Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 148

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ÍNDICE 33

n Reportagem de Capa

n Meio Ambiente

46 • Retrocesso na qualidade do ar

38 • Revenda à deriva

n Conveniência

50 • Como organizar gôndolas n Entrevista

10 • Clóvis Panzarini, sócio-diretor da CP Consultores Associados

n Mercado

18 • Veículo leve a diesel em pauta 20 • Vendas diminuem n Na Prática

26 • eSocial está chegando 28 • Sem medo de errar 32 • Golpes vão e voltam 35 • Cuidados para contratar um seguro

61 • Evolução dos

04 • Virou Notícia

25 • Adão Oliveira 45 • Jurídico Felipe Klein Goidanich 53 • Flavio Santiago

Preços do Etanol

62 • Comparativo das

4TABELAS

66 • Crônica

4OPINIÃO

4SEÇÕES

56 • Atuação Sindical 60 • Perguntas e Respostas

17 • Paulo Miranda Soares

Margens e Preços dos Combustíveis

63 • Formação

de Preços

64 • Formação

de Custos do S10

65 • Preços das

Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

DE OLHO NA ECONOMIA

GNV respira

8,2% Foi a taxa de desemprego em fevereiro nas seis maiores regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), a maior da série histórica para o mês de fevereiro desde 2009. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Comgás

11, 53% Foi a perda de arrecadação de impostos pela Receita Federal em fevereiro na comparação com o mesmo período de 2015, cujo volume somou R$ 87,8 bilhões. Quando comparada a janeiro, a queda foi de 32,71%.

4,2% Foi a projeção de queda de vendas no varejo para 2016, segundo divulgou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A previsão foi revista após divulgação de dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) pelo IBGE.

60,3%

O valor do quilômetro rodado com GNV ficou 50% mais em conta do que o etanol em 16 estados do país, incluindo todo o Sudeste, a partir da terceira semana de janeiro, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). O consumo de GNV na região Sudeste cresceu 1,7% no final de 2015. Ao que tudo indica, o que impulsionou este crescimento foi a alta do etanol, concorrente direto do GNV, a partir de novembro. A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) também registrou alta de 2,6% no volume comercializado no 4º trimestre de 2015, na comparação com o terceiro trimestre do mesmo ano. O total de consumo no último trimestre foi de 49.840 milhões de metros cúbicos ante 48.226 milhões de metros cúbicos no 3º trimestre, conforme dados dos balanços trimestrais da empresa.

Foi o percentual de famílias endividadas em março, de acordo com

Mais conversões

a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic),

Outro indicador positivo do segmento é o número de conversões de veículos para GNV. Na área de abrangência da Comgás, houve crescimento de 83% no 4º trimestre de 2015 na comparação

da CNC. O dado representa um aumento de 0,7 ponto percentual em relação a março de 2015. 4 • Combustíveis & Conveniência


Ping-Pong com o mesmo período de 2014. Em janeiro e fevereiro de 2016, a Comgás também registrou uma variação positiva. Foram 132% a mais de veículos convertidos em relação ao mesmo período de 2015. Em outubro de 2015, foram 320 veículos convertidos, em novembro, 504, e em dezembro, 444. Já em janeiro de 2016, foram 422 conversões e 532 em fevereiro — este último mês representa um recorde no número de conversões nos últimos cinco anos.

Aumento do biodiesel Em 23 de março, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.263/2016, que estabelece o aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel de 7% para 8% até 2017. Em 2018, a elevação do teor sobe para 9% e, em 2019, aumenta para 10%. Pelo texto, o índice de biodiesel no diesel poderá atingir até 15% depois que forem realizados testes nos veículos, aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Novo código civil

Adriano Pires

Sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) O projeto de lei 131/2015, do senador José Serra (PSDB-SP), desobriga a Petrobras de ser a operadora única na exploração da camada do pré-sal. Qual a sua opinião sobre esse projeto? Sou favorável por vários motivos. O principal deles é que o mercado de petróleo no mundo mudou e está vivendo um ciclo de preços baixos que vai durar algum tempo. Precisamos criar regulações mais amistosas para atrair investimentos e a legislação brasileira em relação ao modelo de partilha é muito intervencionista, dando à Petrobras o monopólio da operação. Opiniões contrárias ao projeto dizem que ele será muito ruim para a empresa num momento em que ela precisa se recuperar. Qual é a sua opinião? Mas o projeto dá preferência à Petrobras! Ela tem a vantagem da concorrência quando o governo lançar os editais. Agora, se ela não quiser exercer a preferência, aí, sim, o governo abre o leilão para outras empresas interessadas. O Brasil não pode esperar a recuperação da Petrobras para fazer investimentos nessa área. Os estados estão quebrados, os municípios estão precisando de dinheiro. Para eles, não importa quem paga os royalties. A Petrobras acumula prejuízos da ordem de mais de R$ 60 bilhões em 2014-2015 e está passando por um grande ajuste de seus negócios. Não há dinheiro em caixa para fazer novos investimentos. Além disso, a tendência é de redução no uso do petróleo nos próximos anos. Então, precisamos tirar logo esse petróleo do pré-sal. As pessoas contrárias (ao projeto do senador) pertencem à vanguarda do atraso.

Em 18 de março, entrou em vigor o novo Código de Processo Civil (CPC), conforme a Lei 13.105/15. O texto, que passou por quase cinco anos de debates no Congresso Nacional, garante maior efetividade aos princípios constitucionais e nasce com a promessa de assegurar processos judiciais mais simples e rápidos.

Diante de todas as dificuldades que enfrenta, o senhor acredita na recuperação da Petrobras? A Petrobras é uma empresa que terá de passar por um forte ajuste e sua recuperação será difícil, longa. Não adianta vender ativos. Nos próximos dez anos, o barril do petróleo deve permanecer cotado na faixa dos US$ 50-60. Junto com isso, há toda uma agenda ambiental contra o uso dos derivados de petróleo. Já podemos ver o consumo de gás natural crescendo, pois, embora seja um combustível fóssil, é mais limpo. Estamos vivendo um ciclo de colapso muito diferente dos outros por conta dessa agenda ambiental.

Com o novo código, alguns recursos são extintos e as multas aumentam para quem recorrer apenas para adiar decisões. Além disso, a Justiça deve ganhar rapidez com o mecanismo de julgamento de recursos repetitivos, que permitirá a aplicação de uma decisão única para processos iguais. O texto determina ainda a criação de centros judiciários para que se promova a solução consensual de conflitos.

Como deve ficar o cenário de distribuição e revenda nesse contexto? Vai cair a receita porque o consumo está caindo. A crise levou à queda do consumo de gasolina. Sem dinheiro, as pessoas preferem deixar o carro em casa e pegar ônibus ou bicicleta. Daqui a alguns anos, teremos um cenário bem diferente do que foi os últimos anos, quando vendeu-se muito carro e estimulou-se um preço mais barato para a gasolina. Os estados também estão quebrados e nem conseguem mexer na questão tributária (dos combustíveis). Penso que esse contexto vai acelerar a concentração do setor, com um aumento de fusões de grandes redes. Combustíveis & Conveniência • 5


44 VIROU NOTÍCIA

Petrobras em foco Perdas A Petrobras registrou o pior resultado de sua história: prejuízo líquido de R$ 34,8 bilhões em 2015. A companhia atribuiu o resultado à revisão no valor de ativos e investimentos influenciada, principalmente, pelo declínio dos preços do petróleo e pelo incremento nas taxas de desconto, gerando uma baixa contábil de R$ 49,7 bilhões. Já o Ebitda ajustado aumentou 25% na comparação com o ano anterior, atingindo R$ 73,9 bilhões em função dos maiores preços de diesel e gasolina e da redução de gastos com participações governamentais e importações de petróleo e derivados.

Produção cai Em 2015, a produção de derivados pela Petrobras alcançou 2,3 milhões de barris por dia, montante 7% inferior ao produzido em 2014. A redução refletiu a menor demanda por derivados, a parada programada na Rlam (BA) e a não programada na Reduc (RJ), parcialmente compensadas pela entrada em operação da Rnest (PE) em novembro de 2014. O fator de utilização do parque de refino saiu de 98% para 89%.

Vendas caem também

Agência Petrobras

As vendas de gasolina caíram 11%, influenciadas pelo aumento no percentual de etanol anidro na

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mistura, elevação das vendas por importadores e redução da frota de veículos movidos somente à gasolina. Já o óleo diesel teve queda de 8%, reflexo também do aumento do percentual de biodiesel na mistura, aumento das vendas por importadores e menor consumo em obras de infraestrutura. A queda nas vendas de óleo diesel só não foi maior pelo consumo da frota de veículos movidos a diesel.

Preços sobem Já o preço médio dos derivados, praticado pela Petrobras às distribuidoras, no mercado interno subiu 1%, passando de R$ 226,5/bbl, em 2014, para R$ 228,2/bbl, em 2015; enquanto o preço médio do petróleo Brent, em 2015, registrou queda de 47% na comparação com o ano anterior. A Petrobras justificou o aumento nos preços médios no mercado interno aos reajustes de preços do óleo diesel e da gasolina em novembro de 2014 e setembro de 2015.

Renúncia Mais um conselheiro anunciou sua saída do Conselho de Administração da Petrobras e de sua subsidiária, BR Distribuidora. Desta vez, foi a vez de Luiz Augusto Fraga Navarro de Britto renunciar ao cargo. Navarro deixou o conselho para assumir o cargo de ministro de estado da Controladoria Geral da União.


ANP no dia do consumidor No dia 15 de março, dia do Consumidor, a ANP realizou ações de conscientização em São Paulo e no Rio de Janeiro, demonstrando aos consumidores como garantir seus direitos na compra de combustíveis. Os técnicos da Agência fizeram demonstrações da realização de testes que podem ser exigidos pelo consumidor ao abastecer, como teor de álcool (etanol anidro) na gasolina e teste de vazão, que verifica se a bomba abastecedora fornece o mesmo volume que está sendo registrado. Os técnicos também orientaram sobre os cuidados na aquisição de gás de botijão (GLP). As ações contaram com a participação do Procon e Ipem.

Atenção! Vence, neste mês de abril, o pagamento da primeira parcela da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), cobrada pelo Ibama. O valor é o mesmo do ano passado, embora a legislação autorize a correção anual. A taxa deve ser paga por todos os revendedores e seu valor varia de acordo com o porte do empreendimento: de R$ 289,84 a R$ 579,67 (pequeno porte), de R$ 579,67 a R$ 1.159,35 (médio porte) e de R$ 1.159,35 a R$ 5.796,73 (grande porte).

Novo diretor Aurélio Amaral foi nomeado para o cargo de diretor da ANP, com mandato de quatro anos. Sua nomeação foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 28 de março. Aurélio Amaral iniciou sua carreira na ANP em 2009. Foi assessor da diretoria, coordenador geral do escritório regional em São Paulo e superintendente adjunto de fiscalização e, em 2012, assumiu a Superintendência de Abastecimento.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

A Petrobras e Al Capone A Petrobras foi destruída. A maior e mais importante empresa do país está praticamente terminada. Endividada, sem quadros técnicos e descapitalizada. O futuro do país está severamente comprometido. Vitimada por uma administração deletéria e temerária. Erros estratégicos graves, mas, principalmente, desvios absurdos motivados por corrupção. A compra da “chatarra” da dita Refinaria de Pasadena. Chatarra, essa feia palavra castelhana define muito bem: ferro velho, destroço. E a um custo absurdo! A compra de participações de mercado retalhista no Uruguai, Argentina, Colômbia, Paraguai e Bolívia foi um desastre. Se tentarem vender agora estes ativos, os valores apurados não chegarão a 10% do que foi despendido na aquisição. A construção da desnecessária e antieconômica refinaria de Abreu Lima custou dez vezes mais do que o orçamento. Dinheiro desviado diretamente dos cofres da Petrobras para a corrupção. Os fundos da Petros, que asseguravam a aposentadoria dos funcionários e ex-funcionários da Petrobras, foram dilapidados criminosamente. Depois de meses de CPIs, operações e intermináveis discussões políticas ainda se aguardam resultados. O que foi feito com a Petrobras seria suficiente para o impeachment de vários presidentes e a condenação de inúmeros corruptos. Mas segue-se discutindo apartamentos, sítios, barcos e amantes. Mas, ainda há uma esperança. Como outro dia lembrou uma pessoa já de provecta idade, Al Capone matou pessoalmente, frente a 20 ou 30 pessoas, um rival a golpes de taco de baseball. Também foi mandante da matança do Dia de São Valentim, entre outros graves crimes. Sempre ficou impune. Mas acabou sendo apanhado por sonegação de impostos. Grande consolo. Quem sabe, alguém termine condenado por esconder apartamentos ou crucifixos. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

Tempos incertos A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 59 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisbôa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Marciano Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot com imagens da Agência Petrobras Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

Estamos diante de um mar de incertezas na política e na economia do país. A falta de direção traz uma série de consequências e a principal delas é a estagnação. Enquanto não se implementar medidas efetivas de recuperação econômica, continuaremos estagnados, sem um rumo certo a seguir. Bater panela, fazer manifestação é importante na expressão do exercício da cidadania, contra ou a favor da política atual, todos têm direito de se manifestar. Mas o que queremos para o nosso futuro? Não temos líderes no país, não temos bons exemplos a seguir. Vivemos num país onde se perdeu a ideologia, onde não há uma cultura política. A ditadura nos deixou de herança uma população pouco politizada e sem noção de exercer os seus direitos. Tivemos um dos piores acidentes ambientais no ano passado, em que a população foi gravemente afetada, e a pergunta que se faz é: se fosse em outro país, teria havido mais respeito às leis? Onde está o respeito à vida humana, à fauna e à flora? De que adianta termos uma das legislações ambientais mais evoluídas se as grandes empresas não cumprem a sua parte e o poder econômico guia a maior parte de suas condutas? No aspecto econômico, também temos o vírus da corrupção que contamina setores públicos e privados. O caso Petrobras ilustra da melhor forma o mar de lama que se estende infinitamente, ainda longe de acabar. Com o desenrolar das investigações da operação Lava-Jato, temos a comprovação de que a sangria na Petrobras não vem de hoje. Os problemas de má gestão, o endividamento da empresa em dólar, a queda de preço do petróleo no mercado internacional, o descrédito no mercado internacional, que dificulta investimentos, trouxeram um dos piores resultados financeiros para a Petrobras, com prejuízo de R$ 34,8 bilhões em 2015. Uma das saídas para a estatal seria implementar a política de desinvestimento o quanto antes, com a venda de algumas de suas áreas de negócios, entre as quais está a BR Distribuidora. Colocada à venda e com alguns interessados, o futuro da BR é uma incógnita. Os revendedores da bandeira estão sentindo na pele as dificuldades desse período de incertezas. Aumento nos custos, falta de parceria, lentidão nas resoluções do dia a dia, falta de assessores são alguns dos problemas que a revenda BR tem enfrentado com a mudança de conduta da distribuidora, fruto da crise da Petrobras. Confira a Reportagem de Capa que traz depoimentos de revendedores BR e todos os fatos que colocam em xeque o relacionamento, que já foi no passado uma grande parceira. Outro destaque desta edição é a cobertura do XI Seminário de Avaliação do Mercado de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis da ANP, que apresentou os resultados das vendas de combustíveis no ano passado e o balanço das ações de fiscalização, com reportagem de Gisele de Oliveira e Mônica Serrano. A seção na Prática desta edição traz duas repostagens escritas por Gisele de Oliveira. Uma sobre contratação de profissionais, para o revendedor aproveitar a oferta de mão de obra em alta para fazer a melhor escolha; e a outra mostra os golpes que vão e voltam das maquininhas de cartão. Outro destaque desta seção é a importância da contratação de seguros para se precaver de prejuízos causados pelas chuvas, temporais, e incêndios, por Adriana Cardoso. Confira também o que vai mudar com a entrada do eSocial (Mônica Serrano). Em Mercado, nossa repórter Rosemeire Guidone aborda a discussão sobre o uso de diesel em veículos leves no Brasil. E na reportagem do mês, Rosemeire entrevistou Clóvis Panzarini, sócio-diretor da CP Consultores Associados, que trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, e mostra a complexidade de nosso sistema tributário. Boa leitura! Mônica Serrano Editora


44 SINDICATOS FILIADOS ACRE

Sindepac Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br

ALAGOAS

Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br

AMAZONAS

Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br

BAHIA

MATO GROSSO

Sindipetróleo Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br

MATO GROSSO DO SUL

Sinpetro Edemir Jardim Neto Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br

MINAS GERAIS

Minaspetro Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br

PARÁ

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br

RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax: (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br

RIO GRANDE DO SUL Sulpetro Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br

Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br

Sindicombustíveis - PA Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br

CEARÁ

PARAÍBA

RONDÔNIA

PARANÁ

RORAIMA

Sindipostos - CE Antonio Machado Neto Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br

DISTRITO FEDERAL

Sindicombustíveis - DF Fernando Ramos SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br

ESPÍRITO SANTO

Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br

GOIÁS

Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br

MARANHÃO

Sindicombustíveis - MA Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br

Sindipetro - PB Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br

Sindicombustíveis - PR Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

PERNAMBUCO

Sindicombustíveis - PE Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco, 15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

PIAUÍ

Sindipetro - PI Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RIO DE JANEIRO

Sindestado Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br

Sindipetro - RO Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br

Sindipostos - RR Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com

SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br

SÃO PAULO – CAMPINAS Recap Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br

SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br

SERGIPE Sindpese Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br

SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br

SANTA CATARINA Sindipetro - SC Reinaldo Francisco Geraldi Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

TOCANTINS

SANTA CATARINA - BLUMENAU

TRR

Sinpeb Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br

Sindiposto - TO Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br

Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada

ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha Fone: (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com

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44 Clóvis Panzarini 4 Sócio-diretor da CP Consultores Associados

A culpa é da má gestão

Fotos: Leco de Souza

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Por Rosemeire Guidoni Na tentativa de reequilibrar as contas públicas em um momento de crise, vários tributos, entre eles o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis, foram reajustados no Brasil. No entanto, mesmo com os reajustes, a arrecadação não é capaz de conter o rombo dos cofres nacionais. “Não podemos nem dizer que a carga tributária nacional é alta. Eu costumo compará-la a uma taxa de condomínio. É possível baixar? Sim, mas, para tanto, seria necessário cortar despesas, pois há custos que precisam ser honrados. Se os custos são altos, não adianta reduzir a taxa que, no mês seguinte, terá chamada extra”, destacou o economista Clóvis Panzarini, sócio-diretor da CP Consultores Associados. Panzarini, que trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, no período de 1968 a 2002, onde ocupou, nos últimos oito anos do período, a função de coordenador da administração tributária, explica que a carga tributária tem que ser suficiente para cobrir o custo do setor público. “No Brasil, temos carga tributária equivalente a 37% do Produto Interno Bruto (PIB). Considerando as despesas com juros, o custo do governo é 47% do PIB. Então, nós temos um governo que custa 47% e arrecadamos 37%. Onde está a causa da tragédia nacional? São estes 10 pontos percentuais que nós gastamos sem arrecadar. Esta é a raiz de todos os males”, afirmou ele, em entrevista exclusiva à revista Combustíveis & Conveniência, em São Paulo. Confira a seguir os principais trechos da entrevista com Clóvis Panzarini, que durante sua

gestão como coordenador da administração tributária em São Paulo, concebeu e implantou o Programa de Modernização da Coordenadoria da Administração Tributária (Promocat), que teve assistência técnica e financeira do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Combustíveis & Conveniência: Na tentativa de equilibrar as finanças públicas, vários tributos foram reajustados. O impacto dos reajustes no bolso dos consumidores não agrava mais a crise econômica? Clóvis Panzarini: Sim, claro que causa impacto. Mas, vamos primeiro tentar descobrir a origem, a causa deste aumento de carga tributária que está acontecendo no Brasil, não só em nível estadual, mas federal também. Tudo isso é consequência da grave crise em que o país se meteu, decorrente de erros da política econômica federal, e os estados acabam sendo vítimas porque, enquanto a união consegue complementar o orçamento com mais dívida, os estados não têm esta possibilidade. Então, os estados têm duas formas de buscar o reequilíbrio das finanças. A crise, a queda da economia e do PIB, derruba a única e mais importante fonte de arrecadação que é o ICMS. Então, ou os estados aumentam sua carga tributária, ou cortam despesas. Os estados não têm grandes margens orçamentárias para cortar despesas correntes, por causa do engessamento do seu orçamento. Tudo está carimbado: pessoal, previdência, gastos obrigatórios com saúde, educação etc. Então, os estados que têm maior volume de investimentos fazem cortes. São Paulo, por exemplo, é um estado que sempre investiu pesadamente com recursos próprios, e com a

crise não precisou aumentar a carga tributária tão fortemente. Ao invés disso, cortou investimentos, como obras, e fez um aumento pontual de carga tributária, mas não tão relevante. Já estados que investem pouco não têm onde cortar, sua despesa corrente é engessada e, por isso, têm que aumentar a carga tributária, e o “filé mignon” da base tributária nos estados inclui combustíveis, comunicação e energia elétrica. Esses três setores respondem por 35% a 45% da arrecadação dos estados. Então, acaba sendo a forma mais confortável que os estados têm para buscar, rapidamente, o reequilíbrio orçamentário. C&C: Mas o reajuste do ICMS dos combustíveis foi feito com alíquotas diferentes nos estados. As diferenças tributárias não propiciam guerra fiscal ou mesmo motivam fraudes? CP: Não sei se a diversidade de alíquota entre os estados explica a fraude. É claro que quanto maior a alíquota, maior o prêmio em praticar a fraude. Mas não é a diversidade de alíquota que gera a fraude. No setor de derivados de petróleo, a fraude é muito pequena, pode ocorrer fraude de mistura, de adulteração de combustível, mas sonegação é mais difícil. Como no setor é aplicado o mecanismo da substituição tributária, a Petrobras é a grande arrecadadora e, então, a fraude é pequena. Existe fraude no etanol, que é mais complicado porque não existe aquele gargalo forte e confiável como no setor de derivados de petróleo, que é a Petrobras. No etanol, temos as usinas e nem todas confiáveis, e temos outros problemas, como venda direta das usinas para postos. Mas não é a diversidade de alíquota, no meu entender, que causa isso. Combustíveis & Conveniência • 11


44 Clóvis Panzarini 4 Sócio-diretor da CP Consultores Associados C&C: E questões de concorrência? A diversidade de alíquotas não afeta as regiões de fronteira? CP: Sim, os problemas de fronteira sem dúvida existem. Não tem como resolver isso. Ou o país opta por uma alíquota única, ou não. Infelizmente, é um ônus do empresário da região de fronteira, mas é um problema muito sério. No passado, lá no começo do ICMS sobre os combustíveis, o Rio Grande do Sul baixou a alíquota do diesel para 12%, enquanto os demais praticavam 18%. Tivemos um efeito dominó. Santa Catarina acabou sendo induzida a reduzir também por causa da fronteira, Paraná idem, depois São Paulo. No caso do diesel, isso é um problema grande. Na gasolina também, mas não é tão grave, porque os tanques dos veículos são pequenos, é muito residual. Claro que prejudica o contribuinte. O posto, que está do lado da fronteira onde a carga é mais pesada, vai ter um problema sério. C&C: Não seria melhor uma alíquota única? CP: Sim, eu acho que este imposto deveria ser federal e aí teria alíquota única. Mas como ele é estadual, e os estados têm diferentes problemas, realidades orçamentárias distintas, não é possível engessar todas as unidades da federação pelo teto ou pelo piso. Estados como o Rio Grande do Sul têm problemas orçamentários terríveis, arrecadam apenas o suficiente para a folha de pagamento e, por isso, necessita de alíquota mais alta. Então, me parece que não faz sentido aplicar, por exemplo, a alíquota do Rio Grande do Sul para as outras 26 unidades federadas. Da mesma forma, em estados que têm mais conforto 12 • Combustíveis & Conveniência

orçamentário, que podem praticar alíquota baixa, não faz sentido exigir que os outros 26 estados apliquem a mesma alíquota baixa. É o caso de São Paulo, onde há problemas de arrecadação, mas foi possível fazer o ajuste pelo corte de investimentos. O estado atrasou cronogramas de obras e não precisou fazer aumento muito forte da carga tributária. Mas este sistema é justo? Bem, é o custo da democracia. A crise econômica, causada por decisões equivocadas do governo, arrebentou com o orçamento de todos os estados. A raiz de todo problema tributário é a crise econômica e o esfacelamento das contas públicas federais. C&C: Em sua opinião, a carga tributária no país é muito elevada ou o problema é a forma como os recursos são utilizados? CP: Acho que este é um falso debate. O imposto é uma variável dependente, costumo comparar o imposto à taxa de condomínio. Ela tem de ser suficiente para cobrir os gastos do mês. Se a taxa não cobrir as despesas, os condôminos recebem uma chamada extra. Então, falar em cortar impostos sem olhar para a despesa é a mesma coisa que falar em cortar a taxa de condomínio. O que vai acontecer? Vamos ter que cortar custos, desligar o elevador, dispensar trabalhadores, ou vamos ter um extra a pagar. Ajustar pelo lado da receita é um falso debate. A carga tributária tem de ser suficiente para cobrir o custo do setor público, nem mais nem menos. No Brasil, temos carga tributária de 37%. Considerando as despesas com juros, o custo do governo é 47% do PIB. Então, nós temos um governo que custa 47% e arrecada 37% do PIB. Onde está a causa da tragédia nacional?

Estes 10 pontos percentuais que nós gastamos sem arrecadar. Esta é a raiz de todos os males. Assim, a carga de 37% é alta ou baixa? Depende, se olharmos pelo lado da despesa, é baixíssima; veja, 37% para 47% teria que aumentar em quase 30% a carga tributária, aumentar 9 ou 10 pontos percentuais. Se olharmos os números de dezembro, observamos que o governo, sem considerar a despesa financeira, arrecadou quase 1,88% a menos do que gastou. Isso é um déficit, ou seja, comparando tudo que o governo arrecadou e tudo o que gastou, exceto os juros, ainda faltaram quase dois pontos percentuais do PIB. De juros, o governo pagou 8,46%. O buraco, então, são estes 8% mais 2%, ou seja, o ideal seria que tivesse uma poupança de 8% para pagar juros, para a dívida ficar do mesmo tamanho. Mas não, o governo não só não poupou nada, como perdeu 2%, e isso resultou em um buraco de 10 pontos percentuais do PIB. Assim, falar em reduzir carga tributária sem olhar o lado da despesa, é uma conversa meio sem sentido. Mas por que a despesa chegou a isso? Aí vem a irresponsabilidade dos governantes. Quem é que levou o país a esta tragédia? Há países com carga tributária mais elevada, mas a contrapartida é mais justa. Este é o ponto. A nossa carga tributária é alta sim, especialmente, se considerarmos a quantidade e qualidade de serviços que o governo presta. A arrecadação chegou a 37% do PIB, mas 8% foram gastos só para pagar juros. Aí já sobra 29% do PIB e são necessários mais uns 8% ou 10% do PIB só para pagar a previdência social. Percebe? Não tem o que fazer. A irresponsabilidade fiscal do governo que jogou esta despesa para cima. As despesas correntes somavam 12% do PIB há


dez anos, hoje estão quase 20%. Mas como o governo não quebrou com este déficit? Emitindo títulos, aumentando a dívida. E quando aumenta a dívida, aumentam os juros. E em dezembro, o saldo de nossa dívida era de R$ 3,9 trilhões, quase R$ 4 trilhões. Agora, não adianta questionar se isso é justo ou não, porque não há como cobrir este rombo. Não existe almoço grátis, alguém tem que pagar esta conta, e devemos R$ 4 trilhões. C&C: E o país tem perspectiva de pagar esta conta? CP: O problema é que se imaginava que a economia começasse a andar em 2015, início de 2016. Com a economia andando, começa

a entrar dinheiro, então passa a haver mais chance de diminuir o desastre fiscal, de equilibrar as contas públicas. Porém, tivemos uma queda de quase 4% no PIB do ano passado e este ano projetamos outros 4%. Parou tudo, mas quando isso acontece as despesas não caem na mesma proporção porque não pode reduzir salário de funcionário, não pode baixar aposentadoria, existe a rigidez do orçamento. Do lado da receita, despenca, vai lá para baixo. Então, começa a aumentar o buraco fiscal. Aumentou o buraco fiscal, tem que fazer dívida. C&C: Em sua avaliação, o peso dos tributos não gera brechas

para sonegação? Qual é o peso da sonegação fiscal na carga tributária? CP: Sim, sem dúvida. Quanto maior o prêmio, maior o estímulo. Mas não adianta baixar impostos para tentar alcançar maior base de arrecadação. Vamos supor que reduziremos uma alíquota de 18% para 12%. Isso significa uma redução de 33% na carga tributária. Assim, para arrecadar a mesma coisa com a redução de alíquota, seria necessário aumentar 50% a quantidade de empresas/pessoas pagando o tributo. Eu já fiz esta experiência. Havia sonegação muito forte no setor mobiliário e resolvemos baixar a carga de 18% para 12%. O resultado é que a arrecadação caiu 30%, nenhuma empresa informal entrou para a formalidade motivada pela redução tributária. Agora, temos também o exemplo do etanol. Na época em que eu era coordenador tributário na Secretaria de Fazenda paulista, havia certa pressão para reduzir os impostos do setor. Ainda não havia veículos flex e o mercado de etanol não era muito relevante, acabamos reduzindo o ICMS de 18% para 12%. Em seguida veio o carro flex, a arrecadação explodiu. Mas não foi porque baixou a carga tributária, foi porque o etanol voltou a ser usado. Foi o flex que aumentou a arrecadação, não a redução na alíquota, os 33% na alíquota. Quanto à sonegação hoje, cada um tem um número. Fala-se na faixa de 20% de sonegação, o que é muita coisa, representa 5% do PIB, é quase o tamanho dos juros que o país paga. C&C: O etanol sempre foi objeto de forte sonegação por parte dos diversos agentes enCombustíveis & Conveniência • 13


44 Clóvis Panzarini 4 Sócio-diretor da CP Consultores Associados volvidos, das usinas aos postos revendedores. A tributação do setor está sendo feita de forma adequada atualmente? CP: O etanol é um problema sério, e não adianta tentar mudar isso porque o substituto tributário, o agente arrecadador, tem que ser muito confiável. O setor defende a necessidade de baixar impostos para ficar mais competitivo com a gasolina, mas eles têm problema de competitividade também, mesmo sem a comparação com a gasolina. Mas, é claro que quanto mais alta a carga tributária, maior o prêmio pela fraude, óbvio. Reduzir a carga tributária seria mais confortável para todo mundo, mas os números da tragédia fiscal não permitem. C&C: O diesel e o biodiesel são tributados de forma diferente. Agora, com a possibilidade de uso de teores diferentes de biodiesel (uso autorizativo), há risco de fraudes tributárias envolvendo os dois produtos? Como evitar isso? CP: Eu concordo, de fato, este é um problema. O diesel é tributado no destino, então, não tem carga tributária interestadual, mas o biodiesel não é derivado de petróleo, então, é tributado como o etanol, no produtor. Quando muda de estado, o estado portador é que arrecada o imposto. O estado que não produz biodiesel vai ter que engolir crédito do estado que vendeu para ele. O estado que vendeu fica com o imposto, o que comprou fica com o crédito. Isso é consequência da má alocação do imposto que tem natureza nacional, como o ICMS, que foi colocado no nível estadual. Mas o governo, no meio de toda esta tragédia, não está olhando para isso. Para o governo, é menos importante desequilibrar a concorrência do que tentar reequilibrar o orçamento. Dese14 • Combustíveis & Conveniência

quilibrando a concorrência, pode aumentar o estímulo à sonegação. Mas, mesmo assim, aumenta a arrecadação, e é isso o que o governo está olhando no momento.

Já a Cide deve aumentar e vai ser mais um impacto nos combustíveis, e vai aumentar exatamente para aumentar a competitividade do etanol.

C&C: Vários segmentos já discutem a criação de leis específicas para caracterizar o devedor contumaz, que também gera diversos problemas de concorrência. Em sua opinião, quais medidas devem ser adotadas para reduzir a ação destes agentes? CP: Este é o pior tipo de sonegador, pois é disfarçado. O devedor contumaz é sonegador e, normalmente, tem a empresa em nome de laranja, trabalha seis meses, não paga um centavo e sai fora do mercado. Isso os estados hoje têm ferramentas para acompanhar e existem formas também de controlar. Poderia se criar um mecanismo que colocasse as empresas que ficassem devendo por um determinado período de tempo (três meses, por exemplo) em um regime especial de tributação. É uma truculência, mas existe esta ferramenta.

C&C: Há anos discute-se a necessidade de reforma tributária. O que poderia ser feito para tornar a arrecadação mais justa e eficiente? CP: Falar em reforma tributária neste ambiente de tragédia econômica não tem sentido. Falamos em reforma tributária já há 20, 30 anos e, mesmo na época de prosperidade, não se conseguia chegar a um acordo, porque o principal nó do sistema tributário brasileiro é o ICMS, que tem 27 donos e eles não chegam num acordo. Sem acordo destes 27 sujeitos ativos do imposto, não se chega à reforma tributária. Ainda mais nesta época de crise, que a reforma tributária vai implicar perdas. Quem é que vai se aventurar a aprovar uma reforma tributária neste ambiente de tragédia fiscal, de tragédia econômica? Esta pergunta é desconfortável porque nem eu e nem ninguém tem resposta. Estamos todos perplexos com a situação do país. Enquanto o país não conseguir minimizar a dívida, ou pelo menos poupar para pagar juros e estancar o crescimento da dívida, não há como mudar. O ajuste tem que ser feito, e vai doer. n

C&C: Qual sua opinião sobre um possível retorno da CPMF? Se não for aprovada, o senhor enxerga a possibilidade de novo reajuste da Cide, defendido pelo setor sucroenergético? CP: Eu não acredito no retorno da CPMF porque depende do Congresso, que já fechou a questão. Ainda mais com este governo que não tem nenhuma base de apoio, o próprio PT é contra, o próprio partido do governo é contra. Eu sou contra a CPMF, acho que é um imposto de má qualidade, enganador, imposto que a pessoa não sente. O pior imposto que existe é aquele que a pessoa não sente, esquece que está pagando, que não precisa cobrar.

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: A reforma tributária e a Federação Autor: Fernando Rezende Editora: Fundação Getulio Vargas


PRONTUÁRIOS DA NR 20

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Visando auxiliar os revendedores de todo o território nacional no cumprimento da NR 20 do Ministério do Trabalho e Emprego, desenvolvemos mais uma ferramenta de extrema importância para os revendedores: os prontuários da NR 20. São 9 pastas personalizadas, elaboradas em material resistente contendo todas as orientações para o cumprimento integral da norma. Dentro do prontuário, o revendedor encontrará os modelos de formulários para preenchimento e a indicação dos documentos a serem arquivados que devem ser apresentados nas fiscalizações. Foram produzidos um DVD e um CD para orientar a gestão de documentos.

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Apenas para associados aos sindicatos filiados à Fecombustíveis. Acesse o site do seu sindicato ou através: https://www.sindisolucoes.com.br/produto/145/prontuarios-nr20


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de março de 2016:

02 - Participação da Fecombustíveis no Seminário de Avaliação do Mercado de Combustíveis 2016, realizado pela ANP, no Rio de Janeiro/RJ;

08 - Participação da Fecombustíveis na Reunião da Subcomissão Postos Revendedores da Comissão Nacional Permanente do Benzeno, realizada com o Inmetro, em Duque de Caxias/RJ;

16 a 20 - Participação da Fecombustíveis na 31ª Convenção Nacional TRR, realizada em Angra dos Reis/RJ;

17 e 18 - Reunião dos integrantes da revenda do Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS), realizada na sede da Fecombustíveis, no Rio de Janeiro/RJ.

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OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Nau sem rumo Nosso país está passando por uma tempestade. das na compra da BR. Ainda não sabemos quais serão as repercussões Torço para entrar novos da nossa política nacional, nem quando a nuvem agentes econômicos, negra da crise econômica irá arrefecer. O fato é que como estímulo à compeo país parou, levando à discussão o processo de titividade, melhorando as impeachment de Dilma Rousseff. Enquanto isso, condições de mercado. os indicadores econômicos desabam e o governo A BR está sem a busca se apoiar em um novo pacote de medidas, figura de um presidente. que traz uma receita antiga, como a expansão do Sem liderança e sem crédito e a queda da taxa de juros, que, hoje, não gestão, a nau fica meio sem rumo e sua rede de faz sentido e seria mais um erro de condução e revendedores desanima. Este é o estado de espírito sem efeito nesse cenário de baixa confiança de do revendedor BR, que tem sentido mais do que consumo, alto desemprego e perda de renda da nunca a ausência de seu parceiro comercial. população. Seria o momento de implementar medidas Se a BR continuar ausente da parceria, vai emergenciais, de estancar as contas públicas e focar perder muitos revendedores. Não sabemos qual na resolução dos problemas macroeconômicos para é a estratégia da empresa, se essa atitude é apepreparar o país para a retomada do crescimento. nas pelo momento de indefinição, mas um bom Não há mais espaço para aumentar os impostos, parceiro seria mais transparente, mais presente e estamos no limite, com uma das daria apoio à revenda na medida cargas tributárias mais altas do do possível. Se a BR continuar ausente da mundo. Ninguém pode gastar Ouvimos dezenas de revenparceria, vai perder muitos mais do que arrecada, e este revendedores. Não sabemos qual dedores BR pelo Brasil afora. governo só faz isso. A gestão é é a estratégia da empresa, se essa Todos, sem exceção, reclamam desastrosa. do isolamento e da falta de apoio atitude é apenas pelo momento de sua companhia. Acredito que todos nós, brade indefinição, mas um bom Não tenho nada contra sileiros, queremos que nosso país seja próspero, que a indústria se parceiro seria mais transparente, a Petrobras, pelo contrário, mais presente e daria apoio à sempre foi uma empresa pela recupere e que os empresários revenda na medida do possível qual tenho o maior respeito e retomem a confiança com novos admiração, mas estou abordaninvestimentos. Ansiamos em viver num Brasil livre da corrupção, democrático do este assunto por demanda dos meus amigos e ético, onde as leis sejam respeitadas. revendedores BR. Cabe a nós fazer o que estiver ao nosso alcance. O tema acabou virando matéria de capa desta Se queremos mudança, devemos começar por edição e nossa editora tentou ouvir a BR, insistenpequenas ações, tanto como cidadãos quanto temente, mas a empresa não quis se pronunciar. como empresários. Coisas simples que fazem a Diante desse momento, o revendedor não diferença na vida em sociedade, como jogar o papel pode desanimar e tem que continuar seguindo no lixo, respeitar meus funcionários e tratar bem sua jornada, mantendo a duras penas o seu meu cliente. Assumir minhas responsabilidades negócio. A escolha de se manter ou não nesta como empresário com o pagamento de impostos. parceria cabe a cada um. Avaliar sua situação e Nossas atitudes impactam na vida e no Brasil que buscar uma mudança, ou permanecer e esperar queremos ter. pelos acontecimentos. O cenário pode modificar Pensando como empresário, trago à tona a se vier um novo agente econômico para movipreocupação em relação ao futuro da BR Distribuidora mentar o mercado da distribuição, aumentar a e de toda a revenda embandeirada. A imprensa competitividade e trazer novo ânimo à revenda. tem publicado que há várias empresas interessaVamos torcer pelo melhor!

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44 MERCADO Shutterstock

O Brasil é o único país que proíbe o uso de diesel em veículos leves; em outros países, o uso do combustível é comum

Veículo leve a diesel em pauta A discussão é antiga e ainda existem várias divergências a ser superadas antes que os veículos leves a diesel sejam aprovados no Brasil. No entanto, cada vez mais os argumentos param de ter força Por Rosemeire Guidoni Não é de hoje que o país discute a viabilidade e possibilidade de permitir, no país, a produção e comercialização de veículos de passeio movidos a diesel. A proibição é antiga: desde 1976, a Portaria nº 346, de 19 de novembro de 1976, do Ministério da Indústria e Comércio, não permite no país a comercialização de veículos de passageiros movidos a diesel. Na época, com a crise do petróleo (1973) e a criação do Proálcool, a decisão garantia menor dependência do país ao diesel importado. A proibição foi se sustentando ao longo dos anos com base em vários argumentos, como o potencial poluidor do diesel ou mesmo o preço dos veículos que, em função das características do motor a diesel, precisam ser mais robustos e, portanto, mais caros. No entanto, 18 • Combustíveis & Conveniência

neste período, não faltaram visões contrárias e projetos discutindo a restrição. Hoje, para a indústria automotiva, a proibição não faz mais sentido, visto que o diesel é bem menos poluente. A Câmara dos Deputados, inclusive, criou uma comissão para discutir o Projeto de Lei 1013/2011, de autoria do deputado Áureo Lidio Moreira Ribeiro (SD-RJ), que prevê a liberação dos veículos leves a diesel. Várias audiências públicas foram realizadas com depoimentos de entidades, órgãos oficiais, entidades de classe, ambientalistas e outros, e o relator da Comissão, deputado Evandro Roman (PSD-PR), deverá apresentar seu parecer antes de encaminhar o Projeto de Lei para aprovação final. “Tudo indica que a revogação dessas restrições não trará aumento da emissão total de poluentes de veículos, nem haverá

problema para atendimento do incremento de demanda desse derivado de petróleo”, declarou, em nota à imprensa enviada pela Agência Senado. Durante a última audiência pública realizada pelo grupo, no dia 2 de março, o engenheiro Vicente Alves Pimenta, representante da Aprove-Diesel (entidade que defende a liberação do diesel para veículos leves) e do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), afirmou que não existem mais justificativas para manter a proibição. “Precisamos esclarecer os mitos que ainda existem sobre os veículos leves a diesel”, disse, apresentando uma série de cálculos que demonstram a eficiência e o custo destes veículos. Segundo ele, um dos grandes mitos diz respeito ao custo do veículo a diesel, que, de fato, é mais


caro. “Utilizando como exemplo um veículo que já roda no Brasil, o Toyota Hilux, que, inclusive, tem diferenças de preço em função dos acessórios, e não somente pela tecnologia mais robusta, podemos afirmar que, a partir de 10 mil km rodados por ano, é mais vantajoso do que seria se movido a gasolina”, afirmou. Pimenta também apresentou outro exemplo para comparação, supondo a produção de um veículo Fiat Doblò, que não tem no Brasil versão a diesel. “Vou assumir que seu preço será 20% superior ao veículo a gasolina. Em nossos estudos, comparando o preço médio dos combustíveis, o custo para este veículo rodar 100 km com gasolina seria de R$ 36, com etanol, R$ 39; e com diesel, R$ 16. A autonomia de um tanque do veículo seria 582 km para gasolina, 400 km para etanol e 1.050 km para diesel”, comparou. Na avaliação do engenheiro Luso Ventura, membro da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE Brasil, a liberação do carro diesel é importante para a disseminação da tecnologia mais avançada dos motores a combustão e tiraria o Brasil da condição de único país a proibi-lo. “O Brasil já produz veículos diesel de diferentes categorias para exportação, porém, em baixos volumes. A liberação também poderia dar impulso importante nos volumes, com reflexos nos investimentos, na criação de empregos de maior qualificação, nos custos do produto e nas exportações de veículos, motores e autopeças”, afirmou.

Meio ambiente Do ponto de vista ambiental, a discussão hoje também não faz mais tanto sentido, visto que o diesel atual é menos poluente, com teor de enxofre bastante reduzido. “Os motores e veículos diesel de última

geração estão aptos a atender às legislações mais avançadas de emissões. A maior eficiência do diesel mais do que compensa o preço mais elevado do diesel S10. Rodam mais de 20 km com um litro em aplicação mista. Veículos diesel como os SUV’s e os Jeeps, de avançada tecnologia, começam a ser produzidos no Brasil ou são importados. A prática do abastecimento com S10 está sendo disseminada e os proprietários não querem correr o risco, não só dos altos custos de manutenção, como também das emissões pelo uso de um combustível inadequado”, disse Ventura. Outro aspecto ambiental a ser considerado é que os veículos diesel abririam mais portas para o diesel de cana, H-bio e também para o biodiesel. Este ponto, no entanto, ainda é controverso, visto que o biodiesel já apresentou inúmeros problemas relacionados com o tempo de armazenamento no tanque e seu potencial higroscópico. “Veículos como SUV’s e Jeeps já rodam no Brasil sem que se tenha notícias de problemas”, argumentou Ventura. De fato, é de se esperar que veículos mais modernos apresentem menor potencial de problemas para o uso de biodiesel, mas são necessários testes para avaliar o desempenho em misturas superiores a 7%, ou reforçar cuidados de manutenção em situações específicas, como o caso de veículos que permanecem por longos períodos parados.

Dependência do diesel Outro ponto muito discutido é que o aumento de demanda por diesel poderia elevar a dependência brasileira ao combustível fóssil. “Recentemente, o Congresso Nacional aprovou um aumento paulatino no teor de biodiesel

para 10%. Basta uma etapa de aumento de 1% no teor de biodiesel para compensar a introdução do carro diesel”, afirmou Ventura. Durante a audiência pública, Pimenta estimou que, até 2022, a demanda de diesel deve saltar de 60 bilhões de litros para 80 bilhões de litros, somente com os veículos já autorizados. Com a introdução da frota de leves movidos a diesel, a perspectiva seria de elevação de 0,6 bilhão de litros, com redução da gasolina da ordem de 1 bilhão de litros. “Com a elevação do teor de biodiesel para B8, este 0,6 bilhão seriapraticamentezerado”,defendeu.

E para os postos? Assumindo a perspectiva de aprovação da comercialização de veículos diesel no Brasil, os postos revendedores também teriam de se adequar. Seria um problema, por exemplo, para postos urbanos com área pequena que, atualmente, não comercializam diesel, pois teriam de perder uma parcela dos consumidores ou alterar seus projetos de abastecimento e armazenamento. Outro ponto é que, com maior rendimento do diesel, a necessidade de ida ao posto seria reduzida – afinal, a autonomia do veículo será maior. Com isso, várias oportunidades de outros negócios, como a loja de conveniência, farmácia ou outro comércio existente na área do posto, perderiam um dos seus grandes atrativos, que atualmente é o grande fluxo de pessoas. Porém, vale destacar que o diesel tem, no Brasil, uma condição diferente dos demais combustíveis. O diesel é subsidiado para favorecer o custo do transporte de carga e de passageiros dos ônibus. Com a perspectiva de uso em veículos leves, esta legislação, possivelmente, precisaria ser revista. n Combustíveis & Conveniência • 19


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44 MERCADO

Vendas diminuem Após anos seguidos de crescimento expressivo, em 2015, o mercado de combustíveis registrou queda nas vendas. O resultado é reflexo do cenário econômico recessivo pelo qual o país atravessa

Por Gisele de Oliveira Pela primeira vez em cinco anos, o consumo de combustíveis no Brasil caiu, fruto da rápida desaceleração da economia brasileira no ano passado. Em 2015, as vendas totalizaram 141,8 milhões de metros cúbicos, uma redução de 1,9% na comparação com 2014 (144,5 milhões de metros cúbicos). O volume comercializado inclui os três tipos de combustíveis automotivos (diesel, gasolina C, etanol hidratado), GLP, óleo combustível, QAV e GAV. Os números foram apresentados durante o XI Seminário de Avaliação do Mercado de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis da ANP, que, neste ano, além de apresentar os dados de consumo, também trouxe o balanço das ações de fiscalização realizadas ao longo do ano passado. 20 • Combustíveis & Conveniência

Os números reforçaram o atual cenário de crise econômica pelo qual o país atravessa, com praticamente todos os combustíveis apresentando queda no volume comercializado, com exceção do biodiesel e do etanol hidratado – este último considerado a grande vedete do ano passado, com crescimento no consumo de 37,5%, retomando à época em que a gasolina C se tornou combustível alternativo, em 2009. Apesar do número negativo em 2015, o superintendente adjunto de Abastecimento da ANP, Rubens de Freitas, considerou que o resultado “nem foi tão ruim assim”, fazendo referência ao setor automotivo. “É, claro, que vocês não querem perder vendas, mas considerem uma comparação com o mercado de vendas de emplacamento de automóveis, ônibus e caminhões, que tiveram queda de 27% no ano passado”, observou.

Para 2016, o diretor da ANP, Waldir Barroso, acredita que o mercado de combustíveis deve apresentar um comportamento semelhante com o verificado em 2015. “Não sei se já fizeram uma análise sobre isso, mas a gente espera que o comportamento seja o mesmo até em função do desempenho da economia”, disse. As vendas de etanol hidratado saltaram de 12,9 milhões de metros cúbicos, em 2014, para 17,8 milhões de metros cúbicos no ano passado. Já a gasolina C registrou forte queda de 7,3% de consumo em 2015 na comparação com o ano anterior. O resultado foi puxado pela redução de 9,2% na comercialização de gasolina A, influenciada, principalmente, pelo ajuste feito pela Petrobras na produção do combustível fóssil. Segundo Freitas, a estatal deixou de produzir no ano passado 3 milhões de metros cúbicos de


gasolina A, volume que já refletiu a queda no consumo de gasolina C no mercado nacional. Antes de 2015, a companhia chegou a produzir até 2,5 milhões de metros cúbicos de gasolina A por mês. No que se refere ao etanol anidro, que compõe a gasolina C, o consumo do biocombustível registrou redução de 1,4% no ano passado. Vale lembrar que, em março do ano passado, o governo autorizou o aumento no teor de mistura do biocombustível à gasolina, passando de 25% para 27%, refletindo na menor queda de vendas na comparação com a gasolina A. Em termos de Ciclo Otto, o consumo permaneceu estável, mantendo crescimento de 2,9%, devido ao resultado expressivo do consumo de etanol hidratado. As vendas de óleo diesel também registraram queda em 2015. O consumo alcançou 57,2 milhões de metros cúbicos, correspondendo uma redução de 4,7% na comparação com o ano anterior. Ao contrário do Ciclo Otto, que ainda resiste ao PIB, o óleo diesel está muito ligado ao desempenho do indicador econômico, o que explica o resultado negativo nas vendas do ano passado. A diferença de 3 milhões de metros cúbicos para menos no consumo de diesel não foi proveniente da queda de produção nas refinarias, mas, sim, do volume de importações, que encerrou 2015 com uma redução no déficit de 37%. O volume importado caiu de 10,9 milhões de metros cúbicos, em 2014, para 6,8 milhões de metros cúbicos (resultado referente às importações líquidas que consideram importações menos exportações) no ano passado. “O Brasil é o quarto consumidor de óleo diesel de transporte

A vedete de 2015 Definitivamente, 2015 foi o ano do etanol hidratado no mercado brasileiro de combustíveis. E, apesar de todo o crescimento expressivo, Freitas, da ANP, acredita que o setor produtivo de etanol alcançou seu limite de fornecimento ao mercado interno. Segundo ele, somando o volume comercializado de hidratado e anidro no mercado interno com as exportações líquidas e as reservas para o mercado industrial, chega-se à conclusão de que o mercado produtor de etanol atingiu sua capacidade máxima de oferta no país. “Acima disso, só com novos investimentos em ampliação ou novas tecnologias de produção”, alertou. Ele ressaltou que, sem investimentos em novas plantas para produção de etanol, caso o consumo do Ciclo Otto volte a crescer 5% ao ano, a dependência externa por gasolina vai aumentar porque a produção atual não é suficiente para atender o mercado consumidor. Em 2015, o volume importado de gasolina A atingiu 1,9 milhão de metros cúbicos, um aumento de 1,7% no déficit na comparação com o ano anterior, quando alcançou 1,8 milhão de metros cúbicos. Freitas lembrou ainda que o ótimo desempenho do etanol hidratado no ano passado contou com alguns empurrões, como o aumento no preço da gasolina, em função do reajuste nas alíquotas de PIS/Cofins e retorno da Cide, e de incentivos tributários para o biocombustível. Este último considerado o fator principal para o aumento nas vendas de etanol hidratado em 2015. E citou o caso de Minas Gerais, que reduziu a alíquota de ICMS do etanol para 14%, e, ao mesmo tempo, aumentou a da gasolina para 29%.

Importações caem A queda no consumo de combustíveis teve reflexo direto no volume de importações. Em 2015, foram importados entre 320 mil a 325 mil barris por dia para os cinco produtos de maior relevância (gasolina, diesel, nafta, GLP e QAV), enquanto, em 2013 e 2014, o volume importado totalizava 400 mil barris por dia, segundo informou Rubens de Freitas, da ANP. O resultado foi reflexo da redução das importações de óleo diesel. Durante sua apresentação, Freitas alertou para o aumento da dependência do país do mercado exterior, caso o país retome o ritmo de crescimento de 3% ao ano. Se isso acontecer, segundo ele, as importações de derivados, incluindo a nafta, deve ultrapassar um milhão de barris por dia. Combustíveis & Conveniência • 21


44 MERCADO Quantitativo de agentes

Matriz veicular nacional

no mundo. Na nossa frente, temos Estados Unidos e China, que são outros patamares de mercado e aí nós ficamos brigando pelo terceiro ou quarto lugares”, ressaltou Freitas, que voltou a falar que o resultado, embora negativo, não foi de todo ruim. Em relação ao diesel de baixo teor de enxofre, o S10, o superintendente destacou o sucesso do programa, que hoje representa 30% do total das vendas de óleo diesel. Já o biodiesel, que também compõe o óleo diesel comercializado nas bombas, registrou crescimento de 17,4% nas vendas em 2015. O resultado foi influenciado pelo aumento no teor da mistura, de 6% para 7%, ainda no final de 2014, mas que trouxe reflexos ao longo do ano passado. Com isso, o volume comercializado subiu de 3,4 milhões de metros cúbicos para 4 milhões de metros cúbicos. Assim como em anos anteriores, as vendas de GNV

Lubrificantes em queda Estabilidade no GLP As vendas totais internas de GLP se mantiveram estáveis ao longo de 2015 e registraram pequena redução de 1,2% na comparação com 2014. No ano passado, o segmento comercializou 13,2 milhões de metros cúbicos, ante os 13,4 milhões de metros cúbicos do ano anterior. Na avaliação de Rubens de Freitas, da ANP, o resultado pode ter sido influenciado pelo efeito da distribuição de renda. Em termos de volume importado - o mercado brasileiro é dependente de importações -, houve redução no déficit de 17,6%. Segundo Freitas, a ANP analisa a possibilidade de diminuir essa dependência a partir dos campos do pré-sal, avaliando se existe infraestrutura para o gás natural escoado hoje do Rio de Janeiro para São Paulo, reduzindo, assim, a dependência com o mercado externo. 22 • Combustíveis & Conveniência

As vendas de lubrificantes registraram queda de 8,6% em 2015, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O volume comercializado atingiu 1,4 milhão de metros cúbicos no ano passado, ante 1,5 milhão de metros cúbicos em 2014. Na avaliação de Rubens de Freitas, da ANP, a redução pode ser justificada pelo efeito da crise econômica na renda das pessoas. “Pode ser que alguns estejam adiando um pouco o período de trocas de óleo devido a problemas com despesas.”


mantiveram tendência de queda. Em 2015, o volume comercializado do combustível alternativo alcançou 4,8 milhões de metros cúbicos por dia, uma redução de 2,8% na comparação com o ano anterior, quando o consumo ficou em 5 milhões de metros cúbicos por dia.

Postos revendedores O seminário apresentou ainda dados sobre os agentes que atuam no mercado de combustíveis com total de 118.201 participantes. De acordo com a ANP, o número de postos revendedores de combustíveis aumentou em

mais 901 agentes, totalizando 40.894 unidades. A maioria, ou 39,8%, continua sendo operada por bandeira branca. Em seguida no ranking, aparece a BR Distribuidora, com 19,7%; Ipiranga, com 14,6%; Raízen, com 11,2%; e AleSat, com 3,1%.

Panorama da fiscalização Por Mônica Serrano Na segunda parte do Seminário, Carlos Orlando da Silva, superintendente de Fiscalização da ANP, apresentou o balanço de fiscalização de 2015. Foram realizadas 18.019 ações, que ficou próximo à média do volume das fiscalizações de anos anteriores (2013 e 2014), que também giraram em torno de 18.000. Assim como no ano passado, as revendas de combustíveis líquidos e de GLP foram foco do maior número de fiscalizações Na revenda de combustíveis líquidos, do total de 12.056 ações de fiscalização, 2.446 resultaram em infrações (20% do total fiscalizado). Já na revenda de GLP, as fiscalizações totalizaram 4.054 ações, sendo que 965 geraram autos de infração, o que corresponde a 24% do total fiscalizado. O superintendente chamou a atenção para o grau de acerto dos autos de infrações em relação às ações fiscalizatórias, como no caso do produtor de etanol, já que das 77 ações resultaram em 72 infrações lavradas, ou seja, 93,5% do total fiscalizado. Na lista das principais motivações das infrações, o primeiro lugar no ranking é não atender às normas de segurança, que, segundo Silva, são “itens que

deveriam ser vistos pelo Corpo de Bombeiros, como, por exemplo, extintor de incêndio, que acabam sendo fiscalizados pela Agência”. Este tipo de transgressão tem maior concentração na revenda GLP. A segunda infração de maior incidência é não prestar informações ao consumidor. “Os responsáveis por esta classificação são os postos de combustíveis. São itens que poderiam ser facilmente evitados que deixariam os postos livres da fiscalização da ANP”, observou. Já a terceira motivação, adquirir ou destinar produto de/para fonte diversa da autorizada, é cometida pelas distribuidoras de combustíveis. No ano passado, a análise da qualidade da gasolina gerou maior volume de autos de infração tendo no teor do etanol a concentração de não conformidades, com 66% do total das irregularidades. Já no etanol hidratado, foram identificadas 119 irregularidades, com maior incidência da massa específica, com 34% do total das amostras; e teor alcoólico, com 23% do total. Em relação ao diesel, 38% do total das não conformidades registradas referem-se ao teor do biodiesel e 32% corresponde às não conformidades no ponto de fulgor. Já o biodiesel, o teor de água é a principal não conformidade, com 89% do total.

No ano passado, devido à crise econômica, houve corte nos gastos públicos o que prejudicou o Programa de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis (PMQC), que contava com o credenciamento de laboratórios de universidades de todo o país na análise dos combustíveis. Dos 22 laboratórios participantes caíram para 4. A Superintendência de Fiscalização da ANP, que sempre contou com o respaldo do PMQC, neste ano, teve que desenvolver ações próprias. “Realmente, estamos temporariamente sem um dos principais vetores de inteligência, que é o PMQC, mas que deve voltar em breve. Apesar disso, suprimos a ausência do programa fazendo diversas ações em postos de revenda e, internamente, fizemos uma espécie de monitoramento saindo a campo para cobrir uma área específica. Com isso, tivemos um resultado razoável. Ou seja, sentimos falta, mas essa ausência não foi capaz de impedir nossas ações”, afirmou Silva. As denúncias também contribuíram para o monitoramento da fiscalização nos agentes econômicos. De 12.200 denúncias recebidas pelo Centro de Relacionamento do Consumidor (CRC) 88% do total foram referentes ao comércio de combustíveis e 12% ao comércio de GLP. Do montante total de Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO Resultados operacionais

Amostratestemunha Desde que entrou em vigor, a Resolução 44/2013, que exige a obrigatoriedade da coleta da amostra-testemunha na base da distribuição na modalidade FOB, teve uma grande resistência por parte das distribuidoras associadas ao Sindicom. Por sua vez, o Sindicom ingressou na Justiça contra a ANP na tentativa de revogar os artigos que determinavam a obrigatoriedade. No final de 2015, a Justiça concedeu à ANP causa favorável em 1ª instância. No entanto, o Sindicom recorreu da decisão e o processo continua. Desde 2014, quando a nova norma entrou em vigor, a fiscalização da ANP passou a atuar de forma a fazer valer o cumprimento da regra. “É o segundo item que eleva o número de acerto das ações de fiscalização sobre as distribuidoras, que é não fornecer a amostra-testemunha. É uma resistência, vamos continuar atuando e não vamos ceder ao cumprimento da regra”, disse Silva.

denúncias foram atendidas pela fiscalização 7.040 denúncias. O combate às irregularidades pela fiscalização também recebe reforço das parcerias com os órgãos públicos nas forças-tarefa. Ao longo 24 • Combustíveis & Conveniência

de 2015, foram realizadas 87 forças-tarefa, abrangendo cerca de 220 municípios em todos os estados, mais o Distrito Federal. As ações abrangeram diversos agentes, como revendas de combustíveis e de

GLP, distribuidores de combustíveis líquidos e de GLP, TRRs, pontos de abastecimento, entre outros. Foram fiscalizados 2.500 agentes econômicos, que geraram 760 atuações e 180 interdições. As principais irregularidades encontradas foram: comercializar com vício de quantidade (bomba-baixa); comercializar/armazenar produto não conforme com a especificação; exercer atividade regulada sem autorização; construir/operar instalações e/ou equipamentos em desacordo e não atender às normas de segurança. n


OPINIÃO 44 Adão Oliveira 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

As correções necessárias ao país

decidir o tamanho do A divulgação de que o Brasil teve queda em seu Estado que seja ideal PIB de 3,8%, em 2015, tem sido catastrófica sob para as demandas e os recursos disponíveis. o ponto de vista das perspectivas de recuperação Para o segmento da revenda de combustíveis, a curto prazo. Todos estamos lembrados que, no os danos são enormes. Ao lado da alta de impostos, início deste ano, tanto o governo quanto os institusejam eles de âmbito estadual ou federal, temos a tos de pesquisas especializados apontavam para elevação dos preços nas distribuidoras e, em função uma queda bem mais modesta, não superando da crise econômica geral, queda brutal nas vendas 1,5%. Ou seja, a coisa foi pior, muito pior do que nas bombas de abastecimento. O quadro é grave era esperado. de modo geral no país e, em particular, em alguns Diante disso, as consequências nefastas estados como o Rio Grande do Sul, que elevou o à sociedade têm sido sentidas em todos os ICMS sobre o segmento segmentos econômicos. da revenda. Hoje, grande Queda da atividade, alta do desemprego, aumento Hoje, grande parte dos revendedores parte dos revendedores se contenta em ser remunerado da inflação, fechamento se contenta em ser remunerado unicamente para se manter inacreditável no número de unicamente para se manter sobrevivendo. A situação empresas e desincentivo sobrevivendo. A situação é grave e para novos e importantes exige esforço e criatividade de todos. é grave e exige esforço e criatividade de todos. Já aportes de recursos para O jeito é reduzir, ao máximo, os que se torna praticamente novos investimentos, secustos incidentes sobre a atividade impossível aumentar a receita, jam de origem externa, o jeito é reduzir, ao máximo, sejam os de empresários os custos incidentes sobre brasileiros. O quadro não a atividade. Daí temos também o desemprego e poderia ser pior. custos marginais agregados ao setor oriundos desse Mais grave é que, diante de toda essa crise, processo de encolhimento da atividade. alguns segmentos de sustentação política, que O mais grave é que os horizontes de curto e ainda restam ao governo, estão alinhados em immédio prazos não apontam para a reversão do pedir que as reformas necessárias e fundamentais quadro. Ninguém pode, de sã consciência, fazer para combater a crise sejam realizadas. Entre elas, qualquer prognóstico razoável num ambiente em a histórica reforma tributária com a redução de que a crise econômica tem forte e poderoso fator impostos e simplificação dos processos; a reforma político, em que o processo de impeachment da da previdência e a absoluta e inadiável punição aos presidente da República se avoluma e toma corpo corruptos e corruptores que roubaram preciosos e torna improvável que o empresariado esteja disrecursos que hoje fazem falta às áreas mais sensíveis como saúde, educação e segurança. Sem falar na posto a liberar novos investimentos para ajudar na reforma do Estado, quando a sociedade precisa cura de nossas enfermidades econômicas.

Combustíveis & Conveniência • 25


Stock

44 NA PRÁTICA

A obrigatoriedade de implantação do eSocial começa a partir de setembro, para empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões por ano. A partir de janeiro de 2017, para empresas com faturamento inferior a R$ 78 milhões

eSocial está chegando Novo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas começará a ser implementado em setembro. Os revendedores de todo o país devem ficar atentos às mudanças Por Mônica Serrano Empresários de todo o país devem começar a se preparar para o eSocial, Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, que é um projeto do governo federal. O novo sistema é obrigatório a todos os empregadores (pessoas jurídicas e físicas), que devem prestar informações tributárias, trabalhistas, previdenciárias e de folha de pagamento ao governo federal, via internet. O objetivo é unificar as informações na mesma plataforma. O comércio varejista deverá fornecer todas as informações da relação trabalhista com pessoas com e sem vínculo empregatício, ou seja, todos os acontecimentos devem ser informados, tais como: admissões, rescisões, 26 • Combustíveis & Conveniência

pagamentos, descontos, afastamentos, férias. “Os administradores deverão se adaptar à nova exigência fiscal, pois, dentre as mudanças, as informações deverão ser registradas diretamente no banco de dados da Receita Federal. Por exemplo, no ato da admissão de um funcionário devem ser informados todos os dados do contratado, completos e sem erros, caso contrário, essa admissão não será concluída. Além disso, algumas informações que ficavam para depois, como o exame médico admissional, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e outros devem ser informados ao mesmo tempo. Hoje, algumas dessas informações vêm depois,

mas isso não poderá ocorrer mais”, disse Luiz Rinaldo da Plumas Contábil. Tanto o administrador como o profissional contábil, alerta Rinaldo, devem estar preparados para atender à legislação com um sistema operacional apto a essas mudanças, caso contrário, sofrerão autuações.

Calendário A obrigatoriedade de implantação começa a partir de setembro, para empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões por ano e, em janeiro de 2017, para empresas com faturamento inferior a R$ 78 milhões. Segundo Hélio Donin Júnior, diretor da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de


Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), há possibilidade de ampliação do prazo. “Os integrantes do Grupo de Trabalho Confederativo do eSocial solicitaram prorrogação desse prazo, mas se aguarda uma posição final. Caso essa prorrogação ocorra, provavelmente, será de poucos meses. A grande maioria dos postos de combustíveis estão no segundo prazo”, disse. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), os custos, somente no setor de comércio de bens, serviços e turismo, podem chegar a mais de R$ 5 bilhões. Isso porque o eSocial implicará na reformulação de processos internos das empresas, como alteração do sistema de gestão, treinamento de pessoal e de recursos humanos.

Mudanças Para Donin, o eSocial provocará uma grande transformação nas relações trabalhistas e, como toda alteração, tem pontos positivos e negativos. “Teremos como vantagens aumentar as garantias trabalhistas ao trabalhador, fazer com que a lei seja cumprida por todos, organizar os procedimentos trabalhistas e auxiliar a guarda de documentos e informações de forma eletrônica. As maiores dificuldades no eSocial são, sem dúvida, a sua implantação, que depende de um bom planejamento e envolve mudança de cultura de empresários e trabalhadores”, disse. As alterações provocadas nas rotinas das empresas exigirá capacitação de profissionais das áreas de contabilidade e de Recursos Humanos. Conforme foi publicado na revista Combustíveis & Conveniência de dezembro,

o contribuinte legalmente responsável pelas informações é a empresa. No entanto, será possível delegar, por procuração eletrônica, a obrigação a terceiros, como as consultorias contábeis. Donin alerta que, mesmo que as empresas contábeis façam a transmissão dos registros do eSocial, muitas destas informações são geradas dentro das empresas e precisam ser fornecidas de forma ágil e eficaz, para que suas consultorias possam processar e entregar essas informações. Existem registros que o prazo de entrega é de 24 horas. O fluxo das informações entre a empresa e sua contabilidade deverá ser reavaliado e automatizado para o correto cumprimento da obrigação. O diretor da Fenacon informa que são três pontos principais para que o empresário passe por essa transformação de forma tranquila. “O primeiro é analisar a mudança cultural que ocorrerá na sua empresa e quais procedimentos internos devem ser alterados ou incluídos. Em segundo lugar, iniciar o processo de implantação com a maior antecedência possível para tornar o processo tranquilo e gerando as possibilidades de correções sem atropelos. E, por fim, caso utilize uma consultoria para a área de departamento de pessoal ou contabilidade, planejar com ela a melhor forma de adequar os seus processos.” A transmissão dos arquivos do eSocial deve ser feita conforme os acontecimentos na área trabalhista e pode haver vários eventos que devem ser entregues em um mesmo dia. “As empresas devem montar rotinas com seus setores de DP, terceirizados ou não, para

que o fluxo de informação ocorra de forma eficiente e rápida. Caso a empresa trabalhe com consultoria contábil, esta deverá estar com as rotinas preparadas para a implantação”, comentou Donin. Se houver problemas com a internet para o envio das informações, Donin explica que os prazos são fixos e somente serão alterados em caso de catástrofes naturais e recomenda: “uma boa internet e um segundo link de backup são fundamentais para minimizar os riscos de transmissão.”

Erros ou inconsistências Um dos cuidados com o eSocial é evitar as inconsistências ou erros de informação. “Por exemplo, não podemos colocar um funcionário de férias se não houve o registro anterior do aviso de férias. Caso ocorra algum erro, este será retornado e recusado pelo ambiente, por meio do sistema, que deverá ser gerenciado pelo software e corrigido pela empresa”. Donin também destaca que existe a possibilidade de retificação de informações.

Para a revenda O alerta para a revenda é com relação às operações com horas extras, situações insalubres e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). “Todas estas informações precisam constar no eSocial e como o acesso pelo Fisco é instantâneo, qualquer irregularidade colocará a empresa em evidência, aumentando, assim, os riscos de ação fiscal por parte do Ministério do Trabalho e Previdência Social”, alertou Donin. n Combustíveis & Conveniência • 27


44 NA PRÁTICA

Sem medo de errar Com a oferta de mão de obra em alta no setor, este é um bom momento para o revendedor rever processos de contratação e gestão de funcionários e evitar prejuízos financeiros com uma escolha mal feita

Por Gisele de Oliveira

Arquivo

A oferta de mão de obra no país não para de crescer. A recessão econômica pela qual o Brasil atravessa tem feito aumentar o número de desempregados nos últimos meses. Números divulgados em março pelo Instituto Bra-

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sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, no trimestre móvel encerrado em janeiro deste ano, a taxa de desocupação atingiu 9,5%, quase dois pontos percentuais acima do índice registrado no mesmo período de 2015. O cenário é ruim tanto para empregador quanto para o empregado. Para este último, perder o emprego no momento de crise significa perder sua fonte de renda, às vezes, a única em sua família, além de aumentar a pressão na disputa por uma vaga com milhares de pessoas. Já para o empregador, dispensar um funcionário também significa, muitas vezes, custos elevados no momento da rescisão. Por isso, nesse momento de crise, é importante que o empresário avalie não só suas despesas e receitas para atravessar o período crítico sem muitos sustos, como também reavaliar seus processos

de gestão de pessoas para evitar contratações pouco acertadas e, com isso, registrar prejuízos financeiros com a rescisão contratual. Segundo levantamento feito pela Bazz Consultoria em RH, uma contratação mal feita pode variar de 3 até 15 vezes o valor do salário do demitido. “O número parece assustador, mas leve em conta todo o custo existente em um processo de contratação, envolvendo anúncio de vagas, tempo de profissionais de recursos humanos, treinamento, processos trabalhistas, adequação de equipe etc.”, destacou Celso Bazzola, diretor executivo da Bazz Consultoria em RH. Além dos custos com o processo de seleção, o diretor acrescenta ainda outros gastos financeiros, como pagamento de salários, encargos, benefícios, indenizações, improdutividade e retrabalhos, entre outros.


O período atual é uma boa oportunidade para reavaliar processos de contratação e manutenção de funcionários para garantir uma boa equipe

Cuidados extras n Teste de gravidez: expor a candidata a qualquer pergunta vexatória, incluindo gravidez, é proibido por lei. A possível profissional deve ser avaliada por seu perfil ao cargo e postura pessoal, e não por sua condição de saúde.

Marcus Almeida/Somafoto

Para a revenda, que, nos últimos anos, perdeu muitos profissionais para a construção civil na época do pleno emprego, o período agora é uma boa oportunidade para reavaliar processos de contratação e manutenção de funcionários para garantir uma boa equipe trabalhando no posto. Com a desaceleração da economia e a crise no setor imobiliário, muitos profissionais que foram atrás de melhores oportunidades financeiras em outras atividades econômicas retornaram ao setor da revenda varejista de combustíveis em busca de vagas. E os revendedores já começam a perceber essa movimentação. Na avaliação de Daniel Costa, proprietário de um posto no Distrito Federal, o pior momento para o setor foi durante os anos de 2011 e 2012, quando houve uma fuga acentuada de frentistas para outras atividades econômicas,

principalmente a de construção civil. “Como são funções que não exigem muita profissionalização, perdemos muitos profissionais para a construção civil. De 2012 para cá, porém, percebemos que a situação se inverteu”, observou. Mas com tantos pedidos e procura por uma oportunidade de trabalho, como filtrar um bom profissional na hora de contratar? (Veja box) Especialistas na área de recursos humanos afirmam que este é um momento favorável para quem está contratando, pois o empregador tem em mãos um número maior de profissionais disponíveis para escolher. Assim, quanto mais currículos tiver para analisar, melhores são suas chances de encontrar um profissional que atenda ao perfil da vaga. “Eu digo que ele [revendedor] deve buscar o máximo possível de currículos para fazer a escolha certa”, orientou

n Expor ao constrangimento: também é proibido por lei informar ao candidato que ele não será contratado por estar com crédito negativo pelos órgãos de proteção ao crédito. Isso não significa, porém, que o empregador não possa recorrer a esses órgãos para consultar os dados do candidato. No entanto, deve-se tomar cuidado na hora de decidir pela contratação de um profissional. "Um histórico de inadimplência muito alto não é problema pontual", ponderou Marcelo Borja. n Uso de drogas e bebidas: candidatos que possuem problemas com drogas ilícitas e/ ou bebidas não são facilmente identificados no momento da entrevista. E, assim, como nos outros dois casos, profissionais com essas características estão protegidos por lei. Ou seja, o empregador só pode demiti-lo após tratamento médico ao funcionário. A dica é prestar atenção aos sinais que o profissional dá durante o período de experiência, já que a lei não proíbe a demissão dentro desse prazo. Fonte: Marcelo Borja, especialista em Gestão de Pessoas para Postos de Serviços, Lubrificantes e Lojas de Conveniência

Combustíveis & Conveniência • 29


44 NA PRÁTICA

Saiba algumas dicas para acertar na contratação

n Crie um banco de currículos com profissionais que tenham as características que interessam para uma possível contratação no futuro; n Detalhe bem a vaga para as divulgações, com capacitação e características que o candidato deve ter. Assim, diminuem as chances de aparecer um candidato for do perfil desejado; n A indicação de candidato a uma possível vaga ainda é um dos melhores critérios, pois existe o compromisso do candidato com o negócio; n Durante a entrevista, procure conhecer melhor o candidato em seus conhecimentos, pressão e postura diante de uma situação com questionamentos; n As dinâmicas de grupo também costumam ser uma boa ferramenta para avaliar a personalidade e convivência do candidato com outras pessoas; n Elabore um check list ou roteiro contendo as informações relevantes a serem perguntadas ao candidato. Fonte: Bazz Consultoria em RH

30 • Combustíveis & Conveniência

Segundo levantamento feito pela Bazz Consultoria em RH, uma contratação mal feita pode variar de 3 até 15 vezes o valor do salário do demitido

Agência Brasil

n Faça uma análise prévia de perfis das vagas existentes em sua empresa e perfis de candidatos que deseja contratar;

Marcelo Borja, especialista em gestão de pessoas para postos de serviços, lubrificantes e lojas de conveniência. De acordo com ele, o índice de aprovação em postos é de 7% do total de entrevistados com perfil para o cargo. Isso significa que, de 100 currículos recebidos, levando em conta a triagem e realização de entrevistas, somente 3,5 candidatos têm o perfil adequado e está apto para o cargo. Por falar em perfil, essa é outra questão que deve ser considerada no momento da contratação. Antes de iniciar o processo de seleção de currículos, é importante que o revendedor realize uma análise prévia de perfis das vagas existentes e quais características os candidatos precisam ter para assumir aquela função. Além disso, o empregador deve tomar outros cuidados no momento da contratação, como local de residência e referências profissionais anteriores.

Equipe motivada A preocupação não deve ser somente na hora de contratar alguém. Na avaliação de Borja, uma contratação errada pode afetar diretamente a equipe, que se sente insegura a cada troca de funcionário. Além disso, com a crise econômica,

o medo de uma demissão é uma constante na mente do funcionário. Assim, é importante que o empregador também dê atenção aos profissionais que compõem a equipe, sinalizando que a empresa está buscando alternativas para manter o equilíbrio financeiro sem precisar recorrer às rescisões contratuais de trabalho. Neste ponto, Marcelo Borja orienta que os revendedores devem criar um ambiente saudável, com respeito e consideração por seus funcionários, além de adotar medidas que estimulem a produtividade, como ações de apelo emocional (aniversariantes do mês, Dia das Mães, Dia dos

Atenção! Nunca contrate um funcionário somente pela análise curricular. Atualmente, alguns candidatos apresentam qualificações que não possuem ou supervalorizam experiências. Portanto, é sempre bom pedir, antes da contratação, para avaliar a carteira de trabalho profissional e criar uma ficha de solicitação de emprego, com perguntas específicas para a vaga preterida.


Pais, destaque do mês etc.) e programas de reconhecimento (comissão sobre vendas, por exemplo). O empregador deve ter atenção ainda ao cumprimento dos benefícios previstos nas convenções coletivas e por lei e das normas regulamentares relativas à saúde, segurança e meio ambiente do Ministério do Trabalho e Emprego. E é isso que Daniel Costa tem feito em seu posto. O revendedor diz que está sempre investindo em algum tipo de bonificação para estimular os funcionários. “O importante é ele se sentir confortável e confiante no trabalho. Mas, para isso, é preciso entender o que o funcionário precisa e buscar ações que possam valorizar seu trabalho”, contou. Com as medidas adotadas, Costa revela que, atualmente, consegue reter a equipe por um período de 4 a 5 anos. “Isso também ajuda a agregar valor ao cliente, que sente mais segurança ao perceber que aquele local mantém os mesmos funcionários.”

Porém, se ainda assim, não for possível evitar uma demissão, Marcelo Borja diz que é preciso seguir alguns critérios no momento da escolha do funcionário a ser desligado. “Toda empresa deve rever custos. Despesas são como unhas, devem sempre ser cortadas, mas é preciso critérios para isso”, disse. Um desses critérios é aproveitar o fim do período de experiência de um candidato que não atendeu às exigências ou expectativas da empresa, já que o custo será menor na hora da rescisão. Outras medidas que devem ser levadas em conta são funcionário com desvio de caráter comprovado, com baixo comprometimento ou desempenho ruim. Vale lembrar que nos dois últimos casos, antes de lançar mão da rescisão, o empregador deve orientar e criar mecanismos para alertá-lo sobre atitudes que possam influenciar no comportamento dos demais funcionários da equipe. n

Os prejuízos de uma contratação errada n Insegurançadaequipe:sempre que há mudanças na equipe, gera nos funcionários que ficam uma sensação de insegurança, com questionamentos sobre quanto tempo vai durar o novo colega de trabalho; n Riscos trabalhistas: o novo funcionário pode não se enquadrar às normas da empresa e questioná-las na Justiça; n Financeiros: o empregador investe tempo e dinheiro no recrutamento e seleção e o novo contratado não tem o perfil adequado; n Queda nas vendas: o atendimento pode cair caso o candidato não tenha o perfil ou qualificação adequados. Fonte: Marcelo Borja, especialista em Gestão de Pessoas para Postos de Serviços, Lubrificantes e Lojas de Conveniência

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44 NA PRÁTICA

Golpes vão e voltam Não é de hoje que revendedores sofrem com ação de grupos criminosos que utilizam os meios de pagamento eletrônico para desviar recursos financeiros. Dessa vez, a prática envolve a opção de retirar recarga das máquinas POS Por Gisele de Oliveira De tempos em tempos, alguns golpes retornam ao mercado. Na verdade, eles nunca deixaram de existir, só esperam a oportunidade para atacar suas vítimas. Dessa vez, a tática do momento envolve as operações de recarga das máquinas de cartão de crédito e débito, mais conhecidas como POS. Relatos de revendedores do Rio de Janeiro e do Paraná evidenciam a importância de os proprietários reforçarem junto

a sua equipe a necessidade de ficarem atentos nas transações envolvendo as máquinas de cartões para evitar cair na fraude. A tentativa ocorre da seguinte maneira: uma pessoa liga se passando por funcionário de determinada operadora e diz que é preciso realizar alguns procedimentos na máquina POS para retirada da opção de recarga. Em determinado momento da ligação, a pessoa pede para que o funcionário insira o número da operadora e uma determinada quantia em

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dinheiro para um número de telefone que não é conhecido. Foi o que aconteceu com um revendedor do Rio de Janeiro em dois de seus postos. A tentativa de fraude foi relatada por um funcionário que desconfiou da ação e preferiu não dar continuidade ao atendimento. No outro posto, diante das perguntas insistentes do funcionário sobre a operação, a pessoa do outro lado da linha encerrou a chamada. Caso parecido aconteceu com o revendedor e diretor-secretário da Fecombustíveis


Roberto Fregonese, no Paraná. A funcionária de um de seus postos recebeu uma ligação com a justificativa de trocar a máquina POS após realizar um crédito no valor de R$ 200 em um número de telefone desconhecido. “Por sorte, a funcionária desconfiou e não deu continuidade ao procedimento”, relatou. Histórias como as dos revendedores do Rio de Janeiro e do Paraná não são novidade para o setor, que ainda precisa lidar com a violência constante nos estabelecimentos. Com a ausência de política pública de segurança que minimize os casos de golpes e assaltos, os postos acabam sendo alvos fáceis por movimentarem volumes de dinheiro por dia e por ficarem mais expostos à ação de grupos criminosos. Além disso, com a sofisticação

de transmissão de dados dos meios de pagamentos nos últimos anos, cresce, na mesma proporção, a criatividade para atrair mais vítimas em crimes de estelionato. Por isso, a importância de estar sempre atento e revisando os procedimentos relativos à movimentação financeira via meios de pagamentos. Também é preciso incluir nesses cuidados o treinamento de equipe, orientando aqueles que possuem em sua rotina diária a movimentação de dinheiro e meios de pagamentos eletrônicos sobre como se comportar diante de uma situação de risco ou tentativas de fraudes. “É preciso sempre verificar e orientar os funcionários sobre os processos que envolvem movimentação financeira por meios de pagamento eletrônicos, pois as fraudes estão aí,

diariamente, e não escolhe as vítimas”, observou Fregonese. A retirada de opção de recarga para máquinas POS não é o único golpe em ação no mercado de combustíveis. A velha troca de maquininhas sem fio durante o abastecimento também continua. Em fevereiro, a revendedora Fernanda Marli Miranda foi vítima desse golpe, quando teve uma de suas máquinas, da operadora Cielo, substituída durante um abastecimento no Auto Posto Providência, em Ananindeua (PA). Segundo a proprietária, que possui ainda outros três postos de combustíveis no Pará, após o fim do abastecimento, o frentista entregou a máquina ao cliente para digitar a senha, porém, conforme orientação do próprio posto, evitou ficar de olho para preservar a privacidade do cliente. Foi neste momento que ocorreu a troca

Na maioria das vezes, os golpes acontecem numa distração do funcionário no momento do abastecimento

Somafoto/Marcus Almeida

Somafoto/Marcus Almeida

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44 NA PRÁTICA das máquinas. O funcionário recebeu uma máquina igual à que ele tinha entregue, mas estava com CNPJ diferente e em nome de uma empresa laranja. “Eles [golpistas] ficam analisando o posto antes, veem quais máquinas possuem, a rotina dos funcionários... e quando agem, é tudo rapidinho, num segundo de distração trocam as máquinas”, alertou Fernanda, lembrando que, no seu caso, conseguiu perceber que tinha sido vítima do golpe no mesmo dia, o que evitou maiores prejuízos para o negócio. De acordo com ela, do momento da ação até a hora em que perceberam a troca, o posto registrou perda de R$ 7 mil. Pode ser pouco, levando em consideração o volume

movimentado por um posto dependendo de sua localização, mas a dor de cabeça que traz ao revendedor, vítima do golpe, para tentar recuperar o dinheiro perdido é grande. Fernanda já foi à delegacia registrar queixa e ligou para a Cielo para ajudar na resolução da questão. Até agora não obteve sucesso. A administradora de cartões disse que não se manifesta sobre o caso, enquanto a polícia tenta encontrar alguma pista que leve aos golpistas, já que o CNPJ e pessoa jurídica indicados na máquina estão em nome de laranjas. “Estamos lutando para conseguir reaver o dinheiro. No final, acabamos ficando numa saia justa porque, ao mesmo tempo em que queremos pre-

De olho nas maquininhas As máquinas POS também merecem atenção especial quando o assunto está relacionado aos créditos a receber pelos pagamentos via meios eletrônicos. Os revendedores devem ter um controle rigoroso de toda a movimentação financeira feita através dos meios de pagamentos eletrônicos a fim de evitar erros na hora de receber os créditos devidos por essas operações. Prova de que erros provenientes dessas operações podem acontecer é um caso relatado por Roberto Fregonese, proprietário de postos de combustíveis no Paraná. Recentemente, após assumir um posto localizado em Paranaguá, no início deste ano, o revendedor verificou que os créditos relativos a uma de suas máquinas não estavam entrando em sua conta bancária. Ao entrar em contato com a administradora de cartões, a Cielo, a empresa informou que os dados bancários informados não conferiam e, portanto, os créditos retornavam. Ou seja, o revendedor enviava a ordem de pagamento, a administradora fazia o pagamento, mas os créditos retornavam para a mesma. De janeiro deste ano, 34 • Combustíveis & Conveniência

servar a privacidade do cliente ao orientar o frentista ao não ficar de olho no momento do pagamento, corremos o risco de sermos roubados”, lamentou. Ciente do crescimento desse tipo de problema cada vez mais comum na revenda, Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, sugere que seja feita uma ação preventiva no posto com a ajuda do frentista. “Os frentistas que descobrissem que a máquina POS não tem o mesmo CNPJ do posto poderiam ser recompensados”, comentou. Uma dica dos próprios revendedores como medida preventiva é gravar o nome do posto nas maquininhas ou fazer algum tipo de marcação com tinta para evitar a troca das POS. n

quando a máquina foi instalada, até o momento em que verificou o erro, em fevereiro, o volume de créditos a receber da Cielo estava em R$ 107 mil. “A verdade é que a grande maioria dos postos não faz a conferência bancária em tempo hábil. Essa conferência é feita, geralmente, por amostragem, o que acaba contribuindo para esses pequenos deslizes”, relatou. Em períodos de crise econômica como o de agora, ficar com dinheiro parado – e sem identificação – pode comprometer toda a parte de despesas e receitas do negócio, já que não há controle efetivo do que entra e sai do posto. Diante do episódio, Fregonese alterou todo o sistema de verificação financeira dos meios de pagamentos eletrônicos para evitar novos problemas como este. “E olha que esse nem era o POS mais utilizado no posto. Se tivesse ocorrido com o de maior uso, meu prejuízo teria sido três vezes mais do que o registrado”, contou. Por isso, ele faz o alerta para que os revendedores fiquem mais atentos à conferência bancária dos pagamentos via meios eletrônicos, observando diariamente essa movimentação para não correr o risco de ficar sem receber os créditos.


NA PRÁTICA33

Arquivo

Ao adquirir um seguro, o revendedor deve ficar atento à cobertura do valor do patrimônio e ao CNPJ do posto e da loja de conveniência

Cuidados para contratar um seguro Saiba como evitar dor de cabeça na hora de contratar um seguro e fique atento às coberturas para se precaver dos prejuízos causados pelos fenômenos naturais ou incêndios Por Adriana Cardoso Não é incomum hesitar na hora de contratar um seguro, seja pelo preço, por falta de confiança nas seguradoras ou por apostar na sorte. Acredite: o imponderável chega na vida até dos mais precavidos, principalmente, se quando se trata de tempestades, ventos, enchentes e outros fenômenos naturais que afetam com mais impacto os postos de combus-

tíveis por serem áreas abertas e mais expostas. O primeiro passo é buscar uma boa seguradora ou um corretor de sua confiança, preferencialmente indicado por alguém que você conheça. Para postos de combustíveis e lojas de conveniência, é bom contratar a modalidade de seguro existente no mercado que cobre danos e/ou prejuízos ocasionados por

fenômenos naturais, roubos e incêndios. Além disso, faça uns três orçamentos distintos, com empresas diferentes para buscar a melhor relação custo-benefício. “O revendedor deve ficar atento se o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do posto e da loja de conveniência é o mesmo, pois o contrato de seguro, geralmente, cobre apenas um CNPJ. Se forem diferentes, Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA cada um deverá ter uma apólice”, destacou Azael Alvares Lobo Neto, diretor da NN Corretora de Seguros. O alerta é pelo fato de que, segundo Lobo, muitos revendedores não atentam a esse detalhe, do qual também não são alertados pelas seguradoras ou corretores, e enfrentam problemas quando acionam a empresa contratada. “O sinistro pode ocorrer na loja de conveniência, mas o seguro está somente no CNPJ do posto”, disse. Normalmente, a cobertura da apólice de seguros é válida por um ano. Findo este prazo, é necessário renová-la. O preço do pagamento do prêmio (valor que o segurado paga à seguradora) varia de acordo com o valor a ser coberto. Este é outro ponto de extrema atenção: se seu patrimônio vale R$ 2 milhões, não adianta fazer um seguro de R$ 1 milhão. Lembre-se de que o seguro só vai pagar o que estiver em contrato ou até mesmo há a possibilidade de a seguradora aplicar o rateio, pagamento proporcional do valor em risco ao valor segurado em eventual sinistro. “É muito importante verificar o que foi combinado previamente com o corretor para ver se está efetivamente refletido na apólice”, aconselhou Eduardo Salomão Neto, advogado especializado em seguro do escritório Levy & Salomão. Sendo assim, se tiver dúvidas, procure a ajuda de algum especialista para ajudá-lo a compreender o contrato. “É comum que a seguradora procure mostrar que o que está em contrato é fixo e imutável, mas existe espaço para modificar itens, como eliminar cláusulas consideradas abusivas 36 • Combustíveis & Conveniência

ou confusas e renegociar outras”, disse o advogado.

Experiência difícil Há alguns anos, a loja de conveniência do revendedor José Luiz Vieira, do Auto Posto Ceci, localizado em São Paulo, foi atingida por um incêndio, causado, como comprovado mais tarde, por uma pane elétrica. “Começou de madrugada, um pouco antes de abrir (às 6h). Perdi todo o estoque”, relatou. Além do Corpo de Bombeiros e da Polícia, Vieira acionou a seguradora. A contratada enviou ao local um inspetor ou regulador de sinistro, que é quem fará todo o levantamento dos danos. “Ele (o regulador) pede uma série de documentos, como o estoque dos últimos três meses, equipamentos, despesas, Boletim de Ocorrência, laudos da perícia, que demoram muito para ficar prontos por sinal”, disse o revendedor. Lição número um: esteja com toda a sua documentação em ordem. Quando pediu a apólice ao revendedor, o regulador detectou um erro. O documento tinha um valor menor do que o patrimônio. “Ele chamou minha atenção para esse detalhe, para que eu não cometesse o mesmo erro outra vez”, contou. Lição número dois: faça a apólice num capital segurado suficiente, preferencialmente maior do que o patrimônio. Como toda a loja ficou danificada, o revendedor teve que refazê-la integralmente, trocando pisos, revestimentos, equipamentos e pintura. A reforma durou três meses e despendeu um total de R$ 600 mil. “Eles pagaram o estoque integralmente, mas eu enfrentei

algumas dores de cabeça para o pagamento do restante da obra.” Isso porque a seguradora alegou que os equipamentos comprados, bem como o piso, eram “novos” e, portanto, mais caros que os que estavam lá. Sim, ninguém em sã consciência vai substituir um velho por outro, mas as seguradoras não são obrigadas a ressarcir 100% do valor do dano. “Algumas seguradoras fazem a depreciação do bem baseado no seu tempo de utilização. É como ocorre no seguro de automóveis, em que a indenização é feita pela tabela Fipe, que é proporcional ao ano e modelo do veículo”, explicou Lobo, da NN Corretora de Seguros. No entanto, disse Lobo, se o cliente possuir capital suficiente, de preferência num valor um pouco maior que o patrimônio, a seguradora vai analisar o montante para consertar ou comprar um novo. No fim das contas, incluindo estoque, reforma, compra


de novos equipamentos e as despesas com o pagamento de benefícios dos funcionários, que ficaram três meses parados, mas recebendo seus salários, Vieira foi indenizado em cerca de 70% do montante gasto. Apesar da penosa experiência, ele alerta a necessidade de se ter um seguro. “A gente espera receber tudo, mas diante dos gastos que tive, se tivesse que arcar com tudo sozinho, seria um prejuízo muito grande. Além disso, esse tipo de seguro nem é tão caro assim pelo que oferece”. Aos colegas de revenda, Vieira aconselha cuidado redobrado na hora de fazer o seguro. “Atenção para a questão do CNPJ e do valor da apólice. Além disso, postos que têm estacionamento e serviços de lava a jato devem fazer cobertura em caso de roubo ou dano de automóveis de terceiros. É importante que tudo isso esteja coberto”, disse, lembrando ainda dos seguros para transporte de valores. Mas, neste caso, há um

limite, normalmente pequeno (até R$ 15 mil) para esse tipo de indenização.

Não pagamento Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis, também passou por uma má experiência. Há vários anos, ele contratou um seguro para o posto, porém, o preenchimento era autodeclaratório e não teve inspeção prévia das condições do estabelecimento. Após um forte vendaval, a marquise do prédio foi derrubada. Então, ele acionou o seguro. “Para minha surpresa, a companhia seguradora não se responsabilizou, alegou estado temerário e não pagou o seguro”, disse Hashimoto que assumiu todo prejuízo. Para Salomão, do escritório Levy & Salomão, nem todas as seguradoras fazem inspeção antes da contratação do seguro, mas o problema não foi esse. “Se foi feita a contratação do seguro, a seguradora tem que indenizar”, disse.

A recomendação do advogado quando o segurado se sentiu lesado é registrar reclamações na Superintendência de Seguros Privados (Susep), que é o órgão regulador do setor, ou consultar um advogado para reclamar seus direitos na Justiça. A assessoria de imprensa da Susep informou que o órgão não interfere na relação seguradora-segurado, pois esta é uma “relação de livre consumo”, e que os valores a serem ressarcidos devem respeitar o que foi acordado em contrato. Ou seja, se o dano causado foi maior do que o valor da apólice, não adianta chorar. Mas, no caso de desrespeito ao cumprimento do que foi acordado por parte da contratada, o contratante pode buscar a ajuda da superintendência. Ainda segundo a assessoria, podem ser aplicadas sanções contra a seguradora que descumprir o contrato, mas cerca de 80% dos casos são solucionados sem que seja necessário chegar a essas medidas. n

É necessário contratar seguros com cobertura de fenômenos naturais como chuvas, enchentes e vendavais, muito comuns nos primeiros meses do ano

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44 REPORTAGEM DE CAPA

Revenda à deriva O impacto dos problemas financeiros e de corrupção da Petrobras tem atingido a BR Distribuidora e o revendedor embandeirado. As dificuldades da revenda vão desde os problemas simples do dia a dia até a renovação do contrato

Por Mônica Serrano A crise econômica tem afetado a revenda como um todo. Mas, para quem ostenta a bandeira BR, a situação é mais grave pelos efeitos da crise financeira e de imagem na Petrobras, que se estendem para os outros braços de negócios, como é o caso da BR Distribuidora. E, consequentemente, acaba sobrando para a revenda embandeirada. Afundada em dívidas, a Petrobras acumulou prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões em 2015. O plano de desinvestimentos da estatal prevê a venda de ativos de US$ 13,7 bilhões após a última revisão, divulgada em março, para o biênio 2015 e 2016, que inclui a venda da BR Distribuidora, mas até o momento nada se concretizou nesse sentido. A BR foi avaliada em US$ 10 bilhões por analistas da UBS Securities, antes da divulgação do balanço anual, o que 38 • Combustíveis & Conveniência

representaria uma boa parcela do plano de desinvestimento. Porém, a BR encerrou 2015 com prejuízo operacional de R$ 1,2 bilhão. Momento de incerteza tem sido uma constante na BR, que, desde setembro, está sem presidente e não se sabe qual será o futuro da empresa, se for vendida para algum investidor. Esse clima incerto tem repercutido diretamente na rede de revendedores embandeirados da estatal. A insatisfação se alastra de Norte a Sul do país e cada vez mais a revenda BR se vê isolada no negócio e sem apoio do parceiro comercial. Pela reportagem, há revendedores que ainda acreditam na marca BR e, mesmo com todos os problemas enfrentados, vão esperar mais um pouco para ver se a situação melhora, já outros, cansados dos problemas, pretendem mudar para bandeira branca ou escolher

outra opção. Aqueles que têm vínculo financeiro com a BR, por exemplo, não tem imóvel próprio e os equipamentos são da distribuidora, ficam à mercê das determinações da BR e se veem obrigados a manter o vínculo com a marca. Para evitar o agravamento ainda maior da situação, a maioria dos revendedores entrevistados solicitou omissão da identidade. A mudança de postura da BR com os parceiros da revenda foi ouvida em todos os cantos do país. Um revendedor do Rio


Agência Petrobras

de Janeiro, há 22 anos, que ostenta a bandeira há 8 anos, reclama. “A BR sempre foi uma mãezona, mas, de uma hora para outra, deixou a revenda sem apoio. Está complicado trabalhar com a BR. Antes, ela dava faixas, material de divulgação; hoje, não é mais assim. Se não for uma ação do plano de marketing, temos que mandar fazer as faixas promocionais. A manutenção dos equipamentos também foi transferida para a revenda. Hoje, temos que contratar uma

empresa terceirizada e essa responsabilidade não era do revendedor”, comentou. O mesmo revendedor disse que o impacto da crise da Petrobras, que atingiu a BR, também é visível na política de preços da companhia que mudou radicalmente. “Antes, a BR era uma das melhores companhias para se trabalhar, hoje está do lado oposto, com reajustes constantes e sem justificativa. Os postos BR ficaram com o preço acima da concorrência. A companhia só pensa em ser

cada vez mais rentável, e não pensa no revendedor, não existe parceria”, desabafou. Outro revendedor do Rio de Janeiro embandeirado BR há 18 anos, acredita que se continuar nessa linha, a distribuidora vai perder participação de mercado. “Ela está preocupada só com a geração de caixa, desse jeito vai perder market share”, observou. Além disso, em quase duas décadas como revendedor BR, disse que a companhia o desamparou. “Tivemos uma parceria extraordinária, mas, atualmente, Combustíveis & Conveniência • 39


44 REPORTAGEM DE CAPA

nunca fui tão maltratado na companhia, os custos aumentaram, não oferecem mais nada para o revendedor, nem cafezinho. Já fizemos reclamações, pedimos a ajuda do Sindicato e a BR faz cara de paisagem”, reclamou. De fato, a BR perdeu market share em 2015. De 37% do total de participação no mercado das distribuidoras em 2014, foi para 35,1% no ano passado. Um revendedor da Bahia informou que, devido à política de preços, os combustíveis aumentaram oito vezes de novembro até março. “Os aumentos são injustificados. Só teve um aumento oficial da Petrobras. A política de preços está inviabilizando o negócio com os aumentos constantes. O preço de custo da BR tem sido quase o preço de bomba dos concorrentes”. Segundo ele, em função dos consecutivos aumentos, o revendedor vem acumulando queda nas vendas de combustíveis. Como exemplo, ele informou que o volume de vendas de combustíveis caiu de 460 mil litros por mês para 270 mil litros por mês. “Estou amarrado com o contrato. Tem uma cláusula no contrato que diz que qualquer conduta do revendedor que reflita desfavoravelmente para a companhia pode ocasionar na quebra de contrato e pagamento de multa. E a contrapartida deveria ser a mesma para a revenda.”

Custos Para um revendedor BR da Bahia, em decorrência dos 40 • Combustíveis & Conveniência

Agência Petrobras

Plano de desinvestimentos da estatal prevê a venda de ativos de US$ 15,1 bilhões até este ano, com a inclusão da venda BR Distribuidora, mas até o momento nada se concretizou nesse sentido

problemas financeiros, a distribuidora tem repassado os custos que eram dela para a revenda e seu objetivo é aumentar cada vez mais os ganhos, e quem acaba bancando essa estratégia é o revendedor. Ele citou também os custos do plano de marketing como mais um meio de obter lucro pela companhia. O revendedor também aponta o enxugamento da equipe comercial como outro fator que pesa no relacionamento com a revenda. As gerências foram reduzidas e os assessores comerciais absorveram mais áreas. A consequência disso é a ausência da figura do assessor nos postos. Em Brasília, o revendedor Daniel Costa disse que alguns problemas do dia a dia são de difícil solução. “Tive um vazamento no telhado, inclusive, com risco de cair. Precisei entrar em contato, eles atenderam, ouviram, mas não resolveram”. O revendedor também citou problemas com manutenção, como a queima da frente da bomba de combustível. “Precisei

investir do meu bolso porque não resolviam. Recebi o reembolso, mas demorou”, disse. Segundo o revendedor, a BR tinha outra postura. “Antigamente, o assessor oferecia mais descontos, resolvia os problemas rapidamente, oferecia apoio nas necessidades e tentava agradar os revendedores. Hoje, nem se inteiram dos problemas.” Já outro revendedor de Santa Catarina reclamou que o assessor da loja de conveniência BR Mania só foi no posto para pegar a assinatura do contrato e não apareceu mais. “Não tenho mais interesse em renovar os contratos de franquias das lojas. As promoções não fazem sentido, não agregam nada às vendas”, disse o revendedor, que também reclamou do preço cobrado pelo plano de marketing, cujo custo é superior a R$ 1.000,00 por mês. Segundo ele, os custos para ser embandeirado são altos e o volume de vendas tem caído desde o ano passado, mas não soube especificar quanto. Quando questionado se iria permanecer com a bandeira BR respondeu:


“se fosse para renovar o contrato hoje, eu não renovaria. Como o contrato vence daqui há sete meses, prefiro avaliar o que vai acontecer, como o mercado vai se comportar”.

Contrato

Clima de incerteza ronda a revenda BR, que reclama que a mudança na política de preços da distribuidora acentuou a queda nas vendas dos combustíveis

Agência Petrobras

Em Goiás, um revendedor que ostenta a bandeira há mais de 20 anos alega que a parceria com a BR chegou no limite e não tem o que pensar. “Os postos que estão com contrato perto de vencer não querem renovar. A questão financeira está difícil. A distribuidora está repassando custos para a revenda e ainda teve a mudança na política de preços, que dificulta a situação dos postos que não conseguem repassar toda a alta de preços adiante. Estamos massacrados com esta parceria. Vendemos o almoço para pagar a janta”, disse. Além disso, ele reclama que qualquer tipo de solicitação à BR está mais burocrática e lenta. “Não tenho ajuda da companhia. Qualquer coisa você tem que mandar para o Rio de Janeiro e aí é um elefante branco, não anda”, comentou. Outra mudança para pior foi a logística. “As entregas dos combustíveis estão falhas, atrasam. Você define um horário cedo e só chega no final do dia. Antes, tudo funcionava muito bem, o atendimento era maravilhoso. Mas chegaram com um discurso de que mudaram as gerências e a diretoria. Agora, o assessor não visita mais a rede”, disse. Para acentuar um pouco mais a crise que a revenda BR vem passando, muitos revendedores que renovaram o contrato não receberam os recursos que cabe à BR repassar ao revendedor que adota sua bandeira.

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44 REPORTAGEM DE CAPA Foi o caso de um revendedor do Centro-Oeste, que fez uma renegociação do contrato por volume de vendas, assinou o documento e a BR destinou a primeira parcela dos recursos ao revendedor com 90 dias de atraso. Após cumprir os requisitos do contrato, sairia a segunda parcela. Para atender às exigências da distribuidora, ele investiu na parte visual do posto, comprou novas testeiras e novos equipamentos. Só que até o momento, passados vários meses, os recursos não foram depositados. “A minha parte foi cumprida e aguardo o pagamento pela companhia. Toda vez que pergunto eles dizem que o pagamento deve ser feito no mês que vem. Se o dinheiro não cair neste mês,

terei que fazer uma notificação extrajudicial”, comentou. No caso específico deste revendedor, ele assumiu a responsabilidade de vender determinada galonagem até cinco anos. Se o prazo expirar e ele não cumprir, terá que pagar o restante que falta para a distribuidora ou ela fica com a propriedade do posto, que foi dada em garantia. “Ela não considera as mudanças, se as vendas caíram, vale o que foi estipulado na época. Então, posso ser prejudicado pelo não cumprimento do contrato. É uma via de mão única, eles ditam as regras e somos obrigados a cumprir”, comentou. “Se eu pudesse voltar atrás, eu viraria bandeira branca ou iria procurar outra alternativa melhor”, disse.

Revendedores reclamam da falta de assessores, do alto custo das franquias, como as lojas de conveniência, e das promoções que trazem mais custos do que retorno

Em Minas Gerais, um revendedor BR também teve problemas com a renovação do

Seus direitos Confira a orientação de Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis, sobre os principais questionamentos dos revendedores em relação à BR: C&C: Qual seria o caminho para o revendedor que renovou contrato com a BR Distribuidora e a empresa não tem cumprido com a sua parte, no caso, a liberação dos recursos? AV: Caso a companhia tenha celebrado contrato de antecipação de bonificação ou mesmo de mútuo e descumpra a obrigação de liberar o valor para o revendedor, a primeira medida a ser adotada é notificar a distribuidora, fixando prazo para que ela libere o valor. C&C: Nesse caso, se não houver pagamento por mais de 42 • Combustíveis & Conveniência

90 dias, a revenda poderia romper o contrato assinado? AV: Sim, caso a distribuidora não libere os valores prometidos em contrato vinculado com o contrato de promessa de compra e venda de combustíveis, mesmo depois de notificada para tanto, é perfeitamente possível dar o contrato por rescindido, mediante o envio de nova notificação extrajudicial à companhia, independentemente de 90 dias. O que vale é o prazo dado na notificação. Depois de notificada a rescisão, o revendedor poderá ajuizar ação contra a companhia, para pedir indenização de eventuais perdas e danos, especialmente para cobrar a multa contratual rescisória, que é devida pela distribuidora

em caso de descumprimento de suas obrigações contratuais. Em geral, essa multa é bastante elevada. C&C: Alguns revendedores reclamaram que os custos que eram da distribuidora estão sendo repassados para a revenda. Seria o caso de fazer alguma notificação? AV: Nesse caso, se constar no contrato que tais custos são da distribuidora, ela deverá arcar com os mesmos e não poderá repassá-los simplesmente ao revendedor. Se a companhia não estiver cumprindo com suas obrigações, o caminho é notificar extrajudicialmente, assinando prazo para a regularização da falta. Caso não haja regularização, é possível,


Agência Petrobras

contrato. “Considero que a BR não cumpriu com a sua parte, demorou para assinar o contrato

e quando, finalmente, foi renovado, atrasou os pagamentos. Essa mudança unilateral dos

a depender do tipo de infração contratual, dar o contrato por rescindido e pleitear judicialmente as indenizações de eventuais perdas e danos e a cobrança de multa prevista em contrato.

ativamente para o atingimento das metas previstas no contrato. Isto é decorrência do princípio da boa-fé objetiva, previsto no art. 422 do Código Civil. Desse modo, quando a companhia passa a aumentar preços de seus combustíveis de forma inviabilizar o correto cumprimento do contrato, causando prejuízos ao revendedor, entendo que seria possível reconhecer a culpa da distribuidora como causa para a rescisão contratual. Porém, é importante que o revendedor tenha previamente notificado a distribuidora sobre o problema, além de ter prova das perdas contábeis de margem e volume e das perdas incorridas em razão dos preços não competitivos

C&C: O revendedor tem reclamado que a BR tem efetuado constantes aumentos nos combustíveis, muitas vezes, injustificados, o que tem prejudicado a competitividade da revenda BR. Esta situação prejudicial poderia ocasionar o rompimento do contrato? AV: O contrato de compra e venda de combustíveis firmado entre distribuidora e revendedor trata-se de um contrato cooperativo, ou seja, as duas partes devem cooperar

prazos de pagamentos e a falta de informação sobre quando seria resolvido, afetou drasticamente a parceria”, disse. José Alberto Miranda Cravo Roxo, revendedor de São Paulo e conselheiro editorial da Fecombutíveis, tem dois postos BR e está trabalhando sem contrato com um deles porque a proposta de negociação foi para BR e não dão retorno. “Já cobrei e a resposta é a mesma:está tudo parado, estão mudando a gerência.” Segundo Roxo, há uma nova postura da BR que os assessores estão sendo obrigados a seguir. Pela política da companhia, o assessor não vai mais administrar caso a caso. Eles não têm escolha ou fazem o que mandam ou quem não estiver satisfeito a porta é a serventia da casa”, revelou.

praticados injustificadamente pela companhia. C&C: Qual seria a interpretação jurídica sobre o término do contrato quando o prazo foi cumprido, mas o posto não vendeu galonagem ou vice-versa? AV: Sobre vencimento de contrato por prazo ou galonagem, a interpretação atual majoritária dos tribunais é no sentido de que vale o que se vencer primeiro, ou seja, se cumpriu a galonagem, o contrato fica expirado. Se não cumpriu a galonagem, mas o prazo se expirou, o contrato também acaba. O que fica para ser discutido é eventual aplicação de multa, caso a culpa pelo não cumprimento seja do revendedor ou da companhia. Combustíveis & Conveniência • 43


44 REPORTAGEM DE CAPA A situação piora para os revendedores que estão em uma situação contratual com problemas de endividamento devido à política de preços da companhia e ao abandono à revenda. Segundo Roxo, a rede de revendedores vai ficar à deriva. “Eu diria que eles estão fazendo algumas coisas no sentido de preparar a BR Distribuidora para sucateá-la para vermos, em breve, um processo de privatização. Eles aumentam a rentabilidade, diminuem os investimentos e daqui a dois ou três anos o balanço se mostra atraente para atrair investidores. A revenda vai acabar assumindo parte do rombo da Petróleo Brasileiro”, opinou. Para José Carlos da Silva, revendedor do Pará, que também já cumpriu o contrato, atingiu o volume por galonagem determinada no documento antes do prazo, e começou a conversar com a BR. Prometeram o contrato para outubro do ano passado e até agora nada. “A negociação não aconteceu, conversei com o assessor e ele informa que o gerente não tem retorno sobre o assunto. Eles disseram no ano passado que, se assinássemos o contrato, a verba só sairia em 2016. Estou decepcionado. Só tenho um posto e é difícil virar bandeira branca aqui no Pará. Na falta de combustível, a rede de postos bandeira branca é a primeira que deixa de ser atendida porque a prioridade são os postos embandeirados”, disse. Segundo o Valor Econômico, a BR caminha para ser privatizada. Os investidores têm interesse em se associar à empresa desde que possam dividir o controle com a Petrobras. Procurada, a BR Distribuidora declinou o pedido de entrevista desta reportagem. n 44 • Combustíveis & Conveniência

Imagem afetada Segundo estudo da CVA Solutions, lançado no início deste ano, os escândalos da Petrobras e a associação da BR Distribuidora nas investigações Lava-Jato influenciaram negativamente o consumidor dos postos BR. A pesquisa mostra que, no quesito força da marca, os postos BR perderam pontuação para a marca Ipiranga, que aos olhos do consumidor é mais forte. Dos 4.298 entrevistados, no quesito força da marca, a Ipiranga foi melhor avaliada, com 28,6%; seguida pela BR, com 24,2%; e a Shell, da Raízen, com 22,5%. Na avaliação de Marcelo Boschi, coordenador do MBA de Marketing Estratégico e professor de Gestão de Branding da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), com o enorme conjunto das más notícias, a associação à marca é um caminho quase inevitável. "Se uma marca atravessa um momento de dificuldade e esta dificuldade é apontada permanentemente na mídia de massa, isto tem um efeito devastador sobre a percepção da marca. Ou seja, a presença negativa na mídia aliada à incapacidade de gerar boas notícias sobre a marca 'constrói' a consciência", disse. Alguns dos revendedores entrevistados citaram em seus depoimentos a associação do escândalo de corrupção da Petrobras com a perda de clientes. Foi o caso de um revendedor de Goiânia. "A população não sabe diferenciar que somos uma franquia e o posto é outra empresa e ostenta uma marca. Nas redes sociais existe um boicote de que os postos BR sustentam a corrupção. Realmente, a imagem foi afetada e prejudicou demais a revenda. Estamos na seguinte situação: menos competitivos pela política de preços, com mais custos e ainda levando a fama de ladrão", disse. Já o revendedor do Pará, José Carlos da Silva, disse que ouviu e ainda ouve muita piada dos clientes associando o posto à corrupção da Petrobras e também recebe mensagens pelo WhatsApp, mas não atribui a perda de clientes à imagem. "Não caiu o movimento em virtude disso. Nossa perda de clientes do ano passado para cá foi pela crise econômica", comentou. Para Boschi, da ESPM, para reverter a imagem negativa, o principal trunfo dos postos seria ganhar a credibilidade do cliente. "O consumidor abastece por critérios de proximidade e confiança. É necessária, neste momento, uma ação, clara e criativa, que destaque a confiança nos serviços. Deveria buscar a excelência nos serviços. Atendimento, presteza, gentileza seriam ações que reforçariam o papel de prestador de serviço."


OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich4 Consultor jurídico da Fecombustíveis

Dos preços diferenciados sua distribuidora deve Desde 2015, tem-se intensificado a insatisfação procurar o advogaentre revendedores embandeirados (que optaram por ostentar a marca comercial e fornecer com do de seu sindicato exclusividade combustíveis de determinada distripara avaliar se há motivo ou justificativa buidora) em relação às suas parceiras comerciais, econômico-financeira no caso, as distribuidoras as quais estão vinculados. para a prática diferenciada de preços entres O principal motivo são as elevadas diferenças postos paradigmas. Além disso, é relevante entre preços praticados pelos postos da mesma ler o conteúdo da(s) cláusula(s) de preços do bandeira e, sobretudo, com os preços praticados contrato para ver se há possibilidade de exigir pelos postos bandeira branca. o tratamento isonômico em relação aos preços Muitos revendedores não aceitam que a com base no contrato. distribuidora com a qual mantém contrato de exInexistindo racionalidade econômica que clusividade venha a fornecer gasolina para postos justifique a discriminação do posto por meio bandeira branca por preços até R$ 0,20 ou R$ 0,25 de fixação de preços diferenciados e superiores inferiores aos praticados com os postos de sua aos praticados com seus rede. E que entre os postos concorrentes da mesma de sua rede e situados na distribuidora e, prefemesma área de influência O Sistema de Levantamento de Preços exista grande diferenciarencialmente, no mesmo da ANP tem servido como meio de mercado relevante, tem-se ção nos preços de compra identificar facilmente essas aparentes como viável a rescisão dos produtos. distorções concorrenciais, além de do contrato por parte do O Sistema de Levantaser possível a comparação entre revendedor atribuindo à mento de Preços da ANP distribuidora a culpa pela tem servido como meio notas fiscais por meio dos sistemas de identificar facilmente eletrônicos das Secretarias de Fazenda quebra do contrato. Convém destacar que essas aparentes distorções dos estados o recebimento de bonificoncorrenciais, além de ser possível a comparação entre cação ou investimento da notas fiscais por meio dos distribuidora, a cessão sistemas eletrônicos das Secretarias de Fazenda de bens em comodato, a concessão de crédito dos estados. para pagamento a prazo dos produtos, o frete É importante frisar que nenhuma distribuidora e, talvez, a posição comercial do revendedor insere em seus contratos a obrigação de uniforfrente aos seus concorrentes são motivos razomidade de preços. Todavia, a Lei 12.529/2011 áveis para uma diferenciação de preços, desde tipifica como infração da ordem econômica, de que pequena. acordo com o artigo 36, parágrafo 3º, inciso X, Enfim, a prática de preços discriminatórios “discriminar adquirentes ou fornecedores de bens pode ser um motivo suficiente para a rescisão ou serviços por meio da fixação diferenciada de do contrato do posto com a distribuidora, mas é preços, ou de condições operacionais de venda necessário cautela e análise jurídica da situação ou prestação de serviços”. e de todos os contratos que envolvem as partes, Nesse diapasão, o revendedor que se pois, em regra, a quebra do contrato prevê pesadas sentir prejudicado pelos preços praticados por multas ao revendedor.

Combustíveis & Conveniência • 45


44 MEIO AMBIENTE

Retrocesso na qualidade do ar

iStock

Quatro anos depois da introdução da fase P7 do Proconve, os avanços ambientais esperados não se concretizaram. Os motivos são diversos, desde a não renovação de frota até as fraudes envolvendo o Arla 32

46 • Combustíveis & Conveniência


Quando a fase P7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) entrou em vigor, em 2012, a expectativa era de que as emissões poluentes fossem reduzidas de forma significativa, especialmente nos grandes centros urbanos. Para tanto, a indústria automotiva lançou veículos com a tecnologia Euro 5, que, na época, já estava em vigor na Europa, e a Petrobras passou a fornecer ao mercado o diesel com baixo teor de enxofre (inicialmente S50 e depois S10). Tudo isso exigiu adequação de todo o mercado, desde os fabricantes de veículos e autopeças até a rede de postos, que se preparou para fornecer o novo diesel. Apesar de todos os esforços, não houve melhoria na qualidade do ar. Na verdade, na avaliação de alguns especialistas, houve, de fato, retrocesso. “Quando estávamos desenhando a fase P7, passamos a estudar a relação das emissões com a combustão a diesel e verificamos que o comportamento do óxido de nitrogênio (Nox) e o dos materiais particulados, durante a combustão, são opostos. Ou seja, se aumentamos a emissão de Nox, reduzimos a de particulados. Além disso, mais Nox significa uma combustão mais eficiente, com menor consumo de combustível. Até a fase P5, este balanço era controlado no motor do veículo, mas, com o advento de novos limites na P7, a indústria teve de buscar uma nova tecnologia. Cada fabricante desenvolveu a sua, mas, via de regra, a opção foi a adoção de sistemas de pós-tratamento. Aumentamos a emissão de Nox

para reduzir os particulados e controlamos o excesso de Nox com o pós-tratamento”, explicou Cristian Malevic, engenheiro chefe da MWM International Motores, durante a 6ª Integer Emissions Summit Brasil, realizada em São Paulo, nos dias 1o e 2 de março. De acordo com Malevic, a opção de pós-tratamento levou a indústria a aumentar a emissão de Nox para os limites das fases P3 ou P4 e, com isso, conseguiu atingir o restrito limite de particulados. Para controlar o excesso de Nox, a opção foi o sistema SCR, que prevê o uso do agente redutor líquido automotivo (Arla 32). “A equação era essa, ganho de eficiência na combustão por meio do aumento de Nox e controle deste Nox em excesso com o uso de Arla”, afirmou. No entanto, na prática, não aconteceu exatamente o que havia sido planejado. Além do cenário de retração econômica, que ainda atrasa a renovação da frota e, consequente, a substituição de veículos mais antigos por modelos novos com a tecnologia Euro 5, houve outra dificuldade, que foi justamente o uso do Arla. Com preço mais elevado do que o previsto no momento de sua introdução no mercado (a expectativa era de que seu custo fosse de, no máximo, metade do valor do litro de diesel), muitos motoristas não fizeram uso do redutor líquido, ou buscaram maneiras de burlar sua utilização, na tentativa de economizar. Assim, várias irregularidades surgiram, desde emuladores que “enganam” o sistema de autodiagnóstico do veículo (OBD) até misturas caseiras de água e ureia agrícola. Durante a conferência, Malevic apresentou uma série de anúncios de produtos encontrados

Divulgação / Mercedes-Benz

Por Rosemeire Guidoni

As fraudes envolvendo o sistema de autodiagnóstico do veículo (OBD) e o Arla 32 trazem frustrações para melhoria da qualidade do ar proposto pelo Proconve

à venda na internet, como, por exemplo, o site Mercado Livre, para burlar o uso de Arla, desde emuladores até kits do tipo “faça seu próprio Arla”. O especialista mostrou, inclusive, que já existe na Europa um emulador para burlar também os veículos da fase Euro 6, ou a P8, no Brasil. “Sem o uso adequado do Arla, não adiantou tanto investimento em tecnologia. Sem o pós-tratamento de gases, retornamos à quantidade de emissões de Nox da fase P3, é um retrocesso”, ressaltou.

Muito aquém do esperado De fato, as fraudes envolvendo o OBD e a utilização incorreta de Arla 32 têm sido os principais desafios na implementação da regulamentação de emissões no Brasil. Apesar de alguns representantes da indústria automotiva Combustíveis & Conveniência • 47


44 MEIO AMBIENTE defenderem que o país já deve dar os primeiros passos em direção à fase P8, até mesmo para viabilizar exportações em um momento em que o mercado interno está desaquecido (Veja box), o fato é que a fase P7 não surtiu os efeitos desejados. Segundo Gustavo Teixeira, líder de sistemas de pós-tratamento da FPT Industries, o crescimento do mercado de Arla está muito distante do de diesel S10, o que demonstra que muitos usuários não utilizam, de fato, o produto. “Claro que não é possível fazer uma conta exata, porque muitos usuários que não precisam usar o diesel S10 utilizam, e outros que precisam acabam abastecendo com o S500. Mas o mercado de Arla deveria ser aproximadamente de 5% do de diesel S10 e isso não está acontecendo”, destacou. “As blitzes realizadas pela Polícia Rodoviária e o Ibama também demonstraram isso. Em São Paulo, foram detectadas fraudes em 30% dos veículos fiscalizados, e

este índice chegou a até 80% em outros estados”, completou. A Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (Afeevas) destaca que, realmente, houve um descolamento das vendas de diesel S10 e Arla. “Estimamos que o consumo atual esteja 50% abaixo do que deveria ser de acordo com o mercado de S10, seja por não uso do Arla ou por fraudes. Isso, em termos ambientais, significa regredir quase 20 anos”, afirmou Elcio Luiz Farah, diretor-executivo da entidade. Jeferson de Lima, da Man Latin American e membro do grupo técnico de pesados da Associação de Engenharia Automotiva (AEA) informou que a entidade está elaborando uma cartilha com o intuito de conscientizar o mercado a respeito da importância de uso do Arla. “Não utilizar o produto de forma correta prejudica o veículo e o meio ambiente. É crime ambiental e os motoristasprecisamterciênciadisso”,

afirmou. Porém, ele destacou que a fiscalização ainda não é suficiente. “Em alguns casos, a polícia demora até duas horas para identificar o emulador. Neste caso, o veículo é retido e o motorista preso. Mas seria necessário investir na qualificação de mais fiscais. Com a estrutura atual, não podemos dizer que a frota toda está sob controle. Temos até problemas com o refratômetro, aparelho utilizado para medir a ureia, que pode considerar regular uma mistura caseira na proporção correta”, apontou. Durante o evento, foram discutidas também outras formas de controle, como por meio do próprio OBD, que registra gravações por um período de 9.600 horas, ou 400 dias, e que não podem ser apagadas (assim seria possível detectar falhas pelo não uso de Arla). “Seria importante ter uma ferramenta capaz de escanear estas memórias antigas no dia da inspeção ou fiscalização”, destacou Gabriel Murgel Branco, diretor da

Arla 32: Demanda estimada x Vendas realizadas (mil m3)

Fonte: Afeevas

48 • Combustíveis & Conveniência


A Associação de Engenharia Automotiva (AEA) está elaborando uma cartilha com o intuito de conscientizar o mercado a respeito da importância de uso do Arla 32

Desaceleração da indústria automotiva Shutterstock

Environmentality. Além disso, ele considera que seria importante reduzir o custo de manutenção dos veículos e também o custo do Arla para desmotivar as irregularidades e adotar novos métodos de fiscalização, como o uso de uma substância que, ao ser misturada em uma amostra de Arla, pode detectar que há algo errado pela mudança de cor do produto.

Questão de preço Alguns especialistas acreditam que uma das formas para desmotivar as fraudes seria reduzir o preço do Arla. Para tanto, o setor está se mobilizando para melhorar o enquadramento tributário do produto e equipará-lo à ureia agrícola. Além disso, sugerem a revenda a granel, em tanques não enterrados, para reduzir o custo de instalação. “Na Itália, por exemplo, o valor do Adblue representa cerca de 46% do preço do diesel. No Brasil, o preço médio do Arla é R$ 2, enquanto que o do S10 (média) é R$ 3,26, ou seja, 61% do custo do diesel. Em alguns casos de venda a granel, é possível encontrar por um valor de até 54% do diesel. Mas estamos falando de um diesel subsidiado pelas políticas adotadas pelo governo”, comparou Farah, da Afeevas. Ideraldo Batista, da Peak Automotiva, observou também já ter encontrado vários postos revendedores com dois preços do produto, um para “Arla 32” e outro para “Arla Bandeira”. “Em mais de um local já verifiquei isso,

o galão de Arla vendido a R$ 52 e o galão com a marca da bandeira a R$ 63”, afirmou, ressaltando que as revendas devem ter cuidado ao comprar o produto, verificando se o fornecedor tem certificação do Inmetro e se o vasilhame não está sendo reutilizado. Também existem revendas praticando preços bastante baixos no Arla, como um chamariz para as vendas de S10. A prática já vem sendo observada em vários locais do país, de acordo com Giancarlo Pasa, diretor da Fecombustíveis. “A questão é que não há ainda uma legislação sobre o sistema de métrica para venda a granel. Muitos empresários comercializam a granel, colocando uma bomba junto ao IBC, ao invés de fazerem instalações subterrâneas ou mesmo tanques aéreos, que precisam seguir normas específicas. Com isso, não têm o custo de instalação, e podem revender o Arla por um preço quase de custo, como um atrativo para os consumidores, na tentativa de elevar as vendas de S10”, explicou. Segundo Pasa, não há nada que impeça isso, desde que o revendedor comercialize um produto de qualidade. Ele lembrou ainda que a revenda precisa ficar atenta à tributação do Arla, que não ocorre por substituição tributária, como no caso do diesel. “A revenda se credita 12%, mas paga 18% de ICMS no Arla. Então, vender a preço de custo é inviável, mesmo que seja estratégia, pois significa perder dinheiro. É necessário fazer a conta correta dos tributos”. n

Fabrício Cardoso, analista sênior da Integer Research, compartilhou uma pesquisa da empresa sobre os mercados de veículos comerciais brasileiros e Arla 32. Em sua análise, devido à desaceleração do mercado em 2015 e condições econômicas menos favoráveis, a expectativa é de que as vendas e a produção de veículos comerciais caiam ainda mais em 2016. No entanto, ele considera que o consumo de Arla 32 pode aumentar em 90% na próxima década, se o governo implementar ações mais eficazes e rigorosas de inspeção e fiscalização para a prevenção de atividades ilícitas. Mas, enquanto isso, com a queda nas vendas de veículos, os fabricantes já começam a se mobilizar para a introdução de uma nova fase no programa de controle de emissões. De acordo com Wilson Nogueira da Silva, da TE Conectivity, a indústria busca formas de contornar o cenário de crise. Uma das maneiras seria avançar no programa de emissões, visando aumento das exportações de veículos. “Em fevereiro deste ano, a Anfavea apontou uma queda de 38,8% nas vendas, em comparação com o mesmo mês de 2015. A indústria precisa reverter este cenário. Existe um mercado ávido para adquirir nossos veículos, dado que a moeda desvalorizou. O Brasil poderia exportar mais, mas, para tanto, os veículos precisam estar adaptados ao mercado global”, afirmou. Combustíveis & Conveniência • 49


44 CONVENIÊNCIA

Arquivo

Como organizar gôndolas Os clientes das lojas de conveniência estão em busca de praticidade e uma boa gestão na hora de distribuir os produtos nas gôndolas pode fazer a diferença para o consumidor

Por Adriana Cardoso A visão é o sentido mais importante do consumidor na hora que ele entra numa loja de conveniência. É o que vai guiá-lo até a gôndola em busca do produto que procura. Na maioria das vezes, quando se depara com uma gôndola desfalcada, pode desistir da compra e voltar para casa. A desistência acontece, segundo especialistas, mesmo que o produto faltante não seja exatamente o que ele estava procurando. Dentre os chamarizes de vendas de uma loja de conveniência, a gôndola é um dos principais, se não o principal, para evitar a 50 • Combustíveis & Conveniência

chamada “ruptura”, termo usado para explicar quando o cliente desiste de comprar porque não encontrou o que queria. “A ruptura é um dos maiores vilões do varejo ao lado das perdas de estoques, figurando como um dos assuntos mais debatidos entre os principais varejistas. Nos últimos anos, vem sendo tratada como tema estratégico para a boa gestão do varejo”, diz Frederico Amorim, sócio-diretor da Cardinalis, consultoria especializada em soluções para o varejo. Por essa razão, a gôndola é uma vitrine muito importante no sentido de manter as vendas. “Não devemos jamais deixar

as gôndolas vazias, o que afeta diretamente o faturamento da loja”, lembrou o diretor de Conveniência da Fecombustíveis, Paulo Tonolli. Isso não significa, segundo o diretor, que devem estar abarrotadas de produtos. “As gôndolas devem estar sempre completas, com uma quantidade e diversidade que se torne atrativa aos olhos do consumidor”, explicou. Na opinião de Tonolli, a gôndola é “uma grande vendedora, talvez a principal”, pois boa parte das compras é feita por impulso. “A visualização do produto bem disposto contribui muito para a venda”, recomendou.


Fique atento à organização

Como fazer O primeiro passo para a organização de uma gôndola é dispor os itens por categorias e seções, facilitando a vida do consumidor na hora de escolher. Como esses artigos são embalados, deve-se respeitar as formas de armazenar descritas na embalagem, deixar os rótulos principais sempre voltados para frente e divididos por

Stock

BillionPhotos/ Shutterstock

A observação de Tonolli é comprovada por uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz, divulgada em 2015. O estudo mostrou que mais de metade dos consumidores brasileiros (53%) admitiu ter realizado ao menos uma compra por impulso nos três meses anteriores ao levantamento. Outro estudo, este realizado pela mesma empresa de pesquisa, com informações da Nielsen em 12 países, no ano passado, mostrou que 70% das decisões de compra do consumidor são tomadas no ponto de venda, o que comprova que a loja física continua com um papel fortíssimo no processo de compra.

n Espaço Lógico - é a disposição dos equipamentos e mobiliário permitindo e favorecendo o fluxo de trânsito pelo espaço da unidade, evitando cantos mortos e áreas de aglomeração, além dos gargalos.

sabores. Claro, não se esqueça da limpeza, da organização dos itens e de colocar preços visíveis e corretos. “É muito importante também estar atento aos prazos de validade”, alertouTonolli. Outro aspecto fundamental, o espaço das gôndolas, também deve ser usado para chamar a atenção do cliente. “O tamanho da gôndola depende do espaço físico da loja. Porém, é importante que não tenha mais que dois metros de comprimento, pois gôndolas grandes, além de facilitar os roubos, tornam-se pouco atrativas”, propôs Tonolli. Para Amorim, da Cardinalis, além de completas e variadas, as gôndolas têm que estar distribuídas de acordo com o fluxo de clientes. “Para que isso ocorra, entram em cena diversas técnicas e ferramentas de gestão de varejo. São elas: espaço lógico, planograma, gestão de categorias e exposição e merchadising”, disse. Para um melhor efeito visual, os itens devem estar organizados por marcas ou por tipos de embalagens, na mesma linha de cima para baixo nas gôndolas, respeitando os tamanhos menores em cima, os intermediários no centro, e

n Planograma ou plano de gôndola - é um guia para organizar e mensurar a quantidade de produtos nas gôndolas com o objetivo de orientar os operadores de loja sobre a localização de cada item. Esta é uma parte essencial, pois ajuda a otimizar o espaço físico disponível de forma que haja o melhor aproveitamento da área, ajudando a fomentar as vendas. É aqui que a comunicação entre o ponto de venda e o consumidor é estimulada. Amorim explica que as lojas franqueadas, normalmente, recebem um documento minucioso da franqueadora com os pormenores sobre esta exposição. “Para aquelas lojas que não são franqueadas, sugiro visitar o website da ECR Brasil (Efficient Consumer Response Brasil – www.ecrbrasil.com.br). Lá existem diversos estudos e guias que podem auxiliar bastante na montagem de um planograma.” n Gestão de Categorias - define os papéis de cada categoria de produto na loja e anda de mãos dadas com a exposição definida no Planograma. n Exposição e Merchandising - é a definição do destaque que deverá ser dado a cada produto. Fonte: Frederico Amorim, sócio-diretor da Cardinalis

Combustíveis & Conveniência • 51


44 CONVENIÊNCIA os de tamanho-família embaixo. “Os produtos que desejamos destacar devem estar na altura dos olhos do seu público-alvo. Por exemplo, se forem crianças, devem estar mais abaixo”, recomendou Amorim. Já os itens classificados como compra por impulso - como chocolates, por exemplo -, podem ser expostos próximos a artigos relacionados, cuja compra não seja premeditada, ou mesmo próximo ao caixa, local pelo qual todos os consumidores têm que passar na loja.

ção de bem-estar no consumidor por ter um desejo satisfeito. Por isso, o ambiente da loja mais o apelo visual da gôndola ajudam na sua decisão. “Caso haja fatores que atrapalhem o bem-estar, pode ocorrer uma barreira no consumo que, mesmo sem saber externar em palavras, impede o consumidor de abrir a carteira. Desorganização, temperatura

inadequada, odor desagradável e até mesmo a sonorização inadequada espantam o consumo”, disse Amorim. Para manter as gôndolas da loja tinindo, é comum revendedores, segundo Amorim, dividirem a responsabilidade pela limpeza, reposição de produtos e até mesmo precificação. Assim, cada setor tem um “dono” e fica mais fácil controlar e gerenciar. n

Principais tipos de rupturas de vendas n Cadastro: ocorre quando aquele comércio não tem determinado

Promoções Na cartilha dos negócios, as promoções podem ser grandes impulsionadoras de vendas ou um completo fiasco. É nessa hora que o destaque na organização das gôndolas distribuídas no espaço nobre da loja podem fazer a diferença. “Devemos sempre ter um ou dois itens em promoção, pois isso faz com que o cliente veja a loja com bons olhos e não fique com a sensação de que o local é caro”, disse Tonolli. De forma geral, as promoções devem ser planejadas de acordo com o papel exercido pela categoria e o produto específico no contexto da loja. O que ocorre, normalmente, é o revendedor ficar estrangulado com um estoque demasiadamente grande e, para escoá-lo antes que vença, faz uma promoção a toque de caixa. Nestes casos, quase sempre o resultado é ruim”, observou Amorim.

Bem-estar Comprar, além de ser uma necessidade, provoca uma sensa52 • Combustíveis & Conveniência

produto em seu cadastro. Ou seja, o artigo não faz parte do mix. Esta é uma ruptura causada por descompasso entre o sortimento de produtos da loja e o público-alvo que a frequenta. Em resumo: o produto não está sequer cadastrado. n Abastecimento: ocorre quando a loja trabalha com o produto que o consumidor procura, entretanto, naquele exato instante, ele não está disponível em estoque. O produto está cadastrado, porém, houve falha no abastecimento ou mesmo na programação de compras. Este tipo de problema pode ter sua causa ligada a má gestão de estoques, já que, muitas vezes, o estoque virtual (sistêmico) não reflete exatamente o estoque físico. Logo, o sistema mostra que há produtos disponíveis quando, na realidade, não há. Assim, o responsável pela compra dos produtos não solicita a reposição por parte do fornecedor, acreditando haver produto em loja. Ou seja, o produto está cadastrado, mas não está estocado. n Exposição: Este tipo de ruptura ocorre quando há problema na reposição dos produtos do estoque para a área de vendas. O produto existe em estoque e está presente na unidade, entretanto, não está exposto na área de vendas. n Fantasma: Ocorre quando a loja tem o produto, entretanto, por má organização da área de vendas, não está no planograma ou mesmo pela má informação da equipe de loja, o consumidor simplesmente não o encontra. Em resumo: o produto está cadastrado, está estocado, está exposto, mas, ainda assim, a venda não ocorre. Fonte: Frederico Amorim, sócio-diretor da Cardinalis


OPINIÃO 44 Flavio Santiago 4 sócio-diretor da Valdevez e Santiago Assessoria Empresarial

Gôndolas vendedoras posicionados, preferencialNo varejo, a exposição atrativa dos produtos é uma parte de extrema relevância no processo de mente, na altura dos olhos compra e venda. dos consumidores, evitando, No entanto, situar uma gôndola no local de conassim, que o consumidor tenha que se abaixar ou sumo não é uma tarefa tão simples como se parece. agachar para pegá-los. Há técnicas de posicionamento das mesmas que Finger space: outro termo de origem inglesa podem ser decisivas na hora da realização de uma e que pode-se traduzir como “espaço do dedo”, compra. Manter um espaço entre elas, o suficiente é uma técnica que se foca em deixar um espaço para a passagem de duas pessoas, lado a lado, é suficiente entre o topo de um produto e a altura essencial para proporcionar maior visibilidade e liberlimite da prateleira. Assim, o consumidor consegue dade de locomoção para o consumidor. Além disso, pegar o produto com maior facilidade, o que gaposicionar as gôndolas na direção perpendicular à área de geladeiras aumenta a probabilidade de se rante maior probabilidade de venda. Não se deve obter venda por impulso, uma vez que os produtos se esquecer que a definição do número de prateleira tornam visíveis e, consequentemente, mais atrativos. das gôndolas e sua regulagem de altura é muito Algumas técnicas de exposição de produtos importante para uma boa exposição de produtos. também devem ser levadas PVPS: tradicionalmente em consideração na hora de conhecido como “Primeiro É importante não esquecer de respei- que Vence, Primeiro que organizar a disposição das mercadorias nas gôndolas. tar o campo visual dos clientes dentro Sai”, é o processo de arManter as prateleiras cheias da loja, evitando ultrapassar a altura rumação de acordo com a e com ausência de “buradas gôndolas com excesso de produ- validade dos produtos em uma gôndola. Apesar de cos” é lei para se dobrar tos e de manter a harmonia entre o não ser seguido por muitos as chances de se obter tamanho das embalagens, quando varejistas, é essencial para com sucesso uma venda. E posicionados lado a lado o bom funcionamento de claro, jamais esquecer das uma loja. Como o nome já etiquetas de preço, visíveis diz, os produtos com o prazo de expiração mais e bem posicionadas, em todos os produtos. É a próximos devem ser posicionados na frente para principal regra e um requisito legal! estimular uma venda breve. Uma revisão periódica Separamos algumas das principais técnicas dos produtos em exposição pela equipe da loja é para aprofundar a compreensão a respeito: fundamental para o sucesso deste processo. Fronting: termo em inglês que exprime a neAdemais, é importante não esquecer de rescessidade de as mercadorias serem expostas com seus rótulos virados de frente para o campo de visão peitar o campo visual dos clientes dentro da loja, do consumidor. As embalagens são desenvolvidas evitando ultrapassar a altura das gôndolas com para facilitar essa abordagem. Aproveite e mantenha excesso de produtos e de manter a harmonia entre essa organização em cada turno. o tamanho das embalagens, quando posicionados Facing: termo em inglês que significa que os prolado a lado. Dessa forma, evita-se discrepâncias, chamadas de picos e vales, na linha horizontal do dutos devem estar sempre colocados na primeira fila de campo de visão dos consumidores. cada prateleira. Em outras palavras, os produtos devem Por fim, não menos importante, deve-se valoser puxados para a borda dianteira, permitindo, assim, que a gôndola sempre esteja com uma aparência cheia, rizar as pontas de cada gôndola. Essas precisam convidando o consumidor para se aproximar. Cada fileira estar bem atraentes e cheias de produtos, dando de produto poderá ser contada como um facing e uma preferência para as melhores promoções. reposição diária de produtos é mandatória. Aproveitem todas estas dicas e façam de suas Giro: produtos com maior circulação, média de gôndolas uma excepcional ferramenta de venda para entrada e saída de um item em estoque, devem ser conquistar cada vez mais os clientes. Boas vendas! Combustíveis & Conveniência • 53


44 AGENDA

ABRIL

JULHO

11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro Data: 29 Local: Uberlândia (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro Data: 22 Local: Montes Claros (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

MAIO

AGOSTO

11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro Data: 20 Local: Juiz de Fora (MG) Realização: Minaspetro

Informações: (31) 2108-6500

Encontro de Revendedores da Região Norte Data: 4 e 5 Local: Belém (PA) Realização: Sindicombustíveis-PA Informações: (91) 3224-5742

JUNHO

SETEMBRO

11o Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste Data: 09 e 10 Local: Campina Grande (PB) Realização: Sindipetro-PB e demais sindicatos da região Nordeste Informações: (83) 3224-1600

Expo Conveniências Data:15 Local: Caxias do Sul (RS) Realização: Sindipetro Serra Gaúcha Informações: (54) 3222-0888

11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro Data: 24 Local: Governador Valadares (MG) Realização: Minaspetro

NACS Show Data: 18 a 21 Local: Atlanta (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com

Informações: (31) 2108-6500

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44 ATUAÇÃO SINDICAL Nacional

SEGS: gestão da excelência em foco

Gisele de Oliveira e Mônica Serrano

Sindicatos Filiados à Fecombustíveis participaram da reunião do SEGS para o ciclo 2016 e os representantes dos Sindicatos de Rondônia (Eduardo Valente), Alagoas (Laura Mora) e Espírito Santo (Adair de Souza) foram homenageados com a premiação do SEGS 2015

Os representantes dos Sindicatos Filiados à Fecombustíveis que participam do Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS), uma parceria da Federação com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), estiveram reunidos, no Rio de Janeiro, para a abertura do ciclo 2016 do programa. Além da apresentação do cronograma deste ano, a reunião também apresentou as melhorias realizadas pelos sindicatos no ano passado e palestras sobre a gestão da atividade sindical, ministrada pelo diretor do Senac/ RS, José Paulo da Rosa; e de direito da concorrência, com o advogado da Fecombustíveis, Arthur Villamil. Durante sua palestra, José Paulo da Rosa enfatizou a im56 • Combustíveis & Conveniência

portância de tomar a iniciativa na busca por soluções de problemas dentro dos sindicatos, no lugar de atribuir as responsabilidades e dar justificativas pela não resolução das situações que aparecem no dia a dia do sindicato. “Não adianta ficar chorando, o que nos cabe é buscar soluções e não só encontrar justificativas para não resolver os problemas”, observou. O diretor do Senac/RS mostrou ainda os principais desafios dos executivos dentro dos sindicatos: baixo número de associados, diretoria pouco participativa e dificuldade em obter o equilíbrio financeiro. Para cada item, Rosa apresentou conceitos para que os sindicatos possam desenvolver ações e atingir os resultados desejados. Celso Guilherme Figueiredo Borges , coordenador do SEGS pela

Fecombustíveis em conjunto com José Antonio Rocha, homenageou, na reunião, os três sindicatos premiados, representados por Eduardo Valente (Sindipetro-RO-1º lugar), Laura Mota (Sindicombustíveis-AL - 2º lugar) e Adair Alves de Souza (Sindipostos-ES - 3º lugar) que obtiveram os melhores indicadores do SEGS 2015. O programa considera como critério de desempenho as ações implementadas com base em cinco indicadores: associativismo, autossustentação, adimplência das contribuições, ações de representações e imagem - que começa a partir deste ano. O SEGS é um programa que incentiva o desenvolvimento da excelência na gestão das Federações e Sindicatos Filiados ao Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio (Sicomércio). (Gisele de Oliveira)


União do TRR Ana Azevedo

A 31ª Convenção Nacional TRR reuniu 402 participantes de 19 estados brasileiros em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro

O SindTRR realizou entre os dias 16 e 20 de março, a 31ª Convenção Nacional TRR. O evento, realizado em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, reuniu empresários de várias partes do país, autoridades, políticos e convidados. Durante solenidade de abertura, no dia 17, o presidente Álvaro Faria falou sobre o ano difícil, alegando que chegou a pensar em cancelar o evento. “Resolvemos ousar, encarar de frente a situação, acreditar na união do empresariado TRR e confiar naquele ditado: é na crise que surgem as oportunidades”. O presidente ressaltou a presença de três diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no evento - além da diretora-geral Magda Chambriard e do diretor Waldir Barroso, o

futuro diretor Aurélio Amaral também esteve presente. Faria ressaltou ainda o trabalho que o SindTRR, Sindicom e Fecombustíveis terão no acompanhamento do Projeto de Lei que deve modificar a lei das penalidades, nº 9.847. “Para isso, contamos com a valiosa ajuda de nossos parlamentares ligados ao setor. Como enfatizei na última Convenção em Foz do Iguaçu, esta lei merece ser revogada e substituída por uma Resolução da ANP pois é o único setor que possui uma lei de penalidades”. Em seu pronunciamento, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, destacou o crescimento do mercado de combustíveis, independente do momento econômico do país. Segundo ela, o mercado TRR é extremamente relevante. “Temos como papel na ANP

estar atentos às necessidades do setor. A evolução da regulamentação vem acontecendo e ela define regras mais claras e mecanismos de proteção da justa concorrência.” A Convenção TRR contou com a participação de 402 pessoas, de 19 estados brasileiros. A programação contou com um painel apresentado pelo diretor do Inmetro, Alfredo Lobo, que discutiu os problemas na comercialização do Arla 32. Além de debates com os representantes das distribuidoras Raízen, BR e Ipiranga, e o painel com os representantes da ANP. Mais uma vez, os participantes puderam contar com um plantão de atendimento por parte dos técnicos da ANP, que tiraram dúvidas sobre os processos em andamento e orientaram sobre pendências. (Ana Azevedo) Combustíveis & Conveniência • 57


44 ATUAÇÃO SINDICAL Minas Gerais

Congressos Regionais Divulgação Minaspetro

11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro foi realizado em 11 de março, em Caxambu

Cerca de 260 revendedores de combustíveis do Sul de Minas Gerais estiveram presentes no primeiro evento do 11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro, realizado em Caxambu, em 11 de março. Atualização, informação, orientação e aquisição de produtos e serviços foram os principais pontos que motivaram a presença maciça dos empresários da região no evento que aconteceu pela primeira vez na cidade. Tradicionalmente realizado em Pouso Alegre, o evento no Espaço Glória permitiu que revendedores que nunca haviam participado dos congressos do 58 • Combustíveis & Conveniência

Minaspetro pudessem usufruir das palestras, painéis e demais serviços oferecidos ao longo do dia. O palestrante George Vidor abriu o evento deixando um pouco de otimismo para os presentes em relação à economia do país, que, segundo ele, segue melhor do que em 2015, deixando a dica: “Os Jogos Olímpicos serão uma oportunidade para todos. Os países que disputam os jogos farão investimentos no Brasil. Aproveitem este momento em favor do seu negócio”. Na sequência, o painel Fiscalização da ANP e do

Inmetro e seus principais aspectos permitiu ao público relembrar obrigações e esclarecer questões relacionadas aos dois órgãos. Os revendedores, ainda, tiveram a oportunidade de submeter os palestrantes a questionamentos sobre a atuação da ANP e do Ipem no Estado. Fechando o evento, o público pode ouvir os ensinamentos e dicas, de maneira descontraída e divertida, do administrador e e s c r i t o r M a x G e h r i n g e r, que deixou o seu recado aos gestores: “Se você souber entender gente, você tem o diferencial”. (Geisa Brito)


Bahia

Combate ao Aedes Aegypti A Bahia está em alerta com a epidemia de dengue, do vírus zika e da febre chikungunya, doenças transmitidas pela picada do mosquito Aedes Aegypti, mais conhecido como o mosquito da Dengue. Para combatê-lo, a única forma é evitar os criadouros em casa, no trabalho e em áreas públicas, e o Sindicombustíveis Bahia, através do seu projeto Posto Solidário, aderiu à campanha junto à União, aos estados e municípios brasileiros para combater a proliferação do mosquito. Panfletos com orientações sobre como evitar o acúmulo de

POSTOS DE COMBUSTÍVEIS UNIDOS NO COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI!

ELIMINE ÁGUA PARADA!

REALIZAÇÃO: SINDICOMBUSTÍVEIS BAHIA / POSTO SOLIDÁRIO

água parada e a reprodução do mosquito estão sendo distribuídos nos postos baianos para alertar a população sobre os cuidados necessários nessa guerra contra o Aedes Aegypti. Uma faixa sinaliza a união dos revendedores em prol da saúde pública. O presidente do Sindicombustíveis Bahia, José Augusto Costa, acredita que todos estão

vulneráveis ao Aedes Aegypti e devem se engajar na campanha de combate ao mosquito. “Se tomarmos as precauções necessárias, como não deixar água parada, venceremos essa guerra”, comentou. Para os revendedores, o recado é intensificar a fiscalização e os cuidados para evitar os criadouros também nos postos de combustíveis. (Carla Eluan)

Rio de Janeiro

Justiça: ICMS na conta de luz de Moura; e os advogados Jayme Soares da Rocha, Denise Salgado e Taíssa Sá Ribeiro explicaram que o valor deve ser depositado judicialmente todos os meses em uma conta corrente específica.

Sindcomb

Restituição dos últimos 10 anos

Da esquerda para direita: advogados Denise Salgado, Jayme Rocha e Taíssa Ribeiro; a presidente, Cida Siuffo Schneider; o vice-presidente, João Batista de Moura; e o secretário-executivo, Maurício Ferraz

O Contencioso Cível do Sindcomb ingressou na Justiça Estadual com uma ação coletiva em que contesta a cobrança da alíquota de 25% de ICMS sobre a tarifa mensal de energia elétrica pela concessionária estadual Light aos postos revendedores.

No entendimento da equipe de advogados do Escritório Taunay & Rocha Associados, a tarifa correta a ser cobrada é de 18%, e, por isso, decidiram depositar em juízo o valor que é considerado devido. A presidente Cida Siuffo Schneider; o vice-presidente João Batista

Além do recolhimento da conta de luz com uma diferença de 7% entre o valor cobrado pela Light e o real valor a ser pago, a ação visa, inclusive, o ressarcimento dessa diferença do ICMS cobrado a mais, nos últimos 10 anos. Para tanto, os revendedores devem apresentar todas as contas desde o mês de dezembro de 2005. Esses valores a serem restituídos, segundo o advogado Jayme Rocha, deverão ser pagos por meio de títulos precatórios. (Kátia Perelberg) Combustíveis & Conveniência • 59


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS

LIVRO 33

A presidente da República Dilma Rousseff sancionou, em 08 de março, a Lei 13.257, que dispõe sobre políticas públicas para a primeira infância e sobre a ampliação do prazo de licença-paternidade e de licença-maternidade no Brasil, entre outras medidas. As novas regras, porém, não são válidas para todos os trabalhadores. Confira a seguir o que muda para a revenda:

O que é o Programa Empresa Cidadã?

Quais são as novas obrigações para o revendedor com a Lei 13.257?

são, disponível no site da Receita

Para o revendedor, a principal mudança da Lei está no Art. 473 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Pela nova Lei, o trabalhador passa a ter dois dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira. Também passa a ter um dia por ano para acompanhar o filho de até seis anos em consulta médica.

A licença-paternidade de 20 dias é obrigatória em que casos? Essa nova medida é obrigatória somente após o empregador aderir ao Programa Empresa Cidadã, desde que o trabalhador requeira do benefício no prazo de dois dias após o parto e comprove a participação em programa ou atividade de orientação sobre paternidade responsável.

O programa foi instituído pela

Livro: 1501 Maneiras de Premiar Seus Colaboradores

Lei 11.770, de 09 de setembro de

Autor: Bob Nelson

2008, com o objetivo de prorrogar a licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal à pessoa jurídica tributada com base no lucro real. Para aderir ao programa, o empregador precisa preencher o requerimento de adeFederal (www.receita.fazenda.gov. br/pessoajuridica/empresacidada/ default.htm).

Quais são as regras que o revendedor deve seguir nos casos de licença-paternidade ou licença-maternidade? Para o setor da revenda, continuam valendo as regras estabelecidas no Parágrafo 1º do Art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para a licença-paternidade, que é de cinco dias. No caso da licença-maternidade, o prazo permanece de 120 dias, previsto de acordo com o inciso XVIII do caput do Artigo 7 da Constituição Federal.

Existe alguma obrigação prevista para o funcionário durante o período de licença (paternidade ou maternidade)? Pela Lei, o empregado e a empregada não podem exercer

Nos casos de licença-maternidade, houve alguma mudança para a revenda com a nova lei?

qualquer atividade remunerada

Assim como no caso da licença-paternidade, o novo período de licença-maternidade só é obrigatório para o empregador que aderir ao Programa Empresa Cidadã. Pela Lei 13.257, o prazo da licença-maternidade foi prorrogado em mais 60 dias.

cuidados dos pais.

60 • Combustíveis & Conveniência

durante o período de licença e a criança deve ser mantida sob os

Informações concedidas por Klaiston D’Miranda, consultor jurídico trabalhista da Fecombustíveis, com informações disponíveis no site da Receita Federal

Editora: Sextante Em tempos de recessão econômica, um dos maiores desafios de um gestor é manter sua equipe confiante para garantir a qualidade do atendimento. Mas como alcançar esse resultado sem que isso envolva mais despesas em um momento que exige controle total de gastos? A resposta pode estar em 1501 Maneiras de Premiar Seus Colaboradores, de Bob Nelson. Com mais de 1,6 milhão de exemplares vendidos em todo o mundo, o livro é referência por mostrar que o que motiva um funcionário a ter um bom desempenho não é tanto um aumento de salário nem uma promoção, mas certos gestos inesperados no dia a dia que demonstram o reconhecimento verdadeiro por um trabalho bem-feito. Segundo o autor, pesquisas revelam que, embora o dinheiro seja importante, o reconhecimento cuidadoso e pessoal pela execução primorosa de uma tarefa ou atividade está entre os recursos mais poderosos para elevar o entusiasmo, melhorar o desempenho e aumentar a permanência dos funcionários na empresa, nos bons ou maus tempos. Em uma versão revista e ampliada do livro 1001 Maneiras de Premiar Seus Colaboradores, a edição atualizada traz formas originais e altamente eficazes de premiar funcionários por uma excelente atuação, independentemente do tamanho da empresa ou do orçamento. A partir de práticas adotadas por diferentes organizações, o livro é uma importante fonte de consulta para quem deseja premiar indivíduos e/ou equipes, com dicas que vão desde notas pessoais de elogio, folgas, envio de flores e concessão de benefícios, entre outros. Combustíveis & Conveniência • 60


TABELAS 33 em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

15/02/2016 - 19/02/2016

2,091

2,138

15/02/2016 - 19/02/2016

1,923

1,814

22/02/2016 - 26/02/2016

2,098

2,074

22/02/2016 - 26/02/2016

1,938

1,803

29/02/2016 - 04/03/2016

2,084

2,083

29/02/2016 - 04/03/2016

1,953

1,796

07/03/2016 - 11/03/2016

2,097

2,055

07/03/2016 - 11/03/2016

1,953

1,760

14/03/2016 - 18/03/2016

2,085

2,096

14/03/2016 - 18/03/2016

1,933

1,761

Fevereiro de 2015

1,553

1,523

Fevereiro de 2015

1,385

1,298

Fevereiro de 2016

2,098

2,112

Fevereiro de 2016

1,914

1,809

Variação 15/02/2016 18/03/2016

-0,3%

-2,0%

Variação 15/02/2016 18/03/2016

0,5%

-2,9%

Variação Fevereiro/2015 - Fevereiro/2016

35,1%

38,7%

Variação Fevereiro/2015 - Fevereiro/2016

38,2%

39,4%

HIDRATADO

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Alagoas)

Jun-15

Jul-15

Jun-15

Jul-15

Jan-16

Dez-15

Fev-16 Fev-16

Jan-16

Jan-16

Mai-15 Mai-15

Alagoas

Jan-16

Mar-15

Fev-15 Fev-15

Mar-15

Goiás

Abr-15

São Paulo

Abr-15

Alagoas

Mar-15

43,7%

Goiás

Fev-15

42,5%

1.4 1.7 1.6 1.3 1.5 1.2 1.4 1.1 1.3 1.0 1.2 0.9 1.1 1.0 0.9

São Paulo

Mar-15

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

1.7 Em1.6 R$/L 1.5 1.8

Fev-15

Variação Fevereiro/2015 Fevereiro/2016

Nov-15

N/D

Dez-15

-0,6%

Dez-15

Variação 15/02/2016 18/03/2016

1.2

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS Em R$/L DO 1.8 ETANOL HIDRATADO (em R$/L)

Nov-15

1,996

Dez-15

2,327

1.4

Out-15

Fevereiro de 2016

1.2 1.6

Nov-15

1,389

1.4 1.8

Nov-15

1,633

Alagoas

Set-15

Fevereiro de 2015

Goiás

Out-15

N/D

São Paulo

Out-15

2,311

1.6 2.0

Out-15

14/03/2016 - 18/03/2016

1.8 2.2

Ago-15

1,972

Alagoas

Set-15

2,327

Goiás

Set-15

07/03/2016 - 11/03/2016

São Paulo

Ago-15

1,967

Set-15

N/D

2.2 Em R$/L 2.0 2.4

Jul-15

29/02/2016 - 04/03/2016

Em R$/L 2.4

Ago-15

1,992

Ago-15

2,339

Jun-15

22/02/2016 - 26/02/2016

Jul-15

1,994

Jun-15

2,324

Abr-15

15/02/2016 - 19/02/2016

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)

Mai-15

Hidratado

Mai-15

Anidro

Abr-15

Período

em R$/L

Fev-16

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fev-16

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Centro-Sul)

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L - Fevereiro 2016

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

3,093

3,245

0,152

4,7%

3,245

3,700

0,455

12,3%

Sem bandeira

3,093

3,284

0,191

5,8%

3,284

3,668

0,384

10,5%

Com bandeira

3,074

3,254

0,180

5,5%

3,254

3,710

0,456

12,3%

Sem bandeira

3,074

3,256

0,182

5,6%

3,256

3,581

0,325

9,1%

Com bandeira

3,067

3,229

0,162

5,0%

3,229

3,648

0,419

11,5%

Sem bandeira

3,067

3,192

0,125

3,9%

3,192

3,510

0,318

9,1%

Com bandeira

3,093

3,230

0,137

4,2%

3,230

3,604

0,374

10,4%

3,093

3,136

0,043

1,4%

3,136

3,553

0,417

11,7%

Com bandeira

3,081

3,241

0,160

4,9%

3,241

3,678

0,437

11,9%

Sem bandeira

3,081

3,156

0,075

2,4%

3,156

3,556

0,400

11,2%

3,081

3,225

0,144

4,5%

3,225

3,656

0,431

11,8%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S500 BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,533

2,677

0,144

5,4%

2,677

3,024

0,347

11,5%

Sem bandeira

2,533

2,603

0,070

2,7%

2,603

2,999

0,396

13,2%

Com bandeira

2,509

2,647

0,138

5,2%

2,647

3,020

0,373

12,4%

Sem bandeira

2,509

2,615

0,106

4,1%

2,615

2,904

0,289

10,0%

Com bandeira

2,497

2,651

0,154

5,8%

2,651

2,956

0,305

10,3%

Sem bandeira

2,497

2,624

0,127

4,8%

2,624

2,947

0,323

11,0%

Com bandeira

2,530

2,697

0,167

6,2%

2,697

3,043

0,346

11,4%

2,530

2,568

0,038

1,5%

2,568

2,937

0,369

12,6%

Com bandeira

2,517

2,662

0,145

5,4%

2,662

2,994

0,332

11,1%

Sem bandeira

2,517

2,578

0,061

2,4%

2,578

2,936

0,358

12,2%

2,517

2,633

0,116

4,4%

2,633

2,974

0,341

11,5%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S10 BR Ipiranga

Revenda

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,628

2,790

0,162

5,8%

2,790

3,164

0,374

11,8%

Sem bandeira

2,628

2,778

0,150

5,4%

2,778

3,084

0,306

9,9%

Com bandeira

2,593

2,772

0,179

6,5%

2,772

3,158

0,386

12,2%

Sem bandeira

2,593

2,784

0,191

6,9%

2,784

3,082

0,298

9,7%

Com bandeira

2,615

2,794

0,179

6,4%

2,794

3,157

0,363

11,5%

Sem bandeira

2,615

2,749

0,134

4,9%

2,749

3,073

0,324

10,5%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,619

2,747

0,128

4,7%

2,747

3,076

0,329

10,7%

2,619

2,651

0,032

1,2%

2,651

3,014

0,363

12,0%

Com bandeira

2,615

2,785

0,170

6,1%

2,785

3,156

0,371

11,8%

Sem bandeira

2,615

2,707

0,092

3,4%

2,707

3,044

0,337

11,1%

2,615

2,775

0,160

5,8%

2,775

3,142

0,367

11,7%

Raízen

Resumo Brasil

Resumo Brasil

A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do diesel S10 não abrangem o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 02/16 e 03/16

62 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Ato Cotepe nº 05 de 08/03/2016 - DOU de 09/03/2016 - Vigência a partir de 16 de Março de 2016.

Gasolina

UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

UF

73% Gasolina A

27% Etanol Anidro (1)

Diesel S500

(2)

1,233 0,648 0,073 1,127 0,633 0,073 1,143 0,643 0,073 1,147 0,642 0,073 1,099 0,640 0,073 1,147 0,640 0,073 1,151 0,574 0,073 1,217 0,582 0,073 1,150 0,572 0,073 1,097 0,644 0,073 1,185 0,593 0,073 1,165 0,577 0,073 1,151 0,574 0,073 1,139 0,638 0,073 1,123 0,636 0,073 1,097 0,636 0,073 1,114 0,641 0,073 1,136 0,576 0,073 1,119 0,574 0,073 1,086 0,636 0,073 1,177 0,647 0,073 1,168 0,650 0,073 1,102 0,598 0,073 1,162 0,580 0,073 1,168 0,636 0,073 1,129 0,572 0,073 1,145 0,574 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

93% Diesel

7% Biocombustível (5)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

73% CIDE

93% CIDE (2)

1,760 0,200 0,047 1,579 0,208 0,047 1,646 0,200 0,047 1,639 0,200 0,047 1,553 0,208 0,047 1,609 0,208 0,047 1,704 0,189 0,047 1,683 0,195 0,047 1,706 0,189 0,047 1,599 0,208 0,047 1,751 0,189 0,047 1,693 0,189 0,047 1,644 0,195 0,047 1,619 0,200 0,047 1,584 0,208 0,047 1,578 0,208 0,047 1,620 0,208 0,047 1,649 0,187 0,047 1,620 0,195 0,047 1,525 0,208 0,047 1,689 0,200 0,047 1,677 0,200 0,047 1,564 0,187 0,047 1,682 0,187 0,047 1,631 0,208 0,047 1,647 0,195 0,047 1,660 0,200 0,047 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279

93% PIS/ COFINS (2) 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231

Carga ICMS 1,009 1,087 0,977 0,903 1,064 1,030 1,092 0,952 1,162 0,971 0,959 0,918 1,114 1,071 1,110 1,083 1,020 1,052 1,200 1,134 1,021 0,983 1,198 0,885 1,075 0,888 1,134 3,111

Carga ICMS 0,593 0,509 0,568 0,838 0,537 0,510 0,480 0,350 0,453 0,550 0,566 0,556 0,456 0,546 0,548 0,543 0,546 0,342 0,391 0,555 0,565 0,554 0,366 0,354 0,534 0,351 0,536 2,553

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

3,241 3,199 3,114 3,043 3,155 3,168 3,169 3,102 3,235 3,064 3,089 3,011 3,191 3,199 3,220 3,167 3,126 3,115 3,245 3,207 3,197 3,151 3,250 2,978 3,230 2,940 3,205

25% 29% 25% 25% 28% 29% 28% 27% 30% 27% 25% 25% 29% 28% 29% 29% 27% 29% 31% 29% 26% 25% 30% 25% 29% 25% 29%

4,034 3,749 3,907 3,610 3,800 3,550 3,901 3,525 3,873 3,598 3,837 3,670 3,841 3,824 3,826 3,734 3,777 3,628 3,872 3,909 3,927 3,930 3,993 3,540 3,707 3,551 3,910

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,830 2,573 2,691 2,954 2,576 2,604 2,650 2,506 2,625 2,634 2,782 2,714 2,573 2,641 2,617 2,605 2,651 2,456 2,483 2,564 2,731 2,708 2,395 2,500 2,649 2,471 2,673

17% 17% 18% 25% 17% 17% 15% 12% 15% 18% 17% 17% 15% 17% 18% 18% 17% 12% 13% 18% 17% 17% 12% 12% 18% 12% 18%

3,487 2,995 3,154 3,353 3,160 3,000 3,201 2,919 3,020 3,058 3,328 3,268 3,039 3,210 3,045 3,014 3,213 2,854 3,005 3,082 3,324 3,260 3,050 2,950 2,964 2,928 2,980

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

Formação de Preços 93% Diesel

UF

7% Biocombustível

em R$/L

93% CIDE (2)

Diesel S10

(5)

93% PIS/ COFINS (2)

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

AM

1,713

0,200

0,047

0,231

0,593

2,783

18%

3,292

BA

1,638

0,208

0,047

0,231

0,571

2,694

17%

3,360

CE

1,677

0,208

0,047

0,231

0,519

2,680

17%

3,050

ES

1,728

0,195

0,047

0,231

0,350

2,551

12%

2,919

GO

1,795

0,189

0,047

0,231

0,477

2,738

15%

3,180

MA

1,655

0,208

0,047

0,231

0,569

2,710

18%

3,162

MG

1,687

0,195

0,047

0,231

0,471

2,631

15%

3,143

PA

1,670

0,200

0,047

0,231

0,552

2,699

17%

3,248

PE

1,605

0,208

0,047

0,231

0,548

2,638

18%

3,045

PR

1,701

0,187

0,047

0,231

0,355

2,521

12%

2,959

RJ

1,689

0,195

0,047

0,231

0,410

2,572

13%

3,157

RS

1,654

0,187

0,047

0,231

0,382

2,501

12%

3,183

SC

1,734

0,187

0,047

0,231

0,366

2,564

12%

3,050

SP

1,737

0,195

0,047

0,231

0,369

2,578

12%

3,072

CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

2,608

(4)

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no ano de 2015. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.

MUDANÇAS NAS ALÍQUOTAS DE ICMS DOS COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS GASOLINA UF/Vigência

Alíquotas ICMS Antiga

Nova

AL (01.01.2016)

27%

29%

CE (01.03.2016)

27%

29%

DF (01.01.2016)

25%

28%

GO (01.01.2016)

29%

30%

PB (01.01.2016)

27%

ETANOL

DIESEL

29%

UF/Vigência

Alíquotas ICMS Antiga

Nova

AM (07.01.2016)

17%

18%

AP (01.02.2016)

17%

25%

DF (01.01.2016)

12%

15%

MA (01.01.2016)

17%

18%

MS (01.01.2016)

12%

17%

Alíquotas ICMS UF/Vigência Antiga

Nova

AL (01.01.2016)

27%

25%

BA (10.03.2016)

19%

20%

DF (01.01.2016)

25%

28%

PB (01.01.2016)

25%

23%

PE (01.01.2016)

25%

23%

PI (01.01.2016)

25%

19%

RN (29.01.2016)

25%

23%

PE (01.01.2016)

27%

29%

PI (01.01.2016)

25%

27%

PB (01.01.2016)

17%

18%

RN (29.01.2016)

27%

29%

PE (01.01.2016)

17%

18%

RO (20.03.2016)

25%

26%

RJ (28.03.2016)

13%

16%

RS (01.01.2016)

25%

30%

RN (29.01.2016)

17%

18%

RO (20.03.2016)

25%

26%

SE (01.01.2016)

27%

29%

SE (01.01.2016)

17%

18%

RS (01.01.2016)

25%

30%

TO (01.01.2016)

25%

29%

TO (01.01.2016)

15%

18%

TO (01.01.2016)

25%

29%

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Maior

Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

BR 3,3896 2,6896 2,9915

Manaus (AM) Gasolina Diesel Etanol

Cuiabá (MT)

3,2600 2,7094 2,7499

Raízen 3,1099 3,3023 2,7125 2,8162 2,9339 3,2000

3,1414 2,7564 3,0255

3,3624 2,9516 3,0424

Raízen 3,2663 3,3231 N/D N/D 2,9474 2,9474

Alesat 3,3524 3,3524 2,9227 2,9227 N/D N/D

IPP 3,3797 2,9059 3,0109

3,3099 2,8395 2,8134

3,3467 2,8792 2,9686

Raízen 3,3169 3,3592 2,8200 2,8956 2,5560 2,8830

3,3459 2,9460 2,6258

Raízen 3,3445 3,3800 2,9200 2,9200 N/D N/D

Alesat 3,4531 3,4531 2,8769 3,0064 2,9795 2,9795

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 3,2655 3,4055 2,7364 2,8119 2,5264 2,9200

Alesat 3,3074 3,3074 2,6550 2,6550 2,5788 2,7964

3,2462 2,7223 2,6417

Total

Gasolina Diesel Etanol

3,2000 2,6500 2,5000

Raízen 3,2199 3,3505 2,7340 2,9340 2,5756 2,9141

3,2231 2,7236 2,7370

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 3,3190 3,3515 2,7632 2,7632 3,1450 3,1709

Gasolina Diesel Etanol

3,3454 2,8794 2,7219

Gasolina Diesel Etanol

3,1930 2,5900 2,4500

3,6285 2,7245 2,8315

Gasolina Diesel Etanol

3,1072 2,6890 2,7499

3,4456 2,9732 3,2792

Raízen 3,3482 3,5160 2,8691 2,9695 3,2428 3,4055

Gasolina Diesel Etanol

3,2588 2,9208 2,8167

3,3928 2,9443 3,0823

Gasolina Diesel Etanol

3,2968 2,6876 2,5431

Gasolina Diesel Etanol

3,3098 2,8539 2,6258

BR

Maior

3,3684 2,8222 3,2328

3,2541 2,8696 N/D

3,6342 3,0737 3,3158

Atem's 3,3425 3,3700 2,8148 2,8248 2,8100 2,8100

Equador 3,1904 3,3880 2,7426 2,8900 3,0999 3,2580

3,2177 2,8667 2,8992

N/D N/D N/D

BR

Idaza

Gasolina Diesel Etanol

3,0700 2,8977 2,4460

Gasolina Diesel Etanol

3,3262 2,7450 2,4137

Gasolina Diesel Etanol

3,1907 2,6139 2,4962

Gasolina Diesel Etanol

3,1067 N/D 2,9009

Gasolina Diesel Etanol

3,3476 N/D 3,2296

Raízen 3,1821 3,3475 2,8242 2,9975 2,8860 3,2382

3,5513 3,0123 2,9582

N/D N/D N/D

3,240 2,984 2,432

3,2455 3,0860 2,7069

Taurus 3,0177 3,1619 2,8263 2,9842 2,3815 2,6639

3,0928 2,9342 2,4130

3,4685 2,8005 2,6129

3,3460 2,7856 2,4888

3,2724 2,6990 2,6301

3,2318 2,5257 2,4617

3,1067 N/D 2,9009

3,1434 N/D N/D

3,5149 N/D 3,4122

3,3190 2,4824 3,2591

BR

BR

3,392 3,016 2,499 IPP 3,2165 2,9941 2,6493

Raízen 3,3040 3,4458 2,8070 2,8569 2,4259 2,5729

3,3066 2,5857 2,6026

Raízen 3,1750 3,3813 2,4880 2,6151 2,4028 2,6161

3,1434 N/D N/D

Raízen 3,2470 3,2470 2,8000 2,8000 2,9589 2,9589

3,4500 2,4824 3,4630

Raízen 3,3840 3,4866 2,4580 2,6740 3,3700 3,4630

BR

IPP

BR

3,5158 2,7856 2,7124 IPP

IPP

N/D N/D N/D

Raízen 3,3444 3,5071 2,9267 3,0294 2,8744 2,9371

3,250 3,040 2,460

IPP

Porto Alegre (RS)

Equador 3,3000 3,4000 2,8148 2,8900 N/D N/D

Raízen 3,237 3,355 2,989 3,150 2,420 2,628

BR

Florianópolis (SC)

N/D N/D N/D

3,4395 2,9359 2,9582

N/D N/D N/D

N/D

IPP 3,5827 3,1353 3,0946

Campo Grande (MS)

3,3150 2,9330 3,1298

N/D N/D N/D

N/D 3,4896 2,8896 N/D

3,3824 2,9621 2,8900

3,3511 3,2120 N/D

IPP

BR

3,3985 2,8856 N/D

N/D

3,4352 3,3497 3,3401 BR

3,200 2,990 2,350

Curitiba (PR)

Menor

Raízen 3,2458 3,4056 2,6785 2,7156 2,6596 2,8453

IPP 3,4240 2,9703 3,2346

3,2281 2,9559 3,3401

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

3,2985 2,7245 2,8085

IPP

Rio Branco (AC)

Gasolina Diesel Etanol

3,4998 2,6896 2,9915

3,3666 2,9645 3,0727

Porto Velho (RO)

Gasolina Diesel Etanol

Maior

Menor

Total

BR

Boa Vista (RR) Gasolina Diesel Etanol

Menor

Maior

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Menor

em R$/L - Fevereiro 2016

BR

Teresina (PI)

BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

IPP

BR

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Maceió (AL)

3,2989 2,7340 2,6899

Maior

Menor BR

3,4042 2,9543 2,8811

Raízen 3,3620 3,4570 2,8553 2,9300 2,5843 3,0498

3,3400 2,8700 2,4685

3,2944 2,6388 2,8995

3,1543 2,6336 2,4884

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 3,2639 3,2751 2,6928 2,6978 2,8238 2,8238

3,2471 2,6631 2,9739

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 3,1091 3,6242 2,5032 2,8858 2,7115 3,2165

3,3590 2,5556 2,8492

Gasolina Diesel Etanol

3,2243 2,6785 2,4676

Gasolina Diesel Etanol

3,0340 2,5828 2,2387

Gasolina Diesel Etanol

3,3410 2,8679 2,7367

Salvador (BA)

Vitória (ES)

Total

BR

BR

3,3400 2,8700 2,4685

3,2839 2,6971 2,9739

Raízen 3,2571 3,2833 2,7139 2,7153 2,9920 2,9920

3,5989 2,7754 3,2663

3,1808 2,6028 2,8004

3,3990 2,7287 2,7657

Raízen 3,3036 3,3820 2,6800 2,8920 2,5694 2,7539

3,2973 2,6969 2,5869

3,2560 2,6569 2,4563

3,0002 2,5449 2,2595

3,3510 2,8699 2,8325

Raízen 3,2195 3,3666 2,7885 2,7886 2,7063 2,8903

BR

Brasília (DF)

IPP

Raízen 3,1592 3,3852 2,6365 2,7406 2,4997 2,8861

Belo Horizonte (MG)

IPP

3,3730 2,7467 3,1840

3,4081 2,7476 2,8990

Rio de Janeiro (RJ)

São Paulo (SP)

3,3616 2,7801 2,8496 BR

3,2618 2,6865 2,8414

BR

3,3761 2,7791 3,0136 BR

3,4122 2,7312 3,0300

Aracaju (SE)

3,2943 2,7853 3,0255

BR

IPP 3,2643 2,6803 2,9767

Maior

BR

IPP

BR

BR

3,2000 2,6310 2,5109

3,5520 2,8503 3,1709 IPP 3,3905 2,6969 2,6719

Raízen 3,0331 3,1911 2,5304 2,7960 2,2168 2,5003 3,1899 2,7610 2,7000

IPP

3,2819 2,7635 2,8888 Fonte: ANP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP. O diesel corresponde ao S500, com exceção de Belém, Florianópolis, Teresina, Fortaleza, Natal, Recife e Aracaju, que apresentam o preço do S10

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 4 Antônio Goidanich

Manifestações Tio Marciano para, com certa dificuldade, a van em frente da casa do Ruano. Os velhos agora vão para o clube jogar tênis sempre com um carro só. Para poderem tomar umas cervejinhas depois do jogo. Quem dirige não bebe. O Doutor e os outros companheiros já estão esperando junto com o Galego. Entram no carro e vão conversando para o clube. - Hoje vai ser pesado. Tem manifestação no Parcão e na Redenção. - Achei boa ideia. Sem conflitos. - O PT, o MST e os sindicatos estão trazendo uns 200 ônibus do interior. O Parque Farroupilha vai explodir de gente. Nossos caras sabem mobilizar o povão. - É. Em apoio a esse ...... do Lula. A opinião do parceiro com respeito à idoneidade do ex-presidente não é positiva. - O maior presidente que o país já teve desde Floriano Peixoto e Epitácio Pessoa. - Investigado por todos os crimes do código. - Isso é coisa da Globo e dos coxinhas como tu. Hoje à tarde vocês vão ver. O povão vai mostrar a vocês. A tal manifestação de vocês vai juntar meia dúzia de babacas da elite branca.

66 • Combustíveis & Conveniência

- Aposto que vai ter mais gente que a do PT. E por falar em elite branca, quantos negros conheces? - Possivelmente os mesmos que tu. Companheiros de trabalho, de clube e de futebol. - O Joel, o Rubens, o (...) Doutor enumera uns vinte nomes). - É. - Quantos são petistas? - Na verdade não sei. - Hoje à tarde saberemos. Na volta do jogo, os velhos passam primeiro no Parque Farroupilha e depois vão para o Parcão. O PT só levou 100 ônibus. E o número de manifestantes teria sido de 5 mil pessoas contra cerca de 100 mil dos presentes ao Parcão. - E os números desse brigadiano do Tarso Genro. Petista como ele só. No Parcão foram 140 mil pessoas. - E na nossa tinha uns 10 mil. O Tanço Petralha fala isto um tanto desenxabido. A discussão não segue. - Ah. Encontrei alguns dos nossos amigos negros na manifestação. Do Parcão. - Uns metidos à besta, como aquele Joaquim Barbosa. Depois dessa joia, o Tanço se manteve calado até ser entregue em casa pelas dez da noite.


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