ÍNDICE 33
n Reportagem de Capa
n Na Prática
37 • Fiscalização à vista
40 • Expopostos & Conveniência
n Meio Ambiente
50 • Diesel de segunda geração n Conveniência
53 • Loja terceirizada n Entrevista
10 • Crise para fortalecer
n Mercado
58 • Atuação Sindical
36 • José Carlos Ulhôa Fonseca
60 • Perguntas e Respostas 66 • Crônica
39 • Jurídico Felipe Goidanich 56 • Conveniência Manuel Vilela
61 • Evolução dos
Preços do Etanol
62 • Comparativo das
4TABELAS
04 • Virou Notícia
15 • Paulo Miranda
4OPINIÃO
4SEÇÕES
18 • GNV: em queda 21 • Em busca de horizonte 24 • Postos podem fechar 28 • Insatisfação cresce 32 • Os clones estão de volta
Margens e Preços dos Combustíveis
63 • Formação
de Preços
64 • Formação
de Custos do S10
65 • Preços das
Distribusidoras Combustíveis & Conveniência • 3
44 VIROU NOTÍCIA
DE OLHO NA ECONOMIA
Foi o superávit da balança comercial brasileira, registrado no primeiro semestre do ano, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De janeiro a junho, as exportações somaram US$ 94,329 bilhões e as importações registraram US$ 92,107 bilhões.
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US$ 2,222 bilhões
Foi o recuo da produção brasileira de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no primeiro semestre do ano ante o mesmo período anterior, para 1,28 milhão de veículos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores Brasil (Anfavea). Foi o pior primeiro semestre em nove anos.
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18,5%
4 • Combustíveis & Conveniência
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21,5%
Foi a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso em julho, o que representa crescimento da inadimplência dos consumidores em comparação aos 21,3% em junho, segundo a Pesquisa de Endividamento do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Entre janeiro e junho, as importações de derivados feitas pela Petrobras tiveram queda de 43,9%, totalizando US$ 10,43 bilhões. No mesmo período do ano passado, as importações ultrapassaram a marca de US$ 18 bilhões. As exportações, por sua vez, encolheram 21,55% em relação ao mesmo período de 2014 e totalizaram US$ 4,72 bilhões. Com isso, o déficit comercial da Petrobras caiu pela metade no primeiro semestre de 2015.
Crise A redução do déficit da Petrobras até seria uma notícia positiva, se não fosse provocada pela crise que afeta o Brasil e levou ao menor consumo de diesel, cuja demanda está associada diretamente com o desempenho da economia brasileira. Dados da ANP apontam uma queda de 20,8% nas importações de diesel em volume. Em valores transacionados, a diferença é ainda maior, de 48,2%, com um total de US$ 2,17 bilhões em compras externas. Agência Petrobras
Foi o recuo do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) brasileiro em julho em comparação ao mês anterior. De acordo com a Fundação Getulio Vargas, o índice caiu a 82 pontos em julho, contra 83,9 pontos em junho, registrando queda pela quarta vez neste ano. Em 12 meses, o ICC recuou 23,1%.
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2,3%
Redução nas importações
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Ping-Pong
Luiz Horta Nogueira
Professor e pesquisador do setor energético da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e exdiretor técnico da Agência Nacional de Petróleo (ANP)
Combustíveis: balanço do primeiro semestre As vendas totais de combustíveis no primeiro semestre do ano cresceram 1% na comparação com o mesmo período de 2014, de acordo com a ANP. Em volumes, foram comercializados 56,9 bilhões de litros de gasolina, diesel e etanol entre janeiro e junho de 2015, contra os 56,4 bilhões de litros registrados no mesmo período do ano anterior. O resultado positivo do setor como um todo foi puxado pelas vendas de etanol, que cresceram 38,3%, com volume comercializado de 8,4 bilhões de litros. Considerando o primeiro semestre de cada ano, 2015 foi o melhor período de vendas para o etanol desde 2000.
Em queda Já a comercialização de gasolina no primeiro semestre do ano caiu 5%, atingindo 20,4 bilhões de litros. No mesmo período de 2014, as vendas totalizaram 21,5 bilhões de litros. O fraco desempenho pode ser atribuído à elevação da tributação para os combustíveis, como PIS/Cofins, e ao retorno da Cide, anunciados pelo governo como parte das medidas de ajuste fiscal.
Diesel também cai As vendas de óleo diesel também registraram queda de 2,5% no primeiro semestre do ano. Em termos de volume, foram comercializados 28,1 bilhões de litros do combustível entre janeiro e junho deste ano, 7 milhões de litros a menos do que o verificado no mesmo período de 2014. O resultado é reflexo da desaceleração da economia.
A Petrobras anunciou desinvestimento na área de biocombustíveis como forma de sanear o caixa. Como o senhor vê essa medida? Desinvestir é, na verdade, um eufemismo para reduzir o tamanho dela frente ao enorme passivo que a empresa tem. É preocupante vê-la sair da área de biocombustíveis, pois mostra o enfraquecimento de uma proposta plural, progressista que ela tinha. O fato de a BR Biocombustíveis só ter tido prejuízo durante toda a existência é o sintoma claro da incompetência da gestão pública no mercado de combustíveis no Brasil. As perguntas que ficam são: se a Petrobras é uma empresa eficiente, organizada, por que nunca conseguiu fazer um tostão de lucro (com a BR Biocombustíveis)? Ela está se afastando da área de biocombustíveis por que esta é uma área ruim pelo fato de o governo só ter atuado contra (o setor) ou está quebrada e vendendo algo promissor? A direção da estatal também anunciou a abertura de capital da BR Distribuidora e a venda de parte da empresa. Na sua avaliação, isso é bom ou ruim? Vejo isso de uma forma mais tolerante porque a Petrobras agigantou-se muito na área de distribuição, o que propiciou uma progressiva concentração de mercado no Brasil nos últimos dez anos. Seria saudável se, nesse processo de desinvestimento, nós tivéssemos uma multiplicação de agentes. Tivemos distribuidoras importantes que saíram do Brasil, houve fusões e encolhimentos de certas distribuidoras que estavam crescendo no mercado – tudo ocasionado pelo agigantamento da Petrobras. Então, na hora que ela se retrai um pouco no mercado de distribuição, do ponto de vista de diversidade e pluralidade, eu acho isso positivo. O senhor vê esse benefício para toda a cadeia? Sim, o impacto será benéfico para a cadeia, incluindo consumidores e até mesmo os proprietários de postos de combustíveis, que poderão optar por outras distribuidoras. Qual efeito a crise enfrentada pela Petrobras trará para o mercado de combustíveis como um todo? A Petrobras vive uma crise profunda, que tem a ver muito mais com a incompetência de sua gestão. Acredito que a causa maior de a companhia estar quebrada foram os investimentos equivocados, além da gestão equivocada que tem feito. Somado a isso, a ação deletéria do governo ao intervir na formação dos preços dos combustíveis. Acho que será muito bom para todos nós ver, de novo, uma Petrobras em ordem. Não convém a ninguém tê-la numa situação esvaziada como a que acontece agora. Alguns analistas avaliam que a formação de preços da gasolina depende mais do que faz a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) do que do mercado. O senhor concorda com essa visão geopolítica? Mas disso eu não tenho a menor dúvida. Hoje os interesses da Opep se somam com os da Rússia, que se somam com os interesses da China, que se somam com os interesses dos Estados Unidos, que, por sua vez, são o maior produtor de petróleo atualmente e bem próximo da Opep. Achar que o preço da energia é algo que o mercado faz é uma ideia equivocada. Aqui no Brasil, nós temos uma defasagem do preço da gasolina. Toda vez que o preço não representa os custos, vivemos uma situação que só favorece a deficiência e as distorções. Combustíveis & Conveniência • 5
Mudanças na BR
Mais biodiesel
Os desdobramentos da Operação Lavo-Jato seguem causando impactos no comando executivo da Petrobras. Desta vez, as mudanças atingiram a BR Distribuidora. Luís Alves de Lima Filho, diretor da Rede de Postos de Serviços da subsidiária, foi substituído por Thomaz Lucchini Coutinho, engenheiro de carreira e que ocupava a presidência da Liquigás. Lima Filho era um dos dirigentes indicados pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL).
O Ministério de Minas e Energia (MME) vai conduzir um programa que visa estudar os efeitos da mistura de biodiesel acima de 7% ao diesel na frota de veículos e no meio ambiente. As informações foram dadas pelo secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do MME, Marco Antonio Martins Almeida, durante reunião com deputados e senadores que participam da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel, realizada em meados de julho, em Brasília.
Lei dos portos
Menos poluentes A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou os resultados do Carbonômetro, ferramenta usada para controle de emissões poluentes. Nos últimos 12 anos (março de 2003 a março de 2015), o consumo de etanol (tanto anidro como hidratado) evitou a emissão de mais de 300 milhões de toneladas de CO2 (gás carbônico) na atmosfera. Para obter esse mesmo efeito, seria necessário plantar 2,1 bilhões árvores nativas e mantê-las ao longo de 20 anos. 6 • Combustíveis & Conveniência
Segundo Almeida, estão sendo realizadas análises adicionais para permitir a regulamentação do uso de maior percentual de biodiesel, em patamar a ser definido, em casos específicos e para frotas cativas. Além disso, também estaria em estudo a regulamentação sobre o aumento do percentual de biodiesel ao diesel além dos atuais 7%.
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O Sindicom está preocupado com os impactos que as incertezas causadas pela Lei dos Portos, em vigor há dois anos, podem trazer para o abastecimento de combustíveis no país. De acordo com a entidade, a Lei não levou em consideração as particularidades do setor de distribuição, que utiliza as áreas portuárias para tancagem e armazenamento de combustíveis. Para resolver a questão, uma das propostas do Sindicom é que a licitação para o setor de combustíveis ocorra em uma segunda etapa, dando mais tempo para aperfeiçoamento do modelo a ser utilizado nas licitações dos terminais de combustíveis.
Embrapa
44 VIROU NOTÍCIA
Carro elétrico A CPFL Energia inaugurou, em julho, os dois primeiros eletropostos públicos de Campinas, interior de São Paulo, ampliando para seis o número de pontos de carregamento em operação no âmbito do Programa de Mobilidade Elétrica do grupo. As novas instalações permitirão o reabastecimento gratuito da frota de táxi elétricos já em circulação na cidade, que haviam sido comercializados pela indústria chinesa BYD, além dos outros nove veículos que integram o programa. De acordo com os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 1,8 mil unidades foram licenciadas no Brasil de 2012 a 2015, entre elétricos e híbridos.
Arquivo
São Paulo: Cadri em foco
PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich
E o futuro como fica? Está cada vez mais difícil ter uma posição política. Mesmo posicionar-se a respeito de algum assunto de interesse público. Seja Petrobras ou maioridade penal. Ainda que o posicionamento não seja assumido publicamente. Ainda que uma decisão de foro íntimo. Isto porque está difícil raciocinar adequadamente. O natural é que um cidadão se informe. Leia os noticiários, leia as opiniões dos especialistas, busque subsídios na literatura e na doutrina. Ausculte seus profetas e gurus. Finalmente, use seu senso crítico e sua racionalidade. Hoje, tudo está muito tremendamente distorcido. Os argumentos publicados não são sérios. Não são razoáveis. Não são racionais. Mesmo os fatos, dificilmente, vem informados. Tudo está embaralhado. Autoridades mentem. Imprensa mente ou adultera. Não há responsáveis.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) informou a dispensa da emissão do Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental (Cadri) para as empresas geradoras de Óleo Lubrificantes Usado e Contaminado (OLUC), desde que a coleta seja feita por empresa autorizada pela ANP e associada às entidades signatárias do termo de compromisso assinado com o governo do estado paulista. Se a empresa contratada não for associada, o gerador precisa ter o Cadri. Confira a lista dos coletores autorizados no site da ANP (www. anp.gov.br) e das entidades participantes do termo de compromisso: http://www.sindirrefino.org.br/upload/ legislacao/00001732.pdf O Cadri é um documento que aprova o encaminhamento seguro de resíduos para locais de reprocessamento, armazenamento, tratamento ou disposição final, licenciados ou autorizados pela Cetesb, órgão ambiental
Decisões são tomadas em função de valores absolutamente estranhos à natureza. Como está difícil achar uma realidade clara. Os políticos e os magistrados vão decidindo assuntos de interesse para suas próprias classes. Auxílios moradias maiores do que a mais alta aposentadoria paga pelo INNS ao trabalhador que pagou sempre o teto. Subsídios e vantagens inexplicáveis. Vale tudo. Quem grita mais, quem mente com mais vigor. Ninguém é punido por mal feitos. Claro. O argumento mais comum é: “roubei, mas fulano também roubou. E não aconteceu nada”. Vale o uso e o abuso de poder. Durma-se com um barulho desses. Enquanto isto vão sendo consumidos na fogueira da irresponsabilidade a Petrobras, a Varig, os depósitos confiados à justiça, o FGTS, os valores da aposentadoria e a esperança para o futuro.
que atua no estado paulista. Todos os geradores de resíduos que atuam no estado precisam ter o documento. Em algumas situações, a empresa que recolhe e destina os resíduos pode oferecer o Cadri coletivo, que abrange diferentes geradores de um tipo de resíduo. No caso dos postos de combustíveis, é obrigatório manter o Cadri (individual ou coletivo) arquivado no posto, exceto na situação de dispensa pela Cetesb, como ocorre no acordo de logística reversa do OLUC. Junto com esse
documento, é preciso manter em arquivo os comprovantes de coleta e de destinação, que devem conter a identificação do gerador e da empresa gerenciadora, bem como as quantidades, tipo de resíduo e a data de coleta. Como nos postos são gerados vários tipos de resíduos (óleo usado, embalagens vazias de óleo, resíduos da caixa separadora, filtros e outras peças metálicas, estopas usadas, etc.), é preciso ter atenção se esse documento dá cobertura a todos os resíduos gerados. Combustíveis & Conveniência • 7
CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano
Ainda há otimismo A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 2º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mário Seiti Shiraishi, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Chalk Studio Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br
8 • Combustíveis & Conveniência
J á estamos no segundo semestre do ano e a economia, como era de se esperar, vai continuar contida. A expectativa em relação ao crescimento econômico do país e a inflação deste ano, divulgados pelo boletim Focus, do Banco Central, em 27 de julho, aponta para um cenário mais retraído. Os economistas revisaram a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e esperam recuo maior, de 1,76%, ao invés de 1,70%, como era a projeção anterior. A perspectiva também é de mais inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em 9,23%, também acima da taxa prevista de 9,15%. Também temos visto outros indicadores, caso do Índice de Confiança do Consumidor que registrou queda, o que representa menos compras pelo sentimento de pessimismo em relação à economia do país. Apesar da fragilidade econômica, nem tudo está ruim. Pelo menos, o setor de combustíveis e lojas de conveniência continua movimentando a nossa economia e permanece com potencial de negócios, que se refletiu durante a ExpoPostos & Conveniência 2015. A Reportagem de Capa contou com a participação de toda a equipe da revista para trazer ao revendedor uma cobertura completa da maior feira da revenda nacional. Mostramos as últimas novidades tecnológicas em automação e equipamentos para postos e os mais relevantes debates do setor. Também participamos da cobertura do Ethanol Summit, um dos mais tradicionais eventos do setor sucroenergético, com ampla reportagem da repórter Adriana Cardoso. As questões que afetam a revenda sempre estão em evidência na revista Combustíveis & Conveniência e um dos temas que temos trazido incessantemente é o prazo dado pela ANP para os postos estarem em dia com a Licença de Operação ambiental e o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros, que se esgota em 19 de outubro. Há estados que continuam com a situação crítica e há risco de quase 50% dos postos serem fechados. Confira a matéria de Gisele de Oliveira, nossa editora-assistente. Outro assunto espinhoso desta edição é a insatisfação dos revendedores em relação aos cartões de frota, que cobram taxas cada vez mais elevadas e aumentam o prazo de reembolso. A reclamação da revenda é geral e abrange diferentes estados. Confira em Mercado. Trazemos também o panorama do mercado de GNV, que teve uma leve recuperação no primeiro trimestre do ano, fruto do impacto das medidas fiscais na gasolina, porém, o consumo voltou a cair. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o recuo foi de 3,5%. A Entrevista do mês traz como destaque Edson Orikassa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), que mostra como a engenharia automotiva tem enfrentado a crise econômica e trabalha em dobro no desenvolvimento de modelos mais eficientes e uso de novas tecnologias. Apesar da crise que o país enfrenta hoje, há otimismo em relação ao futuro. Boa leitura! Mônica Serrano Editora
44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis.com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Sindipostos - CE Vilanildo Fernandes Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df.com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Sindicombustíveis - MA Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612
e 614 Edif. Monumental São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Sindipetróleo Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Sinpetro Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Minaspetro Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Sindicombustíveis - PA Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa.com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Sindipetro - PB Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Sindicombustíveis - PR Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr.com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br PIAUÍ Sindipetro - PI Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br
RIO DE JANEIRO Sindestado Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói-RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO – MUNICÍPIO Sindcomb Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Sulpetro Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Sindipetro - RO Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Sindipostos - RR Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com SANTA CATARINA Sindipetro - SC Robson de Souza Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br SANTA CATARINA – BLUMENAU Sinpeb Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br
SANTA CATARINA – FLORIANÓPOLIS Sindópolis Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis.com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO – CAMPINAS Recap Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO – SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Sindpese Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Sindiposto - TO Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com www.abragas.com.br
Combustíveis & Conveniência • 9
44Edson Orikassa4Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva
Fotos: Paulo Pereira
Crise para fortalecer
Por Rosemeire Guidoni A crise econômica no Brasil trouxe reflexos bastante negativos para a indústria automotiva, com redução significativa nas vendas de novos veículos, especialmente pesados. Nos primeiros seis meses do ano, a queda na produção apontou um recuo de 18,5% frente ao mesmo período de 2014. As razões são várias, desde a falta de dinheiro e restrição de crédito no mercado, até a insegurança 10 • Combustíveis & Conveniência
do consumidor em relação aos ajustes econômicos que estão sendo realizados pelo governo. Este cenário trouxe outros desdobramentos, como, por exemplo, as demissões e férias coletivas de funcionários nas montadoras, queda nas vendas do mercado de autopeças e até reflexos no consumo de combustíveis. No entanto, na visão da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), o momento é de muito trabalho. “O grande desafio
da indústria, neste momento, é criar produtos mais atraentes, com preços competitivos para sobreviver neste período de crise”, destacou o presidente da entidade, Edson Orikassa, executivo que há 29 anos atua na Toyota do Brasil e, atualmente, ocupa o cargo de gerente da Divisão de Engenharia de Produto. Em sua opinião, a forma de lidar com a crise é o que separa as empresas vencedoras das que têm menor sucesso. “Ou você fecha as portas no período de crise, ou se prepara para que sua empresa esteja pronta para oferecer o melhor ao mercado, quando a crise terminar. As empresas que crescem sabem aproveitar estas oportunidades, investindo e modernizando os produtos”, afirmou. E para isso, a engenharia automotiva é uma peça chave para as montadoras, que precisam desenvolver modelos mais eficientes, menos poluentes e com melhor aproveitamento energético. Confira a seguir os principais trechos da entrevista exclusiva concedida por Orikassa, na sede da entidade, em São Paulo. Combustíveis & Conveniência : Apesar das vendas de veículos em baixa, a indústria automotiva tem trabalhado no desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar a eficiência energética e reduzir a poluição. Quais as perspectivas para o setor na visão da AEA? Mais eficiência será a base dos atrativos dos veículos no futuro?
Edson Orikassa: Estamos otimistas em relação ao futuro, apesar da crise que o país enfrenta hoje. Normalmente, quando as vendas da indústria não estão muito bem, a engenharia tem muito trabalho a fazer. Este é o nosso perfil: em período de crise de vendas, a engenharia precisa trabalhar para retomar o crescimento. Novidades técnicas, melhorias nos modelos e redução de custo alavancam vendas. Por isso, esta é uma época em que a engenharia trabalha bastante. Acreditamos que a crise é passageira e estamos trabalhando para sairmos fortalecidos deste período. A questão da eficiência energética vai ao encontro do Inovar-Auto, um dos programas do governo de maior representatividade hoje, que levou as montadoras a trabalharem em eficiência, melhorando o consumo. Para o consumidor, com certeza, isso também é um atrativo, afinal, ele é o maior beneficiado. Não se pode negar que a tecnologia que será colocada no veículo vai levar a um acréscimo de preço. Porém, reduzir o consumo, realmente, é o foco, hoje, do Inovar-Auto, e todas as montadores estão trabalhando nisso. Então, de agora em diante, as novidades serão neste sentido. Os veículos terão, por exemplo, indicador de mudança de marcha, indicador de pressão de pneu, que são itens que afetam o consumo. C&C: Como as inovações da indústria automotiva se refletem no mercado de combustíveis e de lubrificantes? EO: Além da redução de consumo, como citado, os novos veículos passam a demandar tam-
Ou você fecha as portas no período de crise, ou se prepara para que sua empresa esteja pronta para oferecer o melhor ao mercado, quando a crise terminar bém combustíveis e lubrificantes com melhor qualidade. Isso é reflexo, inclusive, de programas que visam a melhoria de qualidade do ar, como o Proconve e Promot. A evolução tecnológica para reduzir as emissões sempre foi atrelada à tecnologia veicular com qualidade de combustíveis. Na Europa, por exemplo, já se discute um combustível com baixíssimo teor de enxofre, abaixo de 10 ppm, que é considerado livre de enxofre. As emissões dos precursores de ozônio têm de ser controladas. Então, todos aqueles componentes de hidrocarbonetos, que são aldeídos, gasolina, etanol, o próprio óxido de nitrogênio que estão destruindo a atmosfera, são precursores de ozônio. Isso significa que seria necessário ter a qualidade do combustível adequada para que a queima seja perfeita. O que é o poluente? É o combustível mal queimado. São substâncias que saem pelo escapamento sem ter feito a queima completa. Isso precisa ser controlado e, para tanto, será preciso reduzir os óxidos de nitrogênio, a emissão de hidrocarbonetos etc. E existem vários caminhos, como melhorar a eficiência dos veículos, reduzir o consumo, estimular mais os biocombustíveis ou mesmo os elétricos. C&C: Na avaliação da AEA, qual é a perspectiva de entrada de veículos elétricos no mercado brasileiro? Hoje, quais são as principais barreiras?
EO: O próprio mercado vai dizer. O governo até poderia definir, como aconteceu em outros mercados – caso da Califórnia, nos Estados Unidos, que estabeleceu uma política rigorosa de emissões. Lá, foi feita uma espécie de graduação, que estabelece a necessidade de ter uma escala (em termos de emissões), que inclui veículos zero emission, que é o elétrico, veículo super ultra low emission, que são os de baixíssimas emissões, principalmente os híbridos. A escala estabelece veículos low emission, ultra low emission, super ultra low emission e zero emission. A ideia é de que precisaria ter alguns zero emissions (elétricos) para compensar as emissões dos demais. No Brasil, seria o caso de o governo analisar para estabelecer uma política. Aqui, já houve uma sinalização do governo para os veículos híbridos, já que os 100% elétricos, que necessitam da tomada para carregar a bateria, afetaria muito a política atual de geração de eletricidade. Hoje, estamos queimando diesel para gerar eletricidade nas térmicas. Não é o momento de se incentivar veículos elétricos. Colocar na rede veículos elétricos para consumir esta eletricidade gerada por diesel não faz sentido. A gente até entendeu que o governo está incentivando o híbrido, mas não o elétrico, para proteger o setor pelo alto custo da geração de energia elétrica. Não faz sentido, neste cenário, incentivar esta tecnologia. Combustíveis & Conveniência • 11
44Edson Orikassa4Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva C&C: Que outros combustíveis podem ser incentivados? O que está sendo estudado e desenvolvido? EO: A evolução tecnológica para reduzir as emissões sempre inclui tecnologia veicular e qualidade de combustíveis. Acredito que os combustíveis renováveis tenham um papel importante, mas é preciso lembrar que isso não quer dizer que seu uso tornará os veículos menos poluentes. Por exemplo, o veículo com mais biodiesel não vai poluir menos. Não é isso, a queima gera estas frações de poluentes. Mas a tendência é de investir em tecnologias que possibilitem a redução de emissões, seja com o uso de biocombustíveis, seja com a introdução de tecnologias como a dos veículos híbridos. C&C: A autorização para elevar o percentual de etanol anidro adicionado a gasolina gerou polêmica junto aos fabricantes. Existe, de fato, algum prejuízo aos veículos com a elevação do teor de anidro? EO: O que nos preocupa são os veículos que foram produzidos para utilizar somente gasolina, não os modelos flex. A recomendação para estes veículos é que utilizem gasolina Premium, que não teve elevação do teor de anidro. Quando se faz um software para injeção de combustível é estabelecida certa gama/faixa de variação de combustível. No caso dos veículos antigos, o limite para etanol anidro é 22%. Isso foi definido por não ter a tecnologia na época, nem memória na unidade eletrônica do veículo (o espaço de memória era pequeno, não tinha muita tecnologia na parte de hardwa12 • Combustíveis & Conveniência
re). A faixa de funcionamento é um pouco estreita, já que o limite era de 22%. Assim, o problema com percentuais acima de etanol pode variar para cada veículo. Acreditamos que se o veículo foi calibrado para 22% de etanol, que, na época, era o limite, e agora vai para 27%, ele ficaria fora da faixa normal de trabalho. Então, para estes veículos, a previsão é que alguma coisa não vai funcionar bem se estiver utilizando o combustível com 27% de anidro. Não podemos dizer que uma marca A vai ter problema e a marca B não vai ter problema, não dá para saber, vai depender do projeto que fizeram para aquele veículo. C&C: A aditivação obrigatória da gasolina no Brasil foi postergada para 1º de julho de 2017. Qual a opinião da AEA sobre essa aditivação? Isso trará algum benefício ao consumidor? EO: O aditivo tem finalidade detergente. Isso está ligado um pouco à parte de lubricidade. Este aditivo, que é o detergente, serve para limpar o sistema, principalmente os bicos, onde o combustível entra em contato com as partes metálicas. Então, quando você queima o combustível, principalmente se ele não for de boa qualidade, tiver contaminantes, cinzas, este tipo de coisa, ele começa a formar pontos de carbono, carvão, na verdade, e cria depósitos. O combustível com aditivo tem a grande função de limpar, por isso que é detergente, ele limpa este acúmulo, sendo de grande valia. Mas será de difícil percepção pelo consumidor, pois é uma coisa cumulativa. As impurezas
vão se acumulando e o problema demora a aparecer. Mas, com certeza, para o motor seria muito bom que houvesse esta limpeza, permitindo a desobstrução das válvulas de entrada e saída de ar. C&C: O GNV pode ser considerado um combustível mais eficiente em relação ao etanol e gasolina? EO: O gás natural veicular também é de origem fóssil porque está junto com o petróleo. Este gás, em um poço de petróleo, fica na parte de cima. Os lixões também conseguem gerar gás metano, que pode ser usado com finalidade veicular. Mas a maior parte vem dos poços de petróleo, ou seja, é combustível fóssil. E toda queima, na verdade, gera poluentes. Até os biocombustíveis geram emissões em sua queima. A diferença é que, nos biocombustíveis (caso, por exemplo, do etanol), a planta (cana-de-açúcar) absorve o CO2, que é o gás de efeito estufa, através da fotossíntese. Mas os demais poluentes, como hidrocarbonetos, óxido de nitrogênio, o monóxido de carbono também são emitidos.
4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Toyota by Toyota: Reflections from the Inside Leaders on the Techniques That Revolutionized the Industry Autor: Samuel Obara Editora: Productivity Press
O biodiesel é um produto vivo e quanto maior a quantidade adicionada, maior o risco de deterioração. Mesmo com o B7, as montadoras têm pedido para o governo a possibilidade de colocar diesel sem biodiesel, pelo menos no primeiro enchimento
C&C: Como a AEA vê a perspectiva de elevação do teor de biodiesel no diesel? Até que percentual a elevação seria segura, do ponto de vista dos motores? EO: A tecnologia atual do veículo está testada e comprovada para até 7% de biodiesel adicionado ao diesel, conforme a legislação atual. A própria Europa está migrando de 7% para 10% agora. Existem experiências com uso de B100, ou teores superiores a 7%, mas são testes, experiências controladas, nichos. Existe uma especificação chamada Worldwide Fuel Charter, um manual europeu sobre especificação de combustível, que estabelece como limite o B7. Na prática, podemos pensar em utilizar percentuais maiores de biodiesel. Porém, o problema em si não é o biodiesel; se ele estiver bom, não tiver formado borras, não estiver deteriorado, não há problema em utilizar. O que preocupa a indústria automobilística é que, se o produto ficar algum tempo estocado, pode se deteriorar com certa velocidade. O biodiesel é um produto vivo e quanto maior a quantidade adicionada, maior o risco de deterioração. Mes-
mo com o B7, as montadoras têm pedido para o governo a possibilidade de colocar diesel sem biodiesel, pelo menos no primeiro enchimento. Isso porque o veículo fica muito tempo parado, vai para exportação, ou o caminhão vai ser vendido em um lugar distante, tem o processo de translado, estocagem, pode demorar um período longo e, realmente, o diesel com biodiesel sofre um processo que a gente chama de oxidação, deteriora, e aí acaba formando certos compostos que chamamos de borra, que acabam entupindo o sistema de injeção. Na verdade, o ideal seria que o óleo vegetal, ao invés de passar pelo processo de esterificação e se transformar em biodiesel, fosse adicionado no processo de destilação do petróleo. Isso geraria um diesel de melhor qualidade. O grande problema de esterificar o óleo vegetal é que esse produto vivo tem bactérias. O combustível seria muito mais estável se fosse colocar neste processo de destilação do petróleo, pois evitaria problemas de formação de resíduos e borras. Este é o processo do Hbio, que a Petrobras patenteou. Só que por questões políticas, de agricultura familiar, o país optou por outro processo. C&C: Então, o setor defende os 7% porque não há como controlar a qualidade do combustível ou seu tempo de armazenamento?
EO: Sim, o problema não é voltado ao teor do biodiesel, mas, sim, à qualidade dele. Todo o sistema do veículo pode ser atacado caso o biodiesel se deteriore. Este é o problema, o biodiesel, em situações normais, queima bem, mas se ficar estocado muito tempo, em condições agressivas, muito sol ou calor, acaba oxidando. Este é o ponto. Poderíamos usar B100, se pudéssemos garantir que o produto sempre estivesse em perfeitas condições. Há uma proposta de elevação do teor de biodiesel para veículos de frotas urbanas. Neste caso, não vai ter a possibilidade de o combustível ficar muito tempo parado, pois os ônibus estão sempre rodando, é viável. C&C: Os produtores têm defendido a autorização de um teor flexível de biodiesel, entre B7 e B10, que poderia ser definido por fatores econômicos, por exemplo. Isso (percentuais variáveis) poderia trazer algum prejuízo aos veículos? EO: Em princípio não, desde que a condição de qualidade seja respeitada, que o produto seja mantido em boa condição de uso. Estando em boas condições de uso, não tem problema nenhum. Agora, começou a oxidar, vai atacar os componentes do veículo, principalmente componentes da bomba injetora, de altíssima pressão. Se oxidar, as consequências são drásticas, Combustíveis & Conveniência • 13
44Edson Orikassa4Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva O maior problema de não utilizar o Arla 32 é ambiental, porém o veículo também pode perder potência se for usado o emulador para enganar o OBD, o sistema de autodiagnóstico pois são peças caríssimas. Isso que preocupa as montadoras. A garantia de qualidade do produto é a condição que nós, fabricantes de veículos, precisamos. Quando um veículo tem um problema, mesmo que seja ocasionado pelo combustível, o cliente bate na porta da fábrica do veículo. Isso nos preocupa. C&C: As montadoras ainda relatam problemas nos veículos decorrentes do uso de diesel com biodiesel? EO: No início, surgiram muitos problemas, mas agora podemos dizer que está bem melhor do que antes, mais controlado. Uma das razões é que, antes, tínhamos biodiesel fabricado a partir de diversas matérias-primas e algumas apresentaram mais problemas e demandaram cuidados diferentes. Hoje, a soja, que é a principal matéria-prima utilizada, produz um excelente biodiesel, apesar de ser um pouco ácido. No entanto, como a distribuição é feita via Petrobras, os vários produtos acabam se misturando. Acredito que exista certa diferença em lotes produzidos, dependendo da origem da matéria-prima usada. De qualquer forma, não detectamos este tipo de aumento de problema após a introdução do S10. C&C: Mas é possível detectar se um eventual problema no veículo foi causado pelo biodiesel? EO: É difícil dizer se a causa foi o uso de uma ou outra matéria14 • Combustíveis & Conveniência
-prima, mas dá para saber que o problema foi decorrente do biodiesel, pois a bomba injetora fica cheia de borra, ou o EGR acumula o contaminante. C&C: Qual o real prejuízo aos veículos pelo uso inadequado, ou não uso de Arla 32? EO: O maior problema de não utilizar o Arla 32 é ambiental. O Arla é um produto injetado depois do motor, então, praticamente não há prejuízo mecânico. Sua função é reduzir o índice de óxido de nitrogênio. Ele não entra no processo de queima do motor. O problema é que os gases saem do motor sem tratamento. O veículo também pode perder potência se for usado o emulador para enganar o OBD, o sistema de autodiagnóstico. Existe regra, legislação para o OBD, que diz que, caso não se injete a ureia ou Arla, o sistema precisa reduzir a potência do motor. A potência é reduzida pela metade. Agora, o chip usado para burlar traz danos. C&C: E o uso de diesel S500 por veículos dotados de motor Euro 5, existe, de fato, um prejuízo ao motor? EO: O diesel com baixo teor de enxofre, o S10, é um combustível necessário para atender à tecnologia Euro 5. O consumo do combustível está crescendo da forma esperada, mas o de Arla 32 não está acompanhando na mesma proporção.
Não temos informações oficiais do uso de diesel S500 em veículos Euro 5. Mas, se isso ocorre, realmente, é prejudicial tecnicamente. Principalmente para aqueles veículos que têm o que chamamos de pós-tratamento, ou seja, todo o sistema de escapamento tem um filtro de particulados para reduzir a emissão de particulados ou de fumaça. Esse filtro é atacado quando utilizado diesel de alto teor de enxofre. Ele pode ficar saturado de material particulado e, com isso, ser realmente danificado. O uso esporádico de um diesel com mais enxofre até pode ocorrer, mas o ideal é que não aconteça. As informações técnicas que temos é que, mesmo um único tanque de combustível com alto teor de enxofre, já afeta ou danifica de forma irreversível alguns pontos deste filtro. Não deteriora totalmente, mas fica com parte prejudicada, ou seja, não recupera 100%. C&C: Apesar das mudanças nos motores e nos combustíveis, alguns estudos indicam que a qualidade do ar não está melhorando, mas, sim, está similar ao que seria o Euro 3. A que o senhor atribui isso? EO: Tudo o que foi feito nos últimos anos trouxe, sim, resultados. Houve uma melhoria muito grande na qualidade do ar. Poderia estar ainda melhor, se houvesse uma renovação de frota, se os motoristas se conscientizassem e utilizassem corretamente a tecnologia de seus veículos, caso do Arla 32. Pelo que sei, a preocupação atual é o ozônio. Então, acho que o governo vai buscar melhoria neste sentido. n
OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis
Participar é preciso
da ExpoPostos, recoSempre que participo da ExpoPostos & Conveniência tenho a dimensão do quanto nosso mendo a todos que se mercado é dinâmico e efervescente. Ao transitar envolvam mais com as pelos corredores e me deparar com as novidades feiras da revenda, sejam da feira, vemos a quantidade de produtos e serviços nacionais ou regionais, que estão ao nosso dispor. Depende de cada um ampliem seus horizonaprimorar ou não o seu negócio. Utilizar ou não da tes e se abram ao conhecimento, participem dos tecnologia para melhorar os resultados do posto. fóruns, das palestras e debates que envolvem as Participar de uma grande feira nos leva à reflexão questões do setor. sobre qual rumo queremos dar para o nosso empreO próximo grande evento que temos pela frente é a NACS e recomendo: quem puder ir endimento. Onde queremos chegar daqui a alguns não deve perder esta oportunidade. A revenda anos? Que tipo de inovação posso implementar para norte-americana atua de forma diferente da nossa. melhorar o controle administrativo, reduzir meus Enquanto o foco daqui é a venda de combustíveis, custos, economizar energia? Soluções não faltam lá o forte é a loja de conveniência. O espaço da e quem está em busca de novidades, dificilmente feira dedicado a equipamentos para postos é bem volta para casa de mãos vazias, no mínimo, retorna menor do que a área dedicacom muitas ideias na cabeça para, no momento oportuno, da à conveniência, porém, Nosso intuito é dar oportunidade investir no negócio. temos muito a aprender com para que você vá ver de perto o Mesmo neste ano de crise, eles. Os norte-americanos funcionamento de seu negócio quando vemos a demanda estão à frente em termos de em outro país, podemos trazer por combustíveis reduzir tecnologia de equipamentos, na bagagem uma visão mais seu ritmo de crescimento, em gestão e organização do empreendedora, evolução e reafirmo que ainda somos negócio, eles utilizam com amadurecimento ao negócio um setor pujante que está mais propriedade ferramentas passando por um momento tecnológicas para monitorar contido. Devemos aproveitar o período de crise para as preferências do consumidor. Em relação ao usá-la a nosso favor. Como? Melhorando a gestão treinamento dos funcionários e envolvimento do negócio, como cortar os custos desnecessários, com a equipe, eles estão a passos largos de avaliar os pontos vulneráveis da empresa e tomar distância de nós brasileiros. E a Fecombustíveis as devidas providências para corrigir os pontos incentiva a ida do revendedor à NACS, a maior fracos. Vamos trabalhar da melhor forma, com feira internacional da revenda. Nosso intuito é dedicação, fazer a nossa parte porque mais cedo dar oportunidade para que você vá ver de perto ou mais tarde, a economia se recupera. O Brasil o funcionamento de seu negócio em outro país, já passou por tantos revezes, quem não se lembra podemos trazer na bagagem uma visão mais do período da hiperinflação? E nós, empresários empreendedora, evolução e amadurecimento da revenda, que vivenciamos os dias amargos da ao negócio. inflação galopante, e sobrevivemos aos planos Quem ainda não se programou para este ano, Cruzado, Verão, Bresser e Collor, que ia matar a comece a pensar na possibilidade em viajar para os inflação com uma bala só e quase matou todos os Estados Unidos em algum momento. O importante empresários brasileiros. Hoje, muitos desta geração é começar a se planejar para atingir a sua meta. estão preparando seus filhos para sucederem o Dos revendedores que tive contato e visitaram a negócio e a vida continua. NACS, ninguém se arrependeu. Amplie sua visão O mundo evolui e temos que acompanhar as empreendedora, invista e colha os frutos com o mudanças de nosso mercado. Por isso, ao voltar crescimento do negócio. Combustíveis & Conveniência • 15
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44 MERCADO
GNV: em queda No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o consumo do GNV recuou 3,5% e o panorama até o final do ano não é nada promissor para o segmento Por Adriana Cardoso Após leve recuperação no primeiro trimestre do ano, em consequência da elevação do PIS/Cofins e do retorno da Cide na gasolina em fevereiro, o consumo de gás natural veicular (GNV) voltou a cair em abril e registrou perda acumulada de 3,5% no ano até maio, segundo dados da Associação Brasileira de Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). Somado a isso, o reajuste nos preços do gás nacional, proporcionado pela Petrobras nos contratos com as distribuidoras em junho e julho, vai impactar no preço do produto, dificultando ainda mais sua recuperação no mercado de combustíveis. 18 • Combustíveis & Conveniência
Os dados da Abegás apontam que a queda na atividade econômica gerou um efeito dominó no setor de gás natural, que registrou baixa de consumo de 5,3% em maio na comparação com abril. Em contrapartida, no acumulado do ano houve modesto crescimento de 2,3%, puxado pelo aumento da rede de distribuição residencial e comercial – que, ainda assim, foi menor que em períodos anteriores – e especialmente pelo uso do combustível na geração de energia elétrica, que aumentou por conta da estiagem dos últimos meses. “O crescimento registrado foi pífio. Em relação ao GNV, é prematuro falar em recuperação no ano, embora seja um produto
bom para o consumidor”, resumiu Gustavo Sobral, diretor de GNV da Fecombustíveis. As mudanças anunciadas pela Petrobras nos contratos com as distribuidoras, que mudou a fórmula de reajuste e pretende acabar gradativamente com o desconto que vinha sendo dado desde 2011 até o fim deste ano, jogou uma sombra sobre a competitividade do setor. Segundo Sobral, o efeito disso foi que o aumento acumulado do GNV para os meses de julho e agosto será de 15,55%. Ele reforça também que a Petrobras ainda não retirou os descontos do preço do gás e, por isso, novos reajustes estão por vir. O presidente da Associação Brasileira de GNV, Frank Chen,
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disse que nem todos os estados aumentaram o preço do gás, mas os que o fizeram, reajustaram abaixo da inflação. Chen destacou outro problema, que tem afetado os postos que comercializam o GNV: o aumento do custo de energia. “Os postos têm despesa real na eletricidade dos compressores que, para comprimir a pressão a 200 bar (para encher o cilindro de GNV), têm um custo de bandeira vermelha, que acaba impactando no preço final”, ponderou. Somente em São Paulo, a energia elétrica teve aumento de mais de 55%. Sobral, da Fecombustíveis, afirma que os preços das contas de energia praticamente dobraram nos postos. “O impacto (na conta) é de pelo menos R$ 0,10 por metro cúbico (do gás)”. Com a economia brasileira em crise, os prognósticos do setor para o resto do ano também não são nada animadores. Mas tem sido assim desde 2007, quando o governo federal desestimulou o uso do gás no setor automotivo, a fim de garanti-lo no suprimento das usinas térmicas usadas para geração de energia elétrica. O “refresco” nesse declínio só veio nos momentos em que a gasolina foi reajustada. Ainda assim, durou pouco. No ano passado, por exemplo, o volume comercializado do GNV teve queda de 3,2%, passando de 5,125 milhões de m³/dia em 2013 para 4,961 milhões de m³/dia em 2014. Neste ano, o consumo registrado em janeiro foi de 4,680 milhões de m³/dia, pulando para 4,892 milhões de m³/ dia em março - alta de 4,5% no período -, para depois cair
em abril para 4,804 milhões de m³/dia, segundo dados da Abegás. O número de conversões de veículos também caminha a passos lentos. Relatório do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) mostra que, em janeiro e fevereiro deste ano, houve um total de 3.088 conversões, alta de 0,17% em relação ao mesmo período do ano anterior. A estimativa para o ano todo é de incremento de 18.528 na frota. Todavia, o número é menor que as 23.849 unidades convertidas no ano passado, que já havia registrado queda de 20% em relação a 2013 (29.896 conversões). A redução do consumo do GNV afetou também os postos, que têm desistido de comercializar o produto. De 1.668 postos em 2013, o número de estabelecimentos que comercializam GNV caiu para 1.631 no ano passado. O sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, não acredita numa recuperação do mercado de GNV, ao menos nos moldes como era antigamente. “O Brasil vive uma crise violenta. Num cenário assim, ninguém vai investir de
R$ 5 mil a R$ 6 mil num kit de gás”, avaliou. Para o consultor, que tem mais de 30 anos de experiência no setor elétrico, o mercado de gás tem grandes perspectivas para geração de energia na indústria e na cogeração de energia. No entanto, enfrenta forte competição com o gás liquefeito de petróleo (GLP) e com o diesel. “Na verdade, o Brasil vive um contrassenso. No mundo inteiro, a produção de gás está crescendo e há uma política de incentivo, com preços mais baratos, até em função do aumento da produção de gás de xisto (nos Estados Unidos).” Sobre a decisão da Petrobras de mudar os contratos de distribuição de gás para fazer caixa, o consultor diz que a estatal, envolta em denúncias de corrupção na Operação Lava Jato e enfrentando queda na demanda por combustíveis no mercado interno, busca saídas para a sua própria crise. “A Petrobras enfrenta um problema de caixa muito sério. A empresa está precisando fazer dinheiro e, por isso, está tentando colocar o preço o mais alto possível. Não dá para fazer isso com a gasolina, que é muito sensível politicamente, impactando fortemente na inflação. Enfim, até o fim do ano a empresa pretende zerar o desconto (do gás nos contratos) e isso acaba influenciando para que o consumo de gás não aumente”, analisou o consultor. O cenário atual vivido pelo mercado de gás, compara o consultor, é parecido com o que aconteceu no passado. Em meados dos anos 2000, o governo brasileiro incentivou o uso de gás natural no setor automotivo, com estímulos como desconto no IPVA e no kit de conversão. Mas, anos depois, com o risco iminente de racionamento Combustíveis & Conveniência • 19
44 MERCADO energético, o uso do produto nos carros foi desestimulado para que fosse utilizado no suprimento na cogeração de energia, o mesmo cenário que vivemos hoje. Do total da frota de veículos movidos a GNV no país, 48% estão no Rio de Janeiro por conta de incentivos do governo local, que oferece desconto de 75% no Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para os veículos convertidos. O Paraná também promove incentivo com desconto do IPVA pelo uso do GNV, que corresponde a 1% do valor venal do veículo. Por isso, Frank Chen reforça que é preciso incentivar o uso do GNV. “São Paulo teve um retrocesso, no momento em que estado voltou atrás no desconto do IPVA. Entendo que, com a medida, o estado abre mão de arrecadar, mas, por outro, terá retribuição dessas perdas com o aumento no consumo do gás, que também é tributado.” Outro tipo de incentivo que poderia ser dado é o uso do produto no transporte coletivo ou de carga, como vem acontecendo em outros países, como nos Estados Unidos e Suécia, com a tecnologia fuel duel, na qual o GNV é usado associado a outro combustível, como o diesel. No Brasil, a sueca Scania iniciou os testes em alguns estados do Sul do país, no ano passado, do primeiro ônibus movido a biometano (produzido a partir de dejetos de aves) e GNV. Para Chen, o GNV pode não ser a solução total, “mas é alternativa viável, equacionável” no uso com outras tecnologias.
Falta de incentivo Para Ricardo Vallejos, gerente de marketing industrial da Comgás, o grande problema do 20 • Combustíveis & Conveniência
GNV perpassa pela credibilidade. “Faltam incentivos públicos e mesmo conhecimento sobre os benefícios do gás natural veicular, e isso vem acontecendo desde 2007, quando o governo disse que o gás não era prioridade para uso veicular. De lá para cá, as conversões caíram. O consumidor não tem, muitas vezes, o conhecimento de que o GNV rende quase o dobro do etanol e quase 30% a mais que a gasolina”, afirmou. Vallejos reconhece, no entanto, que a economia só vale a pena para quem roda mais, em média, 2,5 mil quilômetros por mês, como os taxistas, pois, embora a eficiência energética do gás seja inferior, sua taxa de compressão é maior. A economia, segundo ele, compensa a taxa de retorno do investimento pela compra do kit gás, que custa, em média, R$ 3,9 mil. Os próprios kits, que, no passado, desestimulavam a
conversão, mudaram muito. Segundo Vallejos, os chamados kits de terceira geração ocupavam espaços do porta-malas do veículo e, em alguns casos, podiam afetar o funcionamento de outras peças. Os de quinta geração são mais modernos, proporcionam um funcionamento mais eficiente, além de liberarem menos resíduos de combustão. “Aqui em São Paulo há muitas concessionárias que já entregam o carro como se o kit fosse um acessório”, diz Vallejo, lembrando que as oficinas que fazem conversão devem estar credenciadas no Inmetro. Para incentivar o uso do GNV, a Comgás disponibiliza um aplicativo para ajudar o consumidor a encontrar o posto mais próximo para abastecer com GNV. São 300 (eram 400 em 2008) na área atendida pela Comgás, que abrange as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, além do Vale do Paraíba e Baixada Santista.
São Paulo Tramita desde março deste ano, na Assembleia Legislativa de São Paulo, projeto de lei que prevê desconto no IPVA e no ICMS de veículos movidos a GNV, combinado com outro combustível, no estado de São Paulo. O texto já teve parecer favorável na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, e tramita agora pela de Transportes e Comunicações. De autoria do deputado Carlos Giannazi (PSOL), o projeto 187/2015 prevê desconto de 75% no IPVA – como
acontece no Rio de Janeiro – ao consumidor que fizer a conversão do veículo, desde que seja feita em empresas homologadas pelo Inmetro. Na justificativa do projeto, o deputado alega que “para o meio ambiente, o GNV reduz em 15% a emissão de dióxido de carbono quando comparado ao etanol e em 20%, quando comparado à gasolina”. Não há previsão para a votação do projeto. A reportagem da C&C tentou falar com Giannazi, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. n
MERCADO 33 Divulgação
Em busca de horizonte
Elizabeh Farina, presidente da Unica, destacou que as usinas não conseguem fazer novos investimentos por falta de previsibilidade
Ethanol Summit 2015, um dos principais eventos do setor sucroenergético, mostrou que o segmento ainda tem muitos desafios pela frente. As usinas continuam endividadas e falta apoio do governo para dar previsibilidade aos investimentos Por Adriana Cardoso Os desafios em torno do setor sucroenergético continuam. Apesar de o segmento produtivo ter obtido algumas conquistas junto ao governo, o segmento carece de políticas públicas para dar previsibilidade de investimentos, sustentação ao crescimento perene do etanol e ampliar sua participação na matriz energética. “Este ano tivemos fatores importantes, como a volta parcial da Cide
e o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina (de 25% para 27%). Foram medidas muito importantes, mas insuficientes para retomar o ciclo de investimentos. Sem uma política estável e previsível para o combustível, pois tudo o que se faz na gasolina reflete no etanol, fica difícil”, apontou Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). O futuro do etanol, que hoje representa 16% da matriz ener-
gética brasileira, e os percalços que o setor tem enfrentado no país foram discutidos durante o Ethanol Summit, evento bianual realizado pela Unica, contou com a participação dos principais agentes da cadeia do mercado nacional e internacional. Segundo a ANP, deve haver um déficit de produção da gasolina no ciclo Otto de 200 mil a 600 mil barris, em 2025, como consequência do crescimento da demanda interna. Para a diretora-geral da ANP, Magda Combustíveis & Conveniência • 21
44 MERCADO mento sustentável conflita com o alto endividamento das usinas - da ordem de R$ 70 bilhões. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, que representou a ministra Kátia Abreu, disse que “não há solução de curto prazo para a dívida das usinas. Ainda estamos discutindo este tema e a necessidade de alongar [o prazo de pagamento]”. As usinas que seguem resistindo não conseguem fazer novos investimentos, especialmente porque não têm previsibilidade de retorno com as políticas públicas. “Se quisermos que essa participação (do etanol) seja maior, é preciso voltar a investir na capacidade de processamento, encerrar a etapa de fechamento de usinas (foram mais de 70 desde o início da crise, em 2008), para que possamos retomar um ciclo virtuoso de investimento, tornando o etanol, de novo, rentável para o investidor privado”, avaliou Elisabeth Farina, da Unica. Retomar a rentabilidade das usinas seria o primeiro passo,
na avaliação da presidente da Unica, que reconhece os percalços desse caminho, uma vez que as empresas são heterogêneas, com situações distintas em termos de produtividade, custos, capacidade de produção, inovação e investimentos. “Essa heterogeneidade faz com que você não tenha uma solução única para todas”. Julio Cesar Maciel Raimundo, diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destacou as iniciativas do governo para auxiliar o segmento ao longo dos anos. “Contribuímos com R$ 53 bilhões para o setor sucroenergético, montante que contribuiu para a expansão vigorosa entre 2005-2006. Ainda renegociamos R$ 15 bilhões em dívidas durante a crise de 2008 e concedemos mais R$ 7 bilhões em duas linhas de financiamento”, disse. O auxílio do banco foi primordial, segundo ele, para elevar a produção de etanol de 2,5 litros/ ha para 7 litros/ha. “O aumento da produtividade deve vir pela inovação. Precisamos avançar Divulgação
Chambriard, essa lacuna no abastecimento significa um nicho de oportunidade para o etanol hidratado. “Mas temos que saber o que essa indústria pode nos ofertar nesse cenário. Essa indústria vai dar conta de suprir essa demanda? Aonde o etanol pode, de fato, chegar se todos os esforços se alinharem nessa direção?”, conjecturou. O etanol, segundo Magda, além de ser um substituto natural da gasolina, contribui para diminuir a necessidade de importação de gasolina. Nos últimos 15 anos, a contribuição do etanol na redução do déficit da balança foi da ordem de US$ 5 bilhões anuais. “Neste momento em que o Brasil importa derivados de petróleo, essa importância cresce porque trata-se de um produto absolutamente brasileiro, que é a cara do Brasil”, ressaltou. Em seu discurso, a diretora-geral da ANP também questionou qual seria o caminho para o etanol aumentar sua participação na matriz energética e apontou entre as saídas o investimento tecnológico. “Tanto o petróleo como os biocombustíveis não sobrevivem sem a inserção tecnológica. É preciso que se aprimore, dando mais efetividade à colheita; na educação das terras, com a planta certa para o tipo de terra; maior aproveitamento de biomassa para cogeração de energia; além de uma série de ações e aperfeiçoamento de motores para que o etanol ganhe a perenidade que merece no Brasil.”
Cadastramento A necessidade de investimento do setor produtivo para retomada de um ciclo de cresci22 • Combustíveis & Conveniência
Os governadores Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO) enfatizaram a importância da cultura canavieira em seus estados
muito, mas conseguimos colocar o Brasil na vanguarda da inovação”.
Gasolina e etanol Presente na cerimônia de abertura do evento, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, chamou o setor sucroenergético para unir esforços com os combustíveis fósseis. “Muitas vezes o setor de petróleo é colocado como um concorrente do etanol e isso é um dogma muito mal estabelecido, até porque as energias são complementares. O papel do etanol é de fundamental importância para o setor petrolífero, pois dentro da cadeia de energia temos que atender à demanda de abastecimento e nossa capacidade de refino, hoje, não atende a essa expectativa”, observou. Bendine assumiu o compromisso de seguir uma política de preços mais alinhada com o mercado. “Sei que, nesse momento, o setor do etanol se enquadra numa dependência com a política de preços da Petrobras e quero reafirmar o compromisso de manter nossa política de preços de acordo com os ditames do mercado. É lógico que, neste momento de baixa demanda, é possível que haja uma correção tão logo seja necessário, para que a gente mantenha a rentabilidade da companhia e traga, como consequência, preços mais adequados”, assegurou. Apesar de todos os percalços enfrentados pela Petrobras, Bendine lembrou que a companhia tem uma previsão de investimentos da ordem de US$ 130 bilhões nos próximos cinco anos, montante que traz um alento para o momento que
atravessa a economia brasileira. “Não queremos a Petrobras numa dependência de importação de refino, notadamente gasolina. Acho que a Petrobras é o principal agente nesse processo e, para nós, o etanol tem papel fundamental para dependermos cada vez menos de refino.”
Estados produtores No último painel do evento, os governadores Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO) enfatizaram a importância da cultura canavieira para seus estados, mas não quiseram firmar um compromisso conjunto no sentido de se comprometerem com mais redução de tributos, até porque a crise econômica também chegou aos cofres públicos. “Somos o quarto maior consumidor de etanol do país. Nós três já participamos de reuniões para tratar do estímulo à produção de etanol, mas não conseguimos chegar ao patamar do Geraldo (Alckmin). Terei obsessão para a redução das nossas alíquotas (de ICMS), mas tudo depende das nossas receitas”, explicou Perillo, dizendo que o estado prevê queda de 15% na receita de tributos no primeiro semestre do ano, o que reduzirá em R$ 3 bilhões a previsão orçamentária. Governador do estado com o menor ICMS ao produto (12%) do país, Alckmin elencou a importância do setor ao estado paulista e ao país e não poupou críticas ao governo federal. “Só no estado de São Paulo, o setor gera 500 mil empregos diretos, fora os indiretos. Precisamos fortalecer o setor. Para isso, é necessário previsibilidade,
planejamento para poder ter confiança e investimento, saber qual vai ser a participação do etanol na matriz de combustíveis. É preciso ter previsibilidade. Não dá para uma hora criar a Cide, acabar com a Cide, aumenta a gasolina, congela a gasolina. Não pode ficar assim. Ninguém vai investir com insegurança, como tem ocorrido nos últimos anos”, criticou, numa referência ao fato de o governo ter usado o preço da gasolina para controlar a inflação nos últimos anos. Para ser competitivo, o preço do etanol tem que ser equivalente a 70% do valor da gasolina e, como São Paulo e Minas Gerais possuem as alíquotas de ICMS mais baixas (Minas baixou para 14% este ano), o produto está mais competitivo nesses estados. O diretor do departamento de combustíveis renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles, rebateu as críticas expostas em relação à Cide. “Não é fácil mexer na Cide. Hoje, as coisas têm que ser mais justas, organizadas, definidas e não porque eu quero”, ponderou. Sobre um possível novo aumento da mistura do etanol anidro na gasolina (o segmento reivindicava 27,5%, mas, por questões técnicas, não foi possível), Dornelles acredita também não haver mais espaço para novo incremento. “Acho que estamos no topo. Essa não seria a solução para o setor”. Para o diretor do MME, a solução seria via rentabilidade do etanol hidratado, mas ainda não se sabe como. “Precisamos construir essa equação. Se fosse simples e fácil já teríamos feito, uma vez que isso é importante para o Brasil”. n Combustíveis & Conveniência • 23
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Postos podem fechar A revenda que não estiver com a situação regularizada em relação aos licenciamentos corre o risco de ter o registro do posto revogado. O prazo para ter em mãos a Licença de Operação ambiental e o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros vence em 19 de outubro e, após esta data, a ANP vai começar a fiscalizar Por Gisele de Oliveira Já está chegando ao fim o prazo (até 19 de outubro) para os postos revendedores em operação no país regularizarem suas licenças. Quem não estiver em dia – ou, pelo menos, em processo de regularização – com a Licença de Operação ambiental e o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros 24 • Combustíveis & Conveniência
poderá ter o registro do posto revogado, caso algum fiscal da ANP visite o estabelecimento e solicite tais documentos. Este prazo foi estabelecido pela Resolução ANP 57/2014 que concedeu um ano para os postos revendedores atenderem ao que determina a Agência no quesito licenciamentos. Segundo parágrafo 3º, do Artigo 8º: “Caso o revendedor não disponha da
Licença de Operação ou documento equivalente expedido pelo órgão ambiental competente e/ ou do Certificado de Vistoria ou documento equivalente expedido pelo Corpo de Bombeiros competente, será notificado para, no prazo de até 30 (trinta) dias, protocolizar os documentos pendentes na ANP, sob pena de aplicação de penalidade nos termos da Lei nº 9.847, de 26 de
outubro de 1999, e instauração de processo de revogação nos termos do art. 30 da presente Resolução”. Apesar de todos os esforços da Fecombustíveis e dos Sindicatos Filiados na busca de alternativas junto aos órgãos públicos responsáveis pela emissão destas licenças, o cenário ainda é considerado delicado, já que a maioria dos postos revendedores continua em situação irregular. Levantamento feito pela Fecombustíveis, recentemente, revela que, em nove estados e no Distrito Federal, mais de 50% dos estabelecimentos em operação carecem de algum tipo de documento. Na maioria das vezes, falta a Licença de Operação ambiental ou o Certificado de Vistoria do Corpo de Bombeiros. O principal argumento dos revendedores para a demora na obtenção de documentos é a morosidade dos órgãos públicos, em especial os da área ambiental, para emitir as respectivas Licenças de Operação. Já os agentes públicos jogam a culpa para os empresários, que, segundo eles, não cumprem os requisitos estabelecidos para obter a autorização. Vale lembrar que, além da ANP, outros órgãos públicos (como de meio ambiente, fiscais da prefeitura, Corpo de Bombeiros, Ministério do Trabalho e Emprego) também fiscalizam, frequentemente, os postos de combustíveis e, em ano de aperto nas contas públicas, essas fiscalizações devem ser intensificadas com o objetivo de aumentar a arrecadação para o governo. Por isso, é importante que o revendedor faça a sua parte, não deixando para última hora a regularização de seu estabelecimento, e, caso
já tenha iniciado o processo, pressionar o órgão público em questão para ter o documento. “Ainda há muitos revendedores que não estão dando a devida atenção para este tema e, quando a ANP começar a fiscalizar, muitos postos irão fechar, pois a Agência terá que cumprir o seu papel de órgão regulador”, alertou Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, em seu artigo publicado na edição passada da revista C&C. Para o empresário, a mobilização precisa partir de todos os lados (sindicatos, revendedores e órgãos públicos) para, assim, evitar maiores prejuízos ao mercado e à sociedade. “Somente com a união da categoria e o apoio da ANP conseguiremos ganhar tempo e evitar o desabastecimento no país.” Em quase todo o Brasil, as dificuldades em torno dos processos de emissão de autorizações são muitas, já que cada município possui sua própria legislação. Além disso, a falta de estrutura física (em algumas localidades, o protocolo deve ser feito pessoalmente no órgão responsável, pois não há um sistema informatizado) e de pessoal (a grande maioria trabalha com equipe reduzida para analisar e emitir documentos para diversos setores da economia) atrapalha – e muito – o processo, com casos que podem levar anos até ser concluído. Em Pernambuco, por exemplo, há situações em que a licença ambiental é expedida um ano após a entrada do pedido, ou seja, o revendedor recebe o documento vencido, já que a validade das licenças de operação no estado tem prazo de um ano. Mesmo com as dificuldades e o prazo apertado, os sindicatos
correm contra o tempo para evitar grandes prejuízos ao mercado. As negociações, principalmente com os órgãos ambientais (considerados os campeões da morosidade), continuam acontecendo e contam sempre com a participação da ANP, que está ciente do imbróglio criado, mas poucos conseguiram avançar, de fato, para que a questão fosse resolvida. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Sindcomb e o Sindestado conseguiram, após diversas reuniões com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), um desfecho favorável aos postos. O órgão ambiental se dispôs a criar uma força-tarefa, com duração de dois anos prorrogáveis, para dar agilidade ao processo de licenciamento aos postos de combustíveis em operação no estado. De acordo com Ricardo Vianna, presidente do Sindestado, dos 109 postos localizados em Niterói e São Gonçalo, 49 estabelecimentos não possuem licença ambiental de operação e outros 20 estão com o processo em andamento. Apenas 40 possuem sua licença regularizada. Já no município do Rio de Janeiro, segundo o Sindcomb, há processos em andamento que datam de 2007, ano em que o licenciamento ambiental foi transferido para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Estamos fazendo o máximo que podemos, mas fica difícil ajudar quem não tem nada. Por isso, nossa orientação é para que o revendedor entre, pelo menos, com o pedido de licenciamento para que ele possa ser beneficiado dessa força-tarefa”, pediu. Em relação aos postos que estão com sua situação regularizada, não há necessidade de informar Combustíveis & Conveniência • 25
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a ANP, somente apresentar os documentos no momento da fiscalização. Em Minas Gerais, o Minaspetro também conseguiu arrancar um compromisso junto com a secretaria de meio ambiente de Contagem, município onde a situação é mais crítica – dos 92 postos de combustíveis instalados na cidade, 69 não possuem licença de operação. Lá a secretaria também se comprometeu a realizar uma força-tarefa para agilizar o processo e evitar um possível desabastecimento. Além disso, o sindicato vai promover cursos sobre a revenda varejista de combustíveis para os técnicos do órgão ambiental. Embora o caso mais delicado seja em Contagem, segundo Carlos Eduardo Guimarães Júnior, presidente do Minaspetro, isso não significa que a situação esteja totalmente controlada em outros municípios do estado. Quando não é a licença ambiental, o problema é o certificado do Corpo de Bombeiros ou o alvará de funcionamento expedido pela prefeitura. “Estamos bastante preocupados com a situação dos postos. Há um ano a gente vem cobrando os órgãos públicos e nada foi feito. Agora, estamos há praticamente um mês do prazo expirar e não sabemos ao certo o que vai acontecer”, lamentou Guimarães. A mesma dificuldade encontra o Sindicombustíveis-PE para os postos revendedores localizados em Recife. A capital pernambucana é a mais problemática, com 70% dos postos em situação irregular – tanto no que se refere à licença ambiental quanto ao alvará de funcionamento. O sindicato está em vias de fechar um convênio com a prefeitura
A burocracia e a morosidade são as principais reclamações de revendedores pela demora na obtenção de licenças ambientais, certificados dos Corpos de Bombeiros e alvarás de funcionamento
de Recife para atender tanto os casos em andamento de licenciamento ambiental quanto de emissão de alvará. Enquanto os acordos com os órgãos públicos locais não saem, os sindicatos intensificam as reuniões com seus revendedores associados para alertá-los sobre a Resolução nº 57/2014 e seus efeitos para a revenda como um todo. Além dos esclarecimentos sobre a Resolução, os sindicatos também reforçam o discurso para não deixar para a última hora. “De nada vai adiantar nosso esforço se o revendedor não fizer a parte dele, que é não deixar a validade das licenças vencer, ficar atento ao prazo que antecede o fim da licença para fazer o pedido de renovação, cumprir as exigências estabelecidas pelos órgãos públicos etc”, ressaltou James Thorp Neto, presidente do Sindicombustíveis-AL, ao comentar as ações que vêm sendo promovidas pelo sindicato alagoano para resolver o problema no estado.
Posição da ANP De acordo com a ANP, não será permitido, no momento da fiscalização, protocolo de entrada no processo de renovação de licenças. Porém, a Agência informou, por meio de assessoria de imprensa, que vai considerar “um termo de compromisso, um termo de ajuste de conduta ou algum documento que permita o posto funcionar”, caso o revendedor não consiga o licenciamento definitivo. “Mesmo que seja uma declaração do órgão competente de que o posto apresentou os documentos e está autorizado a funcionar, mais ainda não foi possível conceder o licenciamento definitivo”, esclareceu a ANP. O órgão regulador ressaltou ainda que a responsabilidade pela emissão dos documentos é dos órgãos competentes e que, atendendo a um pedido da revenda, já prorrogou o prazo para outubro deste ano. No entanto, reforçou a atuação dos agentes junto a esses órgãos pedindo a regularização das pendências. n
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Insatisfação cresce Cartões de frotas têm sido calcanhar de Aquiles da revenda, com taxas altas e período de reembolso que pode durar cerca de 40 dias. As reclamações estão por toda a parte e em diversos estados brasileiros
Por Mônica Serrano Quem ficaria satisfeito ao comercializar combustíveis com cartão pelo preço à vista, receber o dinheiro após 35 ou 40 dias e pagar uma taxa de administração em torno de 3,5%, arcar com o aluguel da máquina POS e entre outras despesas cobradas pelas operações? Em média, esta tem sido a realidade de diversos revendedores do país que trabalham com os cartões de frotas. “Nossas reclamações são com relação ao prazo de reem28 • Combustíveis & Conveniência
bolso e as taxas de administração que superaram os cartões de crédito convencionais. Há mais ou menos cinco anos, as empresas administradoras destes cartões ofereciam taxas mais atrativas para credenciar os postos. Porém, no decorrer do tempo, elas aumentaram o valor das taxas e o recebimento de reembolso ficou cada vez mais extenso”, disse José Camargo Hernandes, revendedor e presidente do Sindicombustíveis Resan, de Santos. Hernandes, que trabalha com vários cartões de frota em
seus postos na Baixada Santista, mostrou que a sua experiência não é a única, muitos outros revendedores passaram pela mesma situação. Um dos cartões de frotas iniciou sua operação cobrando uma taxa de 2,5%, subiu para 3% e agora está em 3,5%. Enquanto que o período de reembolso passou de 30 dias para 35 dias e chegou a 40 dias. Para Leonardo Lemos Silveira, proprietário de uma rede de postos em Belo Horizonte há 17 anos, também confirmou que as taxas eram razoáveis, logo que surgiram os cartões de frota.
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Segundo ele, a conta passou a pesar para a revenda para beneficiar os clientes/transportadoras ou entidades públicas, que envolvem grandes contratos ou licitações. “Com o passar do tempo, a concorrência aumentou e, para não perder mercado, elas passaram a oferecer condições atraentes, deixando de cobrar as taxas das empresas clientes e, para compensar, carregaram na taxa nos postos.” Dos entrevistados pela Combustíveis & Conveniência, alguns não quiseram se identificar por receio de piorar ainda mais o relacionamento com as administradoras de cartões. Foi o caso de uma revendedora de Belém (PA), que optou por falar em off. “As taxas são inviáveis e extremamente altas, em torno de 4% e 5%, e o prazo de reembolso para receber o dinheiro é outro inconveniente. Temos cartões que reembolsam em até 60 dias”, disse. Além das taxas de administração, esta revendedora reclama do elevado volume de descontos na hora de receber o reembolso. Além do aluguel da máquina POS, cobram taxa de Documento de Ordem de Crédito (DOC) para enviar o reembolso do dinheiro, taxa de anuidade, tarifa de manutenção, tarifa help desk, tarifa self service etc. São tantas tarifas que nem ela mesma soube explicar com certeza a lista de descontos. “Isso está errado. Não adianta reclamar porque somos uma voz sem eco, só faltam falar que é este o procedimento, ou você aceita ou tem milhares de outros postos na rede cadastrada.” Hernandes, de Santos, aponta para outra despesa alta, o pagamento de aluguel de
As taxas cobradas e o longo período de reembolso impactam no capital de giro e no fluxo de caixa da revenda
máquinas POS para cada cartão de frota, sem compartilhamento de equipamento. A locação de cada POS varia entre R$ 60,00 e R$ 190,00 (sem fio ou com fio). Esta é outra diferença em relação aos cartões de crédito tradicionais, que recebem cartões de diferentes marcas (Mastercard, Visa, American Express etc.) no mesmo equipamento. “Cobra-se o aluguel do POS para cada tipo de cartão (ValeCard, Good Card, Ticket Car) e não existe compartilhamento das máquinas”, observou Hernandes, do Resan. Tantas cobranças e as demais condições comerciais dos cartões de frotas impactam no capital de giro do posto e no fluxo de caixa do estabelecimento. No final das contas, para muitos, quase não compensa trabalhar com tais cartões. Apesar disso, revendedores preferem conviver com esta situação desconfortável comercialmente, em função do volume de escala e movimento que gera ao posto credenciado. As gestoras dos cartões de frota têm aumentado sua presença no mercado, têm contratos com grandes empresas e diferentes
órgãos públicos. Ou seja, a demanda no posto abrange diesel, gasolina e etanol. “Recebo um volume razoável de cartões de frota, é um nicho que não se pode desconsiderar e, mesmo com taxas abusivas, não tenho condições de deixar de receber”, disse a revendedora de Belém. Silveira, de Belo Horizonte, também ressoa o mesmo discurso. “A gente fica inseguro em abrir mão deste faturamento porque tem uma alta demanda. Sem coragem para sair ou peitar as administradoras, a maioria se submete às taxas que elas aplicam”, disse Silveira. E para piorar a situação, ainda tem postos que dão descontos para não perder os clientes, de acordo com a revendedora de Belém. “O que acontece é que essas empresas têm uma frota expressiva, 120 veículos, e pedem desconto. Muitos, para manter os clientes, acabam reduzindo o preço, o que não compensa.”
Campeã das reclamações De todas as administradoras de cartões de frota, é praticamente unanimidade entre os entrevistados que a pior é a Combustíveis & Conveniência • 29
44 MERCADO Good Card. José Luiz Vieira, revendedor de São Paulo, conhecedor das reclamações do setor, trabalha com outros cartões de frota, menos com a Good Card. “Conheço as reclamações, as taxas são abusivas e não adianta reclamar. Não entendo porque o revendedor ainda aceita este cartão”, disse. Administrada pela Ecofrotas, as taxas cobradas pela Good Card estão entre as mais altas, em média, entre 3,5% e 3,8%, o prazo para o reembolso varia entre 37 dias e 40 dias. O sistema utilizado pela Good Card é um dos mais trabalhosos para a revenda. Exige o envio dos comprovantes impressos por Sedex, um procedimento que vai na contramão das concorrentes e dos sistemas tecnológicos avançados. Além disso, este sistema requer muito cuidado na hora de fazer os lançamentos, pois qualquer erro ou falta de um comprovante, quem arca com o prejuízo é o revendedor. O fechamento das vendas ocorre toda segunda-feira e, se por algum motivo, tiver um imprevisto ou feriado que impossibilite o envio dos comprovantes, o fechamento é adiado para a segunda-feira seguinte. “Trabalho com quase todos os cartões em Belo Horizonte, tenho alguns problemas, mas o relacionamento com a Good Card, da Ecofrotas, é intransigente. É a pior de todas porque a gente não consegue nem conversar. As outras têm um pouco mais de abertura, cedem um pouco. Com a Good Card, ou você se adequa à regra ou cai fora”, disse Leonardo Silveira, de Belo Horizonte. Gerente de um posto localizado em uma região de grande 30 • Combustíveis & Conveniência
movimento em São Paulo e que preferiu não se identificar considera que o sistema de envio de comprovantes impressos é conveniente para a Ecofrotas. “Tenho que cuidar pessoalmente do relatório e da conferência do pagamento. Depois que fazem a transferência de dinheiro, confiro se o valor que caiu na conta está batendo com os comprovantes. Enquanto que os outros cartões é tudo feito online. Eles querem ganhar tempo e dinheiro em cima dos postos.” Com este sistema manual, a incidência ao erro é muito comum. “Muitas vezes ocorrem diferenças, tem que deixar um funcionário para fazer este controle. Tanto que, hoje, existem empresas especializadas para prestar esse tipo de serviço. Em um dos meus postos, eles conseguiram identificar diferenças de R$ 10 mil a R$ 30 mil”, relatou Hernandes. Reinaldo da Luz, administrador da C3 Conciliar, empresa de conciliação, atua na revenda na conferência dos comprovantes e auxilia o revendedor a checar se os descontos e tarifas cobrados fazem sentido ou não. Um dos trabalhos prestados pela empresa para uma rede de 14 postos identificou problemas com a Good Card que chegou a acumular uma diferença de R$ 840 mil. Este volume foi detectado em pequenas diferenças por dia dentre as diversas transações, ao longo de meses, que totalizaram o volume expressivo. Para Reinaldo, o alto volume transacional dos cartões, aliado aos problemas com as transações de rede de internet, podem interferir na transmissão dos dados, ou apresentar erro de
programação que podem justificar as diferenças. Além disso, pode ocorrer falta de controle por parte do revendedor, que acaba acumulando perdas e em boa parte das vezes nem percebe. Procurada pela reportagem, a Ecofrotas não atendeu ao pedido de entrevista.
Onde reclamar No caso da Good Card, os revendedores que reclamaram dos problemas via canal direto com a empresa não tiveram êxito. Uma das alternativas seria recorrer ao Banco Central (BC), uma vez que a Lei 12.865/2013 instituiu o BC como órgão regulador das instituições e arranjos de pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiros. No entanto, os cartões de frota ainda estão passando pelo processo de autorização do Banco Central. Uma vez autorizado, o banco passará a ser o órgão regulador. Enquanto este processo não estiver finalizado, as administradoras de cartões ainda não estão sob o escopo da entidade. Mesmo assim, segundo o Banco Central, é importante que o revendedor faça sua reclamação pelo canal da entidade para que esta informação sirva de subsídio e gere conhecimento à instituição para futuras ações neste mercado. De imediato, o BC não pode fazer nada, mas, assim que as empresas forem autorizadas, elas passarão a ser fiscalizadas e as reclamações registradas formarão um banco de dados para nortear a entidade. Os revendedores que quiserem formalizar as suas queixas devem enviar um e-mail para: http:// www.bcb.gov.br/?RECLAMACAO.
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Defesa Em relação às reclamações, a ValeCard informou que sempre respeita taxas e prazos estabelecidos em contrato, firmado em comum acordo entre os proprietários de postos de combustíveis e a empresa. Qualquer renegociação é realizada com a plena anuência do proprietário em relação à nova condição comercial acordada. A empresa disponibiliza um canal de atendimento aos estabelecimentos, por meio da Central de Atendimento (0800 701 5402), 24 horas e 7 dias por semana. Por meio deste canal, é possível realizar renegociações comerciais. Já a Ticket informou que todas as suas negociações são confidenciais e tratadas diretamente com seus clientes. A empresa esclarece, ainda, que está à disposição para atender quaisquer dúvidas dos clientes.
Cartão de frota eletrônico deveria substituir a antiga carta-frete, mas, atualmente, funciona de forma similar ao cartão de crédito
Carta-frete eletrônica Uma das reclamações dos revendedores é que este modelo de cartão eletrônico deveria substituir a antiga carta-frete, mas, atualmente, funciona de forma similar ao cartão de crédito. “Os cartões de frota estão mais próximos do modelo de cartões de crédito do que da antiga carta-frete. Não tínhamos custos com a carta-frete, não havia taxa de administração, mandávamos a documentação e, em uma semana, recebíamos o reembolso sem desconto. Para o dono do posto não havia despesa. Hoje, pagamos até pela transferência do dinheiro na conta”, disse Hernandes. Outro revendedor de São Paulo, que não quis se identificar, observa que os cartões de frota estão piores do que os cartões de crédito e questiona o sistema: “como uma operação que é a crédito para o estabelecimento comercial, quando o embarcador transfere o dinheiro à vista?”. De fato, as administradores de cartões de frota recebem o dinheiro do cliente à vista, mas na hora de repassar o recurso para a rede de postos credenciada demora mais de um mês. Para as transportadoras, os cartões de frotas eletrônicos também representam mais custos, ao contrário
da carta-frete que não tinha despesas. Segundo Bruno Ambrozini do Nascimento, diretor da Gold Transportes, o dinheiro é transferido à vista e paga-se 1% em cima do valor de cada transação. Além disso, cobra-se do motorista R$ 5,00 por cada saque. A carta-frete foi extinguida pela Lei 12.249/2010 e instituiu a substituição desta modalidade por outros meios de pagamentos eletrônicos. No ano seguinte, veio a Resolução 3.685/2011, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que regulamentou os meios de pagamentos, instituindo a carta-frete eletrônica. A previsão, na época, era de que a troca acarretaria mais custos aos postos, uma vez que os valores reembolsados antes diretamente em conta, passariam pelos meios eletrônicos, gerando um custo maior de administração. Mas não se imaginava que as despesas ficariam tão altas e desproporcionais. O cartão de frota acabou se transformando num custo muito elevado para o revendedor, ainda mais se levar em consideração que, pelo entendimento dos Procons em alguns estados, não se pode diferenciar preços com pagamento à vista ou a prazo. n Combustíveis & Conveniência • 31
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Os clones estão de volta Embora a frequência tenha diminuído nos últimos anos, novos casos de clonagem de marcas voltaram a aparecer no país. Revendedores devem ter atenção especial ao uso de cores e características para evitar penalidades, como multas que podem chegar a R$ 50 mil Por Gisele de Oliveira Nelson Toledo/Arquivo
Postos clonados são, normalmente, postos independentes, que acabam infringindo as regras do setor ao fazerem uso indevido da marca, confundindo o consumidor
Imagine a seguinte cena: o motorista vê, a uma certa distância, um posto de combustíveis com as cores de sua marca preferida e decide parar ali para abastecer o tanque de seu veículo. O que ele não esperava, no entanto, era que aquele estabelecimento nada tem a ver com sua marca preferida. A história não é nenhuma novidade, essa prática, muito comum no passado, continua acontecendo, apesar de intensa fiscalização de órgãos públicos, como a ANP e os de defesa do consumidor. 32 • Combustíveis & Conveniência
Mais conhecidos como postos clonados, esses estabelecimentos são, normalmente, postos bandeira branca, que acabam infringindo as regras do setor ao fazerem uso indevido de uma marca ao utilizarem cores e logotipos que induzem o consumidor a uma determinada bandeira. A clonagem de marcas no mercado de distribuição e revenda de combustíveis era recorrente no passado, em especial no início dos anos 2000, em função da abertura do mercado e do surgimento dos postos bandeira
branca. Vale lembrar que a regulação de marcas sempre existiu no país através do Código de Defesa do Consumidor e da Lei de Propriedade Industrial. Com isso, a decisão da ANP em estabelecer critérios nesse sentido teve por objetivo reforçar o que já era previsto pela legislação brasileira. Apesar de toda a regulamentação envolvendo o tema, ainda é possível, nos dias de hoje, encontrar postos clonados no país. “A frequência pode ter diminuído, mas não se extinguiu. Ainda encontramos casos pontuais de clonagem de marcas no mercado”, observou Guido Silveira, diretor Jurídico do Sindicom. Apesar de ocorrerem em menor número, o fato é que a prática continua em todo o país, principalmente no Norte e Nordeste, onde há maior incidência de postos bandeira branca, e nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, que concentram grande número de postos. Recentemente, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon) de Goiás autuou sete postos de combustíveis em Goiânia por propaganda enganosa. A cópia de marca de redes nacionais de distribuição de combustíveis traz grandes prejuízos não só para os consumidores como para distribuidoras e revendedores.
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No caso da revenda, a existência de clones cria um cenário de concorrência desleal porque, como são bandeira branca, esses postos conseguem comprar combustíveis mais baratos no mercado pela sua liberdade de negociar custos, mas eles competem com os embandeirados, estabelecimentos preferidos de grande parte dos consumidores por terem a garantia da origem do produto adquirido. Já para as distribuidoras, os danos econômicos são claros: estão usando, de maneira indevida, marcas e patentes valiosíssimas no mercado, que requerem milhões de reais em investimentos de propaganda e marketing. “As empresas levam anos para construir a credibilidade de suas marcas, investindo em segurança, qualidade dos produtos, responsabilidade, entre outros atributos. Tudo isso pode ser jogado fora se o consumidor tiver uma experiência ruim por causa de uma clonagem de marca”, salientou Silveira. Por isso, o cuidado com as cores e a disposição das mesmas e logotipo devem ser observados. Um caso clássico de uso indevido de marca no setor de combustíveis é o do famoso posto 13R, em alusão à marca da BR. A disposição dos numerais e letra que compunham a marca confundiam o consumidor. No caso mais recente, o logotipo de um posto em Goiás tinha um formato similar a de uma concha, nas cores amarelo e vermelho, o que fazia lembrar a bandeira Shell. Aliás, os postos clonados se aproveitam da situação na qual o consumidor se encontra, geralmente, dirigindo seu veículo e precisando tomar uma decisão
A Lei de Propriedade Industrial estabelece que o uso de toda e qualquer cor é livre para qualquer comerciante, porém, não permite que a utilização de um conjunto de cores dispostas de modo particular e distintivo a ponto de confundir o consumidor com outro agente econômico
rápida para abastecer seu veículo. Um estudo feito pela PUC-RJ a pedido do Sindicom revelou que, normalmente, no trânsito, o consumidor possui uma visão mais ágil do que acontece ao seu redor e, por isso, qualquer característica pode fazê-lo associar uma determinada marca. Conforme a Lei 9.279, que trata da propriedade industrial, o uso de toda e qualquer cor é livre para qualquer comerciante. O que não é permitido é a utilização de um conjunto de cores dispostas de modo particular e distintivo de forma a permitir que o consumidor confunda-o com outro agente econômico. Esse mesmo conceito é adotado pela ANP e órgãos de defesa do consumidor em suas fiscalizações. “É preciso ter cuidado redobrado para que a disposição dessas cores, como tons, proporção, sequência etc., não seja igual ou semelhante à forma adotada por outros agentes do
mercado, já que o critério distintivo sempre é subjetivo, ou seja, há possibilidade de confusão do consumidor”, orientou Deborah Amaral dos Anjos, advogada da Fecombustíveis. Para coibir a prática de clonagem de marcas, além das fiscalizações realizadas pela ANP e órgãos de defesa do consumidor, as empresas de distribuição também recebem denúncias através das centrais de atendimento ao cliente e até mesmo de seus funcionários da área de vendas que trabalham na rua, visitando clientes. A partir dessas iniciativas, as companhias partem para ações na Justiça, com pedidos de liminar contra o posto clonado.
Denúncias Os revendedores também podem denunciar casos de postos clonados na Central de Relacionamento com o Consumidor da ANP pelo site (www.anp.gov.br) Combustíveis & Conveniência • 33
44 MERCADO ou telefone: 08009700267. É importante ressaltar que, de acordo com a Resolução nº 41/2013, os postos classificados como clones de grandes marcas estão sujeitas às penalidades previstas na Lei nº 9.847/1999, e no Decreto nº 2.953/1999, que preveem multas de até R$ 50 mil para o caso de o estabelecimento deixar de fornecer as informações previstas na legislação aplicável ou fornecê-las em desacordo com a mesma. Além da autuação pelo órgão regulador, o uso indevido de marca também pode render aos proprietários do posto ações cível e criminal. Há ainda casos onde o revendedor deixa de comunicar à ANP alterações cadastrais, como alteração de razão social
34 • Combustíveis & Conveniência
Para lembrar A clonagem de marcas no mercado brasileiro de combustíveis foi mais intensa no início dos anos 2000, quando do surgimento dos postos bandeira branca em função da abertura de mercado. Naquele período, as distribuidoras costumavam recorrer, constantemente, à Justiça para impedir a ação de postos clones no país. Diante as inúmeras reclamações, tanto de distribuidoras quanto de revendedores, já que os postos clonados representam uso indevido de marca e concorrência desleal, respectivamente, a ANP regulamentou a questão em 2008, com a publicação da Resolução nº 33, a partir da definição de critérios para postos bandeira branca no país. No entanto, com o avanço do setor de combustíveis no país, a Agência revisou tal regulamentação e publicou nova Resolução, a de nº 41, em 2013, que estabelece os critérios para a atividade de revenda varejista de combustíveis e traz a inclusão das regras para o posto que se torna bandeira branca sobre a retirada da identidade visual da distribuidora, entre outras determinações (veja Box).
ou nome fantasia, endereço etc. Foi o caso de um posto em Goiânia. O estabelecimento foi autuado pela ANP por constar no site como posto bandeira branca, mas teria deixado de ser independente para se tornar um embandeirado. “Embora no momento da fiscalização o Procon tenha entendido que não havia prejuízo ao consumidor, da parte da ANP, o posto descumpriu a norma, já que em seu site constava que tal estabelecimento era bandeira branca”, explicou Hélio França de Almeida, advogado do Sindiposto-GO. Em casos assim, o órgão regulador prevê penalidades, que podem render multas de até R$ 10 mil.
O que diz a ANP: Segundo a Resolução ANP 41/2013, o revendedor que optar por não exibir a marca comercial de um distribuidor de combustíveis deverá realizar a alteração na Ficha Cadastral e, no prazo de 15 dias, contados a partir da data de alteração indicada na ficha, retirar todas as referências visuais da marca comercial do distribuidor antigo e identificar na bomba medidora a origem do combustível, informando o nome fantasia, a razão social e o CNPJ do distribuidor fornecedor do respectivo combustível automotivo; l Não poderá exibir qualquer identificação visual que possa confundir ou induzir a erro o consumidor quanto à marca comercial de distribuidor; l Devem ser consideradas como marcas comerciais do distribuidor: as marcas figurativas ou nominativas utilizadas para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; e/ou as cores e suas denominações, se dispostas ou combinadas de modo peculiar distintivo, ou caracteres que possam, claramente, confundir ou induzir a erro o consumidor. n l
Combustíveis & Conveniência • 35
OPINIÃO 44 José PauloCarlos Miranda Ulhôa Soares Fonseca 4 Presidente 4 Vice-presidente da Fecombustíveis da Fecombustíveis
Compasso de espera
Há necessidade de Vivemos momentos de grandes mudanças revisão urgente dos métoe incertezas, tanto no ambiente político, quando assistimos aos embates entre o Executivo e o Legisdos burocráticos do Estado brasileiro, permitindo, por lativo; quanto naqueles derivados da nova política exemplo, que determinadas econômica, com aumento exponencial dos preços renovações de licenças dos insumos e das tarifas públicas, impactando nos ambientais, entre outras, sejam liberadas de forma custos e levando a sociedade a reagir como raras mais ágil, utilizando a tecnologia existente, propivezes aconteceu na história do país. Busca-se em todos os setores produtivos uma ciando aos profissionais e técnicos exercerem suas participação mais presente nos debates que se funções com mais qualidade, afinal, concorreram travam sobre a atual situação econômica e política, para isto. fazendo valer o peso decorrente da sua contribuição A propósito, cabe lembrar que essas distorções na formação da riqueza nacional. são visíveis e podem ser aferidas facilmente, como, As amarras burocráticas do Estado e a moropor exemplo, no caso flagrante do excesso de policiais cumprindo serviços burocráticos nos escritórios, sidade do Judiciário, cada vez mais questionadas, em detrimento ao patrulhamento mais ostensivo provocam, além de outros fatores, o travamento da nas ruas, contribuindo nessa economia. equação perversa o crescente Em consequência, urge a Há necessidade de revisão urgente aumento da criminalidade. implementação de regras em Todavia, o que se vê, algumas áreas fiscalizadoras dos métodos burocráticos do Estado brasileiro, permitindo, por exemplo, infelizmente, é o aumento do Estado permitindo que os que determinadas renovações de constante da carga burocrática empreendedores possam licenças ambientais, entre outras, no país reduzindo a eficiência exercer e se manter nas suas atividades, com ampla sejam liberadas de forma mais ágil, e a produtividade do Estado e, em consequência, penalizando responsabilidade dos atos utilizando a tecnologia existente, o cidadão e o setor produtivo. praticados. propiciando aos profissionais e Para enfrentar tais proTorna-se imprescindível técnicos exercerem suas funções que haja uma nova postura blemas, defendemos maior com mais qualidade por parte do Legislativo e aproximação dos empresários dos órgãos de regulação e com o Poder Legislativo e fiscalização no sentido de rever os critérios de alguns órgãos públicos a fim de propor mudanças autorização legal para o exercício continuado de que o setor vê como necessárias, pois se espera certas atividades econômicas geradoras de emque sejam discutidos e adaptados projetos de lei nos quais o setor ainda não tenha sido ouvido. prego e renda. Busca-se, assim, criar um canal mais presente É evidente que deve haver rigor na aplide troca de ideias, apresentação de propostas cação da Lei. Porém, deve-se colocar em de projetos ou mesmo na defesa do setor resprática o princípio da autodeclaração. Cabe ao contribuinte, ciente das exigências em relação pectivo junto ao ambiente legislativo, pois dele às suas penalidades, declarar como está seu emanam boa parte das regulamentações e das empreendimento, já em funcionamento, para leis brasileiras. renovar suas autorizações legais. Enfim, cabe a todos nós um papel de articulaAo Estado compete, por meio dos órgãos de ção mais amiúde, mais intenso, buscando aglutinar fiscalização, conferir essa declaração e ratificar, forças, somando-se as já existentes, tendo a devida ou não, in loco, os termos protocolares emitidos dimensão e a complexidade do momento que vipelo contribuinte. vemos e os desdobramentos que já vislumbramos. 36 • Combustíveis & Conveniência
NA PRÁTICA33
Fiscalização à vista A Lei 12.741/2012 está valendo para fins de fiscalização e os estabelecimentos que não estão emitindo notas ou comprovantes fiscais de venda com a separação de impostos por categoria (federal, estadual e municipal) poderão ser multados Por Mônica Serrano Muitos estabelecimentos comerciais ainda não estão devidamente adequados para atender ao cumprimento da Lei 12.741/2012 e do Decreto 8.264/14, que regulamentou a legislação e estabelece a discriminação dos impostos, separadamente em três esferas (federal, estadual e municipal) nos comprovantes fiscais de venda. Os revendedores de combustíveis que ainda não fizeram a atualização nos sistemas que emitem as notas ou comprovantes fiscais ou nos cartazes afixados em local visível devem tomar as devidas providências para evitar futuras autuações pelos Procons estaduais. Em alguns estados, os Procons já começaram a fiscalizar. O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) informou que os estabelecimentos que não disponibilizarem a informação segregada (federal, estadual e municipal) na nota fiscal estarão sujeitos a multas que variam de R$ 212,82 (200 Ufir), no mínimo, e R$ 3.192.300,00 (3.000.000 Ufir), no máximo. A revenda deve checar se os comprovantes fiscais emitidos pelo posto e loja de conveniência (se for o caso) estão informando os impostos por categoria. Caso os tributos não estejam segregados, a Fecombustíveis recomenda ao revendedor entrar em contato
com a empresa de automação responsável pelo software (também conhecidas como software house) para fazer a mudança. A informação dos impostos de forma separada também deve ser atualizada nos painéis ou cartazes afixados no estabelecimento, caso algum revendedor utilize este tipo de divulgação. O IBPT implementou um programa no site www.deolhonoimposto.ibpt.org.br, que pode ser baixado, gratuitamente, pois abrange diferentes segmentos do varejo e uma ampla gama de produtos e itens. Este programa possibilita às empresas que possuem sistema de automação comercial atualizarem automaticamente as tabelas para a emissão do documento fiscal, conforme determina o Decreto Lei 8.264/14. A questão é que, mesmo com a lei em vigor para fins de fiscalização, desde o início do ano, houve pouca adesão. Segundo João Eloi Olenike, presidente do IBPT, cerca de 25% das empresas que são obrigadas a informar o imposto atualizaram os sistemas (via software houses), para o cumprimento da norma. “Desde que IBPT passou a disponibilizar a tabela com o código do produto e as alíquotas dos impostos de forma discriminada, do ponto de vista prático, resolveu a questão para muitos estabelecimentos. Anteriormente, tínhamos preocupação com a loja de conveniência sobre como a
informação da carga tributária segregada caberia no cupom fiscal. Caso houvesse necessidade de divulgar cada item comprado, não haveria espaço suficiente e seria impraticável. Esta questão também foi esclarecida, o cupom vai trazer a carga tributária da venda, de forma separada, conforme solicita o Decreto, sem ter que discriminar produto por produto”, disse Gustavo Fonseca, advogado tributarista do Minaspetro. Para orientar o revendedor, a Fecombustíveis disponibilizou em seu site (www.fecombustiveis. org.br) quatro planilhas específicas para o segmento (confira abaixo), por estado, divididas em impostos federais (PIS/Cofins e Cide) e estaduais (ICMS) por tipo de combustível (confira abaixo), uma vez que a tabela do IBPT segue a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e dificulta a identificação por tipo de combustível pela revenda, já que a nomenclatura difere do Brasil. “A tabela da Fecombustíveis é mais específica. A do IBPT atende bem a todos e é usada como referência, mas seria interessante o instituto ampliar os produtos, como neste caso, de forma mais precisa”, disse Daniel Rezende Barbosa Carvalho, sócio-diretor da LBC Sistemas, software house que atua no setor da revenda. Para o IBPT, a listagem de produtos pode ser aprimorada com a inserção de novos itens e, quando há falta do código do produto ou dúvidas quanto Combustíveis & Conveniência • 37
44 NA PRÁTICA à classificação do produto pelo NCM, o IBPT recomenda entrar em contato, via e-mail: contato@ ibpt.org.br.
Carga tributária SEGREGADA Diesel S500
Retrospectiva
UF
Federal (CIDE)
A Lei 12.741/2012 passou a vigorar para fins de fiscalização desde janeiro de 2015. Antes deste período, ela estava em vigor, mas não havia obrigatoriedade de os estabelecimentos atenderem ao seu cumprimento. Desde sua publicação, em 2012, o prazo para os comerciantes fazerem as devidas modificações para se adequarem às regras tinha sido adiado duas vezes. No ano passado, a Medida Provisória nº 649, publicada em junho, permitiu que as fiscalizações fossem orientadoras sobre a carga tributária informada na nota fiscal até 31 de dezembro de 2014. A partir de janeiro deste ano, a fiscalização pelos Procons estaduais seria punitiva. Assim que a Lei 12.741/2012 foi divulgada, o texto original do Artigo 1º, determinava, aos varejistas de todo o território nacional, que deveria constar, nos documentos fiscais ou equivalentes de venda, a informação do valor aproximado dos tributos correspondente à totalidade dos impostos sobre a formação de preços dos produtos. P o r é m , n o a n o p a s s ado, a Lei 12.741/2012 foi regulamentada pelo Decreto 8.264/2014, que estabeleceu que os impostos que constam nos comprovantes fiscais devem ser discriminados e informados separadamente os tributos federais (IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins e Cide), estaduais (ICMS) e municipais (ISS). n
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
1% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2%
38 • Combustíveis & Conveniência
Federal (Pis/ Cofins) 7% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 7% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 7% 7% 8% 8% 8% 9% 8%
Diesel S10
Federais (Total)
Estadual (ICMS)
8% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 9% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 9% 9% 10% 10% 10% 11% 10%
17% 17% 17% 16% 18% 16% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 11% 12% 18% 12% 15%
(Federal + Estadual) 25% 27% 27% 26% 28% 26% 22% 22% 25% 27% 27% 26% 25% 27% 27% 27% 27% 22% 23% 27% 26% 26% 21% 22% 28% 23% 25%
UF
Federal (CIDE)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
1% 2% 2% 1% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 1% 1% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 1% 1% 2% 2% 2% 2% 2%
Federal (Pis/ Cofins) 7% 8% 8% 7% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 7% 7% 8% 7% 8% 8% 8% 8% 8% 8% 7% 7% 8% 8% 8% 8% 8%
Gasolina UF
Federal (CIDE)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2%
Federal (Pis/ Cofins) 7% 9% 8% 9% 8% 8% 8% 9% 9% 9% 9% 9% 8% 8% 9% 8% 9% 9% 8% 9% 8% 8% 9% 9% 8% 9% 8%
Fonte: Fecombustíveis
Federais (Total)
Estadual (ICMS)
8% 10% 10% 8% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 8% 8% 10% 9% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 8% 8% 10% 10% 10% 10% 10%
17% 16% 16% 14% 17% 16% 12% 12% 14% 16% 16% 17% 14% 16% 16% 17% 16% 12% 12% 16% 16% 17% 10% 11% 16% 12% 14%
Etanol
Federais (Total)
Estadual (ICMS)
9% 11% 10% 11% 10% 10% 10% 11% 11% 11% 11% 11% 10% 10% 11% 10% 11% 11% 10% 11% 10% 10% 11% 11% 10% 11% 10%
25% 27% 25% 24% 30% 26% 25% 27% 30% 28% 26% 27% 30% 27% 27% 27% 25% 29% 31% 27% 25% 25% 26% 26% 27% 25% 25%
(Federal + Estadual) 34% 38% 35% 35% 40% 36% 35% 38% 41% 39% 37% 38% 40% 37% 38% 37% 36% 40% 41% 38% 35% 35% 37% 37% 37% 36% 35%
UF
Estadual (ICMS)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
25% 27% 25% 25% 19% 25% 25% 27% 22% 25% 25% 25% 14% 26% 25% 25% 25% 18% 24% 25% 25% 25% 25% 25% 27% 12% 25%
(Federal + Estadual) 25% 26% 26% 22% 27% 26% 22% 22% 24% 26% 24% 25% 24% 25% 26% 27% 26% 22% 22% 26% 24% 25% 20% 21% 26% 22% 24%
OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich 4 Consultor jurídico da Fecombustíveis
Medidas que poderão ser adotadas pela ANP
A revista Combustíveis & Conveniência já lavratura de um auto de dedicou até reportagem de capa para alertar os infração para aplicar uma revendedores de combustíveis que na data de multa pecuniária por não 19/10/2015 encerra o prazo concedido pela Reter cumprido a notificação. Além isso, será inssolução ANP 57/2014 para que todos os postos de combustíveis atendam à exigência de possuir taurado um processo de Licença de Operação expedida pelo órgão ambiental revogação da autorização porque “a revenda varejista competente e Certificado de Vistoria expedido pelo de combustíveis automotivos deixou de atender Corpo de Bombeiros competente. a pelo menos um dos documentos elencados no Da parte da Fecombustíveis e dos Sindicatos parágrafo 2º do art. 7º desta Resolução (...), estando têm se verificado uma profícua mobilização junto sujeito à aplicação de medida cautelar nos termos aos órgãos públicos, com a finalidade de que os do art. 5º, inciso II, da Lei nº 9.847/1999” (artigo postos que agiram de forma diligente e prudente 30, inciso II, alínea “c”, da Resolução 41/2013). não sejam penalizados pela ineficiência e burocracia Ou seja, a ANP poderá, de forma imediata, de alguns órgãos públicos. interditar as instalações e equipamentos utilizados Todavia, é certo que a partir de 20/10/2015, diretamente no exercício da atividade porque o quando começará uma titular, por qualquer razão, anunciada força-tarefa da deixou de atender a alguma A ANP poderá, de forma imediata, ANP para exigir de todos das condições requeridas interditar as instalações e os postos de combustíveis para a outorga, pelo tempo equipamentos utilizados diretamente em que perdurarem os a apresentação da LO e do no exercício da atividade porque o certificado dos bombeiros, motivos que deram ensejo à titular, por qualquer razão, deixou muitos postos não poderão interdição (artigo 5º, inciso de atender a alguma das condições atender à exigência e, por II, da Lei 9.847/99). isso, convém esclarecer o E o processo de revogarequeridas para a outorga, pelo que poderá ocorrer com tempo em que perdurarem os motivos ção da autorização deverá esses varejistas. culminar com o fechamento que deram ensejo à interdição O artigo 21, parágrafo 3º, definitivo do posto, tendo da Resolução ANP 41/2013 como agravante o fato de dispõe que: “Caso o revendedor não disponha da que será indeferida a solicitação de autorização Licença de Operação ou documento equivalente à pessoa jurídica que, nos últimos cinco anos expedido pelo órgão ambiental competente e/ou do anteriores ao requerimento, teve a autorização Certificado de Vistoria ou documento equivalente para o exercício de atividade regulada pela ANP expedido pelo Corpo de Bombeiros competente, revogada em decorrência de penalidade aplicada será notificado para, no prazo de até 30 (trinta) em processo com decisão definitiva, ou cujo quadro dias, protocolizar os documentos pendentes na de sócios participe pessoa física responsável por ANP, sob pena de aplicação de penalidade nos terpessoa jurídica que se enquadre na mesma situação (artigo 8º, inciso VI e VII da Resolução 41/2013). mos da Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, e Enfim, nem a pessoa jurídica e nem seu sócios instauração de processo de revogação nos termos poderão iniciar a atividade de outro posto revendedor do art. 30 da presente Resolução”. pelo prazo de cinco anos após a decisão definitiva Isso significa que o posto receberá uma notifique aplicar a pena de revogação de autorização. cação que não poderá cumprir e tal fato resultará na
Combustíveis & Conveniência • 39
Shell
Paulo Pereira
44 REPORTAGEM DE CAPA
ExpoPostos: saldo positivo Dado o contexto econômico nacional, a 12a edição da mais tradicional feira de equipamentos e lojas de conveniência do país foi considerada bem-sucedida. Reuniu 22 mil visitantes, movimentou R$ 150 milhões, apresentou novidades em equipamentos e trouxe debates importantes do setor Por Adriana Cardoso Gisele de Oliveira Mônica Serrano Rosemeire Guidoni Realizada de 5 a 7 de agosto, em meio ao momento econômico nacional fragilizado, a tradicional ExpoPostos & Conveniência 2015, maior feira da revenda no Brasil, que reúne equipamentos, produtos e serviços para postos de combustíveis e lojas de conveniência, superou as expectativas de público 40 • Combustíveis & Conveniência
e contou com a participação de 22 mil visitantes, acima dos 20 mil esperados. Em sua 12ª edição, a feira reuniu 180 expositores e movimentou R$ 150 milhões, mesmo volume de negócios da edição anterior. Na cerimônia de abertura, Jorge Luiz de Oliveira, presidente em exercício e diretor-executivo do Sindicom, apresentou os aspectos positivos do setor de conveniência, que tem registrado crescimento consistente a cada
ano. “O faturamento alcançou a marca de R$ 6 bilhões no ano passado, 5,5% acima de 2013. O desempenho das lojas das distribuidoras associadas foi ainda melhor, com significativo aumento da ordem de 22%. Hoje, são mais de 7,2 mil lojas de conveniência no país, das quais 4 mil são instaladas em postos das marcas Ale, BR, Ipiranga e Raízen”, disse. A agenda de trabalho do Sindicom, focada na identifi-
Paulo Pereira
Studio Lopes
cação do devedor contumaz de impostos, foi um dos temas destacados. “Buscamos soluções para a banalização da inadimplência dos tributos, que se caracteriza pelo devedor contumaz, em parceria com todos que desejam se engajar para a melhoria da competitividade. A revenda também tem trabalhado intensamente em conjunto desse objetivo”, comentou. Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, aproveitou o momento para transmitir a mensagem de que a revenda é o setor mais fiscalizado no país. E esta fiscalização poderá ser intensificada com as ações da ANP após o dia 19 de outubro, quando vence o prazo para os postos estarem em dia com a Licença de Operação ambiental e o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros. “Este prazo acaba agora e estamos muito preocupados porque vários postos vão perder o certificado na ANP pela falta da licença ambiental ou do
Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Os estados estão falidos e não dispõem de estrutura para fornecer as licenças. A própria ANP abriu as portas para marcarmos reuniões com os órgãos competentes para tentarmos uma solução, o que, de fato, aconteceu. O Aurélio Amaral (superintendente de Abastecimento da ANP) esteve em Pernambuco e em mais dois estados que não tinham a menor possibilidade de licenciar. Então, são dificuldades do setor que não são da nossa responsabilidade, mas que o governo não consegue atender esse nosso pedido sobre essas licenças”, enfatizou. Apesar dos problemas que o setor enfrenta e da situação econômica desfavorável para boa parte dos empresários do país, o presidente da Fecombustíveis está otimista em relação ao crescimento das vendas de combustíveis, que fechou o primeiro semestre com 1% de aumento nas vendas totais, considerando os três combustíveis
(gasolina, diesel e etanol). “Há uma frota de mais de 40 milhões de veículos nas ruas. A indústria automobilística tem previsão de produzir 20% a menos e, mesmo assim, serão mais 2,8 milhões de carros. Vamos continuar vendendo combustíveis. Acho este setor pujante, empregamos mais de 600 mil funcionários diretos e, se eu tivesse que começar de novo, eu entraria neste setor”, finalizou. Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps), Antonio Augusto Franco Ferreira, destacou a contribuição da indústria de equipamentos para o desenvolvimento das boas práticas e de renovação de postos de combustíveis. “Podemos dizer, sem receio, que a indústria nacional busca a mais alta qualidade. Os comércios, ao mesmo tempo, crescem em assessoria especializada, nossos fornecedores de serviços e instalação são profissionais capacitados em suas áreas de atuação e Combustíveis & Conveniência • 41
44 REPORTAGEM DE CAPA complementam o circuito, que permite resolver as questões do segmento”, disse. Representando a diretora geral da ANP, Magda Chambriard, Francisco Nelson de Castro Neves, coordenador geral da ANP do escritório regional de São Paulo,
“Esta Resolução está associada e preocupada com duas grandes vertentes que envolvem a atividade econômica do país que é segurança e questão ambiental. A forma de se executar isso, talvez, mereça alterações. Acho que há experiências positivas em algumas estruturas estaduais, como é o caso da Bahia, cuja licença ambiental pode ser automática”, disse.
destacou que a Resolução 41/2013, que determinou a obrigatoriedade dos licenciamentos para a revenda, foi fruto de um esforço grande da ANP não para trazer um peso ao setor, mas, ao contrário, para organizar o mercado de maneira mais competitiva e mais dinâmica.
A ausência do ex-presidente-executivo do Sindicom, Alísio Vaz, falecido em fevereiro deste ano, deixou uma lacuna na cerimônia de abertura. Líder marcante e bem quisto por todo o setor de combustíveis, Vaz foi lembrado por sua competência e carisma, qualidades que trouxeram fortalecimento do relacionamento entre os agentes da cadeia e amizade. “Gostaria de lembrar a perda do amigo Alísio Vaz, que há exatamente dois anos abria a edição da 11ª ExpoPostos & Conveniência já iniciando uma luta intensa pela vida. Foi uma batalha corajosa, uma de suas características mais marcantes. Alísio era um defensor entusiasta das lojas de conveniência e dedicamos esta ExpoPostos em sua memória”, disse Jorge Luiz Oliveira. O presidente Paulo Miranda Soares também prestou sua homenagem ao parceiro e amigo. “Tive uma convivência muito próxima de Alísio Vaz e posso dizer que ele falava olhando nos olhos e dizia o que tinha que ser dito, era uma pessoa extremamente franca. Alísio era o companheiro ideal, conhecia o setor como ninguém, perdemos um grande amigo. Em vez de pedir um momento de silêncio, gostaria de pedir uma salva de palmas”. Marcelo Neves, representante da Souza Cruz, homenageou Vaz com a entrega de uma placa para a viúva Juliana. Paulo Pereira
Marcelo Neves, da Souza Cruz, entrega placa em homenagem a Alísio Vaz a sua esposa Juliana 42 • Combustíveis & Conveniência
Paulo Pereira
Lembrança presente
Eduardo Giannetti disse que a perspectiva é de mais recessão e PIB negativo para 2016
Economia brasileira A conjuntura econômica nacional foi a primeira palestra do Fórum Internacional de Postos de Serviços, Equipamentos, Lojas de Conveniência e Food Service ministrada pelo professor e economista Eduardo Giannetti, que apontou a gravidade da crise que se instalou no Brasil. “Não está claro ainda como será o processo de saída e volta à normalidade ao longo do tempo. Estamos no meio de uma crise e não se vislumbra no horizonte esperança de recuperação”, disse. Para este ano, a previsão é de queda do PIB de 2% a 2,5%. A inflação está caminhando para que o Índice de Preços ao Consu-
Paulo Pereira
midor Amplo (IPCA) termine 2015 entre 9% a 10%, muito acima do centro da meta. A perspectiva é de mais recessão e mais um PIB negativo para 2016. Outro componente que agrava a situação nacional é o déficit externo (inclui todas as fontes de pagamentos e recebimentos do país) muito elevado, da ordem de 4% do PIB, ou seja, R$ 80 bilhões. “Recessão, inflação pressionada e déficit em conta corrente elevado, os três juntos, simultaneamente, é um sinal de que há algo muito desajustado no nosso sistema econômico”, comentou. Diante de tudo isso como fica para o empresário e profissional que ganha a vida no mercado no momento de maré baixa? Na opinião de Giannetti, duas coisas legitimam uma empresa. “Primeiro, eu faço melhor do que os outros, sou mais eficiente naquilo que faço, presto um serviço reconhecido, entrego custo e qualidade é o caminho da eficiência e passa pela produtividade. Se uma empresa melhora sua produtividade em 3,5% ao ano, durante 20 anos ela dobra de faturamento. Se a empresa melhora 5% ao ano, ela demora para dobrar de tamanho em 14 anos . Não desprezem as coisas pequenas, é da somatória delas que se revela quem sobrevive ou não no mercado”, alertou. E a segunda opção é fazer o que ninguém está fazendo, descobrir um nicho de mercado e, quem percebe isso antes dos outros, pode ser copiado, mas se legitima junto ao consumidor. “Épocas difíceis existem não para suscitar desânimo e frustrações, mas para suscitar garra. Para vencer o desafio, só conheço uma resposta para crise: trabalho”.
William Waack analisou as repercussões da crise política do governo
Análise política A análise de Giannetti foi complementada pela visão política e experiência vivida como correspondente internacional por William Waack, âncora do Jornal da Globo. Segundo ele, algumas características do país, como excesso de regulação, burocracia e desequilíbrio das contas públicas são questões engendradas de longa data no governo, que se arrastam desde gestões anteriores a atual. “Não podemos pregar esta conta no Lula e na Dilma. Chegamos ao ponto que não há mais como sustentar o crescimento de benefícios do Estado com a carga tributária, os gastos sociais e as despesas com a máquina pública. Esta elevação de custos coincidiu com uma crise econômica sem precedentes”, disse. Além do momento de extrema fragilidade econômica, o país passa por uma crise de confiança do governo. “Hoje, há uma crise de representatividade que se manifesta em um grau de insatisfação pela população. Isso é muito perigoso e muito negativo. Não pense que insa-
tisfação e raiva do descalabro administrativo, ou reconhecimento de que o governo gere nosso dinheiro mal, gasta mal e investe pouco, se traduz em melhoria. As únicas situações políticas de mudanças que eu vivi como repórter se desenvolveram de lutas por ideias. Por exemplo, a revolução do Irã, que substituiu um regime monárquico por uma república islâmica”. Segundo Waack, a insatisfação popular expressa pela manifestação pode criar uma falsa esperança de mudanças. “Numa crise dessas, onde a imensa maioria da população quer o fim desse partido e despreza a corrupção, as mudanças ocorrem pelas leis ou partidos políticos. Alguém aqui tem vontade de se filiar a um partido político? O que queremos como sociedade? Estamos em uma encruzilhada e, se não soubermos definir isso, dificilmente o Brasil será aquilo que deveria ser”. Para o jornalista, a esperança pode nascer da mudança de mentalidade e se referiu à classe média emergente que retratou o poder de transformação. “Esses Combustíveis & Conveniência • 43
44 REPORTAGEM DE CAPA o cliente sobre os benefícios do seu produto”, apontou. Entra aí um fator primordial, que é a atitude das empresas por trás do produto/serviço, muito mais essencial do que o que é ofertado em si. Nesse aspecto, Pires fez uma analogia com as commodities. “Ser ou não ser uma commodity é decisão nossa”, exemplificou, referindo-se ao fato de que as commodities são encontradas em qualquer lugar e o que as diferencia é a marca. Pires desenvolveu uma fórmula da inovação, que perpassa pela percepção da inconveniência atual, que nada mais é do que o gerenciamento de expectativas para garantir a satisfação do cliente com o produto/serviço; e da vantagem futura, ou seja, aquela “carta na manga” que ajuda a fidelizar o cliente; pelo sucesso do trabalho em equipe para levar a satisfação ao cliente na fase inicial; e pela percepção de risco, o que, nas palavras do consultor, é a alma do negócio, especialmente por estarmos no Brasil. Num mercado competitivo, especialmente em postos de combustíveis, como lembrou o consultor, o empresário deve usar “iscas” para conceber novas maneiras de fazer velhas coisas,
milhões de pessoas das classes médias emergentes chegaram onde chegaram pelo seu esforço. E entendem que o futuro é delas e não de um Estado que lhes dá. Esta é a boa notícia, vejo uma transformação na maneira que o brasileiro começa a entender que o futuro depende dele”. Paulo Pereira
Luciano Pires apresentou a palestra Gestão de Negócios
Apesar do clima de insatisfação gerado pela economia brasileira e a conjuntura política, o empresariado brasileiro tem nas mãos o seu negócio para cuidar e deve encontrar um diferencial em tempos difíceis. E diferenciar-se no mundo dos negócios não significa, necessariamente, gastar dinheiro. A palavra-chave é inovação, que exige apenas uma dose de criatividade. Esse foi o tom da palestra sobre Gestão de Negócios do consultor Luciano Pires. Inovar, segundo o consultor, não significa otimizar, mas fazer algo que ninguém nunca fez. “O nó do processo é convencer 44 • Combustíveis & Conveniência
Conveniência A palestra Tendências do Varejo de Conveniência, feita por Claudio Reboredo, sócio-fundador da consultoria CORe Crowd, convergiu com a de Luciano Pires no sentido de que o empresariado brasileiro não deve esperar a crise econômica piorar para adotar uma postura no sentido de melhorar a situação. “Dê aos compradores o que eles querem. Atrás de um ponto de inflexão (a crise), há aspectos positivos”, aconselhou. Normalmente, segundo Reboredo, as pessoas não mudam quando estão felizes e o mesmo ocorre com o mundo dos negócios. No entanto, o varejo está em constante mutação e não se deve esperar os piores momentos para agir. “Ninguém está livre de ser canibalizado”, alertou. Apesar da crise, ele acredita que o negócio de conveniência no país é bastante promissor. Por essa razão, os revendedores
Paulo Pereira
Gestão em destaque
usando alguma estratégia para que o cliente se lembre de sua marca/produto. “Faça diferente, se não fica tudo igual. Defenda uma causa, não defenda um negócio. Quem tem uma (causa), inova”, enfatizou.
Produtos e serviços para conveniência também estiveram presentes na ExpoPostos
Pontos de parada A regulamentação dos pontos de parada foi o principal destaque do painel “A Rodovia e seus desafios”, já que os postos são candidatos naturais para proverem este tipo de espaço, mas, para tanto, dependem de incentivos e financiamento. O debate contou com a mediação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares. “A discussão sobre este tema não pode deixar de passar pela revenda de combustíveis”, afirmou. Segundo Paulo Miranda, vários postos localizados em rodovias estão se preparando para atender aos critérios previstos na regulamentação dos pontos de parada, inclusive comprando áreas vizinhas aos estabelecimentos para construir ou ampliar o estacionamento. Rodolfo Rizzotto, gestor do programa SOS Estradas, destacou a estrutura dos postos de rodovia brasileiros, mencionando que estes estabelecimentos reúnem as características necessárias para garantir a segurança e conforto dos motoristas. “É fato que as regras são importantes para a atividade do transportador e para elevar os índices de segurança nas rodovias brasileiras. Mas não adianta estabelecer uma legislação que prevê determinados intervalos de descanso se não há pontos de parada seguros nas rodovias”, alertou Rizzotto. Hugo Leal, deputado federal (PROS/RJ), afirmou que o trabalho dos motoristas, sem descanso, torna a atividade arriscada e facilita a ocorrência de acidentes. “Precisamos estabelecer critérios para elevar a segurança”, disse. Marcelo Sampaio, representante da Secretaria de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, afirmou que a prioridade é reduzir os acidentes nas estradas, e, para tanto, a regulamentação dos pontos de parada é essencial. “Uma pesquisa de 2013 identificou 6.700 postos de combustíveis nas rodovias federais. Agora, precisamos levantar quais destes pontos atendem à resolução”, informou. Ricardo Hashimoto, diretor de Posto de Rodovias da Fecombustíveis, destacou que os postos de estrada precisam de mais segurança sobre a regulamentação dos pontos de parada para fazer investimentos neste sentido e Sampaio garantiu que o Ministério dos Transportes deverá esclarecer melhor a questão para propiciar tal segurança. Segundo Rizzotto, há outras questões a serem definidas, como a necessidade de estruturação do setor, que precisa de recursos para reformas e criar áreas seguras para estacionamento e descanso. Outra questão apontada foi a competição com os Pontos de Abastecimento (PAs). Giancarlo Pasa, diretor da Fecombustíveis, ressaltou a importância da definição de um modelo de negócios para os pontos de parada, a fim de reduzir a competição com os PAs.
não devem perder a oportunidade de melhorar esses espaços. Como? Com instalações e operações modernas, boa oferta de produtos e estoque controlado, banheiros limpos, preço justo e tecnologia que permita o atendimento rápido. O tamanho e estilo da loja, segundo ele, devem ser ajustados à demografia da região/cidade onde está. Aliada a infraestrutura operacional a equipe de funcionários também faz a diferença. Daniel Miranda, consultor do Grupo MD, falou sobre a importância de se investir em treinamento e formar lideranças dentro de uma equipe. “Não existe certo ou errado, existem padrões de atendimento. A falta de treinamento para colaboradores gera improviso e, consequentemente, margens para interpretação pelo consumidor”, ressaltou Miranda, lembrando que o momento atual exige muito mais esforço por parte do revendedor e sua equipe.
Novidades da feira Como reflexo do momento econômico e de regulação do setor, os destaques da feira foram produtos e equipamentos que prometem melhorar a eficiência e reduzir custos na operação, além de soluções de automação que contribuem tanto para a gestão do negócio quanto para o atendimento da legislação fiscal. Equipamentos e sistemas de proteção a vazamentos também se destacaram, já que o licenciamento ambiental é obrigatório e o setor está mais consciente de suas responsabilidades. No setor de automação, a obrigatoriedade de substituir Combustíveis & Conveniência • 45
44 REPORTAGEM DE CAPA Paulo Pereira/Studio Lopes
Revendedores de diferentes estados foram conferir as novidades em equipamentos e serviços
os equipamentos emissores de cupom fiscal (ECFs) pelo Sistema Autenticador e Transmissor (SAT) em todo o varejo paulista contribuiu para a realização de bons negócios. As novidades não ficaram somente na integração com o SAT, algumas empresas (como a Companytec e a Desbravador Software) apresentaram sistemas que permitem o gerenciamento wireless, permitindo maior mobilidade e controle. Na área ambiental, várias empresas marcaram presença, apresentando tanques, sistemas de contenção e todos os itens necessários para instalação do sistema subterrâneo de armazenamento de combustíveis, e, inclusive, sistemas para ar46 • Combustíveis & Conveniência
mazenamento subterrâneo de Arla 32. Equipamentos capazes de monitorar qualquer eventual vazamento, de forma remota, como é o caso da Veeder Root, também foram apresentados. Cada vez mais sofisticados, contam com sensores e uma série de controles, como alarme, controle de vazão, controle de estoques, geração de relatórios, entre outros. Para minimizar os custos com energia, vários expositores apresentaram soluções de uso de iluminação LED em testeiras e painéis do posto, além de ambientes internos. Outros recursos apresentados foram os painéis fotovoltaicos para geração de energia solar. Pela primeira
vez presente na ExpoPostos, a Energybras, que já fez algumas instalações em postos de combustíveis, é uma solução para captar energia solar e reduzir o consumo da rede. Equipamentos para reciclagem e reúso de água também estavam presentes na feira, como alternativa para a crise hídrica vivida pelo país, garantindo o uso racional da água. No setor de bombas, a novidades vieram da Wayne e da Gilbarco, que apresentaram equipamentos que podem ser personalizados, com a inserção de vídeos, ou mesmo para uso comercial do próprio posto ou de terceiros (uma propaganda da loja ou de serviços oferecidos pelo empreendimento).
O assunto é meio ambiente to Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), tanto o reúso de água quanto a captação de água subterrânea precisam ser regulados. “A Agência vê com bons olhos os estabelecimentos que utilizam água de reúso, pois mostra que o posto faz uso racional deste recurso, que é um bem escasso”, afirmou. De acordo com Amaral, no estado paulista, já existe um instrumento legal que permite aos postos que preenchem determinados requisitos de proteção ambiental (ou seja, que adotam práticas de prevenção e proteção e têm equipamentos instalados para este fim) um prazo maior (de até um terço extra) até a renovação de licença. “É um instrumento interessante, mas não vi nenhum posto pleitear
o benefício”, disse Bernardo Souto, consultor ambiental da Fecombustíveis, e afirmou que esta determinação está alinhada com o pensamento da entidade. “Se o revendedor investiu em meio ambiente, é justo que o estado conceda uma licença maior. O posto que investiu em tecnologia oferece maior segurança ambiental e o estado deve valorizar isso”, disse. Porém, ele mencionou que as novas tecnologias demandam monitoramento constante, atenção e capacitação dos funcionários. “O setor está em sintonia com o pensamento de que não podemos mais deteriorar o planeta e seus recursos naturais. Mas não basta ter a tecnologia instalada, é preciso utilizá-la de forma adequada”, ressaltou.
Bruna Rossifini
A preocupação com as questões ambientais na atividade da revenda também foi foco de debate do último dia do Fórum, que teve a moderação de Eduardo Hiluey, secretário- executivo da Abieps. “Desde o final da década de 80, o segmento se deu conta de que é potencialmente poluidor e, por isso, tornou-se necessário adotar uma série de cuidados, equipamentos e procedimentos para reduzir os riscos”, destacou Hiluey. Os equipamentos e as novas tecnologias contribuem para proteger tanto o solo quanto as águas subterrâneas, ação cada vez mais necessária diante do quadro de escassez hídrica que algumas regiões do país enfrentam atualmente. Para Geraldo Amaral, diretor de Controle e Licenciamen-
O estande da Fecombustíveis reuniu Sindicatos Filiados e parceiros e recebeu vários visitantes ao longo de três dias Combustíveis & Conveniência • 47
44 REPORTAGEM DE CAPA Paulo Pereira
Painel sobre etanol mostrou o crescimento do produto na matriz e os desafios que o setor tem pela frente
Etanol em discussão Os 40 anos do etanol no país foram tema do debate, mediado por Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom. Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) apresentou os números com as oscilações de participação do etanol hidratado ao longo dos anos, cujo pico ocorreu em 2009, quando o produto atingiu 31% de participação da matriz de combustíveis. Atualmente, o etanol hidratado responde por 22% da matriz e a expectativa da entidade é retomar a participação para 30%. Pádua lembrou que boa parte desse resultado é reflexo da política tributária praticada pelos estados, que reduziram a alíquota de ICMS para o etanol hidratado, como em São Paulo, de 25% para 12%; e em Minas Gerais, de 29% para 14%; por exemplo. No 48 • Combustíveis & Conveniência
somatório com etanol anidro, o biocombustível responde por mais de 40% da matriz de combustíveis brasileira. No entanto, os desafios ainda persistem em função do alto endividamento das usinas de cana-de-açúcar. Atualmente, as usinas não conseguem manter uma produção estável suficiente para fazer estoque, o que dificulta as previsões para o futuro. “Olhando para o futuro, a produção de gasolina está estagnada, não existe projeto grande para a produção nos próximos anos e o déficit deve chegar a 10 milhões ou 12 milhões de metros cúbicos de gasolina A. A alternativa seria o etanol hidratado, mas ele terá condições de atender esse novo mercado? Essa é uma questão relevante”, argumentou Luciano Libório, do Sindicom. Ricardo Dornelles, diretor do Departamento de Combustíveis do Ministério de Minas e
Energia, lembrou as medidas anunciadas nos últimos anos e afirmou que o governo atendeu a quase todos os pleitos do setor nesse período. “Nos últimos anos, adotamos uma série de medidas, mas nem tudo a gente consegue resolver”, justificou Dornelles. Para Jaime Finguerut, assessor-técnico da presidência do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), aumentar a competitividade do etanol na matriz de combustíveis brasileira passa pela eficiência energética. Segundo ele, hoje, a cana produz três vezes mais do que no passado, porém, a eficiência ainda é pequena. E lembrou que, juntando parte do etanol de segunda geração com o que existe hoje, é possível chegar a 50% de produção de etanol com o mesmo canavial. “Nossa produtividade não é ruim, mas podemos triplicar. Temos que fazer força para isso acontecer.” n
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©2014. Wayne, a logomarca Wayne, Helix e combinações destas, são marcas registradas ou marcas comerciais registradas pela Wayne Fueling Systems, nos Estados Unidos e outros países. Outros nomes são para fins informativos e podem ser marcas registradas de seus respectivos proprietários.
44 MEIO AMBIENTE
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Diesel de segunda geração Já existem tecnologias que prometem transformar biomassa em combustíveis líquidos. Ainda em fase de pesquisas, o combustível chamado de diesel sintético, ou de segunda geração, tem características similares ao diesel fóssil, porém, beneficia o meio ambiente por ter menos efeitos poluentes Por Rosemeire Guidoni No mundo inteiro, a busca por fontes de energia renováveis e com menos emissões é uma prioridade. Empresas dos mais diferentes setores estipulam metas para reduzir o impacto de suas emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. No setor, a busca por novos combustíveis renováveis, além de contribuir com o meio ambiente e saúde das pessoas, pode também minimizar a dependência dos derivados fósseis. Atualmente, os biocombustíveis de primeira geração – caso do etanol e biodiesel – não estão se 50 • Combustíveis & Conveniência
mostrando tão eficientes quanto deveriam. Na União Europeia, por exemplo, já há debates sobre as emissões de gases de efeito estufa produzidas durante o cultivo, transporte e processamento de biocombustíveis. Embora sejam produtos renováveis e as plantações possam absorver parte das emissões, ainda são utilizados combustíveis fósseis em toda a cadeia de produção. Isso sem contar o fato de que o uso de grãos para produção está ocasionando um aumento no preço de óleos comestíveis e de outros alimentos. A importação de etanol ou biodiesel de países como o Brasil, onde a vegetação
nativa foi em parte substituída por plantações destinadas à produção de biocombustível, também é vista com reservas. Por tudo isso, surgiram pesquisas que visam a produção dos chamados combustíveis de segunda geração, ou sintéticos, fabricados a partir de resíduos e que não competem com alimentos. A maior parte destes combustíveis é produzida a partir de resíduos de madeira, mas existem outros processos e materiais reaproveitados (veja Box). De acordo com o engenheiro Mário Massagardi, coordenador da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE Brasil, esta nova geração
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de combustíveis é diferente dos atuais biocombustíveis. “A principal diferença é química, pois estamos falando de substâncias distintas. O diesel sintético é um hidrocarboneto de cadeia longa, assim como o diesel fóssil, porém, normalmente, isento de impurezas, como enxofre. Já o biodiesel é um ´éster´, substância parecida com o diesel, mas não igual. Biodiesel é feito normalmente pela reação de óleos ou gorduras (ácidos graxos), com um álcool (metanol ou etanol) e com um catalisador”, explicou. Segundo ele, não existe também nenhuma semelhança com o etanol, mesmo o chamado “de segunda geração”. O engenheiro afirmou que o termo segunda geração identifica biocombustíveis mais avançados, que, normalmente, são caracterizados por três pontos: têm maior produtividade do que os biocombustíveis atuais de primeira geração, têm ganho energético (contém mais energia do que aquela necessária para fabricá-lo) e não competem no processo de fabricação, tanto em espaço quanto em recursos, com a produção de alimentos. “São também chamados smart biofuels”, disse. “A grande vantagem é que, em teoria, estes combustíveis pouco contribuem para o aumento do efeito estufa. Reduzem, portanto, suas emissões, principalmente a de gás carbônico”, completou. Apesar de também ser um hidrocarboneto de cadeia longa, o diesel sintético é diferente do fóssil e, portanto, os seus efeitos e desempenho nos veículos ainda dependem de testes. “Falamos de substâncias diferentes. Testes são sempre necessários para determinar quais alterações precisam
Diesel sintético pode ser produzido a partir de resíduos de madeira, com a utilização de tecnologia que transforma biomassa em combustíveis líquidos
ser feitas nos motores para não alterar nem desempenho, nem emissões de gases controlados. Testes sempre serão necessários, específicos para cada substância em questão, para a proteção do meio ambiente e também do usuário, que exige garantia para os seus motores”, destacou Massagardi. Em sua avaliação, a forma mais segura de se utilizar biocombustíveis é em mistura com o diesel fóssil. “Isso garante que a especificação da mistura seja semelhante ao do diesel e evita-se que a frota rodante tenha problemas. Usado em misturas, os riscos de qualidade e de contaminação a que o usuário estará exposto são reduzidos.” De qualquer maneira, o engenheiro explica que o diesel sintético em princípio é um combustível seguro, pois sua composição química é praticamente a mesma do diesel fóssil, porém, mais pura. “No entanto, o processo de fabricação é outro e características físico-químicas podem mudar. Para uso seguro destas substâncias, é necessário observar as normas existentes, realizar testes para garantir a conformidade com o uso, tanto na cadeia logística do combustível como nos motores e veículos. Os grandes produtores de combustível, como a Petrobras, têm processos muito bem definidos de como validar
para uso combustíveis novos ou modificados. Muitas vezes, aditivos são necessários para dar as características recomendadas.”
Fase de testes No Brasil, ainda não existem testes envolvendo o uso de diesel sintético. Porém, em várias localidades da União Europeia, as tecnologias para produção do combustível vêm ganhando novas pesquisas. A empresa UPM, da Finlândia, está investindo em tecnologias de segunda geração para transformar biomassa em combustíveis líquidos. A ideia é criar diesel sintético e outros bioquímicos a partir de resíduos florestais. O produto, que estava em testes desde 2013, já tem nome, Bioverno, e está sendo comercializado em duas redes de postos do país. Segundo a UPM, o biocombustível tem desempenho similar a qualquer diesel convencional. Já a Audi divulgou, em abril deste ano, que está pesquisando a viabilidade de produzir óleo diesel sintético utilizando como matéria-prima o gás carbônico e a água. Uma instalação de pesquisas na cidade de Dresden, na Alemanha, já começou a produzir os primeiros lotes do combustível. A empresa de tecnologia energética Sunfire é parceira da Combustíveis & Conveniência • 51
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Agência Brasil
Audi no projeto e operadora da planta de produção. Os únicos materiais utilizados são água e dióxido de carbono fornecido por uma instalação produtora de biogás. Uma parte do CO2 necessário é extraída do ar através de captura direta, uma tecnologia desenvolvida pela Climeworks, empresa parceira da Audi sediada em Zurique. A tecnologia utilizada produz um líquido feito de compostos de carbono de cadeia longa, conhecido como “cru azul”, que pode ser refinado para gerar o combustível como produto final. Este diesel sintético não contém enxofre nem hidrocarbonetos aromáticos. Seu alto índice de cetano (indicador da velocidade de combustão do óleo diesel) significa que ele entra facilmente em combustão. Ele pode ser usado puro ou em adição ao diesel fóssil. “O processo em desenvolvimento pela Audi é diferente das demais iniciativas. Como princípio, ele pode ser considerado um processo de combustão ao contrário. A combustão usa um combustível, ar e uma pequena quantidade de energia para gerar gás carbônico, água e uma quantidade maior de energia, fruto da reação”, afirmou Massagardi. O processo faz a reação inversa e necessita da adição de grande quantidade de energia para transformar a água e o gás carbônico numa substância mais complexa, que é o diesel sintético. Assim, sua viabilidade econômica e ambiental vai depender do custo e da origem da energia que será utilizada. De qualquer maneira, as pesquisas ainda estão apenas começando. Muito embora, os países do G7 (Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França,
No futuro, o diesel de segunda geração pode ser uma alternativa para a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera
Itália, Japão e Reino Unido) tenham informado a intenção de substituir os combustíveis fósseis por fontes alternativas, vale destacar que o uso efetivo destes biocombustíveis depende de muito desenvolvimento científico, suportado por efetivas políticas de incentivo dos governos (na forma de apoio à pesquisa e de incentivos fiscais para produção e uso). A grande barreira ao seu uso em larga escala é a falta de viabilidade técnica e econômica: ou os
processos de fabricação são muito caros, ou a disponibilidade de matéria-prima é problemática (por ser cara ou escassa). “Várias iniciativas no mundo foram estabelecidas e acabaram falhando por falta de viabilidade econômica. Sem incentivos de longo prazo e regras claras, aqui no Brasil, pode acontecer a mesma coisa, pois o risco ao empreendedor é grande”, considerou o coordenador da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE Brasil.
Novas tecnologias Existem diversas formas conhecidas para se produzir diesel sintético: GtL (Gas to Liquids): usa como matéria-prima o gás metano, que é transformado em um hidrocarboneto de cadeia grande pelo método de Fischer-Tropchen; BtL: semelhante ao anterior, porém, utiliza como matéria-prima biomassa (dos mais diversos tipos, como madeira, sobras diversas e gorduras), que é, inicialmente, gaseificada e, posteriormente, processada como o GtL. Uma forma alternativa é converter biomassa em óleo de pirólise, que depois pode ser transformado em diesel sintético num processo de hidrotratamento (com hidrogênio); HBio: processo patenteado pela Petrobras, que usa como matéria-prima óleos vegetais, que serão processados em estações de hidrotratamento para se transformar num diesel sintético; Diesel de cana: processo desenvolvido pela empresa Amyris, que usa como matéria-prima açúcares, que são processados biologicamente por leveduras modificadas, geneticamente e depois quimicamente, para gerarem combustíveis sintéticos como diesel, querosene de aviação e outros produtos para serem utilizados como combustível em veículos ou na indústria. n
CONVENIÊNCIA 33
Arquivo
Loja terceirizada Seja por falta de tempo ou pela complexidade de gestão, alguns revendedores têm optado por terceirizar os serviços da loja de conveniência. Avalie com cuidado os prós e contra Por Adriana Cardoso Nem todos os revendedores têm disponibilidade de tempo para se dedicar à loja de conveniência, que requer treinamento de funcionários, seleção de fornecedores, escolha do mix de produtos, estratégias de fidelização do cliente, acompanhamento das tendências do mercado, entre outras atividades. Trata-se de uma gestão complexa e a alternativa para alguns revendedores tem sido arrendar o negócio a terceiros, já que preferem manter o foco na venda de combustíveis. Em linhas gerais, antes de optar pela terceirização, é preciso tomar alguns cuidados. Como em todo negócio, o planejamento é essencial para averiguar se esse é o melhor caminho. “Em primeiro lugar, é preciso avaliar se há economia de escala, ou seja, se você pode usar os recursos que possui nas operações (neste caso, posto e conveniência) de modo compartilhado, diluindo, assim, os custos fixos. Em segundo, se há economia de junção, o que significa que seus funcionários
atuam de modo a estimular os clientes a usar os dois serviços”, explicou o consultor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA). Se os dois cenários não existem, aponta o consultor, então arrendá-lo a um terceiro pode ser o caminho, especialmente, se há um alto custo de monitoramento. “Ele [o revendedor] terá de ter funcionários que, muitas vezes, não estarão tão envolvidos no negócio quanto ele mesmo ou um indivíduo terceirizado estaria”, ponderou. A escolha de quem vai administrar o estabelecimento é um aspecto importante. Felisoni aponta que a característica fundamental é verificar se o indivíduo tem perfil empreendedor. “O ideal seria se o próprio empresário tivesse operado anteriormente o negócio para traçar um perfil do que procura”, aconselhou. Além disso, o consultor recomenda atenção redobrada às cláusulas contratuais, especialmente as de saída, caso os resultados não sejam os esperados.
De forma geral, o revendedor que trabalha com posto embandeirado não tem obrigatoriedade de adotar a franquia da bandeira, porém, as companhias tentam atrair o revendedor para manter ambos os negócios (posto e loja) na mesma distribuidora, conforme explicou Paulo Tonolli, diretor de Conveniência da Fecombustíveis. “A obrigatoriedade não existe, mas, normalmente, elas oferecem ‘vantagens’ aos proprietários na negociação dos contratos, como redução na taxa de financiamento ou prazo maior para pagamento”, disse. No caso do posto embandeirado que pretende terceirizar a loja franqueada, é necessário primeiro buscar a anuência da distribuidora. Na sequência, a operação envolve dois contratos: um de aluguel do ponto pelo terceirizado com o dono da revenda e outro com a distribuidora, para quem a pessoa que o arrendou terá de pagar royalties e taxas de publicidade. Neste caso, o proprietário se responsabiliza apenas em receber o aluguel e as demais obrigações ficam entre o locatário da loja e a distribuidora. Combustíveis & Conveniência • 53
44 CONVENIÊNCIA
54 • Combustíveis & Conveniência
Divulgação Aghora
“A terceirizada é uma empresa dentro de outra empresa. Assim, todas as taxas são cobradas do terceirizado e não do revendedor”, afirmou Tonolli. No exemplo citado, o revendedor é o proprietário do posto e da loja de conveniência. Porém, se a proprietária do imóvel for a distribuidora, o contrato de locação e de franquia da loja envolve somente a distribuidora e o terceirizado. Em relação à terceirização no modelo de lojas independentes, há também dois contratos: um de aluguel do imóvel, direto com o proprietário do posto e outro entre o locatário com a loja independente para quem o terceirizado pagará a taxa de adesão e a mensalidade. No caso da Aghora Conveniência, juntamente com a taxa de adesão paga-se uma mensalidade fixa de R$ 700. Em troca, a Aghora elabora o projeto de layout, comunicação visual e auxilia na contratação e treinamento de funcionários e busca fornecedores. O único detalhe é que os dois contratos tenham mais ou menos o mesmo período de vigência. “Nosso contrato é de 48 meses e buscamos ‘casar’ o mesmo prazo para os dois”, explicou Ricardo Guimarães, fundador da franquia. Se, no meio do caminho, o franqueado desiste do negócio, paga-se uma multa de 30% sobre o valor do contrato para a Aghora. Defensor das lojas, Tonolli considera péssima a ideia de terceirização, especialmente em tempos arrefecidos da venda de combustíveis. “Creio que muitos revendedores ainda não entenderam o quanto a conveniência pode agregar e gerar frutos, especialmente no momento atual. São negócios que se completam”.
Para terceirizar a loja de conveniência deve-se ter anuência da distribuidora no caso de posto embandeirado
Na avaliação de Tonolli, muitos empresários se respaldam nas dificuldades de gerenciamento e optam pela terceirização, que pode gerar muita confusão para o consumidor, pois este acredita que um negócio está atrelado ao outro. “Além disso, para que o revendedor compense o que ganharia com a loja, o valor do aluguel tem que ser muito alto, gerando dificuldades para os terceirizados bancarem seus compromissos”, alertou. A empresária Sylvia Duarte Maluf vem enfrentando essa realidade. Revendedora de sucesso e dona de dois postos de combustíveis e lojas de conveniência no interior do estado paulista e na Grande São Paulo, há cerca de dois anos, ela decidiu alugar uma loja num posto Shell, de um empresário de Salto de Itu, também no interior, pois não tinha dinheiro suficiente para investir em outro posto. “Como trata-se de um empresário bem-sucedido, achei que seria bom”, contou. Ela investiu em melhorias na loja (cerca de R$ 400 mil), paga aluguel de R$ 8 mil mensais para o proprietário do posto e banca com todo o custo de operação da loja. A operação, como é praxe, envolveu o contrato de aluguel e outro feito diretamente com a distribuidora, para quem ela paga royalties e taxa de publicidade cerca de 7% sobre o faturamento para ter a franquia Select.
“A loja tem cerca de 200 m2. Por isso, tenho que manter um número grande de funcionários (27) para operar 24 horas por dia. Se tivesse uns 80 m2, valeria a pena, pois não necessitaria de tantos empregados”, justificou. Apesar do entusiasmo inicial, hoje, ela se pergunta se fez um bom negócio. “A loja se paga, não tive prejuízo, mas também não tenho lucro”, lamentou. Por se tratar de um novo bairro na cidade, a localização também não ajuda. “A avenida [onde fica o posto] é nova, então, há poucos moradores no bairro. É muito bem localizado e acho que, no futuro, pode ser que melhore”, disse a empresária, que ainda não sabe se vai renovar o contrato.
Negócios dentro do negócio Para os revendedores que foram entrevistados pela reportagem da C&C, a terceirização funciona e já faz parte da realidade de várias revendas de combustíveis que, muitas vezes, funcionam como minisshoppings a céu aberto, abrigando todo tipo de serviços. Leonardo Lemos Silveira, revendedor da bandeira Ale com sete postos em Belo Horizonte e Contagem (Minas Gerais), conta que todas as sete lojas de conveniência da rede são terceirizadas - cada uma com um dono
Tessius afirmou que nunca foi pressionado pela Ipiranga a embandeirar a loja e, por essa razão, tem toda a autonomia para gerir o negócio da maneira que lhe convier. Em breve, ele vai inaugurar outro posto, da BR, em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Fortaleza. O local terá 17 estabelecimentos comerciais para serviços diversos, incluindo uma conveniência. Ainda em Fortaleza, Filipe Bezerra, da rede Cauipe, possui oito
postos, com lojas de conveniência em seis deles, todas terceirizadas. O argumento dele é o mesmo dos demais: a escassez de tempo para gerenciar um negócio tão complexo. “Como não tenho sócio, fica difícil gerenciar a loja. Terceirizando, foco nos combustíveis”, contou. As lojas são independentes e o aluguel varia de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Para evitar percalços com a escolha do inquilino, ele deixa tudo a cargo de uma imobiliária. A única exigência dele é que o local seja destinado à conveniência.
Imagem associada A terceirização seja no posto ou na loja de conveniência também pode acarretar em problema. Assim como todo arrendamento, há risco e, no caso do revenda, pode ocorrer a perda do cliente, já que, em geral, o consumidor associa loja e posto ao mesmo proprietário. Foi o que aconteceu em um posto em Varginha, no Sul de Minas. Há cinco anos, um revendedor (omitimos a exposição do nome) arrendou o posto, mas a loja de conveniência permaneceu com o filho do proprietário. De uns anos para cá, a falta de visão de gerenciamento da loja tem dificultado os negócios do posto. “O problema é que arrumamos o posto, fizemos investimentos em melhorias, mas a conveniência, uma espécie de minimercado, não acompanhou”, disse o revendedor. Inclusive, segundo ele, já houve perda de cliente pelo mal atendimento na loja, já que, na visão do consumidor, ambos eram do mesmo proprietário. Situações como esta não são incomuns. Portanto, o revendedor que pretende terceirizar seu negócio deve avaliar com cautela as situações de risco para não se arrepender depois. n Divulgação Aghora
diferente. Antes disso, porém, ele chegou a tocar o negócio, mas, há aproximadamente 12 anos, optou por arrendá-las por achar que a rentabilidade não compensava a complexidade administrativa. O aluguel varia de R$ 2 mil a R$ 18 mil, dependendo da localização e rentabilidade do estabelecimento. Ele mesmo comanda toda a operação. “Por exemplo, para a loja com mais faturamento, fui atrás de uma pessoa na cidade para propor-lhe o contrato”, contou. Embora esteja satisfeito com os resultados, o empresário salienta que, com o tempo e a experiência, foi fazendo ajustes. “Já tive problema com inadimplência, com movimento da loja que impactou o do posto. A partir daí fui melhorando os contratos de locação, estipulando condições”, explicou, dizendo que o prazo contratual varia de dois a quatro anos. Já para o revendedor Avelino Forte Tessius, da rede Super, em Fortaleza (CE), foi a falta de tempo e a alta rotatividade de funcionários que o fizeram optar pelo arrendamento da loja de um dos postos desde 2010. “É complicado arrumar funcionário para trabalhar à noite. A loja requer também mais atenção, dá mais trabalho e não tenho tempo. A questão não é só financeira, é não ter dor de cabeça”, disse. Na realidade, a conveniência não é a única unidade terceirizada do local. Com área de 4 mil m2, o posto de Tessius, da bandeira Ipiranga, conta com 27 estabelecimentos, que vão desde um correspondente dos Correios, lotérica, banco até corretora de seguros. O aluguel da conveniência, segundo ele, gira em torno de R$ 2 mil. A responsável pela unidade já era sua inquilina, o que facilitou a negociação.
A complexidadade de administração da loja e a elevada rotatividade de funcionários são alguns dos motivos que levaram alguns revendedores a terceirizar a conveniência Combustíveis & Conveniência • 55
OPINIÃO 44 Manuel Vilela 4Diretor de Lojas de Conveniência do Sindcomb
Avaliar antes de decidir
saúde financeira da loja, A loja de conveniência, operada com sesem comprometer a conriedade, agrega valor e ajuda a aumentar as vendas de combustíveis, dependendo do ponto. tinuidade do negócio por parte do terceirizado. Sabemos que a operação e gestão da loja é mais O revendedor não pode se esquecer que os trabalhosa e exige mais atenção, mas temos que custos de operação da loja são significativos, aprender a lidar com esse segmento, visto que pois, na maioria das vezes, funcionam 24 hovirá a somar ao empreendimento como um todo. ras e empregam muitos funcionários em três Há casos em que o revendedor não conseturnos de trabalho. A despesa com iluminação e energia para equipamentos também tem gue desenvolver nem administrar a loja como impacto significativo no custo da operação. O gostaria. A partir disso, a terceirização pode revendedor tem que saber que o operador da ser uma saída. Deve-se avaliar antes de tomar loja sobreviverá do resultado desta e fará de tudo a decisão, tudo tem “dois lados” e essa é uma para o sucesso do negócio, portanto, qualquer questão delicada, pois pode, em tese, envolver valor que comprometa a propósitos e visões diferentes operação fará o terceiro de cada negócio. desistir do negócio. Na verdade, tudo deFaça uma escolha visando o A escolha de um parpende da disposição do negócio, tendo um parceiro proprietário do posto em ceiro é ponto fundamental para operar a loja que tenha trocar “rentabilidade da para o sucesso dos negócios experiência comprovada no loja” pela “complexidade de forma conjunta. Os dois, comércio ou na conveniência da operação da loja”. Só agora parceiros, têm que que o revendedor não pode trabalhar em sintonia denquerer obter a rentabilidade tro do ambiente do posto. da loja em cima do aluguel, Evite curiosos, promover porque inviabiliza a operação do “terceiro”. algum funcionário “esforçado” e até mesmo Logo, o revendedor troca a sua dor de cabeça parentes diretos. Faça uma escolha visando o por menos dinheiro, afinal, ele tem que ser o negócio, tendo um parceiro para operar a loja primeiro a privilegiar e incentivar a loja a opeque tenha experiência comprovada no comércio ou na conveniência. Lembre-se que negócio é rar no azul para que tenha o resultado positivo negócio, não misture as coisas. refletido no posto. O que o revendedor tem que ter em A relação tem que ser de “ganha-ganha” mente é que a loja bem-sucedida vai atrair para o desenvolvimento e evolução do negócio mais consumidores ao ponto de venda e como um todo. comprovadamente vai refletir de forma poPensando assim, o aluguel, quando for o caso, deve ficar num patamar razoável para manter a sitiva no posto.
56 • Combustíveis & Conveniência
44 AGENDA 44 AGENDA SETEMBRO
NOVEMBRO
18º Congresso Nacional e Latino-Americano de
10º Encontro de Revendedores do Nordeste
Revendedores de Combustíveis
Data: 24 a 27 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3930-3800
Data: 12 a 14 Local: Porto de Galinhas (PE) Realização: Sindicombustíveis-PE e demais Sindicatos do Nordeste Informações: (81) 3227-1035
OUTUBRO
Workshop com a Revenda
NACS Show
Data: 27 Local: Campo Grande (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988
Data: 11 a 14 Local: Las Vegas (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com
Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br. Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.
Combustíveis & Conveniência • 57
44 ATUAÇÃO SINDICAL Mato Grosso do Sul
Divulgação
Alíquota do diesel cai de 17% para 12%
A redução da alíquota do ICMS do diesel no Mato Grosso do Sul foi fruto de árduo trabalho que envolveu parlamentares, liderança sindical da revenda e setores da produção
Desde o dia 1° de julho a alíquota do ICMS do óleo diesel no Mato Grosso do Sul baixou de 17% para 12%, conforme estabelece a Lei 4.688, de 20 de julho de 2015, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador do estado, Reinaldo Azambuja. A medida é um marco histórico para o setor da revenda de combustíveis e os resultados de sua vigência já surtem efeitos nos preços do diesel de todo o estado. Os estudos, elaborados e apresentados ao governo em gestões anteriores, apontaram viabilidade econômica da redução. A ideia central era a de tornar os preços do diesel competitivos, já que, em função da alíquota elevada, era comum 58 • Combustíveis & Conveniência
milhares de caminhões cruzarem as rodovias estaduais sem abastecer nos postos locais. Essa situação, ao longo dos anos, provocou o fechamento de dezenas de postos, demissões no setor e o encerramento de atividades comerciais agregadas como borracharias, restaurantes e lanchonetes, dentre outras. Compromisso de campanha do governador Reinaldo Azambuja, as primeiras reuniões com o Sinpetro para analisar os estudos aconteceram ainda no mês de maio. “Nos reunimos com o governador, com o secretário de Fazenda e com os técnicos da secretaria e cruzamos os dados que levantamos com as informações do governo. Outros setores da produção
se aliaram e foi confirmada a conclusão que já havíamos apresentado, ou seja, com a redução estamos conseguindo ampliar o consumo, o que garante a manutenção do nível de arrecadação do ICMS sobre a comercialização do diesel”, explicou Mário Shiraishi, presidente do Sinpetro. Com a redução da alíquota, o diesel passou a ficar mais competitivo. “Estamos conseguindo, dessa forma, concorrer com os preços praticados em estados como o Paraná, São Paulo e Mato Grosso”, disse Shiraishi. Essa situação, em um segundo momento, irá provocar a redução do valor de pauta do combustível, beneficiando todo o setor produtivo, o consumidor e a população. Para Mário Shiraishi, a diminuição da alíquota sobre o diesel movimenta o estado em vários aspectos. “A redução facilita, por exemplo, as paradas em postos de combustíveis das rodovias, inclusive para descanso dos caminhoneiros, e estimula investimentos em infraestrutura nesses postos, que precisam de melhorias para atender a demanda”, argumentou. “Com estrutura melhor para receber clientes, além dos caminhoneiros, há também fomento até mesmo ao turismo, movimentando a economia do estado em vários setores. Ganham não só os caminhoneiros, mas todo o comércio, todo o estado e também o consumidor”, concluiu o presidente do Sinpetro. (Edir de Souza Viégas)
Alagoas
Selo Verde No mês de junho, o Sindicombustíveis-AL assinou um termo de cooperação com o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL). Através do acordo firmado, os postos revendedores do estado, que estejam associados ao sindicato e ambientalmente licenciados, poderão aderir ao Programa do Selo Verde. Concedido pelo IMA/AL, a certificação do selo verde é uma garantia do órgão ao consumidor de que o posto certificado não polui o meio ambiente e que adota todas as exigências legais para manter seu estabelecimento ambientalmente adequado. A partir da adesão, o posto revendedor terá direito a utilizar
o material promocional que o identifique junto ao público consumidor como ambientalmente certificado. A certificação será divulgada nas mídias escrita, falada e televisiva; além da exibição de banners, cartazes e distribuição de folders nos estabelecimentos beneficiados. O IMA/AL emitirá também, para os postos participantes, o Certificado de Qualidade Ambiental, o qual possuirá período de validade idêntico ao da licença de operação do estabelecimento. O Selo Verde teve início no dia 1º de junho e também é um diferencial de mercado, uma vantagem competitiva, dando visibilidade e notoriedade à revenda;
gerando imagem positiva perante o público consumidor; e demonstrando, ainda, a preocupação da revenda com o cumprimento das legislações, principalmente com o meio ambiente. O programa é mais uma conquista para o setor. É o reconhecimento dos esforços para fazer da revenda de combustíveis cada vez mais uma atividade legítima. Para aderir ao Programa do Selo Verde, o revendedor deve solicitar a visita técnica do órgão ambiental, o qual irá vistoriar o estabelecimento e se o mesmo encontra-se ambientalmente adequado e apto para receber o selo ambiental. (Mírian Nascimento)
São Paulo
Combustível não é bebida e clientes a respeito da comercialização de combustíveis. A campanha chegou a todos os postos de combustíveis de Campinas. Além de cartazes ilustrativos chamando a atenção para a campanha de orientação. Equipes visitaram os postos com material preventivo voltado aos frentistas e funcionários. O conteúdo ressalta os perigos para o organismo em relação à ingestão de combustível, orienta como fazer o atendimento à população de rua quando encontrá-la alcoolizada ou sob o efeito de outras substâncias. “Não há lugar melhor para informar a não vender etanol do que junto aos frentistas nos postos. É um serviço de utilidade
pública que depende de cada um para coibir essa venda”, disse Flávio Martini de Souza Campos, presidente do Recap. (Fernanda Magalhães) Divulgação
Em um período de três meses, Campinas registrou mortes de dez moradores de rua. A Polícia Civil investiga a possibilidade de que sete deles, supostamente, tenham ingerido uma mistura denominada “coquetel doidão” feita a base de etanol, suco em pó e água. Mesmo sem uma comprovação oficial de que estes óbitos estão relacionados ao líquido fatal, o Recap, por meio de uma parceria com a Prefeitura de Campinas e o Sindicato dos Frentistas (Sinpospetro), lançou, na segunda quinzena de junho, a campanha “Combustível não é Bebida”. O objetivo é alertar aos donos de postos, colaboradores
SINPOSPETRO CAMPINAS
Combustíveis & Conveniência • 59
44 PERGUNTAS E RESPOSTAS Alguns revendedores têm dúvidas sobre a legislação do aprendiz (conhecida como menor aprendiz), se há ou não obrigatoriedade de contratação nos postos de combustíveis. Confira abaixo alguns esclarecimentos sobre o tema:
Os postos revendedores são obrigados a contratar um aprendiz no quadro de funcionários? Em regra sim, a obrigatoriedade de contratação de aprendizes está prevista no caput do art. 429 da Consolidação das Leis do trabalho (CLT) e regulamentada pelo Decreto 5598/05. Sendo certo que o trabalho não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, desempenho psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a frequência à escola.
Quando o posto revendedor estará obrigado a contratar um aprendiz? Só estará obrigado a contratar um aprendiz, o estabelecimento que tiver 20 funcionários, ou seja, tem que se chegar a um determinado número de empregados, cujos 5% (percentual mínimo) correspondam a, pelo menos, um aprendiz. Contudo, é importante destacar que ficam excluídas da contagem de funcionários as funções que demandam habilitação profissional de nível técnico ou superior, ou que estejam caracterizadas como cargo de direção, de gerência ou de confiança. As microempresas e empresas de pequeno porte, definidas na Lei Complementar nº 123/06, estão dispensadas da contratação de aprendizes.
Existe alguma restrição para contratação do aprendiz pela revenda? Sim, os aprendizes que exerçam atividade ou operações consideradas perigosas (art. 193, CLT), insalubres ou noturnas deverão possuir de 18 a 24 anos de idade. Também ressaltamos que, nos termos que se afere do artigo 428, da CLT, a formação técnico-profissional ofertada pelo empregador no contrato de aprendizagem deve contribuir para o aprimoramento físico, moral e psicológico do aprendiz, viabilizando, com o trabalho, a vivência prática dos
60 • Combustíveis & Conveniência
ensinamentos teóricos que lhe foram transmitidos no ensino fundamental ou nos cursos de formação profissional
Quais são as características do contrato de trabalho? Há registro em carteira? O contrato de aprendizagem deve ser um acordo especial, ao qual o prazo não pode ser superior a dois anos. Deve ser garantida ao jovem a formação técnico-profissional que contribua para o seu crescimento e educação, e o aprendiz deve comprometer-se a executar as atividades a ele designadas. Sim, há registro em carteira de trabalho, bem como o pagamento de Previdência Social.
Quais são os encargos e benefícios para o aprendiz? Os encargos são menores em comparação aos demais empregados contratados e constituem em pagamento de apenas 2% de FGTS, dispensa do aviso prévio remunerado, não precisa pagar a multa rescisória e empresas registradas no Simples não terão aumento na contribuição previdenciária. Em relação aos benefícios, ele tem direito somente ao vale-transporte.
Quais são as vantagens e as desvantagens da contratação do aprendiz? Em geral, existem mais vantagens do que desvantagens, porém, não podemos esquecer de que se trata de um aprendiz, como o próprio nome diz, uma mão de obra despreparada e inexperiente, que necessita de treinamento contínuo. Contudo, no longo prazo, temos, como vantagem, um reforço na equipe de trabalho com um custo menor.
Há penalidade para o estabelecimento que descumprir a lei e não contratar um aprendiz? Sim. O Ministério do Trabalho e Emprego é o órgão responsável pela fiscalização e aplica multa de R$ 402,00 por cota de aprendiz. As informações foram prestadas por Klaiston D’Miranda, assessor jurídico, e Deborah Amaral dos Anjos, advogada da Fecombustíveis
LIVRO 33 Livro: O Poder de Pensar Fora da Caixa Acil ing et adipAutor: William N. sustrud tie volore Thorndike Jr. el ute cons Editora: Nova Fronautat, vulput teira alismol orerat, vel dolorer Certamente, você adiodeve ecteter vel lido ou ouvido váriasetsugestões adio enis e dicasnonsequi de como blam, se tornar um quamet executivo bem-sucedido, incluiustion henit euguer sectet alisive neste espaço. Na maioria quamet, quat. Ectem iriliquat. das vezes, as definições giram Tie facilis nibh euismodipit em torno de um profissional luptat alit loborer sum augiam experiente, com conhecimenquam quam augait iril et, verto aprofundado em negócios cilisi. ou que possua determinadas Ulpute duissecte zzrit, qualidades, comofaccum confiança, con volore tincillamet, quisl habilidade de comunicação e utpatuePorém, feugue somente eu facilit essas venim carisma. iure magniscnão iduisl nibh ent características sãoutsuficienvent ing exeril dolore tes augiam, para alcançar o tão sonhado magna sucesso facin velnos utat,negócios. sendreet nit irillao rperos at. Na avaliação de William N. GueJr., mod do consedprofisminci Thorndike a realização blaore facin et luptat venibh sional vai depender, também, do esequatisl eritodolorercin hendre retorno que negócio oferece doseus consequisl etummy aos proprietários ou nostion sócios sustisi blam zzriusto et nim ing no longo prazo. E é exatamente eraesequat. Ut eugait nullum isto que o escritor aborda em nullum eritde entPensar iniscipsum seu livro Onibh Poder Fora ilis duis adio dolore dipiscilis da Caixa, ao explicar a sabedoria nos accumsan bla alis analítica por trás develiqui uma carreinonullam, quamcom moloreril ra bem-sucedida em investimen-el ectem moloborem at, quatos dequip executivos de grandes tie consequisi. empresas, como The Washingtonad Post Company, Na dolorer aestie Berkshire vel ullaore Hathaway e Capital Cities Broascons nulpute del ip el eraesent casting, entre outras. ip exer sim dipit atum veliquismod ex eucaracterísticas feugiam dipsum O livro expõe e autetue modiamet pratueros métodos que ajudaram esses adignim vel iril velis ecte eseum vel profissionais a alcançar ectetue modip essequis erat. Ut desempenho excepcional, am,de quipismolore zzrilis além um modelofeuisim alternativo vel il dipit iriusci ncidunt in vepara todos os interessados em lisci euisou exeros etuer sed liderar criarnonse uma empresa mod tis nim iure magna commy de sucesso. nostrud tatie molorerit ipit wisit praessen
TABELAS 33 em R$/L
Período
São Paulo
Goiás
Período
São Paulo
Goiás
15/06/2015 - 19/06/2015
1,370
1,365
15/06/2015 - 19/06/2015
1,220
1,094
22/06/2015 - 26/06/2015
1,359
1,360
22/06/2015 - 26/06/2015
1,189
1,081
29/06/2015 - 03/07/2015
1,355
1,344
29/06/2015 - 03/07/2015
1,182
1,068
06/07/2015 - 10/07/2015
1,365
1,328
06/07/2015 - 10/07/2015
1,229
1,062
13/07/2015 - 17/07/2015
1,372
1,346
13/07/2015 - 17/07/2015
1,212
1,067
Junho/2014
1,359
1,307
Junho/2014
1,215
1,061
Junho/2015
1,375
1,365
Junho/2015
1,219
1,090
Variação 15/06/2015 17/07/2015
0,2%
-1,3%
Variação 15/06/2015 17/07/2015
-0,7%
-2,4%
Variação Junho/2014 Junho/2015
1,2%
4,5%
Variação Junho/2014 Junho/2015
0,3%
2,8%
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (ALAGOAS) Período
Anidro
Hidratado
15/06/2015 - 19/06/2015
1,618
N/D
22/06/2015 - 26/06/2015
1,655
1,455
29/06/2015 - 03/07/2015
1,658
1,485
06/07/2015 - 10/07/2015
1,661
N/D
13/07/2015 - 17/07/2015
N/D
N/D
Junho/2014
1,548
1,367
Junho/2015
1,605
1,450
Variação 15/06/2015 17/07/2015
N/D
N/D
Variação Junho/2014 Junho/2015
3,7%
6,1%
em R$/L
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Combustíveis & Conveniência • 61
44 TABELAS em R$/L - Junho 2015
Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição
Gasolina BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,741
2,896
0,155
5,4%
2,896
3,387
0,491
14,5%
Sem bandeira
2,736
2,863
0,127
4,4%
2,863
3,350
0,487
14,5%
Com bandeira
2,693
2,872
0,179
6,2%
2,872
3,301
0,429
13,0%
Sem bandeira
2,706
2,852
0,146
5,1%
2,852
3,299
0,447
13,5%
Com bandeira
2,716
2,892
0,176
6,1%
2,892
3,320
0,428
12,9%
Sem bandeira
2,734
2,880
0,146
5,1%
2,880
3,229
0,349
10,8%
Com bandeira
2,712
2,843
0,131
4,6%
2,843
3,289
0,446
13,6%
2,765
2,762
-0,003
-0,1%
2,762
3,245
0,483
14,9%
Com bandeira
2,719
2,885
0,166
5,8%
2,885
3,338
0,453
13,6%
Sem bandeira
2,756
2,788
0,032
1,1%
2,788
3,259
0,471
14,5%
2,728
2,862
0,134
4,7%
2,862
3,319
0,457
13,8%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S500 BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,339
2,439
0,100
4,1%
2,439
2,794
0,355
12,7%
Sem bandeira
2,303
2,401
0,098
4,1%
2,401
2,746
0,345
12,6%
Com bandeira
2,326
2,455
0,129
5,3%
2,455
2,783
0,328
11,8%
Sem bandeira
2,310
2,383
0,073
3,1%
2,383
2,711
0,328
12,1%
Com bandeira
2,322
2,447
0,125
5,1%
2,447
2,778
0,331
11,9%
Sem bandeira
2,313
2,376
0,063
2,7%
2,376
2,671
0,295
11,0%
Com bandeira
2,353
2,479
0,126
5,1%
2,479
2,764
0,285
10,3%
2,335
2,346
0,011
0,5%
2,346
2,687
0,341
12,7%
Com bandeira
2,332
2,447
0,115
4,7%
2,447
2,786
0,339
12,2%
Sem bandeira
2,329
2,356
0,027
1,1%
2,356
2,692
0,336
12,5%
2,331
2,411
0,080
3,3%
2,411
2,749
0,338
12,3%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S10 BR Ipiranga
Revenda
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,466
2,588
0,122
4,7%
2,588
2,964
0,376
12,7%
Sem bandeira
2,485
2,570
0,085
3,3%
2,570
2,896
0,326
11,3%
Com bandeira
2,440
2,598
0,158
6,1%
2,598
2,952
0,354
12,0%
Sem bandeira
2,451
2,572
0,121
4,7%
2,572
2,839
0,267
9,4%
Com bandeira
2,453
2,610
0,157
6,0%
2,610
2,953
0,343
11,6%
Sem bandeira
2,427
2,549
0,122
4,8%
2,549
2,862
0,313
10,9%
Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira
2,459
2,570
0,111
4,3%
2,570
2,906
0,336
11,6%
2,449
2,458
0,009
0,4%
2,458
2,795
0,337
12,1%
Com bandeira
2,454
2,597
0,143
5,5%
2,597
2,954
0,357
12,1%
Sem bandeira
2,455
2,505
0,050
2,0%
2,505
2,830
0,325
11,5%
2,454
2,587
0,133
5,1%
2,587
2,941
0,354
12,0%
Raízen
Resumo Brasil
Resumo Brasil
A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal com relação à gasolina. Os dados do diesel S500 não consideram as capitais do PA e PE. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 10/15 e 11/15.
62 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
FORMAÇÃO DE PREÇOS
em R$/L
Ato Cotepe nº 13, de 08/07/2015 - DOU de 09/07/2015 - Vigência a partir de 16 de Julho de 2015
Gasolina
UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
UF
73% Gasolina A
27% Etanol Anidro (1)
Diesel S500
(2)
1,169 0,469 0,073 1,041 0,450 0,073 1,079 0,463 0,073 1,083 0,462 0,073 1,013 0,457 0,073 1,073 0,457 0,073 1,087 0,377 0,073 1,122 0,385 0,073 1,086 0,374 0,073 1,033 0,461 0,073 1,121 0,396 0,073 1,101 0,379 0,073 1,089 0,377 0,073 1,064 0,458 0,073 1,049 0,452 0,073 1,023 0,452 0,073 1,049 0,458 0,073 1,064 0,378 0,073 1,024 0,377 0,073 1,026 0,452 0,073 1,113 0,467 0,073 1,103 0,470 0,073 1,033 0,401 0,073 1,111 0,382 0,073 1,081 0,452 0,073 1,065 0,374 0,073 1,081 0,377 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
93% Diesel
7% Biocombustível (5)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
73% CIDE
93% CIDE (2)
1,684 0,176 0,047 1,515 0,178 0,047 1,569 0,176 0,047 1,554 0,176 0,047 1,467 0,178 0,047 1,526 0,178 0,047 1,628 0,160 0,047 1,618 0,170 0,047 1,630 0,160 0,047 1,487 0,178 0,047 1,674 0,160 0,047 1,609 0,160 0,047 1,568 0,170 0,047 1,527 0,176 0,047 1,519 0,178 0,047 1,490 0,178 0,047 1,508 0,178 0,047 1,572 0,161 0,047 1,530 0,170 0,047 1,436 0,178 0,047 1,613 0,176 0,047 1,601 0,176 0,047 1,488 0,161 0,047 1,633 0,161 0,047 1,566 0,178 0,047 1,564 0,170 0,047 1,548 0,176 0,047 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279
93% PIS/ COFINS (2) 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231
Carga ICMS 0,954 0,910 0,903 0,798 1,041 0,878 0,885 0,915 1,000 0,920 0,866 0,855 1,015 0,952 0,872 0,925 0,818 0,950 1,092 0,894 0,892 0,883 0,886 0,833 0,905 0,783 0,860 2,719
Carga ICMS 0,569 0,477 0,502 0,480 0,506 0,471 0,343 0,336 0,432 0,474 0,531 0,380 0,430 0,504 0,470 0,477 0,486 0,331 0,361 0,476 0,522 0,527 0,300 0,331 0,493 0,332 0,422 2,408
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
2,943 2,752 2,797 2,694 2,862 2,758 2,701 2,773 2,811 2,765 2,733 2,687 2,832 2,825 2,724 2,752 2,676 2,743 2,844 2,724 2,824 2,807 2,671 2,677 2,791 2,573 2,669
25% 27% 25% 25% 30% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 29% 28% 27% 27% 25% 29% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%
3,817 3,369 3,612 3,191 3,470 3,250 3,541 3,389 3,448 3,409 3,462 3,420 3,499 3,399 3,229 3,425 3,270 3,275 3,522 3,311 3,568 3,530 3,543 3,330 3,352 3,130 3,440
Custo da distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
2,706 2,446 2,525 2,488 2,428 2,452 2,409 2,401 2,499 2,416 2,643 2,426 2,445 2,485 2,444 2,423 2,449 2,341 2,338 2,368 2,588 2,581 2,225 2,402 2,514 2,343 2,423
17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 12% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 15%
3,345 2,806 2,952 2,825 2,978 2,771 2,862 2,798 2,883 2,789 3,126 3,164 2,866 2,966 2,765 2,808 2,860 2,757 2,776 2,802 3,070 3,100 2,498 2,760 2,900 2,764 2,810
Combustíveis & Conveniência • 63
44 TABELAS
Formação de PREÇOS
em R$/L
A revista Combustíveis & Conveniência divulga a formação do custo do diesel S10 em função do crescente aumento de sua participação no volume total de óleo diesel comercializado no Brasil. Também está disponível para consulta um quadro com as normas que alteram a tributação dos combustíveis ocorridas ao longo do ano.
UF
93% Diesel
7% Biocombustível
93% CIDE (2)
Diesel S10
(5)
93% PIS/ COFINS (2)
Carga ICMS
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
AM
1,637
0,176
0,047
0,231
0,502
2,592
17%
2,952
BA
1,574
0,178
0,047
0,231
0,506
2,535
17%
2,978
CE
1,610
0,178
0,047
0,231
0,471
2,536
17%
2,771
DF
1,743
0,160
0,047
0,231
0,343
2,524
12%
2,862
ES
1,664
0,170
0,047
0,231
0,336
2,447
12%
2,798
MA
1,566
0,178
0,047
0,231
0,474
2,495
17%
2,789
MG
1,633
0,170
0,047
0,231
0,430
2,510
15%
2,866
PA
1,607
0,176
0,047
0,231
0,504
2,565
17%
2,966
PE
1,539
0,178
0,047
0,231
0,477
2,471
17%
2,808
PR
1,647
0,161
0,047
0,231
0,331
2,416
12%
2,757
RJ
1,621
0,170
0,047
0,231
0,361
2,429
13%
2,776
RS
1,619
0,161
0,047
0,231
0,300
2,356
12%
2,498
SC
1,708
0,161
0,047
0,231
0,331
2,477
12%
2,760
SP
1,672
0,170
0,047
0,231
0,332
2,451
12%
2,764
CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL
(4)
2,469
Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado em 2014. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.
Norma
Produção de efeitos
Resumo
Medida Provisória 34, de 12/06/2015
14/01/2015
Altera a alíquota de ICMS do diesel em Tocantins (13,5% para 15%)
Decreto 8.395, de 28/01/2015
01/02/2015
Altera o PIS/COFINS e a CIDE da gasolina e do diesel
Portaria MAPA 75, de 05/03/2015
16/03/2015
Altera o percentual de etanol anidro à gasolina (25% para 27%)
Lei 21.527, de 16/12/2014
17/03/2015
Altera as alíquotas de ICMS da gasolina (27% para 29%) e do etanol (19% para 14%) em Minas Gerais
Lei 13.207, de 22/12/2014
23/03/2015
Altera a alíquota de ICMS da gasolina na Bahia (27% para 30%)
Lei 18.371, de 15/12/2014
01/04/2015
Altera a alíquota de ICMS da gasolina no Paraná (28% para 29%)
Lei 13.137, de 19/06/2015
01/05/2015
Altera a alíquota de Pis/Cofins incidente na importação de etanol
Lei 4.688, de 26/06/2015
01/07/2015
Altera a alíquota de ICMS do diesel no Mato Grosso do Sul (17% para 12%)
64 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor
Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol
Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol
BR 3,037 N/D 2,090
Manaus (AM) Gasolina Diesel Etanol
Cuiabá (MT)
3,090 2,599 2,167
Ciapetro 3,090 3,090 2,570 2,570 N/D N/D
Gasolina Diesel Etanol
2,776 2,399 2,210
3,048 2,804 2,499
Raízen 2,930 3,037 2,689 2,783 2,480 2,674
Gasolina Diesel Etanol
2,792 2,537 2,208
2,987 2,729 2,440
Gasolina Diesel Etanol
2,840 2,597 2,202
Gasolina Diesel Etanol
2,734 2,374 2,132
Gasolina Diesel Etanol
Gasolina Diesel Etanol
2,700 2,498 2,140
Gasolina Diesel Etanol
Alesat 2,780 2,967 2,475 2,538 2,238 2,355
Gasolina Diesel Etanol
2,813 2,674 2,168
Gasolina Diesel Etanol
2,730 2,363 1,923
Gasolina Diesel Etanol
2,900 2,394 2,484
BR 2,950 2,614 N/D
3,182 2,826 2,653
Atem's 2,930 2,930 2,600 2,620 N/D N/D
Equador 2,880 3,180 2,580 2,668 2,222 2,450
BR
2,789 2,662 1,783
Gasolina Diesel Etanol
2,896 2,529 1,751
Gasolina Diesel Etanol
2,750 2,391 1,534
Gasolina Diesel Etanol
2,796 2,669 2,149
Gasolina Diesel Etanol
2,765 2,325 2,041
Campo Grande (MS)
3,090 2,726 N/D
Equador 2,930 2,930 2,600 2,600 N/D N/D Raízen 2,916 3,113 2,571 2,756 2,349 2,431 Equador 3,157 3,157 N/D N/D N/D N/D
3,221 2,985 2,462
BR
2,900 2,780 1,700
Raízen 2,944 2,960 2,775 2,794 1,705 1,750
2,840 2,710 1,650
2,950 2,808 1,980
Taurus 2,730 2,930 2,635 2,795 1,820 1,960
2,803 2,723 1,805
2,916 2,590 1,797
2,926 2,569 1,687
2,897 2,480 1,978
2,780 2,350 1,542
2,892 2,669 2,149
2,746 2,571 2,083
2,915 2,325 2,158
2,773 2,333 2,054
Total
IPP 2,897 2,557 1,803
2,946 2,557 1,928
2,882 2,463 1,848
2,719 2,340 1,586
Raízen 2,999 2,552 1,919
2,746 2,571 2,083
2,795 N/D 2,077
Raízen 2,795 N/D 2,077
2,869 2,336 2,222
2,851 2,338 2,180
Raízen 2,880 2,408 2,190
BR
IPP
2,917 2,841 1,976
2,949 2,570 1,771 IPP
IPP
2,937 2,776 1,783 IPP
BR
BR
Porto Alegre (RS)
3,090 2,726 N/D
N/D N/D N/D
Raízen 3,142 3,185 2,765 2,808 2,101 2,491
BR
Florianópolis (SC)
3,051 2,663 2,480
N/D N/D N/D
Equador 3,209 3,300 2,909 2,954 2,430 2,458
Idaza
Gasolina Diesel Etanol
2,965 2,602 2,327 IPP
3,086 2,700 N/D
3,104 2,739 2,125
2,950 2,614 N/D
IPP
BR
3,086 2,700 N/D
N/D
2,990 2,670 N/D BR
2,956 2,590 2,529
2,900 2,780 1,630
Curitiba (PR)
Maior
Maior
Menor
IPP 3,006 2,749 2,523
2,899 2,630 N/D
Gasolina Diesel Etanol
Goiânia (GO)
3,066 2,570 2,167
IPP
Rio Branco (AC)
Gasolina Diesel Etanol
3,037 N/D 2,090
2,941 2,630 2,321
Porto Velho (RO)
Gasolina Diesel Etanol
Menor
Maior Total
BR
Boa Vista (RR) Gasolina Diesel Etanol
Menor
São Luiz (MA)
Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol
Maior
em R$/L - Junho 2015
BR
Teresina (PI)
IPP
Maceió (AL)
Menor
Maior
Raízen 2,860 2,928 2,478 2,570 2,367 2,490
2,807 2,490 2,220
2,795 2,539 2,208
Raízen 2,810 2,831 N/D N/D 2,192 2,192
2,769 N/D N/D
2,804 N/D N/D
2,990 2,697 2,325
2,877 2,610 2,234
3,083 2,700 2,539
2,840 2,600 2,262
Raízen 2,972 2,816 2,393
2,933 2,567 2,322
2,860 2,455 2,240
2,929 2,529 2,413
2,853 2,444 N/D
Raízen 2,884 2,518 N/D
Dislub 2,790 2,830 2,476 2,565 2,083 2,201
Alesat 2,759 2,869 2,489 2,591 2,031 2,222
2,722 2,250 1,982
Total
Raízen 2,757 2,903 2,547 2,649 2,157 2,248
2,687 2,503 2,121
BR
BR
BR
IPP
2,725 2,544 2,150
BR 2,819 2,522 2,233 BR
IPP
2,914 2,575 2,255 BR
2,850 2,522 2,434
2,750 2,431 2,081
2,983 2,775 2,287
Raízen 2,880 2,991 2,630 2,685 2,005 2,324
2,917 2,613 2,314
2,920 2,613 2,344
2,833 2,443 2,003
2,750 2,360 1,930
3,068 2,507 2,201
2,842 2,398 2,038
Raízen 3,008 2,535 2,177
2,909 2,404 2,484
2,864 2,447 2,401
2,916 2,464 2,439
2,894 2,514 2,453
Raízen 2,924 2,527 2,474
Gasolina Diesel Etanol
Raízen 2,902 3,171 2,350 2,547 2,003 2,369
2,927 2,358 1,939
3,267 2,542 2,360
2,915 2,360 2,020
Gasolina Diesel Etanol
2,685 2,544 1,736
3,005 2,573 1,866
Alesat 2,865 3,026 2,440 2,561 1,706 1,920
2,997 2,530 1,790
3,033 2,530 1,882
Gasolina Diesel Etanol
2,478 2,290 1,480
2,835 2,496 1,765
2,622 2,311 1,573
2,854 2,454 1,759
2,595 2,310 1,549
Raízen 2,843 2,511 1,776
Gasolina Diesel Etanol
3,092 2,486 2,481
3,110 2,590 2,548
Raízen 3,092 3,110 2,470 2,479 2,500 2,548
3,109 2,469 2,475
Aracaju (SE)
BR
Salvador (BA) -
Vitória (ES)
Total
BR
Belo Horizonte (MG)
BR
São Paulo (SP)
IPP
BR
IPP
BR
2,901 2,546 2,539 IPP
BR
IPP
Rio de Janeiro (RJ)
Brasília (DF)
2,757 2,478 2,195
2,957 2,589 2,287 IPP
IPP
BR
João Pessoa (PB)
Recife (PE)
Maior
2,934 2,399 2,339
Fortaleza (CE)
Natal (RN)
Menor
BR 3,168 2,510 2,407 IPP
Alesat 3,109 2,469 2,475 Fonte: ANP
Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP. O diesel corresponde ao S500, com exceção de Belém, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Aracaju, que apresentam o preço do S10
Combustíveis & Conveniência • 65
44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich
Capacidade e iniciativa
A mesa dos velhos no restaurante do clube, após o término do tênis no fim de semana, está em polvorosa. Alguns dos mais velhos estão tristes. A maioria, mais do que triste, está revoltada. O único que parece tranquilo e sereno, com o ar de superioridade dos que estão em paz consigo mesmo é o conhecido Bonfá, o corrupto. Este personagem tem como característica estar sempre do lado do governo. Desde a época dos militares, e talvez desde antes, prima por entender os motivos dos detentores do poder e justificá-los. - Foi participante em todas as falcatruas e vigarices já feitas no país. Ganhou dinheiro com o “adubo-papel” e com financiamentos frios dos bancos de fomento desde épocas imemoriais. Mas nunca antes esteve tão rico e feliz como agora. A explicação do Doutor se faz necessária, pois nem todos os leitores estão familiarizados com o personagem. Ele costuma ser discreto e manter-se à sombra. Um dos mais velhos e revoltados companheiros manifesta-se: - É um absurdo. Não se pode confiar mais nem no STF. Os juízes estão ganhando um auxílio-
66 • Combustíveis & Conveniência
-moradia, que é muito maior do que a aposentadoria mais alta paga pelo INSS. - Os deputados têm vantagens indevidas aos montes. - O estado se apropriou dos depósitos judiciais. - O estado cobra impostos inexistentes. Bi-tributa. - Estão usando o dinheiro de FGTS e pagando um juro ridículo. - O poder de compra dos aposentados diminui dramaticamente. - E os financiamentos do BNDES?? - E a Petrobras? US$ 20 bilhões numa refinaria que não era necessária, nem justificava o gasto do orçamento inicial de US$ 2 bilhões. Entre palmadas na mesa e uivos de raiva segue uma longa enumeração de mal feitos. Bonfá sorri. E protesta: - Nunca antes neste país as pessoas originalmente pobres ganharam tanto dinheiro. E ganharam sem grandes preparos. - Estás falando de quem? Bonfá começa a citar alguns nomes. Depois, ao ver que não impressionava, termina: - Não são muitos porque o que se premia é a capacidade e a iniciativa.