ESPECIAL
DIGITAL HEALTH
Prepare-se para uma das grandes vitrines da inovação tecnológica e digital em saúde
Cenário brasileiro Tendências e atratividade para investimentos O Fórum Digital HealthCare acontece na 23ª Feira + Fórum Hospitalar nos dias 17 a 20 de maio de 2016
| Especial Saúde Digital |
O cenário da
saúde digital no Brasil Especialistas discutem os desafios regulatórios e de infraestrutura no país Por Felipe César
O
paciente chega ao consultório cada vez mais preparado. De acordo com a pesquisa do observatório Eurobarometer, publicada em 2014, seis em cada dez europeus utilizam a internet para pesquisar sobre doenças, tratamentos e bem-estar1. No Brasil, 5% de todo o volume de buscas do Google é sobre o tema saúde. Da mesma forma como a internet facilita o acesso à informação, também aproxima pessoas e rompe barreiras geográficas. Nos Estados Unidos, 74% dos americanos já utilizam serviços de telessaúde2.
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Telessaúde, saúde digital, ou eHealth são terminologias que definem os cuidados em saúde por meios eletrônicos, com o objetivo de melhorar a efetividade, segurança e gestão da assistência. “Os benefícios do eHealth atingem toda a cadeia, desde prevenção até cirurgias complexas, pois conecta, organiza e facilita o acesso à informação. Investir em inovação e tecnologia é uma necessidade de mercado, tanto público como privado”, comenta Luiz Tizatto, CEO da Unit Care Saúde, empresa de atenção domiciliar que investe em telemedicina para o monitoramento de pacientes crônicos.
| Especial Saúde Digital | Cenário brasileiro O Brasil é um país de dimensões continentais, com acesso desigual à saúde e com o envelhecimento populacional batendo à porta. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2060 a população com mais de 65 anos quadriplicará no país. Serão mais de 58 milhões de idosos, o que significa necessidade crescente de recursos para fazer frente aos desafios sociais e econômicos causados pela maior incidência de comorbidades e doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes. O atendimento assistencial remoto poderia ser uma alternativa para ampliar o acesso a serviços médicos de boa qualidade, porém, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a comunicação virtual com objetivos clínicos entre médico e paciente. “A consulta de forma remota seria de extrema importância para a saúde da população, pois permitiria o acesso a profissionais de qualidade nos mais distantes locais do país”, declara Tizatto. E complementa: “Segundo o CFM, um médico pode utilizar ferramentas de telemedicina apenas para se comunicar com outro médico e não pode se comunicar com outros profissionais de saúde ou pacientes a fim de realizar diagnóstico ou prescrição dentro das normas amplamente adotadas internacionalmente, sendo essas atividades somente permitidas presencialmente”. Para o diretor da Folks, Cláudio Giulliano Costa, o CFM acertou quando, em 2007, publicou a resolução 1821 que autoriza o uso do prontuário eletrônico, “mas impedir que o médico faça a telemedicina diretamente com o paciente é ainda uma grande barreira regulatória”, diz. Segundo Guilherme Hummel, mentor da eHealth Mentor Institute (EMI), uma organização dedicada ao estudo e aconselhamento estratégico em Tecnologias de Informação e Comunicação em Saúde, novas realidades regulatórias serão implementadas no país em curto espaço de tempo, inclusive no Sistema Único de
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Consumidor final “Consumerization of healthcare” é um dos novos anglicismos cada vez mais ouvidos quando se discute a saúde digital. “Trata-se de soluções tecnológicas em eHealth para o consumidor final, sem necessariamente passar pela cadeia de saúde. São sensores, biossensores, medical devices, apps (mHealth), nanossistemas e diversos dispositivos eletrônicos (hardware) que recebem vários codinomes, como wearables, health-IoT, entre outros, e seus respectivos aplicativos (software) que podem trazer mais a saúde e bem-estar aos usuários”, explica Guilherme Hummel, do EMI. São exemplos dessas soluções as pulseiras e relógios que monitoram a frequência cardíaca e dispositivos acoplados a celulares para monitorar a taxa de glicose. De acordo com estudo publicado em janeiro deste ano3, 24% dos consumidores já utilizam aplicativos móveis para monitorar sua saúde (mHealth), sendo que 16% utilizam wearable sensors, e 29% já fazem seu próprio Registro Pessoal de Saúde (Personal Health Record). A pesquisa também evidenciou que 47% dos entrevistados consideram a possibilidade de utilizar wearables em um futuro próximo. Para Hummel, essa dinâmica tem sido relevante na conscientização de que a saúde é um problema pessoal, e que cuidar dela depende de uma ação individual antes do coletivo. A expectativa é que, além do cuidado com a própria saúde, o consumidor acabe por ajudar a conter o aumento de custos de toda a cadeia, a partir do momento em que fica mais atento à prevenção com idas menos frequentes à unidade hospitalar.
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no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a comunicação virtual com objetivos clínicos entre médico e paciente
CASO PRÁTICO 1
Saúde. “Novos protocolos para a telemedicina aplicada estão sendo debatidos pelo Ministério da Saúde e Congresso, de forma que a cadeia de saúde e os seus usuários tenham um relacionamento remoto eficiente e seguro”, diz.
Além da regulação Outros desafios ao uso da telemedicina no país são a infraestrutura e capacitação profissional. Comparada a outros países onde a telemedicina é uma realidade, a oferta de banda larga do Brasil é cara e tem baixa qualidade. “Sem comunicação eficiente, grande parte das soluções em nuvem, de atendimento remoto ou de controle contínuo de pacientes deixa de ser possível”, alerta Guilherme Monteiro, da Invest Tech. Tizzato complementa: “Além da infraestrutura, não se investe em promoção e prevenção em saúde adequadamente.
Rede pública do DF reduz 50% dos pedidos de exames
Caso
No Distrito Federal, um projeto informatizou o prontuário médico em 17 hospitais. Iniciado em 2006, a digitalização dos dados permitiu redução de custos e maior efetividade dos processos.
Como
As informações dos pacientes (dados demográficos, vacinações, exames de laboratório e radiologia, consultas, internações e cirurgias) são registradas no prontuário eletrônico em um sistema unificado. Há um registro completo do histórico clínico e cadastral de cada paciente, que pode ser acessado a partir de qualquer dispositivo conectado a internet. Os exames também ficam armazenados digitalmente no Portal de Exames.
Resultados
Já foram economizados US$8 milhões, considerando itens como tonner e insumos. Também houve uma redução de 50% no pedido de novos exames e 40% nos gastos com medicamentos.
Próximo Passo
Além do Portal de Exames, o DF passou a contar com a gestão integrada de todos os centros de saúde usando uma única plataforma. Com o software, vem sendo possível aos gestores controlar, por exemplo, o número de leitos disponíveis, estoque
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Falta informação e formação para gestores e usuários de saúde móvel, o que deixa o eHealth subutilizado”. Entre os investimentos e discussões relevantes, Carlos Eduardo Nogueira, diretor-geral da InterSystems para América Latina, destaca a necessidade de se adotar padrões de interoperacionalidade, ou seja, melhores práticas ou standards reconhecidos para que a integração da informação clínica funcione de fato. “Como a informação sobre o paciente está distribuída em várias instituições, não existe um repositório único. A saúde digital passa pela premente necessidade de você ter os dados do paciente igualmente acessíveis nos diferentes pontos de atenção, começando pelo atendimento primário. É isso que vai possibilitar uma revolução no setor. Só a informação integrada permitirá a redução de custos e melhoria na atenção do paciente”, finaliza.
de medicamentos, faturamento e gerenciamento das equipes. A próxima etapaA próxima etapa é a análise sobre a base de dados consolidada para, dessa forma, desenvolver ações preventivas e de qualidade de vida. No futuro, espera-se poder detectar a incidência de uma epidemia em determinada região de Brasília, sabendo com precisão o número de pessoas que dará entrada em hospitais ou as especialidades com mais demanda no sistema, entre outros avanços.
Números atuais do projeto • 25 mil usuários entre médicos, enfermeiras e agentes de saúde • 5 milhões de prontuários eletrônicos • 1 5 hospitais, 4 UPAS, 44 centros de atendimento, 63 farmácias, 22 laboratórios com 60 postos de coleta em UBS • Redução de 40% no gasto de medicamento (o gasto total do DF com medicamentos era de R$ 500 milhões antes do projeto) • Redução de 50% nos pedidos de exames • São agendadas 11 mil consultas em média pelo sistema • F oram realizados em 2013, mais de 7 milhões de exames de laboratório • Mais de 5 milhões de acessos ao Portal de Exames em 2013 •R egulação de 499 leitos de UTI através de um processo totalmente digital e transparente • 222.928 pacientes foram internados por meio do sistema
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Raio-x do eHealth no Brasil Pesquisa TIC Saúde 2014* Prontuários utilizados nos hospitais
70%
eletrônico
na rede privada
x
Monitoramento remoto de pacientes
69%
em papel
11%
na rede pública
na rede privada
x
7% na rede pública
80%
76%
65%
59%
do médicos
do enfermeiros
do médicos
do enfermeiros
Afirmam que a inclusão da tecnologia melhora a eficiência dos processos de trabalho das equipes
Confirmam a redução de erros na administração de medicamentos após a implantação de tecnologia
*Desde 2013, o Cetic.br realiza a pesquisa TIC Saúde, que investiga a infraestrutura e a disponibilidade de tecnologias nos estabelecimentos de saúde no país. Além disso, observa como médicos e enfermeiros fazem uso dessas ferramentas em seu trabalho e as principais barreiras para a sua incorporação. Os dados acima foram publicados em agosto de 2015: http://www.cetic.br/
CASO PRÁTICO 2 Caso
Projeto piloto vira Programa de Segunda Opinião
Em Porto Alegre, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) implementou um projeto de pesquisa em 2008 para atender gestantes que moravam a 35 km do centro da cidade. Na unidade básica de saúde do bairro Restinga, foram instalados equipamentos para a realização de videoconferência com especialistas de um hospital que ficava no centro. O médico clínico fazia a ultrassonografia na paciente, acompanhado de um obstetra por meio da tecnologia. “Na periferia não havia especialista, e as gestantes tinham que se deslocar para o centro da cidade, onde havia uma unidade de referência. Devido a isso, a fila de agendamento para consulta com obstetra era estimada em seis meses”, conta Alécio Binotto, doutor em Ciência da Computação e cofundador da empresa especializada em telemedicina que participou do projeto com
especialistas da universidade. Segundo Binotto, as gestantes que moravam no bairro só conseguiam realizar uma única ultrassonografia durante a gestação, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde são quatro.
Resultados
O projeto durou 40 meses e foi expandido para outros quatro bairros. Mais de 2 mil pacientes foram atendidos no total. As consultas identificaram que 10% das pacientes deviam ter tratamento médico imediato, devido à má-formação do feto, o que mostra a importância da telemedicina, já que antes as gestantes só faziam o exame no sexto mês de gestação. O trabalho, que inicialmente era um projeto de pesquisa da UFRGS, foi estendido para um serviço de segunda opinião médica pela Prefeitura de Porto Alegre.
Fonte: Trecho da matéria “Ligue a câmera em 3, 2, 1... hi doctor!”, da edição 16 da Revista Melhores Práticas, publicada em agosto de 2015
REFERÊNCIAS
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1. EUROPEAN COMMISSION, Eurobarometer -. Flash Eurobarometer 404 “European citizens’ digital health literacy”.Disponível em: http://ec.europa.eu/public_opinion/flash/fl_404_en.pdf. Acesso em: 10 nov. 2014. 2. AMERICAN HOSPITAL ASSOCIATION. TrendWatch - The Promise of Telehealth For Hospitals, Health Systems and Their Communities. Disponível em: <http://www.aha.org/research/reports/tw/15jan-tw-telehealth.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2015. 3. RESEARCH, Frost & Sullivan. 2016 Global Outlook for the Healthcare Industry. Disponível em: <http://www.frost.com/sublib/display-report. do?id=NFF8-01-00-00-00>. Acesso em: 06 jan. 2016
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Investimentos em saúde digital
Tendências e atratividade do mercado brasileiro
Investir em saúde requer expertise. Não basta entender o potencial do mercado, é preciso conhecer as restrições e resistências
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egundo dados da startup Health, organização especializada no setor de Venture Capital (VC) para eHealth, em 2010, o mercado norte-americano movimentou perto de US$1,1 bilhão em investimentos de VC para a saúde. Em 2015, esse valor saltou para US$5,8 bilhões. Mesmo com as instabilidades econômicas internacionais, a chamada “digital healthcare” já responde por mais de 7% de todos os investimentos em VC nos EUA. No Brasil, os investimentos envolvendo o uso da tecnologia na saúde ainda engatinham. Para Beny Rubinstein, chief acceleration & marketing officer da Acelera Partners, o desenvolvimento de startups e a complexidade do mercado da saúde são fatores que deixam os investidores de certa forma resistentes.
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“Existe uma oportunidade de investimento gigante na área da saúde, principalmente em telemedicina e monitoração remota. Mas eu não encontrei ainda no Brasil empresas com maturidade para receber um aporte relevante de investimento”, afirma. Rubinstein explica que há dois tipos de empreendedores na área da saúde. “Uns são muito jovens e talentosos, mas às vezes não conhecem todo o caminho a trilhar para implementar uma solução no mercado. Em outros casos é o extremo oposto, pessoas que entendem muito bem do ambiente hospitalar, da saúde, mas que talvez não tenham a capacidade empreendedora, não sabem criar uma startup, levantar fundos”. “Investir na área da saúde requer uma expertise, um know-how maior que em outros segmentos, até para
| Especial Saúde Digital | você avaliar se esse business vai conseguir deslanchar ou não. Não basta entender o potencial do mercado, precisa conhecer as restrições, resistências, tem que haver uma especialização maior.” Guilherme Monteiro, gestor de fundos da Invest Tech, esclarece que os principais investimentos no país estão sendo feitos em duas áreas: sistemas de gerenciamento de operação hospitalares e afins, com soluções interligadas de hardware, software e de gestão de médicos e pacientes; e sistemas de acompanhamento e redução de custos em massa ou de pacientes crônicos. “Essas duas áreas contam com clientes interessados em soluções já desenvolvidas. São hospitais em busca de eficiência ou grandes grupos que precisam reduzir seu custo total com gastos médicos”, diz. Já Cláudio Giulliano Alves da Costa, diretor executivo da Folks, alia a dificuldade de atrair investidores ao desafio de difundir os benefícios que o eHealth traz ao mercado de saúde. “A tecnologia da informação necessita de investimento. O grande desafio é ter recursos financeiros para investir, e as organizações só o farão quando os gestores entenderem os reais benefícios da TI na saúde”.
Tendências Rubinstein acredita que os investimentos a serem feitos devem ser na direção onde a demanda é maior, além das tendências mundiais do setor. “Soluções para os doentes crônicos são uma grande oportunidade de investimento e têm um impacto econômico enorme. Acho que os VCs, quando veem uma solução viável em uma dessas áreas (dispositivos, telemedicina e monitoramento dos doentes crônicos), têm uma inclinação muito forte a considerar o investimento, porque se der certo terá um impacto muito grande, e o retorno em curto prazo”. Para os especialistas ouvidos, nesse momento a dica é ficar atento a três movimentos principais: uso da telemedicina para acesso ao paciente, a “uberização da saúde” e a digitalização dos registros.
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Consulta virtual Em alguns países como nos EUA, Reino Unido, Canadá e Índia, a consulta remota já é uma realidade. Não se trata de substituir a consulta médica tradicional, longe disso, mas agregar uma nova forma de acompanhar a saúde do paciente. Em novembro de 2015, a OhioHealth lançou um projeto piloto chamado Care Connect, que oferece serviços digitais para atenção primária. Com acesso ao prontuário eletrônico do cliente, o médico pode se conectar com o paciente por meio de um aplicativo e realizar o atendimento. Da mesma forma, o projeto utiliza uma plataforma de videoconferência em que as consultas digitais (eVisit) são realizadas. Atender o cliente remotamente é uma tendência que não tem volta. Ano passado, a Teladoc recebeu investimento na ordem de mais de US$156 milhões para a sua plataforma de teleconsultation. A Doctor on Demand e a MDLive obtiveram
São três os movimentos principais: uso da telemedicina para acesso ao paciente, a “uberização da saúde” e a digitalização dos registros
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“Uberização da Saúde” é uma mudança de paradigma. Não é mais o paciente que vai ao médico e, sim, ao contrário
mais de US$50 milhões em 2015. A Carena, empresa que oferece serviço de eVisit em tempo real, já recebeu aporte de US$13,3 milhões em 2016 de investidores. “Quando forem permitidas consultas remotas, todo o cenário muda, pois passa a ser algo simples e prático. Acredito muito em soluções que tornam o dia a dia mais prático, como os aplicativos de táxi. As pessoas já pediam táxi, a única forma que mudou foi como elas o fazem hoje, tornando-se mais simples, rápido, seguro e eficiente. Com a medicina podemos traçar caminhos semelhantes”, enfatiza Luiz Tizatto, CEO da Unit Care Saúde.
Uber da saúde - atendimento onde você estiver A empresa Heal, sediada nos EUA, lançou um aplicativo no ano passado que permite aos usuários chamar um médico em qualquer dia da semana, das 8h às
20h, pagando US$99,00. A empresa garante que o médico chegará ao local em até uma hora. A novidade foi notícia nos principais veículos norte-americanos, como CNN, CBS, The New York Times, USA Today e The Wall Street Journal. A mídia chamou o serviço de Uber da saúde, fazendo uma referência ao aplicativo de transporte privado. É uma mudança de paradigma, não é mais o paciente que vai ao médico, e, sim, ao contrário. Além da Heal, a RetraceHealth oferece serviços de enfermaria por videoconferência e, caso o cliente necessite, um profissional vai até o local. A MedZed trabalha no mesmo sentido: um técnico de enfermagem vai até o local e examina o paciente. Após análise do profissional, o paciente “se conecta” com o médico plantonista via vídeo e recebe orientação de como proceder. Recentemente, em São Paulo, foi lançado um website que oferece atendimento médico pediátrico na residência do paciente, bastando clicar no botão “chame um médico”. O serviço foi criado para procedimentos de baixa complexidade (otite, viroses, gripe, etc.) que não exijam a estrutura de um pronto-socorro, descartando assim o deslocamento para hospitais.
Registros digitais O prontuário digital já existe em diversos hospitais brasileiros, especialmente no setor privado. Mas, considerando as dimensões do país, ainda há muito a percorrer para que o prontuário médico deixe o papel e migre para a tela do computador. “Há uma diferença em implantar um prontuário eletrônico puramente simples e outro mais sofisticado. O que isso quer dizer? O mais sofisticado permite integração com outros sistemas para suporte a decisão clínica, e isso é o grande diferencial que um prontuário eletrônico pode oferecer, para que não seja simplesmente um registro informatizado da informação do paciente, mas sim um sistema que possa dar alertas e apoiar o profissional da saúde”, explica Costa, diretor da Folks.
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No sistema de saúde britânico, o NHS anunciou em fevereiro investimentos de 4,2 bilhões de libras para digitalizar os últimos prontuários “de papel”. Em breve, todo o sistema de saúde inglês extinguirá o prontuário manual e todos serão digitais. Prescrições, agendamentos e registros médicos dos pacientes estarão totalmente on-line, e esse montante de investimentos, segundo o NHS, deve gerar uma redução de custeio de 22 bilhões de libras, considerando a diminuição dos desperdícios e o aumento da produtividade do setor. “Felizmente, hoje, no Brasil, já existe um consenso sobre a importância de se construir um banco de dados geral em
saúde, só isso possibilitará uma mudança na gestão”, ressalta Carlos Nogueira, da InterSystems. “Em outros países como Canadá, EUA e alguns países da Europa, você tem prescrição integrada nacionalmente, ou seja, quando o paciente vai comprar o medicamento, a prescrição já está no sistema, acessível a todos que fazem parte da cadeia. Somente no final do ano passado, o Ministério da Saúde autorizou que o cadastro nacional de saúde do cartão SUS pudesse ser acessado por instituições externas através de um padrão de comunicação. Isso também é um avanço, embora muito lento”, conclui Costa.
Registros digitais sofisticados permitem a integração com outros sistemas para suporte à decisão clínica
Onde discutir o presente e futuro do EHealth Neste ano, a Feira+Fórum Hospitalar terá quatro dias dedicados às discussões sobre a tecnologia na saúde. Com o nome “Hospitalar Digital Healthcare Forum: eHealth-Scenarios, Trends & Investments”, o programa está estruturado nos pilares: soluções inovadoras para a cadeia hospitalar, venture capital na inovação em eHealth, demandas e oportunidades em TeleHealth e Digital Healthcare chega ao usuário final. Veja a programação completa: http://hospitalar.com/pt/forum-congresso/forum-digital-healthcare A Feira+Fórum Hospitalar acontece em São Paulo, entre os dias 17 e 19 de maio de 2016
| EXPEDIENTE | GPeS Gestão de Projetos em Saúde. Este especial é parte integrante da Revista Melhores Práticas em Saúde, Qualidade e Acreditação edição 18. Redação: Gilmara Espino (edição), Felipe César Santos (jornalista), Guilherme Hummel (argumento), Vilmar Oliveira (diagramação), Cecília Farias (revisora). Conselho Editorial: Guilherme Hummell, Carlos Nogueira.
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