Revista Feneis 24

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ANO V N° 24 Janeiro/Mar o de 2005 /

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Rua Dr. Joao Antonio, 115 - Centro - Teofilo Otoni - MG Telefax: (33) 3521- 0233

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FENEIS r CMRETORIA

Diretor - Presidente Antonio Mario Sousa Duarte Diretor Primeiro Vice Presidente Marcelo Silva Lemos Diretor Segundo Vice- Presidente Antonio Carlos Cardoso Diretora Administrativo Flaviane Reis do Carmo Diretor Financeiro e de Planejamento Max Augusto Cardoso Heeren Diretora de Politicas Educacionais Marianne Rossi Stumpf

-

DIRETORIAS REGIONAIS

Rio de laneiro - R| Diretor Regional : Walcenir Souza l.ima Porto Alegre

- RS

Diretor Regional : Wilson Miranda Diretora Regional Administrate: Vania Elizabeth Chiella

Teofilo Otoni - MG Diretor Regional : Luciano de Sousa Gomes Diretora Regional Administrate : Sueli Ferreira da Silva Diretora Regional Financeira : Rosenilda Oliveira Santos Recife - PE Diretor Regional : Marcelo Batista Diretor Regional Administrativo : Benevando Magalhaes Farias Diretor Regional Financeiro : Cesar Augusto da Silva Machado

Brasilia - DF Diretor Regional : Cesar Nunes Nogueira Diretora Regional Administrate : Meireluce Leite Pimenta Diretor Regional Financeiro: Antonio PaIhares Torres Ribeiro Belo Horizonte - MG Diretora Regional : Rosilene Fatima Costa Rodrigues Novaes

Diretora Regional Financeiro : Antonio Campos

de Abreu

Sao Paulo - SP Diretor Regional : Neivaldo Augusto Zovico Diretora Regional Financeiro : Richard Van Den Bylaardt Curitiba Diretora Diretora Diretora

- PR

Regional : Karin Lilian Strobel Regional Administrate : Iraci Flzinha Bampi Suzin Regional Financeira : Marcia Eliza de Pol

Manaus - AM Diretor Regional : Marlon Jorge Silva de Azevedo Diretora Regional Financeira : Waldeth Pinto Matos

Fortaleza - CE Diretor Regional : Wilier Cysnc Prado c Vasconcelos DiretoraRegional Administrate : Andrea Michiles Lemos Diretor Regional Finaceiro: Joelisson Jose Maciel Ribeiro

Florianopolis - SC Diretor Regional: Fabio Irineu da Silva Diretora Regional Administrate : Idavania Maria de Souza Basso Diretor Regional Financeiro : Deomsio Schmitt CONSELHO FISCAL

Efetivo

1" Membro Efetivo e Presidente - Jose Tadeu Raynal Rocha 2" Membro Efetivo e Secretario - Carlos Eduardo Coelho Sachetto 3° Membro Efetivo - Moises Gazal4

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Suplentes 1" Membro Suplente - Luiz Dinarte Faria

2" Membro Suplente

- Joselio Coelho

CONSELHO DE ADMINISTRAQAO

Carlos Alberto Goes Shirley Vilhalva Silvia Sabanovaite Marcus Vinicius Calixto Betiza Pinto Botelho

EDfTORIA

Diagrama ao David Souza Ferreira

Conselho Editorial

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Walcenir Souza Lima Flavin Mazzo Rita de Cassia Madeira Nadia Mello

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Impressao

Libregraf

Secom Setor de Comunica ao Rita de Cassia Madeira

^

Editora e Jornalista responsavel Nadia Mello IMT 19333 )

Tiragem 5.000 exemplares

“ Em 2020 todos os surdos deverao ter direitos humanos integrals, auto- determinagao e forga politics, acesso integral a comunicagao e informagao” . A meta citada e da Federagao Mondial dos Surdos, durante o V Encontro Latino - Americano de Surdos, de 21 a 27 de novembro do ano passado, em Belo Horizonte (materia da capa). A Federagao Mundial, da mesma forma que a Feneis, sonha com a instituigao efetiva da Lingua de Sinais na sociedade, permitindo o acesso do surdo as mesmas condigoes de vida que o ouvinte. E isso inclui Educagao. A Federagao Nacional de Educagao e Integragao dos Surdos ( Feneis) luta pela qualidade de vida da Pessoa Surda, seja ela adepta do oralismo ou da Lingua de Sinais. Mas e responsabilidade da Feneis tambem apoiar iniciativas que visem ao processo de integragao plena do surdo na sociedade. A aceitagao e reconhecimento da Libras como urrfa porta para que isso ocorra de forma plena e urn avango indiscutfvel. Pesquisas e resultados da experience com Libras na Educagao, por exemplo, constatam o progresso do individuo e , consequentemente, da comunidade surda. E urn fato. Urn fato, que precisa apenas ser cada vez mais reconhecido para que possa se expandir e contemplar uma comunidade , que se expressa em Lingua de Sinais. O estimulo ao ensino do surdo em Lingua de Sinais nao e uma proposta nacional ou regional, mas universal. E, ao contrario de segrega-los e torna- los uma nagao a parte, busca fornecer- lhes a base necessaria para que, nas mesmas condigoes de todo cidadao, domine com pro priedade qualquer assunto ou disciplina, inclusive a Lingua Portuguesa. Se ele se sente como urn estrangeiro em seu proprio pais e porque nao Ihe permitem “ ser diferente” . Garantir o direito a essa diferenga de forma plena e integrada e o nosso maior objetivo. Nao sao poucos os depoimentos de pessoas que aprenderam sem qualquer recurso da Libras, mas sofreram muito para isso. “ Minha boca falava e eu aprendia em Lingua Portuguesa, mas enquanto isso meu coragao chorava em Libras” . O relato e de urn surdo alfabetizado e educado distante da Lingua de Sinais. Nosso sonho e apagar esse sofrimento da historia da educagao dos surdos no Brasil, dando inicio a uma fase nova e feliz no aprendizado desse segmento. E para isso, gragas a Deus, temos contado com a compreensao e apoio de orgaos importantes da instituigao educacional brasileira, como MEC com suas Secretarias Especiais, alem de outros orgaos governamentais. Lembramos ainda que muito diferente de tentar fazer com que urn estrangeiro fale a Lingua Portuguesa quando estamos no pais dele, educar e atender o surdo em seu jeito e forma de expressar ( Lingua e cultura) e respeita-lo em seu proprio pais. E isso e muito pouco perto dos esforgos brasileiros para receber e usar a Lingua do turista quando ele passeia poraqui.

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Antonio Mario Sousa Duarte Diretor - Presidente

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» Paginas 15 a 18

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Publicaqoes

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Internacional: Surdos estavam entre as vftimas das Tsunamis

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Da Indonesia a India, milhares de pessoas foram vitimadas pela catastrofe

oomunicando

Laboratories Ache oferecem atendimento especializado para surdos Desde outubro do ano passado, a Central de Atendimento ao Cliente dos Laboratories Ache passou a atender os consumidores surdos por meio de um sistema especial de telefonia. Agora, para obter informagoes sobre posologia, interaqao medicamentosa e validade dos produtos produzidos pelo

laboratorio, os portadores de surdez podem se comunicar direta mente com a central, sem a necessidade de intermediaries como era feito anteriormente. Segundo Sandro Cimatti, diretor de Marketing do laboratorio, "esse serviqo e mais uma conquista da cidadania desse publico"e deve

atender a cerca de 100 ligaqoes por dia. A iniciativa, batizada de "Quebrando as Barreiras da Comunicaqao" e mais uma aqao dos laboratories Ache para promover a inclusao social, ja que a empresa, desde o ano de 1996 utiliza o sistema Braile em seus medicamentos.

CCBB debate Legendas Ocultas O Centro Cultural Banco do Brasil realizou em novembro do ano passado o IV Painel Closed Caption no Brasil. Oeventoteveoobjetivo de destacar a importancia do recurso da legenda oculta, nao so para a populaqao portadora de surdez,

como para outros segmentos da sociedade, como idosos com perda de audigao, crianqas em fase de alfabetizaqao, semi-analfabetos e estrangeiros. Estiveram presentesao encontro, o diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos, o deputado

Via Oeste investe em projetos de inclusao Com o objetivo de contribuir para a inclusao social de seus clientes portadores de surdez, a Via Oeste instalou telefones especiais em 12 pontos do sistema Castello/ Raposo. A empresa ainda esta treinando os seus funcionarios para 6-

Revista da FENEIS

prestar atendimento adequado a esses usuarios e futuramente es-

pera desenvolver um projeto junto a crianqas surdas para transmi tir conceitos de educaqao no transito.

federal Luiz Antonio Fleury Filho, autor do projeto de lei que regula-

legenda Closed Caption filme nacional, Luciane para Rangel, diretora da APADA e outros representantes de entidades envolvidas com a causa. menta a

Surdos nas universidades Publicas

Foi aprovado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com apenas um voto contrario, o projeto de Lei n°. 4309/2004 que dispoe sobre a entrada de pessoas com deficiency auditiva nas universidades publicas estaduais. A deputada esta-

dual Georgette Vidor, que esteve presente a votaqao, destacou a importancia do interprete de Libras nessas institutes.

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w cartas do leitor

Libras em Natal

Meu nome e Jose Amor de Lima Junior. Sou sur- do assumiu a chefia da Divisao de Apoio a Pessoas do, rnoro em Natal - RN e tenho 22 anos. Terminei Portadoras de Necessidades Especiais em Duque de o segundo grau em 2002 e atualmente trabalho para Caxias, e por isso tenho grande necessidade de a prefeitura de Sao Gongalo do Amarante, dentro aprender para poder me comunicar com mais agilida Secretaria Municipal de Educagao e Cultura, dade com os portadores deste tipo de deficiencia. Suzana Campos onde leciono Libras para professores ouvintes. Tambem atuo como coordenador da GEEL (Grupo de Revista da FENEIS responde Estudos e Educagao em Libras) ha 7 anos, alem de Como em sua cartinha ficou claro que voce e de Duque de ja ter sido diretor-social, diretor-administrativo e pre- Caxias, municfpio do Rio de Janeiro, nos encaminhamos sidente do conselho da ASNAT ( Associagao de Sur- seus contatos para o Centro de Estudos de Libras e Educagao de Surdos (Celes ), da Feneis/Rio. Assim que for possf dos de Natal ). vel eles estarao Ihe retornando com os dias e horarios em Informamos que a Associaqao de Surdos de Natal que os cursos sao realizados. ( Asnat) atua com um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para o ensino da Lingua de Sinais em nosso estado. Ministra O CDs da Cole9ao Classicos da Literatura mos aulas de instrutores de Libras. A Revista da Feneis esta otima. Sou fonoaudiologa Jose Amor de Lima Junior e assinante. Trabalho muito com surdos em consul torios e em instituigao e gostaria, se possfvel, de reCurso de Libras ceber os CDs divulgados na ultima publicagao. Venho por meio destsa carta solicitar informapoes Carla Casagrande sobre o curso de Libras. Gostaria de saber o tempo de duraqao, os valores e se, apos o termino do cur- Revista da FENEIS responde so, poderei dar aulas em empresas, ja que somente Informamos que a colegao Classicos da Literatura em Liessa unidade e reconhecida pelo MEC. Desde ja bras/ Portugues em CD-ROM, esta sendo distribuindo gratuitamente. Entretanto este material esta sendo liberado agrade o a atengao e despego-me no aguardo de somente para entidades ou escolas que desenvolvam traurna resposta. balhos pedagogicos com surdos. As solicitagdes poderao

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Eliane Castro

Revista da FENEIS responde A Feneis possui escritorios regionais espalhados por diver sos estados do Brasil. Em quaiquer um deles voce pode obter informagoes sobre horarios e dias em que os cursos de Libras sao realizados. Os contatos estao divulgados na pagina 29 desta edigao.

ser feitas atraves de offcio, onde devera constar o CNPJ, telefones de contato, enderego e um pequeno resumo do trabalho realizado com o publico surdo. O enderego de contato e Rua Major Avila, 379 - Tijuca - Rio de Janeiro- RJ/ CEP 20511 - 140 Fax : (21) 2567-4880 ou 2284 -7462

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> Ensino da Libras Primeiramente quero parabenizar voces pelo belo trabalho que realizam com esta classe tao discrimi nada em nossa preconceituosa nagao. Gostaria que me intormassem sobre o curso de Libras para ouvintes. Sempre me interessei muito sobre o assunto, mas nunca soube onde poderia fazer um curso. O que aprendi ate hoje foi com uma senhora de 62 anos, que e surda e portatora de cancer. No exato momento meu interesse aumentou, pois meu mari-

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Coleipao Classicos da Literatura em LI BRAS/ Portugu6s Revista da FENEIS - 7

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de surdos para surdo

Markku Jokinen: um aliado na luta pela inclusao Eleito no Congresso realizado no ano de 2003 em Montreal, no Canada, o atual presidente da Federagao Mundial de Surdos, o finlandes Markku Jokinen, de 45 anos, vem de unia familia de pais surdos a apenas um irmao ouvinte. Tambem surdo de nascenga, Markku iniciou os seus estudos aos 5 anos de idade em uma escola para ouvintes e la prosseguiu ate a conclusao do ensino medio. Apos esse periodo, conseguiu ingressar em uma universidade, apesar das inumeras dificuldades, ja que foi o primeiro surdo a ter acesso a educa gao superior em seu pais. Durante esse periodo teve o apoio incondicional do Departamento de Educagao Especial da propria universidade que o auxiliou no processo de obtengao de um interprete que o

acompanhasse durante as aulas. Gra gas a essa sua iniciativa, atualmente, diversos surdos sao aceitos nas uni versidades. Apos concluir o curso superior, Markku foi para os Estados Unidos para fazer mestrado na Universida de de Rochester, onde ficou pelo periodo de um ano. De volta a Eu ropa optou por estudar especifica mente Educagao de Surdos, ja que nao se adaptou ao estudo de Educa gao Especial. Apos enfrentar 10 anos de formagao universitaria, atualmente Markku e coordenador do departamento de pos-graduagao e tam bem professor universitario, desde 1998.

Entre as suas propostas para a melhoria da qualidade de vida dos

gua de Sinais, a melhoria na qualidade das instituigoes de educagao para os surdos, a criagao de mais associagoes de surdos, a atengao aos direitos humanos dos surdos e o apoio aos surdos dos paises em desenvolvimento. Markku participou do V Encontro Latino - Americano dos Surdos em Belo Horizonte e reuniu- se com Ifderes surdos e com representantes dos paises da America Latina e das associagoes e federagoes de surdos. Nessa oportunidade, ele observou e elogiou a participagao dos surdos brasileiros no encontro. Markku, ainda demonstrou a sua satisfagao em relagao a equipe da Feneis, que tanto tern contribuido para melhorar a vida da pessoa surda.

surdos esta o reconhecimento da Lin-

Vencendo os proprios limites Luciano de Souza Gomes, 33 anos, nasceu em Teofilo Otoni (MG) . Ficou surdo aos 2 anos de

idade devido a uma meningite. Ele exemplo vivo de que com esforgo e perseveranga e possivel veneer os desafios impostos pelas sociedade e superar as barreiras encontradas . A sua trajetoria e marcada por uma vida de partici pagao na luta em prol cla comuni dade surda . Diretor do Escritorio Regional da Feneis em Teofilo Otoni e presidente da Associagao dos Surdos da cidade, ele se sente feliz por pocJer contribuir e e grato pelas oportunidade de trabalhar pelas conquistas dos surdos no Bra e um

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sil . De acordo com ele, foi com mui to carinho e decJicagao que seus pais o educaram e o ajudaram a veneer seus limites depois que fi cou constatada a surdez . Aos 6 anos comegou a frequentar a Es cola Manoel Esteves, mas teve muita dificuldade, pois nao tinha interprete e nao entendia o que a professora falava. Aos 14 anos chegou a frequentar uma outra escola, mas sua mae foi orientada a matriculalo na Apae. Depois de muita resistencia seus pais resolveram coloca- lo na Apae, oncle passou a ter um ensino em Libras. Depois disso, ele estudou na Escola lone

Lewick ate a 5 a serie, fez magisterio e, em 2001, se formou. Tentou tres vezes o vestibular, iniciando na faculdade em 2004. Hoje esta bastante realizado e feliz, especi almente com o interesse de sua mae e irmao em aprender a Lin gua Brasileira de Sinais

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A Educacao dos surdos em Londrina Ana Paula G. S. AzevedoAntunes Rosana de Cassia Ribeiro

A proposta deste artigo e tragar um perfil da realidade dos estudantes surdos na cidade de Londrina, no Parana, Sul do Brasil. Este munidpio, possui um Institute) de Educagao para Criangas Surdas, uma Associagao de Pais e Amigos dos Surdos, e uma Associagao dos Surdos, alem de dois colegios de ensino regular com

Especificamente para os surdos foi criado um programa de ensino de Computagao Grafica, que vem se desenvolvendo com exito; o intuito e o de formar profissionais multiplicadores segundo o depoimento do seu Diretor Alexandre Amancio para a jornalista Celia Baroni (Folha de Londrina 04/08/ 98). "Eles vao se tornar profissio-

salas de Educagao Especial para surdos, sendo uma de ensino supletivo. Na localidade, ha uma Lei Municipal n° 7.780 de 1999, que visa a integragao da populagao surda/ouvinte. Governo e Prefei tura vem procurando a efetiva utilizagao do uso da Libras nos estabelecimentos publicos de educagao, de saude e no comercio, tanto na cidade corno nas regiooes vizinhas. A Prefeitura de Londrina tambem vem se preocupando com uma melhor formagao profissional para os surdos e criou, em 1998, um projeto de capacitagao para formagao profissional, denominado Usina de Conhecimento.

nais na area da computagao gra fica e vao estar repassando o que aprenderam para a comunidade e instituigoes com quern mantem ligagao". Cursoscomoeste conseguem oferecer maiores oportu-

nidades de trabalho na cidade que esta desejosa de proporcionar uma melhor qualidade de vida e emprego as populagoes especiais; ha um reconhecimento positivo por parte dos empresarios e instituigoes porque passam a compreender melhor o publico em questao. Para a jornalista Celia Baroni, "O Projeto vem de en contro com a determinagao do Ministerio da Educagao e Cultura (MEC) que transformou a Libras em Lfngua obrigatoria no currfcu-

lo dos professores que optarem por atuar com classes especiais". Ao vislumbrar as leis e a quantidade de entidades especializadas em educagao para surdos tem-se a impressao de que a cidade de Londrina, de aproximadamente 600 mil habitantes, possui uma infra-estrutura capaz de apoiar os portadores de deficiencia auditiva. A rea lidade, porem, face a esses cida daos e outra. Existem poucos interpretes e estatisticamente percebe-se o fraco desempenho escolar desse publico frente aos seus colegas ouvintes. Apesar das entidades citadas darem condigoes para que seus alunos cheguem ao final do segundo grau, nota-se a evasao escolar, assim como a pouca procura por melhores niveis de especializagao por parte dos professores da Educagao Especial. Apesar do reconhecimento quanto aos aspectos negativos da educagao dos alunos surdos, como o pouco domfnio da linguagem oral; algumas Universidades locais no ano de 1998, buscaram ajudar a passar alguns Revista da FENEIS -

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destes educandos passarem nas provas de vestibulares. A iniciativa partiu de alguns professores do CES (Centro de Ensino Supletivo), que dominavam a Libras ( Lingua Brasileira de Sinais) e se propuseram a ensinar, de forma aperfeigoada, a lingua portuguesa. O objetivo foi capacitar esse publi co para fazer as provas de reda gao. Sabe-se que o portugues e a materia que mais elimina surdos em vestibulares ja que o indivf duo que tern surdez moderada e

gia e Ciencia da Computagao. No Brasil, a maioria dos portadores de deficiencia auditiva que querem adentrar nas universidades nao possui recursos suficientes para pagarem as mensalidades dasmesmas. As bolsas oferecidas pelo governo sao poucas e o numero de candidatos elevado, o que acirra a concorrencia para os

severa tern pouca comunicagao oral, consequentemente restrito vocabulario e portanto escrita precaria. O CESULON ( Centro de Estu dos Superiores de Londrina), atualmente denominado UNIFIL (Centro Universitario Filadelfia), foi a primeira faculdade que concedeu a inscrigao gratuita e interprete para surdos no seu vestibular do mencionado ano. Fizeram as provas oito surdos moderados e todos lograram passar. Depois da vitoria nesta etapa, ocorreu a

DESENVOLVIDO PARA QUE 0 EDUCANDO ADQUIRA VALORES, CONCEITOS , INFORMAQOES, OPINIOES, TECNICAS, ESTRATEGIAS DE APRENDIZADO E HABILIDADES. ASSIM, UMA CLASSE INCLUSIVA PRESSUPOE ALUNOS COM METAS CURRICULARES MULTIPLAS E FLEXIVEIS, COM OBJETIVO DE ALCANQAREM OS MELHORES RESULTADOS POSSIVEIS EM SEUS APRENDIZADOS.

falta de condigoes financeiras para que os mesmos cursassem as carreiras desejadas. Segundo a surda Celia Aparecida da Silva, "sabemos que vamos enfrentar dificuldades. Mas, podemos garantirque nao vai faltar, boa vontade por parte dos surdos." ( Folha de Londrina, Reportagem 17/01/98). Apos a leitura de reportagens e apelo por parte de parentes e profissionais ligados a Educagao Especial, empresas e pessoas fisicas se propuseram a pagar as mensa lidades dos surdos, contudo somente cinco desses se graduaram

em 2003 nos cursos de Pedago10 -

Revista da FENEIS

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0 CURRICULO DEVE SER

V surdos. No ano de 2003, na mesma

Universidade, foram inscritosdois surdos no cursos de Ciencia da Computagao. A UNIFIL vem procurando aperfeigoar sua gra de pedagogica atraves de cursos de extensao universitaria, com o objetivo de uma maior integragao de todos os alunos. Apesar da boa

vontade da Universidade com relagao a agao pedagogica, os primeiros educandos tiveram dificuldades nas adaptagoes ao currfculo da entidade, posto a pouca mudanga desse em relagao ao alcance do entendimento dos alunos surdos. Para que seja possfvel tal adaptagao, ha a necessidade da elaboragao de conteudos curriculares que nao sejam baseados somente em um estilo ja estabelecido e em conhecimentos pre - definidos ( Stainback & Stainback 1996). Esses conteudos precisam ser encarados como sendo mais do que um tema - ma teria. O currfculo deve ser desen volvido para que o educando adquira valores, conceitos, informagoes, opinioes, tecnicas, estrategias de aprendizado e habilidades. Assim, uma classe inclusiva pressupoe alunos com metas curriculares multiplas e flexfveis, com objetivo de alcangarem os melhores resultados possfveis em seus aprendizados. No caso dos discentes surdos, o processo de aproximagao en-

duas culturas distintas ( Surda e Ouvinte) vem sendo buscado pelo entendimento do corpo docente da Universidade referente a dificuldade na transmissao de conteudos academicos para os universitarios especiais; um fator complicador foi a quase rara presenga de interpretes durantes as aulas. Ocorria uma maior assi duidade dos interpretes somente quando os surdos tinham que apresentar trabalhos em grupo ou exposigoes sobre determinados tre

temas.

O currfculo para uma classe in-


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clusiva deve abranger mais do que o conteudo a ser aprendido. As relagoes humanas, objetivos e metodos de ensino, alem dos processes de avaliagao, sao importantes ferramentas para o professor de uma classe inclusiva porque ele tem a responsabilidade de fazer a selegao de conteudos de acordo com a realidade da vida de seus alunos e dirigir suas aulas de acordo com os interesses destes apesar do objetivo educacional ser o mesmo para todos os alunos, os currfculos especiais devem ser criados para atender necessidades unicas de determinados estudantes...", (Stainback & Stainback, (1996, p.72 ). Tanto professores quanto alunos concordaram que foi diffcil o dialogo, em sala de aula, quando havia discussoes sobre temas vertentes as materias do conteudo academico da Universidade. Foi notoria a dificuldade dos professores com a Libras e dos alunos surdos com a linguagem oral; dessa forma, a comunicagao era minima entre os dois grupos. Segundo Botelho (1998), "a proposta de integragao ou a de inclusao, aplicadas ao campo da educagao de surdos, vale-se do conceito de natural para propor a convivencia com pares ouvintes e tambem um conceito de homogeneidade". Este conceito nao se comprovou na Integra durante os anos estudados na

instituigao pelos primeiros porta dores de surdez. De acordo com a aluna Cleusa de Oliveira, "os

professores deveriam conhecer um pouco da historia dos surdos para trata - los bem, digo, de igual para igual"

Outro aspecto a ser analisado refere-se ao estudo de textos mais elaborados que exigiam um maior domfnio de vocabulario para futuras redagoes. Os educandos surdos necessitavam do auxflio de interpretes voluntaries que, em geral, atendiam gratuitamente a

solicitagao deles quando era possfvel. Skliar (1997 P:) aborda a X

HA UMA

NECESSIDADE

ABSOLUTA DE QUE OS PROFESSORES DEVAM DOMINAR A

LIBRAS

conviver com esse publico e maravilhosa e muito rica". Ainda de

PARA MINISTRAREM

SUAS AULAS, NAS CLASSES COM ALUNOS

SURDOS, PORQUE A EXPERIENCE DE

ENSINAR E CONVIVER COM ESSE PUBLICO E

MARAVILHOSA E MUITO RICA

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unidade nacional, contribui para que esse grupo, vftima desta proibigao, segregue-se cada vez mais da vida nacional...". Apesar de ainda nao oferecer o ideario educacional esperado pelos surdos, o Centro Universitario Filadelfia procura desenvol ver, da melhor forma possfvel, uma integragao entre surdos e ouvintes. Segundo a professora Yara Maria Borges da Silveira (da area de Pedagogia), "ha uma necessidade absoluta de que os professores devam dominar a Libras para ministrarem suas aulas, nas classes com alunos surdos, porque a experiencia de ensinar e

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questao do processo de aquisigao da lingua natural e salienta a sua

necessidade psicolingufstica, citando , dentre varios estudos , a Declaragao da UNESCO (1954): "... e um axioma afirmar que a Lingua natural constitui a forma ideal para o ensino... Obrigar um grupo a utilizar uma lingua diferente da sua, para assegurar a

acordo com a opiniao da educadora, ha que se ter "interprete frequente, muito carinho e atengao especial com esses alunos". Para ela, e fundamental que o grupo docente compreenda as dificuldades na escrita do portugues, e os incentive a melhorar, respeitando as limitagoes de cada um. Incentivada pela experiencia da UNUFIL, outra instituigao Universitaria, a UEL ( Universidade Estadual de Londrina), esta prepara ndo atraves de algumas professoras e da interprete Rosana de Cassia Ribeiro, um grupo de estudantes surdos para o vestibular de 2004. A instituigao, apesar de nao ter infra-estrutura para assegurar a este grupo de alunos o ideario para a feitura das provas, pretende instalar uma sala com interprete e corregao especial para redagao com o objetivo de equiparar os vestibulandos surdos aos ouRevista da FENEIS - 11


vintes. A luta da populagao surda e ter acessos a comunicagao e as opor-

tunidades educacionais dos cidadaos ouvintes. Percebe-se, pelo modo de expressar-se a alguem, o conceito ou preconceito sobre a mesma . Como afirma Paula Botelho (1998), a Lingua e mais que um instrumento de comunicagao. E o codigo de envio e recebimento de mensagens, e discurso, interagao discursiva que da os subsidios para a constituigao de vivencias e convivencias. Nos gestos, a linguagem pode tornarse artfstica porque ela se constroi,

basicamente, mediantea utilizagao de um conjunto de "hipersfgnos", pelos quais todos podem fazer a mesma leitura de um mesmo sfmbolo, sinal, porque ele ja foi trabalhado em varios contextos com sedimentagao historica de sentido. Nesse contexto, a cultura surda constitui - se, segundo Ciccone ( (1997), na maneira pela qual um grupo social se identifica como grupo, atraves de comportamentos, valores, costumes, tradigoes comuns e partiIhados. Ela esta na maneira de viver dos surdos. Desse modo, verificamos a trajetoria que os sinais fizeram, ao longo do tempo, ate se imporem como lingua oficial desse grupamento. Se o objetivo do seculo 21 e possuir uma sociedade inclusiva faz -se premente articulagoes: cultural, polftica e social, com a finalidade de harmonizar os diferentes seres humanos de forma mais justa e igualitaria. A sociedade brasileira e composta pelo "todo social", de que fazem par12 -

Revista da FENEIS

chamadas minorias, observadas em suas diferengas, nao havendo o reconhecimento de suas subjetivagoes, ou seja, os estigmatizados e excluidos de agora devem ser reconhecidos e aceitos por esta sociedade como membros cidadaos com responsabili dades e deveres. Sabe-se que o objetivo da comunidade Surda e alcangar a condigao de sujeito social com realizagoes pessoais, valores e responsabilidades semelhantes aos dos ouvintes. No referenteas Instituigoes Educaci onais ja mencionadas, elas devem aprimorar tecnicas pedagogicas com o objetivo de melhorarem o atendimento e considerarem as reivindicagoes de seus educandos especiais. Notocante aos alunos Surdos, eles devem ter acesso a educagao na qual aprente as

dam a expressar-se e compreenderem os conteudos academicos passados. Impoe-se, nesse contexto, interpretes, e um corpo docente consciente de que esta mi noria linguistica e tao capaz quanto a maioria ouvinte, desde que Ihes sejam dadas as mesmas oportunidades e condigoes especificas para que possam render academicamente tanto quanto os

demais alunos. Face ao exposto, cabe ao corpo docente um maior domfnioda Libras, assim como a incorporagao de interpretes e profissionais surdos nas Universidades. Para finalizar, cabe reconhecer o esforgo que a prefeitura de Londrina e vizinhangas, no sentido da busca por uma situagao mais igualitaria para seus cidadaos com deficiencias. Muito ainda ha

que se fazer para que este grupo tenha a almejada dignidade, educagao e atengao merecidas. Termino este artigo com esperanga de ver a sociedade londrinense mais empenhada na moralidade das agoes humanas em seus juizos de valores, para que a dfade portadores de deficienciasociedade passe a ser um real conceito aplicado em uma soci edade inclusiva, menos tecnicista e mais humana etica e moralmen-

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BIBLIOGRAFIA 01.Botelho, Paula- Segredos e silencios na educagao dos surdos. 2 ed. Belo Horizonte: Autentica , 1998. 02 . Ciccone, Marta- ComunicagaoTotal . In: Strobel , Karen L . : Dias , Silvania, M.- Surdez abordagem Ge ral. Curitiba: APTA , 1995.

03 .Ciccone , Marta - Educagao de surdos: uma visao crftica das alter natives atuais. In: Bergamashi, Rose: Martins, Ricardo ( org. ) - Discursos atuais sobre a surdez . Rio de Janeiro: INES , 1999. 04 . Jornal Folha de Londrina, 17/ 01/ 98, p. 04. 05.Jornal Folha de Londrina - Cader no 2 Alternativa, 04/ 08/ 98 , p . 02.

06.Skliar, Carlos. La educacion de los sordos: una reconstruccion historica, cognitiva y pedagogica. Mendonza: EDIUNC, 1997. 07.Skliar, Carlos , ( org. ) - Educagao & Exclusao: abordagens socio- antropo logicas em educagao especial. Por to Alegre: Mediagao, 1997. 08 . Stainback , W. Stainback , S . Comtemplating inclusive education front a historical perspective. Paul H. Brookes Publishing, 1996- 6. ed. Baltimore.

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Pela REGULAMENTACAO da LE110.436, 24 de abril de 2002 Prof. Dr. Tanya A. Felipe (Consultora da FENEIS - CELLES)

A referida LEI, de grande importancia e responsabilidade politi ca, nao foi ainda regulamentada. O seu conteudo pode ser consi derado um marco para se rever a Surdez no pafs e para uma mu-

danga de paradigma para a Educagao no que se refere a forma gao do profissional que atuara diretamente com a pessoa surda. Tanto do ponto de vista socio-educacional, cultural, jurfdico, como

Historico:

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Em 1999 A FENEIS encaminhou ao MEC/SEESP o documento 008561/1999- "QUE EDUCAgAO NOS SURDOS QUEREMOS" elaborado pela comunidade surda a partir do Pre-Congresso ao V Congresso Latino- Americano de Educagao Bilfngue para Surdos, realizado em Porto Alegre, na UFRGS. O MEC/SEESP promoveu reunioes e camaras tecni cas que tiveram como produto o documento "Diretrizes para a Educagao dos Surdos". Em 2002 O Brasil reconheceu a Lingua Brasileira de Sinais LIBRAS, por meio da Lei n° 10.436/2002, como a lin -

gua das comunidades surdas brasileiras. No dia 4 de setembro, o Presiclente do CONADE solicitou ao Ministerio da Educagao providencias para iniciar o processo de Regulamentagao da Lei n° 10.436/ 2002, e a Federagao Nacional para a Educagao e Integragao dos Surdos - FENEIS encaminhou sugestoes para essa regulamentagao. 2002 /2003 •EmA SEESP a SESU e Ministerio da Saude se articu e

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larani para elaborar a Proposta de Regulamentagao da Lei de Libras. Em margo, a Secretaria de Educagao Especial estabeleceu contatos, via e-mail, com as seguintes instituigoes: Federagao Nacional de Educagao e Integragao dos Surdos - FENEIS; Secretaria de Educagao a Distancia - SEED, do Ministerio da Educagao; Secretaria de Educagao Media eTecnologica , SEMTEC do Ministerio da Educagao; Secretaria de Educagao Superior - SESu, Departamento de Projetos Especiais de Modernizagao do Ensino Superior, Coordenagao de Legislagao e Normas

politico, traduz as reivindicagoes, as novas conceituagoes, as necessidades e as expectativas de mudangas concretas de direitos so-

cio- lingufsticos dos Surdos.

do Ensino Superior, Departamento de Desenvolvimento do Ensino Superior, Coordenador de Relagoes Academicas da SESU, do Ministerio da Educagao; Secretaria de Atengao a Saude, Coordenagao de Saude da Pessoa com Deficiencia, do Ministerio da Saude; Coordenadoria Nacional para Integragao da Pessoa Portadora de Deficiencia, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, vinculada a Presidencia da Re-

publica. A maioria das sugestoes enviadas por essas institui goes, foi incorporada a Proposta de Regulamentagao que foi re-elaborada. Em 2004, A FENEIS- Rio de Janeiro, em outubro, em comemoragao ao Dia do Surdo, apresentou informes sobre o processo de regulamentagao da Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, e elaborou uma mogao que seria enviada a SEESP para que esse processo fosse agilizado o mais rapido possfvel, ja que uma Lei sem regulamentagao nao e efetivada. Mas antes de seu envio, houve a divulgagao para consulta publica da proposta de regulamentagao; Segundo a Assessora da Coordenadoria de Educagao Especial, Prof. Marlene de Oliveira Gotti, em outubro, em reuniao com o Ministerio do Planejamento, da Saude, da Justiga - CORDE e da Casa Civil, quando se tratou da questao da Regulamentagao da Lei 10.436, foi nomeada uma comissao com integrates do gabinete da Casa Civil que teve um prazo de 45 dias para concluir o trabalho sobre a regulamentagao dessa Lei . Em 2005, Por solicitagao de varias instituigoes, esse prazo foi prorrogado ate 04/04/2005 para que houvesse uma maior abrangencia no debate com a participagao de universi dades, escolas, instituigoes de e para Surdos. Apos essa data, espera -se a conclusao dos trabalhos que resultara no Decreto Lei para a regulamentagao.

Revista da FENEIS - 13

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Dados sobre a exclusao escolar do Surdo: Pelos dados abaixo, pode-se perceber como e de extrema importancia e urgencia que essa Lei seja regulamentada para que medidas sejam tomadas no sentido de promover uma verdadeira inclusao escolar dos Surdos, que implica repensar, tambem, o que vem a ser uma educaqao de qualidade para os Surdos, porque nao basta a inclusao deles no sistema escolar, eles tern que conseguir ficar e terminar o ensino medio, ja que dos pouqufssimos que conseguem estudar, apenas 3 % que terminam o ensino medio: Total c/surdez 5.750.805

Censo Demografico - 2000 Idade: 0 - 1 7 Idade: 18 -24 256.884 519.460

Populagao do municfpio do Rio de Janeiro:5.551 .000;

Total Surdos matriculados

Censo Escolar 2003 (MEC/INEP) Ensino Medio Ensino Superior Ensino Basico

Concluido

56.024

2.041

Total de criangas e jovens surdos (0 - 24) = 766.344; Total de Surdos matriculados = 56.024; Taxa de analfabetismo ( 7 - 1 4) => 28% = 15.686; •Ensino Medio Conclufdo => 3 % - 2.041; •Ensino Superior iniciado 344; = •Ensino Superior na Rede privada => 90% •Total Surdos excluidos do sistema escolar= 710.320 •Populagao de Maceio: 723.230 55 % das criangas surdas sao pobres • •

Diante desses dados, so nos resta perguntar: onde estao os 710.320 Surdos exclufdos e como inserilos no sistema escolar para eles terem chance de uma inclusao social ?

Importancia da regulamentagao da Lei 10.436 Espera-se que, desta vez, os Surdos nao tenham de esperar 11 anos, para verem essa Lei regulamentada, como aconteceu com a proposta de Decreto Lei que, somente em 2002, foi aprovado e que estava, dede 1991, em tramitagao pelo Congresso. Espera -se tambem que os termos utilizados na referida regulamentapao dessa LEI traduzam o que ha de mais avangado, polftica e educacionalmente, como uma efetiva afirmapao dos Direitos Humanos e Direitos Iingufsticos, incorporandoo que ja se produziu no pais, fruto das mobilizaqoes coletivas e 14 -

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sociais na area da Educapao de Surdos: Principios Fundamentals para uma Declara ao Universal dos Direitos Lingiiisticos

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Abaixo a tradugao do documento aprovado pela Assembleia Geral da FIPLV ( Pecs, Hungria , agosto de 1991 ) e publicado no Livro de Resumos do XIX Congresso da Federapao Internacional de Professores de Lfnguas Vivas, realizado na Universidade Federal de Pernambuco, no perfodo de 24 a 26 de margo de 1997

Toda pessoa tern o direito de aprender uma ou varias lmguas. Toda pessoa tern o direito de se identificar com qualquer lingua e de ter sua oppao lingufstica respeitada por todas as institutes publicas e privadas. Toda pessoa tern o direito de ouvir, falar, ler e escreverem qualquer lingua. Toda pessoa tern o direito de se expressar em qualquer lingua. Toda pessoa tern o direito de receber educapao lingufstica especial, caso tenha algum disturbio de linguagem. O ensino de nenhuma lingua pode ser proibido. Toda pessoa tern o direito de receber instrupao na Ifngua ou nas Ifnguas com as quais essa pessoa e sua famflia mais se identifiquem, no ensino publi co, na comunidade ou em seu contexto familiar. Toda pessoa tern o direito de ser ensinada na Ifngua oficial ou nas Ifnguas oficiais do Estado, da napao ou da regiao onde essa pessoa reside.

Toda pessoa tern o direito de, no contexto educacional publico, aprender outra Ifngua a fim deampliar seus horizontes sociais, culturais, educacionais e promover a compreensao inter-cultural . Toda e qualquer pessoa podera gozar destes direitos. Medidas devem ser tomadas para assegurar esses direitos as pessoas que ainda nao usufruem dos mesmos, atraves do ensino de natureza comunitaria, supletivo, da educagao de adultos ou educapao universitaria.


encontro latino-americano

America Latina debate perspectiva e direitos dos surdos Encontro reune palestrantes e

associates brasileiras

e internacionais

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De 21 a 27 de novembro de 2004, oV Encontro Latino- Americano de Surdos, em Belo Horizonte (MG), reuniu pessoas vindas de toda a America-Latina para debater sobre questoes de interesse para os portadores de necessi -

dades especiais auditivas. O

evento

contou

com

palestrantes do Brasil, Chile, Bo-

livia, Cuba, Mexico, Paraguai, Uruguai e Venezuela, alem de Finlandia, Estados Unidos e Ca nada. Durante a programagao foram abordados temas como Direitos Humanos, politicaeeconomia mundiais, administragao de associagoes e Libras. No primeiro dia de Encontro, foram apresentadas entidades que

cuidam de assuntos relacionados aos surdos, bem como de seus direitos e representagao. Markku Jokinen, da Finlandia, falou sobre a Federagao Mundial de Surdos e os brasileiros Antonio Mario Sousa Duarte e Rodrigo Rocha Malta, sobre a Feneis e a Confederagao Brasileira de Desportos de Surdos, respectivamente. O

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. Diversas liderangas surdas apresentaram-se no evento

publico tambem soube mais sobre a Secretaria Regional de Surdos da America do Sul, eni uma explanagao feita por Cira Moran de Poleo, da Venezuela. No dia seguinte, os participantes assistiram a palestras abordando o Movimento dos Surdos ( Gisele Rangel - Brasil ), o Direito Humano Internacional (Convengao de Descapacidade ONU Markku Jokinen), a Forma de Progresso nos Paises Diferentes e Organizagao e Desenvolvimento: Planejamento Estrategico ( Dra. Roz Rosen - USA e Cira Moran

de Poleo). Identidade e lideranga foram o assunto principal dos dois dias seguintes do evento. No terceiro dia, Markku Jokinen, da Federagao Mundial dos Surdos falou sobre "A eterna busca pela identi16

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Revista da FENEIS

dade surda". Na ocasiao, ele ex plorou e compartilhou as varias experiences de ser surdo e apresentou para a plateia a visao da Federagao Mundial dos Surdos para 2020. "Em 2020 todos surdos deverao ter Direitos humanos integrals, auto determinagao e forga polftica; acesso integral a comunicagao, lingua e informagao; educagao de qualidade, acesso a universidades e programas de educagao permanente", disse ele. Markku falou tambem a respeito dos usuarios da Lingua de Si nais (Libras), da nova geragao de surdos multilingues, sobre os impactos da tecnologia da informa gao computadorizada e das pesquisas da area bio- medica, como implantes e clonagem, sobre a vida dos surdos. Nesse dia, parti cipantes tiveram ainda a oportu-

nidade de aprender mais sobre Caracterfsticas dos Lideres (Len Mitchell - Canada) e Lideranga e Solugao ( Len Mitchell). No quarto dia, os assuntos debatidos diziam respeito as Mulheres Surdas Lideres, em palestra ministrada por Gladis Perlin e Shirley Vilhalva, do Brasil , Liderangas Surdas, sob a responsabilidade de Len Mitchell e o Ser Surdo, com Gladis Perlin e Roz Rosen. No penultimo dia do evento, Antonio Campos de Abreu explicou as Legislagoes que instituem a Libras e o Dia do Surdo no Brasil. A Dra. Roslyn Rosen, Diretora Executiva do Council on Education of the Deaf, Consultora em Assuntos Internacionais, e professora aposentada da Gallaudet University, falou sobre Bilinguismo, como urn direito

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0 Despertar das Mulheres Surdas no Brasil A historia consagra o dia 8 de margo de 1857 como o Dia Internacional da Mulher. Foi em Nova York /EUA que operarias de uma tecelagem entraram em greve para reivindicar uma jornada menor e melhores condigoes de trabalho, mas mesmo acuadas pelo ato dos patroes e da polfcia, que trancaram as portas e atearam fogo no ediffcio, matando-as, as

mulheres, que estavam dentro da fabrica, teceram uma nova trajetoria de vidas para geragoes posteriores: fizeram com que esse dia ficasse na historia. Mas a luta continua e, hoje, apesar das mulheres terem avangado e ocupado cada vez mais espagos, elas ainda sao discriminadas. Foi na II Conferencia Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910 na Dinamarca, em que a ativista alema Clara Zetkin propos a criagao de uma data comemorativa internacional que hoje e celebrada oficialmente em quase que todo o mundo, sendo inclusive data oficial reconhecida pela ONU.

Apos essa conferencia, no Bra sil, como na maior parte do mundo, foram adquiridos direitos e garantias, um deles e o divorcio, que e uma dissolugao do vinculo conjugal, e que depende de uma de-

cisao absolutamente particular dos casais. As garantias que se destacam foram o direito integral de saude, atraves da rede publica, educagao, cultura, trabalho com remuneragao justa entre outras.

Agoes Publicas Pioneiras: A Coordenadoria de Polfticas Publica para as Mulheres foi criada pelo Governo Popular de Mato Grosso do Sul para combater as formas de discriminagao e

desenvolver projetos de polftica publica que promovam os direi tos e a autonomia das mulheres. Responsavel em elaborar, propor, articular e coordenar polfticas publicas para MULFHER foi um exemplo pioneiro e com certeza de fundamental importancia. O grupo de Mulheres Surdas de Campo Grande, em conjunto com a Coordenadoria de Polfticas Publica para as Mulheres, Secretaria de Estado de Saude e CAS/ SED/MS, organizou a primeira mobilizagao de Mulheres Surdas em Campo Grande/MS. I Enconto Latino Americano de Mulheres Surdas Lfderes: No dia 30 de outubro de 2004, aconteceu o I Encontro de Mulheres Lideres de Campo Grande/MS,

que teve o objetivo de apontar as necessidades e elaborar as propostas a serem encaminhadas para o I Encontro Latino Ameri cano de Mulheres Surdas Lideres, nos dias 18 e 19 de novembro de 2004 em Belo Horizonte - MG. A Coordenagao do Grupo de Mulheres Surdas de Campo Grande contava com Clara Ramos, Helen Ballock e Shirley Vilhalva. No Brasil, a organizagao das mulheres surdas foi motivada atraves da FENEIS e do Curso Womens International Leadership promovido pela Mobility International Development and Disability - Miusa. Foi no curso que surgiu a ideia de um encontro de lfderes surdas latino-ameri canas e, pela primeira vez na historia, foi realizado o I Enconto Latino Americano de Mulheres Surdas Lfderes. As reivindicagoes deste encontro pioneiro foi levado ao V Encontro Latino Americano de Surdos que aconteceu de 21 a 27 de novembro de 2004 em Belo Horizonte (MG). O I Encontro Latino Americano

de Mulheres Surdas Lfderes teve como objetivo principal debater a realidade social da mulher surda na America Latina com enfase na saude, violencia, educagao, sexualidade, polftica, direitos, ciRevista da FENEIS -

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surgindo novas trajetorias como

dadania e participagao. O intuito principal e o d e desencadear movimentos pela mulher surda nos paises latino-americanos. Presentes ao encontro mulheres surdas representando o Brasil, Chi le, Paraguai e Uruguai. A Coordenagao Geral foi de Gladis Perlin, unica professora doutora surda brasileira ate a presente data, representante da FENEIS. As mulheres Surdas que coordenaram os grupos de trabalho em 2004 foram - Shirley Vilhalva (MS) - Saude Integral da Mulher Surda, Flaviane Reis (GO) - Valencia Contra a Mulher Surda, Gisele Rangel ( RS) - Poder e Parti cipagao Politica, Karin Strobel ( PR ) - Genera e Educagao, Carolina EHessel ( RS) e Sandra Lucia Amorim (SC) - Direitos e Cidada nia, e, finalmente, Katia Pinheiro (CE) -Ciencia Cultura e Comuni -

a criagao de uma lista de discussao tendo como Cordenadora Geral Salete Neves Fernandes e a realizagao do 1° Simposio Acessi vel da Saude da Mulher D. A/Surda em 12 de margo de 2005 em Sao Paulo promovido pelo Gru-

po de Trabalho Espago Mulheres D. A . / Surdas da ATRADEF e AMTESP- SP.

Conquistas Legais: Protocolo de Atuagao Conjunta N° 01 /2004 "Capacitagao em Libras" Cria a oportunidade da gestante surda ter atendimento atraves do SUS com Libras conforme DO/MS 6364 de 11 /11 /2004 Protocolo de Atuagao Conjunta N° 02 /2004 "Amamentagao sem Fronteiras" Cria a possibilidade de realiza gao de palestras e/ou atividades

cagao. Atraves desse movimento foram

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educativas pertinentes ao aleitamento materno atraves das equipes multiprofissionais que trabaIham com o Aleitamento Materno em Libras. Oportunizando as orientagoes em Libras no: Pre-natal - preparagao da mae e/ou casal para as mudangas que ocorrerao desde a gestagao ao nascimento ( mudangas do corpo durante a gravidez, vida sexual da gestante, expectativa da farmlia, a gestagao, o aleitamento materno, basico da o manejo amamentagao, a importancia nutricional, afetividade, questoes financeiras e praticidade da

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Brasil Telecom disponibiliza Central de Atendimento ao Surdo

Mais um servigo de comunicagao esta disponfvel para o publico surdo. Desde o ano de 2002, a empresa Brasil Telecon, em con-

cordance com um regulamento da Agenda Nacional de Telecomunicagoes ( Anatel) oferece a Central de Atendimento ao Surdo. Por meio do numero 142, o usuario tern acesso a servigos de informagoes, consultas e intermediagoes de ligagoes. Para utilizar esse servigo e necessario que o portador de surdez possua

um aparelho especial de telefone

para surdos. Esse tipo de servigo proporciona mais autonomia e privacidade para os surdos que antes precisavam recorrer a ajuda de pa amigos para se comunicarem. Apesar do custo elevado do equipamento, muitas associagoes de apoio aos portadores de surdez facilitam a aquisigao ou disponibilizam em suas proprias dependences. Alem disso, a Bra sil Telecom faz a instalagao e lirentes e

bera o servigo gratuitamente, quando a solicitagao parte dessas entidades. Outra boa notfcia e que todas as ligagoes sao gratuitas, inclusive entre dois estados. Para os que nao podem adquirir o equipamento, a Brasil Telecom oferece 115 telefone publicos especiais localizados nos seguintes estados : Acre, Rondonia, Mato Grosso do Sul, Goias, Distrito Federal, Parana, Santa Catarina e regiao metropolitana de Pelotas.

SEDH e Anatel firmam Acordo de Cooperacao

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Foi concretizado, no final de 2004, um acordo entre a Agenda Nacional de Telecomunica goes ( Anatel ) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidency da Repubica ( SEDH ). Esse acordo estabelece a defini gao de criterios de acessibilidade para o atendimento do publico portador de deficiencia. Valido por 24 meses, podendo ou nao ser prorrogado, o acordo de cooperagao entre as duas instituigoes pretende implantar me-

canismos de acesso e formar pes-

soal capacitado no atendimento as pessoas com deficiencia mental, auditiva, visual e motora. Essa uniao das duas entidades deve garantir o acesso aos servigos e informagoes prestados pela Anatel. Alem disso, a SEDH e a Anatel trabalharao em regime de cooperagao, isto e, havera intercambio de informagoes e apoio tecnico para que se fornega o maximo de acessibilidade aos deficientes.

Tambem serao feitas atualizagoes de metodos, praticas e pessoal para que o atendimento seja sempre satisfatorio. A Anatel deve ainda definir os criterios para que cada entidade prestadora de servigos de telecomunicagoes desenvolva maids de promover a inclusao dos portadores de deficiencia, bem como fiscalizar o cumprimento dessas exi-

gences.

Revista da FENEIS - 19


notfcias regionais

Surdos de Sorocaba ja tern Associagao Todo empenho para o surgimento da Associagao teve infcio em 2001, quando os surdos resolveram se mobilizar para buscar seu espago numa sociedade desinformada e cercada de equfvocos no que se refere a vida, cultura e lingua da Comunidade Surda local . No en tanto, a inauguragao da Associagao dos Surdos de Sorocaba ( Asus ), que possui uma diretoria composta por maioria surda, aconteceu no dia 26 de setembro do ano passado. Antes, porem, do surgimento da Associagao, muitas atividades foram realizadas, entre essas, diversas reu nioes, encontros informais para fa lar das necessidades que cercavam as pessoas surdas e de sua realida de, passeatas pelas ruas da cidade, visitas a secretaria e delegacias de ensino, escolas, instituigoes e Prefeitura. Por fim, foi realizado con tato com o Ministerio Publico, a fim de obterem respostas relativas a inclusao de interpretes em sala de aula para a participagao efetiva dos alunos surdos. A Assembleia Geral, contou com a participagao, de surdos, de fami liares, profissionais, interessados, colaboradores e amigos, num total de 55 pessoas. E no dia da apresentagao da Associagao a Comuni dade, em 7 de dezembro, alem desse grupo, tambem estiveram presentes representantes do Rotary Clube, da Industria NIPRO ( material hospitalar ), do Senai e a deputada federal lara Bernardi, entre outros. No infcio das atividades da Asus, tres surdos - Aline Ferreira, Rosangela e Fabrfcio Murakami, re20 -

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solveram que deveriam mobilizar surdos e ouvintes para que juntos tentassem mudar a realidade. Con forme eram realizadas as reunioes,

matica da surdez .

estes tres jovens, entre 22 e 28 anos

sidente do Conselho Deliberativo foi convidado para uma entrevista no Programa do ( 6, da Rede Globo deTelevisao. Na ocasiao, ele com pareceu a emissora com seus farni liares, o presidente da Asus e o diretor do Senai, Fernando Gongal -

de idade, divulgavam na Comuni dade as reunioes e as possibiIida des existentes para os surdos em Sao Paulo e em outros estados. Conforme atuavam, o trabalho crescia de maneira surpreendente, atraindo inclusive surdos e interpretes de outras cidades . Assim, resol veram formar uma comissao, que foi intitulada - Comissao de Surdos e Deficientes Auditivos de Sorocaba e Regiao. A luta dos surdos na regiao e a historia da Associagao, entre 2001 e 2004, ganharam muitas adesoes. Ajudaram no trabalho a deputada lara Bernard ( disponibilizando espago, todas as tergas- feiras, para as reunioes ); SENAI ( atraves do professor de Usinagem Mecanica, Nelson Oliveira, foi elaborada uma prova classificatoria para a participagao de surdos no curso. Hoje, todos os surdos que participaram do curso estao empregados nas Industrias da cidade) e a Feneis/SP (disponibilizando uma de suas funcionarias, com conhecimentos administrativos, para auxiliar no infcio de suas atividades, colaborando ainda como interprete nos eventos locais). As promessas de apoio tern chegado tambem de Instituigoes como o SESI, a ACM, o Rotary Clube, a Polfcia Militar, a UNIP e algumas igrejas locais que ja se engajaram com especial interesse e que estao sendo conscientizadas da proble-

Porem, a diretoria da Associagao nao para por af, com pouco mais de dois meses de fundagao, o pre-

ves. A Associagao ainda nao conta com uma sede, porem, este e um dos maiores objetivos, que pretende alcangar em breve. "Comega mos agora, mas ja percebemos que ha muito para fazer. Estamos aqui para lutar, alcangar nossos objeti vos, para que aqueles que hoje sao criangas e os que virao depois de nos, nao tenham que passar pelo que passamos: desinformagao, fal ta de consciencia e respeito por parte da sociedade, e dificuldades que permeiam o ambito familiar, educacional, social e profissional . A Associagao esta so comegando, mas iremos muito longe, mais lon ge ate que nossos proprios sonhos, porque ainda nao temos a real nogao do que somos capazes" , afirMurakami Fabrfcio mou Redondaro, presidente da Associa gao. A Associagao esta com enderego provisorio na Rua Ary Annunciato, 506 - Jd. Atflio Silvano - Sorocaba / SP CEP: 1 8077 -080, Telefone: ( 1 5 ) 3226 - 3407, e - mail : assusp @ yahoo.com.br. Colaborou Francimar Maciel

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noti'cias regionais

Curso para Interpretes de Libras em Porto Alegre A Feneis de Porto Alegre, em parceria com o Centro Universitario La Sal le esta promovendo um curso de capacitagao emergencial do interprete de Libras. A enfase desse curso esta calgada no compromisso etico/tecnico e bilmgue do professional, de acordo com os principios defendidos pela Feneis. O objetivo das aulas e instrumentalizar e fornecer subsidios teoricos e praticos para a capacitagao do profissional

interpretede Libras.

De acordo com os organizadores, o curso deve atingir um publico composto principalmente por estudantes, profissionais de todas as areas que ja possuem o ensino medio concluiclo, graduados ou estudantes em graduagao, que tenham fluencia em Libras e que possam estar, ou nao atuando como interpretes.

O programa do curso inclui materiascomo: Lingufstica Geral Aplicada a Lingua de Sinais; Tecnicas

de Interpretagao; Etica do Interprete da Lfngua de Sinais, Libras para a Interpretagao em Lingua de Sinais e um Seminario sobre Interpretagao de Libras. Entre os professores que ministraram as aulas estao: AdrianaThoma, Ana Luiza Fbganelli Caldas, Angela Russo, Claudia Magnus Fialho, Marianne Rossi Stumpf e muitos outros.

Dia do Surdo na Feneis do Rio Grande do Sul Os surdos do Rio Grande do Sul tiveram muito o que comemorar no ultimo Dia do Surdo. Alem de

conquistando cada vez mais espago no mercado de tra balho e no convfvio social, a comunidade surda tern revelado estarem

como nas pesquisas e trabalhos em geral. Alem disso, a USC ja ofereceu, em 2004, tres edigoes do curso "Os Surdos e a Lingua

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muitos representantes que tern

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obtido um excelente desempenho nas escolas e universidades. A Universidade de Santa Catarina possui quatro alunos surdos nos cursos de graduagao na Cidade Universitaria. A interprete Flavia Machado, da Coordenadoria de Relagoes Universitarias, tern auxi I iado os estudantes tanto nas atividades academicas formais,

de Sinais" para a comunidadeouvintes e atualmente oferece o "Curso Basico de Lingua de Si nais" em parceria com a Feneis.

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Da esquerda para direita estao Sueli Ferreira da Silva, diretora regional da Feneis, Antonio Mario Sousa Duarte, diretor-presidente da Feneis, Vania Elizabeth Chiella, diretora regional administrativa ( RS) e Marcelo Lemos, primeiro vice-presidente: trabalho integrado

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Programa “ Conhecer para Acolher� capacita 1300 professores Foi realizada, no final de 2004, em Porto Alegre a solenidade comemorativa do encerramento de mais uma etapa do programa

"Conhecer para Acolher ", que tern como objetivo capacitar pro-

fessores da rede estadual de educagao para atender alunos porta -

dores de necessidades especiais. O programa e uma iniciativa de Seduc (Secretaria Executiva de Educagao) e foi desenvolvido pela Coees (Coordenagao de Educagao Especial). Ao todo foram capacitados 1300 professores, que tiveram a oportunidade de conhecer diretamente os problemas e as necessidades desses alunos para poderem adaptar as suas

aulas e obterem um melhor rendimento. Segundo as coordenadoras do programa Clea Galvao e Acheilla Abbud, trata-se de uma experiencia enriquecedora para ambas as partes . Para Clea, anteriormentea filosofia do trabaIho era trabalhar apenas o aluno para a inclusao. Agora existe a mentalidade de que tambem e necessario preparar o professor para desempenhar essa fungao. O curso para os professores teve infcio em novembro do ano passado e, segundo depoimento dos proprios docentes, serviu para esclarecer questoes pouco discutidas, sobretudo no que diz respeito ao comportamento e a

interagao entre os colegas. A coordenagao do curso espera que o programa sirva para proporcionar uma educagao mais inclusiva nas turmas regulares das escolas estaduais. A cerimonia de encerramento teve a execugao do Hino Nacional interpretado em Libras, exposigoes de trabalhos dos proprios professores e apresentagoes artfsticas. Tambem durante o evento foram realizadas a conferencia "Currfculo e Cotidiano Escolar "e o debate "Escola Inclusiva: a compreensao de uma educagao para a diversidade", que contou com a participagao de representantes de diversas categorias.

Porto Alegre discute Educagao para os Surdos A comunidade surda de Porto Alegre realizou, no final do ano passado, um Forum para debater as propostas de Educagao de Surdos no Plano Municipal de Educagao, que tera validade pelos proximos 10 anos. Durante o encontro foram estabelecidas as novas diretrizes que devem orientar a luta dos surdos na obtengao de melhores condigoes de edu-

cagao. Dentre as propostas estao a qualificagao das politicas educacionais, que devem respeitar a identidade do surdo, utilizando a Lfngua de Sinais como idioma natural e a discussao sobre as dife22 -

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rengas linguisticas entre surdos e ouvintes. O objetivo dessa discussao e garantir a utilizagao do interprete de Libras para intermediar a comunicagao entre surdos e ouvintes. Outra proposta do grupo e a abertura de mais espagos de tra balho para os surdos dentro das proprias instituigoes de ensino, tais como professores e instrutores de Libras para surdos. Para viabilizar esse piano, o projeto preve parcerias com diversas entidades ligadas a educagao. Outra diretriz estabelece a oferta de vagas para a educagao de

surdos em diversas escolas e turnos. Para isso, alem, de contar com as escolas ja existentes, o gruDO preve a criagao de uma escoa municipal so para surdos. A terceira reivindicagao da comunidade surda de Porto Alegre se refere a implementagao de convenios com escolas de ensino profissionalizante, visando, dessa forma, a contratagao de pessoas surdas para desenvolverem traba lhos dentro das instituigoes para surdos. A maioria das metas tern um prazo de ate dois anos para sercumprida.


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Uma mistura cultura bem-sucedida

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Perfil: Kevin Sabanovaite

Quern diria que um rnenino de 8 anos, levado, que nao para de falar, apaixonado por videogame e muito inteligente ja e um verda-

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deiro campeao ? Estecampeao-mirim e Kevin Sakamoto Sabanovaite. Seu nome ja reflete uma mistura cultural: "Sakamoto" vemdaascendenciajaponesa da mae, Sueli; "Sabanovaite" vem da farmlia do pai, Eduardo, que e filho de lituano. As diferengas culturais na vida de Kevin nao se limitam a isso. Ele e ouvinte e seus pais, surdos. Assim, temos um legftimo mestizo de varias culturas: ouvinte, surda, brasileira, ja ponesa, lituana e chinesa. Sim, chinesa tambem. Essa inclinagao para o oriente nao vem so por parte da mae, pois seu pai foi praticante de Judo. A arte marcial tambem exerceu sua influencia sobre Kevin atraves do Kung Fu, proveniente da China. E na prati ca desta arte marcial que ele vem destacando-secomsuasconquistas. Com pouco tempo de treino, em quatro campeonatos, ganhou seis medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Bastante, nao ? Nao para Kevin.

Este prodfgio e perfeccionista o suficiente para nao aceitar 2° ou 3° lugar: "tenho vontade de pular de um predio ! ", diz ele, inconformado por nao ser 1° lugar em tudo. E a vida, Kevin. Na

verdade, ele ja esta aprendendo isso. Por ser tao jovem, Kevin ainda nao descobriu - nao teve tempo ainda - a essencia da verdadeira arte marcial. De fato, isso leva anos. Mas como a arte marcial se insere tao bem na vida de Kevin, assim como ajustou-se tao bem para seu pai ? Como fica a cabega de um menino ouvinte, filho de pais surdos, em uma sociedade cheia de preconceitos e desconhecimento em relagao aos surdos ? Ou ainda, como e ser surdo nesta sociedade, caso de Eduardo e Sueli ? Perguntei aos pais Kevin como era essa situagao para ele. Sueli respondeu que nao havia problemas, pois Kevin sempre se comunicou atraves dos sinais e por lei tura labial. Certamente nao e coincidencia que os problemas tenham comegado quando Kevin

ampliou seu convfvio social, ou seja, quando entrou na escola. Segundo Sueli, os coleguinhas de classe provocavam Kevin por ter pais surdos. Ela, entao, foi conversar com o diretor da escola. Para a nossa indignagao (ou nao) este membra responsavel por uma instituigao educacional, de grande responsabilidade em nossa sociedade, respondeu que essas provocagoes eram "coisas de crianga ". Pasmem ! Mas, essas "coisas de crianga " muitas vezes sao aprendidas e apreendidas pelas criangas com os adultos. Nao deveria dizer que sao coisas com as quais os adultos deveriam estar apreensivos ? Ou pelo menos deveriam ter apreensao pelo as sunto. Digo apreensao, e nao repreensao ou distorgao. A educa gao dessas criangas e e sera o reflexo da educagao familiar e escolar que recebem, ou seja, infelizmente, de uma sociedade em que os adultos desconhecem os surdos e sua dimensao. Mas, nao caberia a escola, inclusive e principalmente, educar sobre tais questoes de diferenga ?... Afinal, as Revista da FENEIS - 23


criangas devem saber que no gou-se em uma empresa - o que mundo ha pessoas com muitas nao fazia desde o nascimento de outras diferengas. Entao, quais os Kevin - no turno da madrugada. valores que a escola ensina ? Os Apesar de ter outros surdos na fa valores de uma sociedade "nor- mflia, Eduardo tambem compremal". E o que e ser "normal" ? Ora, ende a situagao do filho e, tam depende do ponto de vista. bem, tenta fazer-lhe o maximo de Eduardo, Sueli e Kevin vivem bem companhia. Foi esta uma das raefelizes, poisser surdo tambem e zoes pela qual Eduardo se afasser normal . So deixou de ser, ou tou dos encontros da comunida melhor, quase deixou de ser, de, bem como da Associagao dos quando Kevin foi "provocado" a Surdos de Sao Paulo ( ASSP), lose sentir diferente por ter seus B r kMMk mm pais diferentes da maioria que, mm , normal . e supostamente A arte marcial fez por Eduardo o que faz por Kevin, dar seu m m m ms espago na sociedade, permite hm t£m A que sejam eles mesmos, que sejam plenos naquele espago e

evita interpretar. Querdizer, Kevin o faz como um ato natural de comunicagao. Comunicagao esta que e imprescindfvel em sua relagao com os pais e para que esta relagao seja "normal ". Certa vez, Kevin perguntou para a mae por que ela nao fazia um implante coclear. Isto porque ele havia vista uma menina com implante, para quern funcionava muito bem. Por mais esclarecido que

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gar a " iluminagao ". Atraves dele, o verdadeiro artista mostra - se capaz de dominar e controlaro inimigoem uma luta. De Kevin sempre sera exigida esta

compreensao da "realidade". Sueli, mae de Kevin, tambem passou por dificuldades e, hoje, diz que se ve em Kevin, pois toda sua familia e de ouvintes e ela a unica surda. Quando era pequena, nao queria ir para encontros em que havia ouvintes, sentia -se angustiada e queria logo ir embora. Logico, qual crianga sente-se bem em um ambiente cheio de "estranhos" ? Assim e com Kevin, nos encontros de surdos. Por isso, ela o compreende e tenta ficar com ele a maior parte do tempo. Somente ha pouco tempo empre24

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momenta detreino, nao importa que sejam surdos ou ouvintes; ser o que e, desenvolver-se e ver o outro sem se influenciar pela aparencia e o importante. O ideal da arte marcial e alcan-

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Kevin com os pais orgulhosos

cal importante para ele, pois foi onde aprendeu a Libras com outros surdos mais velhos. Sendo ouvinte, nao ha como Kevin escapar do papel de interprete dos pais. No dia-a -dia, ele e o elo de comunicagao dos pais com ouvintes que nao sabem a Lingua de Sinais. Na verdade, ele se prontifica a interpretar se o assunto for compreensfvel para ele ou se for de seu interesse como um programa de TV, videogame ou Kung Fu. Mas se estiver entre pessoas estranhas ou se o assunto nao for de seu domfnio, ele

Kevin seja, sendo ouvinte e com as pressoes de uma sociedade ouvinte, e natural que ele questionasse e imaginasse uma possibilidade de os pais ouvirem. Sueli explicou- lhe as implicagoes do implante e como para ela nao seria algo "natural ", tao simples e facilmente adaptavel. Kevin entendeu, aprendeu e apreendeu, e nao tocou mais no assunto. E isso so e possfvel porque pais e filho, surdos e ouvinte, comunicam-se. Simples, nao ? Mas por que isso nao acontece com a maioria das farm lias, entre pais e filhos, e mes-


mo na maioria das escolas, entre professores e alunos ?... Eis a arte que Kevin esta desenvolvendo sem perceber. Vive em uma sociedade conflituosa, que nao aceita determinadas diferenga, ou ainda desqualifica as diferengas. Kevin esta em uma situa gao delicada - para nao dizer problematica - aos olhos da sociedade (ouvinte), afinal, ele e filho de pais surdos. Atraves da arte marcial, ele aprende a controlar seus impulsos, sua agressividade e sua energia negativa. Se nao fosse assim, Kevin poderia ser um menino revoltado com a vida, com o fato de seus pais serem surdos, um fato que os "outros" nao aceitam.

Tudo isso - medalhas, Kung Fu, pais surdos - nao faz de Kevin um menino "anormal", ele e uma crianga que tambem gosta de brincar, faltar a alguns treinos para jogar videogame, nao gosta muito de estudar. Enfim, gosta de "coisas de crianga". TAL FILHO, TAL PAI...

Vamos falar um pouco do sensei

Eduardo Sabanovaite. Este ex - judoca formou-se em Matematica e, hoje, trabalha como digitador e como instrutor de Libras da Feneis-SP. Aos 1 3 anos, Eduardo so foi acompanhar sua irma em um campeonato pela ASSP. Foi, entao, que viu, pela primeira vez, uma competigao de Judo. Era isso que ele queria fazer. Mas o comego nao foi facil. O primeiro local onde seus pais o levaram foi ao Clube Atletico Juventus. La, ele nao foi aceito porque era surdo.

(professor em japones)

Vemos que houve o antigo preconceito de que surdo nao e ca paz. Com a recusa, Eduardo comegou a treinar no Centro Esportivo Educacional da Mooca. O que diriam aqueles que recusaram treinar Eduardo ao saberem que ele foi bi-campeao mundial dos surdos ? Na Franga, participou do II Campeonato Mundial para Surdos, em que foi um verdadeiro

campeao: campeao em todos os pesos, vice- campeao de peso leve, 4° lugar por equipe (mesmo nao tendo equipe) e foi considerado o atleta com a melhor tecnica. Isso so foi possfvel devido a sua dedicagao e por acreditarem em sua capacidade, pois ganhou as passagens. No III Campeonato Mundial para Surdos, no Mexico, tambem com passagens e estadia pagas, venceu as quatro lutas das quais participou. Porem, este apoio nao voltou no campeonato seguinte. Com o passar do tempo, um problema em seu joelho foi o principal motivo para que Eduardo deixasse de praticar Judo. Seu ultimo contato com o esporte foi no "Projeto Viver", realizado pela Divisao de Educagao e Reabilitagao dos Disturbios da Comunicagao (DERDIC), em que deu aulas de Judo para surdos. A proposito, seu sonho era montar uma associa gao de artes marciais para surdos... Parece que Kevin esta seguindo os passos do pai, por caminhos um pouco diferentes. Escrevendo este artigo, o que mais me cha mou atengao foi a relagao dos tres: pai, mae efilho. Tres pessoas

totalmente diferentes, de culturas diferentes, que se amam, se respeitam, se comunicam. Seria obvio dizer que isso acontece por ser uma farmlia, mas sabemos que nao e bem assim que acontece, ainda mais em uma famflia de surdos e ouvintes. Foi seu pai, Eduardo, quern me sugeriu escrever este artigo. Nao foi a toa. Eduardo e eu somos amigos e temos em comum, nao somente a comunidade surda, mas tambem a arte marcial. Ele, faixa preta de Judo, segundo grau (o unico que se saiba), e eu, faixa preta de Karate, primeiro grau. Ele e surdo; eu, ouvinte. Assim como sua esposa, tambem sou niponica. Trabalhamos juntos na Feneis, ele como instrutor, e eu, como atual Diretora Administrativa Regional. A minha relagao com essa famflia mostra que Ifngua e cultura diferentes nao sao empecilhos para uma comunicagao efetiva, para uma relagao afetiva. As diferengas nao precisam ser superadas ou anuladas. EHa elos de afinidades muito mais fortes que possibilitam essas relagoes.

ANDREA IGUMAe formada em Radio eTV, pela ECA-USP, e mestre de Comunicagao e Estetica do Audiovisual, ECA-USP, pesquisadora do grupo Estudos da Comunidade Surda (USP), diretora administrativa da Federagao Nacional de Educagao e Integragao dos Surdos (FENEIS) de Sao Paulo, atua como interprete. Faixa preta de karate pela Japan Karate Association e treina com o mestre Yasuyuki Sasaki, no Centro de Praticas Esportivas da USP (CEPEUSP).

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T de cha Richelieu, fora m > K da costa de rPhuket, com ass * Entre os sobreviventes da catastrofe estavam alguns surdos mais 13 pessoas, quando a costa do pais foi atingida pela onda gigan- em Polonmaruwa, Tangallatambem foram afetados pelas ondas. Um te. "Percebemos que a onda foi para a direita sobre nos enquanto grupo de 17 criangas havia sido enmergulhavamos. A tsunami criou viado, com tres acompanhantes, a correntes incrivelmente fortes. Os Colombo para participarem de uma mergulhadores foram puxados para celebragao de Natal. O veiculo baixo, desorientando-se completa- que os conduzia foi levado pela cormente. A visibilidade estava pessi- renteza e 12 criangas e dois assisma embaixo d'agua", disse Hayim, tentes morreram. Na cidade de Tamil Nadu, na Inque tern 26 anoseficou surdo apos contrair meningite quando bebe. dia, uma comunidade crista surda, Felizmenteos 14 mergulhadores fo- apesar de atingida, prestou socorram encontrados sem ferimentos. ro as vftimas, oferecendo abrigo, Eles nao souberam determinar alimento e ajuda financeira para quanto tempo ficaram submersos. operagoes de salvamento. Isaac O grupo de Hayim Sutherson, integrante da congregaeraumdosdiversos gao, lembra os momentos de horgrupos de excursao ror: "muitas vidas foram varridas que estavam no mar pelas ondas gigantes em alguns miquando a tsunami nutos e outras tantas desaparecevarreu o continente. ram, deixando a duvida se ainda L "Nos fomos muito estariam vivas. Muitos foram para Wit. afortunados pois outras cidades e vilas para conser*3k nada de ternvel var suas vidas". Segundo ele, que £ aconteceu", come- tambem e surdo, "foi muito tragico ver corpos de surdos enterrados tomora. Alunosefunciona- dos juntos em um pogo, muitos sem rios de uma escola terem sido identificados". V para surdo-cegos, >

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sultou no deslocamento de uma enorme quantidade de agua, dan do origem as ondas. As regioes costeiras mais atingidas porTsunamis estao na costa oeste da Asia, parti cularmente no Japao, daf o nome dado ao fenomeno: tsu que em ja pones significa porto, e nami, que significa onda. Da Indonesia a India, milhares de pessoas foram vitimadas pela catastrofe ocorrida em 26 de dezembro passado. India e Sri Lanka foram os pafses mais afetados. Entre os sobreviventes da devastagao causada pelas aguas do Pacffico, estavam alguns surdos. O mergulhador profissional e biologo marinho Londoner Naomi Hayim,

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Uma novidade vem trazendo mais informagao e comodidade para o publico surdo. Trata -se do site www.diariodosurdo.com.br, que disponibiliza uma serie de informagoes, como lista de telefones especiais e balcao de em -

pregos. Criado pelos jovens surdos Aldo Augusto de Souza Lima, de 27 anos e Denis Repullo de Abreu, de 19 anos, o site ja e urn sucesso e promete ser uma fonte de consulta obrigatoria para os surdos. Tanto Aldo como Denis, ja ti veram experiences com a veiculagao de outros sites para surdos, mas esbarraram na convengao de serem muito serios e de conteudo pesado, o que nao e o caso do site atual. O diario do surdo e mais voltado para o publico jovem e, alem de conter informagoes sobre assuntos rela cionados a surdez, tambem oferece aos seus usuarios servigos como loja virtual, consultas a escolas e faculdades e uma sala de bate-papo. No seu antigo site, Denis fez uma lista com e-mails 28 -

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Site para surdos com a cara dos jovens de pessoas surdas para que estas pudessem se comunicar entre si. A experiencia foi bem- sucedida e proporcionou uma grande troca de experiences entre os seus usuarios e isso os motivou a construir esse novo site. Segundo Aldo, as pessoas nao estao acostumadas a lidar com os surdos e algumas delas chegam mesmo a pensar que eles tern problemas mentais. Ele ainda citou o exemplo do Mac Donald's, que, apesar de oferecer cardapio em Braile, nao tern

funcionarios capacitados para atender os consumidores surdos. Para Denis seria bom que todas as pessoas pudessem se comunicar por Lingua de Sinais, ja que a maioria dos ouvintes com quern se relaciona fala rapido demais e abre pouco a boca para falar, dificultando e entendimento.

Aldo ainda acrescenta que 80% dos surdos nao conseguem ler os labios e diz " surdo nao pode ser jogador de futebol porque nao da para ouvir o apito do

arbitro, mas o passatempo preferido do surdo e jogar futebol. O que a gente quer sao os mesmos direitos dos deficiente t’fsicos. Ele, por exemplo, nao pagam passa gem de aviao. Queremos essa igualdade". Outra reivindicagao dos surdo e em relagao aos filmes exibidos no cinema. Atualmente o publico surdo so tern acesso aos filmes estrangeiro, que possuem legendas, mas eles tambem gostariam que filmes nacionais tambem ti vessem legendas. O site diario do surdo procura cumprir o seu papel oferecendo, em um so lugar, servigos que fa cilitem o dia - a - dia do surdo . Exemplo disso e o servigo de envio de mensagens para pegers, por meio do proprio site, ja que, segundo Aldo, fazer isso via telefonista e quase impossfvel . O www.diariodosurdo.com.br tern o apoio da Faculdade Radi al, da Widex, fabricante de aparelhos para surdez e da Roller, empresa de telefones para surdos.

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pelo Brasil FENEIS Matriz Rua Major Avila, 379 Tijuca - Rio de Janeiro - RJ 20511- 140 Tel: (21) 2567- 4800 Fax: (21) 2284- 7462

Diretoria: diretoriarj @ feneis.org.br Setor de Comunica ao: comunica9aorj @ feneis.org.br

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ALSGRSS, EXTROVERTIDAS E COMUNICATIVAS Andrezza Giovanelle Botelho Pereira (10) e Angelica Giovanella (8 ) Botelho Pereira moram em Angra dos Reis, mas sao cariocas. Filhas de Andrea Giovanella (surda), as criangas ja sabem um pouco da Libras e utilizam bem quando estao entre surdos. Elas participam de eventos junto a comunidade Surdos e a Associagao dos surdos do munidpio de angra dos reis (Asmar). Sao estudiosas e frequentam a missa aos domingos. 0 que elas mais gostam e de ver os inter pretes atuando ao lado da pastoral dos surdos na missa. Alegres e extrovertidas, adoram dangar especialmente musicas brasileiras e rock internacional.

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