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ÍNDICE 33
n Reportagem de Capa
n Conveniência
52 • Sem clima de Olimpíadas n Revenda em Ação
56 • Paraíba recebe a revenda n Entrevista
10 • Francisco Nelson Castro Neves, superintendente de Abastecimento da ANP
40 • Aprendendo com a crise n Mercado
18 • Mudanças à vista 23 • Lubrificantes: em desaceleração 26 • Sob nova gestão 30 • Relatório anual: mercado em queda 32 • Gás Natural: período de mudanças n Na Prática
36 • Na malha fina n Meio Ambiente
46 • Emissões em pauta
04 • Virou Notícia
39 • Jurídico Felipe Klein Goidanich 55 • Frederico Alexandre Amorim
Preços do Etanol
62 • Comparativo das
4TABELAS
66 • Crônica
35 • Adão Oliveira
4OPINIÃO
4SEÇÕES
50 • Atuação Sindical 60 • Perguntas e Respostas
61 • Evolução dos
17 • Paulo Miranda Soares
Margens e Preços dos Combustíveis
63 • Formação
de Preços
64 • Formação
de Custos do S10
65 • Preços das
Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3
44 VIROU NOTÍCIA
DE OLHO NA ECONOMIA
US$ 2,3 bilhões Foi o superávit da balança comercial nas três primeiras semanas de junho, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). No período, as exportações acumularam US$ 9,858 bilhões e as importações, US$ 7,509 bilhões. No ano, a balança acumula um superávit de US$ 22,010 bilhões.
7,36% Foi a queda na arrecadação federal nos cinco primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2015, totalizando R$ 519,128 bilhões, descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, a arrecadação federal totalizou R$ 95,219 bilhões.
2,1%
Novo grupo de trabalho para postos de serviços A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) criou o Grupo de Trabalho de Máquinas e Equipamentos para Postos de Serviços (GT-MEPS), com o intuito de defender os interesses e o desenvolvimento dos fabricantes nacionais de máquinas, equipamentos e componentes para instalações de postos, distribuidoras e Transportadores Revendedores Retalhistas (TRR). “A intenção de constituir o Grupo de Trabalho foi promover tecnologias, sistemas e soluções sustentáveis, para fomentar a expansão, segurança, saúde e regulamentação desse setor junto aos respectivos órgãos e entidades federais, estaduais e municipais”, ressaltou José Fernandes, coordenador do GT-MEPS. Além de Fernandes, a diretoria do GT-MEPS é composta pelos vice-coordenadores Lincoln Cesar Dalfre Lourenço, Sérgio Cintra Cordeiro, Hector Trabucco, Carlos Alberto Zeppini e Eduardo Gonçalves. A posse da diretoria para o biênio 2016/2018 aconteceu no dia 14 de junho.
Foi o aumento do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) em junho em relação a maio, quando atingiu 82,3 pontos, representando o maior índice nos últimos 11 meses, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No entanto, na comparação anual, o índice recuou 4,8%.
1,7% Foi a queda da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de junho em relação ao mês anterior, conforme estudo divulgado pela CNC. O índice atingiu 68,7 pontos, numa escala de 0 a 200, sendo considerado mínima histórica. São fatores de influência para o resultado o encarecimento do crédito, o elevado endividamento e o desemprego.
4 • Combustíveis & Conveniência
Da esquerda para a direita: Sergio Cintra Cordeiro, Mauricio Marcondes, Carlos Alberto Zeppini, Hector Trabucco, Eduardo Gonçalves e José Fernandes
Ping-Pong
Mais segurança No dia 31 de maio, o Sindicato da Indústria de Balanças, Pesos e Medidas (Sibapem) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) promoveram o 1º Seminário de Segurança Cibernética em Metrologia Legal, em São Paulo. O objetivo do evento foi discutir os desafios da segurança dos softwares embarcados em instrumentos de medição e a sua regulamentação. O assunto já vem sendo discutido pelo Inmetro com vários segmentos que dependem da utilização de instrumentos de medição, como medidores de energia, balanças, medidores de velocidade, taxímetro, termômetros e bombas de combustível – este último considerado, segundo o Inmetro, como sujeito a alto risco de fraudes. De acordo com o presidente do Inmetro, Luís Fernando Panelli Cesar, o instituto está em sintonia com a indústria, o que assegura a melhoria da qualidade e segurança dos softwares. “Em termos de qualidade da regulação, o Brasil não deixa a desejar a nenhum país do mundo. Se houver exageros podemos rever, o que não queremos é dificultar a vida do agente econômico”, afirmou.
Marcos Trevisan Vasconcellos
Chefe da divisão de Instrumentação, Software e Condições Ambientais do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) Qual o objetivo do Inmetro ao modificar o regulamento técnico para o desenvolvimento de bombas medidoras? O intuito é reprimir a ocorrência de fraudes relacionadas à medição de combustíveis, a chamada “bomba baixa”. Há muitos casos em que este problema ocorre em função da falta de manutenção adequada dos equipamentos, mas o número de fraudes também é significativo, e o intuito do Inmetro é ter maior controle acerca desta irregularidade. A fiscalização não espera encontrar vulnerabilidades explícitas, as fraudes não são explícitas. Então, é necessário elevar os níveis de segurança. Na verdade, o regulamento de todos os equipamentos medidores está sendo revisto para garantir maior segurança aos consumidores dos serviços ou produtos. A revisão inclui desde equipamentos que consideramos com baixo risco de fraudes, como, por exemplo, termômetros clínicos; equipamentos com risco moderado, que é o caso de medidores de energia elétrica, balanças, taxímetros, entre outros; e equipamentos onde há situações de maior risco, como bombas medidoras de combustíveis. Qual a garantia de segurança dos novos medidores? O novo modelo será baseado em criptografia e sistemas de leitura de código fonte, que tornarão mais confiável o transdutor de volume (um equipamento capaz de transformar a medição em sinais elétricos). A ideia é de que o transdutor de combustível tenha um dispositivo capaz de assinar digitalmente os dados de medição. De acordo com vários levantamentos do Inmetro e dos Ipems estaduais, as fraudes acontecem no trajeto entre o dispositivo medidor de volume de combustível e o display da bomba. Assim, a intenção é de que o novo software a ser incorporado aos medidores controle a trajetória da informação, desde a medição de volume até o mostrador da bomba.
Divulgação
O que falta para que o novo regulamento entre em vigor? Do ponto de vista técnico, está tudo definido. Já temos o regulamento técnico/ metrológico pronto, mas ainda precisamos discutir com o mercado – fabricantes, distribuidoras de combustíveis e postos revendedores – um calendário para implantação das novas bombas. Sabemos que isso representa um custo para as empresas, mas é também uma ação necessária para garantir maior segurança ao consumidor, e minimizar as fraudes, que também acarretam perdas a todo o mercado, visto que prejudicam a concorrência. Além disso, precisamos fazer a acreditação de laboratórios para homologação dos instrumentos e preparar os técnicos para a fiscalização. Já existe um prazo definido para implantação do sistema? Ainda não. Em princípio, o prazo deverá ser de 12 anos, a partir da data de aprovação do regulamento. O custo de renovação das bombas será do posto revendedor? O Inmetro, em princípio, não defende a troca das bombas. Em muitos casos, será necessário somente um retrofit dos equipamentos, para atualização do software. Porém, no caso de bombas mais antigas, realmente será necessário que o revendedor faça o investimento. Isso deverá ser discutido pelo empresário, distribuidora e fabricante, já que o maior controle das fraudes é um interesse comum do mercado. Combustíveis & Conveniência • 5
44 VIROU NOTÍCIA
Ipiranga compra ALE A Ipiranga anunciou, em meados de junho, que
Sob nova gestão Suely Araújo assumiu, no início de junho, a presidência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Suely é urbanista, advogada
adquiriu 100% da ALE Combustíveis, a quarta maior
e doutora em Ciência Política pela Universidade de Brasília
distribuidora do país. O valor da operação totalizou
(UnB) e atuava desde 1991 como consultora legislativa
R$ 2,17 bilhões. Com o negócio, a Ipiranga encosta
da Câmara dos Deputados nas áreas de meio ambiente
ainda mais na primeira colocada no ranking das
e direito ambiental, além de ser professora voluntária da
distribuidoras, a BR Distribuidora. Antes da Ipiranga, a ALE também foi alvo de fundos de investimentos
UnB desde 2010 nos cursos de graduação em Ciência Política e Gestão de Políticas Públicas.
e da Total, mas a companhia nunca confirmou os rumores. A conclusão da operação ainda depende
Anuário Sindicom
de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa
O Sindicom lançou, em junho,
Econômica (Cade).
a edição de 2016 do Anuário Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência.
Veículos: revisão das projeções
Neste ano, o destaque foi
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Au-
o segmento de conve-
tomotores (Anfavea) revisou suas projeções para 2016. A nova expectativa é de encerrar o ano com 2,1 milhões de veículos vendidos, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Ou seja, uma queda de 19% na comparação com o ano anterior. A nova previsão ainda considera as dificuldades do cenário econômico deste
niência, que encerrou 2015 em alta, segundo a entidade. O número de lojas das associadas ao Sindicom subiu 10,2% em relação ao ano anterior, o que representa um aumento de 13,1% no faturamento. Em relação ao market share
início de ano, mas acredita numa recuperação gradual
de lojas, a participação das franquias das filiadas
do PIB que poderá influenciar para uma queda menor
atingiu 60% em 2015, com um total de 4.409 lojas,
no volume de vendas de veículos.
408 unidades a mais do que em 2014.
Da Comgás para a Raízen
Distribuição
Luis Henrique Guimarães é o novo presidente da Raízen,
O Anuário do Sindicom também trouxe dados sobre
joint venture formada pela Cosan e a Shell. Até então,
o mercado de distribuição de suas associadas. Em
Guimarães ocupou o cargo de diretor-presidente da
2015, foram comercializados 101,1 bilhões de litros
Comgás, função que exerceu desde que a empresa foi adquirida pela Cosan, em 2013. À frente da Raízen, o executivo promete incentivar o diálogo com os postos revendedores. “Manter a parceria com a revenda Shell é nossa prioridade”, garantiu ele. “O sucesso da Raízen depende da solidez da revenda”. 6 • Combustíveis & Conveniência
de combustíveis. O destaque ficou com o etanol hidratado, cujas vendas tiveram expansão recorde de 39,2% e alcançaram 11,1 bilhões de litros – o maior volume anual desde o lançamento do Proálcool. A versão digital do Anuário do Sindicom 2016 está disponível no site www.sindicom.com.br/anuario.
PELO MUNDO
B20 nas Olimpíadas
por Antônio Gregório Goidanich
Abertura de mercado A 50a Reunião da Comissão Latino-Americana de Empresários de Combustíveis (Claec), realizada em Lima, no Peru, no início de junho, refletiu a viva movimentação de mudanças do setor nos diversos países. O México, país de 130 milhões de habitantes e com um consumo energético muito próximo ao brasileiro, vive a iminente abertura de seu mercado e mudanças na política energética. A Divulgação
A ANP autorizou o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 a usar o óleo diesel B20 (diesel com 20% de mistura de biodiesel) nos geradores de energia elétrica durante os eventos a serem realizados no Rio de Janeiro. O consumo previsto é de aproximadamente 6 milhões de litros durante as operações entre os meses de maio e dezembro deste ano, sendo o pico de utilização do óleo diesel B20 nos meses de agosto e setembro, período das competições.
reorganização do mercado, até então, dominado pelo rígido monopólio da Petróleos Mexicanos (Pemex), movimenta interesses das multinacionais, mas, principalmente, a movimentação dos revendedores para associar-se e criar empresas distribuidoras próprias. Cerca de 13.000 postos de serviço, hoje, compõem a rede de varejo de combustíveis. A média de vendas unitária ainda é bastante significativa em que pese a proliferação dos últimos anos. A infraestrutura de distribuição é considerada insuficiente. Forças políticas,
Logística desigual
autoridades de momento, imprensa, companhias multinacionais, interessadas em participar do
Estudo Logística de Energia 2015 – Redes e fluxos do território,
setor de downstream, e os revendedores estão
divulgado em 24 de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia
em franca efervescência. As especulações e
e Estatística (IBGE), ressaltou os principais desafios da logística
pretensões se movem de forma quase caótica.
da energia no Brasil, tanto para energia elétrica quanto para
Fontes da Pemex declararam pretender perma-
exploração e produção de petróleo e seus derivados. De acordo com o documento, a distribuição geográfica das refinarias no país é desigual, localizadas, em sua maioria, próximas à costa brasileira. São Paulo concentra o maior número de refinarias
necer com cerca de 60% de participação no mercado de pontos de venda. Opiniões tidas como abalizadas estimam algo entre 30% e 40%. Entre as empresas em organização, for-
(5 unidades) e a maior capacidade de refino do país (39%).
madas por associação de revendedores, existem
No total, são 17 refinarias em operação no país.
expectativas de redes de 700 a 1.000 postos,
Segundo o estudo, esse mapa reflete a distribuição desigual das
com projeções de vendas mensais da ordem
atividades econômicas no Brasil, com suas respectivas demandas
de 300 milhões de litros.
energéticas, o que expõe o desafio logístico para disponibilizar
Tudo ainda um tanto incerto. Muito dependente
tais recursos em um país com dimensões continentais. Os
de políticas em andamento.
números apresentados no documento são referentes a 2014. Combustíveis & Conveniência • 7
CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano
Panorama incerto A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 59 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisbôa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Marciano Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot com imagem da iStock Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br
8 • Combustíveis & Conveniência
Acabamos de entrar no segundo semestre do ano e as incertezas sobre a direção da economia e a política no país continuam. Mas não é só em solo brasileiro que as dúvidas rondam, no Reino Unido também. Após deixar a União Europeia, não se sabe o preço que ele vai pagar por sua saída do bloco. O efeito disso se dá economicamente, com a desaceleração nos investimentos, na relação comercial com outros países e mudanças no ambiente regulatório. Do lado de cá do oceano, o governo interino de Michel Temer prossegue com a difícil tarefa de implementar a reforma da Previdência como parte do ajuste fiscal. Até o momento, nada foi divulgado sobre como se dará este processo, o que gera um ambiente de insegurança para a população, que já está acostumada a pagar sempre a conta mais alta. Enquanto a economia desacelera, os revendedores de combustíveis têm que aprender a lidar com o menor consumo e o aumento de custos em seu negócio. Fechar as contas do mês tem sido uma dura missão para os empresários da revenda. É um período que requer disciplina e foco para não desandar as finanças e colocar em risco o negócio. Confira na Reportagem de Capa desta edição, escrita por Gisele de Oliveira, que mostra que é possível enfrentar este momento adverso fazendo uma gestão mais enxuta, com menos recursos. No mês passado, tivemos uma concentração de eventos que aconteceram em datas próximas e trazemos nesta edição coberturas de temas diversificados, que são do interesse da revenda. Na área de cartões de crédito, a reportagem de Rosemeire Guidoni mostra os debates do Congresso Cards, Payment & Identificacion e as mudanças que estão por vir neste mercado que podem beneficiar os comerciantes. As transformações no setor de gás natural estão prestes a acontecer e o futuro promete uma nova formatação dos agentes do segmento. Confira reportagem do Gas Sumit Latin America, escrita por Kelly Lima. Em Meio Ambiente, a repórter Adriana Cardoso mostra as discussões do II Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis. Acompanhamos o 6º Encontro Internacional com o Mercado sobre o cenário do segmento de lubrificantes nos mercados nacional e internacional (Mônica Serrano). Trazemos também cobertura completa do 11º Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste Brasil. E fechamos o mês com chave de ouro com o lançamento do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016, veja reportagem de Mercado. Não deixe de conferir em Na Prática o aumento das fiscalizações do Ministério do Trabalho e Emprego sobre os postos (Gisele de Oliveira). Outro destaque desta edição é a entrevista do mês, com Francisco Nelson Castro Neves, o novo superintendente de fiscalização da ANP. Boa leitura! Mônica Serrano Editora
44 SINDICATOS FILIADOS ACRE
MARANHÃO
PIAUÍ
SANTA CATARINA - BLUMENAU
Sindepac Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br
Sindicombustíveis - MA Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br
Sindipetro - PI Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br
SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS
ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br
AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br
BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br
CEARÁ Sindipostos - CE Antonio Machado Neto Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br
DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF Daniel Benquerer Costa SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br
ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br
GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br
MATO GROSSO
RIO DE JANEIRO
Sindipetróleo Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br
Sindestado Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br
MATO GROSSO DO SUL
RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO
Sinpetro Edemir Jardim Neto Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br
MINAS GERAIS Minaspetro Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br
PARÁ Sindicombustíveis - PA Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br
PARAÍBA Sindipetro - PB Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br
PARANÁ Sindicombustíveis - PR Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br
PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco, 15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br
Sindcomb Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br
RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN Antonio Cardoso Sales Rua Raposo Câmara, 3588 Candelária Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax: (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br
RIO GRANDE DO SUL Sulpetro Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br
RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br
RONDÔNIA Sindipetro - RO Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br
RORAIMA Sindipostos - RR Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com
SANTA CATARINA Sindipetro - SC Reinaldo Francisco Geraldi Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br
Sinpeb Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br Sindópolis Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br
SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br
SÃO PAULO – CAMPINAS
Recap Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br
SÃO PAULO - SANTOS
Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br
SERGIPE
Sindpese Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br
SINDILUB
Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br
TOCANTINS
Sindiposto - TO Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br
TRR
Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada
ABRAGÁS (GLP)
José Luiz Rocha Fone: (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com
Combustíveis & Conveniência • 9
44 Francisco Nelson Castro Neves 4
Superintendente de Abastecimento da ANP
Novo superintendente
Fotos: Marcus Almeida/Somafoto
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Por Mônica Serrano Francisco Nelson Castro Neves é o novo superintendente de Abastecimento da ANP, em substituição ao atual diretor Aurélio Amaral, desde abril. Com mais de dez anos de atuação na ANP, o engenheiro agrônomo, com especialização em Petróleo e Meio Ambiente e mestrado em Bioenergia, coordenou o escritório regional da agência reguladora em São Paulo desde 2013 e, anteriormente, atuou sete anos no escritório regional do Nordeste. Neves destacou alguns temas direcionados para a revenda, que têm sido foco da atuação da Superintendência de Abastecimento, como o aprimoramento do novo Sistema de Registro de Documentos dos Postos Revendedores (SRD-PR), para autorização de novos postos e atualização de informações dos postos revendedores. De janeiro a maio, segundo a ANP, 1.113 postos aderiram ao SRD-PR. O sistema está funcionando bem para as autorizações, mas vai passar por ajustes no sentido de dar agilidade ao processo de atualizações. Em relação à exigência de apresentação do licenciamento ambiental e do Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), determinado pela Resolução 41/2013, o novo diretor informou que a ANP tem tratado este tema com bastante cautela para evitar o fechamento de postos. Mesmo assim, até meados de junho, cerca de 46 postos tiveram sua autorização revogada pela falta de um dos documentos. Uma das grandes preocupações do novo diretor é com relação ao abastecimento, no sentido de garantir o suprimento de combustíveis na ponta final da cadeia, já que tem sido co-
A falta da licença ambiental ou Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros já levou a ANP a revogar a autorização de 46 postos revendedores pela falta de um dos documentos mum ocorrer algumas falhas de abastecimento todos os anos. Confira a entrevista exclusiva de Francisco Nelson Castro Neves, novo superintendente de Abastecimento, concedida à revista Combustíveis & Conveniência na sede da ANP, no Rio de Janeiro. Combustíveis & Conveniência: Quais são as suas expectativas como superintendente de Abastecimento da ANP? Francisco Nelson Castro Neves: A nossa expectativa é grande no sentido de poder colaborar com os trabalhos da Superintendência de Abastecimento. Nossa pretensão é fazer um plano de trabalho onde a gente consiga sistematizar as normas por produto e por segmento, criar ações que venham integrar essas normas e simplificá-las para que, dessa maneira, as empresas consigam cumprir essas regras de forma a obter melhores resultados quanto aos aspectos da regulação. C&C: Como foi a sua trajetória profissional na ANP? FCN: Assumi a Superintendência de Abastecimento em abril deste ano. Entrei na ANP em 2005, trabalhei no escritório regional do Nordeste até final de 2012, foram, portanto, sete anos. Em 2012, fui para o escritório regional de São Paulo, quando fiquei pouco mais de três anos e depois vim para cá. Os escritórios regionais são as unidades descentralizadas da
Agência, seu foco de trabalho é na área da fiscalização, mas tem também um papel muito relevante de transversalidade. Ou seja, lidamos com os agentes econômicos, parceiros institucionais, consumidores e, com isso, a gente se relaciona com as diversas áreas da Agência, como Procuradoria, Qualidade, Comunicação e Superintendência de Abastecimento pelas demandas que surgiam nas unidades regionais trazidas pelas empresas. C&C: Qual é a sua avaliação sobre a crise no país e a redução do consumo de combustíveis? Quais são suas expectativas de vendas para este ano? FCN: A crise representa sempre uma situação de cautela, mas também pode significar oportunidade. O Brasil é um país extraordinário, são mais de 200 milhões de habitantes, mais de 40 milhões de veículos que consomem mais de 140 bilhões de litros de combustíveis. A crise vai ser temporária, ela vai passar e aqueles empresários que perceberem as oportunidades, com certeza, vão crescer muito. Temos alguma queda no consumo de combustíveis, mas que é relativamente pequena se levarmos em conta a queda do PIB, que está caindo muito mais do que as vendas de combustíveis, o que reafirma a característica ativa desse segmento econômico, de estar sempre na dianteira do ponto de vista de Combustíveis & Conveniência • 11
44 Francisco Nelson Castro Neves 4 seu dinamismo em relação ao conjunto da economia. A expectativa de vendas para este ano terá um cenário será semelhante ao de 2015. O consumidor mudou seu comportamento, que se dá com cautela, já que ele quer ajustar o consumo a sua renda real. C&C: Nos últimos três anos, a ANP realizou um intenso trabalho de atualização das regulamentações da revenda e distribuição de combustíveis líquidos. Quais são os desafios do downstream que ainda precisam ser ajustados na visão da SAB? FCN: Foi feito um grande trabalho na gestão do diretor Aurélio Amaral na revenda de combustíveis líquidos e estamos vivenciando a aplicação da norma (Resolução 41/2013 ). Por ela ter trazido aspectos novos, como é o caso das questões ambientais
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Superintendente de Abastecimento da ANP
e de segurança operacional para elemento de outorga, nós temos trabalhado de maneira articulada com a Superintendência de Fiscalização para que a aplicação da Resolução seja feita da maneira mais razoável possível no sentido de que ela, de fato, promova uma mudança de comportamento das empresas em atentar para os aspectos de proteção ambiental e de segurança operacional e que o façam sem maiores danos, para não resultar em fechamento dos postos. Estamos o tempo todo sintonizados com a Superintendência de Fiscalização nesta ação. C&C: No ano passado, o prazo para a revenda se adequar à Resolução 57/2014 chegou ao fim (20 de outubro). A partir desta data, os postos deveriam estar com a situação regularizada em relação ao licenciamento ambiental e Atestado de Vistoria do Corpo
de Bombeiros (AVCB). A ANP tem algum balanço do número de revendas fiscalizadas que estão irregulares, passados sete meses do prazo de vencimento? Houve abertura de processos e/ou revogações pela não apresentação dos licenciamentos? Quantos casos? FCN: Posso lhe dizer que, praticamente, toda ação de fiscalização nos postos revendedores verifica estes documentos. Quando o posto não tem esses licenciamentos, os fiscais notificam e autuam o estabelecimento com uma multa de R$ 5 mil reais e dão prazo (30 dias) para o posto apresentar os documentos. Quando o posto não apresenta o documento, o processo é encaminhado para a Superintendência de Abastecimento. As empresas são informadas que está sendo aberto um novo processo, que pode levar à revogação da autorização, que demora, em média,
seis meses. Quando as empresas apresentam um protocolo ou se mobilizam no sentido de tentar resolver este problema junto ao órgão ambiental ou ao Corpo de Bombeiros, nós oficiamos esses órgãos para que o mesmo se manifeste sobre as condições de funcionamento da empresa. Se o setor ambiental avaliar que a documentação atende à condição de funcionamento, nós damos por aceito e não revogamos a empresa. Quando o órgão ambiental diz que não pode funcionar da forma como está, nós, então, damos continuidade ao processo que leva à revogação. Estamos tratando deste tema com muita cautela, mas posso afirmar que já houve revogações. De janeiro a maio de 2016, 90 autos de infração foram lavrados contra postos revendedores pela não apresentação dos documentos de outorga quando da ação de fiscalização, sendo que 46 postos revendedores tiveram suas autorizações revogadas pela falta de um dos documentos. C&C: O novo sistema da ANP, o SRD-PR (Sistema de Registro de Documentos dos Postos Revendedores), foi criado com o objetivo facilitar o processo de atualização de informações da revenda e solicitação de autorização para abertura de novos postos. Como tem sido a adesão ao novo sistema pela revenda? Quais são as principais dificuldades? E o que precisa ser aprimorado? FCN: O sistema foi lançado em janeiro deste ano. De janeiro a maio, 1.113 postos utilizaram SRD-PR, sendo 920 para atualização das informações e 193 para autorizações. Esse sistema é muito positivo para os revendedores e para a socie-
De janeiro a maio, 1.113 postos utilizaram o SRD-PR, sendo 920 para atualização das informações e 193 para autorizações dade em geral. Ele vai permitir uma grande agilidade no que diz respeito às autorizações e alterações de cadastro. Para o grupo de autorizações, o sistema está funcionando redondo. Conseguimos liberar uma autorização de funcionamento em menos de dois dias, enquanto pelo sistema de papel demora, aproximadamente, 30 dias. Já o preenchimento dos dados da atualização de cadastro tem trazido um certo conflito entre a informação que o posto tem no cadastro velho e a do atual. Por exemplo, o endereço da Receita Federal é um e o nosso é outro. Então, surge uma contradição e o sistema não aceita o cadastro e retorna para que o agente econômico faça a correção. Nesse sentido, temos tido algumas dificuldades e estamos tentando estudar alternativas para que se consiga dar velocidade às autorizações. Temos discutido uma maneira de simplificar a atualização das informações. Quando o sistema encontra alguma divergência, o sistema interrompe o processo e retorna para o revendedor apresentar uma documentação. A ideia é que a gente possa contar com a Fecombustíveis no que diz respeito ao aperfeiçoamento do programa em conjunto com a ANP. Pretendemos trabalhar por um tempo com os dois sistemas, o papel e o digital, mas a ideia principal é estimular ao máximo a adesão, de forma voluntária.
C&C: Quais são os temas da revenda que a SAB deve priorizar neste ano? FCN: De todos os assuntos das nossas atribuições, o que mais absorve nossa atenção é o abastecimento. Vivemos hoje no país certa queda da produção e das vendas e, por isso, não deveríamos imaginar dificuldades. Mas, ao mesmo tempo, mantemos a importação de produtos, o que envolve uma série de situações que pode impactar no abastecimento. A gente tem na revenda um segmento atento com presença capilar no país inteiro. Aqui, a gente conta muito com a atenção e o cuidado dos revendedores quando há falta do produto. Eles nos avisam constantemente. E aí nós vamos buscar junto às distribuidoras e aos produtores a causa das falhas. A gente tem uma proximidade muito grande com o revendedor, que foi a marca da gestão do diretor Aurélio, e pretendemos dar continuidade. Vamos manter uma agenda muito próxima com os revendedores. C&C: No final de 2015 e início deste ano, algumas regiões do país tiveram problemas pontuais de abastecimento. O que é necessário implementar para que o sistema logístico de combustíveis não passe pelos mesmos problemas todos os anos? FCN: O setor precisa de investimento, precisamos criar um ambiente de atratividade em investimentos. Há toda uma Combustíveis & Conveniência • 13
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Superintendente de Abastecimento da ANP ação que vem sendo desenvolvida dentro da Superintendência de Abastecimento com vistas a acompanhar o desenvolvimento da infraestrutura com relação aos aspectos relativos à tancagem, à importação de produtos, aos portos etc. O grupo de trabalho de fluxo logístico identificou pontos de estrangulamento, particularmente no Nordeste, que precisavam de estímulo aos investimentos. A ANP está atenta à privatização de portos, aos dutos de transporte de produtos e às tancagens das distribuidoras. Está em curso um grande processo de requalificação das distribuidoras, onde estamos avaliando as tancagens uma por uma e avaliando as capacidades das empresas, passamos a cobrar um plano de fluxo de combustível, que, na verdade, é um plano de abastecimento. Nesse processo, também questionamos se a distribuidora tem condições de trabalhar no setor. Então, todo o esforço ligado à aplicação das normas está sendo feito para assegurar o suprimento de combustíveis. Eventualmente, pode ocorrer uma falha de produto. Tivemos problema nesse ano com a chegada do combustível no Porto de Cabedelo, mas que depois foi revertida. A ANP está revendo os contratos de diesel e de gasolina, de GLP. Já fizemos quatro reuniões, duas com produtores e duas com distribuidores, de forma a assegurar o abastecimento. É um trabalho diário. Esta é uma agenda muito forte e intensa, talvez, a principal da Agência. C&C: A Resolução ANP 45/2014 criou novos parâmetros tanto de composição de água, como de uso e de transporte para minimizar e mitigar os efeitos da qualidade do biodiesel no diesel. A partir do ano que vem, haverá o aumento
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do teor do biodiesel no diesel para 8%, devendo chegar, de forma escalonada, nos anos subsequentes para 10%. A ANP, ciente das características higroscópicas do produto, pretende intervir se os níveis de não conformidade aumentarem substancialmente? FCN: Não vejo como negativo o aumento da mistura, acredito não haverá problema. As dificuldades dos anos anteriores relativas à formação de borra foram superadas com relativa rapidez. Esses aspectos da atração físico-química que o combustível tem por água não ocorre só com o biodiesel, mas também acontece com outros tipos de combustíveis. Em regra, exceto o etanol hidratado, que tem água, o resto é desidratado, é seco. Então, ele tira água da atmosfera e o grande desafio é o cuidado com o manejo do combustível. Termos opções diversificadas na matriz, como o biodiesel e o etanol anidro, é muito positivo. No caso do biodiesel, contribui para diminuir as importações de diesel. O empresário deve conhecer o produto que vende, o consumidor também deve conhecer e todos da cadeia devem cuidar do manejo adequado para que se evitem problemas. Aumentamos o controle de qualidade nas usinas. As distribuidoras estão melhorando seus processos de homogeneização e este era o maior problema que existia. Inclusive, deixamos de autuar os postos porque eles não tinham culpa. Se o percentual de mistura exigido é 7%, e se verificava 9%, é porque as distribuidoras tinham dificuldade de homogeneizar na proporção exata. Diferentemente do etanol anidro misturado à gasolina que se mistura mais fácil. Já o biodiesel tem dificuldade de se misturar no diesel, então, precisava haver um processo
tecnológico mais desenvolvido. Multamos as distribuidoras para que o produto saísse com qualidade. As companhias ganharam expertise e tecnologia e o produto, hoje, tem mais qualidade. Vejo essa modificação de percentual do biodiesel já comum em nossa política energética. Eu sei que a preocupação da revenda é grande porque, em regra, o problema estoura na mão dos revendedores. É compreensível, mas também passamos por um aprendizado e, hoje, há mais cuidado com o produto. No caso das distribuidoras, foi publicada uma norma (Resolução 44/2013) na Agência que passou a exigir a obrigatoriedade de coleta da amostra-testemunha. Até hoje é uma queda de braço grande com as distribuidoras, com questionamento na Justiça, e a norma continua em vigor. Elas não conseguiram reverter a regra. Isso demonstra que a Resolução foi justa e correta e, na verdade, vem a favor da qualidade do produto final, criando condições de responsabilizar quem, de fato, tem responsabilidade por eventuais falhas nas misturas que, no caso, é a distribuidora e não o posto. C&C: No ano passado, a ANP colocou em discussão o marco regulatório do GLP. Dois temas foram bastante polêmicos: a revenda independente e a não verticalização do setor. A ANP teria alguma definição sobre tais temas? Haveria previsão de quando as Resoluções deverão ser publicadas? FCN: As novas regras para a revenda de GLP devem ser publicadas até o final do ano. Ainda vamos ajustar alguns aspectos polêmicos que envolvem esta resolução, estamos tendo muita cautela para que
esta norma, ao ser aplicada, seja menos conflitante possível para que seja executada dentro de um ambiente de harmonia. No que diz respeito à revenda independente, na Resolução anterior já existia a revenda multimarcas. Trabalhar com diversas marcas é algo importante para o varejo porque é onde a concorrência se dá de maneira mais intensa. É muito importante que continue a figura do independente ou multimarcas, o que se percebeu é a opinião majoritária. Como essa questão vai ocorrer no detalhe é que não está ainda decidido. Sobre o problema da verticalização, há ponderações no sentido de que isso fortalece a concentração de mercado, o que não seria conveniente. Por outro lado, também temos uma discussão econômica, não podemos criar uma situação em que o distribuidor não consiga vender no atacado, já que pode encarecer demais o produto. Esses dois assuntos estão na norma e vão sair, só não tenho condição de saber como serão divulgados. Queremos construir um arranjo mais harmônico possível. Não tem nos faltado disposição para ouvir e coletar informações para que esta norma seja mais conveniente para o bom desenvolvimento da atividade econômica. n
4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Sobre a China Autor: Henry Kissinger Editora: Objetiva Combustíveis & Conveniência • 15
Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de junho de 2016:
8 - Reunião extraordinária do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, realizada em Campina Grande/PB;
8 e 9 - Participação da Fecombustíveis no 11º Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste em Campina Grande/PB;
22 - Participação de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis; Adão Oliveira, presidente do Sulpetro; e Carlos Eduardo Mendes Guimarães Júnior, presidente do Minaspetro, na reunião com Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho e Emprego, em Brasília/DF;
23 - Lançamento do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016, no Rio de Janeiro/RJ.
Ministro Ronaldo Nogueira (ao centro) recebe os representantes da revenda, Paulo Miranda Soares, Adão Oliveira e Carlos Eduardo Guimarães Júnior
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OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis
Mudanças a caminho E o apetite da UlNo dia 23 de junho, lançamos mais uma edição do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis. trapar não para por aí, Quem receber este material terá nas mãos um pois já demonstrou sua pedaço da história da revenda sobre tudo o que intenção em comprar aconteceu de mais importante em 2015. O ano a Liquigás, do setor passado ficará marcado como o primeiro que de GLP, segmento que registrou queda nas vendas de combustíveis, também pode ficar mais após uma década de consumo pujante. A crise concentrado. econômica demorou a chegar em nosso setor, mas As mudanças no chegou. E, apesar deste cenário, temos que nos mercado de distribuição já começaram, e há mais dar por satisfeitos porque a redução do consumo novidade a caminho. No caso da BR, a Petrobras não bateu tão forte como em outros setores, caso divulgou que pretende manter o controle da empresa, do segmento de automóveis, que já atinge 26% de implementando um modelo de gestão compartilhaqueda. Dificilmente vamos acumular uma redução da com outros sócios. Não sabemos quais serão de vendas tão grande. O que nos salva é a frota os novos parceiros e como a nova gestão poderá de veículos nacional circulante, em torno de 42 refletir no dia a dia da revenda embandeirada. milhões, que sustenta a venda de combustível e Esperamos que essa decisão da Petrobras venha o nosso negócio. melhorar a situação dos revendedores rede BR. Neste 2016, continuamos Temos que considerar que, a sentir os efeitos da crise. A O fato é que vai demorar um pouco independente da bandeira, esta minha esperança é de que, com até o país voltar a crescer. Enquanto relação entre revenda e distrio novo governo interino e com buição sempre teve seus altos isso, muitos revendedores vão a equipe econômica altamente enfrentar dificuldades com o menor e baixos, mas, ultimamente, selecionada, possamos ter um algumas têm aproveitado da volume de vendas e terão que novo horizonte pela frente. crise para repassar parte de descobrir alternativas para passar sua responsabilidade para a O fato é que vai demorar por este período sem ameaçar um pouco até o país voltar a revenda, causando, inclusive, o seu negócio crescer. Enquanto isso, muitos aumento de custos à categorevendedores vão enfrentar ria. Por isso, digo e repito, dificuldades com o menor volume de vendas e quanto mais independente o revendedor for da terão que descobrir alternativas para passar por distribuidora, melhor para o seu negócio. este período sem ameaçar o seu negócio. Outro assunto importante que vale a pena Mesmo aqueles que enfrentam mais dificuldamencionar é a intensificação das fiscalizações pelo Ministério do Trabalho e Emprego nos postos des também podem aprender com esta situação. do país. As fiscalizações fazem parte de nosso O momento é de reflexão, como melhorar a gestão dia a dia, mas os fiscais estavam cobrando uso do seu posto, avaliar os pontos de vulnerabilidade de máscara pelos frentistas e vistoria de bombas e mudar a maneira de administrar. de combustíveis com dispositivos de absorção Não poderia deixar de comentar neste espaço a do benzeno, que ainda não são fabricadas no compra da Ale pela Ipiranga (subsidiária da Ultrapar). Brasil e nem estão regulamentadas. Por conta Nosso setor vai se tornar mais concentrado e isso de alguns exageros, estive com o ministro do tem preocupado muitos revendedores. Trabalho, Ronaldo Nogueira, para explicar o que Não sabemos como se dará o processo de estava acontecendo em nosso setor. O ministro mudança da bandeira Ale para a Ipiranga, mas, nos recebeu muito bem, conhece os problemas por serem empresas muito distintas, certamente das empresas brasileiras e disse que tem como haverá um período de transição e de adaptação. A objetivo, em sua gestão, modernizar as relações Ipiranga vai aumentar sua participação de mercado trabalhistas. As fiscalizações vão continuar vistopara 17,7%, manterá o segundo lugar no ranking, mas não ultrapassa a líder BR, com 19,7% do total riando as NRs nos postos, porém, dentro do que de postos (dados da ANP de 2015). está regulamentado no mercado. Combustíveis & Conveniência • 17
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Mudanças à vista O setor de meios de pagamento está vivendo um período de grandes transformações. Com as facilidades promovidas pela maior mobilidade e o acesso à internet, a tendência é de que os pagamentos se tornem mais digitais a cada dia, deixando para trás os cartões de plástico. Além disso, a interoperabilidade entre as credenciadoras deve elevar a concorrência do setor, com resultados positivos para o varejo Por Rosemeire Guidoni Os meios de pagamento estão mudando, acompanhando o perfil dos novos consumidores, que estão cada vez mais conectados, buscando agilidade e maior segurança nas transações. De acordo com uma pesquisa elaborada pela consultoria Accenture, o novo consumidor está cada vez mais exigente no momento de efetuar suas compras. Hoje, com a facilidade da internet e apoio das redes sociais, o consumidor facilmente se informa sobre preços, características e confiabilidade dos produtos ou serviços. E isso, na opinião de Edlayne Altherman Bur, representante da Accentu18 • Combustíveis & Conveniência
re, contribui para impulsionar o surgimento de novas tecnologias. Segundo ela, a maior presença de meios digitais no cotidiano das pessoas é um desafio em todos os aspectos, inclusive no que diz respeito aos meios de pagamento. “O novo consumidor é altamente conectado, faz muitas pesquisas e vai às compras bem informado. Gasta bastante tempo nas mídias sociais e confia na opinião das massas”, destacou ela, durante o Congresso Cards, Payment & Identificacion, realizado entre os dias 15 e 17 de junho, em São Paulo (SP). Esta não foi a única grande transformação de mercado discutida durante o evento. O cres-
cimento das chamadas moedas virtuais e das fintechs também foi alvo de vários debates (veja box), assim como o aumento da concorrência entre as credenciadoras (ou adquirentes). Esta maior concorrência deve resultar da interoperabilidade, medida estabelecida pelo Banco Central, que determina o fim da exclusividade das operações de cartões entre bandeiras e credenciadoras. Todas estas mudanças devem ser acompanhadas de perto não somente por empreendimentos que operam de forma online, mas também pelas empresas de varejo físico, já que, com o aumento da oferta e diversidade dos meios de
pagamento, além de conciliar as vendas com cartões de crédito e débito, será necessário aprender a lidar com outros meios que estão em desenvolvimento.
Concorrência é positiva
Lentidão Este processo está acontecendo de forma mais lenta do que o esperado. Uma das razões disso, segundo o advogado Bruno Balducci, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, é porque, além de capturar as transações de qualquer bandeira, as credenciadoras terão também a obrigação de liquidá-las. “Isso significa que, de certa forma, estas empresas terão que assumir o risco da base de clientes das suas concorrentes. Ou seja, se um cliente do banco “A” passou seu cartão na leitora da credenciadora “B” (não parceira do banco em questão) e não pagou sua fatura, quem tem de liquidar a transação é a credenciadora, mesmo não tendo sido ela a responsável por conceder crédito àquele cliente”, explicou. “Por outro lado, como a empresa que processa e liquida a
transação é a que detém o poder de negociar as taxas cobradas do varejista, além de levar parte da rentabilidade da compra e o market share correspondente, muita coisa poderá mudar neste mercado”, completou. Durante o workshop sobre regulamentação dos meios de pagamento, que aconteceu paralelamente ao congresso, Balducci destacou que há vários elementos dificultando o processo de interoperabilidade. “As grandes credenciadoras estão conversando, mas este não é um processo que ocorre de uma hora para outra. Além disso, há empresas maiores, que investiram mais em tecnologia, e que se sentem prejudicadas ao concorrer com outras menos preparadas, mas que, eventualmente, cobram menores taxas do comércio”, afirmou. Além disso, as pequenas credenciadoras, que tentam se estabelecer em um mercado praticamente dominado por três grandes empresas, se sentem prejudicadas, pois com a maior competição, a tendência é de que as taxas cobradas dos lojistas fiquem mais baixas, e suas margens mais apertadas.
Marcelo Serralha, diretor-executivo de produtos da Visa do Brasil, durante palestra no Congresso Cards, Payment & Identificacion
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Um aspecto bastante positivo para o varejo, caso dos postos revendedores de combustíveis, é a interoperabilidade entre as credenciadoras. Estas empresas são as responsáveis por realizar a conexão entre clientes, bancos e lojas, por entregar aos comerciantes os valores recebidos em operações pagas por meio de cartões de crédito ou débito. Pelo serviço de processamento, estas empresas cobram taxas de cada transação. Hoje, as principais empresas em operação neste segmento são Cielo, Rede e Getnet, mas existem outras disputando o mesmo mercado (veja box). “O mundo mudou muito rápido e os meios de pagamento acompanharam esta tendência. Há poucos anos, tínhamos apenas dois adquirentes e, hoje, já são 14 ou 15 empresas”, disse Paulo Frossard, vice-presidente de negócios da Mastercard, durante sua palestra no Congresso Cards & Payment. Com a interoperabilidade determinada pelo Banco Central, os varejistas poderão contratar, junto à credenciadora de sua preferência, uma única máquina leitora, os chamados POS, para as transações com cartões de qualquer bandeira. O intuito da medida é aumentar a concorrência no segmento. Para o varejo, a iniciativa é bastante interessante, pois, além de evitar balcões lotados de maquininhas, eliminará a necessidade de pagamento
de aluguel a várias credenciadoras e manutenção de vários equipamentos leitores. Além disso, com a concorrência, a empresa que quiser abocanhar mais clientes deverá negociar as melhores taxas ou prazos de pagamento.
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Meios digitais
Moedas eletrônicas e fintechs Ao longo do congresso, as moedas eletrônicas, caso dos bitcoins, e as fintechs, novas startups do sistema financeiro, foram alvo de vários debates. Os bitcoins estão despontando como alternativa ao sistema monetário tradicional, apesar de ainda não serem regulados formalmente, e as fintechs se caracterizam pela adoção de tecnologias para atender às principais necessidades do consumidor digital. “O tema tem chamado tanta atenção que promovemos um evento específico para discutir as fintechs, o Pitch Session Fintech”, ressaltou o diretor da Cards, Luis Veiga. Rodrigo Dantas, CEO da Vindi & Pagamento.me, abordou a importância das fintechs. “Se juntarmos os principais cases do mercado, formamos um superbanco, moderno e tecnológico”, afirmou em sua apresentação. Ronaldo Varelo, sócio da Bizup Consulting, Henrique Dubugras, sócio da Pagar.me, e Gilmar Magi, gerente de prevenção de fraudes da 99Taxi, também discutiram a revolução proporcionada por estas empresas. “Inovação sempre vem à frente da regulamentação. É importante que se criem regras para evitar fraudes no mercado, mas também é preciso que as startups estejam definidas para que as leis não limitem essa inovação”, afirmaram os executivos. Frossard, da Mastercard, citou o desenvolvimento no mercado de meios de pagamento e o crescimento do número de usuários de smartphones, que traz novas oportunidades para o comércio digital. “Estamos saindo do mundo físico e passando para o mundo digital, num crescimento exponencial, o que traz mais eficiência e conveniência, mas também há novos desafios para os comerciantes e para os consumidores, sobretudo, em questões de segurança”, lembrou. Segundo Eduardo Terra, presidente da SBVC, apoiador da Cards e sócio-fundador da BTR Consultoria, o momento é de repensar os modelos de negócios. “Precisamos colocar a casa em ordem e preparar as empresas para ter uma melhor performance, com capacidade para mapear as oportunidades no futuro. Marcas que tiverem esse tipo de iniciativa, certamente estarão preparadas para crescer”, afirmou. 20 • Combustíveis & Conveniência
A l ém d o d e b a t e s o b r e concorrência, durante o congresso Cards, outro tema de destaque foi o crescimento de novos meios de pagamento. Segundo Edlayne, da Accenture, os pagamentos digitais estão ganhando cada vez maior relevância. “Na pesquisa realizada pela Accenture, identificamos três grandes tendências para o mercado de meios de pagamento: consolidação de pagamentos móveis, valorização de programas de fidelidade e realidade das moedas virtuais”, afirmou. O levantamento mostra que as soluções para pagamento digital devem continuar evoluindo, com o desenvolvimento de sistemas de segurança e antifraude, e que os consumidores hoje valorizam muito mais os programas de recompensa na hora de optar por um meio de pagamento. “Isso vale para os cartões de crédito tradicionais, que participam de programas de premiação, mas também para ações específicas do comércio, que valorizam a fidelidade do consumidor”, apontou. Outro ponto de destaque são as moedas virtuais, que devem passar a ter cada vez mais importância. Para Frossard, da Mastercard, o mercado de cartões hoje vem passando por uma mudança semelhante à enfrentada pelos meios de pagamento entre os anos 20 e 80. “O mercado evoluiu da caderneta do pequeno comerciante aos pagamentos digitais, por meio de cartões, que inicialmente utilizavam uma tarja magnética e papel e, hoje, já possuem chips e senhas. E as mudanças estão acontecendo com maior velocidade. Hoje, além do cartão, já existem pulseiras
de pagamento, relógio, senha dinâmica no próprio cartão, celulares. Porém, estamos enfrentando os mesmos desafios do passado: precisamos de meios para melhorar a segurança e a conveniência para os consumidores e comerciantes”, afirmou. Segundo estudos da Mastercard, em 2020, haverá 12 milhões de consumidores conectados no Brasil e esta será uma grande oportunidade para o mercado otimizar as formas de pagamento e angariar clientes. “A conectividade já existe em videogames, televisores, geladeiras e já há estudos para dispositivos nos próprios veículos, que poderão ser utilizados para pagamento de serviços automotivos, abastecimento, pedágio, estacionamento, entre outros”, disse.
Segurança Frossard afirmou que o grande desafio para estas novas tecnologias é a questão da segurança. Segundo ele, atualmente 11% das compras virtuais não são
finalizadas por dificuldade de identificação ou suspeita de fraude. “Ou seja, 11% do faturamento são perdidos por transações que poderiam ser finalizadas, mas não são por falta de mais dados que possam assegurar a confiabilidade”, destacou. De acordo com o especialista, a Mastercard já faz validação de tecnologias por uso de biometria ou selfies em alguns locais no mundo, mas no Brasil ainda não.
Indução à mudança Na avaliação do executivo, o caminho para a introdução das tecnologias digitais não tem volta. Para exemplificar, ele citou o caso dos táxis, que se viram obrigados a aceitar cartões como meio de pagamento para não perder clientes, já que muitos consumidores preferem pagar as corridas com cartão ou mesmo via aplicativos. “Há um ano, era praticamente impossível pegar um táxi e fazer o pagamento via cartão. Hoje, na cidade de São Paulo, em função do avanço deste meio
de pagamento, foi criada uma lei que estabelece que o setor tem de aceitar o pagamento via cartão. Isso sem contar o uso de aplicativos, quando o cliente pode fazer o pagamento via aplicativo e não diretamente ao motorista. Imaginem isso replicado em outros segmentos”, afirmou Frossard. Segundo o palestrante, a lei foi criada como resposta à mudança de hábito dos consumidores. Mas, na sua avaliação, mesmo que não houvesse uma legislação específica, muitos taxistas perderiam corridas caso permanecessem sem aceitar o meio de pagamento. Apesar de as taxas cobradas pelos cartões representarem uma perda de rentabilidade para o setor, muitos consumidores já estavam deixando de usar os serviços de táxis por causa disso. “Então, o setor teve de se adequar, o próprio mercado induziu a mudança. Mas também há um lado positivo, a segurança, já que o motorista passa a portar menor quanti-
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44 MERCADO dade de dinheiro em espécie”, defendeu o vice-presidente de negócios da Mastercard. E um paralelo pode ser traçado também com relação a outros segmentos, como, por exemplo, o setor de combustíveis, no qual, embora o faturamento bruto seja elevado, o resultado final é mais modesto. Marcelo Serralha, diretor-executivo de produtos da Visa
do Brasil, afirmou que estão surgindo várias oportunidades para o mercado de meios de pagamento, mas que, hoje, existem “mais perguntas do que respostas”. Segundo ele, o mundo está cada vez mais digital, e o comércio, de modo geral, não pode ignorar isso. “Estão surgindo novos hábitos de consumo, e o cliente tenderá a escolher quem atende me-
lhor e lhe dá mais benefícios”, opinou. Serralha também destacou a maior segurança das operações digitais, no caso de roubo ou furto de um estabelecimento comercial. “Mesmo em uma loja virtual, se houver invasão, é possível cancelar as transações digitais e gerar uma nova base de dados, minimizando as perdas de forma significativa”, explicou.
Cenário das credenciadoras Hoje, existem três grandes empresas disputando o mercado de adquirência: Cielo, Rede e GetNet. Há alguns (poucos) anos apenas a Cielo (originalmente VisaNet) e a Rede (antes Redecard) disputavam este mercado. A Cielo foi criada em 1995, por meio de uma joint venture entre a Visa International e os bancos Bradesco, Santander, Real (atualmente Banco Santander Brasil), Banco do Brasil e o extinto Banco Nacional. Seu objetivo era criar uma infraestrutura em comum para ser utilizada por todos os bancos afiliados à Visa, ao invés de cada banco possuir sua própria solução tecnológica para processar transações de cartão de crédito. Já a Rede foi criada como Credicard em 1970 pelo Citibank, em conjunto com o Banco Itaú e o Unibanco (atualmente Itaú Unibanco). Foi adquirida pelo Banco Itaú por R$10 bilhões em 2012. Na época, a Cielo podia processar transações apenas de cartões Visa, e a Rede transações apenas de cartões MasterCard. Essa exclusividade dificultou 22 • Combustíveis & Conveniência
qualquer mudança na operação do mercado. Mas em 2010, após recomendações do Banco Central e regulações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), as portas do mercado de adquirência foram abertas, o que permitiu a entrada de novas empresas (inclusive internacionais), e deu à Cielo e à Rede a oportunidade de começar a capturar bandeiras que antes eram exclusivas de cada uma. A partir de 2013, o Banco Central se tornou o regulador do segmento e estipulou como prazo o final de 2016 para que todas as credenciadoras se preparem para receber todas as bandeiras. Porém, as empresas ainda estão elaborando seus planos de precificação, que deverão ser aprovados pelo Cade. Uma das principais fontes de renda do modelo de negócios de adquirentes é o aluguel de máquinas de captura de pagamento por cartão para pontos de venda. Esse tipo de equipamento é fundamental para lojas físicas e, normalmente, tem seu uso cobrado mensalmente
pelas adquirentes, com preços em torno de R$ 100, adicionalmente às porcentagens de 3% a 6% cobradas por cada transação. Esta porcentagem varia dependendo do tipo de pagamento, sendo mais alta para compras por cartão de crédito parceladas e mais baixa para pagamento via cartão de débito. Outra importante fonte de renda para as adquirentes são as taxas de antecipação de pagamento, que são relacionadas com o período entre a autorização das transações de compra e a entrega do valor aos lojistas. No caso de compras por cartão de crédito, adquirentes, por regra, só entregam o valor dessas transações após 30 dias contados do momento da autorização. Para varejos que solicitam a antecipação dos pagamentos, as adquirentes cobram taxas que variam entre 8% e 12% do valor a ser antecipado. Para o setor de revenda de combustíveis e o comércio em geral, a interoperabilidade é bastante favorável, já que a tendência é de redução das taxas e de menores custos. n
MERCADO 33
Lubrificantes: em desaceleração 6º Encontro Internacional com o Mercado reuniu agentes do setor de lubrificantes no Rio de Janeiro para discutir os rumos e as tendências do setor Por Mônica Serrano A crise econômica tem afetado de forma significativa o mercado de lubrificantes. No âmbito nacional, o consumo de lubrificantes sofreu queda de 7,2% em 2015 em relação a 2014 e, só nos primeiros quatro meses de 2016, o recuo do setor foi de 10,7%. No mercado internacional, as previsões também apontam para o menor consumo de óleos lubrificantes em função do desenvolvimento tecnológico e de produtos acabados alinhados
com a eficiência energética. As discussões acerca do presente e do futuro do setor de lubrificantes foram abordados no 6º Encontro Internacional com o Mercado, promovido pela Lubes em Foco, nos dias 14 e 15 de junho, no Rio de Janeiro.
Cenário Econômico O panorama econômico internacional e nacional foi o tema da palestra de Guilherme Mercês, economista-chefe da área de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do
estado do Rio de Janeiro (Firjan). Atualmente, a economia na China passa por forte desaceleração. A grande discussão, comentou Mercês, é se a desaceleração é forte ou lenta? Segundo o palestrante, apesar de a China continuar a ser um grande player, toda Ásia tem desacelerado, o que reflete também no mercado de lubrificantes. Mesmo com menor crescimento, o continente é o principal mercado consumidor de lubrificantes acabados, com 44% da demanda de mercado, seguido pela América
Paulo Augusto dos Santos
Pedro Nelson Belmiro, coordenador da Comissão de Lubrificantes do IBP, durante a abertura do evento Combustíveis & Conveniência • 23
44 MERCADO do Norte (23%), Europa (17%) e África (8%). A situação econômica nos Estados Unidos aponta para recuperação, porém, o crescimento do PIB norte-americano e a evolução das empresas estão abaixo do esperado. Dentre as tomadas de decisão importantes pelo Banco Central norte-americano, o Fed, está a subida ou não da taxa de juros, decisão que vai refletir em diversos países, inclusive no Brasil. Como os Estados Unidos são considerados o país mais seguro do mundo, se houver um aumento da taxa de juros vai implicar em migração de investimentos, com a fuga de capital de outros países (de maior risco) para os Estados Unidos. Segundo Mercês, de forma geral, hoje há um mundo desenvolvido que já passou pelo fundo do poço com Europa e Estados Unidos; e um mundo em desenvolvimento, especialmente Brasil e América Latina, sofrendo as mazelas da crise. Em sua análise, o Brasil está passando pelo fundo do poço da crise. A economia brasileira em 2016 deve cair 4%, segundo as projeções da Firjan. A indústria nacional deve voltar a crescer no segundo semestre de 2017, mas a recuperação do emprego vai demorar um pouco mais e virá por último após as empresas recuperarem sua estabilidade. E para o país voltar a crescer, a retomada da credibilidade do governo tem um forte poder de influência neste processo, para, num segundo momento, ter o retorno dos investimentos. Nesse processo de recuperação, o ajuste fiscal é uma medida necessária para o equilíbrio da macroeconomia. “Se o governo conseguir fazer um ajuste fiscal, 24 • Combustíveis & Conveniência
isso permite ter maior fôlego e aí terá espaço para a queda da taxa de juros. Mas se o governo resolver descer os juros, mesmo sem ajuste fiscal, não tem jeito, a inflação vai subir”, comentou. O ponto fundamental é o crescimento dos gastos públicos, que tem sido insustentável com o crescimento da receita decorrente do aumento dos impostos. Mercês defendeu a ideia de um estado mais enxuto, que gaste menos e que se comprometa em gastar na medida da arrecadação. “Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo. Não há mais espaço para subir os impostos. Vamos acabar com as empresas? Vamos jogar a economia na lona? Os gastos precisam se adequar à capacidade de arrecadação. É preciso mudar a dinâmica no Brasil, caso contrário, a carga tributária vai sempre continuar crescendo”, concluiu.
Mercado internacional Ainda que o Brasil esteja passando por momentos difíceis, mesmo com a retração no mercado de lubrificantes, com previsão de continuidade de queda do consumo neste ano, o país representa o sexto mercado consumidor de óleos lubrificantes acabados no ranking global, segundo Sergio Rebêlo, diretor gerente da Factor Kline Group. O mercado de lubrificantes acabados na sua totalidade é estimado 39,4 milhões de toneladas em 2015. Rebêlo destacou que, em nível mundial, o consumo do produto tem se mantido na faixa de 38,5 milhões de toneladas a 40 milhões de toneladas há cerca de dez anos. Foram duas razões principais que contribuíram para o ritmo
estável. “Primeiro, as sucessivas crises econômicas que o mundo passou nos últimos dez anos. Tivemos, em 2008, a crise americana e, em 2012 e 2013, a crise europeia e mais recentemente o arrefecimento do crescimento. O segundo fator foi uma enorme renovação da frota de veículos nos países em desenvolvimento e essa renovação, associada a várias pressões, mobilizou uma mudança de tecnologia em termos de produtos lubrificantes utilizados, aumentando o seu intervalo de troca dos produtos”, esclareceu. Rebêlo destacou que a curva longa de lubrificantes em termos volumétricos é claramente descendente. Dentre os fatores que apontam essa tendência estão a evolução da tecnologia dos automóveis, que demandam menos consumo de lubrificantes, há uma grande oferta de óleos básicos, a pressão industrial e regulatória em relação às emissões poluentes e a economia dos combustíveis que favorece o uso de produtos mais sofisticados. De acordo com Rebêlo, a mudança de qualidade já vem ocorrendo nos países desenvolvidos por meio da prevalência de óleos lubrificantes com viscosidade mais baixas, principalmente para a categoria de veículos leves. O crescimento da frota nos países emergentes também propiciou o consumo de baixa viscosidade. “Obviamente, estamos falando de diferentes níveis de penetração. Por exemplo, no caso do HDMO (lubrificantes usados em veículos movidos a diesel), é mais lenta. Ainda temos obstáculos e desafios a superar para a utilização dos sintéticos”, comentou.
Mercado nacional Em relação ao Brasil, as crises econômica e política permanecem refletindo na queda do consumo de lubrificantes. Porém, na perspectiva de Pedro Nelson Belmiro, coordenador da Comissão de Lubrificantes do IBP e editor-chefe da Lubes em Foco, somente no início do segundo semestre deste ano poderá haver alguma recuperação para o setor. O fato é que se, em 2016, o setor de lubrificantes não se recuperar, será o terceiro ano consecutivo que o mercado acumulará recuo nas vendas. No ano passado, até setembro, o segmento tentava se recuperar da desaceleração das vendas, com a expectativa, segundo Belmiro, de o mercado terminar o ano estável. Porém, no último trimestre de 2015, as vendas despencaram para menos de 20,7%, na soma
Paulo Augusto dos Santos
A disponibilidade de matérias-primas e pacotes de aditivos também trouxeram para o segmento uma série de novos agentes. Atualmente, há distribuidores de lubrificantes com marcas próprias de óleos lubrificantes sintéticos, há empresas varejistas com marcas de sintéticos e empresas petroleiras também focadas em sintéticos. “Os grandes agentes globais em resposta a isso criam uma nova categoria de sintéticos super premium, em geral, alavancados por matérias-primas integradas com essas empresas, buscando um novo segmento de mercado.” Apesar do aumento de novos produtos no mercado, a demanda do mercado global de lubrificantes é, em sua maioria, convencional e somente 14% do total são sintéticos. Guilherme Mercês, economista-chefe da área de Estudos Econômicos da Firjan, apresentou o cenário econômico no Brasil e exterior
dos três meses. Este fato resultou na queda de 7,2% no período entre 2015 e 2014, totalizando consumo nacional de 1,4 milhão de metros cúbicos. Pedro Belmiro também destacou a implementação do Sistema de Informações de Movimentações de Produtos (SIMP) pela ANP, que passou a monitorar os dados de produção e movimentação dos agentes regulados da cadeia de lubrificantes, como fator positivo para obtenção dos dados do segmento. “O grande desafio para o SIMP é fazer o fechamento desses números sobre quanto produziu, quanto coletou, quanto volta para o rerrefino e quanto foi produzido de óleo básico. Todos estes dados têm que bater.” Segundo Francisco Nelson de Castro Neves, superintendente de Abastecimento da
ANP, pelo SIMP, a Agência vai monitorar a dinâmica de compra e venda, do que é importado e do estoque para saber quem está cumprindo ou não com as obrigações. “Para nós, da ANP, a informação tem uma grande relevância também do ponto de vista concorrencial. O país que tem informações de credibilidade se capacita para a atratividade da atividade comercial. A informação é muito valiosa e assegura dados de qualidade e confiabilidade”, disse. O 6º Encontro com o Mercado também apresentou temas direcionados ao desempenho dos óleos de motor a baixas temperaturas, custo benefício dos aditivos antioxidantes e as tendências tecnológicas para o setor. n Combustíveis & Conveniência • 25
44 MERCADO
Sob nova gestão Pedro Parente assumiu o comando da Petrobras com uma difícil missão: recuperar econômica e financeiramente a empresa. Para tanto, ele planeja seguir com o programa de desinvestimentos e focar mais em atividades de exploração e produção Por Rosemeire Guidoni No dia 2 de junho, o engenheiro Pedro Parente assumiu o cargo de presidente da Petrobras com um desafio e tanto para cumprir: reestruturar a empresa e reverter sua trajetória de queda econômica e endividamento. A Petrobras, hoje, passa pela maior crise de sua história, entre denúncias surgidas a partir da Operação Lava-Jato e a desvalorização do petróleo no mercado internacional, e o ex-ministro Parente foi escolhido, entre outros motivos, por sua reconhecida capacidade na gestão de crises (veja box). Seu primeiro desafio será acelerar o plano de venda de US$ 15,5 bilhões em ativos da Petrobras e reduzir seus custos. A indicação do executivo foi recebida com bons olhos 26 • Combustíveis & Conveniência
pelos analistas de mercado, que acreditam que a continuidade do plano de desinvestimentos é fundamental. “Caberá à gestão de Pedro Parente comprar a ideia e acelerar o programa de desinvestimentos, pois essa é uma política acertada e necessária no momento. Mesmo em situação de mercado bem desfavorável, a Petrobras necessita concentrar seus esforços no pré-sal”, afirmou Edmilson Moutinho dos Santos, professor do Instituto de Energia e Eletrotécnica (IEE), da Universidade de São Paulo (USP), e pesquisador do Centro de Pesquisas e Inovação em Gás, também da USP. “O pré-sal é complicado, é arriscado, é demandante de muito capital novo, mas é a essência da Petrobras
para as próximas décadas. Tudo que a empresa puder vender para financiar o pré-sal justifica-se. E, para os ativos vendidos, não pode haver nada melhor do que sair das mãos da Petrobras e cair em mãos de investidores que possam dar-lhes a devida prioridade. Muitos ativos à venda são excelentes, mas jamais poderão competir com os retornos esperados no pré-sal e, portanto, nas mãos da Petrobras, perderão valor e capacidade produtiva, sem contar os eventuais aumentos de riscos por precariedade em manutenções”, completou. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), também concorda que a Petrobras deve continuar com o programa de desinvestimentos,
Agência Petrobras
Pedro Parente assumiu a presidência da Petrobras em 2 de junho e deve acelerar o plano de desinvestimentos
e focar em atividades de exploração e produção. “Sou a favor dos desinvestimentos, mas sou contra a forma como eles estavam sendo desenvolvidos na gestão anterior. Parente indicou que tem a preocupação em não vender de forma desvalorizada“, afirmou. No entanto, em sua avaliação, o novo presidente da estatal vai enfrentar muitos problemas e dificuldades. “A Petrobras nunca esteve numa situação tão frágil. Internamente, existe um grande desafio no desaparelhamento da empresa, que não será fácil. A nova gestão também terá de convencer o governo a não usar a Petrobras para fazer política econômica e tarifária”, destacou. Para o economista Roberto Luis Troster, o nome de Parente,
como novo presidente da Petrobras soou “como música” . “Trata-se de um excelente profissional, muito hábil para lidar com situações de crise. O desafio é grande, ele terá de corrigir vários erros que aconteceram no passado. Será necessário mudar o modelo de negócios e de governança. A Petrobras não pode continuar como está, precisa se reinventar e Pedro Parente me pareceu uma escolha muito acertada para isso”, afirmou. Para Jorge Camargo, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Parente representa um nome de credibilidade no mercado. “Conheci Pedro Parente como membro do Conselho de Administração da Petrobras,
chefiando a Casa Civil e coordenando o Comitê de Gestão da Crise Energética. Ele é um gestor impressionante pela imensa capacidade de trabalho, análise e execução”, afirmou.
Na contramão No entanto, apesar da grande aprovação do mercado, nem todos estão satisfeitos com o novo presidente da petrolífera. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), por exemplo, enxerga com desconfiança as propostas de Parente. “O objetivo é tirar a Petrobras da função de operadora única e acabar com a participação mínima que tem de 30% nos campos licitados. Se isso acontecer, a empresa perderá 82 bilhões de barris Combustíveis & Conveniência • 27
44 MERCADO petróleo, levando em conta as estimativas de que o pré-sal tenha 273 bilhões de barris de reservas. Que petrolífera no mundo abriria mão de todo esse petróleo, como pretende fazer o presidente da Petrobras?”, destaca um informe da entidade. No mesmo material, a FUP também critica medidas que contaram com o apoio de Parente no passado, quando fazia parte do conselho de administração da Petrobras. “Entre março de 1999 e dezembro de 2002, Pedro Parente participou ativamente do Conselho de Administração da Petrobras, onde aprovou medidas privatistas que causaram prejuízos irreversíveis à companhia”, destaca o informe,
mencionando entre as ações a alteração do estatuto da empresa, que permitiu a maior participação de acionistas privados. A visão da FUP, porém, é contestada pelos analistas econômicos. “A Petrobras é a mesma de 60 anos atrás, precisamos mudar o modelo de negócios”, opinou Troster, que acredita que os desinvestimentos são necessários neste momento. Moutinho também tem a mesma percepção e considera que os ativos vendidos poderão ter melhores resultados nas mãos de investidores do que atrelados à gestão da Petrobras. “A gestão de Bendine já havia começado a virar a página na Petrobras, buscando
Gestor de crises Em 2001, quando o setor de energia elétrica enfrentou uma forte seca que afetou a geração hidrelétrica, Pedro Parente foi responsável pela coordenação do comitê que administrou a crise, o que lhe rendeu o apelido de “ministro do apagão”. Durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso, Parente foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda e ocupou três ministérios: Casa Civil, Planejamento e Minas e Energia. No período, além da reconhecida atuação na condução da crise elétrica, ele também se destacou como secretário-executivo do Ministério da Fazenda, quando cuidou da renegociação das dívidas dos estados e acompanhou o programa de desestatização. Quando deixou o governo, Parente foi escolhido como vice-presidente executivo do grupo RBS, onde coordenou a reestruturação financeira da empresa, em um momento em que diversas companhias do setor de comunicação estavam em uma situação difícil, com cortes nas verbas de publicidade. Em seguida, foi para a presidência da Bunge, onde conduziu uma reestruturação abrangente das operações locais e elevou os resultados das operações de alimentos e agronegócios, além de ter assumido o cargo de presidente do conselho da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). “Pedro Parente já comprovou ser um burocrata e administrador competente. Mas sempre devemos tomar algum cuidado. Ele foi um grande líder durante o governo de Fernando Henrique Cardoso para solucionar a crise do apagão de 2001, mas, na época, recebeu quase que cheques em branco para solucionar uma crise que se revelava desastrosa, principalmente no âmbito político”, destacou Moutinho. 28 • Combustíveis & Conveniência
reduzir as interferências políticas e encaminhar os problemas financeiros da empresa. Porém, não houve tempo e nem condições políticas favoráveis para que essa gestão pudesse fazer a diferença. Ele sequer conseguiu encaminhar completamente a limpeza de pessoas de indicação política que ainda ocupam as entranhas da organização. E também não conseguiu aliviar as pressões financeiras de curto prazo, pois não conseguiu acelerar a venda de ativos e tampouco reabriu os canais de financiamento de longo prazo. Mas o presidente Bendine ao menos deixou uma marca positiva, ao dar início ao debate e vender, com sabedoria, a ideia de que desinvestimentos são essenciais para a empresa no momento”, afirmou o professor do IEE.
Desafios e o valor do pré -sal Os principais desafios da Petrobras, no curto prazo, são a capitalização e os novos arranjos legais/contratuais que deverão ser definidos em condições menos favoráveis. Na análise de Moutinho, equacionar a dívida é garantir portas abertas no mercado internacional para rolar as dívidas no longo prazo. “A Petrobras tem o pré-sal pela frente e seu desenvolvimento só é Em coletiva à imprensa, Pedro Parente defendeu a liberdade de escolha da Petrobras nos campos de exploração de pré-sal, apoiando a mudança na legislação
Nova fase
possível com elevadas taxas de endividamento de longo prazo. O tipo de capital que a companhia precisa encontra-se abundante no mercado global. Mas as portas já não estão escancaradas para empresas de países emergentes e para a Petrobras em particular”, afirmou. Moutinho também lembrou que a Petrobras precisa se livrar, com rapidez, dos problemas jurídicos nos Estados Unidos e em outros países, mesmo que isso tenha um custo. “É preciso recuperar o grau de investimento antes que o Brasil possa fazê-lo. A Petrobras precisa reverter a onda da perda de credibilidade no exterior, então, reconquistará os investidores no exterior e, posteriormente, os brasileiros. E tudo isso só será possível se as pessoas voltarem a acreditar na grandeza do pré-sal, mesmo em situações econômicas bem menos favoráveis”, disse, mencionando que a Petrobras necessita resgatar, com urgência, a imagem de estabilidade, credibilidade e grande potencial de lucro no longo prazo. Segundo o especialista, apesar de todos os problemas econômicos, de governança, de imagem e de credibilidade, a companhia tem um ativo essencial para uma empresa de petróleo, que, em sua avaliação, é o pré-sal. n
Por Gisele Oliveira
Agência Petrobras
Com auditório lotado no Edifício Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, Pedro Parente recebeu o crachá que simbolizou sua posse como presidente da companhia. A cerimônia de transmissão de cargo contou com a presença de autoridades, como o ministro interino de Minas e Energia, Fernando Coelho Silva; o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles; e o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Luiz Nelson Guedes. Em seu discurso de posse, o executivo destacou os problemas que a estatal enfrenta internamente, aliados à situação do mercado internacional, já que os preços do barril do petróleo continuam baixos e a recuperação econômica mundial ainda não é uma realidade. Parente afirmou ainda que é preciso rever a participação obrigatória da Petrobras nos projetos do pré-sal. “O país não pode esperar por muito tempo, o pré-sal é uma realidade. Para isso, não podemos estar presos a ideias dogmáticas. Em nosso ponto de vista, do jeito que está não pode continuar. Caso contrário, iremos retardar para um prazo sem precisão o potencial a ser explorado no pré-sal”, discursou. “Nossa defesa é para que a companhia tenha liberdade de escolha e não se veja obrigada a participar de projetos que não seriam de seu interesse econômico, o que é imperdoável para uma empresa listada em bolsa”, disse em apoio à proposta de mudança na Lei 12.351/2010, que determina a participação obrigatória da Petrobras na camada do pré-sal. Parente destacou ainda os pilares para recuperar a confiança da Petrobras em sua gestão: consolidação da empresa dentro da nova governança corporativa, iniciada ainda na gestão de Aldemir Bendini; adoção da responsabilidade econômica e financeira para todas as áreas da empresa com planos claros e transparentes; e o fortalecimento da gestão de riscos. Dentro dessas premissas, o novo presidente afirmou que dará prosseguimento com o plano de desinvestimentos iniciado pela gestão anterior e o foco na disciplina para cortar custos e melhorar a eficiência no uso dos recursos. “Temos uma dívida muito grande e não é possível, nesse momento, contar com a ajuda do Tesouro, devemos contar com nossas próprias medidas para resolver essa questão. Vamos identificar os ativos que não estejam dentro de nosso core business, que possam ser de desinvestimentos. Isso não significa a venda de totalidade de ativos, mas podemos ter parcerias”, disse. O presidente disse ainda que, dentro de um prazo de 120 dias, fará a revisão de estratégias da companhia e sinalizará ao mercado os caminhos que a nova gestão pretende seguir no médio e longo prazos. Em relação à política de preços dos combustíveis, Parente foi taxativo ao dizer que, em sua gestão, os preços serão determinados pelo ponto de vista empresarial. “Existe, de fato, uma preocupação na busca por uma clareza. Só posso dizer que a política de preços seguida será estritamente a posição da empresa”, afirmou. Combustíveis & Conveniência • 29
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Relatório anual: mercado em queda Fecombustíveis reuniu líderes sindicais da revenda e da distribuição, executivos de empresas e autoridades do setor regulatório no final de junho, no Rio de Janeiro, para apresentar os principais dados do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016, com palestra de destaque sobre o panorama econômico do país Por Gisele de Oliveira Pela primeira vez em dez anos, a revenda de combustíveis registrou queda de 1,9% nas vendas totais de combustíveis, totalizando 141,8 milhões de metros cúbicos em 2015. O resultado foi reflexo do aprofundamento das crises econômica e política no país no ano passado, trazendo impactos diretos no desempenho de diversos setores da economia e no poder aquisitivo da população, que voltou a conviver com inflação alta e o desemprego. Em termos de faturamento, o setor faturou R$
341,6 bilhões, crescimento de 10% ante o mesmo período de 2014. Os números fazem parte do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016, desenvolvido e lançado pela Fecombustíveis no dia 23 de junho, em evento realizado no Rio de Janeiro. “Nosso setor não está sofrendo tanto como outros da economia, como, por exemplo automotivo e de caminhões, embora nos afete de forma mais direta, já que são mais de 40 milhões de caminhões circulando pelo país. Mas conseguiu segurar as nossas vendas. Além disso, o etanol também ajudou a Claudio Ferreira
Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, durante a apresentação do Relatório 30 • Combustíveis & Conveniência
equilibrar essa balança”, destacou Paulo Miranda Soares, durante a apresentação dos principais tópicos do relatório. As vendas de etanol hidratado pela revenda cresceram 37,5%, sendo considerado o melhor período de consumo desde o advento dos veículos flex. Em termos de volume, foram comercializados 17,9 milhões de metros cúbicos, superando os 16,5 milhões de metros cúbicos comercializados em 2009 – ano até então considerado como o de melhor consumo do etanol. Já a gasolina registrou queda nas vendas – a primeira após cinco anos de resultados recordes. Em 2015, a demanda por gasolina totalizou 41,1 milhões de metros cúbicos, redução de 7,3% na comparação com o ano anterior. As vendas de óleo diesel no país também encolheram no ano passado, totalizando 57,2 milhões de metros cúbicos, volume 4,7% inferior ao verificado em 2014. Nos dois casos, o menor volume comercializado foi reflexo das medidas adotadas pelo governo para aumentar a receita pública e, assim, equilibrar as contas,
como a elevação das alíquotas de PIS/Cofins e a volta da Cide. Além disso, os dois combustíveis sofreram com o impacto do reajuste anunciado pela Petrobras em suas refinarias. Paulo Miranda ressaltou ainda a questão da qualidade do óleo diesel, que recebe 7% de biodiesel no país. Em 2015, o índice de não conformidade do diesel ficou em 3,5%, o maior nível registrado desde 2010, quando entrou em vigor a adição de 5% de biodiesel ao diesel, trazendo à tona vários problemas com o armazenamento do combustível em virtude do biocombustível misturado e, consequentemente, aumentando as não conformidades. Assim como em 2010, no ano passado, o teor de biodiesel foi o principal item de não conformidade encontrado nas amostras analisadas
de óleo diesel, com 36%. “Considero louvável a iniciativa, mas temos um problema sério de qualidade ocasionado pelo biodiesel. E cada vez que vai aumentando a mistura, vamos ficando vulneráveis”, salientou Paulo Miranda. Após a apresentação dos principais dados do Relatório, foi a vez de Ernane Galvêas, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, fazer uma análise sobre o panorama econômico brasileiro. Ele evidenciou o momento difícil pelo qual o país atravessa, em função da combinação da crise econômica e desordem política, e previu um resultado negativo para o PIB em 2016 semelhante ao de 2015, mas com uma ligeira melhora no ano que vem. “Estamos num contexto muito difícil da economia no Brasil, talvez, o pior de nossa Claudio Ferreira
Composto por 13 capítulos, o Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016 traz um panorama completo do mercado de combustíveis
história. Essa dificuldade se aprofundou com a crise política, onde governo federal, estados e municípios estão quebrados. Isso dificulta a solução para a crise econômica”, analisou Galvêas. O presidente de honra da Fecombustíveis e vice-presidente Financeiro da CNC, Gil Siuffo, destacou a questão do atendimento self service no Brasil. Segundo ele, na época em que a revenda brasileira levantou a bandeira contra esse modelo de atendimento, o grupo, liderado por ele na ocasião, foi considerado atrasado e, hoje, países que adotaram o self service, como nos Estados Unidos, estão voltando a contratar frentistas devido à complexidade de operação e diversidade de produtos oferecidos pelo posto de combustíveis. “Quem é o nosso maior vendedor dentro do posto? Imagine o consumidor chegando em nosso estabelecimentoetendoqueescolher entre gasolina comum e aditivada? Como ele vai saber a diferença entre os dois produtos e o melhor para seu carro? Precisamos resolver nossos problemas trabalhistas e sociais, mas não podemos abrir mão dos frentistas”, discursou. O Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016 tem novo design, mais moderno e atraente para facilitar a leitura. Ao longo dos anos, o relatório tornou-se um documento de referência para consulta de especialistas e oferece informações detalhadas para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre o funcionamento da cadeia final dos combustíveis. O Relatório Anual da Revenda de Combustíveis está disponível nas versões português e inglês, no site da Fecombustíveis: http://www.fecombustiveis.org. br/relatorios n Combustíveis & Conveniência • 31
44 MERCADO
Em compasso de espera, e na ansiedade de uma nova injeção de investimentos no setor, motivada pela venda de ativos da Petrobras e por mudanças previstas para a Lei do Gás, agentes econômicos discutem no Gas Summit Latin America 2016 o futuro do setor Por Kelly Lima Quando a Lei do Gás foi publicada, em março de 2009, o Brasil projetava um futuro promissor para sua economia, em especial para o setor energético. Via a crise internacional chegar ao país como “marola” e as perspectivas para o pré-sal apenas crescerem de forma otimista ante cada nova descoberta anunciada pela Petrobras. O caminho suscitava apenas controvérsias sobre como explorar essas riquezas – concessão versus partilha na exploração, por exemplo – e nem o mais pessimista poderia afirmar que o preço do barril do petróleo, que atingira a sua máxima de US$ 140 um ano antes, despencaria abaixo de US$ 40 novamente em menos de uma década. 32 • Combustíveis & Conveniência
Passados sete anos, os primeiros eufóricos e os últimos em apreensão perplexa ante os cenários mundial, nacional, regional e específicos do próprio setor, agentes do segmento reuniram-se no encontro anual do Gas Summit Latin America 2016, nos dias 23 e 24 de junho, no Rio de Janeiro, para debater o futuro próximo. Ambivalentes em detalhes técnicos e com posições políticas e econômicas, ora antagônicas, ora concordantes, todos em uníssono destacaram a expectativa do momento e as mudanças que estão por vir. Fosse uma novela, o setor de gás estaria em seu momento de suspensão, ante as cenas dos próximos capítulos. “Não sei como o Brasil vai viver, e se vai conseguir viver, sem a Petrobras no setor de gás”, afirmou o advogado José Roberto Faveret Cavalcanti, sócio
da Faveret Lampert Advogados, refletindo em parte a pergunta que todos no mercado estão se fazendo hoje, diante do anúncio da estatal de se desfazer de ativos, embora haja evidente euforia por parte de investidores com oportunidades que poderão surgir. No plano de desinvestimentos da companhia, estimado em US$ 14 bilhões neste ano, os principais ativos já em negociação são da área de gás, como terminais de GNL, termoelétricas, participações em distribuidoras estaduais de gás e também em malhas de gasodutos. A empresa já colocou à venda a BR Distribuidora, a Liquigás e, em maio, abriu negociações com a canadense Brookfield para a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS). Também anunciou que pode repassar
Gabriel Andrade
Gás Natural: período de mudanças
alterações na Lei do Gás, antes mesmo da venda da NTS e da TAG, para definir, entre outros pontos, a estrutura tarifária dos gasodutos. Já para a Abegás, as discussões atuais não devem girar em torno da Lei do Gás, mas sim priorizar a infraestrutura nacional, que permitirá a molécula efetivamente chegar ao consumidor final. “De fato, pelo tamanho do Brasil, é frustrante o que avançamos em relação à infraestrutura de transporte do gás natural no país”, refletiu Karine, da Firjan. Estão ainda em voga entre as entidades de classe, conforme estudo divulgado pela Abrace em parceria com a CNI, a defesa da criação de um operador nacional independente para todos os gasodutos; definição de regras para ampliação dos gasodutos e reavaliação dos critérios tarifários vigentes; flexibilização da oferta e da demanda de gás natural, com a criação de um mercado secundário e uma política de estocagem do gás natural; criação de um mercado competitivo de gás natural, com a organização de leilões de compra pelas termelétricas e pelas distribuidoras; e estabelecimento de uma política para a promoção da exploração do gás natural em terra, que
Evento promoveu o debate e a atualização de informações
estimule os investimentos na exploração e na produção. Para o professor do Instituto de Economia da UFRJ e ex-diretor da ANP, Helder Queiroz Pinto Júnior, o ponto chave no setor do gás a ser pensado no atual cenário é um planejamento mais detalhado e não especificamente promover mudanças na Lei do Gás. “A Petrobras sempre foi chamada a atuar no setor por espasmos. Só se tem um bom planejamento, quando se tem definida detalhadamente uma política energética. Afinal, se não se sabe onde se quer chegar, fica difícil planejar. Não é a lei que é um problema em si”, comentou.
Novos rumos Também de olho neste novo cenário que se desenha para o mercado de gás natural no país, a ANP estuda licitar áreas para estocagem do combustível e fazer chamadas públicas para a alocação de capacidade em gasodutos de transporte. “Com a saída da empresa dominante, a Petrobras, estamos migrando para um modelo em que as distribuidoras precisarão comprar gás. Nesse sentido, a estocagem tem importante papel a desempenhar”, defendeu José Gutman, diretor da agência reguladora.
Gabriel Andrade
o controle da Transportadora Associada de Gás (TAG), que detém a infraestrutura de dutos nas regiões Norte e Nordeste. As duas empresas representam 81% de toda a malha em operação da estatal hoje no país. Além da transferência dos ativos da Petrobras, o que dá “arrepios” no setor – seja com viés positivo ou negativo – é a perspectiva de uma revisão da Lei do Gás, praticamente certa de acontecer. “Não há como pensar na saída da Petrobras do setor, sem pensar em uma revisão da Lei do Gás”, comentou Karine Fragoso, gerente de petróleo, gás e indústria naval da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Na visão geral dos players, a necessidade se faz para adequar a legislação atual, desenhada em um cenário de monopólio da estatal, para o novo cenário, que deverá ter o predomínio de agentes privados. Atento a essa necessidade de mudança, o Ministério de Minas e Energia (MME) do governo interino ampliou o grupo de trabalho, criado em 2015, para “avaliar os impactos sobre a concorrência, a regulação e as políticas públicas do processo de desinvestimento da Petrobras em atividades com características de monopólio natural”. Estão sendo chamados para compor o grupo técnicos da ANP, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). Entre as entidades de classe, a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) defende que o grupo de trabalho do MME realize as
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44 MERCADO A ideia, explica o diretor, é licitar campos maduros já devolvidos ou que venham a ser para que possam abrigar os reservatórios. Já no segundo semestre serão disponibilizadas à análise do mercado áreas localizadas em bacias no Nordeste e também no Sudeste. Projeto-piloto para estocagem vem sendo desenvolvido na Bahia, com investimentos de R$ 100 milhões. “A consulta servirá para que posamos avaliar o ‘apetite’ do mercado e o perfil da empresa que tem interesse por esse tipo de negócio”, explicou. Após a
manifestação de interesse por parte da empresa, a reguladora encaminhará as áreas para que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) realize o leilão. Já a chamada pública para alocar a capacidade dos gasodutos de transporte, segundo a especialista em regulação de gás natural da ANP, Melissa Mathias, trata do acesso à capacidade ociosa, observado o período de exclusividade para exploração da capacidade contratada dos novos gasodutos de transporte. “Temos visto muitos criticando que vamos sair de um monopólio estatal para um mono-
pólio privado, mas é preciso ficar claro que a atividade de transporte sempre vai ser monopólio porque, do ponto de vista econômico e de mercado, a competitividade não é a estrutura mais eficiente neste caso”, comentou Melissa, lembrando que o regulador tem que ter uma atuação mais efetiva neste caso, garantindo que o investimento tenha retorno econômico sem esquecer a modicidade tarifária. “O regulador vai buscar uma tarifa justa que remunere o investimento, mas garanta para o consumidor, neste caso o carregador do gás, a tarifa mais justa possível”, explicou.
uma alternativa em relação aos demais combustíveis. “Hoje, a tendência é de que o GNV seja um combustível de transição até a entrada da eletrificação de transporte, ou seja, de veículos elétricos, até mesmo para veículos pesados”, disse. De acordo com Kropsch, atualmente, os motores desenvolvidos para o uso do gás natural em caminhões e demais veículos pesados são amplamente utilizados nos Estados Unidos. Com a evolução tecnológica, tais motores, afirmou o diretor, têm eficiência energética e potência equivalente ao do diesel. Muito embora, a utilização do GNV em veículos pesados tenha restrições. “O uso de 100% de gás natural não é para todo mundo, tem que ter um regime constante de rotação para ter maior aproveitamento e o equipamento ainda é caro. No mercado norte-americano, o transporte
pesado a gás é uma realidade e é 100% gás”, disse. Kropsch também apresentou opções de motores de veículos pesados que utilizam 100% gás biometano. Ele exemplificou que, nas frotas de caminhões de uma usina de cana-de-açúçar, pode-se substituir o diesel pelo gás para transporte, o que constitui vantagem já que o diesel é o segundo item de maior custo de uma usina. Na área agrícola, o uso do gás biometano pode ser usado em colheitadeiras, sendo mais uma opção de diversificação de combustíveis. No Brasil, as possibilidades de produção do gás biometano são amplas pela diversidade de fontes e matérias-primas, de acordo com o palestrante, e pode quebrar as barreiras da distribuição do gás, com o abastecimento em diferentes regiões do país, em locais onde o GNV hoje não chega. n
GNV em pesados Por Mônica Serrano O gás natural veicular (GNV) era visto há 30 anos como o combustível do futuro. Só que o tempo passou, o futuro se tornou presente e o GNV no país, por falta de incentivo de políticas públicas e rede limitada de gasodutos, não acompanhou o crescimento dos demais combustíveis, inclusive, tem acumulado queda de crescimento nos últimos anos. Porém, este cenário pode começar a mudar, segundo Gabriel Kropsch, diretor da Acesa Energia, que conduziu o painel sobre o potencial de mercado do GNV. Com a crise econômica, o aumento de preços da gasolina e as oscilações de preços do etanol abriu-se espaço para o aumento da competitividade do GNV. Na região Sudeste, a vantagem de preço do gás natural ante a gasolina chega a ser de 60%. E o GNV tem sido visto como 34 • Combustíveis & Conveniência
OPINIÃO 44 Adão Oliveira 4 Vice-presidente da Fecombustíveis
Desafios inadiáveis pela frente
da economia. E, claro, A crise econômica brasileira, para alguns reduzir, e não aumentar, especialistas, se assemelha à de 1929 que afetou a carga tributária e a a economia norte-americana e provocou estragos burocracia que inviapelo mundo de então, e já é a mais grave da história da república brasileira e haverá de cobrar o seu bilizam novos investimentos e tornam os atuais preço para ser debelada. E esse preço não será com baixa produtividade e sem poder de manter barato de forma alguma. e ganhar novos mercados. Dados mais recentes de institutos de pesquisa, Hoje, o setor de serviços, que em tempos de reconhecidos aqui e lá fora, apontam que a renda crise servia, e serve, como válvula de escape das média do brasileiro caiu a níveis de cinco anos modernas economias, acusou duramente o golpe e atrás na esteira das trapalhadas fiscais do governo. se retraiu como nunca na história recente de nossa Mesmo tendo uma lei que regula a administração realidade econômica. Aliado a tudo isso é forçoso financeira dos entes governamentais no Brasil — a reconhecer que o setor de educação precisa, como chamada Lei de Responsanunca, de uma grande sacudida, seja na absorção bilidade Fiscal —, nossos de um contingente enorme agentes públicos ignoraram O Brasil tem sido relapso com sua de pessoas que estão fora as regras olimpicamente educação e isso já tem sido uma dele ou desestimuladas a se e nos colocaram em uma grande causa de nossa perda de educar, seja na melhora na encrenca institucional e importância nos mercados mundiais. qualificação do ensino em econômica das mais sérias Precisamos recuperar o tempo e a todos os níveis. e agudas de nossa história. As sociedades contemSerá preciso muito suor e láfatia dos mercados que perdemos grimas ainda, mas, sobretudo, porâneas, com os avanços seriedade, responsabilidade tecnológicos e científicos e disposição, mais sacrifício e a elevada competição de todos nós para superar as dificuldades. dos mercados diante da globalização inexorável, Evidentemente que há certos parâmetros que exigem um trabalhador afinado com a evolução serão indispensáveis seguir para, enfim, colocar do conhecimento. O Brasil tem sido relapso com a economia nos trilhos de uma nova fase de sua educação e isso já tem sido uma grande caudesenvolvimento e prosperidade. A começar por sa de nossa perda de importância nos mercados políticas e ações que restituam a confiança dos mundiais. Precisamos recuperar o tempo e a fatia investidores no governo, sejam eles nacionais ou dos mercados que perdemos. estrangeiros. Atingimos igualmente uma das mais No meio disso tudo, é indispensável que avanbaixas taxas de investimentos da era recente. E cem as reformas previdenciária e trabalhista. Não só restabelecendo esses níveis de investimentos que sejam tratadas com o intuito de agredir direitos poderemos sair do fundo do poço. Retornar as sociais dos trabalhadores, mas para adaptar os dois taxas de investimentos em níveis saudáveis sigsetores aos tempos de crise que vivemos e que exigem o esforço de todos nós, indistintamente, nifica não somente recuperar a confiança dos empresários e trabalhadores privados ou da área investidores e equilibrar as contas públicas, mas pública. São, pois, desafios enormes colocados edificar uma série de medidas como a redução dos diante da sociedade brasileira. juros que afastam investidores do setor produtivo
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44 NA PRÁTICA
Na malha fina Fiscais do Ministério do Trabalho estão intensificando as ações nos postos revendedores para cobrar o cumprimento de normas relativas à saúde e segurança do trabalhador, principalmente a NR-20. Saiba como se prevenir Por Gisele de Oliveira
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Um dos setores mais fiscalizados do país, a revenda de combustíveis tem como rotina receber fiscais dos mais diferentes órgãos do país. Nos últimos meses, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) passou a monitorar com mais assiduidade os postos de combustíveis, aumentando a periodicidade das ações de fiscalização em diferentes regiões do país. Por isso, é fundamental que o revendedor tenha maior controle sobre o cumprimento das regras e redobre os cuidados no posto com relação às normas de segurança do trabalho para evitar infrações, principalmente com a Norma Reguladora 20 (NR-20), cujas multas somadas em diversos itens podem chegar a R$ 250 mil. Além disso, em tempos de crise, o governo precisa fechar as contas públicas e intensificar as fiscalizações tem sido um meio para aumentar a arrecadação com a aplicação de multas junto aos empreendedores desatentos. Recentemente, postos de combustíveis de Mato Grosso
do Sul foram notificados pelo MTE pelo descumprimento de uma série de itens relacionados à NR-20 e outras normas regulamentadoras que também são pertinentes ao setor de revenda de combustíveis (veja box). No caso da NR-20, o termo de notificação coletiva relacionou itens como elaboração e implementação de Análise Preliminar de Perigo/ Risco (APP/APR), elaboração de projeto de instalação e de procedimentos operacionais para eliminar ou minimizar a emissão de vapores e gases inflamáveis, realização periódica de inspeção de segurança nos tanques de combustíveis e instalação de sinalização sobre a proibição do uso de fontes de ignição nas áreas sujeitas à existência e/ou formação de atmosferas explosivas ou misturas inflamáveis. Em Minas Gerais, outro revendedor foi notificado por descumprir regras da NR-20. Neste caso, as autuações incluíram itens como identificação dos responsáveis pelo plano de manutenção e inspeção, ausência da ficha de informação de segurança dos
produtos inflamáveis, comprovação de treinamento de curso de integração, plano de resposta à emergência, entre outros. Vale ressaltar que a Fecombustíveis, em parceria com seus Sindicatos Filiados, realizou amplo e intenso trabalho de divulgação à época da publicação da NR-20, divulgou materiais informativos como o guia, a cartilha e o vídeo, disponíveis no site (www.fecombustiveis.org.br), com o intuito de auxiliar os revendedores a
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se adequarem às novas normas. Entre as iniciativas, a entidade elaborou um guia de referência para implementação da norma regulamentadora, promoveu cursos de capacitação para os Sindicatos Filiados e elaborou uma cartilha específica sobre os riscos e perigos nos postos de combustíveis e procedimentos a serem adotados em situações de emergências. Todos os materiais desenvolvidos foram distribuídos nas cinco regiões do país. Mas não pense que esses casos ficaram presos somente ao cumprimento da NR-20. As notificações também identificaram o não atendimento a outras normas regulamentadoras referentes à saúde e segurança do trabalho, como a NR-10, NR-07 e NR-23, por exemplo. Essas normas, assim como regras previstas na própria Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), devem ser observadas e cumpridas por todo e qualquer empregador,
inclusive os donos de postos de combustíveis. São documentos conhecidos como “documentos básicos para a fiscalização” e devem ser mantidos no local de trabalho. Entre eles estão o Livro de Inspeção do Trabalho, Livro de Registro dos Empregados, Livro de Atas da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). No entanto, embora grande parte das ações esteja se concentrando no cumprimento das normas previstas na NR-20, o consultor jurídico para a área trabalhista da Fecombustíveis, Klaiston Soares D’Miranda, alerta para alguns casos pontuais de excesso na fiscalização, onde revendedores estão sendo cobrados pelo fornecimento de máscara aos funcionários e a realização de exames do ácido trans, trans-mucônico com base no benzeno. “Qualquer exigência que toma como base o benzeno não tem previsão legal. Além disso, não existe comprovação de que o benzeno é um agente insalubre, sem que seja realizada uma avaliação prévia em cada posto, com medições qualitativas e quantitativas”, afirmou Soares. Já Carlos Eduardo Ferreira Domingues, coordenador nacional da Comissão Nacional Permanente de Benzeno (CNPBz) e auditor fiscal do trabalho do MTE, diz que, embora não haja regulamentação específica sobre o benzeno para postos
Atenção! A legislação do MTE prevê multas a serem aplicadas para cada item não atendido de acordo com as NRs em vigor. O valor leva em consideração o número de empregados do estabelecimento, sua gravidade e a se a infração é reincidente. Em situações graves ou de iminente risco ao trabalhador, o fiscal poderá interditar o setor onde foi detectada a irregularidade ou fechar todo o estabelecimento. de combustíveis, o fiscal pode basear sua autuação em outros itens de normas regulamentadoras vigentes, desde que entenda que há relação com o hidrocarboneto. “Temos a informação de que alguns termos de notificação e autos de infração foram lavrados em postos de combustíveis com base na NR-09 e na NR-20 em irregularidades relacionadas à exposição ocupacional ao benzeno. Essas normas não abordam especificamente o agente benzeno, mas podem ser utilizadas como suporte legal”, explicou Domingues. Atualmente, não existe uma regulamentação específica sobre o tema para o setor de combustíveis. A atual legislação, estabelecida pelo Acordo Nacional do Benzeno, de 28 de setembro de 1995, prevê regras somente para “empresas que produzem, transportam armazenam, utilizam ou manipulam benzeno e suas misturas líquidas contendo 1% ou mais em volume”. No acordo, porém, fica claro que tais regras não se aplicam às atividades de armazenamento, transporte, distribuição, venda e Combustíveis & Conveniência • 37
44 NA PRÁTICA uso de combustíveis derivados de petróleo (caso da revenda), que deverão ter regulamentação própria. Neste sentido, foi criada, em 2011, uma subcomissão tripartite, envolvendo representantes dos trabalhadores, do governo e dos empregadores (Fecombustíveis e Sindicom), com o objetivo de apresentar propostas de melhoria nas condições de saúde e segurança dos trabalhadores com relação à
exposição ocupacional ao benzeno. De acordo com José Antonio Rocha, representante da Fecombustíveis na subcomissão, os trabalhos estão em estágio avançado e, em breve, deverão ser divulgadas novas orientações a serem observadas pelos revendedores. Enquanto essas novas regras não entram em vigor, a orientação do advogado Klaiston Soares é para que, durante a fiscalização,
os revendedores só entreguem a documentação solicitada quando houver previsão legal, ou seja, regulamentações vigentes no setor. Para se prevenir de autuações, a sugestão é contratar engenheiros ou empresas especializadas em segurança e saúde do trabalhador para elaborar e fazer cumprir as exigências das normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
PARA LEMBRAR Saiba quais são as normas regulamentadoras relativas à saúde e segurança do trabalho: NR-01 – Disposições Gerais: Exige a elaboração de ordens de serviço sobre saúde e segurança no trabalho; NR-05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa): Exige que o posto constitua uma comissão interna, com representante do empregador e dos empregados;
NR-17 – Ergonômica: Todas as empresas devem possuir laudo ergonômico contemplando todas as atividades realizadas pelos funcionários; NR-20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis: Todos os itens desta norma devem ser cumpridos pois estão enquadrados no grupo de armazenamento e comercialização de produtos combustíveis e inflamáveis;
NR-06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI): O empregador deve fornecer ao funcionário os EPIs necessários para realizar suas atividades e oferecer treinamento;
NR-23 – Proteção contra incêndio: Monitoramento dos equipamentos disponíveis quanto à manutenção, instalações adequadas e, principalmente, treinamento aos funcionários quanto ao uso correto dos mesmos, além de instruções técnicas dos Corpos de Bombeiros;
NR-07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): Prevê todo o controle e posterior monitoramento das condições de saúde dos funcionários relacionadas a sua vida laboral;
NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho: Exige ambiente adequado, como instalações sanitárias, vestiários etc. para apoio dos funcionários em suas necessidades básicas;
NR-09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Inclui etapas como identificação dos riscos existentes nos ambientes de trabalho e indicação de medidas de controle;
NR-25 – Resíduos industriais: Complementa a própria legislação ambiental, em que são exigidos os cumprimentos dos postos quanto ao gerenciamento e destinação final adequada de resíduos;
NR-10 – Segurança em instalações e serviços de eletricidade: Determina que as empresas disponham de laudo técnico das instalações elétricas;
NR-26 – Sinalização de segurança: Prevê a manutenção de comunicação visual quanto à educação, conscientização e alerta de riscos existentes nos postos;
NR-12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos: Inclui orientações técnicas de proteção, manutenção e controle de riscos de máquinas e equipamentos; NR-13 – Caldeira e vasos de pressão: Compressores e extintores existentes nos postos revendedores se enquadram nesta norma; 38 • Combustíveis & Conveniência
NR-35 – Trabalho em altura: Estabelece medidas preventivas para todo e qualquer trabalho realizado acima de 2 metros de altura, com risco de queda. No caso do posto, um destes trabalhos é a coleta da amostra-testemunha no caminhão-tanque no momento da entrega dos combustíveis. n
OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich4 Consultor jurídico da Fecombustíveis
Preços dos combustíveis com três dígitos Infelizmente, no Na última reunião de advogados dos Sindicatos Brasil é comum políFiliados à Fecombustíveis um dos temas da pauta foi “Leis municipais que limitam a exposição dos ticos se promoverem preços dos combustíveis pelos postos a dois dígipor meio de leis que tenham repercussão e tos”, justamente quando foi sancionada no Paraná transmitam a impresa Lei 18.782 no mesmo sentido. É lamentável que vereadores e também são de defesa dos consumidores, mesmo que a deputados apresentem projetos de lei com esse lei seja em seguida revogada, tornada sem efeito conteúdo e pior ainda é que alguns são aprovados pelo desuso, falta de regulamentação, fiscalização e convertidos em lei. deficiente ou mesmo julgada inconstitucional. Como é que não sabem que é de competência Cabe registrar que toda a cadeia do setor de exclusiva da ANP regular as atividades relativas ao combustíveis trabalha com as três casas deciabastecimento nacional de combustíveis, de acordo mais. E que, na compra feita pelo consumidor, com a Lei Federal 9.847/99. E que a atividade de o valor total a ser pago considera apenas duas revenda varejista de combustíveis automotivos é casas decimais, desprezando-se a terceira. Ou regulamentada através da seja, sem arredondamento Resolução ANP 41/2013, na para cima, pelo que não há qual existe regra específica prejuízo ao consumidor ou Se existe uma Resolução da ANP sobre a precificação dos cobrança indevida. que determina que o preços combustíveis. Confira-se: Portanto, caso o revendos combustíveis deverão ser “Art. 20. Os preços por dedor leitor esteja estabeexpressos com três casas decimais, litro de todos os combustíveis lecido em um local no qual não tem cabimento que uma lei automotivos comercializavigore uma lei que limite em duas casas decimais os dos deverão ser expressos municipal ou estadual venha a preços dos combustíveis, com três casas decimais limitar a exposição dos preços dos a minha orientação é que no painel de preços e nas combustíveis a dois dígitos o posto deve continuar a bombas medidoras. cumprir a Resolução ANP Parágrafo único. Na 41/2103, que determina compra feita pelo consumidor, que os preços por litro dos combustíveis deverão o valor total a ser pago resultará da multiplicação do ser expressos com três casas decimais no painel preço por litro de combustível pelo volume total de de preços e nas bombas medidoras, sob pena de litros adquiridos, considerando-se apenas 2 (duas) estar sujeito a penalidade de multa de, no mínimo, casas decimais, desprezando-se as demais.” R$ 5 mil pela ANP. Ora, se existe uma Resolução da ANP que A boa notícia é que no Rio Grande do Sul existe determina que o preços dos combustíveis deverão uma lei dessa natureza, de autoria de um deputado ser expressos com três casas decimais, não tem que teve, recentemente, seu mandato cassado cabimento que uma lei municipal ou estadual venha pela Assembleia Legislativa. O Sulpetro tomou a limitar a exposição dos preços dos combustíveis a conhecimento de fiscalização da lei apenas pelo dois dígitos, porque, neste caso, estamos diante de Procon/Canoas. E a situação foi resolvida através um conflito direto entre normas jurídicas, criando de um ofício detalhando a situação, o conflito direto um ambiente de insegurança jurídica ao revendedor com a norma da ANP e a injustiça de penalizar o de combustíveis que, para cumprir uma norma, revendedor que fica entre a cruz e a espada. deve, inevitavelmente, descumprir a outra.
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44 REPORTAGEM DE CAPA Em momentos de crise, o melhor a ser feito é ter foco na disciplina e no planejamento sobre as receitas e despesas para manter o caixa equilibrado para os períodos de venda baixo
Aprendendo com a crise As incertezas envolvendo a economia e política do Brasil continuam trazendo danos aos empresários, que se mantêm pessimistas em relação ao futuro do país. No entanto, há quem diga que o momento pode ser uma boa oportunidade para tornar o negócio mais forte no longo prazo Por Gisele de Oliveira O segundo semestre do ano já começou e as expectativas do mercado para melhoria do cenário econômico brasileiro permanecem inalterados. Mesmo com o afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República por 180 dias, o panorama econômico continua incerto. Apesar de o governo interino anunciar medidas fiscais para contornar a crise, a insegurança de empresários e da população sobre os rumos do país continuam. “A mudança de governo causou uma pequena sensação 40 • Combustíveis & Conveniência
de alívio, mas ainda não conseguimos estabilizar o ambiente político do qual dependem as medidas econômicas para que o país possa reverter essa curva de descida. Como esta é uma crise descomunal, todas as atividades econômicas no país foram afetadas e o varejo não podia ficar de fora. No entanto, dada a multiplicidade de áreas nas quais atua, nem todos os segmentos do varejo foram afetados de maneira homogênea. O varejo de medicamentos foi um dos menos afetados. Na outra ponta, eletroeletrônicos e materiais de construção tiveram
as maiores quedas”, observou o consultor Nelson Barrizzelli, especialista em marketing de varejo e PhD em Economia, que prevê mais três ou quatro anos para a recuperação da economia. Em abril, o volume de vendas do varejo teve retração de 6,7% na comparação com o mesmo mês de 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No setor de combustíveis e lubrificantes, a pesquisa mensal do comércio publicada pelo IBGE também mostrou números negativos em abril na comparação com o ano anterior. As vendas do grupo caíram 10,8% no período de
tégico de Marketing da Fundação Getulio Vargas (FGV) e diretor da consultoria Canal Vertical. Ou seja, embora seja simples e de retorno imediato, no longo prazo, a alternativa pode não trazer o resultado esperado e transformar o posto num ambiente sem muito valor agregado aos olhos do consumidor. Isso sem contar que, em um momento de crise pela qual o país atravessa, oferecer muitos descontos e praticar preços muito abaixo do mercado podem trazer desequilíbrio concorrencial para todo o setor. Este é um dos problemas que o revendedor Walfredo Santana Nascimento, da Bahia, vem enfrentando. Com três postos localizados junto ao polo industrial de Camaçari, o empreendedor diz que muitos concorrentes têm reduzido o preço, oferecendo descontos, para atrair os clientes, porém, sem muito sucesso. “O problema é que as pessoas estão se retraindo, cortando gastos, e isso reflete nas vendas de combustíveis. Aí um revendedor vai lá e baixa seu preço para
trazer o cliente de volta, o outro vê e reduz o seu também. Isso gera prejuízo na certa porque as contas no final do mês precisam fechar e essa postura não vai aumentar o fluxo de clientes no posto”, refletiu. Ele conta que, para manter seu negócio em meio à concorrência acirrada, tem investido no atendimento ao cliente. Está sempre em reuniões com a equipe para incentivá-los a oferecer um melhor atendimento. Já com grandes clientes, tem feito negociações mais flexíveis para não perder a clientela. Por enquanto, segundo Nascimento, esta iniciativa tem surtido efeito e ele ainda não precisou mexer no quadro de funcionários. Ação parecida adotou João Carlos Gama Cox, de Alagoas. Proprietário de dois postos em Maceió, o empreendedor também escolheu o atendimento ao cliente como arma para enfrentar a crise. Ele explica que realiza treinamento junto aos funcionários – atualmente, são 34 no total –, reforçando a busca incessante
Agência Petrobras
comparação. Já a comercialização de combustíveis, considerando apenas gasolina, etanol e diesel, registrou queda de 3,5% de janeiro a maio deste ano em relação ao mesmo período de 2015, segundo dados divulgados pela ANP. Como no curto prazo não é possível enxergar bons ventos para a economia, o negócio é se adaptar à nova realidade de mercado para sobreviver ao período de vacas magras. E é o que muitos revendedores do país têm feito, indo em busca de alternativas para enfrentar o momento ruim. E a palavra de ordem para manter as portas abertas é planejamento e disciplina. De acordo com especialistas, nesse momento, não há muito o que inventar para sobreviver à crise, mas redobrar a atenção e cuidados com o caixa e manter uma boa equipe de funcionários são medidas fundamentais para que o negócio continue funcionando. “Quando a situação começa a apertar, muitos empresários pensam logo em realizar promoções e conceder descontos ao consumidor. Não há mal nenhum em promover esse tipo de ação, o problema é quando se faz muito; o consumidor se acostuma com essa situação e enxerga o local que só dá promoção. Além disso, os fornecedores de produtos também começam a oferecer certa resistência a estabelecimentos que fazem uso desse recurso constantemente”, alertou Roberto Kanter, professor de Marketing de Varejo e Planejamento Estra-
As vendas de combustíveis nos postos de todo o país caíram ao longo de 2015 e mantêm tendência de queda em 2016, fruto do efeito do aprofundamento das crises econômica e política Combustíveis & Conveniência • 41
pela eficiência e rapidez. Ainda assim, não foi possível manter todo o quadro, que inicialmente era de 40 funcionários, já que as vendas de combustíveis vêm caindo mês a mês. Nos meses de março e abril, quando começou a sentir os impactos com mais força em seu negócio, as vendas registraram queda de 30%, segundo Cox. Em maio, o recuo foi de 35%. “A gente tem se virado como pode, mas ainda vemos a situação de maneira bastante delicada. Além disso, por causa da crise, cada vez mais, as pessoas estão deixando seus carros em casa e não aderem às promoções. Tanto que mexemos no preço para atrair os clientes e não percebemos nenhuma melhora no comportamento”, disse. O revendedor se diz preocupado com o futuro do negócio, tanto em relação às incertezas do país, como também com os altos custos trabalhistas e sociais. “Quem possui posto com baixa galonagem, não consegue sobreviver nesse período de crise.”
Renato Araújo/ABr
44 REPORTAGEM DE CAPA
Foco no caixa No entanto, para Nelson Barrizzelli, é primordial que, em tempos mais críticos como os de agora, os empresários deem prioridade ao caixa, mantendo uma reserva de recursos que permita passar por um longo período de queda nas vendas e de lucro. Ou seja, as empresas como um todo, e isso inclui a revenda, não podem ter dívidas. Além disso, os custos fixos devem ser mantidos sob controle. Isso permitirá que, mesmo com as vendas em queda, o negócio continuará a ter lucro. “Não há fórmulas mágicas. Em momentos de crise, sobrevivem aquelas que, durante os 42 • Combustíveis & Conveniência
tempos de abundância, tiveram uma excelente gestão”, afirmou o consultor. O Auto Posto Ouro Verde, localizado em Foz do Iguaçu (PR), há três anos começou a realizar campanhas de marketing para atrair clientes. A mais bem-sucedida delas foi a criação de um gibi, com dicas de manutenção básica dos veículos, distribuído gratuitamente aos clientes que paravam no posto para abastecer. O diferencial do informativo, de seis páginas, estava no quadro a ser preenchido com 16 selos, recebidos a cada R$ 50 gastos
com combustíveis, que dava direito a um prêmio. “Foi uma estratégia adotada pelo posto para fidelizar o cliente e tivemos bons resultados com a ação. Tanto que nossas vendas aumentaram em 15%”, lembrou Ronaldo Clemente da Silva, gerente do posto. Além disso, não foi só a distribuição gratuita do gibi que contribuiu para melhorar as vendas no posto, mas também contar com uma boa equipe e uma boa prestação de serviços ao cliente. Agora, com a crise, por conta do alto custo para produzir o gibi, a circulação dos informativos
Uma opção rápida e inicialmente de baixo custo é investir no atendimento ao cliente, mantendo um quadro de funcionários capacitados e comprometidos com o trabalho
caiu e, em 2016, somente uma edição deve ser distribuída no final do ano. Como resultado da adoção de estratégias de gestão feitas no passado, Clemente afirma que a crise ainda não chegou no posto, em funcionamento há 13 anos em Foz do Iguaçu. Fabiane Montagner, sócia-proprietária do Posto Paradão, em Guarantã do Norte (MT), também tem sentido pouco os efeitos das crises econômica e política, mas por outro motivo. Já na divisa com o estado do Pará, o posto tem se beneficiado da
Transamazônica, que aumentou o tráfego de veículos na região em função do maior movimento do transporte de grãos – único setor da economia brasileira que ainda apresentava indicadores positivos. Com isso, as vendas de combustíveis têm se mantido equilibradas, puxadas, principalmente, pelo maior consumo de óleo diesel. Em maio, segundo Fabiane, o consumo de diesel subiu 37%, enquanto que gasolina e etanol registraram queda de 3% e 8%, respectivamente. Mas nem sempre foi assim. O empreendimento está se reerguendo após o pedido de recuperação judicial fruto justamente de uma administração malfeita. Na época, o negócio se afundou em dívidas com calotes de clientes que costumavam abastecer no posto. Hoje, com a adoção de um planejamento rigoroso e muita disciplina para manter as despesas fixas em dia, os sócios respiram aliviados e se mostram bem mais otimistas com relação ao futuro, mesmo nesse período de crise. Entre as ações implantadas para recuperar o posto, a revendedora destaca o fim das vendas fiado para clientes, não aceita mais cheques, não trabalha mais com a carta-frete e nem participa de contratos do setor público. “Quando não há planejamento, você vai tirando recurso de onde considera não ser prioridade e aí vira o caos. Essa experiência serviu de aprendizado para que pudéssemos enfrentar o período de agora mais conscientes sobre o negócio”, afirmou. Outro revendedor que também aposta no bom planejamento para atravessar a crise é Roberto Carlos Balbuena, de Foz do Iguaçu (PR). Por estar
numa localização de fronteira (o município faz fronteira com Argentina e Paraguai), ele conta que tem adotado uma gestão bem definida nos dois postos que possui, com controle maior sobre as despesas e receitas para a conta fechar no final do mês, já que tem evitado repassar as altas de custos inerentes ao negócio para o preço final. Além disso, para evitar cortes na equipe, reduziu o horário de funcionamento dos postos durante a semana e tem fechado os estabelecimentos aos domingos. “Mas estamos bastante otimistas, já passamos por crises parecidas na fronteira. Acredito que há momentos bons e agora estamos passando por uma fase ruim. Se você sabe lidar, consegue superar o momento de dificuldade”, analisou.
Diversificação de serviços Nos postos de rodovia, a situação também não tem sido fácil. O recuo da produção industrial, os altos custos financeiros e a política cambial afetaram diretamente o transporte rodoviário, que, consequentemente, atingiram em cheio os estabelecimentos às margens das rodovias. É o caso do posto Sakamoto, localizado na rodovia Presidente Dutra, em Guarulhos (SP). De acordo com Wilson Motta, gerente do posto, nos últimos dois anos, a queda no volume de vendas ficou em torno de 20%. E o resultado só não foi pior em função do bom desempenho da filial do posto no sentido Rio-São Paulo, que foi impactada positivamente pelo crescimento da região com a entrada de diversas empresas. Para tentar evitar quedas maiores nas vendas, o gerente conta que o posto investiu na ampliação e modernização do Combustíveis & Conveniência • 43
44 REPORTAGEM DE CAPA
Fornecedores de equipamentos também sofrem N ão foi só a revenda de combustíveis que vem sofrendo com a desaceleração da economia e aprofundamento das crises econômica e política do país. Os fornecedores de equipamentos que atuam no setor também estão sendo impactados pelo atual momento. “Antes mesmo do início deste ano, já estávamos com problemas e a crise agravou ainda mais a situação. O fato é que, no geral, os números mudaram muito com a Petrobras como ponto central”, disse Sérgio Cintra, gerente na Metalsinter, contando que as consultas e solicitações de orçamentos caíram ao longo do ano passado. Ainda assim, a empresa tem conseguido fechar pedidos e manter sua meta de faturamento, que é de crescimento de 5% nos próximos três anos. O mesmo ocorreu com a Leone Equipamentos. De acordo com Rafael Galea, gerente de Marketing e Atendimento da empresa, houve uma mudança de comportamento de compras, aumentando o tempo para definição de investimentos em novos negócios ou de maior porte. Porém, a empresa registrou aumento na quantidade de vendas de reposição de equipamentos e itens do dia a dia, como bicos, mangueiras e demais acessórios para a pista, e de manutenção. Ele contou ainda que muitos clientes estão aproveitando o momento para fazer a adequação ambiental do posto, como equipamentos para reúso de água, por exemplo. “Gera investimento para o setor, já que permite grande redução nos custos da lavagem ao revendedor, com o reaproveitamento de aproximadamente 90% da água”, observou Galea. Paulo Pereira
estacionamento e na melhora da estrutura de atendimento. Além disso, foi criado um programa de fidelidade, chamado Clube da Estrada, que oferece uma área de lazer, que inclui mesas para jogos, salas de TV, cursos, barbearia e lan house, para os caminhoneiros que utilizam o estacionamento. E não para por aí, em breve, o posto vai inaugurar em seu espaço uma franquia do Mc Donald’s para atrair ainda mais clientes. Com a oferta de novos serviços, além do abastecimento de combustíveis propriamente, tem trazido mais respaldo ao negócio do revendedor pela diversificação da fonte de renda, além de agregar valor ao espaço. No entanto, são poucos os postos que oferecem outras opções de serviços, como trocas de óleo e lojas de conveniência. “Vejo o espaço do posto de combustível muito mal explorado, não tem limpeza e um serviço de qualidade para troca de óleo, não são bem equipados. Minha visão é de que é a maioria dos empreendedores ainda têm uma postura conservadora e arcaica sobre o negócio. Por exemplo, não há preocupação em estudar o cliente, saber qual é o perfil do consumidor que visita seu estabelecimento”, destacou Roberto Kanter, da FGV. Nelson Barrizzelli avalia que poucas revendas de combustíveis são capazes de aproveitar bem o potencial do espaço disponível para vender mais. Ele lembra que, em países desenvolvidos, as lojas de conveniência, por Especialistas afirmam que boas lojas de conveniência são diferencial para gerar tráfego no espaço do posto e gerar mais receitas em períodos de vendas menores de combustíveis
44 • Combustíveis & Conveniência
exemplo, são consideradas uma excelente oportunidade para aumentar a receita, já que elas geram tráfego de pessoas no ambiente do posto. “Poucas revendas aproveitam o potencial que possuem. Geralmente, a briga se dá por preço. Mas quando alguém baixa o preço, o concorrente pode segui-lo no momento seguinte e isso deixa de ser uma vantagem competitiva saudável. As lojas de conveniência são uma excelente oportunidade para quem deseja
aumentar suas vendas e gerar mais receita.” Atualmente, no Brasil, existem 7.366 lojas de conveniência, segundo números divulgados pelo Sindicom em seu Relatório Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência 2016. O número é considerado pequeno levando em conta as dimensões continentais do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem mais de 154 mil lojas de conveniência, sendo que mais de 124 mil vendem combustíveis, de acordo com o
Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2016, lançado em junho pela Fecombustíveis. “No Brasil, esse negócio não foi para a frente. O número é pequeno e as boas lojas de conveniência são em número menor”, comparou Barrizzeli, acrescentando que o revendedor poderia explorar o espaço do posto com lojas de conveniência, mas não ficar à frente da gestão, já que são negócios diferentes e requerem pessoas especializadas para gerenciar esse tipo de serviço.
Os efeitos da crise nas distribuidoras No setor de distribuição, o cenário para 2016 é dos mais desafiadores. Com a redução na demanda de combustíveis e aumento de custos em função da crise econômica, as distribuidoras têm sentido os efeitos da desaceleração da economia e cada uma tem adotado estratégias diferentes para sobreviver ao período. A Ipiranga, por exemplo, que em meados de junho anunciou a aquisição de 100% da rede de postos ALE, optou por manter sua estratégia de expansão no mercado e modernização da sua rede de distribuição e franquias am/pm e Jet Oil, com foco nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Para isso, a companhia planeja investir R$ 887 milhões, que também serão destinados para a instalação de novos centros de distribuição para atender as lojas de conveniência e na ampliação de infraestrutura logística para acompanhar seu crescimento. “Temos sentido os impactos, porém, menos em virtude de nossa estratégia de diferenciação e inovação. Isso permite que a empresa
venha apresentando resultados em linha com o esperado”, disse a companhia, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa. As vendas no Ciclo Otto da companhia caíram 5% no primeiro trimestre do ano na comparação com 2015, reflexo do atual cenário econômico. Já as vendas de diesel registram queda de 1% no período. Por outro lado, o desempenho das vendas não refletiu na receita líquida da Ipiranga, que, no primeiro trimestre, totalizou R$ 17 bilhões, um aumento de 12% se comparado com o mesmo período do ano anterior. Já a Raízen e BR Distribuidora preferiram rever seus planos e otimizar processos para enfrentar o período de vendas menores. “Sentimos a queda de demanda e as perdas com inadimplência, aumento de capital de giro e despesas financeiras, mas, por outro lado, nossos produtos diferenciados, estratégia de suprimentos e investimentos em logística têm se mostrado diferenciais importantes. Esse conjunto vem nos ajudando
a equilibrar as contas”, destacou Leonardo Pontes, vice-presidente executivo comercial da Raízen. No caso da BR, a companhia se reestruturou para otimizar custos e processos para buscar o equilíbrio diante do novo cenário econômico. Até maio, a distribuidora registrou perda de 3,9% no volume de vendas de diesel na comparação com o mesmo período de 2015; enquanto que o consumo no Ciclo Otto caiu 1,2%. “A superação dos desafios exige uma mudança de postura de todos os agentes do mercado, buscando sempre a eficiência”, disse Thomaz Lucchini Coutinho, diretor da Rede de Postos de Serviço da BR. “Essa mudança é natural e necessária na atual conjuntura e acreditamos que o momento deve ser aproveitado como oportunidade para o aprendizado.” Para este ano, a BR vai investir R$ 1 bilhão na manutenção e expansão da rede de postos e ampliar o número de lojas BR Mania e Lubrax+. n Combustíveis & Conveniência • 45
44 MEIO AMBIENTE João Oliveira
Emissões em pauta Redução das emissões poluentes, aumento do teor do biodiesel no diesel, novas tecnologias para caminhões e programa de etiquetagem foram alguns dos temas do II Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis, realizado em São Paulo Por Adriana Cardoso Com a esperança de que a indústria automotiva brasileira tenha chegado ao limite máximo de sua crise, alguns dos principais representantes do setor reuniram-se no II Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) em junho, em São Paulo, para debater as novidades e os desafios acerca da redução do índice das emissões de gases poluentes. “O programa Inovar-Auto foi muito importante para alavancar o segmento automotivo, mas, nos últimos três anos, gastou-se muito dinheiro no desenvolvimento de tecnologias para melhorar o consumo (de combustíveis), entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões, e não houve o retorno esperado. As vendas 46 • Combustíveis & Conveniência
caíram bastante nos últimos três, dois anos. Esperamos que a indústria tenha chegado ao fundo do poço”, disse Edson Orikassa, presidente da AEA. Por conta da atual conjuntura, o tema escolhido para a edição deste ano foi “Os Antagonismos da Crise”. O segmento projeta, segundo Orikassa, uma recuperação já a partir do segundo semestre deste ano nas vendas de veículos. Somente no primeiro trimestre, a produção de automóveis caiu 27,8%. Para cumprir as metas da fase 7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que completa 30 anos este ano, Orikassa enxerga a parceria das tecnologias veicular e de combustíveis como fundamental. “Essas tecnologias andam intimamente ligadas. Por isso, é importante que a qualidade
do combustível acompanhe o desenvolvimento do automóvel”, avaliou. O tema da qualidade também foi estendido para o programa de biodiesel brasileiro, que tem muitos desafios pela frente. “Hoje, 70% do biodiesel produzido aqui vêm da soja e os outros 30%, da gordura animal, que, embora de baixo custo, é bastante agressiva”, disse o presidente da AEA, assinalando que a oxidação ocasionada por este último material é o mais preocupante. Esses entraves causam apreensão, sinalizou Orikassa, pois daqui a dois anos o B15 pode entrar no mercado. “É muito importante que os testes, que vêm sendo coordenados pela própria AEA, levantem todos os pontos técnicos para que os problemas não recaiam na mão do consumidor, que depois vai reclamar para as montadoras.”
O biodiesel foi tema da palestra “Aumento do Percentual de Biodiesel”, conduzida por Vicente Pimenta, gerente de Relações Governamentais, Assuntos Corporativos e Novos Negócios da Delphi Automotive Systems do Brasil e conselheiro da AEA. Ele lembrou que, em 23 de março, a presidente afastada Dilma Rousseff sancionou a lei que aumenta a quantidade de biodiesel no diesel de forma gradual até chegar a 10% em 2019. Paralelamente, o governo autorizou testes para liberar, em até 36 meses, a mistura de 15% (opcional). “Estamos falando de dobrar o biodiesel no combustível e o mercado mudou. Temos o S500 e o S10 (diesel), sistemas de pós-tratamento, filtros mais sofisticados, sistemas de injeção e, portanto, precisamos fazer os testes para ver a viabilidade dos 15%. Hoje, temos uma situação muito diferente de quando o biodiesel foi implantado.” No entanto, ele advertiu que o tempo corre e boa parte das empresas sequer iniciou os testes
a serem feitos sobre o B10, o que, para ele, é um excesso de zelo, pois deveriam já pensar no B15. “Temos, teoricamente, até março do ano que vem para concluir os testes. Alguns são super fáceis de fazer, mas, outros, não terminarão a tempo.” Em sua análise, o biodiesel é um caminho sem volta. “O diesel tem 100 anos de uso no Brasil e o biodiesel, 10. O programa de biodiesel é inexorável. Vamos acertar o que está errado. Estamos num momento de muita maturidade, então, vamos sentar, verificar os problemas e corrigi-los”.
Inimigo oculto Na palestra “Controle de Abastecimento de Combustível: um Caminho para a Mitigação do Ozônio”, Marcelo Bales, gerente do setor de avaliação de emissões veiculares da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), abordou um estudo que vem sendo conduzido por técnicos da autarquia. “O ozônio é um poluente bastante importante
João Oliveira
Edson Orikassa, presidente da AEA, reconhece a importância do programa Inovar-Auto, mas, nos últimos três anos, não houve o retorno esperado
das nossas grandes cidades. É formado por outros poluentes primários – ele aparece da combinação de óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis – na atmosfera, com fortes impactos à saúde”, disse. Segundo Bales, a quantidade de ozônio presente na região metropolitana de São Paulo está 50% acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que são 100 microgramas por metro cúbico. Como solução, o técnico da Cetesb aponta o controle das emissões durante o reabastecimento do veículo. “É preciso haver um controle dos compostos orgânicos voláteis (hidrocarbonetos emitidos pela exaustão e evaporação)”. O monitoramento seria feito na bomba de combustível e por meio de sistemas nos próprios veículos. A Cetesb conduz um estudo para se chegar ao melhor método. Testes mostraram uma concentração desses compostos de 1,14 grama por litro de gasolina e 0,37 por litro de etanol. “Temos como participação na emissão de abastecimento 22% do total de emissões de compostos orgânicos voláteis do Ciclo Otto (não inclui motocicletas). Podemos perceber o impacto, principalmente dos automóveis na emissão total (71%). Isso mostra claramente que, se houver uma ação, tem que ser nessa categoria.” Ele prevê que chegará um momento em que as emissões por abastecimento serão mais importantes do que as por exaustão. O que se sabe, até agora, é que “nos postos, a gente consegue com mais rapidez diminuir a quantidade de emissões (dos gases), mas no veículo há mais eficiência”. Porém, o custo no posto seria bastante alto, Combustíveis & Conveniência • 47
44 MEIO AMBIENTE
João Oliveira
além de ter entraves legais, especialmente a dificuldade de implementar legislações no âmbito estadual. Ainda que uma nova frota de veículos venha com os sistemas de monitoramento no abastecimento, os ganhos só poderão ser mensurados num prazo de dez anos, segundo o técnico. Eidy Arima, engenheiro sênior de aplicações da Cummins Latin America, mostrou como a empresa de motores pretende reduzir em até 15,6 milhões de toneladas métricas de CO 2 entre 2014 e 2020. “É um plano agressivo e bastante tangível que conseguiremos atingir por meio de todos os desenvolvimentos (tecnológicos) que estamos fazendo. Estamos desenvolvendo produtos em parceria com nossos clientes. Esse volume corresponde a uma economia de 350 milhões de galões de combustíveis consumidos”, contabilizou. Um dos projetos da Cummins leva em conta aumento de carga, topografia e intensidade
48 • Combustíveis & Conveniência
de engate, que permite melhora de performance e, consequentemente, economia de combustível. “Hoje, lutamos por uma redução de 2,3% no volume de emissões e temos uma oportunidade de queda de 50% com todas as possíveis aplicações no mercado. Há desafios gigantescos para quebrar, mas motores híbridos e elétricos, que ainda não estão muito disseminados no Brasil, propiciam níveis fantásticos de contenção”, anteviu. Arima também mostrou no evento um software produzido pela Cummins, ainda em testes no Brasil, que permite a customização da frota. “Em estradas muito íngremes, por exemplo, nem sempre todas as funções (do motor) são vantajosas. Pensando nisso, cada frotista pode adequá-lo à sua utilização. O software disponibiliza relatórios de viagens, protege contra redução desnecessária de marcha, faz controle de cruzeiro. Melhorar a dirigibilidade, trazendo mais conforto ao motorista, é um caminho para o ganho de eficiência”, concluiu. n Vicente Pimenta, gerente de Relações Governamentais, Assuntos Corporativos e Novos Negócios da Delphi Automotive Systems do Brasil, conduziu a palestra sobre o aumento do percentual do biodiesel no diesel
Etiquetagem Embora ainda não seja compulsório, o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), vem ganhando cada vez mais adeptos. Na palestra “Status e Continuidade no Programa de Etiquetagem Veicular”, Marcos Borges, técnico responsável pelo PBEV, mostrou que, de 2009 até 2016, o número de marcas avaliadas passou de 5 a 35. São 766 modelos contra 54 no ano de início, classificados com os selos A (mais eficiente) e E (menos). “Temos que ser mais transparentes em relação às informações que passamos aos consumidores. Quando ele utiliza essa informação de forma consciente, conseguimos promover forte corrida pelo melhor produto, com mais qualidade e segurança”, pontuou. Para este ano, o programa traz nova etiqueta, com nova classificação geral com informações mais completas sobre os gases poluentes emitidos, e a inclusão dos veículos a diesel. As informações estão disponíveis no site do Inmetro (www.inmetro.gov.br) e do Programa Nacional da Racionalização do Uso de Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet -www.conpet.gov.br). Como desafios, ele apontou a preparação da compulsoriedade e a avaliação dos reais impactos dos ganhos trazidos ao mercado com a etiquetagem. “Temos vários dados disponíveis e pouco pessoal para fazer a avaliação desses números”, lamentou. De 2010 a 2011, o ganho com o programa em eficiência energética foi de 3%.
44 ATUAÇÃO SINDICAL Bahia
Orientação para revenda Sindicombustíveis Bahia
O Sindicombustíveis Bahia promoveu palestra do auditor fiscal da Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz), Luiz Gonzaga Almeida, em 24 de maio, para os revendedores de combustíveis da Bahia, que tiraram dúvidas sobre a emissão da Nota Fiscal Eletrônica ao Consumidor (NFC-e). “Vamos fazer os ajustes necessários para a implantação do novo serviço e precisamos de informações para, na data estabelecida, estar com tudo funcionando bem”, comentou o presidente do sindicato, José Augusto Costa. A obrigação passa a valer a partir de 1º de julho deste ano para as empresas que constam na lista da Sefaz, existindo a possibilidade de redes listadas
Auditor Luiz Gonzaga Almeida realiza palestra para revendedores sobre a emissão da Nota Fiscal Eletrônica ao Consumidor (NFC-e)
fazerem a adequação de um só posto. “A empresa com mais de um estabelecimento, passa a emitir NFC-e em todos os pontos de venda em pelo menos um estabelecimento, devendo ser comunicado à Sefaz, até 1º de junho, o local escolhido. Os postos individuais listados poderão
manter somente uma máquina para a emissão da NFC-e, entretanto, terão que adequar todo o posto até 1º de janeiro de 2017”, informou o auditor Luiz Gonzaga. Até o dia 31 de dezembro de 2017, todos os contribuintes deverão estar sujeitos ao uso da NFC-e. (Carla Eluan e Najara Sousa)
Rio Grande do Sul
Revendedores formados
50 • Combustíveis & Conveniência
esforça para oferecer uma melhor qualidade de ensino, fazendo com que todos os recursos financeiros arrecadados sejam investidos na própria instituição. “Enquanto não tivermos uma sociedade bem capacitada, teremos uma baixa qualidade de representantes políticos, porque votamos mal”, afirmou, referindo-se ao atual momento político-econômico brasileiro. O MBA em Gestão do Varejo de Combustíveis foi estruturado em módulos, contemplando as áreas de gestão de negócios, gestão de marketing e vendas, gestão financeira, gestão da produção, gestão logística e de suprimentos e desenvolvimento pessoal.(Neusa Santos) Marcelo Amaral
Em 25 de maio, sete alunos da primeira turma do MBA em Gestão do Varejo de Combustíveis receberam os certificados de conclusão do MBA em Gestão de Varejo de Combustíveis, em Porto Alegre (RS). A capacitação, inédita no país, foi desenvolvida pelo Sulpetro em parceria com Primeira turma do MBA em Gestão do Varejo de Combustíveis no dia da formatura a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Os revendedores Caroline Lopes, geralmente, o aluno já está em Eduardo Pianezzola, Fabrício Braz, outro ciclo da vida”, comentou o George Fagundes, Guilherme diretor da Unidade Acadêmica de Ferreira, Gustavo Bortolini e RoEducação Continuada da Unisinos, professor Francisco Zanini, ao se gério Malamut foram os primeiros referir aos compromissos familiares alunos diplomados neste tipo de e de trabalho que os alunos têm curso no Brasil. quando estão em um curso de “A especialização sempre pós-graduação. Zanini também impõe um sacrifício, não pelo vodestacou que a Universidade se lume de horas-aula, mas porque,
44 AGENDA JULHO
OUTUBRO
11º Ciclo de Congressos Regionais Minaspetro Data: 22 Local: Montes Claros (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500
NACS Show Data: 18 a 21 Local: Atlanta (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com
AGOSTO
NOVEMBRO
Encontro de Revendedores da Região Norte Data: 4 e 5 Local: Belém (PA) Realização: Sindicombustíveis-PA e demais sindicatos da Região Norte Informações: (91) 3224-5742
Encontro de Revendedores da Região Sudeste Data: 23 e 24 Local: Campinas (SP) Realização: Recap, Resan, Sindilub e demais sindicatos da Região Sudeste Informações: (19) 3284-2450
SETEMBRO Expo Conveniências Data:15 Local: Caxias do Sul (RS) Realização: Sindipetro Serra Gaúcha Informações: (54) 3222-0888
Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria. comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.
44 CONVENIÊNCIA
Sem clima de Olimpíadas Às vésperas dos jogos olímpicos mundiais, prevalece o pessimismo nas lojas de conveniência do Rio de Janeiro, nem as distribuidoras das grandes franquias se prepararam com antecedência para realizar promoções ou incrementar opções temáticas nas lojas para atrair o consumidor Divulgação
Por Adriana Cardoso A menos de um mês dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (5 a 21 de agosto), o setor de conveniência ainda não está totalmente preparado para capitalizar o maior evento esportivo do mundo. Até o fechamento desta edição, as distribuidoras não tinham definido as estratégias de promoções e boa parte dos proprietários de lojas não parece muito entusiasmada a investir para tentar vender mais durante o período. Por outro lado, especialistas chamam a atenção de que pessimismo não é bom e que se deve, sim, aproveitar o momento para vender mais. 52 • Combustíveis & Conveniência
A quantidade de notícias ruins que o Rio vem colecionando, como a queda da ciclovia Tim Maia em abril e o inédito decreto de estado de calamidade pública em 17 de junho (um meio de obter mais verba federal para terminar obras importantes para os Jogos, como a Linha 4 do Metrô), parece ter contaminado o ambiente. A reportagem da Combustíveis &Conveniência entrevistou alguns proprietários de lojas e o sentimento expressado pela maioria era de descrédito com o evento. Para eles, a cidade não está preparada para recepcionar os Jogos e as mudanças que
serão promovidas no trânsito devem impactar negativamente no fluxo de possíveis clientes. “Sinceramente, acho que vai ser ruim. Eles (prefeitura) estão tirando o máximo de carros da cidade. Na Copa do Mundo (2014) houve um oba-oba e não foi tão bom”, avaliou Luiz André Siuffo, sócio-proprietário dos Postos Record. A rede, que tem três lojas Select e duas Aghora, além de quatro franquias do Bob’s dentro das unidades, está aguardando a divulgação das campanhas das distribuidoras para o período. O diretor de Conveniência do Sindcomb, Manuel Vilela
Filho, também não acredita que o resultado do evento será muito significativo. Inclusive, ele já reclama de queda no movimento por causa do frio, que vem prendendo o carioca dentro de casa. O diretor não fez nenhum tipo de treinamento específico de funcionários para atender os turistas estrangeiros e nem pensa em fazer nenhuma mudança no cardápio ou promoções. “O que fiz foi comprar umas bandeirinhas dos países e fazer um jardim bonito. Mais perto do evento vou pendurá-las”, contou ele, que também não recebeu nenhuma orientação da BR sobre promoções durante o evento. A direção do Sindcomb, segundo ele, chegou a reunir-se com a prefeitura para saber como será a logística durante os Jogos. “Eles disseram que alguns postos, bem como outros comércios, terão de ser fechados por questões de segurança, para dar espaço a comitivas de autoridades”, explicou.
O consultor de varejo Juarez Leão, CEO da Leão Business Upgrade, entende o sentimento dos empresários, porém questiona o negativismo do empresariado não só em relação ao Rio, mas ao país em geral. “Esse excesso de pessimismo tem feito com que varejistas, franqueadores e franqueados,
desperdício deixar escapar um momento como esse e não fazer o dever de casa”, opinou. O diretor de Conveniência da Fecombustíveis, Paulo Tonolli, segue a mesma linha de raciocínio. “Os eventos esportivos sempre foram um impulsionador de vendas nas lojas. As Olimpíadas são um evento único e é uma grande oportunidade de lucrar com ela, não só quem está no Rio, mas em outras partes do país também.” Tonolli aponta que nem é necessário grandes investimentos, “uma decoração diferenciada, uma promoção com sorteios de bolas, bicicletas ou qualquer outro objetivo vinculado ao evento, além de combos de salgadinho mais cerveja, podem ser significativos para elevar as vendas.” Todavia, não basta fazer tudo isso e não treinar a equipe. Tanto Tonolli quanto Leão são enfáticos nesse quesito. “A equipe é o elo mais importante para impulsionar as vendas. Se
Divulgação
Menos pessimismo
percam chances de bons resultados”, pontuou. Para exemplificar, ele cita o Dia dos Namorados. “O varejo não se preparou para a data, pois a própria imprensa apontava queda nas vendas, noticiando que seria um dos piores Dias dos Namorados, e, ao final, o que aconteceu é que foi bom ou ao menos não foi tão ruim quanto o esperado”, disse. Muito pessimismo, frisa o consultor, acaba fazendo com que o varejista descuide de algo que é o ponto crucial de todo negócio: o estoque. “O desabastecimento provoca a ruptura de estoque e, consequentemente, perda de vendas.” Leão alerta para o fato de o varejista brasileiro ter uma tendência a “olhar só para a parte cheia ou vazia do copo”. “Na Copa do Mundo, já vivíamos uma crise política e também havia um pessimismo. Mas o evento foi um sucesso. As Olímpiadas devem ser a mesma coisa. Seria
As competições das Olimpíadas vão atrair pessoas do mundo inteiro para o Rio de Janeiro e, na visão dos consultores, seria o momento de aproveitar para aumentar as vendas Combustíveis & Conveniência • 53
44 CONVENIÊNCIA
caíram as vendas, aumentar o ticket médio é o caminho para anular a perda de fluxo. E como se faz isso? Com a equipe bem treinada e estimulada. Se o varejista é pessimista, imagina os funcionários”, assegurou. A motivação da equipe pode fazer a diferença para atrair e fidelizar clientes. “Crie uma meta olímpica de determinado produto; busque com seus fornecedores um prêmio para a melhor equipe; pontue diariamente seus resultados durante o período, como se fosse uma brincadeira mesmo”, recomendou Tonolli.
Visão otimista Em 2014, a Copa do Mundo foi surpreendentemente boa para as lojas de conveniência da rede JB. “Junho normalmente é um mês mais fraco, mas nós fomos surpreendidos com um 54 • Combustíveis & Conveniência
bom movimento de turistas”, recordou Ana Moura, gerente geral da empresa, que tem sete postos e sete lojas, sendo uma Select, duas am/pm e quatro bandeiras brancas. A rede de postos tem por princípio implementar mudanças e acompanhar as tendências, já que os combustíveis são commodities. Foram feitas reformas nos banheiros, as lojas instalaram wi-fi e foi implementado no cardápio sucos, sanduíches e cafés, o chamado grab and go (pegue e leve), “produtos que os estrangeiros estão acostumados”. Para as Olimpíadas, como nenhum dos 70 funcionários domina a língua inglesa, as lojas de conveniência da rede, segundo Ana, vão oferecer o cardápio em inglês. Assim como estão sendo preparadas sinalizações básicas de identificação nos banheiros
Arquivo
Para parte dos proprietários de lojas de conveniência do Rio de Janeiro, a cidade não está preparada para recepcionar os Jogos e as mudanças no trânsito devem impactar negativamente no fluxo de clientes
e caixa-eletrônico para auxiliar turistas de outros países. “Mas ainda estamos fazendo. Nada está 100% pronto.” Outras das medidas em análise durante as Olimpíadas estão prolongar o horário de funcionamento de algumas unidades e incrementar a decoração. Embora esteja mobilizada para aproveitar o momento, Ana reconhece que o clima geral é de pessimismo. Nem os fornecedores têm disponibilizado acessórios, como cornetas, bandeiras ou outro apetrecho que remetesse ao tema Olimpíadas. “Procurei camisetas customizadas para os funcionários, e também não tinha”, disse. Com pessimismo ou com otimismo, a gerente afirma que o melhor é se preparar para aproveitar o período, já que “os turistas vêm de qualquer jeito mesmo”. n
OPINIÃO 44 Frederico Alexandre Amorim 4 fundador e sócio-diretor da Cardinalis Consultoria
Hora das Olimpíadas O mês de agosto deste ano será marcante. O Rio de Janeiro sediará o maior evento esportivo do mundo – as Olimpíadas. E isto põe uma nova data no calendário do varejo de todo o país. Como as lojas de conveniência podem tirar o melhor proveito deste momento, considerando que estamos em plena crise econômica? Dividiremos as lojas em dois grupos: aquelas que, por sua localização, estão sujeitas a receber um fluxo maior de visitantes no período olímpico – basicamente, as lojas cariocas. E aquelas que não serão diretamente afetadas pelo movimento de turistas. Possivelmente, as lojas dos demais estados brasileiros. Entretanto, mesmo estas têm muito a ganhar com as Olimpíadas. Vejamos. Tendo em vista o período de opressão econômica, para as lojas do primeiro grupo, minha principal dica seria fazer o básico muito bem feito. A prática do mercado mostra que, em momentos de alta exposição e movimento, problemas pequenos do dia a dia se agravam. É como se o varejo passasse por um “teste de estresse”. Logo, cuidar para que a loja esteja muito bem abastecida, tanto em relação ao mix de produtos quanto à sua correta exposição. A limpeza e a organização devem ser redobradas, bem como o cuidado com a escala de atendimento. Garantir uma competente oferta de food service pode ser um grande diferencial, visto que os turistas estarão em busca de refeições rápidas e de qualidade ao se deslocarem para assistir as provas. Revisar os uniformes e o nível do treinamento das equipes é fundamental. Tudo para garantir que, caso haja um movimento maior em virtude dos Jogos, não somente os consumidores tenham ótimas experiências de consumo, bem como o revendedor tire o máximo de proveito das oportunidades. Para as lojas fora do Rio de Janeiro, uma outra linha de conduta pode ser levada a cabo. Revendedores de todo o país podem se beneficiar do “espírito olímpico”. O tema é riquíssimo para o desenvolvimento de campanhas internas – junto a equipe de funcionários – oferecendo uma “roupagem olímpica”. Essa é a hora de capitalizar em cima deste mote e implementar as vendas, com a temática baseada nos esportes olímpicos. Pode-se ter as “corridas de 100 metros rasos”, cuja apuração do resultado se baseie nas vendas de um dia apenas. Ou mesmo as “maratonas”, que podem ser corridas de vendas que durem todo o mês de agosto. O “revezamento” pode ser o tema que inspire o trabalho em equipe, e assim por diante. A hora é ótima para a realização de ações que unam a equipe em prol de um objetivo. É o momento de motivar a equipe, favorecendo a meritocracia, através de um tema altamente engajador.
Tendo em vista o período de opressão econômica, para as lojas de conveniência, minha principal dica seria fazer o básico muito bem feito
Combustíveis & Conveniência • 55
44 REVENDA EM AÇÃO
Paraíba recebe a revenda Encontro dos revendedores do Nordeste, realizado em Campina Grande, fomentou o debate de temas importantes para a revenda como meio ambiente, direito da concorrência e self service
Paulo Miranda Soares, da Fecombustíveis (centro), entre Carlos Eduardo Mendes Guimarães Júnior, do Minaspetro (esq.); e Rui Cichella, do Sindicombustíveis-PR (dir.)
Divulgação Sindipetro-PB
Por Mônica Serrano Realizado pela primeira vez em Campina Grande (PB), em clima festivo do São João mais tradicional do país, o 11º Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste Brasil, abriu o calendário de eventos da revenda e reuniu cerca de 400 pessoas que foram ampliar seu conhecimento sobre o setor nos dias 9 e 10 de junho. Na cerimônia de abertura, o anfitrião Omar Aristides Hamad Filho, presidente do Sindipetro PB, destacou o momento difícil pelo qual passa o país, que tem afetado os empresários da revenda de combustíveis como um todo, e relembrou um período difícil 56 • Combustíveis & Conveniência
da história dos revendedores da Paraíba. “Saber lidar com a crise e tirar proveito das dificuldades é a oportunidade que temos de reafirmar nossa capacidade de trabalho. Há alguns anos, a revenda de combustíveis da Paraíba atravessou uma crise sem precedentes, que, inclusive, comprometeu sua representação institucional. Naquele momento, assumimos a missão de juntar os cacos e superar as divergências. Com a força do trabalho e a participação de todos os empresários, resgatamos nossa representação sindical”, relatou. “Portanto, não são os fortes e os mais divergentes que sobrevivem, mas os que conseguem se adaptar às mudanças”, concluiu.
Na sequência da cerimônia de abertura, Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, destacou a relevância do setor da revenda em meio à crise. “De forma generalizada, os números dos setores econômicos estão para baixo. A indústria automobilística perdeu, nos primeiros quatro meses do ano, 32,1% das vendas de veículos pesados em comparação ao mesmo período do ano passado. O transporte no país feito só por caminhões corresponde a 84% do sistema logístico. Já as vendas de veículos leves somam recuo de 25,6% de queda. Quando olhamos os números da indústria automobilística nos preocupa muito, mas o nosso setor, neste momento, tem uma
Segundo Amaral, a partir do arrefecimento da crise, a tendência é crescer o volume de importação de combustíveis já que o parque de refino do país não atende à demanda do mercado interno. Atualmente, cerca de 20% do total comercializado de combustíveis são importados. A ANP estima que, em 2030, serão importados aproximadamente 1.200 barris de petróleo/dia. “Isso é uma quantidade monstruosa e o Brasil não tem infraestrutura necessária para suprir esta necessidade, seja via importação, seja via parque de refino. É papel da ANP ajudar na coordenação e no enfrentamento deste debate e isso passa por rever o papel da Petrobras na distribuição, rever o papel das distribuidoras e rever como é feita a política da formação de preço para atrair investimentos”, esclareceu.
Sem respostas A palestra do jornalista Heraldo Pereira, apresentador do Jornal Nacional e comentarista político do Jornal da Globo, não conseguiu transpor a barreira da incerteza em relação aos rumos
da política e da economia do país. Com uma palestra entremeada de vídeos, Pereira trouxe um pouco mais de esclarecimento sobre a atual crise com a análise do jornalista João Borges, que disse, em depoimento gravado, que os sinais de melhoria da economia estão frágeis, nem deve-se deixar levar pelo excesso de otimismo e nem deixar de perceber algumas pequenas mudanças. “Se tiver uma ligeira recuperação neste segundo semestre, talvez comece a criar uma condição para ter 2017 melhor do que se imaginava. Da mesma maneira, a confiança foi sendo destruída ao longo do tempo, talvez, agora, há a chance de reconstruir, com empresas e consumidores”, disse. Segundo Borges, esta situação vai ser decidida se o Congresso conseguir aprovar as medidas necessárias para recolocar a economia no caminho correto do reequilíbrio das contas públicas. Mesmo com a situação incerta, Pereira estimulou os empresários a seguirem adiante, independente das circunstâncias. “A política está assim, mas nós temos que
Bernardo Souto, advogado da Fecombustíveis, mostrou as situações que têm gerado autuações do Ibama à revenda
Divulgação Sindipetro-PB
perda em torno de 3,5% (maio de 2016 ante o mesmo período do ano passado) nas vendas de combustíveis e isso mostra que a frota circulante está aí, em atividade e, de alguma forma, o país tem que continuar trabalhando. Com o novo governo, tenho certeza de que o Brasil, até o final do ano, começa a engrenar”, comentou. A melhora da qualidade dos combustíveis também foi outro tema destacado em seu discurso. Atualmente, segundo Paulo Miranda, o índice de não conformidade dos combustíveis está em torno de 2%, o que demonstra um nível de primeiro mundo em relação à qualidade dos produtos vendidos, uma grande diferença em relação ao passado, quando cerca de 10% dos combustíveis comercializados tinham alguma irregularidade. “Hoje, os números são bons, mostram que o setor é civilizado e atende ao padrão de qualidade da ANP em prol do consumidor. Além disso, somos um dos setores que mais contribui com a arrecadação tributária e para a economia no país”, concluiu. Representando a ANP, Aurélio Amaral, que assumiu recentemente o cargo de diretor, agradeceu o apoio da revenda à sua indicação. No período em que autuou como superintendente de Abastecimento, Amaral construiu uma relação de proximidade com a revenda, com base no diálogo para enfrentar as questões regulatórias do segmento. “Se não fosse parte dessa força e apoio, não chegaria a este momento. Vamos dar continuidade ao nosso trabalho junto à revenda da mesma forma que foi realizado na Superintendência de Abastecimento. Este é o nosso compromisso”, disse.
Combustíveis & Conveniência • 57
44 REVENDA EM AÇÃO Divulgação Sindipetro-PB
Omar Aristides Hamad Filho, presidente do Sindipetro-PB, durante o discurso de abertura do 11º Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste Brasil
tocar o negócio para frente. Os mais experientes sabem que já passamos por situações mais complicadas. Agora é o momento de focar na sua bandeira, que é o seu negócio.”
Self service: ter ou não ter? Um dos painéis mais aguardados do evento abordou o tema polêmico sobre a proibição do sistema self service nos postos revendedores brasileiros. Participaram do debate Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, como mediador; Carlos Eduardo Mendes Guimarães Júnior, presidente do Minaspetro, em defesa do full service; e de Rui Cichella, presidente do Sindicombustíveis-PR, a favor da liberação do self service. A defesa de Cichella trouxe como pontos principais o retorno da verticalização e a implantação do self service no Brasil. “Evidentemente, vamos ter mais competição, mas também vamos imaginar que o self service permite trabalhar com preço mais barato. O que acontece é que os custos trabalhistas estão ficando 58 • Combustíveis & Conveniência
muito altos. Os sindicatos laborais estão muito fortes e a situação está cada vez pior”, argumentou. Sobre o self service, Paulo Miranda Soares entende que ainda não é o momento de ser implantado no Brasil. “Penso que um dia, no futuro, não há como impedir a modernidade e o direito de livre escolha de cada um. Mas é importante destacar que, do governo do Lula para cá, os sindicatos laborais ganharam muita força com a gestão sindicalista. Inclusive, o governo do PT teve um certo interesse em acabar com a proibição do self service, já que a ideia era implantar o sistema para o preço do combustível cair “, disse. Guimarães, do Minaspetro, defendeu a ponderação do tema porque tal questão vai afetar o dia a dia de todos os revendedores. Para ele, a implantação do self service vai além da questão dos custos trabalhistas, vai envolver a competitividade dos postos, pode impactar em guerra de preços na briga por espaço no mercado, principalmente, se houver a verticalização. Ele também ponderou a importância do frentista no atendimento direto ao cliente, pela
venda de produtos agregados, no caso, a gasolina aditivada. Além do diferencial de atendimento, ele também chamou a atenção para a perda de produtividade da revenda, uma vez que o abastecimento feito pelo consumidor demora muito mais do que o feito pelo frentista, tendo que compensar essa perda com a instalação de mais bombas. “O volume de venda dos postos tende a cair. Além disso, nós conhecemos a realidade do Brasil, imagina uma bomba self service, com os roubos frequentes nos postos, o que fariam para quebrar uma bomba e roubar gasolina? Acho que temos uma lei que ainda nos protege.” Paulo Miranda sugeriu, ao final da debate, para os revendedores enviarem um e-mail para o seu sindicato informando se é a favor ou contra o self service.
Meio ambiente O painel de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fiscalização contou com a apresentação de Bernardo Souto, advogado do Minaspetro e da Fecombustíveis, e de Siderval Vale Miranda, coordenador da ANP para a Região Nordeste. Miranda chamou a atenção para a intensificação das ações de fiscalização da ANP que se intensificaram para monitorar a qualidade dos combustíveis nos postos, como forma de compensar a falta do Programa de Monitoramento de Qualidade do Combustível (PMQC), que foi interrompida devido à falta de recursos pelo governo. “Sabedores que o PMQC estava suspenso, nós entendemos por bem aumentar a frequência da coleta dos combustíveis para sinalizar que o mercado não estava solto, abandonado pela
ausência do programa, e também para dar uma satisfação à sociedade”, disse. Bernardo Souto começou a palestra alertando o revendedor sobre os passivos ambientais, a falta de manutenção ou de atenção em relação a alguns procedimentos no posto pode ser pior para a revenda do que um acidente ambiental. Souto também abordou a correção da Taxa de Controle de Fiscalização Ambiental (TCFA) pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no final do ano passado, questão que tem pesado no bolso do revendedor. O Instituto corrigiu retroativamente 15 anos (desde 2000) e, segundo Souto, usou a taxa para custear as despesas de fiscalização que são eletrônicas, similar à realizada pela Receita Federal. “Isso está sendo questionado pela revenda judicialmente. Alguns sindicatos estão tendo sucesso e a orientação é pagar a taxa até que se tenha solução definitiva”, orientou. Souto destacou que o preenchimento do campo de resíduos do Relatório Anual de Atividades Potencialmente Poluidores (RAPP) pode render. “Neste campo é declarado o que foi gerado de resíduo e em outro se preenche para quem
você destinou o seu resíduo. A empresa contratada para destinação de resíduo também deve informar ao Ibama o recebimento de resíduo de cada posto que presta serviço. O Ibama vai cruzar os dados e se houver inconsistência haverá multas.” Para evitar as infrações, Souto recomenda que seja colocada uma cláusula no contrato do posto revendedor com a empresa de destinação de resíduos, firmando o compromisso de que ela vai cumprir a obrigação de declarar ao Ibama de maneira individualizada (posto por posto).
Direito da Concorrência A palestra de Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis, teve como objetivo alertar os revendedores sobre as questões relativas ao direito da concorrência, especialmente o cartel. Logo no início de sua explanação, ele citou uma conversa entre dois revendedores, aparentemente inocente, gravada e interceptada pela Polícia Federal, que acabou sendo remetida ao Conselho Administrativo de Direito da Concorrência (Cade). “Tudo isso foi parar num inquérito policial e o Cade abriu um processo contra 94 pessoas, inclusive, houve prisão preventiva de mais de 15 revendedores que
Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis, alertou os revendedores sobre as questões relativas ao direito da concorrência
Divulgação Sindipetro-PB
trabalhavam honestamente, por causa de conversas desse tipo”, alertou. Segundo Villamil, dificilmente existe, de forma articulada, carteirização na revenda de combustíveis, porém, os Procons , o Ministério Público e a população em geral têm um sentimento preconceituoso de que revendedor de combustível é mau caráter, faz cartel e é bandido”, disse. A partir de 2011, o Cade se tornou mais combativo com relação aos cartéis. “O Conselho tinha uma preocupação muito grande com fusões e incorporações de empresa. Porém, com a nova lei 12.529, hoje, o trabalho do Cade está mais focado no combate aos cartéis”, comentou. Villamil alertou a revenda sobre o que não pode ser feito, como combinar, ajustar ou influenciar concorrentes a adotar preços artificiais, que, segundo ele, são preços criados, imaginados, que não retratam a oferta e demanda. “Hoje, cartel é mensagem de whatsApp, fazer sinalizações de preço, isso é orquestrar o mercado”, disse. O advogado também advertiu para as conversas com concorrentes, que são desabafos, mas que podem acabar incriminando o revendedor. O Encontro dos revendedores também apresentou a palestra Sucessão Familiar, pelo professor Rogério Tsukamoto, da Fundação Getulio Vargas, e o treinamento para gerentes e frentistas sobre fiscalização, ministrado por José Antonio Rocha, secretário-executivo da Fecombustíveis; e Celso Guilherme Borges de Figueiredo, gerente comercial da Fecombustíveis, respectivamente. n Combustíveis & Conveniência • 59
44 PERGUNTAS E RESPOSTAS O Programa Brasileiro de Combustíveis Tecnologias Veiculares e Emissões (PCVE) foi instituído em 4 de maio por meio do Acordo de Cooperação Técnica, publicado no Diário Oficial da União. O programa visa desenvolver informações científicas sobre a influência dos combustíveis e das tecnologias veiculares nas emissões automotivas, em parceria com diversas entidades. Confira a seguir as metas e os detalhes do programa. Qual é o objetivo do PCVE? Gerar dados científicos para auxiliar o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos (Proconve) a partir de testes em laboratórios que vão utilizar vários veículos (novos e usados) com os diversos combustíveis disponíveis (conforme especificação da ANP). Estão envolvidos no programa o governo, as universidades e as indústrias de combustíveis e automotiva. Ou seja, as próximas etapas do Proconve poderão contar com esta importante ferramenta para melhorar a qualidade do ar. Pretendemos adotar medidas para melhorar a qualidade do ar, levando em consideração as condições brasileiras, como a presença e idade de nossa frota circulante. Países que adotaram programas similares melhoraram em muito a qualidade do ar. Quais são as entidades envolvidas? Ministério de Minas e Energia (MME); Ministério do Meio Ambiente (MMA); Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Petrobras, Universidade de São Paulo (USP), Instituto Lactec e Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). 60 • Combustíveis & Conveniência
Quais são as ações de atuação e quais as contribuições do PCVE para melhoria da qualidade do ar? O programa vai auxiliar na tomada de decisão em relação à melhor tecnologia veicular versus qualidade de combustível, que mais contribui com a qualidade do ar. Será possível prever a melhoria, seu custo e prazo, antes de sua adoção. Qual é a previsão de término dos trabalhos? Primeiro semestre do ano que vem. As fraudes e o não uso do Arla 32 nos veículos com motor Euro 5 representam um dos problemas para piorar a qualidade do ar. Nesse sentido, o PCVE vai buscar alguma solução para a questão? Com o programa, é possível calcular as consequências na qualidade do ar devido ao não uso do Arla 32, portanto será possível definir a melhor solução. Outrossim, a AEA preparou cartilhas explicativas sobre o uso do Arla, em parceria com o Ibama e Polícia Rodoviária Federal. Quando as cartilhas serão distribuídas? Em quais locais? As cartilhas sobre o Arla 32 já foram entregues ao Ibama e Polícia Rodoviária Federal. Cabe aos órgãos a sua impressão e distribuição. Qual será a contribuição da AEA no Programa? A AEA é o fórum de discussão, ou seja onde governo, universidade e indústria se reunirão para encontrar a melhor solução para o país.
LIVRO 33 Livro: A visão do Comércio Autor: Antonio Oliveira Santos Editora: CNC Em um período onde todos acompanham, preocupados, o noticiário diário sobre a economia e política de nosso país, gerir um negócio nesse momento não deve estar sendo nada fácil para os empreendedores brasileiros. As incertezas sobre os rumos do país permanecem e fica cada vez mais difícil planejar e tocar o negócio como antes. Com o objetivo de trazer o ponto de vista do empresário do comércio sobre o cenário econômico, o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Antonio Oliveira Santos, reuniu em livro artigos, entrevistas e posicionamentos sobre os principais temas que se destacaram no Brasil em 2015. O livro A Visão do Comércio traz ainda a interpretação do comércio sobre o cenário, com projeções e expectativas. Na avaliação de Santos, para atravessar o período de crise, o comércio terá que se guiar pela prudência na administração de suas atividades, além de melho-
Informações fornecidas por Edson Orikassa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA)
rar custos operacionais e aprimorar técnicas competitivas e de produtividade. Combustíveis & Conveniência • 60
TABELAS 33
em R$/L
Período
São Paulo
Goiás
Período
São Paulo
Goiás
16/05/2016 - 20/05/2016
1,570
1,555
16/05/2016 - 20/05/2016
1,412
1,264
23/05/2016 - 27/05/2016
1,618
1,601
23/05/2016 - 27/05/2016
1,477
1,294
30/05/2016 - 03/06/2016
1,701
1,664
30/05/2016 - 03/06/2016
1,533
1,340
06/06/2016 - 10/06/2016
1,735
1,703
06/06/2016 - 10/06/2016
1,536
1,366
13/06/2016 - 17/06/2016
1,681
1,697
13/06/2016 - 17/06/2016
1,474
1,320
Maio de 2015
1,381
1,381
Maio de 2015
1,223
1,110
Maio de 2016
1,589
1,572
Maio de 2016
1,427
1,254
Variação 16/05/2016 17/06/2016
7,1%
9,2%
Variação 16/05/2016 4,4% ETANOL ANIDRO 17/06/2016
4,4%
Variação Maio/2015 Maio/2016
15,1%
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Centro-Sul)
Em R$/L 2,2
Variação Maio/2015 São Paulo Maio/2016
2,1
13,8%
16,6%
2,0
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos Nota 2: Os dados da Região Nordeste não foram divulgados em decorrência da insuficiência de informações para o período em questão.
13,0%
1,9
Goiás Fonte: CEPEA/Esalq Nota: 1,8 Preços sem impostos 1,7 1,6 1,5 1,4
mai/16
abr/16
mar/16
fev/16
jan/16
dez/15
out/15
nov/15
set/15
jul/15
ago/15
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) ETANOL ANIDRO
Em R$/L
jun/15
1,2
mai/15
1,3
ETANOL HIDRATADO
Em R$/L
2,2
2,1
2,1 2,0
São Paulo
1,9
1,9
Goiás
1,7
São Paulo Goiás
1,8 1,5
1,7 1,6
1,3
1,5 1,4
1,1
mai/16
abr/16
mar/16
fev/16
jan/16
dez/15
nov/15
out/15
set/15
ago/15
jul/15
jun/15
mai/16
abr/16
fev/16
mar/16
jan/16
dez/15
nov/15
set/15
out/15
ago/15
jul/15
jun/15
0,9 mai/15
1,2
mai/15
1,3
ETANOL HIDRATADO
Em R$/L 2,1 1,9
São Paulo Goiás
1,7 1,5
Combustíveis & Conveniência • 61
44 TABELAS em R$/L - Maio 2016
Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição
Gasolina BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,964
3,206
0,242
7,5%
3,206
3,760
0,554
14,7%
Sem bandeira
2,964
3,164
0,200
6,3%
3,164
3,695
0,531
14,4%
Com bandeira
2,964
3,200
0,236
7,4%
3,200
3,680
0,480
13,0%
Sem bandeira
2,964
3,231
0,267
8,3%
3,231
3,673
0,442
12,0%
Com bandeira
2,964
3,167
0,203
6,4%
3,167
3,676
0,509
13,8%
Sem bandeira
2,964
3,242
0,278
8,6%
3,242
3,666
0,424
11,6%
Com bandeira
2,964
3,201
0,237
7,4%
3,201
3,704
0,503
13,6%
2,964
3,099
0,135
4,4%
3,099
3,686
0,587
15,9%
Com bandeira
2,964
3,192
0,228
7,1%
3,192
3,708
0,516
13,9%
Sem bandeira
2,964
3,127
0,163
5,2%
3,127
3,684
0,557
15,1%
2,964
3,179
0,215
6,8%
3,179
3,704
0,525
14,2%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S500 BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,488
2,666
0,178
6,7%
2,666
3,035
0,369
12,2%
Sem bandeira
2,488
2,500
0,012
0,5%
2,500
2,934
0,434
14,8%
Com bandeira
2,488
2,713
0,225
8,3%
2,713
3,075
0,362
11,8%
Sem bandeira
2,488
2,656
0,168
6,3%
2,656
2,992
0,336
11,2%
Com bandeira
2,488
2,666
0,178
6,7%
2,666
2,974
0,308
10,4%
Sem bandeira
2,488
2,674
0,186
7,0%
2,674
2,947
0,273
9,3%
Com bandeira
2,488
2,689
0,201
7,5%
2,689
2,987
0,298
10,0%
2,488
2,574
0,086
3,3%
2,574
2,951
0,377
12,8%
Com bandeira
2,488
2,676
0,188
7,0%
2,676
3,018
0,342
11,3%
Sem bandeira
2,488
2,583
0,095
3,7%
2,583
2,953
0,370
12,5%
2,488
2,643
0,155
5,9%
2,643
2,995
0,352
11,8%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S10 BR Ipiranga
Revenda
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
Com bandeira
2,586
2,779
0,193
6,9%
2,779
3,183
0,404
12,7%
Sem bandeira
2,586
2,785
0,199
7,1%
2,785
3,123
0,338
10,8%
Com bandeira
2,586
2,772
0,186
6,7%
2,772
3,155
0,383
12,1%
Sem bandeira
2,586
2,784
0,198
7,1%
2,784
3,072
0,288
9,4%
Com bandeira
2,586
2,805
0,219
7,8%
2,805
3,183
0,378
11,9%
Sem bandeira
2,586
2,785
0,199
7,1%
2,785
3,136
0,351
11,2%
Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira
2,586
2,743
0,157
5,7%
2,743
3,086
0,343
11,1%
2,586
2,651
0,065
2,5%
2,651
3,035
0,384
12,7%
Com bandeira
2,586
2,783
0,197
7,1%
2,783
3,170
0,387
12,2%
Sem bandeira
2,586
2,712
0,126
4,6%
2,712
3,070
0,358
11,7%
2,586
2,775
0,189
6,8%
2,775
3,159
0,384
12,2%
Raízen
Resumo Brasil
Resumo Brasil
A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do diesel S10 não abrangem o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 08/2016 e 09/2016. A metodologia foi reformulada e, a partir de agora, o preço de custo na distribuição será o mesmo para todas as empresas.
62 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
FORMAÇÃO DE PREÇOS
em R$/L
Ato Cotepe nº 11 de 08/06/2016 - DOU de 09/06/2016 - Vigência a partir de 16 de Junho de 2016
Gasolina
UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
UF
73% Gasolina A
27% Etanol Anidro (1)
Diesel S500
(2)
1,233 0,514 0,073 1,127 0,495 0,073 1,143 0,508 0,073 1,147 0,507 0,073 1,099 0,501 0,073 1,147 0,501 0,073 1,151 0,476 0,073 1,217 0,485 0,073 1,150 0,474 0,073 1,097 0,506 0,073 1,185 0,495 0,073 1,165 0,479 0,073 1,151 0,476 0,073 1,139 0,503 0,073 1,123 0,497 0,073 1,097 0,497 0,073 1,114 0,503 0,073 1,136 0,478 0,073 1,119 0,476 0,073 1,086 0,497 0,073 1,177 0,512 0,073 1,168 0,515 0,073 1,102 0,500 0,073 1,162 0,482 0,073 1,168 0,497 0,073 1,129 0,474 0,073 1,145 0,476 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
93% Diesel
7% Biocombustível (5)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
73% CIDE
93% CIDE (2)
1,760 0,200 0,047 1,579 0,200 0,047 1,646 0,200 0,047 1,639 0,200 0,047 1,553 0,200 0,047 1,609 0,200 0,047 1,704 0,181 0,047 1,683 0,188 0,047 1,706 0,181 0,047 1,599 0,200 0,047 1,751 0,181 0,047 1,693 0,181 0,047 1,644 0,188 0,047 1,619 0,200 0,047 1,584 0,200 0,047 1,578 0,200 0,047 1,620 0,200 0,047 1,649 0,178 0,047 1,620 0,188 0,047 1,525 0,200 0,047 1,689 0,200 0,047 1,677 0,200 0,047 1,564 0,178 0,047 1,682 0,178 0,047 1,631 0,200 0,047 1,647 0,188 0,047 1,660 0,200 0,047 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279
93% PIS/ COFINS (2) 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231
Carga ICMS 1,009 1,109 0,971 0,898 1,064 1,111 1,025 0,982 1,141 0,976 0,959 0,908 1,133 1,112 1,113 1,089 1,006 1,073 1,216 1,129 1,013 0,983 1,198 0,878 1,075 0,864 1,135 3.003
Carga ICMS 0,593 0,515 0,571 0,882 0,537 0,532 0,477 0,359 0,451 0,555 0,566 0,560 0,461 0,557 0,549 0,545 0,541 0,344 0,399 0,567 0,561 0,554 0,366 0,354 0,541 0,349 0,533 2,548
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
3,107 3,082 2,973 2,903 3,016 3,111 3,004 3,035 3,116 2,930 2,991 2,904 3,112 3,105 3,085 3,035 2,974 3,038 3,163 3,063 3,054 3,017 3,152 2,873 3,092 2,818 3,108
25% 29% 25% 25% 28% 29% 28% 27% 30% 27% 25% 25% 29% 28% 29% 29% 27% 29% 31% 29% 26% 25% 30% 25% 29% 25% 29%
4,034 3,823 3,882 3,591 3,800 3,830 3,660 3,637 3,804 3,614 3,837 3,633 3,906 3,972 3,838 3,755 3,727 3,700 3,922 3,892 3,897 3,930 3,993 3,510 3,707 3,455 3,915
Custo da distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
2,830 2,571 2,693 2,997 2,567 2,618 2,639 2,507 2,615 2,631 2,774 2,711 2,570 2,652 2,609 2,599 2,637 2,448 2,484 2,568 2,727 2,708 2,385 2,490 2,648 2,462 2,669
17% 17% 18% 25% 17% 17% 15% 12% 15% 18% 17% 17% 15% 17% 18% 18% 17% 12% 13% 18% 17% 17% 12% 12% 18% 12% 18%
3,487 3,032 3,170 3,526 3,160 3,130 3,178 2,991 3,003 3,086 3,328 3,296 3,071 3,274 3,048 3,028 3,180 2,870 3,071 3,148 3,299 3,260 3,050 2,950 3,003 2,908 2,960
Combustíveis & Conveniência • 63
44 TABELAS
Formação de Preços UF
93% Diesel
7% Biocombustível
em R$/L
93% CIDE (2)
Diesel S10
(5)
93% PIS/ COFINS (2)
Carga ICMS
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
AM
1,713
0,200
0,047
0,231
0,584
2,774
18%
3,247
BA
1,638
0,200
0,047
0,231
0,571
2,686
17%
3,360
CE
1,677
0,200
0,047
0,231
0,539
2,692
17%
3,170
ES
1,728
0,188
0,047
0,231
0,359
2,553
12%
2,991
GO
1,795
0,181
0,047
0,231
0,478
2,731
15%
3,186
MA
1,655
0,200
0,047
0,231
0,574
2,706
18%
3,188
MG
1,687
0,188
0,047
0,231
0,476
2,629
15%
3,177
PA
1,670
0,200
0,047
0,231
0,569
2,715
17%
3,345
PE
1,605
0,200
0,047
0,231
0,549
2,630
18%
3,048
PR
1,701
0,178
0,047
0,231
0,354
2,510
12%
2,950
RJ
1,689
0,188
0,047
0,231
0,423
2,577
13%
3,250
RS
1,654
0,178
0,047
0,231
0,382
2,491
12%
3,183
SC
1,734
0,178
0,047
0,231
0,366
2,554
12%
3,050
SP
1,737
0,188
0,047
0,231
0,368
2,570
12%
3,064
CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL
2,603
(4)
Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no ano de 2015. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.
PREÇOS MÉDIOS DOS LEILÕES DE BIODIESEL
Norte
em R$/L
Nordeste
Mai-Jun/2016: N/D Jul-Ago/2016: ND
Mai-Jun/2016: 2,696 Jul-Ago/2016: 2,696
Centro-Oeste
Mai-Jun/2016: 2,429 Jul-Ago/2016: 2,391 Sudeste
Mai-Jun/2016: 2,532 Jul-Ago/2016: 2,464
Brasil
Mai-Jun/2016: 2,441 Jul-Ago/2016: 2,407
Sul
Mai-Jun/2016: 2,383 Jul-Ago/2016: 2,372 Fonte: ANP
64 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor
Belém (PA) Gasolina Diesel S10 Etanol
Macapá (AP) Gasolina Diesel S500 Etanol
BR 3,323 2,730 2,517
Manaus (AM) Gasolina Diesel S500 Etanol
Cuiabá (MT)
Menor
Maior
3,426 2,951 3,085
3,552 3,074 3,324
3,004 2,894 2,075
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,391 2,700 1,979
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,020 2,536 2,130
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,117 2,859 2,577
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,405 2,672 2,862
IPP
3,316 2,825 3,069
BR
3,444 2,941 2,980
N/D N/D N/D
N/D N/D N/D
Equador 3,200 3,200 2,780 2,850 N/D N/D Raízen 3,099 3,255 2,833 2,963 3,061 3,292 Equador 3,320 3,392 2,810 2,920 3,022 3,022 Raízen 3,414 3,451 3,016 3,066 2,541 2,941
3,501 3,094 2,973
3,422 2,921 2,980
3,380 2,998 2,090
Raízen 3,188 3,238 3,018 3,033 2,122 2,214
3,133 2,998 2,160
3,106 2,995 2,326
Taurus 2,930 3,091 2,830 2,987 2,100 2,408
3,014 2,937 2,068
3,162 2,987 2,405
3,406 2,721 2,113
3,426 N/D 2,280
3,426 N/D 2,280
3,260 N/D 1,987
Raízen 3,286 N/D 2,060
3,213 2,634 2,222
3,170 2,525 2,110
3,335 2,525 2,296
3,136 2,540 2,038
Raízen 3,186 2,606 2,301
3,280 2,870 2,836
2,987 2,760 N/D
2,999 2,760 N/D
3,019 2,764 2,501
Raízen 3,159 2,843 2,869
3,440 2,687 3,141
3,150 2,530 3,056
3,481 2,646 3,056
3,366 2,607 N/D
Raízen 3,371 2,667 N/D
IPP
BR
IPP
IPP
BR
IPP
3,306 3,001 2,256 IPP
BR
BR
Porto Alegre (RS)
3,415 2,825 3,181 IPP
BR
Florianópolis (SC)
3,345 2,920 3,177 IPP
Idaza
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,333 3,359 N/D
3,217 2,840 3,044
3,410 N/D 3,058
N/D
Atem's 3,200 3,290 2,780 2,835 3,100 3,100
3,313 2,963 2,973
Campo Grande (MS)
3,450 2,989 3,165
Raízen 3,348 3,426 2,887 2,986 2,893 3,143
3,242 3,214 N/D
BR
3,316 2,940 2,486
3,391 N/D 2,842
3,378 3,369 N/D
Equador 3,238 3,345 2,757 2,840 3,043 3,291
3,295 2,826 2,973
3,329 2,669 2,450
BR
BR
3,215 2,816 2,781
3,100 2,980 2,090
Curitiba (PR)
Menor IPP
IPP 3,438 3,081 3,284
3,303 3,301 N/D
Gasolina Diesel S500 Etanol
Goiânia (GO)
3,299 2,655 2,433
IPP
Rio Branco (AC)
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,376 2,772 2,553
3,347 2,863 2,902
Porto Velho (RO)
Gasolina Diesel S500 Etanol
Maior Total
BR
Boa Vista (RR) Gasolina Diesel S500 Etanol
Menor
São Luiz (MA)
Palmas (TO) Gasolina Diesel S500 Etanol
Maior
em R$/L - Maio 2016
BR
Maior IPP
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,148 2,841 3,077
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,255 2,760 2,505
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,226 2,656 2,820
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,296 2,778 2,635
Gasolina Diesel S500 Etanol
Raízen 3,282 3,282 2,768 2,819 2,592 2,964
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,105 2,590 2,440
Gasolina Diesel S500 Etanol
Raízen 3,341 3,393 2,839 2,839 3,043 3,125
Gasolina Diesel S10 Etanol
3,205 2,837 2,635
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,061 2,557 2,200
Teresina (PI)
Recife (PE)
Maceió (AL)
Menor BR
3,299 2,894 3,234
N/D N/D N/D
3,270 N/D N/D
Alesat 3,270 N/D N/D
3,469 2,868 N/D
3,266 2,837 2,880
Raízen 3,439 2,898 2,880
N/D N/D N/D
N/D N/D N/D
3,200 2,650 2,600
3,294 2,720 2,590
Raízen 3,224 3,290 2,803 2,888 2,546 2,633
3,202 2,692 2,474
N/D 3,255 2,760 2,505
N/D N/D N/D
3,457 2,912 2,976
3,296 2,837 N/D
3,479 2,855 2,635
N/D N/D N/D
IPP
BR
N/D
IPP 3,363 2,804 2,951
Maior
3,146 2,841 2,726
BR
João Pessoa (PB)
Maior
Raízen 3,146 3,228 2,837 2,901 N/D N/D
BR
Fortaleza (CE)
Natal (RN)
3,148 2,841 3,077
Menor
N/D
Total 3,200 2,650 2,600
BR 3,358 2,720 2,851 BR
IPP
3,405 2,816 2,815 BR
3,381 2,791 3,225
3,355 2,682 2,820
3,368 2,943 2,842
Raízen 3,276 3,396 2,820 2,900 2,550 2,800
3,310 2,870 2,752
3,340 2,870 2,842
3,256 2,626 2,505
2,977 2,590 2,203
3,349 2,764 2,855
3,132 2,617 2,410
Raízen 3,315 2,791 2,618
Gasolina Diesel S500 Etanol
Atlântica 3,154 3,296 2,618 2,620 2,713 2,980
3,184 2,651 3,032
3,304 2,814 3,047
3,223 2,650 2,760
Raízen 3,364 2,714 2,993
Gasolina Diesel S500 Etanol
Raízen 3,284 3,541 2,604 2,790 2,481 3,059
3,368 2,633 2,460
3,681 2,890 3,060
3,340 2,696 2,447
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,232 2,711 2,000
3,391 2,763 2,746
Raízen 3,189 3,313 2,690 2,698 2,099 2,258
3,144 2,620 1,964
3,363 2,770 2,548
Gasolina Diesel S500 Etanol
2,834 2,537 1,754
3,296 2,673 2,109
2,824 2,490 1,716
3,095 2,609 2,085
2,740 2,559 1,716
Raízen 3,122 2,711 2,089
Gasolina Diesel S500 Etanol
3,149 2,808 2,556
3,332 2,835 3,164
Raízen 3,179 3,262 2,759 2,817 2,569 3,082
3,110 2,706 2,446
Aracaju (SE)
Salvador (BA)
Vitória (ES)
BR
Total
Belo Horizonte (MG)
BR
São Paulo (SP)
IPP
BR
BR
IPP
BR
3,401 2,876 2,820 IPP
BR
Rio de Janeiro (RJ)
Brasília (DF)
3,296 2,772 3,003
N/D N/D N/D
BR 3,511 2,760 2,697 IPP
IPP
3,267 2,850 2,978 Fonte: ANP
Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.
Combustíveis & Conveniência • 65
44 CRÔNICA 4 Antônio Goidanich
México lindo e querido Tio Marciano, o galego Ruano e o Doutor estão em intensas viagens de atualização. Entre “chás-de-banco” em aeroportos, extensas caminhadas por corredores, voos lotados e demorados check-in de hotéis vão trocando impressões. Claro que tudo regado a fartas doses de destilados, cervejas e excelentes vinhos, além de copiosas refeições. - É muito bom não precisar dirigir. Dá para apreciar umas bebidinhas. - Agora a moda são bebidas brancas. Que não passem em barris de carvalho queimados. Rum branco e tequila branca. - Eles têm razão, são uma maravilha. - E como estão bebendo. Bares e restaurantes lotados. - Quantas novidades. Obras viárias, enormes e luxuosos edifícios.
66 • Combustíveis & Conveniência
- É incrível. Vistes Lima? Quanto desenvolvimento! - E a Cidade do México, então? - O Brasil está complicado. Por isso meus netos estão emigrando. - Em Porto Alegre, o metrô, previsto para a Copa do Mundo, inaugurado pela presidenta umas cinco vezes, não saiu do papel. Por aqui é obra e obra. - Seria difícil acreditar que não haja alguma “básica corrupçãozinha latino-americana”, mas as obras existem e estão aí. Não vai tudo para propina e desvios. - Bem mais civilizado. Tio Marciano levanta o cálice de tequila - Dom Julio blanco - e brinda: - Arriba México.