Os donos do mercado (Diário Catarinense) – Alexandre Lenzi (4)

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DIÁRIO CATARINENSE, DOMINGO, 4 DE SETEMBRO DE 2011

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Walter: foco na nova classe média

Fundação

9 1 79 Nos próximos quatro anos, o menor dos três grandes supermercados de SC quer dobrar de tamanho, batendo a marca de faturamento anual de R$ 1 bi em 2015.

ARQUIVO BISTEK

Família Ghislandi inaugurou a rede na pequena Nova Veneza ULISSES JOB, BD, 17/01/2008

Em 2008, um incêndio destruiu centro de distribuição do grupo

Os planos do caçula O mais jovem dos três grandes supermercados catarinenses tem um plano ousado para os próximos anos.A meta da diretoria do Bistek é dobrar o faturamento anual da empresa até 2015, batendo, pela primeira vez, a marca de R$ 1 bilhão. Para isso, anuncia a intenção de abrir sete ou oito novas lojas nos próximos quatro anos. Hoje, a rede criada em Nova Veneza conta com 11 unidades em operação. A 12ª será inaugurada em novembro, em Blumenau – será a segunda da cidade. Para os próximos quatro anos, o diretor comercial da rede, Walter Ghislandi, diz que há planos para mais lojas na Grande Florianópolis, Joinville, Itajaí, Balneário Camboriú e outra para Blumenau. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 100 milhões. – Ainda vemos bastante espaço para explorar, porque o mercado está muito segmentado. Nós trabalhamos com o foco nas classes C e D – avalia o empresário. Em 2015, a empresa fará uma parada estratégica para avaliar se passa a investir também fora do Estado. – É uma vontade nossa, evidentemente. Para crescer, tem que procurar alternativas. A concorrência do setor não deixa gerar acomodação. Mas, por enquanto, ainda tem espaço para crescer por aqui – acrescenta. Assim como os concorrentes Angeloni e Giassi, o grupo Bistek nasceu do sonho de um descendente de imigrantes italianos. E o nome da rede, embora não leve o sobrenome da família italiana, também teve origem do outro lado do oceano. O italiano Césare Ghislandi, que veio ainda criança para Nova Veneza, tinha o hábito de comprar figo seco para a sua mãe nas vendas da província de Bérgamo. Com dificuldade para pronunciar a palavra em italiano, pedia “fistech”. Já em Santa Catarina,

“Investir fora de SC é uma vontade nossa, evidentemente. Mas, por enquanto, ainda tem espaço para crescer aqui.” Walter Ghislandi

Diretor comercial do Bistek

adulto e bom contador de histórias, contou o episódio aos amigos e acabou ganhando o apelido de Bistech,pelo qual parte da família Ghislandi passou a ser conhecida. Em 1968,Adelino Ghislandi, neto de Césare, montou um pequeno comércio em Nova Veneza, que, a partir de 1972, passou a ter o nome fantasia Bistek. Em 1979, a loja se transforma no primeiro supermercado da família, com apenas um caixa, mas que já se diferenciava das tradicionais vendinhas. Walter, o mais velho de quatro irmãos Ghislandi,entrou para o negócio aos 22 anos, logo depois de se formar em Administração de Empresas na UFSC, em Florianópolis. Hoje, aos 53 anos, diz que a meta é manter a administração familiar. – Quem está trabalhando na gestão da empresa hoje é apaixonado pelo que faz, sentimos que somos capazes. Enquanto for assim, enquanto a empresa continuar oxigenada e seus objetivos alinhados, pretendemos continuar no negócio. Em 2008,a empresa precisou repensar seu

planejamento após um incêndio no centro de distribuição de Nova Veneza. Mas Walter diz que os primeiros anos do Bistek é que foram justamente os mais difíceis, diante de um cenário de economia estagnada e inflação galopante. Sem o suporte da informática e com pouca informação sobre o modelo de gestão do setor, a empresa fazia malabarismos diários para administrar a loja, conta Walter. Os preços mudavam muito rápido e era difícil para montar um planejamento eficiente. – Essa etapa foi a mais difícil. Mas a dificuldade faz com que você penetre em todos os detalhes da operação, você se prepara para crescer.A empresa que souber aproveitar cresce com isso. E quando veio a globalização, tivemos acesso a tecnologia de ponta e nos vimos livres das amarras de uma economia fechada – compara. Com o novo cenário,aumentou também a concorrência, o que obriga as empresas supermercadistas a estarem sempre em busca do novo, de um diferencial para conseguir crescer ainda mais. Segundo o diretor Walter, quanto mais forte uma rede se torna, mais os outros grupos concorrentes se esforçam para tentar acompanhar o mesmo ritmo ou, pelo menos, para permanecer no mercado e conseguir respirar. Diante do mercado globalizado, além das concorrentes regionais, as multinacionais do varejo entraram na briga.Walter lembra que elas chegaram “arrasando quarteirões”. As opções das empresas regionais eram se entregar ou enfrentar nova concorrência. – E todas as empresas do Sul do Estado optaram pelo enfrentamento, e isso também influenciou na consolidação da região. Hoje, Santa Catarina é uma das poucas praças onde a presença das multinacionais é mais tímida – recorda o executivo. ■


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