ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa
40 • Em evolução
n Meio Ambiente
48 • Futuro distante n Conveniência
54 • Foco no varejo n Entrevista n Mercado
12 •
22 • GLP: à espera de mudanças 26 • Difícil tarefa 30 • Presença feminina
Luiz Moan Yabi-
ku Júnior, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
n Na Prática
Automotores (Anfavea)
34 • Embalagens em discussão
19 • Paulo Miranda 04 • Virou Notícia
66 • Crônica
4OPINIÃO
4SEÇÕES
61 • Perguntas e Respostas
47 • Jurídico Felipe Goidanich 57 • Conveniência Marcos Gouvêa
4TABELAS
38 • Roberto Fregonese
58 • Atuação Sindical
62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3
44 VIROU NOTÍCIA
Stock
2,3% Foi o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2013 em comparação a 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total de todas as riquezas produzidas no país foi de R$ 4,84 trilhões.
Somafoto
Aumento do anidro em pauta
De Olho na ECONOMIA
14% Foi o crescimento da receita líquida da Raízen Combustíveis no ano passado em comparação a 2012, somando R$ 48,5 bilhões. A rede de postos Shell encerrou 2013 com aproximadamente 4.860 postos e 850 lojas de conveniência.
7% Foi a evolução do volume de combustíveis vendido pela Ipiranga no quarto trimestre de 2013 ante mesmo período de 2012. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) atingiu R$ 570 milhões, um crescimento de 14% em igual base comparativa.
2,76%
Somafoto Marcus Almeida
Foi a queda da taxa média de desconto dos cartões de crédito em 2013, cobrada aos estabelecimentos comerciais do país, ante os 2,96% em 2009. Em relação ao cartão de débito, houve redução de 1,60% para 1,56% no mesmo período.
Em fevereiro, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica ) encaminhou ao governo federal uma proposta de elevação do percentual de etanol anidro à gasolina, que passaria de 25% para 27,5%, a partir de maio deste ano (início da safra 2014/15). Segundo a entidade, não há dúvida de que há etanol suficiente para atender à demanda adicional, já que se trata de sugestão dos próprios produtores. “Vale lembrar que, com as discussões em andamento nos Estados Unidos a respeito do Renewable Fuel Standard (RFS, programa de energia renovável), pode haver uma revisão nos volumes de etanol utilizados naquele mercado, podendo reduzir um pouco as exportações de etanol brasileiro para os EUA. Isso deixaria um volume maior de etanol que não seria exportado, disponível para o mercado doméstico”, afirmou Adhemar Altieri, diretor de Comunicação Corporativa da Unica.
Mais anidro Se o aumento da mistura for aceito, significará uma demanda adicional de anidro de 1 bilhão de litros por
4 • Combustíveis & Conveniência
No entanto, para que a mudança seja possível, o governo precisa alterar a Medida Provisória 532, que estabelece que o percentual de etanol anidro adicionado à gasolina deve ficar entre 18% e 25%. Vale destacar que qualquer mudança na MP 532 precisa ter o aval da indústria automotiva. Até o fechamento desta edição, ainda não havia nenhuma indicação do que seria decidido.
Atenção revendedor! O prazo para enviar o Relatório Anual de Atividades Potencialmente Poluidoras (RAPP), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) termina em 31/03/2014. O relatório deve ser preenchido pelo site do Ibama (www.ibama.gov.br).
Mudanças na Resolução 44/2013: A ANP alterou o texto do Artigo 2 parágrafo 3 e estendeu o prazo para cumprimento das informações obrigatórias inscritas no lacre, que entram em vigor em 120 dias, contados a partir de 20 de novembro. Pelo novo texto, nos lacres, devem constar os códigos SIMP da distribuidora e da base da distribuição na saída do produto. Além disso, a numeração do lacre deve ser não repetida, própria de cada distribuidor, em cada base. Foi inserido parágrafo único do Artigo 5, em 20 de fevereiro. Pelo novo texto, a ANP permite que a amostra-testemunha seja coletada em frasco de polietileno de alta densidade. Antes da mudança, só se permitia o uso em frascos de vidro.
Christina Bocayuva
ano, conforme estimativas da consultoria FG Agro.
Ping-Pong
Dolimar Pimentel
Chefe da Divisão Jurídica da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) A CNC encaminhou uma carta à presidente Dilma Rousseff, em nome do empresariado nacional, para alertar o governo sobre o impacto negativo do e-Social. Quais serão as consequências se a nova metodologia for implantada? Houve algum retorno do governo? O quadro é preocupante para os empresários e, consequentemente, para a própria economia do país. Não pela prestação das informações em si, que já são fornecidas aos órgãos do governo envolvidos. A questão é a forma como o e-Social está sendo formatado, com impacto, principalmente, nas micros e pequenas empresas, que terão dificuldades de atender os novos requisitos e estarão sujeitas a multas que simplesmente podem inviabilizar seus negócios. Foi esse o alerta feito pelo presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, na carta à presidente Dilma Rousseff. O retorno pretendido é que o governo possa adotar uma postura mais cautelosa em uma iniciativa de grande impacto para as empresas, embora ainda não tenha havido uma resposta específica neste sentido. O que muda na rotina do comércio com a implantação do e-Social? O e-Social, do jeito que está sendo conduzido, exigirá a reformulação de vários processos internos das empresas, como alteração do sistema de gestão, treinamento de pessoal, contratação de recursos humanos, o que oneraria excessivamente o custo operacional dos empreendimentos. Qual é a estimativa de custos para o comércio com o e-Social? Segundo estudos realizados pela CNC, os custos, somente para as empresas do setor de comércio de bens, serviços e turismo, podem chegar a mais de R$ 5 bilhões. Conforme os prazos estabelecidos, as empresas teriam tempo suficiente para se adequarem ao novo sistema? Com o exíguo tempo que os empregadores têm pela frente, eles deverão reorganizar as informações de cada empregado de sua estrutura. As empresas que já têm seu próprio sistema de gestão terão que buscar novas soluções tecnológicas que atendam às exigências na forma de envio das informações. Haverá necessidade de uma reciclagem dos profissionais das áreas de Recursos Humanos, pois o novo formato exige um maior detalhamento técnico. E muitas localidades não têm sequer um acesso adequado aos serviços de internet, que passa a ser um item fundamental com o e-Social. Tudo isto precisa ser considerado na implantação do novo sistema.
Combustíveis & Conveniência • 5
44 VIROU NOTÍCIA Unica/ Tadeu Fessel
O BNDES e Finep lançaram o PAISS Agrícola, programa que tem por objetivo financiar planos de negócios que busquem o desenvolvimento de novas tecnologias no setor sucroenergético e, consequentemente, proporcionar maiores ganhos de produtividade. Para se ter uma ideia do potencial desse segmento, se o ganho de produtividade fosse ampliado para 3% (hoje, é inferior a 1%), seria possível adicionar cerca de 12 bilhões de litros de etanol até o início da próxima década, um aumento superior a 40% em relação à produção atual de etanol. Juntas, as duas instituições vão oferecer R$ 1,48 bilhão no período de 2014-2018.
Capacidade produtiva Ainda comparando os benefícios do programa para o setor sucroenergético, para alcançar a mesma
São Paulo: SAT substituirá ECF O Sistema Autenticador e Transmissor de Cupons Fiscais Eletrônicos (SAT-CF-e), projeto da Secretaria de Fazenda de São Paulo, tem por finalidade documentar eletronicamente as operações comerciais do varejo no Estado, substituindo o equipamento Emissor de Cupom Fiscal (ECF). De acordo com a Portaria CAT 147 da Sefaz que estabelece a obrigatoriedade, o prazo de início para implantação do SAT será dia 1o de abril. A portaria inclusive determina que, a partir desta data, não será mais possível utilizar o ECF concomitantemente ao SAT. Porém, até a data de fechamento desta edição, ainda não havia no mercado nenhum equipamento homologado.
Prorrogação Araquen Pagotto, presidente da Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac), explicou que ainda não foram definidos os processos para homologação e, por isso, não há equipamentos homologados. “Os fabricantes estão se preparando para fornecer soluções ao varejo, mas ainda não temos a definição acerca dos procedimentos para homologação”, destacou. De acordo com ele, os organismos que farão a homologação ainda 6 • Combustíveis & Conveniência
capacidade produtiva de etanol (12 bilhões de litros), seria necessário investir R$ 40 bilhões na construção de 40 novas usinas, cada uma com capacidade para processar 4 milhões de toneladas de cana por safra, o que exigiria cerca de 2 milhões de hectares em áreas de expansão de canaviais.
Etanol celulósico: aprovado O programa é semelhante ao PAISS Industrial, lançado pelo BNDES e Finep em março de 2011, voltado para a inovação tecnológica dos setores sucroenergético e sucroquímico. Ao todo, 57 empresas participaram e 35 planos de negócios foram aprovados, num valor total contratado, ou em via de contratação, de R$ 2,5 bilhões. Entre os projetos aprovados, está a planta industrial de etanol celulósico da GranBio, em Alagoas, que terá início de produção comercial neste mês.
estão sendo credenciados. “Provavelmente, a aplicação da lei será adiada. Se não tivermos equipamentos, a obrigação terá de ser suspensa até definição de nova data”, afirmou. Porém, a Sefaz não se manifestou a respeito da possível prorrogação. Assim que houver modelos homologados, serão divulgados no próprio site do SAT (www.fazenda.sp.gov.br/sat/).
Simples para o varejo Para o varejo, segundo Pagotto, bastará atualizar o software de automação já utilizado. “Em termos de operação, para o comércio, nada muda. O varejista terá apenas de fazer uma atualização do seu sistema. Quem ainda não usa um sistema de automação, terá de adquirir um que já tenha o módulo SAT homologado”, explicou. Stock
Financiamento: setor sucroenergético
Novas regras para postos flutuantes Em janeiro, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) publicou no Diário Oficial do Estado a Decisão de Diretoria 007/2014/C, que fixa as exigências técnicas mínimas para o controle ambiental das diferentes instalações compreendidas nas estruturas de apoio náutico (dentre as quais se incluem os postos de abastecimento flutuantes) no Estado de São Paulo. As novas regras entraram em vigor em 14 de janeiro, data da publicação.
PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich
Pemex Em 1938, o México era, como, aliás ainda é de alguma forma, um grande produtor de petróleo cru. Já existia então a famigerada “hipoteca petrolera” negociada ou pelo menos assim é dito com os Estados Unidos. Apenas mais uma das infamantes condições de convivência com o poderoso vizinho do norte. Como ficou marcada a frase que teria sido dita, pelo menos em lenda por três ou mais figuras históricas mexicanas, mas comumente atribuída a Porfírio Diaz:
O intuito é minimizar os impactos e danos ao meio ambiente causados por manuseio e instalações inadequadas. A decisão estabelece regras para instalação de tanques e bombas neste tipo de empreendimento, e também procedimentos de segurança para abastecimento de embarcações, além de uma equipe de pronto atendimento a emergências. Segundo o consultor ambiental Edgard Laborde Gomes, embora a decisão seja válida apenas para São Paulo, os proprietários de postos flutuantes de todo o país devem ficar atentos, pois a tendência é de que outros órgãos ambientais editem medidas semelhantes.
- Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos gringos.
Combate à sonegação
tatal Petroleos Mexicanos, também conhecida por Pemex. Foi o passo que
A Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro apreendeu, em 17 de fevereiro, 15 caminhões-tanque com cerca de 700 mil litros de combustível entre etanol e gasolina, que abasteceriam a distribuidora de combustíveis TRIM. A distribuidora já havia sido lacrada dois dias antes pela Receita Federal por sonegação de impostos no valor de R$ 45 milhões, concorrência desleal e inadimplência fraudulenta. Por conta disso, a multa (R$ 360 mil) e o recolhimento de ICMS (R$ 457 mil) do combustível descoberto nos caminhões-tanque serão cobrados das transportadoras, além de responderem por uso de rota alternativa que desviava das barreiras fiscais.
Em 1938, três empresas internacionais extraiam petróleo em território mexicano, e atendiam o já importante mercado de consumo do país, operando refinarias. Uma greve de trabalhadores, por melhores salários, fez com que as empresas deixassem o México sem abastecimento de combustíveis. Levado o caso à Suprema Corte, foi dado ganho de causa aos trabalhadores. Mesmo assim, as empresas não cederam e desafiaram o governo. - Quem nos vai obrigar a aceitar esta decisão? A arrogante interrogação teria sido pronunciada por executivos da Shell, da Esso e da Colombian Petroleum. O presidente do México, general Lazaro Cardenas, se viu obrigado a tomar “manu militari” as refinarias e o incidente levou à criação da empresa eslevou a criação de várias estatais nos diversos países latino-americanos, inclusive a nossa Petróleos Brasileiros S/A, Petrobras, criada em 1953. O histórico das duas empresas tem solenes sucessos e ajudaram a garantir o desenvolvimento. Mas, em determinado momento, o governo mexicano resolveu usar a Pemex como fornecedora de caixa, e ela ficou em dificuldades de investir nos necessários programas. Nos anos 70, a Petrobras iniciou sua marcha vencedora e tornou-se um gigante tecnológico. Era para ter vindo a autossuficiência. Veio o pré-sal. Festejos. Além disso, o Brasil era campeão do etanol e do biodiesel. A Petrobras tinha tanto dinheiro que se pôs a comprar no mercado retalhista, em outros países, e até refinarias obsoletas nos Estados Unidos. Os investimentos necessários ao desenvolvimento foram desviados. Hoje, o Brasil está importando combustível, quase como nunca antes. É necessário ter em mente o erro histórico dos mexicanos de exaurirem a Pemex. Não se deve permitir a destruição da Petrobras. Combustíveis & Conveniência • 7
CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano
Em revisão A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de Conveniência: João Victor Renault Diretoria: Aldo Locatelli, Alírio José Gonçalves, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renault, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio Conselho Editorial: José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Priscilla Carvalho (priscilla.carvalho@fecombustiveis.org.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br
8 • Combustíveis & Conveniência
O segmento de combustíveis é dinâmico, muda frequentemente e requer atualização de suas regras e normas. A ANP tem cumprido seu papel no sentido de promover a adaptação das regulamentações às mudanças de mercado. Em fevereiro, o segmento de lubrificantes foi objeto de atenção da Agência, com a realização de audiência pública sobre a revisão da Resolução 10/2007. As novas regras estabelecem níveis mínimos de qualidade dos produtos destinados ao uso veicular e industrial, o que traz grande benefício ao consumidor. Abordamos na matéria de capa a evolução do setor, que caminha afinado com as novas tecnologias e novos combustíveis com menor teor de enxofre, em linha com meio ambiente. No setor da revenda, as novas regras da Resolução nº 41/2013 começaram a causar impacto no setor. Um dos artigos prevê que as vendas de combustíveis fora do tanque devem ser realizadas em recipientes certificados. A nossa editora-assistente Gisele de Oliveira realizou ampla cobertura sobre o tema, ouviu revendedores e mostrou as reações de consumidores em alguns postos que não conseguiram comprar o combustível em embalagens alternativas. Confira na seção Na Prática. Outro destaque é a cobertura dos resultados de 2013 e do quarto trimestre da Petrobras e do plano estratégico da estatal para 2030, por Gisele. Também nesta edição, uma das matérias da seção Mercado traz as discussões sobre o mercado de GLP, com as revisões da Resolução 15/2005 (distribuição) e da Portaria 297/2003 (revenda). Além das propostas e opiniões de entidades do setor sobre a revisão, a repórter Adriana Cardoso mostra que os antigos problemas do mercado ilegal continuam afetando o segmento. Como o mês de março se comemora o Dia Internacional da Mulher, trazemos histórias de mulheres da revenda que superaram os obstáculos e se tornaram empresárias de referência no setor. Nesta edição, a seção Conveniência apresenta o impacto do contexto econômico global sobre o mercado de varejo e traz dicas do Sebrae sobre o preparo das lojas de conveniência para a Copa do Mundo. Já na seção Meio Ambiente, a repórter Rosemeire Guidoni mostra um panorama das alterações climáticas no globo, o aumento do efeito estufa, a preocupação do mundo em reduzir o volume da emissão de gases poluentes e o investimento em novas tecnologias para veículos. Por falar em veículos, o destaque da Entrevista desta edição é o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku Júnior. Entrevistado por Rosemeire Guidoni, Luiz Moan falou sobre os novos combustíveis com menor teor de enxofre, renovação de frota, as perspectivas para o segmento neste ano e a influência do consumidor no mercado automotivo. Boa leitura! Mônica Serrano
44 SINDICATOS FILIADOS ACRE José Magid Kassem Mastub Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Vilanildo Fernandes Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br
10 • Combustíveis & Conveniência
MARANHÃO Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3221-0762 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br
RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 3217- 6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Volmir Ramos Xinaider Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente - Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com
PERNAMBUCO Fernando Cavalcanti Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br
SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br
PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br
SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249/Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br
SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua Raimundo Fonseca, 57, Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com
44 Luiz Moan Yabiku Júnior 4 Presidente da Anfavea
Quem manda é o consumidor Fotos: Jordi Leite
Por Rosemeire Guidoni
12 • Combustíveis & Conveniência
Há quase um ano à frente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o diretor de Assuntos Institucionais da General Motors do Brasil, Luiz Moan Yabiku Júnior, considera que a indústria automotiva e o próprio mercado de combustíveis são guiados pelo consumidor. Segundo ele, as decisões da indústria se baseiam nas preferências de consumo, que, na maioria das vezes, são norteadas em função da economia. Por isso, por exemplo, a indústria não investe mais fortemente na produção de veículos movidos a GNV (de fábrica). “Nosso rei é o consumidor, nós oferecemos o que ele quer”, afirmou Moan, durante entrevista exclusiva realizada na sede da entidade, em São Paulo, em janeiro deste ano. Moan, que assumiu a presidência da Anfavea em abril de 2013 e deve comandar a entidade até abril de 2016, é economista e atua há mais de 30 anos no setor automotivo, com passagens pela Volkswagen e pela própria Anfavea, como diretor-executivo. Ele falou à reportagem da Combustíveis & Conveniência sobre o desempenho da indústria automotiva, a expectativa do setor para este ano, marcado pela Copa do Mundo e por vários feriados nacionais que comprometem as vendas de veículos, os programas para melhorar a eficiência dos veículos e minimizar as emissões poluentes e até sobre os
problemas ligados à mobilidade urbana. Para o executivo, os postos revendedores são parte essencial da cadeia automotiva, e têm relevância enorme, não somente abastecendo, mas gerando renda e emprego. “Não há um local deste país que não tenha pelo menos um posto de abastecimento. Estes empresários são os verdadeiros indutores de emprego e renda”, afirmou. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista. Combustíveis & Conveniência: Quais as perspectivas atuais para o mercado automotivo brasileiro? O volume de vendas de veículos deve continuar em alta? Luiz Moan: O ano de 2013 foi bastante positivo, especialmente em função do Inovar Auto, um programa que pretende estimular a produção não apenas de veículos, mas também de autopeças no Brasil. Isso proporcionou um crescimento no licenciamento dos veículos nacionais. Crescemos 1,5%, enquanto o mercado total caiu 0,9%. O mais estimulante é que tivemos uma evolução de 26% nas exportações do setor e, com isso, fechamos a produção de 2013 com recorde histórico de 3.740.000 autoveículos, um crescimento de 9,9%. Para 2014, estamos prevendo um PIB para o Brasil de 2,5%. Tradicionalmente nosso setor é puxador do PIB. Em função disso, a expectativa de crescimento do mercado de produção deveria ser superior a 2,5%. Porém, 2014 é um ano atípico, com muitos feriados e pontes (com emendas de final de semana). Além disso, teremos também o calendário da Copa do Mundo. Então, a previsão
de crescimento é de 1,1% nas vendas para o mercado interno, em função do menor número de dias úteis. Mas projetamos 2,1% para exportações e 1,4% na produção de veículos, na comparação com 2013. A produção do mês de janeiro também foi prejudicada, devido a demora na regulamentação das novas regras do Programa de Sustentação dos Investimentos - o BNDES Finame - PSI, linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para máquinas e equipamentos. Em comparação com janeiro de 2013, houve queda de 18,7% na produção de veículos no mês. Apesar de as mudanças terem sido anunciadas em dezembro, a portaria que oficializa as normas para o financiamento só foi publicada no dia 24 de janeiro, uma sexta-feira, prejudicando os resultados do setor no início do ano. Apesar disso, as vendas de veículos novos, considerando comerciais leves, automóveis, caminhões e ônibus, cresceram
0,4% na comparação com janeiro de 2013, chegando a 312.618 unidades comercializadas. O resultado é o maior para o mês de janeiro, mas poderia ser ainda melhor, se não fosse o entrave provocado pela demora na regulamentação do PSI. C&C: As montadoras devem adiar investimentos em função do cenário econômico atual? LM: Em minha visão, o Inovar Auto está puxando os investimentos no Brasil. No período de 2013 a 2017, temos previsão de investir, só das montadoras,
4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: 1889 Autor: Laurentino Gomes Editora: Globo
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44 Luiz Moan Yabiku Júnior 4 Presidente da Anfavea R$ 75,8 bilhões, não somente no desenvolvimento de novos veículos, mas também na ampliação da capacidade produtiva. Outro detalhe interessante deste investimento é que algumas empresas (especialmente marcas de luxo) já anunciaram a produção no Brasil de uma gama de veículos chamados premiuns. Hoje as associadas da Anfavea já representam 75% da produção mundial de veículos, portanto, não somente sabemos fazer veículos, mas conhecemos todas as tecnologias disponíveis. E com isso, já indo para a área de combustíveis, quero afirmar que os nossos veículos não devem nada a qualquer outro produzido no mundo e, por isso, merecíamos mesmo um combustível melhor. No caso
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do diesel, por exemplo, o S10 é o mais adequado aos nossos produtos, pois não basta que o veículo tenha motor moderno, é necessário ter combustíveis também com a última tecnologia, e ficamos muito satisfeitos agora, em janeiro, com a oferta do mercado brasileiro da gasolina S50. C&C: A indústria automotiva precisa desenvolver novas tecnologias para adequar os motores aos combustíveis atuais? LM: A nova gasolina S50 não demandou mudança nos veículos, que já estavam preparados para esta gasolina melhor. No caso do diesel, houve o desenvolvimento de nova tecnologia para atender ao limite de emissões estabelecido pelo Programa de
Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Mas, como já dito, os veículos nacionais não devem nada aos modelos produzidos em outros países. C&C: Quais as projeções da Anfavea para as vendas de caminhões? Quando houve a transição para os motores Euro 5, ocorreu uma antecipação das compras (por parte das transportadoras), o que protelou, de certa forma, as vendas do modelo novo. As taxas de renovação de frota já voltaram ao normal? Quais as perspectivas para o segmento? LM: Fechamos 2013 com uma venda superior a 11,1% de caminhões e 14,3%, de ônibus. Isso é um crescimento bastante acentuado e nós cre-
ditamos isso, em parte, à linha de crédito PSI, que incentiva o investimento, mas, especialmente, pela consciência de que o novo motor com diesel S10 tem custo operacional muito menor. C&C: Estes novos combustíveis – gasolina S50 e diesel S10 – proporcionam menores custos de manutenção nos veículos? LM: Sim, o consumidor pode sentir claramente os resultados. Além do aspecto ambiental, ou seja, da redução de emissões, os novos combustíveis reduzem os resíduos no motor. É o caso da nova gasolina, o consumidor vai perceber que terá menor custo de manutenção. Mesmo caso do diesel, quem investe em um caminhão novo acaba tendo um custo operacional muito menor. C&C: O uso de biocombustíveis também é uma forma de reduzir as emissões poluentes. A Anfavea vê com bons olhos o aumento do percentual do biodiesel adicionado ao diesel? LM: Na verdade, a indústria precisa sempre fazer uma validação do novo combustível nos produtos, e esta validação não é feita rodando pouco. É necessário rodar muito com o produto que está sendo testado. Quando a montadora recomenda ou aceita a utilização de um novo tipo de combustível, nossa preocupação é o respeito ao consumidor, que, ao usar aquele combustível, não terá problemas nem de garantia, muito menos de paradas pelo uso de produto inadequado. No nosso setor, só temos uma maneira de fazer a validação: rodando muito com o combustível. Por isso, somos cautelosos
com a perspectiva de elevação da mistura de biodiesel. Ainda não existem testes suficientes que garantam a eficiência dos motores com misturas superiores a 7%. A Anfavea apresentou uma proposta de elevação desta mistura, que está sendo analisada. A ideia é introduzir o B7 a partir de 2014 para as frotas cativas, e para todos os veículos em 2015. De 2015 a 2020, as frotas cativas poderiam utilizar misturas entre B7 e B10, enquanto que os demais veículos permaneceriam com o B7. Este seria um período importante para avaliar o desempenho dos veículos com misturas superiores ao B7. Em 2018, o governo e o setor em conjunto definiriam o percentual de mistura a ser introduzido em 2020, com tempo hábil para todos os segmentos se prepararem. C&C: Mas este motor Euro 5 não é igual ao que se usa fora do Brasil? Em alguns países já se usam percentuais maiores de biodiesel. Qual a diferença? LM: A diferença básica é que é necessário um ajuste do motor ou dos componentes. Por exemplo, quando se fala na Suécia, lá os veículos pesados rodam inclusive com motores a etanol. Mas, para tanto, é necessário fazer adaptações de componentes. Os ônibus que rodam hoje na Suécia com
etanol saíram da engenharia brasileira inclusive, pois nossa experiência com etanol era maior. Para assegurar o uso de um novo combustível nos veículos, é necessário rodar pelo menos 80 mil km com um veículo leve e, no caso de pesados, há montadoras cujo critério de análise é a rodagem de 200 mil km. Temos uma preocupação muito grande com validação técnica e, por isso, este cronograma diferente para permitir mais tempo para testes. Mas é importante ressaltar que nós apoiamos o uso de biocombustíveis. O biodiesel tem apoio total do setor, o produto é extremamente favorável, não só ao meio ambiente, mas também à geração de renda no país, mas temos de ter esta preocupação com nosso consumidor. C&C: Mas qual seria o risco, para os veículos, de utilizar percentual maior de biodiesel? LM: Por exemplo, nossas associadas vendem ônibus, e este tipo de veículo tem de ser encarroçado fora. Normalmente, no processo de encarroçamento, o chassi do ônibus fica de 30 a 60 dias parado. Isso faz parte do processo. Porém, o biocombustível parado neste tempo forma uma borra e depois não se consegue nem dar partida no veículo. Isso já acontece com o B5. Temos preocupa-
Além do aspecto ambiental, ou seja, da redução de emissões, os novos combustíveis reduzem os resíduos no motor. É o caso da nova gasolina, o consumidor vai perceber que terá menor custo de manutenção
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44 Luiz Moan Yabiku Júnior 4 Presidente da Anfavea ção, em nossa proposta, que seja permitido às montadoras, no caso de veículos que serão encarroçados posteriormente, abastecer com diesel puro, sem biodiesel. Já temos ônibus rodando com B100. Porém, é um projeto-piloto e faremos a recomendação de uso só após os testes. Estamos analisando o B7, testando B10, B20, B30 e vamos encontrando problemas. E, com isso, vamos evoluindo em termos de engenharia. C&C: Qual o prejuízo aos veículos com motor Euro 5 de uso de produtos inadequados, como, por exemplo, o diesel sem redução do teor de enxofre ou mesmo a adição de outros líquidos que não Arla-32 no catalisador? LM: O uso de combustível e outros produtos inadequados sempre traz consequências ruins. A primeira delas é o prejuízo ao meio ambiente, quando se usa diesel com teor de enxofre maior, seguramente vai poluir mais e todo o desenvolvimento da indústria e dos combustíveis para minimizar a poluição terá sido em vão. Mas, além deste aspecto, que não é palpável, rapidamente o motorista vai notar que o uso do combustível inadequado, ou a não colocação do Arla, vai gerar desgastes maiores no motor. Com isso, ele vai perceber com o tempo que o custo de operação ficou muito mais caro. O veículo vai consumir mais combustível. Por último, todos os caminhões novos estão equipados com sensor, que identifica o uso de produtos inadequados e leva à perda de potência dos motores. Mesmo que o motorista tenha a possibilidade de burlar o 16 • Combustíveis & Conveniência
funcionamento do sensor, com o uso de produto inadequado, perceberá que não existe vantagem econômica. Haverá consumo maior e perda de tempo nas viagens, seja para abastecer mais vezes, seja por redução de potência. Fizemos vários testes, várias experiências e constatamos que o acúmulo de resíduos no motor chega a travar o veículo. Além disso, haverá perda de garantia. C&C: Até que ponto um combustível não conforme (em desacordo com as especificações da ANP) prejudica os motores dos veículos? LM: O uso de produto não conforme sempre representa um problema. Os veículos estão preparados para aquela especificação. Todos os veículos atuais são controlados de forma eletrônica e qualquer variação significa um problema de desempenho, seja com o motor, seja com a manutenção. Por exemplo, se for utilizado um combustível mais corrosivo do que o planejado, o veículo pode ter problema de mangueira, inclusive, de rompimento de peças.
C&C: O etanol é um combustível menos poluente, capaz de gerar menos emissões. Porém, por diversas razões – inclusive preço – ele não é o combustível de escolha de boa parte dos consumidores. Do ponto de vista automotivo, existe diferença entre o uso de gasolina e etanol, em um veículo flex? LM: Desenvolvemos o veículo flex no Brasil diferente do que existe nos Estados Unidos, onde o sensor lê somente em dois pontos, ou seja, com muita gasolina ou com muito etanol. Aqui no Brasil desenvolvemos um flex que pode ser utilizado com álcool ou gasolina e não há prejuízo ao veículo ou vantagem adicional se for utilizado um ou outro produto, na proporção que for. O motor não fica mais limpo se o consumidor usar somente etanol, não há registro ou comprovação desta argumentação. O consumidor tem de escolher o combustível de preferência pelo preço ou questão ambiental, mas em relação à manutenção, tanto faz o combustível escolhido. C&C: Quais os planos da indústria automotiva para os
veículos elétricos? O senhor acredita que este mercado será promissor no Brasil? LM: Como Anfavea, fizemos proposta ao governo federal de incentivo à colocação do veículo híbrido ou elétrico no Brasil. Num primeiro momento, sabemos que vai ocorrer importação. É preciso diferenciar híbrido de elétrico: o híbrido usa gasolina e eletricidade (armazena energia elétrica), e parte da rodagem pode ser com energia elétrica. Já o elétrico é puramente elétrico. Defendemos na proposta que os veículos possam ser importados, em um primeiro momento, até para que o consumidor brasileiro não seja privado de conhecer as tecnologias. O segundo passo seria a nacionalização de componentes no Brasil e o terceiro passo, a montagem destes veículos aqui.
Ou seja, defendemos uma política industrial para incentivar a produção no Brasil. Quando se fala em híbrido, e pensando em uma segunda fase de nacionalização, por que não oferecer ao consumidor brasileiro um híbrido flex? Hoje não se tem a opção de usar etanol neste tipo de veículo. Achamos importante estimular a produção no Brasil com a introdução de híbridos flex. Na parte do elétrico, no entanto, o investimento em infraestrutura e a baixa autonomia são ainda um problema. Num futuro ainda distante, sabemos que há uma tendência de uso do hidrogênio nos veículos, e sabemos também que o etanol é o combustível líquido mais apropriado para a retirada do hidrogênio, então, na nossa proposta, pedimos ao governo que fosse incen-
tivada a pesquisa do uso do etanol para gerar o hidrogênio nos veículos movidos a célula combustível. Precisamos investir em tecnologia para aproveitar o etanol. No mundo, hoje, a tecnologia desenvolvida retira o oxigênio a partir do gás. Se não pensarmos no longo prazo, no Brasil, o veículo movido a célula combustível também vai acabar sendo a gás. C&C: Qual seria o problema de ter o veículo a célula combustível a partir do gás? Alguma relação com o baixo ritmo de crescimento do mercado de GNV? LM: Nenhum problema. Porém, todos fazem pesquisas com base no gás porque o mundo não tem etanol. Nós temos, e não podemos jogar fora os investimentos que o país fez na indústria de etanol.
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44 Luiz Moan Yabiku Júnior 4 Presidente da Anfavea Quanto ao uso do gás veicular, várias empresas já lançaram no mercado veículos movidos a GNV, de fábrica. No entanto, em função do preço e oferta, a utilização do gás deixou de ser interessante para o consumidor, que é movido por sua economicidade. Em São Paulo, por exemplo, chegamos a ter postos exclusivos de GNV, que fecharam porque o consumidor deixou de achar vantajoso. Nosso rei é o consumidor, nós oferecemos o que ele quer. C&C: O senhor acredita que, no Brasil, haveria espaço para veículos leves movidos a diesel? Em sua avaliação, o consumidor teria interesse neste tipo de veículo? LM: Produzimos motores a diesel para veículos leves aqui no Brasil, mas apenas com foco em exportação. Exportamos para a Argentina, por exemplo. No Brasil, não há perspectiva para estes veículos, pois o país não tem a capacidade de produção da quantidade de diesel que seria necessária para atender à demanda criada por tais veículos. Acredito que dificilmente teremos autorização de produzir motor a diesel para veículos leves para venda interna. Tecnicamente, o veículo a diesel tem autonomia maior, mas preço maior também. Já existem veículos de passeio, como pick ups movidas a diesel. Ao comprá-las, em geral, a decisão do consumidor baseia-se na quantidade de quilômetros que vai rodar, e muitos optam pela motorização a gasolina. Então, de novo, é decisão do consumidor. C&C: Hoje, discute-se muito a questão da mobilidade urbana. 18 • Combustíveis & Conveniência
Como a Anfavea vê este debate, considerando que uma das soluções é investir em meios de transporte públicos? LM: Os investimentos incluem aumento de frotas de ônibus e também de táxis, o que representa um potencial positivo de crescimento de vendas destes veículos. Além da questão do trânsito, o debate sobre mobilidade inclui também o meio ambiente – e a Anfavea defende todas as tecnologias para redução de emissões – e a necessidade de renovação da frota. Participamos de uma proposta sobre renovação de frota de caminhões, que inclui políticas para sucateamento
de reciclagem, inclusive, com a participação das siderúrgicas neste processo. Acreditamos que, até o final de março, o Brasil possa adotar um programa federal de substituição de frota de caminhões. Hoje, temos mais de 230 mil caminhões acima de 30 anos, com idade média de cerca de 18 anos. C&C: O senhor acredita que a Copa do Mundo trará novos investimentos em táxis e ônibus, estimulando as vendas destes veículos? LM: Sem dúvida um aumento de vendas destes veículos deve ocorrer. Temos perspectiva não só pra 2014, mas para frente, de vendas crescentes de veículos.
Quando a montadora recomenda ou aceita a utilização de um novo tipo de combustível, nossa preocupação é o respeito ao consumidor, que, ao usar aquele combustível, não terá problemas nem de garantia, nem de paradas pelo uso de produto inadequado
dos veículos antigos. O veículo antigo continua poluindo e gerando acidentes. Hoje, os caminhões representam 7% da frota de autoveículos, mas são responsáveis por 25% dos acidentes. Um dos motivos é a idade e baixa manutenção. Esta proposta de sucateamento foi formulada de maneira conjunta por dez entidades empresariais, que acreditam que não basta ter incentivos para renovar a frota, é necessário criar meios para destinação adequada do caminhão usado, num centro
A Copa traz efeitos positivos quando se fala em vendas de ônibus. Táxi é um outro mercado; locadoras de automóveis, idem. Por outro lado, teremos menor número de dias úteis em função da quantidade de feriados. Pesando tudo, acreditamos no crescimento de 1,1% em 2014 sobre 2013. Isso contribui para o aumento de veículos em circulação e para os problemas citados de mobilidade urbana e, por este motivo, a instituição de uma política de sucateamento é primordial. n
OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis
Vamos em frente Com o fim do Carnaval, voltamos ao ritmo do vem causando superam nosso dia a dia e o país retoma sua produtividade de longe os efeitos da econômica. Neste ano, porém, as perspectivas inflação de 6%. Seguneconômicas não sinalizam melhora no crescimento do ele, para fugir do do país. Tudo indica que o PIB nacional ficará esdilema de reajuste dos preços administrados e do controle da inflação, a política econômica deveria tagnado, próximo a 2%. Se a conjuntura econômica atacar outras fontes de pressão inflacionária, como, não mudar ao longo dos meses, passaremos mais por exemplo, pelo déficit fiscal e a expansão do um ano sem sair do lugar. Há anos que o índice crédito. Em relação ao crédito, ele destaca que a anual da inflação gira em torno de 6%. E em 2014 Caixa Econômica não pode continuar expandindo não será diferente, as projeções apontam para o seus empréstimos a uma taxa anual de 40%. Cabe mesmo nível de 2013. Nos últimos anos, a taxa ao governo administrar essas incoerências, antes de inflação tem sido mantida graças à política de que seja tarde. contenção de preços do governo sobre a Petrobras. As notícias, do ponto de vista econômico, sinalizam Temos assistido aos efeitos desastrosos desta que o país não se encontra mais em plena pujança política, que têm comprometido cada vez mais o como foi antigamente. Em nosso segmento, ainda caixa da estatal. O endividamento da empresa em não percebemos forte impacto da desaceleração do relação ao patrimônio líquido chegou a 36% no país, mas as perspectivas terceiro trimestre do ano O combustível no Brasil é barato, o deste ano em relação ao passado. A produção de ingresso da classe C ao mercado de setor da revenda apontam petróleo pela Petrobras consumo e o acesso ao crédito permitiram para um crescimento mais caiu 2,5% em 2013 ante a compra do primeiro ou segundo contido, embora acima do 2012, o que representa o pior resultado desde 2008. veículo da família. Portanto, os cidadãos PIB. De qualquer forma, A esperança de melhorar a continuarão abastecendo, com ou sem o combustível no Brasil é barato, o ingresso da classe situação, com os reajustes carros novos C ao mercado de consumo de preços dos combustíveis e o acesso ao crédito permitiram a compra do prino final de novembro, não se concretizou. O aumento de preços não foi suficiente para equilibrar meiro ou segundo veículo da família. Portanto, os as contas da estatal e é provável que haja um novo cidadãos continuarão abastecendo, com ou sem reajuste este ano. Nós, da revenda, vivenciamos carros novos. Diante desse panorama, convido a os preços dos combustíveis defasados há anos, todos a fazer nossa parte da melhor forma possível. nossas margens continuam achatadas. Além disso, Vamos atender a demanda do consumidor, nos continuamos sendo bombardeados pela elevada aprimorar como gestores, nos adequar às exigências carga tributária, que representa um dos aspectos da ANP a partir das novas Resoluções, cumprir as mais insalubres de nossa economia. exigências da NR-20, por mais difíceis que sejam, O renomado economista Ernane Galvêas, em e estar em linha com as boas práticas do mercado análise publicada recentemente, destacou que a relacionadas ao meio ambiente. Somente assim, inflação tem sido mantida à custa dos prejuízos como empresários dedicados e comprometidos, impostos à Petrobras, à Eletrobras e aos estados e poderemos vencer as dificuldades de nosso negócio municípios, comprometidos com os preços admie manter nossa posição na lista de setores econônistrados pelo governo. Os danos que essa política micos que contribuem para o crescimento do país.
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Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de fevereiro de 2014:
3 - Participação da Fecombustíveis em reunião da Subcomissão Postos Revendedores da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz), no Rio de Janeiro/RJ;
11 - Reunião da Fecombustíveis com a Superintendência de Abastecimento e Fiscalização do Abastecimento da ANP sobre a Resolução no 41/2013, no Rio de Janeiro/RJ;
12 - Participação da Fecombustíveis em audiência pública nº 37/2013 para atualização das regras de registro de graxas e óleos lubrificantes e de aditivos em frasco, na sede da ANP, no Rio de Janeiro/RJ;
20 - Participação da Fecombustíveis em reunião da CNPBz, em Brasília/DF;
21 - Reunião do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, em Brasília/DF.
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GLP: à espera de mudanças O processo das revisões da Resolução 15/2005 e da Portaria 297/2003, em andamento desde o ano passado, deve ser prorrogado para o segundo semestre deste ano. Enquanto isso, a revenda de GLP continua convivendo com problemas antigos, como elevada competitividade e informalidade do setor 22 • Combustíveis & Conveniência
Por Adriana Cardoso O segmento de GLP vive grande expectativa este ano com relação à possível definição de um novo marco regulatório, o que pode representar um divisor de águas para o setor. A ANP vem se debruçando sobre o tema desde o fim do ano passado, após consulta pública para aperfeiçoamento da regulamentação de distribuição e revenda do produto no país. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, foram recebidas 332 sugestões na consulta prévia realizada de 14 de outubro a 2 de dezembro passado. O material
está agora sob a análise da equipe técnica da Agência. Muito em breve, a ANP deve se reunir com os agentes econômicos envolvidos e submeterá ao processo de consulta e audiência pública a minuta de resolução para revisão da Resolução 15/2005 (distribuição) e da Portaria 297/2003 (revenda). Pela agenda regulatória da ANP, esse processo deve ocorrer ainda neste ano. Mas, contando que 2014 é ano de Copa do Mundo e de eleições presidenciais, a definição pode ser postergada, a menos que haja pressão dos atores envolvidos.
Divulgação Copagaz
Marco regulatório do setor trará atualização das regras, sendo fundamental para a evolução do mercado da revenda e distribuição
A definição de um novo marco regulatório, que trará em seu bojo práticas mais modernas e condizentes às do mercado internacional, é fundamental para o segmento de GLP que, há muitos anos, padece de uma série de problemas como informalidade, insegurança, falta de regulação na cadeia, logística e, consequentemente, perdas financeiras para as empresas. De todos os pontos, o mais crucial é a regulação da cadeia, que corresponde à concorrência entre distribuidoras e revendas. “Nossa expectativa é avançar no campo da liberdade e da
valorização da revenda de GLP, pois as regras que nos norteiam hoje não têm sido interessantes para as distribuidoras, nem para as revendas”, avalia o presidente da Abragás, José Luiz Rocha. Atualmente, a Portaria 297 determina como opção da revenda atuar como multimarca, quando autorizado, ou marca única, o que, segundo Rocha, confunde o consumidor que, muitas vezes, compra o produto de uma revenda com uma bandeira específica, mas que, na prática, o produto é de outra marca. “Isso funciona muito mal, pois temos um mercado supercompetitivo entre as revendas e temos ausência de concorrência no setor de distribuição. Por isso, nossa luta tem sido a favor da revenda bandeira branca, seguindo o mesmo modelo dos postos de combustíveis”, compara. No modelo defendido pela Abragás, a revenda pode ser embandeirada e manter um contrato por tempo determinado com o seu fornecedor e ter a liberdade de escolher ser bandeira branca ou não quando o contrato vencer. A proposta enfrenta resistência do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), que tem sob seu guarda-chuva as principais distribuidoras do produto. A entidade considera difícil rastrear a revenda bandeira branca. O fato é que, como está, o mercado de GLP não pode ficar. O presidente da Abragás diz que, embora a redução da informalidade seja um aspecto positivo, a concorrência no setor – seja formal ou informal – tem levado muitos a fecharem suas portas pela inviabilidade econômica. “O mercado tem se mantido estável, mas com crescimento
pífio”, salienta, para completar: “É muita gente para pouca pizza”. Para se ter uma dimensão do problema, nos últimos anos, 15 das 21 companhias de gás brasileiras, ou trocaram de mãos, ou fecharam as portas. Dados da ANP e da Fecombustíveis mostram que, em 2013, o faturamento total do segmento foi de R$ 26,3 bilhões ante R$ 24,3 bilhões de 2012. O volume comercializado cresceu de 7.135 para 7.329 milhões de toneladas entre um ano e outro.
Informalidade Como se vê pelos números, o mercado de GLP é grande e extremamente importante no país. São 23 companhias distribuidoras e mais de 54 mil revendas autorizadas servindo 98% dos lares brasileiros. Aproximadamente 94% do mercado de distribuição é dominado por Ultragaz (23,04%), Liquigás (22,67%), SuperGasbras (21,13%), Nacional Gás (18,86%) e Copagaz (7,97%). Por cerca de 30 anos, esse mercado funcionou sob regras frouxas. A situação começou a mudar há pouco mais de uma década. Houve avanços, por exemplo, no combate à venda clandestina de botijões. As irregularidades vão desde o não atendimento às normas técnicas de segurança e peso abaixo do estabelecido. Outro ponto importante foi a implementação do programa Requalificação dos Vasilhames de Gás, que supervisiona os botijões por meio de testes rigorosos - e os que não estão em condições de uso são encaminhados para requalificação (reforma), e do programa Gás Legal, criado em 20 de setembro de 2010, em parceria entre a ANP e os sindicatos do segmento, para disciplinar e fisCombustíveis & Conveniência • 23
José Luiz Rocha, presidente da Abragás: “O mercado tem se mantido estável, mas com crescimento pífio”
“porque é o caminho mais fácil”, especialmente ao consumidor que tem a conveniência de encontrar o botijão no açougue, no mercadinho, mesmo que isso coloque a segurança dele em risco. “Durante mais de 30 anos esse problema não foi reprimido, então ele (o consumidor) acha que aquilo é normal. Combater o ‘camelô do gás’ é o tipo de coisa que você tem de insistir. É o mau hábito da sociedade”, observa. Esbarra no problema as próprias limitações da ANP. “Há uma característica peculiar (e natural) à
Supergasbras
calizar o mercado de GLP no país. O balanço de 2013 sobre o setor mostra que a informalidade na comercialização do produto foi reduzida em 76% nos últimos três anos. Mesmo assim, o número da informalidade no setor é grande e difícil de controlar. Só em 2013, cerca de 30 forças-tarefa envolvendo exclusivamente órgãos públicos somaram-se às ações já desenvolvidas pela ANP. Foram efetuadas cerca de 4.000 ações em distribuidores e revendedores, resultando em 900 autos de infração. Calculada a relação entre infrações lavradas por ações realizadas, o revendedor atingiu a taxa de 19% e o distribuidor, 32%. O superintendente de Fiscalização do Abastecimento da ANP, Carlos Orlando Enrique da Silva, informou que a maioria das irregularidades encontradas em botijões de gás durante ações do órgão concentra-se na falta de atenção às normas de segurança, como a falta de delimitação de áreas de armazenamento e inobservância das distâncias regulamentares. O presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, reforça que a informalidade existe
Geisa Brito
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A Lei Federal 12009/09 e a Resolução 356/10, do Contran, proibiram o transporte de GLP em motos, permitindo adaptações dentro dos critérios de segurança, em triciclos e caminhonetes 24 • Combustíveis & Conveniência
cadeia de abastecimento de GLP operada pelos agentes econômicos que configuram o setor. Qual seja: a sua elevada capilaridade, que percorre praticamente todo o país, somada à quantidade de recipientes transportáveis de GLP em circulação. Para o de 13 quilogramas (P13), trabalha-se com universo superior a 100 milhões de unidades e vendas mensais da ordem de 33 milhões. Tal característica finda trazendo alguma dificuldade, superável, diga-se de passagem, para o planejamento da fiscalização”, pondera Carlos Orlando. Somado à isso, a venda de GLP na informalidade restringe a atuação da fiscalização, uma vez que o poder de polícia da ANP é meramente administrativo. “Em geral, o armazenamento do botijão é feito em residências ou em mercadinhos que não se sujeitam à regulação da agência”, sintetiza. A clandestinidade, segundo ele, tipifica crime previsto na Lei 8.176/91. Daí a importância de a operação ser feita conjuntamente com órgãos com poder para esse fim.
Requalificação No fim do ano passado, uma ação de fiscalização do Instituto de Pesos e Medidas do estado de São Paulo (Ipem) encontrou irregularidades desse tipo numa revenda de botijão de gás em São Carlos, no interior do Estado. Foram avaliadas 32 unidades, das quais 11 apresentaram peso fora do padrão e foram interditadas. No que se refere à requalificação dos botijões, o superintendente da ANP explica que “as operações de fiscalização despendem atenção redobrada e o julgamento dos processos administrativos sancionadores decorrentes de autos de infração lavrados por essa causa ganhou celeridade”. Mas a requa-
Logística Em outubro passado, faltou gás de cozinha em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O problema ocorreu por conta da paralisação de uma refinaria da Petrobras em São José dos Campos (SP). As distribuidoras receberam, em média, de 60% a 70% de sua necessidade naquele mês. As paradas técnicas das refinarias da Petrobras durante o inverno, quando o consumo de gás aumenta, também é apontado como problema pelas revendas. Mas os problemas logísticos vão além. O presidente da Abragás aponta que os custos de logística têm sido um grande desafio para as revendas, pois a Lei Federal 12009/09 e a Resolução 356/10, do Contran, proibiram o transporte de GLP em motos, permitindo somente aquelas adaptadas com o sidecar. “A saída foi usar caminhonetes de pequeno porte e triciclos. Isso tem aumentado o custo
Sindigás
lificação, segundo ele, não abstrai o combate ao comércio informal. Silva ressalta ainda que a reincidência em infrações no campo da segurança, somada ao comércio de botijões não requalificados, pode levar à revogação da autorização do exercício da atividade. A ANP colocou em consulta pública (de18/2/2014 a 19/3/2014) uma minuta de resolução para regular recipientes transportáveis de GLP não qualificados, prevendo vedar a comercialização por qualquer elo da cadeia. A nova regra vai exigir, inclusive, que a revenda não receba vasilhames não conformes. A audiência pública está marcada para 14/4/2014.
Informalidade prevalece no setor: armazenamento do botijão é feito em residências ou em mercadinhos que não se sujeitam à regulação da ANP
da logística e causado certo desespero para os revendedores, tendo em vista que a concorrência é elevada no setor e é impossível repassar os custos ao consumidor”, diz Rocha. Mello, do Sindigás, atenta para o fato de que o novo marco regulatório que vem sendo desenhado deve contemplar esse aspecto, pois as mudanças sempre aparecem nos custos e a logística é parte muito importante do negócio. “O revendedor tem pouco tempo para levar o produto à casa do cliente, normalmente 15 minutos. A solução tem de ser rápida”, salienta.
Gás natural x GLP A distribuição e revenda de GLP também tiveram de aprender a lidar, nos últimos anos, com a concorrência do gás natural. Todavia, segundo a Abragás, o problema maior é enfrentado pelas empresas que vendem o GLP a granel. O presidente da Copagaz, Ueze Zahran, entende que os dois são gases complementares, “pois onde o gás natural
não atinge, lá está o GLP, que também é denominado ‘energia transportável’”. Enquanto o gás natural cobre apenas algumas regiões do país, o GLP está em todo o território nacional. Estudo comparativo do Sindigás entre os preços dos dois produtos em São Paulo mostra que, ao consumir 15,73 m3 de gás natural, o consumidor residencial pagará R$ 74,42, enquanto que o custo do botijão de 13 quilos é de R$ 42,14, diferença de 76,6%. “O GLP para pequeno e médio consumo é mais barato que o natural, sendo extremamente competitivo. Cabe a nós comprovar sua conveniência”, considera. Mello prossegue dizendo que as mudanças na regulamentação também são importantes para mudar a imagem do produto no mercado. “Não podemos deixar persistir sobre o GLP a pecha de produto antiquado, ultrapassado. Comparo-o a uma caneta Bic, que está sempre à mão para qualquer urgência, e continua sendo líder absoluta. O botijão de gás é parecido com isso: é antigo, mas funciona”. n Combustíveis & Conveniência • 25
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Difícil tarefa Apesar dos resultados no acumulado de 2013 registrarem aumento do lucro líquido de 11% em relação a 2012, não fosse a somatória de fatores, como aumento de preços dos combustíveis no final do ano, adoção da contabilidade de hedge e programas estruturantes, o cenário poderia ter sido pior. A grande dificuldade da estatal permanece em seu elevado nível de endividamento, que ultrapassou o limite recomendável em 2013. O Conselho de Administração exige equilíbrio das contas da estatal em dois anos
Por Gisele de Oliveira
Edmund Nigel Gall/Wikimedia Commons
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Não é de hoje que a Petrobras está com a luz vermelha piscando. Prova disso, é o nível de endividamento da companhia, que aumenta a cada ano. Os resultados da Petrobras no acumulado do ano passado, apresentados no final de fevereiro, demonstraram que o endividamento da estatal alcançou US$ 221,6 bilhões em 2013, ante US$ 147,8 bilhões em 2012. Já o indicador que relaciona dívida e geração de caixa pulou de 2,77 vezes, no ano anterior, para 3,52 em 2013 – a meta é 2,5. A preocupação é tamanha que a diretoria da estatal recebeu determinação do Conselho de Administração para diminuir esse nível em dois anos – uma missão considerada difícil pela presidente da empresa Maria das Graças Foster, para este ano, mas não impossível. Segundo Graça, uma das frentes para reduzir o nível de endividamento é a busca da convergência de preços, sinalizando que são necessários mais reajustes no mercado interno. Enquanto permanecer a divergência de preços entre os
no final do ano passado, a Petrobras amargou nova queda no lucro líquido no quarto trimestre de 2013. O balanço, divulgado pela estatal no final de fevereiro, registrou lucro líquido de R$ 6,281 bilhões entre outubro e dezembro, uma retração de 18,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2013, no entanto, a Petrobras registrou aumento de 11% no lucro líquido em relação ao de 2012, fechando o período com R$ 23,570 bilhões. De acordo com a estatal, o resultado foi reflexo dos reajustes nos preços do diesel e da gasolina concedidos ao longo do ano, que somaram 20% e 11%, respectivamente. Também contribuiu para esse desempenho a adoção da contabilidade de hedge em maio do ano passado, reduzindo, assim, o efeito do impacto da variação cambial sobre as dívidas denominadas em dólar em 2013. Sem essa prática, o impacto teria sido R$ 8,4 bilhões. Além disso, outros fatores influenciaram para o resultado da Petrobras, como o aumento de 6% na produção de derivados, influenciando diretamente na redução de importação
de diesel e gasolina; da otimização de custos operacionais, que alcançou uma economia de R$ 6,6 bilhões, superior à meta de R$ 3,9 bilhões estabelecida para o ano; dos ganhos com venda de ativos, que totalizaram US$ 7,3 bilhões; e das menores despesas com baixas de poços secos. Durante coletiva de imprensa, realizada na sede da companhia, no Rio de Janeiro, Graça Foster fez questão de ressaltar os impactos positivos dos programas considerados estruturantes (otimização de custos, desinvestimentos e eficiência energética) no resultado da estatal. Sem eles, o lucro líquido de 2013 teria sido 41% menor, alcançando R$ 13,9 bilhões. No caixa da empresa, esses programas tiveram um efeito positivo de R$ 14,7 bilhões. “Esses números comprovam a mudança de cultura e de comportamento dentro da companhia e é o que estamos perseguindo. Certamente, sem eles, teríamos que buscar recursos no mercado”, salientou. Porém, se o resultado oficial ficou acima do esperado pelo mercado (projeções de especialistas indicavam lucro 35%
Fotos: Agência Petrobras
mercados interno e internacional, a empresa continuará sofrendo os efeitos e os impactos em seu caixa. Segundo boletim elaborado pela RC Consultores, mesmo com os reajustes nos preços dos combustíveis no final do ano passado, a desvalorização do real manteve elevada a diferença de preços da gasolina e do diesel entre os dois mercados. Para a gasolina, essa diferença é de R$ 0,29 por litro em fevereiro; enquanto que, para o diesel, é de R$ 0,30 por litro no mesmo período. “Os reajustes do final do ano passado não foram suficientes para diminuir a convergência de preços. E, para uma empresa do porte da Petrobras, que possui um plano muito forte de investimentos e já está num patamar elevado do nível de endividamento, reduzir essa divergência é importante”, analisou Thiago Buscuolo, economista da RC Consultores, reforçando que o resultado financeiro apresentado não é dos melhores, tanto que, no dia seguinte à apresentação dos números, as ações da companhia na bolsa tiveram queda de 2,86%. Mesmo com o aumento no preço da gasolina e do diesel
Diretoria da Petrobras durante apresentação para analistas: programas estruturantes, reajustes e contabilidade de hedge contribuíram para o resultado Combustíveis & Conveniência • 27
44 MERCADO menor em relação ao de 2012), ainda assim não é dos melhores para o porte da Petrobras. Na avaliação de Buscuolo, da RC Consultores, considerando que, em 2012, a companhia registrou seu pior resultado desde 2008, ano do início da crise financeira mundial, o de 2013 pode ser classificado como modesto.
Durante apresentação para analistas, Maria das Graças Foster mostrou as medidas adotadas pela Petrobras para garantir o lucro líquido ao final de 2013
Produção e vendas A Petrobras produziu 2,124 milhões de barris por dia no ano passado, um crescimento de 6% na comparação com 2012. O destaque ficou para a maior produção de diesel e gasolina, que tiveram alta de 8,6% e 12,1%, respectivamente. “Crescemos a produção com o mesmo parque de refino e isso só foi possível devido a nossa capacidade de maximização das refinarias”, explicou Maria das Graças Foster, presidente da estatal, durante apresentação de resultados para analistas, na sede da companhia, no Rio de Janeiro. Contribuiu ainda para esse resultado a entrada em funcionamento de novas unidades de qualidade e conversão de derivados e a remoção de gargalos na infraestrutura. O resultado ajudou a reduzir a necessidade de importação de derivados, mas não foi suficiente para suprir a demanda interna no ano passado. As vendas encerraram 2013 em 2,383 milhões de barris por dia, alta de 4% na comparação com o ano anterior. No caso da demanda por gasolina, as vendas alcançaram 590 mil barris por dia, enquanto que as de diesel atingiram 984 mil.
Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2030
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w Para o curto prazo Não é só reduzir o nível de endividamento que está nos planos da Petrobras. Assim como em 2013, a estatal elegeu como metas para este ano a maior produção de óleo e derivados, eficiência operacional e otimização de custos. Com investimentos de R$ 94,6 bilhões (9% inferior ao praticado em 2013, de R$ 104,4 bilhões), a expectativa é aumentar em 7,5% a produção de óleo e em 1% a de derivados, com destaque para a produção de óleo diesel que tem meta de crescimento de 7%. Além disso, 64% dos investimentos previstos serão destinados para projetos de exploração e produção, reforçando o objetivo da companhia de buscar novos projetos na área de upstream no Brasil e no mundo.
w Para o longo prazo A presidente da Petrobras também apresentou os planos estratégicos até 2030 e de negócios para o período de 2014-2018. Para o plano estratégico, a estatal tem como meta o crescimento da produção de petróleo atual até 2020 e sua sustentação no período de 2020-2030, com potencial para produzir, em média, 4 milhões de barris de óleo por dia em dez anos. Também faz parte do plano estratégico da companhia suprir o mercado brasileiro de derivados, alcançando uma capacidade de refino de 3,9 milhões de barris por dia. Neste último caso, Graça Foster acredita que, em 2020, o país não precisará mais importar combustível para atender a demanda interna, já que terá atingido a autossuficiência em refino, de 3,4 bilhões de barris por dia. Perguntado se, com o excedente do parque de refino, a empresa pretende exportar derivados, o diretor de Abastecimento da Petrobras, José
Carlos Cosenza, foi enfático: “Não. Não iremos fazer refino para exportar porque não compensa. Todo o nosso trabalho será para atender o mercado doméstico”. O plano estratégico até 2030 levou em consideração o contexto atual de negócios no Brasil e no mundo, com ênfase para as repercussões da crise econômica mundial em 2008; as mudanças no marco regulatório nacional, com a criação dos regimes de concessão e partilha; e a revolução das fontes não convencionais nos Estados Unidos, como o shale gas e tight oil, mudando a geopolítica energética internacional.
w Para o médio prazo Já para o plano de negócios, um programa de investimentos de horizonte no médio prazo, a Petrobras investirá US$ 220,6 bilhões no período de 2014 a 2018. A maior parte desses recursos (70%) ficará com exploração e produção. O abastecimento receberá investimentos da ordem de US$ 38,7 bilhões, ou 18% do total a ser aplicado pela estatal no período. A participação do segmento na carteira de investimentos da estatal caiu nove pontos percentuais na comparação com o programa de 2013-2017. Segundo Cosenza, a redução no plano de investimentos para a área se deve ao objetivo estabelecido pela empresa de manter sua sustentabilidade financeira, elegendo projetos que sejam efetivamente viáveis. Ele explicou ainda que o ritmo de investimentos acompanha a necessidade do segmento. “Nos últimos anos, investimos muito porque havia essa necessidade, como, por exemplo, em novas unidades para atender o diesel S10 e a gasolina S50. Com isso, o ritmo tende a desacelerar conforme a necessidade vai diminuindo”, disse. n
Investimentos em Abastecimento - 2014-2018
Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2030
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Presença feminina No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher trazemos a trajetória de mulheres que se destacam na revenda de combustíveis. Das mais poderosas, como a presidente Dilma Rousseff, aos mais diversos cargos hierárquicos, cada uma, a seu modo, vem galgando seu espaço Por Adriana Cardoso De uns anos para cá, as mulheres vêm conquistando espaço em setores essencialmente masculinos. Com o mercado de combustíveis não foi diferente. Tempos atrás seria impensável que elas dominariam pontoschave de empresas e órgãos desse segmento no país, um dos mais cruciais para a economia no mundo todo. Mas o fato é que, depois que Dilma Rousseff venceu a presidência em 2010, Graça Foster, presidente da Petrobras, foi eleita em fevereiro pela prestigiosa 30 • Combustíveis & Conveniência
revista norte-americana Fortune como a quarta executiva mais poderosa do mundo numa lista de 50 nomes de peso e como diretora-geral da ANP, temos a engenheira Magda Chambriard. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) também é presidida por uma mulher: Elizabeth Farina. E por aí vai. No mercado da revenda, elas também abriram caminho e estão em todos os espaços. Há mulheres competentes e empreendedoras, proprietárias de redes de postos. Na outra ponta, há aquelas que operam
as bombas, atendem nas lojas de conveniência, gerenciam restaurantes, atuam no administrativo e em todas as frentes que envolvem o negócio. Uma das pioneiras na revenda de combustíveis, Maria Josefina Jannuzzi Moreira assumiu os negócios do pai aos 26 anos, na época em que o movimento feminista pegava fogo no mundo. “Meu pai falou que não queria mais (comandar os negócios). Ele era diabético e não tinha mais paciência. Então, reuniu toda a família, como sempre fazia aos domingos, e perguntou quem
Agência Petrobras
Somafoto/Claudio Ferreira
Paulo Pereira
No topo da cadeia: Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, eleita a quarta executiva mais poderosa do mundo, seguida por Magda Chambriard, diretora-geral da ANP e Elisabeth Farina, presidente da Unica
queria mexer com o posto de gasolina. Depois que todo mundo falou ‘eu não posso’ ou ‘eu não quero’, eu disse: ‘eu quero!’. Eu tinha 26 anos e nem sabia muito bem o que estava falando. Meu pai virou e falou: ‘então é seu’, recorda. Psicóloga de formação, Josefina era casada e tinha um casal de filhos pequenos quando assumiu o posto do pai com outros dois sócios. Pediu licença da carreira de estado como psicóloga e foi para o batente. “Não entendia nada do negócio. Nunca havia entrado no escritório do meu pai. Aprendi a mexer com calculadora e fui aprendendo o resto com o gerente que contratei, uma pessoa sem igual que tive ao meu lado por 35 anos”, diz. Aprendeu tanto que, hoje, ao lado do filho Adriano, comanda
as Empresas Bel, rede com seis postos de gasolina em Belo Horizonte, além de negócios na área de lubrificantes (Bel Lube), restaurantes, lojas de conveniência e construção civil, com cerca de 350 a 400 funcionários. Embora bem-sucedida, Josefina enfatiza que não nasceu líder, mas trabalhou duro para tornar-se uma. Hoje, assume tal posição que até desdenha de quem, no começo, não tinha confiança no seu taco. “Quando era mais nova, ouvi muitos clientes que chegavam ao posto para reclamar dizerem que eu, no mínimo, devia estar em casa cozinhando e cuidando do meu marido”. Ativa, a empresária já foi vice-presidente do Minaspetro e conselheira no Ministério da Mulher, a vida em família é
preservada e não abre mão das viagens com os filhos, tendo como destinos preferidos países asiáticos e, entre uma viagem e outra, ainda arranja tempo para escrever livros. Neste mês, lança o livro “Minha trajetória de vida”, pelo qual pretende continuar inspirando pessoas no mundo dos negócios.
Herdeiras Elisabete do Nascimento Ferreira Hafner, diretora do Sindcomb, era ainda uma criança quando Josefina virou empresária. Há pouco mais de dez anos, ela tomou o mesmo rumo, quando a sócia do pai faleceu e ele pediu que ela o ajudasse a gerir o posto Jurema, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Sempre gostei do posto. Eu tinha uns 14 anos e sempre ia lá servir cafezinho. Às Combustíveis & Conveniência • 31
44 MERCADO vezes, também vestia o macacão”. Em 2009, quando o pai faleceu, Bete já sabia tocar “a menina dos olhos” que está na família há mais de 50 anos. Nos últimos anos, passou a contar com a ajuda do filho, Leonardo, que estudou administração de empresas justamente para comandar o negócio. A exemplo da mãe, ele também “adora o posto, desde os 15 anos”. No princípio, Bete também sentiu preconceito, mas por parte dos funcionários. Afinal, era a filha do dono. “O posto era basicamente regido por homens, então, era difícil mandar neles. Precisei de muita psicologia, afinal, eles sabiam mais do que eu”, rememora. Para lidar com os problemas procurou se aprimorar. Fez muitos cursos na área, pediu socorro a revendedores que a ajudaram muito. E, claro, contou com o aprendizado vindo do pai. Inclusive, ela acha que, se ele ainda estivesse vivo, seria muito difícil
para ele acostumar-se com as novidades do setor, especialmente porque hoje os postos estão muito automatizados. Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider, também atua na gestão do negócio da família - a rede de Postos Record, no Rio, fundada em 1957. Cida, como é chamada, é conhecida no setor como aquela que tem “a revenda no DNA”. Viúva e mãe de três filhos, começou a trabalhar no ramo em 1992 junto com o irmão, Luiz André Siuffo. “Tocamos uma rede de seis postos, cinco lojas de conveniência e quatro Bob’s dentro dos postos”. A exemplo do pai, Gil (uma referência no setor, que já comandou a Fecombustíveis), ela também foi para a vida sindical. Há 15 anos é diretora do Sindcomb e foi eleita, recentemente, a nova presidente do Sincomb para a próxima gestão. Mesmo estando num universo extremamente masculino, Cida garante nunca ter sentido nenhum
preconceito por ser mulher. “Meu maior desafio foi conciliar tudo – família, negócios e sindicato –, pois me cobro muito e não me contento com mais ou menos”. Embora tenha uma rotina estafante, não abre mão da feminilidade. “Sou vaidosa e, apesar de ser bastante cuidadosa em estar adequada a cada ocasião, jamais abrirei mão da minha condição de mulher”, salienta.
Contramão
W.Debarry
Como ocorrem em muitas empresas, os postos de gasolina são usualmente negócios familiares, de pai para filho. Não é o caso da advogada e economista Elzoni Grando. Dona da rede Auto Posto Fórmula Foz, com cinco postos em Foz do Iguaçu e um em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, interessou-se pelo ramo quando ainda era gerente do Banestado. “Como não tinha capital para esse negócio, comecei pela área de farmácia, panificadora e catering”, conta. Após capitalizar-se, adquiriu o primeiro posto. “Foi uma iniciativa minha. Sempre gostei de posto pelo dinamismo do negócio. Também sou muito interativa, gosto de lidar com gente”, diz. Quando tomou parte de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) do Banestado, aos 30 e poucos anos, ela já era empresária. Não sem enfrentar preconceitos. “Sou muito respeitada pela minha história, mas, no começo, sofri preconceito por parte de donos de postos, já que eu era concorrente deles”. Com faro empreendedor, buscou a diversificação no mercado
Maria Josefina Jannuzzi Moreira, proprietária da rede de postos Bel, de Belo Horizonte, assumiu a liderança do negócio da família aos 26 anos 32 • Combustíveis & Conveniência
de casas lotéricas, transportes de combustíveis e, agora, está entrando no ramo de alimentação. Hoje, gerencia mais de 100 funcionários. Divorciada, quem a ajuda é a filha, Nicoli, de 22 anos. “Ela está aprendendo comigo. Com certeza, vai me suceder, e muito bem”.
Em harmonia As diferenças entre homens e mulheres pelas características de cada gênero sempre vão existir. E justamente por isso, a convivência se complementa no dia a dia do trabalho, sem guerra dos sexos. Para Josefina, homens e mulheres não se diferem na competência e na inteligência, embora a maioria dos funcionários de sua holding seja formada por homens por conta do serviço
pesado. “Mulher só não pode carregar peso. O resto fazemos”. Apesar de reconhecer que o sexo feminino é competente, Bete acha mais fácil trabalhar com homens. “A mulher tem de lidar com muitas coisas todos os dias. Então, há horas nas quais fica difícil não se emocionar”, comenta. Cida prefere trabalhar com mulheres na parte administrativa por serem “mais ágeis, justamente em função de estarem acostumadas a exercer muitas atividades ao mesmo tempo”. Também elogia a pontualidade e o comprometimento delas. No entanto, na pista prefere os homens, pois eles gostam e conhecem mais sobre carros e, por isso, “passam mais credibilidade” ao cliente.
E os donos de postos homens, gostam de trabalhar com mulheres? Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovias da Fecombustíveis, também elogia a organização e o olhar mais detalhista das mulheres. “O homem é mais pragmático. A mulher trata melhor sua própria aparência e das coisas que a cercam”. Até por essa característica, Hashimoto só tem funcionárias trabalhando no setor administrativo e não na pista. “Posto de rodovia é um lugar muito rude para elas. Às vezes os clientes não as respeitam”, explica. Sobre as colegas de revenda, Hashimoto observa: “Há revendedoras muito boas no mercado”. n
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44 NA PRÁTICA
Embalagens em discussão Com a falta de recipientes certificados para a venda de combustíveis fora do tanque que atendam às determinações da Resolução nº 41/2013, revendedores têm enfrentado as mais diversas reações dos clientes que não entendem a mudança da nova regulamentação
Por Gisele de Oliveira O início do ano já começa com mudanças para os postos revendedores. Desde o final do ano passado, a ANP publicou a Resolução nº 41/2013, que atualiza os critérios que re-
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devem ser rígidos, podendo ser metálicos ou não, certificados e fabricados para este fim. Mas, se por um lado a nova regra tem por objetivo oferecer maior segurança ao consumidor, revendedores têm enfrentado dificuldades ao informar a proibição da venda em qualquer recipiente aos clientes. Isto porque eles (clientes) não aceitam a decisão e, em alguns, casos chegam a ameaçar os funcionários dos postos. “Mesmo a gente explicando que isso é uma norma e que não podemos
Imagens: Stock
gulam a atividade varejista de combustíveis. Com novas obrigações e exigências, algumas das novas regras já mostram seus efeitos, como é o caso do Artigo 22, Inciso III, que estabelece a venda de combustíveis fora do tanque (especialmente para casos conhecidos como pane seca, quando falta combustível no veículo durante o trajeto de destino) seja fornecida em recipientes certificados, conforme prevê a Norma da ABNT NBR 15594-1:2008. A polêmica é justamente em torno do tipo de embalagem para fornecimento do combustível ao consumidor, que deve atender à normatização da ABNT para armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis. Vale lembrar que, até a publicação da Resolução, não havia nenhuma exigência do ponto de vista legal quanto ao tipo de material
a ser usado. E é aí que está o problema. Como nenhuma regra previa isso, a venda de combustível geralmente era feita em qualquer embalagem – sacolas plásticas, garrafas PET, galões sem certificação etc. Bastava o consumidor chegar no posto e explicar sua situação (na grande maioria, casos de emergência, como a pane seca, por exemplo) para adquirir o produto. Agora, pela Resolução, que começou a vigorar para valer em 18 de fevereiro deste ano, os recipientes
Arquivo
Logomarca do Inmetro
Número do certificado Inmetro para este produto
mais fornecer combustível em qualquer embalagem, o cliente não aceita. Alguns ficam tão irritados que agem de forma mais agressiva com os frentistas”, conta Carmen Lúcia Lins de Medeiros, gerente do Posto Jacutinga, em Maceió (AL), complementando que tais situações vêm se repetindo com frequência no estabelecimento. A realidade é a mesma todos os dias no Posto MG 10, em Belo Horizonte (MG). De acordo com Rodrigo Mendes, sócio-diretor do posto, por não estar bem informado sobre as novas regras, o consumidor não aceita a mudança. “Ele pressupõe que estamos enganando para ganhar dinheiro”, diz Mendes, lembrando que chegam a receber mais de 40 reclamações por dia só por causa da falta das embalagens. E as reações do cliente, segundo ele, são as mais adversas possíveis: agressão verbal, ameaça de agressão física, destruição de informativos
Atenção na hora de comprar o recipiente certificado: w Pela norma ABNT NBR 15594-1:2008, os recipientes de combustíveis devem ser rígidos, metálicos ou não metálicos, certificados e fabricados para esta finalidade; w No caso de recipientes não metálicos, sua capacidade máxima deve ser de 50 litros e devem atender os regulamentos municipais, estaduais ou federais aplicáveis. Acima desse volume, os recipientes devem ser metálicos; w Observe se a embalagem traz a logomarca do Inmetro e verifique a sequência de números e letras relativas a sua certificação.
colados em locais estratégicos até ameaça de chamar a polícia e o Procon.
Certificações O principal motivo para isso é a dificuldade em adquirir as embalagens estabelecidas pela Resolução (Veja mais no box). Isto porque ainda não há no
mercado um número expressivo de empresas fornecedoras dos recipientes certificados dentro das exigências feitas pela norma da ABNT. Além disso, a certificação do Inmetro para transporte de líquidos inflamáveis segue os requisitos previstos na Resolução nº 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); Combustíveis & Conveniência • 35
44 NA PRÁTICA enquanto a norma NBR 15594-1, prevista pela Resolução da ANP, estabelece os padrões de procedimentos e não a especificação de embalagens. Hoje, os recipientes certificados disponíveis no mercado trazem informações como, além da logomarca do Inmetro, o código da certificação do produto, que é uma sequência de números e letras que comprova que aquela embalagem é própria para o transporte de produtos perigosos. Como resultado, o revendedor acaba não tendo o recipiente para oferecer ao consumidor quando precisa, sejam aqueles casos de emergência (pane seca) ou que necessitam comprar o combustível em vasilhames para abastecer seus equipamentos (casos de aeroportos, hospitais, supermercados, construtoras, profissionais autônomos que utilizam roçadeiras à gasolina etc.), já que está impedido de fornecer combustível em qualquer outro tipo de embalagem que não seja a determinada pela Resolução nº 41/2013. Também contribui para esse cenário o fato de que a Agência não definiu nenhum prazo para que os revendedores se adequassem à nova regulamentação, fazendo com que os revendedores retirassem de seus estoques todos os recipientes fora da especificação para evitar autuações, que preveem multas que variam de R$ 20 mil a R$ 5 milhões. E quem não o fez por qualquer motivo, acabou sendo autuado, mesmo antes da sua entrada em vigor prevista pela Resolução - 90 dias a partir da data de sua publicação, em 20 de novembro de 2013. Como foi o caso de um revendedor no Ceará, que teve seu estabelecimento 36 • Combustíveis & Conveniência
autuado porque ainda mantinha no estoque garrafas PET. “Até o momento, não há no mercado do Ceará os recipientes certificados pelo Inmetro de acordo com a Resolução da ANP e a norma da ABNT. Isso vem dificultando a relação entre o posto e o cliente aqui no estado”, justifica Samara Dias, advogada do Sindipostos-CE, lembrando que o dispositivo da Resolução é baseado em norma da ABNT, que edita somente normas de procedimentos em situações ideais, mas não são obrigatórias. Em função de todas as dificuldades, o Sindipostos-CE enviou um ofício ao Instituto de Pesos e Medidas (IPEM) do estado relatando o problema e solicitando informações de estabelecimentos no estado que comercializem de acordo com as exigências legais. O Sindicato pediu ainda providências para solucionar a questão, que pode trazer sérios prejuízos em razão do desabastecimento. A Fecombustíveis também está se mobilizando para buscar
alternativas para o revendedor nesse período de transição. Prova disso é que a entidade se reuniu com a superintendência da ANP para solicitar, entre outros itens, o estabelecimento de prazos para que os revendedores se adequem à nova Resolução, com o objetivo de evitar futuras autuações. O pedido deve ser atendido e a Agência pode divulgar, em breve, prazos para adequação às novas embalagens.
Informação Porém, não é somente a dificuldade em adquirir o recipiente correto que preocupa o dono do posto. Há também a preocupação com o custo da embalagem e o destino que terá após o uso pelo cliente. Atualmente, só estão disponíveis no mercado recipientes com volumes de 5, 20 ou 50 litros, a um custo que pode chegar a 200% mais do que o do antigo galão, segundo Rodrigo Mendes, do Posto MG 10. Ele lembra que o posto chegou a adquirir 35 unidades, que acabaram em cinco dias. Mais uma
A forma correta de abastecer em recipientes • A operação de abastecimento deve seguir os critérios estabelecidos pelo item 5.1 da norma ABNT NBR 15594-1:2008; • O abastecimento deve alcançar até 95% da capacidade nominal do recipiente para permitir a dilatação do produto e evitar transbordamento; • Mantenha o contato entre o bico e o bocal do recipiente para permitir o escoamento da eletricidade estática; • No caso das embalagens com capacidade inferior a 50 litros, o abastecimento deve ser feito fora do veículo, com os recipientes apoiados no piso e o bico embutido ao máximo possível dentro do recipiente; • • Já o abastecimento em embalagens acima de 50 litros pode ser feito sobre a carroceria do veículo, desde que garantida a continuidade elétrica do aterramento; • Atenção para o escoamento do produto, que deve ser direcionado para a parede do recipiente, minimizando a geração de eletricidade estática. Fonte: Texto extraído da NBR 15594-1:2008
prova da necessidade de estabelecer prazos para adequação do fornecimento de recipientes, visto que os revendedores precisam buscar fabricantes aptos para fornecer as embalagens corretas e tempo para produzi-las, de acordo com as regras. Enquanto as medidas não surtem efeito, a recomendação é não comercializar, em hipótese alguma, recipientes que não sejam os autorizados pela Resolução 41/2013. Além disso, para evitar desconfortos com clientes, uma dica é fixar cartazes em locais de grande circulação no posto informando sobre a determinação. Outra sugestão, desta vez para o destino correto das embalagens, é oferecer ao consumidor uma espécie de caução. Ou seja, o cliente deixa um valor correspondente ao preço de venda da embalagem como garantia para levar o recipiente com o combustível; retornando ao posto com o galão vazio, ele é ressarcido. Com isso, evita-se grandes gastos com aquisição de recipientes dentro da especificação e ainda contribui para minimizar os impactos com o descarte incorreto no meio ambiente. n
OPINIÃO 44 Roberto Fregonese 4 Vice-presidente da Fecombustíveis
Incertezas à vista
O consumo nacional de combustíveis cresceu mo, o que não podemos cerca de 4,5% somente no último ano e cerca de reclamar, mas deixa de 40% nos últimos dez anos, o que para o nosso setor lado os problemas que é muito bom. O problema é que a cada dia ficamos terão, em algum tempo, de ser resolvidos. mais dependentes de importações. Somente no mês O etanol será o grande prejudicado. Por um lado, passado, o volume chegou a 1 bilhão de litros de terá uma produção muito aquém do que poderia óleo diesel e isto é porque ainda não estamos em ser, o consumidor, principalmente do carro flex, safra de grãos, fora as importações de gasolina e deixará de ter a opção mais econômica de se suprir outros derivados. com um combustível mais limpo e economicamente Novas refinarias, que são hoje o grande gargalo mais viável. Já os usineiros tentam compensar esta do país, estarão em funcionamento somente no linha política do governo de segurar os preços da final de 2015, se não houver gasolina, pressionam o atraso, o que é muito difícil. governo federal a autorizar Também é uma incógnita a mais 2,5% na adição de produção do petróleo bruto, anidro à gasolina, passando Mais uma vez, o governo segura os pois, em vez de crescer, está de 25% para 27,5%, o que preços dos combustíveis para gerar diminuindo. parece já ter resistência uma sensação de inflação baixa, esNo ano passado, acendos produtores de motores timulando o aumento de consumo, o demos a luz amarela devido que não podemos reclamar, mas deixa e montadoras devido às garantias de funcionamento aos problemas em algumas de lado os problemas que terão, em destes veículos. refinarias que estariam traalgum tempo, de ser resolvidos Em relação ao óleo balhando no seu limite, diesel, continuam as prescom problemas de manutenção, impulsionadas pelo sões para o aumento da forte consumo e, por consemistura que subiria de 5% para 7%, com pressões para chegarmos a quência, excesso de produção. Aqui mesmo no 10% do biodiesel com forte argumento de que Paraná, tivemos um incêndio em um módulo da o estado economizaria bilhões na importação de refinaria que acabou paralisando totalmente suas diesel e, mais uma vez, o problema sobraria para atividades, o que criou um grande problema de os postos revendedores em relação à qualidade suprimento que, inclusive, gerou alguns pontos e formação de borras em seus tanques, além, é de desabastecimento e o oportunismo de algumas claro, dos consumidores que teriam ampliado o distribuidoras, que aumentaram substancialmente seu custo de manutenção. os preços enquanto o problema não foi resolvido. Vamos aguardar e nós, dos sindicatos e da Este ano, como um ano político e de muitos Federação, estaremos vigilantes e seremos a voz eventos, o que se desenha é um forte consumo que estará se manifestando sempre quando houver e produção pífia, com aumento de importações e alguma anomalia que possa, de alguma forma, déficit financeiro. Mais uma vez, o governo segura os trazer algum prejuízo ou desconforto à revenda preços dos combustíveis para gerar uma sensação de combustíveis. de inflação baixa, estimulando o aumento de consu-
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44 REPORTAGEM DE CAPA
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Os agentes do setor de lubrificantes aguardam a aprovação de novas regras da ANP, a partir da revisão da Resolução 10/2007, que visa estabelecer níveis mínimos de qualidade de lubrificantes, com a retirada de produtos considerados obsoletos. Esta é apenas uma das mudanças pelas quais passa o segmento, que permanece em contínuo aprimoramento, em linha com a renovação da frota, introduz novas tecnologias para melhoria da qualidade e eficiência energética e, principalmente, favorece a redução das emissões de gases poluentes
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Em evolução
Por Mônica Serrano O mercado de lubrificantes tem passado por várias mudanças, inserção de novas tecnologias, ampliação da linha de produtos, melhoria da qualidade e eficiência energética. E mais mudanças estão por vir. O assunto mais recente envolveu a revisão da Resolução 10/2007, tão aguardada pelo setor, foi tema da audiência pública da ANP, em 12 de fevereiro. A nova proposta é vista como uma evolução no mercado e traz como principal alteração o estabelecimento
Artigo 22: para motores do ciclo Otto e diesel
Minuta
Alteração ANP
Para produção e importação de lubrificantes com os níveis mínimos de desempenho API SJ, API CG-4 e ACEA (2012);
30/06/2016
31/12/2016
Para distribuição de lubrificantes com os níveis mínimos de desempenho API SJ, API CG-4 e ACEA (2012);
30/09/2016
31/12/2017
Para comercialização ao consumidor final de lubrificantes com os níveis mínimos de desempenho API SJ, API CG-4 e ACEA (2012);
30/03/2017
30/06/2017
Fonte: ANP
Fotos: Agência Petrobras
de níveis mínimos de qualidade dos produtos distribuídos em território nacional. Pela minuta de resolução, serão estabelecidos novos critérios para concessão de registro de graxas e óleos lubrificantes destinados ao uso veicular e industrial e aditivos em frasco para óleos lubrificantes de motores automotivos. Também serão definidos novos critérios para rotulagem, na qual devem trazer informações mais claras para os produtos nacionais e importados. “A ANP, acompanhando a evolução dos níveis de qualidade dos lubrificantes, estabelece níveis mínimos de exigência para serem oferecidos ao mercado, levando em consideração a vida útil da frota circulante. A nova proposta tem como benefício proteger o consumidor, pois temos uma frota de automóveis muito ampla, há veículos com 10 anos em circulação. Portanto, abaixo de determinado nível de desempenho estabelecido pela ANP, os produtos não poderão mais ser vendidos no mercado”, disse Rui Ricci, diretor-executivo do Sindilub. Segundo a minuta de resolução, os novos níveis mínimos de desempenho para óleos lubrificantes permitidos para registro, comercialização, produção ou importação para veículos (ciclo Otto e diesel) são: API SJ, API CG-4 e ACEA. Para os motores ciclo diesel estacionários, marítimos e ferroviário, o novo patamar é API CF. O novo texto também estabelece critérios para outros tipos de motores de uso industrial
A tendência no mercado de lubrificantes é oferecer produtos que não agridam o meio ambiente, com aumento da eficiência energética Combustíveis & Conveniência • 41
44 REPORTAGEM DE CAPA Não Conformidades de Qualidade Novembro e dezembro de 2013
Não conformidades Rótulo Novembro e dezembro de 2013
Lubrificantes Não conformidades Novembro e dezembro 2013
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e engrenagens automotivas. “Este é um grande passo para todos, pois trará grandes benefícios ao mercado, como a retirada de produtos de tecnologia obsoleta”, comenta Simone Hashizume, diretora técnica de lubrificantes da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). Para o Sindicato Interestadual das Indústrias Misturadoras Envasilhadoras de Produtos Derivados de Petróleo (Simepetro), os pequenos produtores e importadores serão os mais afetados com a revisão da Resolução 10, pois terão de descontinuar seus produtos com níveis de desempenho considerados obsoletos. Estes produtos possuem maior participação de mercado dentro da sua categoria. Em função do tempo para fazer a adaptação e devido ao curto prazo estabelecido na proposta, o Simepetro e outros agentes do mercado defenderam a extensão do tempo para fazer a transição da produção e importação, distribuição e comercialização aos novos níveis mínimos de qualidade. A própria ANP reconheceu a necessidade de ampliar os prazos. Rosângela Moreira, superintendente de Qualidade da Agência, condutora da audiência, enfatizou que haverá mudança no cronograma para produção, importação, distribuição e comercialização dentro de novos patamares (Veja planilha). A revisão da Resolução o n 10/2007 demonstra que o setor de lubrificantes tem caminhado rumo à evolução. A indústria de lubrificantes tem passado por muitas transformações, pesquisas e ampliação da linha de produtos para se adequarem às novas tecnologias automotivas. A consequência disso foi
Venda de lubrificantes a granel tem sido uma opção para a comercialização do produto na revenda a varejo, pois favorece o meio ambiente e evita o descarte da embalagem
a diversificação e ampliação da linha de produtos. Para cada aplicação seja automotiva, industrial, marítima, ferroviária e de aviação, abre-se um novo rol de produtos. Inserida na linha de lubrificantes automotivos, há produtos para motores de veículos leves (carros de passeio e utilitários), veículos pesados (ônibus e caminhões) e motocicletas, sem contar os complementos automotivos (fluidos para freios, radiadores, direção hidráulica, transmissão automática, graxas etc). “Dentro de cada segmento, podemos dizer que existem vários nichos. No caso dos motores para veículos, o mercado vem buscando viscosidades cada vez mais baixas, desde os mais viscosos como SAE 25W50 até os menos, caso do SAE 5W30. Tal tendência também se verifica no mercado de motocicletas, no qual recentemente lançamos um produto de viscosidade SAE 10W30 para atender às mais recentes especificações. E conta ainda com uma tecnologia inovadora no mercado brasileiro, que visa à redução significativa de desgaste do motor”, explica Antonio Alexandre Ferreira Correia, consultor sênior da Gerência de Tecnologia da Rede de Postos da Petrobras Distribuidora. O grau de viscosidade está relacionado ao escoamento do
produto nas partes do motor e, dependendo do tipo de veículo, requer um tipo mais viscoso ou menos viscoso. Os veículos mais modernos utilizam lubrificantes menos viscosos. O óleo lubrificante menos viscoso é mais fino e penetra com facilidade nas folgas do motor. Além disso, a menor viscosidade refrigera melhor o motor e causa menor atrito. “Com o motor trabalhando mais solto, ganha-se em potência e o consumo de combustíveis é reduzido”, esclarece Correia. Cada vez mais, a linha de produtos de lubrificantes acompanha as novas tecnologias de motores, de forma que a indústria mantém produção coordenada com as novas especificações do mercado. Correia, da BR, menciona o lançamento dos motores Euro 5, juntamente com o ingresso do diesel S50, com menor teor de enxofre, que passou a exigir produtos com formulação que mantivessem a integridade dos sistemas de pós-tratamentos de emissões. Desta forma, a inserção dos combustíveis com menores teores de enxofre, como o diesel S10 e o S500, no ano passado, e a nova gasolina, neste ano, traz aprimoramento à indústria de lubrificantes. Para Alívio Vaz, presidente-executivo do Sindicom, a migração dos combustíveis
com menores teores de enxofre auxilia no atendimento dos novos requisitos ambientais e permite a introdução de novas e mais atualizadas tecnologias de lubrificantes, desenvolvidos especificamente para este cenário. “Foi o caso da introdução dos lubrificantes com a classificação CJ-4, quando os caminhões de motor Euro 5 começaram a circular. Quando aplicados junto ao diesel S50, os lubrificantes CJ-4 favorecem a redução das emissões de gases poluentes, em especial os óxidos de nitrogênio”, comentou. Em termos de lubrificação e vida útil dos lubrificantes, os produtos hoje oferecidos no mercado, na realidade, têm seu desempenho melhorado com os veículos utilizando combustíveis de melhor qualidade. De acordo com Rui Ricci, do Sindilub, ainda que, com baixa representatividade, existem lubrificantes com nível de desempenho elevado, como por exemplo, API, CH4, CI4, produtos desenvolvidos em parceria com aditivos formuladores de lubrificantes, em sintonia com os fabricantes de veículos. São lubrificantes que aliam proteção e prolongamento da vida útil dos equipamentos veiculares, com metas de economia de combustível e redução de emissões de gases poluentes. Combustíveis & Conveniência • 43
44 REPORTAGEM DE CAPA No Brasil, as novas tecnologias estão disponíveis quase que na mesma velocidade que em países desenvolvidos. De acordo com Simone, da AEA, as empresas de aditivos e produtores de óleos básicos e de lubrificantes estão desenvolvendo cada vez mais produtos que não impactam e não agridam o meio ambiente e que proporcionem maior eficiência energética, representando maior economia de combustível e atendimento às novas exigências. “Tudo isso aumenta a severidade de performance dos lubrificantes”, diz ela. Sergio Luiz Viscardi, gerente técnico de Lubrificantes da Ipiranga, atribui que o desenvolvimento de tecnologias dos óleos lubrificantes tem contribuído para a economia de combustível; o baixo teor de cinzas sulfatadas, fósforo e enxofre ajuda a evitar o bloqueio do catalisador. Para os veículos a diesel, essas tecnologias evitam o bloqueio do filtro de particulados e, assim, mantêm a durabilidade do sistema de controle de emissão dos veículos com tecnologia
EGR (Recirculação de Gases de Exaustão) e SCR (Redução Catalítica Seletiva). Entre os fatores que interferiram na evolução do mercado do setor, vale destacar a contribuição do programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto). O novo regime automotivo apresenta-se como uma oportunidade do setor e propõe novos desafios para cumprir novas metas de eficiência energética veicular até 2017. “Trata-se de um passo à frente para o desenvolvimento do país. Mas, ao mesmo tempo, é um desafio para suportar o desenvolvimento de novas tecnologias de motores para cumprir as novas metas de eficiência energética”, comentou Simone. A diretora da AEA destacou ainda que os novos requisitos aos formuladores de lubrificantes são influenciados pelas novas exigências ambientais e governamentais, embora o mercado ainda entenda que os lubrificantes contribuam de maneira muito
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Cada vez mais, a linha de produtos de lubrificantes se amplia e divide-se em nichos de mercado, acompanhando as novas tecnologias de motores
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pequena na redução de consumo de combustível. “Sabemos que o atendimento aos novos requisitos também depende dos lubrificantes, seja através de óleos básicos de melhor qualidade ou de aditivos de mais alta tecnologia. Pequenas melhorias geram grandes benefícios, quando falamos em grandes frotas, como é o caso do nosso país”.
O que esperar Quinto maior mercado mundial de lubrificantes, o Brasil tem produção insuficiente para atender o consumo do mercado interno. Em 2012, a produção brasileira de óleos básicos atingiu 608 mil m3, o que representou 43% da demanda nacional. As importações responderam por aproximadamente 39,5%, com volume de 558 mil m3 e 248 mil m3 consumido foi abastecido pela indústria de rerrefino. De acordo com o Sindilub, o mercado de lubrificantes vem mantendo um crescimento consistente em torno de 1,5 a 2 pontos percentuais acima do PIB. “Para este ano, estimamos que o mercado de lubrificantes continuará crescendo, acompanhando o PIB”, disse Ricci. No entanto, ele alerta para o quadro incerto da economia deste ano, com aumento da inflação, juros, dólar, juntamente com restrição de acesso ao crédito. Além disso, será um ano com poucos dias úteis de faturamento em decorrência de eventos como a Copa ou movimentos de protesto que afetam o comércio, especialmente a revenda. Apesar de os dados oficiais de encerramento do ano passado não estarem disponíveis, Ricci informou que no aspecto de rentabilidade, o desempenho do
comércio de lubrificante em 2013 vai deixar a desejar. A justificativa é que os produtores aumentaram o preço dos lubrificantes três vezes acima da inflação, em média, valores que, somados à elevação de outros custos operacionais, não puderam ser totalmente repassados ao mercado. “Em particular o revendedor atacadista foi duramente penalizado com a imposição de um aumento de MVA de 104% em relação à margem anteriormente praticada”, destacou.
Embalagens para reciclagem Independente das incertezas econômicas, o setor segue adiante e se destaca pelo comprometimento com as boas práticas para preservação do meio ambiente. É histórica a assinatura do acordo nacional de logística reversa pelos agentes do segmento, entre os quais teve a participação da Fecombustíveis, junto à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o que representou um avanço em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelecida pela Lei 12.305/2010. O Programa Jogue Limpo, desde que foi implementado pelo Sindicom, em 2005, recolhe embalagens usadas e as encaminha para a reciclagem, segundo o conceito de responsabilidade compartilhada prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos. No ano passado, o programa iniciou as operações no interior de São Paulo, em Minas Gerais e no Espírito Santo, encerrando o ano com oito estados participantes (Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Distrito Federal). No balanço do ano passado, foram recolhidas e encaminhadas para reciclagem quase 3000 toneladas de embalagens plásticas
usadas. O Jogue Limpo encerrou 2013 com 28.000 pontos geradores, ou seja, um crescimento cerca de 30% em comparação a 2012. “O Jogue Limpo tem cumprido anualmente as metas com as Secretarias de Meio Ambiente dos estados e com o Ministério do Meio Ambiente e vem agindo para dar, cada vez mais, rastreabilidade no trato das embalagens recebidas até o encaminhamento para a reciclagem”, enfatizou Ezio Antunes, diretor-executivo do Jogue Limpo. Em 2013, foram realizadas duas modificações no site do programa para facilitar o acesso às informações. A partir de agora, os órgãos ambientais municipais e estaduais por meio de login e senha disponibilizados podem acompanhar a performance de entrega de embalagens de todos os pontos geradores da sua área de atuação. A segunda inovação é que os pontos geradores podem acessar o extrato de entrega de embalagens para o Jogue Limpo, com a digitação do CNPJ. “Isto ajuda no sentido que durante uma fiscalização, rapidamente ele pode comprovar o quanto já encaminhou de forma ambientalmente correta”, comentou o diretor-executivo. As metas para este ano, segundo Antunes, é estender as operações do Jogue Limpo para os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, contemplando quase 3000 municípios.
Vendas a granel Para evitar o descarte de embalagens e contribuir com o meio ambiente, uma opção da revenda tem sido a comercialização de lubrificantes a granel. “As vendas de lubrificantes a granel, no Brasil, seguem tendência mundial. Observa-se um crescimento dessa
modalidade de comercialização, principalmente em alguns segmentos de revenda varejista tais como, concessionárias de veículos, estabelecimentos especializados em troca de óleo, grandes oficinas e postos de serviço que valorizam essa prestação de serviço”, disse Vaz, do Sindicom. O grande avanço observado, na opinião de Vaz, é na área ambiental, uma vez que há menor geração de resíduos representados pelas embalagens plásticas de lubrificantes e do risco de seu descarte inadequado pelos geradores. O Posto Sakamoto, de São Paulo, atua com a Troca Inteligente, programa exclusivo da Mobil, que vende lubrificantes a granel. “Além do apelo ecológico, que evita o descarte da embalagem, não há sobra de produto, pois o óleo é colocado no volume exato da necessidade do carro, o que barateia o preço para o consumidor, que vai pagar somente o que ele consome”, comentou Tadao Sakamoto, sócio-proprietário do posto Sakamoto e da distribuidora Mobil . Outros serviços similares são a Troca Ecoeficiente, oferecida pela Ipiranga; a Lubrax +, da BR Petrobras; e a Troca Certa, da Shell. Em todos os casos, atuam com a venda exclusiva de suas respectivas linhas de lubrificantes a granel. O Sindilub reconhece que há programas mercadológicos desenvolvidos por alguns fabricantes de reconhecida idoneidade. Entretanto, destaca que a venda de lubrificantes a granel tem gerado preocupação em relação à proteção ao consumidor, uma vez que o produto que está sendo vendido pode ter origem duvidosa, pela atuação de fabricantes comprometidos com o lucro. Ricci, do Sindilub, comentou Combustíveis & Conveniência • 45
que a entidade já manifestou sua posição em ofício encaminhado à ANP há cerca de dois anos, para que a Agência regulamente a venda de lubrificantes a granel no varejo, mas, até o momento, não houve retorno da Agência. Ele alerta que o programa de controle de qualidade de lubrificante demonstra claramente a dificuldade em reduzir a não conformidade dos lubrificantes oferecidos no mercado, e que a venda a granel pode contribuir para agravar a situação. No último boletim bimestral de monitoramento de lubrificantes da ANP, nos meses de novembro e dezembro de 2013, das 305 amostras analisadas, o índice de não conformidade atingiu 13, 4%. As principais ocorrências dos produtos não conformes foram: viscosidade fora da especificação, sem aditivação e com aditivação insuficiente.
Revenda: novos mercados A revenda de combustíveis também sofreu impacto das mudanças de mercado dos lubrificantes. O crescimento do mercado, e a diversidade de novos motores exigem hoje, a correta utilização do lubrificante. A figura daquele frentista que, nas horas vagas, ou quando demandado, se transformava em “trocador de óleo” está desaparecendo. Como a maioria dos postos não investiu nestes profissionais, foi se perdendo mercado. No entanto, alguns revendedores fizeram movimento contrário e insistiram em ampliar seus investimentos, vislumbrando na troca de óleo uma oportunidade de negócio. Foi assim que Carlos Guimarães Júnior, proprietário da rede de postos Pica-pau, de Belo Horizonte, teve a ideia de diversificar 46 • Combustíveis & Conveniência
Divulgação/ Quick Lube
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o negócio e abriu a primeira unidade da Quick Lube, um serviço especializado em troca de óleo, que se transformou em franquia em 2011. “Estudamos o mercado de lubrificantes e constatamos que os postos de combustíveis simplesmente perderam este mercado para as concessionárias e oficinas especializadas. Começamos então um estudo no Brasil e no exterior (visitamos uma rede com mais de 3.000 lojas nos Estados Unidos) e construímos um modelo adequado à realidade do Brasil”, disse. Independente, a Quick Lube trabalha com troca de óleo multimarcas. As lojas foram planejadas para transmitir conceito de confiança com um ambiente limpo e agradável e equipe especializada. “O consumidor tem buscado um profissional capacitado para orientá-lo no processo de compra e escolha do lubrificante”, disse Guimarães. Os funcionários passam por capacitação para formação de trocador e recebem treinamento de 200 horas-aula. Um dos pioneiros a oferecer serviço especializado em troca de óleos, o Posto Sakamoto oferecerá
Quick Lube, de Belo Horizonte, investiu na oferta de óleo multimarcas, design atraente, ambiente limpo e agradável
o treinamento de trocadores de óleo, adequado na era digital. “O número de pontos de venda é muito grande e só tenho duas pessoas para dar treinamento. Além disso, com as mudanças no mercado de lubrificantes, o treinamento presencial pode ficar defasado depois de um mês”, comenta Sakamoto. A capacitação dos trocadores de óleo é prioridade nos serviços especializados oferecidos pela revenda. Uma má recomendação pode gerar, ao longo do tempo, graves avarias no motor. Na maioria das vezes, o consumidor não tem consciência da importância da escolha do óleo certo para o carro, ou pede recomendação ao trocador ou escolhe a marca mais barata ou é influenciado pela propaganda. “As pessoas não têm noção de que uma pane no motor pode ser causada pela troca de óleo inadequada. A formação de borra trava o motor, mas não acontece de uma hora para a outra. Geralmente demora uns dois anos, então quem compra um carro usado, depois de um tempo de uso, é que vai sofrer as consequências”, disse Sakamoto. n
OPINIÃO 44 Felipe Deborah Klein dosGoidanich Anjos 4 4 Advogada Consultor da Jurídico Fecombustíveis da Fecombustíveis
ANP se precipita e já autua postos que não apresentaram a planta simplificada apresentação da planta A ANP atualizou a regulamentação da atividade simplificada antes de de revenda varejista de combustíveis automotivos esgotado o prazo, que se através da Resolução ANP nº 41/2013, que revogou encerra em 5 de maio de a Portaria ANP nº 116/00, e que entrou em vigor 2014, para atendimento na data de 6 de novembro de 2013. ao disposto no Artigo 22, Entre as novas obrigações dos postos revendeInciso XVIII, conforme Ardores, ficou estabelecido que o revendedor obriga-se a “manter em sua instalação planta simplificada, ou tigo 28, Inciso II, ambos da Resolução nº 41/2013. sua cópia, devidamente atualizada, em que conste Ainda sobre a nova Resolução, convém lembrar a localização e a identificação dos tanques, das que, agora, o quadro de avisos deve obrigatoriabombas medidoras para combustíveis, dos bicos de mente estar afixado na área onde estão localizadas abastecimento e das tubulações que os interligam, as bombas medidoras e deve seguir o modelo bem como de filtros, bocas de tanques, poços de disponibilizado no sítio eletrônico da ANP. inspeção, respiros de tanques, informação sobre Por fim, o Artigo 28, Inciso I estabeleceu 60 localização do sistema de compressão de GNV e (sessenta) dias para atualizar os dados referentes outros equipamentos acessórios eventualmente à instalação (ex. tancagem, produtos armazeexistentes”, conforme renados, número de bicos de abastecimento etc.), por dação do Artigo 22, Inciso É inconcebível que os agentes de meio de preenchimento de XVIII, da nova Resolução. ficha cadastral disponível O Artigo 28, Inciso fiscalização não tenham o exato no site: www.anp.gov.br. Tal II, definiu prazo de “180 conhecimento das normas do setor prazo se encerrou em 5 de (cento e oitenta) dias para e não saibam quando as mesmas janeiro de 2014. Contudo, há o atendimento ao disposto passam a ser exigíveis. Não tem divergências de interpretação, no Art. 18; Incisos X e XVIII cabimento a ANP lavrar auto de pois, se em princípio, pode do Art. 22 e Art. 26 desta infração contra posto revendedor parecer que todos os revendeResolução”. pela não apresentação da planta Contudo, desde meados dores em operação deveriam simplificada antes de esgotado o de janeiro de 2014, ou seja, ter atualizado seus dados, a prazo, que se encerra em apenas 60 (sessenta) dias informação extra oficial da 5 de maio de 2014 após a publicação e início ANP é no sentido de que foi de vigência da Resolução concedido um prazo especial para que os revendedores nº 41/2013, a ANP começou que estejam com cadastro desatualizado possam a lavrar autos de infração contra postos revendedores sanar a irregularidade. Isto é, o posto que tem que, no momento da fiscalização, não apresentaram seu cadastro com todas as informações corretas e a planta simplificada, o que constituiria infração ao não fez qualquer alteração não precisaria cumprir Artigo 22, Inciso XVIII, da referida Norma. o que dispõe o Artigo 28, Inciso I. Este advogado tomou conhecimento pessoalDe qualquer forma, vendo os procedimentos mente de, pelo menos, dois casos no Rio Grande adotados pela ANP com relação à planta simplifido Sul, razão pela qual o Sulpetro já protocolou ofício relatando o fato junto ao escritório da ANP cada, é melhor o revendedor ser cauteloso e (com para a Região Sul, situado em Porto Alegre. a finalidade de evitar a aplicação de multa) fazer É inconcebível que os agentes de fiscalização a atualização dos dados referentes à instalação não tenham o exato conhecimento das normas do por meio de preenchimento de ficha cadastral setor e não saibam quando as mesmas passam disponível no site da ANP, mesmo que não tenha a ser exigíveis. Não tem cabimento a ANP lavrar ocorrido qualquer alteração e que o prazo tenha auto de infração contra posto revendedor pela não se esgotado. Combustíveis & Conveniência • 47
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Futuro distante
Os combustíveis de origem fóssil estão na mira dos debates sobre alterações climáticas. No mundo todo, a preocupação com as emissões e seus efeitos é alvo de estudos e, em função disso, novas tecnologias para garantir fontes de energia menos poluentes estão sendo desenvolvidas. No entanto, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que os projetos que garantem tecnologia limpa ganhem mercado Por Rosemeire Guidoni As alterações climáticas figuram entre as principais preocupações ambientais em todo o mundo. Neste ano, especificamente, várias cidades do Brasil 48 • Combustíveis & Conveniência
sofrem com o verão mais quente já registrado, desde que as medições de temperatura começaram a ser feitas, na década de 1940. Por outro lado, países do hemisfério Norte são afetados por nevascas de grandes proporções. Embora
há vários motivos que contribuem para estes fenômenos, os ambientalistas são unânimes ao afirmar que a poluição tem uma parcela grande de culpa na alteração climática. Os pesquisadores defendem, inclusive,
ção de energia limpa. O relatório estima ser necessário investir US$ 147 bilhões em energia limpa, além de reduzir o investimento em combustíveis fósseis em US$ 30 bilhões ao ano. A Comissão Europeia apresentou uma proposta para a fixação de novas metas para a redução dos gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico, para o aumento de uso das energias renováveis. A meta é reduzir em 40% as emissões de gases até 2030, em relação aos níveis de 1990, e ter 27% de renováveis no mix energético. Na prática, porém, as metas são muito difíceis de serem cumpridas, especialmente no Brasil. Programas como o Proconve e Promot (Veja box) contribuem para a adoção de tecnologias menos poluentes, mas, ainda assim, não eliminam as emissões, já que todas as etapas incluem uso de combustíveis fósseis.
Veículo a hidrogênio: emissão só de água
que o aumento de temperatura provocado pelo efeito estufa (que apesar de ser um mecanismo natural do planeta, hoje está sendo potencializado pela queima de combustíveis fósseis) poderá levar ao derretimento das calotas polares e à consequente elevação do nível dos mares. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em janeiro deste ano, atesta que já houve um aumento
de temperatura de 0,8º Celsius em relação à média, o que tem causado o degelo no Ártico, inundações, secas e migrações forçadas. O estudo aponta que as emissões dos gases de efeito estufa precisam diminuir pelo menos 70% no período compreendido entre 2010 e 2050 para que a média do aumento de temperatura seja inferior a 2ºC. Para tanto, os países precisam investir em tecnologia para produ-
De acordo com o professor e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp, Ennio Peres da Silva, o uso do hidrogênio como combustível seria a fonte mais limpa de energia. Porém, o mundo ainda engatinha na adoção desta tecnologia. Segundo ele, a grande dificuldade reside no aspecto econômico. “O uso de hidrogênio é viável e trata-se de uma tecnologia limpa, já que há emissão somente de água. No entanto, o veículo que circulava em testes na Unicamp, um protótipo, deixou de receber incentivos do Ministério de Minas e Energia e foi sucateado”, afirmou. “Já tínhamos este veículo movido a hidrogênio em 2004. Passaram-se dez anos e ele não Combustíveis & Conveniência • 49
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44 MEIO AMBIENTE
UFRJ
Táxis híbridos, movidos a energia elétrica e gasolina, contribuem com o meio ambiente pelo menor consumo de combustível fóssil
Pesquisas com veículos movidos a hidrogênio são realizadas pelo Laboratório de Hidrogênio da Coppe, da UFRJ
ganhou mercado e nem o desenvolvimento de novos projetos”, disse o pesquisador, responsável pelo primeiro veículo a hidrogênio brasileiro, que começou a ser desenvolvido em 1992. Silva explicou que o interesse em pesquisas sobre veículos a hidrogênio veio dos Estados Unidos, que não foi signatário do Protocolo de Kyoto (de 1997) e optou por desenvolver formas alternativas de energia. “No entanto, com a crise de 2008, tanto os Estados Unidos quanto os demais países deixaram de lado as pesquisas para fontes limpas de energia. O protocolo se 50 • Combustíveis & Conveniência
encerrou em 2012, mas o cenário econômico já não era favorável, os países estavam focados na recuperação financeira. E, com isso, não houve renovação. Neste meio tempo, surgiu o gás de xisto e os Estados Unidos passaram da condição de país com baixas reservas de petróleo para potencial exportador. Consequentemente, os investimentos em hidrogênio ficaram em segundo plano”, destacou. O cenário no Brasil, de acordo com o pesquisador, não é diferente. “Existem alguns veículos em teste. A Itaipu já demonstrou interesse em nosso projeto, mas
a ideia é ter um ônibus movido a hidrogênio, e precisamos desenvolver o local de abastecimento”, afirmou. Além da Unicamp, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também tem pesquisas com veículos movidos a hidrogênio realizadas pelo Laboratório de Hidrogênio da Coppe. O veículo utilizado, um ônibus, tem tecnologia híbrida, com motor de tração elétrico. Movido a hidrogênio, ele tem a bordo um equipamento chamado pilha a combustível, que é um conversor de energia capaz de usar o hidrogênio armazenado em tanques no ônibus e o oxigênio do ar para realizar uma reação eletroquímica que produz eletricidade para o veículo. Para que tais veículos cheguem ao mercado e passem a ser utilizados comercialmente, o caminho é longo: é necessário investir em infraestrutura de abastecimento para que o consumidor tenha confiança. Além disso, o custo do veículo é bastante alto. Segundo Silva, a despesa para adaptar um posto revendedor para fornecimento de hidrogênio é similar a sua adaptação para venda de GNV. Entretanto, nenhum empresário fará este investimento se não houver demanda pelo combustível. E o consumidor, por sua vez, não investirá no veículo se não tiver locais adequados para abastecer. De qualquer maneira, a Toyota já anunciou a produção de uma linha de veículos movidos a hidrogênio, com autonomia de 500 km, prevista para 2015. Inicialmente, o veículo será comercializado nos Estados Unidos.
Veículos elétricos Mais próximos da realidade das pessoas, os veículos elétricos
também não representam uma solução para as emissões. Isso porque o carro puramente elétrico tem algumas características técnicas que tornam seu uso desinteressante, como a autonomia e o tempo de carregamento. Afinal, como um motorista vai rodar longas distâncias com o veículo (em uma rodovia, por exemplo), se não há pontos de recarga, ou mesmo que existam estes locais, a recarga é demorada e compromete seu tempo de viagem? Em função disso, as pesquisas caminham para os chamados híbridos, que utilizam gasolina, além da energia elétrica. Isso faz com que o veículo utilize menos combustível fóssil, mas quando utilizar estará emitindo carbono.
Novos combustíveis
promissor para redução de poluentes. No entanto, dificilmente sua produção supriria toda a demanda de diesel. No Rio de Janeiro, há um projeto de utilização de diesel de cana em alguns ônibus, na proporção de 30% (adicionados ao diesel fóssil). Em São Paulo e Curitiba, a opção foi pelo uso em proporções maiores de biodiesel. No entanto, por enquanto, todas estas experiências não passam de testes para medir o desempenho dos biocombustíveis nos veículos. “Nós não avaliamos os combustíveis, mas sim a qualidade do ar, e podemos dizer que já houve avanços, mas ainda há muito que fazer, tanto no desenvolvimento de combustíveis mais limpos, quanto na engenharia automotiva, para garantir a melhoria da qualidade do ar que respiramos”, destacou Bales, do Proconve. Nas áreas metropolitanas, o problema da poluição do ar é uma das mais graves ameaças à qualidade de vida. As emissões causadas por veículos carregam diversas substâncias tóxicas (monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos, óxidos de enxofre e material particulado) que, em contato com o sistema respiratório, podem produzir vários efeitos negativos para a saúde.
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Tanto o diesel S10 (com 10 partes por milhão de enxofre) quanto a gasolina S50 (50 ppm de enxofre) podem ser considerados mais eficientes do ponto de vista ambiental. Porém, conforme lembrou Silva, da Unicamp, qualquer hidrocarboneto (caso do combustível fóssil) emite carbono. Para os gerentes da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), Marcelo Pereira Bales e Vanderlei Borsari, que atuam no setor de avaliação de emissões
veiculares do Proconve, seria simplista comparar a qualidade atual do ar com medições feitas no passado, já que o controle da poluição contempla vários tipos de emissões. Ou seja, se por um lado, o aumento de veículos em circulação levou à elevação das emissões; por outro, os novos veículos contam com tecnologias mais eficientes de controle, o que representa uma melhoria da qualidade do ar. Eles consideram que a redução do enxofre, tanto da gasolina quanto do diesel, já representa um ganho de qualidade. Da mesma forma, a adição de biocombustíveis e a maior participação dos combustíveis derivados de cana (etanol e diesel de cana) também contribuem para a melhoria. No entanto, a adição de etanol e biodiesel respectivamente à gasolina e ao diesel, não elimina o problema, já que o carbono continua sendo emitido. E o uso destes combustíveis puros no tanque tem uma série de limitações: no caso do etanol, mais ligadas a oferta e preço; e no caso do biodiesel, a problemas relacionados à manutenção do veículo, já que o produto tende a formar uma espécie de borra depois de algum tempo no tanque. O diesel fabricado a partir de cana-de-açúcar também é
Combustíveis & Conveniência • 51
44 MEIO AMBIENTE
O desafio do Proconve e Promot e Energia (MME) e realizado pela Petrobras. A sexta edição do programa foi divulgada no início de 2014 e mostrou que, no total, 36 fabricantes participam, com 495 modelos/ versões que poderão exibir a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), afixada em seus vidros, 10% a mais em relação ao último ciclo. A ENCE classifica os modelos quanto à eficiência energética na sua categoria e traz outras informações, como a autonomia em km por litro de combustível na cidade e na estrada e a emissão de carbono. “Além das emissões de carbono, estão disponíveis na tabela do programa os dados de emissão de gases poluentes (hidrocarbonetos, monóxido de carbono e óxido de nitrogênio) do Proconve, e as estrelas que classificam estas emissões, contemplando com até três estrelas os modelos que emitem menos e uma estrela para os que emitem mais. Agora, o consumidor poderá escolher o carro mais eficiente e o menos poluente ou mais limpo”, explicou Alfredo Lobo, diretor de Avaliação da Conformidade do Inmetro. A primeira posição no ranking ficou com a Fusion Hybrid, da Ford, que possui dois motores, um a combustão (que utiliza gasolina) e um elétrico. n
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A melhoria da qualidade do ar é o principal desafio do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares, que estabelece cronogramas de redução de emissões para veículos leves e pesados) e do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares). Iniciados, respectivamente, em 1986 e 2002, os dois programas determinam limites máximos de emissões admitidas pelos veículos. Para atingi-las, mudanças nos combustíveis (como, por exemplo, a redução no teor de enxofre da gasolina e do diesel) são essenciais, bem como adequações nos veículos. Atualmente, os veículos leves estão na chamada fase L6 e os pesados na P7. Já as motos entraram na fase 4, em janeiro de 2014. Além das mudanças que envolvem a indústria e o setor de combustíveis, espera-se que o consumidor também tenha participação ativa na redução da poluição. Para tanto, uma das iniciativas é o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), coordenado pelo Inmetro em parceria com o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet), vinculado ao Ministério de Minas
Principal desafio do Proconve e Promot é a melhoria da qualidade do ar
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44 AGENDA MARÇO 29ª Convenção Nacional TRR Data: 19 a 23 Local: Ilhéus (BA) Realização: SindTRR Informações: (11) 2914-2441 10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 28 Local: Pouso Alegre (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500
ABRIL 10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 25 Local: Uberlândia (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500
MAIO 10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 16 Local: Juiz de Fora (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500 Encontro de Revendedores do Nordeste Data: 29 e 30 Local: Natal (RN)
Realização: Sindipostos-RN e demais Sindicatos do Nordeste Informações: (84) 3217-6076
AGOSTO 4º Expo Conveniências Data: 7 Local: Caxias do Sul (RS) Realização: Sindipetro Serra Gaúcha Informações: (54) 3222-0888 10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 22 Local: Montes Claros (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500
SETEMBRO Encontro de Revendedores do Norte Data: 4 e 5 Local: Porto Velho – RO Realização: Sindipetro-RO e demais Sindicatos do Norte Informações: (69) 3223-2276 10º Ciclo de Congressos Regionais Data: 19 Local: Ipatinga (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500
17º Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 16º Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul Data: 25 a 28 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3228-7433
OUTUBRO NACS Show Data: 7 a 10 Local: Las Vegas Convention Center (Las Vegas/EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com
NOVEMBRO Congresso de Revendedores de Combustíveis do Espírito Santo e Sudeste Data: 6 e 7 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104 4º Encontro de Revendedores da Baixada Santista, Litoral Sul Paulista e Vale do Ribeira Data: 27 Local: Santos (SP) Realização: SindicombustíveisResan Informações: (13) 3229-3535
Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.
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44 CONVENIÊNCIA
Foco no varejo A influência da crise financeira global no mercado de varejo nacional e internacional e as tendências de crescimento do food service são alguns dos destaques da análise da GS&MD durante evento de varejo no Rio. Confira também as dicas do Sebrae para as lojas de conveniência aproveitarem o momento da Copa para aumentarem suas vendas
Divulgação/ GS&MD
Por Mônica Serrano A economia global tem gerado forte impacto no mercado de varejo no Brasil e no exterior. Depois de os países emergentes terem contribuído para elevar o crescimento no mundo, no ano passado houve alteração desse cenário, a partir do arrefecimento das nações em desenvolvimento. Em contrapartida, as economias maduras, representadas pelos países mais desenvolvidos, começaram a retomar sua capacidade de crescimento, após anos sob a 54 • Combustíveis & Conveniência
sombra da crise global. A partir da desaceleração da economia dos países impactados pela crise, houve migração do interesse de varejistas de grandes corporações americanas e europeias para os países emergentes, entre eles o Brasil. Com esta abordagem, Marcos Gouvêa, diretor-geral da GS&MD - Gouvêa de Souza, iniciou sua apresentação no Pós-NRF, evento realizado pela GS&MD, em 4 de fevereiro, no Rio de Janeiro, que apresentou os principais temas do Retail’s BIG Show, a maior feira mundial
de varejo realizada nos Estados Unidos. No panorama global do varejo, a contenção de despesas ocasionada pela crise econômica trouxe impacto para o consumo de produtos. No âmbito norte-americano, os setores que mais cresceram nos últimos anos foram: saúde e cuidados pessoais das drogarias, que se transformaram em lojas de conveniência. Também se destacaram as vendas em quiosques, internet, TV e por catálogos. “Os próximos anos deverão ser marcados pela
134 milhões neste ano, ante as 105 milhões de pessoas em 2009. Em contrapartida, as classes D e E diminuirão de 73 milhões para 49 milhões, considerando o mesmo período. Diante do contingente de consumidores, Gouvêa acredita que o consumidor vai contribuir para a evolução do país neste ano. “O consumo continuará sendo o elemento propulsor do crescimento. O cenário futuro do varejo será marcado pelo aumento da competitividade e consolidação de mercado, mais investimentos, expansão e eficiência operacional nos conglomerados nacionais e globais”, destacou. No Brasil, de 2007 a 2013, houve um crescimento de varejo, em termos reais, de 54,4% enquanto o PIB cresceu 19,5% no mesmo período. De 2003 a 2013, os segmentos brasileiros que mais evoluíram foram automóveis e drogarias, segundo a GS&MD. Ao direcionar o olhar para as lojas de conveniência, Gouvêa afirma que as expectativas são positivas. “O setor deverá continuar apresentando crescimento em patamares
superiores ao do varejo como um todo, pois se beneficiam de mudanças de hábitos de consumo e a crescente demanda por mais conveniência por parte dos consumidores. E, adicionalmente, teremos uma expansão no número de lojas de conveniência por conta do crescente interesse de grupos varejistas por expandir esse formato”. Em 2012, a GS&MD, com apoio do Sindicom e da Souza Cruz, aplicou pesquisa sobre o comportamento do consumidor em lojas de conveniência e comparou os resultados com o levantamento realizado em 2006. A pesquisa constatou o crescimento da participação da mulher nas lojas de conve-
Imagens: Stock
recuperação da economia global, porém, essa recuperação tem duas consequências: primeiro, reduz a atratividade dos conglomerados internacionais pelo mercado brasileiro. Segundo, essa demanda internacional favorece a expansão de negócios, principalmente de setores ligados à exportação”, disse Gouvêa. E quais são os principais elementos que estão redesenhando o varejo no Brasil? Primeiro, houve um crescimento baixo das economias mais maduras, o processo de internacionalização do varejo brasileiro pela entrada de conglomerados de países desenvolvidos, bem como o aumento da participação dos grupos globais nas empresas brasileiras. “Estamos popularizando o varejo brasileiro com as marcas internacionais de origem europeia, norte-americana e de grupos japoneses”, destacou Gouvêa. De acordo com a GS&MD, o percentual de participação de empresas controladas diretamente por grupos internacionais estão concentrados em cinco setores: 97,7% em super e hipermercados, 63% em food service, 63,5% em material de construção, 51,4% em bens duráveis e 29,2% em vestuário. Entre os fatores mais relevantes, do ponto de vista de transformação no varejo brasileiro, Gouvêa enfatizou a ascensão da classe C, o que tem refletido em novas aspirações de consumo. Estudo da Kaiser Associates, apresentado pelo Sindicom no ano passado, constatou que, anualmente, aproximadamente 5 milhões de pessoas ascendem à classe C. E a transição de classes continua. Segundo projeções do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, as classes B e C devem crescer para
As perspectivas para as lojas de conveniência são positivas. O setor deverá crescer acima do varejo como um todo
Combustíveis & Conveniência • 55
44 CONVENIÊNCIA niência de 25% em 2006 para 34% em 2012, em São Paulo. No Rio de Janeiro, o percentual foi maior, cuja evolução saiu de 31% para 41%. Além do aumento do público feminino, o levantamento constatou que o pedestre também busca as lojas de conveniência. Considerando Rio e São Paulo, de 32% de consumidores que iam à loja a
pé, em 2006, passaram para 51% (em 2012), especialmente com o público carioca. Esta pesquisa demonstrou que os consumidores começaram a substituir outras lojas de varejo pela conveniência, principalmente para fazer uma parada rápida para alimentação. Portanto, não é de hoje que as tendências indicam que o
Copa do Mundo Neste ano, as lojas de conveniência localizadas nas cidades-sede da Copa do Mundo terão a oportunidade de alavancar suas vendas com o turismo motivado pelo período. Segundo levantamento do Sebrae, divulgado em Ideias de Negócios para a Copa, o mercado de lojas de conveniência está em crescimento, fatura R$ 3,3 bilhões por ano, gera mais de 200 mil empregos diretos e indiretos. As 6 mil lojas espalhadas pelo país presentes nos postos de combustíveis são capazes de dobrar o faturamento do empreendimento, fortalecendo o negócio como um todo. A Copa poderá alavancar a venda de produtos de consumo rápido, como o food service, e a comercialização de produtos licenciados pela marca FIFA. Além disso, os postos e as lojas de conveniência podem se tornar pontos de encontro de turistas e servir como centrais de informação para os torcedores brasileiros e estrangeiros. Conforme material divulgado pelo Sebrae em Ideias de Negócios para a Copa, os proprietários e gestores das lojas de conveniência devem focar seus esforços na qualificação de pessoal, divulgação de preços e na comercialização dos tipos de produtos. Deve-se levar em consideração que o período da Copa vai exigir gastos adicionais, tanto para manter o estoque da loja, como 56 • Combustíveis & Conveniência
food service é um dos mercados promissores para investir no setor de conveniência pelo forte crescimento que essa categoria vem apresentando. Segundo a GS&MD, em 2002, o segmento representava 24% do total de todo o consumo de alimentos no Brasil e, atualmente, representa 33%. n
realizar investimentos em decoração temática, divulgação de serviços, promoções etc. Além do bom atendimento, os revendedores deverão estar atentos para treinar parte da equipe de funcionários para o atendimento aos turistas em inglês ou contratar funcionários temporários que consigam manter uma boa comunicação na língua inglesa. Os funcionários devem entrar no clima da Copa. Nesse momento, o gerente ou proprietário da loja deve instigar a motivação dos funcionários, qualificá-los adequadamente para prestar boas informações, sem deixar de lado a simpatia e a cordialidade, qualidades marcantes do povo brasileiro, na hora de atender o cliente. Outro aspecto é a organização das lojas na Copa em relação aos preços dos produtos, expondo preços das mercadorias em real e em dólar. As gôndolas e a distribuição dos produtos também devem ser dispostas de forma a facilitar a atratividade de consumo, distribuição de produtos e melhorar a circulação interna na loja. Em relação aos produtos comercializados, segundo o Sebrae, deve-se deixar à disposição do consumidor as marcas dos patrocinadores da Copa. Também se recomenda manter em estoque produtos de maior consumo nos dias de jogos, como salgadinhos, lanches, ou seja, alimentos prontos para o consumo, além de reforçar o estoque de bebidas.
OPINIÃO 44 Marcos Gouvêa4 diretor-geral da GS&MD - Gouvêa & Souza
A demanda dos hiperconvenientes de demanda dessas cateUma conjunção de fatores tem feito com que se desenvolva uma geração de consumidores gorias dos supermercados hiperconvenientes. É constante e crescente a tradicionais para todos os pressão sobre o tempo que gera um comportaformatos de food service que representam 48% mento gravitando em torno de questões sobre do total dos dispêndios uma gestão mais eficiente desse recurso cada das famílias naquele país. As farmácias “convevez mais escasso. De certa maneira, vivemos uma era onde temos mais de quase tudo, com nientes” apenas souberam incorporar essa nova exceção do tempo. demanda, redesenhando seu formato tradicioEssa realidade tem estimulado negócios, nal. O resultado disso é que, enquanto o varejo empresas e marcas a buscarem alternativas que norte-americano como um todo – no período de possam significar oferecer mais e quase infinitas 1992 a 2013 – cresceu 158% em termos nomipossibilidades que envolvam racionalizar o tempo nais, esses formatos cresceram 217%, um dos e, em quase todos os casos, isso significa criar segmentos com maior expansão no período. mais facilidade, disponibilidade e conveniência. No Brasil, esse movimento não tem ocorrido A tecnologia é outro dos fatores que contripor conta de uma intransigência da Anvisa, órgão regulador do setor, que buiu para desenhar essa insiste em ver a farmácia nova realidade, em especial limitada em sua atuação aquela associada com o Uma das mudanças mais significatiaos medicamentos e proe-commerce e a mobilidade, ao disponibilizar acesso a dutos de higiene, beleza e vas ocorreu com o formato de droprodutos e serviços, criando garias nos mercados mais desenvolvi- bem-estar. uma nova ordem competitiva Mas a demanda por dos, que se converteram em lojas de ao estar acessível para comhiperconveniência tem no conveniência omnichannel (integra todos pras, consultas, informação os canais de compra, tanto ou relacionamento onde quer, lojas físicas como virtuais) como e quando se queira. seu maior propulsor. As alternativas que se criam Como consequência, todas as outras formas permitem o acesso às marcas, produtos e serviços de negócios ou atividades estão se adaptando para através de diversos canais e formatos, facilitando conviver com esse novo quadro. e integrando experiências, vendo e comparando Uma das mudanças mais significativas ocorreu num local e comprando em outro, multiplicam com o formato de drogarias nos mercados mais alternativas para tornar a vida do neoconsumidor, desenvolvidos, em especial nos Estados Unidos, digital, multicanal e global, ainda mais aberta e onde redes como Walgreens, CVS, Duane Reade plural, pela acessibilidade e mobilidade envolvidas. e outras, anteriormente farmácias, que também Pelo contínuo crescimento da falta de tempo, vendiam produtos de beleza e bem-estar, mesclao cenário futuro será desenhado a partir do rependos com alguma conveniência, se converteram em lojas de conveniência, alimentos e bebidas com sar de canais, formatos e negócios, envolvendo o medicamentos sendo oferecidos no fundo da loja. varejo e os serviços, que proponham inovadoras A mudança reflete a necessidade de se adapalternativas para satisfazer a crescente demanda por facilidade e conveniência, conjugando ativitar à nova realidade e aproveitar as demandas emergentes. dades, processos, experiências e tecnologia, para A inclusão de alimentos e bebidas nas áreas entregar mais por menos de forma cada vez mais mais nobres das lojas atende uma profunda e ampla conveniente. Parece que não temos como fugir mudança de hábitos envolvendo a transferência dessa realidade.
Combustíveis & Conveniência • 57
44 ATUAÇÃO SINDICAL Brasil
NR-20 em destaque Uma das prioridades da Fecombustíveis tem sido o envolvimento em apoiar e esclarecer os Sindicatos Filiados no cumprimento de todas as determinações da NR-20, do Ministério do Trabalho e Emprego, em vigor desde o ano passado. A Norma requer uma série de procedimentos técnicos e treinamento de pessoal e abarca diversas áreas do posto, desde segurança do trabalho a prevenção de vazamentos e incêndios. Em função da complexidade do tema, a Fecombustíveis promoveu diferentes iniciativas para dar respaldo a todos os revendedores do país à implementação da Norma. A Federação promoveu, aos Sindicatos Filiados, treinamento técnico para capacitação de instrutores locais em todas as regiões do país (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). Além do treinamento, os Sindicatos Filiados, também puderam contar com materiais informativos elaborados pela Federação, como o Guia de Referência para Implementação da NR-20, um material minucioso sobre os principais procedimentos, e um vídeo. Ambos os materiais estão disponíveis no site da Federação (www.fecombustiveis.org.br). (Mônica Serrano)
Rio de Janeiro
O Sindcomb recebeu, no dia 28 de janeiro, o deputado estadual Luiz Paulo (PSDB), com o objetivo de pedir auxílio à execução de Lei 5541/2009, de sua autoria. A Lei disciplina a venda e o descarte de óleo lubrificante e de filtros de óleo. O deputado se comprometeu a oficiar a secretaria do Estado de Ambiente (SEA) para exigir a fiscalização em locais como oficinas mecânicas e supermercados. O Sindicato, por sua vez, acionará a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) e a Delegacia de Proteção do Meio Ambiente (DPMA), para que ajam no mesmo sentido. Os estabelecimentos que vendem óleo para veículos automotivos devem ter alvará de funcionamento e licença de operação, além de local apropriado para a coleta e destino do produto usado. (Katia Perelberg) 58 • Combustíveis & Conveniência
Sindcomb
Mais fiscalização
Representantes do Sindcomb se reúnem com deputado estadual Luiz Paulo (PSDB)
Minas Gerais
Congressos Regionais Foi dada a largada, vai começar o Ciclo de Congressos Regionais do Minaspetro, no final deste mês. O evento é uma oportunidade de atualização para os revendedores de combustíveis. Pouso Alegre, no Sul de Minas, será a primeira cidade a receber o Congresso. Como aponta o futuro diretor Luiz Anselmo Rigotti, o evento é também uma oportunidade de aproximação do sindicato com os associados. “Esse relacionamento contribui para que o revendedor saiba mais sobre as estratégias do Minaspetro; estreita os laços e mostra o valor do sindicato”, avalia. Rigotti ressalta a diversidade da programação, com a presença de palestrantes de renome. “Além disso, é uma oportunidade de encontro dos revendedores, para troca de informações e fortalecimento da revenda”. Já em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o Congresso acontece em abril. Para o diretor Jairo Barbosa, além de levar conhecimento, será importante para apresentar aos revendedores as inovações do setor. Ele também é enfático ao destacar que atividades dessa natureza reforçam o vínculo do sindicato com os associados. As palestras também foram destacadas por Barbosa: “Sempre são abordados temas de relevância para a revenda, como questões relacionadas à legislação ambiental e trabalhista, as portarias da ANP e as mudanças que merecem
atenção. O conteúdo é amplo e o evento sempre supera as expectativas”.
Feira será atrativo à parte Em maio, o Congresso passará por Juiz de Fora, na Zona da Mata, com um amplo leque de atrativos para os revendedores. O diretor Carlos Alberto Jacometti destaca a abordagem dos temas de suporte jurídico, área que sempre gera dúvidas entre os empresários, em sua avaliação. Ele chama a atenção, ainda, para a feira de produtos do setor, realizada em paralelo. “A revenda tem acesso às novidades e pode passar a oferecer os itens aos seus clientes. Agrega muito valor”. Em agosto, o Congresso chega a Montes Claros, Norte de
Minas. Segundo o futuro diretor Gildeon Gonçalves Durães, a expectativa para o Congresso deste ano é a melhor possível, principalmente por este já ser um evento tradicional na região. “É um momento de encontro entre os empresários, que podem trocar experiências”, relatando que, ao término do Congresso, os participantes já esperam pelo próximo ano. O Ciclo de Congressos Regionais se encerra em setembro, em Ipatinga, no Vale do Aço, que, segundo o diretor Marco Antônio Alves de Magalhães, sempre é registrado um grande público, sobretudo para assistir às palestras. De acordo com Magalhães, todos os associados na região esperam a ocasião para ter acesso a informações atualizadas sobre o setor. (Geisa Brito)
Combustíveis & Conveniência • 59
44 ATUAÇÃO SINDICAL Programação Pouso Alegre 28 de março de 2014 8h30 - Abertura da Feira: Credenciamento / Distribuição de Material 9h00 - Abertura Oficial: Autoridades / Hino Nacional 9h30 - Palestra “Sucessão familiar e como preservar seu patrimônio” • Rogério Yuji Tsukamoto – formado em Administração de Empresas pela EAESP-FGV/SP (Fundação Getúlio Vargas), mestre em Administração pela Wharton School (EUA), professor e coordenador do curso de Gestão da Empresa Familiar da FGV. 11h - Palestra técnica 12h00 - Almoço 14h00 - Painel “Atualização Sindical”: • Ana Violeta Guimarães Pereira - advogada, assessora jurídica metrológica do Minaspetro. • Arthur Villamil – advogado, mestre em Direito Econômico e doutor em Direito Público pela UFMG, assessor jurídico do Minaspetro e da Fecombustíveis. • Bernardo Souto - advogado, pós-graduado em Direito Público, engenheiro ambiental, pós-graduado em Gerenciamento de Águas Contaminadas. • Gustavo Fonseca - advogado, especialista em Direito Tributário, assessor jurídico tributário do Minaspetro. • Klaiston Soares D´Miranda Ferreira - advogado, coordenador do jurídico Trabalhista do Minaspetro e da Fecombustíveis. Perguntas 16h30 - Visita à exposição 17h30 - Palestra – “A nova classe C e o impacto em seu negócio” • Renato Meirelles - presidente do Data Popular 19h00 - Coquetel 60 • Combustíveis & Conveniência
44 PERGUNTAS E RESPOSTAS A contratação de funcionários terceirizados ainda gera muitas dúvidas no segmento de postos de combustíveis. É importante ficar atento às normas que regem este tipo de contratação para evitar problemas trabalhistas ou legais, visto que o contratante dos serviços terceirizados tem responsabilidade subsidiária. A contratação de funcionários terceirizados é permitida em postos revendedores de combustíveis? A contratação de empregados terceirizados somente é permitida quando não atinge a atividade fim da empresa, ou seja, a revenda de combustíveis e de lubrificantes. Assim, funções diretamente ligadas à categoria, como frentistas, trocadores de óleo, gerentes e chefes de pista não podem ser terceirizadas. O que pode ser terceirizado é o trabalho de vigias e vigilantes (atividades distintas, sendo que o primeiro não pode ser armado e o segundo sim), e de serviços de limpeza (faxina). Porém, tais profissionais não podem, em hipótese alguma, atuar no abastecimento. O mesmo vale para a loja de conveniência. Se for uma empresa com razão social distinta do posto, sua atividade preponderante é o comércio, e, portanto, o atendente não pode ser terceirizado. Quais cuidados são necessários ao optar pela contratação de terceirizados? Toda e qualquer terceirização deve ser promovida por meio de expresso contrato de prestação de serviços com empresa idônea. O contratante, no caso o posto, deve exigir a nota fiscal de serviço, além de fiscalizar a empresa quanto ao pagamento de salários dos empregados terceirizados, recolhimento de FGTS e encargos fiscais (a empresa terceirizada deve apresentar cópia destes recibos mensalmente). Se a empresa terceirizada não cumprir com as obrigações trabalhistas, o posto deverá pagar, pois é responsável de forma subsidiária na relação trabalhista. Por este motivo, não é aconselhável
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fazer este tipo de contratação por meio de cooperativas, visto que elas não registram o profissional, o que significa que a responsabilidade pelos encargos trabalhistas será do posto. Algumas convenções coletivas estaduais já proíbem tal contratação. Quem deve conceder benefícios como vale alimentação e vale transporte? O empregado terceirizado deve ter todos os seus direitos garantidos pela empresa que o registrou. O posto revendedor deve fiscalizar estes pagamentos, lembrando que o empregado de empresa terceirizada não pode ter qualquer ingerência do posto. Como é feito o pagamento de horas extras ou adicionais por serviço noturno? Como são definidos os turnos de trabalho e descanso? O terceirizado é um empregado como outro qualquer, com todos os direitos trabalhistas. Toda a definição de horas extras, horário de trabalho ou serviço noturno deve ficar a cargo da empresa terceirizada. Quando o terceirizado entra em férias, adoece ou sai do emprego, a empresa contratada o substitui? A empresa terceirizada, por força contratual, deve mandar outro trabalhador. Se, eventualmente, o terceirizado sofrer um acidente de trabalho ou desenvolver uma doença que possa ser atribuída a seu trabalho no posto de combustíveis, de quem é a responsabilidade? Da empresa terceirizada. Porém, caso ela não assuma a responsabilidade, o posto assume todos os encargos, pela responsabilidade subsidiária. O mesmo vale para situações em que o empregado entre com processo trabalhista. *Informações fornecidas por Klaiston Soares D’ Miranda, consultor jurídico trabalhista/sindical da Fecombustíveis Combustíveis & Conveniência • 61
Livro: Foco Autor: Daniel Goleman Editora: Objetiva Onde está sua atenção neste exato momento? Está realmente na leitura desta dica de livro ou se distraiu facilmente para checar e-mails, espiar o Facebook ou twitter etc.? Se sua resposta for a segunda opção, não se preocupe – em parte –, você faz parte do enorme grupo de profissionais que tentam ao longo do dia administrar diversas tarefas ao mesmo tempo, com a sensação de que não foi possível conciliar tudo. Por outro lado, apesar de ser considerado normal no mundo globalizado, o comportamento “multitarefas” chamou a atenção do psicólogo americano e escritor Daniel Goleman, que considera que tal postura só contribui para a falta de concentração. No livro Foco, o autor do bestseller “Inteligência Emocional” mostra por que a base do sucesso em todas as áreas da vida é a sua capacidade de concentração e defende o aprimoramento do foco para prosperar no atual mundo complexo, cheio de distrações intermináveis. Em recente entrevista ao jornal O Globo, Goleman aponta que o profissional multitarefas e a geração Y são ilusões, já que não conseguem prestar atenção suficiente no que estão fazendo; e que as empresas precisam ensinar seus funcionários a se concentrarem mais para alcançar o sucesso almejado. Por isso, Foco é um livro que procura abordar o segredo para o alto desempenho e mostra como a atenção tem um papel fundamental para o sucesso.
44 TABELAS em R$/L
Período
São Paulo
Goiás
Período
São Paulo
Goiás
13/01/2014 - 17/01/2014
1,461
1,479
13/01/2014 - 17/01/2014
1,289
1,162
20/01/2014 - 24/01/2014
1,467
N/D
20/01/2014 - 24/01/2014
1,284
1,165
27/01/2014- 31/01/2014
1,473
1,462
27/01/2014- 31/01/2014
1,286
1,168
03/02/2014 - 07/02/2014
1,492
1,495
03/02/2014 - 07/02/2014
1,323
1,199
10/02/2014 - 14/02/2014
1,518
N/D
10/02/2014 - 14/02/2014
1,381
1,230
Média Janeiro 2013
1,303
1,423
Média Janeiro 2013
1,145
1,050
Média Janeiro 2014
1,456
1,464
Média Janeiro 2014
1,285
1,159
Variação 13/01/201414/02/2014
4,0%
N/D
Variação 13/01/201414/02/2014
7,1%
5,8%
Variação Janeiro/2013 Janeiro/2014
11,8%
2,9%
Variação Janeiro/2013 Janeiro/2014
12,2%
10,4%
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas
Pernambuco
Janeiro 2013
1,497
1,540
Janeiro 2014
1,682
1,675
Variação
12,3%
Período Em R$/L
1,7 1,6
8,8%
1,5 1,4
1,1
1,249
Janeiro 2014
1,393
1,382
Variação
13,2%
10,6%
Alagoas
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO Em R$/L
1,4
1,7 1,6
1,3
1,5
1,2
1,4
1,1
1,3
1,0
1,2 1,0
Goiás
1,5
Em R$/L
1,8
1,1
São Paulo
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO
São Paulo
Goiás
Alagoas
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO Em R$/L
1,5
62 • Combustíveis & Conveniência
1,1
1,231
Fonte: CEPEA/Esalq 1,2 Nota: Preços sem impostos
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)
1,2
Janeiro 2013
1,3
1,0
1,3
Pernambuco
1,8
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
1,4
Alagoas
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO
HIDRATADO
ANIDRO
Período
em R$/L
0,9 0,8
São Paulo
Goiás
Alagoas
TABELAS 33 em R$/L - Janeiro 2014
Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição
Gasolina
Revenda
Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Distrib,
Preço Médio Ponderado de Compra
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Revenda
2,433
2,558
0,125
2,558
2,981
0,423
2,428
2,574
0,146
2,574
2,965
0,391
2,417
2,566
0,149
2,566
2,932
0,366
Branca
2,429
2,499
0,070
2,499
2,875
0,376
Outras Média Brasil 2
2,435
2,540
0,105
2,540
2,903
0,363
2,427
2,546
0,119
2,546
2,934
0,388
30 %
10 %
Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)
20 %
8%
10 %
6%
Outras
0%
Branca
4% 2%
-10 %
Branca
0%
-20 %
25,7
23,4
4,7
-11,3
-41,5
Outras
-2 %
-30 %
-4 %
-40 %
9,1
0,6
-3,0
-5,7
-6,7
-6 % -8 %
-50 %
Raízen
Ipiranga
BR
Outras
BR
Branca
Ipiranga
Distribuição
Diesel
Branca
Raízen
Outras
Revenda
Preço Médio Pond, de Custo do Diesel 1
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Distrib,
Preço Médio Ponderado de Compra
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Revenda
2,086
2,210
0,124
2,210
2,519
0,309
2,083
2,237
0,154
2,237
2,522
0,285
2,070
2,217
0,147
2,217
2,479
0,262
Branca
2,062
2,120
0,058
2,120
2,391
0,271
Outras Média Brasil 2
2,090
2,260
0,170
2,260
2,514
0,254
2,075
2,189
0,114
2,189
2,469
0,280
Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)
50 %
10 %
Outras
8%
40 %
6%
30 %
4%
20 %
2%
10 %
Branca
0% -10 % -20 %
Branca
0%
Outras
-2 %
50,0
34,7
28,9
9,5
-49,1
-4 % -6 %
-30 %
9,9
1,8
-3,5
-6,6
-9,7
-8 %
-40 %
-10 %
-50 %
Outras
Ipiranga
Raízen
BR
Branca
BR
Ipiranga
Branca
Raízen
Outras
1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 24/13 e 01/14. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.
Combustíveis & Conveniência • 63
44 TABELAS
FORMAÇÃO DE PREÇOS
em R$/L
Gasolina
Ato Cotepe nº 03, de 06/02/2014 - DOU de 07/02/2014 - Vigência a partir de 16 de fevereiro de 2014
UF
75% Gasolina A
25% Alc. Anidro (1)
75% CIDE
75% PIS/ COFINS
Carga ICMS
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (2)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
1,158 1,019 1,066 1,084 1,010 1,022 1,086 1,074 1,084 1,017 1,113 1,085 1,098 1,046 1,026 1,017 1,031 1,047 1,021 1,018 1,094 1,086 1,022 1,073 1,053 1,056 1,125
0,456 0,450 0,451 0,450 0,456 0,456 0,387 0,395 0,385 0,460 0,405 0,390 0,387 0,446 0,453 0,453 0,458 0,388 0,387 0,453 0,455 0,458 0,409 0,392 0,453 0,385 0,387
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196
0,843 0,820 0,783 0,726 0,797 0,791 0,771 0,806 0,893 0,780 0,781 0,763 0,830 0,859 0,776 0,790 0,716 0,854 0,973 0,801 0,790 0,773 0,759 0,763 0,786 0,664 0,768
2,654 2,485 2,496 2,456 2,459 2,465 2,440 2,470 2,558 2,453 2,495 2,434 2,511 2,548 2,450 2,456 2,400 2,485 2,576 2,467 2,535 2,512 2,386 2,424 2,487 2,301 2,476
25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%
3,373 3,036 3,133 2,904 2,950 2,930 3,085 2,984 3,080 2,888 3,125 3,050 3,074 3,069 2,875 2,926 2,862 3,050 3,137 2,965 3,160 3,090 3,034 3,050 2,910 2,658 3,070
UF
95% Diesel
5% Biocombustível
95% CIDE
95% PIS/ COFINS
Carga ICMS
Custo da distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (1)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
1,589 1,418 1,472 1,454 1,411 1,428 1,546 1,517 1,538 1,419 1,575 1,518 1,533 1,426 1,421 1,416 1,436 1,513 1,457 1,321 1,508 1,498 1,460 1,525 1,461 1,481 1,469
0,122 0,130 0,122 0,122 0,121 0,125 0,110 0,114 0,110 0,130 0,101 0,104 0,115 0,122 0,130 0,130 0,130 0,109 0,121 0,130 0,115 0,122 0,101 0,103 0,130 0,107 0,113
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141
0,499 0,414 0,435 0,422 0,441 0,406 0,309 0,298 0,379 0,385 0,465 0,391 0,383 0,449 0,410 0,420 0,425 0,298 0,323 0,419 0,457 0,464 0,300 0,299 0,409 0,311 0,329
2,350 2,103 2,169 2,139 2,113 2,100 2,106 2,070 2,168 2,074 2,282 2,154 2,171 2,138 2,102 2,107 2,131 2,060 2,042 2,010 2,220 2,224 2,002 2,067 2,140 2,040 2,052
17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%
2,935 2,437 2,556 2,485 2,593 2,390 2,577 2,487 2,525 2,262 2,735 2,300 2,550 2,642 2,413 2,470 2,500 2,480 2,486 2,463 2,690 2,730 2,498 2,490 2,406 2,596 2,440
Diesel
Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS
Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e alegislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.
64 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor
Belém (PA)
Gasolina Diesel Etanol
Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol
Total 2,499 2,049 N/D
2,595 2,353 2,271
2,999 2,425 2,323
2,464 2,219 2,301
Porto Velho (RO)
2,677 2,112 1,922
2,553 2,150 1,785
Gasolina Diesel Etanol
Alesat 2,662 2,662 2,265 2,265 2,277 2,277
2,515 2,229 2,213
Florianópolis (SC)
Porto Alegre (RS)
Gasolina Diesel Etanol Fonte: ANP
2,518 N/D 2,146
Raízen 2,523 2,620 2,298 2,381 2,020 2,155
2,444 2,232 1,976
Gasolina Diesel Etanol
Alesat 2,468 2,742 2,152 2,290 2,053 2,367
Gasolina Diesel Etanol
2,510 2,253 2,034
Gasolina Diesel Etanol
2,477 2,234 1,892
Gasolina Diesel Etanol
2,583 2,137 2,316
2,778 2,442 2,226
IPP 2,626 2,269 N/D
Equador 2,778 2,903 2,442 2,583 2,214 2,277 BR 2,639 2,492 1,963 IPP 2,649 2,423 1,947
Raízen 2,711 2,741 2,242 2,269 1,814 1,860
2,630 2,150 1,859
Raízen 2,559 2,597 2,198 2,205 1,771 1,878
2,600 2,229 2,252
Raízen 2,596 2,660 2,250 2,294 2,162 2,320
2,567 2,140 2,237
Raízen 2,481 2,628 2,108 2,142 2,063 2,103
BR
2,508 2,102 2,202
2,699 2,360 N/D
2,736 2,263 1,865
BR 2,602 N/D 2,146
Raízen 2,561 2,647 2,135 2,223 2,189 2,262
Total
IPP
IPP
2,655 2,191 2,267
2,469 2,249 1,983
BR
BR
2,554 2,060 2,165
Gasolina Diesel Etanol
2,603 2,350 1,857
2,457 2,060 1,792
2,664 2,206 2,288
2,428 2,108 1,914
Taurus 2,480 2,631 2,280 2,450 1,750 1,903
Gasolina Diesel Etanol
Raízen 2,535 2,663 2,250 2,412 2,054 2,224
Alesat 2,466 2,561 2,150 2,236 1,991 2,015
2,685 2,389 2,236
2,673 2,251 1,862
2,609 2,330 2,190
Raízen 2,454 2,514 2,126 2,224 1,945 2,073
2,634 2,348 N/D
Raízen 2,604 2,674 2,305 2,466 2,214 2,357
2,654 2,404 1,889
Alesat 2,719 2,723 2,252 2,262 1,862 1,863
2,527 2,253 2,071
Gasolina Diesel Etanol
2,622 2,327 N/D
2,569 2,469 1,757
Gasolina Diesel Etanol
2,602 2,334 2,191
2,533 2,103 2,131
N/D N/D N/D IPP
2,620 2,450 1,850
BR
Raízen 2,459 2,528 2,199 2,264 2,267 2,328
Gasolina Diesel Etanol
N/D N/D N/D
Raízen 2,650 2,700 2,457 2,478 1,704 1,828
2,560 2,285 1,810
2,435 2,227 2,219
2,482 2,172 2,031
2,718 2,375 2,189
Gasolina Diesel Etanol
Campo Grande (MS)
2,415 2,227 2,069
Gasolina Diesel Etanol
N/D
2,888 2,574 2,224
2,600 2,320 1,600
Total 2,519 2,258 2,161
2,665 2,415 2,266
Equador 2,676 2,676 2,290 2,298 N/D N/D
Gasolina Diesel Etanol
Alesat 2,401 2,473 2,145 2,145 1,453 2,084
2,433 2,210 2,144
IPP
Idaza
Raízen 2,399 2,512 2,023 2,214 1,525 2,080
Gasolina Diesel Etanol
Teresina (PI)
BR
Fortaleza (CE)
Natal (RN)
BR
Recife (PE)
Maceió (AL)
IPP
BR
João Pessoa (PB)
IPP
2,515 2,315 2,019
BR
IPP
2,576 2,253 2,384
Raízen 2,515 2,600 2,222 2,273 2,115 2,274
2,430 2,120 N/D
2,536 2,238 2,092
2,425 2,020 1,870
2,627 2,264 2,326
2,543 2,122 2,245
Gasolina Diesel Etanol
Raízen 2,520 2,859 2,052 2,247 1,670 2,225
2,480 2,060 1,600
Gasolina Diesel Etanol
2,539 2,247 1,808
Gasolina Diesel Etanol
2,244 2,094 1,579
Gasolina Diesel Etanol
2,621 2,215 2,125
Salvador (BA)
Vitória (ES)
IPP
BR
Brasília (DF)
BR
2,430 2,130 N/D
2,637 2,200 2,269
Raízen 2,611 2,637 2,147 2,284 2,265 2,288
2,781 2,230 2,087
2,581 2,026 2,012
2,599 2,360 1,971
Raízen 2,583 2,663 2,299 2,319 1,835 1,905
2,557 2,241 1,825
2,574 2,246 1,740
2,310 1,992 1,546
2,699 2,239 2,151
Raízen 2,629 2,644 2,223 2,255 2,119 2,131
BR
BR
IPP
Total
Raízen 2,425 2,610 2,110 2,357 1,845 2,065
Belo Horizonte (MG)
São Paulo (SP)
2,615 2,236 2,289
2,629 2,343 2,104
IPP
Rio de Janeiro (RJ)
2,602 2,327 2,136 BR
2,465 2,139 2,050
BR
2,501 2,147 2,061
2,550 2,348 2,232 BR
2,605 2,213 2,214
Aracaju (SE)
Maior
2,513 2,157 2,107
Raízen 2,633 2,703 2,353 2,479 2,314 2,392
IPP
BR
Menor
2,384 2,044 1,565
2,757 2,455 2,368
2,699 2,400 N/D
Maior
Gasolina Diesel Etanol
2,555 2,311 2,403
2,615 2,289 2,119
BR
Menor
2,690 2,026 N/D
Atem's 2,520 2,520 2,260 2,290 2,090 2,250
BR
2,675 2,359 2,049
IPP
Maior
2,690 2,026 N/D
2,502 2,246 2,151
BR
2,599 2,257 N/D
Rio Branco (AC)
Curitiba (PR)
Menor
Maior
2,690 2,086 N/D
2,569 2,281 2,388
Gasolina Diesel Etanol
Goiânia (GO)
Menor
IPP
Equador 2,596 2,670 2,250 2,315 2,122 2,205
Cuiabá (MT)
2,635 2,398 2,257
BR
2,520 2,260 2,150
Gasolina Diesel Etanol
2,690 2,086 N/D IPP
Gasolina Diesel Etanol
Gasolina Diesel Etanol
Maior BR
2,699 2,059 N/D BR
Boa Vista (RR)
Manaus (AM)
Menor
São Luiz (MA)
Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol
Maior
em R$/L - Janeiro 2014
IPP
Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.
BR
BR
2,509 2,299 1,756
2,845 2,243 2,179 IPP 2,679 2,382 1,985
Raízen 2,260 2,564 2,014 2,320 1,525 1,753 2,629 2,231 2,120
IPP
2,660 2,236 2,127
Combustíveis & Conveniência • 65
44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich
Inferno instalado O verão de 2014 trouxe a comprovação de que Porto Alegre é a cidade mais quente do país. Temperaturas de quarenta graus por semanas a fio. A venda de aparelhos de ar condicionado estourou todas as previsões. Mesmo pagando preços absurdos pela instalação de um aparelho, o consumidor tem de sujeitar-se a prazos de até 30 dias de espera. O inferno está instalado aqui. - Meu Deus do céu! E esse garçom que não chega! Daqui a pouco vou ter que tomar água morna da piscina. - O restaurante está com pouco pessoal devido à greve de ônibus. - Que, aliás, já dura dez dias. - Mas a Justiça não tinha declarado a greve ilegal e mandado colocar a frota no serviço? - Tinha. Mas os grevistas e os empresários não obedeceram. - E, aí? A Brigada Militar não deveria obrigá-los a cumprir a ordem judicial? - É. Dever, deveria. Mas não o fez por ordem do governador. - Mas como? Isto é absurdo. - Talvez seja. Mas é a realidade. Os empresários e grevistas não podem ser obrigados a cumprir a ordem judicial. E não há como obrigar o governador. Como diria aquela da ex-ministra: relaxa....
66 • Combustíveis & Conveniência
- Ainda bem que o metrô está por ficar pronto. Aí a coisa se resolve. - Claro. E com verdadeiro conforto para o usuário. O metrô é protegido e climatizado. Não só os veículos, também as estações. - Que maravilha. Os usuários ao invés de esperarem nestas paradinhas, sujeitos ao calor ou ao frio e a chuva, vão estar bem abrigados e confortáveis. - De fato. Esta é uma herança que a Copa do Mundo deixará a Porto Alegre. - Mas de que estás falando? - Do metrô. A presidenta esteve aqui e inaugurou as obras. Estará pronto para a Copa. - É, na verdade, a presidenta inaugurou três vezes ou mais a obra do metrô, mas não tem nenhuma obra e nem sequer projeto. - Mas a Copa do Mundo é em junho. - E daí? Não vai acontecer nada. O judiciário manda, decreta, ordena. A presidenta inaugura e discursa. O governador não manda. Nada acontece. Mas a Copa do Mundo vai acontecer. Portanto: relaxa. - É. Vou me enfiar em casa e aproveitar meu ar condicionado novo. - Enquanto tiver luz. Se não houver apagão.