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AUTISMO

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FORMATURA

FORMATURA

PELA PEÇA QUE FALTA

INFORMAÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO ESSENCIAIS NA CAUSA AUTISTA

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TEXTO: SILVIA BOCCHESE DE LIMA

Uma em cada 54 crianças de oito anos nos Estados Unidos tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). O número foi atualizado em março do ano passado pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA (CDC). Apesar de limitado aos Estados Unidos, o estudo serve de parâmetro para o TEA em todo o mundo. Em virtude de diagnósticos adequados, a incidência de autismo tem tido aumentos significativos nos últimos anos: em 2004, a estimativa era de uma para cada 166 crianças. Embora os números sejam crescentes, há ainda desinformação, preconceito e necessidade de conscientização da sociedade e de políticas públicas adequadas.

O doutor em Educação Especial Stephen Shore, pontua em seus livros que o autismo é considerado um espectro pois em cada indivíduo se manifesta de maneira especifica e única, variando os sintomas e a intensidade com que se apresentam. É dele a frase “se você conhece um autista, você conhece apenas um autista”.

CONSCIENTIZAÇÃO

Um dos símbolos que melhor representa a complexidade do TEA é o quebra-cabeças, utilizado desde 1963 e, no Paraná, a Superintendência Geral de Ação Solidária desenvolveu em 2021, em 5 de abril, uma ação em referência ao Dia do Autismo (2 de abril), com o intuito de derrubar barreiras e preconceitos e disseminar informações esclarecedoras sobre o tema. Como parte das ações, diversos prédios da capital paranaense foram iluminados de azul – cor associada ao autismo por sua prevalência ser quatro vezes maior em meninos do que em meninas. “Somos todos uma parte muito importante nessa luta e a inclusão da pessoa com autismo na sociedade não depende somente do poder público e sim de todos nós. A partir do momento em que existe um maior conhecimento das características de uma pessoa com autismo, tudo fica mais simples de lidar e compreender as limitações. Acredito que para que possamos de fato incluir o autista na sociedade, precisamos que todos, sejam profissionais de saúde, educação, a família e a população como um todo, tenham uma maior compreensão e entendimento sobre o transtorno e seus efeitos”, afirma a primeira dama do estado do Paraná e presidente do Conselho de Ação Solidária, Luciana Saito Massa.

LEGISLAÇÃO

Um marco no legal nos direitos dos autistas é a Lei Berenice Piana, de nº 12.764, sancionada no governo de Dilma Rousseff, em 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Pela lei, a pessoa com TEA é considerada com deficiência para todos os efeitos legais e estipula que é de responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações. Já em 2020, no governo Jair Bolsonaro, é assinada a Lei Romeo

Mion, de nº 13.977, que instituiu a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), para garantir atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Para Luciana Saito Massa, “muitos são os desafios enfrentados pelos autistas e a falta de conhecimento da sociedade alimenta ainda mais os estereótipos criados sobre o transtorno. Trabalhamos fortemente nessa campanha para mostrar à sociedade que todos temos peculiaridades dentro de nós, e aprender a enxergar e compreender isso faz com que fique cada vez mais fácil lidar com as diferenças no dia a dia. Empatia e a compreensão são peças-chave nessa luta. Se todos se unirem, conseguiremos oferecer aos autistas uma vida mais inclusiva e com mais qualidade”, pontua.

PIONEIRISMO PARANAENSE

Localizada na Região Oeste do Paraná, a cidade de Cascavel é pioneira na criação de uma clínica escola para atendimento integral de crianças de quatro a 12 anos com TEA. A Clínica Escola Juditha Paludo Zanuzzo foi inaugurada em meados do ano passado, ofertando atendimento multidisciplinar, como médico neurologista, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional às mais de 90 crianças matriculadas. “A Clínica Escola só deu certo porque é resultado de um trabalho de várias mãos. É a maturidade de uma cidade que sabe que tudo é importante, mas tem ciência de que o maior patrimônio são as pessoas e as pessoas especiais são o suprassumo. Entendemos que os autistas precisam de um local especial, não apenas de um prédio, mas detalhes como cores, iluminação, atenção à questão do barulho. Essa escola foi criada não para tirá-los da rede pública, mas para inserirmos no momento certo e com todas as condições. Quem precisa se adaptar somos nós ao mundo deles, não eles ao nosso mundo”, destaca o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos da Silva.

Paranhos conta ainda que Cascavel tem sido referência e utilizada como exemplo por prefeituras de todo o Brasil para a implantação

NOVENTA PEÇAS FORMAM O QUEBRA-CABEÇA QUE UNIU AUTORIDADES DO PARANÁ EM PROL DA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. O GOVERNADOR CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR, SECRETÁRIOS DE ESTADO E CHEFES DE OUTROS PODERES COMPARECERAM AO PALÁCIO IGUAÇU PARA MONTAREM UMA PEÇA DO MOSAICO QUE SERVE DE METÁFORA PARA A COMPLEXIDADE DO AUTISMO

de clínicas semelhantes em cidades dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Amazonas. 

Para saber mais sobre o Transtorno do Espectro Autista, acesse o QR e conheça o site Autismo e Realidade.

JONATHAN CAMPOS/AEN

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