Feneis Revista 29

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ANO VI • Nº 29 • Julho a Setembro de 2006



palavra do presidente

FENEIS DIRETORIA Diretor-Presidente Antônio Mário Sousa Duarte Diretor Primeiro Vice-Presidente Marcelo Silva Lemos Diretor Segundo Vice-Presidente Shirley Vilhalva Diretora Administrativa Márcia Eliza de Pol Diretor Financeiro e de Planejamento Max Augusto Cardoso Heeren Diretora de Políticas Educacionais Marianne Rossi Stumpf DIRETORIAS REGIONAIS Rio de Janeiro – RJ Diretor Regional: Walcenir Souza Lima Porto Alegre – RS Diretor Regional: Wilson Miranda Diretora Regional Administrativa: Vânia Elizabeth Chiella Diretora Regional Financeira: Denise Kras Medeiros Teófilo Otoni – MG Diretor Regional: Luciano de Sousa Gomes Diretora Regional Administrativa: Sueli Ferreira da Silva Diretora Regional Financeira: Rosenilda Oliveira Santos Recife – PE Diretor Regional: Marcelo Batista Diretor Regional Administrativo: Benevando Magalhães Faria Diretor Regional Financeiro: César Augusto da Silva Machado Brasília – DF Diretor Regional: Messias Ramos Costa Diretor Regional Financeiro: Amarildo João Espíndola Belo Horizonte – MG Diretora Regional: Rosilene Fátima Costa Rodrigues Novaes Diretor Regional Financeiro: Antônio Campos de Abreu São Paulo – SP Diretor Regional: Neivaldo Augusto Zovico Diretor Regional Financeiro: Richard Van Den Bylaardt Diretora Regional Administrativa: Neiva de Aquino Albres Curitiba – PR Diretora Regional: Karin Lílian Strobel Diretora Regional Administrativa: Iraci Elzinha Bampi Suzin Diretor Regional Financeiro: Angelo Ize Manaus – AM Diretor Regional: Marlon Jorge Silva de Azevedo Diretora Regional Financeira: Waldeth Pinto Matos Fortaleza - CE Diretora Regional: Maria Maísa Farias Jordão Diretora Regional Administrativa: Mariana Farias Lima Diretor Regional Financeiro: Rafael Nogueira Machado Florianópolis – SC Diretor Regional: Fábio Irineu da Silva Diretora Regional Administrativa: Idavania Maria de Souza Basso Diretor Regional Financeiro: Deonísio Schmitt CONSELHO FISCAL Efetivo 1º Membro Efetivo e Presidente – José Tadeu Raynal Rocha 2º Membro Efetivo e Secretário – Carlos Eduardo Coelho Sachetto 3º Membro Efetivo – Moisés Gazalé Suplentes 1º Membro suplente – Luiz dinarte Farias 2º membro suplente- Antônio Carlos Cardoso 3º membro suplente- Clara Ramos Pedroza CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Carlos Alberto Góes Sílvia Sabanovaite Betiza Pinto Botelho

José Onofre de Souza Marcus Vinicius Calixto

EDITORIA Conselho Editorial Walcenir Souza Lima Flávia Mazzo Rita de Cássia Lobato Nádia Mello Secom – Setor de Comunicação Rita de Cássia Lobato

Editora e Jornalista responsável Nádia Mello (MT 19333) Diagramação Olga Rocha dos Santos

Por uma vida cada vez mais digna Esta Revista da Feneis está recheada de novidades que buscam mais e mais divulgar ações em favor da integração da pessoa surda. O Dia do Surdo (26 de setembro) ainda vem sendo, em todo o Brasil, uma oportunidade para estarmos levando as nossas bandeiras e lembrando a todos da nossa luta por igualdade e justas condições de vida para o indivíduo surdo . Isso envolve desde mais oportunidades de emprego até ver na prática a Língua Brasileira de Sinais (Libras) sendo vivenciada por alunos e professores em salas de aula. A realidade da educação em nosso país a partir da nova Lei 10.432/02 e sua regulamentação, noticiada diversas vezes pela Revista da FENEIS, trouxe novas esperanças para a comunidade surda brasileira em termos educacionais e inspirou a programação do Dia do Surdo para este ano. Educadores, pesquisadores e representantes do MEC e de outros órgão governamentais e não-governamentais levaram ao surdo uma palavra sobre essa conquista e as suas reais conseqüências no desenvolvimento dos surdos . Veja a cobertura na próxima Revista da Feneis. Nossa preocupação está diretamente relacionada ao desenvolvimento e à dignidade da pessoa surda em todas as fases de sua vida, desde a sua infância. Todos os problemas começam quando a criança surda se prepara para ingressar nas escolas. Precisamos em todos os níveis de educação ter professores capacitados para o relacionamento com os surdos. No que tange à questão de mercado de trabalho, temos investido em capacitação e nos preparado para dar um suporte cada dia melhor às empresas e instituições conveniadas, que decidiram pela confiança na mão de obra surda. Também temos nos preocupado com aqueles que fazem atendimento ao surdo, investindo em capacitação. Recentemente um curso realizado no Banco do Brasil pelo Departamento de Recursos Humanos da Feneis no Rio de Janeiro preparou e orientou os funcionários para um atendimento adequado e de qualidade aos surdos, que também estiveram presentes na reunião tirando suas principais dúvidas sobre os serviços oferecidos pelo BB (Página 27). Avançamos na medida que abrimos novos caminhos para os surdos. Aos pouquinhos vão aparecendo os resultados do que plantamos, vamos colhendo frutos e semeando novos grãos para que, num futuro bem próximo, os surdos possam se sentir efetivamente parte da nossa sociedade, com dignidade e força para crescer. Antonio Mário Sousa Duarte Diretor-Presidente

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Libras Saiba sobre o ProLibras

O ProLibras é um exame de proficiência que certificará, anualmente, docentes, e tradutores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais - Libras. Ele foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) do Brasil para cumprir a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5626/2005. O participante aprovado receberá um certificado como profissional. Saiba nesta edição o que é preciso para realizar a prova. Páginas 11 e 12

Notícias Faculdade Batista forma surdos

Quando a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002,foi aprovada pelo governo, a Faculdade Batista do Rio de Janeiro já tinha em andamento um projeto de inserção social e educacional voltado para a comunidade surda. A iniciativa surgiu a partir do Projeto Saber, desenvolvido pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira e que visa à inserção de surdos no ensino superior. A Faculdade Batista conta com cinco intérpretes profissionais, sendo dois estagiários bolsistas e três voluntários. Página 17

Associações Missnes: trabalho em prol dos surdos

A associação Miss Nordestina de Surdos (MISSNES) luta pela inclusão social do cidadão surdo. No início deste ano, a MISSNES teve seu estatuto aprovado durante a Assembléia Geral das Associações de Surdos do Nordeste. A associação desenvolve, desde janeiro de 2005, em parceria com a Liga Nordestina Desportiva de Surdos – LINEDS, assembléias, reuniões e eventos, envolvendo todas as associações voltadas para a causa surda no Nordeste. Página 20

Internacional Educação de surdos em Guiné-Bissau

A Associação de Surdos da Guiné-Bissau (AS-GB) foi criada com objetivo de assegurar a identificação, educação e formação de surdos na Guiné-Bissau, com intuito de diminuir o analfabetismo nesse grupo. Em 2003, a Associação de Surdos da Guiné-Bissau, em colaboração com uma Associação de Cegos (AGRICE), conseguiu implementar o ensino especial no País, por meio do ensino da Língua de Sinais para os surdos e do Braille para os cegos. Página 22

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S U M Á R I O

CAPA:

Vestibular em Libras O vestibular para Letras-Libras realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, através da Comissão Permanente do vestibular (Coperve) no último dia 27 de agosto, foi uma das experiências mais positivas vivenciadas pelos surdos brasileiros. O vestibular na modalidade do ensino a distância já foi um dos primeiros resultados da nova regulamentação da Lei 10.432/02, que oficializa a Libras no país.

SUMÁRIO SUMÁRIO Palavra do Presidente .............................................3 Cartas .....................................................................6 Comunicando ........................................................ 7 Libras – Vestibular ..................................................9 Entrevista ..............................................................10 Vencendo Barreiras – Campanha para Legenda ....14 Notícias – Libras ...................................................16 Legislação ............................................................18 Nacional ..............................................................19 Pelas Regiões ........................................................20 Cultura .................................................................20 Espaço Aberto/Artigo ............................................24 Integração ............................................................27 Mercado de Trabalho ...........................................29 Feneis pelo Brasil .................................................30 Infantil ..................................................................31

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cartas do leitor Intérpretes na TV

Intérpretes para provas de vestibular

Meu nome é Eduardo José Moura Pereira, sou surdo e gosto muito de assistir os programas de TV sobre futebol. Porém, não posso entender a partida, uma vez que não existem intérpretes para explicar o jogo. Há mais de 10 anos estou sofrendo com os surdos de todo o Brasil, pelo fato de os variados programas de televisão não contarem com intérprete. Todos os surdos reclamam do fato de programas políticos, de esportes, jornais, filmes e novelas não terem intérpretes, ficando impossível participar da vida do país como um cidadão digno. As legendas que aparecem na televisão são muito rápidas e alguns colegas surdos não compreendem. Esta carta tem o propósito de sensibilizar as emissoras para o drama, fazendo com que elas admitam intérpretes para os programas, dando condições para que os surdos possam participar da vida ativa do país e acompanhar os acontecimentos. Com a contratação de intérpretes, as emissoras podem ter muito mais telespectadores. Estamos vivendo em um mundo globalizado onde todas as pessoas precisam ter direitos iguais e oportunidades para crescer. A televisão ajuda muito com as informações que divulga, oferecendo condições de uma vida melhor. (... ). Eu assisto programas de TV, mas sinto falta de intérpretes e também de legenda em filmes, novelas e programas de esporte. Existem muitos surdos em todo o Brasil. Esse problema é nacional, e não pessoal e particular (...)

Sou surda profunda e minha língua fluente é a Libras. Desconheço muitas palavras em português e estou prestando vestibular para a Universidade Estadual de Maringá, no Paraná (UEM). O intérprete fica presente o tempo todo dentro da sala onde acontece a prova do vestibular. No entanto, apenas traduz os enunciados da prova. A norma é que os intérpretes façam apenas isso. Fiquei sabendo que todas as outras Universidades aqui do Paraná oferecem esse tipo de atendimento para o surdo durante o vestibular. Enquanto isso, nós, surdos, que não temos domínio e conhecimento da Língua Portuguesa, e, sim, da Libras, temos negado nosso direito, garantido pela Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, Artigo 8º, Capitulo II. As instituições de ensino de Educação básica e superior, públicas e privadas, deverão garantir às pessoas surdas, acesso à comunicação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos, em todos os níveis, etapas e modalidades de Educação. Acessibilidades para nós, surdos, é nos dar o direito de nos comunicarmos na nossa língua fluente, que é a Libras, e traduzir para nós o enunciado e conteúdo dos textos. É preciso mudanças para a tradução do enunciado e do conteúdo do texto. Senão, nós, surdos, jamais conseguiremos entrar nas Universidades. (...) Precisamos ser atendidos com tradução de Português para Libras em todos os textos de provas, cursinhos e palestras.

Eduardo Silva - RJ

Thaisy Payo - PR

ERRATA Na Revista da Feneis anterior, publicamos na matéria da página 18 o endereço incorreto da Associação dos Surdos de Curitiba, O endereço certo é Rua Maria Bizinelli, 58 (esquina com a Rua Eduardo Sprada, 1250) - Campo Comprido, CEP 81.210-210 - Curitiba - Pr

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comunicando

Encontro Estadual sobre Surdocegueira e Múltipla Deficiência Sensorial Foi realizado nos dias 6 a 8 de julho, o II Encontro Estadual de Profissionais que atuam com Alunado Surdocego e Múltiplo Deficiente Sensorial em Mato Grosso do Sul. O evento aconteceu na Câmara Municipal de Vereadores de Campo Grande e foi organizado pelo Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS/MS), em par-

ceria com a Secretaria de Estado de Educação do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul. A programação contou com palestras como “Desenvolvimento da Comunicação da criança surdocega pré-lingüistica”, “Noções de Orientação e mobilidade no atendimento a pessoa com surdocegueira”, e “O papel do Guia-intérprete no cotidiano do Surdocego”. Os presentes puderam ainda partici-

par de atividades práticas de confecção de material, para uso na Educação de surdocegos e múltiplos deficientes sensoriais. Durante o evento, aconteceu ainda o I Encontro de Pais de Surdocegos e Múltiplos Deficientes Sensoriais em Mato Grosso do Sul, fornecendo estratégias para serem adotadas no lar, principalmente quanto ao desenvolvimento da rotina e da comunicação.

Encontro de Interpretes de Língua de Sinais em Santa Catarina Alguns eventos são lembrados como referência de trabalho. O II Encontro de Intérpretes de Língua de Sinais de Santa Catarina no ano passado é um deles. O objetivo é proporcionar a troca de experiências

e de discussão da atuação e realidade profissional. A programação apresentou temáticas voltadas para os cuidados da interpretação, formação dos intérpretes na Europa, bem como uma proposta de formação para

os intérpretes do Brasil. Na ocasiã, houve ainda, para os intérpretes que atuam em Santa Catarina, uma reunião para a criação de uma comissão, visando à organização do trabalho dos ILS em nosso estado.

Encontro de Surdos em São Paulo No início do segundo semestre deste ano, os surdos paulistas estiveram reunidos no I Encontro Estadual de Surdos de São Paulo. Organizado pelo Centro de Estudo de Libras e Educação de Surdos de São Paulo (Celes/ SP), o evento teve como objetivo reunir instrutores, professores e líderes surdos, que atuam em Associações, Instituições de Ensino e demais enti-

dades que ofereçam atendimento a surdos, para discutir questões referentes ao assunto. Na pauta, estiveram presentes discussões sobre melhorias no desenvolvimento junto a comunidades surdas paulistas, nas comunicações entre os diversos órgãos voltados aos surdos, e na qualidade de vida deste grupo, promovendo sua cidadania e uma Educação Bilíngüe. A lín-

gua oficial do evento foi a Libras e não houve interpretação. O encontro contou com diversas palestras, entre elas Formação de Liderança Surda, Direito da Tecnologia de Comunicação para Surdos e A Importância do Decreto de Libras. O evento foi encerrado com a apresentação do documento final do I Encontro Estadual de Surdos de São Paulo.

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de surdo para surdo

Instalação de aparelhos Por Intérpretes de telefonia pública na TV

O Prefeito Cesar Maia sancionou, integralmente, no início deste ano, a Lei º 4.269, de autoria do vereador Luiz Humberto Cartes Barros (PFL), que autoriza a instalação de aparelhos de telefonia pública para uso de deficientes auditivos, nos principais logradouros públicos do Rio de Janeiro, como rodoviárias, aeroportos, hospitais, escolas, estações de metrô, teatros, shoppings, entre outros. Tal

Lei, que se apóia na universalização dos direitos e no pleno exercfcio da cidadania era uma antiga solicitação dos representantes da classe e tem o objetivo de facilitar a comunicação deste grupo, uma vez que, agora, o serviço atenderá qualitativamente e indiscriminadamente a toda população. A medida beneficiara os mais de 190 mil surdos (Censo 2000 IBGE) de nossa Cidade.

O diretor regional da FeneisSP, professor Neivaldo Augusto Zovico, foi entrevistado junto com a Interprete de Libras Neiva Aquino pela jornalista do Jornal da Gazeta, da TV Gazeta, a respeito da legenda e janela de intérpretes de Libras no horário político na TV. A reportagem sairá hoje dia 6 as 19 horas da noite na TV GAZETA, canal 11.

Programa TCE na TV insere tradução simultânea de libras O Programa do Tribunal de Contas na TV incluiu em sua programação a tradução simultânea da Língua Brasileira dos Sinais (Libras) em 100% de seu conteúdo jornalístico. A iniciativa faz parte da inclusão de acessibilidade urbana dentro dos órgãos públicos. Com o lançamento da nova sede da Corte de Contas adequada com as normas, o Programa também sofreu mudanças e inseriu a interpretação em Libras para surdos. Faz parte agora da equipe do Programa do TCE na TV, a auxiliar administrativa do Tribunal, Laís Borges, que tam-

bém é interprete de Libras. Ela conta que aprendeu a Língua de Sinais para se comunicar com a irmã, que é surda, e ressalta a importância de participar do Programa. “Agora eles poderão ter acesso a todo o trabalho do Tribunal de Contas”, justifica Laís. A iniciativa vem em cumprimento à Portaria nº 310, de 28 de junho de 2006, do Ministério das Comunicações, que versa sobre acessibilidade na radiodifusão (emissoras de televisão). De acordo com Portaria, a programação veiculada pelas emissoras de televisão deverá conter recursos de acessibilidade como a legenda oculta, a

audiodescrição, dublagem e janela de libras. O Programa do TCE na TV é veiculado pela TV Educativa todas às segundasfeiras, às 13 horas, com reprise na mesma emissora todos os sábados às 8 horas. E também é veiculado na TV Assembléia todas as segundas-feiras, às 20 horas. O Programa ainda é disponibilizado no site do TCE e pode ser acessado pela Internet através do endereço eletrônico: http://www.tce.ms. gov.br/. Maria Antonieta Maksoud – Reg. Prof. 164 – JP Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Presidência TCE-MS

FENEIS Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos

Comunicando através da Libras 8 - Revista da FENEIS


libras

Vestibular em Libras Por Nádia Mello

O vestibular para da UFSC . Com o Letras-Libras realizado apoio do coordenador pela Universidade FeFernando Valverde e deral de Santa Cataincentivados pela nova rina, através da Comissubcoordenadora, são Permanente do Elaine Maria de Lima Vestibular (Coperve), Bulhões, o curso e teve no último dia 27 de como objetivo oferecer agosto, foi uma das mais segurança e base experiências mais ponos conteúdos que casitivas vivenciadas íram na prova. A propelos surdos brasileigramação constou das ros. A prova foi realiseguintes matérias: zada nas cidades de Gramática da Libras, Brasília (UnB), FloriaRegulamentação da LiA nova subcoordenadora do Celes orienta os inscritos nópolis (UFSC), Fortabras, Literatura, Históno vestibular da UFSC leza (UFCE), Goaiânia ria dos Surdos, Conhe(CEFET), Rio de Janeiro (INES), foi conquistado. “Há anos mui- cimentos Gerais , Biologia, InforSalvador (UFBA), Santa Maria tos surdos tentam entrar nas uni- mática e Bilingüismo. Entre os (UFSM) e São Paulo (USP), versidades públicas e não con- professores, estiveram ministranonde funcionarão os Pólos de seguem”. do as aulas Tânya Felipe, Emeli Ensino para as vagas oferecidas. Não é de hoje que surdos, Marques Leite, Alex Curione, Participaram da prova instruto- educadores, pesquisadores e lin- Heloise Gripp, Sílvia Pereira, res surdos de Libras certifica- güistas lutam por uma mudan- Paulo André, Vera Loureiro, Brudos, surdos e ouvintes fluentes ça para a comunidade surda no no Ramos e Brunos Vitelli Partiem Libras, sendo que os instru- que tange à Educação, e agora ciparam cerca de 40 surdos do tores surdos e os surdos que do- podem começar a comemorar Rio de Janeiro. minam a Língua tiveram prio- alguns resultados. Com o curso De acordo com Elaine Made Letras–Libras, os surdos, além ria, que aceitou o convite para ridade na classificação. O diretor regional da Feneis, de ganharem em termos de um atuar no Celes do RJ, é fundaAntônio Campos de Abreu, de- novo espaço para o mercado de mental que haja apoio a todos clarou que os surdos ficaram trabalho, ao ingressarem na fa- os projetos envolvendo a Libras, muito felizes com a oportunida- culdade comprovam mais uma especialmente quando o assunde e parabenizou a iniciativa. vez que são capazes e podem to é Educação. Este não será o Lembrou também que conquis- contribuir expressivamente para único programa de apoio aos tas como essa são frutos da luta a nossa sociedade. surdos nos vestibulares, segundos próprios surdos ao lado da do a subcoordenadora do Celes Feneis, ressaltando ainda o CELES preparou para o no Rio. “Estamos acompanhanapoio do Governo do Brasil e do vestibular do de perto todo esse processo MEC/Seesp. Já Marianne Stumpf, Um curso organizado pelo para que possamos prestar asdiretora de Políticas Educacio- Centro de Estudos de Libras e de sistência ao surdo. Futuramennais da Feneis, disse ter recebi- Educação dos Surdos (Celes) aju- te realizaremos oficinas e novos do elogios e críticas com relação dou na preparação dos surdos cursos para preparação para às provas. Mas o fundamental que se inscreveram no vestibu- outros vestibulares”, afirma, neste momento é o espaço que lar para o curso de Letras-Libras Elaine.

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entrevista

Entrevista – Ronice Quadros

Educação em Libras “O vestibular para Letras-Libras da UFSC seguiu as orientações da regulamentação da Lei 10.436/02” Por Nádia Mello

O Vestibular na modalidade do ensino a distância para Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já foi um dos primeiros resultados da nova regulamentação da Lei 10.432/02, que oficializa a Libras no país. Segundo Ronice Muller, com o reconhecimento da Libras, as pessoas surdas passam a ter o direito de uma Educação na sua própria Língua. Leia a entrevista abaixo. Revista da Feneis - O vestibular para Letras-Libras da UFSC já foi na prática um dos resultados da nova regulamentação? Ronice Muller - Sim, o Curso de Licenciatura em Letras/Libras já é um resultado da regulamenta-

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No Rio de Janeiro, inscritos no vestibular fizeram prova no INES

ção da Lei 10.436, a Lei de Libras, por meio do Decreto 5626, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais. A lei de Libras reconhece a Língua Brasileira de Sinais como a Língua dos Surdos brasileiros. Nesse sentido, a lei desencadeia os direitos lingüísticos dos surdos, ou seja, ao ser reconhecida a Libras, essas pessoas passam a ter o direito de serem educadas através dela. Dessa forma, o curso de Letras-Libras vem atender a uma demanda instituída socialmente e legitimada por meio da Lei de Libras.

Revista da Feneis - Como foi organizado e que critérios garantiram a prioridade ao surdo? Ronice Muller - O Decreto 5626 prevê a prioridade das vagas nos Cursos de Licenciatura em Letras/Libras para os surdos, e foi isso que nós seguimos. No edital estava claro a prioridade das vagas para os surdos. Os surdos aprovados tiveram prioridade sobre os ouvintes aprovados. E, havendo ainda vagas, os ouvintes aprovados também foram classificados.


Revista da Feneis - Quantos se inscreveram? Quantos surdos? Ronice Muller - Tivemos um total de 3.163 inscritos, sendo 1.886 ouvintes e 1.277 surdos. Foram aprovados 447 surdos. Revista da Feneis – Como você avalia a participação dos surdos nessa experiência? Ronice Muller – Os surdos tiveram a oportunidade de participar de um processo seletivo organizado na Língua de Sinais. Essa oportunidade garantiu aos surdos apresentarem suas condições de concorrerem às vagas do vestibular em universidades públicas. A reação geral dos surdos foi muito positiva em relação ao processo e a forma como foi organizada a prova. Revista da Feneis - Qual foi a contribuição da coordenação do Curso de Letras junto à Coperve (ccordenação, orientaçao, objetivo)? Ronice - A Coperve é o departamento responsável pela organização dos exames da Universidade Federal de Santa Catarina. Sua participação foi essencialmente técnica relacionada ao processo seletivo em si (espaço físico, organização, distribuição de provas, etc). A coordenação do curso pensou a prova e como ela deveria ser para avaliar a compreensão na Língua de Sinais, além dos conhecimentos gerais. A prova foi elaborada com a presença de professores surdos e professores ouvintes bilíngües, no sentido de garantir que contemplasse o perfil do aluno do curso de Letras- Libras. A coordenação esteve presente durante todo o processo, desde a elaboração até a

Surdos receberam reforço do Celes (Feneis) para prestarem o vestibular

execução da prova, também garantindo a presença de pessoas fluentes na Libras durante a realização da prova. Revista da Feneis - O curso vai direcionar o aluno para que mercado de trabalho? Ronice – O objetivo geral do Curso de Licenciatura em Letras/ Libras é formar professores para atuar no ensino da Língua de Sinais como primeira e segunda Língua. Este profissional vai atuar no ensino da Língua de Sinais na educação básica para surdos e para ouvintes (primeira e segunda língua, respectivamente) e no ensino superior para suprir a demanda instituída pelo decreto no 5626, para o ensino de Libras nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia. Revista da Feneis - Como vai ser o funcionamento do curso em termos de polos?

Ronice - O Curso será oferecido em nove pólos de ensino: UFSC, UFSM, USP, INES/RJ, CEFET/GO, UnB, UFC, UFBA e UFAM, sob a coordenação da UFSC. A preparação do material didático é de responsabilidade da UFSC, implementado pela sua Secretaria de Educação a Distância e pelo Centro de Comunicação e Expressão (CCE), em parceria com o Centro de Educação (CED). O Curso desenvolver-se-á em forma de rede, sob a coordenação geral da UFSC e das coordenações locais nos pólos. As instituições participantes receberam equipamentos para a infraestrutura de comunicação, na forma de rede por videoconferência interativa, e microcomputadores para a montagem de infra-estrutura a ser disponibilizada aos alunos. * Ronice Quadros é professora e pesquisadora da UFSC, pedagoga mestredoutora em Letras e Lingüística

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libras

ProLibras em Janeiro Prof. Dr. Tanya A. Felipe Membro da Comissão do ProLibras

Libras com escolaridade de nível superior ou médio completo e que queiram comprovar, para fins de docência ou de tradução e interpretação, a sua proficiência no uso e no ensino de Libras.

3. Como está estruturado o exame ? O ProLibras está dividido em duas avaliações de acordo com o público alvo:

1. O que é o ProLibras ? O ProLibras é um exame de proficiência que certificará, anualmente, docentes, e tradutores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais - Libras. O ProLibras foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) do Brasil para cumprir a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5626/ 2005. O MEC nomeou uma comissão, formada por professores de universidades (UnB, UFRJ, UFSC, UPE), representantes de várias secretarias desse ministério (SEESP, SESU, SETEC, SEED), da FENEIS e do INES que tiveram a responsabilidade de elaborar o edital e os manuais do aplicador e do participante; escolher os conteúdos programáticos e elaborar as provas. Esse exame é diferente dos outros exames de proficiência porque o participante aprovado

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receberá um certificado como profissional. É como um certificado de Notório Saber por essa pessoa já ser um profissional que atua na área, mas que não tem a formação acadêmica. A diferença entre professor e instrutor de Libras estará na titulação: já ser graduado ou ter apenas o Ensino Médio respectivamente. Tanto ouvintes como Surdos poderão fazer qualquer um dos exames. O ProLibras será executado pelas Instituições de Ensino Superior (IES) e deverá ser aceito pelas IES como título que comprova a competência no uso, no ensino e interpretação de Libras.

2. Quem pode participar? O Exame tem caráter voluntário e dele podem participar, mediante inscrição, usuários de

3.1. ProLibras para docência: a) Parte I - prova objetiva sobre conhecimento e legislação específicos de Libras, educação e ética profissional. Será composta por 10 (dez) questões objetivas em Libras. Para serem aprovados, os participantes deverão acertar, no mínimo, seis questões. (ver Conteúdo e referência bibliográfica no edital). b) Parte II – prova didática sobre temas sorteados anteriormente. Essa prova será de 15 minutos para cada participante e consistirá de aula expositiva, em Libras, sobre a LIBRAS em contexto de ensinoaprendizagem. (ver pontos/temas e referência bibliográfica no edital). 3.2. ProLibras para tradução e interpretação: a) Parte I - prova objetiva sobre conhecimento e legislação específicos de Libras, educação e ética profissional. Será composta por 10 (dez) questões ob-


jetivas em Libras. Para serem aprovados, os participantes deverão acertar, no mínimo, seis questões. (ver Conteúdo e referência bibliográfica no edital). b) Parte II – prova prática de tradução e interpretação de Libras–Língua Portuguesa–Libras. Essa prova será de 10 minutos, para cada participante, dos quais 5 minutos para a interpretação da Libras para o português e 5 minutos do português para a Libras, de textos produzidos de acordo com o nível do intérprete - Ensino Básico e Ensino Superior. (ver Conteúdo e referência bibliográfica no edital).

4. Quais local e datas e para realização das Provas Para a execução do ProLibras, a coordenação geral ficou sob responsabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina. A inscrição foi realizada somente pela Internet de 21 de setembro a 16 de outubro. Os que se inscreveram (de 21 de setembro at 16 de outubro, pela Internet) poderão fazer as provas nas cidades onde estão localizadas as seguintes instituições públicas de ensino: UnB/Brasília, UFSC/ Florianópolis, UFC/Fortaleza, UFG/Goiânia, UFAM/Manaus, INES/Rio de Janeiro, UFBA/Salvador, UFRGS/Porto Alegre, UNIFESP/EPM/São Paulo, UFMG/Belo-Horizonte, UFPR/ Curitiba, UFES/Vitória, UFS/ Aracaju, UFAL/Maceió, UFPE/ Recife, UFPB/João Pessoa, UFRN/Natal, UFPI/Teresina, UEMA/São Luís, UFPA/Belém, UNIFAP/Macapá, UFAC/Rio Branco, UNIR/Porto Velho, UFRR/Boa Vista, UFT/Palmas, UFMT/Cuiabá, UFMS/Campo Grande.”

4.1. Prova objetiva: será realizada no dia 28/01/2007, no horário das 15h às 17h (observado o horário oficial de Brasília), O participante deverá realizar a prova na instituição de ensino/cidade indicada no formulário de inscrição. 4.2. Provas Práticas: Segundo o edital da COPERVE, a segunda etapa do Prolibras constará de prova prática individual, sobre ponto (tema) do programa atribuído, de acordo com a ordem de classificação de cada participante em cada categoria e nível. As provas práticas serão realizadas a partir das 14h do dia 30 de janeiro de 2007 (observado o Horário Oficial de Brasília), conforme cronograma a ser divulgado juntamente com o resultado da prova objetiva às 14h do dia 29/01/ 2007 (observado o Horário Oficial de Brasília). O cronograma da prova será elaborado levando em conta a ordem de inscrição dos participantes habilitados. O local onde os participantes realizarão a prova prática será divulgado juntamente com o cronograma. Atualmente há Surdos e ouvintes que estão trabalhando em diversas instituições, mas como não havia curso superior que lhes habilitasse para exercerem

a função de instrutor ou de intérprete de Libras, todos esses profissionais e pessoas que tenham o domínio de Libras e queiram também ministrar curso de Libras e/ou atuar como intérprete, devem realizar esses exames para obterem essa titulação que passará a ser exigida pelas instituições que contratarão esses profissionais. Mesmos os Surdos que já fizeram curso de capacitação ou que irão começar o Curso de Letras a Distância – Licenciatura em Libras, bem como os intérpretes que já realizaram cursos ou provas para obter essa titulação ou estejam cursando algum curso superior para interpretação de Libras, devem também realizar esse exame que lhes garantirá esse certificado, mas que não excluirá sua formação acadêmica para se tornar um profissional ainda mais qualificado. Aviso: Para a preparação desses exames os participantes poderão adquirir os seguintes livros na Feneis: 1) Exame para Intérprete de Libras: Libras em Contexto – Curso Básico – Livro/DVD do Estudante ; 2) Exame para docência: Libras em Contexto – Curso Básico – Livro/DVDs do Professor

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vencendo barreiras

Legenda para quem não ouve, mas se emociona: uma luta de todos nós Falar da Campanha te, apoiando a Campada Legenda Nacional – nha, o Projeto de Lei do Legenda para quem Sr. Luiz Antonio Fleury, não ouve, mas se emosobre a disposição de ciona – é falar sobre um legenda em filmes naluta constante vivida cionais e peças teatrais. por todos nós. O ideaMas para que tal Projelizador de tal projeto, to torne-se Lei, é preciMarcelo Pedrosa, conso do apoio da sociedata que tudo começou de. Para isso, há um no último dia do CINEabaixo-assinado no site PE , em 5 de maio de www.legendanacional 2004. Cerca de cem .com.br. No site tamamigos e familiares fobém há a história da Leram ao Centro de Congenda e muitas inforvenções de Pernambumações referentes à co, sede do Festival, luta. para apoiar a campaComo se vê, a luta nha sobre a necessidapelo direito à legenda, de de colocar legenda garantindo acesso à no filme nacional. informação e ‘a moO objetivo da cammentos de lazer e despanha é aumentar o contração, expandiunúmero de pessoas se de tal forma que já conscientes dos direiexistem coordenadoVictor Hugo, coordenador da campanha no RJ tos dos deficientes e, res e voluntários espaassim, ter força para lutar por ciso aprofundar a discussão lhados por todo o Brasil. No um ideal de igualdade no que para encontrar a solução mais Rio de Janeiro, a coordenadoria se refere ‘a informação e lazer. adequada”, afirma o coordena- da campanha foi assumida por “Existem várias associações dor da Campanha no Rio de Ja- Victor Hugo em 2 de setembro preocupadas com a acessibili- neiro, Victor Hugo Sepúlveda de 2006. Victor é surdo profundade dos deficientes, inclusive da Costa. do, estudante de pós-graduaprocurando patrocínio. É preDesde abril de 2004, já exis- ção e participa ativamente da

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internacional Associação Alvorada Congregadora dos Surdos. Desde sua posse ele já realizou muitos eventos, todos visando à divulgação e conscientização sobre os direitos dos surdos e sobre a Legenda. No dia 2 de setembro houve um encontro na Associação Alvorada Congregadora dos Surdos no RJ. Victor, como coordenador da Campanha, foi convidado pela Alvorada, Alexandre para realizar uma palestra sobre esse assunto. Nos dias 20, 21 e 22 de setembro aconteceu a V Feira do Mundo dos Surdos – “Mãos que circulam pelo A convite da direção, Victor Hugo falou a respeito da importância das legendas mundo” - na Apada de em filmes nacionais Niterói. Houve divulgaçãose sobre a campanha e recolhi- çou a causa depois de explica- onal, muita divulgação e recomento de assinaturas de apoio à ções de representantes da cam- lhimento de assinaturas em prol panha. da luta. Campanha. O Congresso Internacional e Dia 30 de setembro, durante No dia 28 de setembro, na loja da Operadora Claro, uma Seminário Nacional do INES, o Festival do Rio, a Campanha turma de vendedores de vários dias 27, 28 e 29 de setembro, da Legenda esteve presente na bairros e municípios do RJ, que também contou com a presença lona cultural da Cinelândia, coestão aprendendo Libras abra- da Campanha da Legenda Naci- brando legendas em filmes nacionais e o direito dos surdos de assistir e entender os filmes nacionais. Apoiando a Campanha estavam presentes mais de 20 surdos, além do o ator surdo Nelson Pimenta e a diretora da Apada- Niterói, Luciane Rangel. “Isso é somente o começo, ainda tem muito para ser feito, ainda faremos muita coisa. Somos iguais, rimos, choramos, nos emocionamos... Queremos ter acesso ao lazer e a cultura assim como os ouvintes. Só deixaremos de lutar no dia em que os filmes nacionais tiverem legendas, no dia em que entendermos filmes e peças teatrais” garante o coordenador da CamRepresentantes e simpatizantes da Campaha da Legenda Nacional panha. durante Festival do Rio

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notícias

Policiais Militares do Policiamento Ambiental de Birigüi participam de cursos de LIBRAS Por Deila Malta

Desde setembro do ano passado, um grupo de Policiais Militares do Policiamento Ambiental, em São Paulo, vem recebendo um tipo de treinamento um tanto quanto diferente: eles estão sendo capacitados para a comunicação com surdos. Até o momento, 74 policiais, cerca de 20% de todo o efetivo, divididos em quatro turmas, fizeram o curso de Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Para o ano de 2007, há previsão de outras quatro turmas. Um dos oficiais a freqüentar as aulas foi o Tenente PM Marcelo Fernando Marques, Oficial de Comunicação do 2° Batalhão de Polícia Ambiental em Birigüi. “Posso dizer que a experiência valeu a pena. É uma linguagem fantástica. Conhecemos os anseios dessas pessoas de serem compreendidas e se sentirem incluídas socialmente”, disse o Tenente Marques. O curso, direcionado a todos os PMs do Policiamento Ambiental e convidados de outras Unidades da Polícia Militar do Estado de São Paulo, surgiu den-

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Policiais Militares do Policiamento Ambiental

tro do Princípio de Gestão pela Qualidade, ou seja, a idéia de capacitar PM para a comunicação com surdos foi incluída no plano de metas da Unidade, com o objetivo de trazer respeito e dignidade à vida e, ainda, a inclusão dos surdos. Para completar o curso, é preciso freqüentar 40 horas/aula durante 4 meses, sendo que na cidade de Marília foram necessários 60 horas/aula durante sete meses, por ser um curso mais intensivo. Com essa iniciativa, espera-se solucionar possíveis ocorrências envolvendo surdos e, principalmente, estimular outros setores da administração pública para a questão que envolve mais de 5

milhões de pessoas no Brasil. Além disso, o curso visa também incluir surdos nos programas informativos e preventivos que são dados na região. As aulas são ministradas por colaboradores voluntários acompanhados de pessoas surdas e que praticam a Língua de Sinais. Já foram ministradas na cidade de Birigüi, Araçatuba e Marília, sendo que Presidente Prudente e Bauru, áreas de abrangência do Batalhão, também devem ser favorecidas pela iniciativa. O Batalhão do Policiamento Ambiental, que atua como polícia, prevenindo e coibindo infrações contra o meio ambiente, também desenvolve programas sócio-educativos nas escolas, comunidades urbanas e rural. Em 2004, o Batalhão participou de um mutirão para construção de rampas em Birigüi. São iniciativas como estas que enobrecem não só os que participam, mas também àqueles a quem os programas são dirigidos, afirma o Tenente Marcelo Marques.


notícias – libras

Surdos estudam Pedagogia em Faculdade Batista Projeto possibilita formação superior para deficientes auditivos Por Beatriz Rocha

Quando a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que prevê a disponibilização de intérpretes nos estabelecimentos de ensino, foi aprovada pelo governo, a Faculdade Batista do Rio de Janeiro já tinha em andamento um projeto de inclusão social e educacional voltado para a comunidade surda. A iniciativa surgiu a partir do Projeto Saber, desenvolvido pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, e que visa à inclusão de surdos no ensino superior, sendo estendido para a Faculdade Batista. Coordenado por Marília Moraes Manhães, pedagoga especializada em psico-pedagogia com extensão em neuro-psicologia, o projeto abriu portas de formação para esses alunos ao trabalhar questões do acesso do surdo ao ensino superior. Atualmente, a Faculdade Batista conta com cinco intérpretes profissionais, sendo dois estagiários bolsistas e três voluntários, todos evangélicos. A equipe está sob a orientação de Marília, que atua como psicopedagoga da instituição, trabalhando para que o vínculo educativo – a relação aluno-faculdade, aluno-professor, aluno-intér-

Turma de formandos em Pedagogia, com a presença de surdos

prete, intérprete-professor – aconteça de forma efetiva e possibilite o aprendizado dos alunos. Desde o início do ano passado, quando o projeto teve início, a instituição tem seis alunos surdos cursando Pedagogia, e um cursando Teologia. Todas as aulas destes cursos contam com a presença dos intérpretes, que ainda atuam na biblioteca, auxiliando os alunos que vão lá. Os ou-

tros funcionários da Faculdade também foram envolvidos no projeto de inclusão, participando de cursos de Libras ministrados especialmente para eles. Segundo Marília, que é integrante da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, os momentos devocionais na capela, que ocorrem todas as terçasfeiras, também são cobertos pelos intérpretes, caso haja o dese-

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jo de algum surdo de participar. A instituição ainda oferece para estes alunos, aulas de Português como segunda língua, para auxilia-los na leitura dos textos propostos pelos professores. “Como pedagoga, entendo que devemos cumprir esta nova Lei. Por sermos uma faculdade evangélica, que valoriza o ser humano como um todo, já nos preocupávamos antes com a formação do surdo, uma vez que acreditamos que a faculdade deve estar aberta a todos”, defende Marília. Ela conta que, durante as entrevistas com os alunos surdos, constatou que a

procura pela instituição se deu por conta do desejo de terem um curso superior, para poderem dar aulas a outros surdos e, desta forma, impedir que estes passassem pelo que tiveram que passar. “Na minha visão, é necessário alguém que entenda a inclusão do surdo para que projetos de inclusão como este funcionem. É necessário um profissional que compreenda as questões educacionais do surdo e a importância do intérprete”, explica Marília, frisando que “na Faculdade Batista, o intérprete só passa aquilo que o professor está ensinando. Ele

não é o professor. A relação entre surdos e professores e a atenção a qualquer dificuldade que apareça, seja da parte de alunos, seja da parte de professores, é mediada pela coordenadora do projeto”. De acordo com Marília, a Faculdade Batista do Rio de Janeiro está de braços abertos para receber todos os surdos que desejarem estudar, facilitando o acesso àqueles que encontrarem qualquer tipo de dificuldade. Os interessados devem ligar para a Coordenação da Faculdade de Pedagogia, 25701833 e procurar Mary, ou para Marília, no telefone 2107-1845.

legislação Edição Número 164 de 25/08/2006

Secretaria Especial dos Direitos Humanos Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência Presidência da República RESOLUÇÃO No 47, DE 3 DE AGOSTO DE 2006 Dispõe sobre as medidas a serem adotadas pelas empresas emissoras de cartão de crédito no atendimento às pessoas com deficiência O CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA , no uso de suas atribuições legais, nos termos do Art. 22 do Regimento Interno e com base na deliberação da XLVII Reunião Ordinária realizada, em 02 de agosto de 2006, resolve: Art. 1° Ratificar a decisão tomada na XX Reunião Ordinária, de 24 de fevereiro de 2003, a respeito das medidas a serem adotadas pelas em-

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presas emissoras de cartão de crédito no atendimento às pessoas com deficiência. Art. 2º Caberá às empresas emissoras de cartão de crédito adaptar seus procedimentos e cartões para permitir o acesso e utilização por pessoas com deficiência visual e auditiva. I. Em relação ao atendimento às pessoas com deficiência visual: a) Identificar a bandeira do cartão em Braille em campo distinto da tarja magnética; b) Instalar postos de auto-atendimento com circuito sonoro, por fone de ouvido, para viabilizar o acesso à senha alfanumérica de localização variável na tela.

II. Em relação ao atendimento às pessoas com deficiência auditiva: a) Registrar a condição de pessoa surda ou com deficiência auditiva no cadastro do cliente e nas telas de operação de tele-atendimento para possibilitar que outra pessoa faça as operações necessárias a pedido da pessoa surda ou com deficiência auditiva. Art. 3° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. ALEXANDRE CARVALHO BARONI Presidente do CONADE


notícias

Programas eleitorais ainda não são acessíveis aos surdos Entidades que representam os cerca de seis milhões de surdos e deficientes auditivos do país lutam para que essas pessoas não sejam esquecidas no caminho de preparação para as eleições de outubro. Querem que as emissoras utilizem a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou o recurso de legenda durante os debates entre os candidatos, assim como já acontece nas propagandas eleitorais, e se unam para dar visibilidade para a primeira candidatura de um surdo na história da democracia brasileira. Mas é preciso paciência. A primeira batalha perdida nestas eleições aconteceu antes mesmo do primeiro debate entre candidatos à presidência da República. A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que obrigasse a Rede Bandeirantes de Televisão a incluir legenda durante a transmissão de seu último debate. O ministro do TSE responsável por analisar o caso, José Delgado, não se manifestou sobre o assunto e o debate acabou indo ao ar sem o recurso. O pedido da Feneis nem chegou a entrar na pauta da sessão administrativa anterior ao debate. A Feneis pretende reforçar o pedido para os próximos debates, mesmo tendo conhecimento de que a resolução do TSE que dispõe sobre propaganda eleitoral não faz menção a debates. Apenas obriga a utilização da Libras ou da legenda nas propagandas da TV. A Rede Bandeirantes informou por meio da assessoria de imprensa que não disponibilizou o recurso da legenda no debate porque aguardava a decisão do TSE. Paullo Vieira, candidato surdo,

do Partido Verde (PV), de São Paulo, resolveu entrar com representação contra a Rede Bandeirantes e prometeu adotar o mesmo procedimento caso outras emissoras também não disponibilizem legenda ou intérprete durante os debates. A tia de Vieira e coordenadora da campanha dele a deputado federal, Elizabeth de Andrade, acredita que falta sensibilidade por parte das emissoras e do próprio TSE. “Os surdos são excluídos da política. Esse caso é um exemplo de como eles são totalmente ignorados”, afirma. “Infelizmente, sabemos que entrar com representação não vai dar em nada, mas é uma forma de pressionar”, desabafa Elizabeth. Como, para os surdos, o português é uma língua estrangeira, o intérprete no canto da tela costuma ser a opção mais eficiente. No entanto, os que dominam o português preferem o recurso da legenda porque na língua dos sinais parte do conteúdo acaba sendo perdida.

‘Eleitores desconsiderados’ Para o assistente-administrativo da Feneis em São Paulo, Gérson Lima de Almeida, é preciso garantir que as idéias dos candidatos cheguem a todos os eleitores, indistintamente. “Os surdos também são cidadãos, também vão às urnas. Da mesma forma que os ouvintes, eles precisam conhecer as propostas dos candidatos para decidir em quem votar”, defende. A presidente da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos do Distrito Federal (Apada/ DF), Rosana Cipriano Jacinto, diz que os eleitores surdos ainda são

desconsiderados. Ela aposta na candidatura de Paullo Vieira como um marco para os deficientes auditivos. “É algo fantástico. Serve como incentivo do reconhecimento do surdo como uma pessoa completa”, afirma. Para ela, caso seja eleito, o mandato de Vieira causará o mesmo reboliço de quando a primeira mulher assumiu um cargo político no Brasil. Vieira disse que sua candidatura “representa o exercício pleno da cidadania daqueles que sempre foram colocados à margem da sociedade e cansaram de promessas não cumpridas”. Segundo o candidato, a sociedade não está preparada para encarar a inclusão dos surdos e deficientes auditivos. “Vejo isso no meu dia-a-dia mesmo. Embora seja bem recebido pelas pessoas, elas ainda me olham de um jeito diferente. Só os diretamente envolvidos com a questão sabem das nossas dificuldades e dos nossos anseios”, afirmou. Vieira é paulistano e já nasceu surdo. Em 1990, participou como ator da novela Meu Bem, Meu Mal, da TV Globo. Atualmente, ele é integrante do Conselho Municipal da Pessoa Deficiente (CMPD) da cidade de São Paulo e cursa o quinto semestre de Educação Física. O co-autor do livro Comunicação por Língua Brasileira de Sinais, Alberto Rainha de Castro, acredita que Paullo Vieira abre espaço para outros surdos se sentirem encorajados a disputar um cargo público. Amigo de vários surdos, Castro fica entusiasmado com a possibilidade de ver Vieira eleito. “Os projetos de lei voltados aos surdos seriam mais específicos e mais eficientes”, prevê. Fonte: CorreioWeb

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pelas regiões Mato Grosso do Sul

Município de Eldorado implanta Projeto de Atendimento ao Índio Surdo na Aldeia Cerrito A Prefeitura de Eldorado (MS), através da Gerência de Educação em parceria com o CAS/SED/MS, participará do Projeto de Atendimento ao Índio Surdo, na Aldeia Cerrito. As ações desenvolvidas por este projeto englobam a capacitação de docentes e profissionais que atuam com alunos índios surdos; a confecção de material didático em língua indígena para orientação de professores e demais segmentos; o registro de língua de sinais específico do tronco lingüístico e a capacitação de aluno índio surdo em Libras. Será formada uma equipe para acompanhamento do projeto. O grupo realizará também um estudo da cultura indígena para registrar a língua de sinais local, já usada para comunicação entre o índio surdo, familiares e a comunidade da aldeia em que vive. O registro da língua de sinais local se dará através de fotos, vídeo e desenhos, para a elaboração de material que facilite a comunicação dos professores com o aluno índio surdo. Segundo a pedagoga surda e Técnica Pedagógica do CAS/SED/ MS, Shirley Vilhalva, em relação à questão do ensino da língua portuguesa ou nativa oral, é necessário que seja desenvolvido um outro projeto, pois o projeto apresentado está voltado para o trabalho com a Língua de Sinais, uma língua visual. De acordo com a pedagoga, para ensinar a língua oral ao índio surdo, os professores que atuarão no trabalho de língua oral deverão conhecer também a Língua de Sinais. Para isso, precisam ser capacitados no ensino da língua portuguesa com metodologia de segunda língua

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para surdos. A referência principal será o ensino da Língua de Sinais e da escrita. A Gerência Municipal de Educação, através do Professor Luiz Roberto Nogueira, ofereceu transporte para que a equipe que trabalhará no projeto – a coordenadora Ivani Oliveira da Silva, a pedagoga Shirley Vilhalva, e a professora Roseli Maria Dalfovo - participe das primeiras visitas de orientação na Aldeia Cerrito. Na ocasião, a professora índia Cristina Samaniego Vilharva acompanhou o trabalho, orientando sobre a aldeia Cerrito, sua conservação cul-

tural e apresentando como é realizada a comunicação entre o índio surdo e seus familiares ouvintes. A Professora Cristina Vilharva também é aluna do Curso de Libras oferecido pelo CAS/SED/MS, em parceria com a Prefeitura Municipal de Eldorado e Unidade de Inclusão de Eldorado. O Projeto de Atendimento ao Índio Surdo está sendo desenvolvido na Escola Municipal Bairro Cerâmica – Pólo e Extensões - Mbo,oro tava okara Rendy. Fonte: http://www.surdospelsurdos.com/ projetoindiosurdo.asp

cultura

Litteris promove mais um concurso literário A Litteris promoveu mais uma edição do concurso “O Som das Palavras”. Este ano, o concurso trouxe uma novidade: participaram, além de portadores de deficiências auditivas, deficientes visuais ou portadores de quaisquer outras deficiências. O objetivo foi estimular aqueles que têm vontade de romper barreiras e descobrir novos horizontes. Os autores puderam participar enviando até duas obras, de qualquer gênero literário. Segundo o editor Artur Rodrigues, os trabalhos foram considerados de qualidade e serão aproveitados posteriormente, já que a

participação foi menor este ano. Segundo o editor da Litteris, a Editora tem investido no escritor surdo, porque acredita em seu potencial, e tem obtido excelentes resultados. O concurso anterior foi lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, em maio de 2003, e foi um sucesso. Mais informações pelo site da Editora, www.litteris.com.br, pelo e-mail litteris@litteris. com.br, pelos telefones (21) 2223-0030, 2263-3141, ou ainda com Rose Prado, agente literária, no e-mail rose.prado@oi. com.br ou através do telefone (21) 3888-7290.


associação de surdos

MISSNES Inclusão e integração dos surdos nordestinos Por Beatriz Rocha

Fundada em 30 de abril de 2004, a associação Miss Nordestina de Surdos - MISSNES luta pela inclusão social do cidadão surdo. Em 21 de janeiro deste ano, a MISSNES teve seu estatuto aprovado durante a Assembléia Geral das Associações de Surdos do Nordeste. No dia 5 de maio, foi eleita a nova diretoria da MISSNES, para o triênio de abril de 2006 a abril de 2009. A MISSNES desenvolve, desde janeiro de 2005, em parceria com a Liga Nordestina Desportiva de Surdos – LINEDS, assembléias, reuniões e eventos, reunindo todas as associações voltadas para a causa surda no Nordeste: Recife (PE), Natal (RN), São Luís (MA), Maceió (AL), Salvador (BA), Campina Grande (PB), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Mossoró (RR). Anualmente, a entidade promove também o concurso “Miss Surda do Nordeste”, visando à integração dos surdos da região. A cada ano o evento é realizado em um dos estados nordestinos

I Encontro das Associações de Surdos do Nordeste

e, as associações filiadas à MISNES de cada um destes estados têm direito a enviar sua representante. As candidatas devem ser surdas, ter de 15 a Anualmente, a entidade promoe o concurso “Miss Surda do Nordeste” 25 anos, e nunca ter sido fotografada ou filmada nua. “A miss tem o papel de representar Em julho de 2007, a MISSNES socialmente a entidade da qual realizará o II Encontro das Assofaz parte”, explicou o presiden- ciações de Surdos do Nordeste, te da associação Miss Nordesti- em São Luís do Maranhão. Mais na de Surdos, José Arnor de Lima informações pelo e-mail misnes_ Junior. Em 2005, a miss eleita foi miss@yahoo.com.br ou através Kelly Gusmão Ferreira. dos telefones (84) 3232-1452.

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internacional

Esforços para educar crianças surdas em Guiné-Bissau Arquivo Associação Guiné-Bissau

Associação dos Surdos em GuinéBissau: turmas de aula em Língua de Sinais e iniciativas em prol da comunidade surda no País

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A Associação de Surdos da Guiné-Bissau (AS-GB) foi criada com objetivo de assegurar a identificação, reagrupamento, educação e formação de surdos na Guiné-Bissau, com intuito de diminuir o analfabetismo entre os surdos. Em 2003, a Associação de Surdos da Guiné-Bissau, em colaboração com uma Associação de Cegos (AGRICE), conseguiu implementar o ensino especial na GB, por meio do ensino gestual para os surdos e do braille para os cegos. Isso só foi possível com o apoio do Governo através do Ministério da Educação Nacional, que disponibilizou numa das escolas Públicas do país duas salas de aulas: uma sala para os surdos e outra para os cegos. No primeiro ano, foram inscritas 165 crianças surdas. Mas as aulas tiveram início apenas com 90, devido a algumas limitações, como por exemplo a falta do espaço. Dessa forma, foi adaptado o sistema de funcionamento de aulas em três turnos; numa

única turma ou sala de aula. No segundo ano, as turmas passaram a comportar 40 alunos, aumentando para 120 o número total de alunos surdos. Já no ano passado, a quantidade de crianças surdas na escola era de 135, com 45 alunos por sala de aula. Este ano 272 crianças surdas já se inscreveram. Nesse sentido, está sendo preciso negociar com o Ministério da Educação Nacional, a fim de que sejam cedidas mais uma ou duas salas de aula para que mais crianças tenham acesso ao ensino. Estão sendo estudadas também outras formas de trabalhar, visando ao aproveitamento de um número maior de alunos. “Estamos pensando em reduzir horas do funcionamento das aulas de 3 horas para 2 horas, trabalhando com a hipótese de fazer quatro turnos com 55 alunos em cada turno ou turma. Assim, vamos a permitir que muitas crianças tenham acesso ao ensino em Língua de Sinais”, explica José Augusto

Lopes, secretário-executivo da AS-GB. Na Guiné Bissau, o ensino em Língua de Sinais (Gestual) é uma área virgem, porque não há investigação profunda sobre o estudo dos sinais. A AS-GB é a única organização empenhada nesse processo do ensino. “Precisamos de apoios técnico para alcançarmos um ensino gestual mais eficaz e adequado. Por outro lado, informamos que existem poucos surdos que estão freqüentando as escolas públicas e nelas alguns já alcançaram níveis mais avançados de escolaridade sem conhecimento mínimo do ensino gestual”, afirma o sercretário-executivo. Com o trabalho que estamos realizando, temos sensibilizado o governo e população em geral para uma mudança de atitude e de comportamento em relação as pessoas portadora de deficiência. No momento, o governo tem demonstrado interesse em colaborar para alcançar os objetivos traçados pela AS-GB.

ta informação a respeito da surdez e, no esforço de mudar este panorama, a Conferência está sendo sediada pelo país. A Conferência é uma rica oportunidade para educadores, psicólogos, assistentes sociais, inventores e profissionais mostrarem seus trabalhos e trocarem experiências. Entre os tópicos a serem debati-

dos no evento, estão tecnologias e educação de surdos, desenvolvimento de língua e fala, aspectos culturais e sociais dos portadores de surdez e reabilitação. A programação contará também com apresentações de artistas surdos. Mais informações no site www.indiadeafexpo.org.

Índia De 14 a 16 de dezembro deste ano, acontecerá o Índia Deaf Expo 2006, uma conferência internacional sobre inovações tecnológicas e educação de surdos, reunindo pessoas de todo o mundo. O evento acontecerá na Índia, que tem cerca de 10 milhões de surdos. Lá não se tem mui-

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espaço aberto

Relação Professoraluno e a carreira do Intérprete de LIBRAS na Educação Tatiane Militão de Sá, do Setor de Intérpretes da Feneis/RJ

Muito tem se dito, debatido e escrito sobre a importância do bom relacionamento professoraluno, porém, no cotidiano da sala de aula isto nem sempre se faz presente. Convencionou-se dizer que cabe ao professor tentar estabelecer condições que propiciem um bom clima afetivo com seus alunos. Mas, nem sempre podemos pensar assim, pois para que o docente consiga lidar com todos os fatores que se articulam em sua prática, tem que estar bem preparado, o que nos conduz a uma problemática recorrente: a formação do educador que, para alcançar os resultados pretendidos, nunca pode ser dada como concluída. O professor sempre é um modelo de identificação para seus alunos, pois depois da família é a escola o principal locus de aprendizagem relacional no âmbito social. Podemos afirmar que em

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pelo menos um aspecto o ambiente escolar tem maior influência que o do lar na medida em que a vida familiar, geralmente, segue padrões fixos aos quais a criança se acostuma. A escola apresenta novos professores, colegas, tarefas intelectuais e demandas sociais que requerem permanente capacidade de adaptação por parte da criança. Quanto mais novo for o aluno maior probabilidade terá o professor de interferir na sua formação, na medida em que será tomado como ‘modelo identificatório’. Para Laplanche e Pantalis (1995), o conceito de identificação assume na obra de Freud um valor central, que faz dele mais que um mecanismo psicológico entre outros descritos e, sim, o processo pelo qual o ser humano se constitui. Nessa perspectiva os autores assinalam que os processos de imitação e contágio mental já eram

conhecidos há longa data mas foram melhor explicitados por Freud, quando afirmou que “a identificação não é simples imitação, mas apropriação baseada na pretensão de uma etiologia. Ela exprime um “tudo” e relaciona-se com um elemento comum que permanece inconsciente. Esse elemento comum é a fantasia.” (p. 228). É a fantasia que recorremos em nossos momentos difíceis e que nos possibilita o acesso à capacidade de criar, característica tão valorizada pela educação. “A recusa da fantasia afeta a capacidade humana de conhecer, recusando nossa habilidade para pensar (...). E provoca aquilo que costumamos chamar de inibição intelectual”( Bacha, 2002, p.20). Sócrates também é lembrado por uma sábia enunciação: “conhece-te a ti mesmo”, tão bem detalhada por Korzak (1985) no que se refere a atitu-


de daqueles que pretendem dedicar-se à educação. Aprenda a se conhecer antes de pretender conhecer o outro. Observe os limites de sua própria capacidade (...) antes de todos os que pode compreender, instruir está em você. É por você mesmo que é preciso começar ( p. 166). Voltemos ao processo de identificação. O professor torna-se um modelo para o aluno. O amor é um dos principais estímulos para que a educação se dê. A identificação se faz presente pela introjeção das exigências do professor. O que autoriza essa identificação é um processo cunhado por Freud de transferência. Através deste processo é atribuído um sentido especial a uma pessoa. Dessa forma o professor torna-se depositário de algo que pertence ao aluno. Daí deriva o seu poder sobre ele. A transferência como afirma Freud, é inconsciente, entretanto tudo que o aluno deseja é que o professor tenha condições de suportar a posição em que ele o colocou. Todas as falas e ações do professor são percebidas através da posição que ocupa no inconsciente do aluno. Enfatiza Freud que só será bom educador aquele que conseguir estar em paz com a criança que vive dentro dele, e o ato de aprender sempre supõe uma relação com outra pessoa, a que ensina. O aprender é aprender com alguém. Neste caso, não podemos esquecer que os alunos surdos aprendem com professor algo que é pas-

sado por seu representante, o intérprete. Uma das tentativas de lidar com as problemáticas que o professor enfrenta em sua ação docente seria preparar-se, desde o inicio de sua formação, para entender que tanto suas atitudes quantos as de seus alunos, na maioria vezes, são movidas por motivações inconscientes e exigirão bastante esforço de sua parte para tentar reverte-las. Não é fácil para o professor resistir à tentação de abandonar a segurança que um vínculo definido verticalmente oferece a tranqüilidade sentida em uma aula preparada em todos os seus detalhes, de modo a impedir mudança de rumo, a imposição de seu pensamento sem espaço para discordância bem como a comodidade que é conseguida através do “pedestal” em que se coloca e ainda a gratificação narcisista oriunda da suposição de que seus alunos mantêm a expectativa de sua onissapiência. ( Bohoslavsky, 1989). O intérprete também deve buscar as observâncias no que reflete o professor. Como podemos ver são inúmeras as dificuldades que o professor enfrenta para desenvolver com seus alunos um relacionamento que contribua para conduzi-los à autonomia. O máximo que podemos esperar é que o professor não se prenda a um rigor excessivo, mas que mantenha sua autoridade oriunda de sua competência, generosidade, segurança, disponibilidade e amor por seus alunos. Dessa forma, es-

ses terão condições de desenvolver sua criatividade e espírito critico, que lhes permitirão enfrentar os desafios e exigências do mundo contemporâneo. OS APONTAMENTOS LEGAIS De acordo com o disposto na nova regulamentação de LIBRAS decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005, no capitulo II refere-se à inclusão da língua brasileira de sinais como disciplina curricular. Sendo assim, observamos no art. 3 o que a Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Na regulamentação, destacaram-se duas inserções abaixo: 1o) Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. 2o) A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação do Decreto. É importante notar que há um maior número de pessoas, edu-

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cadores ou não, que estão apropriando-se do modo de comunicação das comunidades surdas. A participação dos profissionais de educação nos cursos de Libras para a formação de docentes na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, também deve ser realizado em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que a Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. Para participar dos cursos de Libras é necessário procurar uma das instituições que preparam a sociedade para a importância dessa língua, respeitando as diferenças. Sendo estas, federações, associações, escolas inclusivas e de formação de professores, faculdades ou ainda órgão públicos e particulares conveniados a uma instituição reconhecida que detêm concessão para a difusão de Libras. No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem como das empresas que detêm concessão e permissão de serviços públicos federais, os serviços prestados por servidores e empregados capacitados para utilizar a Libras e realizar a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa estão sujeitos a padrões de controle de atendimento e a avaliação da satisfação do usuário dos serviços públicos, sob a coordenação da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em conformidade com o Decreto n o 3.507, de 13 de junho de 2000.

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O PROFESSOR E O INTÉRPRETE DE MÃOS DADAS. O intérprete é parte fundamental no processo da educação inclusiva desenvolvendo estratégias adequadas para o aprendizados dos alunos surdos. Na escola, o trabalho do intérprete de Língua de Sinais não se restringe somente a interpretar os encontros presenciais, ou seja, não se resume somente à sala de aula. Sua presença poderá ser marcante nos momentos de discussão sobre as reuniões administrativas, pedagógicas, momentos estes em que são organizados os conteúdos e aulas pelos professores. Além dessas atividades, existem alguns projetos nos quais o intérprete poderá atuar na produção de vídeos dos conteúdos das disciplinas na versão Libras, para que o aluno possa complementar seus estudos. Sabemos que a função principal do tradutor intérprete é mediar a comunicação entre professores e alunos, buscando caminhos para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Então, a partir dessa reflexão podemos perceber que o intérprete se integra no contexto de todo corpo docente, sendo ele responsável pelo acompanhamento deste processo. De acordo com o capitulo V da regulamentação da Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002, obtemos algumas considerações: a formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivarse por meio de curso superior

de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras Língua Portuguesa; o exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, lingüistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de educação superior; a formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições credenciadas por secretarias de educação. AS NOVIDADES PARA OS PROFISSIONAIS NOS CAMPOS DE ATUAÇÃO. Nós, do Setor de Intérpretes da FENEIS, informamos que estamos preparando o projeto do Curso de Qualificação para Intérpretes de LIBRAS e Língua Portuguesa. Caso o caro leitor queira participar, mande-nos um e-mail ou venha à nossa Matriz para preencher a ficha de inscrição. Os pré-requisitos são: ser maior de idade; ter ensino Médio Completo; ter participado da banca de avaliação de nossa Instituição com prazo de validade atual; ter no mínimo 2 (dois) anos de experiência na área com comprovação, seja de Instituição publica ou privada, religiosa ou outras assinadas, datadas e carimbadas. A previsão do início das aulas é para o ano que vem.


integração

Qualidade no atendimento bancário ao surdo Ao lado da Feneis, Banco do Brasil orienta correntistas surdos a respeito de movimentação bancária Por Nádia Mello

Um treinamento bastante especial foi ministrado pelo Banco do Brasil, nos dias 24 e 25 de julho, aos correntistas surdos, funcionários da FENEIS. A iniciativa de uma aproximação com a agência bancária onde os surdos possuem conta, partiu do setor de Recursos Humanos da Federação, que tem como uma das funções facilitar o relacionamento com o surdo em todas as esferas da sociedade. Na ocasião, foi apresentado o tema da terceirização, buscando esclarecer o papel da FENEIS, enquanto prestadora de serviços em diversas empresas e instituições

A psicologa da Feneis, Eliane Souza, esteve à frente da iniciativa, acompanhando os surdos

Os surdos esclareceram dúvidas com relação ao uso das máquinas

públicas e privadas. Entre outros assuntos, o mini-curso abordou a questão do contracheque, orientando ainda sobre salários, benefícios e descontos. Houve esclarecimentos também sobre movimentação bancária, momento em que os surdos tiraram muitas dúvidas a respeito das modalidades de conta corrente, da poupança, do uso do cheque, do cartão de crédito, dos serviços bancários, de empréstimos e serviços, e de tarifas entre outras. A gerente Maria das Graças Stavola, disponibilizou profissionais, fora do expediente de trabalho, e liberou a utilização dos terminais eletrô-

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nicos para atender o grupo de funcionários. Os participantes receberam ainda informações a respeito da importância de não se divulgar a senha a terceiros, de como proceder em caso de dúvidas, e da forma correta de utilizar o cartão bancário. Eles ainda assistiram a uma palestra sobre os diversos serviços oferecidos pelo BB. Atualmente, cerca de 500 surdos possuem conta individual no BB. Correntistas desde 1989, segundo o setor de RH, eles têm tido um atendimento de qualidade e diferenciado pelo Banco. De acordo com a psicóloga da FENEIS, Eliane Souza, o Instituto Nacional de Educação e Integração dos Surdos, INES, ofereceu um curso de Libras para a agência bancária. Dois funcionários do Banco do Brasil deverão aprender a Língua de Sinais, o que facilitará a comunicação e tornará ainda melhor o atendimento aos surdos. Além do setor de RH da Feneis, o treinamento contou com a participação de intérpretes da FENEIS e funcionários do Banco do Brasil. Na primeira etapa desse trabalho, foram orientados pela Feneis, em parceria com o Banco do Brasil, 25 surdos. No entanto, todos os funcionários da Feneis que necessitarem de orientação estarão participando de uma dinâmica semelhante.

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A iniciativa contou com total apoio da gerência do Banco do Brasil e dos funcionários

Acompanhamento de Intérpretes Não é novidade a participação de intérpretes em qualquer procedimento ou evento que envolva a pessoa surda. Esse serviço faz parte da rotina de trabalho desses profissionais pela Feneis. Sempre que há dificuldade na comunicação com os surdos, o intérprete se faz presente, tornando clara as idéias ou dúvidas do surdo. No decorrer dos últimos anos, essa prática foi muito comum junto ao Banco do Brasil. Por diversas vezes intérpretes de Libras compareceram à agência do BB em que surdos possuem conta e interpretaram a Libras para o Português, facili-

tando o relacionamento entre o cliente surdo e a instituição bancária. “Na medida que a Língua de Sinais é conhecida pelos funcionários das empresas em que os surdos trabalham ou são clientes, essa presença vai se tornando cada vez menos necessária”. A explicação é da psicóloga da FENEIS, Eliane Souza, e é decorrente da experiência junto às empresas que possuem parceria com a Federação na contratação de profissionais surdos. Veja na matéria da página seguinte a lista de cargos ocupados por surdos através dos convênios mantidos pela Feneis.


notícias regionais

Contratando o profissional surdo O Setor de Recursos Humanos da Feneis tem por objetivo a inserção da pessoa surda no mercado de trabalho. Nesse sentido, é preocupação da Feneis estar auxiliando na sua adaptação. Existem como meta projetos e ações, que buscam a qualificação da pessoa surda, no âmbito profissional e pessoal. Para desmistificar o estigma de que a surdez e suas implicações seriam um fator de dificuldade para contratação dessa mão-de-obra profissional, o que conseqüentemente acabaria gerando dúvidas e receios no momento da contratação do indiví-

duo surdo, torna-se imprescindível a atuação do Setor de Recursos Humanos junto às empresas. O indivíduo, surdo ou não, precisa ser respeitado enquanto cidadão, a partir de seu reconhecimento profissional. Particularmente aos empresários e aos profissionais que atuam junto à pessoa surda, é oferecido todo um suporte para a conscientização e sensibilização dos envolvidos, permitindo que o surdo possa ser visto como um profissional capaz, e, em muitas situações, melhor qualificado para estar atuando dentro da sua empresa.

Uma das lutas atuais tem sido a de promover e incentivar o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a fim de derrubar o primeiro obstáculo ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades. E, nesse processo, a família é fundamental, pois é nela que primeiramente encontramos estímulo para nosso crescimento pessoal, social e profissional. Eliane G.M. de Sousa e Elisabete Souza Setor de Recursos Humanos – Feneis humanosrj@feneis.org.br Tel.: 2567-4800 / 2576-4880

RELAÇÃO DOS PROFISSIONAIS EXISTENTES EM NOSSO CADASTRO • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Ajudante de Bateria Ajudante de Carga Ajudante de Cozinha Ajudante de Depósito Ajudante de Descarga Ajudante de Embalagem Ajudante de Expedição Ajudante de Fabricação Ajudante de Inspeção Ajudante de Jardineiro Ajudante de Manutenção Ajudante de Polimento Ajudante de Produção Ajudante de Prótese Ajudante de Serralheria Almoxarife Analista qualitativo e quantitativo (testes físicos com polímeros) Aprendiz de Marceneiro Armador Armador de latas Arquivista Arquiteto Arrematador Artesão Artífice de Artes Artista Plástico Ascensorista Aux. Administrativo Aux. de Acabamento Aux. de Armazém Aux. Contabilidade Aux. Costura Aux. Escritório Aux. de Fundição Aux. Impressão

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Aux. Laboratório Aux. Lapidação Aux. de Lixa Aux. de Marcenaria Aux. Mecânica Aux. de Montagem Aux. de Oficina Aux. de Preparação Aux. de Produção Aux. de Rotulagem Aux. de Secretaria Aux. de Serviços Gerais Aux. de Serviços Gráficos Aux. de Silk Screen Aux. de Vendas Aux. Desenhista Aux. Operador de Máquina Comercial (proces. de dados) Aux. de Operação Convencional Aux. Técnico de Produção A Aux. Técnico de Produção B Balconista Bombeiro Carpinteiro Carregador Cobrador Conferencista de Dados Conferencista de Documentos Contínuo Cortador de Guilhotina Costureira Datilógrafo Desenhista Desenhista de Arquitetura Costureira

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Desenhista de Arquitetura Desenhista Aux. Nível B Desenhista Copista Desenhista Cartográfico Desenhista Copista Industrial Desenhista Detalhista Desenhista Industrial Desenhista Letrista Desenhista Projetista Mecânico Desenhista Propaganda Desenhista Técnico Cartográfico Desenhista Técnico de Móveis Digitador Embalador Empacotador Encadernador Engenheiro Civil Engenheiro de Produção Entregador (malote) Escriturário Escultor Estofador Ferramenteiro Fiscal Administrativo Fotógrafo Gráfico Lanterneiro Marceneiro Mecânico Mensageiro Modelista Montador Montador de Fotolito Motorista Nutricionista

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½ Oficial Eletricista Operador de Computador Operador de Corte Operador de Fabricação de Cheques e Carnês Operador de Máquinas Operador de Máquinas Copiadoras Operador de Produção Operador de Microfilmagem Orçamentista Ourives Overloquista Pedreiro Perfurador Pintor Plastificador Preparador de Material para Microfilmagem Programador Projetista Protocolista Recepcionista Representante de Vendas Repositor Retocador Fotolito Revisor Sapateiro Serralheiro Serviços Gráficos Soldador Técnico Operador de Máquinas Técnico de Contabilidade Torneiro Torneiro Mecânico Zelador

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endereços

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infantil

Com Ariely, um lar ainda mais feliz Por Nádia mello

Adotada ano passado pelo casal Antônio Mário e Sueli Duarte, Ariely Silva Duarte, 10, anos, é uma menina muito especial. Bem adaptada à nova vida, ela é uma criança alegre, doce e feliz por poder usar na maior parte do tempo a sua língua natural, a Libras. Além de viver hoje num ambiente onde as pessoas se comunicam em Língua de Sinais com freqüência, Ariely está bem integrada com a comunidade surda. Ela freqüenta com os pais associações de surdos e está sempre presente em movimentos ligados à educação e surdez, como aconteceu no último Encontro dos Celes, no Rio de Janeiro. Mesmo tão novinha, ela já está aprendendo com o pai Antônio Mário (presidente da Feneis) os passos da luta pelos direitos da pessoa surda. Também carrega no

coração os sonhos da mãe Sueli, de um desenvolvimento saudável para todos os surdos brasileiros. Em pouco tempo Ariely tem sido motivo de muito orgulho para toda a família. “Ela nos trouxe muita alegria”, conta Sueli. Desde que foi morar com o casal Ariely desenvolveu muito e

aperfeiçoou sua comunicação, tendo facilidade em relacionarse com surdos e ouvintes. Seja muito bem-vinda Ariely !

Ariely tem encantado a todos com o seu jeito especial de ser

Ao lado dos pais, a menina esbanja alegria

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