Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 136

Page 1



ÍNDICE 33

n Reportagem de Capa

n Meio Ambiente

47 • Remediação: técnicas

40 • Mal necessário

sustentáveis em alta

n Conveniência

50 • Conveniência na estrada n Entrevista

10 • Haroldo Mattos de Lemos, presidente

n Mercado

18 • Panorama GLP 22 • Corrida contra o tempo 26 • Etanol em discussão 29 • De olho no abastecimento 32 • Combustíveis ainda em evolução

do Instituto Brasil PNUMA

n Na Prática

58 • Atuação Sindical

35 • José Carlos Ulhôa Fonseca

57 • Perguntas e Respostas 61 • Crônica

38 • Jurídico Felipe Goidanich 55 • Conveniência Paulo Tonolli

62 • Evolução dos

Preços do Etanol

63 • Comparativo das

4TABELAS

04 • Virou Notícia

17 • Paulo Miranda

4OPINIÃO

4SEÇÕES

36 • Guia para conferir: adesivos importantes

Margens e Preços dos Combustíveis

64 • Formação

de Preços

65 • Formação

de Custos do S10

66 • Preços das Distribusidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

1,33%

Divulgação Sindicom

DE OLHO NA ECONOMIA

Uma grande perda

Foi a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA- 5), considerado uma prévia da inflação oficial, de fevereiro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o maior índice desde 2003, quando chegou a 2,19%. A tarifa de energia elétrica, que teve alta de 7,7%, foi um dos itens que pesou sobre o resultado do índice.

US$ 4,95 bilhões Foi o valor do déficit da balança comercial brasileira de janeiro até 22 de fevereiro, conforme divulgou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No acumulado de 2015, as exportações registraram US$ 22,71 bilhões e as importações somaram US$ 27,665 bilhões.

1,6% Foi a queda da pesquisa Intenção de Consumo das Famílias de fevereiro em comparação a janeiro, divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Stock

O resultado reflete a cautela do consumidor em meio ao cenário econômico, com juros altos, inflação e menor oferta de emprego.

R$ 15,5 bilhões É a projeção de perdas do comércio brasileiro em 2015, por conta do maior número de feriados no calendário deste ano. As estimativas são da CNC, baseadas em dados recentes da Pesquisa Mensal

Stock

de Comércio, do IBGE, e apontam para

4 • Combustíveis & Conveniência

a primeira queda do varejo ampliado nos últimos dez anos.

O presidente-executivo do Sindicom, Alisio Jacques Mendes Vaz, faleceu na madrugada de 15 de fevereiro, aos 61 anos, após lutar contra um câncer por um ano e meio. Diplomado em engenharia de construções pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e profundo conhecedor do setor, Vaz foi funcionário da Ipiranga Produtos de Petróleo por 25 anos. Neste mesmo período, por quase 16 anos, colaborou ativamente com o Sindicom, assumindo os cargos de diretor de Defesa da Concorrência e vice-presidente executivo. Em março de 2011, o executivo desligou-se da Ipiranga para assumir a presidência do Sindicom em abril do mesmo ano, sucedendo Leonardo Gadotti, que acumulava a presidência do sindicato com suas funções à frente da Cosan. O seu objetivo era implantar um modelo profissional de gestão na entidade, com independência e maior equilíbrio de forças entre as empresas associadas. Ao assumir a presidência da entidade, estabeleceu um estreito diálogo com o mercado da revenda de combustíveis e fortaleceu o relacionamento entre distribuição e revenda, atuando em parceria e em prol da eficiente dinâmica do mercado de downstream. Durante


sua gestão, Vaz envolveu-se em questões como o combate às irregularidades na comercialização de etanol, a distribuição do diesel com baixo teor de enxofre, a comercialização do biodiesel e o atendimento às crescentes exigências ambientais. Até o fechamento desta edição, o Sindicom ainda não havia divulgado o nome do profissional que deve assumir a presidência da entidade.

Ping-Pong

Roberto Requião

Entrevista com o senador Roberto Requião (PMDB-PR), sobre o projeto de decreto legislativo nº 31 de 2013, que permite aos comerciantes estabelecer preços diferenciados para compras feitas em dinheiro ou com cartão de crédito. Por que o senhor tomou a iniciativa de elaborar esse projeto? A ideia veio dos comerciantes. Não como uma reivindicação, mas, em outro sentido, um ato de cidadania e lealdade deles para com seus clientes e com a população brasileira.

Em falta

O projeto abrange todo e qualquer tipo de comércio e produtos e serviços?

Protestos de transportadores e caminhoneiros bloquearam algumas rodovias brasileiras, prejudicando o abastecimento de combustíveis em postos de várias cidades, no final de fevereiro. No Paraná, por exemplo, houve registros de falta de produtos nas regiões Oeste e Sudoeste; em Santa Catarina, os problemas atingiam a região Oeste do estado. Em Mato Grosso, até o fechamento desta edição, apenas Sinop registrava falta de produto nos postos. Em Minas Gerais, a falta de combustíveis atingiu as cidades de Oliveira, Cláudio, Perdões e Belo Horizonte.

A rigor, sim. Hoje, existe a possibilidade de se pagarem boletos bancários por meio de cartões de crédito, inclusive boletos de tributos. Naturalmente essas hipóteses, que são residuais, não estariam abrangidas. Mas a regra geral, que é a compra e venda de mercadorias ou a contratação da prestação de serviços, estaria completamente abrangida pela proposta.

Os caminhoneiros e transportadores iniciaram os protestos logo após o Carnaval contra o aumento no preço do óleo diesel, em função do reajuste anunciado pelo governo federal nas alíquotas de PIS/Cofins, e o baixo custo do frete, além das péssimas condições das rodovias brasileiras. Ao todo, os manifestantes bloqueavam trechos das principais rodovias do país em sete estados: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Como seria implementada essa diferenciação de preços? As administradoras de cartão de crédito cobram comissões que, comumente, são de 5% sobre o valor de venda e, já que o preço não pode sofrer alteração em razão da forma de pagamento, os comerciantes e prestadores de serviços são forçados a embutir no preço tanto essa comissão de 5% como também os tributos incidentes sobre esses 5% (ICMS, PIS/Cofins, ISS, Imposto de renda e CSLL – estes dois últimos, quando no regime de lucro presumido), elevando o preço em um total de mais de 7%. Assim, portanto, os preços atualmente verificados no comércio estão onerados em mais de 7%, seja para pagamento em cartão, seja em dinheiro. Isso, sem falar do custo financeiro dos juros que o comerciante tem que pagar por eventual capital de giro até o dia em que recebe da administradora de cartão de crédito. Nesse sentido, o projeto de decreto legislativo visa a desatá-lo dessas amarras e dar-lhe a possibilidade de ofertar produtos, mercadorias e serviços com o desconto dos custos de cartão de crédito em benefício do consumidor. Essa opção contempla, ao mesmo tempo, o princípio constitucional da livre iniciativa e a política de combate à inflação, na medida em que os preços sofrerão severa queda quando de sua implementação. Existe alguma previsão para o término da votação da medida? Atualmente, qual a posição do texto dentro do legislativo? A matéria já foi votada no Senado e aprovada por ampla maioria. Mas, atualmente, está parada na Câmara dos Deputados. Não se sabe exatamente por que, mas podemos apenas fazer inferências sobre a pressão que certos parlamentares devem estar sofrendo por parte do mercado financeiro que será o grande perdedor na hipótese de aprovação da matéria. Os ganhadores serão os consumidores. Combustíveis & Conveniência • 5


44 VIROU NOTÍCIA

Divulgação Mercedes-Benz

Pesados: queda nas vendas

Crise elétrica continua até 2020 Segundo estudo da Thymos Energia, entre 2013 e 2015 a crise energética já gerou um custo de R$ 115,7 bilhões para o país, entre empréstimos com

bancos para socorrer distribuidoras, pagamento de subsídios e encargos, entre outros. De acordo com a empresa, somente para recuperar os reservatórios já depreciados das hidrelétricas, seriam necessários gastos adicionais calculados em

Atenção revendedor! Embora a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não tenha divulgado uma estatística oficial, o Grupo Daimler, dono da marca Mercedes-Benz, informou que espera uma queda nas vendas de caminhões, em 2015, da ordem de 10%. De acordo com comunicado distribuído pela empresa após a divulgação dos resultados financeiros de 2014, “as condições no Brasil parecem continuar difíceis. Saindo de um nível baixo (de queda de 11,3% nos emplacamentos de caminhões em 2014 sobre 2013), é esperada nova retração dos volumes, em magnitude de 10%”. Na avaliação da empresa, a persistência do baixo crescimento econômico e condições de financiamento menos favoráveis devem continuar a deprimir a demanda por caminhões. Para o mercado de vans e caminhões semileves, em que a Daimler atua no Brasil somente com a linha Sprinter, produzida na Argentina, a empresa espera estimular a demanda com o lançamento de mais uma opção de van média, a nova Vito lançada em 2014, que também passará a ser produzida na fábrica argentina para ser vendida na América do Sul. Para o segmento de ônibus, a empresa prevê “estabilidade em baixos patamares”, após a queda de 16,3% nas vendas no mercado brasileiro em 2014. 6 • Combustíveis & Conveniência

Nova Resolução Em 27 de fevereiro, foi publicada a Resolução ANP 12/2015, que altera a Resolução ANP 64/2014 sobre os critérios de desconsideração de reincidência. Pela nova redação do Artigo 3º: “As condenações definitivas cujo cumprimento integral das penas pecuniárias se dê até o dia 13 de abril de 2015, incluindo as penalidades cumpridas anteriormente à data de publicação desta Resolução, serão desconsideradas para fins de reincidência.”

Adesivo O prazo para exibir o novo adesivo da ANP é 21 de abril de 2015. O adesivo pode ser exposto em três áreas distintas do posto desde que sigam as seguintes prioridades: 1) A primeira opção é afixar o adesivo na face frontal de todas as bombas abastecedoras de combustível, preferencialmente entre os bicos abastecedores. Vale destacar que a aplicação da face frontal é frente e verso para cada bomba de combustível. Ou seja, são dois adesivos em cada bomba. Neste local, o adesivo deve ser afixado a altura mínima de 90cm e máxima de 1,80m do piso ao alinhamento superior do adesivo. 2) Se não tiver espaço nas faces da bomba, a segunda opção é afixar em pelo menos uma das faces do pilar de sustentação da cobertura, a altura mínima de 1m e máxima de 1,80m do piso ao alinhamento superior do adesivo; Medidas: 15 x 18,5 cm

3) A terceira opção deve ser adotada por eliminação somente se não houver espaço nas duas primeiras opções. Neste caso, a ANP permite que seja afixado no totem, localizado na entrada do posto revendedor, a altura mínima de 1,50m do piso ao alinhamento superior do adesivo. O modelo do adesivo está disponível no site da Fecombustíveis: http://migre. me/oMqxR

Padrão da fonte: Arial Narrow Bold, tamanho 50, cor preta Padrão da fonte: Arial Narrow Bold, tamanho 25, cor preta


cerca de R$ 85 bilhões. O estudo prevê um aumento de 42% no custo de energia para a indústria neste ano e tarifas elevadas nos anos seguintes. Na projeção até 2020, as tarifas de energia ficam 22% mais elevadas, em relação ao valor de 2014.

Stock

Na área de abrangência da Eletropaulo, a maior distribuidora de energia elétrica da América Latina, que atende cerca de 16,6 milhões de habitantes, distribuídos em 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital, o aumento médio de tarifas esperado para este ano é de 68,15%, considerando Bandeiras Tarifárias, reajuste tarifário extraordinário e reajuste anual de tarifas.

DF: supermercados fora Após quase seis anos de tramitação, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que a proibição de postos de combustíveis em supermercados do Distrito Federal não fere a Constituição Federal. Na decisão, o ministro Celso de Mello manteve a validade da legislação distrital ao reconhecer os perigos ao meio ambiente e à segurança que a atividade pode trazer em locais de grande aglomeração de pessoas. A decisão já havia sido confirmada anteriormente pela Segunda Turma da Suprema Corte, ao negar o último recurso possível do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Hipotecada A Justiça do Rio de Janeiro hipotecou o edifício-sede da Petrobras, localizado no centro da capital fluminense, para garantir o pagamento de indenização da petroleira à Refinaria de Manguinhos. A decisão judicial refere-se à ação movida pela refinaria, que alega ter tido prejuízos financeiros com a política de preços praticada pela estatal no período de 2002 a 2008. A decisão ainda cabe recurso pela Petrobras.

Explosão O inferno astral continua na Petrobras. No dia 11 de fevereiro, o navio-plataforma Cidade de São Mateus, afretado pela companhia e operado pela BW Offshore, explodiu. Até o fechamento desta edição, somam oito o número de vítimas fatais da explosão, do total de 74 trabalhadores embarcados. A BW Offshore mantém as buscas por três desaparecidos no mar do Espírito Santo.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Convictos e calhordas Um dos elementos mais perigosos para o equilíbrio das relações humanas é o “burro convicto”. Como o fanático e o convertido, ele não tem dúvidas. Só certezas e convicções. Sua fé exacerbada tem o poder de convencer, de converter, de arrastar seguidores e criar novos fanáticos. Em geral, não tem ideia do que sejam os pontos cardeais, mas tem a divina iluminação do rumo correto. O convicto não soma nem diminui. Zeros não contam para ele. Milhares ou milhões são a mesma coisa. Valores humanos ou sociais nada significam para ele. Sua fé é o supremo juiz e a suprema liderança. O convicto não age dolosamente. Não tem noção de responsabilidade. Igualmente ninguém lhe cobra isto. Ele segue suas convicções, mas tem o poder de arrastar seus seguidores e, pior que isto, também há os que gravitam em sua órbita involuntariamente, ao caos e ao desastre. Os novos conversos aumentam brutalmente o risco do rumo errado, pois negam a possibilidade do erro. Hitler sozinho faria um estrago, mas seus conversos levaram o mundo ao holocausto. Poder-se-ia enumerar ad infinitum ocorrências desastrosas criadas pelos convictos. Muitos de nós, agraciados com o dom da crítica e da dúvida, conseguimos identificá-los ou deles desconfiar. Sentir a repulsa e a insegurança diante do profeta. Falso ou verdadeiro. Ambos são perigosos. Mas, dificilmente o agraciado com a dúvida consegue deter as catástrofes. Seu dom faz com que duvide também de si mesmo. Tem autocrítica. Sabe que pode estar errado. E, não tendo convicção, não arrastam seguidores nem formam fanáticos. Assim sendo, não conseguem fazer oposição aos convictos. E nem a outra praga, os calhordas. Aderentes oportunistas ao fanatismo, sem fé ou convicção. E o convicto e seus seguidores convictos e calhordas destroem a civilização, o país e a Petrobras. Que interessante seria um culto a dúvida. Um Messias da racionalidade. Uma imprensa crítica, livre e inteligente. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

Momento de aperto A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 2º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mário Seiti Shiraishi, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot (com imagem iStock) Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

Passado o Carnaval, mal deu tempo da população voltar ao seu ritmo normal, quando o país foi pego com a greve dos caminhoneiros. Mais de dez estados registraram bloqueios nas principais rodovias federais e estaduais, abrangendo Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul etc.O protesto foi motivado pelo aumento das alíquotas do PIS/Cofins dos combustíveis, pelo governo federal, que causou a alta de preço do óleo diesel. Não só os caminhoneiros estão pagando contas mais altas, mas toda a população carrega o peso dos tributos no bolso. Além dos impostos, os brasileiros também são onerados pelos reajustes das contas de energia elétrica, transporte coletivo, da mensalidade escolar, alimentação etc. Não resta dúvida que passamos um momento difícil no país, mas alguns ajustes feitos pelo governo são necessários. Temos acompanhado a correção do rumo da política econômica que não surtiu o efeito esperado, juntamente com as crises hídrica e elétrica em estados importantes do país. Temos caminhado na contração do mundo. A defasagem de preços pela política adotada pelo governo para controlar a inflação ao não repassar internamente o valor dos combustíveis do mercado externo quando o petróleo estava alto trouxe um rombo de R$ 70 bilhões, segundo especialistas. Agora, a defasagem está ao contrário, com a queda vertiginosa do preço do barril do petróleo no exterior, enquanto aqui os combustíveis estão mais caros para recuperar o caixa da Petrobras, cujo prejuízo foi causado pelo próprio governo com a política de contenção. A matéria de capa desta edição aborda estas e outras questões referentes ao complexo panorama nacional e internacional do setor de combustíveis, com reportagem de Rosemeire Guidoni. Como destaque desta edição, temos a Entrevista do mês com o presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Haroldo Mattos de Lemos, sobre as crises hídrica e de energia elétrica, por Gisele de Oliveira, nossa editora-assistente. Também trazemos um panorama completo do mercado de GLP e o andamento da gasolina aditivada, prevista para entrar em vigor em 1º de julho, que corre o risco de ser adiada. Confira as matérias de Mercado, ambas redigidas por Adriana Cardoso. Em Meio Ambiente, Rosemeire Guidoni aborda as técnicas sustentáveis de remediação do solo. A seção Na Prática traz a segunda parte do guia de adesivos e placas que devem ser expostos na área do posto, por Gisele de Oliveira. Para finalizar, fizemos a cobertura do Seminário de Avaliação do Mercado de Combustíveis da ANP, que divulgou o desempenho das vendas do setor no ano passado. Boa leitura! Mônica Serrano Editora


44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Sindipostos - CE Vilanildo Fernandes Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Sindicombustíveis - MA Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental

São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Sindipetróleo Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Sinpetro Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Minaspetro Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Sindicombustíveis - PA Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Sindipetro - PB Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br

RIO DE JANEIRO Sindestado Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 32176577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Sulpetro Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Sindipetro - RO Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com

PARANÁ Sindicombustíveis - PR Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

www.sindipetro-ro.com.br

PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

SANTA CATARINA Sindipetro - SC Robson de Souza Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

PIAUÍ Sindipetro - PI Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

RORAIMA Sindipostos - RR Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO – CAMPINAS Recap Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Sindpese Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Sindiposto - TO Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com www.abragas.com.br

Combustíveis & Conveniência • 9


44 Haroldo Mattos de Lemos 4 presidente do Instituto Brasil PNUMA

Alerta máximo Por Gisele de Oliveira A grave crise hídrica na região Sudeste, especialmente em São Paulo, acendeu o sinal de alerta para a questão da gestão dos recursos naturais do país. E, apesar dos avisos de cientistas e ecologistas sobre as mudanças climáticas, o Brasil não se preparou para enfrentar essas transformações. Quem afirma é o presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Instituto Brasil PNUMA), Haroldo Mattos de Lemos, em entrevista exclusiva para a revista Combustíveis & Conveniência. De acordo com ele, é lamentável a situação em que o país chegou, ao não investir na diversificação de fontes de abastecimento de água e no uso de energias renováveis. “Ninguém pensou no futuro, apesar dos alertas. E espero que essa crise nos ajude a perceber que precisamos planejar com um prazo mais longo”, constatou o executivo, que já foi secretário do Ministério de Minas e Energia e vice-diretor de Meio Ambiente do PNUMA. Confira a seguir os principais trechos da entrevista, realizada na sede do Instituto Brasil PNUMA, no Rio de Janeiro: Fotos: Claudio Ferreira/Somafoto

10 • Combustíveis & Conveniência

Combustíveis & Conveniência: A cidade de São Paulo vive, atualmente, um forte período de seca, provocando uma grave crise de recursos hídricos. A situação também vem se estendendo a


outras cidades da região Sudeste, como no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Como chegamos a esse estágio, já que a água sempre foi um recurso abundante em nosso país? Haroldo Mattos de Lemos: São vários fatores. O primeiro deles é que muita gente dizia “o Brasil é rico em água”, “temos muita água”, quando, na realidade, se olharmos a percentagem da quantidade de água nas várias regiões brasileiras, a única que tem abundância é a região Norte e um pouquinho na região Sul. Na região Nordeste, já sabíamos há muito tempo que tem problema de água; e, se olhássemos os dados da quantidade de água e da população tanto da região Sudeste quanto da região Centro-Oeste, iríamos verificar que a situação não era muito diferente da do Nordeste em termos de disponibilidade de água. O Centro-Oeste nem tanto pelo crescimento da população, mas pelo crescimento da irrigação para uso agrícola. O outro ponto é que há muitos anos já sabemos que desmatamento, principalmente próximo às nascentes dos rios e das matas ciliares, contribui para a redução da infiltração da água da chuva no terreno, mas nunca se prestou atenção nisso. O Brasil foi um país, na época do descobrimento, da abundância, tinha muita floresta, muita água, muito bicho, mas, de 50 anos para cá, esse desmatamento vem fazendo efeito. E o pior é que, apesar de os ambientalistas e ecologistas estarem alertando para esse fato, a maioria da população e dos políticos não prestaram atenção nisso. Basta ver que, quando foi feita a revisão do Código Florestal, isso não foi levado em consideração,

Muita gente dizia “o Brasil é rico em água”, “temos muita água”, quando, na realidade, se olharmos a percentagem da quantidade de água nas várias regiões brasileiras, a única que tem abundância é a região Norte e um pouquinho na região Sul

mostrando que essas modificações “favoreceram” o desmatamento. O terceiro fator é que, há muitos anos, os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas vêm dizendo que o aquecimento global iria provocar, no futuro, eventos climáticos extremos mais frequentes e mais fortes, com secas prolongadas e chuvaradas torrenciais. É o que estamos vendo acontecer agora. Um exemplo disso é que São Paulo era conhecida como a terra da garoa e não tem mais garoa em São Paulo. Então, esses fatores todos concorreram para que chegássemos a situação que estamos hoje. C&C: O senhor acredita que faltou planejamento do governo para a gestão dos recursos hídricos como um todo no país? HML: Sim, de todos os governos (federal, estadual e municipal). Mas isso é uma característica da humanidade. As pessoas só se impressionam e se motivam para perigos iminentes. Ameaças de longo prazo, as pessoas empurram com a barriga. Nós temos um defeito muito grande e não é só no nosso governo, na maioria dos governos do mundo, não existe planejamento de longo prazo. Você conhece algum plano nacional de desenvolvimento do Brasil? Não existe, em nenhum nível. Esse é o grande problema. A maioria

dos governos planeja vencer as próximas eleições. Quem está na oposição, planeja para tentar ganhar a eleição. Então, a gente fica nessa roda viva, atendendo a coisas mais imediatas. Ninguém pensou no futuro, apesar dos alertas. E eu espero que essa crise nos ajude a perceber que precisamos planejar com um prazo mais longo. C&C: Notícia publicada recentemente revela que regiões metropolitanas de Rio, São Paulo e Belo Horizonte não constroem reservatórios há mais de 20 anos, o que reforça a falta de planejamento dos governos. Levando em conta essa falta de investimentos e o aumento da população brasileira, podemos dizer, então, que a crise hídrica no país vai se agravar ainda mais? HML: Os reservatórios foram construídos, o que faltou foi planejamento de longo prazo. Quando se constrói um reservatório, não é para os próximos cinco anos, mas para atender os próximos 20, 30 anos. Um grande reservatório leva, em média, três, quatro anos para ser construído. Mas há muito tempo que não se faz porque ninguém está planejando para o futuro. A população continuou crescendo. Significa que, se a população continua crescendo e, mesmo que a gente considerasse que a quantidade de água era a mesma, com uma população Combustíveis & Conveniência • 11


44 Haroldo Mattos de Lemos 4 presidente do Instituto Brasil PNUMA maior, a disponibilidade per capita vem diminuindo. E a crise hídrica pode, sim, se agravar porque é isto que os cientistas estão alertando. Esses eventos climáticos extremos serão cada vez mais fortes e cada vez mais frequentes. C&C: Diante de todas as previsões negativas para o clima, o Brasil deve sofrer com secas mais prolongadas como a que estamos vivenciando com mais frequência? HML: Ah, vai. Isso vai continuar acontecendo e cada vez mais crescente e mais forte. E temos que nos preparar para isso. Mas, infelizmente, a humanidade, de uma maneira geral, só presta atenção, só se preocupa, quando tem um desastre acontecendo, um desastre imediato. Quando se faz um alerta sobre algo que pode acontecer no futuro, normalmente, a humanidade não presta atenção. Quando a gente alertava “olha, cuidado, o desmatamento vai reduzir o infiltramento da água da chuva”, “isso vai provocar a falta d’água”, ninguém prestava atenção porque tinha água à vontade. Os porteiros usavam a tecnologia tupiniquim de varrer a calçada com a “vassoura hidráulica” (mangueira). Agora, as pessoas estão prestando atenção e começaram a proibir isso. Em resumo, chegamos a uma situação lamentável, mas, repetindo um jargão que muita gente tem dito, a crise é uma oportunidade para tomar medidas de longo prazo. C&C: Como podemos amenizar o problema da crise hídrica em nosso país? HML: Reflorestando área de nascente, as matas ciliares de rios, talvez, construindo mais 12 • Combustíveis & Conveniência

reservatórios e, em algumas regiões, temos que sair para soluções tecnológicas novas. Por exemplo, Rio de Janeiro e São Paulo estão numa “disputa” pelas águas do rio Paraíba do Sul. São Paulo quer puxar um pouco mais da água do rio para socorrer a Cantareira e o Rio de Janeiro depende quase que única e exclusivamente do rio Paraíba do Sul, com a estação do Guandu, que faz o tratamento de água. Isso é muito perigoso porque se acontece um acidente mais grave na estação do Guandu, o Rio de Janeiro depende desta única fonte, praticamente. Pelo menos as cidades costeiras têm uma alternativa que seria a dessalinização da água do mar. Venho dizendo isso há vários anos, precisamos diversificar as fontes de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro. Mas as pessoas dizem que a dessalinização é muita cara. Não é tão cara assim. A Espanha, por exemplo, que é um país semiárido, tem várias usinas

de dessalinização. Bahamas consegue ter o turismo que tem porque construiu uma usina de dessalinização. Então, o custo não é tão grande, vem caindo ao longo desses anos e, além do mais, o que significa um custo maior em função de uma maior segurança no abastecimento? Outra solução fantástica é cisterna de água de chuva. No Nordeste, o governo federal financiou algumas ONG’s para a instalação dessas cisternas em casas isoladas no sertão. Onde isso foi feito, o problema acabou. Tanto foi resolvido que, atualmente, tem um programa para as casas que fizeram uma cisterna construam uma segunda, um pouco menor, para irrigar a horta. Aí muita gente duvida “cisterna de água da chuva no Nordeste?”. O Jerson Kelman, logo que assumiu a ANA (Agência Nacional de Águas), disse que a quantidade de chuva que cai no Nordeste é mais ou menos a mesma que cai na França e é verdade. A diferença é que, na França, o solo é bem profundo; quando chove o solo fica encharcado de água e, quando para de chover, essa água vai migrando lentamente na direção dos rios. No nosso Nordeste, na maioria da região, o solo é muito raso e por baixo tem rocha. Quando chove, a água vai toda para dentro dos rios, praticamente, não infiltra. Para a região Sudeste, a cisterna é uma solução que também pode ajudar porque, primeiro, reduz-se a necessidade de água potável para consumo não humano, como para uso do vaso sanitário, regar jardim, lavar piso de prédio, garagem, carro etc. Além do mais, essas cisternas têm uma outra


grande vantagem que pouca gente percebe, elas recolhem a água da chuva até encherem. Se todos os prédios no Rio de Janeiro e São Paulo tivessem cisternas de água de chuva, não teríamos enchentes tão grandes. Outra alternativa importante é a hidrometração individual. Em Israel, por exemplo, que é um país com pouquíssima água, todos os prédios residenciais têm hidrômetro individual. Felizmente, Rio e São Paulo já têm leis que obrigam os prédios novos a construírem uma cisterna para armazenamento de água da chuva e terem hidrometração individual. Acho que os governos deveriam pensar em formas de dar incentivos para que os prédios antigos também fizessem a hidrometração individual e, se possível, cisterna de água de chuva, pois também ajudaria a amenizar o problema.

C&C: No caso da dessalinização, o país tem tecnologia para isso ou teria que importar equipamentos? HML: Teríamos que importar, mas seria uma oportunidade de o país começar a pesquisar, aprimorar essa tecnologia. O Brasil tem uma tecnologia de dessalinização, mas de água salobra. Houve uma época em que o governo brasileiro achou que furava poço no Nordeste e resolvia o problema da água, porém, a maioria dos poços deu água salobra. Então, o governo comprou equipamentos de dessalinização de água salobra e instalou lá, mas aí começaram a dar defeito, tinha que importar peça e não funcionou. A partir de 1995, o Ministério de Meio Ambiente estimulou a fabricação desses equipamentos no Brasil. A Universidade Federal de Campina Grande tem até um

As pessoas dizem que a dessalinização é muita cara. Não é tão cara assim. A Espanha, por exemplo, que é um país semiárido, tem várias usinas de dessalinização. Bahamas consegue ter o turismo que tem porque construiu uma usina de dessalinização

laboratório que estuda tecnologia de dessalinização, construção de peças etc. O Nordeste brasileiro já tem vários poços de água salobra utilizando equipamentos de dessalinização, mas de água do mar, só temos em Fernando de Noronha e não é tecnologia nacional. C&C: Ainda em relação às alternativas para amenizar a crise, o senhor comentou a possibilidade de usar cisternas de água de chuva. Por que a maior parte das concessionárias de água e esgoto insiste em cobrar uma tarifa de esgoto adicional dos estabelecimentos que utilizam águas pluviais ou compram água de reúso? Tal cobrança não poderia ser revogada, ou ao menos incentivada, já que é importante nesse momento? HML: Quando eu pago água, pago esgoto junto. A mesma quantidade que vou pagar pela água, vou pagar para o esgoto porque a teoria é que a água que entra, sai. Acredito que quem tenha cisterna de água de chuva, consome menos água tratada, portanto, está pagando menos água e menos esgoto. Porém, acho importante que haja cobrança de esgoto porque ele é muito mais difícil de ser cobrado. Algum tempo atrás fizeram uma proposta de separar uma companhia de água e outra de esgoto e eu fui contra porque, na minha opinião, quando se tem uma cobrança de água e esgoto juntos, você vai lá e paga porque, se não, eles vão lá e cortam sua água. Se você tem uma companhia de água e outra de esgoto, você vai deixar de pagar esgoto. Eles vêm fechar o seu esgoto, você dá um jeito, joga na água pluvial. A água de reúso é importante também. Combustíveis & Conveniência • 13


44 Haroldo Mattos de Lemos 4 presidente do Instituto Brasil PNUMA São Paulo, por exemplo, já faz isso há anos. São Paulo tem inúmeras estações de tratamento de esgoto mais aprimorado e vendem como água de reúso para as prefeituras, para as indústrias que precisam de água para refrigerar equipamentos. A água de reúso é uma alternativa importante para regiões que estão com falta d’água, pois usam essa água para atividades que não precisam de água potável. C&C: Outro impacto da crise hídrica tem sido a baixa dos reservatórios das hidrelétricas, que há mais de dois anos enfrentam volume abaixo do aceitável, recorrendo às termelétricas. Essa situação não é um pouco contraditória para um país rico em recursos renováveis? HML: É lamentável, mas o Brasil demorou muito a esti-

mular as energias renováveis. Aliás, demorou muito em termos porque o país foi o pioneiro em biocombustível, na produção do etanol combustível. O Brasil criou o Programa Nacional do Álcool, não porque era uma energia renovável, mas por causa dos problemas com a importação de petróleo que estavam pesando na balança comercial. Agora, o etanol é importante, é uma energia renovável. No final do ano passado, fiquei muito triste em ver que quase 60 usinas no país fecharam as portas por causa da política de preços do governo. O Brasil, que foi o pioneiro, está jogando etanol fora quando estamos precisando de mais energia renovável. Porém, em termos de energia eólica e solar, nós demoramos muito a incentivar. A energia eólica, agora, está começando a decolar

O que se deve fazer é manter uma campanha de esclarecimento constante. Acredito que, nas escolas, deve-se ensinar desde cedo as crianças que os recursos naturais não são infinitos, que temos de usar com parcimônia

14 • Combustíveis & Conveniência

no Brasil, mas, mesmo assim, o planejamento está ruim. Na minha opinião, precisamos apoiar um pouco mais a energia eólica e também a energia solar. A Alemanha que tem muito menos sol do que o Brasil abriu a possibilidade para que as pessoas possam instalar células solares e vender a energia produzida para o governo. Não digo que a gente vá fazer igual à Alemanha, mas podíamos incentivar um pouco mais a energia solar e a energia eólica, pois seriam complementos importantes para crises como essa, ao invés de usar a termelétrica. C&C: No racionamento de 2001, houve uma campanha de conscientização sobre economia de energia elétrica e eficiência energética junto à sociedade. De lá para cá, as pessoas parecem que esqueceram um pouco. É verdade? HML: Esqueceram um pouco, mas repito: se fizermos um racionamento hoje, vai ser mais difícil do que o anterior porque, apesar de as pessoas terem esquecido, muita gente já usa lâmpada fluorescente, que é mais econômica. Naquela época, você tinha essa alternativa, jogava fora as lâmpadas que consomem mais energia e colocava as mais econômicas. Você não tem mais essa alternativa. E aí existe um outro problema, como vai fazer com aquelas pessoas que realmente mantiveram esse espírito e já têm um consumo muito bem cuidado? Como elas conseguem economizar mais? Aqueles que estão desperdiçando vão poder dar uma reduzida, mas vai ser muito mais difícil agora porque vai penalizar quem já fez o dever de casa. A gente vai ter que


pensar muito para não cometer injustiças. C&C: No Brasil, a água sempre foi sinônimo de recurso infinito, nossa sociedade não foi educada para utilizar a água de maneira consciente e eficiente. Como mudar essa cultura? HML: Campanhas esporádicas não dão muito resultado. O que se deve fazer é manter uma campanha de esclarecimento constante. Acredito que, nas escolas, deve-se ensinar desde cedo as crianças que os recursos naturais não são infinitos, que temos de usar com parcimônia. Não deve ser divulgada uma campanha somente até resolver o problema, até chover. Tem que continuar por algum tempo até incutir na cabeça das pessoas. Temos que educar a nossa população em termos de sustentabilidade, mostrando que devemos saber usar os recursos. O mais importante é a melhoria do nível da educação, sem isso a gente não avança. C&C: Um estudo da EPE mostra que, até 2050, o número

de automóveis no país vai quadruplicar. De que forma os gases de efeito estufa contribuem para o aquecimento global e, consequentemente, para as mudanças climáticas mais frequentes? HML: É claro que isso afeta muito. O Brasil perdeu a chance histórica de, ao invés de estimular o consumo de automóveis, estimular a melhoria do transporte público. Porém, não acredito nessa conta porque não tem estrada, não tem rua para tudo isso. Para que isso pudesse acontecer, o governo teria que investir muito em infraestrutura porque só com esse auxílio que deram, como redução de IPI, por exemplo, muita gente comprou carro e o que aconteceu nas grandes cidades? Mais engarrafamento. Então, até 2050, não acredito que o número de carros vai quadruplicar, pode dobrar, mas quadruplicar acho difícil. Não podemos privilegiar o uso do transporte individual. Na medida em que se tem transporte público eficiente, reduz-se essa necessidade. O que temos que fazer, e novamente depende de planejamento de longo prazo, é ter algumas obras de infraestrutura para reduzir um pouco o engarrafamento que já temos hoje. Ou seja, reduzir a necessidade do transporte individual, mesmo que as pessoas tenham carro e usem menos. C&C: Qual sua avaliação sobre o futuro do ponto de vista dos recursos hídricos e de geração de energia elétrica no Brasil? HML: O futuro a gente pode estabelecer dois cenários opostos. O primeiro é não planejar nada, continuar planejando para curto prazo. Aí, o futuro será muito ruim tanto de abastecimento de

água quanto de energia elétrica, já que a população está crescendo, juntamente com as suas necessidades. Talvez, fique pior do que está hoje porque, pelas previsões dos cientistas, teremos eventos climáticos extremos mais frequentes e mais fortes e, se não tomarmos providências, pode haver mais falta d’água e de energia. O segundo cenário é que aproveitamos essa crise para criar oportunidades e resolver o problema, planejando para o longo prazo, tomando uma série de providências, como reflorestamento das nascentes, reflorestamento das margens de rio, estimular o reúso da água, a cisterna para captação de água da chuva, a hidrometração individual nos prédios e, junto com isso, aproveitar para fazer uma campanha educativa no sentido de mostrar à população que é necessário economizar água e energia. Em 2001, tivemos uma campanha educativa, depois a crise amainou, aí o interesse do gerador de energia elétrica não era mais economizar, era vender o que pudesse produzir. Então, acho que a gente tem que aproveitar para que seja feito um esclarecimento. Se nós pudermos fazer isso tudo, a gente consegue chegar a um bom resultado. n

4Dica de leitura Livro: Colapso Autor: Jerard Diamond Editora: Record

Combustíveis & Conveniência • 15


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de fevereiro:

03 - Reunião de representantes da Fecombustíveis com Aurélio Amaral, superintendente do Abastecimento da ANP, para tratar de assuntos de interesse da revenda, no Rio de Janeiro/RJ;

9 - Participação da Fecombustíveis em audiência pública ANP nº 29/2014 sobre as alterações nas especificações de qualidade do etanol combustível, no Rio de Janeiro/RJ;

10 - Participação da Fecombustíveis em Seminário de Avaliação do Mercado de Combustíveis 2015 na sede da ANP, no Rio de Janeiro/RJ;

11 - Reunião do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, com o superintendente de Fiscalização do Abastecimento da ANP, Carlos Orlando Silva, para tratar de assuntos de interesse da revenda, no Rio de Janeiro/RJ.

16 • Combustíveis & Conveniência


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Medidas preventivas para enfrentar um posNeste mês, mais precisamente no dia 22 de março, vamos comemorar o Dia Mundial da Água. sível racionamento. E este bem natural, considerado quase inesgotável Já passamos por e abundante, está cada vez mais escasso. Os três maus momentos antes. estados mais ricos da região Sudeste (São Paulo, Muitos revendedores Minas Gerais e Rio de Janeiro) são os mais atingidos devem se lembrar do pela estiagem e vivem momentos difíceis com a apagão em 2001. Até crise hídrica e de energia que tem se agravado dia então, foi o maior racionamento de energia que após dia. O racionamento é praticamente inevitável o Brasil já teve. Na época, a população teve que diante da iminente falta de água. contribuir para evitar um colapso de energia elétrica, O Brasil é um país rico, tão rico que esquecemos já que havia meta de redução de gastos. Porém, de cuidar para que a riqueza perdurasse. Não há passada a crise, esquecemos completamente das nada que seja explorado e dure infinitamente. O boas práticas para economizar energia. governo tem, neste momento, um grande problema No caso da situação atual, a crise está agravada, para resolver. Não basta rezar para São Pedro, a pois o mesmo pacote abrange falta de água e de solução requer um planejamento de longo prazo energia elétrica, já que a geração de energia elétrica e não apenas medidas pano Brasil vem de mais de 70% de usinas hidrelétricas. liativas. Não tenho dúvida de que Quero apenas transAconselho todos os revendedores que passaremos por racionamento mitir minha preocupação e, possivelmente, enfrentaneste espaço com o que têm postos nos estados que passam possa estar por vir. Chamo remos alguns apagões. Em pela crise a adotarem medidas a atenção dos revendedomeu estado, Minas Gerais, a preventivas, pois este será um Copasa, concessionária local, res para fazermos a nossa diferencial para o seu negócio pretende reduzir o consumo parte como empresários e de água em até 30% neste cidadãos. Se o governo não mês. Se a estiagem se prose planejou, mais uma vez, quem vai arcar com as consequências desta falta longar, será inevitável a repercussão no negócio com de planejamento é toda a sociedade. E fazemos as quedas de energia. Como revendedor mineiro, parte deste conjunto, temos que contribuir para já tomei algumas precauções para atender o meu minimizar os efeitos da crise em nossos negócios, cliente em sua necessidade e investi na compra de protegendo os nossos clientes. dois geradores. Aconselho todos os revendedores Especificamente em São Paulo, alguns empreque têm postos nos estados que passam pela crise a adotarem medidas preventivas, pois este será um sários estão sentindo o reflexo da falta de água nos diferencial para o seu negócio. Pequenas mudanças negócios, encerram o expediente mais cedo quando podem contribuir para passar pela crise com meacaba a água, o que representa prejuízo ao caixa da empresa. Por parte da revenda, a crise tem afenos solavancos. Por exemplo, trocar a iluminação do posto por lâmpadas mais econômicas, utilizar a tado a lavagem de carros, porém, há empresários iluminação natural em áreas do posto para evitar que estão se aproveitando do momento de crise o gasto de energia durante o dia, ter mais de uma para manter o negócio ou adotar novos sistemas caixa d´água. Alertar os funcionários sobre os desalternativos, como o método de lavagem de carro a seco, implantação de sistemas de reúso de água, perdícios de água e de energia, dentro de uma linha reaproveitamento da água das chuvas, entre outros. educacional. Os analistas alertam que se não chover É chegada a hora de refletirmos e termos um satisfatoriamente até abril ou maio para elevar o nível olhar mais consciente sobre os nossos negócios e de reservatórios, o racionamento será inevitável no nosso comportamento como cidadãos. Vamos evitar segundo semestre. Portanto, caros revendedores, o desperdício de água e de energia e nos precaver vamos economizar! Combustíveis & Conveniência • 17


44 MERCADO

Panorama GLP Segmento permanece com crescimento reduzido, mas tem potencial para elevar sua participação na matriz energética se o uso for direcionado para outros fins, além da cozinha. De um lado, o setor enfrenta problemas recorrentes; de outro, algumas mudanças estão por vir, como a atualização do marco regulatório neste ano Por Adriana Cardoso A exemplo do que vem acontecendo nos últimos anos, o mercado de GLP acumulou crescimento tímido em 2014, de 1,26% em relação ao ano anterior. Foram comercializadas 7,421 milhões de toneladas do produto ante 7,329 milhões de toneladas do período anterior, com destaque para o aumento das vendas da modalidade a granel (1,6%). Entra ano e sai ano, o segmento continua enfrentando os mesmos desafios, como alta competitividade, informalidade nas vendas, gargalos logísticos, competição com o gás natural, a falta de um marco regulatório e, por trás de tudo isso, a pecha de ser um produto antiquado. Apesar dos percalços que o setor enfrenta, o professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Energia e Ambiente, da Universidade de São Paulo 18 • Combustíveis & Conveniência

(USP), acredita que um crescimento na casa do 1,6% não é tão ruim assim. “Se olharmos para o mercado de petróleo no mundo como está hoje, constatamos que 1,6% corresponde ao crescimento de setores maduros da economia”, conjecturou. Ainda assim, ele acredita que o modelo do segmento de GLP saturou-se. “Era um setor basicamente voltado à indústria e recebeu apoio do governo para entrar no mercado residencial com a finalidade de substituir a lenha. Agora, depende dos avanços do programa Minha Casa, Minha Vida para continuar expandindo.” Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, também apontou que o crescimento do setor de GLP depende mais do aumento da população que do PIB, mas, segundo ele mesmo destacou, “o GLP precisa sair da cozinha”. “O GLP é muito

percebido pela sociedade como gás de cozinha. Essa percepção faz com que os fabricantes sejam muito tímidos na produção de secadoras a gás, churrasqueiras a gás em varandas gourmet. Somos a pátria dos chuveiros elétricos, quando poderíamos usar o gás, evitando apagões. Temos de sair da cozinha!”, conclamou. A revenda de GLP também reforça a mensagem sobre a diversificação do produto. “Se não houver a liberação de novos usos, o segmento continuará com crescimento pífio, pois o consumo cresce de forma vegetativa. Desde 1991, temos restrições ao consumo do GLP e cabe ao governo liberar novos canais de consumo para que este crescimento volte a acontecer com mais vigor”, apontou José Luiz Rocha, presidente da Abragás. Rocha relembrou que a Lei 8.176/1991 proibiu o uso do GLP em motores de qualquer


Vasilhames de GLP no Brasil são os mesmos há quase 80 anos Paulo Pereira

espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos. A pena para quem desobedecê-la é de um a cinco anos de detenção. Naquela época, o então presidente Fernando Collor de Mello jogou uma pá de cal no setor de GLP em decorrência da Guerra do Golfo, quando o Kuwait foi invadido pelo Iraque. Como o Brasil dependia muito da importação de derivados de petróleo (60% do GLP era importado), temia-se um desabastecimento no mercado interno. Mais de 20 anos se passaram, muitas mudanças e evoluções ocorreram, mas ninguém moveu um dedo para mudar a Lei que amarra o segmento de GLP. Há alguns projetos nesse sentido tramitando na Câmara, mas falta a boa e velha vontade política para votá-los. O GLP poderia ser uma fonte mais aproveitada na matriz energética brasileira, se o seu uso fosse estimulado além da cozinha, com a vantagem de ser energia limpa e não poluente. “O mundo elétrico está numa onda de saturação e, talvez, seja a oportunidade de trabalhar a substituição da eletricidade por outras fontes, especialmente em áreas urbanas. O GLP gera calor e frio. Então,

devemos investigar quais são as tecnologias que usam estes dois polos na indústria, comércio e residências. Por exemplo: equipamentos de aquecimento de água e de refrigeração”, disse o professor Moutinho. O uso do GLP em equipamentos domésticos, como refrigeração, é viável, segundo o professor da USP, que conduz estudos nesta área e acredita que o momento é bastante favorável para que se esboce outros usos ao produto. Para isso, no entanto, ele apontou a necessidade de os setores de gás natural e GLP trabalharem juntos, pois há espaço para todos, “em vez de ficarem brigando”. José Luiz Rocha, da Abragás, alerta que se houver aumento da demanda, não há produção suficiente para abastecer o mercado interno. “É preciso aumentar a produção nacional para nos tornarmos autossuficientes, já que em 2014 houve um déficit de 18,8% devido à importação do produto”.

Programa de Requalificação No ano passado, os recipientes requalificados atingiram crescimento de cerca de 30%, de janeiro a novembro de 2014,

de 11.003 milhões de unidades para 14.400 milhões de unidades. Levando-se em conta somente recipientes de 13 quilos, o investimento total das distribuidoras foi de R$ 470 milhões, sendo R$ 250 milhões em requalificação e R$ 220 milhões em reposição de recipientes. “Tivemos um ano muito intenso nesse sentido, pois havia um atraso na requalificação da unidade de 13 quilos. Como os botijões elegíveis para requalificação eram de uma quantidade gigantesca, fizemos de modo que não provocasse gargalos nas empresas”, justificou Sérgio Bandeira de Mello. A partir deste ano, ele acredita que o setor voltará aos níveis considerados normais do programa, na casa dos 10 milhões de unidades por ano. De 1996, quando teve início o programa, até o fim do ano passado, passaram por requalificação cerca de 152 milhões de unidades, com investimento de R$ 7,5 bilhões (R$ 2,7 bilhões em requalificação e R$ 4,8 bilhões em reposição de recipientes). Para o presidente da Abragás, o programa de requalificação trouxe enorme evolução ao processo de qualidade dos vasilhames nos últimos anos, porém, não atingiu os objetivos propostos pelas disCombustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO tribuidoras, tendo em vista o fim do prazo em 2011 e o não cumprimento das metas assumidas. “As empresas já vinham investindo na requalificação de vasilhames há muito tempo, mas não cumpriram com os objetivos dentro do prazo previsto. A partir do momento que o extrapolaram, a ANP passou a autuá-las e isso fez com que acelerassem o processo. Apesar do esforço, há ainda um grande volume de botijões vencidos circulando”, criticou Rocha. Bandeira de Mello, do Sindigás, explicou que houve um problema na contabilidade de

alguns botijões requalificados em 2007, que haviam passado pelo processo mais de uma vez e, por isso, deixou um saldo de atrasados. “São milhões e milhões de vasilhames”, enfatizou. Passam pelo processo de requalificação os vasilhames com 15 anos. Após passar pelos testes de resistência e de vazamentos, assim como avaliação do aspecto visual, podem ganhar mais dez anos.

Mudanças à vista No final do ano passado, inclusive, houve uma ampla

Mercado clandestino Enquanto algumas iniciativas trouxeram evolução ao setor, como o Programa de Requalificação que melhorou o segmento em muitos aspectos, por outro, não mudou a realidade do comércio ilegal de GLP, embora tenha havido uma redução considerável do número de pontos de vendas irregulares pelo país, graças à ação de fiscalização da ANP com apoio do Ministério Público, órgãos de defesa do consumidor, Corpo de Bombeiros, prefeituras e Polícia. Mas o presidente da Abragás pontuou que nasceu uma nova modalidade do crime mais difícil de ser cerceada: o clandestino móvel. “São pessoas que saem em veículos particulares, compram a mercadoria em alguma revenda autorizada e a comercializam de forma ilegal”, denunciou. A reportagem da Combustíveis & Conveniência procurou a ANP para obter o balanço das fiscalizações do ano passado, mas foi informada que os dados não foram concluídos até o fim desta edição. Outro problema enfrentado pelas revendas das grandes cidades é a logística. “Com a proibição do transporte de GLP em motocicletas, as opções ficam por conta dos triciclos e veículos de pequeno porte. Com isso, perdemos a agilidade nas entregas ficando na contramão do desejo dos consumidores que querem receber o produto num curto espaço de tempo”, lamentou Rocha. Do ponto de vista das distribuidoras, para Bandeira de Mello “o maior problema é a previsibilidade com que a Petrobras entrega as quantidades nos polos que solicitamos. Ela (a companhia) tem o ônus de ser o único fornecedor nacional, pois um erro de manejo pode tornar-se um grande problema. Por outro lado, tem o bônus também, pois, dependendo da situação, ela sabe que não vou comprar o produto de outro fornecedor”, ponderou.

20 • Combustíveis & Conveniência

discussão que envolveu ANP e agentes do setor, durante audiência pública, na qual a Agência propôs estabelecer limite de tolerância para botijões de 13 quilos. O tema gerou polêmica e colocou revendedores e distribuidores em lados opostos. O superintendente de Abastecimento da ANP, Aurélio Amaral, disse que a proposta de estabelecer limite de tolerância de 1% (um botijão a cada lote, exatos, de 100) para botijões de 13 quilos atende à demanda do Sindigás, em função da dificuldade operacional de garantir, em sua totalidade, “a não comercialização de recipientes transportáveis de até 13 quilos que não atendam ao requisito referente ao prazo para requalificação constante da Norma NBR nº 8865”. “Atualmente, há dificuldade de visualização da data de fabricação, estampada em alto relevo no corpo de alguns recipientes transportáveis de até 13 quilos, a fim de segregá-los para o processo de requalificação. Nesse sentido, a ANP adotaria um limite de tolerância para autuação, caso fossem identificados recipientes transportáveis não requalificados”, explicou. Bandeira de Mello, do Sindigás, argumentou que todo processo industrial de grande porte “é passível de erro”, mesmo que cercado de certificações e cuidados para erro zero. “O que pedimos é que seja observada a falha causada não de forma proposital, mas por um erro de processo na escala de nosso negócio.” Contrário à proposta, Rocha, da Abragás, defende o


Novos vasilhames Uma mudança já em estudo, mas que pode levar alguns anos é um toque de modernidade aos botijões. “Nossos vasilhames são os mesmos há quase 80 anos, não evoluímos em nada, exceto uma distribuidora que está em fase de teste com um novo modelo”, disse Rocha, da Abragás. Moutinho explicou que, em vez dos de aço, como os usados aqui e na maioria dos países da América Latina, em países desenvolvidos os cilindros são de compósitos de carbono, material mais leve, com mais eficiência ambiental, logística, além de serem mais seguros. Claro que tanta tecnologia tem custo muito alto, razão pela qual ainda está em teste no Brasil. “Devo dizer que toda transição tecnológica é sempre mais cara. Se é para manter a indústria como está, madura, consolidada e com crescimento pífio, então, mantém-se tudo como está. Se quer crescer, deve abraçar os novos usos, a tecnologia, jogando sério o jogo da eficiência”, aconselhou o professor.

A Lei 8.176/1991 proibiu o uso do GLP em motores de qualquer espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos

Stock

posicionamento da revenda: “estamos falando de um produto perigoso. Se existir a tolerância na base, os agentes do setor se sentirão no direito de obter a tolerância em seus depósitos e, consequentemente, chegarão aos consumidores vasilhames não conformes.” Para o superintendente do órgão regulador, a mudança não traria nenhum prejuízo ao consumidor, “pois a maior preocupação da ANP é com a garantia de segurança do consumidor”, disse Amaral. Outra audiência pública, também realizada no final do ano passado pela ANP, discutiu a formação de estoques para o mercado GLP. “Em 2012, passamos por uma situação difícil, principalmente no Sul do país, por falta de estoque de GLP, em decorrência da parada para manutenção de uma refinaria. Isso trouxe muitos prejuízos aos revendedores e consumidores”, afirmou Rocha favorável à proposta da Agência. Por sua vez, o presidente do Sindigás disse que não consegue “calcular o benefício disso, pois nos últimos 70 anos não existe ocorrência de falta de produto. “Não tenho uma base para calcular estoques seguros, uma vez que a falta (do produto) nunca ocorreu”. Até o momento, as novas resoluções não foram publicadas. De todo modo, Amaral disse que os temas estão sendo avaliados pelas equipes técnicas do órgão para posterior deliberação. Para este ano, a grande expectativa do setor é a discussão do marco regulatório do GLP e deve ser alvo de discussão pela ANP em breve. n

Combustíveis & Conveniência • 21


44 MERCADO

Corrida contra o tempo O prazo para o ingresso da nova gasolina aditivada no mercado nacional está próximo, mas, até o momento, os testes para encontrar a gasolina de referência não foram conclusivos. Os agentes da cadeia envolvidos no processo de aditivação tentam estender a data de entrada do combustível com aditivos Por Adriana Cardoso A nova gasolina aditivada, prevista para entrar no mercado nacional a partir de 1º de julho deste ano, conforme estabelece a Resolução nº 40/2013, pode ter seu prazo adiado. Produção e distribuição solicitaram à ANP a revisão da data do ingresso da nova gasolina aditivada no país. O problema todo, segundo informações do mercado, é que a conclusão do processo, que definiria a gasolina de referência

bem como os aditivos que serão usados, está demorando mais do que o esperado, o que torna apertado o tempo de adaptação de toda a cadeia para uma estrutura tão cara e complexa. Os testes para definir a gasolina de referência e os parâmetros de aditivação vêm sendo conduzidos pela Petrobras. Procurada diversas vezes pela reportagem da Combustíveis & Conveniência, a estatal disse que não comentaria o assunto, alegando ser esta responsabi-

lidade da ANP, condutora de todo o processo. Por sua vez, a Agência informou, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, que, no ano passado, o Centro de Pesquisas da Petrobras apresentou dados que indicavam certa discrepância nos resultados obtidos pela norma ABNT NBR 16038, aumentando a incerteza da metodologia aplicada. A norma, segundo o órgão regulador, é exigida para a comprovação dos benefícios dos detergentes dispersantes que

Agência Petrobras

22 • Combustíveis & Conveniência


existe sinalização da ANP de que a mudança de data irá ocorrer.

Testes O artigo 7º da Resolução 40/2013 estabelece que a gasolina C deverá conter detergente/ dispersante registrado junto à ANP, em concentração igual ou superior ao teor mínimo informado em seu formulário de registro. Em outras palavras, isso significa que toda gasolina vendida no Brasil terá um mínimo de aditivação, com a finalidade de atender às normas ambientais de controle de emissões de gases poluentes. Ao que tudo indica, porém, o órgão regulador não contava, quando da publicação da resolução, com os desafios impostos pelo processo, como o atraso nas pesquisas. Os testes para encontrar a gasolina de referência que será utilizada para a homologação e registro dos aditivos, segundo os requisitos estabelecidos pela Resolução nº 1/2014, são conduzidos pela Petrobras em seus centros de pesquisas, no Rio de Janeiro. Por esta Resolução, o prazo para registro dos aditivos seria 31 de dezembro passado. Mas, sem a definição da gasolina de referência para que a aditivação seja feita, isso não ocorreu. A complexidade dos testes foi abordada pelo gerente de Soluções Comerciais e Desenvolvimento da Petrobras, Frederico Kremer, em evento realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), em agosto do ano passado, em São Paulo. Na ocasião, ele explicou que os testes lançaram dúvidas em relação à metodologia aplicada, pois não foi possível atingir as especificações estabelecidas pela Resolução 1.

Agência Petrobras

serão adicionados à gasolina. Por essa razão, foi iniciado um estudo em duas etapas para avaliação dessa variação, com a participação de laboratórios capacitados para aplicar a metodologia, em parceria com a Fiat, fabricante do motor utilizado nos testes. A primeira fase do estudo foi concluída em novembro de 2014 e os resultados, promissores, foram apresentados à ANP em dezembro. A segunda fase do processo, segundo a Agência, está em discussão para ser executada ainda neste primeiro semestre. “Além dessas questões, existem outras que estão em avaliação pela ANP e, tão logo tenhamos mais informações, apresentaremos ao mercado”, finalizou na nota. Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom, comentou que “o setor pediu revisão do prazo em reuniões sobre o tema, realizadas ao longo de 2014, bem como já havia feito oficialmente essa solicitação na audiência pública que precedeu a (publicação da) Resolução”, em 25 de outubro de 2013. A confirmação do pedido de revisão também veio da diretoria do Brasilcom, sindicato das distribuidoras regionais brasileiras de combustíveis. “Existe a expectativa de um pequeno atraso, face à complexidade do tema, mas que em nada prejudicará o programa nem trará prejuízos adicionais ao sistema de distribuição e revenda”, disse a entidade, por meio de sua assessoria de imprensa. Na prática, segundo Libório, o atraso não implica em prejuízos ao setor, pelo contrário. “É uma necessidade para que todos os agentes possam fazer o adequado investimento”, frisou. Até o momento, porém, ainda não

A atual gasolina C, com menor teor de enxofre, deverá ser acrescida de aditivos a partir de 1º de julho, conforme prevê a Resolução ANP 40/2013

Nos vários ensaios feitos, houve variação de resultados. Pelo parâmetro estabelecido pela norma, a gasolina de referência deve ter, obrigatoriamente, 300 mg de níveis de depósitos em válvulas por admissão. A estatal usa como base a Norma NBR 16038/2012, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que descreve o método de ensaio em banco dinamométrico para quantificação de depósitos formados em válvulas de admissão em motores de ignição por centelha, equipados com sistema de injeção indireta de combustível, dentro dos parâmetros definidos. Os testes vinham sendo conduzidos em parceria com a Fiat. Combustíveis & Conveniência • 23


44 MERCADO Investimentos

Agência Petrobras

Tanto o Sindicom quanto o Brasilcom têm participado ativamente dos encontros com toda a cadeia para debater as dificuldades, bem como ajudado nas definições e procedimentos eficazes para minimizar os impactos econômicos daentradadanovagasolina.Segundo o Brasilcom, o processo implica “em modificações operacionais nas bases de armazenamento, especialmente aquelas situadas nos terminais aquaviários”. O ingresso da nova gasolina no mercado significa uma transformação em toda a cadeia, especialmente nas distribuidoras, que serão as responsáveis pela adição de detergente/dispersante a toda a gasolina transportada por cabotagem. As mudanças implicam, por exemplo, em instalação de tanques e bombas para injetar aditivos nas bases, obtenção de licenças ambientais e da licença das administradoras dos portos

A aditivação da gasolina C é mais um requisito de qualidade para atender à evolução tecnológica dos motores dos veículos e controle de emissões de gases poluentes 24 • Combustíveis & Conveniência

e terminais para permitir que as adaptações sejam feitas. Por trás de tudo, há no setor também uma preocupação com a Lei 12.815, de 5 de junho de 2013, que estabelece regras para exploração dos portos e instalações portuárias, medida esta que tem impacto direto no trabalho das distribuidoras no médio e longo prazos. O princípio de tudo, no entanto, é a finalização dos testes. “Somente após essa etapa os demais elos conseguem iniciar os projetos de instalação, especificação de pacotes de aditivação, implementação de logística de produção/importação e distribuição de aditivos. Por isso, os agentes de mercado têm sinalizado para a ANP a necessidade de se dilatar esse prazo”, enfatizou Libório, do Sindicom.

Mais qualidade A Resolução 40/2013 revogou a de nº 38, de 2009,

introduzindo no mercado a gasolina S50, a partir de 1º de janeiro de 2014, que promete reduzir as emissões de óxido de enxofre (SOx) em até 35 mil toneladas por ano; em até 60% as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx); em até 45% a de monóxido de carbono (CO), e até 55% a de hidrocarbonetos (HC). A norma atende as metas de emissões do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). É importante ressaltar que a aditivação da gasolina C será mais um requisito de qualidade para atender à evolução tecnológica dos motores e do meio ambiente. A promessa é de que ela ajudará a não piorar os níveis de depósitos, no entanto, não traz os benefícios presentes na premium, como a limpeza das válvulas, por exemplo. Porém, até que ela chegue ao mercado, muita água ainda vai rolar. n


O MERCADO TODO SE ABASTECE AQUI.

XII Feira e Fórum Internacional de Postos de Serviços, Equipamentos, Lojas de Conveniência e Food Service.

05 a 07/08

Expo Center Norte São Paulo

Fórum: das 9h às 13h | Feira: das 13h às 21h

Programe sua visita à ExpoPostos & Conveniência 2015, o evento mais completo do setor. Uma ótima oportunidade para você se atualizar, aumentar seu network e estar conectado com quem decide os rumos de mais de 39 mil postos de serviço e 7 mil lojas de conveniência em todo o Brasil.

Participe também das palestras do Fórum, ambiente ideal para atualização, troca de informações e encontros com profissionais, lideranças do mercado e governamentais. É uma oportunidade única para o debate franco e pertinente, que impulsiona novos negócios.

INFORMAÇÕES: EXPOPOSTOS@FAGGA.COM.BR OU LIGUE: (21) 2441-9100 REALIZAÇÃO

PROMOÇÃO E ORGANIZAÇÃO


44 MERCADO

Etanol em discussão Audiência pública reuniu agentes do setor para discutir as novas regras de especificação de qualidade do etanol. Para a revenda, os principais impactos das propostas vem dos quesitos condutividade elétrica e aspecto

ANP propõe revisar a Resolução 7/2011 e sugeriu várias alterações sobre as regras das especificações de qualidade do etanol

Unica/ Niels Andreas

Por Mônica Serrano A ANP iniciou as discussões sobre a revisão das características de qualidade dos combustíveis. A primeira delas foi no final do ano passado quando a Agência propôs alterações sobre os quesitos de qualidade do diesel durante audiência pública. Agora, a entidade sugere mudanças sobre as especificações do etanol. Em 9 de fevereiro, os agentes de mercado 26 • Combustíveis & Conveniência

reuniram-se em audiência pública para discutir os temas referentes à revisão da Resolução 7/2011, que define as regras de qualidade do biocombustível. As principais alterações propostas pela minuta de resolução são: inclusão do terminal de etanol e do operador de terminal, ajuste das regras da emissão de certificado da qualidade, aprimoramento das normas de adição de corante

com o operador de terminal e novas definições sobre os parâmetros referentes a aspecto, condutividade elétrica e enxofre. “Temos uma nova configuração de mercado com a entrada do terminal, como um local estratégico que centraliza, gerencia, transporta, armazena o etanol combustível e utiliza diversos modais para escoar o etanol em larga escala. Com esta nova configuração tivemos


Rogério Capela

A mudança de limite no parâmetro condutividade elétrica para 250 µS/m não considera o tempo de estocagem dos combustíveis nos tanques das distribuidoras e dos postos revendedores, o que pode gerar autuações

que ajustar a resolução. Além disso, a gente aprimorou alguns itens especialmente no que se refere às normas técnicas, com destaque a inclusão das normas ISO desenvolvidas baseadas nas normas brasileiras ABNT”, explicou Rosângela Moreira, presidente da audiência pública e superintendente de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da ANP. O operador de terminal de etanol é o agente responsável a operar as instalações do terminal autorizadas pela ANP. O produto que chega ao terminal vem das usinas, destilarias, cooperativas e empresas comercializadoras de etanol. Para fazer o transporte do produto que chega ao terminal, o operador pode utilizar diferentes modais como rodoviário, dutoviário, aquaviário e ferroviário. O operador do terminal também poderá emitir o Certificado de Qualidade dos volumes armazenados e adicionar o corante ao etanol anidro antes da entrega para o distribuidor. Sendo assim, a minuta de Resolução determina obrigações ao novo agente. O Artigo 12, por exemplo, que trata da adição de corantes determina as obrigações aos diversos agentes envolvidos nesta etapa,

incluindo o operador de terminal. “o produtor, operador, firma inspetora, transportador dutoviário e transportador aquaviário deverão adicionar corante ao etanol anidro antes de o produto ser entregue ao distribuidor”.

Condutividade elétrica Entre as principais mudanças propostas que afetam a revenda, a ANP propõe que o limite máximo da característica condutividade elétrica seja reduzido de 389 µS/m para 250 µS/m para aprimorar a especificação do etanol combustível comercializado. Conforme explica a nota técnica da ANP, tal medida foi tomada com base na avaliação do levantamento realizado pela Superintendência de Qualidade que compilou os dados recebidos pelas usinas produtoras de etanol anidro e etanol hidratado no primeiro semestre de 2014, no qual foi verificado que apenas 0,6% do etanol comercializado no país foi produzido com condutividade elétrica superior a 250 µS/m. “Este número evidencia que a maior parte dos produtores já atende o que está sendo proposto”, diz a nota. Tanto a Fecombustíveis como o Sindicom não foram favorá-

veis à redução da tolerância para 250 µS/m para o quesito condutividade elétrica. Entre as sugestões encaminhadas para a ANP, a Fecombustíveis defende que seja mantido o limite de 389 µS/m. A justificativa é que o etanol não é competitivo em relação à gasolina na maioria dos estados brasileiros e, por isso, o volume de vendas nos postos reduziu muito desde 2009, ano em que o produto bateu todos os recordes de vendas. Sendo assim, o produto tem baixa rotatividade e fica estocado nos tanques por muito tempo, principalmente em postos situados em regiões de menor movimento, podendo gerar alteração no produto. A sugestão da Fecombustíveis é que poderia haver uma diferenciação de limites para a produção e para a distribuição/revenda. Durante a audiência pública, Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom, reafirmou que o parâmetro condutividade elétrica não considera o tempo de estocagem deste produto nos tanques das distribuidoras e dos postos revendedores, portanto, a redução do limite deste parâmetro para 250 µS/m pode gerar autuações. “Nossa experiência aponta que, quando se tem uma armazenagem mais longa, basicamente durante a entressafra, que demora cerca de 40/60 dias, pode ocorrer uma degradação na condutividade elétrica. Então, se o produto estiver um pouco no limite, ele poderia sair do produtor especificado,mas acaba Combustíveis & Conveniência • 27


44 MERCADO degradando na distribuição e penalizando a revenda. A condutividade elétrica é o terceiro maior nível de autuação no mercado”, alertou. Libório solicitou que, antes de fazer a mudança da condutividade, fosse feita uma divulgação para esclarecer quais são os impactos positivos desta mudança, já que a ANP tomou por base uma análise estatística. “O nosso sentimento é que se fizer uma análise desta estatística focada nos dois principais meses da entressafra, como março e abril, na região Centro-Sul e julho e agosto, no Nordeste, esse número poderia ser pior. Se a ANP optar pela redução para 250 µS/m, a gente gostaria que tivesse alguma tolerância para a distribuição”, disse. Em relação ao setor produtivo, Jorge Sandes Torres, do Sindaçúcar e representante do Fórum Nacional Sucroenergético, também defendeu a alteração do limite da condutividade elétrica para os dois tipos de etanol. Para o anidro, a sugestão seria adotar 300 µS/m e para o hidratado, 350 µS/m.

Rogério Capela

Para a revenda, um dos quesitos mais importantes da minuta de Resolução foi a proposta de alteração em relação ao aspecto

28 • Combustíveis & Conveniência

“Nossa intenção é conciliar um valor compatível com o que é utilizado no setor. A colheita mecanizada da cana-de-açúcar resulta em maior presença de impurezas minerais e vegetais, que alteram a qualidade da matéria-prima. Isso implica em uso de componentes para fazer os ajustes necessários para adequação da especificação e, consequentemente, ocorre a elevação da condutividade elétrica”, justificou.

Certificado de qualidade Também foi questionado pelo Sindicom o Artigo 4º, no qual determina que o certificado de qualidade do terminal deve constar o nome do fornecedor do produto. “Entendemos a ideia, mas, no fim das contas, quando o produtor coloca o produto no terminal, não tem um tanque exclusivo, segregado. Então, este produto se mistura ao de vários outros produtores. Na hora do carregamento, não há nenhuma garantia técnica de que aquele produto, daquele produtor, está indo para aquele cliente específico. É possível fazer, mas não vai transmitir a

realidade do produto que se está passando do terminal para o distribuidor ou quem quer que seja daquela molécula”, disse.

Aspecto Para a revenda, um dos quesitos mais importantes da minuta foi a proposta de alteração em relação ao aspecto. Antes uma pequena partícula no etanol era motivo de autuação ao posto. A nova proposta é que, para fins de fiscalização, nas autuações por não conformidade, deverá ser realizada a análise de resíduo por evaporação em laboratório. Alternativamente, pode-se determinar o teor de material não volátil, segundo a norma NBR 15559: etanol combustível - determinação do teor de material não volátil por evaporação, podendo ser aceito limite de 5 mg/100mL. Esta nova medida visa reduzir a subjetividade na reprovação do etanol pelo aspecto, que está sujeita a análise visual e pode dar margem a mais de uma interpretação.

Novidade: enxofre Para os produtores nacionais ou quando o produto é importado, a nova proposta adicionou à especificação do etanol a indicação mensal do teor de enxofre presente no etanol combustível. A nova medida foi proposta devido ao ingresso da gasolina automotiva de baixo teor de enxofre (50 mg/kg), sendo que tal componente também deve ser controlado no etanol. Como se sabe, quanto menor o teor de enxofre, menos prejuízo ao meio ambiente e menos emissões de gases poluentes. n


MERCADO 33

De olho no abastecimento Regulamentações da ANP para diminuir os gargalos decorrentes da elevada demanda de combustíveis começam a surtir efeito, exceto por algumas ocorrências e problemas pontuais, como a enchente do Rio Madeira, 2014 foi um ano relativamente tranquilo para o abastecimento do país Por Gisele de Oliveira e Mônica Serrano A constante demanda por combustíveis trouxe uma situação instável ao abastecimento do setor ao longo dos últimos anos. Não era raro os casos de atrasos pontuais na entrega de combustíveis por conta da pressão elevada no fluxo logístico ocasionada pelo aumento no consumo de derivados de petróleo e etanol hidratado. Nem mesmo a produção no limite das refinarias da Petrobras e a importação de combustíveis eram suficientes para abastecer

o mercado. No ano passado, por exemplo, a revenda iniciou 2014 com alguns casos de atrasos na entrega ou fornecimento em quantidades menores. E 2015 também começa com falta de combustíveis em postos de algumas cidades do país em função dos protestos de transportadores e caminhoneiros contra o aumento do preço do óleo diesel e o baixo custo do frete. Até o fechamento desta edição, o problema atingia municípios de Minas Gerais, do Paraná, da região oeste de Santa Catarina e do norte do Mato Grosso.

No intuito de melhorar o fluxo logístico e, consequentemente, evitar os gargalos constantes no abastecimento de combustíveis no país, a ANP vem apertando o cerco e divulgando regras mais rígidas para os segmentos de produção e distribuição. Uma delas, a Resolução 45/2013, que define a necessidade de estoques mínimos semanais de gasolina e óleo diesel por produtores e distribuidoras, vigorou por todo o ano passado. O primeiro balanço feito pela ANP traz resultados positivos para o setor: apenas três ocorrências Rogério Capela

Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO de descumprimento de estoques de diesel S500 ao longo de 2014. “A grande maioria fez o estoque mínimo operacional, o que mostrou o acerto da Resolução e deu estabilidade para o mercado neste período com quase inocorrência de desabastecimento. Nas duas regiões onde houve estas ocorrências, a Superintendência fez uma investigação, apurou os responsáveis pelo evento aplicou as devidas autuações”, disse Aurélio Amaral, superintendente de Abastecimento da ANP, durante o Seminário de Avaliação do Mercado de Combustíveis 2015. E a Agência pretende melhorar ainda mais o fluxo de informações, que também prevê o acompanhamento de envios de relatórios de estoques, com a realização de uma auditoria em abril para analisar todos os dados informados pelos agentes relativos ao primeiro semestre de 2015 a fim de garantir maior previsibilidade ao mercado. Amaral também fez um balanço sobre a aplicação da Resolução 67/2011, que determina a previsibilidade de fornecimento de etanol anidro e manutenção de estoques mínimos regulatórios para produtores e distribuidores. Na safra 2014/2015, o volume de anidro contratado alcançou 9,8 milhões de m 3, número quase 6% acima da meta (9,3 milhões de m3), que era de 90% da comercialização de gasolina C apurada em 2013. Em relação à safra 2013/2014, dos 162 produtores com metas de contratação, 73 não conseguiram cumprir o objetivo, o que representou 25,2% do volume contratado. Já a distribuição conseguiu atingir melhores resultados, de 112 companhias, 31 não cumpriram a meta, ou seja, 16% do estoque. Também como parte para diminuir o gargalo no abastecimento, a ANP publicou, no final do ano 30 • Combustíveis & Conveniência

Fonte: ANP

Fonte: ANP

Fonte: ANP


passado, a Resolução 58/2014, que revisou o marco regulatório da distribuição e definiu, entre outras medidas, a exigência de instalações próprias nas áreas de atuação das distribuidoras. “Em função do grande aumento no consumo de combustível e essa pressão no fluxo logístico e, a partir de estudos específicos, trouxemos algumas exigências, como essa [a de possuir base própria de distribuição]. Isso é um incentivo da Agência para aumentar a capacidade de armazenagem e trazer empresas mais compromissadas para o abastecimento”, explicou Amaral. Apesar de todo o esforço da ANP, especialistas afirmam que as medidas adotadas pela agência são pontuais e não resolvem o problema do

Copa do Mundo Se não fosse a perda do Brasil para a Alemanha por 7 x 1 não haveria motivo para reclamação, pelo menos do ponto de vista de abastecimento no período da Copa do Mundo. No ano passado, Petrobras, distribuidoras e ANP atuaram no plano de contingência para o fornecimento de combustíveis, no sentido de organizar o fluxo de abastecimento do país. “Ajudamos na coordenação prevendo todas as mudanças e atuando na logística de distribuição para não haver nenhum tipo de ocorrência e foi zero problema”, destacou Amaral.

abastecimento no longo prazo. Em entrevista recente à Combustíveis & Conveniência, o sócio-executivo do ILOS, Marcus D’Elia, considerou as formações de estoques como ações paliativas, de curto prazo e, portanto, não é suficiente para resolver o problema. “Sana um desbastecimento pontual, mas o problema crônico de desabastecimento devido ao crescimento da demanda e a falta de produção no país, este a ANP não tratou”, disse. Por nota, a ANP admitiu que “os estoques médios semanais de combustíveis podem impedir a descontinuidade do abastecimento ao consumidor final no curtíssimo prazo, preenchendo a lacuna temporal entre a ocorrência do fator

de risco e a implementação do plano de contingências”. Porém, destacou que a Agência, por meio do Grupo de Fluxo Logístico, tem elaborado estudos e planos de ação para o médio e longo prazos, auxiliando o governo federal no estabelecimento de diretrizes energéticas veiculares. Na nota, a ANP citou o início, em 2014, do mapeamento e mensuração dos fatores de risco dos fluxos logísticos de toda a cadeia, incluindo distribuição, refino, terminais terrestres e aquaviários e malha dutoviária. Depois de procuradas, o Sindicom e as grandes distribuidoras preferiram não comentar os resultados alcançados pela formação dos estoques médios semanais e a Resolução 58/2014. n

Sufoco na região Norte No ano passado, um dos problemas mais graves de abastecimento ocorreu com a enchente do Rio Madeira, que prejudicou o abastecimento de combustível e de GLP na região Norte. Todas as bases das distribuidoras ficaram alagadas e submersas. “Tivemos que fazer um plano de contingência e a grande ação da Superintendência de Abastecimento foi isentar a obrigatoriedade da mistura de biodiesel ao diesel porque não havia condições logísticas e operacionais das bases efetuarem a mistura”, disse Amaral. Para facilitar a logística e o envio rápido do combustível, para toda a região Norte, especialmente para o estado do Acre, a ANP atendeu ao pedido dos agentes de mercado e autorizou a isenção da mistura obrigatória, por um período determinado, a fim de garantir o abastecimento de diesel. Em relação ao GLP, também houve uma ação emergencial, a partir do enchimento do produto em outras distribuidoras, garantindo assim o fluxo da entrega do produto na região. “Estamos de novo este ano em estado de alerta porque já está tendo enchente, porém, estamos nos antecipando, por meio da autorização de novas bases a fim de aumentar a capacidade de armazenamento, mitigando os efeitos em eventual crise. Esperamos não passar todo o sufoco que passamos em 2014”, comentou o superintendente. Combustíveis & Conveniência • 31


44 MERCADO

Combustíveis: ainda em evolução A desaceleração da economia não diminuiu o ritmo das vendas de combustíveis no ano passado, que acumulou mais um ano de alta demanda de consumo, com 5,28% acima de 2013

O mercado de combustíveis no Brasil continua vigoroso. No ano passado, as vendas de combustíveis registraram 144,575 milhões de metros cúbicos, o que representa um crescimento de 5,28% sobre 2013. Estes dados foram apresentados no Seminário de Avaliação do Mercado de Combustíveis pela ANP, em 10 de fevereiro, e demonstram que o setor permaneceu descolado da desaceleração da economia nacional. “Nos últimos três anos, de 2011 a 2014, o setor registrou um crescimento superior a 18%, em relação ao PIB aproximado de 4%, ou seja, mostra um forte vigor do consumo de combustíveis do país”, destacou Florival Carvalho, diretor da ANP. Em meio a um cenário econômico incerto, composto por perspectiva de baixo crescimento do país, ajustes fiscais, inflação alta e taxa de juros elevada, Aurélio Amaral, superintendente da ANP, optou por não estimar o crescimento das vendas de combustíveis para 2015. Entretanto, se o mercado repetir o desempenho de períodos anteriores, a tendência é permanecer acima do PIB. “Não é possível realizar prognósticos 32 • Combustíveis & Conveniência

Unica

Por Mônica Serrano

A comercialização de combustíveis continua a crescer e, nos últimos três anos, as vendas registraram crescimento superior a 18% ante PIB aproximado de 4%

a respeito do crescimento futuro da demanda de combustíveis. Entretanto, dado o histórico do setor, o mercado evolui sistematicamente acima do crescimento da economia”, disse. De fato, os dados constatam que o setor como um todo tem mantido demanda constante, mesmo em períodos difíceis. Em 2009, por exemplo, ano que foi marcado pelo pós-crise mundial, a evolução das vendas permaneceu relativamente alta, em 2,68%. A expansão do segmento também se refletiu no número de agentes de mercado, que passou de 108 mil agentes, em 2013, para 114 mil, em 2014, equiva-

lentes ao aumento de 5,46%, ou seja, quase 6 mil agentes a mais em atividade. Devido ao extenso volume, Aurélio Amaral, superintendente de Abastecimento da ANP, destacou o alcance e a relevância deste mercado no cenário nacional e a dificuldade tanto de regular como de fiscalizar este volume de agentes. A categoria revenda foi a que mais cresceu entre 2013 e 2014, com 3.400 novos agentes, dos quais 2.692 foram da revenda de GLP. “O crescimento continua expressivo. Até fiz uma consulta aos líderes do setor de GLP para verificar se tinha alguma incoerência nestes dados, mas eles disseram que é um mercado pulverizado e


do aumento foi percebido com não apareciam nas estatísticas em crescimento”, disse Amaral ao toda sua extensão em 2014, e oficiais”, justificou. apresentar os números de mercado. não em 2013 quando ocorreu A questão dos dados declaraA revenda de combustíveis a elevação do teor da mistura. líquidos finalizou 2014 com 39.993 tórios esbarra no problema antigo Em relação ao etanol hidratado estabelecimentos, ou seja, um das fraudes das distribuidoras houve crescimento de 10,54% para aumento de 699 novos postos de etanol. Além da sonegação 12,9 milhões de metros cúbicos. ante 2013. Em contrapartida, os de impostos, estas empresas postos bandeira branca não declaravam suas Variação do quantitativo de agentes - 2014/2013 registraram 16.092 vendas totais para a estabelecimentos em ANP, o que retratava 2014,oquerepresentou um panorama irreal uma diminuição de 142 do mercado. Para estabelecimentos ante combater o problema o ano anterior. e melhorar a qualidade das informações, a ANP elaborou um Altas vendas: plano de melhoria da gasolina e etanol qualidade dos dados de etanol hidratado Dentre os comcomo forma de minibustíveis líquidos comercializados no ano mizar a divergência passado, as vendas de de informações de gasolina C cresceram Fonte: ANP vendas entre distri7,09% ante 2013. buição e produção. Vendas internas de combustíveis Ao longo de 2014 Foram feitas auditorias foram vendidos 44,36 sobre os dados divermilhões de metros cúgentes, por agente econômico, com vebicos de gasolina. “A gasolina vem repetindo rificação das notas ao longo dos anos esta fiscais eletrônicas. Os demanda acelerada. resultados do plano Este resultado pode foram percebidos ser atribuído ao inpela execução de diversas ações de centivo do governo fiscalização, dentre em relação às venelas 21 notificações das de automóveis”, e 9 autuações no justificou Amaral. A ano passado. Com o gasolina C tem em Fonte: ANP reprocessamento dos sua composição a Este aumento expressivo, disse dados divergentes identificados gasolina A mais a mistura com o Amaral, foi “graças ao crescimento nas auditorias houve ainda meetanol anidro. No ano passado, de mercado e também ao melhor a comercialização de a gasolina lhoria do indicador de divergência acompanhamento da SuperinA aumentou 5,03% e o etanol entre compra e venda de etanol anidro atingiu crescimento de hidratado. Portanto, os dados tendência de Abastecimento no 14,5% ante 2013, com 11 milhões atualmente retratam com mais tratamento dos dados declaratóde metros cúbicos. Esta diferença fidelidade a realidade de mercado. rios. Conseguimos capturar um de crescimento entre gasolina A e bom número que estava perdido, Diesel/Biodiesel etanol anidro decorre da elevação fizemos trabalho de notificação da mistura do anidro à gasolina de reprocessamento de dados A comercialização de óleo de 20% para 25% em maio de e conseguimos trazer mais de 1 diesel, que detém 46,3% de 2013. Segundo Amaral, o reflexo milhão de metros cúbicos que participação na matriz veicular, Combustíveis & Conveniência • 33


44 MERCADO obteve um crescimento contido no ano passado, com elevação de 2,49% ante 2013. Ainda assim, esta evolução continua acima do PIB previsto para encerrar 2014 próximo a zero. No período anterior, as vendas de diesel em 2013 subiram 4,6% sobre 2012. No ano passado, os veículos pesados terminaram o ano com 137,1 mil caminhões licenciados,uma retração de 11,3% ante 2013, fato que pode explicar a menor comercialização do diesel no ano passado. No aspecto positivo, desde que o diesel S10 passou a ser comercializado no mercado nacional, em janeiro de 2013, o combustível com baixo teor de enxofre encerrou 2014 com participação de 25% do mercado total de diesel. Outro destaque para o S10 no ano passado é que os postos revendedores voluntáFonte: ANP rios ampliaram significativamente a venda do produto, em 90% em comparação a 2013. Já os postos obrigados a vender o produto houve ampliação de 8,7% ante 2013. Em virtude disso, hoje, 77% dos municípios brasileiros são atendidos pela revenda que comercializa S10. Em relação às importações de diesel aumentaram 9,73% em 2014 ante 2013. Ao contrário da gasolina que registrou uma redução de 28,16% no mesmo período. No ano passado, ocorreram dois momentos importantes para o biodiesel. Em julho, com o aumento da mistura do biodiesel no diesel para 6% e, em novembro, para 7%. A elevação do teor da mistura ajudou 34 • Combustíveis & Conveniência

o setor a impulsionar as vendas do biocombustível que aumentaram 16,45% em 2014 frente a 2013.

Estagnação e retração No mercado de GLP, o crescimento permaneceu em níveis baixos, de 1,26%, quando comparado aos combustíveis líquidos, totalizando vendas do produto de 7,421 milhões de toneladas. No ano passado, o produto perdeu participação nas regiões Sul e Sudeste, enquanto Matriz veicular nacional

que Norte, Nordeste e Centro-Oeste registraram aumento nas vendas. Para o GNV, 2014 foi um ano mais complicado, pois o setor vem refletindo reduções de consumo ano a ano e de participação de mercado desde 2007. Hoje, a frota de GNV corresponde a 3,1% do total de veículos e as vendas do produto diminuíram 3,23% em relação a 2013. A falta de estímulos pelo governo federal para o consumo do GNV e a necessidade de investimentos na construção de rede de gasodutos para aumentar a distribuição do produto constituem nos principais entraves de expansão, causando o desinteresse do consumidor.

Da parte dos lubrificantes, o crescimento ficou estagnado. Foram comercializados 1,518 milhão de metros cúbicos em 2014, em comparação aos 1,520 milhão de metros cúbicos em 2013. Ao contrário do período anterior, que aumentou 10% das vendas ante 2012. O dado surpreendeu especialistas do segmento. A expectativa de Rui Ricci, sócio-diretor da Ricci & Harhar Consultoria, era que o segmento atingisse crescimento entre 1% e 2%, já que pelos dados históricos do setor, as vendas têm evoluído entre 2 e 3 pontos percentuais acima do PIB. Ricci observa que cerca de 85% do mercado de lubrificantes estão concentrados nas mãos de três ou quatro grandes fabricantes, porém, o total de empresas cadastradas na Agência é de 125. “A ANP compila as informações passadas pelas companhias, porém, como os dados são declaratórios fica a dúvida se todos transmitiram seus números à entidade, o que pode não retratar o volume de vendas do mercado”, disse. Mesmo que pairem dúvidas quanto ao crescimento do setor, não se pode negar que o segmento de lubrificantes é um dos mais dinâmicos, que investe em pesquisas e evolui constantemente para oferecer produtos que atendam às exigências de redução de gases poluentes e proporcionem economia de combustível. n


OPINIÃO 44 José Carlos Ulhôa Fonseca 4 vice-presidente da Fecombustíveis

Impactos de gestão monofásico, semelhante Neste momento de tanta correção nos valores das à substituição tributária, tarifas públicas, fruto entre outras adversidades da má de responsabilidade da gestão do governo federal, cujos reflexos já são sentidos fonte de produção sua nas contas de energia e água, falar sobre efeitos deleincorporação, neste caso, térios causados pelos novos preços dos combustíveis as refinarias para ser coé apenas colocar mais “gasolina na fogueira”. Óbvio que qualquer empresa encantoada com brado em toda a cadeia. impactos de novos tributos nos preços das mercadorias, Porém, mesmo com os disfarces criativos, cabe cujas margens de operação saudável são bastante levantar o questionamento de que todos os governos estreitas, pode, eventualmente, se ver obrigada a estaduais praticam a bitributação de forma dissimulada, repassar essa taxação em face de sua estrutura de mais uma no emaranhado de nossa legislação arcaica, custos. Todavia, sente profundamente seus reflexos que atemoriza e afugenta grandes investidores. no negócio diante da inevitável queda nas vendas, Paradoxalmente, vê-se um absurdo jurídico-econôdesaceleração do ritmo de crescimento do seu negócio, mico: os postos de combustíveis não podem absorver aumento de inadimplência e necessidade de maiores tais impactos aos seus custos, pois assim o fazendo aportes de capital de giro para aquisição de produtos inviabilizam a saúde financeira da empresa. E, como a preços maiores. O aumento consequência, ao repassarem de preços não é e nunca foi de os tributos às bombas, são Enquanto o mundo todo revê os interesse da revenda varejista. acusados de praticar lucros preços dos combustíveis, repassando abusivos. Um absurdo! O consumidor está suao consumidor a profícua queda do O desfecho beira à trafocado com tantos aumentos e o combustível reflete gédia. Trata-se de um grande barril de petróleo, hoje, na casa de diretamente nos valores abuso do governo impor mais US$ 50, o Brasil, novamente, anda finais dos demais produtos tributos à população brasileira, na contramão dos acontecimentos, pelo impacto indesejável na marcando a história de forma contra- sufocada, penalizada diuturnaelevação dos fretes. mente pelas incompetências ditória, penalizando os brasileiros No que tange ao aude gestão da máquina pública, usada despudoradamente mento dos produtos - cuja como moeda de troca para apoios políticos duvidosos. responsabilidade é do próprio governo federal ao É preciso dar um basta, pois o brasileiro não desenterrar o PIS/Cofins e a seguir a Cide - tornaram suporta colocar mais impostos à sua mesa e o gonossas mercadorias muito caras e os empresários do setor têm ampla consciência desse impacto nefasto. verno deve, ao contrário, conter as suas despesas, Enquanto o mundo todo revê os preços dos que crescem exponencialmente para alimentar uma combustíveis, repassando ao consumidor a profícua máquina pública falida! queda do barril de petróleo, hoje, na casa de US$ 50, E nós, empresários, ainda somos obrigados a o Brasil, novamente, anda na contramão dos aconteaceitar a “pecha” de desonestos, quando os aumentos no custo do produto por nós vendidos é decorrente cimentos, marcando a história de forma contraditória, de novos tributos e taxas criadas ou majoradas pelo penalizando os brasileiros. próprio Estado. Imediatamente, os governos estaduais, por meio das É bom que o contribuinte saiba que os impostos Secretarias de Fazenda, atualizaram freneticamente os representam mais de 50% dos custos dos combustíveis. valores de pauta para os cálculos do ICMS, provocando Somos acusados de obter aquilo que é, em últinovos aumentos, de vez que já foram repassados pelas distribuidoras aos postos, numa corrida constante e perma instância, o maior objetivo do empreendedor, do empresário, qual seja o lucro saudável, transparente e versa contra o consumidor, além de mais aumentos nos honesto e a elevação dos preços dos combustíveis, neste produtos dados pela Petrobras. Verdadeira bola de neve. momento trágico do país, denota, mais uma vez, culpa Nosso código tributário é uma colcha de retalhos exclusiva da gestão ineficiente dos maus governantes. confusa, prevendo para o Pis/Cofins, a figura de imposto Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA

Guia para conferir: adesivos importantes Além das placas e adesivos estabelecidos pela ANP, o revendedor também deve prestar atenção à fixação de outros cartazes no posto, como os referentes à nocividade dos produtos e à responsabilidade ambiental Por Gisele de Oliveira Na edição passada da revista Combustíveis & Conveniência, iniciamos uma reportagem sobre o que está valendo em relação à exposição de placas e adesivos na área dos postos. Na primeira parte, trouxemos

as normas vigentes pela ANP de acordo com as Resoluções 41/2013 e 57/2014. Na segunda e última parte do guia, vamos mostrar os adesivos e cartazes importantes determinados pela legislação, que devem ser afixados na área dos estabelecimentos.

1) Nocividade dos produtos Onde: nas colunas de cobertura de abastecimento Informação: apesar de não estar mais previsto pela legislação recente da ANP, é recomendada a colocação do cartaz, que traz informações sobre os efeitos da ingestão e inalação de combustíveis pela pessoa, além dos perigos do contato com a pele e os olhos. O material deve trazer tais informações para o etanol, gasolina e diesel comuns e aditivados. Padronização: não há medida padrão.

36 • Combustíveis & Conveniência

Vale lembrar que no site da Fecombustíveis (www.fecombustiveis.org.br/revendedor/check-list/) você encontra um guia completo sobre as normas e regras determinados por diferentes órgãos, incluindo a padronização e o local em que os materiais devem ser afixados.


2) Contra a exploração sexual Onde: deve ficar em área visível ao consumidor. Informação: os postos localizados em rodovias são obrigados a afixar um cartaz contra a exploração sexual e o tráfico de crianças e adolescentes, de acordo com a lei federal 11.577. O cartaz deve conter os seguintes dizeres: “Exploração sexual e tráfico de crianças e adolescentes são crimes: denuncie já! Disque 100 – Lei nº 11.577”. O texto deve ser escrito em português, espanhol e inglês. Padronização: não há medida padrão. Confira o modelo abaixo. O cartaz está disponível para impressão no site da Fecombustíveis. Confira o modelo ao lado:

24

4) Código de Defesa do Consumidor Onde: deve ficar em local visível ao consumidor. Informação: o posto revendedor deve manter à disposição do consumidor um exemplar do Código de Defesa do Consumidor. Em alguns estados, a legislação obriga o posto a afixar um cartaz com os seguintes dizeres: “Este estabelecimento possui um exemplar do Código de Defesa do Consumidor disponível para consulta”. Padronização: não há medida padrão. Confira o modelo abaixo.

Quem vende óleo lubrificante ou apenas efetua a troca do mesmo deve ter sempre em mente que sua missão principal é recolher com segurança esse resíduo, retirando-o do motor ou equipamento e armazenando-o em

local apropriado, seguro contra vazamentos, mistura com outras substâncias, incêndios e quaisquer acidentes, para entregá-lo a coletor autorizado pela ANP (normalmente recebendo um valor por isso).

3) Resíduos e óleos lubrificantes usados

Onde: deve ficar em área visível ao consumidor, no local de Informar o cliente também é obrigação do revendedor exposição do óleo acabado posto à venda. Outra importantíssima obrigação Por isso, a legislação estabelece que um Informação: o adesivo é obrigatório, atende à Resolução dos revendedores estabelecida pela cartazConama como o mostrado na figura a seResolução CONAMA nº 362/2005 é a guir seja exposto nos locais de venda, em 362/2005 e deve esclarecer sobre o perigo do óleo lubrificante em missão de informar os consumidores local visível, com pelo menos o mesmo dos cuidados necessários dos cartazes usados na publicicontato direto com a pessoa aerespeito os impactos negativostamanho causados com o óleo lubrificante. dade dos produtos que estão à venda. pelo produto ao descartar, de forma incorreta, no meio ambiente. Além disso, deve-se informar que produtor, distribuidor, revendedor e atenção: consumidor são respon- O óleo lubrificante após seu uso é um resíduo perigoso sáveis pelo recolhimento e O óleo lubrificante usado quando é descartado no meio ambiente provoca impactos ambientais negativos, tais como contaminação dos corpos d’água destinação correta do óleo e contaminação do solo por metais pesados. O produtor, importador e revendedor de óleo lubrificante, bem como o consumidor são responsáveis lubrificante usado. pelo seu recolhimento, e sua destinação. Padronização: não há medida Senhor Consumidor: retorne o óleo lubrificante usado ao revendedor não cumprimento da Resolução CONAMA acarretará aos infratores as padrão. Confira o modelo Osanções previstas na Lei de Crimes Ambientais Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. ao lado. Cartaz informativo que deve ser afixado nos pontos de venda.

Guia básico Gerenciamento de óleos lubrificantes usados ou contaminados

5) Proporção do preço: etanol x gasolina Onde: é determinado conforme a legislação municipal ou estadual do local em que o posto está situado. Informação: Em alguns estados e municípios, existem leis que obrigam os postos a instalar placas exibindo a proporção entre o preço do etanol em relação ao da gasolina comum. A recomendação é verificar a legislação de seu município e estado para atestar a necessidade de afixar mais esse cartaz. Padronização: é determinada conforme a legislação municipal ou estadual do local em que o posto está situado. Combustíveis & Conveniência • 37


OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich 4 Consultor jurídico da Fecombustíveis

Procons notificam sindicatos para que cometam ato ilícito uma Cartilha tratando Mais uma vez, após o aumento dos impostos especificamente do sobre os combustíveis, ocorrido em 01/02/2015, setor de combustíveis, os postos se tornaram os vilões para a imprensa em que restou consige o resultado não seria outro senão que diversos Procons passaram a notificar e autuar postos nado que: pelos aumentos ocorridos. “Com relação às condutas adotadas pelos O inusitado dessa vez ocorreu nos estados órgãos de classe, voltadas à obtenção de conduta do Maranhão e do Rio Grande do Sul, onde comercial uniforme ou concertada entre os seus os Procons locais sob o pálido argumento de filiados, pode-se apontar como fatos suficientes que alguns postos teriam praticado aumenpara sua configuração as declarações prestadas pelos presidentes, diretores ou qualquer outro tos excessivos, pois superiores a expectativa funcionário de sindicatos e associações sobre propalada pelos meios de comunicação, nofuturos aumentos de preços ou eliminação de tificaram os sindicatos que representam os descontos antes praticados, publicadas em jorpostos para que os mesmos orientassem seus associados a reduzir os nais de ampla circulação aumentos ou não praticar ou em boletins informativos preços excessivos. voltados para os membros Fica evidente que a postura dos Sem entrar no mérito da classe.” da precipitada avaliação, Disponível em http:// Procons de notificar os sindicatos de caráter subjetivo, conmigre.me/oGXe7 com o nítido propósito de dar Ora, como visto, basta siderando o aumento do pronta resposta a imprensa é, no uma simples declaração preço de aquisição do mínimo, inadequada do sindicato orientando produto, certo é que os seus associados e represindicatos não podem adotar a postura que lhes sentados sobre qualquer foi solicitada pelos Procons do MA e do RS, sob questão atinente aos preços dos combustíveis, pena de incorrer em infração contra a ordem para que seja interpretado como fato suficiente econômica, prevista no artigo 36, § 3º, inciso para comprovar a tentativa de influenciar uma II, da Lei 12.529, de 30 de novembro de 2011. conduta uniforme entre concorrentes. Na ótica do Conselho Administrativo de Defesa Pelo exposto, fica evidente que a postura dos Econômica (Cade), conforme manifestado em Procons de notificar os sindicatos com o nítido diversos julgados, sindicatos podem se transpropósito de dar pronta resposta a imprensa é, no mínimo, inadequada. Isso porque demonsformar em fóruns de encontro de participantes de cartel, daí o cuidado em se assegurar que trado sobremaneira que qualquer manifestação seu funcionamento seja lícito. do sindicato sobre preços será interpretada Com o intuito de dar publicidade e conhepelo Cade como uma tentativa de influenciar cimento aos agentes econômicos e órgãos de a adoção de conduta comercial uniforme ou classe sobre o que é permitido e o que é proibido, concertada entre concorrentes, o que por si só os órgãos de defesa da concorrência editaram se constitui em ato ilícito.

38 • Combustíveis & Conveniência


Já protegemos o meio ambiente em quase 3.000 municípios do Brasil

O Jogue Limpo faz a logística reversa de embalagens plásticas de lubrificantes usadas, garantindo sua correta destinação ambiental em 14 estados e no Distrito Federal.

Ligue para a Central de Atendimento mais próxima e cadastre o seu estabelecimento. Distrito Federal

Santa Catarina

Espírito Santo

São Paulo Capital

0800.033.1520 0800.033.1520 Minas Gerais

0800.033.1520 Paraná

0800.643.0708 Rio de Janeiro

0800.941.6222 Rio Grande do Sul

0800.727.2066

0800.643.0708 0800.941.6222 São Paulo Interior

0800.773.0323

Bahia, Sergipe e Alagoas

0800.979.1585

Pernambuco, Paraíba Rio Grande do Norte e Ceará

0800.181.0120

www.joguelimpo.org.br


44 REPORTAGEM DE CAPA

Mal necessário A impressão é de que o país caminha na contramão: enquanto a cotação do barril de petróleo no mercado internacional despenca, internamente os combustíveis passam a sofrer maior tributação na refinaria, com elevação de preços em toda a cadeia. Mas para os analistas financeiros, a medida foi necessária para evitar uma crise ainda maior Por Rosemeire Guidoni Mal começou o ano e o país já sentiu no bolso a elevação de alguns preços, como combustíveis e energia elétrica. As medidas já eram previsíveis, em função das contas públicas deficitárias, mas, especialmente no caso dos combustíveis, não faltaram comentários mencionando o fato de o país andar “na contramão” do restante do mundo, já que lá fora, desde o ano passado, a cotação do barril de petróleo vem caindo. Desde junho de 2014, quando atingiu o pico de US$ 115 por barril, o preço do

petróleo iniciou uma trajetória de queda, chegando a ser cotado na casa dos US$ 40 por barril. Conforme cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em janeiro deste ano, o preço da gasolina brasileira, na refinaria, ficou 68,9% superior ao preço médio do combustível no mercado internacional. Já o diesel ficou 53,2% mais elevado. Além da cotação do petróleo, a diferença também ficou maior porque, em novembro, a Petrobras elevou os preços da gasolina e do diesel para a refinaria em 3% e 5%, respectivamente, e, a partir de

fevereiro, com o acréscimo de tributos aos preços da gasolina e diesel (veja Box). Será que somente a diferença propiciada pela queda do preço do barril não seria suficiente para recuperar o caixa da Petrobras? A resposta, de acordo com os analistas de mercado, é negativa. “Se o preço do petróleo não tivesse caído lá fora, o custo para a sociedade agora seria bem maior. No passado, foram concedidos benefícios e, agora, as contas estão sendo acertadas”, afirmou o professor Heron do Carmo, da Faculdade de Economia e Admi-

Agência Petrobras

A Petrobras aumentou o preço dos combustíveis nas refinarias no final de 2014 e, no início de 2015, as medidas do governo aumentaram os impostos; em contrapartida, o preço do petróleo no mercado internacional cai vertiginosamente

40 • Combustíveis & Conveniência


Revisão da nota de classificação da Petrobras pela Fitch Rating reflete o aumento da incerteza em relação à capacidade da estatal fazer os ajustes contábeis em seus ativos imobilizados a tempo, aumentando o risco de aceleração da dívida pelos credores

Agência Petrobras

nistração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), referindo-se ao fato de a Petrobras ter mantido artificialmente os preços do combustíveis quando a cotação do petróleo estava mais elevada. A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), criada em dezembro de 2001 com a intenção de ser uma espécie de amortecedor de preços (ou seja, seria reduzida quando o preço internacional estivesse mais alto, para minimizar os impactos no mercado interno, e elevada na situação inversa), chegou, inclusive, a ser zerada em 2012, justamente para atenuar o impacto do aumento de preços. Na ocasião, a Cide era de R$ 0,192 por litro de gasolina e de R$ 0,07 por litro do diesel. Além disso, a cotação atual do dólar é a mais elevada dos últimos dez anos, o que dificulta ainda mais a recuperação da Petrobras, pois fica cada vez mais difícil para a empresa pagar suas contas apenas com a geração de caixa. A dívida líquida da Petrobras, que, até o final de setembro de 2014, era de R$ 260 bilhões, subiu para R$ 290 bilhões apenas com a variação de câmbio. Vale destacar que a operação é uma das poucas áreas da empresa que conta com boas perspectivas. A produção do óleo cru, hoje em torno de 2,2 milhões de barris diários, deve crescer 11% neste ano, segundo estimativas divulgadas pela empresa. A queda do preço do barril também gerou perdas para a exploração do pré-sal, que deixou de ser atrativo para investimentos por parte das empresas estrangeiras de petróleo. Só o custo operacional para extração de um barril (hoje por volta dos

US$ 70 a US$ 75, no caso do pré-sal, de águas profundas) excede os preços do mercado internacional.

Importações A elevação do dólar frente ao real também fez diferença para as importações de combustíveis, já que a variação cambial está tornando esta operação menos atraente. Apesar das especulações de que, além da Petrobras, outras empresas privadas poderiam também importar – e inclusive concorrer com a estatal –, o dólar alto cria uma barreira econômica para a operação. Mesmo assim, em dezembro de 2014, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), houve um crescimento de 23,7% das importações de derivados de petróleo, em comparação com o mesmo mês de 2013. Segundo a ANP, ao longo de 2014, foram emitidas 21 autorizações de importação e exportação de combustíveis a mais do que no ano anterior.

É inegável que a queda do preço internacional do petróleo criou um cenário favorável para as importações. Para a Petrobras, que já importava um volume significativo de derivados, a queda do preço do barril trouxe um certo alívio, já que o Brasil exporta óleo pesado e importa óleo leve – o mais adequado às nossas refinarias. Vale lembrar que existem dois tipos de petróleo, os chamados leves, dos quais é mais fácil extrair gasolina e outros derivados nobres; e os pesados, mais densos, por exemplo, para fazer asfalto. A maior parte da produção brasileira é de óleo pesado, muito embora seja parcialmente utilizado para produção de derivados, é destinado à exportação, já que a maioria das nossas refinarias é configurada para processar óleo leve.

Economia em crise Em janeiro, a consultoria Tendências estimou que não há perspectiva de mudanças no preço do barril de petróleo, Combustíveis & Conveniência • 41


Stock

44 REPORTAGEM DE CAPA

O aumento dos tributos começou em 1º de fevereiro, com a elevação do PIS/Cofins em R$ 0,22 por litro para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel e, a partir do início de maio, com a volta da Cide, esses valores por litro serão divididos entre o PIS/Cofins e a Cide

afetado pelo aumento de produção dos EUA, estabilidade da demanda mundial e a decisão dos países exportadores ligados à Opep de não reduzir a produção para forçar um aumento na cotação internacional. A defasagem deve se manter ente 20% e 30% até o fim do ano, já que a desvalorização do real perante o dólar deve permanecer. Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências, comenta também que as medidas do governo em elevar os impostos já eram esperadas e necessárias para colocar as contas públicas em ordem. “A elevação do PIS/ Cofins era a opção diante desta necessidade. Houve revisão de outros tributos também, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas, além de mudanças na regulamentação trabalhista”, disse a especialista. “As medidas, apesar do impacto inicial causado no mercado, são positivas. O 42 • Combustíveis & Conveniência

governo se comprometeu a entregar um PIB de 3,2%, o que não é trivial”, ponderou. Na avaliação de Alessandra, o ano de 2014 terminou com resultados econômicos muito piores do que os esperados. Segundo ela, para este ano, a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 7,5%, o dólar deve continuar em alta e a renda deve crescer apenas 0,2%, o que leva a um cenário de consumo mais restrito. A indústria terá um ano negativo. “É esperada uma queda no PIB industrial de 2,6%, o que pode impactar negativamente as vendas de diesel, embora não em grande proporção”, afirmou. Além disso, ela destaca que a elevação de preço do diesel pode levar ao aumento dos fretes. Os analistas consideram que não deve haver grande alteração no consumo de combustíveis, já que se trata de um produto cuja demanda é considerada inelástica. “O consumo de combustíveis não deve cair na mesma proporção de outros produtos, até porque,

mesmo que mais lentamente, a frota continua crescendo”, observou Francisco Pessoa, analista da LCA Consultores. Em sua avaliação, pode ocorrer pequena redução do consumo de gasolina e etanol para veículos leves, pois, diante da alta de preços, muitos consumidores optam por utilizar menos seus veículos. Porém, o consumo de diesel continua aquecido, até porque o Brasil depende, essencialmente, do combustível para o transporte de mercadorias e, mesmo diante do baixo crescimento econômico, não são esperadas grandes mudanças neste cenário. Para Alessandra, entretanto, nem mesmo o mercado de leves deve ter muitas variações, já que, no acumulado do ano, as tarifas de transporte público tiveram elevação de 12%. “Ou seja, a grande maioria dos consumidores não deve deixar seu carro em casa para aderir ao transporte público em função de preços dos combustíveis, pois a elevação das tarifas de transporte foi ainda maior”.


Para o mercado de etanol, o retorno da Cide pode ser considerado uma boa notícia, já que um dos principais argumentos do setor para os resultados negativos era a baixa competitividade do biocombustível em relação à gasolina. Entretanto, apesar desta mudança de cenário, um relatório divulgado em fevereiro pela agência de classificação de risco Fitch Ratings, a nova tributação deverá permitir que as usinas aumentem os preços do etanol, mas o impacto positivo no Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da maior parte das companhias será de até 15%, presumindo uma produção de 50% de etanol e 50% de açúcar. O impacto no crédito das empresas deve ser mais positivo no longo prazo, já que o aumento de impostos deve levar produtores brasileiros a buscar uma maior produção de etanol, o que favorecerá um aumento nos preços do açúcar. A Fitch acrescentou que os preços do etanol em 2015 devem continuar pouco competitivos em relação aos da gasolina, enquanto os do açúcar também terão pouca atratividade na Bolsa de Nova York. Do lado positivo, estão o aumento da mistura de anidro na gasolina, de 25% para 27%, e a redução do ICMS sobre o etanol em Minas Gerais, de 19% para 14%, que podem trazer algum alívio ao caixa das usinas. Porém, a elevação de anidro na gasolina é ainda vista com reservas pelo mercado. “Será que o setor vai ter produto suficiente para atender à demanda? Com a elevação do

Stock

Impacto para o etanol

Confiança em jogo Além de todas as denúncias envolvendo a Petrobras, o endividamento comprometeu também a percepção de confiança na empresa. A Petrobras hoje é considerada a empresa mais endividada em todo o planeta e a situação ficou ainda mais grave frente à quantidade de processos de indenização movidos por poupadores norte-americanos, que aplicaram suas economias nas ações da empresa, e que passaram a pleitear indenizações na justiça, sob alegação de que a corrupção na empresa lesou milhares de cidadãos. As ações da empresa estavam cotadas a R$ 24,90 em setembro do ano passado, e, em janeiro, chegaram a R$ 8,40. Em meio a rumores sobre a saída de Graça Foster (que depois se confirmou), as ações tiveram ligeira elevação, caindo logo em seguida. “A tendência é de baixa e projetamos que as ações da empresa podem chegar a cerca de R$ 5 neste mês ou abril”, afirmou Bo Willians, analista da Clear Corretora. No dia 4 de fevereiro, a Petrobras comunicou ao mercado que a agência de classificação de risco Fitch revisou o nível de risco (rating) da Petrobras de BBB para BBB-, mantendo a classificação em observação negativa. Segundo a Fitch, a revisão reflete o aumento da incerteza em relação à capacidade da Companhia de fazer os ajustes contábeis em seus ativos imobilizados a tempo, aumentando o risco de aceleração da dívida pelos credores. Poucos dias depois, em 25 de fevereiro, a agência Moody´s informou o rebaixamento da nota de crédito da Petrobras, agora considerada de grau especulativo. Isso ocorreu em função da preocupação com as investigações de corrupção, atraso na divulgação do balanço auditado e aumento do endividamento da estatal. Para a Moody´s, a nota da Petrobras pode melhorar se a empresa demonstrar condições de “lidar conclusivamente com os riscos de liquidez no curto prazo”. No dia 29 de janeiro, a Petrobras apresentou ao mercado suas demonstrações contábeis, destacando não terem sido revisadas pelos auditores. De acordo com a então presidente da Petrobras, Graça Foster, a empresa não teve condições de divulgar as demonstrações revisadas do terceiro trimestre de 2014 na data limite em 14 de novembro de 2014, em função das investigações em curso na companhia. Até o fechamento desta edição, a divulgação do balanço auditado da Petrobras por seu novo presidente, Aldemir Bendine, estava prevista para este mês. Segundo analistas do mercado financeiro, esta é a saída para a empresa recuperar a credibilidade. Combustíveis & Conveniência • 43


44 REPORTAGEM DE CAPA GNV: pouca expectativa

teor para 27%, a estimativa é de que o país vai precisar de 5% a mais de anidro, e as primeiras notícias que temos da próxima safra não são positivas”, disse Pessoa, da LCA. “O setor deve fazer um planejamento de safra ainda mais alcooleiro”, declarou à imprensa o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-

-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues. A entidade considera que a maior carga tributária sobre a gasolina é uma diferenciação positiva, e que a melhoria de renda das indústrias permitirá mais investimentos em renovação de canaviais ao longo deste ano, com impacto na produtividade da safra 2016/17.

Apesar de o aumento da gasolina e do etanol reforçar a questão da economia propiciada pelo uso do gás natural veicular (GNV), não há no horizonte boas perspectivas para este combustível. Isso porque, diante da crise hídrica que o país enfrenta, o gás natural tem sido utilizado prioritariamente nas

Nova Tributação

valores variando de estado para estado. O PMPF serve como parâmetro para a cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No caso da gasolina C, há um duplo impacto, porque houve também uma elevação do preço do etanol anidro, adicionado à gasolina A. A Cide foi instituída pela Lei 10336, de 19 de dezembro de 2001, e previa que os valores arrecadados fossem utilizados para “pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo; financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e financiamento de programas de infraestrutura de transportes”. Agora, no entanto, a destinação dos valores arrecadados com o tributo que começa a ser cobrado em maio ainda não foi divulgada, mas em princípio a legislação será cumprida. O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, por meio da Decisão Normativa 142, os percentuais individuais de participação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios brasileiros nos recursos arrecadados, para o exercício de 2015.

Segundo dispõe o Manual da Cide-Combustíveis do Ministério da Fazenda, “os percentuais individuais de participação dos Entes Federativos são calculados anualmente pelo TCU e por ele publicados em Decisão Normativa até o dia 15 de fevereiro, podendo ser revisados até final de março, com base em estatísticas referentes ao ano anterior e conforme regras definidas pela Lei nº 10.336/01: para estados e Distrito Federal, no art. 1°-A, § 2°, e para Municípios, no art. 1°- B, § 1°”. A previsão legal é proveniente da Constituição Federal – art. 159, inciso III e § 4º – que define que a União entregará do produto da arrecadação da Cide, 29% para os estados e o Distrito Federal e que, do montante de recursos que cabe a cada estado, 25% por cento serão destinados aos seus municípios. De qualquer forma, na avaliação do economista Francisco Pessoa, da LCA, este não é o momento de críticas ao uso dos recursos, pois a principal urgência é corrigir as contas públicas. “O país está em situação de crise, é uma emergência, e precisamos buscar recursos de algum lugar para tentar colocar a casa em ordem novamente”, disse.

Em 1º de fevereiro, as alíquotas de PIS/Cofins subiram R$ 0,22 por litro para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel e, a partir do início de maio, esses valores por litro serão divididos entre o PIS/Cofins e a Cide, de acordo com o Decreto Presidencial 8.395, publicado no Diário Oficial da União em 29 de janeiro. Quando a Cide retornar, haverá um recuo na alíquota de PIS/ Cofins na mesma proporção, de forma que o aumento total de tributação para combustíveis seja mantido no mesmo valor. O aumento de tributos foi integralmente repassado pela Petrobras aos seus clientes. Além do PIS/Cofins e Cide, houve também elevação de preços em função da edição do Ato Cotepe/PMPF nº 03, de 9 de fevereiro, publicado no Diário Oficial da União em 10 de fevereiro, que estabeleceu mudanças no preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF) para os combustíveis em todos os estados e no Distrito Federal, com validade a partir de 16 de fevereiro de 2015. Com isso, todos os combustíveis ficaram mais caros em todo o Brasil, com 44 • Combustíveis & Conveniência


Marcus Almeida/Somafoto

usinas térmicas, para geração de energia elétrica. Além disso, muitos consumidores deixam de optar pelo GNV porque precisam instalar o kit de conversão em seus veículos, arcando com o investimento para instalação, perdendo garantia de fábrica e espaço no porta-malas. Porém, as concessionárias de gás se mostram otimistas com a elevação de preços dos demais combustíveis líquidos. A Comgás, que atua no estado de São Paulo, informou que, em 2014, o número de conversões em sua área de abrangência cresceu 18,4% e a expectativa é de elevação do volume comercializado em 2015. Segundo dados da concessionária, enquanto veículos movidos a etanol rodam em média 7 km por metro cúbico do combustível, e à gasolina rodam cerca de 10 km, os que utilizam GNV fazem 12,5 km por metro cúbico.

Para Adriano Pires, do CBIE, com as medidas implementadas pelo governo, o consumidor tende a abastecer menos

44 ENTREVISTA 4 Adriano Pires Sócio-Fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires estima estima que a Petrobras deixou de ganhar mais de R$ 70 bilhões nos últimos anos, ao vender combustíveis a preços menores que os de referência no mercado internacional. No passado, a companhia, orientada pelo governo, seu acionista majoritário, manteve os preços da gasolina baixos para ajudar a controlar a inflação, em um momento de alta do preço do petróleo, o

que afetou o fluxo de caixa da estatal. Segundo comunicado da Petrobras, divulgado em fevereiro deste ano, “a política de preços da empresa visa não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao mercado doméstico, seja quando os preços internacionais estão em elevação, seja quando estão em declínio”. Confira a seguir a entrevista: Combustíveis & Conveniência: Qual é a sua opinião sobre a polí-

tica de preços dos combustíveis no Brasil? Adriano Pires: Acho que está tudo errado. O preço da gasolina e do diesel, em particular, foram usados nos últimos anos para controlar a inflação e ajudar o governo a ganhar a Combustíveis & Conveniência • 45


44 REPORTAGEM DE CAPA eleição. No mundo inteiro, os países desenvolvidos encaram os preços dos combustíveis como commodities, mas, no Brasil, não. Isso gerou um problema para a Petrobras. Lá atrás, quando o preço do barril estava mais de US$ 100, o governo tinha que ter aumentado o preço na refinaria, no entanto, ele não fez isso. A Petrobras perdeu nos últimos cinco anos cerca de R$ 70 bilhões em função da defasagem de preços. Agora que a gasolina vai ficar mais barata no mundo inteiro, vamos pagar pela gasolina mais cara do mundo. Então, nós consumidores, estamos pagando uma conta que não é nossa. E isso acaba prejudicando também os donos de postos porque com o produto mais caro, o consumidor tende a abastecer menos. Na realidade, o governo errou por não aumentar o preço dos combustíveis. E a mesma coisa está acontecendo com a energia elétrica. O Brasil está na contramão do mundo. Quando a energia elétrica era cara nos demais países, o governo federal decidiu que, no Brasil, a energia seria barata. Agora que a energia elétrica vai ficar mais barata lá fora, vamos ter a energia mais cara do mundo. Ou seja, o governo mandou todo mundo comprar ar condicionado e aumentou a luz e mandou todo mundo comprar automóvel e subiu o preço da gasolina. Isso está acontecendo porque o governo decidiu corrigir de maneira abrupta os erros que ele fez nos últimos quatro anos. C&C: Em relação às medidas fiscais do governo, a Petrobras 46 • Combustíveis & Conveniência

A Cide nunca deveria ter acabado porque ela é uma contribuição importante, já que penalizava o combustível mais sujo e beneficiava o limpo

poderia subsidiar parte destes impostos? AP: Poderia haver uma solução intermediária. A cobrança da Cide será R$ 0,22 porque não pega R$ 0,10 e diminui o ganho da Petrobras na refinaria para não penalizar o consumidor? A sugestão é fazer um ajuste gradual. Por exemplo, a Petrobras poderia recuperar seu caixa em 24 meses ao invés de 15 meses. C&C: O ajuste fiscal é uma medida que compensará o sacrifício da população? AP: A primeira reflexão é: será que se está reconhecendo de verdade que é preciso mudar? Será que não é uma medida temporária só para ajeitar o caixa do governo e quando chegarem as eleições para prefeito, em 2016, volta tudo outra vez? Essa é a grande dúvida. Quem fez o buraco no caixa da Petrobras foi o mesmo governo que está tentando mudar de maneira abrupta. Tenho dúvida se isso é de verdade ou se é apenas temporário. Se eles perceberem que os partidos aliados vão perder nas próximas eleições, eles voltam a fazer a demagogia barata. Ou, a partir de agora, o governo vai olhar os combustíveis como commodities para que todo mundo que está envolvido na cadeia consiga fazer investimentos previsíveis. Quando não há política de preços não há sinal econômico correto para ninguém,

nem para o dono do posto, nem para a distribuidora e nem para a própria Petrobras. Quero crer que esteja errado, mas acho que é uma característica deste governo não acreditar em regras de mercado. A meu ver, não há planejamento, o governo planeja o café da manhã da quarta no jantar da terça. C&C: A Cide foi criada para ser um fundo destinado a obras de infraestrutura e meio ambiente. E agora, qual será sua destinação? AP: A Cide nunca deveria ter acabado porque ela é uma contribuição importante, já que penalizava o combustível mais sujo e beneficiava o limpo. Além disso, tinha função de mobilidade urbana e uma boa parte da Cide ia para as prefeituras. Não sei agora até que ponto a Cide será repassada para as prefeituras. O caixa do governo está zerado e a presidente contratou o ministro da Fazenda para reequilibrar as contas públicas e ele tem que gerar receita e cortar despesas. Porém, vemos mais medidas para aumentar receita e poucas medidas para reduzir despesas, mas vamos ver o que vai acontecer. Este ano teremos aumento de impostos, inflação alta, juros altos, desemprego e, para piorar a situação, a maior empresa brasileira está vivendo este inferno astral. n Colaborou Mônica Serrano


MEIO AMBIENTE 33

Remediação: técnicas sustentáveis em alta Existem diversos métodos que podem ser usados para remediação de áreas contaminadas. Porém, a tendência é que cada vez mais sejam adotadas técnicas sustentáveis, que corrigem o problema com uso reduzido de recursos naturais

Por Rosemeire Guidoni Uma eventual contaminação na área de um posto de combustíveis, mesmo que detectada precocemente, é sempre motivo de preocupação para o empresário, que já sabe que

terá de arcar com os custos de remediação e da reforma para correção do problema. Em alguns casos, inclusive, a contaminação pode atingir o lençol freático e se espalhar para áreas vizinhas, ampliando o problema. Por isso, o quanto antes forem adotados

procedimentos de contenção e remediação, melhor. Porém, muitos revendedores ainda têm dúvidas sobre como proceder. Existem diversos prestadores de serviços ambientais no mercado, e também um grande número de técnicas disponíveis,

iStock

Para a revenda, a contaminação do solo é um grande problema, mas em eventual ocorrência, há diferentes tipos de remediação

47 • Combustíveis & Conveniência

Combustíveis & Conveniência • 47


com preços e prazos distintos, o que gera insegurança e dúvida no momento de escolher qual o melhor caminho. Para o pesquisador Alexandre Muselli, do Centro de Tecnologias Geoambientais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o primeiro passo é se certificar da qualificação do prestador de serviços. “É importante pesquisar a empresa, pedir indicações para outros empresários ou entidades de classe, e solicitar à prestadora de serviços um atestado de capacitação técnica”, destacou. Depois de selecionada, a empresa vai avaliar a extensão da contaminação e a área afetada e adotar as medidas necessárias para solução do problema. E muitas vezes nesta etapa surge uma nova dúvida para o revendedor: será que a técnica adotada é a que oferece a melhor relação custo-benefício? Na avaliação de Muselli, a questão do orçamento é um ponto delicado, pois, via de regra, contratações baseadas em preço podem resultar em custos extras. “O problema precisa ser adequadamente delimitado e, se isso não for feito corretamente, há o risco de retrabalho, o que acaba por gerar custos extras e mais tempo até a conclusão do processo”, alertou. “Quanto à técnica a ser adotada, existem variáveis e tudo vai depender do cenário encontra-

Divulgação IPT

44 MEIO AMBIENTE

Diversas técnicas de remediação do solo podem ser utilizadas, como tratamentos químicos por oxidação e redução, as técnicas biológicas de biorremediação e fitorremediação e a dessorção térmica.

do, das características do local”, afirmou o especialista. Segundo ele, a tendência atual é optar por soluções sustentáveis, que utilizem quantidades reduzidas de recursos naturais e gerem menor volume de resíduos, proporcionando baixo impacto ambiental. “Cada situação precisa ser analisada. Em algumas áreas, o tratamento térmico é interessante, mas é uma técnica que gera um custo de energia alto. A oxidação química requer diluição em água, um recurso escasso. Então, cada caso precisa ser analisado para que a melhor alternativa seja ado-

Descontaminação total Do ponto de vista ambiental, uma vez contaminada, uma área nunca volta a ter suas características originais. Porém, pelo olhar técnico, a área pode ser considerada reabilitada e torna-se apropriada para usos específicos. Ou seja, mesmo que a contaminação não tenha sido totalmente eliminada, a área pode ser utilizada para instalações industriais ou comerciais, mas não para moradias ou uso agrícola. Esta nova classificação de áreas deve ser averbada na certidão do imóvel. 48 • Combustíveis & Conveniência

tada. Muitas vezes, a opção é por processos combinados, utilizando primeiro uma metodologia para reduzir a extensão do problema e, em seguida, uma técnica complementar para eliminá-lo”, explicou.

Workshop As diversas técnicas de remediação foram alvo do workshop Remediação de Áreas Contaminadas, realizado pelo IPT em dezembro do ano passado. Durante o evento, pesquisadores do instituto detalharam os conceitos, aplicações, vantagens e desvantagens de cinco tecnologias de remediação. Foram abordados os resultados de tratamentos químicos por oxidação e redução, as técnicas biológicas de biorremediação e fitorremediação e a dessorção térmica. As apresentações deram ênfase aos chamados ensaios de tratabilidade e trouxeram os resultados de testes realizados durante quase quatro anos em amostras coletadas em uma região contaminada de Santo André,


Testes são necessários para avaliar a viabilidade do processo de remediação, bem como para definir as condições mais favoráveis à aplicação das técnicas na área contaminada

Divulgação IPT

cidade localizada na área metropolitana de São Paulo. Segundo Eduardo Maziero, do Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT, os testes são fundamentais para avaliar a viabilidade do processo de remediação, bem como para definir as condições mais favoráveis à aplicação das técnicas na área contaminada. Na abertura do evento, Nestor Kenji Yoshikawa, responsável pelo Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas do IPT, discutiu os requisitos técnicos para elaboração de planos de intervenção, as formas de lidar com questões técnicas para determinação do comportamento do contaminante no processo de remediação e o campo de atuação do instituto. “As ações do IPT são diferentes da iniciativa privada no gerenciamento de áreas contaminadas: o instituto atua por demandas do Ministério Público e do Poder Judiciário, no auxílio às empresas do governo, no desenvolvimento de pesquisa, na atuação de procedimentos de ensaios e em parcerias de cooperação técnica com empresas de consultoria ambiental”, explicou ele. Yoshikawa também abordou algumas dificuldades nesta área, como a falta de recursos para pesquisa e a dificuldade das empresas para precificação dos serviços. “Não há referências para elaboração de preços, principalmente por conta da dificuldade de adequação dos métodos”, destacou. Durante o workshop, o IPT também lançou a versão on line do guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento de áreas contaminadas, que pode ser acessada no link http://migre. me/oHOoX. n

Diferentes técnicas De acordo com Muselli, quando há constatação de que existe contaminação na área, é necessário uma investigação mais detalhada para determinar a extensão do problema. Para tanto, são coletadas e analisadas amostras nos poços de monitoramento. Dependendo do resultado da análise, pode ser necessário abrir outros poços de monitoramento, para verificar até onde vai a contaminação. Com base nestes resultados e na análise do solo, é determinado o plano de ação, com avaliação de riscos, e o plano de intervenção. Todo este processo pode levar um ano e a área precisa ser monitorada por mais dois anos, totalizando três anos para a conclusão. Confira a seguir as principais soluções adotadas atualmente para remediação de áreas contaminadas por combustíveis ou lubrificantes: • Retirada do solo contaminado, para descarte adequado, e colocação de novo solo no local. É uma solução rápida, mas onerosa, por ser muito invasiva e demandar a necessidade de reforma estrutural do negócio. É indicada somente em áreas com contaminação muito pequena. • Retirada de material contaminado através de poços de bombeamento, por meio de sondas para tratamento subterrâneo. • Oxidação química, com injeção de composto oxidante capaz de reduzir a massa de contaminantes. • Biorremediação, por meio da injeção de micro-organismos que geram uma enzima capaz de degradar a contaminação inicial. • Remediação térmica, que pode atuar tanto com alta quanto com baixa temperatura. No primeiro caso, há uma quebra da cadeia carbônica; no segundo, a liberação do contaminante para o meio. Além da alta demanda por energia, esta técnica necessita de adaptações, pois há a necessidade de retirada de vapores. • Fitorremediação, que prevê o uso de determinadas espécies vegetais no tratamento do solo. No caso de áreas contaminadas por hidrocarbonetos, existem algumas espécies tolerantes ao contaminante e capazes de modificar sua dinâmica. A técnica pode ser utilizada em áreas contaminadas no entorno dos postos, onde seja possível a plantação ou idealização de um projeto de paisagismo. Porém, por ser um processo lento, a técnica é indicada como complementar. Combustíveis & Conveniência • 49


Divulgação posto Arco-Íris

44 CONVENIÊNCIA

Conveniência na estrada As lojas de conveniência e restaurantes de postos de estrada voltados aos viajantes têm um perfil bastante diferente de lojas urbanas. Nestes locais, o diferencial não vem dos combustíveis ou serviços de pista, mas da higiene das instalações, bom serviço de alimentação e ambiente seguro Por Rosemeire Guidoni Três públicos distintos frequentam os postos (e seus demais serviços) nas rodovias brasileiras: o caminhoneiro, o turista que viaja de ônibus e o motorista de veículos leves, que viaja com a família ou a trabalho. Para os motoristas de caminhão, o diferencial para parada pode 50 • Combustíveis & Conveniência

ser o preço do combustível, a segurança do local ou mesmo a permissão para pernoite e uso de sanitários e chuveiros. Já os demais públicos, via de regra, definem a parada com base em outros critérios. De acordo com um estudo da consultoria CVA Solutions, divulgado em janeiro deste ano, os principais atributos que definem

uma parada em um posto de estrada são “a marca/bandeira do posto” (68%), um “bom restaurante” (59%), “bom serviço de sanitários” (54%) e “segurança do posto” (48%). A empresa ouviu 5.234 consumidores em todo o país e apurou que mais de 80% dos entrevistados param nos postos de combustíveis durante suas viagens. De acordo


Divulgação posto Arco-Íris

Alguns postos de rodovias contam com área dedicada ao restaurante e também oferecem opções de franquias, como Spoleto, Casa do Pão de Queijo, McDonald´s

com o levantamento, os postos preferidos nas viagens são BR (66%), Ipiranga (55%), Shell (49%) e Ale (3%). As marcas de restaurantes e lanchonetes preferidas nos postos são BR Mania (42%), Graal (36%), AM/ PM (35%) e Select (16%). “As marcas dos restaurantes dos postos atraem os consumidores nas estradas e têm contribuído para um melhor resultado nas vendas de combustíveis e demais serviços”, afirmou Sandro Cimatti, sócio-diretor da empresa. Para Pricila de Sá Cantú, diretora da Conveniência Postos, empresa de consultoria para o setor de conveniência e que já executou diversos trabalhos para o segmento de rodovias, os sanitários são fundamentais para construir a fama de um posto de rodovia, tanto de forma positiva quanto negativa. “A higiene dos sanitários deve ser adotada

como prioridade, tanto quanto a qualidade da alimentação. Devem ser escolhidos alimentos de boa qualidade e fornecedores confiáveis, além de investir algum tempo no treinamento dos funcionários. A decoração do ambiente também é importante, mas, em uma escala de prioridades, viria depois destes outros itens”, destacou. Rodolfo Rizzotto, coordenador do portal SOS Estradas, considera que a coisa mais importante para o usuário de rodovia é o banheiro limpo. “Normalmente, a maioria dos clientes não abastece, apenas para no local e utiliza os sanitários, depois a área de alimentação e a loja de conveniência. E alguns, eventualmente, abastecem”, afirmou. Por este motivo, tais serviços na estrada devem ser impecáveis, fazendo com que o cliente saia satisfeito e recomende a outros

turistas. “O Brasil tem alguns dos melhores pontos de parada do mundo. Não só as redes como Graal e Frango Assado, que são melhores do que as opções disponíveis na maioria das rodovias da Europa e América do Norte, como de pontos independentes. Os empresários do setor estão investindo muito em qualidade e estrutura, principalmente na área de alimentação, toilette e serviços. Os pontos de parada estão ensinando as distribuidoras de combustíveis a trabalhar com o público da estrada”, apontou Rizzotto.

Diferenças Como na rodovia os consumidores, em geral, estão de passagem (ou seja, mesmo que sejam clientes fiéis, não são frequentadores assíduos), existem alguns cuidados necessários em relação ao layout Combustíveis & Conveniência • 51


44 CONVENIÊNCIA

Qualidade dos alimentos Outra recomendação da especialista é sempre monitorar a higiene, qualidade dos alimentos oferecidos e atendimento, mesmo que o restaurante seja 52 • Combustíveis & Conveniência

Stock

e à operação da loja, que diferenciam estes estabelecimentos das conveniências urbanas. “Invariavelmente a característica mais forte de uma loja de rodovia é ter produtos coloniais e regionais, além dos produtos de alto giro que são encontrados nas lojas urbanas. Mas, mesmo entre lojas de rodovia, existe outra diferença, que são as lojas tradicionais e as destinadas às paradas para ônibus, existindo necessidades diferentes para ambas. Especialmente as lojas que são pontos de parada de ônibus precisam ter um balcão de alimentação farto, com muitas ofertas (quentes e frias), e funcionários rápidos para servir os clientes assim que chegam, pois, geralmente, um ônibus traz 44 pessoas, que entram na loja para comprar, com pouco tempo para escolher, consumir e pagar”, explicou. Porém, em sua avaliação, qualquer que seja o perfil dos clientes da loja, o balcão de alimentação é essencial. “O serviço de alimentação precisa estar em algum lugar do empreendimento, seja na loja ou no restaurante . Todos que param precisam comprar um lanche rápido para continuar a viagem, então, a alimentação sempre será um diferencial importante. Além disso, vale deixar no caminho do caixa itens como polvilhos, pipocas, bijus e outros produtos mais leves que poderão ser consumidos facilmente durante o restante do trajeto”, orientou.

Manter os banheiros limpos é um cuidado importante para trazer de volta o cliente e construir a boa fama de um posto de rodovia

operado por um terceiro. “Não adianta terceirizar a operação para oferecer algo ruim. Todos os negócios que estão dentro do pátio do posto, alugados ou não, são vistos como pertencentes ao posto e, por isso, precisam ser bons”, destacou. Outra dica da consultora é ter sempre o mapa da região dentro da loja. “A maioria dos postos disponibiliza este mapa na pista e os motoristas acabam tirando as suas dúvidas sem precisar entrar na loja. Se o mapa estiver em uma parede próxima às pilhas de doces ou estufa de salgados, após esclarecer a dúvida, dificilmente o consumidor vai resistir”, recomendou.

Sazonalidade Saber lidar com a sazonalidade também faz parte do negócio de lojas de estradas, segundo Pricila. “Como, geralmente, não há visita de pedestres, as lojas precisam ter um planejamento cuidadoso, porque, nas férias, safras e feriados ocorre um pico de consumo que pode quadruplicar a venda em relação ao seu cotidiano. Por isso, as lojas sempre precisam estar bem estocadas nestas épocas

especiais para evitar perda de vendas. Nos demais períodos, é preciso ter o cuidado de diminuir os pedidos”.

Mais consumidores A qualidade do combustível e o bom atendimento são indiscutíveis para o mercado de revenda, mas, na estrada, a experiência demonstra que são os serviços e opções de alimentação que conquistam os consumidores. Martinho de Arruda Botelho, sócio e diretor de operações do Posto Castelo Plaza, localizado na rodovia Washington Luis, em São Carlos (SP), confirma a teoria. “Muitos clientes, especialmente turistas, param no posto em função da alimentação. Nossa churrascaria foi eleita a melhor do Brasil, pela revista Seleções Reader´s Digest”, afirmou ele. No entanto, a fama de qualidade do combustível também faz diferença para o consumidor. “Nossa reputação de qualidade sempre trouxe clientes para o posto, e muitos passaram a utilizar também os demais serviços. É um conjunto que agrada ao consumidor”, resumiu.


acompanhar os novos hábitos de consumo”, afirmou o empresário. Vale destacar que, embora o abastecimento de caminhões seja feito em uma área separada, todos os clientes frequentam qualquer um dos espaços para alimentação. “Temos a opção mais econômica (self-service), outra mais especializada (churrascaria) e também lanches rápidos

e cafeteria, para atender todos os perfis de frequentadores”, ressaltou. Os sanitários também foram todos reformados nos últimos anos e contam com serviço permanente de limpeza, para garantir a higiene impecável. O uso não é cobrado – o que acontece apenas no caso dos chuveiros, dedicados aos caminhoneiros. Com toda esta

Stock

Com uma enorme infraestrutura, ocupando 120 mil m2, o Castelo Plaza conta com áreas de abastecimento separadas para caminhões, ônibus e veículos leves. A área voltada para os caminhoneiros (cerca de 60 mil m2) conta com um restaurante e cantina que funciona como um buffet, com preço fixo onde o cliente se serve à vontade, área para estacionamento e pernoite (comporta 80 carretas) e locais para banho e sanitário. No espaço voltado aos turistas, há uma lanchonete, cafeteria com cafés especiais e loja de conveniência 24h, além da churrascaria. Em geral, os turistas que viajam de ônibus precisam de atendimento mais rápido e, por isso, optam pelos serviços de lanchonete e conveniência, além da cafeteria. Este espaço chega a atender cerca de cinco mil pessoas por dia. Além dos lanches, a loja de conveniência oferece vários itens regionais, como doces típicos, compotas de frutas e outros produtos que os viajantes acabam levando. Já os motoristas de veículos particulares, que dispõem de mais tempo, têm também a opção da churrascaria, que, em feriados e temporada, atende mil pessoas por dia (nos demais períodos a média é de 300 consumidores diários). Além de todos estes serviços aos viajantes, o local também oferece uma pousada (que deve ser ampliada ainda em 2015) e Botelho não descarta a instalação de uma franquia de alimentação na área. “Todo novo serviço agrega valor ao empreendimento e sempre traz mais clientes. O posto já tem quase 58 anos de operação e neste período muita coisa mudou na economia e no perfil do consumidor. Tivemos de nos modernizar também para

Vale a pena ter à vista salgadinhos, biscoitos e outros alimentos fáceis de levar para consumir na viagem Combustíveis & Conveniência • 53


44 CONVENIÊNCIA

54 • Combustíveis & Conveniência

Bill Moreira

infraestrutura, o estabelecimento comercializa de 1 milhão a 1,2 milhão mensais de combustíveis, sendo que metade é de gasolina e etanol (exceção para a época de safra, quando o movimento de caminhoneiros aumenta e, consequentemente, as vendas de diesel também). Outro exemplo bem sucedido é a rede de postos Arco-Íris, com três unidades localizadas ao longo da rodovia Presidente Dutra, nas cidades de Aparecida, Lorena e Roseira (todas em São Paulo). Em Roseira, a área dedicada ao restaurante conta com uma operação própria que serve lanches e refeições, além de franquias das marcas Spoleto, Frango Assado, Casa do Pão de Queijo e McDonald’s. Para proporcionar mais conforto aos consumidores, o empreendimento inaugurou recentemente três novos espaços: Espaço Kids, Espaço Pet e Sala de acesso à internet. Na área dedicada às crianças, existem mesinhas, brinquedos, jogos e um televisor onde os pequenos viajantes podem assistir desenhos. O espaço Pet conta com três baias para cães e uma área de descanso próxima, com mesas e cadeiras para que os donos possam lanchar sem preocupação e com seu animal por perto. Já a área de internet dispõe de Wi-Fi, dois computadores e impressoras à disposição dos motoristas. Embora as franquias sejam operadas por terceiros, os sócios Emmanuel Vieira e Luiz Aguiar destacam que os serviços de alimentação contribuem para o incremento das vendas de combustíveis e garantem melhores ganhos do que as vendas de combustíveis. n

Serviços de alimentação de qualidade dos postos de rodovia têm reconhecimento, como a churrascaria do posto Castelo Plaza que foi eleita a melhor do Brasil

Raízen aposta em parceria para postos de estrada No ano passado, a Raízen anunciou uma parceria com a empresa de refeições coletivas Sapore, com o objetivo de criar uma operação de alimentação e conveniência em postos de rodovia da rede. As primeiras cinco unidades das lojas da marca Bem Aqui, rede criada especificamente para postos de rodovia, estão previstas para 2015. “A Raízen uniu a expertise adquirida na gestão da rede de conveniência Shell Select e a experiência de 22 anos de mercado da Sapore”, destacou Natalia Cid, diretora de Negócios de Conveniência da Raízen. Segundo ela, a rede cria uma proposta de ambiente tanto para consumo alimentício de qualidade quanto para momentos de pausa nas viagens. “Elas não só oferecerão um cardápio diferenciado, mas um espaço de convívio com acesso à internet Wi-Fi e local para descanso. A rede Bem Aqui reforçará os negócios dos revendedores nas estradas, um atrativo a mais para as ofertas já existentes nos estabelecimentos de rodovia”, disse Natália, mencionando que as lojas estão sendo desenvolvidas para suprir as necessidades dos viajantes das estradas, sejam eles caminhoneiros ou turistas. A expectativa da empresa é, nos próximos cinco anos, inaugurar 150 lojas em todo o Brasil.


OPINIÃO 44 Paulo Tonolli 4 Empresário e Coordenador da Expo Conveniência

Fazer a diferença Quando pensamos em conveniência, sempre mentos é fácil encontrarmos imaginamos as lojas estabelecidas nos grandes marcas famosas de fast centros e nos locais mais movimentados das food junto às revendas. Na cidades, porém, se pararmos para pensar onde maioria das vezes, também surgiram as primeiras conveniências dos postos faz a diferença na hora do de combustíveis, logo vamos nos dar conta que cliente escolher o local foram nos postos de estrada. de parada. Entretanto, não só as marcas famosas O inicio tímido de lanchonetes e restaurantes têm seu destaque no momento da escolha, muitos se deu junto aos postos de rodovias. Ao percebepostos são conhecidos, por exemplo, pelo excelente pastel que serve em sua loja, outros pelos produtos rem a necessidade dos motoristas terem no local diferenciados que estão à venda em boutique. de abastecimento outros serviços, fez com que Quanto mais oportunidades de compra os revendedores empreendessem novas opções concentradas em um único lugar, maior será a em seus negócios, primeiramente, no ramo da certeza de êxito de todo o complexo. Se, na prialimentação, colocando lancherias e restaurantes e, com o sucesso alcançado, apostaram em outras meira vez, o cliente parar para lanchar na marca formas de conveniência, trazendo as borracharias, famosa que tem no posto, muito provavelmente, as lojas de peças etc. na próxima vez, ele vai Nesta primeira etapa, abastecer no posto que O combustível é basicamente o quase tudo estava voltado lhe ofereça esta opção. mesmo em todos os postos, já os para o veículo, mas, com o Como todo negócio, serviços de conveniência representam temos que avaliar prós e passar do tempo, começouum grande diferencial no negócio. contras. Esta análise deve -se a pensar também no Por isso, é muito importante que o ser isenta de paixões para motorista e, mais uma vez, revendedor identifique o que seu garantirmos o sucesso de implementaram outras noqualquer empreendimento. vidades ao consumidor na público está buscando e se adapte área do posto, inserindo os para atender à demanda de consumo Temos que iniciá-lo com um estudo de mercado, busserviços para o bem-estar, de seu cliente como corte de cabelo, mascando atender, ao máximo, o que o consumidor quer sagem, lojas de roupas e comprar. Por exemplo, não adianta apostarmos uma infinidade de serviços que satisfazem não só em uma grande marca se o nosso público quer o veículo, como também o seu condutor. comprar produtos típicos da região. As conveniências dentro da estrutura de postos O grande desafio no negócio de conveniências de rodovias podem fazer uma grande diferença chama-se mão de obra. Como os postos de rodovias na hora da escolha do abastecimento, principalnormalmente são retirados das cidades, a dificulmente para o consumidor que quer comodidade e, certamente, escolherá um estabelecimento dade de contratação é um fator preocupante, já que oferece um excelente restaurante e que tem que muitas destas facilidades ofertadas aos clientes produtos diferenciados e diversificados. demandam funcionários com melhor qualificação. O combustível é basicamente o mesmo em O certo é que alguns negócios já estão inseridos todos os postos, já os serviços de conveniência na memória do consumidor. Para ele não existe representam um grande diferencial no negócio. posto de rodovia sem restaurante, então, que tePor isso, é muito importante que o revendedor nhamos um restaurante que faça a diferença nos identifique o que seu público está buscando e serviços ofertados pela revenda. se adapte para atender à demanda de consumo O importante é termos em nosso posto de rode seu cliente. dovia o maior número de ofertas de conveniências As franquias estão cada vez mais ligadas ao voltadas aos motoristas, assim será maior a nossa setor de postos de estrada. Nos grandes estabelecipossibilidade de ganho. Combustíveis & Conveniência • 55


44 AGENDA MARÇO

AGOSTO

2º Encontro Sul Brasileiro da Revenda de Combustíveis e das Lojas de Conveniência Data: 12 a 15 Local: Gaspar (SC) Realização: Sinpeb, Sindipetro-SC, Sincombustíveis e Sindópolis Informações: (47) 3326-4249

Expopostos & Conveniência 2015 Data: 4 a 6 Local: São Paulo (SP) Realização: Fecombustíveis, Abieps e Sindicom Informações: (21) 2221-6695

30ª Convenção Nacional TRR Data: 18 a 22 Local: Foz do Iguaçu (PR) Realização: SINDTRR Informações: (11) 2914-2441 Workshop com a Revenda Data: 26 Local: Corumbá (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988

MAIO 14º Congresso dos Revendedores de Combustíveis de Minas Gerais Data: 7 e 8 Local: Belo Horizonte (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500 Workshop com a Revenda Data: 22 Local: Amambai (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988

JUNHO Encontro Nacional e IV Encontro dos Revendedores de Combustíveis do Centro-Oeste Data: 17 e 18 Local: Brasília (DF) Realização: Sindicombustíveis-DF e demais sindicatos do Centro-Oeste Informações: (61) 3274-2849

Workshop com a Revenda Data: 21 Local: Dourados (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988

SETEMBRO 180 Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 170 Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul Data: 24 a 27 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3930-3800

OUTUBRO NACS Show Data: 11 a 14 Local: Las Vegas (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com

NOVEMBRO Workshop com a Revenda Data: 27 Local: Campo Grande (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988

Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições. 56 • Combustíveis & Conveniência


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS Revendedores de todo o Brasil têm até 31 de março para entregar o Relatório Anual de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (Rapp), do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Confira abaixo as principais dúvidas sobre o assunto: Quais são as principais dúvidas de preenchimento deste relatório? Uma das principais é o campo referente aos resíduos. O preenchimento desta área demanda de análise técnica dos certificados que o posto acumulou durante o ano de 2014. Atenção: o Rapp não deve ser feito por leigos. Ainda há muitos revendedores que deixam o preenchimento a cargo de seus contadores, porém a pessoa que for preencher deve ter conhecimento técnico sobre meio ambiente. Caso contrário, pode não conseguir terminar o relatório. Qual é a importância do Rapp para o setor de combustíveis? A importância é estar regulado com a documentação. Hoje, alguns estados exigem a documentação de regularidade do Ibama no licenciamento ambiental, que é conduzido pelo estado ou município. Se o posto não entregou o Rapp, ele não consegue emitir o Certificado de Regularidade. E, com efeito, ele não conseguirá renovar sua licença ambiental. Além do mais, a regularidade ambiental deve albergar, além dos procedimentos operacionais da empresa, a parte de infraestrutura e também a documental. Isto porque a falha em qualquer um destes aspectos pode gerar sanções, com repercussões patrimoniais ao posto revendedor e pessoais para o sócio representante legal da empresa. Quais são as infrações para quem não entregar o relatório? O não preenchimento do Rapp ou o preenchimento incompleto pode gerar sanções, inclusive criminais, por força do Art. 60 da Lei 9605/98. As multas podem chegar até R$ 9.000,00. Algumas unidades do Ibama aplicam esse tipo de multa por ano não declarado ou declarado com erro. Assim, se o posto revendedor deixou de entregar dois anos, pode ser agraciado com uma multa de R$

LIVRO 33

18.000,00. Nestes casos, há um erro de interpretação do Ibama, mas o posto revendedor deve evitar receber a multa, porque toda infração administrativa ambiental pode trazer, a reboque, um processo criminal. Quem quiser entregar o relatório e passou do prazo, qual é o procedimento? Há duas situações. O revendedor que tentou entregar no prazo e não conseguiu e aquele que simplesmente esqueceu de cumprir essa obrigação no prazo. Para o primeiro caso, o ideal é fazer um print na tela do computador, entregar o relatório por meio digital, na primeira oportunidade (ou seja, imediatamente após resolver o erro que impediu a entrega) e, logo em seguida, justificar o impedimento junto ao Ibama, anexando a impressão da tela, juntamente com o comprovante de entrega do Rapp. Para aqueles que não entregaram por esquecimento, se o sistema do Ibama não estiver bloqueado, entregue o relatório e imprima o comprovante. A decisão de justificar, neste caso, depende da orientação de cada sindicato porque o Ibama pode esquecer de multar e a comunicação sem justificativa pode despertar a atenção da entidade para a lavratura do auto de infração. O revendedor pode ter acesso remoto para preencher o Rapp? ? Para ter acesso remoto ao Cadastro Técnico Federal (CTF) do Ibama, com os dados do posto, é necessário que não haja certificado digital ativo no Ibama. Não é preciso cancelar o certificado digital da empresa, apenas orientamos que cancele o login na página do Ibama, por meio do certificado. Esse é um procedimento necessário para efetuar o preenchimento do RAPP, em outro computador que não esteja conectado ao certificado digital, por exemplo, o consultor ambiental usa o seu computador em vez de usar o do posto, que estava com certificado digital. Para isso, se você estiver com dificuldades para efetuar o cancelamento do certificado digital pode solicitá-lo utilizando o Formulário de Solicitação de Auxílio, disponível em: https://servicos.ibama.gov.br/ctf/ formulario_solicitacao_auxilio.php Informações fornecidas por Bernardo Souto, consultor ambiental da Fecombustíveis Combustíveis & Conveniência • 57

Livro: O Dilema do Crescimento Autor: Laurence Capron e Will Mitchell Editora: Campus Nem sempre implantar um novo negócio é fácil. Seja abrir uma nova unidade ou entrar em um novo ramo de atividade, a verdade é que, às vezes, as experiências vividas não bastam para conquistar o tão sonhado sucesso nos negócios. Por isso, é importante buscar e analisar estratégias que deram certo antes de iniciar um novo empreendimento. Para auxiliar os leitores na escolha do melhor caminho a seguir no mundo empresarial, os autores Laurence Capron e Will Mitchell escreveram O Dilema do Crescimento – Qual a melhor decisão estratégica para crescer e inovar. A publicação mostra aos futuros empreendedores como criar um negócio relevante e eficiente por meio da disciplina de escolher os melhores caminhos que levam ao crescimento. Com base em uma extensa pesquisa, os autores abordam no livro uma estrutura conceitual e abrangente para decidir a melhor maneira de alcançar o sucesso, seja ela construir, tomar emprestado ou comprar. Todas as opções em diferentes circunstâncias e em combinações distintas.


44 ATUAÇÃO SINDICAL Nacional

Prontuário da NR-20 à venda no Sindisoluções Já está disponível para venda no site do Sindisoluções o Prontuário de Implantação da NR-20. Elaborado pelo Sindipetro-SC, com o apoio da Fecombustíveis, o prontuário é mais uma ferramenta para auxiliar os revendedores a reunir, de maneira organizada e padronizada, a documentação de todas as evidências exigidas pela norma orientadora. Além disso, o material ajuda a evitar problemas, como multas e autuações, no momento da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O material completo é composto por nove volumes: projeto de instalação; registro de execução de obras; manual de operações; plano de inspeção e manutenção; plano de prevenção e controle de vazamentos, derramamentos e explosões; análise de perigos;

plano de respostas a emergências; registros de qualificação e treinamento; e registros de desativação de instalação do posto. Todos os volumes são acompanhados por um CD e contêm divisórias e pastas específicas para ordenar as evidências exigidas pela NR-20. O conjunto completo pode ser adquirido no site do Sindisoluções por R$ 1 mil, podendo ser pago em três parcelas no cartão de crédito ou à vista em depósito bancário. O prontuário de instalações é uma das etapas exigidas pela NR-20, cujo objetivo é estabelecer requisitos mínimos para a gestão de segurança e saúde no trabalho contra fatores de riscos de acidentes provenientes de atividades que envolvem o armazenamento, manuseio e ma-

Bahia

Revenda baiana diz não à violência Buscando cada vez mais aproximar a revenda da sociedade baiana, através do Posto Solidário, o Sindicombustíveis Bahia apoiou o Dia Mundial da Não-Violência (30 de janeiro). Neste dia, os frentistas usaram uma braçadeira branca com a frase NÃO À VIOLÊNCIA e distribuíram aos clientes um panfleto com as estatísticas. “É mais uma forma de divulgar a informação que mais necessita de nossa atenção, que são os números da violência que atinge nosso país”, disse o presidente do Sindicombustíveis Bahia, José Augusto Melo Costa. O objetivo da ação foi alertar a população baiana para o combate à violência e estímulo à tolerância e foi realizada em 40 postos de Salvador e Região Metropolitana. “Esperamos que, com essa campanha, possamos ajudar a reduzir ao máximo a intolerância em todas as instâncias”, afirmou José Augusto Costa. (Carla Eluan) 58 • Combustíveis & Conveniência

nipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis. Além do extenso arquivo, faz parte do processo de adequação a realização de cursos de capacitação e treinamento de funcionários do posto. Esta não é a primeira iniciativa desenvolvida para ajudar o revendedores no cumprimento da NR-20. No ano passado, a Fecombustíveis lançou o “Guia de Referência para Implementação da NR-20 em Postos de Serviços”. A publicação, de 130 páginas, é um minucioso documento sobre os principais procedimentos da norma, também disponível na versão em vídeo no site da Fecombustíveis. Além disso, a Federação promoveu treinamento técnico para capacitação de instrutores locais em todas as regiões do país. (Gisele de Oliveira)


Mato Grosso

Reunião com o governador Diretores do Sindipetróleo se reuniram, em 4 de fevereiro, com o governador mato-grossense, Pedro Taques, para reforçar as demandas do setor de combustíveis. O presidente do Sindicato, Aldo Locatelli, frisou números importantes ao governador recém-empossado. Destacou que o mercado mato-grossense comercializa mais de 4 bilhões de litros de combustíveis, sendo que 68% deste volume refere-se ao diesel. “O setor é expressivo dentro de Mato Grosso, pois é responsável por R$ 2,6 bilhões em arrecadação de ICMS, ou seja, o mercado de combustíveis gera 24% da arrecadação estadual”, disse Locatelli. Ele relatou também que, enquanto o Brasil patina no crescimento devido a uma economia com dificuldades, a comercialização de combustíveis no estado cresceu 3% na comparação entre os anos de 2013 e 2014.

Locatelli destacou a necessidade de o governo estudar com dedicação a proposta de redução de impostos, principalmente sobre o óleo diesel. “Quando se fala em arrecadação de recursos puramente, a arrecadação com a comercialização de combustíveis cresceu, mas quando comparamos as vendas em litros com números de outros estados, verificamos que o estado mato-grossense poderia ter comercializado mais”. Enfatizou ainda que o estado mato-grossense multiplicou sua produção, mas o crescimento no uso de óleo diesel não acompanhou a pujança do agronegócio. Esse raciocínio também foi defendido pelo diretor de Planejamento Estratégico do Sindicom, Helvio Rebeschini, e pelo vice-presidente do Sindipetróleo, João Marcelo Borges. Rebeschini também apresentou dados referentes às

distribuidoras associados à entidade sindical, tais como BR Distribuidora, Raízen, Ipiranga e Ale. “Somente as empresas associadas ao Sindicom investiram R$ 180 milhões no setor de distribuição no estado e reconhecemos a importância do mercado mato-grossense, embora o volume de vendas aqui não seja tão expressivo quanto o que ocorre no restante do país. Mas sabemos que é um mercado de grande projeção, principalmente com relação ao consumo do óleo diesel”, destacou o diretor. O governador disse estar disposto a receber e analisar as propostas do segmento. Os dados técnicos foram apresentados detalhadamente ao secretário estadual de Fazenda, Paulo Brustolin. A secretaria já realiza um estudo sobre o tema e tal levantamento deve ficar pronto em março. (Simone Alves)

Rio de Janeiro

Encontro na Câmara Em reunião na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o Sindcomb apresentou argumentos a favor de um aperfeiçoamento da lei nº 5783, de 19/08/2014, criada pelo vereador Alexandre Isquierdo, que proíbe a permanência de motorista e passageiros no interior de veículo que esteja sendo abastecido com GNV. O principal motivo da reunião foi bem colocado pelo diretor de GNV do sindicato, Gustavo Sobral: “Sair do carro é um paliativo. A lei pode minimizar as consequên-

cias, mas não elimina a causa”. E quem acaba sendo multado por eventuais circunstâncias de periculosidade envolvendo o combustível é o revendedor, mesmo que as causas sejam, comumente, a falta de manutenção do equipamento de GNV por parte do motorista, a fraca fiscalização ou mesmo a compra de cilindros não certificados, no mercado paralelo. Portanto, foram propostas algumas ações imediatas: exigir a regulamentação do descarte

do cilindro de GNV; estimular campanhas educativas de conscientização dos motoristas e frentistas acerca dos cuidados que devem ser tomados na utilização de GNV e sobre a importância da manutenção; além de os órgãos competentes promoverem uma fiscalização mais rígida. Isquierdo citou os inúmeros benefícios do GNV e afirmou que é absolutamente a favor do incremento do mercado desse combustível, que gera econoCombustíveis & Conveniência • 59


44 ATUAÇÃO SINDICAL mia financeira e não agride o ambiente. O parlamentar se mostrou solícito às considerações expostas e prometeu acatar as sugestões, inclusive quando foi iniciada uma discussão sobre a lei de 2003, que

dá cinco anos de prazo para todos os postos instalarem o GNV. Com relação a esta Lei, a simples inclusão dos termos “caso haja viabilidade do gás” na obrigatoriedade a tornaria mais justa e coerente.

Participaram do encontro o vice-presidente Antônio Barbosa, o ex-presidente Manoel Vilela, o secretário executivo Maurício Ferraz, o diretor Gustavo Sobral e o consultor Ricardo Maranhão. (Barbara Martins)

Audiência na Assembleia

60 • Combustíveis & Conveniência

Barbara Martins

Os cuidados na comercialização do GNV foram alvo de audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A presidente, Cida Siuffo Schneider, o diretor de GNV, Gustavo Sobral, e o secretário Manoel Fonseca apresentaram as ações adotadas pelo Sindcomb em favor da proteção dos empregados, dos consumidores e do estabelecimento. Mediada pelo deputado Paulo Ramos, a reunião começou de forma bastante positiva A presidente, Cida Siuffo Schneider, o diretor de GNV, Gustavo Sobral, e o secretário para o Sindcomb, elogiado Manoel Fonseca durante a reunião na Alerj por ser um dos poucos sindicatos patronais que está sempre pronto a causa, porque, se o cilindro não estiver para ouvir a perspectiva laboral, compareem perfeito estado, a explosão ocorrerá de cendo a todas as audiências para as quais qualquer forma. A presidente destacou que é convidado. é essencial preparar o frentista e educar o Muitos fatores foram colocados pelas cliente quanto aos perigos e procedimentos autoridades presentes como razões para os necessários durante o abastecimento. O diretor acidentes envolvendo o gás natural veicular, Gustavo Sobral dissertou sobre a parte técnica assim como as soluções pensadas para os e as soluções pensadas pelo Sindcomb, que mesmos. O primeiro a discursar foi o diretor já tem trabalhado para colocá-las em prática. da MAT/SA, Sergio Wajnberg, que apontou O deputado Paulo Ramos encerrou a auas falhas na aplicação da legislação como diência com a promessa de ouvir tanto o lado principais causas de acidentes. patronal quanto o laboral em outra reunião a Cida Schneider reforçou a determinação ser marcada para estabelecer posições mais de que sair do veículo no momento do abasconcretas após as análises feitas a partir tecimento minimiza o risco, mas não ataca desta. (Barbara Martins)


44 CRÔNICA

Questão de administração Os velhos tenistas do clube redescobriram as delicias do litoral e do veraneio. Até o ano passado eles costumavam gabar as maravilhas do verão porto-alegrense. Sem tráfego pesado, dependências do clube pouco ocupadas e, principalmente, a ausência dos chatos que estavam “nas praia”. O problema da concordância nesta expressão “as praia” tem várias razões. No Rio Grande, a rigor geográfico, só existe uma praia. Não há baias, nem cabos, nem penínsulas. É um retão de areia e dunas. Mas como existem separações políticas, municipais seriam várias. E o gaúcho na linguagem coloquial rotineira só refere o plural no artigo, nunca no substantivo. Assim sendo, por muito que doa aos ouvidos, diz-se: as praia, as mão, os pão. O que levou o assunto litoral ou capital a ser repensado foi a sanha da polícia na fiscalização da lei seca e uso do bafômetro. - Não dá para beber uma cerva depois do jogo, ou passar a tarde na piscina do clube tomando muitas. - Aqui na praia tem muito clube e muitas canchas de gente como nós, disponível.

- Nos reunimos, cada um traz um isopor com gelo e latinhas. Um mar de cerveja gelada. - A churrasqueira fica do lado das canchas. E nunca esfriam. Basta trazer carne. - E a gente pode ir para a casa a pé. Ou chama a mulher ou a neta para ir buscar. Tudo é perto. Alguém se põe a comentar que tudo é uma questão de administração e busca de soluções. Mudanças razoáveis e escolhas adequadas. Tudo pode ser melhor. O Tanço se apressa em concordar: - É que nem o Brasil. Quando a gente pensa que está ruim, as coisas se ajeitam. - Não entendi muito bem. De onde todo este otimismo? -Ora. As eleições no senado e na câmara. Os novos ministros. O aumento da gasolina. O silêncio que cai sobre a cena é quase agressivo. Ninguém se dispõe a comentar. Até que o Doutor após longo suspiro diz: - Bom. Pelo menos a gente pode encher a cara.

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

19/01/2015 - 23/01/2015

1,464

1,458

19/01/2015 - 23/01/2015

1,361

1,251

26/01/2015 - 30/01/2015

1,486

1,498

26/01/2015 - 30/01/2015

1,387

1,282

02/02/2015 - 06/02/2015

1,502

1,518

02/02/2015 - 06/02/2015

1,415

1,312

09/02/2015 -13/02/2015

1,507

1,518

09/02/2015 -13/02/2015

1,393

1,304

16/02/2015 - 20/02/2015

1,494

1,534

16/02/2015 - 20/02/2015

1,386

1,301

Média Janeiro 2014

1,456

1,464

Média Janeiro 2014

1,285

1,159

Média Janeiro 2015

1,458

1,444

Média Janeiro 2015

1,326

1,227

Variação 19/01/2015 - 20/02/2015

2,0%

5,2%

Variação 19/01/2015 - 20/02/2015

1,8%

4,0%

Variação Janeiro/2014 Janeiro/2015

0,1%

-1,4%

Variação Janeiro/2014 Janeiro/2015

3,2%

5,8%

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Período

Alagoas

Pernambuco

Janeiro 2014

1,682

1,675

Janeiro 2015

1,564

1,575

Variação

-7,0%

-6,0%

Período

em R$/L

Alagoas

Pernambuco

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Em R$/L

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE)

1,9 1,8 1,7 1,6

Janeiro 2014 São Paulo

Janeiro 2015 Variação

1,393

Goiás

Alagoas

1,382

1,303

1,304

-6,5%

-5,7%

1,5

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fonte: CEPEA/Esalq 1,4 Nota: Preços sem impostos 1,3

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO Em R$/L

Em R$/L

1,6

São Paulo

Goiás

Alagoas

1,5

1,8

1,4

1,7

1,3 1,2

1,4

1,1

1,3

1,0

1,2

ja

n/

15

0,9

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO Em R$/L

1,6 1,5

62 • Combustíveis & Conveniência 1,4 1,3

São Paulo

Pernambuco

Goiás 15

1,5

n/

1,6

ja

1,9

n/

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)

ja

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)

15

1,2


TABELAS 33 em R$/L - Janeiro 2015

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

5,4%

2,626

3,050

0,424

13,9%

0,124

4,7%

2,637

2,970

0,333

11,2%

0,167

6,3%

2,644

3,020

0,376

12,5%

2,603

0,152

5,8%

2,603

2,958

0,355

12,0%

2,480

2,636

0,156

5,9%

2,636

3,020

0,384

12,7%

2,526

2,671

0,145

5,4%

2,671

3,053

0,382

12,5%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,463

2,580

0,117

4,5%

2,580

2,947

0,367

12,5%

2,512

2,532

0,020

0,8%

2,532

2,928

0,396

13,5%

Com bandeira

2,479

2,631

0,152

5,8%

2,631

3,025

0,394

13,0%

Sem bandeira

2,508

2,575

0,067

2,6%

2,575

2,952

0,377

12,8%

2,486

2,617

0,131

5,0%

2,617

3,008

0,391

13,0%

BR Ipiranga Raízen

Resumo Brasil

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Com bandeira

2,484

2,626

0,142

Sem bandeira

2,513

2,637

Com bandeira

2,477

2,644

Sem bandeira

2,451

Com bandeira Sem bandeira

Revenda

Resumo Brasil

Margem (%)

Distribuição

Diesel S500

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

5,3%

2,319

2,627

0,308

11,7%

0,141

6,1%

2,316

2,604

0,288

11,1%

2,350

0,151

6,4%

2,350

2,620

0,270

10,3%

2,289

0,128

5,6%

2,289

2,556

0,267

10,4%

2,180

2,324

0,144

6,2%

2,324

2,599

0,275

10,6%

2,144

2,254

0,110

4,9%

2,254

2,570

0,316

12,3%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,213

2,360

0,147

6,2%

2,360

2,621

0,261

10,0%

2,176

2,196

0,020

0,9%

2,196

2,506

0,310

12,4%

Com bandeira

2,193

2,330

0,137

5,9%

2,330

2,617

0,287

11,0%

Sem bandeira

2,171

2,237

0,066

3,0%

2,237

2,540

0,303

11,9%

2,186

2,301

0,115

5,0%

2,301

2,593

0,292

11,3%

BR Ipiranga Raízen

Resumo Brasil

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Com bandeira

2,195

2,319

0,124

Sem bandeira

2,175

2,316

Com bandeira

2,199

Sem bandeira

2,161

Com bandeira Sem bandeira

Revenda

Resumo Brasil

Margem (%)

Distribuição

Diesel S10

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

5,2%

2,431

2,762

0,331

12,0%

0,087

3,6%

2,412

2,729

0,317

11,6%

2,439

0,154

6,3%

2,439

2,756

0,317

11,5%

2,394

0,103

4,3%

2,394

2,640

0,246

9,3%

2,297

2,460

0,163

6,6%

2,460

2,763

0,303

11,0%

2,279

2,387

0,108

4,5%

2,387

2,798

0,411

14,7%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,311

2,413

0,102

4,2%

2,413

2,719

0,306

11,3%

2,285

2,300

0,015

0,7%

2,300

2,599

0,299

11,5%

Com bandeira

2,298

2,441

0,143

5,9%

2,441

2,758

0,317

11,5%

Sem bandeira

2,295

2,356

0,061

2,6%

2,356

2,668

0,312

11,7%

2,297

2,432

0,135

5,6%

2,432

2,748

0,316

11,5%

BR Ipiranga Raízen

Resumo Brasil

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Com bandeira

2,305

2,431

0,126

Sem bandeira

2,325

2,412

Com bandeira

2,285

Sem bandeira

2,291

Com bandeira Sem bandeira

Revenda

Resumo Brasil

Margem (%)

A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal (este último não está presente nos dados do diesel S10). O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 24/14 e 01/15. Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Ato Cotepe nº 03, de 09/02/2015 - DOU de 10/02/2015 - vigência a partir de 16 de fevereiro de 2015.

Gasolina

UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

UF

75% Gasolina A

25% Etanol Anidro (1)

Diesel S500

(2)

1,189 0,469 0,000 1,069 0,435 0,000 1,097 0,464 0,000 1,102 0,463 0,000 1,041 0,441 0,000 1,091 0,441 0,000 1,117 0,381 0,000 1,134 0,388 0,000 1,115 0,378 0,000 1,050 0,445 0,000 1,151 0,398 0,000 1,124 0,383 0,000 1,119 0,381 0,000 1,082 0,459 0,000 1,078 0,438 0,000 1,051 0,438 0,000 1,067 0,443 0,000 1,086 0,382 0,000 1,052 0,381 0,000 1,054 0,438 0,000 1,132 0,468 0,000 1,122 0,470 0,000 1,055 0,403 0,000 1,118 0,386 0,000 1,111 0,438 0,000 1,087 0,378 0,000 1,099 0,381 0,000 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

93% Diesel

7% Biocombustível (5)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

75% CIDE

93% CIDE (2)

1,655 0,174 0,000 1,499 0,182 0,000 1,540 0,174 0,000 1,529 0,174 0,000 1,452 0,182 0,000 1,511 0,182 0,000 1,613 0,163 0,000 1,592 0,168 0,000 1,614 0,163 0,000 1,463 0,182 0,000 1,659 0,163 0,000 1,575 0,163 0,000 1,553 0,168 0,000 1,499 0,174 0,000 1,504 0,182 0,000 1,475 0,182 0,000 1,484 0,182 0,000 1,557 0,159 0,000 1,514 0,168 0,000 1,421 0,182 0,000 1,583 0,174 0,000 1,572 0,174 0,000 1,472 0,159 0,000 1,583 0,159 0,000 1,551 0,182 0,000 1,530 0,168 0,000 1,524 0,174 0,000 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

64 • Combustíveis & Conveniência

75% PIS/ COFINS (2) 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361 0,361

93% PIS/ COFINS (2) 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277

Carga ICMS 0,936 0,829 0,829 0,798 0,902 0,818 0,868 0,915 0,980 0,838 0,823 0,896 0,908 0,895 0,805 0,787 0,795 0,921 1,015 0,896 0,813 0,840 0,881 0,810 0,873 0,759 0,775 2,703

Carga ICMS 0,564 0,436 0,456 0,480 0,502 0,425 0,343 0,336 0,422 0,436 0,494 0,526 0,426 0,477 0,437 0,443 0,495 0,331 0,347 0,475 0,485 0,517 0,300 0,323 0,473 0,318 0,344 2,374

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,956 2,694 2,751 2,723 2,745 2,712 2,727 2,799 2,835 2,695 2,734 2,765 2,768 2,797 2,681 2,636 2,666 2,750 2,809 2,748 2,773 2,793 2,700 2,675 2,783 2,586 2,616

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,745 3,069 3,315 3,191 3,340 3,030 3,470 3,389 3,380 3,105 3,291 3,585 3,362 3,195 2,981 2,913 3,179 3,289 3,275 3,317 3,251 3,360 3,525 3,240 3,235 3,035 3,100

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,670 2,395 2,448 2,461 2,413 2,395 2,396 2,372 2,477 2,358 2,593 2,542 2,424 2,427 2,400 2,378 2,438 2,324 2,306 2,356 2,519 2,539 2,209 2,342 2,484 2,293 2,319

17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%

3,319 2,566 2,685 2,825 2,952 2,500 2,858 2,798 2,816 2,562 2,903 3,096 2,840 2,804 2,570 2,608 2,911 2,757 2,667 2,796 2,852 3,040 2,498 2,690 2,785 2,651 2,550


TABELAS 33

Formação de custos do S10

em R$/L

A revista Combustíveis & Conveniência passou a divulgar, desde outubro do ano passado, a formação do custo do diesel S10, tendo em vista o aumento da participação deste produto no total de diesel comercializado no Brasil. Em 2013, a participação do S10 no mercado total de diesel correspondeu a 18%, enquanto que no primeiro semestre de 2014 passou para 24%. As informações sobre o custo do S10 estão disponíveis somente em 13 estados. Desde a produção, o preço do S10 é mais elevado do que o diesel comum. Por ser um produto altamente suscetível à contaminação, a revenda e distribuição mantêm cuidados especiais no transporte, manuseio e armazenamento do produto, o que acarreta custos adicionais. O S10 passou a ser comercializado no país desde janeiro de 2013. É o diesel com menor teor de enxofre, com apenas 10 partes por milhão (ppm), sendo menos prejudicial ao meio ambiente. Apesar de poder ser utilizado em qualquer veículo a diesel, seu abastecimento é obrigatório para aqueles com motor Euro 5. UF

93% Diesel

7% Biocombustível

93% CIDE (2)

Diesel S10

(5)

93% PIS/ COFINS (2)

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

AM

1,631

0,174

0,000

0,277

0,456

2,538

17%

2,685

BA

1,582

0,182

0,000

0,277

0,502

2,543

17%

2,952

CE

1,618

0,182

0,000

0,277

0,425

2,503

17%

2,500

ES

1,660

0,168

0,000

0,277

0,336

2,441

12%

2,798

MA

1,565

0,182

0,000

0,277

0,436

2,460

17%

2,562

MG

1,641

0,168

0,000

0,277

0,426

2,512

15%

2,840

PA

1,593

0,174

0,000

0,277

0,477

2,521

17%

2,804

PE

1,547

0,182

0,000

0,277

0,443

2,450

17%

2,608

PR

1,655

0,159

0,000

0,277

0,331

2,422

12%

2,757

RJ

1,629

0,168

0,000

0,277

0,347

2,420

13%

2,667

RS

1,627

0,159

0,000

0,277

0,300

2,363

12%

2,498

SC

1,681

0,159

0,000

0,277

0,323

2,440

12%

2,690

SP

1,661

0,168

0,000

0,277

0,318

2,424

12%

2,651

CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

(4)

2,455

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado em 2014. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.

Combustíveis & Conveniência • 65


44 TABELAS

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Maior

Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

Total 2,528 N/D 2,008

Manaus (AM) Gasolina Diesel Etanol

Cuiabá (MT)

2,766 2,576 2,447

2,631 2,456 2,410

2,773 2,574 2,277

2,895 2,592 2,525

Atem’s 2,630 2,632 2,400 2,400 2,400 2,400

Atem’s N/D N/D N/D BR

2,812 2,582 2,446

IPP 2,667 2,405 2,210

Raízen 2,836 2,847 2,490 2,490 N/D N/D

2,799 2,365 N/D

2,836 2,478 N/D

2,642 2,531 1,599

2,715 2,562 1,966

Taurus 2,510 2,680 2,380 2,588 1,733 1,940

2,642 2,494 1,838

Gasolina Diesel Etanol

2,568 2,204 1,688

Gasolina Diesel Etanol

2,630 2,500 2,186

Gasolina Diesel Etanol

2,559 2,187 2,076

2,520 2,180 1,720

2,681 2,520 2,191

2,619 2,486 2,169

2,661 2,187 2,219

2,463 2,130 2,155

IPP

IPP 2,843 2,416 1,926

2,676 2,344 1,935

Raízen 2,545 2,642 2,170 2,295 1,720 1,866

2,648 2,486 2,169

Raízen 2,609 2,684 2,460 2,506 2,095 2,235

2,598 2,176 2,188

Raízen 2,484 2,631 2,118 2,220 2,125 2,162

BR

IPP

2,714 2,588 1,905

2,849 2,426 1,957 IPP

2,646 2,331 1,857

2,743 2,609 1,711 IPP

BR 2,836 2,390 1,937

BR

Porto Alegre (RS)

IPP

2,750 2,610 1,655

Alesat 2,826 2,857 2,398 2,398 1,907 1,910

BR

2,777 2,500 2,334

Raízen 2,636 2,776 2,388 2,647 2,090 2,206

2,787 2,350 2,276

Alesat 2,589 2,689 2,249 2,350 2,119 2,208

Raízen 2,506 2,670 2,331 2,348 1,936 2,181

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,450 2,579 2,245 2,348 1,850 2,049

Alesat 2,592 2,680 2,344 2,380 1,986 2,044

2,560 2,336 1,906

Total

Gasolina Diesel Etanol

2,479 2,328 1,830

Raízen 2,467 2,647 2,365 2,644 1,975 2,099

2,432 2,335 1,868

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,532 2,674 2,279 2,443 2,037 2,186

Gasolina Diesel Etanol

2,591 2,458 1,977

Gasolina Diesel Etanol

2,581 2,325 1,957

Gasolina Diesel Etanol

2,674 2,194 2,270

2,511 2,260 1,936

BR

Gasolina Diesel Etanol

2,633 2,414 2,105

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,665 2,736 2,596 2,600 1,664 1,724

BR

2,721 2,489 2,198

2,632 2,377 2,095

2,976 2,759 2,533

2,581 2,395 1,794

2,479 2,320 2,144

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,858 2,891 2,578 2,590 N/D N/D

Gasolina Diesel Etanol

Florianópolis (SC)

2,788 2,481 2,415

Raízen 2,544 2,612 2,425 2,442 2,306 2,317

2,531 2,364 2,155

Raízen 2,651 2,804 2,423 2,597 2,339 2,476

2,843 2,416 1,926

Maior

2,635 2,388 2,192

Gasolina Diesel Etanol

Equador 2,640 2,640 2,400 2,640 2,183 2,387

Menor

2,499 2,157 2,180

Raízen 2,686 2,796 2,495 2,566 2,364 2,411

N/D N/D N/D

Maior

Raízen 2,554 2,680 2,211 2,480 2,329 2,480

2,528 2,216 N/D

N/D N/D N/D

Menor

2,654 2,349 N/D

Gasolina Diesel Etanol

Equador 2,870 2,977 2,572 2,783 2,305 2,405

Idaza

Campo Grande (MS)

2,752 2,517 2,210

Maior SP

2,857 2,457 2,115

2,746 2,457 2,115

N/D

2,659 2,440 2,210

Equador 2,720 2,840 2,410 2,479 2,272 2,420

N/D N/D N/D

2,799 2,598 2,397

2,729 2,497 2,594 BR

2,630 2,414 2,188

N/D N/D N/D

IPP

2,630 2,590 1,470

Curitiba (PR)

Menor

Maior IPP

IPP

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

N/D N/D N/D

BR

Rio Branco (AC) Gasolina Diesel Etanol

2,626 N/D 2,008

2,726 2,482 2,310

Porto Velho (RO) Gasolina Diesel Etanol

Menor

BR

BR

Boa Vista (RR) Gasolina Diesel Etanol

Maior

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Menor

em R$/L - Janeiro 2015

Teresina (PI)

BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

BR

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Maceió (AL)

IPP

2,564 2,367 1,910

BR

Total

2,665 2,540 2,080

Raízen 2,557 2,665 2,525 2,590 2,135 2,205

2,627 2,509 2,107

2,700 2,325 2,091

2,490 2,211 1,825

2,700 2,197 2,272

2,632 2,197 2,136

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,615 2,913 2,190 2,417 1,900 2,380

2,615 2,178 1,983

Gasolina Diesel Etanol

2,581 2,341 1,867

Gasolina Diesel Etanol

2,330 2,181 1,498

Gasolina Diesel Etanol

2,812 2,370 2,296

Salvador (BA)

Vitória (ES)

IPP

BR

Brasília (DF)

BR

2,627 2,509 2,107

2,677 2,218 2,378

Raízen 2,654 2,663 2,274 2,275 2,369 2,386

2,945 2,382 2,389

2,750 2,170 2,011

2,652 2,391 1,997

Raízen 2,582 2,695 2,356 2,356 1,809 1,932

2,619 2,354 1,867

2,637 2,329 1,874

2,310 2,130 1,395

2,821 2,380 2,297

Raízen 2,817 2,821 2,380 2,380 N/D N/D

BR

BR

IPP

IPP

Raízen 2,510 2,766 2,190 2,531 1,850 2,106

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

2,840 2,387 2,328

2,777 2,387 2,261

IPP

Rio de Janeiro (RJ)

2,603 2,444 2,083 BR

2,546 2,243 2,041

BR

2,643 2,527 2,081 BR

2,656 2,347 2,190

Aracaju (SE)

2,489 2,324 2,144

BR

IPP 2,561 2,286 2,026

2,661 2,475 2,460

IPP

BR

BR

2,634 2,401 1,776

2,963 2,455 2,333 IPP 2,727 2,425 2,178

Raízen 2,280 2,659 2,130 2,357 1,550 1,779 2,819 2,370 2,292

IPP

2,826 2,380 2,297 Fonte: ANP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP. O diesel corresponde ao S500, com exceção de Palmas, Belém, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Aracaju, que apresentam o preço do S10

66 • Combustíveis & Conveniência




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.