instalado foi dimensionado para reduzir esta despesa pela metade. “De fato, 46 • Combustíveis & Conveniência
esta economia aconteceu”, confirmou. “Hoje, durante o dia, utilizamos a energia captada pelos painéis solares. O excedente vai para a rede. Durante a noite, utilizamos a energia da rede, e depois temos a compensação na conta de luz”, explicou. De acordo com o empresário, o investimento para instalação foi de cerca de R$ 91 mil. Roseli Doreto, responsável pelo desenvolvimento de negócios da Energybras, empresa que fez a instalação do posto Primeiro de Agosto, explicou que, com a economia mensal proporcionada, o investimento para instalação de painéis fotovoltaicos se paga, em média, no período de 5 a 6 anos. “Há vários fatores que interferem neste tempo de retorno, como melhor insolação ou quantidade de painéis fotovoltaicos instalados”, explicou. Como a vida útil dos painéis gira em torno de 20 a 25 anos, o investimento se paga muito antes deste prazo. Vale destacar que a quantidade de painéis pode ser ampliada a qualquer tempo, caso exista área disponível, e o fim da vida útil do sistema não significa necessariamente que ele precise ser substituído de imediato. O que vai ocorrer é que a capacidade de geração vai ser reduzida. De acordo com especialistas, para que o investimento seja melhor dimensionado, é importante que o estabelecimento
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promova adequações para melhorar a eficiência energética, reduzindo eventuais desperdícios, além de substituir luminárias por lâmpadas do tipo led. “Outro cuidado que temos é com a limpeza dos equipamentos”, observou Sega. “Este ano, em agosto, percebemos uma elevação em nossa conta. Verificamos que as placas estavam cobertas por poeira, e fizemos a lavagem. Em setembro os valores voltaram a baixar”, explicou. Segundo recomendações da Energybras, as placas devem ser limpas a cada seis meses para garantir melhor eficiência.
Valores mais acessíveis Segundo Nelson Colaferro, sócio-diretor da Blue Sol Energia Solar, que também atua no segmento de instalações de painéis fotovoltaicos, os valores atuais de investimento, se comparados com 2011, estão bem mais acessíveis. Com isso, o retorno do investimento também é menor, podendo chegar em alguns locais com melhor insolação a 4,5 anos. “Até 2013, o período de retorno era de cerca de 10 meses a 12 meses. Mas tivemos isenções tributárias e os painéis se popularizaram, o que tornou as instalações financeiramente mais viáveis”, afirmou. Apenas para ilustrar, de acordo com cálculo realizado pela Blue Sol, um posto de combustíveis que, em outubro deste
ano, pagou uma conta de energia de R$ 7,3 mil teria de investir cerca de R$ 450 mil para instalar um sistema capaz de zerar sua despesa. O retorno do investimento, neste caso, ocorreria em um prazo de cerca de 5 anos, e a vida útil dos equipamentos é de aproximadamente 20 anos. “Importante considerar também que, a partir daí, o custo de energia não sofre mais os efeitos da inflação energética”, lembrou Colaferro. Segundo a Aneel, em julho deste ano, havia no Brasil 4.432 pontos de micro e minigeração. No final de 2015 eram somente 1.729. Este expressivo aumento no período de seis meses foi reforçado pela elevação das tarifas de energia elétrica, decorrentes do período de crise hídrica vivida pelo país. Além disso, foram criadas linhas de financiamento, que antes não existiam, como o caso da FNE Sol, do Banco do Nordeste. A Agência estima um forte crescimento da geração distribuída. Em uma projeção para 2024, é possível que o número de consumidores ultrapasse 1,2 milhão, com uma capacidade instalada superior a 4.500 megawatts (MW) – o que corresponde ao abastecimento de um estado como Santa Catarina. Outro ponto que conta a favor dos sistemas é a redução da carga tributária. Desde 2015, a energia gerada por placas solares que é injetada na rede é isenta de PIS e Cofins. Combustíveis & Conveniência • 47
44 MEIO AMBIENTE Além disso, há isenção do ICMS, em 20 estados (Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e o Distrito Federal. Apenas Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná
e Santa Catarina não oferecem isenção de ICMS.
Compartilhamento Outra mudança promovida pela Aneel é a possibilidade de uso de sistemas compartilhados. Por exemplo, uma rede de postos pode ter apenas um local de geração, e esta energia (ou os créditos na conta, no caso de haver energia
Mini e microgeração distribuída: qual a diferença? Microgeração distribuída é uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW e que utiliza cogeração qualificada, conforme regulamentação da Aneel, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. Já a minigeração distribuída é uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou menor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada. “A diferença se baseia apenas na dimensão da potência da geração”, afirmou Alexandre Moana, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) e diretor da consultoria Energias.
Novas diretrizes Em 2015, para complementar a Resolução 486/ 2012 da Aneel, que regulamentou a microgeração de energia, a agência editou a Resolução 687, cujas regras passaram a valer em 1º de março deste ano. Esta Resolução, além de definir a microgeração e a minigeração distribuída, estabeleceu também os critérios para fornecimento de energia excedente à rede. Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas em outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos créditos foi denominado “autoconsumo remoto”. Outra inovação da norma diz respeito à possibilidade de instalação de geração distribuída em condomínios (empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Nessa configuração, a energia gerada pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores. 48 • Combustíveis & Conveniência
excedente) ser compartilhada por todas as unidades. A vantagem disso, segundo Colaferro, é que uma única instalação, de maior porte, demanda investimento menor do que várias pequenas instalações. No entanto, é importante destacar que todos os estabelecimentos que querem compartilhar a instalação devem estar localizados na área de uma mesma distribuidora de energia. “Os postos são empreendimentos com excelente perfil para instalações fotovoltaicas. Em geral, são empresas que demandam grande quantidade de energia, e possuem área muito interessante (a cobertura) para instalação. Dificilmente há sombra sobre a cobertura de um posto”, afirmou o diretor da Blue Sol. Alexandre Moana, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) e diretor da consultoria Energias, lembrou que as centrais de microgeração podem usar várias fontes geradoras de energia. “A energia solar é apenas uma delas, e nem sempre a mais indicada”, apontou. “Acreditamos que, antes de mais nada, a unidade interessada em instalar um sistema deve passar por um processo de eficiência energética, para que seja bem dimensionada a sua micro ou mini geração. A partir disso, o posto ou conjunto de postos passa a saber qual a quantidade ideal de energia a ser gerada. E mais do que isso: um bom trabalho de eficiência energética pode identificar as melhores fontes para que isso seja feito. No caso de postos com grande demanda por água quente (cozinha e chuveiros), pode-se avaliar a possibilidade de instalação de um sistema termosolar para aquecimento da água, por exemplo”, explicou. n
44 AGENDA
2016
MARÇO
NOVEMBRO Encontro de Revendedores da Região Sudeste Data: 23 e 24 Local: Campinas (SP) Realização: Recap, Resan, Sindilub e demais sindicatos da Região Sudeste Informações: (19) 3284-2450
5º Encontro de Revendedores de Santa Catarina Data: 17 a 19 Local: Gaspar (SC) Realização: Sinpeb, Sincombustíveis e Sindópolis Informações: (47) 3226-4249
2017
JUNHO
MARÇO
XV Congresso de Revendedores de Combustíveis de Minas Gerais Data: 1 e 2 Local: Belo Horizonte Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500
32ª Convenção Nacional TRR Data: 15 a 19 Local: Itaparica (BA) Realização: SindTRR Informações: (11) 2914-2441
Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria. comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.
44 CONVENIÊNCIA
NACS: alimentação saudável e tecnologia são as tendências Mais de 23 mil revendedores tiveram oportunidade de ampliar conhecimentos, trocar ideias, compartilhar experiências e acompanhar as principais tendências mundiais do mercado de conveniência Por Mônica Serrano A maior feira de lojas de conveniência do mundo, a NACS Show 2016, mostrou aos revendedores dos mais diferentes países as principais tendências do setor. Em mais uma edição, a tecnologia e a área de food service foram os destaques das palestras apresentadas. Na feira de exposições, alimentos frescos como frutas, saladas, sucos e ganharam espaço entre os expositores. Realizada no amplo espaço de eventos Georgia World Congress Center, de 18 a 21 de outubro, a NACS Show 2016 atraiu 23.301 50 • Combustíveis & Conveniência
visitantes, um recorde de público em Atlanta, que contou com 22.236 participantes na edição anterior, em 2013. A revenda internacional foi representada por 2.134 empresários, de 67 países. O Brasil marcou presença com aproximadamente 1.200 revendedores das bandeiras Ipiranga e BR, além dos empresários que foram por conta própria, sem vínculo com as distribuidoras. Neste ano, foram apresentadas 60 sessões educacionais e quatro sessões gerais. A feira de exposições reuniu 1.227 expositores e contou com uma área exclusiva para novas empresas,
que totalizaram 193 companhias. Os dois galpões de exibições foram divididos. Um concentrou a área de alimentação para degustação e bebidas saudáveis, como águas saborizadas, sucos e smoothies, e o outro expôs produtos diversos, como alimentos, chocolates, bebidas alcoólicas e refrigerantes, juntamente com o setor de equipamentos para postos de combustíveis.
Gestão em foco Com o tema “Encontre seu Futuro”, a NACS Show deste ano apresentou também as tendências na área de gestão e o cuidado que se deve ter com a equipe de
Fotos: Mônica Serrano
Feira concentrou 1.227 mil expositores, que apresentaram seus principais produtos e serviços para revendedores de 67 países e o Brasil foi representado por 1.200 empresários, levados pelas distribuidoras Ipiranga e BR
funcionários. Nos Estados Unidos, é muito comum os proprietários de lojas contratarem estudantes que estão na universidade, o que tornou este mercado um canal de oportunidades para o primeiro emprego. Para Hank Armour, CEO da NACS, o início da carreira profissional nas lojas de conveniências forma a base para atingir outros objetivos profissionais ou a porta de entrada para o ingresso de novos empresários do setor. “É muito comum os trabalhadores que atuam arduamente se transformarem em gerentes e depois proprietários. Temos grandes histórias para contar, especialmente quando encontramos mão de obra qualificada”, disse durante a abertura do evento. Este foi o tom da primeira palestra da sessão geral sobre gestão de equipe com a consultora Merit Gest, especialista em desenvolvimento profissional. A palestrante tentou mostrar aos revendedores que é possível transformar sua equipe de trabalho em profissionais engajados com o negócio, formando mais do que bons profissionais, em
referências de sucesso, que ela designou MVP (Most Valuable Player), sigla muito utilizada nos Estados Unidos na área de esportes, que significa o jogador mais valioso. Antes da equipe, a valorização profissional e a motivação com o trabalho devem começar pelo próprio revendedor, segundo a consultora. “O que te faz levantar da cama para preparar um capuccino? O que te joga para frente, o que te alavanca? Você não está conectado com o negócio? Se apenas cumpre tarefas, algo não vai bem. É preciso identificar o que lhe dá significado à vida”, disse. Ela utilizou o gancho do tema da NACS (Encontre seu futuro) deste ano para questionar: “Como você pode conhecer o seu futuro? Como você se engaja e vende a imagem da empresa para os funcionários?”, instigou a plateia. Merit quebrou o paradigma de que o cliente é o mais importante para o negócio. Segundo ela, a pessoa mais importante em primeiro lugar é o revendedor, o líder que vai conduzir a equipe.
Nesse sentido, é extremamente relevante mudar a visão e enxergar o funcionário que ingressa neste mercado não como algo provisório, como é o caso dos estudantes. “A maneira como você vê seu funcionário alimenta o mito, você acaba tratando as pessoas como temporárias e elas se comportam desta forma. Conheço os desafios do setor, vamos pensar sobre os mitos para que você possa mudar seu paradigma com a criação da cultura de MVPs para obter êxito”, recomendou. Com isso, a responsabilidade do engajamento e da motivação dos colaboradores está nas mãos do revendedor. Não basta apenas pensar na rentabilidade do negócio, é preciso também se interessar pelo seu funcionário, inspirá-lo. “Quando você se sente interessado por eles, há um retorno. Eles se sentem motivados e dão o melhor de si todos os dias.” De acordo com Merit, é necessário estabelecer quais são os processos vitais que norteiam a empresa. A partir disso, o empresário tem que saber comunicar quais são estes processos para a equipe de trabalho, com a Combustíveis & Conveniência • 51
44 CONVENIÊNCIA
Hank Armour: “temos que melhorar a imagem de nosso setor, melhorar a nossa defesa e colher as melhores práticas do mundo”
aplicação destes conceitos no dia a dia. Consequentemente, o cliente também é atingido positivamente e se torna fiel.
Atuação da NACS O anfitrião do evento, Hank Armour resumiu as metas que a revenda norte-americana tem pela frente: “são três grandes iniciativas que temos que cumprir: melhorar a imagem do nosso setor, melhorar a nossa defesa e colher as melhores práticas do mundo”, disse. Armour mostrou algumas iniciativas da entidade que são divulgadas na imprensa, que auxiliam a melhorar a imagem do segmento. Um dos focos da NACS tem sido estimular a inserção de produtos mais saudáveis na loja de conveniência. “Estamos apenas nas fases iniciais, mas os dados mostram que estamos atingindo os objetivos. Três a cada cinco consumidores dizem que as lojas de conveniência estão oferecendo produtos mais saudáveis. Para o público considerado a Geração Milenium (pessoas que nasceram entre os anos 80 a 2000, que 52 • Combustíveis & Conveniência
consomem alimentos saudáveis e frescos, são conectadas à internet e buscam praticidade no dia a dia), esta percepção atinge 71% dos entrevistados”, comentou. Os dados apresentados também demonstraram que 56% dos consumidores entrevistados estariam propensos a entrar numa loja de conveniência se soubessem que o estabelecimento apoia entidades filantrópicas e colabora com projetos sociais em suas comunidades. Nesse aspecto, a revenda norte-americana tem demonstrado envolvimento com as questões sociais e de apoio a programas esportivos. Cerca de 64% dos associados à NACS ajudam cinco ou mais instituições em seus bairros e comunidades. O volume destinado a doações totaliza quase US$ 1 bilhão por ano. A NACS atua também de forma a defender o setor dos projetos de leis que possam ter algum tipo de impacto nas esferas locais, estaduais e federais. Há um programa implementado pela entidade que acompanha os projetos elaborados pelos
parlamentares, e a NACS convida deputados e senadores a conhecer a revenda de perto, acompanhando o trabalho e a rotina diária do setor, visualizando in loco o possível impacto de determinado projeto para o segmento. “O programa é tão importante que a candidata à presidência da república (Hillary Clinton) está com o nosso setor“, disse Armour. Em 2013, Hillary Clinton foi a principal atração da sessão geral, quando enfatizou a preocupação do governo dos Estados Unidos com a obesidade e disse, na época, que os revendedores poderiam contribuir com as campanhas de controle ao problema ao ampliar a oferta de produtos saudáveis e com menor teor de gordura nas lojas de conveniência. Outro destaque do discurso de Armour foi mostrar que o mesmo formato da conferência e feira de exposições da NACS já está presente na Europa e será ampliada para a Ásia. “Vamos trazer participantes de Zurique para Londres e levar a conferência para Tóquio. Vivemos num mundo de convergência global, o varejo de conveniência enfrenta problemas parecidos. As diferenças são os resultados dependendo do ciclo em que eles estão”, disse.
Liderança em pauta Para encerrar as sessões gerais , foi convidado o ex-jogador de futebol americano, Peyton Manning, um dos atletas mais condecorados e reconhecidos dos EUA, que manteve uma carreira de sucesso por 18 anos na NFL (Nacional Football League). Manning compartilhou os principais momentos de sua trajetória e traçou um paralelo
com o mundo dos negócios. Em seu primeiro ano na NFL, Manning se deparou com atletas mais fortes e mais preparados do que ele. A alternativa para vencer, segundo ele, foi assumir um papel de liderança ao longo de sua carreira com dedicação e planejamento, seguindo uma estratégia dentro e fora do campo. Conforme sua exposição, no mundo dos negócios, as lições de liderança são praticamente as mesmas. “Cada empresa tem sua parcela de líderes, mas também há líderes que estão em construção. Ninguém começa como líder”, disse ele. A mensagem que ele transmitiu ao público foi de que não é tarefa fácil estar na liderança, e há necessidade de agilidade para mudar de estratégia, caso seja necessário, sem comprometer o objetivo que se almeja chegar.
Alimentação saudável e fresca foi presença constante nos corredores da feira, não faltaram opções de sucos, smoothies, frutas e produtos sem glúten
Food service: fresco e saudável O potencial de crescimento do mercado de conveniência foi apresentado por Donna Hood Crecca, sócia-diretora da Technomic, empresa especializada em fornecimento de food service para restaurantes e lojas de conveniência, e por Darren Tristano, presidente da Technomic. Nos Estados Unidos, as pessoas que frequentam as lojas de conveniência estão exigindo mais do que rapidez, querem comida rápida, qualidade e frescor nos alimentos consumidos. Donna exibiu um quadro com a divisão das lojas de conveniência em três categorias: básico, que oferecem o mínimo, como refrigerantes,
café e cachorro quente, cerca de 90% dos entrevistados pela Technomic. Já 7% dos entrevistados se enquadram na categoria premium, que oferecem bebidas mais sofisticadas e customizadas e pratos mais elaborados, com molhos
diferenciados, e 3% estão na categoria super premium, que oferece um leque amplo nas opções de saladas prontas, no estilo pague e leve, diferentes opções de pratos, alimentos leves e bebidas customizadas. As lojas super premium constituem uma Combustíveis & Conveniência • 53
44 CONVENIÊNCIA tendência de mercado, uma vez que as pesquisas indicam que os consumidores mais jovens, cerca de 67% da Geração Milenium, preferem alimentos frescos e de qualidade. Outro dado importante indicado pelas pesquisas, essa geração se preocupa com a origem dos alimentos. Não basta a aparência ser fresca, eles querem conhecer a procedência da produção dos alimentos, consomem menos hormônios e optam pelos orgânicos. “Há uma mudança nos hábitos de consumo da nova geração, e quem quiser agradar este consumidor tem uma enorme oportunidade de melhorar suas margens. A recomendação é quem está no básico ir para a categoria premium e na sequência se tornar uma loja super premium. Mesmo que o seu público tenha menos poder aquisitivo, vale a pena investir na variedade, para oferecer mais que o básico”, recomendou Tristano. Como exemplo, Tristano citou que a rede Royal Farm tem investido no café da manhã, com opções de alimentos frescos. A loja manteve o carro-chefe do almoço com seu tradicional frango frito crocante, porém conseguiu diminuir o teor de gordura e criou uma linha gourmet, com mais qualidade de proteína. Outra rede de lojas, a Sheetz, passou a diversificar nas opções de combos, que seguem uma linha caseira por um custo bem acessível, US$ 3,00. Além disso, a rede também adotou o café da manhã o dia todo. “Isso é interessante para a geração do milênio porque para eles não importa a hora do dia”. Outra tendência desta geração é a hora da merenda, que troca o jantar pelo lanchinho ou me54 • Combustíveis & Conveniência
renda à noite. Nessa linha de preferências, também entram as bebidas como vitaminas frescas ou smoothies que é menos doce, tem menos leite e é mais saudável. “Temos que ser rápidos e diferentes. Você tem que falar a língua do frescor, da qualidade, da transparência visual e da segurança alimentar. São coisas básicas que são importantes. Entender o consumidor é essencial para se manter no acirrado mercado competitivo”, concluiu.
Aplicativos para conquistar clientes Entre as tendências do setor, a tecnologia na palma da mão já é realidade nos Estados Unidos com os aplicativos de celular para fazer seus pedidos. Uma das palestras educacionais apresentou as experiências de algumas redes de lojas de conveniência com a adoção de aplicativos para celular. Um dos cases de sucesso foi apresentado por Maria Fedelibus, vice-presidente de Tecnologia da Informação da Quick Chek Corporation. De acordo com os dados da rede, o número de pedidos feitos via aplicativo superaram os da loja física. Já foram feitos 12 mil do APP desde março deste ano, quando foi implementado o sistema. “O pedido de alimentos está no cerne da questão. Nossos clientes querem conveniência e rapidez, e os pedidos devem estar prontos antes de chegarem à loja”, disse. Já a experiência da rede Casey´s General Store começou com a entrega de pizza, com pedidos dos clientes feitos via aplicativo, contou o vice-presidente
Rich Schappert. Porém, a rede não queria limitar os pedidos remotos somente via aplicativos, pois, segundo Schappert, há pessoas que não gostam de baixar aplicativos no celular. Então, a decisão foi optar também por outra plataforma para oferecer a possibilidade de pedidos online diretamente pelo website. Também foi integrado à plataforma o pagamento via celular e houve integração com o Facebook para baixar o aplicativo, que, hoje, soma 500 mil. “As pessoas estão usando a carteira eletrônica, estamos oferecendo o que o cliente quer. Nossa principal lição é a importância de trabalhar com provedor de software, com o pessoal da loja, seguir os procedimentos, avaliar os riscos e não ter medo de se jogar. Se não der certo com um fornecedor, procure outro. Estamos vivendo uma época de grande revolução tecnológica”, disse. Para Ernest Harker, diretor-executivo da Maverick, que tem cerca de 50 lojas em postos de combustíveis, a iniciativa principal de adotar o aplicativo foi engajar as pessoas à marca. Quem baixa o aplicativo tem desconto no combustível e recebe pontos. “Desenvolvemos tudo dentro de casa, não fizemos nada fora e ficou muito caro. Nosso mundo, por enquanto, ainda não mudou”, relatou. n
Programe-se: NACS Show 2017 Quando: 17 a 20 de outubro 2017 Onde: McCormick Place - Chicago
OPINIÃO 44 José Camargo Hernandes 4 Presidente do Resan e vice-presidente da Fecombustíveis
Não somos os vilões da história Desde o anúncio da queda do preço da gasolina e do diesel nas refinarias, no dia 14, os revendedores de combustíveis têm sido alvo de grande pressão por parte da opinião pública, que quer produtos mais baratos na bomba. Esta não é a primeira vez que sobra para o dono do posto explicar para o consumidor o porquê de o mercado não ter seguido as previsões da Petrobras. Neste caso, a redução anunciada era de 3,4% para a gasolina e 2,7% para o diesel nas refinarias; e de 1,4% na gasolina e 1,8% no diesel vendido no varejo, o que representaria R$ 0,05 por litro em ambos os casos. Quem errou? A Petrobras, as distribuidoras ou os postos? O que não vem sendo dito pelas autoridades é que o preço dos combustíveis no Brasil é livre desde 2002. Por isso, o presidente da Petrobras não poderia afirmar o valor exato da queda ou aumento dos preços nas bombas. Não há tabelamento e nada que obrigue a distribuidora ou o revendedor a praticar a projeção calculada pela Petrobras. A nova estratégia da estatal de acompanhar mensalmente a cotação internacional do petróleo é vista, neste momento, como positiva pelo consumidor, porque a revisão dos valores implicou queda do preço. Mas, e quando o barril do petróleo subir? Entre 2011 e agosto de 2014, o produto foi comercializado entre US$ 100 e US$ 120. Na cotação do dia 19 de outubro, chegou a US$ 52. Lógico que existe, sim, o interesse do mercado em recuperar suas vendas e, para isso, tornar seu produto mais atrativo pelo preço mais baixo. É a melhor ferramenta de marketing. Mas como reduzir R$ 0,05 no diesel ou na gasolina se o posto pagou o mesmo valor pelo produto ou, o que é ainda pior, recebeu novo pedido com acréscimos? Hoje, a gasolina vendida no país tem 27% de etanol anidro. Entre 16 de setembro e 21 de outubro, a cotação do anidro subiu 19,29%, passando de R$ 1,7671 para R$ 2,1081 o litro. Estamos na entressafra da colheita da cana de açúcar e o impacto direto é no preço do produto vendido pelas usinas. Outra situação que preocupa é custo final do óleo diesel. No último leilão de biodiesel, promovido pela ANP, as distribuidoras adquiriram o biocombustível 19% mais caro em relação ao leilão anterior, ou seja, tal aumento também passa para o custo do óleo diesel B, que recebe a adição de 7% de biodiesel. A máxima que vale para o setor é de que o preço é livre em todos os elos da cadeia. Apesar do quase monopólio da Petrobras na produção de gasolina e diesel, as importações pelas grandes distribuidoras mais que dobraram. Em setembro, as companhias trouxeram 850,5 milhões de litros de diesel de fora. Em janeiro, as importações chegaram a 360,5 milhões. Já na gasolina, foram importados 203,3 milhões de litros em setembro, quando no primeiro mês do ano não se tinha notícia do produto no mercado externo. Mesmo com a importação a um custo mais baixo, as distribuidoras não ofereceram o produto mais barato para a revenda. A Petrobras baixou o preço na refinaria, mas não considerou o impacto dos demais insumos que compõem o preço final dos produtos. O varejo, por sua vez, se mantém balizado na concorrência acirrada. Ou seja, embora o posto não seja obrigado a repassar o mesmo percentual de queda, ele é o maior interessado em reduzir o preço para atrair o cliente. É equivocada a visão de que o dono do posto se ‘apropriou’ dos R$ 0,05 anunciados pela Petrobras.
Como reduzir R$ 0,05 no diesel ou na gasolina se o posto pagou o mesmo valor pelo produto ou, o que é ainda pior, recebeu novo pedido com acréscimos?
Combustíveis & Conveniência • 55
44 REVENDA EM AÇÃO
Cuiabá centraliza as atenções Evento promoveu troca de informações, debates e crítica à imprensa acerca da divulgação da queda de preços da Petrobras, que por falta de conhecimento da cadeia culpa sempre os postos pelos preços que não caem Fotos: Paulo Cardoso
Da esq. para dir.: Edgar Teodoro Borges, da Fiemt; senador Wellington Fagundes, Carlos Fávaro, vice-governador; Aurélio Amaral, ANP; Aldo Locatelli, Sindipetróleo; Paulo Miranda Soares, Fecombustíveis; Cesar Guimarães, Sindicom
Por Mônica Serrano O 5o Encontro dos Revendedores de Combustíveis Centro-Oeste/Brasil, sediado em Cuiabá pela terceira vez, marcou mais um momento importante para a revenda do país. Realizado em 25 e 26 de outubro, o evento reuniu cerca de 600 participantes. Com conteúdo diversificado, o encontro apresentou painéis de modelo de excelência de gestão, debates sobre fiscalização e meio ambiente e histórias de superação. A palestra sobre o panorama econômico brasileiro, ministrada pelo professor Eduardo Giannetti, foi um dos principais destaques do evento. Na cerimônia de abertura, o anfitrião Aldo Locatelli, presidente do Sindipetróleo, criticou a imprensa nacional por responsabilizar os postos pelo não repasse da queda de preço do diesel (2,7%) e da gasolina (3,2%), desde 14 de outubro, quando a Petrobras 56 • Combustíveis & Conveniência
diminuiu os preços nas refinarias. Segundo Locatelli, a redução de preços também era esperada pela revenda, mas não houve repasse ao consumidor porque os combustíveis comprados das distribuidoras pelos postos não tiveram queda. Existe um total desconhecimento da população e até mesmo das autoridades sobre o funcionamento da cadeia, que em função disso interpretam que a culpa sempre é dos postos pelo preço alto dos combustíveis. Os revezes da crise e o surgimento de regras que aumentam, cada vez mais, os custos do setor, também têm gerado desalento entre os empresários, e Locatelli transmitiu uma mensagem de otimismo para os seus companheiros. “Tenho 50 anos de experiência e não sei fazer outra coisa. Não vou mudar de negócio. Eu espero que meus colegas não desanimem. Vamos fazer um esforço, vamos parar de reclamar e ter esperança. Temos
Aldo Locatelli, presidente do Sindipetróleo, durante a abertura do 5o Encontro dos Revendedores de Combustíveis Centro-Oeste, em Cuiabá
que ser guerreiros, temos que lutar, aqueles que desistem não vão ter o gosto da vitória”, disse. Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, também abordou a queda de preços dos combustíveis pela Petrobras e criticou a nova Portaria 1.109 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ele lamentou as declarações feitas à imprensa por Pedro Parente, presidente da Petrobras, que fortaleceram a disseminação da falta de entendimento do setor. “A Petrobras anunciou que reduziu o preço dos combustíveis na refinaria, foi uma noticia boa porque mostra sua intenção de lastrear o preço do combustível com o mercado internacional. Por outro lado, houve falta de conhecimento já que este custo não é repassado diretamente para o consumidor. Nós não podemos comprar os combustíveis das refinarias, nós não produzimos nem gasolina C, nem diesel.
Nas duas semanas anteriores ao anúncio, o preço do etanol anidro já vinha subindo e isso levou a aumentos semanais no preço da gasolina para a revenda. O efeito dessa alta do anidro foi a anulação da queda da gasolina. As distribuidoras não tiveram condições de repassar menor preço para os postos e aí vem toda a imprensa e pergunta: cadê os R$ 0,05 a menos no preço da gasolina?”. A burocracia no país foi outro tema abordado por Paulo Miranda, com o excesso de regulações e regras, e citou a nova Portaria 1.109, do MTE, que determina uma série de obrigações aos revendedores para precaução à saúde do trabalhador pela exposição ao benzeno, componente presente gasolina. Paulo Miranda reconhece a necessidade de prevenção e cuidados com a saúde do funcionário, está ciente da responsabilidade como empresário e as conquistas da classe laboral no ambiente de trabalho, porém discorda dos exageros.“A nossa gasolina tem 0,5% de benzeno, o que representa um dos menores índices que existem no mundo. A Portaria traz uma sequência de regras que acaba travando as empresas brasileiras, dificultando a vida do empresário. Qual é a solução para isso? Vamos implantar o sistema self service, igual a outros países para diminuir nossos custos? Nós sempre defendemos o emprego dessa categoria, são 500 mil empregos diretos, mas essas normas acabam levando o empresariado a pensar em outra solução para diminuir os custos dessa atividade”, observou.
Feira de exposições do evento atraiu a revenda da capital e do interior do estado do Mato Grosso
O combate à ação dos agentes mal intencionados na revenda e distribuição foi o foco do discurso de Cesar Guimarães, diretor de Comunicação e Mercado do Sindicom. Para combater as fraudes do setor e o devedor contumaz, agente que deixa de pagar os tributos ao governo de forma
intencional visando seu próprio benefício, o Sindicom mobiliza uma nova campanha chamada Combustível Legal. “Esse trabalho só terá êxito se for feito em conjunto com a revenda. Queremos levar ao conhecimento das autoridades os problemas existentes, bem como oferecer propostas, su-
Luz no fim do túnel O cenário econômico atual foi o painel de destaque do primeiro dia de evento, ministrado por Eduardo Gianetti, renomado economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). A palestra avaliou a herança que o governo Dilma Rousseff deixou para a administração atual e as perspectivas para o Brasil daqui para frente. “A economia brasileira estava na UTI, com recuperação judicial, mas saímos do momento crítico. Hoje, temos condição de voltar à normalidade. Se estávamos no limiar de uma grande tempestade, agora estamos no momento oposto, vendo o horizonte clarear”, disse. O que justifica o otimismo, segundo Giannetti, são alguns fatores, como uma equipe econômica de qualidade, com profissionais sem ambição política, que não precisam de cargos porque têm qualificação excelente e ficarão no governo para fazerem um bom trabalho. O momento econômico é favorável, a inflação está em queda e há a possibilidade de cumprir o centro da meta de inflação em 2017, o que abre um espaço relevante para redução consistente da taxa de juros básica da economia, a Selic. “Esse governo dá provas de recuperar a governabilidade e a PEC 241 é essencial para a continuidade deste processo”, disse. Giannetti explicou que a PEC 241 não corta recursos da educação, nem da saúde, não corta nada. Ela só estabelece uma regra fundamental: o gasto público no Brasil cresce apenas para corrigir a inflação do ano anterior. “Ela determina apenas um teto global para o gasto público. Em relação à saúde e educação não compromete o piso já estabelecido e, na medida que se liberar recursos de outras áreas com as reformas, vai haver recursos para estas áreas”, destacou. Para o professor, o panorama econômico pode mudar e se tornar menos favorável, se a PEC 241 não for aprovada e se o governo Temer for prejudicado pela delação premiada de Eduardo Cunha. Combustíveis & Conveniência • 57
44 REVENDA EM AÇÃO gestões e soluções, que podem envolver o fortalecimento das fiscalizações e a mudança na legislação”, esclareceu. Aurélio Amaral, diretor da ANP, ressaltou o papel da agência reguladora, promovendo ações de fiscalização e forças-tarefas em defesa de um mercado saudável e com a oferta de combustíveis de qualidade para o consumidor. Ele destacou as mudanças previstas na área de logística pela Petrobras, que vão ter reflexo nesta cadeia, e abordou os problemas de gargalo no setor de combustíveis. Amaral destacou os estudos logísticos da ANP e a necessidade de investimentos em logística, assim que o país retomar sua trajetória de crescimento.”Precisamos discutir as medidas necessárias que permitam atrair investidores para superar o gap de infraestrutura”, disse. O governador de Mato Grosso foi representado por Carlos Fávaro, vice-governador, que disse que o governo mostra sinais claros de que a iniciativa privada será beneficiada. “As mudanças trabalhistas e tributárias devem ser propostas. É o momento da sociedade se organizar e exigir as mudanças na legislação para que a iniciativa civil possa gerar empregos e se torne cada vez mais eficiente”, disse. Ta m b é m p a r t i c i p a r a m da abertura Edgar Teodoro Borges, vice-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), os senadores Wellington Fagundes e José Medeiros; e o deputado estadual Nininho. n 58 • Combustíveis & Conveniência
Gestão de excelência “A Magia de Encantar Clientes, inspirada no jeito Disney”, foi a primeira palestra apresentada no dia 26 de outubro, pelo administrador Alexandre Espíndola. A história da criação da Disney por seu criador Walt Disney mostrou aos participantes a concretização de um sonho e a construção de um patrimônio, com padrão de atendimento de excelência, desenvolvimento de uma cultura própria e o engajamento de uma equipe que supera as expectativas dos clientes, que levam à fidelização. “Para que eu tenha clientes satisfeitos eu preciso de um time profissional que move as pessoas. O que lhe move? O que lhe faz ter sentido? O que você gera para seus clientes?”, questionou o palestrante. Pequenas atitudes podem fazer a diferença, como o sorriso do atendente, desejar um feliz aniversário ou surpreender o cliente com gestos espontâneos. “São coisas simples que impactam as pessoas.”
Para os revendedores A revenda local pôde tirar dúvidas no painel que abordou fiscalização do Ipem, meio ambiente e Corpo de Bombeiros. Participaram do debate o advogado Bernardo Souto, consultor jurídico da Fecombustíveis; Roger Ramos Martini, coronel bombeiro militar e o tenente Bertollazzo, do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, e Rogério Ponce de Arruda, diretor de fiscalização do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) do Mato Grosso. Souto alertou que o Ibama está fiscalizando a revenda nos mesmos moldes da Receita Federal, pela internet. Segundo ele, os dados informados no Relatório Anual de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (RAPP) do Ibama, em alguns casos, não são preenchidos da forma correta, principalmente no campo de resíduos sólidos. “Isso quer dizer que o resíduo que eu entreguei para a empresa que contratei foi declarado, só que a empresa que eu contratei não declarou o que eu entreguei. O Ibama está cruzando os dados e isso pode ser motivo de multa”, alertou. Ele também informou que estão sendo discutidas mudanças no modelo de licenciamento ambiental para simplificar o processo, similar ao que ocorre hoje em Minas Gerais e Bahia, no modelo autodeclaratório. Também foi realizado um treinamento sobre fiscalização nos postos de combustíveis, ministrado por José Antonio Rocha, secretário-executivo da Fecombustíveis, direcionado a gerentes de postos, em programação paralela aos painéis. O evento terminou com a apresentação do empresário Geraldo Rufino, que contou a sua trajetória de vida. De origem simples, foi catador de lata, morou em favela, mas sempre alimentou sonhos e manteve um espírito empreendedor. Passou por altos e baixos e faliu seis vezes. Com persistência e otimismo, ele se levantou e construiu um patrimônio e, hoje, é um homem de negócios bem-sucedido.
ATUAÇÃO SINDICAL 33 Bahia
Outubro: hora de prevenir Fotos: Divulgação/Sindicombustíveis Bahia
Campanha “Mulher, se toque!” é realizada nos postos de combustíveis da Bahia para alertar as mulheres sobre a prevenção do câncer de mama
Com o Projeto Posto Solidário, o Sindicombustíveis Bahia apoia o movimento Outubro Rosa e realiza a campanha “Mulher, se toque!” de conscientização sobre a importância da prevenção contra o câncer de mama e do diagnóstico precoce. A ação acontece em postos de todo o estado baiano, com a entrega de folder informativo sobre os sintomas da doença e os benefícios do autoexame e da mamografia de rotina. O câncer de mama é o que mais atinge mulheres em todo o mundo e um dos que mais matam no Brasil. “Queremos chamar a atenção dos funcionários, clientes e da sociedade para a importância da prevenção contra a doença”, comentou o presidente do Sindicombustíveis Bahia, José Augusto Costa. O Projeto Posto Solidário reforça o compromisso da revenda de combustíveis da Bahia com a sociedade, através de ações educativas, de fórum de discussões e de doações solidárias. Combustíveis & Conveniência • 59
44 ATUAÇÃO SINDICAL
Bahia
Nova lei em debate Na sede do Sindicombustíveis Bahia foi realizada palestra sobre a Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo – (LOUOS Salvador), sancionada pelo Prefeito de Salvador no dia 8 de setembro, que entrará em vigor após 120 dias. O vereador Léo Prates (DEM), relator da LOUOS, e Juliana Paes, assessora do Secretário da Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom), esclareceram os critérios para implantação de postos revendedores de combustíveis, em Salvador, previstos na lei. Além do Sindicombustíveis Bahia, participaram do debate o Sindicato das Distribuidoras (Sindicom Bahia) e o consultor jurídico convidado, Roberto Tanajura. Segundo os palestrantes, a LOUOS foi concebida para simplificar a legislação e reduzir as discricionariedades do técnico que irá analisar o empreendimento a ser implantado. Anteriormente, havia oito leis diferentes para o ordenamento do uso do solo, agora o empreendimento somente terá que cumprir o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (PDDU) e a LOUOS. Ainda esclareceram que a nova legislação visa mesclar as zonas residencial e não residencial, tornando
60 • Combustíveis & Conveniência
possível a compatibilidade de existência das moradias com o comércio. Entretanto, houve o cuidado de destacar zonas proibitivas de implantação de atividades, principalmente considerando o impacto de vizinhança e de trafegabilidade. A distância mínima entre postos de combustíveis continua 500 metros, estando na mesma via. A LOUOS não prevê mais os critérios de distância para implantação de postos nas proximidades de templos religiosos, escolas, hospitais, clínicas médicas, entre outras instituições. Segundo o vereador Léo Prates, será criada uma comissão normativa para estudar a regulamentação da lei, quando poderão ser propostas algumas travas visando a segurança do cidadão e do trabalhador com a proximidade liberada para atividades diversas. O Sindicombustíveis Bahia irá enviar um memorial com sugestões para a Sucom, visando garantir a segurança do negócio e do cidadão. “A luta continua entre a nossa categoria, para aprimoramos a legislação na busca de uma cidade melhor, objetivando propiciar maior mobilidade e qualidade de vida para todos”, declarou José Augusto Costa, presidente do Sindicombustíveis Bahia. (Carla Eluan)
TABELAS 33 em R$/L
Período
São Paulo
Goiás
Período
São Paulo
Goiás
12/09/2016 - 16/09/2016
1,767
1,765
12/09/2016 - 16/09/2016
1,621
1,462
19/09/2016 - 23/09/2016
1,890
1,844
19/09/2016 - 23/09/2016
1,691
1,514
26/09/2016 - 30/09/2016
1,915
1,896
26/09/2016 - 30/09/2016
1,730
1,603
03/10/2016 - 07/10/2016
1,969
1,956
03/10/2016 - 07/10/2016
1,760
1,671
10/10/2016 - 14/10/2016
2,029
1,996
10/10/2016 - 14/10/2016
1,890
1,760
Setembro de 2015
1,427
1,368
Setembro de 2015
1,301
1,129
Setembro de 2016
1,827
1,812
Setembro de 2016
1,661
1,501
Variação 12/09/2016 14/10/2016
14,8%
13,1%
Variação 12/09/2016 14/10/2016
16,6%
20,4%
Variação Setembro/2015 - Setembro/2016
28,0%
32,5%
Variação Setembro/2015 - Setembro/2016
27,7%
33,0%
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Centro-Sul)
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Alagoas) EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) ETANOL ANIDRO
Em R$/L 2,1
1,7 2,0
São Paulo
1,6 1,9
Goiás
1,5 1,8
set/16
set/16
jlul/16
ago/16
ago/16
1,2
dez/15
1,759
1,3
dez/15
1,894
Goiás nov/15
Setembro de 2016
1,4
out/15
1,390
1,2 1,5
nov/15
1,563
São Paulo
1,3 1,6 set/15
Setembro de 2015
1,819
out/15
1,971
set/15
10/10/2016 - 14/10/2016
1,4 1,7
jun/16
1,818
jlul/16
1,931
1,8 2,1
jun/16
03/10/2016 - 07/10/2016
1,9 2,2
mai/16
1,760
abr/16
1,901
jan/16
26/09/2016 - 30/09/2016
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS ETANOL HIDRATADO Em R$/L 2,1 ETANOL HIDRATADO (em R$/L) DO
Variação 12/09/2016 14/10/2016
6,0%
Variação Setembro/2015 Setembro/2016
21,2%
5,0%
1,9 Em R$/L
ETANOL HIDRATADO
2,1 1,7 1,9 1,5 São Paulo
1,7 1,3
Goiás
1,5 1,1
set/16
set/16
ago/16
ago/16
jlul/16
jlul/16
jun/16
jun/16
mai/16
mai/16
mar/16
abr/16
abr/16
fev/16
mar/16
fev/16
Goiás
jan/16
jan/16
nov/15
dez/15
dez/15
out/15
nov/15
0,9
set/15
1,1
São Paulo out/15
26,6%
1,3 0,9
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
ETANOL ANIDRO
2,0 R$/L Em
mai/16
1,769
abr/16
1,904
set/15
19/09/2016 - 23/09/2016
2,2
mar/16
1,732
fev/16
12/09/2016 - 16/09/2016
1,858
mar/16
Hidratado
fev/16
Anidro
jan/16
Período
em R$/L
Combustíveis & Conveniência • 61
44 TABELAS em R$/L - Setembro 2016
Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição
Gasolina BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
3,007
3,159
0,152
4,8%
3,159
3,601
0,442
12,3%
Sem bandeira
3,007
3,202
0,195
6,1%
3,202
3,569
0,367
10,3%
Com bandeira
3,007
3,225
0,218
6,8%
3,225
3,642
0,417
11,4%
Sem bandeira
3,007
3,188
0,181
5,7%
3,188
3,427
0,239
7,0%
Com bandeira
3,007
3,168
0,161
5,1%
3,168
3,570
0,402
11,3%
Sem bandeira
3,007
3,314
0,307
9,3%
3,314
3,735
0,421
11,3%
Com bandeira
3,007
3,097
0,090
2,9%
3,097
3,466
0,369
10,6%
3,007
3,086
0,079
2,6%
3,086
3,469
0,383
11,0%
Com bandeira
3,007
3,177
0,170
5,4%
3,177
3,594
0,417
11,6%
Sem bandeira
3,007
3,126
0,119
3,8%
3,126
3,505
0,379
10,8%
3,007
3,168
0,161
5,1%
3,168
3,579
0,411
11,5%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S500 BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,484
2,650
0,166
6,3%
2,650
2,996
0,346
11,5%
Sem bandeira
2,484
2,712
0,228
8,4%
2,712
3,199
0,487
15,2%
Com bandeira
2,484
2,683
0,199
7,4%
2,683
3,004
0,321
10,7%
Sem bandeira
2,484
2,742
0,258
9,4%
2,742
3,089
0,347
11,2%
Com bandeira
2,484
2,642
0,158
6,0%
2,642
2,955
0,313
10,6%
Sem bandeira
2,484
2,649
0,165
6,2%
2,649
2,982
0,333
11,2%
Com bandeira
2,484
2,744
0,260
9,5%
2,744
3,095
0,351
11,3%
2,484
2,575
0,091
3,5%
2,575
2,911
0,336
11,5%
Com bandeira
2,484
2,654
0,170
6,4%
2,654
2,980
0,326
10,9%
Sem bandeira
2,484
2,591
0,107
4,1%
2,591
2,930
0,339
11,6%
2,484
2,635
0,151
5,7%
2,635
2,965
0,330
11,1%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S10 BR Ipiranga
Revenda
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)3
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,583
2,771
0,188
6,8%
2,771
3,186
0,415
13,0%
Sem bandeira
2,583
2,838
0,255
9,0%
2,838
3,272
0,434
13,3%
Com bandeira
2,583
2,796
0,213
7,6%
2,796
3,164
0,368
11,6%
Sem bandeira
2,583
2,742
0,159
5,8%
2,742
3,046
0,304
10,0%
Com bandeira
2,583
2,797
0,214
7,7%
2,797
3,166
0,369
11,7%
Sem bandeira
2,583
2,777
0,194
7,0%
2,777
3,136
0,359
11,4%
Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira
2,583
2,704
0,121
4,5%
2,704
3,091
0,387
12,5%
2,583
2,577
-0,006
-0,2%
2,577
2,926
0,349
11,9%
Com bandeira
2,583
2,780
0,197
7,1%
2,780
3,165
0,385
12,2%
Sem bandeira
2,583
2,649
0,066
2,5%
2,649
3,005
0,356
11,8%
2,583
2,767
0,184
6,6%
2,767
3,149
0,382
12,1%
Raízen
Resumo Brasil
Resumo Brasil
A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do diesel S10 não abrangem o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 16/2016 e 17/2016. (3) Com inclusão do custo do frete de entrega do produto.
62 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
FORMAÇÃO DE PREÇOS
em R$/L
Ato Cotepe nº 19 de 07/10/2016 - DOU de 10/10/2016 - Vigência a partir de 16 de Outubro de 2016
Gasolina
UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
UF
73% Gasolina A
27% Etanol Anidro (1)
Diesel S500
(2)
1,208 0,560 0,073 1,052 0,541 0,073 1,118 0,554 0,073 1,110 0,553 0,073 1,064 0,548 0,073 1,103 0,548 0,073 1,132 0,556 0,073 1,206 0,564 0,073 1,131 0,553 0,073 1,023 0,552 0,073 1,166 0,575 0,073 1,129 0,559 0,073 1,115 0,556 0,073 1,101 0,549 0,073 1,049 0,544 0,073 1,024 0,544 0,073 1,039 0,549 0,073 1,102 0,557 0,073 1,083 0,556 0,073 1,050 0,544 0,073 1,152 0,558 0,073 1,143 0,561 0,073 1,069 0,580 0,073 1,150 0,561 0,073 1,093 0,544 0,073 1,094 0,553 0,073 1,070 0,556 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
93% Diesel
7% Biocombustível (5)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
73% CIDE
93% CIDE (2)
1,729 0,193 0,047 1,505 0,194 0,047 1,614 0,193 0,047 1,594 0,193 0,047 1,501 0,194 0,047 1,553 0,194 0,047 1,675 0,181 0,047 1,670 0,187 0,047 1,673 0,181 0,047 1,528 0,194 0,047 1,718 0,181 0,047 1,650 0,181 0,047 1,599 0,187 0,047 1,571 0,193 0,047 1,510 0,194 0,047 1,531 0,194 0,047 1,549 0,194 0,047 1,603 0,173 0,047 1,574 0,187 0,047 1,479 0,194 0,047 1,657 0,193 0,047 1,645 0,193 0,047 1,528 0,173 0,047 1,664 0,173 0,047 1,557 0,194 0,047 1,605 0,187 0,047 1,589 0,193 0,047 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279
93% PIS/ COFINS (2) 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231
Carga ICMS 1,024 1,100 0,970 0,925 1,064 1,111 0,995 0,982 1,139 0,976 0,959 0,888 1,133 1,118 1,113 1,094 0,994 1,061 1,252 1,110 1,005 0,983 1,158 0,888 1,032 0,866 1,135 3,034
Carga ICMS 0,606 0,541 0,568 0,900 0,537 0,532 0,467 0,359 0,451 0,555 0,566 0,545 0,461 0,560 0,549 0,543 0,542 0,344 0,493 0,558 0,561 0,554 0,354 0,354 0,538 0,348 0,533 2,503
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
3,144 3,045 2,994 2,940 3,027 3,113 3,035 3,104 3,174 2,902 3,051 2,928 3,156 3,120 3,057 3,013 2,934 3,073 3,243 3,055 3,067 3,038 3,158 2,950 3,020 2,864 3,113
25% 29% 25% 25% 28% 29% 28% 27% 30% 27% 25% 25% 29% 28% 29% 29% 27% 29% 32% 29% 26% 25% 30% 25% 29% 25% 29%
4,098 3,794 3,880 3,699 3,800 3,830 3,554 3,637 3,796 3,614 3,837 3,553 3,906 3,994 3,838 3,771 3,682 3,660 3,913 3,829 3,865 3,930 3,860 3,550 3,559 3,463 3,915
Custo da distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
2,804 2,518 2,652 2,964 2,509 2,556 2,600 2,493 2,582 2,555 2,742 2,654 2,524 2,600 2,529 2,545 2,562 2,397 2,531 2,508 2,688 2,670 2,332 2,468 2,566 2,417 2,592
17% 18% 18% 25% 17% 17% 15% 12% 15% 18% 17% 17% 15% 17% 18% 18% 17% 12% 16% 18% 17% 17% 12% 12% 18% 12% 18%
3,562 3,007 3,153 3,600 3,160 3,130 3,114 2,991 3,003 3,086 3,328 3,207 3,071 3,292 3,048 3,017 3,190 2,870 3,080 3,101 3,299 3,260 2,950 2,950 2,987 2,898 2,960
Combustíveis & Conveniência • 63
44 TABELAS
Formação de Preços UF
93% Diesel
7% Biocombustível
em R$/L
93% CIDE (2)
Diesel S10
(5)
93% PIS/ COFINS (2)
Carga ICMS
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
AM
1,674
0,193
0,047
0,231
0,588
2,732
18%
3,266
BA
1,586
0,194
0,047
0,231
0,571
2,628
17%
3,360
CE
1,620
0,194
0,047
0,231
0,539
2,630
17%
3,170
ES
1,683
0,187
0,047
0,231
0,359
2,506
12%
2,991
GO
1,759
0,181
0,047
0,231
0,478
2,696
15%
3,186
MA
1,583
0,194
0,047
0,231
0,574
2,628
18%
3,188
MG
1,642
0,187
0,047
0,231
0,476
2,583
15%
3,177
PA
1,615
0,193
0,047
0,231
0,578
2,663
17%
3,399
PE
1,531
0,194
0,047
0,231
0,548
2,549
18%
3,043
PR
1,656
0,173
0,047
0,231
0,358
2,463
12%
2,980
RJ
1,643
0,187
0,047
0,231
0,521
2,628
16%
3,255
RS
1,609
0,173
0,047
0,231
0,374
2,433
12%
3,117
SC
1,717
0,173
0,047
0,231
0,366
2,532
12%
3,050
SP
1,691
0,187
0,047
0,231
0,368
2,523
12%
3,063
CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL
2,558
(4)
Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no primeiro semestre de 2016. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.
PREÇOS MÉDIOS DOS LEILÕES DE BIODIESEL
Norte
em R$/L
Nordeste
Set-Out/2016: 2,600 Nov-Dez/2016: N/D
Set-Out/2016: 2,611 Nov-Dez/2016: 3,078
Centro-Oeste
Set-Out/2016: 2,433 Nov-Dez/2016: 2,885 Sudeste
Set-Out/2016: 2,519 Nov-Dez/2016: 2,947
Brasil
Set-Out/2016: 2,399 Nov-Dez/2016: 2,880
Sul
Set-Out/2016: 2,313 Nov-Dez/2016: 2,825 Fonte: ANP
64 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor
Belém (PA) Gasolina Diesel S10 Etanol
Macapá (AP) Gasolina Diesel S500 Etanol
BR 3,336 2,706 2,713
Manaus (AM)
Gasolina Diesel S500 Etanol
Cuiabá (MT)
Menor
Maior
3,487 2,981 3,111
3,280 N/D N/D
3,380 2,939 2,812
Gasolina Diesel S500 Etanol
2,940 2,844 2,140
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,270 2,766 2,187
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,139 2,513 2,198
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,169 2,819 2,791
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,319 2,638 3,146
Campo Grande (MS)
Florianópolis (SC)
Porto Alegre (RS)
3,417 2,919 2,679
3,373 N/D N/D
3,373 N/D N/D
3,325 2,768 N/D
Raízen 3,328 2,877 N/D
3,289 2,698 2,674
Raízen 3,225 3,225 N/D N/D 2,654 2,680
3,183 2,659 N/D
Alesat 3,266 2,738 N/D
3,534 2,826 2,815
Raízen 3,088 3,198 2,577 2,838 2,681 2,774
3,139 2,717 2,532
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,155 2,714 2,605
Gasolina Diesel S500 Etanol
Raízen 3,296 3,296 2,732 2,732 2,699 2,699
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,205 2,854 2,847
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,035 2,577 2,470
3,180 2,795 N/D
3,369 2,922 2,898
3,499 2,990 2,750
3,260 2,831 2,861
3,395 2,848 N/D Raízen 3,310 2,854 2,979 IPP
3,307 2,864 3,181
3,310 2,864 3,181
Raízen 3,354 3,499 2,917 3,022 2,745 2,858
3,190 2,950 2,080
3,080 2,890 2,000
3,084 2,981 2,395
Taurus 2,946 3,065 2,803 2,970 2,098 2,435
3,051 2,927 2,244
3,126 2,972 2,303
3,320 2,779 2,236
Alesat 3,366 3,410 2,745 2,748 2,222 2,359
3,266 2,746 2,223
Raízen 3,401 2,766 2,292
3,240 2,659 2,460
3,060 2,420 2,148
3,330 2,880 2,469
3,170 2,620 2,020
Raízen 3,260 2,691 2,385
3,178 2,834 2,828
3,095 N/D 2,707
3,095 N/D 2,707
3,133 2,742 2,657
Raízen 3,158 2,814 2,750
3,509 2,692 3,146
3,344 2,622 N/D
3,344 2,622 N/D
3,243 N/D N/D
Raízen 3,243 N/D N/D
BR 3,287 3,037 2,194 IPP
IPP
BR
IPP
Raízen 3,428 2,919 2,917
3,289 2,698 2,660
IPP
Raízen 3,223 3,306 2,960 3,045 2,049 2,130
IPP
3,330 2,820 2,819
Gasolina Diesel S500 Etanol
Raízen 3,203 3,210 N/D N/D N/D N/D
BR
3,427 2,930 2,680
3,232 2,874 2,679
N/D N/D N/D
3,423 2,923 2,720
IPP
3,407 2,904 2,678
Gasolina Diesel S10 Etanol
N/D N/D N/D
3,580 3,118 2,944
BR
3,461 2,929 2,876
3,324 2,877 2,679
IPP
Idaza
Raízen 3,209 2,962 N/D
Gasolina Diesel S10 Etanol
IPP
BR
3,209 2,962 N/D
3,524 3,028 3,133
3,549 3,015 3,103
3,340 N/D N/D
Alesat 3,094 3,108 2,783 2,783 N/D N/D
3,184 2,835 N/D
Atem's 3,200 3,350 2,800 2,805 N/D N/D
BR
3,279 2,945 N/D
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,310 3,263 N/D
BR
Natal (RN)
BR
Recife (PE)
Maceió (AL)
BR
BR
IPP
BR
João Pessoa (PB)
Maior
3,106 2,822 2,826
Raízen 3,370 3,505 2,900 3,019 2,968 3,003 N/D
Menor
3,050 2,765 2,787
3,156 2,817 3,102
Fortaleza (CE)
Maior
Raízen 3,041 3,112 2,819 2,989 2,788 2,800
Gasolina Diesel S10 Etanol
Teresina (PI)
Menor
3,164 2,900 3,102
3,200 2,590 2,767
3,310 3,236 N/D
3,262 2,846 2,800
IPP
3,200 2,590 2,767
3,375 3,342 3,364
Equador 3,050 3,410 2,722 2,800 2,832 2,916
Maior
N/D 2,639 2,758
BR
BR
3,214 2,829 2,930
3,080 2,870 1,980
Curitiba (PR)
Menor IPP
IPP 3,460 2,969 3,199
3,367 3,342 3,364
Gasolina Diesel S500 Etanol
Goiânia (GO)
N/D 2,639 2,758
IPP
Rio Branco (AC) Gasolina Diesel S500 Etanol
3,373 2,739 2,732
3,383 2,879 3,021
Porto Velho (RO) Gasolina Diesel S500 Etanol
Maior SP
BR
Boa Vista (RR)
Gasolina Diesel S500 Etanol
Menor
São Luiz (MA)
Palmas (TO) Gasolina Diesel S500 Etanol
Maior
em R$/L - Setembro 2016
IPP
BR
IPP
BR
IPP
BR 3,388 N/D N/D
3,259 2,713 2,854
3,284 2,882 2,917
Raízen 3,126 3,217 2,838 2,885 2,738 2,832
3,046 2,645 2,645
3,076 2,655 2,645
3,090 2,590 2,477
3,046 2,590 2,412
3,310 2,780 2,632
3,100 2,599 2,470
Raízen 3,282 2,767 2,709
Gasolina Diesel S500 Etanol
Alesat 3,291 3,291 2,711 2,716 N/D N/D
3,274 2,701 2,954
3,293 2,714 3,011
3,294 2,731 3,020
Raízen 3,338 2,733 3,020
Gasolina Diesel S500 Etanol
Raízen 3,255 3,557 2,598 2,771 2,423 2,818
3,386 2,742 2,658
3,749 2,792 2,983
3,367 2,694 2,586
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,025 2,811 1,992
3,352 2,853 2,271
Raízen 3,089 3,346 2,669 2,899 1,979 2,275
3,158 2,757 2,055
3,402 2,951 2,174
Gasolina Diesel S500 Etanol
2,840 2,572 1,860
3,130 2,706 2,130
2,852 2,465 1,855
3,145 2,613 2,080
2,910 2,544 1,939
Raízen 3,161 2,614 2,131
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,009 2,822 2,349
3,159 2,977 2,625
Raízen 3,118 3,170 2,756 2,792 2,417 2,660
3,131 2,686 2,608
Aracaju (SE)
Salvador (BA)
Vitória (ES)
BR
Total
Belo Horizonte (MG)
BR
São Paulo (SP)
IPP
BR
BR
IPP
BR
3,319 2,766 3,072 Total
BR
Rio de Janeiro (RJ)
Brasília (DF)
3,382 N/D N/D
3,272 2,769 2,670
BR 3,586 2,764 2,780 IPP
IPP
3,190 2,852 2,608 Fonte: ANP
Combustíveis & Conveniência • 65
44 CRÔNICA 4 Antônio Goidanich
Acreditar na imprensa - Não é possível. O Ibope, outra vez. O cara que era terceiro virou primeiro estourado. E a queridinha que iniciou com 23% terminou em quinto. - Essa é a imprensa. Se quem votasse fossem opinadores e jornalistas, “eles” ganhariam todas as eleições. - O que tem o Ibope a ver com isso? - Faz parte do mesmo pirão. Acham que podem enrolar o povo. Divulgar uma opinião pública. - Acho que os institutos selecionam os que serão ouvidos e as perguntas para que a pesquisa expresse os desejos dessa denominada “imprensa livre”. - Bem que tentam. Eles enganam a eles mesmos. Depois, se as urnas desmentem as pesquisas, a realidade que se dane. Dizem que é voto útil ou outra baboseira qualquer. - Essas moças da Globo, tão arrogantes, mais cedo ou mais tarde se descobre que são amantes de políticos.
66 • Combustíveis & Conveniência
A mesa dos velhos no clube ferve com as discussões no fim do domingo das eleições municipais. Entre pastéis, croquetes, mostarda e cerveja clandestina, já que é proibida, a turma se manifesta com tapas na mesa e dedos em riste. A credibilidade da imprensa parece estar nas profundezas. Talvez abaixo mesmo da credibilidade de políticos e ministros do STF. O Doutor tenta explicar: - Pode ser exagero. Mas são meses de mentiras, flagrantes repetidos e divulgados. Afirmações incoerentes e arrogantes. Análises direcionadas. Isto cansa a racionalidade. A insistência em negar a realidade revolta. - Mas tudo deve melhorar nos próximos meses. Tio Marciano e Ruano riem: - Há que se acreditar na imprensa.