Revista Combustíveis & Conveniência Ed.98

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

n Na Prática

44 • Visão de futuro

38 • Sem mercúrio 40 • Reduza suas despesas com energia elétrica n Meio ambiente

50 • Não basta adequar, tem que treinar! n Conveniência

54 • Quem é o seu consumidor? n Entrevista

12 • Hank Armour, CEO e presidente da NACS

n Mercado

19 • Paulo Miranda

58 • Perguntas e Respostas

36 • Roberto Fregonese

60 • Atuação Sindical

49 • Jurídico Felipe Goidanich

66 • Crônica

57 • Conveniência Flavio Franceschetti

4TABELAS

04 • Virou Notícia

4OPINIÃO

4SEÇÕES

20 • Novas regras 22 • Etanol x gasolina: o impasse continua 24 • Aviso prévio: uma questão ainda sem resposta 28 • Bom para quem? 30 • Correndo contra o tempo 32 • Muito além da borra

62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

Questionada pela plateia do “Biodiesel Congress 2011” sobre o porquê da ANP não divulgar o nome dos produtores de biodiesel que são autuados, Maria Inês de Souza, coordenadora de Biocombustíveis da Agência, lembrou que as usinas têm direito à ampla defesa. “Uma autuação não implica imediatamente um processo, então é sigiloso, você não pode divulgar, porque aí você queima o nome daquele produtor. E aquilo (fato gerador da autuação) pode ter sido uma situação pontual. Por isso a gente não divulga, a não ser que seja reincidente”, explicou. E por que o mesmo procedimento não se aplica aos postos de combustíveis? “Quem divulga os nomes dos postos autuados não é o setor de Qualidade, é a Fiscalização. Tem que perguntar para a Fiscalização, é outro processo”. Com certeza agora ficou bem mais claro!

Maior consumidor de biodiesel... O Brasil tornou-se em 2011 o maior mercado consumidor mundial de biodiesel, resultado do incremento no consumo de diesel nacional e da redução da demanda de biodiesel na Alemanha. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o consumo acumulado de janeiro a abril foi de 786 mil m3 no Brasil e de 762 mil m3 na Alemanha.

...e segundo maior produtor Já no quesito produção, o Brasil ocupou a vice-liderança em 2010, com 2,4 milhões de m³, perdendo apenas para a Alemanha, que fabricou 2,6 milhões de m³. Logo em seguida vem a Argentina, com 2,1 milhões de m³. Se considerada a produção de biocombustíveis como um todo, incluindo etanol, a primeira posição fica com os Estados Unidos, com 51,3 milhões de m³, dos quais 50,1 milhões são só de etanol de milho. No mesmo período, o Brasil produziu 28 milhões de m³ de etanol de cana. 4 • Combustíveis & Conveniência

Demanda crescente Apesar da choradeira dos produtores pelo aumento do percentual de biodiesel, em meio ao excesso de capacidade instalada, é fato que o mercado do biocombustível segue crescendo. E isso não é graças somente à expansão natural do consumo de diesel. Os pedidos de autorização à

ANP para uso experimental já apontam uma demanda mensal de 2,643 milhões de litros de biodiesel. Vale lembrar que este montante não faz parte do total negociado nos leilões da ANP, porque não compõe a mistura obrigatória. O total (uso experimental + leilões) corresponderia a um percentual de aproximadamente B22. Nada mal, hein?

DE OLHO NA ECONOMIA Fotos: Stock

Uma regra, duas aplicações

US$ 100 É o piso de preço que a Petrobras projeta para o barril de petróleo nos próximos dois a três anos. Segundo a estatal, a queda vista em agosto deve ser temporária, com o preço se estabilizando entre US$ 100 e US$ 110.

7,3% É o crescimento apurado pelas vendas no varejo durante o primeiro semestre do ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A receita nominal do comércio aumentou 12,22% no ano. No acumulado de 2011, o segmento de combustíveis e lubrificantes apresenta a menor taxa de expansão entre os diversos setores: 2,8%.

36 dias Foi o tempo necessário para renovar os estoques de automóveis nas fábricas durante o mês de julho, ante 33 dias em junho. O patamar é considerado crítico pelas montadoras e algumas já recorreram a férias coletivas. Com a crise internacional, as empresas projetam desaceleração nas vendas nos próximos meses.

40% Será a fatia de importação de derivados pelo Brasil em 2020, caso não haja investimentos em refinarias, de acordo com a Petrobras. Atualmente, o país compra no exterior cerca de 5% dos derivados consumidos nacionalmente. Só para o diesel, as importações chegariam a 1 milhão de barris.


Embora gerem grande fluxo de clientes nas lojas de conveniência, os cigarros ainda respondem pelas mais baixas margens deste tipo de comércio. E a situação deve piorar, já que o Decreto 7.555, publicado em 22 de agosto no Diário Oficial da União, estabeleceu um aumento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) anual até 2015. Além disso, o decreto fixou preços mínimos de venda no varejo por maço de cigarros. De 1º de novembro de 2011 a 31 de dezembro de 2012 será R$ 3,00. Em 2013, o valor sobe para R$ 3,50 e chega a R$ 4,00 em 2014. A partir de 1º de janeiro de 2015, o preço mínimo do maço no varejo será R$ 4,50.

Tabacaria responde por 30% do lucro De acordo com Fernando Alves, key account da Souza Cruz, mesmo trazendo baixas margens para as lojas de conveniência, os cigarros respondem por cerca de 30% dos lucros das mesmas. “Sempre notamos que o cliente do cigarro consome outros itens, ele não entra na loja apenas para comprar cigarro. Itens de bomboniere e bebidas não-alcoólicas estão entre os principais produtos também consumidos pelos fumantes”, destacou o executivo, durante sua palestra na Expopostos & Conveniência (veja mais na seção Conveniência desta edição). “65% dos fumantes compram outros produtos além do cigarro”, afirmou.

Ping-Pong Paulo Pereira

Stock

Mais tributação para o tabaco

Ricardo Amorim

Economista e consultor financeiro e de investimentos

Como a crise externa vai afetar o Brasil? De duas formas. Inicialmente, via contração na oferta de crédito, pois os bancos dos países ricos vão perder muito dinheiro lá e terão menos capital para emprestar para todo o mundo, inclusive para empresas e bancos brasileiros. O segundo aspecto vai ser uma queda nas nossas exportações: tanto na quantidade de produtos que a gente vende, como no preço das commodities (artigo negociado em bolsa internacional, como açúcar, soja e petróleo). Esses dois fatores vão fazer com que parte do que era produzido no Brasil, e exportado, seja vendido dentro do próprio país. Como consequência, a inflação que vinha, e vem, em alta, vai cair. E a inflação em baixa, junto com a queda de crédito, abre espaço para o Banco Central retomar o processo de redução de juros no Brasil. Imagino algo muito parecido com 2008. Vamos ter mais ou menos uns dois trimestres difíceis, quando efetivamente ocorrer o ápice da crise lá fora e um calote na Europa. Mas o Brasil, assim como em 2008, vai sentir muito menos do que os países ricos. A crise aqui vai ser menos profunda e menos duradoura. Como isso irá impactar os postos? O estouro dessa crise vai afetar, inicialmente de forma significativa, a venda de automóveis no Brasil. Porque o crédito, que vai diminuir, é muito importante para as vendas de veículos. O crédito seca e as pessoas ficam com mais medo, sem saber se a crise vai ser duradoura, se talvez devam postergar uma compra. E isso reduz o crescimento do setor de postos e lojas de conveniência. Um segundo aspecto, que pode ter um impacto também importante, é que o preço dos combustíveis provavelmente vai cair junto com esse movimento de redução do preço internacional das commodities, mais particularmente do petróleo. Como os donos de postos podem se preparar para esse cenário? No curto prazo, o mais importante é não se endividar. Porque é provável que o ritmo de crescimento de vendas e de resultados que a gente viu em 2010, e mesmo em 2011, não vai se sustentar ao longo do ano que vem. E, no auge da crise, devem aparecer ótimos negócios de expansão. Muita gente vai estar bastante endividada e com dificuldade, então provavelmente haverá chance de compra de postos e de lojas de conveniência a preços muito baratos. Só que as perspectivas de longo prazo para o setor são muito favoráveis. Então, é aproveitar os problemas de curto prazo e transformá-los em oportunidades.

Combustíveis & Conveniência • 5


Agência Petrobras

44 VIROU NOTÍCIA

Mês do desgosto? Não foi nada fácil a vida no mercado mineiro durante o mês de agosto. Devido a uma manutenção da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, as distribuidoras precisaram buscar produto em São Paulo e Rio de Janeiro, o que causou desabastecimento pontual de alguns postos na capital e na região central de Minas Gerais. Além disso, os maiores custos com logística tiveram impacto nos preços da bomba, o que gerou reclamação por parte dos consumidores. A Petrobras garantiu que a manutenção estava programada desde abril e que as distribuidoras haviam sido informadas com antecedência. Independentemente da causa, o fato em Minas Gerais é um bom exemplo dos perigos de se operar com capacidade de refino no limite.

Orientação para combater fraudes

6 • Combustíveis & Conveniência

Os postos de combustíveis e suas lojas de conveniência podem ser proibidos de comercializar bebidas alcoólicas prontas para consumo. Isso é o que determina uma proposta aprovada em agosto pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e que segue, agora, para votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), em decisão terminativa, antes de ser encaminhada para análise da Câmara dos Deputados. A Lei 11.705/2008, mais conhecida como “Lei Seca”, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de bebidas alcoólicas, entre outros itens, já proíbe a venda varejista ou a oferta de bebidas alcoólicas na faixa de domínio com acesso direto à rodovia, para consumo no local, com exceção da área urbana. O projeto de lei (PLS 169/2011) amplia a proibição da venda de bebidas alcoólicas em postos às margens das rodovias federais, mesmo que esses locais estejam em área urbana, com o objetivo de inibir o consumo dessas bebidas por condutor de veículo automotor. Resta saber se restaurantes, bares e outros tipos de comércio também responderão à mesma regra. Sem falar que o texto do projeto abre espaço, inclusive, para interpretações mais severas, como a proibição de venda em todos os postos de combustíveis.

Stock

O Ipem-SP reuniu cerca de 50 proprietários e responsáveis por oficinas de manutenção de bombas medidoras credenciadas. A atividade fez parte de um conjunto de ações para coibir o crescente número de irregularidades encontradas em fiscalizações em postos de combustíveis. O objetivo foi reforçar orientações gerais e estreitar o relacionamento com o setor para incentivar a detecção e denúncia de fraudes, em especial a de placas eletrônicas das bombas.

Bebidas alcoólicas de novo em discussão


Garantia de qualidade Não são somente os revendedores e distribuidores de combustíveis que estão preocupados com as mudanças de mercado que devem chegar em 2012. Os fabricantes de veículos também têm um grande receio: o controle de qualidade do diesel S50/S10 e do Arla-32 (agente redutor líquido automotivo). Durante o Simpósio SAE Tendência e Inovação na Indústria Automobilística, que aconteceu no dia 22 de agosto, em São Paulo, este foi um dos temas mais debatidos. De acordo com o vice-presidente de vendas e marketing da Scania América Latina, Christopher Podgorski, a qualidade dos produtos será fundamental para garantir a transição sem maiores problemas. “Essa mudança não é um bicho de sete cabeças e vai proporcionar, a julgar pelo trabalho que desenvolvemos até agora, uma redução de 6% a 9% no consumo de combustível. O ponto importante é que o produto oferecido ao mercado tenha um bom controle de qualidade”, disse. O vice-presidente explicou que o combustível adulterado pode inutilizar o sistema de exaustão dos novos motores, que usa materiais nobres e alta tecnologia.

Um novo caminho Para estimular a produção de biocombustíveis que não sejam processados a partir do milho, a administração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai conceder subsídios no valor de US$ 510 milhões. Os recursos serão utilizados para a construção e readequação de refinarias para os chamados biocombustíveis avançados, produzidos a partir de resíduos de animais, algas e outros materiais. Os custos serão divididos pelos departamentos de Agricultura e Energia dos EUA e pela Marinha.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

México A nova diretoria da Onexpo Nacional é comandada pelo Eng. Manuel Nocetti e estará a cargo da realização da próxima reunião da Claec (Morelia/ México, de 19 a 21 de outubro de 2011). Interessado em aumentar a convivência dos revendedores mexicanos com a categoria latinoamericana, o Eng. Nocetti participará da Expopetro, em Gramado (22 a 25 de setembro de 2011).

Costa Rica O presidente da Câmara Costa-riquense de Empresários de Combustíveis e atual presidente da Claec, Antonio Galva, será agraciado com o Prêmio Coopetrol - Destaque Internacional, em cerimônia a realizar-se em Gramado, durante o encerramento da Expopetro 2011.

Venezuela O governo do presidente Hugo Chávez segue ameaçando com expropriações de postos de serviços. O novo susto aos gasolineiros venezuelanos é a noticiada, mas ainda não efetivada, expropriação da Estação de Serviço Las Mercedes, uma das mais representativas de Caracas.

Uruguai O Uruguai, além da festejada conquista da Copa América 2011 recentemente na Argentina, tem convivido com um representativo aumento no consumo de combustíveis automotivos.

Argentina O aumento no consumo e a falta de investimentos estão levando o mercado argentino de combustíveis, em especial de gasolina e diesel, a

uma crônica falta de abastecimento. E o preço está uns 30% mais barato do que no Brasil.

República Dominicana Segue em andamento a dura luta da Asociación Dominicana de Empresarios de Hidrocarburos (ANADEGAS) pela permissão de seus associados a participarem do florescente mercado de GLP automotivo, hoje verdadeiro monopólio de uns poucos “gaseros”.

Honduras O recente falecimento do Sr. Danilo Osório, presidente da ADHIPPE, a associação de revendedores de combustíveis de Honduras, foi objeto de manifestação de pesar de todos os grêmios gasolineros da América.

Bolívia O intenso crescimento do parque automotivo deste país tem sido objeto de análise de revistas internacionais. Reportam a afirmação do presidente Evo Morales (“todos temos direito a ter nosso carro”) e a política de regularização de veículos não documentados, em geral roubados na Argentina, no Brasil e no Chile.

Suíça Em janeiro de 2010, a BP suíça iniciou um trabalho de contestação à regulamentação nacional imposta pela SECO, autoridade suíça de comércio e competitividade, que proibia o funcionamento das lojas de conveniência no horário noturno (da 1h à 5h da manhã). Chegou a ter uma sentença de primeira instância favorável, várias pesquisas e intensa cobertura de imprensa. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Morgana Campos

A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos e a Fergás, defendendo os interesses legítimos de quase 38 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 40 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhor qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de GLP: Álvaro Chagas Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral de Almeida Diretoria: Aldo Locateli, Alírio José Gonçalves, Álvaro P.Chagas, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Eliane Maria de F. Gomes, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renaut, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio. Conselho Editorial: Fernando Martins, José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano, Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Morgana Campos (morganacampos@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Natália Fernandes (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br ) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Gabriela Serto (gabrielaserto@gmail.com) Capa: Alexandre Bersot, com fotos de Paulo Pereira Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções (contato@girasoli.com.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar. Centro RJ. Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221 6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

Bem-vindo à era da conveniência Uma das grandes qualidades da Expopostos & Conveniência é a possibilidade de, em três dias, o revendedor ter uma breve dimensão do que está acontecendo no setor e como se preparar para os próximos anos. Se o mercado brasileiro seguir a tendência norte-americana, é bem provável que nas duas próximas décadas a venda de combustíveis reduza sua participação na lucratividade do estabelecimento, com as lojas de conveniência assumindo cada vez mais o principal papel de gerador de caixa, como prevê o presidente da NACS, Hank Armour. Não é à toa, portanto, que ele foi a principal atração da Feira, ainda bem concentrada na oferta de equipamentos para postos. Em uma entrevista exclusiva à Combustíveis & Conveniência, Armour fala sobre essa fase de transição que enxerga no mercado brasileiro, o maior foco das lojas nos Estados Unidos em alimentação e bebidas e o que quer e pensa o consumidor norte-americano. Na seção de Conveniência, a repórter Rosemeire Guidoni mostra as principais conclusões de uma pesquisa realizada pela Souza Cruz sobre o perfil do frequentador de lojas de conveniência. Entre os dados, consta que 37% dos consumidores não possuem veículo próprio, ou seja, são clientes que não vão à loja por conta do posto ou do combustível, mas sim pela facilidade. Sinal da importância que o canal vem conquistando. Na matéria de capa deste mês, buscamos pincelar os principais momentos da Expopostos & Conveniência 2011, assim como as novidades da Feira e os destaques das palestras. Infelizmente, precisaríamos de duas ou três edições para contar tudo o que aconteceu por lá. Enquanto o futuro baseado na conveniência não vem, o mercado continua acompanhando com atenção a produção de etanol. Como mostra a nova editora-assistente, Natália Fernandes, a oferta do biocombustível segue curta e o preço, elevado, apesar de estarmos em plena safra. E, para completar, a Petrobras já atingiu sua capacidade máxima de produção de gasolina. Ou seja, aumentar o consumo, só via importação. E elas já superaram o patamar do ano passado. A repórter Gabriela Serto conta sobre as discussões envolvendo as mudanças no aviso prévio, benefício previsto na Constituição, mas que até hoje não foi regulamentado pelo Congresso, o que levou o Supremo Tribunal Federal a tentar definir qual será o modelo utilizado até que saia uma lei ordinária sobre o tema. O grande receio do empresariado é saber qual será o custo dessas novas regras. Não deixe de conferir! Uma boa leitura! Morgana Campos Editora



44 AGENDA Setembro Encontro de Revendedores da Região Norte Data: 1º a 03 Local: Belém (PA) Realização: Sindicombustíveis - PA e demais sindicatos do Norte Informações: (91) 3224-5742 Comemoração dos 50 Anos do Sindicombustíveis - PE Data: 03 Local: Recife (PE) Realização: Sindicombustíveis - PE Informações: (81) 3227-1035

Reunião com Revendedores Data: 30 Local: Paulo Afonso (BA) Realização: Sindicombustíveis - BA Informações: (71) 3342-9557

Outubro

Encontro de Revendedores de Pernambuco Data: 15 Local: Caruaru (PE) Realização: Sindicombustíveis - PE Informações: (81) 3227-1035 1º Ciclo de Palestras RMS – Etapa 2 Data: 16 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis - BA Informações: (71) 3342-9557

Encontro de Revendedores de Pernambuco Data: 29 Local: Carpina (PE) Realização: Sindicombustíveis - PE Informações: (81) 3227-1035

NACS Show Data: 1º a 04 Local: Chicago (USA) Realização: NACS Informações: (21) 2221-6695 Encontro de Revendedores de Pernambuco Data: 20 Local: Garanhuns (PE) Realização: Sindicombustíveis - PE Informações: (81) 3227-1035

Expopetro 2011 Data: 22 a 25 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3228-7433

4º Encontro de Revendedores de Combustíveis Data: 20 a 23 Local: Rio de Janeiro (RJ) Realização: Sindcomb - RJ Informações: (21) 3544-6444

Festa do Revendedor do Mato Grosso Data: 24 Local: Cuiabá (MT) Realização: Sindipetróleo - MT Informações: (65) 3621-6623

Conferência Internacional Biodiesel 2011 Data: 26 e 27 Local: São Paulo (SP) Realização: Revista BiodieselBR Informações: (41) 3013-1703

Novembro Paranapetro Data: 17 a 20 Local: Foz do Iguaçu (PR) Realização: Sindicombustíveis - PR Informações: (41) 3021-7600 Festa de Confraternização da Revenda da Bahia Data: 18 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis - BA Informações: (71) 3342-9557 2º Seminário de Boas Práticas do Comércio de Combustíveis Data: 21 e 22 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis - BA Informações: (71) 3342-9557 Encontro de Revendedores Regional e Confraternização Data: 26 Local: Imperatriz (MA) Realização: Sindcomb - MA Informações: (98) 3235-6315

Dezembro Encontro de Revendedores Regional e Confraternização Data: 03 Local: Caxias (MA) Realização: Sindcomb-MA Informações: (98) 3235-6315

Jantar de Confraternização da Revenda de Alagoas Data: 03 Local: Maceió (AL) Realização: Sindicombustíveis-AL Informações: (82) 3320-1761 Jantar de Confraternização Data: 05 Local: Porto Alegre (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3228-7433 Jantar de Confraternização Data: 09 Local: Manaus (AM) Realização: Sindcam Informações: (92) 3584-3707 Jantar de Confraternização Anual Data: 10 Local: Santos (SP) Realização: Resan Informações: (13) 3229-3535 Encontro de Revendedores Regional e Confraternização Data: 17 Local: São Luís (MA) Realização: Sindcomb-MA Informações: (98) 3235-6315 Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para morganacampos@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br. Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.

44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Delano Lima e Silva

Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3326-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br

ALAGOAS Carlos Henrique Toledo

GOIÁS Leandro Lisboa Novato

12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 spostos@terra.com.br www.sindiposto.com.br

MARANHÃO Dilleno de Jesus Tavares da Silva

Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br

Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís - MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 sindcomb@uol.com.br www.sindcomb-ma.com.br

AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto

MATO GROSSO Aldo Locatelli

BAHIA José Augusto Melo Costa

MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi

Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br

Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis.com.br www.sindicombustiveis.com.br

CEARÁ Guilherme Braga Meireles

Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br

DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca

R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá - MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br

Rua Bariri, 133 Campo Grande - MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br

MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares

Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte - MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br

PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves

SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df.com.br www.sindicombustiveis-df.com.br

Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém - PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa.com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br

ESPÍRITO SANTO Ruy Pôncio

PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho

Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br

10 • Combustíveis & Conveniência

Rua Rodrigues de Aquino, 267 5º andar - Centro João Pessoa - PB Fone: (83) 3221-0762 - Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com

PARANÁ Roberto Fregonese

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli

Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr.com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul - RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br

PERNAMBUCO Frederico José de Aguiar

RONDÔNIA Eliane Maria de Figueiredo Gomes

Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho- RO Fone: (69) 3223-2276 Fax: (69) 3229-2795 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com

PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes

RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior

Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói – RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br

RIO GRANDE DO NORTE José Vasconcelos da Rocha Júnior Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal - RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 3217-6577 www.sindipostosrn.com.br sindipostosrn@sindipostosrn.com.br

RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre - RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidenciacoopetrol@coopetrol.com.br www.coopetrol.com.br

Av. Benjamim Constant, 354, sala 3 Centro Boa Vista - RR sindipostosrr@ibest.com.br

SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar

Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville - SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann

Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau - SC Fone: (47) 3326-4249 / 4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas - SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br

SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes

Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos - SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br

SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade

Rua Benjamim Fontes, 87, b. Luzia Aracaju - SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br

SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas

Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo - SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br

TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas - Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindipostos-to@sindipostos-to.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola

TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria

SANTA CATARINA - LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani

Entidade associada

Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC CEP: 88101-000 Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@gmail.com

Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 ou 9657-9715 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis.com.br www.sincombustiveis.com.br

Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga - SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (21) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br

FERGÁS Álvaro Chagas

Av. Luis Smânio, 552, Jd. Chapadão Campinas – SP Fone: (19) 3241-4540 fergas@fergas.com.br www.fergas.com.br



44 HANk ARMOUR 4 CEO e presidente da NACS

Do posto à loja de conveniência Por Morgana Campos

12 • Combustíveis & Conveniência

Fotos: Paulo Pereira

Faz quase seis anos que Hank Armour, presidente da NACS (a poderosa associação norte-americana de postos e lojas de conveniência), visitou o Brasil. Desde então, os Estados Unidos entraram, saíram e parecem caminhar para outra recessão, enquanto a economia brasileira virou uma espécie de queridinha entre os investidores internacionais. “O país está melhor, a renda cresceu, as pessoas estão se vestindo melhor, as lojas estão mais sofisticadas, oferecendo produtos de maior qualidade”, contou Hank, um dia depois de fazer a abertura da Expopostos & Conveniência 2011 e mostrar, com números, como os postos de serviços norte-americanos tornaram-se cada vez menos dependentes das vendas de combustíveis e mais focados nas operações de conveniência (confira mais informações na seção de Conveniência). “O Brasil está numa fase de transição, que não acontece da noite para o dia. As companhias vão completar esse processo em momentos diferentes. Há 15 anos, cerca de dois terços do nosso lucro vinham dos combustíveis, hoje vêm das lojas”, disse o presidente da NACS. Hank se mostrou impressionado com as padarias e cafeterias nas lojas nacionais e com o hábito, cada vez mais comum entre os brasileiros, de

parar no posto e consumir, ali mesmo, um café ou um lanche, algo praticamente impensável nos Estados Unidos. E contou também um pouco sobre a importante batalha que a NACS travou contra as empresas de cartões no mercado norteamericano. “Foi uma grande guerra, porque os bancos e as empresas de cartões têm mais dinheiro que Deus. Lutar contra eles é muito difícil”, brincou. Simpático e bem-humorado,

apesar da atribulada agenda que cumpriu no país, Hank concedeu uma entrevista exclusiva para a Combustíveis & Conveniência durante sua passagem por São Paulo. Confira! Combustíveis & Conveniência: O senhor prevê que, daqui a 15 ou 20 anos, os postos de serviços brasileiros estarão mais focados nas lojas de conveniência do que em combustíveis, a exemplo do que já acontece nos Estados Unidos.


Como os empresários podem se preparar para essa mudança? Hank Armour: O mais importante é entender com quem você está competindo. A loja de conveniência na mesma rua é um concorrente, mas também a farmácia, a padaria, a cafeteria. Se você realmente quer mudar seu negócio, precisa olhar para os outros varejistas ao redor. E a parte mais difícil é entender que você não é mais um dono de posto de gasolina. Algo importante que aconteceu nos Estados Unidos foi que nos demos conta de que, se queríamos entrar no food service, precisaríamos fazer isso seriamente. No início, nosso melhor administrador era treinado para trabalhar nesse novo ramo. E isso não funcionou bem, inclusive na minha empresa. Vimos que precisávamos contratar administradores de restaurantes, pessoas que sempre estiveram trabalhando com comida. Quando tivemos essa percepção, o negócio de food service decolou, porque isso é algo bem diferente do que vender doces e chocolates. C&C: Muitos varejistas preferem alugar os espaços disponíveis em seu posto ao invés de administrar sua própria loja de conveniência. Como o senhor vê essa iniciativa? HA: É uma opção, que depende muito de quem são os donos da empresa. Se for alguém com mais de 50 anos, sem filhos trabalhando com ele, talvez seja melhor terceirizar mesmo. Mas se for jovem ou tiver filhos, na casa dos 25 ou 30, que queiram ser parte do negócio, então vale a pena investir. E a melhor forma de fazer isso é buscar informação, frequentar cursos, participar de eventos como a Expopostos. É

bem verdade que ainda se trata de uma Feira muito concentrada em combustíveis, mas está em uma fase de transição. Tanto que me convidaram para a palestra de abertura para falar muito mais de lojas do que combustíveis. C&C: O senhor cita como tendência mundial o crescimento da oferta de produtos frescos nas lojas de conveniência. Por outro lado, no Brasil, há ainda uma certa resistência dos consumidores em comprar frutas e alimentos não industrializados no mesmo lugar onde se abastece o veículo. Isso também acontece nos Estados Unidos? HA: Acho que a preocupação é ainda mais severa nos Estados Unidos do que no Brasil em relação a comprar esses artigos em postos de combustíveis. Foi um grande problema lá, que levou muitos anos até os varejistas entenderem como fazer funcionar essa operação. Aqui, nós vemos as ilhas de abastecimento e as lojas juntas, deixando claro que se trata de um só negócio. Nos Estados Unidos, cada vez mais, os varejistas estão tentando separar visualmente os negócios, com as ilhas caracterizadas de forma bem diferente das lojas, tanto em cores, como no design. Acho que os líderes de mercado no Brasil, como ocorria há uns 20 anos nos Estados Unidos, são companhias de petróleo, então é normal que a loja tenha a mesma cobertura das bombas. E o consumidor vê isso como um mesmo negócio. Seria importante os varejistas brasileiros entenderem, mesmo que os consumidores sejam menos resistentes que os norte-americanos, que essa diferenciação traz mais credibilidade. Porque, como

consumidor, não quero comprar alimentos frescos no mesmo lugar em que alguém está enchendo o tanque e cheira à gasolina. Mas fiquei surpreso. Visitei uma loja am/pm na Lagoa Rodrigo de Freitas (Rio de Janeiro), onde havia mesas e cadeiras próximas das ilhas de abastecimento e as pessoas paravam lá para tomar um café. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. C&C: Em sua palestra durante a Expopostos 2011, também foi citada uma preferência por lojas menores. No entanto, vemos no Brasil espaços com mesas e cadeiras ganhando destaque, demandando, inclusive, áreas maiores para estacionamento. Estamos indo na direção contrária à tendência mundial? HA: Percebo que, nos países latinos, os consumidores reservam algum tempo para aproveitar um pouco mais a vida. Vi na Itália, Espanha, Argentina, Chile e no Brasil essa questão do café, do sentar à mesa por 15 ou 20 minutos. Isto não acontece nos Estados Unidos, onde as pessoas estão sempre muito ocupadas, com pressa, não tiramos esse tempo informal durante o dia para relaxar. Mas aqui, observando os consumidores, vejo que é muito importante ter mesas, cadeiras para as pessoas que vão com-

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Empresas Feitas para Vencer Autor: Jim Collins

Combustíveis & Conveniência • 13


44 Hank Armour 4 CEO e presidente da NACS prar um café, um lanche. Nos Estados Unidos, eles compram e levam consigo. E para atender essa demanda do consumidor brasileiro é imprescindível ter uma boa área de estacionamento: se o estabelecimento tiver muitas cadeiras, mas poucas vagas, as pessoas não vão ficar lá. C&C: Em quais pontos o senhor acredita que as lojas brasileiras ainda precisam melhorar? HA: Toda a categoria de refreshment (bebidas geladas e refrescantes) poderia ser incrementada, incluindo a oferta de produto e sua divulgação. Não sei quais são os hábitos culturais do brasileiro, mas se trata

de um país quente e assumo que o consumidor gosta que as bebidas sejam refrescantes. Provavelmente as pessoas também querem produtos mais saudáveis e estão preocupadas com seu peso, com sua saúde. Nos Estados Unidos, além dos energéticos, outros produtos que têm ganhado espaço são aqueles que ajudam a relaxar. E tudo isso está incluído na categoria do refreshment. Acredito que as lojas brasileiras, e em todo o mundo, devem focar nessa área. Até porque é mais fácil lidar com esses produtos do que com food service. Um bom serviço de alimentação é complicado: você precisa de alimentos frescos, preocupar-se com segurança alimentar, ter cuidados redobrados com a limpeza, os funcionários precisam ser mais receptivos. Com as bebidas geladas, é muito mais uma questão de organização, de ter o produto correto, de limpar adequadamente, ou seja, mais habilidades de manejo. C&C: Vemos agora no Brasil o forte crescimento de uma classe média, embora não tão rica quanto à norte-americana. Quais oportunidades essa nova realidade traz para os postos de serviços? HA: O setor de conveniência norte-americano registrou seu mais lucrativo período nos últimos anos, apesar da grande recessão que enfrentamos. A principal razão por trás disso foi que nos tornamos parte do dia a dia dos consumidores. Estamos onde as pessoas vão praticamente todos os dias: para um café, uma Coca, uma cerveja, um refresco e mesmo para outros produtos, como cigarros. São artigos “baratos” – o que

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não quer dizer que não tenham margens boas, mas sim que os consumidores não pagam muito por eles. Não é “caro” como ir a um restaurante. É muito eficiente se tornar parte dos hábitos cotidianos de nossos clientes. E isso não implica apenas recebê-los bem em nossas lojas, não é apenas ter um negócio naquela vizinhança, mas ser parte da comunidade: limpar a rua em frente à loja, patrocinar times infantis locais. Um bom exemplo disso veio do Chile. Logo após o grande terremoto que atingiu o país no ano passado, a empresa líder de mercado ajudou a arrecadar fundos, pedindo aos consumidores para doarem roupas velhas, por exemplo. E isso é muito bom para as lojas de conveniência. Não somos grandes estabelecimentos, onde o cliente entra e não conhece ninguém. Se você for quase todo dia à mesma loja no seu bairro, você passará a conhecer os funcionários e eles a você e isso é poderoso. C&C: O consumidor norteamericano está preocupado com preço ou aceita pagar mais pela conveniência? HA: A cada oito ou dez anos, a NACS faz pesquisa junto a milhares de consumidores em todo o país para avaliar o que eles pensam sobre as lojas de conveniência. Nos anos 80, a principal resposta ouvida era que elas tinham preços muito altos. Hoje, quase não mencionam isso. As pessoas esperam pagar mais nas lojas de conveniência, mas não querem pagar muito mais, não querem pagar o dobro do preço. Algumas categorias, que mudaram bastante sua precificação


nos últimos anos, ajudaram a alterar essa percepção. A principal delas foi combustíveis. Há 20 ou 30 anos, o self-service (o próprio cliente abastecendo seu carro) não era comum, predominava o full service (com frentistas) e os preços da gasolina eram elevados. Hoje, esses preços são bem competitivos. Uma segunda grande categoria que mudou a sua precificação foi o tabaco. Há 30 anos, supermercados vendiam mais cigarros que as lojas de conveniência e a preços bem menores. Atualmente, as lojas de conveniência detêm mais de 75% das vendas de cigarros e temos preços muito menores do que os de outros lugares. E a terceira categoria é a de laticínios - embora não se aplique para toda a indústria, muitas das nossas empresas têm os menores preços para leite. As pessoas compram leite duas ou três vezes por semana e lembram exatamente o quanto pagaram. Essas três categorias mudaram a percepção do consumidor em relação às lojas de conveniência. As pessoas entendem que vão pagar mais pela cerveja numa loja de conveniência do que num hipermercado. Vão pagar mais por doces e isso não é um grande problema. Mas elas não querem pagar o dobro do preço, aceitam pagar 10% ou 20% a mais. Um exemplo interessante ocorreu no Reino Unido. Dez anos atrás, a Tesco, maior varejista local e com baixíssimos preços, começou a construir lojas de conveniência e pensou: “nossos clientes esperam os mesmos preços na Tesco Express que na Tesco Hipermercados”. E precificaram assim. Só que, nos últimos anos, eles perceberam

que os custos eram maiores nas lojas menores e decidiram subir seus preços em 10%. E os consumidores aceitaram isso, porque entenderam que se tratava de uma proposta diferente: mais rápida, mais próxima de suas casas. C&C: O que quer o consumidor norte-americano? HA: Em parceria com a CocaCola, a NACS pesquisou durante três anos o que o consumidor deseja da loja de conveniência. Eles querem lojas limpas, seguras e acolhedoras (com vendedores simpáticos). Se não for limpa e segura, não importa mais nada que você faça. Pode ter os melhores produtos do mundo, preços baixos, mas eles não irão frequentá-las. Depois que esses três requisitos são atendidos, aí eles querem rapidez, não esperar muito tempo na fila, encontrar facilmente os produtos e sentir-se bem na loja, seja porque ela ajuda a comunidade ou aproveita a água da chuva. C&C: O consumidor norteamericano está preocupado com as questões ambientais? Querem lojas que não usem sacolas plásticas, que separem o lixo, utilizem energia solar?

HA: Especialmente durante a recessão, vimos uma mudança na atitude do consumidor. Antes, ele aceitava pagar um pouco mais por produtos de empresas que tinham ações sócio-ambientais positivas. Isso mudou. Agora, eles querem companhias com boas práticas sócio-ambientais, mas não estão dispostos a pagar mais por isso. Começamos a notar essa tendência em supermercados, com os chamados produtos orgânicos: os consumidores ainda querem esses produtos, mas não aceitam pagar mais por eles. C&C: A NACS esteve à frente de uma longa batalha nos Estados Unidos contra as elevadas taxas cobradas pelas empresas de cartões. Quais as principais medidas adotadas para incrementar a concorrência? HA: Dois fatores tornam o problema maior nos Estados Unidos do que em qualquer outro país. Em primeiro lugar, os consumidores norte-americanos são os que mais usam cartão no mundo. Cartões de débito e crédito nos Estados Unidos são mais importantes que o pagamento em dinheiro. Isso faz com que as companhias de cartão tenham muito mais poder de mercado. Além disso, Combustíveis & Conveniência • 15


44 Hank Armour 4 CEO e presidente da NACS existiam regras dessas empresas determinando que os varejistas fossem obrigados a cobrar o mesmo preço por transações da Visa e da Mastercard. Com regras como esta, não há incentivos para Visa ou Mastercard negociarem taxas. Em relação aos cartões de débito, tentamos negociar por anos com as duas companhias, sem resultado. Elas se recusavam e alegavam que ninguém era obrigado a concordar com as condições: quem não quisesse, bastava não aceitar os cartões. Mas, na verdade, somos obrigados, porque o cliente quer pagar com cartão. Então, agora finalmente veio o governo e disse que se tratava de um monopólio, que as taxas deveriam baixar. Achamos que ainda poderiam ser menores,

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mas pelo menos o governo já cortou pela metade as taxas para débito. No próximo ano, nossa indústria e nossos consumidores vão economizar mais de US$ 800 milhões por conta disso. No crédito, o governo permitiu que os varejistas pratiquem preços distintos para diferentes cartões e formas de pagamento. Mas acredito que vamos levar mais tempo para conseguir negociar menores taxas. Foi uma grande guerra, porque os bancos e as empresas de cartões têm mais dinheiro que Deus. Lutar contra eles é muito difícil. C&C: Muitas petrolíferas tradicionais deixaram o mercado varejista brasileiro nos últimos anos. Li que nos Estados Unidos apenas Texaco e Shell ainda estão operando no varejo. Em sua opinião, o varejo de combustíveis não é mais lucrativo? HA: Existem dois motivos principais que explicam esse movimento. Primeiramente, a operação no varejo é extremamente complicada: há muita gente envolvida, as margens são baixas e exige habilidades que as empresas de petróleo não possuem. E o varejo é apenas uma parte muito pequena de seus negócios. Exploração de óleo cru e refino envolvem milhões de dólares. Além disso, nos últimos 20 anos, a qualidade dos produtos melhorou significativamente e os consumidores não enxergam mais a gasolina da Shell como melhor que a da Petrobras ou da ALE. É a mesma gasolina. Então, o valor da marca diminuiu e, por causa disso, os refinadores perceberam que podem garantir o mercado para seu produto por meio de

contratos, não precisam construir e operar postos. C&C: Como o senhor vê os postos no futuro? HA: Sempre iremos precisar de combustível, então continuaremos com as ilhas de abastecimento. No entanto, vamos ver a continuidade dessa tendência de lojas e ilhas adotando identidades visuais diferentes. Veremos também o processo de abastecimento cada vez mais sendo automatizado e acredito que, em alguns anos, não teremos mais no Brasil o full service e sim o self-service. O combustível vai ser cada vez mais uma commodity e as lojas vão se tornar o negócio mais lucrativo. C&C: Qual cenário o senhor enxerga para o mercado de combustíveis? HA: O etanol nos Estados Unidos não é eficiente, porque se baseia no milho. A estratégia do Brasil, baseada na cana-de-açúcar, é muito mais inteligente. Vamos ver mais automóveis a diesel nos Estados Unidos, porque o governo está exigindo maior eficiência dos veículos e a forma mais rápida e fácil para as automobilísticas fazerem isso é utilizando o diesel, como já acontece na Europa. Veremos também um crescimento dos carros híbridos. Acho que nos próximos 20 anos teremos famílias com dois tipos de carros: um menor, que pode ser elétrico, para usar na cidade; e outro maior, para percursos mais longos. Acredito que para frotas teremos um uso crescente de gás natural, que é mais limpo e tem grandes reservas ao redor do mundo. n



Confira as principais ações da Fecombustíveis durante os meses de julho e agosto:

Julho 29 – Reunião entre os advogados da Fecombustíveis e dos Sindicatos Filiados para discutir os principais problemas relacionados à revenda de combustíveis.

Agosto 9 – Reunião do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, na Petrobras, para discutir os problemas referentes ao biodiesel.

15 –

Audiência Pública na ANP sobre a minuta de resolução que modifica os procedimentos da fiscalização em irregularidades de menor gravidade.

16 a 18 – Expopostos & Conveniência 2011. 16 – Treinamento na área de comunicação direcionado a presidentes e diretores da Fecombustíveis e dos Sindicatos Filiados. 17 –

Fotos: Ká

er tia Perelb

g

Reunião dos jornalistas da Fecombustíveis e dos Sindicatos Filiados.

A fonoaudióloga da Central Globo de Jornalismo, Leny Kyrillos, realiza palestra sobre boas técnicas de comunicação 18 • Combustíveis & Conveniência


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Antecipando tendências e problemas Ano após ano, a Expopostos & Conveniência corrigidos. No entanto, vem se consolidando como o maior evento do setor o novo posicionamento de combustíveis e conveniência da América Latina. da ANP, buscando muNão só pelos números recordes de participantes e danças na especificação volume de negócios, mas principalmente por dar a do produto, mostra que oportunidade aos revendedores de antecipar o que a Agência entendeu as vem pela frente. preocupações da revenda, que encontram ressonância A Expopostos & Conveniência 2011 mostra que em outros segmentos da indústria, como os fabricantes ainda estamos bastante focados em softwares e equipade motores e sistemas para automóveis. mentos, refletindo os processos de adequação ambiental Quanto ao diesel de baixo teor de enxofre, a e de automação que boa parte das revendas do país revenda brasileira tem a missão de se adequar, ao estão implementando. Nos Estados Unidos, no entanto, longo do segundo semestre, para receber o produto esta fase já ficou para trás e, cada vez mais, os postos a partir de 1º de janeiro de 2012, quando os veícuvoltam sua atenção para serviços e conveniência. Assim, los com motor Euro 5 chegam ao mercado. Isso vai tornam-se menos dependentes das baixas margens requerer tancagem para o novo diesel (S50 ou S10) dos combustíveis, já que o consumidor não consegue e capacidade de armazenamento para os galões de ver grande diferença, além do preço, entre a gasolina Arla-32, que será utilizado em tanques próprios nos da companhia A ou B. O novos caminhões. resultado dessa estratégia Nós, os pioneiros a oferCom o crescente aumento do poder já pode ser sentido: apesar aquisitivo da população brasileira, é bem tar o diesel de baixo teor da recessão enfrentada provável que nos próximos anos as lojas de enxofre, devemos saber pelos Estados Unidos em de conveniência ganhem uma importância de antemão que teremos 2008, os três últimos anos demanda quase zero nos pricada vez maior no resultado geral dos foram os mais lucrativos da meiros meses, com o volume nossos negócios, como acontece nos história do setor retalhista crescendo à medida que os Estados Unidos norte-americano. E, com o novos veículos chegarem ao crescente aumento do poder mercado. Mas não podemos aquisitivo da população brasileira, é bem provável que correr o risco de perder um cliente cativo (ou deixar nos próximos anos as lojas de conveniência ganhem de ganhar um novo), porque não tínhamos S50/S10 uma importância cada vez maior no resultado geral no nosso posto. dos nossos negócios, como acontece lá fora. Entretanto, é importante que as autoridades também Se por um lado precisamos nos preparar para estejam atentas a sérios problemas que já vislumbramos essa importante mudança, não podemos perder de no horizonte: como esse novo diesel, mais suscetível à vista questões mais imediatas, como o biodiesel e a contaminação, vai se comportar ao ficar longo tempo introdução do diesel de baixo teor de enxofre, dois estocado, misturado ao biodiesel? Vai haver alguma temas que também foram discutidos durante a Extolerância da fiscalização em relação à quantidade de popostos 2011. enxofre no diesel? Afinal, a própria Petrobras advertiu O biodiesel já é um problema para o setor, em meio durante o evento que pequenas contaminações são à formação de borra, incremento no custo operacional suficientes para praticamente dobrar a quantidade de e reclamações por parte dos clientes. Sem falar nas enxofre no combustível. inúmeras autuações por diferença no percentual de Estamos prontos para fazermos nossa parte e biodiesel, que resultam em multas e até fechamento abastecer o mercado. Sabemos que teremos uma curva dos estabelecimentos, embora nenhum posto consiga de aprendizado com o novo produto e os problemas já analisar no ato do recebimento se o combustível realestão mapeados. O que não podemos aceitar é que, mente tem 5% de biodiesel. É certo que ainda temos a exemplo do biodiesel, sobre para a revenda pagar um longo caminho até que todos os problemas sejam a conta de mais esse processo. Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO

Novas regras ANP atende à demanda da Fecombustíveis e altera procedimentos de fiscalização para placas e quadros informativos, permitindo que o revendedor corrija o problema antes de ser autuado

Por Morgana Campos Deve ser publicada ainda este mês a resolução que irá alterar os procedimentos de fiscalização da ANP em relação a placas e adesivos em postos de serviços, prevendo a notificação do revendedor para corrigir a infração, antes de ser multado. A mudança é uma antiga demanda da Fecombustíveis e de seus Sindicatos Filiados e tornou-se ainda mais urgente depois que a Agência eliminou ANP dará prazo para o revendedor ajustar placas, quadros e adesivos em desacordo com a legislação

Paulo Pereira

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seu passivo de mais de 11 mil processos administrativos anteriores a 2008. Com isso, vários postos começaram a receber multas antigas e passaram a ser reincidentes. Segundo o previsto pela Lei nº 9.847, em casos de reincidência, o posto tem sua pena agravada, podendo ser aplicada uma suspensão temporária de 30 dias, o cancelamento de registro ou mesmo a revogação de autorização para o exercício de atividade de posto revendedor – neste último caso, os responsáveis pela pessoa jurídica ficarão impedidos por cinco anos de exercer a atividade de revenda. O grande problema é que, para ser considerado reincidente, não é necessário que o revendedor cometa a mesma infração. Ou seja, se hoje o posto foi autuado por um adesivo fora do lugar e daqui a um ano for verificado que uma bomba está irregular, o estabelecimento já será considerado reincidente e estará sujeito às penas acima citadas. Segundo dados da própria ANP, os problemas relacionados a placas e quadros informativos foram responsáveis por 13% das autuações em postos entre 2010 e o primeiro semestre deste ano. “Os postos são os que mais sofrem entre os agentes com esse problema”, afirmou Carlos Orlando Silva,

superintendente de Fiscalização da ANP, lembrando que no segmento de GLP as autuações por placas e quadros correspondem a 9,8% do total e, para os TRRs, nem constam entre as principais infrações. Em relação à possibilidade de adotar procedimentos semelhantes para outros setores ou estender a modificação para outras infrações, Carlos Orlando recomendou cautela. “Vamos esperar (a resolução) ser implementada, como vai se assentar no mercado, como vamos lidar com essas mudanças. Não vamos com muita sede ao pote, sob o risco de ele quebrar e termos que voltar atrás”, advertiu. O diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe, lembrou que a mudança nos procedimentos de fiscalização para placas e adesivos é uma demanda antiga do setor, mas que só foi possível ser adotada graças à nova realidade do país. “A Regulação precisa ser dinâmica. Há 15 anos, uma audiência pública dessas seria inviável, por conta das irregularidades que havia no mercado. Hoje, o setor está regulamentado, com presença forte do Estado, via ANP e outros parceiros, e índices de não-conformidade em torno de 2%, o que nos deixa à vontade para implementar essa mudança”, afirmou. Além de trazer alívio para os revendedores honestos que


arcavam com elevadas punições por conta de problemas menores, a nova regulamentação também permitirá que a ANP concentre o esforço de fiscalização em irregularidades mais graves, como adulteração de combustíveis. “Nós cobramos das autoridades penalidades mais severas no auge da bagunça no mercado, mas hoje o setor está mais controlado e as leis estaduais estão cada vez mais rígidas, penalizando especialmente o revendedor honesto, muitas vezes por infrações de menor gravidade”, explicou Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis. Ele citou o exemplo do adesivo de nocividade, que, em decorrência das lavagens diárias da bomba, pode ir apagando ou mesmo

cair justamente no dia em que o fiscal passou no posto. “Não houve dolo pelo revendedor. Ele não quis fraudar, lesar, enganar o consumidor”, destacou o presidente da Fecombustíveis, durante a Audiência Pública que discutiu a nova legislação. Ele defendeu ainda o prazo de cinco dias para que o posto adote a medida reparadora, já que muitas vezes não é possível corrigir o problema imediatamente, seja porque o material só pode ser confeccionado pela distribuidora (no caso dos embandeirados) ou pelo fato de o posto situar-se em municípios mais longínquos. “Em alguns postos flutuantes, o combustível leva até 15 dias para chegar”, exemplificou Paulo Miranda.

Mais mudanças a caminho Outra importante minuta está em consulta pública na ANP: a que estabelece lapso temporal para aplicação de penalidades decorrentes da reincidência e de agravamento por antecedentes. Com ela, será possível estabelecer um prazo determinado durante o qual valerá aquela penalidade, impedindo assim que, após uma primeira infração, o estabelecimento seja considerado reincidente para sempre. “Hoje, fica ad aeternum. Com essa nova minuta, pretendemos definir um lapso temporal para que essa mácula permaneça no cadastro dos postos”, explicou o superintendente de Fiscalização de ANP, Carlos Orlando Silva. Segundo a minuta que está em consulta pública: 3 Para efeitos de reincidência, não prevalece a condenação anterior se entre a data do trânsito em julgado da decisão de condenação e a do cometimento da infração posterior tiver decorrido período de tempo igual ou superior a dois anos; 3 A segunda reincidência será caracterizada quando a nova conduta infracional for precedida de duas condenações definitivas, que não tenham ocorrido há mais de dois anos; 3 Para fins de agravamento da pena de multa, considera-se antecedente o registro de condenações definitivas ocorridas nos últimos cinco anos. A minuta ficará em consulta pública até o dia 5 de setembro e a audiência pública está prevista para o dia 13, às 15h, na sede da ANP, no Rio de Janeiro.

O que prevê a nova legislação? 3 A nova resolução irá alterar os procedimentos para irregularidades de menor gravidade, basicamente aquelas relacionadas a placas, quadro de avisos e adesivos em geral. A medida não atinge não-conformidades ligadas à qualidade dos combustíveis, densímetros, placas de preços, nem erros volumétricos nas bombas; 3 Caso o agente de fiscalização constate alguma infração relacionada a quadros e placas informativas, o revendedor varejista será notificado para adotar medidas reparadoras de conduta. Quando se tratar de informações relevantes para o consumidor (segurança e periculosidade, por exemplo), a correção deverá ocorrer durante o transcurso da fiscalização. Para outros avisos (CRC, horário de funcionamento, nome, razão social, por exemplo), o prazo será de até cinco dias, contados a partir da notificação; 3 A medida reparadora de conduta é a ação em que o revendedor varejista corrige o não atendimento de um dispositivo da legislação aplicável e passa a cumpri-lo em sua integralidade, sem aplicação de penalidade; 3 A notificação poderá contemplar vários itens previstos na minuta; 3 O benefício da notificação não poderá ser aplicado ao mesmo revendedor varejista pelo período de três anos.n Combustíveis & Conveniência • 21


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Etanol x gasolina: o impasse continua Com preços do etanol em alta mesmo durante a safra e revisões para baixo das estimativas de produção, a expectativa é por outra entressafra apertada, com importação de gasolina e de anidro para suprir a demanda. E, para evitar nova crise, governo decide reduzir percentual de anidro na gasolina Por Natália Fernandes O pico da crise envolvendo o etanol no início do ano ficou para trás, mas ninguém descarta a possibilidade de problemas semelhantes voltarem a ocorrer nos próximos meses. Nem mesmo o governo, que optou por reduzir de 25% para 20% o percentual de etanol na gasolina (veja Box). A decisão levou em conta especialmente os dados referentes a preços e oferta nas usinas. Tanto o anidro (misturado à gasolina) quanto o hidratado (vendido nas bombas) estão cerca de 40% mais caros, nas unidades produtoras de São Paulo, que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Só na semana encerrada em 19 de agosto, ambos registraram elevação de quase 5%. Isso apesar de estarmos em plena safra. Para completar, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) já revisou para baixo suas estimativas para a safra 2011/2012 e agora projeta uma redução de 17,25% na produção total de etanol em relação ao ano anterior, em meio a ausências de novos investimentos desde a crise de 2008 e a problemas climáticos. Segundo dados da Unica, a geração de etanol hidratado deve ser quase 30% menor, enquanto 22 • Combustíveis & Conveniência

a de anidro deve crescer cerca de 10%. A opção por priorizar a produção de anidro se explica basicamente por dois motivos: 1) garantir o abastecimento do mercado cativo e, assim, tentar manter o percentual de mistura na gasolina o mais próximo possível dos 25% e distante dos 18%, patamar mínimo estabelecido pela Medida Provisória 532; e 2) a melhor remuneração do anidro em relação ao hidratado. Em meados de agosto, o litro de anidro nas usinas de São Paulo, sem impostos ou fretes, saía a R$ 1,3786, enquanto o de hidratado custava R$ 1,2102. Para se ter uma ideia, o litro da gasolina na refinaria, também sem frete ou tributos, sai por R$ 1,05. Com o etanol mais caro, uma parte dos consumidores migrou para a gasolina. Para atender a demanda, foi necessário importar anidro norte-americano no início do ano e muitas companhias já estão contratando produto lá fora para garantir oferta durante a entressafra, além de se beneficiar dos menores preços, graças especialmente ao dólar mais barato. Só que com o parque de refino brasileiro trabalhando no limite, a Petrobras também está se vendo obrigada a comprar gasolina no mercado internacional. De acordo com o diretor de Abastecimento da

estatal, Paulo Roberto Costa, em agosto, 630 mil barris de gasolina seriam trazidos do exterior para dar conta da forte demanda, atualmente avaliada em 430 mil barris por dia. No ano, a empresa já importou 2,5 milhões de barris, ante o patamar de 3 milhões registrado no ano passado. Só no primeiro semestre, o consumo de gasolina aumentou 17%, bem acima da expansão da economia e da procura por diesel, de 8,6%. “A importação é equivalente a seis dias de consumo. É muito pouco. Estamos importando porque precisamos ter estoque e não posso correr o risco de não ter gasolina nos postos. A Petrobras não vai deixar de atender à demanda”, afirmou Costa.

Mais investimentos? O governo tem buscado também alternativas para aumentar a oferta interna de etanol, que foi afetada pela paralisação dos novos investimentos, desde a crise de 2008. Por um lado, os usineiros terão linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil. Por outro, o governo quer aumentar a presença da Petrobras nesse mercado. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, há perspectivas de, a partir de 2012, a estatal investir


Opiniões diferentes Diante do comportamento incerto e instável dos dois combustíveis, a revenda acompanha o mercado de forma apreensiva. Uma comissão permanente do governo – formada por integrantes dos Ministérios da Fazenda, Agricultura, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além da Petrobras, BR Distribuidora, Petrobras Biocombustível e da ANP – vai seguir analisando a oferta do biocombustível no mercado para decidir o futuro do percentual de anidro na gasolina, que ainda pode cair para 18% ou permanecer indeterminadamente em 20%. “Esse ano, dada a situação da última entressafra, sendo essa menor que a anterior, o governo começou a realizar reuniões em Brasília, quinzenalmente, entre produtores e distribuidores de etanol e gasolina. A avaliação no momento é que o hidratado é compatível com a redução da produção de cana, e, consequentemente, do etanol”, declarou Alísio Vaz, presidente do Sindicom. Vaz acredita que as compras

externas de combustíveis são uma boa saída para equilibrar a demanda interna. “A Petrobras pode importar gasolina e etanol anidro. Por haver esse equilíbrio, a expectativa é de uma entressafra com menos volatilidade, mais tranquila, sem elevações bruscas”, concluiu. Mas há quem enxergue de forma diferente. “Pelos próximos quatro anos haverá falta de etanol. O preço vai continuar a ser pouco competitivo em relação à gasolina. Vejo um mercado apertado. O impacto causado aos revendedores é um ambiente econômico instável, com rápidas flutuações do etanol. A distribuição e o refino têm dificuldades de logística de suprimento, em função do custo do etanol e da gasolina. Esse panorama deverá continuar a médio prazo”, salientou Edmar Almeida, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Economia da Energia (GEE/UFRJ). Para a ANP, o panorama é diferente, com boas perspectivas e uma mudança de comportamento nas vendas de etanol no mercado, mesmo com a previsão de uma entressafra mais agressiva. “Na situação do etanol, embora tenha a questão da crise, estamos chegando a soluções de curto, médio e longo prazos. A médio e longo prazos, não tenho dúvidas de que a gente vai voltar a comercializar o etanol com bastante intensidade, como foi nos outros anos. Mas precisamos ver a adequação da lavoura, porque o produto é um biocombustível. E isso depende muito mais de outros agentes, que não os revendedores”, declarou Dirceu Amorelli, superintendente de Abastecimento da autarquia.

Agência Petrobras

US$ 4,1 bilhões na produção de etanol, aumentando de 5% para 12% sua participação na produção do combustível. Na segunda quinzena de agosto, durante a apresentação dos investimentos previstos até 2015, o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, informou que o aumento da produção de etanol terá prioridade. “Será investido US$ 1,9 bilhão, o que representa 76% do total para produção. A meta é chegar, com os sócios, a um volume de 5,6 bilhões de litros em 2015 e 12% de participação no mercado nacional”, detalhou Rossetto.

Presidente da PBio, Miguel Rossetto: prioridade no aumento da produção de etanol para garantir o abastecimento

Demorou, mas caiu Em meio a preços em alta e produção em baixa, não chegou a ser uma surpresa para o mercado a redução no percentual de anidro na gasolina, de 25% para 20%. A medida passa a valer a partir do dia 1º de outubro e vigorará por tempo indeterminado. O anúncio foi feito na noite de 29 de agosto, após reunião no Palácio do Planalto com a presidenta Dilma Rousseff e os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Guido Mantega (Fazenda), Mendes Ribeiro Filho (Agricultura) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Na ocasião, Lobão creditou a medida às incertezas em relação à safra de cana. “Temos que garantir o abastecimento, olhando para este ano e para o próximo ano. Verificamos que a safra do próximo ano também não será muito melhor que a atual, então temos que tomar providências, desde logo, para garantir o presente e o futuro. Essa é uma medida de precaução, uma segurança a mais”, destacou. n

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Aviso prévio: uma questão ainda sem resposta Stock

Previsto pela Constituição de 88, mas até hoje sem regulamentação pelo Congresso, cálculo do aviso prévio vai parar no Supremo Tribunal Federal, que deve definir normas temporárias até que seja promulgada lei sobre o assunto. Empresários temem que novas regras elevem o custo com empregados e criem passivos trabalhistas

Por Gabriela Serto A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, garante ao trabalhador o direito a aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, com duração mínima de 30 dias. Só que a legislação nunca foi regulamentada pelo Congresso e, então, convencionou-se pagar os 30 dias, independentemente do tempo de trabalho do funcionário. Diante dos questionamentos na justiça, o Supremo Tribunal Federal (STF) pretende definir uma fórmula que valerá enquanto o Congresso Nacional não aprovar 24 • Combustíveis & Conveniência

lei para regulamentar o pagamento do benefício. O “x” da questão é saber qual será essa fórmula e como vai ser aplicada, em meio ao risco de se criar um imenso passivo trabalhista no país (a depender da retroatividade da legislação) ou de se adotar um modelo que eleve os custos das empresas, levando-as a demitir funcionários com muito tempo de casa para evitar prejuízos. A divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) elaborou um estudo, demonstrando o impacto

econômico das mudanças nas regras do aviso prévio. De todas as propostas analisadas, a mais onerosa, de acordo com o levantamento, foi a proposta 1, que prevê a indenização de um salário inteiro para o trabalhador demitido sem justa causa a partir do terceiro ano de serviço. Esta proposta totalizou um custo adicional de R$30 bilhões para as empresas. Por outro lado, a proposta 3, que prevê a mesma indenização a partir do sexto ano, geraria um custo agregado extra de R$15 bilhões. A proposta 4, que defende o pagamento de 10 dias de salário para cada ano trabalhado, em muito se assemelha à proposta 1 (impacto de R$29 bilhões), na medida em que um salário seria pago também a cada três anos. As demais propostas apresentaram valores intermediários e - especialmente aquelas que preveem a aplicação de um teto para os trabalhadores com 120 meses de tempo de permanência (aplicáveis apenas às de número 1 e 4) - reduzem o montante da indenização previsto nas propostas originais (sem teto) em aproximadamente 27%. O estudo foi encaminhado ao ministro do STF, Gilmar Mendes, relator do caso.


O chefe da divisão sindical da CNC, Dolimar Toledo Pimentel, esclarece alguns pontos sobre a questão do aviso prévio O STF pode criar a norma que caberia ao Congresso fazer? A rigor não, porque ao Supremo compete a guarda da Constituição Federal e não regulamentá-la, o que é atribuição do Congresso, a quem cabe legislar, inclusive, para regulamentar os Direitos criados na Constituição, cujo exercício efetivo dependa de norma regulamentadora. Quais são as propostas dos ministros? Luiz Fux: Aviso prévio variando entre três e seis meses, a depender do tempo do contrato e idade do trabalhador; Marco Aurélio: Ao aviso prévio de 30 dias seriam acrescentados mais 10 dias por ano de trabalho. Assim, ao cabo de 30 anos, haveria direito a 300 dias de aviso prévio, a serem cumpridos ou idenizados; Cesar Peluzo: Indenização de um saláriomínimo para cada cinco anos trabalhados;

Ricardo Lewandowski: 30 dias para contratos inferiores a 1 ano; entre 1 e 10 anos, são 45 dias; mais de 10 anos equivalem a 60 dias de aviso prévio. O reconhecimento do direito poderá ser retroativo? Poderá se estender ao chamado período prescricional, que, em matéria de direito do trabalho, abrange os últimos cinco anos trabalhados, que podem ser reclamados até dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Há risco da ocorrência dessa reclamação retroativa? A Força Sindical já declarou à imprensa que está apenas esperando a decisão do STF para ingressar com Mandados de Injunção Coletivos reclamando o mesmo benefício para os representados de seus segmentos sindicais.

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Entrevista com Mihoko Sirley Kimura, sócia de TozziniFreire Advogados na área Trabalhista Sobre as mudanças propostas, qual a melhor e qual a pior do ponto de vista do empregador e/ou empregado? O aviso prévio tem como finalidade evitar que o término de um relacionamento de trabalho ocorra de maneira abrupta e determina que uma das partes deve dar ciência a outra parte de sua intenção de terminar o relacionamento com certa antecedência. O período do aviso prévio deve ser razoável, de forma que seja possível à parte que recebeu a comunicação tomar as medidas necessárias para adequar-se à nova realidade (exemplo: o empregado deve cuidar de sua reinserção ao mercado de trabalho e o empregador, providenciar a substituição do demissionário). Um prazo de aviso prévio muito longo pode tornar-se penoso para ambas as partes: para o empregador, porque este acabaria por conviver por tempo demasiadamente longo com o empregado com quem não mais deseja ou não pode continuar o relacionamento; para o empregado, porque este teria que cumprir o período trabalhando com quem o vínculo foi quebrado e/ou porque poderia perder novas oportunidades de trabalho por ter que se manter vinculado ao empregador durante o aviso prévio. Assim, entre as propostas apresentadas, a de Ricardo Lewandowski parece ser a mais positiva, tanto para os empregados quanto para os empregadores. As demais propostas podem ser menos favoráveis; podem chegar ao absurdo de uma parte ter que avisar com seis meses de antecedência que querem terminar o relacionamento. Quando começa o direito à proporcionalidade: (1) de 1988, quando a Constituição entrou em vigor; ou (2) a partir do reconhecimento desse direito pelo Supremo? Segundo a Constituição Federal, o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço

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deverá ser regulamentado por lei e é de, no mínimo, 30 dias. Assim, o direito à proporcionalidade entra em vigor a partir da publicação de uma lei própria, salvo se houver regra expressa diferente determinada pela decisão do STF. Quem foi demitido há três ou quatro anos pode requerer o mesmo benefício ao seu antigo empregador? O processo de demissão que seguiu os procedimentos impostos pela legislação em vigor não pode ser mais questionado. Trata-se do chamado ato jurídico perfeito, ou seja, o ato que foi consumado de acordo com as normas vigentes ao seu tempo. Em muitos casos, postos de combustíveis são considerados empresas de pequeno e médio porte. Como fica a questão para esses empresários? A legislação trabalhista é aplicável indistintamente a todos os trabalhadores, independentemente da categoria, da atividade empresarial ou do porte da empresa. A saída possível seria uma negociação com os representantes dos sindicatos dos trabalhadores. Algumas categorias trabalhistas já estão utilizando as convenções coletivas como uma forma de “regulamentação” sobre a questão. Essa é uma tendência entre as categorias profissionais ou ainda é prematuro afirmar isso? A decisão do STF ou uma legislação especial sobre o assunto acabará por impor a todas as categorias uma regra única. Assim, a negociação sindical, refletida em acordos coletivos ou convenções coletivas, é o caminho mais adequado para a regulamentação da questão. Desta forma, seria possível observar as realidades e limitações de cada setor. Já identificamos que várias categorias conquistaram diferentes condições de aviso prévio para suas bases. n



Julio Silveira/Stock

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Bom para quem? A substituição da carta-frete por meios eletrônicos de pagamento não trouxe benefícios aos caminhoneiros autônomos, como previa inicialmente a Lei 12.249. O prazo para a extinção da carta-frete vai até outubro, mas as primeiras experiências já demonstram que as únicas a ganhar com a mudança serão as empresas administradoras de cartões Por Rosemeire Guidoni No ano passado, o governo decidiu extinguir a carta-frete, por meio da Lei 12.249. A justificativa era de que este documento deixava brechas para a informalidade dos caminhoneiros autônomos e, por isso, seria necessária sua substituição por meios eletrônicos de pagamento, que deveriam ser autorizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em 19 de abril, a ANTT publicou a Resolução 3685, definindo os meios eletrônicos autorizados: o depósito em conta bancária, feito em nome do titular vinculado ao Registro Nacional de Transportador Rodoviário de Cargas (RNTRC) ou a inserção de créditos em um cartão, com operação de uma administradora habilitada pela ANTT. O prazo para substituição integral das cartas-frete é de 180 dias, contados a partir de 19 de abril – ou seja, até meados de outubro, as transportadoras não devem mais emitir cartas-frete, sob pena de autuação. Neste meio tempo, após a publicação da Resolução 3685, algumas alternativas de pagamento eletrônico já foram autorizadas 28 • Combustíveis & Conveniência

pela ANTT. E o que o mercado percebeu é que não houve vantagem para ninguém com a mudança – a não ser, é claro, para as administradoras destes meios de pagamento. Para os motoristas, as dificuldades são várias: em diversas rotas, apenas alguns postos são credenciados, reduzindo as opções de abastecimento. Além disso, muitos dos estabelecimentos credenciados aumentaram o preço do diesel, provavelmente repassando para o valor do combustível os encargos cobrados pela administradora do meio de pagamento, o que eleva o custo do transporte. Como se não bastasse, em diversas regiões do país o funcionamento dos meios eletrônicos mais do que deixa a desejar; e, sem condições de pagar a conta com o cartão eletrônico, resta ao motorista utilizar seu cheque pessoal. “A substituição da carta-frete não mudou nada para os motoristas, aliás, só dificultou. Agora, pagamos cerca de 2 ou 3 centavos a mais pelo combustível e temos de abastecer somente na rede credenciada pelo cartão”, afirmou o autônomo Ari Casal, que percorre rotas que passam pelo interior do Brasil e Nordeste.

“Seria melhor se a transportadora fizesse um depósito na conta do motorista, mas nem todas oferecem esta opção. E mesmo assim, com depósito em conta, muitas vezes temos de sair da rodovia e entrar na cidade, procurar o banco ou caixa eletrônico para saque, o que compromete o tempo de viagem”, afirmou. “A carta-frete era uma certeza para o motorista. Agora, não são todos os postos que são credenciados pelas administradoras de cartões”, completou Jefferson Carlos da Silva, que percorre rotas nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Além disso, ele cita outros problemas, como o pagamento de encargos pelo próprio motorista. “É como um cartão de crédito comum, os motoristas pagam taxas para mantê-lo”, destacou. “E mais no interior do país, frequentemente temos dificuldades com a conexão eletrônica, não conseguimos passar o cartão. Nestes casos, tenho de pagar com meu próprio cheque e tentar fazer a troca em outro posto credenciado, em outro local”, disse Silva. Para os postos de combustíveis, a mudança também não se mostra vantajosa. Como são


poucos postos que estão sendo credenciados pelas administradoras, há uma migração de clientes dos demais estabelecimentos. “Não há como competir, seja em preço ou em serviços, visto que o cartão só pode ser trocado na rede credenciada. E, para ser um credenciado, é necessário aceitar todas as cláusulas previstas pelas administradoras, o que nem sempre é vantajoso para o posto”, afirmou o revendedor Daniel Locatelli, de Cuiabá (MT). Mas o principal problema é o custo de administração do cartão. Com as baixas margens do diesel, taxas que giram em torno de 3% são bastante elevadas e podem comprometer a rentabilidade. “Para o posto, a solução é repassar este custo de administração para o motorista. Ou seja, aumentar o preço do combustível ou deixar de oferecer vantagens, como prazo para pagamento”, completou.

Um novo sócio, o cartão

Stock

A Combustíveis & Conveniência teve acesso a um contrato confidencial da Bunge Card, da Bunge, empresa ligada ao agronegócio e alimentos. Entre outras coisas, o documento prevê um preço-base fixo para o combustível, além de um percentual denominado fator de competitividade, e o posto deve comprometer-se a manter sempre o referido fator mínimo sobre a variação do preço médio de compra na região de distribuição do combustível com o preço de atacado publicado pela ANP, sob pena de incidência da multa. Elevações de preços somente são permitidas se o posto comprovar que o aumento veio da distribuidora. E a solicitação de reajuste deve ser feita com 15 dias de antecedência. Além

disso, entre outras exigências Após a publicação relacionadas a questões trabalhistas e de responsabilidade da Resolução 3685, sócio-ambiental, o contrato prevê, algumas alternativas de ainda, que o posto é obrigado pagamento eletrônico a manter limpas as instalações já foram autorizadas (sanitários e pista) para uso dos pela ANTT. E o que o transportadores. mercado percebeu é que O contrato ainda estabelece que o posto deve aceitar o pagamento não houve vantagem com o Bunge Card sem cobrar para ninguém com qualquer despesa adicional, seja a mudança – a não para compensar o valor do diesel ser, é claro, para as praticado para a Bunge, seja para administradoras destes compensar a taxa de administração meios de pagamento do sistema. Como se não bastasse, o documento deixa explícito ser obrigação do posto conceder aos a Dbtrans (com o Rodocred) e a clientes portadores do cartão as Repom. No material de divulgamesmas vantagens promocionais ção das empresas, as vantagens oferecidas aos outros meios e enumeradas para os motoristas formas de pagamento. são a flexibilidade de locais de Como benefício por aceitar abastecimento, possibilidade de estas condições, a Bunge sugere saque em agências bancárias que o posto terá uma elevação e liberdade para pagamento de no volume de vendas, já que pedágios com o próprio cartão. Na haverá um número reduzido prática, no entanto, nem sempre de credenciados. Na própria é simples assim. “O depósito apresentação do sistema, a em conta seria a única forma Bunge informa que o objetivo de substituir a carta-frete sem é “consolidar o consumo de criar muitas dificuldades para o diesel reduzindo o número de transportador”, afirmou Silva. fornecedores que atendam a Para os postos, vale prestar demanda solicitada”. muita atenção às cláusulas do Além da Bunge, outras emcontrato e avaliar com cuidado se presas já estão homologadas o negócio é, de fato, interessante junto à ANTT para fornecer os – antes que o cartão se transforme cartões-frete, como a Pamcary em um novo sócio. n (com o Pamcard), a Coopercarga, Em diversas rotas, motoristas encontram dificuldade para abastecer, já que apenas alguns postos são credenciados

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Correndo contra o tempo Com novo Plano de Negócios focado no pré-sal e no refino, Petrobras busca retomar autossuficiência e sair do sufoco atual na oferta de gasolina e diesel, além de ampliar sua participação no mercado de biocombustíveis Por Natália Fernandes

Efeito etanol Desde o ano passado, a Petrobras voltou a importar gasolina, como reflexo da forte expansão econômica e dos maiores preços do etanol. No acumulado do ano até agosto, as compras externas do produto já chegam 30 • Combustíveis & Conveniência

Canteiro de obras da Refinaria I do Comperj

Agência Petrobras

Após bastante controvérsia e alguns adiamentos, o Conselho de Administração da Petrobras finalmente aprovou o Plano de Investimentos 2011-2015 da companhia, no valor de US$ 224,7 bilhões (R$ 389 bilhões). Desse montante, as maiores fatias serão destinadas às áreas de exploração e pesquisa (57%) e refino, transporte e comercialização (31%). O setor de distribuição será contemplado com investimentos de US$ 3,1 bilhões. O Plano está diretamente ligado à crescente demanda por energia; às descobertas de novos campos, especialmente no pré-sal; e à necessidade de ampliação do parque de refino brasileiro, atualmente operando no limite e precisando de modernização para produzir novos combustíveis, como o diesel de baixo teor de enxofre. Para se ter uma ideia, a participação do pré-sal na produção de petróleo da Petrobras no país deve passar dos atuais 2% em 2011 para 18% em 2015 e 40,5% em 2020.

a 3,1 milhões de barris, ante o patamar de 3 milhões apurado em 2010, evidenciando que a autossuficiência, pelo menos por enquanto, foi realmente deixada para trás. Se o incremento nas importações por si só já não representa uma boa notícia, para os investidores o que mais preocupa é o fato de a companhia comprar gasolina lá fora e ter que vender a preços inferiores no mercado interno, já que o governo não quer ouvir falar em reajuste dos combustíveis. Há dois anos o preço do combustível está fixado em R$ 1,05, nas refinarias da estatal. A última refinaria brasileira foi construída em 1980 e a capacidade de refino atual está sendo 100% utilizada. “Após 32 anos, estamos construindo grandes refinarias e já sabemos que vamos operar no limite do mercado, mas atendendo à

demanda”, informou o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, durante coletiva de imprensa da empresa, no Rio de Janeiro. A área de abastecimento receberá US$ 74,2 bilhões de investimentos previstos no Plano até 2015. Do total de US$ 70,6 bilhões investidos em refino, transporte e comercialização, 51% serão destinados à ampliação do parque de refino. A empresa concluiu a unidade de gasolina da Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte, e está construindo outras três unidades no Nordeste: Premium I, no Maranhão; Premium II, no Ceará; e a Abreu e Lima, em Pernambuco. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) também está em fase de construção. No atual Plano da Petrobras, o etanol receberá US$ 2,5 bilhões na ampliação da produção, junto


ao biodiesel. Como o mercado se prepara para enfrentar uma nova entressafra da cana-de-açúcar, provavelmente ainda mais forte que a anterior, a companhia tem o aumento da produção de etanol como prioridade. US$ 1,9 bilhão será investido, o que representa 76% do total para produção.

E o diesel? Segundo o Plano de Negócios 2011-2015, as refinarias da Petrobras receberão investimentos de US$ 16 bilhões em modernização, especialmente para se adequar às exigências ambientais de redução de enxofre no diesel. Recentemente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 1,1 bilhão para a implantação de nova unidade de produção da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobras, em CaFonte: Petrobras noas (RS), que tem como objetivo processar o diesel hidrotratado com teor de enxofre reduzido. O projeto faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevê, ainda, a implantação de sistemas e instalações auxiliares no parque industrial da refinaria. O empreendimento, que prevê investimento de R$ 1,6 bilhão, objetiva adequar os combustíveis aos padrões internacionais de qualidade, seguindo as características especificadas pela ANP e de acordo com o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Pro-

conve). Caso o projeto não fosse implantado, o Brasil precisaria abastecer o mercado com importações. Segundo o BNDES, para o processamento de diesel hidrotratado com teor de enxofre reduzido, serão construídas uma nova unidade de hidrotratamento de correntes de diesel (UHDT) e outra de geração de hidrogênio (UGH). Com esses dois mecanismos de tratamento, será possível fornecer um produto com menor grau de impureza, já que o hidrotratamento permite a eliminação de contaminantes,

junto com um catalisador.

Planos para o gás O segmento de gás e energia da companhia receberá US$ 13,2 bilhões durante a vigência do atual Plano. Para o mercado de GNV, há algumas dúvidas em relação à competitividade do combustível nos postos. “Não há planos para o GNV, nem leilão específico. Quanto aos preços, essa é uma decisão da distribuidora”, diz Graça Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras, em coletiva para apresentação do Plano para a área.

O mercado livre de gás natural apresenta dúvidas, em meio aos elevados preços. No Brasil, por exemplo, a tarifa é quatro vezes maior que nos Estados Unidos. “Para que o gás tenha mais competitividade no Brasil, é necessário que haja grande aumento de oferta, além do que a Petrobras já propõe”, justifica Edmar Almeida, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Economia da Energia (GEE/ UFRJ). O especialista lembra, ainda, que o mercado de gás natural é nãofirme (variável), por conta da demanda termelétrica. “Para a mudança desse cenário é preciso priorizar e garantir o suprimento das térmicas”, conclui. Pelo planejamento atual do governo, o gás natural deve ser prioritariamente utilizado pelas temelétricas, sendo destinado a outros segmentos quando não houver necessidade de acioná-las. Segundo o presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, está havendo uma reversão da curva de consumo de GNV que estava em queda de 5% a 10% nos últimos quatro a cinco anos. As incertezas do mercado de etanol e de gasolina também motivaram o consumidor a voltar a abastecer com GNV. Ao revendedor, resta acompanhar o mercado e torcer para que essas oscilações não comprometam ainda mais a margem de lucro e as vendas. n Combustíveis & Conveniência • 31


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Muito além da borra Entre debates sobre a possibilidade de elevar o percentual de biodiesel no diesel e a necessidade de alterar a especificação do produto, Fecombustíveis expõe durante o “Biodiesel Congress 2011’’ os problemas enfrentados pela revenda, que já não se resumem somente a borras em tanques e filtros

Stock

Forte dependência da soja pode trazer a instabilidade internacional dos preços para o mercado nacional de combustíveis

Por Morgana Campos Não é segredo para ninguém que há uma forte pressão por parte dos fabricantes de biodiesel para que seja elevado o percentual do produto adicionado ao diesel, que desde 2010 encontra-se em 5% (B5). O governo, por sua vez, também não esconde sua disposição em aumentar a mistura e, assim, ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz veicular brasileira, diversificando-a e tornando-a menos dependente dos derivados de petróleo. Apesar das intenções, a esperada elevação ainda não ocorreu, basicamente por dois motivos principais: 1) o receio 32 • Combustíveis & Conveniência

do governo quanto aos impactos inflacionários da decisão, já que o biodiesel é mais caro que o diesel; 2) os problemas de entupimento de filtros e formação de borras em tanques, enfrentados por revenda e distribuição. E todas essas variáveis serviram de pano de fundo para o debate promovido pelo evento “Biodiesel Congress 2011 – Além do B5”, realizado pelo Informa Group, International Business Communications (IBC) e F.O.Lichts, no final de julho, em São Paulo. “Fomos os primeiros a reclamar dos problemas relacionados ao biodiesel, até porque aconteceram dentro do nosso negócio:

saíram e voltaram quando o nosso cliente reclamou da qualidade do combustível, pois comprometeu a bomba injetora do veículo dele. Esse é o lado comercial e que, hoje, é o menor dos nossos problemas”, destacou Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis, em sua palestra durante o evento. Ele lembrou que muitos postos têm sido autuados, por todo o Brasil, em decorrência de percentual de biodiesel diferente dos 5% estabelecidos pela legislação. Isso, apesar de não haver qualquer teste que possa ser realizado pelo posto na hora do recebimento do combustível (para verificar se o percentual de


IBC

“Quando abro uma bomba para trocar o filtro, é lucro cessante, pois paro a operação, deixo de atender ao consumidor”, afirmou Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis

biodiesel está conforme) e de o posto não ter acesso aos produtores de biodiesel. Vale lembrar que esta não-conformidade é considerada adulteração, o que pode resultar em cassação da inscrição estadual e impossibilidade do empresário atuar no mesmo ramo de negócio por cinco anos – como determina a legislação de São Paulo, que já começa a ser copiada em outros estados. “Estamos há 20 anos lutando contra um mercado negro, que envolve bandidagem, máfia dos combustíveis, crime organizado. É uma luta dura, que exige leis severas. Só que todo mundo está sujeito a elas, incluindo o bom revendedor. Somos pessoas

angustiadas nesse momento”, enfatizou Hashimoto. Além do risco de perder seu negócio, os revendedores estão assumindo custos mais elevados. “Uma limpeza de tanque envolve destinação adequada de resíduos de hidrocarbonetos. Não é barato, precisa de Certificado de Aprovação de Destinação de Resíduos Industriais (Cadri). Em alguns estados do Brasil, isso não existe”, destacou. E as perdas financeiras não se restringem à destinação adequada dos resíduos, envolvendo ainda trocas mais frequentes de filtros e menores intervalos de manutenção. “Quando abro uma bomba para trocar o filtro, é lucro cessante, pois paro a operação, deixo de atender ao consumidor”, afirmou Hashimoto. Isso sem contar os pedidos de ressarcimento por parte de consumidores, que chegam aos postos com laudos culpando o combustível por problemas em

seus veículos. “Você não quer perder o cliente, então assume (o prejuízo), até o ponto em que isso se torna inviável”, completou o diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis. Hashimoto fez questão de ressaltar que, em hipótese alguma, a revenda varejista é contrária ao biodiesel. “Somos comerciantes. O que eu puder vender dentro do meu estabelecimento, vou vender. Desde que seja um produto estável, dentro de um tempo médio de vida, que eu consiga passar à frente com qualidade e conformidade, sem ser surpreendido por uma autuação ou até mesmo um processo de fechamento porque o produto não se comportou adequadamente”, ressaltou. Para Sérgio Beltrão, diretorexecutivo da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), os contratempos hoje associados ao biocombustível decorrem de questões relacionadas à armazenagem e ao transporte do Combustíveis & Conveniência • 33


44 MERCADO produto, não de sua qualidade. “São problemas pontuais, que tendem a desaparecer”, destacou. A Ubrabio acredita que as dificuldades apontadas não deveriam ser suficientes para impedir a elevação do percentual da mistura para 7%

em 2012, 10% em 2014 e 20% em 2020. Além disso, a entidade defende uma unificação do Programa de Biodiesel com a agenda do Conama/Proconve, associando o biodiesel à adoção do diesel de baixo teor de enxofre. Desta forma,

O que diz o governo? Sim, o governo pretende elevar o percentual de biodiesel no diesel, mas ninguém ainda sabe quando, dadas as pressões inflacionárias (maior preocupação) e as dúvidas que ainda pairam sobre a qualidade do produto. “O biodiesel não nasceu no Brasil para ficar no B5, mas é necessário consolidar primeiro esse B5 para pensar mais longe”, afirmou José Honório Accarini, da Casa Civil da Presidência da República. “Gostaríamos de ter um marco regulatório ainda este ano, mas isso não depende apenas do Executivo e há propostas que não são convergentes. É um processo de negociação, cujo prazo não podemos definir. Será uma média dos interesses dos setores envolvidos. Não vai atender 100% dos interesses dos produtores, nem dos consumidores”, ressaltou. Ricardo Borges Gomide, coordenador-geral do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), lembrou que “é interesse do governo aumentar o percentual mandatório” por considerar que isso permitiria: 1) diversificar a matriz energética; 2) ampliar o uso de fontes renováveis; 3) aumentar a segurança energética; 4) gerar mais empregos (para produzir um litro de biodiesel emprega-se mais pessoas do que no refino de um litro de diesel); 5) marketing como um país verde, o que ajuda na competitividade dos produtos brasileiros; 6) redução da poluição; entre outros aspectos. Entretanto, Gomide reconhece que há dificuldades para ir além do B5. E uma das principais é o preço do biodiesel, atualmente quase 86% superior ao custo do litro do derivado de petróleo. “O diesel é muito usado no transporte coletivo e qualquer aumento de preço tem impacto indireto nas tarifas de ônibus, por exemplo”, explicou. Sem falar na forte dependência do transporte de cargas em relação ao modal rodoviário, fazendo com que

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a mistura de 20% seria utilizada já em 2012 nas regiões metropolitanas e em alguns corredores específicos, subindo para 30% em 2013, quando entrasse em vigor o S10 (diesel com apenas 10 partes por milhão de enxofre).

qualquer alta no diesel se reflita nos fretes e, por tabela, nos preços finais dos produtos. O representante do MME questionou ainda a forte dependência do programa em relação à soja, o que traz a volatilidade do preço dessa commodity (produto negociado em bolsa internacional) agrícola para o mercado interno de combustíveis. Sem falar na forte concentração da produção no Sul do país, em detrimento de áreas prioritárias do Programa como o Norte e o Nordeste. “Boa parte dos agricultores familiares que estão vinculados ao Programa já eram agricultores bem estruturados antes. Precisamos incluir novos agricultores familiares, inclusive os pobres, criar nova agricultura familiar”, explicou. Gomide ressaltou a necessidade de garantia da qualidade do produto “do poço ao posto” (tomando emprestada uma expressão da cadeia do petróleo) e lembrou que a indústria automobilística ainda não deu o sinal verde para uso de percentuais maiores. “Em 2009, houve um programa que validou o uso de B5, mas não temos validação, por parte dos fabricantes, para misturas além do B5. Se o governo estabelece determinado percentual de mistura, a quem cabe o ônus caso aconteça algo com o carro?”, questionou. Durante sua apresentação, Gomide apresentou projeções de disponibilidade de óleo de soja, assumindo elevação da mistura para B6 em 2011, B7 em 2013, B8 em 2015 e B10 em 2018. “Nesse cenário hipotético, com B7 em 2013 já zeramos o excedente para exportação em 2014 e, com B8 em 2015, já haveria déficit”, advertiu. Para atender a demanda em 2019, seriam necessários 14 milhões de hectares de soja para biodiesel no país, que resultariam em produção de 8,4 bilhões de litros. Para se ter uma ideia, 7 milhões de hectares de cana são suficientes para produzir 52,4 bilhões de litros de etanol - quase a metade da produção brasileira atual.


Nova especificação para o biodiesel Apesar de os produtores sustentarem que não há nada de errado com o biodiesel, o fato é que o Grupo de Trabalho da ANP, que reuniu agentes do mercado e do governo, apresentou em seu relatório final quase 20 propostas para aperfeiçoar a cadeia do produto. Embora o documento não represente a posição oficial da ANP, a qual depende de aprovação da diretoria colegiada, ele reflete as discussões dos membros do Grupo ao longo de vários meses e foi ratificado por todos os participantes. Dentre as sugestões apresentadas, talvez a mais importante seja a revisão da especificação do biodiesel puro (B100), que já está em andamento. Um dos pontos considerados fundamentais nessa revisão é o limite de água. Atualmente, a legislação brasileira (Resolução ANP 07/2008) permite um teor máximo de 500 ppm (partes por milhão), muito acima do valor praticado na Europa, por exemplo, de 200 ppm. Além de o limite ser elevado, uma das reclamações do setor é de que o biodiesel já sai do produtor com um valor muito próximo desse teto. E como o biodiesel é, por si só, mais higroscópico (absorve mais água) que o diesel, isso significa que ao longo da cadeia esse percentual de água vai crescer. Só que a combinação de água com um material biodegradável (o biodiesel) forma o ambiente perfeito para a proliferação de micro-organismos, o que gera as famosas borras que entopem filtros e se acumulam nos tanques. Maria Inês Souza, coordenadora de Biocombustíveis da ANP, lembrou ainda que em 2013 chegará ao Brasil o S10 (diesel com 10 partes por milhão de enxofre). “Na produção desse diesel com baixo teor de enxofre, reduz-se também a quantidade de aromáticos, compostos fenólicos, que são biocidas naturais. Quando retiro esses agentes, se tiver uma quantidade grande de água, vai haver proliferação de micro-organismos e isso leva à formação de borra, porque biodiesel é comida excelente para bactérias. Principalmente para

as anaeróbicas, que produzem ácidos que provocam corrosão. Como o S10 só pode ter 200 ppm de água, o biodiesel que vai ser adicionado não pode ter mais que isso”, explicou a representante da Agência. A atual Resolução da ANP também não estabelece limites para presença de mono, di e triacilglicerol, o que deve mudar na nova regulamentação. “O mono vai ficar em 0,8 mg/kg e o di e o tri em 0,2 mg/kg, porque sabemos que eles aglomeram e formam aquela melecada toda no biodiesel, então vamos limitar”, completou Maria Inês. Outra alteração que será implementada é a tabela regional para o Ponto de Entupimento a Frio, para evitar problemas especialmente no Sul do país durante o inverno, quando, principalmente o biodiesel feito a partir do sebo, transforma-se numa espécie de gel. No que se refere à estabilidade à oxidação, a exigência será elevada para oito horas, ante a atual, de seis horas. “Na hora de entregar o biodiesel, (esse indicador) já tinha caído para três ou duas horas”, disse a coordenadora da ANP. Mesmo com as previstas revisões na especificação, Eduardo Cavalcanti, pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia, chama atenção para alguns cuidados que precisarão ser observados em relação ao B5 e posteriores misturas: a Utilizar equipamentos de aço carbono, inox ou alumínio; a Evitar contato com superfícies enferrujadas; a Usar tanques de parede dupla, com sistemas de drenagem e de detecção de vazamentos ou presença de água; a Não manter os tanques muito baixos; a Evitar estocar o produto por mais de 30 dias; a Usar aditivos quando houver baixa movimentação.

8 Leia mais sobre o biodiesel na página 48.n

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OPINIÃO 44 Roberto Fregonese 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

Um grande desafio e muitas dúvidas primeiro de janeiro não Estamos a pouco mais de quatro meses para teremos uma frota de o início da comercialização dos motores Euro 5, caminhões já rodando ou seja, de motores que obrigatoriamente deverão por este imenso Brausar um diesel com menor teor de enxofre (S10 ou sil, mas eles já estarão S50), associado ao Arla-32 (uréia técnica líquida). sendo produzidos e vão necessitar de postos de E, pasmem, até o momento em que eu escrevia este abastecimento à disposição. Hoje, a frota nacional artigo (em meados de agosto), não temos ainda o é composta por cerca de trinta e quatro milhões de número de postos que irão distribuir os referidos veículos, dos quais quatro milhões são de motores produtos, nem a homologação dos equipamentos a diesel - e, destes, cerca de 40% de veículos com que deverão ser utilizados para que possamos mais de vinte anos, ou seja, grandes geradores de manipular os novos produtos que farão os novos fumaça: leia-se grandes poluidores! motores funcionar e, pior ainda, nem estimativa E nós, revendedores, como vamos lidar com de quanto custará o novo combustível. isso? Qual será a nossa responsabilidade? Quantos Temos quase cinco mil municípios e o número tipos de óleo diesel vamos ter em nossos postos? de postos dispostos a serem os protagonistas desta Haverá diferença de preços? nova etapa não chega a 1,5 Já sabemos que os veículos mil. Não sabemos ainda se E nós, revendedores, como vamos que terão o novo motor serão, teremos o novo combustível em todos os pontos para não lidar com isso? Qual será a nossa res- em média, 15% mais caros corrermos o risco de desabas- ponsabilidade? Quantos tipos de óleo que os hoje produzidos, mas diesel vamos ter em nossos postos? e o combustível? tecimento, lembrando que, Haverá diferença de preços? Já sabeA verdade é que estamos além do diesel, necessitaremos ainda do Arla-32, cujo mos que os veículos que terão o novo tratando de um assunto sério, sem a merecida responsaconsumo será equivalente a motor serão, em média, 15% mais 5% do volume utilizado de caros que os hoje produzidos, mas e bilidade, pois nesta hora já deveríamos ter as respostas às S50 ou S10. Se analisarmos o combustível? muitas dúvidas apresentadas. o número de postos que Tenho a absoluta certeza de começarão a trabalhar com quem vai pagar esta conta, mais uma vez, será o este produto e o tamanho da logística que será nerevendedor. cessária para, em janeiro, darmos a tranquilidade A Federação está atenta e questionando as ao adquirente do novo veículo modelo Euro 5, será autoridades e a indústria e tentando fazer com que imprescindível uma distribuição, no mínimo, muito o revendedor não seja compelido, na última hora, eficiente. Sem falar nas mudanças que teremos a fazer sacrifícios enormes para tentar resolver um que fazer nos postos, que, diga-se de passagem, problema que não é nosso, mas no qual estamos também não estão suficientemente claras: serão envolvidos, pois será através do posto revendedor necessários tanques novos ou poderemos usar os que daremos celeridade ao novo desafio. mesmos que antes recebiam S1800 ou S500? A Espero que os envolvidos acordem e se deem entrega do novo diesel S10 poderá ser feita com a conta que janeiro já está aí e o problema tem de frota atual ou deveremos agregar uma nova frota, estar resolvido. Nós estaremos alerta para ajudar devido à necessidade de usar caminhões segregados? no que for possível, mas queremos deixar muito Como o novo combustível irá se comportar com o claro que somos apenas um elo desta corrente, biodiesel, especialmente quando armazenado por elo este que terá de dar conta de disponibilizar o longos períodos? novo combustível, bem como atender a esta nova Estas e muitas outras perguntas ainda estão frota que começará a trafegar em janeiro. sem resposta. É claro que sabemos que no dia 36 • Combustíveis & Conveniência



44 NA PRÁTICA Stock

Sem mercúrio Embora ainda não exista legislação que obrigue o uso de equipamentos sem mercúrio, o mercado começa a se adaptar, como forma de evitar problemas ambientais e à saúde dos funcionários Por Gisele de Oliveira Não é de hoje que a utilização de equipamentos que contenham mercúrio tem sido tema de debates em alguns segmentos da economia. Devido ao seu alto grau de nocividade ao meio ambiente e às pessoas, o mercúrio é um elemento perigoso e de difícil degradação, o que resulta em contaminação do ar, solo, flora e fauna. Além disso, em contato com o metal, o indivíduo corre o risco de desenvolver graves doenças, que podem levar até à morte. Por isso, a discussão em torno de alternativas para acabar de vez com a fabricação de equipamentos com mercúrio vem, aos poucos, ganhando força. No ano passado, por exemplo, entidades ligadas às áreas de saúde e meio ambiente solicitaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a proibição do uso e da fabricação de termômetros de mercúrio no Brasil, além de proporem a criação de um programa de substituição desses equipamentos por outros não tóxicos. O documento entregue à agência reguladora citava considerações do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente favoráveis ao banimento do metal. No entanto, na época em que a carta foi entregue, a Anvisa informou que não havia tendência de suprimir, em âm38 • Combustíveis & Conveniência

bito nacional, produtos como os termômetros de mercúrio. Muitas cidades, por sua vez, estão começando a discutir a proibição da venda de termômetros com mercúrio em farmácias, hospitais e, inclusive, o seu uso em postos de combustíveis. O instrumento é utilizado nos postos para analisar a massa específica do produto, no ato de recebimento. Pelo procedimento, o responsável pela verificação deve inserir o termômetro em uma amostra do combustível, mantendo a coluna de mercúrio totalmente imersa. Em São Paulo, por exemplo, o Ministério Público do Trabalho (MPT) enviou uma notificação aos postos de combustíveis da capital sobre a substituição de equipamentos que utilizem mercúrio para a medição. De acordo com a procuradora do Trabalho, Alline Pedrosa Oishi Delena, uma das signatárias do documento, a notificação tem caráter recomendatório, mas, após o prazo citado no texto, será feita uma inspeção para verificar o cumprimento da medida, já que envolve a saúde do trabalhador. “Os que não tiverem atendido à recomendação serão chamados no Ministério Público do Trabalho para firmar Termo de Ajustamento de Conduta,

ou contra ele será ajuizada Ação Civil Pública”, informou a procuradora por email à Revista Combustíveis & Conveniência. Conveniência Pela notificação, os revendedores têm prazo de 90 dias, a partir do seu recebimento, para realizar a substituição dos equipamentos. Assim, para aqueles que estão localizados na cidade de São Paulo, o melhor caminho é substituir os equipamentos que utilizam mercúrio, para evitar problemas mais adiante. Para quem está em municípios onde a regulação sobre o tema ainda não chegou, fica a dica: troque, assim que possível, tais instrumentos para antecipar-se ao problema.

Fornecedores O mercado de equipamentos sem mercúrio em sua composição ainda está em expansão, mas os fornecedores já começam a se movimentar para oferecer tais produtos. Por enquanto, três empresas possuem autorização do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para fabricar e vender termômetros líquidos: Incoterm, Rivaterm e Hg Termômetros e Densímetros. Nos três casos, o Instituto aprovou a fabricação do


“tipo de termômetro líquido em vidro, para determinação da temperatura do álcool etílico (etanol) e suas misturas com água”. “Passamos por uma auditoria do MPT no ano passado e fomos orientados a descartar a produção de termômetros de mercúrio em função de seus consequentes danos ao meio ambiente”, explica Luiz Ricardo Riva, sócio-proprietário da Rivaterm. Segundo ele, a substituição de termômetros de mercúrio por outros líquidos não vai trazer significativas alterações na precisão da medição. A mudança atende exclusivamente às questões ambientais e de saúde. Entretanto, o empresário adverte que a produção de termômetros de mercúrio não foi totalmente descartada. Isto porque os instrumentos sem o metal ainda apresentam limitações no ponto de ebulição. Atualmente, estima-se que até 80% dos instrumentos com mercúrio ainda estejam disponíveis no mercado. Por isso, o revendedor deve ficar bem atento na hora de comprar um novo termômetro no mercado. Observe se o modelo a ser adquirido possui em sua composição mercúrio e peça outro equipamento, autorizado pelo Inmetro. De acordo com Riva, a tendência é que a produção de termômetros de mercúrio diminua ao longo do próximo ano, já que legislações proibindo o seu uso devem ser mais frequentes. Pelo menos, a Rivaterm caminha nesse sentido. A empresa firmou parceria com companhias estrangeiras (Índia e Alemanha) para pesquisar novos métodos para substituir o mercúrio na fabricação de termômetros. “Uma das possibilidades é o líquido gálio, que poderia responder bem em

medições de altas temperaturas”, comenta o empresário. A procuradora do Trabalho Alline Delena também concorda que a tendência é pelo descarte no uso de termômetros de mercúrio no país. “Já estamos em tratativas com o Inmetro para

alteração dos regulamentos técnicos metrológicos sobre o uso do mercúrio nos instrumentos de medição. Nosso objetivo é que a fabricação de termômetros deste tipo seja nacionalmente proibida”, afirma a procuradora.

O caso da cidade de São Paulo Os postos de combustíveis do município de São Paulo receberam no final do ano passado e início deste ano notificação recomendatória do Ministério Público do Trabalho (MPT), que orienta os revendedores no sentido de substituir os equipamentos que contenham mercúrio. O documento chama a atenção para o aumento considerável dos níveis de mercúrio no ambiente e seus respectivos riscos à natureza e às pessoas. A notificação, de caráter recomendatório inicialmente, é premonitória. Ou seja, o posto pode ser advertido quanto a possíveis responsabilidades por eventuais danos ou riscos de danos à saúde dos funcionários. Outro dado importante é que a notificação estabelece prazo de 90 dias, a contar da data de recebimento pelo revendedor, para o atendimento das recomendações. Após esse período, o MPT poderá fazer inspeção no estabelecimento para verificar o cumprimento das medidas. Caso não tenham sido atendidas, será firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), ou ajuizada uma Ação Civil Pública contra o revendedor. Entre as recomendações feitas pelo MPT estão a não utilização de aparelhos com mercúrio para qualquer fim, a não aquisição de instrumentos que contenham mercúrio em sua composição e o encaminhamento desses equipamentos para a reciclagem em empresa licenciada pelo órgão responsável e inscrita no Cadastro Técnico Federal do Ibama. O consultor jurídico da Fecombustíveis para a área trabalhista, Klaiston Soares D’ Miranda, recomenda que os postos troquem os termômetros o mais rápido possível, visando à garantia da saúde do trabalhador. “Se o equipamento, por mais simples que se apresente, pode num eventual acidente causar um dano à saúde ou ao físico, este deve ser eliminado do ambiente de trabalho, com substituição. Não sendo possível, a empresa deve criar normas de manipulação ou utilização de EPI’s para diminuir o risco”, explicou. Ele lembra ainda que esta é uma garantia para a própria empresa, uma vez que “qualquer acidente, por menor que se apresente, enseja indenização, já que no direito do trabalho impera o ‘dano objetivo’ (está trabalhando, sofreu acidente, a empresa deve indenizar!), ou seja, não se procura a culpa”, completa. Caso seja alvo de visita do MPT e ainda não tiver trocado os equipamentos, faça a substituição o mais rápido possível e comprove a mudança junto ao MPT. De qualquer forma, não assine qualquer TAC sem a presença de seu advogado. n Combustíveis & Conveniência • 39


44 NA PRÁTICA

Reduza suas despesas com energia elétrica Você já analisou atentamente sua fatura de energia elétrica? Caso a concessionária esteja cobrando um valor por energia reativa excedente, ou reativo excedente, fique atento. Isso é uma tarifa extra decorrente da má utilização de energia. A boa notícia é que o problema pode ser resolvido com alguns ajustes ou instalação de um banco de capacitores Por Rosemeire Guidoni

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9/9/2010, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e refere-se à energia reativa que é gerada por equipamentos mal dimensionados ou transformadores, entre outros. “A energia elétrica tem um componente que chamamos de energia ativa, que é a que gera trabalho, e é medida em KW/hora; e a reativa, que alimenta os campos magnéticos dos motores”, explicou Nélson Fonseca Leite, presidente da Associação Brasileira de Dis-

Raja R/Stock

O consumo de energia elétrica em um posto de combustíveis é bastante alto. A energia é necessária para o funcionamento de diversos equipamentos, como bombas, geladeiras, freezers e ar-condicionado (na loja de conveniência), além da iluminação propriamente dita. Em alguns casos, a manutenção inadequada destes equipamentos pode gerar um consumo ainda mais elevado, interferindo na rentabilidade. Existem diversas alternativas para reduzir as despesas com energia, que vão desde a instalação de sistemas que captam e utilizam energia solar, até a substituição de equipamentos antigos por versões mais modernas e mais econômicas (caso das geladeiras e freezers da loja de conveniência, por exemplo, ou de sistemas de iluminação convencional por leds). Mas o que boa parte dos empresários não sabe é que muitas vezes é possível reduzir esta despesa deixando de pagar uma multa cobrada pelas concessionárias de energia elétrica pelo mau uso do sistema. Você já analisou atentamente sua conta de energia? Quando

na fatura aparecem cobranças denominadas como DMCR, UFDR, UFER, Energia Reativa, Demanda Reativa ou Reativo Excedente, é sinal de que o consumidor está sendo penalizado pelo baixo fator de potência (veja Box). Vale destacar que o nome desta cobrança muda de acordo com a distribuidora de energia, mas todas elas taxam pelo uso da energia reativa. A cobrança é autorizada pela Resolução Normativa 414, de


tribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Embora não produza trabalho, a energia reativa é necessária para produzir o fluxo magnético para o funcionamento de equipamentos. Porém, como ocupa espaço no sistema (que poderia ser usado pela energia ativa), a Aneel estabeleceu que as concessionárias têm o direito de cobrar essa “ineficiência” dos consumidores. “Esta energia reativa pode ser gerada por blocos capacitores, o que elimina a sua cobrança”, afirmou Leite. Os capacitores armazenam a energia reativa e fornecem aos equipamentos essa energia necessária ao seu funcionamento. Para tanto, o presidente da Abradee orienta que o consumidor procure um engenheiro eletricista que possa calcular o fator de potência do estabelecimento que consome a energia, e dimensionar seu sistema. Corrigindo este fator de potência, o consumidor deve solicitar uma visita do técnico da concessionária, que irá instalar um equipamento para medir a energia reativa gerada naquele estabelecimento. Com a constatação de que a energia reativa não está mais sendo consumida, a

Para corrigir o fator de potência: a Dimensione corretamente motores e equipamentos; a Utilize e opere convenientemente os equipamentos; a Instale capacitores onde for necessário; a Procure o serviço de técnicos habilitados.

concessionária é obrigada a retirar a cobrança da fatura. Em geral, no prazo de três a cinco meses, o investimento com a instalação dos capacitores se paga, já que a conta é reduzida.

Adequação dos sistemas A instalação de blocos capacitores não é a única forma de adequar o seu consumo. Existem softwares que podem contribuir para isso, fazendo um diagnóstico da utilização de energia, apontando falhas e indicando ações para impedir a cobrança de multas. “Os softwares ajudam a manter um sistema eficiente, alertando para a necessidade de manutenções preventivas, adequando o cliente e seu perfil de consumo”, explicou Marcos Varella, da Cena, que oferece ao mercado o sistema Siscena, inclusive já em testes em uma rede de postos de combustíveis, além de vários outros clientes industriais e de diversos segmentos de varejo. Segundo Varella, além da instalação de capacitores, existem outras medidas que podem contribuir para o uso adequado de energia. “Redes de postos, por exemplo, podem unificar o consumo, alterando seu perfil e, com isso, reduzir a sua fatura”, exemplificou. Segundo ele, existem três classificações de consumidores de energia elétrica no Brasil. O Grupo B é formado por clientes que recebem energia em baixa tensão e não precisam contratar deman-

Causas do baixo fator de potência: a Motores superdimensionados para as respectivas cargas; aGrandes transformadores alimentando pequenas cargas por muito tempo; a Lâmpadas de descargas (de vapor de mercúrio ou fluorescente), sem correção individual do fator de potência; a Grande quantidade de motores de pequena potência.

das ou definir por enquadramento tarifário, somente podendo interferir no montante financeiro das faturas de energia, reduzindo o consumo de KW/hora de sua empresa. Já o Grupo A é constituído por clientes que têm uma flexibilidade na escolha da tarifa de energia e podem definir a contratação de uma demanda de consumo.

Combustíveis & Conveniência • 41


44 NA PRÁTICA Nestes casos, porém, o controle da fatura e os estudos se tornam mais complicados e necessitam de um acompanhamento mensal mais rigoroso. Por outro lado, se bem escolhida a tarifa, os custos do Kw/hora ficam bem abaixo da tarifa do Grupo B. E ainda existe o chamado Mercado Livre, onde o cliente pode escolher de quem vai comprar a energia, independentemente da distribuidora. A desvantagem é que existe risco

de contratar a tarifa a valor elevado e ter de esperar seis meses para retornar ao mercado cativo (concessionária), prazo mínimo de consumo necessário para viabilizar a contratação. “As indicações para saber qual o melhor enquadramento da empresa, bem como laudos de consumo que podem apontar falhas, podem ser feitas pelo software. O custo de bancos de capacitores, que são as peças

usadas para ajustar o fator de potência, não deve ultrapassar 10 vezes o valor da multa. Um software pode trazer excelentes resultados com um custo muito interessante”, destacou Varella. No caso da Cena, o software não tem custo de instalação, apenas a manutenção, de cerca de R$ 100 mensais, e inclui todos os relatórios e apoio técnico para a solução dos problemas apontados.

Stock

Fator de potência O fator de potência, que deve ser corrigido no caso de empresas que pagam taxas extras por conta do reativo excedente, é a relação entre energia ativa e reativa. Esta relação mostra se a Unidade Consumidora usa energia elétrica adequadamente ou não, pois relaciona o consumo eficiente da energia ativa e reativa de uma instalação elétrica, sendo um dos principais indicadores de eficiência energética. A relação está compreendida entre 0 (0%) e 1 (100%). Quanto mais próximo o fator estiver

42 • Combustíveis & Conveniência

de 1, menor será o consumo de energia reativa. Segundo a Resolução 456, a Aneel determinou que os consumidores tenham um fator de potência de, no mínimo, 0,92 (92%), ou seja, se o cliente tiver um fator de potência inferior a este valor deverá pagar multa, que é calculada da seguinte forma: multa = valor da conta de eletricidade x (0,92 / fator de potência - 1). Por exemplo, se o fator de potência apurado em um determinado mês por uma indústria for de 0,85 (85%), ela pagará 8,235% de multa sobre o valor da conta de eletricidade. n



44 REPORTAGEM DE CAPA

Visão de futuro Novidades em equipamentos, problemas com biodiesel, chegada do Arla-32 e do S10, tendências para conveniência, meio ambiente. Tudo isso esteve na agenda da Expopostos & Conveniência 2011. Além, é claro, de muitos negócios, troca de experiências e diversão Fotos: Paulo Pereira

Por Morgana Campos e Rosemeire Guidoni É extensa a agenda do revendedor para os próximos anos, em meio à chegada de novos produtos, mudanças no perfil do consumidor e interesse cada vez maior pelo setor de conveniência. E, se como recomendam os especialistas, a informação é a melhor arma para enfrentar adversidades e aproveitar oportunidades, a Expopostos & Conveniência 2011 forneceu um arsenal completo para quem compareceu ao Pavilhão Azul do Expo Center Norte, na capital 44 • Combustíveis & Conveniência

paulista, entre os dias 16 e 18 de agosto, com realização da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps), Fecombustíveis e Sindicom. Até a conclusão desta edição, os números da Feira ainda não estavam fechados, mas tudo indica que registrará novo recorde de público e negócios. O número de expositores, por exemplo, superou as edições anteriores. Foram 160 empresas, que ocuparam uma área de 10,5 mil m². “A nossa indústria de equipamentos e serviços para postos de combustíveis está à frente

em relação ao desenvolvimento tecnológico, pronta para atender uma matriz energética automotiva diversificada, renovável e sustentável”, destacou, durante a abertura do evento, Volnei Pereira, presidente da Abieps, entidade que completou 10 anos em agosto. Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, lembrou os difíceis momentos vividos pela revenda de combustíveis no primeiro semestre, quando postos em todo o país foram acusados de cartel e prática de preços abusivos, em decorrência da elevação do


ra

custo do etanol nas usinas. “O governo demorou muito a adotar as medidas necessárias e para vir a público dizer que o problema era a entressafra”, criticou. “Já sabemos que na próxima entressafra a situação será pior. O que queremos é que as autoridades tenham serenidade para falar com o consumidor, com os promotores do Ministério Público e informar o que realmente está acontecendo”, pediu. Ele citou a abertura de processos contra sindicatos em todo o país e a realização de audiências públicas no Congresso Nacional e nas assembleias locais. “A desinformação era tamanha que o próprio ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, disseram que iriam fiscalizar os postos e olhar os preços que praticávamos, sendo que basta entrar no site da ANP para ver meu preço de compra e de venda. Qual comércio nesse país trabalha com margens brutas de 14%?”, questionou. Para ilustrar o absurdo da situação, Paulo Miranda explicou que não há sequer um conceito fechado para o que pode ser considerado preço abusivo. “Uma portaria de 1940 dizia que preço abusivo era quando o comerciante praticava mais de 20% de margem líquida, o que seria o sonho de qualquer revendedor do país”, brincou.

Dirceu Amorelli, superintendente de Abastecimento da ANP, reconheceu que o impacto da alta de preços é sempre maior nos postos, que lidam diretamente com o consumidor. Para ele, o mais importante é que as ações tomadas pelo governo impediram que houvesse “um desabastecimento estrutural”. A crise, entretanto, teve um lado positivo para o mercado: a redução do etanol informal, já que o biocombustível perdeu a preferência do consumidor, que migrou para a gasolina. “Era um problema que incomodava muito o setor e acabava contribuindo para que os maus revendedores nos prejudicassem também na gasolina e no diesel”, afirmou Paulo Miranda. Segundo as estimativas do setor, antes da crise, cerca de 30% do etanol comercializado apresentavam algum problema de elisão fiscal, total ou parcial. “A arrecadação do meu estado, Minas Gerais, está batendo recordes. Representava R$ 1 bilhão por mês, com o ICMS do etanol. Agora foi para R$ 1,280 bilhão”, exemplificou. Alísio Vaz, presidente do Sindicom, chamou a atenção para as oportunidades que se apresentam ao setor, em meio à ampliação da frota de veículos e do poder aquisitivo da população. Ele lembrou que apenas 15% dos postos brasileiros possuem

lojas de conveniência, ante 50% na Argentina. “Hoje temos um consumidor com mais dinheiro e menos tempo – é o consumidor ideal para as nossas lojas de conveniência. Temos de responder com qualidade e bons serviços. A oportunidade perfeita está caindo no nosso colo e temos que aproveitar com unhas e dentes, mas isso exige investimento, treinamento e capital”, ressaltou.

O que há de novo? Entre produtos já tradicionais para a revenda e a presença institucional das distribuidoras, algumas novidades ocuparam posição de destaque na Feira. Foi o caso dos reservatórios específicos para armazenamento de Arla-32, produto que deve entrar no mercado a partir de janeiro e será utilizado em veículos com motor Euro 5. A Motorvac trouxe para a Feira embalagens de 200 litros e de 1.000 litros e informou que vai oferecer outras com capacidades diferentes. Também teve lançamento da Petropuro: um filtro automatizado e computadorizado de diesel, que deve contribuir para minimizar os problemas relacionados à qualidade do combustível. O equipamento, que tem vazão de 900 litros por minuto e painel de controle digital, pode ser ligado em até cinco Mesa de abertura do evento

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44 REPORTAGEM DE CAPA tanques simultaneamente. De acordo com a empresa, versões menores do filtro também estão sendo comercializadas. A Leone apresentou o cortador de filtros, que permite a separação da parte metálica e do elemento filtrante, tornando o descarte mais econômico, uma vez que diminui o volume do resíduo e contribui assim para a redução do custo de coleta. Entre as soluções sustentáveis para postos, as novidades foram muitas: os visitantes puderam conferir sistemas de captação e tratamento de água de chuva e de efluentes, para reutilização em lavagem de carros e limpeza em geral; máquinas para lavagem de automóveis que executam a limpeza com menos água; sistemas de iluminação mais econômicos (com lâmpadas do tipo led); além dos serviços de coleta e tratamento de embalagens e de resíduos. A Ceccato trouxe o Hidrus Tech, um equipamento que executa a limpeza

Bancos fabricados com “madeira plástica”, resultado da parceria entre Recap e Eco2Corp

de veículos com ou sem escova, além do polimento, e ainda está integrado com o sistema de gestão Wi-On, que registra dados como número de carros lavados por período, tipo de serviço executado, consumo de detergente, entre outros. E o relatório pode ser acessado por dispositivo móvel. Já a Metalsinter apresentou uma estação compacta para tratamento de água de chuva (TAC) e uma estação compacta para tratamento e reuso de efluentes (ECO), além da sua tradicional linha de filtros para diesel. A OPW mostrou o Laserjet, um sistema de lavagem de veículos totalmente automatizado, com jatos de alta pressão, que utiliza menos água e promete maior

NACS X Indústria de Cartões Não é só no Brasil que os comerciantes lutam contra as elevadas taxas cobradas pela indústria de cartões. Nos Estados Unidos, o setor de conveniência e postos pagou US$ 9 bilhões no ano passado somente em taxas. Detalhe: o lucro do setor no período foi de US$ 6,5 bilhões. “As duas companhias mais lucrativas no setor de conveniência são Visa e Mastercard”, alfinetou Hank Armour, presidente da NACS, a associação de postos e lojas de conveniência dos Estados Unidos. Lá, a situação começa a mudar, graças à forte atuação da entidade junto ao governo, que determinou, por exemplo, a redução pela metade das taxas praticadas nos cartões de débito e a possibilidade de cobrança de preços diferenciados. Para Hank, o setor precisa estar à frente das discussões que afetam sua atividade e isso vale também para as legislações restritivas envolvendo vendas de cigarros e de bebidas. “Se você não estiver na mesa negociando, estará no menu. Não podemos apenas reagir, temos que liderar a discussão, dialogar com o governo para evitar a adoção de políticas que não funcionam”, aconselhou. 46 • Combustíveis & Conveniência

agilidade na tarefa de lavagem. Outra empresa a investir em sistemas de tratamento de água foi a Zeppini-Ecoflex, que apresentou o Pluvi Business, que trata água de chuva para ser aproveitada em lavagem de autos e limpeza em geral. Ainda na área de meio ambiente, além da presença dos prestadores de serviços de coleta e destinação de resíduos, como a Supply Service, o Sindicom também apresentou seu programa Jogue Limpo, de logística reversa de embalagens de lubrificantes (veja mais na seção Meio Ambiente). O programa, por enquanto, atua apenas nas regiões Sul e Sudeste do país e é destinado somente à coleta de embalagens, enquanto que a Supply Service promove a coleta e destinação de todos os resíduos do posto. O Recap, sindicato que representa os revendedores de Campinas e Região, também mostrou na Feira um dos produtos fabricados a partir de embalagens usadas de lubrificantes. A entidade, que mantém um programa de coleta de embalagens, realizado por meio de uma parceria com a Eco2Corp (empresa que detém a tecnologia para transformar as embalagens usadas em uma nova matériaprima, denominada “madeira plástica”), instalou por toda a Feira bancos fabricados a partir


deste material. E o programa do Recap não se restringe somente às embalagens, já que a empresa coleta e destina todo o tipo de resíduo gerado no posto. Outro segmento que se destacou na Feira foram os sistemas de automação que integram todas as atividades do posto e loja de conveniência, dotados agora de softwares com recursos que atendem às novas exigências fiscais, como emissão de nota fiscal eletrônica, SPED Fiscal e SPED PIS e COFINS. Nesta área, algumas empresas se destacaram, como a Meta Posto, que oferece ao segmento um sistema composto por vários módulos que podem ser integrados; a LBC Sistemas, que além da linha de produtos voltada para a gestão centralizada de rede, apresentou os módulos voltados às obrigações fiscais e também ao controle de frotas; e a LZT Sistemas, que levou para o evento o AutoSystem Móbile (projetado para celulares, iPhones e iPads). Ainda na área de automação, a MTB apresentou o sistema WinGas Fire versão 2011, o módulo concentrador de bombas GBOX Multi e leitor de chip na bomba Touch & GO. A Posto Moura, por sua vez, trouxe um software de gestão para postos e lojas, que possui diversos módulos (RH,Compras, Financeiro, Fiscal, Retaguarda e PDV) e trabalha com praticamente todos os modelos de impressoras fiscais, gavetas e concentradores de bombas que existem no mercado. A Rezende Sistemas apresentou um sistema completo com datacenter próprio, que hospeda as bases dos clientes, centraliza redes e fornece resultados unificados online, além de permitir acesso

Vem aí o diesel de baixo teor de enxofre A partir de janeiro, os veículos novos, com motor Euro 5, estarão na rua e só poderão ser abastecidos com o diesel de baixo teor de enxofre (S50 no próximo ano e S10 a partir de 2013), além de terem que utilizar o Arla-32, uma espécie de fluido adicionado em tanque próprio. Os postos que quiserem ofertar o novo diesel precisarão de tanques e bombas segregados, redobrar o cuidado com drenagem e evitar qualquer contaminação. Por enquanto, cerca de 1,5 mil postos já manifestaram intenção de comercializar o novo produto, número considerado baixo pela ANP, que quer 3 mil postos ofertando o novo diesel no início do ano. “Precisamos saber agora quais são as localidades que a ANP considera preocupantes e, com os dados em mãos, Fecombustíveis, Sindicatos Filiados, Sindicom e ANP podem sentar e discutir soluções”, destacou Paulo Miranda Soares, durante o painel “Os desafios do Mercado de Diesel no Brasil”. “Estamos abertos para conversar, mas, ao mesmo tempo, não vamos deixar nenhum município do Brasil desabastecido”, afirmou o diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe. Ele pediu um esforço extra dos postos nesse segundo semestre, no sentido de se adaptar para oferecer o produto. Caso a ANP considere que alguma região ficará desabastecida do diesel de baixo teor, ela poderá determinar a comercialização obrigatória do combustível por todos os postos de determinada região. Para o mercado, falta ainda saber quanto custará o novo combustível e como ele irá se comportar quando estocado por longo tempo com o biodiesel. Isso porque a expectativa é de que a demanda inicial seja baixa e, entre as recomendações da ANP para impedir problemas de formação de borra relacionados ao biodiesel, está justamente evitar armazenar o produto por mais de 30 dias. Frederico Kremer, gerente de soluções comerciais da Petrobras, também manifestou preocupação em relação ao S10, altamente suscetível à contaminação. “É um produto que você espirra e sai da especificação”, brincou. Ele sugeriu, inclusive, que houvesse flexibilização da fiscalização nos postos em relação à quantidade de enxofre no produto, já assumindo a contaminação ao longo da cadeia logística. “Talvez não exigir 10 ppm e sim 20 ppm (partes por milhão), justamente por causa dessa dificuldade”, sugeriu. Hérica Gonçalves, vice-presidente da Abieps, recomendou aos revendedores analisarem suas instalações. “Vejam se tem algum ponto de oxidação, de corrosão, porque isso vai refletir na qualidade do produto final”, advertiu. Fábio Marcondes, do Sindicom, chamou atenção para o imenso desafio logístico de disponibilizar o novo diesel, que será transportado por caminhões (e não dutos, devido à demanda inicial baixa) e exigirá linhas e tanques segregados, exatamente num momento em que a capacidade ociosa das distribuidoras já foi ocupada pela antecipação das metas do biodiesel e pelo incremento no consumo. “Os novos veículos estarão em qualquer lugar, não apenas nas estradas, mas também em pequenas cidades e nas fazendas”, afirmou. “Mesmo assim, a gente aposta que o mercado vai tomar as decisões necessárias. Não acredito que uma resolução obrigando a comercialização irá resolver”, previu. Combustíveis & Conveniência • 47


44 REPORTAGEM DE CAPA também por celular. A RSP Technology mostrou a Plataforma S2, capaz de integrar vários sistemas eletrônicos que fazem o gerenciamento do posto. As distribuidoras igualmente marcaram presença no evento. A Ipiranga montou uma padaria na qual os visitantes puderam conhecer a linha de produtos de marca própria da am/pm. O estande, no entanto, causou estranheza em boa parte dos presentes, já que o acesso era limitado a convidados! A ALE, por sua vez, apresentou aos revendedores da bandeira suas novas parcerias, como Dotz, Cielo, Bardahl e Chevron. Na área de conveniência, o destaque ficou por conta da variedade de produtos para lojas. A Souza Cruz investiu na divulgação dos conceitos de sustentabilidade, enquanto marcas tradicionais, como a Casa do Pão de Queijo, estiveram presentes ao evento para reforçar os conceitos de parceria e divulgar suas opções de formato (licenciamento ou franquia). A Gourmand mostrou sua linha de produtos em sal, alimentos sem açúcar para diabéticos, cereais matinais, marshmallows e produtos orgânicos, entre outros, enquanto a Fini exibiu sua variedade de guloseimas tradicionais. A Charutaria Jambeiro também trouxe uma linha de produtos diferenciados para lojas, no segmento de tabacaria, enquanto Kibon e fabricantes de bebidas (como Heineken, Itaipava e Coca-Cola) mostraram toda sua linha de produtos. Na área de transporte de valores, o destaque ficou por conta da Brinks, que trouxe para o evento o CompuSafe, 48 • Combustíveis & Conveniência

um cofre automatizado dotado de leitor de maço de cédulas. Após o depósito de valores no cofre, o dinheiro passa a ser de responsabilidade da

Brinks e não mais do posto de combustíveis. Os valores são coletados com carro-forte, com frequência estipulada conforme a necessidade do cliente. n

Biodiesel na berlinda Os problemas de formação de borra em tanques e filtros envolvendo o biodiesel também foram tema da Expopostos & Conveniência 2011. “Nós, revendedores, estamos pagando a conta sozinhos. Entendo que a ANP não pode deixar de fiscalizar, mas é fato que o produto muda suas características ao longo do tempo. Queremos que o governo tenha serenidade para só avançar com a mistura depois que houver certeza de que se trata de um produto de qualidade”, afirmou Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, durante o Painel dedicado ao biodiesel. Vicente Pimenta, representante da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), também chamou atenção para a mudança das características do produto ao longo do tempo. “O produtor precisa que o biodiesel saia o mais rápido possível da usina e assim vai até chegar ao consumidor final. Se vocês estão reclamando do que acontece nos postos, eu estou travando uma cruzada particular em relação a algumas aplicações muito sensíveis, como as de stand-by - caso de geradores que somente são usados em caso de emergência. Após quatro, cinco meses parados, forma-se aquela borra e você não sabe se veio do posto”, explicou. Segundo sua percepção, quando o produto é comprado e rapidamente utilizado, os problemas são pequenos, o que não acontece quando fica estocado. E, se a recomendação for descartar o produto após 30 dias, qual destino deverá ser dado a este combustível? Para Pimenta, além de alterar a especificação do biodiesel puro, é necessário que a ANP defina uma especificação também para a mistura. De acordo com Cristiane Monteiro, da superintendência de Qualidade da ANP, a revisão da especificação da ANP deve sair até o final do ano. “Se dependesse da gente, teríamos feito essas revisões com mais agilidade, mas isso envolve interesses econômicos e questões políticas. Não é fácil. Do ponto de vista da qualidade, gostaríamos que nossa especificação fosse a mais restrita possível. Vocês não imaginam o quão difícil vai ser conseguir implementar as mudanças que estamos propondo, se é que vamos conseguir implementar tudo. Os produtores estão se movimentando e eles não só querem aumentar o percentual, como também não mudar a especificação”, advertiu. Segundo ela, a Agência recebeu uma “avalanche” de argumentos e documentos contrários à proposta. (Leia mais sobre o assunto nas páginas 32 a 35).


OPINIÃO 44 Felipe NomeGoidanich do articulista 4 consultor 4 Cargojurídico do articulista da Fecombustíveis

Da nova modalidade de empresa individual de responsabilidade limitada

irregular da empresa, Na data de 12 de julho foi publicada no Diário mas não só nestes caOficial da União a Lei nº 12.441, de 2011, que sos, costumeiramente acolhe a desconsideração criou a nova modalidade de empresa denomida personalidade jurídica da empresa para fins nada “empresa individual de responsabilidade de responsabilização integral dos sócios por limitada”. dívidas da empresa, de acordo com dispositivos De acordo com a nova lei, a empresa será previstos pelo Código Tributário Nacional, pela constituída por uma única pessoa titular da totaliConsolidação das Leis do Trabalho, Código de dade do capital social, devidamente integralizado, Defesa do Consumidor e pelo artigo 50 do atual que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior Código Civil. salário-mínimo vigente no país. Outrossim, é comum que empresas sejam O nome empresarial deverá ser formado pela constituídas por um sócio amplamente majoritário inclusão da expressão “EIRELI”, após a firma ou e um outro sócio minoritário, apenas para que a a denominação social. A pessoa que constituir empresa seja constituída na forma de responsaempresa individual de responsabilidade limitada bilidade limitada, o que, a somente poderá figurar partir da nova legislação, em uma única empresa não será mais necessádessa modalidade. Trata-se de uma possibilidade para rio se fazer, porque o Esse novo tipo de que os empresários individuais posempresário individual empresa também poderá sam diferenciar o seu patrimônio constituído na forma resultar da concentrapessoal do patrimônio da empresa, “EIRELI” terá os mesmos ção das quotas de outra pois, em regra, só responderá com direitos e deveres. modalidade societária seu patrimônio pessoal por dívidas da Importante frisar que num único sócio, inempresa até o limite do capital social a nova regra só entrará dependentemente das em vigência a partir de razões que motivaram 180 dias contados após 12 tal concentração. de julho de 2011. Neste Aplicam-se à empresa período, o Departamento Nacional do Registro do individual de responsabilidade limitada, no que Comércio, que estabelece as regras para o setor, couber, as regras previstas para as sociedades ainda terá de regulamentar os procedimentos limitadas. relacionados ao novo tipo empresarial para que Trata-se de uma possibilidade para que os as Juntas Comerciais dos estados estejam aptas a empresários individuais possam diferenciar o seu registrar a constituição e a chamada transformapatrimônio pessoal do patrimônio da empresa, ção em que uma sociedade altera sua natureza, pois, em regra, só responderá com seu patrimônio de anônima para limitada, por exemplo, ou, no pessoal por dívidas da empresa até o limite do caso da nova lei, de limitada ou anônima para capital social. Diz-se em regra, pois a jurispruempresa individual. dência, especialmente nos casos de dissolução

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44 MEIO AMBIENTE

Não basta adequar, tem que treinar! Quando o licenciamento ambiental tornou-se obrigatório para os postos revendedores, muitos empresários do setor consideraram que sua maior dificuldade seria adequar as instalações. Porém, para garantir a proteção ambiental, é necessário ir além, investindo principalmente na capacitação da equipe que ficará responsável pelas atividades de manutenção e pela operação do posto Por Rosemeire Guidoni Mais de uma década após a edição da Resolução 273 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), boa parte dos estabelecimentos que possuem tanques subterrâneos de combustíveis já começou os procedimentos para licenciamento ambiental. Em algumas localidades, especialmente nos centros urbanos das regiões Sul e Sudeste do país, a maior parte dos estabelecimentos, inclusive,

já está licenciada e com as instalações totalmente adequadas, segundo as determinações do Conama. Após os investimentos em equipamentos de proteção, sistemas de contenção e de monitoração de vazamentos, entre outros, certamente o risco potencial de acidentes com contaminação ambiental se reduziu. No entanto, a responsabilidade do empresário não terminou aí. “É importante que, além da infraestrutura física, o empresário tenha consciência de que é neClaudio Ferreira/Somafoto

cessário ir além para minimizar os riscos. Mesmo com todos os equipamentos em conformidade com as exigências do Conama, a operação inadequada pode gerar acidentes com contaminação do solo, por exemplo”, observou o engenheiro Marcelo Caricol, da Ecomax Ambiental. E não são poucos os riscos: no momento da descarga do produto, na hora do abastecimento, na lavagem de veículos, na troca de óleo, no correto armazenamento de resíduos. “É essencial que o empresário tenha conhecimento de todos os riscos e invista no treinamento da sua equipe. O risco pode existir nas ações do dia a dia. Um procedimento incorreto pode gerar um vazamento, que talvez não seja detectado de imediato. E, se isso ocorrer, quando o problema for identificado, já pode ter tomado proporções tão grandes que o custo e o tempo necessário para correção serão muito elevados”, ressaltou. Por este motivo, os funcionários devem estar atentos ao

Risco de contaminação pode existir nas ações do dia a dia, como no momento da descarga do produto ou na lavagem de veículos 50 • Combustíveis & Conveniência


Funcionários devem estar atentos aos procedimentos de segurança na hora de descarga de produtos e não apenas aos testes relacionados à qualidade dos combustíveis

Sindicombustíveis-PR

abastecimento, aos procedimentos de segurança na hora de descarga de produtos (e não apenas aos testes relacionados à qualidade dos combustíveis), à manutenção adequada dos equipamentos e até ao seu funcionamento. “Por exemplo, de nada adianta o revendedor investir em um sistema sofisticado para monitoramento de vazamentos, se seus funcionários não souberem operá-lo de forma correta. Há casos em que o sensor é desligado indevidamente”, disse Caricol. “Em outras situações, frentistas mal treinados podem deixar que ocorra um pequeno vazamento na hora de abastecer, e não adotar imediatamente os

procedimentos de contenção. Este pequeno vazamento pode gerar um acidente maior, até mesmo uma explosão”, ilustrou.

Normas, manuais e treinamento A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece os procedimentos de operação e manutenção de postos (normas 15594-1 e 15594-3,

respectivamente). Tais normas, porém, não têm força de lei e são apenas uma padronização dos procedimentos de segurança, incorporando as práticas que deveriam ser comuns à revenda. Na verdade, todo revendedor deveria conhecer as normas e tratá-las como um verdadeiro check list das ações e práticas do posto. A preocupação com o esclarecimento do setor é comum às

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44 MEIO AMBIENTE várias entidades que atuam no segmento. Por conta disso, inclusive, a Fecombustíveis disponibilizou em sua página na internet o Manual de Operações em Postos de Serviços (http://www.fecombustiveis.org.br/ manual-de-operacoes-seguras-eambientalmente-adequadas-empostos-de-servicos.html), elaborado em conjunto com o Sindicom e o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). O material detalha todas as práticas necessárias aos estabelecimentos que lidam com produtos potencialmente perigosos. De acordo com Antônio Nóbrega, gerente de meio ambiente do Sindicom, a opção pelo formato on-line do material deve-se à necessidade constante de atualização. “Pretendemos atualizar o material conforme o surgimento de novas legislações para o setor e, por isso, o meio virtual nos permite maior agilidade”, disse. De acordo com Nóbrega, em breve deve estar no ar um novo módulo do manual, destinado exclusivamente ao treinamento. Para o diretor de meio ambiente da Fecombustíveis, João

imagem e o próprio desgaste) será muito maior”, ponderou. Atentos a isso, alguns sindicatos de revendedores já promovem cursos voltados à capacitação de mão de obra. “Atualmente, o treinamento tem de abranger muito mais do que bom atendimento. Hoje, atender bem é necessário. Mas, além disso, é fundamental saber lidar adequadamente com os equipamentos do posto, conhecer os detalhes de cada veículo para orientar melhor o consumidor em procedimentos de rotina, como troca de óleo, por exemplo, e saber como lidar em situações de emergência”, afirmou o consultor Marcelo Borja, especializado em treinamentos direcionados a empresários e funcionários de postos de combustíveis, que ministra cursos periódicos para associados do Recap (sindicato de postos de Campinas e região, em São Paulo).

Batista Cursino de Moura, o treinamento é determinante para o sucesso dos empreendimentos. “Todo revendedor deve ter a preocupação de qualificar sua equipe. Ninguém consegue estar no estabelecimento o tempo todo e, em sua ausência, os funcionários devem saber lidar com as situações de risco. Isso sem contar a necessidade de conhecer o funcionamento adequado dos equipamentos e adotar práticas seguras no dia a dia. Quem não treinar sua equipe vai ficar fora do mercado”, advertiu. O alerta é importante para o setor, já que muitos empresários abrem mão da segurança quando deixam de investir na qualificação de sua equipe. “Uma das grandes dificuldades do treinamento é a alta rotatividade de funcionários que existe no setor, o que desmotiva os empresários”, explicou Caricol. “Porém, isso não deve ser motivo para deixar de capacitar a equipe. São os funcionários que ficam na linha de frente do negócio e, se houver qualquer acidente, o custo (financeiro, de

Atendimento a emergências

Claudio Ferreira/Somafoto

Em algumas cidades, é obrigatório ter uma equipe de pronto atendimento a emergências, a chamada EPAE. Nestes casos, o revendedor costuma contratar uma empresa e pagar uma mensalidade, para garantir o pronto atendimento. As distribuidoras de combustíveis também contam com o trabalho destas equipes, enviadas aos postos da bandeira quando ocorrem acidentes. Porém, mesmo que o posto conte com este serviço terceirizado, ou tenha a segurança de que sua bandeira dispõe de tal equipe

Frentistas mal treinados podem deixar ocorrer um pequeno vazamento na hora de abastecer e não adotar imediatamente os procedimentos de contenção 52 • Combustíveis & Conveniência


treinada, é sempre quem está no local do acidente que deve tomar as primeiras providências. “Os funcionários precisam saber como agir no caso de um derrame de combustíveis, por exemplo. Existem situações que podem ser facilmente controladas se o vazamento for contido no início

e as primeiras providências (isolamento da área, uso de produtos para absorção do combustível etc.) forem rapidamente tomadas pela equipe que está no local. Porém, nem sempre isso acontece, por despreparo”, afirmou Caricol. Segundo o engenheiro, existem riscos diferentes, que podem gerar

acidentes de magnitudes diversas. O descarte inadequado de água contaminada representa um risco ambiental, mas é diferente de uma possível explosão no posto, por exemplo. “Para cada caso existem procedimentos preventivos específicos, e a equipe deve estar preparada para agir adequadamente”.

Gerenciamento de áreas contaminadas e coleta de resíduos Durante a edição 2011 da Expopostos, o engenheiro Maurício Prado Alves, membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviço (Abieps), e Antônio Nóbrega, do Sindicom, debateram as legislações de cunho ambiental que afetam os estabelecimentos que têm tanques subterrâneos de armazenamento de combustíveis. Maurício Prado abordou detalhes da Lei de Crimes Ambientais, discorreu sobre a Resolução 273 do Conama, lembrando que ela tornou obrigatórias as normas técnicas que tratam da localização, construção, instalação e modificação dos estabelecimentos. “Norma não tem força de lei, mas, no caso da Resolução 273, as normas que tratam destes aspectos relacionados a postos de combustíveis se tornaram de cumprimento obrigatório”, frisou. Prado também falou sobre o gerenciamento de áreas contaminadas, obrigatório em São Paulo, e que, entre outros aspectos, exige o registro em cartório da situação do imóvel. Ou seja, no caso dos postos, aqueles que estão em situação de investigação de danos ambientais, ou em monitoramento, ou ainda em reabilitação, por exemplo, devem ter isso registrado na escritura do imóvel. O engenheiro alertou que estes registros deverão, no futuro, fazer parte de um banco de dados nacional. Sobre os procedimentos relativos a áreas contaminadas, ele explicou que existem várias etapas que devem ser cumpridas e que os revendedores devem estar alerta e cobrar isso do prestador de serviços ambientais

contratados. “É necessário fazer investigação preliminar, depois confirmatória, análise de riscos e remediação. Não basta qualificar a área (ou seja, dizer que há contaminação), tem de quantificar. O revendedor pode ficar sujeito a problemas maiores no futuro, se o dano não for dimensionado adequadamente no início”, destacou. Nóbrega completou a apresentação demonstrando os detalhes do programa Jogue Limpo, do Sindicom, que promove a coleta de embalagens usadas de lubrificantes. Ele lembrou a necessidade de destinação correta dos resíduos e a co-responsabilidade dos postos de combustíveis. “Os postos não são obrigados a entregar as embalagens para o programa do Sindicom, podem utilizar outros prestadores deste tipo de serviço. No entanto, neste caso, o posto assume a responsabilidade pelo correto descarte do resíduo”, lembrou. O programa, que começou há cinco anos no Rio Grande do Sul, já está avançando para outras localidades do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina), mas ainda conta com baixa adesão da revenda. “Estamos há cinco anos no Rio Grande do Sul e não conseguimos recolher mais de 20% das embalagens utilizadas nos postos”, disse. “A coleta do Sindicom é gratuita, e os resíduos são descartados de forma totalmente segura”, ressaltou. Vale destacar que aqueles que optam por serviços de terceiros, ou por ações de coleta e descarte em parceria com seu sindicato, devem exigir do agente que coleta os resíduos um certificado de destinação de todos os materiais.n Combustíveis & Conveniência • 53


44 CONVENIÊNCIA

Quem é o seu consumidor? Por Rosemeire Guidoni Você conhece o perfil do público que frequenta e consome em sua loja? Saber quem é este consumidor é a melhor forma de garantir o sucesso do empreendimento, antecipando-se às suas necessidades e garantindo a oferta de produtos de acordo com os seus interesses. Além disso, ao conhecer melhor o que motiva as decisões de compra destes clientes, é possível investir em meios de comunicação mais eficientes e aproveitar outras oportunidades para alavancar a rentabilidade do negócio. Pensando nisso, a Souza Cruz promoveu um amplo levantamento entre consumidores de lojas de conveniência. “O objetivo foi traçar o perfil dos consumidores deste canal e mostrar como os empresários podem investir no negócio para ampliar suas vendas”, destacou Fernando Alves, key account da empresa, durante sua palestra na Expopostos & Conveniência 2011. Segundo ele, embora os itens de tabacaria rendam margens reduzidas (em torno de 8%), são importantes geradores de tráfego. “Nossa pesquisa identificou que 57% dos frequentadores de lojas de conveniência são fumantes, e que estas pessoas visitam a loja em média duas vezes na semana, para comprar cigarros. Então, mesmo que o cigarro tenha uma margem baixa, a visita do cliente 54 • Combustíveis & Conveniência

representa oportunidades de venda de outros itens, pois ele pode consumir muito mais do que apenas o cigarro”, explicou. Alves ressaltou que os consumidores que participaram da pesquisa mencionaram ter intenção de gastar, em média, R$ 9,19. “Ou seja, mesmo se dirigindo à loja com a intenção de comprar cigarros, a pessoa está aberta à oferta de outros itens, o que pode elevar o ticket médio”, observou. Dentre os itens mais consumidos pelos clientes que entraram na loja com intenção de comprar cigarros aparecem produtos de bomboniere (balas, chicletes, chocolates), com 17%, e bebidas não-alcoólicas geladas, com 12%. A pesquisa mostrou ainda que 44% dos entrevistados levaram algum produto que não tinham a intenção de comprar. Outro aspecto interessante é que boa parte dos clientes escutados (42%) tem a loja de conveniência como principal local de compra de cigarros. Este resultado era esperado pela Souza Cruz, já que a pesquisa foi feita justamente entre os consumidores de lojas de conveniência, no próprio ambiente das lojas. No entanto, o dado que chama a atenção é que 16% destes consumidores já citam as padarias como locais de compra de cigarros. “Em uma pesquisa realizada em 2008, as padarias eram mencionadas por apenas 8% dos entrevistados. Em 2011, este índice dobrou, o

Fotos: Stock

Pesquisa indica que o número de mulheres que frequenta lojas de conveniência vem aumentando, que o nível de escolaridade deste consumidor é elevado e que a grande maioria pertence às classes A/B

que demonstra que o consumidor está diversificando seus canais de compra. E hoje, especialmente nos grandes centros, as padarias já têm uma grande oferta de produtos de conveniência. Ou seja, muito mais do que bares, lanchonetes e supermercados, as padarias estão se transformando em um concorrente importante”, destacou Alves. A pesquisa foi realizada nas capitais São Paulo (SP), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Bahia (BA), com 1.400 fumantes. Do total de pessoas que participaram do levantamento, 57%


Stock

4 Mais mulheres consomem na conveniência

queda, de 22%, em 2008, para 17%, em 2011. “Isso demonstra que, apesar do crescimento da classe C, o perfil do cliente de conveniência ainda é diferenciado, é um cliente premium”, disse Alves. O nível de escolaridade também é alto, segundo a pesquisa. Mais de 80% dos entrevistados têm pelo menos o ensino médio completo.

4 Hábitos de consumo

Embora o levantamento tenha apontado que a maior parte dos fumantes é do sexo masculino (67%), a comparação entre os resultados de uma versão anterior da pesquisa, realizada em 2008, mostrou uma presença maior de mulheres na loja. Há três anos, a presença feminina respondia por 29%; em 2011 este índice saltou para 33%. Isso reflete o que já pode ser constatado na prática: mais mulheres estão no mercado de trabalho, com menos tempo para compras em outros canais. Por isso, aproveite as oportunidades de venda de produtos direcionados ao público feminino.

4 Clientes A/B e com maior escolaridade predominam Na comparação com 2008, o levantamento mostrou que mais clientes enquadrados no padrão A de consumo frequentam as lojas de conveniência (em 2008, 22% pertenciam a esta classe, e em 2011 são 29%). Por outro lado, houve ligeira queda na classe B, que passou de 56%, em 2008 para 53%, em 2011. As classes C/D, classificadas conjuntamente na pesquisa, também mostraram

A pesquisa mostrou também que 63% dos consumidores têm veículo próprio (carro ou moto). Ou seja, nada menos que 37% dos consumidores do canal não vão à loja por conta do posto ou do combustível. O principal fator de escolha é a localização geográfica (43%), tanto para quem possui quanto para quem não tem carro. 58% chegam à loja de carro, 29% a pé, 5% de moto, 1% de bicicleta e 7% de ônibus. Surpreendentemente, a importância do atendimento foi reduzida: em 2008, 23% das pessoas citavam o atendimento como razão para frequentar a loja. Em 2011, apenas 17% mencionam esse item como fator relevante. O preço também não é determinante. Apenas 7% das pessoas citaram o fator preço como motivo de escolha do segmento. “O cliente sabe que está pagando um pouco mais caro pelo conforto e conveniência”, analisou Alves. O levantamento apontou ainda que 54% dos consumidores de conveniência abastecem no posto, em média, uma vez por semana. 33% escolhem a loja também por causa do posto e 13% frequentam a loja esporadicamente, mas são de fato clientes

do posto. Ou seja, estes 13% têm grande potencial para se tornar clientes habituais da loja. Vale destacar que, considerando apenas a loja, 68% dos clientes afirmam serem fiéis, e 32% consomem em outras lojas de conveniência, o que representa mais uma oportunidade de conquistar uma nova fatia de clientes.

4 Tempo dentro da loja Stock

eram fumantes, sendo 67% do sexo masculino e 43% na faixa etária de 18 a 30 anos. Confira a seguir os principais dados do levantamento.

Na média, o consumidor permanece apenas 4,62 minutos dentro da loja. A maior parte das pessoas (76%) fica entre 2 e 9 minutos no local, e apenas 1% fica de 21 a 30 minutos. Isso demonstra que o cliente ainda vê a conveniência como um varejo de passagem, e não para consumo no local e, de certa forma, demonstra que poucas pessoas destinam maior tempo para o consumo de alimentos mais elaborados dentro da loja. As razões podem ir desde a pequena oferta deste tipo de item até a ausência de um local adequado e confortável para consumo.

4 Variedade e bom sortimento de produtos Os itens mais consumidos nas lojas de conveniência, pela ordem de preferência, são: bomboniere (41%), bebidas não-alcoólicas geladas (19%), cigarros (12%) e salgados, como pão de queijo, coxinha e outros (10%). Combustíveis & Conveniência • 55


44 CONVENIÊNCIA Dentre os consumidores de cigarros, 99% afirmam serem fiéis à marca. “Isso mostra a importância de ter um bom sortimento de produtos. Se o empresário deixa de ter alguma marca, corre grande risco de o consumidor ir adquiri-la em outro ponto de varejo, deixando também de comprar outros itens na loja”, alertou Alves. A pesquisa, aliás, revelou que 8% dos entrevistados sentem falta de variedade de produtos nas lojas de conveniência. “O food service é o segmento que tem maiores oportunidades para isso”, disse.

4 Satisfação do consumidor 41% dos consumidores informaram estar satisfeitos com a loja de conveniência que frequentam, enquanto 15% querem preços mais baixos. Além disso, 96% dos entrevistados mencionaram que o vendedor/atendente da loja não influenciou no momento de compra. “Isso comprova que falta treinamento para os funcionários. Uma abordagem bem feita pode render mais oportunidades para a loja e fazer com que o cliente

saia mais satisfeito”, afirmou o palestrante. Em relação às promoções na loja e propagandas de produtos, apenas 16% dos entrevistados lembraram, no momento da pesquisa, de uma propaganda. A principal razão disso é o excesso de material de comunicação na maior parte das lojas. “Existem vários pontos na loja que podem ser utilizados para propaganda e promover uma comunicação mais efetiva para o cliente. Mas o excesso mais prejudica do que contribui para isso”.

De olho nos Estados Unidos Se o mundo costuma acompanhar o que acontece nos Estados Unidos em busca de tendências, as notícias não poderiam ser mais animadoras para o setor de conveniência. Apesar da recessão que atingiu o país, o segmento registrou entre 2008 e 2010 os três anos mais lucrativos de sua história, com ganhos de US$ 6,5 bilhões só no ano passado. “Uma das razões por trás dessa boa performance foi que nos tornamos parte do dia a dia das pessoas”, explicou Hank Armour, presidente da NACS, a associação de postos e lojas de conveniência dos Estados Unidos. Para se ter uma ideia, o setor é responsável por 166 milhões de transações por dia. Em sua palestra de abertura durante a Expopostos & Conveniência 2011, Hank lembrou que o mercado norte-americano passou por grandes transformações nos últimos 15 anos, saindo de uma forte dependência das vendas de combustíveis para um foco cada vez maior na conveniência. “Suspeito que o Brasil está na mesma transição”, avisou. Segundo ele, o consumidor cada vez menos enxerga diferença entre os combustíveis das diversas companhias, pautando sua escolha com base apenas no preço. Com isso, o preço médio diminuiu: em 2010 foi de US$ 0,71 por litro, ante US$ 0,84 em 2008.

56 • Combustíveis & Conveniência

Entre as categorias que ganharam mais espaço na preferência do consumidor norteamericano, estão o food service e a denominada refreshment, que engloba cervejas, bebidas geladas (refrigerantes, energéticos etc.) em latas ou garrafas ou aquelas vendidas fracionadas (em dispenseres). O tabaco, por sua vez, apesar de ter perdido espaço nos últimos anos, em 2010 voltou a liderar as vendas. Outra categoria que ganhou destaque, apesar de não apresentar boa performance antes da crise, foi a de bomboniere. “Uma barra de chocolate, por exemplo, não custa caro e representa uma espécie de recompensa, num momento em que as pessoas gastam menos, porque estão com medo de perder seus empregos”, destacou. O presidente da NACS também comentou a concorrência dos supermercados. “É uma relação simbiótica, complementar. As pessoas vão uma ou duas vezes aos hipermercados fazer grandes compras, mas precisam ir a lojas de conveniência para adquirir os artigos do dia a dia. Ele vai ao Carrefour em busca de preço e na loja, de conveniência. E entende que são propostas de valor diferentes”, afirmou. (Morgana Campos) n


OPINIÃO 44 Flavio Franceschetti 4 Consultor do Sindicom

A conveniência segundo Hank Armour 3 - Proporcionar aos Ainda criança, Hank já trabalhava duro na emconsumidores o auto checkpresa de distribuição e transporte de combustíveis da out para pagamento. Isto sua família, lavando caminhões, abastecendo carros os deixará à vontade dentro e vendendo pneus. Em pouco tempo, Hank passou da loja para garimparem a ser o responsável pela rede de postos de serviços produtos; e supervisor de toda a logística de abastecimento da 4 - Cigarros e bebidas empresa. Mostrando uma rara habilidade para negociar alcoólicas. Saber administrar as crescentes restrições contratos e tratar de assuntos com o governo, Hank, em governamentais à venda dessas duas importantes 1977, assume a posição de vice-presidente e CEO da categorias das lojas, articulando para evitar a casArmour Oil Company. sação das nossas permissões; Ainda em sua bem sucedida carreira como empre5 - Cresce no varejo a demanda por canais de endedor, em 1980, Hank fundou a Armour Oil com a menores formatos. É a hora da conveniência! As Standard Oil Co. de Ohio. Em 1983 funda a West Star lojas menores estão conquistando a preferência Corporation, onde se dedica à implantação de uma rede dos consumidores. Famílias são menores, todos da com 59 lojas de conveniência, que logo se transforma na casa trabalham e cresce a renda. Todos buscam área de negócios predileta do jovem Hank. Finalmente, conveniência e praticidade; em setembro de 2004, é escolhido para suceder o len6-Competiçãoentreoscanais dário Kerley Le-Boeuf como do varejo. Na hora de comprar, os CEO e presidente da NACS Cresce no varejo a demanda por caconsumidores, crescentemente, (Associação Americana de nais de menores formatos. É a hora da requerem mais conveniência e Lojas de Conveniência), a conveniência! As lojas menores estão praticidade; poderosa entidade que reúne 7 - Especialmente nos mer145 mil lojas nos Estados conquistando a preferência dos consucados emergentes, a transição do Unidos e é líder do canal midores. Famílias são menores, todos responsável pelo faturamento da casa trabalham e cresce a renda. To- varejo tradicional para o moderno forte demanda por melhores US$ 545 bilhões, um dos dos buscam conveniência e praticidade cria práticas de gestão; três maiores do gigantesco 8 - A qualidade dos funmercado norte-americano. cionários faz a diferença básica entre uma boa loja e a No seu discurso de abertura da Expopostos & loja excelente! Conveniência 2011, Hank deixou importantes mensaFinalmente, o que devemos esperar da convenigens colhidas ao longo desta bem sucedida trajetória ência no futuro: como empreendedor e, posteriormente, líder da maior a A procura pela conveniência será crescente e associação de lojas de conveniência e postos de comem todo lugar; bustíveis do mundo, para uma atenta platéia de 400 a Será parte integrante do dia a dia dos consurevendedores e executivos do canal. midores; Alguns dirão que Hank Armour desconhece as a A grande batalha: atender a todos satisfatoespecificidades do mercado brasileiro, portanto, suas riamente; recomendações carecem da cor local. Ledo engano. a Food service & bebidas não-alcoólicas. Presente Segundo preconiza, poucas coisas são regionais e sim, e futuro nas duas categorias; que vivemos num mundo de convergência global. a A tabacaria irá reduzir as vendas e bebidas Para ele, são oito os pontos de convergências alcoólicas continuarão vulneráveis; globais da conveniência: a A indústria da conveniência deverá liderar o 1 - A conveniência é destino principal para os diálogo com as autoridades; consumidores se reidratarem. É necessidade básica a “Se não nos sentarmos à mesa... acabaremos aos consumidores contemporâneos em constante virando o menu!”; mobilidade, é a parada para “saciar” a sede; a A nossa força está no nosso relacionamento 2 - Os alimentos, preferencialmente, devem com os consumidores; ser preparados ou terminados na loja para transa Fazer parte da comunidade e não apenas mitir aos consumidores a aparência de “frescos”, fazermos negócios nela. recém-preparados;

Combustíveis & Conveniência • 57


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS

Com punições cada vez mais severas para não-conformidades nos combustíveis, mesmo quando não causadas pelos postos, é cada vez mais imprescindível a coleta e o armazenamento adequados da amostra-testemunha. Em muitos casos, será a única prova da inocência do posto. Por que guardar amostras-testemunha? As sanções por não-conformidades são baseadas na totalidade das características de especificação, inclusive sobre aquelas que não fazem parte dos ensaios atribuídos ao revendedor. O acusado pode pedir para submeter as amostras-testemunha aos ensaios para mostrar que a eventual não-conformidade não se deu no posto, mas sim em algum ponto anterior da cadeia de distribuição ou mesmo na produção. Como deve ser feita a coleta? A amostra-testemunha deve ser coletada de todos os compartimentos do caminhão, acondicionada em frasco de vidro escuro, com volume de 1 litro, fechada com batoque e tampa plástica (Resolução ANP 09/07) e guardada dentro do envelope de segurança fornecido pela distribuidora. Consta na Resolução 09 que a ANP vai aceitar as amostras dos dois últimos recebimentos do produto, mas é recomendável que o revendedor guarde pelo menos amostras dos quatro ou cinco últimos recebimentos, pois existem contaminações ou não-conformidades que podem ser identificadas mesmo depois de várias cargas. Há não-conformidades que são resolvidas de forma fácil: uma ou duas diluições com produtos especificados e todo o volume já está enquadrado, como pequenas variações na massa específica, percentual de etanol na gasolina, teor alcoólico no etanol, coloração e turbidez. Porém, existem casos em que são necessárias grandes diluições ou até mesmo a limpeza do tanque, dependendo da proporção do contaminante. Metanol em etanol e marcador na gasolina, por exemplo, são quase impregnantes. Por isso, vale a pena guardar mais amostras. No caso de uma eventual fiscalização, é importante manter as últimas quatro ou cinco amostras de cada tanque fiscalizado, até que o processo seja concluído. Qual a forma correta de armazenamento? Depois de coletadas e armazenadas conforme estabelecido pela Resolução 58 • Combustíveis & Conveniência

09, cada frasco (e também os lacres, quando for entrega) deve ser guardado dentro do envelope de segurança, cujo envio pela distribuidora que está fornecendo o produto é obrigatório. O envelope de segurança deve ser preenchido com as informações solicitadas no mesmo, sendo imprescindíveis as assinaturas dos responsáveis por ambas as partes envolvidas, distribuidora e revendedor. Vale destacar que, quando a entrega for responsabilidade da distribuidora, a amostra deve ser coletada e inserida no envelope de segurança ainda com o motorista presente, pois ele deverá assinar o envelope pelo fornecedor. Caso o produto seja retirado pelo revendedor, o ato da coleta e assinatura do envelope é feito ainda na distribuidora, só que, neste caso, o motorista assina como responsável pela parte que cabe ao revendedor. Quanto às condições de armazenamento, se houver no posto um ambiente continuamente climatizado, aproveite para deixá-las refrigeradas. Caso contrário, as amostras podem permanecer sob a temperatura ambiente, em local arejado, sem incidência direta de luz e não próximas a fontes de calor. O batoque bem colocado serve para não permitir perda de gases. No caso do diesel, existe risco de formação de depósitos nas amostras, por conta das características do biodiesel? A estabilidade das características físico-químicas da amostra-testemunha deve ser maior do que a de um produto armazenado em um tanque de combustível, pois o tanque está sujeito a inúmeras variáveis como umidade, temperatura, pressão, provenientes de aberturas e fechamentos, entrada e saída de produtos, entre outras coisas, enquanto a amostra-testemunha está sempre fechada, preservada em ambiente adequado. De qualquer forma, não há regras explicitadas pela ANP ou outros órgãos que atuam como parceiros nas ações de fiscalização quanto à validade das amostras-testemunha. Sendo assim, devem ser guardadas o maior tempo possível. *Respostas fornecidas por Pierre F. Zanovelo, químico-gerente de Qualidade do Laboratório Vulcano, especializado em controle de qualidade, treinamentos e assessoria técnica em processos.

LIVRO 33

Título: Guia politicamente incorreto da América Latina Autores: Leandro Narloch e Duda Teixeira Editora: LeYa Brasil O que Che Guevara, Juan e Evita Perón, Simón Bolívar, Salvador Allende, Pancho Villa, os incas, os astecas, os maias e os rebeldes negros que protagonizaram a Revolução do Haiti têm em comum? Eles são os principais alvos do novo livro de Leandro Narloch, que se aliou ao repórter Duda Teixeira, para elaborar o Guia politicamente incorreto da América Latina. O livro ataca figuras sagradas da América Latina e desconstrói velhos discursos que marcam a história do continente. Os dois autores mostram que boa parte dos povos indígenas, tanto nos Andes quanto no México, comemorou a chegada dos conquistadores espanhóis e a vitória deles sobre os imperadores nativos. O maior destaque do livro foi reservado a líderes socialistas tão admirados hoje em dia, como Che Guevara, Fidel Castro e Salvador Allende. Os autores exploram uma grande contradição envolvendo o guerrilheiro argentino e seus fãs. O livro descreve as execuções sem julgamento promovidas pelo guerrilheiro em Cuba, a perseguição a jovens roqueiros, hippies e gays, a vontade de Che de começar uma guerra nuclear e suas trapalhadas econômicas que tanto mal fariam aos cubanos. A rixa no futebol dos argentinos com os brasileiros, muitas vezes, é creditada pelos jornalistas brasileiros à arrogância dos hermanos. Mas como não ser arrogante se, em 1920, Buenos Aires já era a maior cidade da América Latina e a terceira do continente, atrás apenas de Nova York e Chicago? Para completar, em termos de renda per capita e reservas de ouro, o país ficava à frente dos Estados Unidos, da Inglaterra e só um pouquinho atrás da França. Outros tempos.



44 ATUAÇÃO SINDICAL PARANÁ

O alvo agora são os caixas eletrônicos dos postos o grupo detonou as dinamites, explodindo o terminal eletrônico. Os assaltantes teriam colocado os destroços do caixa eletrônico em uma caminhonete Saveiro e fugido. Um Ford Focus e um Fiat Palio também foram usados pela quadrilha. Apesar da violência da ação, ninguém ficou ferido. Segundo Daniel, que chegou ao local 10 minutos depois, desde o início os bandidos disseram aos funcionários e clientes que o interesse deles era o caixa eletrônico, tanto que não levaram nenhum dinheiro do caixa e nem roubaram pertences dos clientes.

Quase uma tragédia O revendedor contabiliza os prejuízos materiais, mas diz que essa explosão poderia ter ocasionado uma tragédia, uma vez que eles detonaram dinamite em um posto de combustíveis. “Eles poderiam ter explodido o bairro inteiro”. Depois do susto, o empresário decidiu que não quer mais um caixa eletrônico dentro da

Sindicombustíveis-PR

Os donos de postos e funcionários já estão acostumados a se tornarem vítimas de assaltos. Muitos trabalham com medo e até reduzem o horário de atendimento no período noturno, para tentar evitar a ação de assaltantes, que agem com violência em busca de dinheiro e produtos das lojas de conveniência. Mas, nos últimos tempos, os bandidos estão sendo atraídos também pelos caixas eletrônicos instalados nos postos. No dia 12 de julho, bandidos detonaram dinamite e destruíram a loja de conveniência do Posto Quartel, do empresário Daniel Bervique. O posto fica no bairro Boqueirão, em Curitiba. Há três anos na revenda, Daniel diz que já foi vítima de três assaltos, mas em nenhum deles teve tanto prejuízo quanto agora. “A loja foi completamente destruída. Devo gastar cerca de 100 mil reais para recuperar o espaço”, conta. A explosão aconteceu por volta da 1h da madrugada. Os bandidos renderam frentistas e clientes, retirando-os da loja de conveniência. Em seguida,

Uso de dinamite para assaltar caixas eletrônicos pode causar explosão do posto ou até do bairro

loja de conveniência. “É super interessante ter esse caixa, um serviço que agrega, que ajuda a atrair clientes, mas com essa insegurança, não tem como”, lamenta. Ainda segundo Daniel, assim como ele, muitos revendedores já começam a questionar a possibilidade de tirar os caixas eletrônicos para garantir mais segurança. (Vanessa Brollo)

Sindicato doa equipamentos para Procons de Foz do Iguaçu e Toledo Para ajudar os Procons de Foz do Iguaçu e Toledo no trabalho de fiscalização da qualidade do combustível vendido pelos postos, o Sindicombustíveis-PR acaba de fazer a doação de kits para análise do produto comercializado nos postos da região Oeste do Paraná. O encarregado regional, André Tasoniero, e o gerente administrativo comercial do Sindicato, Amilton Acosta, fizeram a entrega dos equipamentos. “Esse kit, avalizado pelo Instituto Nacional de 60 • Combustíveis & Conveniência

Metrologia (Inmetro) vem com duas provetas (instrumento cilíndrico para medida de líquidos), quatro densímetros e um termômetro”, especifica Amilton. Em Toledo, quem recebeu o kit foi o coordenador do Procon da cidade, José Wilmar Cordeiro Ribeiro. Segundo ele, é comum a entidade receber reclamações dos consumidores em relação à qualidade dos combustíveis e, por isso, surgiu a ideia de pedir ajuda ao Sindicato, que

representa a revenda. “Fomos atendidos prontamente e agora temos condições de fazer análises e dar uma resposta à comunidade”. O coordenador do Procon agradeceu a parceria do Sindicombustíveis-PR. “O equipamento vai ser muito importante para auxiliar no controle da qualidade do produto e é muito bom saber que o Sindicato prima pela qualidade do combustível comercializado no Paraná”, disse Cordeiro.


Em Foz do Iguaçu, foi o vice-presidente do Sindicombustíveis-PR de Foz e região, Walter Venson, quem entregou a maleta/laboratório para análise da qualidade dos combustíveis. “O produto vendido na bomba de gasolina não é só gasolina. Tem hoje 25% de etanol anidro. Este equipamento consegue detectar se este percentual está adequado e correto, de acordo com a lei”, exemplificou Venson. Outra verificação que pode ser feita com os itens da maleta é a coloração e consistência dos combustíveis e a existência ou não de resíduos. “Ele pode medir a densidade de todos os combustíveis. Isso significa ver qual é o peso por um determinado volume”, complementou o

presidente. Além disso, análises correlatas, como a da temperatura com o volume, permitem saber se há adulterações — dentro de certos limites. O assessor técnico comercial do Sindicombustíveis-PR, Marivaldo José de Lima, mostrou como funciona o equipamento ao representante do Procon, Osli de Souza Machado, procuradorgeral de Foz do Iguaçu que agora ocupa a Secretaria de Governo de Foz. Segundo ele, é natural que o poder público tenha limitações em relação à compra de equipamentos e, por isso, a doação do kit foi tão importante. “Graças ao equipamento doado pelo Sindicombustíveis-PR teremos mais condições de cumprir com

a nossa função que é fiscalizar. Só temos que agradecer ao Sindicato”. Com a doação, além de promover uma maior transparência ao consumidor, a intenção do Sindicombustíveis é também valorizar os postos que atuam dentro da lei e não lesam o consumidor. Conforme Venson, o Sindicato luta pela legalidade, apoia no que é possível e representa os revendedores que têm boa vontade. “A instituição está trabalhando para tornar as coisas corretas na relação com o consumidor. Por isso, o que pudermos fazer, em termos de informação e doação de equipamento, o faremos”, acrescentou Venson. (Vanessa Brollo)

RIO DE JANEIRO

4º Encontro do Revendedor será em outubro A cada ano, a comissão organizadora do Sindcomb busca aperfeiçoar ainda mais o perfil de seus eventos. Neste ano, através do 4º Encontro do Revendedor de Combustíveis do Município do Rio de Janeiro, a ideia é unir informação, negócios e relacionamento para alcançar o sucesso. O evento será realizado nos dias 20, 21, 22 e 23 de outubro, no Resort Portobello, localizado em Angra dos Reis. Para garantir maior contato com parcerias comerciais, foi desenvolvida uma rica programação de palestras que apresentam grandes personalidades do mundo dos negócios. Entre os palestrantes está Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que abordará a participação da

agroenergia na nova geopolítica mundial. Outra apresentação será feita pela jornalista e historiadora Lúcia Hippólito, que atua como comentarista de diversos jornais da TV Globo e é âncora na Rádio CBN. A jornalista debaterá o tema “Desafios ao Desenvolvimento Econômico Brasileiro de 2011 a 2016”. O artista plástico e celebrado carnavalesco Paulo Barros, um dos mais renomados profissionais da atualidade, abordará os desafios de sua administração na apresentação “Desconstruir é o Segredo”. Para falar em motivação, foi convidado o conceituado professor Gretz, administrador de empresas que trabalhou na Volkswagen do Brasil, exercendo cargos de liderança e assessorando a diretoria em programas motivacionais para qualidade.

Com a missão de desenvolver um assunto muito requisitado pela revenda, o consultor Marcelo Barboza aprofundará seu entendimento sobre o tema, na palestra “Revenda: Gestão de empresas com perfil familiar”. A jornalista e consultora de moda, Glória Kalil, também participará do encontro e apresentará dicas comportamentais para se viver melhor em família. A programação do evento também irá oferecer momentos de confraternização através do coquetel de recepção, coffeebreaks, jantar especial, show ao vivo e toda a infraestrutura de lazer, em um local de paisagem paradisíaca e serviço de primeira qualidade. Mais informações: http://www.sindcomb. org.br/quartoencontro/ (Kátia Perelberg) Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

11/07/2011 a 15/07/2011

1,290

1,298

11/07/2011 a 15/07/2011

1,133

0,980

18/07/2011 a 22/07/2011

1,296

1,299

18/07/2011 a 22/07/2011

1,137

0,978

25/07/2011 a 29/07/2011

1,306

1,290

25/07/2011 a 29/07/2011

1,138

0,972

01/08/2011 a 05/08/2011

1,308

1,294

01/08/2011 a 05/08/2011

1,137

0,968

08/08/2011 a 15/08/2011

1,314

1,302

08/08/2011 a 15/08/2011

1,153

0,976

Média Julho 2011

1,299

1,296

Média Julho 2011

1,137

0,978

Média Julho 2010

0,924

0,923

Média Julho 2010

0,798

0,668

1,9%

0,2%

1,8%

-0,4%

40,5%

40,5%

42,5%

46,3%

Variação 11/07/2011 a 15/08/2011 Variação Julho/2011 - Julho/2010 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Variação 11/07/2011 a 15/08/2011 Variação Julho/2011 - Julho/2010 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas

Julho 2011

1,515

Período

Alagoas

1,365 JulhoEVOLUÇÃO 2011 DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Em R$/L

HIDRATADO

Período

em R$/L

ANIDRO

3,0

Julho 2010

1,188

Variação

Julho 2010

2,5

São Paulo

2,0

27,5%

1,011

Alagoas

Goiás

Variação

35,0%

1,5

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: 1,0 Preços sem impostos 0,5 0,0

ju n/ 11 ju l/1 1

ab r/1 1 m ai /1 1

11

/1 1

ar

m

11

v/

fe

10

ja

n/

10

z/

de

0

no

v/

0

t/1

ou

t/1

o/

se

ag

ju l/1

10

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L) 0

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Em R$/L

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

Em R$/L

3,0

1,6

2,5

São Paulo

2,0

Alagoas

1,4

Goiás

1,2 1,0

1,5

0,8 0,6

1,0

0,4

0,5 0,0

1,4 1,2 1,0 62 • Combustíveis & Conveniência

0,4

Goiás

/1 1

l/1 1 ju

ai /1 1

ju n

r/1 1

m

ab

n/ 11 fe v/ 11 m ar /1 1

ja

10

0

z/ 10

de

v/

no

0

t/1

ou

t/1

se

10

ag

o/

0 l/1 ju

11

l/1 1 ju

/1 1

n/

ju

ai

m

/1 1

r/1 1

ab

m ar

11

v/ 11

fe

z/ 10

n/

ja

de

0

10 v/

no

0

t/1

t/1

ou

se

0

10 o/

ag

l/1 ju 1,6

0,6

Alagoas

0,0

Nota: O CEPEA/Esalq não disponibilizou o preço médio do produto em Alagoas nos meses de agosto/2010 e junho/2011. Os dados de Pernambuco foram disponibilizados EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOLnão HIDRATADO Em R$/Lo CEPEA/Esalq não divulgou os indicadores dos meses de junho e julho deste ano. porque

0,8

São Paulo

0,2

Nota: O CEPEA/Esalq não disponibilizou o preço médio do produto em Alagoas no mês de junho/2011. Os dados de Pernambuco não foram disponibilizados porque o CEPEA/ Esalq não divulgou os indicadores dos meses de maio, junho e julho deste ano.


TABELAS 33 em R$/L - Julho 2011

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,258

2,387

0,129

2,387

2,760

0,373

2,240

2,396

0,156

2,396

2,756

0,360

2,240

2,387

0,147

2,387

2,742

0,355

2,233

2,384

0,151

2,384

2,734

0,350

Branca

2,255

2,309

0,054

2,309

2,669

0,360

Outras Média Brasil 2

2,269

2,382

0,113

2,382

2,713

0,331

2,249

2,367

0,118

2,367

2,727

0,360

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

40 % 30 % 20 % 10 % 0% -10 % -20 %

31,8

27,4

24,0

8,5

Outras -5,1

Branca

Branca -54,0 3,8

-30 %

0,1

-0,1

-1,3

Outras -7,9

-2,6

-40 % -50 % -60 %

Ipiranga

Shell

Esso

BR

BR

Outras Branca

Ipiranga Branca

Distribuição

Diesel

Esso

Shell

Outras

Revenda

Preço Médio Pond. de Custo do Diesel 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib.

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

1,655

1,758

0,103

1,758

2,038

0,280

1,649

1,773

0,124

1,773

2,031

0,258

1,653

1,777

0,124

1,777

2,036

0,259

1,650

1,777

0,127

1,777

2,020

0,243

Branca

1,646

1,715

0,069

1,715

1,973

0,258

Outras Média Brasil 2

1,658

1,784

0,126

1,784

2,027

0,243

1,651

1,755

0,104

1,755

2,018

0,263

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

25 %

7% 6%

20 %

5%

15 %

4%

10 %

3% 2%

Outras

5% 0% -5 % -10 %

22,4

21,1

19,6

19,2

-0,6

Branca

1% 0%

-33,0

-1 % -2 % -3 % -4 %

-15 % -20 %

Branca 6,5

-1,5

-1,7

-1,9

Outras -7,1

-7,3

-5 %

-25 %

-6 %

-30 %

-7 % -8 %

-35 %

Shell

Outras

Esso

Ipiranga

BR

Branca

BR

Esso

Ipiranga Branca Outras

Shell

1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir do Atos Cotepe 12/11 e 13/11. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Gasolina

Ato Cotepe N° 15 de 08/08/2011 - DOU de 09/08/2011 - Vigência a partir de 16 de agosto de 2011

UF

75% Gasolina A

25% Anidro (1)

75% CIDE

75% PIS/COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (2)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

0,793 0,763 0,792 0,793 0,776 0,767 0,834 0,797 0,833 0,761 0,832 0,832 0,814 0,774 0,763 0,755 0,760 0,780 0,773 0,767 0,793 0,793 0,797 0,791 0,760 0,795 0,793

0,388 0,373 0,383 0,382 0,379 0,379 0,344 0,351 0,341 0,383 0,361 0,346 0,344 0,378 0,375 0,375 0,380 0,345 0,344 0,375 0,387 0,389 0,366 0,349 0,375 0,341 0,344

0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173

0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

0,790 0,772 0,703 0,675 0,756 0,744 0,713 0,779 0,838 0,757 0,717 0,708 0,780 0,788 0,708 0,746 0,665 0,770 0,904 0,717 0,745 0,678 0,720 0,683 0,763 0,606 0,743

2,341 2,276 2,247 2,219 2,279 2,259 2,259 2,295 2,382 2,268 2,279 2,255 2,307 2,309 2,215 2,245 2,173 2,263 2,389 2,227 2,294 2,229 2,252 2,191 2,266 2,111 2,248

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,162 2,861 2,812 2,700 2,800 2,757 2,852 2,885 2,891 2,802 2,869 2,831 2,891 2,815 2,622 2,763 2,661 2,750 2,918 2,655 2,980 2,710 2,882 2,730 2,826 2,425 2,970

Diesel

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS

UF

95% Diesel

5% Biocombustível

95% CIDE

95% PIS/COFINS

Carga ICMS

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (1)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,053 1,021 1,067 1,053 1,041 1,033 1,099 1,058 1,099 1,020 1,099 1,099 1,083 1,041 1,021 1,019 1,021 1,106 1,043 1,018 1,053 1,053 1,130 1,095 1,021 1,076 1,053

0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123 0,123

0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067

0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141

0,423 0,344 0,374 0,372 0,305 0,338 0,242 0,246 0,277 0,349 0,380 0,357 0,240 0,354 0,340 0,345 0,350 0,240 0,268 0,328 0,379 0,398 0,260 0,247 0,348 0,235 0,244

1,805 1,695 1,770 1,755 1,676 1,701 1,671 1,634 1,705 1,699 1,810 1,786 1,653 1,724 1,691 1,694 1,701 1,676 1,641 1,675 1,761 1,780 1,720 1,672 1,699 1,640 1,626

17% 17% 17% 17% 15% 17% 12% 12% 13,5% 17% 17% 17% 12% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 12%

2,486 2,026 2,198 2,190 2,037 1,990 2,015 2,047 2,054 2,051 2,238 2,102 1,998 2,080 1,998 2,031 2,062 2,000 2,063 1,929 2,230 2,340 2,168 2,060 2,049 1,959 2,030

Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e a legislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Maior

Menor

BR

2,582 1,882 1,762

2,582 1,882 1,762

Belém (PA) - Preços CIF

Total 2,550 1,870 1,679

BR

Gasolina Diesel Etanol

2,347 1,874 1,832

2,448 1,923 2,053

Macapá (AP) - Preços FOB 2,376 1,950 1,951

2,421 1,849 1,865

2,321 1,924 2,030

Porto Velho (RO) - Preços CIF BR

Gasolina Diesel Etanol

2,620 2,009 2,147

2,510 1,991 2,009

Gasolina Diesel Etanol

2,340 1,940 1,380

Gasolina Diesel Etanol

2,118 1,890 1,609

Gasolina Diesel Etanol

2,394 1,741 1,460

Gasolina Diesel Etanol

2,274 1,696 1,550

Gasolina Diesel Etanol

2,342 1,811 1,998

2,381 1,949 2,060

DNP 2,230 1,714 1,903

2,351 1,958 1,972

2,500 2,210 1,520

2,356 1,955 1,354

2,366 2,037 1,471

2,330 1,940 1,300

2,444 1,983 1,824

Taurus 2,260 2,369 1,890 2,000 1,705 1,850

2,239 1,972 1,640

2,550 1,847 1,668

2,452 1,773 1,540

2,365 1,742 1,769

2,314 1,724 1,479

2,387 1,851 2,013

2,269 1,784 1,981

2,412 1,872 2,161

2,301 1,771 1,651

BR

Goiânia (GO) - Preços CIF IPP

Curitiba (PR) - Preços CIF

BR 2,458 2,055 1,459 IPP 2,409 1,995 1,790 Shell 2,552 1,864 1,625

2,478 1,788 1,477

2,399 1,776 1,747

2,285 1,745 1,543

2,346 1,843 2,016

2,355 1,796 1,989

2,693 1,811 2,238

2,315 1,827 1,958

2,512 1,832 1,597 Shell

BR

IPP

2,354 1,771 1,773

N/D N/D N/D

Equador 2,593 2,693 2,071 2,071 2,108 2,206

IPP

IPP

Porto Alegre (RS) - Preços CIF

N/D N/D N/D

BR

BR

Florianópolis (SC) - Preços CIF

N/D

Shell

Campo Grande (MS) - Preços CIF

N/D N/D N/D

Sabba 2,120 2,417 1,910 1,995 1,917 2,200

2,783 2,280 2,290

Idaza

N/D N/D N/D

N/D N/D N/D

2,361 1,787 1,736

2,434 1,849 2,049

2,351 1,827 2,044

Menor

Maior

Sabba 2,248 2,306 1,707 1,833 1,726 1,965

2,261 1,751 1,857

2,398 1,851 2,130

Cosan 2,326 2,362 1,784 1,844 1,810 2,069

Sabba 2,286 2,438 1,759 1,868 2,078 2,091

2,398 1,851 2,006

2,326 1,784 1,853

2,412 1,841 2,077

2,289 1,744 1,963

2,229 1,740 1,894

2,525 1,823 2,103

Alesat 2,245 2,336 1,796 1,901 1,915 1,941

Gasolina Diesel Etanol

2,344 1,864 1,989

Cosan 2,406 1,867 2,120

2,308 1,803 1,890

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,331 2,415 1,823 1,823 2,047 2,047

2,348 1,776 2,070

Gasolina Diesel Etanol

2,340 1,834 1,907

Gasolina Diesel Etanol

2,240 1,741 1,754

Gasolina Diesel Etanol

2,543 1,803 2,095

Gasolina Diesel Etanol

2,429 1,736 1,860

Gasolina Diesel Etanol

2,374 1,737 1,788

Gasolina Diesel Etanol

2,170 1,640 1,399

Gasolina Diesel Etanol

2,381 1,750 1,650

2,298 1,764 1,829

Gasolina Diesel Etanol

2,275 1,756 1,904

Gasolina Diesel Etanol

2,275 1,756 1,800

Gasolina Diesel Etanol

2,309 1,722 1,871

Gasolina Diesel Etanol

Teresina (PI) - Preços CIF BR

Fortaleza (CE) - Preços CIF

Natal (RN) - Preços CIF

João Pessoa (PB) - Preços CIF Shell

Recife (PE) - Preços CIF

2,382 1,822 2,033

Alesat 2,315 2,407 1,740 1,843 1,864 2,020

Shell

BR

Shell

2,397 1,897 2,061

Cosan 2,333 2,431 1,759 1,884 1,628 2,118

2,334 1,735 1,601

2,421 1,787 1,929

2,264 1,660 1,696

2,584 1,824 2,117

2,491 1,784 2,020

2,684 1,954 2,159

2,375 1,708 1,760

2,484 1,827 2,075

2,413 1,753 1,788

2,434 1,842 1,708

2,174 1,438 1,400

2,409 1,836 1,762

2,380 1,751 1,641

IPP

IPP

Vitória (ES) - Preços CIF

Rio de Janeiro (RJ) - Preços CIF

BR

Shell 2,221 1,688 1,710

2,600 1,864 2,191

2,564 1,821 1,896

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.

Shell

2,512 1,863 1,989

2,767 1,828 2,103

2,375 1,702 1,805

2,514 1,819 1,981

2,389 1,774 1,789

2,364 1,841 1,679

2,245 1,684 1,424

2,400 1,842 1,763

Cosan 2,385 2,392 1,831 1,835 1,732 1,743

Shell 2,593 1,827 2,121 BR

Shell

BR

2,370 1,875 2,125

2,424 1,811 1,930

IPP

Belo Horizonte (MG) - Preços CIF

2,441 1,817 2,211 Shell

BR

Shell

2,399 1,871 2,052 BR

BR

IPP

2,383 1,814 2,034 BR

2,301 1,751 1,930

Salvador (BA) - Preços CIF

2,438 1,868 1,968

2,223 1,716 1,839

2,582 1,799 2,119

BR

BR

Shell 2,286 1,759 1,841

2,291 1,787 1,814

Aracaju (SE) - Preços CIF

2,301 1,767 1,857

2,362 1,844 1,889

2,450 1,930 2,090

Maceió (AL) - Preços CIF

IPP

DPPI

IPP

BR

Brasília (DF) - Preços FOB

Shell

Maior

2,359 1,817 2,006

Gasolina Diesel Etanol

São Paulo (SP) - Preços CIF

Shell

BR

Menor

BR

N/D

Sabba 2,526 2,590 2,022 2,046 2,144 2,144

Cuiabá (MT) - Preços CIF

Gasolina Diesel Etanol Fonte: ANP

N/D N/D N/D

2,631 2,019 2,160

BR

Gasolina Diesel Etanol

Sabba 2,411 2,479 1,923 1,923 2,053 2,201

Sabba 2,619 2,629 1,990 2,012 2,139 2,155

Rio Branco (AC) - Preços FOB

Maior

BR

N/D N/D N/D

N/D

2,574 2,112 2,273

Equador 2,250 2,450 1,875 2,000 1,760 2,200

N/D N/D N/D

IPP

Equador 2,450 2,655 1,880 2,136 2,137 2,328

Manaus (AM) - Preços CIF Gasolina Diesel Etanol

2,466 1,910 2,061

2,371 1,941 1,941

BR

Gasolina Diesel Etanol

2,565 1,875 1,738

2,391 1,960 2,091

Boa Vista (RR) - Preços CIF

Menor

Maior

N/D

IPP

BR

Gasolina Diesel Etanol

Menor

São Luiz (MA) - Preços CIF

Palmas (TO) - Preços CIF Gasolina Diesel Etanol

Maior

em R$/L - Julho 2011

2,630 1,840 2,060 IPP 2,512 1,851 2,045 Shell

2,406 1,817 1,689

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich

A Estratégia da Sobrevivência - Agosto é o mês a ser vencido. Se sobrevivermos, temos outro ano pela frente. - Agosto, o mês do desgosto. - E este é o pior inverno em 70 anos. Tem nevado por todo lado. E geado mais ainda. Vai ser brabo de aguentar o tirão. Os resmungos e reclamações seguem entre goles de conhaque e café. A chuva fina e constante não permite o tênis nosso de cada dia. Já se inicia uma campanha para cobrir uma das canchas do clube. Alguém protesta que é desperdício. Chove tão pouco durante o ano. E, em dia de sol, ninguém gosta de jogar em cancha fechada. Aí falta cancha livre. É mais fácil alugar uma cancha quando chove. - Pois tenta. Faz duas semanas que não consigo alugar nenhuma. - Bom, para amanhã eu tenho uma - O Tanco, prevendo a bronca, já vai avisando - para o horário das 7h às 9h da manhã. Todos se olham. 7h às 9h da manhã? Ainda é noite. Mas a necessidade é maior. - Olha, estou tão desesperado para jogar que topo. Onde é a quadra? - No Mestalla. Vou ligar. - Pode parar. Isto é do outro lado da cidade. Aliás, é fora do município de Porto Alegre. Eu levaria uma hora de carro para ir até lá. - E umas duas horas para voltar com o trânsito das 9h da manhã. - É pegar ou largar. Como cerveja. Só tem Brahma e quente. Entre risos da piada velha, os parceiros chegam a um consenso: - Manda ver. O assunto muda. A política. Cada dia um ministério é escalado para denúncias que duram alguns dias. O ministro se demite, ou renuncia, e passa a atirar como metralhadora giratória nos companheiros de governo. - Agora até o Jobim. - Bom. Ele já tinha dito que votara no Serra. Isto antes de resolver implicar com a Gordinha e a Lourinha. - Por favor, as ministras têm nome - protesta um dos muitos petistas que apareceram nos 66 • Combustíveis & Conveniência

últimos anos, advindos das hostes mais direitistas e partidárias da Revolução Redentora de 64. Ninguém se dá ao trabalho de apontar a hipocrisia do safado, até porque, hoje são tantos, que saiu de moda exigir coerência de quem quer que seja, como costuma afirmar o tio Marciano. Alguém, que chega de fora, interrompe o papo: - Sabem da última? O Grêmio tem novo técnico. - Mas o gordinho que era ajudante do Falcão no Internacional só está no cargo há uma semana. - Mas não ganha nada. Tem que mudar - a impaciência dos gremistas é representada. - O Wagner Mancini tinha ganhado todas as partidas quando vocês substituíram - os colorados massacram. - E para piorar o inverno de vocês: sabem quem é o novo técnico? O ....Celso Roth. - Essa não. De novo. Essa direção está dando colher de chá ao Colorado. O Celso só deixa de receber o salário que o Inter deve a ele (trabalhe ou não) quando está dirigindo outro clube. Para o Celso, tudo bem. Mas por que no nosso? O Doutor recebe a notícia sem irritação, o que é uma surpresa para todos. Seu gremismo exacerbado e sua aversão ao eterno e recorrente Celso Roth, apelidado pelo Doutor de “resfriado” (escreveu, não leu, está ele de novo), são do conhecimento de todos. Com cara de filósofo, o contrário de hedonista, não lembra o termo, explica: - É estratégia dos diretores. Estão fazendo tudo errado e os torcedores não tinham como cobrar do Julinho, um iniciante, e estavam caindo de pau - aliás, com toda a razão - no presidente. O que este faz? Como precisa desviar o alvo da ira da torcida, ele traz o técnico mais odiado pelo torcedor para ser vaiado NO LUGAR DELE. E.T. Lembrei o termo: ESTÓICO.




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