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praça dos varais tfg vila bela 2018

Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Campinas, Dezembro de 2018 Felipe dos Santos Orientadora Profa. Vera Luz Banca Examinadora Magaly Marques Maria Beatriz de Camargo Aranha



dedico este trabalho aos meus pais e meus avรณs.



agradeço a minha orientadora vera luz, por me incentivar e guiar de forma inspiradora ao longo do ano; a ana cecília e antônio, pela fundamental contribuição no meu trabalho; aos colegas de tfg pela melhor experiência de trabalho em grupo; ao professor e amigo manoel lemes; aos amigos, em especial, alice e lucas — figuras eternas na minha vida e ao prouni, por me dar a chance de ingressar numa universidade.


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1. apresentação 2. resistência 3. território 4. hipóteses 5. justificativas 6. a travessa, o córrego e as pessoas 7. desenhos 8. considerações 9. referências projetuais 10. referências bibliográficas

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1. apresentação Este trabalho é sobre paisagem. Sobre as interpretações do que reconhecemos como belo. E na nossa paisagem, a beleza é a ação: da resistência, das práticas sociais, do cotidiano e da cidadania. Isso é e será a paisagem: a interação entre meio e sociedade. Não tratamos da paisagem pictórica, quase cenográfica, mas sobre a paisagem dinâmica, do momento, dos eventos e dos instantes. Das interações entre e lugar, a partir das ações cotidianas, das coisas mais banais que fazemos no dia a dia, mas que são essenciais à manutenção da vida e que garantem nossa existência. É sobre afirmar as atividades domésticas nos espaços públicos como as verdadeiras manifestações sociais, pela garantia e pertencimento dos lugares, a partir do conjunto de ações mais cotidianas possíveis como é lavar e estender nossas roupas ou simplesmente sentar para conversar. Nesse contexto, a arquitetura é oportuna. É subsídio. São lugares necessários para garantir que as ações possam ser afirmadas no território como também é o desejo de construir os meios para garantir as ações. E por fim, é um ensaio e tentativa de instrumentalizar, pelo projeto, a resistência para que um dia seja possível vislumbrar o privilégio da existência, mas como direito.

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2. resistência A história do Vila Bela é uma narrativa da resistência, de um dos inúmeros territórios que são omitidos pela ação de ausência institucional e que, consequentemente, tornam-se lugares símbolos da representação de autonomia, frente ao estado, e exemplares da força coletiva pela reivindicação do que é necessário e de direito, dando resultando das conquistas comunitárias, de valor fundamental na garantia e afirmação do lugar. A Vila é um território consolidado e até hoje se organiza de forma independente, representado por um conjunto de ações comunitárias que viabilizaram meios alternativos pela sobrevivência e afirmaram sua existência e reconhecimento num território tão opressor quanto o meio urbano de uma cidade metropolitana como São Paulo.

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3. território 3.1. localização

O projeto “Praça dos varais” localiza-se na Travessa Roberto Dinamite, no Vila Bela, bairro da Zona Leste de São Paulo, às margens da avenida Jacu-Pêssego (antigo trecho utilizado como alternativo durante a construção do ramal Leste do Rodoanel1 ) e a norte da Avenida Sapopemba.

Vila Bela Mapeamento das propostas - Projeto Urbano

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Km administrativo São Paulo Limite Hidrografia Vila Bela

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3.2. contexto A travessa Roberto Dinamite consiste numa linha de vale definida pelo processo de ocupação e que comporta entre as edificações um córrego. Tal eixo localiza-se entre duas pequenas vias coletoras, onde, através de transportes alternativos como os tuc-tucs, fazem as conexões entre as vias mais estreitas e os eixos de transporte coletivo, acessíveis aos ônibus. Nas ruas perpendiculares a travessa, a proposta das plataformas elevatórias pode garantir a coleta do lixo, ao facilitar o deslocamento dos contenedores nas ruas inclinadas, além de permitir o transporte de pessoas de forma acessível.

Não obstante a Avenida Jacu-Pêssego permanece como saída do Rodoanel, embora tenha sido preconizado que somente haveriam saídas para as Rodovias, fenômeno setorial que não se coaduna com a legislação urbanística. Isto ocasiona pressão imobiliária, notável a leste, nas áreas ainda ruralizáveis e de interesse ambiental às frondes do tecido urbano consolidado e possibilita fenômeno de expulsão das comunidades em situação de fragilidade socio espacial a oeste da Avenida Jacu-Pêssego, inclusive pela acessibilidade facilitada ao Aeroporto de Guarulhos. 1

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RUA PERAMIRIM

PROJETO VIA COM PLATAFORMA ELEVATÓRIA VIA COLETORA (TUC-TUCS) VIA COLETORA (TRANSPORTE COLETIVO) CÓRREGO


PARQUE DA CONQUISTA

CÓRREGO DOS MACHADOS

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4. hipóteses As leituras territoriais e a hipótese de análise sistêmica (entre território e metrópole) desenhada ao longo do trabalho confluem na definição de um recorte projetual como possibilidade urbanística e arquitetônica de configuração espacial. Trata-se da transição das hipóteses teóricas na ação concreta, definida pelo projeto: Instrumentalizar o projeto para que então a relevância sobre a abordagem do lugar no planejamento urbano se torna evidente. A escolha do recorte recorre à afirmação dos espaços públicos como meio fundamental da vida coletiva: A travessa (Travessa Roberto Dinamite) onde o processo de ocupação se deu ao longo do curso do córrego e configurou uma relação intrínseca entre os aspectos ambientais e sociais, ou seja, um espaço livre e público, resultante da pré-existência do rio e da ação pela necessidade do morar. Nesse contexto, o desenho urbano é o ensaio de projeto, na iniciativa de articular os aspectos necessários pra atividade cotidiana e as questões ambientais pela garantia do espaço público e o reconhecimento do lugar na cidade (Memorial urbano, TFG Vila Bela 2018).

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4.1. uma parte do todo

O projeto que vislumbramos é uma praça.

Como também é o desdobramento e aprofundamento de um trecho do eixo de recorte de desenho urbano desenvolvido na etapa em grupo. A Praça é um dos espaços públicos indicados na proposta de desenho urbano (Projeto Urbano) no eixo da travessa Roberto Dinamite, e que tem como princípio ser exemplaridade concreta da Casa Pública, ou seja, de lugares públicos (reconhecidos e qualificados), resultantes da convergência entre ambiente, infraestrutura e práticas sociais atuantes e evidentes no território, definindo unidades de paisagem local. É observável que atividades cotidianas costumeiramente realizadas nas habitações sequer são possível para alguns moradores por escassez de meios; surge então o conceito de Casa Pública como inversão, tensionando os limites entre público e privado, onde tudo o que toca o ar é público- as fachadas, as lajes de cobertura, as ruas, vielas e largos, onde qualquer atividade possa ser realizada

de modo comunitário, como lavanderias, banheiros, convivência, cultivo, ou o que seja. Ao longo do córrego e da travessa, ao menos cinco trechos (ou paisagens) são reconhecidos com características morfológicas específicas: como trechos estreitos ou alargados, como entroncamentos (nós) entre ruas, trechos de córrego canalizado e tamponado, aberto com calha improvisada, fechado com laje improvisada, por exemplo. Além da morfologia, diferentes atividades cotidianas também são notadas ao longo da travessa sendo, em sua maioria, consequência da própria morfologia, como a existência de um comércio, lugares alargados onde crianças brincam, esquinas onde jovens se reúnem, espaços de sombra com desníveis onde é possível sentar e conversar, espaços livres para estender varais de roupa, canteiros onde foi possível plantar árvores e hortaliças e até lugares onde, mesmo com a existência do córrego, construiu-se uma casa. E tudo isso é paisagem.

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4.2. casa pública A rua é elegida como culminância da interação social e da noção de público, dentro de um contexto de relações híbridas. Ela passa a ser não só caminho, e não é apenas a casa, o abrigo. É preciso, então, reencontrar o sentido desses espaços que são, na sua medida, lugares de coletividade e sociabilidade com interfaces ambientais, uma vez que a compreensão de abrigo e de público se expandem e se interconectam, ao mesmo tempo que a noção de casa também o faz.

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Assim, a cidade se transforma em uma grande casa pública, de fato, como Aldo van Eyck propõe: “faça de cada coisa um lugar, faça de cada casa e de cada cidade uma porção de lugares, pois uma casa é uma cidade minúscula e uma cidade é uma casa enorme.” (Aldo van Eyck, 1962) Na Vila Bela, a Casa Pública é definida por um sistema de espaços públicos vinculados a usos que possam ser subsídio às atividades cotidianas, como lavanderias, banheiros e banhos públicos, co-


zinhas coletivas, habitações, assim como espaços públicos de representação, manifestação e práticas sociais. Os projetos de arquitetura desenvolvidos ilustram as variações de usos e de lugares que, distribuídos nos espaços públicos do território da Vila Bela configuram como um todo a Casa Pública, meios de afirmação da cidadania pela ação banal, das atividades corriqueiras do dia a dia. Na nossa praça, a Casa Pública é uma lavanderia, com máquinas e tanques de uso compartilhado, como um quintal da rua, onde uma atividade

doméstica como lavar e secar roupas é aparente e pública e onde as concepções de ambiente privado se dissolvem pelos atos coletivos, se aproximando das dinâmicas urbanas. Que abrange a escala da vizinhança, vinculada aos outros usos (banheiros, cozinhas, espaços de representação) pontuados ao longo da travessa Roberto Dinamite.

MAPEAMENTO - CASAS PÚBLICAS praça dos varais

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TRECHO 1

CASA PÚBLICA VIA COLETORA (TUC-TUCS) VIA COLETORA (TRANSPORTE COLETIVO) CÓRREGO

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HO 2

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PARQUE DA CONQUISTA

CÓRREGO DOS MACHADOS

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4.3. premissas 4.3.1. o projeto é sistêmico

4.3.2. tudo é paisagem

Aqui o projeto representa um microssistema, na escala da unidade de vizinhança, a partir da possibilidade de tratamento de esgotos de forma alternativa por sistemas de bio-remediação, dado que este é um dos problemas fundamentais de suprimento do bairro, aproveitamento das águas pluviais (quando necessário), produção de alimentos e manutenção das atividades domésticas e cotidianas, sendo o projeto o instrumento de possibilidades, e a arquitetura, como paisagem construída, o meio das ações. Como exemplo do sistema, ao longo da travessa, outros usos associados à Casa Pública foram pontuados (banheiros e banhos públicos, cozinhas coletivas, espaços de manifestação e representação, dentre outros) e dos quais alguns viraram objeto de projeto de arquitetura.

A convergência dos três temas resumida pela ideia de que tudo é paisagem é a hipótese e metodologia de leitura/proposta projetual, sendo a morfologia territorial, aspectos ambientais, os valores sociais e demandas territoriais, os fatores determinantes no desenho de arquitetura.

4.3.3. a paisagem construída é um acordo Entre ambiente e sociedade para que as relações entre as partes sejam harmônicas.

ESQUEMA EM PLANTA - TRECHO 2 s/ escala

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5. justificativas O lugar de projeto é uma parte da Vila Bela que nos foi apresentada e percorrida. Uma paisagem que passou a ser conhecida e que por isso tem o benefício da noção espacial, possível através da percepção, das interações, do caminhar e da observação instantânea das coisas e dos acontecimentos bem como os sujeitos e os lugares 2 . Só assim é possível notar o jogo de futebol, o encontro e o convívio, os deslocamentos ao longa da travessa, os varais de roupas estendidos na rua, a existência do pequeno comércio, as áreas de sombras projetadas pelos sobrados, as empenas cegas e aberturas, e tudo isso em torno de um alargamento da travessa. Por outro ponto de vista é também o lugar

onde as soluções paliativas já foram implantadas, com córrego canalizado onde algumas casas já têm suas aberturas voltadas para a travessa. A identificação das variações espaciais no mesmo trecho, definido por uma passagem estreita, seguida de um alargamento e em último momento o nó entre as vias é a afirmação da hipótese de que aquele lugar pode ser exemplaridade, pois tais variações no mesmo trecho demandam diferentes soluções projetuais que, por sua vez, são passíveis de serem aplicadas ao longo de toda a travessa, nos demais trechos, em situações, por exemplo, de canais estreitos, canais alargados, represamentos, piscininhas de drenagem, entre outras.

2 Esta experiência poderia se estender a qualquer canto, uma vez que os problemas e potencialidades são sistêmicos neste tecido

urbano de carência e fragilidade socio territorial, de modo que cada ponto é exemplar e, portanto, o projeto pode se dar em qualquer lugar, como exemplaridade de Casa Pública.

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6. a travessa, o córrego e as pessoas A Travessa estudada é o espaço livre resultante de um processo de ocupação de urgência e das pré-existências geomorfológicas, como é o caso do córrego. Em linhas gerais, o córrego da Travessa Roberto Dinamite é um fio d’água de baixo volume hídrico que nasce no Parque da Conquista, percorre toda a extensão da Travessa, até confluir com o Córrego dos Machados, ambos afluentes do Rio Aricanduva. A densidade construtiva ao longo da travessa é equivalente à densidade de práticas sociais reconhecidas, que por sua vez ilustram a complexidade espacial e social dessa área e fazem do meio o lugar de interação entre indivíduos e natureza. A mesma travessa nos leva a questionar os limites entre público e privado, em uma rua que é extensão das casas: um ambiente que é simultaneamente urbano e doméstico, é rua, mas também é quintal. E o impasse na relação entre as partes (moradores e ambiente natural) se dá justamente na ausência da infraestrutura necessária. No caso da travessa, entende-se por infra26

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estrutura os serviços básicos para garantia e manutenção da vida cotidiana e do ambiente: desde tratar esgoto e ter acesso à água limpa, até as atividades domésticas como lavar roupa, cozinhar, produzir alimento e tomar banho. A ausência de atuação por parte do estado na garantia da infraestrutura de saneamento básico compromete as múltiplas escalas, põe em risco os moradores da travessa e afeta o sistema hídrico da bacia do Rio Aricanduva. Por outro lado, por se tratar de um pequeno afluente, o córrego, objeto do projeto, que nasce no Parque da Conquista e desce aproximadamente 300m até confluir com o córrego dos Machados, tem sua água comprometida somente e provavelmente pela ausência de coleta de esgotos das casas lindeiras, que pela urgência, encontraram como forma de urgência e eficiente (do ponto de vista de salubridade) desaguar os esgotos no córrego. Como resultado: a presença do córrego é um risco. A natureza aparente é um risco. E nesse sentido, as obras de canalização e fechamento são completamente compreensíveis, justificáveis e entendidas como um valor.


Contudo, não deixa de ser uma solução emergencial, a questão da salubridade não é resolvida de fato, a água continua poluída e as pessoas continuam correndo risco. Por outro, a travessa tem características favoráveis, sendo elas: . é sabido o motivo que compromete a qualidade da água; . e o corpo d’água tem sua nascente e foz muito próximos. Por esses motivos, é possível ensaiar exemplaridades, ao menos num trecho onde os fatores são de certa forma dominados. Então, a hipótese que dá razão a este traba-

lho, antes de qualquer outra coisa, consiste na possibilidade de tratar os esgotos das casas ao longo do córrego por métodos alternativos de biorremediação que por si são já uma proposta de paisagem exemplarizável, dada a situação de urgência (tanques de evapotranspiração, jardins filtrantes, fossas sépticas, círculo de bananeiras), para então, como etapa seguinte, aflorar os elementos naturais, entendidos como fundamentais na concepção da paisagem que vislumbramos.

PLANTA DE SITUAÇÃO - TRECHO 2 s/ escala

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CORTE LONGITUDINAL 1-1 30

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7.1. definição dos espaços A área de projeto, inserida no Trecho 2 se organiza, a partir da morfologia espacial, em três situações: estreitamento, alargamento e um entrocamento de vias (nó). Cada situação, ou seja, configuração espacial existente demanda diferentes soluções projetuais, em função das intenções e necessidades da proposta. Cada situação representa, através do projeto, uma hipótese de como aquele espaço quanto outros, com caracterísiticas em comum no vila bela podem ser configurados como paisagem estrutural.

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7.2. definição dos espaços 7.2.1. estreitamento O estreitamento é o primeiro momento do projeto, tomando como referência o deslocamento sentido à nascente do córrego. Tem extensão de aproximadamente 30 metros e uma largura média de 4,2 metros. O espaço linear é utlizado como eixo de deslocamento de pessoas que percorrem a travessa, área de acesso de casas e linha de drenagem do córrego. O desenho proposto como desdobramento dos aspectos do lugar é contínuo e linear, definindo e qualificando os acessos, garantindo o passeio público acessível, favorável as pequenas permanências, as áreas de tratamento de esgoto (com os tanques de evapotranspiração) articulados ao rio, evidente, aberto e visto no espaço, como parte das aitividades práticadas no lugar.

CORTES TRANSVERSAIS 2-2 E 3-3 32

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PLANTA - DETALHE- TRECHO LINEAR praรงa dos varais

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7.2.2. alargamento O alargamento é o espaço entre o trecho de estreitamento e nó e tem uma característica morfólogica relevante nas possibildiades de configuração: um espaço semelhante a um pátio aberto, compartilhado pelo exercício das práticas cotidianas que faz daquela variação espacial, meio fundamental na garantia das atividades banais do dia a dia. O trecho tem dimensão de aproximadamente 20m de comprimento e larguras com variação de 7 a 14 metros.

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7.2.3. nó O nó, como terceiro momento do projeto, representa confluências, das águas, dos espaços, das pessoas e das situações. O nó configura uma unidade de paisagem de quatro faces, as quais são articuladas pelo rio, que pelas possibilidades de alargamentos configuram espaços de permanência. Em situações de variação do volume hídrico, os nós funcionam como diafragmas do rio, que desaceleram as águas correntes em velocidade que correm ao longo da travessa em pequenos represamentos, evitando sobrecarregar o sistema proposto e/ou possíveis transbordamentos e alagamentos de áreas.

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7.3. teoria de reuso dos materiais Pretende-se aqui ensaiar e expor uma hipótese e método, baseado nas possibilidades de aproximação entre projeto, execução e território e que consiste em levantar meios alternativos para a construção de um repertório de possibilidades de como tornar as coisas concretas e principalmente, de forma independente. A hipótese consiste: na consideração do uso de materiais sem valor agregado, mas que por transformação, e através de técnicas adequadas, possam contribuir na constituição de espaços socialmente necessários, que favoreçam os processos de resistência coletiva, seja a partir da proposição dos meios, como também na instrumentalização das ações que dão forma as coisas e aos lugares. Nesse sentido, a matéria prima de constituição (integral ou parcial) dos componentes construtivos apresentados corresponderão aos materiais que costumam ser descartados, sendo principalmente de resíduos sólidos e entulho de construção civil, materiais de presença significativa e notável em territórios como a vila bela, configurados pelo regime de escassez.

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7.4. elementos e princípios construtivos 7.4.1. contenção do córrego A contenção da área do córrego, tanto nos trechos lineares quanto nas situações de alargamentos é proposta a partir da hipótese de um sistema de peças de argamassa armada articuladas e muros gabiões, ambos utilizando como agregados o entulho de construção civil. A princípio, tanto as peças de argamassa armada quanto os muros gabiões são possíveis de serem fabricados e construídos na comunidade, com execução de formas simples de madeira para moldagem das peças, e com dimensões favoráveis ao carregamento e desolocamento ao longo dos trechos estreitos da travessa. Os gabiões assim como o modelo convencional, consiste numa gaiola de tela metálica de aço preenchida com pedras, sendo neste caso do entulho, e de acordo com a granulometria adequada.

DETALHE 4 escala 1: 10

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PAINEL DE ARGAMASSA ARMADA (300x900mm) TIPO A

PAINEL DE ARGAMASSA ARMADA (600x900mm) TIPO B - 120ยบ

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7.4.2. elementos pisantes Os elementos pisantes são classificados em: . piso permeável: uma trama alveolar de tubos pvc seccionados, amarrados entre si por arame galvanizado e preenchidos com agregado de entulho. . piso drenante: pavimento moldado in loco com dimensões de 1,20x1,20m, a partir da mistura entre agregado de entulho (de acordo com a granulometria adequada), água e cimento, seguindo as determinadas proporções previstas. por exemplo: 3:1:1. . piso grelha: estrutura a partir da articulação de peças de plástico reciclado. a aplicação está associada as situações onde é necessário passar sobre o rio, onde são apoiadas nas contenções, permitindo as transposições, acessos e configuração de permanências.

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PISO GRELHA PLÁSTICO RECICLADO COMPONENTE 285x25mm

PISO PERMEÁVEL CANO PVC E ARAME GALVANIZADO DIÂMETRO 100mm

PISO GRELHA PLÁSTICO RECICLADO MÓDULO 285x575mm

PISO PERMEÁVEL CANO PVC E ARAME GALVANIZADO DIÂMETRO 100mm e 50mm

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7.4.3. infraestrutura de saneamento e drenagem das águas Os sistemas de infraestrutura de saneamento e drenagem de águas pluviais demandam tanques de contenção estanques e que convencionalmente são construídos em alvenaria. Neste trabalho, a hipótese consiste na possibilidade de moldagem de tanques estanques de plástico reciclado, de acordo com técnicas alternativas de execução levantadas e que utilizam como matéria prima aquilo que costuma ser descartado.

DETALHE 3 escala 1: 10

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TANQUE ESTANQUE PLÁSTICO RECICLADO COMPONENTE 1200x1400x1200mm

TANQUE ESTANQUE PLÁSTICO RECICLADO MÓDULO 3 peças

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7.4.4. lavanderia Assim como as peças de contenção do córrego, os equipamentos utilizados para as atividades domésticas, como tanques de roupas, também podem ser modaldos dentro da comunidade em argamassa armada de entulho. Além disso, o processo de argamassem torna viável a fabricação de equipamentos de forma autônoma.

PLANTA - DETALHE LAVANDERIA

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TANQUE DE ROUPAS ARGAMASSA ARMADA 3 Peรงas

TANQUE

CORPO

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7.4.5. estrutura de abrigo e varal A proposição para o abrigo coberto para lavanderia segue o mesmo princípio e método de projeto e fabricação, a partir de materiais descartados e ou/ corriqueiros: estrutura de madeira construída a partir do uso de tábuas (30x2,5cm) e ponteles de seção quadrada (7x7cm) e fechamento da cobertura em telhas de plástico reciclado.

PLANTA - DETALHE LAVANDERIA

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ESTRUTURA DE MADEIRA TÁBUA E PONTALETE DE PINUS

TELHA PLÁSTICO RECICLADO 25X250

VIGAS TÁBUA DUPLA H=30CM

TRAVAMENTO TÁBUA DUPLA H=15CM

PILAR TÁBUA 15CM PONTALETE 7X7CM CONECTOR METÁLICO

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8. considerações finais

A intenção é levantar possibilidades;

Ensaiar, através do projeto, entendido como um instrumento de resistência, espaços a favor da autonomia comunitária; Evidenciar as possibilidades e meios alternativos de organização e proposição espacial, e que podem ser concebidos a partir dos próprios recursos do território para que o projeto seja compatível; Viabilizar o conjunto de ações e iniciativas independentes, não submetidas ou condicionadas aos agentes externos, que exemplificados nas hipóteses de exploração dos materiais é um fato necessário para que as coisas se tornem concretas. Tudo, pela garantia dos meios das práticas sociais: do conjunto de relações sociais existentes onde os lugares existam como arenas das ações coletivas, e no presente trabalho, mais do que isso, que as ações sejam praticadas ( no espaço público) através das práticas cotidianas, como afirmação do que entendemos como necessário e a prova de que o espaço público é fundamental na prática da resistência.

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9. referĂŞncias projetuais

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Lanterna para a Comunidade Klong Toey / TYIN tegnestue Tailândia, 2011 praça dos varais

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Teatro Oficina Lina Bo Bardi e Edson Elito Sรฃo Paulo, 1984 praรงa dos varais

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Intervenção em Praça central Mias Arquitectes Banyoles, 1998

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La Sombrita Arquitectura Expandida Barranquilla, 2014

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Jardim Lurie, Millennium Park GGN Chicago, 2004

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10. referências bibliográficas RIBEIRO, A. C. T. Território usado e humanismo concreto: o mercado socialmente necessário. In: Silva, Catia Antonia da et al. Formas em crise: utopias necessárias. Rio de Janeiro: Arquimeds Edições, 2005. p. 93-111. SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo; razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. TRIGO, C.C. Pré-fabricados em argamassa armada: material, técncia e desenho de componentes desenvolvidos por Lelé. São Paulo, 2009. Cartilhas: LEAL, Jane Terezinha da Costa Pereira. Tanque de -MG, 2014. 15 p. il.

evapotranspiração. Belo Horizonte: EMATER-

Sites: Dave Hakkens. Precious Plastic. Site: preciousplastic.com. Acessado em: nov. 2018.

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