ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa
44 • C, de consumo
n Na Prática
38 • Organização é tudo 41 • Posto social
n Meio ambiente
50 • Redução das emissões é a bola da vez n Conveniência
n Mercado
22 • Noivado confirmado 26 • Importação de diesel será recorde em 2010 28 • Dinheiro
54 • Cartões e etanol em destaque na Nacs n Entrevista
ou cartão?
14 • A energia que vem da fotossíntese
20 • Paulo Miranda
60 • Perguntas e Respostas
37 • R. Fregonese
58 • Atuação sindical
49 • Jurídico Felipe Goidanich
66 • Crônica Para quê???
57 • Conveniência Ricardo Guimarães
4TABELAS
04 • Virou notícia
4OPINIÃO
4SEÇÕES
31 • Fôlego só a partir de dezembro 34 • Baixada Santista retoma ritmo de crescimento
61 • Evolução dos Preços do Etanol 62 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 63 • Formação de Preços 64 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3
44 VIROU NOTÍCIA
Morgana Campos
Mais 35 postos fechados em SP Uma força-tarefa coordenada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo cassou a inscrição estadual de 35 postos no dia 20 de outubro, sob a acusação de venda de combustíveis adulterados e falta de renovação de inscrição estadual. A megaoperação foi realizada em 52 municípios e fez parte do Dia Nacional de Combate à Sonegação, coordenado pelo Grupo Nacional de Combate a Organizações Criminosas (GNCOC). Desde 2005, o fisco paulista já cassou 816 postos por venda de combustíveis adulterados.
Brasil é o quarto país que mais vende automóveis O Brasil voltou a ocupar a quarta posição na venda mundial de veículos, ultrapassando a Alemanha, no acumulado de janeiro a agosto, segundo levantamento da Jato Dynamics do Brasil, empresa especializada em informações do mercado automotivo. A China continua na liderança das vendas globais, com crescimento de 42,1% na comparação com o mesmo período de 2009. Em seguida aparecem os EUA, com expansão de 8,5%, e o Japão, com alta de 7,4%. Os dados chineses incluem apenas veículos de passeio, enquanto, nos demais países, os números englobam automóveis e comerciais leves. O mercado nacional registrou alta de 8,5% no período, atingindo 2,077 milhões de unidades. Vendas por país (de janeiro a agosto)
DE OLHO NA ECONOMIA • O consumo deve continuar aquecido até o final do ano devido à baixa taxa de desemprego, mesmo diante do aumento da inadimplência. • No que depender do câmbio, as importações de veículos continuarão aquecidas. • Problemas nas safras de milho e algodão globais devem manter aquecido o agronegócio brasileiro, apesar do real forte.
• Mais uma vez, o preço do etanol deve subir significativamente na entressafra. • O IGP-M, principal índice para o reajuste de aluguéis, segue em tendência de alta. Deve chegar ao final do ano perto dos 10%. • Os juros devem continuar elevados para segurar a taxa de inflação.
4 • Combustíveis & Conveniência
China - 8,414 milhões EUA - 7,662 milhões Japão - 3,543 milhões Brasil - 2,077 milhões Alemanha - 2,027 milhões
Motoqueiro não troca o óleo? A falta de radiador na maioria dos modelos, entre outras peculiaridades, obriga as motos a fazerem trocas de óleo mais frequentes, a cada mil quilômetros. Mas é difícil encontrar dono de moto e dono de posto que vejam isso ocorrer na frequência que deveria. Com as vendas de moto em alta, incrementa a margem de lucro quem convencer o pessoal das duas rodas a trocar o óleo como manda o manual do proprietário.
Divulgação
A maioria dos modelos Honda, por exemplo, precisa trocar o óleo pela primeira vez com mil quilômetros e as seguintes, a cada 4 mil km, para os modelos até 300 cilindradas.
ANP assina convênio com Sefaz-CE O diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe, assinou um convênio de cooperação técnica com a Secretaria Estadual de Fazenda do Ceará. O convênio, com duração de 36 meses, permitirá aos fiscais da Sefaz-CE realizarem ações de fiscalização em postos revendedores, contribuindo de maneira efetiva no combate á adulteração de combustível. Atualmente a ANP tem convênio com 10 secretarias de Fazenda de estados brasileiros: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins.
São Paulo e Minas têm diesel mais barato As rodovias BR 262 e 116, que cortam os Estados de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, têm os menores preços de óleo diesel do Brasil, segundo o último levantamento do Índice de Preços Ticket Car (IPTC). Em setembro, o preço médio do combustível nestas rodovias era de R$ 1,91 o litro. No Mato Grosso, a BR 163 tem o maior valor do país, em média R$ 2,25 o litro. O levantamento mostrou que, nas regiões urbanas, o Distrito Federal tem os melhores preços para o óleo diesel, com média de R$ 1,96 por litro.
Ping-Pong
Marcelo Alecrim, presidente da ALE
Ipiranga e ALE estão mesmo próximas de uma união ou tudo não passa de boatos? O que existem são especulações normais no mercado, como acontece de tempos em tempos, de fusões e aquisições de empresas, mas não existe nada de concreto, nenhuma negociação. Há posicionamentos naturais num país com quatro distribuidoras que concentram 80% de todo movimento de combustíveis, o que, na minha opinião, é pouco, deveria haver mais. As coisas caminham de acordo com a conveniência econômica de cada empresa. Do nosso lado, estamos fazendo nosso dever de casa. Somos a caçula do Sindicom, com apenas 14 anos de existência e já temos 5% do mercado. A ALE é um case de sucesso, união da SAT do Nordeste com a ALE do Sudeste: duas regionais que se uniram para formar uma nacional. Crescemos, adquirimos uma multinacional (Repsol), uma Polipetro (Santa Catarina). Para nós, é motivo de grande orgulho que empresários brasileiros tenham criado uma empresa do zero e ela ter chegado a um tamanho como esse. E se hoje estamos nos boatos, só temos que nos orgulhar da importância e do respeito que nossos pares têm conosco. Quais os próximos passos da ALE em meio a um mercado cada vez mais concentrado? Crescer. Temos facilidade de crescimento, porque somos a mais próxima entre as grandes redes. Primeiro, ocupamos espaço, chegando a quase 46 bases no Brasil, atuando em 23 estados. Quase dobramos de tamanho nos últimos seis anos e não vejo por que não continuarmos a ampliar o tamanho, seja com crescimento orgânico ou adquirindo pequenas distribuidoras ou fundindo com outras, o que vale é cada vez mais olhar para a frente. Como senhor avalia o momento atual do mercado? Com muita preocupação por causa de assuntos antigos, que todos sabem como resolver, mas ninguém resolve, como o problema da sonegação do etanol. Como é que uma companhia monta um preço e a outra um outro preço, muito mais barato? Fica difícil de explicar. Você investe pensando na seriedade do mercado, atendendo a todas as exigências, mas esses problemas acontecem à luz do dia e se torna difícil a competição saudável, já que algumas partes não recolhem todos os tributos. A logística de distribuição de combustíveis tem preocupado a ALE? A ALE se preparou bem nessa questão, é uma das poucas distribuidoras que tem uma frota própria, atualmente com 280 caminhões, e motoristas com todos os treinamentos possíveis. Mas esse não é um problema do setor de combustíveis, mas sim da logística brasileira. Hoje qualquer homem tem sua profissão, mas também sabe dirigir e pode, algumas vezes, como última esperança, tentar ser motorista. E pode ser que, pela pressa e a necessidade que o setor tem, alguns inexperientes possam estar transportando, o que traz vários riscos para a sociedade. Um crescimento de 5% a 6% pode ser pequeno no curto prazo, mas torna-se preocupante para a logística no longo prazo.
Combustíveis & Conveniência • 5
44 VIROU NOTÍCIA Agência Petrobras
Quatro Refinarias até 2020? Truco! Quem conhece muito bem os números da Petrobras e analisa em profundidade as perspectivas de aumento da demanda de derivados de petróleo duvida que as quatro refinarias anunciadas — em Pernambuco, Rio de Janeiro (fase I do Comperj), Maranhão e Ceará — saiam do papel no cronograma previsto. O projeto apresentado ao grande público seria o melhor dos muitos cenários traçados pela estatal. Dentro do prédio da matriz há quem corrobore a informação. A com maior chance de ser adiada é a unidade cearense. Dois pontos que embasam a teoria: o aumento da demanda prevista pela Petrobras está muito acima da média histórica; e não faz sentido, estrategicamente, ter uma imensa capacidade ociosa de refino para exportar derivados.
6 • Combustíveis & Conveniência
Aos pares Está cada vez mais bem definida a disputa relacionada à produção de biocombustíveis de segunda geração. Alguns dos principais grupos sucroalcooleiros do país já selecionaram seus parceiros na área de biotecnologia. A São Martinho saiu na frente com a parceria com a Amyris. Na sequência, a Cosan matou dois coelhos com uma tacada só com a joint venture com a Shell. No final de outubro, a Petrobras anunciou um acordo com a Novozymes. A Novozymes, vale lembrar, também já havia anunciado parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira. Resta saber se todas as tecnologias serão bem sucedidas em escala comercial.
Solução para a caixa separadora A Eco2 Corp, empresa parceira do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e Região (Recap) no programa de coleta de embalagens de lubrificantes, está desenvolvendo mais uma solução para os resíduos dos postos: a transformação do material da caixa separadora em tijolos, utilizados na construção civil. De acordo com Vladimir Kudrjawzew, diretor da empresa, a ideia surgiu da necessidade de dar destino adequado a todos os resíduos dos postos. O processo inclui a separação da parte líquida, que é enviada a uma empresa especializada em tratamento de efluentes, que
faz o tratamento ambientalmente correto. Sobra então areia e lodo contaminado por hidrocarbonetos. “A solução simples seria queimar, mas isso libera gases tóxicos. Ou seja, o que era resíduo sólido se transforma em resíduo gasoso”, disse Kudrjawzew. Assim, a empresa procurou uma nova forma de utilizar este resíduo. “Verificamos que a argila tem capacidade de enclausurar óleo. Então, fizemos tratamento primário na areia da caixa separadora, e utilizamos esta areia para fabricar tijolos”, contou. O novo produto, que já foi testado na Unicamp, está agora em fase de licenciamento.
PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich
Argentina A cidade de Córdoba, importante centro industrial do interior argentino, tem sido palco de intensa e movimentada discussão com respeito à eventual existência de práticas anticompetitivas na comercialização de Gás Natural Veicular.
África A Chevron anunciou a venda de sua participação no mercado retalhista de combustíveis em sete países da África : Zâmbia, Tanzânia, Zimbawe, Ilhas Mauricius, Moçambique, Ilhas Reunião e Malawe. A compradora é a empresa petroleira Engen.
Mais que merecido
Áustria
Recap
Por falar em Recap, o Sindicato faturou o 5º Prêmio de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo, concedido pelo Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Recap foi contemplado na categoria “entidade varejista”, com seu projeto de coleta de resíduos, que engloba itens como filtros e embalagens de óleo lubrificante. O programa foi estabelecido por meio de uma parceria com as empresas Oil Packing e Wisewood, que utiliza os resíduos para fabricação de dormentes para ferrovias, pallets industriais e estacas para agricultura. Nossos parabéns!
As autoridades da União Europeia estão combatendo tenazmente duas medidas do governo austríaco para diminuir a poluição. Uma é a exigência de standares de emissão para os carros de segunda mão importados diferente das exigências aos veículos austríacos. A outra medida é a proibição de tráfego de veículos pesados no Vale do Inn. Ambas estão sendo consideradas protecionistas.
Estônia Um recente relatório dos testes de qualidade dos combustíveis comercializados neste país báltico nos últimos três anos apontou que 14,2% das amostras apresentavam desvios para baixo nos níveis exigidos.
Suíça O mercado retalhista de combustíveis da Confederação Helvética segue sem grandes modificações – BP e Shell ocupam os primeiros lugares, com posição amplamente dominante. Ao contrário do resto
da Europa, as companhias não estão fazendo desinvestimento.
Polônia Dando sequência à reunião de Poznan sobre o clima, a Comissão Europeia está trabalhando num projeto que cria um fundo para ajudar os países pobres a desenvolver as necessárias estratégias para diminuir os índices de emissão de carbono.
República Checa O grupo Unipetrol que controla 51% do capital da empresa Ceska Refinerska – o restante é compartido entre Shell e ENI – anunciou que está prestes a alcançar as exigências do chamado Euro V. Suas refinarias, convertidas a partir de 2008, estarão produzindo um combustível com ultra-baixo teor de enxofre.
Suécia O ambiente competitivo do mercado retalhista deste país apresentou sério impacto negativo com a recente saída da ConocoPhillips dos mercados escandinavos. A Statoil assumiu uma posição dominante de tal monta que as autoridades reguladoras de competição da União Europeia estão atuando.
Colômbia Como resultado da enérgica atuação do governo nacional, todo o território colombiano está sob a égide da autoridade constituída. Isto tem causado enormes transtornos aos postos que estavam situados no interior, em regiões antes sob o controle das guerrilhas, que se veem obrigados a atenderem as mesmas exigências de modernização que os situados nas cidades principais já atendem há alguns anos. Combustíveis & Conveniência • 7
CARTA AO LEITOR 44 Morgana Campos A revista Combustíveis & Conveniência é o veículo oficial da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis)
A Classe do Consumo A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos e a Fergás, defendendo os interesses legítimos de quase 38 mil postos de serviços, 365 TRRs e cerca de 35 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de GLP: Álvaro Chagas Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral de Almeida Diretoria: Aldo Locateli, Alírio José Gonçalves, Álvaro P.Chagas, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Eliane Maria de F. Gomes, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renaut, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio. Conselho Editorial: Fernando Martins, José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano, Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Morgana Campos (morganacampos@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br ) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Rodrigo Squizato (rodrigo@deletra.com.br ) Capa: Alexandre Bersot Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Cidadelas Produções (cidadelas@cidadelas.com.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar. Centro RJ. Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221 6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br
8 • Combustíveis & Conveniência
A incrível expansão da classe média brasileira tem sido tema de inúmeros estudos e matérias na imprensa especializada. Todo mundo quer saber o que pensam, o que desejam, como agem, o que procuram esses indivíduos. Cada especialista tem sua teoria, cada pesquisador apresenta seus dados, que geram novas capas de revistas e entrevistas em jornais. Especulações à parte, uma coisa é certa: a classe média tem uma demanda reprimida de consumo. E, com estabilidade no emprego e maior oferta de crédito, tem ido às compras, compensando os anos de desejos reprimidos. Na matéria de capa deste mês, o repórter Rodrigo Squizato conta um pouquinho sobre essa classe que não para de crescer (e vai continuar crescendo) e traz algumas dicas importantes para quem quer conquistar a preferência desses novos consumidores. Rodrigo também mostra os detalhes da joint venture entre Shell e Cosan, que irá resultar em integração das atividades (e sumiço da marca Esso dos postos) no primeiro semestre do próximo ano. Na seção Na Prática, a editora-assistente Gisele de Oliveira explica o que precisa ser feito para tornar seu estabelecimento adequado aos portadores de necessidades especiais. Mais do que uma exigência legal, tal iniciativa mostra o compromisso do empresariado com a responsabilidade social. A entrevista deste mês ficou por conta de Rosimeire Guidoni, que conversou com o presidente da União da Indústria de Canade-Açúcar (Unica), Marcos Jank. Ele falou sobre a volatilidade dos preços do etanol, em meio à alta no valor de venda na produção que voltou a incomodar o mercado; abertura de novos mercados para o biocombustível brasileiro; oferta de etanol no mercado interno, entre outros tópicos. Não deixe de ler! Na seção conveniência, Rosimeire também mostra o que se andou discutindo na Nacs Show, a maior feira mundial do segmento de lojas de conveniência, que ocorre nos Estados Unidos. Por lá, assim como anda acontecendo aqui, o foco tem sido o food service e a briga com a indústria de cartões. Novidades também começam a despontar no que se refere aos estudos para identificar o que anda causando a borra em tanques e filtros de diesel. Segundo algumas pesquisas, materiais como o cobre podem estar acelerando a oxidação do biodiesel e ajudando a causar os transtornos nos postos de serviços. Mas isso é assunto para a próxima edição. Até lá! Uma boa leitura, Morgana Campos
44 AGENDA Realização: Sindicombustíveis-AL Informações: (82) 3522-1029
Novembro Reunião com Revendedores de Pernambuco
2011
Data: 17 Local: Salgueiro (PE) Realização: Sindicombustíveis-PE Informações: (81) 3227-1035
Junho
Jantar de Confraternização da Revenda de Alagoas Data: 19 Local: Espaço Pierre Chalita – Maceió (AL)
6º Encontro de Revendedores do Nordeste Data: 9 a 12 Local: Fortaleza (CE) Realização: Sindipostos-CE Informações: (85) 3244-1147
Agosto Expopostos 2011 Data: 16 a 18 Local: Expo Center Norte (São Paulo) Realização: Abieps, Fecombustíveis e Sindicom Informações: (21) 2221-6695 Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para morganacampos@ fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@ fecombustiveis.org.br. Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.
44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC CEP: 69.908-600 Fone: (68) 3326-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 33202738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis.com.br www.sindicombustiveis.com.br
GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 spostos@terra.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Dilleno de Jesus Tavares da Silva Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís - MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 sindcomb@uol.com.br www.sindcomb-ma.com.br MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá - MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande - MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br
CEARÁ Guilherme Braga Meireles Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br
MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2108- 6500 Fax: (31) 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br
DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3ºandar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sinpetrodf@yahoo.com.br sinpetrodf@gmail.com www.sinpetrodf.com.br
PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/3241-4473 www.sindicombustiveis-pa.com.br secretaria@sindicombustiveis-pa.com.br
ESPÍRITO SANTO Ruy Pôncio Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br
PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Rua Rodrigues de Aquino, 267 5º andar-Centro João Pessoa - PB Fone: (83) 3221-0762 - Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com
10 • Combustíveis & Conveniência
PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr.com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br PERNAMBUCO Frederico José de Aguiar Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusines 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói – RJ Cep. 24360-066 Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 Tijuca Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE José Vasconcelos da Rocha Júnior Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal - RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 3217-6577 www.sindipostosrn.com.br sindipostosrn@sindipostosrn.com.br
Fone: (54) 3222-0888 Fax: (54) 3222-2284 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Eliane Maria de Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho- RO Fone: (69) 3223-2276 Fax: (69) 3229-2795 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Benjamim Constant, 354, sala 3 Centro Boa Vista - RR sindipostosrr@ibest.com.br SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville - SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 34330932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau - SC Fone: (47) 3326-4249 / 4249 Fax: (47) 33266526 sinpeb@bnu.matrix.com.br SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC CEP: 88101-000 Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@gmail.com
RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre - RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidenciacoopetrol@coopetrol.com.br www.coopetrol.com.br
SANTA CATARINA - LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 ou 9657-9715 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis.com.br www.sincombustiveis.com.br
RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul - RS
SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão
Campinas - SP CEP: 13.070-062 Fone: (19) 3284-2450 www.recap.com.br recap@recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos - SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua São Cristóvão, 212, sala 709 Aracaju - SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Av. Imperatriz Leopoldina, 1905/cj.17 Vila Leopoldina São Paulo - SP Fone: (11) 3644-3439 / 3440 3645-2640 Fax: (11) 3644-3439 / 3440 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas - Tocantins Cep. 77015-028 Fone: (63) 3215-5737 sindipostos-to@sindipostos-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga - SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (21) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada FERGÁS Álvaro Chagas Av. Luis Smânio, 552, Jd. Chapadão Campinas – SP Fone: (19) 3241-4540 fergas@fergas.com.br www.fergas.com.br
44 MARCOS SAWAIA JANK 4 presidente da Unica
A energia que vem da FOTOSSÍNTESE Paulo Pereira
Por Rosemeire Guidoni O mundo inteiro está em busca de um combustível de baixo carbono, algo que o Brasil já tem há mais de 30 anos – o etanol. De acordo com dados da União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica), a redução do 14 • Combustíveis & Conveniência
volume de emissões, somente com a utilização dos veículos do tipo flex, já ultrapassou 100 milhões de toneladas de carbono nos últimos sete anos. “Por isso as petroleiras começaram a se interessar pelo etanol”, disse Marcos Sawaia Jank, presidente da entidade,
que conta com 127 associados, responsáveis por 60% de toda a cana-de-açúcar do Brasil. “Petrobras, BP e Shell já estão investindo neste segmento. Aliás, a joint venture entre a Shell e a Cosan é um sinal claro da internacionalização do etanol”, afirmou.
E apesar de os olhos do mundo estarem voltados para o etanol brasileiro, o próprio país ainda tem algumas incertezas. As flutuações de preço do combustível e as perspectivas de crescimento do setor para o aumento de demanda são as principais preocupações do mercado, ao lado do comércio irregular do produto, que ainda causa um rombo anual de cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Confira a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva que Jank concedeu à Combustíveis & Conveniência, na sede da Unica. Combustíveis & Conveniência - Por que o preço do etanol aumentou em plena safra? Marcos Jank – Os preços do etanol flutuam sempre. Mas é importante entender que todas as commodities, inclusive o petróleo, também apresentam oscilações de preços. O problema é que na gasolina e no diesel isso não é aparente, já que existe um controle por parte do governo, que mantém certa estabilidade. No etanol, a flutuação é esperada. Ela pode ser tanto sazonal (ligada às épocas de safra e entressafra) quanto cíclica, pode ocorrer dentro de um mesmo ano ou em períodos distintos, em função do ciclo da cana. O preço variou tanto no ano passado por conta das chuvas, que fez com que as usinas perdessem quatro bilhões de litros de álcool, motivo da alta de janeiro e fevereiro. Quando começou a safra, o preço caiu. Agora, entramos na entressafra e esta alta recente tem a ver com o fim da safra. Existem algumas medidas em andamento no mercado, como a criação do agente
comercializador e a formação de estoques reguladores, que devem minimizar estas oscilações. Mas nosso crescimento está justamente no fato de o mercado não ter controle de preços. É muito importante que os postos entendam que as commodities são voláteis, o próprio petróleo variou de preço nos últimos três anos. Porém, seu preço, no Brasil, é mantido artificialmente. Vamos continuar tendo volatilidade, faz parte da estrutura do mercado. O que se pode esperar é uma redução da volatilidade, o que permite melhor planejamento.
É importante entender que todas as commodities, inclusive o petróleo, também apresentam oscilações de preços. O problema é que na gasolina e no diesel isso não é aparente, já que existe um controle por parte do governo, que mantém certa estabilidade
C&C - A formação de estoques reguladores e o agente de comercialização são medidas apontadas como alternativas para diminuir a oscilação dos preços. Mas por que até agora isso ainda não ocorreu? MJ – Embora o agente de comercialização tenha sido criado no final do ano passado, somente agora esta figura entrou de fato no mercado, pois demorou um tempo para que as empresas se formassem. O setor espera que, a partir de agora, o engessamento se reduza. Antes, as usinas só podiam vender para distribuidoras, e estas, por sua vez, só podiam comprar das usinas. Isso não dava liquidez para a formação de estoques. Afinal, as empresas que enfrentavam dificuldade, derrubavam o preço na época do ano em que havia produto disponível, e subiam quando faltava. Agora, os agentes de comercialização, juntamente com as empresas de comercialização, devem possibilitar a formação de estoques muito acima da produção própria nas usinas. Esperamos que daqui para frente, toda vez que o preço estiver baixo, estas
empresas comprem e armazenem esse produto até o momento de vender. Em relação aos estoques reguladores, o chamado warrantagem, também houve atraso. Embora seja controlado pelo setor privado, o warrantagem é um programa conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Brasil, e o financiamento demorou demais para sair. Mas esta é uma alternativa importante para minimizar as flutuações de preços, visto que o mercado de etanol tem uma peculiaridade: produzimos sete meses por ano e comercializamos 12. Vale destacar que outro ponto muito importante é a consolidação que está acontecendo no setor. Com a formação de empresas maiores e com melhor estrutura, a volatilidade se reduz. Hoje, estamos no auge da fase de rearranjo do setor. Houve um “freio” de arrumação depois dos investimentos de 2006/2008. Com a crise econômica, muitas empresas tiveram dificuldades e mais de um quinto da cana mudou de mãos, o que representa mais Combustíveis & Conveniência • 15
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de 120 milhões de toneladas de cana. Praticamente não houve empresas quebradas no setor, mas sim compradas por outros grupos. Tivemos também a entrada das petroleiras, como a BP, a Shell e agora a Petrobras. Temos as químicas, como a Braskem, vários fundos de investimentos e empresas que cresceram muito, como a Cosan e a Coopersucar. Este rearranjo vai levar a empresas muito mais sólidas do que no passado, e certamente isso tudo vai se refletir em menor flutuação no etanol. C&C – Esta situação afeta de que forma as associadas à Unica? MJ – A volatilidade do mercado afeta a todos. O produtor é prejudicado, pois em um momento está vendendo abaixo do custo, em outro o preço está alto, e isso gera incertezas. A distribuidora talvez seja a menos afetada, pois é uma repassadora. O posto revendedor sofre com isso também. O governo, por sua vez, não gosta desta situação, pois tem de lidar com a incerteza. O preço do etanol causa problemas até no mercado de gasolina. Um 16 • Combustíveis & Conveniência
exemplo claro disso foram as recentes importações de gasolina neste ano. Por isso, a Unica acredita que temos de caminhar para um sistema que reduza a volatilidade, com regras para tanto. Nós pleiteamos junto aos candidatos à presidência um marco regulatório específico para biocombustíveis, que defina as regras do jogo de maneira mais clara, na área de regulação, comercialização e infraestrutura. Temos marco regulatório para gás e petróleo, por que não para os biocombustíveis? Um dos grandes problemas do setor é que a produção se deslocou para o Centro-Oeste, mas a logística continua baseada no transporte rodoviário. Ou seja, para levar etanol para o Norte e Nordeste, gasta-se diesel, quando já devíamos estar caminhando para ferrovias ou transporte através de dutos. Para acontecer um deslocamento da produção para outras áreas, é necessária uma definição mais clara do papel do etanol na matriz energética brasileira. Um marco regulatório mais estável para o etanol viria em benefício de toda a cadeia, produtores, distribuidoras e revendedor. C&C – No final de 2009 e início de 2010, tivemos problemas com o suprimento de hidratado/ anidro, sendo que, por 90 dias, o percentual de mistura de anidro na gasolina teve de ser reduzido de 20 para 25%. Há risco desta situação se repetir? MJ – Não acredito, vamos ter uma entressafra muito segura. Moemos muito neste ano. A cana cresceu, o etanol cresceu,
o açúcar cresceu, o açúcar na exportação cresceu. Só não houve crescimento no volume de etanol exportado. C&C - Qual a expectativa da entidade em relação às exportações de etanol? MJ – Este mercado deve crescer, mas é um processo lento. No Brasil já temos atualmente 40% de frota flex, que pode chegar facilmente a 90%, com a renovação da frota. A exportação de etanol também vem crescendo ao longo da década. Não é um processo de um ano ou dois, é mais lento, mas vai acontecer, porque o etanol brasileiro foi reconhecido pelas agências de controle ambiental dos EUA e da União Europeia como muito melhor do que o etanol de milho. As pesquisas mostram que o etanol de cana reduz 61% das emissões (em relação à gasolina), enquanto que o etanol de milho apresenta apenas 20% de redução. Ou seja, o etanol de cana é três vezes melhor do ponto de vista ambiental. Isso vai abrir o mercado. Porém, nos EUA, o crescimento é baseado na gasolina. Lá é praticamente inexistente o etanol puro, e a adição à gasolina
Com a crise econômica, muitas empresas tiveram dificuldades, e mais de um quinto da cana mudou de mãos, o que representa mais de 120 milhões de toneladas de cana. Praticamente não houve empresas quebradas no setor, mas sim compradas por outros grupos
está sendo elevada agora. Eles começaram com 3% e este ano estão chegando a 8%. E vão atingir rapidamente 10%, além de já estar em debate 15%. Isso está se tornando lei nos EUA, pois eles precisam baixar o carbono da gasolina. E uma das poucas maneiras para se obter isso é misturar biocombustíveis. A joint venture entre a Shell e a Cosan é um sinal claro da internacionalização do etanol. A Shell não iria fazer uma parceria deste porte se não fosse para atender ao mercado externo. Nós achamos que o mercado vai acontecer, mas ainda é necessário derrubar a tarifa, que hoje é proibitiva. O petróleo barato acabou, o debate climático veio para ficar. Tudo isso vai empurrar o país na exportação de etanol, que vai acontecer à medida que o mercado for criado. Estamos exportando etanol, mas é pouco. Se tivermos sinalização clara de que os EUA vão importar mais etanol, passamos a produzir mais.
C&C - Apesar das recentes medidas na área tributária, a sonegação de impostos na comercialização do etanol continua sendo um grave problema. De que maneira o desequilíbrio concorrencial causado pela sonegação afeta as associadas da Unica? Como a entidade acha que o problema pode ser resolvido ou minimizado? MJ - Existe uma ilegalidade neste mercado, que acontece principalmente no segmento de distribuição. A legislação permite a abertura de distribuidoras sem grandes exigências (de tancagem, por exemplo), o que facilita a criação de empresas irregulares, cuja única finalidade é vender combustíveis sem o recolhimento correto de impostos. Este é o maior problema. Existe também a venda direta de usina para postos, mas isso é muito pequeno, acontece somente nas regiões onde eventualmente tem etanol. O problema do etanol sonegado é muito maior, provocado por distribuidoras de fachada, que derrubam o preço e provocam uma competição espúria nos postos. Este problema sem dúvida afeta os produtores, já
A volatilidade do mercado afeta a todos. O produtor é prejudicado, pois em um momento está vendendo abaixo do custo, em outro o preço está alto, e isso gera incertezas. A distribuidora talvez seja a menos afetada, pois é uma repassadora. O posto revendedor sofre com isso também que o etanol sonegado também derruba o preço na usina. É um ciclo vicioso: o produtor que vende para uma dessas empresas (distribuidora irregular), o faz porque ela oferece preço mais alto do que as concorrentes que recolhem corretamente os impostos. Mas isso gera uma redução de preço, que prejudica esta empresa mais à frente. Nós temos atuado de forma muito próxima ao Sindicom no combate a esta irregularidade. Todo o sistema de fiscalização precisa ser aprimorado. Paulo Pereira
C&C - O Ministério de Minas e Energia diz que o etanol deve crescer 145% nos próximos dez anos. O setor está preparado para isso? MJ – Sim, há grande espaço para o desenvolvimento do mercado de etanol. Nós não só podemos expandir a cana sobre as áreas de pastagens degradadas, como também aumentar a produtividade. Quando começamos o Proálcool, a produção era de três mil litros por hectare, e hoje já estamos em oito mil litros por hectare. E com o etanol de segunda geração, já que 2/3 da energia da cana está no bagaço e na palha, podemos passar de oito para 14 mil litros por hectare.
Mas é importante lembrar que o etanol é um produto cujos investimentos demoram cinco, seis anos para acontecer, é o ciclo agrícola. Existe espaço para um novo ciclo de crescimento, mas é necessário planejamento, políticas públicas adequadas, investimentos organizados, melhor relacionamento da cadeia dos combustíveis, desde o produtor até a revenda.
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44 MARCOS SAWAIA JANK 4 presidente da Unica Combustíveis são muito taxados, e falta ação nas distribuidoras irregulares. Usina não comete este tipo de irregularidade e, se o fizer, é possível saber onde ela está, ela tem endereço fixo. C&C - O que a entidade acha da instalação dos medidores de vazão nas usinas? MJ - Somos a favor dos medidores de vazão, caso funcionem bem. Somos totalmente a favor, assim como fomos a favor do corante, da nota fiscal eletrônica. Nós apoiamos todas as medidas disciplinadoras, ainda que muitas vezes sejam necessárias correções na forma como são aplicadas.
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C&C - Como o senhor vê a concorrência do etanol com outros combustíveis, como o GNV (cujos preços são semelhantes, embora o poder calorífico do etanol seja menor), a gasolina (que tem os preços equilibrados pelo governo) e a eletricidade? MJ - O gás só é usado com finalidade veicular em países muito pobres. Em nossa avaliação, o Brasil precisa de gás para
indústria e não para automóvel. Já os carros elétricos vão acontecer no futuro, mas não vemos como um competidor direto. Os híbridos dependerão do etanol também. Já em relação à gasolina, existe competição de preços. E o preço da gasolina é artificial, existe um controle do governo que impede grandes variações. Em nossa avaliação, são necessárias regras na tributação, por exemplo. Por que não temos mais uniformidade na tributação? O estado de São Paulo vende quase metade do etanol produzido no Brasil porque o ICMS é mais baixo. Já em Minas, segundo estado produtor de etanol, o ICMS é quase o dobro. No mundo inteiro, as alternativas renováveis têm de ter taxação menor do que os combustíveis fósseis. O etanol deveria ser taxado pelo nível mais baixo do combustível fóssil. Hoje em São Paulo o etanol é taxado no mesmo nível do diesel, e a gasolina num nível mais elevado. No resto do Brasil, o etanol é taxado idem a gasolina e o diesel mais barato. O Brasil estimula o diesel por causa do transporte pesado. Só o estado de São Paulo estimula o etanol, que deveria ter incentivo maior. Além deste problema, a Cide, que é um imposto federal, precisa ser melhor regulamentada. C&C - Qual a postura da Unica em relação aos debates sobre a produção de alimentos x combustíveis, e sobre meios ambiental e socialmente corretos de produção?
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MJ – Esta é uma preocupação muito grande da Unica. Em São Paulo, fizemos o Protocolo Agroambiental, que, entre outras coisas, prevê o fim das queimadas para 2014, antecipando a lei, que determinava que isso acontecesse em 2021. Além disso, estamos demarcando e recuperando as áreas de preservação permanente, próximas aos rios. Propusemos também o zoneamento, que estabelece as áreas onde se pode plantar cana e onde não pode. Nós assumimos a posição de ser a primeira atividade agrícola que não vai afetar nenhum bioma, não podemos crescer em áreas de florestas e de preservação. Não é possível que um produto que vai substituir o combustível fóssil tenha sido produzido por meio de desmatamento, por isso assumimos o desmatamento zero. Também lançamos o maior programa de requalificação de trabalhadores. Hoje, uma máquina substitui 100 cortadores de cana, dos quais apenas 20 são absorvidos para a operação da própria máquina, ou no transporte. Por isso, fizemos um programa para transformar ex-cortadores em mecânicos, caldeireiros, eletricistas. Estamos requalificando oito mil pessoas/ano, na maior parte dos casos em unidades do Senai. Cada usina escolhe os funcionários de acordo com sua escolaridade, e treina para a nova atividade. Para estas pessoas, é uma mudança de vida muito importante. Temos o apoio da federação que representa os trabalhadores e dos fabricantes dos equipamentos. Além deste programa, temos o Renovação Comunidade, que identifica as carências locais, treinando funcionários das usinas e sua família para o comércio e o varejo.
Tais ações contribuem para o etanol ser melhor aceito nos mercados interno e externo. Na questão dos alimentos, vale destacar que o Brasil aumentou a produção de cana, mas aumentou também a produção de soja, café, laranja. Somos o terceiro maior exportador do agronegócio no mundo. Hoje, não devemos mais falar de energia versus alimentos, mas sim energia mais alimentos, com alta tecnologia. C&C - Como o senhor avalia as pesquisas para desenvolvimento de outras finalidades para o etanol, como a produção de diesel ou o “plástico verde”? A capacidade de produção de etanol no Brasil será suficiente para atender a demanda interna e externa e também estes novos produtos? MJ - Se usar o bagaço e a palha, teremos aumento grande
de produção. Cana é alimento. Gera açúcar para as pessoas, etanol para os carros e bioeletricidade para as casas. Temos três Belo Monte adormecidas nos canaviais. Esta energia não está sendo usada por falta de conexão à rede elétrica. Quando produzimos o caldo da cana, sobram bagaço e palha. Nós temos grandes potenciais: o flex, bioplásticos, bioeletricidade (do bagaço e palha), exportações, açúcar. Existem muitas coisas em estudo. A cana é uma máquina de transformação em açúcar e celulose. Do bagaço podem fazer o etanol e outros tipos de álcool, como os biocombustiveis de aviação, por exemplo. O biopet já está em uso em garrafas, por exemplo. O diesel está sendo desenvolvido, já temos ônibus circulando em São Paulo. Se rompermos esta
A joint venture entre a Shell e a Cosan é um sinal claro da internacionalização do etanol. A Shell não iria fazer uma parceria deste porte se não fosse para atender ao mercado externo fronteira, vamos sair do mundo da gasolina e entrar no diesel, o que é um desafio, pois existe mais escassez. Podemos fazer isso a partir do mesmo açúcar da cana. Mesmo com este potencial todo, não estão havendo novos investimentos. O que nós pedimos aos governantes é que deixem mais claras as condições para o crescimento sustentável. n
OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis
As novidades da NACs Show A agenda política O revendedor que deseja se manter líder em também pontuou os sua região sabe que não pode baixar a guarda em debates durante a Nacs, nenhum instante. É preciso estar atento às novidades em meio a eleições ledo setor, ao que pode atrair o interesse do consugislativas previstas para midor, gerar maior tráfego e, consequentemente, novembro nos Estados Unidos. Nesse sentido, o maior faturamento. Por isso, qualquer viagem, grande foco tem sido na luta para regulamentar a seja a negócios ou por simples turismo, sempre se indústria de cartões. Uma batalha extremamente transforma numa excelente oportunidade de buscar difícil que envolve a mobilização de consumidotendências. E isso vale tanto para o empresário de res e lojistas para enfrentar um oponente que, uma pequena cidade no interior do país que visita somente em 2009, gastou US$ 45 milhões em a capital de seu estado quanto para aqueles que lobby, segundo a Nacs. Alguns rounds já foram vivem em metrópoles e viajam ao exterior. ganhos, como a legislação aprovada nesse ano Eu mantenho meus olhos sempre abertos às que dá mais poder ao banco central nortenovidades e às boas ideias. E foi com esse espírito americano para atuar na que visitei a NACs Show neste regulamentação das taxas ano, nos Estados Unidos. A maior e mais importante Não há dúvidas de que o food service é cobradas pelas emissoras feira do mundo na área de a atual menina dos olhos da conveni- de cartões, mas muito ainda conveniência impressiona ência, seja aqui, nos Estados Unidos há por fazer, especialmente no segmento de cartões principalmente pela diversiou na Europa. E não estou apenas de crédito. dade de oferta. Lá os revenfalando do tradicional fast food, mas E desse problema endedores podem encontrar de todo tipo de alimentação tendemos muito bem! Mas, o que há de mais moderno infelizmente, ele não é o único em equipamentos para que nos aflige. Outros, bem postos de serviços (menor peculiares ao nosso mercado, seguem tirando o parte), para lojas de conveniência e fornecedores sono da revenda brasileira. De um lado, enfrentamos dos mais diversos tipos de mercadorias. o problema da volatilidade nos preços do etanol, É bem verdade que o mercado norte-americano que já começaram a subir no produtor e devem encontra-se num estágio diferente do nosso em continuar assim durante a entressafra. E adivinhem termos de desenvolvimento do canal conveniência, de quem o consumidor cobra explicações? que lá já conquistou enorme espaço e ainda se No front do biodiesel, algumas pesquisas já consolida no Brasil, embora a tendência seja de comprovam que a oxidação do produto leva a disexpansão. Mesmo assim, pelos debates e visitas que torções nas análises do percentual de biodiesel no fiz durante o evento, não há dúvidas de que o food diesel. Oxidação esta que pode ser causada pelo service é a atual menina dos olhos da conveniência, contato do produto com o ar presente no tanque ou seja aqui, nos Estados Unidos ou na Europa. E não mesmo pela reação com o cobre, utilizado em vários estou apenas falando do tradicional fast food, mas dos equipamentos em postos de combustíveis. de todo tipo de alimentação: saladas, frutas, sopas, São problemas que consomem energia que comida para levar para casa ou ser degustada na poderia estar sendo canalizada apenas para dinamiprópria loja. Há estabelecimentos que funcionam, zar nosso negócio. Mas que precisamos enfrentar, inclusive, como uma pequena feira, onde você pode para garantir um mercado mais saudável. comprar cenouras, beterrabas, tomates frescos. Tudo pela conveniência.
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Noivado confirmado Cosan e Shell dão mais um passo na união, mas fusão das operações só deve ocorrer em 2011
A Cosan e a Shell deram mais um passo para consolidar a joint venture anunciada no primeiro semestre do ano. As duas empresas assinaram um acordo vinculante que revela detalhes de como, em quais mercados e com quem a nova empresa deve operar. Na prática, contudo, a joint venture não havia sido criada até o fechamento desta edição, mas o principal obstáculo agora passa a ser a aprovação das autoridades regulatórias, principalmente nas áreas de direito da concorrência, que no Brasil são representadas pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) e pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade). O acordo também será submetido às autoridades europeias, uma vez que a Shell é sediada naquele continente. Segundo Marcos Lutz, CEO da Cosan, também é necessário que as duas empresas façam os preparativos para efetivamente operarem apenas como uma. Isso significa integração de sistemas, entre outros obstáculos administrativos que precisarão ser superados. 22 • Combustíveis & Conveniência
ideia sobre o que as empresas e executivos por trás do acordo esperam para o futuro da companhia. Na prática, deve ser criada uma nova empresa, na qual ambas terão 50%. Esta empresa irá administrar duas novas companhias. A primeira será dedicada à produção de açúcar, etanol, cogeração e biotecnologia. Aqui a Cosan ficará com 51% do capital e a Shell, com 49%. A segunda será uma empresa de distribuição de combustíveis na qual a Shell terá 51% do capital e a Cosan, 49%. Ambas as empresas estarão sob o comando da joint venture, que Lutz definiu como a face da nova empresa. Na primeira empresa o destaque é para a área de biotecnologia. A Shell irá contribuir na nova empresa com suas participações na Iogen e na Codexis, que procuram meios de produzir os chamados combustíveis de segunda geração. A canandense Iogen produz etanol celulósico em uma planta piloto, desde 2005. No ano passado, a empresa gerou 581 mil litros do biocombustíMontagem sobre divulgação
Por Rodrigo Squizato
No geral, não houve mudança significativa nos termos da joint venture em relação ao que havia sido apresentado anteriormente. Porém, foram apresentados alguns detalhes importantes, que dão uma
vel e, em 2010, até o final de setembro, já havia produzido mais de 438 mil litros. Na Codexis, a Shell detém cerca de 16% do capital. Esta empresa lançou ações na Nasdaq (bolsa eletrônica norte-americana) em abril deste ano, quando conseguiu captar US$ 78 milhões. Outro detalhe importante é que a Cosan reteve o direito de comercializar açúcar independentemente da joint venture. Na parte de distribuição de combustíveis, as duas empresas irão operar como uma só. A nova distribuidora começa com uma rede de 4.500 postos de serviços no Brasil. Como lembrou Marcelo Eduardo Martins, diretor-financeiro e de relação com investidores da Cosan, durante a teleconferência com analistas de mercado, as duas redes são as que mais crescem no Brasil. Vale lembrar que as duas empresas não incluíram na fusão a área de lubrificantes. No caso da Mobil, Lutz afirmou que as vendas em postos representam apenas 5% do faturamento. Os executivos também informaram que o acordo prevê o pagamento de valores por parte da Shell para ter acesso à prateleira da rede de postos, em um sistema que o executivo comparou ao usado por outras empresas do varejo.
Previsão de divórcio O acordo definitivo entre Shell e Cosan está previsto para ser assinado no primeiro semestre de 2011. A partir da formalização da nova empresa, as normas contábeis passarão a ser publi-
Estrutura Corporativa da Joint Venture
Ativos Contribuídos pela Cosan e Shell
Fonte: Cosan e Shell
cadas de acordo com as regras brasileiras e europeias. Como todo casamento moderno, a joint venture corre o risco do divórcio. Mas os executivos envolvidos estabeleceram já algumas normas para que, caso isso ocorra, ele seja o mais amigável possível.
Assim foram estabelecidos três momentos principais para os 15 anos seguintes à criação da joint venture. Da assinatura até o sexto ano, nenhuma das partes poderá transferir suas fatias na joint venture, com algumas exceções: podem vender desde que não percam o conCombustíveis & Conveniência • 23
44 MERCADO trole acionário. Isto se estende à Shell e ao principal acionista da Cosan, Rubens Ometto de Silveira Mello. Esta limitação irá se repetir também seis meses antes do 10º e do 15º aniversário da joint venture. No 10o ano da joint venture, a Shell terá o direito de comprar a metade ou totalidade de ações da Cosan na parceria.
Já no 15º ano da parceria, o leque de opções aumenta para quatro, incluindo opções de compra ou venda para a Cosan: 1) A Shell terá o direito de comprar todas as ações da Cosan; 2) A Cosan terá o direito de comprar todas as ações da Shell, caso as opções do 10º e do 15º não tenham sido executadas;
Tropa de elite Confira o perfil dos executivos por trás da joint venture e que ficarão à frente dos negócios da nova empresa: Rubens Ometto de Silveira Mello Graduado em engenharia mecânica de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1972). Em 1974, aos 24 anos, atuou como CFO da Indústrias Votorantim S.A., até 1980, quando assumiu a posição de diretor vice-presidente da Pedro Ometto S.A. Participações e Administração. Em 1988, Ometto ingressou na Cosan, liderando sua expansão através dos anos. Será representante dos acionistas na joint venture. Mark Williams Ingressou na Shell em 1979 como pesquisador físico nos EUA, atuando como gerente de engenharia, gerente de operações, head de estratégia para downstream, vice-presidente de transportes para Equilon Enterprises LLC, Shell e Texaco joint venture nos EUA até 2009, agora como diretor de downstream para a Shell mundial. Será representante dos acionistas na joint venture e presidente do Conselho de Administração. Vasco Dias Ingressou na Shell em 1979. Ao longo de sua carreira ocupou posições de crescente responsabilidade no Brasil e no exterior, tendo participado, em Haia, do time que liderou a reestruturação global do grupo Shell. Retornou ao Brasil em 1997 para exercer a posição de presidente da Shell Gás, vice-presidente de Varejo para a América Latina e presidente da Shell Brasil a partir de 2005. Será o CEO da joint venture. 24 • Combustíveis & Conveniência
3) Se a Shell comprar 50% das ações da Cosan no 10º ano, mas não comprar o restante no 15º ano, a Cosan terá o direito de vender o restante das ações; 4) Se a Shell comprar 50% das ações da Cosan no 10º ano, mas não comprar o restante no 15º ano, a Cosan terá o direito de comprar as ações que vendeu no 10º ano. n
Pedro Mizutani Possui 27 anos de experiência no setor sucroenergético, tendo iniciado sua carreira profissional na Cosan na década de 80, onde assumiu posições de crescente responsabilidade até sua posição atual. É membro conselheiro da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) e professor do curso de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas. Será o responsável pela área de açúcar, etanol e cogeração. Luis Henrique Guimarães Ingressou na Shell em 1987 e trabalhou em diversas funções nas áreas de lubrificantes e varejo no Brasil e no exterior, em Londres. Em 2007 assumiu a posição de diretor de Marketing de Lubrificantes da Shell para a América do Norte, baseado em Houston. Será o responsável pela área de combustíveis e aviação. Leonardo Gadotti Filho Ingressou na Esso Brasileira em 1980 como estagiário e assumiu posições de crescente responsabilidade no Brasil e no exterior. É o atual presidente do Sindicom e membro do Conselho do ETCO e do IBP. Será o responsável pela área de fornecimento e distribuição. Carlos Alberto Piotrowski Ingressou na Esso Brasileira em 1984 e atuou em diferentes áreas no Brasil e no exterior, inclusive liderando a transição da área de combustíveis para a América Latina na fusão da Exxon com a Mobil. Regressou do exterior em 2007 para exercer a posição de presidente da Esso Brasileira de 2007 até 2009, então Cosan Combustíveis e Lubrificantes. Será responsável pela área de corporate.
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Importação de diesel será recorde em 2010 Compras no exterior devem seguir elevadas pelo menos até 2013, isso se as obras das novas refinarias não atrasarem Por Rodrigo Squizato
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Agência Petobras
Nunca na história deste país importou-se tanto diesel como em 2010. Um aumento no consumo da ordem de 12% levou o Brasil a trazer do exterior quase três vezes mais do que no ano passado e o maior volume desde 2000. Em parte, o fenômeno deve-se ao programa de modernização do parque de refino da Petrobras. Até o final de agosto, quatro das refinarias da empresa – Recap, Repar, Replan e Revap – registravam quedas de pelo menos 15% na produção de óleo diesel, de acordo com dados da ANP. Outras duas refinarias, RPBC e Refap, apresentavam reduções inferiores a 5%. O restante do parque de refino, composto por sete refinarias (incluindo a Riograndense, da qual a Petrobras é sócia), apresentava aumento da produção de óleo diesel, mas não em volume suficiente para compensar a queda registrada nas demais. Com isso, a produção de óleo diesel no país registra queda de 3% no acumulado até agosto. Para compensar este quadro, as exportações foram reduzidas em 25%. Mesmo assim, e levando em conta que 5% do consumo de diesel do país é atendido pela produção de biodiesel, foi neces-
Refinaria Presidente Getúlio Vargas, mais conhecida como Repar, em Araucária (PR)
sário aumentar violentamente a importação. Até agosto, o Brasil importou em média 690 milhões de litros de óleo diesel por mês. Isto representa três vezes a média de 2009 e 1,5 a mais que a média de 2008. O consumo em 2010 é uma boa oportunidade para analisar as perspectivas para o parque de refino nacional, o consumo de derivados, em geral, e o de diesel em particular. Neste sentido é importante lembrar que a estatal afirmou recentemente que deve atingir a autossuficiência em derivados até 2014. Dois especialistas ouvidos pela Combustíveis & Conveniência, que pediram para não serem identificados devido ao relacionamento que mantêm
com a estatal, afirmaram que não veem grandes problemas relacionados ao abastecimento de diesel ou derivados. “Do ponto de vista estratégico, na indústria de petróleo faz mais sentido importar uma pequena parcela de derivado do que conviver com alta ociosidade em relação ao mercado doméstico no parque de refino”, afirma um deles. A projeção da empresa para o aumento da demanda de derivados é de 3,4% ao ano entre 2010 e 2020, como reflexo do crescimento da economia. Este número está muito acima da média entre 2001 e 2009, de 0,4% ao ano. Porém, quando se inclui as projeções de 2010, este número salta para 1,4% ao ano. A título de referência, em 2009 a demanda por derivados
cresceu 2,7%, e neste ano o acumulado até julho registra aumento de 8,8%. Um dos especialistas discorda desta previsão, porque está muito distante da média histórica. De qualquer forma, aplicando-se as projeções da Petrobras para os próximos anos, a demanda por derivados cresceria, no período de 2010 a 2014, 14,3%. Esta projeção indica que o Brasil deverá importar um volume significativo de diesel nos próximos anos, pois o parque de refino brasileiro está muito próximo da capacidade limite de produção. Isso não deve mudar significativamente mesmo após as reformas das refinarias em curso que, em grande parte, visam mais à melhoria da qualidade dos combustíveis do que ao aumento da produção. Procurada pela C&C, a Petrobras não respondeu às perguntas da reportagem até o fechamento desta edição.
Folga? O alívio viria em 2013 com a entrada em operação de duas das quatro refinarias em construção pela Petrobras. O plano de negócios 2010-2014 prevê que em 2013 tanto a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, quanto a primeira fase do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) entrem em operação. Isso aumentaria a capacidade de processamento de petróleo nacional em 20%, quando as duas refinarias tiverem condições de trabalhar a plena carga. Portanto, ao final de 2013 haveria uma capacidade excedente de refino de aproximadamente 6%, considerando-se as projeções oficiais da empresa. Mas o próprio diretor de Abas-
PREVISÃO DE VENDA DE DERIVADOS, CAPACIDADE DE REFINO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DA PETROBRAS Em barris de petróleo por dia Vendas de derivados*
Capacidade de refino
Produção de petróleo
Cap. Refino/ Vendas Der.
Cap. Refino/ Prod. Petr.
2009
1.874.933
1.933.000
1.971.000
103%
98%
2010
1.938.681
1.966.000
2.156.274
101%
91%
2011
2.004.596
1.966.000
2.358.964
98%
83%
2012
2.072.752
1.966.000
2.580.706
95%
76%
2013
2.143.226
2.361.000
2.823.293
110%
84%
2014
2.216.096
2.511.000
2.980.000
113%
84%
2015
2.291.443
2.511.000
3.191.580
110%
79%
2016
2.369.352
2.661.000
3.418.182
112%
78%
2017
2.449.910
2.961.000
3.660.873
121%
81%
2018
2.533.207
3.126.000
3.920.795
123%
80%
2019
2.619.336
3.126.000
3.920.000
119%
80%
2020
2.708.393
3.126.000
3.950.000
115%
79%
Dados: Petrobras; Elaboração: Fecombustíveis *Considerando-se 365 dias por ano
tecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que, pessoalmente, acredita que o crescimento do consumo de derivados no período possa ser maior do que a perspectiva oficial da empresa. Porém, importante lembrar que as obras da refinaria pernambucana estão três anos atrasadas. Quando foi lançada, a refinaria deveria começar a operar no segundo semestre de 2010. Ou seja, qualquer novo atraso aumentará a conta de importação de derivados. O ponto de divergência que surge quando se analisa os rumos do refino do Brasil é se o país pretende ser um exportador de derivados ou um exportador de petróleo bruto. Os dois especialistas consultados afirmam que os projetos apresentados apontam para um exportador de derivados. “Já ouvi de executivos da estatal que o plano para as quatro refinarias anunciadas é apenas um dos muitos cenários com os quais a Petrobras trabalha. E é o mais ambicioso deles em termos de refino”, afirma um das fontes.
Contudo, do ponto de vista estratégico, os especialistas indicam que a melhor solução não é construir refinarias no Brasil para exportar os produtos acabados. É mais vantajoso adquirir refinarias próximas aos mercados consumidores e exportar o petróleo para que seja refinado lá, facilitando a logística de distribuição dos produtos acabados que é, pelo número de produtos envolvidos, muito mais complexa do que exportar apenas o óleo bruto. E, segundo as fontes ouvidas, dentro da própria estatal há pessoas que defendem a exportação de petróleo bruto. Idealmente, para ser processado em refinarias da empresa no exterior. A Petrobras já tem operações de refino em três países: Argentina, Estados Unidos e Japão. Neste caso, pelo menos um dos projetos de refinarias do Nordeste apresentados – Maranhão ou Ceará – deve ser, na melhor das hipóteses, postergado. Por razões políticas, ambos acreditam que o projeto menos viável é o da refinaria Premium II, anunciada para o Ceará. n Combustíveis & Conveniência • 27
44 MERCADO
DINHEIRO ou CARTÃO? Fim da exclusividade do compartilhamento dos POS ainda não trouxe a redução esperada das taxas. Enquanto isso, diferenciação de preços para pagamento com cartão segue gerando polêmica
Não é de hoje que o comércio vem sofrendo com as práticas abusivas no mercado de cartões de pagamento. As altas taxas de juros cobradas aos comerciantes têm provocado as mais diversas reações do segmento. A principal delas é a diferenciação de preços para pagamentos feitos em dinheiro e cartões de crédito e de débito. O problema é que tal medida ainda causa muita confusão no mercado, já que alguns órgãos de defesa do consumidor entendem que a diferenciação deixará os produtos mais caros para quem paga com cartão e não mais baratos para aqueles que optam pelo dinheiro. O principal argumento dos órgãos de defesa do consumidor é que a diferenciação de preços viola os direitos do consumidor, ao entenderem que o consumidor está cumprindo sua obrigação com o fornecedor – neste caso, o comerciante –, independentemente da forma de pagamento. Em artigo publicado recentemente na imprensa, a promotora de Justiça de São Paulo, Adriana Borghi Fernandes, explica que o pagamento por meio de cartão de crédito é uma forma de quitação à vista, não podendo ser confundida com a relação entre o estabelecimento comercial e a administradora do 28 • Combustíveis & Conveniência
Stock
Por Gisele de Oliveira
c a rtão. De acordo com a promotora, ao estabelecer uma relação com administradoras de cartão de crédito, o lojista está ciente dos riscos do negócio e, portanto, não pode repassá-los ao consumidor. Mas este não é o pensamento das equipes técnicas do Banco Central, Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, responsáveis pela elaboração do “Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamento no Brasil”, divulgado em maio deste ano. O documento mostra-se favorável à diferenciação de preços, ao defender que a “supressão da regra do não sobrepreço permitiria que os estabelecimentos sinalizassem, através de seus preços, os custos de cada instrumento, promovendo maior eficiência econômica. Além disso, aumentaria o consumo de consumidores que não possuem cartão, já que eles pagariam um preço menor, corrigiria a quan-
tidade de transações realizadas com cartões em direção a um nível socialmente ótimo e aumentaria o número de estabelecimentos que aceitam cartões de pagamento. Em termos de política, seria a forma mais simples de evitar distorções no mercado de cartões.” No setor de revenda, a posição não poderia ser diferente. Diante das elevadas taxas, defender a diferenciação de preços se tornou a única arma contra as práticas do setor de cartões no país. “Atualmente, os custos para oferecer essa forma de pagamento entram como parte do negócio do revendedor. Para
Supressão da regra do não sobrepreço permitiria que os estabelecimentos sinalizassem, através de seus preços, os custos de cada instrumento, promovendo maior eficiência econômica
se ter uma ideia, 30% da margem bruta vai para a administradora de cartão de crédito” afirma Roberto Fregonese, vice-presidente da Fecombustíveis. Aliás, as taxas de cartão de crédito cobradas aos comerciantes no Brasil chamam a atenção em comparação com outros países. Enquanto que aqui a taxa média está entre 2,5% e 7%, com pagamento em 30 dias; em outros países, essa taxa varia de 0,2% até 0,6%, com retorno do crédito em uma semana ou até 72 horas.
Sem cartões E a confusão não para por aí. Como não há regulamentação no mercado de cartões e um entendimento claro sobre oferecer ou não preços diferenciados, os estabelecimentos comerciais ficam reféns de decisões judiciais. Em Belo Horizonte (MG) e no Distrito Federal (DF), por exemplo, a Justiça autorizou a prática de preços diferenciados de acordo com o meio de pagamento. Já o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não concordou com a decisão, favorável inicialmente a um estabelecimento comercial no Rio Grande do Sul, e acatou recurso especial do Ministério Público Estadual. No entendimento do STJ, “o custo pela disponibilização do pagamento por meio de cartão de crédito é inerente à própria
atividade econômica desenvolvida pelo empresário.” Além disso, o órgão considera que incluir mais esse custo no preço final estaria onerando o consumidor duplamente, uma vez que este já paga taxa de administração pela utilização do cartão de crédito. “O grande ganhador nesta história toda são as administradoras de cartões de crédito porque cobram do consumidor e do comerciante. E para completar o cenário, não temos nem com quem reclamar porque o mercado não é regulamentado”, desabafa o revendedor de combustíveis em São Paulo, José Luiz Vieira. Enquanto a regulamentação do setor não vem, o jeito é buscar alternativas. Em muitos casos, a solução mais viável para os revendedores tem sido não aceitar cartões de crédito ou débito como forma de pagamento. E aí começa outra batalha para os postos de combustíveis: explicar ao consumidor os motivos de tal decisão. Segundo o coordenador do Sindiposto de Goiás, Marco Antônio Borges, embora não haja muitas reclamações, os clientes não entendem muito bem as razões pela não diferenciação de preços de acordo com a forma de pagamento. “O consumidor vê a diferença de preços da seguinte forma: se pago à vista, em dinheiro ou cartão, estou sendo prejudicado porque estou dispondo do dinheiro
Enquanto que aqui a taxa média está entre 2,5% e 7%, com pagamento em 30 dias; em outros países, essa taxa varia de 0,2% até 0,6%, com retorno do crédito em uma semana ou até 72 horas no ato da compra e não recebo nenhum benefício por isso. Por outro lado, aquele que paga com cartão de crédito não aceita pagar mais caro, independentemente se existe ou não um custo para o posto”, explica. Borges diz que alguns postos em Goiás já deixaram de aceitar cartões de pagamento por conta desse impasse. E fizeram isso simplesmente porque não concordam com a cobrança de taxas feitas pelas operadoras, além da facilidade de controle e liquidez que o empreendimento terá. O secretário-executivo do Sindipetro do Piauí, Robert César Mendes Filho, vai além: “o consumidor é quem tem que decidir sobre a melhor forma de pagamento. Apesar do crescimento nos últimos anos, a realidade é que a grande maioria dos consumidores ainda não tem cartão de crédito.” Lá, na capital Teresina, os postos de combustíveis também deixaram
Combustíveis & Conveniência • 29
Arquivo
44 MERCADO
Fim da exclusividade dos POS trouxe poucos benefícios para os revendedores
de disponibilizar o cartão como forma de pagamento.
Fim da exclusividade Nem mesmo o fim da exclusividade do compartilhamento das máquinas leitoras de cartões de crédito e de débito (POS) parece ter resolvido parte do problema. Na avaliação de Roberto Fregonese, houve uma badalação muito grande num primeiro momento, mas pouco se concretizou desde sua entrada em vigor, no dia 1º de julho deste ano. Existem dois 30 • Combustíveis & Conveniência
motivos para isso. Um deles é a desinformação do próprio revendedor, que continua com mais de uma máquina leitora e pagando a anuidade. O outro é o aproveitamento de algumas redes por parte das duas principais administradoras – Redecard e Cielo –, resultando em uma menor migração e, consequentemente, exclusividade no equipamento. “Na prática, não houve muita mudança. Ainda há muita desconfiança por parte do revendedor, principalmente nos
grandes centros. No interior, é comum ver ainda dois, três POS, por desinformação”, relata Fregonese. Mas o principal benefício com o fim da exclusividade do POS – a redução de preços – parece não ter chegado. Segundo Fregonese, somente quando há a intenção de devolver uma maquininha, aí sim vem a tentativa de negociação. Para José Luiz Vieira, de São Paulo, não é o fato de eliminar uma máquina leitora que trará a redução de custos por disponibilizar o cartão como forma de pagamento. “É preciso haver competição no mercado. Só assim teremos mudanças efetivas”, sentencia Vieira. O mercado já começa a dar esses sinais. Dados preliminares da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) indicam que a taxa média cobrada dos lojistas por transação com cartões de pagamento caiu de 3,2% para 2,5%. Além disso, novos competidores estão entrando nesse mercado, como é o caso do Banrisul e Santander, que já está atuando no setor com a GetNet. Ainda é esperar para ver os próximos desdobramentos. n
4LEIA MAIS Leia o Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamento no Brasil em: http://www.bcb.gov.br/ htms/spb/relatorio_cartoes.pdf?idioma=P
MERCADO 33
Fôlego só a partir de dezembro A Arsesp, que regula o mercado de gás em São Paulo, definiu um novo cálculo para o preço do gás veicular, que resultará em uma queda estimada entre 10% e 12%. A medida, no entanto, só será válida a partir do próximo leilão da Petrobras, que deve acontecer no final de novembro
Por Rosemeire Guidoni
Agência Petrobras
É fato que o GNV vem perdendo espaço na matriz energética, por conta do desinteresse do consumidor. Afinal, os altos preços do combustível, somados a questões como a necessidade de instalação de kits no veículo, fizeram com que muitos consumidores migrassem para o concorrente direto do gás, o etanol. Segundo dados da ANP, em 2008 a participação do GNV na matriz de combustíveis
veiculares ficou restrita a 3,4%, enquanto que no ano anterior o combustível respondia por 4,3%. E entre março de 2009 e março de 2010, o mercado de gás veicular caiu de 5,8 milhões de m3 diários para 5,4 milhões de m3 diários. Esta redução, sem dúvida, reflete-se diretamente no segmento de revenda de GNV. Os investimentos para instalação de um posto de gás natural são da ordem de R$ 1 milhão. A operação com o combustível inclui custos significativos, que contribuem para a menor competitividade do Gás fornecido por atacado nos EUA custa US$ 4,5 por milhão de BTUs, enquanto a Petrobras vende o gás nacional por 10,2 por milhão de BTUs
produto. Por exemplo, diferentemente dos demais combustíveis líquidos, o GNV é adquirido pelo posto à baixa/média pressão, e vendido comprimido. E o custo de compressão fica por conta do posto revendedor, bem como a manutenção do equipamento de compressão. Além disso, os postos revendedores também pagam PIS/Cofins sobre o produto, enquanto que nos demais combustíveis estes impostos são recolhidos no produtor por substituição tributária (no caso do etanol, o recolhimento é feito por meio de uma partilha entre produtor e distribuidor). Tais custos
Combustíveis & Conveniência • 31
44 MERCADO GÁS CANALIZADO Áreas de concessão de distribuição
Fonte: Arsesp
representam quase metade da margem média do revendedor. E com a baixa procura por parte dos consumidores, os postos de GNV muitas vezes não têm nem como amortizar seu investimento. O problema afeta a revenda de GNV em todo o país, mas especialmente em São Paulo, estado que reúne algumas peculiaridades. O principal problema paulista é a tributação reduzida do etanol (12% de ICMS). Embora o GNV tenha a mesma alíquota de 12%, a forma de cobrança não beneficia o combustível, visto que o valor de referência (pauta) é mais elevado do que o preço real praticado pelos postos revendedores. “Nos últimos dez anos, de acordo com o anuário da ANP, o estado de São Paulo sempre teve o preço de venda do GNV (no posto) mais barato do Brasil. O preço da concessionária também é o mais barato do Brasil. E isso não reflete o resultado isolado de um ou outro ano, mas de dez anos consecutivos”, disse Zevi Kann, diretor de Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de 32 • Combustíveis & Conveniência
Distribuição de Gás Canalizado da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). “Em outras palavras, isso demonstra que, como o gás vendido pela Petrobras é igual no país todo, a margem estabelecida pela agência para as concessionárias é baixa, e também que as margens praticadas pelos postos não são elevadas”, argumentou o diretor, defendendo que a falta de competitividade do combustível não decorre de margens elevadas praticadas pelos elementos que integram a cadeia de GNV. Para ele, um dos principais problemas é a falta de estímulo ao GNV, por parte do governo federal. “Caso houvesse interesse em ampliar a participação do GNV, algumas possibilidades poderiam ser colocadas em prática. Existem alternativas tributárias que poderiam contribuir para a revitalização do setor, como o novo cálculo do ICMS, levando em consideração valores reais de mercado, ou a redução do IPVA, que inclusive são propostas da Fecombustíveis para o mercado paulista”, explicou. Mas, segundo
Kann, a despeito de qualquer iniciativa do governo para estimular o setor, o fato é que o preço do gás (praticado pela Petrobras) é alto no Brasil. Para se ter ideia, o valor do gás fornecido por atacado nos EUA é da ordem de 4,5 dólares por milhão de BTUs, e a Petrobras vende o gás nacional por 10,2 por milhão de BTUs.
Mudança de cálculo Para dar mais fôlego ao setor, a Arsesp definiu, em agosto, uma nova modalidade de cálculo do preço do GVN, utilizando o gás vendido em leilão pela Petrobras, que em tese seria oferecido ao mercado por um valor cerca de 40% menor do que o do gás firme (preço estabelecido em contrato). No novo mix proposto pela agência (composição dos preços do gás de leilão com o gás firme), o GNV ficaria algo entre 10% e 12% mais barato nos postos. A medida, regulamentada pela Deliberação 165/2010 da agência, passaria a valer a partir de outubro, após a realização do leilão, inicialmente previsto para
meados de setembro, conforme a Combustíveis & Conveniência divulgou na edição 88, de outubro de 2010. No entanto, a Petrobras comunicou, no dia 28 de setembro, o adiamento do leilão por 60 dias. Em nota de sua assessoria de imprensa, a Arsesp informou que “os contratos existentes de gás de leilão serão prorrogados até 30 de novembro. A aplicação da Deliberação 165 da Arsesp fica prejudicada e somente se efetivará com o sucesso do próximo leilão. O segmento de GNV que poderia ser beneficiário do leilão somente deverá ter projetadas novas tarifas a partir de dezembro/2010.” O adiamento do leilão foi como um balde de água fria para o mercado que aguardava ansioso uma redução de preços. Até as próprias concessionárias que atuam no mercado esperavam a
GNV mais barato no Rio A CEG e a CEG-Rio anunciaram para novembro uma redução das tarifas do gás natural. Além dos residenciais, comerciais e industriais, os consumidores de gás veicular também serão beneficiados. Até o fechamento desta edição, a perspectiva era de que a CEG repassasse a redução de 2,78% para os postos da capital e da Região Metropolitana. No interior, a queda prevista é de 1,01%. Para o consumidor final, a diferença poderá ser sentida a partir da segunda quinzena de novembro, após ser feito o cálculo da incidência do ICMS sobre a tarifa do GNV.
redução dos preços para revitalizar o segmento. A Comgás, uma das três concessionárias em operação no estado de São Paulo, confirma que o GNV está em queda: em 2008, o volume comercializado do combustível somava 1,6 milhão de metros cúbicos diários, número que atualmente não ultrapassa 800 mil metros cúbicos. Por conta deste quadro, a empresa chegou a propor à Arsesp que o novo cálculo passasse a valer já em outubro, com a utilização do gás fornecido de acordo com as regras do último leilão. “A Comgás está lutando pela competitividade deste mercado, temos total interesse em resgatar a credibilidade do GNV”, disse Sérgio Luis da Silva, diretor vice-presidente da empresa. “Entretanto, não temos autonomia para promover esta mudança de cálculo sem a aprovação do regulador”. Questionado, Kann, da Arsesp, explicou que a antecipação da Deliberação 165 não é possível. “Será necessário caracterizar a compra de um volume específico dedicado ao GNV, e esta situação não ocorreu, pois o leilão foi adiado”, destacou. A Gás Brasiliano, que também atua no estado de São Paulo, não se posicionou a respeito de uma possível antecipação da nova modalidade de composição de preços. Mas Ronaldo Kohlmann, gerente de suprimento de gás e gestão de tarifas da empresa, considera “salutar” a iniciativa da Arsesp. “O GNV representa um segmento de mercado importante e atrativo, porém tem como característica ser bastante sensível às variações do preço do gás”, disse. Ou seja, uma redução de preços poderia trazer maior competitividade ao mercado. Na área de concessão da Gas Brasiliano (veja mapa) o principal
Adiamento do leilão da Petrobras por 60 dias foi um balde de água fria para o mercado, que aguardava ansioso uma redução de preços. Novas tarifas somente devem valer a partir de dezembro/2010 concorrente é o etanol que, além da alíquota reduzida, é muitas vezes vendido a valores bastante baixos, por conta da forte presença de usinas produtoras na mesma área de abrangência.
Bons ventos que sopram de Santos Além da possibilidade de mudança do cálculo de preço a partir de dezembro, as perspectivas para o GNV em 2011 são um pouco melhores, especialmente por conta da maior oferta de gás, oriundo da Bacia de Santos. O volume do insumo que pode ser descoberto na região tem potencial para duplicar as reservas brasileiras do combustível, que hoje superam os 350 bilhões de metros cúbicos de gás. Silva, da Comgás, vê com otimismo este crescimento de mercado. “Vamos em um primeiro momento resgatar aquele consumidor que tem o kit de gás instalado no veículo, mas deixou de abastecer por conta de preço. E, em um segundo momento, o gás certamente se tornará mais interessante, e o ritmo de conversões voltará a ser grande”, apostou. Assim esperam os revendedores de GNV. n Combustíveis & Conveniência • 33
44 MERCADO
Baixada Santista retoma ritmo de CRESCIMENTO Região começa a sentir os efeitos da chegada da Petrobras para exploração do pré-sal. Para o revendedor, momento é de oportunidades e desafios Por Gisele de Oliveira
Agência Petrobras
Investimentos da Petrobras para exploração do présal movimentam economia da região
A exploração da camada do pré-sal ainda não iniciou, mas já começa a trazer impactos para a Baixada Santista. Desde o início da implantação da unidade de negócios da Petrobras para a exploração e produção do pré-sal, a região tem registrado índices de crescimento significativos. Para se ter uma ideia, a Bacia de Santos deve ser responsável pela produção de 1,8 bilhão de barris por dia no pré-sal até 2020. Já os investimentos na nova unidade de negócios devem chegar 34 • Combustíveis & Conveniência
a US$ 40 bilhões até 2013. Como resultado destas ações, mais geração de emprego e de renda na região. E não é só. Além das novas oportunidades de emprego e negócios, o setor de petróleo e gás traz outros efeitos para a economia da região, como o crescimento do comércio e a valorização imobiliária. Neste último caso, a expectativa ainda é maior. Os valores de compra e venda de imóveis em Santos, por exemplo, têm se aproximado dos preços praticados na
É importante investir na modernização e automatização do posto, até mesmo para fazer frente à legislação atual – totalmente informatizada –, além de oferecer novos serviços
capital. Nas demais cidades da Baixada, o ritmo também é de alta nos preços, mas em menor proporção. Isso tudo se reflete na necessidade de infraestrutura e serviços de qualidade. Para a revenda de combustíveis, esse boom econômico na Baixada Santista é uma oportunidade de negócios, com a ampliação de serviços e investimentos em melhorias nos postos. Na opinião do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Lava-Rápido e Estacionamento de Santos e Região (Resan), José Camargo Hernandes, a região teve uma redução no poder econômico nas últimas décadas, com grande saída de pessoas rumo à capital por melhores condições de emprego. Agora, a situação deve se reverter em função da chegada da Petrobras e empresas que gravitam em torno da estatal. Prova disso é que, segundo números da prefeitura de Santos, cada vaga aberta no setor de petróleo e gás multiplica-se por cinco. Ou seja, de cada 1.100 empregos diretos criados pelo pré-sal desde 2006, foram gerados outros 4.400 indiretos, que envolvem empresas de prestação de serviços nas áreas técnica e operacional como equipamentos industriais, produtos químicos, combustíveis e lubrificantes. E a conta não para por aí. Em dez anos, a Baixada Santista estará perto de atingir dois milhões de moradores, de acordo com projeções populacionais da Fundação Seade. Isso significa um crescimento de 26% nas duas primeiras décadas do século XXI. “Esse cenário vai beneficiar a economia como um todo. Teremos
um crescimento no número de pessoas com melhor nível técnico e, consequentemente, de melhor poder aquisitivo. Como são pessoas que ganham melhor, elas terão interesse em comprar um carro, com impactos no volume de vendas de combustíveis”, avalia Hernandes. Sobre o setor automobilístico, a região também tem números expressivos. De acordo com estatísticas do Detran-SP, mais de seis mil veículos novos foram emplacados este ano em Santos. Em relação às transferências, o levantamento mostra que foram incluídos outros 4.226 veículos na frota santista em 2010. Já os números da Fundação Seade revelam que a frota local já ultrapassa 230 mil unidades, entre motos, carros, ônibus e caminhões. Outro exemplo no setor automobilístico é a cidade de Praia Grande. De 2002 a 2009, a frota local aumentou 233%, passando de 30.321 veículos para 70.856. Em Bertioga, também houve crescimento: 227%, subindo de 4.914 para 11.171 veículos.
Novas oportunidades Com o mercado aquecido na Baixada Santista, os revendedores precisam estar atentos para essa nova realidade. “Nossa preocupação é que o revendedor enxergue, nesta oportunidade, novos direcionamentos para o seu negócio, agregando outros serviços para este novo cliente que está chegando, mais exigente”, observa Hernandes, do Resan. Para isso, é importante investir na modernização e automatização do posto, até mesmo para fazer frente à legislação atual – totalmente informatizada –, além de oferecer novos serviços que
Enquanto a expansão econômica da cidade de Santos, mais desenvolvida, esbarra na falta de áreas para novos prédios e empreendimentos, as cidades vizinhas aparecem como grandes locais para novos negócios
atendam as necessidades desse novo público. Diante de tantos cenários positivos, é natural que haja uma valorização rápida na região. Além do impulso proporcionado pelo petróleo e gás, outros setores também devem contribuir para o desenvolvimento da Baixada Santista, como o turismo. Neste caso, existe uma previsão de aumento de turistas na região em função do processo de restauração do patrimônio histórico. Como resultado, mais interesse por imóveis e terrenos na região. Embora as perspectivas sejam boas para os revendedores, há a preocupação com a valorização imobiliária na Baixada Santista. E não é só com a compra de terreno, a locação também segue em ritmo de crescimento. “Ainda falta um ano para o contrato terminar, mas o proprietário já me procurou para falar sobre a locação do terreno. Mesmo sem dizer números, já é previsível que o valor do aluguel será negociado”, diz Marciano Francisco Franco, dono de posto de combustível na cidade de Santos. Combustíveis & Conveniência • 35
44 MERCADO Apesar da tendência de alta nos preços dos terrenos, tanto para comprar ou alugar, o mercado para o revendedor na Baixada Santista é promissor. “As expectativas são muito grandes, não apenas em Santos, mas em outras cidades da Baixada também”, observa Franco. A avaliação faz sentido. Enquanto a expansão econômica da cidade de Santos, mais desenvolvida, esbarra na falta de áreas para novos prédios e empreendimentos, as cidades
36 • Combustíveis & Conveniência
60.412 pessoas. Outra cidade que também vai se beneficiar dessa rota de crescimento econômico da região é Guarujá. De acordo com a Fundação Seade, a população deve passar dos 318 mil atuais para 661.407 habitantes, um aumento de 34%. Como se vê, as previsões são otimistas e os desafios maiores ainda. Para o revendedor, o cenário também é propício para novas oportunidades de negócios. Basta estar preparado para elas. n
Wikimedia Commons
Preços dos imóveis e terrenos já refletem o boom econômico da Baixada Santista
vizinhas aparecem como grandes locais para novos negócios. Neste sentido, mais uma vez, as cidades de Bertioga e Praia Grande despontam na preferência do público. Estimativa da Fundação Seade indica um crescimento de 52% no número de habitantes em Praia Grande em dez anos, saindo dos atuais 199 mil para 304 mil moradores. Já em Bertioga, a previsão é que, em 2020, a população dobre de tamanho, chegando a
OPINIÃO 44 Roberto Nome doFregonese articulista44Vice-presidente Cargo do articulista da Fecombustíveis
Os riscos da responsabilidade solidária Segundo a SecretaCento e noventa e três postos de Santa Catarina ria de Fazenda de Santa foram autuados e estão sendo executados para Catarina, somente no pagarem cerca de R$ 25 milhões em multas. É isso mês de agosto nas opemesmo! Vinte e cinco milhões de reais em impostos rações realizadas com o não pagos por duas distribuidoras de combustíveis etanol, cerca de R$ 8 milhões foram subtraídos dos que deixaram de recolher tais tributos. cofres públicos daquele estado. Pode-se imaginar Segundo a Secretaria da Fazenda de Santa o que acontece no país inteiro? Catarina, este foi o montante das notificações No Paraná, apenas cinco distribuidoras, emitidas somente entre os meses de setembro segundo a Secretaria de Fazenda do Estado, dede 2009 e abril deste ano. Novas notificações vem mais de R$ 1 bilhão. E estas são apenas as poderão aparecer complementando este período cinco que mais devem, sem contar as dezenas de até a cassação da inscrição estadual destas duas distribuidoras que não distribuidoras. foram divulgadas. Por O que nos assusta é isso, pedimos ao deque estados criam leis de O que nos assusta é que estados partamento Jurídico do responsabilidade solidária e criam leis de responsabilidade solisindicato que fizesse um permitem que distribuidoras dária e permitem que distribuidoras levantamento em todas atuem de forma indiscrimiatuem de forma indiscriminada e, soas varas de Fazenda nada, deixando de recolher mente quando a dívida soma alguns Pública e apurasse o que o ICMS e, somente depois existe de anormalidades de muito tempo, quando a milhões, recorrem à lei e repassam o no setor e, inclusive, dívida soma alguns milhões, débito aos incautos entrar em contato com recorrem à lei e repassam as distribuidoras que o débito a muitos incautos: porventura tiverem algum revendedores que compradébito ou alguma CND positiva para que pudessem ram o combustível com a substituição tributária sem se justificar. Desta maneira, poderemos passar o devido recolhimento da parte substituída. para o revendedor uma posição mais criteriosa Trouxemos esta discussão porque não achadas possíveis irregularidades passíveis de serem mos justo que o revendedor de combustíveis seja transferidas aos empresários, sem que eles saibam penalizado por uma concessão que é feita pelo dos riscos que estão correndo. estado. Se o estado impõe a substituição tributáÉ necessário também começar a discutir ria, demora a perceber que o imposto está sendo com os Estados regras para que o revendedor sonegado e somente quando a conta é impagável de boa fé não seja surpreendido com alguma vai para cima do substituído, no mínimo, pode-se cobrança de imposto, em que ele apareça como dizer que seria uma operação orquestrada, na substituído tributário. Não podemos mais dar qual o Estado acaba, de uma maneira ou outra, espaço para que comerciantes sem escrúpulos recebendo o tributo e o agente fiscal pode estar, atuem no mercado de combustíveis, enriqueçam de alguma forma, sendo conivente com o esquema e depois socializem a sonegação. de sonegação fiscal.
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44 NA PRÁTICA
Organização
é tudo
Seu posto está preparado para lidar com a sazonalidade? Stock
Por Rosemeire Guidoni Com a proximidade das festas de fim de ano e o período de férias escolares, é hora de o varejo começar a se preparar para as mudanças de demanda de consumo. Alguns estabelecimentos, localizados em cidades turísticas, por exemplo, tendem a receber um fluxo bem maior de clientes, e precisam estar preparados para atender a esta nova demanda. Outros, pelo contrário, enfrentam queda de vendas nesta época, já que boa parte de seus consumidores tira férias. É a chamada sazonalidade, que afeta em maior ou menor grau todo o comércio. No posto, os efeitos da sazonalidade podem ser sentidos em diversas áreas, da venda de combustíveis e lubrificantes, até a loja de conveniência, que deve estar melhor abastecida e contar com um bom estoque de produtos típicos da temporada (como panetones, frutas secas, bebidas e itens para presentes, entre outros). 38 • Combustíveis & Conveniência
Festas de fim de ano e férias exigem planejamento para enfrentar oscilações na demanda
“Temos um aumento de vendas da ordem de 15% no período que antecede o Natal”, disse o revendedor Breno Guimarães Mendes, de Belo Horizonte (MG). Seu posto, localizado em uma área urbana e próximo a um shopping, tem uma expressiva elevação de movimento nesta época – tanto que o revendedor chega a incrementar o número de funcionários no turno da noite (das 22h às 24h). No entanto, passado o final de ano, o movimento do posto cai drasticamente – uma “tragédia total”, na definição do
empresário. “Estamos em uma região basicamente comercial, em frente a uma faculdade. Com as férias em janeiro, a queda do movimento chega a 25%”, contou Mendes. Nesta época, o empresário programa férias dos funcionários, por exemplo. Na contramão deste movimento, o posto do empresário Ricardo Araújo, localizado na Praia de Pitangueiras, um ponto badalado no Guarujá (SP), contabiliza um aumento de vendas da ordem de 40% no período que começa logo após o Natal e se estende até o Carnaval. “Nesta época, os funcionários fazem horas extras
e tomamos algumas precauções, como manter os estoques sempre completos, tanto do posto quanto da loja”, contou Araújo. Tais exemplos ilustram bem a necessidade de planejar melhor as ações de acordo com a demanda de clientes. É importante contar com mais funcionários para atender ao fluxo maior de pessoas, organizar os estoques do posto e loja de acordo com esta sazonalidade, fazer uma manutenção prévia dos equipamentos antes do período de movimento intenso, além de se preparar também para períodos de maior ociosidade. Confira a seguir as dicas para conseguir os melhores resultados possíveis nesta época.
Planejamento constante De acordo com o consultor Marcelo Borja, da Borja Treina-
mentos e Consultoria para Postos de Serviços, é importante que o posto seja administrado de maneira estratégica. “Isso quer dizer que tudo deve fazer parte de um planejamento, de forma que as ações possam ter resultados satisfatórios e que visem tanto uma retomada no movimento quanto uma eventual queda. Uma boa administração deve levar em conta a sazonalidade do ano todo”, orientou. Na visão de Borja, é possível dividir os 12 meses do ano em quatro períodos principais: o primeiro de fevereiro a abril, o segundo de maio a julho, o terceiro de agosto a outubro e o quarto de novembro a janeiro. “Este quarto grupo é onde ocorrem mais variações de movimento. Existe uma situação de queda, que acontece quando o público-alvo viaja no período em questão. A solução, nesta época,
é dar foco especial a atividades como troca de óleo, com serviços de revisão de lanternas, faróis, itens de segurança como extintores e outros, que podem aumentar significativamente a receita do posto”, sugeriu. No entanto, o consultor frisa que para o sucesso destas ações, é importante que o início ocorra em novembro. “É o prazo ideal para que a equipe do posto tenha tempo de captar o máximo possível de clientes, aproveitando o momento de saída de férias para uma revisão no veículo, por exemplo. Inclusive, é uma época propícia, pois este cliente terá possibilidade de gastar mais, por conta do 13º salário”, lembrou. Para que as medidas surtam o efeito esperado, é importante treinar a equipe e divulgar os serviços, por meio de faixas, banners e mala direta.
Agência Petrobras
44 NA PRÁTICA Em cidades litorâneas, completar o estoque de combustíveis diariamente pode ser a saída para driblar aumento na demanda e nos congestionamentos
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ouvindo o que precisa ser completado ou reposto”, destacou. Ainda em situações de queda de consumo, uma dica é criar um link entre loja de conveniência e troca de óleo, promovendo ações conjuntas. “Promoções do tipo combo ou troca de óleo + filtros = a pão de queijo fazem com que o cliente, ao invés de aguardar na troca de óleo, vá até a loja retirar seu brinde. E lá a equipe de promotores se encarrega de oferecer algo para acompanhar o brinde”, sugeriu o consultor. “Um simples pão de queijo pode gerar um café, que gera um chocolate, que vende uma água, e que aumenta a receita da loja”.
Para atender ao aumento de movimento Na situação inversa, quando o posto recebe um fluxo de consumidores bem maior em determinado período, a dica mais importante é estar atento à reposição de produtos e estoques. Isso vale inclusive para combustíveis. “No nosso caso, como o acesso ao Guarujá em época de férias não é tranquilo (costumam ocorrer congestionamentos), temos de completar o estoque de combustíveis diariamente, para não correr o risco de ficar sem produto”,
“Um simples pão de queijo pode gerar um café, que gera um chocolate, que vende uma água, e que aumenta a receita da loja”, diz o consultor Marcelo Borja Stock
Outra sugestão para trazer maior receita mesmo em épocas de menor movimento é intensificar a venda de filtros de ar condicionado e líquido de arrefecimento do motor. “Tais itens podem gerar algo entre 90% e 120% de margem”, apontou Borja. “Muitos postos não executam serviços de substituição de filtros de ar por falta de treinamento dos funcionários, mas acredito que seja um investimento muito interessante. Este tipo de produto carrega outros itens junto, como limpeza das caixas de ar e odorizadores para veículos”. No caso do líquido de arrefecimento, a solução é bem mais simples, basta oferecer o produto ao cliente. Segundo Borja, existe um mito criado por alguns frentistas de “completar com água” o sistema de arrefecimento, o que, além de ser tecnicamente errado, diminui a receita do posto com a venda deste produto. “Uma dica simples é que o vendedor de pista, ao oferecer os serviços de checagem de nível, convide o cliente a descer do carro e acompanhar seus trabalhos. É uma ação simpática, que transmitirá segurança e com certeza aumentará a venda destes itens, pois o cliente estará vendo e não
destacou Araújo. Já na loja de conveniência, o revendedor se organiza comprando antes uma quantidade maior de bebidas e itens congelados (como salgados e pães de queijo). Além disso, é importante contar com funcionários suficientes para o atendimento. A solução pode ser contratar por período de experiência nos meses que antecedem o maior fluxo e verificar, após 45 dias, se vale a pena ou não efetivar o funcionário. Ou então, aproveitar os funcionários já existentes no posto, que aumentam sua jornada e são remunerados com horas extras. “Prefiro continuar com a mesma equipe, e pagar hora extra para os funcionários. A equipe já está treinada, são pessoas em que confio e todos ficam motivados com a renda extra”, disse Araújo. Porém, é importante ficar atento à escala de folgas dos dias que antecedem festas ou feriados e programar o mínimo possível de funcionários gozando o período de férias entre os meses de maior movimento. Vale lembrar que o posto tem o direto de conceder as férias até 11 meses após o vencimento do primeiro período. n
NA PRÁTICA33
Posto social Garantir acessibilidade a pessoas portadoras de necessidades especiais não é apenas uma obrigação prevista em lei. É também a chance do posto mostrar sua responsabilidade com o social Por Gisele de Oliveira
Divulgação/ Postos Ditrento
Oferecer condições de acesso a pessoas portadoras de deficiência é obrigatório no país. E já faz um tempinho. Em 2004, o governo publicou o decreto nº 5.296, que obriga o atendimento prioritário e acessibilidade para pessoas com algum tipo de deficiência ou que possuem mobilidade reduzida em qualquer empreendimento destinado ao público ou de uso coletivo. A questão é que, com a proximidade de grandes eventos esportivos no país – Copa do Mundo, em 2014, e Jogos Olímpicos, em 2016 –, promover essas adaptações ganhou peso ainda maior para as empresas que prestam serviços ao público, como os postos de combustíveis e lojas de conveniência. E não é só. A acessibilidade mostra ao público que o setor de revenda também está comprometido com a inclusão social.
Embora não existam regras específicas para o setor de combustíveis, é possível fazer as modificações utilizando as legislações vigentes, que estabelecem medidas mais abrangentes. De acordo com o decreto federal, por exemplo, as adequações devem oferecer: espaços e instalações acessíveis; disponibilidade de área especial para embarque e desembarque; divulgação, em lugar visível, do direito de atendimento prioritário; entre outros. É obrigatório também oferecer pessoal capacitado para prestar atendimento às pessoas com deficiência visual, mental e múltipla (veja mais no box “As principais adequações”). Lógico que nem todas as medidas previstas no decreto servirão para os postos de combustíveis e lojas de conveniência, mas é importante estar adaptado às normas de
acessibilidade para não correr o risco de discriminação e, consequentemente, sofrer com ações judiciais por danos morais. “A principal questão é atender ao princípio do desenho universal, o que dá a garantia de acesso para qualquer tipo de deficiência, seja ela física, auditiva e por aí vai”, explica Janilton Lima, advogado da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Para isso, o advogado orienta seguir as normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e procurar o Conselho Municipal de Direitos dos Deficientes de sua cidade, em caso de dúvidas. Além disso, é bom verificar as legislações locais (estaduais e municipais) antes de abrir um novo empreendimento ou reformar seu posto ou loja de conveniência. Na cidade de São Paulo, por exemplo, são aplicadas multas mensais superiores a R$ 3 mil pelo não cumprimento das normas e, nos casos de reincidência, o valor pode superar os R$ 10 mil. “Tivemos casos de padarias que foram notificadas por não estarem adaptadas à acessibilidade Na loja de conveniência da Ditrento, em Caxias do Sul (RS), Luciel trabalha na reposição de produtos Combustíveis & Conveniência • 41
44 NA PRÁTICA
Contratação de funcionários As ações não passam apenas pelo espaço físico, mas também
pela contratação de funcionários portadores de deficiência. Neste caso, o retorno de imagem ainda é mais positivo, já que reforça a ideia de inclusão social. Além da obra física, a contratação destes funcionários envolve a parte comportamental. “Muitos destes profissionais têm a autoestima baixa, geralmente porque não tiveram a mesma oportunidade que outras pessoas. Isso dificulta o processo de profissionalização”, explica Enilson de Moraes, presidente da Associação Brasileira de Pessoas com Deficiência (ABPcD), entidade que oferece consultoria de recursos humanos em contratação de pessoas portadora de deficiência. Ele ressalta que a escolha de um candidato não deve ser feita por tipo de deficiência, mas sim para todos que tenham condições
Posto cidadão No Rio Grande do Sul, o Postos Ditrento está fazendo a sua parte quando o assunto é acessibilidade. A rede possui três postos de combustíveis – Porto Alegre, Gramado e Caxias do Sul – totalmente adaptados para portadores de deficiência. E a Ditrento não ficou apenas na questão arquitetônica, a rede também contratou profissionais com necessidades especiais. Ao todo, são dez profissionais portadores de deficiência que desempenham atividades como abastecimento, verificação do nível de água e óleo do motor, calibragem de pneus e atendimento na loja de conveniência. Para que isso fosse possível, os postos foram projetados e construídos seguindo as normas da ABNT. Entre as medidas estão bombas de combustíveis e calibrador de pneus rebaixados; piso pintado com material específico para facilitar o trânsito das cadeiras; rampas de acesso com corrimão e porta automática na entrada da loja de conveniência; e faixa sinalizadora de segurança. Também foi colocada uma programação visual explícita em toda a área do posto para atender as pessoas com deficiência auditiva. “A inclusão social é um valor muito forte para a rede. A relação com os funcionários portadores de deficiência é gratificante, pois permite a troca de experiências”, comenta o gerente da unidade de Caxias do Sul, Kleber Mortari. 42 • Combustíveis & Conveniência
Divulgação/ Postos Ditrento
e depois foram multadas porque não fizeram corretamente as modificações”, comenta Lima. Também é importante ficar atento quando o assunto é o atendimento prioritário. A Lei 10.048, de 2000, estabelece atendimento prioritário aos portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida, gestantes, lactantes, idosos e pessoas com crianças de colo. Assim como no espaço físico, nem todos os serviços atendem à regra. Por exemplo, no abastecimento de combustível, Janilton Lima diz que o atendimento preferencial não é obrigatório porque se entende que a pessoa está confortável em seu carro.
O frentista Samuel é um dos funcionários portadores de deficiência que trabalham no posto de Caxias do Sul
produtivas de exercer a atividade – exceção somente quando exigir habilidades que a deficiência impeça. Sem estes cuidados, acredita Moraes, o projeto de inclusão social poderá não atingir o resultado esperado. E não é só treinar o funcionário com necessidade especial, a empresa também deve preparar os demais empregados para a nova realidade. Por isso, é importante que o responsável pelo posto, como o gerente, por exemplo, reúna a equipe para eliminar eventuais preconceitos ou possíveis receios ao relacionarse com pessoas portadoras de deficiência. “Mais do que cumprir a legislação, o empregador tem que se preocupar com a pessoa que irá contratar, adequar e preparar a empresa em acessibilidade, prover condições para que o portador de deficiência possa se desenvolver profissionalmente e ajudá-lo a conquistar seu espaço no mercado de trabalho com dignidade”, conclui Moraes.
As principais adequações A Norma Brasileira 9050, da ABNT, estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando da construção, instalação e adaptação de empreendimentos às condições de acessibilidade. Conheça algumas delas:
de, no mínimo, 15 decibéis (dB) acima do ruído de fundo;
a Pessoas em cadeiras de roda – Atenção à área de circulação em linha reta, para transposição de obstáculos e para manobras com ou sem deslocamentos: • Linha reta - as dimensões referenciais variam de 0,90m a 1,80m; • Transposição de obstáculos - a referência é de 0,80m; • Manobras sem deslocamento – variam de acordo com a rotação: para rotação de 90º, a re f e r ê n c i a é d e 1,20m x 1,20m; de 180º, é 1,50m x 1,20m; e de 360º, a medida é um diâmetro de 1,50m; • Manobras com deslocamento – para um deslocamento de 90º, a medida é de 1,60m x 2,00m; para um de 180º, é de 1,90m x 1,50m. Quando houver um deslocamento consecutivo, com percurso intermediário, a referência para os casos de 90º é de 0,90m x 0,90m x 0,90m. Para os casos de 180º, é de 1,05m x 0,90m x 1,05m; A altura do assento do local para transferência e acesso de objetos deve ser semelhante à do assento da cadeira de rodas, assim como controles, teclas, botões e outros;
a Representação – A indicação de acessibilidade deve ser feita por meio do símbolo internacional de acesso, em pictograma branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). A figura pode ser de pessoas em cadeiras de rodas, deficientes visuais ou auditivos e deve estar sempre voltada para o lado direito;
a Alcance auditivo – Os alarmes devem emitir sons com intensidade
a Formas de comunicação – Devem ser visual (textos ou figuras), tátil (caracteres em relevo, Braille ou figuras em relevo) e sonoros;
a Sinalização em Braille – Deve estar abaixo dos caracteres ou figuras em relevo; a Pisos de acesso – Devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante, com inclinação máxima de 5%. Também é recomendável utilizar piso tátil de alerta para sinalizar situações que envolvem risco de segurança, e/ ou direcional quando da ausência ou descontinuidade de linhaguia identificável ou quando houver caminhos preferenciais de circulação; a Sanitários – O local também pede cuidados especiais: • As portas devem ter um puxador horizontal; • Junto à bacia sanitária, na lateral e no fundo, colocar barras horizontais para apoio e transferência, com comprimento mínimo de 0,80m a 0,75m de altura do piso;
• Todas as barras de apoio utilizadas em sanitários devem suportar a resistência de um esforço mínimo de 1,5 KN em qualquer sentido, ter diâmetro entre 3cm e 4,5cm e estar firmemente fixadas em paredes ou divisórias a uma distância mínima de 4cm da face interna da barra. a Portas – As maçanetas devem ser do tipo alavanca, instaladas a uma altura entre 0,90m e 1,10m. Outro detalhe importante é que as portas tenham na sua parte inferior revestimento resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e cadeiras de rodas. Em sanitários, devem ter um puxador horizontal. O decreto nº 5.296, do governo federal, também estabelece a admissão de entrada e permanência de cão-guia junto da pessoa portadora de deficiência, além da existência de local de atendimento específico para os portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida. n
4Links da reportagem: • Decreto nº 45.122: http:// www.leispaulistanas.com. br/index.php?q=deficientesfisicos/decreto-no-45122de-12-de-agosto-de-2004 • Decreto nº 5296: http:// www.planalto.gov.br/ccivil/_ato2004-2006/2004/ decreto/d5296.htm Combustíveis & Conveniência • 43
44 REPORTAGEM DE CAPA
C, de consumo A classe C já é o principal grupo social do Brasil. E a tendência é crescer cada vez mais. Mas como aproveitar as oportunidades trazidas por esse segmento ávido para consumir? Stock
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A classe C tem dois grandes sonhos de consumo: casa própria e carro. A boa notícia é que nos últimos 16 anos ela só tem avançado rumo à conquista desses dois objetivos. Não é à toa que o desempenho do mercado imobiliário e das montadoras, incluindo fabricantes de motos, tem mostrado um desempenho impressionante nos últimos anos. Outra boa notícia: o crescimento da classe C é sustentável. Ou seja, não se trata de um fenômeno que tende a se dissipar com o passar do tempo, ou de uma bolha. Pelo contrário, os indicadores mostram que ela tende a crescer ainda mais não só em número de pessoas, como também em renda. Existe um mundaréu de informações sobre a classe C. Institutos de pesquisa, agências de publicidade e consultorias não se cansam de tentar entender quem é, como pensa e o que quer este público. A tarefa é difícil. Uma das conclusões mais comuns nesses estudos é que a classe C é multifacetada, ou seja, tem múltiplos interesses e peculiaridades. Uma conclusão quase óbvia quando se está falando de um contingente de 95 milhões de pessoas, pouco menos da metade da população brasileira. Antes de abordar como está aumentando o consumo desta parcela da população, vale a pena compreender porque ela tem crescido tanto. Há três fatores principais que fazem com que um contingente cada vez maior de pessoas consiga atingir um patamar de renda que começa, segundo
Rodrigo Squizato
Por Rodrigo Squizato Motos respondem por uma boa parcela da clientela da classe C
o padrão da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em R$ 1.064 e vai até R$ 4.561. Aumento do nível educacional, mais oportunidades de trabalho formal e maior renda estão levando as pessoas a conquistar um grau cada vez maior de conforto e almejar novos e maiores objetivos. Esses fatores possibilitaram um crescimento de 7,95% ao ano da renda per capita média dos 20% mais pobres no país, permitindo que muitos deles deixassem de ser pobres e ingressassem na classe média. Para se ter uma ideia, nos 12 meses terminados em julho de 2010, a pobreza caiu 10% e a nova classe média cresceu 4,8%, segundo o estudo “A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres”,
produzido pela FGV com base em dados da Pesquisa nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que é muito mais difícil é tentar compreender o que deseja e como gasta seu dinheiro a chamada classe C. Aqui, os resultados são bastante diversificados. Como
Realizar campanhas incentivando a indicação de novos clientes é apenas uma das formas possíveis de se aproveitar os fortes elos pessoais que são uma característica importante da classe C Combustíveis & Conveniência • 45
44 REPORTAGEM DE CAPA tram que, ao longo desses anos, só houve retração da tendência em duas ocasiões: em 1999 e em 2003. Outra boa notícia para o país é que o aumento da classe C está sendo acompanhado por uma redução da desigualdade. Mas a brincadeira pode estar só começando. Existem dois grandes grupos ávidos para ingressar na classe C. Um, na verdade, já está lá, são os filhos da atual classe C, que têm acesso à educação de melhor qualidade e, principalmente, por mais tempo. O segundo contingente é o das mais de 73 milhões de pessoas que ainda pertencem às classes D e E. Ou seja, gente demais para simplesmente se ignorar.
Para os donos de postos de combustíveis dois dados não podem sair de foco: 34% desta parcela da população já têm veículo. Além disso, 11% da renda é gasta com transporte: um valor maior do que é usado com itens relacionados à habitação e com a alimentação
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Pesquisas indicam que a classe C dá menos importância às marcas, mas que elas podem ser trabalhadas
Rodrigo Squizato
em qualquer grupo grande, há os mais propensos ao consumo, existem os que se programam antes de gastar e ainda aqueles mais cautelosos em abrir mão do dinheiro suado. Para os donos de postos de combustíveis dois dados não podem sair de foco: 34% desta parcela da população já têm veículo. Além disso, 11% da renda é gasta com transporte (embora esta parcela inclua também o transporte coletivo): um valor maior do que é usado com itens relacionados à habitação e com a alimentação. O fato é que esta é a classe dominante do ponto de vista econômico, pois concentrou “mais de 46,24% do poder de compra dos brasileiros em 2009 (era 45,66% em 2008) superando as classes A e B”, que responde por 44,12% do total de poder de compra. As demais classes, D e E, têm hoje 9,65% do poder de compra, caindo do nível de 19,79% logo antes do lançamento do Plano Real. O início do boom da classe C começou com o Plano Real e prosseguiu ao longo dos últimos 16 anos. Os dados da FGV mos-
É por isso que, nas grandes empresas, um dos maiores desafios atuais é compreender como atender e se tornar referência para este mercado. Raciocínio similar cabe ao poder público. Qualquer que seja o próximo governo, também deve estar atento aos fatores que influenciam esta parcela da população. Um estudo feito pela agência Avenida Brasil mostra que, politicamente, os três fatores mais importantes para esta parcela da população são, pela ordem: estabilidade de preços, aumento de salário e de crédito; e programa de distribuição de renda. Enfim, os fundamentos da classe C são sólidos. Mas como se beneficiar deles?
100 milhões de oportunidades entre a classe C e os clientes com poder aquisitivo mais alto são o tíquete médio e a forma de pagamento. “Os clientes do posto com perfil mais popular colocam o necessário para rodar dois ou três dias e costumam pagar em dinheiro. Por isso, na ponta do lápis, este cliente acaba sendo mais interessante para o posto, porque não preciso pagar a taxa do cartão”, explica Ricardo. Uma pesquisa recente feita pelo Ibope mostra que as pessoas da classe C ainda usam bem menos o banco do que as das classes A e B. Mais do que isso, entre 2005 e 2009 diminuiu o número de pessoas da classe C que têm conta corrente em banco, de 47% para 45% da amostra (a parcela que mantém conta poupança permaneceu estável em torno de 41%). Em compensação, neste mesmo período, aumentou o número de pessoas que têm cartão de crédito de 45% para 53% e,
de forma ainda mais intensa, o número de pessoas com cartão de loja ou de supermercado (de 15% para 25%). Crédito também é fundamental, mas para Elaine Mandotti, pesquisadora do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), é importante saber usar esta ferramenta para não se criar um problema duplo: aumento da inadimplência aliado à queda do consumo. No caso do pequeno varejo, Elaine ressalta também que o empresário deve estar atento para não entrar na briga direta com quem tem mais poder de fogo do que ele próprio. Assim, tentar oferecer produtos que o cliente potencial encontra em outros pontos do varejo com mais facilidade de crédito pode ser um tiro no pé. Estudar quem já se dá bem no varejo da classe C é um bom primeiro passo para perceber os detalhes que fazem
Motos, carros mais antigos, tíquete médio mais baixo e pagamento em dinheiro são a regra nos postos que atendem a classe C
Rodrigo Squizato
Não precisa ser um gênio da matemática ou mago das pesquisas para saber que a classe C não tem dinheiro para gastar em qualquer bobagem. Principalmente os recém-chegados à classe média sabem que o dinheiro que está no bolso é suado. Além disso, em muitos casos, pelo menos uma parte dele tem destino certo: um sonho de consumo que pode ser computador, casa própria, carro, celular, Segundo o sócio da Avenida Brasil, Renato Meirelles, o grande desafio para os empresários é desenvolver estratégias e soluções para um público diferente de seu universo de relações. Não se trata apenas de procurar um produto mais barato ao top do setor para vender. Além das questões econômicas, os empresários devem estar atentos às diferenças culturais, educacionais e, não menos importante, linguísticas. É importante notar também que em termos econômicos não se trata apenas de renda. Meio de pagamento importa e muito. Para a classe C, o valerefeição e o vale-transporte são encarados quase como dinheiro vivo, embora muitas vezes sejam trocados com desconto. O que o empresário precisa entender é que não saber usar esses meios de pagamento “alternativos” é a mesma coisa que tentar vender gasolina para a classe A sem aceitar cartão. Segundo Ricardo Eugenio de Araújo, sócio de dois postos — La Caniza e Avenida — em bairros com perfis de renda diferentes no Guarujá (SP), as duas principais diferenças
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44 REPORTAGEM DE CAPA a diferença. Isso inclui desde o layout da loja até o mix de produtos, passando por treinamento de funcionários, formas de pagamento e preço. Elaine lembra que os postos e lojas de conveniência tradicionalmente se destacam por venderem commodities, mercadorias na qual o preço costuma ser sempre muito importante. No caso da classe C ele se torna crítico, porque muitas vezes a diferença de centavos no preço do litro pode significar usar ou não ou o carro. Já a loja de conveniência merece um tratamento mais cuidadoso, porque o cliente da classe C está mais focado no preço, do que na marca. Esta é uma das características de um estudo recentemente divulgado pelo Ibope sobre a classe C. Embora não sejam indiferentes às marcas, eles tendem a experimentar marcas novas e gostam de novidades. Curiosamente, no caso do combustível, a marca é um atributo importante pela qualidade que representa para o consumidor e pelos riscos que um combustível adultera-
do representam para um dos bens mais valiosos para este consumidor. Por isso, no La Caniza, posto mais popular de Ricardo, a loja de conveniência é própria e o mix de produtos é diferente. A diferenciação do mix trouxe mais movimento ao estabelecimento. “O pessoal também consome bem na loja”, afirma. Outra diferença entre os dois postos de Ricardo é o número de motos que são atendidas. “Atendo muito mais motos. Além disso, percebi nos últimos anos uma renovação geral da frota de veículos”, analisa. “Vejo isto até pelos meus funcionários. Hoje todos têm pelo menos moto, ninguém vem mais para o trabalho de bicicleta ou ônibus”. Mais uma vez, os dados dos estudos de mercado são ratificados pela realidade. Segundo estudo da Abraciclo, 56% das pessoas compraram moto para substituir o transporte público ou como instrumento de trabalho. Outro grande diferencial da classe C apontado pelas pesquisas é a forma como as pessoas se relacionam em
4PERFIL DA CLASSE C Nº de pessoas 95 milhões Renda familiar De R$ 1.126 a R$ 4.854 86% têm celular 34% têm computador com internet 97% têm TV 53% têm máquina de lavar roupa 97% têm geladeira Anos de estudo Menos de 1 - 14% 1 a 3 anos - 13% 4 a 7 anos - 27% 8 a 11 anos - 34% 12 ou mais - 12%
Serviços de qualidade são importantes para atender aos dois públicos
Rodrigo Squizato
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família e com os amigos. A ajuda mútua e confiança nos conhecidos é elemento muito forte na cultura desta classe social que, frequentemente, depende da ajuda das pessoas próximas como forma de substituir a falta de acesso a serviços. Isto se reflete também em um perfil mais bairrista deste consumidor. Esta característica pode ser explorada pelo empresário na hora de criar programas de fidelização para este tipo de cliente, lembra Elaine, do Provar. Realizar campanhas incentivando a indicação de novos clientes é apenas uma das formas possíveis de se aproveitar os fortes elos pessoais que são uma característica importante da classe C. n
OPINIÃO 44 Felipe Goidanich 4 Consultor jurídico da Fecombustíveis
Excessos nos atos de interdição Tem ocorrido excessos por parte da fiscalização como medida cautelar, da ANP ao interditar totalmente as atividades de interditar, total ou parcialpostos de combustíveis, quando a providência mais mente, as instalações e justa e correta seria a interdição parcial. equipamentos utilizados Quando a fiscalização flagra apenas um dos diretamente no exercício da atividade. produtos em desconformidade, deveria refletir sobre A partir dessas premissas, é sensato concluir a possível e provável causa da inconformidade. que a faculdade da fiscalização de interditar totalSe o único combustível fora das especificamente o estabelecimento, por ser a medida extrema ções não estiver adulterado pela mistura de outro e de incomensurável prejuízo ao interditado, deve produto e se sua alteração em relação ao padrão ser adotada com cautela e somente quando for a oficial possa, presumivelmente, decorrer de ato ou providência mais adequada ao caso. fato alheio à vontade do revendedor, é razoável que Como se sabe, um combustível pode se apresejam interditados apenas a bomba e o tanque que sentar fora das especificações legais sem que o contém aquele produto. Se revendedor possa detectar. por outro lado, estiver consDeve-se diferenciar situações É sensato concluir que a faculdade da tatada a adulteração com fins que apresentam pequena fiscalização de interditar totalmente de vantagem econômica, a desconformidade no perinterdição total seria a mecentual de biodiesel no o estabelecimento, por ser a medida dida repressiva proporcional extrema e de incomensurável prejuízo óleo diesel, ponto de fulgor à infração praticada e ao ao interditado, deve ser adotada com do óleo diesel, quantidade dolo do infrator. cautela e somente quando for a provi- de etanol na gasolina, teor Os princípios da razoalcoólico do etanol etc. dência mais adequada ao caso abilidade e da proporcioNesses casos, é razoável a nalidade estão previstos aplicação da medida cautelar de forma implícita na Constituição Federal, sendo de interdição apenas do tanque que armazena e decorrentes do próprio Estado de Direito do devida bomba que mede o produto irregular, até que do processo legal. Tais princípios visam impedir ocorra a substituição do combustível. excessos da Administração. Por outro lado, o rigorismo da interdição total Celso Antônio Bandeira de Mello leciona que “a deve ser reservado para os casos em que é clara Administração, ao atuar no exercício de discrição, e manifesta a intenção do revendedor de adulterar terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de o produto para obter lucro com a desconformidavista racional, em sintonia com o senso normal de de. Nessas situações, é correto que o desonesto pessoas equilibradas e respeitosa das finalidades sofra uma sanção maior, em razão de seu dolo, que presidiram a outorga da competência exercida”. proporcional à infração cometida e como repres(...) “o fato de a lei conferir ao administrador certa são às condutas danosas a todo o mercado e aos liberdade (margem de discrição) significa que lhe consumidores. deferiu o encargo de adotar, ante a diversidade de Urge, portanto, que a ANP instrua seus fiscais situações a serem enfrentadas, a providência mais que a interdição total do posto revendedor deve adequada a cada qual delas.” observar a prudência e o bom senso, para não Convém destacar que a Lei 9.847/99 dispõe tratar todos os casos de forma generalizada, o que no artigo 5o, inciso III, que a fiscalização poderá, só beneficia os desonestos.
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44 MEIO AMBIENTE
Redução das emissões É A BOLA DA VEZ No mundo todo, o debate ambiental ganha força, com destaque para a necessidade de redução de emissões veiculares. As novas tecnologias automotivas e as legislações para controle da poluição foram alvo dos principais debates durante o SIMEA 2010 Divulgação/AEA
Chegada do novo diesel S10 esteve entre os temas mais concorridos do SIMEA 2010
Por Rosemeire Guidoni O Brasil já pode ser considerado referência internacional em biocombustíveis, por conta da matriz energética que abre espaço significativo para os combustíveis renováveis. “Temos, hoje, 47% da matriz formada 50 • Combustíveis & Conveniência
por combustíveis renováveis, contra 12% em média no restante do mundo”, citou Allan Kardec Duailibe Filho, diretor da ANP, durante a abertura do 18º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (SIMEA 2010), evento promovido pela Associação de Engenharia Auto-
motiva (AEA), entre os dias 22 e 23 de setembro. De acordo com o diretor da Agência, atualmente no Brasil a gasolina (que responde por 18% de participação na matriz energética, contra 19% do etanol) é um combustível alternativo. “Nossa matriz é limpa, temos uma grande participação
do etanol, inclusive adicionado à gasolina, além do biodiesel e eletricidade”, destacou. “Por conta disso, não necessitamos de grandes ajustes para atender às legislações de controle de emissões. O Brasil inclusive está em posição confortável para mostrar ao mundo que é possível investir e dar espaço aos combustíveis renováveis”. O evento, que contou com a participação de delegações de vários países, especialmente representantes da União Europeia e Estados Unidos, debateu questões ligadas à necessidade de uniformização das tecnologias e legislações de controle de emissões. Uma das grandes dificuldades da indústria automotiva, no Brasil, é o fato de que o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), quando foi criado há 24 anos, optou por seguir a legislação norte-americana de controle de emissões para os veículos leves, e a europeia para os pesados. Como boa parte da tecnologia veicular presente no Brasil é desenvolvida na Europa, as empresas que fabricam veículos leves têm de se adaptar às normas norte-americanas. “Esta é uma questão polêmica e, por isso, se busca a harmonização das legislações. Não há intenção de mudar o modelo adotado no Brasil”, declarou Márcio Veloso, coordenador-substituto do Proconve. “Inclusive, não há dúvidas de que o avanço da engenharia automotiva é baseado no controle de emissões. Esta necessidade gera o desenvolvimento de tecnologias, melhores instrumentos de controle de qualidade de combustíveis, além de abrir novas oportunidades para mão-de-obra especializada”, afirmou.
Veloso confirmou em sua apresentação que o Brasil deve continuar seguindo a tendência norte-americana para os veículos leves, que busca atingir menores índices de emissão de monóxido de carbono, e a europeia para os pesados. “Não vamos inventar a roda”, comparou, mencionando que o programa vem obtendo êxito desta forma. “Não temos grandes problemas para gases do efeito estufa, já que usamos gasolina com adição de etanol e etanol puro, o que traz certa tranquilidade para o Brasil”. Ele citou a mudança esperada para os veículos pesados, a partir de 2012, que deverão passar a usar um diesel com menor teor de enxofre, além de um redutor de NOx automotivo, o Arla 32, acompanhando a legislação europeia, e afirmou que outra contribuição significativa para a redução das emissões foi a criação do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (Promot), em 2002. Veloso informou ainda que o Proconve tem como meta incluir as máquinas agrícolas e rodoviárias no programa de controle de emissões, a partir de 2015.
Harmonização e qualidade dos combustíveis Além da questão relacionada ao atendimento das legislações de controle de emissões, outro aspecto polêmico para o mercado automotivo é a dificuldade no controle de qualidade dos combustíveis, e a harmonização dos combustíveis brasileiros com os produtos utilizados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. A coordenadora de bicombustíveis,
O transporte do novo diesel poderá representar um problema extra, já que todos os tanques que carregarem o S10 devem ser segregados ou passar por processo de limpeza a cada carga, para evitar contaminação
da ANP, Cristiane de Andrade Monteiro, destacou que o objetivo da Agência é minimizar as barreiras técnicas, já que existe muita desconfiança em relação aos novos combustíveis por parte dos consumidores. “Nosso intuito é fortalecer os biocombustíveis, como o etanol, para trazer mais confiança ao mercado”. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou que apesar da importância dos investimentos da indústria automotiva e da Petrobras, é essencial para o país garantir a qualidade dos combustíveis e a estrutura para a sua distribuição e revenda em todo o país. Ele também falou sobre as ações para aprimorar a capacidade técnica dos engenheiros automotivos e afirmou que, em 2025, o Brasil deverá produzir anualmente seis milhões de novos veículos. Os desafios e investimentos necessários para o atendimento das novas fases (L6 e P7) do Proconve foi o tema de uma das mesas redondas mais concorridas do evento, que contou com a participação de representantes da Petrobras, Anfavea, Sindicom, Fecombustíveis e AEA. A disCombustíveis & Conveniência • 51
44 MEIO AMBIENTE
cussão, que envolve as regras e mudanças necessárias para que os veículos pesados possam rodar com o novo diesel S10 (com 10 partes por milhão de enxofre), mostrou como será a adaptação deste mercado. A Petrobras, por exemplo, informou que está realizando grandes investimentos para adequação de seu parque de refino, de modo a cumprir o cronograma definido em 2008. Marcelo Balassiano, representante da empresa, destacou que a Petrobras deverá deixar de produzir o diesel S50 quando
Os novos veículos deverão ter dois tanques, um de combustível, que deve ser abastecido com S10, e outro para o Arla. Uma única gota de diesel no tanque de Arla pode comprometer todo o funcionamento dos veículos 52 • Combustíveis & Conveniência
Divulgação/AEP
“Como um posto que revenda uma quantidade pequena de S10 poderá manter o combustível armazenado por um período mais longo? Hoje sabemos que o diesel, que tem adição de biodiesel, se armazenado por muito tempo, pode perder suas características e formar borras”, observou Hashimoto
introduzir o S10, evitando que os dois produtos permaneçam no mercado. Alisio Vaz, diretor do Sindicom, afirmou que as empresas associadas estão preparadas para distribuir o novo diesel, embora ainda aguardem o posicionamento dos postos acerca do interesse em revender o novo combustível. O prazo para responder à pesquisa obrigatória da ANP sobre a intenção de comercializar o S10 (http://www. anp.gov.br/s10/) foi prorrogado para 30 de novembro.
Barreiras a serem vencidas Para Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis, a possibilidade de revender o novo diesel poderá representar uma vantagem comercial para os postos. “Afinal, os veículos novos, fabricados a partir de 2012, só poderão rodar com o diesel S10. Ou seja, quem puder oferecer este produto terá uma vantagem comercial em relação à concorrência”, afirmou. De acordo
com Hashimoto, mesmo que a renovação da frota demore um pouco mais para acontecer, visto que os novos veículos devem ser mais caros, e estima-se que o novo combustível também tenha valor mais elevado, é fato que os postos (especialmente os rodoviários e aqueles que atendem frotas de transportadoras) que ofertarem o produto terão melhores condições de atender seus clientes. No entanto, ainda existem barreiras a serem vencidas para que o S10 seja um negócio interessante para o revendedor. A primeira dificuldade diz respeito à renovação da frota, que depende da existência de uma rede de abastecimento para acontecer. Nos grandes centros, isso em princípio não será um problema, mas e nas regiões mais afastadas? “Como um posto que revenda uma quantidade pequena de S10 poderá manter o combustível armazenado por um período mais longo? Hoje sabemos que o diesel, que tem adição de biodiesel, se armazenado por muito tempo, pode perder suas características
planeja criar um selo específico para os novos veículos. O uso e a revenda do Arla 32 também necessitam ser regulamentados. Os novos veículos deverão ter dois tanques, um de combustível, que deve ser abastecido com S10, e outro para o Arla. De acordo com Gilberto Leal, diretor da AEA, uma única gota de diesel no tanque de Arla pode comprometer todo o funcionamento dos veículos. “Ou seja, é mais um item que merecerá atenção por parte de quem faz o abastecimento”, observou Hashimoto. O Arla poderá ser comercializado pelos postos revendedores, mas a forma (a granel ou em embalagens menores) ainda não está definida. Caso a opção seja pela segunda alternativa, uma nova obrigação deve surgir para os postos, já que as embalagens terão de ser descartadas de forma adequada e não deverão ser reutilizadas. De qualquer forma, Hashimoto considera isso uma grande oportunidade para o posto revendedor agregar um produto de grande giro, uma vez que o Arla é consumido a um volume de 4% a 5% do consumo de óleo diesel. Alguns cuidados com o armazenamento deverão ser tomados,
O Brasil deve continuar seguindo a tendência norte-americana para os veículos leves, que busca atingir menores índices de emissão de monóxido de carbono, e a europeia para os pesados pois o Arla é muito sensível a temperaturas de armazenamento superiores a 35oC. O debate mostrou que ainda existem vários desafios a ser superados antes da introdução do novo diesel no mercado. “Não podemos colocar um novo produto no mercado sem criar condições adequadas para que toda a cadeia de produção e comercialização consiga atender às exigências legais”, ponderou Hashimoto. Além deste debate, outros temas tiveram espaço no SIMEA 2010, como soluções para melhorar o transporte urbano, segurança veicular, perspectivas para os veículos híbridos e elétricos e os investimentos para o país se preparar (em termos de infraestrutura) para os grandes eventos esportivos dos próximos anos (Copa do Mundo e Olimpíadas).n Divulgação/AEA
e formar borras, por exemplo”, observou Hashimoto. O transporte do novo diesel também poderá representar um problema extra, já que todos os tanques que transportam o S10 devem ser segregados ou passar por processo de limpeza a cada carga, para evitar contaminação. Isso representa uma despesa a mais para o posto que tem transporte próprio, e também uma preocupação grande, pois se eventualmente acontecer uma contaminação, o estabelecimento pode ficar sujeito à penalidades estabelecidas na legislação (já que o combustível contaminado estará fora de conformidade). O preço do novo diesel também desperta apreensão. “Nosso negócio vive de centavos. Uma pequena diferença no valor por litro pode se transformar em uma diferença significativa no valor total de um abastecimento de um caminhão. Ou seja, será que não haverá risco de os motoristas preferirem abastecer com o diesel comum, com teor de enxofre maior, S500 ou até S1800, que deverá continuar disponível para os veículos antigos e cujo valor será inferior?”, questionou o diretor da Fecombustíveis. Henry Joseph Jr, diretor da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea), explicou que o uso de combustíveis com teor acima de 10 ppm de enxofre nos novos motores pode trazer prejuízos aos veículos. Isso, na avaliação de Hashimoto, pode também ser mais um objeto de preocupação para a revenda, pois os funcionários terão de ser treinados para identificar quais veículos utilizarão o S10. Para facilitar a identificação, a Anfavea
Combustíveis & Conveniência • 53
44 CONVENIÊNCIA
Cartões e etanol
em destaque na Nacs A Nacs Show, principal evento internacional do setor de conveniência, foi realizada este ano em Atlanta, nos Estados Unidos, entre os dias 5 e 8 de outubro. Além da diversidade de produtos e equipamentos para postos e lojas de conveniência, as tendências do setor e os caminhos deste mercado foram destaque para os participantes brasileiros
Para conseguir visualizar o negócio de forma diferente e até vislumbrar oportunidades, é essencial conhecer novas experiências. A opinião é do empresário Ricardo Rodriguez Lopez, proprietário do posto Portal de Santos, um dos mais tradicionais do litoral paulista. “Um empresário não pode ficar somente dentro de seu negócio, é importante ampliar seus horizontes para crescer”, disse ele, referindo-se à sua visita à Nacs Show, evento realizado em Atlanta (EUA), entre os dias 5 e 8 de outubro, paralelamente à PEI (exposição de produtos e equipamentos para postos de serviços, promovida pelo Petroleum Equipment Institute). O Portal de Santos tem uma loja de conveniência de grande sucesso, cujo carro-chefe é o serviço de alimentação. “Nesta visita à Nacs, percebemos que estamos no caminho certo. A grande tendência do mercado de conveniência é a alimentação mais elaborada. As lojas norte-americanas começam a investir em alimentos preparados no local, em substituição aos congelados tradicionais, e em sistemas de atendimento full service, ao invés do self-service. E isso é o que já temos feito em nossa loja”, destacou Lopez. De acordo com 54 • Combustíveis & Conveniência
Divulgação/NACS Show
Por Rosemeire Guidoni
o revendedor, a grande diferença, no entanto, reside na maior oferta de produtos e equipamentos que existe nos Estados Unidos. “Nas lojas norte-americanas até um sanduíche montado na hora é padronizado. Existe a quantidade certa de cada ingrediente, os quais são fornecidos em embalagens individuais, com quantidades específicas. Aqui, os lanches feitos na hora dependem muito do gosto e da orientação de cada loja ou preparador”, comparou. A quantidade de fornecedores também chega a impressionar: apenas na área de energéticos, cerca de 50 marcas disputavam a preferência das lojas. Esta diversidade, tanto de produtos quanto de equipamentos, e a qualificação da mão-de-obra foram os principais diferenciais apontados pelo empresário. E isso tudo é reflexo do
maior desenvolvimento do canal de conveniência nos Estados Unidos. Lá, as lojas são o atrativo principal dos postos, e o combustível é apenas mais um produto dentro do leque de opções. As lojas, aliás, representam a maior parcela da rentabilidade dos empresários do setor. Por isso mesmo, a Nacs Show é classificada como uma das feiras de maior expressão dos Estados Unidos, e a Nacs, associação do segmento, é bastante representativa.
Emenda Durbin, uma vitória da Nacs A importância da entidade, inclusive, pode ser medida pelos resultados da batalha contra as altas taxas cobradas pelas operadoras de cartões. Nos últimos anos, as empresas de cartões nos Estados Unidos tiveram maior margem
Diversidade de produtos está entre os principais atrativos da feira
Paulo Miranda Soares
em relação ao preço bomba do que o próprio revendedor. O problema vem sendo relatado desde 2006, quando os postos e lojas de conveniência lucraram menos – US$ 4,8 bilhões – do que pagaram às empresas de cartões de crédito pelo processamento de suas transações – US$ 6,6 bilhões. A situação piorou em 2008, quando o segmento apresentou lucro de US$ 5,2 bilhões e as tarifas de cartões de crédito atingiram US$ 8,4 bilhões. Para combater esta situação, a Nacs formou uma ampla coligação de organizações e está liderando o esforçopelaintervençãodoCongresso e órgãos reguladores. Além disso, a entidade é a autora líder de uma ação coletiva contra as empresas de cartões de crédito e os bancos que emitem cartões, com base em violações das leis antitruste. Em 2009/2010, os revendedores encaminharam ao Congresso milhares de ligações e cartas, além de um documento com 5,4 milhões de assinaturas de consumidores clamando por uma reforma no sistema de tarifas dos cartões. O trabalho da entidade foi fundamental para que o governo norte-americano sancionasse, em 21 de julho deste ano, uma emenda na reforma do sistema financeiro dos Estados Unidos – a chamada Emenda Durbin, do senador Richard Durbin, incluída na Lei de Reforma de Wall Street e de Proteção ao Consumidor (Wall Street Reform and Consumer Protection Act). Esta emenda instrui o Banco Central (Federal Reserve – Fed) a assegurar tarifas para cartões de débito “razoáveis e proporcionais” aos custos. Além disso, a lei garante aos comerciantes poder escolher mais de uma rede independente para processar as transações de
débito, oferecer descontos para formas preferenciais de pagamento e também definir requisitos mínimos de transação (de US$ 10) para cartões de crédito. Este assunto foi inclusive o tema da palestra do CEO e presidente da Nacs, Hank Armour, que afirmou que a mudança trará alívio financeiro fundamental para os varejistas e consumidores, promovendo uma maior concorrência na indústria de cartões. “Esta reforma histórica não teria sido possível sem o enorme esforço de nossos membros, que convidaram os seus senadores e deputados a apoiar a causa. O resultado desta ação, juntamente com os abaixo-assinados organizados pelos empresários do setor pedindo a reforma do sistema de cartões (de crédito e débito), demonstra claramente que os membros do Congresso estão atentos aos seus constituintes”, disse Armour em seu discurso. Hoje, nos EUA, a tarifa média paga pelo revendedor nas operações com cartões é de 2%, enquanto
que na Alemanha é de 1,5% e na Austrália, de 0,5%. Esta mobilização, na avaliação de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, é um exemplo para o mercado de revenda e conveniência brasileiro, onde a tarifa cobrada pelas administradoras de cartões está entre 3% e 7%.
E15 preocupa revendedores Outro assunto de grande destaque no congresso que aconteceu paralelamente à Nacs foi a introdução do maior percentual de etanol à gasolina. Durante o evento, ainda se discutia qual seria este novo percentual, que somente foi aprovado pela EPA (agência de proteção ambiental norte-americana) em 13 de outubro. A partir desta data, os postos revendedores estão autorizados a comercializar misturas que podem variar de 10% (E10) a 15% (E15) de etanol adicionado à gasolina. O E15, no entanto, só pode ser utilizado em veículos fabricados a partir de 2007, o que significa que os postos terão de vender dois tipos distintos de produto Combustíveis & Conveniência • 55
44 CONVENIÊNCIA e, para tanto, terão de destinar equipamentos (tanque e bomba) específicos para o E15. Mas para manterem esta bomba dedicada, é importante que o preço do novo produto seja competitivo. Além disso, os postos terão de se responsabilizar por eventuais equívocos no abastecimento, o que pode ser um grande problema, já que o sistema predominante é o self-service. “A responsabilidade por informar o consumidor será do posto, mesmo com o sistema self-service”, comentou Alísio Vaz, diretor do Sindicom. “Esta é uma grande preocupação do mercado revendedor, já que os postos poderão ser responsabilizados por eventuais danos aos veículos. E, além dos carros fabricados antes de 2007, ainda há consumidores que utilizam gasolina para movimentar barcos e equipamentos, como cortadores de grama”, observou.
Tendências Os painéis e debates realizados durante o evento, e a exposição de produtos em si, apontaram algumas tendências do mercado. Na feira, por exemplo, os visitantes puderam conferir protótipos de abastecimento de veículos elétricos, sistemas de iluminação para postos e lojas com lâmpadas Leds (que garantem maior durabilidade e economia de energia), além de verificar como é a comercialização de uréia líquida (agente redutor de NOx automotivo, que no Brasil foi denominado Arla 32) nos Estados Unidos (o produto é vendido a granel, com a utilização de tanque e bomba de abastecimento). Na área de equipamentos para postos, empresas brasileiras em processo de internacionalização se destacaram – caso do grupo Zeppini, que apresentou no evento toda a sua linha de produtos (reserva56 • Combustíveis & Conveniência
tórios de contenção, tubulações e o sistema de tratamento de efluentes oleosos). De acordo com Paulo Rogério Fernandez, diretor-executivo do grupo, a PEI é uma grande vitrine não só para os revendedores norte-americanos, mas também para toda a América Latina e Caribe. “Atendemos durante o evento visitantes de 23 países diferentes”, destacou. Em relação à área de conveniência, a grande tendência é mesmo a alimentação. As lojas nos Estados Unidos aos poucos se transformam em restaurantes, diversificando a oferta de alimentos e priorizando pratos elaborados na hora. “Esta é uma grande tendência do setor, e não somente nos Estados Unidos. Os investimentos em alimentação têm sido cada vez mais frequentes, especialmente onde há espaço disponível”, disse Vaz, do Sindicom.
4A Nacs em números a Em 2010, o evento reuniu 22 mil visitantes, dos quais mais de 1.300 eram estrangeiros. Os brasileiros se destacaram – somente a Ipiranga levou um grupo de 470 pessoas, que respondem por 220 postos revendedores; a 1.300 empresas expuseram seus produtos, equipamentos e serviços na Nacs; a O mercado norte-americano é formado por 144.541 lojas de conveniência, que faturaram US$ 511.000.000 mil no ano passado. Cerca de 65 mil postos revendedores não estão vinculados a nenhuma rede ou bandeira; a O segmento atende 160 milhões de clientes por dia e 58 bilhões de clientes por ano.
Flávio Dantas, gerente da divisão comercial de São Paulo da Ipiranga Distribuidora, concorda. Segundo ele, a importância do fast food hoje é indiscutível. “Mas ainda existem muitas diferenças entre as preferências dos consumidores brasileiros e dos americanos, tanto em termos de tipo de serviço quanto em relação ao paladar”, observou. Para Dantas, a participação de revendedores e operadores de conveniência brasileiros neste tipo de evento é de grande importância. “O mercado de conveniência norte-americano é forte, é competitivo. Os empresários brasileiros precisam conhecer estes exemplos”, disse. Dois pontos positivos que puderam ser observados pelos empresários brasileiros, em sua avaliação, foram como os norteamericanos lidaram com a crise econômica de 2008 (que ainda traz sequelas para a economia nos Estados Unidos) e como são os programas de fidelidade locais. “Os brasileiros constataram os benefícios destes programas e os ganhos de escala obtidos pelas redes, por exemplo”, afirmou. Os programas de treinamento voltados à mão-de-obra também chamaram a atenção dos visitantes. “A filosofia predominante é de que a valorização do funcionário é essencial, pois sem ele o negócio não prospera. E estamos falando do mundo automatizado, onde quase tudo funciona com a ajuda de equipamentos sofisticados e por meio de self-service”, destacou o revendedor Lopez, do posto Portal de Santos. A próxima edição do evento já tem data marcada: acontecerá entre os dias 1 e 4 de outubro de 2011, em Chicago (EUA). n
OPINIÃO 44 Ricardo Guimarães 4 sócio da rede Aghora
Preços no varejo de conveniência namento, horários estenAs lojas de conveniência surgiram no Brasil didos, mix de produtos no final da década de 80, baseadas em modelos diferenciados, acesso a internacionais, que demandavam estruturas de promoções. instalação e operação onerosas e, consequenteO fator financeiro considera: mente, altas margens de comercialização para se Determinação de preços através de mark-up: sustentarem. consiste em calcular o preço de venda dos produtos, Este modelo foi, durante muito tempo, a realimultiplicando por um percentual sobre seus custos dade da maioria absoluta das lojas de conveniência de compra de forma que consiga cobrir o lucro debrasileiras e se tornou referência deste canal de sejado, os impostos e os custos fixos do negócio. varejo: lojas sofisticadas, mix de produtos padroNos primórdios da conveniência no Brasil, o nizados e preços altos. mais comum era se adotar o modelo financeiro, O mercado de conveniência passa agora por ou seja, o preço de venda era determinado quase uma transformação importante, fruto do seu natural exclusivamente multiplicando-se o preço de cusamadurecimento: i) aumento dos consumidores to por um percentual previamente definido, sem com mais poder de compra; ii) surgimento de muita preocupação com novos modelos de conveos preços praticados pela niência, mais flexíveis e Nos primórdios da conveniência no concorrência. econômicos, implicando o Brasil, o preço de venda era determiEsta prática acabava não aumento do número de lojas, sendo percebida de forma principalmente em locais nado quase exclusivamente multiplimuito clara pelos consumique antes não teriam perfil cando-se o custo por um percentual dores, devido ao processo para um empreendimento previamente definido, sem muita inflacionário brasileiro, que nos moldes tradicionais; preocupação com os preços impossibilitava uma referêne iii) aumento da oferta, da concorrência cia de preços. por parte da indústria, de O fim da inflação, que produtos específicos para gerou no consumidor uma memória de preços o segmento. (principalmente de produtos de consumo frequenTudo isto, aliado a uma concorrência mais te), evidenciou esta prática, fazendo com que, acirrada, passou a demandar maior preocupação em muitos casos, os preços praticados em lojas em como determinar o preço de venda de seus de conveniência estivessem completamente fora produtos e/ou serviços. do mercado. Basicamente a determinação de preços se Hoje, mais do que nunca, a precificação de baseia na inter-relação de dois fatores: o de meruma loja de conveniência deve levar em conta cado e o financeiro. não só critérios financeiros, mas principalmente O fator de mercado leva em conta: os aspectos do mercado. Não é um processo A concorrência: as lojas estabelecem seus simples, pois o preço justo e adequado deve ser preços em grande parte conforme a concorrência competitivo e simultaneamente espelhar a renta(padarias, bares, lanchonetes e outras convenibilidade desejada. ências), considerado as diferenças de qualidade Conheça profundamente seus custos, atentando entre produtos e serviços agregados. sempre para o que o seu cliente quer e o quanto A percepção de valor do cliente: são atributos está disposto a pagar, sem se esquecer que sempre que os clientes consideram importantes e estão haverá um concorrente próximo a você tentando dispostos a pagar por isto, tais como: conforto, abocanhar uma fatia do seu mercado. segurança, praticidade, facilidades de estacio-
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44 ATUAÇÃO SINDICAL SERRA GAÚCHA
Sindipetro
Sindipetro coloca biodiesel em discussão
Viscardi alerta para limpeza periódica de tanques e troca de filtros de combustíveis
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipetro Serra Gaúcha) realizou no final de setembro o workshop “Que borra é essa?” para abordar os problemas provocados pela adição de biodiesel ao diesel. O evento, que ocorreu no Restaurante Sica, junto à Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, contou com a participação de 200 pessoas. O tema proposto chamou a atenção de revendedores e de representantes de oficinas mecânicas da região, que aproveitaram a oportunidade para esclarecer dúvidas com relação a esse novo combustível. A combinação de biodiesel ao diesel tem gerado reclamações em decorrência da alteração na consistência do produto final, com a formação de borras e a proliferação de bactérias. A situação está sendo 58 • Combustíveis & Conveniência
verificada em vários locais do Brasil. Segundo dados da ANP, 5,2% das amostras de diesel coletadas em postos em março deste ano estavam fora das especificações. Para abordar o tema, o Sindipetro trouxe a Caxias do Sul o gerente nacional do Departamento Técnico da Ipiranga, o engenheiro mecânico Sérgio Luiz Viscardi, que também é diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva e membro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil). Para ele, há muitas informações desencontradas no mercado. Viscardi alertou para alguns cuidados que devem ser realizados quando da manipulação desse tipo de produto. “Toda a cadeia tem de adotar certos procedimentos, como limpeza periódica dos tanques e troca dos filtros de combustível, com
mais regularidade. Isso deve ser feito tanto por distribuidores quanto por proprietários de postos e de veículos. Caso contrário, os problemas podem surgir”, avisou o técnico. No caso dos postos, o engenheiro sugeriu que a manutenção seja feita semanalmente. De acordo com o diretor de Marketing do Sindipetro, Luiz Martiningui, o Sindicato está preocupado e atento aos problemas encontrados pelas revendas em decorrência dessa adição, que atualmente está em 5% – mas há a previsão de acréscimo gradativo deste percentual. “Realizamos o evento para tentar esclarecer as dúvidas dos empresários do setor, das concessionárias de veículos e dos profissionais de oficinas mecânicas especializadas em motores movidos a diesel”, afirmou Martiningui. (André Paulo Costamilan)
Gilson Machado
PARANÁ
Festa para o revendedor O Sindicombustíveis-PR está completando 53 anos. O aniversário foi comemorado durante a já tradicional festa do revendedor ou “Show da Parceria”, que este ano aconteceu no dia 16 de outubro, em Curitiba. Durante a comemoração foram entregues os troféus “Amigo do Revendedor”, uma homenagem às pessoas que lutam a favor da revenda no Paraná e em todo o Brasil. Este ano os homenageados foram José Camargo Hernandes, presidente do Resan (SP); Roque André Colpani, presidente do Sincom-
bustíveis (Itajaí-SC); e Adão Oliveira, presidente do Sulpetro-RS . O presidente do Sindicombustíveis-PR e vice-presidente da Fecombustíveis, Roberto Fregonese, convidou o presidente da Federação, Paulo Miranda Soares, para entregar os troféus. Segundo Fregonese, os homenageados são exemplos de pessoas que dedicam a vida a lutar pela revenda. “É pela dedicação ao setor que o troféu ‘Amigo do Revendedor’ está sendo entregue esta noite a esses
três presidentes, exemplos que devem ser seguidos por todos os líderes de sindicato do Brasil”, disse Fregonese. Depois das homenagens todos puderam apreciar um delicioso jantar e um super show com Jota Quest. A banda animou os convidados e fechou com chave de ouro mais uma comemoração da revenda no Paraná. (Vanessa Brollo)
DISTRITO FEDERAL
Vem aí o 2º Promosin O Sindicombustíveis-DF realizará o 2º Programa de Modernização Sindical (Promosin) no dia 11 de novembro, no auditório do Sindicato, buscando discutir com os associados as linhas de ação, adequadas aos novos tempos, e definir as metas para a gestão de 2010 a 2014. Nesta segunda etapa, o objetivo é debater os resultados alcançados e as novas propostas para reprogramar a atuação do Sindicombustíveis-DF, adequando-as às recomendações e metodologia do Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS). Na visão da atual gestão do Sindicombustíveis-DF, as ações para aperfeiçoar o trabalho do Sindicato não podem parar no tempo, ancoradas em boas iniciativas, mas sim melhorar, renovar sempre, antecipar-se às novas circunstâncias e demandas da clientela – o empresariado da revenda
de Brasília – às exigências do próprio Sindicato, do mercado do Distrito Federal e da grande evolução do Sistema de Representação Sindical do Comércio, o SICOMERCIO. Aprovado pela categoria em 2003, o Programa foi implantado no primeiro ano da nova gestão, sob a liderança do empresário José Carlos Ulhôa Fonseca, e se tornou instrumento pioneiro e renovador no ambiente sindical. Um modelo de mudança organizacional planejada, que deflagrou o processo de modernização do Sindicato, com base em técnicas de planejamento estratégico e ampla participação dos associados. Implementado em 2004, o Promosin resultou do debate democrático entre todos os integrantes do Sindicato e formulou 27 propostas voltadas a modernizar e estabelecer um novo modelo de gestão do
Sindicato. Com os direcionamentos certos em relação à atualização estrutural e operacional, foi possível cumprir de forma eficiente o principal: a missão do Sindicato. “Proporcionar aos associados do Sindicombustíveis-DF assessoria técnica, jurídica, ambiental e outras de interesse da categoria, integrando-as por intermédio de ações de congraçamento e informações, de forma a buscar harmonia junto à categoria e à sociedade.” Assim, de forma organizada, o Promosin ajudou a colocar em ação uma série de atividades essenciais para a modernização da nova gestão. Das 27 medidas corretivas propostas, nenhuma deixou de ser tratada. O sucesso da execução do programa mostrou que oito dos levantamentos estão em andamento, apenas dois estão em estudo, tendo sido as demais implementadas. (Thais Saraiva) Combustíveis & Conveniência • 59
44 PERGUNTAS E RESPOSTAS O ano de 2010 pode ser encarado como de volta à normalidade para os produtores de açúcar e álcool. Isto porque ao longo do ano, os preços do etanol se mantiveram estáveis. O reflexo é a perda de competitividade do combustível em alguns estados, apesar do aumento da venda de veículos do tipo flex no país. Os fatores para esse aumento são muitos, desde maior competitividade para os produtores até a alta carga tributária do combustível. A tendência nos próximos meses? Só o mercado poderá dizer.
A tendência é de um mercado mais linear, com volatilidade menor. O estoque de etanol anidro é suficiente para manter a mistura de 25% na gasolina. Não teremos problemas como os ocorridos no ano passado. Agora, estados mais competitivos, como São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso, devem refletir preços mais vantajosos para o consumidor. Enquanto que nos demais estados, que são menos competitivos, devemos verificar preços mais altos, como já vêm ocorrendo desde o início da safra.
Por que o preço do etanol vem subindo regularmente se estamos em pleno período de safra?
Qual a previsão para os próximos meses?
Primeiro, é preciso ficar claro que o preço do etanol segue o mercado. É difícil um dia ser igual ao outro. Agora, existem alguns fatores que devemos levar em consideração se quisermos comparar os preços com os praticados em 2009. O principal deles é que, no ano passado, não refletiam a realidade. Passamos por um período de fortíssima expansão, mas fomos afetados pela crise mundial. Com isso, os produtores precisaram praticar preços abaixo do custo de produção para se capitalizarem, o que não refletia um preço adequado. Neste ano, a situação é diferente, as empresas estão mais saudáveis. Assim, temos um preço que dá sustentabilidade para o produtor. Por outro lado, só há perda de competitividade em locais onde há uma logística muito grande e uma alta carga tributária. Hoje, o ICMS que incide sobre o combustível está em 25% em praticamente todos os estados brasileiros. Além disso, existe uma política de estabilidade no preço da gasolina praticada pela Petrobras. Ou seja, não é só o preço do produtor que gera impactos no preço do combustível.
Então a tendência é de que os preços se mantenham neste patamar? 60 • Combustíveis & Conveniência
Vai depender do mercado. Se o preço subir demais em São Paulo, onde existe uma logística menor e uma carga tributária baixa, quem vai responder é o mercado, o consumidor. Porque o usineiro tem o produto disponível. Isso quer dizer que se houver uma reação destes dois agentes, a tendência é de baixa no preço. Mas vale reforçar que não haverá mudanças bruscas devido ao equilíbrio do mercado. Se você acompanhar o boletim diário, vai verificar que houve uma queda no preço do etanol em Paulínea (SP) em dois dias.
Qual a previsão do volume de etanol para este ano? Devemos ter um incremento muito maior do que o registrado no ano passado. As exportações devem apresentar redução de 1,2 bilhão de litros, enquanto a produção deve crescer dois bilhões de litros. Ou seja, teremos uma oferta interna de três bilhões de litros de etanol. Desta forma, não é verdadeira a afirmação de que haverá mais açúcar do que etanol.
* Informações fornecidas pelo diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues
LIVRO 33
Título: Conveniência & Franchising – O Canal do Varejo Contemporâneo Autor: Luiz Felizardo Barroso Editora: Lumen Juris Está em dúvidas sobre abrir um novo negócio no seu posto de combustível? Uma loja de conveniência, por exemplo? Quais os aspectos legais que envolvem esse novo negócio? Estas e outras questões são abordadas no livro Conveniência & Franchising – O Canal do Varejo Contemporâneo, do advogado Luiz Felizardo Barroso. O livro tem por objetivo trazer uma visão jurídica do negócio, tendo como base o sucesso das lojas de conveniência entre a rede varejista de combustíveis. Para isso, o autor apresenta um levantamento do setor de conveniência e o panorama econômico e operacional do mercado de venda de combustíveis no país. Outro tema de destaque do livro é a análise jurídica da vinculação da bandeira de uma distribuidora aos postos de revenda, através do franchising. A obra – que contou com a colaboração dos advogados Carlos Vieira de Mello, Flávio Franceschetti e Luiz Antonio Guerra da Silva – traz ainda casos práticos do ponto de vista jurídico para o empresário que anda pensando em abrir um novo negócio em seu posto de combustíveis.
44 TABELAS em R$/L
Período
São Paulo
Goiás
Período
São Paulo
Goiás
13/09/10 a 17/09/10
1,044
1,024
13/09/10 a 17/09/10
0,871
0,741
20/09/10 a 24/09/10
1,084
1,077
20/09/10 a 24/09/10
0,912
0,770
27/09/10 a 01/10/10
1,148
1,155
27/09/10 a 01/10/10
0,973
0,832
04/10/10 a 08/10/10
1,171
1,204
04/10/10 a 08/10/10
0,978
0,863
11/10/10 a 15/10/10
1,184
1,202
11/10/10 a 15/10/10
0,978
0,869
Média Setembro 2010
1,040
1,064
Média Setembro 2010
0,896
0,767
Média Setembro 2009
0,913
N/D
Média Setembro 2009
0,791
N/D
13,4%
17,4%
12,3%
17,2%
13,9%
N/D
13,2%
N/D
Variação
13/09/10 a 15/10/10
Variação
Set/2010 - Set/2009 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)
Variação
13/09/10 a 15/10/10
Variação
Set/2010 - Set/2009 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas
Pernambuco
Setembro 2010
1,197
1,207
Setembro 2009
1,047
1,081
Variação
14,4%
11,7%
Período
1,6 1,4
HIDRATADO
ANIDRO
Período
Em R$/L
1,2 1,0 0,8 0,6
Alagoas
Pernambuco
Setembro 2010
0,986
0,996
Setembro 2009
0,942
0,940
Variação
4,6%
6,0%
0,4 CEPEA/Esalq Fonte: Nota: Preços sem impostos 0,2
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
em R$/L
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO
São Paulo
Alagoas
Pernambuco 10
0,0
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO
1,6
1,2
1,2
1,0
1,0
0,8
0,8
0,6
0,6
0,4
0,4
São Paulo
Alagoas
0,2
Pernambuco
0,0 10
0,0
Nota: O CEPEA/Esalq não disponibilizou o preço médio do produto em Alagoas no Emde R$/L mês julho e emEVOLUÇÃO Pernambuco nos de julho agosto. DEmeses PREÇOS DOe ETANOL HIDRATADO 1,4
62 • Combustíveis & Conveniência 1,2 1,0
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO
1,4
1,4
0,2
Em R$/L
São Paulo
Alagoas
Pernambuco 10
Em R$/L
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)
TABELAS 33 em R$/L - Setembro 2010
Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição
Gasolina
Revenda
Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Distrib,
Preço Médio Ponderado de Compra
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Revenda
2,151
2,205
0,054
2,205
2,520
0,315
2,122
2,224
0,102
2,224
2,540
0,316
2,136
2,232
0,096
2,232
2,514
0,282
2,118
2,199
0,081
2,199
2,480
0,281
Branca
2,141
2,156
0,015
2,156
2,428
0,272
Outras Média Brasil 2
2,144
2,226
0,082
2,226
2,520
0,294
2,136
2,197
0,061
2,197
2,491
0,294
Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)
70 %
8%
60 % 50 %
7% 6% 5%
40 % 30 %
4%
Outras
20 %
3%
10 %
2%
0% -10 % -20 %
64,8
56,3
33,6
31,9
-11,3
-30 %
1% 0%
-74,9 Branca
-1 % -2 % -3 %
-40 %
7,3
7,0
Outras -0,2
-60 %
-4,4
-7,6 Branca
-6 %
-70 %
-7 %
-80 %
-8 %
Ipiranga Esso Outras Shell Texaco
BR
Branca
Ipiranga
BR
Texaco Outras Esso
Distribuição
Diesel
-4,1
-4 % -5 %
-50 %
Shell Branca
Revenda
Preço Médio Pond. de Custo do Diesel 1
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Distrib.
Preço Médio Ponderado de Compra
Preço Médio Ponderado de Venda
Margem Média Ponderada da Revenda
1,648
1,738
0,090
1,738
2,003
0,265
1,645
1,751
0,106
1,751
1,999
0,248
1,646
1,758
0,112
1,758
1,993
0,235
1,642
1,762
0,120
1,762
1,988
0,226
Branca
1,640
1,704
0,064
1,704
1,941
0,237
Outras Média Brasil 2
1,652
1,765
0,113
1,765
1,981
0,216
1,645
1,737
0,092
1,737
1,981
0,244
Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)
35 %
10 %
30 %
8%
25 %
6%
20 % 15 %
4%
Outras
10 %
2%
5% 0% -5 % -10 %
31,2
23,4
21,7
15,1
-2,4
0%
Branca -30,5
-4 %
-15 %
-6 %
-20 %
Outras
Branca
-2 %
8,5
1,6
-2,9
-3,8
-7,7
-11,7
-8 %
-25 %
-10 %
-30 %
-12 %
-35 %
Shell Outras Esso IpirangaTexaco
BR
Branca
BR
IpirangaTexaco Branca Esso
Shell Outras
1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir do Atos Cotepe 16/10 e 17/10. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.
Combustíveis & Conveniência • 63
44 TABELAS
FORMAÇÃO DE PREÇOS
em R$/L
Ato Cotepe N° 19 de 07/10/10 - DOU de 08/10/10 - Vigência a partir de 16 de outubro de 2010
Gasolina
UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
75% Gasolina A
25% Alc. Anidro (1)
75% CIDE
75% PIS/COFINS
Carga ICMS
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (2)
0,793 0,763 0,792 0,793 0,776 0,767 0,834 0,797 0,833 0,761 0,832 0,832 0,814 0,774 0,763 0,755 0,760 0,780 0,773 0,767 0,793 0,793 0,797 0,791 0,760 0,795
0,388 0,347 0,383 0,381 0,353 0,353 0,315 0,323 0,313 0,357 0,333 0,318 0,315 0,378 0,349 0,349 0,354 0,317 0,315 0,349 0,386 0,389 0,338 0,320 0,349 0,313
0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173
0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196
0,744 0,744 0,640 0,713 0,756 0,714 0,670 0,725 0,722 0,716 0,717 0,708 0,666 0,831 0,680 0,720 0,629 0,729 0,834 0,646 0,675 0,712 0,649 0,650 0,702 0,606
2,293 2,222 2,183 2,256 2,253 2,202 2,188 2,213 2,237 2,202 2,251 2,226 2,164 2,352 2,161 2,193 2,111 2,195 2,291 2,131 2,223 2,263 2,153 2,130 2,180 2,083
25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 26% 27% 25% 25% 25% 30% 27% 27% 25% 28% 31% 25% 25% 25% 25% 25% 27% 25%
2,975 2,755 2,560 2,850 2,800 2,643 2,678 2,684 2,775 2,650 2,869 2,831 2,662 2,772 2,519 2,665 2,515 2,605 2,691 2,583 2,700 2,848 2,597 2,600 2,600 2,425
Diesel
Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS
UF
95% Diesel
5% Biocombustível
95% CIDE
95% PIS/COFINS
Carga ICMS
Custo da distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (1)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
1,053 1,021 1,067 1,053 1,041 1,033 1,099 1,058 1,099 1,020 1,099 1,099 1,083 1,041 1,021 1,019 1,021 1,106 1,043 1,018 1,053 1,053 1,130 1,095 1,021 1,076 1,053
0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110 0,110
0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067
0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141
0,405 0,341 0,374 0,375 0,305 0,319 0,235 0,244 0,247 0,336 0,380 0,357 0,240 0,354 0,337 0,345 0,346 0,255 0,264 0,350 0,376 0,407 0,260 0,247 0,343 0,235 0,248
1,775 1,680 1,758 1,744 1,663 1,669 1,652 1,620 1,662 1,674 1,797 1,774 1,640 1,712 1,675 1,682 1,685 1,678 1,625 1,685 1,745 1,777 1,707 1,660 1,682 1,628 1,618
17% 17% 17% 17% 15% 17% 12% 12% 12% 17% 17% 17% 12% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 12%
2,382 2,007 2,200 2,203 2,037 1,874 1,958 2,035 2,054 1,978 2,238 2,102 1,998 2,080 1,980 2,031 2,038 2,121 2,034 2,060 2,210 2,396 2,163 2,060 2,020 1,959 2,068
Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e a legislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.
64 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor
Maior
Palmas (TO) - Preços CIF BR
Gasolina Diesel Álcool
N/D N/D N/D
N/D N/D N/D
Belém (PA) - Preços CIF
Menor
2,332 1,770 1,645
2,422 1,909 1,809
Macapá (AP) - Preços FOB 2,459 1,897 N/D
2,345 1,820 1,627
Gasolina Diesel Álcool
2,170 1,862 1,834
Porto Velho (RO) - Preços CIF BR
Gasolina Diesel Álcool
2,329 1,912 1,539
Gasolina Diesel Álcool
2,250 1,950 1,150
Gasolina Diesel Álcool
2,236 1,844 1,454
Gasolina Diesel Álcool
2,216 1,712 1,210
Gasolina Diesel Álcool
2,211 1,760 1,319
Gasolina Diesel Álcool
2,142 1,801 1,585
DNP 2,255 1,700 1,740
2,330 1,925 1,755
2,297 1,972 1,195
2,316 1,996 1,198
2,297 1,851 1,152
2,344 1,973 1,541
Taurus 2,225 2,310 1,860 1,990 1,400 1,527
2,239 1,939 1,481
2,272 1,767 1,261
2,208 1,688 1,140
2,260 1,782 1,397
2,234 1,754 1,290
2,204 1,824 1,655
2,095 1,767 1,535
2,309 1,907 1,680
2,134 1,778 1,490
BR
Goiânia (GO) - Preços CIF
Curitiba (PR) - Preços CIF
2,402 1,999 1,747
2,440 2,016 1,756 BR 2,343 2,023 1,186 IPP 2,390 1,960 1,552 Shell
2,271 1,790 1,250
2,241 1,725 1,160
2,274 1,784 1,415
2,203 1,782 1,367
2,177 1,811 1,637
2,168 1,803 1,299
2,285 1,784 1,639
2,156 1,790 1,530
2,276 1,765 1,362 Shell
BR
IPP
2,211 1,803 1,615
N/D N/D N/D IPP
IPP
IPP
Porto Alegre (RS) - Preços CIF
N/D N/D N/D
BR
BR
Florianópolis (SC) - Preços CIF
N/D
Shell
IPP
N/D N/D N/D
Sabba 2,175 2,294 1,727 1,939 1,709 1,841
2,370 1,970 1,150
Campo Grande (MS) - Preços CIF
Gasolina Diesel Álcool Fonte: ANP
N/D N/D N/D
2,392 2,033 1,756
Idaza
N/D N/D N/D N/D
Sabba 2,332 2,402 1,949 2,022 1,435 1,850
Cuiabá (MT) - Preços CIF
2,180 1,740 1,509
Gasolina Diesel Álcool
2,194 1,714 1,616
Gasolina Diesel Álcool
2,194 1,714 1,552
Gasolina Diesel Álcool
2,150 1,703 1,423
Gasolina Diesel Álcool
2,200 1,755 1,665
Gasolina Diesel Álcool
2,249 1,810 1,680
Gasolina Diesel Álcool
2,278 1,818 1,758
Gasolina Diesel Álcool
2,229 1,813 1,651
Gasolina Diesel Álcool
2,092 1,745 1,275
Gasolina Diesel Álcool
2,267 1,782 1,594
Gasolina Diesel Álcool
2,274 1,712 1,419
2,264 1,800 1,379
Gasolina Diesel Álcool
2,126 1,709 1,375
Gasolina Diesel Álcool
2,074 1,658 1,134
Gasolina Diesel Álcool
2,297 1,729 1,460
Sabba 2,222 2,326 1,720 1,832 1,524 1,666
2,273 1,795 1,682
2,250 1,735 1,574
2,273 1,795 1,737
2,250 1,735 1,569
2,306 1,798 1,760
2,250 1,776 1,694
2,224 1,755 1,692
Ello - Puma 2,248 2,265 1,771 1,792 1,723 1,744
2,286 1,810 1,731
2,231 1,688 1,621
2,317 1,889 1,782
2,273 1,754 1,733
Teresina (PI) - Preços CIF
Fortaleza (CE) - Preços CIF
BR
Natal (RN) - Preços CIF
IPP
João Pessoa (PB) - Preços CIF IPP
Recife (PE) - Preços CIF
2,224 1,804 1,604
2,231 1,790 1,599
2,192 1,725 1,570
2,300 1,841 1,730
Alesat 2,274 2,289 1,755 1,786 1,763 1,808
Shell
BR
2,308 1,885 1,732
Cosan 2,187 2,317 1,818 1,829 1,315 1,692
2,155 1,699 1,595
2,331 1,745 1,615
2,009 1,655 1,111
2,330 1,826 1,761
2,235 1,746 1,599
2,476 1,870 1,660
2,225 1,702 1,285
2,230 1,767 1,583
2,124 1,741 1,479
2,228 1,824 1,316
2,075 1,660 1,150
2,399 1,849 1,460
2,379 1,799 1,457
Salvador (BA) - Preços CIF
IPP
IPP
Vitória (ES) - Preços CIF
Rio de Janeiro (RJ) - Preços CIF
BR
2,068 1,728 1,113
2,289 1,813 1,616
2,265 1,794 1,547
2,453 1,764 1,654
2,220 1,683 1,390
2,227 1,773 1,579
2,130 1,705 1,456
2,328 1,837 1,282
2,020 1,685 1,175
Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.
Shell
2,387 1,831 1,457
2,374 1,829 N/D
2,415 1,816 1,614 Shell 2,338 1,808 1,740 BR
Shell
BR
2,298 1,907 1,657 Shell
2,400 1,843 1,559
IPP
Belo Horizonte (MG) - Preços CIF
2,378 1,889 1,795 Shell
BR
Shell
2,304 1,852 1,684 BR
BR
IPP
2,292 1,792 1,772 BR
2,214 1,732 1,625
BR
2,290 1,828 1,662
2,122 1,730 1,613
2,317 1,873 1,812
Aracaju (SE) - Preços CIF
BR
2,309 1,779 1,602
Shell
Shell
2,216 1,770 1,544
Sabba 2,192 2,290 1,725 1,828 1,715 1,725
2,196 1,759 1,527
Brasília (DF) - Preços FOB
Shell
IPP 2,198 1,730 1,533
2,341 1,912 1,718
Maceió (AL) - Preços CIF
Maior
2,309 1,779 1,674
Shell
IPP
IPP
Menor
IPP
BR
São Paulo (SP) - Preços CIF
Shell
Maior
2,268 1,808 1,602
BR
2,378 1,770 1,748
N/D N/D N/D
2,339 1,932 1,657
BR
2,352 1,945 1,641
2,459 1,923 1,672
Sabba 2,350 2,352 1,939 1,939 1,549 1,682
Rio Branco (AC) - Preços FOB Gasolina Diesel Álcool
2,308 1,770 1,747
Gasolina Diesel Álcool
Menor
BR
2,432 2,056 2,006
Equador 2,180 2,340 1,880 2,000 1,700 1,790
Maior
BR
2,306 1,771 1,490
IPP
Equador 2,160 2,479 1,860 2,073 1,755 1,755
Manaus (AM) - Preços CIF Gasolina Diesel Álcool
2,402 1,852 1,732
2,459 1,919 1,620
BR
2,305 1,706 1,391 Esso
2,459 1,897 N/D
Boa Vista (RR) - Preços CIF
Menor
Maior
Total
IPP
BR
Gasolina Diesel Álcool
Menor
São Luiz (MA) - Preços CIF Federal 2,299 2,299 N/D N/D N/D N/D
BR
Gasolina Diesel Álcool
Maior
em R$/L - Setembro 2010
2,420 1,871 1,578 IPP 2,251 1,817 1,641 Shell
IPP
2,272 1,861 1,332 2,374 1,829 N/D
Combustíveis & Conveniência • 65
44 CRÔNICA
Para quê??? - Já começaram a cortar queijo e salame. - Assim não dá. São uns esganados. - Não conseguem esperar para comer direito. - A gente trabalha para fazer as coisas como têm que ser e eles esculhambam. - Se entopem de aperitivos e sobra o prato principal. - Só falta o Flávio trazer as polentas fritas de sempre. Os protestos rançosos são dos cozinheiros de turno, encarregados de preparar a janta da noite, tarefa a que se dedicam com esmero e concentração. Sentem-se traídos pela ansiedade doentia dos companheiros. - Isso que o Doutor avisou o que ia ser a janta, o trabalho que dá preparar e o tempo que demora. - Não adianta tentar educar essa tropa. - Já se tentou tudo. Pôr mesas de jogos. Televisão. Palestras inteligentes. Não adianta. Chegam e vão comendo, metendo a mão no que a gente está fazendo. Bebendo direto. - O negócio deles é comer. Amendoim, pão com salame, queijo. O que seja. - E beber. - É. - O Gordo se espalhou na cadeira. Agora não levanta mais. Vai querer ser servido ali mesmo. Já bebeu meio litro de vodka, a garrafa de suco de laranja e agora entrou na cerveja. - Veja que ele nem esvazia a latinha antes de abrir outra. Ele costuma deixar umas quase pela metade. Na hora de recolher para o lixo é uma “molhaçada”. Apesar da contrariedade e do ruído ensurdecedor do ambiente, eles seguem trabalhando com vontade e, no devido tempo, a comida fica pronta. Servem o primeiro prato: chucrute, batata cozida, um kassler, um eisbein e uma salsicha – tem várias para escolher: weissewurst, bockwurst, bratwurst etc. Os demais se apresentam para se servir. O Doutor serve-se de mostarda e raiz forte. Tio Marciano serve os cálices de Steinhegen gelado, pastoso. Instala-se o silêncio. Durará apenas até que comecem a buscar a sobremesa e a cantar. 66 • Combustíveis & Conveniência
- E eu que queria discutir os rumos da política. Fazer uma avaliação dos novos tempos. Muitas oportunidades. Muitas mudanças. Tenho um amigo que é candidato a deputado. Pensei em convidá-lo. Mas ninguém iria ouvir. - Bem. Quem se interessa por isso? Eleições? Consequências? Duvido. Talvez o Grêmio ou o Internacional os fizessem levantar a cabeça do prato. Mas, de qualquer modo, só para falar. Nunca para ouvir. - É verdade. Eles jamais se preocuparam demasiadamente com o futuro do país… - Para quê? “Pior que está não fica”, como diz o Tiririca. O Doutor ia contestar. Pelo menos em função do vernáculo. - “Pior que está não ficará”- Mas, com ar de enfado, termina a cerveja do copo, dispensa a sobremesa, serve-se de um cognac, onde molha a ponta do charuto antes de acender. - Tudo como dantes no quartel de Abrantes. E...melhorar para quê?