Revista Fecomércio-BA Edição 37

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Revista do Sistema Fecomércio-BA

EDIÇÃO 37 MARÇO 2022

Ascenção da economia criativa estimula crescimento do artesanato local

Conheça a mulher empreendedora mais jovem do setor varejista alimentício da Bahia

p.29

p.14

234.67

0.234

123.07

0.134

2245.0

1.654

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1.566

FECOMÉRCIO-BA DEBATE PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA A ECONOMIA EM 2022

p.18


ANÚNCIO


mensagem do presidente

Esta é a segunda edição da nossa revista em 2022, e podemos dizer que estamos esperançosos e prontos para os avanços que o segundo trimestre nos propõe. Destacamos na matéria de capa, o retorno presencial, após dois anos de pandemia, do tradicional evento realizado pela Fecomércio-BA para a imprensa, para avaliar as previsões econômicas do ano que se inicia. Também trouxemos a trajetória profissional da mais jovem empresária do setor varejista na Bahia, e falamos sobre a valorização crescente no artesanato estadual. O uso das redes sociais e as consequências dessa permanência na internet, sobretudo com os trabalhos em home office nos últimos dois anos, será tema de um dos nossos artigos, assinados pela psicanalista Isabella Barreto. Além desse, teremos mais dois artigos, um sobre a necessidade de regulamentação para

o uso das criptomoedas, e o outro abordando os impactos da guerra na Ucrânia no aumento dos preços de alimentos no Brasil. Na seção Entrevista ouvimos Primo Maldonado falar sobre a alta nas vendas de livros físicos, e a editoria de turismo vai apresentar o Museu do Mar inaugurado recentemente no bairro de Santo Antônio Além do Carmo. E a nossa reportagem especial responde algumas dúvidas sobre o uso do PIX para comerciantes. Por fim, nesta edição você encontrará também novidades sobre o Senac e o Sesc Bahia, além de curtas sobre a atuação das câmaras setoriais e sindicatos da Fecomércio-BA.

Carlos de Souza Andrade Presidente do Sistema Fecomércio-BA

Essa revista é um espaço para discutir temas importantes, relevantes para nosso estado e também para o país. Seguimos com o compromisso de compartilhar sempre os aspectos econômicos que afetam direta ou indiretamente as áreas de atuação da Fecomércio-BA.

Boa leitura!


sumário

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Entrevista p.06

Especial p.22

Venda de livros cresce 30% em 2021

PIX já movimentou R$ 1 trilhão de reais, e supera transições DOC e TED

Turismo p.08

Empreendedorismo p.29

Velejador Aleixo Belov inaugura Museu do Mar em Salvador

Ascenção da economia criativa estimula crescimento do artesanato local

Senac p.10

Sesc p.30

Mulheres quilombolas recebem capacitação profissional integral no Recôncavo Baiano

Circuito Sesc de Corridas 2022 está de volta. Saiba quais cidades serão contempladas

Revista do Sistema Fecomércio-BA Março 2022


expediente

Tiragem 1.500 exemplares

CAPA p.18 Fecomércio-BA debate Perspectivas e desafios para a economia em 2022

SINDICATOS FILIADOS

DIRETORIA Presidente da Fecomércio-BA Carlos de Souza Andrade

Acesse nossas redes

@fecomercio.ba

Vice-Presidentes nominados 1º Kelsor Gonçalves Fernandes, 2º Herivaldo Bittencourt Nery, 3º João Luiz dos Santos Jesus

Vice-Presidentes inominados Benedito Vieira dos Santos, Francisco de Assis Ferreira, Geraldo Cordeiro de Jesus, Juranildes Melo de Matos Araújo, Luis Fernando Coelho Brandão, Marcos Antônio Lamego Mendonça

Diretores-Secretários 1º Arthur Guimarães Sampaio, 2º Antônio Augusto de Oliveira Lopes e Costa, 3º Fabiano Leal Santiago Oliveira

Diretores-Tesoureiros 1º Roberto Brasileiro Lima, 2º Ruy Argeu do Amaral Andrade, 3º Antônio Chaves Rodrigues

Diretores Afonso Ramos da Rocha, Alberto Vianna Braga Neto, Allisson Alves Ferreira, Américo Soares Sales de Campos, Antônio Pithon Barreto Neto, Avani Perez Duran, Antonio Mário Almeida Reis, Cíntia Freitas Lima Modesto, Edvaldo Lima de Oliveira, Erivelto Ribeiro Melo, José Carlos Moraes Lima, Luiz Gonzaga do Amaral Andrade, Marcelo Ferraz Nascimento, Maria da Conceição Gomes Cardoso Valente, Nilton Raimundo Ávila Filho, Paulo Henrique Barreto de Andrade, Paulo Schetini Motta, Rosemma Burlacchini Maluf, Sérgio da Silva Sampaio

CURTAS p.16 INSIGHTS

SESC BAHIA Presidente do Conselho Carlos de Souza Andrade

Diretor Regional José Carlos Boulhosa Baqueiro

p. 16 por Isabella Barreto O impacto das redes sociais para a saúde mental do indivíduo

SENAC BAHIA Presidente do Conselho Carlos de Souza Andrade

Diretora Regional Marina Almeida

p. 24

por Carlos Thadeu de Freitas Gomes Criptomoedas precisam urgentemente de regulação

REALIZAÇÃO FECOMÉRCIO-BA Superintendente Jamerson Barreiro

Coordenadora de Comunicação Délia Coutinho

p. 28 por Henrique Campos de Oliveira Os impactos da guerra na Ucrânia sobre os preços dos alimentos no Brasil e na Bahia

Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidores de Gêneros Alimentícios do Estado da Bahia (Sindatacado), Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios da Cidade do Salvador (Sindalimentos), Sindicato do Comércio Atacadista de Materiais de Construção do Estado da Bahia (Sindamac), Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas e Medicamentos do Estado da Bahia (Sincamed), Sindicato do Comércio Patronal de Camaçari e Região (Sicomércio Camaçari), Sindicato do Comércio Atacadista do Estado da Bahia (Sindcab), Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos, Vestuário e Armarinhos da Cidade do Salvador (Sindtav), Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares da Cidade do Salvador (Sindbeleza), Sindicato do Comércio Armazenador do Estado da Bahia (Sindarmazenador), Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), Sindicato dos Representantes Comerciais do Estado da Bahia (Sirceb), Sindicato dos Vendedores Ambulantes e dos Feirantes da Cidade do Salvador (Sindfeira), Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado da Bahia (Sincodiv), Sindicato do Comércio Varejista e dos Feirantes de Jequié (Sicomércio Jequié), Sindicato do Comércio Varejista de Irecê e Região (Sincom), Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos de Eletrodoméstico da Cidade do Salvador (Sindeletro), Sindicato do Comércio Varejista de Santo Antônio de Jesus (Sincomsaj), Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Ribeira do Pombal e Região (Sincomvrpr), Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Jacobina e Região (Sindpat), Sindicato do Comércio de Feira de Santana (Sicomfs), Sindicato do Comércio Varejista de Alagoinhas e Região (Sicomercio Alagoinhas), Sindicato do Comércio Varejista de Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália e Belmonte (Sindescobrimento), Sindicato das empresas de compra, venda, locação e administração de imóveis e dos edifícios em condomínios Residenciais e Comerciais do Estado da Bahia (Secovi-BA), Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Vitória da Conquista (Sincomerciovc), Sindicato do Comércio Varejista de Ilhéus (Sicomercio Ilheús), Sindicato Patronal do Comércio de Paulo Afonso e Região (Sinpa), Sindicato do Comércio Varejista de Santo Amaro (Sindcom), Sindicato do Comércio Varejista dos Feirantes e dos Vendedores Ambulantes de Ilhéus (Sicovfamil), Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia (Sincofarba), Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicom-BA). Sindicato do Comércio Varejista de Teixeira de Freitas (Sincomércio Teixeira de Freitas), Sindicato do Comércio Varejista de Juazeiro (Sindilojas Juazeiro), Sindicato do Comércio Varejista de Eunápolis (Sindicomércio Eunápolis), Sindicato do Comércio Varejista do Município de Itabuna (Sindicom Itabuna), Sindicato do Comércio Varejista de Senhor do Bonfim (Sindicom Senhor do Bonfim), Sindicato dos Supermercados e Atacados de Auto Serviço do Estado da Bahia (Sindsuper).

Assistente de Comunicação Julya Ferreira

Assistente de Marketing José Elias

Produção Editorial e Diagramação

CONTATOS E SUGESTÕES: 71 3273-9848 comunicacao@fecomercioba.com.br www.fecomercioba.com.br Avenida Tancredo Neves, nº 1.109, Ed. Casa do Comércio, 9º andar, Pituba. CEP: 41820-021 Salvador - Bahia - Brasil

Comunicativa Agência de Comunicação

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entrevista

ENTREVISTA PRIMO MALDONADO por Jaciana Bianck

Primo Maldonado é diretor da LDM, livraria e distribuidora baiana que, há 29 anos, atua no mercado editorial do estado. A LDM possui um vasto acervo de livros, com inúmeras editoras e das mais variadas áreas. Além disso, ela está presente nos principais eventos literários da Bahia. Atualmente, a livraria fica localizada em três postos da capital baiana: nos Shoppings Paseo e Bela Vista, além de sua matriz, em Brotas.

Sistema Fecomércio-BA - Em 2021, o Brasil contabilizou um crescimento de quase 30% na venda de livros, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). A LDM notou esse aumento, então, a quais fatores podemos associar esse cenário? Primo Maldonado - Sim, notamos esse aumento. Embora bem menor na nossa empresa, pois operamos em menor proporção no varejo online, onde se destacam os grandes players (Submarino, Amazon, Cultura, etc.). Todavia, ao contrário do que aparenta este crescimento, durante a última década, o mercado de livros no país teve uma retração nas vendas, inclusive, com queda no preço nominal, o que causou uma perda de rentabilidade. Além disso, nos últimos anos,

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vem ocorrendo uma mudança no modelo das lojas; antigamente, existiam super lojas, que ocupavam um espaço acima de 1.500 metros quadrados, com conteúdo muito diversificado e altos custos operacionais. Atualmente, predominam lojas com tamanhos mais adequados, entre 500 a 1.000 metros quadrados ou até menores. SF - Como a revolução digital está transformando o setor? PM - As principais transformações foram nas áreas CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais), onde os conteúdos migraram, em grande parte, para plataformas digitais. A maioria dos livros didáticos, impressos ou digitais, migrou para Sistemas de Ensino, e são comercializados pelas editoras,

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seja diretamente para as escolas ou para os pais. Nas outras áreas, como literatura, humanas, religiosa, infantil, entre outros, ainda predomina o livro físico. Porém, o modelo de comercialização, após a pandemia, está se dividindo, quase que proporcionalmente, entre livrarias físicas e vendas por sites, marketplaces e clubes de assinatura. O formato em audiolivro também tem crescido e se solidificado.

Mas, se há algo que simboliza o mito da Fênix, são as livrarias. Elas estão sempre se adaptando e se reinventando"


entrevista

SF - Na última década, observamos a crescente migração das livrarias para o mundo digital. Observando esse panorama, ainda é possível que redes físicas se consolidem e cresçam? PM - Sim. As redes de livrarias têm demonstrado um panorama positivo, pois estão se consolidando e crescendo, tanto as regionais quanto as nacionais. Principalmente, o modelo de empreendimento com lojas menores, pois é o mais adequado à nova realidade do mercado. Além disso, normalmente, elas são agregadas a cafés, cinemas ou eventos, o que atrai ainda mais os clientes. SF - Quais estratégias a LDM adotou, nessas quase três décadas de atuação, para manter-se consolidada no mercado baiano, principalmente, após as transformações digitais? PM - Investimos na diversificação do negócio, com atuação em várias

áreas, seja no varejo, com livrarias físicas, site e redes sociais; ou no atacado, especialmente no segmento universitário (atendimento a faculdades, governo, entre outros) e pontos alternativos. Também, participamos de diversos eventos como bienais, festas literárias, feiras de livros, feiras escolares e trabalhos em escolas; especialmente na área de literatura paradidática. SF - Quais são as perspectivas para o futuro das livrarias? PM - Incerto, como quase sempre foi. Mas, se há algo que simboliza o mito da Fênix é a Livraria. Está sempre se adaptando e se reinventando. Hoje, é possível observar um movimento na sociedade de resgate da Cultura Livresca, perdida em parte nos últimos tempos. Entretanto, ainda existem agravantes como: reconhecimento e incentivo dos órgãos governamentais, falta de regulamentação e o

modelo de comercialização em Shopping, que também está em xeque.

As redes de livrarias têm demonstrado um panorama positivo, pois estão se consolidando e crescendo, tanto as regionais quanto as nacionais. Principalmente, o modelo de empreendimento com lojas menores, pois é o mais adequado à nova realidade do mercado”

Conheça outras Livrarias físicas de Salvador

Livraria Katuka

Livraria Escariz

Livraria Nobel

@katukaafricanidades Endereço: Praça da Sé, nº 1 Segmento: Literatura afro-brasileira

@escarizbarra Endereço: Shopping Barra, L2 Segmento: Literaturas diversas

@nobelshoppingparalela Endereço: Shopping Paralela, 1º piso Segmento: Literaturas diversas

Livraria Caramure

Livraria Leitura

Livraria Disal

@caramure Endereço: Madison Plaza, Praça Nossa Senhora da Luz - Pituba Segmento: Literatura regional

@leiturasdb Endereço: Shopping da Bahia, 4º piso Segmento: Literaturas diversas

@disal_salvador Endereço: Alameda das Espatódias, 479 - Caminho das Árvores Segmento: Literaturas diversas

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turismo

Museu do Mar Aleixo Belov fica localizado no Largo do Santo Antônio Além do Carmo.

Salvador ganha o Museu do Mar Aleixo Belov Espaço funciona no centro histórico da capital baiana e é atração imperdível para turistas por Lívia Montenegro

O

s turistas e moradores de Salvador que são apaixonados por viagens não podem perder a rica experiência de conhecer o mais novo ponto turístico do Centro Histórico de Salvador, o Museu do Mar Aleixo Belov. Localizado em um casarão amarelo de três andares no Largo do Santo Antônio Além do Carmo, que mistura arquitetura clássica com moderna, o equipamento guarda relíquias adquiridas pelo velejador Aleixo Belov durante suas cinco viagens ao redor do mundo, sendo três delas sozinho no veleiro “Três Marias”. Essa embarcação, que foi construída pelo próprio comandante em 1976, é o pilar central do museu.

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O velejador começou a sonhar com o espaço cultural em 2018 e, desde então, selecionou as peças que estão à disposição do público que quer conhecer mais detalhes sobre a navegação e outras culturas. Quem visita o museu tem acesso a relíquias trazidas da Polinésia, da Austrália, da Índia e de alguns países africanos. "Todos nós vamos morrer um dia, mas não queria que meu acervo se perdesse. Por isso, nasceu a ideia do Museu do Mar. Ele serve para quem quer aprender a navegar e amar o mar”, salienta Belov, que revela: “Tudo que usei para dar as voltas ao mundo está no museu, como o

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veleiro ‘Três Marias’, as cartas náuticas e os aparelhos de navegação”. Ele acredita que o público terá uma experiência única ao visitar o equipamento, que é o primeiro do gênero na capital baiana. Ao todo, o espaço cultural tem 540 metros quadrados de exposição permanente, com o legado de Belov, e 110 metros quadrados para exposições temporárias, além de um bar e cafeteria na área interna do museu. O projeto museológico, que inclui uma sala de projeção de filmes, é assinado por Heloísa Helena Costa. Já o arquitetônico ficou sob responsabilidade de Joaquim Gonçalves.


turismo

Horário de funcionamento O museu é administrado pela fundação que leva o nome do velejador e funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. O ingresso custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Crianças de até 5 anos não pagam. Nas quartas, o acesso é gratuito. Quem mora no bairro Santo Antônio Além do Carmo também pode entrar gratuitamente no local. Aleixo tem 79 anos e já realizou cinco voltas no mundo.

Sobre Aleixo Belov Nascido na Ucrânia, o comandante Aleixo Belov veio ao Brasil ainda criança com os pais, que fugiam da Segunda Guerra Mundial. Por aqui, escolheram a Bahia como novo lar. Criado tendo a Baía de Todos-os-Santos como inspiração, Belov se encantou pela navegação. Tanto que, na juventude, já fazia viagens pelos oceanos acompanhando outros velejadores renomados, como narra no livro “Minhas viagens com outros comandantes”, lançado em setembro deste ano.

Com o conhecimento adquirido, começou a navegar pelo mundo com o veleiro “Três Marias”, com o qual deu três voltas ao mundo: só ele e os oceanos. Por conta desse feito, ganhou um diploma da Marinha do Brasil por ter sido o primeiro a dar uma volta ao mundo sozinho em uma embarcação com a bandeira brasileira. Mas não parou por aí. O comandante, que recebeu o título de Cidadão Soteropolitano em outubro de 2021, queria também compartilhar esse

conhecimento com as novas gerações. Para isso, construiu o veleiro-escola “Fraternidade” e convidou tripulantes, com idade entre 18 e 30 anos, para compreender as lições do mar. Todas essas experiências renderam outros oito livros escritos por Belov e que narram o ofício do mar e as histórias dos povos que conheceu durante as voltas ao planeta. As obras também estão disponíveis no Museu do Mar.

O veleiro“Três Marias” acompanhou Belov em três voltas ao redor do mundo.

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Senac

Mulheres quilombolas recebem capacitação profissional integral no Recôncavo Baiano por Alice Santiago

A

s mulheres do recôncavo baiano são um milagre – exemplo de força e resiliência. As cores do dendê, da mandioca e do marisco refletem uma cultura ímpar, ancestral e cheia de significados. Mães e filhas do recôncavo todos os dias vivem a realidade da subsistência e da coragem de acordar todos os dias, antes do sol nascer, para garantir seus sustentos. A Bahia e seu povo singular, têm muito a nos ensinar sobre a preservação da nossa própria cultura. O projeto Cozinha&Voz é sobre transformação e educação. Iniciativa da Organização Internacional do Traba-

lho (OIT) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com a Casa Poema e a chef Paola Carosella, com realização do Senac, o projeto Cozinha&Voz Maragogipe promove formação profissional na área de cozinha para 24 mulheres quilombolas. "Onde eu moro, não tem essas oportunidades. Por meio desse curso, quem sabe eu consigo uma vaga de emprego um dia. Além de fortalecer o que a gente já sabe, vamos aprender mais, ganhar mais experiência", disse Beatriz Oliveira De Jesus, 22 anos, que trabalha como marisqueira no quilombo Porto da Pedra.

Cozinha&Voz promove formação profissional na área de cozinha para mulheres quilombolas;

Responsabilidade Social O projeto inclui pessoas que estão em situação de exclusão socioeconômica e que fazem parte de algum grupo que sofre preconceito, como quilombolas, mulheres em situação de violência, indígenas, entre outros. Em Maragogi-

pe, a responsabilidade pela formação profissional é do Senac Feira de Santana, além de contar com o apoio fundamental da Associação Edson dos Santos e do grupo de marisqueiras do quilombo do Dendê.

“Realizar esse curso, no momento de reconstrução da crise acarretada pela pandemia, tem sido visto como motivo de esperança e possibilidade de novos recomeços na região” disse Diego Calixto, oficial nacional de projeto da OIT.

ressaltou a importância da educação profissional na vida das aulas. "A educação é um ato de amor, mas sobretudo um ato de coragem, já dizia o nosso Paulo Freire. Quando Ju, Mari, Marcelly, alunas do curso, acordam cedo para estarem na sala de aula aprendendo é porque elas acreditam no poder de transformação que a educação pode proporcionar”, disse a gestora.

poesias e samba de roda para celebrar a beleza cultural da Bahia.

Entrega de certificados O Senac esteve junto a OIT – com a oficial técnica, Thaís Dumêt – e a chef Paola Carosella, para a entrega de certificados da primeira turma de alunas do Cozinha&Voz Maragogipe. A cerimônia aconteceu no Quilombo do Dendê, no dia 24 de fevereiro, na casa de Dona Ju, também aluna do projeto. Pela manhã a vivência contou com a preparação de um café da manhã, com chef Rômulo Ramos, e também com uma aula sobre precificação, com a instrutora Lumma Borges. A superindentende de Educação profissional do Senac, Ana Rita Andrade,

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Na ocasião, o Senac também entregou às alunas do segundo ciclo um kit de boas-vindas para as aulas que aconteceram em março. O dia terminou com

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A chef Paola Carosella conversou com as alunas do projeto sobre as oportunidades de fomento à cultura e gastronomia da região.


ANÚNCIO


câmaras

Câmara de Inovação e Tecnologia

Nova gestão planeja unir setores tradicionais e ecossistemas de inovação No início de fevereiro, a Câmara de Inovação e Tecnologia recebeu um novo coordenador. Tauan Reis, que também é Coordenador Estadual de Negócios Inovadores do Sebrae Bahia, assumiu o cargo durante a primeira reunião da CIT de 2022. Animado com o novo desafio, Tauan deseja aproximar os setores tradicionais do comércio, serviços e turismo aos ecossistemas de inovação da Bahia. Para alcançar esses objetivos, ele planeja desenvolver ações conjuntas com os dois nichos. “Devemos

pensar em projetos que unam, sensibilizem e atraiam esses dois universos, provocando-os a sentar e discutir sobre desafios, dores e possíveis soluções”, disse. Além disso, o novo coordenador, um entusiasta da inovação, futurismo e processos exponenciais, também relata que irá construir estratégias para engajar os empresários e sindicatos sobre a importância da transformação digital para a sobrevivência e sucesso das organizações. Em fevereiro, Tauan Reis assumiu a coordenação da CIT.

Câmara dos Empresários em Shopping Centers

Leise Scabine retorna à coordenação Um ano após o fim do seu mandato, a empresária Leise Scabine assume novamente a coordenação da Câmara dos Empresários em Shopping Centers. A nova gestora, que iniciou suas atividades em fevereiro, diz estar ciente dos desafios e pretende auxiliar os lojistas durante essa retomada da economia. “Nós tínhamos um cenário antes da pandemia e agora estamos voltando a algo parecido. Minha expectativa é nos aproximar dos principais desafios destes empresários que, em sua maioria, são pequenos empreendedores, para enfim, podermos contribuir com esse período de recuperação”, disse.

Esse ano, a CESC tem a pretensão de entender melhor as demandas dessa indústria, incluindo tanto as necessidades dos empresários de loja, quanto as dos próprios empreendimentos, fornecedores e de todo o ecossistema que proporciona o bom funcionamento dos shoppings.

da entidade. “Precisamos engajar nosso público-alvo, bem como demonstrar que estamos aqui para ajudá-los e que eles podem recorrer a CESC quando precisarem”, enfatizou Leise.

Essa é a segunda passagem de Scabine pela Câmara, em que já ocupou os cargos de coordenadora, vice-coordenadora e representante do Shopping da Bahia. Segundo a empresária, essa experiência permitiu diversos aprendizados e amadurecimentos que serão aplicados nessa gestão, principalmente, com relação ao engajamento e representatividade Essa é a segunda passagem de Leise Scabine pela CESC.

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câmaras

Câmara da Mulher Empresária

Câmara recebe nova coordenadora Em ritmo de mudança, a Câmara da Mulher Empresária de Salvador também ganhou uma nova gestão. A empresária do ramo de seguros, Vanessa Nogueira, assumiu a coordenação, substituindo a empresária Sueli de Paula, que estava à frente da CME Salvador desde dezembro de 2021. Ciente dos desafios, Vanessa pretende dar continuidade aos planos da coordenadora anterior. “Irei continuar fortalecendo o associativismo, incentivando o empreendedorismo

feminino na nossa cidade e promovendo a participação ativa da mulher empresária”, comentou. Para alcançar esses objetivos, Nogueira investirá em ações com foco no empoderamento feminino, visando o desenvolvimento das empresárias. Além disso, ela também deseja fomentar a presença feminina nos espaços de poder, demonstrando a importância da representatividade como base para construção e progressão da equidade de gênero. Vanessa Nogueira é uma defensora do empoderamento feminino.

Evento homenageia mês das mulheres Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, as câmaras municipais ligadas à Câmara Estadual da Mulher Empresária da Fecomércio-BA realizaram, durante todo o mês de março, diversas ações de capacitação e incentivo ao empoderamento feminino. Foram desenvolvidas palestras, rodas de conversas, feiras, talk show e lives. Segundo a coordenadora da CEME, Rosemma Maluf, “o propósito da realização desse tipo de evento, é contribuir para a formação e incentivo de lideranças empresariais femininas que atuem no processo de defesa de interesses do segmento, fomentando a participação e o protagonismo feminino nas esferas socioeconômicas. Até porque, mais mulheres no mundo dos negócios significa mais empregos, consumo e desenvolvimento”.

Segundo dados do Sebrae, 31% do mercado empreendedor baiano é composta por mulheres.

Com o intuito de abranger a maioria dos municípios que integram a rede de associativismo feminino da Câmara, a série de eventos foi realizada em seis cidades: Salvador, Camaçari,

Lauro de Freitas, Juazeiro, Porto Seguro e Teixeira de Freitas.

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passos certos

Empreendedora de sucesso Conheça a trajetória inspiradora da baiana Daniela Lacerda por Lívia Montenegro

Com apenas 29 anos, Daniela Lacerda é a mulher empreendedora mais jovem do setor varejista alimentício da Bahia. A empresária comanda o Corujão 24h, uma das principais redes de supermercados em Feira de Santana, com faturamento de 285 milhões de reais em 2020. Ela contou um pouco da sua trajetória até se tornar a CEO da rede Corujão 24h e quais os planos futuros para o seu negócio. Daniela Lacerda se descobriu empreendendo muito cedo. Aos 7 anos de idade, ela já brincava de vender brinquedos em uma barraquinha que montou na frente da sua casa. “Era brincando, mas isso foi aflorando meu potencial de vendas”, diz. O seu pai era comerciante mas não incentivava o sonho da filha de ser empreendedora.

"Como todo comerciante, nos altos e baixos, meu pai não apoiava que eu seguisse o mesmo caminho, que era árduo e não passava segurança financeira para a família. Tudo que ele mais queria na época era que eu entrasse na faculdade, tivesse um diploma e seguisse a vida como concursada", conta. Ainda na faculdade, a atual CEO começou a vender acessórios para ajudar a pagar as despesas do curso. “Obtive sucesso e consegui guardar quase R$10 mil na época. Esse valor foi suficiente para que eu tivesse coragem de encarar o meu primeiro negócio formal, que foi uma loja de roupas onde me dediquei durante dois anos”, diz Daniela. O seu namorado que já trabalhava com distribuição de bebidas no ata-

Após três anos no varejo de bebidas, a rede Corujão 24h recebeu uma proposta para transformar o negócio em um supermercado.

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Daniela Lacerda é CEO da rede Corujão 24h, com sede em Feira de Santana (BA)

cado a convidou para uma sociedade no ramo do varejo. Sem muito capital, eles encararam o desafio e criaram um negócio inovador na época: o depósito de bebidas Corujão 24h, a primeira distribuidora de bebidas geladas da cidade. "O início do Corujão foi marcado somente com a venda de bebidas, mas ao longo do tempo começamos a observar a busca dos clientes por outros produtos. Tudo que acompanhava a cervejinha gelada era procurado: carne para o churrasco, espetos, descartáveis", complementa. O negócio foi crescendo e atualmente a rede de supermercados Corujão 24h emprega mais de 500 colaboradores. Com sete unidades no interior da Bahia, a expectativa para 2022 é ingressar no mercado de franquias, pretendendo chegar a 100 unidades com modelo de conversão.


passos certos

Driblando o machismo e o preconceito O preconceito por ser mulher foi um dos desafios enfrentados por Daniela no mercado de varejo. Ela conta que, ao longo dos anos, o mais desafiador foi o relacionamento com as grandes indústrias onde estão enraizadas algumas culturas ainda machistas. “Uma empreendedora jovem à frente de uma empresa ainda gera certo estranhamento, principalmente quando você não tem experiência no mercado, como era o meu caso. Mas fui construindo a minha história e hoje consigo muito mais respeito”. Para ela, as dificuldades só contribuíram com o seu crescimento e

mostraram a importância de saber lidar com as pessoas. “Acredito que a mulher tem um senso natural materno e está em minha gestão cuidar das pessoas, cuidar do nosso capital humano. Eu posso ter o melhor software, mas o que move minha empresa são pessoas, e nelas eu invisto e cuido”, diz.

soas é que compram de você . Por isso, esteja perto dos seus clientes, seja nas redes sociais, seja na própria operação, o importante é você ver e ser visto”, finaliza.

Daniela deu ainda algumas dicas para quem quer se destacar no mercado. “Seja autêntico, mostre valor antes de preço. Estamos em uma geração onde as pessoas enxergam muito mais que produtos, as empresas são movidas por pessoas e pes-

A rede Corujão 24h emprega mais de 500 colaboradores.

3 lições da empreendedora 1. Liberdade ao liderar

2. Não fique parado

3. Planeje as finanças

“A expansão de um negócio depende de pessoas. Aprender a ouvir e a dar poder aos funcionários faz parte. A autonomia traz ideias frescas para um negócio.”

“Desviar da inovação é correr o risco de sofrer uma morte súbita no empreendedorismo. Estabilidade é uma lenda. Podemos faturar milhões em um dia e no outro ter alguém nos engolindo.”

“Separar o que é o recurso da empresa e o que é o pró-labore ainda é um desafio para muita gente. Faturamento não é lucro, e querer ser rico sem entender isso é enganoso.”

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insight

O impacto das redes sociais para a saúde mental do indivíduo O

contemporâneo é caracterizado pela quebra das relações sociais nos moldes do século 20, uma transformação da relação do humano com a família, com a sociedade, com o trabalho, com a natureza, consigo mesmo, enfim com a própria vida. A tecnologia, a internet, as redes sociais são a nova realidade e isso é fato! Se é bom ou ruim, depende do que se faz, do que se quer, da consciência sobre essa ferramenta, da ética construída a respeito dessa nova forma de existência. Como todos os marcos transformadores, há ganhos e há perdas. Temos hoje uma conexão com o mundo de forma imediata, o que nos coloca numa condição de acesso à informação, ao desenvolvimento de mercado, de investimentos, de ordem social, financeira, educacional, da saúde, entre outras instâncias de alcance imensuráveis. No entanto, no que diz respeito à saúde mental, as redes sociais deflagram situações de grande importância, haja vista o aumento de transtorno mental como a depressão, transtornos alimentares, transtorno de ansiedade, sintomas como baixa autoestima, procrastinação, distúrbio do sono, tristeza, sensação de inadequação e incompetência, necessidade de autopromoção; dependência tal qual adição em jogos e outros vícios, descontrole de impulsos entre outros.

outro lado possibilitaram e intensificaram uma retração do vínculo com as experiências, os conflitos, as trocas, que só são possíveis através da presença corporal. Por exemplo, as experiências sensoriais que se tornam empobrecidas. Em cada ciclo de vida, infância, adolescência, adulto e envelhecimento, os sintomas desencadeados com origem na utilização desses aplicativos crescem. O Brasil está na lista dos países em que as crianças têm acesso mais precocemente às redes sociais; a partir dos nove anos de idade já estão expostos ao virtual e isso as coloca numa vulnerabilidade muito grande, desde o cyberbulling, ao atraso na construção de habilidades motoras, intelectuais e sociais importantes, que deixarão marcas no desenvolvimento dessa criança. Entre os sintomas que afetam pessoas com idade produtiva, entre 15 e 65 anos, são os comprometimentos, dentre outros, na produção e na qualidade

As redes sociais, principalmente após o início da pandemia, se por um lado puderam promover a presença virtual entre pessoas que estavam em isolamento social, por

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Isabella Barreto Psicóloga Clínica, psicanalista - Idealizadora dos projetos AcolherPsi e Conversas Compartilhadas

do estudo e do trabalho, devido às horas de utilização das redes sociais, a desqualificação da autoimagem, do próprio desempenho, constante comparação com outro, sensação de constante superação, supervalorização da aparência, negação de emoções/sentimentos como a solidão e a tristeza, que inclusive fazem parte da construção do humano no desenvolvimento de habilidades como a empatia; nos idosos causa também a sensação de desimportância pelo ritmo diferente na inserção às redes sociais. Enfim, é uma imensidão de aspectos a serem observados, analisados, considerados. É necessário tomarmos consciência sobre as quebras de paradigmas e suas interferências na saúde mental, que são da ordem das prioridades para termos uma sociedade sustentável.


sindicatos

Sebrae e CNC criam projeto voltado para o comércio No dia 08 de março, a Fecomércio-BA e o Sebrae reuniram os presidentes dos sindicatos e gerentes do Sebrae, das 11 cidades que serão atendidas, para apresentar duas iniciativas: o Projeto ALI – Agentes Locais de Inovação e o Hub Empreendedor. Ambas são gratuitas e exclusivas para atender ao Comércio de Bens, Serviços e Turismo. As ações fazem parte do programa Empreenda+, desenvolvido pelo Sebrae Nacional e CNC, com intuito de aumentar a produtividade de pequenas e micro empresas do setor. Por meio de uma metodologia própria, os Agentes são facilitadores que fazem

o raios-X do negócio, levantando os principais problemas e soluções, visando aumento de faturamento, produtividade e redução de custos por meio da inovação. Na segunda fase, começa o Hub Empreendedor, iniciativa para atendimento dos MEIs e ME, principalmente as empresas nascentes, com mentorias e possibilidade de crédito no fim do processo. Participaram do evento virtual presidentes dos sindicatos empresariais de Teixeira de Freitas, Allisson Ferreira; Camaçari e Região, Juranildes Araújo; Alagoinhas, Benedito Vieira; Eunápolis, Sérgio Bobbio; Santo Antonio de Jesus,

Herivaldo Nery e Vicente Neiva; Juazeiro, Paulo Henrique Andrade; e Itabuna, José Adauto dos Santos. Executivos do Sebrae (André Gustavo e Fernanda Gretz) e da Fecomércio-BA (Cristina Maeda, gerente sindical) também estiveram presentes no evento aberto pelo presidente Carlos Andrade.

Sindicatos prestigiam lançamento do programa Empreenda+

Sicomércio Alagoinhas em Itaparica Em março, o presidente do Sicomércio Alagoinhas, Benedito Vieira, celebrou a integração da nova diretoria do Sindicato no Grande Hotel Sesc Itaparica.

5ª Mostra Sesc de Cinema: concurso movimenta cena audiovisual nacional Realizadores e realizadoras de todas as regiões do país poderão inscrever suas obras até 14 de abril, com longas, médias e curtas metragens de temas variados. A lista das produções selecionadas será divulgada até o dia 31 de agosto. www.sesc.com.br/mostradecinema

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Perspectivas e desafios para a economia em 2022 Fecomércio-BA realizou evento para falar sobre o que esperar do comércio e varejo neste ano por Lívia Montenegro

No dia 23 de fevereiro, a Fecomércio -BA reuniu imprensa, representantes de sindicatos e comerciantes para falar sobre “Cenários e perspectivas econômicas para 2022”. O evento contou com a participação do economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Antonio Everton, e o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, que trouxeram dados sobre a economia do estado e do país. Kelsor Fernandes, presidente em exercício da Fecomércio-BA, abriu os trabalhos. Devido à pandemia da COVID-19 e um longo período de fechamento do

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comércio, o ano de 2021 foi de muitos desafios para os empresários. Eles não perderam a esperança, se reinventaram e movimentaram o comércio e o varejo mesmo em um período conturbado da economia. Apesar da alta da inflação e dos juros, o varejo registrou um crescimento de 7% no ano. “A confiança do empresário reagiu à reabertura do comércio e à vacinação, mas perdeu fôlego no final do ano com o desempenho ruim nas vendas. Embora o ano tenha sido positivo, com alta e desempenho assimétrico, no último bimestre houve queda de 7,8%. Com isso, a média do

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ano fechou abaixo do esperado”, afirma o economista Guilherme Dietze. Para 2022, a palavra de ordem é cautela. Para Dietze, as esferas propulsoras da economia como a de serviços, varejo, construção civil e indústria indicam uma retomada este ano, mas ainda podem sofrer com a alta na inflação e a diminuição do poder de compra da população, especialmente devido ao aumento das dívidas e maior facilidade de crédito, que acaba por endividar ainda mais as famílias. Além da alta taxa de desemprego, que é determinante para fazer despencar o poder de compra das pessoas.


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Antonio Everton Chaves Junior, economista da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), acredita que este ano ainda será de baixos investimentos, com altas taxas de juros e pressão da inflação, que eleva o custo de vida e impacta no consumo. “É um momento em que os comerciantes precisam ter cautela e buscar atrair consumidores com diferenciais no seu negócio”, acredita. A projeção do Banco Central é que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil tenha um crescimento de apenas 0,3% ao ano, sendo o país com o mais baixo nível de projeção de crescimento entre 42 países listados. O desemprego e o endividamento são os pontos de alerta para esse

resultado. No final de 2021, o número de famílias endividadas foi de 672 mil, representando 72,2% de Salvador. A inadimplência seguiu em alta e atingiu o maior nível desde 2012, com 32,6%, tendo como grandes vilões os cartões de crédito e carnês. “A inflação tem impactado sobremaneira o orçamento doméstico, o que impede que as famílias comprem mais. Alguns componentes pressionaram a inflação para cima, que são o combustível, a educação e a alimentação”, explicou o economista da CNC, que ponderou que nem o aumento na taxa de juros, que é a medida recomendada quando há um aumento na inflação, obteve resultados satisfatórios para pressionar para baixo o índice inflacionário.

Neste cenário desafiador, o Presidente em exercício da Fecomércio-BA destaca o comprometimento do empresário do comércio e a necessidade de ações do governo para continuar movimentando os setores. “O empresário do comércio é um batalhador, e a nossa perspectiva é que ele continue gerando emprego, pagando impostos, gerando renda, para tocar a economia da Bahia. Um setor que emprega quase 70% do PIB baiano não pode continuar parado, ele tem que girar, tem que crescer. E tudo que nós pudermos fazer com os órgãos governamentais nós vamos fazer para que a economia da Bahia continue girando", afirma Fernandes.

Registros do evento

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Turismo e exportação podem alavancar a economia Será um ano difícil, mas o turismo da Bahia tem potencial de ter mais um crescimento relevante em 2022, tendo mais uma vez o destaque nacional. Na contramão dos outros setores da economia, o turismo baiano teve destaque com o melhor desempenho em 2021 entre os estados pesquisados pelo IBGE. “O turismo na Bahia teve um crescimento de 33% em relação a dezembro de 2020”, disse Dietze. “Salvador, Praia do Forte e Porto Seguro figuraram como os principais destinos vendidos no segundo semestre do ano passado e a tendência é que essa alta continue ao longo deste ano. Assim, existe um grande potencial turístico como fonte de geração de empregos”, complementa.

Em nota, o secretário estadual do Turismo, Maurício Bacelar, também atribuiu o crescimento ao planejamento feito pela pasta para a execução do plano de retomada Viva Turismo Bahia, que possui quatro eixos de atuação: biossegurança, promoção dos destinos baianos, infraestrutura e capacitação e qualificação de gestores públicos, empresários e profissionais do setor. A Bahia é o quinto estado no ranking nacional na adesão do Selo Turismo Responsável. Conforme o governo, até o 1º semestre já foram mais de 29 mil Selos Turismo Responsável, Limpo e Seguro emitidos em todo o país. A chancela é conferida a locais que se comprometem a cumprir protocolos de prevenção à COVID-19 e, desta

Participaram do evento, diretores, presidentes de sindicatos e a imprensa.

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forma, oferecem mais segurança a turistas e trabalhadores do setor. A iniciativa foi lançada em 2020, colocando o Brasil entre os 10 primeiros países do mundo a implementar protocolos sanitários para o turismo. Já o economista da CNC, Antonio Everton, destaca ainda o setor de exportação como grande potencializador dos indicadores econômicos do Brasil. “De positivo, e necessário, são as possibilidades abertas pelo crescimento de nossas vendas para o exterior, ou seja, nossas exportações”, finaliza.


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O que esperar para o comércio em 2022?

1.

Pode haver uma queda de 1% no ano.

2.

Novo Auxílio Brasil deve injetar R$ 11,6 bilhões na economia baiana.

3.

Adicional de R$ 7,5 bilhões em relação ao tradicional Bolsa Família.

4.

O montante adicional representa cerca de 6,5% do comércio, mas é importante alertar que ele pode ser usado para o pagamento de dívidas.

5.

Famílias continuam sentindo a inflação alta, o que pode impactar nas vendas do comércio.

6.

Ano de campanha eleitoral também traz diversas incertezas para o cenário econômico.

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especial

Pix registra mais de 1,8 bi de transações em um ano O recurso movimenta o comércio e já é usado por 71% dos brasileiros por Lívia Montenegro

O Pix, sistema de pagamento instantâneo brasileiro desenvolvido pelo Banco Central, lançado em novembro de 2020, já supera os tradicionais DOC e TED em números de transações mensais. De acordo com o Banco Central, o sistema já é usado por 71% da população, com 380 milhões de chaves registradas até dezembro de 2021. Além disso, a modalidade já movimentou mais de R$ 1 trilhão de reais, superando as modalidades de saque em espécie, transferências via TED ou DOC e cheque, se mantendo atrás apenas dos boletos com 14,9% do mercado e cartões, que lideram com 50% das transações. O Pix pode fornecer uma plataforma para serviços que melhora a visibilidade e a previsão do caixa, ao mes-

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mo tempo que ajuda a gerenciar o risco. Ele também pode auxiliar as empresas a cortarem custos, reduzindo a sua dependência de serviços de pagamento eletrônico mais caros, como os já citados DOC e TED. As vantagens do Pix são diversas em relação aos outros tipos de pagamentos disponíveis no mercado. Além da gratuidade, o recebimento do pagamento pelas empresas é mais rápido e muitos comerciantes oferecem descontos para quem utiliza esse recurso. Para o economista Guilherme Dietze, isso é vantajoso e contribui para dar liquidez ao negócio. “O comerciante ou varejista recebe o dinheiro na hora e pode utilizá-lo para pagar o funcionário, o fornecedor, a conta do dia a dia. Sem descontos

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ofertados, o cliente pode preferir pagar no cartão de crédito e o empresário só vai receber depois de 30 dias o valor integral ou pagar juros ao banco para antecipar”, esclarece. E muitas novidades estão chegando por aí. O Banco Central prepara o lançamento das novas modalidades, como o Pix Parcelado e o Pix Por Aproximação. O primeiro permitirá parcelar uma compra, assim como é feito com os cartões de crédito. Já o segundo deixará o usuário a pagar instantaneamente ao aproximar o celular ou cartão da maquininha em qualquer ponto de venda. “O Pix vai crescer cada vez mais e isso só fortalece a nossa economia”, acredita Dietze.


especial

Atenção! O pagamento via Pix é seguro, mas o comerciante precisa ficar atento ao comprovante de transferência apresentado pelo cliente e sua legitimidade. No mês de setembro, o Banco Central divulgou a Resolução BCB 147, com medidas de reforço para a segurança de transações via Pix. Além dos limites no valor das transações feitas entre 20h e 6h e nos fins de semana, foi dada a obrigatoriedade da notificação de infração, além de ter o seu uso ampliado para transações em que pagador e recebedor possuem conta na mesma instituição e para transações rejeitadas por fundada suspeita de fraude.

"Espera-se que o mecanismo seja mais usado, ajudando a difundir no Sistema Financeiro Nacional as informações relevantes para as análises, pelas instituições, de transações fraudulentas, de modo a coibir possíveis irregularidades", afirmou o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello. Essa funcionalidade permite, por exemplo, que as instituições registrem uma marcação na chave Pix, no CPF/CNPJ do usuário e no número da conta quando há suspeita de fraude. Essas informações serão comparti-

lhadas com as demais instituições sempre que houver uma consulta a uma chave Pix, dando mais subsídios aos mecanismos de prevenção à fraude das instituições. Para o Banco Central, os mecanismos de segurança presentes no Pix e nos demais meios de pagamento não são capazes de eliminar por completo a exposição de seus usuários a riscos, mas com o trabalho conjunto da instituição com outras entidades reguladas, das forças de segurança pública e dos próprios usuários, será possível mitigar ainda mais a ocorrência de perdas.

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insight

Criptomoedas precisam urgentemente de regulação

C

om o avanço da tecnologia, o mundo está cada vez mais digital, uma tendência que já existia e foi intensificada com a necessidade de isolamento social dos últimos anos, incentivando o mercado online e tudo que pode passar a ser utilizado nele. Esse processo também ocorre no mercado financeiro, com os pagamentos em espécies sendo cada vez mais substituídos pelo Pix e a sociedade aprendendo como o sistema digital pode tornar o mercado mais transparente, com o Open Banking. No entanto, as negociações online também apresentam problemas que precisam ser ajustados, dentre eles as moedas online desregularizadas. Elas não são consideradas como meio de pagamento no Brasil, apesar do bitcoin ser aceito em transações comerciais em algumas localidades, como El Salvador, por exemplo. No caso brasileiro, as criptomoedas representam apenas ativos de investimentos e não são utilizadas pelo comércio. Já existe um estudo do Banco Central do Brasil para a criação do Real Digital, uma moeda nacional digital vinculada ao real que fará parte do sistema financeiro e será coordenada pela instituição reguladora, tendo impacto sobre todos os âmbitos econômicos do país, como a inflação e taxas de juros. O comércio precisa dessa segurança e respaldo oficial para poder utilizar esse tipo de meio de pagamento nas suas transações. Com os acontecimentos recentes na Europa, os criptoativos estão sendo bastante utilizados para evasão monetária da população, com os russos retirando seu capital do país por meio de bitcoins. Esse movimento está levando a um aumento da cotação dessa moeda digital nos últimos dias, mostrando o quanto esse tipo de investimento é volátil.

um vácuo regulamentar. No entanto, essas falhas estão começando a aparecer, devido a maior utilização, e a se serem agregadas na legislação brasileira. Por isso, o BCB está avaliando a elaboração de diretrizes para fiscalizar as transações financeiras em criptomoedas no Brasil. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, espera poder enviar essa proposta de regulação ainda no primeiro trimestre desse ano, para que as novas regras comecem a ter valor até o final de 2022. O objetivo é que os criptoativos, que são utilizados como investimentos, sigam as mesmas regras dos fundos de investimento regulados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), sendo as corretoras digitais, conhecidas como exchange, obrigadas a possuírem sede no Brasil e guardarem registros das transações realizadas. Com essas alterações, o estelionato e as fraudes com moedas digitais passarão a ser considerados crimes, dando maior segurança aos investidores. Os bancos centrais de outros países, como o americano Fed, também estão demandando urgência na regulação das criptomoedas devido às suas últimas oscilações e aos riscos da ilegalidade com essas transações. Apesar das stablecoins terem seus valores atrelados a algum bem, não passam pela regulação do Banco Central e nem fazem parte da política monetária nacional. Porém, com o uso mais expressivo das criptomoedas, os bancos centrais podem perder sua capacidade de influenciar a economia com o controle das taxas de juros.

Outro fator interessante de ressaltar é que os criptoativos estavam tirando proveito de

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Carlos Thadeu de Freitas Gomes é Chefe da Divisão Econômica da CNC

Portanto, é necessário ter maior fiscalização sobre as moedas já existentes. Devido a descentralização inerente das criptomoedas, elas estão sendo cada vez mais utilizadas em golpes e fraudes. De acordo com as Polícias Federal e Civil de São Paulo, as operações ilícitas com esse tipo de ativo já somaram cerca de R$ 6,5 bilhões entre 2020 e 2021. Enquanto as diretrizes do BCB estão sendo preparadas, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou no dia 22/02/22 uma proposta do senador Irajá (PSD-TO), projetada com o suporte do BCB, da CVM e da Receita Federal. Ela regulamenta as operações financeiras com criptomoedas no Brasil, tornando o estelionato e as fraudes com moedas digitais crimes, conforme o desejado pelo BCB. O parecer estabelece que o Poder Executivo deverá definir quais órgãos irão fiscalizar e regulamentar os negócios com criptomoedas, ao passo que o BCB fica responsável por autorizar as instituições que poderão prestar serviço de ativos virtuais. As que não obtiverem essa aprovação estarão proibidas de funcionar. Contudo, essas normas não evitam que os investidores operem em exchanges fora do país como forma de esconder capital, um ponto crítico do projeto. No entanto, deve-se ter cuidado, pois caso a regulação seja exagerada e passe a englobar essas operações para evitar lavagem de dinheiro, pode acabar afastando os investidores e, assim, prejudicando o setor financeiro digital.


conecta

2ª Temporada da campanha “Do Tamanho do Brasil” conta com a participação de Rosemma Maluf como representante da Bahia.

Turismo da Bahia é destaque em 2021 Segundo o site de pesquisa de passagem ViajaNet, Salvador ficou entre as três cidades mais procuradas para o final do ano, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Acesse nosso site e confira a matéria na íntegra www.fecomercioba.com.br

Visita ao Sicomércio Camaçari Participaram da visita o presidente do Sistema Fecomércio-BA, Carlos de Souza Andrade, a presidente do Sicomércio, Juranildes Araújo, a diretora regional do Senac Bahia, Marina Almeida, o diretor do sindicato, Pedro Failla, e da gerente do Senac, Delma Santana.

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curtas

Empresas investem em segurança da informação Com a pandemia, a internet evoluiu dez anos em seis meses, tanto em termos de tecnologia quanto em técnica, apontam especialistas. As projeções esperadas para 2030 foram alcançadas em 2020. O problema é que os hackers também evoluíram na mesma velocidade. E aí a proteção continua sendo a de dez anos atrás, em grande parte dos casos. Para caminhar lado a lado dos representados, e buscando cada vez mais facilidades, a Fecomércio-BA firmou

parceria com a empresa Safe Orange, que tem como vocação desenvolver soluções de segurança da informação corporativa. Com o acompanhamento estratégico e filtros, é possível ter a visão geral do que os colaboradores acessam, de forma que se consiga gerar um ambiente altamente focado no trabalho. Com isso, o custo das horas improdutivas na internet é revertido em lucro para a empresa, por exemplo.

Benefício exclusivo

• 15% de desconto na contratação do serviço (mensal) • Atendimento personalizado e assessoria estratégica

Encontro marca assinatura de convênio com IRDEB O Sistema Fecomércio-BA firmou parceria com o IRDEB - Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, para o compartilhamento de conteúdo da Federação, Sesc e Senac Bahia, realização de co-produções e projetos. Em breve a população baiana poderá conferir o resultado desta iniciativa na programação da TVE e da Rádio Educadora FM. O termo de cooperação entre as entidades foi assinado pelo presidente do Sistema Fecomércio-BA, Carlos de Souza Andrade, e pelo diretor-geral do IRDEB, Flávio Gonçalves. Para o presidente Carlos Andrade esta parceria “permite mais visibilidade para os serviços prestados pelo Sistema Fecomércio-BA numa emissora tradicional e de qualidade como a TVE, que é destaque entre as emissoras públicas do Brasil”. "A TV e a rádio pública são instrumentos que permitem à população

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Participaram do ato de assinatura o Presidente da Fecomércio-BA, Carlos Andrade, o vice-presidente da Fecomércio-BA, Kelsor Fernandes, os diretores regionais do Sesc, José Carlos Boulhosa Baqueiro, e do Senac, Marina Almeida, e o superintendente da Fecomércio-BA, Jamerson Barreiro.

em toda a Bahia acessar um conjunto de conteúdos e programas de forma gratuita. Esta parceria é importante porque a Fecomercio, o Sesc e o Senac são instituições que promovem muitas atividades para a cultura, a educação, o turismo, a

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saúde, o esporte e lazer. Como esses assuntos já têm muito destaque na programação das emissoras, acreditamos no potencial de sinergia entre as instituições", disse o diretor-geral do IRDEB, Flávio Gonçalves.


Por isso a Fecomércio-BA tem parceria com as maiores operadoras de plano de saúde do Brasil. Conheça e escolha a melhor para a sua empresa.

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insight

Os impactos da guerra na Ucrânia sobre os preços dos alimentos no Brasil e na Bahia N

o ano passado, esperava-se a retomada econômica e queda nos preços dos principais produtos consumidos no país e no estado. Se havia expectativa de redução da inflação para 2022, agora, está com revisão para cima. O IPCA do mês de fevereiro foi de 1,01%, o maior desde 2015. Soma-se a essa conjuntura inflacionária o aumento de juros, que saiu de 2% para 10,75% para garantir a atração de capital financeiro em ambiente de incertezas. Com a inflação, a tendência é a Selic subir ainda mais. Esse contexto de crise reside no fato de que o mundo nunca foi tão interdependente ao ponto de estarmos aqui, no Brasil, preocupados com o aumento de preços decorrente da invasão da Rússia à Ucrânia. Duas dinâmicas podem explicar. Primeiro, no aspecto oferta, Rússia e Ucrânia são fornecedores globais importantes de grãos, o que afeta a disponibilidade desse produto no mercado, gerando aumento dos preços. A Ucrânia sozinha é responsável por 1/6 da oferta global de milho e ambos correspondem a 30% da oferta global de trigo.

a sua produção. O país é um dos principais produtores de fertilizantes do mundo e o terceiro maior produtor de petróleo do mundo. Grãos, fertilizantes e o combustível, derivado do petróleo, constituem a base da cadeia produtiva de alimentos. Os fertilizantes usados para o plantio da soja produzida no oeste da Bahia, por exemplo, são 85% importados, a maior parte, da Rússia. Os grãos, além de serem ingredientes de alimentos presentes na cesta básica do brasileiro, também compõe ração de suínos, bovinos e aves. O combustível é utilizado desde o escoamento das commodities pelos portos até a distribuição final do alimento que chega às gondolas de supermercado, bem como repercute no preparo final do alimento nas residências com o uso do gás de cozinha. E o consumidor final vem tendo sua renda comprometida com a inflação superando a correção salarial. O mundo vem aumentando a concentração de riqueza ao mesmo

A segunda dinâmica remete às tensões geopolíticas, que transbordam o conflito em si, em decorrência do isolamento imposto pelo bloco ocidental, liderado pelos EUA, sobre os produtos russos, que passam a apresentar custos adicionais ou até chegam a ser impossibilitados de escoar

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Henrique Campos de Oliveira pesquisador de pós-doutorado pela UNIFACS

tempo que aumenta a quantidade de pessoas que voltam à condição de miséria e fome. Os anos dourados da globalização estão ficando para trás. O conflito na Ucrânia, em conjunto com os anos sob pandemia, é marco histórico para o fim de uma era. A globalização está saturada e os EUA não veem mais sentido em sustentar essa interdependência, que só reduziu o seu poder relativo frente a China e Rússia. O que fazer a partir dessa nova dinâmica? Usando a história como referência, é pertinente investir em infraestrutura, incentivos ao desenvolvimento da cadeia produtiva nacional - com acordos estratégicos de transferência de tecnologia, já que o preço de produtos importados tende a aumentar - e manter ou ampliar o poder de compra da população para segurar ou aquecer o consumo doméstico.


empreendedorismo

Plataformas digitais fomentam crescimento do artesanato regional Segundo o Sebrae o setor foi um dos que mais lançou novidades durante a pandemia. por Jaciana Bianck

A

economia criativa está em ascensão e é um dos segmentos que têm gerado oportunidade de negócios durante a pandemia. No Brasil, o setor está aquecido e tem movimentado R$ 50 bilhões por ano. Entre os nichos favorecidos por esse crescimento, está o mercado do artesanato local que, nos últimos anos, vem expandindo sua presença tanto nas micro-empresas, quanto nas grandes marcas. Um dos principais fatores que contribuem com esse cenário é o uso das redes sociais como mecanismo de vendas. Segundo uma pesquisa feita pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, durante o período pandêmico, os empresários do setor de artesanato foram os que mais usaram o Whatsapp para comercialização, eles também ocupam o segundo lugar quando o tema é uso de meios digitais para essa finalidade. A loja baiana Quitoka Artesanato foi uma das que aderiram a esse formato.

De acordo com André Miguel, um dos proprietários, as plataformas on-line facilitam, pois tornam o atendimento rápido e prático, porém retiram dos clientes a experiência da compra in loco. “Pessoalmente podemos apreciar, pensar em qual lugar vamos por aquela peça, a história por trás dela, é possível sentir o material, a experiência é outra. Portanto, gostamos de utilizar o Whatsapp como porta de entrada para o cliente conhecer as peças, e depois vir pessoalmente até a loja”, relatou. Outro ponto relevante, e que fomenta esse setor, é a constante rotatividade dos produtos. No levantamento do Sebrae, esses negócios aparecem em segundo lugar quando o assunto é lançamento, 53% desse segmento lançou novidades, perdendo apenas para alimentação, onde esse percentual foi de 56%. André explica que no artesanato os itens são sempre renovados e possuem uma grande variedade, aspecto que facilita a vida da empresa

no momento de atualizar o estoque. O conjunto desses fatores propicia o cenário ideal para que o nicho continue crescendo, e assim possa superar seu principal obstáculo: a falta de valorização local. Segundo o dono da Quitoka, a população baiana ainda não prestigia as peças regionais, e o turismo é quem incentiva esse comércio. “Muitos acham que o artesanato regional não tem lugar nas suas próprias casas”, disse André Miguel. Porém, o mesmo é otimista e acredita que o cenário poderá mudar, mas ainda é necessário cautela, devido às consequências da pandemia, mas as perspectivas são positivas.

Conheça a Quitoka Artesanato A Quitoka Artesanato atua há 45 anos no mercado. A loja foi um projeto dos proprietários, o casal Maria José e Moacir Lima, que decidiram abrir um comércio de decoração, na cidade de Santo Antônio, visto que, na época, não existiam negócios desse segmento no local. Alguns anos depois, a loja abriu sua segunda franquia, em Lauro de Freitas, onde permanece até hoje. Atualmente, o empreendimento é administrado pelo casal e seu filho André Miguel. Saiba mais em

André Miguel administra a Quitoka juntamente com seus pais, Maria José e Moacir Lima.

A Quitoka atua no mercado de artesanatos regionais há 45 anos.

@quitokaartesanato

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Sesc

Sesc Bahia lança Área do Cliente e aplicativo para Credencial Digital por Ascom Sesc Bahia

P

ara facilitar ainda mais o acesso a tudo que o Serviço Social do Comércio tem a oferecer, o Sesc Bahia acaba de lançar no seu site a Área do Cliente. Nela é possível solicitar a sua credencial ou renová-la, credenciar seus dependentes, pagar mensalidades de cursos, escolas e academias, checar informações de cadastro e emitir a versão digital da Credencial Sesc. Você pode também baixar o aplicativo “Credencial Sesc Bahia” na Play Store e ter sempre à mão o passaporte de acesso aos espaços e serviços do Sesc.

A Credencial Sesc pode ser usada em todo território nacional e é um benefício não só para os trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, como também para seus familiares. É feita de forma gratuita e tem validade de dois anos. A novidade este ano é que agora irmãos menores de 21 anos, ou até 24 se estudante, podem ser dependentes, além de pais, filhos, cônjuge, avós e netos.

ção, Lazer, Saúde, Cultura e Assistência – áreas de atuação do Sesc. Academias, escolas, restaurantes, bibliotecas, cursos, hotéis, passeios, excursões, serviços de odontologia, cuidados com a saúde da mulher, teatros, e muitas, muitas outras coisas esperam por você!

As vantagens são inúmeras e ter a credencial abre um mundo de possibilidades que passam pela Educa-

Acesse agora: areadocliente.sescbahia.com.br

Aceite o desafio! 21 cidades, 21 etapas na Bahia! Esse é o Circuito Sesc de Corridas 2022, que está de volta com o objetivo principal de fomentar a prática da atividade física e adoção de um estilo de vida saudável. Para os que estavam com saudades e os novos participantes, o evento acontece na Bahia entre os meses de maio e dezembro, com 17.100 vagas ofertadas em todo o estado e previsão de arrecadação de mais de 115 toneladas de alimentos – que serão doados à Instituições sociais de cada município, cadastradas no Mesa Brasil Sesc.

Todas as etapas são presenciais com os cuidados e protocolos de segurança devidamente respeitados. Cidades de ponta a ponta do estado estão contempladas no Circuito, como Salvador, Feira de Santana, Ilhéus, Santo Antônio de Jesus, Barreiras, Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista, Porto Seguro, entre outras. Este é o momento de convocar seu grupo, família, amigos, marcar treinos e organizar sua agenda para participar.

Em breve, o calendário* completo de cidades e datas estará disponível no site: sescbahia.com.br Todas as informações sobre inscrição serão compartilhadas nas redes sociais do Sesc Bahia @sescba facebook.com/sescbahia

*Sujeito a alterações

Vida saudável, troca de experiências, superação, diversão? Circuito Sesc de Corridas 2022!

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