Revista Combustíveis & Conveniência Ed.133

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

34 • Em busca de ideias e tendências

n Meio Ambiente

42 • Quem responde pelo dano ambiental? n Conveniência

46 • Alimentação fora do lar n Na Prática

50 • Imigrantes nos postos n Revenda em Ação

54 • Serra gaúcha recebe a revenda 57 • Mais uma vez em Cuiabá n Entrevista

10 • Edmar Almeida, diretor de Pesquisa do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ

n Mercado

18 • Mais 1% 22 • Em compasso de espera 25 • Etanol em debate 28 • O futuro dos pesados 30 • O novo mercado de lubrificantes

61 • Crônica

4OPINIÃO

4SEÇÕES

59 • Atuação Sindical

33 • José Carlos Ulhôa Fonseca 49 • José Luiz Rocha 53 • Jurídico Felipe Goidanich

Preços do Etanol

63 • Comparativo das

4TABELAS

04 • Virou Notícia 60 • Perguntas e Respostas

62 • Evolução dos

16 • Paulo Miranda

Margens e Preços dos Combustíveis

64 • Formação

de Preços

65 • Formação

de Custos do S10

66 • Preços das

Distribusidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

Lubrificante de GNV

De Olho na ECONOMIA

Stock

1,1% Foi a elevação das vendas no varejo brasileiro em agosto, em relação a julho, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a mais alta desde julho de 2013, quando o aumento atingiu 2,6%. De janeiro a agosto, o varejo acumulou alta de 2,9% e, em 12 meses, de 3,6%.

0,7%

Stock

Foi o recuo do Índice de Confiança do Empresário do Comércio em setembro frente a agosto. O índice registrou queda mais forte ante setembro do ano passado, de 9%, conforme divulgou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A Shell acaba de inovar e lançar no mercado um novo lubrificante, Helix Ultra Pure Plus, fabricado a partir do gás natural. Segundo a empresa, o novo produto tem maior capacidade de lubrificação das peças móveis e também de limpeza interna do bloco, contribuindo para a redução de consumo de combustíveis (até 3% em comparação com o desempenho do óleo mineral). O óleo derivado do gás natural também é mais estável, por isso, não sofre variações em sua viscosidade de acordo com a temperatura. Em função desta característica, o fabricante ressalta que, com esse lubrificante, as partidas a frio, principalmente em carros flex, também melhoram.

Financiamento de veículos Stock

3,8% Foi a queda da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em outubro, na comparação com o mesmo período de 2013, segundo pesquisa realizada pela CNC. Em relação a setembro, o recuo foi de 0,4%.

O levantamento é da Cetip, companhia financeira que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.

41,35%

4 • Combustíveis & Conveniência

Photl.com

Foi a queda registrada no número de empregos com carteira assinada em setembro, o que correspondeu a 123.785 vagas, ante o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Os financiamentos de veículos no Brasil em setembro somaram 564.515 unidades, sendo 275.257 unidades novas e 289.258 usadas. O volume representa uma alta de 10% em relação ao último mês de agosto e de 5,4%, na comparação com setembro de 2013. No acumulado do ano, foram financiados 4,651 milhões de veículos, 6,6% inferior ante o mesmo período em 2013.

Os dados de setembro ainda mostram que a alta do mês foi puxada pelos financiamentos de automóveis leves usados, que apresentaram um crescimento de 14,5%, na comparação com o ano passado, e de 6,7% frente a agosto. Já em relação aos autos leves novos, o levantamento apontou queda de 2,3%, na comparação anual, e alta de 15,9% ante o mês de agosto.


Rui Hizatugu Unica

Ping-Pong

Gilberto Gomes Leal

Físico e consultor do setor automotivo

Fraude fiscal no etanol Em outubro, uma força-tarefa composta pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, deu início à operação “Mensageiros”, com o objetivo de desarticular uma organização responsável por fraudes fiscais no setor de etanol. As ações foram direcionadas a duas unidades industriais e dois escritórios comerciais localizados na região de São Carlos (SP), que utilizavam empresas de fachada, montadas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, para movimentar, simuladamente, etanol industrial, gerando créditos frios de ICMS, ampliados por meio de superfaturamento. Segundo dados preliminares, o prejuízo estimado em impostos estaduais ultrapassaria R$ 100 milhões, somente nos últimos cinco anos.

Venda fictícia Segundo a fiscalização apurou, a circulação da mercadoria não acontecia de fato, apenas eram emitidas notas fiscais, com dados incorretos. Na realidade, o etanol saía diretamente das usinas para a indústria beneficiária dos créditos frios. A organização também passou a usar as empresas de fachada para transporte do etanol de São Paulo para o Rio de Janeiro, simulando remessas interestaduais para industrialização do produto. Porém, o etanol, na verdade, era revendido a postos de combustíveis fluminenses.

Após a elevação do percentual de biodiesel adicionado ao diesel para 6% (B6) em julho, houve algum aumento na ocorrência de problemas decorrentes da formação de borras ou depósitos nos veículos? Não temos observado nenhum problema relacionado à formação de borras. A ANP aperfeiçoou a especificação do produto, introduzindo limites mais rigorosos para teor de água e acidez e os postos também melhoraram os seus procedimentos de manutenção, o que garantiu maior qualidade do produto. O senhor considera que existe algum risco com a elevação para 7% (B7)? Não, acreditamos que misturas até B20 (20%) podem ser utilizadas sem maiores problemas. E em relação às irregularidades no uso de Arla-32, ou mesmo a não utilização do produto, há algum prejuízo aos veículos? Sim, neste caso, existe prejuízo tanto na potência do veículo (redução de cerca de 40%), o que leva a um maior consumo de combustível, quanto de emissões. Para se ter ideia, um motor P7/Euro 5, trabalhando sem a injeção de Arla-32, pode emitir os mesmos níveis de NOx que um antigo motor P2/ Euro 2 emitia, ou seja, vai ficar pior que um motor P5/Euro 3. Isto é inaceitável do ponto de vista de progresso no controle das emissões. O não uso de Arla constitui crime ambiental, passível de multa. As montadoras restringem a garantia de veículos que possam ter utilizado algum tipo de fraude para não usar o Arla? Há como detectar o não uso ou sua utilização inadequada? Sim, o veículo perde a garantia e a montadora tem meios de identificar a fraude. Já existem vários tipos de burla conhecidos no mercado e de fácil identificação pelas montadoras. O primeiro é a instalação das “caixas milagrosas”, que são aparelhos que burlam eletronicamente a ação do OBD, o sistema de diagnóstico a bordo dos veículos que atendem ao P7/Euro 5, e neutralizam a injeção do Arla-32 no sistema de escape. Já fizemos vários testes e nem todas as caixas funcionam, ou seja, o motorista que quer fraudar o sistema, muitas vezes, investe em um aparelho que não funciona e danifica o veículo. Há também um equipamento que, durante a instalação, pede para desligar um fusível. Mas isso trava outros sistemas do veículo. Outra fraude comum é deixar de usar Arla-32 e adicionar água (comum, de torneira) no reservatório. Mas a água comum tem partículas que deterioram quimicamente o sistema. Por fim, a fraude mais grave é a utilização de uma mistura caseira de água e ureia. Pode até estar na proporção correta, mas tanto a água de torneira quanto a ureia usada para outros fins têm agentes contaminantes e, entre 5 mil e 10 mil km rodados, o veículo vai apresentar problemas. Em sua opinião, qual a solução para evitar estas irregularidades? O que motiva a burla é o alto preço do Arla no Brasil, em comparação com os valores praticados no exterior. Existe um grande desequilíbrio entre os preços do diesel e do Arla-32. A solução seria reduzir o preço do produto, e entendemos que isso só será viável com a venda de Arla na forma a granel.

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44 VIROU NOTÍCIA

Atenção revendedor!

GNV

Já está em vigor a Resolução ANP nº 57/2014, que traz novas redações para diversos artigos da Resolução ANP nº 41/2013 sobre a atividade de revenda varejista de combustíveis. Pela nova Resolução, a comercialização de combustíveis fora do tanque ainda depende de publicação de regulamentação específica que defina os critérios para os recipientes certificados e sua reutilização para o consumidor final. A partir da regulamentação da regra (ainda sem previsão), o revendedor só poderá comercializar combustíveis em recipientes certificados que possam ser reutilizados, em linha com as boas práticas ambientais.

De acordo com a Resolução 57/2014, o revendedor varejista que comercialize GNV deverá identificar, de forma destacada e de fácil visualização, em cada dispenser, o nome fantasia (se houver), a razão social e o CNPJ do fornecedor de GNV, se o fornecedor de GNV não for o mesmo distribuidor detentor da marca comercial relativa aos combustíveis líquidos.

A ANP concedeu prazo de um ano para os postos em operação, autorizados nos termos da Portaria 116/2000 apresentarem a licença ambiental e o certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros.

O posto bandeira branca deverá identificar, de forma destacada e de fácil visualização, em cada bomba medidora, o nome fantasia (se houver), a razão social e o CNPJ da distribuidora que fornece o respectivo combustível.

Bandeira branca

Agência Petrobras

Importante: novo adesivo A Resolução 57/2014 também determina afixar um novo adesivo (dimensões: 15 x 18,5 cm), em todas as faces das bombas, que deve constar: CNPJ do posto, endereço completo do posto e o telefone do Centro de Relações com o Consumidor da ANP (0800 970 0267). O preenchimento do CNPJ do posto deve seguir o padrão: fonte Arial Narrow Bold, tamanho 50 e cor preta. O campo do endereço completo foi padronizado em: fonte Arial Narrow Bold, tamanho 25 e cor preta. A ANP concedeu seis meses de prazo para o revendedor exibir o novo adesivo. Consulte a Resolução 57/2014 pelo endereço: www.migre.me/mzTt5 Confira abaixo o modelo:

6 • Combustíveis & Conveniência

Petróleo em queda Desde o fim de 2013 até meados de outubro, o preço do barril de petróleo tipo Brent caiu cerca de 23,5%, chegando a ser cotado a US$ 85,04 em Londres. A forte queda, segundo analistas, deve-se, principalmente, ao aumento da produção do produto nos Estados Unidos e à queda na demanda mundial desde 2009. O panorama favorece a situação da Petrobras, uma vez que a importação de derivados deixou de dar prejuízos. A recomposição do caixa da Petrobras também depende do reajuste de preços dos combustíveis. Até o fechamento desta edição, cogitava-se o aumento, porém, o tema seria discutido em reunião do conselho de administração da Petrobras.


Arquivo

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Claec no México No final de outubro, foi realizada, na Cidade do México, a XLVII Reunião da Comissão Latino Americana de Empresários de Combustíveis (Claec).

Consumo de etanol em alta O consumo de etanol hidratado continua aquecido neste ano, de acordo com dados do Sindicom, cujas associadas respondem por mais de 60% do mercado desse produto. As vendas aos postos cresceram 13,3% de janeiro a setembro, em comparação a igual período do ano passado, totalizando 5,65 bilhões de litros. No caso da gasolina, no acumulado de 2014 até setembro, foram comercializados 21,44 bilhões de litros, queda de 4,2% frente aos 22,39 bilhões de litros apurados nos nove primeiros meses do ano anterior.

Esta reunião, realizada semestralmente em distintos países, ocorre num momento muito especial. Recentemente, foi aprovada pelo parlamento mexicano a nova lei que regulamenta os setores de energia e de combustíveis. A funcionalidade do sistema previsto na legislação recentemente aprovada será iniciada em janeiro do próximo ano. A mudança proposta na nova legislação é profunda. Quase dramática. Praticamente uma virada de 180 graus com respeito ao sistema vigente desde 1938. Esta data, 1938 refere-se à estatização do petróleo mexicano e à criação da Petróleos Mexicanos (Pemex) no bojo do conflito criado pela negativa das empresas estrangeiras atuantes na época em atender à decisão da Suprema Corte Mexicana. A necessidade de manter o fornecimento do país obrigou o governo nacional, comandado pelo presidente Lazaro Cardenas, a tomar “manu militari” as refinarias existentes e passar a controlar tudo o que se referisse a petróleo. As mudanças serão profundas. Severas. Virada completa na forma de encarar o mercado e o interesse nacional. Busca-se a privatização como resposta aos atuais desafios da economia mexicana. Mas, as mudanças serão feitas de maneira, como já se disse em algum momento no Brasil, lenta, segura e gradual. A principal preocupação para a revenda, a franquia Pemex, só perderá validade em 2017.

Novo relatório de emissões A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) divulgou, em outubro, um novo relatório de emissões veiculares, com estimativas de emissões poluentes por veículos rodoviários no período de 2008 a 2013. O levantamento foi feito em todo o estado de São Paulo e em suas regiões metropolitanas. Uma das conclusões foi que a maior parte das emissões de CO2 equivalente vem dos veículos movidos a gasolina. No estudo, foram mantidas as definições metodológicas, as tabelas de fatores de emissão atualizadas e os indicadores que permitem caracterizar, de forma simples, alguns fenômenos ligados à emissão veicular. Novos estudos sobre categorias de veículos e intensidade de uso

permitiram esclarecer as mudanças da frota circulante nas grandes cidades.

Frota De acordo com o relatório da Cetesb, no ano passado, a estimativa da frota circulante no estado de São Paulo era de, aproximadamente, 14,8 milhões de veículos, sendo 9,8 milhões de automóveis, 1,9 milhões de comerciais leves, 540 mil ônibus e caminhões e 2,6 milhões de motocicletas. O crescimento em relação a 2012 foi de 4% e a média etária foi de 8 anos. Em todo o estado circulam, aproximadamente, 5 milhões de veículos com mais de 10 anos de uso. Os veículos emitiram um total de 41 milhões de toneladas de CO2 equivalente. A maior contribuição vem dos automóveis movidos a gasolina, cerca de 16 milhões de toneladas de CO2 equivalente, seguido dos caminhões com cerca de 14 milhões de toneladas. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

Diferentes mercados A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 2º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mário Seiti Shiraishi, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano Francisco Franco, Ricardo Hashimoto e Emílio Martins Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot, com foto de Mônica Serrano Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Priscilla Carvalho (priscilla.carvalho@fecombustiveis.org.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

A NACS Show 2014, assim como a do ano passado, foi rica em palestras, diversidade de produtos e novas tecnologias utilizadas no mercado de conveniência e dos postos de combustíveis. O mercado revendedor norte-americano é extremamente diversificado e distinto do nacional. A começar pela maneira pela visão de empreendimento, a loja de conveniência é o principal negócio e a venda de combustíveis fica em segundo plano. Como a loja de conveniência faz parte da cultura norte-americana, elas estão tanto nas ruas, como nos postos, este mercado lá está num patamar mais desenvolvido, desde os itens comercializados, pela variedade de produtos, a adoção de tecnologias e estratégias de marketing para fidelizar o cliente. O revendedor norte-americano tem uma atenção especial com a equipe de trabalho contratada para a loja de conveniência. Há uma preocupação em profissionalizar o corpo de funcionários, com treinamento e de proporcionar um bom ambiente de trabalho, na linha colaborativa. Há um esforço em envolver o funcionário com a cultura da empresa. O resultado reverte em benefícios para o próprio revendedor, pois funcionários satisfeitos e comprometidos oferecem um atendimento de qualidade. Neste ano, a NACS trouxe alguns palestrantes que reforçaram a tendência crescentedeconsumoemrelaçãoàalimentaçãosaudávelealojadeconveniência pode oferecer soluções simples e diversificadas para ampliar o mix de produtos. Confira a cobertura completa da NACS, em Las Vegas, na Reportagem de Capa. Leia também nesta edição, os desafios do mercado food service no Brasil, com a cobertura do 5º Fórum Food Service Brasil por Adriana Cardoso. Na área de combustíveis, o biodiesel é foco de pesquisa da Embrapa Bioenergia que está desenvolvendo estudo sobre a formação de borras e contaminações do produto. Confira reportagem de Rosemeire Guidoni sobre o tema. Por falar em biodiesel, mesmo com o aumento da mistura para 7% desde 1º de novembro, ainda são incertos os rumos para o setor produtivo. O futuro do etanol na matriz de combustíveis também permanece nebuloso, mesmo com o esforço da produção. Confira reportagem do 9º Congresso Internacional de Bioenergia, por Gisele de Oliveira. Gisele também realizou a cobertura de dois eventos importantes para a revenda: o 17º Congresso Nacional e Latino-Americano de Revendedores de Combustíveis, em Gramado, e o Encontro de Revendedores do Centro-Oeste, em Cuiabá. Outros eventos de destaque desta edição foram as coberturas 14ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol (Adriana Cardoso) e o Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos (Rosemeire Guidoni). Confira também a entrevista do mês com o professor Edmar Almeida, diretor de Pesquisa do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Boa Leitura! Mônica Serrano Editora


44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 Sala 4 - Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Bairro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Sindipostos - CE Vilanildo Fernandes Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Sindcombustíveis - MA Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental

São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma. com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Sindipetróleo Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Sinpetro Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Minaspetro Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Sindicombustíveis - PA Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Sindipetro - PB Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Sindicombustíveis - PR Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br PIAUÍ Sindipetro - PI Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RIO DE JANEIRO Sindestado Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br

SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br

RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br

SÃO PAULO - CAMPINAS Recap Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br

RIO GRANDE DO SUL Sulpetro Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51)3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br

SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Sindipetro - RO Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Sindipostos - RR Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com SANTA CATARINA Sindipetro - SC Robson de Souza Rua Porto União, 606 - Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SERGIPE Sindpese Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Sindiposto - TO Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-TO Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga São Paulo-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com www.abragas.com.br Combustíveis & Conveniência • 9


44 Edmar Almeida 4 Diretor de Pesquisa do Instituto de Economia da UFRJ

Incertezas no futuro Fotos: Claudio Ferreira/Somafoto

Por Mônica Serrano

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A Petrobras está passando um de seus piores momentos, afundada em escândalos, endividada, com poucos parceiros para a área de refino e suas refinarias operando em seu limite máximo. Boa parte dos problemas da empresa é resultado da política de contenção de preços comercializados no mercado interno em relação ao mercado externo. Por ora, a queda de preços do petróleo no mercado internacional tem reduzido as perdas com as importações. Em entrevista à Combustíveis & Conveniência, o professor Edmar Almeida, diretor de Pesquisa do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, analisa o cenário atual da Petrobras diante da intervenção da política de preços do governo federal e a repercussão para o país sobre a configuração internacional, com a queda de preços do petróleo no mercado externo. Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida no Instituto de Economia da UFRJ, no Rio de Janeiro. Combustíveis & Conveniência: Como o senhor avalia a atual condução do governo federal sobre a política de preços da Petrobras? Edmar Almeida: Houve uma mudança significativa da estratégia de fixação dos preços


da Petrobras no governo da presidente Dilma Rousseff a partir de 2011. Até 2010, havia mais volatilidade em relação aos preços do petróleo, em períodos acima ou abaixo do preço do mercado internacional. A partir de 2011, os preços do petróleo tiveram muito pouca volatilidade e o governo não alinhou o valor porque a preocupação maior era com o impacto inflacionário. Assim, os preços domésticos ficaram muito tempo acima dos preços internacionais, impondo uma enorme perda econômica à empresa. A queda dos preços do petróleo no mercado internacional, coloca em questão o reajuste de preços previsto para após as eleições. Dificilmente, a Petrobras vai recuperar o que deixou de ganhar por vender combustíveis mais baratos do que o praticado no mercado internacional entre 2011 e 2014. O tema do controle da inflação passou a ser preponderante sobre alinhamento dos preços dos combustíveis. É muito ruim que a agenda de inflação tenha se sobreposto à agenda setorial porque o desalinhamento dos preços domésticos tem várias consequências importantes para o setor. Primeiro, tem o impacto sobre a capacidade de financiamento da Petrobras, por isso, ela se endividou mais. Outro reflexo foi sobre a dinâmica de investimentos no setor de downstream. C&C: Qual foi o impacto da atual política de preços sobre os investimentos? EA: Os últimos quatro anos foram os de maior volume de investimentos no downstream. Nesse momento, era muito importante uma política de preços alinhada com o mercado

internacional, para que os outros parceiros pudessem participar desse negócio dividindo essa tarefa de investimentos com a Petrobras. Com os preços abaixo do preço internacional e sem perspectiva de mudança, a Petrobras acabou tendo que arcar sozinha com os investimentos e isso agravou o problema de escassez de recursos da estatal. A situação financeira da empresa se deteriorou, a dívida saiu de um patamar de US$ 30 bilhões, em 2011, e foi para mais de US$ 100 bilhões neste ano. Em relação aos investimentos, aproximadamente, metade do que a Petrobras fez foi na área de downstream, só que nessa área ninguém quer compartilhar investimentos porque não compensa em função do risco associado ao desalinhamento dos preços. Assim, a Petrobras ficou numa situação paradoxal em que trabalhava com parceiros na exploração e produção, onde a rentabilidade normalmente é maior, e ficou sem parceiros no refino, onde a rentabilidade tende a ser menor.

É importante dizer que, de 2011 até agora, a nossa dependência de importação de combustíveis se agravou. Isso foi resultado da falta de investimento no setor de refino que só começou a acontecer mais intensamente nos últimos anos e isso deveria ter acontecido antes. Se não aconteceu foi porque somente a Petrobras se anima a investir nesse segmento em função da forma de precificação de derivados. As empresas privadas que investiram, saíram. As que começaram a investir no segmento, saíram. Houve o fechamento das refinarias privadas; teve a saída da Repsol, que tinha comprado

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: A energia do Brasil Autor: Antonio Dias Leite Editora: Lexikon

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44 Edmar Almeida 4 Diretor de Pesquisa do Instituto de Economia da UFRJ

30% da Recap. Estamos pagando o preço da falta de investimento no refino no momento adequado. Não é só uma questão dos preços estarem ou não alinhados é a incerteza que as empresas têm sobre qual vai ser o alinhamento no futuro. É isso que desanima as companhias a investirem. C&C: Quais são as perspectivas para o início das operações da refinaria Abreu e Lima e do Comperj? EA: Certamente vai trazer um alívio a médio prazo porque as importações de derivados tendem a diminuir. Isso vai ser bom não só para a balança comercial como para a Petrobras, se os preços no mercado doméstico continuarem desalinhados. A Petrobras está numa trajetória de marcha forçada, investindo no limite das suas possibilidades e também operando as refinarias 12 • Combustíveis & Conveniência

existentes no limite. A empresa está pagando um preço muito elevado por esta política de preços. C&C: Qual foi o impacto da crise da OGX para as empresas privadas? EA: Teve um impacto muito grande para exploração em terra sobre o financiamento dos investimentos das empresas independentes brasileiras. Atualmente, o mercado é dividido entre Petrobras, empresas estrangeiras e empresas brasileiras, que reúnem 45 companhias de capital nacional. Essas empresas estão focadas no negócio da exploração e poucas delas atingiram a fase da produção. Como a maioria das empresas não têm receitas de produção, se financiam basicamente por meio de mercado de private equity, ou seja, são investidores que compram ações de empresas. Esses investidores passaram a ter uma percepção de risco muito grande e passaram a olhar o mercado de petróleo no Brasil de maneira muito negativa. Então, em virtude disso, estas empresas privadas brasileiras têm muita dificuldade para se financiar e isso afetou a exploração em terra no Brasil porque cerca de 70% das áreas de exploração são de propriedade destas empresas. Inclusive, isso explica porque a 12ª Rodada de Licitação, que ofertou blocos para exploração de gás, foi um fracasso. C&C: Diante desse panorama, qual é a perspectiva para novos entrantes no setor? EA: No momento não existem condições para que outras empresas, que não a Petrobras, invistam em projetos relevantes no mercado de refino. Estas com-

panhias querem ter perspectivas de monetizar os derivados no Brasil. Diante do risco de uma margem de refino negativa em função do desalinhamento de preços, mesmo as empresas privadas que produzem petróleo no Brasil preferem a exportação do que o refino no Brasil. Isto cria uma assimetria entre a Petrobras e as outras empresas nas condições de monetização do petróleo produzido no Brasil. Por ser praticamente a única refinadora no país, a Petrobras é responsável pela garantia de suprimento de derivados no país, então, ela tem que vender combustíveis independentemente do patamar dos preços do mercado internacional. Hoje, a produção de petróleo das empresas não-Petrobras é de 10% e, no futuro, vai chegar a 20-30%. Isso cria uma assimetria das condições de concorrência e uma distorção muito grande. Esta situação, hoje, passa despercebida porque a participação das não-Petrobras ainda é muito pequena, mas vai crescer. Isso deixa claro que, olhando para o futuro, é importante que se tenha uma política de preços de alinhamento com o mercado internacional. C&C: Em relação aos investimentos do pré-sal, com a Petrobras endividada, após a série de escândalos deflagrados na empresa, o que podemos esperar para o futuro da estatal? EA: O que aconteceu nos últimos anos com a Petrobras tem a ver com um desajuste muito grande da política de governança e compliance da empresa em relação ao novo contexto de controle que existe no Brasil. As instituições de fiscalização e controle, como ANP e TCU, avan-


çaram muito na sua capacitação e políticas de controle, enquanto que a governança da empresa se manteve no padrão tradicional. Os problemas recentes afetaram a imagem da companhia não só com a população, mas com os seus parceiros e fornecedores. Isto tem impactos econômicos na empresa, uma vez que a confiança é algo muito importante nos negócios. Para resgatar essa imagem, é fundamental rever a governança da empresa. As empresas do setor estão mudando as suas estratégias na área de governança e compliance no mundo inteiro em resposta à maior demanda da sociedade e dos órgãos de controle por transparência e combate à corrupção. A Petrobras vai ter que fazer o que todos já estão fazendo. O ambiente de negócios mudou no mundo. As leis de combate à corrupção da Europa e dos Estados Unidos preveem penalidades para desvios cometidos em outros países. Assim, caso as empresas sejam flagradas fazendo coisas erradas na América Latina ou África, por exemplo, elas vão responder pelos atos em seus países de origem. C&C: Quais são as perspectivas para a Petrobras em relação à nova gestão presidencial? EA: Acredito que o tema da precificação dos combustíveis deve ser matéria de uma discussão no governo. O caminho para sustentabilidade econômica passa pela precificação correta dos combustíveis no Brasil. O governo vai ter que rediscutir a estratégia de controle de preços domésticos para combater a inflação. É importante ter uma política realista. O outro tema é a estratégia de governança

da Petrobras, de forma que a empresa possa estabelecer uma estratégia de resgate da imagem e credibilidade. Isto passa por uma mudança da relação entre mundo político e Petrobras. Esta relação tem que ser mais sofisticada, mais transparente e de melhor qualidade. A partir daí, a empresa deve buscar a implementação de estratégias mais sofisticadas de governança e compliance para

evitar a repetição dos problemas deflagrados recentemente. É fundamental demonstrar que a empresa está fazendo tudo o que pode para combater os desvios para resgatar a confiança e credibilidade diante da sociedade e do setor. C&C: Qual seria a saída para o mercado de etanol sair da crise? Podemos esperar pelo reajuste da gasolina? Combustíveis & Conveniência • 13


44 Edmar Almeida 4 Diretor de Pesquisa do Instituto de Economia da UFRJ a recente queda dos preços no mercado internacional pode significar um reajuste pequeno. Mas é importante garantir uma perspectiva de alinhamento para reduzir a percepção do risco por parte dos investidores. Esse é um caminho necessário, mas é importante monitorar para ver se é o suficiente para promover uma dinâmica de crescimento sustentável.

EA: Nos últimos anos, o preço da gasolina ficou congelado nas bombas visando o controle da inflação. O preço da gasolina representa um teto para o preço do etanol hidratado. Enquanto os preços-teto para o etanol ficaram estagnados nos últimos 5 anos, o custo da produção aumentou muito no período. Assim, as margens ficaram espremidas e algumas empresas não suportaram e fecharam. Então, a história é muito simples, a situação ficou fragilizada porque as usinas não conseguiram aumentar a produtividade para evitar o aumento dos custos. Pelo contrário, a produtividade vem caindo porque as empresas estão com uma situação financeira frágil e não conseguem investir o suficiente na renovação dos canaviais. Se não houver uma mudança nessa trajetória, estamos caminhando para o fim progressivo do programa brasileiro de etanol hidratado e o aumento da participação do etanol anidro. Como o preço do 14 • Combustíveis & Conveniência

etanol anidro não está limitado pelo preço da gasolina (já que a mistura é obrigatória), o setor tende a obter preços melhores com o anidro e a reduzir a oferta de hidratado. Essa situação é muito grave porque 90% dos veículos da frota são flex. Há muitos anos, o etanol hidratado só é viável em alguns estados produtores e o proprietário dos veículos flex acaba comprando gasolina. Esse é um tema da política energética muito sério e, se o governo não mudar a sua estratégia, está fazendo uma política muito incoerente. A saída no curto prazo passa pelo alinhamento de preços domésticos da gasolina com o mercado internacional e a volta da cobrança da Cide sobre a gasolina. Mesmo assim, no contexto atual da competitividade do setor de etanol, ainda não dá para saber ao certo se bastaria alinhar o preço da gasolina com o mercado internacional para uma retomada dos investimentos. Até porque

C&C: E em relação ao etanol 2G? EA: Acredito que a saída do mercado de etanol passa também pela tecnologia, diante do contexto de elevação de custos. A chave é a inovação para que haja um novo ciclo de investimentos no setor. Evidentemente, o governo tem que fazer a parte dele. Mas as empresas têm bastante trabalho pela frente para reduzir os custos. É importante que os produtores de etanol busquem padrão mínimo de competitividade, que consigam sobreviver a preços do petróleo razoáveis. Mesmo num contexto de alinhamento dos preços domésticos ao mercado internacional, os preços do petróleo podem cair para patamares inferiores aos cerca de US$ 80. Assim, é importante buscar um patamar de competitividade com preços de petróleo mais baixos. C&C: O gás natural veicular poderia ser uma alternativa de combustível se houvesse mais incentivo do governo. Qual a sua análise sobre este mercado? EA: Na verdade, o GNV foi desestimulado porque o governo brasileiro tem outras prioridades para o gás natural, em particular para a geração das termelétricas. Mas essa visão


passa pela aceitação de que o Brasil é um país que não tem gás. O que o governo tem que fazer é mudar essa realidade de escassez do mercado de gás no Brasil. O governo não dá a atenção necessária à oferta de gás doméstica, que pode ser muito maior, se decidisse promover a exploração e produção de gás, principalmente pela exploração e produção em terra. Num contexto de maior oferta, o uso do gás como combustível faz todo sentido porque isso permite diminuir o consumo de gasolina e diesel que são combustíveis mais caros e nobres. É muito melhor exportar petróleo e consumir o gás aqui do que consumir o petróleo aqui. No contexto de escassez, dificilmente, o governo vai priorizar o GNV em detrimento a outras áreas. C&C: As vendas do setor de combustíveis continuam em crescimento ano após ano. Quais são as perspectivas para este ano, considerando que a indústria automobilística está passando por desaceleração? EA: O mercado de combustíveis está associado ao crescimento econômico. O consumo de diesel está diretamente relacionado com o PIB, que este ano caiu muito, não havendo espaço para crescimento acelerado. Em 2014, a demanda por diesel deve crescer cerca da metade do que cresceu no ano passado. Já o mercado de gasolina e etanol está mais associado à evolução da frota de veículos que vem crescendo acima do PIB em função dos incentivos que foram dados à produção e venda de veículos. Assim, mesmo com a queda das vendas de veículos neste ano, a frota ainda está crescendo. O

As empresas do setor estão mudando as suas estratégias na área de governança e compliance no mundo inteiro em resposta à maior demanda da sociedade e dos órgãos de controle por transparência e combate à corrupção

mercado de gasolina e etanol conjuntamente tendem ainda a crescer acima do mercado do diesel.

há nenhuma contraindicação para o país promover, de forma mais agressiva, a exploração e produção de gás.

C&C: Quais são as perspectivas para a exploração do gás de xisto no Brasil?

C&C: Qual a sua opinião sobre o biodiesel, considerando que determinadas matérias-primas podem também ser destinadas para a cadeia de alimentos?

EA: Acho que o Brasil fez muito pouca exploração de gás em terra, seja ele convencional ou não convencional. A exploração é muito incipiente. Naturalmente, as empresas vão buscar no esforço exploratório o gás convencional, já que o custo de produção é menor. Mas, para a empresa que tem uma área para explorar, a fronteira entre convencional e não convencional não existe. Apesar de torcer para encontrar uma reserva convencional, para o produtor, o que vier é lucro. É importante ter em mente que o gás não convencional tem um custo de produção muito mais elevado, exige tecnologias mais sofisticadas, portanto, é importante ter uma estrutura de incentivos diferenciada para o gás não convencional. O Brasil precisa promover a exploração de gás, seja ele convencional ou não. Nós precisamos de todo o gás possível. O Brasil está importando gás a preços muito elevados. Em 2013, o país importou US$ 7 bilhões em gás, é muito dinheiro. Não

EA: Para os produtores ter um mercado adicional como o biodiesel é uma opção. Do ponto de vista dos combustíveis, o aumento da participação do biodiesel, com a elevação da mistura está se criando um mercado cativo para os produtores. A mistura obrigatória representa um subsídio por parte dos consumidores à produção de biodiesel, já que o preço do biodiesel tende a ser maior que o diesel mineral. Esta questão precisa ser bem analisada pelas autoridades energéticas para saber até que ponto o preço mais elevado é justo para os consumidores. Tem benefícios ambientais, sim, tem benefícios de emprego, porém, tem que se pensar o quanto estaríamos dispostos a pagar por esse benefício, pois há um certo limite. Na medida que a participação do biodiesel no diesel aumenta, o preço tende a aumentar e ficará mais caro do que o diesel mineral. n Combustíveis & Conveniência • 15


OPINIÃO 44 Paulo Nome Miranda do articulista Soares 44 Cargo Presidente do articulista da Fecombustíveis

Atenção ao GLP elas também comerciaNeste ano, a ANP fez um trabalho intenso de revisão das normas do downstream, tanto da revenda quanto da lizam o GLP a granel. distribuição. Na última revisão da Resolução 41/2013, Reforço que, em realizada em 21 de agosto, foram discutidos alguns itens um mercado altamente do documento. No período de revisão, a suspensão concentrado, a vertitemporária do Artigo 22, Inciso 3, que determinava a calização é ruim para venda de combustível fora do tanque em recipientes todos, inclusive para o certificados pelo Inmetro, foi uma das iniciativas da consumidor que pode pagar mais caro pelo produto. ANP, que foi muito bem-vinda ao mercado após os Seguindo nesta linha de pensamento, nossa sugestão problemas apontados pela revenda e pelo setor agrícola. é que a revenda de GLP fique concentrada no segmento Este discernimento da Agência, em rever suas de gás envasado. Já faz parte do dia a dia da revenda, decisões, demonstra bom senso e abertura ao diálogo. as entregas do botijão de 13 quilos. Com a quantidade Apresenta um posicionamento maduro por promover de estabelecimentos, hoje, a revenda tem capilaridade uma visão integrada não só de um lado da questão, para atender às residências de todo o Brasil, faz entregas mas do todo, acertando as arestas para que o setor em locais de difícil acesso, é rápida, o que conta muito siga em harmonia. neste mercado, para suprir a necessidade do consumiEm prol da continuidade do equilíbrio do mercado dor. E no atendimento pós-venda, a revenda também de combustíveis como um todo, incluímos a defesa do se responsabiliza pelas trocas de botijões com defeitos. setor da revenda GLP que, em breve, terá seu marco Destaco também que a instituição do modelo regulatório colocado em discussão pela ANP. comercial bandeira branca foi um grande passo para Nesse sentido, defendemos evolução de nosso segmento. Não temos medo da concorrência, Nosso empenho é que este que a revenda, tanto de comdefendemos condições comerciais direito de comercialização bustíveis líquidos quanto de saudáveis e equilibradas no setor. também seja estendido para GLP, tenha o mesmo tratamento Não é justo concorrer com um a revenda de GLP. A Portaria regulatório em dois aspectos: gigante de mercado sem ter as 297/03, que regulamenta acabar com a verticalização do as regras do GLP, permite a setor e instituir a regulamentação mesmas condições comerciais, da revenda bandeira branca. como, por exemplo, poder comprar comercialização multimarNão faz sentido que a revenda cas, mas este modelo não diretamente da refinaria de GLP tenha uma condução é respeitado. Atualmente, o diferente da revenda de combustíveis. Defendemos revendedor encontra muita dificuldade para comprar a preservação do equilíbrio de mercado. Cada agente o produto, se quiser diversificar as marcas (Confira o deve atuar dentro de seu escopo de atividade, quem artigo na página 49). A concentração de mercado pode distribui não revende e quem revende não distribui. trazer problemas desse tipo e o pequeno empresário Não temos medo da concorrência, defendemos fica sem alternativa. A solução desse impasse seria condições comerciais saudáveis e equilibradas no setor. instituir regras claras e bem definidas que defendam o Não é justo concorrer com um gigante de mercado direito da comercialização no modelo bandeira branca, sem ter as mesmas condições comerciais, como, por tal qual como ocorre hoje no mercado de combustíveis. exemplo, poder comprar diretamente da refinaria. A Somos uma entidade que visa a preservação e a mesma distribuidora que vende no atacado, também evolução do mercado de combustíveis e o GLP está vende no varejo e compete diretamente com o pequeno entre os segmentos que defendemos. Todos devem empresário varejista. estar alinhados na mesma direção, com o mesmo É justamente o que acontece com o GLP. São entendimento regulatório, para elevar a eficiência do 57.000 revendas que concorrem diretamente com cinco mercado. Para isso, faz-se necessário rever o modelo grandes distribuidoras que dominam mais de 90% do atual do GLP e dirigir uma reflexão profunda sobre o mercado. As distribuidoras de GLP têm seu mercado fim da verticalização e a regulamentação do modelo garantido, além de suprir as revendas com o produto, bandeira branca. 16 • Combustíveis & Conveniência


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de outubro de 2014: 7 a 10 - Participação da Fecombustíveis na NACS Show 2014, em Las Vegas; 9-

Reunião do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, com os superintendentes de Abastecimento e da Qualidade e Biocombustíveis da ANP para tratar de assuntos de interesse do setor, no Rio de Janeiro/RJ;

16 - Reunião do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, em Cuiabá/MT; 16 e 17 - Participação da Fecombustíveis no 3º Encontro dos Revendedores de Combustíveis do Centro-Oeste, em Cuiabá/MT; 22 - Participação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, em reunião com investidores do JP Morgan, em São Paulo; 23 - Participação da Fecombustíveis em reunião com o Sindicom, distribuidoras associadas e a Petrobras sobre as mudanças da especificação do óleo diesel marítimo na região Norte;

27 e 28 - Participação da Fecombustíveis em seminário sobre o Projeto do novo Código de Processo Civil, na sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro/RJ;

De 29 a 31 - Participação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, na Comissão Latino-americana de Empresários de Combustíveis (CLAEC), na Cidade do México, no México; 30 -

Participação da Fecombustíveis em audiência pública ANP nº 21/2014 para tratar da revisão da especificação do óleo diesel de uso rodoviário e não rodoviário, no Rio de Janeiro/RJ.


44 MERCADO

Mais 1%

Agência Petrobras

A partir de novembro, o óleo diesel B passa a ter 7% de biodiesel em sua composição. Em princípio, a expectativa é de que esta elevação não traga grandes surpresas em relação ao B6. Porém, é importante manter as boas práticas nos postos para evitar a ocorrência de problemas com a mistura

Por Rosemeire Guidoni No final de setembro, o governo federal sancionou a Lei 13.033/2014, que prevê o aumento para até 7% no percentual obrigatório de biodiesel ao óleo diesel, a partir de 1o de novembro, e também autoriza o aumento para até 27,5% na mistura de etanol na gasolina (dependendo da conclusão de testes que estão sendo realizados pela Petrobras). A medida deve gerar um incremento de 1,2 bilhão de litros na demanda do biodiesel, em decorrência da redução nas importações do diesel, além de reduzir a ociosidade do setor produtivo para cerca de 40% a 45% (em meados deste ano, os 18 • Combustíveis & Conveniência

produtores afirmavam ter 60% a 65% de ociosidade). Porém, com a elevação do teor da mistura, o revendedor deve redobrar seus cuidados com manutenção e limpeza, para minimizar o risco de ocorrência de problemas. “Constatamos que problemas, como formação de borras e sedimentos, estão mais relacionados às práticas inadequadas de manuseio do que propriamente ao biodiesel”, afirmou Itania Pinheiro Soares, química e pesquisadora da Embrapa Agroenergia, que está desenvolvendo uma pesquisa sobre contaminações no biodiesel. Segundo a pesquisadora, o trabalho está começando a ser desenvolvido agora e prevê

três anos de testes em amostras coletadas em todos os pontos da cadeia, desde a usina onde o biodiesel é produzido até os postos de combustíveis. A intenção é conhecer melhor o comportamento do combustível isolado e em mistura com o diesel. A Embrapa decidiu pesquisar o combustível em 2012, depois da realização de um workshop com a participação de todos os elos da cadeia (inclusive com a presença da Fecombustíveis). Porém, somente em 2013, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) abriu um edital específico para fazer pesquisas envolvendo o biodiesel. Com a aprovação da proposta do projeto, o finan-


Termelétrica afetada E não se trata apenas de boas práticas no posto, mas, principalmente no transporte, etapa

Metalsinter

ciamento da pesquisa só veio em setembro deste ano. “Neste período, antes da aprovação do financiamento, já começamos a testar as metodologias com as diversas matérias-primas que dão origem ao biodiesel”, destacou Itania. Agora formalizado, o projeto conta com a participação de várias entidades: ANP, Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq), além da própria Embrapa. Itania explicou que, ao longo dos três anos previstos para o projeto, a Embrapa vai monitorar e acompanhar os eventuais aumentos no teor de mistura de biodiesel ao diesel, além de manter amostras armazenadas para verificar o comportamento do produto em várias situações, como, por exemplo, em temperaturas mais elevadas ou mais baixas ou em períodos mais chuvosos. As amostras coletadas nos postos e nos caminhões-tanque, no entanto, não serão estocadas. A partir dos resultados obtidos, serão desenvolvidas estratégias para inibir a ação de agentes responsáveis pela degradação, como o uso de aditivos específicos. “A ideia é testar aditivos que possam impedir a degradação química e microbiana do biodiesel”, afirmou. Apesar dos já conhecidos problemas relacionados ao biodiesel (formação de borras e contaminação), Itania afirma que, se mantidas as boas práticas, a incidência de problemas é muito menor.

Com a elevação da mistura para 7%, o revendedor deve redobrar a atenção e os cuidados com manutenção e limpeza para minimizar o risco de formação de borras

Reservas em relação ao B7 Vários estudos envolvendo o biodiesel e suas misturas com o óleo diesel já foram realizados pela Petrobras desde o início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). De acordo com relatório divulgado pela empresa em março deste ano, misturas de óleo diesel e biodiesel até B7 em condições controladas (laboratório e frotas cativas) tendem a não apresentar problemas operacionais nos motores e alterações significativas de emissões e consumo (considerando B100 e óleo diesel especificados). Porém, em condições não controladas, como no uso real do combustível em campo, a ocorrência de problemas pode ser potencializada, mesmo para o B5 e, particularmente, em usos específicos mais críticos em relação à estabilidade de oxidação das misturas, que impliquem em maiores tempos de estocagem. Assim, o estudo conclui que os problemas de campo ainda não solucionados para o B5 poderiam se intensificar com a introdução de B7. Para a revenda fica o alerta para redobrar a atenção com o manuseio do produto e manter os cuidados já praticados a fim de evitar os transtornos já conhecidos pelo setor. Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO da cadeia em que o biodiesel tende a absorver mais umidade. Há casos, inclusive, em que o produto tem de ser transportado por meio de balsas, o que eleva ainda mais o risco de problemas. Os problemas, aliás, vão além do tanque e filtros do posto ou dos veículos abastecidos com diesel. Até mesmo as usinas termelétricas já enfrentaram dificuldades com o produto, ocasionando paradas não programadas e falhas no sistema de energia. A usina termelétrica Amapari, uma parceria entre Eneva (51%) e Eletronorte (49%), localizada no município de Serra do Navio, no Amapá, é um exemplo. A usina gera energia por meio de 13 motores movidos a diesel com adição de biodiesel. Segundo comunicado de sua assessoria de imprensa, a termelétrica de Amapari formou uma parceria com a Universidade Federal do Pará para desenvolver um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), “com o objetivo de reduzir eventuais paradas não programadas na unidade, em função do entupimento dos filtros dos tanques de armazenamento do combustível por conta da formação de borras derivadas do blend diesel-biodiesel”. O programa pretende estudar alternativas para mitigar o problema e contribuir para a operação contínua da unidade. A empresa informou que o diesel/biodiesel armazenado não tem prazo predeterminado para utilização, já que isso depende da frequência de geração de energia da usina. Atualmente, a termelétrica Amapari já está utilizando o B7, mas o informe da assessoria destaca que “é certo 20 • Combustíveis & Conveniência

que, na medida em que aumenta a utilização do biodiesel no blend do combustível a ser utilizado na usina, há um aumento no volume acumulado dessa borra.” O investimento no projeto de análise, a partir da verba de pesquisa e desenvolvimento da usina, é de R$ 504 mil. Deste montante, cerca de R$ 270 mil serão destinados a equipamentos e materiais de consumo para a realização do projeto

na universidade. As atividades começaram em agosto deste ano e o prazo para desenvolvimento do projeto é de dois anos. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, os resultados do estudo darão origem a dissertações e publicações e poderão contribuir para beneficiar outras usinas com problemas semelhantes. Os estudos devem considerar teores de mistura até B10.

Separar água do diesel O diesel por si só já tem características higroscópicas, ou seja, absorve água do ambiente. A adição de biodiesel ao produto aumenta este potencial de absorção de umidade, elevando os problemas de contaminação do combustível, que prejudica os motores dos veículos ao ocasionar corrosão nas bombas de combustível, sistema de injeção, bicos injetores, válvulas e componentes em geral do sistema de alimentação do motor. A umidade leva ao ataque microbiológico do combustível, aumentado quantidade de sedimentos de origem biológica. Tais sedimentos, em maior quantidade e somados à maior instabilidade da mistura água e diesel devido ao acréscimo do biodiesel, representam um desafio adicional para o desenvolvimento de sistemas de filtração. Este problema foi a motivação da Mahle, que desenvolveu um separador de água e de impurezas de duplo estágio, estabelecendo parâmetros únicos para o sistema de filtração. Os testes realizados mostraram que, em um primeiro momento, sistemas de filtração de estágio único realizam separação de água em níveis acima de 96%. Entretanto, a partir de determinada exposição a contaminantes e circulação de diesel, o desempenho dos separadores de água é reduzido a níveis abaixo dos recomendados (menores que 20%). Assim, o novo conceito de produto foi desenvolvido considerando dois estágios de filtração. Em uma primeira fase, ocorre a filtração do contaminante e processo de coalescência das gotas microscópicas de água. Estas aumentam de tamanho e chegam com melhor condição de filtragem definitiva no segundo estágio do filtro, onde o processo final de separação da água do diesel ocorre com menor quantidade de contaminante. Deste modo, o sistema de duplo estágio consegue manter a sua função primária de separação de água mesmo com maior presença de sedimentos. Testes de campo e de laboratório mostraram eficiência acima de 96% na condição inicial e mantém eficiência de separação de água acima de 70% mesmo com a exposição de contaminantes ou mistura com o biodiesel. n


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44 MERCADO

Stock

Em compasso de espera

Por Gisele de Oliveira As diversas fontes de energias renováveis e sua evolução continuam em pauta no mercado brasileiro, apesar da falta de uma política de governo clara para o desenvolvimento de novas tecnologias e expansão destas fontes na matriz energética do país. Mesmo com as incertezas, especialistas, pesquisadores e executivos ainda apostam numa recuperação do segmento no Brasil, seja no setor elétrico ou no de combustíveis. De apresentação de trabalhos técnicos até palestras sobre pesquisas e a utilização das fontes de energia renovável, o 9º Congresso Internacional de Bioenergia, realizado de 1º a 3 de outubro, em São Paulo, teve como objetivo trazer um panorama atual deste segmento e as perspectivas para os próximos anos. Com um cronograma intenso durante os três dias 22 • Combustíveis & Conveniência

9º Congresso Internacional de Bioenergia destacou as iniciativas recentes e as perspectivas para os biocombustíveis do país em busca de recuperação do setor produtivo. Porém, o cenário permanece incerto para o segmento

de evento, o público presente assistiu às apresentações que foram desde o uso das tradicionais fontes renováveis, como biomassa e biocombustíveis, até o desenvolvimento de novas tecnologias na área. E apesar das diversas possibilidades apresentadas no Congresso, inclusive para o mercado de combustíveis, as fontes renováveis ainda sofrem a concorrência acirrada com os combustíveis fósseis. É o caso do etanol, que vive uma crise no mercado brasileiro desde 2008. Anunciado pelo governo Lula como uma das grandes oportunidades energéticas no país, o etanol vem amargando ao longo dos anos perda de competitividade no mercado em função da política de controle de preços praticada pelo atual governo para a gasolina (Veja mais sobre o tema na página 25).

Durante sua palestra, o diretor da Datagro Consultoria, Guilherme Nastari, mostrou que os elevados investimentos feitos pelos usineiros e a falta de uma política clara para o setor sucroalcooleiro afetaram a expansão do mercado do etanol no Brasil. Segundo ele, a produção brasileira de etanol é, hoje, metade da norte-americana (51 bilhões de litros), o que comprova a perda de espaço do biocombustível nacional no mercado. “A diversificação energética já começou, embora nosso governo atual não tenha a mesma percepção que o mundo tem para os biocombustíveis. Nosso desafio é conseguir integrar no discurso o renovável em um país cujos potenciais de energia são mais renováveis do que fósseis”, defendeu o executivo, lembrando que os usineiros fizeram grandes investimentos


Fotos: Divulgação

Apesar das diversas possibilidades apresentadas no Congresso, inclusive para o mercado de combustíveis, as fontes renováveis ainda sofrem a concorrência acirrada com os combustíveis fósseis

para modernizar o processo de produção sucroalcooleiro. Mesmo com os investimentos, a produção parou de crescer em função da falta de competitividade do etanol frente à gasolina. Além disso, o clima adverso verificado neste ano – 2014 inteiro choveu menos do que deveria – também trouxe impactos para as usinas, que encerraram o período com queda na moagem de cana-de-açúcar. De acordo com dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), relativos à segunda quinzena de setembro, o volume de etanol comercializado na região Centro-Sul alcançou 2,09 bilhões de litros, quantidade aquém aos 2,25 bilhões de litros contabilizados no mesmo período do ano anterior. Na comparação de abril a setembro, as vendas de etanol atingiram 12,07 bilhões de litros, uma queda de 9,14%

em relação ao mesmo trimestre do ano passado. De acordo com o executivo, ainda existe mercado para o etanol. Prova disso é o desempenho da frota de veículos flex, que não para de crescer. Atualmente, segundo ele, a categoria é responsável por 63% da frota total de veículos no país, o que demonstra o apetite do consumidor por flexibilidade nos preços. E as perspectivas continuam otimistas, já que existe um potencial de demanda para o mix hidratado, anidro e açúcar nos próximos dez anos, o que exigiria uma moagem de, no mínimo, um milhão de toneladas de cana. Ou seja, o setor ainda precisaria de mais 100 usinas para dar conta do potencial de demanda. Porém, a realidade tem sido outra, com usinas fechando as portas – 60 no total, segundo Guilherme Nastari. “O hidratado é o pior produto do

setor. A oscilação e a perda de competitividade com a gasolina fizeram com que os usineiros passassem a investir mais em anidro, quando o ideal seria um mix dos três produtos”, comentou o diretor. Os números sobre as vendas de etanol hidratado e anidro comprovam a mudança de foco dos investidores. Em setembro, o volume destinado ao hidratado alcançou 1,15 bilhão de litros, o que representa recuo de 1,7% em relação aos 1,17 bilhão de litros verificados no mesmo período do ano passado. Já as vendas de anidro cresceram 8,98%, totalizando 837,7 milhões de litros, segundo a Unica.

Biodiesel E não é só o etanol que passa por maus bocados. O cenário para o biodiesel também é pouco atraente. Mesmo com a elevação recente no percentual de mistura do biocombustível Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO ao diesel - em julho, de 6%, e, neste mês, para 7% -, a capacidade produtiva vai continuar ociosa, segundo Julio Minelli, diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio). A previsão é que, mesmo com o teor da mistura passando para B7, a capacidade ociosa atingirá 45%. Antes do anúncio, os produtores registravam 63% de capacidade ociosa. De acordo com ele, para 2014, a estimativa é uma produção de 3,35 bilhões de litros, já considerando a mistura B6/B7, e de 4,46 bilhões de litros, para 2015. “O aumento da mistura veio para dar fôlego ao setor, mas ainda não é suficiente para dar previsibilidade para a indústria. Mas antes tarde do nunca”, disse Minelli, durante sua apresentação no Congresso. Ele contou o histórico do programa de produção do biodiesel no país, lembrando que, desde o início, o governo do então presidente Lula apresentava o programa como uma alternativa viável, sinalizando que o produto seria exportado e o país seria conhecido como a ‘Opep verde’. “O governo esqueceu do programa”, disse o executivo, ressaltando que os produtores investiram na expansão do biocombustível. Questionado pela plateia quais foram os motivos pelos quais os produtores investiram mesmo sem estímulos no mercado, o diretor da Aprobio respondeu que eles (produtores) acreditaram que o programa era um sucesso. Para dar algum incentivo à produção, o governo concedeu em 2010, aumento de 5% na mistura do biodiesel no diesel. Depois disso, o setor 24 • Combustíveis & Conveniência

Mesmo com o aumento do teor da mistura do biodiesel no diesel para 7%, a capacidade ociosa do setor produtivo atingirá 45%, destacou Julio Minelli, diretor-superintendente da Aprobio

amargou longo período de espera até o anúncio das novas elevações para 6%, em julho, e 7%, em novembro deste ano. Vale lembrar que a implantação do B5 no mercado de combustíveis trouxe muita dor de cabeça para os revendedores, que tiveram de lidar com problemas, como formação de borra nos tanques e entupimentos nos filtros dos veículos. Minelli destacou ainda a importância do biodiesel para o fluxo de caixa da Petrobras, que vem, constantemente, importando diesel para atender à alta demanda no mercado interno. Ele lembrou que, atualmente, cerca de 19% do óleo diesel demandado não são absorvidos pelas refinarias brasileiras, que já operam no limite de suas capacidades, e que a estatal conseguiu economizar US$ 12,9 bilhões, entre 2005 e 2014, na importação do diesel. O executivo mostrou ainda que, apesar de o preço do biocombustível ser mais caro, desde julho de 2013, o valor praticado

no mercado tem sido igual ou menor do que o do diesel importado, o que justifica a elevação da mistura. Segundo o diretor da Aprobio, no ano passado, o biodiesel era comercializado no país em torno de R$ 1,80, enquanto a Petrobras importava diesel a R$ 1,90.

Perspectivas Além disso, continuou, a capacidade instalada atual seria suficiente para atender às projeções de demanda para 2023 feitas pelo Programa de Desenvolvimento Energético (PDE), divulgadas recentemente pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). De acordo com Minelli, pelo PDE, a demanda para 2023 seria de 6 bilhões de litros de biodiesel, somente levando em consideração o percentual de 7%. A capacidade produtiva atual é de 7,6 bilhões de litros. “Ou seja, não serão precisos novos investimentos. O parque atual atende o mercado. Temos plena capacidade, inclusive, para atender um B15”, defendeu. n


Fotos: Jorge Metne

MERCADO 33

Etanol em debate Com uma dívida calculada em torno de R$ 66 bilhões e enfrentando problemas climáticos, o setor sucroenergético permanece em dificuldades. No panorama da matriz veicular, o etanol prossegue sem competitividade e depende de políticas claras do governo para sair da crise Por Adriana Cardoso A crise do setor sucroenergético tem sido um tema recorrente entre os agentes do segmento. A forte estiagem e queimadas na região Centro-Sul do país, principal produtora nacional, devem fazer com que as usinas estiquem a entressafra da cana até dezembro com a finalidade de produzir mais etanol. Com poucas perspectivas favoráveis e para aprofundar o debate sobre o futuro do setor, foi realizada a 14ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, nos dias 20 e 21 de outubro, em São Paulo. O evento contou com a participação de autoridades, políticos, empresários e representantes de entidades nacionais e internacionais. Segundo a consultoria Datagro, a moagem de cana-de-açúcar deve atingir 550,2 milhões de toneladas na safra 2014/15 e a produção de etanol estará na casa dos 26,6 bilhões de litros, ante

os 27,5 bilhões da safra anterior. Já para a safra 2015/2016, a consultoria projeta que a moagem da cana fique entre 520 e 560 milhões de toneladas na região Centro-Sul, com a prevalência do etanol sobre o açúcar no mix de produção (56,5% contra 43,5%), devido às desvantagens competitivas do mercado açucareiro. No painel “Tendências no Mundo”, Plínio Nastari, presidente da Datagro, reforçou a necessidade de que o governo do país se debruce sobre políticas para tirar o setor da crise. “A verdade é que falta uma regulação adequada para os preços dos combustíveis no país, especialmente para a gasolina. Além disso, é preciso que se crie incentivos para quem produz carros, para tornar o etanol mais eficiente”, frisou. Assim como outros representantes da indústria sucroalcooleira, Nastari questionou a continuidade da política da Cide zerada. “De janeiro a setembro de 2014, o preço do petróleo caiu bastante.

Estimamos que as perdas com a Cide zerada sejam da ordem de R$ 9,6 bilhões. Calculamos que, se não houvesse essa defasagem, o preço da gasolina deveria estar na casa dos R$ 4,4 o litro no Brasil”, apontou. A Cide, associada à crise financeira das usinas, aos problemas climáticos, à mecanização da colheita e à falta de uma política governamental, levou o setor sucroenergético à perda de competitividade para o mercado de gasolina, segundo Nastari. A dívida da indústria, disse ele, é calculada em R$ 66 bilhões. Dessa forma, é preciso estabelecer uma política clara de preços da gasolina para tornar o etanol mais competitivo. “Achamos que justifica, sim, uma correção do preço da gasolina”, afirmou.

Futuro do hidratado No painel “O futuro do Etanol Hidratado”, a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, citou Combustíveis & Conveniência • 25


44 MERCADO um estudo feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontando que, desde 2003, com o início da produção de carros flex fuel no país, mais de 240 milhões de toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas à atmosfera. “No Brasil, temos o privilégio de ter um programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis”, disse, complementando: “O hidratado é uma solução ambiental, que contribui para o emprego. Mas sabemos que tê-lo não são só flores”. Elizabeth apontou que os caminhos do etanol perpassam para uma abertura maior ao mercado internacional e a necessidade de dar incentivos aos proprietários de carros flex para que abasteçam com o produto.“Temos 20 milhões de veículos que não usam o etanol na sua plenitude”, apontou. Jacyr Costa Filho, diretor da Tereos/Guarani, conjecturou que “ninguém tem uma base de mercado tão grande como a que temos para fazer outro produto com a cana, além do açúcar. Além do aspecto de energia renovável, (o produto) dá uma flexibilidade adicional e competitividade à indústria. Temos de encontrar mecanismos para trazer mais competitividade ao hidratado”, enfatizou. Luiz Roberto Pogetti, presidente do Conselho da Copersucar, lembrou que um terço da produção de cana-de-açúcar é destinada ao etanol e que, “se não houver o hidratado, o que fazemos com esse excedente? Sem o hidratado, o setor sucumbe”, sentenciou, complementando que o mercado de anidro ainda não é vigoroso e não há demanda se o excesso 26 • Combustíveis & Conveniência

de produção fosse transformado em açúcar. Do ponto de vista de Rui Chamas, CEO da Biosev, falta visão estratégica ao país para valorizar o etanol, uma vez que a previsão é de arrefecimento na produção nacional de gasolina, o que levará o Brasil a ficar cada vez mais dependente de importações do combustível fóssil. “Em 2015, a produção nacional de gasolina será de menos da metade do necessário para abastecer os carros no país. Se o etanol sai, o que fica no lugar?”, questionou. Se nada for feito para dar mais competitividade ao hidratado, o produto vai acabar, na opinião do CEO da Raízen, Vasco Dias. Para ele, o custo logístico no Brasil é um dos empecilhos no caminho do hidratado, por estar diretamente ligado às margens de lucro. Por essa razão, ele vê uma tendência à regionalização do produto e um crescimento maior do mercado de anidro. “O

anidro, forçosamente, ocupará mais espaço na gasolina.” Pogetti, da Copersucar, lembrou que o ICMS mais baixo para o etanol no estado de São Paulo ajudou a impulsionar o produto, uma demonstração de que benefícios fiscais são importantes. “Nosso setor depende de políticas públicas”, ressaltou.

2G No evento, a Raízen apresentou um vídeo da planta Costa Pinto, de Piracicaba, no interior de São Paulo, destinada à produção de etanol de segunda geração e que acabou de ficar pronta. A produção deve começar já em novembro. Parte da planta foi construída com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, inclusive, deve destinar mais de R$ 7 bilhões para apoiar o segmento este ano, segundo Carlos Eduardo Cavalcanti, chefe do Departamento

Plínio Nastari, presidente da Datagro, reforçou a necessidade de que o governo se debruce sobre políticas para tirar o setor da crise


de Biocombustíveis da instituição presente no evento. Em 2013, o banco desembolsou R$ 6,9 bilhões ao setor.

Elevação na mistura O aumento dos atuais 25% para 27,5% da mistura de etanol anidro na gasolina também foi um dos temas debatidos na conferência. A Lei 13.033/2014, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em setembro passado, ainda depende da finalização dos testes para começar a vigorar (até o fechamento desta edição não havia sido divulgado o resultado dos testes). Fábio Ferreira Real, da Divisão de Regulamentação Técnica e de Programa de Avaliação da Conformidade do Inmetro, explicou que os testes feitos até o momento não apontaram nenhum problema em veículos flex, mas os monocombustíveis (23% da frota nacional) ainda não mos-

traram resultados satisfatórios. “Alguns carros chegaram a parar (no teste). O aumento da mistura apresentaria uma corrosão acelerada nesses modelos. Por isso, vamos exaurir todas as opções técnicas possíveis.” Desde o início contrária ao aumento da mistura, uma vez que os veículos foram concebidos para circular com 22% de anidro na gasolina (E22), a cadeia automotiva entrou em acordo com o governo para que também realizasse seus próprios testes, além da Petrobras, com a nova mistura. O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Júnior, justificou que o setor sempre se posicionou contrário ao aumento, pois há uma preocupação maior com a durabilidade dos componentes e a vida útil dos veículos. “Os carros flex nunca foram um problema,

pois já estão adaptados a isso. O problema são os veículos a gasolina, tanto aqueles produzidos lá atrás como os novos. Surgiu também uma preocupação com as motocicletas”, explicou. Os testes, segundo Joseph, devem ficar prontos até o fim do ano, quando a indústria deve se reunir novamente com o governo para discutir a aplicabilidade da lei. Outro tema apresentado na conferência abordou o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. Fabio Real, representante do Inmetro, disse que, em breve, o governo deve abrir consulta pública sobre o programa, que permite ao consumidor comparar a eficiência energética dos veículos. Por enquanto, o programa tem a participação voluntária de montadoras, mas a ideia, disse Real, é que comece a ser compulsória a partir de 2017. n

Elisabeth Farina, presidente da Unica, disse que é necessário dar incentivos aos proprietários de veículos flex para que abasteçam com o etanol hidratado

A Datagro projeta para a safra 2015/2016 que a moagem da cana fique entre 520 e 560 milhões de toneladas na região Centro-Sul, com a prevalência do etanol sobre o açúcar no mix de produção (56,5% contra 43,5%), devido às desvantagens competitivas do mercado açucareiro Combustíveis & Conveniência • 27


44 MERCADO

O futuro dos pesados Redução de emissões, desenvolvimento de novas tecnologias para atender às premissas do Inovar-Auto e às necessidades da população e condução autônoma são as grandes tendências para os veículos pesados apresentadas no 23º Congresso SAE Brasil 2014

Rui Hizatugu

Por Rosemeire Guidoni Mesmo com a retração da indústria automotiva, as empresas do segmento apostam em novas tecnologias para atender tanto aos critérios de maior eficiência energética e redução de emissões, propostos pelo Inovar-Auto, quanto às necessidades da sociedade. “A população está envelhecendo e, com isso, surgem novas necessidades para os veículos de transporte de passageiros. Além disso, é preciso reduzir os níveis de emissões nas cidades, diminui os ruídos e melhorar a eficiência energética dos veículos”, destacou Nelson Teruo Kayano, sócio-gerente da Netz Automotiva, que palestrou sobre as tendências para os ônibus do 28 • Combustíveis & Conveniência

futuro, durante um dos painéis do 23º Congresso SAE Brasil 2014. Um dos principais eventos da área de engenharia da mobilidade no Brasil, o Congresso SAE deste ano foi realizado entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro, em São Paulo (SP). Na abertura do evento, o presidente da entidade, Ricardo Raimer, destacou que “apesar da desaceleração do setor automotivo neste ano, causada pela Copa do Mundo, a SAE Brasil continua confiante no mercado brasileiro. É um momento importante para a engenharia veicular”. Assim, mesmo diante das incertezas deste segmento, o Congresso focou as novas tecnologias e o que as empresas estão desen-

volvendo para garantir veículos mais eficientes. O painel sobre veículos comerciais, mediado pelo consultor automotivo Gilberto Gomes Leal, foi uma amostra disso. A arquiteta Eleonora Pazos, coordenadora da Divisão América Latina da União Internacional de Transporte Público (UITP), apresentou várias iniciativas bem-sucedidas no mundo relacionadas ao transporte de passageiros, ressaltando a importância de se pensar em projetos como um todo. “Não se trata apenas de melhorar a eficiência energética, mas, sim, de reduzir a poluição. Além disso, os veículos devem ser projetados para melhorar o conforto dos passageiros e motoristas. Isso também vale para


as paradas de ônibus e para a sinalização”, destacou. Kayano, que participou do mesmo painel, lembrou que a próxima etapa do programa de redução de emissões, o Euro 6, já em vigor na Europa, deve, em breve, chegar ao Brasil. “Embora não exista um prazo predefinido para entrar em vigor, as empresas já estão trabalhando nas mudanças, pois sabem que será a próxima etapa. Para atender ao rigor dos níveis de emissões, é necessário adotar várias tecnologias, como filtros e redutores catalíticos”, afirmou. “O motor do veículo se transforma praticamente em um filtro de ar nas grandes cidades”. Em relação às emissões, segundo o especialista, não há muita diferença das metas já alcançadas no Brasil. “O que precisamos agora é reduzir o consumo de combustíveis. Para tanto, a indústria está desenvolvendo veículos mais leves e mais eficientes, incluindo tecnologias, como a transmissão inteligente, que regula automaticamente as marchas; lubrificação inteligente dos eixos e os chamados pneus verdes, com sílica em sua composição, que reduzem cerca de 2% a 3% o consumo de combustíveis”, destacou. Kayano também abordou a importância do investimento em pesquisas para combustíveis alternativos, como, por exemplo, o diesel de cana, cuja limitação ainda é o preço – cerca de R$ 7 o litro. Ele mostrou também experiências de uso de etanol em veículos pesados, ônibus flex (diesel/GNV), trólebus, híbridos e célula combustível, deixando como mensagem final a importância do desenvolvimento de transportes mais sustentáveis,

No que diz respeito à redução de emissões, as montadoras defendem que, antes de se pensar na nova fase do Inovar-Auto, é necessário criar incentivos para a renovação de frota

tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. “Vale frisar que os investimentos não visam apenas a redução de emissões. Ao reduzir o consumo de combustíveis e a necessidade de manutenção, a consequência é também a redução de custos”, acrescentou.

Caminhões O painel dedicado a caminhões mostrou as tendências na aplicação de tecnologias inovadoras, como frenagem automática e veículos autônomos, além dos caminhões extrapesados e os novos sistemas para o uso mais eficiente de energia para redução de consumo, emissões e manutenção. No que diz respeito à redução de emissões, as montadoras defendem que, antes de se pensar na nova fase do Inovar-Auto, é necessário criar incentivos para a renovação de frota. Estatísticas do setor indicam que nem 2% dos caminhões brasileiros rodam com motores Euro 5. E um caminhão mais antigo, o chamado Euro 0, polui tanto quanto 37 caminhões com os novos motores Euro 5. Além disso, há outras questões que devem ser avaliadas, como, por exemplo, o correto uso dos novos motores, já que alguns problemas relacionados à burla, ou mesmo ao não uso do Arla-32 (Agente Redutor Líquido Automotivo) já vêm sendo constatados

pelas montadoras (Veja mais na seção Ping Pong desta edição). Além de investir em maior eficiência energética, uma tendência para o futuro deste segmento de pesados é a condução autônoma. Segundo estudos da Mercedes Benz, em dez anos, os caminhões poderão rodar de forma autônoma pelas vias expressas. A empresa considera que a eficiência dos transportes aumentará, o trânsito ficará mais seguro para todos os usuários da estrada e o consumo de combustível e as emissões de CO2 serão ainda mais reduzidos. Além disso, haverá uma mudança radical na função do motorista, que, mais valorizado, passará a ser também um gestor do transporte. Para tanto, a empresa conectou os sistemas de assistência já existentes com sensores aprimorados do “Highway Pilot”, que permite a condução autônoma em velocidades realistas e em situações de trânsito de rodovias expressas. A novidade foi apresentada na palestra de Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO para América Latina. Segundo ele, a nova tecnologia, chamada “Mercedes-Benz Future Truck”, está prevista para ganhar as ruas em 2025, na Europa. “Temos, desde já, que falar do caminhão do futuro. Afinal, os caminhões conduzem cerca de 60% da carga transportada no País”, afirmou Philipp Schiemer. n Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO

O novo mercado de lubrificantes

Fotos: João Luiz Oliveira

Com o desenvolvimento dos motores para atender às metas de redução de emissões e eficiência energética, os lubrificantes ganham papel cada vez mais importante. Apesar de não ser esperado um grande incremento de consumo, a expectativa do segmento é o aumento da demanda por produtos mais eficientes e novos aditivos para os próximos anos

Por Rosemeire Guidoni A indústria de lubrificantes e aditivos tem pela frente um grande desafio: desenvolver produtos cada vez mais eficientes, capazes de contribuir para a redução do consumo de combustíveis e, com isso, ajudar a minimizar as emissões. Para tanto, o setor pesquisa o uso de novos aditivos, a viscosidade dos produtos e diferentes especificações, capazes de reduzir (ou modificar) o atrito entre as peças do veículo e, com isso, levar à diminuição do consumo de combustíveis, o que garante a melhor eficiência energética dos veículos. Isso vale, especialmente, para a indústria de 30 • Combustíveis & Conveniência

veículos pesados, já que os novos modelos Euro 6 trabalham sob estresse bem mais elevado e severas condições de operação. Os novos lubrificantes precisam atender a essas novas demandas, sem comprometer a durabilidade dos motores complexos e com os dispositivos de pós-tratamento. Este foi o foco dos debates durante o 7º Simpósio de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), que aconteceu em São Paulo, no dia 21 de outubro. “Este é um tema muito atual para o país, já que os lubrificantes têm papel essencial nas atuais metas de redução de emissões e eficiência energética”, destacou Sergio

Viscardi, durante a abertura do evento. A palestra inicial do simpósio mostrou um panorama global deste mercado e suas perspectivas. Sergio Rebelo, sócio-diretor da Factor Kline, afirmou que a perspectiva de crescimento global do setor de lubrificantes é pequena, estimada entre zero e 1,4%, e que a participação de volume deve ser maior no caso de veículos de passageiros (a demanda, que, atualmente, é de 24%, deve ter uma elevação de mais 2%). “O que deve ocorrer é uma participação crescente de produtos de alto desempenho. E os fornecedores de aditivos devem ter um papel ainda mais


relevante”, destacou. “Em nossas pesquisas, detectamos que o potencial de crescimento do mercado de aditivos é maior do que o de lubrificantes acabados”. Segundo ele, a Ásia deverá alavancar este crescimento. De acordo com dados da Kline, o mercado de lubrificantes asiático deve crescer 2,4% até 2023, enquanto o da América do Norte crescerá apenas 0,2% e o da Europa, 0,25%. “A China deverá ser o principal mercado mundial de lubrificantes até 2018”, afirmou. Rebelo considera como tendência o crescimento dos graus mais leves de lubrificantes e destaca que os monogrades devem sair do mercado em um futuro próximo. Os óleos sintéticos devem ter um crescimento mundial da ordem de 2 a 2,5 vezes o de PCMO (Passenger Car Motor Oil, categoria que engloba lubrificantes destinados a veículos particulares de passageiros, táxis, comerciais leves e motos). Ao mesmo tempo, ele considera que haverão barreiras para a entrada de novos players neste mercado, já que a pressão por eficiência e os custos devem se tornar elevados, e competidores locais estão fazendo um movimento de expansão.

Mais eficiência, menor consumo A demanda por lubrificantes mais eficientes deve crescer também em função das exigências do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), criado em 2012, com o objetivo de fortalecer a indústria automotiva nacional. Para se beneficiar do programa, as montadoras

têm de cumprir uma série de requisitos técnicos, entre os quais se destacam a melhoria da eficiência energética e a redução de emissões. “Os lubrificantes passam a ter um papel muito importante para que as metas sejam atingidas, já que o uso de produtos mais sofisticados garante a redução do consumo de combustíveis e, consequentemente, das emissões”, frisou Henry Joseph Júnior, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), responsável por temas referentes a energia e meio ambiente, apresentou no simpósio um completo panorama do programa. Segundo Joseph Júnior, a meta obrigatória para as empresas integrarem o programa é o aumento de eficiência energética em 12%. Margareth Carvalho, gerente de tecnologia para a América Latina da Infineum Brasil, destacou que a necessidade de redução do consumo de combustíveis é uma tendência global. A especialista apresentou diversos dados comparativos de metas de eficiência energética em vários países do globo, explicando que todas as regiões estão muito alinhadas. “Em 2015, Europa e Japão disputam o primeiro lugar para frotas de veículos de passageiros mais eficientes. No Brasil, a meta de 12% de eficiência energética deve ser atingida em 2017. O uso de lubrificantes de alta performance reduz o atrito entre as peças do veículo e, com isso, se reduz também o uso de combustíveis”, afirmou. “Neste contexto, os aditivos modificadores de atrito são muito importantes”. Em sua apresentação, Margareth mostrou os resultados de um experimento realizado em

Margareth Carvalho, gerente de tecnologia para a América Latina da Infineum Brasil, destacou que a necessidade de redução do consumo de combustíveis é uma tendência global

um motor 1.4 a gasolina, ou seja, muito próximo a realidade brasileira, demonstrando como os aditivos, a viscosidade de lubrificantes e o perfil viscométrico podem reduzir o consumo de combustível, além de manter a proteção do motor. Porém, apesar de toda a busca pela redução de consumo de combustíveis, em 2014, houve um aumento global de emissões de 2,5%. O dado foi apresentado por Claudio Lopes, gerente de Vendas Brasil da Afton Chemical, que abordou o tema economia de combustível e redução de emissões. Para Lopes, combustível e lubrificante precisam atuar de forma conjunta. “É preciso encontrar o lubrificante tecnologicamente avançado que trabalhe bem no turbo, no desgaste de válvulas, na economia de combustível, no controle de válvulas, corrosão e depósito, na manutenção da viscosidade e com a alta temperatura”, disse. “As Combustíveis & Conveniência • 31


44 MERCADO atuais metas são desafiadoras e a indústria precisa trabalhar muito para atingi-las”.

Veículos pesados

Divulgação Scania

No transporte pesado, a redução de custos é um item primordial. Por isso, os especialistas defendem o uso de lubrificantes sintéticos para promover a economia de combustíveis. Michel Costello, líder de Tecnologia para Fluídos de Transmissão Manual da Basf, defendeu o uso deste tipo de produto em eixo de pesados, exibindo dados que mostram a redução de uso de combustíveis em mais de 1%, o que pode gerar uma economia para a frota de cerca de US$ 900 por veículo/ano. “Os dados são de um estudo realizado para avaliar a melhoria nos benefícios de eficiência de combustível com os fluidos da próxima geração da Basf. E foi constatado que o lubrificante sintético 75W-90

32 • Combustíveis & Conveniência

pode melhorar em mais de 1%, e gerar economia de 230 litros de diesel por ano”, disse. O engenheiro de desenvolvimento de produto da Robert Bosch, Tiago Czelusniak, mostrou as estratégias adotadas para o atendimento das normas vigentes de redução de emissões e a evolução das tecnologias até chegar ao sistema de pós-tratamento utilizado atualmente para atender ao Proconve P7. Para os especialistas em veículos pesados, os lubrificantes da nova geração, especialmente quando usados em veículos Euro 6, precisam atuar com eficiência sob estresse mais elevado, severas condições de operação e com graus de baixa viscosidade para atender às novas regras de economia de combustível. Para Ravi Tallamraju, gerente de Produto da Lubrizol, as novas tecnologias de aditivos são essenciais para

atender às necessidades de baixa emissão nos motores modernos a diesel. n

Henry Joseph Júnior, vice-presidente da Anfavea, enfatizou a importância dos lubrificantes para que as metas de redução de emissões sejam atingidas


OPINIÃO 44José Carlos Ulhôa Fonseca 44 Nome do articulista 4 Cargo 4 Vice-presidente do articulista da Fecombustíveis

Relevância estratégica 1. Procuramos subNo momento em que o mundo debate o destino econômico do planeta potencializado pelos efeitos meter ao crivo do poder assustadores de doenças e fenômenos naturais público, projetos que agressivos, assiste-se à reação maciça internaciotornem mais eficaz e moderna a operacional de combate às causas das tragédias que se sobrepõem. nalização dos postos de serviços, fortalecendo o Assusta-nos a situação da capacidade de nossos mercado formal, zelando pela qualidade dos promananciais, gerando séria crise de abastecimento dutos, propondo práticas comerciais que melhor às populações, bem como diminuindo o potencial atendam à clientela, defesa do meio ambiente e hidráulico para o desenvolvimento do país. melhor uso dos espaços urbanos, em especial, Lado a lado com as guerras travadas para a pelas gerações futuras. recuperação econômica, imunização contra possível 2. Noutra frente, implementamos o processo peste, salvação de populações castigadas por força de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos da natureza, o consciente coletivo é abrandado pela em grandes quantidades pelos postos de serviços, esperança de que se avizinham dias melhores e a em estreita articulação com os órgãos públicos tão aspirada qualidade de vida pode ser alcançada, dos governos estaduais. Parte do programa de pois há esperanças no ar. recolhimento desses reHá formas concretas e síduos, implantado pelo eficazes de todos nós conSindicom, nos termos do Felizmente, cresce, cada vez mais, Conama, vem sendo introtribuirmos para que tudo nos segmentos econômicos, dentre melhore e deixe de nos afligir eles o da revenda de combustíveis, a duzido em vários estados da constantemente, merecendo consciência do relevante papel social federação em que pesem aplausos de toda a sociedade, os desafios da burocracia, do empresariado, mesmo com os ações políticas efetivas voltapesados obstáculos colocados à sua alguns obstáculos de caráter ideológico partidário – como das a preservar o futuro das frente, seja pela crescente e incessan- se isto fosse uma bandeira gerações vindouras. te carga tributária, ou do aparato eleitoral, porém, seu alcance Felizmente, cresce, cada institucional do Estado socioambiental justifica todo vez mais, nos segmentos o esforço. econômicos, dentre eles o da A participação na vida revenda de combustíveis, a do país passou a ser essencial e, naquilo que nos consciência do relevante papel social do empresacompete ajudar a desenvolver, vimos oferecer riado, mesmo com os pesados obstáculos colocados nossa contribuição em frentes que nos parecem à sua frente, seja pela crescente e incessante carga significativas. Convém destacar que temos uma tributária, ou do aparato institucional do Estado. participação de 5,6% no PIB brasileiro, empreNa década de 80, começou o processo de mudança da sociedade brasileira e as empresas gando cerca de 500.000 mil trabalhadores, nos despertaram, deram-se conta de que era imperioso quase 40.000 postos espalhados pelo Brasil, sair de seus domínios e interagir com os demais demonstrando nossa relevância econômica essegmentos, surgindo o empresário-cidadão; crestratégica à nação. Assim, urge que o empresariado e todos os que ceram as entidades representativas das categorias trabalham no segmento, em parceria com os órgãos econômicas, passou-se a falar, em tom responsável, governamentais vinculados ao meio ambiente, cada sobre ética e transparência, responsabilidade social, vez mais se integrem e desenvolvam ações seguras proteção ambiental, entre outros temas. e efetivas, protegendo a natureza, cuidando do hoje Destacamos, por exemplo, duas vertentes de e pensando no amanhã. nossa atuação:

Combustíveis & Conveniência • 33


44 REPORTAGEM DE CAPA Fotos: Mônica Serrano

Em busca de ideias e tendências A maior feira mundial de lojas de conveniência atraiu mais de 1000 brasileiros, contou com 23.624 visitantes de 60 países, que foram ampliar o conhecimento, conhecer as novidades do setor e trocar experiências 34 • Combustíveis & Conveniência


Por Mônica Serrano Revendedores do mundo todo foram a Las Vegas conferir as novidades da NACS Show 2014, maior feira mundial de lojas de conveniência e da revenda de combustíveis. As tendências apontam para o food service como um dos segmentos mais promissores dentre as opções de conveniência, principalmente no que se refere a alimentos frescos e saudáveis. Sediada na terra dos cassinos e da diversão, a NACS foi realizada de 7 a 10 de outubro, no Las Vegas Convention Center. O evento atraiu cerca de 23.624 participantes de, aproxidamente, 60 países, que vieram prestigiar a feira mundial de conveniência. Participaram 1.114 empresas expositoras, que ocuparam dois pavilhões com 403 mil m2. Cerca de 70% do espaço físico foram ocupados por produtos e serviços do segmento de conveniência, grande foco de negócio da revenda norte-americana. Os demais 30% foram dedicados a equipamentos e produtos da revenda, como bombas, calibradores de ar, novos sistemas para lavagem de carro e sistemas de iluminação LED, entre outros. Apesar das diferenças de mercado, a revenda norte-americana tem alguns pontos em comum com a brasileira. Henry Armour, CEO da NACS, enfatizou a batalha permanente da entidade em defesa da revenda contra as altas taxas de cartões de crédito. Mesmo com as conquistas da NACS nos últimos anos, quando foi concedido o direito aos revendedores de praticarem preços diferenciados para pagamentos à

vista e no cartão de crédito e as taxas dos cartões de crédito terem sido reduzidas após vitória sobre o Banco Central norte-americano, a cobrança permanece elevada. “Temos lutado contra as companhias de cartão de crédito. Esta é uma grande batalha contra a prática monopolista de Visa e Mastercard. Não vamos desistir, vamos continuar a luta nos tribunais, no Congresso e no próprio mercado”, disse. Armour destacou a importância dos postos e lojas de conveniência para a movimentação da economia. Segundo o CEO, o setor emprega 2,2 milhões de pessoas, muitas vezes, jovens que estão buscando o primeiro emprego e encontram nas lojas as portas abertas para o começo da carreira. O segmento também abre oportunidades de trabalho para as pessoas da terceira idade. “Somos varejistas responsáveis, pagamos US$ 175 bilhões de impostos por ano. Muitas comunidades dependem de nós, muitas vezes, somos a única fonte de venda de combustíveis e

alimentos, dentre as 150 mil lojas de conveniência. Fazemos, aproximadamente, 160 mil transações por dia. Se onde você estiver não tem uma loja de conveniência hoje; amanhã terá, pois estamos arraigados na vida dos consumidores norte-americanos”, disse. Segundo o CEO, a NACS tem estimulado iniciativas de aproximação entre a revenda e parlamentares, com objetivo de ampliar o conhecimento sobre o setor e melhorar a imagem da revenda, já que os revendedores de lá também não são vistos com bons olhos perante à sociedade. Nessas ações, o parlamentar é convidado para conhecer pessoalmente um estabelecimento, passando um período no local, vivenciando a realidade do dia a dia e as peculiaridades do negócio. Com isso, a intenção é esclarecer e evitar a elaboração de leis que causem algum impacto negativo ao negócio. Combustíveis & Conveniência • 35


44 REPORTAGEM DE CAPA Concorrência Enquanto no Brasil, as lojas de conveniência concorrem mais diretamente com mercados de bairro e supermercados, as lojas de conveniência nos Estados Unidos enfrentam também a concorrência das farmácias. Além de remédios, as farmácias de lá vendem de tudo e são fortes competidores também na área de food service, com a oferta de sanduíches, pratos congelados, saladas prontas, sucos, refrigerantes e até frutas cortadas. E a pergunta que se faz: Qual seria o modelo para sobreviver em meio à concorrência acirrada? Para Dan Munford, diretor da Insight Research, as lojas de conveniência devem ser um ponto de destino para as pessoas saírem de casa e não ser um local de compras por impulso. Ele traçou um paralelo entre as lojas de conveniência e os pubs ingleses. Em sua análise, as lojas estão se transformando em ponto de encontro. As pessoas saem de casa com um destino e o café ganha destaque neste novo modelo. “Nesse pub da nova era, muitas pessoas estão tratando a loja como um local social. Se é um ponto de encontro, o serviço ao cliente tem que mudar também”, disse. Munford mostrou que a loja WaWa, localizada na Pensilvânia, está bem avançada no conceito de conveniência. “Os EUA estão na frente do resto do mundo. Na WaWa, as pessoas fazem seu pedido em telas espalhadas dentro da loja. Assim, o cliente pode passear na loja enquanto sua comida está sendo preparada na cozinha. Isso muda a psicologia da compra. Além disso, a necessidade de bem servir vai além do sorriso dos atendentes. 36 • Combustíveis & Conveniência

Alimentos frescos

Frutas inteiras, cortadas, saladas prontas e alimentos orgânicos, a alimentação saudável permanece como tendência para o food service


Há um esforço para que os produtos sejam servidos quentes e frescos”, comentou. Em sua palestra, Munford disse que os consumidores norte-americanos buscam produtos e alimentos personalizados e talvez este modelo seja replicado na Europa. A personalização representa uma extensão da sua casa, oferecendo produtos frescos, quentes e artesanais, como se fossem feitos em casa. E foi pensando na alimentação que a loja de conveniência WaWa fez uma grande mudança em seu design para mostrar claramente a intenção de priorizar a cozinha, que foi instalada no meio do loja. Ou seja, a mensagem é clara, de mudança de

relacionamento com o cliente, fazendo do restaurante o local principal da loja, transmitindo o conceito de ponto de encontro com a atração de uma comida gostosa. Para finalizar, um detalhe para fazer a diferença em tempos de controle de obesidade da população norte-americana: o menu do restaurante traz o teor calórico dos alimentos. Para driblar a concorrência outros países também estão se diferenciando. A loja OKKO, na Ucrânia, tem um conceito evoluído de lojas, com instalações atraentes, uma marca própria e a aposta na comida italiana feita na hora, na frente do cliente. Na África do Sul, a Freshstop ganhou o premio de melhor loja

de conveniência no ano passado. A aposta foi o posicionamento em alimentos frescos. Há quatro anos, a Freshstop abriu sua primeira unidade e hoje conta com uma rede de 150 lojas.

Combustíveis Assim como no Brasil, a satisfação do cliente que vai abastecer seu carro está, na maioria das vezes, associada ao preço, quanto menor, melhor. Não se compra combustível para atender uma satisfação, mas, sim, uma necessidade de consumo de abastecer o veículo. Para se diferenciar da concorrência, Ian Thompson, estrategista da Kalibrate, enfatizou o gerenciamento de sete elemen-

para o posto

A área de equipamentos de postos ocupou cerca de 30% da NACS. Foram expostos diversos produtos, como cofres e calibradores de ar, e sistemas de lavagem de carro, dos tradicionais aos modernos, que não utilizam escovas Combustíveis & Conveniência • 37


44 REPORTAGEM DE CAPA tos chaves que impulsionam as compras: preço, localização, competitividade, mercado, merchadising (oferecer o produto certo, no momento certo), facilidade, operações (atendimento, estoque, rapidez) e marca. E como saber se o varejista é eficiente? De acordo com Thompson, os melhores revendedores fazem mudanças nos sete elementos repetidas vezes, então, não é só o preço o elemento mais importante, a localização, a melhoria das instalações da loja, dos banheiros, deve-se investir em infraestrutura e reforma. Oferecer outros serviços acessórios para melhorar o fluxo de clientes também deve ser levado em consideração. Já Jeff Lenard, vice-presidente da NACS, enfatizou que as ações comunitárias vão se sobrepor ao preço. Lenard contou que um revendedor passou a dedicar toda quarta-feira para dar um centavo de cada abastecimento recebido para uma escola. Em Indiana, outro revendedor pediu fotos de pessoas do bairro e fez um painel dos moradores na parede da loja. Com isso, o preço passou a ser secundário, o apelo emocional para o morador da região foi mais forte e ajudou a fidelizar a clientela.

Envolvimento com a comunidade Os revendedores norte-americanos têm voltado seu olhar para participar mais assiduamente de patrocínios, doações, apoios a entidades filantrópicas, cuja meta é fortalecer o vínculo e o envolvimento com as pessoas da comunidade local. Mais do que uma simples ajuda, a iniciativa visa manter um relacionamento próximo, no sentido de criar uma identidade com o bairro e os moradores da região. “A gente quer se diferen38 • Combustíveis & Conveniência

variedades de alimentos

Pizzas, pães e cachorros-quentes, há espaço para todos os tipos de alimentos nas lojas

ciar por meio do envolvimento com a comunidade, queremos desenvolver nossa marca, atingir nossas metas e, principalmente, queremos fazer a diferença na vida das pessoas”, disse Roger Ahlfeld, vice-presidente de Recursos Humanos da Tedeschi Food. David Ring, coordenador de Relações com a Comunidade da Kwik Trip, atua com a implementação de iniciativas para a comunidade e auxilia líderes da rede de lojas a fortalecerem laços e relações com clientes. “Quero que vocês mudem a realidade da sua comunidade. Se você não demonstra que se importa com as pessoas, vocês não vão fazer a diferença. O melhor ativo de sua empresa é sua gente, o cliente é um amigo seu. Precisamos fortalecer as relações, podemos nos engajar com o outro”, disse.

A recompensa, segundo Ring, é que 80% das pessoas preferem comprar de empresas com envolvimento comunitário. Ele mencionou que a Kwik Trip se envolveu com a arrecadação de fundos para o Exército da Salvação, doações para campanhas contra obesidade infantil, contra o câncer de mama etc. E recomentou: “façam parcerias com ONGs. Seja voluntário, envolva seus funcionários nas campanhas, visitem asilos e creches, façam a diferença ao se conectarem com o outro”.

Tendências Apesar de boa parte da população norte-americana manter hábitos alimentares ricos em gordura e açúcar, a campanha contra a obesidade tem sido um tema nacional nos Estados Unidos. A cada ano que passa,


a campanha para uma alimentação saudável ganha força, e, segundo Nancy Caldarola, diretora de educação da Nacs Center, a grande oportunidade para as lojas de conveniência é observar as tendências para o food service, já que 67% da receita das lojas norte-americanas vêm deste segmento. Segundo Nancy, oportunidades simples podem ser bem aproveitadas. Na era da alimentação saudável (não só os Estados Unidos estão preocupados em combater a obesidade, outros países também buscam uma alimentação mais equilibrada) para melhor qualidade de vida, Nancy recomentou disponibilizar um espaço nas prateleiras para a exposição de frutas cortadas, produtos orgânicos e lanches frescos com ingredientes saudáveis.

Annika Stensson, gerente sênior de Pesquisa e Comunicação da Associação Nacional dos Restaurantes, apresentou levantamentos da entidade sobre as tendências do comportamento do consumidor na área de food service (Veja mais sobre o assunto na matéria Conveniência na página 46). O consumidor está atento a cinco itens: bom serviço, bom preço, itens favoritos do menu, localização perto de casa ou do trabalho e opções saudáveis. Segundo Annika, o conceito de alimentação saudável tende a ganhar força e vai continuar a crescer. Haverá também maior procura por sabores autênticos e diferenciados, como cozinha asiática. Na linha saudável, os alimentos sem glúten tendem a ganhar espaço, seja por restrição

alimentar ou uma escolha do consumidor. “São várias lições que podemos tirar sobre as tendências alimentares. As pessoas querem incorporar um estilo de vida mais saudável, mais sustentável e a escolha alimentar faz parte disso. Não é retirar as opções gordurosas, mas adicionar grãos, proteínas e sabores mais ousados e variados, como a comida peruana e a do Sul da Ásia, entre as opções que são oferecidas”, complementou.

Jantar fora De acordo com a pesquisa da Associação Nacional dos Restaurantes, o consumidor norte-americano gasta 13% do orçamento com alimentação fora do lar, sendo o terceiro item mais importante, após habitação e transporte. Com a crise


44 REPORTAGEM DE CAPA econômica, o comportamento de consumo da população ficou mais contido, principalmente para jantar fora de casa. Ainda que a economia norte-americana não esteja com todo seu potencial, a pesquisa indica um panorama melhor. Atualmente, 88% dos norte-americanos costumam sair para jantar fora. “Existe o prazer social, as pessoas gostam de ir a um restaurante. Comer fora é melhor do que ter que cozinhar em casa e limpar depois. Cozinhar em casa leva mais tempo, a escolha dos ingredientes e o período de preparo e nem sempre o sabor fica igual ao do restaurante”, comentou Annika.

A variedade de sabores e cores marcou mais uma NACS Doces Tentações

Brasileiros em Las Vegas A participação do revendedor brasileiro na NACS tem aumentado a cada ano que passa. Este ano, três distribuidoras (Ipiranga, BR e Ale) levaram 1.340 revendedores no total. Somente a Ipiranga levou 1000 revendedores, a BR Distribuidora, 250, e a Ale, 90. No ano passado, as distribuidoras reuniram 960 revendedores (700 pela Ipiranga; 200 da BR e 60 da Ale) na NACS, em Atlanta. Apesar do número expressivo de participantes, muitos revendedores foram à NACS por conta própria, sem vincular a viagem à distribuidora. Foi o caso de Flavio Martini Souza Campos, presidente do Recap, Sindicato dos Revendedores de Campinas e região, que optou por viajar por conta própria para conhecer a NACS. “Fiquei impressionado com a organização e com a magnitude do evento. Uma das palestras que me chamou a atenção mostrava o envelhecimento da população e a importância das lojas acompanharem os hábitos dessa população. O mesmo vai ocorrer no Brasil e devemos ter uma visão sobre este tipo de consumidor”, disse. 40 • Combustíveis & Conveniência

Flavio também destacou o atendimento ao cliente com mais gentileza, para manter uma proximidade com o consumidor, oferecer promoções e estratégias de marketing para fidelizar o cliente. “Aqui existe a preocupação de se diferenciar pela prestação de serviços, ter uma equipe de funcionários que seja gentil, tratar o cliente pelo nome, ou seja, um bom corpo de funcionários faz toda diferença”, disse. Pela segunda vez na NACS, o revendedor Olívio de Oliveira Filho, de Uruguaiana (RS), tem quatro postos Ipiranga e duas lojas de conveniência e foi para Las Vegas com a distribuidora. “Vim buscar conhecimento e troca de informações com os revendedores. Aqui, a gente muda a percepção do negócio, abri uma nova visão para a disposição dos produtos e o mix de produtos”. José Rocha Junior, proprietário de postos da bandeira Ale, em Natal (RN), disse que a viagem

foi bem proveitosa. “Vale a pena o revendedor ter essa experiência. Mesmo sendo um mercado bem à frente do nosso, conhecemos novas tendências que poderemos aplicar em nossos negócios em um futuro próximo”disse. Rocha também enfatizou a importância da valorização do funcionário e de toda equipe de trabalho. “Sem ele, nosso negócio não teria sucesso. Daí a importância de sempre nos preocuparmos em satisfazê-lo”, comentou. Com dois postos Ipiranga e um BR, a revendedora Hortência Miachon Santos, de Mococa (SP) participou da NACS pela segunda vez. Hortência, que pretende abrir uma loja de conveniência, veio em busca de ideias. “A feira tem de tudo e vou levar a ideia do forno de pizza”, disse, porém, lamentou: “muita coisa que vemos aqui ainda não se aplica ao Brasil, também não podemos comprar os equipamentos, este é o único defeito”, disse. n


44 AGENDA Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104

NOVEMBRO Jantar do Revendedor Data: 01 Local: Santos (SP) Realização: Sindicombustíveis - Resan Informações: (13) 3229-3535

Confraternização e Comemoração dos 30 anos do Sindicombustíveis-AL Data: 21 Local: Maceió (AL) Realização: Sindicombustíveis-AL Informações: (82) 3320-2902

Congresso de Revendedores de Combustíveis do Espírito Santo e Sudeste Data: 13 e 14

2015 MARÇO

AGOSTO

2º Encontro Sul Brasileiro da Revenda de Combustíveis e das Lojas de Conveniência Data: 12 a 15 Local: Gaspar (SC) Realização: Sinpeb, Sindipetro-SC, Sincombustíveis e Sindópolis Informações: (47) 3326-4249

Expopostos & Conveniência 2015 Data: 4 a 6 Local: São Paulo (SP) Realização: Fecombustíveis, Abieps e Sindicom Informações: (21) 2221-6695

30ª Convenção Nacional TRR Data: 18 a 22 Local: Foz do Iguaçu (PR) Realização: SINDTRR Informações: (11) 2914-2441

180 Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 170 Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul Data: 24 a 27 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3930-3800

MAIO 14º Congresso dos Revendedores de Combustíveis de Minas Gerais Data: 7 e 8 Local: Belo Horizonte (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

SETEMBRO

OUTUBRO NACS Show Data: 11 a 14 Local: Las Vegas (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com

Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições. Combustíveis & Conveniência • 41


44 MEIO AMBIENTE

Quem responde pelo dano ambiental? Por Rosemeire Guidoni

Embora seja um consenso geral que a responsabilidade por danos ambientais deve ser compartilhada entre o posto e sua bandeira, existem algumas situações específicas que merecem a atenção do revendedor

Imagens: Stock

42 • Combustíveis & Conveniência

A Resolução 273/2000 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) atribui a corresponsabilidade entre posto e distribuidora por danos ambientais causados nas operações com combustíveis. Porém, na prática, existem diversas situações em que esta responsabilidade compartilhada é questionada. “A Resolução não é uma lei, é uma norma. Assim, ela não pode determinar uma responsabilidade que não existe em lei”, explicou Fernando Tabet, especialista em direito ambiental. “No entanto, vale frisar que a distribuidora pode ser considerada um poluidor indireto, já que a regulação do setor estabelece que estas empresas precisam se certificar de que o armazenamento e o manuseio dos produtos por elas distribuídos são feitos de forma correta”, completou. A questão das responsabilidades envolve diversas particularidades (Veja box), mas é fato que sempre o revendedor vai ser penalizado de alguma maneira – afinal, a contaminação decorre ou de práticas inadequadas, ou de equipamentos falhos, que estão sob sua responsabilidade. Mesmo assim, algumas situações causam estranheza. Foi o caso, por exemplo, de uma condenação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que ocorreu em setembro, responsabilizando a Esso, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) pela


construção de um posto de combustíveis em uma área da Mata Atlântica, na cidade de Paranaguá (PR). A situação, que já tramitava há algum tempo, foi um desdobramento da ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) e Ministério Público Federal (MPF), que consideraram que o posto foi erguido em uma região de Mata Atlântica, em estágio médio de regeneração e, como tal, apenas poderia receber empreendimento considerado de utilidade pública ou de interesse social. O curioso é que a construção do posto foi feita mediante licenciamento do IAP. Isso sem entrar no mérito da questão de utilidade pública (Veja mais informações na página 44). Na condenação, o STJ entendeu que o poluidor tem de arcar com a reparação dos danos: “a construção do posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida, devendo o poluidor, portanto, arcar com a multa em sua integralidade como punição e compensação pelo desmatamento indevido e independentemente da existência de culpa”. O STJ ainda destacou que a multa independe do fato de o órgão ambiental ter autorizado a construção. “A empresa causou dano ambiental, portanto, deve pagar a multa ambiental, independentemente de ter sido ‘vítima’ de erro do órgão público”, destacou o STJ. No entanto, o advogado Bernardo Souto, consultor ambiental da Fecombustíveis, lembrou que, neste caso, não é possível simplesmente atribuir a responsabilidade ao órgão que autorizou a construção. “Se houve alguma informação prestada de forma errada ou equivocada pelo empresário, que tenha induzido a

Responsabilidades A responsabilidade por danos ambientais é tratada em três esferas: criminal, administrativa e civil. “Tanto o posto revendedor quanto a distribuidora que fornece o combustível podem ser responsabilizados por danos ambientais, embora em regimes distintos”, destacou Tabet. A responsabilidade civil envolve a reparação do dano, quando confirmada a contaminação ou quando existe risco potencial. Neste caso, o distribuidor de combustíveis pode ser responsabilizado, já que é uma premissa básica que ele se certifique da adequação do armazenamento do produto fornecido e seu manuseio. Vale ressaltar que a distribuidora pode incluir uma cláusula de não responsabilidade em seus contratos com o revendedor e isso pode ser negociado entre as partes. “O empresário não deveria assinar um contrato com este tipo de cláusula, mas nem sempre ele tem esta flexibilidade”, disse Tabet. Porém, mesmo que exista tal cláusula, a distribuidora se exime de responsabilidades em sua relação com o posto, mas não em relação a terceiros. “Para a autoridade pública, tanto a distribuidora quanto o posto são responsáveis, têm de reparar o dano causado, o que inclui o entorno da área e até futuros adquirentes do terreno”, destacou o especialista. Já na esfera criminal, as sanções são mais pesadas, podendo incidir penas privativas de liberdade. Neste caso, a pena acontece quando se comprova que houve culpa (mesmo que não intencionalmente). Ou seja, se o posto foi negligente, pouco cuidadoso com o manuseio de produtos ou não adequou seus equipamentos às exigências da legislação ambiental, há o risco de ser responsabilizado criminalmente. A fiscalização administrativa é exercida pelos órgãos ambientais, que podem atribuir a responsabilidade ao posto, basicamente por erro de operação. Neste caso, dificilmente a distribuidora responde de forma solidária. Combustíveis & Conveniência • 43


44 MEIO AMBIENTE erro o órgão ambiental, a situação se inverte”, ponderou. Esta é, inclusive, uma das razões que levaram alguns órgãos ambientais (como, por exemplo, a Cetesb, que atua em São Paulo) a exigir um responsável legal por áreas com fontes potenciais de contaminação. Este responsável tem o dever de prestar as

informações corretas, comunicar a ocorrência de eventuais acidentes e adotar as devidas providências para corrigir ou conter os danos. Vale lembrar que o responsável técnico pode responder até criminalmente por danos ambientais. De qualquer forma, segundo Tabet, a tendência atual da

legislação ambiental é sempre preservar a natureza, independentemente da apuração de responsabilidades. “Se houver dúvidas sobre o dano, ou mesmo sobre a responsabilidade por ele, a tendência é sempre adotar a posição mais conservadora e preservar o meio ambiente”, ressaltou.

Responsabilidade solidária reconhecida

Utilidade pública ou não?

Em São Paulo, quando os postos revendedores passaram a ter de licenciar seus empreendimentos junto à Cetesb, o que via de regra incluía a necessidade de reforma, tanto o posto quanto a distribuidora tinham a obrigação de cumprir as regras. No entanto, a responsabilidade compartilhada foi repentinamente extinta e os revendedores passaram a ser os únicos a ter de responder às exigências do órgão ambiental. O Recap, que representa os postos de Campinas e Região, não concordou com a mudança de critério que excluía as distribuidoras das obrigações, estabelecidas pela Resolução 273/2000 do Conama, e, por isso, levou a pauta para negociação na Câmara Técnica da Cetesb. Não tendo êxito, acionou a justiça, buscando o cumprimento da lei. Passados quase dez anos, o Tribunal apreciou o caso e reconheceu a necessidade das distribuidoras arcarem com suas obrigações relativas aos passivos ambientais de maneira solidária aos postos revendedores. “Essa decisão é justa e acertada, não só pelo aspecto legal, que, certamente, foi o que orientou aqueles que julgaram a ação, mas também pela natureza da relação entre postos e distribuidoras, que deveria ser mais simbiótica do que predatória”, afirmou o consultor ambiental do sindicato, Marcelo Caricol.

A Lei 9.847/99, artigo 1, parágrafo 1 e demais incisos, estabelece que a revenda de combustíveis é um serviço de utilidade pública. Porém, a Lei de proteção do Bioma Mata Atlântica (Lei 11.428) também conceitua o que é utilidade pública e para transporte, a atividade tem de ser essencial. “Acho muito radical proibir qualquer atividade no Bioma Mata Atlântica. Segundo dados do IBGE, o tamanho deste bioma é significativo e não podemos imaginar toda esta área sem atividades produtivas. Acho que esse não foi o espírito da lei”, afirmou o consultor ambiental da Fecombustíveis, Bernardo Souto. De acordo com ele, a lei pede controle, mas não proíbe o uso. Segundo Souto, serviço de utilidade pública é aquele que afeta uma parcela, ainda que considerável, de indivíduos. No caso da revenda de combustíveis, é uma atividade desenvolvida por meio do regime de livre concorrência. Para explicar, ele cita o especialista em direito administrativo, Hely Lopes Meirelles, que define serviço público como aquele que visa satisfazer necessidades gerais e essenciais da sociedade, para que ela possa subsistir e desenvolver-se como tal. O serviço de utilidade pública é aquele que tem por objetivo facilitar a vida do indivíduo na coletividade, colocando a sua disposição, utilidades que lhe proporcionarão mais conforto e bem-estar.

44 • Combustíveis & Conveniência


Arquivo

Postos em São Paulo passaram a ter de licenciar seus empreendimentos junto à Cetesb, o que abarcava também a reforma e tanto o posto quanto a distribuidora tinham de cumprir as obrigações

Retroatividade legal Em alguns casos, após a instalação do posto em determinado local (e até após anos de operação), a legislação ambiental passa a ser mais rigorosa, ou uma determinada área passa a ser enquadrada com outros critérios pelo órgão ambiental. Neste caso, o posto passa a ter de atender à nova regra? Para o advogado Fernando Tabet, esta é uma decisão complexa, pois contrapõe dois sistemas de direito, o do posto, como empresário, e o direito difuso, no caso a proteção ambiental. “Dependendo da extensão do dano, se a atividade do revendedor ficar inviabilizada, é possível até que este empresário peça indenização ao Estado”, afirmou. “Isso é uma discussão tremenda”, completou Souto, da Fecombustíveis. “Não existe um posicionamento definitivo sobre a irretroatividade de lei quanto à questão ambiental. Há posições para ambos os lados. Vale dizer, há quem defenda que não pode retroagir e há direito de permanência. Essa posição se assemelha em muito às discussões sobre modificações urbanísticas. Para o direito urbanístico, há predominância da irretroatividade, ou seja, as modificações da legislação urbana não podem afetar o direito regularmente adquirido. No direito ambiental, há quem defenda o contrário. Há decisões que autorizam a retroação da norma mais prejudicial”, completou. n


44 CONVENIÊNCIA

Imagens: Stock

Alimentação fora do lar O surgimento da classe C, o aumento da renda e a maior oferta de crédito estão entre os grandes fatores propulsores do food service no Brasil, segmento que, desde 2009, cresce na casa dos 15% ao ano Por Adriana Cardoso

Fotos: Divulgação

Mercado ainda jovem no Brasil, se comparado a países desenvolvidos, como os Estados Unidos, o setor de food service possui considerável potencial de crescimento. No panorama nacional, o segmento necessita driblar os principais empecilhos, como os preços da alimentação, turbinados pela alta carga tributária, custos logísticos, inflação crescente e economia arrefecida. Com um pé no otimismo e outro na prudência, alguns dos principais representantes de entidades e empresas deba-

46 • Combustíveis & Conveniência

teram as questões do setor no 5º Fórum Food Service Brasil, realizado no dia 2 de outubro, em São Paulo, pela GS&MD – Gouvêa de Souza, empresa de consultoria, desenvolvimento e treinamento. Com vendas na casa dos R$ 112 bilhões em 2013, empresas do setor de food service viram uma grande oportunidade no mercado brasileiro com a prosperidade econômica vivida pelo país, especialmente no segundo mandato do governo Lula (2006 a 2010). O ingresso da classe C no mercado consumidor e mais crédito disponível na praça abriram novas possibilidades para o ainda

jovem setor de alimentação no país. Surgiram novas marcas e conceitos, investidores e muitos grupos que já atuavam aqui incrementaram seus investimentos. Por outro lado, com o arrefecimento da economia nos últimos anos, o cenário mudou, forçando as famílias a reduzirem seus orçamentos. Em tom de brincadeira, o presidente do Instituto de FoodService Brasil (IFB), Tupa Gomes, fez uma analogia sobre a situação da economia brasileira com o 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa do Mundo. “O problema do Brasil é os (quase) 7% de inflação e o 1% de crescimento

Representantes de entidades, especialistas e executivos de empresas assistiram atentos aos debates e palestras apresentados no 5º Fórum Food Service Brasil, promovido pela GS&MD – Gouvêa de Souza, em São Paulo


do PIB. Essa é uma receita para o fracasso”, sentenciou. Ao todo, Gomes elencou seis principais problemas do segmento, que são, além da inflação, dificuldade de obter dados reais das operações, o que dificulta traçar um raio-x correto do setor; a alta carga tributária, muitas vezes, com duplicidade de impostos sobre os produtos; ineficiência da cadeia de distribuição, com altos custos logísticos; ausência de normas mais eficientes de segurança alimentar; e escassez de recursos para cuidados ambientais, especialmente no descarte do lixo orgânico.

Perfil dos estabelecimentos

Acima, Luiz Goes, sóciosênior de Inteligência de Mercado da GS&MD, Abaixo, Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da GS&MD, em discurso durante o Fórum Food Service Brasil

Dois estudos divulgados pelo IFB esteano – umcomconsumidores e outro com operadores – mostram que 93% dos estabelecimentos do Brasil são familiares e de pequeno porte, 11% deles têm menos de um ano de funcionamento e 41%, quatro anos ou menos. Desse total, 64% possuem faturamento mensal abaixo de R$ 50 mil. Quanto ao sortimento das comodidades oferecidas aos clientes, estão os serviços de takeaway ou order to go (compre e leve para a casa), o delivery online (entrega em casa de pedidos feitos pela internet ou telefone), ainda bastante incipientes no Brasil. As pesquisas mostram que apenas 5% dos estabelecimentos dispõem de, ao menos, quatro formas de atendimento e outros 27%, três.

Brasil x Estados Unidos Sobre o consumo das famílias, um terço do orçamento doméstico é destinado à compra de alimentos fora do lar, número abaixo dos padrões europeus e americanos por uma simples razão: o custo da alimentação aqui é 20% mais cara do que nos EUA. Tiago Garjaka, vice-presidente da US Foods, segundo maior distribuidor de alimentos dos Estados Unidos, comparou que, enquanto o PIB per capita no país da América do Norte é de US$ 53 mil, no Brasil, é de US$ 11 mil, para uma população de 320 milhões de habitantes contra 200 milhões aqui. “Nos Estados Unidos, a riqueza da população é maior. Enquanto os brasileiros gastam, em média, 33% do orçamento em food service, nos Estados Unidos são 48% e, antes da crise de 2008, correspondiam a 60%.” O que faz as famílias gastarem menos aqui, segundo Garjaka, é o preço. “Se pegarmos o índice Big Mac vemos claramente isso. Enquanto nos Estados Unidos custa US$ 4,8, aqui custa US$ 5,9. O mercado brasileiro é um dos mais caros do mundo”, afirmou. O lado bom, segundo ele, é que, enquanto aqui o segmento de food service cresce dois dígitos ao ano, lá o crescimento é de, em média, 2%, o que representa 0,6% do PIB americano. “O mercado americano sofreu uma retração de 10% de 2007 a 2009. A crise Combustíveis & Conveniência • 47


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econômica de 2008 afetou fortemente as famílias. O desemprego está na casa dos 5% da população norte-americana”, explicou. A situação econômica jogou um balde de água fria nos negócios da própria US Foods. A empresa teve de se reinventar à nova realidade e um dos pilares da empresa foi criar produtos inovadores, com cara de “feito em casa”. Além disso, foi criada uma revista, a “Food Fanatics”, eventos com chefs e aplicativos para pedidos via iPad e celular. “O índice de satisfação cresceu e conseguimos descolar da concorrência”, comemorou. Para os players brasileiros, o executivo deu os seguintes conselhos: “É hora de se fazer as perguntas difíceis, como: qual a nossa missão? Quais estratégias vamos usar para atingir isso? Só assim se pode crescer”, ponderou.

Conveniência Dos R$ 112 bilhões movimentados pelo food service brasileiro no ano passado, cerca de R$ 1 bilhão foram faturados em lojas de conveniência, o que representa aproximadamente 0,9% do total desse mercado no país. Dados do último anuário do Sindicom, de 2013, mostram que esse nicho respondeu por 17% do faturamento das lojas nas revendas, o que significa que ainda há muito a ser explorado. Segundo Luiz Goes, sócio-sênior de Inteligência de Mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza, um dos grandes problemas da implantação do food service em 48 • Combustíveis & Conveniência

lojas de conveniência é que exige uma “operação especializada, que não obrigatoriamente está disponível” nos estabelecimentos que pretende abrigá-las. “Operar o varejo de produtos nas lojas é algo substancialmente diferente e menos complexo do que operar o food service”, disse. Contudo, sanada essa questão, ele não vê contras, “uma vez que é uma categoria que gera fluxo, margens mais altas e agrega valor aos serviços mais ‘comoditizados’ que os postos de combustíveis oferecem”, salientou. Aos interessados, terceirizar o serviço pode ser a via mais segura. “A terceirização é uma alternativa, já que a especialização é fundamental para o sucesso dessas operações. Por outro lado, deve caber de forma adequada dentro do equacionamento da loja como um todo. Se o empresário da loja de conveniência conseguir aproveitar a geração de fluxo do food service terceirizado para vender produtos e serviços

adicionais, o resultado pode ser muito positivo. Vale ressaltar que esse tipo de negócio exige uma boa negociação entre o empresário e a terceirizada, e pode resultar positivamente para ambos os lados”, observou. Ademais, Goes frisou a necessidade de se combater o estigma dos preços altos. “É importante posicionar-se como um ponto de venda que pode até mesmo praticar preços mais altos, mas que oferece a proximidade dos pontos de contato do consumidor, como casa e local de estudo ou trabalho. Este é um movimento que já começou lentamente, mas que deve ser expandido de forma mais rápida”, disse, lembrando que “outros segmentos estão se apropriando do conceito de conveniência de forma agressiva, assim como supermercados e farmácias, por exemplo, com um posicionamento de preço e conceito mais claro e definido do que as tradicionais lojas de conveniência”. n

Tendências norte-americanas Bob O’Brien, vice-presidente global de food service do NPD Group, apresentou um estudo inédito apontando que o fast casual está se tornando o “queridinho” do mercado de alimentação norte-americano. Com um conceito que agrega ambiente clean, comida com ingredientes frescos, serviço eficiente e mais próximo do cliente, cozinhas abertas ao salão e bebidas, esse segmento ganhou espaço quando o Mc Donalds iniciou trajetória de queda no começo dos anos 2000. “O fast casual traz mais satisfação ao cliente do que as tradicionais redes de fast food. O custo é um pouco mais caro, mas as pessoas vão porque gostam da comida e do serviço. Nos Estados Unidos, só perdem em localização para as outras”, afirmou O’Brien.


OPINIÃO 44 José Deborah Luiz Rocha dos Anjos 4 Presidente 4 Advogada da Abragás da Fecombustíveis

Pelo fim da verticalização

A revenda de GLP aguarda com expectativa as atualizações da Portaria 297/2003 (revenda) e da Resolução 15/2005 (distribuição). Após ter revisado as regulamentações do mercado varejista de combustíveis líquidos, a ANP pretende colocar em discussão com os agentes de mercado, as revisões dos documentos que regulamentam a revenda e a distribuição de GLP. Como representante do segmento da revenda, a Abragás defende, como uma de suas prioridades, o fim da verticalização. Esta é uma de nossas principais bandeiras para que o setor evolua, se aprimore com independência e competitividade. O segmento está mais amadurecido, temos mais de 57.000 revendas de GLP, que são empresas de pequeno porte que concorrem diretamente com as distribuidoras de GLP envasado, das quais cinco, juntas, detêm 93,55% do mercado e têm total domínio do segmento da distribuição, com sérias repercussões para a autonomia da revenda varejista. As revendas varejistas, hoje, têm capilaridade para fornecer gás em locais longínquos, atuam com eficiência na entrega de botijão nas residências, rapidez, atendimentos no pós-vendas, trocas de botijões com defeitos e separação dos vasilhames não conformes. Já foi ventilado no mercado que o fim da verticalização poderia refletir em desemprego. Porém, o próprio Sindigás, entidade que representa as principais distribuidoras de GLP e defende a manutenção da verticalização, já declarou que 95% do GLP envasado chega aos consumidores por meio da revenda. Os demais 5% são correspondentes ao mercado atendido pelas distribuidoras, principalmente, com os recipientes de 20 e 45 quilos, destinados a indústrias e condomínios. Um detalhe importante: para prestar o serviço de entrega dos envasados de maior porte, as distribuidoras contratam terceirizados, ou seja, os motoristas dos caminhões que fazem a entrega desses produtos não são funcionários das distribuidoras e, sim, de transportadores que também não pertencem ao segmento da revenda. Diante deste panorama, o

impacto do desemprego no setor de distribuição, caso ocorresse o fim da verticalização, seria praticamente nulo. Pois só restariam os funcionários que atuam nas entregas do GLP a granel, mas este canal de atendimento a revenda não participa. Defendemos que a revenda tem, efetivamente, mais eficiência e agilidade para entregar o gás envasado ao consumidor final. Defendemos que a atividade das distribuidoras deva ser delimitada somente no envase e ao mercado de granel, de forma similar ao que é definido hoje para o segmento de downstream de combustíveis. Nosso intuito é obter o mesmo tratamento normativo para o mercado de GLP, tal qual ocorre no mercado de combustíveis líquidos, com a separação das atividades de revenda e distribuição. Acreditamos que o modelo da não verticalização também será bem-sucedido no segmento de GLP. E, a médio e longo prazos, certamente, os efeitos benéficos do aperfeiçoamento da legislação serão percebidos por todos. Outra defesa da Abragás é pela regulamentação do mercado bandeira branca para o setor GLP. O modelo atual da comercialização multimarcas, definido pela Portaria 297/03, não funciona. Com a concentração de mercado, quando o revendedor exibe uma determinada marca, as distribuidoras de outras marcas dificultam a aquisição do produto pelo revendedor. Sendo assim, na prática, são raras as revendas que conseguem atuar como multimarcas. Daí a necessidade do mercado bandeira branca ser regulamentado, da mesma forma como é permitido à revenda de combustíveis líquidos. A introdução do modelo de revenda bandeira branca, certamente, também contribuirá para o aumento da competição e da eficiência da revenda, gerando benefícios para toda a coletividade ao evitar altos graus de concentração hoje existentes no segmento da distribuição, que acabam por enfraquecer a autonomia da revenda varejista.

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44 NA PRÁTICA

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Imigrantes nos postos

Em diferentes estados, postos de combustíveis estão renovando o quadro de funcionários com a contratação de estrangeiros para preencher as vagas deixadas por brasileiros e, em vários casos, a rotatividade do setor tem sido minimizada Por Adriana Cardoso Para driblar a alta rotatividade de funcionários, as revendas de alguns estados brasileiros têm aproveitado o fluxo de imigrantes ao Brasil para preencher as vagas que os brasileiros, muitas vezes, dispensam. Algumas delas já contam com haitianos, africanos e outras nacionalidades em seus quadros de empregados, especialmente na região Sul do país. Com regras de imigração mais apertadas na Europa e Estados Unidos depois da crise econômica de 2008, associada à maior projeção do Brasil no mercado internacional, muitos 50 • Combustíveis & Conveniência

estrangeiros veem no país um oásis a ser explorado. Parte deles tem encontrado oportunidades de trabalho em postos de combustíveis. A Rede Sim, que atua em 28 municípios do Rio Grande do Sul e possui 1,7 mil funcionários, começou a contratar mão de obra imigrante em dezembro de 2012. Do total de empregados, 28 são de origem haitiana, senegalesa, paquistanesa e um paraguaio. A maioria da equipe estrangeira é composta por homens, mas também há mulheres. Basicamente, todos trabalham como frentistas. Além de ajudar a sanar o problema da rotatividade, a

contratação foi uma forma de auxílio – no caso específico dos haitianos, que fugiram do país após a devastação causada por um terremoto em 2010 –, conforme informou o gestor de Recursos Humanos da rede, Vanderlei Fantin. O gestor de RH explicou que somente são contratados aqueles em situação legal no país. O treinamento dura 30 dias. “Eles aprendem a se comunicar no idioma (os principais jargões), conhecem o local, a cultura, como devem abordar o cliente, como dão o troco. Depois, partem para os treinamentos mais


específicos da profissão, como o de segurança”, diz. Fantin elogiou a dedicação ao trabalho. “São muito focados, disciplinados, pontuais e comprometidos com o trabalho”, afirma. Os contratos são pela CLT e recebem os mesmos benefícios que os demais funcionários. “A maioria deles vem com o intuito de construir estabilidade financeira. No geral, os homens vêm primeiro, se estabilizam e, depois, buscam a família”. O gerente revelou ainda que a rede de postos iniciou um projeto-piloto neste ano, em Rio Grande (RS), na zona portuária do estado, com haitianos. “Lá, montamos uma república, onde moram dez haitianos. Temos um posto dentro de um porto, onde tínhamos um déficit grande de mão de obra. Como é distante, não conseguíamos manter os funcionários. Com a república, conseguimos sanar esse problema”, disse, antecipando que a ideia é expandir o projeto para outros locais.

Santa Catarina Em Santa Catarina, a Rede Zandoná, com 18 postos, possui

em Blumenau até que se estabilizassem”, disse Ivo. Na média, o salário bruto de um frentista (função na qual a maioria trabalha) fica em torno de R$ 1,2 mil, podendo chegar a R$ 2 mil brutos, o que inclui o adicional de 30% de insalubridade mais horas extras (o salário-base de um frentista é de R$ 965, em Blumenau). Além disso, também recebem os demais benefícios. A adaptação deles, segundo Ivo, é boa. “Só reclamam do frio”, disse. Houve alguns poucos incidentes envolvendo preconceito por parte de clientes, mas os problemas foram logo sanados. Alguns poucos, inaptos para o trabalho, foram dispensados. “A maioria está aqui há cerca de um ano e meio e é bastante disciplinada, educada e boa no trabalho”, ressaltou, reforçando que foram muito bem recepcionados pela equipe.

um total de 18 haitianos na função de frentistas e mais quatro trabalhando nos restaurantes, sendo três deles mulheres. “Tínhamos dificuldade de encontrar mão de obra. Em Santa Catarina, há uma oferta grande de trabalho, então as pessoas não querem mais se sujeitar a trabalhar nos fins de semana. Com isso, nossa rotatividade era grande”, contou Pedro Ivo, sócio-gerente da empresa. Há cerca de dois anos, decidiram contratar os haitianos – alguns deixaram currículos nas lojas, outros foram levados por amigos – e têm dado certo. Ivo também ressalta as qualidades profissionais dos haitianos, característica reforçada pela busca por estabilidade. “R$ 1 vale 19 gourdes (moeda haitiana). Assim, se eles conseguem guardar dinheiro, podem ter uma vida legal”, conjecturou, dizendo que alguns trabalham em outros lugares além do posto. “Eles normalmente vêm em grupo. São muito organizados, têm a documentação correta e dividem a mesma casa. No começo, demos moradia para alguns contratados trabalharem Marcu

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Uma rede de postos do Paraná, que pediu para não ser identificada, também tem contratado haitianos desde o ano passado. Todos são homens e omafo

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Os estrangeiros contratados em regime de CLT têm direitos iguais aos brasileiros, recebem todos os benefícios oferecidos pela empresa e também passam por treinamentos

Paraná

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44 NA PRÁTICA há, em média, dois funcionários por posto na função de frentista. Eles também são celetistas e recebem benefícios, como auxílio-alimentação, vale-transporte, além de orientações e treinamentos. A idade média é de 30 a 40 anos. Os proprietários se dizem satisfeitos, assim como parte dos haitianos.

Minas Gerais Embora o Sul do país seja o principal destino, há imigrantes em outros estados e cidades do Brasil, como a capital mineira Belo Horizonte. Juliana Martins Calais, proprietária do Posto Saramenha, já teve um colombiano e dois haitianos na equipe de trabalho,

mas, hoje, só tem um do Haiti. “O colombiano estava aqui em caráter temporário. O haitiano que saiu tinha dois empregos, aí vimos que ele estava muito cansado e pedimos que fizesse uma escolha. Ele, então, optou por sair”, contou. A preocupação deles, conta Juliana, é saber quanto vão ganhar no salário líquido. “Um deles trabalhava num supermercado descarregando mercadoria. Era um trabalho muito pesado, com muitos descontos em folha. Aí, a primeira pergunta que fez quando veio nos visitar foi: ‘quanto é o salário líquido?’. Quando falamos, ele veio na hora”. O haitiano que ficou trabalha na lavagem de carros, serviço que

Em busca de esperança Nos últimos anos, o Brasil tem recebido estrangeiros de várias nacionalidades em busca de trabalho. Entre os maiores fluxos está o de haitianos. Desde 2010, quando um terremoto de magnitude 7 graus na escala Richter devastou o Haiti, 200 mil pessoas morreram, outras 300 mil ficaram feridas, deixando vários desabrigados. Depois desta tragédia, muitos deles viram no Brasil uma chance de ter uma vida melhor. Dados do Ministério da Justiça apontam que, até dezembro de 2013, pouco mais de 21 mil haitianos entraram no país, onde receberam visto humanitário exclusivo a eles, garantido pela Resolução nº 97, de janeiro de 2012. Somente em 2013, 13.669 haitianos receberam vistos. E eles continuam chegando às dezenas todos os dias. O caminho até aqui não é fácil. A porta de entrada é a região Amazônica, especialmente o Acre. De lá, muitos seguem para o Sul do Brasil. Segundo estudo feito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a maioria dos imigrantes é do sexo masculino, em idade produtiva (18 a 40 anos), tem segundo grau completo (alguns têm 52 • Combustíveis & Conveniência

rende muitas gorjetas, de acordo com a proprietária. “Ele é muito educado e se deu muito bem com os funcionários. Nos jogos da Copa, paralisamos as atividades, fizemos churrasco. Ele confraternizou conosco”, contou.

Contratos de trabalho A assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou que todos os expatriados contratados em regime de CLT têm os mesmos direitos que os trabalhadores brasileiros. A legislação trata a todos como iguais, devendo ser cumpridos todos os direitos e deveres, conforme estabelecem as normas trabalhistas.

nível universitário) e boa parte fala até três idiomas (francês, crioulo, inglês e, alguns, espanhol). Poucos arranham o português. Chegando aqui, deparam-se com a burocracia brasileira. No entanto, recebem carteira de trabalho, mas nem sempre têm a sorte de encontrar um trabalho permanente e digno. Grande parte da mão de obra vai para a construção civil.

Por que o Brasil? A proximidade dos haitianos com os brasileiros começou em 2004, quando tropas brasileiras foram ao país para participar da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, da Organização das Nações Unidas (Minustah -ONU) naquele país, então dominado por gangues, corrupção, fome e pobreza (problemas que ainda persistem). O Haiti tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do mundo. Quanto às demais nacionalidades, especialmente os senegaleses, muitos entraram no Brasil durante a Copa do Mundo, com visto de turista. Antes, o destino preferido era a Europa, mas, com todas as restrições, aproveitaram o fim dos jogos para pedir asilo aqui. Não há estimativas oficiais, mas muitos permanecem em situação ilegal. n


OPINIÃO 44 Felipe Deborah Klein dosGoidanich Anjos 4 4 Advogada Consultor da Jurídico Fecombustíveis da Fecombustíveis

Da responsabilidade objetiva (ou não) dos postos por produto fora das especificações A ANP e os órgãos, como Procons e Ministérios revenda varejistas, baPúbicos, sempre sustentaram a responsabilidade seado na responsabiliobjetiva do posto revendedor nos casos de deszação desses agentes independentemente de conformidade dos combustíveis. Isto é, indepenculpa, também se afigura dentemente de culpa ou dolo, o revendedor dever desproporcional e, mais que isso, irracional do ser autuado e responder por eventuais prejuízos ponto de vista regulatório. Ora, o objetivo pricausados sempre que for flagrado armazenando ou comercializando combustível que esteja fora meiro da fiscalização levada a cabo pela ANP das especificações legais. é assegurar o adequado funcionamento das Todavia, essa premissa foi alvo de consulta atividades fiscalizadas. No entanto, a penalização formulada pelo Sindcomb/RJ, tendo sido rechaçada do revendedor por irregularidades perpetradas no parecer jurídico de lavra do professor adjunto por agentes intermediários na cadeia produtiva da Faculdade de Direito da Universidade Estadual – notadamente quando aquele não pode idendo Rio de Janeiro (UERJ) Gustavo Binenbojm. tificar a desconformidade dos produtos com os Vejamos algumas conclusões padrões exigidos pela agêndo referido parecer: cia reguladora –, ou por “A responsabilização alterações no combustível A responsabilização objetiva dos objetiva dos postos de resituadas em uma margem postos de revenda de combustíveis, de erro razoável, não é venda de combustíveis, só só pelo fato de o combustível fora adequada para atingir tal pelo fato de o combustível da especificação de qualidade ter finalidade. Nesses casos, a fora da especificação de qualidade ter sido encon- sido encontrado no estabelecimento sanção aplicada não é apta trado no estabelecimento revendedor, não encontra guarida no a estimular conduta diversa revendedor, não encontra ordenamento jurídico-constitucional por parte do posto varejista, guarida no ordenamenbrasileiro, violando, a um só tempo, porquanto ele agiu da única forma que a situação fática to jurídico-constitucional os princípios da culpabilidade, da lhe permitia, sem dolo ou brasileiro, violando, a um legalidade e da proporcionalidade culpa. só tempo, os princípios da Na prática, responsabiculpabilidade, da legalidade e da proporcionalidade. lizar apenas quem está na Em primeiro lugar, essa prática contraria o ponta da cadeia econômica, sem que este não princípio da culpabilidade na imposição de sanções tenha meios para evitar a infração, cria incentivo administrativas, o qual também exige a aferição perverso à perpetuação de irregularidades e à de culpa para a imputação de responsabilidade transferência de custos dos agentes econômicos a pessoas jurídicas. (...) intermediários àqueles que ocupam esse elo Além disso, a responsabilização objetiva viola final da cadeia. Nesse sentido, o modelo agride, o princípio da legalidade, pois inexiste dispositivo ainda, a própria Lei nº 9.847/1999, já que, ao na Lei nº 9.847/1999 ou qualquer base legislativa invés de contribuir para o melhor funcionamento que autorize a responsabilização objetiva desses das atividades do setor, o modelo fiscalizatórioagentes econômicos. -punitivo, concentrado nos postos, estimula De mais a mais, o modelo fiscalizatóriocomportamentos irresponsáveis por parte dos agentes situados no meio da cadeia econômica”. -punitivo adotado em relação aos postos de

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44 REVENDA EM AÇÃO

Fotos: Marcelo Amaral/Portphoto

Serra gaúcha recebe a revenda Revendedores do país e da América Latina se reuniram no 17º Congresso Nacional e Latino-Americano de Revendedores de Combustíveis, em Gramado, para debater os principais temas de interesse do setor Por Gisele de Oliveira Como já é tradição no segmento, revendedores de todo o país e da América Latina se reuniram em Gramado, no Rio Grande do Sul, para debater os principais temas de interesse da revenda de combustíveis no continente sul-americano durante o 17º Congresso Nacional e Latino-Americano de Revendedores de Combustíveis, promovido pelo Sulpetro e pela Cooperativa dos Revendedores de Combustíveis (Coopetrol), no final de setembro. Durante a cerimônia de abertura, foram destacados os avanços do setor de revenda de 54 • Combustíveis & Conveniência

combustíveis e sua importância para o desenvolvimento do país. Todos os representantes das principais entidades e autoridades do governo que compuseram a mesa do evento foram unânimes ao ressaltar a forte atuação do segmento no mercado brasileiro. O presidente do Sulpetro, Adão Oliveira, mostrou a força e a importância da revenda de combustíveis para o desenvolvimento do país. “Nosso segmento nunca esteve tão unido. Hoje, somos reconhecidos no mercado não só como comerciantes, mas como agentes e polos de desenvolvimento das comunidades”, discursou. Oliveira lembrou ainda que, por conta de toda a importân-

cia que a revenda assumiu no mercado, os revendedores são muito mais exigidos, com mais responsabilidade para atender às necessidades e demandas da sociedade. “Juntos, unidos, teremos maior poder de vencer os desafios que vêm pela frente”, concluiu. Já o presidente do Sindicom, Alísio Vaz, preferiu destacar a parceria, classificada por ele como “quase ideal”, que une distribuição e revenda no país. Ele lembrou o trabalho conjunto feito pelos dois segmentos para eliminar do mercado empresas que atuavam de maneira ilegal, prejudicando, principalmente, os empresários sérios e éticos.


“Esse trabalho conjunto, para atender à comunidade e ao consumidor, que desenvolvemos em prol do mercado de combustíveis e, consequentemente, ter o nosso trabalho reconhecido é que nos une”, disse. O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, optou por apresentar os números positivos do segmento e reforçar o trabalho feito pela Federação junto ao poder legislativo. Ele destacou a quantidade de projetos de lei que surge frequentemente no Congresso Nacional e que, de alguma forma, interfere no bom funcionamento do mercado de combustíveis. “Temos trabalhado muito para explicar como funciona o nosso setor. Só hoje, no Congresso Nacional, existem em torno de 200 projetos de lei, sendo 160 só para proibir a venda de bebidas alcoólicas no posto. O parlamentar está bem intencionado em resolver um problema, mas não vai adiantar proibir a venda no posto. A questão é muito mais complexa”, defendeu Paulo Miranda Soares, durante a cerimônia de abertura do evento, que ocorreu às vésperas de eleições no país. Também participou do evento, o vice-governador do Estado do Rio Grande do Sul, Beto Gril, que destacou a evolução do segmento de revenda no país, lembrando como eram os postos na década de 70 e como eles se transformaram ao longo dos anos até chegar ao que temos atualmente. “Essa evolução se deve, principalmente, a essa capacidade de se reunir e fazer um trabalho do bem. O mercado possui segurança jurídica que permite ao empresário fazer novos investimentos e o resultado é o

que temos hoje no setor: postos bonitos, com lojas de apoio, oferecendo serviços para quem está viajando, fazendo transporte de cargas”, enfatizou.

Palestras O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marcelo Savino Portugal, graduado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou as perspectivas para a economia brasileira em 2015. Ele destacou o cenário atual e as principais causas que influenciaram nesse quadro e como a economia deve se comportar no próximo ano. Para retomar o crescimento do país, o governo federal deverá fazer um ajuste fiscal, segundo Portugal. “Isso [ajuste fiscal] só poderá ser feito via corte de custeio ou aumento de receita. Mas como o governo nunca corta gasto, o receio é que venha traduzido em mais imposto, principalmente aqueles que não precisam de medida legislativa, como o IPI e a Cide”, previu o professor,

que acredita em um inevitável realinhamento de preços dos combustíveis, energia elétrica e de transportes, o que vai pressionar ainda mais a inflação e, consequentemente, diminuir a renda das famílias, prejudicando o crescimento em 2015. O economista previu ainda uma possível volta da cobrança da Cide no próximo ano. De acordo com ele, com a deterioração do quadro fiscal brasileiro e a necessidade cada vez maior para ajustar as contas públicas, cresce a expectativa de que o futuro governo tentará aumentar a receita via aumento de imposto, como a Cide, que não é cobrada atualmente. “Vocês lembram o que aconteceu com a Cide, ela vinha com R$ 0,28 para cada litro. O que o governo fazia: toda vez que subia um pouquinho o preço da gasolina lá na refinaria, ele baixava a Cide com a ideia de que a transmissão do preço na refinaria para o consumidor seria menor e isso foi sendo reduzido gradativamente até que acabou. Parece pouco,

Presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, destacou o trabalho feito junto ao poder legislativo para ampliar o conhecimento sobre o mercado de combustíveis

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44 REVENDA EM AÇÃO mas a Cide arrecadava quase R$ 40 bilhões por ano. O governo abriu mão de arrecadar esse imposto e, em algum momento no ano que vem, ele vai tentar recuperar isso”, sinalizou. Outra palestra que atraiu o público presente foi a do consultor de Direito da Concorrência da Fecombustíveis, Arthur Villamil. A apresentação

do advogado teve como principal objetivo conscientizar o revendedor a respeito dos riscos que as práticas anticoncorrenciais podem trazer para o negócio, abordando, de forma rápida, o contexto normativo da proteção de livre concorrência no Brasil e observações importantes sobre cartéis na revenda de combustíveis e alguns julgamentos recentes

do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os participantes também puderam conferir uma palestra internacional, com líderes sindicais do Uruguai, Costa Rica, México e Argentina, todos integrantes da Claec, sobre o panorama da revenda de combustíveis em seus respectivos países.

Abastecimento e fiscalização em foco A ANP marcou presença no 17º Congresso Nacional e Latino-Americano de Revendedores de Combustíveis, realizado em Gramado (RS), com dois representantes das áreas de abastecimento e de fiscalização, José de Sá e Paulo Iunes, respectivamente. A Agência procurou esclarecer as dúvidas para obter autorização para um estabelecimento e apresentou as principais autuações. De acordo com João de Sá, assessor da Superintendência de Abastecimento da ANP, está em vias de ser implantado um novo sistema pela internet para recebimento de documentos para autorização de posto de combustíveis pela Agência. Atualmente, esse processo é feito por meio de envio de documentos ao órgão regulador. Ele lembrou, no entanto, que o novo programa não vai implicar em mudanças nos documentos exigidos atualmente pela ANP. “O processo de autorização na ANP é 100% documental. Isso, de certa forma, exige que a Agência seja muito severa na análise de documentos. Então, recebemos documentos, que, muitas vezes, têm que ser esmiuçados, e analisamos para que realmente a gente evite ter qualquer tipo de fraude”, explicou. Ele admitiu que as licenças ambientais e as autorizações do Corpo de Bombeiros são os que mais causam problema em função das diversas interpretações dadas por estes órgãos. “Esses problemas não são muito simples porque, no caso do Corpo de Bombeiros, mesmo sendo uma unidade estadual, às vezes, algumas guarnições emitem documentos diferentes de outra guarnição de outro setor, de outra região, do mesmo estado. As licenças ambientais também são complicadas porque, muitas 56 • Combustíveis & Conveniência

vezes, o poder concedente é o município. Então, imagina a diversidade de tipos de documentos. Há ainda casos de alguns municípios que não estão preparados para fazer esse tipo de licenciamento e delega isso ao estado”, explicou Sá. Para minimizar as dificuldades, o assessor contou que a ANP, juntamente com os Sindicatos, vem entrando em contato com o Corpo de Bombeiros e os órgãos ambientais a fim de esclarecer as normas previstas pela Agência, com o intuito de padronizar a emissão de documentos para o setor de combustíveis. Mesmo com as dificuldades, a ANP autoriza, em média, cerca de 2 mil postos por ano, segundo Sá. Já o assessor da Superintendência de Fiscalização da ANP, Paulo Iunes, abordou em sua palestra as principais autuações no segmento da revenda, como comercializar produtos fora da especificação, construir e operar instalação e equipamentos em desacordo com as regras, não cumprir notificação, não atualizar dados cadastrais na ANP, entre outros. Ele chamou a atenção para os chamados casos de “bomba-baixa”. “Nós temos várias autuações aí. Reconhecemos que algumas são defeitos mecânicos, mas outras são realmente má-fé. E isso, infelizmente, na hora do julgamento, não se pode diferenciar aquele que é somente um defeito mecânico e aquele que é dolo porque o enquadramento responsável por isso já diz que tem que ser o Inciso XI, do Artigo 3º, da Lei 9.487”, justificou Iunes, lembrando que a penalidade nestes casos começa com R$ 20 mil, além de seguir para o Ministério Público, o que, consequentemente, se transformará em um processo criminal. n


REVENDA EM AÇÃO33

Mais uma vez em Cuiabá Reforma tributária e burocracia foram os principais temas abordados durante a cerimônia de abertura do evento. Palestras e painéis sobre o mercado de combustíveis também foram destaque Por Gisele de Oliveira

Imagens: Paulo Cardoso

O peso da carga tributária foi destaque na cerimônia de abertura do 3º Encontro de Revendedores Combustíveis Centro-Oeste/Brasil, realizado pelo segundo ano consecutivo em Cuiabá, capital do Mato Grosso, nos dias 16 e 17 de outubro. Presidentes de entidades, autoridades e especialistas aproveitaram o período entre o primeiro e segundo turno das eleições para levantar a bandeira de se reduzir – ou, pelo menos, simplificar – a carga tributária no país. Todas as autoridades presentes à cerimônia foram unânimes ao dizer que o emaranhado de tributos e impostos cobrados ao setor privado e pessoa física é um enorme dificultador para o crescimento econômico do Brasil. Prova disso foi o discurso do presidente do Sindipetróleo-MT, Aldo Locatelli, que destacou a perversa guerra entre os estados na cobrança do ICMS. Segundo ele, o estado mato-grossense tem, hoje, a maior alíquota de ICMS do país para o óleo diesel, que é de 17%. Na ponta oposta, o Paraná, por exemplo, a alíquota é de 12%. O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, também mostrou os impactos da alta carga tributária para o setor de combustíveis e reforçou a batalha da entidade pela reforma tributária e unificação

Cerimônia de abertura contou com a presença de representantes de sindicatos e autoridades políticas de Cuiabá

das alíquotas entre os estados. “Estamos no dia a dia de nossas empresas e enxergamos essas dificuldades. E o nosso trabalho também é de comunicar isso às autoridades, informando o que está acontecendo e pedindo que, realmente, se faça alguma coisa”, defendeu. Atualmente, disse Miranda, alguns produtos são fortemente impactados pela carga tributária no país: cigarro, bebidas, combustíveis, medicamentos, telefonia e energia elétrica. Segundo ele, não é só a alta carga que interfere na produtividade das empresas, mas também os gastos para fazer o recolhimento. Ele citou, como exemplo, uma palestra que assistiu recentemente de um grupo empresarial que

possui uma equipe de contadores e economistas somente para gerenciar a área tributária, detalhar quais impostos incidem em cada estado, sua forma de recolhimento, prazos etc. “Por isso, essa reforma é tão necessária. Se o governo não pudesse baixar os impostos de imediato porque há a preocupação de não perder receita, mas, se pudesse simplificá-la, já seria um grande passo”, argumentou. Na avaliação do renomado economista Eduardo Giannetti da Fonseca, a carga tributária é, hoje, um dos principais vilões do crescimento econômico brasileiro. Desde a Constituição de 1988, a carga tributária vem aumentando no país – era 24% do PIB, em 1988, e, atualmente, chega a Combustíveis & Conveniência • 57


44 REVENDA EM AÇÃO 36% do PIB. Além disso, há ainda uma outra questão que atrapalha o desenvolvimento do Brasil, que são os gastos do governo. Segundo Giannetti, o Estado brasileiro gasta hoje 4% do PIB a mais do que ele arrecada. Ou seja, somando a carga tributária mais o déficit nominal, são 40% da renda nacional brasileira que são gastos pelo setor público. Porém, continuou o economista, deste total, o governo entregou na modalidade investimento 2,4% do PIB em média nos últimos quatro anos. “Tem alguma coisa profundamente errada nas finanças públicas brasileiras, que nos condena a um nível baixo de investimentos como nação. Estamos, realmente, com um problema estrutural, de baixa capacidade de investimento. E a razão fundamental disso é essa drenagem grande de recursos do setor privado, famílias e empresas, para financiar gastos correntes do setor público e não com investimentos. Se fosse traduzir em uma fórmula, o Estado brasileiro não cabe dentro do PIB brasileiro”, observou Giannetti, durante sua palestra na cerimônia de abertura sobre as perspectivas para a economia brasileira em 2015. De fato, a combinação alta carga tributária e burocracia tem minado a produtividade brasileira. O próprio prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, admitiu a ineficiência da máquina pública. “Nosso país tem conseguido avançar, mas ainda estamos muito distantes de ser aquilo que as potencialidades nos permitem sonhar porque o Estado é absolutamente ineficiente. Às vezes, me deparo com muitas situações e penso que isso parece que foi planejado para não funcionar. É 58 • Combustíveis & Conveniência

Aldo Locatelli, presidente do Sindipetróleo-MT, destacou a perversa guerra entre os estados na cobrança do ICMS

tanta burocracia e inoperância que acorrenta a iniciativa privada que, muitas vezes, precisa ser persistente para não desanimar”, lamentou.

Qualidade A qualidade do combustível também foi destaque no evento. O presidente do Sindipetróleo-MT relembrou a batalha conjunta de revenda e distribuição para combater a adulteração e fraude no setor de combustíveis no país e mencionou ainda o rigor na fiscalização por parte dos agentes do governo: “Isso nos dá satisfação de estar aqui hoje e dizer ao nosso revendedor que acreditou no nosso trabalho incansável de mostrar para a sociedade como funciona um posto”, disse Locatelli. O presidente do Sindicom, Alísio Vaz, também abordou o trabalho no combate à fraude e adulteração de combustíveis, que acabam por denegrir a imagem do bom empresário no setor. Ele reafirmou a parceria entre os dois segmentos, lembrando que são

atividades que se complementam e defendeu o direito ao lucro nos negócios. “Nós temos a visão de que o empresário, seja ele distribuidor, seja ele revendedor, tem o direito de ver o resultado de seu esforço, da sua dedicação e de sua eficiência. Então, essa luta (no combate à adulteração e fraude) é nossa porque se um vai mal, o outro também vai”, disse. O Congresso contou ainda com palestras sobre sucessão familiar, com o professor da Fundação Getulio Vargas, Rogerio Tsukamoto; e sobre lojas de conveniência, com a consultora da Postos Conveniência, Pricila de Sá Cantú; além de painel com autoridades da ANP, Procon-MT e Ipem-MT e executivos do setor de combustíveis que defenderam os trabalhos de suas respectivas entidades perante ao público presente. Ao final do evento, uma animada palestra motivacional foi conduzida pelo especialista em marketing Carlos Hilsdorf. n


ATUAÇÃO SINDICAL 33 Nacional

Nova cartilha A Fecombustíveis iniciou a distribuição de cartilhas informativas sobre a NR-20 aos Sindicatos Filiados. A Cartilha NR-20 Riscos em Postos de Serviço foi elaborada para atender ao cumprimento do item 20.11.2 da NR-20, que determina que “os trabalhadores que laboram em instalações classes I, II ou III e não adentram na área ou local de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis devem receber informações sobre os perigos, riscos e sobre

CARTILHA NR20 – RISCOS EM POSTOS DE SERVIÇO

procedimentos para situações de emergências”. Funcionários de borracharias, restaurantes, locadoras e outras empresas que funcionam na área do posto também devem receber as informações contidas na cartilha e a sua entrega ao funcionário deve ser registrada via recibo. Além da cartilha, a Fecombustíveis produziu um guia e um vídeo sobre a implementação da NR-20 e promoveu treinamento técnico para capacitação de instrutores aos Sindicatos Filiados. (Mônica Serrano)

CARTILHA NR20 RISCOS EM POSTOS DE SERVIÇO

Mato Grosso

Marcando pontos com o meio ambiente O Sindipetróleo-MT e a prefeitura de Cuiabá firmaram parceria para a implantação de ecopontos, que tornarão os postos de combustíveis em pontos de coleta de materiais recicláveis. Os pontos serão implantados após levantamento do Sindicato, que irá apontar os postos interessados na parceria. A coleta seletiva evita a poluição ambiental, reduz a utilização dos recursos naturais não-renováveis e contribui socialmente para o incremento da renda

familiar dos catadores de materiais recicláveis, pois os resíduos coletados serão destinados às cooperativas. Os postos que contarem com o ecoponto terão a coleta realizada pela prefeitura semanalmente e os resíduos serão acondicionados, identificados e pesados, para, em seguida, serem enviados às cooperativas de catadores de forma alternada. Um dos objetivos da parceria é garantir que mais de 50% do município tenha a coleta seletiva implantada. (Simone Alves)

Bahia

Álcool: contramão da direção Com o objetivo de conscientizar os motoristas sobre os riscos da condução de veículos sob efeito de bebida alcoólica, foi lançada, no dia 11 de outubro, no Posto Chaminé (Rio Vermelho), a campanha “Álcool: Contramão da Direção”. Desenvolvida através de intervenções informativas, a iniciativa, coordenada pelo psiquiatra Antonio Nery, faz parte das atividades realizadas pelo Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD) da UFBA, com o apoio da Prefeitura de

Salvador, por meio Secretaria Municipal de Saúde e do Sindicombustíveis Bahia. Realizada durante toda a manhã, a abordagem foi feita por estudantes de graduação aos motoristas e clientes do posto, incluindo a entrega de material informativo, como panfletos, adesivos e lixeirinhas para o carro e a promoção de jogos interativos, voltados à conscientização sobre o consumo de álcool. (Juliana Lopes) Combustíveis & Conveniência • 59


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS

LIVRO 33 Livro: A estratégia do oceano azul

A ANP acrescentou novos tópicos à Resolução 9/2007, publicadas na Resolução 50/2014, que determinam procedimentos para o transporte da amostra-testemunha e destinação dos recipientes para preservar o meio ambiente. Confira abaixo as principais dúvidas: Qual foi a principal contribuição da Resolução 50/2014 para o meio ambiente? Foi reconhecer que o recipiente da amostra-testemunha, quando vazio, deve ter uma destinação ambientalmente correta nos termos da Lei 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Houve uma mudança significativa para a revenda em relação ao transporte das amostras-testemunha? A partir de agora, o transporte das amostras deve ser feito na caixa de ferramentas do caminhão-tanque, desde a base da distribuição até o posto. A norma da ANP cita a Resolução 420, mas ela não é a única que regulamenta o transporte. O revendedor e os sindicatos devem ficar atentos à Resolução 3.665/11 da ANTT. A partir da Resolução 50/2014, qual deve ser a destinação correta para os recipientes das amostras-testemunha? A norma diz que se deve cumprir o que está previsto na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esta Lei prevê dar a destinação final ambientalmente adequada, que inclui

60 • Combustíveis & Conveniência

reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação, aproveitamento energético e outras destinações admitidas pelos órgãos ambientais. Alguns revendedores já indagaram se poderiam reutilizar as embalagens. Essa possibilidade passa pelo crivo do órgão ambiental e deve estar, necessariamente, contemplada no plano de gerenciamento de resíduos sólidos do posto revendedor, que é obrigatório pela Lei 12.305. O revendedor deve ter muito cuidado com as embalagens vazias que continham produtos, pois o risco de inflamabilidade existe e transportá-las pode ser um problema. Como e quando deve ser feito o descarte dos combustíveis? A ANP pede que se faça consulta ao órgão ambiental. O que não pode ser feito é descartar na caixa separadora. Qual é a penalidade para o revendedor que descumprir tais regras? Perante o órgão ambiental pode haver diversas sanções, multa ou até mesmo suspensão temporária da atividade. Isto varia de acordo com a legislação estadual. Via de regra gera uma multa administrativa e pode gerar um processo penal. Muitas vezes, a situação é agravada por estar causando poluição. Informações fornecidas por Bernardo Souto, consultor de meio ambiente da Fecombustíveis

Acil ing et adipAutores: Kim W. sustrud volore Chan tie e Renée Mauborne el ute cons autat, vulput Editora: Campus alismol orerat, vel dolorer adio ecte vel O título do livro A estratégia do Oceano et adioAzul: enis comononsequi criar novos mercados e blam, quamet tornar a concorrência irrelevante iustion henit euguer sectet alijá resumequat. sua Ectem ideia principal: quamet, iriliquat. acabar com a concorrência, por Tie facilis nibh euismodipit meio de diferenciais em seu luptat alit loborer sum augiam modelo de negócios. quam quam augait iril et, verO livro traz uma visão sobre cilisi. como as empresas podem Ulpute duissecte faccum zzrit, buscar espaços no mercado não con volore tincillamet, quisl ocupados pela concorrência utpatue feugue eu facilitazuis”. venim os chamados “oceanos iure magnisc iduisl ut nibh ent O mercado concorrencial augiam, no vent ingas exeril dolore tradicional, qual empresas magna os facin vel utat, disputam clientes comsendreet ofertas e serviços muito semelhantes, nit irillao rperos at. numa verdadeira guerra para Gue mod do consed minci conquista de market share, é blaore etautores luptat venibh classificadofacin pelos como esequatisl um erit oceano dolorercin hendre vermelho. do consequisl etummy nostion Os autores estudaram 150 sustisi blam zzriusto et nim ing casos reais em 30 indústrias eraesequat. Ut eugait nullum diferentes e perceberam que nullum nibh erit ent iniscipsum as explicações tradicionais ilis duis adio dolore dipiscilis não refletiam as práticas dos nos accumsan veliqui blaeles alis bem-sucedidos. Assim, nonullam, quamcom moloreril el concluíram que empresas que ectem quip moloborem at, quacriam novos nichos, fazendo da tie consequisi. concorrência um fator irrelevante, encontram outro caminho para o Na ad dolorer aestie vel ullaore crescimento. cons nulpute del ip el eraesent Aippublicação estimula leitor a exer sim dipit atum oveliquisdescobrir o que os seus clientes mod ex eu feugiam dipsum realmente valorizam e, com autetue modiamet pratueros isso, questionar a existência de adignim vel iril velis ecte ese vel potenciais consumidores em ectetue modip essequis erat. Ut outros segmentos e nichos de am, quipismolore feuisim zzrilis mercados ainda não atendidos vel il dipit iriusci ncidunt in veem seu ramo, que possam ser lisci euis exeros sed atraídos por umnonse novo etuer conjunto moddetisvalores. nim iurePara magna commy eles, este é nostrud tatie molorerit ipit wisit o diferencial para colocar a praessen empresa em evidência e elevar sua rentabilidade.


crônica 33

44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich

Ódio e rejeição A primavera chegou ao Rio Grande. Aliás, já havia chegado. Ainda no inverno tivemos dias de 30ºC. Este é, efetivamente, um ano de surpresas. Ou como dizem alguns, só é surpresa para quem não enxerga. A discussão segue solta à beira da piscina, regada com pouca cerveja como se queixa o ecônomo do clube. A lei seca e o bafômetro mudaram severamente os costumes dos tenistas. A maioria só bebe em casa. No clube tem comportamento surpreendente: - Garçom. Uma São Vicente sem gás, com gelo e limão. - Não tem, Doutor. Só sobrou Minuano com gás. - Assim não dá. Essa água tem gosto esquisito. O Doutor fica pensativo, parece triste. Finalmente diz: - Aonde fomos parar. Antes discutíamos marcas de cerveja. Tínhamos preferências por whiskies, vodcas ou conhaques. Agora estamos preocupados com a marca da água mineral. - Em garrafas cada vez menores. A água mineral está custando mais caro do que cerveja. Por mililitro. - É verdade. Diz o Tanço, fazendo cara de sábio e completando: - Sic transit mundi. O correto é Sic transit gloria mundi. Ou se te referes a movimento Sic transit mundus. Doutor corrige o Tanço. Mas logo se arrepende. Melhor deixar. Fala: - É verdade. Temos que aturar água mineral cara. Seleção tomando sete gols da Alemanha. O Inter tomando cinco gols da Chapecoense. Cada candidato ou apoiador falando fantasias. Os critérios não existem mais. Os conceitos perderam o significado.

- Não serão opiniões diferentes? - Opinião diferente. Ideologia diferente. Tudo isto está certo. Mas matemática diferente é demais. - É. 20 bilhões não é o mesmo que 2 bilhões. - Para refinaria é. - O conceito de corrupção mudou. Agora é subjetivo. Só os outros podem ser corruptos. Corrupção não passa de uma fonte de riqueza para a qual eu não fui convidado. Bonfá com cara de superioridade e enfado diz: - Eu não entendo tanto ódio. - Não é ódio. É rejeição. - Rejeição é o que o povo deve sentir quanto aos meus adversários. Doutor enlouquece: - Com água mineral, vocês só dizem bobagem. Vou para casa me embebedar.

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

15/09/2014 - 19/09/2014

1,343

1,298

15/09/2014 - 19/09/2014

1,202

1,062

22/09/2014 - 26/09/2014

1,337

1,300

22/09/2014 - 26/09/2014

1,168

1,044

29/09/2014 - 03/10/2014

1,318

1,277

29/09/2014 - 03/10/2014

1,146

1,027

06/10/2014 - 10/10/2014

1,322

1,268

06/10/2014 - 10/10/2014

1,139

1,020

13/10/2014 - 17/10/2014

1,306

1,272

13/10/2014 - 17/10/2014

1,144

1,013

Média Setembro 2013

1,277

1,262

Média Setembro 2013

1,149

0,967

Média Setembro 2014

1,362

1,298

Média Setembro 2014

1,201

1,062

Variação 15/09/2014 - 17/10/2014

-2,8%

-1,9%

Variação 15/09/2014 - 17/10/2014

-4,8%

-4,6%

Variação Setembro/2013 - Setembro/2014

6,7%

2,8%

Variação Setembro/2013 - Setembro/2014

4,5%

9,8%

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas

Pernambuco

Setembro 2013

1,550

1,548

Setembro 2014

1,579

1,571

Período Setembro 2013

ANIDRO

1,9 1,8 1,7

Variação

1,8%

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

1,5%

Alagoas

Pernambuco

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Em R$/L

HIDRATADO

Período

em R$/L

São Paulo

SetembroAlagoas 2014

1,6 1,5

Variação

Goiás

1,329

1,321

1,366

1,364

2,8%

3,2%

Fonte: CEPEA/Esalq 1,4 Nota: Preços sem impostos 1,3 1,2

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L) EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO Em R$/L

Em R$/L

1,9 1,8 1,7

1,6

São Paulo Goiás Alagoas

1,5 1,4

1,6

1,3

1,5

1,2

1,4

1,1

1,3

1,0

1,2

0,9

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO Em R$/L

1,6 1,5

62 • Combustíveis & Conveniência 1,4 1,3

São Paulo

Pernambuco

Goiás


TABELAS 33 em R$/L - Setembro 2014

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

6,1%

2,587

3,024

0,437

14,5%

0,135

5,2%

2,594

2,953

0,359

12,2%

0,167

6,5%

2,572

2,951

0,379

12,8%

2,514

0,127

5,1%

2,514

2,900

0,386

13,3%

2,419

2,582

0,163

6,3%

2,582

2,963

0,381

12,9%

2,389

2,539

0,150

5,9%

2,539

2,872

0,333

11,6%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,415

2,543

0,128

5,0%

2,543

2,937

0,394

13,4%

2,429

2,469

0,040

1,6%

2,469

2,889

0,420

14,5%

Com bandeira

2,419

2,579

0,160

6,2%

2,579

2,980

0,401

13,5%

Sem bandeira

2,429

2,508

0,079

3,1%

2,508

2,903

0,395

13,6%

2,421

2,561

0,140

5,5%

2,561

2,961

0,400

13,5%

BR Ipiranga Raízen

Resumo Brasil

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Com bandeira

2,429

2,587

0,158

Sem bandeira

2,459

2,594

Com bandeira

2,405

2,572

Sem bandeira

2,387

Com bandeira Sem bandeira

Revenda

Resumo Brasil

Margem (%)

Distribuição

Diesel S500

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

6,0%

2,218

2,541

0,323

12,7%

0,121

5,6%

2,178

2,477

0,299

12,1%

2,248

0,154

6,9%

2,248

2,522

0,274

10,9%

2,137

0,098

4,6%

2,137

2,441

0,304

12,5%

2,071

2,219

0,148

6,7%

2,219

2,502

0,283

11,3%

2,038

2,148

0,110

5,1%

2,148

2,465

0,317

12,9%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,104

2,276

0,172

7,6%

2,276

2,545

0,269

10,6%

2,062

2,087

0,025

1,2%

2,087

2,388

0,301

12,6%

Com bandeira

2,084

2,228

0,144

6,5%

2,228

2,525

0,297

11,8%

Sem bandeira

2,058

2,114

0,056

2,6%

2,114

2,415

0,301

12,5%

2,076

2,192

0,116

5,3%

2,192

2,490

0,298

12,0%

BR Ipiranga Raízen

Resumo Brasil

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Com bandeira

2,085

2,218

0,133

Sem bandeira

2,057

2,178

Com bandeira

2,094

Sem bandeira

2,039

Com bandeira Sem bandeira

Revenda

Resumo Brasil

Margem (%)

Distribuição

Diesel S10

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

5,7%

2,321

2,657

0,336

12,6%

0,114

5,0%

2,299

2,581

0,282

10,9%

2,338

0,165

7,1%

2,338

2,646

0,308

11,6%

2,277

0,111

4,9%

2,277

2,540

0,263

10,4%

2,186

2,347

0,161

6,9%

2,347

2,641

0,294

11,1%

2,157

2,278

0,121

5,3%

2,278

2,629

0,351

13,4%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,205

2,306

0,101

4,4%

2,306

2,590

0,284

11,0%

2,183

2,189

0,006

0,3%

2,189

2,528

0,339

13,4%

Com bandeira

2,185

2,331

0,146

6,3%

2,331

2,645

0,314

11,9%

Sem bandeira

2,179

2,254

0,075

3,3%

2,254

2,560

0,306

12,0%

2,184

2,323

0,139

6,0%

2,323

2,636

0,313

11,9%

BR Ipiranga Raízen

Resumo Brasil

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Com bandeira

2,188

2,321

0,133

Sem bandeira

2,185

2,299

Com bandeira

2,173

Sem bandeira

2,166

Com bandeira Sem bandeira

Revenda

Resumo Brasil

Margem (%)

A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal (este último não está presente nos dados do diesel S10). O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 16/14 e 17/14. Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Ato Cotepe nº 19, de 09/10/2014 - DOU de 10/10/2014 - Vigência a partir de 16 de Outubro de 2014

Gasolina

UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

UF

75% Gasolina A

25% Etanol Anidro (1)

1,158 0,414 0,000 1,019 0,389 0,000 1,066 0,409 0,000 1,084 0,408 0,000 1,010 0,395 0,000 1,022 0,395 0,000 1,086 0,338 0,000 1,074 0,345 0,000 1,084 0,335 0,000 1,017 0,399 0,000 1,120 0,355 0,000 1,092 0,340 0,000 1,098 0,338 0,000 1,046 0,404 0,000 1,026 0,392 0,000 1,017 0,392 0,000 1,034 0,397 0,000 1,047 0,339 0,000 1,021 0,338 0,000 1,018 0,392 0,000 1,101 0,413 0,000 1,091 0,415 0,000 1,022 0,360 0,000 1,073 0,343 0,000 1,061 0,392 0,000 1,056 0,335 0,000 1,066 0,338 0,000 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

94% Diesel

6% Biocombustível

Diesel S500

(5)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

75% CIDE (2)

94% CIDE (2)

1,601 0,132 0,000 1,403 0,138 0,000 1,485 0,132 0,000 1,468 0,132 0,000 1,396 0,138 0,000 1,439 0,138 0,000 1,558 0,123 0,000 1,501 0,128 0,000 1,551 0,123 0,000 1,404 0,138 0,000 1,596 0,123 0,000 1,511 0,123 0,000 1,517 0,128 0,000 1,443 0,132 0,000 1,406 0,138 0,000 1,404 0,138 0,000 1,425 0,138 0,000 1,498 0,120 0,000 1,442 0,128 0,000 1,335 0,138 0,000 1,529 0,132 0,000 1,517 0,132 0,000 1,445 0,120 0,000 1,509 0,120 0,000 1,456 0,138 0,000 1,466 0,128 0,000 1,466 0,132 0,000 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

64 • Combustíveis & Conveniência

75% PIS/ COFINS 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

94% PIS/ COFINS 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139 0,139

Carga ICMS 0,847 0,808 0,806 0,741 0,797 0,791 0,790 0,806 0,906 0,814 0,781 0,763 0,830 0,866 0,784 0,801 0,718 0,854 0,984 0,818 0,803 0,773 0,759 0,753 0,797 0,711 0,768 2,398

Carga ICMS 0,515 0,417 0,435 0,437 0,441 0,406 0,306 0,298 0,385 0,416 0,475 0,391 0,383 0,456 0,415 0,426 0,428 0,298 0,329 0,431 0,469 0,464 0,300 0,298 0,418 0,297 0,329 2,105

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,615 2,412 2,476 2,428 2,398 2,404 2,409 2,421 2,521 2,426 2,452 2,392 2,462 2,512 2,397 2,406 2,345 2,436 2,539 2,424 2,512 2,475 2,337 2,365 2,445 2,299 2,368

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,389 2,992 3,222 2,962 2,950 2,930 3,159 2,984 3,123 3,013 3,123 3,050 3,074 3,093 2,905 2,968 2,872 3,050 3,174 3,030 3,210 3,090 3,034 3,010 2,951 2,845 3,070

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,387 2,098 2,191 2,176 2,114 2,123 2,126 2,067 2,198 2,097 2,333 2,164 2,166 2,170 2,098 2,108 2,131 2,055 2,038 2,044 2,269 2,252 2,004 2,066 2,152 2,030 2,066

17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%

3,031 2,453 2,560 2,571 2,593 2,390 2,548 2,487 2,564 2,445 2,796 2,300 2,550 2,680 2,439 2,508 2,519 2,480 2,528 2,534 2,760 2,730 2,498 2,480 2,461 2,474 2,440


TABELAS 33

Formação de custos do S10

em R$/L

A revista Combustíveis & Conveniência passou a divulgar, desde outubro, a formação do custo do diesel S10, tendo em vista o aumento da participação deste produto no total de diesel comercializado no Brasil. Em 2013, a participação do S10 no mercado total de diesel correspondeu a 18%, enquanto que no primeiro semestre de 2014 passou para 24%. As informações sobre o custo do S10 estão disponíveis somente em 13 estados. Desde a produção, o preço do S10 é mais elevado do que o diesel comum. Por ser um produto altamente suscetível à contaminação, a revenda e distribuição mantêm cuidados especiais no transporte, manuseio e armazenamento do produto, o que acarreta custos adicionais. O S10 passou a ser comercializado no país desde janeiro de 2013. É o diesel com menor teor de enxofre, com apenas 10 partes por milhão (ppm), sendo menos prejudicial ao meio ambiente. Apesar de poder ser utilizado em qualquer veículo a diesel, seu abastecimento é obrigatório para aqueles com motor Euro 5. UF

94% Diesel

6% Biocombustível

94% CIDE (2)

Diesel S10

(5)

94% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

AM

1,577

0,132

0,000

0,139

0,435

2,283

17%

2,560

BA

1,499

0,138

0,000

0,139

0,441

2,217

17%

2,593

CE

1,538

0,138

0,000

0,139

0,406

2,222

17%

2,390

ES

1,588

0,128

0,000

0,139

0,298

2,153

12%

2,487

MA

1,486

0,138

0,000

0,139

0,416

2,179

17%

2,445

MG

1,606

0,128

0,000

0,139

0,383

2,256

15%

2,550

PA

1,537

0,132

0,000

0,139

0,456

2,264

17%

2,680

PE

1,518

0,138

0,000

0,139

0,426

2,222

17%

2,508

PR

1,601

0,120

0,000

0,139

0,298

2,158

12%

2,480

RJ

1,558

0,128

0,000

0,139

0,329

2,153

13%

2,528

RS

1,572

0,120

0,000

0,139

0,300

2,132

12%

2,498

SC

1,624

0,120

0,000

0,139

0,298

2,181

12%

2,480

SP

1,598

0,128

0,000

0,139

0,297

2,162

12%

2,474

CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

(4)

2,191

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 7.764, de 22/06/2012 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no primeiro semestre de 2014. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.

Combustíveis & Conveniência • 65


44 TABELAS

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA)

Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

Total 2,625 2,089 1,987

Manaus (AM) Gasolina Diesel Etanol

Cuiabá (MT)

2,680 2,459 2,321

Menor

Maior

2,702 2,432 2,299

N/D 2,357 N/D

2,550 2,529 2,305

Gasolina Diesel Etanol

2,467 2,236 2,128

Gasolina Diesel Etanol

2,511 2,272 2,092

Gasolina Diesel Etanol

2,518 2,087 2,126

N/D 2,637 2,353 N/D

2,587 2,265 2,181

2,719 2,348 2,442

Raízen 2,736 2,749 2,469 2,478 2,413 2,413 IPP

Raízen 2,630 2,723 2,290 2,417 2,308 2,421 IPP 2,749 2,339 N/D

2,625 2,470 1,550

2,616 2,438 1,497

2,605 2,414 1,858

Taurus 2,435 2,572 2,250 2,375 1,644 1,845

2,404 2,340 1,753

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,646 2,737 2,299 2,378 N/D N/D

Gasolina Diesel Etanol

2,455 2,095 1,542

Gasolina Diesel Etanol

2,551 N/D 2,076

Gasolina Diesel Etanol

2,470 2,050 2,013

BR 2,615 2,299 1,717

BR 2,460 2,080 1,536

2,588 N/D 2,139

2,535 2,239 2,070

2,569 2,050 2,077

2,474 2,064 N/D

IPP

2,684 2,484 1,583 IPP 2,591 2,366 1,830

Raízen 2,704 2,736 2,336 2,357 N/D N/D

2,591 2,322 1,767

Raízen 2,429 2,590 2,080 2,189 1,670 1,856

2,554 2,239 2,070

Raízen 2,579 2,624 2,262 2,272 2,140 2,197

2,531 2,076 N/D

Raízen 2,419 2,538 2,035 2,148 2,075 2,088

BR

IPP

BR

2,746 2,340 1,796 IPP

2,606 2,220 1,856

2,786 2,439 N/D

Raízen 2,789 2,822 2,444 2,473 2,300 2,300

Raízen 2,610 2,669 2,468 2,474 1,460 1,520

BR

N/D N/D N/D

Equador 2,580 2,580 2,300 2,300 2,280 2,290

2,798 2,435 N/D

2,470 2,291 1,750

2,802 2,440 N/D

N/D N/D N/D

2,970 2,618 2,351

Gasolina Diesel Etanol

Porto Alegre (RS)

2,733 2,444 2,345

Raízen 2,678 2,727 2,378 2,484 2,381 2,400

IPP

BR

Idaza

Florianópolis (SC)

Alesat 2,498 2,582 2,157 2,292 2,228 2,348

2,760 2,550 2,363

2,649 N/D 2,249

Campo Grande (MS)

Gasolina Diesel Etanol

Atem's 2,580 2,580 2,300 2,310 N/D N/D

BR

2,728 2,442 2,328

2,746 N/D 2,108

2,600 2,332 N/D

Equador 2,630 2,780 2,300 2,325 2,261 2,440

2,649 N/D 2,249

2,699 N/D 2,096

N/D 2,357 N/D BR

Maior

2,699 2,190 2,106

IPP

2,560 2,470 1,430

Curitiba (PR)

Menor IPP

IPP

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

2,686 2,190 2,104

BR

Rio Branco (AC)

Gasolina Diesel Etanol

2,699 2,099 1,987

2,625 2,380 2,132

Porto Velho (RO)

Gasolina Diesel Etanol

Maior BR

BR

Boa Vista (RR) Gasolina Diesel Etanol

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Maior

em R$/L - Setembro 2014

BR

Teresina (PI)

Menor

Maior

Raízen 2,465 2,634 2,112 2,321 2,258 2,364

BR

Maior BR

2,576 2,172 2,238

2,606 2,313 2,288

2,459 2,219 2,213

Raízen 2,479 2,531 2,277 2,302 2,219 2,395

2,670 2,349 2,283

Raízen 2,564 2,653 2,286 2,446 2,110 2,328

2,691 2,254 2,306

Alesat 2,552 2,669 2,144 2,242 2,195 2,375

Raízen 2,588 2,660 2,154 2,280 2,223 2,319

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,435 2,533 2,130 2,196 2,050 2,167

Alesat 2,554 2,660 2,217 2,288 2,147 2,177

2,503 2,000 1,958

Total

Gasolina Diesel Etanol

2,500 2,272 2,051

Raízen 2,351 2,676 2,222 2,443 2,055 2,443

2,449 2,245 2,044

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,618 2,685 2,200 2,311 2,152 2,365

Gasolina Diesel Etanol

2,565 2,269 2,206

Gasolina Diesel Etanol

2,370 2,187 1,802

Gasolina Diesel Etanol

2,571 2,164 2,205

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

Maceió (AL)

2,545 2,266 2,308

2,459 2,219 2,185

2,619 2,356 2,259

2,555 2,281 2,106

BR

IPP

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Total

Menor

2,524 2,395 2,138

BR

BR

IPP 2,518 2,171 2,178

2,651 2,269 2,341

Raízen 2,508 2,648 N/D N/D 2,107 2,311

2,559 N/D 1,958

2,534 2,189 1,944

2,400 2,080 1,755

2,671 2,303 2,392

2,563 2,153 2,153

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,600 2,912 2,074 2,232 1,870 2,295

2,590 2,070 1,880

Gasolina Diesel Etanol

2,534 2,189 1,747

Gasolina Diesel Etanol

2,263 2,053 1,485

Gasolina Diesel Etanol

2,737 2,270 2,261

Salvador (BA)

Vitória (ES)

BR

IPP

BR

Brasília (DF)

BR

2,566 N/D 1,958

2,674 2,194 2,374

Raízen 2,585 2,708 2,200 2,247 2,228 2,401

2,853 2,256 2,295

2,610 2,047 1,946

2,635 2,436 1,956

Raízen 2,552 2,647 2,263 2,364 1,838 1,937

2,553 2,264 1,825

2,548 2,213 1,680

2,240 2,030 1,451

2,749 2,299 2,271

Raízen 2,733 2,746 2,246 2,280 2,273 2,273

BR

BR

IPP

IPP

Raízen 2,397 2,619 2,085 2,355 1,755 2,196

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

2,627 2,234 2,298

2,672 2,276 2,223

IPP

Rio de Janeiro (RJ)

2,615 2,320 2,273 BR

2,611 2,246 2,315

Aracaju (SE)

2,533 2,150 2,163

2,598 2,377 2,166

IPP

BR

BR

2,557 2,195 1,691

2,861 2,250 2,275 IPP 2,656 2,496 1,977

Raízen 2,240 2,651 2,016 2,228 1,470 1,743 2,735 2,270 2,262

IPP

2,751 2,290 2,269 Fonte: ANP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP. O diesel corresponde ao S500, com exceção de Belém, São Luiz, Fortaleza e Recife, que apresentam o preço do S10

66 • Combustíveis & Conveniência




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